Frei Luís de Sousa

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 9

Frei Luís de Sousa

Almeida Garret
o Nasceu em 1799 no Porto, de uma família burguesa e culta, veio a falecer em 1854
o Almeida Garret instaurou as raízes e solidificou o Romantismo em Portugal.
o Estudou na Universidade de Coimbra o curso de Leis.
o Foi poeta, prosador e dramaturgo.
o Em 1851 foi elevado a visconde.
o Exilou-se na Inglaterra e França.

Contexto histórico
o Passada no final do séc XIX, onde Portugal encontra-se a ser reinado pela terceira
dinastia, ou seja, pelos Filipes, os reis espanhóis, perdendo assim a sua
independência.
o Portugal vive sob o despotismo do governo espanhol, em que a liberdade é
condicionada.

A dimensão patriótica
→ O «velho Portugal»
o Portugal do passado desaparece com a perda da independência.
o Personagens que representam: D. João de Portugal (o romeiro) e duas personagens
aludidas: D. Sebastião e Luís de Camões.
o Espaço que o representa: o palácio de D. João, pesado e antigo.
o Elementos que o simbolizam: os retratos da sala do palácio de D. João
→ O «novo Portugal»
o Reino aprisionado, integrado na monarquia espanhola, e que se encontra moribundo.
o Personagens que representam: Manuel de Sousa Coutinho, D. Madalena e Maria.
o A família representa o embrião do que poderia ser um Portugal futuro, uma nação
renascida das cinzas, mas está ensombrada pelo passado e acaba por ser destruída
com o regresso do «velho Portugal».
o Espaço que o representa: o palácio de Manuel de Sousa Coutinho, que é incendiado.
o Elementos que o simbolizam: o retrato de Manuel de Sousa Coutinho, que é destruído.
→ Mito do sebastianismo cujos porta-vozes são Maria e Telmo
Romantismo
→ Movimento artístico que se manifestou ao longo da primeira metade do século XIX

o Individualismo - valorização do “eu” face ao coletivo e ao social.


o Defesa dos ideais de liberdade individual e política.
o Adoção de linguagem coloquial, ou seja, mais acessível.
o Predomínio do sentimento (exaltação e exagero emotivo) e da imaginação (predomínio
do fantástico sobre o real).
o Gosto pelo isolamento e pela solidão (figura do herói individualista e solitário, revoltado
contra a sociedade).
o Individuo dominado pela incerteza, insatisfação e angústia.
o Preferência por ambientes noturnos e por uma natureza sombria e melancólica.
o Interesse pela idade média (momento de afirmação das nacionalidades).
o Nacionalismo (folclore, costumes, história de pátria, figuras nacionais).
o Gosto pelo exótico.
o Dicotomia mulher-anjo (ser quase divino) e mulher-demónio (fatal, sedutora,
destrutiva).
o Religiosidade cristã.
Estrutura externa
→ “Frei Luís de Sousa” é constituído por três atos, sendo que o primeiro e o terceiro têm doze
cenas e o segundo ato, quinze. Verificamos, assim, estarmos perante um texto organizado de
forma tripartida, regular e harmoniosa.
Estrutura interna
o Exposição – Ato I, Cenas I a IV
Através das falas das personagens tomamos conhecimento dos antecedentes da ação
que explicam as circunstâncias atuais; conhecemos igualmente as personagens e as relações
existentes entre elas.
o Conflito – Cenas V a XII do Ato I, Ato II e até à Cena IX do Ato III
Desenrolar gradual dos acontecimentos, em que se vivem momentos de tensão e de
expetativa – no caso de FLS, desde o conhecimento de que os governadores espanhóis
escolheram o palácio de Manuel de Sousa para se instalarem até ao reconhecimento do
Romeiro (Clímax) – e que desencadearam uma série de peripécias.
o Desenlace – Ato III, Cenas X a XII
Desfecho motivado pelos acontecimentos anteriores – dá-se a consumação da tragédia
familiar em que Maria morre e os seus pais se veem obrigados a separar-se, morrendo um
para o outro assim como para a vida terrena.

