Ele e Eu Completo Gabrielle Bossis

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GABRIELLE BOSSIS

ELE E EU
“PALAVRAS INTERIORES” RECEBIDAS DO SENHOR
Revisão
Lorena Lopez
Capa e Diagramação
Priscila Pozzoli

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Bossis, Gabrielle
Ele e eu: palavras interiores recebidas do
Senhor / Gabrielle Bossis. São Paulo: Cultor de
Livros, 2016
ISBN: 978-85-5638-XX-X
1. Cristianismo – Espiritualidade – Vida cristã
2. Oração – Diálogo com Deus 3. Amor a Deus 4.
Locuções divinas I. Gabrielle Bossis II. Título

CDD-248.2

Índice para catálogo sistemático:


1 Espiritualidade : Vida cristã : Oração 248.2

Cultor de Livros
Edição e distribuição de publicações
Rua Iperoig, 719 - CEP: 05016-000 - São Paulo/SP
Tel. (11) 3672-3508
www.cultordelivros.com.br
APRESENTAÇÃO

Neste envolvente livro, fruto de anotações pessoais de


Gabriele Bossis, a autora faz o leitor participar dessa experiência
única que é a de dialogar com o Senhor em meio às situações mais
corriqueiras do dia-a-dia, através daquilo que os autores espirituais
costumam chamar “palavras interiores” ou “locuções divinas”. São
palavras percebidas na alma como vindas de Deus e que são
escritas imediatamente. Nada de aparições nem de audições
externas, palavras que se produzem para além dos sentidos.
“ELE E EU pertence a uma categoria de livros que a Igreja nunca
aprova de forma direta e explícita como de origem divina:
simplesmente os vigia e os deixa soltos, ao amparo de uma
autorização episcopal, que garante a ortodoxia do conteúdo, e não
vai mais além. Se você quiser tomar essas palavras como
procedentes diretamente da boca de Cristo, pode fazê-lo sem
imprudência; se preferir tomá-las somente pelo que contêm em si,
tens para isso toda a tua liberdade. Mas não duvido de que você
sentirá, em mais de uma página, como por transparência, uma ação
de Deus que te encaminha poderosamente a amá-Lo mais, como
aconteceu com tantos. Não importa que deixemos em suspense a
questão especulativa de se essas palavras em concreto as
pronunciou real e fisicamente Jesus para tal pessoa, em tal data, e
sob tais ou quais circunstâncias. No fim das contas, o que é bom e
faz bem sempre vem de Deus.” (Pe. Alphonse de Parvillez, S.J.)
PREFÁCIO DE DANIEL ROPS

É uma história linda e surpreendente — história de uma alma


também ela — a que nos contam os dois pequenos livros chamados
ELE E EU. E agora que o fato de sua morte dispensa a autora do
segredo que sua discrição lhe impunha quando estava viva, temos
direito a dizer quem era o escritor anônimo (não dizemos que “o
autor”, logo veremos o porquê) que havia escrito essas páginas
fulgurantes de amor sublime, esses pensamentos a miúdo tão
cheios de uma verdade sobrenatural.
Chamava-se Gabrielle Bossis. No final de sua existência sobre
a Terra era uma senhorita de província, de idade avançada (nasceu
em 1874), mas que, segundo o testemunho de tantos que a
conheceram, tinha sabido conservar extraordinária juventude de
espírito e comportamento.
Comumente residia em Nantes ou em algum outro pequeno
povoado às margens do Loire. Comumente, dizemos, porque a sua
vida havia sido um pouco nômade pela mais inesperada das razões.
Educada em um meio burguês (pois seu pai havia tido, como nos
bons tempos, a profissão de “proprietário”), Gabrielle Bossis, a
menor em uma família de quatro filhos, havia sido durante muito
tempo uma jovenzinha tímida, silenciosa e retraída, que preferia
estar meditativa num lugar solitário, em vez de brincar com os seus
colegas de mesma idade. Por acaso começava ela, já desde então,
a ter uma experiência extraordinária que devia consumar a sua
vida? Em todo caso, foi necessário que tivesse uma muito boa razão
para recusar todas as propostas de matrimônio; e nada nos proíbe
de pensar que esta razão haja sido de uma origem muito íntima.
Diz-se também que possuía dons especiais para essas artes
ornamentais a que se dedicavam nossas avós: o bordado, a pintura,
a iluminação, a música; e inclusive (o qual era mais difícil) a
escultura. Nada disto excede a capacidade de muitas jovens de boa
sociedade dos princípios deste século, nos meios tradicionais de
nossas províncias francesas.
Por acaso Gabrielle descobriu que possuía outra capacidade
pouco frequente: a de autor teatral. Escreveu para um patronato de
Anjou uma dessas peças que reúnem o bom gosto com a perfeita
moralidade e que com frequência provocam sorrisos, mas que são
muito mais difíceis de compor do que de criticar. Como a
experiência teve sucesso, Gabrielle compôs outras obras, muitas
outras, e todas elas mereceram a calorosa acolhida e amizade de
públicos crescentes. E tanto assim, que a sua fama excedeu os
limites da província. Saindo de Nantes e seus arredores, Gabrielle
foi montar pessoalmente as suas obras em várias cidades da
França, e mais tarde, do exterior, na Bélgica, Itália, Marrocos, ainda
Canadá, e até na Palestina! A gentil autora de obras para patronatos
se converteu em uma grande viajante.
E foi nestas condições como ela seguiu até o fim a sua
experiência interior. Vem à mente uma célebre frase de Bergson
quando disse que “os grandes místicos foram geralmente homens e
mulheres de ação, dotados de um bom sentido superior”. Este dizer
se aplica perfeitamente a Gabrielle Bossis porque, ao mesmo tempo
em que representava sainetes desde Kairouan até as Montanhas
roca, ela vivia uma vida espiritual extraordinariamente intensa.
Como os maiores místicos, teria ela podido repetir a palavra de São
Paulo: “Já não sou eu Quem vive, mas é Cristo O que vive em Mim.”
Terei de confessá-lo? O fato é que me comove profundamente
o admirável equilíbrio entre uma faceta que olha sorridente o
público, consagrada a distraí-lo honestamente, e outra faceta
intimamente consagrada à contemplação. Certamente admiramos,
como convém, ao místico que se encerra em sua cela e metido em
seu hábito, persevera em uma experiência árdua como nenhuma
outra; enfim, os religiosos e as religiosas, para seguir a Deus,
afastam de seu caminho todos os obstáculos, por desgraça
inumeráveis, que o Mundo nos oferece. Mas um homem ou uma
mulher ao mesmo tempo humanamente perto de nós e em
condições semelhantes às nossas, que chegue a elevar-se até o
cume inacessível em que Deus se revela aos seus escolhidos, á
algo ainda muito mais admirável.
Gabrielle Bossis foi, sem dúvida alguma, uma verdadeira
mística; e os dois volumes de ELE E EU nos relatam, quase como
uma cópia estenográfica, o que ela recebeu no desenrolar de um
relacionamento cara a cara com Jesus Cristo. Tais diários íntimos
não são raros. Em nossa época têm aparecido vários deles, entre os
quais há extraordinários, como o de Lucia Cristina, o de Sor Josefa
Menéndez, ou de Isabel Leseur, tão patético em sua simplicidade;
essas páginas que foram reunidas sob o título de “Cum Clamore
Valido”; e a famosa autobiografia da amável Teresinha do Menino
Jesus de Lisieux, coroa como um diadema todo este conjunto.
Nenhuma destas obras pode deixar indiferente a um cristão.
Porque o diálogo de uma alma com Deus é, ao mesmo tempo, único
e exemplar; para cada um dos favorecidos com esses dons, é algo
exclusivo, que se dirige ao mais íntimo do ser; mas todos os que
leem os seus escritos podem ouvir em sua própria alma o eco das
divinas palavras.
Os textos de Gabrielle se nos apresentam como palavras de
Jesus mesmo, escutadas pela mística e postas em seguida por
escrito. Em que medida podemos admitir que Cristo mesmo tenha
falado a esta pessoa de nosso tempo e que as suas palavras
contenham a verdade? Com frequência acontece aos beneficiários
deste tipo de favores, ver-se acometidos pela dúvida, e eles se
perguntam uma e outra vez se não têm sido brinquedos do orgulho
ou da própria imaginação. A esta pergunta que se fazia Gabrielle, a
Voz interior respondia com grande sabedoria: “Duvidas de que seja
Eu? Pois faz como se o fosse.” (25 de agosto de 1937). E em outra
ocasião: “E ainda que estas palavras saíssem de tua própria
Natureza, não Sou Eu Quem criou esta Natureza? Não tens tu que
referi-lo tudo a Mim? (26 de agosto de 1940). Esta era, sem dúvida,
a melhor de todas as respostas.
E é isto o que causa uma excelente impressão ao leitor destes
textos que se pergunta sobre o valor dessa experiência. De
Gabrielle nunca se disse que haja tido visões, êxtases,
manifestações surpreendentes; não foi nem vidente nem
estigmatizada. Em aparência, nada a distinguia de qualquer outra
mulher comum; era uma amável senhorita de idade avançada, que
amava a juventude, dançava e representava no teatro, e que sorria
a todos; e, no entanto, ouvia em seu interior palavras, que soam
com o som da mais alta verdade sobrenatural. Um autêntico eco de
Cristo.
Porque essa é a impressão que se tem quando se lê ELE E EU.

Como diziam os primeiros cristãos: nessa órbita se respira ‘o bom


odor de Cristo’. Nada forçado nem excessivo; nada que violenta a
natureza humana nem que a queira levar além de suas forças. É
certo que aí há um chamamento repetido e fervoroso à disciplina
interior, à ascese, ao esforço por dominar o próprio eu; mas
permanece profundamente humano. A alma mística, franqueados já
os primeiros obstáculos para aproximar-se de Deus, dá um som de
plenitude simples e alegre, e de serenidade no amor, que em várias
passagens o familiariza com as obras mestras da literatura
espiritual. O abade Bremond o teria desfrutado enormemente. O que
Cristo em pessoa tenha falado a esta alma, nenhum simples leitor o
pode assegurar por sua própria autoridade; uma coisa é, no entanto,
segura: que esta alma viveu em Deus e que reflete sobre nós um
pouco de sua luz.

Outubro de 1950.
PALAVRAS DE ORDEM PARA CADA ANO

1º de janeiro de 1937. “Teu lema para este ano: ‘Com pureza e


simplicidade’. Que te baste oferecer-Me cada vez o momento
presente; assim todo o teu ano será Meu.”
1º de janeiro de 1938. “Neste ano amar-Me-ás na pessoa de
Meus irmãos. Faz com eles o que farias Comigo.”
1º de janeiro de 1939. Eu desejava a Sua Glória. Ele disse:
“Não peças a Minha Glória como se fosse uma coisa que nunca
chegará. Quando a pedires, acredita que ser-te-á concedida. Neste
ano pedirás a Minha Glória, o Meu Reino. E em segundo lugar,
porás maior atenção nas coisas pequenas, as tuas pequenas
vaidades, os teus pequenos exageros. Serão vitórias consideráveis.”
1º de janeiro de 1940. Depois da Comunhão, como eu Lhe
pedia um lema para o ano, disse-me: “Orar. Unidade.”
1º de janeiro de 1941. Depois da Comunhão, quando eu pedia-
Lhe o lema para o ano, disse-me: “O teu lema é crer no Amor. A Fé
em Meu Amor. E como prática de penitência: Modera a prontidão de
tuas ações. Um tempo de espera, que será para Mim, antes de
fazeres algo.”
1º de janeiro de 1942. “A tua palavra de lema é: Entrar e viver
em Mim em cada momento, para que assim possas estar em Mim
na hora de tua morte. Tu viverás em Mim. Se orares em Mim, que
bem poderás olhar ao Pai! E se falares em Mim quando falas, já não
poderás dizer como queiras isto ou aquilo. E se pensares em Mim e
Comigo, estarás muito perto do Pai. Amada Minha! Desprende-te
mais e mais das coisas da Terra... O que podes esperar de agora
em diante, senão a Mim?”
1º de janeiro de 1943. “Lema: “Em Nossos corações. Tu
estarás no Meu e Eu no teu.”
1º de janeiro de 1944. Antes de Comungar. “O lema para este
ano: espera em Mim.”
1º de janeiro de 1945. Em meu aposento, às três da manhã.
Disse-Lhe: “Feliz Ano, meu Amor! Qual é o lema agora?”
Respondeu-me: “Confiança. Expande-te em Mim.”
1º de janeiro de 1946. “O Meu lema? A Fidelidade em consolar
o Coração de teu Cristo.”
1º de janeiro de 1947. O meu lema, Senhor? “Continua. Faz o
bem.”
1º de janeiro de 1948. “O teu lema é: Bem pertinho. Rumo à
União.”
1º de janeiro de1949. “O lema? Servir. Que encontres a tua
alegria em servir a Deus e aos homens.”
1º de janeiro de 1950. “O lema é a Esperança em teu Deus;
uma Esperança sem fim.”
1936

22 de agosto. Em um navio. Durante o concerto clássico, eu


oferecia-Lhe os sons com a sua doçura, como em maços de flores.
Ele disse-me suavemente, como o tinha feito em outra vez: “Filha
Minha, Minha pequenina.”
23 de agosto. O piano foi colocado em forma de altar. Eu
pensava nas gaivotas, nos aviões que aterrissam em alguns barcos.
Ele disse-me: “Desta vez, o que vem é Cristo.”
Eu dizia, vendo a agitação do mar: Senhor, Tu sabes que tudo
isto o faço por Ti; então, para que Te digo? Ele: “É necessário que
Mo digas, porque gosto de ouvi-lo. Diz-Me isso com frequência. Não
é verdade que quando tu sabes que alguém te quer bem, gostas
que te diga?”
2 de setembro. No Canadian Pacific, entre Brandon e Regina,
pareceu-me que beijava o interior de Sua Mão. Era a Sua Mão
direita. O Sangue saía com abundância da ferida; sangue vermelho,
vivo e fresco, que saía quase a borbotões. Pareceu-me estar toda
inteira atrás dessa Mão, de forma que ninguém podia verme. E
enquanto eu beijava a Mão, os meus lábios se sentiam purificados.
Eu tinha querido que o Sangue me lavasse toda. Disse-me: “Crê
na purificação infinita pelo Meu Sangue.”
24 de setembro. Em Canadá. A Capela fica na porta de meu
aposento, e cada vez que passo, sorrio-Lhe. Ele disse-me: “Sorri
para todos. Eu porei uma Graça em cada um de teus sorrisos.”
3 de outubro. Na região de Saskatchewan. Ele: “Encerra-Me
em teu coração com um sinal da Cruz, como entre duas grades.”
4 de outubro. Em Montreal. Ele: “Quando te falta recolhimento,
o que sofre a privação Sou Eu.” (E isto o disse com extrema
delicadeza na Voz).
25 de outubro. Cristo Rei. Nesta manhã, o sacerdote
consagrou-me a Deus durante a Missa. Pôs a minha oferenda no
palio, debaixo da Hóstia. Jesus disse-me: “Ocupa-te de Meu Amor.
Não há um órfão que esteja mais desamparado que Eu...”
Outubro. Perto de Quebec. Os meninos haviam terminado de
cantar, e eu dizia-Lhe: Já não Te falo em música. Ele respondeu-me:
“A Minha música é o teu amor.”
3 de novembro. À hora da Missa, no barco que me trazia de
América. “Crê na purificação infinita por Meu Sangue.”
3 de novembro. Regresso a bordo do “L’Ille de France”. “Não te
detenhas nos detalhes. Vem em direção ao Meu Amor, com os olhos
fixos. Se caíres, levanta-te e olha-Me de novo.” Com o pensamento,
eu punha a minha cabeça sobre o Seu Ombro. Disse-me: “Podes
dá-la a Mim para sempre?” Em outra ocasião me disse: “Busco
famintos.” Eu: Senhor, dá-me a sede do martírio. Ele: “Não queiras
ter senão o que Eu quiser te oferecer.”
4 de novembro. No regresso. Última Missa, sobre a ponte do
barco. Distraída depois da Comunhão, ouvi que suavemente me
dizia: “Estou esperando.”
Dezembro. Na França. Pela rua. Eu: Vou caminhando ao Teu
lado. Ele, docemente: “Mas não Me dizes grande coisa.”
13 de dezembro. Na França. Nantes. Clausura da novena em
Nossa Senhora Imaculada, sob a presidência de Mons. Villepelet.
Durante a procissão, Jesus me disse de novo: “Filha Minha.” E
como eu percebi que o meu vizinho da Avenida Launay levava o
pálio, disse ao meu Senhor: Concede-lhe alguma Graça para a sua
casa. Imediatamente me respondeu: “Por acaso não venho a cada
manhã?” Então, lembrei-me que na casa desse vizinho, Mons. C.
celebra a Missa a cada manhã. Então Lhe agradeci.
14 de dezembro. “Esforça-te por levar a todos o Meu Sorriso, a
Voz amável.”
15 de dezembro. Na França. Eu: Senhor, adoro-Te. Ele: “Mas,
sobretudo, ama-Me.”
16 de dezembro. “Sai de tuas medidas habituais. Ama-Me
mais.”
17 de dezembro. “Comecemos o Céu desde agora. Ama-Me
sem descanso, como Eu te amo.”
Uma tarde. “Onde quer que houverem beleza e encanto, ali
estou Eu.”
18 de dezembro. Dez minutos para as seis da manhã. Na 13ª
estação da Via Crucis, eu dizia: Senhor, dá-me o Teu Corpo, que foi
depositado sobre os joelhos da Santíssima Virgem. Respondeu-me:
“Aqui O tens.” Nesse momento, a campainha na porta da sacristia
tocou, precedendo ao Santíssimo Sacramento, que logo recebemos
na Comunhão.
19 de dezembro. “Ha ocasiões em que duvidas de que seja Eu
Quem te fala. As Minhas Palavras parecem-te simples e como que
as tuas próprias palavras . Mas não é que tu e Eu somos Um e o
mesmo?”
21 de dezembro. Eu Lhe pedia que desse, a mim e aos meus,
todas essas graças que são rechaçadas por tantas almas. Ele me
disse: “As Minhas Graças são sem medida, e Sou bastante rico para
dar-te outras. Por acaso não Sou o Infinito?”
“Comigo sê simples, como em família.”
24 de dezembro. “Sê dura para contigo e suave para os
demais.”
25 de dezembro. Nesta manhã, cinco minutos para as seis, vi-
me obrigada a rezar com rapidez a Via Crucis. Ele me disse: “Pensa
na pressa que Eu Mesmo tinha para percorrer o Caminho Doloroso
para poder morrer por vós.”
25 de dezembro. “Esconde-te em Mim. Alimenta o Mundo com
os teus sofrimentos, pois é desta maneira como poderás ser a
Minha Esposa.”
26 de dezembro. “A tua imaginação? É o cachorro da casa que
Me rodeia. Pode-se recriminá-lo por isto? Faz como se tivesses
estado sempre atenta.”
28 de dezembro. “Quando Me amas, te purificas.”
“Sê uma Graça Minha para todos.”
“Volta sempre a Mim, como se nunca tivesses Me deixado.
Assim Me darás alegria.”
“Eu converto as tuas orações em Orações Minhas. Mas se tu
não queres orar... Posso acaso fazer que floresça uma planta, se tu
não a semeares?”
1937

1º de janeiro. “O teu lema para este ano: ‘Com pureza e


simplicidade.’ Que te baste oferecer-Me, cada vez, o momento
presente; assim todo o teu ano será Meu.”
1º de janeiro. “Teu lema para este ano será: Com pureza e
simplicidade.”
1º de janeiro. “Que te baste com oferecer-Me cada instante
que passa; assim todo o teu ano será Meu.”
3 de janeiro. “Quando viajas, Eu Me encarrego de pôr em tua
vida sacrifícios diferentes dos que Me ofereces em tua casa.”
4 de janeiro. “Tu dás importância ao que pensam os teus
amigos. Como é possível que não compreendas que o que interessa
é que as Minhas criaturas pensem em Mim?”
5 de janeiro. “Pratica os atos de Esperança. Sai de ti mesma e
entra em Mim.”
“Não julgues. Tu conheces, por acaso, a sua alma?”
“Põe-Me sempre diante de ti. Eu primeiro, tu depois.”
“Agrada-os; assim os darás a Mim.”
26 de janeiro. “Uma esposa que não olhasse, com frequência,
nos olhos de seu Esposo, seria realmente uma esposa?”
29 de janeiro. “Começa o teu caminho da Cruz ao sair de tua
casa, em união com o trajeto que Eu percorri desde o Jardim de
Minha Agonia.”
7 de fevereiro. “Podes duvidar de Meu Amor? Que outros se
façam famosos com muito ruído sobre o cenário; tu permanece
oculta.”
12 de fevereiro. “Claro que sim! Eu conheço perfeitamente
todas as tuas misérias; tu és para Mim uma filha pequenina.”
“Se tu soubesses o sensível que Sou às pequenas coisas!”
14 de fevereiro. Em um automóvel. “Tens visto a Minha
Benevolência refletida no rosto dessa jovenzinha? Sê sempre
assim. Se os Meus fiéis fossem bons uns para os outros, com isso a
face da Terra mudaria.”
14 de fevereiro. Em uma capela. Senhor, queres que
permaneçamos aqui nós dois? Ele: “Onde quer que estejas,
podemos estar nós dois. Faz o que deves fazer e não te importes
com o que se diga.”
“Os teus desejos de amar já são amor.”
“Envolve-Me em teu amor.”
“A tua alma tem uma porta que se abre em direção à
contemplação de Deus. Mas é indispensável que a abras.”
17 de fevereiro. “Não me prives de teus sofrimentos, que tanto
ajudam os pecadores.”
19 de fevereiro. No castelo de C...: “Tu não podes vir receber-
Me durante estes três dias, tão longe te encontras de uma igreja;
mas Eu te dou um encontro para cada dia, ao acordar.” Ai! No dia
seguinte estava me esquecendo do encontro, quando um
passarinho veio cantar na minha janela, com uma voz tão
penetrante de insistência, que acabei lembrando-me Dele...
19 de fevereiro. Angers, na capela da Praça da Aliança, onde
estava exposto o Santíssimo. “Já vês como estamos nós dois onde
quer que tu estejas. O Meu Amor está aqui: compenetra-te.”
1º de março. Na estação, à beira do Ródano. “Tu olhas com
fixação na direção pela qual chegará o trem. Da mesma forma, Eu
tenho os Meus Olhos fixos em ti, esperando que venhas a Mim.”
No trem. “Nunca fiques sem fazer nada. Assim, honrar-Me-ás
em Minha incessante ocupação pela Salvação das almas.”
Diante de uma inundação do Loire. “Sê sempre doce e
tranquila. O céu se retrata no rio somente quando a água está
quieta.”
3 de março. No trem. “Estes entardeceres também são obra de
Amor. São poucas, dentre as Minhas criaturas, as que os
contemplam para louvar-Me por eles. E, apesar disso, neles está o
Meu Amor.”
“Se tu não tivesses ‘pequenas provas’, como Eu poderia dar-te
grandes recompensas?”
3 de março. “Eu Sou sempre O que ama mais.”
À tarde. “Nada é pequeno para Mim.”
“Mostra com a tua vida que o descanso não acontece sobre a
Terra.”
Metade da Quaresma. Durante a procissão, entrei em uma
igreja para consolá-Lo. Para minha surpresa, nas naves vazias se
escutavam as vozes do órgão. Um artista aproveitava a solidão para
estudar. Havia nisso uma solenidade inefável. Jesus me disse
simplesmente: “Estava te esperando.”
“Olha-Me nos outros, e isso te ajudará a ser mais humilde.”
6 de março. Le Havre. Como prova da verdade das palavras
que me diz, Jesus permitiu que o Sr. Pe. A., de São Francisco,
repetisse os Seus mesmos termos: “Começar desde agora o Céu.
Viver em família com Ele. Veja a Cristo em seu próximo.”
9 de março. Eu pensava em retirar-me, após a Elevação. Ele
me disse com ternura: “Não vás embora tão cedo. Não poderia dar-
te todas as Minhas Graças...”
10 de março. Nantes. Atravessando São Nicolau. “Eu não
estou mais na vida da Terra; então, tens que substituir-Me.”
15 de março. Regressando após uma representação em Brest,
pensava: Se as circunstâncias tivessem me levado a fazer cinema,
meu renome... Imediatamente me interrompeu: “Guardo-te para
Mim.”
16 de março. Em Notre Dame. “Cultiva a ternura. Na ternura
dás o teu primeiro passo em direção ao teu próximo.” E nessa
mesma tarde, na hora da Bênção, repetiu-me: “Dá o primeiro
passo!”
“Se tudo o que escreves conseguisse tocar uma só alma, já
valeria a pena...”
No trem. “Não digas: ‘Glória ao Pai e ao Filho...’ de um modo
tão vago. Deseja esta Glória em teus atos concretos.”
No Puy de Dôme. Eu levava trabalhosamente as minhas
malas, após uma agitada noite a bordo de um trem. E dizia nas
escadas do subterrâneo: Eu levo a minha Cruz Contigo, mas a Ti
houve alguém que te ajudou a levá-la. Nesse momento, um
cavalheiro se ofereceu para levar-me uma maleta.
17 de março. Rua do Calvário. “Tenho algo para dizer-te, mas
não posso te dizer na rua.” Pensei que eu estava distraída demais e
entrei na igreja de São Nicolau. Disse-me lá que o meu dever é o de
ser encantadora diante de todos; ser eu mesma o Seu encanto; e
que o resto, a fadiga, pouco importa.
Ontem. Na casa do dentista. Jesus me disse: “Não podes
suportar isto? Eu padeci tanto por ti...”
20 de março. Em Lozera. “Tenta ser boa e amável além do
costume. A esposa deve parecer-se ao Esposo. Escuta as pessoas.
Far-Lhes-á bem falar, e sentir que são escutadas.”
Assis. Durante um “Benedicite” (Bênção) em que estava muito
distraída, disse-me: “Tu crês que é pequeno? Para Mim é grande.”
Roma. Páscoa. Na Igreja da Minerva. Eu Lhe agradecia por
Seus Sofrimentos. Ele: “Nunca haverá em teu reconhecimento, tanto
amor e alegria como o Amor e a Alegria que coloquei quando sofri
por ti.”
Sicília. Taormina. Eu olhava as mulheres que têm maridos,
para ajudá-las nas pequenas dificuldades de uma viagem. Ele me
disse: “Por acaso Eu não estou aqui?”
23 de março. Gênova. No meio de gente que falava línguas
desconhecidas: “Nesta semana, une-te a Mim no silêncio.”
Sentada. Senhor, poderias dar-me esta Graça? Ele: “Lembra-
te de que Sou muito rico.”
30 de março. Palermo. “Lembras-te? Quando eras menina,
disseste uma vez: ‘Senhor, inclina o meu coração às Palavras de
Tua Boca.’ Na igreja de São José me disse com muita doçura a
frase do primeiro ato da “Pequena Veladora de Quatro Centavos”:
“Eu sei tudo o que há em tua cabeça, pois a tua cabeça é Minha”.
Em Montreale de Palermo disse-Lhe: Senhor, que não haja neste
dia nada para mim. Ele respondeu: “Eu tomo tudo.” Em Túnez: “Não
descanses.” No caminho de Karouan a Sousse: “Não Me levas
contigo?”, porque nesse momento eu não pensava Nele. Logo, no
mesmo carro, disse-me: “Eu te salvei. Compreendes o que isso
significa?”
30 de março. Palermo. “Escuta, que Eu te falarei. Não queres
ser a Minha confidente?”
Montreale, de Palermo. “Eu estou mais em ti que tu mesma...”
No carro de Kairouan a Sousse. “Não te lembras de que
quando eras menina, Eu te havia dito: ‘Conta-Me tudo o que fizeste
hoje?’ Mas então tu não acreditaste que fosse Eu Quem te falava.”
8 de abril. Sousse. “Devolve o Bem pelo mal cometido. Não
desaproveites nenhuma ocasião de fazê-lo.”
9 de abril. Túnez. “Eu serei o teu sorriso neste dia.”
Túnez. Igreja do Sagrado Coração. “Por que os homens não
querem crer em Meu Amor? É que tenho sido mau para com eles?
Por acaso me vinguei de alguém quando vivi sobre a Terra? Não
tenho sido sempre Indulgência e Perdão? Não me converti todo em
Dor, por Amor a vós? Por que os homens não querem crer em Meu
Amor?”
“Não creias que algum santo tenha sido santo em todos os
seus momentos... Mas aí está a Minha Graça.”
Oran. Em meu pequeno aposento, sob a escada. “Tende à
perfeição. Mas à perfeição de ‘tua Natureza’.” Com isto, me fez
compreender que a perfeição de uma alma não comporta o mesmo
trabalho que a perfeição de outra. Faz isto, e ficarei satisfeito.”
Na capela. “Espero que não tenhas medo de Mim. Eu Me
encarrego de teus pecados.”
11 de abril. Túnez. Na igreja do Sagrado Coração. “Permanece
todo o dia de hoje apoiada sobre o Meu Ombro.” Era o dia da
representação de “A Pequena Veladora de Quatro Centavos.” “O
segredo do Rei? O Rei já não tem segredos. Quer dar-Se a todos.”
12 de abril. Túnez. “Sai de tuas medidas para amar-Me.” Oran.
Na capela das freiras Trinitárias fizeram-Me trocar de lugar três
vezes. Eu pensava: Que oração ruim! Mas Ele me disse: “Gosto de
ti igualmente quando, por Caridade, tens que interromper a
contemplação. Gosto de ti quando te falo e quando tu Me ouves.
Olha-Me em tudo.”
15 de abril. Na capela das Trinitárias de Oran, eu pedia
desculpas por ter chegado tarde à Missa. Ele, com afeto: “Mas, se
chegastes antes que Eu...” Era antes da Elevação. Na capela,
depois da representação, disse-me: “Olha os Meus pés cravados,
que nunca mais poderão caminhar.” Disse-Lhe: Senhor, eu
caminharei por Ti aonde quer que me mandares, por toda a Terra.
16 de abril. Argel. Na casa das Missioneiras Franciscanas de
Maria. “Conserva o teu primeiro entusiasmo, e o entusiasmo dos
outros continuará.”
16 de abril. Argel. Na igreja de Santo Agostinho, onde eu havia
conseguido Comungar quando acabava de descer do trem: “Abrevia
a tua Ação de Graças, em espírito de Caridade.” E ao sair da igreja,
vi as religiosas que tinham me buscado na estação, e que estavam
inquietas por mim.
Argel. “Fica sempre atenta a não falar mal de ninguém. Há
sempre um pouco de bem, ainda que em estado de germe, em cada
alma. Tem para com os outros o mesmo cuidado delicado que Eu
tenho para contigo.”
18 de abril. Na sala de um teatro. “Por que Me falas como se
Eu estivesse muito longe? Estou perto... Estou em teu coração.”
19 de abril. Em Nossa Senhora de África. “Peço-te somente
que escrevas. Não é difícil e Eu estou contigo. Sê a Minha fiel; Eu
sou o teu Fiel.”
20 de abril. “Que as tuas distrações não te entristeçam, ainda
quando sejam prolongadas; volta a tomar a tua contemplação
amorosa onde a tinhas deixado.”
21 de abril. No Parque de ensaios, diante dessas árvores
gigantescas, cujas folhas caem formando arcos. Ele: “Se a Minha
Providência faz que de um ramo caia uma raiz para sustentá-la,
como Eu não sustentaria a marcha progressiva de uma alma?”
22 de abril. Em Nossa Senhora de África, na Missa. “Se te
achasses na varanda de um grande e formoso salão, não te
atreverias a aparecer com as vestimentas sujas ou manchadas.
Então, se vives no interior de Meu Coração, reveste cada uma de
tuas ações com o encanto amável, simples e instintivo, que dá a
impressão de uma fina residência.”
23 de abril. “Amanhã subirás ao barco. Confia-te a Mim.
Abandona-te, como da outra vez no hidroavião.”
Argel. 23 de abril. Não te canses de Mim. Não Me canso de ti.”
“Quando não te falo, é porque esse momento é para a ação.
Fala aos outros como crês que Eu te falaria. Ajudar-te-ei.”
24 de abril. Dia do embarque a bordo do “Kan Tara”, em
direção a Port-Vendres. Partida às seis da tarde, e chegaremos
amanhã às quinze horas. Recebi nesta manhã a bênção de Mons.
Leynaud, arcebispo de Argel, em seu seminário, que está muito bem
situado sob as oliveiras, acima de Saint-Eugene e de Notre Dame
des Ravins. Uma partida entre o céu e o mar de uma grande doçura.
25 de abril. Port-Vendres. Em uma cafeteria, não longe do
embarcadouro: “Se quando tomasses um refresco, pensasses em
umedecer os Meus Lábios secos, que alegria tão grande Me darias!
Mas uma coisa assim não a peço a todos.”
30 de abril. No trem de regresso. “Quando um objeto precisa
de um reparo, coloca-se o mesmo nas mãos de um operário. Põe,
pois, a tua alma, silenciosa e imóvel, diante de Meus Olhos. Eu
reparo!”
No campo. Enquanto eu plantava uns gerânios na varanda e
punha guirlandas entre os arcos. Ele: “Quantas coisas belas
faremos juntos! Eu quis que o homem fosse o Meu colaborador com
a finalidade de estreitar a nossa união. O amor tende à união.”
No trem. “Devem-se deixar os amores pelo ‘Amor’.”
No momento em que eu ia embora. “Toma contigo o Meu
Evangelho e leva-o contigo sempre. Com isso Me trarás satisfação.”
1º de maio. No confessionário de Vierzon. Crescer em Cristo
por todos os meios, por minhas correrias de nômade, pela influência
de minhas peças; a minha sobre o próximo e a do próximo sobre
mim. Crescer em Cristo. Montrichard, linha Nantes-Vierzon. “Habita,
filha, em Minhas feridas. Penetra na Carne dolorida. Deixa-te lavar e
não somente os pés, senão também a cabeça. Quem deixar a sua
casa, os seus irmãos e parentes por amor ao Reino dos Céus,
receberá o cêntuplo neste século, e no outro, a Vida Eterna.”
3 de maio. Entre Vierzon e Tours. Eu buscava a Deus através
da primavera. Era tão rica essa primavera! Disse: Senhor, por que
Te escondes? Tens medo de que Te ame demais? Respondeu-me:
“Tenho que pôr à prova a tua Fé.”
5 de maio. Eu meditava sobre as Chagas Glorificadas de
Cristo no Céu. Disse-me: “Considera que o amor e a boa intenção
são o que dá valor aos atos.”
5 de maio. Em um vagão: “Já vês a diferença que há entre a
lembrança de uma frase que tenhas lido e a Minha Palavra.”
Na capela de Santa Ana. “Por que não Me reconheces em teu
próximo?”
No campo, à hora do catecismo. “Sê mais terna para com eles.
Os meninos precisam de ternura.”
7 de maio. De Sablé a Fresne. “Olha bem para as oliveiras,
acima de Saint Eugene e de Notre Dame des Ravins. Uma partida
entre o céu e o mar de uma incrível doçura. Minha primavera e...
louva-Me! Louva-Me! Louva-Me!”
8 de maio. Le Fresne. Rejubila-te por Deus estar em ti. No
Purgatório haverá uma pena especial para as almas que não
tenham buscado essa alegria. Levar a lâmpada do Amor até o fundo
da alma. Crê ainda mais em Meu Amor. Tende a julgar mais a favor
do que contra, se é que deves absolutamente julgar. E não tenhas
tanto trabalho em prever, pois Sou Eu Quem pensa por ti.”
12 de maio. Nantes. Lembrando-me de todas as Missas que
foram celebradas na casa da Avenida Launay, disse-me: “Era bem
natural que eu fosse ali, pois tu havias Me dado essa casa.” Então
me lembrei que num dia tinha-Lhe dito: Esta casa é de nós dois. Eu
desconfiava de minha influência e temia inclusive escandalizar,
devido à minha risada fácil, quando uma carta da África veio me
consolar. A carta dizia: “Parece-me que em certas criaturas se
reflete mais do que em outras a Presença de Cristo. E este reflexo
divino, como um ímã invisível, atrai as almas. É um pouco o seu
caso.” Outro dia, em Oran, eu duvidava se deveria escrever ou não.
Então a freirinha veio colocar sobre a mesa três lindos cadernos
brancos num estojo. Era a Sua resposta.
12 de maio. “Eu ando em busca de sofrimentos que queiram
unir-se aos Meus.”
14 de maio. Passando pela estação de Vararles. “Tu és apenas
um tecido de Misericórdias.”
14 de maio. No trem, em direção a Quimper. Disse-me: “Por
que limitas as tuas petições? Não tenho te escutado sempre? Então
me lembrou de muitas coisas. E continuou: “Já sabes que sempre te
escuto; então, por que não pedes mais?” (eu pensava na paz, na
França, no Purgatório, nas conversões).
16 de maio. Kéryado. Graça de compreender a infância
espiritual, ao Pai, e de esperar com uma Esperança perdida em que
Ele me elevará em Seus Braços, e que Ele mesmo será a minha
santidade. No Perdão de Santa Teresa, eu pensava que devo
oferecer os atos mais mínimos. Disse-me: “Eu recolho as migalhas,
os pozinhos do tempo.”
19 de maio. Paris, no Metro. “Eu Sou a Hóstia. Tu és o
Ostensório. Os raios de ouro são as Minhas Graças através de ti.”
20 de maio. Montmartre. Pensando no recolhimento. Ele disse-
me: “O Esposo não se aproxima da esposa enquanto a vê distraída,
olhando pela janela. Espera que ela se encaminhe em direção à
‘câmara dos segredos’...”
Maio. No campo. Depois da Comunhão. Eu: Senhor, supre as
minhas insuficiências. Ele: “Para isso estou aqui.”
Olhando umas rosas murchas. “Eu não murcho. Eu não
engano.”
23 de maio. Gevray Chambertin, na Costa de Ouro, em meio a
uns vinhedos. “Desenraiza-te de ti mesma. Planta-te em Mim.”
25 de maio. Rennes, no trem. “Por que haverias de viver em
solidão, se Eu quero que vivas em público?” E logo, com muita
ternura: “Minha pequena filha tão amada, leva-Me; leva-Me aos
outros. Sobrenaturaliza.”
27 de maio. Em Le Fresne. Festa de Corpus. “Agasalha-te sob
o Manto Branco (a Hóstia). Estende-te sobre o Madeiro e põe a tua
cabeça sobre o Meu Coração.” (Como a menina de ontem, no
vagão, perto de sua mãe).
27 de maio. Le Fresne. Depois da Comunhão. Eu: Quero ser
uma Hóstia, Senhor, vem comigo. Ele: “Eu estou em todas as
Hóstias da Terra. Sabes o que quer dizer a paz, estar no Reino da
Paz?”
28 de maio. Eu pensava em Sua Festa de Corpus Christi,
quando Ele me disse: “A Minha verdadeira Festa de Corpus, a terei
quando eu desfrute de todas as preferências. Todas as preferências
de todas as almas.”
“Não temas alegrar-te Comigo. Vês esse pequeno inseto que
se levanta voando em direção ao céu? Pois faz como ele. Aprende a
olhar, e com isso aprenderás a Me ver, ao teu Criador.”
“Tu sabes o que é a Bondade? A Bondade é a Minha Mãe.”
29 de maio. Depois de receber a Hóstia. Ele: “Aqui estou.” E
mais tarde, quando eu colhia rosas na varanda para levá-las à
procissão, disse-me: “Todas as flores da Terra são Minhas. E,
apesar disso, as que tu Me ofereces para enfeitar a Minha
Passagem diante de tua casa, são um presente muito caro ao meu
Coração.” (No meio das pessoas que enfeitavam as ruas). “Não
estranhes as mesquinharias e ciúmes humanos, pois Eu mesmo fui
a sua Vítima. Pede-Me algo hoje; é Minha festa de Corpus. Não
pedes o bastante; de que tens medo?”
30 de maio. Esperando o trem Nantes Paris Lagny. “Serás a
obra de Minha Misericórdia.”
30 de maio. Dia de Corpus. Depois da Comunhão: “Eu não
deixei no Céu nada de Mim. Dou-Me a ti inteiro. Dá-te a Mim
também inteira.”
30 de maio. Em Seine-et-Oise: “Quando estiveres na igreja,
joga fora de ti todo pensamento sobre as preocupações do dia. Tira-
te isso como se fosse uma veste. Então serás toda para Mim.”
Em um vagão. Veio-me a tentação de colocar-me implicante
com uma passageira. Então Ele disse-me com doçura: “Quanto
mais cristã é uma alma, ou seja, Minha, mais amável é. Sê a mais
amável dentre todas as mulheres.”
2 de junho. Lagny. Eu: Senhor, é possível que os meus
pecados me impeçam de ser santa? Ele: “Vive de contrários. Vive
de humildades no lugar de teus orgulhos, e de penitências no lugar
de tuas covardias. Vive de contrários.”
3 de junho. Na estação de Austerlitz eu olhava uma pequena
mosca que caminhava no chão e dizia a Deus: Tu também, Senhor,
olhas-me desde Lá de Cima. Respondeu-me: “Não somente te vejo,
mas amo-te.”
4 de junho. Festa do Sagrado Coração. “Toma o Meu Sangue,
esse Sangue que tenho sede de dar-te, para apagar as tuas faltas.
Toma o Meu Sangue em Meu Coração.” Então me fez compreender
uma palavra que já havia me dito: “Não descanses.” Isto queria
dizer: “Não busqueis o repouso, pois não poderia vir de vós, senão
somente de Mim.”
4 de junho. Festa do Sagrado Coração. Em uma estação
ferroviária: “Hoje tomo para Mim todos os teus sorrisos.” Então me
propus a sorrir a tudo e a todos.
8 de junho. No campo. “Não te detenhas nos pequenos
detalhes da vida. Pensa somente no Amor, no Amor que recebes de
Mim. Naquele que tu Me dás.”
“Tem Caridade em teus pensamentos. Dos pensamentos
procedem as palavras.”
Junho. No campo. “O que te peço não é a perfeição, coisa
difícil para ti, senão o espírito de perfeição. Sê constante na vontade
de tender sempre ao melhor, e põe nisso todo o teu amor.”
Olhando as rosas que sobem até a copa de uma cerejeira. Ele
disse-me: “Uma vez te sentiste comovida porque teu pai te levou
uma pequena rosa de bengala colhida no prado. Eu fiz florescer
para você todas as tuas jardineiras. Ama-Me mais por isso.”
9 de junho. Le Fresne. “Não te preocupes da opinião deste ou
daquele, senão somente em agradar-Me. Tu dizias que se os
patrões tivessem tomado a iniciativa do aumento de salários, teria
havido paz e amor, em lugar de greves e revoluções. Por que tu não
tomarias a iniciativa das encantadoras ternuras para o Meu Coração
dolorido? Como Eu gostaria!” Em Glomel, em Côtes-du -Nord, a sala
de teatro tinha estado, no começo, bastante vazia. Mas Ele insistiu
em dizer-me: “E daí? Tu representas para Mim.”
11 de junho. Le Fresne. Depois da Comunhão. “Eu Sou o
Princípio e o Fim.”
11 de junho. Durante um sofrimento que tive, ouvi que me
dizia: “Agora és tu quem oferece.”
Enquanto ia a caminho. “Eu não vos peço que sejais como
anjos. Peço-vos que sejais santos de acordo com a vossa
Natureza.”
12 de junho. “Divide o teu dia em três tempos: Pela manhã, ao
despertar, entrega-te ao Pai Criador, que te oferece o Seu próprio
Filho como alimento. Depois da Missa, entrega-te ao Filho que está
em ti. E à noite, dorme no Espírito Santo, que É o Amor.”
Pela rua. “Tens sido cumulada de Graças. Por isso deves ser a
menor.”
“A música eleva o homem por cima deste Mundo. Por que
haveria de causar-te estranheza que a Minha contemplação leve ao
êxtase?”
“Considera todas as coisas à luz da Eternidade.”
Eu lhe disse: Como podes dar-me tanto Amor, a mim, tão
miserável? Ele: “Por causa de Minha Misericórdia.”
Depois da oração: Oh, meu amado e bom Jesus! Enquanto
dizia os Pai-Nossos e Ave-Marias: “Pode o teu coração ficar fechado
diante de Minhas Chagas abertas?”
Na rua. Ele: “Escuta-Me bem: o Bem não se faz somente com
palavras; um olhar pode penetrar em uma alma e tocá-la.”
“Para que te faças bem pequenina não é preciso que diminuas
os teus dons; pensa somente que todos eles vêm de Mim.”
13 de junho. Nantes. Podes duvidar do poder do Meu Sangue?
Mas sabes que uma só gota bastaria para apagar os pecados de
todo o Universo. Lava-te em Meu Sangue.”
14 de junho. Nantes. “Terás visto que em certas ocasiões
peço-te que ofereças um sacrifício. Depois de uma representação
que teve muito sucesso, disse-Lhe: Senhor, que vida tão plena é
esta que me destes! O que poderei oferecer a Deus como sacrifício?
Ele: “Oferece-Lhe os Meus Sacrifícios.”
15 de junho. Eu havia duvidado diante de um pedido de
dinheiro. “Se não tivesses mandado nada, terias Me causado uma
pena; mas colocaste um bilhetinho, e isso Me alegrou. Ainda que
em teus pensamentos, busca-Me muito, e nada a ti mesma. Pensa
em Mim como se Me habitasses. Sê do número daqueles que têm o
pé sobre a Terra, mas o coração no trato Comigo. Não tenhas
cuidados terrenos. Vive em Mim. Preocupa-te de Minha Glória e das
coisas do Amor. Habita-Me.”
17 de junho. “Tudo na natureza é somente imagem e
emblema. Pensaste alguma vez que todo o que ama é imagem de
Meu Amor?”
“Para ouvir é preciso escutar. Escuta.”
“Nunca exagerarás no amor que Me deres.”
“Quando tu recebes com um sorriso as pequenas
contrariedades da vida diária, com isso curas as Minhas Chagas.”
“Se Eu te escolhi é porque és pequena e cheia de misérias.”
A instituição da Eucaristia, na véspera de Sua Paixão. “Que
bem ganhei o Pão de Meus filhos! Podes comer desse Pão. Custou-
Me caro, mas sou tão feliz de poder oferecê-Lo!”
Na casa vazia. “Mas estamos aqui em companhia, tu e Eu!”
“Quem te amou assim como Eu? Crês nisto, pelo menos?”
“Sofre em teu corpo em união Comigo. Como se Eu mesmo
tivesse sido ridicularizado e flagelado nesta manhã.”
18 de junho. Le Fresne. Depois da Comunhão. “Não
interrompas a nossa conversa, nem sequer no meio da aridez.
Admiraste muito os tapetes multicores que fizeram para a Minha
Festa de Corpus; pois bem, prepara-me outros ainda mais belos
durante todo o decorrer do dia, feitos de sacrifícios e outros atos de
virtude. Eu passo (na Comunhão). Aqui estão as Minhas Chagas,
não somente a abertura. Entra. Estão com fendas. Vê como a Carne
está aberta, e os Músculos desgarrados. Bebe o Meu Sangue. É
para vós, para ti. Entra.”
21 de junho. “Não te causa estranheza que te digam que
fizeste o bem neste país ou naquele outro, ou a tal e tal alma? É
porque não és tu Quem faz o Bem. Sou Eu, por teu intermédio. Se
soubesses o que acontece numa alma quando o Meu Sangue a
purifica! A Minha Graça vai mais além que a tua alma.”
22 de junho. Nantes. No cinema... “Aonde quer que estiveres,
conserva-Me em teu amor. Se soubesses o que é a beleza de uma
alma...”
24 de junho. “São poucos os que contemplam e honram a
Minha Alma. Os esposos, ligados como estão pela vida, acabam por
viver certa monotonia no amor. Eu, ao invés, sinto uma alegria
sempre nova com os vossos atos e efusões de amor; porque sois
‘seres livres’.”
24 de junho. “Fica contente quando puderes oferecer um
pequeno sofrimento, a Mim, o Sofredor.”
25 de junho. “João Batista olhava constantemente o horizonte
do deserto para ver se Eu chegava. Faz tu o mesmo: deseja-Me,
chama-Me. Não vejas faltas onde não há senão debilidades da
Natureza. O que Me faz sofrer é a indiferença.” Enquanto eu fazia
uns laços para ‘As Bonecas Mecânicas’, estava pensando em mil
coisas. Disse-me: “Eu tinha pensado que irias trabalhar apoiada em
Meu Coração. Não é verdade que o Meu Livro é muito mais fácil de
escrever do que as tuas comédias?” Eu me admirava de que Ele me
tivesse cumulado tanto durante toda a minha vida, sendo que a
outras... Então me disse, com suprema delicadeza: “Perdoas-Me
que tenha te amado tanto? Toma em tuas mãos a tua memória e
oferece-Ma. E isso mesmo faz com cada uma de tuas qualidades.
Sempre temos na vida uma reserva interior de pequenos cuidados e
dificuldades, que podem servir para a expiação dos pecados; os
nossos e os alheios.”
26 de junho. “Pensas por acaso que, por ser Eu, Deus, não
tenha necessidade de ternura?”
“Crês que eu posso permanecer em silêncio quando alguém
quer falar Comigo? Fala-Me!”
“Concedo-te estas pequenas Graças para que te aproximes de
Mim. São como o cordão de uma campainha em tua porta, para que
Eu o puxe.”
Um bebê balbuciava em seu carrinho enquanto os seus pais
estavam diante de uma janelinha do correio. Jesus me disse: “O teu
amor não é outra coisa além do balbuceio de um nenezinho.”
27 de junho. “Que a tua vida seja um recolhimento contínuo,
uma ininterrupta conversa com o teu Senhor.”
Eu: Dá-me os meios para fazer-me santa. Ele: “Já os tens.”
“Pedi-te que acordaras entre os Braços do Pai, já que cada
despertar é uma nova criação.”
28 de junho. Eu: Faz, Senhor, com que eu seja o teu pobre
Apóstolo. Ele: “Já o és.”
28 de junho. “Respeita muito a piedade dos demais. Cada um
tem a sua própria maneira de vir a Mim.”
“Pedi-te que dormisses no Espírito Santo, porque o vosso
último suspiro tem que exalar-se no Amor.”
29 de junho. Enquanto eu punha um pouco de ordem nas
minhas coisas, dizia-Lhe: Senhor, Tu não me falas. Então, Ele me
respondeu com doçura: “Quando estás muito ocupada, temo
interromper-te.”
“Há muitas maneiras de falar-Me. E pelo que a ti te
corresponde, fala-Me com o teu coração.”
30 de junho. “Tu Me sentes com maior ou menor vivacidade,
mas Eu não mudo.”
“Oferece-Me com frequência, todos os dias, a tua morte, assim
como Eu ofereço a Minha, diariamente, ao Meu Pai (Na Missa).”
“Por acaso te dou alguma vez margaridas manchadas ou rosas
em más condições? Fica atenta para que as tuas ações sejam
sempre frescas de entusiasmo e de amor, e oferece-Mas.”
“Vês? O empregado que atendia no caixa te disse outro dia
que uma vez tu lhe tinhas dado um pequeno lápis, e isso tu o tinhas
esquecido. Quantas miudezas já Me ofereceste, das quais não te
lembras! Te digo isto para dar-te ânimo.”
Senhor, vou saber a boa maneira de morrer? Ensina-me a
morrer! Respondeu-me, como sorrindo: “Faz com frequência os teus
‘ensaios gerais’.”
No trem. Eu Lhe dizia: Senhor, acende o Teu Amor em todos
os que viajam neste trem. Ele me respondeu com tristeza: “Mas eles
não querem...”
“Que a oração não seja para ti um fadiga. Por que te
desgastas tanto? Tudo deve ser simples, bom, como uma conversa
de família.”
30 de junho. Eu havia exposto diante de minha mesa o Rosto
de Cristo do Pe. Bernard. Ao oferecer-Lhe o meu alimento, dizia-
Lhe: Senhor, alivio um pouco os Teus sofrimentos? Respondeu-me:
“Com somente ter comprado e honrado o Meu Rosto Crucificado, e
pendurando-O na parede de tua casa, consolaste-Me grandemente,
pois o fazes por amor.”
10 de julho. Durante a Comunhão. “Se tu pudesses ver o Meu
Esplendor neste momento...”
“Dá-Me sofrimentos. Dá-Mos, porque no Céu ninguém pode
Mos dar.”
“A Minha Misericórdia e a tua pequenez.”
“Põe o teu coração sobre o Meu. Aspira, bebe o Meu
Sofrimento. Purifica-te.”
2 de julho. Na igreja, enquanto se distribuía a Sagrada
Comunhão. Ele: “Se soubesses ver o Meu Esplendor neste
momento...”
2 de julho. Primeira sexta-feira do mês. “Podes chamar-Me de
teu Esposo; desposei-Me contigo em Minha Humanidade
Crucificada. Pensa que, quando simplesmente desenroscares um
fio, se o fizeres por amor a Mim, honrar-Me-ás grandemente.”
Estava em uma estação. Eu pensava com resignação: Vamos,
ânimo, pega de novo as tuas pesadas malas!. Ele, com vivacidade:
“Nossas malas”.
3 de julho. No trem. “Toma tudo de Mim, e come.”
4 de julho. “Agora que Me ofereceste os teus sofrimentos,
considera os Meus.”
5 de julho. “A tua vida é tão recortada, que te fica fácil fazer o
teu exame de consciência sobre o que fizeste em cada lugar.
Fizeste o bem? Foi por Meu Amor?”
“Eu iria a qualquer um que na realidade quisesse Me ouvir, e
viria ao encontro de quem de verdade quisesse Me encontrar.”
6 de julho. Ao deixar Le Fresne para representar em Brest, eu
pensava: Eu não poderei ter esse livro (as escritas do Pe.Foucauld).
Ele respondeu vivamente: “Tens o teu.” (O dizia pelo livro que
estamos escrevendo juntos). Estação de Vannes. Ele me fazia
compreender que há que viver em família com todos os santos do
Céu, e com os nossos irmãos maiores, os anjos. Disse-me: “Não há
que sair do Amor.”
9 de julho. Brest. “Vem com o olhar fixo em Mim. Isto basta. O
que importa todo o resto?”
10 de julho. Em São Pedro. Enquanto eu ia subindo ao terceiro
andar, onde se encontra a capela, pensava: Vou encontrá-Lo em
Seu aposento. Rapidamente disse-me: “O Meu aposento é o teu. O
que é Meu pertence-te.” E me fez sentir o meu nada, e como o
excesso de Sua Misericórdia humana e divina é o que O move a
tantas delicadezas.
Eu Lhe disse: Como podes, Senhor, amar uma criatura tão vil?
Respondeu-me: “É que não pode ser de outra forma!”
“Não te ocupes em dizer orações de muitas palavras.
Simplesmente, ama-Me. Com um olhar interior. Com um sorriso
terno de amizade.”
10 de julho. Eu tinha estado na varanda cuidando das flores,
antes de fazer a minha oração. Como eu demorava, Ele me disse:
“Quando chegará a Minha vez?”
12 de julho. “Tua conversa Comigo? Que sejam palavras
breves. Compreendes? Sem esforço. Quanto menor é o esforço,
maior é o amor.”
18 de julho. “Dá-te a Mim como Eu Me dou a ti. Se te retiveres
em ti mesma, a nossa União não será completa. Dá-te a Mim como
Eu Me dou a ti.”
“Os teus sucessos? A tua alegria e o teu encanto? Refere-o
tudo a Mim, porque Sou Eu Quem tem te dado tudo.”
18 de julho. Le Fresne. Mostrando-me os adornos do altar,
disse-me: “Sim, tu Me tens dado tudo isto; mas não seria nada se
não tivesses Me dado o teu coração.” Logo, enquanto eu fazia uma
mortificação corporal, disse-me: “Morada de Meu Descanso. “
22 de julho. Ao descer do trem em uma estação. “Exercita-te
em dirigir-te sempre ao próximo com a atitude de quem é inferior.”
No momento em que o trem parava. “Quando pare a tua vida,
que seja por um grito de amor.”
“Vês essa menina? Olha para o seu pai sorrindo. Não lhe diz
nada. Mas, que feliz torna o seu pai com esse sorriso!”
Na estação de Paray-le Monial. Eu pensei que não era essa a
melhor paisagem na França para receber o Sagrado Coração. Ele
me disse: “O que Me atraía não era a paisagem, mas sim, a alma
tão humilde de Margarida Maria.”
“Sempre que falas ou pensas com altivez, isso procede de tua
baixeza. Mas quando te conduzes como a servidora de todos, isso
te engrandece.”
24 de julho. “Sorri ao teu próximo como se sorrisses para Mim.
Eu Sou o teu próximo.”
24 de julho. Isère. Entre solteiras mais velhas, mas tímidas:
“Não lhes negues a bondade; adianta-te com graça e amabilidade.
Sabes o que é adiantar-se? Também nisto, sai de tuas medidas
habituais.”
25 de julho. Igreja de São Pedro de Bressieux. “Vou te ensinar
uma nova maneira de recitar os teus doze Pai-Nossos, Ave-Marias e
Glórias: Os quatro primeiros, fala-os sobre cada uma das Chagas de
Meus Pés e de Minhas Mãos. Os quatro seguintes, em honra de
Meu Coração, Meus Lábios e Meus Olhos. E os últimos, em
consideração aos quatro lados de Minha Cabeça Coroada de
Sangrentos Espinhos.”
26 de julho. Sul da França. “Olha a folha na árvore, tão grande
e tão verde: O que aconteceria se se soltasse do tronco e do ramo?”
27 de julho. De Nantes a Fresne. O Senhor voltou a me dizer:
“Sai de tuas medidas habituais para pensar em Mim.” Como se
desejasse ver-me avançar cada dia um pouco mais.
28 de julho. “Apenas cortas as folhas murchas, a roseira te dá
outras novas. É um incessante movimento em direção à frente, em
flores e frutos. Imita ao teu Criador.”
“Quanto mais te deres aos demais, mais Me darei a ti.”
28 de julho. Le Fresne. Eu duvidava em reconhecer a Sua Voz.
Disse-me: “Por acaso não acreditas em Mim?”. Logo, desde a
Hóstia: “Eu Sou o Deus indefeso. Vês esses passarinhos que
pousam em tua cadeira ou na mesa do jardim, ou sobre o teu
chapéu? Se viesse alguém que fosse mau, poderiam fugir voando;
mas Eu não fujo. E a Minha Cabeça, que não tinha onde reclinar-se,
descansa-A...”
29 de julho. Depois da Comunhão. “Ama-Me muito. Dá-te
mais, passa sobre a tua timidez. Caminha para a frente; não te
guardes para ti mesma, mas sim para todos.”
La Louvesc, Ardèche. O Pe. B me disse no confessionário as
mesmas palavras que Ele: “Tu não és nada. Que toda a Glória seja
para Deus.” Eu tinha perdido, no corredor do teatro, uma parte dos
objetos; e pensava: Nunca tenho o que me faz falta. Ele: “Basta-te
ter um coração para amar-Me.”
30 de julho. Estive distraída na Comunhão. Ele: “Quando
temos na sala de casa uma pessoa muito querida, não vamos à
janela para olhar as pessoas que passam.”
Nas salinas. Já reparaste? Nem bem atravessaste a atmosfera
das salinas, e já tens sal nos lábios. Quando Me recebes de manhã,
fica em ti algo de Mim durante todo o dia.”
4 de agosto. Enquanto eu esperava, sob as árvores, um carro.
“Olha como o ano desliza imperceptivelmente na mudança das
estações. O mesmo acontece com o avanço espiritual das almas;
tem paciência com a tua lentidão.”
9 de agosto. O Havre. Durante a recitação do Credo, fez-me
reparar que o passos, ‘padeceu’, está muito perto do ‘nasceu’
porque sofreu durante Toda a Sua Vida.
10 de agosto. Lyon. “Para ser santos é preciso, sobretudo,
querer sê-lo. Vós todos nasceis, justamente, para a santidade.”
12 de agosto. Em l’Ardeche. Eu: Como é possível que Te
rebaixes descendo até este pouco de vinho que há no cálice? Ele:
“Com imensa alegria.”
14 de agosto. Na Basílica de São Francisco Regis, vi o
sendeiro estreito e arriscado da santidade, e a Mãe do Amor
Formoso ajudando a subi-lo.
16 de agosto. La Salette. Reconheci o sendeiro que tinha visto
em La Louvesc e o socorro da Mãe terníssima.
16 de agosto. Em La Salette. “Que te impregne até o fundo a
convicção de que és ‘nada’. Leva as tuas qualidades e os teus dons
como joias com que te presenteou o teu Esposo e Rei.”
20 de agosto. No trem. “O que Eu te colocar na mão, coloca-o
nas mãos dos outros.”
20 de agosto. Le Fresne. Durante a Missa, escutava as
primeiras execuções de meus principiantes organistas. Ele me
disse: “Do que Eu gosto mais não é precisamente das harmonias
exatas, e sim do esforço de uma vontade apaixonada por Minha
Glória. Quando morreres, porás o teu coração sobre as Feridas do
Meu. No Antigo Testamento havia corações inflamados pelo desejo
da vinda do Messias. Une-te a eles para pedir o advento do Reino
de Deus.”
21 de agosto. “Por que pensas tanto nessas coisas de nada?
(Um tubo no encanamento de água tinha se quebrado). Olha-as por
cima.”
21 de agosto. “Quando tiras algum tempo para deter-te diante
de Mim, entregas-te e Eu posso falar contigo. Tira os teus tempos.”
24 de agosto. “Continua-Me. Que haja sorriso em tua alma
quando Me olharem”. Mais tarde eu fazia o desjejum em frente do
jardim. “Terás observado que as borboletas brancas voam sempre
em pares. Que te vejam sempre Comigo.”
25 de agosto. “Faz-Me companhia. Sou o vosso Íntimo.
Quando leres, não estejas em companhia do autor do livro, mas sim
na Minha. Sou um Deus ciumento. Põe-Me como um selo sobre o
teu coração. E não temas olhar as Minhas Feridas - são tuas; entra
Nelas como em tua casa. Tira de Mim o novo e o velho e nunca Me
deixes ... Não Me deixes nunca... Fala-Me com suspiros: Eu ouço
sempre os que gemem. Entra na região do espelho da Paz.” Disse-
Lhe então: Sou coisa Tua, Senhor. Respondeu-me com vivacidade:
“‘Coisa’, não! És uma alma salva por Mim. Salva!” Mais tarde fiz a
visita ao Santíssimo Sacramento. Disse-me simplesmente: “Aqui
estou.”
25 de agosto. Na varanda. “Duvidas que seja Eu? Faz como se
fosse.”
“Caluniada? É bom que o sejas, como o teu Esposo.”
26 de agosto. Depois da Comunhão. “Por acaso o fato de Eu
ser Deus me tira o direito de comunicar-Me com as Minhas
Criaturas?” (Porque eu havia duvidado).
30 de agosto. Eu dava hospitalidade a dois empregados. “Vais
sentir-te humilhada em servi-los... Mas, se é a Mim a Quem
serves...”
31 de agosto. “Quanto mais luz deres, mais luz terás.”
1º de setembro. “Ouves esses passarinhos que estão nas
árvores? Conversam em voz baixa e sem interrupção. Sons de
pássaros. Conversa Comigo em voz baixa e sem interrupção. Sons
de almas.”
“Toma o Sangue que escorre dos espinhos e lava o Mundo
com Ele. Escuta, que entenderás.”
“Que mais te resta a fazer no Mundo, além de amar o teu
próximo por amor a Mim?”
“Vê mais além de ti mesma.”
“Sê a mais humilde, a mais simples.”
2 de setembro. “O amor de ontem te dá mais amor para o dia
de hoje; e o amor de hoje te dispõe para o amor de amanhã.”
2 de setembro. Enquanto eu fazia oração, disse-me com ar de
proprietário: “Estes momentos são Meus.” Eu estava em Seu
Coração, tentando lavar as minhas faltas. Disse-me: “Lava também
as dos outros.” Perguntei-Lhe: Senhor, o Teu sangue não me lava a
não ser no momento de receber o Sacramento da Reconciliação?
Respondeu-me: “Os teus desejos de purificar-te em Meu Coração
sob a fonte da Cruz te purificam desde antes.”
3 de setembro. “Manterei a tua juventude, esposa Minha.
Porque o Esposo e a esposa devem ser similares. Pede e pede
mais, pois somente alcanças após um tempo. Faz como se tivesses
os olhos atrás dos Meus, e verás tudo através de Mim.” Eu: Senhor,
desejas que faça a Hora Santa de quatro e meia a cinco e meia da
manhã? Ele: “O que desejo é poder te recompensar mais tarde.”
3 de setembro. Eu: E o que faço com os meus defeitos? Ele:
“Vem com eles. Vem sempre. Crê em Mim, crê na Potência de Meu
Coração.”
1ª Sexta-Feira de setembro. “Nunca fales sem um sorriso.”
4 de setembro. “Põe-te em Minha Presença como uma terra
sedenta de orvalho. Mas o orvalho não cai todos os dias.”
“Fica sempre atenta ao Meu Beneplácito.”
“É por acaso difícil demais o que te peço? Unir as tuas ações
às Minhas?”
“Semeia conversões em tua alma.”
5 de setembro. “Se as distrações não vêm por tua culpa, Eu te
dou as mesmas Graças que te daria se não as houvesses tido.”
Lourdes. Nas piscinas. “Que o teu semblante reflita a Minha
Santidade.”
8 de setembro. Lourdes. Durante a Missa, com os 40.000
peregrinos diante do Cardeal Suhard de Reims, eu pensava na
alegria da Santa Mãe de Deus. Ele me disse: “Todas as mulheres
têm algo de Minha Mãe.”
Durante a procissão com o Santíssimo eu não pensava em
orar em nome de Seus Méritos. Disse-me: “Para que Eu sirvo?”
Na Igreja do Rosário. “Tu, um dia, terás outro rosto. Eu te darei
um que esteja selado de humildade.”
Na Gruta. “Deves esforçar-te por modificar a tua Natureza. Um
gesto, uma palavra, são outras tantas penitências continuadas.”
De retorno a casa. “Põe ordem em tudo o que te rodeia. É um
modo de refletir a santidade. Tenta.”
Na Igreja de Nossa Senhora. “Não permitas aos teus olhos
vagar pelas pessoas que circulam. Faz isto por Mim.”
12 de setembro. Em um ônibus, eu ia dizendo: Amado Meu!
Ele me respondeu: “Minha bem amada!” e foi como uma ladainha ao
longo do caminho.
De volta, no carro. “Conserva a tua Natureza, mas modifica-a.”
12 de setembro. “Quando te concederes algo a ti mesma, faz
isso da forma como quando se dá aos pobres: por amor a Mim. E
examinarás as qualidades de Minha Perfeição infinita; como nas
outras ciências; aqui também deve-se estudar.”
13 de setembro. Ao oferecimento do vinho misturado com
água. “Põe-Me contigo e oferece-Nos, desde a tua alma, ao Nosso
Pai.” Logo, durante a refeição na casa dos X, fui pouco caridosa
para com um ausente. Disse-me: “Para que contaste isso? Pudeste
muito bem não tê-lo dito.”
14 de setembro. Na igreja. “Olha os vitrais. Uns estão na
sombra, e guardaram toda a força de suas cores; os outros estão
expostos ao sol, e já não têm nada próprio.” De regresso à igreja, na
velha casa, eu saboreava a solidão em Sua Companhia. Disse-me:
“Sim, mas a tua finalidade não é isto. Há que caminhar como Eu
caminhei durante a Minha Vida Pública. Desse modo Me darás,
melhor, tudo o que há em ti.”
15 de setembro. “Ainda quando Eu não te fale, dás-Me alegria
se tentares escutar-Me. Escuta-Me. Quem poderia ser mais feliz do
que vós, os cristãos? Tendes um mesmo Pai, que é o Meu, e uma
mesma Mãe, que é a Minha. E Eu Sou o vosso Irmão.
Compreendei, pois, na alegria!”
17 de setembro. No trem, rumo a Paris. Ele: “Vive de tudo o
que Eu tenho te dito. Terás dado mais um passo quando vivas
simplesmente Comigo, como com um único Amigo invisível, mas
sempre presente.”
Buffet Austerlitz. “Muito te será pedido porque muito tens
recebido.”
Estação Saint-Lazare. Uma menina dizia ao seu pai: ‘Dá-me a
mão.’ Jesus me disse: “Tens que dizer-Me isto com frequência.”
Seine-el-Oise. Eu Lhe dizia: Realmente não compreendo como
podes amar tanto a criaturas tão miseráveis. Respondeu-me: “Como
tu poderias entender o que é o Coração de um Deus?”
No hotel, durante uma radiodifusão. “Que a tua música seja um
silêncio com a atenção posta em Mim.”
Paris. Na capela de Santa Teresa, Auteuil. “Quanto mais
trabalhas, mais Me fazes repousar. Sou teu Irmão, entendes?
Semelhante a vós.”
Eu deixava de mortificar o meu corpo. Ele: “Eu não tirei a
Minha Coroa de Espinhos.”
20 de setembro. Le Fresne. Paris. Com os beneditinos da Rue
de la Source. “Vem em Meu Auxílio!” (Dizia-o por Seus Sofrimentos
pelos pecadores).
21 de setembro. Le Fresne. “Para chegar a amar melhor, tens
que mudar as tuas formas de amor.” Então abri o meu coração
sobre o Seu, esperando captar uma chama. Disse-me: “Se fizesses
isto com maior frequência, serias muito feliz. Pensa que O tens à tua
disposição.”
22 de setembro. “A partir de hoje não te enaltecerás por tuas
viagens. As tuas viagens foram para Mim. Guarda-as para Mim.”
“Caminha com rapidez e entusiasmo, como se Deus estivesse
no fim do caminho.”
Na Missa. “Que o Senhor esteja convosco.” “O Senhor está
contigo por teu ‘estado de Graça’.”
De saída para Ile-et-Vilaine. “Faz como se Eu estivesse de pé
à tua esquerda, viajando contigo. Sou Eu Quem fez o coração de
um pai, o coração de uma mãe... Então!”
No trem de Bretanha. “Que pensarias tu de alguém que, tendo
recebido joias, cuja simples visão provocasse alegria e consolo, as
mantivesse guardadas secretamente por fraqueza ou negligência?”
Dizia-me isto porque, em vez de falar amavelmente, eu me
mantinha silenciosa e retraída em meu compartimento.
Com um tom tristonho, como alguém que vai embora: “Não
querem crer em Meu Amor.”
Enquanto eu prestava honra ao Seu Sagrado Rosto. “Se
fizesses isto com maior frequência... Mas não vos atreveis...”
Eu temia as distrações da vida cotidiana. “Uma menina não
está pensando a todo o momento que ama o seu pai e, contudo, o
seu amor está sempre vivo em seu coração. Tens alguma queixa
contra Mim?”
26 de setembro. Depois da Comunhão. Disse-me que Ele se
punha à minha esquerda, pois eu devia atuar por Ele como a Sua
Mão direita. E acrescentou: “Unção. Ação.”
28 de setembro. “A Minha Graça te excederá. Vem o outono de
tua vida. O outono é o momento da Glória; Eu te ajudarei a passá-lo
humildemente. Eu: Despoja-me, Senhor. Ele: “Virei Eu Mesmo te
despojar.” (Compreendi que Se referia ao momento de minha
morte).
1º de outubro. No tempo da aurora. Ao acordar. “Não temos
nos visto desde ontem à tarde. Tem maior confiança em Meus
Méritos; dar-Me-ás alegria. Eu não pensei senão em vós, quando
vivia sobre a Terra. Não penses senão em Mim. Que Eu seja a tua
Vida. Pede sem cessar que o Espírito de Santidade, o Espírito
Santo, venha te possuir. E pede-O por meio Daquela que Ele cobriu
com a Sua Sombra. Minha Mãe. Vossa Mãe. Honra a Minha Mãe
até no Pensamento Eterno de Deus.”
Na Missa. “Terias a humildade de esconder-te sob um
pedacinho de pão e um pouco de vinho? Hoje, quinta-feira, vive
para a Hóstia como outra Hóstia. E quando os teus sentimentos
forem insuficientes, toma os Meus. Nunca saberás com quanto
respeito Eu Me dirijo às almas. O respeito pela sua liberdade!”
“Se pensasses mais em Mim, cometerias menos faltas...
Entende, pois, a alegria que Me dás quando abandonas tudo à
Minha Providência! Confia-te toda. Tece o tecido de tua alma, o que
vai revesti-la por toda a Eternidade. Faz-Me conhecer por aqueles
que não se atrevem. Porque é amando-Me como se aprende a
amar-Me. Vive só para Mim. Que a tua vida seja Eu.”
3 de outubro. “A medida de teu amor para Mim há de ser amar-
Me sem medida. Pagarei-te-ei com Amor. Divide o teu dia para que
tenhas maior segurança de oferecer-Me tudo. Oferece-Me essa
Visita, essa outra ocupação. Olha-Me sempre, nunca a ti. Sobe por
cima de tuas pequenas preocupações, para não pensar senão em
Mim.”
5 de outubro. Vi um Mundo, um enorme peso. Era o Mundo
vivente dos pecados da Terra, diante do Rosto de Deus.
7 de outubro. “Os Meus Méritos são suficientemente grandes
para o teu pecador. Pede a sua conversão em nome de Meus
Méritos.” E logo, vendo a desproporção entre os meus bons desejos
e as minhas lacunas, disse-me com suavidade: “Pobre filhinha
Minha! Chama, chama sempre ao Espírito de Santidade.”
8 de outubro. No trem. Eu rezava o Rosário. “Honra a Minha
Mãe no Eterno Pensamento do Pai, pois Ela cumpriu exatamente a
missão que Lhe atribuía esse Pensamento. O Seu alimento era a
Vontade de Meu Pai.”
13 de outubro. Eu saí cedo de Paris, e não tinha podido
Comungar, porque os templos estavam fechados. Desde um
campanário que vi desde o trem, Jesus Me disse: “Eu sinto mais
pena do que tu.”
Na estação de Bordeaux. Às cinco da manhã. “Vive como em
uma perpétua festa: a Festa da Vontade de Deus.”
Eu pensava humanamente demais no sucesso. Ele me disse:
“Lembra que um dia virá, no qual darás às coisas da Terra um valor
muito diferente do que lhes dás agora.”
Eu me queixava de ter que fazer todos os dias as mesmas
coisas: comissões, viagens, visitas. Ele: “Para Mim é sempre coisa
nova o fato de que tu Me ames.”
Eu disse: É a menina X. Ele: “Quero-te pequena.”
Eu dizia: Que pouca Esperança tenho, e que pouco Amor! Ele:
“A Minha Mãe fez crescer o Meu Corpo; tu, trabalha para fazer que
cresça o Meu Corpo Místico.”
20 de outubro. Le Fresne. Eu pensava na dificuldade de entrar
Nele durante as minhas viagens. Disse-me: “Por acaso Eu não
compreendo o que são as coisas?” Depois dos alimentos, quando
me recolhia em meu quarto: “Estes são os nossos momentos. Para
ti e para Mim. Não Me prives deles. (Disse isto com suprema
delicadeza). Imita-Me. Escondida ou em público, sê sempre uma
oferenda ao Pai, pelos outros. Eu te darei as forças necessárias.
Anda. Não se conhece o Meu Amor. Pisa-te (Humildade). Há Sinais
da Cruz; mas também há Festas da Cruz. Quero manter-te
escondida sob o Meu Braço, sobre o Meu Coração.” Porque eu Lhe
dizia: Quisera ser como a pobre pequena asna que Te levava no
meio dos caprinos. Respondeu-me: “Lembra-te de que foste criada
à imagem de Deus. Estimula, desenvolve, calcula como aumentar o
teu amor a Deus e ao próximo. É um trabalho para toda a vida. Eu
construo em ti uma morada, um templo para a Minha Glória. Não
esperes nada de ti mesma, mas aguarda tudo de Mim.” Eu: Senhor,
como gostaria que me atravessasses o coração! Ele: “Transpassarei
o teu coração no momento de tua morte.”
23 de outubro. Ao deixar a casa às cinco da manhã para
empreender uma viagem sob chuva, eu pensava: Virá um dia em
que eu não mais regressarei. Ele: “Isso será quando tiveres
chegado.”
Depois de uma meditação contemplativa. “E agora, vai viver!
Mas unida a Mim.”
Eu havia tido alguns pensamentos de orgulho. Disse-me:
“Lembra-te de que se disse que no Inferno há virgens, mas não
almas humildes.”
25 de outubro. “Ainda nos momentos em que sofres muito, há
sempre em ti uma parte onde podes te refugiar. Eu, ao contrário,
durante a Minha Paixão e suas torturas de Corpo e Alma, só tinha
dor. Um Sofrimento vivente! As Tuas Três Pessoas Iguais, são tuas.
São vossas. Pensa seguidamente em Sua Presença em Ti. É Amor.
Oxalá tenhas uma alegria sedenta de sofrer. Uma só olhada interior,
como um relâmpago, enche-Me de alegria.” (Em Jerusalém, sobre o
orifício da Cruz, estando eu ajoelhada lá, tinha me dito: “Sê o Meu
encanto e o dos outros.” O que queria dizer: sê particularmente
amável para com todos, porque Eu estou neles).”
26 de outubro. Depois da Comunhão. “Por que te diriges ao
Tabernáculo do altar, sendo que Eu estou em ti? Tu és a Minha
consagrada: Não sirvas a ninguém fora de Mim. Sempre estou
contigo. Se soubesses como te aguardo e como aguardo a todas as
almas! Que as tuas obras do dia de hoje sejam santas. Invoca ao
Espírito de Santidade e pede-Lhe que te preencha de amor” Eu:
Senhor, agrada-Te que converse de tudo Contigo? Ele: “Eu gosto de
tudo o que te aproxima de Mim.” (Eu me reprovava por não pensar
frequentemente no alívio das penas das almas do Purgatório). Ele:
“Mas tinhas a intenção: Eu salvava o Mundo na grande linha de
Minha Vida.” Acabado o desjejum, esquecia-me de agradecer a
Deus. Disse-me: “O que poderia significar a Cruz que colocastes em
teu sepulcro, se não a fizesses com frequência sobre o teu corpo
vivo? Ama o sofrimento; voltarás a encontrar tudo Lá em Cima.”
28 de outubro. Depois da Comunhão. “Nada para ti, tudo para
Mim. E nada sem Mim. Nunca procures as recompensas da Terra;
são curtas demais.” Enquanto eu fazia uma mortificação, disse-me:
“Alimenta o mundo.” Nesta manhã, entre as oito e as oito e quarenta
e cinco, eu meditava na Sua Flagelação. Dizia-Lhe: Senhor, deixa-
me que aperte as tuas Chagas sobre o Mundo. Disse-me: “Não tens
necessidade de apertá-las, pois o Meu Sangue escorre livremente
de todo o Meu Corpo.” A propósito desses crimes que ficam sem
castigo: “Deixa rodar o Mundo: Eu conto com a Eternidade. ‘Só
você’ com ‘só Deus’. Olha os Meus Olhos, cheios de Sangue e de
Lágrimas. Eu sempre tenho necessidade de ti.” E como Ele tinha me
dito, com o desejo de obter um pouco de Sua Doçura, dizia-Lhe: Dá-
me a Mão. Então Ele me encheu de um intenso pensamento de Sua
pobre Mão, perfurada e ensanguentada.
3 de outubro. A caminho de Paris. “Vês a diferença que há
entre estar de frente para Mim e estar junto ao próximo? Pois, põe-
te diante do próximo como te porias diante de Mim.”
1º de novembro. Todos os Santos. Em La Madeleine, detinha-
me nas espiguinhas de trigo que estavam no altar lateral em que
está o Santíssimo Sacramento e, em minha solidão de nômade,
dizia-Lhe: Senhor, alimenta-me. Ele: “Alimenta os outros. E lembra-
te de que em qualquer país em que te encontrares, estarás em
Mim.”
3 de novembro. Nantes. “Uma alma é como um álbum. Por que
apresentas somente as páginas edificantes?”
3 de novembro. Depois da Comunhão. “A oração é como um
canal; é preciso que um dos extremos da atenção esteja fixo em
Deus para que a Graça flua às almas.”
7 de novembro. São Pedro. Durante o serviço que se fazia por
um defunto. “Põe a tua alma entre as Minhas Mãos perfuradas.”
Logo, ao atravessar São Nicolau: “Faz silêncio em teu coração. Vive
na alegria; a tristeza provém às vezes da imperfeição no abandono.”
Durante a viagem a Lyon, Nice e Córcega, senti o seu excesso de
Amor, e nosso dever de abandonar tudo a Ele nos perigos.
11 de novembro. Em Nice, durante o serviço presidido em
Notre Dame por Mons. Rémond, eu me apoiava, em espírito, sobre
o Ombro Direito de Meu Salvador. Disse-me: “E se eu te olhasse
somente quando Me olhares?” Com isso me convidava a levantar os
olhos ao Seu Rosto com mais frequência.
11 de novembro. Em Nice. Só, entre a multidão. Jesus me
disse: “Juntos!”
“Se a tua vista está diminuindo, une-te a Mim quando estava
na casa do Sumo Sacerdote. Eu não via quase nada, depois do
bofetão com a manopla do soldado. Há almas que Eu chamo à
solidão, ainda que em meio à multidão, para que vivam na
intimidade de Meu Amor, e Me alegre por elas, como sendo as mais
fiéis. Que não Me façam a injúria, nem Me dêem a pena de não
compreender! Tu, vem!”.
Bastia. Na capela das Clarissas. Depois da Comunhão. “Se
uma menina pequena se dirigisse ao seu pai com frases escolhidas,
se diria que recitava um cumprimento. O seu pai preferiria vê-la
esconder-se ternamente em seus braços.”
13 de novembro. Travessia de Nice a Bastia, a bordo do
“Sampierro”; nos Braços do Pai.
14 de novembro. Bastia, na capela do Bom Pastor, no meio de
Arrependidas e Magdalenas, disse-me: “Segue-Me durante a Minha
Paixão.” E durante toda a Missa, dava-me a Mão; desde o Jardim
das Oliveiras, até a casa do sumo sacerdote, diante de Pilatos e até
a subida ao Calvário; mas ao chegar o primeiro toque da campainha
antes da Elevação, disse-me, já cravado: “Já não posso dar-te a
Mão.” (Era tão delicadamente terno...).
16 de novembro. Bastia. Durante um comprido e maçante
ensaio, disse-me, como para dar-me ânimo: “Aqui estou.”
19 de novembro. Vico. Durante a Missa, à hora da Elevação,
eu não me importava que Ele não me desse a Mão. Disse-me: “A
Minha Mão ainda te toca e o Sangue escorre sobre ti. Sê bem
carinhosa para com os meninos pequenos. Lembra que eu fui
menino.” Para não perder a Missa de amanhã, domingo, tive que
recorrer a pé os sete quilômetros que separam Porto, de Piana;
sozinha, por duas horas entre as plantas e o mar. Eu oferecia os
intensos perfumes desta terra corsa à Santíssima Virgem, e como
não sentia a fadiga da contínua subida, Jesus me disse: “Já vês? No
amor, tudo é fácil.” Eu sentia a Sua Presença à minha esquerda.
19 de novembro. Em Vico (Córsega). Uma Graça de
Esperança. Disse-me: “Espera. Afunda-te na Esperança.”
Sagona (Córsega). Uma granja faz o papel de igreja. De um
lado há animais e lixo. A Missa é celebrada aí a cada quinze dias.
“Olha até onde Me impulsiona o Amor. Todos os habitantes daqui
têm a sua casa. Olha a Minha!”
20 de novembro. Em Piana. Na Missa, na pequena capela em
que o bom Pe. F. quis adiantar a hora de sua celebração por causa
de minha viagem, Jesus me disse: “Repete com frequência:
“Senhor, faz com que ‘nós’ me ‘façamos’ santa”. E como eu Lhe
agradecia os Seus Favores e a Sua Proteção durante as minhas
viagens, disse-me: “Isso provém do excesso de Meu Amor, que tem
necessidade de dar; e quanto mais dou, mais quero dar. Nunca Me
esgoto.”
22 de novembro. Em Ajaccio. “Quanto mais lhes dês, mais Eu
Me darei a ti. Imita a Minha Generosidade de Amor. Nenhum santo é
semelhante a outro. São os domínios do Espírito.”
24 de novembro. “Ama a tua cela, o teu aposento, se estiveres
em casa; o teu próprio coração, se estiveres em meio à multidão. Aí
estou Eu.”
Ajaccio. “Que dirias se Eu fizesse contigo como tu fazes com
os outros?”
Travessia de Bastia a Nice com um mar tão suave como a Mão
de Deus. Disse-me: “E daí, se Eu quero manifestar em ti a Minha
extrema Bondade? Aumenta-Me nos outros. Recebe toda prova
como vinda de Minha Mão. Lembra-te de que Eu abracei a Minha
Cruz. Quando estiveres fatigada, pensa em Mim, fatigado. Para ser
o Meu discípulo é preciso levar a sua cruz; é preciso, também,
‘tomá-la’.”
24 de novembro. Ajaccio. Ele: “Quando amares de verdade o
teu próximo, inventarás coisas para deixá-lo contente, e o farás com
afeto. Relembra tal ou qual circunstância em que perdeste uma boa
ocasião.” Diante do pôr do sol atrás das Ilhas Sanguinárias, disse-
me: “Por acaso já és outro Cristo? A santidade está em sê-lo.”
25 de novembro. Ajaccio. Dia das duas representações de “A
Cantora da Rua”. Eu Lhe dizia: Senhor, serás Tu que representarás
o meu papel. Ele me respondeu: “Não. Tu representas o papel e Eu
toco as almas.” Ainda em Ajaccio, na Casa de São José. Em meu
quarto, eu pensava que era o último dia para ver esta paisagem do
Mediterrâneo, com este cálido sol. Jesus me disse: “A Terra é
apenas um lugar de passagem. Impregna-te disto.”
27 de novembro. Mentor-Nice, terceira cornija, no carro dos X.,
ao pôr do sol, no Passeio dos Ingleses. Jesus me disse: “Por mais
belo que seja este espetáculo, o Meu sol não permanece nem mais
um instante. Segue o seu rumo, de acordo com a sua trajetória. Faz
o mesmo.” E eu segui o meu caminho de Lyon a Nantes.
28 de novembro. Esperando o trem na estação de Nice,
cercada por minha bagagem, eu orava pela vinda de Seu Reino.
Ele: “É o teu coração o lugar em que Me refugio; és a única que ora
nesta plataforma.” Na hora da Missa, de manhã, na igreja de N.S.
de Nice, eu havia me revestido, em espírito, com a Túnica
ensanguentada de Cristo, para purificar-me. Ele me mostrou a
Igreja, tecida de um só fio e sem costuras.
29 de novembro. De Lyon a Nantes. “As Minhas criaturas
existem para Mim, para expressar a Minha Glória. Não fujas de teu
destino.”
30 de novembro. Nantes, Ancenis. “Apaga-te. Contempla.
Contemplar é a ocupação eterna. Os teus relacionamentos de
carinho para com o próximo iluminarão o teu relacionamento com as
Três Divinas Pessoas que habitam em ti.”
3 de dezembro. Depois da Comunhão, eu relembrava as
preocupações de minha vida. Disse-me: “Não penses em ti; pensa
em Mim e em Minha Glória.”
7 de dezembro. Depois da Comunhão. “Repete com
frequência: ‘Pai, que se faça a Tua Vontade. Que se faça a Tua
Vontade!’ Imaginas como seria a Terra se em todo lugar se
cumprisse a Vontade de Deus?”
8 de dezembro. Eu estava sob o Seu Sangue que destilava da
Cruz. Disse-me: “Sê ‘Eu’. Sê ‘Eu’ para todos. Aumenta-Me nos
outros. Mantém em atividade os Dons que recebeste; dar-Me-ás,
com isso, muita alegria. Queres que venha o Meu Reino? Prepara a
sua vinda com a Bondade e a Caridade. Não é a todas as almas
que se lhes pedem as mesmas coisas. Tu, guia-te pelo que foi-te
escrito. Eu tenho em Mim todas as belezas.”
17 de dezembro. Paris. Eu pensava no busto de Cristo visto
em Le Rouz-Druet, cuja cabeça, comovedora, não se parece a
nenhuma outra. Disse-me: “Eu movo as almas com os meios de que
gosto.” Então eu me alegrei muito de ter encomendado essa obra de
arte, e a deixei para o salão 1938, para que “mova” todos os que a
olharem. La Fère, Aisne. “Não aguardes os grandes acontecimentos
de tua vida para Me oferecer algo. Todo gesto pequeno é para Mim
igualmente grande. Oferece-Me tudo. Ora com toda a vontade de
orar bem. Eu Me encarregarei do resto.” E como Ele me dava
algumas luzes sobre os vestidos de teto, eu Lhe dizia: Senhor, como
Te ocupas de tantos detalhes? Respondeu-me: “Em Meu Amor por
vós nada se chama um detalhe. O Anjo caído não acreditou no
Amor, e por isso foi expulso Dele. Crê em Meu Amor e te
excederás.” Depois da Comunhão: “Delicadeza, alegria, encanto:
desenvolve para Mim o que tenho te dado e vive disto, mais no
interior que no exterior. Uma criatura deve dar tudo ao seu Criador,
e dá-lo no amor. Tu, Meu pequeno instrumento!”
18 de dezembro. Na velha igreja da Fère, eu olhava o
Tabernáculo, dizendo: Meu Prisioneiro! Ele então, com Amor, disse-
me: “Minha prisioneira.” E eu considerava a minha vida de
comediante, que Ele dirigia.
20 de dezembro. Na Fère. No cenário, em uma noite glacial,
como pude apresentar-me sem acessos de tosse e outros
incômodos, disse-Lhe: Eu sou na realidade a Tua filha pequena. E
Lhe agradecia. Respondeu-me: “E Eu Sou, na realidade, o Teu Pai.
Mas tu és, na realidade, a Minha ‘filhinha pequena’?”
22 de dezembro. Nantes. Eu: Senhor, entrego-Te o dia de hoje.
Ele: “Diz o ‘nosso dia’, pois Eu trabalharei em ti mais do que tu
mesma.”
22 de dezembro. “Fui Eu Quem te amou primeiro.”
24 de dezembro. Missa de meia-noite. “Aprecia. É preciso que
nada de quanto eu padeci em Minha Paixão seja perdido por vós.
Recolhe-te. Oferece-Me a Mim mesmo...” Eu tinha me colocado, em
espírito, no espaço oco entre as Suas Mãos, nas Chagas, e me
admirava por ver-me envolta por inteiro. Disse-me: “As Minhas
Feridas podem conter o Mundo. Fica aí, em Meu Coração, e não
digas nada. Partilhemos os nossos Sofrimentos, o nosso Amor, em
segredo. Eu te vivo: vive-Me tu!”
Natal. “Por acaso não vives rodeada de Amor? Dá-Me todo
Ele. Ama-Me. E desagrava as ofensas que Me fazem nesta noite.”
27 de dezembro. Festa de São João, que descansou sobre o
Seu Peito. “Diz-Me que com cada uma de tuas respirações, aspiras
ao Amor de Meu Coração. Que fortuna para ti! Quero que estejas
ativa em Meu serviço e contemplativa em Meu Amor. Que aumente
a tua alegria; assim aumentarás a Minha.”
27 de dezembro. “Não esperes que chegue o momento de tua
morte para oferecer-Me todos os teus instantes. Os teus minutos de
boa saúde dão-Me Igual alegria.”
27 de dezembro. Eu: Não acontecerá que irei me habituar a
amar-Te até fazer-me insensível a isso? Ele: “Eu não Me acostumo
a Ser amado por ti. Aumenta a tua alegria, e com isso aumentarás a
Minha.”
30 de dezembro. Em Notre Dame, às cinco e meia da manhã,
durante a minha Via Crucis, pensando em Verônica, ouvi que me
disse: “Quando tu Me consolas, Eu imprimo o Meu Rosto em tua
alma.”
31 de dezembro. “No ano passado te dei como lema:
‘Puramente e Simplesmente’.
1938

1º de janeiro de 1938. “Neste ano Me amarás na pessoa de Meus irmãos. Faz com eles o que
farias Comigo.”
1º de janeiro. Disse-lhe: Senhor, amo-Te por tal e tal... Respondeu-me: “Agora, ama-Me por Mim
mesmo. Se Eu te concedo Favores de Ternura, é para animar-te a fazer sacrifícios por teu próximo. Dá
na medida em que receberes. Eu quero descer ao próprio fundo de teu coração e fazer ali a Minha
Morada. Será algo simples e habitual.”
“Dá-me o ‘Bom dia’ quando amanhecer, quando acordares. Como se entrasses no Céu.”
Quando estava a ponto de dormir. “Reza o Pai-Nosso. É verdade que já o rezastes, mas... há
tantas maneiras de rezá-lo!”
Depois da Comunhão. “Deixa de um lado as tuas pequenas preocupações. Pensa nas Minhas,
que são as almas que se perdem.”
Eu estava descontente comigo e constrangida com Ele. Então disse-me: “Será que Eu não Sou
maior que as tuas deficiências? Eu não Sou maior que o teu pobre ser? Dá-Me tudo o que tens. Eu
conserto quando Me pedem que conserte.”
2 de janeiro. Depois da Comunhão. “A vida de Amor entre o Criador e a criatura poderia ter
começado no Céu, mas vim acendê-la na Terra, para adiantar as coisas.”
Enquanto remendava as minhas luvas, eu me perguntava: Será possível que isto seja contado
como obra de amor? Ele me respondeu: “Quando eu passava a plaina sobre a madeira, isso contava
para a Salvação do Mundo.”
(Com tristeza): “Por acaso o fato de Eu Ser Deus não Me dá direito à ternura de Meus filhos?” E
no dia seguinte: “Eu não posso ser amado como qualquer outro?”
Eu dizia: Que as pessoas Te sintam em mim. Ele: “Viste alguma vez os cometas com a sua cauda
a arrastar-se. Seria possível que eu, Criador, não deixasse pegadas atrás de Mim?”
4 de janeiro. “Consolações? Dá-as aos outros. Sê terna Comigo; o que Eu guardo está bem
guardado. Sê sempre mais e mais terna. Eu te devolverei tudo, TUDO, na Glória do Amor. Dá-Me o teu
corpo, dá-Me a tua alma, como uma humanidade adicional à Minha. O que mais Eu poderia ter feito?
Eu vos dei tudo! Que cada um de teus atos leve impresso o Meu Selo.”
Depois da Comunhão: “Aqui estou, na Trindade, cheio de Amor por Meu Pai. As Três Divinas
Pessoas Se amam em ti. Une-te.”
9 de janeiro. Nantes. Ao passar perto de Notre Dame, disse-Lhe: Bom dia, meu Deus. Quantas
negligências de minha parte! Vais me castigar? Ele: “Por que haveria de castigar-te? Quando te
castiguei?” E me fez sentir a Sua Misericórdia.
15 de janeiro. Em Notre Dame, durante a minha Via Crucis, antes de partir para Brest, disse-me:
“Pensa em Meu Amor em cada uma das estações.” E logo, no trem: “Tem cuidado, que te quero mais
no alto. Esconde-te no espaço oco de Meu Coração.”
16 de janeiro. Brest. Na representação. Quando no terceiro ato de “Uma Velha e Treze
Pequeninos”, eu dizia que não é o tempo, senão a vontade, o que faz os santos, disse-me: “Tu mesma
tens essa vontade? A tens todos os dias?”
22 de janeiro. Em Bretanha, “Escreve os Meus Favores”. Na volta do Finistère eu tinha
encontrado o meu apartamento inundado pela água de um encanamento que havia se rompido no
andar superior, e me esforçava por sorrir diante do contratempo, como se fosse um motivo de alegria,
posto que sei que veio Dele. Quando ficou consertado, Ele me disse: “Conseguiste uma vitória. Que
pouco valor há que se dar a tudo o que não é pecado!”
28 de janeiro. Depois da Elevação, eu procurava manter-me ao pé da Cruz, perto do orifício diante
do qual me ajoelhei em Jerusalém, e me humilhava de estar entre tão grandes personalidades, como
Maria, João, Magdalena. Jesus me disse: “Não temas: tu
representas a humanidade pecadora.” E o Seu Sangue jorrava amorosamente sobre mim. Via Crucis,
décima quarta estação. Era o momento de Comungar. Ao aproximar-me, disse-Lhe: Senhor, eu sou o
Teu sepulcro. Ficarás em mim mais de três dias? Disse-me: “Lógico que estarei em ti mais de três dias.
Estarei todos os dias.” Referia-Se às minhas Comunhões diárias.
29 de janeiro. De viagem a Vierzon. “Não és uma filha mimada do Bom Deus?” Eu sentia a minha
miséria e a Sua extrema Misericórdia. Via Crucis, na estação das santas mulheres. “Eu vos consolo
para que vós consoleis.”
30 de janeiro. Em Vierzon. Na Missa. “Entrega-te a Mim por inteiro. Por que sempre tens
reservas? Tens medo de Mim? Dá-te a Mim sem colocar limites.”
31 de janeiro. No trem para Paris. Eu olhava o meu vestido simples e Lhe dizia: Senhor, trago o
vestido de todos os dias. Respondeu-me: “Que importa isso, se tens a Bondade dos dias de festa?”
(Por uma boa obra que eu tinha feito).
4 de fevereiro. Eu tinha me contristado por uma falta de amizade. Disse-me: “Permiti isto para que
compreendas o que é o amor desprezado.” E logo, à tarde: “Confessa-Me as tuas faltas do dia no
segredo de nossos dois corações; Eu as perdoarei.”
5 de fevereiro. “Se de verdade crês que Sou maior do que tu, por que não te abandonas? Lembra-
te do que diz o Evangelho: que uma vez escrevi sobre a areia. Agora já não escrevo sobre a Terra:
escreve por Mim. Chega com amor até o fim de teu sofrimento, de teu sacrifício. Não te detenhas
voluntariamente. Multiplica os atos de virtude para evitar as distrações, e considera com frequência a
tua vida interior.”
6 de fevereiro. Depois da Comunhão. “Modifica a tua Natureza. Procede com uma extrema
Caridade. Mesmo na ausência do próximo, fala bem dele. Vigia os teus modos, os gestos
imperceptíveis. Isto é o que faz o encanto da Caridade.” Eu considerava a fama de certas atrizes e de
certas obras de teatro. Disse-me: “Permite-Me que cuide de ti...” E logo, pensando na multidão dos
incrédulos, sem contar cismáticos e pagãos, eu dizia: Senhor, que venha o Teu Reino. Disse-me: “Se
Eu reinasse de verdade numa só alma...!”
6 de fevereiro. No bonde eu recitava maquinalmente algumas orações, olhando ao mesmo tempo
lojas e pedestres. Disse-me com doçura: “Se Eu não fosse nada mais que um homem, perguntar-te-ia:
“Estás zombando de Mim?”
Depois de uma mortificação cansativa. “Estamos fatigados. Tu e Eu... Tu, que queres ajudar ao
teu próximo, ajuda-Me. Eu Sou o teu próximo mais junto a ti. Se tu tivesses o mesmo desejo de receber
as Minhas Graças, tanto quanto Eu tenho de dá-las.... Coloquei o teu corpo a serviço de teu espírito,
mas o teu espírito está ao Meu Serviço.”
De Paris a Havre. Eu Lhe agradecia por Seus dons e Lhe dizia: Não é um pouco ridículo isso de
que eu Te faça dons com os mesmos Dons que Tu me deste? Respondeu-me: “Nem sempre são os
dons os que causam as alegrias, mas sim a maneira como são oferecidos.”
Moulins. No bonde. “Deseja, deseja. Desejar é alargar a capacidade de receber.”
7 de fevereiro. “Vive em Minha Companhia; Sou o Amigo que não abandona jamais. Abandonei-te
alguma vez?” Eu estava contemplando a imagem do Sagrado Coração de Fenerstein. Disse-me: “Vem
com simplicidade ao Meu Coração, que é simples. Tenho te dado alegria, sorrisos, para proveito dos
outros. Por que não poderias dá-los a Mim?”
8 de fevereiro. Depois da Comunhão. “Os anjos, quando pecaram, ainda não tinham visto a Deus.
Se o tivessem visto, não teriam podido pecar. Olha, pois, a Deus, o quanto te for possível. Contempla-
O. Contempla!” Enquanto fazia uma mortificação corporal, eu dizia: Se estes golpes pudessem alcançar
o meu coração e amaciá-lo pelos Sofrimentos de Cristo! Então me disse: “Tenho em conta o teu desejo
como se tivesse se cumprido. Ativa com maior frequência os teus bons desejos.” Numa dúvida: “Se não
crêsses, não Me dirias estas palavrinhas; e ao dizer-Me, podes saber que Me amas. Eu Sou Bom para
com aqueles que em Mim confiam e Sou mais ainda para os que confiam mais. Mas aos que se
perdem totalmente na confiança, Eu os tomo inteiramente. Não crês que se certas almas do Purgatório
tivessem usado os Sacramentais, a Água Benta e outros, já estariam no Céu? Emprega esses meios
que Eu instituí para vós.”
10 de fevereiro. “Diz-Me ao ouvido o que queiras dizer-Me. É aí onde o Pai te ouve.” Como eu me
perguntava se seria Ele de verdade, disse-me: “O pensamento de tua indignidade te faz duvidar de que
seja Eu Quem te fala. Mas então, onde deixas a Minha Misericórdia? Tu, que gostas de ajudar ao teu
próximo, ajuda-Me, que Sou o teu Próximo mais próximo. Sim, arde de amor. Arder é uma purificação.”
11 de fevereiro. De partida para Dieppe, eu pensava: “É preciso que eu seja boa nesta viagem.
Jesus me disse: “Boa? Não é o bastante... Tens que ser muito boa.” Entre Alençon e Rouen. “A vida é
concedida a vós para que vos corrijais e volteis a corrigir. E a morte traz a última correção.” Dieppe.
“Pega o hábito de não pensar em ti, senão em Mim. Quando chegares a tê-lo, já não Me abandonarás.
Quando não tiveres nada a dizer-Me, diz-Me que não tens nada a dizer-Me, e apoia-te sobre o Meu
Coração.” Eu estava com o meu coração sobre o Seu. Disse-me: “Um pai carinhoso acompanha todas
as invenções de seu filho pequeno. Diz-Me, como esta menininha ao seu pai: ‘Vem para perto de mim.’”
17 de fevereiro. Paris. Em Nossa Senhora da Boa Nova eu estava só, na Missa. Quase no fim
outra pessoa chegou e eu Lhe disse: Sinto-Me mais forte, unida às suas orações. Respondeu-me: “Eu
também te escutava quando estavas só.” Pelos boulevares. “Nunca te excederás em amabilidade se o
fizeres por amor a Mim.”
18 de fevereiro. Na casa “Santa Rosália”. Tendo que tomar o trem para uma representação nesse
mesmo dia no Havre, eu me preocupava pelo atraso da Missa. Com uma doce censura, disse-me: “Eu
sei esperar. E tu não tens que fazer nada, além de falar Comigo...”
23 de fevereiro. Nantes. Em uma avenida, às cinco e meia da manhã, eu dizia: Jesus, estamos
sós. Corrigiu-me: “Diz ‘Meu’ Jesus. Por acaso não gostas de que Eu te chame de ‘Minha Gabrielle’?”
24 de fevereiro. Em Notre Dame. Depois da Comunhão. “Não podes viver Comigo como o teu
melhor e mais poderoso Amigo, numa grande simplicidade? Quantas oportunidades de ser gentil e
serviçal tens perdido em todas estas viagens! Tens que pensar nos detalhes da Bondade; lembra-te de
que o quanto fizeres aos outros, é a Mim que o fazes.”
25 de fevereiro. Sexta-feira. Passando em um bonde na frente da catedral, para ir representar em
Lozére, eu pensava no sacerdote que tinha me dito: “Prepare-se para receber grandes Graças durante
a Quaresma.” E Lhe pedia a Jesus através dos muros da Igreja: Senhor, Vais dar-me o Teu Coração?
Respondeu-me com vivacidade, como em um relâmpago: “Tu não o tens, já?”
Domingo de carnaval. Na igreja de Langogne, Lozère. Eu: Senhor, estou Te chamando. Ele: “E
quantas vezes tenho vindo sem que Me chamasses?”
1º de março. Terça-feira de carnaval. “O reflexo de Minha alma sobre a tua na presença do Pai é
como essas auroras boreais do Canadá, que são como que o reflexo do sol sobre os gelos polares.
Que espetáculo!”
Paris. Na estação do Norte. “É por vós que Me faço tão pequeno na Hóstia. Como se vos
dissesse: ‘Pobres pequeninos Meus’!”
6 de março. No santuário de Nossa Senhora de Liesse, Aisne. “Se isso tivesse podido ser! Como
Eu teria gostado de permanecer convosco na Hóstia, em cada uma de vossas casas!”
9 de março. Varades. “Se viveres para ti, terás só uma satisfação da Terra; mas se viveres para
Mim, terás o Céu infinito.”
10 de março. Nantes. Em Notre Dame, depois da Comunhão: Eu Lhe pedia e Lhe expressava o
meu desejo de ser o ideal que Ele pensou para mim. Disse-me: “Não embaces a Minha imagem em ti.”
E mostrou-me tudo o que devia haver em mim de Bondade, de gentilezas em meu relacionamento com
o próximo no percurso de minhas viagens.
10 de março. No campo. Eu estava com o meu pensamento no meio da Sagrada Família, com
são José, a Santíssima Mãe e o Filho Único. Disse-me com imensa ternura: “Sê a irmãzinha.”
“Não dês importância alguma às tuas impressões. Faz o que deves.”
12 de março. Montauban. Tive uma aflição depois do sucesso da representação de ontem. Disse-
me: “Isto te aconteceu para comprar o bem que ontem se fez.” Logo, passada a Comunhão, voltou a
dizer-me: “Lembra-te da parábola dos talentos que frutificam cento por um.”
16 de março. Na estação de Rennes. “Quando as pessoas agitam os seus lenços na hora da
despedida, estão contentes; assim, quando tu Me envias do fundo de teu coração um ‘Bom Dia’, Eu
também estou contente.”
17 de março. Depois da Comunhão. Eu estava, em espírito, ao pé da Cruz. Disse-me: “Como vês,
já não posso caminhar sobre a Terra com os Meus Pés, que em uma ocasião caminharam sobre as
águas. Cumpri os vossos desejos e deixo que as Minhas Veias se esvaziem de todo o Seu Sangue.
Porque coloquei toda a Minha Vontade em Sofrer.”
18 de março. No trem de Paris a Vesoul. Eu olhava um pequeno campanário no campo. Desde
ele, disse-me: “Em qualquer lugar em que te achares, estarás em tua Pátria; Eu estou e te espero em
todos os lugares.”
21 de março. Vesoul. Depois da Comunhão. Eu venerava a Sua Santa Face com uma coroa de
beijos nos buracos dos espinhos, e com um colar de desagravos e compaixão. Disse-me: “Agora presta
homenagem à Minha Vontade, à Minha Memória, ao Meu Entendimento, a tudo o que tu sabes que
pode sofrer na alma do homem. E lembra-te, sobretudo, da Minha Delicadeza, imensamente superior à
dos demais homens.”
23 de março. Le Fresne. Em uma primavera cheia de cerejeiras em flor eu plantava algumas
flores e Lhe dizia alegremente: dou-Te o meu coração com tudo o que tem dentro. Respondeu-me:
“Devolvo a ti as saudações que Me ofereces, nos mesmos termos; mas em Deus.” Com isto, quis dizer-
me que recebo mais do que dou. Em meio às árvores frutíferas cobertas de flores brancas, sobre o
Loire azul, cheio de avezinhas, eu louvava a Sua Potência. Disse-me: “Tudo o Meu é teu.” E me fez
sentir que é Seu tudo o que é de Seu Pai.
24 de março. São Gabriel. Às cinco e meia. Via Crucis: na estação em que Jesus é despojado de
Suas Vestes. Fez-me ver. “Neste momento Minha Igreja se vê despojada de seus cristãos na Rússia,
na Alemanha, no México e em outros lugares. Oferece-Me ao Pai. Oferece-Me despojado...”
26 de março. Enquanto me arrumava, eu buscava palavras afetuosas. Disse-me: “Nunca Me dirás
palavras carregadas de amor demais.” No trem para Rennes: “Mostra o que é a paz de um coração que
se apoia no Coração de seu Deus. Faz atos de confiança mais frequentemente.”
28 de março. No trem de Comburg a Nantes. Eu buscava, com a ajuda da Santíssima Virgem,
curar amorosamente as feridas de Sua Fronte. Disse-me: “É uma boa obra essa que fazes Comigo.” E
logo, referindo-Se à influência que posso ter sobre os demais, acrescentou: “Começa a semear; Eu
farei o resto. Mas... começa!”
29 de março. Le Fresne. Depois da Comunhão, eu Lhe dizia: Oferece-me ao Teu Pai. Corrigiu-me
com delicadeza: “Nosso Pai”, fazendo-me sentir que até Seu próprio Pai, Ele o comparte conosco.
1º de abril. Sexta-feira. Montmartre. “Sê a Minha pequena amiga, alegre e feliz. Fala-Me com
sorrisos. Há tantos que Me consideram como a um carrasco, como a um Juiz inexorável. Quero ser o
vosso doce e cordial Amigo. O que Eu não faria pelos que querem dar-Me o seu abandono, um
abandono como de criança!” No metrô: “Fala-Me, Fala-Me...”
4 de abril. No trem. “Tu és a Minha consagrada. Sê, então, sempre sorridente. Em uma de tuas
comédias, dizias: ‘Eu gostaria de ser vendedora de sorrisos’, lembras-te?” Em Angers. “Se não Me
escutares não poderás Me ouvir. Fica em Mim, não em ti. Eu vos tenho dado tudo o que recebi de Meu
Pai; então dá aos outros exatamente o que tenho te dado.” Eu Lhe encomendava um tesouro que
transportava. Disse-me: “É possível que, se o perdesses e te resignasses à perda por amor a Mim,
tivesses nisso um tesouro mais precioso que este.”
4 de abril. À vista de um pobre homem que dormia sobre um banco, à intempérie, eu Lhe dizia:
Tem piedade dele. Ele me respondeu: “A ti, que tens recebido tantas Graças, ser-te-á pedido mais do
que a ele. Quanto vos custa esquecer-vos totalmente de vós mesmos para lançar-vos em Mim!”
Chalons-sur-Saône. Eu fazia esforços por viver e pensar encerrada em Cristo. Ele me disse: “Tu
Me deste uma ‘procuração’ para que em tua ausência se possa abrir a tua caixa-forte; mas não há no
Mundo quem te possa tirar de Meu Coração. Somente tu mesma. Não dês importância senão ao que é
eterno.”
7 de abril. No trem de Paris a Grenoble. Uns esposos jovens conversavam carinhosamente no
carro-restaurante. Ele: “Oxalá Me falasses com a mesma alegria! É algo tão bom e tão simples... As
Graças concedidas a outros Santos, como a Santa Teresa, não esgotaram os Meus Recursos; estou
sempre pronto a dá-las, e ainda maiores.” Veynes, no trem. Eu me desculpava pela estreiteza de meus
pensamentos e de minhas pobres vontades. Disse-me: “Mas, se não és mais que uma menina...”
Diante dos Alpes altíssimos, cobertos de neve lá em cima, e cheios embaixo de rosa cor de pêssego,
eu adorava a Força e a Doçura. O convidava a descer a estas regiões selvagens, e para que o gelo
não esfriasse os Seus Pés, eu me punha como um tapete protetor. Disse-me: “Que a tua vida se
consagre, de agora em diante, a encantar-Me, e verás como se transforma. Agradar-Me. Viver para
Mim. Este é o verdadeiro sentido do ser.”
10 de abril. Arvieux. “No Purgatório será o reino da Justiça; mas enquanto estás sobre a Terra,
vives sob o sinal da Misericórdia. Aproveita-A.”
12 de abril. Em Marselha, a bordo do U.S.O., eu contemplava toda a atividade que havia para a
partida do barco. Jesus me disse: “O que Eu contemplo são os movimentos de amor de Meus fiéis
sobre a Terra.”
Quando eu olhava a última tábua que se colocou para separar o barco do pier, pensava na morte.
Ele me disse: “Não temas. Eu estarei ao teu lado.”
12 de abril. Marselha. Partida a bordo do “Ville d’Oran”. A orquestra toca “Os Saltimbancos”.
Jesus me disse: “É para ti. Então recordei que eu me chamava “A Comediante de Frios”.
Argel. 14 de abril. Quinta-feira Santa. Eu pensava na fortuna de Roma, que possui a Mesa da
Última Ceia. Ele me disse: “Tens coisa melhor no Santo Tabernáculo.”
No deserto, à vista de uma miragem, eu Lhe dizia: “Pode ser que por acaso, o que eu vejo de Ti
seja um miragem?” Ele me respondeu: “Busca, antes de mais nada, a Verdade.”
O Golea. Sobre o túmulo de Carlos de Foucauld, eu pedia a Jesus uma parte das Graças que
tinha concedido a ele. Ele me disse: “Dar-te-ei outras que sejam mais apropriadas ao que pretendo de
ti.”
Tirlempt. “Desaparece em Mim. Eu aparecerei em ti.”
No deserto. Eu olhava as areias, os inumeráveis e quase invisíveis grãos. Ele: “Eu tenho para ti e
para todos os teus momentos, inumeráveis Bondades que tu não vês.”
Túnez. Igreja do Sagrado Coração. Eu recitava o Pai-Nosso depois de Comungar. “Que maravilha
quando puderes dizer: ‘O Teu Reino chegou!’ E quando fazes o sinal da Cruz, envolvo-te de cima a
baixo em todo o teu comprimento.”
16 de abril. De carro pelo deserto, de Laghoua a Gardhia. Uma mulher jovem punha a sua filhinha
sobre as costas de seu marido. Então, em espírito, apoiei a minha cabeça sobre o Ombro de Jesus.
Disse-me: “Considera se um homem possa amar tanto...” Fez-me pensar na Chaga de Seu Ombro
dilacerado pelo peso da Cruz.
17 de abril. Páscoa. Gardhaia. “Nesta manhã te dei o Meu Corpo em alimento. Quando chegar a
tua hora de comer, pensa em Meu Jejum no deserto, e convida-Me.” Com os Padres Brancos. “Pede-
Me todo o tipo de Graças. Não penses nunca que algo é impossível, que há algo que Eu não queira
conceder-te. Apóia a tua cabeça em Meu Ombro de Ressuscitado.”
19 de abril. No deserto, rumo ao Golea. “Semeia aqui muitos ‘Gloria Patri et Filio et Spiritui
Sancto’, para que estes lugares sejam santificados em louvor do Pai, do ‘Nosso Pai’.”
21 de abril. Às seis da manhã, no carro: “Quantos meios de santificação tens em tuas viagens!”
Saara. “O Meu Amor tem as suas horas de descanso e as suas horas de trabalho. Mas tudo é Amor.
Peço-te que sejas doçura para todos os demais.” Oásis de Retiene. Eu via uma viajante que trocava de
interlocutor de acordo com as informações que queria obter. Disse-me: “Eu posso dar-te TUDO. Faz a
cada dia um pequeno esforço de heroísmo de amor. Alcança-Me.”
23 de abril. Leghouat. Na igreja dos Padres Brancos, às cinco e vinte da manhã, depois da
Comunhão. “Em Meu Amor tu começas; Eu continuarei.” No deserto, Qued Ouaouseur. “Pede-Me o
gosto da Eternidade. Lembra-te de que quando eras pequena disseste-Me uma vez: ‘Senhor, se
alguma vez houver algo de bom em mim, faz com que não se veja e eu não o saiba.’ Lembras-te?”
24 de abril. Em Argel, N.S. de África, antes da Comunhão. “Entra em Mim antes de passar ao
outro Mundo.” Quando eu orava por uma conversão: “Convida a Minha Mãe para que passe o dia com
ele.” E quando eu Lhe agradecia, disse-me: “Não tenho por acaso que pagar os honorários de Minha
comediante?”
25 de abril. N.S. de África. Antes da procissão de São Marcos notei que as religiosas levavam um
anel no dedo, e eu me perguntava se não seria bom que eu as imitasse. Disse-me com intensidade:
“Eu te formei toda inteira, não somente um dedo.” E me fez recordar a Sua Proteção de todos os
momentos. Argel. Em Constantine, enquanto eu levantava as minhas pesadas malas na rede, disse-
me: “Carreguemos a Nossa Cruz, ambos.”
26 de abril. No trem de Constantine a Túnez, uns trabalhadores falavam duramente de seus
patrões; eu lhes disse que todos precisamos uns dos outros; que se nos amássemos, tudo ficaria
simples e bom. Com isto ficaram suaves e amáveis. À tarde, Jesus me disse: “Fizeste bem em falar
com eles.”
28 de abril. Na catedral de Túnez, quando se extinguiam a voz do órgão e os castiçais, disse-me:
“Eu fico sempre para ti.”
29 de abril. Cartago. Pensando nas lágrimas de Santa Mônica, eu estava em espírito no Coração
de Jesus, e me perguntava como poderia ter tempo para estar perto, também, da Santíssima Virgem.
Disse-me: “Basta que permaneças no Coração que se formou no Seio de Minha Mãe.” Na praça de
Sidi-abd-el Azis. “Que o teu exterior alegre não te abandone, porque estás ao Meu Serviço.”
2 de maio. Túnez. “Fazer o bem é propagar-Me. O Bem Sou Eu. Eu Me ocupo de cada alma como
se fosse a única no Mundo.”
2 de maio. Túnez. “A Minha Mãe vivia só para Deus. Não tinha nenhum egoísmo, não olhava a Si
mesma. Respondia com inteira exatidão à finalidade que se propôs o Criador ao fazer a Sua Criatura.
Imita-A.”
Túnez. Vieram buscar o Sr. Pe. Uma mulher vinha devolver sete Hóstias que tinha posto em seu
livro depois de Comungar. Ele me disse: “Desagrava.”
Bab-Souika. Uma mulher indígena me importunava na rua com a sua conversa. Ele: “Sê paciente
com os pequenos. Quando tu falas com Deus não Lhe dizes coisas muito interessantes e, no entanto,
Ele te escuta com Bondade.”
4 de maio. Eu me humilhava em ser tão pouca coisa. Ele: “Com isto podes crer que Me glorificas.
Reparar é mais fácil do que pensas; mas há que fazê-lo. Começa a fazê-lo.”
6 de maio. Túnez. Distraída pela gente que entrava na igreja, eu tomava, em espírito, a Sua Mão,
para que fechasse as minhas pálpebras. Disse-me: “Olha o teu interior; ali está o Reino de Deus.”
9 de maio. De Túnez a Constantine, olhava os milhares de flores que enfeitavam os prados.
Disse-me: “Multiplica a cada dia os teus atos de amor para alegrar-Me o Olhar.”
10 de maio. Na catedral de Constantine. Depois da Comunhão. “As Minhas alegrias são estar com
os filhos dos homens.” No trem de Constantine a Setif eu olhava as montanhas vaporosas que
pareciam tocar a nuvem. Ele: “Um dia virá para ti em que a Terra tocará o Céu.” De Setif a Argel eu
expunha a minha alma diante Dele, como uma página em branco. Disse-me: “Nela Eu escreverei as
Minhas Misericórdias.” No vagão eu tinha começado a discutir com uma dama que tinha tomado o meu
lugar, quando Ele me disse: “Sê benévola para com os outros.” Eu me perguntei então como poderia
salvar a situação, quando a bagagem dela caiu. Ajudei-a com ela e ficamos tão boas amigas, que ela
me levou uma mala à estação de Argel.
11 de maio. Argel. Em N. S. África. Depois da Comunhão. “Eu Sou o Coração Vivente.” Na Via
Crucis, na estação de despojamento: “Examina bem as tuas palavras. Busca a pobreza de ti mesma.”
Logo, depois de um pequeno sofrimento: “É preciso que tenhas algo no qual Eu Me reconheça.” Na
hora do desjejum, em uma sala de jantar que estava ao lado de uma capela, separadas por uma
parede, disse-me: “Crês a fundo em Mim? Nunca te queixes diante dos outros nem diante de ti
mesma.”
14 de maio. Diante dos ramalhetes de flores que enfeitavam o altar de N.S. de África, para a
exposição do Santíssimo Sacramento: “Isto não vale uma alma. ‘Acompanha, qual irmã, a minha Mãe’.
Varia as apelações, para estimular o teu carinho.” Isto mo dizia pela lembrança que tive de minha
querida irmã C.. Via Crucis no parque de N.S. de África, sobre o mar. “Oferece-Me ao Pai em tua
morte.” Eu fazia o sinal da Cruz sobre a Sua Cabeça, Seu Peito e Seus Ombros. Disse-me: “Esta Cruz
torna mais leve a Minha Cruz.” Em Argel, antes de abordar o barco “El Kantara” para Port-Vendres:
“Leva-Me contigo!”
19 de maio. A bordo. “Estar ‘em estado de Graça’ é estar ‘em estado de Cristo’.”
20 de maio. No trem de Bordeaux-Nantes. “Quando Me buscas, encontras-Me. Quando pequena
tinhas muita alegria quando estavas nos braços de tua babá. Eu tenho grande desejo do calor de
vossos corações.”
21 de maio. Nantes, de volta a casa. “Que se possa julgar a tua alma pela ordem de tua casa.”
22 de maio. Le Fresne. “Desagrava pelas injúrias que se fazem ao Meu Corpo sacrificado.” Mais
tarde, de Le Fresne a Paris: “Por que não haverias de dar-Me as viagens que desejo se Eu te dou o
dinheiro necessário?”
24 de maio. Argel. Na igreja de N.S. de África. “Eu prefiro que não Me digas nada, do que Me
digas algo que não pensares.”
25 de maio. Nantes, em casa. “Segue o Congresso de Budapest em Meu Coração Eucarístico. Tu
querias vir a Mim, mas serei Eu que irei a ti.”
28 de maio. Retorno ao campo, na França. Eu havia omitido o meu tempo de descanso diante de
Deus. Ele: “Por que Me privas desse momento de intimidade? Tens muita pressa? Mas, há algo que
possa comparar-se a uns poucos quinze minutos sobre o Meu Coração?”
Em meu aposento. “Quando puderes não aparecer em público, não o faças. Esconde-te.
Esconde-te em Mim. Que o teu amor seja sempre jovem e invente para Mim coisas novas, como algo
que amanhece.”
Eu pensava na morte e me perguntava. Como vou fazer? Serei sequer capaz de dizer ‘Bom dia’
ao meu Deus? Ele, com vivacidade: “Serei Eu Quem te dará o ‘Bom dia’.”
30 de maio. “Que feliz eras quando podias dar a um ser querido um dia inteiro de intimidade! Dá-
Me, com maior alegria ainda, as tuas solidões. “Olha o Meu Sangue. Nada fora de Mim. Habita na
Mansão de teu Senhor, de teu Esposo (Seu Coração). Crês realmente Nele? Pede-Me Amor, pois ardo
no desejo de dá-Lo a vós.”
7 de junho. “Quando tu Me falas, Eu te respondo: mas nem sempre ouves sensivelmente a Minha
Resposta.” A propósito de um empréstimo. “Entra na Bondade de teu Deus.”
8 de junho. Eu pedia à Santíssima Virgem uma conversão. Ele me disse: “Uma alma custa caro. É
necessário o tempo, os sacrifícios. Sofre por ela. Une os teus sofrimentos aos Meus, para melhor
agradar ao Pai.”
10 de junho. Aniversário de minha Primeira Comunhão, diante de umas rosas esplêndidas: “Isto é
para ti. Para que Me ames ainda mais.” Logo, aludindo a certas rosas que encolhem as suas pétalas
quando o sol se põe, disse-me depois da Comunhão: “Fecha-te sobre Mim.” Versalhes. “Rouba-Me por
amor. Rouba os Meus Méritos. Pede, pois Eu tenho mais urgência em dar, do que tu em receber.” Esta
noite acordei bruscamente por um só momento em que beijei espiritualmente duas Mãos: A de meu
Senhor e a da Santíssima Virgem. E ouvi: “O teu trabalho? Está em teu caminho de amor.”
12 de junho. Versalhes. “Exercita a tua virtude preferida. Lembra-te de que a tua força está em tua
alegria, e que a tua alegria Sou Eu. Quando vires nos sacerdotes algo repreensível, em vez de
começar a criticá-los, pergunta-te: ‘Tenho orado por eles?’ Deixa-te a ti mesma. Abandona a direção.
Perde a tua alma na Minha. Por que queres fazer tudo? Deixa-Me trabalhar em ti, confia em Mim.
Deixa-te ir como à deriva na corrente de Minha Ação.”
13 de junho. Paris, no metrô. Eu: Senhor, eu te amaria mais dando o meu sangue? Ele: “Ama-Me
com o que te dou a cada dia. Cada dia!”
14 de junho. Le Fresne. “Conversa Comigo. Não há para Mim outra oração mais doce.”
15 de junho. Quando eu mortificava o meu corpo, pensando na hora de Sua Flagelação, disse-
me: “Une-te. Entra em Meu Sofrimento com muito amor. O amor é o que importa.” Depois de uma obra
de Caridade, disse-Lhe: Senhor, dá-me a Tua Bondade, pois a minha não é suficiente. Respondeu-me:
“Toma-A toda. Porque, filha, podes crêr-Me se te digo que, só por ti, Eu teria vindo à Terra para Sofrer e
Morrer.” (Isto o disse com imensa Ternura).
16 de junho. Eu me dispunha a dormir no chão e Lhe disse: Senhor, vem aqui. Respondeu-Me:
“Estou muito mais perto que perto de ti: Estou em ti e tu estás em Mim.” Senhor, tenho dormido no
chão, como tu dormias; mas não passei noites inteiras acordada, como Tu o fazias. Respondeu-me:
“Mas Eu velei por ti.”
17 de junho. Durante o meu tempo de descanso disse-me: “Não é certo que a esposa acaba
assemelhando-se ao seu Esposo por passar tanto tempo com Ele? E o esposo se sente feliz de ver
nela esta semelhança. Toma a Minha Graça. Toma o Meu Encanto e passa-O aos outros. Diz-Me ‘Bom
dia’ a cada despertar, como se tivesses chegado ao Céu. Lembrar-te-ás de que no dia de tua Primeira
Comunhão não te atrevias a mover-te, tanta era a segurança de que Eu estava em teu corpo. Sim, aqui
Estou.”
18 de junho. Após um dia inteiro passado recebendo gente e falando, eu Lhe dizia: “É Piedade
tudo isto?” Ele me respondeu: “Por acaso não Me aconteceu o mesmo durante a Minha Vida pública?!
Não te inquietes. Eu entendo.”
Enquanto eu preparava umas flores na varanda para receber a uma amiga. “Lembra-te de Meu
Trabalho diário em Nazaré. Eu não fazia outra coisa senão orar. E logo, as Minhas viagens; mas tudo
acontecia em Meu Pai. Permanece em Mim e estarás Nele.”
20 de junho. “Não sejas amável por mero amor à amabilidade. Sê amável para deixar-Me
contente.”
20 de junho. Depois da Comunhão. “Meu Pai e Eu Somos Um. Lembras-te da angústia que havia
nos gritos de X. quando via o seu pai afogar-se? Imagina então, se puderes, qual será a Minha Agonia
diante da perda das almas de Meus filhos!”
21 de junho. Depois da Comunhão. “Aqui estou, indubitavelmente para receber as vossas
homenagens, mas acima de tudo e antes de tudo, para servir-vos. Serve-te de Mim! Que todos se
sirvam! E aos teus próximos, fala-lhes como crês que eu falaria. À jaculatória ‘Sagrado Coração de
Jesus, tem piedade de nós’, concedo-lhe Graças maiores quando Me é dita como um suspiro de amor
em vez de uma longa oração sem devoção.” Enquanto eu agradecia pelos passarinhos que cantam
neste dia, pelo céu azul, pelo Loire e as flores, disse-me: “Agradeces o Meu sol, e fazes bem. Mas
deves agradecer-Me igualmente as Graças pelos dias maus, pois tudo vem de Minha Providência. Ora
com toda a tua vontade de orar bem; eu farei o que tu não puderes.”
23 de junho. Com um tom de desamparo, disse-me: “Não Me deixes só!”
Eu Lhe agradecia por todas as Hóstias que recebi desde a minha Primeira Comunhão. Ele me
disse: “Tens todas contigo! Uma Hóstia recebida é eternamente dada. É isto o que faz o Tesouro dos
eleitos.”
“Eu vivo em uma eterna Agonia de sede pelas almas. Tira-Me a sede.”
Durante a procissão com o Santíssimo Sacramento eu Lhe pedia isto ou aquilo. Ele: “Não Me
permitirás escolher por Mim mesmo a vida que te convém? Não vês que já a fiz sob medida para ti?”
Contra as distrações depois de Comungar. “Para que Eu te fale em tua casa é preciso que estejas
aí.”
24 de junho. Festa do Sagrado Coração. “Todo o Meu é teu; que todo o teu seja Meu. E diz-Me
isso com frequência.” O trançado da coroa de espinhos. “A parte interior da coroa penetrou em Minha
Cabeça; apóia-te na parte de fora para consolar-Me. E consola-Me em teu próximo; tem a preocupação
pelos pecadores e atende-os por Mim. Considera o Meu Coração; só tem palpitações de Amor e
palpitações de Dor pelo desejo de ser amado por vós. Ajuda-Me.” Eu: O que posso fazer, Senhor? Ele:
“Oferece através de Mim tudo o que tens, por sua Salvação. Esquece os pequenos cuidados da Terra e
entra nos grandes interesses do Céu de Deus. Se pudesses compreender o que é o Céu, nenhuma
outra coisa te importaria além da Salvação das almas.”
26 de junho. Nantes. Festa de Corpus, em Notre Dame. O Santíssimo Sacramento, sob o palio,
esperava a saída da procissão. Havia pouca gente na igreja; a multidão estava na praça e os meninos
do coro, bem alinhados. Ao vê-Lo sair de Sua Prisão-Tabernáculo, eu Lhe dizia: Estás contente,
Senhor? E Ele, mostrando-me a multidão, disse-me com um tom de infinita ternura: “Esses são os
Meus filhos.” Impossível expressar a doçura com a qual disse isso, a tristeza pelos que não tinham
vindo, o encanto e como que um agradecimento pelos fiéis. Tudo era tão simples!
27 de junho. Igreja de Fresne. “Manifesta, primeiro em teu rosto, o encanto amável que queiras
pôr em tuas palavras.” Ao deixá-Lo, dizia-Lhe: Adeus, meu Jesus de Budapest! (pelo Congresso
Eucarístico). Desde o Tabernáculo, respondeu-me: “Sou o mesmo.” No meu aposento: “Se andasses a
cada dia mais um passo... e um passo a mais para perto de Mim...”
27 de junho. Cinco e quarenta e cinco da manhã, na avenida solitária. “Diz-Me que hoje farás
mais do que ontem em desagravo.” E logo, num tempo de descanso: “Tens trabalhado na Redenção?
O trabalho na Redenção é a medida da santidade.”
29 de junho. Depois da Comunhão, em N.S., pensando na festa, para breve, do Coração
Eucarístico, eu dizia: Toma-me em Teu Coração. Ele me respondeu: “Não sabes, por acaso, que já faz
muito tempo que estás Nele?” Eu considerava a pobreza de meus sentimentos. Ele: “Dá-Me tudo o que
puderes. Isso até o final. Propõe-te não guardar nada do que tens, para ti. Dá-Me tudo, inclusive as
tuas faltas. E Eu tomo também os teus esforços pela virtude.” Eu pensava: O que é que estou fazendo
sobre a Terra? Ele: “Mas, quem Me chamaria pelo nome de ‘Meu Jesus querido’ se tu não estivesses
aqui?”
30 de junho. Festa do Coração Eucarístico. “Lembras-te de Jó? Que potência de amor tinha! E de
Eltt... e de J? Pois bem, pensa que a Potência de Meu Coração as ultrapassa com a distância que há
entre Deus e o homem. Eu amo como nenhuma criatura é capaz de amar.”
Diante de um senhor muito grande e uma dama muito pequena, que conversavam. “Eu também
Me inclino.”
Pelos meus inumeráveis defeitos eu pensava: Nunca poderei me corrigir. Ele me disse: “Tu não
chegarás nunca, mas ‘nós dois’, sim.”
Eu: Amor meu, quando nos veremos? Tu me vês, mas eu não Te vejo. Ele: “Não, mas age como
se Me visses.”
1º de julho. Sexta-feira. Eu pensava em Seu Sangue, e tentava cobrir com Ele todas as feridas de
minha alma, como em uma transfusão, e Lhe dizia: Senhor, com isto faço dano aos outros?
Respondeu-me: “Há para todos, para todos os que a desejarem. Não descuides nada que possa
aproximar-te de Mim. O tempo de que dispões é tão curto!”
2 de julho. Via Crucis. Estação do encontro com a Sua Mãe. “Quando Ela Me abraçou, manchou-
Se com o Meu Sangue. Pede-Lhe essas gotas para a conversão. Não busques nunca as recompensas
da Terra; são muito pouco.”
2 de julho. Depois da Comunhão. “Nada para ti, tudo para Mim e nada sem Mim.”
Depois da Comunhão. “Se tivesses recebido ao teu priminho ontem, como terias Me recebido com
14 anos, teria sido muito melhor. Enxerga-Me em tudo.”
3 de julho. Le Fresne. Eu me lembrava de minhas dissipações e conversas durante o Santo
Sacrifício. “Como foi possível que tu risses quando o teu Esposo estava coberto com o Seu próprio
Sangue?” (Em memória do Calvário). Olhando os belos ornamentos bordados de ouro, eu pensava:
Este povo pequeno vale mais do que muitas cidades. Ele, com ternura: “Sim, porque te tenho.” Na hora
da Elevação tive o sentimento de que me tomava a cabeça com Suas duas Mãos e a apoiava sobre o
Seu Coração. Ação: “Quando a esposa, para honrar ao Seu Esposo, assume mil afazeres com a casa,
Ele fica tão contente, pois é como se ela houvesse ficado apoiada em Seu Ombro em contemplação.”
14 de julho. Bretanha. “Se pudesses visitar todos os lugares da Terra, a tua primeira pergunta em
cada lugar deveria ser: ‘Aqui vos amais uns aos outros?’”
Saindo de viagem às seis da manhã, estava impaciente porque a empregada não me servia o
café. “O Mérito não está em ser amável com as pessoas amáveis, mas em sê-lo para com as que não o
são...”
“A oração é como um farol giratório que chega muito longe.” Uns viajantes não sabiam o que
fazer. Ele me disse: “Que gostes de servir. Lembra-te de que Eu lavei os pés de Meus discípulos. Eu os
consolava e curava.”
Em Gien. “O desejo de não ir ao Purgatório para poder ver-Me mais rápido é um desejo que Me
honra e Me alegra.”
No meio da sufocação de um vagão de trem super-aquecido: “Diz-Me: ‘O que importa que a sede
me atormente! Que importa o peso da bagagem... contanto que as almas se salvem e que as Missões
prosperem e que chegue finalmente o Reino de Deus!’ “
Chambéry, em uma pequena igreja colada ao morro. “Honra o Meu Rosto Vivo. Os Meus Olhos,
que viram os instrumentos da tortura; os Meus Ouvidos, que ouviram as injúrias e os insultos; o Meu
Nariz, que sentiu o cheiro dos escarros; os Meus Lábios, que absorveram o fel; as Minhas Bochechas
inchadas e maltratadas. Todo o Meu rosto desfigurado.”
Depois de uma caminhada que fiz por Ele. “Vem agora Comigo a um lugar afastado...
Descansemos.”
15 de julho. Bretanha. Penestin. Eu Lhe manifestava a minha tristeza por achar-me longe de uma
igreja. Ele: “Lembra-te de que estou em teu coração.” Olhando o mar. “A Minha Bondade tem maior
imensidão do que esta. Desafio-te a achar-Lhe limites.”
11 de julho. Uma tarde, em Le Croisic. “O sono é a imagem da morte. Adormece sempre em Meus
Braços, e assim aprenderás a morrer.”
17 de julho. “Exercita-te em não pecar com as palavras.” Logo, no carro que vai de Croisic a
Nantes. “Que a finalidade de todos os teus dias seja a de dar alegria.”
19 de julho. Le Fresne. Como eu me inquietava por vários Favores, disse-me: “Deixa-Me trabalhar
e deixa-te fazer.” Logo, eu honrava com o pensamento os Seus Olhos, que choraram. Ele: “Crês que
não é nada para Mim se tu Me amas?”
20 de julho. Na Missa. “Que unir-te a Mim seja toda a tua atividade; Eu trabalharei em ti. Acha os
meios de escutar-Me.” O pensamento de Seu Amor me oprimia. E se o meu coração se metesse em
Teu Peito? Ele: “Nossos dois corações voltariam ao teu. Vive-Me; Eu te viverei.”
22 de julho. Sobre a varanda. “Põe a Minha Suavidade Em tuas cartas.” À tarde uns meninos
passavam diante de mim em suas bicicletas. Eu ia sozinha ao cemitério e no caminho junto ao Loire,
dizia-Lhe: Senhor, em espírito, posso pôr a minha cabeça sobre o Teu Coração? Ele: “Claro! Ninguém
nos vê.” E a Sua Voz tinha uma indizível Ternura.
23 de julho. Via Crucis. “Imediatamente depois do encontro com a Minha Mãe veio-Me outro
socorro: Simão, o Cireneu. Acude a Ela.”
24 de julho. Depois da Comunhão estava distraída. “Hoje Me dedicaste um olhar, sequer?” Mais
tarde, eu estava perdida em mil pequenos cuidados. Disse-me: “Não te seria muito mais ‘descansado’
pensar em Mim?”
29 de julho. Rennes. “Dá-Me pequenas coisas.”
Agosto. No campo. “Se pensasses que, quando recebes convidados, o teu Esposo está contigo
para recebê-las, não dirias tantas frivolidades.”
3 de agosto. “Participa da alegria de teu Senhor. Irradia a Alegria do Céu.”
7 de agosto, no trem. “Fala com os teus companheiros de viagem para manifestar-lhes uma boa
amizade; mas logo entra de novo em teu interior. Quando vires que escorregaste em alguma falta,
como poderia ser um excesso, um exagero na linguagem, põe imediatamente nas Mãos de Minha Mãe
três Ave-Marias, rogando-Lhe que as ofereça a Mim como reparação.” Eu saía de Le Fresne. “Os
antigos monges deixavam de vez em quando a sua Tebaida para sair e pregar. Tudo o que fizeres, que
seja cantando ao Pai, que é a Vida.” Malesherbes. Loirel. Eu pensava na princesa de X., que estava
presente. Ele: “Ocupa-te, sobretudo, dos Grandes que estão no Céu.”
8 de agosto. “Que a tua virtude se traduza em atos de Caridade. A Caridade assume tantas
formas! Conheces a Bondade de Minha Mãe? Então, considera qual será a Bondade de Deus, que fez
a Bondade de Minha Mãe.” Briare. “Não percas de vista as Minhas intenções.” (A Salvação das almas).
“E pede-Me que compartilhe os instantes de tua vida.”
13 de agosto. Em Annonay. Ardèche. Depois da Comunhão. “Humildade. Repete Comigo: ‘O Pai
tem me dado tudo!’”
14 de agosto. Ambérieu. “Sê semelhante a Mim. Sereis julgados de acordo com esta semelhança
Comigo. Olha e compara. Humilha-te.”
15 de agosto. “Eu dou a cada alma a vida que melhor pode conduzi-la a Mim.”
17 de agosto. Desde a igreja da Clayette, que eu via desde o trem, disse-me: “Eu Sou sempre o
menor. Uma ação sem intenção seria como um corpo sem alma. Entendes? Um cadáver...”
19 de agosto. Le Fresne. “Vigia o teu pensamento. Porque o teu pensamento precede a ação e a
palavra. Coloca-o constantemente em Mim. Pensa em Minha Mãe, que pensava sempre em Deus.
Temer e confiar-se; humildade e amor.”
22 de agosto. Na visita ao Santíssimo Sacramento: “Sê fiel.” E na recitação da Via Crucis:
“Acompanha-Me!”
23 de agosto. Eu beijava, em espírito, a Chaga de Seu Lado. Disse-me: “Pede à Minha Mãe que
acompanhe cada um de teus beijos. Como poderia Eu falar-te, se tu não usas os meios para recordar
as Minhas Palavras?” Ao entrar na igreja: “Aqui estás em tua casa.”
24 de agosto. Quando eu rezava o Pai-Nosso: “Considera como tudo está incluso na Minha
oração do Pater: Deus, tu e os outros.” Eu dizia: Que neste momento a Terra inteira tenha um só grito
de Glória para Ti, Senhor. Respondeu-me: “Volta a repeti-lo, mas com mais amor ainda. Crê em Meu
Poder. Deixa que se note a alegria e a paz de teu coração.”
28 de agosto. Na Elevação, na Missa Maior: “Esvazia-te de ti mesma e então Eu te preencherei.
Dar-te-ei o Meu Olhar, para que vejas com ele.” Eu me deitava no chão, para dormir. Disse-me: “Tu és
o Meu Corpo.” Logo, eu apressava na igreja a minha oração para terminar uma decoração do altar.
Disse-me: “Pensas por acaso que Eu prefira todas estas rosas que estás preparando mais do que aos
teus carinhosos momentos de adoração? Ora mais e com mais amor. E não te preocupes com o
número.”
2 de setembro. Esta noite: “Ao começar as tuas ações põe-te em Minha Presença, dizendo-Me:
‘Aqui está Jesus’. E ao terminá-las faz um ato de amor: ‘Jesus meu, amo-Te’.” E logo, como eu
lamentava a insuficiência de todas as coisas daqui debaixo, disse-me: “Não estás no Céu, mas na
Terra.”
4 de setembro. Le Fresne. Eu Lhe agradecia por Seu sol maravilhoso. Disse-me: “Eu criaria uma
atmosfera como esta só para ter a alegria de teus agradecimentos.”
8 de setembro. Disse-me com um tom cheio de Amor: “Entra nas Chagas de Minhas Mãos. Se
ferisses ao teu próximo, feririas-Me. Suportarias por acaso rasgar o Meu Corpo?” Depois da Comunhão
pedia-Lhe que me livrasse de minhas instabilidades e desânimos. Ele: “Terás que combater enquanto
viveres sobre a Terra. Estás na Igreja Militante.”
9 de setembro. “Busca, busca o que nunca passa. ‘O pão nosso de cada dia nos dai hoje’ significa
que deves pedir a cada dia, e que a cada dia o Pai Se ocupa de ti.”
11 de setembro. Na hora da Missa, como eu não via atrás do altar senão o Santíssimo
Sacramento exposto, dizia: Senhor, faz-me sentir sempre a Tua Presença como a sinto agora.
Respondeu-me: “E também mais.” Eu rogava pela paz na Europa. Disse-me: “Tudo resultará em
vantagens para os Meus cristãos.”
11 de setembro. Em Charente. “Se Eu te dou alegria é para que a comuniques aos demais. Com
o encanto que Eu poria nisso.”
Vervins. “Tu encontras em teus próximos, prolongamentos de Verdade, de Bondade e de Beleza;
mas a Fonte primeira de tudo isso Sou Eu.”
17 de setembro. “Às vezes crio situações angustiosas para pôr à prova a tua confiança. Dá-Me a
tua, e com frequência. Sê o que deve ser uma esposa Minha, em todas as atitudes. Salva como Eu
salvo. Ajuda. Consola.” Em Bourgues. “Que haja sempre ternura em tua oração. Esta intenção de
ternura a levarei em conta ainda em meio às tuas distrações. Que aconteceria se Eu apenas vos desse
o mesmo que Me dais? Mas tenho Misericórdia. Escuta o canto de Meu Coração. Far-te-á companhia.”
19 de setembro. De Bourgues a Le Fresne. Depois da bela representação de “A Pequena
Veladora de Quatro Centavos”, presidida por Mons. Fillon, o arcebispo: “Glória ao Pai... Não a ti.”
23 de setembro. Estação de Nantes, saindo para Cambourg. “Meus Cristos! Que os Meus cristãos
orem uns pelos outros como Eu orei por eles.”
23 de setembro. Em Calvi (Córsega), na pequena igreja da cidadela, perto da casa de Cristóvão
Colombo, em ruínas. Eu estava só, na nave desmantelada. “Aqui está a Minha pequena filhinha. Faz-
Me companhia.”
Bastia. “Diz-Me a cada dia que queres ser melhor do que ontem. E tenta prever as ocasiões.”
Bastia. Tentação de deixar tudo e voltar para casa. “Por acaso os Meus Apóstolos voltaram à sua
casa para dedicar-se à contemplação?”
24 de setembro. Cambourg. Ele: “Vive em Minha Presença simplesmente e sem esforço. Diz isso
ao Mundo e repete-lhe o Meu Amor. Dá-Me a tua morte desde agora para a conversão dos pecadores;
como Eu. Não temas; ver-se-á claramente que se te falo não é por teus Méritos, mas por uma
necessidade de Minha Misericórdia. Olha todas as coisas através de Mim, por Meus Interesses. E vive
mais intensamente Comigo: viverás melhor. Eu Sou o teu Companheiro.”
27 de setembro. “Se trocasses os pensamentos preocupados por pensamentos de amor para
Mim, não crês que isso ser-te-ia mais útil e que no final serias mais feliz?”
“Com os demais tu podes falar pensando em outra coisa; mas Comigo não.”
“Não terias Mérito algum em amar-Me se Me visses...”
Lendo, nas revelações feitas a Anna Catharina Emmerich, que Jesus tinha caído sete vezes em
Seu caminho ao Calvário; eu me dizia: Por que o Senhor terá querido dizer-nos tudo isto em Seu
Evangelho? Ele me respondeu: “Não por isso os homens teriam Me amado mais...”
“Os que são os Meus íntimos na Terra, o serão também no Céu.”
Lozera. No Grand Hotel eu pensava nas mulheres que lavam a louça. Ele me disse: “Não
terminas de entender que qualquer coisa pode fazer-se por Meu Amor? Eu não vejo entre essas coisas
a diferença que tu pões nelas. O que levo em consideração são os diferentes graus do amor.”
Lyon. “Tu podes, a cada minuto, salvar milhares de almas! Pensa nisso. Pede-o. Ama.”
“O que te recomendo é o momento presente, o teu dever de estado.”
Marseille. “Apaga-te de teus próprios pensamentos.”
30 de setembro. Le Fresne. Dia de paz depois do pesadelo da possível guerra. Eu Lhe dizia: O
que fazer para agradecer-Te por esta Graça tão grande? Ele: “Agradecer com amor. Ora para que Me
agradeçam. Lembra-te de que um só leproso, entre dez, Me agradeceu. Os outros nove simplesmente
foram embora...” E como eu pensava no ateísmo de Hitler, disse-me: “Tens orado por ele?”
2 de outubro. Le Fresne. Ao sair o sol, disse-me: “Deste-Me tanta alegria ontem à tarde!” Então
lembrei que, em agradecimento pela paz, eu tinha adormecido no seio da Sagrada Família em um
intenso pensamento.
3 de outubro. “Agora que compreendeste o que é a vida em Mim, vigia para ver se pões a Minha
Suavidade em teus relacionamentos com o próximo. Lembra-te de que o teu próximo Sou ‘Eu’. “Dá-Me
tudo. A vida está feita de coisas muito pequenas. Se Eu, por exemplo, tirasse de ti este pequeno
sofrimento, já não poderias voltar a oferecer-Mo.”
4 de outubro. Festa de São Francisco. “Não sejas a Minha escrava: o Meu serviço é todo de
Amor.” Eu percebia que o anúncio da paz tinha sido em 30 de setembro, aniversário da morte da Santa
Teresinha. Jesus me disse: “Os que são muito pequenos têm grande poder sobre o Meu Coração. E
acima de tudo, têm confiança. Quando tiveres uma preocupação por algo em que te seja impossível a
solução, pensa que Eu o consertarei, e entra em Minha Paz.”
6 de outubro. Ao repetir uma oração eu pensava: Agora vou poder te entediar, Senhor. Disse-me:
“Uma oração não pode cansar-Me. Sou sensível a todo sinal de afeto.” Eu ia assumir de novo a minha
vida comum e Lhe dizia: Que outra coisa posso fazer por Ti? Disse-me: “Dá-Me mais de ti mesma. Mais
Fé, mais Esperança, mais Amor.” E logo, em um tempo de descanso: “Quando contemplares, passa
inteira dentro de Mim, sem lembrar-te nada de ti mesma. Amo-vos tanto!”
7 de outubro. “Sabes o que é uma presença? Vive, pois, em Minha Presença. Em todos os
lugares.”
8 de outubro. Em Saint-Jean-d’Angely. “Ainda nos mistérios gozosos a Minha Mãe sempre teve
sofrimentos e sacrifícios. Que em todos os teus desfrutes haja sempre uma parte para Mim.”
11 de outubro. Festa da Maternidade da Santíssima Virgem Maria. “Ela é Mãe não somente
Minha, mas também tua. Durante todo o dia chama-a ‘Mãe’.” Se te concedi a alegria é para que a
passes aos outros com o encanto que Eu poria. Não te reserves nada, e dá tudo em Meu Nome.
Oferece-te em teu corpo, como Eu Me ofereço na Hóstia.”
12 de outubro. Le Fresne. “Olha como todas essas casas recebem o sol plenamente e sem
diminuição. De igual maneira, a Hóstia é toda inteira para todos vós. Quais são os Meus
Relacionamentos com o Pai? Amor. E com o Espírito? Também Amor. Que isto seja o teu modelo nos
relacionamentos com o próximo.”
14 de outubro. Ao deixar o meu aposento de Fresne para ir a Vervins, disse-Lhe: Até logo, meu
Deus, que és tão bom. Ele: “Mas, se Eu vou contigo!”
16 de outubro. Vervins. Missa de oito, celebrada pelo Pe. G.. Disse-me: “Tu achas em teu próximo
prolongamentos de Verdade, de Bondade e de Beleza; mas a Fonte primeira Sou Eu.”
19 de outubro. Le Fresne. “Não chegaste a compreender ainda que Eu quero estar sempre
contigo? Por que trabalhas por ti mesma, sendo que estás em Mim? Eu Sou teu Íntimo. Que te seja
impossível pensar fora de Mim.” À tarde, na varanda, diante do Loire, esplêndido pelo pôr do sol,
agradecia-Lhe por tantas belezas e flores. Disse-me: “É que Eu queria que descansasses.” (Eu voltava
de Vervins).
21 de outubro. O sol inundava o meu quarto cheio de gerânios. Eu lhe disse: Senhor, ilumina-me,
abrasa-me como este sol. Ele: “O sol não é senão uma simples criatura; Eu Sou o Criador. Recebe
mais de Minha Potência infinita.” Veio-me o pensamento de que se eu abandonasse todas estas idas e
vindas do teatro, poderia me dedicar à solidão. Disse-me: “Pedro fugia de Roma quando Me encontrou
no caminho. Disse-Me: ‘Mestre, aonde vais?’ Eu lhe respondi: ‘Vou a Roma, para ser crucificado em teu
lugar.’” Logo, no trem para Tours-Saint-Avertin: “Peço à Minha Mãe que te prepare para receber-Me.
Pede-o tu também, em memória de Sua Primeira Comunhão da Quinta feira Santa. Quando o teu
vestido se mancha, tentas logo apagar a mancha, até os últimos vestígios. Assim também, quando
vires alguma mancha em tua alma, apaga-a logo com uma invocação à Minha Mãe e à Minha
Misericórdia.” Eu: Graças do mistério da Coroação de Espinhos, desçam sobre nossas almas. Ele:
“Quando invocas deste modo as Graças dos mistérios do Rosário, crê que elas virão impregnar-te.”
29 de outubro. Em caminho até Bourges-Saint Bonnet eu cantava, sozinha no vagão, o canto
“Deus só”. Disse-me: “Convida a Minha Mãe para cantar contigo.”
29 de outubro. Bourges. “Tu pedes com frequência aos Meus sacerdotes que te abençoem. Pede-
Me diretamente a Bênção.” Na cripta da catedral se fazia um enterro em uma sala sombria, entre
pilares. Eu beijava a Fronte do Senhor. Disse-me: “Este beijo durará por toda a Eternidade.”
Festa de Todos os Santos. Eu adorava a Jesus, Rei dos Santos e a cada um dos membros do
Seu Santo Corpo. Disse-me: “Eu Sou a Fonte de toda a Santidade. Une-te estreitamente a Mim.”
4 de novembro. No trem para Isère eu considerava a Sua Agonia. Era sexta-feira. Disse-Lhe:
Como sofres, meu Senhor! Respondeu-me: “Sofro como Deus.” Com isto queria dizer que a Sua
capacidade de sofrimento ultrapassa a nossa. Saint-Pierre de Vréssieux, em Isére. Na Missa Maior o
Sr. Pe. anunciava a sessão de representação, com termos de grande elogio; era para mim, mais
incômodo ainda, que a minha cadeira estivesse de frente para a assembleia. Jesus me disse:
“Esconde-te atrás de Mim.”
7 de novembro. Saint-Ramberto d’Albon. No outono da festa de São Martin eu agradecia a Deus
pelas maravilhosas paisagens. Jesus me disse: “São derivações de Minha Doçura.” Logo, em um
restaurante de Lyon, quando eu olhava o açúcar se desfazendo no café, disse-me: “Eu Me misturo
ainda mais nos Meus.”
15 de novembro. Mende. “Quando te vier algum pequeno sofrimento, convém que o recebas com
muita alegria. Isto nos unirá.” Longogua. Disse-me: “Como te cumulei de Favores, ontem! Com isto, se
referia à bela representação de ontem, presidida por Mons. Auvity. E acrescentou: “A Minha Bênção
não te abandona. Mas, se Me pedires, te darei a Bênção de novo.”
16 de novembro. Lyon. Enquanto me encaminhava a uma apresentação em um bairro distante, eu
pensava: Poderei realmente permanecer aqui? Ele: “Eu Me sinto bem, aqui.” Então, levantei os olhos e
vi uma igreja construída recentemente.
17 de novembro. Fourviére. Depois da Comunhão, eu fazia esforços para conseguir uma boa
Ação de Graças. A Santíssima Virgem me disse: “Por que te complicas desse modo? É algo tão
simples! Tão doce e tão fácil! Tu, que gostas das igrejas pobres, considera com Piedade o Meu
Coração, tão pobre.” Lyon. Saint Martin d’Ainay. Após conversar com a sra. X e sair: “Amadas Minhas,
amai-vos para amar-Me melhor. Sou o Mendigo de Amor.”
19 de novembro. Ampuis. “Se tivesses mais confiança, Salvarias mais almas! Tudo o que fizeres,
fá-lo por elas. Conto contigo.”
21 de novembro. Vienne, Isère. “Encarrega-te de Meus Interesses. Eu tomarei os teus.
Permanece aos Meus Pés.”
23 de novembro. Na travessia de Nice a Calvi, a bordo do “Bonaparte”, que se sacudia
horrivelmente, Jesus me tinha como que encerrada em Seu Coração, e fui a única que não passou mal.
23 de novembro. Calvi, Córsega. “Eu serei para ti o que tu quiseres que Eu seja.”
Bastia. “Quando fizeres oração, pensa em Mim quando Eu tinha tal ou qual sofrimento, ou estava
em tal ou qual lugar. Isto dará maior força à tua oração.”
25 de novembro. Bastia. “Que gostes de ser pequena, pois Eu gosto que o sejas.”
29 de novembro. Em Corte. Na capela de Cristo Rei. Estava presente o Pe. P. Eu Lhe dizia:
Senhor, guarda-me. Respondeu-me: “Guardar-te-ei até entregar-Me por ti. Tem confiança.”
2 de dezembro. Cristo Rei. Fazia-Lhe a oblação de todo meu amor. Disse-me: “Na Simplicidade e
na Verdade.”
3 de dezembro. Chegada de Mons. Llosa à catedral. Eu orava por ele. “Quando orares à Minha
Mãe, une-te às expansões que Eu tinha com Ela, quando vivíamos sobre a Terra.”
3 de dezembro. Bastia. Chegada de sua Mons. Llosa. “Serve-te de tuas mãos, de teus pés, de teu
alento, como se fossem os Meus. Que outra coisa Eu desejo, senão que estejamos unidos? Quando
orares ao Pai, fá-lo com os Meus Lábios. Se te humilharem, pensa que tuas humilhações completam as
Minhas. Ninguém jamais se arrependerá de ter-se entregue ao Amor.”
4 de dezembro. Depois do sucesso da representação de “Uma velha senhorita e treze meninos.”,
presidido por mons. Llosa, eu assistia à Bênção do Santíssimo Sacramento atrás de um pilar. Disse-
me: “De que te serviria pôr-te de joelhos sobre o pavimento, se ao mesmo tempo não te humilhasses
em teu coração? Põe a tua alma na Humildade e na Confiança, e então poderás orar.”
5 de dezembro. Em Ajaccio, sobre a montanha de Solario, eu admirava como a lua cheia e o sol
poente iluminavam ao mesmo tempo, e transfiguravam a baía leitosa. Ele: “Eu Sou o sol que transfigura
as almas.” E me fez ver como os Seus méritos nos pertencem. Enquanto se fotografava o grupo que
representou “Uma velha senhorita e treze meninos”, algumas das atrizes insistiam em ficar perto de
mim, e eu estava comovida. Ele me disse: “Também Me comovem os menores gestos. A Minha Mãe te
oferece a Mim e Eu te ofereço à Minha Mãe.” (Sob o patrocínio de São José).
5 de dezembro. Na volta. “Não há crime tão grande que supere o Amor. O Amor é maior do que
todos os vossos pecados.”
Ajaccio. Na montanha de Solaria. “Se tu houvesses dado a uma amiga tua um sinal, não gostarias
de vê-la usando-o com frequência? Eu vos dei o sinal da Cruz. Benze-te com frequência, como sinal de
amor e de união.”
“Até quando terás distância de Mim?”
“O amor é toda ausência de separação.”
6 de dezembro. Ajaccio. Depois da Comunhão. “Que não haja nuvens entre tu e Eu. Se
cometeres uma falta, repara-a em seguida com um ‘Senhor, te amo’, dito de todo o coração. E para as
tuas amigas, mais carinho e mais respeito.”
7 de dezembro. Chegada à casa das Irmãs de São José em Sartène. “Essas pequenas, quaisquer
que sejam, pensa que Eu morri por elas; isto te ajudará a sentir respeito por elas.”
8 de dezembro. À hora da Elevação. “Santo é aquele que tem o maior grau de Fé, Esperança e de
Caridade. Tem, com todo respeito, a intenção de reparar as irreverências que se cometem em Meus
Templos.”
11 de dezembro. Na igreja de Sartène. “A Trindade está em ti. A Trindade está neste templo. E
em Minha Mãe, que engloba a todos. Até quando terás essa distância de Mim?” Pensando em meus
defeitos, dizia para mim mesma: Sou um objeto de Misericórdia. Ele: “O Amor sopra onde quer.” Eu
tinha que deplorar meu mau humor em um corredor bem estreito para tantas atrizes corsas. Disse-me:
“É que não chegaste a compreender que tudo isto poderia ter sido para ti uma ocasião de vitórias.”
12 de dezembro. Sartène. Uns meninos rezavam distraidamente o Rosário. “Como desfiguram o
Meu Pai-Nosso!”
Bastia. Na Missa, durante o Pater. Eu: Como é possível, Senhor, que quando Tu levavas com
dores atrozes a Tua Cruz, não tenhas salvado, somente nesses minutos, a todos os pecadores do
Mundo? Ele: “Eu abri o Céu para todos, mas cada um é livre. Para vós fica, Meus irmãos, completar a
Salvação dos homens, pedindo-Ma e sofrendo por eles.”
13 de dezembro. Na capela de São Damião, no alto da montanha. “Renova com frequência a tua
oblação de amor, principalmente às sextas-feiras.”
14 de dezembro. Bastia, com as Franciscanas Missioneiras de Maria. “Diz-Me algo que encante o
Meu Coração.” Eu: Senhor, se eu pudesse encantar-te com algo, seria com algum de Teus Dons. Ele:
“Meus dons, quando passam por tua vontade, chegam-Me como se fossem teus. Ama-Me, ainda
quando não tenha nenhuma importância o que fazes. Busca-Me: Isso Me satisfaz tanto! E toma de
Mim, para dar mais adiante.”
19 de dezembro. Missa na Capela das Franciscanas, diante do Santíssimo exposto. “Oferece-Me
os teus pés, como Eu entreguei os Meus; oferece-Me as tuas mãos, como Eu ofereci as Minhas.”
18 de dezembro. “Pede-Me que cada momento presente contenha o maior amor de teu coração
pelo Meu. Renova com frequência os atos de Humildade, como o fazia Minha Mãe.” Na capela, na
véspera de minha partida. Disse-me com delicadeza: “Eu continuarei vendo este lugar, no qual tu já
não estarás.”
19 de dezembro. Na capela. Eu: Senhor, em outros tempos, os velhos servidores formavam parte
da família. Depois de dez anos de serviço na representação das comédias, posso sentir que sou parte
de Tua família? Ele: “És parte dela desde o primeiro instante de tua vida, pois foste criada à imagem de
Deus!”
Bastia. 23 de dezembro. “Lembras-te? Quando eras menina, escreveste uma vez em um caderno:
‘Fala, Senhor, que tua serva Te escuta.’ Deste modo, crescerás em Mim. Repete: ‘Que os meus
membros estejam nos Teus, meu espírito em Teu espírito, meu coração em Teu Coração, e que a
nossa vida seja uma só.’ “
Nantes, na Missa da meia-noite, eu pensava: Por que o Menino Jesus não mostrou mais a Sua
Divindade no Presépio? Ele: “Não era o momento. Isto fica reservado para o Meu segundo Advento, no
Fim do Mundo.”
França. Natal. “Não te admires que Eu tenha chamado antes de todos, os pastores de rebanhos.
Era a imagem de Meus queridos sacerdotes, Meus outros ‘Eu Mesmo’.”
28 de dezembro. Eu: Senhor, eu gostaria tanto que estas Santas Espécies permanecessem em
mim até amanhã de manhã. Ele: “Faz como se Eu ficasse.” Logo, pensando no Presépio, eu pedia à
Santíssima Virgem o favor de cantar para adormecer o Menino Jesus. Ele me disse: “Ainda quando
adormecesse, o Meu Coração continuaria velando por ti.”
27 de dezembro. “Eu Sou o Filho de Deus. E, por Mim, tu és a filha de Deus. Cada vez que tu te
ofereces a Mim, Eu te tomo.”
28 de dezembro. Depois de um frio intenso. “Que poucas pessoas Me agradeceram pela melhoria
da temperatura!”

