Artigo Trabalho de Interesse Social Atualizado em 24.05 - Publicado (Reparado)

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: Cidades transformadas pela inclusão

dos sujeitos sociais e a experiência no semiárido

SOCIAL INTEREST HOUSING: Cities transformed by the inclusion of social subjects


and the experience in the semi-arid

BARRETO, Sônia1; KURSANCEW, Fernando2


1
Assistente Social, discente do Programa de Pós-Graduação em Administração Pública da Universidade
Federal do Vale do São Francisco, [email protected]
2
Arquiteto e Urbanista, Professor orientador do Programa de Pós-Graduação em Administração Pública
da Universidade Federal do Vale do São Francisco, [email protected]

Resumo

Este artigo apresenta o trabalho de interesse social no território urbano, com enfoque na política
de assentamento com famílias de baixa renda; considerando nesse processo o fortalecimento do
planejamento democrático das cidades no acesso à moradia digna e exercício da cidadania,
dessa forma, permitindo a ampliação do conceito de moradia numa dimensão mais ampla, não
se limitando apenas a construção de casas, mas a partir de ações de interesse social que
consistam em garantia de espaços de participação popular e porta de entrada para benefícios e
direitos, tais como: saúde, saneamento, educação, transporte público, meio ambiente, trabalho e
renda, entre outros. Neste cenário urge compreender a importância do surgimento do Ministério
das Cidades na PNH - Política Nacional de Habitação com a consolidação do Trabalho Social
como parte obrigatória nos programas de habitação. Trará a luz um Brasil que durante décadas
amargou uma grande dívida social com a sua população, e frente a isso, vê-se a necessidade de
entender como a exclusão contribui para tornar as diferenças socioeconômicas ainda mais
profundas, e como providencialmente as políticas públicas de habitação, por meio da reforma
urbana, estão mudando o cenário das cidades. Com efeito, este artigo parte de uma revisão
bibliográfica para se chegar a um estudo indutivo.

Palavras-chave: exclusão espacial; desenvolvimento urbano; trabalho social; inclusão social;


desenvolvimento sustentável.

Abstract

This article presents the work of social interest in the urban territory, focusing on the policy of
settlement with low income families; considering in this process the strengthening of the
democratic planning of cities in the access to decent housing and exercise of citizenship, in this
way, allowing the widening of the concept of housing in a broader dimension, not limited to the
construction of houses, but from actions of social interest that consists of guaranteeing spaces of
popular participation and a gateway to benefits and rights, such as health, sanitation, education,
public transportation, environment, work and income, among others. In this scenario it is
imperative to understand the importance of the emergence of the Ministry of Cities in the PNH -
National Housing Policy with the consolidation of Social Work as a mandatory part of housing
programs. It will bring to light a Brazil that for decades has embittered a great social debt with
its population, and in front of this, it is necessary to understand how the exclusion contributes to
make the socioeconomic differences even more profound, and as providentially the public
policies of housing, through urban reform, are changing the landscape of cities. In fact, this
article starts from a bibliographical review to arrive at an inductive study.

Keywords: spatial exclusion; urban Development; social work; social inclusion; sustainable
development.

INTRODUÇÃO

Esse artigo identifica a importância do trabalho de interesse social na


implementação do pós-ocupação do Programa Minha Casa Minha Vida com famílias de
baixa renda, a partir do olhar dos sujeitos sociais acerca do que venha a ser moradia.
Para tanto, faz um retrospecto do processo de exclusão espacial por
vulnerabilidades, a fim de que se questione a emergente tarefa de transformar as cidades
a partir do provimento de moradias com acesso a condições básicas necessárias, tais
quais: fornecimento de água tratada, coleta de lixo, serviço de esgoto, atentando para o
que propõe a Organização das Nações Unidas, ONU, em sua conceituação de
sustentabilidade. Discorre, ainda, sobre o fenômeno “crescimento demográfico das
cidades”, que gerou quadros de desigualdades e desenvolvimento urbano desordenado,
com espaços limitados e concentração de pessoas em localidades com infraestruturas
precárias; no Brasil em particular, em face do êxodo rural1 e processo de
industrialização2, que foram grandes impulsionadores da aceleração da urbanização no
país, intensificada a partir do século XX.
A partir Constituição Federal de 1988 o direito a moradia se torna parte
importante na política urbana, surgindo à necessidade de ampliação do seu conceito,
sendo imprescindível discorrer sobre o a criação do Estatuto das Cidades em 2001, que
veio para regulamentar os art. 182 e 183 da política de habitação; como também a
importância da criação do Ministério das Cidades no ano de 2003 que tem em suas
prerrogativas a elaboração de políticas públicas de desenvolvimento urbano, de
habitação e saneamento básico que juntamente com Conselho das Cidades, criado em
2004, tem a função de ampliar a participação popular. E para fundamentar a
obrigatoriedade do desenvolvimento do trabalho social no Programa Nacional de
Habitação de Interesse Social foi abordada a criação da Lei nº 11.124/05, que dispõe
sobre o SNHIS - Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social, e institui o FNHIS
- Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social gerido por um Conselho Gestor.

1
Fenômeno social que se refere ao processo de migração da população rural para os centros urbanos.
2
Processo histórico e social através do qual a indústria se torna o setor dominante de uma economia.
Sendo também parte importante de todo esse processo o PAC - Programa de Aceleração
de Crescimento, lançado em 2007, que promoveu a retomada do planejamento e
execução de grandes obras de infraestrutura social, urbana; e por fim, o PMCMV que
vem sendo implementadas desde o ano de 2009, objetivando promover às famílias de
baixa renda o acesso à moradia digna por meio de cooperativas habitacionais,
associações e demais entidades privadas sem fins lucrativos. Essa nova ordem inaugura
uma política descentralizada com a participação popular no controle social como fator
de influência.
Como eixo principal, esse estudo aborda as principais diretrizes do Trabalho de
Interesse Social com famílias de baixa renda no PMCMV, e como instrumento de
aferição do processo de assentamento, será analisada a ocupação pós-obra que ocorreu
no município de Juazeiro3, estado da Bahia, no residencial Brisa da Serra, realizando
assim um parâmetro entre os processos de exclusão e as metodologias do trabalho social
que confere aos sujeitos sociais a ressignificação do termo moradia em uma dimensão
que vai além de construção de casas. Nesse processo foi importante discorrer de que
formas o ambiente construído adapta-se às novas condições, interpretando a função da
cidade a partir do princípio de desenvolvimento sustentável. Ao final desse estudo foi
possível avaliar não só a satisfação dos moradores como também a sua percepção do
que venha a ser o termo moradia.