Espaços Físicos da Obra


o Ato I – Palácio de Manuel de Sousa Coutinho
Características: Demonstra ostentação e elegância,
como por exemplo a vista que tem para o Tejo e
vista que tem para Lisboa; representa um local de
harmonia, paz e segurança.
o Ato II – Palácio de D. João de Portugal
Características: Ambiente escuro, antigo e
melancólico; Enclausura as personagens, obriga-as
a confrontarem-se internamente; existe simbologia
patriótica: retratos de D. João de Portugal, de D.
Sebastião e de Camões.
o Ato III – Parte baixa do Palácio de D. João
de Portugal
Características: Espaço amplo e sem quaisquer
ornamentos; Presença e influência religiosa muito acentuada.

Personagens

o D. Manuel de Sousa Coutinho


Nobre (cavaleiro de Malta) e homem culto, de muitas letras e espirituoso, cavalheiro e racional;
Nobre cavaleiro de malta, bom marido e pai terno; Corajoso, audaz, decidido, patriota e
nacionalista; é fidalgo e bom português; revela-se ingénuo, e pouco perspicaz.
Encarna o amor à pátria e à liberdade e o mito do escritor romântico.
o D. Madalena de Vilhena
Nobre e culta; Sentimental, apaixonada, romântica, sensível e frágil; Supersticiosa, pessimista,
cautelosa e insegura (vivia em pânico constante); complexo de culpa e remorsos da sua visa
passada, pois casou com D. João e gostava de D. Manuel: Ligada aos amores infelizes de Inês
de Castro.
Casada com D. João de Portugal (1º casamento) e com D. Manuel (2º casamento).
o Telmo Pais
Escudeiro; é sem dúvida a personagem Sebastiana por excelência. Aio de D. João de Portugal,
cultiva quase em toda peça a esperança de que o seu amo regresse. Ironicamente será no
reencontro com D. João que a sua posição se alterará, tomando o partido, ainda que
involuntário, por Maria de Noronha; Telmo Pais tinha um carinho enorme por Maria, era contra
o segundo casamento de Madalena.
Confidente de D. Madalena, mas critico do seu comportamento.
o Dona Maria de Noronha
Nobreza, personagem principal; é terna, adorava D. Sebastião; sonhadora, corajosa, pura,
fraca fisicamente, ingénua, supersticiosa; Curiosa, perspicaz e inteligente; Sofria de
tuberculose, possuía ouvidos de tísica. Ativa, com desejo de agir.
Filha de D. Manuel e de D. Madalena, com 13 anos. Ligada ao culto de Camões e de D.
Sebastião.
o D. João de Portugal
Alta Nobreza (família dos viminosos); cavaleiro, austero; ama a pátria e o seu rei; ligado à
lenda de D. Sebastião; pensa que o seu sentimento por Madalena é recíproco; Exemplo de
paradoxo.
Reduzido ao anonimato.
o Frei Jorge
Irmão de Manuel de Sousa; é também confidente de Madalena, pois é a ele que ela confessa o
seu "terrível pecado: amou Manuel de Sousa ainda D. João era vivo. Acompanha sempre a
família, é conciliador, pacificador e impõe uma certa racionalidade, procurando manter o
equilíbrio no meio de uma família angustiada e desfeita. Representa a autoridade de Igreja.

A linguagem e o estilo em Frei Luís de Sousa


 Frei Luís de Sousa é um texto dramático escrito em prosa que apresenta marcas basilares
do diálogo, com estruturas frásicas e discursivas típicas da oralidade e do registo coloquial:

o Presença dos registos informal e formal.


o Diálogos vivos: falas curtas, palavras soltas, interrupções, suspense…
o Vocabulário corrente e acessível.
o Vocábulos e construções em desuso no século XIX.
o Vocabulário próprio da expressão de sentimentos e de emoções.
o Interjeições e locuções.
o Repetições frequentes.
o Pontuação expressiva.
o Pausas: frases inacabadas com reticências, traduzindo o constrangimento, segredo, …

