Ele e Eu Completo Gabrielle Bossis
Ele e Eu Completo Gabrielle Bossis
Ele e Eu Completo Gabrielle Bossis
ELE E EU
“PALAVRAS INTERIORES” RECEBIDAS DO SENHOR
Revisão
Lorena Lopez
Capa e Diagramação
Priscila Pozzoli
Bossis, Gabrielle
Ele e eu: palavras interiores recebidas do
Senhor / Gabrielle Bossis. São Paulo: Cultor de
Livros, 2016
ISBN: 978-85-5638-XX-X
1. Cristianismo – Espiritualidade – Vida cristã
2. Oração – Diálogo com Deus 3. Amor a Deus 4.
Locuções divinas I. Gabrielle Bossis II. Título
CDD-248.2
Cultor de Livros
Edição e distribuição de publicações
Rua Iperoig, 719 - CEP: 05016-000 - São Paulo/SP
Tel. (11) 3672-3508
www.cultordelivros.com.br
APRESENTAÇÃO
Outubro de 1950.
PALAVRAS DE ORDEM PARA CADA ANO
1º de janeiro de 1938. “Neste ano Me amarás na pessoa de Meus irmãos. Faz com eles o que
farias Comigo.”
1º de janeiro. Disse-lhe: Senhor, amo-Te por tal e tal... Respondeu-me: “Agora, ama-Me por Mim
mesmo. Se Eu te concedo Favores de Ternura, é para animar-te a fazer sacrifícios por teu próximo. Dá
na medida em que receberes. Eu quero descer ao próprio fundo de teu coração e fazer ali a Minha
Morada. Será algo simples e habitual.”
“Dá-me o ‘Bom dia’ quando amanhecer, quando acordares. Como se entrasses no Céu.”
Quando estava a ponto de dormir. “Reza o Pai-Nosso. É verdade que já o rezastes, mas... há
tantas maneiras de rezá-lo!”
Depois da Comunhão. “Deixa de um lado as tuas pequenas preocupações. Pensa nas Minhas,
que são as almas que se perdem.”
Eu estava descontente comigo e constrangida com Ele. Então disse-me: “Será que Eu não Sou
maior que as tuas deficiências? Eu não Sou maior que o teu pobre ser? Dá-Me tudo o que tens. Eu
conserto quando Me pedem que conserte.”
2 de janeiro. Depois da Comunhão. “A vida de Amor entre o Criador e a criatura poderia ter
começado no Céu, mas vim acendê-la na Terra, para adiantar as coisas.”
Enquanto remendava as minhas luvas, eu me perguntava: Será possível que isto seja contado
como obra de amor? Ele me respondeu: “Quando eu passava a plaina sobre a madeira, isso contava
para a Salvação do Mundo.”
(Com tristeza): “Por acaso o fato de Eu Ser Deus não Me dá direito à ternura de Meus filhos?” E
no dia seguinte: “Eu não posso ser amado como qualquer outro?”
Eu dizia: Que as pessoas Te sintam em mim. Ele: “Viste alguma vez os cometas com a sua cauda
a arrastar-se. Seria possível que eu, Criador, não deixasse pegadas atrás de Mim?”
4 de janeiro. “Consolações? Dá-as aos outros. Sê terna Comigo; o que Eu guardo está bem
guardado. Sê sempre mais e mais terna. Eu te devolverei tudo, TUDO, na Glória do Amor. Dá-Me o teu
corpo, dá-Me a tua alma, como uma humanidade adicional à Minha. O que mais Eu poderia ter feito?
Eu vos dei tudo! Que cada um de teus atos leve impresso o Meu Selo.”
Depois da Comunhão: “Aqui estou, na Trindade, cheio de Amor por Meu Pai. As Três Divinas
Pessoas Se amam em ti. Une-te.”
9 de janeiro. Nantes. Ao passar perto de Notre Dame, disse-Lhe: Bom dia, meu Deus. Quantas
negligências de minha parte! Vais me castigar? Ele: “Por que haveria de castigar-te? Quando te
castiguei?” E me fez sentir a Sua Misericórdia.
15 de janeiro. Em Notre Dame, durante a minha Via Crucis, antes de partir para Brest, disse-me:
“Pensa em Meu Amor em cada uma das estações.” E logo, no trem: “Tem cuidado, que te quero mais
no alto. Esconde-te no espaço oco de Meu Coração.”
16 de janeiro. Brest. Na representação. Quando no terceiro ato de “Uma Velha e Treze
Pequeninos”, eu dizia que não é o tempo, senão a vontade, o que faz os santos, disse-me: “Tu mesma
tens essa vontade? A tens todos os dias?”
22 de janeiro. Em Bretanha, “Escreve os Meus Favores”. Na volta do Finistère eu tinha
encontrado o meu apartamento inundado pela água de um encanamento que havia se rompido no
andar superior, e me esforçava por sorrir diante do contratempo, como se fosse um motivo de alegria,
posto que sei que veio Dele. Quando ficou consertado, Ele me disse: “Conseguiste uma vitória. Que
pouco valor há que se dar a tudo o que não é pecado!”
28 de janeiro. Depois da Elevação, eu procurava manter-me ao pé da Cruz, perto do orifício diante
do qual me ajoelhei em Jerusalém, e me humilhava de estar entre tão grandes personalidades, como
Maria, João, Magdalena. Jesus me disse: “Não temas: tu
representas a humanidade pecadora.” E o Seu Sangue jorrava amorosamente sobre mim. Via Crucis,
décima quarta estação. Era o momento de Comungar. Ao aproximar-me, disse-Lhe: Senhor, eu sou o
Teu sepulcro. Ficarás em mim mais de três dias? Disse-me: “Lógico que estarei em ti mais de três dias.
Estarei todos os dias.” Referia-Se às minhas Comunhões diárias.
29 de janeiro. De viagem a Vierzon. “Não és uma filha mimada do Bom Deus?” Eu sentia a minha
miséria e a Sua extrema Misericórdia. Via Crucis, na estação das santas mulheres. “Eu vos consolo
para que vós consoleis.”
30 de janeiro. Em Vierzon. Na Missa. “Entrega-te a Mim por inteiro. Por que sempre tens
reservas? Tens medo de Mim? Dá-te a Mim sem colocar limites.”
31 de janeiro. No trem para Paris. Eu olhava o meu vestido simples e Lhe dizia: Senhor, trago o
vestido de todos os dias. Respondeu-me: “Que importa isso, se tens a Bondade dos dias de festa?”
(Por uma boa obra que eu tinha feito).
4 de fevereiro. Eu tinha me contristado por uma falta de amizade. Disse-me: “Permiti isto para que
compreendas o que é o amor desprezado.” E logo, à tarde: “Confessa-Me as tuas faltas do dia no
segredo de nossos dois corações; Eu as perdoarei.”
5 de fevereiro. “Se de verdade crês que Sou maior do que tu, por que não te abandonas? Lembra-
te do que diz o Evangelho: que uma vez escrevi sobre a areia. Agora já não escrevo sobre a Terra:
escreve por Mim. Chega com amor até o fim de teu sofrimento, de teu sacrifício. Não te detenhas
voluntariamente. Multiplica os atos de virtude para evitar as distrações, e considera com frequência a
tua vida interior.”
6 de fevereiro. Depois da Comunhão. “Modifica a tua Natureza. Procede com uma extrema
Caridade. Mesmo na ausência do próximo, fala bem dele. Vigia os teus modos, os gestos
imperceptíveis. Isto é o que faz o encanto da Caridade.” Eu considerava a fama de certas atrizes e de
certas obras de teatro. Disse-me: “Permite-Me que cuide de ti...” E logo, pensando na multidão dos
incrédulos, sem contar cismáticos e pagãos, eu dizia: Senhor, que venha o Teu Reino. Disse-me: “Se
Eu reinasse de verdade numa só alma...!”
6 de fevereiro. No bonde eu recitava maquinalmente algumas orações, olhando ao mesmo tempo
lojas e pedestres. Disse-me com doçura: “Se Eu não fosse nada mais que um homem, perguntar-te-ia:
“Estás zombando de Mim?”
Depois de uma mortificação cansativa. “Estamos fatigados. Tu e Eu... Tu, que queres ajudar ao
teu próximo, ajuda-Me. Eu Sou o teu próximo mais junto a ti. Se tu tivesses o mesmo desejo de receber
as Minhas Graças, tanto quanto Eu tenho de dá-las.... Coloquei o teu corpo a serviço de teu espírito,
mas o teu espírito está ao Meu Serviço.”
De Paris a Havre. Eu Lhe agradecia por Seus dons e Lhe dizia: Não é um pouco ridículo isso de
que eu Te faça dons com os mesmos Dons que Tu me deste? Respondeu-me: “Nem sempre são os
dons os que causam as alegrias, mas sim a maneira como são oferecidos.”
Moulins. No bonde. “Deseja, deseja. Desejar é alargar a capacidade de receber.”
7 de fevereiro. “Vive em Minha Companhia; Sou o Amigo que não abandona jamais. Abandonei-te
alguma vez?” Eu estava contemplando a imagem do Sagrado Coração de Fenerstein. Disse-me: “Vem
com simplicidade ao Meu Coração, que é simples. Tenho te dado alegria, sorrisos, para proveito dos
outros. Por que não poderias dá-los a Mim?”
8 de fevereiro. Depois da Comunhão. “Os anjos, quando pecaram, ainda não tinham visto a Deus.
Se o tivessem visto, não teriam podido pecar. Olha, pois, a Deus, o quanto te for possível. Contempla-
O. Contempla!” Enquanto fazia uma mortificação corporal, eu dizia: Se estes golpes pudessem alcançar
o meu coração e amaciá-lo pelos Sofrimentos de Cristo! Então me disse: “Tenho em conta o teu desejo
como se tivesse se cumprido. Ativa com maior frequência os teus bons desejos.” Numa dúvida: “Se não
crêsses, não Me dirias estas palavrinhas; e ao dizer-Me, podes saber que Me amas. Eu Sou Bom para
com aqueles que em Mim confiam e Sou mais ainda para os que confiam mais. Mas aos que se
perdem totalmente na confiança, Eu os tomo inteiramente. Não crês que se certas almas do Purgatório
tivessem usado os Sacramentais, a Água Benta e outros, já estariam no Céu? Emprega esses meios
que Eu instituí para vós.”
10 de fevereiro. “Diz-Me ao ouvido o que queiras dizer-Me. É aí onde o Pai te ouve.” Como eu me
perguntava se seria Ele de verdade, disse-me: “O pensamento de tua indignidade te faz duvidar de que
seja Eu Quem te fala. Mas então, onde deixas a Minha Misericórdia? Tu, que gostas de ajudar ao teu
próximo, ajuda-Me, que Sou o teu Próximo mais próximo. Sim, arde de amor. Arder é uma purificação.”
11 de fevereiro. De partida para Dieppe, eu pensava: “É preciso que eu seja boa nesta viagem.
Jesus me disse: “Boa? Não é o bastante... Tens que ser muito boa.” Entre Alençon e Rouen. “A vida é
concedida a vós para que vos corrijais e volteis a corrigir. E a morte traz a última correção.” Dieppe.
“Pega o hábito de não pensar em ti, senão em Mim. Quando chegares a tê-lo, já não Me abandonarás.
Quando não tiveres nada a dizer-Me, diz-Me que não tens nada a dizer-Me, e apoia-te sobre o Meu
Coração.” Eu estava com o meu coração sobre o Seu. Disse-me: “Um pai carinhoso acompanha todas
as invenções de seu filho pequeno. Diz-Me, como esta menininha ao seu pai: ‘Vem para perto de mim.’”
17 de fevereiro. Paris. Em Nossa Senhora da Boa Nova eu estava só, na Missa. Quase no fim
outra pessoa chegou e eu Lhe disse: Sinto-Me mais forte, unida às suas orações. Respondeu-me: “Eu
também te escutava quando estavas só.” Pelos boulevares. “Nunca te excederás em amabilidade se o
fizeres por amor a Mim.”
18 de fevereiro. Na casa “Santa Rosália”. Tendo que tomar o trem para uma representação nesse
mesmo dia no Havre, eu me preocupava pelo atraso da Missa. Com uma doce censura, disse-me: “Eu
sei esperar. E tu não tens que fazer nada, além de falar Comigo...”
23 de fevereiro. Nantes. Em uma avenida, às cinco e meia da manhã, eu dizia: Jesus, estamos
sós. Corrigiu-me: “Diz ‘Meu’ Jesus. Por acaso não gostas de que Eu te chame de ‘Minha Gabrielle’?”
24 de fevereiro. Em Notre Dame. Depois da Comunhão. “Não podes viver Comigo como o teu
melhor e mais poderoso Amigo, numa grande simplicidade? Quantas oportunidades de ser gentil e
serviçal tens perdido em todas estas viagens! Tens que pensar nos detalhes da Bondade; lembra-te de
que o quanto fizeres aos outros, é a Mim que o fazes.”
25 de fevereiro. Sexta-feira. Passando em um bonde na frente da catedral, para ir representar em
Lozére, eu pensava no sacerdote que tinha me dito: “Prepare-se para receber grandes Graças durante
a Quaresma.” E Lhe pedia a Jesus através dos muros da Igreja: Senhor, Vais dar-me o Teu Coração?
Respondeu-me com vivacidade, como em um relâmpago: “Tu não o tens, já?”
Domingo de carnaval. Na igreja de Langogne, Lozère. Eu: Senhor, estou Te chamando. Ele: “E
quantas vezes tenho vindo sem que Me chamasses?”
1º de março. Terça-feira de carnaval. “O reflexo de Minha alma sobre a tua na presença do Pai é
como essas auroras boreais do Canadá, que são como que o reflexo do sol sobre os gelos polares.
Que espetáculo!”
Paris. Na estação do Norte. “É por vós que Me faço tão pequeno na Hóstia. Como se vos
dissesse: ‘Pobres pequeninos Meus’!”
6 de março. No santuário de Nossa Senhora de Liesse, Aisne. “Se isso tivesse podido ser! Como
Eu teria gostado de permanecer convosco na Hóstia, em cada uma de vossas casas!”
9 de março. Varades. “Se viveres para ti, terás só uma satisfação da Terra; mas se viveres para
Mim, terás o Céu infinito.”
10 de março. Nantes. Em Notre Dame, depois da Comunhão: Eu Lhe pedia e Lhe expressava o
meu desejo de ser o ideal que Ele pensou para mim. Disse-me: “Não embaces a Minha imagem em ti.”
E mostrou-me tudo o que devia haver em mim de Bondade, de gentilezas em meu relacionamento com
o próximo no percurso de minhas viagens.
10 de março. No campo. Eu estava com o meu pensamento no meio da Sagrada Família, com
são José, a Santíssima Mãe e o Filho Único. Disse-me com imensa ternura: “Sê a irmãzinha.”
“Não dês importância alguma às tuas impressões. Faz o que deves.”
12 de março. Montauban. Tive uma aflição depois do sucesso da representação de ontem. Disse-
me: “Isto te aconteceu para comprar o bem que ontem se fez.” Logo, passada a Comunhão, voltou a
dizer-me: “Lembra-te da parábola dos talentos que frutificam cento por um.”
16 de março. Na estação de Rennes. “Quando as pessoas agitam os seus lenços na hora da
despedida, estão contentes; assim, quando tu Me envias do fundo de teu coração um ‘Bom Dia’, Eu
também estou contente.”
17 de março. Depois da Comunhão. Eu estava, em espírito, ao pé da Cruz. Disse-me: “Como vês,
já não posso caminhar sobre a Terra com os Meus Pés, que em uma ocasião caminharam sobre as
águas. Cumpri os vossos desejos e deixo que as Minhas Veias se esvaziem de todo o Seu Sangue.
Porque coloquei toda a Minha Vontade em Sofrer.”
18 de março. No trem de Paris a Vesoul. Eu olhava um pequeno campanário no campo. Desde
ele, disse-me: “Em qualquer lugar em que te achares, estarás em tua Pátria; Eu estou e te espero em
todos os lugares.”
21 de março. Vesoul. Depois da Comunhão. Eu venerava a Sua Santa Face com uma coroa de
beijos nos buracos dos espinhos, e com um colar de desagravos e compaixão. Disse-me: “Agora presta
homenagem à Minha Vontade, à Minha Memória, ao Meu Entendimento, a tudo o que tu sabes que
pode sofrer na alma do homem. E lembra-te, sobretudo, da Minha Delicadeza, imensamente superior à
dos demais homens.”
23 de março. Le Fresne. Em uma primavera cheia de cerejeiras em flor eu plantava algumas
flores e Lhe dizia alegremente: dou-Te o meu coração com tudo o que tem dentro. Respondeu-me:
“Devolvo a ti as saudações que Me ofereces, nos mesmos termos; mas em Deus.” Com isto, quis dizer-
me que recebo mais do que dou. Em meio às árvores frutíferas cobertas de flores brancas, sobre o
Loire azul, cheio de avezinhas, eu louvava a Sua Potência. Disse-me: “Tudo o Meu é teu.” E me fez
sentir que é Seu tudo o que é de Seu Pai.
24 de março. São Gabriel. Às cinco e meia. Via Crucis: na estação em que Jesus é despojado de
Suas Vestes. Fez-me ver. “Neste momento Minha Igreja se vê despojada de seus cristãos na Rússia,
na Alemanha, no México e em outros lugares. Oferece-Me ao Pai. Oferece-Me despojado...”
26 de março. Enquanto me arrumava, eu buscava palavras afetuosas. Disse-me: “Nunca Me dirás
palavras carregadas de amor demais.” No trem para Rennes: “Mostra o que é a paz de um coração que
se apoia no Coração de seu Deus. Faz atos de confiança mais frequentemente.”
28 de março. No trem de Comburg a Nantes. Eu buscava, com a ajuda da Santíssima Virgem,
curar amorosamente as feridas de Sua Fronte. Disse-me: “É uma boa obra essa que fazes Comigo.” E
logo, referindo-Se à influência que posso ter sobre os demais, acrescentou: “Começa a semear; Eu
farei o resto. Mas... começa!”
29 de março. Le Fresne. Depois da Comunhão, eu Lhe dizia: Oferece-me ao Teu Pai. Corrigiu-me
com delicadeza: “Nosso Pai”, fazendo-me sentir que até Seu próprio Pai, Ele o comparte conosco.
1º de abril. Sexta-feira. Montmartre. “Sê a Minha pequena amiga, alegre e feliz. Fala-Me com
sorrisos. Há tantos que Me consideram como a um carrasco, como a um Juiz inexorável. Quero ser o
vosso doce e cordial Amigo. O que Eu não faria pelos que querem dar-Me o seu abandono, um
abandono como de criança!” No metrô: “Fala-Me, Fala-Me...”
4 de abril. No trem. “Tu és a Minha consagrada. Sê, então, sempre sorridente. Em uma de tuas
comédias, dizias: ‘Eu gostaria de ser vendedora de sorrisos’, lembras-te?” Em Angers. “Se não Me
escutares não poderás Me ouvir. Fica em Mim, não em ti. Eu vos tenho dado tudo o que recebi de Meu
Pai; então dá aos outros exatamente o que tenho te dado.” Eu Lhe encomendava um tesouro que
transportava. Disse-me: “É possível que, se o perdesses e te resignasses à perda por amor a Mim,
tivesses nisso um tesouro mais precioso que este.”
4 de abril. À vista de um pobre homem que dormia sobre um banco, à intempérie, eu Lhe dizia:
Tem piedade dele. Ele me respondeu: “A ti, que tens recebido tantas Graças, ser-te-á pedido mais do
que a ele. Quanto vos custa esquecer-vos totalmente de vós mesmos para lançar-vos em Mim!”
Chalons-sur-Saône. Eu fazia esforços por viver e pensar encerrada em Cristo. Ele me disse: “Tu
Me deste uma ‘procuração’ para que em tua ausência se possa abrir a tua caixa-forte; mas não há no
Mundo quem te possa tirar de Meu Coração. Somente tu mesma. Não dês importância senão ao que é
eterno.”
7 de abril. No trem de Paris a Grenoble. Uns esposos jovens conversavam carinhosamente no
carro-restaurante. Ele: “Oxalá Me falasses com a mesma alegria! É algo tão bom e tão simples... As
Graças concedidas a outros Santos, como a Santa Teresa, não esgotaram os Meus Recursos; estou
sempre pronto a dá-las, e ainda maiores.” Veynes, no trem. Eu me desculpava pela estreiteza de meus
pensamentos e de minhas pobres vontades. Disse-me: “Mas, se não és mais que uma menina...”
Diante dos Alpes altíssimos, cobertos de neve lá em cima, e cheios embaixo de rosa cor de pêssego,
eu adorava a Força e a Doçura. O convidava a descer a estas regiões selvagens, e para que o gelo
não esfriasse os Seus Pés, eu me punha como um tapete protetor. Disse-me: “Que a tua vida se
consagre, de agora em diante, a encantar-Me, e verás como se transforma. Agradar-Me. Viver para
Mim. Este é o verdadeiro sentido do ser.”
10 de abril. Arvieux. “No Purgatório será o reino da Justiça; mas enquanto estás sobre a Terra,
vives sob o sinal da Misericórdia. Aproveita-A.”
12 de abril. Em Marselha, a bordo do U.S.O., eu contemplava toda a atividade que havia para a
partida do barco. Jesus me disse: “O que Eu contemplo são os movimentos de amor de Meus fiéis
sobre a Terra.”
Quando eu olhava a última tábua que se colocou para separar o barco do pier, pensava na morte.
Ele me disse: “Não temas. Eu estarei ao teu lado.”
12 de abril. Marselha. Partida a bordo do “Ville d’Oran”. A orquestra toca “Os Saltimbancos”.
Jesus me disse: “É para ti. Então recordei que eu me chamava “A Comediante de Frios”.
Argel. 14 de abril. Quinta-feira Santa. Eu pensava na fortuna de Roma, que possui a Mesa da
Última Ceia. Ele me disse: “Tens coisa melhor no Santo Tabernáculo.”
