Artigo Trabalho de Interesse Social Atualizado em 24.05 - Publicado (Reparado)
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Artigo Trabalho de Interesse Social Atualizado em 24.05 - Publicado (Reparado)
Resumo
Este artigo apresenta o trabalho de interesse social no território urbano, com enfoque na política
de assentamento com famílias de baixa renda; considerando nesse processo o fortalecimento do
planejamento democrático das cidades no acesso à moradia digna e exercício da cidadania,
dessa forma, permitindo a ampliação do conceito de moradia numa dimensão mais ampla, não
se limitando apenas a construção de casas, mas a partir de ações de interesse social que
consistam em garantia de espaços de participação popular e porta de entrada para benefícios e
direitos, tais como: saúde, saneamento, educação, transporte público, meio ambiente, trabalho e
renda, entre outros. Neste cenário urge compreender a importância do surgimento do Ministério
das Cidades na PNH - Política Nacional de Habitação com a consolidação do Trabalho Social
como parte obrigatória nos programas de habitação. Trará a luz um Brasil que durante décadas
amargou uma grande dívida social com a sua população, e frente a isso, vê-se a necessidade de
entender como a exclusão contribui para tornar as diferenças socioeconômicas ainda mais
profundas, e como providencialmente as políticas públicas de habitação, por meio da reforma
urbana, estão mudando o cenário das cidades. Com efeito, este artigo parte de uma revisão
bibliográfica para se chegar a um estudo indutivo.
Abstract
This article presents the work of social interest in the urban territory, focusing on the policy of
settlement with low income families; considering in this process the strengthening of the
democratic planning of cities in the access to decent housing and exercise of citizenship, in this
way, allowing the widening of the concept of housing in a broader dimension, not limited to the
construction of houses, but from actions of social interest that consists of guaranteeing spaces of
popular participation and a gateway to benefits and rights, such as health, sanitation, education,
public transportation, environment, work and income, among others. In this scenario it is
imperative to understand the importance of the emergence of the Ministry of Cities in the PNH -
National Housing Policy with the consolidation of Social Work as a mandatory part of housing
programs. It will bring to light a Brazil that for decades has embittered a great social debt with
its population, and in front of this, it is necessary to understand how the exclusion contributes to
make the socioeconomic differences even more profound, and as providentially the public
policies of housing, through urban reform, are changing the landscape of cities. In fact, this
article starts from a bibliographical review to arrive at an inductive study.
Keywords: spatial exclusion; urban Development; social work; social inclusion; sustainable
development.
INTRODUÇÃO
1
Fenômeno social que se refere ao processo de migração da população rural para os centros urbanos.
2
Processo histórico e social através do qual a indústria se torna o setor dominante de uma economia.
Sendo também parte importante de todo esse processo o PAC - Programa de Aceleração
de Crescimento, lançado em 2007, que promoveu a retomada do planejamento e
execução de grandes obras de infraestrutura social, urbana; e por fim, o PMCMV que
vem sendo implementadas desde o ano de 2009, objetivando promover às famílias de
baixa renda o acesso à moradia digna por meio de cooperativas habitacionais,
associações e demais entidades privadas sem fins lucrativos. Essa nova ordem inaugura
uma política descentralizada com a participação popular no controle social como fator
de influência.
Como eixo principal, esse estudo aborda as principais diretrizes do Trabalho de
Interesse Social com famílias de baixa renda no PMCMV, e como instrumento de
aferição do processo de assentamento, será analisada a ocupação pós-obra que ocorreu
no município de Juazeiro3, estado da Bahia, no residencial Brisa da Serra, realizando
assim um parâmetro entre os processos de exclusão e as metodologias do trabalho social
que confere aos sujeitos sociais a ressignificação do termo moradia em uma dimensão
que vai além de construção de casas. Nesse processo foi importante discorrer de que
formas o ambiente construído adapta-se às novas condições, interpretando a função da
cidade a partir do princípio de desenvolvimento sustentável. Ao final desse estudo foi
possível avaliar não só a satisfação dos moradores como também a sua percepção do
que venha a ser o termo moradia.