Dimensão trágica
→ Ação
o Tem uma única ação: os receios de que algum mal se abata sobre a família de D.
Madalena, conformadas com com a chegada do Romeiro, que precipita a catástrofe.
o Há, porém, um esboço de ação secundária na revolta de Manuel, que o leva a lançar
fogo ao palácio.
→ Espaço
o Inicia-se numa câmara com vista para o exterior do palácio de Manuel de Sousa.
o Passa para um salão interior do palácio de D. João De Portugal.
o Termina na “parte baixa” deste paço, que dá para uma igreja.
o O espaço vai-se afunilando progressivamente, tornando-se mais fechado e
claustrofóbico para as personagens, o que representa a gradual limitação de
possibilidades de solução para os problemas que as afligem.
o Assistimos também a um percurso que vai do profano para o sagrado.
→ Tempo
o Está obra não respeita a lei da unidade de tempo, visto que ação decorre num período
de oitos dias e não, mas vinte e quatro horas prescritas para a tragédia clássica.
o Há também alusões recorrentes à batalha de Alcácer Quibir.
o A ação avança numa progressiva concentração temporal, pois, após os oitos dias que
medeiam os atos I e II, os acontecimentos precipitam-se no mesmo dia nos atos II e III,
o que constitui um afunilamento do tempo, que resulta nuns aumentos da tensão
dramática.
o
Características românticas
→ Apologia da liberdade poética em detrimento do rigor histórico
o Adaptações da História: vida de Manuel, de D. Madalena e de D. João.
→ O patriotismo
o O ideal de independência.
o O orgulho sentido por Maria pela atitude do pai e o elogio da luta contra a tirania.
o A admiração de Telmo por Manuel.
o Referências a Camões.
→ Sebastianismo
o Personagens que incorporam: Telmo e Maria.
o D. João de Portugal, personagem associada a D. Sebastião, fantasma do passado,
que vem quebra a rotina feliz do presente.
o O elemento destrutivo e aniquilador da família.
→ Crença em agouros e superstições
o Os pressentimentos e os terrores contínuos de D. Madalena.
o Os presságios de Telmo e de Maria.
o A sexta-feira, dia fatal.
→ Tema da morte
o Suposta morte de D. João e dúvida sobre a morte de D. Sebastião.
o Doença e morte de Maria.
o Morte para o mundo de D. Madalena e Manuel.
→ Referência ao cristianismo
o A religião cristã enquanto refúgio e consolação: a solução encontrada perante a
catástrofe.
→ Incumprimento da lei das conveniências.
o A morte de Maria em palco e sugestão de que morre de vergonha, de sofrimento.
→ Relação entre a problemática política e os problemas individuais.
o Tratamento literário de uma época histórica de submissão a Espanha e ato de rebeldia
de uma figura histórica, Manuel, a essa dependência estrangeira.
→ Missão social e edificante da literatura.
o A apologia do patriotismo e do nacionalismo, típico da ideologia liberal.
o A exaltação dos valores cristãos.
o A denúncia das consequências do preconceito social.
Elementos de tragédia
 Hybris (desafio à ordem instituída e às leis divinas ou humanas)
 Ágon (conflito entre personagens ou conflito interior de uma personagem)
 Peripécia (mudança súbita no rumo dos acontecimentos):
o O incendio ateado por Manuel obriga à mudança da família para o palácio onde se
desencadeara a catástrofe.
o A chegada do romeiro questiona a legitimidade da família de Manuel e empurra-se para
o seu fim trágico.
 Anagnórise (reconhecimento)
o O reconhecimento dá-se com a chegada do Romeiro e a sua identificação como D.
João de Portugal.
 Ananké (força do destino implacável)
 Pathos (sofrimento)
o Inquietação e a culpa de D. Madalena.
o Dor de Manuel pelo sofrimento da filha.
o A doença de Maria.
o A revolta e o sofrimento de D. João de Portugal.
o A angústia de Frei Jorge, que assiste ao fim da família.
 Clímax (ponto culminante)
o Acontece no momento em que o romeiro anuncia que D. João de Portugal.
 Catástrofe (desenlace trágico)
 Catarse (terror e piedade sentidos pelo espectador)
ATO 1
Ambiente agradável, mas marcado pela instabilidade emocional das personagens.
Cena I
o Informações sobre o passado e características das personagens.