1939

1º de janeiro. Eu Lhe desejava a Sua Glória. Disse-me: “Não peças a Minha Glória como se fosse
uma coisa que nunca chegará. Quando a pedires, crê que ser-te-á concedida. Neste ano pedirás a
Minha Glória, o Meu Reino. E em segundo lugar, porás maior atenção nas coisas pequenas, as tuas
pequenas vaidades, os teus pequenos exageros. Serão vitórias consideráveis.”
1º de janeiro. Ao acordar, eu apoiava a minha cabeça sobre o Seu Peito e Lhe desejava um ano
de Glória: Que doces devem ter sido para tua Mãe estes ternos abraços. Ele: “A Minha Mãe tinha, com
frequência, menos privilégios, pois devia sofrer, para ser a Corredentora do Mundo.”
2 de janeiro. “Como voto de Ano Novo, preza o cuidado de Minha Glória em tudo o que fizeres. E
Eu prepararei a tua. Quando tomares os teus alimentos, pede-Me que te nutra com a Minha Graça.
Quando passeares, pede-Me que te faça adentrar em Meus Jardins divinos. És Minha criatura: dá-Me o
que haja em ti de mais delicado. Dá-Mo. Recorda a tristeza que te causava aquela menina selvagem
que fugia de ti. Não faças o mesmo Comigo. Vive com o Pai, com o Filho, e o Divino Espírito te
possuirá... Eu vivi na Terra no meio da contradição; não te admires, então, se também a encontrares.”
Janeiro. Em Seine-et-Oise. “Não te envaideças por nada. O que importa que as pessoas pensem
de ti isto ou aquilo? Deve bastar-te com que Eu o saiba.”
No bosque, enquanto dois homens me enchiam de injúrias porque sabiam que eu já ia à igreja.
“Alegra-te por participar de Meus Ultrajes.”
“Por que Me abandonas? Eu nunca te abandono.”
“Quando o sacerdote fechar a pequena porta do Sacrário, pede-Me que Eu te encerre em Meu
Coração. Aproveita toda oportunidade de falar Comigo, como se não houvesse ninguém no Mundo,
apenas tu e Eu.”
“Um ato de bondade é um traço de semelhança Comigo.”
Em uma estação, durante a noite, eu olhava as casas sombrias. Ele me disse: “Todos dormem.
Permite-Me refugiar-Me em teu coração.”
6 de janeiro. Nantes a Ozoir-la-Ferrière. “Não. Eu não Me acostumo; para Mim, é coisa sempre
nova.” (Se referia às conversas da alma). “E aqui estou sempre contigo, para dar-te sempre mais.” E
acrescentou, lembrando-me de minha vida: “Tu tens vivido sempre sob o Meu Cuidado. Oxalá
pudesses ser mais terna e mais simples, como uma menina, para Comigo!”
9 de janeiro. Ozoir. “Tu podes salvar aos que Eu não pude. Compreende-o: a maior comediante
do mundo se rebaixa se serve à Terra; no entanto, é grande se se põe ao serviço de Deus.” No trem:
“Pede sempre pelos que te rodeiam. Aqui. Nos países que visitas. Em todo lugar.” O trem estava
lotado de gente, e eu, não sei como, havia conseguido um bom cantinho. Disse-me: “Agradece-Me com
carinho, como se houvesse sido Eu Quem te preparou o lugar.”
12 de janeiro. Nantes. Eu pensava em pequenos contratempos de colocação. Disse-me: “Eu me
preocupo com coisas mais importantes.” E me mostrava os pecadores, os pagãos, e as ingratidões dos
bons.
13 de janeiro. “Aumenta, aumenta a intensidade de sentimentos de Fé, de Esperança e de
Caridade! Crês que, se com frequência Me pedisses que te fizesse santa, Eu poderia Me negar?
Exercita-te na Esperança e na Reparação; pois não há arte que possa ser adquirida sem o exercício.”
No trem para Poitiers me senti cheia de consolação. Ele: “Se tu permanecesses em tua casa a serviço
de um egoísmo confortável, não receberias tantas Graças. Mas, não é verdade que Eu sei
recompensar a quem Me serve?”
18 de janeiro. “Lembra-te de que Sou eu Quem Se alegra por ti, enquanto vives sobre a Terra; e te
digo, para animar-te a ser o Meu Encanto. “Que gostes de ser sempre a que dá mais. Mas, fazes tudo
por Mim? Ou Sou para ti um motivo de vergonha?”
20 de janeiro. Na estação de Nantes, em viagem para Lyon, eu dizia: Senhor, quero viajar em teus
Braços. Respondeu-Me: “Em Meus Braços não é o bastante: entra em Meu Coração.” Depois de um
favor recebido, eu pensava: Que bom que És! Ele: “Tu dizes que Sou bom neste momento. Mas
sempre o Sou, com uma Bondade imutável. É preciso de que o lembres, para manter vivo o teu amor.”
Soissons. “Difunde a alegria aonde quer que passares.” Em minha solidão, eu pensava: Ah, se Ele
estivesse comigo no vagão... Ele: “Tu não Me vês, mas estou aqui. Sempre estou contigo.”
27 de janeiro. Laon. Em meu aposento do hotel Le Lion d’Or. Disse-me: “Salva! Imita! O Meu
trabalho é o de Salvar. Salva tu também, oferecendo-Me tudo. Que coisa há que seja mais verdadeira
do que as Minhas Palavras?”
29 de janeiro. Na catedral de Laon. “Com frequência te faço repetir as três primeiras petições do
Pai-Nosso: ‘Que o teu Nome seja santificado; Que venha o Teu Reino; Que seja feita a Tua Vontade’.
Agora, repete esta outra: ‘Que me devore o zelo por Tua Casa’.” Desde o trem, eu olhava a catedral,
que parecia suspensa, e como que perfurando o céu e a montanha. Senti-me feliz de que a houvessem
construído com tanta magnificência, para abrigar ao Homem-Deus. Disse-me: “Mas os Meus melhores
templos são os vossos corações.”
30 de janeiro. Relendo os Seus ensinamentos, eu deplorava não ter sido fiel durante longo tempo.
Disse-me: “Há coisas que Eu peço somente por um dia, mas a Minha Misericórdia as leva em conta
para uma vida inteira.” No metrô de Paris. “Multiplica as colunas no templo de teu coração.” (Falava das
elevações da alma, dos olhares a Ele).
3 de fevereiro. “Meu Pai, o Pai Celeste, é mais Pai teu do que o teu pai da Terra. Crê nisto
sempre! Eu Lhe dizia: Tão miserável sou, Senhor, que nem sequer sei as minhas necessidades.
Respondeu-me: “Considera-Me o Teu Provedor. Por que não Me pedes coisas? Não tens confiança em
Mim, que Sou Todo Poderoso, que Sou o Amor? Tem sempre uma confiança perdida, como de criança
pequena...”
4 de fevereiro. No Metrô. “Quando tu Me mandas uma flecha de amor, a Minha Onipotência a
utiliza em seguida para socorrer a uma alma necessitada. Não tens que ter o trabalho de designá-la.”
10 de fevereiro. “Se duvidas de Minha Palavra ou te admiras Dela, deve-se a que tu pensas que
tens algo a ver com isso.”
Cardenac. “Eu gosto destes longos dias de viagem, porque neles Me corresponde a melhor
parte.”
12 de fevereiro. Nantes. Via Crucis, às cinco e trinta e cinco da manhã. “Durante a duração deste
Via Crucis, considerarás os Meus Olhos. Não poderás ver Neles senão uma doçura extrema no meio
das crueldades, e um extremo Amor.” Vendo que eu tentava pensar no número de meus pecados:
“Para que contas? Eu perdoo sem contar...”
14 de fevereiro. Nantes. Depois da Comunhão. “Não compreendes que Eu Sou a tua vida? Eu a
organizei. Eu aqui, Eu lá, Eu em todos os lugares.” Somente ao entrar em casa soube do horrível
acidente do qual escapei no dia anterior, em Saint-Nazaire.
18 de fevereiro. De vierzon a Rodez. “Tem a intenção de amar mais a cada minuto: assim, a tua
Graça será cada vez maior.” De Limoges a Brive. Eu dizia às Três Divinas Pessoas presentes em meu
coração: Quisera amar-Vos como Vós mesmas vos amais, mas não sei como. Ele: “Unindo-te.”
20 de fevereiro. Rodez. Na capela das irmãs de Nevers, preparavam o altar para o dia seguinte.
Ele: “O Banquete Sou Eu.” Quarta‐feira de Cinzas. Na Elevação, a Santíssima Virgem me disse (cujas
lágrimas eu estava considerando): “Tem compaixão Dele”, e me convidou a rezar pelos pecadores.
Logo Jesus me disse: “Contempla o Meu Coração durante todas as fases de Minha Paixão, da maneira
como consideraste os Meus Olhares em uma de tuas Via Crucis.”
23 de fevereiro. Em Rocamadour. Capela milagrosa. “Quando contemplares os Meus Olhos,
pede‐Me que Eu faça o bem por meio dos teus. Quando contemplares os Meus Lábios, pede‐Me que
Eu faça o bem por meio de teus lábios.” Nesse dia se venerava a Santa Face. Em Rocamadour, o
hoteleiro me explicava que aquelas excelentes trufas crescem à sombra dos robles. Jesus: “Que frutos
excelentes darás se viveres perto de Mim, à Minha Sombra!”
25 de fevereiro. Depois da Comunhão. “Tem mais confiança em Minha Misericórdia e Salvarás
mais almas. Crê na ‘comunhão dos santos’. A Minha Misericórdia se põe ao alcance de tua miséria.
Compreende, então, a confiança.” Logo ouvi, no sono: “Nada está pronto quando Deus não está aí.”
28 de fevereiro. Le Fresne. Eu Lhe dizia: Já que sou só uma menina pequena, Senhor, ensina‐me
a caminhar diante de Ti e de meus semelhantes. Ele: “Repete‐Me com frequência essa oração.” Logo
pude, com mil dificuldades, conseguir algo de que precisava, e Lhe agradecia. Ele: “Tu, dá‐Me almas.”
7 de março. De Rennes a Nantes. Pai querido, quando tiver que morrer, se estiver na cama, seria
preciso que me acordasses. Eu gostaria de morrer em pleno conhecimento de sacrifício. Ele: “É muito
mais simples do que tu crês. Abandona‐te e deixa‐Me trabalhar. Faz cada uma de tuas ações com o
mesmo amor, a mesma alegria com que as farias se estivesses no Céu. Busca unicamente a Minha
Glória e tudo te será dado como acréscimo. Vive inteiramente no Reino de teu interior. Diz: ‘Meu Jesus
amado, soberano sacerdote, tem piedade de Teus irmãos sacerdotes.’“
9 de março. “Sê toda tu, suavidade para o teu próximo.”
Paris. Na igreja de Nossa Senhora da Boa Nova. Eu me perguntava em que consistiria essa
suavidade para com o próximo. Disse-me: “A suavidade está na Bondade do sorriso, do gesto, e em
uma grande simplicidade.”
Vosgos. “Não recites as tuas orações apenas por recitá‐las, mas preeenchendo‐as com uma alma
de amor. Do contrário, melhor seria rezar menos.”
“Se Eu te der Força e a guardares para ti, ficará como está; mas se tu a comunicares aos outros,
multiplicar-se-á ao cento por um. Tem, pois, ânimo.”
Antes da Via Crucis. “O coração de Minha pequena filha irá se enternecer?
Como sorrindo: “Tu dizes que Me dás tudo. Mas convém que creias que, dando‐Me tudo, não Me
dás grande coisa.”
11 de março. Le Fresne. Antes da Comunhão. Durante a Semana Santa e a anterior eu tinha dito:
Senhor, já não irei trabalhar por Ti. Respondeu-me: “Então será a Minha vez.” E me recordou a
aceitação de todos os Seus Sofrimentos, por nós, durante estes dias.
13 de março. No trem, rumo a Vosgos. Jesus me pedia fidelidade a meus exercícios de piedade.
Disse-me: “O que te peço é pouco em comparação com o que te dou.” Em Paris, eu pensava na
estreiteza de certas pessoas. Disse-me: “Espero que não Me faças a injúria de comparar‐Me com elas.”
Raon‐l’Etape, Vosgos. Eu pensava que com tanta neve, eu tinha sorte de ter um aposento quentinho na
casa de um sacerdote tão bom, o Pe. B.. Disse-me: “Quando tiveres um motivo de alegria, louva‐Me,
louva ao Pai, louva ao Espírito Santo. São ocasiões de glorificar, com um renovado ardor.” Eu: Senhor,
como se faz para falar com o próximo com suavidade? Ele: “Tenta imaginar como Eu lhe falaria.”
24 de março. Le Fresne. Festa de São Gabriel. “Por que te sentes só quando fazes oração? Eu
oro contigo. Juntos nós dois, sempre.” Paixão. Depois de Comungar. “Deus está em todos os lugares.
Se o pensasses, a tua adoração seria perpétua.”
27 de março. “Cumulei-te de Graças para que confiasses em Mim. Uma Graça que dou, A dou
para sempre.”
28 de março. “Tu tens viajado bastante, e tens visto que a Terra não é tão grande. Pede-Me a
conversão de todos esses povos. Mas, ainda que a Terra fosse muito maior do que é, por acaso a
Minha Misericórdia tem limites?”
29 de março. Depois da Comunhão. “Diz: ‘Ofereço-Te Jesus vivo em minha vida; Jesus morrendo
em minha morte; o Coração de Jesus palpitando nas pulsações de meu coração’.” Eu me perguntava:
Sou purificável? Ele: “Tudo pode ser purificado em Meu Sangue.”
30 de março. Eu pensava na aspereza dos sofrimentos da Terra. Ele: “É que nunca viste a Minha
Glória, que os recompensa. Honra o Meu Corpo.” (Me dizia isto de Seu Corpo Místico, no qual
aumentam as Riquezas da Igreja). E acrescentou: “Vou te repetir: cuida o momento presente com o
maior amor.” Eu Lhe dizia: Sinto-me totalmente miserável, mas sinto também que sou toda Tua. E Tu,
Senhor, estás também certo disso? Ele: “Conheço-te com perfeição.”
10 de abril. Eu pensava nas misérias da humanidade. Disse-me: “Mas Eu vos amo tal qual és.
Servir sempre. Sê a servidora dos outros. Como Minha Mãe, que disse: ‘Sou a serva’.”
2 de abril. Domingo de Ramos. “Quando orares, crê que és escutada. Isso Me dará alegria e
transformará a tua oração.”
3 de abril. Depois da Comunhão. “Chamo-te. Sobe à Morada de Meu Coração. Escuta‐ Me, amiga
Minha. Reconheces a Minha Voz? Porque todo o que escutar, ouvirá. Que tens que fazer aqui embaixo,
além de amar‐Me? Amar é Glorificar.”
7 de abril. Sexta‐feira Santa. No trem para Túnez, por Avignon. “Quero que a Minha filhinha
pequena pense em Mim, hoje, durante todo o caminho.” Na Turena eu olhava a paisagem primaveril e
a água semeada de lírios brancos. Ele: “Que não tenhas em tua vida senão belezas. Gestos amáveis e
gentis. Faz ver as Minhas Graças. O mundo interior das almas é o que importa.”
9 de abril. Em Saint‐Pons‐la Calm. Depois da Comunhão. “Vai visitar as Franciscanas.” (Quando
passei por Marseille não pensei nelas por nada, e elas tinham me albergado e convidado para uma
futura apresentação.)
11 de abril. Na capela destas religiosas eu cumprimentava a meu Jesus por suas pombas brancas
com hábito branco: ‘Senhor, são Tuas esposas’. Respondeu-me com vivacidade: “Tu também o és!”
Logo O cumprimentava pelos doces cantos. Ele: “Lembra‐te de que estes cantos não Me diriam nada
se não fossem expressões de amor. Diz: ‘Quero ser uma santa, toda cheia de Amor de Deus; uma
purificada de toda falta, para agradar a Deus’.”
14 de abril. Ilha de Djerba. Eu me recriminava que as distrações desta viagem através de Túnez
me tinham separado Dele. Disse-me: “Um pai sabe destas coisas. Um pai desculpa.”
16 de abril. Em Sfax. Domingo de Quasimodo, na Missa. “Não crês que te escuto quando oras?
Não crês que te amo? Ora com Fé e com Amor. Adoração e reconhecimento. Adora em Humildade.
Adora em Confiança, com Fé em Meu Poder. Adora amando.” Na capelinha das Irmãs da Assunção,
em Sfax. “Tu não Me vês. Isso é bom para que cresças na Fé.”
17 de abril. Em Soussa, cidade árabe, eu pensava fazer compras. Ele: “O que importa mais
enfeitar é o interior da casa, que é a tua alma. Quero vê-la bela.”
Abril. “Recolhimento. Quando um copo está bem cheio, o conteúdo se derrama se fica inclinado à
direita ou esquerda; mas se se mantém reto até o céu, permanece cheio.”
No trem. “Ontem passaste perto da prisão, e tentavas imaginar como seria a vida desses reclusos
em sua solidão de uma cela. Eu Sou o grande Prisioneiro do Tabernáculo. Mas podem visitar‐Me em
Minha Solidão.”
Eu me apressava em terminar uma oração. “Às vezes a gente quer reter perto do peito a um
menino pequenino. Mas o menino pensa que tem outras coisas a fazer, e tem vontade de escapar.”
Eu me sentia suscetível. “Utiliza a tua sensibilidade. A sensibilidade vos foi dada para que façais
Méritos.”
19 de abril. A bordo do “Lamoricière”, de Túnez a Bizerta e logo a Marselha. Em uma tempestade,
eu desejava desde o fundo de meu camarote, a minha pequena varanda solitária de Fresne. Ele: “Por
que não desejas melhor estar no Céu, sobre o Meu Coração?” Eu: ‘Senhor, possivelmente porque
ainda não vi o Céu.’ Ele: “Onde está a tua Fé?” Depois do encontro com o Pe. R., missionário no
Equador: “Tens feito bem em oferecer‐lhe ornamentos para a Missa. Mas não os compres. Faz tu
mesma os ornamentos.”
Abril. Sfax. Eu pensava: “É possível que eu não volte nunca mais aqui.” Ele me disse: “Que
importa? Tu vais aonde Eu te levar.”
20 de abril. “Olha o Céu com frequência. Isso te ajudará a desejá‐Lo mais.”
Lyon. “Serás capaz de percorrer toda esta rua sem olhar as pessoas que passam, para dar‐Me
alegria?”
Depois da Comunhão. “Olha com que facilidade te distrais quando deixas de pensar no momento
presente. Volto a recomendar‐te que vivas nele. Imagina o que valeria uma vida cujos momentos
presentes, todos eles, tivessem sido vividos para a Glória de Deus!”
No campo. “Honra e cumprimenta os Anjos de tua varanda. Estão aqui porque tu os convidaste.”
Lembrei então que antes de sair tinha dito aos Anjos: “Venham, sentem‐se nos bancos do jardim e
louvem a Deus por todas as maravilhas do horizonte.” Ele continuou: “Honra os anjos de tua casa. Ah!
Se tivesses algo de Fé, viverias mais em contato com o mundo invisível do que com o mundo visível.”
Uma vez em que um sacerdote me abençoava. “É ele quem traça o sinal da Cruz, mas Sou Eu
Quem te abençoa.”
22 de abril. Nantes. Em Notre Dame. “Alimenta as almas. Ajuda‐Me, pois Eu Me sirvo de ti.” Com
delicadeza: “Sai de ti mesma. Entrega‐te a Mim, como Eu Me entreguei por ti. Nunca tiveste que te
arrepender em ter te entregado a Mim. Lembra-te disso. (Guerra na Palestina, Túnez em estado de
sítio, sozinha no distante Canadá, a morte consoladora de X.). “Eu estava em todos os que tu amaste.
Sentes de verdade que o que mais importa em ti é a tua alma? Por que Eu, que Sou o Amor, não
poderia ter momentos de Amor misteriosos, secretos e escolhidos? O perfume de uma alma não é o
mesmo que o de outra.” Eu me sentia suscetível. Disse-me: “Serve-te de tua sensibilidade; foi-te dada
para adquirir Méritos.”
23 de abril. De Nantes a Fresne. Percebi que tinha estado a ponto de perder o trem. Ele: “Tu não
conheces toda a proteção com que te cuido.” Na noite: “Vive somente para Mim.”
24 de abril. Depois da Comunhão, eu rezava o Pai‐Nosso. Ele: “Que outra oração poderia se
igualar à que Eu mesmo compus? E eu sentia que, a cada petição do Pai‐Nosso, apertava-me sobre o
seu Coração. “Tem amor por tuas orações: o Pater, o Ave. Tu, que gostas das coisas de arte, ama as
tuas orações. Eu guio as palavras em teus lábios quando rezas, como se dirigem os passos de um
menino pequeno. Conhece finalmente o Meu Amor. Faz‐me o agrado de crer Nele. Dá-te trabalho crer
que Deus possa desfrutar de Sua criatura; mas, contudo, assim é. Inventa continuamente uma nova
maneira de amar‐Me. Não te sentirias feliz sabendo que Me fazes feliz? E logo, deixa‐Me exercitar o
Meu Ofício de Salvador: encomenda‐Me almas.” Em Le Fresne, de volta de Túnez. “Já estamos de
novo em nossa solidão: agradece‐Me com amor. Como vês, não sei falar a não ser de Amor. Porque
Deus é Amor.” Logo, vendo que me esforçava em vão para recitar o Pater, disse-me: “Ainda quando o
menino pequeno não consiga as coisas, seu Pai o admira e está contente por seus esforços.”
25 de abril. Tu não és nada. Eu Sou o teu Tudo. Eu compus o Pater com Amor, ensinei-te o Pater
com Amor; nunca o rezeis sem amor. Orar é lembrar‐se de Deus.”
26 de abril. Visita ao Santíssimo Sacramento. “Por que não Me falas o que fizeste hoje?” (Tinham
sido trabalhos de jardinagem). “Isto seria, para Mim, de muita confiança e intimidade.”
28 de abril. Depois da Comunhão. “Alegra-te Comigo. Interrompe as tuas orações para alegrar-te
de Meu Amor.”
29 de abril. Nantes, em Notre Dame. Eu Lhe expressava a minha tristeza de não poder trabalhar
para Ele senão durante a minha vida. Disse-me: “O teu desejo é suficiente.” Eu tomava um refresco
depois de um trabalho penoso. “Agradece‐Me, como se Eu tivesse acabado de te oferecer o refresco.”
De Nantes a Le Fresne. No trem eu pensava, olhando as terras cultivadas: “Ele estará contente de que
os homens tenham cumprido tão bem os seus deveres de trabalhadores.” Disse-me: “Ah! Se todo este
trabalho tivesse sido feito por Meu Amor!”
1o de maio. Le Fresne. Durante a agonia de uma vizinha. Ele: “Desprende‐te das coisas
pequenas. Tem a coragem de dá‐las. Mais tarde encontrarás outras maiores...”
2 de maio. Eu estava com o espírito em Argel, nos preparativos do Congresso Eucarístico de
amanhã, no qual eu teria podido estar presente, e oferecia a Jesus este sacrifício, para Sua Glória. Ele:
“Eu ouço tudo o que Me dizes.” Eu pensava em todas as Graças que havia me concedido em “Ille de
France”, quando eu tinha viajado à América. Disse-me: “Tu viajavas por amor a Mim. Como Eu poderia
ter te deixado sozinha?”
2 de maio. “Não entendes que te chamo à perfeição? E não entendes que a perfeição de uma só
alma é de grande utilidade para o gênero humano? Tu, diz‐lhes que falem Comigo. Vês como a chuva
cai com doçura sobre as pequenas e frescas folhas de maio. Imagina, pois, as precauções que Eu
tomo para aproximar‐Me das almas.”
3 de maio. Em espírito, estava no Congresso de Argel. “Dar-te-ei Graças que frutifiquem a cem
por um. Sou o Gigante do Amor.”
5 de maio. Eu via os móveis, cobertos de pó, que havia limpado na véspera. Ele: “Isto é a viva
imagem do cuidado que vós deveis pôr em purificar as vossas almas (pelos sacramentais). “Vive em
comunhão íntima com o teu Criador, como o fazia Eu quando vivia sobre a Terra; com o espírito sempre
dirigido ao Pai.” Eu: Sim, Senhor, mas tu O vias. Ele: “Une‐te. Que te baste que teu Irmão Jesus Cristo
O veja.” Eu: Senhor, o que mais posso fazer?. Ele: “Nada mais além do que fazes; mas tudo com maior
suavidade, mais à Minha maneira.”
6 de maio. “Ainda não acontece que a Minha Vida humilhada te dê vontade de ter humilhações?”
6 de maio. “Sim, escreve com maiúscula quando falares de Mim, porque Eu Sou o Princípio.”
8 de maio. Le Fresne. “Se Me perguntares por novas maneiras de amar‐Me, dir-te-ei uma só
palavra: União. União. União. “Tu, que és amante do belo, por que não copias a infância? Cada alma
conserva sua personalidade; nisto reside a beleza do Céu.
16 de maio. Lyon. Entre as duas representações de “A Cantora da Rua”. Se estiveres cansada,
repousa o teu corpo em Meu Serviço. Descansa-o, como se fosse o Meu. Serve‐te de Minha Doçura
infinita. Doçura, não poderias encontrá‐la suficientemente em ti mesma; mas Eu Me sinto feliz de dar‐te
o que te falta. Diz‐Me que contas Comigo. Força a porta do Tabernáculo com golpes de amor. Libertar-
Me-ás quando liberares outras almas. O que libera é o amor.”
17 de maio. “Oferece‐te a Mim tal como és, sem esperar estar contente de ti mesma. Une‐te a
Mim no meio de tuas maiores misérias: Eu te recebo, reparo em ti o que for necessário; mas isto, se Me
concederes a tua confiança. Tem‐na, e muito grande. Quem te ama mais do que Eu?”
18 de maio. Eu pensava nos quarenta mártires jogados aí, sobre o gelo. Ele me disse, como
sorrindo: “Causa-te estranheza que haja gente que Me ame?”
18 de maio. Nantes. Festa da Ascensão. “Põe todos juntos, teus pecados e Meus Favores; e logo,
canta um hino de louvor.”
22 de maio. Em Paray‐le‐Monial, na capela da Visitação, eu esperava as religiosas para ouvi‐las
salmodiar. Ele: “Eu também as espero, como espero sempre a toda alma que vem dizer‐Me ‘Bom Dia’.”
22 de maio. Em Generald. “Tu gostas de fazer algo lindo com um objeto de pouco valor. E é deste
modo como Eu atuo nas almas, e Sou feliz com isso.”
Lyon. Na casa das Irmãs de São José da Aparição. “Tu te inquietas porque nem sempre estás
pensando em Mim. Inquietam-te também as tuas muitas faltas, e não te atreves a olhar‐Me. Mas não
tem que ser assim. Dá-te a Mim como és. Eu conheço a Natureza humana e vim à Terra para ajudá‐la e
repará‐la. Transplanta‐te em Mim. Não por teus Méritos, mas senão por Meu Desejo. Une o cansaço de
teu rosto ao Meu Rosto desfigurado pelos golpes; assim reparas as tuas faltas e as de todo o Mundo.
Aproveita todas as ocasiões de unir‐te a Mim. Se soubesses quanta alegria Me traz a União das almas
sobre a Terra, compreenderias que Eu recompense aos que Me oferecem com frequência os
pensamentos de seu coração!” No bonde de Vellecour: “Se te falo, é pelo indigna que és de escutar‐
Me. Assim é a Minha Misericórdia. Que a tua alma tenha a semelhança de tua Mãe (A Santíssima
Virgem) e de teu Irmão (Cristo).” (Eu ia a Fourvière).
25 de maio. Eu me achava mais feia que de costume. “Que gostes da aparência exterior que tens:
é a que Eu te dei. Vive na intimidade Comigo. Quando viajavas pelo Canadá ou nos desertos da África
com os missionários, não te sentias acaso mais forte e mais confiante? Pois, faz Comigo a viagem de
tua vida.” Eu: O que acontece, Senhor, é que não Te vejo. Ele: “No cinema vês e ouves pessoas que
não estão aí. Mas Eu estou sempre contigo, ainda quando não Me vires.”
25 de maio. Lyon. São José. “Tu não compreendes o mistério de uma semente que se converte
numa árvore grande que dá mil outras sementes; tampouco entendes os mistérios da eletricidade, das
ondas, de tantas outras forças que vós, homens, apenas conheceis. Não aches estranhos, então, os
Mistérios de Deus. Que gostes de que haja Mistérios. Com isto provarás a tua confiança de filha do Pai.
“A santidade? É algo lento e progressivo, como a passagem das estações. Fia‐te de Mim, Eu te
ajudarei. Eu desejo a tua santidade mais do que tu mesma.”
Enquanto eu desfazia um nó difícil, Ele me disse: “Assim acontece com as almas. Há sempre um
ponto fraco que se pode alcançar com a paciência e a doçura.”
Catedral de São João. Ocupada em procurar‐me um bom lugar para ver os Fummazzioni de
Roma e Garlier, eu não tinha orado. Ele me disse: “Não Me disseste nem sequer ‘Bom dia’. Fazes isto
quando entras na casa de teus amigos?”
26 de maio. Às cinco e meia. “Desde o mesmo momento em que acordares, pede‐Me almas.
Reclama‐Me que te dê pecadores. Dar-Me-ias com isso uma alegria que não podes imaginar. Eu morri
por todos. E morri sem ter ficado doente; morri cheio de vida. Morria porque fui golpeado. Se tu não Me
ajudares hoje, Eu não poderia salvar a tal e tal alma: e já sabes o quanto as amo. Salva‐as, como se
Me salvasses.”
“Claro que sim! Tudo o que Eu digo a uma alma, o digo a todas. Todas elas são as Minhas
preferidas. Se soubessem de Meu Amor por cada uma! Crê nesse Amor, e explora‐O.”
“Há que ter confiança nos santos e nos anjos. Quando a gente ainda é uma criança, anda nos
braços de todo o mundo. A gente se deixa querer, e isto é muito natural.”
28 de maio. Na tarde do dia de Pentecostes, depois de três Missas e duas Bênçãos com o
Santíssimo, perguntei-Lhe: “Senhor, ganhei algumas almas no dia de hoje?” Ele: “O saberás no Mais
Além. Por ora, contenta‐te com viver de Fé, em união Comigo. Diz‐Me que és fraca. Diz‐Mo
seguidamente, porque quando és fraca é quando eu desdobro a Minha Força. Faz notar bem as
entonações que Eu ponho em tua voz. Chega até o extremo com o encanto do Bem.
29 de maio. Em Ars. “Pede, pede muito. Gosto dos que são audazes quando se trata do Amor por
Minha Glória.” Na Missa Maior, causou‐me viva emoção ouvir no órgão um canto antigo que eu
costumo cantar quando me encontro só: “Minha alma, quero entregá‐la ao Senhor”. Do modo como as
Franciscanas de Marselha cantavam: “Somente Deus”, Jesus me disse: “Com isto te devolvo uma
alegria que Me deste antes.”
30 de maio. Lyon. Eu: O amor é isso que tenho quando meu coração bate mais forte pensando
em Ti? Ele: “Esse é amor. Mas também há amor quando fazes, pensando em Mim, um esforço de
virtude sem ter gosto algum por isso. Não Me dirás que Eu te atropelei alguma vez com o trabalho... Ou
que eu tomei para Mim algo mais além do que tu podias dar... Eu sei medir.”
Eu tinha fome, e achava deliciosa a comida. “Tu Me agradeces por esta comida da Terra, e te
sobra razão. Mas pensa que isto é uma mera imagem distante da satisfação que há no Banquete
Eterno, na Divindade das Três Pessoas.”
‘Senhor, não poderias salvar‐nos sem morrer?’ Ele: “Morri para dar‐te melhor a Vida.”
31 de maio. Amberieu. “Compreendes agora a força que há quando se juntam a vida de oração e
a vida de ação para mover o Coração do Pai?” Como me via sofrer por não estar em Le Fresne nestes
dias de maio e junho, disse-me: “É certo que deixaste a tua casa; mas Eu te dei albergue na Minha.”
Então me lembrei que, em Lyon e em Amberieu, o meu aposento estava contíguo à capela.
1o de junho. Ain. “Escreve. Eu gostaria que ninguém tivesse medo de Mim; que todos olhassem o
Meu Coração cheio de Amor e falassem Comigo como se fala com um Amigo amado. Para alguns, Sou
um perfeito Desconhecido. Para outros, Sou um Estrangeiro, um Dono severo, que é rígido ao pedir
contas. São poucos os que vêm a Mim como a um familiar querido; e enquanto isso, aí está o Meu
Amor esperando‐os. Esperando‐os tal qual eles são. Eu farei neles as necessárias reparações. Eu os
mudarei, e eles terão então uma alegria que não imaginavam. Eu Sou o Único que a pode dar. Mas,
que venham! Diz‐lhes que venham!” (Com uma voz cheia de um grande desejo).
3 de junho. Em Ain. “Quando Me pedires algo, pensa que Sou bastante bom para conceder‐to...
De outra maneira, privas-Me do prazer de dar‐te as coisas...”
Eu: Hoje, Senhor, é Tua Festa de Corpus. O que há que dar‐Te hoje? Ele: “A Fidelidade nas
coisas pequenas.”
“Crucifica‐te Comigo. E crucificar‐se significa uma distensão contra a tua Natureza, contra os
próprios desejos e o amor a si mesmo, na pobreza, na escuridão, na Obediência ao Pai. Recorda que a
Crucificação é o prelúdio da Ressurreição, ou seja, de todas as alegrias.”
7 de junho de 1939. Le Fresne. Depois da Comunhão. “Se tu crês em Minha Potência e em Minha
Riqueza infinitas, por que não te entregas sem devolução? Dá‐Me a tua confiança e a tua esperança,
para que Eu seja glorificado em ti. Eu aproveito a miséria. Crê em Minhas Palavras: já fiz com que
tenhas certeza que são verdadeiras. Aceita‐Me, então, de acordo com a maneira que escolhi para ti:
dar-Me-ás muita alegria. Abandona‐te sobre o Meu Coração, que é o Coração de Esposo; de um
Esposo que deu a Vida por ti. Tenho te dado a Minha Vida de Sofrimentos. Agora, crê em Minhas
Palavras. Não é verdade que o Pe. X. te escreveu ontem: ‘Jesus estará intimamente contente?’.”
8 de junho. Festa de Corpus. “Eu escolho a miséria. Não temas.” Eu pensava na morte de X.
Jesus disse-me: “A morte que terás será a que Eu te escolhi.” Logo, como eu rogava à Santíssima
Virgem que me ajudasse a curar as feridas da Cabeça de meu Senhor, disse-me: “O que de verdade
Me consola é o progresso de uma alma no amor.” Depois da Comunhão. “Eu quis viver no meio dos
homens. Vivi com os Meus Apóstolos e quero viver com os homens até o fim do Mundo. Este é um
desejo cheio de Amor. Depois de ter orado pela mortificação: “Agora coloca‐te sob a fonte de Sangue.”
(Aludia à Sua Flagelação). Eu lhe perguntava: Como poderei imitar a eminente Perfeição da Santíssima
Virgem? Respondeu: “Pensa que és Sua filha e que tens a herança de uma Mãe assim. O que vós
poderias oferecer‐Me no domínio do espiritual, senão os Meus Dons?”
11 de junho. Domingo depois de Corpus. Eu pensava em Josefa Menéndez, que havia sido uma
alma tão escolhida. Ele me disse com vivacidade: “Acaso não o és tu também?” E apesar disso, eu
continuava perguntando‐me como é possível que, com tantas faltas como tenho, seja eu também uma
alma escolhida.
12 de junho. “Desprega-Me da Cruz. Leva‐Me à varanda e cuida‐Me com o teu amor. Sempre
estou ferido. Cerca-me com tuas flores. Inventa delicadezas de carinho. Eu sofro por vós. Permanece
em Mim, que sou o teu Princípio, a Fonte de tua vida e de tua alegria, e a Aurora de teu ser. Por esta
razão, quando Me vires, poderias dizer: ‘Reconheço-Te, ainda que nunca tenha Te visto’.”
13 de junho. Terça‐feira, dia concedido a minhas jovens atrizes. Disse-Lhe: Senhor, poderias levar
a minha Comunhão a todos os meus grupos nos quatro cantos do Mundo? Disse-me: “Para Mim, isso é
mais fácil do que descer ao altar.” (Era o momento da Elevação). Tinham me encarregado de preparar
uns panos brancos e vermelhos para a procissão. Disse-me: “Hoje preocupa‐te com as Minhas Vestes.”
E à tarde, como eu havia trabalhado nisso com uma vizinha e não havia pensado Nele, pedi-Lhe
perdão. Ele: “Então quando fores entregar o teu trabalho, pensa em Mim, e obterás as mesmas Graças,
como os operários da hora undécima. Assim é a Minha Misericórdia.”
15 de junho. “A deslocação de Meus Membros... as poças de Sangue... os Olhos cegados... e a
Coroa de Espinhos... Eu tive desejo Dela como o de uma mulher mundana pode ter por um vestido
novo. Dá‐te a Mim como és. Em todo momento de tua vida, tal qual és. É claro que em um só instante
posso mudar‐te. Mas é indispensável que o creias assim e que Me entregues tua Confiança. Para que
Ma desses, escolhi-te e te dei os meios necessários. Agradece‐Mo.” Eu interrompia o meu trabalho de
copiar as ‘Suas Palavras’ para ver as canoas que passavam no Loire. Como sorrindo, disse-me: “Os
meninos pequenos têm necessidade de distrações.”
16 de junho. Eu pensava em tantos que têm me tratado bem... Ele: “Mas todos eles te
abandonavam de vez em quando. Eu nunca te deixo. Sempre te tenho em Meu Pensamento.”
“Sabes o que pode ser o Amor de um Homem‐Deus que chama, que pede o vosso amor, e que
não recebe mais resposta do que o riso que insulta?”
20 de junho. Eu pensava para comigo: Será possível que Ele leve em conta alguém tão pobre de
virtudes como eu? Ele: “Sim. Na Cruz, pensei em Minha pequena filha, com todas as suas pobrezas, tal
como ela é. Se os homens soubessem! A Minha Hóstia consagrada: um só Sofrimento, uma só
Alegria.” (Então me lembrei da consagração de Montreal e da Corte). “O teu temor de ofender‐Me é
para Mim como uma flecha que Me fere de amor. Filha: que as feridas de amor que Me causam os
Meus fiéis, venham curar as feridas que Me causam a indiferença, o ódio e os desprezos.”
22 de junho. No campo. “Sê simples Comigo. Que é o que se faz pela manhã ou pela tarde no
seio de uma família? As pessoas se dão um beijo de afeto, e isto é muito natural. Às vezes, durante o
dia, por motivo de alguma palavra ou um dom, se troca um olhar. Um olhar afetuoso. Há impulsos de
ternura. Que doce é tudo isto e que reconfortante! Se Me permitissem ser como um membro da
família!...”
22 de junho. Eu tinha sido importunada durante o meu tempo de descanso por alguns serviços
que me pediam. Ele: “Me causaste mais satisfação com a tua Fidelidade em ser amável, do que se não
houvesses interrompido a tua contemplação.”
23 de junho. No ônibus, eu ia pensando mal de um dos passageiros. Disse-me: “Não te apresses
em julgar, nem julgues as pessoas pelo seu exterior.”
24 de junho. São João Batista. “Ama ser pequena...” Logo, enquanto varria, eu pensava: Que
pobre coisa, Senhor, esta que faço por Ti! Ele: “Não Me importa a coisa! Esta ação é para Mim o
mesmo que outra que a ti te parecesse grande; Eu só considero o amor que colocas nas coisas. A
intenção de amor. Compreendes?”
26 de junho. “Onde Eu quero habitar é no fundo mesmo de teu ser. Eu Sou a Vida, Eu te farei
viver. Não tenhas outra vontade além da Minha, que é a mesma de Meu Pai. Serás recompensada no
último dia.”
Na Missa, à hora do Pater. “Eu compus a oração do Pai Nosso para que todos vós a digais...”
27 de junho. Eu me perguntava: O que posso esperar Dele no dia de hoje? Ele: “Ser-te-á dado na
medida de tua Fé.”
28 de junho. Nantes. “Honra a Minha Coroa de Espinhos. Foi tão terrível para a Minha Cabeça,
mas tão doce para o Meu Amor. De hoje em diante, farás a Hora Santa às Quintas-feiras. Quero que
passes essa hora Comigo. No começo será necessário um esforço; mas logo, não te custará. Lembra-
te das primeiras vezes que dormiste no chão; e agora? O mesmo com os teus primeiros Via Crucis.
Custaram-te, mas agora não te custam. Filha querida, não Me abandones nunca, Eu estou sempre
contigo.” Na rua: “Que o teu olhar para Mim seja uma Comunhão Espiritual.”
30 de junho. No escritório de contribuições eu orava pelos funcionários, enquanto chegava minha
vez. “A tua oração é uma força que produz um impulso de Minha Graça sobre as pessoas que Me
encomendas.”
1o de julho. “Sobe. Ascende com todas as tuas forças. E quando tiveres subido, verás que ainda
não começaste a ascensão.” Eu estava remendando. Ele: “Dou-te o Meu Sangue para que O derrames
sobre os pecadores. Derrama‐O sobre todos eles. Não te limites. Pertence-vos.”
2 de julho. Eu havia perdido minha carta de meia taxa. Ele: “Oferece‐Me essas pequenas
contrariedades como espinhos teus, que aliviam a Dor dos Meus.” Logo, no trem. “Já vês?
Simplesmente com um sorriso de amabilidade lhes fizeste o bem. Compreendeste-Me. Compreende‐
Me mais, e então a União será muito estreita.”
4 de julho. Le Fresne. “Quando te peço que ofereças todas as tuas boas obras pelos sacerdotes,
isso não exclui outras intenções. Os Meus Méritos são infinitos. Mas se Eu impedisse que te viessem
algumas tentações, quais poderiam ser os teus Méritos? Em vez de angustiar‐te, alegra‐te, pensando
que a tentação é uma ocasião de lucros. Lembras-te? Quando eras menina gostavas muito de
‘ganhar’.”
5 de julho. No momento em que eu fazia uma genuflexão na igreja: “Se pensasses que Eu estou
aqui, cumprimentar-Me-ias de melhor maneira. Sacrifica‐Me a tua solidão e a tua independência. Troca
o teu ser pelo Meu. E persuade‐te de que não perderás nada na troca, amiga Minha. Valoriza como
nada o bem que pudeste fazer e volta incessantemente a começar: cada dia. Toma a Minha Coragem,
pois trabalhamos juntos.” Eu me escondia Nele, humilhando‐me por meu orgulho. Ele: “Que felicidade a
de ter em Meus Braços uma filha Minha que é muito pequena! Já sabes como as pessoas costumam
gostar dos meninos pequenos, dos que não são capazes de nada por si sós... Não penses com
imprudência no Espírito Santo. Se conhecesses a Sua Majestade!”
Primeira Sexta feira. “Ouviste dizer alguma vez que alguém esperou demais em Deus? Ou que
alguém tenha sido defraudado ou traído por Ele?”
8 de julho. Le Fresne. Depois da Comunhão. Eu: Senhor, amas-me com a mesma intensidade
como se já estivesse no Céu? Ele: “O Meu Amor não muda. És tu a que pode amar‐Me com diferentes
medidas. Filha, faz esforços de amor cada vez maiores.” Ao acordar, disse-Lhe: Faz, Senhor, que neste
dia não me deixe levar pela minha má cabeça. Ele, como sorrindo: “Usa a tua boa cabeça.” E mostrou-
me as ocasiões de virtude que iria ter no dia.
10 de julho. “Qual é a tua divindade? És tu ou Sou Eu? Por que, então, não pensas mais em Mim
do que em ti?”
17 de julho. “Que? É tão difícil pensar em Mim? Diz-Me tudo o que te interessa, tudo o que faz a
trama de tua vida. Escutarei com muita alegria. Se soubesses quanta atenção... Diz a teus irmãos que
sejam para Comigo como se é com um amigo íntimo que conhece todos os segredos.”
18 de julho. “Agradece a Deus pelo dia que começa. Podes obter tantos Méritos, tanta Glória em
um só dia... Permito-te que Me ames e que Me sirvas. Servir a Deus! Se tu pensasses no que há nisso
de honra e de felicidade...! Imagina se pudesse conceder‐se a um condenado um só dia a mais...
Como o aproveitaria! Conversa comigo, Minha pequena filha.”
19 de julho. Depois da Comunhão. “Eu Me entreguei aos homens e eles fizeram de Mim o que
quiseram. Isto o fiz por Amor. Agora Me entrego a eles na Eucaristia. E mais uma vez eles fazem de
Mim o que querem... E isto também o faço por Amor. Até o Fim. Até a Consumação dos Tempos.”
19 de julho. “Quando com o pensamento te pões perto de Mim, fazes-Me repousar. O mesmo
acontece quando consideras os Meus Sofrimentos, e quando avivas interiormente o teu zelo. Qual não
será a recompensa que darei às almas que, com sua amorosa piedade, fazem-Me repousar!”
21 de julho. Nantes, avenida Launay. “A verdadeira intimidade tem um sinal próprio: a de que
sempre está pronta a receber. Recebe‐Me. Aproxima‐te de Mim no meio de qualquer ocupação.” (Eu
havia recebido em minha casa a vários sacerdotes canadenses).
22 de julho. De partida para representar em Guerche. Disse-me: “Leva‐Me contigo para dar‐Me a
todos!”
24 de julho. Le Fresne. Lembras de como Mons F. gostava que lhe falasses, porque isso lhe dava
oportunidade de dizer algo que tocasse os corações? Assim Sou Eu com as almas, quando elas Me
expõem o que as alegra ou o que as aflige. Aproveito o momento para fazê‐las compreender a Minha
Bondade, toda feita de Doçura e Amor. E quando elas crêem ter dado um passo em Minha direção, Eu
já dei dez em direção a elas. Poderia ser de outra maneira, quando eu morri de Amor por elas? Almas
Minhas, tão amadas...!”
26 de julho. No jardim. “Se Eu tenho prazer em ouvir o que Me dizes, não é pelo que Me dizes,
senão simplesmente porque Me falas. Com isto fica satisfeito o Meu desejo de intimidade e Eu te olho
com o Amor de um Salvador. É claro que me alegram o teu agradecimento e as tuas homenagens; mas
é sobretudo a abertura de coração a Coração o que Eu busco em vós. As expansões do Amigo
predileto.”
“Vigia bem os pensamentos de teu coração; pois o que se tem no coração, sai logo pelos lábios.”
27 de julho. “Não te digas: ‘Isto é pouco demais para oferecê‐lo por uma alma’. Quando tu
recebes, para o teu vestuário de teatro, uma pequena soma, ficas contente, pois somada a outras, esse
pouco te permite comprar belas vestimentas para serviço da Igreja. Eu faço o mesmo: somo as tuas
pequenas orações e sacrifícios a outros, e um pecador se salva. Tu podes oferecer a teu modo as
ações do dia, mas quando usas a fórmula do Apostolado da Oração, isso te une melhor a todos os que
também a usam.” Durante a Missa eu pensava Nele, tão esgotado na subida ao Calvário, e
considerava a Sua Bondade ao consolar as santas mulheres: “Não choreis por Mim, e sim pelo
pecado.” Ele: “Eu falei desse modo pensando também nos carrascos que Me rodeavam e aos quais Eu
queria salvar. O que Eu não teria feito por eles! Sabes o que é um Desejo de um Homem‐Deus?” Logo,
em meu tempo de descanso: “Tu tens dividido o teu dia em três partes, separadas por um descanso:
oferece cada uma delas a uma das Três Divinas Pessoas, para avivar a tua atenção e o teu fervor. A
manhã, ao Pai Celestial; o meio dia ao teu Salvador e a tarde ao Espírito Santo, Amor. Assim,
pertencerás aos Três e ao Único.”
28 de julho. Depois de Comungar. “Faz um ramalhete de sacrifícios para Me oferecer, como se
fossem flores. Não descuides nada, pois tudo tem importância a Meus Olhos, desde o momento em
que tu pensas em oferecer‐Me com o maior amor. Deseja que o teu amor de cada dia seja maior que o
da véspera, e dá‐Me esse amor, para que eu o anime. Conta sempre mais Comigo que contigo, e
caminha em Paz.”
29 de julho. “Permanece, Minha Gabrielle, em uma alegria habitual. A alegria é a característica da
Mansão de Teu Esposo e Senhor. Que coisa pode haver mais doce sobre a Terra que viver Comigo no
íntimo do coração? Nunca Me deixar, Eu que sempre estou contigo, disposto a dar‐vos o Meu Amor!
Um Amor do qual são frágeis imagens os amores da Terra! Compreendes esta alegria? Eu em ti e tu
em Mim. Assim é, quando as almas se encontram em ‘estado de Graça’. E a ‘Graça Sou Eu’. Saboreai
a alegria de saber que Vivo em ti. Senti essa exuberância, que supera todas as alegrias da Terra. E
quanto mais impregnada estiveres de Minha Alegria, mais aumentarás a Minha em ti.”
30 de julho. “Que nada em ti jamais se desprenda de Mim. Se soubesses quão grande é o Meu
Desejo de ter‐vos perto... Que o teu entendimento esteja Comigo; que a tua vontade esteja Comigo; e o
mesmo a tua memória; que a nossa União permaneça, como Minha União no Pai. E lembra‐te mais
uma vez: o amor é toda ausência de separação.” Durante a Missa: “Dou-te o Meu Sangue como manto
que te envolva; dá‐Me o teu amor para cobrir‐Me.”
31 de julho. Depois da Comunhão. “Vive só para Mim. Quando falares, que se veja bem que o
único que te importa Sou Eu. Não temas mencionar o Meu Nome na conversa, pois todos, sem sabê‐lo,
têm necessidade de Mim. E o Nome de Deus pode suscitar o bem nas almas. Tenta adquirir este hábito
e Eu te ajudarei. Virão a ti para ouvir falar de Mim. “O que poderias temer, se Eu tomo a maior parte de
teu trabalho? A Minha felicidade está em ajudar‐vos. Chamem‐Me em vosso auxílio, Minhas almas
amadas. Vós tendes a liberdade de querer‐Me ou de não querer‐Me; Eu estou sempre aí, com o
Coração agitado, na espera de vossa decisão. O Meu Coração, sempre ansioso com o Desejo de que
Me escolhais... Que vos dê prazer semear o Meu Nome nas palavras que pronunciais; como uma terna
reparação pela Dor que Me causam todos aqueles que querem apagar‐Me em todo lugar, ainda na
alma dos meninos pequenos. Semeai o Meu Nome. Eu darei o crescimento.”
1o de agosto. “Pede à Minha Mãe, a cada manhã, que abençoe o teu dia. Ela tem cuidado por
todos, como o tinha por Mim; e Me apertava junto ao Seu Coração.”
4 de agosto. “Agradece ao Pai por todo o teu corpo, por teu espírito e por tua vontade de sofrer o
que Ele te pedir. Lembra-te que, ao subir ao Calvário, por Sua Glória, Eu orava por todos os que iriam
Me imitar.”
5 de agosto. “Quando disseres: ‘Que a Tua Vontade se faça na Terra como no Céu’, pede a
santidade para todos os teus irmãos da Terra. Faz com fervor essa petição. Que felicidade haveria, se a
amável Vontade do Pai Boníssimo se fizesse na Terra como se faz no Céu! Para que assim seja,
oferece os Sofrimentos de Minha Paixão. Que o Meu Sangue não permaneça inativo. Derrama‐O sobre
as almas para a Glória do Pai. Como Eu. Sempre juntos.”
6 de agosto. Eu lembrava-Lhe de meus pecados. Ele: “Por que te admiras de cometer faltas,
quando és tão miserável? Mas Eu gosto de dar‐Me à miséria.”
Le Fresne. Alisa Mayor. Festa da Transfiguração. Ele: “Lembras‐te o que Me dizias, aqui mesmo
em Le Fresne, quando eras pequena? Dizias-Me: ‘Transfigura‐Te em minha alma, Senhor.’ Não o tenho
feito, já, com toda a Bondade?” E me trazia à memória os Seus Favores. “Com frequência não és tu
Quem atrai, mas sim Eu. Não te canses. Começa sem descanso os teus esforços; e estou contigo.”
7 de agosto. Eu me humilhava pelas faltas cometidas nesta semana. Ele: “Pede‐Me com toda a
tua alma que as perdoe, e fica apoiada sobre o Meu Coração para retomar força e alegria.”
8 de agosto. Depois da Comunhão, pensando que tinha um desjejum em minha casa. “Não tens
necessidade de abandonar‐Me para receber aos teus convidados. Eu também sei receber e acolher.
Quando Eu andava na Terra, acolhia a muitos desconhecidos. E eles partiam contentes, porque
sentiam o Meu afetuoso interesse por eles. Faz‐Me a honra de conservar‐Me perto de ti quando
receberes as pessoas, porque, entende, não há momento algum em tua vida em que Eu fique
sobrando.”
Eu subia a velha escada devagar, como contando os degraus. A cada degrau Ele me dizia: “Diz‐
me que, dentre todos os momentos de tua vida, é precisamente este o que sentes mais carregado de
Fé e Esperança; o momento do maior Amor. Que a tua vida seja um crescer por instantes; e diz‐Me
isso!”
Diante da Imagem do Divino Rosto. “Amiga Minha... amas-Me? Amas-Me mais do que as outras
(os outros, os demais)?”
9 de agosto. “Aproxíma‐te mais a Mim, abraça mais apertadamente o teu dever. Desses instantes
fugitivos que parecem não valer nada (mas que se tornam coisa Minha se tu Mos dás), deles tirarás o
teu Eterno Tesouro. Dos momentos fugazes que Me deste, Eu tiro para ti uma felicidade permanente
que é Minha, mas que Eu te dou.”
9 de agosto. Eu lia que ‘O Verbo Se fez Carne e habitou entre nós.’ Ele: “Queres de verdade que
continue habitando entre vós? Em ti? Em tua vida? Habitar quer dizer estar sempre aí. Queres que te
habite?”
10 de agosto. No trem rumo a Annonay. No vale do Ródano, mostrou-me o Poder da Santíssima
Virgem, Grande como uma imensidão celeste. No carro para La Louvesc. “Sê para Mim um pequeno
instrumento de Glória. Toda esta vida de autora e de comediante, não é senão um prólogo de Minha
Glória. Sê como uma folhinha de palha em um vento poderoso. O que faz a folhinha de palha? Uma só
coisa: abandona-se. Mas é um abandono total e em todos os sentidos, à força do vento; não tem
nenhum movimento próprio.”
13 de agosto. Annonay. “Eu quero ser para ti o Único. O teu único pensamento, o teu único
cuidado. Nada. Ninguém. Eu.”
16 de agosto. “Crê com firmeza que as ações mais banais, feitas com a intenção de salvar almas,
de fato as salvam. Uma Fé robusta como esta faz honra à Minha Misericórdia e à Minha Bondade. Tens
que crê‐lo assim.”
Lyon. Em um bar cheio de gente. “Oferece‐Me aqui um Pai‐Nosso. Será o único que se dirá aqui
por muito tempo!”
Em uma igreja, perto da estação. Disse-me: “Conta‐Me o que haveria te interessado ou o que
haveria te causado pena. Muitos creem facilmente que é preciso falar-Me numa linguagem especial, e
por isso não Me falam. Mas tudo seria diferente se se pensasse no muito que Me agradaria que Meus
irmãos se aproximassem de Mim com simplicidade e com um pouco de carinho... Vós todos, que sois
Meus amigos mais delicados, vinde apagar a Minha Sede. Tenho sede de vós!”
18 de agosto. No carro de La Louvesc a Annonay. “Sê sempre alegre. Com teu coração ardendo
no Meu. Amo-te até a loucura; não to demonstra assim a Loucura da Cruz?” Em Lyon. Na igreja.
“Tratai-Me como ao mais íntimo, que não somente desculpa as faltas que Lhe são confessadas, mas
que as toma sobre Si mesmo, para obter o perdão do Pai.”
19 de agosto. Lyon. Na estação, para tomar o trem para Fresne, eu pensava que iria entrar de
novo no quadro habitual com todos os meus defeitos. Disse-lhe: Senhor, troca-me a alma, dá-me outra.
Ele: “Melhor, trabalha para modificá-la. Deixa teu ‘estar em ti’ para ‘estar em Mim’. Estabelece em Mim
o teu pensamento e a tua atividade.”
23 de agosto. Nantes. Depois da Comunhão. “Vive este dia em oferecimento de consolos pelo
beijo pérfido de Judas, que tanta dor Me traz: Eu, que Sou a Delicadeza. Eu já estava quebrado por
Minha Agonia, quando veio Me ferir esta dor indizível. Compreendes? Ele era um amigo, um escolhido;
uma testemunha de Minhas Expansões íntimas. Por isso o golpe foi tão doloroso. Se tu te propusesses
assim, para cada dia, uma finalidade na reparação, a tua vida espiritual se tornaria mais ardente.
Queres ensaiar?”
24 de agosto. Em Fresne, eu recebia alguns convidados. “Recebe-os como se Me recebesses.
Dá-lhes a atenção que Me darias, e com o mesmo amor.”
27 de agosto. Depois da Comunhão. “Essa pessoa sai da igreja sem ter agradecido e vai passar o
dia sem lembrar-se do favor que lhe fiz de manhã. Pensa tu em Mim, de hoje até amanhã. Fala
Comigo, agradece-Me, ama-Me. Oferece-Me todas as tuas ações para salvar pecadores... para isso
estou em tua vida. Quando uma pessoa está em tua casa, tu não a deixas só, verdade? Então, vive em
Minha Presença.”
31 de agosto. “Hoje honrarás as Minhas Mãos perfuradas por Minha Loucura de Amor. As olharás
e amarás durante todo o dia. As porás nas tuas e em teu coração. Pedirás ao Pai que queira derramar
esse Sangue sobre o Mundo em guerra, sobre os pecadores, sobre os dirigentes das nações, sobre as
almas humildes, pequenas e escondidas, que têm necessidade de Meu Auxílio para aumentar a Sua
Glória. Aumentar a Glória de Deus! Que ideal para uma alma irmã da Minha!”
2 de setembro. Enquanto eu dobrava o meu cobertor: “Oferece-Me as tuas ações mais simples,
as menores, como um ramalhete de flores do campo. Quem não gosta dessas florzinhas modestas?
Tece uma coroa para Mim, e para uma guirlanda se necessitam muitas flores. Não te canses de pô-las
sobre a Minha Fronte ferida pelos espinhos. Com isto obterás, seguramente, força para os pobres
soldados que partem hoje para a guerra. (Tinha sido decretada a mobilização geral). Isto é a
‘comunhão dos santos’, e a sua Fonte Sou Eu, o Primeiro Santo. Bendizei-Me por tantas Graças que
tenho te concedido. As pessoas acham natural que Eu dê, mas não se lembram de agradecer. O Meu
Coração gosta que Lhe agradeçam, pois a gratidão acende o amor. É uma palavra de amor.”
4 de setembro. Primeiro dia da guerra. “Pede a São Miguel que se coloque à frente dos exércitos
franceses, como se pôs à frente dos exércitos angélicos para derrotar os demônios.”
7 de setembro. Eu me humilhava por tantas distrações. “Oferece-Mas assim mesmo; é sempre
algo de ti. Dá-Mas, para que eu as repare, e põe-te com frequência diante de Mim, Minha pequena.”
12 de setembro. Eu rezava o Rosário pela França e dizia: ‘Graças do mistério, descei sobre
nossas almas.’ Ele: “Diz isso três vezes, em honra das Três Divinas Pessoas, e cada uma delas te
escutará. Sim, há muita munição para distribuir; mas para isso é preciso que haja fábricas. Sê tu como
uma fábrica de orações, e Eu as distribuirei. Pois, como poderei distribuir, se não tenho reservas?”
13 de setembro. Depois de visitas que haviam me ocupado todo o dia. “Não voltes ao Mundo. Se
te tornasses mundana, Eu não teria mais os teus pensamentos.”
19 de setembro. Eu me sentia intimidada por passar a manhã inteira com o Pai. “Tudo o que tem
sido realizado pelo Filho foi querido pelo Pai. Quem é amigo do Filho é amigo também do Pai. Quem
ama ao Filho, ama também ao Pai.”
15 de setembro. Estava em oração. “Se tivésseis Fé! O que tu obténs em longos anos de oração
também poderias obtê-lo em uma só petição. Crê que Eu te escuto sempre, disposto a dar-te o que
pedes. Isto, de uma maneira que te é desconhecida, mas que responde à tua oração.”
“Não admitas em teus pensamentos outra coisa que a Bondade; assim, os teus atos serão
melhores.”
19 de setembro. “Se tu sofres só, és bem miserável; mas se sofres em união Comigo, és rica. A
tua potência pode salvar a face da Terra, aumentar o número dos cristãos e reduzir o dos maus.”
20 de setembro. No campo. “Quando passe um dia em que não tenhas pensado em Mim, a tua
dor deve ser grande pelo temor de que a Minha Dor seja maior ainda. E por que tu não poderias criar
um gênero novo: Agradar para a Glória de Deus?”
24 de setembro. “Os adjetivos mais belos ficam muito por baixo da Beleza de Minha Mãe. Tu a
chamas de Estrela de Ouro, Fonte Selada, Flor Perfumada. Mas não é possível dizer sobre a Terra
senão muito pouco do que Ela é. Digo-te isto para que tenhas confiança.”
26 de setembro. Em meu tempo de descanso. “Quando tu te mortificas, é como se renovasse a
Minha Flagelação diante do Pai para o bem dos pecadores. Como se o teu corpo fosse o Meu Corpo.
Porque vós todos sois Membros Meus. Compreendes? Eu torno Minhas as vossas ações quando vós
Mas dais, e com uma verdade que vós não supondes.”
29 de setembro. Le Fresne. Na hora da Missa. “Ainda quando não tivésseis feito, durante toda a
Missa, outra coisa além de lutar contra as distrações, somente com isso terias Me dado alegria. Eu sei
como são as coisas.” Eu o procurava. Ele: “Se não te falo, não é porque esteja ocupado em outro lugar.
Estou presente em todo lugar, e Me ocupo de cada alma como se fosse a única no Mundo.” Em meu
tempo de descanso: “Hoje Me adorarás na Hóstia que São Pedro deu à Minha Mãe e que permaneceu
em Seu Coração, o Primeiro Tabernáculo. Une-te ao Seu Amor Fiel. Olha bem essa Hóstia Nesse
Coração.”
10 de outubro. Não arrastes contigo continuamente o teu passado, se isso te impede de
aproximar-te de Mim livremente. Joga-te em Meus Braços com espontaneidade e tal como és. Ali terás
alegria, já que Eu não posso dar outra coisa.”
“Tu não achas estranho ter que, de vez em quando, sacudir algum pó em teus móveis; não
estranhes também que tenhas que tirar a cada dia alguns pós de tua alma. Para isso, ajuda-te com as
indulgências, pois para isso as pus em Minha Igreja.”
13 de outubro. Enquanto eu recitava um ato de Caridade. “Se é algo bom fazer um ato de
Caridade, por que não fazer muitos deles em Minha Presença? Eu estou onde quer que estiveres.
Pensa nisso.” Em meu tempo de descanso. “Se um grande artista viesse te visitar em casa, não lhe
contarias com confiança todos os teus trabalhos e projetos? Confia-Me a tua alma. Encomenda a tua
santidade ao Meu Coração. Ele sabe de tudo, sabe de ti, Minha Gabrielle.”
17 de outubro. Pareceu-me que as minhas manhãs consagradas ao Pai se tornavam mais
distantes. Ele: “Mas, é que não crês que o Pai e Eu somos uma só coisa? E quanto aos outros, o seu
juízo sobre ti importa pouco. Vive para Mim.”
18 de outubro. Eu lia, na vida de Josefa Menéndez: ‘Se as almas vivessem continuamente unidas
a Mim, conheceriam-Me muito melhor.’ Perguntei-Lhe: Senhor, em que consiste esse unir-se a Ti? Ele
me respondeu: “É simplesmente pensar em Mim. Falar Comigo como no seio de uma íntima amizade.
É buscar os Meus Interesses. É sofrer por Minha Causa. É ter o cuidado de Meu Reino. É recordar os
Meus Sofrimentos. É deixar que o amor corra na direção de Meu próprio Amor em todo o momento da
vida. A união Comigo é tudo o que resulta disso.”
“Ama-Me como puderes. Eu suprirei o que falte.”
19 de outubro. “Põe a tua atenção no santo do dia, pois no Céu há festa por ele. Há graças que se
dão nesse dia... se se lhe pedem. Une-te às festas do Céu... enquanto chegas lá.”
21 de outubro. Nantes. “Quando te peço que repitas com frequência: ‘Sei que estás Presente,
amo-Te’, quero que cresça a tua Piedade. Aos soldados é obrigatório exercitar-se, até que conheçam
bem todos os seus movimentos. É o mesmo na vida do espírito: à força de repetir, de recomeçar,
chega-se a dominar os grandes impulsos; e depois disso, tudo fica fácil. Mas é indispensável o
exercício.”
26 de outubro. Tive uma tarde mundana e cheia de maledicências. Quando Lhe pedia perdão, Ele
me disse: “Para reparar, ora. Lembra-te desse pó que todos os dias tens que sacudir de teus móveis.
Canta-Me um cântico de reparação por essas faltas.”
28 de outubro. Le Fresne. Eu Lhe agradecia por ter-me dado meios de aquecimento para o tempo
em que costurava os ornamentos. Ele: “Tenho que aquecer a Minha pequena operária, não? Os Meus
servidores são sempre recompensados, cedo ou tarde.”
28 de outubro. Depois da Comunhão. “Dar-Me-ias grande alegria se em cada uma de tuas ações
de Graças, rogasses à Minha Mãe que te ajudasse.”
Diante de um encantador despontar do sol sobre a água, eu cantava: ‘Quão admirável é o nome
do Senhor!’ Ele me disse: “Não é verdade que os Meus espetáculos são os melhores do Mundo? Eu os
faço para vós. Se somente soubésseis contemplá-los!... Agradecendo-Me... Encontrando neles o Meu
Amor. Tu, paga-Me!”
3 de novembro, diante do fogo. “Já vês, nada arde sem contato. Aproxima-te de Mim, une-te a
Mim. Unir-se significa chegar a ser a mesma coisa.”
6 de novembro. Na cidade. Eu passava diante de uma igreja. Ele: “Por que não entras para ver-
Me? Que tal se Eu tivesse algo a dizer-te? Tu não passarias diante da casa de uma amiga íntima sem
entrar correndo, alegremente. Inclusive, darias um jeito para pôr esta visita em teu trajeto. E apesar
disso, esta pessoa amiga não te esperaria com o mesmo desejo que tem o teu Salvador. Entra, isto
não te atrasará. Olha quanto te amo!”
“Já escolheste? Sou Eu o que queres? Fazes a tua vida para ti ou para Mim? O Pai e Eu
aguardamos as tuas respostas.”
13 de novembro. Via Crucis, às cinco e quarenta e cinco. Ele: “Quando Me tens encerrado em teu
pensamento, é como se Me guardasses e cuidasses do Meu Corpo; como se Me cuidasses todo inteiro
em uma espécie de sepulcro vivente. Acolhes-Me. E, depois de tudo, não é para ti algo difícil pensar
em Mim...”
15 de novembro. Hora Santa. Sozinha em Saint-Clair. “Tu, que estiveste em Jerusalém e pudeste
passear pelo Jardim de Minha Agonia, aproxima-te de Mim agora e consola-Me. Encanta-Me. Oferece
ao Pai o Meu Suor para a conversão dos pecadores e a liberação das almas do Purgatório. És a Minha
privilegiada: ora Comigo. Juntos nós dois. Ofereçamos também os Suores de Minha Mãe, que desde
longe participava de Minha Dor. Vês-Me bem no Jardim? Recorda a cena. Considera o Meu Coração,
quase moribundo, todo Ele tendendo violentamente à Salvação do Mundo.”
16 de novembro. “Temer? Claro que sim: há que temer os Meus Juízos, temer diante de Minha
Lei, temer diante da Grandeza de Minha Divindade. Mas não deves ter medo de Mim em tua vida. Eu
Sou Todo Bondade, Amor e Misericórdia. Aproxima-te à tua Sarça Ardente, que arde sem consumir-se.”
19 de novembro. Às cinco e meia da manhã. Via Crucis. Eu dizia: Grito tão forte, meu Amor, que
Tu não ouvirás as marteladas... Ele: “Tenho uma grande necessidade de ser consolado. Fui condenado
à morte, e a esse tipo de morte. Podes imaginar?” Eu: Eu gostaria de ser condenada à morte para
poder Te oferecer, Senhor, o que sentisse. Ele: “Então, oferece-Me desde agora a tua aceitação da
morte, em obediência a uma Lei Divina e para a Glorificação de Deus, para a diminuição do mal sobre
a Terra, para a exaltação da Santa Cruz. Lembra-te de que quando a Cruz escorregou em seu buraco,
o ruído do choque foi ouvido no Limbo, onde tantas almas aguardavam a vinda de seu Salvador.
Estremeceram de Alegria e de Esperança. Quando o Amor à Cruz penetra em uma alma, a alma vive
em uma alegria que o Mundo não pode conhecer. Porque o Mundo tem só prazeres, mas a Alegria
pertence a Mim. E também aos que são Meus, amiga Minha.”
22 de novembro. Eu estava cansada de contemplar. Ele: “Por isso existe, também, a oração vocal.
Uma maneira de orar descansa da outra e fica-se sempre Comigo. É preciso que não percas a alegria.
Essa alegria que te é tão necessária para voar ao Alto.”
Eu passava de carro perto de uma igreja da Santíssima Virgem. Ele: “Diz um Pater em união com
a Minha Mãe. Imaginas com que fervor ela dizia uma oração composta por Seu Filho? E com quanta
frequência a dizia! E poderás imaginar a Alegria de Deus ao ouvi-La dizer com tanta perfeição! Sê uma
consoladora. Um dia irá fundar-se em torno a Mim um grupo de almas consoladoras.”
22 de novembro. Nantes. “Obrigado por ter-Me preparado umas vestes, ontem. Obrigado por ter-
Me distraído e alegrado.” (Disse-o porque eu havia costurado uns ornamentos e recebido, para uma
refeição, a uns sacerdotes-soldados). Saint-Clair. Hora Santa. “É algo tão complicado isso de viver
constantemente em Mim? Sou o teu Criador! O que te fez ser o que és. Tenho colocado em ti a Minha
Presença, e não podeis estar em um lugar onde eu não estiver. Se te puseres a relembrar todos os
benefícios que te fiz desde o dia de teu nascimento, como poderia o teu coração distrair-se de Mim? E
se relembrares esses Meus Sofrimentos em uma medida que é o cúmulo, (com os que te demonstrei
de sobra Meu Amor), que coisa podes tu fazer, a não ser entregar-te ao Amor em totalidade, e até o
fim?” Via Crucis, segunda queda. Eu: Senhor, quisera tanto ajudar-Te... Ele: “Ajudas-Me quando
trabalhas para ser melhor, e vigias as tuas inclinações defeituosas.”
27 de novembro. Advento. “Tu sabes que no Céu não há lugar para nenhuma mancha ou
imperfeição. Vivamos, pois, juntos, Minha Gabrielle, como meio de reparação, de suplicação, de
conversão. Faz-Me companhia ininterruptamente. Seria tão triste que Eu estivesse em ti e tu não Me
respondesses... Eu nunca te deixo só. Habito-te. Tu também nunca Me deixes só em teu coração.”
28 de novembro. Notre Dame. Depois de Comungar. “Hoje porás especial atenção à tua língua.
Relembra a Escritura, que diz que ‘O que não peca com a língua é um varão perfeito’. Busca esta
perfeição com amor e com desejo de agradar-Me. Como Eu gostaria de ver perfeita uma pequena tão
querida! Quando chegue o meio-dia, examina-te como foste. Anima-te a vigiar-te em tudo. Deves vigiar
o teu Céu por cima de tuas ocupações da Terra. Quando eras pequena dormias na cama de tua mãe.
Eu te havia dito: ‘Cada noite Me contarás como foi o teu dia’, e tu tinhas rechaçado esse pensamento,
crendo que não era nada além de tua imaginação. Lembras-te?” Eu: Senhor, quanto mais perto de Ti
me encontraria eu, hoje, se tivesse buscado esta proximidade em todos os dias de minha vida! Ele:
“Mas já reporemos o tempo perdido...”
29 de novembro. “Encomenda-Me em teu coração a todos aqueles que não vivem em Meu Amor.
E quando soem as três horas, relembra-Me com uma palavra de amor.”
3 de dezembro. “Vês essa grande porta feita de ferro e de madeira grossa? Que pesada é! É uma
porta feita com o medo e a desconfiança que a alma tem. Como Eu poderia entrar através de
semelhante porta? Oh, vós todos, os Meus íntimos! Tende uma grande confiança em Minha Riqueza de
Amor. Então Eu Me precipitarei em vós com aquilo que é o vosso desejo; porque então sereis, para
Mim, irresistíveis.”
Eu conversava com alguém sobre casulas. “Lá em frente, ou lá na África, estarei contente se
tenho ornamentos confeccionados por Minha pequena filha. Não tens visto o orgulhoso e contente que
um pai se mostra quando um de Seus filhinhos Lhe dá algo? Possivelmente não estará muito bem feito;
poderia ser algo mais bonito, mas o menino trabalhou nisso com todo seu coração para dar uma alegria
ao seu pai. Então... Não vale, por acaso, mais isto, que uma perfeição conseguida sem amor? Ai!
Vossa ternura é o que Eu busco em vós... em vossas obras...”
4 de dezembro. Depois da Comunhão. “Busca a perfeição em todos teus atos. No começo isto
parece difícil; mas logo se entende que nela estão todas as alegrias, porque a alegria de possuir-Me
traz consigo todas as outras.”
Tinha me custado muito trabalho reter, no curso da conversação, uma palavrinha satírica. Mas a
Sua Voz me dizia: “Não a digas para dar-Me alegria.” Passada a tentação, disse-me: “Já vês? Agora,
estás contente? Como poderias comparar o prazer de dizer uma palavra desagradável, com a alegria
de ter conseguido uma vitória?! Estas pequenas vitórias trazem recompensas eternas. Pensa sobre
isso.”
“Não percas o teu tempo em pensamentos sobre ti. Não estou Eu aqui para preocupar-Me do teu?
Que em todos teus instantes haja um afeto, como cânticos em que Eu beba teu amor e amor pelos
pecadores; tirarás Graças para eles e para as almas do Purgatório. O que é o que te sobra de todos
esses pensamentos da Terra que tens acariciado? Quanto terias ganho se todos eles se houvessem
convertido em impulsos em direção a Mim? Reflete.”
5 de dezembro. Depois da Comunhão. “Faz hoje, conduzida por Minha Mãe, a seguinte oração:
‘Dá-Me, Senhor, a santidade, e concede-me santificar, não obstante a minha pequenez, aos outros.’ Se
ao dizer isto creres que serás escutada, o serás. Eu Sou, lembra-te, infinito em Poder.”
8 de dezembro. Durante a procissão na casa das Companheiras Fiéis, recebi uma terna e doce
queixa da Santíssima Virgem: “Por que demoraste tanto tempo em dar-te a Mim como uma menina
pequenina?” E em espírito, me pus a chorar sobre o Seu Ombro. Que coisa tão simples e verdadeira!
9 de dezembro. Via Crucis. Às cinco e meia. Estação das Filhas de Jerusalém. “Santifica-te, para
santificar os outros. E santificar os outros é dar-Me a eles, porque o Santo Sou Eu. Santo e
Santificador.”
Via Crucis. Na Estação do Despojamento. “Sim, arrancavam-Me a pele junto com as vestes. Tu
viste vítimas preparadas deste modo. Assim eu também o fui.” Ao meio-dia eu Lhe pedia perdão pelas
faltas que tinha deixado escapar durante a manhã, e Graças para a tarde. Ele: “Esta tua manhã
representa todo o teu passado. O resto do dia é como o teu futuro, até a morte. Diz com frequência
esta oração.”
12 de dezembro. “Ama. Ama. Faz com frequência atos de amor. Pensa na alegria de poder amar-
Me e pensa também na desgraça dos condenados, que não podem senão odiar-Me. Que coisa tão
terrível é não poder amar a Deus!” Depois da Comunhão, na avenida: “Quando fazes uma visita às
crianças, levas sempre algo para dar-lhes. E Eu, que Sou um Deus Riquíssimo, poderia acaso entrar
em uma alma sem deixar-lhe nada? A alma não vê nem sente os Meus Dons; mas os anjos os veem. E
tu és feliz quando os pequeninos te agradecem, muito contentes. Dá-Me os agradecimentos com a
mesma simplicidade, e espera tudo de Minha Potência e Generosidade.”
Santa Cruz. Hora Santa. “Permanece Comigo no Seio de Minha Mãe durante todo este advento.
Adora-Me Nele, onde estou vivo como no Céu. Eu espero ali que Minha Formação Humana seja
completa, para Salvar os homens. Eles não suspeitavam que o seu Salvador estivesse tão perto. De
igual modo no Tabernáculo. Quantos nem pensam sequer que Eu esteja ali! Permanece Comigo e com
Minha Mãe e deixa-te formar por Ela. Tenho uma grande impaciência para sair de Minha Prisão para
estar perto de vós. Então, que seja grande também a tua impaciência por obter, não obstante o teu
miserável nada, o perfeito estado de alma que é a santidade. Tu sozinha és impotente; mas a Minha
Mãe tem os Seus segredos, que tomou de Mim. Ela trabalha naqueles que Lhe pedem. É tão boa! E
agora, dai-Me alguns Pai Nossos e algumas Ave Marias, que necessito para Meus pecadores: as
Minhas pequenas fábricas de orações esgotam logo as suas reservas. Não te distraias de Mim. Fica
sempre diante de Mim, em Mim, porque Eu Sou o Tudo diante de ti e em ti. Ora deste modo, sem
cansar-te.”
22 de dezembro. “Roga muito pelos demais; alarga as tuas petições. Eu Me encarrego de ti; dos
governantes, das missões, dos povos. Meu Reino por todos os lugares.”
Ao luar, em uma avenida. Alegre pelo Natal, cuja hora se aproximava. “Pois sim, alegra-te. Se
soubesses o que era o Mundo antes de Minha Vinda! Estava Deus e estavam os homens. Mas agora,
Deus Se tornou um, entre os homens. Um de vós! Como medirás esse Amor? Uma União assim, feita
possível entre vós e Ele! Vês a diferença? Agradece-Me com todas as tuas forças e sê Minha, mais do
que antes.”
24 de dezembro. Depois da Comunhão. “Aqui está o Messias, o Salvador, tão desejado e
esperado. O Salvador do Mundo, de todos, de ti. Pede-Me que te salve de tuas faltas cotidianas, de
teus hábitos repreensíveis, do que há em ti de mau e Eu te Salvarei. Busca multiplicar os Atos de
Caridade, de evitar as faltas da língua, pensando que Eu estarei contente.”
Natal. Missa de meia-noite. “Agora... deves nascer Comigo a uma vida nova. Vigia. Vela.
Conserva-te pura na intenção.”
Natal. Na Catedral. “Cristãos de hoje! Outros já passaram antes de vós. E outros virão depois,
juntando-se ao número de todas as almas na presença do Pai. Cristãos de hoje! Dai-Me, durante o
curto tempo de vossa passagem pelo Mundo, o máximo de vosso amor por Minha Glória. Que vossa
época seja para o Meu Coração a ‘Doce Época’, a da rica colheita.”
26 de dezembro. Depois de uma reunião de jovens. “Toma a tua alma entre tuas mãos e olha o
que tem sido este dia. Pesa o amor que Me deste no transcurso das horas. E lembra que serás julgada
pelo amor.”
Depois da Comunhão. “Busca evitar as faltas, ainda as menores. Este é o teu trabalho, pois foste
chamada à santidade, e a santidade é a ausência de toda mancha consentida. Trabalho de amor.
Entendes? De amor!”
Via Crucis. Primeira Estação. “Tu Me condenarias à morte se em teu espírito se escurecesse a
Minha Lembrança, sufocada pela selva dos pensamentos terrestres.”
1940

