Tese 184

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 166

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO - ESCOLA DE MINAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL


PROGRAMA DE PÓS – GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

MÉTODO DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO


TÉRMICO DE EDIFÍCIOS COMERCIAIS E
RESIDENCIAIS EM LIGHT STEEL FRAMING

Ouro Preto, novembro de 2012


UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO - ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
PROGRAMA DE PÓS – GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

MÉTODO DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO


TÉRMICO DE EDIFÍCIOS COMERCIAIS E
RESIDENCIAIS EM LIGHT STEEL FRAMING

AUTOR: ADRIANO PINTO GOMES

ORIENTADOR: Prof. Dr. Henor Artur de Souza

Tese apresentada ao Programa de Pós-


Graduação do Departamento de Engenharia
Civil da Escola de Minas da Universidade
Federal de Ouro Preto, como parte integrante
dos requisitos para obtenção do título de
Doutor em Engenharia Civil, área de
concentração: Construção Metálica.

Ouro Preto, novembro de 2012

II
G633m Gomes, Adriano Pinto.
Método de avaliação do desempenho térmico de edifícios comerciais e
residenciais em Light Steel Framing [manuscrito] / Adriano Pinto Gomes -
2012.

xix, 147f.: il. color.; grafs.; tabs.

Orientador: Prof. Dr. Henor Artur de Souza.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de


Minas. Departamento de Engenharia Civil. Programa de Pós-graduação em
Engenharia Civil.
Área de concentração: Construção Metálica.

1. Estruturas metálicas - Estrutura de aço leve - Teses. 2. Modelos


matemáticos - Teses. 3. Arquitetura e clima - Teses. 4. Conforto térmico -
Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título.

CDU: 624.014.2:72.01

Catalogação: [email protected]

III
IV
Aos meus pais:
Jordanes e Ercília

V
AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal de Ouro Preto, que proporcionou a realização deste trabalho;

Ao professor Henor Artur de Souza, pela orientação e amizade;

Ao professor Arlindo Tribess, da Universidade de São Paulo (USP) e ao professor


Ricardo Azoubel da Mota Silveira da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) pelas
sugestões durante o exame de qualificação;

Ao professor Prechaya Mahattanatawe da Universidade de Silpakorn em Bangkok, pela


orientação no desenvolvimento do método;

Aos arquitetos Alexandre Kokke Santiago e Márcio Sequeira de Oliveira, pela


orientação nas visitas técnicas;

Aos colegas do Laboratório NUPECON da Universidade Federal de Ouro Preto;

À Carmem Miranda Lage, pelo apoio e compreensão no desenvolvimento do trabalho;

Aos amigos da república Alfa 27, pela amizade;

E a Rovadavia, pela ajuda no curso e amizade.

VI
RESUMO

O sistema Light Steel Framing (LSF) foi introduzido no Brasil no final da década de 90,
quando algumas construtoras começaram a importar kits pré-fabricados dos EUA para
montagem de casas residenciais. O sistema LSF está passando por um processo de
desenvolvimento técnico e de aceitação no mercado da construção civil nacional, mas
ainda existem deficiências no projeto, no detalhamento e na execução dos sistemas
complementares de fechamento. A avaliação do desempenho térmico de edificações em
LSF no programa EnergyPlus pode ser realizada considerando métodos que incluem ou
não a estrutura de aço na simulação numérica. Dependendo do método adotado, os
resultados das cargas térmicas e da temperatura interna dos ambientes podem
superestimar o desempenho térmico da edificação. O objetivo deste trabalho foi
desenvolver um método específico para avaliar o desempenho térmico de edificações
em LSF, naturalmente ventiladas ou condicionadas artificialmente, considerando os
efeitos das pontes térmicas em uma análise global. O método das Propriedades
Térmicas Combinadas foi utilizado como base para considerar os efeitos dos perfis de
aço em simulações numéricas no programa EnergyPlus. Foram realizados estudos de
caso para exemplificar a aplicação do método e discutir parâmetros importantes na
simulação de edificações. Observou-se que nas edificações residenciais naturalmente
ventiladas não houve diferenças significativas entre os resultados da simulação
considerando ou não os efeitos das pontes térmicas. No entanto, a aplicação do método
em estudos de caso de edificações condicionadas artificialmente mostrou que, ao se
aumentar a diferença de temperatura entre o interior e exterior da edificação por meio
do acionamento do sistema de condicionamento de ar, os efeitos das pontes térmicas
foram mais significativos, chegando a representar uma variação no pico da carga
térmica em cerca de 10%.

Palavras-chave: Light Steel Framing, simulação numérica, desempenho térmico.

VII
ABSTRACT

The Light Steel Framing system (LSF) has been introduced in Brazil in the late 90s,
when some builders started importing prefabricated kits for the assembly of residential
houses in the U.S. The LSF system is undergoing a process of technical development
and market acceptance of national construction, but there are still design deficiencies,
when it comes to detailing and executing supplementary closing systems. The thermal
performance evaluation of buildings in Light Steel Framing using EnergyPlus can be
performed considering methods to include or not the light steel structure in numerical
simulation. Depending the adopted method, the results of thermal loads and local
internal temperature may overestimate the thermal performance in the building. The
purpose of this research is to develop a specific method for thermal performance
evaluating of buildings in LSF, naturally or artificially conditioned, considering the
thermal bridges effects in a global analysis. The method of Combined Thermal
Properties was used as a basis considering the metal profiles effects in numerical
simulation program EnergyPlus. Some case studies are considered to illustrate the
method application and discuss important parameters in the simulation program used in
buildings. It was observed that in naturally ventilated residential buildings there were no
significant differences between the simulation results considering whether or not the
effects of thermal bridges. However, considering in case studies of artificially ventilated
buildings, the method showed that when the temperature difference between inside and
outside the building using the air-conditioning system increases, the thermal bridges
effects were more significant, coming to a variation in the thermal load around 10%.

Keywords: Light Steel Framing, numerical simulation, thermal performance.

VIII
LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

AISI – American Iron and Steel Institute

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ART – Método Apenas a Resistência Térmica

ASHRAE – American Society of Heating, Refrigerating and Air conditioning


Engineers

CBCA - Centro Brasileiro da Construção em Aço

CAIXA - Caixa Econômica Federal

CLF – Cooling Load Factor

CLTD – Cooling Load Temperature Difference

COP - Coeficiente de performance

CP – Coeficiente de pressão do vento

CSM – Método Com e Sem Montantes

CSSBI - Canadian Sheet Steel Building Institute

CT – Carga térmica

CTF - Conduction Transfer Function

DPM - Damp Proof Membrane

EIFS - External Insulation and Finishing System

ENCE - Etiqueta Nacional de Conservação de Energia

EPS - Poliestireno Expandido

ETICS - External Thermal Insulation Composite Systems

HVAC - Heating, Ventilation and Air Conditioning

IBS - Instituto Brasileiro de Siderurgia

IX
IISI – International Iron and Steel Institute

ILD – Densidade de Carga Interna

IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo

ISO - International Organization for Standardization

LSF – Light Steel Framing

MCH – Método das Camadas Homogêneas

MCP – Método dos Caminhos Paralelos

MEF - Método dos Elementos Finitos

MPI – Método dos Planos Isotérmicos

MZM – Método das Zonas Modificado

NASH – National Association of Steel-framed Housing

OSB - Oriented Strand Board

PBE - Programa Brasileiro de Etiquetagem

PBQP-H - Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat

PE – Método das Paredes Equivalentes

PFF - Perfis Formados a Frio

PTC – Método das propriedades Térmicas Combinadas

RTS – Radiant Time Series Method

SCL – Solar Cooling Load

SFA – Steel Framing Alliance

SHR - taxa de calor sensível

SNH - Secretaria Nacional de Habitação

SIDUSCON-SP - Sindicato da Construção Civil de São Paulo

SINAT - Sistema Nacional de Avaliações Técnicas de produtos inovadores

X
SP – Método Sem Perfis

TFM – Transfer Function Method

TRY - Test Reference Year

VCL - Vapour Control Layer

XPS - Poliestireno Extrudado

WF – Weighting Factors

XI
SUMÁRIO

RESUMO VII

ABSTRACT VIII

LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS IX

LISTA DE FIGURAS XV

LISTA DE TABELAS XVIII

1 INTRODUÇÃO 1
1.1 Apresentação do problema 1
1.2 Objetivos 6
1.3 Motivação 7
1.4 Estrutura do trabalho 8

2 O SISTEMA LSF E O DESEMPENHO TÉRMICO 9


2.1 Considerações iniciais 9
2.2 Referencial teórico 9
2.3 Transferência de calor no sistema LSF 19
2.3.1 Perfis com fendas nas almas 21
2.3.2 Perfis com mesas modificadas 23
2.3.3 Perfis revestidos com isolantes rígidos 24
2.3.4 Aplicação de uma camada isolante externa 25
2.3.5 Aplicação de reboco térmico 26
2.4 Considerações acerca do Capítulo II 28

3 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DO DESEMPENHO TÉRMICO DE 29


EDIFICAÇÕES
3.1 Considerações iniciais 29
3.2 Etapas da avaliação do desempenho térmico de edificações 30
3.2.1 Critérios de avaliação para ambientes naturalmente ventilados (não 32
condicionados)

XII
3.2.2 Critérios de avaliação para ambientes condicionados artificialmente 35
3.2.3 Etapas de avaliação no programa EnergyPlus 36
3.3 O programa EnergyPlus 38
3.3.1 Considerações iniciais 38
3.3.2 Método de balanço de energia 39
3.3.2.1 Superfícies externas 41
3.3.2.2 Superfícies internas 44
3.3.3 Ventilação natural 45
3.3.3.1 Ventilação simplificada 45
3.3.3.2 Ventilação no módulo AirflowNetwok 48
3.3.4 Carga térmica 52
3.3.4.1 Cálculo da carga térmica 53
3.3.5 Ar condicionado 55
3.3.5.1 Aparelhos de expansão direta 56
3.4 Considerações acerca do Capítulo III 59

4 DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO 61
4.1 Considerações iniciais 61
4.2 Determinação da resistência térmica de painéis em LSF 65
4.2.1 Representação da estrutura nos cálculos da resistência térmica 67
4.2.2 Método dos Caminhos Paralelos 68
4.2.3 Método dos Planos Isotérmicos 68
4.2.4 Método da ISO 6946:2007 (regra 50/50) 69
4.2.5 Método MNEC (Canadá) 69
4.2.6 Método das zonas modificado (ASHRAE/ORNL/NAHB) 71
4.3 Determinação da resistência térmica de painéis com camadas homogêneas 73
4.4 Ajuste das propriedades térmicas da camada composta 74
4.5 Definição do método de representação da estrutura metálica nas simulações 76
numéricas
4.6 Método de avaliação de edificações em LSF 77
4.5 Considerações acerca do Capítulo IV 78

5 APLICAÇÕES DO MÉTODO 80
5.1 Caso 1 80
5.1.1 Parâmetros gerais 80

XIII
5.1.2 Condições climáticas 80
5.1.3 Materiais e fechamentos 82
5.1.4 Zonas térmicas e geometria da edificação 86
5.1.5 Rotinas de uso e ocupação e cargas internas 87
5.1.6 Sistema de condicionamento 87
5.1.7 Relatórios de saída 87
5.1.8 Resultados 88
5.2 Caso 2 91
5.3 Caso 3 94
5.4 Caso 4 97
5.5 Caso 5 103
5.6 Caso 6 105
5.7 Considerações acerca do Capítulo V 107

6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES 109


6.1 Análise dos resultados 109
6.2 Conclusões 111
6.3 Sugestões para futuras pesquisas 112

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 113

ANEXO A 123

ANEXO B 131

ANEXO C 142

XIV
LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO I
FIGURA 1.1 Residência em LSF 1
FIGURA 1.2 Painel externo em LSF 2

CAPÍTULO II
FIGURA 2.1 Junta de movimentação em paredes simples 10
FIGURA 2.2 Junta de movimentação em paredes duplas 10
FIGURA 2.3 Sistema em LSF adaptado pela CAIXA 11
FIGURA 2.4 Fechamentos analisados 12
FIGURA 2.5 Perfis enrijecidos com enrijecedores intermediários na alma 13
FIGURA 2.6 Uso de malhas nos projetos de arquitetura 14
FIGURA 2.7 Tipologias analisadas 15
FIGURA 2.8 Métodos de montagem 15
FIGURA 2.9 Painel vertical 16
FIGURA 2.10 Modelo de habitação popular 17
FIGURA 2.11 Condensação e poeira sobre os montantes 20
FIGURA 2.12 Marcas das estruturas nos painéis internos 21
FIGURA 2.13 Trajeto do fluxo de calor através das almas dos montantes 21
FIGURA 2.14 Tipos de aberturas nas almas dos perfis 22
FIGURA 2.15 Perfurações em forma circular 22
FIGURA 2.16 Perfurações em forma de fendas 22
FIGURA 2.17 Perfil com mesa dobrada Thermachannel 23
FIGURA 2.18 Camadas de ar entre o perfil e a chapa 23
FIGURA 2.19 Perfil com saliências nas mesas 23
FIGURA 2.20 Isolante rígido para ser aplicado nos montantes 24
FIGURA 2.21 Isolante rígido da CEMINTEL 24
FIGURA 2.22 Aplicação de espuma contornando o montante 25
FIGURA 2.23 Painel externo com camada isolante 25
FIGURA 2.24 Painel com isolamento rígido 26
FIGURA 2.25 Criação de uma camada de ar utilizando uma camada isolante rígida e 26
um espaçador
FIGURA 2.26 Constituição do sistema EIFS 27
FIGURA 2.27 Painel isolante 27

XV
CAPÍTULO III
FIGURA 3.1 Fluxograma do processo de simulação do desempenho de uma 30
edificação
FIGURA 3.2 Etapas do processo de avaliação do desempenho térmico de edificações 31
FIGURA 3.3 Fluxograma dos procedimentos de avaliação por simulação numérica 33
FIGURA 3.4 Etapas da modelagem no EnergyPlus 36
FIGURA 3.5 Módulos do EnergyPlus 39
FIGURA 3.6 Balanço térmico na superfície externa 41
FIGURA 3.7 Balanço térmico na superfície interna 44
FIGURA 3.8 Evolução temporal da temperatura considerando diferentes taxas de 47
ren/h para um ambiente
FIGURA 3.9 Taxas de ren/h dos ambientes em função da direção do vento 47
predominante
FIGURA 3.10 Esquema de uma rede de nós de pressão 48
FIGURA 3.11 Fatores geométricos associados à abertura 51
FIGURA 3.12 Diferença entre a taxa de ren/h constante e a encontrada com o modulo 51
AirflowNetwok
FIGURA 3.13 Evolução temporal da temperatura de uma zona térmica 55
FIGURA 3.14 Interações entre os circuitos do sistema de condicionamento de ar do 56
EnergyPlus
FIGURA 3.15 Esquema de um aparelho de janela 57
FIGURA 3.16 Evolução mensal do consumo de energia elétrica por uso final 59
FIGURA 3.17 Localização das cidades com dados climáticos em formato EPW no 60
Brasil