o Ao ler episódio de Inês de Castro, de "Os Lusíadas", Madalena compara o seu estado
de espírito com o de Inês de Castro (sente-se predestinada para a morte).
Cena II
o Telmo conversa com Madalena e aflige-a com recordações do passado. Nesta cena,
todas as personagens são apresentadas:
- Manuel de Sousa surge desvalorizado em relação a D. João de Portugal.
- Maria é sempre caracterizada positivamente – curiosa, compreende tudo,
formosa, bondosa, viveza de espírito.
- Telmo – escudeiro valido e fiel, familiar quase parente… Cheio de agoiros e
pressentimentos.
o Estrutura-se, nesta cena, uma analepse, onde as personagens recuam 21 anos –
batalha de Alcácer Quibir (1578), mais sete anos de busca (1585) - 2º casamento de
Madalena, nascimento de Maria mais um ano (1599) – presente da ação.
o Telmo confessa-se um crente no regresso de D. João e justifica a sua credulidade
pelas palavras de uma carta escrita por d. João, onde esta garantia que “vivo ou morto”
haveria de voltar.
o Madalena pede a Telmo que não fale a Maria em assuntos relacionados com a batalha
e D. Sebastião… e ele promete que o fará.
o Madalena está preocupada com a demora de Manuel de Sousa que foi a Lisboa, é
tarde e não aparece. Pede a Telmo que vá saber notícias junto de frei Jorge.
o Nesta cena apercebe-se uma ligação de Telmo e Maria, na base de respeito,
autoridade, como um pai e bastante próximo.
Cena III
o Maria evidencia a sua cultura e gosto pela leitura. Pede a Telmo o livro da ilha
encoberta… mostra-se uma crente no sebastianismo.
o Madalena tenta levar a filha a não acreditar nem em fantasmas nem em fantasias do
povo.
o Esboça-se um pequeno conflito de Maria com o pai e com a mãe, pois ambos não
aceitam ouvir falar do regresso de D. Sebastião. Tal causa estranheza em Maria.
Cena IV
o Maria não consegue entender nem compreender a perturbação e preocupação dos
pais com ela. D. Madalena não pode relevar a causa das suas preocupações…
o Sem querer, Maria martiriza a mãe, afirmando que lê nos olhos, nas estrelas e sabe
muitas coisas, mostrando-se portadora de uma forte imaginação.
o Madalena não responde às questões da filha e tenta desviar de Maria, pedindo-lhe que
fale do seu jardim.
- As flores simbolizam a brevidade da vida.
- As flores de Maria murcharam. Não será um presságio da sua morte?
Cena V
o Frei Jorge traz a notícia de que os governadores saíram de Lisboa e querem vir
hospedar-se na casa de Manuel de Sousa, a notícia é dada progressivamente.
- Maria e Madalena reagem de formas distintas: Maria mostra-se
entusiasmada, dá largas à sua imaginação, idealismo e patriotismo; Madalena revela alguma
ingenuidade, é individualista e não revela qualquer sentido patriótico.
o Novos sinais da doença de Maria: ouve a voz do pai e percebe que vem “afrontado”.
Cena VI
o Miranda anuncia a chegada de Manuel de Sousa Coutinho (confirmação dos sinais da
doença de Maria).
o Madalena e frei Jorge ficam preocupados e destacam a agudeza do ouvido de Maria.
Chamam-lhe “Terrível sinal”.
Cena VII
o É noite fechada.
o Manuel de Sousa entra num tom precipitado e agitado, dando ordens aos seus
criados. Algo estranho se passa e Madalena preocupa-se. Confirma as notícias
trazidas por frei Jorge na cena V e anuncia que é preciso saírem imediatamente
daquela casa.
o Face a este anúncio, Maria reage de forma eufórica, intensa e patriótica; Madalena fica
assustada e tenta contrariar Manuel.
Cena VIII
o Nesta cena contrasta a linguagem serena e decidida de Manuel de Sousa com a
linguagem emotiva, hesitante e assustada de madalena.
o Manuel mostra-se um herói clássico, racional, o homem presente, o patriota, de
consciência limpa, nada teme e para ele não há razões que justifiquem não mudar para
o palácio que fora de D. João. Madalena age pelo coração, é modelo da heroína
romântica, assustada, ligada ao passado cheia de pressentimentos e crente que vai
morrer, infeliz, naquela casa.
o Manuel de Sousa tenta chamá-la à razão e pede-lhe que atente na sua condição
social, o ajude e apoie neste momento tão decisivo da sua vida.