1º de janeiro. Depois da Comunhão. Como eu Lhe pedia um


lema para o ano, disse-me: “Orar. Unidade.”
2 de janeiro. Depois de um dia bem medíocre. “Já vês como
por ti só, não podes nada. Joga-te em Meus Braços cada dia, e
pede-Me força para pôr nos detalhes a devida atenção. A vida está
cheia de ninharias. Não contes contigo, mas Comigo.”
3 de janeiro. Via Crucis em Notre Dame, às cinco e meia.
“Considera o que foram ao longo do caminho os Meus Sentimentos
de abandono ao Pai, os Meus Desejos por vossa Salvação. Pede-
Me o amor à Cruz, para assemelhar-te a Mim e para obedecer ao
Pai.” Em meu tempo de descanso, fazendo-me perceber as palavras
inúteis: “Em Minhas três últimas horas de vida Eu não disse senão
sete palavras...”
5 de janeiro. “Os dias que te faltam viver são menos do que os
que já viveste. Passemos, pois, estes últimos dias de tua vida, como
dois que vivem estreitamente comunicados em grandes desejos,
antes de ver-se. Minha pequena amiga, a quem amo como à menor
e à mais miserável!”
6 de janeiro. Notre Dame, durante um sermão. “Pensa em todo
o bem que tu poderias fazer através de uma conversa...”
17 de janeiro. “Tu não Me sentes sempre da mesma maneira;
mas a escuridão não deve te impedir a marcha. Humilha-te e
avança com Fidelidade. Marcha. Não Me vês, não Me sentes, mas
Eu estou aí, cheio de Amor e te estendo os Braços. Nada na Terra
Me distrai de pensar em vós; mas os pensamentos dos homens são
curtos e eles pensam que os Meus são assim... Mas Eu Sou o Ser
Estável, o Imutável. Eu Sou a Presença, Eu Sou o Olhar. Eu Sou O
que Tudo Contém. Eu Sou o Instante, assim como Sou também a
Eternidade. Sou pura Riqueza de Amor. Eu Sou O que sempre te
chama para que venhas, sem temor, precipitar-te em Meu Coração.
Eu chamo. Tu, ao menos, responde-Me.”
19 de janeiro. No trem para Alés, eu via em Vogue, sob o sol
poente, umas pequenas igrejinhas nas montanhas, e pensava que
Deus desce a cada manhã a esses pequenos lugares. Então Ele,
convidando-me à humildade, disse-Me: “E tu, desce das alturas.”
22 de janeiro. Alés, Gard. “Toma entre as tuas duas mãos a
Minha Cabeça Coroada de Espinhos e oferece ao Pai todas as
gotas de Meu Sangue pelos pobres soldados que combatem. Se
soubesses! O Sangue é um Apaziguamento, uma Purificação, uma
Força...”
26 de janeiro. Valence, em um trem gelado. “Se Eu tivesse
outro meio de aproximar-te de Mim fora do sofrimento, Eu to daria.”
Quarenta Horas. “Não compreendes que Minha União com
uma alma tem que apertar-se, conforme ela vai se aproximando da
Eternidade? Faz esforços para não viver em ti, senão em Mim. Uma
vez te comoveu algo que lestes: que Eu estou nos Evangelhos sob
a aparência de palavras. Quanto mais presente estou, sob as
aparências de homem, nos homens! Vós que viveis na Graça, não
nos abandonemos!”
Eu tinha uma dúvida. “Tu não tens maior dificuldade em admitir
que em cada corpo há uma alma. Verdade? E apesar disso, tu não
vês tua alma. Então, por que tens tanta dificuldade para crer que Eu
esteja em tua alma em Graça, ainda quando tu não Me vires? Eu
estou aí, não Me deixes só. Fala Comigo.”
27 de janeiro. Nantes. “Eu teria podido amar-te com menos
força. Agora, louva-Me por este excedente de Amor. Agradece e
convida a Minha Mãe para que te ajude.”
1º de fevereiro. “Há almas que não comungam senão pela
Páscoa; outras Me recebem somente nas grandes festas. Mas há
também umas que comungam todos os dias. De igual maneira, há
diferentes graus no amor, muitos matizes de delicadeza em Minha
grande Família de almas. Sê daquelas que Me encantam com um
amor puro e desinteressado.”
2 de fevereiro. De manhã. “Entregar a alma. É uma palavra
justa, pois Eu já tinha dado a Minha. E pus nisso tanto Amor! É
preciso devolver-Me com todo o afeto e a ternura de que fores
capaz, para honrar o Meu Amor primeiro. Quando eu venha recolher
esta alma preciosa, que ela Me entregue esse ser que se rompe e
Mo dê como um perfume.”
4 de fevereiro. Em meu pensamento eu tentava consolá-Lo
quando Ele estava tão desfigurado pelos golpes, e me perguntava:
Poderei amá-Lo mesmo quando estiver desfigurado? Ele me
respondeu: “Por acaso o teu coração não é o mesmo quando te
colocas vestidos de festa?”
8 de fevereiro. Quarenta Horas, com as Reparadoras. Eu
contemplava a descida da Cruz. “Põe a humanidade inteira, junto
Comigo, no regaço de Minha Mãe, para que Ela cure as nossas
chagas, feche nossas feridas e nos embalsame para a
Ressurreição.”
9 de fevereiro. Na Quarta Estação da Via Crucis. “Quando Me
abraçou, Minha Mãe recebeu a Força necessária para assistir à
morte horrível de Seu Filho.” Depois da Comunhão: “Tu és o meu
veículo; mas não és mais do que isso, um veículo...” (Com isto me
dizia que não são os meus Méritos que me alcançam os Seus
Favores).
18 de fevereiro. Via Crucis, Segunda Estação. “Recebe com
grande amor a tua cruz de cada dia, da mesma forma que recebi a
Minha. Não te digo que não sintas o sofrimento, mas sim, que
chegues pouco a pouco a amá-lo. É o sofrimento que aproxima as
pessoas a Mim, e ninguém poderá igualar-Me no que padeci.”
18 de fevereiro. Na hora da Elevação. “Eu Sou o Expiador. Põe
sobre o altar todas as tuas faltas, desde as primeiras que tiveste e
diz ao Pai, como se dissesses ao ouvido, ternamente, a tua
contrição.”
“Parece que há dois deuses: O do Céu e o da Terra, que é o
dinheiro. Não te sirvas dele, a não ser para servir ao teu Salvador e
a teus irmãos por amor a Ele.”
“Em tudo o que fizeres põe a tua pequena parte de boa
vontade, e deixa o resto Comigo.”
“Todo cristão que vive em Graça é outro Cristo. Com
frequência se diz que há em cada homem, vários homens. Cristo foi
todos os homens. Levou sobre Si todos os pecados. Une-te, pois, a
Ele, porque Ele tem sido ‘tu’ quando tomou sobre Si os teus
pecados. Não é possível compreender aqui embaixo o que é a
compenetração de Cristo em cada um dos homens. Porque Ele é
um Deus em um Homem (segundo a Fé Católica, um Deus-
Homem). Sua Potência de Salvação é infinita, já que a Sua
Divindade nunca se separou de Sua Humanidade. Tratai-Me como
ao Íntimo, que não somente desculpa as faltas que Lhe são
confiadas, mas que as toma sobre Si para obter o perdão do Pai.”
20 de fevereiro. Eu Lhe dava o nome de Dulcíssimo Senhor.
Ele: “Sim, dirige-te a cada uma de Minhas Qualidades e entrega-te a
Elas, Uma após a Outra. Porque a Minha Doçura iguala a Minha
Força, e as Virtudes de Minha Alma, quando são invocadas,
impregnam as almas.” No trem para Fresne. “Nunca te veio o
pensamento de que Eu respeito a todos os homens? Respeito a sua
vontade. Espero amor deles, mas não forço o seu livre arbítrio. Dou-
lhes tudo o quanto necessitam, mas aguardo a sua resposta de
gratidão. Mantenho-Me aí, invisível, silencioso, como um pobre que
espera uma esmola. É preciso que vós deis o primeiro passo. Mas,
com que alegria darei todos os que se seguirem!”
21 de fevereiro. Nantes. Clausura das Quarenta Horas, com as
Damas Brancas. No momento de tirar o Santíssimo Sacramento
para levá-Lo pela capela, disse-me: “Já vês como Sou dócil aos
gestos do sacerdote. Saio e entro no Tabernáculo segundo a sua
vontade. E, no entanto, Eu Sou o Criador do Céu e da Terra. Vive
submetida a Mim, que Sou submisso. Aceita tudo de Minha
Vontade.”
24 de fevereiro. Depois da Comunhão. Eu Lhe pedia que
gravasse em meu coração sentimentos de Fé, de Esperança e de
Caridade. Ele: “Eu o faço quando a alma crê que o farei. Mas é
indispensável que vós façais crescer a semente. Uma gravação num
objeto não serve de nada quando ninguém a olha com frequência,
para intensificar os sentimentos que ela inspira.”
27 de fevereiro. “Tu dás importância demais às coisas da
Terra, e não a suficiente às coisas do Céu. Mas a Terra é
meramente acidental; o Céu é a tua finalidade. O Céu não é
acidental; dura para sempre. Tu não foste feita para a Terra; ela não
é para ti senão uma rápida passagem. Considera, pois, em todas as
tuas ações, a Eternidade.”
Hora Santa. 29 de fevereiro. “Começa por pedir perdão de tuas
faltas, unindo-te a Mim na Gruta do Horto das Oliveiras. Perdão pelo
que tens faltado nas palavras por maledicência, por tuas mentiras
vaidosas, pelos exageros de teu linguajar. Pede perdão porque teu
coração tem estado seco diante dos pecados do Mundo, que tão
profundamente Me afetam. Perdão por tua indiferença por Meus
Interesses. Humilha-te, e com isto Me alegrarás. Olha-Me bem no
Jardim. Verás a Minha Dor e a Minha Vergonha. Verás a Dor de
Meus Sofrimentos, inúteis para muitos. Ora Comigo: ‘Pai, tem
Piedade! Pai, perdoa a todos. Pai, olha para o Teu Jesus em
Getsêmani.’ Permanece de joelhos, em atitude suplicante. Suplica
ao Pai, que é mais Pai do que todos os Pais. Ele te escutará.”
1º de março. “Não te veio alguma vez o pensamento de que tal
ou tal Graça tenha-te sido concedida por causa de uma oração que
alguém fez por ti? Ou devido a esta ou àquela bênção de um
sacerdote? Ou pelos méritos que houve na vida de teus pais? Ou
simplesmente pela Divina Misericórdia? Ou da Bondade de Minha
Mãe? Contanto que nunca creias que a causa dessas Graças sejas
tu mesma, ou tuas virtudes...”
2 de março. Notre Dame. “A cada manhã, une-te em segredo à
Minha Oração no Deserto da Quarentena. E em seguida começa
para os homens a tua vida pública do dia.”
3 de março. “Antes, quando não tinhas ainda recebido tantas
Graças, podias fazer isto ou aquilo. Mas agora te encontras
estabelecida em Mim. Sou tua Morada. E não se sai da Morada sem
necessidade.”
5 de março. Via Crucis, às cinco e meia. “Tu és a gota de água
em Meu Cálice. Une-te a Mim em todas e cada uma de tuas ações,
sejam quais forem, à Minha Cruz, sobre o Meu Ombro destroçado.”
Décima Terceira Estação. “A Minha Mãe tinha muito pouco tempo
para sepultar-Me. E, no entanto, achou um meio de fechar todas as
feridas. E com que Amor o fez! À tarde: “Chama-Me de Irmão. E
quando tiveres saboreado toda a doçura que há nisso, chama-Me
Amigo. E logo, quando tiveres esgotado essa suavidade, chama-Me
de Esposo. Assim se enriquecerá o teu amor, sem mudar.”
5 de março. Depois da Comunhão. “Quando sintas que a tua
vontade irá se manifestar com um movimento próprio, põe então a
tua mão na Minha, olha-Me, para que Eu modifique a tua vontade,
de acordo com os interesses de Meu serviço.”
6 de março. “Que fria e dolorosa é uma mansão desabitada! E
que feliz é outra que se encontra cheia de juventude, de vida e de
alegria! Esta é a diferença que separa uma alma que Eu não habito
porque ela Me rechaça pelo pecado, e outra na qual estou presente.
Pensa frequentemente que estás habitada, e ama a teu Hóspede
que vai contigo a todo lugar. E diz-Lhe com simplicidade e
sinceridade tudo o que o teu amor te inspire...”
7 de março. “É possível que Eu não tenha te criado para outra
coisa, senão para que Me consoles, dando-Me asilo em um coração
onde Me cantas o cântico do amor. Por que não haveria Eu de ter
uma morada nesta Terra? Será ainda preciso que Eu não tenha nem
uma pedra para reclinar a Cabeça? Abre-Me. Abre-Me as tuas
portas de par em par, pequena alma tão amada.”
9 de março. Enquanto encerava o piso de tacos, Ele me disse:
“Sou por acaso um mau Senhor? Ou não achas o Meu jugo doce?
Não valho a pena para que te abandones a Mim, com tudo o que és
e com tudo o que tens? Quem tu acreditas que Eu Sou?” Eu:
Senhor, Tu és o Suave, o Inexprimível, o infinitamente Bom.
10 de março. Paixão. Via Crucis. “Tu Me pedes paz para a
França. Mas há algo mais grave que a guerra, e é o pecado do
pecador que não quer cumprir com a Páscoa. Pede-Me a conversão
desses pecadores.”
11 de março. Depois da Comunhão. “Há uma coisa em que
posso saber se Me és fiel: se quando trabalhas, fazes bem o teu
trabalho. Quando estiveres nos negócios, faz bem esses negócios;
mas nas horas consagradas à oração, as horas do Amor, que nada
te distraia de Mim. Tu te colocas em Mim e permaneces, ocupando-
te de Mim e de Meus Interesses. Sê fiel desta maneira.”
Consolando-me: “Tens visto, através de Meus terríveis Sofrimentos,
o que é o castigo do pecado; mas nunca tens visto a Glória que sai
de um só ato de virtude, de um só traço de amor.” Diante das
árvores da avenida: “Que o teu coração se encha de amor como
esses brotos se enchem de vida. Que todas as tuas obras, as tuas
intenções de amor, os teus desejos de serviço, se renovem como a
Natureza, quando se prepara para as novas flores e os frutos
novos.”
12 de março. “Às vezes vós dizeis: ‘Ah, se fosse possível ter
várias vidas!’ Pensa tu que a cada manhã se te concedeu uma nova
vida, e procura vivê-la melhor que a de ontem. É assim como se
conseguem progressos rápidos na perfeição. Tu talvez não os
verás, mas Eu, sim.” Domingo de Ramos. Na Catedral de Nantes.
“Compreendes bem o que significa que Eu tenha te comprado
dolorosamente? Então, és coisa Minha; muito mais do que tu
mesma crês.”
Depois de uma sátira. “Minha pequena: teme sempre ser
menos santa do que a pessoa que ridicularizas.”
Na avenida. “Não rezes as tuas orações como uma tarefa
obrigatória. Reza-as mais como se diz uma história encantadora e
nova, ao ouvido do Amado. E será ainda melhor se a disseres com
um sorriso interior. Que bem escutada serás se orares assim!”
Sexta-Feira Santa. Ajoelhada atrás do sr. Sacerdote, de frente
ao Repositório. “Toda Graça tem vindo à Terra através dos
sacerdotes, em nome dos sacerdotes, em nome do Sacerdote que é
Cristo. Agradece-Me e roga por eles. Ajuda-os. Tu tens visto
edifícios que se sustentam sobre colunas ou por meio de suportes
de ocasião. Às vezes são necessários muitos deles. Sê tu do
número de Meus auxiliares. Que coisa é impossível de se obter
quando se ora? Se tu Me pedires, Eu iluminarei os sacerdotes.”
Sexta-Feira Santa. Diante do altar do Repositório. “Não
corresponde a satanás fazer conhecer a Misericórdia. Tu, ao menos,
sê feliz neste dia. Sofri tanto para que isto te fosse possível. Eu sofri
tudo; carreguei todas as vossas cruzes; tu, ao menos, dá-Me a
alegria de ver-te alegre. Eu te substituí no amor, te substituí na
expiação; paga-Me com sentimentos de uma paz gozosa e cheia de
gratidão.”
Páscoa. Na Catedral. “Do mesmo modo que Eu entrei no
Limbo depois de Meus últimos Sofrimentos (E digo Meus Últimos
porque, lembra-te, sempre haverá sobre a Terra um sofrimento que
será o último, e te digo isto para animar-te); e assim como libertei e
enchi de alegria a essas almas; assim também virei solenemente
para livrá-los da Terra e enchê-los de alegria. Almas tão amadas!
Que este pensamento vos encha de uma alegre confiança. É algo
breve, a Terra..., e então verás Meu Rosto.”
Eu: Senhor, eu gostaria de poder conversar Contigo como o
fazia a primeira mulher, quando Tu vinhas ao Paraíso visitar Adão e
Eva. Ele: “Mas tu tens muito mais motivos de amor que os teus
primeiros pais. Naquele então, eu não era senão o Criador, o
Benfeitor, o Iluminador; agora Sou teu Salvador, teu Reparador, a
Doce Vítima, o Amor Revelado. O que te dou é mais que puras
visitas, pois habito em ti e tu comes o Meu Corpo. E nunca te
abandono, a não ser que tu Me expulses... Busca, pois, em ti,
palavras que te façam vencer-te de amor.”
25 de março. No trem de Nantes a Fresne. “E agora, que a tua
vida se aproxima de seu término, canta-Me todos os dias um cântico
de agradecimento. Porque dei gratuitamente a tua vida, vendo por
antecipação as tuas ingratidões. Compreendes? Dei-te em vista da
felicidade que vos preparo. Oh, criaturas Minhas! Vós sois os Meus
excessos de Amor...”
29 de março. No campo. Na sala grande eu Lhe dizia: Parece-
me que Te falo com demasiada familiaridade. Ele me respondeu:
“Estamos em família! Nada pode agradar-Me mais. Todo aquele que
compreende bem qual é Meu Desejo, abre-Me o seu coração a todo
momento. Tanto Amor é o que tenho pelas almas, que o mais leve
chamado de sua parte encontra eco em Meu Coração. Apoximai a
boca ao Meu Ouvido: Eu vos escuto.”
Eu arrumava umas hortências. “Une-te ao Meu Trabalho de
operário. Não importa muito o que faças, a não ser o amor com que
o fizeres. E o amor é união. Terei muita alegria se Me ofereceres o
espetáculo de uma alma totalmente perdida em seu Salvador.”
30 de março. “Gostas de nossa solidão, não é assim? Mas fica
sabendo que se Me deixas para cumprir um dever social, agradas-
Me igualmente. Se Me deixas por Caridade, voltas a encontrar-Me.
E um dia virá em que a alma não se afastará um só instante de seu
Deus e Salvador.”
Em uma igreja de campo. Vendo que eu não fazia progressos,
dizia-Lhe: Senhor, já tenho me ocupado de mim mesma. Agora me
ponho em Tuas Mãos. Ele me disse: “Se soubesses o quanto estimo
ser de alguma importância em vossa vida! Eu posso fazer de ti uma
mulher nova. Quando eras pequena, pedias que te dessem a mão
para descer os degraus. Pede-Me seguidamente a Mão, porque
continuas sendo pequena. Não penses poder fazer algo bom sem
Mim.”
1º de abril. Le Fresne. No jardim, sentada sobre a borda do
poço, eu orava pelo regresso de um pecador e dizia: Senhor,
lembra-Te de que foi, sentado na borda de um poço, como
converteste a samaritana. Ele: “Sim, mas tive que esperá-la.” Com
isto me fez compreender que, em certas ocasiões, é preciso orar
durante longo tempo.
2 de abril. Visita ao Santíssimo Sacramento. “É precisamente
este o amor de que gosto. Que Mérito haveria em amar-Me depois
de ter-Me visto? Esta é uma prova pela qual tendes que passar.
Superai-a como vencedores.”
2 de abril. Eu lamentava a lentidão de meus progressos. Ele,
com um tom que me deu ânimo, disse-me: “Eu acreditava que
devíamos ‘ser uma mulher nova’...” E logo, antes de que chegasse o
meu tempo de descanso, disse-me: “Detém-te. Detém-te. Sê fiel. De
outro modo, como Eu poderia falar-te? Faz tudo por Mim e Comigo.
Ainda essas canções que cantas. Eu Me poria ciumento do ar, se é
ao ar a quem as cantas. Se soubesses como é o Amor de Deus e
Quem é O que te pede!” Antes de receber a uns hóspedes. “Que
tudo esteja em ordem, gracioso e atrativo. Recorda-te que Eu Sou o
Amo da casa. O Esposo se sente feliz quando a esposa O honra. E
pode-se honrar-Me de muitas maneiras.”
7 de abril. “Tu podes reparar pelas ingratidões e salvar
pecadores, ainda com as mais insignificantes de tuas ações
habituais. Recorda que Eu varria a pequena oficina de Meu pai São
José. E com isso Salvava. Une-te a Mim.”
8 de abril. Enquanto cavava a terra esta manhã, eu meditava
no fim da Flagelação, quando Ele teve que arrastar-Se pelo chão
para alcançar a Sua Túnica. Disse-me: “Se tens a Fé, por que não
tens uma maior Esperança? Ajuda-Me a salvar os pecadores.
Espera em Minha Potência infinita. Tu tens visto algumas vezes
como certas alavancas levantam pesos enormes, e também tens
visto como se produzem certas metamorfoses químicas. E o que é
isso, em comparação com o que Eu, o Todo-Poderoso, Sou capaz
de fazer?”
9 de abril. “Não penses que um santo deve necessariamente
parecê-lo diante dos olhos dos homens; porque conserva a sua
natureza exterior, e a santidade está no interior. Assim como há
frutos cuja casca áspera e até espinhosa não faz pensar na doçura
de seus sucos interiores, assim também são os Meus santos: o que
vale neles está em seu coração. Recorda-o: tudo o que procede do
orgulho é perecível e desemboca na vergonha; e assim, tudo o que
procede da humildade frutifica e se converte em Glória para quem o
fez.” Via Crucis. Depois de um dia inteiro de trabalho no jardim, eu
pensava: Terei que ajoelhar-me. Ele: “Importa que Me ames.” Mais
tarde, pensava eu em certas gentilezas que não tinham me
agradecido. Ele: “Ao contrário, tudo o que vós Me ofereceis
afetuosamente, causa-Me uma emoção de Amor. Porque não há
comparação possível entre os sentimentos de Deus e os
sentimentos dos homens.” Via Crucis na igreja vazia. Ele: “Não
tenho ninguém além de ti.”
12 de abril. Na Elevação: Senhor Meu e Deus Meu! Ele: “Sim,
teu Senhor e teu Deus. (Como Se doando). Vosso Senhor e vosso
Deus. Via Crucis. “Quisera Eu que não houvesse em ti nada forçoso
e nenhum incômodo para seguir-Me. Que seja para ti totalmente
simples percorrer o Meu Caminho com ternura, sempre disposta a
dar-Me a tua delicadeza. E Eu lhe tomarei o sabor, como ‘se tudo
fosse certo’...”
13 de abril. Enquanto encerava os armários, eu Lhe dizia:
Senhor, será possível que eu salve um pecador por cada armário?
Ele: “Salvas de acordo com a medida do teu amor e da tua
confiança.” Durante a refeição: “Não comas pelo motivo de que a
comida é saborosa. Come para obedecer o mandato que Eu pus, de
manter o corpo em estado de servir-Me. Assim, tu prepararás para
Mim os alimentos, enquanto Eu te preparo o Banquete do Céu. Esse
Banquete dos escolhidos, que Sou Eu Mesmo.”
14 de abril. “É preciso que entreis na etapa da grande
confiança. É preciso que comeceis a compreender que as palavras
de vossas orações não foram formadas para golpear o ar, mas para
atingir como flechas o Coração do Pai, que as recebe com Amor.
Toda oração é uma flecha. Tende uma grande certeza de que sereis
escutados por um Deus infinitamente paternal que, se não vos
escuta a vosso modo, vos escuta de outro modo melhor. Mas vós
sois escutados por Alguém que está no centro de vosso próprio ser.”
15 de abril. Eu: Senhor meu, é possível que se salvem todas
as almas que neste momento vivem pelo Mundo inteiro? Ele: “Tudo
é possível no nome de Jesus Cristo, e por Seus Méritos.”
15 de abril. Eu ouvia as crianças brincarem. Ele: “Amo as
crianças. Coloquei em suas almas sentimentos excelentes. E são
estes os sentimentos que se devem cultivar ao longo de toda a vida.
Vêm de Mim, e Me alegro de encontrá-los em vós quando chegais a
ser adultos. Uma confiança sem limites, docilidade, sede de Jesus,
candor e pureza, abandono total, olhar reto e franco. Voltai a tomar
as vossas almas de crianças para as dar-Me.”
Hora Santa. “Filha, vive Comigo. Conversa Comigo e pede-Me
conselhos. E do que te acontecer, conta-Me tudo. Alguns poderiam
pensar que isto é infantil e absurdo; tu, pensa simplesmente que é
verdade.”
17 de abril. “Recorda-te que começaste a tua vida de penitente
com a Esperança de que Eu Me aproximasse de ti. Então, como Eu
poderia resistir? Toda chamada vossa é recebida por Mim com
imenso Amor. O teu corpo? Considera-o nada mais do que um
objeto necessário para a vida sobre a Terra. Um dia o deixarás
como quem tira um sapato. Considera, ao contrário, a altíssima
superioridade de tua alma, criada à Minha Imagem.”
18 de abril. Sexta feira. Eu me afligia muito por passar o dia
com Ele sofrendo. “Pois bem, passarás o dia em companhia de
Meus Sofrimentos Glorificados; cada um dos quais têm a sua
recompensa. Em lugar de ver os Meus Sofrimentos, considera que
‘já sofri’. Isto aliviará a tua tristeza. Hoje deixaste muito bem
arrumados os teus canteiros, sem nenhuma erva daninha. Cultiva
assim o Meu Campo (falava de minha alma). Pede à Minha Mãe
Amantíssima que tu respondas com ternura à Minha Ternura. Tu
sozinha não és capaz, não és capaz, não és capaz!”
Eu ia todas as tardes visitar um doente, sabendo que isto O
alegrava. Jesus disse-me: “Está bem; mas não és ‘tu’ o que tens
que levar-lhe, e sim ‘Eu’. A Eucaristia é o Presente do Céu; ‘nada
fora dela é precioso neste mundo’. A Hóstia não está no Céu; por
isso, para adorar a grande maravilha de Cristo, os Anjos têm que
descer à Terra. E tu? Não te fica bastante fácil vir a adorar com
Eles?” Eu: Senhor, viverás comigo? Eu só, não poderia viver.
Morrerás também comigo? Porque eu só, não saberia como morrer.
Ele: “Assim será!”
22 de abril. “Estás tão cheia de misérias, que facilmente se
pode ver que, se há algo de bom em ti, é por obra Minha. Mas tuas
mesmas misérias servirão para a Minha Glória.” Eu: Senhor, tens
avançado algo neste trabalho que Te encomendei, da santificação
de minha alma? Ele: “Tem uma confiança imutável. Olha-Me com
frequência. Olha-Me sempre, pois nisto está o caminho direto que
corta as voltas. Tu podes, Minha pequena, aprender muitas coisas
na cavidade da Rocha...” (de Seu Coração).
22 de abril. Eu tinha uma dúvida. “Tu estás bem segura de ter
uma memória. Mas a vês? E estás também segura de que tens uma
vontade. Mas a vês? E teu entendimento? Concede-Me então a
confiança de crer que Eu estou em ti sem que tu Me vejas.”
Sexta feira. “Vive hoje com as Minhas Chagas. Entra Nelas. E
se te entristecem, olha-As na Glória. Compreende, Minha pequena,
que nenhuma outra devoção é maior que esta; Nela Estou Todo Eu.
Meu Coração, Meus Membros, Minha Cabeça. E em Meu Coração
tu encontras todas as Chagas de Minha Ternura dolorida,
desconhecida, ultrajada e rechaçada. Tu, Minha pequena, fica todo
este dia Comigo. Canta, fala e escuta.”
Depois da Comunhão. “Sim, podes dizer: ‘Minha bela
Trindade’. Quem mais belo que o Pai? Quem é mais que o Filho
Glorificado? E quem é mais que o Espírito de Amor? Adora.”
“Não gosto das fórmulas recitadas. Diz as tuas orações como
se Me falasses. As fórmulas não são o que tu és. Não são nada
para Mim. Mas um gesto de amor Me comove; uma palavra dita com
ternura, um ‘obrigada’ como o que Me disseste esta manhã quando
os cucos e as andorinhas te acordaram. Então Me disseste: ‘Senhor,
alguém já Te agradeceu por tê-los criado?’”
Visita, numa igreja vazia. Disse-Lhe: Senhor, estou contente de
que estejam em torno ao Teu altar esses lindos lírios. Respondeu:
“Tenho flores, mas (triste) Me faltam almas...”
25 de abril. Le Fresne. Eu ia entrando na igreja para a Hora
Santa. Ele: “Estava te esperando. Crês em Mim? Esperas em Mim
como um Deus merece que esperem Nele? Quisera ver-te levar em
peso a Minha Vontade pela Fé, unida a uma intensa Esperança.
Recorda a fórmula: ‘Eu ajo em Teu Nome, Senhor, e sei que sou
poderosa.’ Espera, pois, uma vida profunda. Como poderia Eu dar-
vos os Meus Abismos de Bondade, se vós não estais dispostos a
recebê-los? E logo, mantém o teu olhar fixo em Mim, ao longo dos
dias e das noites. De outra maneira, esquecer-Me-ás. E é horrível
ser esquecido quando se ama tanto. Tu não sabes o que é... Verás
melhor quando estiveres Lá Em Cima o que vale a tua pequena
Visita de todos os dias. Que nunca te falte. E que te seja natural e
doce, pois por ser assim, crescerá o teu Mérito. Já sabes que Me
recuso a forçar as vontades; e este Meu respeito por vossa
liberdade é mais uma forma de Amor.” Eu pensava na bênção do
Crucifixo colocado nesta manhã no caminho da B. Disse-me: “Agora
poderei abençoar os que passam por esse caminho, e ao passar Me
dão uma olhada de compaixão, ou Me dizem uma oração.”
Enquanto eu trabalhava no jardim: Logo será domingo, Senhor, teu
dia. Ele: “Todos os dias são ‘Meu Dia’ para os que Me amam.
Semanas felizes, meses felizes, encanto de toda uma vida! O Pai te
criou, Crê Nele. Espera no Filho, que te Salvou. E ama ao Amor,
que é o Espírito Santo. Olha a Família Divina, Pai, Filho e Espírito
Santo: são Um. Continuai esta unidade com todos os vossos
irmãos, com o Céu, com o vosso Pai do Céu: Um!”
4 de maio. “Para hoje te peço a austeridade do espírito. Que o
teu pensamento seja uma lâmpada, cuja chama suba direta em
direção à Minha Potência, Minha Majestade e também em direção
ao Meu Amor de Pai e de Esposo. Ainda quando tu não vires o
resultado de tuas orações, nem de teus esforços, não percas o
alento. Pensa somente que Eu Sei de tudo, e põe de novo a tua
confiança entre as Mãos de teu Redentor. Lembra-te: Eu serei para
ti o que tu quiseres que seja. Se Me tratares como a um estranho,
serei para ti somente um Juiz. Mas se tiveres confiança, serei o teu
Salvador. E se viveres em Meu Amor, serei o teu Esposo Amante, o
Ser de teu ser.”
9 de maio. Hora Santa. “Hoje serás tu quem falará. Aqui estou
vendo-te e te escuto com todo Meu Coração.” Disse-Lhe: Senhor,
tem piedade de mim, como eu tenho piedade de Ti. Ele, como
sorrindo, disse-me: “Não crês que Eu tenha maior compaixão que
tu? É o natural! Tu te pões diante de Mim para que Eu te dê coisas,
e ao consolar desta maneira o Meu Coração, ávido por dar, tens
piedade de Mim. Oh, filhinhos Meus, deixai que vos enriqueça,
oferecei-Me com amplidão a oportunidade de vos santificar! Sem
Mim, nada podeis; mas dai-Me a mão, dedicai-Me um olhar muito
simples e muito confiado. Pensai: ‘Ele é tão Grande, pode o quanto
quer e é o meu Pai e meu Amigo. Então?’ E tu, pede ao Pai que Eu
viva nas almas. Não seria viver se não se ocupassem de Mim dentro
delas. Que bom seria estar nelas como um Hóspede, como o mais
querido de todos os hóspedes; aquele a Quem se rodeia de
delicadezas, sabendo que toda atenção mínima comove a Sua
grande Delicadeza; e que a Sua Pobreza é sempre tanta assim, que
qualquer esmola insignificante O fere de amor.”
11 de maio. Véspera de Pentecostes. Eu pensava que o
Espírito Santo concedia por força Graças especiais no dia de Sua
Festa. Jesus disse-me: “Não são Graças que Ele conceda para o
dia de Sua Festa, mas sim as concede para sempre. Nunca retira
algo que tenha dado. Porque o Amor não pode retirar os Seus Dons.
Pede-Lhe que te dê com profusão, e Ele te cumulará. Cumular-te-á
simplificando-te.” Eu pensava na santidade da Santíssima Virgem,
que correspondeu a todas as Graças. Minha Mãe, Lhe disse, dá-me
um pouquinho do Teu. Ela Me respondeu: “Filha Minha, muito
querida, todos os Meus Méritos são teus, são de todos vós. Tu és
Minha herdeira, Minha filha, pela Comunhão dos Santos. Mas é
indispensável que o creias e fales disso ao Bom Deus.”
11 de maio. “Olha, Eu quisera ao mesmo tempo não submeter-
te à prova, porque te amo; e submeter-te a ela, também porque te
amo, e logo te recompenso.”
11 de maio. Eu tinha uma ideia obsessiva. “Essa ideia é como
uma mosca impertinente que volta e volta cada vez que se espanta.
Mas finalmente se retira: as tuas pequenas provas espirituais são
exercícios na piedade. Tem paciência e alegria.”
Nantes. Festa da Santíssima Trindade. Na catedral. “Diz:
‘Amor ao Pai, Amor ao Filho, Amor ao Espírito Santo, agora e por
todos os séculos, Amém.’ Não estamos vivendo na época do
Amor?” Na Missa, à hora da Elevação, com delicadeza: “Em Meu
Caminho ao Calvário Me empurravam e Eu caía por terra. Minha
túnica estava manchada, e ainda que Me restava pouco tempo para
levá-la, Eu sofria, no meio de outras torturas, a de pensar que Minha
Mãe tinha Me dado essa Túnica. Ora mais, muito mais, neste fim de
maio, tão terrível para muita gente. Prepara a Festa de Meu
Coração. A Santíssima Trindade. Eis aí a tua Família!”
21 de maio. Batalha de Arras, êxodo dos belgas, batalha de
Vervins. Ele: “Oferece a humanidade que sofre, em união com a
Minha Humanidade dolorida, pela renovação espiritual do Mundo, e
especialmente dos países da Europa.” Eu escutava as lamentações
de meus vizinhos. Ele: “Levantai-lhes o ânimo sempre que puderes.
E em Meu Nome.”
21 de maio. Êxodo dos belgas. “Consola os que sofrem, como
se fosse a Mim.”
Invasão alemã. Eu orava pela vitória. Ele disse-me: “O que é
que queres? A salvação do país ou a Salvação das almas? Esta é a
mais importante. Um renascimento sai do rebaixamento, e a Glória
vem depois da humilhação.”
Era de noite e eu sentia medo. “Tenho sido um tirano para ti?
Estou acaso te espiando para golpear-te? Tem confiança em teu
Amigo.”
24 de maio. Via Crucis. Segunda Estação, Jesus é carregado
com a Cruz. Ele: “Minha Cruz. Sim, é Minha, pois formamos Ela e
Eu uma só coisa. Quando a encontrares, é a Mim a Quem
encontras; acolhe-nos, pois, aos dois juntos.” Décima segunda
Estação. “Faz correr o Meu Sangue sobre a França, até empapá-la.
Mistura com Ele o sangue dos franceses, para que a sua purificação
seja infinita. Oferece também o teu ao Pai, para estar unida ao teu
Esposo ao máximo. E faz tudo isto na alegria do amor.”
26 de maio. “Desperta a tua confiança em Meu Poder absoluto.
A tua confiança é o que em ti Me honra, e o que pode mudar os
acontecimentos. Confiança, juntamente com o sentimento de teu
nada. Lembra-te do centurião.”
28 de maio. Rendição da Bélgica. “Vês? Não se pode contar
senão Comigo. Lembra-te de que disse que é preciso reservar-Me a
parte que Me corresponde, e não somente em vossas vidas
pessoais, mas também na vida dos povos. Deixai-Me agir.”
29 de maio. “Vês a Minha Graça somente em poucas
ocasiões, mas germinará como uma semente. Simplesmente
prepara o terreno de cultivo.”
30 de maio. Le Fresne. Na Missa. “Envolve hoje a tua alma em
um manto de humilhação penitente para obter o perdão de tuas
faltas e dos pecados da França. Lembra-te de Moisés orando no
monte por seu povo, com seus braços em Cruz.”
31 de maio. Festa do Sagrado Coração. “Une-te a todas as
almas que Me celebram hoje, na Terra e no Céu. Canta com o Céu
o Amor de Meu Coração. Oferece-Me o Meu próprio Amor.”
905. 31 de maio. Eu tocava o harmônio em uma bênção depois
da Missa. O ministro me perguntou se tinha que acender os círios
grandes. Jesus disse-me: “Acende-os: aos governantes, aos
dirigentes, a todos os chefes, todos! Para que todos ardam com o
desejo de Meu Reino de Amor. Que se extenda sobre eles o Meu
Fogo.”
1º de junho. “Vivamos juntos. É um meio admirável de
reparação, de súplica e de conversão.”
2 de junho. “Eu dei-vos tudo, inclusive a Minha Mãe.”
3 de junho. “Qual será a alma que Me dará essa alegria, a de
começar sobre a Terra a Vida do Céu, amando-Me em todo tipo de
ocupações? Por acaso serás tu? Ama-Me sem fim e isso é tudo.”
Enquanto eu varria, disse-me: “Faz o quanto possas para
chegar a parecer-te Comigo: considera que o Pai busca em vós o
Meu Rosto; e se O encontrar, a Sua Justiça fica como que
esquecida; converte-se em puro Amor.”
6 de junho. Depois da Comunhão. Eu pensava em Hitler
fechando as igrejas. Ele: “Diz: ‘Ó Pai amado, salva-nos! Salva as
Hóstias da França!’ Compreenderás que é preciso expressar-Me a
intenção de reparação. Se te faltar essa intenção, não repararás,
ainda que a Minha Misericórdia esteja sempre disposta a todos os
perdões. Que pressa tenho de que Me peçam esses perdões!” Eu
oferecia o Via Crucis pela França. Ele: “Recorda que tudo o quanto
acontece, acontece pela Vontade de Deus. Vê a Deus nisso. Ajudar-
te-á a meditá-lo.”
13 de junho. “Nunca penses que a Terra e todos os teus
pecados sejam impossíveis de purificar pelo Meu Sangue. É bem
possível. Não penses que é muito difícil que as tuas orações sejam
escutadas, porque o Meu Poder ultrapassa toda a oração. E quando
tu acreditares que virei, Eu virei.”
“Todos vós não sois senão um corpo, uma alma, uma oração.
Eu escolho uns para poder alcançar os outros. Sejamos todos Um.”
13 de junho. Hora Santa. “Crê firmemente que não há
proporção alguma entre as preocupações e trabalhos da Terra, com
a recompensa que te aguarda. A recompensa Sou Eu. Anima-te a
suportar tudo por amor, para conquistar o Amor. A vossa tarefa é a
de conquistar o Paraíso, a de conquistar a Deus, ao Deus Eterno. Já
viste que tudo o que acontece é curto; mas pensa em seu conteúdo
de Eternidade. É como se a cada momento acabasses de chegar; e
como se a Terra, lá muito ao longe, te parecesse como um ponto e
como um sonho. E agora, posto que te encontras ainda nesta vida
militante, não percas nada. Voltarás a encontrar tudo, e para
sempre. Crês em meu Amor?” Eu: Creio, meu Senhor. “Crês de
verdade e a fundo em Meu Amor?” Sim, creio, Senhor meu. “Crês
definitivamente e para sempre em Meu Amor?” Sim, definitivamente
e para sempre. “Então, faz-me a doação total de ti mesma, e não
voltes a tomar-te nunca mais. Negação de teus próprios gostos;
vontade de que Eu tenha Alegria, de que venha o Meu Reino de
Amor; esquecimento de teu ser e lembrança do Meu. Lembrança
Desse Ser que não é o de um tirano exigente, mas sim de um
Cordeiro que Se imolou por Amor.”
Ao entrar na igreja vazia, eu pensava: Poderei ficar aqui uma
hora? Ele: “Que importa o tempo? Tu estás aqui, Eu também. O
importante é que nos amemos.”
Na varanda. Senhor, com que se faz o Amor de Deus? Ele:
“Com a Vontade.”
19 de junho. Refugiei-me providencialmente num vagão para
animais, até chegar a Nantes; logo, tive carro de segunda classe,
com amável companhia. Chegamos a Luçon às 24 horas. E logo
fugimos, com umas Ursulinas de Beaugency, em um carro que
levava queijos. Chegando a Curzon, perto de Tranche, eu agradecia
a Jesus por todas as Suas Gentilezas. Disse-lhe: Se diria que não
me abandonastes nem um só instante. Respondeu-me: “Duvidas
disto?”
20 de junho. Invasão alemã. Refugiei-me em C. “Oferece-Me
pensamentos de confiança. Honrarão (como um incenso) a Minha
Bondade. Não te disse que receberás de acordo com a tua Fé? Não
temas se os alemães vierem. Serei Eu, em ti, Quem os receberá.
Chegou a hora da prova; não percas nada dela.”
20 de junho. Le Fresne. Hora Santa. Eu pensava na derrota,
depois de tantas orações. Disse-me: “Não seria melhor que
dissesses: ‘ganhamos o Paraíso’, em vez de dizer: ‘ganhamos a
guerra’? Podes estar segura de que Eu vos tenho salvado de
perigos que não conheceis. É o Amor mesmo O que trabalha
quando Eu trabalho. Se Me conhecêsseis um pouco! Mas ainda é
tempo, filhos Meus, de que Me conheçais. Que os nossos
relacionamentos se façam, finalmente, muito simples, carinhosos;
como os do filho pequeno com seu pai, quando lhe abraça o
pescoço com seus bracinhos e lhe deixa o cuidado do futuro, e
somente lhe diz que o ama.”
20 de junho. Curzon. Na bela igreja do século XV. Depois da
Comunhão. “Pensa, durante todo o dia, que o Meu Corpo habitou o
teu corpo. Teus próprios gestos terão doçura por isso. Traz a este
país uma corrente de suavidade; porque a miséria dos outros é a
Minha própria miséria. Não te canses de consolar com pequenas
palavras amáveis. Sabes que estou contigo.” Eu pensava com
tristeza no avanço do inimigo, já muito próximo. Ele: “Quem são,
senão os Meus íntimos, os Meus escolhidos, os que devem fazer
atos de perfeito abandono? Exercita-te bem neste abandono, agora
que chega para vós a hora da tribulação. Dar-Me-ás grande prazer,
pequena criatura Minha.”
22 de junho. Eu tinha falado de Nazaré e de Jerusalém às
Ursulinas de Beaugency, refugiadas como eu, e me sentia inundada
de júbilo. Disse-me: “É que Eu mesmo Me sinto tão feliz quando Me
levas aos outros! Sê a Minha pequenina!”
921. Na bela igreja do século XIII. “Não penses que eu exijo
que as almas sejam perfeitas para recebê-las em Meu Coração.
Dai-vos a Mim com todas as vossas misérias e negligências, e com
as vossas faltas de cada momento. Reconhecei-as aos Meus Pés,
pedindo-Me perdão por elas, e estejais seguros de que sois os filhos
queridos de Meu Amor.”
C. Em um pequeno corredor que me servia de aposento, eu
tinha me refugiado, levando todos os cadernos que contêm ‘Suas
Palavras’. Ele: “Faz-Me a honra de ler um pouco a cada dia. Sentir-
te-ás unida a Mim, e como que elevada sobre a Terra.”
Em uma clareira no bosquezinho onde eu costumava ir para
pensar Nele; as borboletas, numerosíssimas, aglomeravam-se
sobre as plantas de salvia. Disse-me: “Já vês: até na natureza
necessitam uns dos outros, e ninguém está isento do dever de dar.
Dá. Dá como Eu mesmo dou. O hábito de dar é uma armadura de
força e de alegria. É a negação de nós próprios. É como a Minha
Vida Pública, depois das orações de Minhas Noites.”
24 de junho. “Não creias que seja tão difícil fazer penitência.
Tu expias sempre que tens a intenção, e te unes aos Meus
Sofrimentos. A tua expiação agrada ao Pai porque és livre;
enquanto que a expiação no Purgatório é independente de tua
vontade.”
“Olha: sempre terás um meio para não pensar em tuas
pequenas preocupações, e é o de pensar nas Minhas.”
24 de junho. Eu pensava nas condições do armistício. Ele: “E
Eu, posso pedir-te um imposto de amor, progressivo e cotidiano,
Minha esposa?”
25 de junho. “Oferece a França escrava em união a Mim, que
estive pregado por sua saúde eterna; e com um mesmo Olhar, o Pai
nos contemplará, compassivo.”
26 de junho. “Faz todas as coisas Comigo: as habituais, para
imitar a Minha Vida oculta. As difíceis, para imitar a Minha Vida
Pública.”
“Oferece todos os teus pecados em Meu Corpo sobre o
Madeiro, para que o Pai os perdoe. O Pai Se compraz tanto em
perdoar! Permiti-Lhe, por teu humilde arrependimento de pobre
pequenina, conceder esses perdões de que tanto gosta.”
27 de junho. Em Curzon. Hora Santa. “É preciso que chegues
a sentir prazer em dominar a tua vontade por amor a Mim. Que seja
para ti como um jogo, sabendo que com isso demonstras-Me o teu
amor e Me dás alegria. Ainda que seja somente uma vez pela
manhã, outra ao meio-dia e outra à tarde. Sê fiel em oferecer-Me
essas três alegrias. As aguardarei com ansiedade. Tudo o
importante, filhos Meus, está na relação de coração a Coração; em
que tudo aconteça entre a alma e o seu Salvador. Nesta intimidade
com Meus pequeninos, tenho as Minhas Delícias: como se ao dar-
vos , vós Me désseis um Tesouro. E o Meu Amor por vós faz o resto.
Que não haja entre nós barreira alguma. Dizei como sois,
pequeninos, e Eu vos farei grandes. Mas deveis entregar-vos. E tu,
adora em espírito a todas as Hóstias que recebeste desde a tua
Primeira Comunhão. Adora todas essas efusões de Amor em que
Eu Me uni a ti, e adora também todas as que irão se seguir, até a
última. Diz-Me que tens sido feliz, e que não concebes a vida sem a
Comunhão cotidiana. Já o sei, mas Eu gosto que Me digas. Sou
como um tímido que necessita receber mais segurança. Pequenos
filhos Meus, tão amados!”
28 de junho. Via Crucis. “Diz-Me que irás alegrar-te em
percorrer o caminho em Minha Companhia. Eu gosto muito mais do
que fazes por Mim com alegria. Eu Me encontro na situação de
alguém que, temendo forçar ao seu amigo, sente-se feliz quando o
amigo lhe manifesta uma alegria sempre nova por estar em sua
companhia. Não Sou um Dono exigente. Sou o Todo-Cheio-de-
Amor; vem, pois, a Mim, com os braços estendidos. Como esses
meninos que tomam impulso para lançar-se e serem colhidos no
vôo pelos braços de seu pai.”
1º de julho. Estação de La Roche-sur-Yon, onde ontem me
levou um caritativo carro de Curzon. Dormi sobre um banco de
hotel. E quando Lhe agradecia por Seus Favores; lamentando não
poder Comungar durante a viagem de trem, disse-me: “Faz uma
Comunhão Espiritual. É um ato de desejo e de vontade inteiramente
simples, e cheio de confiança no Salvador. “Este é o mês
consagrado a honrar o Meu Sangue. Tem a constante intenção e
desejo de que o Meu Sangue purifique a tua alma e purifique o
Mundo inteiro. Confia nisto, sabendo que assim, entras na linha de
Meu próprio Desejo.”
Nantes. São Nicolau. Carregando Minhas bagagens, Lhe
agradecia por meu feliz retorno. Ele: “Quando vieres Me ver,
aproxima logo o teu ouvido ao Meu Coração. Senão, poderias partir
sem ter-Me ouvido.”
4 de julho. Regresso à minha casa, que encontrei cheia de
oficiais alemães. Compreendi sua frase de 20 de junho: ‘Se os
alemães vierem, Eu os receberei’. Sua estátua de busto tinha sido
descoberta, e Ele presidia no salão em que dormiam os inimigos.
“Dirige-te sempre à Minha Bondade, pois já A conheces. Estou aqui
para cuidar-te. Se tu és pequena, Eu sou grande e forte. Aproveita-
te da Grandeza de teu Irmão. E, sobretudo, não duvides! Porque o
teu mérito consiste em ver na escuridão e em estar segura com a
segurança do amor.”
4 de julho. Eu: Senhor, será que vou seguir caminhando assim,
de pecado em pecado, até a morte? Ele: “Tens o Meu Sangue. Se
soubesses o ansioso que estou para que se sirvam Dele! Este
Sangue pode limpar à perfeição qualquer pecado que se lamentar.
Para que, senão, Eu O teria derramado? Mas há que oferecê-Lo ao
Pai. Há que vertê-Lo sobre o Mundo. Quem pensa nisso? E, no
entanto, o enfermo tem grande necessidade da medicina. Não te
recordas que uma vez te dizia que Meu Coração é um hospital?”
6 de julho. Nantes, na avenida de Launay, no salão, depois da
ocupação alemã, eu contemplava Seu Busto. Ele: “Ambos temos
sofrido.”
7 de julho. Regresso ao campo, depois da guerra. “Convida
aos anjos e aos santos para que te acompanhem a reconhecer a tua
casa; pensa que estão aí para acompanhar-te em todos os teus
atos. São os teus irmãos mais velhos.”
Depois de uma palavra mortificante. “Permiti isso com o fim de
recompensar-te por essa humilhação, (que aceitaste com alegria),
pelo advento de Meu Reino. Com feridas como essa conseguirei o
Meu Triunfo.” Eu: Então, Senhor, que venham mais. Ele: “Como vês,
corto o teu vestido sobre a tua medida.”
10 de julho. Le Fresne. Via Crucis. Décima-quarta Estação. Eu
pensava que, quando estiver na tumba, Ele estará estendido sobre
a lápide. Disse-me: “Durante toda a tua vida. Durante toda a tua
morte. Juntos.”
17 de julho. Depois de algum tempo regressei à minha casa da
cidade, e senti pena de que um relógio e seu estojo tinham sido
roubados pelos alemães. “Exercita-te no desprendimento, diante de
todos esses brinquedinhos da Terra. Que o teu coração se volte em
direção às coisas do Céu, que não perecem. Assim Me agradarás.”
Eu: Senhor, faz com que me seja natural o pensar no sobrenatural.
Ele: “Terás sempre que fazer um esforço, e nisso está o Mérito.
Sobretudo se o esforço é alegre e se faz unicamente por Mim.”
No campo. Só na igreja, com um soldado inimigo; tentava orar
por ele. “Lembra-te que há que amar os inimigos. Eu morri por
todos. Por que tu farias exceções? Eu quero ter em Meu Céu todas
as almas, e tu não conheces os segredos dos corações. Este
inimigo teu pode necessitar de tuas orações. Dá-Me, pois, essa
oração, fraternalmente, por ele. É precisamente porque vós,
filhinhos Meus, podeis fazer o bem ou não fazê-lo, já que sois livres,
pelo que Me dareis grande alegria se fazeis o maior bem possível. O
Meu Coração espreita e É feliz quando vós reportais uma vitória.
Deveis pensar que essa vitória não é somente para o vosso próprio
proveito, mas sim para o proveito de toda a Igreja. A Igreja do Céu,
onde os santos se regozijam; a Igreja que sofre e que vós aliviais; e,
finalmente, a Igreja que combate, À qual ajudais. É como um ruído
pequeno que tivesse um grande eco. Que estes pensamentos
aumentem a força de tua resolução. Que te dêem a coragem que Eu
tive durante a Minha Agonia. Porque Minha Dor maior foi pensar que
Minha Agonia iria ser inútil para muitos. Dá-Me almas, Minha
pequena. E para isso, ora Comigo e deixa-Me orar em ti.”
19 de julho. Distrações depois da Comunhão. Ele: “Isso não
importa. Não se pode impedir que as folhas se mexam quando
sopra o vento. Mas volta a tomar-Me logo em teu pensamento,
como se não tivesses te distraído. Eu encontro o Meu Repouso nas
almas que se entregam a Mim. Nelas, quanto mais Eu trabalho,
mais descanso. Enquanto Eu trabalho em ti, conserva os teus olhos
fixos em Mim ao longo de todo o dia. O Meu trabalho será muito
mais eficaz.”
20 de julho. Depois da Comunhão. “Se fosse tão difícil chegar
até o estado de santidade, Eu não vos pediria. Que patrão
inteligente exige de seus servidores algo impossível? É, pois, algo
que fica ao vosso alcance, como fruto do esforço. Voltar a começar
a cada dia, como se se tratasse sempre do princípio de uma obra;
humildemente, com a confiança em Meu Socorro de cada instante.
E não perder de vista a meta. Filha Minha!”
24 de julho. “Isto é o que vós quereis que se realize. Trabalhas
pela expiação de teus pecados? Já com isso, expias. Ofereces-Me o
teu dia para consolar-Me e para a Salvação do Mundo? Pois, com
isso, consolas e convertes. Filhinhos Meus, não percais um tempo
precioso em viver sem finalidade!”
25 de julho. “Oferece igualmente aos pequenos e aos grandes
a mesma sorridente amabilidade. Mas com especial empenho em
ser amável com aqueles que te parecem vulgares. Vai a todos com
a mesma suavidade. Todos vós sois irmãos em Mim, pois Eu Sou o
Irmão de todos. Não tires os olhos deste Modelo!”
25 de julho. “Em tua oração da Via Crucis oferece ao Pai, em
cada Estação, o Sangue que Eu verti para a Salvação do Mundo.”
26 de julho. Santa Ana, de manhã. Na igreja. Lembrou-me de
Suas Chagas e me disse: “Como poderias vacilar em aceitar
sacrifícios por Mim? Recebi todas estas Feridas para servir-te.”
26 de julho. “A vossa Missa é a vossa vida inteira, que se
coroa com toda a simplicidade com a morte. Uni-vos à Minha Vida
em vossas ações mais comuns, que com isso ficam divinizadas.
Desejo-O muito.”
1º de agosto. “Fala-Me como Me falas na Hora Santa. Sou o
Mesmo. Humilha-te diante da consideração de Minha Grandeza;
humilha-te também, considerando quão pequena és. Humilha-te,
enfim, considerando os Meus Trinta Anos de Silêncio.”
2 de agosto. “Quando na oração te diriges a Mim rezando Ave-
Marias, é como se a Minha Mãe mesma te desse a Mão para
aproximar-te a Mim.”
3 de agosto. Le Fresne. Eu me atormentava pela presença dos
alemães em Nantes, em minha casa. Ele me disse: “Deixa-Me
cuidar de tua casa. ‘Nossa casa’. Têm-Me confiança. Eu presido.”
8 de agosto. Hora Santa. “Por acaso não somos nós dois ‘Um
para o outro’?” Eu: Senhor, não tem sido assim desde a Minha
Primeira Comunhão? Ele: “Sem dúvida, mas tu podes dar mais. Se
deres a um rico, podes estar segura de que receberás mais. Ou é
que o teu bom coração prefere dar a um pobre? Eu Sou o Pobre. O
que necessita que O aqueçam e O consolem. Abre bem a tua
morada. Diz a Esse Pobre que Sou Eu: “Tudo é Teu, porque nada
reservo para mim; estou contente simplesmente com que Tu Te
sirvas de tudo para a Tua Glória, e conforme o Teu Bel-Prazer.’ Tens
ouvido bem a Minha Voz? E tudo o que contém? Conheces o Amor
e a Ternura? Conhece-los-ás, se Me conheceres.” Eu: Senhor, eu
queria devolver-Te tudo o que me dás. Ele: “Paga-Me com a Minha
própria Fortuna.”
8 de agosto. Hora Santa. “Não desanimes. Há muitas maneiras
de avançar, inclusive por meio de quedas. Clama a Mim e não
temas gritar se cais em algo; mas que esse grito vá direto ao teu
único Amigo. Crê em Minha Força. Por acaso não levantei a Pedro
quando se afundava nas águas? Estou mais disposto a ajudar-te
que a perder-te, não achas? Filhinha, quão pouco Sou conhecido!
Muitos Me ignoram. Outros desejam que Eu não tivesse existido.
Eu, que Sou o Ser! Soma-te ao número dessas almas que se
entregam totalmente ao Meu Amor. Apertai-vos bem ao Meu redor,
como quem defende a um pobre tesouro. Digo ‘pobre’. Eu quisera
ser o grande rico de almas, mas o ladrão leva muitas de Minhas
ovelhas... No entanto, Eu chamo a cada uma pelo seu nome. Ajuda-
Me. Une-te a Minhas ovelhas fiéis mediante tuas Via Crucis, teus
bons exemplos e amáveis palavras. Prolonga-Me sobre a Terra.
Ainda estou aqui e é por vós. Deixa-Me viver fortemente por ti.
Empresta-Me a tua inteligência e o teu corpo; assim, no Céu, tu
possuirás a Minha Essência. Seremos Todo o Um para o outro.”
Eu considerava a minha miséria. Ele: “Quanto menor e fraco é
um menino, tanto mais forte aperta-se-lhe de encontro ao coração.”
18 de agosto. Eu pensava em tantos danificados pela guerra,
entre os civis, os evacuados, os arruinados. Ele: “Em tudo isso há
amor. Antes de ir ao Céu, há que passar pela penitência. Meus
pobres pequenos! Quão poucos dentre vós fariam penitência se Eu
não lhes enviasse a mesma! Revesti-vos todos deste precioso
espírito de penitência, para que nada se perca.”
20 de agosto. Via Crucis, na Sexta Estação. “Antes era mais
difícil sofrer pelo Amor; mas agora que vos mostrei o caminho, deve
ser mais fácil unir-vos a Mim em vossos passos de dor.” Décima
Estação. Eu: “Como expiar todos os meus pecados?” Ele,
mostrando-me o Seu Despojamento: “Eu te ajudo. Mas ajuda-Me
agora na Salvação dos homens.” Pensando em minha indignidade,
disse-Lhe: “Senhor, como podes falar-me desse modo, Tu que Sois
o Grande, a mim, que sou a miséria? Não é possível! Ele: “Tudo é
possível para Deus.”
20 de agosto. “Faz-Me companhia. Em espírito e em verdade.
Tu não podes saber o excesso com que derramo as Minhas Graças
sobre os Meus fiéis, mas o verás mais tarde. Aí está o grande
motivo da santidade. Poucas coisas vos impedem de ser santos!
Confiai-Me a parte que Me corresponde neste ‘trabalho a dois’. E,
como Eu poderia resistir a uma confiança humilde e amorosa?”
“Sobretudo, nunca penses que Eu Me esqueço. Tudo quanto
tens-Me oferecido fica ‘escrito’ em Meu Coração, segundo essa
expressão que se usa na Terra; e também o que em diante Me
oferecerás, pois para Mim tudo é presente.”
21 de agosto. “Posto que estarás só em tua casa de verão,
pensa em fazer um retiro perto de Mim. Para isto, permanece em ti
mesma, que é onde Me encontrarás esperando-te sempre. Suprime
os teus olhares ao exterior. Conversa Comigo, canta, vive perto de
Mim, o teu Irmão e o teu Esposo. E Eu estarei também em retiro
contigo, pois já sabes do quanto Eu gosto de inclinar-Me para
melhor receber o vosso amor, se tu quiseres dar-Mo. Em teu retiro,
vê no fundo de teu coração as Três Divinas Pessoas da Trindade
Santíssima, amando-Se e glorificando-Se Umas às Outras, como
em ondas de movimento infinito. Une-te à Sua Vida em tua vida.
Prelúdio da União à Sua Vida, no Reino Celestial.”
21 de agosto. Eu: Senhor, posto que tudo está presente para
Ti, já vês agora que quero Te oferecer a minha morte, como um
holocausto perfeito de amor e de arrependimento. Ele: “Recorda-te:
a tua alma há de Me dar sua ruptura com o corpo como um
perfume, como uma florzinha que Eu fiz crescer.”
“Não te admires de ser tão frágil. Põe em Minhas Mãos fortes a
tua fragilidade.”
“Segue de perto ao Modelo. Que Eu possa dizer de cada
cristão: ‘Eis aqui o Meu filho amado, em quem tenho colocado as
Minhas Complacências’. Entendes o que é alegrar-Me em alguém?”
22 de agosto. Le Fresne. Hora Santa. Eu: Senhor, não terei,
antes de minha morte, maiores impulsos de amor em direção a Ti?
Alguns esforços mais heróicos? Ou vou continuar vegetando em
meu nível comum? Ele: “Toma a tua força da força dos santos, da
Força do Santo. Une-te a Mim, concede ao Meu Amor o prazer de
ajudar-te e transformar-te. Abandona-te, solta o passo, manifesta-
Me desejos veementes e frequentes. Se o fizeres, Eu não poderei
resistir. Se tu és generosa, Eu o serei mais. Como um vento forte,
como uma ave de rapina, assim Eu. ‘Eu Sou O que arrebata.’ Não
resistas. É a vossa confiança o que desencadeia a minha prodigiosa
Potência de Amor. Porque vos tereis entregue, Eu vos farei entrar
em Meu Jardim Secreto, entre as flores e os frutos. Tereis um anel
no dedo, e o vosso passo se ajustará ao Meu. Reduzirei a Minha
Estatura à vossa, para que nossas palavras se encontrem sem
dificuldade. Será muito doce assim, pequena alma amiga. Também
tu, como Pedro, pedir-Me-ás para fazer duas tendas; mas não
teremos mais do que uma; e o teu olhar lerá no Meu que o
sofrimento passageiro leva a uma vida sem fim; e tu dirás: ‘Que
simples é’. E dirás bem, porque para o Amor tudo é simples. Dir-Me-
ás: ‘Senhor, Tu eras para Mim Misericórdia e Bondade, e eu não o
sabia’. Se rasgará o véu e terás cabal conhecimento do que Eu sofri
por vós. Por enquanto trabalhas, batalhas no meio da noite. Mas
tens que dizer-Me que crês em tudo, que Me Adoras no Mistério. A
quem irias fora de Mim? E logo, entrega-te a Mim na Paz. Que Eu
tenha o consolo de levar a Minha filhinha aonde Eu queira. Queres
vir Comigo com os olhos fechados?” Eu: “Senhor, recorramos juntos
todos os caminhos por onde tenho ido durante a minha vida, e
abençoa a todos os que tenho encontrado, vivos ou mortos.” Ele,
como sorrindo, respondeu-me: “Fazendo-Me abençoar, fazes-Me
exercitar o Meu Ofício. Revive todos os momentos de humilhação.
Isto Mo disse, porque eu ia recordar com complacência os
momentos de Glória. São os momentos de humilhação os que Eu
prefiro; são os momentos em que Me sinto mais em ti. Esconde-te
em Minha Vida Oculta. O Esposo basta à esposa, e a Glória da
esposa é a felicidade do Esposo.”
22 de agosto. No campo. Eu olhava o raiar do sol, quando Ele
me disse: “Minha luz se levantará sobre ti no último dia. Qual não
será o teu encantamento, ao conhecer as bondades da Salvação!
Ver-te-ás envolta e como que submersa em Minha Misericórdia.
Canta desde agora o teu agradecimento pela Fé.”
21 de agosto. Depois da Comunhão. Diz: “Pai amado, repara
por mim. Pai, meu Bem- Amado, adora, ama, agradece por mim.
Tão bom e tão atento é o meu Bem Amado, que na grandeza de
Sua Humildade, toma o meu lugar. E quanto a mim, não sou digna
de desamarrar o cordão de Sua Sandália. E... Ele está em meu
coração.”
24 de agosto. “Um só Pai-Nosso rezado por um santo pode
mais que muitas orações ditas sem amor. Que haja amor em tuas
palavras, como uma efusão de teu coração; então as tuas palavras
Me consolarão. Não sentes muita alegria ao pensar que dais
repouso ao teu Deus? Conta-Me. Que eu o ouça bem dito em Meu
Ouvido, como um segredo de amor.”
25 de agosto. Eu recebia em casa a uns sobrinhos. “Recebe-
os como se Me recebesses, e imagina a ternura que Me darias.
Trata-os, pois, como a Mim.”
26 de agosto. Eu tinha uma dúvida. “Ainda quando estas
palavras saíssem da natureza humana, Não Sou Eu Quem criou
essa natureza? Não tens que referir tudo a Mim? Eu Sou a Raiz de
teu ser, pobre criatura Minha.”
26 de agosto. “Que o invisível te seja mais presente que o
visível. Não vos esqueçais de pôr tudo em comum, como as orações
de uma grande família. Boas ações em família; dons, àqueles que
possam dá-los. Assim o fiz Eu: inclusive vos dei a Minha família!”
27 de agosto. Visita. Eu: Senhor, se Te cansa falar-me, não me
digas nada no dia de hoje. Ele: “Mas se o falar-te é o que Me faz
repousar... Pôr um pouco de Meu Coração no teu, Minha filha. Diz-
Me com frequência: ‘Senhor, a Tua pequena serva Te escuta’. E o
saber que estás aí silenciosa, com os olhos fixos em Mim, forçaria-
Me a falar-te, se Meu Coração necessitasse ser forçado, tendo
como tem, um imenso peso de Amor. Descarrega-O de Seu peso.”
Eu Lhe disse então: Senhor, incendeia a França, incendeia a
sociedade. Respondeu-me: “Para isso é preciso que ela o queira,
que busque pelo menos querer-Me; com isso, Eu não esperaria
mais para vir. Faz tanto tempo que estou esperando! Ora o melhor
que puderes. Ajuda-a, ajuda-Me. Sê como a pedrinha pobre e
miserável que ninguém conhece, mas que desencadeia a
avalanche, e fecha um abismo.”
28 de agosto. A oração! Quando não possas entrar na casa de
um doente ou adentrar um coração, a tua oração entrará. Muitas
vezes entra ela antes que tu, e ela pode entrar, ainda quando tu
mesma não entrares. E a alma será salva e cantará a Minha Glória.
Oh, o que vale a oração!”
29 de agosto. Hora Santa. Eu: Glória ao Pai, ao Filho e ao
Espírito Santo presentes em mim. Ele: “Já vês? Ainda quando em
uma hora não fizesses senão repetir este desejo, não terias perdido
o teu tempo; pois toda oração tua é ouvida. Se soubesses a atenção
que o Pai põe ao que fazem ou dizem Seus filhos, muitos dos quais
Lhe trazem a lembrança de Seu Filho Único, quando tinha trabalhos
sobre a Terra! Em cada um deles está a Santíssima Trindade: mais
ou menos, conforme o lugar que cada um Lhe concede, porque, já o
sabes, Deus não força ninguém. Pede e espera. E quando uma
alma é fiel, nem sequer suspeita a alegria (ia dizer, do Céu) que
produz no Céu. Lembra-te bem: é enquanto viveis sobre a Terra
quando Eu Me alegro por vós, Meus amados fiéis. Porque na vida
do Céu sereis vós os que vos alegrareis por Mim. Filhinhos Meus:
considerai a Minha Simplicidade e o fácil que se torna agradar-Me.
Basta com fazer bem o que fazeis; fazê-lo por Meu Amor, para
crescer, para avançar e para subir. Estendei a Mim os vossos
braços fracos: Eu vos ajudarei; faremos o trabalho entre dois, com
participação desigual; pois convém que seja o Pai o que tome a
parte mais pesada. E se o menino mantém seus olhos fixos nos
olhos de seu Pai, a pena do trabalho lhe parecerá pouca coisa.
“Quanta força há para vós e quanta alegria para Mim em um olhar
de amor! Todos os que Me amam tem direito de ver-Me. Mas ainda
quando Me amásseis cada dia com um amor mais heróico, ainda
seria pouco o amor, comparado ao Meu Amor, que será a vossa
herança para toda a Eternidade. Amai-Me, pois, continuamente.
Dizei-Mo frequentemente e vivei vosso ‘Amor-Eu’. Eu o tomarei a
cada dia como novo em vosso coração, como novo também para
Mim; pois Eu nunca Me canso de vós.”
30 de agosto. “Eu Sou O que fez a natureza humana; conheço
a sua pequenez e a sua fraqueza. E não te admires de que, de
todas as maneiras, Eu te ame tanto. Não te admires, porque Eu Sou
o teu Criador e vivi entre os homens. O que peço é que tenhas
confiança em Mim em qualquer situação da alma. Lembra-te de uma
coisa: Eu amei muito a Judas! E lembra-te daquela outra boa
palavra: ‘Ainda quando tu me matasses, confiaria em ti.’
3 de setembro. Depois da Comunhão. “Às segundas-feiras,
vive no Amor do Espírito Santo e pede-Lhe o Seu Amor. É Ele o que
faz a tua santidade. Às terças-feiras, passa-as com a Rainha dos
anjos e com os anjos. Para reparar os Teus pecados e os dos
demais. Às quartas-feiras, passa-as com São José, pedindo-lhe que
te empreste sua vida interior. Nas quintas-feiras, sê Hóstia, pequena
Hóstia, Comigo. Uma Hóstia que cante. Busca ocasiões de
sacrifício, com a avidez de um avarento que busca um tesouro.
Estes sacrifícios te manterão no estado de vítima. Às sextas-feiras,
entrega-te toda ao Meu Coração. A sexta-feira, que foi para Mim dia
de grandíssimos sofrimentos, que o seja agora também de grande
doçura. No sábado não estás só, pois a Minha Mãe te acompanha.
Acorda em Seu Amor. No domingo, entra no seio da Trindade
Santíssima; como um grãozinho de incenso que se queima em puro
louvor. Tenta fazê-lo assim, Minha pequena.”
4 de setembro. “Não concedas nada à Natureza. E isto, que
seja feito em alegria, feliz de estar aqui ou lá para alegrar-Me.”
4 de setembro. Hora Santa. Eu pedia ao Arcanjo São Gabriel
que consolasse a Jesus como O consolou em Getsêmani. Ele: “Sim,
filha, os Meus anjos Me consolam; mas um sofrimento que Me vem
dos homens, deve ser consolado por corações humanos. Consolai-
Me vós, Meus íntimos, Meus escolhidos, conforme as maravilhosas
invenções de vosso amor. Tudo, filhos, tudo o que encontreis, ser-
Me-á doce, pois vem de vós. Não temais que Eu despreze as
vossas maneiras, ou que reclame pela insuficiência ou sua
rusticidade; tão somente, sede sinceros. Eu amo assim. Falai-Me
com a simplicidade das crianças; Eu não necessito de fórmulas;
tomo as vossas palavras de vosso coração antes de que cheguem a
expressar-se numa frase. Estou assim ansioso para receber as
vossas palavras de crianças. Vês os Meus Braços estendidos na
Cruz? Estendidos, mais que abertos e até o deslocamento, e
sempre ficarão abertos, para ser o vosso refúgio doce e perfeito.”
Eu: Senhor, já desde agora quero ver em Teus Braços a minha
família, os meus amigos, os meus mortos. Ele: “Acrescenta também
os pecadores; muitos pecadores, pois para todos abro tão
amplamente os Meus Braços! Não vos dê medo pedir: enchei os
Braços com povos inteiros, com nações, pagãos, o teu tempo, o
tempo passado, os séculos futuros. Eu quero ter os homens, um por
um. Há muitos que já não estão sobre a Terra, mas tampouco estão
no Céu; as vossas orações encurtam o seu desterro. Também com
isto Me consolareis em Minha Agonia de Moribundo por Amor. Com
que agradecimento cantareis a Minha Agonia, quando A
compreendais! Por enquanto, contudo, podeis dar-Me a alegria de
vossa Fé e de vosso carinho, para que o arcanjo Me dê para beber.”
5 de setembro. Antes da Comunhão. Eu dizia: Eu gostaria de
saber como está a minha alma quando pode agradar, não à
Misericórdia, mas à Justiça. Ele: “Mas nesta Terra não há lugar
senão para a Misericórdia. A Justiça fica reservada para mais tarde.
Portai-vos, pois, como meninos mimados; pois o sois, para Deus.
Entendam-no assim.” Eu: Senhor, quero Te dar de maneira
particular os instantes que passarei com este doente, ao qual não
posso ainda falar-lhe a não ser de coisas profanas. Ele: “Aprende a
ser paciente, unindo-te à Paciência com que Eu o espero.”
10 de setembro. “Que tua dor seja grande quando passe um
dia sem que penses em Mim. E que essa dor seja inspirada pelo
temor de que a Minha própria Dor seja maior que a tua.”
11 de setembro. Eu pedia com insistência que os alemães
abandonassem a minha casa de Nantes, para que eu pudesse
habitá-la. Ele: “E Eu te peço que te ponhas em estado de Hóstia.
Aceita o que tenha que acontecer, pois te virá de Mim. Fica disposta
a consentir em tudo, em União Comigo, que Me ofereci como vítima
por todos, inclusive para os Meus Carrascos... Alegra-te, Minha
pequena Hóstia (eu tinha uma terrível dor de dente); alegra-te; não
há nada mais belo que o estado de vítima. É o Meu.”
12 de setembro. Le Fresne. Hora Santa. “Nunca chegues até o
fim de uma satisfação; reserva-Me uma parte pelo sacrifício: Minha
parte, sabes? Porque somos dois, e levamos uma vida secreta. Se
tu tomasses tudo, qual seria a Minha parte? Estarias só contigo
mesma. Evita-o. Que Deus esteja convosco. De outra maneira,
forças-Me a olhar desde fora o que fazes, sem entrar nele. Oh, este
desejo de União que tenho em Meu eterno Amor! Eu recomeço a
Minha Vida sobre a Terra com cada um de vós; a vossa vida a faço
Minha... claro, se vós Me convidais. Recordais como Eu caminhava
com os discípulos de Emaús? Assim com vós: vou pelo mesmo
caminho, o caminho que vos escolhi desde toda a Eternidade, nesta
família, neste país. Sou eu quem vos colocou aí, com um Amor
particular. Vivei nisso com Fé, pensando que ganhais o Céu com
este curto passar pelo tempo. Caminhai neste trajeto com um vivo
desejo de responder ao Meu Carinho, com uma impaciência
constante de chegar, por fim, a conhecer-Me, o vosso Amante
Salvador. Vos tenho tido desde a Eternidade em Meu Pensamento.
Não é justo que o vosso esteja repleto de Mim? Mas vós, Meus
pequenos, não sois fáceis para o agradecimento.” Eu: Senhor,
podemos sempre reparar, ainda essas faltas que não conhecemos,
mas que a Tua delicadeza vê? Ele: “Sabes que a Minha Misericórdia
é capacíssima de fazer com que um só ato de amor repare uma vida
inteira? Sabes até onde pode impressionar-Me um só olhar vosso,
humilde e carinhoso? Eu sou sensível a todo o grito que sai de um
coração. Algumas vezes fico aí, disposto, ainda antes de que vós
Me chameis. Quantas vezes tendes acreditado que um perigo
passava por si mesmo, quando era Eu o que vos defendia! Nada se
arruma por si só : não esqueçais nunca que Eu tenho sobre todos
vós uma Providência vigilante e bondosa. Agradecei-Me por todos
os Meus Cuidados Invisíveis; o Meu Amor prevê tudo e tudo o faz
por vosso bem. Considera a Minha Hora de Agonia e a Minha
Busca, infinitamente intensa, pelas almas. Sou como um caçador
que tivesse se ferido de morte para atrair melhor as presas que
deseja. Sou o homem que tomou sobre si a lepra dos que ama.
Tudo o sofri, tudo o conheci... E tudo o expiei também, Eu, O Puro, o
Santo, com aquele Meu Sangue que gotejava sobre o chão. Então,
que ninguém Me tema, que todos venham a Mim! O maior pecador
do mundo conhecerá a alegria de ver-se apertado contra o Meu
Coração aberto. Mas, que venha sem temor. É fácil, se pensa mais
em Mim do que em si. Este será o caminho da paz. Ide, com a
vossa oração, buscar-Me pecadores. Ide!”
14 de setembro. “Não penses que o que comove ao teu Deus
seja o grande número de orações. O que O move é a maneira como
Lhe falas. Sê irresistível pelo amor, pelo abandono, pela humildade;
pois quando Lhe pedes um pão, ele não te dará uma pedra, senão
uma ração em dobro... Sê audaz nos desejos de amar, nas
tendências para avançar. Vê onde te encontras a cada dia, com a
firme ambição de um progresso em Minha Intimidade. Habita em
Meu Coração. É como o ninho quentinho e oculto desse passarinho
que tem ninho em tua acácia, e que, estando ao alcance de todas
as mãos, é, contudo, invisível. Convida os anjos para que te ajudem
em tua marcha para Cima. Tenho tanto desejo de que estejas mais
perto! É tanto o que tenho que dar-te e que dizer-te... Vem, pois,
sempre mais perto.”
17 de setembro. “Termina Comigo os teus trabalhos mais
comuns. Não faças nada sem Mim. Recorda que o Amor é uma total
ausência de separação; sejamos o Um para o outro, sem
interrupção.”
19 de setembro. Hora Santa. Na igreja, eu tinha inquietude
pelo ruído que estava fazendo quem reparava o órgão. Eu me
perguntava se Jesus me falaria. “Não há nada nem ninguém que
possa Me impedir de falar a uma alma, quando quero lhe falar. A
Minha palavra é uma linguagem profunda, de Coração a coração.
Muitas vezes, no meio da multidão, ouviste-Me falar-te com uma voz
tão fina, que só o amor pode captá-la. E a Mim, como Me apraz ser
cativo vosso! Rouba-Me. Quanto mais Me roubares, mais tesouros
terei para que possas roubar. Por acaso não temos posto tudo em
comum, como numa família muito cordial? Podes crer que a Minha
Opulência nunca decresce. Toma a mãos cheias, com todo o
coração; e não somente para ti, senão para todos! Que não te
esqueças de ninguém, pois a Minha Riqueza será então ainda
maior. Já te disse que é tão pouca coisa o que te impede de ver-
Me... Crê, pois, em Minha Presença invisível, cheia de afeto e de
Amor incomparável. Uma Presença. Isso é algo tão grande! Faz
tudo o quanto tiveres que fazer: o trabalho, a oração, os
pensamentos, as conversas com as pessoas, como se Eu estivesse
ali. E Eu estarei ali. Não te parece que isto é infinitamente bom?
Quando acordas, aí estou; quando dormes... aí estou. Bem podes
dizer que nunca te deixo só. Esta é a razão de que haja algo divino
na solidão. Recordas as vacilações que tiveste, quando morreu a
tua fiel empregada, sobre se tomavas outra ou não? Eu te convidei
então a ficar só, quando te perguntei se Me amavas até esse
extremo. Não é verdade que não tens tido nada de que te
arrepender? Tu e Eu temos atravessado juntos os anos, as tardes
solitárias. Tu tens procurado aproximar-te mais a Deus, e Eu tenho
te ajudado, pois tu poderias unir tuas solidões às Minhas. Conheces
o deserto, os quarenta dias, as noites em que Eu escapava dos
Meus para orar diante de Meu Pai? E no meio das multidões, a
grande solidão da incompreensão, da hostilidade, do ódio, da
amizade rechaçada. E tudo isto, por ti, por todos. Mais tarde veio a
solidão do Horto das Oliveiras, a solidão dos templos em que se
guarda a Minha Eucaristia, a solidão em que Me deixam os fiéis que
Me esquecem imediatamente, depois de comungar... Desejo que
venha Me consolar o pensamento cálido e fiel de Meus amigos. Eu,
em troca, os consolarei quando durmam para o trânsito à outra vida.
Estranha coisa, não é verdade? Que uma simples criatura possa
consolar ao seu Deus! E, no entanto, é assim. O Meu Amor inverte
os papéis, provendo-os de um modo novo, como uma espécie de
proteção que podes Me prestar; tanta assim é a necessidade que
Eu tenho de receber todas as vossas maneiras de amar, todas as
formas que pode tomar a tua ternura. Tu não podes conceber os
ardores do fogo em que Me queimo. Perdoa-Me que fale tanto de
Mim no dia de hoje e compreende-o: necessito desafogar o Meu
Coração, para que se saiba; para que se conheça um pouco deste
Amigo desconhecido que está tão perto, tão perto de ti e de todos.
Meus pobres pequenos!”
19 de setembro. Em meu aposento. “Sê uma Hóstia que
cante.”
20 de setembro. Visita. Eu tinha sabido que os alemães não
queriam sair de minha casa em Nantes. Disse a meu Senhor: Estás
contente? Aqui tens um sacrifício que Te ofereço por Teus
pecadores. Ele: “Põe a tua cabeça sobre o Meu Coração, para que
os teus pensamentos se ocupem somente de Mim. Deixa as coisas
da Terra, que de todos modos terás que deixar um dia. Entra já no
Amor Eterno, de onde estão excluídas todas as preocupações da
Terra. Aperta os passos. Despoja-te do sentimento das coisas
perecíveis, e quando o consigaeguires, nada te faltará, porque terás
tudo em Mim. Entendes? É como a passagem a um nível superior. E
Eu te ajudo, criaturinha de nada. Tens em teu coração algo como
que sangue pisado? Oferece-Mo. Já saberei como aproveitá-lo,
unindo-o ao Meu, por essas pobres almas que estão na miséria. É
como um livre câmbio, e Eu Sou o Cambista. Feliz de que Me dêem
algo para que Eu dê mais. Obrigado, filhinha! No silêncio se ouvem
os menores barulhos. Mantém a tua alma em silêncio, e ouvirás as
Pulsações Amorosas de Meu Coração; Pulsações dolorosas,
pulsações felizes. Um Amor vivente e inteiro.”
21 de setembro. “Oferecer um sacrifício não consiste em não
sentir a dor do desprendimento contrário; o pensamento do que se
deixou vem com frequência remoer as águas amargas. Mas a cada
acometida do desamparo, põe-te de novo diante de Mim em espírito
de holocausto. De cada vez, se iluminará a Terra com um arco-íris
de Graças. Há tantas coisas que são invisíveis para ti! Mas emanam
de teus atos como uma auréola benéfica. Tu sabes como o mal se
difunde e ganha terreno. Por que Eu não haveria de dar ao bem as
asas benditas de uma suavidade conquistadora? Então, quem
poderá deter a marcha do bem que passa de uma Alma a outra? Até
o fim do Mundo! Tu nunca chegarás a saber as consequências de
uma ou outra destas linhas, que serão lidas em Meu Amor. Sim.
Pede-Me que todos tirem delas alegria, luz e consolo. Se Me pedes,
Eu não poderei negá-lo.”
Hora Santa. “Considerai a ação do sol e a importância que tem
em todas as coisas da Terra. Quando as almas entenderão que
Deus é o seu Sol e sua Vida, o Grande Encantador da duração de
suas vidas e o único Fim de sua existência? Recordai sempre esta
oração: ‘Livra-me, Senhor, da preocupação pelas bagatelas.’ Tudo é
pouco fora de Deus; e a Sua Vida deve aumentar em vós, todos os
dias. Quando estiverdes na outra vida, vos direis: ‘Como foi possível
que eu tenha passado tantos momentos sem amá-Lo?’ Eu tenho
querido que Me busqueis na escuridão, para que a vossa busca
tivesse mérito. E Eu gosto também que me encontreis na penumbra.
A claridade indizível virá mais tarde. Eu também vivi horas
tenebrosas, quando a Minha Divindade parecia afastar-Se de Minha
Humanidade. Que bem fraternizei convosco! Tomando sobre Mim
todas as vossas fraquezas, Meus pobres pequenos! Eu fui na
realidade, um HOMEM entre os homens, e desde antes de Minha
Paixão, Eu sabia o que é o sofrimento. E Eu o amava, por Amor a
vós. Amai-O vós agora, por amor a Mim. E Eu tirarei disso a
conversão para outros; e para vós, Glória, pois se torna a encontrar
tudo de novo Lá Em Cima, em Meu Coração. Tende, pois, ânimo em
vossos sofrimentos, Meus pobres pequenos. Há algumas almas que
chegam a não poder estar sem sofrer algo; e é pela experiência que
têm de que o sofrimento as aproxima de Mim. Ainda quando Eu vos
amo a todos e a o todo momento, considero com um Amor particular
aqueles, dentre os Meus filhos, que estão sofrendo. Os olho com um
olhar muito mais terno e afetuoso que o de uma mãe. Vos digo e
repito Eu, que fiz o coração das mães. Voltai, pois, a Mim, os vossos
olhos entristecidos. Contai-Me qual é a vossa pena, pequenos
Meus, que já estais em Meu Coração e que, no entanto, vos sentis
longe, tão longe... Procurai encontrar-Me a cada dia dentro de vós
mesmos; e ali, de maneira muito pequenina, dai-Me as
demonstrações de afeto, que darias a um pai ou a uma mãe muito
queridos. Sereis bem felizes quando isto se vos tenha convertido
num hábito; a vossa vida se fará muito doce. E Eu vos abençoarei,
pois tereis finalmente respondido ao Meu chamado. O chamado do
que aguardava de pé diante da porta, perguntando-Se se os
barulhos da casa, lá dentro, Lhe eram favoráveis. Pensai que se ‘Ele
Se mantém de pé’ é porque sabe que podem rechaçá-Lo. E não
faltam os que se impacientam de que Ele esteja ali esperando, e
claramente Lhe dizem: ‘Nunca entrarás em minha casa.’ Como se
Ele fosse um malfeitor, Ele, que morreu por Amor a todos... Mas
quando alguém Lhe diz: ‘Entra’, e quando se acrescenta: ‘Fica
conosco’, o pobre Solitário, Que Sou Eu, experimenta o que Ele
mesmo tem dito ‘As delícias dos filhos dos homens’. Isto não o
sabeis vós, mas Deus o sabe e só mais tarde conhecereis o volume
de delícias que tens dado ao vosso Salvador. E essas almas que
continuamente conversam Comigo em seu interior, quanta alegria
me dão! Filhinha, tu não sabes o que é sentir, no meio da solidão
em que outros Me abandonam, que uma alma Me considere como
seu grande Amigo, o mais querido, o Predileto, o Único esperado...”
22 de setembro. Eu: Estou tão contente de que tenhas me
criado à Tua Imagem! Ele: “Pequenos Meus, com quanta alegria Me
reconhecereis, sem terdes-Me visto antes! E querereis então
precipitar-vos sobre o Meu Coração, descobrindo Nele o Princípio e
o Fim de todas as vossas sedes. Esse Coração inesgotável,
eternamente jovem. E seremos Um, Minhas amadas imagens!”
Visita. Eu dizia: Senhor, amo-Te. Ele me respondeu: “Volta a
dizer-Me uma e outra vez. Que ressoe em Meus ouvidos como uma
música. Eu não Me cansarei de ouvi-la. E, diz-Me: Por que Me
amas? Como começou tudo isto? O que queres com isso? Eu já o
sei, mas é para a Minha preciosa delícia ouvir-to dizer, como uma
história que é sempre nova.”
Depois da comida. Fazia calor e eu me deitava para repousar.
“Toma o teu repouso em união com os Meus momentos de repouso.
Se não te unisse a Mim, mais te valeria estar quebrando pedras
sobre o caminho do Saara, se esse trabalho lá te unisse mais a
Mim, mais que este repouso. Tenho te dito já muitas vezes: o que
importa não é a ação em si, mas a união Comigo.”
25 de setembro. “Considera hoje, amiga Minha, a Minha
Beleza e bendize-A. Deseja vê-La. Oferece-A para que o Pai, feliz,
renove a França. Já o sabes: Sou Quem obtém as coisas; não te
canses de oferecer-Me. Aí estão, além disso, as Mãos de Minha
Mãe; como naquela tarde em que Me ofereceu no Templo.”
27 de setembro. Visita. Eu dizia-Lhe: Senhor, amo-Te. Ele:
“Repete isso outra vez, aqui perto de Meu Ouvido. Faz com que a
tua palavra ressoe longamente, como uma música. Eu não Me
cansarei de escutá-la. Conta-Me porque Me amas; e como começou
esse amor e tudo o que queres fazer por ele. Claro está que já o sei.
Mas ouvir-te dizê-lo é para Mim uma felicidade preciosa, e como
que uma história nova.”
27 de setembro. “Quero que a cada dia Me ofereças, em teu
jardim escondido, um ramalhete na forma da pinha do pinheiro. Eu o
porei em Meu Coração, para que o seu perfume Me preencha de
consolação.” (Queria me fazer compreender que todas as ações e
pensamentos devem agrupar-se em torno de um único movimento
dirigido a Ele.)
28 de setembro. “Considera hoje, amiga Minha, a Minha
Beleza. Louva-A e deseja vê-La. Oferece-A com a finalidade de que
o Pai, comprazido, renove a França. Eu Sou sempre O que obtém
as coisas. Não te canses de oferecer-Me; não tens à tua disposição
as Mãos de Minha Mãe? Como no dia em que Me ofereceu no
templo.”
30 de setembro. Visita. “É claro que tendes que ocupar-vos de
coisas variadas ao longo do dia, mas ainda essas coisas banais,
fazei-as Comigo, perto de Mim; porque Eu estou em vós sempre, e
porque essas coisas Eu também as fiz enquanto vivi sobre a Terra.
É extremamente simples conversar continuamente Comigo, sem dar
importância maior às vossas ocupações comuns. A união faz com
que tudo tenha o mesmo valor espiritual diante de Meus Olhos.
Nada, filhinhos Meus, é vulgar. (Isto me disse porque eu acabava de
lavar a louça). Eu posso divinizar tudo, se vós Me permitires. O Meu
Amor está sempre de prontidão para tudo o que puder fazer por vós.
Dai-Me, pois, tudo, com a vontade segura de que Me alegrareis.
Qual não será o vosso assombro quando conheçais os vossos
Tesouros! Com pedrinhas pequenas se podem fazer magníficos
mosaicos.”
1º de outubro. “Estás contente e Me agradeces porque foi-te
anunciado que poderás entrar de novo, livremente, em tua casa de
Nantes. No entanto, a tua verdadeira casa não é essa habitação,
que é apenas por um tempo. A tua Morada está em Meu Coração; é
a Pátria do Céu. Ali é onde acontecem todas as alegrias, porque ali
está a exposição de Meus Amores e de Seus Encantos.
Compreendes, Minha Gabrielle? Visita ao Santíssimo Sacramento.
Te tomo como és. Deixa-Me fazê-lo assim. Não esperes para ter o
vestido dos domingos. Eu tenho sempre urgência pelas almas. Por
isso, põe em retiro a tua alma, seja como for, já que podes fazê-lo
durante este inverno. Que não se ocupe senão de Mim. Que
tenhamos nós dois, doces momentos, Minha pomba solitária. Meus
fogos acenderão os teus com uma chama mais alta.” Eu: Quanto eu
gostaria disso, meu Senhor! Ele: “ Não te inquietes. Mas arde diante
de Meu Pai com os Meus Ardores, com as Minhas próprias
Chamas...”
4 de outubro. Le Fresne. Hora Santa. Santa Teresa do Menino
Jesus. “Eu te perdôo quando não podes fazer-Me uma visita à tarde,
se alguma circunstância te impede. Mas Eu Sou feliz quando estás
aí, em frente de Mim, e posso derramar no teu coração o que
transborda do Meu. Sou como um benfeitor que, crendo não ter
dado o suficiente para fazer-se amar, busca com avidez a
oportunidade de dar mais ainda, e dissimula a sua generosidade
para não turbar o seu protegido. Do que Eu sempre tenho sede é de
vosso amor, desse amor livre que pode se recusar. Então, busco
caminhos desviados, para alcançar-vos sem infundir-vos temor.
Sou o Rei, e Me comporto como se fosse um servidor. Eu esqueço
das vossas ingratidões; não vejo senão o Meu Carinho e a Minha
Fome de vós, como o dia em que lavei os pés a Judas e os apoiei
sobre o Meu Coração, dizendo-lhe: ‘Judas, amigo Meu, esquece o
teu projeto; escuta o teu Mestre, que te ama sempre’. Mas ele fingia
não ouvir, e conversava com os outros; e Pedro lhe dizia com
indignação: ‘Judas, o Mestre está te falando’. Desde esse dia falo
continuamente às almas. Felizes daquelas que Me escutam com
alegria e vêm a Mim com prontidão; pois habitamos na mesma
morada, e nossas vidas se misturam, até ao ponto de não saber-se
já o que pertence a cada uma. E desta maneira chegamos à
Unidade que busco em vós. Nisto a pequena Teresinha servia aos
Meus Desígnios; com um amor cheio de atenção, Me oferecia as
coisas mais insignificantes; com uma ardente vontade de agradar-
Me. Como queres que Eu resista a este fiel carinho infantil? E toda a
alma pode fazer isso mesmo, e ainda mais, de acordo com as
qualidades que recebeu quando veio a este Mundo. Não te parece
que é bem simples isso de oferecer-Me as pequenezes do dia?” Eu:
Senhor, já sabes que tudo é para Ti. Ele: “Sim, mas é que há muitas
maneiras de dar. É preciso que Mo digas seguidamente, com o
encanto de um sorriso interior, dirigido ao melhor dos Esposos, que
se faz de tudo para que Lhe sorrias. Por acaso já não tens
começado a conhecer um pouco o que é o Meu Coração? E dizes:
‘Sempre pede mais...!’ Pois sim, Eu Sou um Irmão mendicante, e
não deixo de bater em nenhuma porta. Mas não Sou como alguns
frades que têm uma bolsa profunda; porque eu considero o que se
Me dá, em vista da recompensa infinita. Eu mesmo Sou a
recompensa. Sei que nenhuma outra coisa é capaz de preencher o
vosso coração e, além disso, não gostaria de dar-vos nenhuma
outra recompensa. Meus filhos, tão queridos. Há algumas casas que
deram pouco quando lhes pedi. Mas, contudo, às vezes Me entrego
todo inteiro; tão grande assim é a Minha Necessidade de
proximidade convosco. Como vês, Eu também vivo de esperanças.
Pede muito, para que finalmente todos entrem em Meu Coração,
aberto de par em par. Diz-lhes uma e outra vez que Eu os espero;
que ninguém deve ter temor algum. Quem pode ter medo de um
cordeirinho? Eu Sou o Cordeiro de Deus.”
Outubro. Nantes. Comunhão em Nossa Senhora. “Eu tomo
sempre em consideração mais as intenções, do que o pouco que se
Me dá. Permanece no interior de tua alma. Visita-Me ali com
frequência, porque estou ali; isto te ajudará na alegria. Quando
voltares a ler os ‘teus cadernos’, poderás ver como tenho tido
cuidado por ti. Se pudesses ver também todas as Graças que tenho-
te feito a partir de teu Batismo, tal vida seria um ininterrupto canto
de agradecimento.” Eu: Senhor, como posso agradecer-Te? Ele:
“Pedindo que te dê mais. “
Nantes. 9 de outubro. Eu estava inquieta pela possibilidade de
um retorno dos alemães. Ele: “O futuro está em Minha Mãos. Em
Minha Mãos perfuradas, em Minhas Mãos de Esposo...”
11 de outubro. Eu estava dormindo em uma cama, e como não
havia limpado o piso de tacos que haviam sujado os alemães,
resistia-me a dormir de novo no chão. Disse-me: “Pensas que eu
não tive que fazer esforço nenhum para morrer na Cruz?”
11 de outubro. Hora Santa. Eu: Diz-me, Senhor, posso pedir-Te
que todos gostem de mim? Seria tão feliz com isso! Ele: “Não
somente podes pedir-Me, senão que convém que ofereças com esta
intenção todas as tuas obras. Pois, ainda que te pareça estranho, há
certas Graças que não posso conceder, a não ser quando Mas
pedem. Este tipo de Graças implica um trabalho entre dois: ao
homem e Eu. A cada um lhe corresponde a sua parte; e já sabes
que nunca Me imponho. Em consequência, é indispensável que Me
convides, que Me deixes trabalhar em vós. Com isto se prolonga
ainda a Minha Vida sobre a Terra, e por isso te digo algumas vezes:
‘prolonga-Me’. Tua vida, Eu a dei. Dá-me essa vida, pois, em todos
os teus atos. É algo grande ‘fazer viver a Deus’. E é, além do mais,
tão simples... Imagina por um instante todos os que atualmente
vivem sobre a Terra. Que maravilhoso espetáculo seria para o Céu
se todos Me deixassem viver neles! Porque todos vós sois um
espetáculo para os anjos e os santos. (Como sorrindo): como vês,
ainda estás pisando o cenário. Se pensasses nisto, vos aplicaríeis
com mais intensidade em fazer bem as coisas. E se pensásseis que
não tiro um só instante o Olhar sobre vós, isto vos faria pôr um
pouco mais de atenção. Quiçá Me amarias um pouquinho mais.
Cuidai, filhinhos, de tudo o que possa aumentar o vosso amor;
porque só ali está a vossa felicidade. Apenas vejais uma verdade ou
surja um pensamento, conservai-o em vosso coração durante todo o
dia, e olhai-o como olharias a Mim mesmo em um espelho. Chamai-
Me com frequência. Um pai da Terra é sempre feliz quando o seu
filhinho o chama. Às vezes não responde logo, mas é para que o
menino o chame de novo. Já te lembrarás de Meu aparente rechaço
da mulher cananeia. O fiz porque queria levá-la à bela e humilde
resposta que Me deu. Assim, quando parece que não vos ouço,
chamai-Me ainda, e Me dareis uma imensa alegria: tenho sempre
urgência de vós, especialmente dos menores, dos mais pobres.
Quantos, dentre os mais miseráveis, já entraram em Meu Coração!
Oh, felizes desgraçados!”
12 de outubro. “Não percas de vista o objetivo. Como Eu teria
podido ter a coragem de enfrentar os tormentos da Cruz, os
preparativos da Crucificação que se faziam em Minha Presença, se
Eu não tivesse claro em Minha Vontade o desejo da Glória de Meu
Pai e de vossa Salvação? Mas há que manter a vontade em tensão.
Este é o teu campo, cultiva-o. Mantém o olhar não sobre o que
passa, mas sobre a Eternidade, que está sempre tão perto... Por
Meu Amor. Para alcançar-Me.”
13 de outubro. Eu me admirava de que Hitler tivesse deixado
livres as nossas igrejas. “Não tinhas Me pedido que salvasse todas
as Hóstias da França?”
15 de outubro. Os alemães tinham quebrado a lâmpada
elétrica que eu tinha diante da relíquia de Santa Teresa. Disse-me:
“Desde agora lhe oferecerás, para Mim, um ramalhete de sacrifícios.
Os contarás e porás o número aos seus pés.”
17 de outubro. Hora Santa. Na Visitação, festa de Santa
Margarida Maria. Ele: “Se soubesses o feliz que Sou quando se Me
pede algo... Sou como um comerciante muito bem abastecido, que
sabe bem que com o que tem, pode superar a demanda de seus
clientes. E Sou também como um noivo, feliz em levar à que ama
um cofrezinho cheio de joias esplêndidas. Não somente se sente
feliz em oferecer-lhe os seus presentes, senão que lhe agradeceria
por aceitá-los, se não temesse exceder-se em suas manifestações
de amor. Nessas Estou, Minha Gabrielle! Temo que os Meus atos de
Amor sejam desdenhados; compreendes a ferida que isso Me
causaria? O Amor desprezado, ridicularizado... A Minha gratidão é
grande para todas as almas que Me consolam dos repúdios de
outras, e para com todas as que Me chamam e Me desejam.
Deseja-Me seguidamente, muito seguidamente...ia dizer ‘sempre’. O
Meu Coração te espera. A Minha serva Margarida o sabia e Me
enchia de regozijo: os nossos corações pulsavam em uníssono.
Minha Gabrielle, vivamos tu e Eu na mesma Mansão aqui sobre a
Terra, já que vamos ter a mesma lá no Céu. Comecemos o nosso
Céu; suavidade e doçura para Mim. Se quiseres fazer feliz ao teu
Deus e Salvador, que o teu pensamento esteja sempre dirigido a
Mim. Como o Ramalhete Piramidal que tem o teu selo; um perfume
que chega ao teu Esposo. E se tu desejares muito, receberás muito
e Eu serei o mais feliz dos dois. Esconde-Me em teu coração, como
se quisesses livrar-Me de feridas e injúrias. Porque as recebo,
especialmente em Meu Sacramento da Eucaristia. E aí, agradece-
Me, consola-Me, adora-Me, conta-Me as tuas coisas, como Eu te
conto com tanta frequência as Minhas. Sê pequena; pois quanto
mais o fores, mais te habitará o Amor de teu Grande Amigo. Queres
que vivamos juntos? Pergunto-te porque preciso que Me dês a tua
permissão. Vê como vos respeito e como espero os vossos
convites. Assim é o Amor de teu Deus.”
19 de outubro. Às três da manhã. “Sim. Eu gemia no meio de
Meus Tormentos. Mas em nenhum momento fraquejou a Minha
Vontade de salvar-vos.”
20 de outubro. 23º domingo depois de Pentecostes. Eu
recordava o relato evangélico que diz: “Jesus se ‘voltou’ e a olhou e
lhe disse: ‘Tem confiança’.” “Também Me ‘voltei’ para olhar-te,
porque Eu já havia passado sem perceberes... Mas agora que Me
reconheceste, nunca Me deixes passar sem deter-Me. Porque nem
sempre Me ‘volto’...”
23 de outubro. “Como poderia não descer à tua alma a Graça
quando tu pedes, rezando o Rosário: ‘Graça deste mistério, vem a
Mim?’ Não podes duvidar de Minha Bondade. Ou é que duvidas de
ti mesma? Mas se imploras a Graça, a imploração te dispõe a
recebê-La. Bebe, pois, dessa Graça e impregna-te Dela. E quando
estejais certa de tê-La recebido, agradece-Me. Oh, filhinhos, não
façais injúria à Minha Misericórdia!”
Na quarta estação do Via Crucis. “Pensa em Minha Mãe, que
Se lança a Mim numa tentativa de ajudar-Me. Mas não podia. E, no
entanto, o Seu gesto e o Seu desejo Me consolaram grandemente.
Faz tu o mesmo: lança-te a Mim, não obstante a escuridão. Mais
tarde, verás a alegria que Me deste.”
24 de outubro. “Que a Graça do Nascimento de Jesus desça
às nossas almas.” Ele: “Eu tenho muitas maneiras de nascer em ti.
Em teus pensamentos, quando te dou uma nova noção sobre
alguma coisa; em tuas palavras, fazendo com que digas o que
nunca tinhas dito; em teu amor, com tua capacidade, sempre tão
escassa, de amar. Se Eu alargasse o teu amor! Que felizes torturas,
amiga Minha, se Eu avivasse a chama! Que vida agonizante e que
morte tão cheia de vida! Consentes que Eu nasça de novo em ti? E
em deixar-Me crescer logo?”
24 de outubro. “Tu sabes que existe o gênio do mal. Aplica-te,
pois, a ser o gênio do Bem. Consagra-te a prestar serviços, e
prepara o modo de antemão, engenhosamente. Busca em teu
coração o que pode alegrar as pessoas. Para agradecer as Minhas
Palavras, diz a palavra que for, como se fosse um sorriso Meu. A
todos, sem distinção. Que contente esteve ontem a operariazinha
que, depois de ter conversado contigo, disse-te : ‘Agora vou passar
um bom dia!’“
21 de outubro. Hora Santa. Faz, Senhor, com que eu Te
console em Tua Agonia, como se não houvesse sido criada a não
ser para isso. Ele: “Encaminha a esta finalidade tudo o quanto tens,
pois Eu te dei tudo. Que esse pensamento te seja doce. Fui Eu
Quem te deu um entendimento, uma memória, uma vontade e uma
sensibilidade capaz de comover-se. É demais se espero que
destines a Mim tudo isso? Quando tu Me ofereces o que te dei,
esqueço-Me de que te dei, e o recebo como teu; e o Meu Coração
fica profundamente comovido. Como um pai feliz, que diz: ‘Isto Mo
deu a Minha filha’. E já sabes que Eu Sou muito mais que qualquer
pai comum. Só no Céu poderás ver todos estes toques delicados
que Eu recebo de ti; porque sendo homem, Sou sensível a tudo o
que é afeto e delicadeza. E como a Minha Natureza é muito mais
delicada, já que também Sou Deus, a Minha Sensibilidade é
extrema, tanto para os sinais de amor como para os sinais do ódio.
Que isto te anime a viver pertinho de Mim, a não poder viver sem
Mim. Faz-Me participar de tudo o que é teu. Desaparece
continuamente em Meu Coração. E Eu te substituirei. Faz tudo
sempre como se Me visses, pois sempre estou contigo. E,
conhecendo a Sede que tenho pelas almas, abandona-te sem
cessar, como se fosse a primeira vez. Para Mim será sempre a
alegria primeira, ao receber-te. E não penses que o que move a teu
Deus é a quantidade de orações, mas sim a maneira como Lhe
falares. Sê irresistível com o amor, com o abandono, com a
humildade; e quando Lhe pedires o pão, Ele não te dará uma pedra,
mas sim uma ração dupla. Quando puseres ordem em tua casa,
pensa que é a Minha Casa, e a arrumarás melhor. E quando
preparares uma comida, pensa que o fazes em Minha Honra. E
quando repousares o teu corpo, pensa que é o Meu Corpo; e é a
verdade, amiga Minha, pois tudo o que é teu, antes que teu, é Meu.
Ou não? Assim, ver-Me-ás em tudo; Eu Serei o teu Hóspede, O que
recebe, O que é recebido. O que tomou o teu coração e te pede que
Lho dês de esmola. Duas vidas em uma.” E logo, num momento de
descanso, disse-me: “Vem, amiga Minha, ao teu Único. Vem. Não
tragas contigo nenhum cuidado temporal; dá-te a Mim inteira.
Encanta-Me com o som de tua voz; que o seu acento comova o
Amor. O que poderia ficar excluído de tua Esperança, se sabes
comover ao teu Deus com o teu carinho?”
Outubro. Depois da Comunhão. Senhor, eu já sou um pouco
mais santa, ou menos santa? Ele: “Não te preocupes com o grau de
tua santidade. A santidade é uma obra de longo percurso. Mas faz
tudo o quanto estiver à tua mão para amar-Me mais.” Eu: Senhor,
chamo-Te com gritos interiores. Ele: “E Eu te ouço e te compreendo.
Estou contigo.” (Eu me perguntava se teria reuniões em minha casa
e tudo o mais, e estaria em um retiro que Ele tinha me pedido).
Disse-me: “Recorda-te que a contemplação deve unir-se ao
apostolado. Não evites ninguém. Irradia-Me: a esposa fala sempre
de seu Esposo, porque o leva no coração e, sem que ela perceba,
as pessoas pensam Nele por causa dela.”
Notre Dame. Nantes. Depois da Comunhão. “Lembra como te
chamei na pequena capela de C. Tu desejavas que houvesse
capelas em todas as casas. E nesse momento, tu não sabias que
Eu estava em ti e que não há oratório mais íntimo que o teu próprio
coração. Nem sequer tens necessidade de abrir uma porta, já estás
aos Meus Pés. E ali te digo: ‘Filha, sobe mais, apóiate sobre o Meu
Coração, Minha amiga escolhida; respira o ar dos cumes para
fortificar-te com um impulso novo. Pequena Minha, tão fraca!’”
31 de outubro. Le Fresne. Vigília de todos os Santos. Hora
Santa. Ele disse: “Nesta tarde, ora ao Pai em União Comigo. Tenho
necessidade de orações, para poder derramar muitas Graças que
tenho preparadas. Ora, pois ainda que sejas muito miserável, podes
ajudar-Me com as orações. Oremos, pois, juntos, sem cansar-nos,
durante esta hora em que Me acompanhas em Minha Agonia. Mais
tarde saberás o porquê e dirás: ‘Senhor, quando foi o dia em que Te
mereci isto ou aquilo? Quando curei esta alma ou ganhei essa boa
morte? Então te responderei: ‘Cada vez que Me apresentavas ao
Pai nas torturas de Minha Angústia; cada vez que a tua alma se uniu
à Minha Alma dolorida, se alargou um pouco a saúde do Merecedor,
pois tive na tua um complemento à Minha Alegria.’ São Paulo dizia:
‘Sofro em meu corpo o que falta à Paixão de Cristo’. É a parte que
te corresponde, Minha pequena esposa. É para Mim tão doce
esperá-la e tão bom recebê-la.... E da mesma forma que tu Me
ofereces ao Pai, Eu te ofereço, para a ‘plenitude’ de Sua Glória.”
Vigília de todos os Santos. Hora Santa. “Amanhã, desde o
momento de acordar, saúda a todos os santos por sua eterna
alegria. Que festa haverá no Céu! Roga-lhes que te ajudem a
avançar em constantes impulsos de amor o que ainda te resta por
percorrer na Terra. Pede-lhes que levem o teu desejo ao teu Único e
teu Tudo. Multiplica esses desejos amorosos, faz-Me sentir os teus
suspiros desde a baixeza, e Eu os acolherei com alegria, como se
no meio não existisse outra alma além da tua. E a cada alma Lhe
farei a mesma festa, pois cada uma pode considerar-se como a
eleita de Meu Amor. É este o grande milagre do Coração de teu
Deus. A todas e a uma só, no mais íntimo segredo de cada uma. Eu
Sou a Resposta. Minha pequena, sentes a Minha Força? Adivinhas
um pouco como é o Teu Deus? Pede aos santos que te obtenham
viver as trevas da Terra, como se pela Fé estivesses já na plena luz.
Aumenta a tua Esperança, pois é bom não esperar. E mantém o
fogo de teu amor, porque o teu amor é a juventude de tua alma. É
um chamado direto ao teu Salvador. Como poderia Ele não vir, se o
chamares com um terno encantamento? Oh! Meus pequenos, vinde,
vinde a Mim. Os Meus Braços estão abertos.”
4 de novembro. “Considera o Meu Amor, que Me fez igual a
vós. Não é uma fábula, senão história verdadeira. Roga ao Espírito
que abrase o teu coração. Que o Meu Reino Se estenda. Que o
Meu Reino Se estenda!”
4 de novembro. Nantes. Tempo de descanso. “Crês a fundo,
filha, que Eu vos criei para que sejais eternamente felizes? Foi uma
obra de Amor puro, na qual não havia nada para o Meu próprio
interesse, mas só para o vosso: a finalidade de fazer-vos
infinitamente felizes. Agradece-Me por tua criação, e direciona toda
a tua vida para Mim. Olha como o Meu Amor está sempre inclinado
sobre ti; e, sentindo-te amada, ama-Me. Porque amamos com maior
intensidade quando nos sentimos amados; é como um diálogo
animado. E nele, não há necessidade de pronunciar palavras:
amamo-nos, e isso é tudo. Tão teu Eu Sou, que tu não sentes
quando desço até ti, nem quando tu sobes até Mim. Estamos como
em um mesmo plano para direcionar-nos Um ao outro, e trocarmos
o que temos. Ainda a troca de corações parece totalmente simples e
natural, pois os esposos têm tudo em comum. Mas, ainda quando te
entregares toda a Mim, conservas a tua personalidade e a
enriqueces.”
5 de novembro. Eu pensava: Se não morrer mártir, o meu
sangue não se unirá ao Sangue de Cristo. Mas Ele me disse: “Se o
teu sangue não correr com o Meu, pode caminhar com Ele, em
Minha própria Vida. O Teu sangue que vive, não teu sangue que
morre. Não nos separemos nunca, pois Eu vivi tudo. E tudo ficou
consumado.” Eu O louvava porque o ancião doente tinha
consentido, com boa disposição, confessar-se e Comungar:
‘obrigada, meu Senhor!’ Ele: “Isso aconteceu porque Me pedistes...
Crê firmemente, filha, que Eu daria sempre, se tivesse a quem
dar...”
6 de novembro. Hora Santa. “Apresenta as Minhas Palavras
com todo o cuidado; para que o que saia de Meu Coração seja uma
luz alegre e acessível. O Meu Desejo de dar-Me é imenso. Não
imaginas o esforço que Me custa não dar, negar-Me a dar; por isso
Me consolam tanto as vossas petições. O Meu Coração é uma
Fogueira que sofre, por ter de reduzir a Sua Chama devoradora.
Ativai-A! A conquista do Mundo inteiro não é grande demais para o
que os Meus Fogos são! Pedi, pois, sem temor de exceder-vos.
Conhecei os Meus Ardores! Senti o calor de Meu zelo por vós. E,
quem pode ajudar-Me nesta empresa senão vós, Meus íntimos?
Estamos como em um cenáculo escondido onde os vossos Méritos,
unidos aos Meus diante do Pai, podem buscar a este povo ou a
esse outro; a tal nação ou outra, antes da Consumação dos
Tempos. É como uma parada que o Cordeiro põe no caminho dos
rigores de um Deus ofendido. Não temamos oferecer-nos como
vítimas: que espetáculo para os anjos do Céu! E que alegria para
Mim, se encontro outros ‘Eus’ nesta Terra, onde tanto tive que
sofrer! Multiplica os sacrifícios. Dois ou três por dia. Não é muito em
si, mas em união com os Meus Méritos, adivinha a fortuna. Orar já é
um sacrifício. Sobe ao Céu como a fumaça dos holocaustos antigos.
Podes orar trabalhando e descansar da oração cantando palavras
dirigidas a Mim. E logo, podes simplesmente olhar-Me em silêncio.
Esses silêncios carregados de afeto, que valem mais do que muitos
Rosários recitados com distração. A oração é uma aproximação ao
teu Deus e Salvador, que sempre está te esperando. Ele não
poderia conceder-te, se não te aproximares, todas essas Graças
que pesam em Seus Braços carregados. E que belo dia, Minha
Gabrielle, quando o passas todo inteiro à Minha Sombra! Não Me
deixes nunca! Compreendes que Eu Sou como um friorento que
espera, sem dizer nada, a compaixão dos transeuntes e a sua
esmola bondosa. E não é tanto essa esmola a que mais Me
encantará, mas o gesto do coração. Busca compreender a Minha
Agonia diante das indiferenças, o ódio de que sou objeto, até o Fim
do Mundo. Os Meus Suores gelados, os Meus Suores ardentes. O
Meu Suor de Sangue. Eu tremi, como o pobre friorento que aguarda,
sem dizer nada, a compaixão dos que passam. O transeunte és tu.
Porque passas na vida. Cobre-Me, pois, com o teu amor. Eu quero
tudo. Quero encher o teu momento presente. Quero ser o teu
próprio ser, a tua respiração, o bater de teu coração, até o último
golpe. E ainda quando depois dessa última batida, tua alma ainda
não tivesse deixado o teu corpo, quero que o seu último
pensamento seja para Mim. Compreende as exigências do Amor. Eu
posso pedir tudo isso, pois paguei tudo na Cruz.”
9 de novembro. Eu pensava com muito temor no sofrimento.
Disse-me: “É claro que a Natureza humana não possa amar o
sofrimento por ele mesmo. Minha Natureza irmã não o amava
também. Mas a Sobrenatureza se apodera dele, como de um
instrumento para o serviço de Deus ou de Seus próprios Desígnios,
ou para Graças que queremos obter, mas que submete-mos à
Divina Vontade do Pai. E sempre, filhinha, é preciso que vos unais
aos Meus Sofrimentos. E para ativar a vossa intenção, podeis
escolher dentre eles. Os sofrimentos de Minha Infância, os de Minha
Adolescência, os de Minha Vida Pública; os Sofrimentos que Me
causaram as palavras, os atos com que se manifestava a ingratidão
daqueles que Eu amava. E Meu Sofrimento pelos sofrimentos que
por Minha Causa passavam a Minha Mãe e os Meus Amigos,
durante todo o tempo de Minha Paixão. Não percais nenhum destes
sofrimentos preciosos. Temperai-os com uma alegria sobrenatural.”
11 de novembro. Bênção com o Santíssimo, na capela das
Reparadoras, diante do Santíssimo exposto. “Começa por
desprender os teus sentidos do Mundo exterior. Logo, põe-Me
diante de tua alma como uma Presença Certa. E em seguida, entra
profundamente em Mim. Vê as Minhas Virtudes, as Minhas
Qualidades, os Meus Méritos. Não temas mencionar todos. Houve
tantas, tantas boas ações em Minha Vida humana! Saúda-as sem
cansar-te; ama-as, pois serão tuas, se tu quiseres tomá-las. Esta
vossa união com vosso Irmão, o quanto vos enriquece e o quanto
Me comove! Tomai tudo, pois tudo foi vivido para vós, Meus amados
pequeninos. Sou tão feliz quando consentes em aceitá-los! Tu te
admiras da generosidade de teu Salvador; mas, que dirás quando O
vejas tal e como É? O dia em que O compreenderes!”
11 de novembro. Capela das Reparadoras. Hora Santa.
Tentando unir-me a Ele em Sua Agonia, disse-Lhe: Permite-me
beijar essas Mãos que se juntaram para orar e que, momentos
antes, tomavam a Primeira Eucaristia. Ele respondeu: “Ainda que
Pedro, João e Tiago não tivessem ficado tão carrregados de sono,
não teriam podido compreender a Minha Agonia em toda a sua
extensão. Querer entregar-Me todo inteiro a todas as almas de
todos os tempos, e ver-Me rechaçado, burlado e odiado! Quantos
são os que se negam a Comungar, quando Eu gostaria
imensamente de dar-Me a eles a cada manhã; e quantos que, tendo
Comungado, não pensam em Minha Presença, e ainda chegam a
ofender-Me gravemente! E quão poucas são, em troca, as almas
nas que posso tomar o Meu Descanso com agrado! Tu, que tens a
felicidade de receber-Me a cada dia, pede-Me esta mesma Graça
para outros; pede-Me que Eu mesmo os escolha, pois conheço
todos os segredos das almas; e diz-Me que lhes aplique a tua
oração. E se conseguires que algum ou vários venham à Minha
Intimidade, crês que poderei deixar de agradecer-te? Não somente
pela Glória que isso Me dá, senão também, e sobretudo, pela
Alegria que Me causa. Alegria que eu farei logo sentir em seus
reflexos. Que feliz estiveste no outro dia, quando te anunciaram que
o teu pobre vizinho tinha preparado tão bem a sua última confissão
e tinha Comungado! Como vês, é preciso ter sempre paciência e
orar. Então, Eu não resisto. Agradece-Me. Oferece-Me em
reconhecimento todos os Meus Méritos. Em troca, Eu concedo
grandes Graças de retorno ao final de uma vida: Pede ao Meu
Coração Eucarístico que multiplique essas conversões; assim,
permanecerás nos domínios do Amor. Por amor do próximo e por
amor do Amor, que é o Coração de teu Salvador. Compreendes
agora melhor o que é este Coração, a Sua simplicidade e o Seu
Fogo? Aproxima-te então Dele, e depois de ter vivido para Ele todo
o dia, dorme apoiada Nele. Ele te espera.”

14 de novembro. Hora Santa. Eu tentava unir-me À Sua


Agonia. Disse-me: “A última tarde de Minha Vida no meio de vós...
Ao mesmo tempo doce e solene. Eu Me dava, não somente aos
doze, senão a todos e a cada um, até o Fim do Mundo. Filha! Eu já
estava em vossos corações pelo Desejo; Meu Desejo era que todos,
sem exceção, pudessem receber o Sacramento de Meu Amor, pois
para isso o inventava. E Eu via, desde então, todo o bem que vos
faria. Mas nas angústias de Minha Agonia, Eu via também as
profanações e os sacrilégios, e como O que Eu havia feito com tanta
ternura, se converteria em perdição e em ódio. Que feridas para a
delicadeza infinita de Meu Amor! E Eu não tinha ninguém que Me
acompanhasse a sofrer...”
20 de novembro. “Amanhã é dia de orações pela paz, que o
Santo Padre pediu: se o Santo Padre pede isto, é porque Eu mesmo
peço um movimento extraordinário de oração por todos. Que
vergonha Me daria se os indiferentes se pusessem a trabalhar, e os
Meus íntimos não fizessem o esforço especial que Eu lhes peço!
Tomai vós a iniciativa; daí o exemplo. Tocai com as vossas mãos
juntas o Meu Coração.”
21 de novembro. Hora Santa. Eu havia oferecido meios de
informação a uns pais que não tinham notícias de seu filho, que
estava na Inglaterra. Disse-me: “Faz tudo isso como se Me
servisses. Não o faças para sentir uma complacência ou por agradá-
los, senão para dar-Me gosto, neles; porque o teu pensamento não
deve, em momento algum, afastar-se de Mim, assim como o Meu
Pensamento não se afasta um instante sequer de ti. Se creres nisto,
a tua Esperança será grande. Sim, espera tudo de Mim, pois posso
tudo em ti e em tua miséria. Como um Esposo rico, que não
economiza nada que possa aumentar o contentamento da esposa
que escolheu. Ela não tem que fazer nada, além de deixá-Lo
trabalhar em liberdade, deixá-Lo embelezar a sua vida, sobretudo se
ela nasceu pobre. E quando se sentir assim cumulada, a sua ternura
e a sua gratidão serão grandes. Sabe que, apoiando-se no coração
de seu Esposo, o encanta, e encontra nisso a sua recompensa. E se
não o fizesse assim, o entristeceria mais do que ela pensa, e Ele
não lhe diria nunca. Assim, pois, quando cada dia prestares um
serviço ao teu próximo, presta-o a Mim, nele; a tua recompensa será
muito alta. Não quero que nos separemos nunca; pede-Me a força
necessária para contrapor a tua imprudência. E pensa que assim as
pessoas Me verão em ti, pois tu estarás perto de Mim. Que belo é
quando se pode ver a Cristo através de uma alma! E como a
irradiação dela será mais doce e mais impregnante! Dá-Me a mão e
põe o teu coração no Meu, e vai em direção aos outros com a tua
pobreza revestida de teu Senhor. Ele, então, te servirá. Como já não
contas contigo mesma, Ele te toma sobre os Seus Ombros e te leva
cheio de alegria. Não resistas, e abandona-te inteira com uma
renovada confiança, como se morresses; porque isso é como uma
morte: morres para ti mesma, e com isso começas a viver. Porque a
tua vida é o teu Deus, o teu Deus que te move. E a tua confiança
Me faz tão feliz! Como a felicidade de uma mãe com o seu filhinho
incapaz, que é mais seu de pequeno do que mais tarde, quando já
pode correr só. Dá-Me tudo o que tens e toma tudo o que tenho.
Compreendes a Minha Linguagem de Amor? Um amor de uma
violência que supera tudo o quanto possas imaginar sobre a Terra; o
Amor de um Deus que se faz Homem para demonstrar-se aos
homens. Todos sabem que o amor maior é o que dá a vida pelos
amigos. Foi o que fiz, mas ninguém o leva em conta, nem está em
condições de medir a imensidão de Meu Amor. Filha, alguém te
amou como Eu? A resposta de teu amor nunca será suficientemente
grande. Vem a Mim, vem; atrai na Minha direção a todos os que te
rodeiam, ainda que fosse só por um dia, ou sequer um breve
momento. Põe-Me entre tu e eles; e Eu abrirei amplamente os Meus
Braços para abranger a todos.”
22 de novembro. Depois da Comunhão. “Tu percebes a tua
deficiência. Para cumular as lacunas que há em tuas Comunhões,
pede a cada manhã a ajuda de Minha Mãe, de teu santo Anjo e a do
santo do dia; cobrir-te-ão com os seus Méritos. Assim sentir-te-ás
menos pobre para honrar o Meu Amor.”
25 de novembro. Eu havia tido uma alegria muito viva.
“Agradece-Me com espontaneidade. Não Sou somente um
Mensageiro do sofrimento, como muitos pensam. Sou também o
doador das alegrias e gosto de vossos agradecimentos; não Me
prives deles.”
28 de novembro. Santa Cruz. Hora Santa. “ Mando provas bem
medidas às almas fracas. Mas há almas, como a tua, que me
mostram mais claramente o seu amor espontâneo no segredo,
quando Eu lhes mando alguma alegria. Assim, acontece que com
frequência Me reconheces nisto, e te dás a Mim do fundo de teu
coração. E é isto só o que eu busco em vós: um verdadeiro
movimento de carinho. A Minha Agonia foi a mais terrível dentre
todas as agonias da Terra; tanto pelos Sofrimentos que se seguiriam
após Ela, quanto pela sensibilidade e a clarividência de Minha
Natureza. Aproxima-te; entra como puderes em Minha Alma cheia
de angústias. Oferece-as ao Pai por teu tempo, por todos os
tempos. Se pudesses ajudar-Me a salvar a todos os de teu tempo!”
Então Lhe disse: “Se convertêssemos os chefes, não seria mais fácil
que os seguissem os povos?” Ele: “Sabes o que vale uma alma?
Todas têm a sua liberdade, e Eu não tomo nada à força. O próprio
São Paulo veio a Mim, porque livremente consentiu na luz recebida.
As almas, filha Minha, as almas... Se tu soubesses o que são para o
seu Salvador! Se o compreendesses, não perderias um só minuto, e
com um ardor que te santificaria, trabalharias Comigo, perto de Mim,
no grande campo do bom trigo misturado com as ervas daninhas.
Tu, que Me vistes agoniado e quase sem poder Me suster, toma de
todo o coração a tua parte de trabalho. Assim Me fazes repousar,
como se Me carregasses. E Eu não te deixarei ajudar-Me sem que
Eu te ajude: Já o sabes. Então, não temas exceder-te na oração,
nem sacrificar-te demais. O teu Irmão mais velho orou e se
sacrificou tanto por ti! Gemer é também uma maneira de orar. O é,
igualmente, olhar a Misericórdia com confiança. E manter o
pensamento cheio de esperanças no Pensamento do Pai. E quando
rezas o Pai-Nosso juntamente Comigo, a tua força é imensa. Recita-
o com frequência: gosto que o repitais, porque é o mesmo da Terra
que todo o Céu escuta. E recordarás que Eu o ensinei aos
Apóstolos, para que eles se dessem totalmente e para sempre. Tu,
reza-o com a mesma intenção. Uma vida não é um tempo longo
demais; ainda um resto de vida pode Me honrar grandemente, e
consolar o Meu Coração. Para vós é tão fácil agradar-Me! O Meu
Amor se comove imediatamente quando vejo que, ao falar-Me,
estais humildes, pobres e desejosos de unir-vos a Mim, não por um
momento, mas sim para sempre. Então, faço-Me Esposo dessa
alma que Me implora e a ponho, através dos graus secretos de uma
escala de virtudes, no lugar que estava-lhe reservado em Meu
Coração, e onde nenhuma outra pode entrar.”
29 de novembro. Depois de uma Comunhão que eu oferecia
pelos pecadores. “É preciso que uma alma pague por outra.
Entendes? Eu paguei por todos. Imita-Me.”
29 de novembro. Via Crucis. Eu oferecia as dores de cada
estação pelas almas. Ele: “Tem ânimo e continua.” (Me fez sentir o
esforço infatigável que é preciso dedicar à Salvação dos
pecadores).
3 de dezembro. Novena a Nossa Senhora. “Pensa mais na
Trindade Santíssima que está presente em ti. Adora-A, ama-A,
alegra-A. Que as três divinas pessoas sejam os Três Companheiros
de tua vida.”
5 de dezembro. Hora Santa. “Conversa mais seguidamente
Comigo, o teu Esposo. Se soubesses a alegria que Me dás, por teu
próprio impulso virias a Mim, sem outro motivo especial. Pensa em
como uma pequena criatura insignificante é para o seu Criador, mais
do que um filho é para uma mãe. Já sei que não podes
compreendê-lo; mas fica sabendo que em tudo, ainda sem
compreender, há que seguir o Modelo que Eu coloquei com a Minha
Vida sobre a Terra. Recorda, então, a Minha União com o Pai; as
Minhas Noites inteiras passadas na celeste conversa da oração.”
6 de dezembro. Depois da Comunhão. Eu pensava em Sua
Delicadeza de condescender a servir-se de nossas palavras
humanas para amar-nos no Céu. Ele: “Não Sou Eu, por acaso, a
resposta a todas as tuas aspirações? Não estou por acaso no fundo
de teus desejos mais secretos? Eu sou para cada um O Afeto de
seus afetos. Compreendei o Meu Amor! Tu és Minha para sempre.
Compreende esta doçura e sê Minha desde agora, sem pressa, sem
lentidão, para a Eternidade. Recebo a todos vós no albergue de
Meu Coração.” Disse-Lhe: Senhor meu, obrigada por esta noite sem
alarmes. Ele: “Tudo se deve à Minha Providência infinitamente
amável.”
Fim da Novena. “Estabelece-te na pureza como fruto de tua
novena à Imaculada. Pureza de intenção que ponha diretamente em
Mim todos os teus pensamentos e ações. Eu Sou o teu objetivo
único...”
8 de dezembro. Eu permanecia aos pés da Santíssima Virgem.
Ele me disse: “Vou dar-te um meio para fazer bem todas as coisas:
‘Consiste em que faças cada coisa como se acabasses de
Comungar’. Com isto se ampliará a tua vida interior em um suave
recolhimento.”
8 de dezembro. No meio da multidão, durante a Procissão com
o Santíssimo Sacramento, Jesus me disse, desde o Ostensório que
o Mons. Villepelet levava: “Toma a tua alma e entra em Mim. É
assim como quero os vossos corações: inteiros.”
12 de dezembro. Hora Santa. Eu orava pelas pobres mulheres
inglesas cativas e as que tinham que deixar tudo; e pedia que esta
prova servisse para a sua conversão ao catolicismo. Disse-me:
“Oferece-Me ao Pai junto com esta oração. Eu estive prisioneiro,
amarrado com cordas; fui arrebatado dos que Me amavam e de cujo
afeto desfrutava, para sofrer maus tratos, ódios grosseiros e sutis
desprezos. Quis sofrer tudo para tornar-vos possível encontrar-Me
no meio do caminho em cada um de vossos sofrimentos. Saio
sempre ao vosso encontro para sustentar-vos e dar-vos a alegria de
sofrer Comigo, vosso Esposo.” Eu: Senhor, além disso, há todas
essas moças de má reputação. Eu quisera que algumas pudessem
escapar dessa horrível existência. Cada domingo passo diante
dessas portas para que Tu, que estás em Mim, queiras mandar-lhes
alguma Graça. Ele: “Recorda algo que várias vezes te disse:
‘Quando tu não puderes entrar em algum lugar, a tua oração
entrará.’ Não há pecado que Eu não possa absolver; não há alma,
por mais miserável que seja, que Eu não possa curar. No Evangelho
se conta como alguns se escandalizavam de Mim. E Eu continuo
sendo o mesmo; o Meu Coração busca os mais miseráveis. Não
recortes as tuas orações: atreve-te a esperar tudo. E quanto mais
Graças Me arrancares, mais terei para pô-las à tua disposição. Fico
encantado que Me peçais continuamente. Como Eu poderia dar
muito, se vós Me pedisses pouco? Pensa que uma coisa em
aparência muito difícil, ou quase impossível, não é nada para a
Minha Onipotência. E a oração está plenamente nos domínios de
Meu Amor. Eu posso tudo, e conceder-te o que pedes está no
domínio de Meu Amor. Nunca abandones ao Amor. É totalmente
simples comunicar-te com o teu Deus. E que outra coisa cabe entre
dois íntimos? E além disso, todo tema vem finalmente chegar no
cântico do amor e isto, sem cansaço, em uma vida cada vez mais
ardente. Filha, que o cântico de tua vida suba sempre novo a cada
dia; e o teu cântico não terá fim, porque tu o cantarás ainda na
Eternidade, com uma saciedade indizível. Ama desde agora, ama
muito. Tu não sabes tudo o que podes obter, adquirir e transformar
com o teu amor sobre a Terra. Mas Eu sim, sei.” Então lhe disse:
Senhor, o meu amor é tão pobre.... Ele: “Toma o Meu; já sabes que
é Teu, que é de todos vós. Oferece-O ao Pai com a certeza de teu
poder, e então, pede, pede e pede. Filhinhos Meus, revesti-vos em
todo o tempo, de vosso Jesus como Jacó, que se revestiu com as
roupas de Esaú, e se passou por ele diante de seu pai. Então o Pai
vos fará entrar na herança de todos os Seus Bens. E Eu, totalmente
feliz de ter pago com as Minhas Lágrimas, com os golpes recebidos
e com o Meu Sangue. Filhos Meus, tão amados!”
15 de dezembro. “Servir. Servir a Deus. O serves quando oras.
Ele necessita que ores, para repartir as Suas Graças. E O serves
quando fazes todos os teus trabalhos do dia com a intenção de
honrá-Lo; quando O adoras e O amas. Ele aproveita tudo. Oh!
Serve a Deus.”
19 de dezembro. Hora Santa. “Não vos canseis de Mim. Não
vos canseis... Eu Me vou, mas volto a vós. E quando Me for,
permanecei perto de Mim. Não sejais como essas almas que nos
momentos de aridez fogem e Me abandonam. É que não conhecem
o seu Salvador. Se Me escondo é porque vos amo; tenho que pôr-
vos à prova. Ainda quando hajam trevas em vosso coração, e
pareça que a Minha Voz se calou para sempre, pensai: ‘Ele me ama
e Se entregou por mim.’ Não é possível que compreendais o que
esse entregar-Me significou para Mim. Haveria que se conhecer a
crueldade de Meus carrascos, para compreender a coragem que Me
foi necessária, e que procedeu de Meu Amor. Vos amei, a cada um
em singular, até o extremo desses Sofrimentos. Então, não duvideis
de Mim jamais; Sou o Infinito.” Eu: Senhor, vem em ajuda de nossa
Fé, aumenta a nossa Esperança e acende-nos a Caridade. Ele:
“Não tenhas nenhuma confiança em ti, nem esperes nada de teus
curtos recursos; então te ajudarei, pois, se estiveres vazia de ti
mesma, é-Me possível preencher-te. Reconhece que és nada e que
Eu Sou o Tudo. Eu trabalharei em ti e por teu intermédio. Deposita
frequentemente a tua pequenez em Minhas Mãos poderosas. Tenho
a Potência de um Pai, de um Esposo. É algo grande, na verdade,
filha Minha. Quanto te alegrarás mais tarde de ter-me dado tudo o
que Eu antes te havia dado! Tu Mo dais com o desejo único de
agradar-Me e de trabalhar por Minha Glória. Desenvolve em ti esse
desejo; que cresça até a paixão e encaminha para essa finalidade
todas as tuas ações, como essas flores que olham sempre o sol, até
que morrem e caem. Agradar-Me e aumentar a Minha Glória.
Sempre Eu, nunca tu. E se realmente chegares a esquecer-te e a
recordar-Me até esse ponto, como poderia Eu resistir ao encanto de
Minha criatura? A cumularei muito acima de suas necessidades, e
nela resplandecerá a Minha Glória. Quanta desproporção há entre
as vossas obras e a recompensa que Lhes dou! Mas necessito
desse impulso de abandono de vossa parte; que saiais de vós
mesmos para entrar em Mim. E se o fizéreis com humildade e com
alegria, que alegria tão grande buscareis para Mim! Esquecerei
então os sofrimentos que outros Me causam e Me refúgio com todos
os Meus Favores em vosso coração. Estaremos em casa e aí, em
vosso coração, terei onde repousar a Minha Cabeça.”
Véspera de Natal. Em um aposento. “Pensaste alguma vez
que o amor que tua mãe tinha por ti, assim como a tua irmã
Clemencia e as pessoas que se interessavam por ti, era apenas um
pouco do Amor que a Minha Mãe tem por ti? Um pouco, nada mais.
Agradece-Lhe muito, com os mais ternos pensamentos, pela
solicitude de Seu Coração.” Depois, vendo que eu orava por minhas
intenções, disse-me: “Ora também pelas Minhas, pelas de Minha
Mãe. Há algumas almas que desejamos conseguir. Precisaría-Mos
conceder-Lhes uma Graça muito especial, e para isto, necessitamos
de uma ajuda. Parece-te surpreendente que Deus precise ser
ajudado? Mas assim o é, e deve ser dulcíssimo para ti poder Me
ajudar. Ora para obrigar-Me a conceder essa Graça. Mais tarde
verás essa alma em sua Glória, e a sua Glória glorificará a tua.”
24 de dezembro. Eu lia: ‘Maria tinha uma Fé como não a terá
jamais nenhuma outra criatura humana.’ Ele me disse: “Tudo o que
uma mãe tem, os seus filhos também o têm. Quando vistes que uma
mãe se negasse a compartilhar o que tem? Ela te dará tudo, se tu
Lhe pedires. Enriquece-te, pois, por meio dela, para Minha Glória.
Minha pobre pequena.”
25 de dezembro. À tarde. Eu pensava na pobreza de Sua Vida.
Disse-me: “Eu tomei sobre Mim as maiores penas dos homens.”
Natal. “Como presente de Natal para Mim, Menina pequena,
dá-Me o ‘Bom dia’ a cada manhã, tão logo despertes. Não Me dirás
que é um presente custoso. Recorda aquele bom sacerdote que te
disse, a propósito do sinal da Cruz de manhã: ‘Todas as suas
atividades estarão em ordem, como uma bela procissão atrás da
Cruz.’’ Depois da Comunhão na Missa da aurora, eu dizia: Senhor,
adoro-Te; a Ti, que vieste ao Mundo para trazer a Salvação. Ele: “É
o que venho trazer-vos. Mas vós deveis vir tomá-La.”
26 de dezembro. Nantes. Avenida de Launay. Hora Santa.
“Considera o frio que faz na Gruta de Belém, como falta a luz e
muitas coisas necessárias. E no entanto, a Minha Mãe e São José
são felizes, porque estão Comigo, e com isto nada lhes falta. Não
cederiam seu lugar a nenhum príncipe da Terra. Que o teu amor
seja suficientemente grande como para compreender a plenitude da
alegria que há na União com Deus. Quando nada se tem, mas se
possui a Jesus, nada faz falta. E isso de possuir a Jesus não é uma
ficção. Eu Sou real e a Minha posse o é. Eu tomo posse daqueles
que se dão a Mim. Em certas ocasiões nem sequer aguardo que vos
ofereçais: vos tomo antes, tão grande assim é o Meu Desejo de
possuir-vos. Quem terá a suficiente simplicidade de coração para
crer-Me? Há uma certa falsa humildade que impede crer no amor.
Não é que sejais dignos de Meu Amor, mas sois Meus filhos,
pobrezinhas imagens Minhas, e o Meu Coração é infinitamente
amante. Sempre encontro um pretexto para amar, ainda às almas
mais miseráveis. Sou o seu Amigo, desejoso de perdoá-las. Tu te
dizes: ‘Meu Senhor me fala sempre de Seu Amor para com os
homens.’ Sim. Porque Eu Sou Amor. Quando o entenderás? Falo do
excesso do que tenho. O Meu pensamento é imutável; Sou a
Fogueira que não se extingue. Tenho presentes a todos vós como
se fôsseis um só. Se compreendêsseis o Meu Amor por um só
instante, a vida celestial que levaríeis! Porque viveríeis mais em
Meu Coração que na Terra; o vosso pensamento não conheceria a
não ser uma só direção: a de beber sem fim na taça da Vida. Tu, ao
menos, crê com simplicidade. Abandona-te. Entra em Mim e já não
saias; encontraste o que precisavas.”
27 de dezembro. Depois da Comunhão, ajudada por São João.
“Com frequência te perguntas que sacrifícios poderias oferecer-Me
como ramalhete do dia. Pois bem, aí estão os sacrifícios da oração.
Quero dizer, um ato de Fé especial em tal ou tal ponto de tuas
orações. Um ato de Esperança em Mim, em Meus Méritos. E
sempre algo mais de Caridade.”
29 de dezembro. “Não, não são as obras que importam, mas
sim as intenções na apresentação e na preparação de tuas
atividades. Vai diretamente, para agradar-Me. Nada fora de Mim. E
por ti, nada temas; sempre estou contigo. Agradece-Me por teres
uma Natureza tão cheia de defeitos, porque isto pode trazer-te
Méritos.”
31 de dezembro. “Terminemos o ano juntos e agradece-Me,
com todo o teu coração, porque te cumulei de Favores de Meu
Coração. De onde poderiam vir esses Favores, a não ser do
Coração que tanto amou os homens? E Eu apreciarei muito a vossa
gratidão, como aprecio tudo o que vós Me dais, Meus pobres
pequenos.”
1941

1º de janeiro. Depois da Comunhão, quando eu Lhe pedia o


lema do ano, disse-me: “O teu lema é crer no Amor. A Fé em Meu
Amor. E como prática de penitência: Modera a prontidão de tuas
ações. Um tempo de espera, que será para Mim, antes que faças
algo.”
1º de janeiro. Eu pedia ao Senhor uma Graça. Disse-me: “Se é
o amor o que pede coisas ao Amor, Este não pode negar nada. Mas
se são o interesse ou o temor os que pedem coisas ao Amor, o
Amor escuta de longe.”
2 de janeiro. Eu O olhava chorar no Horto das Oliveiras e Lhe
pedia que deixasse cair as Suas Lágrimas em meu coração. Ele:
“Sim. Eu via naqueles instantes todos os consolos que as Minhas
almas amigas iriam dar-Me durante o curso do tempo. Via o seu
grande desejo de sofrer em Meu lugar e Eu dirigia em direção a elas
os Méritos daquela horrível Agonia. Porque o Meu Olhar incluía
desde o primeiro homem até o último. Que peso, filha, para um
Expiador. Que cortejo de crimes, de corruptores, de ingratos, que
rechaçaram o Meu Amor! Porque para vós é natural amar alguém
que vos tenha tirado de um grande perigo; mas a Mim, que vos livrei
do Inferno, por que não Me amais? Ao que ama, tudo se lhe perdoa.
E outra vez te digo: é preciso crer no Amor de Cristo; de outro
modo, causa-Lhe pena, como vos daria pena se um amigo vos
dissesse que todo o vosso afeto é falso. Vos sentiríeis feridos e vos
manteríeis com reserva. De forma semelhante, as vossas faltas de
Fé no Amor detêm os Meus Dons; Eu espero, pelo temor de
aumentar a vossa ingratidão. Mas então, se Me chamardes, aí estou
Eu imediatamente disposto a levantar-vos. Lembra-te: quando eras
pequena e Me procuravas, escondias-te no quarto escuro, atrás da
cozinha de tua avó; lá, num canto, havia um grosso colchonete
enrolado verticalmente; tu entravas nele e quando alguém
perguntava ‘Onde está Gabrielle?’, tu pensavas: ‘Estou com Deus.’
E recordarás também que nas tardes de verão em Le Fresne, ias
sozinha à varanda para buscar-Me entre o Loire e as estrelas. E
dizias: ‘Vou pensar.’ E a quem buscavas era a Mim. E Eu Me
deixava colher, mas tu não o sabias ainda. Quanto te amei, filha!”
6 de janeiro. Epifania. Eu pensava na alegria da Santíssima
Virgem ao receber os presentes dos Magos para o Seu Filho, e a
chamava: a Virgem Alegre! Ele me disse: “Ela será feliz se a
chamares assim com frequência. Ela é a Mãe da Alegria, o mesmo
que a Mãe Dolorosa. É ‘A Mulher’! Na absoluta perfeição de Seu
Ser.”
9 de janeiro. Hora Santa. “Vem, esposa Minha, e olha-Me
sofrer no Jardim. Como se houvesse sido hoje. Porque esta tarde é,
para Deus, o mesmo que todos os tempos. Não Me deixes. Sou
como um menino aterrorizado que suplica que não o deixem só.
Permanece aí. Que Eu te veja presente, pois a presença é um
consolo; segura-Me pela Mão. Sendo Deus, como o Sou, Sou
também como um Homem muito miserável; tanto, que ninguém
poderá jamais compreender a magnitude de Minha Miséria. Tenho
necessidade de ver todos os que amo reunidos ao Meu redor. Vejo o
Inferno desencadeado e estou só, para defender-Me: ora Comigo!”
Crês um pouco mais em Meu Amor, agora que Me vês sofrer tanto?
Dá-Me a esmola de um óbolo de Fé. Que importância têm para Mim
as vossas virtudes teologais, esses sentimentos fundamentais no
coração de Meus Filhos! Dois degraus: a Fé e a Esperança e em
seguida, chegais ao Amor. E como lias nesta manhã: ‘Só o Amor
tem importância’. Há que maquinar para chegar a Ele e logo, pedir
que aumente; oferecer pequenos sacrifícios a esse Amor que
necessita alimentar-Se. Algumas vezes, a criatura crê que perde o
seu tempo, que vai diminuindo no amor, quando, pelo contrário, vai
aumentando. Desejar amar já é amar. Todos os teus esforços por
amar ainda mais, são contados como teus ganhos especiais, pela
Misericórdia. Avança, avança. Que nada detenha a tua marcha
confiada, posto que estou contigo. E se te apoiares em Mim, como
poderias crer que não te ajudasse a chegar aonde querias? Aprende
a desejar. Sê audaz, pois ouviste a Minha Palavra: ‘Sede perfeitos,
como é Perfeito o vosso Pai Celestial’. Só, não podes nada: mas
Comigo, tudo podes. Por isso te digo que não fiques em ti mesma,
mas que passes a Mim e Me peças humildemente que te mova. E
Eu te moverei.”
16 de janeiro. Hora Santa, em São Pedro. “Há que orar
Comigo. Eu dizia aos Meus Discípulos: ‘Não pudeste velar Comigo
uma hora? Vigiai e orai!’ A ti digo também essas mesmas palavras.
É natural que os irmãos se ajudem mutuamente, e Eu Sou o teu
Irmão. Eu levo em Mim o fardo de todo o Mundo e, às vezes, sinto
como se fosse sucumbir sob o peso. Minha Gabrielle, ajuda-Me.
Ajuda-Me orando e amando; é muito o que pode fazer o amor em
um coração sensível, tão extraordinariamente sensível como o Meu.
16 de fevereiro. Na quarta estação da Via Crucis. “Contempla o
Amor neste encontro com a Minha Mãe; pede-Me que encontre um
amor grande assim em todas as ações de tua vida.”
Muito cedo, ao regressar de uma Missa ao luar. “Já vês como
o Pai vos guarda e vos protege com a Ternura de Sua Luz sobre
todas as misérias de vossa vida. Tu, procura ter, para com o teu
próximo, as ternuras de uma mãe, para agradecer as Minhas.”
17 de janeiro. Eu pensava que na hora de minha morte teria
hinos de agradecimento por minha vida, tão cheia de Favores. Ele:
“E Eu, na véspera de Minha Morte, instituí a Eucaristia. A palavra
significa Ação de Graças. Agradeçamos juntos ao Pai.”
Quarenta Horas em Notre Dame. No sermão eu encontrei
muitas coisas que Ele havia me dito, e quase todas nos mesmos
termos... Ele: “Com isto, crerás um pouco mais em Minha Voz?”
18 de janeiro. “Destas Quarenta Horas, recebe a Graça de não
voltar nunca mais a trabalhar por ti mesma, mas sim deixar-Me
trabalhar em ti, que és muito pequena e miserável, para ser capaz
de algo. Tem, pois, sempre fixos os teus olhos no Esposo,
independentemente do que estiveres fazendo. Seja que ores, seja
que converses, olha-Me com um grande desejo de que Eu te
substitua. E Eu o farei. Lembras daquela alma que se agitava muito
e avançava pouco? Assim tens sido tu. Mas lembra-te daquela outra
que se mantinha aos Pés do Salvador; humildemente, desejava se
mover esvaziando-se de si mesma. Assim adquiria de seu Salvador
uma grande quantia de Méritos. Assim serás tu. É a Minha Graça
das Quarenta Horas.”
18 de janeiro. Diante do Santíssimo Sacramento. “Diz-Me:
‘Senhor, faz-me crer, faz-me esperar, faz-me amar’, e Eu te
substituirei, porque és muito pequena. Vai em direção ao próximo,
mais e mais: Serei Eu Quem irá. Contempla-Me falando em teu
lugar, porque tu não sabes fazê-lo por ti só. Pede-Me seguidamente,
e Eu virei te substituir.”
22 de janeiro. Hora Santa. Ele: “Crês na Potência de Meu
Amor?” Eu: Sim, meu Senhor, creio na Potência de Teu Amor. Ele:
“Crês que o Meu Amor é mais forte que todos os amores reunidos
da Terra?” Eu: Assim o creio, Senhor. Repete-Me isso
seguidamente, pois isto alivia um pouco a Minha Agonia. Os
incrédulos ferem a Minha Ternura, e a confiança de uma alma é
dulcíssima para Mim. Não percebeste que desde que tu Me deixas
trabalhar em teu lugar, a tua alegria e a nossa União são maiores?
Compreende que deste modo caminharás a passos de gigante, pois
Sou Eu Quem caminha. No outro dia, quando tiveste aquele
desengano (um negócio importante que parecia que fracassava),
deu-Me muita alegria que Mo tenhas oferecido na hora, e todo
inteiro. E Eu o passava ao Pai. Perde-te sempre em Mim, filha. Se
soubesses o que Eu Sou, te refugiarias sem cessar em Meus
Braços. Se conhecesses o dom de Deus e Quem é esse que se
chama Jesus Cristo... Pelo menos, não detenhas o teu impulso: Eu
Sou o Impulso. Não queiras saber nem sequer aonde te levo. Olha-
Me, sem dar-te conta de que isso é abandono. Ocupa-te em dar-Me
alegria em tudo com uma alma sorridente. Que a tua alma tenha a
todo momento essa atitude, de que tanto gosto e que Me honra. A
segunda atitude que deve ser habitual para ti, é a de multiplicar as
ocasiões de prestar serviços ao próximo, que é Meu Irmão. E a
terceira atitude habitual: fazer que se produzam as ocasiões de falar
de Mim. Será bom para ti e para Mim. Imaginas a possibilidade de
que em um dia inteiro os teus lábios não pronunciassem nem uma
só vez o Meu Nome com uma palavra de amabilidade para os que
te escutam? Poderia acontecer-te por timidez, por temor de
incomodar. Mas é ao contrário. Ensaia e te espantarás em ver como
as pessoas se sentirão atraídas por essas palavras do Céu. Ensaia;
serei Eu Quem falará. Rogo-te que Me dês essas ocasiões a partir
de amanhã; já sabes que quando o teu Senhor fala, toca os
corações.”
24 de janeiro. Eu dizia: Meu Deus. Ele: “Nunca digas isso sem
pensar que teu Deus te pertence.”
25 de janeiro. Enquanto colocava uma chapa, dizia ao Menino
Jesus: Ponho sobre a tua roupinha de Belém, ouro e pedrarias. Ele:
“Pondo-o sobre a Minha, enfeitas também a tua. Não vês que te dou
tudo o que tenho?”
31 de janeiro de 1941. Em Rennes, na igreja de São Germano,
soava a hora. Eram as três. Ele: “Esta hora te lembra algo? Adora-
Me na Morte que padeci por ti, em expiação. Recolhe, filha Minha,
como Tesouro precioso, esses últimos instantes de Minha Vida
terrestre. Foram a Minha suprema Vontade de Sofrer, diante do
olhar do Pai, para Salvar-vos. Oferece-Lhe esses últimos minutos de
Amor e de Sacrifício total. Diz-Lhe: ‘Oh, Pai, o Teu Filho está
morrendo; deixa-Te comover! Converte os pecadores, torna-os
santos, torna-os sacerdotes. Dá Paz, a verdadeira Paz, ao Mundo.
O que podes, Pai, recusar ao Teu Filho? Ele ora em nós e por nós:
escuta-nos!’”
31 de janeiro. Via Crucis. 13ª Estação. “Tu também, descansa
nas Mãos de tua Santa Mãe, e deixa-A curar as tuas chagas.”
Fevereiro. Nantes. Em meu aposento. “Estima a pobreza.
Ainda as Minhas Palavras não têm voz, a não ser quando é preciso,
para que Me ouças. Falo-te pouco, mas é o suficiente; ou não?
Imita-Me na Pobreza.”
Com as Reparadoras, o Pe. Lechat falava da presença
continua de Cristo em nós, quando estamos em ‘estado de Graça’.
Ele: “Sabes, filha, que podemos falar-nos sem dizer-mo-nos nada?
Olhares, impulsos. Amor.”
Depois de um sermão sobre o Corpo Místico de Cristo. “Posto
que és membro de Meu Corpo, o que há de estranho que os Meus
membros pensantes entendam os Meus Pensamentos? Somos
Um.”
Em um sermão que escutei em Notre Dame, fui encontrando,
ditas quase com as mesmas palavras, muitas coisas que Ele tinha
me dito. Ele: “Crês agora um pouquinho mais em Minha Voz?”
Depois da Comunhão. “Quando te distraias, volta a Mim e não
tenhas pena nem temor; pede-Me perdão e ama-Me mais.
Compreende: se manténs o teu rosto sempre sorridente dirigido a
Mim, Eu farei com que o conserves sorridente diante de teu
próximo, e ele o aproveitará.”
5 de fevereiro. Eu me divertia classificando o meu correio do
dia. “Evita aparecer. Oculta a tua influência. E lembra-te: Só Deus
por testemunha, Maria como apoio.”
6 de fevereiro. Hora Santa. Nantes. Notre Dame. Eu estava
muito descontente do valor de meu dia. Ele: “Isso não importa. Eu te
tomo como és, com teus justificados descontentamentos. Põe de
lado o bem que não fazes. Diz-Me que amanhã porás mais atenção.
Tem a segurança de que Eu prefiro uma alma que cai e se
arrepende, antes que outra alma cheia de orgulho por suas boas
ações. Esta perde todo o seu Mérito. Sê pequena, muito pequena,
sempre, Minha Gabrielle. Olha-te em tua falta de energia, em tua
impossibilidade de ser boa sem o Meu Auxílio. És nada. O nada de
onde te tirei. Crê nisto firmemente, porque esta é a verdade. E o
nada não é capaz de nada. E além disso, a tua veste tem tantas
manchas... Pensa no pano com o qual se limpa debaixo dos móveis.
Chega até a desejar que te desprezem, para que participes Comigo,
que fui desprezado. E, no entanto, tu não és inocente como Eu o
era. No desamparo de tua pobreza, olha as Minhas riquezas: são
todas tuas. Olha a Minha Bondade e lança-te em Meus Braços. Olha
o Meu Amor e não temas nunca, pois Sou o teu Salvador. João, o
Meu Apóstolo, dizia simplesmente: ‘É o Senhor.’, e para ele, isso
queria dizer tantas coisas... E, para ti?” Eu: Para mim, também
muitas coisas, meu Senhor. Ele: “É preciso que para ti Eu seja o
tudo. Entendes? Tudo! A tua vida é para Mim. Para Mim, a tua
razão, o teu coração, os motivos de tua existência. Dá-Me a tua
morte como coroamento de teu amor. A apoteose será no final.
Lembras-te do grito que lancei antes de expirar? Gritava pela última
vez o Meu Amor a vós, no meio de atrozes Sofrimentos. Une-te a
Mim. Responde ao Meu Grito, dá-te a Mim. Guarda todo o teu tu
para Mim, e agradece-Me porque tenho tanta vontade de tomar-te, a
ti, tão pouca coisa. Irei dando-te Graças, cada vez maiores,
conforme fores te tornando cada vez maior. Afasta-te de ti mesma.
Que eu te ocupe por inteiro. Quero todo o espaço.”
6 de fevereiro. Via Crucis. Senhor, quero ajudar-Te como o
Cireneu, e bem gostaria que o tivesses sentido em Teu Caminho
doloroso. Ele: “Não duvides de que assim tenha sido. Eu via todos
os tempos.”
12 de fevereiro. Diante de um Crucifixo. “Morri por ti. Por ti.
Quanto maiores forem os dotes que te dei, maior há de ser a tua
humildade, posto que nada do que tens vem de ti. Não roubes a
Minha Glória.”
14 de fevereiro. Eu pensava em todas as Suas Graças, e
particularmente em minha inesperada liberação dos alemães. Que
bem me guardaste, Senhor! Ele: “E o farei ainda mais...” Depois da
Comunhão. “Não confundas o sentir com o consentir. Pelo fato de
estar em aridez e chateação, não deixas de estar Comigo.”
“Quando digas ‘Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, Eu
amplifico esta glorificação. Não são os teus Méritos, e sim a Minha
Bondade, que fala.”
15 de fevereiro. “Não temas voltar a Mim depois de tuas
distrações; pede-Me perdão e ama-Me mais.”
16 de fevereiro. Depois da Comunhão. “Compreende que, se
permaneces sorridente diante de Mim, poderás conservar o teu
sorriso diante do próximo, e ele se sentirá confortado.”
19 de fevereiro. Na avenida, com a escuridão da manhã, a
calçada molhada tinha reverberações do céu, que me ajudavam na
direção. Ele: “Quando a Graça impregna uma alma atenta, esta
alma reflete a Deus e arrasta ao seu próximo. Quem poderá dizer o
que poderá obter-se, apenas pela influência, Minha Gabrielle?”
20 de fevereiro. Hora Santa. (Reparadoras). “Não és senão um
instrumento. Mas sê realmente isso, sempre disposta a servir-Me. A
Mim, não a ti. Tu dependes de Mim, Eu Sou o teu Senhor.
Agradece-Me porque quero servir-Me de ti. Não estás contente com
o teu Senhor? Já sentiste a Minha Delicadeza, e como Me ocupo de
ti nos pormenores de tua vida. Nada é pequeno para Minhas
Gentilezas de Amor. Já sabes reconhecer-Me nos acontecimentos?
Porque Sou efetivamente Eu Quem sai ao teu encontro. É como
quando dois amigos saem, um em direção ao outro, no mesmo
caminho. Nunca Me deixes só no caminho, desejando-te, sem que
tu chegues. Pequena alma amada! E serve-Me com todo o teu
coração, tendo como nada o que não for para Mim. E, posto que Eu
sou o Hóspede de teu coração, desce a ele seguidamente para
fazer-Me uma visita. Não concedas atenção ao Mundo. Encerra-te
em teu interior. Adora ali, sem testemunhas, ao teu divino Esposo.
Conta-Lhe as tuas coisas e escuta o que Ele te disser.”
24 de fevereiro. “Quando rezares à Minha Mãe, pede-Me que
Eu esteja contigo. Eu sei como falar à Minha Mãe.”
26 de fevereiro. Aniversário de meu nascimento. Eu Lhe
consagrava as primeiras horas de minha vida, e pedia-Lhe que me
preenchesse de amor a última hora. Ele: “Lembra-te que a morte é
como a vida. Se nestes momentos em que vives, o teu coração está
cheio de Mim e por Mim; se te devora o zelo pelo Meu Reino; se
tens sede de Minha Glória, a morte te encontrará assim, e passarás
a fronteira com o pensamento posto no Amor. Nenhum pai, nenhum
esposo, abandona a cabeceira do ser querido; então, Eu, que tanto
amo as Minhas criaturas, não posso estar longe delas quando saem
deste Mundo. A passagem mesma, não é longa: simplesmente se
deixa o Mundo daqui debaixo e se entra no Outro. É este o
verdadeiro nascimento, pois se entra em uma vida que não passa. E
a Vida, Sou Eu.” Eu: Faz-me viver desde agora, Senhor, como
viverei Lá Encima; refiro-me aos sentimentos de minha alma. Ele:
“Eu vivi para que vós vivêsseis de Minha Vida. Põe a tua sempre na
Minha. Não faças nada para ti, senão tudo para Mim. Alegra-te
quando te sintas incompreendida ou desconhecida; pois isso
mesmo aconteceu comigo. E quando te encontrares só, une-te aos
Meus quarenta dias de solidão. Far-Me-ás feliz. Eu, que vivi sempre
para vós, estou contente quando uma alma pequenina vive para
Mim, de tempo em tempo de modo total. Eu: Senhor, quero unir-me
a todas as Tuas Ações, com todas as minhas, para que estejamos
sempre juntos. Ele: “Considera como Eu trabalhava e como Me
atarefava em minha Vida terrestre. Trabalhava para o Meu Pai e
para a Salvação dos homens Meus irmãos; e trabalhava também,
aplicando-Me à perfeição de Meu Trabalho. Se tu fizeres o mesmo a
todo momento de tua vida, entrarás em cheio no Coração de teu
Amado e O encherás de doce consolo. Pequena alma ternamente
amada!” Eu: Sim, Meu Senhor, eu quero servir-te de consolo em
tudo o que me resta de vida. Ele: “Eu não havia, por Delicadeza,
empregado a palavra ‘servir’. O que te peço é simplesmente que Me
ames, por cima de tudo e de todos.”
2 de março. Na Missa, quando o sacerdote subia ao altar.
“Deixo a gruta da Agonia para sair ao encontro de Judas... Oh! Para
adoçar a crueldade de seu pérfido beijo, beija-Me.”
2 de março. Igreja de Santa Teresa. Quarenta Horas. Eu havia
tido uma humilhação. Ele: “Uma humilhação... Por acaso não é uma
das melhores Graças que eu posso oferecer-te? E quanto mais te
afundares em Mim, menos aparecerás no exterior.”
5 de março. Eu lia que o Espírito Santo é a Alma desse Corpo
Místico que se chama Igreja. Perguntei-Lhe: “É Ele, por acaso, o
que me fez ser a pequena comediante do Bom Deus?” Ele: “Que
não te fique a menor dúvida. Ele é o Autor de tua
sobrenaturalidade.”
6 de março. Hora Santa. “Eu gostaria de repousar-Te, Senhor,
como há tanto tempo tens me pedido. Eu queria nunca dar-Te o
cuidado de minhas infidelidades; mas, eis que voltei a cair em tantas
faltas, que até admiro que a Tua Misericórdia não tenha Se
cansado.” Respondeu-me: “Ainda se tu vivesses até o fim do
Mundo, acumulando faltas sobre faltas, mas esperando sempre o
momento do Perdão, encontrarias que o Perdão estava Te
esperando, desde antes de que tu houvesses começado a implorá-
Lo. Lembra-te de que uma vez disse: ‘Setenta vezes sete’. Isto dá a
medida sem medida com que o Meu Coração responde à pergunta:
‘Quantas vezes temos que perdoar?’ Conserva o teu espírito de
penitência.” Eu pensava logo em minha falta de coragem para
dormir, nas noites precedentes, em um leito com pulgas. Disse-me:
“Não podes suportar isso por Mim? Nem por ti? Para expiar as tuas
faltas, para expiar a marca crescente dos pecados do mundo atual.
Deixa-te penetrar por um espírito de humilde reparação. Recita
durante todos os dias da Quaresma o salmo ‘Miserere’ por todos os
homens. Deixa-me ativar em ti a súplica; permanece em Mim,
sejamos Um. Roga à tua Mãe que apresente assim os seus Jacós
ao Pai celestial. Posso contar contigo, unida a Mim, para ajudar as
almas durante esta Quaresma?” Eu: Sim, Senhor. Ele: “Eu te
ajudarei, como te ajudo sempre, quando tens coragem para
começar um sacrifício. Não creias que quando te esforças por isto
ou por aquilo, és tu quem o faz. Não és tu, Sou Eu que te ajudo. E
quando o famoso sacrifício já passou, nem sequer voltas a lembrar-
te dele no dia seguinte. Tem, pois, ânimo. Já sabes tudo o que sofri
por tua causa e por teu bem. Há pouco, vias como um pedaço de
corda meio caído de um caminhão era arrastado por todos as poças
cheias de lodo; e pensastes em Mim, no Pretório, derrubado pelos
carrascos e golpeando com a Minha Cabeça as esquinas das
colunas. Sentistes ao mesmo tempo horror e compaixão. Que o teu
amor se traduza em atos, porque este é o verdadeiro amor. Eu te
amei assim: imita a teu Cristo, pequena esposa Minha.” Em meu
aposento eu fazia uma coberta para o altar. Disse-me: “Senta-te aos
Meus Pés.”
8 de março. “Considera a diferença entre duas almas. Uma
não pensa senão em si mesma, e em tudo, não busca senão o seu
próprio interesse. A segunda só para procurar-Me Doçura e Glória.
Perdeu-se totalmente para si mesma ao consagrar-se ao Meu
Serviço. Sempre está contente e o seu rosto reflete a alegria. E a
outra arrasta, cheia de temores e de tédio, a corrente de seus dias.
Quando estas duas vidas cheguem ao seu término, verás também a
diferença.”
12 de março. Via Crucis. Eu adorava a Sua Delicadeza ao
consolar as santas mulheres, quando Ele mesmo sofria tanto. Disse-
me: “Se soubesses em que estado estava o Meu Corpo...!”
14 de março. Le Fresne. Na varanda, com uma atmosfera
intensamente vaporosa. “Pede à Minha Doçura todas as doçuras.
Lembra-te, com frequência, de Meu Amor. Diz isso e repete-o para ti
mesma, sem cansar-te. A Natureza arrasta à despreocupação; que
o Espírito te eleve a todo o momento.”
29 de março. Fresne. Tu és, na realidade, só um instrumento
que não serve para nada. Mas alegra-te, porque um instrumento
que é empunhado por uma mão, está bem perto do Mestre.”
29 de março. Depois da Comunhão, eu orava pela Paz. Ele:
“Compreende que se Eu permito que haja guerras, é porque muitas
almas se aproximam melhor a Mim na guerra, do que na segurança.
Esquecem os prazeres mundanos, oram mais e se convertem.”
2 de abril. “O desprezo não deve dirigir-se nunca contra o
pecador, mas somente contra o pecado.”
4 de abril. “Nunca te inquietes pela opinião dos outros. Vive
para Mim. Por fora e no interior. Vê se em ti tudo é Meu, ou tens
algumas reservas? Defende-te de ti mesma. Chama-Me.” Na noite
da Sexta-Feira Santa de 1941, vi em sonhos a Santíssima Mãe de
Deus vestida de azul-França e sentada em um trono de ouro com o
Seu Divino Filho sentado em Seus Joelhos. A aparição flutuava à
esquerda e por cima da Gruta de Lourdes. Nela não havia nada
além da estátua, enquanto que em minha visão, eram dois seres
viventes. A Virgem falava com uma mulher vestida de branco, mas
eu não ouvia sua conversa. Alguém me disse: ‘Esta mulher é a
França.’ Não afastava os olhos da Virgem. Conforme a visão se
afastava e se desvanecia, senti tal pena, que os meus próprios
gritos me acordaram. Então compreendi o significado de uma
palavra do Pe. Lamy, quando disse: ‘Não venhas me ver, minha
Santa Mãe; porque é doloroso demais ver-Te partir.’
Nantes. Terça-Feira Santa. “‘Colocamos madeira em seu pão.’
Entendes esta palavra do profeta Jeremias? Compreendes que
preparava a Minha Cruz, enquanto Eu celebrava a Minha Primeira
Eucaristia? Humildade. Quando Me dás em teu coração um
pequeno ato, o purificas grandemente. E lembra-te de que quanto
mais embaixo te sentires, tanto mais no alto Eu te verei.”
Páscoa. No caminho até a Catedral, eu dizia ao longo das
ruas: Te Saúdo, meu Cristo ressuscitado. Ele: “Que para o teu
coração o Mundo esteja sepultado, e que só Eu viva.” No ofertório:
“Oferece, juntamente com a Minha, a tua própria ressurreição, que
terá lugar no último dia. Oferece a ressurreição de todos os
membros de tua família, dos que viveram antes, dos que viverão
depois; a ressurreição de todos os teus conhecidos e de todos os
demais, como um cortejo em torno à Minha Ressurreição, para a
Glória de Deus Pai.”
16 de abril. No trem. “Não penses em ti, senão em Minha
Glória. Assim poderás superar as preocupações comuns das almas
comuns.”
17 de abril. Quarenta Horas. Na capela da Ordem Terceira.
Disse-me: “Vim para salvar a todos. Não desdenhes ninguém.
Pensa em tuas faltas, mais que nas dos demais. Vê a Minha
Caridade: Eu, que Sou o Inocente, o Puro. Ainda que em mero
pensamento, toma sempre o último lugar. Louva-Me pelas Graças
que recebeu a Minha Mãe, e pede a Ela que Me agradeça as que
sem cessar te concedo. Apoia-te com atos frequentes na ‘comunhão
de todos os santos’ do Céu e da Terra. Porque tudo é comum entre
nós. Não é certo que podeis ser bem ricos? Ricos de Fé e
Esperança; ricos em Meu Amor. Considera o que é o teu amor, se
se multiplica no amor de todos os outros. Os maiores podem ajudar
as almas pequenas como tu: porque tudo é de todos. Eu vos dei o
exemplo, dando-vos tudo o que ganhei. E o que tu creias que
ganhaste, dá-o aos outros. E Eu Me encarregarei de uma amiguinha
Minha que se faz pequena para dar-Me alegria e farei o bem através
de ti. Tem a segurança de que não subiste ainda bem alto no
caminho do amor. Chama-Me com frequência para que Eu venha
em teu auxilio. E o teu Bem Amado te fará correr.”
20 de abril. Le Fresne. Hora Santa. “Diz-Me que vens a Mim
com mais confiança que a outro amigo da Terra. Porque Comigo
estás plenamente ‘em tua casa’, não é certo? E convém que seja
assim, pois Eu Sou para cada alma o Único, o Incomparável.
Oferece ao Meu Pai este intercâmbio de sentimentos, em união com
a mútua Comunicação das Três Divinas Pessoas. Depois de tuas
Comunhões oferece-Lhe, não somente o Meu Corpo, mas também
as perfeições de Minha Alma: Força, Doçura, as virtudes que tu
preferes em Mim, para ajudar nas tuas fraquezas e desânimos. Em
Mim encontras tudo o que pode ajudar ao teu amor. Não temas
servir-te Daquele que tanto te ama. Expande a tua confiança como
um tecido de seda, para envolver tudo o que desejas e pedes. Com
isso, Me vencerás. O Meu Coração é tão fácil de vencer por todos
vós que sois Meus filhos! Diante de uma ternura cheia de
humildade, Eu não tenho defesa. Antes de dormir faz-Me, com
amor, a confissão de tuas faltas do dia; para ti será muito útil e para
Mim, o teu Salvador, será um agrado. Quando Magdalena havia Me
dito os seus pecados, detinha-se para perguntar-Me: ‘depois de tudo
isto, posso ser perdoada?’ e Eu a tranquilizava. Ela prosseguia e
voltava a se deter: ‘Depois de tanto pecado, posso ainda esperar o
Vosso Perdão?’ e Eu lhe respondia: ‘Sim’. E quando depositou aos
Meus Pés todo o seu passado, chorou de amor e agradecimento e
compreendeu o que é a Misericórdia infinita. Compreendeu somente
um pouco. Porque vós não podeis entender o Infinito. Que gostes de
ser cega, porque Eu te guiarei se consentires em dar-Me a mão. Um
pai está sempre contente quando a Sua filha pequena se abandona
totalmente a ele, com carinho e simplicidade.”
1º de maio. “Tu Me agradeces pela primavera com as suas
flores, com as suas primeiras borboletas, com os pássaros que
cantam nos galhos. Fazes bem, pois Eu Sou a Beleza. Mas as
primaveras que Eu trago às almas por Minha Graça merecem ser
ainda mais agradecidas. Essas primaveras, cheias de seivas
eternas, vêm pelo preço de Meu Sangue que derramei, e produzem
em vós esplendores que vos são desconhecidos. Os anjos e santos
os contemplam. É o trabalho ‘a dois’ que fazem o Espírito que é
Deus, e o espírito que é, também ela, a alma: a Força e a boa
vontade. Ambas são importantes diante da Justiça quando não vão
juntas; mas quando se combinam, a marcha é rápida. Deseja, com
força, progredir. Deseja a santidade. Pede-a como esmola, como
uma mulher pobre pede um pão. Pede à Minha Mãe, todos os dias
deste formoso mês, que te introduza mais adiante em Meu
Coração. Ela é tão boa! Se duvidas, é por acaso porque pensas em
todas as tuas misérias? Mas Ela Se encarregará de pôr-lhes
remédio, como uma mãe que arruma o penteado de sua filha
pequena, antes de apresentá-la num salão. Ela fará isso contigo, e o
fará muito bem, para apresentar-te a Mim. Pede-Lhe perdão de
tuas faltas e dedica-Lhe uma confiança absoluta. Com isso,
glorificar-Me-ás grandemente. Eu Lhe confiei Magdalena, João e os
outros que Eu amava, para que os cuidasse como a Mim mesmo
quando era pequeno. Passa todo este mês encerrada em Seus
Braços. Eu a olhava com frequência; olha-A tu também, e Ela te fará
compreender os teus deveres. E, aonde poderia Ela levar-te, senão
a Mim, que sempre estou te esperando, e que penso sempre em ti,
ainda quando tu não pensas em Mim? Que pensei em ti antes de
que existisses..., no Jardim..., desde o alto da Cruz? Oh, Minhas
bem-amadas criaturas! O que faz dano, é o amor quando não é
correspondido. E Eu conheço esse dano bem demais. Sê o Meu
consolo e o Meu repouso. Ajuda ao Amor. Miserável como és, podes
ajudá-Lo dando-Lhe tudo. Apoia-te em Meu Coração, e o peso de
teu fardo O alegrará e Eu passarei dentro de ti como a seiva passa
na videira da raiz ao galho. A tua vida será a Minha Vida: só, não és
nada, Minha pobre filhinha.”
8 de maio. Eu: Senhor, talvez tivesses pressa em dizer-me
muitas coisas e eu me atrasei. Ele: “Apoia a tua testa sobre o Meu
Coração e escuta. Já sabes que se deve conceder grande
importância às coisas mais insignificantes dos dias comuns, pois
diante de Meus Olhos, todo o valor das coisas está na intenção de
amor com que se fazem. Isto, digo-te com frequência, para que não
te esqueças, e que nada se perca: podes, a preço baixo, enriquecer-
vos e enriquecer os outros. Não deixes, pois, nada no vazio: e que
tudo se faça com o desejo da perfeição em vosso trabalho, para dar-
Me mais satisfação e reparar pelas imperfeições passadas. Sabes
que um só desses momentos pode reparar uma vida inteira? Faz
bem o que fizeres, seja o que for, e fá-lo olhando-Me e pedindo-Me
a Minha Glória. Assim serás abençoada por Deus.” Eu: Senhor,
ajuda-me! Tu conheces o meu nada e a minha inclinação ao mal.
Ele: “A Minha Graça te basta. Ta dou quando Ma pedes. E não só
isso, senão que, com frequência, é-te antecipada. Leva bem a sério
a tua influência como esposa de Cristo: não faças nem digas senão
coisas que o teu Esposo aprovaria. Considera-O como colocado em
teu lugar: O que Ele diria? O que responderia? Esta será uma
maneira nova de agradar-Me, uma maneira de estar sempre
Comigo. Não sentes que sempre Estou te buscando? Como aquela
mãe que despertava o seu filhinho somente pelo prazer de vê-lo
sorrir outra vez.”
9 de maio. “Encanta-Me a Mim e encanta ao teu próximo. Mas
lembra-te de que sem sorrisos não há encanto. E que Eu pus uma
força em teu sorriso.”
14 de maio. Depois da Comunhão. Oferece-Me ao Pai para
reparar a malícia de tua vida. Toda a alma é na vida a que fez o mal,
ou a que fez o bem, ou a que não fez nem o bem nem o mal, mas
sem estar ligada a Mim. Repara, agora que Me possuis em teu
coração, tudo o que no passado foi defeituoso. Em teu próprio
passado e no do próximo. Eu Sou o Reparador infinito. E se tu tens
fome dentro destas restrições, une a tua fome à que Eu passei no
deserto, para aliviar um pouco a Minha Fome de almas.”
15 de maio. Igreja de Anjou. Hora Santa. A igreja estava cheia
dos ruídos da rua e da praça. Disse-me: “E, no entanto, tu estás
tranquila aos Meus Pés. Já vês como, no meio dos negócios deste
Mundo, é possível ocupar-se de Mim no silêncio do coração. Para
isso, basta que se Me ame. A aspiração da alma é a Minha
Intimidade. Mais se Me ama e mais fácil é vir encontrar-Me no
interior do coração: e então as coisas do Mundo parecem pesadas e
enjoativas, e a alma tenta fugir delas para concentrar-se no Amor de
seu Senhor. Os que chegaram a adquirir esta ciência só desejam o
sofrimento, que os aproxima de Mim. A fome de Mim é para eles o
maior sofrimento e uma purificação. Pede-Me esta fome. Alguma
vez já a sentiste; e te parecia ao mesmo tempo um tormento e uma
alegria, terrível e desejável. Pede-Me que te faça senti-la outra vez;
o teu desejo Me será agradável, como um belo gesto teu. Já vês:
além de tudo, digo-te como agradar-Me.” Eu: Senhor, isto não será
para Ti nenhuma surpresa. Ele: “Crês tu que existam muitas
surpresas para Mim? Eu vejo e sei tudo por antecipação. Mas Eu
gosto que coloques todo o teu empenho em agradar-Me. Muitos
pensam que Eu estou ocupado em algum outro lugar, em outro
Mundo e em outras almas, sendo, no entanto, que sempre estou no
meio de vós e perto de cada um. Estou Presente e vos olho. Atuai,
pois, como quando a gente sente sobre si um olhar. Mas não um
olhar qualquer, senão o Olhar Daquele que vos criou e que tanto vos
ama, o Olhar Daquele que vos tornou salvos, e permanece
convosco até a Consumação dos Tempos. Quando tu estás no
cenário e todos os olhares estão fixos em ti, adotas instintivamente
gestos amáveis. Se pensasses que Eu considero tudo o que há em
ti a todo o momento, ainda em teu sono, tomarias mais cuidados
para ser-Me agradável. Que seja assim, filha! Não temas exceder-te
na tarefa de agradar-Me. (Com um sorriso): Eu nunca temi exceder-
Me em amar-te. Como vês, sempre falamos de Amor. E será para
sempre assim. O Amor é a linguagem que se fala no Céu; então,
perdoa-Me se o emprego também aqui na Terra. Sou como um
viajante que não sabe senão uma só língua e fala sempre nela. Não
te parece que esta língua é fácil de aprender, e que logo se adquire
a pronúncia? Minha pequena esposa, não te preocupes com
nenhuma outra ciência, senão a do Amor; esta é suficiente para a
Minha Alegria e a tua.” Eu: Senhor, bem que eu gostaria, só para
agradar-Te, superar o meu Professor.” Ele: “Escuta estas duas
palavras: ‘doação e abandono’. Não conserves nada teu; entra em
Mim até perder a lembrança de ti mesma. E quando tiveres te
perdido completamente em Mim, Eu voltarei a te encontrar... e
então, o que temerias? Oh, Minha querida filhinha!”
25 de maio. “Ao instituir a Eucaristia Eu vi todas as
Comunhões do Mundo. Vi as tuas, as de ontem, as de hoje. Aplica-
te a recebê-Las com amor e a agradecer-Mas com amor. Posto que
Me dou todo inteiro, dá-te também toda inteira, sem a menor ideia
de reservar-te nada.”
25 de maio. Depois das Vésperas. “Se eu quisesse ter-te uma
hora aos Meus Pés, sem te dizer nada, senão somente olhando-te
ver-Me, terias que conservar a mesma serenidade de ânimo. És
Minha e Eu posso fazer contigo o que Eu queira sem que percas o
teu sorriso interior. Tem a coragem de amar desse modo. Não
queiras senão o que Eu quiser, pois todas as Minhas Vontades são
vontades de Amor. E se alguma vez isto te parecer penoso, pensa
que mais tarde o Meu Coração te compensará. Pensa no Céu com
maior frequência, já que o Céu é a tua morada de amanhã, onde
muitos te aguardam e onde vais acrescer a Minha Glória acidental.
Não é orgulho nenhum pensar em ir ao Céu; é o teu dever ir lá e
não descuidar nenhum meio para isso; é o vivo desejo de Meu
Carinho. De noite, quando despertas, ofereces-Me instintivamente a
passagem de tua morte. Mas Eu a conheço bem, tal e como te virá.
Com todo o Meu Amor Eu ta escolhi, como para cada um de Meus
Apóstolos escolhi a sua. Não temas, pois, abraçar por antecipação
esta última Cruz da Terra, a morte, em união com a Minha Cruz. Faz
de tua morte, antecipadamente, um ato de amor perfeito, feliz por
deixar o teu corpo para cair em Meus Braços. Porque o mais belo
dia da vida é o dia da morte; deixar esta Terra para unir-se ao
Esposo; deixar tudo, alegremente e sem nostalgia, para assim
provar-Lhe o amor. Lembra-te o que disse aquele soldado em
plena guerra: ‘Pensar que, de um momento a outro, posso ver a
Deus’. Deseja vivamente essa visão de Deus, como o mais
esplêndido que possa te acontecer, e subordina todas as tuas ações
ao interesse do supremo instante de tua partida. Não é certo que
quando te colocavas a caminho para ir a outro continente, sentias-te
como se fosses outra pessoa? Crê firmemente que, nesse grande
momento da partida final, terás todas as Graças necessárias que
agora são-te incompreensíveis. Eu não abandono os Meus, Minha
querida pequena. E, por antecipação, oferece-Me a tua impaciência
para encontrar-Me : com que alegria escutarei o teu grito!”
25 de maio. Depois da Comunhão. “Despoja-te de ti mesma e
abandona-te: não tens nada e não és nada. Quando semeias uma
semente, és tu a que faz crescer a árvore? Suas flores, seus frutos
e as centenas de outras árvores que dela se produzem? Sou Eu. E
o teu corpo? Vem de Mim. O mesmo que o teu espírito e o teu
coração. Olha-te nu no nada. Essa nudez de lagarta, une-a à Minha
Nudez ao pé da Cruz, cheia de Mérito. Oferece-te desta maneira ao
Pai, em uma extrema pobreza, mas confiada na extrema Riqueza de
teu Salvador; e o Pai Se reconhecerá em ti e o Seu Amor te
envolverá.”
Maio. Voltando do comulgatório eu dizia ao caminhar: Grande
Amor meu, meu Amor formoso, meu doce amor... Ele: “Se
passasses cada dia na contemplação de Minha Grandeza, de Minha
Formosura e de Minha Doçura, isto daria fim à monotonia e avivaria
o teu amor.”
28 de maio. Depois da Comunhão. “És pequena demais para
poder elevar-te por ti mesma. Pede-Me que o faça; pede-o à Minha
Mãe; e Nós dois te levantaremos. O fruto de teu amor a Mim será a
alegria para os teus próximos, ainda com detrimento de teu repouso.
Serve. Serve como discípula Minha. E então, aproxima-te de Mim.
Olha-Me e não Me deixes.”
29 de maio. “Os hábitos são fortes. Tu adquiriste o hábito da
Missa cotidiana, da Comunhão, de deitar-te sobre o leito duro, e
agora não podes prescindir de tudo isso. Adquire agora o hábito do
sorriso interior, fiel e regular, diante de todos os acontecimentos. Isto
me encantará e te aproximará continuamente de Mim, como se
fosse uma maneira nova de falar Comigo. Ganha o teu tempo. Não
percas nada.”
30 de maio. (Eu tinha um sacrifício para oferecer-Lhe). Disse-
me: “É uma flor que eu prendo em tua túnica. Dá-Me sacrifícios com
frequência; é como se tu aumentasses a Minha Beleza.” (E, como
sorrindo): “Vês? Quando tu te pões mais bela é como se Eu mesmo
Me pusesse mais Belo. Que unidos estamos tu e Eu, Minha
pequena! Desde a tua Comunhão da manhã até o teu sono da noite,
devemos ser um. E um ainda, quando estás profundamente
adormecida. Diz-Me que assim queres que seja; que este desejo
esteja sempre em tua alma. Como as tapeçarias da Abadia de
Beaune, que estão formadas em sua totalidade pela palavra ‘só’,
que expressa o luto daquela viúva inconsolável. As tapeçarias do
palácio de tua alma levarão a palavra ‘Um’ para expressar a nossa
indissolúvel União. Tu deves imitar, pois és filha de Deus, o Incêndio
Triplo, Triplo e Um, da Trindade. Pede-Lhe assim ao Espírito que
descerá amanhã, e que não pode ficar inativo no dia de
Pentecostes. Ele renova a Terra inteira e a cada um, segundo a sua
disposição. Ele é Infinito. Abandona-te Nele, que é Fogo Devorador.
Abandona-te a Ele, que é o Consolador. Pede-Lhe que Se sirva de ti
para dar consolação. Entra em teu nada e deixa a Deus atuar.”
30 de maio. Vigília de Pentecostes. “Amanhã descerá sobre a
Igreja o Espírito Santo. Roga-Lhe que te ensine a imitar, tu que és
filha de Deus, o Abraço Triplo e Uno da Trindade. Não creias que
ele ficará inativo nesta manhã de Pentecostes; pois Ele renova toda
a Terra e a cada um em particular. É Infinito. Abandona-te Nele, que
é um Fogo Devorador. Abandona-te Nele, pois é o Consolador.
Pede-Lhe que Se valha de ti, toda nada, para consolar. Sim. Entra
em teu próprio nada e deixa a Deus atuar.”
5 de junho. “Às vezes, uma pequena servidora é introduzida no
palácio de um rei, se o rei necessita de seus serviços. E ela se
sente feliz em contemplar as riquezas que há no palácio.” Senhor,
disse eu, ela se sente feliz especialmente por estar perto do rei e de
ter alguma ocasião de encontrá-lo. Ele: “E tu crês que o rei se
furtará a essa secreta esperança? Ao contrário, o rei multiplicará as
oportunidades de um encontro. E tanto, que depois de divisá-lo
somente de longe e de ter ouvido furtivamente a sua voz, a pequena
servidora será convidada progressivamente, até chegar a sentar-se
na mesa do rei e compartilhar a intimidade da tarde; porque o rei a
terá olhado com Amor; e porque tinha enviado o seu próprio filho
unigênito para salvá-la.” Eu: Senhor, e como poderá a pequena
servidora manifestar sua gratidão por tantos Favores? Ele: “Terá que
viver de amor. De seu pobre e pequeno amor, que ela encomendará
diariamente ao Espírito Santo para que o acrescente. Não se
admirará por nada de suas faltas repetidas, pois as oferecerá com
toda a confiança ao Filho Único que a salvou. Manter-se-á sempre
pequena, pois Deus é suficientemente grande para alcançá-la onde
ela estiver. E finalmente morrerá, não porque será inevitável, mas
porque ela mesma quererá morrer por seu rei. Preparar-se-á para
morrer sem nostalgia da vida, mas somente porque estará ávida
pelo desejo de vê-lo. De ver o seu Amor, seu Fim, seu Tudo. Há
motivo de sobra para estremecer-se... E a pequena servidora se
lembrará de que o Filho Único morreu, também Ele, e que morreu
por ela. Então, ela morrerá Nele.”
10 de junho. Antes da Comunhão eu olhava as minhas mãos.
“São de barro. Lembra-te de que Deus formou do barro o corpo do
homem. O corpo humano não é senão uma cobertura de barro.
Vivifica o teu espírito. Dá-Mo para que Eu o vivifique; Eu, que Sou a
Vida.”
Em Saint-Florent. “Viste como as pessoas ficam felizes quando
estão construindo uma nova casa? Mas podem errar se apegam o
seu coração à casa. O sentimento básico de ‘a casa’ foi dado ao
homem para a sua Casa do Céu.”
12 de junho. Hora Santa. Eu pensava nos momentos felizes de
minha juventude, quando o tempo me parecia tão curto... Ele: “E as
nossas Horas Santas não passaram também com muita rapidez?
Não te parece que os quinze minutos passam em cinco minutos? E
não te aconteceu que uma noite inteira passada Comigo te pareceu
tão fugaz como um relâmpago? Como se produz isso? É que Eu vos
transporto como para fora do tempo. Tu te apoias sobre o Meu
Coração; agradeces-Me que tenha instituído a Eucaristia, que tem te
alimentado diariamente, e com isso, esqueces-te de todas as
coisas. Ocupas o lugar de João. Ele podia contar as palpitações de
Meu Coração, cheio de Amor e Ternura. Lugar bendito! Tenta dar
uma resposta e não abandones nunca o teu lugar. Mas como és
pobre e muda, toma de Mim e oferece-Me o Meu próprio Amor, que
fazes teu. E agradece-Me por todas as Hóstias, as tuas, até a
última; as Hóstias do Mundo inteiro, até a última, antes do Juízo
Final. Hóstias que Eu inventei para vós, para que estejais sempre
perto...! Vejo-vos vir a Mim, como vi, em outro tempo, virem os Meus
Apóstolos à Ceia; e vou a vós com o Coração cheio das mesmas
emoções que tive na Quinta-Feira Santa. Meus pobres pequenos,
que não pensais nestas coisas; que estais tentados a crer que Eu
esteja em Minha Eucaristia inerte, como em uma pintura; vês em
Mim algo assim como uma antiga lembrança, enquanto que Eu
estou convosco, vivo e respirando. Lembra-te disto: não há vários
Jesus Cristos, senão somente Um. O que está no Céu é o mesmo
que vós comeis. E não vos intimide o verbo ‘comer’. Eu o coloquei
no Evangelho, e o fiz porque explica a União que quero ter
convosco. Comei-Me, comei-Me sem temor: satisfazeis o Meu Amor,
aliviais a Minha Sede ardente. Sabes tu o que é a sede? E se o
souberes, poderás compreender a sede de um Deus que amanhã, à
hora da Eucaristia, já estará morto de Amor? Dá-Me a cada manhã
um nome novo quando Me receberes. Eu tornarei verdadeiro o
nome que tu Me escolheres. E tem o cuidado de escolhê-lo muito
terno e muito íntimo. Escreve-o com letras de fogo. Filha, olha-Me;
que feliz és! Crerás em Mim se te disser que te agradeço porque és
feliz?”
15 de junho. “Entra no Oceano infinito, na Paz tranquila como
uma formosa aurora. Lembras-te das cores com que ficou o Céu
daquela vez em Nápoles, quando o sol se levantava? Lembras-te
daquele firmamento, daquele mar, em uma serenidade de matizes
inumeráveis? Considera o que podem ser as Perfeições de Meu
Coração em Sua Infinidade. Como poderás perceber todas as Suas
Belezas? Adora, pois, o que não conheces. E todos vós sereis
recompensados por terdes acreditado, na escuridão. Põe a tua
fronte sobre a Minha, para que possas penetrar em Meus
Pensamentos.”
17 de junho. Comunhão. És Tu, meu Senhor, somente Tu
Quem tem me levado por todos os meus caminhos. Ele: “Agradece-
Mo. Eu Sou O que olha, e tu sabes de quanto Amor estão
carregados os Meus Olhares. Eu Sou O que te fala. Sou o Visitante
que deixa sempre algum presente como lembrança de Sua
passagem.” Mais tarde, depois de ter lido uma carta mortificante:
“Deixa-te esmagar. Em silêncio e agradecendo.” Dias Monótonos.
“O Que se pode fazer? Qualquer trabalho pode demonstrar-Me o teu
amor. Eu vivi e morri por Amor às almas. Quanto Me agrada que
ores por elas!”
19 de junho. Senhor, desejo que chegue já a Tua festa do
Sagrado Coração, que é amanhã. “Todos os dias seriam a Minha
festa, se tu Mo desejasses assim, Minha Gabrielle. Todos os dias
uma festa de Amor, desde o amanhecer até a descida do sol. Sou
Eu o que te manda o sono e isto é, também, uma maneira de amar-
te. Enquanto tu dormes, Eu não tiro o Meu Olhar de cima de ti.
Então roga ao teu santo Anjo que ofereça em teu nome todas as
respirações de teu repouso, para a Glória do Pai; como o Loire, que
nunca se detém, nem de dia nem de noite. Que simples é o amor!
Acordados, se ama; dormidos, também se ama; e no Céu não há
interrupções, pois ali tudo é pura atividade. Que o teu desejo do Céu
seja grande. Pede-Mo a cada dia, dizendo simplesmente: ‘Grande
Amigo meu, dá-me logo o Céu em que habitas; Esposo meu, Bem-
amado, convida-Me à nossa mansão, porque não convém que dois
esposos vivam separados. Pensas em deixar-me ainda longo tempo
desfalecendo diante da porta fechada de teu palácio? E, posto que é
nele onde vamos unir-nos em plena Luz, adianta a aurora! Sem Ti,
nada me interessa sobre a Terra. Sou como uma planta sem água,
como um passarinho que se sufoca: arrebata-me em Ti e não quero
mais nada’. Pede-Me assim. E ao pedir-Me, une-te à resignada
paciência de Minha Mãe, nos últimos abatidos dias de Sua Vida. Há
que desejar ardentemente o Céu: é desejar-Me, e isto Me glorifica.
Ainda que Me conheças muito mal, deseja-Me; é um triplo ato de
virtude; de Fé, de Esperança e de Caridade. Amanhã, à hora da
Comunhão, chamar-Me-ás ‘O Coração das Misericórdias’. E Me
pedirás, como presente de festa, a conversão de Meu pecador.
Ainda quando queira a todos convertidos há no entanto, de vez em
quando, algum cujo retorno daria ao Céu um verdadeiro júbilo.
Ajuda a produzir alegrias no Céu, tu, que és uma das mais
miseráveis, e vê nisto a Minha Condescendência. Podes dar-Me
com plena verdade o título de ‘Coração das Misericórdias’. E tu
mesma és uma delas. Estás, pois, em Meu Coração como em tua
casa, pequena Minha; estando ainda na Terra, o Meu Coração é a
tua verdadeira morada.”
19 de junho. Hora Santa. “Eu Sou o Reparador; dá-Me os teus
males. Mostra-Mos em tuas duas mãos, como uma mendiga. Disse
uma vez a Meus Apóstolos: ‘Não temais, Sou Eu’; e agora te repito
estas doces palavras de Amor. Lembra-te de que no Sinai só Moisés
podia aproximar-se de Deus; e se alguém mais passasse o limite ao
pé da montanha, seria castigado com a morte. E agora que o Filho
de Deus veio para morrer por vós, diz a todos: ‘Aproximai-vos de
Mim. Vinde e amai-Me sem medo, porque Eu vos amo’.”
3 de julho. “Pronuncia, desde agora, o alfabeto do Amor no
transe da morte. As tuas últimas respirações serão o teu
‘Consumatum est’. Diz-Mas já, desde agora. Não deixes nada
imprevisto para este belo transe que é a morte. A hora da morte é a
hora do encontro; apressa-te, Minha Bem-Amada, para oferecer-Me
este pensamento. Compreendes que tens que morrer por
antecipação? Como uma alegria longamente sonhada, que se
acaricia com o pensamento; uma alegria que não acontece senão
uma só vez e que deve desfrutar-se em sua plenitude. Desde hoje
diz-Me: ‘Quando as minhas pálpebras começarem a fechar-se para
as coisas do Mundo, será o Teu Olhar de Amor o que os meus olhos
buscarão. E quando os meus ouvidos tiverem se fechado, será a
Tua Voz Amorosa a que vou querer escutar. Senhor, Tu tomarás os
sofrimentos de meu corpo como expiação de minha vida e da dos
pecadores, para a Glória da Verdade. E se a minha agonia se
prolongar, que se prolongue igualmente o meu amor, e que seja fiel
em responder ao Teu, que Me destes na Cruz.’ Diz-Me todas estas
coisas com frequência, Minha pequena, e não deixes nada para o
acaso. Entra feliz na região de teus últimos momentos; como se
buscando a mão da morte, a tornasses a tua companheira de
caminho, para aprender melhor a falar em seu idioma,
acrescentando as tuas boas maneiras. Assim conseguirás uma vida
prudente e fervorosa, e poderás percorrer com passo ligeiro o que
ainda te resta. Que sorriso, o de uma alma que espera! O Esposo
também espera. Se a tua impaciência crescer, quanto mais a Sua!
Ele é o teu Criador. Tiveste a tua primeira respiração devido a Ele.
Oferece-Lhe, pois, as tuas últimas; que Ele as recolha. Isto Lhe dará
Honra, e Ele te permite que O honres. Agradece-Lhe por este favor.
Não sabes que tocar a Deus é um favor insigne? É porque tu és
uma pequena imagem Sua, pelo que há em ti desses reflexos que te
fazem semelhante a Ele. Agradece, pois, ao teu Criador. Ama-O
pela Sua Delicadeza. Tu és de Sua Família.”
7 de julho. Depois da Comunhão. “O teu Tesouro é o teu
momento presente. Se não Me ofereceres, um por um, os teus
instantes, perderás o teu Tesouro.”
14 de julho. Em meu tempo de descanso. “Busca a perfeição
na pureza de tua alma e de tua conversa, mais ainda que nas coisas
da vida exterior.”
Que não me esqueça dos desejos de Meu Senhor! Nesta
manhã, na Comunhão, esqueci de dar-Te o nome escolhido que Tu
esperavas. Ele: “Esquecer não é uma falta. Mas desprezar,
desdenhar, o seria, e Me faria sofrer em Meu Amor. Levanta-te a
cada dia como que sobre a ponta de teus pés, para fazer as coisas
melhor que na véspera. Quero dizer que tens de ser fiel ao esforço
sobrenatural, como se esticasses a mão para alcançar-Me melhor. E
Eu Me aproximarei para que tu sintas menos a tua fraqueza; não
estou sempre repleto de doces Gentilezas para ti? Amanhã dá-Me o
nome de ‘teu Doce Vencedor’. E tu, que és a Minha pequena
conquista, dispor-te-ás a deixar-te conquistar ainda mais, porque
ainda Me restam em ti alguns pontos para ocupar. Tens Me dado,
realmente, ‘tudo’ o que é teu? Entrega-Me a última chave!”
Na hora da refeição eu Lhe dizia: Amor meu, abençoa a minha
comida. Ele: “A abençoarei somente porque Me chamaste de ‘meu
Amor’. Eu Sou mais sensível que o mais sensível dos homens, e as
vossas palavras de meninos afetuosos têm grande poder sobre
Mim. Conhecei os caminhos que vos levam diretamente a Mim. Vos
revelo os Meus Segredos. Eu sou como Sansão, quando revelou a
Dalila o segredo de sua força. Ele se arrependeu de ter falado; Eu,
ao contrário, entrego-Me sem devolução, porque o Meu Amor é
inconcebível. Vós credes pouco neste peso de Amor que vos
acompanha, porque vedes ao vosso Deus segundo as medidas
humanas. Tu, pelo menos, rende-te e reconhece-O. Crê sem definir
as coisas. Admite-Me em ti. Se a tua miséria é um sobrepeso, pensa
que ela Me atrai. Se a tua frieza te dá medo, poderás sempre tomar
do Meu Amor. Eu Sou o teu Criador e Sou Grande; tu és a Minha
filha pequena. Eu conheço as tuas emoções como conheço cada
uma das ondas do mar. Antes de começares a falar, já te ouvi.
Porque habito em ti. Queres deixar-Me passear em teu jardim
interior?” Eu: Descansa nele, Senhor. Toma as flores e os frutos.
Ele: “Eu semearei e tu farás crescer. E logo Me entregarás toda a
colheita, porque Eu sou o Dono do jardim.”
Eu me deitava depois de comer porque fazia calor. “Repousa
em união com os Meus Momentos de repouso. Se não o fizesses,
mais te valeria a pena estar quebrando pedras no caminho do
Saara, se esse trabalho te unisse mais a Mim. Com frequência
tenho te dito: qualquer ação que fizeres, não é ela que contará,
senão a união de amor que nela puseres.”
22 de julho. No campo. Depois de uma ausência de oito dias,
eu admirava a grande quantidade de rosas no jardim. “Não tenho
trabalhado bem para ti enquanto não estavas? Tu, amiga, faz tudo
por Mim. As tuas ações Me parecerão muito mais perfumadas do
que todas estas rosas em efervescência, porque isso é a vida de
uma alma, e esta vida é o fruto de Minha Morte. Sabes? Quando se
sofreu por alguém, ama-se-lhe mais. Quem poderia, filha Minha,
contar o Amor de Jesus Cristo? E quem poderia contar as Suas
Dores? Sabe-se quem é Jesus Cristo? Eu perguntava a Meus
discípulos: ‘Quem dizem as pessoas que Eu Sou?’ E continuo
perguntando isso ao Mundo. Quão poucos são os que respondem
que Eu Sou o Filho do Deus Vivo! Em vez de honra, dão-Me
indiferença, desprezam-Me com ódio, conjugam-Me no tempo
passado... Quão raros são os que vivem em Mim Vivente! Os que
amam ao Meu Amor como a única finalidade de sua existência. ‘Tu,
segue-Me!’ Assim dizia Eu em tempos idos. Volto a te dizer: forma
parte do pequeno número do cenáculo das amizades e dos
momentos íntimos. Nesta tarde te peço que Me consoles,
consolando os outros. Pensa que é fácil, e sê sempre agradável. Há
tanta gente que leva uma pesada cruz; se tu passares dizendo uma
palavrinha sorridente, a sua alma se iluminará. É um vigor, como o
que os anjos Me deram no deserto e na hora de Minha Agonia. Imita
aquele Anjo cheio de compaixão. E que o teu te arraste em seu
movimento. Os anjos são os vossos irmãos maiores. Diz-Me
‘obrigado’ com frequência. Agradam-Me muito essas pequenas e
simples palavrinhas que são como uma carícia de amor. Um pai
ama todos os gestos de sua filha pequena, e quando pode mantê-la
perto de seu coração, esquece tudo o quanto ele passou por ela.”
Eu abria um dos ‘cadernos’. “Quando tu Me releres nestas
frases que te disse, desce às profundezas do texto. Entra sempre
mais fundo em uma palavra sempre nova, e irás de decobrimento
em descobrimento, nos jardins de Meu Amor.”
25 de julho. Le Fresne. Na igreja. “Aqui estou. Ama-Me muito.
Sou o mesmo Jesus Cristo que está no Céu. O Meu olhar alcança
todo o Universo; e em todo o Universo, no momento, são poucos os
que Me amam. Ama-Me muito, Minha pequena; não crês que Eu o
mereça? Por Minha dolorosa Paixão, por Minha Vida inteira. E pelos
dons que te fiz no campo pessoal: teu país, tua família, tua própria
pessoa, no interior e no exterior. Ama-Me muito. Busca-Me em tudo
o quanto te fizer feliz, porque Eu estou nisso. E agradece-Me pelos
acontecimentos menos felizes: todas estas são maneiras que o Meu
Amor tem e usa para modelar-te. Que nenhuma de Minhas
maneiras te escandalize. Considera o Rosto fatigado de teu
Redentor; Ele é toda a tua vida, com exceção do pecado. Mas o
pecado, Ele o apaga com a Sua Túnica com Sangue. Crê Nele e
não fujas de Sua Misericórdia, refugiando-te em teu próprio coração.
Rende-te, e a tua própria pequenez te elevará. Sê cada vez menor,
até o nada. E Eu serei o teu Tudo.”
Senhor, que os assuntos da Terra não me separem de Ti. Ele:
“E como poderiam separar-nos? É o tecido dos dias. Eu também
tive todo o tipo de desconfortos, contradições, calúnias e zombarias.
Mas Eu continuava o Meu Caminho na Vontade do Pai, com filial
Amor, buscando para Ele toda a Glória. Isto só poderás
compreendê-lo quando vires a Deus. Joga Nele todas as tuas
preocupações, como em um ramalhete de homenagens, feliz de que
Ele tenha te escolhido como a Sua pequena servidora, e para
continuar ao Seu Filho. Pensa nisso: continuar ao Seu Filho Único!
Em bondades, em desprendimentos, em simples e puro amor. Filha
do Pai, encomenda a tua alma vivente aos Seus Cuidados.”
26 de julho. No campo. Eu dizia-Lhe: Vamos passear em tua
avenida de tílias. Ele me corrigiu: “Nossa avenida de tílias. De que
Me serviria sem ti? Tenta compreender a Minha Sede de União.”
27 de julho. Comunhão: Eu Lhe dava o nome de ‘Amor de meu
amor, a Fonte que me move’. Ele: “Assim é. Eu Sou o Coração de
tudo o quanto se move em ti.”
29 de julho. Eu: “Senhor, que tal se Tu e eu nos entretivermos
esvaziando o Purgatório com um pouco de Teu Sangue?” Ele: “Nada
é impossível para a efusão do Sangue de Meu Coração; no entanto,
há que submeter todas as coisas à Vontade de Meu Pai, que ama a
vossa submissão. A submissão é a expressão da humildade e Ele
ama a humildade. Lembra-te do Evangelho, que relata como os
Meus maiores milagres foram feitos para os mais humildes. Para os
que Me diziam: ‘Diz somente uma palavra’... ou ‘Eu não sou digno...’
ou como São João, ‘Eu não sou digno de desatar o cordão de Sua
sandália’, ou como a pobre mulher que disse: ‘Os cachorrinhos
comem as migalhas que caem da mesa...’ Lembra-te de uma
palavra que te disseram à pouco: ‘Somos grandes demais para
sermos santos’. Sabes que, no meio das outras mulheres, a Minha
Mãe acreditava ser a última de todas? Ela!” Eu: Senhor, ofereço-Te
a Sua Humildade no lugar da minha. Ele: “Sim, oferece-Me
seguidamente as virtudes que Ela teve na Terra. Ficaram aqui para
vós, para que vos sirvais delas, Meus pobres pequenos. Tão
pobres! Ela pensava, juntamente Comigo, sempre em vós. A Sua
vida? Sempre esteve repleta de Mim e de vós. E Ela está sempre
disposta a dar-vos tudo. Pedi e recebereis. Pensa! É a tua Mãe.” Eu
pensava em Sua extrema Aflição no Horto de Getsêmani, onde não
teve nem sequer o consolo da presença desta Mãe amada. Ele:
“Oferece-Me as menores coisas da vida com a intenção de
consolar-Me; e oferece-Me uma afirmação de que toda a tua vida é
Minha; e estas pequenas coisas Me parecerão, então, grandes: tu
não sabes o quanto. Formarão o tecido do precioso manto de tua
vida, cobrindo a tua fidelidade, e Eu te levantarei mais alto no
cortejo de Meus consoladores. Crês que seja possível que Eu
receba algo de Meus filhos e não lhes devolva? Venceste-Me
alguma vez em generosidade? Quem pôde alguma vez dar-Me
primeiro? Tu, mantém-te escondida à sombra de Meu Braço; Eu
mostrarei a Sua força. E Ele semeará Amor por todo o lado e voltará
a pedi-Lo com palavras novas como aquelas que Eu te disse. Talvez
as almas acabem compreendendo que o amor é toda a ausência de
separação.”
30 de julho. Uma visita. Eu lhe dizia. Que novidade cada vez é
amar-Te! Ele me respondeu: “E para Mim, Minha Gabrielle, é
também sempre novo o Amor que tenho por ti.” Eu continuava e Ele
me respondia. Isto me recordou esses passarinhos que conversam
em voz baixa nos ninhos.
30 de julho. “Tens alguma coisa para dizer-Me nesta tarde?
Perguntava-te qual era a tua missão.” Eu: Senhor, eu sou pequena
demais para ter uma missão. Ele: “As crianças podem receber um
encargo. Tu deves mostrar que há que falar Comigo e não deixar-
Me só em vossos corações. Lázaro, Marta e Maria estavam em seu
castelo perto de Mim, ocupando-se de Mim. Não te parece que Eu
deva recebê-los muito bem em Meu Palácio do Céu?”
4 de agosto. Eu estava orando com os braços em cruz, sem
apoiá-los. E pensava que acaso uma coisa tal não tinha maior
importância. Disse-me: “Por acaso não foi escutada a oração de
Moisés? E Aarão suspendia-lhe os braços.”
5 de agosto. Quarta Estação da Via Crucis. Eu não me atrevia
a unir-me ao cumprimento do Filho e da Mãe. Disse-me: “Vem, vem.
Minha Mãe e Eu não Nos reservamos nada, tudo é vosso. Tudo é
para a vossa Salvação, ainda as Nossas ternuras mais íntimas.”
12 de agosto. “Estás aos Meus Pés, olhando-Me e pronta para
escrever. Estamos sós na igreja; e para Mim, tu representas a todo
o país. Pede perdão pelas infidelidades. Pede Graças de Amor para
cada um. Eu poderia dá-Las sem ti, mas a Minha Bondade se serve
de vós, como Eu tenho Me valido dos anjos, como a cabeça se
serve dos membros. Assim somos um. Guarda constantemente o
pensamento de nossa união. Sê ‘a Minha’. Eu Serei ‘O teu’. Vigia o
teu pensamento para que não fuja. Ata-o fortemente a Mim. Olha-
Me seguidamente; nada é tão forte como o Amor, e encontrarás que
sempre estou olhando-te, que te animo e te cuido. Um gigante
inclinado sobre a Sua filha pequenina. Tu sabes que o gigante é
infinitamente bom; por isso pões a tua confiança em Sua Força
benfeitora, ainda que com frequência Se esconda. Então olha-O; é a
tua fraqueza que dá força ao Seu Coração. Mostra-Lhe durante o
dia até que ponto tens sido miserável, em toda a tua vida; e Ele,
longe de rechaçar-te, abrirá os Seus Braços e te apoiará sobre o
Seu Coração: o lugar de João.”
14 de agosto. Depois da Comunhão. “Há meninos que são
educados em conjunto, e o pai fala-lhes de um modo geral. Mas
também há outros a quem o pai chama em particular, para
comunicar-lhes o seu pensamento ou para manifestar-lhes o seu
carinho na intimidade.”
15 de agosto. Na igreja vazia. Depois da procissão. “Eu Sou
como o Dono da casa, que inspeciona tudo, quando os seus
hóspedes se foram. São momentos de perplexidade. Serão fiéis?
Terão compreendido bem o significado da festa? Ficarão
agradecidos ou zombarão de Quem os recebeu? E, no entanto, o
Dono da casa pôs tudo o que tinha à sua disposição. E tu, que
voltaste a Mim tão cedo, entra em Meus apartamentos íntimos,
nestes em que vem a tarde e logo a noite, sem que se sinta como
as horas passam, de tanto que cada coração escutou o outro em
palavras de luz. E assim chega a manhã, em que a vida volta a
começar em um amor novo. Desta maneira, será o Dono da casa
consolado da maldade de algum de seus comensais que, para atrair
a boa estima, tinha se apresentado na festa da amizade somente
como quem vai a um espetáculo... Oh, as festas de Minha Igreja! Na
Terra e no Céu.”
19 de agosto. Na igreja vazia. “Já vês, não tenho nada mais do
que a ti.” Eu busquei um lugar diante do Tabernáculo. Ele
prosseguiu: “O que mais importa é que ponhas o teu coração mais
perto do Meu. Imagina: estive só, aqui, durante todo o dia...” (O Sr.
Padre havia viajado). Pensa na alegria que pode dar-Me a tua visita
de amor. Diz-Me, estás contente pelo teu dia?” Eu: Senhor, causei
uma pena sem querer, e agora estou desolada. Ele: “Lembra-te de
que te disse: ‘quando já não possas cuidar de um assunto,
encomenda-o a Mim com confiança, e Eu o consertarei.’ Agora te
darei uma ocasião para reparar a tua falta com uma gentileza.” Eu:
Senhor, sobre Graça, fala sempre Tu em meu lugar. Ele: “Há um
meio para isso; olha-Me sempre, quando falares; verás então como
a tua palavra se tornará amável e gentil.”
20 de agosto. Desde uma Cruz. “Não posso ir buscar
pecadores porque os Meus Pés estão aqui pregados; porque os
Meus Braços estão estendidos, não posso agora apertá-Los sobre o
Meu Peito. Mas o Meu Coração está aberto. Que entrem e
permaneçam. Diz-lhes que a Minha Cruz está profundamente
cravada no chão para esperar a todos, através dos séculos. Pobres
pecadores, a quem tanto amo!”
21 de agosto. “Sê toda Minha. Já vês? Tens o pensamento
posto na casa que acabas de comprar e no que queres acrescentar-
lhe... Sê Minha; do contrário, será como o que diz o Evangelho dos
convites à boda... Um não foi porque queria provar umas juntas de
bois; o outro saía ao campo.... Enquanto isso, o que os convidava
ficava só, com a sua mesa preparada. Sê toda Minha. Mas fizeste
bem em pôr ao que te vendeu a casa, a condição de que fosse à
Missa aos domingos e se confessasse em ‘Todos os Santos’.
Fizeste bem em facilitar-lhe a tarefa, dizendo-lhe como confessar os
seus pecados. Os homens crescidos são ainda como meninos: leva-
se-lhes bem com amabilidade. E a amabilidade vem de Mim. Dessa
confissão pode depender a sua eterna saúde. Assim, de um simples
negócio da Terra, pode originar-se um negócio do Céu. Que o teu
único objetivo seja o de ganhar o Céu e o de fazer com que também
os outros o ganhem. Gostei muito que tenhas feito o propósito de
fazer toda coisa, ainda as menores, da maneira mais perfeita que te
for possível. Não o conseguirás a princípio; esquecer-te-ás, mas
voltarás a começar sem desanimar-te, sem surpreender-te por
fracassar, já que bem sabes que não és capaz de nada. Preciosos
exercícios de humildade! Ditosos os que são muito pequenos,
porque eles estão muito perto de Mim, Maria. (O Senhor me
chamava de Maria pelo meu nome de terciária : sou Maria do
Coração de Cristo). Maria, o Coração de Cristo pertence a cada um
por inteiro. Recordarás que uma vez disse: ‘Quem é a Minha Mãe e
quem são os Meus irmãos? São aqueles que fazem a Vontade de
Meu Pai que Me enviou.’ Não é doce para ti saber que podes ser
para Mim a Família mais querida? Meu Repouso e Meu Refúgio?”
Eu: Senhor, quero encontrar-Te em todo lugar. Ontem eu Te
beijava em cada rosa. Ele: “Que os teus olhos, os teus ouvidos, os
teus sentidos Me busquem através da Natureza. É o grande jardim
onde passeia o teu Amado; podes ter a esperança de encontrá-Lo.
Tantas coisas boas dependem de um encontro... Vive Comigo,
pequena alma escolhida; Comigo, o teu Senhor e o teu Deus.”
24 de agosto. Entrando na igreja, disse-Lhe: Meu Deus
Amado, aqui estou. Ele: “Mas, já estavas aqui...” Então levantei os
olhos e vi as minhas hortências no altar.
Via Crucis. Na Estação de Simão, o Cireneu, disse-Lhe:
Senhor, posso ajudar-Te? Respondeu-me: “Quando ajudas ao teu
próximo, ajudas-Me.”
Durante a incensação, na Missa cantada. “Atuar por Deus é
uma maneira de arder por Ele, de consumir-se por Ele. Queimando
a vida diante de Seu Rosto adorável.”
28 de agosto. Eu agradecia-Lhe por Seus Dons. Disse: “A tua
confiança, do tamanho de uma semente de mostarda, será
necessário fazê-la crescer e subir. Assim, pois, nessas Graças que
tanto te comoveram hoje, vê o Meu Amor sempre atento aos
detalhes de tua vida. Em cada passo encontrar-Me-ás cuidando-te e
precedendo-te. Aonde fostes em que Eu não estivesse te
esperando? Com frequência Me encomendas os teus bens. Para
Mim, o bem de teus bens és tu. Confia-te tu mesma,
incessantemente. Dá-Me sempre cada instante que passa, porque
em Minhas Mãos está melhor. O Evangelho diz: ‘Impunha as Mãos e
curava.’ Eu tirarei ao teu momento presente o que tem da Terra:
esse egoísmo que mancha a intenção. Tem confiança, sempre mais;
não te detenhas diante do milagre. Não te detenhas, porque
limitarias a ação de Meu Amor. E depois de ter desenvolvido a tua
confiança, continuarás desenvolvendo-a ainda, sem nunca alcançar
o que Eu espero de ti. E conta sempre Comigo, nunca contigo. E
assim avançarás, subirás e devorarás o caminho. Pequena filha
Minha!”
28 de agosto. “O Céu? Não consiste na pressa de fazer muitas
coisas, senão em pôr todo o coração cheio de amor na ação do
momento. Deseja-Me todo o Bem, da parte de Minhas criaturas.
Deseja-Me que muitas almas saiam do Purgatório neste dia. Une-te
à sua alegria, porque finalmente chegarão a ver-Me; e à Minha, por
sua felicidade. Sobe, sobe com frequência ao Céu.”
3 de setembro. Hora Santa. “Emprega esta hora como Eu. Em
Mim. No Jardim, em suplicar e em amar. Pois tudo isso podes fazê-
lo através de Mim, e a Minha Oração é algo sempre novo. Em todo
o tempo o Meu Perdão é coisa de atualidade. Ser-te-á concedido,
pois para isso o Meu Sangue umedeceu a Terra. E quanto à Paz do
coração, a tens! Eu a comprei no Horto. Ali comprei tudo, posto que
estou em Agonia. E quanto ao Meu Amor, ...pobre Amor Meu, falta-
Lhe alguma coisa? Situa-te. Olha como vou enfrentar-Me com o
sofrimento; nessa luta corpo a corpo que o Meu Amor tanto desejou,
para que Nele Me reconhecêsseis como a vosso Redentor. Olha
que desfigurado estou. Pedro está atônito ao ver o Meu Rosto
desfeito, Os Meus Cabelos umedecidos de Suor e de Sangue. Os
Meus olhos olham com imploração aos Meus três Apóstolos; o Meu
Amor tocou o extremo. Conserva-te pertinho. Oferece-Me. Pede
Salvação de pecadores para este dia, para amanhã. Dá-Me almas.
Tem confiança e implora; nós dois juntos podemos tudo. Em Meu
Nome, em nome de Minha Mãe, que misteriosamente tinha
participação em Minha Dor. Paga-nos com almas o que deves a Nós
dois. Tem a mesma sede, a Minha Sede de pecadores, e lembra-te
da potência da oração. Eu orei; então, ora tu também. Eu Me
entreguei, entrega-te. E se tiveres medo, olha-Me, considera Quem
Sou e quem és. Esconde-te em Mim. O Pai está nos olhando: olha-
O e vê como nos olha. Estou empregando palavras que estejam ao
teu alcance: a Sua Misericórdia abraça a ambos. Esta união faz a
tua força e tudo é fácil no amor. Que o teu amor pequenino se perca
para sempre na imensidão do Meu. E nunca voltes por ele, para
reavê-lo.”
14 de setembro. Festa patronal. O enfeite das flores naturais
era encantador. Na igreja vazia. Disse-Lhe: Que contente estou de
que o Teu altar esteja tão bonito! Ele: “Mais bonito era quando,
como nesta manhã, estava rodeado de almas piedosas. Tu não
podes sabê-lo. Não sabes o que é a magnificência de uma alma. É
o sopro do Espírito de Deus; nada de matéria, nem sequer a que há
numa flor. A alma é espírito, e esta beleza da alma cresce conforme
o cuidado que lhe deres. Um esforço, um desejo, um ato de amor;
um ato de paciência ou de abnegação que parece não ser nada, dá-
lhe, no mesmo instante, um aspecto mais maravilhoso; como uma
luz que se infundisse em outra luz e logo em outra, à medida que as
virtudes vão aumentando. Vós dizeis que o corpo humano muda a
cada 7 anos; o que não diríeis das metamorfoses das almas quando
são fiéis à Graça? O que seria se se desse à alma, a cada dia, o
mesmo cuidado que se dá ao corpo! E no entanto, bem sabeis que
o corpo não é senão uma envoltura de barro!” Então eu disse:
Senhor, tem piedade dos meus familiares que não se encontrem em
tua Graça. Ele: “Põe todos, tu mesma, em Minha Alma, na de Minha
Santíssima Mãe. Se os corpos se curavam com somente tocar o
Meu Corpo, não crês que a Minha Alma tenha também esse poder?
Eu sempre tenho os pecadores em Meu Pensamento. Se Me vires
como que encadeado por Minha Justiça, rompe as Minhas correntes
com uma oração, um sacrifício, um encanto. Ou crês-Me insensível
a um gesto de encanto que a Minha pequena filha Me fizer? Eu, o
mais terno e compassivo? Oh, Meus amados ladrões de Graças! Eu
estou mais do que disposto a agradecer-vos essas audácias. E
desejo imensamente que continueis Me roubando... Muitos são os
que crêem que Sou maligno e que só tenho desejos de vingança; e
a verdade é que aqui estou, com os Braços e o Coração abertos.
Pobres pecadores, tão queridos e tão esperados!”
14 de setembro. Eu me dispunha a deixar Le Fresne para ir a
um lugar distante para montar peças de teatro. Disse-Lhe: Ofereço-
Te o sacrifício de sair daqui, pelos pecadores. Toma-o para todos
eles. Respondeu-me: “Une sempre os teus sofrimentos aos Meus,
para fazer com que a sua potência seja infinita. Fica segura de que
o quanto fizeres por ti mesma, nada valerá; mas podes sempre pôr
os teus passos sobre as Minhas Pegadas.”
21 de setembro. Ozoir. Uns aviões voavam por cima e eu
sentia desejo de morrer. Ele: “Isso será quando Eu o quiser.”
22 de setembro. Paris. Montmartre. “Eu te escolhi. Também a
todos os teus. Tudo o que te comoveu; as pessoas que encontraste,
os teus grupos de teatro, ainda aquelas pessoas que viste uma só
vez. Dá-Me tudo. O Meu Coração é um Hospital. Eu cuido e dou a
saúde.” Disse-Lhe: Então, Senhor, dou-Te tudo quanto há de mau
em minha Natureza. Ele prosseguiu: “Põe as tuas horas más em
Minhas Horas Dolorosas; as que foram dolorosas para o Meu Corpo
ou para o Meu Coração. Eu Redimo tudo e renovo tudo. Sou o
Grande Colecionador, e as Minhas Coleções se metamorfoseiam
em Minhas Mãos. Se tivésseis somente um pouco de Fé!” Eu:
Senhor, creio que não tenho amor suficiente para crer no Teu. Ele:
“Esse Amor está em Mim; pede-Mo todos os dias. Poderia negá-Lo
a ti, Eu, que tanto desejo dá-Lo a todos?! Se vós pedis tão pouco, é
porque a vossa Fé é escassa. No entanto, Eu não necessito
comprar para ter e dar. Eu tenho tudo.” Eu: Sim, no mistério. Ele:
“Sim, para que haja Mérito em vós. Vós quereis que Eu vos leve ao
Céu; mas, como poderia ser isto, sem que passásseis por algumas
provas?”
Desde o Ostensório. “Descansa sobre o Meu Coração. Come e
bebe. Tens que alimentar-te deste alimento que não conheceis.
Atrevei-vos. O amor é atrevido. E tu, permanece aí. E quando
despertares, que seja sempre em Meu Coração; em nome da
humanidade inteira, como se estivesse em teu poder dar-Me, em um
só instante, a todos os que respiram. Tem este desejo. É um belo
fruto que podes oferecer com frequência para a Minha Sede. Vai-te
agora e leva-Me contigo.”
Em um restaurante nos boulevares. Senhor, estás aqui? Ele:
“Se não estivesse aqui contigo, crê que teria pedido que Me
trouxesses.”
23 de setembro. Le Fresne. “Eu Sou o Fervor. Aquele que
cresce no Amor, cresce na Minha posse. Toma-Me!”
27 de setembro. Depois da Comunhão. Não me atrevia a
pedir-Lhe o Seu Reino sobre a Terra inteira. Disse-me: “Se
houvessem mil Mundos, o Meu Sangue teria podido redimir a
todos!”
1º de outubro. No campo. Ele: “Se a união entre uma alma e
Eu começa sobre a Terra, como poderia ser que Eu a interrompesse
quando a alma sai do corpo?” Eu: Senhor, é que só nesse momento
poderemos compreender o Teu Amor? Ele: “Sim, somente nesse
momento podereis começar a compreender o que é o Meu Amor,
mas para continuar na Eternidade.” Eu: Eu quisera ser presa por
Tua Presença e ser como que aniquilada, como no momento da
morte. Ele: “Oferece-Me este desejo de não ver nada, senão a Mim,
em todas as coisas. Enfeitar-Me-ei com ele como com um presente
teu. Que nada conte para ti, fora de Meu Sofrimento ou de Meu Bel-
prazer. Sacrifica-te diante de Mim, até o ponto de nem sequer veres
o teu sacrifício. Que tudo te seja simples no sofrimento, pois é por
Mim. Eu sofri por ti. E, o que é a vida, quando se tem a Eternidade?
Uma vez Me dizias, lembras-te?, ‘A Eternidade é como se a cada
momento acabasse de se chegar, e a Terra é só um sonho distante
que durou um minuto.’ Pensa nisso com frequência para que
ganhes ânimo; e se sofreres algo, que nunca seja fora de Meu
Amor. Que seja como um idioma novo no que Me digas que Me
amas e que és o incenso que arde diante de Meu Rosto, com um
desejo extremo de ser agradável a Mim, o teu Amigo. Busca toda
maneira de agradar-Me; como se isto fosse o caminho mais curto
para encontrar-Me. Felizes as almas que Me buscam com os
gemidos amorosos da Esposa do Cantar dos Cantares. Conjura
todas as criaturas do Céu e da Terra para que favoreçam o novo
encontro com o Bem amado, que Se foi para ser novamente
chamado... Pequena esposa Minha, considera a grandeza de Minha
Ternura e de Minha Alegria, quando vejo que as vossas almas livres
Me querem acima de tudo. Se Eu te pedisse, serias capaz de deixar
tudo para satisfazer-Me?” Eu: Sim, meu Senhor, com a Tua Graça.
Ele: “E que quando dês alegria aos outros, que isso seja unicamente
por Mim. Habitua-te a isso, de tal modo que te sintas incômoda de
viver em ti e para ti. Que admirável quando vejo em vosso olhar a
pureza de intenção! Vive, pois, em Mim e para Mim, para
proporcionar-Me a doçura de recompensar-te com a grande
recompensa de Meu Amor. Consola-te da Terra consolando-Me,
porque as Palavras de Amor que até aqui tens recebido não são
nada, em comparação das que te direi mais tarde. Vês? Continuo
sendo um Mendigo de consolações; mas Sou o Mendigo que
enriquece a quem Lhe dá. Em todas as tuas ações há um elemento
humano que convém refrear. Refreia-o por Mim, encadeia-te por
Mim, seguidamente fica muda por Mim. Sorri por Mim. E por Amor,
caminharás pisando-te, com tanta maior alegria, quanto maior for o
amor de tua vontade.”
O tempo era esplêndido, e eu dizia: Senhor, creio que Tu estás
presente em todas essas árvores douradas, na névoa das pradarias;
e talvez tenhas ficado presente também em mim desde a
Comunhão desta manhã... Ele: “É tão pouco o que te impede de
ver-Me! Tão pouco... Crê na escuridão. Crê com força. Que seria Eu
capaz de negar a ti, que transcreves as ‘Minha Palavras’?” Eu:
Senhor, isto é uma alegria, não meu Mérito... Ele: “E se Eu quero
mostrar-Me magnífico? Impedirias que um coração apaixonado se
espraiasse? Podes reduzir as águas do oceano quando
transbordam? Deixa-Me amar-te como Me agrade. Quando Me
conhecerás o suficiente, como para que as Minhas Magnificências
não te deixem atônita? Isso acontecerá quando tu, diante de um
excesso de Dons, digas: ‘É Ele!’”
8 de outubro. Depois da Comunhão eu não havia fechado os
olhos. “Quando se tem em casa ao Amigo mais querido, ao Esposo
Bem Amado, fecham-se as janelas para estar bem a sós com Ele,
que veio. Assim se prolongarão as expansões de um ao outro.”
Durante o meu tempo de descanso. “A única finalidade que a
Terra tem é a de ganhar o Céu para si e para os outros. Mas, qual é
a finalidade própria do Céu? É a celebração das Bodas. Bodas
maravilhosas, Festim do Esposo, Festim da esposa. Para tais
Bodas e em tal Lugar terás que aparecer digna de teu Senhor, sem
nada dos farrapos do passado, senão toda ornada com uma veste
que o Esposo mesmo pôs à tua disposição: a veste de Suas
Virtudes e de Seus Méritos? Abandona desde já tudo o que for
manchado e não totalmente puro. Eleva-te em Mim. Pensa na
proximidade do dia feliz da Boda. E não imagines nada sobre esse
dia, porque Sou Eu Quem o está preparando para nós dois, assim
como também para todas as demais almas. Eu serei a resposta. Sê
o Meu encanto desde agora. Que nada falte em teus preparativos,
Minha bem amada. Cuida continuamente de agradar-Me, sabendo
que Eu te cumularei como não o foi nenhuma outra esposa. Espera
de Mim as alegrias mais doces que não alcançarás a imaginar. ‘Nem
o olho viu, nem o ouvido ouviu...’ O Céu são as tuas Bodas. E isso é
tudo.”
Em Bel-Air. Só. “Um instrumento. Sim. Com frequência te
chamo deste modo. Há instrumentos de música. E, não é uma
música suave, esse canto interior que sobe desde as ‘Minhas
Palavras’?”
Eu pensava em minha juventude, tão severamente julgada,
quando era o tempo de meus grandes sofrimentos interiores. “Como
vês, há três juízos. Os outros nos julgam e o seu juízo é errado
porque julgam apenas pelo exterior. A gente mesmo se julga e o
juízo é inexato porque não se olha senão o interior, sem cair na
conta do exemplo que se dá. E, finalmente, Eu julgo. E Eu Sou o
Único que conhece com exatidão o que são as almas. O Filho do
Homem é O que julgará o Mundo.”
“Reparaste que não tive nada Meu? Nem sequer a casa na
qual realizei o Meu Sonho dourado da Eucaristia. Emprestaram-ma.
Mandei dizer: ‘O Mestre a necessita’. E Me desprendi até da Túnica
tecida por Minha Mãe. Esta foi a Minha Pobreza. Entenderás isso?”
“Crês de verdade que quando Me ofereces contigo, todo
ensanguentado ao Pai, acontece realmente algo no Céu e na Terra?
Para que, então, teriam servido as Minhas Dores? E o que pensas
sobre a Bondade do Pai? Toda oração tem uma ressonância que tu
não percebes. Pede. Pede.”
Durante a Missa Maior. “Quando um amigo querido está
presente em uma festa, tu te alegras na festa duplamente, porque
pensas: ‘Ele também está ouvindo essa música e vendo estas
belezas.’ Pensa que Eu, o teu Grande Amigo, estou sempre contigo
e assisto a tua vida. Comparte tudo com o teu Amigo, e isto dobrará
a tua alegria de viver. Podes pensar que Eu posso vir buscar-te a
qualquer momento, se assim o quiser. E a tua alma se preparará
para o beijo da despedida e para o do novo Encontro. Oh, Encontro
dulcíssimo! Se romperá o ligeiro véu, e ficaremos unidos para a
Eternidade. Tenho pressa. Consegues senti-la?”
12 de outubro. ‘Posto que Deus me vê, tenho que pôr atenção
até em meus gestos mínimos.’ Disse-me: “O que importa para Deus
é a intenção, não o exterior.”
Na Missa Maior. “Certamente podes valer-te da música para
elevar-te até Mim, especialmente se esses impulsos vêm seguidos
por atos de abnegação e por boas obras. Eu Sou acessível; é fácil
alcançar-Me, porque Eu Me inclino. Tudo vos fica perto da mão,
filhinhos queridos; basta com que queirais tomar-Me.”
15 de outubro. Nantes. Convento Carmelita de Santa Teresa
de Ávila. “Ela creu no Amor. Crê também.”
Depois da Comunhão. “Quanto mais fundo entrares na
simplicidade, tanto mais te aproximarás de Mim. Crê tudo e espera
tudo de Mim. E dá também tudo em amor. Não é isto o mais
simples? Adora Ao que É simples e adora-O na simplicidade.”
17 de outubro. Notre Dame. Comunhão. “Alarga bem o teu
coração para que Eu possa entrar nele com todas as Minhas
Graças. Pensa em Mim, chama-Me, deseja-Me, alegra-te em Mim.
Crê em tudo. ‘Dizei, Senhor, uma só Palavra e a minha alma ficará
curada.’”
“Senhor, por temor de que não viesses à minha casa não tinha
Te dito isto.” Ele: “Eu entro com frequência sem que ninguém o
saiba. E tudo o que Eu digo a uma alma é para todas as almas. A
Minha Voz é a mais terna, a mais delicada. Conheço todos os
caminhos dos corações. Aprende como se chega ao Meu.”
18 de outubro. “Se isso te dá um novo impulso de amor, podes
chamar-Me de ‘meu Filho Amado’.”
19 de outubro. Senhor, por que quando compuseste o Pai-
Nosso, não nos ensinastes a pedir o Amor? Ele: “É que tudo é Amor
no Pai-Nosso. ‘Pai-Nosso’, o Nome de um grande Amor. ‘Que seja
santificado o Teu Nome’, ‘Que venha o Teu Reino’, ‘Que se faça a
Tua Vontade’. Estes são os desejos de um Amor perfeito que não
pensa senão no Pai Bem Amado. ‘Dai-nos o pão’... com isto tu
pedes um alimento de Amor para todos os instantes de todos os
teus dias. ‘Como nós perdoamos aos que nos têm ofendido...’ Aqui
fala o Amor ao teu próximo, a quem amas por Amor a Deus. ‘Livrai-
nos do mal...’ O único mal é tudo aquilo que não é o Amor. ‘E que
assim seja...’ Quer dizer, que tudo seja conforme a Tua Vontade... e
seremos Um para toda a Eternidade.”
22 de outubro. Le Fresne. “Ainda quando tivesses vindo a esta
igreja só para dar-Me alegria e pôr-te à Minha disposição, terias Me
dado, só com isso, uma prova de amor. Não te dá alegria dar-Me a
entender que Me amas? Eu espero isso de ti e espero que o faças
com frequência. Os casados se fazem pequenos presentinhos que
lhes são muito doces... Obrigado pelos pensamentos que Me
dedicas à noite; que sejam cada vez mais simples e naturais.
Unidos de dia, unidos pela noite... Poderíamos estar separados no
Céu? Então, não há que interromper a União sobre a Terra. Quando
a Minha Mãe estava longe de Mim pela distância, o Seu Coração
estava, no entanto, sempre perto do Meu, e Se preocupava de Meus
Interesses como se Me tivesse presente. Faz como se Me visses.
Recorda que sempre assisto a festa de tua vida. Vive, pois, a dois
Comigo; seremos uma só coisa no Pai. Feliz Unidade! E não é longa
demais a espera na Terra quando se trata de preparar uma
felicidade enorme assim. Toma coragem de Minha Coragem na hora
de Minha Paixão, e medita Nela seguidamente. Toma amor de Meu
Amor na hora da Paixão. Pede. Só, não podes nada. E já sabes que
quando vês que nada podes, tens com isso uma força que atrai o
teu Rei. Quero reinar em ti. Não te ponhas atenção, e só pensa em
Mim, que te levo em Meu Coração.”
Eu pensava nos cinquenta homens que serão fuzilados
amanhã de manhã, e rogava por eles. “Prepara-te para a morte
como se te encontrasses entre eles, e com isso os aliviarás.”
Na igreja de Ingrandes. “Sê simples, muito simples. Se durante
toda esta hora apenas repetisses ‘Te amo’, Eu estaria contente. E
tu, estás contente de que o teu Amado o esteja? Busca somente
uma coisa: fazer-Me feliz, Minha Gabrielle! E podes consegui-lo com
coisas muito pequenas, porque a intenção conta mais que a ação
em si, e tu já o sabes. A intenção está no coração, e são os
corações o único que Me interessa. E não é também o Coração o
que buscas em Mim? Quando chegue o dia em que compreendas o
Meu Amor, entenderás também porque Sou um Caçador de
Corações. A festa que faço com cada captura! A corrida não Me
cansa, e levo delicadamente a Minha presa. E isso tens que senti-lo
bem, pois te livrei de tantos perigos.... Lembra-te de que em certas
ocasiões te dava medo empreender uma viagem, e Eu te dizia: ‘Não
vês que estou aqui?’”
Todos os Santos. Na Missa Maior. “Ainda não foram
preenchidos no Céu os lugares que os anjos maus deixaram vazios.
Todos vós sois chamados, cada qual pelo seu nome. Que desgraça,
Meus pequenos, se vós não respondeis! Se um homem rico, dono
de um grande palácio no alto de uma montanha, convidasse os
habitantes do vale a morar com ele; e se a gente do vale, por temor
à fadiga da subida, não quisesse nem tentá-la, o homem rico,
conhecedor de suas magnificências, sentiria viva tristeza pela
negligência dessa gente! Ajuda-Me a fazer com que subam; e pede
aos que já tenho Comigo que nos ajudem com os outros.”
Ao despertar. “O Teu dia, uma vida: O despertar é como o teu
nascimento. A Missa é a tua primeira Comunhão. E o dia, como a
vida: alegrias e penas, tudo isso oferecido a Mim e em Mim. E eu te
levarei em Meu Coração cheio de Amor. Prepara-te para o sono
como à morte: no amor e para a Minha Glória. E amanhã terás de
novo a vida em Meu Coração, atento a cada um de teus passos,
Minha pequena.”
2 de novembro. Eu: Senhor, derrama as tuas Bênçãos às
necessidades do Purgatório. Ele: “Toma a Minha Mão nas tuas e
faze-A abençoar o Purgatório.” E ao dizer-me isto, Seu tom era de
infinita Bondade.
Na Missa Maior o sacerdote se voltou um pouco para recolher
as partículas da Hóstia, depois da Comunhão. “Ficou aí ainda Uma.
É para ti; recolhe-A com o desejo.”
6 de novembro. Em “Les Lames Noires”. Retiro predicado por
R. P.Guyot da Imaculada. “Eu já tinha dito estas coisas!” Eu: Sim,
Senhor, já mas havias dito. “Não reconheces todas as Minhas
palavras? Que todos vós formais parte de Meu Corpo, quando
estais em ‘estado de graça’ e sois os Meus amigos; que sois não
somente Ostensórios vivos, senão outros Cristos, pelo qual deveis
amar-vos uns aos outros; que a todos lhes pertencem os Méritos de
todos, assim como os Meus e os de Minha Santíssima Mãe. Tomai,
pois, a mãos cheias; não fiqueis como pobres. Oferecei-vos ao Pai
Celestial revestidos com esses ornamentos de beleza. E isto, a cada
dia... e sempre... antes de comungar e antes de dormir e no
momento de despertar... todo o Céu será feliz com isso. E assim,
finalmente, entrarei na posse definitiva de minhas pedras preciosas
viventes. Será a integridade de Meu Corpo...”
8 de novembro. Nantes. No consultório do dentista. Disse-Lhe:
Necessitas agora, Senhor, que me tirem mais dois dentes para
salvar alguns pecadores hoje? Respondeu-me: “Sê como a gota de
água no cálice.” Então abri um livro em uma página qualquer. Disse-
me: “Tu levarás a dor dos pecados, como Eu.” À noite, ainda ouvi:
“Permite-Me que ponha sobre a tua bochecha dolorida a Minha(
inchada pela bofetada que Me deu o soldado, com a sua manopla
de ferro).”
9 de novembro. No campo, à hora de um belo nascer do sol.
“Olha, as nuvens não são magníficas, senão por obra das mil
virtudes do sol. Sem isto, ficam novamente cinzas. Assim é a tua
alma, resplandecente quando está coberta por Meus Méritos, escura
quando é nada mais do que ela mesma.” Eu me humilhei e disse-
Lhe: Como podes conceder-me tanto, sendo tão indigna? Ele
respondeu: “Para ensinar-te como se faz para ser bom. Sê assim tu
também, misericordiosa, e põe-te ao serviço dos demais por amor a
Mim.”
9 de novembro. Na Missa Maior. No momento da Comunhão
do sacerdote disse-Lhe: Senhor, há por acaso ainda uma partícula
para mim? Ele: “E se não a houvesse, a Hóstia se romperia para
que tivesses a tua parte. Faz sempre a Comunhão Espiritual.”
13 de novembro. À tarde. “Quem poderia te impedir de estar
ao Meu lado durante a Minha Agonia? Ninguém, fora de ti mesma.
És livre. Queres dar-Me essa tua liberdade? Diz-Me: ‘Já não tenho
liberdade, porque já Ta dei.’” Eu: Sim, meu Senhor, já tens em Tua
Mão todas as chaves de minha casa. Ele: “Eu gosto que Mo digas.
Não te canses de repetir-Me isso. Olha, se te acorrentares ao amor,
não sentirás o frio das correntes. O amor torna tudo fácil. Vai fazer,
pois, com alegria, o que te custar mais; o amor te levará. Já é tempo
de que nos unamos mais estreitamente; já estás no entardecer de
tua vida; que nada falte aos preparativos de tua festa. E se nos
ama-Mos, tu e Eu, como não chegar à União? Mas tudo deve
acontecer na alegria, que é uma prova de amor. Com que alegria
interior Eu abracei a Minha Cruz quando Ma entregaram! A Minha
Cruz, que Eu desejava há tanto tempo, por amor a vós e para
obedecer ao Meu Pai. Nela estava a vossa saúde. Imaginas o que
era para Mim o pensamento de Salvar o Mundo? Agradece, Minha
pequena. São poucos os que pensam em agradecer-Me o que fiz
por eles. No entanto, tudo esteve completo com a Coroa das Dores.
Mas eles não pensam, não o acreditam. E tu, que estás aqui, nesta
solidão Comigo, diz-Me, para consolar-Me do que os outros não Me
dão, as palavras mais delicadas que encontrares em teu coração.
Será para Mim como um bálsamo. Escutando-te esquecerei todas
essas ingratidões. Sobre Mim Vós tendes poderes que vos
deixariam estupefatos, se os conhecêsseis. Quanto vos amo,
pequenos Meus!”
20 de novembro. Le Fresne. Eu: Venho conversar contigo,
Hóstia amada. Ele: “Tu sabes bem que Eu amo a simplicidade.
Entra... afunda-te em Mim, perde de vista as coisas da Terra, até as
maiores, as quais não são nada. A tua mansão está no Mais Além.
As grandes árvores devem enraizar profundamente na terra, mas as
suas copas balançam no ar e os passarinhos, como pensamentos
alados, encontram nos galhos o seu repouso. Que o teu repouso
seja Eu! E que o Meu Repouso seja o teu coração. Olha-te, Minha
pobrezinha pequena, tão frágil. O que és? E porque te oprimi com
este peso de Amor? É a necessidade em que ardo. Tem sede de
abandonar-te em teu grande Amigo; entra em Mim em todos os
instantes e não voltes mais a sair. Diz para ti mesma: ‘Estou em
Deus, respiro em Deus, movo-me no interior de Deus’. Como um
peixinho pequeno perdido nas águas profundas, e tendo, além do
mais, todo um Deus, em ti, que te impregna de Si. Pode conceber-
se uma intimidade maior? Não endureças a tua vontade. Deixa que
a Minha Alegria faça a tua. É tão simples coisa a vida de um cristão
entre os Braços de Cristo! Aspira. Toma-Me em ti e faz-te rica de
Mim. Nada temas. Apresenta-te ao Pai e rende-Lhe a tripla
homenagem da Adoração, da Reparação e o Agradecimento. Diz-
Me: ‘Amor, esgota-me e fortifica-me, queima-me e refresca-me.
Glorifica-Te em minha miséria.’ E logo pensa na Igreja que batalha
aqui na Terra e na que se purifica lá no Purgatório. Uma e outra são
esperadas no Céu; ajuda-As. E, pelo que diz respeito ao Amor, já
vês que todas as Minhas Palavras O respiram e são ditadas por Ele.
Haveria que escrevê-las com fogo, e ainda não seria o bastante. Dá-
Me o nome de ‘tua Divina Fogueira’. Eu gostaria de empregar
palavras ainda mais fortes, mas vos ultrapassariam... Os homens
põem sempre uma grande distância entre o Criador e a criatura,
enquanto que Eu procuro sempre a mais amorosa intimidade. Tenta
compreendê-lo. Ama como Eu quero ser amado, em todos os
instantes de tua vida, que é tão curta. Eu Sou a tua Vida. Entendes,
Minha Gabrielle? A tua Vida!”
28 de novembro. Preparava-me para a Hora Santa. “Antes de
entrar na conversa Comigo, faz-te introduzir por Minha Mãe, por São
José e pelos anjos. São como uma côrte de honra que suprirá as
tuas deficiências. Um menino pequeno não entra só num salão; as
pessoas adultas o rodeiam e falam por ele. Eu, de Minha Parte,
peço que o deixem vir a Mim. Todas as almas são para Mim filhos
pequenos. Crês tu que Sou capaz de maltratá-los? Não. Os acaricio
para aumentar a sua confiança, e isto bem o sabes tu, a quem
cumulei com a Minha Unção. Gosto imensamente desta confiança
de Meus pequenos, e que Me olhem diretamente nos Olhos.
Entrega-te toda a Mim. Os teus desejos, ainda os mais irrealizáveis,
também, porque em Minhas Mãos tudo é simples. Pedi-te que Me
desses a tua confiança até o milagre; só então poderei ficar
satisfeito. Quando te ocorreria que eu pudesse passar por uma
terrível Paixão e uma Morte ignominiosa só para salvar-te? Terias
podido pensar em algo como o Meu Sacramento da Eucaristia?
Posso fazer hoje tão grandes coisas como antes, porque desejo que
cada alma se aproxime de Mim juntamente contigo, que Me
exponha as suas debilidades, as suas necessidades e deseje
ardentemente a saúde que Eu lhe dei. Pede o Amor, pede a
Santidade. Recorda que dois de Meus Apóstolos se atreveram a
pedir-Me que lhes concedesse sentar-se, um à Minha direita e o
outro à Minha esquerda em Meu Reino. Eram capazes de esperar
tudo de Mim! Agora tu, faz como eles: espera tudo de Mim. Tudo!
Seria uma prova de teu amor, como uma joia em Meu Coração.
Pede-Me dia após dia que te faça santa, e põe nessa petição todo o
cuidado. Eu não disse uma vez: ‘Sede santos como vosso Pai
Celestial é Santo’? Adentra em Mim e Eu te levarei aonde tu só
nunca poderias chegar. Pobrezinha filha Minha! Mas contas com o
Meu Amor. Toma posse Dele. Come e bebe. Se consegues ser uma
só coisa Comigo, a tua força será irresistível. Estás, então, disposta
a entregar-te ao Amor e à Esperança?”
2 de dezembro. Le Fresne. “Não compreendes que é
necessário aumentar o trabalho de teus desejos? Porque a Minha
Misericórdia toma os desejos como se fossem fatos acontecidos.
Levanta, pois, os teus desejos, muitas vezes ao dia; o teu coração
se aquecerá, e Eu acolherei os teus esforços. Durante este Advento
leva-Me a todos, como fazia a Minha Mãe, e guarda o sentimento de
Minha Presença em ti; isto Me consolará de que não houve, para
Mim, lugar na pousada de Belém.”
4 de dezembro. Le Fresne. “Nunca te arrependerás de ter-te
entregue ao Amor. Caminha. Eu te indicarei o caminho; tu, segue-o,
já que o Amor te segue. Sabes, Minha Gabrielle, que Eu estou em
todos os lugares? Vivamos, pois, sempre ‘a dois’. Pensa sempre
que não estás só. Não se vêem a dois amantes, um sem o outro. Se
pensares em Minha Presença, este pensamento aumentará a tua
força, e o que a tua fraqueza não te permite fazer, Eu o farei por ti.
Da mesma maneira : tudo aquilo que em matéria de sofrimentos não
Me é oferecido, oferece-Mo tu, para que nada disso se perca. E fica
bem perto de Meu Coração. Gostas de visitar aos que sofrem de
solidão e tens para eles palavras delicadas. Dá-Mas também a Mim.
É certo que agora já não sofro, e tu te alegras de que seja assim;
mas quando podia sofrer, sofri tanto, que todas as gerações, até o
Fim do Mundo, têm de que consolar-Me. Isto deve ser doce ao teu
coração. Podes reparar todas as malignidades de todos os tempos
amando-Me com mais força, expressando-Me os teus desejos e
pedindo-Me que te ajude. Podes também consegui-lo mediante a
Bondade para com o teu próximo. Sê amável até o extremo. Se a
tua carga é muita, toma sobre ti a carga dos outros; assim aliviarás
um pouco a Minha Cruz no caminho. Sê criativa para amar-Me e Eu
serei criativo para recompensar-te. Dá tudo o que és; Eu
preencherei todo o teu ser pelo que deste.”
8 de dezembro. Nantes. Notre Dame. O pregador falava às
três da tarde o mesmo sermão da manhã. “Se tu viesses aqui a
cada manhã só para repetir-Lhe à Minha Mãe: ‘Bom dia’, já seria o
bastante.”
11 de dezembro. Eu estava em Gethsêmani em pensamento.
“Estás Comigo? De verdade? Ajuda-me, então, a carregar o Mundo.
Consola-Me do Mundo. Que haja pelo menos um só coração que
seja Meu e que seja para Mim sempre fiel. Que Eu não possa dizer
que tinha uma só alma e que Ma tiraram. E digo que ‘só’, porque
nenhuma alma se parece a outra. Para Mim, cada uma é ela só.
Sim, pertence-Me de verdade...”
Fim da Novena. Eu estava louvando a Deus com todas as
minhas forças. Disse-me: “Pensa que neste momento todos os que
já chegaram ao final de seu destino, muitos dos quais conheces,
louvam-Me, cantam-Me, nos indecifráveis êxtases do Céu. Que isto
te ajude. Eles dão Glória à Imaculada. Converte-te tu em uma dama
da Minha Corte.” Eu: Senhor, faz com que as cinco partes do Mundo
te louvem, especialmente os meus pobrezinhos árabes. Ele: “Será
pedido menos a eles. Louva-Me por eles.”
31 de dezembro. “Tu és precisamente menor do que nunca
quando crês ser algo, pois na realidade não és nada. Por isso,
agradece-Me por ter-Me ocupado de ti por todo este ano. Não houve
um só instante em que Eu não tenha estado contigo. E oferece-me
um grande desejo de estar sempre Comigo. Este desejo há de ser o
impulso natural de teu amor em direção a um Salvador cheio de
Amor. Quando chegarás finalmente a conhecê-Lo? Pede-Me que
perdoe todas as tuas faltas contra o Amor, em toda a tua vida
passada e neste ano que agora termina. Que o novo ano te traga
um amor mais cálido.”
No regresso da Santa Missa, eu Lhe agradecia pelas casas
que tenho, e lhe dizia também que o meu sepulcro é uma casa;
como o é, igualmente, o banco que ocupo na igreja. Disse-me: “A
mais importante de todas as casas que tens é o Meu Coração.”
16 de dezembro. ‘Ser Hóstia.’ Este pensamento me assustava.
Disse-me: “É Hóstia tudo o que se oferece. Quando tu te ofereces
para agradar a Deus, és Hóstia, Eucaristia, Ação de Graças.”
Na Casa das Reparadoras. “Não é que tenha que se fazer
mais; simplesmente há que fazê-lo de outro modo. Mais alegria nas
pequenas provas cotidianas. Essas coisas pesadas devem ser para
Mim; então, nos alegraremos juntos e salvaremos assim alguns
pecadores.”
Véspera de Natal. À tarde. Ao rezar o Rosário, custava-me
muito dizer os Mistérios Dolorosos. “Quero que hoje tudo seja
alegria, inclusive os Meus Sofrimentos. É a tua Salvação. Nisso está
a tua riqueza, no Amor de teu Salvador. Olha, pois, a bondade do
sofrimento. Quando se apresente, saúda-o como Eu o saudei; Eu
vos chamava a ele. Tu converterás os teus sofrimentos em um
chamado de amor em direção a Mim, e Eu não poderei fazer menos
do que acudir ao teu chamado.”
Natal. Na Catedral. Ele: “Se cheguei ao extremo de descer até
ti... até aonde crês que possa chegar o Meu imenso Poder colocado
ao teu serviço? Não vaciles. Não duvides de que Eu possa fazer
chegar o teu trabalho de transmissão até os confins do Mundo.
Persiste em rogar que chegue o Meu Reino. Pede. Quando tu
pensares em Mim, põe nisso tanto amor como Eu ponho quando
penso em ti. Aumenta o teu zelo, o teu entusiasmo para unir-te à
Santidade de teu Esposo. Invoca com frequência ao Espírito Santo,
dizendo-Lhe: ‘Vem a mim!’ E se Ele vier a ti, vem com a Santidade;
vale muito a pena que O chames! E a Santidade consiste na
maneira de amar no meio das coisas comuns. Aquece o teu amor
em Minhas Chagas. Usa pequenas indústrias para te lembrares de
Mim, e não descuides nada que possa te aproximar de Mim.
Lembra-te de Zaqueu, que subiu numa árvore para ver-Me. E este
desejo de ver-Me, que era grande, valeu-lhe a Graça de Minha
Visita. Vive mais no interior do que no exterior. Porque é em teu
interior onde te faço as Minhas Visitas; cada vez que entras em ti
Me encontras, pois aí estou instalado.”
1942