CAPÍTULO IV
FIGURA 4.1 Percentagem das cargas térmicas calculadas pelos cinco métodos para 64
painéis com estrutura em madeira e aço
FIGURA 4.2 Análise de um painel em LSF pelo programa THERM 5.2 65
FIGURA 4.3 ORNL BTC hotbox 66
FIGURA 4.4 Elementos estruturais desconsiderados no cálculo da resistência térmica 67
dos painéis
FIGURA 4.5 Transferência de calor no método dos caminhos paralelos 68
FIGURA 4.6 Transferência de calor no método dos planos isotérmicos 69
FIGURA 4.7 Parâmetros para o cálculo da resistência térmica no método das zonas 71
modificadas
FIGURA 4.8 Carta do Fator de zona Zf 72
FIGURA 4.9 Fluxo de calor perpendicular às camadas homogêneas 74

XVI
FIGURA 4.10 Criação de um material com propriedades térmicas ajustadas 75
FIGURA 4.11 Fechamentos onde ocorrem as pontes térmicas 76
FIGURA 4.12 Método PTCa 77
FIGURA 4.13 Método de avaliação proposto 78

CAPÍTULO V
FIGURA 5.1 Evolução temporal da temperatura e umidade para o dia com TBS 81
máxima e mínima
FIGURA 5.2 Evolução temporal da temperatura e umidade para o dia 06/01 e 12/05 82
FIGURA 5.3 Tipologia 1 – Painel externo 83
FIGURA 5.4 Tipologia 1 – Painel interno 84
FIGURA 5.5 Tipologia 1 – Fundação 84
FIGURA 5.6 Tipologia 1 – Forro 85
FIGURA 5.7 Tipologia 1 – Cobertura 85
FIGURA 5.8 Geometria da Tipologia 1 87
FIGURA 5.9 Evolução temporal da temperatura na Zona 1 (ESTAR) no inverno 90
(12/05)
FIGURA 5.10 Geometria da Tipologia 2 92
FIGURA 5.11 Evolução temporal da temperatura na Zona 1 (ESTAR) no verão 93
(06/01)
FIGURA 5.12 Evolução temporal da temperatura do ambiente externo e temperatura 94
de referência do solo para verão e inverno
FIGURA 5.13 Geometria da Tipologia 3 95
FIGURA 5.14 Evolução temporal da temperatura na Zona 1 no dia de projeto de verão 96
FIGURA 5.15 Volume de infiltração da Zona 1 em função da direção do vento 97
FIGURA 5.16 Geometria da Tipologia 4 98
FIGURA 5.17 Pico mensal da carga térmica para resfriamento (W) 101
FIGURA 5.18 Evolução temporal da temperatura da Sala 4 no dia de pico da 102
carga térmica para resfriamento (03/03)
FIGURA 5.19 Geometria da Tipologia 5 103
FIGURA 5.20 Geometria da Tipologia 6 105
FIGURA 5.21 Esquema da laje úmida do sistema LSF 105
FIGURA 5.22 Parâmetros analisados 106
FIGURA 5.23 Painel externo com 90 e 140 mm de alma dos perfis 107

XVII
LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO III
TABELA 3.1 Critério de avaliação para as condições de VERÃO 35
TABELA 3.2 Critério de avaliação para as condições de INVERNO 35
TABELA 3.3 Infiltração de ar 54

CAPÍTULO IV
TABELA 4.1 Composição dos painéis em LSF 63
TABELA 4.2 Fatores de ponderação do método MNEC 70
TABELA 4.3 Resistência térmica superficial interna e externa 74

CAPÍTULO V
TABELA 5.1 Dados de Belo Horizonte / MG 81
TABELA 5.2 Propriedades termofísicas dos componentes de fechamento 82
TABELA 5.3 Resistência e transmitância térmica dos painéis verticais considerando 86
os métodos MZM e MCH
TABELA 5.4 Propriedades térmicas da camada composta de painéis verticais 86
TABELA 5.5 Temperaturas internas considerando os efeitos das pontes térmicas 88
(PTCa)
TABELA 5.6 Temperaturas internas desconsiderando os efeitos das pontes térmicas 88
(SP)
TABELA 5.7 Comparação LSF x alvenaria maciça 89
TABELA 5.8 Propriedades térmicas da camada composta de painéis verticais 90
externos
TABELA 5.9 Comparação LSF x LSF com placa de EPS (25 mm) 90
TABELA 5.10 Temperaturas do solo de Belo Horizonte / MG 92
TABELA 5.11 Temperaturas dos ambientes Estar/Jantar (E/J) e quarto 1 (Q) 92
TABELA 5.12 Temperaturas máxima das zonas Z1 e Z2 p/ o dia de projeto de verão 96
TABELA 5.13 Composição dos fechamentos 99
TABELA 5.14 Resistência e transmitância térmica dos painéis verticais considerando 100
os métodos MZM e MCH
TABELA 5.15 Propriedades térmicas da camada composta de painéis verticais 100
TABELA 5.16 Resistência e transmitância térmica dos painéis verticais considerando 101
os métodos MZM e MCH
TABELA 5.17 Propriedades térmicas da camada composta de painéis verticais 101

XVIII
TABELA 5.18 Pico anual da carga térmica 101
TABELA 5.19 Consumo anual – Caso 5 104
TABELA 5.20 Consumo anual – LSF x Concreto 104
TABELA 5.21 Consumo anual – Caso 6 106

XIX
1 INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação do problema

O sistema construtivo Light Steel Framing (LSF)1 caracteriza-se por perfis de aço
galvanizado formados a frio, que constituem um esqueleto estrutural capaz de resistir às
cargas que solicitam a edificação e por vários componentes e subsistemas inter-
relacionados que possibilitam uma construção industrializada (FREITAS e CRASTO,
2006; RODRIGUES, 2006). Os perfis de aço galvanizado são utilizados para compor
painéis estruturais ou não-estruturais, vigas de piso, vigas secundárias, tesouras de
telhado e demais componentes. Na Figura 1.1, ilustra-se uma edificação residencial
sendo construída com esse sistema.

Figura 1.1 - Residência em LSF.


Fonte: BEVILAQUA, 2005, p. 14.

Os sistemas de montagem mais usuais de LSF utilizam combinações de perfis com


seções transversais Ue (lê-se “U” enrijecido) e U simples. Os painéis estruturais são
formados por perfis galvanizados de seção U, constituindo guias na base e no topo dos
painéis, e por perfis Ue, denominados “montantes”, que são espaçados regularmente
entre si de acordo com a modulação definida no cálculo estrutural - 400 ou 600 mm.

1
Também conhecido internacionalmente por Residential Cold-Formed Steel Framing ou Light Steel
Framing Housing.
CAPÍTULO I

As placas fixadas na estrutura formam os fechamentos internos ou externos (Figura


1.2). Os demais componentes do LSF são elementos leves e compatíveis com o conceito
do sistema, que é a formação de um conjunto com baixo peso próprio.

Figura 1.2 - Painel externo em LSF.

O sistema LSF é de uso difundido nos Estados Unidos da América (EUA), Inglaterra,
Austrália, Japão e Canadá há mais de trinta anos, mas somente no final da década de 90
este sistema foi introduzido no Brasil, quando algumas construtoras começaram a
importar kits pré-fabricados dos EUA para montagem de casas residenciais
(RODRIGUES, 2006). Com a divulgação e desenvolvimento técnico do sistema pelos
setores envolvidos na geração da infraestrutura, o sistema passou a ser empregado em
várias tipologias, como habitações de pequeno e grande porte, edifícios de apartamentos
(quatro pavimentos), edifícios comerciais, escolas, hospitais e como retrofit de
edificações existentes (SANTIAGO, 2008).

A utilização do sistema LSF implica em um ganho de tecnologia na construção civil,


permitindo o controle rígido dos processos. Por ser um sistema racionalizado, é
adequado para produção industrial, contribuindo no projeto de edifícios mais eficientes
sob vários aspectos, como em uma construção sustentável, devido à possibilidade de
reciclagem dos materiais e racionalização nas perdas de material (CRASTO, 2005;
CAMPOS, 2010).

2
CAPÍTULO I

A utilização de sistemas construtivos industrializados também contribui para a


concretização dos diversos programas governamentais que buscam suprir o constante
crescimento do déficit habitacional. Por meio da produção em larga escala, a utilização
do sistema LSF pode atender aos prazos estipulados pelo governo, viabilizando a
execução dos projetos.

No entanto, por suas características industrializadas, a produção do sistema exige um


detalhamento maior de todos os projetos desde os estágios iniciais da construção. A
desarticulação entre projeto e produção é um de seus maiores problemas. A concepção
de edificações em LSF demanda uma atenção maior nas interfaces e especificidades de
cada projeto para garantir o fornecimento de todos os subsídios necessários à produção,
evitando erros e desperdícios (CAMPOS, 2010).

Conforme afirma Santiago (2008), toda tecnologia construtiva nova passa por processos
de adequação e avaliação de sua pertinência. O sistema LSF está passando por um
processo de desenvolvimento técnico e de aceitação no mercado da construção civil
nacional. Ainda existem deficiências no projeto, no detalhamento e na execução dos
sistemas complementares de fechamento (FREITAS e CRASTO, 2006). Para a
melhoria do desempenho do sistema LSF no Brasil, é necessário ajustá-lo à cultura e ao
clima brasileiro, de forma a atender também as expectativas de viabilidade de custos.
Reduzir os custos e aumentar a eficiência do sistema é uma preocupação de todos os
países que o utilizam. Segundo Bevilaqua (2005), os esforços para o desenvolvimento
do LSF estão divididos em cinco grandes áreas: i) Redução de custos; ii) Treinamento
de profissionais; iii) Elaboração de normas específicas para o dimensionamento e
desempenho do LSF; iv) Publicações de literaturas técnicas e v) Organizações de
entidades de classe voltadas para o LSF.

Este processo de adequação do LSF às condições brasileiras pode ser evidenciado no


número crescente de trabalhos recentes como os de Crasto (2005), Bevilaqua (2005),
Freitas e Crasto (2006), Rodrigues (2006), Gomes (2007), Santiago (2008), Lima
(2008), Penna (2009), Campos (2010), Vivan (2011), e Carminatti Júnior (2012), que
enfocam na eficiência do sistema tendo por meta sua melhor utilização no País.

3
CAPÍTULO I

A solução dos problemas decorrentes da racionalização dos processos construtivos no


País engloba as avaliações de desempenho. Segundo Von Krüger (2000), os critérios de
desempenho expressam as condições quantitativas às quais a edificação, quando
submetida a determinadas condições de exposição, deve atender a fim de satisfazer às
exigências dos usuários. Nesse sentido, a avaliação do desempenho térmico de
edificações em LSF pode contribuir para o aumento da eficiência deste sistema no
Brasil. Por meio de medições in loco, avaliações pós-ocupação (APO) e simulações
numéricas, pode-se determinar quais são os tipos de fechamento mais adequados às
condições climáticas do Brasil, diminuindo-se o consumo energético para
condicionamento dos ambientes e melhorando as condições de conforto.

Porém, não podem ser utilizados métodos genéricos para esta avaliação. Em todas as
construções metálicas, é importante considerar os efeitos da transmissão de calor na
estrutura em análises do desempenho térmico. Nas construções em LSF, os elementos
estruturais podem gerar problemas como transmissão excessiva de calor entre o meio
externo e o interno e condensação de umidade na face interna dos painéis de fechamento
externo. No sistema LSF, o conjunto das almas dos perfis em aço corresponde a menos
que 0,5% da área do fechamento. Porém, como a condutividade térmica do aço pode ser
1500 vezes maior que a do material isolante, em condições climáticas rígidas, ignorar os
perfis em análises do desempenho térmico de edificações pode levar a uma
superestimação da resistência térmica da construção em até 50% (GORGOLEWSKI,
2007).

Nesse sentido, o uso de programas computacionais pode contribuir na busca por


edificações eficientes energeticamente, auxiliando na análise do comportamento
térmico. A simulação computacional permite uma análise rápida de diferentes propostas
projetuais contribuindo como uma ferramenta de projeto. No entanto, é necessário o
conhecimento avançado do programa a ser utilizado e dos fatores envolvidos na
simulação.

No Brasil, um programa que tem se destacado pela precisão e detalhamento na entrada


de dados na simulação numérica é o EnergyPlus (LBNL, 2011a). Este programa

4
CAPÍTULO I

possibilita grande flexibilidade nas simulações e precisão na modelagem de ambientes


condicionados naturalmente e artificialmente (PEREIRA e GHISI, 2011). A modelagem
matemática empregada no EnergyPlus utiliza o menor número de hipóteses
simplificadoras dentre todos os programas da área disponíveis, implicando na melhor
representação física das trocas térmicas no interior dos ambientes em modelos de
simulação detalhada (LBNL, 2011b).

Todavia, a utilização da simulação numérica no EnergyPlus para avaliar o desempenho


térmico de edificações em LSF deve se apoiar em um método específico para esse tipo
de sistema construtivo. O problema é que no Brasil, as normas disponíveis relacionadas
a este sistema são específicas para desempenho estrutural e há poucas referências a
métodos para a avaliação do desempenho térmico de edificações em LSF.

Como ponto de partida para a definição de uma metodologia específica para avaliar o
desempenho térmico de edificações em LSF, pode-se citar os trabalhos do Instituto de
Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT) e o trabalho de Akutsu (1998), nos quais as
pesquisas e avaliações desenvolvidas pelo Laboratório de Conforto Ambiental
(LABCON) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) se apoiaram. Os trabalhos
desenvolvidos pela Divisão de Edificações do IPT tem em comum a preocupação com a
proposição de uma metodologia para a avaliação do desempenho térmico de edificações
no Brasil. Dentre eles, destacam-se IPT (1981), IPT (1987), AKUTSU e VITTORINO
(1991), AKUTSU e VITTORINO (1993), AKUTSU, VITTORINO e YOSHIMOTO
(1995), AKUTSU et al (1995) e IPT (1998). Os trabalhos desenvolvidos pelo IPT
geraram a definição de um zoneamento climático brasileiro e níveis de desempenho que
contribuíram com a formulação da norma brasileira: “Desempenho térmico de
edificações” - NBR 15220 (ABNT, 2005).

Segundo Akutsu (1998), os métodos internacionais de avaliação do desempenho


térmico de edificações são apoiados em indicadores como a resistência térmica ou
condutância térmica dos elementos da edificação. Estes indicadores servem de valores
limites, definidos em função do tipo de uso da edificação e das características do clima
local. Nos EUA, por exemplo, a norma ASHRAE 90.2:2004 estabelece as exigências

5
CAPÍTULO I

mínimas de eficiência energética para o projeto de novas edificações baseadas no


método prescritivo para estabelecer exigências mínimas. Sua aplicação abrange a
envoltória da edificação, sistemas e equipamentos de ar condicionado e aquecimento de
água. Conforme Akutsu (1998) relata, este método é adequado para avaliações em
condições de inverno, em que o objetivo está limitado às perdas de energia utilizada no
aquecimento dos ambientes.