METODOLOGIA

Esse artigo foi guiado por uma revisão bibliográfica dos principais contextos de
construção do PNH no Brasil e do processo de exclusão espacial, tendo como eixo
principal um estudo de caso no assentamento da comunidade do Residencial Brisa da
Serra, localizado na cidade Juazeiro-BA, região semiárida do nordeste. Tal estudo se
deu por análise de pesquisa por método indutivo, no qual o conhecimento se forma por
meio de experiência vivenciada e de comprovações particulares e coletivas no elo entre
profissionais e moradores, com a finalidade de abordar a habitação de interesse social, o
conceito de moradia e como os sujeitos sociais definem a função da cidade.
O levantamento bibliográfico foi feito nas bases de dados: Scielo, Google
Acadêmico, Medline e Portal Capes. Foram utilizados artigos e periódicos. As palavras-
3
A comarca de Juazeiro está localizada no norte do Estado da Bahia, na microrregião do Submédio do vale do São
Francisco, com uma extensão territorial de 6.390 km². Situada na margem direita do rio São Francisco, apresenta um
contingente populacional de 197.965 habitantes (Dados do IBGE, 2010). Disponível em:
https://www6.juazeiro.ba.gov.br/cidade/. Acessado em 25 de set. 2017.
chave utilizadas foram: exclusão espacial; desenvolvimento urbano; trabalho social;
inclusão social; desenvolvimento sustentável. Para coleta de dados, utilizou-se uma
estratégia no processo de revisão para identificar e omitir estudos não relevantes,
através de requisitos como qualidade e fontes reconhecidamente confiáveis.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os achados bibliográficos revelam que discutir sobre justiça social pela busca de
novos conceitos de moradia e valores sociais implica no repensar das trajetórias
culturais, jurídicas e sociais estabelecidas ao longo da história brasileira [...] a projeção
da força de sujeitos sociais como fonte de legitimação do lócus sociopolítico e da
constituição emergente de direitos que se pautam pela dignidade humana [...]
(WOLKMER, 2000, p. 142). Neste contexto, a articulação que norteia o direito a cidade
para sua aplicação concreta e real pode exercer um papel educativo, que provoque o
exercício da cidadania, da democracia e das necessidades transformadoras da sociedade
como também políticas.

HABITAÇÃO E SEGREGAÇÃO: apontamentos sobre a Reforma Urbana no


Brasil.

A Constituição Brasileira aponta que moradia é um direito social exigível em


face à ação do Estado por meio da execução de políticas públicas habitacionais. Sendo
também dever do Estado adotar medidas de promoção e proteção para que não haja
impedimento ao acesso deste direito. As convenções e tratados a nível internacionais
têm natureza vinculadora aos países signatários4, acarretando responsabilidades aos
Estados pela falta de cumprimento das obrigações assumidas (OSÓRIO, 2003, p.19).
De acordo com o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em sua
publicação Números em Brasil (2013, p. 80).

O desafio urbano está em ajustar o compasso da urbanização com o do acesso


à moradia e ao saneamento, tendo em vista, por exemplo, que o ritmo de
urbanização brasileira é mais acelerado que os vagarosos passos dados em
relação às melhorias de infraestruturas de saneamento. Este desafio revela
que o aumento dos índices ao acesso aos domicílios particulares permanentes
não garante o direito à moradia plena, entendida como moradia
infraestruturada [...] (IBGE 2013, p. 80).

4
Refere-se aos países que prescrevem algum tipo de contrato, carta ou outro documento, e que entra em acordo om o
conteúdo apresentado.
As cidades cresceram em um ritmo acelerado, em contrapartida a esse processo,
se apresenta um quadro de exclusão por desigualdades socioeconômicas, tendo como
agravantes um sistema que alimenta a má distribuição de riquezas, problemas de
planejamento e má gestão urbana; e nesse contexto se apresentam políticas públicas
ineficazes e distantes de seu verdadeiro papel [...] que excluem em vez de incluir,
desintegram em vez de integrar, dificultam em vez de facilitar, em especial quando se
trata de atender as demandas das classes sociais mais baixas (FERREIRA, W e
UEMURA, 2008, p.6, apud PAZ E TABOADA, 2010).
Esse mapa evidencia não só uma dívida social para com a população de baixa
renda, como também a necessidade de políticas públicas que contemplem efetivamente
tais demandas. Uma emergente Reforma Urbana teria que trazer em suas prerrogativas a
função de tornar as cidades em ambientes habitáveis, com infraestrutura e qualidade de
vida para a população, principalmente os mais empobrecidos. [...] que tivesse como
centralidade o direito à moradia, e que se relacionasse com outros temas como
transporte público e acesso ao trabalho. (BONDUKI, 2009, p. 177, apud CAFRUNE,
2016, p 187).
Bonduki (1994, p. 724) destaca que, historicamente a origem de produção de
habitação social pelo Estado teve seu início em larga escala, no século XX, em 1937,
[...] dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs) 5 e das Carteiras Prediais6, que
foram iniciadas pela instituição da Fundação da Casa Popular 7, ações relevantes no
sentido da criação de habitação de interesse social orquestradas pelos governos
populistas, sinalizando dessa forma, o processo de transformações que as cidades teriam
que passar para modificar as normas estabelecidas pela exclusão de espaços urbanos,
que de forma incisiva desfavorecia as classes menos favorecidas socioeconomicamente.
No ano de 1963, com as mobilizações de diversas frentes, sendo todas essas
ações impulsionadas pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil, a proposta de uma reforma
urbana é formulada no Congresso Nacional; e em 1964 com o chamado Golpe Militar, o
Brasil passa a vivenciar um regime ditatório (estendido até o ano de 1984), prorrogando
assim a efetivação das reformas necessárias na política urbana. (JÚNIOR E UZZO,
2009, p.259). Em 1986 o Movimento Reformista conceitua habitabilidade em um novo