No deserto, à vista de uma miragem, eu Lhe dizia: “Pode ser que por acaso, o que eu vejo de Ti
seja um miragem?” Ele me respondeu: “Busca, antes de mais nada, a Verdade.”
O Golea. Sobre o túmulo de Carlos de Foucauld, eu pedia a Jesus uma parte das Graças que
tinha concedido a ele. Ele me disse: “Dar-te-ei outras que sejam mais apropriadas ao que pretendo de
ti.”
Tirlempt. “Desaparece em Mim. Eu aparecerei em ti.”
No deserto. Eu olhava as areias, os inumeráveis e quase invisíveis grãos. Ele: “Eu tenho para ti e
para todos os teus momentos, inumeráveis Bondades que tu não vês.”
Túnez. Igreja do Sagrado Coração. Eu recitava o Pai-Nosso depois de Comungar. “Que maravilha
quando puderes dizer: ‘O Teu Reino chegou!’ E quando fazes o sinal da Cruz, envolvo-te de cima a
baixo em todo o teu comprimento.”
16 de abril. De carro pelo deserto, de Laghoua a Gardhia. Uma mulher jovem punha a sua filhinha
sobre as costas de seu marido. Então, em espírito, apoiei a minha cabeça sobre o Ombro de Jesus.
Disse-me: “Considera se um homem possa amar tanto...” Fez-me pensar na Chaga de Seu Ombro
dilacerado pelo peso da Cruz.
17 de abril. Páscoa. Gardhaia. “Nesta manhã te dei o Meu Corpo em alimento. Quando chegar a
tua hora de comer, pensa em Meu Jejum no deserto, e convida-Me.” Com os Padres Brancos. “Pede-
Me todo o tipo de Graças. Não penses nunca que algo é impossível, que há algo que Eu não queira
conceder-te. Apóia a tua cabeça em Meu Ombro de Ressuscitado.”
19 de abril. No deserto, rumo ao Golea. “Semeia aqui muitos ‘Gloria Patri et Filio et Spiritui
Sancto’, para que estes lugares sejam santificados em louvor do Pai, do ‘Nosso Pai’.”
21 de abril. Às seis da manhã, no carro: “Quantos meios de santificação tens em tuas viagens!”
Saara. “O Meu Amor tem as suas horas de descanso e as suas horas de trabalho. Mas tudo é Amor.
Peço-te que sejas doçura para todos os demais.” Oásis de Retiene. Eu via uma viajante que trocava de
interlocutor de acordo com as informações que queria obter. Disse-me: “Eu posso dar-te TUDO. Faz a
cada dia um pequeno esforço de heroísmo de amor. Alcança-Me.”
23 de abril. Leghouat. Na igreja dos Padres Brancos, às cinco e vinte da manhã, depois da
Comunhão. “Em Meu Amor tu começas; Eu continuarei.” No deserto, Qued Ouaouseur. “Pede-Me o
gosto da Eternidade. Lembra-te de que quando eras pequena disseste-Me uma vez: ‘Senhor, se
alguma vez houver algo de bom em mim, faz com que não se veja e eu não o saiba.’ Lembras-te?”
24 de abril. Em Argel, N.S. de África, antes da Comunhão. “Entra em Mim antes de passar ao
outro Mundo.” Quando eu orava por uma conversão: “Convida a Minha Mãe para que passe o dia com
ele.” E quando eu Lhe agradecia, disse-me: “Não tenho por acaso que pagar os honorários de Minha
comediante?”
25 de abril. N.S. de África. Antes da procissão de São Marcos notei que as religiosas levavam um
anel no dedo, e eu me perguntava se não seria bom que eu as imitasse. Disse-me com intensidade:
“Eu te formei toda inteira, não somente um dedo.” E me fez recordar a Sua Proteção de todos os
momentos. Argel. Em Constantine, enquanto eu levantava as minhas pesadas malas na rede, disse-
me: “Carreguemos a Nossa Cruz, ambos.”
26 de abril. No trem de Constantine a Túnez, uns trabalhadores falavam duramente de seus
patrões; eu lhes disse que todos precisamos uns dos outros; que se nos amássemos, tudo ficaria
simples e bom. Com isto ficaram suaves e amáveis. À tarde, Jesus me disse: “Fizeste bem em falar
com eles.”
28 de abril. Na catedral de Túnez, quando se extinguiam a voz do órgão e os castiçais, disse-me:
“Eu fico sempre para ti.”
29 de abril. Cartago. Pensando nas lágrimas de Santa Mônica, eu estava em espírito no Coração
de Jesus, e me perguntava como poderia ter tempo para estar perto, também, da Santíssima Virgem.
Disse-me: “Basta que permaneças no Coração que se formou no Seio de Minha Mãe.” Na praça de
Sidi-abd-el Azis. “Que o teu exterior alegre não te abandone, porque estás ao Meu Serviço.”
2 de maio. Túnez. “Fazer o bem é propagar-Me. O Bem Sou Eu. Eu Me ocupo de cada alma como
se fosse a única no Mundo.”
2 de maio. Túnez. “A Minha Mãe vivia só para Deus. Não tinha nenhum egoísmo, não olhava a Si
mesma. Respondia com inteira exatidão à finalidade que se propôs o Criador ao fazer a Sua Criatura.
Imita-A.”
Túnez. Vieram buscar o Sr. Pe. Uma mulher vinha devolver sete Hóstias que tinha posto em seu
livro depois de Comungar. Ele me disse: “Desagrava.”
Bab-Souika. Uma mulher indígena me importunava na rua com a sua conversa. Ele: “Sê paciente
com os pequenos. Quando tu falas com Deus não Lhe dizes coisas muito interessantes e, no entanto,
Ele te escuta com Bondade.”
4 de maio. Eu me humilhava em ser tão pouca coisa. Ele: “Com isto podes crer que Me glorificas.
Reparar é mais fácil do que pensas; mas há que fazê-lo. Começa a fazê-lo.”
6 de maio. Túnez. Distraída pela gente que entrava na igreja, eu tomava, em espírito, a Sua Mão,
para que fechasse as minhas pálpebras. Disse-me: “Olha o teu interior; ali está o Reino de Deus.”
9 de maio. De Túnez a Constantine, olhava os milhares de flores que enfeitavam os prados.
Disse-me: “Multiplica a cada dia os teus atos de amor para alegrar-Me o Olhar.”
10 de maio. Na catedral de Constantine. Depois da Comunhão. “As Minhas alegrias são estar com
os filhos dos homens.” No trem de Constantine a Setif eu olhava as montanhas vaporosas que
pareciam tocar a nuvem. Ele: “Um dia virá para ti em que a Terra tocará o Céu.” De Setif a Argel eu
expunha a minha alma diante Dele, como uma página em branco. Disse-me: “Nela Eu escreverei as
Minhas Misericórdias.” No vagão eu tinha começado a discutir com uma dama que tinha tomado o meu
lugar, quando Ele me disse: “Sê benévola para com os outros.” Eu me perguntei então como poderia
salvar a situação, quando a bagagem dela caiu. Ajudei-a com ela e ficamos tão boas amigas, que ela
me levou uma mala à estação de Argel.
11 de maio. Argel. Em N. S. África. Depois da Comunhão. “Eu Sou o Coração Vivente.” Na Via
Crucis, na estação de despojamento: “Examina bem as tuas palavras. Busca a pobreza de ti mesma.”
Logo, depois de um pequeno sofrimento: “É preciso que tenhas algo no qual Eu Me reconheça.” Na
hora do desjejum, em uma sala de jantar que estava ao lado de uma capela, separadas por uma
parede, disse-me: “Crês a fundo em Mim? Nunca te queixes diante dos outros nem diante de ti
mesma.”
14 de maio. Diante dos ramalhetes de flores que enfeitavam o altar de N.S. de África, para a
exposição do Santíssimo Sacramento: “Isto não vale uma alma. ‘Acompanha, qual irmã, a minha Mãe’.
Varia as apelações, para estimular o teu carinho.” Isto mo dizia pela lembrança que tive de minha
querida irmã C.. Via Crucis no parque de N.S. de África, sobre o mar. “Oferece-Me ao Pai em tua
morte.” Eu fazia o sinal da Cruz sobre a Sua Cabeça, Seu Peito e Seus Ombros. Disse-me: “Esta Cruz
torna mais leve a Minha Cruz.” Em Argel, antes de abordar o barco “El Kantara” para Port-Vendres:
“Leva-Me contigo!”
19 de maio. A bordo. “Estar ‘em estado de Graça’ é estar ‘em estado de Cristo’.”
20 de maio. No trem de Bordeaux-Nantes. “Quando Me buscas, encontras-Me. Quando pequena
tinhas muita alegria quando estavas nos braços de tua babá. Eu tenho grande desejo do calor de
vossos corações.”
21 de maio. Nantes, de volta a casa. “Que se possa julgar a tua alma pela ordem de tua casa.”
22 de maio. Le Fresne. “Desagrava pelas injúrias que se fazem ao Meu Corpo sacrificado.” Mais
tarde, de Le Fresne a Paris: “Por que não haverias de dar-Me as viagens que desejo se Eu te dou o
dinheiro necessário?”
24 de maio. Argel. Na igreja de N.S. de África. “Eu prefiro que não Me digas nada, do que Me
digas algo que não pensares.”
25 de maio. Nantes, em casa. “Segue o Congresso de Budapest em Meu Coração Eucarístico. Tu
querias vir a Mim, mas serei Eu que irei a ti.”
28 de maio. Retorno ao campo, na França. Eu havia omitido o meu tempo de descanso diante de
Deus. Ele: “Por que Me privas desse momento de intimidade? Tens muita pressa? Mas, há algo que
possa comparar-se a uns poucos quinze minutos sobre o Meu Coração?”
Em meu aposento. “Quando puderes não aparecer em público, não o faças. Esconde-te.
Esconde-te em Mim. Que o teu amor seja sempre jovem e invente para Mim coisas novas, como algo
que amanhece.”
Eu pensava na morte e me perguntava. Como vou fazer? Serei sequer capaz de dizer ‘Bom dia’
ao meu Deus? Ele, com vivacidade: “Serei Eu Quem te dará o ‘Bom dia’.”
30 de maio. “Que feliz eras quando podias dar a um ser querido um dia inteiro de intimidade! Dá-
Me, com maior alegria ainda, as tuas solidões. “Olha o Meu Sangue. Nada fora de Mim. Habita na
Mansão de teu Senhor, de teu Esposo (Seu Coração). Crês realmente Nele? Pede-Me Amor, pois ardo
no desejo de dá-Lo a vós.”
7 de junho. “Quando tu Me falas, Eu te respondo: mas nem sempre ouves sensivelmente a Minha
Resposta.” A propósito de um empréstimo. “Entra na Bondade de teu Deus.”
8 de junho. Eu pedia à Santíssima Virgem uma conversão. Ele me disse: “Uma alma custa caro. É
necessário o tempo, os sacrifícios. Sofre por ela. Une os teus sofrimentos aos Meus, para melhor
agradar ao Pai.”
10 de junho. Aniversário de minha Primeira Comunhão, diante de umas rosas esplêndidas: “Isto é
para ti. Para que Me ames ainda mais.” Logo, aludindo a certas rosas que encolhem as suas pétalas
quando o sol se põe, disse-me depois da Comunhão: “Fecha-te sobre Mim.” Versalhes. “Rouba-Me por
amor. Rouba os Meus Méritos. Pede, pois Eu tenho mais urgência em dar, do que tu em receber.” Esta
noite acordei bruscamente por um só momento em que beijei espiritualmente duas Mãos: A de meu
Senhor e a da Santíssima Virgem. E ouvi: “O teu trabalho? Está em teu caminho de amor.”
12 de junho. Versalhes. “Exercita a tua virtude preferida. Lembra-te de que a tua força está em tua
alegria, e que a tua alegria Sou Eu. Quando vires nos sacerdotes algo repreensível, em vez de
começar a criticá-los, pergunta-te: ‘Tenho orado por eles?’ Deixa-te a ti mesma. Abandona a direção.
Perde a tua alma na Minha. Por que queres fazer tudo? Deixa-Me trabalhar em ti, confia em Mim.
Deixa-te ir como à deriva na corrente de Minha Ação.”
13 de junho. Paris, no metrô. Eu: Senhor, eu te amaria mais dando o meu sangue? Ele: “Ama-Me
com o que te dou a cada dia. Cada dia!”
14 de junho. Le Fresne. “Conversa Comigo. Não há para Mim outra oração mais doce.”
15 de junho. Quando eu mortificava o meu corpo, pensando na hora de Sua Flagelação, disse-
me: “Une-te. Entra em Meu Sofrimento com muito amor. O amor é o que importa.” Depois de uma obra
de Caridade, disse-Lhe: Senhor, dá-me a Tua Bondade, pois a minha não é suficiente. Respondeu-me:
“Toma-A toda. Porque, filha, podes crêr-Me se te digo que, só por ti, Eu teria vindo à Terra para Sofrer e
Morrer.” (Isto o disse com imensa Ternura).
16 de junho. Eu me dispunha a dormir no chão e Lhe disse: Senhor, vem aqui. Respondeu-Me:
“Estou muito mais perto que perto de ti: Estou em ti e tu estás em Mim.” Senhor, tenho dormido no
chão, como tu dormias; mas não passei noites inteiras acordada, como Tu o fazias. Respondeu-me:
“Mas Eu velei por ti.”
17 de junho. Durante o meu tempo de descanso disse-me: “Não é certo que a esposa acaba
assemelhando-se ao seu Esposo por passar tanto tempo com Ele? E o esposo se sente feliz de ver
nela esta semelhança. Toma a Minha Graça. Toma o Meu Encanto e passa-O aos outros. Diz-Me ‘Bom
dia’ a cada despertar, como se tivesses chegado ao Céu. Lembrar-te-ás de que no dia de tua Primeira
Comunhão não te atrevias a mover-te, tanta era a segurança de que Eu estava em teu corpo. Sim, aqui
Estou.”
18 de junho. Após um dia inteiro passado recebendo gente e falando, eu Lhe dizia: “É Piedade
tudo isto?” Ele me respondeu: “Por acaso não Me aconteceu o mesmo durante a Minha Vida pública?!
Não te inquietes. Eu entendo.”
Enquanto eu preparava umas flores na varanda para receber a uma amiga. “Lembra-te de Meu
Trabalho diário em Nazaré. Eu não fazia outra coisa senão orar. E logo, as Minhas viagens; mas tudo
acontecia em Meu Pai. Permanece em Mim e estarás Nele.”
20 de junho. “Não sejas amável por mero amor à amabilidade. Sê amável para deixar-Me
contente.”
20 de junho. Depois da Comunhão. “Meu Pai e Eu Somos Um. Lembras-te da angústia que havia
nos gritos de X. quando via o seu pai afogar-se? Imagina então, se puderes, qual será a Minha Agonia
diante da perda das almas de Meus filhos!”
21 de junho. Depois da Comunhão. “Aqui estou, indubitavelmente para receber as vossas
homenagens, mas acima de tudo e antes de tudo, para servir-vos. Serve-te de Mim! Que todos se
sirvam! E aos teus próximos, fala-lhes como crês que eu falaria. À jaculatória ‘Sagrado Coração de
Jesus, tem piedade de nós’, concedo-lhe Graças maiores quando Me é dita como um suspiro de amor
em vez de uma longa oração sem devoção.” Enquanto eu agradecia pelos passarinhos que cantam
neste dia, pelo céu azul, pelo Loire e as flores, disse-me: “Agradeces o Meu sol, e fazes bem. Mas
deves agradecer-Me igualmente as Graças pelos dias maus, pois tudo vem de Minha Providência. Ora
com toda a tua vontade de orar bem; eu farei o que tu não puderes.”
23 de junho. Com um tom de desamparo, disse-me: “Não Me deixes só!”
Eu Lhe agradecia por todas as Hóstias que recebi desde a minha Primeira Comunhão. Ele me
disse: “Tens todas contigo! Uma Hóstia recebida é eternamente dada. É isto o que faz o Tesouro dos
eleitos.”
“Eu vivo em uma eterna Agonia de sede pelas almas. Tira-Me a sede.”
Durante a procissão com o Santíssimo Sacramento eu Lhe pedia isto ou aquilo. Ele: “Não Me
permitirás escolher por Mim mesmo a vida que te convém? Não vês que já a fiz sob medida para ti?”
Contra as distrações depois de Comungar. “Para que Eu te fale em tua casa é preciso que estejas
aí.”
24 de junho. Festa do Sagrado Coração. “Todo o Meu é teu; que todo o teu seja Meu. E diz-Me
isso com frequência.” O trançado da coroa de espinhos. “A parte interior da coroa penetrou em Minha
Cabeça; apóia-te na parte de fora para consolar-Me. E consola-Me em teu próximo; tem a preocupação
pelos pecadores e atende-os por Mim. Considera o Meu Coração; só tem palpitações de Amor e
palpitações de Dor pelo desejo de ser amado por vós. Ajuda-Me.” Eu: O que posso fazer, Senhor? Ele:
“Oferece através de Mim tudo o que tens, por sua Salvação. Esquece os pequenos cuidados da Terra e
entra nos grandes interesses do Céu de Deus. Se pudesses compreender o que é o Céu, nenhuma
outra coisa te importaria além da Salvação das almas.”
26 de junho. Nantes. Festa de Corpus, em Notre Dame. O Santíssimo Sacramento, sob o palio,
esperava a saída da procissão. Havia pouca gente na igreja; a multidão estava na praça e os meninos
do coro, bem alinhados. Ao vê-Lo sair de Sua Prisão-Tabernáculo, eu Lhe dizia: Estás contente,
Senhor? E Ele, mostrando-me a multidão, disse-me com um tom de infinita ternura: “Esses são os
Meus filhos.” Impossível expressar a doçura com a qual disse isso, a tristeza pelos que não tinham
vindo, o encanto e como que um agradecimento pelos fiéis. Tudo era tão simples!
27 de junho. Igreja de Fresne. “Manifesta, primeiro em teu rosto, o encanto amável que queiras
pôr em tuas palavras.” Ao deixá-Lo, dizia-Lhe: Adeus, meu Jesus de Budapest! (pelo Congresso
Eucarístico). Desde o Tabernáculo, respondeu-me: “Sou o mesmo.” No meu aposento: “Se andasses a
cada dia mais um passo... e um passo a mais para perto de Mim...”
27 de junho. Cinco e quarenta e cinco da manhã, na avenida solitária. “Diz-Me que hoje farás
mais do que ontem em desagravo.” E logo, num tempo de descanso: “Tens trabalhado na Redenção?
O trabalho na Redenção é a medida da santidade.”
29 de junho. Depois da Comunhão, em N.S., pensando na festa, para breve, do Coração
Eucarístico, eu dizia: Toma-me em Teu Coração. Ele me respondeu: “Não sabes, por acaso, que já faz
muito tempo que estás Nele?” Eu considerava a pobreza de meus sentimentos. Ele: “Dá-Me tudo o que
puderes. Isso até o final. Propõe-te não guardar nada do que tens, para ti. Dá-Me tudo, inclusive as
tuas faltas. E Eu tomo também os teus esforços pela virtude.” Eu pensava: O que é que estou fazendo
sobre a Terra? Ele: “Mas, quem Me chamaria pelo nome de ‘Meu Jesus querido’ se tu não estivesses
aqui?”
30 de junho. Festa do Coração Eucarístico. “Lembras-te de Jó? Que potência de amor tinha! E de
Eltt... e de J? Pois bem, pensa que a Potência de Meu Coração as ultrapassa com a distância que há
entre Deus e o homem. Eu amo como nenhuma criatura é capaz de amar.”
Diante de um senhor muito grande e uma dama muito pequena, que conversavam. “Eu também
Me inclino.”
Pelos meus inumeráveis defeitos eu pensava: Nunca poderei me corrigir. Ele me disse: “Tu não
chegarás nunca, mas ‘nós dois’, sim.”
Eu: Amor meu, quando nos veremos? Tu me vês, mas eu não Te vejo. Ele: “Não, mas age como
se Me visses.”
1º de julho. Sexta-feira. Eu pensava em Seu Sangue, e tentava cobrir com Ele todas as feridas de
minha alma, como em uma transfusão, e Lhe dizia: Senhor, com isto faço dano aos outros?
Respondeu-me: “Há para todos, para todos os que a desejarem. Não descuides nada que possa
aproximar-te de Mim. O tempo de que dispões é tão curto!”
2 de julho. Via Crucis. Estação do encontro com a Sua Mãe. “Quando Ela Me abraçou, manchou-
Se com o Meu Sangue. Pede-Lhe essas gotas para a conversão. Não busques nunca as recompensas
da Terra; são muito pouco.”
2 de julho. Depois da Comunhão. “Nada para ti, tudo para Mim e nada sem Mim.”
Depois da Comunhão. “Se tivesses recebido ao teu priminho ontem, como terias Me recebido com
14 anos, teria sido muito melhor. Enxerga-Me em tudo.”
3 de julho. Le Fresne. Eu me lembrava de minhas dissipações e conversas durante o Santo
Sacrifício. “Como foi possível que tu risses quando o teu Esposo estava coberto com o Seu próprio
Sangue?” (Em memória do Calvário). Olhando os belos ornamentos bordados de ouro, eu pensava:
Este povo pequeno vale mais do que muitas cidades. Ele, com ternura: “Sim, porque te tenho.” Na hora
da Elevação tive o sentimento de que me tomava a cabeça com Suas duas Mãos e a apoiava sobre o
Seu Coração. Ação: “Quando a esposa, para honrar ao Seu Esposo, assume mil afazeres com a casa,
Ele fica tão contente, pois é como se ela houvesse ficado apoiada em Seu Ombro em contemplação.”
14 de julho. Bretanha. “Se pudesses visitar todos os lugares da Terra, a tua primeira pergunta em
cada lugar deveria ser: ‘Aqui vos amais uns aos outros?’”
Saindo de viagem às seis da manhã, estava impaciente porque a empregada não me servia o
café. “O Mérito não está em ser amável com as pessoas amáveis, mas em sê-lo para com as que não o
são...”