Como no Brasil as condições predominantes são aquelas em que o conforto térmico


deve ser equacionado para as condições de verão, não é correto utilizar como critério de
desempenho somente os indicadores. É necessário considerar também as trocas térmicas
que ocorrem nos ambientes por meio de uma abordagem dinâmica ao longo do dia,
considerando as possibilidades de perda de energia pelo ambiente por meio da
ventilação ou condução/convecção por alguns elementos da edificação.

1.2 Objetivos

Neste trabalho pretende-se desenvolver um método específico para avaliar o


desempenho térmico de edificações comerciais e residenciais em LSF no Brasil por
meio de simulação numérica horária. A pesquisa proposta tem por base o método de
avaliação do desempenho térmico de edificações desenvolvido por Akutsu (1998). O
avanço no método desenvolvido pela autora é alcançado por meio de sua adaptação para
edificações em LSF. O desenvolvimento do trabalho tem por objetivos específicos:

a) Desenvolver um método que considere os efeitos da estrutura metálica em


simulações numéricas horárias;
b) Avaliar o desempenho térmico de edificações residenciais e comerciais
considerando configurações de painéis mais utilizados na região de interesse;
c) Fazer a simulação numérica no programa EnergyPlus, considerando
edificações naturalmente ventiladas e condicionadas artificialmente;
d) Analisar o modelo matemático necessário para o tratamento numérico;
e) Simular os edifícios utilizando o recurso AirflowNetwork do EnergyPlus_
modelo de redes da ventilação natural;

6
CAPÍTULO I

f) Verificar o efeito da transmissão excessiva de calor nos painéis de fechamento


externos – pontes térmicas.

1.3 Motivação

No laboratório LABCON da UFOP, os estudos relativos à simulação numérica do


desempenho térmico de edificações em LSF demonstraram a eficiência deste sistema ao
analisar painéis configurados de acordo com a região climática de implantação do
projeto. Na dissertação de mestrado de Gomes (2007) intitulada “Avaliação do
desempenho térmico de edificações unifamiliares em Light Steel Framing”, foi
realizada a análise de duas edificações residenciais ventiladas naturalmente por meio do
programa EnergyPlus, realizando um estudo das temperaturas internas dos ambientes.
Foi considerada a resposta global da edificação e verificado o cumprimento das
exigências de conforto térmico dos usuários. Analisou-se as configurações de painéis
com atraso térmico indicado pela norma NBR 15220 (ABNT, 2005) para Curitiba, Belo
Horizonte, Brasília, Goiânia, Teresina e Belém. Verificou-se o cumprimento das
exigências de conforto térmico quando as condições ambientais internas eram atendidas
com estratégias passivas de projeto.

No entanto, a avaliação foi realizada somente em edificações naturalmente ventiladas,


utilizando uma forma simplificada de simular as trocas de ar nos ambientes. O método
de avaliação foi baseado nos critérios mínimos de desempenho para habitações térreas
de interesse social (IPT, 1998) e não se considerou os efeitos da estrutura na análise do
desempenho térmico das edificações. Durante a pesquisa, foi constatada a necessidade
de um método específico para avaliar as construções em LSF e analisar os efeitos dos
perfis metálicos em simulações numéricas horárias.

Diante destas questões, a presente pesquisa, relacionada ao desenvolvimento de um


método para avaliação do desempenho térmico de edificações comerciais e residenciais
em LSF no Brasil, tem o intuito de aprofundar os estudos sobre o sistema para a sua
ampliação, adaptação e consolidação no contexto brasileiro.

7
CAPÍTULO I

1.4 Estrutura do trabalho

Além do presente capítulo, que introduz os temas relacionados ao trabalho e descreve o


objetivo e as justificativas para a sua realização, esta tese é constituída por mais cinco
capítulos.

No CAPÍTULO II faz-se uma revisão bibliográfica sobre o sistema LSF focando nos
trabalhos e publicações da área que embasaram esta pesquisa. Também realiza-se um
estudo das pontes térmicas e possíveis formas de se amenizar os efeitos negativos da
estrutura no desempenho térmico global das edificações.

As etapas da avaliação do desempenho térmico de edificações e os critérios de avaliação


para ambientes naturalmente ventilados e condicionados artificialmente são
apresentados no CAPÍTULO III. Também é apresentado o programa EnergyPlus e sua
formulação básica.

No CAPÍTULO IV faz-se uma revisão bibliográfica sobre os métodos de avaliação


específicos para incluir a estrutura metálica nas simulações numéricas e apresenta-se o
desenvolvimento da metodologia adotada. São apresentados todos os parâmetros
necessários à simulação numérica do desempenho térmico de edificações pelo método
proposto.

As simulações dos estudos de caso são abordadas no CAPÍTULO V. O método


proposto é aplicado a seis estudos de caso, considerando edificações residenciais e
edifícios comerciais, naturalmente ventilados e condicionados artificialmente.

No CAPÍTULO VI são apresentadas as conclusões do trabalho e as sugestões para


desenvolvimento de pesquisas futuras em temas relacionados ao método de avaliação do
desempenho térmico de edificações em LSF.

A tese é finalizada com as referências bibliográficas utilizadas na pesquisa e com os


Anexos A, B e C.

8
2 O SISTEMA LSF E O DESEMPENHO TÉRMICO

2.1 Considerações iniciais

O sistema LSF é difundido internacionalmente por sua qualidade e racionalidade em


todo o processo construtivo. Este sistema possibilita uma construção com o mínimo de
desperdício de material e com grande rapidez de execução. O sistema LSF começou a ser
utilizado no Brasil na década de 90 e hoje o mercado nacional é capaz de fornecer todos
os insumos necessários para a sua construção (SANTIAGO et al., 2008). A escolha
desse sistema por parte dos clientes deve-se, principalmente, à rapidez na execução da
obra, ao menor impacto ambiental e à qualidade de execução (CAMPOS, 2010).

Neste capítulo, apresenta-se uma revisão bibliográfica dos recentes estudos sobre o LSF
no Brasil, focando no projeto, na estrutura e no desempenho térmico do sistema. Os
trabalhos foram selecionados de forma a embasar o desenvolvimento da presente
pesquisa. Faz-se também uma abordagem sobre os problemas gerados pelas pontes
térmicas através da estrutura e são apresentadas as soluções mais comuns para amenizar
a transmissão excessiva de calor através dos painéis.

2.2 Referencial teórico

No Brasil, a primeira referência relacionada ao desempenho de um painel que emprega


perfis formados a frio, foi a Referência Técnica n° 017 do Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT, 2002), que era destinada aos Sistemas
Lafarge Gypsum para a execução de paredes internas não estruturais de edifícios
residenciais e comerciais. Os painéis, constituídos por chapas de gesso acartonado (e =
12,5 mm) parafusadas em estrutura metálica leve, foram submetidos a impactos de
corpo mole, a solicitações transmitidas por peças suspensas, à especificação do índice
de isolamento sonoro e resistência ao fogo, à ação da umidade, à ação do calor e outros
critérios, apresentando resultados satisfatórios. Nestes estudos, não foram realizados
testes relacionados ao desempenho térmico do sistema.
CAPÍTULO II

No relatório do IPT (2002) é destacada a importância da adoção de juntas de


movimentação das placas para evitar problemas de fissuração por movimentações
higrotérmicas. Nas paredes com uma camada de chapa de gesso em cada face,
recomenda-se uma junta de movimentação a cada 50 m² (Figura 2.1). No caso de
paredes com duas camadas de chapas de gesso em cada face, recomenda-se uma junta a
cada 70 m², sendo a distância máxima entre juntas de 15 m (Figura 2.2). Nesse relatório,
também é detalhado a montagem do Sistema Lafarge Gypsum. Na montagem dos
fechamentos é recomendado que as juntas entre chapas em uma face da parede devam
ser desencontradas em relação às da outra face. Nas paredes com chapas duplas, as
juntas da segunda camada devem ser defasadas da primeira.

Figura 2.1 – Junta de movimentação em Figura 2.2 – Junta de movimentação em


paredes simples. paredes duplas.
Fonte: Adaptado de IPT, 2002. Fonte: Adaptado de IPT, 2002.

O Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA), com o apoio do Instituto Brasileiro


de Siderurgia (IBS), em parceria com a Caixa Econômica Federal (CAIXA) e o
Sindicato da Construção Civil de São Paulo (SIDUSCON-SP), elaborou um manual
para estabelecer os critérios de análise de solicitação de financiamento para a construção
de edificações com o sistema LSF (CAIXA, 2003). A CAIXA optou pelo
estabelecimento de critérios e requisitos mais próximos aos processos de construção
tradicionais. A ideia central era combinar os produtos em aço resistente à corrosão com
os materiais de construção disponíveis no mercado nacional. Permitia-se a construção
de edificações de até quatro pavimentos com acabamento dos painéis em argamassa
projetada e pisos dos pavimentos superiores e cobertura em concreto aplicado sobre a
forma-laje incorporada de aço (steel deck). No telhado, eram permitidas somente telhas

10
CAPÍTULO II

convencionais (cerâmicas, de concreto, metálicas e de cimento). Na Figura 2.3,


apresenta-se um esquema da tipologia que o manual da CEF (2003) aprovava.

Figura 2.3 – Sistema em LSF adaptado pela CAIXA.


Fonte: CEF, 2003.

O critério de desempenho para conforto térmico apresentado especificava que a


edificação deveria atender aos requisitos exigidos pelo documento “Critérios mínimos
de desempenho para habitações térreas de interesse social” (IPT, 1998), ou às normas
brasileiras existentes sobre o tema, que, à época, não existiam.

Pereira Júnior (2004) apresentou uma análise de pequenas edificações em aço


contraventadas por paredes estruturais constituídas por perfis formados a frio (PFF). O
autor buscava comprovar a eficácia estrutural do sistema em edificações residenciais
e/ou comerciais de cinco pavimentos e concluiu que, adotando o LSF como um sistema
de paredes diafragmas com a função de contraventar a estrutura principal, há um ganho
de industrialização e tecnologia aplicada à construção de edifícios residenciais. Segundo
Pereira Júnior (2004), o emprego do sistema LSF reduz o cronograma de execução da
obra em 20% se comparado à utilização de paredes de alvenaria como diafragma.

11
CAPÍTULO II

Em relação ao desempenho térmico do sistema LSF, Pereira Júnior (2004) fez o cálculo
da resistência térmica de dois fechamentos: um tradicional em alvenaria e outro em LSF
para comprovar a eficácia do sistema estruturado em aço (Figura 2.4). O autor conclui
que, se consideradas as mesmas dimensões geométricas de um fechamento em
alvenaria, o painel em LSF possui desempenho térmico muito superior. Vale ressaltar
que o autor utilizou somente a resistência térmica dos painéis como critério de avaliação
de desempenho.

Ra = 0,16 m2.°C/W Rb = 3,85 m2.°C/W


Figura 2.4 – Fechamentos analisados.
Fonte: PEREIRA JÚNIOR, 2004.

Bevilaqua (2005) analisou via método dos elementos finitos (MEF) edifícios
residenciais de quatro e de sete pavimentos estruturados no sistema LSF, considerando
13 diferentes proposições arquitetônicas e três concepções estruturais não usuais: a)
vigamento contínuo apoiado sobre painéis estruturais; b) painéis mais altos para
eliminar as vigas de acabamento sobre os painéis paralelos ao vigamento e c) vigas
apoiando lateralmente nos montantes. Bevilaqua (2005) verificou que a tecnologia é
perfeitamente aplicável a prédios com até sete pavimentos, incluindo os de baixo custo,
levando-se em conta o dimensionamento dos perfis realizados segundo os preceitos da
NBR 14762 (ABNT, 2001).

Bevilaqua (2005) fez referências aos trabalhos publicados do IPT para comprovar a
eficiência térmica do sistema. A autora cita que uma parede de alvenaria somente teria o
mesmo desempenho de uma parede em LSF de 90 mm de espessura se possuísse isolamento
em lã de vidro e 150 mm de espessura.

12
CAPÍTULO II

Em seu trabalho, Souza (2005) apresentou um estudo sobre o comportamento dos perfis
de paredes esbeltas expostos a fenômenos de instabilidade. Por meio do MEF, o autor
analisou o comportamento de montantes de LSF enrijecidos com enrijecedores
intermediários na alma, submetidos à compressão axial. Segundo o autor, o uso desses
enrijecedores melhora a eficiência estrutural da seção, aumentando sua capacidade de
carga (Figura 2.5). Os resultados das análises foram comparados com ensaios
experimentais, numéricos e analíticos. Foram observados ganhos consideráveis de
rigidez quando foram acrescentados os enrijecedores na alma dos montantes.

Figura 2.5 – Perfis enrijecidos com enrijecedores intermediários na alma.


Fonte: SOUZA, 2005.

Crasto (2005) apresentou todo o processo construtivo do sistema LSF, focando no


histórico e na evolução do sistema, nas características e detalhes de construção, nos
procedimentos de execução e nos subsídios para a elaboração de projetos de arquitetura
que utilizam esse sistema. Trata-se de uma fonte de informação de qualidade
direcionada aos projetistas que querem conhecer as potencialidades e limitações da
tecnologia. Segundo a autora, uma diretriz importante para a elaboração de projetos é o
uso de malhas ou reticulados da modulação estrutural como base no dimensionamento
de ambientes em LSF (Figura 2.6). A modulação dos montantes serve tanto para a
estrutura metálica quanto para os outros subsistemas, permitindo um melhor
aproveitamento dos materiais e reduzindo os cortes e desperdício.

A autora alerta que o sistema LSF não se encontra plenamente resolvido para
implantação no Brasil, pois necessita de alguns estudos, como soluções para melhoria
do desempenho do sistema de fechamento vertical externo e comportamento térmico
das edificações. De acordo com Crasto (2005), o desempenho térmico de edificações em
LSF merece uma atenção especial, pois os efeitos das pontes térmicas nos painéis
externos ainda não foram estudados no Brasil. Para a autora, a investigação do sistema

13
CAPÍTULO II

de construção, identificando suas vantagens, desvantagens e aspectos que ainda


necessitam ser estudados, é uma forma de buscar a consolidação do LSF no País como
uma opção aos sistemas construtivos vigentes.

Figura 2.6 – Uso de malhas nos projetos de arquitetura.


Fonte: CRASTO, 2005.

A pesquisa de Crasto contribuiu para a publicação do manual de construção em aço do


IBS/CBCA: “Steel Framing: Arquitetura” (FREITAS e CRASTO, 2006). O manual
apresenta aspectos de projeto e montagem para edificações com o sistema de construção
LSF. Rodrigues (2006) também desenvolveu um manual pelo IBS/CBCA, intitulado:
“Steel Framing: Engenharia”. Este manual contém os principais conceitos relativos aos
perfis formados a frio e o seu dimensionamento. O autor apresenta tabelas para o pré-
dimensionamento das barras estruturais (montantes, vigas e elementos das tesouras do
telhado) dos subsistemas de paredes, pisos e de cobertura para edifícios residenciais
com até dois pavimentos. De todos os autores, talvez Freitas e Crasto (2006) e
Rodrigues (2006) foram os que contribuíram de maneira mais significativa na
divulgação do sistema no País.