1º de janeiro. “O teu Lema é: entrar e viver em Mim a cada


momento, para que assim possas estar em Mim na hora de tua
morte. Tu viverás em Mim. Se orares em Mim, que bem poderás
olhar ao Pai! E se falares em Mim quando conversares, já não
poderás dizer como quiseres isto ou aquilo. E se pensares em Mim
e Comigo, estarás muito perto do Pai. Amada Minha! Desprende-te
mais e mais das coisas da Terra... Que podes esperar de agora em
diante, senão a Mim?”
2 de janeiro. Na Missa Maior. “Oferece-te em Mim ao Pai,
porque és a Minha esposa. O Esposo é feliz com a presença fiel de
Sua esposa. E ela, poderia separar-se Dele? Não. Juntos, o mesmo
nas alegrias como nos infortúnios. Dá-Me, pois, o desejo de estar
sempre Comigo. Desmantela o teu lar interior, tirando todos os
pensamentos da Terra, para estabelecer-te Comigo nos grandes
horizontes do Céu. Entra com o teu Esposo nos caminhos do
sacrifício. Não temas exceder-te; Ele fez tanto por ti! Sacrifica-te,
mas não o contes a ninguém; são segredos entre nós dois e se te
esqueceres, eu tos recordarei. Eu quisera...(Permitir-Me-ás também
formular desejos?) Eu quisera que viver em Mim se convertesse em
um hábito arraigado. Esta união, por Mim tão desejada, com a
Minha criatura, pode realizar grandes coisas. Pode ajudar-Me na
tarefa das conversões. Queres, podes, ajudar-Me? Ajudar-Me a
santificar-te? E como sempre, dir-te-ei mais uma vez: ensaia, dá os
primeiros passos. Eu os farei continuar.”
2 de janeiro. Durante a Missa. Disse-me: “Guarda a tua veste
sem manchas. Quero dizer, sem manchas voluntárias. Se ao
caminhar por um prado, acontece de algum cardo ou a erva verde te
deixar uma marca ou arranhadura em teu vestido branco, isso nada
importa. Mas se tu mesma a cortares com tesouras ou lhe pintares
figuras com tinta, isso é diferente. É negligência ou desprezo pela
Beleza. E muito pior é quando isso acontece na alma, que está feita
à Minha Imagem.”
8 de janeiro. Ancenis. Contemplando a agonia de minha irmã,
eu pensava em Sua Agonia. “A Minha era mais violenta; era preciso
que Cristo sofresse mais que ninguém sobre a Terra. Ponde as
vossas agonias na Minha e dai-Me a vossa confiança. Considerai a
imensidão de minhas Dores e a ausência de toda a consolação: já
vês a tua irmã, que está tão contente de ter recebido a Unção dos
Enfermos, o Santo Viático e a última Absolvição. Eu Sou a sua
Alegria. Consolar-Me-ás em agradecimento do que faço pelos teus?
Que o teu coração se abra e Me ame com toda a simplicidade.”
1º de janeiro. Nantes. Na igreja de nossa Senhora das
Torrentes. “Já faz tanto tempo que Me pedias torrentes de Graças
espirituais e temporais... Creio ter-te respondido mais além do que
esperavas. Tem, pois, grande confiança em Mim, pequena filha
Minha. Podes esperar tudo de Mim: Sou o teu grande Amigo. Dá-Me
seguidamente a alma de tua boa irmã, sabendo que Me causas
alegria. Já sabes o quanto amo as almas, e quanta pressa tenho
para chegar com elas à União. Prepara-te. Não vivas senão para
morrer. E há que atuar sobre o amor, porque há que morrer de amor.
E são os frequentes atos de amor os que reparam as faltas em que
incorreste e que te afligem. Filha querida! Trata-Me como a um
amante ao qual se ama de verdade, enquanto vives ainda no tempo;
porque logo vem a Eternidade. Nela já não se pode merecer, e são
os Méritos os que Me alegram. Faz com que Eu seja amado por
todos, mas especialmente pelos pecadores. Faz-te amável por amor
ao Meu Amor. Já sabes que o que ao próximo se faz, faz-se a Mim.”
Eu: Senhor, a neve está escorregadia e não poderei ver-Te
amanhã de manhã. Ele: “Já sabes que a cada ano Me detenho um
pouco, como em uma parada, como se Eu Mesmo quisesse
preparar-te para receber novas Graças. Emprega esse tempo de
espera para ativar os teus desejos. Aproveita tudo. Dois esposos
aproveitam a sua separação para preparar melhor o novo encontro.”
20 de janeiro. Via Crucis. 12ª Estação. “Roga pelos pecadores,
mas também pelos justos, a fim de que se tornem santos. Meus
pobres pequenos! Quem é santo? Somente Eu, em vós. E quando
houverem santos, a face da Terra mudará. Lembra-te de que uns
poucos bastam para salvar a uma cidade.”
21 de janeiro. “Não Me beijaste muito hoje!”
22 de janeiro. Na hora de Comungar, disse-Lhe: Senhor, faz
com que eu seja outro Tu. Disse-me: “Há um meio para chegar a
isso, não obstante as tuas misérias e defeitos: consiste em que
sejas ‘toda Caridade’. Não somente para com os que são pobres de
dinheiro, senão também para os que são pobres porque não são
felizes. E sobretudo, Caridade para com o Pobre que Sou Eu. Sê
toda terna e toda Caridade.”
Hora Santa. “Agora é a Minha vez. Sê toda Minha. Hoje te
deste a tanta gente e estiveste em tantas coisas... É o teu Senhor e
teu Amigo Quem te reclama... para Si e para os outros. Não
regateies com Ele, pois Ele não regateou contigo. Nem sequer o seu
Corpo. Tudo o que fizeres, fá-lo por Ele, Nele, animada por Ele. Já
sabes que Eu Sou infinito e não Me esgotarás; e nunca conhecerás
a Minha Profundidade. Encomenda-Me com frequência o teu desejo
de ser santa. Não estás sobre a Terra senão para isso; pois Eu vim
à Terra para que sejais santos,. E então? Se o teu desejo se
encontra com o Meu, o que não poderemos fazer juntos? Mas é
indispensável crer no Amor. No Evangelho se encontra com
frequência a palavra ‘A tua fé te salvou’. Oh, Meus pequenos, crede
com firmeza, e podereis arrancar-Me todas as Graças! E tu, pensa
em Minha Glória. Queres que o teu Cristo e a Sua Igreja sejam
Glorificados? Pois, pede-Me com frequência. Que descanso para ti
na hora de tua morte, se puderes testemunhar que padeceste e
trabalhaste para a Glória de teu Único!”
24 de janeiro. “Tu oras por tuas intenções; ora também pelas
Minhas.” Eu pensava na perfeita harmonia de meu corpo, em minha
saúde inalterável, e dizia-Lhe: Obrigada, meu querido Construtor.
Disse-me: “Para agradecer-Me, é preciso que saibas sofrer quando
for a tua vez.”
27 de janeiro. “Lembra-te de que Me prometeste ser mais
santa hoje do que ontem. Que seja este o teu lema, a cada dia.”
28 de janeiro. Eu lia umas revelações. “Lê especialmente os
teus ‘cadernos’. O que pensarias de uma pessoa que se
interessasse mais em ler a correspondência dirigida a uma de suas
amigas, do que à sua própria? (Eu tinha uma multidão de serviços).
Perturbam-te nos tempos que Me dedicaste? Mas isso não importa,
se as interrupções são também para Mim.”
Na Basílica de Montmartre. Eu: Senhor, entrego-Te o momento
de minha morte. E em minha morte, todas as mortes de minha
família. Ele: “Filha Minha, invoca o Meu Nome na Cruz, quando Me
encomendares as pessoas. E encomenda a todos, sem exceção
alguma, ainda àqueles que te parecem ser grandes pecadores.
Porque o Meu Sangue é tão poderoso! O Meu Amor é tão grande...
que alegria para ti e para Mim, se salvarmos a esses pobres
moribundos!”
4 de fevereiro. Paris. No metrô. Uma mulher que deixava o seu
marido, se despedia com amáveis gestos de afeto. “Faz o mesmo
Comigo. Dá-Me com frequência o teu sorriso, o teu olhar carinhoso.
É tão simples entre cônjuges que se amam! E o Esposo fica tão
feliz...”
11 de fevereiro. Nantes. Na rue Lamoricière. Ele: “É possível
que agora não possas falar Comigo, pois nem sempre a gente tem
coisas para dizer... Mas se puderes caminhar ao Meu lado e pensar
com ternura em Mim...”
12 de fevereiro. “Quando orares, olha-Me. Entra em Meu
Pensamento eterno. Do contrário, serás vítima da distração.
Lembra-te: todos vós sois solidários. Uma ação bem feita aumenta o
Tesouro da Igreja. Não desperdices nenhuma ocasião de
enriquecer-te a ti mesma e aos teus irmãos. Olha bem o modelo de
Minha Vida, para que o imites; como quando copiavas os teus
modelos na escola. Aplica-te a escrever nas páginas que faltam de
tua vida; e isso, mais por agradar-Me que para obter uma
recompensa. E Eu, que sempre estou te olhando, acolherei com
Amor esse desejo de agradar-Me. Não te preocupes mais contigo
mesma; como que instalada em Mim, pensa em Mim. E desde Mim,
irradia aos outros. Tu não serás a luz, senão Eu.” Então eu Lhe
disse: Senhor, prometo-Te e o desejo, mas, o que é que faço, em
realidade? Ele: “A Minha Misericórdia aceita com agrado as
promessas e os desejos, que pouco a pouco se traduzem em atos;
os desejos e as promessas são atos em botão, que logo florescem.
Não te canses nunca; pensa que Eu estou contigo. Posso acaso
estar contigo sem ajudar-te? A criatura é infinitamente amável para
o seu Criador. Volta constantemente o ouvido em direção a Mim;
acabarás ouvindo. Como João, que, reclinado sobre o Meu Peito,
conheceu os Meus Segredos. Se ele não houvesse tido esse gesto
de ternura, teria escutado? Eu Sou como os tímidos: necessito ver
que dás o primeiro passo.”
15 de fevereiro. Em Joué-Sur-Erdre. “Que a Vontade de Deus
seja tudo para ti! Pede para que essa amável Vontade seja
cumprida na Terra como é cumprida no Céu. E tu, oferece-te para
chegar a ser como Eu te quero.”
19 de fevereiro. Na cidade. Eu fazia alguns encargos para
outras pessoas e uma parte de mim estava de mal-humor. Ele: “É
que Eu não consumi Minhas Forças pelos outros? Não morri por
eles? Que pouco é o que fazes... Une-te a Mim.”
Na Casa das Clarissas. Depois de alguns atos de
generosidade. “Já vês como és mais feliz quando és boa. Segue
direto o teu caminho, sem temor de ninguém; como se não
houvesse no Mundo ninguém além de ti e de Mim. Que com saber o
que Me parece bem, seja-te suficiente: Sou o teu Deus e o teu
Salvador, o teu Esposo amado. Adora. Dá-Me os nomes mais
doces, e virei a ti com esses nomes. Eu sou o Uno e o Múltiplo, sou
o Infinito, e cumulo as Minhas criaturas e as faço ninar como uma
mãe a seu pequeno.” Eu: Eu quisera também ser múltipla e amar-Te
com todas as maneiras possíveis de amor. Ele: “Pede à Minha Mãe
que te ajude. Pede ao teu Esposo que te ajude, e recolhe-te com
frequência para que Me encontres dentro de ti.”
26 de fevereiro. Meu aniversário. “Dá-Me, neste dia de teu
aniversário, o nome de ‘Pai’, porque Sou Eu Quem te criou. E
agradece-Me. Ama-Me porque te tirei do nada. Agradece-Me por teu
entendimento, tua memória, tua vontade. Eu Te dei tudo isto antes
de que tu pudesses dar-Me algo. E Te amei desde toda a
Eternidade. Tu existes no tempo e o tempo é curto. Tem, ao menos,
a intenção de amar-Me sem descanso, como correspondência ao
Meu grande Amor. Eu, Deus; tu, um pequeno nada no tempo e no
espaço. Chama-Me também ‘Mãe’, porque as mães festejam um
dia de aniversário... Que mãe é mais Mãe do que Eu? Olha o que a
Minha Ternura fez contigo: verás que não há mãe que tenha salvo
ao seu filho como Eu te salvei. Dá-me, pois, os teus bons desejos
em ‘Minha festa’, Minha querida filha. O que é teu é também Meu,
na entranha de teu ser; porque tu és um sopro Meu, Sou-te mais
íntimo do que tu mesma...” Eu: Senhor, eu gostaria que a minha
alma não fizesse mais nenhum som, a não ser o de Teu Amor! Ele:
“Olha-Me como se olha uma meta. E recomeça sem cansar-te, a
cada dia, na paciência, sem jamais contar contigo. Sabes? Os
meninos, quando querem subir, prendem-se à saia de sua mãe.
Toma. Toma os Meus Méritos, toma o Meu Braço. Toma o Meu
Coração.”
1º de março. Depois da Comunhão. “Não há ocupação alguma
que realmente se oponha à oração. Eu recitava os salmos sob os
golpes e coberto de Chagas, arrastando-Me pelo caminho do
Calvário, em meio à multidão que rugia. E também sobre a Cruz. E
tu encontras difícil orar no meio de tuas ocupações cômodas? Une-
te a Mim.”
2 de março. Ele me falou enquanto eu encerava os sapatos.
“Tu te queixas se te chegam visitas quando queres falar intimamente
com as tuas amigas. Eu te espero só, e podes dizer-Me tudo;
porque, se bem que é certo que Eu Me incline sobre toda a Terra, o
Meu Coração pertence inteiro a quem quiser tomá-Lo.”
5 de março. “Eu não Sou como essas amigas que se
perguntam: ‘Por que será que ela vem tão seguidamente?’, e que
não compreendem as renovações de ternura que podem haver
numa alma. Eu te aguardo sempre, com o mesmo desejo, com a
mesma impaciência da primeira vez, porque Eu Sou o Infinito. Vai
em espírito à igreja profanada de Méan. Ajoelha-te perto de Minhas
pobres Hóstias, e adora. Mas, sobretudo, ama-Me e consola-Me. Eu
amo os homens: por que eles Me fazem estas coisas? Crimes que
Eu vi desde o Horto das Oliveiras e que tanto me fizeram sofrer...
Quando alguém rechace um gesto carinhoso teu, une-te aos
Sofrimentos secretos de Meu Coração, e com isto Me aliviarás. Eu
Sou imensamente sensível ao ódio que queria aniquilar-Me; mas
também o Sou para o amor que quer consolar-Me, e às
encantadoras delicadezas de Minhas criaturas. Comigo tu não
exagerarás nunca. Não temas nada de Mim; és bem compreendida,
pois não temos senão um só movimento do coração. Expande-te,
Eu te escuto e não Me canso. Não te canses tu também. Fala-Me
como em voz baixa e na escuridão, segura da atenção de Meu
Ouvido e do Amor de Meu Coração.”
11 de março. “Às vezes te acontece que queres apresentar-te
aos outros sob um aspecto favorável, e com prazer te arrumas. Mas
diante de Mim, és o que és e não há modo de ocultar-Me a verdade.
Reconhece que te é doce saber que não há ninguém, além de Mim,
que possa olhar-te com esse Olhar de verdade. Longe de fugir de
Mim, mostra-Me a tua miséria com sentimentos de contrição. Busca
a Minha Ternura e exercita a tua. Sou o Único que te conhece, filha
Minha. Regozija-te na intimidade de teu Deus. Poderias sonhar com
algo mais alto? A vida te foi dada para que Me amasses; encontras
nisso a tua felicidade? Isto não te consola de todo o resto? Amar-
Me! Quando Me vires...!”
22 de março. Depois da Comunhão. “Pediste-Me torrentes
incessantes de Fé, de Esperança e de Caridade; mas é preciso que
exercites com frequência essas virtudes. Diz: ‘Creio em Ti, meu
Amor querido; creio em Ti, Amor poderoso; amo-Te, Amor infinito e
amo ao próximo por amor a Ti. És tudo para mim e eu sou toda
Tua’.”
24 de março. São Gabriel. “Sê como o teu Santo Patrono,
anunciadora de boas notícias e portadora de alegria. Às vezes é
fácil dar um pouco de alegria aos demais: a um doente, a um
moribundo, a uma alma inquieta. Faz isso em Meu Nome, como se
essa alegria fosse aumentar a Minha, e não ponhas a tua atenção
em ti mesma. Faz tudo por Mim, e com isso saltarás as barreiras do
amor próprio ou da timidez. Caminha direto pelo caminho do amor,
com simplicidade. Não te preocupes nem das pessoas nem das
coisas; põe o teu olhar no Meu. E se conseguires fazer algum bem,
agradece-Me como de um favor recebido. Não és feliz quando Eu
atuo por teu intermédio? Pois, agradece-Me que te mime tanto,
tanto te ouça, e que inclusive Me adiante aos teus desejos. Gostas
de que te agradeçam? Pois Eu também. É a delicadeza do coração.
Tu a vês em Mim sendo como todo o Meu Eu. E a tua Me encanta
quando Ma ofereces; Tomo posse dela e é como um vínculo de
amor. Eu nunca Me retiro primeiro; então, permanece apegada a
Mim. É o Nosso Céu da Terra; esse Céu que tu és livre para querer
ou não querer. Livre! Mas, não queres acorrentar a tua querida
liberdade com as Minhas duas Mãos?”
24 de março. “Agradar aos demais é atuar bem. Não regateies
isto com ninguém, especialmente com aqueles que te fizeram algum
mal. E une-te a Mim, dizendo: ‘Oro com a Tua Oração. Trabalho
com o Teu Trabalho e falo com a Tua Palavra.’ Mas põe nisto toda a
tua ternura, filha Minha.”
27 de março. Durante o Evangelho. “Fala aos teus irmãos
como Eu, na Humildade; com a Verdade de Deus, no Amor.” Eu:
Senhor, beijo a Terra que pisaste e beijo a Tua Sombra atrás de Ti.
Ele: “A Minha Sombra é o teu próximo.” E como eu duvidava em
pedir-Lhe uma conversão difícil, disse-me: “Por acaso não libertei a
Barrabás?”
27 de março. Eu arrancava a erva daninha da varanda,
enquanto dizia-Lhe: É para ajudar-Te a arrancar os pecadores de
seus maus hábitos. Ele: “Diz-Me estas coisas como se Me visses; e
se Me visses, falarias-Me com um sorriso. Ensaia e vê a diferença.”
5 de abril. Páscoa. “Eu ressuscitei para vós. Não para Minha
Glória, senão para que todos vós crêsseis e esperásseis na vossa
própria ressurreição. Não voltes mais a contar contigo mesma.
Conta Comigo, no instante em que vives e para sempre. Deixa-Me
finalmente viver em ti, em teu lugar. Retira-te de ti e sê uma alma
nova, despossuída, revestida. E contempla as Minhas Chagas
Gloriosas. As vistes tantas vezes todas ensanguentadas... mas
depois do sofrimento vem a Glória. Regozija-te com todo o Céu.”
11 de abril. “Eu prefiro muito, e deves crê-lo, a uma alma que
caiu com frequência, mas que se humilha aos Meus Pés, do que
outra que vive satisfeita de si mesma, e pensa não ter nada para
censurar-se. Manifesta-Me a cada dia, filha, o teu arrependimento.
Olha as tuas faltas e oferece-Mas, para que Eu as repare. Admite a
tua fraqueza, os teus fracassos. E diz-Me: ‘Creio, Amigo meu, ajuda-
me; já sabes que só, nada posso, mas que contigo posso tudo.’ E
volta a empreender o caminho, a cada dia, cheia de confiança em
Mim. E ainda quando não aprecies nenhum progresso, fortifica-te na
paciência. Como Eu, que a necessitei muito em Minha subida ao
Monte Calvário. A esposa não pode andar por caminhos diferentes
de seu Esposo; o olhará para imitá-Lo e regozijar-Lhe o Coração. E
com isto se aproximará Dele. Que as tuas faltas nunca te afastem
de Mim; e quando as distrações te arrastarem, volta logo, como se
nada tivesse acontecido. Põe o teu coração no Meu, e não tenhas
outra vontade além da Minha.”
16 de abril. “Pede-Me que o teu entendimento tenha a
verdadeira Fé, e que a tua memória tenha a verdadeira Esperança;
e que a tua vontade possua a verdadeira Caridade.” Estando no
jardim, eu dizia-Lhe: Arranco as ervas daninhas para que Tu venhas
passear na varanda. E em uma ruazinha, disse-Lhe: Isto se parece
à Tua cidade de Nazaré. Era como se Ele estivesse ali. E eu
pensava em algo que Ele tinha me dito: “É tão pouco o que te
impede de ver-Me!”
Igreja de Montrealais. Visita ao Santíssimo. “Unir-se.
Compreende que toda a vida está nisso. Não é bem doce para ti
que Eu seja a vida de tua alma? Tu raras vezes percebes a Minha
Ação, mas crê Nela firmemente. Oferece-te seguidamente à União,
e a Minha Atividade em ti será maior. E isto, nem sempre o sentirás,
mas busca a união Comigo no amor. Ainda quando a tua maneira de
orar fosse unicamente essa, a tua vida não seria simplesmente
comum, senão toda sobrenatural, e só o Pai conheceria o seu
verdadeiro valor. Honra a Minha Delicadeza com a delicadeza de
teus pensamentos e expressões; comporta-te Comigo como se
fosse tímido; dá sempre o primeiro passo. Ensaia. Quantas vezes te
espero e não vens! Recorda como sofrias quando tinhas preparadas
as coisas para receber a uma pessoa de teu afeto particular, e ela
dizia: ‘Esqueci-me.’ E, que são os amores da Terra em comparação
com o Meu Amor? Sim. Pede-Me mil perdões pelos encontros a que
não foste, e a Minha Misericórdia os esquecerá. Sempre estou
disposto a perdoar e a apertar-te de encontro ao Meu Coração para
que Dele tires força. Une-te a Mim ainda nas ações mais comuns. A
todo momento és a Minha filha pequenina. Este dia, esta semana,
este mês, estão cheios de Meu Amor, como todos os outros meses
e anos. Amo-te quando tu não pensas nisso, e te preparo Graças
que não pensas em pedir-Me; mas faz um gesto em Minha direção e
te darei tudo. Filha Minha, tão pequena e tão querida.”
2 de abril. Visita ao Santíssimo. “Tu nem sempre Me sentes ao
teu lado e, no entanto, nunca te deixo. Mas às vezes Me aproximo
mais, como ontem no jardim, quando disseste-Me: ‘Bom dia, meu
Deus querido.’ Quase sentiste que te respondia. Se Me oculto é
para que adquiras os Méritos da Fé. E te admiras sempre de Meu
Amor! Porque o Meu Amor é como a Loucura em Deus: esta é a
grande explicação. Crê, pois, com simplicidade, neste Amor de um
ser Todo Poderoso que existe em uma ordem infinitamente superior
à tua. Entrega-te à Sua Onipotência, que é terna e delicada. Deixa-
te vencer pelo Amor e pede a Graça. Ama-Me com o Meu próprio
Amor, filha, e permanece na confiança; pois bem sabes que a única
coisa que eu não perdoo é o desespero, porque os que desesperam
julgam-Me cruel e perverso... a Mim, que sou a Bondade Infinita.
Entendes? Infinita! Como se Eu Me encontrasse sempre no começo
de Minha Bondade, Bondade que nunca acaba. Poucos são os que
pensam Nela; e Ela é, no entanto, o refúgio incomparável. O que
aconteceu ontem à noite? Tu não podias dormir, mas puseste a tua
cabeça sobre o Meu Coração e pudeste, então, dormir, até hoje de
manhã. Que servente tens que te sirva melhor que Eu? Com a
mesma fidelidade e dedicação? Quando viste um rei servir assim
aos seus servidores, e pedir como salário somente um pouco de
amor, um olhar afetuoso e uma recordação carinhosa? É-Me tão
caro o pensamento de Meus filhos! É como uma doce oração. Diz-
Me várias vezes ao dia e à noite: ‘Não quero viver senão para Ti! O
que me importa a vida toda se não Te possuir?’ Deseja-Me muitos
corações que Me amem, o amor do Mundo todo, a Glória de Meu
Pai. Toma os Meus Interesses, de preferência aos teus. Sê como
saída de Mim, e que o teu ser se incline a Mim pela Eternidade. Sê
como uma desterrada, que vive perdida nos caminhos da Terra; não
penses senão no Céu, onde te aguardo para celebrar as nossas
bodas. Oferece-Me a tua impaciência e a tua submissão, os teus
impulsos detidos, só esperando a Minha Vontade, os teus desejos
violentos, inseparáveis de Meu Beneplácito, e esta humildade te
lavará de tuas manchas e te purificará de teus pecados. Teus
últimos dias passarão, porque tudo passa... mas tu virás a Mim.”
24 de abril. “Dar prazer aos demais é atuar bem. Não negues a
ninguém as tuas amabilidades, especialmente a quem tenha te feito
algum dano. E para unir-te a Mim, diz-Me: ‘Quero orar com a Tua
Oração, trabalhar com o Teu Trabalho, falar com a Tua Palavra.’ E
põe nisso todo o teu carinho, filha Minha.”
30 de abril. Eu dizia: Aqui estou, revestida com os Méritos de
meu Esposo. Deus meu, faz de meu coração um pequeno ninho de
amor. Disse-me: “O Amor? O encontras em Mim por todo lugar. Nas
feridas de Minhas Mãos e de Meus Pés, na ferida de Meu Lado e
em todas as chagas de Minha Flagelação... e nas que não se viam.
As invisíveis chagas que Me causavam na Alma os pecados de
todos os tempos. Todas estas chagas ardiam no Amor de um Deus
apaixonado por Suas criaturas. Já te disse isso: a Loucura de um
Deus, sendo, qualquer um de seus movimentos, adorável e perfeito.
Mescla o teu pequeno amor ao Amor com que o Filho do Homem Se
oferece ao Pai. Tu e Eu faremos, juntos, grandes coisas.
Surpreende-te que Eu tenha necessidade de ti? Recorda o que dizia
São Paulo: ‘O que falta à Paixão de Cristo’: a vossa união e
colaboração. Filha, ao contemplar o Meu Amor vivente em ti,
desenvolverás o teu, dando-Mo, para que Eu o incremente. Não te
perguntaste muitas vezes como seria possível aumentar o amor?
Olha com frequência o Meu e roga-Lhe. Que finalidade mais amável
que esta poderias conceber para a tua vida? Ama-Me sempre e em
tudo. E sobretudo, não te canses! Se não sentes a Minha resposta,
sabes que a resposta já está dada, e assim a verás mais tarde. Ama
como amam as crianças, como amam as boas esposas. Ama ao
Amor.”
6 de maio. Depois da Comunhão. “Não Me beijaste esta
manhã, nem ontem à noite. E, no entanto, tu és a Minha filha. Não
estiveste bem contente no outro dia, quando aquele menininho que
tu não conhecias te sorriu e te estendeu os braços? Os Vossos
gestos mais simples Me tocam o Coração. Não duvideis.”
7 de maio. Na igreja. Eu dizia: Que felicidade que Tu sejas um
Louco de Amor! Porque isto nos dá a alegria de sermos amados
sem medida. Respondeu-me: “Sabes o fácil que é servir a Deus no
amor? Responde-Lhe entrando Nele e tudo te será fácil e leve.
Recordarás o que Ele fez por ti, tão indigna, e tu darás de ti, dentro
da distância que estabelece esta comparação. E isto sem contar,
sem olhar o teu próprio interesse, senão somente o Seu. Faz, pois,
tudo por teu Deus. E que não haja exceções, pois Ele toma tudo e,
em tudo, te toma. Não deixes de oferecer-te, ao longo do dia, como
continuação do oferecimento da manhã; e entre tu e Eu cantaremos
ao Pai um canto de Amor que Ele escutará, como bom Conhecedor,
ainda quando tu não percebas o agradável som. Inclina-te somente
a conquistar o Amor, e com isso terás alcançado o fim. Amor em
tudo e para tudo. O Amor que Sou Eu.”
21 de maio. Fresne. Em meu aposento. Senhor, nos Terrenos
da loucura de amor, não é acaso uma loucura para mim, isso de
amar-Te sem ver-Te? Ele: “As loucuras de amor das criaturas não
poderiam jamais igualar a Loucura de Deus. Não temas exceder-te.
Busca-Me, chama-Me. Encontrar-Me-ás. Responderei-te. Se tu te
comportares como esposa Minha, Eu Me comportarei como Esposo
teu. A esposa deve saber que pode muito bem causar alegrias, pois
com sabê-lo, se animará em seu trabalho de amor. Amiga Minha,
nunca te canses! Que a tua maneira de amar se renove em cada
momento, como se te apaixonasses a cada instante por primeira
vez. Não te inquietes se não ouvires a Minha Voz; nunca aches que
estou longe de ti, pois estou em teu centro com o Pai e o Divino
Espírito. Oferece-te a Nós Três. Entrega-te, ainda sem compreendê-
lo bem, despojando-te de teu amor próprio, de toda a recordação de
ti. Tudo o que tens vem de Mim. Tu por ti mesma, não és nada em
absoluto, mas: que esse nada seja Meu! Já sabes que Eu respeito a
liberdade humana. Sei esperar. Quando mais tarde compreenderes
a magnitude de Meu Amor, com que ardor quererás voltar sobre a
Terra, nada mais do que para amar-Me um só instante, e sofrer até
o fim do Mundo! Por isso, nunca Me recuses nada; diz-Me sempre:
‘Meu doce Esposo, que seja como Tu quiseres.’ Eu serei feliz e este
pensamento te ajudará. Sê uma Comigo, tanto como puderes!
Aproxima-te sempre; rechaça tudo aquilo que puder separar-Nos,
como a falta de Esperança e de confiança. É tão bom esperar!
Espera na Santidade, É possível, desde o momento em que Eu a
peço de todos. Então? Crê em Meu Auxílio e chama-Me
seguidamente, e seguidamente de novo. Não temas repetir; já vês o
Rosário, que tem tantas vezes a mesma oração. E é totalmente
necessário que prolongueis as vossas orações, pobres finitos que
se apresentam diante do Infinito. E ao dizer as tuas orações, une-as
às Minhas. As que Eu dizia ao Meu Pai naquelas longas noites
passadas de joelhos diante Dele. Que se possa dizer de ti que és
uma boa amiga de Cristo. A honra será dirigida a Mim e aumentará
a Minha Glória. Tu esqueces facilmente o que fazes e o que dizes,
mas tudo isso fica sempre presente diante de Mim, e um dia o
encontrarás, tal qual Mo destes. Permanece sempre perto de Meu
Coração.”
1º de junho. “Passa todo este mês em Meu Coração e fala
sempre um pouco de Mim. Ainda que seja só pronunciar uma vez o
Meu Nome em uma frase. Agradecer-te-ei e pagar-te-ei.”
4 de junho. Eu dizia: Glória a Ti em meu coração. Tu, que És
Pai, Filho e Espírito Santo. Disse-me: “Pede seguidamente a Nossa
Glória, pois a Glória da Trindade está em vosso amor. O que poderia
Glorificar-Nos mais do que o amor de Nossas criaturas? E o que
poderia fazer-vos mais felizes? Considera que tudo o que Eu peço
aos homens é para o seu bem e a sua felicidade. Mas eles não o
compreendem, e Me tratam como se Eu fosse um Amo exigente. E
Sou o mais terno! E o quão agradecido estou a todos os que Me
consolam desta culpável incompreensão, deste desprezo, desta
indiferença. Consola-Me, dando-Me tudo o que és, deixando-Me
falar e atuar por ti, recordando que só Eu, Eu em ti, é por Quem
deves viver. Viver para alguém é muito doce, mas viver para o seu
Deus é algo que ultrapassa toda a doçura. Ensaia, então. Será em
Meu Nome as pessoas que receberás amanhã? Em pura Caridade
fraterna e para fazer-lhes algum bem? E quando se tratar de teu
próprio bem, fá-lo em vista de Mim, pois já sabes que o que Eu
desejo é a tua santidade. Que o teu coração saia ao encontro do
Desejo de teu Salvador. O amor é um contínuo intercâmbio: tomas-
Me em teu lugar e Eu te tomo no Meu. É muito bom e muito simples.
Mas, como fazer para que os homens o compreendam? Roga por
esta intenção. Entrega à Minha Mãe estes pobres homens, esta
pobre França, que Eu chamo e foge de Mim. A Minha Mãe obtém
muito onde vós nada podeis alcançar. Entrega-te a Ela para que Ela
te santifique e chame ao Espírito sobre ti.”
6 de junho. Na Missa. “Muitos estão em recolhimento, que é a
Minha Atmosfera, mas não por isto avançam muito. Tu deves ir mais
longe, entrar mais fundo ainda do que em minha Atmosfera,
entrando em Meu Coração, onde te aguarda o Espírito, e darás
Glória a Deus.” Eu considerava o tempo que demora uma flor para
encher-se de sementes. Ele: “Assim é a santidade: é fruto de um
longo amadurecimento.”
Montrelais. Na igreja. “Não é necessário que Eu esteja exposto
no Ostensório para que creias em Minha Presença. Manda-Me o teu
amor através da porta do Sacrário. Sou Eu, o teu Esposo e o teu
Salvador, que está sempre te esperando. Não Me faças esperar
muito tempo! E quando Eu te possuir, procura ser como Eu gostaria,
com todas as tuas forças. Não Me decepciones!”
Eu: Pobre Amor meu, perdoa-Me que eu não seja como
queres. Ele: “Todo o Meu Coração é Perdão.”
7 de junho. Na Missa. “Deixa as tuas pequenas distrações
habituais e afunda-te em Mim. O que é o que esperas para fazer as
coisas melhor, e para responder melhor? Considera o canto dos
pássaros: não cantam com a mesma voz quando chega a estação
em que eles fazem os seus ninhos. Há mudanças em tua voz
quando a graça aumenta em ti? Encontras pronuncias mais
penetrantes e mais comovedoras? Diz-Me que sim e prova-Me.”
16 de junho. Eu pensava com tristeza que, passadas as festas
de Corpus Christi, não haveria mais festas. Ele: “O quê? O Meu
Sacramento não está sempre aí? Não é uma contínua festa, o fato
de que todos os dias venhas Me ver? Não diminuas as coisas. Sou
o Infinito; em Mim, nada termina.”
19 de junho. Na igreja. “Eu digo: ‘Aqui vem a que recebeu de
Mim tantas Graças.’ Oxalá pudesse acrescentar: ‘É a mesma que
Me deu testemunho de tanto agradecimento.’”
Visita. Eu: Deixa, Senhor, por meio de Tua filha, uma pegada
de luz e de bondade para todos. Ele: “Deixa-Me impregnar, invadir.
Que nada em ti Me impeça de servir-Me de ti. Eu atuo através
daqueles que Me emprestam todo o seu ser. Assim, pois, dá-Me a
tua voz, o teu olhar, e caminha com a firme intenção de deixar-Me
atuar em ti, pois Eu te habito. Pensa seguidamente nisto. Prepara-
Me em ti uma vida nova. Sou Quem te deu a vida; devolve-Ma como
um regato gracioso. Quando tinhas lições de pintura, o professor
pegava, de vez em quando, o pincel e melhorava o teu trabalho. É o
que Eu faço sobre a tela de vossas almas quando vós Me permitis.
E as almas irão entregar-se a Mim sem confiar nos próprios
talentos. As grandes obras que alcançariam a sua perfeição, entre
as Minhas Mãos! Porque Eu estou ávido de vossa perfeição. Por
Amor te tomo em Minhas Mãos; por Amor, se tu te entregas. Filha,
que o Amor esteja no princípio e no fim de todas as tuas ações,
como estava nas Minhas. Tu nunca escutaste o hino de Amor que
foi a Minha Vida: o Pai o conhece e os santos também. Adora, sem
compreendê-los, adora cada um de Meus Movimentos de Amor: na
Galileia, na Judéia, sobre todos os caminhos que tu mesma
percorreste. Desde então te amava, como a todos os homens, sem
exceção. Ama-Me por eles; ou, ao menos, podes oferecer-Me esse
desejo.” Eu: Senhor, que todos os anjos custódios Te louvem por
eles. Ele: “Quantos são os louvores que Me negam na superfície da
Terra, quando Eu deveria estar recebendo-os todos!”
19 de junho. Depois da Comunhão. “Para que possas recolher-
te mais profundamente em Mim, suprime todo o olhar ao exterior, e
afunda-Te em Meu Amor insondável; encontrarás tantas provas,
tantas recordações de uma chama ardente... E aliviarás os Meus
Fogos. Queres?”
20 de junho. No campo. Eu subia a escada, oferecendo cada
degrau. Senhor, disse-Lhe, como Tu podes aceitar coisas tão
pequenas? Ele respondeu: “Isso a que vós chamais de pequenas
coisas não se fazem sem que coloqueis nelas o vosso
entendimento, a vossa memória e a vossa vontade. É tudo quanto
tendes! Aonde quer que coloqueis o vosso ser para que Eu o tome,
eu o tomarei. Compreendeis?”
25 de junho. Le Fresne. Visita ao Santíssimo. “Oxalá pudesses
ver o Meu esplendor no Tabernáculo! A Minha Potencia e a Minha
Doçura. E a corte de honra amorosa com que Me rodeiam os Meus
anjos! Quais não seriam os teus sentimentos de respeito e de
aniquilação! E os teus desejos cresceriam com um renovado ardor,
pois verias claramente que tudo o que não é o Meu Amor, não vale
nada. Compreenderias que o maior agrado seria, para ti, causar-Me
agrado a Mim. Nem sequer serias capaz de ver algo que não fosse
Eu. Porque Eu Sou o atrativo, o Encanto e o Encantador que o dá.
Eu Sou o Céu. Adora, em união com todos os santos, a este Céu
que Sou Eu no Tabernáculo. Ama com eles. Canta e louva. Nunca
será demais, pois Eu Sou o Autor de tudo o quanto tens, e eu te dei
tudo o que possuo em Méritos. Tu não Os conheces. Só o pai Os
conhece. E tens de saber que, se fosse necessário, Eu recomeçaria.
Dá-Me a cada dia um louvor novo; que o teu pensamento continue
aprofundando sem cessar em Meus Tesouros escondidos e infinitos.
E que os teus descobrimentos acendam em ti um fogo
desconhecido. De forma que digas: ‘Eras Tu, meu Senhor! Como é
que eu não o tinha entendido? Porque o melhor de mim És sempre
Tu.’ E enquanto Me falares dessa maneira, eu continuarei
cumulando-te de Graças; porque tenho o Coração cheio Delas e
somente dando-As, fico aliviado. De vosso lado, é pouco o que falta
para fazê-lo transbordar. É necessário, Meus pequenos, que
conheçais o vosso poder sobre Mim; é preciso que Me conheçais
um pouco melhor. Balbucia palavras de amor para Mim: Eu as
completarei. Como o único sol, que se reflete em todos os
espelhinhos, de cuja luz ninguém pode resistir. Mas, o que seria do
espelho sem o sol?”
30 de junho. Depois da Comunhão. “Por que tu não haverias
de adquirir o hábito de fazer sempre o mais perfeito? Mas sem fazer
um voto, o que poderia te inquietar. Seria o desejo e o propósito de
fazer o que fazes, não somente bem feito, senão com a maior
perfeição que te for possível. Eu teria, com isso, uma Glória maior, e
os pecadores receberiam, também, a sua parte. Não temas. Avança
com intrepidez; estamos juntos, Eu e tu.”
1º de julho. Eu tinha a vontade de amar e adorar o Precioso
Sangue, mas estava distraída e indiferente. Ele: “Já vês que não és
senão uma pequenina de recursos bem limitados. Tens a
incapacidade de uma menina. Mas oferece-Me a tua fraqueza:
pede-Me que Eu te substitua, e não Me negarei.”
2 de julho. “Vai, vai encontrá-la no trem. Que nunca deixes
escapar uma ocasião de dar agrado aos demais, como se se
tratasse de Mim mesmo. Uma gentileza pode fazer tanto bem! Às
vezes é como o princípio de um milagre em um coração, que se
enternece por alguém ter sido bom para com ele.”
10 de julho. Eu tinha dúvidas sobre a Sua Palavra, da qual não
me sentia digna. Ele: “E por que? Não sou, por acaso, livre para
falar a quem Me interesse? Não posso escolher os Meus Apóstolos,
os Meus amigos? Eu sempre escolhi. Lê o Evangelho. A ti, chamei
desde o começo de teu caminho, para mostrar a simplicidade e a
alegria da vida interior. Caminha de acordo com o que está escrito
de ti no ‘Livro de Meus Desígnios’. Quando cada um cumpre bem a
que combinou contigo, tu ficas contente. Eu também fico assim
quando uma alma corresponde ao que Eu quero dela. Ela é livre;
mas se por amor se dobra sob o Meu Peso, encontra a sua
felicidade, e avança com rapidez por Meus Caminhos. Tudo o que
se faz por Mim, adentra em Meu Coração e desencadeia uma
torrente de Graças. Eu sei pagar. A meus servidores, pago como se
paga aos amigos, com Favores delicados. Quem é fiel, senão Eu? E
Eu o fui até a Morte. Começa a cada dia como se fosse a primeira
vez. Não te assustes, pois Eu estou contigo, e conheço as coisas.
Sei tudo. Mas gosto de que tu te acuses, que te expliques Comigo,
pois isso desenvolve a tua confiança. E, de que poderias tu falar-
Me, senão de miséria? És como o pobre à porta do rico. Se tivesses
visto a alegria de todos aqueles a quem Eu curava pelos caminhos
da Judéia! Se retiravam sempre, cantando e louvando a Deus. Tu,
canta cada dia com um coração alegre e irradia-Me com a alegria.
Satanás tem os seus agentes, que são muito ativos. Eu não devo
também ter os Meus? E, posto que Eu vivo em ti, não é muito
simples e devido que Eu viva por teu intermédio? A tua vida é a
Minha.”
16 de julho. Visita. “Mostra-te a Mim. Estende em Minha
Presença a tua pobreza e miséria, o mesmo que na Judéia o faziam
os doentes quando Eu passava: Conta-Me. Implora-Me. O
Evangelho diz: ‘E curava a todos’. Aviva a tua Fé e a tua confiança.
Apela à Minha Loucura de Amor e tem a vontade de responder a Ela
com outra loucura. Lembra-te de São Francisco de Assis, dos
santos missionários, dos santos mártires. Pareciam ridículos ao
olhar do Mundo, porque não havia nada que lhes importasse,
submersos como estavam, no Amor de seu Salvador. Não temas.
Dá passos longos em Minha direção e serás amplamente paga, pois
Eu não suporto estar em dívida contigo, mesmo que não te deva
nada. Minha pequena querida, que a recordação de Mim não te
abandone. Faz tudo por Meu Amor, sempre atento a ti. Que nada te
distraia de Mim, o teu Esposo amado. Inventa palavras novas para
Me dizer, cantos, orações, calmamente, como te venham ao
espírito. Sê a Minha pequena companheira, pois Eu Sou o teu
Companheiro. Nunca te deixei, desde que nasceste; e ainda antes
de que existisses, Eu pensava docemente em ti. Agradece ao teu
Deus, Minha pequena, e pensa em devolver-Lhe os Seus Dons.
Pede-Me e te ajudarei.”
23 de julho. “Aqui estou; estava te esperando. Quando
Comungas de manhã, Eu espero a tua Visita de Ação de Graças,
porque A mereço. Ter Comungado e não agradecer, é sinal de
coração pequeno; Eu Me dei por inteiro aos Meus filhos; quem o
quer, toma. E o que toma, toma todo o Céu, pois o Céu Sou Eu. Não
te acostumes a um favor tão grande assim; que seja sempre a ‘tua
primeira Comunhão’. Às vezes não sabes como empregar os
momentos em que estás acordada durante a noite; enche-os com
um chamado de amor pela Comunhão que irás receber na manhã
seguinte. Estende-Me os braços. Dá-Me os nomes mais doces,
ainda que estejas meio adormecida. Que as tuas entranhas
estremeçam em um impulso, em direção à Hóstia que Sou Eu,
preparada para ti desde a Última Ceia. Esta Comunhão te reserva
Graças que não eram as de ontem, e que não receberás no dia
seguinte. Seu Amor é infinito e multiplicador. Entrega-Me a
disposição em que te encontres, por mais pobre que for. Tu te
afliges de ser tão pobre; mas sei como uma pobre que, se mostrar
os seus farrapos ao Dono do Palácio, recebe em troca um gracioso
vestido. O Senhor certamente não teria lhe dado, se ela não tivesse
consentido em contar-Lhe a sua miséria. Ele está cheio de
compaixão, e só aguarda que se formule uma petição de auxílio.
Quantas vezes te fiz sentir que nisto está a Divina Delicadeza! Tu
dás um primeiro passo, e todo o resto vem como por si só, com
excesso tal, que tu logo pensas: ‘É Ele.’ Pensa sempre na presença
de Meu Amor; apoia a tua cabeça sobre o Meu Coração; com isto
Me darás alegria e tu mesma ficarás contente. ‘Se tu conhecesses o
Dom de Deus e Quem É O que te fala!’ Vem, pois, a Mim, e traz-Me
outros. Ou é que Eu não posso curar à distância? Dá-Me somente
os seus nomes. Tu sabes que alguns médicos não necessitam ver o
doente. Quando tu Me falas deles, vejo-os todos, para curá-los,
porque Sou o grande Médico. Quero também curar-te de tua pouca
Fé, dessa vida que levas, mais ao Meu lado do que dentro de Mim;
de tua visão curta sobre a Minha Presença atual. Pensa que o teu
grande Amigo não está ausente, senão somente invisível,
impalpável, mas está aí com a Sua Loucura de Amor. De Meu Amor
tomarás Amor, para oferecer-Mo logo como teu. Queres? Até a
noite. Até loguinho. Até sempre.”
28 de julho. “Eu Sou o mesmo Cristo que está no Céu. Procura
ser, agora, a mesma que serás mais tarde.”
30 de julho. Eu estava na estação esperando alguns amigos.
Disse-Lhe: Oxalá fosses Tu o que descerá do trem. Respondeu-me:
“Pensa em Mim sempre e em todo lugar. Sê a Minha pequena
lâmpada, sempre acesa. A lâmpada desta estação. A das estradas
e a dos maus caminhos. Meu louvor em todos os lugares!”
6 de agosto. Eu: Transfigura-te! Transfigura-te, Senhor, para a
minha alma. Ele: “Multiplica os teus olhares a Mim, contempla-Me
mais frequentemente e com mais amor. Ver-Me-ás sob aspectos
novos e infinitos, amando-te sempre, Minha pobre pequena. Mas,
sobretudo, crê. Habitua-te aos frequentes atos de Fé. Fé em Minha
Presença, em Minha Potência e, sobretudo, em Meu Amor, Meu
pobre, terno Amor, tão desconhecido. Procura sempre agradá-Lo;
ocasiões não te faltam, e Eu aceito sempre as vossas ninharias com
tanto agrado... Eu Sou o Pai, o Esposo, e não descuido nada, senão
que tomo tudo em Meu Coração. Que missão a tua, Minha
Gabrielle, a de cuidar de Meu Coração!”
18 de agosto. “Claro que te perdoo tudo, se tu Me confessares
com pesar e desassossego. Eu não Sou daqueles que andam à
procura das faltas, para ter ocasião de ralhar. Eu Sou o Bom, e as
crianças vêm a Mim com facilidade. Conserva o teu coração criança
e vem. Compreende melhor o Meu Amor e entrega-te toda a Ele.
Ergue-Lhe um altar e cobre-o de flores e de luzes. Diz-Me e repete-
Me: ‘Meu grande Amigo, aqui tens um sacrifício de amor, um
silêncio de amor, um sorriso de amor.’ Que tudo o quanto fizeres
seja uma festa de amor: dar-Me-ás a Glória que outros Me negam.
Só com amor se pode consolar ao Amor.” Eu: Senhor, faz-me a
Graça de viver e morrer, para agradar-Te. Ele: “Em Mim, dirige-te
sempre ao Amor. Se alguma de tuas amigas te falasse de tua
riqueza, de tua influência, de tua inteligência, ficarias satisfeita com
isso? Mas se ela te louva por teu bom coração, por tua fidelidade e
pela oportunidade de tuas ações carinhosas, não é certo que algo
bem fundo vibraria em teu coração e que te sentirias mais do que
disposta a gostar mais dela? Porque terás visto nela a tua própria
ternura. Glorifica, pois, o Meu Amor, e agradece-Lhe. Nunca
agradecerás em demasia, porque Ele é infinito. O infinito é muito
mais do que o meramente imenso, e tu não sabes até que extremos
te amará o Amor, até onde te arrebatará, porque a vida que tu tens
recebido de Mim é uma questão de Amor. E os serviços que se te
pedem também são serviços de amor. Entrega-te ao Amor e O
consolarás. Entra na arena dos fortes e dos corajosos, pois já é
tempo. Chega ao ponto onde Eu quero que fiques. Faz-Me a honra
de responder e de corresponder, de levantar-te à Voz do Esposo. Tu
és livre, e, por sê-lo, a tua alegria será grande.”
19 de agosto. “Para ajudar-te na luta contra um defeito, pensa
que Me desagrada vê-lo em tua alma. E procura dar-Me alegria em
toda circunstância, como uma esposa que cuida constantemente de
sua aparência, ou estreia um vestido novo para fazer uma surpresa
ao seu único amor. Eu Sou mais sensível que ninguém à menor
delicadeza; não temas perder o tempo, se te dedicares a agradar-
Me. O que achas se competíssemos em uma luta de delicadezas? A
luta de Jacob com o anjo. Crê que seria Eu Quem te daria as armas.
Quanto vos amo, Meus pequenos! Mas é preciso que consintais em
ser amados. Esforçai-vos por crer e deixai-vos dirigir; isto já é muito.
Há muitos que põem todo o seu esforço em desembaraçar-se de
Mim; encontram mil pretextos para atribuir à casualidade os
benefícios que lhes faço. Não seria muito mais doce agradecer-Me,
já que Sou o Amor? Porque tudo procede de Mim e dou tudo por
ternura de Amor. Vê em Mim um Deus, mas vê também um Homem.
Aproximai-vos. O que há em Mim que possa dar-vos medo? Que
temor pode inspirar um Nenezinho deitado num Presépio? Que
medo pode dar um Homem estendido e pregado numa Cruz?”
27 de agosto. Na Ilha de Mélet. Eu Lhe oferecia uma flor para
adornar a Sua Túnica. Disse-me: “Sim. Adora-Me e olha-Me em
todo lugar, porque estou em todo lugar e sinto o quão doce é que
penses em Mim... Tu nunca poderás surpreender-Me, pois sempre
estou contigo e esperando-te. Que feliz é o encontro! Quando as
pessoas se gostam, parecem-lhes intermináveis as separações;
imaginas o que poderá ser o Encontro Final? Pensa seguidamente
nisto. Prepara desde agora a tua alma para aquela alegria de
loucura, no momento do reconhecimento. Tu sabes de que maneira
Eu levei em Mim os pecados do Mundo, e sabes também como
tomar posse de Meus Méritos. Como não agradecer-Me por isso?
Tu és de Minha Vida; vens de Mim. Permanecei em Mim com toda a
tua confiança. Como serias feliz dependendo de teu melhor Amigo!
Porque Eu, o Salvador, Sou muito mais do que um amigo. Dai-Me,
pois, a tua vida, o mais precioso que tens. Ainda que a tenhas
recebido de Mim, Eu a tomo como uma grata homenagem; e tu,
Minha querida filha, a encontrarás em Mim para toda a Eternidade.
Só então compreenderás o que significa esta circulação da Vida
entre o Criador e a criatura. Mas agora, sem compreender, antes de
compreender, entrega-te a Mim, toda, e põe tudo em Minhas Mãos.
Não temas que a Minha Potência te esmague, pois te seguro sobre
o Meu Coração. Se tu soubesses como e até onde pode a Minha
Força respeitar a tua fraqueza! Eu te abri os Meus Braços antes de
que tu Me abrisses os teus. A Minha Emoção se adianta à tua; o
Meu Amor te espreita.”
30 de agosto. Depois de um aguaceiro. “Olha como todas
essas poças de água refletem o Céu. Contempla a Deus na Paz.
Não vejas nada fora Dele; porque só Ele é digno de vosso olhar. Tu
O refletirás.”
Depois da Comunhão, enquanto Ele entrava em meu coração,
eu procurava colocar aos Pés de meu Salvador o meu
entendimento, a minha memória e a minha vontade. Disse-me: “Põe
toda a tua atenção amorosa no momento presente. Tem a devoção
do momento presente durante toda a tua vida. Nada do passado.
Nada também do futuro; só o presente de amor.”
2 de setembro. Atravessando Nantes para representar em
Josué-sur-Erdre, observei, em São Nicolau, o pequeno
Comungatório. Como uma mesa para dois. Ele: “Mas o teu alimento
é o teu Hóspede em Pessoa. Agradece-Me por ter te alimentado
com tanta frequência, desde a primeira vez. Quanto Amor cara a
cara. Oferece-Me todas essas Hóstias como se fossem uma só,
pelas Minhas Intenções, pelo pecador que tu bem conheces e por
tuas intenções também. É realmente alegria que não tem fim... O
que podes fazer para agradecer-Me tantas uniões? Podes oferecer-
Me todas as Hóstias que te faltam, até a tua morte...”
10 de setembro. Igreja de Ingrandes. “Não deves regatear os
serviços devidos ao teu próximo; lembra-te de que é a Mim a Quem
serves neles, e isto te animará. A coragem é necessária para fazer-
se santos. Não percas de vista que é esta a tua meta: a santidade.
E a santidade consiste em adquirir um estado no qual pode-se
alcançar-Me e pertencer-Me, completamente e com toda a
simplicidade. Se não estivesse ao vosso alcance, Eu te pediria?
Vive santamente em Meu Amor o momento presente, pois isso é
tudo. Lança fora as preocupações, as imaginações, as
complicações. Dá-Me simplesmente a tua alma, pois Eu Sou o
Simplíssimo. Podes crer-Me se te digo que fui simples em Minha
Oração do Horto das Oliveiras, da mesma forma que quando estava
nas mãos dos homens, até a Cruz. Eu não tinha a aparência de um
Deus. De igual maneira, a tua única grandeza está no amor que
levas dentro. Pode ser que nada dele apareça exteriormente. Assim,
podes permanecer constantemente em Meu Coração e ninguém o
saberá, a não ser o Pai. A vida interior deve ter a primazia sobre a
vida exterior, e esta deve ser, em tudo, dirigida por aquela. A rainha
e a serva. O Mundo tem outro critério: a vida mediante os sentidos e
não a vida sem os sentidos. Há que encontrar-Me no Invisível.
Sobrenaturaliza tudo, os teus dias e as tuas noites. Que não sejas
mais tu quem vive em ti, senão Eu. Adora e agradece. E quando Eu
te peço que sejas simples, isto o quero especialmente em teu
relacionamento Comigo. Não creias que para entender-te necessito
de grandes palavras ou grandes gestos, superiores às palavras e ao
gestos habituais. Deus está tão perto de ti!”
17 de setembro. Le Fresne. “Para que falar-te se tu não tens
desejo de escutar-Me? O Meu Coração transborda. Oferece-Me o
desejo de derramar, sobre todos, esta onda de Amor vivo. Eu Me
ofereço a todas as almas e a cada uma; mas é preciso que alguém
Me ajude nesse encontro. Em outro tempo, disse: ‘Deixai que (as
crianças) venham a Mim.’ Agora digo: ‘Ajudai-os para que venham.’
A esses que não Me conhecem; aos que Me conhecem; aos que Me
conhecem, mas mal; aos que não querem conhecer-Me. Aguardo a
todos com ardente Amor. Diz-lhes assim, tu, que sabes disto melhor.
Com somente se deixarem tocar pelo arrependimento, já estarão
dentro de Meu Coração. “Vós não podeis adivinhar o que é o
Coração de vosso Salvador. Fazei-lhe a honra de crer que tem
todas as qualidades do Amor e da Misericórdia, todos os encantos
do Perdão, em excesso e sem retorno. Eu não volto a Me lembrar
das faltas, uma vez que as tenha perdoado. Estais todos vós
cobertos por Meu Manto branco.”
Eu: Senhor, quanta unção há em todas as tuas palavras! Ele:
“É que as Minhas Palavras vão dirigidas com imensa ternura aos
Meus Filhos. E tu as recebes de joelhos, como se Me recebesses.
Escreve-as para sempre, pois outros as receberão depois de ti. O
Bem flui e renasce com um renascimento perpétuo em Deus.
Benditos aqueles que trabalham pelo bem! Podem descansar desde
agora em Meu Coração, como filhos muito amados.”
24 de setembro. “Desprende-te mais e mais das coisas da
Terra. O momento do Encontro se aproxima. Logo nos veremos... E
o que aconteceu com as Minhas Advertências?” Eu tinha desmaiado
na igreja. “Isso não te lembra dos três chamados que se dão antes
que se levante o telão? Prepara-te com alegre cuidado à aparição
sobre o outro cenário. Exercita-te na impaciência do amor que
finalmente irá possuir o objeto de seu sonho; o mais belo sonho que
possas ter, certa de encontrá-lo superado. Eu escutarei os teus
chamados, aceitarei os teus últimos sacrifícios. Ouvirei os teus
desejos de união; como a música da abertura, na qual se resume
todo o drama; porque todos os momentos de tua vida podem ser
apresentados com renovado fervor nos últimos momentos. Nossa
primeira entrevista será realmente a Divina Comédia! Não vale a
pena que te prepares com os exercícios do mais delicado amor? Ah!
O quanto Me agrada uma alma, desde o momento em que pensa
em agradar-Me! A alma que tem a vaidadezinha de sair do corpo...
E Eu saberei olhá-la bem, com o olhar com que ela tenha desejado
ver-Me. De agora em diante, quero que as tuas Comunhões se
consagrem a pedir que Eu repare o teu passado. Eu me espraio em
tuas Comunhões, sobre cada uma de tuas faculdades, em teu
próprio sangue, e te reparo segundo o teu desejo. Continuo sendo o
Irmão que te salvou. O Meu Amor não se detém nunca e Eu nunca
venho sem atuar, Eu, que Sou o Ato Simples. Então agradece-Me o
que faço por ti, e entrega-te com imenso desejo de que nada em ti
fuja de Meu Abraço. Roga, apoiada em Meu Coração. Diz-Me:
‘Amor querido, dá-me, para que eu possa Te dar, um pecador a
cada dia.’”
30 de setembro. Igreja de Ingrandes. “Na Hóstia, o Meu
Coração palpita como palpitava quando Eu vivia sobre a Terra,
como palpita agora no Céu. Cristo não tem senão um só Coração,
porque Cristo é Um. Já vês o quão sozinho estou numa igreja vazia!
Consola-Me crendo firmemente em Minha Presença. Eu previa
estas solidões e, no entanto, instituí o Meu Sacramento. Por uma só
alma Eu o teria instituído. Uma só alma teria podido desfrutá-La...
Conversa com a Hóstia como com o teu mais doce amigo íntimo. A
Hóstia te escuta. Espraia-te; bem certa podes ficar de que és muito
amada. Descansa. Deixa a Terra, entra no Espírito, deixa-Me
arrebatar-te. Diz-Me que estás impaciente por alcançar-Me; oferece-
Me a tua fidelidade. Tu Me pertences: como poderias ainda ser tua?
Não te sentes feliz por pertencer-Me? Dá-te. Dá-te sempre mais e
com mais frequência. Estende os teus impulsos. E dá-te a Mim,
dando-te aos teus irmãos.” Eu estava distraída e disse-Lhe: Já vês,
Jesus Meu, como meu pensamento escapa para todos os lugares.
Respondeu-me: “Se é assim, diz-Me e humilha-te. Estás segura
sobre o Meu Coração. Se se soubesse quanta é a força da
humildade! Lembra-te de que no Inferno há virgens, mas não almas
humildes.” E, como eu me desculpava de ter que dizer-Lhe sempre
as mesmas coisas, disse-me: “Isso não importa, se o que se
desculpa é o amor.”
8 de outubro. Igreja de Le Fresne. Eu dizia: Aqui estamos Tu e
eu, como se tivésse-mo-nos trancado à chave. Ele: “Invoca a Minha
Santa Mãe durante todo este mês do Rosário, dando-Lhe o nome de
Nossa Senhora do Amor. E diz-Lhe: ‘Nossa Senhora do Amor, dá-
me o Amor.’ O que é que podes conseguir tu sozinha, quando se
busca percorrer o caminho onde estás? Faz-te levar por braços
mais potentes, como quando eras menina. Não te envergonhes de
ser pequena e imperfeita; diminui-te ainda mais e Eu te amarei mais.
Não percas de vista o caminho da infância espiritual, e alarga a tua
confiança. Não crês que Eu Sou digno de que a tenhas em Mim?
Não ponhas limites, amiga Minha, em teus sentimentos para
Comigo, pois Eu não ponho limites em Meus Sentimentos para
contigo. Avança pouco a pouco, com o coração cheio de fogo, ao
momento da morte. E dá a esta morte um nome mais doce. Chama-
a de ‘o Encontro’! E com isso Me estenderás desde agora os
braços, apesar de que ainda não Me vejas claramente, nas
penumbras do tempo. Estende-Me os braços. Que o teu coração
esteja cheio de desejos encantadores e de amorosas impaciências
que Eu guardarei no Meu.” Eu: Senhor, a minha maneira de falar-Te
é muito deficiente. Faz, então, com que as palavrinhas que Te digo,
algum de Teus anjos as ponha em poesia. Ele: “Apenas por escutá-
las, as torno sublimes.”
17 de outubro. Eu Lhe falava dos sentimentos que gostaria de
ter no momento da minha morte. “Diz-Mos desde agora e Eu os
tomarei como Me dizes. Nada se esquece, nada se perde.”
20 de outubro. Igreja de Ingrandes. “Quando estou em tua
casa, estou na Minha. Arruma, então, bem, a tua casa para nós
dois. Tem a impressão de que nunca Me deixas. A tua atitude e o
teu comportamento melhorarão com isto. Com somente dizer-te a ti
mesma: ‘Jesus está aqui’, ficas imóvel, na escuta. Faz isto com
amor, não com temor; pois já sabes que um dos nomes que se dão
ao teu Jesus é o de Cordeiro, pobre Cordeiro de Deus. Não amas,
por acaso, este nome que Eu Me dou? Recorda-te a doçura do Meu
Coração, que é doce e humilde. E como tu deves parecer-te a Mim
diante do olhar do Pai, põe-te ao exercício destas duas virtudes.
Recorda que deves sempre subir, e que não se sobe sem sacrifício.
Já sabes que Eu ajudo sempre aos que contam Comigo e não se
apóiam em si mesmos. Nunca faças nada sozinha; trabalha Comigo,
que Sou o teu Esposo, teu Amigo, teu Irmão. Minha Gabrielle! Não
percas um só minuto de amor e encontrarás a Eternidade. Louva e
Glorifica a Deus. Une-te a esses grandes artistas que são os anjos e
os santos, que eternamente Me cantam em coro. Que a tua voz se
funda com a deles. Eu saberei encontrá-la, porque diante de Mim,
tudo fica firme e preciso, como um monumento, ainda quando tu o
tiveres esquecido. Tu recordas de vez em quando a tua vida; mas
Eu a conheço minuto a minuto pois, para Mim, tudo é presente. Sê
atenta em reparar tudo aquilo com o qual alguma vez pudeste
ofender-Me, e para isto, ama! Sempre e sem interrupção. Como a
tua respiração, que nunca se detém. Que a tua vida interior tenha
sempre essas pulsações regulares de amor. Eu saberei
correspondê-las!”
22 de outubro. Igreja de Ingrandes. Senhor, estou assustada.
Ele: “Como pode alguém assustar-se diante de seu Pai e Esposo?
Não há por acaso entre nós perfeita correspondência? Conheço-te
inteira; como podes sentir-te intimidada? Deixa-Me atuar em ti; e
com o coração cheio de amor, diz-Me: ‘Meu Deus, toma tudo.’ Assim
estará bem, pois o fato de que tudo seja Meu é o normal, e mais
tarde o verás. Eu peço tudo porque mereço tudo. A tua desgraça
estaria em guardar algo para ti, tanto no material quanto no
espiritual. Tudo procede de Mim. Pensa nisso, filha Minha. Devolve-
me o que te dei, acrescentando a graça de teu sorriso interior. Nesta
mesma manhã, vistes como um sacrifício que se faz com alegria, já
não é um sacrifício. O que realmente custa é o que não se quer dar.
Aquilo que se recusa, vai se arrastando. Toma, pois, a tua cruz
sobre os ombros e: ‘Em marcha!’ perto de Mim, sempre perto de
Mim. Cada pensamento que Me busca é como um olhar direto em
Meus Olhos. Põe nisso um carinho confiado, pois Eu também tenho
confiança em ti, que, no entanto, és bem pouca coisa. Então, bem
podes vós ter confiança em Mim, porque Sou o Infinito, o Todo-
poderoso. Pensa que posso dar-vos tudo, mas gosto que Mo peçais.
Gosto de sentir as pulsações de vossos corações, porque vós todos
sois Meus pequeninos muito amados.” Então pensei em minhas
amizades que tive na Terra, tão curtas todas elas. Disse-me: “Eu
Sou para sempre. Vós Me abandonais, mas Eu não vos abandono.
Aguardo-vos nas encruzilhadas, como aos discípulos de Emaús. E
com frequência fico só, porque os que Eu aguardava tomaram outro
caminho. Mas o Meu Olhar não Se afasta deles, esperando que, ao
menos no momento da morte, estendam-Me humildemente os
braços. Qual não será então a sua felicidade e a sua paz, se
dormirem sobre o Meu Coração. Às vezes a sua má vida é
completamente apagada, pois custaram o Meu Sangue. E tu, roga
por essas conversões. Alegrar-Me-ás tanto!”
29 de outubro. “Não estás contente de ter dividido o teu dia em
três tempos? De manhã, estás com o Pai; ao meio-dia, pedes que te
dê o Seu Filho, e à tarde e à noite, o Filho te dá o Espírito Santo.
Dia feliz! Percebes o que é esta Graça, tripla e una? Saboreia como
puderes o repouso que te oferece, a cada dia, cada Pessoa da
Trindade infinitamente Santa. E enquanto Ela te cumular, oferece-te
inteira. Não apareças mais diante de ti mesma; a Trindade atuará
em ti. Tu tens como próprio somente faltas e meras aproximações
ao Bem. Todo o bem que há em ti é a Infinita Pessoa que te habita e
te move. Lembras-te de alguns dos pecados de tua vida passada,
mas não os vês todos. Nós sim, é que os vemos todos de uma só
vez e apesar disto, habitamos em ti e te amamos infinitamente.
Humilha-te. Agradece à Misericórdia e ama-nos com o Nosso Amor:
o teu é tão curto! Mas o que é de Jesus, te pertence. Que tesouro!
És rica para dar honra a Deus. Não queres que Deus tenha as Suas
Delícias em teu coração? Reveste-te de Jesus, sem desconfiança.
Crê com todo o teu coração e com toda a simplicidade; é assim
como Nós amamos o coração de Nossas Criaturas. Oh! Pequena
filha da Santíssima Trindade, marcha sempre em frente, não com as
tuas forças, mas com as Nossas. Sempre além. Sobe mais que
ontem, inclina-te em direção à Fonte. Glorifica a Glória. Penetra em
todos esses Segredos que Nós ardemos por revelar. Se aproxima o
Fim dos Tempos. Necessitamos de santidades novas, pois é preciso
que tudo se cumpra. É preciso que não se possa dizer: ‘Os séculos
passaram sem que Deus tenha sido louvado deste modo ou daquele
outro. Deus terá sido servido de todas as maneiras possíveis, tão
diferentes umas das outras, mas que formam um todo, assim como
mil flores variadas formam uma coroa. Segue, pois, o teu caminho,
mas sem surpreender-te dele. Respira o Amor nele. E pergunta às
criaturas: ‘Tendes vós encontrado o meu Bem Amado? Dizei-me
onde o tens visto.’, como está escrito no Cantar dos Cantares. E
Magdalena: ‘Dizei-me aonde o colocastes e eu irei a Ele.’ De igual
maneira, amiga Minha, busca-Me em toda a ação e em todo o
tempo, e leva-Me ao fundo de ti mesma. Os dias se tornam curtos...
Não devemos mais separarmo-nos, pois é dulcíssimo para dois
irmãos habitarem juntos. E a dois esposos? Oh, Minha pequena!”
Todos os Santos. Le Fresne. Eu havia colocado um ramalhete
de rosas sobre o Crucifixo que está em meu sepulcro. Disse-me:
“Eu as devolverei a ti mais tarde.”
12 de novembro. “Compreende bem, filha Minha, que se Eu já
não estou sobre a Terra, deixei-te o teu próximo; e que os teus
desejos de amar-Me, de servir-Me e de consolar-Me, podem ter a
sua realização no próximo. Nele podes atender-Me como antes Me
atenderam Martha e Maria. Que sorridente serias para com todos,
se realmente visses em todos ao teu Jesus! Pensa nisso, e não
economizes as tuas amabilidades, pois serei sempre Eu Quem as
receberá. Tenho muitas maneiras de responder aos que buscam
agradar-Me. Não deves estranhar as tuas lentidões em chegar a
Mim; mas tens de pedir incessantemente a ajuda do Alto, que é
onde está a ocupação de tua alma. Não prives o Céu destes voos
do coração. Porque o Fim se aproxima, e tens necessidade de
contatos mais cálidos e frequentes com o Mais Além; assim como
quando se faz uma viagem precisa e definitiva, se tem prazer em
viver por adiantamento o que está nos aguardando nos novos
horizontes. Diz a teu Esposo: ‘Já é tempo de que nos vejamos!
Quando me mostrarás a doçura de Teu Rosto? Já caminhei
bastante no deserto! Por que ainda não posso deixar esta Terra
árida e fria, para cair entre os Teus Braços? Acende os meus
desejos! Apressa os meus passos; porque já não posso estar em
nenhum lugar. Faz com que a minha alma se escape da rede de
meu corpo, e que esse sopro que Tu me deste se perca em Teu
Ser!’ Se Me falares, aí escutarei a tua voz, pois Eu mesmo estou
preparando o Encontro. Tu dirás: ‘Onde está o meu Amado?’
Porque ainda não terás Me visto, ainda que sempre estou contigo, já
que estou em todos os lugares. Filha Minha, sê sempre atenta no
silêncio. Oferece-te ao Pai envolta em Meus Méritos. Implora o
Amor do Espírito Santo e abandona-te sem olhar para trás, como Eu
no Gólgota.”
19 de novembro. “Dirige-te com frequência à Minha
Sensibilidade. Muitos Me consideram indiferente e longínquo, mas
Sou sensível. Estou mais perto de ti do que tu mesma. Tudo o que
Me dizes com carinho me agrada muito, e faz as Delícias de Meu
Coração. Crê nisto e virás a Mim com maior frequência, ainda que
não Me vires. Mas crendo com esta Fé segura, entesouras Méritos
para ti mesma e para os demais. É tão fácil dirigir-se a Mim como ao
Único! Um olhar, um sorriso interior, são muito para Mim e isto é
para ti extremamente simples. Dá. Eu aceito tomar o papel de um
Mendigo que aguarda, e a Quem tu amas. Mais tarde serei Eu o
que dará; tu voltarás a encontrar os teus dons nos Meus. Que
intercâmbios entre nós!”
26 de novembro. Igreja de Ingrandes. “Quando entrares na
igreja, que é a Minha casa, deixa na porta todas as tuas
preocupações. Estás na Casa de teu Amigo, onde nada pode
alcançar-te. Pensa em Mim, em amar-Me e consolar-Me; diz-Me o
que te pareça mais agradável e digno de que Eu o ouça. Diz-Me
toda a tua alma, Eu te escuto. Nada há de tão secreto como nossos
corações; nem mesmo os anjos sabem o que neles se passa. E Eu
Sou o mais discreto. Transborda na alegria do amor. Ninguém
saberá as palavras que Me dizes. Este silêncio é como o veludo do
cofrinho que guarda o tesouro. Atravessa os limites de tua
linguagem habitual; as tuas palavras mais cálidas serão como flores
novas, sobre as quais descansarei no segredo de teu ser. Pequena
criatura, tão amada! Dá-Me o que espero de ti. Permanece em Meu
Coração. É tão fácil agradar-Me! Eu Sou como um Juiz pequeno,
amarrado pelo Amor.”
3 de dezembro. Fresne. Eu saudava a Jesus na Hóstia. “Eu já
era Hóstia desde o Horto das Oliveiras. Diz-Me: ‘Meu pobre Amor,
estou perto de Ti, e Te tomarei em meu coração. Nos ofereceremos
a Deus Pai.’ Eu: Amor, estou perto de Ti. Ele: “E Eu te tomarei em
Meu Coração; nos ofereceremos juntos ao Pai. Eu tenho muita
necessidade de ti no Horto das Oliveiras, onde estive tão só e tão
desamparado. Filha Minha, roga em Meu Coração pelos pecadores,
sabendo que salvarás a alguns, devido à infinidade de Meus
Méritos. E te sentirás feliz por ter-Me ajudado. Para dois esposos, o
trabalhar em companhia é sempre uma nova ocasião de declarar o
seu amor. Às vezes a esposa não faz senão contemplar ao seu
Esposo que trabalha; mas Ele encontra tanto prazer na atenção
amorosa de sua esposa, que facilmente lhe atribui a metade do que
trabalhou. Um esposo da Terra sabe amar como eu? Quem pode
amar sem ter sofrido? E quem sofreu como Eu? Filha: que nenhum
de teus sofrimentos nos escape das mãos.”
16 de dezembro. Igreja de Le Fresne. “Não te inquietes. Essas
coisas nas quais tu não podes fazer nada, não são de tua
incumbência, senão da Minha. Encomenda-Me as coisas, e isso é
tudo. É preciso que não te faltem oportunidades de exercitar a
confiança, e vós não sabeis o quanto aprecio a confiança infantil de
Meus filhos. Esses são os momentos em que podeis mostrar que
sois pequenos, e dão-Me a oportunidade de cuidar de vós, como o
Esposo cuida da mulher que ama; essa mulher que é um ser fraco e
necessitado de amor e de apoio. Nada do que te acontece é em
vão. Não estais no erro, senão somente em uma noite de
penumbras, em que a Fé vai, como que sem visão. Assim Eu o quis.
Lança-te em Meus Braços. Faz contínuas afirmações de Fé, de
Esperança e de Amor e abandona-te a Mim. A pequena Hóstia que
está no Tabernáculo pode conter tudo... O Menino Jesus do Natal
compreende tudo. E se aproxima. Guarda para Ele um impulso de
alegria, e com isto Lhe agradecerás. Entre o teu coração e o Meu há
um vínculo feito para unir-nos, para fundir-nos. Que maravilha a
fusão dos corações! Mas isto depende de ti. Queres isso? Eu, de
Minha parte, estou disposto desde há muito tempo... pelo menos
acreditas em Mim?”
16 de dezembro. “Olha-Me nos acontecimentos. Eu sou o
Diretor, e pensando isso, amarás tudo o que há sob a Minha
Direção. Estenderás os teus braços para Mim em cada coisa que
aconteça em tua vida. Por outro lado, nos aproximamos da hora do
Encontro. Estendamos já os braços, de margem a margem. Margem
do tempo, margem da Eternidade. Diz-Me que queres passar de
uma margem a outra, com o coração pulando de alegria e de
desejo, como os carneirinhos no prado. Diz-Me que queres passar
os teus dias nos preparativos dessa chamada, como ensaios de
amor para o teu Dono, o teu Grande, o teu Amado.”
31 de dezembro. Na igreja. “Considera e deplora aos Meus
Pés todos os pecados, fraca! Vês o pouco que és? Conta, pois, com
o teu grande Amigo e Sê feliz por Sua Força, pois já sabes que Ele
te fortalecerá, se tu Lhe pedires. Sê confiada, como Eu quando era
Menino. Quanto Nós amamos a tua confiança! O Mérito que há nela
não se pode mais ter, nem no Céu nem no Purgatório. É uma alegria
da Terra. Dá-Nos-la, pois! Não estás disposta a dar-Nos esse
agrado? Acordas no Pai e adormeces no Espírito Santo. Escuta
bem o que Ele te disser antes de dormir. Que não haja nenhuma
distração com as coisas externas. Abandona-te toda a esta feliz
união, e põe nela a tua última confiança, como se morresses a cada
dia. Quantos bons ensaios poderias fazer para o momento da morte,
nosso Encontro! Prepara a tua alegria, pois Sou Eu o que vai
chegando; que o teu coração pulse rápido. Eu recolherei essas
pulsações: é a Minha pequena esposa que se aproxima de Mim. E
serei Eu O que cante o cântico que os teus lábios já não poderão
dizer. Considera também as Graças que recebeste durante este
ano, e agradece à Misericórdia, que busca sempre os mais pobres.
Tira disso uma grande humildade e mantém-te apertada junto a
Mim.”
1943