o A mudança para o palácio de D. João de Portugal, mais do que um regresso ao
passado, é o regresso ao passado.
Cena IX e X
o Telmo informa que os governadores desembarcaram.
o Manuel de Sousa apressa ainda a mais a saída da casa e a mudança para o palácio de
D. João. Manuel pede a frei Jorge e a Telmo que levem Maria e Madalena.
Cena XI
o Manuel refere o acontecido com seu pai e põe a hipótese de lhe acontecer algo
semelhante. É uma prolepse ou antecipação da desgraça que irá acontecer.
o Manuel de Sousa mostra-se um homem de valores intensos. Para ele, nada perdura,
tudo muda, a vida é uma constante e eterna mudança, tudo é aparência…
Cena XII
o Concretiza-se o incêndio.
o Na impossibilidade de salvar o palácio, Madalena pede desesperadamente que lhe
salvem o retrato do seu atual marido/prolepse/antecipação da separação…
ATO 2
Cena I
o Passaram-se 8 dias, desde do incêndio.
o Maria pretende conversar com Telmo, para que este lhe revele a identidade do retrato
que tanto assustava a mãe. O incêndio do palácio provocou impressões diferentes
entre Maria e Madalena, maria ficou fascinada, encontrou nele alimento para a usa
fértil imaginação; Madalena ficou doente, aterrorizada, cheia de pesadelos, liga o
incêndio à perda do marido, de que a destruição do retrato é um prognostico fatal.
o Tal como no ato I, Maria agora cita o início de um livro trágico (pressentimento de
fatalidade).
o Na sala dos retratos, onde Maria conversava com Telmo, há 3 retratos que a fascina.
Ela conhece dois, mas quer confirmar o de D. João de Portugal. Em analepse, recorda
o que ocorreu oito dias antes e que tanto perturbou a mãe, deixando-a doente. As
atitudes estranhas da mãe perante o retrato deixaram Maria curiosa.
o Telmo alterou a sua posição face Manuel de Sousa depois do incêndio: antes admitia
as suas qualidades, mas não o admirava; agora admira-o pelo seu patriotismo e
lealdade.
o Quando Maria questiona Telmo sobre a identidade do retrato, este não responde
Cena II
o É Manuel de Sousa que revela a identidade do retrato a Maria. Manuel de Sousa
refere-se a D. João, tal como fizera na cena VIII do ato I: admira as suas qualidades e
não tem ciúmes.
o Manuel de Sousa chega encoberto com uma capa, pois anda escondido (há oito dias)
dos governadores.
o Maria confessa ao pai as suas capacidades intuitivas: já sabia a identidade do retrato
sem ninguém lhe ter dito; era de um saber “cá de dentro”.
Cena III
o Pai e filha conversam sobre a vida e confessa que com aquela capa parece um frade.
Novo indício de fatalidade.
o Acentuam-se as relações familiares: D. Madalena sempre respeitou D. João, mas
nunca o amou; amou e ama Manuel de Sousa. Maria não controla as emoções diante
do retrato de D. João: admira-o pela sua coragem e liga-o ao seu rei, mas ama os seus
pais.
o Nesta cena, Manuel é meigo, carinhoso e afetivo para com a filha.
Cena IV
o Frei Jorge sugere a Manuel de Sousa que o acompanhe a Lisboa para agradecer ao
arcebispo pois foi ele que intercedeu junto dos outros governadores.
o Manuel decide acompanhá-lo a Lisboa, pois ate precisa de ir ao sacramento conversar
com a abadessa (é a tia Joana de Castro que se separou do marido, para ambos
professarem). Mais um indício de fatalidade (também Manuel e Madalena vão separar-
se e professar).
o Maria quer acompanhar o pai a Lisboa; quer conhecer a tia Joana e quer levar consigo
Telmo, frei Jorge e Doroteia.
Cena V
o Madalena que já está melhor, reage mal à ida de Manuel a Lisboa e não quer que a
filha a deixe só.
o Madalena teme pelo dia de Hoje, é um dia terrível para ela (faz anos que foi a batalha
de Alcácer Quibir); é sexta feira. Perante toda a confusão, é frei Jorge quem vai
resolver a situação, comprometendo-se a ficar com Madalena.
o Madalena está cheia de agoiros, muito ligados ao passado, cheia de fatais medos.
Tudo faz pressentir que alguma coisa fatal está para acontecer.
Cena VI
o Manuel confirma que Maria precisa de espairecer. Talvez lhe faça bem. Madalena diz
que não quer que Telmo fique (Terá medo das suas conversas?)
Cena VII