“A oração é como um farol giratório que chega muito longe.” Uns viajantes não sabiam o que
fazer. Ele me disse: “Que gostes de servir. Lembra-te de que Eu lavei os pés de Meus discípulos. Eu os
consolava e curava.”
Em Gien. “O desejo de não ir ao Purgatório para poder ver-Me mais rápido é um desejo que Me
honra e Me alegra.”
No meio da sufocação de um vagão de trem super-aquecido: “Diz-Me: ‘O que importa que a sede
me atormente! Que importa o peso da bagagem... contanto que as almas se salvem e que as Missões
prosperem e que chegue finalmente o Reino de Deus!’ “
Chambéry, em uma pequena igreja colada ao morro. “Honra o Meu Rosto Vivo. Os Meus Olhos,
que viram os instrumentos da tortura; os Meus Ouvidos, que ouviram as injúrias e os insultos; o Meu
Nariz, que sentiu o cheiro dos escarros; os Meus Lábios, que absorveram o fel; as Minhas Bochechas
inchadas e maltratadas. Todo o Meu rosto desfigurado.”
Depois de uma caminhada que fiz por Ele. “Vem agora Comigo a um lugar afastado...
Descansemos.”
15 de julho. Bretanha. Penestin. Eu Lhe manifestava a minha tristeza por achar-me longe de uma
igreja. Ele: “Lembra-te de que estou em teu coração.” Olhando o mar. “A Minha Bondade tem maior
imensidão do que esta. Desafio-te a achar-Lhe limites.”
11 de julho. Uma tarde, em Le Croisic. “O sono é a imagem da morte. Adormece sempre em Meus
Braços, e assim aprenderás a morrer.”
17 de julho. “Exercita-te em não pecar com as palavras.” Logo, no carro que vai de Croisic a
Nantes. “Que a finalidade de todos os teus dias seja a de dar alegria.”
19 de julho. Le Fresne. Como eu me inquietava por vários Favores, disse-me: “Deixa-Me trabalhar
e deixa-te fazer.” Logo, eu honrava com o pensamento os Seus Olhos, que choraram. Ele: “Crês que
não é nada para Mim se tu Me amas?”
20 de julho. Na Missa. “Que unir-te a Mim seja toda a tua atividade; Eu trabalharei em ti. Acha os
meios de escutar-Me.” O pensamento de Seu Amor me oprimia. E se o meu coração se metesse em
Teu Peito? Ele: “Nossos dois corações voltariam ao teu. Vive-Me; Eu te viverei.”
22 de julho. Sobre a varanda. “Põe a Minha Suavidade Em tuas cartas.” À tarde uns meninos
passavam diante de mim em suas bicicletas. Eu ia sozinha ao cemitério e no caminho junto ao Loire,
dizia-Lhe: Senhor, em espírito, posso pôr a minha cabeça sobre o Teu Coração? Ele: “Claro! Ninguém
nos vê.” E a Sua Voz tinha uma indizível Ternura.
23 de julho. Via Crucis. “Imediatamente depois do encontro com a Minha Mãe veio-Me outro
socorro: Simão, o Cireneu. Acude a Ela.”
24 de julho. Depois da Comunhão estava distraída. “Hoje Me dedicaste um olhar, sequer?” Mais
tarde, eu estava perdida em mil pequenos cuidados. Disse-me: “Não te seria muito mais ‘descansado’
pensar em Mim?”
29 de julho. Rennes. “Dá-Me pequenas coisas.”
Agosto. No campo. “Se pensasses que, quando recebes convidados, o teu Esposo está contigo
para recebê-las, não dirias tantas frivolidades.”
3 de agosto. “Participa da alegria de teu Senhor. Irradia a Alegria do Céu.”
7 de agosto, no trem. “Fala com os teus companheiros de viagem para manifestar-lhes uma boa
amizade; mas logo entra de novo em teu interior. Quando vires que escorregaste em alguma falta,
como poderia ser um excesso, um exagero na linguagem, põe imediatamente nas Mãos de Minha Mãe
três Ave-Marias, rogando-Lhe que as ofereça a Mim como reparação.” Eu saía de Le Fresne. “Os
antigos monges deixavam de vez em quando a sua Tebaida para sair e pregar. Tudo o que fizeres, que
seja cantando ao Pai, que é a Vida.” Malesherbes. Loirel. Eu pensava na princesa de X., que estava
presente. Ele: “Ocupa-te, sobretudo, dos Grandes que estão no Céu.”
8 de agosto. “Que a tua virtude se traduza em atos de Caridade. A Caridade assume tantas
formas! Conheces a Bondade de Minha Mãe? Então, considera qual será a Bondade de Deus, que fez
a Bondade de Minha Mãe.” Briare. “Não percas de vista as Minhas intenções.” (A Salvação das almas).
“E pede-Me que compartilhe os instantes de tua vida.”
13 de agosto. Em Annonay. Ardèche. Depois da Comunhão. “Humildade. Repete Comigo: ‘O Pai
tem me dado tudo!’”
14 de agosto. Ambérieu. “Sê semelhante a Mim. Sereis julgados de acordo com esta semelhança
Comigo. Olha e compara. Humilha-te.”
15 de agosto. “Eu dou a cada alma a vida que melhor pode conduzi-la a Mim.”
17 de agosto. Desde a igreja da Clayette, que eu via desde o trem, disse-me: “Eu Sou sempre o
menor. Uma ação sem intenção seria como um corpo sem alma. Entendes? Um cadáver...”
19 de agosto. Le Fresne. “Vigia o teu pensamento. Porque o teu pensamento precede a ação e a
palavra. Coloca-o constantemente em Mim. Pensa em Minha Mãe, que pensava sempre em Deus.
Temer e confiar-se; humildade e amor.”
22 de agosto. Na visita ao Santíssimo Sacramento: “Sê fiel.” E na recitação da Via Crucis:
“Acompanha-Me!”
23 de agosto. Eu beijava, em espírito, a Chaga de Seu Lado. Disse-me: “Pede à Minha Mãe que
acompanhe cada um de teus beijos. Como poderia Eu falar-te, se tu não usas os meios para recordar
as Minhas Palavras?” Ao entrar na igreja: “Aqui estás em tua casa.”
24 de agosto. Quando eu rezava o Pai-Nosso: “Considera como tudo está incluso na Minha
oração do Pater: Deus, tu e os outros.” Eu dizia: Que neste momento a Terra inteira tenha um só grito
de Glória para Ti, Senhor. Respondeu-me: “Volta a repeti-lo, mas com mais amor ainda. Crê em Meu
Poder. Deixa que se note a alegria e a paz de teu coração.”
28 de agosto. Na Elevação, na Missa Maior: “Esvazia-te de ti mesma e então Eu te preencherei.
Dar-te-ei o Meu Olhar, para que vejas com ele.” Eu me deitava no chão, para dormir. Disse-me: “Tu és
o Meu Corpo.” Logo, eu apressava na igreja a minha oração para terminar uma decoração do altar.
Disse-me: “Pensas por acaso que Eu prefira todas estas rosas que estás preparando mais do que aos
teus carinhosos momentos de adoração? Ora mais e com mais amor. E não te preocupes com o
número.”
2 de setembro. Esta noite: “Ao começar as tuas ações põe-te em Minha Presença, dizendo-Me:
‘Aqui está Jesus’. E ao terminá-las faz um ato de amor: ‘Jesus meu, amo-Te’.” E logo, como eu
lamentava a insuficiência de todas as coisas daqui debaixo, disse-me: “Não estás no Céu, mas na
Terra.”
4 de setembro. Le Fresne. Eu Lhe agradecia por Seu sol maravilhoso. Disse-me: “Eu criaria uma
atmosfera como esta só para ter a alegria de teus agradecimentos.”
8 de setembro. Disse-me com um tom cheio de Amor: “Entra nas Chagas de Minhas Mãos. Se
ferisses ao teu próximo, feririas-Me. Suportarias por acaso rasgar o Meu Corpo?” Depois da Comunhão
pedia-Lhe que me livrasse de minhas instabilidades e desânimos. Ele: “Terás que combater enquanto
viveres sobre a Terra. Estás na Igreja Militante.”
9 de setembro. “Busca, busca o que nunca passa. ‘O pão nosso de cada dia nos dai hoje’ significa
que deves pedir a cada dia, e que a cada dia o Pai Se ocupa de ti.”
11 de setembro. Na hora da Missa, como eu não via atrás do altar senão o Santíssimo
Sacramento exposto, dizia: Senhor, faz-me sentir sempre a Tua Presença como a sinto agora.
Respondeu-me: “E também mais.” Eu rogava pela paz na Europa. Disse-me: “Tudo resultará em
vantagens para os Meus cristãos.”
11 de setembro. Em Charente. “Se Eu te dou alegria é para que a comuniques aos demais. Com
o encanto que Eu poria nisso.”
Vervins. “Tu encontras em teus próximos, prolongamentos de Verdade, de Bondade e de Beleza;
mas a Fonte primeira de tudo isso Sou Eu.”
17 de setembro. “Às vezes crio situações angustiosas para pôr à prova a tua confiança. Dá-Me a
tua, e com frequência. Sê o que deve ser uma esposa Minha, em todas as atitudes. Salva como Eu
salvo. Ajuda. Consola.” Em Bourgues. “Que haja sempre ternura em tua oração. Esta intenção de
ternura a levarei em conta ainda em meio às tuas distrações. Que aconteceria se Eu apenas vos desse
o mesmo que Me dais? Mas tenho Misericórdia. Escuta o canto de Meu Coração. Far-te-á companhia.”
19 de setembro. De Bourgues a Le Fresne. Depois da bela representação de “A Pequena
Veladora de Quatro Centavos”, presidida por Mons. Fillon, o arcebispo: “Glória ao Pai... Não a ti.”
23 de setembro. Estação de Nantes, saindo para Cambourg. “Meus Cristos! Que os Meus cristãos
orem uns pelos outros como Eu orei por eles.”
23 de setembro. Em Calvi (Córsega), na pequena igreja da cidadela, perto da casa de Cristóvão
Colombo, em ruínas. Eu estava só, na nave desmantelada. “Aqui está a Minha pequena filhinha. Faz-
Me companhia.”
Bastia. “Diz-Me a cada dia que queres ser melhor do que ontem. E tenta prever as ocasiões.”
Bastia. Tentação de deixar tudo e voltar para casa. “Por acaso os Meus Apóstolos voltaram à sua
casa para dedicar-se à contemplação?”
24 de setembro. Cambourg. Ele: “Vive em Minha Presença simplesmente e sem esforço. Diz isso
ao Mundo e repete-lhe o Meu Amor. Dá-Me a tua morte desde agora para a conversão dos pecadores;
como Eu. Não temas; ver-se-á claramente que se te falo não é por teus Méritos, mas por uma
necessidade de Minha Misericórdia. Olha todas as coisas através de Mim, por Meus Interesses. E vive
mais intensamente Comigo: viverás melhor. Eu Sou o teu Companheiro.”
27 de setembro. “Se trocasses os pensamentos preocupados por pensamentos de amor para
Mim, não crês que isso ser-te-ia mais útil e que no final serias mais feliz?”
“Com os demais tu podes falar pensando em outra coisa; mas Comigo não.”
“Não terias Mérito algum em amar-Me se Me visses...”
Lendo, nas revelações feitas a Anna Catharina Emmerich, que Jesus tinha caído sete vezes em
Seu caminho ao Calvário; eu me dizia: Por que o Senhor terá querido dizer-nos tudo isto em Seu
Evangelho? Ele me respondeu: “Não por isso os homens teriam Me amado mais...”
“Os que são os Meus íntimos na Terra, o serão também no Céu.”
Lozera. No Grand Hotel eu pensava nas mulheres que lavam a louça. Ele me disse: “Não
terminas de entender que qualquer coisa pode fazer-se por Meu Amor? Eu não vejo entre essas coisas
a diferença que tu pões nelas. O que levo em consideração são os diferentes graus do amor.”
Lyon. “Tu podes, a cada minuto, salvar milhares de almas! Pensa nisso. Pede-o. Ama.”
“O que te recomendo é o momento presente, o teu dever de estado.”
Marseille. “Apaga-te de teus próprios pensamentos.”
30 de setembro. Le Fresne. Dia de paz depois do pesadelo da possível guerra. Eu Lhe dizia: O
que fazer para agradecer-Te por esta Graça tão grande? Ele: “Agradecer com amor. Ora para que Me
agradeçam. Lembra-te de que um só leproso, entre dez, Me agradeceu. Os outros nove simplesmente
foram embora...” E como eu pensava no ateísmo de Hitler, disse-me: “Tens orado por ele?”
2 de outubro. Le Fresne. Ao sair o sol, disse-me: “Deste-Me tanta alegria ontem à tarde!” Então
lembrei que, em agradecimento pela paz, eu tinha adormecido no seio da Sagrada Família em um
intenso pensamento.
3 de outubro. “Agora que compreendeste o que é a vida em Mim, vigia para ver se pões a Minha
Suavidade em teus relacionamentos com o próximo. Lembra-te de que o teu próximo Sou ‘Eu’. “Dá-Me
tudo. A vida está feita de coisas muito pequenas. Se Eu, por exemplo, tirasse de ti este pequeno
sofrimento, já não poderias voltar a oferecer-Mo.”
4 de outubro. Festa de São Francisco. “Não sejas a Minha escrava: o Meu serviço é todo de
Amor.” Eu percebia que o anúncio da paz tinha sido em 30 de setembro, aniversário da morte da Santa
Teresinha. Jesus me disse: “Os que são muito pequenos têm grande poder sobre o Meu Coração. E
acima de tudo, têm confiança. Quando tiveres uma preocupação por algo em que te seja impossível a
solução, pensa que Eu o consertarei, e entra em Minha Paz.”
6 de outubro. Ao repetir uma oração eu pensava: Agora vou poder te entediar, Senhor. Disse-me:
“Uma oração não pode cansar-Me. Sou sensível a todo sinal de afeto.” Eu ia assumir de novo a minha
vida comum e Lhe dizia: Que outra coisa posso fazer por Ti? Disse-me: “Dá-Me mais de ti mesma. Mais
Fé, mais Esperança, mais Amor.” E logo, em um tempo de descanso: “Quando contemplares, passa
inteira dentro de Mim, sem lembrar-te nada de ti mesma. Amo-vos tanto!”
7 de outubro. “Sabes o que é uma presença? Vive, pois, em Minha Presença. Em todos os
lugares.”
8 de outubro. Em Saint-Jean-d’Angely. “Ainda nos mistérios gozosos a Minha Mãe sempre teve
sofrimentos e sacrifícios. Que em todos os teus desfrutes haja sempre uma parte para Mim.”
11 de outubro. Festa da Maternidade da Santíssima Virgem Maria. “Ela é Mãe não somente
Minha, mas também tua. Durante todo o dia chama-a ‘Mãe’.” Se te concedi a alegria é para que a
passes aos outros com o encanto que Eu poria. Não te reserves nada, e dá tudo em Meu Nome.
Oferece-te em teu corpo, como Eu Me ofereço na Hóstia.”
12 de outubro. Le Fresne. “Olha como todas essas casas recebem o sol plenamente e sem
diminuição. De igual maneira, a Hóstia é toda inteira para todos vós. Quais são os Meus
Relacionamentos com o Pai? Amor. E com o Espírito? Também Amor. Que isto seja o teu modelo nos
relacionamentos com o próximo.”
14 de outubro. Ao deixar o meu aposento de Fresne para ir a Vervins, disse-Lhe: Até logo, meu
Deus, que és tão bom. Ele: “Mas, se Eu vou contigo!”
16 de outubro. Vervins. Missa de oito, celebrada pelo Pe. G.. Disse-me: “Tu achas em teu próximo
prolongamentos de Verdade, de Bondade e de Beleza; mas a Fonte primeira Sou Eu.”
19 de outubro. Le Fresne. “Não chegaste a compreender ainda que Eu quero estar sempre
contigo? Por que trabalhas por ti mesma, sendo que estás em Mim? Eu Sou teu Íntimo. Que te seja
impossível pensar fora de Mim.” À tarde, na varanda, diante do Loire, esplêndido pelo pôr do sol,
agradecia-Lhe por tantas belezas e flores. Disse-me: “É que Eu queria que descansasses.” (Eu voltava
de Vervins).
21 de outubro. O sol inundava o meu quarto cheio de gerânios. Eu lhe disse: Senhor, ilumina-me,
abrasa-me como este sol. Ele: “O sol não é senão uma simples criatura; Eu Sou o Criador. Recebe
mais de Minha Potência infinita.” Veio-me o pensamento de que se eu abandonasse todas estas idas e
vindas do teatro, poderia me dedicar à solidão. Disse-me: “Pedro fugia de Roma quando Me encontrou
no caminho. Disse-Me: ‘Mestre, aonde vais?’ Eu lhe respondi: ‘Vou a Roma, para ser crucificado em teu
lugar.’” Logo, no trem para Tours-Saint-Avertin: “Peço à Minha Mãe que te prepare para receber-Me.
Pede-o tu também, em memória de Sua Primeira Comunhão da Quinta feira Santa. Quando o teu
vestido se mancha, tentas logo apagar a mancha, até os últimos vestígios. Assim também, quando
vires alguma mancha em tua alma, apaga-a logo com uma invocação à Minha Mãe e à Minha
Misericórdia.” Eu: Graças do mistério da Coroação de Espinhos, desçam sobre nossas almas. Ele:
“Quando invocas deste modo as Graças dos mistérios do Rosário, crê que elas virão impregnar-te.”
29 de outubro. Em caminho até Bourges-Saint Bonnet eu cantava, sozinha no vagão, o canto
“Deus só”. Disse-me: “Convida a Minha Mãe para cantar contigo.”
29 de outubro. Bourges. “Tu pedes com frequência aos Meus sacerdotes que te abençoem. Pede-
Me diretamente a Bênção.” Na cripta da catedral se fazia um enterro em uma sala sombria, entre
pilares. Eu beijava a Fronte do Senhor. Disse-me: “Este beijo durará por toda a Eternidade.”
Festa de Todos os Santos. Eu adorava a Jesus, Rei dos Santos e a cada um dos membros do
Seu Santo Corpo. Disse-me: “Eu Sou a Fonte de toda a Santidade. Une-te estreitamente a Mim.”
4 de novembro. No trem para Isère eu considerava a Sua Agonia. Era sexta-feira. Disse-Lhe:
Como sofres, meu Senhor! Respondeu-me: “Sofro como Deus.” Com isto queria dizer que a Sua
capacidade de sofrimento ultrapassa a nossa. Saint-Pierre de Vréssieux, em Isére. Na Missa Maior o
Sr. Pe. anunciava a sessão de representação, com termos de grande elogio; era para mim, mais
incômodo ainda, que a minha cadeira estivesse de frente para a assembleia. Jesus me disse:
“Esconde-te atrás de Mim.”
7 de novembro. Saint-Ramberto d’Albon. No outono da festa de São Martin eu agradecia a Deus
pelas maravilhosas paisagens. Jesus me disse: “São derivações de Minha Doçura.” Logo, em um
restaurante de Lyon, quando eu olhava o açúcar se desfazendo no café, disse-me: “Eu Me misturo
ainda mais nos Meus.”
15 de novembro. Mende. “Quando te vier algum pequeno sofrimento, convém que o recebas com
muita alegria. Isto nos unirá.” Longogua. Disse-me: “Como te cumulei de Favores, ontem! Com isto, se
referia à bela representação de ontem, presidida por Mons. Auvity. E acrescentou: “A Minha Bênção
não te abandona. Mas, se Me pedires, te darei a Bênção de novo.”
16 de novembro. Lyon. Enquanto me encaminhava a uma apresentação em um bairro distante, eu
pensava: Poderei realmente permanecer aqui? Ele: “Eu Me sinto bem, aqui.” Então, levantei os olhos e
vi uma igreja construída recentemente.
17 de novembro. Fourviére. Depois da Comunhão, eu fazia esforços para conseguir uma boa
Ação de Graças. A Santíssima Virgem me disse: “Por que te complicas desse modo? É algo tão
simples! Tão doce e tão fácil! Tu, que gostas das igrejas pobres, considera com Piedade o Meu
Coração, tão pobre.” Lyon. Saint Martin d’Ainay. Após conversar com a sra. X e sair: “Amadas Minhas,
amai-vos para amar-Me melhor. Sou o Mendigo de Amor.”
19 de novembro. Ampuis. “Se tivesses mais confiança, Salvarias mais almas! Tudo o que fizeres,
fá-lo por elas. Conto contigo.”
21 de novembro. Vienne, Isère. “Encarrega-te de Meus Interesses. Eu tomarei os teus.
Permanece aos Meus Pés.”
23 de novembro. Na travessia de Nice a Calvi, a bordo do “Bonaparte”, que se sacudia
horrivelmente, Jesus me tinha como que encerrada em Seu Coração, e fui a única que não passou mal.
23 de novembro. Calvi, Córsega. “Eu serei para ti o que tu quiseres que Eu seja.”
Bastia. “Quando fizeres oração, pensa em Mim quando Eu tinha tal ou qual sofrimento, ou estava
em tal ou qual lugar. Isto dará maior força à tua oração.”
25 de novembro. Bastia. “Que gostes de ser pequena, pois Eu gosto que o sejas.”
29 de novembro. Em Corte. Na capela de Cristo Rei. Estava presente o Pe. P. Eu Lhe dizia:
Senhor, guarda-me. Respondeu-me: “Guardar-te-ei até entregar-Me por ti. Tem confiança.”
2 de dezembro. Cristo Rei. Fazia-Lhe a oblação de todo meu amor. Disse-me: “Na Simplicidade e
na Verdade.”
3 de dezembro. Chegada de Mons. Llosa à catedral. Eu orava por ele. “Quando orares à Minha
Mãe, une-te às expansões que Eu tinha com Ela, quando vivíamos sobre a Terra.”