O desempenho térmico de duas edificações em LSF foi avaliado por Gomes (2007). As
tipologias analisadas representavam uma habitação popular e uma residência de alto
padrão (Figura 2.7). Utilizou-se o programa EnergyPlus para simular a resposta global
da edificação, considerando diferentes composições de painéis de fechamentos

14
CAPÍTULO II

adequados ao clima das regiões de interesse (Curitiba, Belo Horizonte, Brasília,


Goiânia, Teresina e Belém). Observou-se neste estudo que é possível reproduzir
quaisquer comportamentos térmicos de painéis de acordo com as exigências do projeto,
uma vez que o sistema de fechamento no LSF é baseado no conceito de isolação
multicamada, que consiste em combinar placas leves de fechamento e material isolante.

Residência popular Residência de padrão alto


Figura 2.7 – Tipologias analisadas.
Fonte: GOMES, 2007.

Santiago (2008) estudou a utilização do sistema LSF no fechamento vertical externo


não-estrutural de edifícios em associação a outros sistemas construtivos. Segundo o
autor, este tipo de associação implica em uma maior rapidez de execução da obra,
menor emprego de mão-de-obra e em uma redução considerável no peso próprio, se
comparado a sistemas convencionais. O autor apresentou diversos métodos de
montagem, detalhes para execução dos fechamentos e recomendações de projeto. Na
Figura 2.8, apresenta-se dois métodos de montagem dos painéis dentre os apresentados
pelo autor.

Método embutido Método contínuo


Figura 2.8 – Métodos de montagem.
Fonte: SANTIAGO, 2008.

15
CAPÍTULO II

De acordo com Santiago (2008), os materiais mais utilizados na composição da face


externa dos fechamentos são: painéis de OSB - Oriented Strand Board (com
acabamento em siding, argamassa ou EIFS - External Insulation and Finishing System)
e placas cimentícias; e na face interna, gesso acartonado, placas cimentícias e painéis
metálicos. O isolamento dos painéis em LSF deve ser definido na fase de projeto
atendendo às análises de custo/benefício, além das demandas de conforto térmico.
Segundo o autor, o desempenho satisfatório do fechamento de fachadas em LSF é
garantido pela combinação do correto planejamento estrutural com o bom detalhamento
das interfaces dos acabamentos.

Lima (2008) analisou a construção de edificações utilizando módulos pré-fabricados em


LSF, focando a viabilidade de desenvolvimento desta tecnologia na região do Espírito
Santo. O autor faz uma revisão bibliográfica das composições dos fechamentos e da
construção modular em LSF e apresenta como opção de fechamento vertical um painel
sem isolante térmico na cavidade (Figura 2.9). Além disso, apresentou um ensaio
projetual de uma escola municipal utilizando o sistema modular. Lima (2008) apontou
os caminhos e os obstáculos para o desenvolvimento da construção modular em LSF no
Brasil.

Figura 2.9 – Painel vertical.


Fonte: LIMA, 2008.

A análise de viabilidade econômica do sistema LSF na execução de habitações de


interesse social foi realizada por Penna (2009). O autor avaliou a influência de aspectos
do projeto (arquitetônico e estrutural) e da escolha dos materiais de fechamento nos

16
CAPÍTULO II

custos de construção de edificações que utilizam o sistema LSF. Foi montado um


protótipo de área igual a 34,02 m2 que atendesse ao programa “Minha casa, minha vida”
do Governo Federal para a análise. Constatou-se a viabilidade econômica do modelo de
habitação de interesse social utilizando o sistema LSF nos parâmetros do programa do
governo (Figura 2.10). Segundo o autor, o protótipo finalizado ficou em R$ 22.500,00;
sendo R$ 591,78 o metro quadrado da construção. Penna (2009) salientou a importância da
integração da concepção do projeto arquitetônico com o estrutural na redução dos custos
finais da obra.

Planta humanizada Vista do protótipo


Figura 2.10 – Modelo de habitação popular.
Fonte: PENNA, 2009.

Campos (2010) apresentou uma avaliação da percepção e absorção do sistema


construtivo LSF por parte do usuário, tendo por critério, seu nível de consciência em
relação ao sistema e de vivência no uso e manutenção da tecnologia. Campos (2010) fez
cinco estudos de caso incluindo escolas e residências. Segundo a autora, o contato direto
com os usuários e o espaço edificado proporcionou uma reflexão global sobre o sistema
construtivo. De acordo com Campos (2010), os usuários indicaram a falta de mão de
obra especializada e a dificuldade de encontrar no mercado alguns componentes como
desvantagens do sistema. No entanto, concluiu-se que a maioria das reclamações e
patologias encontradas pode ser diretamente relacionada à má resolução dos projetos de
detalhamento.

Campos (2010) também apresentou algumas recomendações práticas a fim de se evitar


patologias nas edificações em LSF. A autora destacou a importância do projeto de

17
CAPÍTULO II

isolamento térmico, que deve ser adequado ao tipo de clima das regiões brasileiras, às
funções de cada ambiente e à orientação solar. Segundo a autora, alguns problemas
relatados pelos moradores podem estar relacionados às pontes térmicas através da
estrutura metálica e ao uso de determinados materiais, como telhas asfálticas.

Um estudo numérico da transferência de calor em modelos de painéis no sistema LSF


foi apresentado por Souza (2010). O autor analisou via MEF a transferência de calor
através da espessura dos painéis quando submetidos a elevadas temperaturas, a variação
e a distribuição da temperatura e a proteção térmica dos painéis. Foram utilizadas
diferentes configurações de placas de fechamento. Souza (2010) constatou que o
acréscimo de uma segunda chapa de gesso proporciona uma redução significativa na
elevação da temperatura ao longo da espessura do painel. Além disso, foi observado
que, próximo ao lado de exposição ao incêndio, o uso do isolamento no preenchimento
da cavidade leva a valores maiores de temperatura nos perfis metálicos.

Vivan (2011), em seu trabalho intitulado “Projetos para produção de residências


unifamiliares em Light Steel Framing”, apresentou diretrizes para a elaboração de
projetos com o objetivo de proporcionar maior controle sobre a produção e clareza na
disposição das informações necessárias à execução da obra. Segundo Vivan (2011), no
Brasil, usualmente a construção de edificações habitacionais unifamiliares é
desenvolvida com baixíssimos índices de controle da produção, trabalhando apenas com
o projeto de arquitetura para o controle da construção. O autor destaca a importância de
se respeitar as informações técnicas do projeto durante a execução da obra, a
organização de um caderno de montagem e padrões relacionados a detalhes gráficos.
Em sua pesquisa, Vivan (2011) apresenta alguns exemplos de pranchas com o
detalhamento das montagens dos painéis de forma bem didática. O autor sugere que a
construção de edificações em LSF deveria ser desenvolvida tendo como base os projetos
para produção.

Quanto à normalização, existem atualmente no Brasil as normas referentes aos PFF:


NBR 6355 – “Perfis estruturais de aço formados a frio – Padronização” (ABNT, 2003);
NBR 15253 – “Perfis de aço formados a frio, com revestimento metálico, para painéis

18
CAPÍTULO II

reticulados em edificações - Requisitos gerais” (ABNT, 2005) e NBR 14762 –


“Dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis formados a frio”
(ABNT, 2010).

Em relação a uma norma específica para o sistema construtivo LSF, a única referência é
a Diretriz SINAT 003 (2010) “Sistemas construtivos estruturados em perfis leves de aço
conformados a frio, com fechamentos em chapas delgadas (Sistemas leves tipo Light
Steel Framing)”. Esse documento, resultado de um esforço conjunto do MINISTÉRIO
DAS CIDADES – Secretaria Nacional de Habitação (SNH), do Programa Brasileiro da
Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) e do Sistema Nacional de Avaliações
Técnicas de Produtos Inovadores (SINAT), fornece requisitos, critérios de desempenho
e métodos de avaliação para edificações em LSF. Em relação ao desempenho térmico de
edificações em LSF, a Diretriz SINAT 003 (2010) determina que a edificação deva
reunir características que atendam às exigências de desempenho térmico estabelecidas
na norma NBR 15575 (ABNT, 2008) e às características bioclimáticas definidas na
NBR 15220 (ABNT, 2005).

Os recentes trabalhos, estudos e normas sobre o uso de perfis formados a frio tem em
comum a busca por qualidade na construção civil brasileira. Constatou-se nesses
trabalhos um desejo comum de se aumentar a eficiência do sistema LSF e adaptá-lo às
condições econômicas, culturais e climáticas do Brasil. No entanto, os estudos relativos
ao desempenho térmico do sistema LSF ainda são poucos, o que reforça o
desenvolvimento deste estudo.

2.3 Transferência de calor no sistema LSF

Quando um material de alta condutividade térmica como o aço é colocado em paralelo


com um material isolante, a maior parte da transferência de calor ocorre através do
metal, por condução, caracterizando um efeito conhecido por ponte térmica através do
perfil em aço, ou thermal bridge (AISI, 2006). A ponte térmica reduz a resistência
térmica do painel e aumenta os gastos energéticos para aquecimento ou resfriamento do
ambiente.

19
CAPÍTULO II

Em climas temperados, a transferência de calor através das pontes térmicas pode se


manifestar em marcas escuras que aparecem sobre os montantes nos fechamentos
internos dos painéis externos (Figura 2.11).

Figura 2.11 – Condensação e poeira sobre os montantes.


Fonte: O`BRIEN, 2010.

Esse fenômeno conhecido por ghost marking ou ghosting ocorre quando as baixas
temperaturas localizadas nos perfis levam à condensação e/ou deposição de partículas
de poeira do ar interior na superfície da parede. Essas marcas escuras podem ocorrer
quando a temperatura da superfície no fechamento variar mais de 1,8 °C (IISI, 2001).

Em climas quentes e úmidos, um fenômeno semelhante pode acontecer nas superfícies


das paredes. Em ambientes climatizados com altas temperaturas exteriores, podem ser
formadas zonas frias sobre os montantes nas superfícies das paredes devido ao efeito
das pontes térmicas. Essas marcas da estrutura nos painéis foram observadas por
Campos (2010) em algumas edificações do condomínio residencial Jardim das
Paineiras, em Cotia, São Paulo (Figura 2.12).

20
CAPÍTULO II

Figura 2.12 – Marcas das estruturas nos painéis internos.


Fonte: CAMPOS, 2010.

Na maioria dos climas é necessário criar uma ruptura térmica (thermal break) entre os
perfis de aço e o lado frio do fechamento. A melhoria da eficiência térmica dos painéis
em LSF pode ser obtida por meio da modificação dos montantes, do isolamento da
estrutura, da inserção de um revestimento isolante ou de uma camada de ar estagnada. A
seguir, são apresentadas algumas estratégias de ruptura para melhorar o desempenho
térmico dos painéis em LSF.

2.3.1 Perfis com fendas nas almas

Uma forma de diminuir a condução de calor pelos perfis de aço e reduzir o efeito das
pontes térmicas foi encontrada perfurando as almas dos montantes (Slotted Studs). As
perfurações na alma dos montantes aumentam o comprimento do trajeto do fluxo de
calor (Figura 2.13) e, consequentemente, aumentam a resistência térmica a este fluxo.
As perfurações nas almas dos montantes resultam em uma melhoria de 45% na
resistência térmica dos perfis (MEO et al., 1998).

Figura 2.13 – Trajeto do fluxo de calor através das


almas dos montantes.
Fonte: Adaptado de MEO et al., 1998.

21
CAPÍTULO II

O desempenho desses perfis depende da forma, área de redução e dimensões dos furos
(Figuras 2.14 e 2.15). Grandes perfurações proporcionam um melhor desempenho
térmico, mas comprometem o desempenho estrutural. O uso de fendas reduz a
resistência do perfil, principalmente ao cisalhamento (VELJKOVIC e JOHANSSON,
2006).

Figura 2.14 – Tipos de aberturas nas almas dos perfis. Figura 2.15 – Perfurações em
Fonte: KOSNY; CHRISTIAN; DESJARLAIS, 2010. forma circular.
Fonte: AISI, 2006.

Devido ao clima bastante frio e a preocupação com a eficiência energética, na Suécia e


na Finlândia o efeito das pontes térmicas é reduzido pelo uso dos perfis com fendas nas
almas (Figura 2.16). Nos painéis externos também é aplicada a lã mineral preenchendo
o espaço entre os montantes e uma camada adicional externa de isolante térmico.

Figura 2.16 – Perfurações em forma de fendas.


Fonte: VELJKOVIC e JOHANSSON, 2006.

22
CAPÍTULO II

2.3.2 Perfis com mesas modificadas

Modificando o formato das mesas dos montantes por meio da inclusão de sulcos
(Vertical Ridges), pode-se aumentar a resistência de contato (Figura 2.17). Perfis com
mesas dobradas (ou com sulcos) diminuem o contato da estrutura com os painéis por
meio da inserção de uma camada de ar (Figura 2.18). Utilizando um perfil com recuo de
6 mm em cada mesa, aumenta-se em 16% a resistência térmica do fechamento. Esta
solução é recomendada pelo Departamento de Energia dos EUA
(THERMACHANNEL, 2010).

Figura 2.17 - Perfil com mesa dobrada Figura 2.18 - Camadas de ar entre o perfil e a chapa.
Thermachannel. Fonte: Adaptado de THERMACHANNEL, 2010.
Fonte: THERMACHANNEL, 2010.

A criação de saliências (Dimples) nas mesas é outra opção para reduzir o contato com as
placas de fechamento (Figura 2.19). As saliências podem reduzir a área de contato em
até 89% (IISI, 2001).

Figura 2.19 – Perfil com saliências nas mesas.


Fonte: KOSNY; CHRISTIAN; DESJARLAIS, 2010.

23
CAPÍTULO II

2.3.3 Perfis revestidos com isolantes rígidos

Outra forma de reduzir o efeito negativo dos perfis de aço no desempenho global do
sistema é por meio do encaixe de isolantes rígidos nos elementos estruturais (Thermal
Break Strips - Figura 2.20). O uso de seções finas nas mesas dos montantes, como fitas
de poliestireno extrudado (XPS) ou expandido (EPS), fornece um rompimento térmico
entre o perfil e o fechamento interno do painel. O material mais utilizado como
revestimento é o EPS, mas pode-se utilizar outros materiais como fibrocimento. A
empresa australiana CEMINTEL fabrica um revestimento específico para LSF em
fibrocimento que possui a resistência térmica de 0,21 (m².K)/W. Uma das vantagens
apresentadas pelo sistema é o baixo custo se comparado a outras formas de se aumentar
a resistência térmica do painel (Figura 2.21).

Figura 2.20 - Isolante rígido para ser Figura 2.21 – Isolante rígido da CEMINTEL.
aplicado nos montantes. Fonte: CEMINTEL, 2010.
Fonte: AISI, 2006.

Pode-se também proteger todo o montante com 25 mm de EPS (Local foam insulation).
Utilizando esse sistema com lã de vidro entre montantes, o comportamento térmico do
painel em LSF fica bem próximo do painel em Wood Framing (painéis estruturados
com madeira maciça - antecessor do Steel Framing). Essa forma de ruptura térmica é de
baixo custo e apresenta bom desempenho (Figura 2.22).