o Madalena está preocupada, assustada e temerosa. Chora e pede a todos que não se
afastem de Maria, que a protejam. A despedida é dolorosa e dramática.
Cena VIII
o Madalena volta a evidenciar a sua incapacidade para não sentir medo e horror.
o A despedida é dramática – voltam a referir a Condessa de Vimioso (Joana de Castro) e
paira no ar a fatalidade.
Cena IX
o Frei Jorge começa a sentir que alguma desgraça está para acontecer.
Cena X
o Madalena dá ordens a Miranda para que fique no mirante até que o bergantim chegue
a Lisboa.
o Madalena confessa a Jorge que HOJE é o dia da sua vida que mais tem receado.
- Faz anos que casou a primeira vez.
- Faz anos que se perdeu el-rei (e D. João).
- Faz anos que conheceu Manuel de Sousa.
o Madalena considera-se uma pecadora.
- Conheceu Manuel de Sousa quando ainda D. João era vivo.
- Amou-o assim que o viu; o pecado estava-lhe no coração; a imagem do amante
perseguia-a; apenas foi fiel a D. João.
o Adverbio de tempo HOJE repete-se nove vezes.
Cena XI
o A conversa de Madalena com frei Jorge é interrompida por Miranda. Esta traz a notícia
da chegada de um romeiro – peregrino de Espanha, de Roma, dos santos lugares…
o Madalena desvaloriza, mas Miranda diz que o romeiro traz um recado que só dará a
Madalena.
o Depois de algum desinteresse e sobressalto, Madalena dá ordem que mande entrar o
romeiro.
Cena XII
o Desconfianças de Jorge face a estranhos.
Cena XIII
o Miranda apresenta o Romeiro. Jorge apresenta-o a Madalena de Vilhena e pergunta se
é ela a quem lhe deseja falar. O Romeiro como se a conhecesse (e conhece) confirma.
Cena XIV
o É nesta cena que se atinge o clímax da ação.
o O Romeiro face às perguntas de que lhe vão fazendo, vai-se dando a conhecer
gradualmente. Madalena, ingenuamente, não conhece D. João.
Cena XV
o Identificação do romeiro através da fala “Ninguém!” e do bordão apontado ao retrato de
D. João de Portugal.
Ato III
Cena I
o Diálogo entre Frei Jorge e Manuel, em que este assume a desgraça que se abateu
sobre a sua família, a sua preocupação com a situação de Maria, que chegou doente
de Lisboa e, ao ver o estado da mãe, piorou ainda, e a sua decisão de receber o
hábito, juntamente com D. Madalena, morrendo, desta forma, para o mundo e
recebendo o castigo do seu pecado.
Cena II e III
o Chegada de Telmo com notícias sobre o estado de saúde de Maria.
Cena IV
o Monólogo de Telmo, no qual se revela dividido entre o passado e o presente. A
fidelidade a seu velho senhor, troca-a pelo amor que tem por Maria, que vê perder-se
com a notícia da vida de D. João de Portugal.
Cena V
o Encontro entre Telmo e D. João, durante o qual velho escudeiro denuncia a sua divisão
interior e a opção pelo amor por Maria em detrimento da lealdade a D. João.
o Sugestão do Romeiro de que Telmo associe a história do peregrino a um embuste
criado pelos inimigos de Manuel de Sousa, numa tentativa de corrigir a desgraça
causada pelo seu regresso.
Cena VI
o Ilusão de D. João ao ouvir a voz de D. Madalena à porta, chamando pelo marido.
o Desfeito o encantamento, sai de cena, mantendo a resolução que tinha assumido com
Telmo.
Cenas VII e VIII
o Encontro entre D. Madalena e Manuel, no qual se revelam as dúvidas em relação às
palavras do Romeiro, por parte da esposa, e a atitude determinada do marido,
motivada pelo conhecimento da verdadeira identidade do Romeiro.
o Revelação de Telmo a Frei Jorge da solução proposta por D. João, que o irmão de
Manuel rejeira perentoriamente.
Cena IX
o Resignação (revoltada) De D. Madalena à decisão assumida por Manuel de Sousa
Cena X
o Inicio da cerimónia de tomada de hábito de Manuel de Sousa e de D. Madalena.
Cena XI
o Entrada de Maria na igreja em estado de completa alienação, e interrupção da
cerimónia com um longo discurso de revolta e indignação.
Cena XII
o Morte de Maria, após ouvir as palavras de D. João, que inicia Telmo a pôr em
prática o seu plano de reversão da tragedia
o Morte para o mundo de Manuel e D. Madalena, com a aceitação do escapulário e a
assunção da vida religiosa

Você também pode gostar