3 de dezembro. Bastia. Chegada de sua Mons. Llosa. “Serve-te de tuas mãos, de teus pés, de teu
alento, como se fossem os Meus. Que outra coisa Eu desejo, senão que estejamos unidos? Quando
orares ao Pai, fá-lo com os Meus Lábios. Se te humilharem, pensa que tuas humilhações completam as
Minhas. Ninguém jamais se arrependerá de ter-se entregue ao Amor.”
4 de dezembro. Depois do sucesso da representação de “Uma velha senhorita e treze meninos.”,
presidido por mons. Llosa, eu assistia à Bênção do Santíssimo Sacramento atrás de um pilar. Disse-
me: “De que te serviria pôr-te de joelhos sobre o pavimento, se ao mesmo tempo não te humilhasses
em teu coração? Põe a tua alma na Humildade e na Confiança, e então poderás orar.”
5 de dezembro. Em Ajaccio, sobre a montanha de Solario, eu admirava como a lua cheia e o sol
poente iluminavam ao mesmo tempo, e transfiguravam a baía leitosa. Ele: “Eu Sou o sol que transfigura
as almas.” E me fez ver como os Seus méritos nos pertencem. Enquanto se fotografava o grupo que
representou “Uma velha senhorita e treze meninos”, algumas das atrizes insistiam em ficar perto de
mim, e eu estava comovida. Ele me disse: “Também Me comovem os menores gestos. A Minha Mãe te
oferece a Mim e Eu te ofereço à Minha Mãe.” (Sob o patrocínio de São José).
5 de dezembro. Na volta. “Não há crime tão grande que supere o Amor. O Amor é maior do que
todos os vossos pecados.”
Ajaccio. Na montanha de Solaria. “Se tu houvesses dado a uma amiga tua um sinal, não gostarias
de vê-la usando-o com frequência? Eu vos dei o sinal da Cruz. Benze-te com frequência, como sinal de
amor e de união.”
“Até quando terás distância de Mim?”
“O amor é toda ausência de separação.”
6 de dezembro. Ajaccio. Depois da Comunhão. “Que não haja nuvens entre tu e Eu. Se
cometeres uma falta, repara-a em seguida com um ‘Senhor, te amo’, dito de todo o coração. E para as
tuas amigas, mais carinho e mais respeito.”
7 de dezembro. Chegada à casa das Irmãs de São José em Sartène. “Essas pequenas, quaisquer
que sejam, pensa que Eu morri por elas; isto te ajudará a sentir respeito por elas.”
8 de dezembro. À hora da Elevação. “Santo é aquele que tem o maior grau de Fé, Esperança e de
Caridade. Tem, com todo respeito, a intenção de reparar as irreverências que se cometem em Meus
Templos.”
11 de dezembro. Na igreja de Sartène. “A Trindade está em ti. A Trindade está neste templo. E
em Minha Mãe, que engloba a todos. Até quando terás essa distância de Mim?” Pensando em meus
defeitos, dizia para mim mesma: Sou um objeto de Misericórdia. Ele: “O Amor sopra onde quer.” Eu
tinha que deplorar meu mau humor em um corredor bem estreito para tantas atrizes corsas. Disse-me:
“É que não chegaste a compreender que tudo isto poderia ter sido para ti uma ocasião de vitórias.”
12 de dezembro. Sartène. Uns meninos rezavam distraidamente o Rosário. “Como desfiguram o
Meu Pai-Nosso!”
Bastia. Na Missa, durante o Pater. Eu: Como é possível, Senhor, que quando Tu levavas com
dores atrozes a Tua Cruz, não tenhas salvado, somente nesses minutos, a todos os pecadores do
Mundo? Ele: “Eu abri o Céu para todos, mas cada um é livre. Para vós fica, Meus irmãos, completar a
Salvação dos homens, pedindo-Ma e sofrendo por eles.”
13 de dezembro. Na capela de São Damião, no alto da montanha. “Renova com frequência a tua
oblação de amor, principalmente às sextas-feiras.”
14 de dezembro. Bastia, com as Franciscanas Missioneiras de Maria. “Diz-Me algo que encante o
Meu Coração.” Eu: Senhor, se eu pudesse encantar-te com algo, seria com algum de Teus Dons. Ele:
“Meus dons, quando passam por tua vontade, chegam-Me como se fossem teus. Ama-Me, ainda
quando não tenha nenhuma importância o que fazes. Busca-Me: Isso Me satisfaz tanto! E toma de
Mim, para dar mais adiante.”
19 de dezembro. Missa na Capela das Franciscanas, diante do Santíssimo exposto. “Oferece-Me
os teus pés, como Eu entreguei os Meus; oferece-Me as tuas mãos, como Eu ofereci as Minhas.”
18 de dezembro. “Pede-Me que cada momento presente contenha o maior amor de teu coração
pelo Meu. Renova com frequência os atos de Humildade, como o fazia Minha Mãe.” Na capela, na
véspera de minha partida. Disse-me com delicadeza: “Eu continuarei vendo este lugar, no qual tu já
não estarás.”
19 de dezembro. Na capela. Eu: Senhor, em outros tempos, os velhos servidores formavam parte
da família. Depois de dez anos de serviço na representação das comédias, posso sentir que sou parte
de Tua família? Ele: “És parte dela desde o primeiro instante de tua vida, pois foste criada à imagem de
Deus!”
Bastia. 23 de dezembro. “Lembras-te? Quando eras menina, escreveste uma vez em um caderno:
‘Fala, Senhor, que tua serva Te escuta.’ Deste modo, crescerás em Mim. Repete: ‘Que os meus
membros estejam nos Teus, meu espírito em Teu espírito, meu coração em Teu Coração, e que a
nossa vida seja uma só.’ “
Nantes, na Missa da meia-noite, eu pensava: Por que o Menino Jesus não mostrou mais a Sua
Divindade no Presépio? Ele: “Não era o momento. Isto fica reservado para o Meu segundo Advento, no
Fim do Mundo.”
França. Natal. “Não te admires que Eu tenha chamado antes de todos, os pastores de rebanhos.
Era a imagem de Meus queridos sacerdotes, Meus outros ‘Eu Mesmo’.”
28 de dezembro. Eu: Senhor, eu gostaria tanto que estas Santas Espécies permanecessem em
mim até amanhã de manhã. Ele: “Faz como se Eu ficasse.” Logo, pensando no Presépio, eu pedia à
Santíssima Virgem o favor de cantar para adormecer o Menino Jesus. Ele me disse: “Ainda quando
adormecesse, o Meu Coração continuaria velando por ti.”
27 de dezembro. “Eu Sou o Filho de Deus. E, por Mim, tu és a filha de Deus. Cada vez que tu te
ofereces a Mim, Eu te tomo.”
28 de dezembro. Depois de um frio intenso. “Que poucas pessoas Me agradeceram pela melhoria
da temperatura!”
1939
1º de janeiro. Eu Lhe desejava a Sua Glória. Disse-me: “Não peças a Minha Glória como se fosse
uma coisa que nunca chegará. Quando a pedires, crê que ser-te-á concedida. Neste ano pedirás a
Minha Glória, o Meu Reino. E em segundo lugar, porás maior atenção nas coisas pequenas, as tuas
pequenas vaidades, os teus pequenos exageros. Serão vitórias consideráveis.”
1º de janeiro. Ao acordar, eu apoiava a minha cabeça sobre o Seu Peito e Lhe desejava um ano
de Glória: Que doces devem ter sido para tua Mãe estes ternos abraços. Ele: “A Minha Mãe tinha, com
frequência, menos privilégios, pois devia sofrer, para ser a Corredentora do Mundo.”
2 de janeiro. “Como voto de Ano Novo, preza o cuidado de Minha Glória em tudo o que fizeres. E
Eu prepararei a tua. Quando tomares os teus alimentos, pede-Me que te nutra com a Minha Graça.
Quando passeares, pede-Me que te faça adentrar em Meus Jardins divinos. És Minha criatura: dá-Me o
que haja em ti de mais delicado. Dá-Mo. Recorda a tristeza que te causava aquela menina selvagem
que fugia de ti. Não faças o mesmo Comigo. Vive com o Pai, com o Filho, e o Divino Espírito te
possuirá... Eu vivi na Terra no meio da contradição; não te admires, então, se também a encontrares.”
Janeiro. Em Seine-et-Oise. “Não te envaideças por nada. O que importa que as pessoas pensem
de ti isto ou aquilo? Deve bastar-te com que Eu o saiba.”
No bosque, enquanto dois homens me enchiam de injúrias porque sabiam que eu já ia à igreja.
“Alegra-te por participar de Meus Ultrajes.”
“Por que Me abandonas? Eu nunca te abandono.”
“Quando o sacerdote fechar a pequena porta do Sacrário, pede-Me que Eu te encerre em Meu
Coração. Aproveita toda oportunidade de falar Comigo, como se não houvesse ninguém no Mundo,
apenas tu e Eu.”
“Um ato de bondade é um traço de semelhança Comigo.”
Em uma estação, durante a noite, eu olhava as casas sombrias. Ele me disse: “Todos dormem.
Permite-Me refugiar-Me em teu coração.”
6 de janeiro. Nantes a Ozoir-la-Ferrière. “Não. Eu não Me acostumo; para Mim, é coisa sempre
nova.” (Se referia às conversas da alma). “E aqui estou sempre contigo, para dar-te sempre mais.” E
acrescentou, lembrando-me de minha vida: “Tu tens vivido sempre sob o Meu Cuidado. Oxalá
pudesses ser mais terna e mais simples, como uma menina, para Comigo!”
9 de janeiro. Ozoir. “Tu podes salvar aos que Eu não pude. Compreende-o: a maior comediante
do mundo se rebaixa se serve à Terra; no entanto, é grande se se põe ao serviço de Deus.” No trem:
“Pede sempre pelos que te rodeiam. Aqui. Nos países que visitas. Em todo lugar.” O trem estava
lotado de gente, e eu, não sei como, havia conseguido um bom cantinho. Disse-me: “Agradece-Me com
carinho, como se houvesse sido Eu Quem te preparou o lugar.”
12 de janeiro. Nantes. Eu pensava em pequenos contratempos de colocação. Disse-me: “Eu me
preocupo com coisas mais importantes.” E me mostrava os pecadores, os pagãos, e as ingratidões dos
bons.
13 de janeiro. “Aumenta, aumenta a intensidade de sentimentos de Fé, de Esperança e de
Caridade! Crês que, se com frequência Me pedisses que te fizesse santa, Eu poderia Me negar?
Exercita-te na Esperança e na Reparação; pois não há arte que possa ser adquirida sem o exercício.”
No trem para Poitiers me senti cheia de consolação. Ele: “Se tu permanecesses em tua casa a serviço
de um egoísmo confortável, não receberias tantas Graças. Mas, não é verdade que Eu sei
recompensar a quem Me serve?”
18 de janeiro. “Lembra-te de que Sou eu Quem Se alegra por ti, enquanto vives sobre a Terra; e te
digo, para animar-te a ser o Meu Encanto. “Que gostes de ser sempre a que dá mais. Mas, fazes tudo
por Mim? Ou Sou para ti um motivo de vergonha?”
20 de janeiro. Na estação de Nantes, em viagem para Lyon, eu dizia: Senhor, quero viajar em teus
Braços. Respondeu-Me: “Em Meus Braços não é o bastante: entra em Meu Coração.” Depois de um
favor recebido, eu pensava: Que bom que És! Ele: “Tu dizes que Sou bom neste momento. Mas
sempre o Sou, com uma Bondade imutável. É preciso de que o lembres, para manter vivo o teu amor.”
Soissons. “Difunde a alegria aonde quer que passares.” Em minha solidão, eu pensava: Ah, se Ele
estivesse comigo no vagão... Ele: “Tu não Me vês, mas estou aqui. Sempre estou contigo.”
27 de janeiro. Laon. Em meu aposento do hotel Le Lion d’Or. Disse-me: “Salva! Imita! O Meu
trabalho é o de Salvar. Salva tu também, oferecendo-Me tudo. Que coisa há que seja mais verdadeira
do que as Minhas Palavras?”
29 de janeiro. Na catedral de Laon. “Com frequência te faço repetir as três primeiras petições do
Pai-Nosso: ‘Que o teu Nome seja santificado; Que venha o Teu Reino; Que seja feita a Tua Vontade’.
Agora, repete esta outra: ‘Que me devore o zelo por Tua Casa’.” Desde o trem, eu olhava a catedral,
que parecia suspensa, e como que perfurando o céu e a montanha. Senti-me feliz de que a houvessem
construído com tanta magnificência, para abrigar ao Homem-Deus. Disse-me: “Mas os Meus melhores
templos são os vossos corações.”
30 de janeiro. Relendo os Seus ensinamentos, eu deplorava não ter sido fiel durante longo tempo.
Disse-me: “Há coisas que Eu peço somente por um dia, mas a Minha Misericórdia as leva em conta
para uma vida inteira.” No metrô de Paris. “Multiplica as colunas no templo de teu coração.” (Falava das
elevações da alma, dos olhares a Ele).
3 de fevereiro. “Meu Pai, o Pai Celeste, é mais Pai teu do que o teu pai da Terra. Crê nisto
sempre! Eu Lhe dizia: Tão miserável sou, Senhor, que nem sequer sei as minhas necessidades.
Respondeu-me: “Considera-Me o Teu Provedor. Por que não Me pedes coisas? Não tens confiança em
Mim, que Sou Todo Poderoso, que Sou o Amor? Tem sempre uma confiança perdida, como de criança
pequena...”
4 de fevereiro. No Metrô. “Quando tu Me mandas uma flecha de amor, a Minha Onipotência a
utiliza em seguida para socorrer a uma alma necessitada. Não tens que ter o trabalho de designá-la.”
10 de fevereiro. “Se duvidas de Minha Palavra ou te admiras Dela, deve-se a que tu pensas que
tens algo a ver com isso.”
Cardenac. “Eu gosto destes longos dias de viagem, porque neles Me corresponde a melhor
parte.”
12 de fevereiro. Nantes. Via Crucis, às cinco e trinta e cinco da manhã. “Durante a duração deste
Via Crucis, considerarás os Meus Olhos. Não poderás ver Neles senão uma doçura extrema no meio
das crueldades, e um extremo Amor.” Vendo que eu tentava pensar no número de meus pecados:
“Para que contas? Eu perdoo sem contar...”
14 de fevereiro. Nantes. Depois da Comunhão. “Não compreendes que Eu Sou a tua vida? Eu a
organizei. Eu aqui, Eu lá, Eu em todos os lugares.” Somente ao entrar em casa soube do horrível
acidente do qual escapei no dia anterior, em Saint-Nazaire.
18 de fevereiro. De vierzon a Rodez. “Tem a intenção de amar mais a cada minuto: assim, a tua
Graça será cada vez maior.” De Limoges a Brive. Eu dizia às Três Divinas Pessoas presentes em meu
coração: Quisera amar-Vos como Vós mesmas vos amais, mas não sei como. Ele: “Unindo-te.”
20 de fevereiro. Rodez. Na capela das irmãs de Nevers, preparavam o altar para o dia seguinte.
Ele: “O Banquete Sou Eu.” Quarta‐feira de Cinzas. Na Elevação, a Santíssima Virgem me disse (cujas
lágrimas eu estava considerando): “Tem compaixão Dele”, e me convidou a rezar pelos pecadores.
Logo Jesus me disse: “Contempla o Meu Coração durante todas as fases de Minha Paixão, da maneira
como consideraste os Meus Olhares em uma de tuas Via Crucis.”
23 de fevereiro. Em Rocamadour. Capela milagrosa. “Quando contemplares os Meus Olhos,
pede‐Me que Eu faça o bem por meio dos teus. Quando contemplares os Meus Lábios, pede‐Me que
Eu faça o bem por meio de teus lábios.” Nesse dia se venerava a Santa Face. Em Rocamadour, o
hoteleiro me explicava que aquelas excelentes trufas crescem à sombra dos robles. Jesus: “Que frutos
excelentes darás se viveres perto de Mim, à Minha Sombra!”
25 de fevereiro. Depois da Comunhão. “Tem mais confiança em Minha Misericórdia e Salvarás
mais almas. Crê na ‘comunhão dos santos’. A Minha Misericórdia se põe ao alcance de tua miséria.
Compreende, então, a confiança.” Logo ouvi, no sono: “Nada está pronto quando Deus não está aí.”
28 de fevereiro. Le Fresne. Eu Lhe dizia: Já que sou só uma menina pequena, Senhor, ensina‐me
a caminhar diante de Ti e de meus semelhantes. Ele: “Repete‐Me com frequência essa oração.” Logo
pude, com mil dificuldades, conseguir algo de que precisava, e Lhe agradecia. Ele: “Tu, dá‐Me almas.”
7 de março. De Rennes a Nantes. Pai querido, quando tiver que morrer, se estiver na cama, seria
preciso que me acordasses. Eu gostaria de morrer em pleno conhecimento de sacrifício. Ele: “É muito
mais simples do que tu crês. Abandona‐te e deixa‐Me trabalhar. Faz cada uma de tuas ações com o
mesmo amor, a mesma alegria com que as farias se estivesses no Céu. Busca unicamente a Minha
Glória e tudo te será dado como acréscimo. Vive inteiramente no Reino de teu interior. Diz: ‘Meu Jesus
amado, soberano sacerdote, tem piedade de Teus irmãos sacerdotes.’“
9 de março. “Sê toda tu, suavidade para o teu próximo.”
Paris. Na igreja de Nossa Senhora da Boa Nova. Eu me perguntava em que consistiria essa
suavidade para com o próximo. Disse-me: “A suavidade está na Bondade do sorriso, do gesto, e em
uma grande simplicidade.”
Vosgos. “Não recites as tuas orações apenas por recitá‐las, mas preeenchendo‐as com uma alma
de amor. Do contrário, melhor seria rezar menos.”
“Se Eu te der Força e a guardares para ti, ficará como está; mas se tu a comunicares aos outros,
multiplicar-se-á ao cento por um. Tem, pois, ânimo.”
Antes da Via Crucis. “O coração de Minha pequena filha irá se enternecer?
Como sorrindo: “Tu dizes que Me dás tudo. Mas convém que creias que, dando‐Me tudo, não Me
dás grande coisa.”
11 de março. Le Fresne. Antes da Comunhão. Durante a Semana Santa e a anterior eu tinha dito:
Senhor, já não irei trabalhar por Ti. Respondeu-me: “Então será a Minha vez.” E me recordou a
aceitação de todos os Seus Sofrimentos, por nós, durante estes dias.
13 de março. No trem, rumo a Vosgos. Jesus me pedia fidelidade a meus exercícios de piedade.
Disse-me: “O que te peço é pouco em comparação com o que te dou.” Em Paris, eu pensava na
estreiteza de certas pessoas. Disse-me: “Espero que não Me faças a injúria de comparar‐Me com elas.”
Raon‐l’Etape, Vosgos. Eu pensava que com tanta neve, eu tinha sorte de ter um aposento quentinho na
casa de um sacerdote tão bom, o Pe. B.. Disse-me: “Quando tiveres um motivo de alegria, louva‐Me,
louva ao Pai, louva ao Espírito Santo. São ocasiões de glorificar, com um renovado ardor.” Eu: Senhor,
como se faz para falar com o próximo com suavidade? Ele: “Tenta imaginar como Eu lhe falaria.”
24 de março. Le Fresne. Festa de São Gabriel. “Por que te sentes só quando fazes oração? Eu
oro contigo. Juntos nós dois, sempre.” Paixão. Depois de Comungar. “Deus está em todos os lugares.
Se o pensasses, a tua adoração seria perpétua.”
27 de março. “Cumulei-te de Graças para que confiasses em Mim. Uma Graça que dou, A dou
para sempre.”
28 de março. “Tu tens viajado bastante, e tens visto que a Terra não é tão grande. Pede-Me a
conversão de todos esses povos. Mas, ainda que a Terra fosse muito maior do que é, por acaso a
Minha Misericórdia tem limites?”
29 de março. Depois da Comunhão. “Diz: ‘Ofereço-Te Jesus vivo em minha vida; Jesus morrendo
em minha morte; o Coração de Jesus palpitando nas pulsações de meu coração’.” Eu me perguntava:
Sou purificável? Ele: “Tudo pode ser purificado em Meu Sangue.”
30 de março. Eu pensava na aspereza dos sofrimentos da Terra. Ele: “É que nunca viste a Minha
Glória, que os recompensa. Honra o Meu Corpo.” (Me dizia isto de Seu Corpo Místico, no qual
aumentam as Riquezas da Igreja). E acrescentou: “Vou te repetir: cuida o momento presente com o
maior amor.” Eu Lhe dizia: Sinto-me totalmente miserável, mas sinto também que sou toda Tua. E Tu,
Senhor, estás também certo disso? Ele: “Conheço-te com perfeição.”
10 de abril. Eu pensava nas misérias da humanidade. Disse-me: “Mas Eu vos amo tal qual és.
Servir sempre. Sê a servidora dos outros. Como Minha Mãe, que disse: ‘Sou a serva’.”
2 de abril. Domingo de Ramos. “Quando orares, crê que és escutada. Isso Me dará alegria e
transformará a tua oração.”
3 de abril. Depois da Comunhão. “Chamo-te. Sobe à Morada de Meu Coração. Escuta‐ Me, amiga
Minha. Reconheces a Minha Voz? Porque todo o que escutar, ouvirá. Que tens que fazer aqui embaixo,
além de amar‐Me? Amar é Glorificar.”
7 de abril. Sexta‐feira Santa. No trem para Túnez, por Avignon. “Quero que a Minha filhinha
pequena pense em Mim, hoje, durante todo o caminho.” Na Turena eu olhava a paisagem primaveril e
a água semeada de lírios brancos. Ele: “Que não tenhas em tua vida senão belezas. Gestos amáveis e
gentis. Faz ver as Minhas Graças. O mundo interior das almas é o que importa.”
9 de abril. Em Saint‐Pons‐la Calm. Depois da Comunhão. “Vai visitar as Franciscanas.” (Quando
passei por Marseille não pensei nelas por nada, e elas tinham me albergado e convidado para uma
futura apresentação.)