1º de janeiro. “Lema: Em Nossos Corações. Tu estarás no Meu


e Eu no teu.”
1º de janeiro. À tarde, em meu aposento. “O lema para este
ano? Em Nossos Corações! Tu estarás no Meu e Eu no teu.”
3 de janeiro. Paris. Em Santa Teresa d’Auteuil. “Não é verdade
que sobrou-lhe razão para confiar-Me a infância de sua alma? Por
isso Eu a estabeleci nas maiores coisas. Tu, confia-Me a tua
pequenez. Perde-te em Minha Força.”
7 de janeiro. Na igreja de Ingrandes. “Adora-Me em união com
os Santos Reis. Com todo o teu amor. Como essas pessoas do
Mundo, que frequentemente dizem umas às outras: ‘Adoro-te.’ Mas
tu adoras a Deus, que é o teu Fim e o teu Único. Então põe nisso
toda a tua alma e, como és nada, entrega-te ao que é Tudo. Porque
a humildade te engrandece quando te abaixas em Minha Presença.
Eu te envolvo por todos os lados e nada há em ti que Eu não
perceba, nem que esteja fora de Meus Cuidados. Quantas vezes
não ficaste atônita de que tantas coisas que saíam mal, tenham tido
um bom final? É porque Eu estou na pequena filha que se confiou a
Mim. Cumpre bem as tuas regras, que é o preço com que compras
as Minhas Graças, e esforça-te frequentemente por parecer menor
do que os outros; é um exercício salutar. Não desperdices as
ocasiões de exercitar a humildade, porque a tarde já está avançada;
deves apressar-te antes que anoiteça. Mas fica sempre em Meu
Coração; lá se trabalha muito melhor.”
Ao acordar. “Já sabes que diante de Deus, tudo é presente: a
Minha Vida sobre a Terra, a Minha Paixão, os Meus Sacrifícios. Tem
ânimo para os sacrifícios que tenhas que fazer e une-os aos Meus;
porque assim estarão sempre presentes ao Olhar de Deus.”
14 de janeiro. “Sim. Para obter as conversões são mais
necessárias as palavras que os milagres. Mas é totalmente
necessário que o homem, em seu coração, reconheça que é nada.
Pede-Me, para os pecadores, esta condição indispensável, que é a
boa disposição para humilhar-se. O que tu podes fazer de melhor,
nos dias que te restam de vida sobre a Terra, é ajudar-Me a
converter os pecadores! Há tantos! Pensar neles foi a Minha Dor
maior em Getsêmani.”
14 de janeiro. “Ajuda-Me a salvar pecadores. Há tantos... Esta
foi a Minha Dor maior em Getsêmani. Eu via todos ao mesmo tempo
e tomava (Oh, vergonha!) sobre Mim todos os seus pecados. Assim
agonizei por eles, morri por eles. Quanta sede tenho! E quero que o
saibam. Que Eu Sou todo Perdão, que lhes peço que sejam, por
sua vez, perdão e misericórdia para com os seus irmãos. Que a sua
vida seja, daqui em diante, devoção e penitência, e nisso
encontrarão mais alegria, do que o prazer que encontravam em
seus deslizes. Se soubessem o que é viver em Meu Amor! Tu já o
sabes, não? O que pode te afetar, já que estás em Meu Coração?
Permanece Nele sempre. Em que outro lugar poderias estar
melhor? Eu Sou como o pai que tem o seu filho amarrado, por temor
de que fuja atrás de uma bagatela. Eu tenho sempre as Minhas
Delícias nos filhos dos homens, e tu podes dizer-Me as tuas
pequenas coisas em nossa solidão a dois. Podes olhar-Me mais
frequentemente, se estás de verdade segura de Minha Presença.
Com o teu olhar, terei também o teu sorriso.”
21 de janeiro. Na igreja. “Vives realmente para Mim? Eu estou
realmente no princípio e no fim de todos os teus pensamentos? Ou
fazes algumas reservas de interesse pessoal? Filha! Que interesse
maior poderias ter, do que o de viver toda para Mim? Dá-Me tudo e
encontrarás tudo e ainda mais. Eu nunca guardei nada para Mim
mesmo, e a esposa deve imitar ao seu Esposo, unindo o seu pobre
amor ao riquíssimo Amor Dele. Envolve-te em Mim, e estreita, em
toda ocasião, os laços que nos unem. Eu nunca te deixo, mas... tu?
Estás tão perto como é possível de teu único Amigo? Num canto, é
preciso que todas as vozes soem em harmonia, e se tu assim o
quiseres, a tua vida inteira será um cântico. É fácil, já que Eu Sou o
Ideal. Quem poderia te constranger a permanecer na materialidade
da Terra? Podes escapar, se quiseres. Poderás escolher, dentre os
teus pensamentos, aqueles que contêm um desejo, um transporte
em direção Àquele que morreu por ti com uma Morte atroz! Não
vivas senão para Mim. E quando tiveres que morrer, morre alegre, já
que será por Mim, para agradecer-Me a Minha Morte e ajudar o
advento de Meu Reino. Tu não tens ideia de tudo o que podes
alcançar quando te unes a Mim. Não temas nem sequer a morte,
sobretudo a morte! Porque é o momento da última confiança, a
reparação geral de toda a vida; é a porta que se abre, e Eu estou
atrás dela. Que este pensamento faça nascer em ti a impaciência de
ver-Me. Como Me será grato! Sou tão sensível aos movimentos de
teu coração! É preciso crer no Amor. Alguma vez te enganei? Não
Me encontraste sempre Maior? E Me conheces tão pouco... O que
não será a visão cara a Cara! Busca-Me; no Evangelho, na
Natureza. Se Me escondo de ti, busca-Me mais ainda; bem sabes
que tudo isto acabará com um Encontro... Filha Minha querida!”
Na igreja. “Aproxima-te de Mim. Buscaste-Me no Evangelho,
seguiste-Me na Minha Vida sobre a Terra; busca-Me ainda mais.
Esta preocupação por Mim, quando a tens, Me enche de alegria.
Lembras-te daquela esposa que, ao chegar em casa, chamava ao
seu marido de uma forma tal, como se não pudesse suportar não
vê-lo? Sê assim, busca ao teu grande Amigo. Desaparece em Mim,
e Eu te guardarei eternamente em Meu Seio. Quem poderia
suspeitar de nossa Intimidade? Tu tens duas vidas, tão livre uma
como a outra : a tua vida interior e a tua vida exterior. Mal se
conhece esta última, mas nada se sabe da primeira. E é
precisamente ela a que conta, Minha querida filha, esse olhar direto
ao teu Salvador. Esta vida é a rainha, a outra é a escrava. E quando
já se aproxima a morte, a tua vida exterior se aniquila pouco a
pouco, enquanto que a outra vai se intensificando, conforme se
aproxima mais e mais de sua finalidade. Filha, põe em Minhas Mãos
a tua vida interior, para que Eu a vivifique. Roga a Minha Mãe e aos
santos invisíveis para que venham em teu auxílio. Nunca poderias
cuidar demais de teus movimentos em direção a Mim. Quão poucos
são os que vivem como em família com as Três Divinas Pessoas! E
no entanto, Eu Sou a tua Vida e o teu Caminho. Vivendo em Mim,
vives nas Três Pessoas. Sê, pois, sincera e terna, com toda a
simplicidade. Elas te amam tanto! Como poderias ter medo de amá-
Las? Reduz, pois, os teus desejos ao desejo único de viver e morrer
em um único amor às Três Divinas Pessoas, ainda que fosse
somente para agradecer-Lhes o Seu Amor. Tens muitos outros
motivos para isso, mas faz com que a tua atual solidão seja um viver
com as ‘tuas Três,’ amorosamente e sem esforços. Lembras-te? À
tarde, eu escapava das multidões e retirava-Me a lugares solitários
para orar. A Minha Alma ia diretamente ao Pai em um grande
descanso dos trabalhos do dia. Imita, pois, ao teu Esposo; aprende
a repousar felizmente em Deus. Isso já é um louvor à Sua Glória,
pois há tantos que veem a Deus como um mal-humorado. O que tu
pensas disso?”
27 de janeiro. Passada a Comunhão, eu dizia: João batizava
porque ele era o Batista. E Tu, Senhor, curavas porque Eras o
Salvador. Mas eu, o que sou? Pelo que me distingo? Respondeu-
me: “O teu sinal distintivo há de ser a amabilidade para com todos,
para dar testemunho de Minha Bondade.”
30 de janeiro. Em meu aposento. “Por que tens o hábito de
oferecer-Me somente as tuas aflições? Não crês que o oferecimento
de tuas alegrias dá-Me a mesma complacência? Contanto que o
amor seja o mesmo!”
4 de fevereiro. “Deve haver um encanto em tua voz e em tudo
o que fizeres, já que vives para Mim.” Eu: Eu bem que gostaria de
estar certa disso, Senhor. Ele: “Repete-Me com frequência, para
que, diante de ti mesma, não possa haver nenhum equívoco. E isso
Me agradará. Para que ou para quem mais, tu poderias viver? Tudo
passa, somente Eu fico. Assim como somente Eu tenho
necessidade de tua vida. Sim, o Meu Amor desce até isso; tem
necessidade de Suas criaturas em ‘Uma Intimidade de Amor’… E
por acaso não Sou Eu ‘Um entre vós’? Não me chamei a Mim
mesmo ‘o Filho do Homem’? Tenho necessidade da ternura de
Meus irmãos. Fui mendigar a ternura de Pedro, Tiago e João
durante a Minha Agonia. E o quanto é o que dou às almas que, sob
a influência de Minha Graça, Me dizem o seu amor! Mas muito mais
é o que dou às que vêm a Mim sem prévio convite, e que sentem
não poder viver sem a Minha Companhia. Sê uma delas, filha. Põe-
Me como diante de teus olhos e verás tudo, e verás a todos, como
através de Mim... Então haverá festa em Meu Coração, porque o
teu não poderá mais se afastar do Meu. Este foi o lema para este
ano. Lembras-te? Em Nossos Corações. Eu em ti e tu em Mim.
Pensa com frequência: ‘Só Ele tem necessidade de minha vida, seja
o que for que os outros possam precisar de Mim. Porque não há
outro, fora de Mim, que tenha esse desejo com a mesma
intensidade. É o Desejo de um Deus. Como tu poderias imaginar a
Sua Força? Toma a dianteira, e Ele te cumulará.”
11 de fevereiro. Na igreja de Fresne. “Não creias que a
amabilidade com que deves dar testemunho e louvor à Bondade, se
refere somente ao próximo; também deve havê-la em todo o
relacionamento que tiveres com Deus. Chama-se a Deus - e o É - o
Infinitamente Amável. Sê tu também amável com Ele, e o
intercâmbio será dulcíssimo. Só mais tarde poderás entender o
quão bem recebidas foram as tuas amabilidades. Acostuma-te a
caminhar, como os cegos, na escuridão. Tem confiança em que a
Minha Mão é a que te guia. A maior ofensa que poderias fazer-Me
seria a de duvidar de Mim. Filha Minha, tão pequena e tão fraca,
pensa com frequência: ‘O que seria de mim sem o Meu Grande
Amor? Ele É Tudo e eu não sou nada!’ Humilha-te por teus
desânimos. Pensa que Eu expiei por eles quando desfaleci, Eu
mesmo, no terrível caminho do Calvário; e que isto te dê ânimo para
o amor. Não temos dito tantas vezes que o amor é o único que
conta? E não existe senão uma só desgraça: a de não amar a Deus.
Fomenta o desejo de ser útil à causa de Deus, na medida de tuas
poucas forças. Desaparece de ti mesma. Deseja não lembrar-te
nunca de ti mesma, senão para deplorar as tuas infidelidades; e faz
frequentes atos de Fé na Presença de Deus, nA qual estás sempre.
Isto te tornará mais fácil amá-Lo e falar-Lhe com intimidade. Lança-
te em Meus Braços, pois aqui estou contigo. E que seja com alegria,
pois a tua alegria é o ornamento de teu amor.”
13 de fevereiro. Depois da Comunhão. “O que não podes obter
de ti mesma: reter as tuas palavras vivas, e lembrar-te da Presença
de Deus, ser-te-ão mais fáceis se acudires à Minha Mãe em busca
de ajuda. Pede-Lhe. A Ela confiei a Magdalena e as outras santas
mulheres. Faz o mesmo que elas: não A abandones.”
17 de fevereiro. “Proibiram-te as viagens e recomendaram-te
que descanses. Oferece-Me isto como uma primeira preparação
para a morte. Desaparece do cenário da Terra para entrar em Meu
Seio Eterno. Começa desde agora o teu segundo nascimento, que é
o verdadeiro; a uma vida que jamais conhecerá a morte. Põe nisto
todo o amor de que fores capaz; Eu porei o que faltar.”
18 de fevereiro. Igreja de Le Fresne. “Estava te aguardando.
Põe-te silenciosamente aos Meus Pés. Eu: Sim, meu Senhor; mas o
peso de tuas Graças me assusta um pouco... Como posso
corresponder dignamente? Ele: “Quem pode espantar-se da
Bondade de um Salvador que, para salvar os Seus, morre na
infâmia? Nada há em ti que possa responder às Minhas Graças,
fora da totalidade de teus afetos. O teu coração pode ser muito
pouca coisa: mas Eu o quero todo. Algumas vezes te disse que
tenho necessidade de tua vida; mas agora te digo que necessito de
teu coração. Parece-te estranho que, sendo Deus, possa dizer-te
algo assim? Pois assim o é. Como explicar-te o que é um Desejo de
um Deus? Como explicar-te o que é a Loucura da Cruz? A Loucura
da Hóstia? Lembra que Deus é Amor; mas às vezes Se vê como
que obrigado a conter-Se no Amor, devido à pobreza de vossos
juízos. Lembra-te também que quando disse: ‘Vos darei para comer
a Minha própria Carne’, muitos se afastaram de Mim. Eu escolho
palavras que tu podes entender. Necessito que Me dês o teu
coração, um coração pobre.”
18 de fevereiro. Ao entrar na igreja. “Estava te esperando.
Põe-te silenciosamente aos Meus Pés. Silenciosamente: que toda a
lembrança das coisas do Mundo se apague. Quero-te toda para
Mim. Tu também o queres? Eu não tomo nada à força; sempre
espero que Me deem. Lembras-te daquele pobre louco que ia todo
os dias por um caminho em busca de sua filha, morta há anos? Eu
sempre espero os Meus filhos. Alguns estão mortos, desde há
tempos, à vida da Graça. Roga para que finalmente Me dêem a
alegria de crer em Minha Ternura misericordiosa. Outros vivem da
Vida do Pai, mas estão distraídos pelas preocupações da vida e
pelo cuidado de ganhar dinheiro. Os Meus mais íntimos, os que
melhor Me compreenderam, aqueles a quem o zelo de Minha Casa
devora, os que desejam ser para Mim mais queridos, como João,
Lázaro ou Magdalena, esses são os que bebem na fonte de uma
água que jamais se esgota. Por acaso as Minhas Palavras não são
algo sempre novo em teu ouvido? Não tiras Delas uma força que te
surpreende?”
Quinta-feira Santa. “A festa do Meu Coração foi a Instituição
deste Sacramento, rodeado por Meus Apóstolos, em direção aos
quais Eu Me inclinava de uma maneira indescritível. Eu entrava
neles, na intimidade de cada um; muitos responderam com lágrimas
à suavidade com que sentiram que Eu estava dentro de suas almas.
Mas houve um ponto de crueldade naquela felicidade: a presença
de Judas, com a sua vontade de traição, foi uma facada em um
Coração que o tinha amado muito. O que tu sentirias se uma amiga
escolhida te vendesse a preço baixo a teus inimigos; e isto,
pretendendo ocultá-lo com exterioridades de adulação? Judas! Se
querias trinta denários, por que não os pedistes à Minha Mãe? Ela
teria se dado inteira para evitar-Me a morte… Eu sofri indizivelmente
quando o via vir ao Jardim de Getsêmani... e não rechacei o seu
beijo em Minha Bochecha…” Eu: Senhor, poderia dar-Te algum
consolo se te convido a ficar um pouco em meus lindos jardins? Ele:
“Tu és a alma do jardim, e as flores que Eu corto são os
pensamentos de tua alma. Por isso, quando sinto o teu zelo pelos
pecadores, esqueço de Minhas Angústias no Horto das Oliveiras. Se
Me dás um coração de amor, esqueço-Me do ódio e da avareza de
Judas. Tudo isso o esqueço quando vejo que tu tomas, em teu
coração compassivo, a Minha Miséria de verme, as fealdades de
Minha Lepra, a desonra de minha Flagelação, a vergonha de ver-Me
Condenado à Morte, as Angústias atrozes da Crucificação...Tudo
isso sai da Minha Memória e Me dou a ti porque Me chamas. Ensaia
nesta Quinta-feira Santa uma linguagem forte e nova, que Me diga o
teu amor agradecido. Quantas vezes Me recebeste na Comunhão! E
o mais feliz dos dois, tenho sido sempre Eu. A tua existência corre
sob a proteção de Meus Olhos, que te seguem. Comporta-te como
um membro agregado de uma embaixada, que tivesse que ir aos
outros, para falar-lhes em Meu Nome.”
25 de fevereiro. Na igreja de Fresne. Eu tinha estado a ponto
de falar de uma maneira ridícula. Disse-me: “Já vês a diferença
entre um movimento da Natureza e um movimento da Graça, que
modifica a Natureza! Implora a Graça. Aprende a reter a tua
precipitação instintiva. Este será o sinal de tua submissão amorosa,
como uma menina pequena, que antes de fazer algo, olha para a
sua mãe para ver se o aprova. E também será uma prova de que
Me amas, mais do que a ti mesma. Multiplica estas provas e te será
muito doce; a tua ternura inventará formas de encontrá-las, e a tua
vida toda ficará robustecida. E chegarás ao ponto em que o muito
que te custa, já não te custará, pela alegria de oferecer-Mo. Que
não decaia o Impulso de teu amor. A maior fogueira que acendesses
acabaria por extinguir-se se tu, distraída com outras coisas, não te
lembrasses de alimentá-la. Joga combustível, com frequência, ao
teu amor: sacrifícios, admirações alegres, olhares contemplativos,
suspiros por Mim, lamentação pelo passado, desejos ardentes de
Meu Reino; e chama-Me com frequência, porque senão não poderei
vir a ti. Mas Eu Sou como um pobre que suspira, como um tímido
cheio de delicadeza: fico sempre diante da porta. As pessoas que
há lá dentro estarão pensando em Mim? Esses corações que Eu
salvei pensam em Mim? Muitos Me deixam na porta sem convidar-
Me a entrar, por longos anos. Mas se uma voz humilde Me diz:
‘Senhor, fica comigo’, crê que entro nessa alma com todos os
auxílios de que necessita, e com desejos de agradecer-lhe por ter-
Me permitido que a ajudasse. Deveis aprender a contar Comigo e a
não apoiar-vos em vós mesmos. Se Pedro negou-Me três vezes, foi
porque se gabava de si mesmo. Pede-me sempre auxílio, Minha
pequena, pois já sabes bem que tu és nada e Eu Sou o Tudo.
Quando chegarás a ter uma confiança realmente absoluta em teu
Deus? Quando Me dás a mão, já és capaz de fechar os olhos? Já
Me entregaste o timão de tua vida? Dá-te medo ainda que Eu esteja
contigo? Mas sempre estou, e com uma Presença de Amor. Então?”
2 de março. Em uma igreja. “A igreja está vazia, mas tu estás
aqui. Supre a presença de todos os que não puderam vir porque
não tiveram tempo. Tu, toma este tempo e dá-Me. Quando já
estiveres na Eternidade, darás a este tempo muito maior
importância do que agora. Sobre a Terra sois como os ricos, que
não sabem quanta é a sua fortuna. Os homens deixam
lamentavelmente perder este ‘tesouro de tempo’ destinado a
comprar a Glória, o Amor, um conhecimento crescente de Deus.
Méritos e mais Méritos! Filha, que todo o teu seja Meu. Oferece-Me
as tuas horas como um ramalhete de flores por Meu Reino e por
Minha Honra. Quando toque o relógio, olha-Me com um sorriso:
‘Mais outra hora por Ti, meu Amor.’ Eu saberei abençoar essa
hora... Meus Dias e Minhas Noites eram para o Pai e para vós;
nunca Me reservei nada. Dá-Me, pois, tudo, porque a esposa
injuriaria o Esposo se não correspondesse ao Amor.”
Na igreja de Fresne. Ele estava exposto sobre o Altar, e eu O
olhava desde o fundo do coro. Ouvi a Sua Voz, que dizia: “Há
alguém que está olhando-Me…” Como daquela vez em que, no
meio de uma multidão, Ele disse: ‘Alguém Me tocou.’ Senti-me
invadida pela Fé.
11 de março. Igreja de Le Fresne. “És fiel para Comigo? Quero
dizer: fiel no detalhe. Porque não deves descuidar a menor ocasião
de servir-Me, nem desprezar os pequenos serviços. Sempre pronta
para fazer com amor a Minha Vontade neste dia, nesta hora, neste
preciso momento que a Minha Providência, depois de tantos outros,
te deu. Se trata de um primeiro movimento da vontade, pois o resto
segue por si só; mas esse primeiro movimento há de ser firme:
sobre ti, contra ti; pedindo a Minha Graça, que irá pouco a pouco
apagando os maus hábitos. E logo, põe em Minhas Mãos o jardim
de tua alma. Arrancarei dela coisas que tu não tens a força de
arrancar, e farei crescer flores raras, que Eu mesmo tenha plantado.
Tu as atropelarias; cede-Me, pois, com confiança, o Meu turno, pois
Eu sei fazer as coisas. Eu Sou o Bom Jardineiro, e agora é a
estação dos bons enxertos em troncos robustos. E crê-Me que
ainda teremos tempo de ver novas flores e frutos. O Cântico dos
Cânticos diz, (lembras-te?): ‘Sustentai-me com flores, rodeai-Me de
frutos.’ A esposa dizia isto, buscando ajuda para a sua fraqueza,
para aparecer mais bela diante do olhar do Esposo. E Eu favoreço
sempre a uma alma que quer ser grata aos Meus Olhos. Faço-a vir
a Mim para que se cubra com os Meus Méritos, até que chegue a
tomar o Meu próprio Amor para amar-Me; Minha Humildade, Minha
Paciência tão doce. E quando tenha Me roubado tudo, dir-Me-á:
‘Amado Meu, olha que rica é a minha veste e como arde o meu
coração.’ E Eu Me olharei nela como em um espelho, atraído pelo
perfume de sua humildade. Enquanto ela se diz a Minha serva, Eu a
chamo de ‘Minha esposa’. Enquanto ela Me beija os Pés, Eu a
trago ao Meu Coração e lhe entrego os Meus Segredos. Ela já havia
Me confiado os seus: os pecados que lhe pesavam. Mas o Meu
Sangue os apagou. Pode ela sentir as pulsações do Meu Coração
no Amor e na Paz; e se ela adormece, Eu velo o seu sono.”
18 de março. Igreja de Le Fresne. “Humilha-te. Dá-te vergonha
humilhar-te Comigo? Eu te conheço até o fundo! Mas gosto que Me
confesses as tuas fraquezas, a Mim, que Sou o Forte. Considera a
tua fragilidade e as tuas curtas perseveranças; a quem irás pedir o
remédio, senão ao teu Salvador? Lança-te em Meus Braços; juntos,
poderemos fazer um bom trabalho... se tu Me convidares. Ninguém
poderia ter mais empenho do que Eu em aceitar o convite. Convida-
Me sempre: à mesa, por exemplo. Quantas vezes Eu comi com os
outros durante os três anos de Minha Vida Pública. E o fiz não só
com os Meus, mas também com os fariseus. Convida-Me também
aos teus jardins: conversaremos e te parecerão ainda mais lindos.
Lembra-te de que Eu criei tudo: as borboletas e as flores, para o
vosso contento. Para vós é... para ti é... a Natureza com todos os
seus perfumes. Por acaso não são delicados e suntuosos estes
Meus presentes? Mas, quantos são os que têm a ideia de
agradecer-Me por esta radiante manhã de primavera? Tu, passa ao
Meu Coração, em voz baixa, a alegria do teu. As tuas palavras
serão para Mim como uma recompensa. És feliz colocando-Me na
intimidade de tua existência? Que sejam cada vez mais frequentes
estas viagens ao interior de teu grande Amigo: isto será bom para
os dois. Toma parte na consolação que os anjos Me deram em
Getsêmani. Em que consistiu o consolo? No pensamento de que
muitos tirariam proveito de Minha horrível Agonia e de Meu Sangue,
que encharcava a Terra como uma seiva potente. Nesta manhã,
observavas que muitas plantas crescem muito, antes de dar as suas
primeiras flores. Sê tu como elas. Não te canses de aspirar em
direção a Deus, com palavras delicadas, dessas que tocam como
um beijo. Isto não seria audácia, senão simplicidade de criança. Que
bom se tu quisesses adquirir esse hábito! Far-Me-ás finalmente esta
honra? Pede amanhã a São José que te ensine como viver em
família Comigo. Põe em suas mãos a tua vida em Mim, e Ele, que é
tão terno, te ensinará. Lembra-te frequentemente que pertences à
família de Deus; Ele te ama infinitamente. Procura aproximar-te
mais Dele, ainda que não seja senão por um suspiro, por um
silêncio dedicado a Ele, por um repouso Nele. A ambição de Meu
Amor é a de fazer-te repousar. Humilha-te, querida filha Minha, tão
frágil…”
22 de março. Depois da Comunhão. “Que cada uma de tuas
ações seja como uma ressurreição no amor. Sai de teu sepulcro
habitual; esquenta a tua frialdade. Perde de vista a Terra e olha
somente a Deus.”
25 de março. Igreja de Ingrandes. Eu não tinha senão muito
pouco tempo para a minha visita: “O principal é que sejas fiel; O que
importa é o sentimento. Conta mais a intensidade do afeto do que o
número de minutos da visita. Que saia como uma flechada de teu
coração, sem olhar nem à direita nem à esquerda; dá-Me o prazer
de ser Eu o teu único objetivo. Como as santas mulheres de Meu
tempo, que viviam totalmente para o seu Cristo. Ama-Me e com isto,
tudo ficará dito, tudo ficará feito. Sabes como se ama?
Conservando-se sempre perto do Bem Amado.”
29 de março. Enquanto eu passava a Sagrada Hóstia. Ele:
“Diz: ‘Aqui está o meu Coração, que entra em Mim’.” Depois,
quando enxaguava a vasilha, disse-Lhe: Senhor, lavo os Teus
talheres. Ele: “Sim, o que é teu é Meu.”
1º de abril. Igreja de Le Fresne. “Eu te escolhi para que faças
ver o simples e alegre que é a vida de amor, a linguagem do amor, a
conversa do amor. Tudo se reduz a olhar-Me como ao Bem Amado;
porque assim, tudo na alma converge em direção a Mim e Eu atraio
tudo o que há nela. Assim o disse uma vez: ‘Quando Eu for elevado
sobre a Terra atrairei tudo a Mim.’ E o que há na alma são as suas
potências: memória, entendimento e vontade, que se dirigem
somente a Mim e ao que Me diz respeito. E há que chegar ao ponto
de não ter gosto nenhum por nada do que acontece, e de pôr as
raízes na Eternidade, por Minha Causa. Esta é a vida de uma alma
que ama e é fácil, pois ela conta com a Minha Ajuda. Como poderia
Eu não ajudá-la, se ela se entrega a Mim? Porque Eu sofri com a
previsão dos sofrimentos dos Meus; com um Coração que É todo
Delicadeza e que não pode ser superado por ninguém. E quando
em tua vida Eu Sou o Bem Amado, todos os teus pensamentos Me
rodeiam; as tuas palavras estão impregnadas de ternura e os teus
suspiros são mais ardentes. Nada te sustenta, senão Eu; tu estás
atenta somente à Minha Voz, e não buscas senão o Meu
Beneplácito. Repete-Me que estarias pronta a dar a tua vida pela
extensão de Meu Reino… e recebe de boa vontade a Graça. A
quem, fora de Mim, oferecerias os teus encantos, posto que Sou Eu
Quem vo-los deu? Multiplica-os e não te reserves nada. Se coloquei
sobre a tua cabeça coroas de ouro, foi para recebê-las logo de ti
como presentes de amor. Tu inventarás a maneira de dar-Me as
coroas; nisto reside o tipo especial de cada alma. Que a tua seja
doce para Comigo, como um refúgio no qual Eu busque abrigo;
porque tenho poucos abrigos sobre a Terra. As almas não se
preocupam senão das ganâncias e do bem estar, e são bem poucas
as que Me abrem a porta de seu coração. Quando um coração está
cheio, não fica lugar para Mim, que morri por todos. Convida a teu
Bem Amado a entrar em ti; de dia, de noite; e acolhe-O sem
rebuscar as tuas palavras, mas dando-Lhe o melhor, o mais doce, o
mais íntimo e escondido que tiveres. O teu amado é amigo dos
segredos, e Ele está disposto a comunicar-te os Seus também. Os
escutarás por um longo tempo, porque ressoam dentro da alma e o
seu som não se parece a nenhum outro. É a Voz de Deus, a Voz do
Eterno Amor.”
8 de abril. Igreja de Ingrandes. “Nada que seja inútil, nem nas
palavras nem nos gestos. Nada que estiver fora de Mim. Tudo Me
oferecerás em teu coração, e Eu disporei de tudo. Assim, serás a
Minha pequena colaboradora; porque em Minha Vida nada foi inútil,
nem sequer um Olhar ou um só Pensamento. E a Minha finalidade
era uma só: o Meu Pai e vós. De semelhante maneira, vive somente
para o Reino de Deus e para a Salvação dos homens. É tão pouco o
que fica ainda de vida sobre a Terra! Dá-Me, pois, tudo, em
reparação de tudo o que guardaste para ti em tua despreocupada
juventude. Não creias que ao envelhecer perderás a beleza da
alma: ao contrário! Com frequência, é na velhice quando se
derramam todos os esplendores; quando a sabedoria e o amor se
encontram mais perto da Divindade. Há que amar. Amar sem
medida e sem interrupção. Há que entrar na intimidade de Meus
Sofrimentos, os conhecidos e os desconhecidos, e saudá-Los como
a Fonte de tua Salvação. Filha Minha querida, aproxima-te de Mim.
Muito perto. Fala-Me ao ouvido com a linguagem dos grandes
segredos; que o teu coração se derrame no Meu. Nunca Me
disseste muitas coisas. Não és suficientemente confiada. Diz-Me
tudo, dá-Me tudo, com profunda humildade. Como João, a quem Eu
tanto amava, e que escolhia sempre o último lugar. Tu Me darás
alegria e consolação, como João. Não creias que existam muitos
que tenham a ideia de consolar-Me, e estejam dispostos a ter um
incômodo para dar-Me uma prova de amor. E, no entanto, sentem
alegria quando recebem uma prova de afeto: O que dizer de Mim, o
mais terno, o mais afetuoso, o mais sensível? Não. Tu não estás no
mesmo vazio quando te sacrificas por algo. Mais tarde o verás e te
alegrarás muitíssimo por ter-Me agradado. Se Me compreendêsses
bem, viverias no meio de toda a Criação como se nada existisse. Os
teus olhos acabariam de abrir-se realmente, somente sobre o teu
grande Amigo, o teu Criador e Salvador, o teu último Fim, que
alcançarás amanhã. É o encontro continuado; alegra-te!”
15 de abril. Igreja de Le Fresne. No caminho. Ele tinha me dito:
“Por um pecador. Sim. Quando recorreres os teus kilometros, fá-lo
como se fosses buscar-Me um pecador. Une-te a Mim quando Me
encaminhava, no meio do calor, em direção ao poço para encontrar
a samaritana. Une-te a Mim em toda coisa, e Eu estarei em ti.
Podes crer que sempre que causas alegria a alguém, é a Mim a
Quem a dás, e Eu a dou a ti. Pede-Me. Deseja-o assim. Que
consolo para o Meu Coração, se estes santos desejos
conseguissem vencer o peso dos maus desejos da gente mundana!
Tu, que contemplaste a Minha Agonia e viste algo da força da Minha
Dor, deves pensar mais do que os outros em consolar-Me.
Conheceste o meu Amor; não tens por isso que amar-Me muito
mais? Filha, nunca farás demais trabalhando no florido jardim de tua
alma, apaixonada por teu Salvador. Eu Sou o Dono do jardim, e sei
como recolher e aspirar os seus perfumes profundos, em um tipo de
embriaguez de repouso. Como se se interrompessem os tormentos
do Jardim das Oliveiras, para beber algo de força em teu jardim
delicado. Já vês a potência que tens sobre a Minha Sensibilidade;
aproveita-A! Não temas. Eu, como se Me esquecesse de que Sou
Deus quando Me entrego, dou-Me todo diminuído por vós, fracos
filhos Meus…”
Quinta-feira Santa. Fresne. Eu pensava que tinha vindo visitar
o Santíssimo Sacramento duas vezes de manhã, duas à tarde e que
iria voltar mais uma vez. “Todo um dia para Mim, uma vez ao ano,
crês que seja demais? A Minha Eucaristia está entre vós todos os
dias e todas as noites. Aqui estou, cheio de Ternura e rico em
Graças que quero dar. Não Me digas, então, que todo um dia teu
seja demais para Mim. Pensa na Festa que há em Meu Coração…”
Sábado Santo. Igreja de Le Fresne. “Ressuscita. Ressuscita
Comigo. Isto significa que deves ser outra, melhor, mais próxima a
Mim. Sempre Mais. Pede-Me e conta Comigo.”
Páscoa. Igreja de Le Fresne. Durante a Bênção eu dizia: O
Meu pobre Amor ressuscitado. Respondeu-me com vivacidade: “O
Meu Amor não morreu nunca. Vos amei em todo o tempo.”
13 de maio. Hora Santa. No campo. “Convence-te de que não
és nada, nem és capaz de nada. O que seria de ti, se Eu não
estivesse contigo? O que tu poderias dizer, se Eu não te falasse? Eu
te movo e te levo; sem Mim viverias na extrema pobreza. Inclusive a
meditação de Minhas Dores, que te enchem de pena, guardam para
ti uma doçura especial, porque Te provam o Meu Amor. Mas tu tens
dificuldade para crer em um Amor assim. E no entanto, deves
render-te. Diz dentro de ti mesma: ‘É verdade! Creio que se não
houvesse que salvar mais alguma alma além da minha, Tu terias
querido sofrer e morrer por mim, porque a Tua Ternura não tem
margens.’ Crês que uma palavra semelhante não Me faria feliz? O
pior de tudo está em ter sofrido tanto, e ficar desconhecido e
esquecido em tantos corações, frios como o gelo. O Meu Coração é
uma Fogueira de Zelo e de Amor pelas vossas entregas; mas que
poucos são os que se dirigem a Ele! Roga-Me muito por eles. A tua
oração será como uma razão para conceder Graças novas, e Eu te
agradeceria por isso. E Eu sei agradecer. E o que será que Eu faço?
Te amarrarei a Mim com mais força, como se fosses um braço em
Meu Corpo, e tu saberás que a Minha Vida circula em ti. O que Eu
não darei ao que Me traz um pecador! A Alegria do Bom Pastor que
recupera um pobre cordeirinho! Mas para entender isto, seria
preciso conhecer a força de Meu Amor. Pede-Me com frequência
que te faça compreender a cada dia um pouco mais, e avançar no
conhecimento do que Sou. Eu Sou como um grande Livro. O que
Nele encontras, não somente te ilumina, mas te dá uma experiência
viva. Eu não posso impregnar-te sem alimentar-te com um zelo
amoroso pela tua ascensão na Graça. Eu vos quisera santos, pois o
Meu Pai É Santo; e para isso, sendo simples, com somente o
pensamento de amar a Deus, estender o Seu Reino e procurar a
Sua Glória. Agora o caminho é escuro, mas depois verás, nas
Alegrias das Bem-aventuranças, colheitas desconhecidas. Filha
Minha, apressa o teu passo. Sabes tudo o que Eu fiz em somente
três anos? Lembra-te dos Meus Dias de trabalho, das Minhas Noites
de oração. Das Minhas Caridades, das Minhas Penitências. E vem
Comigo.”
19 de maio. Eu duvidava em aceitar um encargo para um
doente. Ele: “Se tu não tomares parte em levar os fardos dos outros,
não és digna de tê-los por irmãos.”
20 de maio. Igreja de Ingrandes. “Esquenta o teu amor. Não
percas um só passo, vai sempre adiante. Entra ainda mais longe.
Não basta com a leitura da Minha Paixão, senão que deves tomá-La
em ti. Aonde quer que estiveres, toma em ti os Meus Sofrimentos,
que foram Sofrimentos desejados, queridos, esperados. O Meu
Amor por todos vós, por ti em particular. Quando se sofreu tudo isto,
o que poderia ser-Me recusado? Pede-Me a Graça de responder a
este Amor de teu Deus, e Eu acenderei em ti um fogo novo, que te
surpreenderá. Não poderias atribuí-lo a ti mesma, mas dirás: ‘É Ele
que mo dá.’ E esta será a verdade. Tu, por ti, não tens força
nenhuma. Reconhece-o assim, para que Eu te socorra. Se tu visses
um doente contente com a sua enfermidade, não tentarias curá-lo;
mas se vês que ele clama a ti, estender-lhe-ias a mão. E se ele logo
te manifesta o seu agradecimento, tu o abraçarias com efusão. Abre
para Mim a tua ‘câmara secreta’, para que possamos falar do nosso
novo Amor. As palavras serão as mesmas, mas terão um alcance
novo, e então já não poderás compreender como podes passar um
só instante sem Mim. Onde estiver o teu tesouro, aí estará o teu
coração. Enfim, faz tanto tempo que o desejo! Pede-Me ser toda
para Mim, e Eu serei Todo para ti. Lembrar-te-ás de que já tinhas
Me dito isto; agora é preciso que o vivas. Quando não tiveres nada
para dizer-Me, virás à ‘câmara secreta’ para olhar-Me. Não terás
que Me aguardar, pois já estarei aí, e saberei o que pedem os teus
olhares, e te darei o que pedes. E te darei mais ainda. E se não
sabes como dizer-Me as coisas, ficarás aí, aos Meus Pés, como
Magdalena, e Eu lerei em ti. Conserva, então, o teu lugar na
‘câmara secreta’. Quantas alegrias tenho preparadas aí para ti! Não
tenho muitas destas ‘câmaras secretas’ sobre a Terra. Agora
escolho a mais miserável. Como antes…”
23 de maio. Depois da Comunhão. Ele: “Tu não tens, com
frequência, a ocasião de jogar-te na água e salvar a alguém. É nas
circunstâncias mais habituais da vida onde podes, por Meu Amor,
entregar-te ao serviço do próximo. Coisinhas de nada, mas
carregadas de um afeto que as faça encantadoras. É a intenção o
que Eu busco sempre em ti, e deves entender isto. E se nem
sempre conseguires o que buscas, Eu serei indulgente.”
27 de maio. No campo. Em uma igreja. “Chegaste a
compreender o Meu Amor? Pensas frequentemente Nele? Ia
perguntar-te se pensas Nele incessantemente. Esforça-te por crer
Nele ainda mais, porque é um encanto impregnar-se Dele. Vive com
o Meu Amor; saúda-O todos os dias ao acordar; e à noite, dorme em
Seus Braços. O Amor e Eu Somos a Mesma Coisa. Mas muitos
homens formam uma ideia bem triste de Deus, uma pobre ideia de
Jesus Cristo. Por isso lhes falta o entusiasmo de viver. Em outros
tempos, um homem vivia para o seu rei, e isto era algo muito
estimado; mas viver para Deus é algo muito mais profundo, como
uma irradiação de ternura. Somente Eu posso saciar o vosso
coração. Pobre gente, essa que pede a felicidade a quem não a
possui! Agora diz-Me, aonde poderias ir em busca de felicidade fora
de Mim? Eu te amei desde toda a Eternidade, e isto tu não podes
compreendê-lo. Desde toda a Eternidade! Crê e agradece. E logo,
abre-te a Mim, como uma flor que se abre ao sol e se desdobra por
ele. Abre-te por Mim e irradia-Me; trabalho requintado para uma
alma que une as suas forças às de Deus, e o resultado é uma doce
e fiel beneficência. Tua alma terá mil rostos, e se voltará com a
mesma unção a Deus e aos teus próximos: tu não Me deixas para ir
a eles; Me levas contigo a todo lugar; sabes bem que estou em ti, o
Criador em sua criatura, feita à Sua imagem e semelhança. És, pois,
capaz de amar a todos , com exceção de ti mesma, a quem deves
conceder só o necessário. E o melhor, o mais belo, oferece-o aos
outros, pensando em Mim. Eu te abençoarei em Meu Coração e tu
poderás habitá-Lo melhor. Eu te ajudarei e tu Me ajudarás a
completar a Minha Paixão, pondo a parte que te corresponde. As
cruzes que há nos cemitérios representam a cruz que cada um teve
que carregar durante a sua vida. São cruzes que completam a
Minha; sempre e em tudo, somos um. Eu o quis assim, irmãos Meus
muito amados. Pelo que a ti te corresponde, unifica com
adiantamento as nossas duas mortes : a Minha e a tua. Eu morri por
ti, morre tu por Mim.”
10 de junho. Aniversário de minha Primeira Comunhão.
“Quantas outras fizeste depois? Podes contar as vezes em que Me
dei inteiro a ti? Podes imaginar o Amor que Eu coloquei nessas
Comunhões? Precisam conhecer o que é a Natureza Divina.
Agradece-Me com frequência; o que significa que pensas em Mim.
E, como poderias pensar em Mim sem falar-Me? E se Me falares,
farás um bem a ti mesma, pois tenho sempre uma resposta
adequada. Uma resposta de teu Deus vale bem a pena para que
Lhe fales de acordo à máxima medida do teu amor. Busca-a,
emprega-a. Não tenhas vergonha de amar-Me e nem de dizer-Mo.
Sou Eu Quem te dará o impulso necessário. Eu Sou o Diretor da
Orquestra: tomo as sonoridades de tua alma com as suas doçuras e
violências e as faço subir até o Meu Pai, mesclando com elas a
Minha própria Voz. E no momento da morte Eu serei o teu ‘canto do
cisne’, pois então te faltarão as forças, não terás mais contatos com
a Terra e ainda nenhuma vista sobre o Mais Além. Terás então o
abandono do Gólgota, e te unirás assim melhor do que nunca ao
Meu Coração abandonado; estaremos assim juntos para dar o
passo.”
10 de junho. “Presta-Me contas sobre a tua amabilidade.
Quero que tenhas, a cada dia, que apresentar-Me só palavras de
requintada Caridade e amabilidade. Que termine de uma vez por
todas o teu espírito satírico, já que não é como o Meu Espírito .
Quando leste no Evangelho uma palavra amarga em Meus Lábios?
Considera o bem que podes fazer com apenas o encanto da
conversa e com uma bondade paciente. Filha Minha, assemelha-te
a Mim. Sejamos Um, Eu e tu. Queres? Pede-Me que Eu aprisione
para sempre o teu coração no Meu; porque se viveres prisioneira
Nele, como poderias não ser amável? Mais amável do que outros?
Permanece em Mim, que te chamo sem cessar. Pede-Me o que
tiveres que pedir-Me; não encontrarás ninguém que possa servir-te
melhor do que Eu.”
12 de junho. “Se tu guiaras uma carruagem puxada por dois
cavalos, te verias obrigada, com frequência, a moderar o passo. Da
mesma maneira, não te admires de ter que controlar os movimentos
de tua Natureza impetuosa e viva. O farás por Meu Amor. Vigia a
tua carruagem de dois cavalos. O teu corpo e a tua alma. Freia e
refreia.”
15 de junho. “Ainda que não soubeste fazê-lo bem, ainda mais
que te saiu tudo ao contrário, a tua intenção de agradar-Me e de
reparar pelo passado, a intenção de converter um pecador ou livrar
a uma alma do Purgatório, eram boa coisa. Assim tomo as coisas:
Não considero tanto a perfeição de teus dias, senão o amor que há
no fundo de teu coração, que busca o Meu.”
16 de junho. Uma quinta-feira. No campo. Obrigada, meu
Senhor, por ter inventado para nós o Sacramento da Eucaristia
numa quinta-feira, há muitos anos. Ele: “Pequena filha da
Santíssima Trindade, a Minha Delicadeza infinita preparava, há
longo tempo em Meu Coração, este Dom para a Humanidade.
Presente digno de um Deus. O que Eu poderia dar de mais íntimo,
mais rico e mais precioso, do que Eu mesmo? Quando te deres aos
outros, conserva no pensamento a teu grande Amigo, e põe em tua
relação com os outros a mais fina delicadeza. Tenta isso tu mesma
por nada, inventa alguma maneira nova de dar alegria, sem retorno
para ti mesma. Isto é mais fácil quando Me vires no próximo. Ainda
quando ele não se pareça a Mim, no entanto, ele Sou Eu. Porque
todos são criaturas Minhas e serão salvos por Mim, se quiserem.
Considera no Evangelho todas as Minhas Delicadezas, de palavra e
de ação, com os Meus amigos e com os Meus pecadores, quando
disse: ‘Também Eu não te condenarei.’; ‘Por que molestais a esta
mulher?’; ‘Se tu soubesses o Dom de Deus…’; ‘Pedro, roguei por ti.’;
‘Se Eu não Me for, o Consolador não virá a vós.’; ‘Amigo, a que
viestes?’; ‘Pai, perdoai-lhes.’; ‘Hoje estarás Comigo no Paraíso.’ Já
vês, em Minhas Palavras não havia senão Bondade e Amor. Amor!
Pede-Me por teu próximo, e quando o tiveres conseguido, verás a
diferença; que simplicidade, que riqueza e que irradiação por teu
intermédio. Pede-Me o Amor, Sou Eu Quem o possui e O dou a
quem Eu quiser. Mas há que pedi-Lo, há que tomá-Lo de Meu
Coração. Queres?”
7 de julho. “Insisto na União. Por que ficar só, se podes viver
em Mim? Porque estar em Mim é a essência do Céu, prescindindo
da Visão e de Suas Delícias. Exercita-te, pois, em viver em Mim e
em dar-Me a tua Adoração e carinhos. O que farias se Me visses!
Jogar-te-ias aos Meus Pés, abraçar-Me-ias, dar-Me-ias infinitos
agradecimentos pelos Meus Sofrimentos e Meus Benefícios; pedir-
Me-ias perdão por certas faltas voluntárias e Me dirias mil palavras
de amor. Faz tudo isto como se Me visses. Este exercício da Fé traz
consigo a Esperança e a Caridade; porque, se estás segura de
Minha Presença, como não desejar a União com O que te ama
infinitamente? Ele, que é o Encanto mesmo e se chama ‘O Amor’?
Ninguém fora de Mim se chama deste modo; como poderias
imaginar uma força de Amor que não tem limites? Que objeções
poderias ter para entregar-te a esta força? O que esperas para
superar a mediocridade de tuas medidas? Pede-Me ajuda. Lembra-
te da bela palavra de Jó, que Me comove : ‘Ainda quando me
matasses, eu esperaria em Ti’. É possível resistir à confiança total
de uma criança? Sê criança. Comove-Me com o desejo de toda a
santidade. Que o teu desejo se eleve até o impossível; é então
quando Eu começo a intervir. Eu, o Gigante, tomo-te sobre as
Minhas Costas. Mas não Me abandones nem um instante; ainda no
repouso, descansa sobre o Meu Coração. Se pudesses
compreender a importância que Eu dou à União! Deves entender
que a vossa adesão é o que Me Honra e Glorifica, quando por vós
mesmos e sem pressão alguma, vindes a Mim. É algo parecido a
uma petição de mão; lembras-te de quando te pediram em
casamento? Estavas emocionada e orgulhosa. Eu Sou também
assim e muito mais ainda, porque Eu Sou o mais sensível e o mais
amante.”
15 de julho. “Considera-Me como a um ser vivente que te ama
muito, mais além de quanto tu puderes imaginar em teus mais
excessivos desejos. E pensa que este Ser, que deu a Sua Vida por
ti, aguarda com uma Força infinita o momento do encontro final. Não
queres manifestar-Lhe a tua alegria e mostrar-Lhe também a tua
impaciência? Olha-Me assim muitas vezes; como a uma pessoa real
que, mais do que estar perto de ti, está em ti. Uma Presença, um
Ser Presente, que tem maior preço do que a vida. Eu Sou o mais
formoso, porque Sou a própria Formosura. O mais inteligente, pois o
Espírito Santo está em Mim. Crês de verdade que Eu, não obstante
ser grande, Sou Doce e Misericordioso? Crês em Meu Rosto, todo
Ele Doçura e Mansidão? Pede-Me que te descubra logo a Beleza
criadora; em cada um de Meus Traços poderás ler o Amor. Diz-Me
que sentes muito ter-Me entristecido. Pensa que é muito pouco o
que te impede de ver-Me; e vive com a emoção de que sempre
estou te olhando. E tu, não tens também algo para dizer-Me?
Quererás dar-Me a doçura do teu amor? O Esposo sorri à esposa
que se prepara para manifestar-Lhe o seu carinho, e se ela se
desvia, Eu lhe sopro ao ouvido as palavras que deve dizer, porque
Eu Sou o Amor, e Me ponho em suas palavras. E senão, pelo
menos, faz-Me a homenagem de tua boa vontade e aspira a alegrar-
Me. Aspira a ser a Minha preciosa companheira, a Minha esposa
cheia de atenções. E, posto que Eu não tenho mais Mãe aqui
embaixo, sê para Mim como outra mãe. Substitui a João e a
Magdalena. E ao mesmo tempo, sê tu mesma; tu, a quem Eu quis
neste século, neste tempo, neste momento da Terra. Minha
pobrezinha e pequena esposa!”
22 de julho. Eu: Senhor, como gostaria de substituir à
Magdalena sobre a Terra, pois bem sei que o seu amor Te era muito
doce. Ele: “Oferece-Me o amor de Magdalena. Porque para Mim
tudo é presente, e pela ‘comunhão dos santos’, tudo te pertence.
Dá-te trabalho crer nestes mistérios, que são uma invenção de teu
Deus. Aproveita-te de sua Magnificência e para isso, crê na
‘comunhão dos santos’. Todas estas invenções Minhas são para o
bem de Meus filhos, não para Mim. Humilha-te como se humilhou
Magdalena, na Fé e no Amor. Diz-Me em segredo e com frequência
as tuas faltas. Deplora-as. Não podes imaginar a maneira como te
escuto. E se o teu coração se agita quando Me confessas as tuas
faltas, o que dizer do Meu, quando as escuto? Que o amor, filha, te
arrebate de tua maneira comum, para que aprendas a ser, como
Magdalena, uma mulher nova e disposta a todo o sacrifício. Ela
tinha sido bem rica das coisas deste Mundo, mas não tinha nada
quando vivia na gruta. Esperava-Me. Espreitava o momento
supremo, e dentre todas as suas penitências, a maior era a de
continuar vivendo. Diz com ela: ‘Até quando não Te verei, meu doce
Mestre? Apressa-Te, Divino Jardineiro, a cortar esta flor que se abre
para Ti!’ Estes desejos, estes suspiros amorosos, Eu os acolho.
Ofereço-os a Mim mesmo como incenso que sobe. Incenso vivo e
perfumado. O sacrifício que mais agrada a Deus é o de um coração
quebrado de dor, e a dor maior que possas ter é a de não amar
bastante. Toma, pois, o amor de todos os santos, e oferece-Mo
como que por primeira vez. Pede a Magdalena que te ajude, ela,
que tão bem soube amar. Ela unirá a sua vida de reclusão com a tua
vida de solitária. Convida-a, e perto de ambas encontrarei a morada
íntima das confidências, dessas conversas que se expressam em
silêncios.”
29 de julho. Igreja de Le Fresne. “Filha Minha, não
compreendes que as penas que te mando estão medidas, e como
que calculadas sobre o que tu podes? São Favores que te ligam ao
teu Amado. Agradece-Me por esses pequenos sofrimentos que Eu
ponho em teu coração, como uma florzinha delicada. Ele te encontra
mais bela quando sofres com doce paciência, unida à Sua
Paciência. A tua alma toma então como que um rosto novo, cujos
traços estão tomados dos Seus; sê flexível e dócil em Minhas Mãos.
Humilha-te sempre, como quem mereceu os seus infortúnios. Eu
sofri tudo, sendo O Inocente. Não te sentes disposta a sofrer tudo
para consumar a nossa União? Ou A consideras já suficiente e não
A desejas ainda mais estreita? Pensas que o teu amor já Me disse a
sua última palavra? Deixa-te a ti mesma e passa para dentro de
Mim. Ganharás com a troca. Existem casas de muitos tipos; mas a
mais doce é a Casa da intimidade do Esposo; se tu chegares a
prová-la, quererás ter ali a tua morada permanente. E uma vez Nela,
quem poderia te alcançar? Estás nos braços do Único, pois a Ele te
deste. Deste-Lhe a tua honra, os teus bens, o teu coração; Ele
acudirá a todos os meios para a tua santificação, que é o fim dos
fins. Amar e agradar a Deus; que importa o resto?! Quando vires a
Deus… Como te alegrarás de tê-Lo amado e servido! De tê-Lo
glorificado sem regatear e de todo o coração. Não temas as
tribulações, pois por seu meio cresces e sobes; ajudam-te a amar-
Me mais, e Eu te aguardo numa encruzilhada, para ver como
superas o obstáculo. Pergunto-Me: ‘Virá pedir-Me auxílio? Dar-Me-
á, finalmente, em um impulso filial, toda a sua confiança? Quão
grande é a paz de uma alma que se confia a Mim totalmente!”
20 de agosto. Em Joué-sur-Erdre. “Onde quer que te
encontres, estarás em Mim e és para Mim. Nada poderia separar-
nos, com a exceção de uma falta tua. Porque tu não ultrapassas o
Amor com que te rodeio. Serve-Lhe. Serve-Me, que em Minha
Efusão de afeto, tanto te servi. O que deixei de fazer por ti, Minha
pequena? E se tiveres que sofrer, sofre Comigo. Eu conheci todas
essas incomodidades da temperatura pelos caminhos, igual a ti.
Une-te sempre. É uma disposição de espírito que muito Me agrada,
porque é um ato de amor, um impulso em Minha direção. E Eu
recebo a vossa Fé e a recompenso com uma Graça. E se tu
responderes a Ela, Eu te responderei com uma Graça ainda maior.
É assim como, subindo degrau após degrau, vós podereis alcançar,
em pouco tempo, um grau de elevação que não supunhas. Os Meus
Dons não Se detêm, pois Eu ponho a Minha Alegria em comunicar-
Me sem fim.”
1332. 26 de agosto. Igreja de Fresne. Eu considerava tudo o
que não alcanço. “Não desanimes nunca; pede-Me o que não podes
esperar de ti mesma. Já vês como não és capaz nem sequer de um
pouco de perseverança, e comprovas como falhas em tudo. Por isso
tens de abrir-Me a tua confiança de par em par. Tens de estar
segura de que o que não alcançares, o teu grande Irmão o
completará; mas tens que pedir-Lhe. Eu serei para vós o que tiveres
acreditado que Sou. Dá-te a Mim sem limites. Eu Me darei a ti sem
limites. Mas para isto é indispensável que no íntimo do teu coração
consintas em que não és nada e aceites que não és capaz de nada.
Para que assim possas crer em Meu Coração e na Imensidão de
Meu Amor. Tu pensas: ‘Sempre Me diz as mesmas coisas.’ Mas é
que o Meu Amor nunca se cansa de amar e tenho que repeti-lo,
porque vós não acabais de crer nisso, e a vossa confiança é tão
pouca... E quando tiveres visto, lamentareis não ter acreditado
melhor. Aproxima-te de Mim enquanto ainda é tempo. Vive
unicamente para Mim. Ajuda ao advento de Meu Reino e para isso,
oferece-Me todos os teus dias, instante a instante. A tua única
preocupação tem de ser que chegue o Reino de teu Pai; todo o
resto toma-o como simples acréscimo.”
26 de agosto. “Eu te dei tudo o que possuis e ainda Sou capaz
de duplicar os Meus Dons. Não Me tornei menos rico, nem diminuiu
o Meu Amor. Eu posso santificar-te em um instante, mas gosto do
teu lento e paciente trabalho, que te mantém na humildade. Busca a
humildade amorosa; elevar-te-á; o desânimo jamais levantou
ninguém; caminha; caminha; Eu caminhava rumo ao Calvário e, não
obstante os Meus Sofrimentos, cheguei. Olha-Me e terás uma
renovada coragem. E faz-Me a honra de chamar-Me em teu auxílio.”
16 de setembro. Igreja de Mesnil. “Busca-me. Estou onde tu
estás, mas ainda falta que Me encontres. Busca o Meu Coração e
humilha-te por tantos e tantos motivos, e assim humilhada, Eu te
tomarei em Mim. Eu fui humilde; imita ao teu Esposo, para que
possas encontrá-Lo em ti. Este desejo vem-te de Mim, do Meu
Amor, da Minha Necessidade de União. Tenta compreendê-Lo e
unir-te mais. De nenhuma outra maneira poderias demonstrar-Me
melhor que Me amas. Como é que amando-Me, suportarias viver
para ti e para os teus interesses?”
16 de setembro. “Diz-Me com frequência: ‘Meu Criador, realiza
em mim todas as Tuas Vontades. Não desejo senão uma coisa: que
o Teu Reino chegue a mim, como no Céu.’ Se Mo disseres, tomarei
posse de ti com mais avidez que a de uma ave de rapina: como uma
chama que devora. Deixa-te arrebatar em plena corrida. Em vez de
fugir, lança-te em Meus Braços e abandona-Me a direção de tua
vida. Amar-te-ei se te deixares conduzir como cega. As Minhas
Costas ainda não estão carregadas demais; podem suportar outros
pesos. Toma o teu lugar: Eu Sou o Bom Pastor. Diz-Me o nome das
almas que tu gostarias de trazer-Me, e por ti as chamarei com
insistência. Não temas trazer-Me almas demais, pois Eu espero
ainda mais. E quanto a ti, abre bem o teu coração para que Eu entre
e lá fique. A não ser que te cansasses do Amigo que morreu por ti.
Se tu Me rechaçasses, Eu ainda ficaria em frente à tua porta.”
30 de setembro. Le Fresne. Eu lamentava não ter à mão um
caminhãozinho para salvar as minhas posses no bombardeio de
Nantes. Ele: “E por que te inquietas? Eu não estou contigo para te
cuidar? Ou crês que Eu não sei o que te faz falta? O que será
melhor para a tua alma? Tem confiança e entrega-Me tudo. Nem tu
deixaste de ser a Minha filha, nem Eu o teu Pai. Não há
desigualdades em Meu Amor, porque Eu Sou Imutável. E como Me
dei a ti, então fico sendo teu.” Eu pensava nos estrangeiros que
estavam refugiados em minha casa. Disse-me: “Não creias que isto
aconteceu por casualidade: Eu os escolhi. Faz-lhes todo o bem que
puderes, com a diplomacia de um apóstolo decidido a conseguir os
seus fins. Encomenda-os a Mim e roga por eles. Sofre por eles,
assim como Eu sofri por todos. Busca a semelhança com o teu
Esposo e imita-Me. Que o teu rosto seja o Meu Rosto; o Pai estará
contente e te cumulará de bens. Não haverá nada que não possas
obter. Por que pedes tão pouco? Vem a Nós, filha Minha; sacia o
Nosso Desejo de fazer Misericórdia. Fica segura de que os que te
rodeiam estão aí para que tu intercedas em seu favor. E Eu te sigo
passo a passo. Como poderias tu, por um instante, sentir-te só? Eu
dirijo tudo em tua vida. Deixa-te levar.”
7 de outubro. Igreja de Montrelais. Eu Lhe agradecia por ter-
me livrado do bombardeio. Ele: “Sim, agradece-Me sempre as
Graças; dei-te muito. E agora, se te mandasse alguma tribulação,
agradecer-Me-ias? Terias que fazê-lo, pois Eu faço tudo para o bem
das almas. Não duvides disso e crê no Meu Amor. Espera em Meu
Amor, ama o Meu Amor. Se assim o fizeres, receberás tudo como
vindo de Mim e Eu serei o teu único motivo em tudo o que fizeres.
Se esperares em Meu Amor, já não contarás mais contigo mesma e
Me esperarás em todas as circunstâncias difíceis, pensando que, se
tu não puderes nada, Eu poderei tudo. E assim permanecerás
confiada e em paz. E tomarás conta de novo de tua tarefa de amor,
feliz por sofrer algo para consolar-Me. Tu dizes a ti mesma: ‘Oh, se
pelo menos tivesse a segurança de que O consolo!’ Mas lembra-te
que sendo Deus, Sou também Homem, e que pode-se consolar a
um homem. Não te admires de ter contratempos; não foste feita
para o descanso na Terra, senão para o repouso do Céu. Acostuma-
te a pôr as tuas finalidades na Eternidade; pois tudo o quanto te
acontece só tem importância se relacionado com o Fim. Julga tudo
em Mim e por Mim. Porque os Meus Juízos não são com frequência
iguais aos vossos. E tira Misericórdia de Meu Coração para
derramá-La sobre todos os que se te aproximem. Quanto bem pode
resultar de certos contatos entre as almas: de um simples sorriso,
de um gesto benévolo! Mas o Meu Pensamento deve estar fincado
em ti como uma bandeira.”
15 de outubro. Igreja de Ingrandes. “Não percas um minuto,
filha Minha. É pouco o tempo para Salvar a tantas almas. E não
creias que a Salvação se obtém somente com orações: tudo serve,
ainda as ações mais comuns da vida de todos os dias, quando se
vive a vida para Deus. Oferece-Me tudo, unido à Minha Vida
terrestre. Reveste com essa riqueza os pobrezinhos pecadores, a
maioria deles ignorante. Preocupa-te deles, tu que tanto recebeste.
Pagarás com isso à Justiça e Me darás consolo. Oferece-Me todas
as cruzes da Terra, tão numerosas neste momento; quase ninguém
pensa em oferecer-Mas como expiação pelos pecados. Tu, que
sabes disto, ajuda, para que nada se perca. Dá-Me almas. Tenho
sede.” Eu: Senhor, eu quisera morrer pela Salvação das almas. Ele:
“Assim imitarás ao teu Esposo. Assemelha-te a Mim o quanto
puderes. Pergunta-te se fazes isto ou aquilo como Eu o faria. Isso te
engrandecerá e te aproximará de Mim. Quando vivíamos sobre a
Terra, a Minha Mãe e Eu tínhamos um só Coração entre os dois.
Busca que seja assim também contigo. E entrega-te aos outros até
o limite de tuas forças, como Eu o fazia. A Minha Vida Pública!
Apertado no meio de tantas multidões, rara vez Eu encontrava
amor; o mais frequente era o interesse. Buscavam-Me por egoísmo.
Mas Eu recebia a todos com carinho. Imita-Me . Não regateies nem
te queixes. Segue adiante sempre com alegria, porque tudo isso é
por Mim e isto é um supremo motivo de alegria. Aliás, o único. Claro
está que tu não podes ter de maneira contínua este pensamento;
mas de manhã, diz-Me: ‘Amor meu, que tudo seja para Ti.’. e de
tempos em tempos, durante o dia, um pequeno: ‘É por Ti.’, que
esquentará o teu coração, e apaziguará o Meu.”
3 de novembro. “Tu te inquietas por esta hora de oração,
temendo fazê-la mal, mas já sabes que estamos juntos: o que te
faltar, Eu o suprirei. Não é assim como acontecem as coisas entre
amigos? Não é o mesmo que tu farias com uma pessoa muito
querida? Quanto mais Eu, teu Deus e Salvador! O que mais estimo
e quero de ti é a confiança; como tu gostarias de ter a confiança
total de um pobre, e adorarias ajudá-lo; e que ele te chamasse em
seu socorro, posto que tu poderias ajudá-lo. Sabe tu que em toda
situação posso ajudar-te, e que o Meu Coração aceso o deseja.
Tenho um imenso desejo por vossa perfeição; és Meu Corpo, e Meu
Corpo deve ser perfeito. Mantém a tua vontade unida à Minha.
Deseja ser o que Eu tenho querido que fosses e põe neste desejo
todo o teu amor e a tua intensidade. Que bela vida, a de dois
corações unidos! Estou disposto, aguardo a todos para a grande
Fusão. A ti cabe ver-Me em tudo, e assim alcançar-Me. Não fiques
no meio do caminho. Aproxima-te e entra sem temor em Meu
Coração, a tua eterna Morada. O Meu Coração, que é a Casa
Paterna, a tua Mansão de Repouso e Felicidade. Entra. É a tua
Casa, e Nela és esperada. Não é muito doce ser esperada?
Preparou-se para ti um Banquete, e o Banquete Sou Eu mesmo. O
que serve é o Amor. Que a tua ternura, filha, ponha-te em condições
de ser o comensal mais atendido e mais feliz. O Banquete não
termina nunca. Se desenvolve primeiro no mistério e na penumbra
dos segredos; se ilumina â hora da morte. É somente então quando
a alma vê Quem é O que a recebe, a ama e a guarda.
11 de novembro. Igreja de Le Fresne. “Sim. Agradece-Me pela
vitória que houve em 1918. E agradece-Me a prova presente, que
ainda não terminou. Tudo fica no domínio da Misericórdia. Oxalá os
homens soubessem empregar os seus sofrimentos em reparação
dos pecados nacionais, e para conseguir a conversão de sua pátria,
da terra de seus antepassados. Pelo menos tu, filhinha, faz este
oferecimento no lugar dos que não pensam nisso. Vive nos
domínios do Amor; que outra vida poderia ser melhor do que essa?
Porque é a Vida própria do Céu. Intensifica os teus olhares de amor:
que seja como a explicação e o complemento de tuas ações, e
como a respiração de tua alma. Porque a palavra de amor segue
com facilidade o olhar de amor. É a vida de dois que são só Um. Se
tens algum desânimo, diz-Me: ‘Meu Amor, Meu tudo, eu teria podido
ser mais fiel no dia de hoje. Perdoa-Me.’ E assim te humilhas em
uma grande sinceridade e sem que tu o saibas, Eu te aperto sobre
o Meu Coração amoroso. Esta é a Graça de que necessitas e que te
basta. O crês? É preciso que te prendas a um só desejo, o de viver
só para Mim. A tua vida será cumulada. Espero há tanto tempo a
felicidade de dar-te mais… Ajuda-Me. Pede-Mo. Estende em Minha
direção as tuas mãos vazias. Deixa-Me espaço, todo o espaço.
Compreende que vives no desterro, e aguardas o retorno do
Amado. Escuta-O de longe e diz-Lhe: ‘Aproxima o Teu Alento ao
meu, que vem de Ti. A Tua morada será a minha morada e eu não
poderia viver sem o Teu Passo no meu, sem a Tua Voz em minha
voz.’ Não há por aí uma oração que diz: ‘Senhor, abre os meus
lábios?’ Isto é para que o Espírito Santo fale em vós, filhos de
Deus.”
18 de setembro. Igreja de Le Fresne. “Pede-Me o dom da boa
vontade, já que bem sabes que não podes viver sem Mim. Nem
sequer podes pronunciar o Meu Nome com amor se Eu não vier em
tua ajuda. Minha pobre pequena! Mas por outro lado, também sabes
que o Meu Auxílio não pode te faltar se Mo pedires. Eu não posso
recusar nada aos Meus pequenos, pois o Meu Coração já está
enternecido antes de que eles comecem a falar. São tão fracos os
Meus pobres filhos! Se realmente conhecêsseis o Amor que sofreu
e morreu ignominiosamente por vós... A Sua Força e a Sua
Ternura... Eu, com carinho mais que de mãe, guio os vossos passos
pelos caminhos que melhor convêm; o Meu objetivo é conseguir a
vossa santidade, perto de Mim, como outros tantos Cristos. Pensai,
filhos Meus, em vosso Modelo, em vosso Irmão Maior, que viveu
com toda a simplicidade para que vós pudésseis imitá-Lo. Fui tão
simples, que não fui conhecido senão durante apenas três anos,
com o pequeno séquito de Meus Doze Apóstolos. Que curta vida,
essa vida de 33 anos, para salvar aos homens de todos os tempos!
E o Amor do Pai governava todas as Minha Ações. De igual
maneira, enriquecei os outros através de Meu Contato. Já sabes
que tudo o quanto tenho é vosso; mas é preciso vir buscá-lo. Eu
Sou tão feliz quando dou algo! Eu não ganhei nada, senão para
perdê-lo. E não quero guardar-Me nada. Recorda o carinho com que
pedias as coisas à tua mãe quando eras pequena; não terás o
mesmo afeto para Mim quando Me dirigires a palavra? Busca em
teu coração um impulso que não se pareça aos que te inspiram os
demais. Pede-Me este impulso em direção a Mim. Fá-lo mais íntimo,
mais confiado e mais generoso, até a morte. E repete-o
seguidamente. Se conseguisses chegar à morte assim, de impulso
de amor em impulso de amor, que preparação mais direta, Minha
filha querida!”
25 de novembro. Igreja de Ingrandes. “Oferece-Me tudo, até a
tua respiração. Não só a respiração do corpo, senão todo o fluxo
dos pensamentos de tua alma. Parece que não é nada, mas nisso
está toda a tua vida e toda a tua vida Me pertence, pois o Meu Amor
possui todos os direitos de conquista. Que tristeza para nós dois se
Eu deixasse escapar algo de tua alma! Minha pequena, aperta
sempre mais os laços que nos unem. Converte-te em uma alegre
prisioneira Minha. Muitos são os que encontraram nesta doce
escravidão delicias tão grandes, que bem poderiam dizer: ‘Tive
excesso de alegria em meio de minhas tribulações.’ Porque Eu
acompanho fielmente os que Me são fiéis. Os encho de força e de
consolação, a eles, que tanto desejam sofrer por Mim. É que o que
eles sobrecarregam por Mim, Eu o levei antes por eles; Eu sofri
todos os sofrimentos de Meus amigos. Tu também sofres quando
vês sofrer a alguém, não? E Eu Sou o mais terno dos amigos: crê-
Me, porque é verdade. E que isto te anime em amar-Me ainda mais;
ainda que seja um só grau a mais a cada dia. Pouco a pouco e sem
forçar a tua alma. Mais frequência nos santos desejos; um pequeno
suspiro de amor, um olhar afetuoso; um pouco menos de tempo
passado longe de Minha lembrança; uma felicidade mais sorridente,
um silêncio de humildade, uma ato de gentileza feito por Meu Amor.
E logo, a ‘ação de Graças’. Dá-Ma sempre, sem interrupção. É tanto
o que faço por ti, Minha pequena... Algo vês, mas é tanto o que não
vês! E logo, com um ar comovido, acrescentou: ‘Não duvides nunca
de Mim!’”
3 de dezembro. Igreja de Fresne. “Emprega todo este mês em
agradecer-Me. Um ‘obrigada’ de amor é para Mim mais doce do que
possas imaginar. Já sabes que Sou um Ser sensível, e que Me
encontro sempre em um estado de apogeu de Ternura; não deve
surpreender-te, então, que escute com Alegria as vossas palavras
de reconhecimento. Compreenderias isto muito bem se tivesses um
conhecimento melhor do que é a Divindade. Porque vós julgais
sempre a Deus de acordo com as qualidades do homem. Lembra-te
de que por ti mesma não és nada e que és indigna de Meus
Favores. Deixa que o teu coração se funda de amor na
consideração do que te dei neste ano em que estamos; que se
incendeie em desejos de aproximar-se mais à Santidade. Nada
presumas da eficácia de teus esforços, mas confia firmemente em
Minha Ajuda. E desprende-te de tua própria vontade, inclusive no
campo dos bens espirituais: assim estarás na verdade e este é o
caminho mais rápido. Eu mesmo, sendo Deus, nunca fiz outra coisa
além da vontade de Meu Pai. Certamente isso encerra um mistério,
mas tens que crê-lo. Pouco a pouco irás encontrando felicidade em
renunciar ao que gostarias, quando a Minha Vontade é contrária.
Deseja estabelecer-te na perfeição, e assim viverás em Minha
Morada. E isto é o teu único fim sobre a Terra. Que doce é quando
dois irmãos moram juntos! És muito pequena; pensa sempre que
estás sozinha no princípio do caminho, e busca a Minha Mão, pois o
teu coração está necessitado de Força e de Sabedoria. Uma vez Me
disseram os Meus Apóstolos: ‘Senhor, a quem iríamos?’. Tu
também, a quem poderias voltar-te se Me deixasses? Vem, pois,
continuamente até Mim, pequena filha Minha. Terias medo de
importunar-Me a Mim, o teu Deus? Em Mim e só em Mim estão
sempre o Amor e a Paz. Toma e come. Incorpora-te a Mim e não te
defendas de que Eu te ame…”
9 de dezembro. Igreja de Fresne. Não deixes a tua Mãe
Imaculada, e tampouco Ela te deixará. Ama-te mais do que a tua
Mãe da Terra, e muito é o que sofreu para gerar-te. Ela, Rainha dos
Mártires, sofreu por ti os horrores de Minha Morte. Sempre se ama
mais àqueles pelos que mais se sofre; imagina, se puderes, a
ternura que Ela tem. Nada poderia detê-La, nem sequer a tua
ingratidão. Diz-Lhe seguidamente que A amas e Lhe agradeces. Os
colóquios com Ela te aproximarão a Mim. Ela é humilde demais para
referir a Ela mesma o que é Meu; Ela, que não viveu senão para
Deus; mas o Meu é Seu. Pede-Lhe que te ensine a viver só para
Mim; põe Nela a tua confiança e Ela te ajudará a escalar a dura
montanha da perfeição. E ver-se-á quão dura é, só quando se
escorrega, crendo que se subia. Quem poderá purificar-te e acender
a luz em teu espírito, senão aqueles que já a possuem, os santos e
a Rainha de todos os santos? Sente-te muito pequena junto a Ela,
porque Ela não é uma mulher, senão A Mulher, a segunda Eva, a
que pisa na cabeça da serpente. Vive Conosco em família, com toda
a simplicidade, como se vivesses Conosco em Nazaré, porque nada
de nossa intimidade te fica proibido. Eu vos dou tudo o que possuo,
ainda o Amor de Minha Mãe. Assim, quando te sentires só e fraca,
entra na intimidade de Nós dois, Minha Mãe e Eu. Não é necessário
que ninguém te apresente, pois há longo tempo te conhecemos e
melhor do que tu te conheces. Filha Minha e de Minha Mãe,
humilha-te diante do Nosso grande Amor por ti. E ama-Nos para
consolar-Nos dos outros, dos que não Nos amam.”
16 de dezembro. “Que não passe muito tempo sem que Me
busques: ou em um livro piedoso ou em teu interior... Há que soprar
sobre o fogo, alimentá-lo, voltar a acendê-lo quando vês que vai
desfalecendo. E o mesmo acontece com a lembrança de teu grande
Amigo. Não O deixes. Mantém com cuidado o abraço de todos os
dias e assim, irás parar no Abraço Eterno, sem esforço. Tu viste
algumas apoteoses. Por que a tua vida não haveria de terminar
como uma? Vê os Meus Favores e faz viver o Meu Amor. Aviva a
lembrança de Meus Sofrimentos, considera os Meus Perdões e
todas as delicadezas com que te cumulei. Pode ser que,
concedendo um olhar ao Meu Amor, o teu queira responder-Lhe.
Poderias também suplicar-Me que te ajudasse. Esta súplica cheia
de humildade avivaria o desejo e o desejo é um chamado direto ao
qual Eu não resisto. Recorda que nada de bom pode haver em ti,
sem Mim. Recorre sempre ao teu Animador. Não tenhas vergonha.
E quando observes que cometeste uma falta, chora-a sobre o Meu
Coração, não com lágrimas dos olhos, senão com a tristeza da
alma. Então encontrarás a força para conduzir-te melhor, para falar
melhor, para calar quando é oportuno. Conhecerás uma Caridade
totalmente Divina para com o próximo, que tanto lugar ocupa na
vida. E Eu Sou o próximo. Que mal farias, então, se o humilhasses
ou o tratasses mal! E muito é o bem que podes fazer-lhe com algo
tão simples como as simples boas maneiras. Pensa em como
abordá-lo e em como responder-lhe. Faz como se ele fosse Eu,
criado à Minha Imagem e Semelhança. E sobretudo, não desprezes
nunca a ninguém! Nem sequer aos maiores pecadores; com isso me
feririas. Porque eles podem arrepender-se e ficarem colocados mais
alto do que tu em Minha Mansão. Filha querida! Olha quão grande é
a Minha Preocupação para que te faças melhor e vivas atenta perto
de Mim; porque Eu persigo a cada alma como se fosse a única que
existisse sobre a Terra. O Meu Amor é transbordante, ainda que Eu
O mantenha silencioso e escondido para deixar-vos íntegro o Mérito
da Fé. Fica segura de que o teu Amado te olha como através de
uma veneziana: não o duvides. Olha o Meu Rosto ensanguentado,
tal e como o tive, por teus pecados; e vê se é possível que não
comeces a amar-Me como Eu desejo ser amado, por cima de todas
as coisas. Olha o Meu Rosto de pobre homem torturado pelo furor
de seus carrascos e recorda: Eu Sou o teu Deus!”
24 de dezembro. Igreja de Fresne. Eu dizia: Senhor, passeia
entre os meus pensamentos, de dia e de noite. Ele: “Sim, deixa-Me
impregnar-te, como a esponja que se enche de água. Aspira-Me,
sem medo. E fica sabendo que quando te deixas para dar-Me lugar,
tens nisso um ganho importante, mas quando buscas a ti mesma,
há nisso uma perda… Dirige-te continuamente ao teu Dono, o que
te criou e sabe bem do que estás feita e como podes servi-Lo. Ele
sabe a parte que te corresponde na Salvação do Mundo, pois cada
um de vós tem Nela uma parte, uma colaboração. Qual não seria a
tua tristeza, se falhasses na tua e não respondesses ao chamado de
Deus! A esposa toma parte nos trabalhos do Esposo, e quanto mais
amor põe nisso, tanto menos lhe custa. Neste trabalho de amor,
oferece-Me tudo o que fazes, tudo o que pensas. Faz o quanto
possas para agradar-Me, para não deixar-Me só, mas estar Comigo.
Quantas vezes Me senti só quando vivi sobre a Terra! Eu Me refugio
de mil amores em um coração fiel, para morar ali com o Meu Pai, e
então esse coração se transfigura em uma doce e simples
felicidade. Adquire o hábito de viver em Mim. Ensaia. Volta a
começar sem fatigar-te, e Nós te ajudaremos. Oh, trabalho delicado!
Porque vós, Meus pequenos, nunca estais sós quando tendes Nos
dado a vossa confiança; Nós vos levamos com Ternura infinita; com
uma Delicadeza que vos surpreenderia, que acaso chegaria até a
escandalizar-vos, se a conhecêsseis. Como é possível que Deus
ame tanto as Suas criaturas? Mas assim é, e muito mais. A Nossa
Riqueza é o Amor; Loucura santa, na qual deveis crer firmemente.
Entrega-Te a Ele sempre, sem interrupção, porque Deus te ama
sem interrupção. Minha pobre filha pequenina!”
30 de dezembro. Igreja de Fresne. “Entende, filha, que nunca
estás só, e que este pensamento te dê força. Força para falar-Me,
porque aí estou; força para atuar, porque Eu posso ajudar-te,
especialmente quando falares com os outros. Isto é uma fortuna
para ti, que nunca Me agradecerás o suficiente. Os esposos da
Terra se veem com frequência obrigados a separar-se, mas Eu
estou sempre no mais íntimo do ser de Minha esposa e ela pode
contemplar-Me em si mesma. Quando se sente muito
impressionada, pode abrir-Me a sua alma e esconder-se em Minhas
Chagas. Bebe Nelas a grandes tragos a tua santificação. Toma em
Mim, toma de Mim e oferecendo ao Pai os Meus Méritos, pede-Lhe
que se esqueça de teus pecados. Não se pede tanto perdão como
se deveria pedir. E no entanto, todos sabem que o Perdão se obtém
com somente pedi-Lo. A Alegria que tenho quando perdoo algo! No
Evangelho podes contar os Meus Perdões. Perdoei à mulher
adúltera, à cananeia, ao paralítico, a Magdalena, a Pedro, aos Meus
carrascos, ao ladrão. A Judas mesmo, o teria perdoado se ele
tivesse querido se jogar aos Meus Pés. Também perdoei à
samaritana, a muitos outros dos quais nos fala o Evangelho. Teu
Deus tem um Coração que perdoa. Chorai as vossas faltas, uma
atrás de outra, em Minha Presença. Olhai os Meus Olhos que
choraram antes que os vossos. Uni a vossa dor à Minha Dor. O que
menos poderíeis fazer vós, que tanto Me fizestes chorar?”
1944

1º de janeiro. Antes de Comungar. “Lema para este ano:


Espera em Mim.”
6 de janeiro. Igreja de Fresne. “Pensa, filha, na alegria que
tiveram os Reis da Epifania. O que Me encontra, encontra as
maiores alegrias que são possíveis sobre a Terra, mas é preciso
buscar-Me, não somente uma vez ou duas, senão de uma maneira
contínua; porque a vossa fraqueza Me perde continuamente de
vista, pelas distrações da vida diária. Os olhos que Me olhavam se
põem a olhar para outro lugar e a sua atenção se desperdiça por
aqui e por lá. Então Eu Me retiro e é preciso que Me busqueis de
novo. Bendita busca, já que é seguro que voltareis a encontrar-Me.
Se vós pudésseis conservar-Me como Eu vos conservo em Mim!
Pois não vos deixo nenhum instante. Tu sabes que és a Minha filha
muito querida, não obstante as tuas misérias: é demais dizer ,
então, que espero de ti a intimidade de todos os momentos de teu
dia? Que Me dês tudo, sem retornos sobre ti mesma? Que te
instales em Meu Coração, sem distância alguma entre o Meu e o
teu, para dar-Me alegria e consolo? É muito se te peço que
esqueças das coisas deste Mundo para viver por antecipação as
alegrias do Outro? Excedo-Me, acaso, se te peço que estejas mais
dentro da companhia dos santos e dos anjos? Tens que começar, já,
a balbuciar a linguagem do Céu, onde se canta eternamente com
Amor ‘Glória, Louvor e Bênção a nosso Deus três vezes Santo’. A
Vida do Céu é uma constante variação sobre este tema. Pensa
Nela, pois afinal é o único que importa. Sou Eu Quem te fala. Se
soubesses quão grande é o Meu Desejo de dar-vos o Céu, pelo
Qual sofri tudo, te farias santa, nada mais que para apagar a Sede
deste Desejo. Eu, de Minha parte, assisto a todos os teus
movimentos interiores como um avaro que assiste a uma partida na
qual pode sair ganhando. E se a tua alma se voltar a Mim
espontaneamente, com doçura e por seus motivos, nunca haverá
um Conquistador tão orgulhoso de Suas vitórias como Eu, por ter
ganho uma batalha. Tu és o prêmio de Meus Suores em Getsêmani;
és para Mim como a resposta; e o Pai te olha.”
13 de janeiro. Igreja de Fresne. Eu dizia: Oh, Verdade, Te
adoro! Disse-me: “Sim, Eu Sou a Verdade. O pecado é mentira, erro
e trevas. Toda virtude é verdade, como o é o desejo do Bem e o
trabalho pela Justiça. Mais tarde verás que só a Verdade importa,
assim como só Deus importa. Não estimes nada fora de Mim. Fora
de Mim há prazeres aparentes, mas só em Mim há felicidade. Ao
criar o homem, coloquei no fundo de seu ser o sentido da verdade,
pois o fiz à Minha Imagem e Semelhança. Quando peca contra a
sua consciência, deixa a Minha Semelhança e se torna ignóbil; mas
a alma que se esforça, e com sacrifícios tende a aproximar-se de
Mim, aperfeiçoa a sua semelhança Comigo. Algumas há, que de tal
maneira souberam copiar, traço a traço, o Rosto de Cristo, que
apareceram no Céu como se fossem Cristo mesmo. A Glória que
levam consigo! Porque cada um de vossos atos têm uma
ressonância no Céu ou no Inferno. Grandes verdades são estas que
hás de meditar sobre o Meu Coração. Mantém-te sob o Meu Olhar,
querida filha. Vou seguindo-te, porque te amo.”
20 de janeiro. Igreja de Fresne. “Percebeste o contente que
ficou aquele cachorrinho quando tu o acariciavas? E te
escandalizarás se te digo que a Minha Alegria é comparável à sua?
O consolo na hora de Minha Agonia. O compreenderias se
soubesses a quanto chega a indiferença do Mundo, quase de todo o
Mundo; pois são realmente poucos os Meus amigos íntimos. Então
é como uma grande riqueza para Mim quando algum deles vem Me
fazer companhia nesta hora de amargura. Não temas ser terna
demais Comigo, nem temas falar-Lhe muito ao teu Bem Amado.
Queixa-te de ti mesma e diz-Me: ‘Quando Me curarás, Amigo meu,
disto ou daquilo?’ Porque há em ti tantas coisas que são indignas de
Mim! Faz-te pequena pensando nisto, e esconde todas essas
fealdades em Meu Coração, que é para as vossas almas como um
Hospital em que se curam. O lema para este ano? ‘Espera em Mim’.
Eu Sou infinito; Sou o Amor, e nunca acabam os Meus recursos
para ajudar-te. Perde-te em Mim. Deixa-Me a direção de tua vida:
como um menininho cego que pulara contente e seguro, levado pela
mão. És Minha; alarga o teu coração na paz e sê feliz, já que és
Minha. Guarda o teu olhar para responder ao Meu. Que nenhuma
ocupação te ocupe realmente por inteiro, fora do cuidado pelas
almas e pelo advento de Meu Reino.” Eu: Senhor, Senhor, como eu
poderia fazer para que as almas viessem todas a Ti, como um voo
de pombas? Ele: “Ora, fala de Mim. Não admitas nenhuma falsa
vergonha de pôr o Meu Nome em tuas conversas. De Meu Nome,
quando se pronuncia, chovem as Graças, e tu já o sabes. Que
poucas são as vezes em que o Nome de Deus figura nas conversas
humanas de todo um dia! E, no entanto, todos se movem em Mim e
Eu salvei a todos. Não seria o mais natural que todos pensassem
em Mim? Mas é de outro modo; então, tu, Minha pequena, repara.
Quando tu eras menina e alguém havia machucado a tua boa
Jenny, que bem sabias consolá-la! E Eu Sou mais do que Jenny.
Será que não haverá em tua intimidade mais escondida uma
linguagem desconhecida para os outros, e reservada para Mim?
Linguagem na qual as palavras não são necessárias. Simples
doçuras, amores, agradecimentos, impulsos, impaciências de
finalmente encontrar-Me. Submissões, desejos de Minha Glória,
alegria pela Minha Felicidade no seio de Meu Pai. Esquece tudo
para não pensar senão em Mim. Como poderias agitar-te por outra
coisa, por outra pessoa? Eu sou O que É. Sê Minha.”
27 de janeiro. Em meu aposento: Senhor, escuto. Ele: “Terias
te atrevido a pensar na Morte de um Deus e em uma Morte como a
que Eu tive? A Morte de um Deus que morre por Sua criatura?
Também é impossível que não vejas a Ternura refinada, preciosa e
sem medida de Meu Amor. Filha! Se os santos pudessem falar-te,
que pressa terias tu para beber com eles nas torrentes do Amor
divino! Consagra os últimos dias de tua vida para preparar a tua
entrada no Mundo Celestial. Lembras-te dos teus dezoito anos e a
tua entrada no mundo terrestre da sociedade? Com que cuidado se
preparava tudo! Mas, quanto valia tudo isso em comparação com a
tua entrada no Céu? Concede-lhe, pois, uma atenção de todos os
instantes. Cuida bem de tua apresentação; nunca estarás bela
demais. Pede emprestados a todos os que te amam os seus
melhores diamantes: os Meus Méritos e os de Minha Santíssima
Mãe, para cobrir os teus farrapos. Formarão para a tua entrada
como que um manto maravilhoso, como para que no Céu se diga:
‘Quem é esta que caminha ao Braço de seu Bem Amado? Não
estejas só: não há sobre a Terra quem esteja mais perto de ti do que
Eu. Grande pensamento este, de que estou Presente em ti!
27 de janeiro. Igreja de Fresne. Eu: Senhor, aqui estou, diante
de Ti, preparada para escutar-Te. Ele: “As Minhas Palavras não
podem tomar outra coloração que não seja a do Amor. Parece que
repito, mas o Amor é sempre novo. Esse Amor de Deus, do qual
vivereis por toda a Eternidade. É impossível que imagines a Força, a
Doçura, o Encanto e a Penetração desse Amor, porque não podes
imaginar, tu, finita, o Infinito. Em Minha Paixão podes ver os
extremos desse Amor, cujos frutos excedem tudo quanto vós
pudésseis esperar. Terias tu sido capaz de pensar em que um Deus
morresse por Sua criatura e com uma Morte como a Minha?”
3 de fevereiro. Igreja de Fresne. “Crês realmente a fundo, filha,
tudo o que Me dizes? Afunda-te mais e mais na Fé. Vive com mais
intensidade. Fala-Me como se Me visses, pois bem sabes que Eu
estou contigo. Aonde quer que te encontrares, encontra-Me. Ama-
Me como a um Ser vivo, pois estou vivo, em Meu Corpo Glorificado,
e honra-Me Neste Corpo que foi martirizado e morto por teus
pecados. Cuida-O. Repousa-O. Guarda-O contigo, de dia e de noite.
Arrastou-Se por terra como um verme e perdeu a Sua Beleza por ti.
Se O tivesses visto no descendimento da Cruz, os Meus Membros
deformados sobre o regaço de Minha Mãe! Aquele já não era o Meu
Rosto, o Olhar estava extinto. Eu vivi igual a vós a Minha Última
Hora. Une desde agora a tua morte à Minha; estejamos sempre
juntos, mas de modo especial na última hora. Como os membros de
uma família, que no momento do perigo se jogam uns nos braços
dos outros. E tu te apertarás a Mim quando sintas que se aproxima
o teu fim. Então terás o impulso perfeito; desprender-te-ás de tudo o
que te rodeia e te apoiarás amorosamente em Meu Coração. Que
curta é, filha Minha, a tua vida terrestre! Tudo fica na metade do
caminho. Sentes que a tua Morada está mais Além? Não há porque
retardar-se aqui embaixo. Amanhã será a outra vida. Não tens, já,
muita vontade de ver-Me e de conhecer-Me melhor? Pede-Me este
desejo; Eu posso dar-te tudo o que te faltar. Na realidade, pedes
pouco. Não temas cansar-Me, ou ser importuna Comigo; és a Minha
filha e nada de ti pode fatigar-Me. Lembra-te daquela mãe
jovenzinha, que dizia: ‘Quando tenho o meu filho nos braços,
esqueço-me do Mundo.’ E no entanto, o seu amor de mãe não é
nada, comparado ao Meu. Porque o seu amor, Eu o dou, e o Amor
que Eu vos tenho, (ninguém Me dá), é o Amor de um Deus. É a
divina Loucura. Assim, pois, não temas. Pede. Deseja e agradece
ao Amor. Chama-te a ti mesma ‘pequena filha de Deus’ e isto te
dará um sentimento novo.”
10 de fevereiro. Igreja de Fresne. Eu Lhe agradecia por ter
protegido a minha mudança de Nantes a Le Fresne. Disse-me:
“Bem está, e para Mim é muito doce que Me agradeças. Tem a
segurança de que não falas ao ar, pois cada palavra tua cai em Meu
Coração sensível. Crê sempre que Eu estou junto de ti com todo o
Meu Amor. Vivemos juntos; todos os dias, de manhã, recebes-Me e
logo, não Me dizes que vá embora. Não és digna de que Eu esteja
em tua casa, mas mesmo assim, aqui estou. Pensa em não deixar-
Me só. Agradam-Me tanto as tuas pequenas palavrinhas! Porque as
tuas palavras são tu mesma; é a tua vida e tu Me deixas entrar nela.
Eu te comunico a Minha; isto também é Graça e assim, a Nossa
União se aperta. Já tens visto alguns esposos que não têm
nenhuma intimidade; que não seja assim entre Nós, Minha
Gabrielle, mas que o teu pensamento mais caro seja Eu. O quão
preciosa é para vós uma Fé simples! Nela está (não é assim?) a
maior felicidade que podes ter na vida. Lembra que a Terra é curta e
olha seguidamente ao Céu, sem temor. Morre por antecipação, com
uma morte de amor. Abandona tudo em espírito de alegria, porque
és a Minha filha, e vens a Mim e Eu te espero com os Braços
abertos. O que poderias temer, já que te salvei? Não chegou para ti
o momento das confianças extremas? Alarga-te, filha, em
companhia dos santos que souberam morrer na paz e no amor.”
17 de fevereiro. Igreja de Fresne. Eu pensava em todas as
Suas Graças e disse-Lhe: “Senhor, como me cumulas! O que posso
fazer para agradecer-Te?” Disse-me: “Faz-Me companhia com mais
assiduidade. Não podes imaginar o que é para Mim que Me tratem
como Amigo íntimo. É algo tão raro! Eu desfruto do afeto como
Homem que Sou e assim como tu, gosto que os Meus amigos
descansem em Minha Companhia. Eu, como tu, gosto de ser
desejado e que Me façam depositário dos segredos. Assim, pois,
busca-Me e não Me deixes ir. Dá-Me uma companhia fiel e alegre.
Nesta manhã, depois da Comunhão, pensavas em Meus Membros
deslocados e saudavas os Meus Sofrimentos indizíveis; e Me
chamavas ‘Rei dos mártires’ e estavas perto de Mim, em Mim. Faz
isso mesmo no decorrer do dia. Pensa nas diversas etapas e
momentos de Minha Vida, e fica aí perto. Para Mim, o tempo não
existe. Crês nisso? Então terás estado em Mim, muito feliz, como os
Meus Apóstolos, e desta maneira, a Minha Vida pode prolongar-se
até o fim do Mundo, na vida de todos os homens. Filha querida,
queres emprestar-Me o teu coração?” Eu: “Senhor, tira dele tudo o
que te traz desgosto.” Ele: “Continuarás cometendo pequenas faltas,
terás desigualdades que serão para ti motivo de humilhação, mas o
Amor repara tudo. Volta a começar cada vez, sem fatigar-te;
continua, desenvolve. Nunca ninguém se arrependeu de ter-Me
amado muito. Habitua-te às horas de amor, a caminhar em amor,
aos descansos em amor. Assim chegarás à morte de amor. Põe-te à
prova nos serviços que prestas ao próximo, recordando que o
próximo Sou Eu. E o próximo leva mais da metade de tua vida.
Busca, filha, conhecer finalmente um pouco o Amor.”
24 de fevereiro. Igreja de Ingrandes. Eu dizia: Como poderei
conhecer o Amor? Ele: “Aplica-te a ver-Me em todos os
acontecimentos, grandes e pequenos. E digo que ‘pequenos’ porque
são os que formam a trama de teus dias e, recebendo tudo de
Minha Mão, compreenderás a solicitude de Deus. Quão doce e
amável vai parecer-te! Ainda que não poderás vê-la senão
superficialmente. Remonta-te então até o Coração de teu Deus;
lembra-te de Seus imensos Sofrimentos, que Ele conheceu de
antemão um por um e aceitou e sofreu de antemão. Submerge-te,
quanto mais puderes, nestas considerações e isto avivará a
pequena chama de teu amor. Confia-Me o teu amor. Quando Eu
vivia na Terra, levavam-Me os fracos e os doentes, e teu amor é
enfermo e fraco; Eu soube ressuscitar. Se cresses em Meu Poder,
terias as maiores esperanças. Então, crê no Amor: isto basta. Sim,
Eu te ajudarei, mas tens de Me pedir. Já vês que te digo como fazê-
lo. Te assopro o teu papel; aparece, pois, sem temor, no cenário do
amor. Serei Eu Quem te responderá.”
2 de março. Eu: Meu pobrezinho Amor! Ele: “Sim, Pobre.
Pobre de vossos amores, tão raros e tão imperfeitos. Que fácil é
contar o número dos que neste momento Me amam sobre a Terra o
suficiente, como para deixar tudo por Mim! E se considero o número
dos homens, sinto-Me tão pobre e abandonado como durante a
Minha Vida mortal: não tenho senão um pequeno grupo de
íntimos… Procura, filha, vir no socorro desta Pobreza de Meu
Coração. Busca compartir e prover. Conhecem-Me tão mal…
quantos são os que creem que Eu Sou terno? Quantos são os que
pensam em Minha Misericórdia? Por isso, deves abandonar-te a ti
mesma e passar a Mim. Diz-Me que é difícil, mas que contas com a
Minha Ajuda. E quando contas Comigo, é porque já estou aí. Se
esperas em Mim, podes chegar a uma alta santidade; ao contrário,
quando contas com as tuas próprias forças, é quando vegetas em
tua miséria habitual. Esta confiança é uma homenagem a Deus e
para ti, uma prova de humildade. Dizes bem quando Me chamas
‘teu Pobre Amor…’ Na hora de Minha Agonia, acompanhavam-Me
três dos meus; mas o sono roubou-Me os três. À hora de Minha
Crucificação Eu tinha só um de Meus discípulos e, no entanto, todos
haviam Me recebido na Comunhão. Tu, sê fiel e busca consolar-Me.
Coloca-te entre Mim e eles e roga ao calor de Meu Coração que
incendeie o Mundo. Aguardo orações para operar conversões e
mudar os espíritos. Não temas orar muito. Ora na simplicidade de
tua alma, segura de ser escutada, esperada e amada. A gente se
sente sempre mais forte quando sabe que é amado. Não é verdade
que isto muda a linguagem? Oh! O mais belo Amor!”
6 de março. Depois da Comunhão. “Um grau a mais de Amor,
um grau a mais de Esperança e de Fé, não estão ao teu alcance por
tuas próprias forças. Mas Eu posso te dar. Pede-Mos a cada dia,
pela intercessão do santo desse dia. Hoje se celebra a memória de
Santa Perpétua e Santa Felicidade, cuja prisão viste em Cartago.
Por sua intercessão Eu te darei o que necessitares. Os meninos
pequenos se desenvolvem somente pouco a pouco, e acha-se
natural que assim seja. Tem, pois, paciência com a tua fraqueza. O
teu corpo Me pertence; cuida-o, porque é Meu. Faz o teu trabalho
porque é o Meu Trabalho. Faz descansar a outros, para fazer-Me
descansar. E quando falares com o próximo, reproduz nisso a Minha
Vida Pública.”
9 de março. Igreja de Fresne. “Que nunca te inquiete nada, a
não ser o temor de ofender-Me; tudo está em Minha Mão, pois Eu
Sou o Todo Poderoso. Não penses que há algo indevido em que a
tua atenção se dirija somente a Mim e ao que se refere a Mim.
Governa a tua imaginação, para que não saia de Meus Caminhos.
Que as tuas faculdades te obedeçam; centraliza tudo em Mim. Toma
de Mim aquela força que Me fez resistir à fome do deserto. Não te
permitas saídas de independência; diz-Me seguidamente que
queres continuar sendo sempre a Minha pequena servidora. E Eu te
responderei que já não és a Minha servidora, senão a Minha amiga.
Assim, te aproximarás mais a Mim por um simples esforço de tua
intenção, em pureza e amor. Amo-te e te quero perto. A ti cabe
endireitar com fidelidade os teus caminhos até Mim. Verás que é
coisa simples e a tua alma se sentirá muito alegre e, como uma
planta que só vive de sol, buscarás sempre o Meu Rosto. Belo
dueto, que é uma pura harmonia! O Meu Pai escuta; que Lhe sejam
dados todos os agradecimentos. Querida filha, é muito o que podes
ainda fazer por Sua Glória no tempo que te fica para viver antes de
chegar à Eternidade. Oferece-te ao Pai como um instrumento dócil,
e manifesta-Lhe o teu desejo de que se faça em ti a Sua Santa
Vontade; fala-Lhe de tua impaciência pelo advento de Seu Reino.
Com toda a suavidade que há sempre nos desejos dos meninos…
Sê sempre completamente sincera; estabelece o teu pensamento
em ‘Seu Pensamento’. O que poderia perturbar-te se vives na
amizade do Pai? Oh! A serenidade imutável do Amor de Deus!”
16 de março. Igreja de Fresne. “Faz o que puderes, pois Eu
nunca te pedirei demais. E que tudo, mesmo o trabalho como o
repouso, sejam por amor; amor cuja prova será a alegria. Eu Sou
sempre o mesmo, e todos os estados de um ser devem inclinar-se a
Mim. É uma maneira de reconhecer a Minha Justiça e a Minha
Misericórdia. Não poderias crer o quanto Me agrada que tu trates de
assemelhar-te a Mim. Não creias que podes ser boa nem humilde
por ti mesma; são a Minha Bondade e a Minha Humildade que te
inspiram; e quem se parece a Mim, agrada ao Pai. Ele disse uma
vez, como recordarás, ‘Este é Meu filho muito Amado’, e cada um
de vós é ‘Seu’ filho quando se parece a Mim. Não é diferente do que
acontece a ti mesma. Não é verdade que sentes simpatia imediata
por uma pessoa que te recorda o rosto ou a voz de uma amiga
querida? Multiplica as semelhanças nas relações com o Pai e com o
teu próximo. Pensa seguidamente em teu Irmão Maior, cuja Vida
conheces nos detalhes. Atua com a simplicidade com que Ele
atuava, com o mesmo amor aos meninos e aos pequenos.
Caminha sem temor, pois estou contigo. O principal é que tenhas a
intenção de imitar-Me. Uma intenção que é preciso purificar
constantemente, e manter em Minha Presença como a lampadinha
do Sacrário. Intenção de agradar-Me, de fazer-Me companhia, de
consolar-Me. Alguns momentos atrás Me oferecias uma das
primeiras violetas, dizendo-Me: ‘Senhor, ninguém pensou hoje em
trazer-Te uma?’ Uma violeta era pouca coisa, mas para Mim foi
muito, porque na Terra Me consideram um desterrado. E Sou o Rei
do Céu! Agradece-Me por haver-te dado esse dom inapreciável que
é a Fé, e esforça-te por fazê-La crescer: será como se Me fizesses
crescer em ti.”
23 de março. Igreja de Ingrandes. “Fecha-te ao Mundo. Só Eu.
Aviva o teu amor; deseja, chama; grita pedindo-Me auxílio. Tu sabes
bem que chegarei. Quero que mostres mais amabilidade e encanto
e que busques o bem em todas as suas formas, para com todos os
teus próximos, com uma graça que seja difícil de esquecer. E tudo
isto, não com a intenção mundana de agradar, senão com a de
assemelhar-te a Mim. Eu sozinho Sou bastante como para encher o
teu coração. Se realmente o soubesses, não te seria difícil crê-lo;
mas o bom é que creias sem saber. Com isto Me agradas e atrais
sobre ti inumeráveis Favores. Eleva-te sempre; busca-Me no Céu e
Me encontrarás em teu coração. Que haja entre nós dois uma
incansável primavera de amor; doces relações renovadas a cada dia
e inefáveis conversas... As palavras que tenhas que dizer-Me, eu te
inspirarei, para que não falhes nem sequer no acento. E se nada
tiveres a dizer-Me, olhar-Me-ás; pode haver tanto amor em um
olhar... tanto como em um sorriso. O importante é que nos
correspondamos; que não haja entre nós silêncios de indiferença
nem detenções na vida íntima. Pede-Me que continuamente te
socorra, pois sem isso não poderás… Reconhece o teu nada. Vê
onde te encontras. Humilha-te e estende-Me os braços. Eu te farei
voar sobre o obstáculo, segurando-te em Meu Coração.”
30 de março. Le Fresne. “Com facilidade Me agradeces pelos
Favores temporais, mais que pelos Favores espirituais. Mas Sou
sempre Eu o Autor dos Favores. E os espirituais valem mais. É
como se Eu convidasse à Minha Casa uma amiga íntima para
dedicar-lhe as mais delicadas gentilezas e revelar-lhe os Meus
Segredos. Tu gostas de expansões no seio de uma fiel amizade; Eu,
ainda sendo Deus, tenho os mesmos gostos. Repousa em Mim de
vez em quando. O teu repouso será a Minha Festa; manter-te-ei
bem apertada na brevidade dessa hora.” Então eu Lhe disse: “Amor
meu, que cada dia que passe seja para Ti um dia de festa.”
Respondeu-me: “Permanece Comigo, como São João Batista, que
não necessitava nada, não se inquietava por nada e pensava
somente em Meu Reino. Eu era o seu pensamento único; Eu, a
Glória de Deus, o Reino de Deus. Imita a sua pureza de intenção, a
pureza de sua vida, o seu amor único. Paguei-lhe bem no Céu, pois
Eu sei pagar e sei pagar porque sei amar. Diz-Me que estás certa
disso. Pede-Me a Minha Ciência e busca amar mais, com a Minha
Ajuda. Sobretudo, não te canses. A vida espiritual é um contínuo
voltar a começar porque o vosso espírito é coisa pequena, que nada
pode sem o Meu Auxílio. Pedirias-Me com frequência esse auxílio?
Para que Eu te dê. Gosto de dar. Abre o teu coração, o quão largo
for; o teu amigo está à porta…”
Abril. Quinta-feira Santa. Le Fresne. Diante do oratório. É o
Amor, filha Minha, O que Me traz aqui. Olha sempre ao Amor e olha-
O em Mim. Que seja o teu primeiro pensamento ao acordar, e o
último antes do sono da noite. Que o pensamento de todos os
momentos que te ficam por viver seja o de teu Deus feito Homem
que te ama para que possas sofrer e morrer. Dou-te a Eucaristia,
para consolar-te de que não viveste sobre a Terra durante os 33
anos em que Eu vivi Nela. Terias sido feliz em ver-Me, como o foi
Magdalena. Mas Sou o mesmo; sê feliz por possuir-Me. Que a tua
Fé creia, que a tua Esperança espere. Felizes aqueles que creram
sem terem visto! Pois para eles Eu tenho Graças especiais. Alegra-
te, pois, deste grande Amor que te envolve, e busca correspondê-
Lo. Toma de Mim Ciência de Amor. Toma tudo o que possas, com o
fim de assemelhar-te a Mim; pois gostaria de reconhecer-Me em ti.
Acontece-Me o que acontece aos pais quando dizem que os seus
filhos se lhes parecem. Vive em ação de Graças. Agradece de
maneira especial e com regularidade, à hora dos percursos. É pura
justiça, pois salvei-te e dei-te tanto…”
13 de abril. Em meu aposento, tinha aberto aleatoriamente uns
dos ‘cadernos’, e sentia uma iluminação interior. “Está bem que
tenhas esse interesse por ler seguidamente as ‘Minhas Palavras’.
Isto te impregna de Deus e te arranca da pequenez do Mundo.
Assim, de inspiração em inspiração chegarás ao Fim, ao Fim que é
o verdadeiro começo da Vida. Filha, não concedas importância a
nada fora disso. Que tudo te leve lá. Retarda o passo e toma o teu
impulso para saltar sobre os obstáculos, e não temas inventar
maneiras novas de amar-Me. Busca a maneira mais rápida. Crê-Me
que tenho vontade de dizer-te: ‘Não fujas de Mim’, como dizem às
vezes os pais quando querem ter os meninos perto de si. Diz-Me
que não queres deixar-Me. Se Me pões em tua vida, estarei em tua
morte, e partiremos juntos. Não vale a pena que façamos isto
juntos? Escuta a Minha Voz. É a Voz de um Amor do Qual tu não
podes suspeitar. E recomenda-Me sem temor as tuas mais íntimas
aspirações; não tens ideia de até que ponto posso escutar-te.”
13 de abril. Eu: Senhor, que chegue o Teu Reino. Ele: “Dá-me
os parabéns desde agora, como se o Meu Reino tivesse chegado. É
este um trabalho em profundidade para toda alma criada, e nisso
está a sua felicidade mais íntima, ainda quando ela nem sempre o
compreenda. Oferece-Me a tua alma, para que o Meu Reino a cubra
toda inteira. Sê uma ‘filha de Deus’. Não Lhe dás o nome de Pai? E
Ele É.”
19 de abril. “Graça para hoje: Minha Presença. Vive de agora
em diante o pensamento de que o teu Amigo está aqui. A tua
influência será multiplicada, pois uma alma acende outra como uma
vela acende outra.”
20 de abril. Em retiro. “Agradece-Me pelo dia de ontem, em
que te concedi tantos Favores. Aproveita-os bem, Minha pequena
filha, tão cumulada. Se outras almas tivessem recebido o que tu
recebeste ontem… Aperta a tua vontade na Minha. Diz-Me que
queres ser-Me fiel, com o teu coração no Meu; pois sempre Me
inclino a crer-te… Eu não necessito de motivos para amar-te; és a
Minha pequena filha e te quero com carinho. Crê em Minha Ternura;
apazigua com isso o Meu Coração. São poucas as almas que
gastam o tempo e o trabalho em lembrar-se de Meu Amor, com o
qual a sua vida seria melhor. Exercita-te em Meu Amor; exercício
suave e saudável. Pensa que Deus te ama e que está contigo. Terás
observado que nunca Me chamam de ‘o Justo Deus’, ou de ‘o
Poderoso Deus’, ou de ‘o Grande’. Chamam-Me de ‘o Bom Deus’.
Por algum motivo será. Entrega-te à Minha Bondade; ela te tomará,
se apossará de ti. Se lançará sobre ti como uma águia e te
arrebatará. Abandona-te ao Amor; não te reserves nada.”
27 de abril. Igreja de Fresne. “Pensa na Santíssima Trindade,
da Qual procedes e à Qual voltarás. Adora, ama e confia-te. Pede
incansavelmente perdão; e se A amas, não temas nada Dela. Sê
pequena diante de Deus. Tudo o que tens, tudo de que gostas, são
dons Seus. Nada do que tens procede de ti. E louva a Santíssima
Trindade por teu pequeno êxito de ontem; porque a Ela pertence
todo o louvor. E vive em Mim, que te amo. Tudo isto to repito com
frequência para que acabes, finalmente, por crê-lo. E com
frequência te mantenho prisioneira. Tu gostarias de escapar de Mim,
mas ficas Comigo para alegrar-Me. Este é o amor da vontade. E há,
fundida nele, uma oração de vontade que não tem nenhuma alegria.
Mas não creias que Me agrade menos, pois tens toda a intenção de
dar-Me toda a Glória que puderes; a intenção de apressar o Meu
Reino. Em ocasiões, a intenção vai mais além do que a ação; como
no caso de um doente que gostaria de correr, mas não pode. Eu
tomo a intenção como uma homenagem e Me agradam os mais
fracos desejos; como quando os pais vigiam a respiração de seu
filho pequeno. Então?”
5 de maio. Igreja de Fresne. Eu me sentia afundada pelas
faltas e negligências. Disse-Me: “Lembra-te de que uma vez Eu
disse: ‘Se Eu Me for, vo-Lo enviarei’. Invoca, pois, com frequência
ao Espírito Santo; de que poderias te envergonhar? Por acaso não
foste criada para ser santa? E por acaso podes consegui-lo sem a
Ajuda divina? Invoca, pois, ao Espírito Santo; que Ele te impregne…
Pede-Lhe em Meu Nome. Que tudo seja pelo Amor de Deus, que
está presente, e pelo bem do próximo. Aproveitar a ocasião de fazer
um bem é ter-Me. E tu, que Me buscas, pensa na alegria das almas
do Purgatório que Vêm ver-Me, depois de tanto aguardarem. Não
podes imaginar o que é para elas ver-Me, depois de tanta espera.
Encontram-Me por fim, e se instalam na Família divina. Esse
trabalho de purificação! Começa e volta a começar, valendo-te de
Meus Méritos. Apodera-te Deles e oferece-Os ao Pai, porque são
Eles todos, Vossos. Neles está a beleza de tua magnífica veste.
Pobres de Meus pequeninos sem Mim! Eu não vos deixaria em
vossa miséria se vós Ma expusésseis; porque Eu sofri por vós mais
do que nenhum de vós. E tenho necessidade de dar-vos; vinde
tomar; entrai em Minha Bondade, que é a vossa Morada, e amai o
Meu Amor, cujas Delicadezas têm matizes infinitos. Quero dizer que
há tantas almas sobre a Terra... e Eu tenho outras tantas maneiras
de amá-las. Não há duas almas semelhantes. E entro na sinfonia de
cada uma, porque de outro modo o Meu Amor não seria o Amor de
um Deus.”
10 de maio. Igreja de Fresne. Eu me lamentava por uma
maleta perdida. Ele disse-me: “Tu Ma tinhas dado, posto que tudo o
que é teu é também Meu. Consola-te pensando que quiçá Eu tinha
necessidade deste sacrifício para a conversão de um pecador. Tu
estás disposta a não regatear as coisas Comigo, já que Eu estou
profundamente em tua vida. E permanecerás na paz. Estás
conforme com que Eu presida tudo em tua vida?” Eu: Sim, Senhor,
tudo; até a minha morte. Que ela Te glorifique. Ele: “Busca a Minha
Glória em tua vida e morrerás pela Minha Glória. No Céu os santos
continuam sendo a Minha Glória. E glorificar-Me aqui embaixo é
começar desde agora a Glória. Une-te aos santos para exaltar-Me;
às almas do Purgatório para purificar-te; e aos santos da Terra para
combater e subir. Vós sois os soldados de Deus, a Sua Milícia.
Combate por Deus e responderás pelo teu título. Comunica o Seu
Amor, dá o exemplo do Bem. Dá com excesso o que recebeste com
excesso, para que as almas se encaminhem ao Céu em exércitos
apertados. Qual não será a tua recompensa, se conseguires
contribuir com algo para a Salvação das almas! Desejo tanto isso!
Fiz tanto por sua Salvação! Mas as pessoas permanecem na
ingratidão; por isso tu, ainda que pequena, deves reparar, consolar e
amar no lugar dos que não amam. Faz-Me esquecer a ingratidão. O
que não conseguirás se souberes consolar-Me! Pequena filha, não
esqueças de teu Amigo…”
24 de maio. No campo. Hora Santa. Eu: Senhor, é certo que já
estamos, desde agora, no Seio de Deus? Ele: “Mas entendes a
doçura que há nas palavras ‘Seio de Deus’? Busca viver delas.
Assim como o menino se desenvolve pouco a pouco no seio de sua
mãe, assim tu desenvolve-te em Meu Ser, esperando de Mim a tua
valorização progressiva. Move-te em Mim, respira em Mim. Come e
bebe em Mim, estende-te em Mim e esquece-te de que existes.
Olha-Me em todas as coisas. E quando desta maneira tenhas te
‘transferido’ a Mim, viverás numa perpétua Adoração e no Amor,
filha Minha. É demais? É suficiente?”
25 de maio. Na igreja. “Há que preparar desde agora, no
louvor e na admiração, a vida no Mais Além. Se a tua vida sobre a
Terra fosse uma cadeia ininterrupta desde o teu nascimento até a
tua morte… Prepara o teu Céu como se prepara uma festa. As
guirlandas? Serão as boas ações de cada dia, inseridas em todas
essas horas que o amor perfumou. As luzes? São os fogos da
ternura. Eu quisera ver-te em guerra declarada contra o mais leve
pensamento de egoísmo. O egoísmo está em fazer, de nós
mesmos, um Deus. Mas Eu, que era Deus, só pensei em Meu Pai e
em vós; nunca em Mim. Compreendes o que é o desprendimento de
si por amor aos outros e ao Mundo inteiro? Isto é o único que vale a
pena. É assim como podes ser corredentora, em união com o teu
Esposo.”
1º de junho. Na passagem de Nossa Senhora de Boulogne.
“Dá-Me a tua vida com todas as suas minúcias. Muda. Se Me
ofereces todas as coisas pequenas, a tua vida inteira será Minha.
Muda. Não te compares com este ou com aquele, porque o único
ponto de comparação é Deus. Como Eu disse: ‘Sede perfeitos como
é perfeito o vosso Pai’. Converte-te; o que significa que voltes o teu
olhar habitualmente a Mim.”
8 de junho. Igreja de Fresne. Hora Santa. Disse-Lhe: Senhor,
como teria gostado de trabalhar na Vinha de Tua Glória! Quando eu
era menina, te lembras disso? Dizia-Te que me enviaras à Tua
Vinha. Ele: “Tu aumentas a Minha Glória e adiantas a hora de Meu
Reino com toda ação que fazes melhor. Pensa nisto e viverás uma
vida superior. Ainda quando ninguém te veja, nem te ouça,
aumentas a Minha Glória. Já leste em algum lugar que uma obra é
mais excelente quando é mais perfeita, escondida e toda só para
Mim. Como essas fossas profundas nos abismos do oceano, como
esses cimos que o homem nunca escalou: suas florações secretas
são o luxo de Minha Glória. Assim é também a vida interior de uma
alma; ninguém suspeita o que há nela e Eu o tomo. É aí onde tenho
as Minhas Delícias com os filhos dos homens. Permaneçamos, filha,
sempre juntos no vale de lágrimas e Eu te conduzirei à Mansão da
Jerusalém Celeste. Ninguém poderá nos separar, e será um instante
que não passará.”
11 de junho. Festa de Corpus. Depois da Comunhão. Eu: Que
tenhas uma Festa feliz, meu Amor! Ele: “Tenho a Minha Festa
quando entro em teu pobrezinho coração.”
13 de junho. Na igreja. “O que se celebra amanhã é o meu
Amor; poderia ser celebrado todos os dias, pois Eu sempre
transbordo de Amor por vós. Quem transbordará em amor por
Mim? Eu chamo e chamo, mas ninguém Me dá a resposta que Eu
quero. Se soubésseis Quem é O que vos chama! Tu? Tu Me darás?
Ou, depois de ter-Me dado vós mesma, tomas-te de volta? Respira
em Mim; não te afastes da doce Morada. Lembra-te que te
consagraste a Mim como esposa, em Montreal; continua sendo a
Minha consagrada. Já não és tua, senão Minha; não estás
consagrada só ao Meu Serviço, senão ao Meu Amor. Que o teu
amor tome as cores do Meu; e a Minha Cor é a Misericórdia. Eu:
“Senhor Meu, se Me fosse possível voltar a começar a minha vida!”
Respondeu-me: “Juntos os dois, a repararemos e a levaremos ao
seu término. O Amor pode tudo, mas tens que amar com o Meu
próprio Amor. Que todas as tuas forças passem a Mim. Forma parte
de Mim, mais que de ti mesma, pois eras Minha. Eu fui todo vosso
durante toda a Minha Vida e nada guardei para Mim; dei-vos tudo;
dai-Me então todo o vosso, para depois reavê-lo acrescentado.
Tudo está no Amor, que é o princípio e o fim da santidade.”
22 de junho. Hora Santa. Disse-Lhe: Irei aonde queiras e a
quem Tu queiras. Já não Sou Minha, senão tua. Respondeu-me:
“Lembra-te que tudo procede de Mim e deve voltar a Mim. É mais
fácil viver para outro, quando o amamos. E quando este outro é
Deus mesmo, é muito mais cativante. Não sentes que és como uma
presa para este Deus que te ama? Se pudesses entender o que é o
Amor de um Deus, só poderias abandonar-te Nele para Nele te
perder. Poderias apoiar-te só Nele para a vida e para a morte. Não é
certo que ainda na Terra vos alegra amar a um ser superior? Não é
verdade que te sentes atraída pela inteligência, o fervor, a
benevolência? Multiplica até o infinito tudo quanto de bom podes
achar nas pessoas que amas: Deus é mais. Eu possuo Suavidades
que nunca pudeste sequer imaginar. E é este Deus O que quer
possuir-te. Ele ! A ti, que és nada! Não te distraias de Sua Presença,
pois Ele te tem sempre presente. Respira Nele, move-te Nele. E
sobretudo, não temas, porque isso o entristeceria. Assim como a tua
confiança e a tua alegria O honram. Espera tudo Dele e terás tudo.
Dá-te-Lhe e Ele Se dará a ti. Quem poderia vencê-Lo, quem poderia
ser melhor do que Ele? Aproxima-te e põe o teu coração sobre o
Seu. Serás movida, ‘dirigida’por Ele numa Beneficência incessante.
Serás para os outros repouso e calma, porque Eu os apaziguarei
por teu intermédio. Muitas vezes nem sequer o saberás, mas será.
E não te é difícil unir-te a Mim, pois toda tu procedes de Mim.”
29 de junho. Hora Santa. “Compreende que servir-Me como
instrumento é uma Graça muito escolhida, da qual há que dar-Me
um amoroso agradecimento. Isto é simples, pois tu atuas para Mim,
que Sou o Amor.” Eu: Senhor, é difícil. Ele: “Tudo depende de como
o olhares. Olha-Me como o Amor, e o teu coração se derreterá;
encontrarás cem maneiras diferentes de amar-Me, fortes e ternas,
por sacrifícios ou por simples desejos, por silêncios contemplativos
ou por conversas do coração. E que tudo vá endereçado a ajudar-
Me a salvar o Mundo. Queres ser ‘salvadora’ juntamente Comigo?
Eu tenho necessidade de tuas penas e fadigas, mas também
preciso de tuas alegrias. Oferece-Mas. Necessito de toda a tua vida.
Já o verás, não é comprido demais; e, se no começo te fizeste
algumas reservas pessoais por ignorância ou egoísmo, repara isso
agora, entregando-te a Mim com a totalidade com que respiras.
Aspira a Deus sem cessar. Busca mais desaparecer em Mim e
menos parecer-te a Mim. Desprende-te de ti mesma e de todas as
coisas e assim, sem nada, vem! Mas vem com grande alegria, como
se quisesses morrer. E não creias que perdes o teu tempo detendo-
te a amar-Me, contemplar-Me e adorar-Me, chamando-Me de ‘Tu’.
Isto é o que se chama fazer oração e é algo que ultrapassa em
dignidade toda outra ocupação. Não fazê-lo seria como faltar a um
compromisso ou como chegar com atraso. Eu Sou sempre o que
chega primeiro. Quando Me buscas, estou aí e não poderia não
estar, porque te amo. Mas isto não podes compreendê-lo. Pede
Amor para amar-Me com Ele, e Me consolarás. Tu não pedes o
suficiente! Pede sem cessar para fazer-Me feliz, para que Eu sinta a
tua confiança, para dizer-Me e repetir-Me que queres ser melhor.
Quero encerrar o teu pobrezinho coração no Meu.”
6 de julho. Igreja de Fresne. Hora Santa. Eu Lhe disse: Senhor,
agradeço-Te por teres me deixado escapar do bombardeio de
ontem. Disse-me: “Dá-Me todos os teus agradecimentos, pois Me
deves todos. Tu mesma não és nada e tudo quanto tens, Eu To dei.
Esses pequenos agradecimentos Me agradam; tudo o quanto sobe
do coração de Meus pequenos é um presente para Mim. Encanta-
Me, multiplicando os teus sorrisos interiores; é o dom de tua vida, e
o fazes a Quem te criou. Eu tomo tudo. E se trabalhares pela
Redenção, estarás sobre o Meu Coração; chamar-te-ei de ‘Minha
ajudante’, e te ajudarei para que realmente o sejas. Isto aliviará a
nós dois. Pedirás as Minhas Graças como se tivesses compaixão
por Mim; tanto assim é o Meu Desejo de dar-Tas. Estás segura, filha
Minha, de que desejas recebê-Las, tanto como Eu desejo dar-Tas?”
12 de julho. Na igreja. Senhor, gostas de meu vestido? Eu o
referia ao estado de minha alma. Ele: “É um vestido de mendiga; no
entanto, o prefiro, porque Me dá a ocasião de fazer uma esmola; e
tudo o que te dou, deves repassá-lo aos outros. E te enriquecerei, e
se verá em ti uma pessoa incapaz, mas socorrida. Para que nenhum
movimento de orgulho te seja possível, pois todo o Bem procede de
Mim. E o que se faz quando se recebe algo? Agradece-se e se ama
mais. E sobretudo, não esqueças do sorriso, esse que te dei e que
deve acompanhar-te até a morte. Como se cantasses o Magnificat!”
13 de julho. Igreja de Fresne. Hora Santa. Eu dizia-Lhe: Amor
amável, eu Te amo. Disse-me: “Dá-Me os nomes mais
encantadores, segura de que nunca chegarás a expressar o Meu
Encanto. Não sentes, às vezes, que um véu se levanta um pouco,
como uma influência sobre ti, que te anima a querer saber ainda
mais? É tão pouco, filha, o que sabes de Mim! Tu imaginas a Deus
de certa maneira, mas é muitíssimo mais, porque Deus é Infinito. E
todo Ele É Amor sem margens. Considera um pouco a Minha
Imagem em ti e entrega-te a Mim até onde puderes; mais do que até
agora tens te entregado. Dá-Me uma confiança nova. Cria um lugar
em ti para o teu Deus, todo o lugar, até que não fique em ti egoísmo
nenhum. A esposa estará muito alegre se encontrar para o seu
Esposo um lugar novo... em resposta ao Desejo de seu Bem
Amado. Filha Minha, não descuides nada pelo caminho. Colhe as
florzinhas dos pequenos sacrifícios para oferecer-Mas. Com um
alegre sorriso ao olhar-Me. Encanta a Minha Sensibilidade, como Eu
encantei tantas vezes a tua. Descansa sobre o Meu Coração; o que
te detém? Eu te chamo, vem! Sou o Amor, não há nada em Mim que
inspire temor. Deixa-te arrastar por Minha Atração, deixa-te
impregnar.”
22 de julho. Busca gostar muito de pedir, pois Me alegra dar.
Que se torne um hábito buscar a Minha Ajuda. Eu adoraria que
pedisses sem interrupção, já que és miserável sem interrupção. Tu
não podes sentir este grande Desejo Meu, de ser chamado para
auxiliar. O teu chamado Me demonstra que pões a tua confiança em
Mim, e não em ti. Rasga, como um vestido velho, os teus hábitos de
pequenas confianças. Entra no caminho das chamas. Não é isto o
que cai bem à esposa? Não temas arder demais. Pede-Me que te
faça entrar em um caminho novo e não sonhado; surpreender-te-ás
no princípio, e sofrerás. Entristecer-te-á a lembrança de teu passado
sem fogos, mas ao mesmo tempo te sentirás alegre. Dir-te-ás, como
os Apóstolos em Pentecostes: ‘Quem era eu? E como cheguei a ser
o que sou agora?’ Mas pede-Me humildemente, porque só, tu não
podes. Entra em Meu Coração e pensa em Minha Bondade. Pensas
em tua indigência e aspiras, com ternura e amor, a melhorar;
sabendo que o Meu Coração te escuta e vibra de Alegria. Porque
Eu posso dar-te um caminho de ardores, de chamas e de luz. E
quando to dê, passa-o aos outros.”
27 de julho. Igreja de Fresne. Bombardeada na véspera. Hora
Santa. “Tiveste medo... Claro está, filha Minha, mas o medo tem a
sua parte na expiação na função de Hóstia, para a Corredenção. Eu
mesmo tive medo em Getsêmani. E que Medo tão grande! Também
nisto vamos juntos, pois Eu quis participar de todos os vossos
sofrimentos. Consente alegremente, então, em participar dos Meus.
Entendes que Eu intervenho em tudo o quanto te acontece?
Considera a parte que tenho em tua vida; o Meu grande Amor, que
deseja a União, e que a Ela encaminha todos os acontecimentos e
conta os teus passos. Não creias na casualidade; Sou sempre Eu o
que intervém. Nem sempre reconheces o Meu passo, mas um
contínuo exercício no carinho te ensinará a distinguí-lo. Não Se
parece a nenhum outro. Espera, e a Minha Presença te será muito
mais doce do que o pensamento da casualidade, e muito menos
frio. Pensa, pois! O teu Melhor Amigo dirigindo a tua vida! Por isso,
aperta contra o teu coração a tua Cruz do dia, a tua Cruz da noite :
ambas vêm de Mim. E a tua Cruz não é uma qualquer; é a tua, a
que Eu quis para ti. Beija a Mão que te dá a Cruz, e prossegue
docemente o teu caminho, com Ela e Comigo. Queres prestar-Me o
teu auxílio de consolação? Pode ser que Eu te tenha posto sobre a
Terra, só para consolar-Me. Pensa-o seguidamente, para que o
encanto que te dei Me comova, como uma flor no meio dos frutos do
mal, com que o ódio quer rodear-Me. Filha querida! Sê a Minha
filha, a doce, a que Me descansa e Me alegra. Queres? Se
soubesses com quanto respeito aguardo a tua resposta…”
3 de agosto. Igreja de Fresne. Hora Santa. Eu pensava que no
meio das mil preocupações é indispensável que me ocupe de meu
Amado. Ele: “O teu Bem-Amado se ocupa tanto de ti... Quando
estás submersa nos afazeres, Ele está contigo. Quando te
entristeces porque a tua Fé dorme um pouco, Ele está contigo. E
quando te sentes só e abandonada, aí está Ele, em teu centro,
vivente, vigilante e amando-te. Sabendo disto, como poderia a tua
delicadeza deixar de ocupar-se Dele? Ele, de Quem tens apenas
uma vaga ideia de Seu Ser. Diz-Lhe uma e outra vez: ‘Senhor, sei
muito bem que não sei nada de Ti, mas tenho Fé e confiança;
entrego-me a Ti com amor e sem reserva, na vida e na morte,
porque Tu és O que sempre está presente, O que ama mais, O que
É mais meu.’ Tudo isto Mo dirás ; mas o mais importante é que o
penses. Aprofundarás no sentido das palavras se te afundares em
Minhas Chagas. Que sejam Elas , especialmente a Ferida de Meu
Coração, a tua Morada habitual. Nada te será negado, pois quando
se vive sob o mesmo teto, sonha-se sempre em viver juntos apenas
uma vida. Habita em Meu Coração. Queres ensaiar? Porque estás
convidada. Que não to impeçam nem a timidez, nem o temor, nem a
indiferença. É um primeiro ensaio que tens que fazer. Mas já sabes
que sempre te ajudo. Ensaia. Uma vez franqueada a entrada,
perceberás que em Meu Coração estás mais ‘em tua casa’ do que
quando estás em ti mesma. Conhecerás a doçura da vida secreta e
das intimidades silenciosas impregnantes. E que alegria para Mim!
Posso agradecer-te desde agora? Estás pronta para recebê-las?”
17 de agosto. Hora Santa na Igreja de Fresne. Eu Lhe dizia:
Bom dia, Amor de meus amores, o mais belo. Respondeu-me:
“Assim é, filha Minha. Nada há mais belo que Eu em ti; Deus em
uma alma, como Esposo. O olho do homem nunca viu algo
semelhante; é um espetáculo para os anjos. Pede ao teu santo anjo
que te ajude a desempenhar bem o teu papel na festa. Uma festa
que pode durar toda a vida, se a alma se oferece com toda a sua
boa vontade. Muitas vezes a boa vontade é tudo o que vos peço,
porque nela há um gesto de amor que pede confiadamente o Meu
Auxílio. Quando a alma é assim, humilde e atenta, Eu não resisto.
Lanço-Me sobre ela como uma águia; envolvo-a com os Meus
fogos, ainda que tento atenuá-los, como uma luz viva demais, que
poderia machucar os teus olhos e ferir-te com o temor. Quantas
vezes disse, como está no Evangelho: ‘Não temais’? O que desejo é
o vosso amor; é o que espero de vós, respeitosamente, sem pedi-lo.
Lê o Evangelho: Quando eu disse a Pedro ou a João, ou aos
demais: ‘Amas-Me?’ Eu tenho um respeito infinito por vossas
decisões livres. E tenho muitíssimos caminhos sinuosos para chegar
a cada um. Faço a corte de Amor às almas, com infinitas
precauções; valho-Me de uma lembrança, de um pensamento, de
um acontecimento. Tu mesma comprovaste que há que escolher os
momentos sem olhar para trás, e deve-se entregar com confiança a
uma vida nova, que já não é para nós mesmos, senão uma vida ‘a
dois’ para a Glória do Pai.”
24 de agosto. Hora Santa. “A reverência na igreja é um ato de
Fé. Tu pensas que é pouca coisa, mas esses pequenos atos Me
agradam. São as pequenezes que preenchem a vossa curta vida.
Olha, Eu conservo ainda o espírito de pobreza, já que Me contento
com os pequenos atos de tua pequena existência. Multiplica-os para
Mim: os teus olhares, os teus impulsos do coração. Não crês que,
com querê-lo, poderias acrescentar uns poucos graus ao teu
carinho? E um pouco mais de alegria! Alegria de ser a Minha amiga
e a Minha consoladora; e de viver unicamente para Mim, dando
sempre mais aos outros, por Mim. Não te dá muita alegria dirigir o
teu pensamento ao Meu? E ficar sempre perto de Mim, como se se
estendesse um véu entre o Mundo e tu? Sem esperar nada de
ninguém e de nenhum lugar fora de Mim? Há somente uma tristeza:
a do pecado dos homens. Chora os teus sobre o Meu Coração.
Choraremo-los juntos. Já não voltarei a lembrar-Me do quanto Me
custaram, e te descarregarei deles tomando-os sobre Mim. Tu te
verás revestida do majestoso manto de Meus Méritos e estarás
magnífica na presença do Pai. Crê assim porque é assim. O que é
que a Misericórdia não inventa? Já nada poderá surpreender-te se
te confias a Ela. Porque o milagre da Misericórdia está em que Ela
parece como se não visse as ingratidões; e também quando uma
alma Me nega que a ponha perto de Meu Coração. Como queres
que Eu não Me empenhe em vencer com o Amor? Eu Sou como um
homem ferido de morte, que aperta sobre o seu coração o seu
adversário e diz-lhe: ‘Escuta o Meu Perdão’.”
1º de setembro. Eu: Senhor, terão os homens finalmente um
período de amor e de caridade, depois de tanto matar-se uns aos
outros? Ele: “Isto seria o Reino de Deus. Pede com insistência que
‘Venha a nós o Teu Reino’. A hora do advento do Reino do Pai pode
adiantar-se se os Seus filhos Lhe pedem. Assim adiantou-se a hora
do Nascimento de Cristo: pelos suspiros e os desejos da Virgem de
Nazaré. Ora, trabalha, faz o quanto puderes para que chegue o
Reino de Deus. Se Eu coloquei no Pater esta oração, é para que
possa ser escutada. Aviva os teus desejos e tem ânimo; Eu te
ajudo. Sejam as tuas orações como rápidas flechas. Aponta bem no
Coração, e que o golpe seja forte.”
7 de setembro. Hora Santa. “Se há algum lugar sobre a Terra
no qual te sintas como em tua casa, que esse lugar seja a igreja,
que é a Minha Casa. Nela encontras o teu Esposo, o teu grande
amigo, de quem te aproximas em teu terno abraço. Eu não poderia,
sem risco de escânda-lo, expressar-te com palavras da Terra até
onde chega o Meu Desejo de abraçar a tua alma. O Meu Amor
excede infinitamente o amor humano, e necessita de palavras de
extraordinária força e doçura, expressões de uma unção
desconhecida. Quando estiveres na igreja (nossa Casa) pensa
neste silencioso Amor de teu Salvador e não temas expressar o teu
amor, inclusive com a ingenuidade dos grandes desejos queixosos.
Geme por não amar-Me mais, de não compreender-Me melhor, de
reconhecer que não sabes nada de Deus. Geme de não esperar
melhor, de não crer com mais profundidade. Geme, inclusive, de
não ser capaz de gemer ainda mais. E Eu, que olho no fundo de tua
alma, suprirei, diante do Olhar do Pai, tudo o que te falte. E além
disso, quando te encontras em ‘nossa Casa, a igreja’, o Pai é bem
mais terno, pela Hóstia que está Nela. Diz ao Pai que tu também
queres ser Hóstia para a Salvação do Mundo, em imitação ao teu
grande Amigo, a fim de que Ele olhe ambos com o mesmo Olhar. E
Eu te envolverei.”
14 de setembro. Igreja de Fresne. Hora Santa. “Toma o Meu
Coração e exprime o Seu Sangue sobre a França e sobre o Mundo
inteiro, para que a Sua Força purificadora venha mudar as coisas.
Já sabes que tudo, ainda o mal, pode servir ao Bem, e Eu posso
fazer com que contribuam para a Minha Glória, ainda aqueles que
buscam a desordem e a violência. Mas é necessário orar; já vês
como sempre peço que trabalhes Comigo, e não há que deixar-Me
só... Já verás como te ajudo para que Me ajudes. E assim o faço,
ainda quando tu com frequência não o sintas. Eu Sou como um
amigo que faz o bem em uma casa e que às vezes foge antes que o
vejam, reconheçam e agradeçam o que fez. Não porque não goste
de vosso agradecimento, pois o recebo em Meu Coração como uma
carícia de vosso amor. Mas o vosso grande Amigo é tão suave e a
Sua Delicadeza é tão grande, que se compraz em afastar de vós
tudo o que possa vos fazer dano, com uma extrema discrição, até o
ponto de que com frequência vos perguntais: Quem foi o que fez
isto? Foi a casualidade? E não pensais que fui Eu, O que tanto vos
ama. Tu, reconhece-Me. Dá-Me a alegria de tua gratidão, ainda que
fosse só uma vez ao dia. Ainda que as ocasiões de fazê-lo serão
muitas, pois Eu te faço viver, respirar, e por Mim palpita o teu
coração. Bem o sabes. Eu não te deixo; não Me deixes. Esta
fidelidade será a tua gratidão para com o teu Salvador e o mais feliz
de nós dois, serei Eu; porque Eu tenho mais necessidade de ti do
que tu de Mim. Eu sou, de nós dois, O que tem mais fome de Amor.
Desci até o ponto de dizer-to e aparecer diante de ti como um
mendigo. Isto te surpreende, mas assim é, porque Eu Sou sempre
‘O-Que-Ama–Mais’; o Meu Ser é todo Ele Amor. Tu sabes que se
costuma comparar o amor com o fogo que devora, mas é uma
comparação muito débil. Oh! Quando chegares a ver, quando por
fim chegares a sentir... Então voltarias à Terra com a finalidade de
sofrer todo o tipo de sofrimentos, e honrar assim ao Amor finalmente
possuído. Filha Minha, ama-Me. Como vês, continuo pedindo
esmola…”
21 de setembro. Nantes. Na capela dos Recoletos. Hora
Santa. Eu me perguntava
se em minha vida diária tenho suficiente espírito de Fé. Disse-me:
“Há que aumentar por todos os meios a Fé que o Espírito Santo
deposita na alma como um embrião. Frequentes exercícios,
orações. Como poderia não escutar a voz de uma alma que Me diz:
‘Amigo meu, em Quem creio, faz com que eu creia cada dia mais
para poder amar-Te melhor?’ Tu chegarás a crer como se tivesses
Me visto e ouvido. Às vezes sentes inveja por aqueles que viveram
quando Eu vivi sobre a Terra; mas esses, com a exceção dos
Apóstolos, não comungaram com a tua frequência. Não Me
possuiam, como tu, no fundo do coração, todos os dias. Pensa na
felicidade da Comunhão; busca aumentá-la com intensos desejos;
diz-Lhe à noite, quando acordares: ‘Noite longa; quando acabará?’ É
durante a noite quando podes expandir-te mais intimamente
Comigo. À noite nada te distrai. Chega à noite em que Eu passei de
Quinta a Sexta-Feira, sem dormir um só instante e sofrendo por ti.
Pensa na hora do Jardim, da traição, dos golpes e do ódio; a hora
da negação de Pedro e da prisão; pensa no despontar da alba
daquele dia, quando o primeiro raio de luz penetrou em Meu
Calabouço… Então agradeci ao Meu Pai, porque se aproximava a
hora de vossa Redenção. Oferece-Me. Pensa nos pecados que se
cometem, favorecidos pelas trevas. Pede-Me perdão para eles.
Pede-Me a conversão de quem os comete, recordando-Me tudo o
que sofri por eles. Com isto Me consolarás. O quanto te amarei,
filha, se conseguires arrancar-Me uma Graça de retorno! Diz-Me
isto à meia-noite, com toda a ternura, com todo o teu fervor. O Meu
Ouvido estará perto de tua boca e o Meu Coração sobre o teu
coração; só que isto tu não o sentes. É o espírito de Fé o que te dá
a segurança de que és escutada. Que pena Me daria se Me
pedisses as coisas sem confiança! Aqui estou e te escuto. Te amo
com o mais terno Amor.”
28 de setembro. Nantes. Hora Santa nos Recoletos. “Se tu
sofres, aqui estou para sofrer contigo; e não só isso, mas Sou Eu
Quem sofre em ti. A União é o que importa. E se creres em Meu
Amor, o sofrimento te será doce; sentirás que Me dás algo do que te
dei. Amável intercâmbio, no qual os corações se revezam os
assaltos de Amor! Eu gostaria de ser vencido por ti, se isto fosse
possível... mas és pequena demais para vencer ao teu Deus; e o
egoísmo, que nunca desaparece totalmente na vida do homem,
entorpece as coisas. Mas diz-Me que tudo é Meu em tua casa.”
Outubro. De regresso à cidade. Pela rua, eu olhava o que
acontecia ao meu redor. “Agora que viste tudo, que tal se entrares
um pouco para buscar-Me em teu interior? O encontro do Amor.
Que belo é estarmos juntos, filha Minha! Poderias desfrutá-lo como
Eu? Entoa um canto sem palavras; Eu elevarei a tua voz. Será a
alegria do Pai. Busquemos o Seu Reino e a Sua Glória em cada
instante de nossa vida. E falo de ‘nossa’ porque a tua vida é um
prolongamento da Minha. Queres que Eu continue vivendo sobre a
Terra? Que seja por teu intermédio!”
3 de outubro. Nantes. Na capela da Imaculada. Eu tinha mil
ocupações. Disse-Me: “Crê firmemente que cumprindo o teu dever,
amas-Me. Podes desta maneira amar-Me todo o dia; não o sentes,
mas Eu sei disso e tu Mo disseste também no oferecimento desta
manhã. E além disso, quando estarás tão ocupada, para que não
possas consagrar-Me nem sequer um olhar fugitivo? Esse olhar Me
enriquecerá, pois Eu Sou pobre de pensamentos humanos. Eu, que
nunca Me afasto de vós! Compreende o Meu desejo de ti, de todos;
porque agora chamo as almas, como em outro tempo chamava as
crianças. E há quem reconheça a Minha Voz; tu, por exemplo.
Sabes que a Minha Voz é doce; conheces a Sua Suavidade e
gostarias de escutá-La sempre. É como um repouso que te
alimenta, o Apoio que te mantém em pé. O sentes assim? Então, sê
tu, para os outros, a Minha Voz. Não basta a bondade, é preciso que
seja a ‘Minha Bondade’. Percebes o matiz? É a diferença que há
entre tu e Eu. Esquece que ‘tu és tu’. Sê Eu. Eu, que te amo em
todo o tempo. Imita. Ensaia. Vai para a frente. Eu te envolvo.”
12 de outubro. Hora Santa. “Consola. Não fui Eu o
Consolador? Imita ao teu Esposo: que não passe perto de ti
nenhuma pena que tu não alivies. E aos que não podem aproximar-
se de ti, consola-os pela oração. Já te disse que onde tu não
puderes estar, a tua oração chegará e ficará. E além disso, podes
estar segura de que consolando aos outros, isso o farás Comigo.
Oh, Minha pequena filha, que doçura de Glória darei aos Meus
consoladores... Se consola amando. Sempre te falo de Amor! Mas,
como poderia falar de outra coisa, Eu, o Amor? Converte-te em
Amor pela União. Habitua-te a isso. É simples, quase natural.
Porque é preciso que as Minhas almas consagradas contrapesem
os sentimentos de ódio, de inveja, que corrompem o Mundo e que
tanto Me fizeram sofrer. Eu não pedi sempre a Caridade, a ajuda
mútua? A humilde doçura de coração que aquece a acolhida? E se
não te sai bem, toma a Minha própria Voz para dar encanto à tua
acolhida. Toma a Minha Mão ao estender a tua, e pensa: ‘Assim Ele
o faria, assim falaria, assim sorriria.’ Não estamos tu e Eu, Um no
outro? Quero que tenhas alegria em atuar através de Mim, assim
como atuo por teu intermédio. Querida filha, peço-te este esforço de
Fé. Usa a Fé enquanto é tempo, porque no Céu já não precisarás
Dela. Então, faz Méritos. Merece para ti e também para os outros,
como se merecesses para Mim; e com isto, uma vez mais, darás-
Me-ás consolação. Ah! Se tu pudesses ver o Olhar com que olho a
Minha pequena consoladora! Pensa em Minha Alegria, e isso te
ajudará. Que a tua maior alegria esteja em dar-Me alegria, como se
cada vez Me preparasses uma surpresa de amor, o coração
palpitando em segredo. Eu Sou Quem o faz bater; não tenho direito
a uma ternura nova?”
Festa de São Rafael. “E, porque não haveria de aparecer ELE E

EU, o nosso livro (porque é dos dois), vivendo tu ainda? Por que
não? Tu já fizeste construir o teu sepulcro e vigiaste todos os
detalhes. O nosso livro, que será um livro de Vida, merece que tu
disponhas de tudo o que possa ajudar aos leitores. Também nisto
Me ajudarás? Começa hoje, que é a festa de São Gabriel, o ‘Arcanjo
das orações’. Que o Arcanjo Gabriel acrescente a alegria e São
Miguel a rapidez, nesta santa atividade. Eu te dou os anjos de
Minha Mãe, vai em frente. Estarás Comigo até os extremos da
Terra.”
26 de outubro. Hora Santa. Disse-Lhe: Senhor, Gostarias que
o meu coração se chamasse o salãozinho de Deus? Respondeu:
“Todos têm acesso a um pequeno salão; é onde costumam reunir-se
muitas pessoas. Não te parece mais íntimo chamar o teu coração de
‘o lugar de Meu Repouso’, ou a ‘Câmara dos segredos’, ou ‘a Divina
Solidão’? O teu coração é o ‘nosso lugar’, onde não chegam os
barulhos do Mundo. A nossa sinfonia de Amor não terminará nunca,
pois sempre estará começando. O teu coração também é o nosso
quarto de trabalho. Nele trabalhamos os dois. Elaboramos projetos
novos para o advento de Meu Reino. Trabalharemos para avivar o
zelo da devoção que deve matar todo o egoísmo. Com este ardor
por Minha Glória que vai te consumir, conservarás do passado os
sentimentos de contrição que desde há tempo desejas ter. Porque
não é a todos que se concede chorar por seus pecados... Mas é
preciso que com frequência maior a cada dia te retires à pequena
‘Casinha de Deus’. Sobe ao aposento de cima, ao que está mais
perto do Céu e onde já não se ouvem os ruídos da Terra, e depois
de ter-te revestido com a túnica cheia de Graça que é a humildade,
por-te-ás a esperar, espreitarás os passos de teu grande Amigo. E
te porás à espreita porque saberás que não demorará. E não só
isso, pois em certas ocasiões, terá sido Ele o primeiro a chegar, com
o Seu Coração repleto, para encher o teu. Podes imaginar que
alguma vez Eu tenha faltado a um encontro de amor? Quanto Eu
gostaria de tê-los com cada alma! Mas, quem pensa nisso? Neste
dia tenho oferecido muitos encontros desses, mas ninguém Me
chamou. Pensam que por ser Deus, não posso também ser um de
vós. Hoje haverá certamente muitos atos de Adoração diante do
Santíssimo Sacramento, mas serão bem poucos os que Me
oferecerão a cálida intimidade da Hora Santa... Quantos Tesouros
Eu tinha preparados para gente que não veio! Talvez venham mais
tarde e então, dar-lhes-ei todos; a Minha Riqueza e a Minha
Potência estão ao serviço de Minha Misericórdia. Um regresso
vosso, um pequeno regresso, e os Meus Braços de Salvador se
abrirão amplamente. O Meu Coração não pode esquecer que deu-
vos todo o Seu Sangue.”
2 de novembro. Em minha solidão. “Meu Amor, que tal se
entrássemos em nossa ‘câmara de trabalho’ para pensarmos na
preparação de Teu Reino?” Ele: “Filha Minha, apenas o mero desejo
que tens de que venha o Meu Reino, o tornará mais próximo. É uma
pequena luz na noite dos tempos atuais. É uma pressão sobre as
forças de Meu Coração. Imagina a um pobre tão despossuído de
tudo, que não tivesse obtido um trago de água para a sua sede
ardente. Se sobre os seus lábios caírem finas gotas de água, não
crês que com elas se sentirá muito aliviado? De igual maneira, um
desejo que arde em amor oferece à Minha Misericórdia um pretexto
para manifestar-se. E sabes, além do mais, que sempre dou mais
do que se Me pede. Como um homem rico que quisesse fazer
recordar para sempre a sua generosidade, se vale deste meio para
fazer com que pensem nele. E quem mais do que Eu busca possuir
o vosso pensamento? As pessoas do Mundo dizem com frequência:
‘Não te esquecerei’, ou também ‘Não me esqueças’, e são só
amigos da Terra. Como é possível que o vosso grande Amigo, o que
É o vosso Princípio, vosso Fim e vosso Tudo, não receba este tipo
de palavras afetuosas, sinais do calor do coração? Como vês,
continuo sendo um ‘irmão mendicante’” Eu: E eu escrevo as tuas
adoráveis petições, unindo-me a Ti nos momentos em que o
Evangelho diz que escreveste na areia. Ele: “E agora valho-Me de ti
para escrever , e não sobre a areia, mas no fundo das almas.
Escrevo com alegria e luz.”
6 de novembro. Durante a Elevação. “Quando temos levado
bem a nossa Cruz, é ela que nos leva.”
9 de novembro. Hora Santa. “Para ouvir a Minha Voz é preciso
pôr-se primeiro em um estado puro; ou seja, afastar os
pensamentos mundanos, rebaixar-te diante de tua própria estima,
avivar, quando te for possível, os sentimentos do amor, e logo pedir
o Meu Auxílio, com as palavras mais íntimas e carinhosas. Assim te
encontrarás no ‘aposento de cima’ em tua alma, onde se dão
intercâmbio de carinhos e ali, humildemente, aguardarás os Favores
de teu Rei. Falando em termos de justiça, Ele não te deve nada;
mas como o Amor sem medida que tem para ti O arrasta a todos os
excessos, Ele te possuirá conforme a Sua maneira inefável e divina,
tomando todo o teu ‘tu’ que Ele criou.” Então eu disse: Senhor, já
tens a minha memória, o meu entendimento e a minha vontade; já
Vos dei, depois de tê-los recebido de Tuas Mãos. Respondeu: “Dá-
Mos incessantemente. A cada momento podes fazê-lo de novo; mas
sabendo que esta sujeição voluntária de todo o teu ser Me honra
muito. Eu vos permiti honrar-Me assim. Não reconheces em todos
os passos de tua vida a ação do Meu Amor? Eu Sou o Amor
escondido, mas Sou também o Amor ardente. Sou o Amor
silencioso, mas também o amor eloquente. Ensaia conhecer o Meu
Coração no silêncio dos dias e das noites em Meu Tabernáculo
solitário. O que é que lês no Meu Coração? Nostalgia pelos
ausentes, gratidão para os que Me visitam. Eu Me imprimo neles.
Quisera que ao sair de Minha Casa tivessem como seu o Meu
Rosto, para apresentá-Lo aos outros. Como quando Eu enviava os
Meus Apóstolos sós e eles curavam. Deseja curar as almas dos
outros, e assim curarás a tua. E agora: disse-te, ou não, as palavras
que esperavas de Mim?” E logo acrescentou com imensa ternura:
“Tenho-te cativa e o Meu Carinho te envolve. Nada de ti poderá
passar despercebido por Mim durante esta hora, a Hora Santa. Oh!
Faz com tudo o que resta de tua vida uma Hora Santa em Meu
Coração, que é o teu ‘Aposento de Cima’.”
16 de novembro. Hora Santa. Eu: Senhor, que contente estou
de que estas linhas façam bem aos que as lerem. Ele: “Quando
serviste como laço de união no castelo de L., apresentando
mutuamente a todos os vizinhos, tu estavas bem contente de que
eles o estivessem. Não? Então, o que dizer da felicidade que terão
os Meus amigos leitores? Espera tudo de Minha Bondade infinita.
In-fi-ni-ta. Compreendes? O que seria a vida se cada alma
atualmente existente sobre a Terra pudesse viver Comigo ‘uma Vida
a dois’?” Eu: Como fazer, Senhor? Ele: “Apresenta ao Pai este
desejo, invocando a mediação de Santa Gertrudes. Hoje é a sua
festa. Une-te à união que ela tinha Comigo e ela te cobrirá com os
seus Méritos, pedindo para ti e para todos os outros todo o tipo de
Graças.” Eu: “Senhor, a Graça que Te peço sempre é a de amar-Te;
já Te amo... mas quisera amar-Te muitíssimo mais.” Ele: “Não
duvides nunca de teu Salvador, ainda que tenhas a impressão de
que Dele não te vem nada. Eu Sou o rico benfeitor, cujos palácios
estão cheios de presentes, mas os presentes permanecem
invisíveis; só Ele conhece o lugar que lhes convêm entre os Seus
amigos… E não te parece que os Seus amigos, que já conhecem a
Sua Riqueza e a amplitude de Sua Bondade, devem viver com o
coração incandescente de confiança e gratidão?” Eu: Sim, Senhor.
“E como a Bondade deste Benfeitor é ilimitada e o Seu Amor é tão
imenso como Ela, não há por acaso um bom motivo para esperar
que os Seus presentes invisíveis sejam de um valor muito além do
quanto vós possais imaginar? Eu vos excedo com um excesso
infinito. Amigos Meus, nunca duvideis de Mim! E pelo que a ti te
corresponde, que nada detenha o impulso de tua confiança.
Exercita-te nela com frequência. Repete uma frase de que gostas:
‘Eu esperaria em Ti, ainda que me matasses’. Sai de tuas medidas,
porque Eu não tenho limites. E quando se refere ao Meu Amor por
vós…” Eu cantava para Ele enquanto trabalhava na minha máquina
de tecer. Disse-me: “Ouvirás um dia, orquestrados pelos anjos, os
cantos que Me dedicaste.”
18 de novembro. Depois da Comunhão. “Por que tens medo
de abraçar-Me quando venho a ti? Temes por acaso, cair na
familiaridade? Mas, não é por acaso a maior das familiaridades o
fato de que Eu venha ao interior de teu corpo? Deus tem mais
direito a um beijo do que qualquer outra criatura humana. Está claro
que o amor tem que ir unido ao respeito, mas tu foste criada para o
Amor. Uma efusão de vossa parte Me encanta e vos faz bem, a
todos vós que tendes necessidade de carinho. Todos sois crianças
pequenas! Não temais ser excessivamente simples Comigo; Sou a
Simplicidade. Dai-Me todas as alegrias que estiverem ao vosso
alcance. A principal das quais está em que Me alcanceis e que,
quando tenhais Me alcançado, permaneçais em Mim.”
20 de novembro. Eu estava arrumando um ramalhete. Ele:
“Pensa, como falando contigo mesma, que Alguém está aqui
pertinho. É a Vida. É Deus.”
21 de novembro. A Apresentação. “Consagra-te de novo ao
teu grande Amigo. Diz-Me que pões a tua fronte sobre a Minha, as
tuas mãos entre as Minhas Mãos, os teus pés sobre os Meus e o
teu pobre coração sobre o Meu Coração de Esposo.”
23 de novembro. Hora Santa. “Pai Amado, não quero fazer
senão a Tua vontade; não quero fazer nada que não seja por Tua
Vontade; mas com frequência faço a minha e vivo para mim.” Ele:
“Não é possível chegar logo a desprender-se totalmente de si; mas
um olhar que Me dirigires basta para purificar a tua intenção. Um
desses teus olhares que sorriem. Não te esqueças, pois, de olhar-
Me através de teus dias e de tuas noites. Não te canses. Como
poderias cansar-te de um Amigo tão terno? Em tuas tentações
contra a Fé, diz-Lhe uma dessas palavrinhas tuas e a tentação irá
embora. Compreende que te sobram meios para afastar-te de Mim.
Tua força é pouca, mas aproximando-te o mais possível de teu
grande Amigo, em um doce e habitual recolhimento, te asseguras
um socorro eficiente e imediato. Por que duvidas? Como podes
duvidar? Eu Sou como um Mestre que ensina por trás de uma
cortina, para dissimular o grande Amor que tem por seus alunos.
Sou como um jogador que se esquiva no percurso, para exercitar e
prolongar a corrida dos outros. Por acaso não busco por todos os
meios aumentar os vossos Méritos, pequenos Meus a quem amo?
Não temais nada de Mim! Temei sim ao medo e habitai com
simplicidade em Meu Coração.”
29 de novembro. Hora Santa. “O segundo mandamento é tão
grande como o primeiro: então não lamentes ter que deixar-Me para
ir ao teu próximo. Porque se o teu próximo é teu, é porque to dei. Se
o tens na tua frente e não a outro, é porque Eu assim o quis. Por
isso tens nele uma tarefa a cumprir, tens que influir nele. Põe nisso
a tua atenção. Quando Eu vivia na Palestina, criava em Meu entorno
uma atmosfera; os que Me rodeavam eram felizes e traziam-Me
outros. Cria justiça e paz. Não o poderás por ti mesma, senão
porque Eu falarei por ti e pensarei por ti. Pede-Me que sejamos um,
para a doçura dos outros, como um raio de sol entre a chuva. Eu
levo alegria a qualquer lugar aonde vou. É uma das facetas do
prisma de Meu Amor.” Então Lhe disse: “Senhor, sou tão miserável,
que nem sequer sei o que devo pedir-Te.” Respondeu-me: “Eu estou
pronto para dar-te o que te falta. Sou como um pai, que antes de
enviar o seu filho para percorrer o Mundo, se preocupa em guardá-
lo dos maus contatos e dispõe tudo o que lhe será necessário. Este
Pai tem o dom de ver a seu filho onde quer que estiver, e cuida de
que ninguém o arrebate de si. E o filho, sabendo que é assim,
percorrerá o seu caminho cheio de amor e de agradecimento, pois
atribuirá ao seu pai todos os acontecimentos felizes; e o seu
pensamento, como por uma força centrífuga, fugirá dele em direção
a seu Pai. E o Pai ficará tão contente, que multiplicará as Suas
Bondades, sem nunca manifestar-se claramente, para não perturbar
o objeto de Seus Cuidados.”
29 de novembro. “Pensa muito em Mim quando fales com os
outros, com a finalidade de que, deixando a ti mesma, encontres
mais unção para dar. Como um perfume que se difunde e ignora
que perfuma.”
4 de dezembro. Na Missa. “Quando o sacerdote sobe ao altar
depois do Confiteor, (como quando Eu avançava em direção aos
Meus inimigos), e logo beija o altar, dá-Me um beijo em teu coração,
que Me console do beijo de Judas.”
Em meu aposento. “Sê Hóstia. A Hóstia está no Tabernáculo,
só e em oração. Tu também, em doce solidão, ora, unindo as tuas
orações às Minhas. Dirige um olhar terno em direção ao Meu
Santuário desde a tua casa. Serão assim dois Tabernáculos que
apressarão a hora de Meu Reino. No transcurso deste advento
deseja o Meu Reino em união com os santos do Antigo Testamento.
Suspira. Um simples suspiro é ouvido pelo Pai; pois se trata de um
suspiro de Sua filha.”
5 de dezembro. Eu rezava a oração que diz: ‘Oh, meu Amado
e bom Jesus... atravessaram as Minhas Mãos e os Meus Pés.’ Ele:
“Contempla com amor essas feridas que Eu ganhei para servir-te. E
digo que ganhei porque há aqui uma vitória de Meu Coração para
ti.”
7 de dezembro. Hora Santa. Eu: Meu Amor, tens algo para
dizer-me neste dia? Ele: “Eu sempre tenho coisas para dizer-te, pois
o Meu Coração pulsa por ti sem descanso. Não percebeste? Não
estás surpreendida diante do Amor de teu Deus? Ainda que O
conheças mal, esforça-te por pensar Nele e isso te será cada vez
mais doce. Além do mais, Eu ficarei feliz. Se diria que o teu Deus
vos ama somente para dar-vos Alegria. E no entanto são tantos os
que se negam a crer... Daí a Minha imensa Tristeza em Getsêmani:
‘Sofro até a morte, porque os amo, mas eles não podem nem
sequer suportar que lhes digam…’ Filha Minha, crê no Amor com
simplicidade. Louva ao Amor, ama ao Amor. Não te ocupes senão
Dele, que é o Tesouro do teu coração e o Animador de tuas
solidões, o Companheiro de tuas noites. O que serias tu no Mundo,
sem Mim? Terias coragem para viver e para morrer? Que Refúgio O
que tens em Mim! Se conhecesses a Minha Sensibilidade... será Ela
que vos embriagará no Céu com a Sua Delicadeza, a Sua Beleza e
a Sua Bondade; todas essas perfeições que buscas na Terra e que
só encontrarás no Infinito.”
7 de dezembro. “Não temas entrar; a porta está aberta. Tu Me
dizes uma pequena palavrinha terna e simples, Me olhas, Me sorris
e voltas às tuas ocupações, sabendo que Me levas contigo aonde
quer que vás, disposta a oferecer-Me, no caminho, algum pequeno
sacrifício, do qual Eu estarei orgulhoso como se fosse um presente
muito caro. Pensa mais seguidamente no Céu. O que são todas as
artes que aqui na Terra te fascinam em comparação com o Mais
Além? Como espero a todos! Preparei muito bem a Festa; o teu
lugar te espera. Tenta compreender a Minha Impaciência por
receber aos convidados para participar de sua surpresa e de seu
encantamento. Eu, o Cristo, paguei por tudo isto. E paguei bem caro
por vossa felicidade. E no entanto, parece-Me que fôsseis vós os
que Me ofereceis a festa, até o ponto em que a vossa alegria é
Minha, pequenos Meus.”
13 de dezembro. Hora Santa. “Porque estou aqui no
Tabernáculo, o Pai se compraz em ver-te aos Meus Pés, e por isso
te peço que venhas fazer a Hora Santa, para fazer-Me companhia
na união dos anjos que Me rodeavam no Jardim das Oliveiras. Eles
estavam ali para sustentar as Minhas Forças em Minha Solidão:
como vês, não há ninguém na igreja. Os Meus visitantes são poucos
e as suas visitas são breves e apressadas. Se de verdade cressem
que Estou aqui presente, não deixariam de manifestar-Me o seu
amor ou, pelo menos, a sua simpatia. Manifestar-Me-iam também as
suas necessidades, pois Eu Sou rico e poderoso. Mas o fato é que
creem mais facilmente em Meu Poder que em Meu Amor. E tu?”
Então Lhe disse: Senhor, creio firmemente em teu grande Amor de
Mártir. Ele: “E não é verdade que te consola e te faz viver o
pensamento de que és amada até o extremo? E o que seria a tua
vida se Eu não fosse o seu Objetivo único? Porque haverias de
desejar a morte, se eu não estivesse atrás da porta? Exercita a tua
Fé. Quando aprendias a andar, te lançavas primeiro como podias,
mas pouco a pouco se afirmavam os teus passos. Faz o mesmo em
tua vida interior: lança-te em direção à Trindade, em direção à Minha
Mãe, com impulsos sempre novos, cada vez mais diretos e
verdadeiros de teu íntimo centro: logo ser-te-ão habituais. Terás
crescido. Compreendes? E terás feito crescer aos outros, já que os
vossos atos sempre têm uma ressonância, boa ou má. Não Me
disseste várias vezes que querias ajudar-Me na Redenção? Que Ela
seja o fim único de todos os teus atos, como o era dos Meus.
Devemos estar sempre juntos, Minha querida filha; faz-Me a honra
de crer que é isso o que desejo.” Então disse-Lhe: Senhor, sou toda
Tua. Respondeu-me: “Neste momento sim, mas não fujas de Mim.
Há momentos em que a Fé se torna nebulosa e sentes tédio. Tu
chamas e parece que não te ouço, mas tens que crer, pequena.
Afunda-te na Verdade. Contra tudo, contra ti mesma. Grita, grita-Me
dizendo: ‘Apesar de tudo, eu creio que és Meu e que sou Tua. Não
importam as aparências em contrário, estou segura de Ti.’ Neste
ponto da batalha é onde te espero. É o ponto preciso em que Eu
quero o teu amor; por cima de tudo, porque Eu estou por cima de
tudo. Alcança-Me.”
20 de dezembro. Ao acordar, diante de uma estátua Sua. Ele:
“Tenho sede. Tenho sede de ti.”
21 de dezembro. No trem. Eu pensava: Escrevi tantas vezes
as Suas Palavras. Será o bastante? Ou devo continuar? Ele Me
disse: “Por acaso te cansas de Mim? Ou queres Me obrigar a não
falar-te mais? É que a Minha Consolação está em expandir-Me sem
cessar em vossos corações. E digo ‘sem cessar’, pois é grande a
Minha Necessidade de manter-Me vivo em vosso pensamento. Eu
em vós: estas são, filha, as Minhas Delícias. Não temas, pois, nem
importunar-Me, nem importunar os outros; pois Me valho de ti para
dirigir-Me a tal ou qual alma, para confortá-la e movê-la a aproximar-
se de Mim, e a contar-Me o que lhe acontece. Gosto imensamente
dessas confidências. E ainda que elas não soubessem falar-Me, as
pobrezinhas, que venham de todos os modos dizer-Me sem temor:
‘Não sei fazê-lo, é a primeira vez’. Ainda quando não saibam que
nome dar-Me, que Me digam a sua ternura sem dar-Me nome
nenhum. Aí estou, almas queridas, e vos escuto. Para que esperar?
Contai-Me tudo, vós, ovelhinhas que o Pastor foi buscar tão longe e
pelas quais deu o Seu Sangue, gota a gota, até a última. E quando
tudo terminou para Ele sobre a Terra, encontrou ainda um meio de
ficar convosco até a Consumação dos Tempos. Roga pelas almas
que têm medo. Como podem tê-lo? Mas o têm. Pode-se acaso
temer um Pastor tão bom? Ainda os menores cordeirinhos sobem
aos Seus Joelhos e descansam Nele. E nisso está a Alegria do
Pastor. Pobre do Pastor nos tempos atuais! Considera as
desordens, os ódios e como o destruidor leva embora as ovelhas.
Faz já tanto tempo que começou a luta entre satanás e o Filho do
Homem... Tu, que desejas o advento de Meu Reino, ora. Oferece
por Mim, ao Pai, o ramalhete piramidal dos pequenos sacrifícios
feitos com alegria e que têm todas as cores do amor. Sacrifícios
pacientes. Sacrifícios violentos. Sacrifícios de doçura, humildes,
feitos em Caridade. Quando dês algo, fá-lo com sentimentos de
gratidão para Comigo, que te dou a ocasião de fazer esmola. E logo,
os sacrifícios do orgulho. Considera-te como a última dentre todos,
unindo-te aos sentimentos de Humildade de Minha Mãe. Queres? O
belo ramalhete que porei com orgulho em Meu Coração: o
ramalhete que a Minha filha querida Me dá.”
1945