5
Em conjunto com a Caixa Econômica Federal, disponibilizava crédito imobiliário para financiamento de imóveis.
6
Criadas com a finalidade de permitir o financiamento imobiliário com taxas de jurus bem reduzidas, com prazos
maiores para pagamento.
7
Órgão da Política Habitacional que atendia a oferta de financiamento para à aquisição ou construção da casa
própria.
patamar ético social, que desaprova as cidades como fonte lucrativa de uma minoria em
detrimento da pobreza de grande parte da população. Surge ai, portanto, a denúncia do
quadro das desigualdades social, refletindo a dualidade vivida em uma mesma cidade: a
cidade dos ricos e a cidade dos pobres, a cidade legal e a cidade ilegal; tal situação não
cabe mais no contexto reformista.
Um dos articuladores importante do Plenário em pró da participação da
sociedade no processo de criação da Constituição Federal foi o arquiteto Francisco
Whitaker, no ano de 1987. O Fórum criado na ocasião garantiu a participação e voz da
população na nova Carta Magna, abrindo o devido espaço para a democracia
participativa pós-regime ditatorial, e assim inicia-se a formulação da Emenda pela
Reforma Urbanista.

[...] proposta que colocou na agenda da constituinte o tema da Política


Urbana (esta seção, com os artigos 182 e 183, não existia no projeto de
Constituição elaborado originalmente), dando origem ao Estatuto da Cidade,
instrumento essencial para todo o processo de planejamento urbano
participativo que vem sendo implementado no Brasil e que apenas foi
aprovado em 2001. (BONDUKI, 2009, p. 177).

A construção da Constituição Federal foi um período de grande participação


popular que permitiu a formação de grupos heterogêneos, que dentro desse cenário
atuavam em diversos segmentos sociais e em diferentes e complementares campos
urbanísticos, todos articulados com diferentes esferas da sociedade civil organizada,
movimentos e grupos, entidades de profissionais e categorias sindicais; entre elas se
encontravam a Federação Nacional dos Engenheiros, Federação Nacional dos
Arquitetos, Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional, Articulação
Nacional do Solo Urbano, Associação dos Mutuários, Movimento dos Favelados,
Federação das Associações dos Moradores do Rio de Janeiro, Pastorais, movimentos
sociais de luta pela moradia, entre outros grupos; todos em prol de mudanças que viesse
a ampliar os artigos constitucionais 182 e 183.

Essas entidades assumiram a tarefa de elaborar uma proposta de lei a ser


incorporada na Constituição Federal, com o objetivo de modificar o perfil
excludente das cidades brasileiras, marcadas pela precariedade das políticas
públicas de saneamento, habitação, transporte e ocupação do solo urbano,
assim configurado pela omissão e descaso dos poderes públicos. (JÚNIOR &
UZZO, 2009, p. 260)

Essas percepções diferenciadas permitiram contribuições e troca de experiências


entre as entidades, sendo formulada uma proposta, produto de lutas e participação
popular que garantisse cidades mais justas no enfrentamento as desigualdades dos
espaços urbanos a partir da construção de políticas públicas. Dessa maneira, essa nova
ordem ética sobre a cidade, politiza um discurso e uma plataforma política dos
movimentos de lutas sociais urbanas, em que o acesso à cidade com cidadania é um
direito a todos os seus moradores e não de um grupo restrito. O direito à cidade que se
cumpre pela gestão democrática e controle social da população, distinguindo assim a
função social da cidade, pela garantia da justiça social e de garantia de condições de
acesso digno a cidade, sem espaços privilegiados apenas a terminadas camadas sociais
em acessão.

Com isso, inaugura no país um projeto que reivindicava uma nova cidade e
propunha a quebra dos privilégios de acesso aos espaços das cidades.
Configura-se uma politização que vai além da questão urbana porque se
estende para o âmbito da justiça social e da igualdade. Tem como centro
nodal a questão da participação democrática na gestão das cidades, tão
discriminada pela lógica excludente dos planos tecnocráticos dos anos 1960 e
1970, apoiados apenas em saberes técnicos, dos quais a população era
considerada incapaz de saber, agir e decidir. (JÚNIOR & UZZO, 2009, p.
261)

Nesse sentido, os artigos 182 e 183 da Constituição Federal vêm definir


o parágrafo da política de desenvolvimento urbano, ainda que de forma não tão
abrangente tal qual urge o processo de Reforma Urbana. Vale salientar no parágrafo 4º,
inciso II, o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana como garantidor da
função social da propriedade, que nesse caso a progressividade a que se refere o
imposto previsto no inciso relaciona-se a ideia de que o município deve garante
políticas públicas de desenvolvimento urbano, e que é por meio dessa arrecadação que
irá cumprir a função social da propriedade. O objetivo do IPTU deve ser observado e
cumprido por aqueles que possuem propriedades, e assim permitir que todos usufruam o
bem estar que a cidade tem o dever de proporcionar.
Com todas essas mudanças, os movimentos articulados deram vez à criação do
Fórum Nacional de Reforma Urbana, pressionando a tão almejada regulamentação do
Capítulo da política urbana, e apesar da pressão constante do Fórum de Reforma
Urbana, a regulamentação dos capítulos 182 e 183 da Constituição Federal foram
aprovadas no Congresso Nacional apenas 13 anos depois, com a criação da lei nº 10.257
no ano de 2001 que finalmente estabelece o Estatuto da Cidade, ampliando o espaço da
política pública urbana e estabelecendo normas de ordem pública e de interesse social.
A nova ordem não só regula o uso da propriedade urbana em prol da coletividade, como
também do equilíbrio socioambiental (Brasil, 2001, p. 17). O Estatuto compõe diretrizes
gerais da política urbana, com a finalidade de combater as desigualdades e permitir
acesso à cidade com cidadania.
Outro ganho importante no processo da Reforma Urbana foi à criação do
Ministério das Cidades no ano de 2003, ampliando o marco regulatório da PNH. O
ministério das Cidades tem como principal missão transformando as cidades em espaços
mais humanizados, ampliando o acesso da população à moradia, incluindo temas como
saneamento e transporte.
Para Maricato (2006), o Ministério das Cidades estruturou-se a partir dos três
principais problemas sociais que mais afligem as questões urbanísticas, e que estão
intimamente relacionados ao território, são eles: [...] a moradia, o saneamento ambiental
(que agrega água, esgoto, drenagem e coleta e destinação de resíduos sólidos) e as
questões reunidas sob o tema do transporte da população urbana – mobilidade e trânsito.
(MARICATO, E. 2006, p. 215)
Outra questão bastante importante na pauta da ocupação do solo se localiza no
art. 4º do Estatuto das Cidades, que define as condições para uso dos solos urbanos a
partir das Zonas Especiais de Interesse Social, mais conhecida como ZEIS. Tais zonas
geram bastante discursões por conta das relações entre ocupação de solo versus
especulações imobiliárias; e é nesse contexto que a gentrificação 8 aparece em processo
de investimentos altos a fim de atender ao interesse particulares; ou seja, a cidade
mesmo sendo de interesse público, pode tender a ser planejada em favorecimento dos
chamados especuladores, contrapondo as prerrogativas que amplia o acesso equitativo
da cidade para todos.