METODOLOGIA
Esse artigo foi guiado por uma revisão bibliográfica dos principais contextos de
construção do PNH no Brasil e do processo de exclusão espacial, tendo como eixo
principal um estudo de caso no assentamento da comunidade do Residencial Brisa da
Serra, localizado na cidade Juazeiro-BA, região semiárida do nordeste. Tal estudo se
deu por análise de pesquisa por método indutivo, no qual o conhecimento se forma por
meio de experiência vivenciada e de comprovações particulares e coletivas no elo entre
profissionais e moradores, com a finalidade de abordar a habitação de interesse social, o
conceito de moradia e como os sujeitos sociais definem a função da cidade.
O levantamento bibliográfico foi feito nas bases de dados: Scielo, Google
Acadêmico, Medline e Portal Capes. Foram utilizados artigos e periódicos. As palavras-
3
A comarca de Juazeiro está localizada no norte do Estado da Bahia, na microrregião do Submédio do vale do São
Francisco, com uma extensão territorial de 6.390 km². Situada na margem direita do rio São Francisco, apresenta um
contingente populacional de 197.965 habitantes (Dados do IBGE, 2010). Disponível em:
https://www6.juazeiro.ba.gov.br/cidade/. Acessado em 25 de set. 2017.
chave utilizadas foram: exclusão espacial; desenvolvimento urbano; trabalho social;
inclusão social; desenvolvimento sustentável. Para coleta de dados, utilizou-se uma
estratégia no processo de revisão para identificar e omitir estudos não relevantes,
através de requisitos como qualidade e fontes reconhecidamente confiáveis.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os achados bibliográficos revelam que discutir sobre justiça social pela busca de
novos conceitos de moradia e valores sociais implica no repensar das trajetórias
culturais, jurídicas e sociais estabelecidas ao longo da história brasileira [...] a projeção
da força de sujeitos sociais como fonte de legitimação do lócus sociopolítico e da
constituição emergente de direitos que se pautam pela dignidade humana [...]
(WOLKMER, 2000, p. 142). Neste contexto, a articulação que norteia o direito a cidade
para sua aplicação concreta e real pode exercer um papel educativo, que provoque o
exercício da cidadania, da democracia e das necessidades transformadoras da sociedade
como também políticas.
4
Refere-se aos países que prescrevem algum tipo de contrato, carta ou outro documento, e que entra em acordo om o
conteúdo apresentado.
As cidades cresceram em um ritmo acelerado, em contrapartida a esse processo,
se apresenta um quadro de exclusão por desigualdades socioeconômicas, tendo como
agravantes um sistema que alimenta a má distribuição de riquezas, problemas de
planejamento e má gestão urbana; e nesse contexto se apresentam políticas públicas
ineficazes e distantes de seu verdadeiro papel [...] que excluem em vez de incluir,
desintegram em vez de integrar, dificultam em vez de facilitar, em especial quando se
trata de atender as demandas das classes sociais mais baixas (FERREIRA, W e
UEMURA, 2008, p.6, apud PAZ E TABOADA, 2010).
Esse mapa evidencia não só uma dívida social para com a população de baixa
renda, como também a necessidade de políticas públicas que contemplem efetivamente
tais demandas. Uma emergente Reforma Urbana teria que trazer em suas prerrogativas a
função de tornar as cidades em ambientes habitáveis, com infraestrutura e qualidade de
vida para a população, principalmente os mais empobrecidos. [...] que tivesse como
centralidade o direito à moradia, e que se relacionasse com outros temas como
transporte público e acesso ao trabalho. (BONDUKI, 2009, p. 177, apud CAFRUNE,
2016, p 187).
Bonduki (1994, p. 724) destaca que, historicamente a origem de produção de
habitação social pelo Estado teve seu início em larga escala, no século XX, em 1937,
[...] dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs) 5 e das Carteiras Prediais6, que
foram iniciadas pela instituição da Fundação da Casa Popular 7, ações relevantes no
sentido da criação de habitação de interesse social orquestradas pelos governos
populistas, sinalizando dessa forma, o processo de transformações que as cidades teriam
que passar para modificar as normas estabelecidas pela exclusão de espaços urbanos,
que de forma incisiva desfavorecia as classes menos favorecidas socioeconomicamente.