1º de janeiro. Em meu aposento. Às três da manhã. Eu Lhe


disse: Feliz Ano, meu Amor! Qual é o lema agora? Respondeu-me:
“Confiança. Expande-te em Mim.”
4 de janeiro. Hora Santa. Eu tinha a mente dispersa em muitas
coisas. Disse-me: “Diz-Me que tudo isto é para Mim, porque Eu
tinha-te presente em todos os momentos de Minha Vida. Eu tinha
vindo, por Amor, salvar-te. E tudo o que preenchia os Meus Dias era
para vós. Por isso não deveis fazer nada fora de Mim; ainda quando
te pareça que as coisas não têm a menor relação Comigo, na
verdade elas têm. Não Me deixes de lado jamais, pois estou a todo
o momento preparado para receber-te. Se atuasses de outra
maneira, Me farias crer que Eu não Sou o teu Amigo íntimo. Ou já
não Sou?” Eu: Claro que sim, meu grande e belo Amor! Ele: “Dá-Me
as pequenas palavrinhas de teu coração. Acende-o, com a intenção
de acender o Meu; como se temesses que Eu não fosse
suficientemente carinhoso e quisesses fazer, com a tua doçura, que
o Meu Coração se fundisse de Amor. Farias-Me assim cumprir bem
com o Meu Ofício. Feliz de ti se crês nisto! Vai, então, até o fim de
vossos pensamentos de amor, de teus desejos e sacrifícios de
amor. Alarga-os corajosamente. É para Mim, que te amo... direi que
até a loucura? Pois sim, a loucura da Cruz. Mas não te sentes
segura totalmente. Há sempre essa distância que pões entre Deus e
a criatura... Eu busco apagar essa distância. Almas bem-amadas,
vinde a Mim com mais simplicidade! Como to disse tantas vezes, na
comparação do menino pequenino que joga os seus braços no
pescoço de seu pai. São por acaso necessárias tantas cerimônias
para amar e agradecer? Não vês que o pai dá mais carinho do que
recebe?”
8 de janeiro. Às três da manhã. Disse-Lhe: Meu Amor, permite-
me morrer a minha morte sobre o Teu Coração. Ele: “Sim, mas para
isso, tens que viver Nele, primeiro, a tua vida.” Eu dizia ao Espírito:
Fala ao Pai por mim. Então meu Senhor respondeu: “É Ele Quem
está falando em ti ao Pai.” Eu: Mas, não há algo também de mim?
Ele: “Sim, a tua intenção de boa vontade.”
11 de janeiro. Hora Santa. Na casa coberta pela neve, eu Lhe
dizia: Tento, meu Amor, estar perto de Ti, mas não é o mesmo que
na igreja. Ele: “Não é o mesmo que na igreja, mas aqui também tens
a Presença de Deus: como a lampadinha que vela a tua vida. Se o
crês firmemente, que consolo para ti e para Mim! Tu te sentes triste
se estás junto de alguém que não te dá atenção, especialmente se o
buscas por amor. Eu Sou todo Amor; quando Me ferem, ferem ao
Amor; não é esta a pior das feridas? Vós, que sois os Meus íntimos,
nunca sejais assim. E para falar-Me, usai somente esse tipo de
palavras que encantam ao Amor; além disso, a maneira de
expressar-se tem a sua importância em uma conversa. E quando o
interlocutor é Deus, poderiam escolher, na doçura, as palavras mais
generosas e mais definitivas de zelo e de carinho! As expressões
que usaríeis se vísseis o Meu Rosto! Por isso vos digo com tanta
frequência que não temais exagerar as manifestações de amor; Eu
não tive medo de transbordar-Me. Agora viveis no tempo em que é
possível amar livremente e encantar ao vosso Deus. É coisa que
deveis fazer agora; não a deixeis para depois! Encantai ao
Encantador.”
18 de janeiro. Hora Santa. Eu: Até as migalhas de meu tempo
são para Ti, ainda as que marcarão o último tempo de minha vida.
Ainda que então não tenha já força para oferecer-Tas. Ele: “Eu sei
bem o que Me pertence nos corações. Repararam como as pessoas
pobres sabem muito bem o que têm? E se Eu olho o número dos
viventes no momento atual, encontro um pequeno, muito pequeno
grupo que Me pertence. Por isso tenho tanta necessidade de que os
que são Meus Me consolem com as suas íntimas confidências. Os
que uma vez disseram: ‘Todo eu Vos pertenço’, e têm vivido isso de
verdade, não como quem diz puras palavras. Por isso Me agradam
tanto essas pequenas palavras que são sinceras. Não te canses de
repetir-Mas uma e outra vez; são palavras que te refletem. Um ato
de virtude é uma prova de sua verdade, e aos poucos, um ato
prepara o seguinte. Então te peço que entres muitas vezes ao dia
na ‘câmara dos segredos’, no ‘cenáculo dos grandes intercâmbios’.
E quando tiveres Me dito tudo, ficarás silenciosa, sempre sobre o
Meu Coração. E aí ouvirás. Já conheces a força da solidão. Ensaia,
nesta semana, a vida do recolhimento. Claro está que também
quando fores pela rua, pois estou em todos os lugares. Belo
exercício, esse de interrogar ao Deus-Amor. ‘Onde está Ele, O que
me vê? Apenas o tinha estreitado, quando fugiu de mim
rapidamente. E não sei aonde foi. Quem poderá devolver-Mo?’
Estes suspiros interiores são a Minha Vida em tua alma. Ferem-Me
e Me atraem a ti. Sou tão impaciente! No Céu Me possuirás sem
chamar-Me; mas agora, prova-Me a tua Fé por teus desejos de Mim.
Chama-Me de manhã. Não Me prives desse grito, que Eu conheço
tão bem!”
21 de janeiro. Clausura das Quarenta horas. Havia pouca
gente. Ele passou junto de Mim na Procissão e disse-me: “Tu
também poderias fazer algo mais: um olhar rápido, mesmo que
reprimido. Traria-Me tanta alegria… Um pouco mais de recolhimento
não é nada que te custe muito, mas é muito para Mim. Já vês a
necessidade que há de ajudar-Me, tu que tanto desejas o Meu
Reino! Quantos são os ausentes! Consola-Me sofrendo Comigo pela
sua negligência.”
25 de janeiro. Hora Santa. “Amas-Me mais que ontem? Já
aprendeste a esperar? Já Me deste toda a tua confiança? Faz toda
noite um repasso do que foi o teu dia. E diz para ti mesma:
‘Contanto que eu não tenha perdido nenhuma ocasião de amar!...
Teria Ele me esperado quando eu não estava aí? Ou teria pensado
que eu deveria ter tido mais segurança Dele em tal ou qual
ocasião?’ E se vês que faltaste a algum encontro com o teu Deus,
humilha-te sobre o Meu Coração. Onde te humilharias, senão aí?
Habita em Meu Coração, Minha pequena filha. Porque esse é o teu
lugar. E entra Nele com naturalidade. O que temes? Se
conseguisses finalmente o hábito de não estar em ti, senão em
Mim... Em Mim, que sempre estou em ti! Habita ali, Minha pequena;
é possível que não o ensaies com a assiduidade necessária, ou
também pode ser que não peças a Minha Ajuda. Não crês que seja
uma honra ser ajudada por Deus? Isso não te diminuiria em nada e
Eu Me regozijaria com a tua confiança de menina.” Então Lhe disse:
Simplifica-me, Senhor, porque com frequência me sinto um pouco
confusa. Inclusive Contigo. Ele: “Confusa, por quê? O que o nada
pode fazer? Pois tudo o que tem, o recebeu. Eu Sou o Emprestador
magnífico, que empresta com tanta delicadeza, que o beneficiado
não percebe; isto é o que poderia explicar uma certa arrogância de
tua parte, em relação a Quem te emprestou. Mas tu já sabes certas
coisas. Agradece! Pois recebeste muito. E lembra-te bem qual é o
teu programa: fazer todo o bem possível ao longo do caminho, mas
não por amor ao bem, senão por amor a Mim. Que para ti o amor
esteja em tudo!”
1º de fevereiro. Hora Santa. “Não te surpreendas de que com
tanta frequência Eu tenha te recomendado pedir a misericórdia, a
humildade, a doçura. É que esses são os sinais distintivos do
Coração de teu Esposo, e tu deves assemelhar-te a Ele. Serás mais
feliz quando realmente possuas essas virtudes, e toda a Minha
Preocupação está em que chegues à felicidade. Não é coisa de
pouco mais ou menos; é a minha Vontade precisa que te empenhes
por adquirir essas três virtudes tão doces e tão raras. Doce doçura!
Doce humildade! Doce misericórdia! Pede-as à Minha Mãe. Oferece
sacrifícios para chegar a possuí-las. O germe dessas virtudes é o
sincero desejo de possuí-las. Então, como sempre, pede a Minha
Ajuda. Um pai gosta que o seu filhinho que ainda não sabe andar
lhe estenda a mão; e se o menino se cansar, o pai o apertará em
seu peito. Qual dos dois, o pai ou o filho, é o mais feliz? Se
soubesses o que é essa Misericórdia que tu deves imitar! É passar
por cima de tudo para inclinar-se sobre um coração; é não reparar
nas frustrações nem na ingratidão; é ser ainda mais amáveis para
com aqueles que nos fizeram sofrer. Quando chegares a isso Me
verão, somente por verem-te; farei-Me ver através de ti como por
transparência. Mas és muito pequena e te perguntas como poderia
ser isso. Há uma Graça que vem da união. Algo que se nota na voz,
no olhar e nos gestos. Isso o pudeste observar ontem quando essa
parente tua, que não te via há anos, exclamou: ‘Quanto te gosto!’.
Se dirigia a Mim, pois Eu havia Me manifestado por meio de tua
voz.” Então eu Lhe disse: Senhor, que seja sempre assim. Que
vejam em mim sempre algo Teu! Ele: “Desaparece cada vez mais,
filha Minha; alarga-te e perde-te em Mim, que Sou o Oceano infinito.
É tão fácil para ti perder-te, já que Eu te espero! E isto será quando
a tua vontade seja uma só com a Minha; quando o único objetivo de
tua vida seja a Glória do Pai; quando não tenhas para falar-Me
senão as palavras: ‘Amo-Te com toda a força deste coração que Tu
me deste’. Isso é tudo. Então o Pai nos tomará juntos como uma
única Oferenda, uma só: tu e Eu.”
8 de fevereiro. Notre Dame. Hora Santa. “Filha, ainda no caso
de que tu chegasses ao extremo de já não amar-Me, Eu continuaria
amando-te sempre. Ainda no caso de que já não quisesses fazer em
ti o silêncio necessário para ouvir-Me, Eu continuaria disposto a
falar-te ao ouvido. É assim como todo o pecador Me encontra:
esperando-o. Ninguém pode medir o Meu Amor; é Imenso e
Incalculável. A Minha Ternura, igual; pois o Meu Amor é
essencialmente terno. Por isso, quando te digo que tenho Sede,
apelo à tua ternura. Busca em teu coração um olhar sobre a Minha
Vida e sobre a Minha Morte, e para satisfazer o Meu direito ao teu
carinho, dá-Me, dá-Me carinho ao longo de todo o teu dia, e nunca
será demais... Vós todos fostes criados para amar-Me. As vossas
potências estão ordenadas a isso; então, não deveis desviá-las para
outras coisas, porque isto provocaria os ciúmes de Deus. Adorai ao
vosso Fim, atuai para o Único. Não crês que Me sinto muito
satisfeito quando Me chamas de ‘teu Único’?” Eu: Senhor, creio que
Me conheces toda; então, tenho pouco a dizer-Te. Ele: “Mas pensa
que te seria proveitoso dizer-Me mais; o teu coração se esquenta
quando Me dás os nomes mais escolhidos. Não de outro modo:
quando encontras uma bela palavra para dizer aos demais, eles se
sentem confortados como por um raio de sol, à diferença das
palavras ásperas, que entristecem a vida. E Eu conto contigo para
embelezar a vida dos outros. Tu podes consegui-lo mediante os
Dons que te fiz; não deixes de fazê-lo em união com a Alegria que
tive quando A dava aos enfermos, aos pecadores, aos possessos.
Há tanta gente que vive possuída pela tristeza ou pela malignidade!
Pensa em Mim e libera-as de sua carga com graça, com um sorriso.
Acende o teu olhar no Meu e a tua alegria na Minha; então és forte,
porque Eu te sustento. Começa já, com o teu coração no Meu.”
9 de fevereiro. Depois da Comunhão. “Dilata a tua alma na
alegria. A alegria Me honra, porque nasce da confiança. Chega-Me
ao Coração; soma-se às Minhas Alegrias do Céu. Habitemos juntos,
Minha Gabrielle, na Alegria... Faz como se tu fosses a encarregada
de dar-Ma. Que a tua ‘câmara secreta’ tenha uma constante
irradiação de vida; como se pusesses flores dentro de ti para
receber-Me. E então Me dirás: ‘Senhor, já podes entrar’. E eu
entrarei e Me regozijarei com a decoração. Oh! Essa alegria que
vem da pureza de intenção!”
11 de fevereiro. Depois da Comunhão. Disse-Lhe: Se eu
estivesse segura de que Te consolo e agrado fazendo isto ou aquilo,
isso multiplicaria as minhas forças. Ele: “Se o que Me fazes ou Me
dizes é, por sua própria natureza, capaz de agradar a um homem
comum, podes estar segura de que a Mim agrada muito mais,
porque Eu sou o mais Sensível, o mais Amante e o mais Delicado.
Nunca penses que te diriges a uma lembrança, a um ideal passado,
a um Deus distante; diriges-te a Mim, que vivo em ti, que Sou ‘o teu
Imediato’. E quando Me falares ou falares à Minha Mãe, que seja
com um sorriso amoroso. Dá-Me a boa acolhida que tanto
comentam de ti. Vem a Mim toda viva de alegria, de serenidade e de
ternura. É um doce esforço de tua parte, que transformará as
nossas relações. Teremos uma vida de família, que é o que busco
em ti.”
15 de fevereiro. Hora Santa. Com extrema delicadeza, disse-
me: “Não te incomoda muito? Eu espero como a uma festa esta
hora que Me darás. O que oferece um banquete, regozija-se dele
por antecipação. E os convites que as criaturas Me fazem causam-
Me alegrias muito grandes, porque é tão raro que Me convidem...
Terás observado que há pessoas nas quais não se pensa quando se
faz um convite a outras. Elas descobrem de longe e como que por
acidente, que houve uma festa. São pessoas estranhas, ou pelo
menos, que não se estima o suficiente como para convidá-las. Eu
sinto com frequência que Sou um desses… Por isso, quando no
meio de tuas ocupações diárias, pensas num dia em ver os teus
amigos, vem-Me a vontade de agradecer-te e perguntar-te: ‘Eu
posso ir também?’” Então Lhe disse: Por favor, Senhor, Comigo Tu
estás sempre em Tua casa! Ele: “É preciso que Me digas
frequentemente. O Meu Coração é friorento. Dá ao teu Senhor e
Deus um pouco de calor. Pequena criatura Minha! Explica-Me bem o
desejo que tens de Mim. Eu o farei crescer. E ainda no caso de que
não tivesses nenhum desejo de Mim, fala-me com simplicidade e
Eu to darei. E muito mais ainda. Dar-te-ei a sede de deixar a Terra
para encontrar-Me. Diz-Me que queres possuir-Me e ser possuída
por Mim; reanima o teu amor em um trabalho de todos os dias. Tem
coragem para voltar a tomar a coragem que tiveste no dia anterior. E
bem sabes que Eu te ajudo. Diz-Me que o sabes. Estes pequenos
atos de Fé e de confiança são a Minha Felicidade. Gosto que saibas
reconhecer-Me e dizer com os olhos vendados: ‘É Ele!’ Esta é a
tarefa que tens sobre a Terra… Ensina aos outros a amar-Me. Pede-
lhes que Me amem. Eu raramente peço, prefiro esperar. Tu,
converte-te em apóstolo Meu e traz-Me a todos. Diz-lhes que deem
alguns passos e que Eu farei o resto…”
1º de março. Le Fresne. Hora Santa. Eu: É possível que eu
morra de alegria por saber que Me amas desse modo. Ele: “Não é
suficiente saber que Eu tenho esse Amor; é indispensável crê-lo.
Quanto consolo haveria na vida dos homens! Seriam felizes, ainda
no meio das tribulações, se cressem que tudo o que lhes acontece é
dirigido por Meu Desejo de seu bem e na medida de cada um. Mas
não faltam os que supõe em Mim uma malevolência para com eles,
e alimentam projetos de vingança contra o seu Deus. Seria tão bom
e tão simples contemplar a imensidão do Meu Amor! Mas eles
nunca se lembram de Minha Paixão de Dor e no entanto, com Ela
vos demonstrei essa outra Paixão de Amor que tenho por vós.
Oxalá que tu, Minha filha pequenina, encontres fácil e simples crer
que nunca ninguém te amou como Eu. E que desta Fé brote, como
de uma fonte inesgotável, a união e uma alegria que voe bem alto
sobre a Terra. Pensa nas palavras: ‘Ele e eu’. Vive delas porque Sou
Eu, és tu e Eu em ti. Como preso a ti, depois da barreira do sinal da
Cruz com que te benzes. Além de estar na Eucaristia, onde poderia
Eu estar sobre a Terra, a não ser no coração dos homens, pelo
menos daqueles que se abrem para Mim? Eles Me chamaram,
chamaram-Me de dia e à noite. E Eu vim para neles estabelecer a
Minha Morada.” Eu: Senhor, a minha alma será sempre a Tua Casa.
Gostaria de gravar sobre o Meu Coração: ‘Casa de descanso para
Ele’. Ele: “No Céu te encontrareis com a resposta: ‘Morada das
Delícias para Minha Gabrielle’. Esforça-te continuamente para crer
nisso, até transtornar-te de felicidade: ‘Sou amada’. Porque já sabes
que te será dado aquilo em que creste. E destes enternecimentos
nascidos de tua confiança, surgirão novos Favores para a subida à
União. Mais ainda, à Unidade.”
15 de março. Hora Santa. Eu: Ontem tive a tentação de omitir
a minha Visita de agradecimento pela Comunhão da manhã.
Respondeu-me: “E por quê? Eu tinha te amado menos nesse dia?
Não havia Me dado todo inteiro? Havia-te negado algo de Minhas
Riquezas misericordiosas? Se soubesses a alegria que Me dão
essas pequenas visitas... quando vens ver-Me (e não vens pela
arquitetura ou belezas do templo) e quando Me falais como a um
amigo (e não com simples orações rezadas) e quando vos abaixais
diante de Mim e diante de vossos próprios olhos. Se não fosse
assim, o que aconteceria ao ‘tu’? O Meu pequeno Instrumento
pensaria ter merecido os Meus Favores!” Eu: Senhor, permite-me
regozijar-me, sobretudo por esses Favores que podem ajudar o
advento de Teu Reino. Imagino que sou como o balde nas mãos
daquele homem que indicou aos Teus Apóstolos o caminho até o
belo salão com tapetes em que instituístes a Eucaristia. Ele: “Enchi
a tua pobre alma até transbordar.” Eu: Que tudo isso recaia sobre os
outros, Senhor. Que nada se perca… E pensar que se trata de uma
Palavra Tua! Ele: “Já verás os efeitos do Meu Amor. Não sabes que
Eu dou sempre muito mais do que o que se espera de Mim? No
espiritual e no material; tu mesma o comprovaste. Vê em Mim o
Companheiro de todos os teus instantes. Há um momento atrás, no
jardim, dizias-Me: ‘Senhor, estás aqui?’. Pois sim, Eu estou sempre
ao alcance de uma palavra amorosa, de um desejo, de um sorriso.
Tu gostarias de saudar a Minha Alma e é justo; porque a Minha
Alma É a que mais sofreu dentre todas as almas dos homens. Por
este motivo É Ela a que tem a mais alta Glória no Céu. E sabes
porque foi Ela a que mais sofreu? Foi porque Ela é a que Deus fez
mais perfeita para amar. Acabarás, filha, por crer no Amor que tenho
por ti? Em todo momento e ocasião? Com a maior alegria?” Eu: Eu
bem que o quero, Senhor! Mas, o que há em mim que me impede
de chegar até o final de minha certeza? Ele: “Chama-Me com os
nomes mais doces e com muita frequência. Os nomes são como
desejos. Assim subirás.”
Andando, sorri a uma pessoa que passava e ele me respondeu
com outro sorriso. “Assim acontece quando tu Me dedicas um
sorriso interior. Respondo-te.”
22 de março. Hora Santa. “Vens da visita a um amigo que está
muito doente e tiveste compaixão. O que dirás ao teu grande Amigo
quando consideres os Seus Sofrimentos? Olha-Os bem, pois São
para todos vós. Tem a humildade de cobrir-te com Eles. Diz-Me:
‘Tem piedade de mim, que não sou senão uma pobre pecadora’. E
crê-Me que terei piedade. Considera o nada que és. Se o visses
bem, ficarias aterrorizada por não conhecer o Meu Amor e a Minha
Misericórdia. Compreende a pobreza e a nudez de tua alma. Esta
visão de teu nada seria terrível para ti, se não contasses com a
riqueza dos Méritos de teu Esposo. Apoia-te fortemente Neles
durante este tempo de Paixão. Que o teu olhar descubra os Meus
Fogos, esquadrinhando, nos pormenores de Minha Morte obediente,
a Doçura e a Aceitação de todo o Meu Ser. E era também para vós
esta Doçura e Aceitação. Mas depois conhecereis este Mistério de
Minha Alma. Agora, procura amar como se já O soubesses. Ensaia.
Dá-Me a tua boa vontade de menina pequena.”
5 de abril. Hora Santa. Em meu aposento de Fresne. Disse-
Lhe: Obrigada, Senhor, pela Graça de crer um pouco mais em Teu
Amor. Respondeu-me: “É o único que importa… Confia, então. O
teu fervor e o teu zelo se multiplicarão se te sentires amada, e se
multiplicarão também os teus sorrisos interiores. Responderás
muito melhor às Minhas Gentilezas delicadas, que finalmente terás
sabido reconhecer e dirás, em tal ou qual circunstância, ‘É Ele!’. E
não o tinhas adivinhado. Não é verdade que este pensamento te
anima ao sacrifício e ao agradecimento? Poderá acontecer que te
sintas abandonada, mas sempre te dirás: ‘Estou segura de Seu
imenso Amor’.”
12 de abril. Estação de Angers. Em meu retorno de Paris pude
conseguir um assento, não obstante a multidão dos passageiros.
Ele: “Como vês, Eu Me preocupo com os Meus. E ainda no meio da
multidão, os atraio a uma feliz solidão em que o coração se mantém
desperto para escutar o Amado. Disse uma vez aos Meus
discípulos: ‘Quando vos enviei sem bolsa e sem bastão, faltou-vos
algo?’ E eles Me responderam: ‘Não nos faltou nada, Senhor’. Tu
agora podes dizer outro tanto!” Eu: Muitas vezes, Senhor, fui eu a
que faltou às coisas. Ele: “Humilha-te por essas omissões e não te
surpreendas. Deseja reparar essa falta de cuidados ao Meu Serviço
e examina com frequência, não somente o valor das ações em si,
mas o valor de tua intenção ao fazê-las. A retidão de tua vontade
em glorificar-Me. Possivelmente, se olhasses com mais frequência o
que fazes por Mim, aumentaria o teu zelo e o teu amor; serias mais
fiel nos detalhes, esses detalhes felizes que podem merecer tantos
bens. Polvilhos de virtude que enchem a vida. Pensa nos invisíveis
granitos de areia que formam a imensidão do Saara, e concede
importância às coisas pequenas. Pensa, Minha Gabrielle, que estão
na medida de tua pequenez e te manterás na humildade. Já sabes
com que frequência há que recomeçar o trabalho dos humildes. Põe
nisso todo o teu coração, sabendo que Me agradas. E, posto que
queres viver para Mim, e ver tudo em relação a Mim para alcançar o
Meu Tamanho, já considera o pouco que te falta para percorrer o
caminho. Não regateies a Glória que ainda podes dar-Me.”
20 de abril. Le Fresne. Na igreja. Eu tinha visto muitas flores e
muito variadas à beira de um fosso. Ele: “Já vês a força da
primavera. Que um renovado impulso de amor faça florescer em tua
alma virtudes de todas as cores. Serei Eu Quem as olhe e as
disfrute, da mesma forma que tu olhaste e te alegraste com as flores
do bosque. Pensa que não há nada, fora do amor, capaz de
florescer novas bondades. Entrega-te, pois, totalmente ao Amor,
para que o Amor te possua. Não te dividas em duas partes que
fossem uma para ti e outra para Mim; Eu aspiro à tua totalidade e
dela Me alimento. O teu amor alivia a Minha Sede. E sou exigente:
quero-vos inteiros e em todo o tempo. Não te distraias; não quero
nenhuma subtração de ti: roubarias-Me, pois tudo Me pertence. Se
Sou exigente contigo é porque queimo de Amor por ti e desejo
possuir-te… Compreendes? Reconheces finalmente a Minha
Potência de Amar? E se Eu ultrapasso toda a medida de amor,
como não haverias de ultrapassar as tuas medidas habituais, para
estabelecer-te nas regiões superiores da simplicidade e da união?
Sobretudo se sabes que é nessas elevadas regiões onde te espero,
e tenho uma grande necessidade de encontrar-te. Considerando o
real e verdadeira que é esta necessidade, é como podes lembrar-te
de que é possível dar-Me uma esmola. E pensa no que vale um
óbolo de si mesmo dado por amor; qual não será a alegria de Quem
o receba? Aumentará os Seus Dons, e a alma que os receba se
verá estupefata de assombro e agradecimento, e se dirá: ‘Mas, o
que é que fiz para ganhar a Complacência de meu Deus?’ Ao que
Eu responderei: ‘É que O amaste com todas as tuas forças e te
deixaste amar por Ele.’”
26 de abril. Eu: Senhor, aqui está diante de ti a Tua pobre filha,
feita à Tua Imagem e que Te deseja com todas as suas forças. Ele:
“Observaste como as pessoas se falam para comunicar-se todo tipo
de assuntos pessoais, e nisto gastam um tempo considerável sem
que tirem maior proveito? Não crês que Eu Me alegraria
grandemente, e vos recompensaria com magnificência, se Me
dedicassem os seus pensamentos e a sua confiança? Isso criaria
entre vós e Eu uma intimidade que vos faria felizes, pois o contato
Comigo aliviaria a vossa vida. Viveríamos ‘a dois’, sendo Eu O que
levaria a parte mais pesada. E volto ao mesmo: fala Comigo,
pequena alma de Minha propriedade. Fala Comigo e os nossos
corações se fundirão em Um. Esta é a finalidade da vida do cristão.
Para consegui-la, muitas vezes vos vem o desejo de morrer; vivei,
pois, antecipadamente, esta fusão dos corações. Em toda ocasião,
sob qualquer pretexto. Mas não vos atreveis a isso, e em muitos é
pura indiferença. Mas, porque os Meus amigos íntimos não
haveriam de chamar-Me com veemência para que eu participasse
de sua vida interior? Se tivessem uma Fé menos próxima à
incredulidade! Se a sua Esperança contasse com o Meu Apoio; se o
seu amor, simplesmente, ardesse mais! Eu presidiria tudo em vossa
jornada; e quando chegasse a noite, os vossos olhos se fechariam
olhando o Meu Rosto. Aprende a dormir assim, em Meus Braços.
Lembra que há que recomeçar muitas vezes para crescer e,
sobretudo, que há que guardar-se muito de estar satisfeitos de si.
Contempla com frequência a tua miséria e conta-Ma toda, tal como
a conheces. Então Me sentirei urgido a ajudar-te, pois te verei
humilde e pequena. E quando Me chamares, não te esqueças de
dar-Me os nomes mais ternos. Eu reconhecerei a tua voz.”
3 de maio. Eu: Meu Jesus amado, venho para receber a Tua
Palavra e, sobretudo, o teu Amor. Sabes que as Quintas-feiras são
para mim o dia mais belo de toda a semana? Ele: “Entra no átrio e
implora a ajuda de Minha Mãe. Entra mais. Afasta-te de todas as
coisas. Adentra até o aposento mais secreto, onde estão o silêncio,
a liberdade do entendimento, a oferenda pura da vontade, a chama
que arde por arder ainda mais. E logo pede ao Espírito Santo que
Se mova sobre ti como se movia sobre as águas, no princípio da
Criação. Por ti mesma és só caos. Recorda-o. Fizeste hoje algum
ato de humildade? Interior ou exterior? Não pela pena pura, nem
para diminuir as tuas forças, mas para convidar-Me a intensificar o
teu esforço, com o Poder de um Deus que espera o teu chamado. E
agora, possuída pelo Espírito, que poderias Me dizer, a não ser
palavras de amor? A Ele, que é Amor, diz-Lhe que fale por ti. Não
crês que essa é a maneira mais simples e mais delicada? Porque o
Espírito usa também a linguagem dos pequenos. Foi sob a Sua
influência como a Minha humildíssima Mãe respondeu ao Anjo:
‘Aqui está a Escrava do Senhor’. Ele Me falará com os teus suspiros
e balbuceios. Recorda as harmonias que há em um só acorde de
uma orquestra. O louvor que tu querias dar-Me e que não sabes
como dizer, Ele o completará, porque Ele tem uma tradução invisível
para as orações, os desejos, os carinhos das almas. Multiplica os
teus impulsos em Minha direção; Eu os recebo como Cristo, ou seja,
como Salvador, e ofereço tudo ao Meu Pai pela vitalidade da Igreja,
para que finalmente chegue a hora do Rebanho único sob o cajado
de um só Pastor. Momento feliz na sucessão das idades! Adianta,
adianta o seu advento.”
7 de maio. Orações pelos bens da Terra. “Pede pelos três
campos: o campo de tua alma, o campo da França, o campo do
Mundo.”
10 de maio. A Ascensão. Depois das Vésperas, na igreja
vazia. Eu sou o Dono da Casa, que depois que os convidados se
foram, pergunta-Se: ‘Terão compreendido a Festa?’ Há tantas
maneiras de entendê-la quantas maneiras há de amar. Qual é a tua
maneira? Sentes a tristeza que sentiram alguns de Meus Apóstolos
quando Eu tinha ido embora?” Eu: Senhor, alegro-me pelos
habitantes do Céu, mas a Ascensão é triste para a Terra. Ele: “Faz
bem a tua novena de Pentecostes, unida à Minha Mãe e às santas
mulheres no Cenáculo. Não tanto para ser consolada pelo Espírito
Consolador, mas para que Ele te ensine a consolar-Me. Entra com
profundidade neste desejo de saber consolar-Me; é uma maneira
muito doce de amar, como se Me oferecesses uma casa nova cheia
de flores raras e de raros perfumes, onde encontra-se um amigo rico
e ardente, consumido pelo desejo de frequentes encontros e de
íntimas confidências. É o teu coração, que deseja para Mim o
coração de todos os homens. É o teu coração, que quer aquecer-se
no Meu. Se compreenderes bem a Ascensão, esforçar-te-ás por
seguir ao teu Esposo e por viver menos na Terra do que no Céu,
onde Ele está. Une-te desde agora aos louvores dos bem-
aventurados, os teus irmãos de amanhã, na ocupação de amanhã.
Lembra que ao elevar-Me ao Céu no Monte das Oliveiras, Eu ficava
no meio de Meus Apóstolos sob as Espécies Eucarísticas e no
Coração de Minha Santa Mãe. Eu não teria podido abandonar
totalmente os meus filhos. Tu, busca-Me sempre na Hóstia; está aí
para ti e para todos. Não tenhas reticências; simplesmente, vem;
com alegria e agradecimento. Não sentes, quando te falo, que tudo
é simples Comigo? Deixa as tuas antigas maneiras de imaginar as
coisas; entra no caminho vivo do Amor.”
17 de maio. Eu Lhe agradecia por um prisioneiro muito querido
que retornava. Ele: “Terias podido duvidar de Mim, do Meu Poder e
do Meu Amor? Não te surpreendas nunca com as Minhas
Bondades, porque as que podes ver são menores do que as que te
rodeiam e te envolvem e te elevam, sem que o saibas. Se Eu Sou
bom com os Meus inimigos, com os que deliberadamente Me
ofendem, e lhes dou tempo para o arrependimento; quanta maior
Benevolência devo ter para quem Me dedica a sua vida! Para ele,
ultrapasso toda a medida de desejo. Tu mesma o experimentaste,
especialmente de um ano para cá; quanto mais Me dás, mais te
cumulo. E podes crer-Me se te digo que a Minha Gratidão é maior
do que a tua, Minha pequena fraca. Pede-Me que te ensine a dar-
Me mais. Não tenho necessidade de teus dons, mas os desejo para
poder te recompensar ainda mais. Como vês, sempre penso mais
em vós do que em Mim; como se vós fosseis o Deus e eu fosse a
criatura. Porque Sou um Abismo de Amor sem fundo. Que isto te
alegre. Mede a tua felicidade: ser amada por Mim! Toma do Meu
Amor e oferece-O como se fosse teu, ao Amor que Sou Eu. Porque
tudo, filha, tudo o que é Meu é também teu.”
24 de maio. Procura encontrar-Me em teus deveres de estado
bem cumpridos. Ali te espero com todo o Meu Amor; vêm com tudo
o teu, que não é tão grande, mas Me expressarás o teu desejo de
que cresça. Apelarás ao Meu para esquentar o teu. Continuarás
sendo uma menina pequena e incapaz, `a qual será preciso que Eu
preste o socorro mais cuidadoso e delicado.”
24 de maio. “Suporta os espinhos de cada dia por amor a Mim,
e isto preparará a tua alma para a virtude heroica. Compreende que
a União com Deus não é outra coisa além de fazer a Sua Vontade.
Sempre chega na vida do homem um instante que demanda uma
virtude suprema, e a Graça para isso se terá merecido com a
aceitação amorosa das penas cotidianas. Com isto verás que os
pequenos trabalhos rotineiros são de grande valor para uma alma
que se entrega a Mim em afetuosa obediência. Não te disse tantas
vezes que diante de meus Olhos não há nada pequeno, e que tudo
está na maneira amorosa de realizá-lo?”
31 de maio. Hora Santa. Eu entrava na igreja com roupa de
casa e me desculpava. Disse-Me: “Mas se o que busco é a vossa
intimidade! Estar sempre convosco, da forma como vós estejais.
Estar, sobretudo, no pensamento habitual de vossos corações,
Meus fiéis amigos, para consolar-Me dos que não se lembram de
Mim senão para insultar-Me. Desgraçadamente, há muitos desses;
tu não sabes quantos. Compreende então o Meu Regozijo, quando
encontro um carinho delicado que me oferece um asilo... ia dizer ‘de
proteção’... Oh, imagens Minhas, que cuidais de devolver-Me o que
vos dei: a Vida! Sim, é a vida o que gosto de encontrar em vós.
Intensifica sempre a tua vida interior. Pertence-Me; não Me prives
dela jamais. Pede-Me ajuda e Eu te direi as palavras que deves
dizer-Me. Ditas por ti serão um encanto consolador. Não desejaste
converter-te em Minha consoladora?” Eu: Senhor, como me
cumulaste desde esta manhã! Ele: “É a Minha Festa de Corpus, e
para Mim, a Festa consiste em dar. E é a Minha preferida dentre as
festas de Amor. Estabelece-te para sempre em Minha Misericórdia.
Até agora A conhecias, A observavas, mas não te atrevias a viver
Nela e Dela. Que Ela seja a tua Morada, amiga Minha. Longe de
estragar a humildade, darás assim um testemunho de confiança que
honrará ao Amor. Com a certeza de agradar-Me, quanto mais à
vontade te sentirás! Será um encanto novo com o qual se enfeitará
o teu carinho. E, posto que desejas agradar-Me, pensa
seguidamente: ‘Ama-me até o ponto de entregar-Se por mim’. E é
sempre algo novo, Minha Gabrielle; a Missa o repete a cada manhã.
E ainda amando com todas as tuas forças acrescidas, sentir-te-ás
muito pequena; porque quanto mais se ama, mais a Verdade se
torna clara.”
7 de junho. “Eu não acabo de falar-te; então, espero que não
te canses de escutar-Me. O conteúdo mais íntimo do coração se
transmite como gota a gota; cada uma delas tem um valor capital e
nenhuma substitui a outra. E assim como te dou os Meus segredos,
assim espero os teus. Sim, já sei qual é a tua grande confidência:
‘Senhor, não Te amo como eu gostaria; dá-Me a maneira de amar-
Te mais.’ Oferece-Me como homenagem direta do teu coração este
sofrimento por não amar-Me melhor. Não te canses; Eu curarei o teu
pobrezinho sofrimento. Te curarei quiçá com outro maior, mas este
terá em si uma ferida de doçura que ainda te é desconhecida.
‘Chaga deliciosa’, dizem os que a experimentaram. E não Me
pediste este dardo de Serafim?” Eu: Senhor, não me faças morrer
sem que esse dardo tenha me atravessado. Ele: “Para obtê-lo,
humilha-te. Sacrifica-te. que o teu olhar não se afaste do Meu. O
servidor está atento às mãos do Mestre. Entra em Meu
Pensamento, tão fundo como possas. À força de aproximar-te do
Amor, o Amor te fundirá.”
9 de junho. Eu olhava umas grandes nuvens brancas no céu
azul e dizia a Jesus: Onde estás, meu Senhor? Ele me respondeu
com vivacidade: “Em teu coração.”
14 de junho. Eu havia recebido a visita de um estrangeiro e
tínhamos falado de Deus toda a tarde. Disse-Me: “Por que haverias
de temer ocupar-te de Mim e de Meu Reino com os que se
aproximam de ti? Há acaso um tema de conversa mais fascinante?
E além disso, Eu estou aí, no meio de vós, e atuo em vossas
faculdades. Não sentes por dentro uma doçura muito especial
quando buscas encontrar-Me, estando com outros? Não crês que o
Meu Orvalho cai sobre vós desde o Meu Coração? Não te sentes
como que transportada a outro plano e que o tempo corre mais
rápido, porque se trata de Mim? Não vês nisso uma demonstração
de que só Eu posso encher o vosso coração? Oh, doces conversas,
em que o Espírito fala por vós! Agradece-Lhe e diz-Lhe o teu amor.
Invoca-O. Deseja, deseja.”
20 de junho. Depois da Comunhão. “Contemplaste algumas
vezes qual é a Minha Riqueza de Amor? Porque o Meu Amor tem
mil rostos. Tu crês conhecê-Lo, mas na verdade não sabes nada. A
Minha Opulência ultrapassa toda a imaginação. Abandona-te ao
Infinito e crerás no meio das trevas.”
21 de junho. Hora Santa. “Não percebes que ainda estás sob a
influência da Terra, na dependência de tudo o que acontece?
Quando decidirás pôr a tua fronte no eterno Pensamento? Recorda
que o teu Pai Criador se encontra no Céu, que o teu Salvador te
espera no Céu e que o Espírito que te governa está no Céu; e que
ali está também a tua Santa Mãe. Ela conhece a Morada que
ocuparás, de acordo com os bens que tiveres recebido. Então,
levanta a cabeça, Minha pequena filha. Caminha como quem já se
desprendeu de tudo e é chamada por uma Força impetuosa que a
arrebata. O que importam os pequenos cuidados e variações sobre
a face da Terra? Isso não vale um só suspiro de teu coração.
Estabelece-te em Mim, que Sou a tua Casa, uma só ideia, um só
trabalho: o Meu Reino e a Minha Glória; o triunfo de Minha Causa.
Já sabes que os Meus são Eu mesmo. Trabalha na promoção de
tudo o que é Meu e Eu te sustentarei. Já percebeste que a Terra é
pequena e que a vida é curta. Habita em Meu Infinito por teu
pensamento habitual, por teus desejos. Deves estar nos Braços de
teu Esposo; quem poderia arrancar-te Dele? Fez tanto por ti... E o
que Ele não faz por ti a cada dia! Se pudesses ver a Missa de cada
uma das manhãs! Pensa, ao menos, que Eu te olho, pequena filha
Minha, e que te ofereço Comigo ao Pai que está nos Céus.”
28 de junho. Hora Santa. “O amor não tem repouso enquanto
não encontra o Amado. E o que é que o impede de encontrá-Lo? As
negligências, as faltas veniais cometidas sem escrúpulo. Terias te
atrevido a arranhar o Meu Pulso enquanto Me cravavam a Mão, ou
a arranhar a Minha Fronte enquanto Me punham a Coroa? Evita as
faltas pequenas; pede-Me a Graça de vê-las bem na sua verdadeira
realidade, como um vidro ao sol; então serás vigilante e não te
atreverás a causar-Me nenhuma pena. E quando percebas que
fizeste algo mau, pedir-Me-ás logo o perdão. Eu já vi tudo e estou
disposto a esquecer, porque escuto as palavras de tua humildade
desolada. É grande a potência da contrição; pois o sacrifício que Me
agrada é a de uma alma quebrada de dor. Nunca a rechaço. Sê
sempre a Minha pequena.”
2 de julho. Eu: Senhor, faz com que cada uma de minhas
visitas traga ao próximo alegria e paz. Mas, serei eu o
suficientemente pura? Ele me respondeu: “Quem é puro? Não há
senão pecadores e purificados. Ai daqueles que se orgulham de não
sucumbir a uma tentação que não os assalta!”
5 de julho. Hora Santa. “Sim, filha. Perde-te em Mim e não
voltes a te encontrar. Eu bem saberei guardar-te se te entregares a
Mim. Sabes o que é entregar-se e o que é servir-Me? Um bom
servidor pensa sempre no bem de seu amo; gostaria de aumentar a
sua fortuna, se lhe fosse possível; se orgulha de sua reputação, pois
o ama até o esquecimento de si. ‘Eu já não vos chamo Meus servos,
senão os Meus amigos.’ Quais têm que ser, então, os vossos
sentimentos de confusão, de alegria, de esperança neste Amigo
rico e incomparável! Pois se diria que quis ser rico somente para
dar-vos e fazer-vos Favores. E se tu estiveste contente nesta
manhã, quando presenteaste um objeto ao templo, pensa em Minha
Alegria quando vejo que por Meus Méritos as vossas almas se
enriquecem! Porque tudo se embeleza quando o Amor o toca.”
12 de julho. Hora Santa. Eu havia chegado tarde, pois tive
visitas durante todo o dia. Ele: “A Caridade para com o próximo é a
Caridade para Comigo. Lembra-te bem. Se não podes encontrar-Me
na igreja, sempre podes achar-Me nos outros. Sempre Eu. Adquire
este hábito, pequena esposa Minha, que tão facilmente se distrai:
olha-Me em todos os acontecimentos da vida, e eu assistirei a tua
morte. Não te assustarás, pois saberás que Sou Eu. Que encanto
oferecerás ao próximo se Me vires através dele! Filha Minha, vive de
Fé. Não sejas dos que dizem ‘Senhor, Senhor’, mas não têm
espírito cristão. Não te canses de meu Amor, que é sempre novo.
Eu não acabo de acostumar-Me ao teu! O vejo a cada noite como se
se tratasse do primeiro abraço. Tu podes não compreendê-lo, mas
também podes crer-Me, ainda quando às vezes não Me atrevo a
dizer a alegria que Me causam certas almas, por temor de que se
envaideçam, e percam com isso o seu perfume. E logo, o Amor de
Deus em direção às Suas criaturas causa sempre um certo
assombro. Mas Eu falo de um Amor como o Meu. Crê Nele!
Consolar-Me-ás. É pouco o que te peço. Não é dulcíssimo pensar
que és amada por um Deus infinito? Vai até o fim deste pensamento
e apenas terás entrevisto a Verdade… Pobre menina, que tanto
trabalho tem para crer! Implora o Meu Socorro e virei a ti.”
19 de julho. “Filha, não desperdices nenhuma oportunidade de
adentrar em Meu Coração e de fazer-Me entrar nos corações de
teus irmãos. É tanta a Alegria para Mim! Mais tarde verás os ramos
que Me deste e que nunca creste ter colhido. Alegra-te Comigo e
fala-Me de todas as colheitas que gostarias de guardar em Meus
Celeiros. Tanto pecador, tanto pagão! E tantos fiéis que são-Me
infiéis! E oferece-te para ganharmos. Que não te dê medo oferecer-
te, ainda que bem sabes que é pouco o que ofereces, e que o
ofereces a um Deus. Não tens nisso uma ganância pura? Porque
com isso esperas em Sua Longanimidade e te compenetras em
Sua Trindade. Oferece-te, é simples. Tudo é simples com o teu
Deus. Oferece-te. Eu te tomarei.”
25 de julho. Em Le Poliguen. “Tu podes ser a Minha
colaboradora, por tua submissão aos acontecimentos que são
expressão da Vontade de Deus. Uma submissão sorridente, porque
é sempre o teu sorriso o que busco em todos os Meus
relacionamentos contigo. A tua alma se embeleza; é como um amor
enternecido, como uma carícia num esforço de vontade; e isto coroa
a tua obra. E quanto à maneira de falar-Me… Não sentes por acaso
a Minha Bondade serena quando Eu te falo? Responde-Me como
Me ouvires; imita-Me na maneira de falar. É tão pouco o que basta
para que subas um grau a mais…! E de grau em grau chegarás ao
conhecimento profundo de Deus. E sobes para ti e para os outros.
Vive sempre em tua interioridade. Se tu soubesses que uma amiga
muito querida está sempre em sua casa, não vacilarias em visitá-la
com frequência. Pois bem, já sabes que Eu estou constantemente
em ti; nem sequer tens necessidade de perguntar-Me. Vem, pois,
seguidamente, prostrar-te cheia de amor aos Meus Pés; Eu te
tomarei em Meus Braços. É preciso que creias em Minha Presença
em ti. É preciso que conheças o Meu Amor e te abandones Nele. Se
alguém te dissesse: ‘Faz de Mim o que te agrade’, não é verdade
que tomarias para com ele extremos cuidados? Imagina o que Serei
para quem se entregue a Mim por inteiro. Quero fazer-te crescer em
Mim. Aceita-o.”
31 de julho. Eu fazia mil projetos. Disse-Me: “Eu, nunca tu.”
3 de agosto. Igreja de Fresne. Eu Lhe dizia: Senhor, quiçá
poderás fazer isto ou aquilo… Ele, como sorrindo, disse-me: “Crês
que necessito que Me insinuem as delicadezas? Crês que ande
curto em invenções de Amor? O único indispensável é que Me
mostres sempre a tua pobreza e Me manifestes as tuas
necessidades. Eu irei a ti com uma Riqueza tanto maior quanto mais
tenha te dado. Mas os meios, a forma, a maneira, todo esse
trabalho delicado de refinamento, deixa-o ao arbítrio de Meu Amor.
Tu sabes que cada alma tem uma maneira especial de ser
conquistada? Da mesma forma, tem também uma maneira própria
de recusar-se uma vez, ou duas, ou mais; o qual enche de
amargura o Meu Coração faminto. Eu Sou o pescador de pérolas.
Como estão em Minha Mão, viventes e brilhantes! E que cuidados
devo tomar para que não caiam e se sujem no lodo! E logo serão a
Minha Coroa de Glória.” Eu: Senhor, como gostaria de procurar-Te a
Glória que se diz nas palavras do Salmo: ‘Bendito seja Deus em
Seus anjos e em Seus santos.’ Como é possível que a nossa
santidade possa honrar-Te? Ele: “Porque não há santidade sem
amor e o amor da criatura é o triunfo do Amor do Criador. Não
pensaste que quanto mais amares, mais próxima estarás de Mim?
Oh! Reanima os teus desejos de alcançar-Me...ainda que à custa da
vida. Considera a Terra como nada em si; como um simples meio de
pagar o encontro no segredo de nossa Morada. Ela te espera e eu
te espero Nela.”
12 de agosto. Igreja de Fresne. “Claro que te recebo, filha
Minha, ainda quando te encontres seca e sem gosto espiritual. Não
te endureças; deixa-te vir a Mim. Como um corpo que flutua ao
gosto das águas. Eu Sou essas Águas, Eu Sou a Imensidão. Tu não
podes saber aonde te levo, mas podes abandonar-te em Mim.
Deseja que o teu itinerário Me busque a maior Glória. Deseja ser a
doçura de Meu Coração. Não tenho, por acaso, direito a alguns
privilégios? Direito aos Favores que se dão ao escolhido do
coração? Quando Me dizes: ‘Jesus amado, dou-Te tudo o que tenho
na vida’, não pensas ao mesmo tempo que te dei muito mais? Pois
o que Me dás, Eu to havia dado. Convém em que, tudo o que tens,
o recebeste de Mim, e que to dei, não para mostrar a Minha
Potência, também sem algum motivo especial, mas por um Amor
indizível… E os Dons estão em tua medida, segundo o teu caminho,
para que alcances o fim especial de tua vida. Tens tudo o quanto te
faz falta para realizar a Minha Gabrielle na que sonhei ao criar-te.
Viste-Me, por acaso, quando te criei? Então, não podes saber o
Carinho que consagrei à tua alma desde há tanto tempo... desde
sempre… Te peço, pois, que não Me tenhas por exigente demais,
quando tão seguidamente te digo que Me deis tudo.”
19 de agosto. Lourdes. No Rosário. Eu: Senhor, que me
pedirás nesta tarde? Ele: “Vou pedir-te a alegria. Em ti tens a fonte
da paz mais serena, a que te arrebata de ti mesma, pois Me
recebeste nesta manhã em amizade e amor; porque estás neste
momento mais perto de Minha Mãe, e sabes que Eu estou em teu
coração como um Esposo vigilante. Tens visto como tenho cuidado
de ti; e isto não te dá muita alegria? E já não Me confessaste as
tuas faltas e a tua pequenez, toda cheia de arrependimento? Olha:
quando te acusas deste modo, seja diante de Mim, seja diante de
Minha Mãe, te levantas. E mais tarde verás como Sou Eu O que te
levanta. O que agora te peço é simplesmente que creias em Meu
Poder Infinito e em Meus Méritos.” Eu: Sim, meu Senhor. Ele: “Crês
na Bondade com que te aplico esses Méritos?” Eu: “Sim, Senhor.”
Ele: “Porque machucarias o Meu Amor se não pensasses que te
amo o suficiente para isto. Quanto necessito que estejas segura de
Mim! Sente o Meu Fervor. Ilumina o teu fervor com o Meu. E pede
tudo por meio de Minha Mãe, que É tão boa e está tão atenta ao
cuidado de vossas almas. Se o soubesses! Tu não A conheces o
bastante. Dá-te a Ela sem devolução, como Eu, quando Menino. E
pensa que deves estar no meio da multidão como se estivesses só
Comigo. Como se não existisse nada além de Mim; como se o
movimento dos transeuntes fosse só o movimento dos galhos das
árvores. Vem a Mim diretamente, pelo caminho mais curto. Tenho
tanta pressa em ter-te! A tua influência se fará sentir. Não poderás
desinteressar-te desta influência, que é como a sombra de tua alma.
Eu tinha a Minha Sombra. A sombra de São Pedro curava os
doentes. Se pudesses curar as chagas das almas que se te
aproximam! Pede-Mo. Pede-o à Minha Mãe. Filha querida! Permitir-
Me-ás continuar vivendo sobre a Terra por teu intermédio?”
20 de agosto. Missa Maior sobre a Esplanada. “Sê uma
servidora de amor. Sabes qual é o nome de uma servidora de amor?
O seu nome é a bem amada.”
21 de agosto. No regresso de Lourdes. “Não penses que
perdes Lourdes porque sais de lá; porque Eu estou sempre contigo
para dirigir-te e ajudar-te na fidelidade às tuas resoluções. O Esposo
leva o passo para que a esposa não tropece. E o que é mais
comovedor entre a timidez da esposa e as gentilezas do Esposo?
Porque o Esposo é feliz de que a Sua esposa Lhe dê a
oportunidade de uma nova gentileza delicada. Queres dar-Me a
felicidade de ver como segues o Meu Método? Porque suponho que
aprovarás o teu Professor, que possui segredos não parecidos a
nenhum outro, que tu reconheces e (com um sorriso) não te deram
até aqui nenhum motivo de queixa. Ânimo, pois. Os teus olhos, na
Luz. Eu Sou a Luz. Não percas o Olhar, agora que O
compreendeste. O Olhar de Deus! Com isso repararás tantos outros
olhares, teus e dos outros. E que dizer do amor que há em um olhar,
um olhar de teu coração sobre o Pobre Cordeiro de Deus que é pura
Humildade, Doçura e Misericórdia? Pondera estas palavras com
amor. Três palavras que te dou ao sair de Lourdes.”
30 de agosto. Eu: Senhor, eu gostaria de cuidar-Te como me
cuidas. Ele: “Cuidar-Me, filha, é amar-Me; parece-Me que não
necessito de outra coisa. Mas a Minha Sede de Amor é grande.
Parece-te que o repito demais? Mas é que a cada vez o Meu Desejo
é novo; já sabes que o amor nunca se repete, pois em si mesmo
encontra acentos eternos. Toma, pois, o cuidado de consolar-Me
com a simplicidade de um olhar, um sorriso interior. Inclusive, uma
compaixão que concedas às Minhas Dores, ou uma oração pelos
pecadores. Filha, dá-Me a tua vida!” Eu: Mas, Senhor, se já a tens!
Ele: “Sim, mas a quero sem cessar, como um fluxo ininterrupto,
como uma sinfonia sem fim. Que todo o esforço seja por Mim;
quando reprimires uma palavra ou quando te revestires de doçura;
quando anulares a tua vontade, ou quando te humilhares; quando
esqueceres de falhas dos outros, ou quando sacrificares um gosto
para ajudar ao próximo… Tudo por Mim, querida filha, e isto será a
tua felicidade. Estarás impregnada de Mim e Eu irradiarei desde ti.”
6 de setembro. Hora Santa. “Toma e lê. Toma o Meu Coração
e lê Nele o Amor. O Amor se lê com os olhos de um desejo ardente
e de uma amável simplicidade, iluminados pela memória do que Eu
disse através dos profetas, do Evangelho e por meio de Meus
amigos íntimos. Lê Amor e Lê Chamado; porque não há Amor que
não tenha o Seu Chamado. E um chamado é como um braço
estendido para alcançar. Não Me darás a alegria de deixar-te
alcançar? Quero-te toda. Entendes? Toda. Então, não Me negues
nada. Tenta ser a que Eu quero que sejas: uma companheira de
Meus Júbilos, que só Me deixa para voltar a encontrar-Me no
cumprimento de seus deveres cotidianos. Eu estou em todo lugar
para aqueles que Me buscam. E vivem de Mim ao viver por Mim. Os
possuo para que Me possuam. Como poderia uma alma saber isto
por si só? Tu já reconheceste a Minha Ajuda em várias ocasiões:
não é verdade que, possuída por Deus, o teu percurso é alegre e
seguro? Vem com pureza, perto do Puro.” Eu: Senhor, desejo-Te
sem cessar, e no entanto, vivo em uma contínua indiferença. Ele: “E
assim será sempre, Minha pequena. A fraqueza de tua natureza
pode mais do que tu; por isso o teu Esposo se encanta com o
esforço humilde que fazes para levantar-te. Minha pequena filha,
tenta agradar-Me! Isto é uma alegria para o teu Deus. Estranho,
verdade? Mas depois o verás. Crê firme neste ‘depois’ “. Eu: E como
faço para crer, meu Senhor? “Com o teu coração. Porque se Eu Sou
uma Alegria para ti, deves admitir que tu és uma alegria ainda maior
para Mim. Se pensares isto, te estabelecerás melhor em Minha
divina Misericórdia e estarás ainda mais segura da Bondade perfeita
de teu Deus, que Se detém.” Eu: Senhor, faz com que eu seja assim
para o meu próximo. Ele: “Eu Serei a tua tradução.”
12 de setembro. Hora Santa. “Se passasses toda esta Hora
Santa repetindo simplesmente: ‘Faça-se, Senhor, a Tua Vontade,’
crê-Me que não perderias o teu tempo. Porque a Minha Vontade é
toda de Amor; e é também por amor como Me pedes as rosas; e
quando a soma do amor ultrapasse a quantidade de ódio que há
sobre a Terra, ter-se-á dado um passo importante. O ódio não é do
Céu, senão a respiração do Inferno. Ama, querida filha, não
somente aqueles que são amáveis, senão também aos que te
repelem. Busca equilibrar o peso tremendo do que se opõe
diretamente à Minha Vontade de Doçura e Caridade. Que raros são
os amigos do Meu Amor! Durante estes dias de reuniões de família,
aprendeste como e quanto pode o carinho conduzir à alegria, ao
entendimento cordial. Estende em espírito estas relações à
humanidade inteira, que deveria ser uma só família, e considera a
paz que daí sairia. Mas as coisas são ao contrário...” Eu: Senhor,
quisera de verdade obter esta paz feliz para o Mundo inteiro. Ele:
“Ora. Dá o exemplo de uma amável Caridade. A Minha Mãe e São
José foram sempre bons para com todos os que os recebiam
quando viajavam. Muito tempo depois ficava a memória de sua
passagem e era como um rastro de Graças. Nunca recebeste ondas
de luz? Não passes pelo Mundo como poderia passar outra pessoa
qualquer. Dá-Me aos outros ao dar-te a eles, quer escrevas, quer
fales, pois estou sempre em ti. Ontem viste aquele inocente da
pousada de São G., que já está um mês mudo porque o seu pai
está ausente... Eu não te abandono jamais. Por que não haverias de
viver e de fazer viver os outros na Riqueza Espiritual? Supera-te na
infinita Riqueza de teu Deus.”
13 de setembro. Depois da Comunhão. “Lembra-te de que tu
deves dar alegria e tudo o que leva a ela. É a tua missão, não o
sentes? Então, busca as ocasiões de alegrar as pessoas. Sê o
gênio da alegria.”
16 de setembro. Eu Lhe dizia: Senhor, que os Teus Olhos, que
tanto choraram, não voltem a ver os meus pecados. Ele: “Cobre-os
com um véu de amoroso arrependimento…”
20 de setembro. Igreja de Fresne. Eu me assustava um pouco
diante do que tinha que escrever, porque me sentia totalmente
vazia... Disse-me: “Não tens porque preocupar-te, Sou Eu O que
dita. Crês que terias sido capaz de preencher algumas linhas?
Pobre pequena! É preciso que te convenças de que Eu estou em ti.
Pode ser que não te coloques suficientemente em Minha Atmosfera
de Amor, de Poder e de Alegria.” Uns amigos tinham vindo de longe
para desfrutar do luar, jantando na varanda. Disse-Me: “Eu estou
nessa alegria dos teus, nessa poesia de duas horas que te
pareceram tão curtas… Era Eu Quem encaminhava a conversa em
direção ao Mais Além. Nunca temas pronunciar o Meu Nome; Sou o
teu grande Amigo. Tu Me chamas ‘ o teu mais Belo Amor’, e é
verdade. Deixa-Me, pois, presidir a tua curta vida. Não durará para
sempre, já que a morte há de vir. Sê mesquinha de Mim e com isso
crescerá o teu encanto e a tua influência. Eu Sou O que passa de ti
aos outros; é agradável para Mim encontrar veículos.” Eu: Senhor,
faz com que eu seja um veículo fiel sempre disposto. Ele: “Examina-
te com frequência. Olha se cumpres o papel que Eu te dou com
respeito a todos e logo, diz-Me.” Eu: Senhor, é sempre tão
imperfeito… Ele, com vivacidade: “Isso tu não o sabes! Tu ignoras
sempre o que se passa na alma do interlocutor. Tu não vês as
almas, nem podes ver a Minha Graça. Não te detenhas no impulso
de trabalho por Mim, pois um dia verás o resultado. Sê uma
pequena servidora fiel que trabalha tanto melhor quanto tem, de
tempos em tempos, conversas secretas com um Amo cheio de
Amor. E o Meu Amor não é como os amores da Terra; é Fogo e
Chama. Não te admires, então, se sentes que as tuas faculdades se
incendeiam, e deves deixar a conversa com uma mudança de plano:
a Feliz Subida.”
27 de setembro. “Compreende a horrível ingratidão que há em
fugir Daquele que vos ama tanto... E de tua parte, põe a tua
felicidade em servir-Me até nos mínimos pormenores, porque nada
é pequeno quando se faz com amor.”Eu: Senhor, como podes ser
sensível aos nadas de Tuas criaturas? Ele: “Não Sou o vosso
Irmão? Por acaso não conheço a Natureza humana e o que é a vida
de um homem sobre a Terra? Tão habituada estás a considerar-Me
em teu pensamento somente como o Deus que está no Céu, que te
esqueces que sofri e trabalhei, tive que passar frio, calor e fome,
como vós, mas sempre com mais peso do que vós. E quando, no
último dia, busqueis ao que em Seus dias na Terra foi o mais
Miserável e o mais Torturado, reconhecereis o Filho do Homem, e
compreendereis porque recebeu semelhante peso de Glória. E
entenderás como os que agora rechaçam a Deus desejarão que as
montanhas caiam por cima deles; e como os que respiram sempre a
Deus, se apressarão em fundir-se em Seu Seio. Vê, pois, a
importância de cada um de teus dias. Vigia para que nada deles
escape de Mim, presa como estás na rede divina de um Amor que
quer apertar mais a cada dia. Expande-te em Meu Coração,
aprende a escutar as Suas Pulsações como O que escuta as tuas;
aprende a olhar para o teu grande Amigo como Ele te olha.
Nenhum movimento teu escapa de Seu Olhar; mantém-te, pois,
mais e mais em Sua Amável Presença. O que poderias desejar que
fosse melhor, Minha pequena?”
4 de outubro. Eu acabava de terminar um trabalho delicado e
percebi que tinha que recomeçá-lo, devido a um erro. Ele: “Por
acaso não Me dizias durante o trabalho que não te importava isto ou
aquilo, posto que tudo era por Mim? Mostra-Me agora que isso era
certo e que és capaz de fazer e de desfazer por Meu Amor; faz-Me
ver que és dócil em Minha Mão e que se o que estavas construindo
desmoronasse, continuarias estando alegre em Mim, porque Me
olhas e não levas em conta a ti mesma. Às vezes Me agrada pôr à
prova as pessoas que amo. As provas são necessárias na vida
espiritual, e deves compreendê-lo. Porque a vida sobre a Terra não
é ainda a do Céu. É o princípio do amor, e o amor cresce na prova.
Mas o amor não percebe o seu próprio crescimento, e por isso os
seus desejos são insaciáveis. Que alegria para Mim a de poder
ajudar-te! Caminha Comigo. Falaremos, ouvir-Me-ás e te aplicarás
humildemente às Minhas Palavras. Eu sei bem como possuir uma
alma. Eu nunca falo em vão; mas a ti cabe responder , pois te levo
ao Pai. E a Minha pequena crescerá, não por si mesma, senão por
Mim. Continuo criando-te e... dir-Me-ás hoje, na intimidade recolhida
que precede o sono, a suave gratidão de teu coração?”
6 de outubro. Eu havia refeito o bordado de ouro do véu para a
bênção; e um pouco por vaidade, pensava mostrá-lo às minhas
amigas. Ele: “Não te basta com que os Meus Olhos o vejam?”
(Fazendo-me compreender a Sua Alegria por um amor secreto).
11 de outubro. Eu pronunciava com muita ponderação as
palavras ‘Pai Nosso’. Disse-me: “Deus é o teu Pai. Entra bem na
profundidade dessa palavra. Ele te adotou por Amor, pois sempre é
o Amor a causa das adoções. Que te deleite a doçura de ser filha de
um tal Pai. Sobretudo, não te admires do Nome que a Si mesmo Se
dá; o entristecerias. E pensa que nenhum pai é Pai como Ele, e isto
te animará a esperar tudo Dele, em medidas indizíveis; e que deves
fazer crescer incessantemente os teus balbucios de afeto e
reconhecimento. Porque Ele vela sobre tudo o teu e o conhece
melhor do que tu. Ele é a Alma de tua alma. Colocou em ti a Sua
Morada. É aí onde deves buscá-Lo com um sorriso, desejando-Lhe
que o Seu Reino venha finalmente, que a Sua Vontade seja feita.
Pede-Me o aumento de tua Fé em Sua Presença íntima. Não temas
abusar; é tão pouco o que pedes! Por quê? Examina-te; talvez seja
uma falta de confiança. Ou será despreocupação? Ou talvez uma
inclinação a não contar senão contigo mesma? Quantas alegrias Eu
perderia se não Me deixasses ajudar-te! Ama a todo o momento. Há
tempo que aprendeste a distinguir-Me de todas as coisas da Terra.
Que distante estavas no princípio! E estranha! Apenas te
entregavas a Mim no momento da Comunhão, e nunca pensavas
em viver apertada a Mim em todos os atos do dia… Agora poderás
reparar o tempo perdido, e entrar docemente no tempo do
matrimônio! Momentos cheios de suaves confidências e de
expectativa. Eu estou disposto, amada Minha, a escutar-te, atento
desde agora e inclinado para recolher a primeira palavra que Me
disseres. Que seja como um grito!”
18 de outubro. Senhor, És tão bom comigo até nos menores
detalhes, e eu não sei corresponder-Te. Ele: “Não te inquietes. As
crianças não sabem como dizer as coisas, mas o Pai lê em seu
coração. Não te assustes! Vai simplesmente até o teu Deus com o
olhar posto Nele e cresce em Seu Amor. Não é tão difícil! Considera
a Cruz na qual Se entregou pelos malfeitores. Ele, o Todo-Poderoso!
Que doação de Sua parte e que bom motivo de humildade para ti!
Depois disto, será maior o teu temor do que o teu amor? Põe-te
diante de Meu Rosto. Compreende a Misericórdia infinita que Se
inclina sobre um coração que Me busca, e continua nesse contínuo
chamado.”
18 de outubro. “Põe-te em Minha Presença. Agora desenrola a
tua alma. Estende-a como um tecido desdobrado, recordando as
tuas faltas; as de ontem e as de hoje. Mostra-Me sem dizer nada. E
isto já é uma oração. Permanece na humildade diante de tua miséria
desdobrada, e isto é a oração mais eloquente. A voz do justo se
levanta durante o dia e durante a noite. E o que grita essa voz é a
humildade. Assim, verás que ainda as tuas infidelidades podem
aproximar-te de Mim. Serve-te delas como matéria de amor
reparador, pois tudo deve conduzir ao Amor. E Me encontrarás e Eu
terei percorrido, para isto, mais da metade do caminho…”
25 de outubro. No campo. Era o dia em que chegou o nosso
novo pároco, e eu havia pensado menos em Jesus. Disse-Me: “Já
vês como é preciso que entres com frequência em ti mesma para
buscar-Me aí. É um exercício necessário que deve converter-se em
um hábito. Pensarás nisso nesta noite quando, no silêncio e na
plenitude de teu pensamento, queiras entrar em teu Deus. Não te
parece que esta oração noturna ultrapassa em muito a oração do
dia? Tão fácil como é passar do teu coração ao Meu. Como se
tivesses deixado totalmente a Terra e os seus cuidados,
simplesmente para entrar em outra esfera. Que alívio, filha, que
repouso! Por que, então, há dias em que te manténs tão afastada de
Mim em teus pensamentos? Estou sempre te esperando!”
25 de outubro. Eu: Com que facilidade me distraio, Senhor!
Ele: “Aprende a reencontrar-te; isso será amor. O amor é o dom de
si. Já sabes o quanto te amei; dava-te tudo, sem guardar nada para
Mim, nem sequer a Minha Santa Mãe.” Eu: Detém-me contigo, meu
Senhor; senão, volto a cair no meu amor próprio. Ele: “Tu farás o
primeiro esforço e Eu virei em seguida para ajudar-te.
Sobrenaturaliza tudo, oferece-Me tudo e serás feliz, pois terás
encontrado o verdadeiro sentido da vida. Não escutas a Minha Voz?
De dia e de noite te diz: ‘Vem!’.”
Todos os Santos. “As tuas penas não merecem consideração,
se pensares no Céu. Se fosse possível aos santos voltarem a viver
sobre a Terra, pediriam-Me que os fizesse sofrer mais, porque agora
sabem que todo o sofrimento recebe uma recompensa magnífica no
País do Amor. Do que não seriam capazes por atingir um grau mais
alto no Seio do Infinito! Une-te à sua alegria, a alegria das almas
que acabam de ser, agora, recebidas no Seio de Deus. E conforme
a missão que tens na Terra, que é a de aliviar as penas dos outros,
pensa nas almas do Purgatório. Com isto, prestas-Me serviço e
honra. Eu espero essas almas porque as amo e elas cantarão a
Minha Glória. Minha pequena filha, sê santa desde agora... “ Eu:
Não quero outra coisa, Senhor. Ele: “Vigia e ora. Vigia a pureza de
tuas intenções; oferece-Me o momento presente. Pede a santidade
a cada dia, para santificar os que te rodeiam, porque tu não podes
dar-lhes senão o que és. O que vale uma palavra, um exemplo de
santo! Tem sempre uma ressonância, ainda mais além de sua vida.
Entrega-te a Mim, não a ti, com essa alegria que tanto Me agrada. O
que não te dará em troca a infinita Riqueza do teu Deus! E não
penses que Ele Se detenha para dar, pelo fato de já ter dado; nem
penses que os Seus dons se esgotam quando os presenteou por
todos os lugares… entra, filha, nas preocupações de teu Deus.
Preocupações? Sim, uma : a de que finalmente todos queiram crer
em Seu extraordinário Amor pelos homens. Isso... O entendes?”
8 de novembro. Hora Santa. “Conseguiste compreender
melhor a intensidade de amor e de Intimidade que Eu desejo? A
intensidade da Fé em Minha Presença em vós? Então, quero a tua
intensidade de amor a todo o momento. Nada há tão perto do
Coração como o próprio coração; por isso, para amar-Me não
necessitas nem sequer mover os lábios. Isto não é simples? Eu Me
ponho ao alcance das almas simples. E tu, o que? Olhas-Me
seguidamente dentro de ti? E observa que não falo de uma
‘contemplação’, mas de um ‘olhar’. Algo mais breve, mas terno e
ativo, que mantém a tua vida em Mim. Prepara, filha, a festa da
União; Eu, de minha parte, não esquecerei de nada. Então Me
reconhecerás; porque nas Graças que te fiz, há muito de Meu
Rosto. Chama com mais urgência. Multiplica sobre Mim, como
dardos, os gritos de teu desejo. Eu Sou O invisível, mas ouço.”
8 de novembro. “Diz-Me: já consideras a tua morte como uma
festa que deves preparar com o cuidado com que preparas as
recepções que dás na Terra? A reunião Lá Em Cima vale todas as
delicadezas. Apressa-te, amada Minha. Os bosques dos anos agora
se tornam amarelos como o ouro; a tua alma cheia de seiva chegará
aos últimos jatos de luz porque se dispõe a entrar de novo em sua
Fonte, deixando os olhares daqui debaixo em busca de sóis mais
belos.”
16 de novembro. Depois da Comunhão. Disse-me: “A vontade!
Compreende que todo o Mérito depende mais da vontade que do
sentimento. Se o sacrificares, haverá nisso uma Glória pura para o
Pai, que durará por toda a Eternidade. É Sua, é de Sua
Propriedade. Regozija-te de ter podido fazer-Lhe esse dom; poder
dar Glória a Deus, não obstante a pequenez humana, é uma divina
Invenção paterna. Não o crês? E já que te é permitida uma
possibilidade assim, aplica-te a ela com todas as tuas forças. Já que
um ‘Glória Patri’ pode produzir lá ao longe uma conversão, mudar a
atitude de um governante, pacificar um povo, ajudar ao Papa,
estender a ação dos missionários, fazer viver a Deus no interior das
almas, converter a um moribundo difícil, o que poderá conseguir um
só ‘Glória ao Pai’ animado pela divina Misericórdia!”
16 de novembro. “Filha, já te abandonaste totalmente à Minha
Misericórdia? Pensas Nela e contas com Ela? Sentes realmente que
é algo como que feito para ti? É a indulgência do Coração de Deus
penetrada pelo mais terno Amor. Como tu poderias não consagrar-te
a Ele, sobretudo sabendo que com isso aumentarás a Sua Glória?
Tu te preocupas da Glória de tua família, da de teus amigos, de teu
país e não trabalharias para a Glória de teu Deus? Este trabalho
forma parte do amor perfeito que Me pediste; é esquecer-se de si
pelo bem de Deus. A tua alegria será muito grande se te perderes,
pois com isso Me encontrarás.”
22 de novembro. “A Quinta-Feira... Eu Sou como uma criança
que aguarda sempre com impaciência a chegada deste dia; porque
tu Me amas e vens Me ver. Durante uma hora somos o Um para o
outro, esquecendo tudo o criado até o ponto em que, se um Anjo
anunciasse o Fim do Mundo, as palavras não chegariam até o teu
entendimento, e tu permanecerias no repouso de Meu Coração. Tu
também, faz-Me a honra de esperar a Quinta-Feira como uma festa,
a Festa do Amor. Reúne para a Quinta-Feira toda a tua capacidade
de Amor, de Esperança e de Fé. Confia-Me as tuas impotências e
Eu preencherei os vazios; assim, com somente viver, darás a
impressão de que Quem vive Sou Eu. Poder ainda viver sobre a
Terra através de Minhas criaturas é doce para Mim. Se soubesses
quão poucas são as que Me autorizam a isso…!” Eu: Senhor, o meu
corpo e a minha alma são a Tua Morada. Faz com que todas as
minhas potências estejam sempre ao serviço de Tua Glória. Ele:
“Deves fazer penitência por teu egoísmo e pelo egoísmo dos
demais. Mas entende que a penitência deve ser alegre, porque o
amor é alegre; e a penitência é amor. O que realmente é triste é o
pecador, a tendência constante ao amor próprio, que com tanta
frequência vos leva a esquecer o vosso Deus. Tu, esforça-te por
converter o amor próprio em Amor de Deus: ou melhor, em Amor
Deus; até o ponto de esquecer-te alegremente de ti mesma. Será
uma nova entrada em Mim, que Sou ‘o Sempre Novo’. Sou o Infinito,
para Quem foste criada.”
28 de novembro. Hora Santa. “Por que duvidas, alma de pouca
Fé? Eu sofri alguma diminuição desde ontem? Poderia o Meu Amor
a ti ter desanimado, ou crês que se Te amo é por teus Méritos?
Pensa que posso amar-te precisamente por tua miséria; e lembra-te
que o amor nunca calcula os seus interesses. E sobretudo, o Amor
de um Deus. Sempre tomei-te tal e como és, com todas as tuas
pobrezas. Ou não? Então, por que, depois de tantos Favores,
haverias de duvidar de Minha Bondade misericordiosa? Não tenho
te dito e repetido que a Justiça vem somente no final? Fecha os teus
olhos a esse temor que te paralisa em teu impulso e lança-te em
Meus Braços. Bem sabes que repousarás sobre o Meu Coração de
doce Pastor. O que importa sobretudo é a união de nossas duas
vontades: na Terra como no Céu. Que não haja em ti rechaço
algum; que tudo seja aceitação. E não por constrangimento, mas
por ternura, por desejo de aprofundar mais na União. Pensa que,
mais unida a Mim, terás com mais facilidade o ‘teu pecador de cada
dia’. Porque mais unida, és menor em ti mesma e maior em Mim.
Aproxima-te ao teu Céu. E o Céu é a União; o teu espírito no Meu.
Comecemos, filha Minha, bem Minha.”
5 de dezembro. “Como vês, o amor próprio, o ‘tudo para mim’
está infiltrando-se com pesar teu, em teus pensamentos. Tu
acreditavas fazer essa visita somente por Caridade, mas o desejo
de agradar se manifestou em tuas palavras e gestos. Esses minutos
não os viveste unicamente para Mim. E te falo disso porque agora
estás saindo desta casa, mas muitas vezes te acontece o mesmo.
Que difícil se torna esquecer-vos de vós mesmos para entrar em um
estado puro de amor direto ao vosso Salvador!”
6 de dezembro. “Para reparar, já que vos foi concedida a
reparação, oferece-Me ao Pai. Os Meus únicos objetivos sobre a
Terra eram a Glória de Meu Pai e a preocupação por Salvar-vos.
Filha, com que fogo Eu ardia por Ele, no silêncio de Meu Ser! Não
podes nem sequer imaginar o que podia ser um Deus-Homem na
Presença de Deus-Pai. Eu era o que devia sempre dar o bom
exemplo total nos maiores sacrifícios, na mais alta pureza de
intenção, no completo desinteresse de Si. Imagina, de vez em
quando, o que puderam ser os Meus Pensamentos quando vivia
sobre a Terra. Toma posse Deles e utiliza-Os. Que chegues ao
ponto em que os Meus Pensamentos sejam os donos dos teus em
cada circunstância. E como os pensamentos saem do coração,
onde estarás tu, senão neste Coração que te ama, ainda quando te
custe tanto decidir-te a crê-lo? Que deslumbramento será o teu
quando o vires! Mas antes, dá-Me a doçura de sentir que Sou doce
para ti, nas aspirações sedentas com as que Me chamares.”
7 de dezembro. Depois da Comunhão. Eu rezava algumas
orações sem pensar no que dizia. Ele: “Não estavas falando ao teu
Pai? Quando te diriges a um interlocutor, o fazes pensando em outra
coisa? Então, quando digas o ‘Pai-Nosso’, situa-te bem de frente ao
teu Deus e olha-O.”
13 de dezembro. Hora Santa. “Diz-Me, filha, que neste
momento presente Me ofereces toda a tua capacidade de crer, de
esperar e de amar; Eu a tomarei. À força de falar-Me assim,
levantarás em ti como que um altar de propiciação para ti mesma e
para os demais. E será como a arca de Noé, que unia a Terra com o
Céu; o homem e o Homem-Deus não serão senão uma só figura. Tu
te sentes muito pequena e muito só. Mas Noé também se sentiu
assim, pequeno e só sobre a Terra. E no entanto, por seu
intermédio, Deus salvou ao gênero humano. Ele foi como uma alma
pequena e perdida entre os povos do Mundo, mas unida ao Filho de
Deus na plenitude de sua boa vontade; e assim chegou a ser, pela
divina Misericórdia, um instrumento poderoso para a elevação do
Mundo. Junta em ti, pois, todas as forças que Eu te dei. Amarra-as,
e assim submetidas, volta a dar-Mas. Eu as usarei como se fossem
Minhas. O que és tu senão um cúmulo de Benevolências Minhas?
Para onde poderias dirigir-te, a não ser para a tua Fonte? Há algo
melhor do que Deus? Ou tens por aí um amigo melhor do que o teu
Cristo? E agora, depois de tantas provas, diz-Me: em que estado te
encontras? O que Me respondes? Quando começará de verdade o
teu amor? Porque o amor que Me tens está aí, certo; mas é
intermitente e seu movimento é frágil. Não crês que outra que
estivesse em teu lugar arderia mais que tu? Quando virá o dia em
que o teu fogo será luminoso e ardente?” Eu: Sim, Senhor. Nunca
mereci nada, mas Tu: transforma-me! Disse-me: “Muda-te tu mesma
na paciência de um incansável voltar a começar. É certo que oras;
mas deves orar de outra maneira, com os olhos em Mim, cheios de
confiança, e com um vivo sentimento de tua baixeza. Então, Eu virei
no auxílio de Minha pequena filha, doente e paralisada por tantas
misérias, que traz desde o seu nascimento, e ela empreenderá
novos caminhos. Então deixarás por completo as tuas antigas
servidões, já que o Meu jugo é doce. A diferença será grande, pois
já não te servirás a ti mesma, senão a Cristo. E já que O servirás e a
ninguém mais, em toda a trama de teus dias, Ele te chamará de
‘Sua esposa’. Ele, que foi o teu Servidor.”
16 de dezembro. Eu: Que seja tudo por Ti, meu Senhor. Ele:
“Inclusive o teu sangue: que corre em tuas veias por Meu Amor.”
21 de dezembro. Eu: Senhor, faz com que eu seja a que Tu
queres que eu seja. Disse-me: “Dirige-Me com frequência esta
oração em que se manifeste a tua submissão à Minha Vontade. Já
sabes que Nela está o Amor. Tu o buscas, o queres, o desejas; mas
sabe bem que todo bom amor é a união à vontade do ser amado, e
se demonstra com ela. O teu simples desejo de amar mais já é em
si mesmo um amor maior. A tua Esperança de chegar a amar-Me
sobre toda coisa, a não fazer nada senão por Mim e a não pensar
senão em Mim, é como um incenso sobre o altar e o seu perfume
chega a Mim. Se conhecesses o Meu Coração, entenderias que é
bem simples alcançá-Lo. O alcançarás se Lhe dizesseres que estás
disposta a perder tudo, a perder-te a ti mesma para ganhá-Lo.
Comunica-Lhe os teus mil e um pensamentos com todas as suas
nuances. Que tudo te leve a Ele, o teu Objetivo. Inclusive que te
levem a Ele as tuas próprias faltas. O que Me importa é o teu amor
e a tua humildade. Abaixa-te para subir. Tu queres ser humilde, mas
usas os meios necessários? Consideras com frequência as tuas
fraquezas? Ainda te surpreendes por não valer nada? Ainda confias
em ti mesma? Entrega-Me tudo numa plenitude de confiança. Não é
trabalho nenhum para Mim conseguir que sejas a que Eu tenho
desejado que fosses. Tudo posso, e é bom que assim o penses.
Então, vem a Mim, Minha pequena tão querida.”
27 de dezembro. “Se para chegar a alcançar-Me tivesses que
fazer muitos sacrifícios, não deverias inquietar-te por isso, pois Eu
os sofreria em ti. Se para amar-Me te faltassem as palavras, ficarias
silenciosa em Mim e Eu faria a oração em ti. Se o teu pensamento
não consegue fixar-se em Mim, procura por ele, tão logo percebas
que se foi e traze-Mo com doçura e sem fazer-te acusações. Se Eu
suporto isso; porque tu não haverias de suportá-lo? Santas ocasiões
de humildade que não devem faltar jamais à Minha pequena filha.
Eu te vejo e sigo todos os teus movimentos interiores. Te adentro
até o fundo e Me regozijo quando te vejo humilde. Que te anime em
tua vida interior a ideia de que encontro repouso em tua alma. No
começo da Criação, Deus passeava nos jardins do Paraíso Terrestre
e conversava com os vossos primeiros pais. Deus com os homens.
Agora, Ele É um Deus-Homem que está em ti e mais perto ainda,
pois tomou para Si mesmo a natureza humana. Que União, filha!
Pensa nisso. Se o compreendesses melhor, derreterias-te de amor.”
Eu Lhe disse então: Senhor, concede-me a Graça de compreender
melhor. Ele respondeu: “Hoje é a festa de São João; roga-lhe que
peça esta Graça para ti. Ainda quando Eu o abandonei no dia da
Ascensão, ele continuava vivendo Comigo até o final de sua vida
terrena. Pede-lhe que te consiga esta doce fidelidade que lhe
mereceu tanta luz. E logo, tem confiança.”
1946

1º de janeiro. “Minha Palavra de lema? A fidelidade em


consolar o Coração de teu Cristo.”
2 de janeiro. Comprava algo de pão depois da Missa. Disse-
me: “Já vês a diferença. Um é pão para o corpo; o outro é o Pão
Vivo.”
3 de janeiro. Le Fresne. Pensava em todos os elogios que
havia recebido em Nantes e em todos os que me aguardavam aqui,
com o panorama esplêndido do Loire dourado pelo intenso frio.
Disse então ao meu Senhor: Que bom e que belo és, Senhor, em
todo lugar, para com a tua esposa, que é tão ingrata e tão
superficial! Respondeu-me: “Então, porque tens tanta dificuldade
para crer em Meu Amor? Esta natureza que te encanta é o Meu
Amor; esse fim de tarde que te faz pensar em uma hóstia
ensanguentada, é também o Meu Amor. Todas essas gentilezas
delicadas que recebeste em Nantes; essa ocasião inesperada que
tiveste de prestar-Me um verdadeiro serviço, Eu já tinha te
preparado isso com Amor. Por acaso não o vês agora com toda a
evidência? Então, por quê, estando só, não pensas nisso? Sempre
tens a impressão de que as coisas vêm por si mesmas, mas nada
chega por si só; Eu estou em tudo e o Meu Ser É Amor. Que este
pensamento te impregne”. Eu: E que faço para isso, Senhor? Ele: “
Revolve com frequência este pensamento em teu coração e com o
repetido esforço, chegarás a estar segura e viverás com o Amor. Já
não O poderás deixar; e quando Me chamares, já não dirás ‘Meu
Deus’, senão ‘Meu Amor’. E isso será a pura verdade; o teu coração
se amolecerá como a terra dura umedecida por uma torrente. Pensa
no Amor, para causar-Me um vivo agrado. Tenho tais desejos de
que finalmente creias! Porque até agora é bem pobre a ideia que
tens formada de Mim. Recorda, pois, que o homem foi criado à
imagem e semelhança de Deus. Os meninos entendem os seus pais
porque há entre eles vínculos misteriosos. E é o amor o que vivifica
o coração. Por que te defendes tanto e continuamente te esquivas?
Vem!”
10 de janeiro. Resfriada, febril e embrutecida, com uma tosse
contínua, disse-Lhe: Poderei por acaso tomar as Tuas Queridas
Palavras em um dia como este? Respondeu-me: “Sempre tomei em
consideração as tuas incapacidades, ainda no meio de tuas viagens,
quando não podíamos estar a sós. Por acaso um resfriado modifica
este tipo de relações? Não te parece que há sutilezas nas maneiras
que tem o teu Deus de estar presente em ti? Então, não te
inquietes. Deixa-te conduzir pela mão, como uma menininha. e
humilha-te sempre, como quem sabe ser inútil totalmente. Recordas
a alegria que tiveste na semana passada durante a tua
enfermidade? Pensavas que possivelmente já ias entrar na Casa do
Pai, e te sentiste cheia de paz e de desejos. Não creias que isso
venha de ti mesma. O mero pensamento não teria sido possível, se
o Espírito não te houvesse infundido. Eu gostaria que te
mantivesses sempre no pensamento de tua miséria, porque isso é a
verdade e, além disso, honra-Me. Também sentiste um bem-estar
admirável quando pensaste que de nada serve repousar em uma
bela mansão, quando chega a hora da morte. Não é verdade que
muitas opiniões mudam quando se chega à fronteira do Mais Além?
Agradece. Quando sintas que tens uma luz, toma posse dela e
adentra nela até o fundo, porque é um Favor de Deus, e tocas com
a mão o Seu Amor. Quantas vezes ao dia? Logo, não é muito, se
lhe ofereces tudo nesse mesmo dia. É como se Lhe dissesses: ‘O
ser que me deste retorna a Ti amorosamente, com tudo o que
puseste nele.”
17 de janeiro. Hora Santa. “Não entendes, filha, que tens que
fazer tudo em espírito de Fé? Fé na realidade de Minha Presença
em ti, e Fé em que o Amor preside tudo. Que mudanças haverá em
tua vida, filha Minha, quando te persuadas de que realmente o Autor
vive em ti! Já sabes que há diferença entre uma viagem solitária e
uma viagem em companhia de um amigo querido ou de um esposo.
São coisas que não admitem comparação; pois bem, quando tiveres
Me dado a alegria e Me tiveres concedido a honra de compartilhar
tudo, Comigo presente em ti, a tua alma se verá como que
duplicada por outro Ser, que é o Meu. Trabalha pela conquista do
espírito de Fé habitual. É um exercício que convém fazer várias
vezes ao dia. Gostas que não faltem nem a lã nem o linho para os
teus tecidos, e sabes prever com eficácia este tipo de necessidades
da Terra; e, como poderias fazer a travessia da existência, de
duração tão curta, sem o elemento necessário da Santidade e do
espírito de Fé, do qual brota diretamente o Amor? E já sabes bem
que o Amor é o único objetivo da vida ao qual tudo na vida deve nos
conduzir. Sabes, assim mesmo, que uma obra mínima se converte
em grande se leva ao Amor, enquanto que uma obra grande se
anula quando não conduz a Ele. Oh! A humildade, a contrição! Que
forças serão as vossas sobre o Coração do Homem-Deus se o amor
vos animar! Por outro lado, como poderias amar, se não cresses no
Amor presente em ti? Eu habito em teu coração.”
24 de janeiro. Hora Santa. Eu: Meu Senhor amado, quanto eu
gostaria de aumentar uns graus no amor e conseguir-Te algumas
conversões que Te fizessem, como nós dizemos aqui na Terra,
‘enlouquecer de alegria’! Ele: “Tens razão, filha. Conduzi-Me como
se estivesse louco com a ‘Minha Loucura da Cruz’. Admito que saí
da órbita da razão humana e foi com a esperança de que alguns,
comovidos pelo espetáculo de um Sacrifício tão completo,
oferecessem-Me por sua vez a totalidade de seu ser interior,
respondendo, agradecendo, continuando. Queres tu pertencer a
esse número? Diz-Me assim, para que Eu Me encarregue de tua
fraqueza. Vê o quão preciosa pode ser a tua fraqueza, já que Me
atrai. Já sei que és frágil, mas não necessito de tua força, senão do
teu abandono.” Eu disse: Então, Senhor, coloco-me inteira em Tuas
Mãos, para assim ter a honra de continuar-Te; que outra Graça
poderia ser maior? Continuar ao meu Deus… Ele: “Pede-Me todas
as manhãs. Volta a dizer-Me à tarde; e à noite examina como o
fizeste. É verdade que sabes que te escuto? Que te ouço e que te
cumulo? Sê agradecida. Examina o estado em que te encontras. É o
amor o que guia os teus pensamentos, a causa de tuas ações e o
pulso de teu coração? Compreende que é muito mais doce viver
para outro do que viver para si, ainda mais quando esse Outro é
Deus. E podes estar segura de que o fato de saber que vives para
Mim, total e unicamente para Mim, tornaria-Me, como tu o desejas,
Louco de Alegria, com essa alegria indescritível da União
indefectível, cimentada pelo Espírito.”
26 de janeiro. Eu: Que a Tua vontade seja feita sobre a Terra.
Ele: “Para Mim, a Terra és tu. De terra foste formada. Pede, pois,
que a Vontade do Pai, que já Se faz no Céu, faça-Se igualmente em
ti; até quando só vivas Nele e para Ele.”
1º de fevereiro. Eu tinha mil pensamentos, lembranças e
projetos na cabeça e Lhe dizia: Senhor, desce aqui onde estou.
Então Ele, mostrando-me todo esse barulho de coisas, disse-me:
“Não há lugar para Mim! Entende de uma vez que para que Eu entre
em uma alma, é preciso que Me encontre nela como em Minha
casa, não como em casa alheia. Se te convidassem a ocupar um
quarto tão cheio de móveis, que não pudesses achar acomodo entre
eles, sem dúvida dirias para ti mesma: ‘Que bom lugar de repouso
eu faria deste quarto, se tirassem daqui todas essas coisas!’
Procura não ter nada em ti que pudesse desagradar ao Meu Olhar;
só respeitos para Minha Majestade, gratidões para a Minha
Bondade, ciumentos desejos de Minha Glória; compaixão para os
Meus Sofrimentos, carinhos para o Meu Amor, ternuras para o Meu
Consolo. E tu Me convidarias com frequência e o teu convite já seria
uma alegria para o Meu Coração, da forma como uma música suave
que se escapa de um lugar, atrai a atenção de um transeunte
solitário. Entra então onde está a música, e quando fica sabendo
que essas harmonias estavam dirigidas a ele, que eram como uma
armadilha de amor para cativar a sua atenção e provocar os seus
Favores, o viajante se deixa enfeitiçar por estas delicadezas e
responde a elas com excesso, nuance a nuance. Se verá muito
tentado a ultrapassar em força o que recebe; é a resposta de um
Deus que é todo Amor. Filha Minha! Entra em cheio nestas
conversas que acontecem sem palavras; que são desejos e ânsias
veementes, testemunho de que para ti nada existe fora de Mim, de
que já te encontras disposta a vir aos Braços de teu Esposo, porque
a Terra não passa de ser um meio, passageiro e incapaz, de reter
um coração e um espírito feitos para Mim. Podes dizer-Me a cada
dia: ‘Aqui estou, meu Senhor.’ Será acaso o dia de hoje feliz, para
que nos vejamos para sempre juntos mais além da fronteira?”
4 de fevereiro. “Queres entender algo sobre o que é a Minha
Humildade? Pois, considera os Meus diferentes Nascimentos. Sou
nascido no Seio Inacessível do Pai. Nasci do Seio de uma Virgem,
na pobreza. Nasci, na escuridão, do seio de um Sepulcro. E sou
nascido (diariamente) na Eucaristia, em obediência à palavra de um
homem.”
7 de fevereiro. Eu: Posso chamar-Te de ‘meu Senhor’? Ele:
“Claro que sim! Porque Sou teu, da mesma forma em que tu és
criatura Minha. Dir-Me-ás que há uma grande doçura neste
intercâmbio! Porque haverias de temer renová-lo sem cessar?
Chama-Me, pois, ‘teu’ e Eu te chamarei ‘Minha’. Não te recuses,
pois machucarias ao Amor. Avança sempre no caminho das
doações, segura de que com isso Me alegras. Nunca te reclamei
que Me tenhas amado em demasia, nem que tenhas te excedido na
confiança. Disse-te alguma vez que exageras, que Eu não quero ir
tão longe? Eu, que pelo desejo de receber as vossas intimidades,
chego até ao extremo de mendigá-las… Tu sabes o que é
mendigar? É desejar com tanta força, que se perde o sentido da
Glória e se arrebata o menor movimento, contanto que se chegue
ao que se quer. Eu desejo tão ardentemente contar com o
pensamento contínuo de vossos corações, que durante a Minha
Vida Mortal sofri todas as formas de penas ou de Glórias, conquanto
que Eu o atraísse. Se abrires o Evangelho, tereis à mão de onde
escolher: os Meus Milagres, a Piedade pelos pecadores, as Minhas
Austeridades, o Meu Chamamento aos escolhidos, Os Meus
silêncios, as Minhas orações, as Minhas lutas com os Meus
adversários, a Minha Firmeza e a Minha Constância, o Meu Zelo
pelo serviço do Pai, a Minha Caridade para com os homens Meus
irmãos, a Minha Preocupação por Salvá-los. E logo, as Minhas
Angústias de Getsêmani por tantos ingratos, por tantos que iriam se
perder para sempre, quando Eu iria verter por eles até a última gota
de Meu Sangue… Toma de manhã uma página de Minha Vida e
encerra-a na memória; que te traga companhia durante a jornada,
inspirando-te o amor fiel, a imitação de Minhas Virtudes; de forma
que cada um seja outro Cristo, pois este é o único objetivo da
intimidade. Busca isso. Será a plenitude. E será então quando Eu
diga com absoluta verdade: ‘Minha Gabrielle’ e tu Me dirás com
inteira plenitude: ‘meu Senhor’.”
14 de fevereiro. Hora Santa. Pensava em arranjos financeiros,
nos impostos e em outras coisas. Ele: “Não Sou Eu o teu Tesouro
eterno e infinito? E as finanças da Terra servem para tão curto
tempo... Não lhes concedas longos pensamentos; somente o que
seja indispensável. Do contrário, te expões ao risco de que arrastem
o teu pensamento. Ia dizer ‘o coração de teu pensamento’, que Me
pertence. Não és feliz quando Me pertences? Tens achado em outro
lugar doçuras como as que Eu te dou? Comigo não estás em tua
casa, em família, tu, Minha pequena imagem querida? Que a tua
única preocupação seja a de estar sempre perto de Mim, e nas
coisas de Minha Glória e de Meu Reino, de Minha Vontade, de
Minha fome das almas, de Meus mais delirantes Desejos. E agora,
sabes o que desejo nesta tarde? Repousar em ti. Para isso, sê toda
Minha. Crava o teu pensamento em Meu Coração e em Seus
Sofrimentos. Então Me parecerá que os compartilhas; dar-Me-ás um
precioso socorro no Jardim solitário. Se soubesses! Mas não, vós
não sabeis o que é para Mim o vosso pensamento; se o soubésseis,
o dirigiríeis mais ao vosso Esposo. Eu tomo, no entanto, os nomes
mais doces para convidar-vos a uma resposta e, apesar disso,
muitos Me mantêm longe, como um transtorno que não se quer ver
misturado na própria vida. Até no momento da morte têm medo de
Mim. Saem daqui porque é inevitável, mas sem pensar em jogar-se
em Meus Braços, que são os do Salvador, os do grande Amigo, os
de um Deus que desposa, de um Criador que tudo fez para vós.
Não seria o mais natural dar-Lhe tudo com alegria e agradecimento?
Tu, filha, não obstante a tua pequenez, alcança-Me com frequência,
como que ensaiando o último voo. Posto que esse dia tem que
chegar, que a tua alma pense em suas vestes da última viagem…”
20 de fevereiro. “Tu gostarias de subir a Mim mais depressa.
Parece-te que escorregas no mesmo lugar e, em certos momentos,
que retrocedes. Pede a cada dia a ajuda de uma alma da Igreja
triunfante, a de uma da Igreja que sofre no Purgatório, e encarrega-
te da salvação de uma da Igreja militante. Esta trindade de almas
ajudará a tua alma. O que salva um pecador, salva a si mesmo. E as
almas que deixaram a Terra têm uma Caridade imensa para com
aqueles que ainda estão em combate. Estes intercâmbios são, não
somente permitidos, senão que fazem a alegria do Pai de família,
que os ama como outros Cristos. E tu, pergunta-te se te vales, de
verdade, de todos os meios para salvar-te no Amor. Sirvo ao Amor?
O Amor me ouve porque eu Lhe falo dentro de mim? O vejo viver
em Mim? Já vês, filha, que com frequência te digo que não Me
deixes só. Dá tu, que tanto tens recebido. Tu, que compreendeste
melhor as coisas, vives com força essa vida oculta que ultrapassa
toda a outra vida, e que está cheia de Méritos por causa de sua Fé.
Queres começar outra vez? Porque sempre estás no princípio por
causa de tua pequenez e pobreza... Quantas vezes falhaste na
tentativa de entrar no amoroso silêncio do coração! Mas Eu tenho te
esperado aí e te vi vir, e tu, nem sequer o notaste! Não te parece
que convém que tu e Eu lamentemos todas essas ocasiões
perdidas? Diz-Mo assim e Me consolarás...” Então Lhe disse:
Senhor, é que sou tão miserável… Ele: “Dá-Me uma confiança de
criança, a esperança do pobre diante do rico; então Eu cumularei os
espaços vazios com extremo cuidado. Serás como a esposa que se
preparou com as joias mais preciosas de um Esposo precavido.”
7 de março. Não é verdade que tenho te guiado bem? Recorda
de onde vens; antes eras descuidada; mas agora onde estás? Perto
de Mim, sobre o Meu Coração, com todos os mimos delicados de
um familiar da casa. Tudo isto o encontras bem simples e no
entanto, toda tu és uma resposta à Misericórdia. O que serias agora
se Eu não tivesse te ajudado em tal ou qual circunstância? Ainda no
terreno do material! Lembras-te agora seguidamente disso para
agradecer-Mo? Ainda que somente o fizesses uma vez ao dia, como
se quisesses colecionar os motivos para amar-Me.... Não te deixes
invadir facilmente pelo sono da alma; faz fervorosos atos de desejo,
desejo de escalar o Amor para alcançar-Me mais de perto. Quando
estiveres, por assim dizer, ao alcance da Mão de teu Senhor, verás
como tudo muda para ti. Verás quanta será a intensidade de tua
vida espiritual e como a Terra irá morrendo para ti no cumprimento
do que Eu disse: ‘Ninguém pode servir a dois senhores’. Estás bem
segura de ter escolhido o teu Senhor? Então neste tempo de
Quaresma faz penitência e une-te ao que Eu fiz no deserto e a tua
penitência valerá muito. Imagina o que pode ser ficar quarenta dias
sem alimento, sem casa, sem companhia, em oração constante, de
dia e de noite... Não crês que em Minhas Mortificações há Méritos
suficientes como para cobrir a multidão dos pecados do Mundo?
Une-te a Mim, fraterniza Comigo, oferecendo-Me algumas
penitências escolhidas por ti mesma. Gostarei delas simplesmente
porque tu as terás escolhido. Sempre Me agrada mais o que vem de
vós. Porque quando fazeis o que tens por obrigação, aprecio em vós
a docilidade; mas quando dais-Me algo espontaneamente, isto o
aprecio como amor. Imagina que coisas poderiam agradar-Me:
procura bem. És Minha à noite e durante o dia. Quando respiras, já
sei que é para Mim. Agradaria-te viver um só instante em que não
fosses Minha? O Loire, que corre aos teus pés, está todo ele
prometido ao oceano; assim derrama-te toda e expande-te no
Infinito. Não te detenhas no processo de nossa intimidade;
aprofunda a tua alegria em Mim; sempre tenho uma felicidade nova
para oferecer-te que tu não conheces e que ninguém mais seria
capaz de dar-te.”
8 de março. Hora Santa. Eu: Senhor, no Céu Tu não terás
necessidade de mim, mas eu sim a terei de Ti. Ainda que não
pudesse senão ver-Te passar uma só vez, isto só seria
indescritivelmente bom. Ele: “Eu tenho necessidade de todos os
Meus eleitos e na Terra necessito de todas as almas, pois todas
formam parte de Meu Corpo. Eu necessitava de que tu nascesses,
como um coração novo no aprendizado de Meu Amor, como mais
um ser que glorificará ao Meu Pai. Nada tão caro para Mim como a
Glória de Meu Pai; como Eu poderia negar a Minha Ajuda a quem a
procura e a quer? Vive, amiga Minha, para o Reino de Deus. Não te
concedas a desculpa de que és pequena, pois toda a criatura pode
trabalhar para que o Reino venha. Tudo está em trabalhar em Mim,
para Mim e Comigo; Sou O que colocou tudo em movimento. Não
crês que se trabalhares em Meu Trabalho estaremos mais unidos?
Nem creias que os pequenos desejos da Terra mereçam viver; são
curtos demais. Mas padecer trabalhos e penalidades em vista de
conseguir a Glória de Deus se converte em certas almas, sob o
impulso do Espírito Santo, em uma verdadeira paixão. Essa Glória
de Meu Pai, pela qual Eu dei a Vida, está agora em vossas mãos.
Depende do que vós façais, criaturas feitas para conhecer, amar e
servir com fidelidade. Imagina que não conseguisses plenamente a
tua vocação; quanta não seria a tua tristeza quando se desenrolar
diante de teu olhar, com todos os seus pormenores, o programa
completo de tua vida! Imagina agora que tenhas servido ao teu
Deus na santidade da vida; não será por acaso fácil encerrar a tua
morte nos Braços de Cristo? Pois encerra-a desde agora, dia a dia.
Cada dia é um monumento de amor, assim como para os Meus
inimigos cada dia é uma coluna de ódio... Sê o seu contrapeso.
Deste modo terás sido um consolo para a Minha Agonia no Horto.”
14 de março. Hora Santa. “Ainda quando não compreenderes
bem, agora, o alcance de tudo o que com tanto Amor te digo, quero
dizer-to porque chegará um dia, uma hora, uma circunstância em
que os teus olhos se abrirão ao sentido oculto de Minhas Palavras;
então a tua alma terá toda a força que há Nelas. Ainda quando tu
agora não possas imaginar todo o Amor que Eu ponho em palavras
que todo o Mundo usa Eu quero dar-To; porque em um momento
posterior, que bem poderia ser o momento de tua morte, poderás
apoiar-te Nele com imensa complacência e imolar-te com alegria.
Eu não retenho nada que possa fazer-te algum bem. Tu és a Minha
pequena filha e esposa, o Meu outro Eu, e não deves abrigar temor
algum em escrever uma coisa como essa. Por acaso não há em
todo cristão um prolongamento Meu? Eu quero manter o Meu Fogo
em ti; não para que só tu ardas, mas para que propagues esse
incêndio secreto. Quão grande será a Glória que receberá o Meu
Pai! Tem confiança. Sabes? A confiança está em uma linha
diretamente oposta ao desespero, que Me desonra. Nunca te
excederás nela; muita confiança é o que Eu espero de vós. De igual
maneira essa amabilidade que tanto te recomendei para com os
outros te será muito doce se a dirigires interiormente a Mim, que
Sou o teu mais belo Amor. E nisso também não temas ultrapassar-
te; os corações se abrirão amplamente. A tua viagem continua; joga
o lastro. Quero dizer que já nada retenha o teu ser. Descarrega-te,
torna-te mais leve, para que possas subir. Em um encontro a dois
ambos se aproximam sobre o caminho. Gostarias de que fosse só
Eu Quem recorresse o trajeto? Não te prives do prazer de ganhar
tempo e chegar ao encontro com algo de antecipação. E não Me
prives do prazer de saber que Sou esperado.”
21 de março. Hora Santa. “Durante toda a noite estive
esperando-te em Minha Eucaristia para poder dar-Me a ti de manhã.
Não tens porque surpreender-te, pois crês em Minha Presença no
Tabernáculo e na Imensidão de Meu Amor. Junta as extremidades.
E quando te despertares no decorrer da noite, que o teu
pensamento voe até Ele, que já está desejando-te para o
amanhecer. Isto animará o teu amor e abrirá a tua confiança em
Meu Poder.” Eu: A Tua Potência, Senhor, é superior à força
atômica? Ele: “Toda força sai de Minha Força e não é nada em sua
comparação. Ainda a Minha Doçura está revestida de Força, pois
ninguém é tão doce como Eu. Não pensas de vez em quando em
adorar a cada um de Meus Atributos? Seria uma homenagem à
Minha Glória. Faz com que Eu aproveite os dias de Tua Vida; já não
te ficam muitos; continua-Me até onde possas. Que não haja um só
dia em que não te ocupes do Meu, assim como não há um só dia
em que Eu não esteja empenhado em esculpir a tua felicidade. Crês
em Mim?” Eu: Sim, meu Senhor. Ele: “Então, humilha-te por não
corresponder melhor a tantas gentilezas da parte de teu Criador. Já
sabes o quanto Eu gosto de perdoar e como pode a tua confiança
atrair a Minha Misericórdia; Ela pode tudo em Meu Coração. Conta
Comigo. Chama-Me. Gostas de teu nome? Fascina-Me ouvir o Meu
Nome em teus lábios. Então não Me prives disso.”
28 de março. Hora Santa. “Por que tanta inquietude pela
opinião dos demais? Não te basta a Minha? Se estás Comigo, deixa
que digam o que queiram. Toma o teu lugar sobre as Minhas Costas
e esquece-te de tudo. Sabes quando caminhas sobre os Meus
Passos? Quando pensas em agradar-Me. Este desejo é o que te
pode servir de critério para julgar-te. Desejo que não te venha de
Mim, mas do Espírito que habita em ti como em um templo de
Graça. Não tens motivos senão para humilhar-te. Aproveita, como
quem corta uma flor, toda a ocasião de calar-te e oferecer-Me essa
flor. Que belo é esse silêncio de tranquilidade, de humildade e
serenidade, de intimidade em Deus! Tudo o que podes conseguir
nesses momentos benditos...! Faz, pois, silêncio em teus
pensamentos e em tuas recordações.” Eu: Senhor, não é nada fácil
isso de viver no interior… Ele: “Ensaia-o. Se não te funcionar de um
modo, procura outro. Lembra-te daquele galho de árvore, em teu
jardim, que não podias cortar; então mudaste de plano, mas o galho
acabou caindo por si só. A paciência é necessária. Nunca creias ter
alcançado as coisas plenamente. Põe a mira no melhor, pois tudo é
para a Glória de Deus. Não te canses, Minha pequena, e começa a
sentir-te feliz de sofrer por Mim; bem sabes o feliz que Eu fui ao
sofrer por ti. São os intercâmbios que se dão entre amigos. Como
poderias ficar contente se somente tu recebesses algo? Toma
iniciativas de amor, sem perder nunca o teu sorriso. Dá-Me este
sorriso para que Eu o abençoe.”
4 de abril. Hora Santa. Tinham se esquecido de voltar a pôr a
toalha de mesa sobre o altar. Em meu pensamento Eu O cobria com
os meus braços. Disse-me: “Se tu Me cobres assim nesta tarde,
podes crer que no Céu, onde as tardes são eternos amanheceres,
Eu te oferecerei esta mesma túnica, em cujas dobras estão
guardados os segredos de nossas conversas. Não penses que as
Minhas Graças se esgotem sobre a Terra; por acaso tu mesma não
desejas constantemente receber outras novas e mais potentes?
Sim, deseja-As, conta com Elas para aumentar a tua Fé.” Eu:
Senhor, creio que Tu me dás todas as Graças de que necessito para
a minha Salvação. Ele: “E se Eu quiser ultrapassar as tuas medidas
e inclusive as Minhas? E daí se, apoiando-te em Minha Força,
tenderes ao excesso? Há realmente excessos possíveis para Mim, a
Quem nada pode pôr um limite! Sendo o Meu Amor algo infinito,
deseja dar infinitamente. A Infinidade é o Meu Elemento. Prepara a
tua alma como preparas a terra de teu jardim, remexendo-a e
tirando as ervas daninhas. Então virão o sol e a chuva, logo as
flores novas, as que ninguém esperava, as que ninguém acreditava
possíveis. E então poderás ainda dizer : ‘Não há aqui nada meu,
tudo vem Dele.’. Porque, como sempre, tudo vem de Mim. Olha para
trás; não vês o Meu Rosto naquele acontecimento e naquele outro?
Levei-te aonde tu não pensavas ir; mas tudo foi feito à tua medida.
Ainda que fosse pesado, tu bem podias carregar o peso. Não te
assustes com nada. À hora de tua morte receberás a Graça de
revestir-te dela; entrarás na morte como em uma tarefa que Eu te
impus e para a qual te ajudei sempre. É a ‘Graça atual’, a Graça de
cada momento, e a Graça Sou Eu. Tiveste medo alguma vez
estando Comigo? Eu dizia sempre aos Meus Apóstolos: ‘Não
temas.’ E de tua parte o temor Me ofenderia, Minha pequena,.”
11 de abril. “Crê e tudo se fará simples. Será coisa fácil amar-
Me, servir-Me, estar contente de sofrer algo por Mim. Crer é às
vezes quase como ver. Ver-Me! Um avanço, uma riqueza para
explorar em cada vez que Me falas e Me dizes que Me amas; e tens
de saber que a prova do Amor ao teu Deus está no cuidado que
tomares em atender afetuosamente ao teu próximo. Crê ver-Me nele
e que Me agradas quando o agradas. E então permanecerás
humilde diante dele. Sê sempre a menor. Pensa nas dimensões da
Hóstia. Aplica-te desde agora a dirigir-te a Mim quando falares com
o próximo. Isto é o que espero de ti nesta tarde, quando estiveres na
reunião com as tuas amigas. Não quererás negar-Me nada nesta
semana da Paixão. Começa, Eu continuarei. Lembra-te de que
quando eras criança fazias somente três pontos de canevá e era a
tua mãe quem terminava a carreira. Olha-Me; Eu Sou ainda mais
terno que a tua mãe, e bem feliz serás quando creres no Amor tal e
como Ele É, como Eu te dou, e como quero dar-te durante toda a
Eternidade. Busca-me por todos os cantos e Eu Me deixarei prender
com extrema alegria. Mas, como poderias encontrar-Me se não Me
buscares? E quando tiveres Me encontrado dá-Me aos outros;
alguns deles há que não posso alcançar, senão por teu intermédio.
Dar-Me é a tua missão desde toda a Eternidade. Não sejas-Me
infiel, pois te fui fiel até os tormentos e até a ignomínia. Abre os teus
olhos sobre o Meu Rosto, recolhe-te e tenta compreender. Tudo era
por vós, por ti. Como uma carta de amor que Eu vos tivesse escrito
com o Meu Sangue, e que não te houvesse chegado senão muito
tempo depois. Mas Eu estou sempre e o Amor é sempre o mesmo.”
14 de abril. Depois da Comunhão. “Filha, percebeste que o
‘Pater’ contém sete petições? Vive em cada dia uma delas. A de
hoje, sábado, seja ‘Livrai-nos do mal. Amém.’”
Quinta-Feira Santa. Só, diante do Santíssimo Sacramento. Ele:
“Aproxima-te o mais que possas de Meu Coração em teu coração.
Conheces o segredo desta proximidade? Está no silêncio exterior ou
no silêncio interior? Já aprendeste como fazer para que as tuas
faculdades guardem silêncio para adentrar unicamente em Minha
Alma a cada momento? Como no momento da Instituição da
Eucaristia no Cenáculo. Nesse momento a Minha Alma via todos os
homens como te vejo neste momento. E com um indescritível
Amor…”

Quinta-Feira Santa. Eu O adorava diante do Sacrário. “Quando


Me diriges um sorriso de amor Eu te correspondo. E se os homens
fazem isto entre eles, por que haverias de duvidar que Eu faça isso
mesmo contigo? Quando Me falas, escuto-te e te respondo, ainda
que nem sempre percebas a Minha Voz. E quando te humilhas pela
lembrança de tuas faltas, Eu Me ponho a apagá-las... Ainda que tu
não sintas esse perdão que te dou. Quando em espírito beijas as
Minhas Mãos e os Meus Pés, o Sangue que Deles brota te lava e te
deixa mais branca que a neve. Quando lá em teu interior os teus
olhos Me buscam para contemplar alguma de Minhas Qualidades,
Eu te olho com um Amor maior, ainda que tu não vejas o Meu
Rosto. Pensa que ainda quando fizeres tudo o quanto te for possível
para consolar-Me e amar-Me, este tudo é pouca coisa em
comparação com o que te dou ao receber algo de ti. E assim está
bem. É bom que o Infinitamente Poderoso Se incline sobre as
necessidades de uma filha Sua pequenina e fraca, mas cheia de
desejos (para provê-la). Deseja, filha! Deseja que hoje Eu tenha
corações vazios de si mesmos mas cheios de Mim. E sê tu mesma
um deles. Muitos passarão hoje em frente ao Meu Tabernáculo
seguindo o costume, para ver as flores e os adornos; mas poucos
serão os que Me trarão um coração aceso de amor , de ciúme e de
agradecimento. De quantos dentre eles Eu poderei dizer: ‘estes são
os Meus’? Está escrito de Mim que’ Tendo amado os Seus, amou-os
até o extremo’. Assim Sou Eu. Por isso te digo tão seguidamente
que ‘sejas Minha’, para que disfrutes ‘até o fim’ desse extremo Amor
Meu, que é totalmente capaz de levar-te a doçuras não sonhadas...
Amor de Cristo…”
Quinta-Feira Santa. Eu estava só na igreja, perto do
Santíssimo Sacramento. Disse-me: “Para consolar-Me dos que não
creem em Mim diz-Me que começas a estar realmente segura da
força de Meu Amor, ainda que te reconheças indigna. Com isto Me
consolarás. Fechemos uma aliança entre a tua miséria e a Minha
Riqueza. Apoia-te em Mim sempre, nunca em ti mesma, que a nada
te levaria. Quem pode chamar o nada em auxílio do nada? Ninguém
melhor que um pai compreende os seus próprios filhos. Os Meus
onze filhos do Cenáculo o sabiam, e tão doce foi a sua ação de
Graças, que vários deles choraram. E que te direi de Minha própria
Emoção? Adora-A. Vem de Minha Ternura. No dia seguinte, à
mesma hora, Eu já teria morrido por eles. Por todos vós. Os últimos
momentos de um condenado à morte são para Ele os mais
intensos.”
26 de abril. Hora Santa. Na igreja vazia. Ele: “Eu preencho a
igreja. Tu não costumas pensar com muita frequência que estou em
todos os lugares, que não há um só lugar no qual Eu não esteja
presente. Pensá-lo te será útil. O único que te peço é a união.
Estamos unidos na Comunhão da manhã; não nos separemos logo
pela indiferença, essa indiferença que conduz à perpétua distração.
Quando se ama pensasse incessantemente na pessoa amada; o
que Eu deveria deduzir se não pensas em Mim? Espero-te sempre;
vem diretamente. Aviva essa vida que levamos entre nós dois.
Procura que haja variedade em teus encantos para Mim; humilha-te
aos Meus Pés, como Maria Magdalena; ou sobre o Meu Peito, como
João; tendo cuidados por Mim, como a Minha Mãe; ou glorificando-
Me, como se faz no Céu; ou agradecendo ao Pai a vitória que
consegui sobre a morte; ou colocando-te ao Meu Lado, sob o
Espírito que flutua sobre as nossas cabeças. E quando sofreres
algo, que seja em união com os Meus Sofrimentos. Compreende-o:
União sempre, nunca separação, nem sequer uma separação que
se esboce nas penumbras do esquecimento. Sê algo vivente para
Mim. Faz-Me sentir que ao estar em ti, estou em Minha Casa. Com
tudo e com as tuas faltas, pois Sou todo Misericórdia e tenho o
poder de apagar e restaurar tudo.” Eu: Reforma-me, meu Senhor;
da manhã à noite sou só orgulho puro. Ele: “Conta-Me isso a cada
noite e humilha-te. Todos os teus dias se desenvolvem em Mim; o
teu Jesus está sob as espécies do pão e se esconde também sob o
véu das circunstâncias, dos encontros, dos acontecimentos. Olha-
Me em tudo e segue-Me através de tudo. Eu Fui sobre a Terra tudo
o que és, com a exceção do pecado. Enche-te da Ciência de Deus
para que Ela transborde sobre todos os que se te aproximarem,
como se levasses um frasco cheio de precioso néctar para vertê-lo
em cada um de teus passos. Oh, Minha pequena filha, que não és
rica senão por Mim! E que a Minha filha se guarde bem de pensar
que vale algo por si mesma. Mas que conheça a sua verdadeira
força, que é a Minha Força.”
Primeira Sexta-Feira de maio. Depois da Comunhão.
Recomendava-me a gentileza e a graça. “Desce de tua altura. Sê
como uma menina pequena e alegre que vai até todos sem
pretensões; viva e rápida, porque tem que fazer muitas coisinhas
por Deus. Apenas percebas uma falta, dá-Me a mesma para que Eu
a repare.”
2 de maio. Hora Santa. “O que te peço é amor nos instantes
mais fugazes. Tu não lhes dás importância, mas para Mim as coisas
mínimas são grandes. Pensa que nessas pequenezes está o amor
de Meus filhos. Eu te estendo a Minha Mão: enche-a de coisinhas
pequenas, de pensamentos fugazes, de impressões, de pequenos
desejos ou sofrimentos de ver-Me ofendido. E nos curtos momentos
da noite em que despertares, em teus tempos solitários no jardim,
diante do fuso (roca), expressa-Me o teu amor. Não sentes o Fervor
com que te peço? Nunca houve um pobre tão necessitado de
receber como Eu; Sou o mais pobre entre os pobres e vivo coberto
pelo ódio de muitos. Dá-Me refúgio sob um manto de amor; repara e
consola-Me. Pede-Me amorosamente muitas conversões através de
palavras e atos de amor. E como fundamento de tudo porás o amor,
que nunca deves deixar. É o enredo de teus dias; e como é natural,
será também o enredo de tua morte. Não desprezes as migalhas de
tempo, pois elas Me asseguram a magnitude de tua intimidade
amorosa e de tua vida de Fé. Se pudesses ver como te sigo com o
Olhar! Seria imenso o teu entusiasmo por viver para Mim esta vida
que te parece tão longa mas que não é nada diante da Eternidade.
Se pudesses medir o calor de Meu Carinho! Que respostas não
inventarias! Faz-Me lugar em teu coração. Entrarei Nele com todas
as Minhas Graças.”
9 de maio. Eu dizia ao entrar na igreja: Senhor, aqui está a Tua
pobrezinha nada, que vai entrando. Ele: “O que é toda coisa diante
do Deus infinitamente grande? E tu mesma, que tens sido
particularmente escolhida para ser cumulada de Graças, és só pura
miséria. E é esta miséria a que Eu alimento a cada manhã com a
Minha Eucaristia para mantê-la na Minha Amizade; pois é o mais
frágil e miserável o que mais Me atrai. Tudo o que tens que
censurar-te, dá-Mo. Eu Sou O que converte o mais baixo, o mais
feio e o mais vil em ouro puro da Glória. Como é possível
semelhante transformação? Só pelo Amor.” Eu: Senhor, como
gostaria de fazer algo por Ti! Mas ainda quando Me entregue toda a
Vós, não Te dou nada. O que fazer? Ele: “Toma-Me e oferece-Me a
Mim mesmo com toda a confiança que espero de vós. Posto que Eu
Sou vosso, sois ricos. Somente sois miseráveis quando contais só
convosco mesmos e não aceitais atuar senão com as vossas
próprias forças. Que pobres sois então! Mas se com humildade e
Esperança tomais posse de Meus Méritos, a vossa fortuna é grande.
Sobretudo nunca duvideis de Mim. Eu não adquiri os Meus Méritos
senão para dar-Tos, Meus pobres pequenos. Vós não pensais nisso
porque viveis no meio de uma névoa que vos oculta as
encantadoras Delicadezas de vosso Amigo divino.”
16 de maio. Hora Santa. “Empresta-Me a tua mão para
escrever com ela. Empresta-Me a tua voz para ensinar aos meninos
do catecismo. Empresta-Me os teus gestos para mostrar-lhes Amor;
e para consolar o Pároco em seus fardos, empresta-Me a tua
amabilidade. Deste modo e por teu intermédio Eu estarei no meio
deles. A tua influência se enriquecerá e tu te farás pequena em tua
própria estima. Porque te dirás: ‘Isso não foi o fruto de meu esforço;
Jesus estava Comigo.’ Repete-o seguidamente para ti mesma;
facilitar-te-á permanecer na humildade, e a humildade é a verdade.
Empresta-Me também o teu corpo quando viajares, quando algo te
doer, quando comeres e quando dormires. Tudo isso Eu o fiz
quando vivia entre os homens. Faz-Me viver ainda no meio deles; é
preciso que Me sintam viver com eles. A Graça, a boa e generosa
Graça de Deus não é negada a nenhuma alma que, saindo de
algum modo de sua indiferença habitual (como foi o teu caso), se
consagra à aspiração de uma maior intimidade com o seu Salvador.
E quanto a ti, não regateies nunca Comigo; vem alegremente
quando e aonde Eu te chamar. Dirás: ‘É aí onde Ele me quer’ e
ficarás fortalecida e em paz. Quanta coragem foi-Me necessária
para chegar até o fim! Imita-Me, Sou o teu Irmão mais velho, que dá
o exemplo porque o Pai Lhe confiou os Seus Segredos. Confia-te a
Mim. Conta-Me com simplicidade as coisas, pois Eu compreendo
tudo. Não crês? E no entanto, gosto que Me expliqueis bem todas
as vossas emoções, os vossos temores e desejos. Amarias-Me
mais se Me sentisses mais distante? Sou o teu Centro e o teu Fim
último. Sou a tua circunferência. Onde quer que os teus olhos se
detenham, Me veem. Eu em ti, em torno de ti, em todo lugar.”
23 de maio. “Recorda o conselho do profeta: ‘Lava-te no rio’. E
recorda como aquele rei leproso, achando fácil demais esse
conselho, queria retirar-se. Mas os seus servidores lhe diziam: ‘Pai,
se o profeta te houvesse mandado uma coisa difícil, a terias feito;
tanto mais se o que te manda é algo tão fácil!’ A vós, peço as
vossas ações mais comuns: o correr, o beber, o sono, o trabalho,
toda a vossa jornada, em união às Minhas Jornadas de outros
tempos; vos peço as vossas ações molhadas em Meu Sangue e
revestidas de Meus Méritos. Não é difícil. Isto vos cura de vossa
miséria habitual e vos envolve no mais rico manto. Aceita, Minha
pequena, uma coisa tão simples e ensaia-a. Que se te converta em
hábito, olhando os Meus Olhos. Sentes-te contente de que Eu te
olhe? O Meu Olhar é o do grande Amigo, que te toca como um
carinho e é sempre uma Força, como as Minhas Palavras, como a
Minha Eucaristia. Tudo o que procede de Mim é uma Força para
viver; é uma Alegria, um Impulso de Amor, uma compreensão maior
do Ser de Deus. Se soubesses o que é Deus e como merece que
entreis no estudo de Seus Bens, de Sua Generosidade, de Sua
excessiva Bondade, de Seu Amor! Sobretudo, na compreensão de
Seu Amor, que é a Essência mesma de Seu Ser. Quando tenhas
adentrado em Seu Amor, aí ficarás bem estabelecida. É o lugar que
te corresponde; e desde aí, como desde uma elevada varanda,
olharás a vida, olharás o próximo e o serviço da Glória de Deus
desde um ângulo novo, que modificará por completo a tua habitual
visão das coisas. É a razão pela qual os santos sempre tenham
parecido levar uma vida muito estranha; é que viam tudo com outros
olhos. O ambiente do mundo é tão mentiroso, que a verdade não
pode adaptar-se a ele. Entra, pois, nos domínios de Meu Amor e
encerra-te aí.”
24 de maio. Diante da paisagem deliciosa e pacificadora que
oferecia o Loire às oito da manhã, sob o sol de maio. Ele:
“Contempla e aprende o que é a Doçura, com o Seu encanto
indefinível.”
27 de maio. Festa da Santíssima Trindade. “Tu és ‘de Deus’, o
Pai Criador. O és ‘por Deus’, o Filho Salvador. E ‘em Deus’, o
Espírito Santificador, que te habita e te move.”
30 de maio. Festa da Ascensão. “Crês de verdade nestes
Meus Mistérios?” Eu: Sim, creio Neles, Senhor, e é a minha maior
felicidade. Ele: “Mas, a tua Fé é realmente tão grande que teu
pensamento se funda com o Meu, até chegar a dar à tua vida a sua
única direção, a de agradar ao teu Esposo, sempre vivo, na
intimidade de Seu Coração? A de ser para Ele uma consoladora fiel
e segura? Crês o bastante como para encontrar em todas as Minhas
Festas um alimento que fortifique o teu amor? Porque este
crescimento do amor é o único necessário. Quando Me amares com
perfeição, realmente por cima de todas as coisas, de todas as
ideias, terás alcançado a plenitude, pois terás conseguido o fim para
o qual foste criada e redimida. Não tenhas medo de oferecer-te à
realização de Meu Pensamento sobre ti; faz como se Eu
necessitasse ser estimulado por teus ardentes desejos. Diz-Me:
‘Senhor, faz com que eu seja a que Tu gostarias que fosse’.
Fomenta, pelo menos, este desejo; que não exista entre nós
nenhuma divergência; que buscando sempre conhecer qual é a
Minha Vontade sobre ti, empenhes-te em responder a Ela com a
maior exatidão. Isto Me consolará de todos os desprezos e aversões
que encontro agora, como os encontrei quando vivi sobre a Terra.
Cuida-Me, filha, como Eu cuidei de ti!”
13 de junho. “Filha, não te sentes repleta de Mim? Não
compreendes que os teus sofrimentos físicos têm Me atraído? E
todos esses batimentos do coração que tu ias contando, Eu os ia
tomando com os Meus, um a um. Não pensastes que era o Meu
Coração que batia? O pensastes e ao mesmo tempo a tua Fé se
enriqueceu; foste inundada por Ela e já não pensaste em outra coisa
a não ser a nossa União. Certamente que há que ver tudo através
de Mim, como se olha um desenho através de uma tela de arquiteto.
Já sabes que isso é a santidade. Ensaia. São os exercícios
frequentes os que levam à meta. Exercícios de amor para aprender
a amar, porque Eu recompenso todos os teus esforços com uma
Graça maior, à qual ainda deves corresponder... Porque não
ficamos, filha, no mesmo lugar; nem ficamos por longo tempo no
mesmo grau; nos aproximamos do Pai em uma ascensão contínua.
O Pai te espera. Podes ter uma ideia de Sua divina Impaciência?
Não faças esperar ao Amor; ao Amor que É Deus. Busca-O em
cada ação, em cada pensamento. Pobrezinha pequena, que vale
tão pouquinho. O Amor te ajudará. É Ele Quem coordena o
movimento harmonioso das inumeráveis estrelas no firmamento da
noite... e não é senão para responder à tua confiança. Porque
sempre há uma resposta, ainda quando tu não a percebes. Se
conhecesses o Coração de Deus!” Eu: Senhor, não permitas que Te
seja ingrata; concede-me estar sempre espreitando a Tua
Vontade… Ele: “Lembra, nunca por temor, sempre por amor. Só o
amor pode servir ao Amor.”
13 de junho. “Busca-Me. Em Meus Mistérios, em Meu
Evangelho, em Minhas Palavras; nos acontecimentos, nas
inspirações de teu coração, em tuas Comunhões, nos outros, nas
crianças, na Natureza. Eu A concebi para o homem e para que
servisse de quadro à Minha Humanidade. Estou em todos os
lugares e em todos os lugares estou como ‘de novo’. Busca-Me e
Me encontrarás. Crê no Amor e ao final verás como é uma mútua
posse o que funde os nossos amores.”
20 de junho. Festa de Corpus. Eu: Entrego-me a Ti por inteiro,
Senhor, hoje, que é a Tua grande festa. Ele: “Percebeste que há
ocasiões em que o que celebra a sua festa é o que faz os
presentes? Tenho muitos presentes para oferecer-te; falta-te ainda
tanta coisa! Que tal se nesta tarde te presenteasse com o desejo do
Céu, o desejo de Mim? O desejo é como a sede. E se Eu te
oferecesse esta sede? Porque sem Mim não poderias tê-la.” Eu:
Senhor, dá-me algo que me faça ser menos miserável diante de
Teus Olhos. Ele: “Basta-Me que Me exponhas a tua miséria. É ela o
que Me atrai em ti.”
23 de junho. A procissão passava sob a minha janela. Eu
estava aí, imobilizada por uma picada de inseto em uma perna.
Quando Ele passou, disse-me: “Oferece tudo pela Glória do Amor.
Fora disso, nada conta.”
28 de junho. Festa do Sagrado Coração. Eu: “Amor meu,
descansa em meu coração. Adormece nele.” Respondeu-me: “E se
Eu te dissesse essas mesmas palavras e tu viesses repousar em
Meu Coração? Que alegria para Mim!” Rogo-te: esquece-te de todas
as coisas; porque diante de Minha Ternura para vós, tudo merece
ser esquecido. Podes agradecer-Me por ter te ensinado a saborear
o Amor desde a tua juventude? O hábito não pôde fazer com que o
gosto se desvanecesse; sempre há nele algo novo e prodigioso. Se
o coração de um homem de bons dotes é já em si algo encantador,
o que dizer do Coração do Homem-Deus, que foi criado só para o
Amor e o Perdão? Filha, apoia o teu ouvido sobre o Meu Coração e
escuta. Porque tu não escutas quase nunca. Como, então, poderias
ouvir? E de que outro modo poderiam produzir-se as nossas
conversas íntimas? As que não são somente de Boca a boca, senão
de Coração a coração, sem palavras, com o suspiro da alma. Bela
intimidade na absoluta pureza! Preenchem-Me de alegria os que Me
manifestam sinceramente o que são, na Esperança de dar-Me
Glória com o seu rebaixamento, e um pouco desse amor que o
Mundo Me nega... Tu, ama-Me. Por ti, pelos outros, por Mim
mesmo.”
28 de junho. Eu pensava nas Graças recebidas ontem em
Sainte-Anne-d’Auray. Disse-me: “O teu agradecimento, filha, nunca
chegará à medida dos Favores que Deus te faz. Se consideras o
que Ele É e o que tu és... Ele, Perfeição e beleza; tu, ingratidões
repetidas, fealdades de pecado. Logo verás o que é a tua alma e o
que são as suas deformidades; mas ainda tens tempo para reparar
e evitar a grande confusão que sentirás quando a Luz te ilumine...
Se te guiares pelo amor, ser-te-á fácil encontrar os meios para
diminuir as separações cavadas por teus pecados. E se o amor se
apoderar de ti, entrarás em um caminho rápido, pois o amor não se
permite repouso até que alcance o seu Amado.”
4 de julho. Eu: Obrigada, Senhor, porque virás visitar-Me em
casa, agora que a minha perna doente me priva de visitar-Te na
igreja. Ele: “Basta com que Me chames e Eu virei.”
5 de julho. Primeira Sexta-Feira. O Senhor veio. “Como
poderias ter duvidado? Deu-te muita emoção ver-Me aí, em tua
mesinha. A Minha Bondade pode ir até lá. Pode medir-Se a
Bondade de Deus? Não farás a esta Bondade a honra de tentar
imitá-La? Tira Dela, com toda a simplicidade, a tua força. Se Me
falasses com a frequência com que canta este melro que ouves
durante todo o dia, das quatro da manhã até as dez da noite! Em
certas ocasiões canta com voz baixa, mas a sua voz sai sempre
pura. E é somente um pássaro. De maneira parecida, os meninos
pequenos falam sem cessar aos seus pais sem motivo algum,
somente pelo prazer de sentirem-se perto deles. É assim como tu
deves dirigir-te sempre e a todo o momento a essa Bondade, cujo
contato te enriquece, sobretudo quando tu possas pensar. Dirige-te
a Ela, ainda que sem motivo, só pelo gosto de saudá-La. Pede-Lhe
o favor de poder fazer com que A conheçam. Não percas uma só
ocasião de ser a representante da Bondade de Deus. Pensa nisso e
pede-Me que Eu também pense. Diz-Me com simplicidade, ao
Ouvido.”
12 de julho. Capela de Pen-Chateau. Eu: Mostra-Me, Senhor, a
imensidão de Tuas Perfeições, para que, conhecendo-Te melhor,
ame-Te mais. Ele: “Contempla o mar. Tudo na Criação é Imagem de
teu Deus; as obras revelam o Mestre. Tu mesma, pequena imagem
Minha, revelas-Me. Pensa que é assim, para que Eu consiga fazer,
enquanto for possível, que pensem em teu Deus os que te vejam.
Ainda quando seja através de um sorriso, que é uma de tuas
maneiras de pregar. Queres fazer pensar em Deus?”
17 de julho. Hora Santa. “Todo este mês está consagrado ao
Meu Sangue, ao Meu Precioso Sangue e... tu pensas Nele tão
pouco! E, no entanto, tu recolhes os frutos quando já passou a
estação das flores. Chegamos ao tempo mais importante, que é o
da colheita para os celeiros eternos. Não te surpreendas de ter tido
que sofrer e passar por provas por Minha Causa; são como fichas
que devem preencher-se para a Eternidade. Tu tomas posições em
um sacrifício cujo prêmio se avizinha, e tocas a tua parte na sinfonia
ainda inacabada de Minha Paixão. Ama estes últimos sofrimentos,
pois fazem parte de teu vestido de viagem. Os mais banais e
comuns : o sofrimento pelo calor, pelos insetos, por imprevistos,
contratempos; são pequenos aborrecimentos que tu Me ofereces
em espírito de expiação, e são parte da colheita do outono de tua
vida, na sempre maravilhosa primavera do amor. Porque as
estações são simultâneas na alma da esposa, na qual o amor não
se extingue. É uma luzinha que ilumina tudo; mas é tão simples, que
ela não a percebe. Mas Eu o vejo. Tu te sentes distante de Mim e
temes ter-Me abandonado, mas Eu estou em teu centro. Basta que
Me guardes a tua vontade. A tua vontade na Minha e isso é tudo,
para a Minha alegria e a tua. Que a tua alegria seja completa! O
será, se te esvaziares de ti mesma; então já não sentirás mais o
peso da vida, senão somente o sopro ligeiro da felicidade. Crês
realmente em tudo o que te digo? Permanece sempre na morada
dos prediletos.”
18 de julho. “Eu busco sempre aproximar-te de Mim. e em tua
própria vida tens os meios. Não vês qual é o sentido de tua vida e
quantas aproximações são necessárias para que se consiga a união
à qual deves inclinar-te? Não há nada que te impeça de pensar
nisso com frequência. Unir-te ao teu Deus: nisto está a tua suprema
honra e tua mais alta felicidade. Unir-te ao teu Deus-Homem, Ao
que viveu sobre a Terra, como tu; Ao que desceu do Céu para
merecer a união dos corações humanos agradecidos. Não creias
que haja muitos destes. É em um grupo de íntimos Meus onde
quero que estejas; nessa intimidade que é tão verdadeira, que dela
não é possível já separar-se. Queres conceder-Me isso? Consentes
em que buscar essa união seja o teu dever de estado? Já sabes
com que Graças Eu premio o dever de estado bem cumprido, e os
males que sobrevêm no caso contrário. Já sei a importância que
concedes aos deveres de estado, e agora te proporei um novo.
Gostarás deste. Nos chamados interiores que Me fizeres, lembrar-
te-ás do Desejo de teu Deus íntimo, fácil e acessível, que
voluntariamente Se te entrega. Não te sentes feliz por ser chamada
à vida dos íntimos? Diz-Me que sim.” Eu: Senhor, vejo muito bem a
magnificência de Teu Dom e a minha própria indignidade. Ele: “Não
temas enfrentar a tua miséria. A pobreza te aproxima de Mim desde
agora, como se de um salto a Minha Riqueza viesse para cobri-la.”
25 de julho. Hora Santa. Não te parece que esses sorrisos
interiores que te pedi e que tu Me dás iluminam a tua vida? E não
crês que o teu próximo poderá descobrir que vives nessa alegre
paz? Ele mesmo se sentirá confortado; é muito raro que uma Graça
pessoal não se derrame sobre os outros. Porque é assim como
gosto; a Minha Caridade é o cúmulo, buscando sempre um modo de
expandir-Se. Tudo o que receberes de Mim é para que o transmitas
como um instrumento de eco, fiel e sutil, que quisera fazer-se sentir
até os confins do Mundo pelo zelo de Minha Glória. Tu pedes com
frequência que venha o Meu Reino. Serás bem feliz se puderes
contribuir para o Seu advento. É preciso que te santifiques para
poder aumentar a Minha Glória. Deves crer na eficácia de teu
trabalho espiritual dentro do trabalho universal dos santos. Pensa
numa pedra que tu pões em um edifício e que ninguém, além de ti,
poderia pôr da mesma maneira. Que este pensamento te aproxime
de todos os esforços. Alguns deles são um segredo entre tu e Eu, e
são tão mais interessantes quanto mais íntimos. Sobretudo, não te
canses de nossa intimidade. Inventa. Modifica. Aumenta. E chama
em teu auxílio o Espírito de Amor. Pede à Minha Mãe que te ensine
a fazer o mesmo que Ela: que nunca afastou de Mim o Seu
Pensamento. Ainda nestes momentos em que não te sentes capaz
de nada, dá-Me esse nada, pois do nada te tirei. O único que te
peço é a vontade de ser Minha em todo o tempo, de calma ou
tempestade. E Eu te introduzirei no Cenáculo feliz dos Meus bons
servidores e amigos.”
1º de agosto. Hora Santa. “A cada oito dias pergunta-Me se
avançaste algo no caminho da intimidade. Examina as tuas manhãs
e as tuas tardes: tens trabalhado com a tua vontade? Vigia essa tua
ligeira despreocupação. Sacode a tua negligência, pontuando-a com
sorrisos interiores dirigidos às Pessoas da Santíssima Trindade,
humildemente e com amor. O amor é o que te deve fazer viver em
todo o tempo, e hás de buscar consolar-Me, com o teu amor, da
pena que Me dão os amores culpáveis. Pergunta-te se os Meus
Olhos, que tenho postos em ti, têm motivo para felicitar-se pela
fidelidade de teu carinho. Posso realmente pensar que pões o Meu
Amor por cima de todo o resto? E à parte de tudo? Toda a tua vida
e os teus dias serão então totalmente para Mim, como o grão já
moído. É realmente isto o que queres?” Eu: Sim, Senhor, concede-
Me a Graça de que a minha vida seja como um pó no qual Tu
imprimes as Tuas Pegadas. Ele: “Tu poderás conhecer-Me em ti se
viveres nessa intimidade que tanto tenho te pedido, e que está por
cima de todas as intimidades conhecidas sobre a Terra. E assim
como no seio de uma amizade, o mais frágil imita os traços do mais
forte, até chegar a parecer-se muito com ele; assim se formará em ti
uma semelhança divina, como resultado de tua contemplação. Não
empreendas nada em que Eu não tenha parte. Não te esqueças da
pureza de intenção: uma só coisa, tu Comigo para servir, para amar,
para consolar, diretamente ou no próximo. Um só: o teu Criador que
te ama.”
7 de agosto. “Tu pedes a Minha Ajuda para fazer bem as
coisas. Ontem escrevias a uma pessoa: ‘Deus ajuda sempre quando
O esperamos.’ Vive dessa expectativa que Me dá tanta Glória.
Esperas-Me com frequência? Ou pelo contrário, esperas algo de
tuas próprias forças? Certamente há que desejar agradar-Me, mas
com a convicção de que isso está fora de alcance para as tuas
forças, apenas. É esta atitude humilde a que Me convida a descer.
E digo ‘descer’, ainda que já estou em ti . E quando tenhas te
apoiado assim em teu Deus, verás com surpresa as alturas a que
sobes. Eu existo e atuo em ti.”
7 de agosto. “É tão difícil, depois de tudo, recolher-te no meio
de todos esses visitantes? Olha-Me pensando em Mim, e como tu
sabes que sempre te tenho presente em Meu Pensamento, ser-te-á
fácil olhar-Me como ao Tudo de tua vida. Não vejas em tudo isto
simples palavras ocas. Vê a realidade. Eu existo, tu existes por Mim,
nos amamos e isso é tudo.”
15 de agosto. Estando sobre a pontezinha eu Lhe dizia: Amor
meu, vem comigo. Ele: “Tu não Me vês, mas estou aqui.”
17 de agosto. Reconheci sobre o altar dois pequenos vasos
que eu havia ofertado e que estimava muito, como lembranças de
família. Disse-me: “Continuam sendo teus, pois estão em Minha
Casa.”
21 de agosto. Em Lourdes. Durante a procissão com o
Santíssimo Sacramento. “Não há proporção alguma entre o
Sacrifício e a Recompensa. Oxalá o entendesses assim, e te
esforçasses por aumentar o Tesouro dos teus sacrifícios.”
Retorno de Lourdes. “Filha, pesa, se puderes, o Meu Amor.
Considera este aumento de esforços precisos que Lourdes te pediu
e as três resoluções que te ditei: 1) Só falar-Me com um sorriso. 2)
Ser a irmã de todos, especialmente dos pequenos. 3) Oferecer-Me a
cada noite, amorosamente, a tua morte. De tudo isto, subirá até o
Pai algo de Mim. E por isto quero que não tenhas medo algum.
Desconfia de ti mesma, isso sim, mas crendo em Mim, que te amo
infinitamente.”
22 de agosto. “Por que Me olhas às vezes como a um patrão
severo que não busca senão a ocasião de pegar-te em uma falta?
Não preferes ver em Mim a um Amigo que gosta de ti? Que vela por
ti, sempre disposto a perdoar-te? Ou não crês que Eu realmente o
seja? Reanima o teu carinho, vive na confiança e no amor. Pede-Me
que te dê o pleno conhecimento do que é o Amor de Deus; o Amor
que Ele te dá e o que tu Lhe deves dar em correspondência.”
11 de setembro. Eu me entretinha tirando as ervas daninhas
no jardim. Disse-me: “Sim. Em vez de pensar em teu próprio
serviço, pensa que Sou Eu Aquele a Quem serves. Que tudo seja
Meu e para Mim, ao longo de teu dia. Que sejam as Minhas
Comidas, os Meus Passeios, os Meus Jardins, o Meu Aposento, os
Meus Remendos. Eu em ti. Ser-te-á muito mais doce…”
12 de setembro. Pede-me que te dê tudo o que até aqui
perdeste por tua negligência em corresponder às Minhas Graças.
Pede humildemente e com confiança; a Minha Misericórdia to
concederá, pois não há nada impossível para o Amor vitorioso que é
o Meu. Devolver-te-ei aos lugares perdidos. Terás as luzes que te
faltaram e voltarás a encontrar o anel das intimidades. Não fiques
nesse mal-estar que nos afasta. Tem a certeza de que a Minha
Bondade ultrapassa infinitamente os vossos pecados e a vossa
miséria. Se não contasses Comigo, com quem poderias contar?
Deposita em Mim todas as tuas possibilidades de confiar e esperar.
Honrar-Me-ás com isso e Eu responderei, um por um, aos teus
chamados. Só Eu sei responder-vos, só Eu posso satisfazer-vos. Já
conheces a Minha Doçura. O que? Eu não terei novos atrativos para
ti? Busca em tua memória todas as fomes de Mim que tiveste
porque Eu tas dava. Sempre tenho vindo a ti; ainda quando não
tenhas visto o Meu Rosto e em certas ocasiões não Me
reconheceste. Domina, pois, as tuas dúvidas. E, ainda que por
enquanto vives sobre a Terra, viverás sempre exposta à fraqueza e
ao desânimo. Sai sempre dele mediante um impulso em direção a
Mim, que tudo restauro. Frequentes olhares ao teu Salvador e ao
teu Amigo; isto é o que aguardo de ti e o que gosto em ti. Tenho as
Minhas Delícias na ‘vida a dois’, e quanto gostaria que Me cresses!”
19 de setembro. Eu: Senhor, há momentos em que me sinto
repleta de Ti; mas há outros em que estou seca e me sinto
abandonada a mim mesma. Ele: “Sempre estás repleta de Mim,
porque tu és o nada. Existes por Mim, que Sou a Vida. Mas há
ocasiões em que te faço sentir a tua pequenez para que aprendas a
apreciar tudo o que te falta e para que se formem em ti esses
chamamentos secretos, que procedem de um sincero e humilde
carinho e que Me dão tanta alegria…”
19 de setembro. “Queres permitir-Me buscar um pouco de
alegria em tua casa? Tu Me crês infinitamente feliz, mas pensa
nessa Glória acidental que tu podes dar-Me, e da qual muitos Me
privam. Aqui tens uma ocasião para consolar-Me. Um homem tinha
muitos filhos; tinha um afeto grande a cada um. Previa cada detalhe
e buscava fazê-los felizes. Alguns se fatigaram desse amor e o
deixaram com insolência. Outros, movidos por este exemplo, o
abandonaram com menos barulho, mas com a mesma ingratidão.
Uns foram tentados pelo atrativo da independência e partiram
cheios de orgulho. O homem ficou só com a última de suas filhas,
que deu provas tais de abnegação e de uma vontade tão grande de
estancar as feridas que haviam lhe causado, que o homem,
somente pela presença da filha, pelo puro som de sua voz e pelos
cuidados com que ela buscava agradar-lhe, esqueceu-se de sua dor
e das faltas e injúrias recebidas. Queres tu ser essa presença para
Mim? Queres dar-Me todas as tuas ações?” Eu Lhe disse: Senhor,
sou tão pequena! E Ele me respondeu: “Une-te a Mim e Eu te farei
grande.”
26 de setembro. Hora Santa. Deves compreender que o único
objetivo da vida Sou Eu. És ainda pequena demais para que te diga,
mas o objetivo único é o sofrimento, porque o sofrimento é o meio
mais seguro para aproximar-se de Mim, e assemelhar-se a Mim. No
entanto, quando tomas algo agradável, agradecendo-Me por ter-te
concedido isso, isto Me compraz e Me honra. E como sei que és
frágil e miserável, a Minha Providência te procura todos esses
pequenos contentamentos que pudeste observar nesta semana, os
quais, espontaneamente, agradeceste-Me. E cada vez que Me
manifestavas a tua gratidão e a tua alegria, eu tinha para ti uma
bênção. A pequena esposa está sobre o Coração do Esposo. Não o
sente, mas percebe um consolo e tem melhor disposição para
consagrar-se ao serviço do próximo. Que bem Me sinto quando te
entregas ao serviço dos outros! Mas é quando o fazes por Mim, e
não somente por pura amabilidade. Aguça e purifica o teu olhar; faz
o quanto possas para assegurar a nossa intimidade. Não sentes que
ainda não está totalmente segura? Que é intermitente? Que com
frequência se vê perturbada por pensamentos terrenos e estranhos?
Só Eu. Teu Único. Pensa que nada existe senão por Mim.” Eu:
Senhor, já sei disso. E, como é possível que, sabendo disso, o
esqueças com tanta frequência, como se não o soubesses? Ele: “Tu
és sempre a Minha filha pequenina. Mas, tem cuidado com as
vocações! Deixa-te acorrentar com corrente curta, como para estar
cara a cara, frente a frente, e não perder nada de Mim. Eu Me
derramo; estás aí para receber-Me? E se não estás, diz-Me qual de
nós dois é o mais aflito...”
27 de setembro. À tarde, em meu quarto, eu me humilhava por
algumas faltas cometidas. Disse-me: “Já vês? O que faz a santidade
é a fidelidade e a delicadeza de consciência em uma
estreita intimidade; é um amor que se estende mais e mais porque
considera as Minhas Perfeições infinitas, e ao tentar entendê-Las,
sente que se lhe acendem fogos novos. A santidade consiste em
querer-Me sempre; a condenação está em rechaçar-Me, dizendo
(como o diabo): ‘Não Te servirei’. Não crês que é algo espantoso
rechaçar a Deus? Porque rechaçá-Lo é o mesmo que rechaçar ao
Amor e a toda possibilidade de amar, já que, fora de Deus, tudo é
nada.”
3 de outubro. Hora Santa. “Conserva-te sempre pequena,
como a pequena Santa Teresa, e as tuas ações me encantarão.
Atribui-Me tudo quanto tiveres de bom, e reconhece somente como
tuas as imperfeições que há enquanto atuares; olha-te tal e como
és: frágil, pobre e, no entanto, apaixonada por ti mesma. Considera
a quantidade enorme de pensamentos que te consagras, e os
poucos que, em comparação, dedicas-Me, e aos interesses de Meu
Reino. Não, desprende-te de ti mesma e adota-Me. Eu Sou o teu
Pai, o teu Centro, a tua Fonte; Sou Aquele em Quem tu te moves e
respiras. Eu, o Amor. E, para que o teu pensamento não se separe
de Mim, faz tudo por amor à Minha Vontade amorosa. Não há nada
mais doce. Muitos vivem para um homem; mas é melhor para ti
viver para o teu Deus. Toma-Me e não Me deixes. Não temas que
Me canse, pois nunca se esgota em Mim a Alegria de estar em uma
criatura Minha que pensa. E, que outro pensamento poderia
parecer-te mais doce do que o pensamento de teu Deus e
Salvador? Aprende a conhecer-Me, e com isso aprenderás a amar-
Me. A tua vida será amável; os teus dias, invejáveis. Irradia a Cristo,
tanto quanto possas; conta Comigo. Queres que Eu também conte
contigo? Permites-Me que espere, para que tomes parte em um
trabalho para a Minha Glória?” Eu: Sim, meu Dono amado, devo-Te
tudo; como poderia não consagrar-me às coisas de Teu Reino? Ele:
“Gostarias de consagrar-te à conversão dos pecadores; pelo menos,
daqueles que tu conheces e com os quais conversas com
familiaridade, e que se colocaram em estado de perdição? Recorda
o que X. te disse, falando de suas relações culpáveis: ‘Quem rogará
por mim, senão tu?’ Ora com o coração repleto, por essas almas
que vivem na miséria. Recorda que salvando a outro, salvas a ti
mesma. Da mesma forma que no assunto financeiro de ontem: tu
prestas um serviço e com isso te serves a ti mesma. Tu és para Mim
um ponto de mira: não devo ser isso também para ti? Não devo ter o
teu olhar interior cheio de alegria e carinho? Com frequência Me
dás, mas o desejo mais ainda. Estou como que espreitando-o. Que
cada hora que soa, filha, te aproxime de Meu Coração.”
17 de outubro. Ele: “Estás perto de Mim?” Eu: Sim, Senhor,
escuto-Te. Ele: “Estás disposta a compreender que as alegrias
podem servir-Me tão bem como as tribulações, se tu Me as dás e as
vives para Mim, e reconheces nelas outros tantos dons Meus? E se
Me amas mais, Sou livre para fazer feliz a quem Eu queira e tanto
como queira. Tu também, em certas ocasiões, gostas de dar alguma
pequena surpresa, e te alegras dela. Não deves estranhar que Me
alegre também, quando Me agradeces por Minha generosidade. E
os Meus Dons não acabam; tenho tudo à minha disposição. Que o
teu coração se alargue como fundido com o Meu, por tantas
delicadas Providências, das quais não conheces senão uma
pequena parte; o resto o verás no Mais Além. Não é possível
imaginar a imensidão de Meu Amor, ainda que já sentiste algumas
vezes deslumbramento pelas Minhas Graças. Inclusive, em certas
ocasiões, te sentes como constrangida por Meus Favores, Favores
que ninguém pode merecer. Atribui tudo à Minha Bondade, nunca
aos teus Méritos, pobre alma de pobre... Esconde-te sob o manto de
Minhas Virtudes. Eu ultrapasso todas as tuas medidas e posso
cobrir-te toda: o Pai só verá a Mim.”
23 de outubro. Depois da Comunhão. Ele: “Eu oro ao Pai em
teu lugar.” Eu: Senhor, diz-Lhe o que queres que eu Lhe diga.
24 de outubro. Eu descia à varanda dizendo-Lhe ‘Vem comigo’.
Ele: “Diz-Me isso muitas vezes, e quando chegue o grande dia de
tua viagem à morte, continuarei te acompanhando.” (Eu pensei que
para esse momento me seria indispensável também a Santíssima
Virgem.) “Como Ela poderia não estar presente no momento mais
importante da vida daqueles que recitaram o Rosário a cada dia? Tu
Lhe pedes cento e cinquenta vezes ao dia. Parece-te insuficiente?”
Hora Santa. Eu: Deus Meu, amei-Te hoje como querias que Te
amasse? Ele: “Amaste-Me especialmente quando não fazias a tua
própria vontade, como nesta manhã, quando te pediram que
ensinasses o Catecismo, quando tu terias preferido ficar em teu
quarto falando Comigo. Quando serves aos outros estás ao Meu
Serviço. E gosto muito da docilidade na obediência. Não vaciles
nunca. Caminha em frente. Fica convencida de que é desta maneira
como Me demonstras que o teu amor não está somente nas
palavras. É como um amor substancial muito doce para Mim. Os
santos se exercitavam em contrariar a sua vontade por amor a Mim,
e nessa renúncia, sentiam que Me provavam o seu amor. Submete-
te também a esta prova, e acabarás sorrindo de tuas prevenções e
de ti mesma. Sentirás que tudo é bom quando é feito por Mim.
Nunca admitas a ideia de que Eu possa ficar atrás, em Minha
Generosidade. Que intercâmbios poderíamos fazer, filha Minha, se
tu te predispuseres a isso! Se quiseres deixar-te para ter-Me, ver-te-
ás diante de um trabalho cotidiano. Basta-Me que e digas que és
pequenina para que Eu voe para ajudar-te.”
24 de outubro. Eu descia à varanda dizendo-Lhe: Senhor, vem
comigo. Respondeu: “Diz-Me isso muitas vezes e Eu também te
acompanharei na grande viagem da morte.” Eu pensei que nesse
momento supremo necessitaria também da Santíssima Virgem. Ele
acrescentou: “E como Ela poderia deixar de assistir os que recitam
diariamente o Seu Rosário completo? Nele pedes-Lhe cento e
cinquenta vezes que rogue por ti na hora de tua morte.”
Hora Santa. Deus meu, Amei-Te hoje como Tu querias que Te
amasse? “Amaste-Me especialmente quando não fazias a tua
vontade. Como nesta manhã, quando te pediram que fosses à
paróquia para ensinar catecismo, quando terias preferido ficar
Comigo em teu aposento. Mas estando ao serviço dos outros, estás
ao Meu serviço. Agrada-Me que exercites a obediência com
flexibilidade. Não duvides nunca e segue adiante. Assim Me
provarás que o teu amor não é de meras palavras. É como um amor
substancial muito doce para Mim. Os santos se dedicavam a
contrariar a sua vontade por amor a Mim e com isto Me provavam o
seu amor. Ensaia. Tudo será bom para ti quando tudo for para Mim.”
31 de outubro. Hora Santa. “Considera as tuas irmãzinhas do
Céu, essas almas modestas, das quais ninguém fala, mas que Eu
quis coroar de Glória, e considera o seu amor agradecido. Há
amores de muitos tipos, e Eu estou em todos eles. Não temas
inventar, pois sempre será verdade: o amor tem mil rostos, todos
eles belos. “No Céu verás esse Amor triunfante, verás o Mérito de
Meus Sofrimentos, aclamados pela incalculável multidão dos bem-
aventurados, que nenhuma linguagem poderia descrever nem
contar. Em tua pequenez, une-te a essas multidões festivas.
Aclama-Me com elas, porque Eu Sou o Santo dos Santos, e o
Animador da santidade de todos eles. Une o teu agradecimento ao
deles, porque tu és do número dos que conheceram as Minhas
Bondades secretas e os Meus Favores delicados. Tu sabes de Mim
mais do que outros. Ama-Me, pois, melhor. Fala-Me somente na
linguagem do amor. Que nenhum outro ideal, filha, chegue a
encantar-te plenamente. Sou Eu o que causa esses
estremecimentos espirituais que chegam até a amar os sofrimentos.
Não há outra força que pudesse fazer outro tanto. E agora, filha,
deixa a pena de escrever. Ama-Me. Adora-Me. Canta-Me sem
palavras: ouço-te.”
7 de novembro. Hora Santa. Eu pensava na plenitude de Seus
Benefícios durante os últimos anos de minha vida. Disse-me:
“Agradece-Me sobretudo o Meu Amor. E sabes qual é a melhor
maneira de agradecer-Me? Crendo Nele. E crer, não somente em
conjunto, mas também em todos os detalhes, que vão se
mostrando um por um, de Minha Delicadeza. Em certas ocasiões,
O percebes, mas não outras vezes. E no entanto, aí estou. Porque
não te deixo em nenhum momento. E não notaste que a nossa
União se estreita mais quando tens por Mim um impulso de Fé
confiante? E não sentes que a morte será um passo fácil de dar,
pela alegria de ver-Me? E não é verdade que com este pensamento
te sentes muito por cima da Terra? Se Eu Me valho de todos os
meios para aproximar-Me de ti, te peço que uses todos os meios
para aproximar-te de Mim. É preciso que tenhamos muitos
pequenos encontros antes do Encontro final; alegrias antecipadas
comuns aos dois. Que gostes, filha, de exercitar-te nesses jogos do
Amor Incomparável, o único Amor que o teu coração merece.
Exercícios na palavra, em atos exteriores; exercícios no olhar, nos
veementes desejos. Aumenta as tuas forças, chamando-Me em teu
auxílio, e fazendo cada vez melhor os teus atos de união.
Persevera. Entrega-te à Minha Mãe. Pouco a pouco, vai deixando
de viver sobre a Terra; ensaia em viver com os bem-aventurados,
que no Céu não se ocupam de outra coisa, além de Minha Glória.
Que a tua conversão esteja, pois, no Céu desde agora, para
começar ’amanhã’.”
13 de novembro. “Diz-Me com frequência: ‘Senhor, farei este
ato da melhor forma para que possa para alegrar-Te.’”
19 de novembro. Hora Santa. Lá fora a tempestade rugia.
Muita chuva e muito frio. Disse-me: “Agradece-Me que te guardo
bem aquecida no abrigo de Meu Coração, onde as tempestades não
chegam. Mantém-te unida a Mim. Busca as Minhas Intenções para
fazê-las tuas. Que os teus desejos prolonguem os Meus e se
inclinem a realizá-los. Eu não quis ser Eu mesmo completo, sem
vós. Sou Homem com todos os homens, e assim Me apresento ao
Pai. Apresenta-te Comigo, e assim O amare-Mos juntos. Tem pressa
para que termine a tua permanência na Terra. Há ainda algo que te
ligue a Ela? Levanta o teu pensamento habitual até Deus, ainda no
meio de uma conversa com as pessoas que te rodeiam; assim
também elas receberão do teu. Dar Deus aos outros! Que bom
emprego, filha, para os dias de vida que te restam! Pelo que a Mim
Me diz respeito, deixarei-Me dar aos outros por ti com muito gosto.”
21 de novembro. A apresentação. “Une-te a todos os que
nesta manhã foram apresentados e oferecidos ao serviço de Deus,
em recordação de Minha Mãe. Não gostarias de pertencer-Me já,
definitivamente, pelos meios que forem? Eu te chamo. E isso basta.
E quanto mais feliz te sentires, maior Glória Me darás. Neste
momento de tua vida chamo-te à solidão de teu campo. Apresenta-
te a Mim despojada de toda lembrança do Mundo e, com a maior
alegria, adora-Me, agradece-Me e ama-Me, sabendo que Eu te
recebo com imensa complacência. Diante de Deus, não és senão
uma menina pequena balbuciante, mas pede à Minha Mãe e ao teu
santo anjo que falem por ti. Amada Minha, permaneçamos perto Um
do outro, sem outro pensamento que o de nós dois; tu, que és a
miséria e Eu, que Sou a Misericórdia. Não temas humilhar-te.
Porque tu és o nada, Eu Sou o Tudo. E demonstra-Me a tua
confiança. O que importa que sejas tão pobre, sendo Eu tão rico?
Dirige a Mim pensamentos e desejos que Me cheguem como
flechas. Avança, esquecendo as tuas antigas maneiras. Sobe para
Mim. Chama-Me, pois nunca estou longe de ti. Não o sabes?”
21 de novembro. “Cada alma tem a sua maneira de amar. Não
Me prives da tua. Eu não confundo as coisas. Eu desfruto de vossas
maneiras especiais. Desde o começo do Mundo nenhuma se parece
a outra; é o que faz a sinfonia de Minhas Delícias. Não tenho direito
a isso? E no entanto, não exijo nada. Espero. E quando vós Me
dais, a Minha Alegria é muito grande. Não tenhas, pois, medo de
dar-Me, e dar-Me com simplicidade, como uma menina pequenina.
Sê pequena e permanece junto ao teu grande Amigo. Entra em Mim
tão fundo, que já não possas lembrar-te de ti. Busca os Meus
Interesses de tal maneira que os teus não te ocupem, senão em
relação à Minha Glória.”
28 de novembro. Hora Santa. “Que nada te turbe, nem o
desdém, nem os desprezos. O que te importa a Terra, se és Minha?
Eu sei guardar o que Me pertence. Que o pensamento de pertencer-
Me prevaleça sobre todos os demais, como uma rua que conduz à
Mansão suave e feliz da intimidade. E se viveres desta vida íntima,
como poderias dar tanta importância ao que acontece lá fora, nas
fantasias de um Mundo que muda e passa? Estabelece-te no que é
firme e permanente. É aí onde quero te ver. Em Meu Evangelho está
dito que o Mundo se declarou inimigo Meu, e onde estão agora
aqueles ‘grandes’, aqueles ‘ricos’, aqueles ‘poderosos que Me
julgavam? Sê pequena. Se atuares bem, Eu continuarei a Minha
Vida em ti, e serei Eu Quem atue em ti. Que pouco é o que te
impede de ver-Me! É preciso não ver-Me, para que vivas no mistério
e tenhas o Mérito da Fé! Nem sempre será assim; pensa no “Cara a
cara’ do Encontro final. Então a tua sede se saciará; por enquanto
Sou Eu O que bebe; e a grandes tragos.”
5 de dezembro. Hora Santa. “Vem e aproxima-te de Mim no
Jardim da Agonia e do Suor de Sangue. Sentir-Me-ei menos só; os
outros dormem. Não tive ninguém naquele momento que pensasse
em Mim, além de Minha Mãe; todos dormiam. Imagem dos que
vivem a sua vida como um longo sono com respeito a Mim.
Indiferença, distração, esquecimento. Que dano tão grande essas
almas sofrem! Ainda os Meus amigos, com um pouco mais de
fervor, manteriam-se acordados. Pede-Me que te perdoe, se tens
algumas deficiências para censurar-te. Mas não te lances aos Meus
Pés, senão sobre o Meu Coração. Recorda que, se aos amigos os
homens os enaltecem com ruidosos elogios e fanfarras públicas, a
Mim, os corações atentos celebram-Me no silêncio, com sacrifícios
pequenos e desconhecidos de todos, com um secreto abandono,
com ternos olhares interiores. Desta maneira e com toda a
simplicidade as Minhas criaturas Me consolam. Busca oferecer-Me
alguma invenção tua, como se cada dia fosse uma festa. Pergunta-
te: ‘O que Lhe oferecerei hoje para agradá-Lo? Que palavra doce
poderei Lhe dizer?’ E no lugar mais silencioso de tua ‘câmara
secreta’, amarrar-te-ás a Mim como o fio que envolves na roca; mas
será o fio de tua vida. Não te assustes quando a tua imaginação
galopar: é a tua vontade o que Me interessa. Por essa vontade
morri, para conquistá-la. Queres dar-Me ela inteira? Não Me trates
como a um convidado para as ocasiões solenes; olha-Me como ao
Esposo que nunca se abandona. Sabes o que a palavra ‘nunca’
quer dizer? Que quantas vezes te lembres de ti mesma, Me
encontres, porque tu estás sempre presente para Mim.”
12 de dezembro. “Pensa os Meus Pensamentos; assim
poderás dizer as Minhas Palavras. Que edificação, filha Minha, que
poderosa alavanca! Ensaia.”
12 de dezembro. Quando íamos em procissão para colocar um
Cristo na sala de um teatro pedi-Lhe que transformasse o país.
Respondeu-me: “Sim, mas ajuda-Me.” E logo, na Hora Santa. “É
claro que ainda, em teus pensamentos, deves inclinar-te à
perfeição, pois dos pensamentos procedem as palavras e os atos.
São a sua fonte. Quem é capaz de sujar uma fonte? Que o teu
pensamento seja sempre límpido e centrado em Mim, que seja o teu
reflexo dos desejos do Meu Coração. Percebes como Eu espero os
teus ensaios para aumentar a Minha Glória? Tens realmente Fé em
que Eu te desejo? Não te julgas digna e nisso tens razão, mas é que
não conheces bem a Bondade e a Ternura de Teu Deus. Adora-as
com amor. Crucifica-te por elas e agradece; porque não há neste
momento e neste país uma casa tão feliz como a tua; e isto, sem
Mérito teu. Tens motivos de sobra para mostrar-te reconhecida;
então, deixa o teu coração falar... E quando Ele fale, Eu estarei
escutando, como se escuta quando há no meio um grande amor.
Minha pobre pequena!”
19 de dezembro. Eu havia tido muitos ensaios no teatro e tinha
vindo visitá-Lo somente à tarde. Disse-me: “Não te parece que Eu
Sou o mais paciente de teus amigos, ainda quando Sou também o
que mais urgência tem de ti? Lembra-te daquele pobre que viste na
igreja, tão humilde e tímido, que mantinha os olhos baixos e tremia
de frio. Eu Sou esse friorento, rechaçado do Mundo; não te
surpreenda, então, que um coração fiel Me cause tanta alegria;
busca compreender como Eu espero a Minha vez. Sê toda Minha
neste momento que passa, e que não voltará da mesma forma, nem
no mesmo quadro, tão íntimo. É pouco o que necessitas para
comover-Me. A Minha Sensibilidade é única e tu não podes saber as
repercussões que um gesto teu desata em Meu Coração. Não te
exponhas a machucá-Lo. Esforça-te sempre por dar-Lhe
contentamento; e sobretudo, não penses nunca que estás longe.
Não sabes que Eu estou em ti? E se o sabes, por que pensas nisso
tão pouco? Ia-te dizer que deves pensar em Mim sempre. Se assim
fosse, Eu Me sentiria cumulado em Meu Desejo de ti. E Sou igual
para com todas as almas. Todas são filhas Minhas e desejo a todas.
Então, ao teu oferecimento, oferece também as outras, e que o
objetivo seja a Minha Alegria.”
19 de dezembro. “Eu espero o que tu queiras dar-Me de bom
grado, como um pobre que está à porta... Pensa, qual crês que foi o
instante em que Me deste maior alegria hoje? Foi quando te
comportaste como pequena entre os pequenos.”
26 de dezembro. “No Presépio apareço semelhante a vós,
para que vós chegueis a ser semelhantes a Mim. Esforça-te; que
essa semelhança ocupe sem cessar o teu pensamento. O que Ele
teria dito? O que Ele teria feito? Em que termos Ele falaria ao Seu
Pai, nessa circunstância? Inspira-te sempre em Mim e une-te, pois
Eu vim ao Mundo para unir-te a Mim, até chegar a ser como um só
Ser. Não descartes esta ideia. É certo que não és digna, mas a
união é o Meu Desejo, e essa União que te peço e que te ofereço, é
algo que ultrapassa toda ideia sobre a Terra. Porque é União com
Deus, com um Amor inconcebivelmente superior a todos os amores
conhecidos. Só Eu posso ajudar-te a nisso; pensa e pede-Me.
Sobretudo, que não te entre medo de amar-Me, pois quanto mais
Me amares mais feliz serás. Nisto está o teu fim, a razão de que
tenhas sido criada. Além disso, tu bem sentes que estás feita para
amar-Me, de tal forma que fora de Mim encontras só o vazio.
Recordas o abatimento que tiveste naquele dia? Permite-Me e te
preencherei de alegria.”
1947