As ZEIAS são áreas demarcadas no território de uma cidade, para


assentamentos habitacionais de população de baixa renda. Devem estar
previstas no Plano Diretor e demarcadas na Lei de Zoneamento. Podem ser
áreas já ocupadas por assentamentos precários, e podem também ser
demarcadas sobre terrenos vazios. No primeiro caso, visam flexibilizar
normas e padrões urbanísticos para, através de um plano específico de
urbanização, regularizar o assentamento. No caso de áreas vazias, o objetivo
é aumentar a oferta de terrenos para habitação de interesse social e reduzir
seu custo. Disponível em: Guia para regulamentação e implementação de
Zonas Especiais de Interesse Social – ZEIS. (BRASIL, 2009 p. 55).

O Ministério das Cidades estabeleceu consideravelmente um novo patamar no


acesso à moradia qualificada com cidadania e respeito ao uso do solo, e nesse aspecto o

8
Processos de transformações dos centros urbanos por meio das mudanças dos grupos sociais nos territórios.
nascimento do Sistema e o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS e
FNHIS), pela lei federal nº 11.124/2005, torna-se uma grande conquista, tornando as
relações institucionais mais fortes com relação à moradia social. Esse marco regulatório
permitiu integrar todos os programas destinados à Habitação de Interesse Social de
todos os Entes Federados.
Outro ganho importante foi o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento
lançado pelo Governo Federal em 2007, que vem a agregar mais força a redução do
déficit habitacional. O PAC aprofunda as discursões e alargou o processo de acesso à
casa própria e melhoraria da qualidade de vida da população de baixa renda; entra aí
mais uma vez a emergente atuação do Governo Federal. O PAC em seu eixo social
urbano tem como abrangência a politica de habitação, como é o caso da urbanização de
assentamentos precários, da mobilidade urbana, do saneamento, dos recursos hídricos,
do transporte e ampliação de equipamentos sociais.

De acordo com o último balanço, o programa alcançou, até 30 de junho de


2017, 65,6% do total previsto para o período 2015-2018, saindo de R$ 386,6
bilhões, realizados até dezembro de 2016, para R$ 452,9 bilhões de
investimentos em infraestrutura econômica e social. Desse total, R$ 123,8
bilhões correspondem aos valores de Financiamento ao Setor Público e do
Programa Minha Casa, Minha Vida. (BRASIL, 2015, p. 02).

O PMCMV do Governo Federal lançado em 2009 veio ofertar condições


favoráveis para o financiamento de moradias e abrange diversas modalidades de
atendimento às famílias de baixa renda nas áreas urbanas. O programa coloca moradia
num patamar acelerado, e as operações ocorrem numa parceria entre governo, estados e
municípios, com a participação das empresas e entidades sem fins lucrativos no
processo de implementação.
O Programa permitiu a construção de UH em grande escala, e que diversas
famílias de baixa renda pudessem acessar a política de urbanização, tendo que garantir
moradia a uma grande demanda da população brasileira. Sendo um dos maiores
programas de assentamento da história do país.
O quadro abaixo aponta dados do Ministério das Cidades referente ao número de
unidades entregues desde a sua criação em todo o país, onde apresenta crescimento
sistemático no número de famílias assentadas pelo programa, com declínios apenas nos
anos de 2015 e 2017 em razão de cortes no orçamento Governo Federal nestes períodos,
que acabou por atingir o PAC.
Figura 1 Fonte: Ministério das cidades (2017)9

É uma realidade ainda muito atual no Brasil a questão da falta de infraestrutura


urbana, e segundo dados do IBGE, milhões de brasileiros vivem sem as mínimas
condições de acesso a serviços básicos dentro das suas casas. Apesar dos avanços
obtidos nas últimas décadas na PNH, ainda há muitas metas a serem alcançadas para
sanar essa dívida com a população. Os investimentos em infraestrutura ainda não foram
suficientes para mudar completamente o panorama das cidades; os números apontam
que o cenário de precariedade urbana em muitas cidades ainda é bem presente na
atualidade.
A Secretaria de Estado da Infraestrutura – SEINFRA, realizará a 6ª Conferência
Nacional das Cidades em 2019, conforme decreto 9.076/2017 – publicado do Diário
Oficial da União (DOU), e apresentará como eixo condutor a “Função Social da Cidade
e da Propriedade: Cidades Inclusivas, Participativas e Socialmente Justas”, por ser o
ponto central para o tema do desenvolvimento urbano orientado para a inclusão e a
justiça social. A discussão do assunto implica, ainda, no desafio de considerar o
interesse social e o individual no espaço urbano em benefício do conjunto da população.
A 4º Conferência Nacional das Cidades, Com o tema “Cidade para todos e todas
com gestão democrática, participativa e controle social”, apontou que as cidades
brasileiras abrigavam, há menos de um século, 10% da população nacional. Atualmente,
segundo o último censo/2010/IBGE, passou para 84%.