24
CAPÍTULO II

Figura 2.22 – Aplicação de espuma contornando o montante.


Fonte: Fonte: KOSNY, CHRISTIAN e DESJARLAIS, 2010.

2.3.4 Aplicação de uma camada isolante externa

De acordo com Veljkovic e Johansson (2006), introduzindo algum tipo de revestimento


isolante rígido (Insulating Sheathing), como 13 mm de compensado, 25 a 50 mm de
placa de EPS ou 25 a 65 mm de espuma de uretano do lado de fora da estrutura de aço,
pode-se reduzir os efeitos das pontes térmicas de forma mais eficiente (Figura 2.23).
Essa medida maximiza o desempenho térmico do painel e garante que qualquer
condensação seja mantida longe da estrutura. Porém, trata-se de uma solução de custo
elevado.

Figura 2.23 - Painel externo com camada isolante.


Fonte: Adaptado de VELJKOVIC e JOHANSSON, 2006.

O isolamento externo pode substituir o isolamento dos painéis com a inserção de lã de


vidro (ou de rocha) entre os montantes. Segundo estudo realizado por Kosny, Christian

25
CAPÍTULO II

e Desjarlais (2010), considerando o clima temperado, o painel mais eficiente dentre os


que possuem revestimento isolante foi obtido utilizando-se duas camadas de EPS sem lã
de vidro na cavidade do painel (Figura 2.24).

Figura 2.24 – Painel com isolamento rígido.

Os revestimentos isolantes rígidos também podem ser fixados na estrutura para formar
uma “cavidade térmica”. Com a inserção de um espaçador de madeira ou aço é
adicionada uma camada de ar não ventilada, que aumenta a resistência térmica do
fechamento, melhorando o desempenho térmico do sistema (Figura 2.25) (NASH,
2009).

Figura 2.25 – Criação de uma camada de ar


utilizando uma camada isolante rígida e um espaçador.
Fonte: Adaptado de NASH, 2009.

2.3.5 Aplicação de reboco térmico

O reboco térmico aplicado no exterior dos painéis, conhecido nos Estados Unidos da
América como EIFS, é outra solução utilizada para reduzir os efeitos das pontes
térmicas. Trata-se de um sistema para reduzir os gastos com energia por meio do

26
CAPÍTULO II

isolamento dos edifícios a partir do exterior. Possui aparência final semelhante aos
sistemas construtivos tradicionais e sua constituição é apresentada na Figura 2.26.

Figura 2.26 – Constituição do sistema EIFS.


1- substrato; 2- placa de isolamento;
3- revestimento de base; 4- tela de reforço;
5- regulador de fundo; 6- revestimento final.
Fonte: PAINEL EIFS, 2010.

Segundo Santiago (2008), uma solução parecida com o sistema EIFS aplicada no Brasil
é composta por substrato de OSB (espessura 15 mm), membrana de polietileno, EPS e
argamassa elastomérica (Figura 2.27).

Figura 2.27 – Painel isolante.

27
CAPÍTULO II

2.4 Considerações acerca do Capítulo II

As empresas que trabalham com LSF na região de Belo Horizonte/MG, para condições
climáticas que julgam mais severas, aplicam uma manta de borracha de 2 mm sobre os
montantes ou utilizam banda acústica para isolar termicamente os perfis. Deve-se
salientar que essas soluções não são encontradas na literatura especializada e se trata de
improvisações. A banda acústica é uma manta à base de resina autoadesiva que é
colocada entre a fundação e o painel para regularizar a superfície e impedir o contato
das placas com a umidade; não é um material para criar uma ruptura térmica.

Em climas temperados, a redução da área de contato entre os montantes de aço e os


fechamentos só é eficaz se for acompanhada por isolamento externo. A utilização de
revestimentos isolantes é uma maneira tradicional e eficiente de reduzir as perdas de
calor causadas pelos componentes de aço nos painéis. Porém, segundo Kosny, Christian
e Desjarlais (2010), o uso de EPS protegendo os montantes pode ser a forma mais
simples (e mais barata que a utilização de revestimentos isolantes) de melhorar
drasticamente o desempenho térmico dos painéis.

Outras formas de aumentar a eficiência térmica do sistema LSF são: aumentar a


espessura do material de ruptura térmica, aumentar a alma dos montantes ou diminuir a
largura das mesas. Mas, vale lembrar que o desempenho térmico da edificação também
está associado à qualidade do projeto de isolamento térmico dos fechamentos.

Na revisão de literatura não foram encontradas recomendações para o projeto de


isolamento térmico de edificações em LSF. Em algumas condições climáticas do Brasil,
mesmo com um bom projeto de isolamento, ainda é necessário o aquecimento artificial
dos ambientes, como na Zona Bioclimática 1 (NBR 15220:2005). Por isso, são
apresentadas no Anexo A algumas diretrizes para o isolamento térmico de edificações
em LSF. O objetivo é apresentar boas práticas que constam em códigos de energia
internacionais e recomendações para que o comportamento térmico da edificação seja
adequado às condições climáticas mais rígidas do Brasil.

28
3 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DO DESEMPENHO TÉRMICO DE
EDIFICAÇÕES

3.1 Considerações iniciais

A simulação do desempenho térmico de uma edificação pode ser utilizada para


demonstrar a conformidade de um projeto com uma norma de desempenho ou como
uma previsão do comportamento da edificação. Pode-se estudar a influência das
decisões de projeto (escolha dos componentes construtivos, sistemas de iluminação e
estratégias de condicionamento ativo ou passivo) no comportamento térmico dos
ambientes e estimar o consumo de energia.

No Brasil, o uso de ferramentas computacionais para a análise do desempenho térmico e


energético de edificações iniciou-se na década de 80. Os profissionais que utilizam os
programas de simulação numérica concentram-se em instituições de ensino, sendo
pouco aplicado nos escritórios de projeto (MENDES et al., 2005). Isto se deve à
complexidade das ferramentas existentes, falta de programas nacionais e ao tempo
necessário à caracterização do modelo virtual da edificação, que pode gerar diversas
dúvidas na caracterização dos dados de entrada.

Toda simulação do desempenho térmico apresenta incertezas, que são inseridas a partir
de diversas fontes. As incertezas podem ser causadas pela falta de informação, quando
no momento da simulação geralmente o projeto não está totalmente resolvido, por meio
de simplificações realizadas na modelagem dos fenômenos físicos e pelo fato de as
edificações não serem construídas exatamente como especificadas no projeto. Na Figura
3.1, apresenta-se o processo de simulação de uma edificação e os locais onde as
incertezas são inseridas.

A falta de confiança nos resultados fornecidos pela simulação numérica pode ser
reduzida por meio da calibração e análise de incertezas sobre o modelo da edificação.
Segundo Westphal (2007), no processo de calibração do modelo de edificações em fase
CAPÍTULO III

projetual, geralmente utilizam-se indicadores de desempenho de edificações


semelhantes, como o histórico do consumo de energia elétrica.

Figura 3.1 – Fluxograma do processo de simulação do desempenho de uma edificação.


Fonte: Adaptado de WIT (1997).

A caracterização de um modelo no EnergyPlus implica no conhecimento de um grande


número de variáveis. A diversidade dos dados de entrada aumenta a precisão nos
resultados, mas também pode gerar dúvidas e levar a resultados errôneos. A precisão
dos resultados está relacionada a um profundo entendimento do programa utilizado e do
comportamento da edificação a ser simulada.

Neste capítulo, faz-se uma breve revisão bibliográfica sobre o processo de avaliação do
desempenho térmico por meio de simulação numérica, apresentado as etapas e diretrizes
que serão consideradas no desenvolvimento do método. Apresenta-se também a
ferramenta computacional EnergyPlus, focando nos parâmetros de entrada da simulação
numérica considerando edificações condicionadas e não condicionadas.

3.2 Etapas da avaliação do desempenho térmico de edificações

Segundo Akutsu (1998), no processo de avaliação do desempenho térmico por


simulação numérica são contempladas as etapas conforme apresentadas na Figura 3.2.

30
CAPÍTULO III

Figura 3.2 – Etapas do processo de avaliação do desempenho térmico de edificações.


Fonte: Adaptado de Akutsu (1998).

As exigências humanas de conforto térmico são caracterizadas por valores, ou intervalos


de valores inter-relacionados da temperatura, umidade relativa, velocidade do ar e
temperatura radiante média do ambiente. Esses valores são fixados em função da taxa
metabólica e do índice de resistência térmica da vestimenta dos ocupantes (ISO 7730:
2007). O método desenvolvido por Akutsu (1998) adota as exigências de conforto
térmico das Normas ISO.

As informações climáticas podem ser inseridas na simulação numérica por meio de


diferentes tipos de arquivos climáticos, sendo os mais utilizados no Brasil: o ano
climático de referência – TRY (Test Reference Year) e os dias típicos de projeto para
verão e inverno. O arquivo TRY é obtido pela eliminação de anos que contenham
temperaturas médias mensais extremas. É o ano real que mais se aproxima da normal
climatológica. Este tipo de arquivo é utilizado para o estudo do comportamento de uma
edificação ao longo de um ano e apresenta boa precisão no cálculo da demanda média
de energia (OLIVEIRA, 2006). Os dias típicos (ou de projeto) são caracterizados por
sua frequência de ocorrência e representam as condições mais significativas ao longo do
período de verão e de inverno (AKUTSU, 1998). A utilização desses dados possibilita
uma simulação numérica mais rápida, mas pode subestimar ou superestimar o

31
CAPÍTULO III

dimensionamento de sistemas, caso não se faça um tratamento adequado dos dados


climáticos para a obtenção dos dias típicos.

As variáveis de projeto são as características da edificação e seu entorno a serem


modeladas. Essas variáveis referem-se às propriedades termofísicas dos componentes e
materiais, configuração da planta, orientação solar, tipo de adensamento do entorno,
sombreamento causado por edificações vizinhas e outros. As variáveis de uso e
ocupação correspondem à caracterização de um ambiente em função das atividades para
as quais foi destinado. Considera-se a densidade de ocupação e cargas térmicas internas,
além das rotinas de operação do ambiente, como abertura de portas e janelas.

A simulação numérica do comportamento térmico da edificação deve ser feita por


programas que considerem o caráter dinâmico dos fenômenos de trocas de energia e
massa entre a edificação e o ambiente externo.

3.2.1 Critérios de avaliação para ambientes naturalmente ventilados (não


condicionados)

Atualmente, o critério mais utilizado na avaliação do desempenho térmico de


edificações naturalmente ventiladas é a temperatura interna do ar. A análise dos
resultados pode-se apoiar em uma análise gráfica da distribuição da temperatura ou na
quantidade de graus-hora de desconforto, que representa a contagem em graus da
diferença entre a temperatura de referência e a temperatura interna encontrada.

A norma brasileira NBR 15575 (ABNT, 2008) é utilizada pela CEF como critério de
análise na aprovação de financiamentos de edificações com novos sistemas
construtivos. Esta norma está baseada em um sistema de classificação do desempenho
térmico de edificações e apresenta algumas diretrizes para a avaliação.

Na parte 1 da norma, “Requisitos gerais”, apresenta-se os procedimentos de carácter


informativo para a avaliação da adequação de habitações por meio de simulação

32
CAPÍTULO III

computacional. As etapas sugeridas consideram a resposta global da edificação e são


ilustradas na Figura 3.3

Figura 3.3 – Fluxograma dos procedimentos de avaliação por simulação numérica.


Fonte: Adaptado da NBR 15575 (ABNT, 2008), pg 19.

As seguintes diretrizes são sugeridas pela norma para padronização das simulações
computacionais de edificações em fase de projeto:
1) A avaliação deve ser feita para um dia típico de projeto, de verão e de inverno.
Os dados climáticos da cidade onde será localizada a edificação podem ser
extraídos das tabelas da norma. Caso a cidade não conste nessas tabelas, utilizar
os dados climáticos da cidade mais próxima, dentro da mesma zona
bioclimática, com altitude de mesma ordem de grandeza.
2) Para unidades habitacionais isoladas, simular todos os recintos considerando as
trocas térmicas entre os seus ambientes e avaliar os resultados dos recintos
dormitórios e salas.
3) Para edifícios multipiso, selecionar uma unidade do último andar com cobertura
exposta.

33
CAPÍTULO III

4) Considerar na entrada de dados que os recintos adjacentes de outras edificações


separados por paredes de geminação ou entrepisos, apresentem a mesma
condição térmica do ambiente que está sendo simulado.
5) A unidade habitacional escolhida para a simulação deve ter pelo menos um
dormitório ou sala com duas paredes expostas, sendo que, preferencialmente: no
verão, a janela do dormitório ou sala deve estar voltada para oeste e a outra
parede exposta voltada para norte; no inverno, a janela do dormitório ou sala
deve estar voltada para sul e a outra parede exposta voltada para leste.
6) Considerar que as paredes expostas e as janelas estão desobstruídas – sem a
presença de edificações ou vegetação nas proximidades que modifiquem a
incidência de sol e/ou vento.
7) Adotar uma taxa de ventilação do ambiente de 1 ren/h.
8) A absortância à radiação solar das superfícies expostas deve ser definida
conforme a cor e as características das superfícies externas da cobertura e das
paredes expostas. Para as paredes recomenda-se: cor clara: α = 0,3; cor média: α
= 0,5 e cor escura: α = 0,7.
9) O edifício que não atender aos critérios estabelecidos para o verão, deve
apresentar obrigatoriamente modificações no projeto para aumentar o
sombreamento das janelas e/ou a taxa de ventilação dos ambientes. As novas
condições são limitadas a uma taxa de ventilação do ambiente de 5 ren/h e um
dispositivo de proteção solar que reduza no máximo 50% da radiação solar
direta.

De acordo com o Anexo A da norma NBR 15575 (ABNT, 2008), na avaliação global
devem-se considerar as características bioclimáticas da região de implantação da obra,
definidas na norma NBR 15220 (ABNT, 2005), e a verificação do atendimento aos
requisitos e critérios estabelecidos, cujo nível mínimo para a aceitação é o “M”
(denominado mínimo).

Para as condições do dia típico de verão, o valor máximo diário da temperatura do ar


interior nos recintos de longa permanência (dormitórios e salas) deve ser sempre menor
ou igual ao valor máximo diário da temperatura do ar exterior. Na avaliação, deve-se

34
CAPÍTULO III

desconsiderar as fontes internas de calor. Na Tabela 3.1, apresenta-se os critérios de


avaliação para as condições de verão.

Tabela 3.1 – Critério de avaliação para as condições de VERÃO


Critério
Nível de desempenho
Zonas 1 a 7 Zona 8
M Ti,max < Te,max Ti,max < Te,max
I Ti,max < (Te,max – 2 °C) Ti,max < (Te,max – 1 °C)
Ti,max < (Te,max – 2 °C) e
S Ti,max < (Te,max – 4 °C)
Ti,min < (Te,min + 1 °C)
Ti,max = é o valor máximo diário da temperatura do ar no interior da edificação, em °C;
Te,max = é o valor máximo diário da temperatura do ar exterior à edificação, em °C;
Ti,min = é o valor mínimo diário da temperatura do ar no interior da edificação, em °C;
Te,min = é o valor mínimo diário da temperatura do ar exterior à edificação, em °C;
M = nível mínimo; I = nível intermediário; S = nível superior.
Fonte: Adaptado da NBR 15575 (ABNT, 2008), pg 49.