11 de abril. Na capela destas religiosas eu cumprimentava a meu Jesus por suas pombas brancas
com hábito branco: ‘Senhor, são Tuas esposas’. Respondeu-me com vivacidade: “Tu também o és!”
Logo O cumprimentava pelos doces cantos. Ele: “Lembra‐te de que estes cantos não Me diriam nada
se não fossem expressões de amor. Diz: ‘Quero ser uma santa, toda cheia de Amor de Deus; uma
purificada de toda falta, para agradar a Deus’.”
14 de abril. Ilha de Djerba. Eu me recriminava que as distrações desta viagem através de Túnez
me tinham separado Dele. Disse-me: “Um pai sabe destas coisas. Um pai desculpa.”
16 de abril. Em Sfax. Domingo de Quasimodo, na Missa. “Não crês que te escuto quando oras?
Não crês que te amo? Ora com Fé e com Amor. Adoração e reconhecimento. Adora em Humildade.
Adora em Confiança, com Fé em Meu Poder. Adora amando.” Na capelinha das Irmãs da Assunção,
em Sfax. “Tu não Me vês. Isso é bom para que cresças na Fé.”
17 de abril. Em Soussa, cidade árabe, eu pensava fazer compras. Ele: “O que importa mais
enfeitar é o interior da casa, que é a tua alma. Quero vê-la bela.”
Abril. “Recolhimento. Quando um copo está bem cheio, o conteúdo se derrama se fica inclinado à
direita ou esquerda; mas se se mantém reto até o céu, permanece cheio.”
No trem. “Ontem passaste perto da prisão, e tentavas imaginar como seria a vida desses reclusos
em sua solidão de uma cela. Eu Sou o grande Prisioneiro do Tabernáculo. Mas podem visitar‐Me em
Minha Solidão.”
Eu me apressava em terminar uma oração. “Às vezes a gente quer reter perto do peito a um
menino pequenino. Mas o menino pensa que tem outras coisas a fazer, e tem vontade de escapar.”
Eu me sentia suscetível. “Utiliza a tua sensibilidade. A sensibilidade vos foi dada para que façais
Méritos.”
19 de abril. A bordo do “Lamoricière”, de Túnez a Bizerta e logo a Marselha. Em uma tempestade,
eu desejava desde o fundo de meu camarote, a minha pequena varanda solitária de Fresne. Ele: “Por
que não desejas melhor estar no Céu, sobre o Meu Coração?” Eu: ‘Senhor, possivelmente porque
ainda não vi o Céu.’ Ele: “Onde está a tua Fé?” Depois do encontro com o Pe. R., missionário no
Equador: “Tens feito bem em oferecer‐lhe ornamentos para a Missa. Mas não os compres. Faz tu
mesma os ornamentos.”
Abril. Sfax. Eu pensava: “É possível que eu não volte nunca mais aqui.” Ele me disse: “Que
importa? Tu vais aonde Eu te levar.”
20 de abril. “Olha o Céu com frequência. Isso te ajudará a desejá‐Lo mais.”
Lyon. “Serás capaz de percorrer toda esta rua sem olhar as pessoas que passam, para dar‐Me
alegria?”
Depois da Comunhão. “Olha com que facilidade te distrais quando deixas de pensar no momento
presente. Volto a recomendar‐te que vivas nele. Imagina o que valeria uma vida cujos momentos
presentes, todos eles, tivessem sido vividos para a Glória de Deus!”
No campo. “Honra e cumprimenta os Anjos de tua varanda. Estão aqui porque tu os convidaste.”
Lembrei então que antes de sair tinha dito aos Anjos: “Venham, sentem‐se nos bancos do jardim e
louvem a Deus por todas as maravilhas do horizonte.” Ele continuou: “Honra os anjos de tua casa. Ah!
Se tivesses algo de Fé, viverias mais em contato com o mundo invisível do que com o mundo visível.”
Uma vez em que um sacerdote me abençoava. “É ele quem traça o sinal da Cruz, mas Sou Eu
Quem te abençoa.”
22 de abril. Nantes. Em Notre Dame. “Alimenta as almas. Ajuda‐Me, pois Eu Me sirvo de ti.” Com
delicadeza: “Sai de ti mesma. Entrega‐te a Mim, como Eu Me entreguei por ti. Nunca tiveste que te
arrepender em ter te entregado a Mim. Lembra-te disso. (Guerra na Palestina, Túnez em estado de
sítio, sozinha no distante Canadá, a morte consoladora de X.). “Eu estava em todos os que tu amaste.
Sentes de verdade que o que mais importa em ti é a tua alma? Por que Eu, que Sou o Amor, não
poderia ter momentos de Amor misteriosos, secretos e escolhidos? O perfume de uma alma não é o
mesmo que o de outra.” Eu me sentia suscetível. Disse-me: “Serve-te de tua sensibilidade; foi-te dada
para adquirir Méritos.”
23 de abril. De Nantes a Fresne. Percebi que tinha estado a ponto de perder o trem. Ele: “Tu não
conheces toda a proteção com que te cuido.” Na noite: “Vive somente para Mim.”
24 de abril. Depois da Comunhão, eu rezava o Pai‐Nosso. Ele: “Que outra oração poderia se
igualar à que Eu mesmo compus? E eu sentia que, a cada petição do Pai‐Nosso, apertava-me sobre o
seu Coração. “Tem amor por tuas orações: o Pater, o Ave. Tu, que gostas das coisas de arte, ama as
tuas orações. Eu guio as palavras em teus lábios quando rezas, como se dirigem os passos de um
menino pequeno. Conhece finalmente o Meu Amor. Faz‐me o agrado de crer Nele. Dá-te trabalho crer
que Deus possa desfrutar de Sua criatura; mas, contudo, assim é. Inventa continuamente uma nova
maneira de amar‐Me. Não te sentirias feliz sabendo que Me fazes feliz? E logo, deixa‐Me exercitar o
Meu Ofício de Salvador: encomenda‐Me almas.” Em Le Fresne, de volta de Túnez. “Já estamos de
novo em nossa solidão: agradece‐Me com amor. Como vês, não sei falar a não ser de Amor. Porque
Deus é Amor.” Logo, vendo que me esforçava em vão para recitar o Pater, disse-me: “Ainda quando o
menino pequeno não consiga as coisas, seu Pai o admira e está contente por seus esforços.”
25 de abril. Tu não és nada. Eu Sou o teu Tudo. Eu compus o Pater com Amor, ensinei-te o Pater
com Amor; nunca o rezeis sem amor. Orar é lembrar‐se de Deus.”
26 de abril. Visita ao Santíssimo Sacramento. “Por que não Me falas o que fizeste hoje?” (Tinham
sido trabalhos de jardinagem). “Isto seria, para Mim, de muita confiança e intimidade.”
28 de abril. Depois da Comunhão. “Alegra-te Comigo. Interrompe as tuas orações para alegrar-te
de Meu Amor.”
29 de abril. Nantes, em Notre Dame. Eu Lhe expressava a minha tristeza de não poder trabalhar
para Ele senão durante a minha vida. Disse-me: “O teu desejo é suficiente.” Eu tomava um refresco
depois de um trabalho penoso. “Agradece‐Me, como se Eu tivesse acabado de te oferecer o refresco.”
De Nantes a Le Fresne. No trem eu pensava, olhando as terras cultivadas: “Ele estará contente de que
os homens tenham cumprido tão bem os seus deveres de trabalhadores.” Disse-me: “Ah! Se todo este
trabalho tivesse sido feito por Meu Amor!”
1o de maio. Le Fresne. Durante a agonia de uma vizinha. Ele: “Desprende‐te das coisas
pequenas. Tem a coragem de dá‐las. Mais tarde encontrarás outras maiores...”
2 de maio. Eu estava com o espírito em Argel, nos preparativos do Congresso Eucarístico de
amanhã, no qual eu teria podido estar presente, e oferecia a Jesus este sacrifício, para Sua Glória. Ele:
“Eu ouço tudo o que Me dizes.” Eu pensava em todas as Graças que havia me concedido em “Ille de
France”, quando eu tinha viajado à América. Disse-me: “Tu viajavas por amor a Mim. Como Eu poderia
ter te deixado sozinha?”
2 de maio. “Não entendes que te chamo à perfeição? E não entendes que a perfeição de uma só
alma é de grande utilidade para o gênero humano? Tu, diz‐lhes que falem Comigo. Vês como a chuva
cai com doçura sobre as pequenas e frescas folhas de maio. Imagina, pois, as precauções que Eu
tomo para aproximar‐Me das almas.”
3 de maio. Em espírito, estava no Congresso de Argel. “Dar-te-ei Graças que frutifiquem a cem
por um. Sou o Gigante do Amor.”
5 de maio. Eu via os móveis, cobertos de pó, que havia limpado na véspera. Ele: “Isto é a viva
imagem do cuidado que vós deveis pôr em purificar as vossas almas (pelos sacramentais). “Vive em
comunhão íntima com o teu Criador, como o fazia Eu quando vivia sobre a Terra; com o espírito sempre
dirigido ao Pai.” Eu: Sim, Senhor, mas tu O vias. Ele: “Une‐te. Que te baste que teu Irmão Jesus Cristo
O veja.” Eu: Senhor, o que mais posso fazer?. Ele: “Nada mais além do que fazes; mas tudo com maior
suavidade, mais à Minha maneira.”
6 de maio. “Ainda não acontece que a Minha Vida humilhada te dê vontade de ter humilhações?”
6 de maio. “Sim, escreve com maiúscula quando falares de Mim, porque Eu Sou o Princípio.”
8 de maio. Le Fresne. “Se Me perguntares por novas maneiras de amar‐Me, dir-te-ei uma só
palavra: União. União. União. “Tu, que és amante do belo, por que não copias a infância? Cada alma
conserva sua personalidade; nisto reside a beleza do Céu.
16 de maio. Lyon. Entre as duas representações de “A Cantora da Rua”. Se estiveres cansada,
repousa o teu corpo em Meu Serviço. Descansa-o, como se fosse o Meu. Serve‐te de Minha Doçura
infinita. Doçura, não poderias encontrá‐la suficientemente em ti mesma; mas Eu Me sinto feliz de dar‐te
o que te falta. Diz‐Me que contas Comigo. Força a porta do Tabernáculo com golpes de amor. Libertar-
Me-ás quando liberares outras almas. O que libera é o amor.”
17 de maio. “Oferece‐te a Mim tal como és, sem esperar estar contente de ti mesma. Une‐te a
Mim no meio de tuas maiores misérias: Eu te recebo, reparo em ti o que for necessário; mas isto, se Me
concederes a tua confiança. Tem‐na, e muito grande. Quem te ama mais do que Eu?”
18 de maio. Eu pensava nos quarenta mártires jogados aí, sobre o gelo. Ele me disse, como
sorrindo: “Causa-te estranheza que haja gente que Me ame?”
18 de maio. Nantes. Festa da Ascensão. “Põe todos juntos, teus pecados e Meus Favores; e logo,
canta um hino de louvor.”
22 de maio. Em Paray‐le‐Monial, na capela da Visitação, eu esperava as religiosas para ouvi‐las
salmodiar. Ele: “Eu também as espero, como espero sempre a toda alma que vem dizer‐Me ‘Bom Dia’.”
22 de maio. Em Generald. “Tu gostas de fazer algo lindo com um objeto de pouco valor. E é deste
modo como Eu atuo nas almas, e Sou feliz com isso.”
Lyon. Na casa das Irmãs de São José da Aparição. “Tu te inquietas porque nem sempre estás
pensando em Mim. Inquietam-te também as tuas muitas faltas, e não te atreves a olhar‐Me. Mas não
tem que ser assim. Dá-te a Mim como és. Eu conheço a Natureza humana e vim à Terra para ajudá‐la e
repará‐la. Transplanta‐te em Mim. Não por teus Méritos, mas senão por Meu Desejo. Une o cansaço de
teu rosto ao Meu Rosto desfigurado pelos golpes; assim reparas as tuas faltas e as de todo o Mundo.
Aproveita todas as ocasiões de unir‐te a Mim. Se soubesses quanta alegria Me traz a União das almas
sobre a Terra, compreenderias que Eu recompense aos que Me oferecem com frequência os
pensamentos de seu coração!” No bonde de Vellecour: “Se te falo, é pelo indigna que és de escutar‐
Me. Assim é a Minha Misericórdia. Que a tua alma tenha a semelhança de tua Mãe (A Santíssima
Virgem) e de teu Irmão (Cristo).” (Eu ia a Fourvière).
25 de maio. Eu me achava mais feia que de costume. “Que gostes da aparência exterior que tens:
é a que Eu te dei. Vive na intimidade Comigo. Quando viajavas pelo Canadá ou nos desertos da África
com os missionários, não te sentias acaso mais forte e mais confiante? Pois, faz Comigo a viagem de
tua vida.” Eu: O que acontece, Senhor, é que não Te vejo. Ele: “No cinema vês e ouves pessoas que
não estão aí. Mas Eu estou sempre contigo, ainda quando não Me vires.”
25 de maio. Lyon. São José. “Tu não compreendes o mistério de uma semente que se converte
numa árvore grande que dá mil outras sementes; tampouco entendes os mistérios da eletricidade, das
ondas, de tantas outras forças que vós, homens, apenas conheceis. Não aches estranhos, então, os
Mistérios de Deus. Que gostes de que haja Mistérios. Com isto provarás a tua confiança de filha do Pai.
“A santidade? É algo lento e progressivo, como a passagem das estações. Fia‐te de Mim, Eu te
ajudarei. Eu desejo a tua santidade mais do que tu mesma.”
Enquanto eu desfazia um nó difícil, Ele me disse: “Assim acontece com as almas. Há sempre um
ponto fraco que se pode alcançar com a paciência e a doçura.”
Catedral de São João. Ocupada em procurar‐me um bom lugar para ver os Fummazzioni de
Roma e Garlier, eu não tinha orado. Ele me disse: “Não Me disseste nem sequer ‘Bom dia’. Fazes isto
quando entras na casa de teus amigos?”
26 de maio. Às cinco e meia. “Desde o mesmo momento em que acordares, pede‐Me almas.
Reclama‐Me que te dê pecadores. Dar-Me-ias com isso uma alegria que não podes imaginar. Eu morri
por todos. E morri sem ter ficado doente; morri cheio de vida. Morria porque fui golpeado. Se tu não Me
ajudares hoje, Eu não poderia salvar a tal e tal alma: e já sabes o quanto as amo. Salva‐as, como se
Me salvasses.”
“Claro que sim! Tudo o que Eu digo a uma alma, o digo a todas. Todas elas são as Minhas
preferidas. Se soubessem de Meu Amor por cada uma! Crê nesse Amor, e explora‐O.”
“Há que ter confiança nos santos e nos anjos. Quando a gente ainda é uma criança, anda nos
braços de todo o mundo. A gente se deixa querer, e isto é muito natural.”
28 de maio. Na tarde do dia de Pentecostes, depois de três Missas e duas Bênçãos com o
Santíssimo, perguntei-Lhe: “Senhor, ganhei algumas almas no dia de hoje?” Ele: “O saberás no Mais
Além. Por ora, contenta‐te com viver de Fé, em união Comigo. Diz‐Me que és fraca. Diz‐Mo
seguidamente, porque quando és fraca é quando eu desdobro a Minha Força. Faz notar bem as
entonações que Eu ponho em tua voz. Chega até o extremo com o encanto do Bem.
29 de maio. Em Ars. “Pede, pede muito. Gosto dos que são audazes quando se trata do Amor por
Minha Glória.” Na Missa Maior, causou‐me viva emoção ouvir no órgão um canto antigo que eu
costumo cantar quando me encontro só: “Minha alma, quero entregá‐la ao Senhor”. Do modo como as
Franciscanas de Marselha cantavam: “Somente Deus”, Jesus me disse: “Com isto te devolvo uma
alegria que Me deste antes.”
30 de maio. Lyon. Eu: O amor é isso que tenho quando meu coração bate mais forte pensando
em Ti? Ele: “Esse é amor. Mas também há amor quando fazes, pensando em Mim, um esforço de
virtude sem ter gosto algum por isso. Não Me dirás que Eu te atropelei alguma vez com o trabalho... Ou
que eu tomei para Mim algo mais além do que tu podias dar... Eu sei medir.”
Eu tinha fome, e achava deliciosa a comida. “Tu Me agradeces por esta comida da Terra, e te
sobra razão. Mas pensa que isto é uma mera imagem distante da satisfação que há no Banquete
Eterno, na Divindade das Três Pessoas.”
‘Senhor, não poderias salvar‐nos sem morrer?’ Ele: “Morri para dar‐te melhor a Vida.”
31 de maio. Amberieu. “Compreendes agora a força que há quando se juntam a vida de oração e
a vida de ação para mover o Coração do Pai?” Como me via sofrer por não estar em Le Fresne nestes
dias de maio e junho, disse-me: “É certo que deixaste a tua casa; mas Eu te dei albergue na Minha.”
Então me lembrei que, em Lyon e em Amberieu, o meu aposento estava contíguo à capela.
1o de junho. Ain. “Escreve. Eu gostaria que ninguém tivesse medo de Mim; que todos olhassem o
Meu Coração cheio de Amor e falassem Comigo como se fala com um Amigo amado. Para alguns, Sou
um perfeito Desconhecido. Para outros, Sou um Estrangeiro, um Dono severo, que é rígido ao pedir
contas. São poucos os que vêm a Mim como a um familiar querido; e enquanto isso, aí está o Meu
Amor esperando‐os. Esperando‐os tal qual eles são. Eu farei neles as necessárias reparações. Eu os
mudarei, e eles terão então uma alegria que não imaginavam. Eu Sou o Único que a pode dar. Mas,
que venham! Diz‐lhes que venham!” (Com uma voz cheia de um grande desejo).
3 de junho. Em Ain. “Quando Me pedires algo, pensa que Sou bastante bom para conceder‐to...
De outra maneira, privas-Me do prazer de dar‐te as coisas...”
Eu: Hoje, Senhor, é Tua Festa de Corpus. O que há que dar‐Te hoje? Ele: “A Fidelidade nas
coisas pequenas.”
“Crucifica‐te Comigo. E crucificar‐se significa uma distensão contra a tua Natureza, contra os
próprios desejos e o amor a si mesmo, na pobreza, na escuridão, na Obediência ao Pai. Recorda que a
Crucificação é o prelúdio da Ressurreição, ou seja, de todas as alegrias.”
7 de junho de 1939. Le Fresne. Depois da Comunhão. “Se tu crês em Minha Potência e em Minha
Riqueza infinitas, por que não te entregas sem devolução? Dá‐Me a tua confiança e a tua esperança,
para que Eu seja glorificado em ti. Eu aproveito a miséria. Crê em Minhas Palavras: já fiz com que
tenhas certeza que são verdadeiras. Aceita‐Me, então, de acordo com a maneira que escolhi para ti:
dar-Me-ás muita alegria. Abandona‐te sobre o Meu Coração, que é o Coração de Esposo; de um
Esposo que deu a Vida por ti. Tenho te dado a Minha Vida de Sofrimentos. Agora, crê em Minhas
Palavras. Não é verdade que o Pe. X. te escreveu ontem: ‘Jesus estará intimamente contente?’.”
8 de junho. Festa de Corpus. “Eu escolho a miséria. Não temas.” Eu pensava na morte de X.
Jesus disse-me: “A morte que terás será a que Eu te escolhi.” Logo, como eu rogava à Santíssima
Virgem que me ajudasse a curar as feridas da Cabeça de meu Senhor, disse-me: “O que de verdade
Me consola é o progresso de uma alma no amor.” Depois da Comunhão. “Eu quis viver no meio dos
homens. Vivi com os Meus Apóstolos e quero viver com os homens até o fim do Mundo. Este é um
desejo cheio de Amor. Depois de ter orado pela mortificação: “Agora coloca‐te sob a fonte de Sangue.”
(Aludia à Sua Flagelação). Eu lhe perguntava: Como poderei imitar a eminente Perfeição da Santíssima
Virgem? Respondeu: “Pensa que és Sua filha e que tens a herança de uma Mãe assim. O que vós
poderias oferecer‐Me no domínio do espiritual, senão os Meus Dons?”
11 de junho. Domingo depois de Corpus. Eu pensava em Josefa Menéndez, que havia sido uma
alma tão escolhida. Ele me disse com vivacidade: “Acaso não o és tu também?” E apesar disso, eu
continuava perguntando‐me como é possível que, com tantas faltas como tenho, seja eu também uma
alma escolhida.
12 de junho. “Desprega-Me da Cruz. Leva‐Me à varanda e cuida‐Me com o teu amor. Sempre
estou ferido. Cerca-me com tuas flores. Inventa delicadezas de carinho. Eu sofro por vós. Permanece
em Mim, que sou o teu Princípio, a Fonte de tua vida e de tua alegria, e a Aurora de teu ser. Por esta
razão, quando Me vires, poderias dizer: ‘Reconheço-Te, ainda que nunca tenha Te visto’.”
13 de junho. Terça‐feira, dia concedido a minhas jovens atrizes. Disse-Lhe: Senhor, poderias levar
a minha Comunhão a todos os meus grupos nos quatro cantos do Mundo? Disse-me: “Para Mim, isso é
mais fácil do que descer ao altar.” (Era o momento da Elevação). Tinham me encarregado de preparar
uns panos brancos e vermelhos para a procissão. Disse-me: “Hoje preocupa‐te com as Minhas Vestes.”
E à tarde, como eu havia trabalhado nisso com uma vizinha e não havia pensado Nele, pedi-Lhe
perdão. Ele: “Então quando fores entregar o teu trabalho, pensa em Mim, e obterás as mesmas Graças,
como os operários da hora undécima. Assim é a Minha Misericórdia.”