9
Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/em-evento-da-caixa-temer-afirma-que-minha-casa-minha-
vida-tera-de-600-ou-700-mil-novas-unidades-em-2018.ghtml. Acessado em 11 de dez. 2017
Segundo Letícia Osório (2003, p. 11) define que, [...] a promoção de políticas
públicas pelo poder público e demais atores sociais deve ser realizada mediante a
integração das políticas setoriais, tendo como diretriz desta integração a efetivação do
direito a cidades sustentáveis. O Ministério da Cidade define que isso tudo é bem mais
amplo do que a competência isolada de cada Ente Federado, mais não é maior do que
todas as forças da sociedade brasileira que mobilizadas transformam as cidades em
ambientes saudáveis, produtivos e sustentáveis. Diante disso, o processo de verificação
e de atribuição de valores ao lugar habitado permite o resultado de uma experiência
temporal de vivência da habitação a partir dos impactos incididos no território, por
consequências dos processos adaptativos.

A portaria 21 criada em 22 de janeiro de 2014, marco regulatório


importantíssimo, vem definir o Trabalho de Interesse Social em Programas de
Habitação do Governo Federal, define normas e orientações para elaboração,
contratação da equipe por processo licitatório e execução interventiva no território. E o
maior ganho é que se apresenta como parte exigível da PNH, sendo compreendido como
canal entre o poder público e a sociedade. A portaria tem como objetivo principal a
promoção da participação social no controle social, a partir da efetivação dos direitos
sociais dos beneficiários e a sustentabilidade das intervenções.
[...] este Manual, compreende um conjunto de estratégias, processos e ações,
realizado a partir de estudos diagnósticos integrados e participativos do
território, compreendendo as dimensões: social, econômica, produtiva,
ambiental e político- institucional do território e da população beneficiária,
além das características da intervenção, visando promover o exercício da
participação e a inserção social dessas famílias, em articulação com as
demais políticas públicas, contribuindo para a melhoria da sua qualidade de
vida e para a sustentabilidade dos bens, equipamentos e serviços implantados.
(BRASIL, 2014, p.05)

Com a missão de tornar o processo de contratação dos executores do Trabalho


Social mais transparente, permitindo que a gestão democrática seja estabelecida no
processo de escolha da licitante para a execução do trabalho social no território, o
Governo Institui a Lei Nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Dentro do processo de Gestão
Pública, o processo licitatório compreende a descentralização das ações do Governo,
permitindo a terceirização dos serviços na execução do PTS – Projeto Técnico Social.
Em suma, as contratações devem ser pautadas no princípio do direito
administrativo, a fim de que atenda todos os requisitos a formalização do acesso à
moradia de qualidade, por meio de ações articuladas entre os Entes Federados,
Organizações da Sociedade Civil e iniciativa privada.
O PTS, objeto de intervenção, pauta-se nos eixos socioeconômico, assistencial,
político-institucional e socioeducativo, onde se articulam por um lado, o planejamento,
monitoração e avaliação e de outro, a participação e organização da comunidade. Desse
modo, a priori, é muito importante que a comunidade tenha acesso as mínimas
informações sobre seu novo habitat. As famílias assentadas têm o direito de saber o que
vai acontecer com elas, e o repasse de informações não só minimizam os primeiros
impactos, como também promove o sentimento de pertencimento e superação de
vulnerabilidades identificadas no decorrer dos trabalhos.

[...] as intervenções públicas na área de habitação devem ser acompanhadas


por um trabalho social sistemático e que objetive a promoção da inclusão
social, do acesso à cidade e aos serviços públicos, e que estimule a
participação cidadã. Os processos e ações implementados pela via do
trabalho social dão ancoragem e direção a programas de enfrentamento à
desigualdade social e sustentabilidade dos programas de Habitação de
Interesse Social. (PAZ; TABOADA, 2010, p. 71).

O TRABALHO DE INTERESSE SOCIAL COMO UM PROCESSO DE


INTERVENÇÃO FÍSICA E SOCIAL, E A PERCEPÇÃO DOS SUJEITOS
SOCIAIS.

Vasconcellos e Garcia (1998) referem que o pensar em desenvolvimento,


resultará sempre no crescimento econômico seguido de melhoria na qualidade de vida,
ou seja, deve incluir [...] as alterações da composição do produto e a alocação de
recursos pelos diferentes setores da economia, de forma a melhorar os indicadores de
bem-estar econômico e social (pobreza, desemprego, desigualdade, condições de saúde,
alimentação, educação e moradia). De acordo com Celso Furtado, apud Plínio Sampaio
Júnior, (1999), o que distingue o processo de desenvolvimento é o projeto social
implícito, ou seja, quando o projeto social dá prioridade à efetiva melhoria das
condições de vida da maioria da população, o crescimento se metamorfoseia em
desenvolvimento; segundo o autor, essa metamorfose não se dá espontaneamente, ela é
fruto da realização de um projeto [...].
Para Furtado o desenvolvimento autodeterminado e autossustentado, somente se
realizam com a participação do Estado, gerando neste o instrumento responsável pela
promoção do desenvolvimento, à medida que é o único, capaz de identificar as
demandas sociais. Afirma ainda que o Estado deve garantir tanto na alocação de capital,
quanto nos investimentos em setores estratégicos da economia, para que assim se
identifique as necessidades da população.

Partimos do pressuposto de que o plano urbano deve ser a expressão


democrática da sociedade, se se pretende combater a desigualdade. Muito
papel foi gasto em torno do conceito de planejamento participativo, sem que
a essa produção abundante correspondesse uma prática efetiva de
participação social. Evitando encher mais folhas de papel com um tema que
parece óbvio, digamos que sem a participação social a implementação do
plano se torna inviável e, ele mesmo, inaceitável ao tomar os moradores
como objeto e não como sujeitos. (MARICATO, E. 2002, p. 180)

Uma agenda de desenvolvimento efetiva demanda ações voltadas para enfrentar


a questão social; no Brasil em particular, o subdesenvolvimento se revelam de maneira
multiformes, sendo uma delas a exclusão espacial por vulnerabilidade como já foi
amplamente analisado. Neste sentido, pensar um reassentamento com pessoas de baixa
renda transcende muito mais do que o simples deslocamento físico, devendo ser
considerados aspectos voltados para um desenvolvimento social que supere os recostes
historicamente construídos no processo de segregação dos espaços urbanos.
O trabalho social em programas de habitação ganhou visibilidade,
obrigatoriedade e regulamentação, e isso é um ganho extraordinário, principalmente
frente aos processos adaptativos da população assentada. Evidenciar o grau de
sentimento de pertencimento da população beneficiária frente ao novo habitat, isso não
apenas como um conceito de nova moradia, mas sim como um universo transformador
capaz de quebrar paradigmas a partir dos sujeitos sociais, e é a intervenção que tem o
dever de impactar e transformar a realidade de cada morador, e a equipe de trabalho
necessita articular a partir de:

1. Mobilização, organização e fortalecimento social – prevê processos de


informação, mobilização, organização e capacitação da população
beneficiária visando a promover a autonomia e o protagonismo social, bem
como o fortalecimento das organizações existentes no território, à
constituição e a formalização de novas representações e novos canais de
participação e controle social.
2. Acompanhamento e gestão social da intervenção – visa a promover a
gestão das ações sociais necessárias para a consecução da intervenção,
incluindo o acompanhamento, a negociação ao longo da sua execução, bem
como, preparar e acompanhar a comunidade para compreensão desta, de
modo a minimizar os aspectos negativos vivenciados pelos beneficiários e
evidenciar os ganhos ocasionados ao longo do processo, contribuindo para
sua implementação.
3. Educação ambiental e patrimonial – visa a promover mudanças de atitude
em relação ao meio ambiente, ao patrimônio e à vida saudável, fortalecendo a
percepção crítica da população sobre os aspectos que influenciam sua
qualidade de vida, além de refletir sobre os fatores sociais, políticos, culturais
e econômicos que determinam sua realidade, tornando possível alcançar a
sustentabilidade ambiental e social da intervenção.
4. Desenvolvimento socioeconômico – objetiva a articulação de políticas
públicas, o apoio e a implementação de iniciativas de geração de trabalho e
renda, visando à inclusão produtiva, econômica e social, de forma a
promover o incremento da renda familiar e a melhoria da qualidade de vida
da população, fomentando condições para um processo de desenvolvimento
sócio territorial de médio e longo prazo. (BRASIL, 2014, p.11)

A preparação da equipe frente às ações que serão desenvolvidas é um momento


de grande mobilização no trabalho, e é dessa pactuação que depende o grau de
conhecimento da população sobre o projeto e o seu engajamento com a proposta de
mudanças para o território e para as famílias. O envolvimento, a mobilização e a
motivação da nova comunidade em aderir às ações propostas é condição essencial para
a continuação e efetividade do trabalho social. São necessários investimentos de
comunicação e informação e abordagens de visitas e diálogos, pois o trabalho social
incide diretamente nas relações sociais e culturais do grupo social em questão.
Considerando os impactos do trabalho de interesse social pós-ocupação que
ocorreu no município de Juazeiro – Bahia, no Residencial Brisa da Serra, Loteamento
Parque Residencial, realizados no âmbito do PMCMV, verifica-se 1.500 Unidades
Habitacionais sobrepostas e subdividas em blocos compostos de quatro a oito UH com
entradas independentes. Todas as UH possuem hidrômetro e medidores de energia
elétrica individual com uma sala, uma cozinha compartilhada com a área de serviço, um
banheiro, dois quartos e garagem compartilhada. O residencial dispõe de cinco centros
comunitários e cinco quadras poliesportivas, as ruas possuem revestimento asfáltico,
saneamento básico, rede de iluminação pública e acesso a transporte público com
deslocamento de aproximadamente de 20 a 30 minutos até o centro do município. [...] A
cidade deve ser compreendida como forma espacial e lugar de concentração da
produção, circulação, edificações, população, consumo de bens e serviços. A cidade,
que concentra e difunde o urbano, é um centro de decisão política (RODRIGUES, 2007,
p.79).
O Residencial faz parte do Loteamento Parque Residencial no bairro João Paulo
II, sendo seus moradores beneficiados pela oferta de serviços do poder público dos
entornos, tais como: Unidade Básica de Saúde, Restaurante Popular, CRAS - Centro de
Referência de Assistência Social, Serviço de Segurança Pública (policiamento) e oferta
de educação em diferentes níveis de escolaridade; conta também com serviços do
segundo e terceiro setor: correspondente bancário, comércio varejista diversificado
(supermercados, vestuário, calçados, farmácias, perfumarias, móveis, padarias, etc.),
centros religiosos diversificados, Associação de Moradores que oferece a população
biblioteca comunitária, centro digital e sistema de som comunitário. Em suma, a
comunidade está inserida em localidade com infraestrutura adequada em seus entornos,
porém verifica-se que os moradores ainda não acessam tais serviços dentro do próprio
residencial, sendo esta uma comunidade que comporta mais seis mil habitantes.

Moradia digna é aquela localizada em terra urbanizada, com acesso a todos


os serviços públicos essenciais por parte da população que deve estar
abrangida em programas geradores de trabalho e renda. Moradia é um direito
humano, afirma o Tratado dos Direitos Econômicos e Sociais da Organização
das Nações Unidas (ONU), ratificado pelo Brasil em 1992, e como tal deve
ser reconhecido, protegido e efetivado através de políticas públicas
específicas (PROJETO MORADIA, 2000, p.12).

Figura 2 Residencial Brisa da Serra – Juazeiro (BA)


Fonte: http://geraldojose.com.br/index.php?sessao=noticia&cod_noticia=49584. Acesso em 22.03.18

O trabalho realizado no residencial contou com uma equipe multiprofissional


contratada por uma empresa da iniciativa privada por processo licitatório da prefeitura
do município. O residencial foi inaugurado em outubro de 2014 e a intervenção teve seu
inicio em setembro de 2016, portanto o projeto foi executado após dois anos da
assinatura dos contratos, vistoria e entrega das chaves aos moradores, e foi desenvolvido
durante 15 meses. O espaço de tempo de dois anos para o inicio da intervenção no
residencial provocou nas famílias assentadas adequações individualizadas ao novo
habitat, prescindindo o principio de coletividade, pertencimento e responsabilidade
social essencial à implantação da gestão condominial.
Este é um dos grandes desafios para as equipes sociais, o acompanhamento
sistemático e ininterrupto da nova comunidade nas etapas que antecedem a obra,
durante e pós-obra, sendo que os vínculos só devem ser quebrados ao final do tempo
determinado para ocorrer à intervenção, a partir de então a autonomia adquirida por
meio das ações do projeto devem ser monitoradas e acompanhadas por outros setores do
poder público e da sociedade civil organizada. É importante ressaltar que a quebra de
vínculos entre a equipe social e famílias antes e pós-ocupação acarretou descrédito nas
ações do poder público, e consequente desmotivação da comunidade na adesão às
atividades do projeto. Como forma de aproximar a comunidade, a equipe social a
priori, percebeu a necessidade da implantação de uma sede - Plantão Social em um dos
centros comunitários, que permitiu a mobilização dos moradores na adesão às ações
interventivas do projeto.