No ano de 1963, com as mobilizações de diversas frentes, sendo todas essas
ações impulsionadas pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil, a proposta de uma reforma
urbana é formulada no Congresso Nacional; e em 1964 com o chamado Golpe Militar, o
Brasil passa a vivenciar um regime ditatório (estendido até o ano de 1984), prorrogando
assim a efetivação das reformas necessárias na política urbana. (JÚNIOR E UZZO,
2009, p.259). Em 1986 o Movimento Reformista conceitua habitabilidade em um novo
5
Em conjunto com a Caixa Econômica Federal, disponibilizava crédito imobiliário para financiamento de imóveis.
6
Criadas com a finalidade de permitir o financiamento imobiliário com taxas de jurus bem reduzidas, com prazos
maiores para pagamento.
7
Órgão da Política Habitacional que atendia a oferta de financiamento para à aquisição ou construção da casa
própria.
patamar ético social, que desaprova as cidades como fonte lucrativa de uma minoria em
detrimento da pobreza de grande parte da população. Surge ai, portanto, a denúncia do
quadro das desigualdades social, refletindo a dualidade vivida em uma mesma cidade: a
cidade dos ricos e a cidade dos pobres, a cidade legal e a cidade ilegal; tal situação não
cabe mais no contexto reformista.
Um dos articuladores importante do Plenário em pró da participação da
sociedade no processo de criação da Constituição Federal foi o arquiteto Francisco
Whitaker, no ano de 1987. O Fórum criado na ocasião garantiu a participação e voz da
população na nova Carta Magna, abrindo o devido espaço para a democracia
participativa pós-regime ditatorial, e assim inicia-se a formulação da Emenda pela
Reforma Urbanista.
Com isso, inaugura no país um projeto que reivindicava uma nova cidade e
propunha a quebra dos privilégios de acesso aos espaços das cidades.
Configura-se uma politização que vai além da questão urbana porque se
estende para o âmbito da justiça social e da igualdade. Tem como centro
nodal a questão da participação democrática na gestão das cidades, tão
discriminada pela lógica excludente dos planos tecnocráticos dos anos 1960 e
1970, apoiados apenas em saberes técnicos, dos quais a população era
considerada incapaz de saber, agir e decidir. (JÚNIOR & UZZO, 2009, p.
261)
8
Processos de transformações dos centros urbanos por meio das mudanças dos grupos sociais nos territórios.
nascimento do Sistema e o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS e
FNHIS), pela lei federal nº 11.124/2005, torna-se uma grande conquista, tornando as
relações institucionais mais fortes com relação à moradia social. Esse marco regulatório
permitiu integrar todos os programas destinados à Habitação de Interesse Social de
todos os Entes Federados.
Outro ganho importante foi o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento
lançado pelo Governo Federal em 2007, que vem a agregar mais força a redução do
déficit habitacional. O PAC aprofunda as discursões e alargou o processo de acesso à
casa própria e melhoraria da qualidade de vida da população de baixa renda; entra aí
mais uma vez a emergente atuação do Governo Federal. O PAC em seu eixo social
urbano tem como abrangência a politica de habitação, como é o caso da urbanização de
assentamentos precários, da mobilidade urbana, do saneamento, dos recursos hídricos,
do transporte e ampliação de equipamentos sociais.
9
Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/em-evento-da-caixa-temer-afirma-que-minha-casa-minha-
vida-tera-de-600-ou-700-mil-novas-unidades-em-2018.ghtml. Acessado em 11 de dez. 2017
Segundo Letícia Osório (2003, p. 11) define que, [...] a promoção de políticas
públicas pelo poder público e demais atores sociais deve ser realizada mediante a
integração das políticas setoriais, tendo como diretriz desta integração a efetivação do
direito a cidades sustentáveis. O Ministério da Cidade define que isso tudo é bem mais
amplo do que a competência isolada de cada Ente Federado, mais não é maior do que
todas as forças da sociedade brasileira que mobilizadas transformam as cidades em
ambientes saudáveis, produtivos e sustentáveis. Diante disso, o processo de verificação
e de atribuição de valores ao lugar habitado permite o resultado de uma experiência
temporal de vivência da habitação a partir dos impactos incididos no território, por
consequências dos processos adaptativos.
11
Centro de Referência Especializado de Assistência Social
12
Organização dos Advogados do Brasil
13
Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
Rifrano Leite (2006), apud Villa (2015, p 15) descreve ainda que existem alguns
pontos críticos na habitação de interesse social que merecem ser apontados, pois, [...] o
problema das HIS não se limita à ineficiência do “modelo de morar mínimo”, visto que
a tendência à periferização dos conjuntos habitacionais agrava a situação [...], que de
certo modo intensifica a favelização dos conjuntos habitacionais e agrava uma situação
recorrente. Dentro dessa conjuntura, veem-se empreendimentos projetados por empresas
da iniciativa privada, que para minimizar os gastos trabalham com recursos reduzidos.