15 de junho. “A deslocação de Meus Membros... as poças de Sangue... os Olhos cegados... e a
Coroa de Espinhos... Eu tive desejo Dela como o de uma mulher mundana pode ter por um vestido
novo. Dá‐te a Mim como és. Em todo momento de tua vida, tal qual és. É claro que em um só instante
posso mudar‐te. Mas é indispensável que o creias assim e que Me entregues tua Confiança. Para que
Ma desses, escolhi-te e te dei os meios necessários. Agradece‐Mo.” Eu interrompia o meu trabalho de
copiar as ‘Suas Palavras’ para ver as canoas que passavam no Loire. Como sorrindo, disse-me: “Os
meninos pequenos têm necessidade de distrações.”
16 de junho. Eu pensava em tantos que têm me tratado bem... Ele: “Mas todos eles te
abandonavam de vez em quando. Eu nunca te deixo. Sempre te tenho em Meu Pensamento.”
“Sabes o que pode ser o Amor de um Homem‐Deus que chama, que pede o vosso amor, e que
não recebe mais resposta do que o riso que insulta?”
20 de junho. Eu pensava para comigo: Será possível que Ele leve em conta alguém tão pobre de
virtudes como eu? Ele: “Sim. Na Cruz, pensei em Minha pequena filha, com todas as suas pobrezas, tal
como ela é. Se os homens soubessem! A Minha Hóstia consagrada: um só Sofrimento, uma só
Alegria.” (Então me lembrei da consagração de Montreal e da Corte). “O teu temor de ofender‐Me é
para Mim como uma flecha que Me fere de amor. Filha: que as feridas de amor que Me causam os
Meus fiéis, venham curar as feridas que Me causam a indiferença, o ódio e os desprezos.”
22 de junho. No campo. “Sê simples Comigo. Que é o que se faz pela manhã ou pela tarde no
seio de uma família? As pessoas se dão um beijo de afeto, e isto é muito natural. Às vezes, durante o
dia, por motivo de alguma palavra ou um dom, se troca um olhar. Um olhar afetuoso. Há impulsos de
ternura. Que doce é tudo isto e que reconfortante! Se Me permitissem ser como um membro da
família!...”
22 de junho. Eu tinha sido importunada durante o meu tempo de descanso por alguns serviços
que me pediam. Ele: “Me causaste mais satisfação com a tua Fidelidade em ser amável, do que se não
houvesses interrompido a tua contemplação.”
23 de junho. No ônibus, eu ia pensando mal de um dos passageiros. Disse-me: “Não te apresses
em julgar, nem julgues as pessoas pelo seu exterior.”
24 de junho. São João Batista. “Ama ser pequena...” Logo, enquanto varria, eu pensava: Que
pobre coisa, Senhor, esta que faço por Ti! Ele: “Não Me importa a coisa! Esta ação é para Mim o
mesmo que outra que a ti te parecesse grande; Eu só considero o amor que colocas nas coisas. A
intenção de amor. Compreendes?”
26 de junho. “Onde Eu quero habitar é no fundo mesmo de teu ser. Eu Sou a Vida, Eu te farei
viver. Não tenhas outra vontade além da Minha, que é a mesma de Meu Pai. Serás recompensada no
último dia.”
Na Missa, à hora do Pater. “Eu compus a oração do Pai Nosso para que todos vós a digais...”
27 de junho. Eu me perguntava: O que posso esperar Dele no dia de hoje? Ele: “Ser-te-á dado na
medida de tua Fé.”
28 de junho. Nantes. “Honra a Minha Coroa de Espinhos. Foi tão terrível para a Minha Cabeça,
mas tão doce para o Meu Amor. De hoje em diante, farás a Hora Santa às Quintas-feiras. Quero que
passes essa hora Comigo. No começo será necessário um esforço; mas logo, não te custará. Lembra-
te das primeiras vezes que dormiste no chão; e agora? O mesmo com os teus primeiros Via Crucis.
Custaram-te, mas agora não te custam. Filha querida, não Me abandones nunca, Eu estou sempre
contigo.” Na rua: “Que o teu olhar para Mim seja uma Comunhão Espiritual.”
30 de junho. No escritório de contribuições eu orava pelos funcionários, enquanto chegava minha
vez. “A tua oração é uma força que produz um impulso de Minha Graça sobre as pessoas que Me
encomendas.”
1o de julho. “Sobe. Ascende com todas as tuas forças. E quando tiveres subido, verás que ainda
não começaste a ascensão.” Eu estava remendando. Ele: “Dou-te o Meu Sangue para que O derrames
sobre os pecadores. Derrama‐O sobre todos eles. Não te limites. Pertence-vos.”
2 de julho. Eu havia perdido minha carta de meia taxa. Ele: “Oferece‐Me essas pequenas
contrariedades como espinhos teus, que aliviam a Dor dos Meus.” Logo, no trem. “Já vês?
Simplesmente com um sorriso de amabilidade lhes fizeste o bem. Compreendeste-Me. Compreende‐
Me mais, e então a União será muito estreita.”
4 de julho. Le Fresne. “Quando te peço que ofereças todas as tuas boas obras pelos sacerdotes,
isso não exclui outras intenções. Os Meus Méritos são infinitos. Mas se Eu impedisse que te viessem
algumas tentações, quais poderiam ser os teus Méritos? Em vez de angustiar‐te, alegra‐te, pensando
que a tentação é uma ocasião de lucros. Lembras-te? Quando eras menina gostavas muito de
‘ganhar’.”
5 de julho. No momento em que eu fazia uma genuflexão na igreja: “Se pensasses que Eu estou
aqui, cumprimentar-Me-ias de melhor maneira. Sacrifica‐Me a tua solidão e a tua independência. Troca
o teu ser pelo Meu. E persuade‐te de que não perderás nada na troca, amiga Minha. Valoriza como
nada o bem que pudeste fazer e volta incessantemente a começar: cada dia. Toma a Minha Coragem,
pois trabalhamos juntos.” Eu me escondia Nele, humilhando‐me por meu orgulho. Ele: “Que felicidade a
de ter em Meus Braços uma filha Minha que é muito pequena! Já sabes como as pessoas costumam
gostar dos meninos pequenos, dos que não são capazes de nada por si sós... Não penses com
imprudência no Espírito Santo. Se conhecesses a Sua Majestade!”
Primeira Sexta feira. “Ouviste dizer alguma vez que alguém esperou demais em Deus? Ou que
alguém tenha sido defraudado ou traído por Ele?”
8 de julho. Le Fresne. Depois da Comunhão. Eu: Senhor, amas-me com a mesma intensidade
como se já estivesse no Céu? Ele: “O Meu Amor não muda. És tu a que pode amar‐Me com diferentes
medidas. Filha, faz esforços de amor cada vez maiores.” Ao acordar, disse-Lhe: Faz, Senhor, que neste
dia não me deixe levar pela minha má cabeça. Ele, como sorrindo: “Usa a tua boa cabeça.” E mostrou-
me as ocasiões de virtude que iria ter no dia.
10 de julho. “Qual é a tua divindade? És tu ou Sou Eu? Por que, então, não pensas mais em Mim
do que em ti?”
17 de julho. “Que? É tão difícil pensar em Mim? Diz-Me tudo o que te interessa, tudo o que faz a
trama de tua vida. Escutarei com muita alegria. Se soubesses quanta atenção... Diz a teus irmãos que
sejam para Comigo como se é com um amigo íntimo que conhece todos os segredos.”
18 de julho. “Agradece a Deus pelo dia que começa. Podes obter tantos Méritos, tanta Glória em
um só dia... Permito-te que Me ames e que Me sirvas. Servir a Deus! Se tu pensasses no que há nisso
de honra e de felicidade...! Imagina se pudesse conceder‐se a um condenado um só dia a mais...
Como o aproveitaria! Conversa comigo, Minha pequena filha.”
19 de julho. Depois da Comunhão. “Eu Me entreguei aos homens e eles fizeram de Mim o que
quiseram. Isto o fiz por Amor. Agora Me entrego a eles na Eucaristia. E mais uma vez eles fazem de
Mim o que querem... E isto também o faço por Amor. Até o Fim. Até a Consumação dos Tempos.”
19 de julho. “Quando com o pensamento te pões perto de Mim, fazes-Me repousar. O mesmo
acontece quando consideras os Meus Sofrimentos, e quando avivas interiormente o teu zelo. Qual não
será a recompensa que darei às almas que, com sua amorosa piedade, fazem-Me repousar!”
21 de julho. Nantes, avenida Launay. “A verdadeira intimidade tem um sinal próprio: a de que
sempre está pronta a receber. Recebe‐Me. Aproxima‐te de Mim no meio de qualquer ocupação.” (Eu
havia recebido em minha casa a vários sacerdotes canadenses).
22 de julho. De partida para representar em Guerche. Disse-me: “Leva‐Me contigo para dar‐Me a
todos!”
24 de julho. Le Fresne. Lembras de como Mons F. gostava que lhe falasses, porque isso lhe dava
oportunidade de dizer algo que tocasse os corações? Assim Sou Eu com as almas, quando elas Me
expõem o que as alegra ou o que as aflige. Aproveito o momento para fazê‐las compreender a Minha
Bondade, toda feita de Doçura e Amor. E quando elas crêem ter dado um passo em Minha direção, Eu
já dei dez em direção a elas. Poderia ser de outra maneira, quando eu morri de Amor por elas? Almas
Minhas, tão amadas...!”
26 de julho. No jardim. “Se Eu tenho prazer em ouvir o que Me dizes, não é pelo que Me dizes,
senão simplesmente porque Me falas. Com isto fica satisfeito o Meu desejo de intimidade e Eu te olho
com o Amor de um Salvador. É claro que me alegram o teu agradecimento e as tuas homenagens; mas
é sobretudo a abertura de coração a Coração o que Eu busco em vós. As expansões do Amigo
predileto.”
“Vigia bem os pensamentos de teu coração; pois o que se tem no coração, sai logo pelos lábios.”
27 de julho. “Não te digas: ‘Isto é pouco demais para oferecê‐lo por uma alma’. Quando tu
recebes, para o teu vestuário de teatro, uma pequena soma, ficas contente, pois somada a outras, esse
pouco te permite comprar belas vestimentas para serviço da Igreja. Eu faço o mesmo: somo as tuas
pequenas orações e sacrifícios a outros, e um pecador se salva. Tu podes oferecer a teu modo as
ações do dia, mas quando usas a fórmula do Apostolado da Oração, isso te une melhor a todos os que
também a usam.” Durante a Missa eu pensava Nele, tão esgotado na subida ao Calvário, e
considerava a Sua Bondade ao consolar as santas mulheres: “Não choreis por Mim, e sim pelo
pecado.” Ele: “Eu falei desse modo pensando também nos carrascos que Me rodeavam e aos quais Eu
queria salvar. O que Eu não teria feito por eles! Sabes o que é um Desejo de um Homem‐Deus?” Logo,
em meu tempo de descanso: “Tu tens dividido o teu dia em três partes, separadas por um descanso:
oferece cada uma delas a uma das Três Divinas Pessoas, para avivar a tua atenção e o teu fervor. A
manhã, ao Pai Celestial; o meio dia ao teu Salvador e a tarde ao Espírito Santo, Amor. Assim,
pertencerás aos Três e ao Único.”
28 de julho. Depois de Comungar. “Faz um ramalhete de sacrifícios para Me oferecer, como se
fossem flores. Não descuides nada, pois tudo tem importância a Meus Olhos, desde o momento em
que tu pensas em oferecer‐Me com o maior amor. Deseja que o teu amor de cada dia seja maior que o
da véspera, e dá‐Me esse amor, para que eu o anime. Conta sempre mais Comigo que contigo, e
caminha em Paz.”
29 de julho. “Permanece, Minha Gabrielle, em uma alegria habitual. A alegria é a característica da
Mansão de Teu Esposo e Senhor. Que coisa pode haver mais doce sobre a Terra que viver Comigo no
íntimo do coração? Nunca Me deixar, Eu que sempre estou contigo, disposto a dar‐vos o Meu Amor!
Um Amor do qual são frágeis imagens os amores da Terra! Compreendes esta alegria? Eu em ti e tu
em Mim. Assim é, quando as almas se encontram em ‘estado de Graça’. E a ‘Graça Sou Eu’. Saboreai
a alegria de saber que Vivo em ti. Senti essa exuberância, que supera todas as alegrias da Terra. E
quanto mais impregnada estiveres de Minha Alegria, mais aumentarás a Minha em ti.”
30 de julho. “Que nada em ti jamais se desprenda de Mim. Se soubesses quão grande é o Meu
Desejo de ter‐vos perto... Que o teu entendimento esteja Comigo; que a tua vontade esteja Comigo; e o
mesmo a tua memória; que a nossa União permaneça, como Minha União no Pai. E lembra‐te mais
uma vez: o amor é toda ausência de separação.” Durante a Missa: “Dou-te o Meu Sangue como manto
que te envolva; dá‐Me o teu amor para cobrir‐Me.”
31 de julho. Depois da Comunhão. “Vive só para Mim. Quando falares, que se veja bem que o
único que te importa Sou Eu. Não temas mencionar o Meu Nome na conversa, pois todos, sem sabê‐lo,
têm necessidade de Mim. E o Nome de Deus pode suscitar o bem nas almas. Tenta adquirir este hábito
e Eu te ajudarei. Virão a ti para ouvir falar de Mim. “O que poderias temer, se Eu tomo a maior parte de
teu trabalho? A Minha felicidade está em ajudar‐vos. Chamem‐Me em vosso auxílio, Minhas almas
amadas. Vós tendes a liberdade de querer‐Me ou de não querer‐Me; Eu estou sempre aí, com o
Coração agitado, na espera de vossa decisão. O Meu Coração, sempre ansioso com o Desejo de que
Me escolhais... Que vos dê prazer semear o Meu Nome nas palavras que pronunciais; como uma terna
reparação pela Dor que Me causam todos aqueles que querem apagar‐Me em todo lugar, ainda na
alma dos meninos pequenos. Semeai o Meu Nome. Eu darei o crescimento.”
1o de agosto. “Pede à Minha Mãe, a cada manhã, que abençoe o teu dia. Ela tem cuidado por
todos, como o tinha por Mim; e Me apertava junto ao Seu Coração.”
4 de agosto. “Agradece ao Pai por todo o teu corpo, por teu espírito e por tua vontade de sofrer o
que Ele te pedir. Lembra-te que, ao subir ao Calvário, por Sua Glória, Eu orava por todos os que iriam
Me imitar.”
5 de agosto. “Quando disseres: ‘Que a Tua Vontade se faça na Terra como no Céu’, pede a
santidade para todos os teus irmãos da Terra. Faz com fervor essa petição. Que felicidade haveria, se a
amável Vontade do Pai Boníssimo se fizesse na Terra como se faz no Céu! Para que assim seja,
oferece os Sofrimentos de Minha Paixão. Que o Meu Sangue não permaneça inativo. Derrama‐O sobre
as almas para a Glória do Pai. Como Eu. Sempre juntos.”
6 de agosto. Eu lembrava-Lhe de meus pecados. Ele: “Por que te admiras de cometer faltas,
quando és tão miserável? Mas Eu gosto de dar‐Me à miséria.”
Le Fresne. Alisa Mayor. Festa da Transfiguração. Ele: “Lembras‐te o que Me dizias, aqui mesmo
em Le Fresne, quando eras pequena? Dizias-Me: ‘Transfigura‐Te em minha alma, Senhor.’ Não o tenho
feito, já, com toda a Bondade?” E me trazia à memória os Seus Favores. “Com frequência não és tu
Quem atrai, mas sim Eu. Não te canses. Começa sem descanso os teus esforços; e estou contigo.”
7 de agosto. Eu me humilhava pelas faltas cometidas nesta semana. Ele: “Pede‐Me com toda a
tua alma que as perdoe, e fica apoiada sobre o Meu Coração para retomar força e alegria.”
8 de agosto. Depois da Comunhão, pensando que tinha um desjejum em minha casa. “Não tens
necessidade de abandonar‐Me para receber aos teus convidados. Eu também sei receber e acolher.
Quando Eu andava na Terra, acolhia a muitos desconhecidos. E eles partiam contentes, porque
sentiam o Meu afetuoso interesse por eles. Faz‐Me a honra de conservar‐Me perto de ti quando
receberes as pessoas, porque, entende, não há momento algum em tua vida em que Eu fique
sobrando.”
Eu subia a velha escada devagar, como contando os degraus. A cada degrau Ele me dizia: “Diz‐
me que, dentre todos os momentos de tua vida, é precisamente este o que sentes mais carregado de
Fé e Esperança; o momento do maior Amor. Que a tua vida seja um crescer por instantes; e diz‐Me
isso!”
Diante da Imagem do Divino Rosto. “Amiga Minha... amas-Me? Amas-Me mais do que as outras
(os outros, os demais)?”
9 de agosto. “Aproxíma‐te mais a Mim, abraça mais apertadamente o teu dever. Desses instantes
fugitivos que parecem não valer nada (mas que se tornam coisa Minha se tu Mos dás), deles tirarás o
teu Eterno Tesouro. Dos momentos fugazes que Me deste, Eu tiro para ti uma felicidade permanente
que é Minha, mas que Eu te dou.”
9 de agosto. Eu lia que ‘O Verbo Se fez Carne e habitou entre nós.’ Ele: “Queres de verdade que
continue habitando entre vós? Em ti? Em tua vida? Habitar quer dizer estar sempre aí. Queres que te
habite?”
10 de agosto. No trem rumo a Annonay. No vale do Ródano, mostrou-me o Poder da Santíssima
Virgem, Grande como uma imensidão celeste. No carro para La Louvesc. “Sê para Mim um pequeno
instrumento de Glória. Toda esta vida de autora e de comediante, não é senão um prólogo de Minha
Glória. Sê como uma folhinha de palha em um vento poderoso. O que faz a folhinha de palha? Uma só
coisa: abandona-se. Mas é um abandono total e em todos os sentidos, à força do vento; não tem
nenhum movimento próprio.”
13 de agosto. Annonay. “Eu quero ser para ti o Único. O teu único pensamento, o teu único
cuidado. Nada. Ninguém. Eu.”
16 de agosto. “Crê com firmeza que as ações mais banais, feitas com a intenção de salvar almas,
de fato as salvam. Uma Fé robusta como esta faz honra à Minha Misericórdia e à Minha Bondade. Tens
que crê‐lo assim.”
Lyon. Em um bar cheio de gente. “Oferece‐Me aqui um Pai‐Nosso. Será o único que se dirá aqui
por muito tempo!”
Em uma igreja, perto da estação. Disse-me: “Conta‐Me o que haveria te interessado ou o que
haveria te causado pena. Muitos creem facilmente que é preciso falar-Me numa linguagem especial, e
por isso não Me falam. Mas tudo seria diferente se se pensasse no muito que Me agradaria que Meus
irmãos se aproximassem de Mim com simplicidade e com um pouco de carinho... Vós todos, que sois
Meus amigos mais delicados, vinde apagar a Minha Sede. Tenho sede de vós!”
18 de agosto. No carro de La Louvesc a Annonay. “Sê sempre alegre. Com teu coração ardendo
no Meu. Amo-te até a loucura; não to demonstra assim a Loucura da Cruz?” Em Lyon. Na igreja.
“Tratai-Me como ao mais íntimo, que não somente desculpa as faltas que Lhe são confessadas, mas
que as toma sobre Si mesmo, para obter o perdão do Pai.”
19 de agosto. Lyon. Na estação, para tomar o trem para Fresne, eu pensava que iria entrar de
novo no quadro habitual com todos os meus defeitos. Disse-lhe: Senhor, troca-me a alma, dá-me outra.
Ele: “Melhor, trabalha para modificá-la. Deixa teu ‘estar em ti’ para ‘estar em Mim’. Estabelece em Mim
o teu pensamento e a tua atividade.”
23 de agosto. Nantes. Depois da Comunhão. “Vive este dia em oferecimento de consolos pelo
beijo pérfido de Judas, que tanta dor Me traz: Eu, que Sou a Delicadeza. Eu já estava quebrado por
Minha Agonia, quando veio Me ferir esta dor indizível. Compreendes? Ele era um amigo, um escolhido;
uma testemunha de Minhas Expansões íntimas. Por isso o golpe foi tão doloroso. Se tu te propusesses
assim, para cada dia, uma finalidade na reparação, a tua vida espiritual se tornaria mais ardente.
Queres ensaiar?”
24 de agosto. Em Fresne, eu recebia alguns convidados. “Recebe-os como se Me recebesses.
Dá-lhes a atenção que Me darias, e com o mesmo amor.”
27 de agosto. Depois da Comunhão. “Essa pessoa sai da igreja sem ter agradecido e vai passar o
dia sem lembrar-se do favor que lhe fiz de manhã. Pensa tu em Mim, de hoje até amanhã. Fala
Comigo, agradece-Me, ama-Me. Oferece-Me todas as tuas ações para salvar pecadores... para isso
estou em tua vida. Quando uma pessoa está em tua casa, tu não a deixas só, verdade? Então, vive em
Minha Presença.”
31 de agosto. “Hoje honrarás as Minhas Mãos perfuradas por Minha Loucura de Amor. As olharás
e amarás durante todo o dia. As porás nas tuas e em teu coração. Pedirás ao Pai que queira derramar
esse Sangue sobre o Mundo em guerra, sobre os pecadores, sobre os dirigentes das nações, sobre as
almas humildes, pequenas e escondidas, que têm necessidade de Meu Auxílio para aumentar a Sua
Glória. Aumentar a Glória de Deus! Que ideal para uma alma irmã da Minha!”
2 de setembro. Enquanto eu dobrava o meu cobertor: “Oferece-Me as tuas ações mais simples,
as menores, como um ramalhete de flores do campo. Quem não gosta dessas florzinhas modestas?
Tece uma coroa para Mim, e para uma guirlanda se necessitam muitas flores. Não te canses de pô-las
sobre a Minha Fronte ferida pelos espinhos. Com isto obterás, seguramente, força para os pobres
soldados que partem hoje para a guerra. (Tinha sido decretada a mobilização geral). Isto é a
‘comunhão dos santos’, e a sua Fonte Sou Eu, o Primeiro Santo. Bendizei-Me por tantas Graças que
tenho te concedido. As pessoas acham natural que Eu dê, mas não se lembram de agradecer. O Meu
Coração gosta que Lhe agradeçam, pois a gratidão acende o amor. É uma palavra de amor.”