Figura 3 Atendimento aos moradores e palestra realizada na sede Plantão Social.

As articulações com os demais atores que integram a rede de parcerias (público,


privada e ONGs10), foram imprescindíveis para a implementação das atividades
programadas, que viriam a evidenciar a habitabilidade dos espaços, e que tiveram foco
em ações socioeducativas ambientais, de saúde, profissionalização, geração de emprego
e renda, reuniões e palestras informativas sobre a gestão condominial voltada para a
organização comunitária, responsabilidade social e sustentabilidade do ambiente, entre
outros temas adaptados as necessidades da comunidade, sempre em conformidade com
as reprogramações do projeto. Alguns atores importantes que estiveram envolvidos no
10
Organizações Não Governamentais
nivelamento interventivo: CRAS, CREAS11, Conselho Tutelar e demais Concelhos de
Direito, OAB12, SEBRAE13, Delegacia Especializada de Mulheres, Secretária Municipal
de Saúde, Secretária Municipal de Meio Ambiente, Associação de Moradores do bairro
João Paulo II.
Teixeira (2001, p.30), refere-se à participação cidadã como um “processo
complexo e contraditório entre sociedade civil, Estado e Mercado, em que os papéis se
redefinem pelo fortalecimento dessa sociedade civil, mediante a atuação organizada de
indivíduos, grupos e associações”.
No processo interventivo evidenciou-se também a necessidade de rescindir
conceitos de que moradia é a simples aquisição das UH. A relação do morador com
habitar vai além da conjuntura arquitetônica do imóvel, pois envolve o sentimento de
pertencimento a partir das respostas que o ambiente lhe agrega [...] Um resultado
efetivo, uma resposta emocional ou uma consequência de caráter positivo que provém
da comparação entre o ambiente residencial e a própria situação do sujeito. Todo ele
considerando um processo cíclico e dinâmico, em que a pessoa vai se adaptando a cada
situação residencial concreta. (AMÉRIGO, 1995, p.55 apud VILLA, 2013).
Reis Cabrita (1995) conceitua moradia a partir de influências do campo
filosófico, psicológico e fisiológico, o autor refere que nelas são reproduzidas à
satisfação de aspirações e necessidades que vem a determinar subjetivamente o bem-
estar de uma pessoa. Subsídios estes que permitam configurar a habitabilidade do
ambiente, proporcionando não somente o abrigo, mas qualidade de vida. Tais
percepções transformam uma população excluída em sujeitos sociais, conscientes de seu
papel e da função da cidade, com capacidade de exercer a sua cidadania e desenvolver
ambientes sustentáveis.
Nesse projeto a equipe pode evidenciar aspectos que envolvem as contradições
da política de habitação, visto que nem todos os residenciais projetados para o PMCMV
tem boa localização e possuem infraestrutura como a comunidade Brisa da Serra, e que
mesmo diante destes aspectos positivos, apresentam também negatividades, como:
espaço limitado das UH, que de alguma forma [...] o sentir-se abrigado, seguro, o
alimentar, o dormir, o higienizar-se, competem com os espaços, com os mobiliários e
equipamentos (LEITE, 2006 apud Villa (2015, p 13)).