Para as condições do dia típico de inverno, o valor mínimo diário da temperatura do ar


interior nos recintos de longa permanência deve ser sempre maior ou igual à
temperatura mínima externa acrescida de 3 ºC. Na Tabela 3.2, apresenta-se os critérios
de avaliação para as condições de inverno.

Tabela 3.2 – Critério de avaliação para as condições de INVERNO


Critério
Nível de desempenho
Zonas 1 a 5 Zonas 6, 7 e 8
M Ti,min > (Te,min + 3 °C)
Nestas zonas, este critério não
I Ti,min > (Te,min + 5 °C)
precisa ser verificado
S Ti,min > (Te,min + 7 °C)
Ti,min = é o valor mínimo diário da temperatura do ar no interior da edificação, em °C;
Te,min = é o valor mínimo diário da temperatura do ar exterior à edificação, em °C;
M = nível mínimo; I = nível intermediário; S = nível superior.
Fonte: Adaptado da NBR 15575 (ABNT, 2008), pg 50.

3.2.2 Critérios de avaliação para ambientes condicionados artificialmente

A escolha dos critérios de avaliação do desempenho térmico de edificações deve levar


em conta não só o conforto térmico dos usuários, mas também a forma como a energia
será utilizada. Por isso, as pesquisas que utilizam ferramentas de simulação numérica
busca-se adotar o consumo de energia da edificação como critério. Neste caso, as cargas
térmicas para resfriamento ou aquecimento dos ambientes influenciam muito nos

35
CAPÍTULO III

resultados. A vantagem desse critério é o reduzido número de variáveis a serem


manipuladas, como o consumo de energia mensal ou final e a carga térmica para
resfriamento.

Atualmente, os estudos na área baseiam-se principalmente em análises comparativas de


alternativas de projeto, avaliando-se as alterações arquitetônicas no impacto no sistema
de condicionamento de ar.

3.2.3 Etapas da avaliação no programa EnergyPlus

Na Figura 3.4, apresenta-se as etapas da modelagem de uma edificação no EnergyPlus.

Figura 3.4 – Etapas da modelagem no EnergyPlus.

36
CAPÍTULO III

A primeira etapa é a definição dos parâmetros gerais de simulação numérica. Nesta


etapa inicial é definido o modelo de cálculo de transferência de calor e umidade que
será utilizado pelo programa, o intervalo de tempo entre cada simulação e o tipo de
condicionamento ambiental: natural ou artificial. Determinam-se parâmetros que
influenciam nos cálculos da carga térmica, ventilação e sombreamento, além dos dados
gerais da edificação e seu entorno, como orientação solar e tipo de terreno.

Na segunda etapa, faz-se a caracterização das condições climáticas. As variáveis


climáticas que podem ser consideradas são: temperatura e umidade do ar, velocidade e
direção do vento, pressão barométrica, radiação solar, temperatura do solo, índice de
limpidez do céu e indicadores de chuva. Em uma simulação numérica anual é
importante observar as datas dos feriados e rotinas diferenciadas para o período de
férias ou do horário de verão. Porém, em uma simulação numérica com
condicionamento artificial, os dias típicos também devem ser inseridos, pois eles são
utilizados para estimar as cargas térmicas iniciais.

Na descrição do arquivo de simulação numérica é necessário especificar os materiais e a


composição dos fechamentos internos e externos. No EnergyPlus, os materiais podem
ser caracterizados por suas propriedades termofísicas (condutividade térmica, massa
específica e calor específico), espessura, absortividade e rugosidade ou pela resistência
térmica (m2.K/W). Os materiais descritos são utilizados para compor os fechamentos
(ou painéis) em camadas.

Na fase seguinte, define-se as zonas térmicas para a modelagem da geometria da


edificação. Cada zona térmica corresponde a um volume de ar de temperatura uniforme.
O projeto arquitetônico pode ser simplificado em uma análise preliminar, unindo-se
zonas adjacentes. Cada zona é formada por superfícies que constituem os fechamentos
da edificação: paredes, piso, teto, cobertura, portas e janelas. Estes fechamentos são
relacionados aos materiais e condições de ventilação e iluminação. Nesta etapa, também
são desenhados os dispositivos de proteção solar (internos ou externos) ou superfícies
externas que sombreiem o edifício.

37
CAPÍTULO III

Uma etapa importante na entrada de dados da simulação numérica é a definição das


rotinas de uso e ocupação. Deve-se criar uma rotina diária, semanal ou anual para a
abertura e fechamento de portas e janelas, períodos de acionamento do sistema de ar
condicionado, densidade de ocupação e cargas térmicas internas.

A próxima etapa é a caracterização das cargas térmicas internas. As cargas mais comuns
são: pessoas, iluminação e equipamentos elétricos. Dentre os parâmentos principais na
entrada das cargas internas, é importante caracterizar a atividade realizada pelos
ocupantes e a respectiva taxa de calor liberada e as taxas e fração radiante da iluminação
e equipamentos elétricos.

A última etapa consiste na descrição da ventilação natural ou do sistema de


condicionamento de ar e definição dos relatórios de saída.

3.3 O programa EnergyPlus

3.3.1 Considerações iniciais

O EnergyPlus (atualmente na versão: 7.0) é um programa computacional gratuito e foi


desenvolvido pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos e é baseado nas
ferramentas BLAST e DOE-2, que foram criadas no final dos anos 70 para simulação
numérica de desempenho energético e dimensionamento de sistemas de climatização.
Como os programas antecessores, o EnergyPlus calcula as cargas de resfriamento ou
aquecimento para manter as condições ambientais dentro da faixa de controle e o
consumo de energia dos sistemas principal e secundário de condicionamento de ar e de
outros equipamentos.

Ao contrário dos programas computacionais BLAST e DOE-2, que possuem simulação


seqüencial, no EnergyPlus todos os elementos são integrados e controlados pelo
Gerenciador de Solução Integrado. A realização dos módulos integrados torna a
simulação mais dinâmica e os resultados mais realísticos. O gerente geral de simulação
integra três gerenciadores principais (Figura 3.5).

38
CAPÍTULO III

Figura 3.5 – Módulos do EnergyPlus.


Fonte: Adaptado de LBNL, 2011a.

O Gerenciador do balanço de calor nas superfícies simula o balanço térmico no interior


e exterior das superfícies e trabalha em conjunto com os módulos de céu,
sombreamento, iluminação natural, janelas de vidro e com o cálculo das funções de
transferência por condução (CTF). O Gerenciador do balanço de calor do ar trata dos
fluxos de massa como ventilação, exaustão e infiltração de ar e está integrado ao
módulo de ventilação natural (AirFlow Network). Após o gerenciador de simulação do
EnergyPlus resolver o balanço térmico nas superfícies e no ar, é requisitado o
Gerenciador de simulação dos sistemas do edifício, que controla a simulação do HVAC
(Heating, Ventilation and Air Conditioning) equipamentos e componentes e sistemas
elétricos.

3.3.2 Método de balanço de energia

O método de cálculo utilizado nas zonas térmicas pelo EnergyPlus é o balanço de calor.
O balanço de energia em cada elemento da edificação envolve os processos de
condução, convecção, radiação e transferência de massa, que ocorrem nas superfícies
externas e internas. Segundo Crawley et al. (2001), no EnergyPlus, o ar da zona térmica
é modelado com temperatura uniforme e são assumidas as seguintes hipóteses para o
balanço de calor nas superfícies (paredes, janelas, tetos e pisos):

39
CAPÍTULO III

▪ temperaturas das superfícies uniformes;


▪ radiação de onda longa e curta uniformes;
▪ troca de radiação entre superfícies; e
▪ condução de calor unidimensional.

O balanço de calor na zona térmica é calculado pela equação 3.1, que considera a
capacitância e a variação da energia armazenada pelo ar da zona.


  

 =  +  ℎ   −   +  ṁ !  −   + ṁ "# ! $ −   + %



(3.1)
  

onde:

&'
&(
= taxa de energia armazenada no ar da zona térmica (W);

∑   = somatório das cargas internas (W);

∑  ℎ   −   = transferência de calor por convecção proveniente das superfícies


(W);
∑ 
 
ṁ !  −   = transferência de calor devido à mistura do ar entre as zonas térmicas
(W);
ṁ "# ! $ −   = transferência de calor devido à infiltração do ar externo (W);
% = taxa de troca de calor com o sistema de climatização (W).

Se a capacitância do ar (Cz) for desprezada, o balanço de calor na zona térmica será


representado pela equação 3.2:

  

−% =   +  ℎ   −   +  ṁ !  −   + ṁ "# ! $ −   (3.2)


  

Sendo que a energia trocada com o sistema de ar condicionado, carga térmica do


ambiente, é definida pela equação 3.3.

% = ṁ% ! *! −   (3.3)

40
CAPÍTULO III

onde:
ṁ% = taxa de massa de ar resfriada ou aquecida pelo sistema (kg/s);
! = calor específico (J/kg.K);
*! = temperatura da superfície (K);
 = temperatura da zona térmica (K).

3.3.2.1 Superfícies externas

O balanço térmico na superfície externa, conforme mostrado na Figura 3.6, é calculado


pela equação 3.4.

Figura 3.6 – Balanço térmico na superfície externa.


Fonte: Adaptado de LBNL, 2011b.

+"∝./ + +"012 + +"4."5 − +"6. = 0 (3.4)

onde:
q”αsol = fluxo de calor da radiação solar difusa e direta absorvida (W/m2);
q”LWR = fluxo de radiação de onda longa trocada com o ar e o entorno (W/m2);
q”conv = fluxo de calor trocado por convecção com o ar externo (W/m2);
q”ko = fluxo de calor por condução através da parede (W/m2).

O componente q”αsol é influenciado pela localização, ângulo de incidência, inclinação da


superfície, propriedades do material da superfície externa e condições climáticas. O
fluxo de calor por radiação é calculado a partir da absortividade e temperatura da

41
CAPÍTULO III

superfície, da temperatura externa e do solo e dos fatores de forma. O fluxo q”LWR


devido à troca de radiação com o solo, céu e ar é definido pela equação 3.5.

+"012 = 89:;"& <;"&


=
− *>#
=
? + 89:6% <6%
=
− *>#
=
?
+ 89:@ > @= > − *>#
=

(3.5)

onde:
ε = emissividade de ondas longas da superfície (adimensional);
σ = constante de Stefan-Boltzmann (5,67x10-8 W/m2.K4);
Fgnd = fator de forma da parede em relação à temperatura da superfície do solo
(adimensional);
Fsky = fator de forma da parede em relação à temperatura do céu (adimensional);
Fair = fator de forma da parede em relação à temperatura do ar (adimensional);
Tsurf = temperatura da superfície externa (K);
Tgnd = temperatura da superfície do solo (K);
Tsky = temperatura do céu (K);
Tair = temperatura do ar (K).

A transferência de calor por convecção na superfície exterior é calculada utilizando a


formulação clássica (equação 3.6).

+"4."5 = ℎ4,BC( *># − @ >  (3.6)

onde:
hc,ext = coeficiente de convecção externo (W/m2.K);
A = área de superfície (m2);
Tsurf = temperatura da superfície (K);
Tair = temperatura do ar externo (K).

Para os cálculos de condução através das paredes, o EnergyPlus utiliza o método das
Funções de Transferência por Condução (Conduction Transfer Function - CTF), que

42
CAPÍTULO III

considera apenas o calor sensível, desconsiderando o armazenamento ou a difusão da


umidade pelos elementos da construção. A forma básica de uma solução pelo método
CTF é mostrada na equação 3.7 para o fluxo de calor interno.

" " "J

+"6  = −D.  ,( −  DE  ,(FEG + H. .,( +  HE .,(FEG +  IE +"6 ,(FEG (3.7)


E E E

Para o fluxo de calor externo, o programa utiliza a equação 3.8.

" " "J

+"6.  = −H.  ,( −  HE  ,(FEG + K. .,( +  KE .,(FEG +  IE +"6.,(FEG (3.8)


E E E

onde:
q"ki = Fluxo de calor por condução na face interna (W/m2);
q"ko = Fluxo de calor por condução na face externa (W/m2);
Xj = Coeficiente CTF externo, j=0,1,...nz;
Yj = Coeficiente CTF transversal, j=0,1,...nz;
Zj = Coeficiente CTF interno, j=0,1,...nz;
ϕφ = Coeficiente CTF de fluxo, j=1,2,...nq;
Ti = temperatura da face interna (K);
To = temperatura da face externa (K).

O termo subscrito após a vírgula (por ex., t-jδ) indica o período de tempo t menos j vezes
o intervalo de tempo δ. Essas equações indicam que o fluxo de calor em ambos os lados
de uma superfície de um elemento de construção genérico está linearmente relacionado
com a temperatura atual e com algumas das temperaturas anteriores das superfícies
internas e externas, assim como valores do fluxo anteriores na superfície interna
(AKUTSU, 1983; SOUZA, 1985).

43
CAPÍTULO III

3.3.2.2 Superfícies internas

O balanço térmico na superfície interna, conforme mostrado na Figura 3.7, é calculado


pela equação 3.9.

Figura 3.7 – Balanço térmico na superfície interna.


Fonte: Adaptado de LBNL, 2011b.

+"01M + +"N1 + +"01N + +"6 + +"./ + +"4."5 = 0 (3.9)

onde:
q”LWX = fluxo de radiação de onda longa trocado entre superfícies da zona
(W/m2);
q”SW = fluxo de radiação de onda curta da iluminação para a superfície da parede
(W/m2);
q”LWS = fluxo de radiação de onda longa proveniente dos equipamentos (W/m2);
q”ki = fluxo de calor por condução através da parede (W/m2);
q”sol = fluxo de radiação solar absorvida e transmitida pela parede (W/m2);
q”conv = fluxo de calor trocado por convecção com o ar da zona (W/m2).

A radiação de ondas curtas é proveniente da incidência da radiação solar nas janelas e


da emissão das fontes internas como iluminação. A radiação de onda longa inclui
emissão e absorção de fontes radiantes de baixa temperatura como as superfícies da
zona, equipamentos e pessoas.

44
CAPÍTULO III

A convecção na superfície pode ser modelada como sendo natural, mista ou forçada. Os
coeficientes de convecção do termo q”conv são determinados conforme a modelagem do
processo de convecção considerado pelo usuário.

3.3.3 Ventilação natural

No clima quente e úmido, a estratégia de ventilação natural proporciona conforto


térmico aos ocupantes. O aumento da velocidade do ar pode proporcionar a sensação de
resfriamento por meio do acréscimo da taxa de evaporação do suor na superfície da pele
e por meio do aumento das trocas convectivas entre a corrente de ar e o corpo humano
(MATOS, 2007).