4 de setembro. Primeiro dia da guerra. “Pede a São Miguel que se coloque à frente dos exércitos
franceses, como se pôs à frente dos exércitos angélicos para derrotar os demônios.”
7 de setembro. Eu me humilhava por tantas distrações. “Oferece-Mas assim mesmo; é sempre
algo de ti. Dá-Mas, para que eu as repare, e põe-te com frequência diante de Mim, Minha pequena.”
12 de setembro. Eu rezava o Rosário pela França e dizia: ‘Graças do mistério, descei sobre
nossas almas.’ Ele: “Diz isso três vezes, em honra das Três Divinas Pessoas, e cada uma delas te
escutará. Sim, há muita munição para distribuir; mas para isso é preciso que haja fábricas. Sê tu como
uma fábrica de orações, e Eu as distribuirei. Pois, como poderei distribuir, se não tenho reservas?”
13 de setembro. Depois de visitas que haviam me ocupado todo o dia. “Não voltes ao Mundo. Se
te tornasses mundana, Eu não teria mais os teus pensamentos.”
19 de setembro. Eu me sentia intimidada por passar a manhã inteira com o Pai. “Tudo o que tem
sido realizado pelo Filho foi querido pelo Pai. Quem é amigo do Filho é amigo também do Pai. Quem
ama ao Filho, ama também ao Pai.”
15 de setembro. Estava em oração. “Se tivésseis Fé! O que tu obténs em longos anos de oração
também poderias obtê-lo em uma só petição. Crê que Eu te escuto sempre, disposto a dar-te o que
pedes. Isto, de uma maneira que te é desconhecida, mas que responde à tua oração.”
“Não admitas em teus pensamentos outra coisa que a Bondade; assim, os teus atos serão
melhores.”
19 de setembro. “Se tu sofres só, és bem miserável; mas se sofres em união Comigo, és rica. A
tua potência pode salvar a face da Terra, aumentar o número dos cristãos e reduzir o dos maus.”
20 de setembro. No campo. “Quando passe um dia em que não tenhas pensado em Mim, a tua
dor deve ser grande pelo temor de que a Minha Dor seja maior ainda. E por que tu não poderias criar
um gênero novo: Agradar para a Glória de Deus?”
24 de setembro. “Os adjetivos mais belos ficam muito por baixo da Beleza de Minha Mãe. Tu a
chamas de Estrela de Ouro, Fonte Selada, Flor Perfumada. Mas não é possível dizer sobre a Terra
senão muito pouco do que Ela é. Digo-te isto para que tenhas confiança.”
26 de setembro. Em meu tempo de descanso. “Quando tu te mortificas, é como se renovasse a
Minha Flagelação diante do Pai para o bem dos pecadores. Como se o teu corpo fosse o Meu Corpo.
Porque vós todos sois Membros Meus. Compreendes? Eu torno Minhas as vossas ações quando vós
Mas dais, e com uma verdade que vós não supondes.”
29 de setembro. Le Fresne. Na hora da Missa. “Ainda quando não tivésseis feito, durante toda a
Missa, outra coisa além de lutar contra as distrações, somente com isso terias Me dado alegria. Eu sei
como são as coisas.” Eu o procurava. Ele: “Se não te falo, não é porque esteja ocupado em outro lugar.
Estou presente em todo lugar, e Me ocupo de cada alma como se fosse a única no Mundo.” Em meu
tempo de descanso: “Hoje Me adorarás na Hóstia que São Pedro deu à Minha Mãe e que permaneceu
em Seu Coração, o Primeiro Tabernáculo. Une-te ao Seu Amor Fiel. Olha bem essa Hóstia Nesse
Coração.”
10 de outubro. Não arrastes contigo continuamente o teu passado, se isso te impede de
aproximar-te de Mim livremente. Joga-te em Meus Braços com espontaneidade e tal como és. Ali terás
alegria, já que Eu não posso dar outra coisa.”
“Tu não achas estranho ter que, de vez em quando, sacudir algum pó em teus móveis; não
estranhes também que tenhas que tirar a cada dia alguns pós de tua alma. Para isso, ajuda-te com as
indulgências, pois para isso as pus em Minha Igreja.”
13 de outubro. Enquanto eu recitava um ato de Caridade. “Se é algo bom fazer um ato de
Caridade, por que não fazer muitos deles em Minha Presença? Eu estou onde quer que estiveres.
Pensa nisso.” Em meu tempo de descanso. “Se um grande artista viesse te visitar em casa, não lhe
contarias com confiança todos os teus trabalhos e projetos? Confia-Me a tua alma. Encomenda a tua
santidade ao Meu Coração. Ele sabe de tudo, sabe de ti, Minha Gabrielle.”
17 de outubro. Pareceu-me que as minhas manhãs consagradas ao Pai se tornavam mais
distantes. Ele: “Mas, é que não crês que o Pai e Eu somos uma só coisa? E quanto aos outros, o seu
juízo sobre ti importa pouco. Vive para Mim.”
18 de outubro. Eu lia, na vida de Josefa Menéndez: ‘Se as almas vivessem continuamente unidas
a Mim, conheceriam-Me muito melhor.’ Perguntei-Lhe: Senhor, em que consiste esse unir-se a Ti? Ele
me respondeu: “É simplesmente pensar em Mim. Falar Comigo como no seio de uma íntima amizade.
É buscar os Meus Interesses. É sofrer por Minha Causa. É ter o cuidado de Meu Reino. É recordar os
Meus Sofrimentos. É deixar que o amor corra na direção de Meu próprio Amor em todo o momento da
vida. A união Comigo é tudo o que resulta disso.”
“Ama-Me como puderes. Eu suprirei o que falte.”
19 de outubro. “Põe a tua atenção no santo do dia, pois no Céu há festa por ele. Há graças que se
dão nesse dia... se se lhe pedem. Une-te às festas do Céu... enquanto chegas lá.”
21 de outubro. Nantes. “Quando te peço que repitas com frequência: ‘Sei que estás Presente,
amo-Te’, quero que cresça a tua Piedade. Aos soldados é obrigatório exercitar-se, até que conheçam
bem todos os seus movimentos. É o mesmo na vida do espírito: à força de repetir, de recomeçar,
chega-se a dominar os grandes impulsos; e depois disso, tudo fica fácil. Mas é indispensável o
exercício.”
26 de outubro. Tive uma tarde mundana e cheia de maledicências. Quando Lhe pedia perdão, Ele
me disse: “Para reparar, ora. Lembra-te desse pó que todos os dias tens que sacudir de teus móveis.
Canta-Me um cântico de reparação por essas faltas.”
28 de outubro. Le Fresne. Eu Lhe agradecia por ter-me dado meios de aquecimento para o tempo
em que costurava os ornamentos. Ele: “Tenho que aquecer a Minha pequena operária, não? Os Meus
servidores são sempre recompensados, cedo ou tarde.”
28 de outubro. Depois da Comunhão. “Dar-Me-ias grande alegria se em cada uma de tuas ações
de Graças, rogasses à Minha Mãe que te ajudasse.”
Diante de um encantador despontar do sol sobre a água, eu cantava: ‘Quão admirável é o nome
do Senhor!’ Ele me disse: “Não é verdade que os Meus espetáculos são os melhores do Mundo? Eu os
faço para vós. Se somente soubésseis contemplá-los!... Agradecendo-Me... Encontrando neles o Meu
Amor. Tu, paga-Me!”
3 de novembro, diante do fogo. “Já vês, nada arde sem contato. Aproxima-te de Mim, une-te a
Mim. Unir-se significa chegar a ser a mesma coisa.”
6 de novembro. Na cidade. Eu passava diante de uma igreja. Ele: “Por que não entras para ver-
Me? Que tal se Eu tivesse algo a dizer-te? Tu não passarias diante da casa de uma amiga íntima sem
entrar correndo, alegremente. Inclusive, darias um jeito para pôr esta visita em teu trajeto. E apesar
disso, esta pessoa amiga não te esperaria com o mesmo desejo que tem o teu Salvador. Entra, isto
não te atrasará. Olha quanto te amo!”
“Já escolheste? Sou Eu o que queres? Fazes a tua vida para ti ou para Mim? O Pai e Eu
aguardamos as tuas respostas.”
13 de novembro. Via Crucis, às cinco e quarenta e cinco. Ele: “Quando Me tens encerrado em teu
pensamento, é como se Me guardasses e cuidasses do Meu Corpo; como se Me cuidasses todo inteiro
em uma espécie de sepulcro vivente. Acolhes-Me. E, depois de tudo, não é para ti algo difícil pensar
em Mim...”
15 de novembro. Hora Santa. Sozinha em Saint-Clair. “Tu, que estiveste em Jerusalém e pudeste
passear pelo Jardim de Minha Agonia, aproxima-te de Mim agora e consola-Me. Encanta-Me. Oferece
ao Pai o Meu Suor para a conversão dos pecadores e a liberação das almas do Purgatório. És a Minha
privilegiada: ora Comigo. Juntos nós dois. Ofereçamos também os Suores de Minha Mãe, que desde
longe participava de Minha Dor. Vês-Me bem no Jardim? Recorda a cena. Considera o Meu Coração,
quase moribundo, todo Ele tendendo violentamente à Salvação do Mundo.”
16 de novembro. “Temer? Claro que sim: há que temer os Meus Juízos, temer diante de Minha
Lei, temer diante da Grandeza de Minha Divindade. Mas não deves ter medo de Mim em tua vida. Eu
Sou Todo Bondade, Amor e Misericórdia. Aproxima-te à tua Sarça Ardente, que arde sem consumir-se.”
19 de novembro. Às cinco e meia da manhã. Via Crucis. Eu dizia: Grito tão forte, meu Amor, que
Tu não ouvirás as marteladas... Ele: “Tenho uma grande necessidade de ser consolado. Fui condenado
à morte, e a esse tipo de morte. Podes imaginar?” Eu: Eu gostaria de ser condenada à morte para
poder Te oferecer, Senhor, o que sentisse. Ele: “Então, oferece-Me desde agora a tua aceitação da
morte, em obediência a uma Lei Divina e para a Glorificação de Deus, para a diminuição do mal sobre
a Terra, para a exaltação da Santa Cruz. Lembra-te de que quando a Cruz escorregou em seu buraco,
o ruído do choque foi ouvido no Limbo, onde tantas almas aguardavam a vinda de seu Salvador.
Estremeceram de Alegria e de Esperança. Quando o Amor à Cruz penetra em uma alma, a alma vive
em uma alegria que o Mundo não pode conhecer. Porque o Mundo tem só prazeres, mas a Alegria
pertence a Mim. E também aos que são Meus, amiga Minha.”
22 de novembro. Eu estava cansada de contemplar. Ele: “Por isso existe, também, a oração vocal.
Uma maneira de orar descansa da outra e fica-se sempre Comigo. É preciso que não percas a alegria.
Essa alegria que te é tão necessária para voar ao Alto.”
Eu passava de carro perto de uma igreja da Santíssima Virgem. Ele: “Diz um Pater em união com
a Minha Mãe. Imaginas com que fervor ela dizia uma oração composta por Seu Filho? E com quanta
frequência a dizia! E poderás imaginar a Alegria de Deus ao ouvi-La dizer com tanta perfeição! Sê uma
consoladora. Um dia irá fundar-se em torno a Mim um grupo de almas consoladoras.”
22 de novembro. Nantes. “Obrigado por ter-Me preparado umas vestes, ontem. Obrigado por ter-
Me distraído e alegrado.” (Disse-o porque eu havia costurado uns ornamentos e recebido, para uma
refeição, a uns sacerdotes-soldados). Saint-Clair. Hora Santa. “É algo tão complicado isso de viver
constantemente em Mim? Sou o teu Criador! O que te fez ser o que és. Tenho colocado em ti a Minha
Presença, e não podeis estar em um lugar onde eu não estiver. Se te puseres a relembrar todos os
benefícios que te fiz desde o dia de teu nascimento, como poderia o teu coração distrair-se de Mim? E
se relembrares esses Meus Sofrimentos em uma medida que é o cúmulo, (com os que te demonstrei
de sobra Meu Amor), que coisa podes tu fazer, a não ser entregar-te ao Amor em totalidade, e até o
fim?” Via Crucis, segunda queda. Eu: Senhor, quisera tanto ajudar-Te... Ele: “Ajudas-Me quando
trabalhas para ser melhor, e vigias as tuas inclinações defeituosas.”
27 de novembro. Advento. “Tu sabes que no Céu não há lugar para nenhuma mancha ou
imperfeição. Vivamos, pois, juntos, Minha Gabrielle, como meio de reparação, de suplicação, de
conversão. Faz-Me companhia ininterruptamente. Seria tão triste que Eu estivesse em ti e tu não Me
respondesses... Eu nunca te deixo só. Habito-te. Tu também nunca Me deixes só em teu coração.”
28 de novembro. Notre Dame. Depois de Comungar. “Hoje porás especial atenção à tua língua.
Relembra a Escritura, que diz que ‘O que não peca com a língua é um varão perfeito’. Busca esta
perfeição com amor e com desejo de agradar-Me. Como Eu gostaria de ver perfeita uma pequena tão
querida! Quando chegue o meio-dia, examina-te como foste. Anima-te a vigiar-te em tudo. Deves vigiar
o teu Céu por cima de tuas ocupações da Terra. Quando eras pequena dormias na cama de tua mãe.
Eu te havia dito: ‘Cada noite Me contarás como foi o teu dia’, e tu tinhas rechaçado esse pensamento,
crendo que não era nada além de tua imaginação. Lembras-te?” Eu: Senhor, quanto mais perto de Ti
me encontraria eu, hoje, se tivesse buscado esta proximidade em todos os dias de minha vida! Ele:
“Mas já reporemos o tempo perdido...”
29 de novembro. “Encomenda-Me em teu coração a todos aqueles que não vivem em Meu Amor.
E quando soem as três horas, relembra-Me com uma palavra de amor.”
3 de dezembro. “Vês essa grande porta feita de ferro e de madeira grossa? Que pesada é! É uma
porta feita com o medo e a desconfiança que a alma tem. Como Eu poderia entrar através de
semelhante porta? Oh, vós todos, os Meus íntimos! Tende uma grande confiança em Minha Riqueza de
Amor. Então Eu Me precipitarei em vós com aquilo que é o vosso desejo; porque então sereis, para
Mim, irresistíveis.”
Eu conversava com alguém sobre casulas. “Lá em frente, ou lá na África, estarei contente se
tenho ornamentos confeccionados por Minha pequena filha. Não tens visto o orgulhoso e contente que
um pai se mostra quando um de Seus filhinhos Lhe dá algo? Possivelmente não estará muito bem feito;
poderia ser algo mais bonito, mas o menino trabalhou nisso com todo seu coração para dar uma alegria
ao seu pai. Então... Não vale, por acaso, mais isto, que uma perfeição conseguida sem amor? Ai!
Vossa ternura é o que Eu busco em vós... em vossas obras...”
4 de dezembro. Depois da Comunhão. “Busca a perfeição em todos teus atos. No começo isto
parece difícil; mas logo se entende que nela estão todas as alegrias, porque a alegria de possuir-Me
traz consigo todas as outras.”
Tinha me custado muito trabalho reter, no curso da conversação, uma palavrinha satírica. Mas a
Sua Voz me dizia: “Não a digas para dar-Me alegria.” Passada a tentação, disse-me: “Já vês? Agora,
estás contente? Como poderias comparar o prazer de dizer uma palavra desagradável, com a alegria
de ter conseguido uma vitória?! Estas pequenas vitórias trazem recompensas eternas. Pensa sobre
isso.”
“Não percas o teu tempo em pensamentos sobre ti. Não estou Eu aqui para preocupar-Me do teu?
Que em todos teus instantes haja um afeto, como cânticos em que Eu beba teu amor e amor pelos
pecadores; tirarás Graças para eles e para as almas do Purgatório. O que é o que te sobra de todos
esses pensamentos da Terra que tens acariciado? Quanto terias ganho se todos eles se houvessem
convertido em impulsos em direção a Mim? Reflete.”
5 de dezembro. Depois da Comunhão. “Faz hoje, conduzida por Minha Mãe, a seguinte oração:
‘Dá-Me, Senhor, a santidade, e concede-me santificar, não obstante a minha pequenez, aos outros.’ Se
ao dizer isto creres que serás escutada, o serás. Eu Sou, lembra-te, infinito em Poder.”
8 de dezembro. Durante a procissão na casa das Companheiras Fiéis, recebi uma terna e doce
queixa da Santíssima Virgem: “Por que demoraste tanto tempo em dar-te a Mim como uma menina
pequenina?” E em espírito, me pus a chorar sobre o Seu Ombro. Que coisa tão simples e verdadeira!
9 de dezembro. Via Crucis. Às cinco e meia. Estação das Filhas de Jerusalém. “Santifica-te, para
santificar os outros. E santificar os outros é dar-Me a eles, porque o Santo Sou Eu. Santo e
Santificador.”
Via Crucis. Na Estação do Despojamento. “Sim, arrancavam-Me a pele junto com as vestes. Tu
viste vítimas preparadas deste modo. Assim eu também o fui.” Ao meio-dia eu Lhe pedia perdão pelas
faltas que tinha deixado escapar durante a manhã, e Graças para a tarde. Ele: “Esta tua manhã
representa todo o teu passado. O resto do dia é como o teu futuro, até a morte. Diz com frequência
esta oração.”
12 de dezembro. “Ama. Ama. Faz com frequência atos de amor. Pensa na alegria de poder amar-
Me e pensa também na desgraça dos condenados, que não podem senão odiar-Me. Que coisa tão
terrível é não poder amar a Deus!” Depois da Comunhão, na avenida: “Quando fazes uma visita às
crianças, levas sempre algo para dar-lhes. E Eu, que Sou um Deus Riquíssimo, poderia acaso entrar
em uma alma sem deixar-lhe nada? A alma não vê nem sente os Meus Dons; mas os anjos os veem. E
tu és feliz quando os pequeninos te agradecem, muito contentes. Dá-Me os agradecimentos com a
mesma simplicidade, e espera tudo de Minha Potência e Generosidade.”
Santa Cruz. Hora Santa. “Permanece Comigo no Seio de Minha Mãe durante todo este advento.
Adora-Me Nele, onde estou vivo como no Céu. Eu espero ali que Minha Formação Humana seja
completa, para Salvar os homens. Eles não suspeitavam que o seu Salvador estivesse tão perto. De
igual modo no Tabernáculo. Quantos nem pensam sequer que Eu esteja ali! Permanece Comigo e com
Minha Mãe e deixa-te formar por Ela. Tenho uma grande impaciência para sair de Minha Prisão para
estar perto de vós. Então, que seja grande também a tua impaciência por obter, não obstante o teu
miserável nada, o perfeito estado de alma que é a santidade. Tu sozinha és impotente; mas a Minha
Mãe tem os Seus segredos, que tomou de Mim. Ela trabalha naqueles que Lhe pedem. É tão boa! E
agora, dai-Me alguns Pai Nossos e algumas Ave Marias, que necessito para Meus pecadores: as
Minhas pequenas fábricas de orações esgotam logo as suas reservas. Não te distraias de Mim. Fica
sempre diante de Mim, em Mim, porque Eu Sou o Tudo diante de ti e em ti. Ora deste modo, sem
cansar-te.”
22 de dezembro. “Roga muito pelos demais; alarga as tuas petições. Eu Me encarrego de ti; dos
governantes, das missões, dos povos. Meu Reino por todos os lugares.”
Ao luar, em uma avenida. Alegre pelo Natal, cuja hora se aproximava. “Pois sim, alegra-te. Se
soubesses o que era o Mundo antes de Minha Vinda! Estava Deus e estavam os homens. Mas agora,
Deus Se tornou um, entre os homens. Um de vós! Como medirás esse Amor? Uma União assim, feita
possível entre vós e Ele! Vês a diferença? Agradece-Me com todas as tuas forças e sê Minha, mais do
que antes.”
24 de dezembro. Depois da Comunhão. “Aqui está o Messias, o Salvador, tão desejado e
esperado. O Salvador do Mundo, de todos, de ti. Pede-Me que te salve de tuas faltas cotidianas, de
teus hábitos repreensíveis, do que há em ti de mau e Eu te Salvarei. Busca multiplicar os Atos de
Caridade, de evitar as faltas da língua, pensando que Eu estarei contente.”
Natal. Missa de meia-noite. “Agora... deves nascer Comigo a uma vida nova. Vigia. Vela.
Conserva-te pura na intenção.”
Natal. Na Catedral. “Cristãos de hoje! Outros já passaram antes de vós. E outros virão depois,
juntando-se ao número de todas as almas na presença do Pai. Cristãos de hoje! Dai-Me, durante o
curto tempo de vossa passagem pelo Mundo, o máximo de vosso amor por Minha Glória. Que vossa
época seja para o Meu Coração a ‘Doce Época’, a da rica colheita.”
26 de dezembro. Depois de uma reunião de jovens. “Toma a tua alma entre tuas mãos e olha o
que tem sido este dia. Pesa o amor que Me deste no transcurso das horas. E lembra que serás julgada
pelo amor.”
Depois da Comunhão. “Busca evitar as faltas, ainda as menores. Este é o teu trabalho, pois foste
chamada à santidade, e a santidade é a ausência de toda mancha consentida. Trabalho de amor.
Entendes? De amor!”
Via Crucis. Primeira Estação. “Tu Me condenarias à morte se em teu espírito se escurecesse a
Minha Lembrança, sufocada pela selva dos pensamentos terrestres.”
1940
EU, o nosso livro (porque é dos dois), vivendo tu ainda? Por que
não? Tu já fizeste construir o teu sepulcro e vigiaste todos os
detalhes. O nosso livro, que será um livro de Vida, merece que tu
disponhas de tudo o que possa ajudar aos leitores. Também nisto
Me ajudarás? Começa hoje, que é a festa de São Gabriel, o ‘Arcanjo
das orações’. Que o Arcanjo Gabriel acrescente a alegria e São
Miguel a rapidez, nesta santa atividade. Eu te dou os anjos de
Minha Mãe, vai em frente. Estarás Comigo até os extremos da
Terra.”