Observa-se também, que para redução de custos ou tempo de execução das obras, tais
empresas aumentam a escala de produção, que acarreta consequentemente uma redução
da qualidade das UHs. Tais estratégias reforçam o processo de periferização, em contra
partida da necessidade de se trabalhar com terrenos bem maiores, sendo que é mais
remota a possibilidade de encontrar áreas de tamanho e valores relativos aos
ambicionados pelas empresas nas regiões centrais das cidades. O Estatuto da Cidade em
seu Art. 2ª, parágrafo XV, especifica: simplificação da legislação de parcelamento, uso
e ocupação do solo e das normas edilícias, com vistas a permitir a redução dos custos e
o aumento da oferta dos lotes e unidades habitacionais.
A APO - avaliação pós-ocupação dos programas de habitações de interesse
social é parte importante na efetivação da política de habitação e confere uma analise
das perspectivas em torno da execução as ações.
Ao analisar a intervenção do Residencial Brisa da Serra, os profissionais
constataram que as articulações para implementação das ações voltadas para a geração
de emprego e renda foram as que mais atraíram os moradores, o que evidenciou um
índice de desemprego considerável no residencial, e assim a necessidade da inserção no
mundo do trabalho ou mesmo da profissionalização para o desenvolvimento de
prestação de serviços autônomos. A busca por atendimento no plantão social se deram
de forma mais intensas apenas nos três primeiros meses, sendo uma procura maior para
relatos de conflitos comunitários, nos meses subsequentes os atendimentos foram
reduzidos para esclarecimentos e informações sobre as atividades do projeto (palestras,
cursos, reuniões, encaminhamentos para a rede sócio assistencial, serviços da Caixa
Econômica Federal – instituição financiadora das UH, ou agendamento para visita
técnica da construtora responsável pela edificação do residencial).
Um fator que pode ter provocado a não adesão nas atividades por parte de alguns
comunitários estava relacionado a questões laborais, muita se ausentavam de suas UH
durante o período diurno, só retornando a noite. Durante as visitas domiciliares noturnas
evidenciou-se certa fadiga do labor, que os limitava no engajamento das ações noturnas.
As questões ambientais e desenvolvimento sustentável estiveram presentes
diariamente nas ações do PTS. Abordar a questão de educação sanitária e ambiental por
meio de visitas in loco permitiu ao Plantão Social tratar à mudança de comportamento
por meio da sensibilização e do desenvolvimento do senso crítico de forma a incorporar
atitudes ambientalmente sustentáveis. A priori os técnicos elaboraram o roteiro de
visitação a partir das demandas que necessitavam de intervenção imediata, o que
permitiu nas atividades coletivas uma abordagem horizontal.
Com o termino do projeto e com uma avalição relativamente boa em relação à
participação uma significativa da comunidade, a equipe destacou como principais
resultados: o empoderamento feminino, pela visível participação de mulheres referência
familiar; possibilidade de autonomia financeira, emprego e renda frente às ações do
SEBRAE e outros atores financeiros importantes, como também a oferta de cursos
profissionalizantes com certificação; a implantação da gestão condominial por meio de
eleição da Equipe Gestora (síndico, subsíndico); resolução razoável de parte das
questões técnicas de edificação por meio da presença da construtora responsável pela
construção do residencial; o evidente sentimento de pertencimento das famílias em
relação ao novo habitat; a visível ampliação do conceito de moradia pelos moradores
participantes a partir do entendimento da função da cidade; a adesão dos moradores as
ações de desenvolvimento ambiental e de sustentabilidade; e como norteador principal
da avaliação pós-projeto evidenciou-se a satisfação dos coradores que aderiram as
atividades.