Além disso, os fluxos de ar nas edificações podem ter um impacto significativo no


dimensionamento das cargas térmicas e no consumo de energia (GU, 2007). Em um
edifício de escritórios com ocupação diurna, desde que a temperatura externa seja
menor que a interna, a ventilação noturna esfriará a estrutura da edificação, exigindo
menos do sistema de ar condicionado e consequentemente, diminuindo o pico das
cargas térmicas.

No EnergyPlus, a ventilação natural pode ser simulada de forma simplificada,


definindo-se uma vazão nominal de ar e um schedule (padrão de uso e operação da
edificação e seus sistemas) para ser aplicado sobre essa vazão, ou por meio do módulo
AirflowNetwork – modelo de rede.

3.3.3.1 Ventilação simplificada

No EnergyPlus, a diferença entre infiltração e ventilação é definida pela intenção da


penetração de ar exterior nas zonas térmicas. A infiltração é caracterizada como um
fluxo não intencional de ar do ambiente externo para o interno e a ventilação como um
fluxo proposital. Para ambas as definições, o fluxo de ar pode ser modificado pela
diferença de temperatura entre o ambiente interno e externo e pela velocidade do vento

45
CAPÍTULO III

(LBNL, 2011a). A equação básica utilizada pelo programa para caracterizar a ventilação
é:

OPQRSTçãW = X&B ;" :4YB&*/B Z + [|."B − .&] | + ^_ + `^_ a b (3.10)

onde:
Idesign = vazão máxima de projeto (m3/s);
Fschedule = rotina da vazão (adimensional);
Tzone = temperatura na zona térmica (K);
Todb = temperatura externa (outdoor dry-bulb temperature) (K);
WS = velocidade do vento (m/s); e
A, B, C e D = coeficientes empíricos (adimensional).

A velocidade dos ventos pode ser obtida no arquivo climático utilizado na simulação.
Os coeficientes empíricos são padronizados no EnergyPlus com os valores 1,0,0,0,
proporcionando um fluxo de infiltração constante, modificado apenas pela rotina
(Fschedule). No entanto, esses coeficientes podem ser determinados utilizando-se métodos
contidos no ASHRAE Handbook: Fundamentals (2001).

Na simulação da ventilação, de forma simplificada, é necessário definir o número de


renovações de ar por hora (ren/h) para cada ambiente e uma rotina horária para esta
vazão. Para que a simulação fique próxima de uma situação real, deve-se estipular um
limite para esse número de renovações. Taxas de renovações de ar estipuladas sem
critério podem levar a interpretações errôneas do comportamento térmico da edificação,
uma vez que esse parâmetro exerce grande influência nos resultados. Na Figura 3.8,
mostram-se os diferentes perfis da temperatura interna de um ambiente em função da
adoção de valores diversos da taxa de renovações de ar por hora.

Quanto maior o número de renovações, mais o perfil da temperatura interna (ZONA 1)


se aproxima do perfil do ambiente externo (COSTA, 2005).

46
CAPÍTULO III

36

Temperatura (°C)
32

28

24

20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)

Ambiente externo ZONA 1 (3 ren/h)


ZONA 1 (6 ren/h) ZONA 1 (9 ren/h)

Figura 3.8 - Evolução temporal da temperatura considerando diferentes taxas de


ren/h para um ambiente.

Neste tipo de simulação, todos os ambientes da edificação apresentam a mesma taxa de


renovação do ar, independente de qualquer variável, como geometria do ambiente ou
parâmetros da ventilação. Na Figura 3.9, apresenta-se as taxas de ren/h obtidas
variando-se a direção do vento. Nota-se que, independente da direção do vento
predominante, o número de renovações nas zonas térmicas permanece o mesmo.

4 350

Direção do vento (graus)


Taxas de ar (n° de ren/h)

300
3 250
200
2
150
1 100
50
0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)

ZONA 1 (3 ren/h) ZONA 2 (3 ren/h) Ambiente externo

Figura 3.9 - Taxas de ren/h dos ambientes em função da


direção do vento predominante.

47
CAPÍTULO III

3.3.3.2 Ventilação no módulo AirflowNetwok

O módulo AirflowNetwork simula o desempenho de um sistema de distribuição de ar e


calcula o fluxo de ar entre zonas térmicas devido à ação do vento ou à distribuição
forçada (LBNL, 2011a). No EnergyPlus, a simulação da ventilação natural é realizada
simultaneamente com a simulação térmica da edificação. O modelo de cálculo do fluxo
de ar do AirflowNetwork inclui partes do programa COMIS (FEUSTEL; RAYNOR-
HOOSEN, 1990) e do AIRNET (WALTON, 1989).

Nesse módulo, a edificação é descrita como uma rede de zonas interconectadas por
aberturas (links). Cada nó de pressão representa uma zona e a interconexão desses nós
corresponde aos impedimentos ao fluxo de ar. Na Figura 3.10, apresenta-se uma
possível rede de fluxo de ar para duas zonas térmicas com aberturas nas fachadas sul e
leste. Os nós de pressão, representados por pontos, são volumes com ar misturado de
forma homogênea e com pressão estacionária.

Figura 3.10 – Esquema de uma rede de nós de pressão.

Na entrada de dados do AirfowNetwok é necessário definir as características do entorno


da edificação, incluindo a orientação solar e os coeficientes de pressão do vento; as
zonas em que estará disponível a ventilação natural; os links do fluxo de ar (portas,
janelas e frestas); os padrões de controle da disponibilidade da ventilação; os parâmetros
do fluxo de ar pelas frestas e as condições de abertura das portas e janelas.

48
CAPÍTULO III

No programa estão disponíveis quatro tipos de controle das portas e janelas de uma
zona térmica: Sem ventilação - todas as portas e janelas estarão fechadas durante toda a
simulação; Temperatura (T) - todas as portas e janelas estarão abertas, se Tzona > Texterna
e Tzona > Tdefinida; Entalpia (H) - todas as portas e janelas estarão abertas, se Hzona >
Hexterna e Tzona > Tdefinida; e Constante - se o Schedule permitir a ventilação, todas as
portas e janelas estarão abertas, independente das condições do ambiente interno ou
externo. Se o tipo de controle for temperatura ou entalpia, deve-se programar uma rotina
para controlar a abertura das portas e janelas na zona térmica para assegurar a ventilação
natural.

Os coeficientes de pressão do vento podem ser inseridos pelo usuário ou calculados pelo
programa, desde que a edificação possua planta retangular. Os coeficientes
determinados pelo EnergyPlus (Cp) são calculados para as quatro fachadas e cobertura,
com base nos dados fornecidos pelo usuário como: relações entre altura, largura e
comprimento da edificação; orientação solar e razão entre o menor e o maior
comprimento do edifício. Para edifícios altos, o EnergyPlus considera os coeficientes de
pressão do vento apresentados no ASHRAE Handbook: Fundamentals - Fig.7: “Surface
Averaged Wall Pressure Coefficients for Tall Buildings” (2005). Para edificações de
pequeno porte, o programa utiliza a equação de Swami e Chandra (1988) para calcular
os valores dos coeficientes:

1.248 − 0.703mRQn ⁄2 − 1.175mRQa n


!," = 0.6 × SQ f +0.131mRQq 2nr + 0.769tWmn ⁄2 u (3.11)
+0.07r a mRQa n ⁄2 + 0.717tWm a n ⁄2

onde:
Cp,n = coeficiente de pressão do vento com um determinado ângulo entre a sua
direção e a normal exterior a superfície considerada (adimensional);
α = ângulo entre a direção do vento e a normal a superfície (graus); e
G = logaritmo natural da razão entre a largura da parede considerada e a largura
da parede adjacente (adimensional).

49
CAPÍTULO III

Segundo Melo et al. (2008), uma opção confiável para o cálculo dos coeficientes de
pressão do vento é o programa Cp Generator (2011), desenvolvido pela TNO
Webapplications. Trata-se de um aplicativo online com os arquivos de entrada em
formato de texto.

Os links associados à ventilação das zonas podem ser representados por frestas ou
rachaduras (cracks) nas superfícies de transferência de calor (como paredes e cobertura)
ou pelas aberturas de portas e janelas (interiores ou exteriores). Para o cálculo do fluxo
de ar através das frestas, o EnergyPlus utiliza a seguinte equação:

 = # × ' × v ∆x" (3.12)

onde:
Q = fluxo da massa de ar (kg/s);
Cf = (Crack Factor) fator de multiplicação do fluxo inserido pelo usuário
(adimensional);
CT = fator de correção da temperatura (adimensional);
CQ = coeficiente do fluxo da massa de ar (kg/s.Pan);
∆P = diferença de pressão através da fissura (Pa); e
n = expoente do fluxo de ar (adimensional).

Para definir as diferentes condições de abertura das portas e janelas, o programa utiliza
os fatores de abertura (Opening Factor). Este parâmetro especifica as propriedades do
fluxo de ar através de portas e janelas quando estão fechadas ou abertas. Para cada fator
de abertura (mínimo: 2 e máximo: 4) são definidos os fatores: Fator de largura, Fator de
altura e Fator inicial de altura (Figura 3.11).

50
CAPÍTULO III

|Tyz{yT T T}Py{yT
:TWy P STyz{yT =
|Tyz{yT T ~TQPST

S{yT T T}Py{yT
:TWy P TS{yT =
S{yT T ~TQPST

S{yT RQRtRTS
:TWy RQRtRTS P TS{yT =
S{yT T ~TQPST

Figura 3.11 – Fatores geométricos associados à abertura.

A simulação de uma edificação naturalmente ventilada gera como principais dados de


saída: velocidade do vento (não corrigida); direção do vento; volume de infiltração em
cada zona; taxas de renovações de ar por hora e valores de fluxo de ar através de cada
janela, porta ou fresta. Como pode ser observado na Figura 3.12, a simulação pelo
AirflowNetwork permite a visualização das diferentes taxas de ren/h calculadas para um
dia de projeto.
18
Taxas de ar (nº de ren/h)

15
12
9
6
3
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)

ZONA 1 (Ventilação Simplificada) ZONA 1 (Ventilação AirflowNetwork)

Figura 3.12 – Diferença entre a taxa de ren/h constante e a


encontrada com o modulo AirflowNetwok.

51
CAPÍTULO III

3.3.4 Carga térmica

Para manter no ambiente condicionado um determinado nível de conforto, faz-se


necessária a correta estimativa da capacidade dos diversos componentes do sistema a
partir do cálculo da carga térmica. A carga térmica é uma taxa de calor que deve ser
removida (resfriamento) ou adicionada (aquecimento) a um determinado ambiente para
se manter a temperatura e umidade em condições desejáveis (ASHRAE, 2009).

Existem diferentes métodos de cálculo da carga térmica. Em qualquer um deles, é


necessário caracterizar o ambiente de forma criteriosa, para que a carga térmica total
gerada seja representativa, implicando no emprego de um sistema que atenda de forma
eficiente a climatização do ambiente.

A Norma NBR 16401 (ABNT, 2008) especifica que os cálculos das cargas térmicas de
resfriamento e desumidificação devem ser realizados para todas as horas do dia de
projeto que forem necessárias para determinar a carga máxima de cada zona,
considerando-se o efeito dinâmico da massa da edificação sobre a carga térmica. Devido
à complexidade no regime dinâmico do efeito do armazenamento térmico e das trocas
de calor, o cálculo da transferência de calor em regime transiente através dos
fechamentos é inviável de ser resolvido sem o auxílio de um software. A Norma de
Instalações de Ar Condicionado recomenda que os programas de computador devam ser
baseados nos métodos da norma ASHRAE (TFM – Transfer Function Method ou RTS –
Radiant Time Series Method).

Porém, nenhum dos métodos indicados pela Norma brasileira representa com precisão o
processo completo de transferência de calor, sendo as cargas estimadas. O método TFM
é adotado pelo EnergyPlus e apresenta resultados com precisão satisfatória
(WESTPHAL; LAMBERTS; CUNHA, 2002) . No método TFM é possível estimar as
cargas térmicas de hora em hora, simular o gasto anual de energia de edificações, prever
o comportamento do ambiente interno para vários tipos de sistema, tipos de controle e
rotinas; sendo adequado para a aplicação computacional. O método TFM foi
introduzido primeiramente em 1972 no Manual de Fundamentos da ASHRAE. O TFM

52
CAPÍTULO III

foi adotado pela ASHRAE como método básico para cálculo de carga térmica em
edificações até o ano de 2001, sendo substituído posteriormente pelo método do
Balanço Térmico. O método TFM se constitui, inicialmente, com a determinação do
ganho de calor a partir de todas as fontes e, posteriormente, com a conversão deste
ganho em carga térmica.

3.3.4.1 Cálculo da carga térmica

No EnergyPlus, o objeto IDEAL LOADS AIR SYSTEM fornece um sistema ideal


(sistema 100% eficiente) para suprimento de ar condicionado para a zona; sendo
utilizado para o cálculo da carga térmica necessária para atingir as temperaturas de
controle, que são especificas no termostato. O termostato é um tipo de controle com um
duplo setpoint (temperaturas de controle). Esse objeto permite a especificação dos
valores de referência, que podem ser considerados como uma constante durante toda a
simulação ou especificados como rotinas (valores horários). Múltiplas zonas podem
fazer referência a um único termostato (LBNL, 2011b).

Também é necessário modelar as infiltrações nos ambientes condicionados. Segundo a


norma NBR 16401 (ABNT, 2008), a carga térmica de infiltração ocorre em função da
entrada do fluxo de ar externo para dentro da edificação através de frestas e outras
aberturas não intencionais, e através do uso normal de portas localizadas na fachada.
Quando não controlada, a infiltração gera uma taxa adicional de ar exterior e
consequente carga térmica para o sistema.

A vazão de ar devida à infiltração varia com a qualidade construtiva da edificação, com


a direção e velocidade do vento, com a diferença das temperaturas interna e externa e,
com a pressão interna do edifício. Métodos para estimar as vazões máximas de ar
infiltrado (m3/s) podem ser obtidos no ASHRAE Handbook: Fundamentals (2005), Cap.
27 – Ventilation and infiltration. Porém, alguns autores ainda utilizam as tabelas
simplificadas apresentadas na norma brasileira de ar condicionado NBR6401:1980, que
não estão presentes em sua nova versão (Tabela 3.3).

53
CAPÍTULO III

Tabela 3.3 - Infiltração de ar


Pelas frestas
Tipo de abertura Observação m3/h por metro de fresta(A)
Janelas
- comum 3,0
- basculante 3,0
- guilhotina com caixilho de madeira Mal ajustada 6,5
Bem ajustada 2,0
- guilhotina com caixilho metálico Sem vedação 4,5
Com vedação 1,8
Portas Mal ajustada 13,0
Bem ajustada 6,5
Pelas portas
m3/h por pessoa
Local Porta giratória Porta de vai-e-vem
(1,80 m) (0,90 m)
Bancos 11 14
Barbearias 7 9
Drogarias e Farmácias 10 12
Escritórios de corretagem 9 9
Escritórios privados - 4
Escritórios em geral - 7
Lojas em geral 12 14
Restaurantes 3 4
Lanchonetes 7 9
Pelas portas abertas
Porta até 90 cm 1 350 m3/h

Porta de 90 cm até 180 cm 2 000 m3/h

(A)
Largura da fresta considerada de 4,5 mm.