26 de outubro. Hora Santa. Disse-Lhe: Senhor, Gostarias que
o meu coração se chamasse o salãozinho de Deus? Respondeu:
“Todos têm acesso a um pequeno salão; é onde costumam reunir-se
muitas pessoas. Não te parece mais íntimo chamar o teu coração de
‘o lugar de Meu Repouso’, ou a ‘Câmara dos segredos’, ou ‘a Divina
Solidão’? O teu coração é o ‘nosso lugar’, onde não chegam os
barulhos do Mundo. A nossa sinfonia de Amor não terminará nunca,
pois sempre estará começando. O teu coração também é o nosso
quarto de trabalho. Nele trabalhamos os dois. Elaboramos projetos
novos para o advento de Meu Reino. Trabalharemos para avivar o
zelo da devoção que deve matar todo o egoísmo. Com este ardor
por Minha Glória que vai te consumir, conservarás do passado os
sentimentos de contrição que desde há tempo desejas ter. Porque
não é a todos que se concede chorar por seus pecados... Mas é
preciso que com frequência maior a cada dia te retires à pequena
‘Casinha de Deus’. Sobe ao aposento de cima, ao que está mais
perto do Céu e onde já não se ouvem os ruídos da Terra, e depois
de ter-te revestido com a túnica cheia de Graça que é a humildade,
por-te-ás a esperar, espreitarás os passos de teu grande Amigo. E
te porás à espreita porque saberás que não demorará. E não só
isso, pois em certas ocasiões, terá sido Ele o primeiro a chegar, com
o Seu Coração repleto, para encher o teu. Podes imaginar que
alguma vez Eu tenha faltado a um encontro de amor? Quanto Eu
gostaria de tê-los com cada alma! Mas, quem pensa nisso? Neste
dia tenho oferecido muitos encontros desses, mas ninguém Me
chamou. Pensam que por ser Deus, não posso também ser um de
vós. Hoje haverá certamente muitos atos de Adoração diante do
Santíssimo Sacramento, mas serão bem poucos os que Me
oferecerão a cálida intimidade da Hora Santa... Quantos Tesouros
Eu tinha preparados para gente que não veio! Talvez venham mais
tarde e então, dar-lhes-ei todos; a Minha Riqueza e a Minha
Potência estão ao serviço de Minha Misericórdia. Um regresso
vosso, um pequeno regresso, e os Meus Braços de Salvador se
abrirão amplamente. O Meu Coração não pode esquecer que deu-
vos todo o Seu Sangue.”
2 de novembro. Em minha solidão. “Meu Amor, que tal se
entrássemos em nossa ‘câmara de trabalho’ para pensarmos na
preparação de Teu Reino?” Ele: “Filha Minha, apenas o mero desejo
que tens de que venha o Meu Reino, o tornará mais próximo. É uma
pequena luz na noite dos tempos atuais. É uma pressão sobre as
forças de Meu Coração. Imagina a um pobre tão despossuído de
tudo, que não tivesse obtido um trago de água para a sua sede
ardente. Se sobre os seus lábios caírem finas gotas de água, não
crês que com elas se sentirá muito aliviado? De igual maneira, um
desejo que arde em amor oferece à Minha Misericórdia um pretexto
para manifestar-se. E sabes, além do mais, que sempre dou mais
do que se Me pede. Como um homem rico que quisesse fazer
recordar para sempre a sua generosidade, se vale deste meio para
fazer com que pensem nele. E quem mais do que Eu busca possuir
o vosso pensamento? As pessoas do Mundo dizem com frequência:
‘Não te esquecerei’, ou também ‘Não me esqueças’, e são só
amigos da Terra. Como é possível que o vosso grande Amigo, o que
É o vosso Princípio, vosso Fim e vosso Tudo, não receba este tipo
de palavras afetuosas, sinais do calor do coração? Como vês,
continuo sendo um ‘irmão mendicante’” Eu: E eu escrevo as tuas
adoráveis petições, unindo-me a Ti nos momentos em que o
Evangelho diz que escreveste na areia. Ele: “E agora valho-Me de ti
para escrever , e não sobre a areia, mas no fundo das almas.
Escrevo com alegria e luz.”
6 de novembro. Durante a Elevação. “Quando temos levado
bem a nossa Cruz, é ela que nos leva.”
9 de novembro. Hora Santa. “Para ouvir a Minha Voz é preciso
pôr-se primeiro em um estado puro; ou seja, afastar os
pensamentos mundanos, rebaixar-te diante de tua própria estima,
avivar, quando te for possível, os sentimentos do amor, e logo pedir
o Meu Auxílio, com as palavras mais íntimas e carinhosas. Assim te
encontrarás no ‘aposento de cima’ em tua alma, onde se dão
intercâmbio de carinhos e ali, humildemente, aguardarás os Favores
de teu Rei. Falando em termos de justiça, Ele não te deve nada;
mas como o Amor sem medida que tem para ti O arrasta a todos os
excessos, Ele te possuirá conforme a Sua maneira inefável e divina,
tomando todo o teu ‘tu’ que Ele criou.” Então eu disse: Senhor, já
tens a minha memória, o meu entendimento e a minha vontade; já
Vos dei, depois de tê-los recebido de Tuas Mãos. Respondeu: “Dá-
Mos incessantemente. A cada momento podes fazê-lo de novo; mas
sabendo que esta sujeição voluntária de todo o teu ser Me honra
muito. Eu vos permiti honrar-Me assim. Não reconheces em todos
os passos de tua vida a ação do Meu Amor? Eu Sou o Amor
escondido, mas Sou também o Amor ardente. Sou o Amor
silencioso, mas também o amor eloquente. Ensaia conhecer o Meu
Coração no silêncio dos dias e das noites em Meu Tabernáculo
solitário. O que é que lês no Meu Coração? Nostalgia pelos
ausentes, gratidão para os que Me visitam. Eu Me imprimo neles.
Quisera que ao sair de Minha Casa tivessem como seu o Meu
Rosto, para apresentá-Lo aos outros. Como quando Eu enviava os
Meus Apóstolos sós e eles curavam. Deseja curar as almas dos
outros, e assim curarás a tua. E agora: disse-te, ou não, as palavras
que esperavas de Mim?” E logo acrescentou com imensa ternura:
“Tenho-te cativa e o Meu Carinho te envolve. Nada de ti poderá
passar despercebido por Mim durante esta hora, a Hora Santa. Oh!
Faz com tudo o que resta de tua vida uma Hora Santa em Meu
Coração, que é o teu ‘Aposento de Cima’.”
16 de novembro. Hora Santa. Eu: Senhor, que contente estou
de que estas linhas façam bem aos que as lerem. Ele: “Quando
serviste como laço de união no castelo de L., apresentando
mutuamente a todos os vizinhos, tu estavas bem contente de que
eles o estivessem. Não? Então, o que dizer da felicidade que terão
os Meus amigos leitores? Espera tudo de Minha Bondade infinita.
In-fi-ni-ta. Compreendes? O que seria a vida se cada alma
atualmente existente sobre a Terra pudesse viver Comigo ‘uma Vida
a dois’?” Eu: Como fazer, Senhor? Ele: “Apresenta ao Pai este
desejo, invocando a mediação de Santa Gertrudes. Hoje é a sua
festa. Une-te à união que ela tinha Comigo e ela te cobrirá com os
seus Méritos, pedindo para ti e para todos os outros todo o tipo de
Graças.” Eu: “Senhor, a Graça que Te peço sempre é a de amar-Te;
já Te amo... mas quisera amar-Te muitíssimo mais.” Ele: “Não
duvides nunca de teu Salvador, ainda que tenhas a impressão de
que Dele não te vem nada. Eu Sou o rico benfeitor, cujos palácios
estão cheios de presentes, mas os presentes permanecem
invisíveis; só Ele conhece o lugar que lhes convêm entre os Seus
amigos… E não te parece que os Seus amigos, que já conhecem a
Sua Riqueza e a amplitude de Sua Bondade, devem viver com o
coração incandescente de confiança e gratidão?” Eu: Sim, Senhor.
“E como a Bondade deste Benfeitor é ilimitada e o Seu Amor é tão
imenso como Ela, não há por acaso um bom motivo para esperar
que os Seus presentes invisíveis sejam de um valor muito além do
quanto vós possais imaginar? Eu vos excedo com um excesso
infinito. Amigos Meus, nunca duvideis de Mim! E pelo que a ti te
corresponde, que nada detenha o impulso de tua confiança.
Exercita-te nela com frequência. Repete uma frase de que gostas:
‘Eu esperaria em Ti, ainda que me matasses’. Sai de tuas medidas,
porque Eu não tenho limites. E quando se refere ao Meu Amor por
vós…” Eu cantava para Ele enquanto trabalhava na minha máquina
de tecer. Disse-me: “Ouvirás um dia, orquestrados pelos anjos, os
cantos que Me dedicaste.”
18 de novembro. Depois da Comunhão. “Por que tens medo
de abraçar-Me quando venho a ti? Temes por acaso, cair na
familiaridade? Mas, não é por acaso a maior das familiaridades o
fato de que Eu venha ao interior de teu corpo? Deus tem mais
direito a um beijo do que qualquer outra criatura humana. Está claro
que o amor tem que ir unido ao respeito, mas tu foste criada para o
Amor. Uma efusão de vossa parte Me encanta e vos faz bem, a
todos vós que tendes necessidade de carinho. Todos sois crianças
pequenas! Não temais ser excessivamente simples Comigo; Sou a
Simplicidade. Dai-Me todas as alegrias que estiverem ao vosso
alcance. A principal das quais está em que Me alcanceis e que,
quando tenhais Me alcançado, permaneçais em Mim.”
20 de novembro. Eu estava arrumando um ramalhete. Ele:
“Pensa, como falando contigo mesma, que Alguém está aqui
pertinho. É a Vida. É Deus.”
21 de novembro. A Apresentação. “Consagra-te de novo ao
teu grande Amigo. Diz-Me que pões a tua fronte sobre a Minha, as
tuas mãos entre as Minhas Mãos, os teus pés sobre os Meus e o
teu pobre coração sobre o Meu Coração de Esposo.”
23 de novembro. Hora Santa. “Pai Amado, não quero fazer
senão a Tua vontade; não quero fazer nada que não seja por Tua
Vontade; mas com frequência faço a minha e vivo para mim.” Ele:
“Não é possível chegar logo a desprender-se totalmente de si; mas
um olhar que Me dirigires basta para purificar a tua intenção. Um
desses teus olhares que sorriem. Não te esqueças, pois, de olhar-
Me através de teus dias e de tuas noites. Não te canses. Como
poderias cansar-te de um Amigo tão terno? Em tuas tentações
contra a Fé, diz-Lhe uma dessas palavrinhas tuas e a tentação irá
embora. Compreende que te sobram meios para afastar-te de Mim.
Tua força é pouca, mas aproximando-te o mais possível de teu
grande Amigo, em um doce e habitual recolhimento, te asseguras
um socorro eficiente e imediato. Por que duvidas? Como podes
duvidar? Eu Sou como um Mestre que ensina por trás de uma
cortina, para dissimular o grande Amor que tem por seus alunos.
Sou como um jogador que se esquiva no percurso, para exercitar e
prolongar a corrida dos outros. Por acaso não busco por todos os
meios aumentar os vossos Méritos, pequenos Meus a quem amo?
Não temais nada de Mim! Temei sim ao medo e habitai com
simplicidade em Meu Coração.”
29 de novembro. Hora Santa. “O segundo mandamento é tão
grande como o primeiro: então não lamentes ter que deixar-Me para
ir ao teu próximo. Porque se o teu próximo é teu, é porque to dei. Se
o tens na tua frente e não a outro, é porque Eu assim o quis. Por
isso tens nele uma tarefa a cumprir, tens que influir nele. Põe nisso
a tua atenção. Quando Eu vivia na Palestina, criava em Meu entorno
uma atmosfera; os que Me rodeavam eram felizes e traziam-Me
outros. Cria justiça e paz. Não o poderás por ti mesma, senão
porque Eu falarei por ti e pensarei por ti. Pede-Me que sejamos um,
para a doçura dos outros, como um raio de sol entre a chuva. Eu
levo alegria a qualquer lugar aonde vou. É uma das facetas do
prisma de Meu Amor.” Então Lhe disse: “Senhor, sou tão miserável,
que nem sequer sei o que devo pedir-Te.” Respondeu-me: “Eu estou
pronto para dar-te o que te falta. Sou como um pai, que antes de
enviar o seu filho para percorrer o Mundo, se preocupa em guardá-
lo dos maus contatos e dispõe tudo o que lhe será necessário. Este
Pai tem o dom de ver a seu filho onde quer que estiver, e cuida de
que ninguém o arrebate de si. E o filho, sabendo que é assim,
percorrerá o seu caminho cheio de amor e de agradecimento, pois
atribuirá ao seu pai todos os acontecimentos felizes; e o seu
pensamento, como por uma força centrífuga, fugirá dele em direção
a seu Pai. E o Pai ficará tão contente, que multiplicará as Suas
Bondades, sem nunca manifestar-se claramente, para não perturbar
o objeto de Seus Cuidados.”
29 de novembro. “Pensa muito em Mim quando fales com os
outros, com a finalidade de que, deixando a ti mesma, encontres
mais unção para dar. Como um perfume que se difunde e ignora
que perfuma.”
4 de dezembro. Na Missa. “Quando o sacerdote sobe ao altar
depois do Confiteor, (como quando Eu avançava em direção aos
Meus inimigos), e logo beija o altar, dá-Me um beijo em teu coração,
que Me console do beijo de Judas.”
Em meu aposento. “Sê Hóstia. A Hóstia está no Tabernáculo,
só e em oração. Tu também, em doce solidão, ora, unindo as tuas
orações às Minhas. Dirige um olhar terno em direção ao Meu
Santuário desde a tua casa. Serão assim dois Tabernáculos que
apressarão a hora de Meu Reino. No transcurso deste advento
deseja o Meu Reino em união com os santos do Antigo Testamento.
Suspira. Um simples suspiro é ouvido pelo Pai; pois se trata de um
suspiro de Sua filha.”
5 de dezembro. Eu rezava a oração que diz: ‘Oh, meu Amado
e bom Jesus... atravessaram as Minhas Mãos e os Meus Pés.’ Ele:
“Contempla com amor essas feridas que Eu ganhei para servir-te. E
digo que ganhei porque há aqui uma vitória de Meu Coração para
ti.”
7 de dezembro. Hora Santa. Eu: Meu Amor, tens algo para
dizer-me neste dia? Ele: “Eu sempre tenho coisas para dizer-te, pois
o Meu Coração pulsa por ti sem descanso. Não percebeste? Não
estás surpreendida diante do Amor de teu Deus? Ainda que O
conheças mal, esforça-te por pensar Nele e isso te será cada vez
mais doce. Além do mais, Eu ficarei feliz. Se diria que o teu Deus
vos ama somente para dar-vos Alegria. E no entanto são tantos os
que se negam a crer... Daí a Minha imensa Tristeza em Getsêmani:
‘Sofro até a morte, porque os amo, mas eles não podem nem
sequer suportar que lhes digam…’ Filha Minha, crê no Amor com
simplicidade. Louva ao Amor, ama ao Amor. Não te ocupes senão
Dele, que é o Tesouro do teu coração e o Animador de tuas
solidões, o Companheiro de tuas noites. O que serias tu no Mundo,
sem Mim? Terias coragem para viver e para morrer? Que Refúgio O
que tens em Mim! Se conhecesses a Minha Sensibilidade... será Ela
que vos embriagará no Céu com a Sua Delicadeza, a Sua Beleza e
a Sua Bondade; todas essas perfeições que buscas na Terra e que
só encontrarás no Infinito.”
7 de dezembro. “Não temas entrar; a porta está aberta. Tu Me
dizes uma pequena palavrinha terna e simples, Me olhas, Me sorris
e voltas às tuas ocupações, sabendo que Me levas contigo aonde
quer que vás, disposta a oferecer-Me, no caminho, algum pequeno
sacrifício, do qual Eu estarei orgulhoso como se fosse um presente
muito caro. Pensa mais seguidamente no Céu. O que são todas as
artes que aqui na Terra te fascinam em comparação com o Mais
Além? Como espero a todos! Preparei muito bem a Festa; o teu
lugar te espera. Tenta compreender a Minha Impaciência por
receber aos convidados para participar de sua surpresa e de seu
encantamento. Eu, o Cristo, paguei por tudo isto. E paguei bem caro
por vossa felicidade. E no entanto, parece-Me que fôsseis vós os
que Me ofereceis a festa, até o ponto em que a vossa alegria é
Minha, pequenos Meus.”
13 de dezembro. Hora Santa. “Porque estou aqui no
Tabernáculo, o Pai se compraz em ver-te aos Meus Pés, e por isso
te peço que venhas fazer a Hora Santa, para fazer-Me companhia
na união dos anjos que Me rodeavam no Jardim das Oliveiras. Eles
estavam ali para sustentar as Minhas Forças em Minha Solidão:
como vês, não há ninguém na igreja. Os Meus visitantes são poucos
e as suas visitas são breves e apressadas. Se de verdade cressem
que Estou aqui presente, não deixariam de manifestar-Me o seu
amor ou, pelo menos, a sua simpatia. Manifestar-Me-iam também as
suas necessidades, pois Eu Sou rico e poderoso. Mas o fato é que
creem mais facilmente em Meu Poder que em Meu Amor. E tu?”
Então Lhe disse: Senhor, creio firmemente em teu grande Amor de
Mártir. Ele: “E não é verdade que te consola e te faz viver o
pensamento de que és amada até o extremo? E o que seria a tua
vida se Eu não fosse o seu Objetivo único? Porque haverias de
desejar a morte, se eu não estivesse atrás da porta? Exercita a tua
Fé. Quando aprendias a andar, te lançavas primeiro como podias,
mas pouco a pouco se afirmavam os teus passos. Faz o mesmo em
tua vida interior: lança-te em direção à Trindade, em direção à Minha
Mãe, com impulsos sempre novos, cada vez mais diretos e
verdadeiros de teu íntimo centro: logo ser-te-ão habituais. Terás
crescido. Compreendes? E terás feito crescer aos outros, já que os
vossos atos sempre têm uma ressonância, boa ou má. Não Me
disseste várias vezes que querias ajudar-Me na Redenção? Que Ela
seja o fim único de todos os teus atos, como o era dos Meus.
Devemos estar sempre juntos, Minha querida filha; faz-Me a honra
de crer que é isso o que desejo.” Então disse-Lhe: Senhor, sou toda
Tua. Respondeu-me: “Neste momento sim, mas não fujas de Mim.
Há momentos em que a Fé se torna nebulosa e sentes tédio. Tu
chamas e parece que não te ouço, mas tens que crer, pequena.
Afunda-te na Verdade. Contra tudo, contra ti mesma. Grita, grita-Me
dizendo: ‘Apesar de tudo, eu creio que és Meu e que sou Tua. Não
importam as aparências em contrário, estou segura de Ti.’ Neste
ponto da batalha é onde te espero. É o ponto preciso em que Eu
quero o teu amor; por cima de tudo, porque Eu estou por cima de
tudo. Alcança-Me.”
20 de dezembro. Ao acordar, diante de uma estátua Sua. Ele:
“Tenho sede. Tenho sede de ti.”
21 de dezembro. No trem. Eu pensava: Escrevi tantas vezes
as Suas Palavras. Será o bastante? Ou devo continuar? Ele Me
disse: “Por acaso te cansas de Mim? Ou queres Me obrigar a não
falar-te mais? É que a Minha Consolação está em expandir-Me sem
cessar em vossos corações. E digo ‘sem cessar’, pois é grande a
Minha Necessidade de manter-Me vivo em vosso pensamento. Eu
em vós: estas são, filha, as Minhas Delícias. Não temas, pois, nem
importunar-Me, nem importunar os outros; pois Me valho de ti para
dirigir-Me a tal ou qual alma, para confortá-la e movê-la a aproximar-
se de Mim, e a contar-Me o que lhe acontece. Gosto imensamente
dessas confidências. E ainda que elas não soubessem falar-Me, as
pobrezinhas, que venham de todos os modos dizer-Me sem temor:
‘Não sei fazê-lo, é a primeira vez’. Ainda quando não saibam que
nome dar-Me, que Me digam a sua ternura sem dar-Me nome
nenhum. Aí estou, almas queridas, e vos escuto. Para que esperar?
Contai-Me tudo, vós, ovelhinhas que o Pastor foi buscar tão longe e
pelas quais deu o Seu Sangue, gota a gota, até a última. E quando
tudo terminou para Ele sobre a Terra, encontrou ainda um meio de
ficar convosco até a Consumação dos Tempos. Roga pelas almas
que têm medo. Como podem tê-lo? Mas o têm. Pode-se acaso
temer um Pastor tão bom? Ainda os menores cordeirinhos sobem
aos Seus Joelhos e descansam Nele. E nisso está a Alegria do
Pastor. Pobre do Pastor nos tempos atuais! Considera as
desordens, os ódios e como o destruidor leva embora as ovelhas.
Faz já tanto tempo que começou a luta entre satanás e o Filho do
Homem... Tu, que desejas o advento de Meu Reino, ora. Oferece
por Mim, ao Pai, o ramalhete piramidal dos pequenos sacrifícios
feitos com alegria e que têm todas as cores do amor. Sacrifícios
pacientes. Sacrifícios violentos. Sacrifícios de doçura, humildes,
feitos em Caridade. Quando dês algo, fá-lo com sentimentos de
gratidão para Comigo, que te dou a ocasião de fazer esmola. E logo,
os sacrifícios do orgulho. Considera-te como a última dentre todos,
unindo-te aos sentimentos de Humildade de Minha Mãe. Queres? O
belo ramalhete que porei com orgulho em Meu Coração: o
ramalhete que a Minha filha querida Me dá.”
1945