1º de janeiro. Eu: Meu lema, Senhor? Ele: “Continua. Fazei o


bem”.
2 de janeiro. Hora Santa. Eu O adorava, desejando-Lhe almas.
Disse-Me: “Nunca desejarás tanto amor que possa apagar a Minha
Sede. Sim. Busca-Me corações, com tua amabilidade para com
todos, ainda com os pecadores. Cativa-os para que possas dar-
Mos. Ocupa-te em Minhas obras, Minha pequena colaboradora. Não
percas nada de nossa União, em nenhum tempo.”
2 de janeiro. “Não percas nada de tua união Comigo em
nenhum tempo, com motivo de nenhuma ocupação. Procura
deveras chegar. E quando a tiveres alcançado, encerra-te nela, só
Comigo. Esta é a solidão que por instinto buscas: a que se chama
‘solidão a dois’, e Eu, que a desejo ainda mais estreita, a encaminho
para que se converta em ‘solidão de Um’. Tu, afundada em Mim.”
9 de janeiro. Hora Santa. “Fala-Me sempre com um sorriso
feliz. Gosto muito de ver-te alegre e confiada... E a maneira de Me
falar tem a sua importância, como a tem entre os homens. Eu Sou
um deles. Deves recordar sempre disto, te ajudará. Crê-Me, filha,
que ponho todo o Meu Coração em ajudar-vos; dá-Me a tua vontade
no momento presente. Pensa que a tua tarefa não é muita: dura um
momento, e os momentos são curtos. Mas em cada um deles hás
de pôr todo o teu coração para a Minha Glória e no Amor. Gostarias
de te comprometer para todos os instantes de tua vida? Eu pago os
momentos com a Eternidade. Feliz alma pequena, à qual darei tanta
alegria por tão pouca coisa como ela Me dá! Esconde-te bem em
Mim. Saboreia a intimidade de tuas ações de Graças. Pobrezinha
filha Minha, que não se atreve a crer em sua felicidade!”
16 de janeiro. Hora Santa. Eu: Cristo meu, onde estás? Ele:
“Sempre estou em ti. Vem com maior frequência buscar-Me aqui, se
pensares em algo. Eu te darei palavras de Caridade para quando
falares com as pessoas. Lembra-te disso também quando tiveres
alguma aflição, e Eu te consolarei. Tenho o quanto faz falta e não
estou longe de ti. Recorda a Minha Presença também ao anoitecer,
quando tiveres que lamentar algo que houve em teu dia; pede-Me
perdão de perto. E quando te distraíres, volta a olhar-Me, em busca
de força e fidelidade. Tudo o que vós fizerdes ao dar-Me culto e
para dar-Me Glória vos trará grandes vantagens; assim o quer o
Meu Amor. Não pensas que a tua boa saúde tenha como causa as
tuas mortificações corporais? Não são os teus momentos mais
doces aqueles em que falas Comigo e não sentes, quando Me
agradas em algo, como uma infusão de vida em tua vida? E
percebes que Sou Eu Quem te dá? Porque a união Comigo traz
todo o tipo de bênçãos; então carecem de apoio todos os que se
empenham em viver longe de Mim em uma culpável indiferença.
Entendes a felicidade que Me dás quando te esqueces de tudo,
inclusive de ti mesma, para pensar só em Mim?” Eu: Senhor, não
posso ter um gosto maior que o de agradar-Te, mas ajuda-Me a
pensar nisso. Ele: “Nos desejos já há um mérito, e Me glorificam. À
força de multiplicá-los, se converterão em atos. Enriquece-te e não
tenhas vergonha; toma a mãos cheias os Tesouros do Esposo.”
16 de janeiro. Eu pensava nos 5% de desconto, e me
perguntava se a santidade pode tornar-se mais acessível. Ele: “A
santidade não é uma soma. Um só ato de amor, no momento da
morte, pode fazer um santo, no abandono e na confiança absoluta.
Esta confiança Me honra tanto! Eu Sou como Sansão. Perco a
Minha Força de Juiz quando uma alma Me expressa a fidelidade de
seu amor. Não porque esse amor seja um grande amor, mas porque
é o maior que ela pode Me oferecer. Então Me comove e Eu Me
inclino a fazer a sua vontade. Uma vontade que Eu adoto como
Minha.” (Jesus deixa de transmitir a Justiça do Juiz para exercitar a
Sua divina Misericórdia diante de nosso amor fiel.).
20 de janeiro. Hora Santa. Eu: Obrigada mais uma vez, meu
Senhor. Como farás para cumular os dias de minha vida? Ele: “Esse
é o Meu Trabalho. Eu Sou a Plenitude. Tudo existe em Mim e em
Minha Riqueza bebem as almas de Fé. Mas é indispensável crer e
esperar. Exercita com maior intensidade esta bela virtude da
Esperança, para que cresça em ti. E pensa que quanto mais
esperares receber, tanto mais receberás. Espera, inclusive, o
impossível… e o terás. Lembras-te daquele santo que fez com que
se movesse uma montanha? Montanhas existem de muitos tipos;
mas a Minha Potência é sempre a mesma.” Eu: Então, Senhor,
posso pedir-te que sejas finalmente o único impulso e motivo de
minha vida? Ele: “Ajuda-Me a conceder-te. Neste esforço, seremos
outra vez uma só coisa: tu porás o teu esforço, Eu porei a Minha
Graça. E o mais fácil para ti será fazer com que reviva a Minha
Bondade. Tens, em um só dia, tantas oportunidades de ações, de
gestos e de palavras! Faz-Me renascer. E quando chegue a tarde,
se conseguiste fazer-Me reviver com o teu estímulo, Eu te darei o
Meu Encanto, e seremos mais uma vez uma coisa só. Tu não podes
saber com quanta veemência desejo isto... Vós não podeis
compreender como é o Amor de Deus, ainda que saibais de Sua
Paixão e de Sua Redenção. Sabeis isto, mas não tendes ideia
nenhuma do sentimento deste Coração que tão ardentemente o
deseja. Repete seguidamente: ‘Creio em Teu Amor por mim... em
Teu imenso Amor, nesse Amor sem princípio nem fim’. Filha Minha,
tiveste a sorte de provocar um Amor como Este!”
23 de janeiro. Hora Santa. “Quando te pareço terno, vês-Me
em justiça como Sou de verdade. E tanto é assim, que se
repassares as tuas lembranças, reconhecerás que as gentilezas que
te concedi têm sido bem superiores a tudo quanto esperavas. Ou
não é assim? Eu: Dono amado, cumulaste-me de bens. Ele: “Não te
admires então de que, tendo te colocado no cume, peça-te agora
que cumules, tu mesma, aos outros, quem quer que sejam, bons ou
maus, Meus amigos ou meus inimigos. Tu, que desde há tempo és
como um punhado de Minha Misericórdia, cobre aos que se te
aproximem; será esta a tua maneira de ganhar-Me. E Eu porei em ti
o que falte; e a eles, os tocarei como convier. Atua só por Mim e em
Meu Nome. Poucos são os que conhecem a força de Meu Nome,
que é uma fonte inesgotável e ansiosa de brotar. O que vivesse por
Mim e para Mim receberia surpreendentes privilégios, dos quais ele
mesmo não poderia glorificar-se. Mas para isto, é preciso pisar os
degraus interiores, desprender-se de todo egoísmo, olhar-Me, entrar
com o pensamento em Meu pensamento, habitar-Me. Não é certo
que quando encontraste naquele dia em P.C. uma fazenda aberta
pela guerra, veio-te a vontade de visitá-la, para admirar o
panorama? Recorda, então, que o Meu Coração está sempre aberto
de par em par para receber-te. Mas não está em ruínas, como
aquela fazenda destruída. Está vivo e palpita. Ama-te. “
30 de janeiro. “Agradece por ter sido cumulada acima de
quanto acreditavas possível.”
6 de fevereiro. Hora Santa. Eu: Quanto desejaria, Senhor, que
Te sentisses contente em meu coração! Disse-me: “Teu desejo já é
um chamamento, agrada-Me e Me glorifica muito, e em ti é uma
reparação. Pelo teu e pelo de outros. Se pelo menos uma vez ao
ano pensassem em Mim com algum afeto ! Oxalá admitissem o
pensamento de que Eu amo a cada um e o pensamento de que a
vida sobre a Terra é curta demais; e de que Eu necessito de toda a
Eternidade para amá-los! Oxalá entendessem que a vida presente
não é o fim, mas tão somente um meio que se lhes oferece para
ganhar a Outra! Ora muito por eles. Podes fazer muito sem que o
vejam. Eu Sou O que vê e ouve. Crê que levantando aos outros,
levantas a ti mesma! Vem ao Meu Coração e traz-Me a outros
contigo. Eu sei como falar a todos: aos vergonhosos e aos tímidos,
o mesmo que aos rebeldes e aos orgulhosos. Eu disse a Saulo:
‘Não te convém dar ponta-pés contra o Meu Ferrão’. Nesse mesmo
momento abdicou de sua vontade e Me disse: ‘Senhor, que queres
que faça?’ Que forte é a Minha Doçura, filha Minha! E a Ternura da
Minha Voz. Tu mesma o sentes um pouco assim. Ou não? Imita-Me
como possas. Oxalá pudesses trazer a todos! Quero dizer, às
pessoas que tens perto. Ensaia em dizer-lhes que Eu os amo, e até
que ponto: tanto, que perdoarei todos os seus pecados ao primeiro
movimento de contrição. Lança-os em Meus Braços e eles se
fecharão entre si e contigo.”
13 de fevereiro. Hora Santa. Eu: Senhor, como me cumulaste
no outro dia! Eu estava como por cima de mim mesma. E Me
disseste: ‘Já vês? Aqui estou.’ Ele: “Nunca estás só. Quando te
separaste de tua própria respiração, do sangue que corre por tuas
veias, de teu próprio ser? São tão poucos os que vivem para Mim e
para os outros! Outros por acaso, de vez em quando, mas logo
voltam ao seu egocentrismo. Nós dois, filha, estejamos sempre
unidos; que percas o olhar das pessoas e que o lugar da morada de
teu pensamento seja o Meu. Sou a tua Felicidade. Vos criei assim
para que Me habitásseis. Porque vos quero cumulados, como tu
estiveste no outro dia. E tudo isto, filha, é Amor e mais Amor…”
14 de fevereiro. Em um momento de tristeza. “Lembra-te de
que Eu andei por todos os vossos caminhos.” E logo, durante o dia,
disse-me: “Se quiseres ter a força necessária para fazer um
sacrifício, não olhes o sacrifício; pensa em agradar-Me.”
16 de fevereiro. Já compreendeste que Eu agora velo a Minha
Santidade e a Minha Justiça? Agora é o tempo do Amor, da
Indulgência, da Paciência, da Misericórdia; é o tempo de Minha
Confiança em vós, esperando uma resposta de generosidade. “Este
é o vosso Deus agora; ou seja, enquanto vivais sobre a Terra.”
16 de fevereiro. “Vive incansavelmente em Meu Amor. Não te
faço força. Eu não forço ninguém, nem sequer para que receba os
Meus Dons. És livre. Quantas vezes Me crucificaste com a tua
liberdade! Então, espero. Espero durante séculos. Não crês que te
esperei muito tempo? Não há alma que seja como outra. Então
nenhuma Me dará o que Eu espero de ti…”
De visita. “Não digas o que é melhor calar. E não guardes
silêncio quando deve-se falar.”
18 de fevereiro. Hora Santa. “Eu estou mais presente em ti do
que tu mesma; mas há momentos em que a Minha Riqueza se
sente por um acréscimo do amor. É quando tu pensas: ‘É Ele’. Eu
Me regozijo de que tenhas Me reconhecido. O que Me faz sentir mal
é isso de ficar perto de vós como um estranho, quase como um
indesejável… A pena de não ser querido. Vejo-Me obrigado a
depender de vosso acolhimento em Minha Atitude, Eu, que gostaria
de ser para toda alma o Pródigo do Amor. Mas, como poderia sê-lo,
se vós Me fechais a porta? Ia dizer: com olhar hostil e desconfiado...
Há muitos que temem que Eu lhes peça demais... Se soubessem o
quão felizes seriam se Me dessem tudo em um alegre abandono! O
melhor presente que podeis dar-Me é a alegria de servir-Me. Ainda
quando vos chegue o pensamento da morte não fiqueis tristes,
porque tomei o mesmo caminho. Minha Mãe também quis tomá-lo.
E a morte é, muitas vezes, a grande reparação de uma longa vida
de negligência egoísta.”
20 de fevereiro. Hora Santa. “Não há uma alma que seja como
outra; nenhuma pode dar-Me o que Eu espero de ti. Tens que
considerar seguidamente a ideia de que tu és algo muito
determinado no Pensamento do Pai. A pobre humanidade caiu tão
rápido... E se tu falhares, ninguém poderia substituir-te; os outros
têm, cada um, a sua própria missão. Então, ama e atrai; sê o
espelho amável de Minha Bondade. Serve-te dos meios que já te
dei e que deves aumentar, como o grãozinho pequeno que é a
semente da mostarda, que chega a ser uma árvore. Não duvides,
filha, e terás uma vida nova em uma alma nova. Não gostarias de
estrear uma alma nova a cada manhã?”
20 de fevereiro. “Concede mais importância às coisas
pequenas, essas coisinhas que com frequência descuidas pensando
que, pelo pequenas que são, não possam ser preenchidas com
amor. No entanto, Eu, que Sou Deus, não vejo as coisas como vós
as vedes. Credes que aos Meus Olhos haja um grande diferença
entre as ações pequenas a que vos obrigam os vossos deveres de
estado, vossos pequenos momentos fugazes, e os que vós chamais
de ‘grandes acontecimentos’? Buscai, pois, adquirir esse segredo,
que vos permitirá encantar-Me com qualquer coisinha que façais.
Isso Me daria tanta alegria, que Me sentiria tentado a agradecer-
vos. Que o Meu Beneplácito seja a vossa ‘razão suficiente’ para
tudo. E assim será quando Me ameis mais do que agora. Filha
querida, considera o quanto Eu tenho feito por ti, e com isto se
acenderá o teu zelo.”
26 de fevereiro. Meu aniversário. Ele: “Olha-Me, estou cravado
na Cruz, e já não poderei servir-Me de Meus Braços aqui sobre a
Terra. Empresta-Me então os teus enquanto durar-te a vida. E
empresta-Me a tua cabeça, repleta de Meus Pensamentos, para que
Me valha dela, se tu quiseres, até o dia do Encontro.”
27 de fevereiro. Ele: “Procuras-Me? Procuras-Me com
insistência? Porque, como poderias encontrar-Me, se não Me
procuras? Sem Mim nada podeis fazer. Vós procurais sempre o que
vos falta e, o que poderia fazer-vos mais falta do que Deus? Eu
gosto de atuar em vós e por meio de vós. O que poderia ser-nos
impossível, filha, se trabalharmos juntos? Tu Me dirás: ‘Senhor, a Ti
a Glória, a Ti toda a Glória. Porque eu nada sou.’ E será verdade.
Mas entregando-te ao Meu Serviço serás o instrumento de teu
Deus. Mas para isso é preciso que estejas disponível a todo o
momento; este empenho teu O glorificará. Imagina: Eu, que Sou
eternamente feliz no seio de Meu Pai, tenho um Amor tal pela Minha
criatura, que não posso prescindir dela; o Meu Amor é de uma
perfeição que não podeis imaginar. E se a Minha criatura consente
em retirar-se das coisas do Mundo para consagrar-Me todas as
suas faculdades, ainda que fossem só uns minutos a cada dia; se
consente em fazer o silêncio em si mesma para escutar-Me com
amor, obriga-Me, para dizê-lo de algum modo, a tomá-la em Mim e
entregar-lhe os Meus Segredos. E os Meus Segredos, ao aumentar
a Fé, aumentam a Força. E o seu objetivo é um só: o de aproximar-
vos a Mim. Benditos Segredos que consumam a União! Filha Minha,
purifica sempre a tua intenção para que se reconheça o Meu Rosto
no teu. Lembras-te de que eu dizia que o que Me vê, vê também o
Pai? Pois que contigo seja o mesmo!”
6 de março. Eu tinha recebido telegramas e chamadas
telefônicas por mil e um assuntos. Disse-me: “A vida é assim; coisas
imprevistas, mudança de lugar. Tempo variável, tempo tormentoso.
Afirma-te em Meu Coração. Não tires o olhar de Mim; ou para pedir-
Me conselho ou para dizer-Me que Me amas. Mantém-te na
tranquilidade, lembrando-te de que nada acontece sem que Eu o
permita. É a melhor atitude para convencer as pessoas do Bem. É
como Eu respondia à astúcia dos fariseus. Que a tua alma viva na
serenidade, feliz por estar submetida à Minha Vontade... Não
percebes, quando recordas o passado, que a Minha Vontade estava
sempre ao serviço de teus interesses? É que te amo. E, como a Ti,
amo todas as almas; cada uma recebe de Mim um amor que é
somente para ela. Desço aos detalhes. Compreendes? O Meu Amor
não é um amor de massas. Por isso tenho necessidade de cada
alma como se ela vivesse sozinha no Mundo, como se o Universo
tivesse sido criado só para ela... E o Meu amor é ainda maior que o
Universo. Que este pensamento seja a tua força e te dê uma calma
sorridente. E façamos com que a Minha Mãe entre no jogo. Crês na
eficácia de Seu Amor? Podes estar segura de que com Nós dois
podes chegar a grandes coisas; mas sem Nós... já conheces o teu
nada.”
6 de março. “Cada alma recebe de Mim um amor particular.
Por isso vivo tão reconhecido para com aqueles que inventam
formas para atrair a Mim os pecadores. Pensa! Dei a Minha Vida por
eles e nas mais atrozes torturas! Pobrezinhas almas que, com um
humilde arrependimento, já estaríeis em Meu Coração. Fala-lhes
com doçura, com afeto, porque um movimento brusco poderia
afastá-las ainda mais.” Eu: Senhor, amanhã terei que encontrar-me
com um pecador. Ele: “Eu te darei o tato necessário e estarei em ti,
como sempre. Tu Me olharás e Me chamarás. Dir-Me-ás: ‘Fala por
mim’. E Eu te escutarei.”
13 de março. Hora Santa. “O Meu Amor Me empurra a falar-te,
e aguardo este momento como um delírio de alegria. Não o atrases.
Olha-Me e escuta-Me; Sou o teu Único. Alegra-te muito com o Meu
Favor. Com ‘muito’ quero dizer que com uma profunda humildade e
avidez de agradar-Me. E como? Compartindo o Meu Júbilo. Se Eu
fosse o único em desejar este momento de nossas confidências
silenciosas, em uma extrema intimidade, nesta profunda União de
nossas vontades, e com felicidade de estar juntos e mais ligados do
que nunca; se Eu estivesse só, crês que a Minha Doçura seria a
mesma? É que a tua alegria faz a Minha alegria, e Eu lhe
acrescento o júbilo que tenho em dar-te. Tens tanta necessidade!
Muito maior do que imaginas. O que seria de ti se Eu suspendesse
o socorro que te dou? Não contes jamais contigo mesma; do
contrário, privas-Me do gosto de vir em teu auxílio. E quando vejas
um bom meio de aproximar-te de Mim, aproveita-o logo e, já mais
perto, descobrirás outro meio novo e, de etapa em etapa,
progressarás no caminho da simplicidade no amor. Inclina-te à
simplicidade; ela te manterá pequena; recorda aquela palavra que
diz que o amor não se preenche com orgulho. Põe a tua segurança
na Potência cheia de Misericórdia. Sê fiel a Mim e tem-Me
confiança. Deixa-Me atuar em ti e por ti. Não busques resultados
que te satisfaçam, mas que sejam aceitáveis para Mim: o amor
consiste em não pensar senão no outro. E aqui ‘o Outro’ é nada
menos que Deus, o teu Salvador. Bem podes dar-Me todo o teu ser,
toda a tua vida, pois Eu te dei todo o Meu Ser, toda a Minha Vida.”
Eu: Senhor, que pena que não tenho várias vidas! Ele: “Centuplica
os teus desejos e eles ocultarão a tua pobreza. Porei sobre os teus
ombros aquele farrapo miserável e ensanguentado que Me jogaram
em cima para rir-se de Mim diante de Pilatos... Centuplica o teu
amor com desejos, com nostalgias, com olhares de carinho, com
uma companhia constante. Todas essas ações delirantes Eu as
colho como flores imortais e as guardo como um avarento.”
20 de março. “ Que bem Me faz o carinhoso cumprimento que
Me dás todas as manhãs ou quando despertas durante a noite!
Porque tu Mo ofereces sem que eu te peça. É como um cinto que
envolve e aperta. Mas já é muito tarde, volta a dormir... sobre o Meu
Coração.”
20 de março. “Tu não sabes a alegria que Me causa um ato de
amor teu. A alegria de não sentir-Me um estranho; esse ‘indiferente’
que Eu Sou para a maioria dos homens. Tu deves compreender-Me
melhor. Diz-Me as tuas palavras mais íntimas; eu as porei sobre o
Meu Peito como um ramo de mirra. Adora este Amor Meu que tem
necessidade de ti. Adora essa extrema Delicadeza Minha, que te
confia os Meus mais escondidos Pensamentos, te abre os Meus
Desejos, e sê um pouco para Mim o que Eu Sou para ti. E vê que
mal to peço, pois a vossa liberdade não Me deixa dizer as palavras
que Eu gostaria... É como se Eu aguardasse que por vós mesmos
intuísses o que o Meu Coração deseja. Por isso a Minha alegria é
tão grande quando Me sinto adivinhado…”
20 de março. Hora Santa. “Inquieta-te o pensamento da
morte? Não. Alegra-te de que morrerás, e esta será a maior prova
de amor que possas dar-Me. Oferece-Me a tua morte desde agora,
com perfeito desprendimento, e eleva o teu espírito até o heroísmo.
Pensa para ti mesma que ainda quando não devesses morrer,
gostarias de morrer para unir-te a Mim, já que eu quis morrer por ti e
por Amor. Com isto Me darás a maior Glória que uma criatura possa
dar ao seu Criador. Oh! A morte preciosa dos santos, que tem
ressonância nas regiões celestes da Casa do Pai! Não temas perder
a tua vida de um momento, para entrar no Encontro Eterno com o
teu Bem Amado. Porque Eu estarei aí. Será o momento da Fé, da
Esperança e da Caridade. Entra profundamente nesses
sentimentos. Simplesmente e para sempre. Estás com o teu Pai,
com o teu Esposo, estás na Família de Deus. Vive, pensa e ama
como em família. Isso será um sinal de amor.”
“Que doce é para Mim esse ‘bom dia’ que Me dás quando
acordas, ao amanhecer ou à meia-noite.”
27 de março. Hora Santa. Eu tinha recebido uma Graça muito
grande de ordem temporal. Disse-Lhe: Mil obrigadas, meu Amor. Eu
o disse com lágrimas. Ele: “Já sabes o quanto gosto desses vossos
agradecimentos, alegres como de meninos. Já sabes que o que é
simples e sincero cai diretamente em Meu Coração. Nesta semana,
que precede a Semana Maior, busca aproximar-te de Mim, que Me
verei sobrecarregado de dores. Quisera que estivesses Comigo.
Queres fazer o ensaio de não deixar-Me por nada? Como
Magdalena, como a Minha Mãe. que não haja nada em teu
pensamento fora de Mim e de tua preocupação por consolar-Me.
Quando o fazes, com frequência te dou uma alegria muito viva, na
qual Me reconheces, e o teu coração se derrete de amor. Tu és
fraca demais para poder agradecer-Me por uma prova que te
mande. Então, usa os meios que estão ao alcance dos pequenos.
Vês a Minha Delicadeza? Desço até vós para que não tenhais o
constrangimento de achar-Me grande demais. E é então quando vos
dais alegremente. Eu não gostaria que Me desses por compaixão;
uma reticência é como um arrependimento. Quero-vos alegres em
Meu serviço de amor. Não te sentes contente quando podes
oferecer-Me alguma coisa? O Amor gosta de servir. E agora, quisera
saber se posso expressar-te um desejo. Ouves-Me? Quero que
chegues a ver habitualmente o teu próximo como se fosse Eu e que
Me vejas em todos os acontecimentos pequenos do dia. Que a todo
momento penses em teu Salvador. Faz isso agora, que estás
comemorando os últimos quinze dias de Minha Vida e com a maior
ternura que for possível. Com isto, as tuas relações com o próximo
sofrerão uma mudança que vai te encantar. Não temas ultrapassar-
te em unção para com ele: é assim como o Bem atua. Não tens
visto como o mal pode chegar a seduzir as pessoas? Tu deves
exercer a sedução do Bem. Eu o farei em ti. Tu pões a tua
humanidade ao Meu Serviço e eu saberei valer-Me dela. Com
frequência tens a impressão de que fazes algo, mas Sou Eu Quem
o faz em ti. Assim aconteceu no outro dia. Tu dissestes a X. uma
frase que a impressionou profundamente, e ela teve que conter as
lágrimas. E tu pensastes: ‘Não fui eu Quem fez isto.’ Lembras-te?
Como vês, atuamos juntos.”
29 de março. Eu falava a meu Deus. Ele: “Quero que sorrias.
Que neste momento haja ao menos uma só alma no Mundo, que
conversa Comigo com sorridente carinho. Ia dizer que com
‘familiaridade’, mas tu duvidas dessa palavra… Compreendei que
Eu desejo relações novas, rejuvenescidas. Não viveis na lei do
temor, como antes. Filha Minha, que o teu coração entoe um
jubiloso Hosanna.”
Quinta-Feira Santa. “Assim como os maus desejos são a fonte
de todos os males, assim também os desejos bons são a origem de
todo o bem. Exercita-te ao longo deste dia em piedosos desejos de
união Comigo, de purificação de teus defeitos, de lamentação por
teus pecados. E finalmente, de desejos contínuos de estar Comigo a
todo o momento.”
Páscoa. “Os discípulos de Emaús Me diziam com empenho:
‘Senhor, fica conosco.’ Agora Sou eu Quem te diz: ‘Fica Comigo’.” E
com um tom suplicante: “Filha Minha, não te vás.” À tarde, nas
Vésperas: “Graça desta Páscoa: Já não viverás senão em Mim e
por Mim.”
8 de abril. Eu havia estado cuidando o jardim e perguntei-Lhe:
Senhor, estás contente? Ele: “Estou contente, mas não é porque
tenhas trabalhado no jardim. Estou contente porque pensaste
continuamente em Mim. O que Me importa não é o que fazes, senão
o abraço de teu amor.”
10 de abril. Hora Santa. Eu: Acompanho-Te, meu Senhor, no
Horto das Oliveiras. Ele: “Tua fidelidade é-Me preciosa; é uma
homenagem que me acaricia. Em Minha Generosidade para
convosco, encontro como natural sofrer os horrores da morte; mas
quando vós vos ofereceis para sofrer e compartilhar Comigo, sinto-
Me como ferido por uma flecha no coração e quero ser com vós um
só impulso de Amor, para que o Pai nos veja com o mesmo Olhar. A
Minha Sensibilidade é única; todo pensamento compassivo e terno
ressoa Nela enormemente. E isso, ainda quando vós não saibais
bem o que fazeis, ainda quando tudo seja um mero ensaio. Sempre
tomo em conta o menor movimento bom em vós e Me alegro nele.
Já vês a simplicidade com que Me comunico contigo: humilha-te
diante de uma Bondade tão grande e o Amor que a inspira. Sim,
filha, Eu amo o nada que és. Até tal ponto, que se tu Mo permitires,
quero tomar em ti todo o lugar vazio... Perde-te em Mim, abandona-
te. Desaparece de teu próprio pensamento para entrar em Meu Ser
eterno. Existe por Mim. Sê Minha.”
17 de abril. Hora Santa. “Nunca te encontro, filha,
suficientemente perto de Mim; não te comuniquei ainda bastantes
Palavras Minhas íntimas. Continuo com sede. Tu pensas: ‘Que difícil
Ele é para satisfazer-Se!’ Mas deves crer que um pequeno esforço
vosso e um gesto qualquer Me arrebata, do modo como uma mãe
se encanta quando vê no rosto de seu filhinho uma expressão nova.
Eu espero, como Minha felicidade pessoal, os vossos progressos no
amor. Porque tudo o vosso é para Mim algo pessoal. Vós, Meus
amigos, sois parte de Mim mesmo, assim como Eu formo parte de
vós. Por que teria que ser Eu somente quem desejasse esta União
apertada? Não a quereis vós também? Para um amigo, é penoso ter
que estar sempre insistindo: ama-Me, pensa em Mim, trabalha por
Minha causa, dá-Me a tua vida. Não crês que um Amigo assim
estaria feliz se adivinhássemos os Seus Desejos? E quando isto
acontece, é para ele como uma flecha de felicidade; a alma que Lhe
dá se acenderia se fosse capaz de compreendê-lo. Tu, que recebes
no silêncio do teu coração estas confidências, sê esta alma que crê
sem ver e se supera a si mesma, segura como está de não fazer
nunca demais. Não tires de Mim o teu olhar e oferece-te, filha
Minha.”
25 de abril. Montmartre. Faltava uma das lamparinas que
ardem diante do Santíssimo Sacramento. Disse-Lhe: Senhor,
permites-me que eu ponha ali o meu coração para arder para
substituí-la? Respondeu-me: “Arder não seria suficiente; há que
chegar até consumir-se. Ou seja, arder até o fim. É o que Eu fiz por
vós. Tu sentes o desejo de fazê-lo por Mim? Para isso, tens que
simplificar tudo em ti, rumo a uma meta só e em um só movimento,
em direção ao teu grande Amigo. Não pensas que esse é o teu
repouso, o teu fim, e que isto mudaria o teu ser inteiro? Não te
parece que o Meu chamamento é uma bênção? E que, se
responderes a ela, estabelecer-te-ás na alegria? Responde, filha.
Responde sem cessar e as tuas forças crescerão. E terás que dar
aos outros, e a tua força passará de alma a alma, como uma tocha
que passa de mão em mão. Mas a Fonte Sou Eu. Bebe em Mim,
diretamente. Quanto mais de perto beberes, maior será a tua
riqueza. Não busques, filha, longe de ti. Busca-Me em ti, como o
círio tem a sua chama.”
27 de abril. “Nesta noite quando foste à janela aberta para
contemplar o céu estrelado, cujos reflexos caiam sobre as cerejeiras
em flor, escutaste cantar o rouxinol da ilha e sentiste a alegria de ter
um Esposo tão grande. Que este e outros espetáculos da natureza
aumentem a tua confiança em Mim. Joga longe de ti a desconfiança.
Não Me honra.”
30 de abril. Florença. Ele: “Espero-te para Mim e espero-te
para os outros.”
1º de maio. Sentada, contemplava a magnificência do
Santuário de Assis. Ele: Busca compreender: isto é magnífico
porque ele foi pobre.”
2 de maio. Em Roma. “Vê em Mim o Amor indulgente. Se Me
vês como se fosse severo, causas-Me pena e Me deténs. Eu Sou o
Amor. Então, olha-Me como a Doçura, a Delicadeza, a Ternura.
Perdoar-Me-ás se to digo e repito? Modifica o teu olhar. Ensaia.”
3 de maio. Roma. Na Capela das Escravas do Santíssimo
Sacramento. “Não tens confiança suficiente em Mim. Quem Me dará
esses olhares que Eu espero de ti? Pensa mais seguidamente que
Eu te dou tudo e que to dou por nada. Todo o Meu Céu por pouco,
pelo nada que tu és e por teus escassos Méritos. Pensa nisso
seguidamente, para que o teu coração se mova.”
4 de maio. Roma. Basílica de São Pedro. Beatificação da
Madre Alix Le Clerc des Oiseaux. Eu me sentia longe dele, por falta
de confiança. Disse-me: “Quem achas que Sou? O que é o que
pensas de Mim? Aqui estou, para amar-te e desculpar-te. É a Minha
Misericórdia a que beatifica os santos. Expia. Modifica-te. Porque a
tua Natureza é dupla: uma está de férias e a outra tem permissão.
Não é assim? Tem domínio sobre ti mesma por amor a Mim, e o
Amor te ajudará.” Pouco depois, eu orava pelo Papa, que estava de
joelhos diante do Santíssimo Sacramento. Jesus disse-me: “Sim, tu
podes ajudá-lo.”
5 de maio. Nas Catacumbas de Santa Domitila. Durante a
Missa. Disse-me: “Outras vezes te falei de teu olhar; agora quero
falar-te da maneira de olhar-Me. Confiança. Doação.”
Frascati e Castelgandolfo. Diante das doces nuances do Lago
Albano. “Quando compreenderás o Meu Amor?”
Rocca di Papa. No teleférico que leva a Nossa Senhora do
Tuffo. “Alcança finalmente o grau de intimidade que Eu quis para ti.
Derruba a barreira. Entra em regiões que não suspeitas.”
22 de maio. Roma. “Deves chegar até a desejar a Morte, pois
te leva ao teu Fim. Já se aproxima. Sente por isso uma grande
alegria. A morte leva à Vida. Então, tudo o que deve acontecer em
tua vida é de pouca importância para ti. O importante é agradar-Me.”
22 de maio. Eu estava passando por uma série de angústias.
Disse-me: “Não resistas a passar pela prova. É possível que Eu a
necessite para a salvação de um pecador. Mais tarde verás todo o
bem que saiu de teus sofrimentos; para ti mesma e para os demais.
E agora que aceitaste o sacrifício, não te sentes mais desligada da
Terra, e como que disposta para a partida? Não sentes o curto que é
tudo quanto acontece? Crava os teus olhos na Verdade... que viver
seja para ti uma linguagem de amor em Mim e para Mim. Que os
instantes que ainda te restam para viver sejam só bondades,
ternuras, dom de ti. Recorda como na véspera de Minha Morte, na
Última Ceia, todo o Meu Ser Se manifestou em Amor. Lembra que
chamei a Judas de Meu amigo; então, sê toda tu, indulgência e
misericórdia para com todos. Imita ao teu Esposo. Deseja a
identificação com Ele; tantos outros têm feito o esforço; por que não
haverias de fazê-lo também? ‘Como Ele’ , poderia ser o teu lema.
Terás plenitude de alegria e de paz, pois Eu te ajudarei: o Amor não
se detém. E quando vejo o trabalho de uma alma de boa vontade,
tomo sobre Mim, cheio de carinho, a maior parte. Crê e chegarás a
amar.”
Pentecostes. Ele: “Faz-Me a honra de ler, a cada dia, algumas
das Palavras que te disse.”
29 de maio. Eu estava cheia de alegria, esperando alguns
visitantes. Disse-me: “Pensas tu, de vez em quando, na Alegria com
que Eu te espero no Céu? Se tu, tão limitada como és, sentes tanta
emoção quando chegam as tuas visitas, qual não será a Minha
Emoção ao receber os Meus filhos lá em cima? Oxalá que o
compreendas: Eu, sendo Deus, tenho também as Minhas Alegrias
interiores, como tu as tens. És de Minha mesma Raça. Eu conheci,
como tu, os estremecimentos da emoção. Deseja!”
29 de maio. “Entrega-te ao pensamento da festa do Encontro,
tu que tens organizado tantas festas. Dá-Me a honra de crer que Eu
também sei organizar as Minhas. É o programa do Amor.”
4 de junho. Valloire en Saboya. Eu examinava as minhas
palavras. Disse-me: “O que sai de ti é o que tu mesma és.”
10 de junho. Oitava de Corpus. Desde o Ostensório, disse-me:
“Olha como te olho.”
15 de junho. Festa do Sagrado Coração. Ele: “Encerra-te em
Mim. Se tu soubesses Quem Sou, rogarias-Me hoje por todos os
pecadores; os que tu conheces e os que não, com a confiança que
o Infinito merece. Encerra-te em Mim para não sair nunca, como
uma irmã enclausurada, e o Claustro é o Meu Coração. Nele viverás
no meio do Mundo; é Ternura; Caridade. Não temas a
transformação. Abandona-te ao cinzel que talha: tudo é para o teu
bem. O Meu Amor chega à loucura, e o bem que quero fazer a este
ou àquele, quero fazê-lo por teu intermédio. Nem sempre
perceberás. Haverá ocasiões em que te perguntarás: ‘Quem foi o
que falou aqui? Fui eu ou foi Ele?’ Eu Me fundo em ‘Um’ com a
Minha criatura fiel. É o Meu Desejo. Não o de uma unidade
passageira, senão de uma duradoura. Quem Me dará a alegria de
convidar-Me à peregrinação de sua vida? Quem Me dirá, em direção
ao final: ‘Eu quisera continuar vivendo por Tua causa, mas é doce
para mim morrer por Ti’? Eu convidei todos os homens; quero a
união com todos eles. Mas são poucos os que Me escutaram, muito
poucos suportaram o convite. Então, filha, consente tu. Ainda é
tempo. Consolar-Me-ás, repararás por teus pecados, dar-Me-ás a
alegria do perdão. Pobrezinhas criaturas Minhas, quão grande é o
vosso poder! Derrete-te, filha, de amor e de reconhecimento. A
quem, senão a Mim, tu poderias amar?” Eu: A ninguém, Senhor,
fora de Ti, ainda que pouco Te conheço…
17 de julho. Hora Santa. “Não posso retirar o que te disse: que
as almas que se oferecem a Mim como vítimas são as que estão
mais perto do Meu Coração. Por que te espantas em oferecer-te
assim a cada manhã? Por acaso te faltaria a Minha Graça? E logo,
as vítimas não são imoladas todos os dias? Guardam-se
separadamente, alimentam-se de maneira especial para que a sua
vida suba como um holocausto reparador e fecundo. Eu fui vítima
todos os dias de Minha Vida. Não queres ser a Minha irmã?”
19 de junho. “O que és tu sem Mim? E se não queres separar-
te de Mim, como é que não buscas unir-te mais a Mim? Nada te
impediria. Tu comungas de manhã; podes passar o dia inteiro em
ação de Graças. Quem te impede? Tu queres amar-Me em toda
ocasião. E o que acontece se te vires cercada de gente? Podes
seguir amando-Me em teu próximo, ninguém te impede. E quando
sobrevém alguma circunstância alegre e doce, recebe-a como a
Mim Mesmo. Quando Me escondo, tu tens que descobrir-Me. Tenta
ganhar neste jogo, que é o Jogo de Deus. E quando ganhares, crê
que Sou Eu Quem ganhou mais. Eu, o mais sensível.”
“Estar atenta? É fazer o vazio em ti, para dar lugar ao desejo
de Mim. Então venho.”
19 de junho. Eu olhava milhares de florzinhas amarelas em
forma de estrelinhas, e pensava no firmamento. Disse-me: “Se se
considerassem as Minhas Obras com maior frequência do que as
obras dos homens, que fácil seria aproximar-se de Mim! Mas os
pensamentos estão cravados na Terra. Tu, busca-Me. Não só uma
vez ao dia, senão em todo o tempo. Que a tua vida seja Minha sem
interrupções. Se respiras é porque Eu estou contigo e continuo
criando-te. Que o teu alento seja o Meu. É tão simples! E será muito
forte em ti.”
20 de junho. “Se Eu não soubesse que a finalidade de tuas
riquezas é a Minha Glória, as tiraria de ti. Mas Eu o sei.”
21 de junho. “Se vós Me oferecêsseis as vossas alegrias e os
vossos abatimentos, Eu vos enviaria poucas provas, porque o que
busco é a vossa União Comigo; mas a verdade é que não tens o
costume de vir a Mim, senão quando sois desgraçados. Vinde a
Mim em todo o tempo!”
26 de junho. “Não são os lábios os que devem orar, filha,
senão o teu coração é o que deve olhar-Me e falar-Me. Não vês a
diferença? A diferença existe para ti que Me falas e para Mim, que
te escuto. Em primeiro lugar, põe-te na Minha Presença. Por que
não o fazes? É tão doce! Ou não Me amas o suficiente como para
estar feliz diante de Mim? Não é o temor, é a falta de costume: esse
hábito de estar em Meus Braços, que deves adquirir a todo o custo.
Queres ensaiá-lo agora mesmo? Sim, te ajudarei. Enriqueço-te
quando Me mostras confiança. Feliz intercâmbio, no qual O que
recebe menos é O que fica mais contente! Não é verdade que te dei
muito? Pois, tudo o que te dei, oferece-Mo, para que tudo sirva à
Glória do Amor. E tudo pode servir, ainda as menores coisas; Eu
Sou grande, e por isso posso alcançar-te. E por isso estou ávido de
ti, ainda em tuas coisas mínimas.”
27 de junho. Em Redon. Ao despertar. “A maneira do diálogo é
mais importante do que o próprio diálogo: fala-Me com o entusiasmo
do amor.”
1º de julho. Às quatro da manhã um pássaro cantava. Disse-
me: “Quantos corações Me cantam ao despontar o dia? Tu, nunca
deixes de fazê-lo, pois a Natureza que te fala é a Minha Voz.” (Na
Missa) “Tua vida? Toda União.”
10 de julho. Hora Santa. “Vives a tua vida para Mim? Amas-Me
o bastante para não querer outra coisa fora de Mim? Não penses
nunca no dinheiro pelo dinheiro; pensa nele pelos motivos de Minha
Glória. Busca servir-Me por todos os meios, assim como Eu, quando
vivi na Terra, fiz tudo para servir-vos. E por que te cansas de ser boa
para com os outros? Não estou neles? Cansarias-te de ajudar-Me
se Me visses perto de ti? Se Me visses, ajudarias-Me com amor e
com júbilo. Dirias-Me: ‘Queres algo mais, meu Amor? Está bem o
que fiz?’ Atua sempre como se Me visses com os olhos e Me
sentisses com o coração. Sempre estou contigo. Por isso, deves
buscar-Me não somente no exterior de Minha Vida, senão em Minha
interioridade: a que tenho com Meu Pai. O Meu contínuo
oferecimento por vós. As Minhas Reparações, os Meus Silêncios de
Amor. As Minhas humildes Submissões de Homem-Deus diante de
Deus, Meu Pai. E como sempre, te digo: Une-te, e para animar-te,
pensa que isso Me causa uma alegria que tu nem sequer suspeitas.
Não gostas de comprazer aos teus amigos?. Então... a Mim? Une-te
a Mim. E nem sequer isso é suficiente para o Meu Amor; habita-Me,
como Eu te habito. Nisso, tens um motivo de adoração amorosa e
de um emocionado reconhecimento. E permanece bem pequena,
perto de teu Grande.”
17 de julho. Hora Santa. Não gostarias de ser a Minha ‘irmã’?
Seria um modo novo de estar perto de Mim. Um simples esforço de
generosidade. Nada te custa. E se é um esforço de amor, nem
sequer o sentirás; quererás fazer mais dez vezes, e te parecerá
pouco o que já tiveres feito. Filha querida! Não fiques nas boas
intenções; mais tarde te doeriam as ocasiões perdidas de amar-Me
mais. A vida foi-te dada para arder de amor; é algo que está ao
vosso alcance; tens apenas que querê-lo. Qual é o segredo dessa
vida que não se parece a nenhuma outra? O seu caminho é o Meu;
o Espírito a faz voar, a envolve e a guia. Que belo caminhar juntos!
A alma se vê na posse de tais esforços, em que tudo lhe parece
fácil, e a virtude é para ela algo natural! Invoca ao Espírito para que
venha arrebatar-te! Sim. Cada dia, no momento de oferecer-te como
‘vítima serviçal’. Porque servirás aos teus irmãos, e este servi-los
será a prova do Espírito.”
24 de julho. Hora Santa. “Qual dos dois é o que aguarda com
mais impaciência que chegue o momento da intimidade? Já sei que
pensas nele, e te preparas, e vens por dever. Mas Eu venho por
Amor. Pede-Me este Amor, como se Eu fosse um mercador.” Eu:
Mas com o que Te pago? Ele: “Pagar-Me-ás com um agradecimento
que se fará ardente, como a tua alegria. O que Eu vos dou
ultrapassa os vossos pobres meios e acende sentimentos novos,
dos quais não vos sentis capazes. Esta região desconhecida vos
assusta, e vos demonstra que Sou Eu Quem atua em vossa alma
quando é atenta e dócil. Sê atenta, filha! É um meio muito bom para
conseguir-Me. E ser atenta é fazer o vazio em si, para que possa
arder o desejo de Me possuir. Então Eu venho com Graças tanto
maiores, quanto mais desejado Eu for. Não é certo que tu te
apressas quando sabes que te desejam? Ou por acaso, não gostas
que te chamem por ter sido escolhida, e que te busquem para estar
e falar contigo? Eu Sou ainda mais sensível: Sou sempre ‘O-que-
ama-primeiro’. Comove-Me muito que façais algo, ainda que seja
pouco. Os Sentimentos do Homem-Deus são finos e delicados;
ninguém suspeita dos movimentos do Meu Coração e, sobretudo,
ninguém pode responder-lhes adequadamente. Aprende um pouco
a cada dia, para que finalmente chegues a saber…”
27 de julho. Durante a Missa Maior. Nunca te veio o
pensamento de que ainda não nasceste? Porque o verdadeiro
nascimento é a entrada na outra Vida. Prepara-te... prepara-te…
Pensa na vida da lagarta humilde que se arrasta sobre a terra. Logo
se converte em crisálida. E a crisálida leva uma vida secreta e
oculta, que finalmente se transforma em borboleta multicor, que voa
livremente. Alegra-te de que logo nascerás à Vida da Plenitude.”
31 de julho. Hora Santa. “Não interrompas os nossos colóquios
com pensamentos estranhos que poderias facilmente afastar de ti.
Não valem os minutos que Eu lhes concedo. Entra em ti mesma; ali
Me encontrarás sempre, já que tu Me amas e guardas a Minha
Palavra. Então Eu venho e Me instalo em ti. E ainda quando não te
fale, ali estou. Põe-te aos Meus Pés, disposta a escutar-Me. Põe a
tua vontade ao uníssono da Minha: isto é a União. É assim como Eu
Me mantinha sempre diante de Meu Pai: ‘Que se faça a Tua
Vontade e não a Minha’. E nisso mesmo reconheço os Meus: são os
que renunciam aos seus mais leves desejos próprios, para entrar
em Meus Caminhos. Esses Me irradiam sem saber que Me irradiam.
O Espírito os possui e Se expressa por eles. Pede com frequência
esta invasão do Espírito. Ele sopra onde quer, mas muito mais sobre
aqueles que O chamam.”
10 de agosto. Lourdes. Durante a Procissão com o Santíssimo
Sacramento, eu pensava em uma resposta orgulhosa que acabava
de dar. Ele me disse com terna compaixão: “Que trabalho te custa
ser pequena!” Lembrei-me então do que me havia dito outra vez
nesse mesmo lugar, rodeado de cardeais e bispos com ricos
hábitos: “Como vês, Eu aqui Sou o menor.” Dizia-o de Sua Presença
no Ostensório.
“Pede à Minha Mãe a Graça de viver com Ela, em Nossa
companhia.”
15 de agosto. Eu ia pela rua. Disse-me : “Te amo tanto!”
9 de setembro. Lourdes. Na Gruta. “Os três juntos: Eu, Ela, tu.
Eu recebo com Amor, Ela o transmite e tu te ofereces com toda a
veemência que te for possível. E o Pai nos vê.”
11 de setembro. Na Gruta. Desprende-te de ti mesma, e vê se
aqui mesmo, estás atuando por Mim ou por ti. Não existas diante do
teu próprio olhar. Converge-te toda em direção a Mim. Sobretudo
em teus pensamentos, porque deles dependem as tuas ações. Não
poderias fazer, no meio do teu dia, um pequeno exame de
consciência que te pusesse em direta relação Comigo? Chamo-te
com tanta frequência! Tu, chama-Me, para que Eu te conceda vir;
porque não Sou Eu o que se nega a vir, senão tu. Pede à Minha
Mãe a Graça de viver como Ela; e em Nossa Companhia, que é
muito mais real do que o Mundo todo. Entra em Mim. A vida de tua
alma é a que importa, e tudo deve ficar-lhe subordinado. E Eu, em
teu centro. Tudo deve ser Meu e para Mim, pois somos Um, como
Eu o Sou com o Meu Pai. Tenho te dado o exemplo, filha: nesta
Gruta bendita entrega-te toda inteira e para sempre. E tua Mãe será
a que assinará o trato.” (Depois, durante a procissão com o
Santíssimo Sacramento, perguntava-me como Ela poderia assinar
por Mim). Ele: “As mães levam pela mão (a vontade) as suas
filhinhas.”
18 de setembro. Le Fresne. Hora Santa. “Compreendeste bem
que podes vir repousar em Meu Coração? E se já o compreendeste,
por que não vens? Causas-Me uma privação. Vejo-Me obrigado a
esperar e a não insistir, pois Eu respeito a tua liberdade. Aqui estou.
Desejo que sejas Minha. E tu não vens! Peço-te somente que
penses nisto mais seguidamente; então virás a Mim com mais
frequência. E Eu te darei o Meu Amor, a Minha Paciência para com
o próximo; compreenderás melhor que o próximo Sou Eu e tu irás a
ele por amor a Mim, com simplicidade, e sempre com a ideia de que
vales menos, como se fosses a última dentre todas as almas. Tens
recebido Graças incomparáveis. Então, deixa-te a ti mesma para
seguir-Me e crê firmemente que, ao deixar-te, não deixas nada que
valha a pena. Esta é a verdade, filha Minha.” Mais tarde, no meio de
uma reunião cheia de gente, eu disse-Lhe: Apesar de tudo, estou
Contigo. Ele respondeu: “Desculpo-te. Sei como são as coisas, o
que não Me impede de desejar-te recolhida, com o teu olhar no
Meu. Não quero estar na condição de um homem abandonado em
uma dolorosa solidão, quando um sorriso amável de alguém que
passa o aliviaria grandemente. Rogo-te: não uses com amplitude
demais a tua liberdade em detrimento de Minha Alegria. Dá-te a
Mim.”
21 de setembro. (Na Missa, adorava os Seus Olhos). Ele
disse: “São Olhos que vêem.”
25 de setembro. “Semelhante ao amor a Mim é o amor ao
próximo. Que programa, filha, se é que entendes! Como buscarás o
próximo para encontrar-Me e servir-Me nele com delicadezas que o
surpreenderão e o comoverão! Porque nada alcança tanto como a
bondade, a bondade que vai à frente.”
25 de setembro. Dedica-te à bondade. A essa bondade que
toma a dianteira e prevê as coisas. E no dom, acresce também a
boa graça. Assim pacificarás e consolarás aos teus irmãos. Quanto
dano pode causar, ao contrário, uma palavra áspera! Ninguém pode
calcular o seu alcance, mas Eu o vejo. Que a tua influência seja a
da doçura mais refinada; assim obterás mais. Lembra-te de como
Eu era com as crianças, com os pecadores, com a mulher adúltera,
com Magdalena e como Sou contigo. Sou infinitamente paciente e
doce. Sê Eu para os outros. Pobre pequena, tão fraca! Eu estarei
em teu coração quando falares com o coração. Aumenta a tua
esperança com palavrinhas curtas e simples e muito frequentes,
como esta: ‘Deus meu, Tu És a minha Vida. Tu não me deixas
nunca só, estás em meu caminho até a hora da morte.’ Eu estou
com as almas que vivem de esperança; as guardo como a irmãos,
as assisto como a uma esposa. Nunca defraudo ninguém, Sou
sempre fiel. Sei bem como cuidar de vós. Deixa tudo, e não jogarás
nada de melhor. Afunda-te no Oceano e deixa-te levar por suas
correntes; porque o Oceano Sou Eu.”
2 de outubro. Eu sabia que Ele estava muito perto. Disse-me:
“Por que haverias de te admirar se te invado? Eu gostaria de invadir
a todas as almas. Que júbilo para Mim, o Esposo, se o conseguisse.
Imagina o que seria a vida no Mundo se todos os homens Me
amassem e fizessem a Minha Vontade! A vida seria dulcíssima. Mas
nunca poderão compreender o que perdem com odiar-me, e odiar-
se entre eles. Semeia tu bondade, semeia; e de maneira especial
entre os malvados. Lembra-te de Mim e imita-Me. Reproduz-Me,
mais nos atos do que nas palavras. Oh! Admirável silêncio fecundo!
Considera a influência que exercia a Minha Vida oculta e a vida de
Meus Pais sobre os que nos rodeavam. Era grande, mas tudo se
fazia sem barulho. Atuar e calar: é a melhor regra. Toma a tua força
de Mim, pois estou disposto a dar-te o que necessitas, se Mo
pedires. E não sejas tímida para pedir, posto que Me tens amado e
louvado. E Eu amo tudo o que há em ti, tudo o que há em todas as
almas: Sou o seu Salvador. Sabendo que os vossos louvores Me
glorificam, louvar-Me-eis melhor. O Meu Amor se compraz no vosso:
é como espelhos que se refletem mutuamente até o Infinito. Não te
faz feliz o pensamento de que refletes o teu Deus? Um Deus tão teu
que quis criar-te à Sua Imagem. Isto é o motivo de que Eu vos peça
incessantemente a União. Que força há em um Desejo divino!
Ultrapassa tudo o quanto tu pudesses imaginar. Faz-Me pelo menos
a honra de admiti-lo. Tenho Sede; compreendes? Sede de vós. Dai-
Me de beber.”
2 de outubro. “A Minha Mãe, tão silenciosa, deixava por todos
os lugares uma pegada eloquente de santidade!”
9 de outubro. Ele: “Diz-Me que há momentos em que te sentes
segura de Mim. Isto Me consolará de tua insegurança de outros
momentos.”
9 de outubro. Hora Santa. “Nascer para Deus. Conhecer a
Deus. Tudo acontece em teu interior, sob a moção do Espírito.
Lembras-te daquela piscina na qual um anjo agitava a água para
curar os enfermos? Ninguém sabia em que momento a água iria
agitar-se. Fica, pois, sempre atenta e disposta, com respeito e amor.
E o Espírito passará. Com o Seu Fogo de luz interior, esse Fogo de
doçura e de bondade que te invade de repente. Espera, pois, a Sua
passagem em ti, com recolhimento e atenção. Este nascimento teu,
no fundo de ti mesma, mais fiel do que de costume, te fará conhecer
um pouco melhor ‘o insondável’. Não crês que valha a pena
preparar-te? Esta pobrezinha filha Minha tão pouca coisa, que se
põe à escuta da Voz misteriosa do Pai. Pois, ainda quando a Voz
não chegasse, teria sido muito doce esperá-la. Estremece de
Esperança. Que a alegria te ilumine, porque Ele virá. E quando
chegar, que a tua humildade e o teu amor se fundam em uma só
coisa. Como os mantos que se estenderam sobre o chão no
Domingo de Ramos. E tu habitarás em Mim. Será muito simples:
nascer, conhecer e logo reconhecer a força de ter compreendido.
Não tens algo disso desde agora?”
17 de outubro. Paris. Veio-me a ideia de que se torna
monótono começar cada dia com o oferecimento de obras. Ele me
disse com vivacidade: “Por acaso Eu não começo cada dia
oferecendo-Me na Missa? Por acaso Me pareceu que com uma só
vez era o bastante? Como te custa dar-te a Mim com frequência, a
Mim, que sempre estou te esperando…! O amor multiplica as
palavras, sem por isso repetir-se…”
23 de outubro. Eu: Senhor, sou tão pouca coisa! Ainda o que
tenho, o tenho porque Tu Mo destes. Ele: “Pede-Me mais. Pede-Me
coisas melhores, e ainda que estejas longe da perfeição, pede-Ma
sem cessar, para aproximar-te de Mim. Quantas Graças perdes,
simplesmente por não pedi-Las!”
23 de outubro. Le Fresne. Hora Santa. “Diz-Me, abandonei-te
alguma vez? Chegaste a arrepender-te de ter-te entregue ao Amor?
Pudeste dizer alguma vez: ‘Eu havia acreditado que havia Deus,
mas me enganei?’. Os Meus Favores têm falado por Mim, e tu
pudeste reconhecer-Me na delicada trama de tua vida. Então, por
que a confiança não cresceu em ti, conforme cresciam os Meus
Dons? E por que acontece que andas recolhendo migalhas de amor
para juntá-las em um só impulso? Eu, de Minha Parte, estou sempre
disposto a conceder-te as Minhas Graças. Mantém-te apertada a
Mim, e caminharás com mais facilidade. Este é o único modo de
avançar. O caminho te parecerá curto, pois caminharemos juntos.
Eu gostaria tanto, filha, que contasses Comigo... Pergunta-te o que
Eu represento em tua vida, e não sejas toda para ti, senão toda para
Mim. E Eu Me ocuparei de ti.”
30 de outubro. Hora Santa. “O que há de mais triste é a falta
de comunicação entre o Criador e a criatura. É como um silêncio de
morte. Eu Sou a Vida e A dou. Deseja-A. Espera-A. A Vida que Eu
dou vai até a Eternidade. Os bem-aventurados o sabem e
reconhecem os Meus Caminhos em si mesmos. Busca
compreender a Minha Ação em tuas atividades. Com frequência
tenho te dito que atuarei em ti, se tu consentires. Virei se Me
convidares. Que nada te preocupe. Dá-te a Mim tal e como és. Por
que terias que esperar? O teu empenho por chegar a Mim Me
agrada, e terá uma recompensa especial. Quando se caminha se
avança pouco. Há que correr até Deus.”
30 de outubro. Eu tinha uma dor nas costas e pensava no peso
de Sua Cruz. Disse-me: “Todo o sofrimento que Me ofereces por
amor, consola-Me de Meus Sofrimentos. Porque Eu via tudo por
antecipação, até o fim do Mundo. Se Me amas, regozija-te em
sofrer, pois nisso estamos unidos. Trabalhemos juntos pela
conversão dos pecadores e pela extensão de Meu Reino. Tem
confiança em Meus Olhos, que vêm o que tu não vês. E que a tua
intenção seja sempre a de servir às Minhas Intenções. Com isto
aumentará a tua força para sofrer. Minha pequena querida, pede-Me
esta força. É sempre uma festa para Mim quando Me pedes algo:
porque Me dás a ocasião de conceder-to, e isto é uma vida entre
nós dois.”
9 de novembro. “Refere tudo a Mim. Eu presido toda a tua
vida, posto que estou em ti e tu estás em Mim. Não como duas
frentes que se tocam, senão como um no Outro.”
9 de novembro. Na Missa, eu olhava uma pessoa entrar. “Não
poderias sacrificar os teus olhos? Faz que Me olhem em teu interior.
Teme aquilo que te afasta de Meu Pensamento e busca o que a Ele
te aproxima. Há tantas coisas que derivam de um olhar! E tantas
que procedem de um pensamento! Tens razão quando desconfias
mais de teu pensamento que de tua vontade. Faz de tudo para
conservar a Minha Lembrança. Refere tudo a Mim.”
13 de novembro. Eu pensava: O que escreverei? Ele: “Terá
havido alguma vez que tenha deixado de vir a ti? Não estás segura
de Minha fidelidade? Não tenho sempre para ti coisas velhas e
sempre novas, nas Riquezas impronunciáveis de Meu Coração?
São um Fogo incessante de Amor, um Raio intenso que não pode
extinguir-Se.”
13 de novembro. “Como vós ignorais a Força de vosso Deus!
Tens medo de conhecê-Lo, já que o buscais tão pouco? Mas a
alegria de vossas almas está no comércio habitual com o vosso
Criador e Salvador. Abandonai-vos a Deus, faça Ele o que fizer,
deixai-vos levar e segui com zelo o Seu Sopro. Vem a Ele com
entusiasmo; Ele tem todas as respostas para as tuas necessidades
de carinho, de repouso, de inteligência. Mas os vossos
pensamentos são curtos. Prolongai pelo menos os vossos desejos,
a fim de alcançar o nível superior onde o Espírito vos aguarda, para
fazer-vos subir ainda mais. Mas que tudo se faça com alegria, pois
a alegria aumenta a Glória de Deus. Um pai de família não estaria
contente se os seus filhos fossem apresentar-lhe os seus obséquios
por temor e com o rosto sombrio. Dilata o teu coração, Minha
pequena, quando te aproximares de Mim, como uma menina feliz.
Tu pensas: ‘Ele me pede sempre sorrisos interiores.’. Pois, sim!
Crerás em Mim se te digo que, sendo Deus como Sou, necessito do
sorriso dos homens e sinto uma urgência extrema de que sejam
felizes? Isto não podeis compreendê-lo, nem sequer resistir a
semelhante pensamento. Crê. É o Meu Amor O que te fala, e há que
escutar a Minha Voz por cima de toda outra voz.”
20 de novembro. Hora Santa. “Vós, quando se vos cumula, vos
acostumais a isso. Eu, ao contrário, nunca Me acostumo ao vosso
afeto e sempre o recebo e o sinto como se fosse a primeira vez. Se
o pensásseis, multiplicaríeis as palavras que Me alegram e entre
elas, as mais simples, as que se oferecem sem buscá-las, pois
saem espontâneas quando Me olhais em vosso coração. Fazei o
quanto possais por Meu Reino na intimidade dos corações. A alguns
Eu fui apresentado, mas não Me recebem. E Eu, que queria viver
com toda a simplicidade a vossa vida cotidiana!”
20 de novembro. Le Fresne. Hora Santa. “Crês em Mim? De
verdade? Estás segura de que estou em ti e de que tenho te amado
ate a loucura da Cruz? Lembras-te de Minhas Bondades, das que
tive para ti e para o Universo inteiro? Refaz a conta de Meus
Favores, e diz-Me se a tua vida pode ser o bastante longa, como
para agradecer-Mos todos... Diz-Me que em todos os instantes de
vida que te restam, o teu agradecimento Me expressará o seu amor;
isto Me será doce. O teu carinho Me ‘pagará’. O que é o que pode
separar-nos? O fato de Eu Ser Deus? Mas é que também Fui
Homem e vim mudar a Lei. Vim desterrar o temor e estabelecer o
Amor. Dá-Me amor, por ti e pelos outros. Se te sentires pobre,
estende-Me a mão. E o Meu Coração amará em teu coração.”
25 de novembro. Depois da Comunhão. “Teu lema para o dia
de hoje: ‘Por Deus e contra mim.’”
26 de novembro. Depois da Comunhão. “Oro ao Pai desde ti.”
27 de novembro. Hora Santa. Eu voltava de tomar o chá na
casa do conde de S.. “Agora esquece-te do Mundo e olha-Me.
Tenho estado contente de que tenhas falado da solidão frutuosa dos
prisioneiros, que os aproxima do contato divino. Notaste como o tom
da conversa foi se elevando até o final? Nisto foste o Meu
instrumento. Que seja sempre assim. Considera que tenho na Terra
poucos instrumentos. Pede ao Espírito Santo que guie o teu espírito.
Não fales de acordo com o que tu pensas, senão de acordo como
Eu penso e como se estivesses em Meu lugar. Sabes, filha, quando
é que falas como Eu? É quando pões bondade no que dizes.
Quando comoves. Quando respondes com boa graça a uma
observação acre. Quando desculpas. Quando serves. Quando dás.
Quando pacificas um caráter irritante. Quando consolas. Quando
manténs uma inalterável igualdade de humor. Quando permaneces
humilde sem tentar sobressair. Quando te mostras reconhecida pela
amabilidade de outros. Quando és generosa. Quem foi mais
generoso do que Eu? E mais doce e mais humilde? Tudo isto é para
ti. És parte de Meu Corpo Místico.”
27 de novembro. “Os Meus Atributos são teus, pois tu formas
parte de Meu Corpo Místico. Deves recebê-Los com muito amor,
porque eu Os possuo e desejo tanto cobrir-te com Eles... Sou um
Esposo que sofre com a pobreza de mendiga do traje de Sua
esposa, e emprega toda a Sua arte para enriquecer a sua beleza,
com vista à Glória de Deus. Deixa-te mover por esse Esposo que te
ama!”
4 de dezembro. “Quando tenhas entrado na Luz
compreenderás. Enquanto isso, andarás tateando na Verdade, não
terás Amor senão a migalhas, pois de outro modo seriam feridos os
teus olhos mortais. Quando o teu olhar se afundar no Infinito
conhecerás a tua miséria por primeira vez, e te invadirá uma imensa
gratidão de que Deus mesmo Se tenha colocado, por assim dizer,
em movimento, pelo nada que és.” Eu: Talvez eu só possa viver
para agradecer…. Ele: “Agradece-Me amando, unindo-te a Mim em
cada momento. Tendo por impossível que tu estejas aí e Eu fique de
fora. Onde estás tu, estou Eu. O Meu Amor por ti é imenso, e o teu
trabalho consiste em esforçar-te para chegar a crê-Lo. É tão difícil?
Ensaia, então; esse esforço pode servir para a conversão de um
pecador. Considera com maior frequência a Minha Vida humana;
isso te dará força para a imitação. E, posto que queres imitar-Me,
deves usar os meios: olhar-Me, chamar-Me e amar-Me.”
11 de dezembro. Hora Santa. “Filha, ainda quando perdesses
tudo em teu corpo e em teus bens; ainda quando se
desvanecessem todos os afetos de teu coração, e te encontrasses
só e desconhecida de todos, Eu continuaria sendo o teu Tesouro e o
teu Objetivo, o Amigo único, o teu Princípio e o teu Fim. Que nada te
perturbe. Fixa o teu coração no Meu, tanto na alegria como na
depressão. Quando te cumulo de Favores, Sou a tua Paz; e se te
submeto à prova, Sou o teu Companheiro. Nada de Mim se
interrompe em ti…, se tu Me aceitares. Entendes, finalmente, que
nasceste para a União? Começa, então, desde agora. Aperta o nó.
Que alcances a Graça que foi concedida à Imaculada, que nunca
Me abandonou em Seu Coração. Tu também não Me deixes. Nunca!
E Me viria a tentação de agradecer-te…”
11 de dezembro. “O peso de Meu Amor pelos homens se torna
sempre maior. E será assim até o fim dos tempos. Quem pode crer
nisto? Como rirão! Se soubesses quantos malvados existem que Me
destroçam... E não somente em suas almas, mas nas dos outros,
nas das crianças. Se o soubesses, dar-me-ias alojamento em ti: em
tua memória, em teu entendimento, em tua vontade. Lembra-te de
como Eu dizia a Zaqueu: ‘Vem, pois vou entrar em tua casa’. E
assim te diria a ti e a toda alma de boa vontade: ‘Vou ficar contigo
até o teu último suspiro.’ E se depois disso Eu vos levasse à Minha
Mansão do Céu, onde já não há separação possível? Este é o
programa de Meu Amor, concebido desde toda a Eternidade.”
21 de dezembro. “Se te dei tanto, é também para os outros.
Põe-te na disposição de comunicar com amor tudo o quanto tens
recebido. É algo que Me deves. E deves isso aos outros. Crê
firmemente que, ao descarregar-te desse peso de Graças,
beneficiarás com isso a muitíssimos outros. Como um rio, que se dá
todo ao mar, e aumenta sempre o seu caudal. Nunca se dá demais.
Sai de teu centro. Propõe-te isso como uma meta. Não penses em
ti, senão em servir aos outros, e esta será uma maneira nova de vir
até Mim. Se conseguires ver-Me nos outros, todos os teus
relacionamentos mudarão. Muitas vezes lamentaste que não viveste
em Meu tempo, para alegrar-te com a Minha Presença, mas pensa
que Eu estou presente em todos os que te rodeiam: serve-Me sem
ver-Me. Mais tarde te alegrarás. Lembra o que diz o Evangelho:
‘Senhor, quando foi isso de que eu já tenha te servido? Cada vez
que prestaste um serviço ao teu próximo.’ É tão certo que esses
atos de Caridade te aproximam de Mim...! Ninguém, fora de Mim,
pode fazer com que alguém se aproxime de Mim; mas Eu, sim,
escondido nele. Linda fórmula do Amor! Pede ao Pai que multiplique
para ti as ocasiões de ser-Lhe agradável; será dulcíssimo para ti o
pensamento de que agradas a Deus. Deus tem tudo o que quer:
mas os vossos corações não pode tê-los, se vós não quereis Lhe
dar. Porque Ele respeita a vossa liberdade. Vai a todos, sem
distinção de pessoas. Fá-lo por Mim, dá-te toda. Chega até o
extremo em matéria de amabilidade. Sê sempre igual na bondade;
como Eu, que Sou imutável, e mando a Minha chuva igualmente
sobre os bons e os maus. Alarga o teu sorriso, como o fizeste
ontem. Glorificaste-Me. Conto contigo, filha querida. Espero-te e
desde agora te dou as Graças necessárias, as que Eu desejo que
empregues, a fim de que, encontrando-te, encontrem-Me.”
25 de dezembro. Compreendeste a Graça do Natal? Não
deixar-Me, nem à Minha Mãe, durante todos os momentos de tua
vida. Não crês que somos dignos de acompanhar-te em todo tempo
e lugar? Quando eras menina dava-te vergonha que te vissem em
companhia de outras meninas mal vestidas. Mas, filha, compreende
que Nós Somos a tua riqueza, o teu bom êxito, a tua saúde. Acolhe-
Nos em tudo o que fizeres, como quando se recebe uma força e
uma Graça. Faz-Nos a honra de colocar-Nos por cima de todos os
teus amigos, por cima de todos os teus projetos, e sê fiel à Graça
que te chama à perfeita União. Crês tu, por acaso, que José, em
Belém, poderia esquecer, por um só instante, os seus dois
Tesouros? Em seu coração tudo se referia a Eles. Faz tu o mesmo.
Será imensa a tua alegria de servir a um Deus-Menino, o mais
amável de todos os meninos. Impregna-te de Minha Humildade de
criança, porque eu fui humilde por ti. Não gostarias de vir todos os
dias ao Presépio em busca de uma lição? Vem todos os dias, até a
Purificação: dou-te um compromisso. Um compromisso de Amor. É
o Amor, que quer fantasiar-te com as Minhas Vestes, que são as
Virtudes. E as Minhas Virtudes São tão poderosas que o próprio
Mundo As admira, ao passar. O indispensável é deixar-se vestir e
enfeitar com uma vontade sempre alerta, em direção ao melhor.”
25 de dezembro. “Não há que ter medo de inclinar-se à
perfeição. Eu estou aí e a Minha Delícia está em tomar posse de
vossas almas. Então já não estás só; tens a Mim. Lembras-te de
como, no tempo dos cavalos, gostavas muito dos grandes cortejos
de carros? Pois bem, Eu vou à frente. Tu me segues. Um pouco de
longe, mas Me segues. O bom ladrão compreendeu o Amor e
lançou o seu grito de arrependimento. Pouco depois, repousava
sobre o Meu Seio. O Amor chama o amor. Tu, responde-Me. Tenho
sede de ti. O que te intimida? As tuas negligências repetidas? As
tuas insuficiências? A tua falta de percepção ou a tua ausência de
pensamento ou as más lembranças? Eu Me encarrego de tudo isso.
Recolho do chão as misérias e as converto em esplendores. Dá-Me
tudo. Atreverias-te a dizer-Me que há algo em tua vida que não seja
Meu? Quando se chega a ser uma só coisa…”
31 de dezembro. Depois da Comunhão. Eu: “Qual é, Senhor, o
lema para o ano novo de 1948?” Ele: “Junto a Ti.” (Convidando à
União).
1948

1º de janeiro. “O teu lema é: ‘Bem pertinho. Rumo à União’.”


3 de janeiro. “Volta a ter confiança em teu humilde caminho.
Sempre mais perto de Mim. Já sabes que não és sólida, e que os
teus cimentos estão em Mim. Quando te derrubas, eu recolho os
fragmentos, e volto com eles a fazer um templo novo mais formoso
do que o outro porque terás te humilhado. Pensa nisto, para que
chegues a amar a humilhação. Eu, que Sou Deus, a vivi durante
todo o Meu Tempo na Terra. Estás, assim, em boa companhia. O
que faz sofrer o Amor é a indiferença, a apatia, a falta de atividade.
Muitas almas estão Comigo como se Eu estivesse morto. Mas Eu,
filha, estou vivo, estou perto delas, nelas, esperando que elas Me
falem e Me sorriam, e que o seu coração palpite um pouco por Mim.
É tão pouco o que exijo! Contento-Me tão facilmente! O único que
peço é ser convidado. Eu Me encarregarei do festim.”
3 de janeiro. “Ainda quando não tiveres cumprido os teus
propósitos; ainda quando tenhas caído mais baixo do que ontem; se
te desprezares, se te arrependeres e vieres Me contar, não vaciles
em crer que estás em Meu Coração, tão grande e tão bom, tão
pouco semelhante ao que é o coração dos homens… Eu não Sou
rancor, senão Misericórdia. Eu te levei como uma mãe leva os seus
filhos, quando carregava a Minha Cruz. Imagina, então, se puderes,
a Ternura com que te ouço quando Me contas as tuas faltas, e a
avidez com que as perdoo... quem poderia compreender a Ternura
de um Salvador? Nem sequer poderiam ouvi-La sem escandalizar-
se! Que chegues a gostar de ser tida, de vez em quando, por nada;
olhar-te nas tuas deficiências, no bem que não fizeste e nas faltas
que cometeste, ainda que não as querias. Com a segurança de que
não alcançarás a ver tudo. Eu Sou o Único que conhece tudo, em
seu peso e em seu número. E no entanto, amo-te; porque Eu Sou o
Amor. Não Me ofendas com o temor e a fuga: ambas coisas
machucam o Amor. Pelo contrário, entra em Minha Imensidão como
o neném que bebe alegremente e dorme no seio de sua mãe.
Descansa e fortalece-te. Bebe alegria. Tudo isso o tenho em Mim e
tudo é para ti.”
10 de janeiro. Hora Santa. “Não é verdade que adoras esta
hora em que nos aproximamos Um do outro com tanta intimidade,
que sentes o Meu Pensamento como teu, como se nossas almas se
fundissem? Mas a Minha Alegria é muito maior. Porque Eu quero
esta união com tanta força, que para conseguir a fusão entre a
Minha Criatura e Eu, inventei a Eucaristia. Oh, Espírito novo, que
revoga a antiga lei do temor que pesava sobre o Povo de Deus!
Tudo mudou quando Eu vim à Terra. Vós tivestes a Vida porque Eu
morri. E a Vida é o Amor. Não há outra. Simplifica tudo no Amor.
Minha querida filhinha. Crê e espera Nele e Me consolarás do ódio
do Mundo. E quanto mais amares, mais quererás amar. Propõe-te
quinze minutos por dia em que nada faças, além de amar. Quando
eras menina fazias exercícios de francês. Agora que és adulta
dedica-te ao divino exercício: se for de dia, na intimidade do teu
coração; se de noite, se despertares e Me buscares. Desperta em
Meu Amor. Busca-Me com amor e Me deixarei pegar. E
recomeçaremos de novo, até que, fatigada, adormecerás sobre o
Meu Coração. É outra maneira que Eu tenho de guardar-te junto de
Mim, de acordo ao lema para este ano.”
Notre Dame. Durante as Quarenta Horas. “Sabes como se
consola? Amando. No primeiro dia oferece ao Pai o Meu Amor junto
com o teu, pela Mão de Minha Mãe. No segundo oferece a Mim
mesmo o meu próprio Amor, junto com o teu. No terceiro oferece ao
Espírito de Amor o Meu Amor por todos os homens e o amor de
todos os homens a Deus. És uma chaminha mínima, que deve
perder-se no incêndio.” Durante a Procissão Ele passou por Mim e
eu Lhe disse: Sou a pobre lamparina que vai adiante de Ti. Como
que sorrindo, disse-me: “És a Minha pequena veladora de quatro
centavos.” (Este é o título de uma peça de teatro de Gabrielle
Bossis).
19 de janeiro. No meio de uma doçura íntima. “Suponho que
pensarás que no momento da morte de Meus amigos Eu venha
tomá-los com doçura, com as delicadezas que bem conheces, para
introduzir as suas almas no Reino. Tu não farias isso mesmo, para
alegrar-te com a sua surpresa e a sua alegria ao entrar em uma de
tuas lindas casas? Como então Eu, que Sou Deus, que amo mais e
Sou mais rico, poderia desinteressar-Me de sua saída deste
Mundo? Tudo o que possas imaginar sobre o encanto de Meu
Coração apaixonado fica muito abaixo da realidade. Lembra-te:
tanto assim Eu quis realizar a vossa alegria, que vim ao Mundo para
conhecer o sofrimento. E quando vejo-vos sofrer e sofrer por Mim,
Eu recolho com um grande Amor os vossos sofrimentos, como se os
vossos fossem maiores que os Meus, como se os vossos tivessem
um valor que Eu tornasse infinito. É a razão pela qual, quando vós
Mo permitis, Eu faço a fusão da vossa vida com a Minha.”
22 de janeiro. “Eu Sou o Deus de todos os momentos de tua
vida, posto que Eu Sou a Alma de tua alma.”
Na rua. “É sempre com a vontade que se fazem os sacrifícios.”
À tarde. “Vai mais além da beleza, mais além do
encantamento. Chega até Mim.”
22 de janeiro. Hora Santa. Eu: Queres, meu Senhor, que
falemos do teu Amor? Ele: “Sou como um tímido. Quisera que
adivinhassem o Meu Amor; temendo que se Eu O manifestasse, se
pensasse que quero impô-Lo. Sois livres. Mas a Minha Alegria é
imensa quando por vós mesmos usais a vossa liberdade para
buscar os meios de aumentar o número de nossos encontros e a
força de nossa Intimidade. Eu vos deixo vir e chamar-Me. Escondo-
Me para aumentar o vosso desejo. E quando vos sentis perdidos,
Eu fui aí com todos os Meus Dons. O que vos falta, filhinhos
queridos, é a Fé segura; essa Fé que é como outra segunda visão,
A mais forte, A que vos põe em condições de julgar as coisas da
Terra de acordo com o Meu Pensamento. Não queres fazer
exercícios de Fé? Que impulso receberia a tua oração! E as tuas
Comunhões, e a vida interior de todos os teus dias! Queres tentar?
Pensa que, na mesma proporção que a Fé, crescerão em ti a
Esperança e a Caridade; estarás mais perto de Mim.”
26 de janeiro. Eu estava rodeada de gente. “Quando lhes
sorris, dás-lhes a comunhão do espírito.”
29 de janeiro. Hora Santa. “Crê, filha, que Sou feliz por passar
uma hora contigo. A tua miséria é o que te atrapalha para crê-lo?
Mas, se é precisamente a tua miséria extrema o que Me atrai a ti….
Habito em ti e te limpo de manchas: as tuas faculdades se
preenchem de Mim; a tua memória e o teu entendimento se
purificam ao contato direto Comigo. A tua vontade está na Minha.
Quero estar sempre em ti, como quero que tu estejas em Mim.” Eu:
Que feliz eu seria, Senhor! É possível que não recebas muitos
convites… Ele: “E, no entanto, sois as Minhas criaturas. Deverias
viver em uma perpétua gratidão por tudo o que faço convosco. As
vossas almas deveriam ser como jardins do Paraíso terrestre, aonde
Eu pudesse descer para conversar e passear, como no princípio foi
concedido ao primeiro homem e à primeira mulher. Os silêncios
preparatórios... A espera alegre…! Eles estavam seguros de que Eu
viria, aumentando, com a felicidade de Minha Presença, todas as
demais felicidades... Tem tu agora a mesma certeza, porque Eu não
mudei. O Amor de Deus é imutável. Tu não te chamas Eva, mas és
a sua filha, e Eu tenho por ti os mesmos Afetos potentes das
primeiras manhãs. Não temas contar-Me tudo, nem pôr-te de
maneira expansiva diante dos Meus Olhos. Ainda que te conheça
perfeitamente, gosto de que Me digas as coisas; porque isso
provoca, em ti, desejos maiores. É bom que tenhas alguns segredos
para contar-Me; porque não há boa intimidade sem segredos que se
compartam.”
12 de fevereiro. Eu regressava de Paris, e na solidão da
campina O sentia tão perto de mim, que não sabia como agradecer-
Lhe. Disse-me: “Não te admires desta Minha Presença, que atua em
ti como uma tomada de posse. Atua com a Fé. Adquire o ‘hábito de
Mim’. É um hábito muito feliz porque vivemos juntos. Enche-te de
Minha Presença. Deixa-te comover. Diz para ti mesma: ‘É Ele que
vai passando; que fique em Mim, pois é Ele Quem vencerá. E
assim o farei, como uma águia que se lança sobre a presa. Olha
com que simplicidade te falo destas coisas tão grandes, que
surpreendem os anjos. Vê como Me ponho ao alcance das Minhas
criaturas; porque o Amor gosta de expressar-Se, e sofre por não ser
compreendido quando Se manifesta, ao longo de um dia, em
benefícios que tu mesma consideras como invenções delicadas. E
nem sempre as vês... Há ocasiões nas que se oferece um presente
sem se dizer nada…. Assim Eu; algumas vezes digo-Me: ‘o
adivinharão’... Mas quantos recebem o presente e não pensam
Naquele que lhes deu! E não é a Minha Honra A que sofre, senão o
Meu Amor. Tu, filha, que já estás mais entendida nessas coisas,
nunca faças o Amor sofrer…”
12 de fevereiro. Eu Lhe disse: Senhor, quero estar sempre
perto de Ti, mas o meu pensamento foge. Ele: “Chama-o com
suavidade para que volte e não te aborreças; Eu não Me aborreço!
Eu vos conheço bem e vos amo em vossa boa vontade. É a paz que
cantaram os anjos quando vim para renovar o Mundo. Com
frequência Sou mais indulgente para convosco do que vós mesmos!
Dá-Me a alegria de ver que o crês.”
19 de fevereiro. Humilhem-se por suas faltas. São os vossos
defeitos os que vos fazem desgraçados. Reconhecei-os. Descei
com o pensamento até o fundo de vossa miséria. Reconhecei os
vossos costumes rotineiros, a vossa negligência em considerar o
modelo que é a Minha Vida. A vossa vaidade satisfeita em ver o que
sois em qualquer situação. A vossa atitude um pouco depreciativa a
respeito dos Meus Sacramentos. Tendes, por exemplo, zelo por vir
para limpar-vos na Penitência? Buscais entusiasmar a vossa fome
pela Minha Eucaristia de Amor, que instituí para ajudar-vos a
caminhar? Não é certo que viveis como se tivésseis que
permanecer sempre na Terra? Quase nunca dais um olhar, ainda
que furtivo, ao Mais Além, vossa residência de amanhã, quando o
vosso coração deveria estar aí desde agora agradecendo-Me,
louvando-Me e adorando-Me todos os dias, e em todas as horas do
dia. Tu, pelo menos, filha, tens uma alma cheia de Mim? Ainda
estimas os teus interesses por cima dos Meus ou Me pões na frente,
como um farol em teu caminho? Envolveste-te nas Minhas
Preocupações? Tomas a tua parte correspondente na conversão do
Mundo? Podes, pensando em Meus mártires, dizer que estavas ali
com eles, pelo menos com a intenção e o pensamento? Quem Me
ajudará se tu, que Comungas o Meu Corpo, não te estreitares
Comigo?”
26 de fevereiro. Eu esperava que viessem umas amigas
minhas para celebrar o meu aniversário. Disse-Lhe: Senhor, tu és o
primeiro dos convidados. Respondeu-me: “É o Meu Direito. Eu te
Criei e te Salvei. Considera, além disso, o Amor com que o fiz.
Quem poderá pesá-Lo e medi-Lo? Quando chegará o dia em que
este pobre Amor Meu, que é tão grande, seja finalmente admitido no
coração dos homens? Tu podes dizer-Me, neste dia do teu
aniversário: ‘Senhor, tudo o que há em Mim é Teu, com a exceção
do pecado.’ Alegra-te de que tenhas sido um pensamento Meu.
Agradece. Serve. Ama. Lembra que és um membro Meu, e que ao
pôr-te sobre a Terra, Eu determinei para ti um caminho que é
exclusivamente o teu. Repete-Me a promessa de segui-lo
amorosamente porque é o caminho que te escolhi, e que é por isso
o caminho que te traz a Mim. Caminho direto. Lindo caminho. Cada
alma tem o seu, mas poucas o seguem. E pelo contrário, muitos
tentam caminhos fantasiosos, cheios de perigos e de perdição.
Reduz tudo à Minha Vontade somente, para que estejas mais
segura de cumpri-La com fidelidade, até o menor detalhe. A
fidelidade toma em maior consideração o pequeno que o grande;
cuida das ‘migalhas de amor’, como aqueles pedacinhos de ouro
que se chamavam ‘Luizes’, e que juntos formavam uma fortuna. E,
posto que já compreendeste o caminho que te dei, não saias dele.
O teu aniversário te faz sentir hoje que já se aproxima para ti o final
do caminho. É ali onde aparecerá o teu grande Amigo. Ele se
escondeu de ti para que tenhas uma doçura maior no repouso da
posse. Crês nisto?”
5 de março. “Não é verdade que preparei muito bem tudo em
tua vida, em tuas moradas, em direção a uma solidão a dois? Não é
certo que muitas religiosas poderiam invejar-te? O que é que te faz
falta para passar a vida na Minha contemplação? Alma feliz; quanta
força tiras de Mim! És outra ‘tu’ e nem o percebes. Permanece no
sentimento de que não és nada sem Mim. O que poderias escrever
se Eu não to ditasse? Eu ainda tenho caminhos para percorrer
sobre a Terra, mensagens para transmitir. Outros se beneficiam das
ondas; Eu uso uma pequena alma criada à Minha imagem e
semelhança, e o Amor nos une. Não crês que essa alma deva
reproduzir-Me para poder transmitir-Me? Um espelho pequeno pode
refletir outro espelho grande; e se o espelho fosse um ser vivo, seria
felicíssimo em reproduzir exatamente o espelho grande em uma de
suas partes. Todas as almas, filha, estão convidadas a reproduzir-
Me; com um convite que se lhes faz no Batismo e lhes é renovado
na recepção dos outros Sacramentos. É a sua vez de responder; Eu
estou na margem, considerando com ansiedade qual será o vosso
itinerário, desde o nascimento até a morte; sempre disposto a
socorrer-vos no primeiro chamado. Nunca creiais, Meus pequenos,
que Me encontre longe: tendes tantos perigos! Quão doce é para
Mim a humildade de vossa voz!”
11 de março. Hora Santa. “Contempla-Me muito, porque tenho
muitos Rostos. O rosto dos homens expressa em mil nuances a
alegria, a tristeza e os demais sentimentos que cruzam a vida diária.
Com o Homem-Deus acontece o mesmo; mas o Seu Olhar é eterno
e o Seu Coração é, para dizê-lo de algum modo, ‘mais múltiplo’, pois
contém em Si todos os vossos corações. E isto, filha, não é uma
simples maneira de falar; Eu carrego, em realidade, todas as almas
e as envolvo com um peso de Amor. Mas vós não conheceis o peso
deste Amor; nem sequer percebeis que vos levo em Mim. E no
entanto isto se prova pelos Sofrimentos de Minha Paixão. Terás
agora um pouco de tempo para pensar em Meu Rosto dolorido? Se
o fizeres, será para Mim como o suave lenço de Verônica. Ela Mo
estendia e Eu, com uma Mão, o apoiava sobre o Meu Rosto. Por
isso ficou a impressão no lenço. Se tu Me ofereceres o teu espírito
Eu o impregnarei do Meu; assim tu poderás passá-lo aos outros, e o
ganho será de todos. Quanto mais deres, mais te darei. Tem, para
cada dia, herdeiros novos da herança que tu mesma recebeste de
Mim nesta manhã. Então poderás contemplar a Alegria em Meu
Rosto. Quando os Apóstolos regressavam, todos contentes, para
prestar-Me contas de uma missão; ou quando Me diziam palavras
como : ‘Tu És o Cristo, o Filho de Deus; a quem iríamos, Senhor?’, a
Minha Alegria era muito grande. De forma semelhante, quando
souberes de alguma conversão humilde, adora em Meu Rosto a
felicidade que isto Me dá. Assim, durante todo este dia, considera as
Luzes e as Sombras que passavam pelo Meu Rosto em qualquer
um de Meus Dias sobre a Terra. E adora-As. Repara nas Emoções
de teu grande Amigo.”
11 de março. “... Há pobres por quem ninguém se interessa.
Se estão no meio da rua, olha-se para eles com distração e passa-
se reto. Mas se alguém se detém e os olha com atenção para dizer-
lhes uma palavra benévola e alguma esmola, isto os conforta e lhes
dá um pouco de coragem e de esperança. Esse pobre Sou Eu.
Confortas-Me um pouco?”
15 de março. Ao voltar da Missa eu pensava nos pecadores.
Fazia muito frio e eu andava descalça. Disse-Lhe: Senhor, será
muito se te peço dois pecadores pelo frio em meus pés?
Respondeu-me com vivacidade: “Dois o que? Dois mil!” Então
lembrou-me que numa ocasião ele tinha concedido seis mil
conversões por uma oração de Santa Teresa de Ávila.
17 de março. Falando-me desde uma estátua Sua: “Tenho
Sede. Eu não tomo nada, não tenho senão o que Me dão…”
18 de março. Na rua, pela manhã, entre dois operários que iam
trabalhar eu Lhe disse: Eu também vou à minha jornada de hoje;
para Ti. Ele: “Imaginas todos os pecadores que podes salvar em um
só dia? Considera o esplendor de Minha Potência, a Minha Riqueza
e a Minha Generosidade. O que poderia impedir-Me de dar-te almas
se quero dá-las? A Minha Justiça, sobre a Terra, está como que
acorrentada pela Misericórdia com que acolho as orações dos que
amo. Apoia-te mais em Minha Generosidade para contigo e para
quem tu Me encomendares. Vai mais além de tuas mais loucas
ambições humanas. Tu e Eu não estamos no mesmo plano. Espera
o extraordinário. Já o experimentaste. Isto te dará uma força em tua
Fé e em tua Esperança, que agora nem sequer suspeitas. Sou Eu
que vou passando, e o Meu Passo é o Passo do Deus que Sou. E
tudo vem de Meu Amor. Tu pensavas, por acaso, que vinha de
Minha Compaixão? Pois sim; mas uma Compaixão animada por um
Amor que não tem medida comum com nenhum dos amores
conhecidos. Dou-te este ensinamento bocado a bocado por causa
de tua fraqueza. Tu desfalecerias como a Esposa do Cantar dos
Cantares se Palavras mais fortes, saídas de Meu Coração,
tocassem os teus ouvidos; e se, além disso, como nos lindos livros
ilustrados, Eu acrescentasse algumas imagens. Tu pensas que
sempre te falo do Amor. E Eu sonho em quando poderei começar a
falar-te Dele.” Eu: Começa logo, Senhor! Ele: “Sê como esses
grandes barcos que, antes de receber uma carga preciosa, reforçam
as suas pontes e baias e desdobram todas as suas velas, para
maior segurança de que alcançarão praias distantes, que
possivelmente não os esperam, mas que se alegram logo, porque
chegaram cheios de tesouros. E o barco regressará de novo e sem
ruído, deslizando sobre as águas, e dará mais uma vez tudo o que
tem. Vem para receber. Crê que receberás. Tem absoluta certeza
disso.”
1º de abril. Le Fresne. “Ressuscitei. Haverá algo que detenha a
tua alegria? Não tens agora uma honra nova para prestar-Me, como
estar alegre por Mim e pela Minha causa? E se tu tens a alegria,
como poderia ser que não a irradiasses aos outros? Mas não creias
que encontro a alegria em muitos corações. Pensa-se pouco nesta
honra que Me traz tanta doçura. Eu, como todos os que sabem
amar, compartilho de todas as vossas emoções. Em outros tempos
quando deixavas de ver a um ser querido costumavas dizer-lhe:
‘Promete-me que serás feliz’ e isto era como uma necessidade do
teu coração. Pois o Meu, ama a vossa alegria. E esta, deveis tê-la
ainda nos momentos da prova e da tribulação; porque tudo isso é
para Mim. Minha filha, que profundidade de júbilo há em quem vive
totalmente para Mim! Alegria que ninguém pode lhe tirar... Não
sentes o encanto incomparável? Diz-Me e volta a dizer-Me muitas
vezes ao dia que estás unida a Mim. Mas este pensamento não há
de pesar no teu espírito: quero um simples impulso, um desejo
alegre. Tu subias com frequência as grades do vestíbulo para
abraçar a tua mãe e chegavas correndo, no meio de tuas
ocupações. Era muito simples e esta simplicidade significava tudo.
Mas tu não podias medir a alegria de tua mãe ao receber essas
carícias. Ainda menos podes medir a Minha. Não Me prives dela,
filha Minha.”
8 de abril. Tens Me agradecido pelo que fiz por ti? Do que fiz
pelos homens, pelos anjos e pela Minha Mãe? Que concerto de
benefícios, filha Minha! Apodera-te de todos eles como se fossem
teus. Entra na sinfonia do agradecimento e da glorificação. Mescla a
tua voz com a do coro inumerável e Eu a distinguirei. Não há sobre
a Terra duas vozes que sejam iguais. Não te sentes admirada diante
da diversidade que há dentro da criação humana? No Céu acontece
o mesmo: não há duas santidades iguais, e se em teu jardim te
sentes admirada pela diversidade de cores, podes estar segura de
que no Paraíso os esplendores são múltiplos, e todos juntos
compõem a Minha Glória. Ali também reconheço as pronúncias,
porque conheço todos. Redimi todos e sei como foi a vossa
Redenção. Eu: “Senhor, quem poderá me ensinar a agradecer-Te, e
com que palavras?” Ele: “As melhores são as mais simples se saem
de teu coração. Diz-Mas na Missa. Volta a dizê-las a Mim depois da
Comunhão, quando tu e Eu somos Um. E serei ainda Eu Quem te
dite essas palavras. E crerás se te digo que Me alegra atuar em ti
para Mim? É sentir-Me em Minha casa, e sentir que és Minha. Sê
Minha. Ia dizer: ‘Sê Eu mesmo diante do Pai e diante dos homens.’
Mas para isso, deves ser a mais doce e a menor.”
17 de abril. Eu: Senhor, o quanto eu gostaria de viver as Tuas
Palavras! Mas não sou mais do que ‘eu’ e mais ‘eu’. Ele: “É tão
difícil pensar em teu Senhor e falar com Ele e fazer-Lhe companhia?
Quando encontras alguém no salão de espera, instintivamente te
aproximas com amabilidade para fazer-lhe companhia. Não é certo?
E se se tratar de um poeta, de um culto ou de um rico, certamente o
farias com maior empenho. Aqui, filha, se trata de um Deus. Está
em ti, está em tua porta. Abres a porta quando Lhe diriges a palavra,
quando Lhe concedes um olhar, quando buscas retirar o teu
pensamento das coisas exteriores para aplicá-lo a Ele com toda a
ternura de que fores capaz. Não penses que é uma simples história
que te conto. É simplesmente a Verdade. Mas como tudo isto se
passa na penumbra e na invalidez da Terra, dá-te trabalho crer e és
lenta para atuar. Por isso Eu venho a ser esse Alguém que tu
encontras no salão de espera. Filha! Se pudesses aproximar-te de
Mim com mais frequência, com graça e amabilidade, poderias
adivinhar melhor a intensidade de Meus Desejos. Talvez pensasses:
‘Ele espera a Terra inteira, todos os homens.’ Sim, filha. Tudo isso
desejo ter e... desde há tanto tempo! Desde Belém comecei a
procurá-los e os procurarei até o Fim dos Tempos. Isto é a Paciência
e o Amor de um Deus. Como poderias compreendê-lo? Mas, quanta
doçura terás, se chegares a crê-lo! Afirma com frequência a tua Fé,
para ativá-La. Não te canses: com Ela, a tua Esperança e o teu
Amor serão melhores. O teu Deus é grande e te ama com
Grandeza. A ti, filhinha Minha, tão fraca!”
19 de abril. De saída para Paris. “Dá mais um passo com a tua
vontade e a tua atenção. Um passo a mais na fidelidade. Até agora
tu vivias para Mim, mas ‘por ti’. Agora vive para Mim e ‘por Mim’. Um
passo a mais.”
26 de abril. Em meu regresso de Paris eu tive a surpresa de
um ninho de rouxinóis que tinham se estabelecido em cima de uma
janela, de frente para a avenida das tílias. E um deles cantava
lindamente. Disse-me: “Não é verdade que nenhuma outra coisa
teria te dado tanta alegria? Eu também dou as Minhas surpresas de
vez em quando. Muitos não as percebem; por isso alegra-Me que tu
o tenhas adivinhado. Vós, na Terra, estais sempre obrigados a
adivinhar. Mas Eu estou sempre presente atrás da porta e tu,
algumas vezes, não Me viste. Procura ver-Me em tudo, porque
estou em tudo! Oh, esse vosso olhar, que tanto amo! É como se Me
fizésseis uma confissão; como um pedaço de vossa alma que Me
dás e que Eu tomo imediatamente como um colecionador de objetos
preciosos, que guarda zelosamente cada uma de suas aquisições
para que ninguém possa roubá-las. Diz-Me que agora és
completamente Minha. Tu Me dizes que já o sei, mas não Me prives
do gosto de ouvir-te dizê-lo de novo. Podes Dizer-Me todo o tipo de
palavras; mas com os outros ama o silêncio. Refiro-Me a um silêncio
de bondade. Nele Me encontrarás. E Eu escutarei todas as palavras
que não Me dizes. Reterás essas para Mim e por Mim. Pedir-Me-ás
a força para fazê-lo e serão como flores cortadas, com as quais Eu
Me farei um ramalhete. Queres ensaiar já este silêncio sobre os
outros, cuja eloquência o Meu Amor perceberá? Peço-te esta nova
maneira de dar-Me alegria pois preciso receber todas as tuas
maneiras de amor. Sois livres. Mas Eu vos desejo inteiros.”
29 de abril. “Tu crês ser a pessoa mais rica do Mundo só
porque tens em uma de tuas árvores um rouxinol, cuja voz pura e
forte enche de encanto as tuas tardes e as tuas noites. Mas o que é
esta riqueza poética em comparação com a Voz pura e forte que tu
escutas nos jardins secretos de tua alma? Não é uma Voz que se
imponha, como a do rouxinol. Espera que tu queiras animá-La, de
maneira que as Palavras que pronuncie sejam como convidados
que entram em teu coração para uma festa que tu lhes dás. A Voz
não chega nunca atrasada. A Sua pressa de falar é grande, pois
tem um grande amor a anunciar e sabe bem os frutos que obterá.
No entanto a Voz quer que sejas tu a chamá-La; então, cheia de
alegria, vem. Vós costumais dizer que ‘o modo revela o homem’. E,
o que dizer da Palavra direta e sincera? É ela que manifesta os
vossos sentimentos mais fundos quando vos atreveis a expressá-los
diante de um ser muito querido. Filha Minha: escuta-Me nas
Palavras diretas de Meu Amor. E que seja para ti um encanto
sempre novo: como esses tesouros antigos, mas sempre novos, dos
que vos fala o Evangelho. São estas as riquezas inesgotáveis que o
Coração de teu Senhor tem desejado: um incessante recomeçar de
vossa alegria ao ouvi-Lo. E posto que queres começar já a deixar
este Mundo para viver mais silenciosamente em Minha Intimidade,
relê continuamente as Minhas Conversas contigo. Impregna-te
Delas e pede-Me que alimentem um grande número de almas;
todas. E então, como uma modesta operariazinha que já terminou a
sua jornada, retirar-te-ás desta vida; humilde, porque tudo te veio de
Mim; e contente por ter obedecido sempre. Foste um nada à que Eu
dei o desejo de Minha Glória.”
30 de abril. Depois da Comunhão. “Os teus pensamentos!
Vigia os teus pensamentos porque deles derivam as tuas palavras e
as tuas ações. Pensa em Meus Pensamentos, que são todos eles
benévolos e misericordiosos; assim atuarás de acordo com os Meus
Atos.”
5 de maio. Procissão das Orações. Eu tinha uma pedrinha no
sapato. Disse-me: “Pensa nas pedras que Me fizeram cair no
caminho do Calvário. E Eu continuei até o fim.”
11 de maio. Eu convidava os anjos de minha varanda para que
viessem sentar-se diante do magnífico panorama do Loire tranquilo
e de suas ilhas vestidas com os verdes de maio. Ele: “Filha, o Céu
não está longe da Terra, quando Lhe rogais. Vivei mais na
sociedade dos santos. Eles vos ajudarão a amar-Me melhor; eles,
que já possuem a ciência do Amor. Poderias dizer-te que
aprofundas Nele um pouco mais a cada dia? Ainda que fosse
somente por quinze minutos?” Eu: Senhor, sê o meu Professor.
Como posso fazê-lo? Ele: “Olhando-Me no Evangelho; Nele está a
Minha História. Nele Me segues, Me vês consolar, curar, sofrer,
obedecer, por vós, ao Meu Pai. No Evangelho Me vês privar-Me,
falar e calar, buscar a solidão quando as multidões Me perseguiam;
e vês ensinar, sofrer a contradição; defender bravamente a Verdade,
repreender os grandes, sustentar os pequenos; cheio de
misericórdia para com os humildes, os arrependidos e os oprimidos.
Pensando só em vós, nunca em Mim mesmo. Por vós e contra Mim.
Recorda que há pouco tempo atrás, em Paris, te encontravas em
um estúdio de rádio cheio de pessoas ruidosas e atrevidas. E te
dizias: ‘O que estou fazendo aqui?’ Pois quando vim do céu à Terra
pude perguntar-Me isso mesmo e teria ido embora se Eu não
tivesse vindo justamente para sofrer, para dar-vos provas de Meu
Amor, ao longo de todo o caminho de Minha Vida, muito mais longo
que o caminho do Calvário. Os Meus Sacrifícios… como tu
poderias contá-los? As estrelas souberam de minhas Orações
noturnas; os Meus membros congelados sentiram o frio; os Meus
Pés rasgados conheceram as pedrinhas do caminho… Quem soube
de Meus Fervores por Meu Pai, o Meu Zelo por vós, vós todos, em
todos os tempos, até o último que haverá de chegar? Terás
observado como às vezes arrastas as almas sem dizer nada. Mas
Eu queria deixar-vos o Meu exemplo, quando vos dizia: ‘Vinde após
Mim’. Isto será a resposta ao Amor. Mas crês que tenham sido
muitos os que Me responderam? Nisto esteve o Meu Suor de
Sangue em Getsêmani, esta foi a Dor que desfigurou o Meu
semblante até o ponto em que Pedro, João e Tiago mal Me
reconheceram. Amigos Meus escolhidos, os do pequeno número,
venham encontrar-Me cada dia nas páginas de Meu Evangelho!
Buscai nelas o Meu Coração e entregai-Me o vosso…”
13 de maio. Hora Santa. Não é verdade que fiz bem em pedir-
te que vivesses este dia com a Minha Grandeza? Tens visto-A em
Meu Poder e isto fez nascer em ti a Esperança no único Amigo, que
tudo pode. E te sentistes cheia de alegria em tua pequenez; sabes
pouco, mas te abandonaste à Minha Ciência, confiando em Minha
infinita Doçura. Lembrastes-te daquela borboleta grande que cobria
a flor entre as suas asas. Que curto te pareceu o dia, filha! Não
adquirirás o gosto habitual de pôr em teus pensamentos, como
amável companheira de caminho, alguma de Minhas Qualidades de
Deus? Seria uma nova forma de gentileza para Mim. Porque
quando uma alma quer tomar posse de seu Salvador, multiplica as
suas maneiras de persegui-Lo. E Ele, por seu lado, encontra mil
pretextos para deixar-se prender. Se soubesses... Esta é a vida
secreta que vós chamais vida interior, mas que foge dos padrões da
Terra. No começo são meros ensaios de voo, que são os primeiros
lançamentos. Como aquele pássaro pequenino que, ao deixar o seu
ninho por primeira vez, pareceu-lhe ter subido até o sol. Cuida de
tua vida íntima. Ama-a porque Eu a amo.” Depois consegui reprimir
uma visita de sátira. Disse-me: “Oferece-Me essa florzinha que
acabas de cortar…”
14 de maio. Depois da Comunhão. “Não deixes os teus
pensamentos se enrolarem na erva daninha. Compara o que te
lembras do Saara desolado com a tua varanda, tão bem cuidada e
repleta de rosas.”
20 de maio. “Olha-Me. Tens confiança? Esperas em Mim sem
reticências e sem intermitências? A Esperança que quero de ti vai
mais além da morte. Porque Eu Sou Tudo para ti e tu Mo disseste.”
20 de maio. Eu: Senhor, a Terra está cheia de coisas
entediantes. Não crês que eu estaria melhor Contigo e em Tua
Casa? Ele: “Supõe-se que a tua vida é para Mim. Então, faz-Me o
favor de conservar o teu sorriso. Deseja, melhor, que se prolongue
uma vida que te oferece possibilidades de fazer o bem. E se isso é a
Minha Vontade, deves sentir-te feliz de que a Minha Vontade se
cumpra. Busca maneiras criativas de distribuir em torno de ti a
alegria, sem mudar em nada os teus hábitos. O segredo está no
modo de fazê-lo. Não vês a diferença que há entre falar com afeto e
falar sem unção? As palavras são as mesmas, mas soam de outro
modo. E se podes fazer algo disto, por que não haverias de fazê-lo?
Se quisesses pôr uma gota de ternura em um coração amargurado,
não te seria difícil. Por que descuidar essa possibilidade se te
lembras de que Eu estou nos outros? Serve-Me onde estou! Serias
feliz em seguir-Me, posto que andas buscando-Me! Tu Me buscas
na beleza das rosas, no canto do rouxinol na varanda, no canto que
o pássaro da ilha te manda por cima do Loire; buscas-Me nas
estrelas radiantes de uma noite de maio, nos pântanos. Mas é que,
por acaso não estou primeiro nas almas criadas à Minha Imagem e
Semelhança? Nestes seres humanos de quem Sou o Irmão e
Salvador? E não Me dirás que não vês maneira de alcançar-Me
através deles. Eles nem suspeitarão sequer que Eu Sou a Pessoa
que buscas; mas de todos modos, sentir-se-ão confortados, e Eu
farei com que o seu conforto seja maior…” Eu: Senhor, com X., não
pude refrear o juízo pouco caritativo que queria dissimular. Ele:
“Uma flor que pudeste cortar e não cortaste. Eu pude utilizá-la para
a Minha Glória; mas a Minha Misericórdia aproveitará que tu agora o
lamentes. Humilha-te, reconhecendo as tuas deficiências. Eu te farei
subir mais alto que de onde te encontravas.”
27 de maio. Festa de Corpus. Eu: Senhor, desejo tanto que se
realizem os Teus Desejos! Ele: “Coloca-te ao Meu lado, no lugar que
João ocupou, no momento em que eu inventei a Minha Eucaristia.
Considera a Minha Alegria. Nem sequer pareço pensar na
atrocidade das dores de Minha Paixão, que está a ponto de
começar. Ponho-Me todo inteiro no Amor aos homens; não somente
aos Onze, senão a todos quantos nascerão até a Consumação dos
Tempos. Como se a todos vós Eu tomasse em Meu Corpo,
prometendo-vos fazer-vos membros Seus. Tenho esta Sede de
união até o ponto de querer ser comido por vós, para conseguir uma
fusão de nossos espíritos no pensamento e na ação. Vós ficais
surpreendidos de tanto Amor e, no entanto, não percebeis senão
uma pequena parte. Quando pode a chama de uma candeia dar a
ideia de um incêndio? E aí, perto de Mim, no lugar de João, podes
ter uma noção do Sentimento que Me faz estremecer: ter
encontrado o meio de ficar entre vós; vós, os que não estavas ali na
noite da Ceia; vós, a quem amo tanto que por esse Amor aceitei
morrer com Morte ignóbil; vós, que tens durante toda a vida a
companhia de Minhas Hóstias, que farão a vossa morte mais doce.
E desde o teu lugar, que é o de João, olha como os Apóstolos se
converteram já em outros homens, enternecidos e piedosos. Já Me
possuem; já atuo neles como atuarei mais tarde em vós. Sou o mais
rico, o que mais intensamente deseja o vosso bem. Como poderia
ser que Eu estivesse presente em algum lugar e não o deixasse
cumulado de bens? Põe-te, pois, ao serviço deste Desejo, pedindo
ao Pai que todos Me deixem atuar neles. Se tão somente
consentissem em deixar-Me entrar! Mas temem ser vistos. Não têm
tempo senão para os seus negócios; não Me corresponde nenhuma
parte. Não creem. Não pensam em Mim. Desprezam-Me. Outros
creem, mas Me odeiam e Me perseguem com baixeza em Minha
Presença Eucarística. Por isso, vós, Meus Amigos, rodeai-Me;
adorai os Meus Tabernáculos, dizei-Me palavras que Me consolem;
dai uma resposta da morte. Desejai que se atrase para ter mais
tempo de amar-Me. Haverá quem venha depois de vós, mas não
haverá quem possa substituir-vos; pois cada um de vós tem para
Mim um rosto e um caminho que vos são próprios. Conserva o teu
rosto diante de Minha Face e apressa os teus passos sobre o teu
caminho…”
3 de junho. Hora Santa. Perguntou-me: “Tens visto as Minhas
pombas?” É que eu regressava de Paris onde, na Rue du Bac, eu
tinha admirado a capela cheia de religiosas de São Vicente de Paulo
em adoração diante do Santíssimo Sacramento exposto.
Prosseguiu: “Alegrastes-te em ver como Me rodeavam com amor.
Une-te a elas, pequena. Exercita-te com mais frequência na
intenção de unir-te a todos os santos da Terra e do Céu. Com eles
és forte; só, tu és bem fraca. Formarás parte do ramalhete e Eu terei
a tentação de dar só a ti toda a recompensa. Lembra o quanto amo
a União: ‘Quando alguns se reúnem para honrar-Me, aí estou Eu no
meio deles’. Porque a União é uma forma de caridade e Eu Sou a
Caridade. Não temas perder a tua personalidade, pois, pelo
contrário, beneficias-te com a dos outros. Esses ramos, essas
cestas de flores com que se enfeitam os Meus Altares, não são
senão pálidas imagens das almas que se reúnem em torno de Mim
para amar-Me. Põe com o pensamento, perto de Meu Tabernáculo,
todas as almas que Me encomendas: Eu as atrairei. O Meu Amor
não pode desentender-Se daqueles de quem tu te ocupas. E o faço
na escala de Meu Amor. Nesta Oitava do Santíssimo Sacramento
ama todos, adora com todos, espera e deseja com todos.” Então
Lhe disse: “Quando virás buscar-Me, meu Amor? Estou pronta para
a partida, sem nenhuma nostalgia. Para estar Contigo.” Ele: “Une-te
a todos os que têm desejado em seus corações o advento de Meu
Reino, o Meu Dia. Que o zelo de Minha Casa te consuma. Faz como
se Eu tivesse confiado o Meu Sucesso à tua pequenez. O que tu
farias para estar à altura da Tarefa? Não posso esperar isso de ti?
Deixa-te devorar pelo fervor. Tu pedes, Eu realizo. E isto também é
União.”
3 de junho. À noite, o rouxinol já não cantava mais. “Já
terminou o seu tempo. Mas tu cantarás para Mim por toda a
Eternidade.”
9 de junho. Hora Santa. Disse-Lhe: Quantas vezes, meu Amor,
terei feito a Hora Santa em minha vida? Respondeu-me: “Não creias
que tenha Me esquecido das outras horas da tua vida. Tu não
gostas de chegar tarde a encontros com as tuas amigas nem gostas
de ser ingrata. Então, com O que te amou desde antes que tu
pudesses amá-Lo e logo te Salvou, como tens que ser? Humilha-te,
filha, de fazer tão pouco, ainda que tudo o que fazes Me dê tanta
alegria. Continua. Aumenta. Busca surpresas para dar-Me, com
pequenos sacrifícios que fizeres. Será sempre o Espírito Quem as
inspirará. É como uma proposta que se te faz, e à qual dás o teu
consentimento. É este ato de tua vontade, o que Me chega como a
flecha do cântico: ‘Oh, deliciosa ferida!’ Isto te enche de admiração,
porque não podes adentrar no sentido da palavra ‘Deus É Amor’.
Que não te preocupe a tua pequenez no nosso trato. Porque a tua
pequenez é justamente o que comove a Minha Misericórdia. Não
temas exagerar no desejo de encontrar-te Comigo, pois o Meu
Desejo é justamente que nunca te separeis de Mim. Em todo caso,
se não puderes compreender-Me, esforça-te por crer-Me. Como as
crianças, que creem sempre na palavra de seus pais. E uma
namorada também crê na palavra de quem a ama. Crerás em Mim,
então? É preciso exercitar a alegria para que se alarguem os
corações. E, que fácil é a alegria, quando se pensa que se é
infinitamente amado por um Deus Bondoso! E a Minha própria
Felicidade aumentaria sabendo que és feliz. Ah! Quando vejas,
quando saibas… Desejarias então voltar à Terra para terminar o que
não deixaste terminado. Não temas, pois, amar-Me, dizer-Mo,
esperar-Me e chamar-Me. Quando se ama, isto é simples. Até
morrer é simples.”
17 de junho. Hora Santa. Eu buscava em meu pensamento
uma maneira de agradar-Lhe mais. Disse-me: “Eu não peço o
impossível. Nem sequer o mais difícil. O que desejo é que venhas a
Mim com a simplicidade de crianças. Crianças que são (e se
sentem) filhas de Deus. Filha! Estejamos como numa família. Quem
tem mais direito do que Eu de escutar a voz do sangue, a chamada
que brota de vossas entranhas, os estremecimentos de corações
que reconhecem a Sua Origem? E posto que sois filhos de Deus,
por que não falar-vos como o que sois? Por que não amá-Lo com
verdadeiro amor filial? Agradecer-Lhe por tudo, com uma gratidão
cheia desse júbilo, que é o esplendor do amor; obedecer-Lhe com
uma obediência fácil e rápida como um sopro, com uma ternura de
veludo; cheios dessa atenção constante, que é o olhar do coração, e
sempre em busca dessas novas invenções, em que se manifesta a
vitalidade do amor. Nenhum dos sentimentos do coração do homem
necessita de vitalidade, tanto como o amor: que em ti, vitalidade e
amor sejam um só. Ao longo de tuas horas no caminho, olha
incessantemente a Deus; os teus olhos manter-se-ão puros. E
quando queiras falar-Me, diz-Me com simplicidade: ‘Te amo’. E
deves crer que com isto basta, que isto é tudo; porque nisto estão
os teus lamentos de frustração, as tuas esperanças, a confiança;
tudo isto, sem os limites que sempre traz consigo toda a expressão
em palavras. E quanto a Mim, Eu vos conheço até o fundo; vos
adentro com absoluta claridade; nenhum de vossos esforços Me
foge da vista. Eu estou em seu começo, pois se produzem por Mim;
Eu os sustento. Sou sempre como o pai que ensina a seu filho
pequenino a dar os primeiros passos; e não creias que entendes a
ternura com que o faço. Sê a Minha filha menor!”
24 de junho. Hora Santa. Em minha casa, diante de Sua
imagem em busto. Disse-Me: “Eu Sou a Cabeça. Tu és os Meus
Braços, levantados para o Pai. Glorifiquemo-Lo juntos. Põe nisso
todo o teu coração; ou seja, a tua vontade. Crescerás. E a tua união
Comigo, Cabeça do Corpo, te dará uma força que não suspeitas.
Tudo o que é bom em vós é coisa Minha; Sou Eu; faz-Me um lugar
para ficar. Desejai que o Meu Espírito invada o vosso. Perde o teu e
reveste-te do Meu. Não é a todo momento que Eu Me sirvo,
oficialmente, por assim dizer, de Meus instrumentos em ti; mas a
todo momento tu deves pô-los ao Meu Serviço, honrada com isso e
alegre. Tu lembras-te daquela pequena servidora que o Rei tinha se
dignado empregar e que tinha desempenhado o seu encargo com
tanta perfeição, que o Rei a tinha elevado ao nível de seus mais
íntimos confidentes; com isso, a servidora não pensava em outra
coisa senão em estar com o Rei, sem outra recompensa. Com que
nome Me chamas em teu coração?” Eu: Senhor, não encontro
nenhum que Te convenha. Ele: “Então, ama-Me sem nome.”
1º de julho. Nantes. Hora Santa. Desde o Seu busto: “Vês? Eu
peço a muitos, a todos, que Me amem, mas poucos Me escutam e
há alguns que ouvem, mas que não querem compreender. Sabes?
O Meu inimigo é o dinheiro. Ninguém pensa em outra coisa; todos
vivem para ele. E ele endurece o coração sem preenchê-lo. Eu Sou
o Único que realmente dá alegria. Imaginam que esmago as
pessoas com uma massa de sacrifícios, quando são precisamente
eles os que as alivia. Explica-lhes que o Meu jugo é suave; diz-lhes
tu, porque a Mim, não ouvem. Que o Meu Nome esteja presente
com frequência em tua conversa. Hoje, por exemplo, o fizeste, e foi
como quando o sol aparece. Era simples e profundo. Mas
sobretudo, não contes contigo mesma, senão Comigo, em ti.
Quando entraste nessa cafeteria para cobrar o aluguel, e aqueles
homens te rodearam para conversar, pudestes observar como
imediatamente te falaram de Deus, da outra vida, da morte. Era
influência tua? Não. Era Eu em ti. Pobre gente que não pensa senão
no prazer da bebida, a qual tem obscurecido o pensamento que os
faria subir até Mim, para amar-Me um pouco... Pois, um pouco é o
começo de muito. O Amor aprisiona, o Amor arrebata; de improviso,
sem anunciar-Se, sem esperar, sem pedir licença. E quando a alma
se deixa invadir pelo Espírito e se abandona Nele, ela pode dar
Glória ao Pai, porque ela começou a compreender o Seu Amor.
Filha! Dá ao Pai o melhor de ti mesma.”
9 de julho. Algumas pessoas que acabavam de Comungar
passavam de frente para mim. Disse-Lhe: Senhor, concede-Me
algumas Graças ao passar. Respondeu-me: “E tu, tens ajudado os
pobres da rua?” E como sorrindo, acrescentou: “É preciso que o teu
sorriso exterior proceda de um sorriso interior, cheio de serenidade.”
10 de julho. Hora Santa. “Lê, a cada dia, algumas linhas de
‘nossos cadernos’; dar-te-ão um pouco mais de força no amor. É
muito, se te peço isso uma vez de manhã e duas à tarde? Para
estarmos juntos, para que Me encontres sob a aparência das linhas
escritas. O quanto desejo dar-Me a ti! Mas não Me atrevo a pedir-te
que Me recebas; é o Meu Respeito à tua liberdade. Fala-Me. Não
temas atirar em Meu Coração. Diz-Me o que te pareça doce para
dizer: Consolar-me-Ás, tu, a quem tantas vezes consolei. Eu Sou o
Deus-Homem, sensível às tuas delicadezas. Se tivesses um pouco
mais de Fé a tua alegria seria grande, estando mais perto de Mim; a
tua felicidade estaria à porta. Porque a tua felicidade Sou Eu. Tenta
explicá-lo a quem não o compreende. Sê a Minha transmissora. Já
sei que não atuas em vista da recompensa, mas somente para
agradar-Me. Cria continuamente em ti, filha Minha, a atmosfera do
amor. Nela, dentro de vós, quero viver até a vossa despedida deste
Mundo. Então, a vossa saída daqui será muito doce. ‘Exalar’ é a
palavra que convém para expressar o último de vossos doces
suspiros.”
15 de julho. Eu acabava de receber por correio a primeira
página das provas de ELE E EU. Disse-me: “É muito justo que
estejas alegre. Ora, pedindo que cada uma destas linhas tenha
ressonância ao passar pelas almas. Tu não imaginas o que será o
itinerário deste livrinho. Pede-Me que Eu o mande aos mais
miseráveis, aos que estão espiritualmente paralisados, desolados
sem esperança, mudos diante de Deus, possuídos pela ânsia do
dinheiro. Pede-Me que passe por este livrinho como Eu passava em
outros tempos, curando os doentes e atraindo as almas a Mim.
Aqueles Meus triunfais passeios no silêncio dos corações! Não crês
que, desde agora, todos os que trabalham na publicação e difusão,
estão respirando como que um ar novo? Então, que todos venham
para alimentar-se e respirar mais fundo. Assim, acabarão
compreendendo o Meu Amor um pouquinho mais… Eu Sou como
um homem rico que cumulou os seus amigos com benefícios para a
sua felicidade, e que em um dado momento se detém, com emoção,
para observar os seus favorecidos, perguntando-se se concederão a
devida atenção às delicadezas de seu benfeitor, ou passarão ao
lado com um sorriso satírico, como no Calvário. Muitos moverão a
cabeça com desprezo, outros ficarão indiferentes. Mas aqueles que
puserem o seu espírito com o desejo sincero de possuir-Me mais a
fundo, experimentarão num dia uma ternura repentina que os
deixará surpreendidos e subjugados. Ora com frequência para que
Eu derrame Graças com esta profusão. Não te lembras do lema que
te deu o teu Diretor Espiritual? ‘Mar adentro!’. E tinhas te colocado
em marcha, passando sobre as fronteiras, até o outro cabo do
Mundo. Pede à Minha Misericórdia que todos esses teus passos
deixem marcado o rumo que terá de seguir este livrinho. Porque
tudo isso era para Mim... ou não? O mar, os caminhos, os ares que
atravessavas, como uma filhinha Minha, encarregada de uma
missão oficial.”
22 de julho. Eu andava preocupada por um projeto de
matrimônio para a minha sobrinha. Ele: “Antes de tudo, submete
esse projeto à Minha Aprovação. Eu Sou sempre o Criador, o Dono
dos sete dias; com a tua confiança Me honrarás. Parece mentira,
mas a confiança em Mim é sempre um problema para ti. Por que
tens essa resistência para crer? Repassa a história de Minha Vida.
Milagres e Amor em todo lugar! E uma simplicidade total no meio de
vós... E o que pensas de Minha ‘Invenção’ da Eucaristia? Esta
Presença contínua no meio de vós... Não mereço que tu venhas
contar-Me, com uma terna abertura do coração, tudo o que te
preocupa? Tu certamente te compadecerias de um amigo que
nunca recebe confidências, de um pai carinhoso a quem os seus
filhos nunca pedem conselho. E aqui entro Eu, o teu Jesus, o teu
Cristo. Acharias aceitável o fato de que Eu ficasse como que
descartado de tua vida, como que esquecido, nas encruzilhadas de
teus caminhos no Mundo? Eu tenho em Minha Mão até a circulação
do sangue em tuas veias; faz-Me a honra de crê-lo, de agradecer-
Me, e de nunca tomar um caminho sem consultar-Me. Lembra-te do
cuidado com que a tua mãe arrumava em seu cofrinho as suas joias
e objetos preciosos. Eu Sou o Estojo das almas; em Mim elas
descansam sem perder o seu brilho. Doce Morada, mais suave que
o veludo!”
27 de julho. Em meu aposento soavam as três horas, e eu me
perguntava: Que oração poderia ser-Lhe agradável? Que louvor dar-
Lhe em memória de Sua Morte? Ele: “Diz: ‘Meu Pai, perdoa-lhes,
porque não sabem o que fazem’.”
29 de julho. Hora Santa. “Não é verdade que quando relês
estes “cadernos”, há certas frases que te atingem como uma flecha?
As Palavras voltam a te falar, com um sentido novo; o Espírito lhes
dá outra forma. Não tinhas percebido isto. O teu pensamento ainda
não estava maduro. Tinhas outra idade. Como se a pessoa que és
hoje encontrasse a pessoa que foste em outro tempo. Porque as
Graças, quando recebem a devida correspondência, renovam uma
alma. Queres ter uma alma mais compreensiva e mais próxima de
Mim? Então alarga-a, para poder receber mais. E quando tiveres
recebido, faz frutificar o que recebeste; é o que acontece com essas
tuas árvores, que tens tão bem regadas. Nada se perde dos
cuidados que dás à tua alma. Tu não o vês, mas o Céu sim, todo o
Céu. E é Ele o único espectador que deve interessar-te. Com
pequenez, com humildade, acessa a arte do grande estilo em um
cenário silencioso; mais tarde virão os aplausos e a Glória. Tem a
força de aguardar. Que seja teu o gênio paciente no trabalho, como
Eu o tive, com um Amor inimitável. Não tenho por acaso direito de
pedir-te uma coragem contínua? A coragem de viver e a coragem
de morrer. E se a Fé põe um pavimento no caminho de teus atos
generosos e de tuas palavras de afeto, (nesta atmosfera de carinho
em que Eu te coloque), como poderia ser que o caminho te
parecesse longo demais? E, como poderia ser que Eu não fizesse a
metade do caminho para vir ao teu encontro? Quando Me darás a
honra de esperar de Mim mais do que és capaz de esperar? Porque
Sou o Todo-poderoso. Porque te amo. Mede a tua indignidade. Mas
poderás algum dia pesar a Minha Misericórdia?”
6 de agosto. Festa da Transfiguração. “Quando eras menina
dizias-Me: ‘Senhor, transfigura-Te em minha presença’. Naquele
então, tinhas essa confiança em Mim. Logo subiste a montanha da
solidão, e ali ouviste a Minha Voz. Conheceste-Me sob outro
aspecto. E foi também o Amor que Me fez transfigurar diante de
Meus Apóstolos. Sempre o Amor! A fonte de tudo o que vem de
Deus. Existe o Amor, existe também o ódio. Duas raízes, nada mais:
Deus e o demônio. E o homem livre escolhe o que quer. Considera
cuidadosamente de onde provêm os teus atos; pensa que Eu te
estendo a Mão. Pensa também no movimento da natureza má, que
leva a denigrar o próximo, que é a Minha Imagem. Escolhe com o
teu livre arbítrio o afeto que te conforta, a palavra, o olhar devido. Eu
estou em todas as maneiras de amar; satanás, em todas as
maneiras de machucar. Vês as fontes? Vês os frutos? Escolhe, pois,
e põe-te no estado de escolher-Me sempre. É um estado habitual de
amor, é o caminho direto que atravessa a morte e te leva até os
Meus Braços.”
7 de agosto. Em uma tentação de egoísmo, Disse-me: “Por
favor! Não te sirvas antes que a Mim!”
13 de agosto. A velha casa estava cheia de gente. “Mas tu és
Minha, igualmente como na solidão. Dás-te a todos e em todos Me
encontras; o que muda é simplesmente o dever do momento; o
Dono é o mesmo, sempre doce. E logo, tens as tuas noites; bem
sabes que os colóquios noturnos são os mais íntimos; neles, o teu
pensamento se funde com o Meu. Quando te custa um pouco
expressar-te, o Espírito te traduz, mas tu não o sabes. Não sabes
que os humildes balbuceios de menina se convertem, para Mim, em
hinos de Glória. A tua intenção é a de glorificar a Deus; intensifica-a,
prolonga-a para toda a vida.”
19 de agosto. Eu passava por um momento de depressão.
Disse-me: “Marca o passo. Mantém-te firme.”
20 de agosto. “Como tu não podes ver mais claramente em
Meu Amor? Porque, ainda quando tu não pensasses mais em Mim,
Eu continuaria pensando em ti. Ainda se tu Me abandonasses e Me
renegasses; ainda quando chegasses a zombar de Minhas
Pretensões sobre ti e pisasses os nossos “cadernos”, e arrastasses
a outros na campanha contra o teu Deus, Eu continuaria te amando.
E se te unisses aos que resolveram morrer insultando-Me, para
mostrar diante do Mundo, um supremo esforço de rebelião
orgulhosa, Eu te amaria ainda, esperando que os teus últimos
suspiros e um olhar de arrependimento te lançassem em Meu
Coração.”
27 de agosto. Pede a Deus o teu pão cotidiano como uma
porção de Amor.”
6 de setembro. Na casa vazia. “Eu estou sempre crucificado
diante do Pai, que vê, no mesmo instante, todos os tempos. Eu Sou
sempre o Cordeiro de Deus que apaga os pecados do Mundo. E
posto que Sou teu e para ti, por que não Me ofereces, com mais
frequência, ao Pai, desde o fundo de teu coração? Sempre é
‘agora’. Não o entendeste assim quando, em Jerusalém, oravas
sobre o buraco do Calvário? Oferece carinhosamente o teu
holocausto pelo Mundo, afundado como está em tanta miséria. Não
poderá levantar-se sem Mim. Que dor não seria a tua se quisesses
salvar a um ser querido, e ele rechaçasse a tua ajuda! Eu quero
ajudar o Mundo, mas o Mundo Me rechaça. Fala ao Pai de Seu
Filho Crucificado, para que Se comova e envie a Luz a estes
inveterados, que não Me concedem nem sequer um olhar. Sabes
como se fala a um pai que está vendo morrer o seu filho? O pai porá
empenho em executar a última vontade de seu filho. Então, lembra
ao Pai Celestial a palavra que Eu disse na Cruz : ‘´Perdoa-lhes,
porque não sabem o que fazem’. E sempre é ‘agora’. E se o Pai os
perdoa, o que poderia detê-Lo? Aprende a conhecer as efusões do
Amor. Não há outro semelhante ao Seu: tão forte, tão fiel, tão
devorador. Não há nenhum Amor como o Seu, todo cheio de doçura
delicada; totalmente diferente do quanto conheces sobre a Terra: um
Amor sempre disposto. Este Amor é sempre ‘agora’.”
9 de setembro. Eu: “Senhor, eu atormento o meu espírito em
busca de amar-Te e não consigo.” Ele: “Ama-Me com simplicidade:
Eu Sou o Sempre. Quando estou em teu pensamento e tu sentes
pena de não amar-Me melhor, já com isso Me amas. Me amas
também quando fazes as coisas, não por alegrar-te, senão porque é
o teu dever. Me amas quando te fazes pequena diante dos outros e
diante de ti mesma. Me amas quando queres orar e te distrais, mas
deploras as tuas distrações. Me amas quando queres expressar os
teus desejos, e não encontras as palavras. Quando desculpas uma
palavra que te fere, quando agradas aos outros para alegrar-Me.
Amas-Me quando ensaias deixar tudo, como se morresses; quando
pões o teu pensamento entre os anjos e os santos, como se
quisesses antecipar a tua chegada; e Me amas, enfim, quando à
noite suspiras pelo amanhã em que estaremos unidos. Tudo isto é
muito diferente do que tu imaginas que é necessário para amar-Me.
Filha! Simplifica-te docemente em Minha Presença, com um amor
vivo. Tu bem sabes que sempre estou contigo.”
16 de setembro. “Filha Minha, nada existe fora de Mim, e nada
deve reter o teu amor. Como poderias amar o nada que as coisas
são? Não pensas que, sendo Eu a absoluta Perfeição, devo atrair-te
desde o fundo de teu ser? De um ser criado para a Beleza imortal?
Desembaraça-te de ti mesma. Apaixona-te por teu Deus, que é o
Esplendor da Verdade. E se o conseguires, o teu pensamento
estará com mais frequência fixo em Mim. É um lembrar-te de Mim
que quero ver em ti: esse desejo de agradar-Me, esse temor de que
Me ofendam. Essa alegria da busca de Meu Reino. Eu quero reinar
em cada um de vós. Guarda o teu coração submisso; não pela
força, senão pelo Amor que une as nossas duas vontades. Aprende
a encontrar-Me em tudo ao longo do dia. E como poderias
encontrar-Me sem dar-Me uma saudação de amor? Quando um
estrangeiro solitário percorre um país distante, é-lhe penoso não ver
por nenhum lugar ninguém que o olhe com afeto, tendo que
percorrer o seu caminho como se andasse entre os mortos. Esse
estrangeiro Sou Eu. O Sou quando as almas não pensam em Mim
por nada, quando as almas estão como que fechadas e sem vida. E
no entanto, Eu vos chamo sempre através dos acontecimentos e
das circunstâncias. E as pessoas dizem que é o acaso. Quando
dirão que Sou Eu?”
30 de setembro. Ao retornar de um magnífico passeio de
outono, eu admirava umas nuvens que tinham a forma de cabeças
de animais gigantescos. Disse-Lhe: “Senhor, que belos são! É como
se se tratasse de Tua primeira Criação.” Disse-me: “Cada dia é uma
nova criação! Eu crio sem cessar e não há dia que se pareça a
outro. E isto vale para vós mesmos; se Eu não vos sustentasse na
existência, deixaríeis de existir. Amar-Me-ás por isso e agradecer-
Me-ás? Esta criação contínua de vosso corpo e de vossa faculdade
de pensar provêm de Meu Amor incansável. Usai o corpo e a alma
para louvar a Deus, como se tivesses começado a louvar no dia de
vosso nascimento, para cessar só no momento da morte; e para
logo retomar o canto para toda a Eternidade. Percebeste o olhar
daquele pai que escutava a ária composta para ele? Sorria para o
seu pequeno e tinha um grande desejo de abraçá-lo. E não era
senão um pai da Terra, pois ele não tinha dado a alma ao seu filho.
O vosso Pai Celestial vos faz viver; Ele é a vossa alma. Tu és o Meu
sopro; Eu to dou a cada instante. E o Meu Sopro é o Meu Amor.
Recebe-O com uma sede ardente, para só viver para amar-Me. Ora
pelos que recebem os Meus Dons sem querer conhecer-Me, nem
amar-Me, nem servir-Me. E no entanto, eles também existem por
Mim; Se Eu não os mantivesse no ser, cairiam sem vida. Então, os
espero. Ora para que não desaproveitem as ocasiões de vir a Mim.
Que venham, tenho sede deles! E que Me digam, como quando
eram pequenos: ‘Perdoa-me; não voltarei a fazê-lo!’. E esquecerei
tudo e o Céu fará os seus preparativos para a grande Festa. Se
soubessem! Mas a Festa que haverá em Meu Coração será maior.
O Carinho de Deus! Estou ao pé da escada de vossas vidas e
escuto para ver se os vossos passos se aproximam ou se afastam
para sempre…”
4 de outubro. “Hoje contemplarás a Minha Beleza. Já nesta
manhã viste aquela flecha rosácea e intensa no horizonte oriental; e
logo, ao passar sob as árvores, te detiveste para olhar os longos fios
que as aranhas de outubro estendem de um galho a outro. Estavam
carregados de gotas de orvalho, como pérolas transpassadas em
colares abertos. O grilo que cantou para vós durante toda a noite em
tua cerejeira emudeceu de repente quando o sol apareceu. Naquela
hora o Loire começou a mudar de cores com uma variedade de
nuances que ninguém sobre a Terra é capaz de imitar, e as garças
passaram como um longo risco no horizonte violeta. Se aprenderes
a olhar bem, verás que no espaço de um só dia há um
desdobramento de magnificência que procede de Mim. Um pouco
de Mim para vós, certamente para despertar em vós o atrativo do
louvor, o gosto pela adoração, o amor ao Amor. E a cada dia mudo
os Meus Espetáculos para renovar os vossos corações. Tens por
acaso por aí outro provedor hábil repleto como Eu do desejo de
agradar-te? Tens alguém que recorte as nuvens nessas formas de
que gostas? Contas com algum engenheiro que alargue as ondas
do rio até fazê-las molhar o muro de tua varanda? E quem foi o
comerciante que encheu de pássaros os galhos de tuas árvores?
Ou o que te trouxe tantas borboletas ao redor de tuas flores? E não
foi certamente uma fábrica de tecidos que desdobrou como uma
seda as faixas de neblina que cortavam a ilha como em dois
andares! E diz-Me, qual é a mão que com tanta elegância
desprende as folhas amareladas de tuas tílias, enquanto as tuas
plantas de morango alargam os seus talos rasteiros no sulco para
os frutos de colheitas vindouras...? É o Amor que passa. Abre bem
os teus olhos para que vejas tudo isso ao passar.”
7 de outubro. Hora Santa. “Depois de ter vivido estes dias
gloriosos, que são os dias de outono, em companhia de Minha
Beleza, de Minha Potência, queres agora viver com a Minha
Delicadeza? Podes certamente encontrá-la em cada um de teus
dias. Assim foi esta manhã: encontraste logo a pessoa de que
necessitavas nesse momento... E o correio te trouxe a carta de que
necessitavas para animar-te a realizar o bem que tinhas começado.
Nisso Eu estava. Na reunião mundana de ontem a conversa que tu
iniciaste deu um giro inesperado e cativante para todos. Sentiste
que Eu te ajudava? As palavras te vinham com tanta facilidade... E
logo, essa alegria que te vem frequentemente como por ondas; esse
refúgio que encontras como por cima da Terra, como uma evasão
da vida daqui debaixo; esse repouso, essa paz feliz, esse bem-estar
do qual tiras para ti e para os outros, não pensas que seja Eu
também? Dá-te trabalho pensar nisso, porque Eu apareço pouco na
cena. Tenho o temor de aparecer, pois não quero forçar o vosso
reconhecimento; quero ter algo assim como que uma surpresa
quando Me reconheceres! Um pouco como aquela mulher que
chorava olhando desde a janela ao seu esposo que se afastava;
enquanto ele, humilde e sensível, não se voltava para vê-la, por
medo de vê-la rir... Humilde e sensível, assim Sou Eu sobre a Terra.
É preciso que venhas a Mim; necessito ouvir o vosso chamado e ver
os vossos braços abertos. É preciso vir buscar-Me e fazer-Mo
entender bem. Então direi: ‘Será certo? Gostais de Mim de verdade?
Não estou sobrando em vossa vida, cheia de tantas coisas? Tendes
onde colocar-Me?’ Então, como se vos pusésseis a desamarrar-Me
as Mãos, Eu derramaria sobre vós a abundância de Minhas Graças.
Quando tu creias realmente na imensidão de Meu Amor; quando
creias sem vacilar que Eu estou presente em ti, a Minha Graça
crescerá em proporção, até o milagre, e seria ele mesmo um
testemunho da simplicidade do Meu Amor. E crê que Eu amo o que
Me dás, quando Mo dás; mas fui Eu Quem to deu primeiro. E no
entanto, tu, pobre como és, Mo dás: obrigado por ter pensado em
Mim!”
12 de outubro. Eu tinha uma dor de dentes. Ele: “Apoia a tua
bochecha dolorida sobre a Minha, esbofeteada.”
14 de outubro. “Permanece Comigo ainda quando saíres pelo
Mundo; permanece Comigo.” (É que eu ia numa reunião na casa
dos X.) “Durante o caminho, permanece Comigo; e quando estiveres
lá, nos salões, fica ainda Comigo no fundo de teu coração; de
maneira que tenha a alegria de sentir-Me mais em Minha Casa do
que na deles. Se sentires alguma vez o orgulho de possuir
exclusivamente uma amizade, bem podes crer que Eu, O que
sempre ama mais, tenho sempre a ambição de ser o teu Único. E
para evitar que escapes de Mim com as distrações do Mundo,
jogaria com alegria sobre ti a rede de caçador de pássaros: um
encantamento que te mantivesse imóvel para lembrar-te de Mim.”
21 de outubro. Acabava de morrer o sacerdote que tinha sido o
meu diretor espiritual numa parte de minha vida, e eu me sentia
como sob a sua bênção. Jesus Disse-me: “Crê que os Meus filhos
permanecem unidos em Mim, como os membros do corpo vivem
das batidas do mesmo coração. Há heranças espirituais que se
transmitem através dos muros dos sepulcros. Tudo passa por Mim,
e tudo é para a Glória do Pai. E essa união que permanece entre os
vivos e os mortos é tão grande porque todos são da mesma família,
do mesmo Sangue, que é o Meu, e que circula em todos. Ficai
sempre perto de vossos mortos, assim como eles estão perto de
vós. Alargai a vossa confiança, mais além das pequenas medidas
da Terra. Estabelecei-vos no Seio de Deus. Perdei de vista, mais
frequentemente, a este Mundo que não pode deter-vos, já que vós
ireis à Eternidade. Filha! Quando chegares a conhecer isto... Então
compreenderás os cânticos de louvor de todos os Bem-aventurados,
e a sua alegria é clamar incessantemente o seu agradecimento.
Merecer ver-Me! Que seja este o teu pensamento constante, o teu
desejo secreto. E digo secreto porque ainda é frágil. Pede-Me que
Eu o faça crescer em ti para que os que se aproximarem tenham
como que uma ressonância, e compreendam a finalidade de cada
dia que começa. E quando se fecharem os teus olhos, deseja que
voltem a se abrir sobre Mim, o teu doce e amante Salvador.”
22 de outubro. Depois da Comunhão, eu pensava na Justiça
de Deus. “Sim; mas durante a vossa vida na Terra só existe
Misericórdia. Vive constantemente Nela.”
27 de outubro. Hora Santa. À hora do Angelus, cantava-se ‘E
habitou entre nós’. Ele: “Eu habito sempre entre vós. Já vês a casa
em que habito, o Tabernáculo. Aqui vos espero. As pessoas do
Mundo têm os seus dias para receber; para Mim, todos os dias são
dias de recepção... E Comigo nada falta; nem o Banquete, nem o
Espírito, nem o Afeto, nem os Regalos de Minha Graça. Vos recebo
sem fazer-vos esperar, pois Sou Eu O que vos espera. Conheço
alguns que nunca vieram. Vieram, certamente, aos Meus Pés, para
confessar os seus pecados; mas não vieram dizer-Me ’Bom dia’.
Outros vêm aqui por ocasião de certas cerimônias, mas não pensam
que Eu estou presente; e disposto a escutá-los; e saem como
entraram, sem que algo esteja vibrando neles. Eu os sigo
tristemente com o Olhar, e a Minha Tristeza é a do Jardim da
Agonia… Tu, que vens diariamente à Minha Casa, fala-Me por eles;
para que antes de entrar aqui num ataúde, já tenham-Me dado o
seu corpo vivo, as suas faculdades e todo o seu ser. Eu saberei
recebê-los e responder à sua confiança muito bem! Mas Eu tenho
também outra casa-habitação: a vossa alma, quando viveis em
Graça; em ‘estado de Mim’ em vós, pois a Graça Sou Eu. Ninguém
pode entender a Minha Alegria por ser amado em vossas almas.
Ainda quando seja somente um pouquinho… Imaginas o que é
sentir-se ‘em sua própria casa’ em uma alma? Ser o esperado, o
mais querido; o melhor compreendido, o que manda, ainda que seja
sempre Eu o que tende a fazer tudo o que deseja essa alma que
vive para Mim? Oh, essas almas amadas que vivem em alegre
atenção a Mim para agradar-Me; que vivem impacientes por
escutar-Me. E têm avidez em aumentar o seu amor, que elas
sentem tão curto e miserável, tão frágil e inseguro; que têm sempre
medo de recair nas mesmas faltas de ontem! Fecha todas as
entradas de nossa casa para livrar-nos do uivo dos lobos.
Esqueçamos a Terra com as suas pequenas coisas; e no lugar mais
afastado no fundo do coração, falemos com a nossa linguagem.
Linguagem sem palavras.”
4 de novembro. “Eu chamo à tua porta. Reconhece que sabes
que não necessito de Minhas criaturas. E, no entanto, o Meu Amor
divino necessita de vosso amor. Assim o é, e em todo o tempo.
Lembras-te de Minha Palavra na Cruz, quando disse: ‘Tenho sede’?
Sempre a tenho. Se tu conhecesses esta Sede, mais ardente que a
sede dos homens, criarias por todos os meios uma forma de tirá-la
de Mim. Por isto chamo à tua porta. Lembras-te do calor do Saara?
Pois o deserto está menos aceso do que Eu. Estou sedento de que
penseis em Mim e em agradar-Me; sedento de vossa gratidão por
Meus pesados Sofrimentos; de vossa compaixão por todos os
opróbrios, as cuspidas e os ódios de que fui objeto à noite e na
manhã de Minha Morte. Pensais alguma vez nesses tormentos de
Meu Corpo e de Meu Espírito? Podereis medir esse Amor que Me
levou a deixar-Me prender? Eu poderia muito bem ter desaparecido,
fazendo-Me invisível; mas o Meu Amor Me levou a todas as torturas.
Não credes que com tudo isso Eu tenha pago o Meu Direito de
receber de vós, pelo menos, amizade? O bom Ladrão Me disse:
‘Senhor, lembra-Te de Mim quando estiveres no Teu Reino’. E Eu
vos digo: ‘Lembrai-vos de Mim durante toda a vossa vida’. Colocai-
Me como um farol no centro de vosso espírito; não somente como
um farol que alumia, senão também como um que esquenta. Em
nenhum lugar podes tu estar onde Eu não estiver também. Quando
Me buscas, já estou aí; e quando Me amas, Eu mesmo Me amo em
ti; Sou a tua Fonte. Faz o quanto puderes para voltar a Mim com
alegria e com simplicidade; poucos pensam nisso. Então...Deseja
que chame à tua porta…”
11 de novembro. Hora Santa. “Exercita-te em ser mais atrativa
pela tua Caridade. Poderias fazer o bem toda vez com um olhar
afetuoso, com um sorriso amável. Mas se te reservares para ti
mesma, te servirás a ti, não a Mim. Se fores ao encontro das
pessoas com Bondade e Delicadeza, com isso acalmarás,
pacificarás e repousarás. Um sorriso teu teria apaziguado a X. nesta
manhã se não te houvesses fechado em tua torre de marfim. Há um
demônio que se chama ‘espírito de contradição’, e que prejudica o
espírito que está em nós mesmos. Lembra que a Caridade não se
orgulha, e que nunca terá fim. O serviço de ti mesma perecerá
lamentavelmente; o serviço aos outros, se é por Meu Amor,
ressoará na Eternidade. Tens pensado em que Eu habito na anciã
doente jogada no caminho, e em todas as suas semelhantes?
Quero que Me busques um pouco de lenha e alguns vestidos para o
frio deste inverno. Quero que Me alimentes na pessoa dessa pobre
anciã. E se ela não te agradecer, nada te importe; serei Eu Quem
receberá o que lhe deres, e Eu Sou rico. Não sejas tímida quando
deres. Tem o atrevimento da Bondade.” (Eu me sentia humilhada de
ter que levar até lá um vulto em um carrinho de mão). Ele continuou:
“É possível que isso te humilhe; mas Eu não terei vergonha de ti no
Juízo Final. Não fujas do que te custar, e farás parte dos mais
felizes. Eu tenho feito tanto por ti! Mas és livre. Não cometerás nem
sequer uma falta. Eu terei somente a tristeza de ter um chamado
que não obteve resposta…” Eu: Senhor, irei.
18 de novembro. Hora Santa. Eu Lhe agradecia por ter me
dado um perfume tão raro, num galho que havia cortado no jardim.
Ele: “Tem a firme convicção de que o Pai Celestial fez todas essas
coisas encantadoras pensando em vós. A Sua Bondade tem sobra
de criatividade para o bem de Seus filhos. Mas, quem pensa em
agradecer-Lhe? E ainda quando preparou todas essas
magnificências da Natureza para todos em geral, também é certo
que o fez para cada um em particular, como se cada um fosse o Seu
único filho sobre a Terra. Amor para muitos e para um só! E todas as
maneiras de amar provêm de Deus; todas são adoráveis. Agradece-
Lhe a maneira que tem de amar-te; os Seus Pensamentos sobre a
tua pessoa, o que pôs em teu coração e não no de outra; o que fez
para que tu fosses ‘tu’, como favor particular. Não é um favor que o
Seu Olhar tenha te seguido desde toda a Eternidade? Não te sentes
com isto mais filha Sua, e feliz de ter um tal Pai? Ninguém poderá
fazer-te dano, pois és filha do Pai, e Cristo é o teu Irmão. Não vês
nisso uma fonte inesgotável de alegria? Escapa, livra-te das
preocupações da Terra; volta sem fim ao Seio Eterno que te levou.
Entrega-te ao Espírito Santo, que te vivificará e te ‘traduzirá’ ao Pai.
Não podes compreendê-lo. Entrega-te de todos modos; e quanto
menor fores, mais alto o Espírito te elevará. Vê a tua incapacidade:
quiseras saltar quando não podes sequer caminhar. Mas estende os
braços e o Espírito virá por ti.”
19 de novembro. Eu: E as minhas faltas, Senhor? Tenho
tantas! Ele: “Chora-as sobre o Meu Coração. Nunca se chora o
bastante pelas faltas; e há alguns que se gloriam delas. Mas os
Meus amigos sabem o que Me custaram... Sentem-se tristes pela
Minha Tristeza e se detestam a si mesmos. Daí nasce o seu amor,
desejoso de expiar. E a partir daí todas as suas pobres ações serão
feitas em espírito de reparação, para fazer-Me esquecer. E Eu tomo
a fealdade das faltas como material para tirar os esplendores da
alma. Tem Fé na magnífica beleza de uma alma humilde que Me
mostra as suas feridas e confia somente em Mim. É então quando
Eu a cubro com o manto de Meus Méritos. Como poderia ser de
outra maneira?”
23 de novembro. Depois da Comunhão. “O Evangelho relata
como bastava tocar a orla de Meu Manto para ficarem curados. E tu
Me comes, possuis-Me todo inteiro. Há com isso em ti uma força
que pode te curar, que pode mudar-te, converter-te de um golpe só.
Crês firmemente nisto?”
25 de novembro. Eu: Senhor, estou diante de Ti como a terra
seca, sobre a qual o profeta pedia a chuva. Ele: “O Profeta Sou Eu.
E Eu Sou também o Orvalho. Já o notaste: a Minha Palavra é um
alimento. Ofereço-te, tu o aceitas, e em seguida germina como uma
semente. É o Orvalho que cai do Céu. Que alimento, filha, e que
impulsos te dá! Compreende: tens que pôr-te sempre em marcha,
sem deter-te por nada. Corre para Deus como quando menina
corrias o caminho para encontrar ao teu pai que chegava. Que feliz
era esse pai da Terra! Mas o teu Pai Celestial o É ainda mais. O
empenho é Amor e é também Fé e Esperança. Como poderias crer
que Deus não ouvisse os chamados de um filho querido? Não. Pelo
contrário, multiplicará os seus Dons; pois os Seus Tesouros são tão
grandes, como o Seu Desejo de reparti-Los. Pobres pequenos, que
conheceis tão mal ao vosso Salvador! Como poderia ser que vos
tivesse salvo, para logo abandonar-vos? Não coloqueis limite à
vossa confiança e Ele não limitará os Seus Favores. Sede sedentos
de Deus e O recebereis. Se vós não O chamares, como Ele poderia
vir? Por acaso vós visitais uma casa na qual ninguém vos deseja?”
Disse-Lhe então: Se é assim, Senhor, vem continuamente a Mim,
pois continuamente Te desejo. Ele: “Crê firmemente que quando Me
chamares, virei.”
30 de novembro. Na escuridão do amanhecer, sem luz, cada
vez que tinha que descer de um banquinho, para logo subir ao
pórtico da igreja, passava um carro que me iluminava. Disse-me o
Senhor: “Como vês, estou sempre contigo e ocupando-Me de ti.”
3 de dezembro. “Tens visto com detalhe a Minha Bondade em
tua alma? Em teus bens? Ainda nas pessoas que te rodeiam? O
próprio da Bondade é a irradiação. Quando a Bondade pousa em
alguém, tudo fica iluminado. Mas não compares a Bondade de Deus
com a bondade do homem: pois esta não é senão um puro esboço.
Mas tem a ambição de igualar, sem limite algum, a Bondade de
Deus. Compreendes o alcance de Meus Favores? Compreendes a
Sua Delicadeza? Então, imita-A. Como nesta manhã, quando veio
uma pessoa para pedir-te uma informação: tu a confortaste. Não te
deixo com frequência a impressão de que te considero como
membro de Minha Família? Membro da Santíssima Trindade? Os
outros também são parte de Minha Família; essa é a pura verdade:
todos vós sois filhos de Deus. Mas que longo caminho é o que há
para percorrer para que se estabeleça no Mundo este movimento de
fraternidade! Busca as ocasiões. Faz o bem em profundidade, no
fundo dos corações, e serei Eu a Quem faças esse bem. Não te
sentis animada ao ouvi-lo?” Eu: Senhor, onde poderei encontrar o
meio de intensificar o meu zelo? Ele: “Busca-o em Mim, o teu
Senhor e o teu Deus. Pede. Pede como se pede no seio de uma
família, a todo momento, e deixa-Me viver onde tu vives. Que nada
te leve para longe de Mim, que nada Me afaste de ti. Mantém-Me no
centro de teu ser, como o sol no zênite, e os teus dias serão
divinos.”
8 de dezembro. Na rua. Ele: “Diz a cada dia e várias vezes por
dia: ‘Pai, que venha o Teu Reino, Honra e Glória a Ti. Agora e para
sempre; por Cristo e por mim, que sou com Ele uma só coisa’.”
9 de dezembro. Em meu aposento, que estava totalmente
iluminado por uma nuvem banhada de sol. Disse-Lhe: Senhor, faz
que eu te reflita como essa nuvem. Respondeu-me: “Toma posse de
teu Deus. O que és tu sem Ele? Nada. Cede-Lhe todo o lugar.
Ocupa-te só Dele, em pensamentos, em palavras, em ações. E Ele
se ocupará de ti. É tão pouco, tão pouco o tempo que vives sobre a
Terra! Que ao menos esse pouco seja todo para Ele. Como Eu, que
não vivi senão para vós. Belém, Nazaré, Minha Vida Pública e seu
miserável Fim. Põe-Me no centro de todas as tuas ações. Que o teu
amor e a tua finalidade sejam sempre Eu. Cuida, Minha pobre
pequena, de não fazer as coisas por ti. E se chegares a estar
impregnada de Mim como uma esponja cheia de água viva, com
que alegria te comprimirias para derramar-Me sobre os outros! Te
comprimirias pelo sacrifício de não fechar-te sobre ti mesma, de
renunciar à tua solidão silenciosa e à tua preferência pelo que está
fora do comum. Como se ficasses à margem de ti mesma. Com
frequência, disse-te que te desprendas de ti mesma e vás em
direção aos outros; mas se o fizeres sem afeto, a finalidade se
frustra. Em troca, se pões em tua conduta a delicadeza de teu
coração, ganhas os outros para Mim. E ganhar uma alma para Mim
é algo que pode chegar bem longe. Não regateies nada; não te
economizes. Recorda como Eu ia sempre ao encontro de cada
sofrimento. E alegra-te com isso, pois a alegria é o sinal do amor.
Caminha, filha, com a tua cabeça dentro de Deus. E o teu coração?
É para ti ou para Mim?”
9 de dezembro. Ele: “Onde está o teu coração? O tens para ti
ou para Mim?”
Em meu quarto. “Pede sentir fome de Deus, sede de Deus.
Pede adoecer de Deus.”
“Um santo é um homem como os demais; mas um homem que
se esvaziou de si mesmo e convidou o Espírito para que ocupe o
seu lugar. E o que é santo É o Espírito.”
10 de dezembro. “A Fé é a vida da Terra. A Esperança, a vida
do Purgatório. A Caridade, a vida do Céu. A Fé se dirige ao Pai
Criador. A Esperança, ao Filho Salvador. E a Caridade, ao Espírito
de Amor.”
21 de dezembro. Eu retornava de Paris e Lhe agradecia por
um favor. Disse-me: “Não era isso o que tu Me pedias a cada
manhã, ao oferecer-Me os atos do dia? Eu também sei alegrar os
Meus. Aprende de Minha Delicadeza.” Eu: Senhor, as minhas faltas
mereciam, de fato, um castigo. Ele: “Imita-Me. Quando tiveres que
repreender os outros, não os humilhes. Mostra-lhes uma ternura
nova, e eles mesmos se humilharão. Imita ao teu Deus em tudo.
Pede-Lhe que te faça compreendê-Lo melhor. Quando a tua alma se
desprenda do corpo, não terá visto a Deus, mas terá sabido muito
Dele; e desse conhecimento nascerá um imenso desejo de vê-Lo e
possuí-Lo. Quero, filha, que se aposse de ti esse empenho em
possuir-Me. Será uma Glória que Me oferecerás, um jogo de luzes
de amor em resposta aos Meus Fogos, esses Fogos nos quais
ninguém crê. Porque... tu mesma, crês realmente sempre Neles?
Para alguns, crer é uma fraqueza… Oh! Amável fraqueza, que
alegra o Meu Coração incendiado. Nunca penses que crês demais,
nem temas ultrapassar-te em Meu Amor. Continua, como se ainda
não tivesses feito nada; e desse mesmo modo Eu, que vos amei até
o fim, recomeçarei cada vez convosco, como mais uma prova de
Meu Amor infinito. Aprende, filha, a amar ao Amor. E que te encante
a aprendizagem de amar.”
22 de dezembro. Depois da Comunhão. “Como sabes, em
outro tempo, havia o regime do temor; mas agora o Amor é a lei. A
Doce Festa do Natal faz sentir profundamente a lei do Amor. Não é
certo que a partir de agora tudo será amor em tua vida,
especialmente o arrependimento de teus pecados? Faz deles um
trampolim para amar-Me melhor. E não penses que é pouca coisa; o
amor é sempre uma transfiguração. O tens da manhã à noite, como
uma chama que alumia todos os teus atos, e que se mescla com as
luzes do Céu. Por acaso não estás unida aos habitantes do Mais
Além? Não são todos vós uma só família, a família dos filhos do Pai
celestial? E a alegria não é a união? Apóia-te, antes de partir, nos
Méritos coletivos: não estarás só. Todos esses ornamentos tomados
da Comunhão dos Santos cantarão muitos nomes para
acompanhar-te. O Amor não é egoísta nem calculista, e sempre
está pronto a socorrer. E no Céu há só Amor. Trago este Amor à
Terra, enquanto que o maligno semeia o ódio. São dois campos:
escolhe. E se escolheres o amor não fiques timidamente como na
margem; entra com decisão no caminho dos fortes. E considera o
ciclo de Minha Vida. Do que mais gostaste? Meu Nascimento
miserável? A Vida oculta? A Revelação manifestada? Ou a Morte
ignominiosa? Em tudo isto se encontra bem visível o selo do Amor.
O Amor de Meu Pai, o Amor a vós, a ti… Alegra-te e responde à
torrente de Meus Favores.”
30 de dezembro. Hora Santa. Eu estava muito ocupada em
receber os aluguéis de Natal. Ele: “Quando aproximares o teu
pensamento ao Meu, tem o cuidado de afastar de ti todos os
motivos terrenos de preocupação, para ser totalmente Minha. E se
repetires com frequência o esforço amável de teu pensamento,
acabarás por adquirir o hábito de viver mais com o teu Criador do
que com as criaturas; mais com os seres invisíveis do que com os
visíveis. Chegarás a servir-te das coisas da Terra e de teus
relacionamentos com o próximo somente em vista do Reino e da
Glória de Deus. Nisso consiste, filha, o amor puro; o que não pensa
em si, senão somente em Deus e em como agradar-Lhe. Gesto
amável, movido por um coração generoso e um impulso direto. Tu
sabes que tudo o que acaba é curto; estende então os braços em
direção à Eternidade, com imenso desejo. Com isto estarás em um
plano superior com um coração voltado vivamente em direção a
essa Pátria desconhecida e insuspeita: estarás diretamente de
frente ao Fim. Assim como o caçador se aproxima com prudente e
silenciosa precaução à sua presa, assim aproxima-te de Deus com
o pensamento. Emudece a memória das coisas da Terra para que a
tua oração suba direta a Deus. Eu te digo, sendo o teu Senhor: não
poderei resistir a essas flechas lançadas a Mim com toda a força de
tua vontade. Satisfarei os teus desejos, Eu, o Único que É capaz de
saciar. E para estar completamente em paz pergunta-te neste fim de
ano se causaste penas a alguém; porque este ‘alguém’ Sou Eu. Vai,
pois, e que as tuas palavras sejam fraternais. Se o rosto do próximo
não te agradar, olha o Meu através do seu.”
1949