11
Centro de Referência Especializado de Assistência Social
12
Organização dos Advogados do Brasil
13
Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
Rifrano Leite (2006), apud Villa (2015, p 15) descreve ainda que existem alguns
pontos críticos na habitação de interesse social que merecem ser apontados, pois, [...] o
problema das HIS não se limita à ineficiência do “modelo de morar mínimo”, visto que
a tendência à periferização dos conjuntos habitacionais agrava a situação [...], que de
certo modo intensifica a favelização dos conjuntos habitacionais e agrava uma situação
recorrente. Dentro dessa conjuntura, veem-se empreendimentos projetados por empresas
da iniciativa privada, que para minimizar os gastos trabalham com recursos reduzidos.
Observa-se também, que para redução de custos ou tempo de execução das obras, tais
empresas aumentam a escala de produção, que acarreta consequentemente uma redução
da qualidade das UHs. Tais estratégias reforçam o processo de periferização, em contra
partida da necessidade de se trabalhar com terrenos bem maiores, sendo que é mais
remota a possibilidade de encontrar áreas de tamanho e valores relativos aos
ambicionados pelas empresas nas regiões centrais das cidades. O Estatuto da Cidade em
seu Art. 2ª, parágrafo XV, especifica: simplificação da legislação de parcelamento, uso
e ocupação do solo e das normas edilícias, com vistas a permitir a redução dos custos e
o aumento da oferta dos lotes e unidades habitacionais.
A APO - avaliação pós-ocupação dos programas de habitações de interesse
social é parte importante na efetivação da política de habitação e confere uma analise
das perspectivas em torno da execução as ações.
Ao analisar a intervenção do Residencial Brisa da Serra, os profissionais
constataram que as articulações para implementação das ações voltadas para a geração
de emprego e renda foram as que mais atraíram os moradores, o que evidenciou um
índice de desemprego considerável no residencial, e assim a necessidade da inserção no
mundo do trabalho ou mesmo da profissionalização para o desenvolvimento de
prestação de serviços autônomos. A busca por atendimento no plantão social se deram
de forma mais intensas apenas nos três primeiros meses, sendo uma procura maior para
relatos de conflitos comunitários, nos meses subsequentes os atendimentos foram
reduzidos para esclarecimentos e informações sobre as atividades do projeto (palestras,
cursos, reuniões, encaminhamentos para a rede sócio assistencial, serviços da Caixa
Econômica Federal – instituição financiadora das UH, ou agendamento para visita
técnica da construtora responsável pela edificação do residencial).
Um fator que pode ter provocado a não adesão nas atividades por parte de alguns
comunitários estava relacionado a questões laborais, muita se ausentavam de suas UH
durante o período diurno, só retornando a noite. Durante as visitas domiciliares noturnas
evidenciou-se certa fadiga do labor, que os limitava no engajamento das ações noturnas.
As questões ambientais e desenvolvimento sustentável estiveram presentes
diariamente nas ações do PTS. Abordar a questão de educação sanitária e ambiental por
meio de visitas in loco permitiu ao Plantão Social tratar à mudança de comportamento
por meio da sensibilização e do desenvolvimento do senso crítico de forma a incorporar
atitudes ambientalmente sustentáveis. A priori os técnicos elaboraram o roteiro de
visitação a partir das demandas que necessitavam de intervenção imediata, o que
permitiu nas atividades coletivas uma abordagem horizontal.
Com o termino do projeto e com uma avalição relativamente boa em relação à
participação uma significativa da comunidade, a equipe destacou como principais
resultados: o empoderamento feminino, pela visível participação de mulheres referência
familiar; possibilidade de autonomia financeira, emprego e renda frente às ações do
SEBRAE e outros atores financeiros importantes, como também a oferta de cursos
profissionalizantes com certificação; a implantação da gestão condominial por meio de
eleição da Equipe Gestora (síndico, subsíndico); resolução razoável de parte das
questões técnicas de edificação por meio da presença da construtora responsável pela
construção do residencial; o evidente sentimento de pertencimento das famílias em
relação ao novo habitat; a visível ampliação do conceito de moradia pelos moradores
participantes a partir do entendimento da função da cidade; a adesão dos moradores as
ações de desenvolvimento ambiental e de sustentabilidade; e como norteador principal
da avaliação pós-projeto evidenciou-se a satisfação dos coradores que aderiram as
atividades.
A sustentabilidade das ações desenvolvidas e o olhar da comunidade será sempre
um contraponto à avaliação objetiva dos eixos moradia e inclusão urbana e social. A
equipe chegou à concepção de que a ênfase da avaliação de pós-ocupação é a satisfação
do morador mediante a ressignificação de seu conceito de habitabilidade, por meio de
moradia de qualidade com acesso a bens, infraestrutura, serviços e sustentabilidade do
ambiente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A população brasileira cresceu, porém, seguida da má distribuição de riquezas e
de um quadro de desigualdades que exclui uma população vulnerável por um sistema
injusto, e dentro do processo de exclusão espacial introduz-se providencialmente a
política de habitação para corrigir esse panorama político, que por meio de uma reforma
urbana busca transformar as cidades em ambientes mais equitativos, através de seus
sujeitos sociais conscientes de seus direitos e deveres.
O controle social na política de habitação situa-se nos eixos que envolvem
inserção urbana, inclusão social, melhoria da qualidade de vida, sustentabilidade
ambiental e satisfação dos moradores. Estes indicadores é que transformam as cidades
em locais democráticos e com mais justiça social. O trabalho social em habitação de
interesse social é parte importante no processo de urbanização e permite detectar os
resultados e impactos, e ajustar as ações de acordo com a realidade de cada território.
Entender a função da cidade não compete apenas aos Entes Federados, e sim a
todos os cidadãos. Moradia deve ser entendida para além da conquista da UH, pois a
aquisição da casa não encerra um ciclo que sabemos ter batalhas bem maiores. Em meio
a tantas considerações e contradições sobre o processo de inclusão espacial com
famílias de baixa renda, é notória a importância do trabalho de interesse social em todo
o processo de assentamento; pois é essa metodologia técnica operacional que põem em
relevo todo o trabalho, que tem o dever de ser fundamentado em relações democráticas.
Toda essa estratégia participativa deve prevê ações de modo a possibilitar a autonomia e
emancipação dos sujeitos, permitindo que estes realizem leituras críticas do processo de
assentamento.
Os Programas de Habitação têm em suas prerrogativas assegurar o acesso à
cidade infraestruturada por meio das intervenções urbanas, e apesar de garantir a UH
para a população de baixa renda, não tem garantido a qualidade das UH e inserção
adequada nos espaços urbanos. Quando o direito a moradia é mercantilizando, a relação
entre moradia e bem estar dos beneficiários torna-se distinta, permitindo assim, uma
discursão acerca do “morar mínimo” e da insuficiência de moradia digna. A lógica da
produção de UH em grande escala poderia ser repensada, tornando viável a construção
de conjuntos habitacionais com um número reduzido de imóveis, mas que garantissem
espaços adequados e com capacidade de contemplar o bem estar dos seus moradores.
Ao fim desse trabalho, conclui-se que os sujeitos sociais é que transformam as
cidades em locais com habitabilidade a partir do seu entendimento do que vem a ser
moradia. O controle social necessita sempre passar pelo crivo da população para que as
políticas públicas tenham real efetividade. A comunidade do Residencial Brisa da Serra
aderiu às ações do projeto à medida que eram confrontados em suas ideias e conceitos
acerca de moradia, passando a tratar o tema como uma necessidade de se garantir que o
residencial terá os acessos necessários, dessa forma, fazendo com que a cidade cumpra
o seu papel por meio das políticas de desenvolvimento sustentáveis.
A comunidade Brisa da Serra representa apenas uma pequena parcela de uma
população que anseia por inclusão nos processos de desenvolvimento da sociedade
madura, porém para que isso ocorra é essencial entender a cidade real como ela é, para
assim introduzir a cidade legal. E que a garantia de direitos jamais se confunda com
oportunidades, pois direito é algo exigível. O trabalho de interesse social com famílias
de baixa renda não é tarefa fácil, mas às dificuldades acabam se tornando campo fértil
para ressignificação de conceitos e formação de pensamento crítico em relação a sua
própria condição. A equipe chegou à conclusão de que os moradores engajados no
projeto entenderam a função da cidade, como também a função dos mesmos enquanto
sujeitos sociais, com total capacidade de transformar a sua realidade por meio de ações
conscientes e organização coletiva sustentável; nesse sentido a participação da
comunidade se tornou um eixo importante de avaliação na construção efetiva dos
Programas de Assentamento Urbanos.

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