A sustentabilidade das ações desenvolvidas e o olhar da comunidade será sempre
um contraponto à avaliação objetiva dos eixos moradia e inclusão urbana e social. A
equipe chegou à concepção de que a ênfase da avaliação de pós-ocupação é a satisfação
do morador mediante a ressignificação de seu conceito de habitabilidade, por meio de
moradia de qualidade com acesso a bens, infraestrutura, serviços e sustentabilidade do
ambiente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A população brasileira cresceu, porém, seguida da má distribuição de riquezas e
de um quadro de desigualdades que exclui uma população vulnerável por um sistema
injusto, e dentro do processo de exclusão espacial introduz-se providencialmente a
política de habitação para corrigir esse panorama político, que por meio de uma reforma
urbana busca transformar as cidades em ambientes mais equitativos, através de seus
sujeitos sociais conscientes de seus direitos e deveres.
O controle social na política de habitação situa-se nos eixos que envolvem
inserção urbana, inclusão social, melhoria da qualidade de vida, sustentabilidade
ambiental e satisfação dos moradores. Estes indicadores é que transformam as cidades
em locais democráticos e com mais justiça social. O trabalho social em habitação de
interesse social é parte importante no processo de urbanização e permite detectar os
resultados e impactos, e ajustar as ações de acordo com a realidade de cada território.
Entender a função da cidade não compete apenas aos Entes Federados, e sim a
todos os cidadãos. Moradia deve ser entendida para além da conquista da UH, pois a
aquisição da casa não encerra um ciclo que sabemos ter batalhas bem maiores. Em meio
a tantas considerações e contradições sobre o processo de inclusão espacial com
famílias de baixa renda, é notória a importância do trabalho de interesse social em todo
o processo de assentamento; pois é essa metodologia técnica operacional que põem em
relevo todo o trabalho, que tem o dever de ser fundamentado em relações democráticas.
Toda essa estratégia participativa deve prevê ações de modo a possibilitar a autonomia e
emancipação dos sujeitos, permitindo que estes realizem leituras críticas do processo de
assentamento.
Os Programas de Habitação têm em suas prerrogativas assegurar o acesso à
cidade infraestruturada por meio das intervenções urbanas, e apesar de garantir a UH
para a população de baixa renda, não tem garantido a qualidade das UH e inserção
adequada nos espaços urbanos. Quando o direito a moradia é mercantilizando, a relação
entre moradia e bem estar dos beneficiários torna-se distinta, permitindo assim, uma
discursão acerca do “morar mínimo” e da insuficiência de moradia digna. A lógica da
produção de UH em grande escala poderia ser repensada, tornando viável a construção
de conjuntos habitacionais com um número reduzido de imóveis, mas que garantissem
espaços adequados e com capacidade de contemplar o bem estar dos seus moradores.
Ao fim desse trabalho, conclui-se que os sujeitos sociais é que transformam as
cidades em locais com habitabilidade a partir do seu entendimento do que vem a ser
moradia. O controle social necessita sempre passar pelo crivo da população para que as
políticas públicas tenham real efetividade. A comunidade do Residencial Brisa da Serra
aderiu às ações do projeto à medida que eram confrontados em suas ideias e conceitos
acerca de moradia, passando a tratar o tema como uma necessidade de se garantir que o
residencial terá os acessos necessários, dessa forma, fazendo com que a cidade cumpra
o seu papel por meio das políticas de desenvolvimento sustentáveis.
A comunidade Brisa da Serra representa apenas uma pequena parcela de uma
população que anseia por inclusão nos processos de desenvolvimento da sociedade
madura, porém para que isso ocorra é essencial entender a cidade real como ela é, para
assim introduzir a cidade legal. E que a garantia de direitos jamais se confunda com
oportunidades, pois direito é algo exigível. O trabalho de interesse social com famílias
de baixa renda não é tarefa fácil, mas às dificuldades acabam se tornando campo fértil
para ressignificação de conceitos e formação de pensamento crítico em relação a sua
própria condição. A equipe chegou à conclusão de que os moradores engajados no
projeto entenderam a função da cidade, como também a função dos mesmos enquanto
sujeitos sociais, com total capacidade de transformar a sua realidade por meio de ações
conscientes e organização coletiva sustentável; nesse sentido a participação da
comunidade se tornou um eixo importante de avaliação na construção efetiva dos
Programas de Assentamento Urbanos.
REFERÊNCIAS
______ Ministério das Cidades. Programa Minha Casa Minha Vida: Novo Patamar
da Habitação Social Brasileira. Brasília.
______ Ministério das cidades. PAC 5º Balanço 2015 – 2018. Brasília, 2017.