1º de janeiro. “Lema? Servir. Que encontres a tua alegria em


servir a Deus e aos homens.”
6 de janeiro. Hora Santa. “Quem como Deus? Podes encontrar
uma comparação, filha? Um Amigo maior e mais carinhoso, mais
rico e poderoso? E se nada do que conheces pode comparar-se-
Lhe, como é possível não te entregares completamente a Ele? Por
que sempre tens as tuas reservas? De onde te vem esse medo de
abandonar-te Nele? Na vida e na morte estende os braços à Minha
Imensidão, apaixonada por ti. Porque deves saber que Eu te
agradeço quando te lanças voluntariamente a Mim, não obstante a
atração contrária que a Terra exerce sobre ti. Eu Sou o Benfeitor
que se sente feliz quando aceitam os Seus Benefícios. Lembra-te
daquele canadense que te oferecia uma coisa maravilhosa, dizendo-
te: ‘Agradeço-lhe pela honra que me faz ao aceitar’. Tu ficaste
confusa. Então... quando Sou Eu o que Se te oferece, repetindo
essas mesmas palavras, humilha-te e enche-te de agradecimento.
Custa-te crer de verdade na generosidade de teu Senhor. Ele! Eu!
Será possível? Mas tudo é possível para o Amor. Vem com
atrevimento. Verás que estava te esperando.”
13 de janeiro. Hora Santa. O que vos falta é o zelo por Minha
Glória. Não há impulso. Os vossos pensamentos e ações são
monótonos, sem esse vivo desejo de agradecer-Me, de oferecer-Me
o vosso amor, como uma mão que se estende para acariciar. Seria a
vida para Mim, não para vós. Levantais a cabeça por um momento,
mas logo caís outra vez em vosso ponto central, que é o egoísmo. E
isto acontece ainda aos melhores. Então, Eu continuo sendo um Ser
à parte. Algumas vezes existo aos domingos... Mas quero existir
para vós todos os dias. Eu Sou a Raiz: deseja a expansão vital que
Eu te preparo. Deseja os frutos da Vida, para distribuí-los. Vigia as
tuas possibilidades de influência. Porque não estaria bem que eu te
desse, se tu não transmitisses. Serve aos outros, ainda que eles
não te sirvam. Ama-Me, ainda quando Eu não te amasse. E ama-Me
por Mim mesmo, não por ti. Oferece-Me tudo o que te dei; e o meu
carinho é tão grande, que Me parecerá que o dom vem de ti.
Retrocede com o olhar para compreender-Me melhor. Olha-Me
desde a Minha Infância sobre a Terra. Olha o Meu Candor, a Minha
Lealdade, o Meu Espírito de Imolação, já desde cedo. E, no entanto,
eu era um menino pequeno, no meio de outros semelhantes. A tua
alma é pequena. Torna-a bem simples: para que complicar-te?
Responde à simplicidade do teu Senhor. Vem a Mim a todo o
momento. E se não sabes o que te impede de fazê-lo, busca-o e
destrói-o.”
20 de janeiro. Hora Santa. Eu tinha a influenza. “Usa esse mal-
estar para os Meus Interesses. Oferece-o no quadro de Meus
Sofrimentos para que encontres Neles uma essência divina cheia de
frutos. E que saborosos frutos e mais imediatos são os da missão
que se aproxima em teu país! Usa o teu corpo e o teu espírito.
Pede-Me uma chuva de Graças novas sobre todos: anciãos e
militantes, mulheres e crianças. Crê que, quando pedes algo em
Nome do Filho, o Pai te escuta e te concede o que pediste… E não
ponhas limite em tuas súplicas, para que eu não o ponha em Meus
Dons. Enquanto Moisés, no alto da montanha, mantinha os braços
ao alto, lá embaixo na planície o exército empurrava com força; mas
quando Moisés se cansava e abaixava os braços os combatentes
perdiam a sua vantagem. Deus quer um Mediador. Quis o Seu
Cristo. Vós, irmãos Meus, continuai a Minha Tarefa. Consagrai-vos
ao vosso próximo, a quem deveis amar como a vós mesmos. E se o
vosso próximo percebe que o amais assim, a sua alegria e o seu
assombro serão grandes; e se sentirá mais do que animado a fazer
tudo o que digais. Três quartos dos malvados se tornaram malvados
porque ninguém os amou. O que teria conseguido deles um olhar
carinhoso, uma mão estendida em tal ou qual circunstância...!
Adquire a arte delicada de tratar com o próximo como se
interiormente lhe estendesses os braços. Não seria tão difícil se se
considerasse a Deus nele. Se faz tarde… A hora da conversão soou
já várias vezes para esta paróquia: tantos párocos, tantos retiros,
tantas festas de Páscoa... Aqui estou, esperando. Sou paciente
porque Sou eterno. Ainda que não venham todos os que espero;
ainda que houvesse só um só pecador arrependido que encontrasse
o seu Céu... As vossas orações se tornariam alegrias, como as
lágrimas de uma mulher que acaba de dar à luz.”
27 de janeiro. Hora Santa. Em minha casa O adorava em
espírito, pelas Quarenta Horas de São Donaciano. Disse-me: “Estás
bem certa de que Eu Sou o único que conta em tua vida e em tua
morte? O que mais Me interessa é a importância que tenho em uma
alma. Essa primeira vida que ela Me oferece, antes do que à sua
própria. Para ela nada há fora de Mim e ela é nada. Levanta-Me um
trono com tudo, e o seu coração é criativo para o que se refere à
Minha Glória. Por isso encontro nela verdadeiro descanso.
Descanso agradável, que Me faz esquecer os insultos de muitos.
Dá-Me, filha, o primeiro lugar: com isso Me basta. Se Me deres isso
cuidarei de ti e tu Me sentirás por cima de todas as forças que há
em ti. Pede ao Espírito que estabeleça em ti essa ordem. A ordem
da Criação, a ordem da Revelação, a ordem do Amor.”
3 de fevereiro. “Dá exemplo. É preciso que os filhos de Deus
honrem ao seu Pai.”
Hora Santa. “Não permitas que se apague a chama de tua
confiança. Mantém-na ardente em Mim, pois a necessitas ao longo
de todos os dias. Entra e volta a entrar na confiança, como em um
estado feliz, querido por Mim. Quero-vos estabelecidos em Minha
confiança. A confiança é parte do amor. Compreende que se tu Me
amas e crês no Meu Amor, te abandonarás entre as Minhas Mãos
como um menino pequeno que nem sequer pergunta aonde o
levam, e que caminha alegre segurando a mão de sua mãe. Feliz
confiança, que vos conquista tantas Graças! Guarda o teu diadema.
Faz com que te goste não saber nada do futuro; assim terás a
ocasião de abandoná-lo em Minhas Mãos. Eu sei como levar os
cegos pelos melhores caminhos. E quando um destes cegos se
lembra que é Meu filho, chega até a alegrar-se de uma cegueira que
lhe dá força sobre o Meu Coração. E ver-Me-ei tentado a agradecer-
lhe por essa confiança que deposita em Mim como sinal de
predileção, como se com ela Me fizesse um favor especial. Olha em
tudo isto o que é a Minha Ternura, essa Ternura que nem Se limita
nem Se cansa. É uma vida sem uma morte que a siga. Alimenta-te
desta Vida que vivemos entre dois. Põe a parte que te corresponde:
chamados ao Amor de teu Deus e atos de desejo que sigam o ritmo
de tua respiração. E nunca imagines que isto é demais, pois Eu, que
vivo em ti, pergunto-Me apenas se é suficiente.”
10 de fevereiro. Eu rezava o responsório que diz: ‘... para que
eu seja digna dos Méritos de Cristo.’ Ele: “Ninguém é digno, fora
daqueles que já se estabeleceram em Meu Amor, pois Sou Eu O
que vos faz dignos... Faz então o quanto possas para que a nossa
União seja real e fiel em todos os momentos de tua vida, de dia e de
noite. Tu és Minha sem interrupções; por que haverias tu de
introduzi-las no amor, no silêncio, na adoração, na intenção de
agradar-Me? Não voltes a ti. Destes-Me a ti mesma desde a manhã
e ao longo do dia; permanece, pois, em Mim. Encerra-te e entrega-
Me a chave, de forma que quando te dirigires ao próximo, tudo
aconteça dentro de Mim, e a tua vida exterior será dirigida desde o
interior com mais perfeição e amor. Filha Minha, que vida tão bela
levamos entre nós dois. Motivo de inveja para os próprios anjos...
Tempo íntimo que conduz diretamente à Eternidade... O meio justo
que está ao teu alcance para consolar ao teu Deus. E, posto que O
amas, como haverias de não entregar-te a Ele com tudo o que tens,
com tudo o que és, ajudada por Minha Graça? É claro que a
Natureza tem as suas negligências e os seus desânimos. Eu sei
disso e os conheço. Mas não temas. Eu Sou O que te Criou e O que
te Salva, tudo isso pleno e cumprido em Meu Sofrimento. Que tudo
fique também completo na Alegria que Me deres! Não creias que
seja tão difícil; já sabes bem que Eu olho, mais do que às obras, à
intenção com que se fazem. O que quero ver em ti é este espírito
humilde e amoroso, permanente e afastado das criaturas,
desprendido da vida da Terra e pronto para partir rumo ao Mais
Além, alegre, e ao Meu primeiro chamado. Sem alegria a Partida
seria insuficiente no amor. Este é o canto da Partida, ânsia que
impulsa a uma alma já chegada, mas que o corpo ainda retém.
Morte alegre e bela, digna dos Méritos de Cristo.”
23 de fevereiro. Depois da Comunhão. “Perdoas-Me por querer
tomar-te inteira? Tenho necessidade de cada uma de vossas
faculdades, como se fossem indispensáveis para as Minhas próprias
Faculdades humanas. Lembra-te de que Fui e Sou Homem,
membro do gênero humano, ainda que também Sou Deus.
Necessito também das mortificações, das incomodidades e
sofrimentos de teu corpo, como se os Meus não tivessem sido
completos e Eu tivesse que esperar os vossos para poder Salvar ao
Mundo. Este é o Meu Amor, a Minha necessidade de União. Ainda
não és capaz de compreendê-lo... Mas fica sabendo que o Meu
Poder se detém diante da vossa vontade. Livremente vens a Mim ou
fugis de Mim. E se digo que ‘fugis’, o digo pela enorme precipitação
com que alguns se afastam, quando em algum momento percebem
o Meu Chamado. Então não me atrevo a regressar... por temor de
multiplicar as suas faltas. Espero um possível arrependimento no
temor da morte. Estas foram, Minha filha, a depressão e as
esperanças do Jardim da Agonia: era a Minha Hora. E essa Hora
está sempre à vista do Pai Celestial, que abrange simultaneamente
todos os tempos. Oferece-Me, ao oferecer-te . Como Eu vos
oferecia, Meus íntimos, ao oferecer-Me Eu mesmo: pelo bem de
vossos irmãos, os pródigos. Esses irmãos vossos, que vós deveis
levar a cada dia em vosso coração; como Eu levei a todos, quando
carreguei a Minha Cruz. Eu tive uma Cruz visível, a da Sexta-Feira
Santa; mas tive também a Cruz invisível de todos os dias, em Meus
33 anos de Vida. Também vós tendes as vossas, filhos Meus tão
queridos. Ou não? Que estes bosques de cruzes, com a Minha no
meio, sejam enviados ao Céu desde este Mundo de sofrimentos,
como uma petição de Graças, diante do acatamento do Pai, em
favor de todos aqueles que já não creem Nele.”
24 de fevereiro. Hora Santa. Eu estava à espera de Suas
Palavras. Disse-Lhe: Diz-me se hoje queres falar-me, Senhor; eu Te
escutarei. Se preferires que faça oração, a farei; o que quero, acima
de tudo, é estar submetida à Tua Vontade. Respondeu-me: “E Eu
receberei a tua disposição amorosa como uma homenagem muito
doce para o Meu Pai, a Quem tantas vezes, durante a Minha Vida,
disse-Lhe: ‘Fiat. Que assim seja, como Tu o quiseste.’ Como vês, é
a tua primeira intenção a que envolverá todo o teu dia e toda a tua
vida com uma cor nova; e com esta intenção, insiste mais ainda do
que até agora na confiança, na certeza de que és amada por teu
Deus. Isto é algo magnífico, com o qual nada da Terra pode
comparar-se. Busca saborear esta confiança em sua plenitude;
serás mais rica do que uma rainha. E também... crê-lo-ás?
Enriquecerás ao teu Deus. Se pudesses manter-te na alegria de
pensá-lo assim! Que Glória nova oferecerias ao Amor que não É
amado!”
26 de fevereiro. (Meu aniversário). “Tirareis água, com alegria,
dos mananciais do Salvador.”
3 de março. Hora Santa. Ele: “Olha-Me com frequência, com a
doçura do olhar dos que se amam. Eu tenho-te presente sem cessar
diante de Meu Rosto; diz-Me o teu desejo de pagar-Me na mesma
moeda. Eu sei que te arrastam as preocupações da vida; mas com
tudo isso a tua ocupação primeira tem de ser a de estar Comigo,
como se enraizasses em Mim; porque então as flores e os frutos,
que são as tuas boas ações, terão um perfume especial: ‘terão o
Meu aroma’. Aproxima-te de Mim e aproxima aos outros: este é o
sentido novo de uma vida terrestre bem curta... Com frequência
insisto na brevidade de vossos dias e é verdade. O é, tanto para os
dias de libertinagem como para os dias de penitência. E quando
chega o fim, é grande a alegria dos que viveram para agradar-Me;
assim como são imensos os arrependimentos de quem viveu só
para si mesmo. E o fim vem em cima com a rapidez de uma torrente
que arrasta tudo... Tu, pequeno instrumento Meu, nunca te sirvas
antes de servir-Me. Assim acontecerá que num dia serei Eu Quem
te servirá. Como ontem. Não te pareceu surpreendente esse
encontro com um homem de negócios, com o inquilino de que tu
necessitavas e tudo o que resultou para ti? Tenho em Minha Mão
todos os fios e posso guiar o movimento das coisas. Crês nisso
firmemente? Assim, pois, serve-Me sem esperar recompensa,
somente pelo prazer de servir-Me. ‘Ancilla Domina’: a pequena
servidora de Meu Coração.”
10 de março. (Missão). “Estou concedendo tantas Graças
neste momento sobre esta paróquia! Pede-Me que cada alma as
aproveite, humilde e generosamente. Se um homem rico se
satisfizesse em enriquecer as pessoas pobres com grande amor e
desejo de vê-las alegres; e se esses pobres tivessem um certo
desdém pelos dons recebidos, o benfeitor sofreria uma ferida em
seu amor. E teria razão para perguntar-se se valeria a pena
continuar ajudando a pessoas tão ingratas. Mas se alguns deles
produzem em seu coração uma resposta amorosa, o benfeitor
continuará com os seus dons sobre todos eles por causa da piedade
de alguns, somente. Se soubesses a força que tem sobre Mim um
grupo escolhido! Pela mesma razão escolhi somente doze
Apóstolos para salvar o Mundo. E disse-lhes: ‘Vós sois o sal da
Terra’. Não sejais tímidos quando faleis de Mim, e amai-vos uns aos
outros com um amor cheio de paz e entusiasmo. Não participais, por
acaso, da Vida de Deus?”
17 de março. Hora Santa. “Sentes agora impulsos novos? A
Missão chega ao seu fim. Faz tu o mesmo. E o teu Fim é a União
com Deus em todos os instantes de tua vida e no cumprimento de
teus deveres de estado em cada momento; especialmente em teu
relacionamento com um próximo teu que é amado por Mim.
Aproxima-te ao teu Fim para poder alcançá-lo Melhor. Abre os
olhos; os de teu corpo e os de teu coração. Prevê e envia com força
a tua intenção.”
24 de março. Festa de São Gabriel. Hora Santa. Jesus disse-
me: “Há uma oração a este Santo Arcanjo da qual, sem dúvida,
lembras-te bem. Aquela que diz: ‘Roga por mim para que eu possa
servir a Deus sobre a Terra como tu o serviste.’ Olha, pois , bem a ti,
para ver se é assim. Gabriel alegrou o coração de todos os que se
lhe aproximaram. Tu também o fazes? Consolou a Daniel, protegeu
os três meninos do forno ardente, consolou a Zacarias. Encheu o
Coração da Virgem Santíssima com uma felicidade celestial.
Anunciou a Vinda do Salvador. E agora tu: tens previsto alguma
ajuda para os pobres, material ou moral? Pesas uma palavra antes
de dizê-la? Estás disposta para um serviço amável? Tens uma sede
ardente da Glória de Deus? Manténs-te constantemente em Sua
Presença, cantando em teu pensamento: ‘Santo, Santo, Santo’?
Pede ao Santo Arcanjo que te ensine a cantar, a servir, a irradiar
essa alegria, que é a Força de Deus. Mas há que pedir
seguidamente. O que é que pode impedir-vos de insistir, se
realmente creres que Ele É o vosso Pai? Em um constante
agradecimento, pedes. Crer é a maior de todas as felicidades. Que
Graça tão grande, filhinhos, a Graça de crer! Por acaso podes
comparar a vossa vida com a daqueles que perderam a Fé? Vós,
pois, sendo ricos, dai aos pobres. Dai-lhes toda a vossa potência de
oração, toda a vossa força de amor e vossos desejos de amar ainda
mais. Como amar mais? perguntavas ao missionário. E ele te
respondeu: ‘Viver só para o Beneplácito de Deus’. Considera com
frequência estas palavras no fundo de teu coração. Pergunta-te se
na realidade vives só para o Beneplácito de Deus, ou também para
o teu próprio gosto. Esta diferença expressa a distância que há
entre o Céu e a terra, entre o Tudo e o nada.”
28 de março. Depois da Comunhão. Ele: “‘De onde há de vir
para julgar aos vivos e aos mortos…’ Esse dia será o das grandes
Justiças. Mas agora é o tempo das grandes Misericórdias, e eu
venho no Amor. Concentra-te em viver o teu momento presente.”
(Isto me disse porque a minha mente vagava pelo passado e pelo
futuro).
30 de março. Em meu quarto. Disse-me: “Filha Minha,
considera melhor o valor do momento presente, o perigo dos
regressos ao passado e a inutilidade das suposições do futuro. Vive
amorosamente e com simplicidade o momento de que dispões.”
31 de março. Hora Santa. “Põe cuidado no que pensas, pois
os teus pensamentos consomem a maior parte de tua existência.
São como um reino interior que se deve governar com prudência,
pois neles está a origem do bem e do mal de cada dia. Põe-nos
habitualmente num clima de Deus: a Sua Glória, a Sua Vontade, a
Sua Clemência, e todas essas Perfeições que fazem com que Deus
seja Deus. Viver neste clima das Perfeições divinas leva a conhecê-
Lo melhor e a dar-nos menos importância. Lembra-te de que uma
vez Me perguntaste: ‘Senhor, quando estarei perfeitamente unida a
Ti? Tão absorta em Ti que já não Me lembre de nada de mim
mesma?’ É com este tipo de pensamentos de união com o que
verás que é o teu dever dar felicidade aos que Eu coloquei perto de
ti. Não creias na casualidade. Crê na intervenção de teu Pai, deste
Amigo teu que nunca te abandona. E se em vez de irradiar
felicidade, causares sofrimento por não refletires a Mim, que Sou o
Consolador, que direito terias para crer que já tens posto o teu
espírito no Espírito de Deus? Assim, pois, que todos os teus
pensamentos sejam cheios de Bondade, de Indulgência e de Zelo
pela Minha Causa. Tu tens liberdade para mandar sobre os teus
pensamentos e o dever de escolher-Me sempre. Como poderias, se
não Me escolheres sempre, ter-Me como a teu grande Amigo, como
ao teu mais belo Amor? Como a esse Ser amado que vive sempre
em teu ser? Tu não Me vês, mas sabes que estou aqui; dedica-Me,
então, os teus amorosos pensamentos de cega.”
6 de abril. Eu: Sim, Deus meu, estou disposta a partir para
encontrar-Te... Mas, Meus pecados! Todos os meus pecados…! O
que posso fazer? Ele: “Dá-Me os teus pecados. Eu lavarei a tua
alma; mas dá-Mos todos.”
7 de abril. Hora Santa. “Por que haverias de surpreender-te de
ter uma alma sacerdotal? Pois Eu, o teu Irmão, Sou o Sacerdote
Eterno. Eu vim ao Mundo para prestar culto ao Meu Pai e tu
participas Comigo de tudo o que tenho. O culto é a Adoração, a
Obediência, o Amor que gera o Zelo e o Proselitismo. Quando o teu
pensamento estiver ocupado no que deves fazer no serviço de Meu
Pai, não pode ao mesmo tempo ocupar-se de coisas terrenas e
meramente pessoais. Não te impressiona a grandeza desta ideia e
não queres que ela governe tudo? O Pai apreciará os teus esforços
para ser-Lhe agradável, e te fará sentir a Sua Ação. Ainda que o
sentir não seja necessário, senão em qualidade de estímulo para as
crianças. Consagra-te ao Pai como se tivesses recebido o inefável
sacramento da Ordem e soubesses que pertences toda a Deus.”
14 de abril. Quinta-Feira Santa. “Fica bem perto de Mim neste
dia: é o Dia de Meu Imenso Amor. Celebra este aniversário da
maneira mais simples e afetuosa. Considera em primeiro lugar o
Amor. Dá amor em primeiro lugar. Busca-o antes de mais nada e por
cima de tudo, e serás a que Eu queria. Minha pequena, não sentes
que todo o resto não vale nada? Faz com que os outros o sintam
também, e assim avançarás em teu caminho de apóstolo. Que
alegria a Minha, se todos os vossos instantes fossem momentos de
amor! Seria uma boa resposta ao que foi a Minha Vida terrestre.
Compreenderás que num dia como hoje não posso falar-te de outra
coisa. Considerastes alguma vez o que deve ter sido o peso do
Amor que Me levou à Instituição da Eucaristia, este acordo perfeito
entre o interior e o exterior? Eu ansiava por ser vosso e ficar em
vossa posse até o fim dos tempos; por ser conhecido como coisa
vossa, coisa que se toma, se come e se bebe; por estar encerrado
em uma casa vossa, em uma igreja, para aguardar-vos ali, escutar-
vos, consolar-vos, na união mais íntima possível. Amar-Me-eis um
pouquinho mais por isto? Ou que linguagem devo usar para fazer-
Me compreender? Se a tua Fé é fraca demais para encontrar
palavras acesas, pede-Me que fale a Mim mesmo em ti. Põe a tua
alma entre os Meus Dedos, como uma harpa tensa e bem afinada;
Eu tirarei daí sons admiráveis, cuja harmonia surpreenderá o Céu e
a Terra. Mas uma vez mais: queres ser este instrumento entre as
Minhas Mãos?” Eu: Claro que sim, meu Senhor, e com toda a minha
alegria. Ele: “Então cantaremos juntos e com as mesmas pronúncias
ao Pai: ‘Pai Santo, Te agradecemos por teres feito este dia’. E tu o
repetirás como uma pobrezinha menina que está aprendendo o
alfabeto do Amor.”
Sexta-Feira Santa. “Por que terias que empregar longas frases
e palavras difíceis para falar-Me? Fala Comigo como aos teus
íntimos: dá-Me o que há de mais simples em teu coração. Eu não
Sou um deles?”
21 de abril. “Hoje tu gostarias de viver com a Minha
Benevolência. Passa todo o dia à Sua sombra. Adora-A e ama-A;
que seja a tua doce companhia. E que todos os que te rodeiam A
percebam e A sintam. Exprime-A com sorrisos de Bondade. Busca
não julgar a ninguém no dia de hoje. Fala das qualidades das
pessoas e não de seus defeitos. Amiga Minha, quero-te santa, e
muito por cima do que atualmente és! O Meu Coração ânsia ver o
teu como irmão, na doçura e na humildade... É uma ciência que
deves aprender; aprofunda nela sem cansar-te. Como um aluno
escolar que repassa e repassa a sua lição, até que esta chega a
formar parte de seu entendimento. Pobre pequena escolar em
matéria de virtude... avança, avança sem perder o tempo! Nesta
tarde faz o teu exame de consciência diante de Mim e Comigo. E se
te custar, não dês importância. Pensa na ‘Distribuição de Prêmios’.”
28 de abril. No caminho, rumo a Paris. “Pensa muito em Mim,
filha, muito. Com tão pouca coisa dás-Me uma alegria muito grande.
Compreende que no Céu já não terás ocasiões de liberdade. Aqui
podes escolher entre ser tua ou ser Minha... Lá não. Talvez penses
que é de pouca importância esse pequeno pensamento com o que
vens a Mim, mas Eu penso que é a forma de toda uma vida. O
pensamento é o olhar da alma; que esse olhar seja natural, cálido e
frequente. Nunca se acaba, quando se pensa em Mim. Quando
poderás contar todas as Minhas Bondades e todos os Meus
Sofrimentos por Amor? Adora, saúda. E crê firmemente que tudo
em tua vida foi feito expressamente para ti. Faz-Me a honra de crê-
lo assim. Fica sabendo que se Me contemplares assim sem cansar-
te, imitar-Me-ás. Que o teu olhar forme em ti uma figura divina;
assim como uma mãe gosta de olhar coisas agradáveis para que o
seu filho seja belo. Impregna-te de Mim em Minha Vida terrestre,
que é onde podes imitar-Me, pois a tua vida não será longa. Sê para
os outros o que Eu fui; sê ‘Eu’ para os outros. Dá-te, porque Eu Me
dei. Eu Sou a tua razão para viver; que isto te seja suficiente.”
9 de maio. “Diz-Me com toda a humildade: ‘Senhor, apenas fiz
isto durante o dia. Poderia tê-lo feito melhor. Contigo e com os
outros’. Diz-Me isso assim e Eu porei o que faltou.”
12 de maio. “Quando vieres a Mim, vem com rapidez, com o
entusiasmo do amor. Se te arrastares porque não consegues
desprender-te de tuas ocupações, onde está o amor? Não Me faças
esperar. Ia dizer: ‘longo tempo’; porque sempre te espero. Estás
disposta a deixar-te, para vir a Mim? Não Me prives do prazer de
chamar-te. Sentes-te alegre simplesmente porque estás esperando
uma amiga. Mas, e se ela se esquecer e não chegar? Ou se preferir
visitar outra pessoa? Sentir-te-ias defraudada e triste. E Eu Sou
infinitamente mais sensível do que tu, amiga Minha. Há penas que
nem sempre se manifestam, pois são muito pesadas. Ama-Me por ti
e ama-Me pelos outros, como se Me oferecesses amores adicionais
que formassem um só.”
19 de maio. ‘Crês tu que poderias equilibrar-te longo tempo
sem Mim? Não sentes a necessidade que tens de gritar que Me
necessitas? E não compreendes que Eu necessito desse grito de
tua parte? Aqui estou, carregado de Tesouros; mas não sei como
dar-lhes se tu não Me pedes. E não posso estar alegre se somente
de vez em quando dizes que Me amas. As Minhas Entranhas de
Pai, de Irmão e de Amigo único reclamam uma vida tua que venha a
Mim de ‘ti só’ a ‘Mim só’. Cada alma tem uma luz direta que
nenhuma outra pode Me dar. Não fujas de Mim: o teu amor seria
insubstituível. Os regalos da Terra passam; mas os regalos que Me
dão permanecem porque passam a formar parte de Mim mesmo,
em Quem nada morre.”
29 de março. “Sabes o que vou te pedir hoje? Que aprendas a
falar bem dos outros. Se adquirires esse hábito Me darás muita
alegria. E também haveria nisso um grande ensinamento para
todos. Porque sempre há algumas qualidades, ainda nas pessoas
que parecem mais cheias de defeitos. Queres começar a ensaiar
desde hoje e continuar ensaiando até o fim de tua vida?” Eu: Sim,
Senhor. Mas não sei como fazer isso. As palavras de censura são
as que me escapam primeiro. Ele: “Lembras-te daqueles carros
antigos, altos e de duas rodas? Quando o cavalo se empinava, o
cocheiro pisava o freio e puxava as rédeas. De igual maneira tu
podes moderar os teus gestos e pensar antes de falar. O farás por
Mim. E o que? Custar-te-á muito se o fizeres por Mim?”
2 de junho. Hora Santa. “Não consegues perceber que ainda
Me julgas como um ser distante e severo? Sorri-Me quando Me
falares! Crê que Me farás feliz… Se realmente pensasses que Me
alegras virias a Mim com mais alegria, e mais de perto. Não
compreendes que não há que esperar a felicidade das coisas da
Terra, senão somente da relação com Deus? Não é orgulho, de
maneira alguma, crer que Eu olho incessantemente com Amor como
vives e que, olhando-te viver, alegro-Me com todos os gestos pelos
quais buscas agradar-Me. Vê, simplesmente, a profundidade do
Meu Carinho. Não deves ser como esses meninos que se afastam
de seu pai por medo deste corrigí-los. Sê como aqueles que têm
muita alegria em jogar-se em seus braços. E agora que estás
escrevendo as Minhas Palavras, escuta-as apoiando-te em Meu
Coração, como João. Ontem viste como atuavam esses dois
esposos cheios de amor, e por isso se acharam reanimados. O
amor cresce com o amor. Não economizes o seu exercício, esse
que busca os impulsos diretos; seja ores, seja agradeças ou que
peças a vinda de Meu Reino e de Minha Glória. Isso não é contrário
à humildade, posto que tudo vem de Mim. Não observaste que a
Minha contemplação te acalma, como se entrasses em Minha Paz?
Agradece-Me por ter inventado essa bela história que é a Criação
do Mundo e a vossa segunda vida, a do Céu Comigo. E há tantas
maneiras de agradecer! Que o teu entusiasmo de amor venha ao
encontro de Meu Entusiasmo de Ternura. Será a recapitulação da
Primeira Sinfonia, a que se executou entre Deus e Adão.”
8 de junho. No caminho. “Até agora a tua união Comigo tem
sido ‘como se fosse verdade’. Agora deves dar um passo mais
adiante: uma união na Verdade atual. Não será algo do domínio da
imaginação, senão a segurança da Fé.” Logo, no trem: “Eu adentro
e leio no mais fundo de cada alma e nada pode escapar-Me. Tomo o
que vós Me dais e o conservo. Vós voltareis a encontrá-lo mais
tarde em Meu Coração, embelezado por Meus próprios Méritos. E
quando rogueis pelos pecadores, faz como se Me estendêsseis a
mão direita para ajudar-Me.”. Mais tarde, no metrô de Paris, disse-
me: “Certamente Me dá a maior satisfação que estejas Comigo no
meio de uma multidão do que na solidão de teu aposento. As
multidões de Paris Me deixam só, como quando estava morto.”
9 de junho. Eu estava em uma cerimônia de ‘recepção de
hábito’ no Oratório das Adoradoras da Assunção. Disse-me: “Busca
a simplicidade do amor nas coisas pequenas; nas menores de
todas. Porque as pequenas podem ter o valor das grandes, se se
vivem com o mesmo amor!”
10 de junho. Aniversário de minha Primeira Comunhão. Disse-
Lhe: Bendito sejas, Deus de meus amores, por todas as Graças que
me concedeste nessa primeira vez. E agradeço por todas as outras,
até a manhã de hoje. Terei comungado 20.000 vezes? Ele:
“Possivelmente mais. Quando Eu Me dou, dou-Me para sempre, a
menos que Me rechacem. Não te deve surpreender, depois disto, se
te digo que Eu vos desejo no oferecimento de todos os instantes de
vossa vida. E se somos continuamente o Um para o outro, a nossa
alegria é grande e ninguém pode roubá-la de nós. A Minha Vida
correu unicamente para os homens. Eu amava e salvava. Tu ama e
salva a Minha Honra de Salvador. Consegue-Me almas; trabalha
pela Minha Vida com a oração e a penitência. Muitos não pensam
nisso; outros riem; e no entanto essa é a moeda com que se compra
e se redime. Que tudo seja feito piedosamente no amor. O Amor é
como um bosque sagrado, no qual ruas secretas conduzem à
encruzilhada de uma União de alegria. As altas folhagens balançam
ao sopro do Espírito, e os pássaros cantores de suas inspirações
divinas completam a harmonia, que é a felicidade no sacrifício
temporal: curto e pouca coisa é o sacrifício da Terra. Os santos do
Céu teriam inveja de vós, porque eles já não podem fazer
penitências redentoras. Filha, não percas tempo, pois já Me disseste
que tudo em ti é para Mim.”
14 de junho. Depois da Comunhão. Eu: Senhor, quando te
agrado mais... ou um pouquinho? Ele: “Quando não fazes a tua
vontade.” Me dizia a propósito de um pardal desesperado por não
poder sair da igreja.
16 de junho. Festa de Corpus. Ao acordar. Eu: Que tenhas
uma boa Festa, Deus meu! Ele: “Deseja muitas almas que ajudem a
Minha Igreja, que se ocupem de Minha Glória e desejem o advento
de Meu Reino. A Igreja é a Minha Esposa, a Minha Continuação, o
Meu Aperfeiçoamento. O que A ama Me ama. E todo esforço
virtuoso A enriquece; e quem A enriquece, enriquece-Me. Eu Sou,
pois, o vosso Pobre, o que sofre e necessita de vós. Vem socorrer-
Me, como as santas mulheres o faziam durante os Meus Percursos
apostólicos. Como se empenhavam para que nada Me faltasse! Vós
não Me vês, mas estou no meio de vós; em Minha Igreja, em Meu
Santíssimo Sacramento; em Meu Culto e, sobretudo, também no
próximo. Seria possível que me buscasses sem encontrar-Me? Aqui
ou lá, vos espero sempre! Deixai-vos amar e saí ao encontro de
Meu Amor. Então será realmente a Minha Festa. Sabes que pode
não ter interrupção entre a Festa de Corpus da Terra e da que se
celebra no Céu? É uma procissão que não se detém: a última
parada está lá em cima, no Coração de Deus, onde habitam os
bem-aventurados. Canta desde agora com uma adoração cheia de
agradecimento. O que é o que há numa parada de Corpus? Uma
explosão de Alegria e de Amor, um impulso de entusiasmo. Que
haja uma parada em cada um dos dias de tua vida. Toma sempre
um momento para o Amor, para contar-Me as tuas coisas, e
especialmente as tuas fraquezas. As conheço bem, mas quando Me
as confias, se apagam. Como se escrevesses algo sobre a areia
movediça de um deserto: o vento sopra sem cessar e deixa a
superfície limpa outra vez e sem rugas. O Meu Amor é assim:
sempre ativo. Deixa-te dirigir. Oferece-te a Mim para deixar-Me fazer
o que Eu quiser. Com frequência. Ou melhor, sempre.”
17 de junho. Depois da Comunhão. Eu considerava com
tristeza os meus pecados de ontem. Ele: “Dá-Me a tua roupa
amassada. A aplainarei e deixarei como nova, com os Meus
Méritos.”
22 de junho. Depois da Comunhão. “Quando fechas os olhos é
como se pusesses ao Meu serviço tudo o que há em teu interior,
toda tu. Quando olhas para fora, já não somos ‘nós’, pois te separas
de Mim.”
23 de junho. Hora Santa. “Tu e Eu somos um. Já é tempo de
que Me vejas de uma maneira nova: a maneira forte da Verdade.
Ainda no meio de tuas ocupações mais habituais, estou contigo;
pois sendo como Sou, o maior, Sou também o mais humilde e nada
em ti Me choca. E o que mais Me atrai é o escuro e o desprezado;
não temas, pois, que eu Me afaste de ti em tal ou qual tempo,
porque te amo em todo o tempo. Diz-Me que finalmente conseguiste
crer na fiel companhia de Meu Amor. E fortifica sem cessar a tua
crença através de pequenas palavras do coração: serão como
lascas que atiras no fogo. E Eu o avivo. Agora já sentes que sem
Mim, que Sou o teu Fim, a tua vida é vazia. Que se multipliquem os
nossos encontros; adentra com alegria cada vez mais crescente no
Pensamento de teu Deus e teu Salvador. Oxalá já não pudesses
sair Dele! Esta solidão entre nós dois é algo tão admirável que os
anjos a invejam; pois eles nunca receberam a Sagrada Comunhão.
Tudo o que te constitui em teu ser está impregnado por Mim;
consagra-te com efusão, e Eu te tomarei para levar-te até a
Unidade. Por que não vens a Mim com a alegria que experimentas
quando encontras um amigo muito querido?”
27 de junho. Na Procissão. Eu admirava os tapetes de
mosaicos de cores vivas que haviam estendido nas ruas. Disse a
meu Senhor: Que contente eu estaria se as ações de minha vida
tivessem formado um caminho tão esplêndido para os Teus Passos!
Ele: “Eu ainda passo; passo sempre. Prepara-Me dias de triunfo.”
28 de junho. Nos jardins um melro cantava deliciosamente.
Ele: “Sabes por que canta tão bem? Pelo azul que está no céu?
Não. Canta porque responde a outro.” Então ouvi ao longe a voz do
outro e em meu coração pensei na Voz de meu Senhor. Logo, indo
pela rua, eu dizia: Que seja sempre louvado e amado o Coração
Eucarístico de Jesus. Então me disse: “Cada vez que formulas este
desejo Eu Me sinto obrigado a escutá-lo, como se Eu aumentasse a
Minha Glória só para agradar-te.”
4 de julho. Depois da Comunhão. Dizia-Lhe: Envergonho-me
de saber que aceitaste ser depositado em uma língua inútil e
frequentemente maligna. Respondeu-me: “Conheço essa língua. E,
no entanto, venho a ela. Ainda quando tu não creias em todas as
Minhas Graças, nem por isso te nego As mesmas. E ainda quando
tu não saibas quando Me faço sentir através de ti, assim o faço, pois
estou em ti. Quando tu balbucias ao Pai os teus curtos sentimentos,
Eu os alargo, pois este é o Meu Ofício de Salvador... Isto tu não o
entendes bem, mas os escolhidos o sabem. Conhecem a sua
própria Redenção ao contemplar-Me, e Me enaltecem cheios de
exultação. Une-te de vez em quando a esta exultação dos
escolhidos, já considerando a Minha Obra em ti. Busca descobri-La
também em Minha Vida e na tua. Não descuides nada que possa
aumentar esta preciosa Fé, do modo como se lança um feixe de luz
em cantos inexplorados. A Fé é o que faz com que se toquem o
Criador e a criatura. Quando tu consegues afirmar a força de tua Fé,
a Esperança e o Amor se dilatam em ti para apertar a Unidade... E
quando se estabelece a Unidade, é-se fiel nos atos pequenos da
mesma forma que nas grandes ações, pois tudo é comum e simples
na Presença de Deus. Repete-Lhe com frequência, como uma
respiração de amor: ‘Estamos juntos, estamos juntos’.”
7 de julho. Eu Lhe agradecia certos favores concedidos ao
meu próximo. Ele: “Agradece-Me ainda que seja só para mostrar-Me
que crês que te concedi esses favores em resposta à tua oração.
Dizes-Me todos os dias: ‘ Senhor, derrama torrentes de Graça sobre
todos os que as necessitam’. E Eu ouço o que tu Me dizes, com
amor de Pai. Porque um pai se compraz, não tanto nas coisas que o
seu filho lhe diz, senão no mero fato de que lhe diga algo. Crê nisto
e te dirigirás a Mim mais alegremente (E nota a frequência com que
pronuncio esta palavra), porque sentirás melhor que Me agradas.
Um homem tinha duas filhas que lhe eram muito devotadas. Uma
delas se ocupava ativamente dos assuntos de seu pai e o fazia por
ele, mas também por amor a uma atividade que a absorvia por
completo. A outra havia fixado o seu pensamento no pensamento de
seu pai, e estava em sua constante companhia. As suas ocupações
não lhe impediam de voltar a ele o seu olhar, com um carinho cada
vez mais crescente. Qual das duas pensas que tenha consolado
mais ao seu pai? Para Mim, nada é tão precioso como o ser
lembrado pelas Minhas criaturas; essa lembrança que vós Me dais,
de pé ou sentados. Frequentemente, um pensamento vosso é como
um grito que eu escuto. Gritai frequentemente, filhinhos queridos,
para que Eu vos escute. Meus queridos ‘filhos menores’ de todos os
séculos, creiam em vosso ‘Escutador’; até o ponto de agradecer-Me
pedindo mais, e tudo vos será concedido, para dar-vos a alegria que
vós mesmos Me tereis dado.”
14 de julho. “Nada, filha, iguala a alegria que Eu dou, e toda a
Alegria vem de Mim. E podes ter a Alegria ainda em meio de um
sofrimento, se sofreres por Meu Amor. Os prazeres do Mundo
diminuem o homem; mas a Minha alegria o faz crescer, e Lhe dá
uma força e um zelo novos. É tanto o que amo o homem, que lhe
agradeceria por aprender a gostar de Minha Alegria; porque gostar
Dela é gostar de Mim. Pede-Me que te dê esta fome de Mim; dela
tirarás um aumento no zelo pelo serviço de teu Deus. Podes acaso
pensar no nome de Deus sem sentir um encanto cheio de mistério?
O que podes esperar daí! E posto que tudo o que tens o tens de
Deus, invoca-O sem cessar, para que Se mova e fale em ti como o
chocalho da cascavel, o sopro da flauta, ou a vibração das cordas
da harpa. Aceita que Eu estou em ti. Deseja que esteja em ti. Há
vezes em que o espírito do Mundo se apodera de um homem e
habita nele, a seu pesar. O Espírito de Deus, pelo contrário, Se
inclina diante de vossa vontade livre. O Amor Se detém e espera. E
manifesta a Sua Potência de Amor precisamente esperando, antes
de pegar o que quer. Filha! Se pudesses conceber em ti esse
impulso total da vontade em direção a Deus, essa loucura por
possuí-Lo, o encontro seria muito simples e a posse se faria
habitual. Põe o Meu Nome diante de ti e avança.”
21 de julho. “Tu creste no afeto de teu pai e de tua mãe. Crê
então no Meu, pois Eu Sou para ti, pai e mãe. Eu lhes dei o que te
deram. Considera qual não será a Minha Alegria quando creias
como Eu quero que creias. Que te ajude o desejo de procurar-Me
essa Alegria. Diz-Me com frequência: ‘Senhor, creio, mas aumenta-
me a Fé’; e Eu a aumentarei. Podes estar convencida de que Eu
ponho atenção em tudo o que vós Me pedis: O Meu Ouvido está
pendente de vossos lábios ainda antes de que comeceis a falar. E, o
que dizer de Meu Coração! Tu não contas sobre a Terra com
ninguém que possa escutar-te com a avidez com que Eu o faço.
Não há coração que pudesse conservar o que tu dizes, completá-lo
e embelezá-lo. E tudo o que Me dizes necessita de polimento,
acentuação, aumento. Quem te dará? Só Eu, o teu Animador. Mas
tu Me convidas a cada manhã a fazer-te viver. Eu tenho feito viver
aos Meus até a morte. Nada temas, pois, e abandona-te muito
seguidamente à experiência e eficácia Daquele que te habita porque
te ama. Ele se apodera do que te ultrapassa e sem cessar intervém
em tua vida. A Sua Natureza humana é a tua. És de Sua Família. És
de Sua Descendência. Considera a estreiteza de vossa união:
espera tudo Dele. Infinitamente. Que os teus impulsos superem
todos os que anteriormente conheceste. Feliz perda, se te perderes
em Mim! E nunca voltes a te encontrar! Eu te envolvo: não busques
mais, já chegaste.”
28 de julho. Hora Santa. Em meu aposento da casa de campo.
“Tu! Tu! Sabes o que és para Mim? Foste a Minha razão de ser e de
viver sobre esta Terra. És tu, pequena criatura, quem Me tirou dos
esplendores de Meu Pai, para esgotar as ignomínias da
Humanidade. Quando te olho, renova-se em Mim a memória de
Meus atrozes Sofrimentos e as cruéis invenções de Meu Amor,
desde antes de que tu nascesses. E agora que estás aqui; agora
que recebeste o Sopro de Deus e a Sua semelhança, o que é que
farás por Mim nos poucos dias que te restam? Irás despertar o teu
coração para que uma nova vida o volte para Mim? Ou te
contentarás com os teus pequenos impulsos ordinários sem dar-Me
nunca outros mais diretos e mais ardentes? Compreende que,
depois de ter vivido para ti tão fortemente e tão duro, Eu aspire com
violência a uma resposta tua, de amor e de vida. Tenho uma
necessidade essencial de recuperar em sacrifício o teu corpo e
todas as tuas faculdades que recebeste de Mim. O teu pensamento
sobretudo, porque é ele o que te move para Mim ou sem Mim; é ele
que move o teu coração, e o que pode prender-Me e conservar-Me.
É ele o que Me descobre diante de ti e te arrasta ao heroísmo; ele
pode fazer que te revistas de Mim como com uma veste que se
ajusta a toda a configuração de teu ser. E quando o teu pensamento
chega a Mim, alegre por ser terno, o que Eu poderia negar à tua
confiança? Tu não estiveste longe de Mim em Meus 33 anos de vida
terrestre; não te tive longe de Mim durante toda a Eternidade.
Posso, então, pedir que nunca te afastes de Mim voluntariamente, e
isto até o teu último instante? Que será o instante do supremo
Encontro! Com que claridade compreenderás , nesse momento, que
era preciso estreitar-Me em tuas respirações, para vivificar as
batidas do teu coração! Ah, tu...tu…!”
Julho. Eu havia tido muitas dificuldades para fazer uma obra
de Caridade. Disse-me: “Por acaso não queres começar a ser feliz
sofrendo um pouco por Mim?”
3 de agosto. Eu estava distraída, depois da Comunhão. Com
um tom de suave censura, disse-me: “Aqui estou!”
4 de agosto. Hora Santa. “Quando estás aos Meus Pés, em
oração ou em contemplação, por que não te unes a todas as almas
santas que neste momento oram ou contemplam? Tu não és como
uma pequena igreja separada; formas parte do grande Movimento
de Cristo, sob o sopro do Espírito; se te isolasses, romperias a
corrente. Permanece ligada às almas fervorosas, e reconhece o
Meu desejo de ver-vos todos unidos; como aquela Minha Túnica
que não tinha costuras. Deves chegar a ser tão humilde, que te
percas na multidão; e bastante ávida por merecer, como para buscar
o benefício daqueles teus irmãos que Eu te permita ajudar. Eu Sou o
Pai que encontrou um meio de enriquecer rapidamente aos Seus
filhos, e isso lhes explicou bem. Espera então que eles reportem o
bom proveito, pois Ele, mais do que eles, sofre por que sejam
pobres. Filha, tu não vês bem até onde chega a tua miséria. Se se
abrissem os teus olhos... com que empenho cobririas o teu vestido
com o vestido dos outros, para atrair o Meu Olhar…. Pensa com
mais frequência nesta união cotidiana com todos os Meus amados
cristãos do Mundo atual. Os que sofrem, os que são perseguidos, os
que estão abandonados, os que vivem no desterro ou nas prisões;
os que são martirizados por causa de Meu Nome. Os que em seu
corpo destruído continuam sofrendo até o seu último suspiro e
bendizendo-Me, servindo-Me e chamando-Me com todo o seu amor;
une-te a eles, para que nada se perca. Compreendei que essas
fortunas novas vos aproximam sempre mais a Mim, e que o vosso
fim é conseguir-Me. E no entanto Eu me inclino para vós, estendo-
vos as Mãos, tanta assim é a pressa que tenho. Não volteis a
cabeça para outro lado, como o orgulhoso que recusa uma esmola.
Como desejo que se Me faça o favor de aceitar a Minha Ajuda! E
ficaria tentado a dizer-vos: ‘Mil Agradecimentos!’”
11 de agosto. Hora Santa. “Tu tens uma casa dupla: a da
fachada e a do interior. Não é verdade que te é doce entrar na
‘câmara dos segredos’ para esperar ali o Amado, que espera que o
esperes, para poder estar ali com todos os Seus Dons? Como tu,
que sempre levas um regalo quando visitas a uma amiga; e se as
tuas riquezas fossem imensas, os teus regalos seriam também
todos magníficos. Assim são os Meus. Como um amigo que
temesse abusar dos sentimentos de gratidão, assim vos ofereço
com tal delicadeza, que tudo te pareça como natural, ainda sem
compreender todo o seu valor. Esta opulência interior deve
embelezar a própria fachada; não tens o direito de sepultar as
Minhas Luzes : é tempo já de que o segredo do Rei se comunique
de alma a alma, para que o Coração do Rei seja melhor
compreendido e amado. E quando falo, não falo para uma só alma,
senão para todas; ainda quando uma só seja-Me tão querida, como
todas juntas. Os Meus Fogos, como que um incêndio no prado, se
propagarão com a rapidez de uma torrente, até ganhar pouco a
pouco as terras estrangeiras. Será somente então quando Eu, como
um caçador satisfeito, descansarei no repouso das almas. Minha
tarefa como Salvador estará cumprida. O último dia, que será o dia
do triunfo, apresentar-Me-ei diante de Meu Pai no meio de Meus
rebanhos bem nutridos em Meus pastos. Filha : que tudo em ti fale
de Mim: a fachada e o interior. Que Me dê e Me faça ser
compreendido pelos ignorantes, os admirados, os desejosos, os
tímidos e os aflitos. Para todos, aqui estou. É preciso que o saibam.
Que venham a Mim e Eu não deixarei que se vão. Pensa, Sou um
Deus de Amor.”
18 de agosto. Tratava-se da necessidade de uma operação
cirúrgica para mim. Ele: “Que importa o que possa acontecer? Tu és
Minha e habitas em Meu Amor; o teu caminho sobre a Terra te
levará a uma Vida sem Fim. Convida-Me a percorrer contigo esta
última parte do trajeto. E, sobretudo, que seja o mais íntimo e
alegre, pois nós dois manteremos sempre o mesmo passo. Não tens
uma canção para o caminho? Então, a Vontade de Deus! Não há
outra tão encantadora. Cantaremo-la juntos. Por outro lado, tu não
irás pensar que Me afasto quando os Meus amigos estão
padecendo. E a Minha Presença é tão confortante que alguns
chegam até a ter o desejo de sofrer sempre. Mantém-Me, então,
bem pertinho, para que caminhemos melhor. Que caminho tão belo
o que conduz até a Eternidade! Não te ponhas triste. A Tua tristeza
Me daria pena, porque morrer não é senão vir a Mim; porque ao
perder-te, encontras-Me. Queres que, por fim, chegue o momento
do Encontro?”
25 de agosto. “Se estás fatigada, descansa; mas toma o teu
descanso em Meu Coração. Em nenhum outro lugar encontrarás
tanto carinho. Eu Sou a tua Eterna Resposta. Resposta às tuas
ânsias, que Eu comprei com a Dor quando Me entreguei à Minha
Paixão. Conheci tudo, tudo o mereci para vós. Não tenhas medo de
tomar do Meu, pois tudo é teu. Não temais, nem o esqueçais.
Oferecei os Meus Méritos ao Pai, como se fossem vossos. Que
poucos são os que se aproveitam Deles! E quão poucos os que Os
desejam! E no entanto aí estão à vossa disposição. Se um homem
oferecesse uma mesa copiosamente servida com manjares que lhe
tivessem custado muito trabalho conseguir; e se rogasse a todos os
transeuntes que passassem à mesa para beber ali à vida, sentir-se-
ia defraudado no mais fundo de seu coração se as pessoas, em vez
de aceitarem com prontidão o convite, o desdenhassem e
passassem ao longe com desprezo. E se até os seus amigos, os
que se diziam seus íntimos, viessem à sua mesa só
ocasionalmente, porque se esqueciam...! Esquecer é já em si uma
injúria ao Amor! Não crês que esse homem generoso se veria
extremamente doído, e que teria todo o direito de fechar para
sempre a porta de sua casa? Pois bem. Eu Sou esse Homem
generoso; mas o Meu Banquete permanece aí preparado, até a
consumação dos séculos. Entrai, pois, todos os que não haveis
sentido a Ternura do convite. E trazei-Me também os vossos
amigos. Todos! Revesti-vos com as Minhas Riquezas e dai aos
pobres em confiança, aos que não são pobres em desejos, aos
pobres em luzes de entendimento; porque se acham ricos! E quanto
mais dês aos outros, mais esplêndida será a vossa parte. Os Meus
Méritos são inesgotáveis e Se ajustam a todos. Multiplicam-se em
serviço. Meus méritos são: Eu mesmo.”
8 de setembro. Depois da operação. “Já vês? Eu teria podido
vir buscar-te, e tu terias deixado te levar, cheia de alegria. Mas
também queres trabalhar mais um pouquinho para a Minha Glória.
Ou não? E o queres alegremente? O valor da vida está em servir-
Me. Crerás em Mim se te digo que Sou Eu Quem te serve, para
ajudar-te a servir-Me? Dar-te-ei tudo o que ainda te falta no coração
e na inteligência. Falhei-te alguma vez? Então não Me falhes.
Recorreremos juntos as milhas e nós do que te falta viver. Forte é
esta ideia! Em dias como hoje, em que sentes a tua fraqueza, toma
a Força de teu Irmão para amar, louvar e agradecer ao Pai em
comum. Não o prives de nenhum sorriso teu, pois cada um é um
feliz ‘Amém’. E da mesma maneira dá ao teu próximo um sorriso,
tão necessitado como está de alegria e de benevolência. E nunca te
arrependas de ter-te exposto a que tirem proveito de ti. Caminha de
frente e com força: como quando se vai a Deus.”
15 de setembro. Hora Santa. Eu estava em convalescença.
Disse-me: “Que o teu retorno à vida seja um retorno ao Amor. Um
Amor mais estreito, que nunca te deixe. Faz muito tempo que venho
te pedindo isso; não crês que te bastaria um pequeno esforço a
mais? Esse esforço pequeno teria um grande efeito: a união
ininterrupta que transformará a tua vida, como quando uns dedos
mágicos iluminam tudo o que tocam... A lei do amor é a de
progredir. Não sentes arder em ti um fogo de melancolia quando
pensas no pouco que Me dás, quando tanto te dei? Esse fogo, que
em certos momentos chega a atormentar-te, é em si mesmo, amor.
É preciso aceitá-lo, nos tormentos, como nas alegrias que produz. E
desejar ambas coisas é também desejar o amor. Não ponhas limite
aos teus desejos : deseja desejar mais. Pede que te seja concedida
esta sede; que se converta em parte de tua vida. Respira nela,
nunca sem ela, para que não chegues a perdê-la. E cuida o teu
amor; porque o teu amor Sou Eu.”
22 de setembro. Um sacerdote tinha vindo me confessar em
meu quarto de enferma. “Como vês, vim à tua casa para perdoar-te.
Não é verdade que estavas necessitada de uma nova Misericórdia?
Ainda não conheces todas as Minhas Gentilezas; e, no entanto,
quando As dou, não te surpreendem. Reconhece-As sempre, com a
mesma alegria que da primeira vez, porque todas Elas são sempre
novas. Assim vão caindo as Minhas Graças sobre as almas.
Poderias crer que se trata sempre das Mesmas, mas não. Eu As
dou em cada momento, de acordo com o que necessitas, como o
raio do sol sobre a flor. Filha, considera quão atento é o Meu Amor;
como prevê, vos observa e vos conhece até no mínimo. Nada de
vós Lhe escapa, pois vos conhece melhor do que vós mesmos. O
Meu Amor flutua sobre vós como o Espírito, em outro tempo,
flutuava sobre as águas.”
29 de setembro. Convalescença. Disse-me: “Não notas a
diferença entre a vida que Me oferecias antes da prova e a que
agora queres Me oferecer? Não é verdade que foi-te proveitoso
aproximar-te dos confins da vida, para olhar com os olhos da
verdade o que é a Terra e o que é a Eternidade? Não compreendes
que foi um novo meio que o teu Deus empregou para captar a tua
atenção e fazer-se mais próximo de ti? Meu Amor, filha, é criativo e
inventivo em seu desejo de tomar posse de vós em pleno percurso,
mas não poucos se esquivam e escapam de Mim. Tu, deixa-te
tomar. E assim, extenuada e sem alento, como estás agora, repousa
sobre o Meu Coração. Ele conhece bem a prova à que te submeteu,
e o que mais importa é que não tenhas duvidado do Amor, e tenhas
dito : ‘Fiat!’ E tenhas te abandonado ao que pudesse acontecer.
Nisto reside o segredo de vossa força sobre a Potência de vosso
Deus. Pois sois vós os que levais o Céu dentro, pelo vosso
abandono perfeitamente confiado. E agora, não nos separemos
mais. Eu Sou o Balão que contém a tua vida. Se arderes, é por Meu
Fogo; se avançares, é por Meus Passos e, se respirares, Eu Sou a
tua respiração. É assim como uma aceitação gozosa de Minha
Vontade pode impulsar uma alma a uma etapa espiritual ulterior que
ela não poderia, nem sequer, suspeitar. Por isto, há que agradecer-
Me com toda a força do coração, deixando-Me em liberdade de
ação em vossas vidas. Eu tenho voltas repentinas que não entram
em vossas previsões, e quando a Fé ou o Olhar do Amor vos faz
compreendê-las, é quando podeis oferecer ao Pai uma alegria
desconhecida. Ao Pai, que em vossos momentos de tristeza, como
nos de prosperidade, não é outra coisa senão Amor.”
6 de outubro. Eu tentava conter a uma pessoa que se deixava
arrastar por uma paixão terrível. “Não poderás conseguir isso por ti
só. Invoca à Minha Mãe. Ela Me verá nesse homem e o segurará.
Mas tu, ora. Com quanto fervor há que pedir pela salvação das
almas! Todos esses instantes perdidos, que tu não ocupais com
nada, dá-Mos, para o bem de teus irmãos que estiverem em perigo.
Une-te a todos os que fazem oração sobre a Terra; que seja uma
vida de comunidade, que tira a sua força de Meu Desejo de que
sejais Um, como o Pai e Eu O Somos. Tens que assemelhar-te a
Deus; tender a ser sempre a Sua imagem fiel, como Ele a quis
desde o princípio. Aplicas-te a isso? Consideras a cada dia, para
imitá-Lo, o teu Modelo vivente? Ele te apresenta o Seu Rosto e te
faz entrever as Suas Qualidades com grande Delicadeza, para não
transtornar-te. Ele tem a Humildade de diminuir-Se, para permitir-te
crer que É acessível; como esses caçadores de pássaros, que usam
todo o tipo de astúcia para não espantá-los. Olha bem o Meu Rosto
de Salvador dos homens; um Rosto que quer comunicar a Sua Vida.
Imaginas até que ponto esse Rosto pode expressar o Amor?
Supera-te. Alcança-Me.”
13 de outubro. Hora Santa. Meu Jesus querido, olha como
voltei a cair no mesmo orgulho e egoísmo. Ele: “E de que te
admiras, Minha filha? Por acaso a tua vida tem sido outra coisa do
que um constante voltar a começar? Assim te quero, humilhada,
mas sempre disposta a fazer tudo melhor para agradar-Me; e então
Eu chego e te ajudo. E o Espírito te preenche, porque vazia de ti
mesma e desenganada sobre o que vales, Lhe cedes finalmente
todo o espaço disponível em tua alma. Considera a tua
incapacidade habitual. Admite que és pobre em teu juízo e
descuidada no esforço, como se a Minha Glória nada te importasse.
Manifesta-Me as tuas inferioridades, especialmente as mais
desalentadoras como, por exemplo, a falta de continuidade na
vigilância de teu defeito habitual. Diz-Me que te dá pena, mas de
forma que esta pena vá fundamentada sobre toda a Minha Dor. E
logo, busca reparar, com palavras de amor, com silêncios, com
ânsias, com pesares em simples sinceridade. E que venham logo
novas resoluções, encomendadas como em confidência à Minha
Mãe: Ela vigiará as circunstâncias ao mesmo tempo que tu, e entre
as duas, será muito mais fácil. E logo, olha-Me com um longo olhar,
com o prazer com que se contempla o rosto de um Amigo único.
Sentir-te-ás confortada. E se esse Amigo é o ideal de todas as
virtudes, e resplandece com todas as perfeições, os teus olhos
acharão Nele, em cada olhar, um alimento de imitação. Um
treinamento que não proceda de ti, senão de Sua Doçura, de Sua
afetuosa Piedade. Ama. Como vês, toda a essência da vida cristã
volta sempre ao mesmo: ao Amor. Tu não conheces ainda todas as
Suas tonalidades, Suas sinfonias, não direi que inacabadas, mas
nem sequer começadas. Busca para cada dia um amor novo, que
não tenha encontrado ainda palavras para expressar-se, e ele
provocará em ti movimentos que não tinhas, como se te dirigisses a
um Deus novo, adorado sob outra luz, e que variaria diante de ti a
cada manhã, para esgotar em teu coração eloquentes concertos
sobre o tema da União. Deus É infinito. Entra Nele como em uma
selva profunda na qual os silêncios, cheios de mistérios, ressoam
nas profundidades do ser.”
20 de outubro. Hora Santa. Eu: Senhor, a minha perseverança
está escapando, como areia entre os dedos. Ele: “És pequena. Não
tens porque surpreender-te com a tua fraqueza. Não compreendes
que é preciso dar-Me continuamente a mão? Chamar-Me e aceitar a
Alegria que eu trago; porque a Alegria é força. Canta em teu
coração. É cantando que se deve ir ao sacrifício. Eu recitava os
salmos e era como um hino interior que subia até o Meu Pai. Tu,
Minha pequena, não temas vir beber da Fonte de Meu Poder. Em
Mim nada se esgota. Assim como não diminui o oceano quando se
lhe tira água, e às vezes a maré que vem é mais alta do que a
anterior. Qual é a riqueza que Me falta? Por acaso se percebe falta
das Graças que concedi desde o princípio da Criação do homem?
Seria Eu realmente Deus se a Minha Riqueza diminuísse pelos
Dons que faço? E não darei a uma alma porque lhe dei antes? Deve
essa alma manter-se numa tímida reserva? Não. Ao contrário, deve
animar-se até o ponto de pensar que o quanto recebeu até agora,
para Mim é como nada. Porque a Minha felicidade está em cumular,
como vós dizeis, ‘de acordo com os Meus Meios’; e os Meus Meios
são infinitos; posso dar sem medida. Quando a alma entrevê que
junto com o Poder tenho a Vontade de um Amigo que quer
embelezar a Sua amiga, já não terá o temor de abusar nem de
ultrapassar-se em audácia diante de seu Deus. Senão que,
sentindo-se pequena, compreenderá a Alegria que Deus tem de ser
grande para ela. Quantas vezes em Meu Tabernáculo tive as Mãos
cheias de Dons, mas ninguém veio atrás Deles! E no entanto,
alguns tinham entrado na igreja para uma visita curta, distraída,
distante, como se o Meu Corpo estivesse morto na Eucaristia e a
Minha Alma lá em cima, no Céu…..Esforçai-vos por pensar na
realidade de Minha Presença Eucarística : só assim podereis amar-
Me. Pensas acaso que a tua vida interior necessita muito de teus
sentidos? Ou é que ainda não começas a estar mais certa do
invisível do que do visível? Há alguns momentos em que confias
mais na certeza da Fé, e é então quando Nós vamos a ti, dentro de
ti, porque nesses momentos respondes ao que foi a Nossa Intenção
quando te criamos. O homem deve deixar toda coisa material e
tangível, para apegar-se somente a Deus; a Quem deve amar sem
vê-Lo. E nisto, reside todo o segredo de dar felicidade a Deus.” Eu:
Mas, Senhor, ainda quando Te falo em minha alma e com espírito de
Fé, não há beleza alguma nas pobres palavras que Te digo. Ele: “E
o que isso importa? O importante é que Me fales.”
25 de outubro. Na varanda. “Não sejas como essas borboletas
de outubro que já não sabem voar porque já chegou o outono, e o
vento é inflexível. Tu sobe e sobe mais, conforme se prolongue a
tua vida.”
27 de outubro. Hora Santa. Em meu quarto. “Quando vejo que
andas buscando-Me, não escaparei. Quando chamas-Me com
ânsia, certamente vou responder-te. Não Sou acaso o mesmo Deus
dos primeiros amanheceres da Criação? Pensa no primeiro homem,
bom e magnífico, quando Me esperava para alargar o seu coração
em inefáveis saciedades, nas primeiras conversas com o seu
Criador e Pai. E o que Me dizes de Moisés no Sinai? E dos
profetas? E do Homem-Deus nas suas Solidões do dia e da noite?
Eu lhes dava o conforto de Minha Paternidade. E desde que Meu
Filho Se deixou crucificar por vossa causa, no meio dos maiores
horrores do Sofrimento, Eu continuo sempre vendo-O em cada um
de vós. Meu Cristo, Meu Filho Único. Vossa voz e a Sua. Jacó,
tomando o lugar de Esaú. A Minha Bênção descerá sobre vós para
sempre se conto com a vossa fidelidade. Crê nisto com firmeza e
não Me prives de teus chamados. Suportarias, por acaso, que Eu
desaparecesse de tua vida? Poderias conceber tão só um meio dia
sem Mim? Uma manhã sem receber a Comunhão? Uma alegria que
não Me participasses ou uma pena que não pudesses Me contar?
Pensa em quantas almas amadas por Mim há neste instante por
todo o Mundo, que não querem saber nada de Mim... Ora por elas,
tão pobres, com as riquezas que tens recebido precisamente para
ajudar aos outros. Pensa nelas como se orasses por Cristo mesmo.
Pode parecer-te isto uma ideia bem estranha... mas é que todas as
Minhas criaturas são para Mim outros Cristos. Vós não trabalhais
pelas conversões, simplesmente porque não as vês, mas chegará
um dia em que estas almas, chegadas ao Céu com a vossa ajuda,
levantarão por vós clamores de agradecimento e de amor como se
ama no Céu. Filha Minha, honra o Corpo de Cristo; tem cuidado
pelos Seus membros, glorifica a Igreja, Sua Esposa. Nada há no
Mundo que seja maior, nem mais precioso e excelente que a
santidade do Esposo e da Igreja, Sua Esposa, no esplendor da
Trindade, que encerra e ilumina tudo o que Lhe pertence.”
3 de novembro. Hora Santa. “Que ponto de maturidade tens
alcançado em nosso Amor? Aproximas-te de Mim sempre, com
pensamentos de amor cada vez mais frequentes e íntimos? Sentes-
te alegre de poder oferecer-Me algum sacrifício? Tens mais fervor
no desejo de Meu Reino? Sois boa com os outros, mas só com
limitações? Como vês, às crianças, há que fazer-lhes muitas
perguntas, para estimular a sua aplicação. E tu, sabendo de tua
fragilidade e miséria, pergunta-te se as tuas pobres forças se
mantêm ainda funcionando e como poderias aumentá-las. Assim
como os navegantes sabem onde se encontram ‘tomando o ponto
de altura’ com as estrelas, assim tu podes, medindo-te e pesando-
te, saber onde estás. É necessário que tomes a altura de tua
navegação e, sobretudo, que não te falte a coragem. Os
principiantes necessitam sempre de um elogio que os estimule; e tu,
filha, nunca deixas de ser uma principiante... ainda que, é certo, com
um sincero desejo de crescer. Sempre és uma aspirante, como
essas religiosas jovens, que gostariam que o tempo corresse para
chegar mais rápido ao dia de sua profissão. Em uma escola, quando
um grupo é heterogêneo, e algumas das alunas são indisciplinadas,
enquanto outras são dóceis e estudiosas, a professora põe sempre
um empenho especial, para que consigam melhores resultados, às
que são mais sérias e bem dotadas. Assim acontece contigo e teu
Mestre, que Sou Eu, teu Deus. Teu Mestre tem posto o Seu Amor
em teu trabalho. Quando eras pequenina te seguravam a mão para
ajudar-te a escrever, e assim, teu Deus te segurará o coração para
que aprendas a amar. E isso o fará com mais Alegria quando veja
que tu Lhe pedes isso com frequência, pois Ele conhece bem a
limitação de teus meios. Não há mestre que seja mais atento do que
Eu aos esforços de Meu aluno preferido.” Eu: Senhor, faz tanto
tempo que Te amo, e ainda não sei fazê-lo. Ele: “Para amar ao Pai e
ao Espírito pede-Me emprestado o Meu Coração, e para amar ao
teu Cristo, oferece-Lhe a Sua Paixão.”
10 de novembro. Hora Santa. Disse-Lhe: Senhor, há sempre
entre nós dois como que uma espessa cortina, que não me deixa ir
até Ti. Respondeu-me: “Persuade-te de Minha Presença em ti; não
é uma alegoria, nem uma fantasia, nem uma mera comparação.
Não é algo que se escuta como um conto, nem coisa que tenha
acontecido com outra pessoa. Trata-se de ti e de Mim. Trata-se de
uma verdade que deves viver. Vive-a, pois, com segurança e
alegria; encontrarás nela só felicidade, e dar-Me-ás uma alegria
imensa. Saúda-Me com frequência em ti mesma, à tua maneira. Eu
te amarei com todas as maneiras que tenhas. Persegue-Me em ti
mesma sem afrouxar no esforço: considera-Me como Pai, como
Esposo e como Salvador. Olha-Me quando te olhares, e fica
sabendo que és esperada; aproveita todos os momentos. Lança em
voo livre o teu pensamento, como se te dissessem que as portas do
Céu estão abertas para ti, de par em par. Porque o Céu Sou Eu e
Eu estou em ti. Os santos vivem de Mim. Acostuma-te a viver, desde
agora, como desejarias viver mais tarde entre os bem-aventurados.
Faz um esforço por desprender-te de teus sentidos, para tender à
intimidade no centro de teu ser. Submete a essa intimidade todas os
teus relacionamentos da Terra, enquanto ainda tens tempo. Fazê-lo
está em tuas mãos e Me agradarás se o fizeres. Tens sempre diante
de ti dois caminhos : um que desce até as distrações egoístas, e
outro que sobe em direção a Mim e para Mim. Sois vós sempre os
que fazeis a escolha entre Mim e vós mesmos. Pede aos santos que
te ajudem a chegar muito perto de Quem tanto te ama e de
estabelecer Nele a tua morada. Não sabes que podes entrar nela
sem bater? Vivemos os dois na mesma casa!”
17 de novembro. Hora Santa. “Por que razão te peço tanto que
ores? Porque é a oração que põe a Graça em movimento, como um
círio que se acende. O homem põe o primeiro esforço e logo chega
Deus. Sempre a União. Nunca Deus só nem o homem só, senão os
dois juntos. Esta é a Lei de Meu Amor. Muito doce; não te parece? A
vossa alegria será muito maior se adiantais a hora do Encontro com
chamados veementes e com gritos de amor. As Minhas Delícias
estão em que Me chameis ao vosso coração. Não sejais tímidos: se
Me quiseres, dizei-Me. Esta é a oração, a que se aprofunda em um
lembrar-se de Mim; a que Me fala com um olhar direto. A oração
não é senão isso. A oração é petição, é louvor e agradecimento. É
sobretudo amor. Não crês que é bem eloquente um olhar direto de
amor?” Eu: Senhor, o que nos falta é ver Aquele a Quem amamos.
Por não vê-Lo, amamo-Lo tão só aproximadamente, como na
penumbra do crepúsculo… Ele: “Não conheceis, por acaso, e em
detalhe, o que foram a Minha Vida e a Minha Morte? Não podeis
conhecer-Me em tal ou qual página do Evangelho? Por outro lado, a
vossa Fé está bem necessitada de exercício para adquirir méritos.
Bem-aventurados os que creem sem nunca terem visto; porque
deles é o Reino dos santos, ou seja, Eu. E o que dizer dos que Me
tornem conhecido dos outros: como os missionários, os
predicadores e os escritores? Eles terão um banquete duplo: o seu
próprio e o dos que por eles Me conheceram. Ainda que alguém
tenha ensinado só o Pai Nosso a uma só criança; ou que tenha-lhe
ensinado a dizer: ‘Deus meu, dou-Vos o meu coração’; ainda esse,
conhecerá a Minha Alegria e o Meu Reconhecimento. Desfrutará de
um Céu novo, porque Me terá feito crescer. Por isso, filha, ora sem
interrupção; como o teu Cristo, que orou durante toda a Sua Vida
sempre pelos outros. Tu faz o mesmo, e Deus se ocupará de ti.”
1º de dezembro. Hora Santa. “Mantém-te sempre no
pensamento de subir, de subir sempre, em direção à Santíssima
Trindade. Ela é a tua Família. É a tua Finalidade, o teu Centro. É a
morada na qual deves estabelecer-te. Quem poderia descrever o
que é a Morada dos Três? Agradece-Nos pelo chamado que te
fizemos. Louva e canta à Trindade, considerando o teu nada e a
Ternura do chamado. Faz muito tempo que foi feito o convite; não
julgas que todos os teus desejos deveriam convergir para a
resposta? O Seio da Trindade se abre para ti com as Suas
insondáveis Delícias, no Amor indizível do Pai e do Filho. Feliz
Morada! Como é possível que não penses Nela todos os dias, com
a veemência de que és capaz? Pede à Minha Mãe que te ensine o
que Ela compreendeu tão bem. Que introduza o teu coração no Seio
da Trindade. Ela, a Esposa do Espírito, a Mãe do Filho, a Filha do
Pai, em direção a Quem o Seu Coração Imaculado encaminhava-Se
sem cessar. Que Ela te acompanhe à presença desta Trindade
Santa, da Qual tu és uma propriedade livre. Tu te dizes: ‘Estas Três
Pessoas São algo tão grande... o que eu posso dizer-Lhes, quando
sou tão pequena?’ Mas é que não lembras que é a tua fraqueza o
que atrai ao teu Deus. Dá-Lhe, por cima de tudo, uma confiança
perdida, absolutamente sem limites. Entendes-Me? Ele pode dar-te
tudo, pois possui tudo. Só espera que O chames. Fica certa Dele, sê
ambiciosa Dele, insaciável Dele. As tuas exigências de amor o
honrarão grandemente. Não sejas como um mudo, que se julga
indigno demais de pedir favores magníficos; em verdade to digo,
esses não sairão nunca de sua indignidade. Sê, ao contrário, como
essa gente humilde que expõe a sua miséria, e conta com que o seu
Cristo a transformará um pouco, cada vez que a confidencie a Ele;
porque Ele percebe o tom de arrependimento, e o arrependimento é
um hino à Sua Glória. Não contenhas os teus impulsos, filha Minha.
Sobe por cima da Terra, muito seguidamente; porque na Trindade
está a tua Morada.”
6 de dezembro. Eu buscava uma maneira nova de amá-Lo.
Ele: “Não te ocorre pensar que a Delicadeza é como que o Encanto
do Amor?”
8 de dezembro. Hora Santa. “Faz passar, filha, a tua vida
inteira, até o último instante, pelas Mãos e o Coração Dolorido de
tua Mãe Imaculada e Santíssima. Estes dois atributos, ‘Imaculada ‘
e ‘Dolorosa’, são os que mais Lhe agradam; porque Eu Lhe dei,
antes de mais nada, a Sua Concepção puríssima; e logo, a Dor, que
teve durante a maior parte de Sua Vida. E tudo o que Deus Lhe
enviava, ela recebia-o com Amor e Respeito, e na maior Humildade.
Compreenderás, então, que as Três divinas Pessoas da Trindade
deveriam habitar Nela com a mesma felicidade que tinham previsto
ao criá-La. E entenderás que Ela foi sempre a resposta perfeita às
exigências do Amor. Por isso conseguiu ser a Rainha do Céu.
Entrega-te a Ela, filha Minha, para que possas percorrer os Seus
caminhos. Ela está disposta a ajudar-te, pois bem conhece os
Desejos de Deus e a ti conhece-te em todas as tuas dificuldades,
que em sua maioria provêm do orgulho humano. Entrega-te a Ela,
então, desde o fundo de teu coração, e diz-Lhe isso com frequência.
Admite que o vosso trajeto sobre a Terra desenvolve-se sob a
proteção eficaz de um Pai, de uma Mãe e de um Irmão.” Eu: Senhor,
faz com que esta lembrança não se afaste de mim. O meu
pensamento foge a todo momento, atraído pelas bagatelas do
Mundo… Ele: “Corre a cortina sobre o teu cenário interior. Tu és
gente de teatro e sabes a importância de que o telão caia no
momento oportuno. Estabelece, pois, uma separação entre os
instantes da Terra e os momentos de teu Deus. A tua Mãe te
ajudará; Ela conhecia tão bem os momentos de Deus! Deves viver
os instantes de Deus com Amor perfeito. E deves comprar de Mim o
Amor perfeito, que Sou Quem O possui. Comprarás o Amor com
desejos, com orações, com uma grande intimidade. E como vês,
sempre voltamos ao mesmo: o amor de intimidade. É o que Eu
quero de vós, o que Me agrada em vós. Nele está todo o programa
da vida, desde o nascimento até a morte. E, pelo contrário, sinto-Me
ferido quando vejo que tens medo de Mim. De vossa parte,
necessito de um gesto de confiança e de total abandono. Vós, Meus
amadíssimos amigos íntimos…”
9 de dezembro. Eu tinha que fazer alguns consertos difíceis.
Disse-Lhe: Senhor, quando virá o dia em que tenhamos terminado
todos estes assuntos da Terra? Respondeu-me: “Ganha a tua vida.
Ganha a Vida Eterna.”
9 de dezembro. “Suprime todos esses pensamentos pequenos
e inúteis que não servem para nada: nem para ti, nem para o
próximo, nem para Deus. Poderias substituí-los com a adoração
amorosa, o desejo de Meu Reino, o fervor pela Salvação de teus
irmãos... Pensamentos como estes seriam como as plantas e flores
de adorno que dão vida e atrativo aos salões interiores das casas.”
11 de dezembro. Fim da Novena à Imaculada. Eu estava
encantada pela música a cinco vozes da Missa. Disse-me: “Então, o
que vai te parecer a Minha Música, quando a ouvires no Céu em
louvores cantados por milhares de vozes? Porque cada alma santa
tem a sua voz.”
Eu escutava as reflexões entusiastas de alguns leitores de
ELE E EU. E dizia-Lhe: Obrigada, Senhor meu, por todos esses
Favores íntimos que vais repartindo no silêncio. Ele: “E isso que não
sabes tudo. A surpresa alegre que terás no Céu quando conheceres
todo esse itinerário secreto que vou seguindo nos corações, por
meio de ‘nosso’ pequeno livro! Alguns, ao lê-lo, sentem uma
flechada direta vindo de Mim. Outros, não se atrevem a crer
possível um Amor tão grande, e ficam à margem da verdade. Mas
há outros que fecham o livro porque se negam a compreendê-lo. E
também acontece que alguns, surpreendidos, buscam modelar o
seu amor sob a forma dessa intimidade que não abandona nunca,
que busca sempre com criatividade outros modelos de consolar,
com os encantos de uma ternura nova. Em muitas ocasiões disse-te
que, tratando-se de Mim, o exagero é impossível… Nunca
ultrapassareis a linha, nem com a loucura. Não passei por ela o
mesmo em Meu Amor a vós? Nunca podereis corresponder-Me na
mesma medida! Perto de vós sinto-Me, de verdade, muito pobre;
afetam-Me as vossas muitas indiferenças, e tantas francas aversões
da parte de alguns. Não faltam, no entanto, alguns que
compreendem um pouco deste mistério de Minha Pobreza em vós.
Desses, espero um movimento generoso para ‘enriquecer-Me’,
ainda que seja com uma migalha de comiseração. Um pouquinho de
piedade de vossa parte já é um alívio; um desejo de aproximar-vos
a Mim Me apazigua; um ato de amor, ainda no meio de vossos
afazeres, deixa-Me contente. E quando acontece que uma alma
chega a conseguir viver só para Mim, então a cumulo com a minha
Plenitude desde esta vida, e o faço porque uma alma que assim se
Me dá, oferece-Me um refúgio seguro sobre a Terra, esta Terra tão
pouco acolhedora para Mim! Não creias que há muitas destas
almas. Lê o Evangelho; aí tens o Modelo. Daí tirareis amor para os
outros, zelo pela Glória do Pai, união com o Espírito e liberdade,
para que sopre quando queira e quanto queira. E se Ele submete-
vos à prova, nunca Lhe digais que já é suficiente; desdobrai o vosso
ser todo inteiro diante Dele, para que Ele vos leve aonde quiser;
sempre vos levará de um cume a outro. Assim, pois, tu já Me
encontraste. Honra-Me dando-Me o mais delicado que o teu amor
possa oferecer-Me. Ainda no redemoinho dos afazeres, as visitas e
as distrações de tuas viagens, deixa-Me sempre aberta a porta de
teu coração. Nele Eu tenho o Meu assento.”
15 de dezembro. Hora Santa. Na escuridão das sete da manhã
eu regressava da Missa com uma chuva gelada. Disse-Lhe: Senhor,
isto também posso te oferecer por Teus pecadores neste Ano
Mariano. Respondeu: “Eu aceito todos os sofrimentos, pequenos ou
grandes, e os ponho no Tesouro da Igreja, onde se enriquecem as
almas e se fazem santas. Os teus sofrimentos passados se perdem
em tua memória, mas ficam sempre frutuosos diante de Mim. Já te
esqueceste das fadigas de tuas viagens, dos incômodos do clima,
da sede dos desertos, dos temores de longínquos desterros. Tens
esquecido a lentidão dos retornos, os prolongados esforços de
valentia, os tempos de enfermidade… Mas lembra que tudo isso já
Me ofereceste e Eu o conservo. Sempre te agrada olhar as
preciosas joias da gavetinha de tua mãe; ou os livros mais
apreciados de tua biblioteca; ou as recordações únicas que te
deram de presente em tua longínquas correrias. Às vezes não é
grande coisa, e não pagaram muito por isso os que te
presentearam. Como, por exemplo, o bastão de terebinto daquele
muçulmano, a luva original daquele índio e a folha seca de Larache.
Mas estimas isso porque te deram tudo isso com a intenção de
agradar-te. Comigo acontece o mesmo. O Meu Coração tem se
alegrado por todos esses insignificantes presentinhos vossos,
mesmo que não vos tenham custado muito; ainda quando Mos
destes somente porque Meu Pai os pôs no caminho ou por alguma
circunstância que vos obrigava. Mas, de todos modos, vós Me
oferecestes isso com a boa vontade de crianças carinhosas. Então,
a Minha alma se apega a eles como a uma parte de vossa alma.
Tens tanto poder sobre Mim! Podeis reter-Me com um cabelo. E
quanto mais Fé tiverdes em Minhas Fraquezas de Ternura, mais Ela
se deixa escorregar em um declive de Amor, que ninguém nunca
poderá medir sobre a Terra. O único mal é não crer nisso. Oferece-
Me, então, tudo : gestos e pensamentos. Eu Me orgulho como um
proprietário que passeia em seus domínios, conhecendo a sua
extensão e a sua fecundidade. Ora para que este Proprietário entre
finalmente na posse de toda a Terra, e que os Seus Olhos só vejam
almas devotadas e fiéis a Ele. E tu, Minha pequena, és realmente
toda Minha?”
22 de dezembro. Hora Santa. Eu: Senhor, faz com que nada
em Mim Te impeça de fazer ouvir a Tua Voz às almas. Ele: “Põe
todo o teu zelo em amplificar o eco de Minha Voz e levarás alegria a
todos. E na alegria Me ouvirão melhor. Pobres almas, com
frequência tão atormentadas pelo medo que têm de Mim, ou
devoradas pelas preocupações da vida; a atmosfera vos resultaria
mais respirável se todos juntos falásseis de Mim. Quando façais
isto, Eu estarei entre vós, invisível, mas Presente; e vós sentireis a
Minha Doçura. No Céu não se fala senão de Mim, e os santos vivem
na exultação. Porque a boca fala do que transborda no coração. Por
isso Me alegro quando o Meu Nome aparece em vossos lábios; é
como se atraiçoasses um segredo muito doce, por não poder-vos
conter. É como se dissésseis: ‘Falemos de Deus, que É toda a
minha Vida e que é o Único que merece as batidas de meu
coração.’. Nisso encontrarei o Meu Louvor, e o Louvor é Amor.
Ouvindo isto, pensas: ‘Então, toda a religião se reduz ao Amor?’ E
assim é. Já te expliquei que o Juízo se fará sobre o amor. Porque
toda virtude é amor consentido, enquanto que toda falta é um amor
escarnecido. E o Amor Sou Eu. Compreendes a magnitude deste
princípio? Desveste-te de ti e reveste-te de Mim. Deixa de pensar
em ti mesma para pensar em Mim. Como os santos, que se fizeram
tais por pensarem em Mim durante toda a sua vida. E pede o auxílio
de Minha Mãe. E que os teus pensamentos Me ofereçam todo o
carinho de que fores capaz; o carinho Me honra muito mais do que o
temor; consola-Me (‘ Ia dizer Paga-Me’). Eu tenho para vós mil
delicadas gentilezas que não vedes; vos parece muito natural tudo
quanto vos acontece de bom e pensais facilmente que isso veio por
si só. Mas um ‘Obrigado’ sorridente de vossa parte Me causaria
tanta alegria, que os Dons continuariam derramando-Se sobre vós.
Pensai, quando chegar a noite, em lançar-vos entre os Meus Braços
com um coração transbordante de gratidão. E Me direis que quereis
mais, e Eu virei com mais. Deste modo chegaremos ao fim da vida e
à última de Minhas Graças. Agradecei-Me por Ela desde agora.”
Missa de meia Noite. Eu me colocava com o pensamento perto
do Presépio. Ele: “Um olhar simples e terno. Não necessitas nem
sequer de palavras; um só olhar pode dar-Me todo o teu coração.”
29 de dezembro. Eu: Senhor, esta é a nossa última conversa
íntima do ano; agradeço-Te pela força de Amor que me deste, por
todos os encontros que tivemos, com tanta Paciência de Tua parte.
Ele: “Mais tarde poderás apreciar plenamente esta Paciência de teu
Cristo, da qual agora somente suspeitas. Compreenderás que a
Paciência é o Amor em forma suave. Que é suave somente porque
há uma força muito grande que o sujeita. Mas, do que não será
capaz o Amor de Deus?” Eu: Senhor, eu gostaria tanto de pôr em
prática tudo o que Me disseste neste ano! Mas, em vez de correr,
arrasto-me. Ele: “Lembra-te de uma frase que diz: ‘Tenho sentido os
Teus Favores no peso de minha carga.’. Porque quanto mais Eu
dou, mais claridade há em vossa percepção da própria miséria: e
essa é a luz da Verdade. Geme por não ter chegado ainda mais do
que a este pobre ponto morto de teus esforços em direção a algo
melhor, mas conserva a confiança, pois tudo te será possível se Eu
te fortaleço. E lembra que Eu desejo a vossa perfeição, muito mais
do que vós mesmos. Os que têm muita sede, pedem água sem
cessar. Pedes-Me a perfeição todos os dias? Entristece-te a tua
mediocridade espiritual? Mas se tu não fosses medíocre, como Eu
poderia socorrer-te? Que doces são para Mim os teus desejos
cheios de Esperança! Aprende a gritar, filha. Clama forte a Mim; sai
da apatia das almas volúveis. Diz-Me : ‘Senhor, faz com que me
sacrifique alegremente por Ti. Faz que viva em Ti, diante de Ti e dos
outros; que eu os cubra de bondades como Tu me cobres. Deste
modo poderei alcançar-Te!’ Cada vez que vais em direção aos
outros para falar-lhes de Mim, ali estou presente no meio de vós, e
vós sentis a Minha Generosidade como uma Ternura sem cessar,
crescente. Não duvides, filha, de Minha Potência, não duvides de
Meu Amor, pobre criaturinha, que não sabe olhar-Me seguidamente,
como deveria. Ouve-Me bem : ‘Sempre estou contigo’.”
Últimos dias de 1949. “Expulsa de teu coração o amor egoísta,
para que possa habitar-te o Amor sacrificado de teu Deus.”
1950

1º de janeiro. “O lema é a Esperança em teu Deus; uma


Esperança sem Fim.”
1º de janeiro. “Lema: “A tua Esperança em teu Deus há de ser
sem limite.” Eu: Senhor, que nessas páginas brancas fiquem fixadas
as Tuas Palavras como em um muro sólido. E que fiquem aí como
uma fonte de Amor onde venham beber todos os meus irmãos e
irmãs da Terra.
5 de janeiro. Cheguei a Le Fresne depois de atravessar o
campo, com o céu e o Loire cor de chumbo. “Já vês como as tuas
árvores e as tuas flores aguardam a seiva que lhes dará nova vida.
Agora se vê tudo sombrio e como morto, mas pouco a pouco
chegará a primavera. Abandona-te à Graça. Ela e tu. Doce aliança,
como a há na vela cheia de brisa, que faz caminhar a barca. Tu
escutas o ruído do Loire que passa perto de teus muros, e ouves o
ar que encosta em tuas janelas; mas não percebes a Força divina
que te impulsa quando tu Lhe deixas a direção de tua vida. Às vezes
te deténs um momento e te perguntas: ‘Será Ele?’ E sim, Sou Eu.
Tu, então, como tuas flores e tuas árvores, direciona-te toda a Mim.
Busca alcançar-Me. Estende-me a tua vida; ainda há nela páginas
em branco. Pede-Me que te guie a mão, e escreveremos nelas nós
dois juntos . Será como quando eras criança, pois na realidade não
tens deixado de sê-lo.”
12 de janeiro. Hora Santa. Eu estava admirada da rapidez com
que havia se esgotado a primeira edição de ELE E EU. Disse-me:
“Isso se deve à Minha Vontade, apoiada pela do Coração Dolorido e
Imaculado de Minha Mãe. E sabes o que fazemos ao escrever
essas páginas? Destruímos o erro de que a intimidade da alma só é
possível para o religioso em seu claustro; enquanto que o Meu Amor
secreto e carinhoso busca na realidade a todos os que vivem neste
Mundo. Toda alma tem em si, misteriosamente, esse desejo. Todos
gostariam de ter o exemplo e os meios para chegar à santa
intimidade. Filha, que alegria para Mim e para ti se cada homem
chegasse a ser finalmente, para Mim, um amigo fiel e confiado, que
Me oferecesse a sala mais escondida de sua casa, o seu próprio
coração, como morada habitual! Eu provocaria neles expansões, até
então contidas no mais oculto de suas profundidades, na espera do
Amigo digno de grandes confidências. E, quando se chega a
compreender que Cristo, o Salvador, pode ser e deseja ser este
Amigo único, indizível, mendicante e agradecido; e quando se chega
a adivinhar a Sua felicidade quando é acolhido por Sua criatura, até
então afastada Dele por uma falsa humildade, então, no impulso de
um entusiasmo totalmente novo, a alma se deixa ir com todo o
amor de que é capaz, para honrar a Deus dentro de si. E suplica-
Lhe que aumente nela o seu pobre amor recém-nascido. E Lhe
apresenta esse amor como um espelho diante de um forno. E já não
confia em si mesma, mas põe toda a sua Esperança, uma
Esperança perdida, entre as Mãos de Cristo, o qual observa com
ternura os movimentos dessa alma que acaba de despertar.
Amadas criaturas Minhas, ainda temerosas, atrevei-vos a crer, a
esperar, a amar! E arrastai outras nesta corrente de amor. E que o
movimento continue até o último dia, sempre mais rápido, como
uma corrente que se perde no mar.”
19 de janeiro. Hora Santa. “Faz já algum tempo que não temos
nos amado. Quero dizer, na intimidade de Coração a coração que
há em uma Hora Santa. Oito dias! Quando eras criança pulavas no
pescoço de tua gente querida sempre que tinhas uma ocasião; faz
isso mesmo Comigo. E, quando abandonavas a cidade para ir ao
campo, de que tanto gostavas, ao chegar e abraçar com o olhar a
paisagem de um belo dia de férias, encontravas no Loire e nas ilhas
os melhores encantos de tua juventude. Então, quando te afastas
das obrigações do Mundo e da vida material para entrar por alguns
instantes em teu próprio coração, dá-Me a efusão alegre, inclusive
infantil, de tua juventude espiritual; rápida e amorosamente, com
todo o coração, para voltar em seguida ao teu trabalho entre os
outros, para o Meu Serviço. Não sejas tímida para amar-Me;
agradas-Me e consolas-Me das friezas da Terra. Eu tinha contado
contigo desde há longo tempo. Decepcionar-Me-ás? Também Eu,
tenho os Meus Sonhos, as Minhas Esperanças; não te esqueças de
que também Sou Homem. Peço-te que respondas ao que Eu pensei
que devia ser a tua vida, e o teu passo pela Terra e a tua influência
sobre os demais, como se tomasses de Mim para reparti-lo logo.
Não reparaste como, à noite, as estrelas se emprestam luz umas às
outras? Assim tu, Minha Gabrielle. Quando estiveres diante de Mim,
olha-Me com uma ternura muito grande, e pensa que tão doce é ser
visto, como ver.”
20 de janeiro. Nantes. Quarenta Horas. Eu: Senhor, quero com
toda a intensidade, reparar por meus pecados e pelos dos outros.
Quero Te consolar, e Tu me disseste que o que vale é a intenção, e
que És indulgente quando não fazemos bem as coisas. Ele: “Mas
também te disse que deves esperar com uma Esperança absoluta.”
26 de janeiro. Hora Santa. O frio era muito intenso e eu não
quis acender um fogo, para unir-Me ao Ano Santo. Disse-me: “É
pouca coisa esta penitência, se com ela Me trouxeres um pecador.
Tu já não sentes o frio de ontem, nem sentes ainda o que irá fazer
amanhã. Não se trata, pois, senão deste minuto, e este minuto de
mal-estar é nada, em comparação com uma alma que não cairá no
Inferno e que Me louvará eternamente, e que te agradecerá com um
transporte de gratidão que tu referirás à Minha Misericórdia, pois
nada terias podido fazer sem a Minha Ajuda. A vós cabe tomar com
presteza as Minhas Inspirações e desenvolvê-las em vosso espírito;
meditá-las e pôr toda a vossa aplicação em realizá-las, com vivo
reconhecimento. Então virá a vós o Divino Espírito, e vos recordará
tudo o que Eu vos tinha dito. Quão pouco pensam as pessoas deste
tempo em fazer penitência! E no entanto, melhor seria fazer as
penitências livremente, do que sofrê-las à força. E que a alegria não
te abandone: é o esplendor da mortificação e a doçura íntima do
amor. Uma esposa tinha feito um custoso trabalho para o seu
esposo. Tinha lhe custado muito esforço e muita paciência; e ao
recebê-lo, o esposo lhe manifestou a sua admiração e a sua alegre
surpresa por uma tão grande fadiga. Mas ela respondeu-lhe: ‘Te
amei durante todos e cada um desses minutos de fadiga, e em tal
medida, que a alegria me dissimulou a pena.’ Não é isto um pouco o
que tu sentes agora, perto de tua lareira sem fogo? Mas o Espírito
Santo reanima o fogo de teu coração, e com isso se acabará para
alguns o fogo do Inferno. Poderás adivinhar o que Eu sinto por ti,
Minha pequena companheira de trabalho? A delícia de um beijo de
paz.”
28 de janeiro. Em uma recepção onde havia muita gente. Ele:
“Quanto mais sofreres, mais útil serás.”
2 de fevereiro. Depois de uma reunião em um salão de
amigos. “Reparaste? O que vos importa não é tanto o que dizeis,
senão a maneira de dizê-lo. E quando Me falais é a mesma coisa:
encontrai em vós a maneira do amor, o tom de confiança que Eu
espero; nisso, fico vencido. E, posto que conheces as tuas armas,
por que não valer-te delas com a exclusão de outras? Eu Sou
semelhante, neste momento, a um homem que pusesse na mão de
seu adversário uma espada melhor, para que com ela o ferisse. E te
digo: dirige bem o golpe. Aviva o teu sentimento, conta-Me a dor
que te causam as tuas faltas. E que te doam, não tanto pelo que te
mancham, senão porque Me causam sofrimento. Pois tiveste a triste
coragem de fazer sofrer a um Homem-Deus que tinha dado a Sua
Vida por ti. E o sabias quando fizeste a falta. Passaste adiante; e
diante de Seu Olhar, que te via com Dor, e fizeste o quanto te deu
vontade, e que Ele não queria. Deves experimentar, por isso uma
pena grande, pena sem lágrimas, que renove a tua vontade e te
leve à humildade no amor; e ao sentimento de teu nada. Então virei
sobre ti com um voo de águia ávida para arrebatar-te, e te levarei às
avenidas solitárias do Jardim selado. Tu buscarás falar-Me do
passado, mas Eu te fecharei a boca com a Minha Mão, e te direi
palavras de Ternura e de Misericórdia, que derreterão o teu coração.
Terás sede de uma vida nova. Quererás correr nela, mas te
lembrarás de que sem Mim nada podes. Então, já sem orgulho,
entregar-Me-ás todas as tuas faculdades, uma por uma; e juntos os
dois, caminharemos com os pacientes esforços da vida cotidiana.
Compreende-Me bem, Minha pequena: falo desses pacientes
esforços cotidianos que fazem o Mérito das coisas pequenas.”
Hora Santa. “Tu não pedes o bastante. Por que és tão tímida?
Por que não ouço a tua voz? É que ainda não chegas a
compreender a alegria que tenho quando cumpro um desejo? Mas
se não compreendeste plenamente, ensaia, pelo menos, em
aprofundar um pouco mais. Há exploradores que viajam correndo, e
outros que vão devagar, para estudar bem os detalhes. Sê tu a
exploradora das infinitas Necessidades de Meu Coração, para poder
satisfazê-las melhor. Entenderás que Eu espero as tuas petições
alargadas, humildes, mas poderosas; contritas, mas cheias de
certeza. Sê para Mim um rapaz de encomendas, que monta guarda
até que os seus braços estejam cheios. E os Meus Anjos levarão as
Minhas Graças a domicílio; mas terá sido necessário que tu as
merecesses. E os pecadores? Eu te espero para ajudá-los. E as
missões? E os pagãos da França e de outros lugares? E os Meus
Sacerdotes, que necessitam de ajuda para conservar-se conforme o
Meu Coração? E os Meus Bispos, que necessitam conservar
sempre o olhar da paternidade? E todas essas almas que vivem em
teu tempo e que devem adquirir o empenho de entrar em Minha
Intimidade? Tu isto Eu o Mereci. Para isso sofri atrocidades
indescritíveis, que tu nunca podereis medir. Sabei somente que uma
palavra de amor Me recompensa; que aproximar a vossa vida à
Minha Vida do Céu e à Minha Vida Eucarística, impulsa-Me a tomar-
vos em Meus Braços, e a cubrir-vos com os Meus Méritos. Cada
alma tem a sua maneira própria de pedir : que a tua seja longa e
cálida; alegre, como se soubesse que já tenha sido escutada;
afetuosa como a de quem está seguro de ser amado; encantadora,
pois está cheia de Meus Dons; generosa como sempre; penitente;
audaz, posto que pedes em Meu Nome. E Eu te escutarei com tanta
alegria, que tu não poderás deixar de senti-lo, e terás uma nova
coragem para chamar-Me, e conseguir incessantes vitórias. E
quando peças algo que é mais que muito, dirige-te a teu Cristo-
Homem; e Ele transmitirá a tua petição ao Pai, mediante o Espírito
de Amor. Como poderia, então, a tua petição ficar sem resposta?”
Eu andava pelos boulevares de Paris. “Não Sou teu Amigo?
Então, por que não Me falas com alegria?” Mais tarde, em Auteuil.
“Será no ocaso de tua vida, quando sintas que irás morrer, quando
começarás realmente a viver.”
Paris. Ao despertar. Eu: E agora, o que há de novo? Ele:
“Deus.”. Em meu aposento de Paris. “Quando ouves a Minha Voz, o
silêncio que se segue fica ainda repleto de Mim.” E mais tarde, na
capela De la Source, à hora do Sanctus: “Tu, que Me convidaste a
fazer o que tu fazias, faz agora o que Eu faço, rodeado por Meus
anjos: Louva, dizendo: ‘Santo, Santo, Santo’. Ama e adora.” No
Museu do Louvre: “Imagina como Eu pronuncio em Mim mesmo o
teu nome. Que o teu amor ensaie em pronunciar, em tua intimidade,
o Meu.” Logo, eu vagava só, pelas ruas. Ele: “A solidão não existe
em nenhum lugar. Eu estou Presente em tudo.”
Em Nossa Senhora das Vitórias, perto de uma pessoa que
orava. “O que é a alma! Pode estar encerrada no espaço do corpo;
mas bem se vê que alcança muito mais além.” Em Paris, eu olhava
as vitrines de uma loja. “Não permitas que coisas fúteis ocupem o
teu espírito e te impeçam de ver-Me. Porias, com isso, uma máscara
em tua alma.” No Orfanato de Auteuil. “Não deves ser uma santa
pela metade, porque isso significaria que a outra metade estaria
cheia de defeitos. Ser cristão não é somente ter nascido em Deus,
mas renascer incessantemente Nele. Não é simplesmente viver
diante Dele, senão viver e morrer Dele. Quando um santo vem ao
Mundo, vem para o Mundo inteiro. Não deixes nunca de desejar e
de pedir-Me o que te falta. Os homens que conheceram a alegria de
ser pais, nem por isso esquecem que antes foram filhos. Filhos de
Deus.”
19 de fevereiro. No jardim de Luxemburgo. “Não crês que Eu
te amo muito mais do que tu supões? Porque não podes comparar a
Minha Potência com a tua; por isso te disse várias vezes que ‘Me
ames com Meu próprio Amor’. Será possível que, de agora em
diante, atuemos ambos como Um? Se Eu Sou a tua Vida, isso será
fácil. Um pai está todo em seu filho, e assim é melhor. Por que, até
aqui, pensavas estar só? E por que querias estar só? Enquanto
isso, Eu Me queimava no desejo de divinizar os teus atos. Lembra-
te de que sem Mim és nada. Isto te dá vergonha? Mas se a tua
nulidade Me atrai! Conta Comigo em todo tempo: quando Me
chamas, aí estou; e antes de que Me falasses, já tinha te ouvido. É
como uma memória; como se tivesses Me chamado há muito
tempo. Eu te desejo sempre, compreendes? Desculpa-Me se
sempre te encontro atrasada. Como se te pedisse perdão por amar-
te tanto... Não te canses de Mim. Não te acostumes às nossas
conversas. Que te sejam sempre novas, como no primeiro dia, o dia
em que tu não estavas certa do que te acontecia; e tão afobada
estavas, desse repentino contato, que te puseste a tremer, como se
tivesses feito alguma falta. Também Moisés tremeu na Presença de
Deus. E Saulo tremeu na Presença de Cristo, que o acabava de
derrubar. Quem pode escapar de Mim quando Eu decido capturá-
lo? Mas Eu respeito sempre a vossa liberdade, e quando a
submeteis a Mim é o maior presente que possa receber de vós;
nada Me causa tanta alegria. A vossa liberdade Me lembra a Minha,
a que Eu vos entreguei de maneira tão total, quando vivi sobre a
Terra. Entendei também isto: que vós sacrificareis por Mim a vossa
liberdade no momento da morte, de maneira ainda mais completa.
Será o esforço supremo de vosso amor total. E Eu colherei a vossa
morte como uma vitória.”
2 de março. Nantes. Hora Santa. “Eu ponho em teus
pensamentos o que convém. Repassa-os um por um, como quando
se desfolha uma margarida, e eles irão aos demais, carregados de
Meu Perfume fortificante. Já conheces esse Perfume. É o vivo
sentimento de ser amada por Deus; é crer que Ele Se ocupa de ti
com o maior cuidado. Todas as linhas que entre tu e Eu temos
escrito o dizem e despertam a confiança. E a confiança do homem
faz a Glória de Deus; assim como o Reino de Deus é o amor do
homem. Compreende: quando disseste ‘Deus meu, Te amo!’, já
disseste tudo o que se pode dizer; somente podes repeti-lo. E o
Senhor reina em ti. E quando toda a Terra tenha proclamado o Seu
Amor, Deus reinará, e os tempos terão se cumprido. Mas há que
orar. Tu não conheces bem ainda a força da oração; é como um
braço poderoso que viesse ajudar o Meu. Porque Eu permito que
Me ajudem. Lembras-te de Simão, o Cireneu? Juntos, pois, Eu e tu.
Como vês, o Meu Carinho é imperioso. Sou como essas mães que
apertam no coração aos seus filhinhos, como se quisessem enterrá-
los em seu peito. Assim Eu. Não vos pedi que comais a Minha
Carne todos os dias? Pobres pequenos, que não entendeis nada!
Oferecei-Me pelo menos a vossa boa vontade, e ensaiai amar-Me
um pouquinho mais. Aproximai-vos um passinho a cada manhã.
Vede que os Meus Braços estão abertos. Quem vos impede de
percorrer a última distância? Oxalá que não seja o temor! Chamai-
Me e Eu vos tomarei da mão, como fiz com Pedro, que se afundava.
‘Homem de pouca Fé’, lhe disse. Assim como disse também que
uma Fé do tamanho de uma semente de mostarda é capaz de
mover as montanhas. Avivai, pois, continuamente, a vossa Fé e a
vossa Esperança, e não Me deixareis nunca. É possível deixar-Me
quando Me encontram?”
6 de março. Nantes. “Que livres sois vós, filhos Meus, quando
estais seguros de Deus”. Mais tarde eu estava extremamente
ocupada. Disse-me: “Logo que puderes, entra de novo em ti mesma
e afunda-te na oração.”
9 de março. Hora Santa. “Quanto mais avançares em tua vida,
mais te quero em Mim. Os córregos caminham mais depressa
conforme se aproximam do mar, como se corressem para perder-se.
Vem a Mim deste modo, alegremente, em tua totalidade. Diz-Me:
‘Senhor, tomo-Te e me dou a Ti.’ Assim a tua alma se embala em
Deus, como um bebê em seu berço, e te prendes mais
estreitamente ao teu Deus. Amplia continuamente a ideia que tens
de Deus. Olha o ideal em todo o tipo de boas qualidades, em toda
forma de Potência; vê a Força, vê a Graça. Considera a Sua
Vontade de ser bom para a sua criatura, em uma medida sem
medida. Tu estás segura disso: tens, para basear-te, o feito de Sua
Paixão. Mas o que não podes compreender é a suntuosidade de
Suas recompensas para os teus pobrezinhos atos de boa vontade.
Pensando nisto, dá-Lhe uma confiança perdida. Espera Dele o
Infinito. Ou seja, Ele mesmo. O Amor. E não busques mais, pois
essa é a Plenitude. Agradece e entrega-te.” Eu: Mas, Senhor, não
encontro nada em mim que seja digno para Te oferecer! Ele:
“Lembrar-te-ás que também te disse que Sou um colecionador de
misérias. Sou como um reparador de objetos de porcelana, que é
feliz quando pode usar a sua arte, refazendo uma bela peça que
tinha se rompido em mil pedaços. Sou como um pintor, que se põe
muito contente quando pode reavivar as cores de uma velha pintura
morta. E sou como um cirurgião, que consegue soldar bem uns
membros quebrados. Nada nem ninguém está fora do alcance de
Minha Preocupação. E os Meus Cuidados são gratuitos. Recebo o
meu pagamento quando vós pondes atenção em guardar os Meus
Mandamentos e quando, com simples ternura de crianças, dizeis-
Me: ‘Mil agradecimentos, meu Deus amado!’ Parece-te que isto seja
difícil demais? Não sejas como essa gente que pensa que, quando
os seus amigos estão na desgraça, não é o momento oportuno para
prestar-lhes o seu serviço.” Do fundo da alma, disse-Lhe então:
Senhor, fica comigo, tenho necessidade de Ti. E Tu não tens
necessidade de mim. Ele respondeu com muita vivacidade: “Sim,
sim, Meu Amor necessita de ti!”
16 de março. Hora Santa. Eu estava cansada. Ele: “Quando te
sentires fraca, dá-Me a tua fraqueza. Eu a tomo em Minha Força
para uni-la a todos os cansaços que passei sobre a Terra. Ainda
antes de Minha Paixão Eu tinha passado, em Minhas Correrias e
Meus Trabalhos, muitas depressões físicas e, algumas vezes,
também morais, no meio de todas as incompreensões humanas.
Então, quando estiveres enfraquecida e deprimida, aproxima-te de
Mim, como se voluntariamente tivesses escolhido estar em teu baixo
nível para assemelhar-te a Mim. Seremos como dois doentes no
mesmo quarto fechado, que louvam ao Pai e desejam a Sua Vinda;
e escutam com ansiedade, para ver se já soa a campainha da
partida. Lembra-te: quando os grandes transatlânticos em que
viajaste tocavam a sirene, pensavas: ‘É hora de partir! Isto é a vida!’
Pensa isso mesmo para quando tiveres que deixar a Terra.
Entregas-te à Vida. A Vida em um verdadeiro ‘Novo Mundo’ que
está te esperando, e os seus habitantes também te esperam.
Quando chegavas a New York, esperavam-te nas docas, apertados
e gritando. E isto, quanto valia? Pobre Terra! Mas os entusiasmos e
os vivas da Cidade Celeste, as explosões de Caridade, as Alegrias
fulgurantes, quem poderá expressá-los em uma linguagem deste
Mundo? Alegra-te de que já te aproximas; como quando no avião
perguntavas: ‘Ainda não chegamos?’ E te respondiam: ‘Ponha
atenção no horizonte e adivinhará a aterrissagem.’ E, se algum de
teus seres queridos estivesse te esperando, o teu coração saltava
em teu peito. O que agora te espera, filha, é o teu Criador e
Salvador. Caminha alegremente, como quem vai a uma festa.
Prepara com amor o teu vestido, tua ‘toilette’ e enfeita-te com as
tuas melhores joias. E pede emprestados, além disso, os
esplendores da veste de tua Mãe e de teu Bem Amado. Deves
adquirir o hábito de enfeitar-te com eles a cada dia; Eles vos
oferecem, e querem ver em ti a Sua própria Beleza. Acrescentarás
a isso o teu sorriso mais humilde, de pequena mocinha contente,
contente de que vai finalmente entrar em sua Casa.”
Enferma. “Que útil torna-se sentir-vos de vez em quando perto
da porta de saída! Percebes a claridade com que podes olhar para
trás? Porque as coisas já não te parecem como que envernizadas
pelas opiniões do Mundo. Consideras o seu verdadeiro motivo, que
é geralmente o egoísmo; a sua indiferença para a Glória de Deus,
que é o vosso Fim único; a negligência pela Salvação de teus
irmãos, que deveria produzir um interesse ardente. Que tristeza,
filha, se tivesses que chegar só! Protegei-vos com um cortejo de
almas salvas por vossos cuidados; seja nas missões, seja em vossa
própria redondeza. Em várias ocasiões pudeste observar essas
luminosas noites do Oriente; como aquela vez que em Nazaré
contemplavas, desde a varanda dos franciscanos, as estrelas
escorregando solitárias no espaço, e outras que pareciam
encaixadas em discos de luz. Se as vossas almas tivessem cada
uma um grupo, e o conduzissem à mansão do pai de Família, que
aclamações entusiastas haveria na entrada!” Eu: Como fazer,
Senhor? Ele: “Pronunciai o Meu Nome com frequência aos vossos
protegidos, vossos surdos, vossos incrédulos. E Eu os cobrirei com
a Minha Túnica sem costuras, toda ensanguentada.”
30 de março. Enferma outra vez. “Por que não empregas este
tempo de solidão em teu leito como se estivesses em adoração ao
Santíssimo Sacramento? Ninguém te incomoda: um pequeno
esforço e isso é tudo. Por que não poderias converter estes trinta
dias de prisão em trinta dias de alegria? Pois toda doença destrói
um pouco o vosso corpo e vos avizinha um pouco mais do portão de
saída. Por que não haverias de oferecer ao Pai a tua destruição
progressiva para servir de alimento ao próximo, por meio de tuas
palavras e escritos? Um pouco à maneira como Eu quis que vos
alimentasses de Mim, e tirasses força de Minha Força. E vós vos
alimentastes de Mim nos primeiros tempos de Minha Agonia. A lua
regava sua luz branca sobre a terra do Jardim, que esperava o Meu
Suor de Sangue. Então, filha, que as primícias, ainda que distantes,
de tua morte, dêem ajuda e alegria aos teus irmãos. Em quantos
detalhes vós podeis imitar-Me, Meus pequenos, tão distraídos pelas
coisas da Terra! E quero que Me imiteis para que estejais mais
próximos; para que sejais mais ‘Eu’. Quando poderá dizer-se que
quem vê um cristão, vê ao próprio Cristo? Que bela pregação seria
essa, sem necessidade de palavras! Filha, lembra-te de que Eu
disse: ‘O que Me vê, vê a Meu Pai.’ E quando disse isso, a Minha
Voz estava impregnada de Amor. Filha! Deves sair da mediocridade,
liberar os intervalos superiores. Dai a Deus, diretamente, sem
nenhum temor humano.”
31 de março. Viático. “Eu ilumino o nada que és, para que
vejas bem que és nada.”
6 de abril. Quinta-Feira Santa. Desde o fundo de meu leito
visitava todas as paradas da cidade, do campo e das cidades
estrangeiras. Ele: “Uma Hóstia, os dois.”
Sábado Santo. Disse-Lhe: Estando enferma, tenho muito
pouco a oferecer-te. Disse-me: “Uma coisa pequena e um amor
grande fazem uma coisa grande.” Mais tarde, durante o dia: “Os
Meus anjos recolheram todas as partículas de Meu Corpo que
tinham sido arrancadas aqui e lá, e as repuseram, para que o Meu
Corpo ficasse inteiro e perfeito para a Ressurreição. Vai tu buscar
pecadores e traze-os. Cuida de Meu Corpo Místico. Oferece-Me o
Sepulcro onde repousa o Meu Corpo destroçado, por todos os
infelizes que têm medo de serem Meus.”
13 de abril. Enferma. “Há acaso um dia, uma hora, em que
possas estar longe de Mim? Podes separar esta semana ou este
mês? Não vês que as Minhas Exigências senhoriais de proprietário
se estendem até os décimos de segundo? Não sentes em ti um
desejo ardente de entregar-te inteira à Minha posse? Dominada pela
febre, sofre por Mim. Em teu sono interrompido, repousa em Mim, e
toma uma coragem maior.”
20 de abril. Ainda enferma. “Todos esses agudos sofrimentos,
os ponho como flores em tua coroa. Não convém que leves sobre a
cabeça rosas sem espinhos. Une a tua opressão à Minha; Eu estive
sufocado todo o tempo de Minha Agonia. Sufocado também quando
os soldados Me amarraram, quando zombaram de Mim na casa de
Anás; também quando Me trataram como louco na casa de
Herodes, e durante a Flagelação, no Pretório de Pilatos. Estive
sufocado quando carregava a Cruz e durante a Minha Crucificação.
E quando levantaram a Cruz, sofri a sufocação da Morte. Logo
vieram as últimas respirações, até o grande grito de Meu Amor
triunfante, que levou a Minha Alma. Assim, nesta enfermidade falta
o ar, mas tens a Deus. Sim, amiga, toma-O, para dá-Lo aos outros.
Ele te guardará a tua parte.”
25 de abril. Muita febre. “Vêm a Mim em tudo e por cima de
tudo.”
27 de abril. Ainda na cama. Disse-Lhe: Senhor, como Tu
queiras. Ele: “Está bem que te abandones a Meu Carinho. Se vives
ou morres, que importa? Estás em Meu Coração. Estás em Minha
Vontade. E não é bastante com que o aceites; é preciso que ponhas
na aceitação toda a tua capacidade de amor. Estende esse amor
como um tecido suave, até as extremidades de Meus Desejos.
Então nosso trabalho é compartilhado, sob o Olhar do Pai, e tu
serias toda poderosa…”
4 de maio. Sétima semana de enfermidade. “Alarga a tua
valente coragem até as dimensões de Minha Valentia. Pensa bem
que tu só, nada és. Não queres adquirir o belo costume de estarmos
sempre juntos? Vem seguidamente e convida-Me a assistir tua vida,
como se Me mandasses um convite para um concerto. E ali Me
concederás um lugar na primeira fila, como se desejasses que Eu
não perdesse nada do espetáculo de tuas ações, todas elas vividas
para Mim. Filha de Meu Coração! Que coisas tão belas podemos
fazer juntos! Lembra-te sempre: Juntos!”
5 de maio. Contínua sufocação. Perguntei-Lhe: Senhor, já é
minha última doença? Ele: “Magnificat!”
6 de maio. Continuo me afogando. Ele: “Por que te inquietas?
Já sabes que Sou Eu. Oferece com todas as forças de teu amor o
momento presente, esse instante que vai-se embora entre as mãos.
Pede-Me emprestado o Meu Amor, o de Minha Mãe, o dos santos
que vivem ainda sobre a Terra, e oferece-Me tudo com o teu
momento presente. Eu o espero como se espera o amor de um filho
muito querido.”
11 de maio. Senhor, é esta a minha última Hora Santa sobre a
Terra? Ele: “Que todas as tuas horas sejam santas a partir deste
momento. Ficam poucas antes da última. Estás já toda branqueada
pela Unção dos Enfermos e pela Indulgência Plenária. Deves crer
que são os Meus Méritos os que operam o milagre da Unção dos
Enfermos , da Penitência e da Eucaristia. Todos os pecados se
apagam, e é o Meu Amor Quem o faz. Quero ver-vos semelhantes a
Mim, pequenos irmãozinhos Meus. Quero-vos ver fundidos em Mim
pelos cuidados de Minha Mãe. Se é certo que vos amo a todo o
momento, é também verdade que a minha Emoção de Amor é
incomparável no tempo de visita da Morte. Que faça sobre ti tudo o
que tenha que fazer; mas tu permanece em Meus Braços na espera
de que se rasgue o último véu. E agora, amiga Minha, eis aqui o teu
trabalho: lamenta, lamenta os teus pecados; ama, ama sempre com
maior força Ao que tem por nome : ‘Amor’.” Eu: “Senhor, arrebata-
me no incêndio de teu Fogo.”
12 de maio. Durante a Unção dos Enfermos. “Estás toda
coberta pelo manto de Meus Méritos e sob o Manto de Minha Mãe.
Sentes-te bem assim?”
12 de maio. Mais fraca. Eu: Senhor, a Tua Cruz é
suficientemente larga, para que eu me estenda Nela juntamente
Contigo? Ele: “Minha pobre pequena. Pensa que convido, para isto,
ao Mundo todo.”
13 de maio. Mais fraca. “Sim. Tomo o teu corpo como o trigo
que se tritura. É por teus irmãos.” Eu: Por meus irmãos, Contigo.
15 de maio. Mais fraca. Doce Senhor meu, estende-me os
Braços. Vou entrar em nossa Casa com passinhos de criança.
16 de maio. Viático. Senhor, será hoje o dia em que Te
entregue esta alma que Tu criaste com tanto Amor? Mãe querida,
embeleza o vestido de tua pobre filha antes de que entre no salão.
18 de maio. Festa da Ascensão. Disse-me: “Os preparativos
de amor agradam ao Amor. E não Sou Eu o único que se alegra:
também a Minha Mãe, os anjos e os santos. O que Me dirás quando
chegares? E quais são as Palavras que te direi? Esse grande
momento do Encontro! Prepara-te para ele com toda tua alma, e crê
na Ternura infinita. Já sabes que és tímida demais; alarga-te, espera
com força. E agora, vem, Minha Bem-amada, e diz-Me o que não
tinhas te atrevido a dizer-Me.”
23 de maio. Outra vez o Viático. “Pobre alma pequenina, que
esperou até o fim de sua vida para crer na infinita Misericórdia e nos
últimos Perdões. Agora já não temas nada; Eu não estaria contente.
Entrega-te totalmente ao Amor, tu, que és a Minha amada.”
24 de maio. Já não tenho forças. Quase não vejo, apenas
posso amar-te. Ele: “Toma o Meu Olhar e a Minha Voz. Toma o Meu
Amor.”
25 de maio. Eu: Já cheguei ao fim de minha vida? Celebro já a
minha primeira e última Missa? Onde estás, amorosa Presença? E
depois, o que acontecerá? Ele: “Serei Eu. Serei sempre Eu.”

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