Notas:
a) Os valores das infiltrações pelas frestas são baseados na velocidade de 15 km/h para o vento.
b) Os valores das infiltrações pelas portas são baseados em:
- infiltrações de 2,2 m3/h e 3,4 m3/h, por pessoa que transpõe, respectivamente, porta giratória e porta
vai-e-vem;
- velocidade de vento nula; a infiltração, devida ao vento, pode ser desprezada no caso do resfriamento
do ar, mas deve ser considerada no caso do aquecimento;
- porta ou portas vai-e-vem situadas em única parede externa.
c) Os valores das infiltrações pelas portas abertas são baseados em:
- ausência de ventos;
- somente uma porta aberta em uma parede externa.
d) No caso de resfriamento, deve-se considerar com o valor mínimo da infiltração 1,5 renovações por
hora de ar nos ambientes condicionados; entretanto, para grandes volumes com pequena ocupação em
ambientes praticamente estanques, este limite pode ser reduzido a 1,5 para 1.

Fonte: adaptado de NBR 6401 (ABNT, 1980).

Como resultado, pode-se obter o pico da carga térmica em uma simulação anual para o
dimensionamento do aparelho.

54
CAPÍTULO III

Utilizando-se o objeto IDEAL LOADS AIR SYSTEM, considera-se o ar condicionado


ligado 24 horas por dia, durante todo o ano. Para considerar o equipamento ligado
somente em um determinado período do dia, deve-se explorar o arquivo gerado pelo
aplicativo ExpandObjects.exe do EnergyPlus.

Na Figura 3.13, apresenta-se a variação da temperatura interna de uma zona térmica em


função das rotinas de funcionamento do ar condicionado. Observa-se a importância na
definição das rotinas do ar condicionado, que pode implicar no aumento das
temperaturas internas, gerando desconforto térmico.

26
26
25
Temperatura (°C)

25
24
24
23
23
22
22
21
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)

ZONA 1 (Ar cond. 24h por dia) ZONA 1 (Ar cond. 9h -16h)

Figura 3.13 – Evolução temporal da temperatura de uma zona térmica.

3.3.5 Ar condicionado

O sistema de climatização é responsável por grande parte do consumo energético das


edificações. Vários fatores influenciam a eficiência energética dos sistemas de ar
condicionado, como modo de operação, clima local, projeto da edificação, materiais,
cargas internas (perfil de ocupação) e outros. Por isso, a simulação numérica de uma
edificação com sistema de ar condicionado deve ser feita de forma criteriosa, devido a
sua complexidade e influência no consumo de energia final.

55
CAPÍTULO III

A simulação numérica de um sistema HVAC (Heating, Ventilation and Air


Conditioning) no EnergyPlus é realizada a partir de três circuitos principais: ar, planta e
condensador (Figura 3.14). Cada circuito principal é dividido ao meio, constituindo
pares combinados. O Circuito de ar relaciona o condicionamento do ar antes de ser
distribuído com os equipamentos específicos de cada zona térmica (unidade de
distribuição), o Circuito da planta relaciona a demanda e o suprimento do fluido
refrigerado para propiciar resfriamento para as zonas térmicas e o Circuito do
condensador conjuga a demanda e o suprimento do fluido para o condensador (LBNL,
2011a; INATOMI, 2008).

Figura 3.14 – Interações entre os circuitos do sistema de condicionamento de ar do EnergyPlus.


Fonte: Adaptado de LBNL, 2011a.

3.3.5.1 Aparelhos de expansão direta

O EnergyPlus possui várias opções para simulação de sistemas de ar condicionado.


Porém, neste trabalho será considerado um aparelho de expansão direta, onde o ar é
diretamente resfriado pelo fluido refrigerante, como em aparelhos de condicionamento
de janela ou Splits (Figura 3.15). Este tipo de sistema de condicionamento foi escolhido
devido a sua utilização tanto em residências quanto em edificações comerciais de
multipisos, que são os objetos de estudo deste trabalho.

56
CAPÍTULO III

Figura 3.15 – Esquema de um aparelho de ar condicionado de janela.


Fonte: Adaptado de ASHRAE, 2005.

Dentre os dados de entrada para simular esse sistema é necessário estimar a vazão de ar
exterior por segundo por pessoa para renovar o ar do ambiente. Segundo a Resolução
RE/ANVISA nº 176 (ANVISA, 2000), a taxa de renovação do ar adequada de
ambientes climatizados deve ser no mínimo de 27 m3/h.pessoa (que equivale a 0,0075
m3/s.pessoa).

Outros parâmetros referem-se ao ventilador: rotina horária de funcionamento, vazão


máxima de ar (m3/s), eficiência total, pressão devida à resistência do ar (Pa), eficiência
do motor e fração do calor do motor que é adicionado ao fluxo de ar; e à serpentina de
resfriamento: rotina, capacidade (W), taxa de calor sensível – SHR e coeficiente de
performance – COP.

O COP1 é a razão entre a carga térmica total a ser retirada ou adicionada pelo sistema e
o consumo de energia elétrica solicitada pelo aparelho. Esse parâmetro tem impacto
significativo no desempenho energético das edificações. Segundo Westphal (2007),
dentre os parâmetros que exercem grande impacto no consumo anual de energia elétrica

1
Também conhecido pela sigla EER (Energy Efficiency Ratio) com unidade em Btu/h.W.

57
CAPÍTULO III

do sistema de climatização de edificações comerciais (COP, densidade de carga interna


e padrões de uso), o COP é o terceiro de maior influência no consumo.

Os valores de COP podem ser obtidos na página do INMETRO (2011). Os produtos


aprovados no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) são apresentados em tabelas
com as características de consumo de energia e/ou de eficiência energética. Dentre as
informações contidas nestas tabelas, são colocadas à disposição dos consumidores os
coeficientes de performance dos aparelhos de condicionamento de ar. Esses aparelhos
são classificados em função dos valores de COP estipulados pela Etiqueta Nacional de
Conservação de Energia (ENCE), sendo a Classe A mais eficiente energeticamente.

Um valor de COP ≥ 3,02 (W/W) representa a “Classe A” dos aparelhos da “Categoria


2” (9.001 a 13.999 BTU/h) avaliados pelo INMETRO (2011). Segundo Melo, Westphal
e Lamberts (2006), um aparelho de condicionamento de ar do tipo janela com eficiência
“A” reduz o consumo energético de uma edificação comercial em até 11% por ano,
quando comparado com um sistema de classe “E”.

Alguns parâmetros da simulação numérica podem ser determinados automaticamente


pelo programa, entrando com o termo: autosize. A vazão máxima de ar insuflado (m3/s)
e a capacidade total da serpentina (W) pode ser determinada para a zona térmica
baseada nas cargas geradas em um dia de projeto de verão e de inverno (design day) e
nos valores estabelecidos para o termostato.

Pode-se também entrar com os dados da serpentina de aquecimento para considerar um


aparelho com ciclo reverso para aquecimento, ou seja, com o condensador operando
como evaporador no período de inverno. Os resultados principais incluem a capacidade
total do sistema (W), o SHR e o consumo de energia elétrica do sistema de climatização
(kWh). Ao final da simulação tem-se o uso final de energia da edificação (Figura 3.16).

58
CAPÍTULO III

200

Consumo de energia elétrica (kWh)


180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Resfriamento Equipamentos Ventilação Iluminação

Figura 3.16 – Evolução mensal do consumo de energia elétrica por uso final.

3.4 Considerações acerca do Capítulo III

Neste capítulo foram apresentados alguns parâmetros relativos à simulação


computacional do desempenho térmico. Os métodos apresentados são genéricos e não
fazem distinção entre os tipos de sistemas construtivos. Uma das principais dificuldades
na simulação numérica de edificações no Brasil era a aquisição de dados climáticos
confiáveis. No País, os dados climáticos eram escassos e, muitas vezes, defasados na
representação das mudanças climáticas, pois os dados medidos disponibilizados eram de
décadas passadas.

Porém, no ano de 2012, o Laboratório de Eficiência Energética em Edificações da


Universidade Federal de Santa Catarina (LABEEE) disponibilizou online vários
arquivos climáticos no formato EPW_ que é a extensão utilizada pelo programa
EnergyPlus. Este conjunto de arquivos foi elaborado pelo Prof. Maurício Roriz (DECiv
- UFSCar, São Carlos, SP) a partir de dados horários registrados em 411 estações
climatológicas do INMET (Figura 3.17), entre os anos de 2000 e 2010. Este estudo é
parte das atividades do grupo constituído no âmbito da ANTAC para estudar a revisão
do Zoneamento Bioclimático Brasileiro (NBR 15220: 2005).

59
CAPÍTULO III

Figura 3.17 – Localização das cidades com dados climáticos em formato EPW no Brasil.
Fonte: LABEEE, 2012.

Também foi mostrado neste capítulo um panorama geral do programa EnergyPlus com
as equações básicas para o entendimento dos dados de entrada. Foram discutidos os
parâmetros de entrada e os relatórios principais de saída da ventilação natural, carga
térmica e ar condicionado.

60
4 DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO

4.1 Considerações iniciais

Na maioria das publicações internacionais relacionadas ao desempenho térmico de


edificações são apresentadas diversas composições de fechamento e respectivos valores
da resistência térmica de painéis verticais, que servem como parâmetro de eficiência da
edificação para determinado tipo de clima (AISI, 1995). Nas condições climáticas em
que predominam as condições de verão, como no Brasil, não se pode aplicar os métodos
tradicionais de avaliação do desempenho térmico de edificações, que adotam como
indicador a resistência térmica dos fechamentos. Deve-se avaliar simultaneamente
todas as trocas térmicas que ocorrem nos ambientes em regime dinâmico, incluindo as
perdas ou ganhos de energia por meio da ventilação natural ou através dos elementos
constituintes da edificação (AKUTSU, 1998).

A avaliação do desempenho térmico de edificações em LSF no EnergyPlus pode ser


realizada considerando métodos que incluem ou não a estrutura leve de aço na
simulação numérica global. Conforme o método adotado, os resultados das cargas
térmicas e da temperatura interna dos ambientes podem superestimar ou subestimar o
desempenho térmico da edificação. Os cinco principais métodos atualmente em pauta
são:

i) Sem perfis (SP): Os painéis são representados apenas por suas placas de fechamento e
material isolante, desconsiderando os perfis em aço. Esta é a forma mais comum de se
representar uma edificação em simulações numéricas de desempenho. Neste caso,
considera-se que em uma simulação numérica global a interferência da estrutura no
desempenho térmico da edificação seja mínima, portanto, de modelagem desnecessária.

ii) Apenas a resistência térmica (ART): Neste método, os painéis são representados
apenas pelo valor de sua resistência térmica (R-value). No EnergyPlus, a representação
dos painéis por este método implica na perda da capacidade térmica dos elementos
construtivos (Material:NoMass). Somente com a entrada das propriedades térmicas dos
CAPÍTULO IV

materiais é possível simular considerando os efeitos da condução transiente. No entanto,


como observado por Batista, Lamberts e Westphal (2005), as diferenças nos resultados
da simulação no EnergyPlus, considerando-se ou não a capacidade térmica dos
materiais, são pequenas para fechamentos com baixa resistência térmica. Como no
sistema LSF um dos condicionantes de projeto é o uso de painéis leves, as diferenças
entre as duas formas na entrada de dados podem não ser significativas. Somente para
painéis de elevada resistência, a hipótese da condução de calor em estado estacionário
não é indicada (BRITO, AKUTSU e TRIBESS, 2011).

iii) Com e sem os montantes (CSM): Os painéis são representados por duas superfícies:
a primeira representa as placas e material isolante, modelada como uma base
(Surface:HeatTransfer no EnergyPlus); e a segunda representa os montantes e é
modelada como uma superfície que sobrepõe a base (Surface:HeatTransfer:Sub como
Door). A área total da sub-superfície (perfis) é calculada considerando o tamanho e o
espaçamento entre os montantes. Segundo os autores do método (Mahattanatawe,
Puvanant e Mongkolsawat, 2006), a vantagem de se modelar os montantes como uma
sub-superfície é o fato de que as dimensões dos perfis podem ser modificadas sem
interferir na superfície base.

iv) Propriedades térmicas combinadas (PTC): Este método é adaptado de Purdy e


Beausoleil-Morrison (2001) e foi baseado nas recomendações do código de energia do
Canadá (CCBFC, 1997). Consiste em calcular o valor da resistência térmica do painel
considerando os efeitos da estrutura e ajustar a condutividade térmica da camada que
contém os montantes para que a resistência térmica total do painel sem perfis seja a
mesma da calculada anteriormente. A densidade e o calor específico desta camada
também devem ser ajustados para combinar a massa térmica dos perfis com o
isolamento. Neste caso, os efeitos dos perfis na resistência térmica e a massa térmica
são considerados, embora não representem o comportamento real do painel.

v) Paredes equivalentes (PE): Este método implica na criação de um painel fictício


multicamadas sem perfis, mas com propriedades térmicas que possibilitam a mesma
resposta dinâmica às condições transientes que um painel real com estrutura

62
CAPÍTULO IV

(ENERMODAL, 2001). No estudo apresentado por ENERMODAL (2001) foram


analisadas seis composições de painéis em wood framing, nove em LSF e cinco em
concreto. De todos os métodos apresentados, este é o mais preciso e complexo, pois
demanda muitos dados de entrada e a utilização ou desenvolvimento de um programa
específico para os cálculos.

No banco de dados do EnergyPlus há um arquivo com composições de fechamento e


materiais associados de painéis equivalentes gerados por esse método
(CompositeWallConstructions.idf). Os materiais contidos neste arquivo são fictícios e
na composição dos painéis os isolantes são caracterizados com espessuras menores e
com valores maiores de condutividade térmica para representar os efeitos das pontes
térmicas (Tabela 4.1).
Tabela 4.1 – Composição dos painéis em LSF
Painel Componentes
Siding de madeira 12,7 mm
Composição de parede n° 10* Placa de OSB 12,7 mm
(edifícios residenciais e Montante 101,6x50,8x12 @ 600 mm
comerciais pequenos) Lã de vidro 88,9 mm
Gesso acartonado 12,7 mm
Tijolo cerâmico 82,5 mm
Placa de EPS 25,4 mm
Composição de parede n° 15 Placa de OSB 12,7 mm
(edifícios residenciais) Montante 101,6x50,8x12 @ 600 mm
Lã de vidro 88,9 mm
Gesso acartonado 12,7 mm
Siding de madeira 12,7 mm
Composição de parede n° 16 Placa de OSB 12,7 mm
(edifícios residenciais e Montante 152,4x50,8x12 @ 600 mm
comerciais pequenos) Lã de vidro 88,9 mm
Gesso acartonado 12,7 mm
Reboco de cimento 19,0 mm
Placa de EPS 25,4 mm
Composição de parede n° 17 Placa de OSB 12,7 mm
(edifícios comerciais) Montante 152,4x50,8x12 @ 600 mm
Lã de vidro 139,7 mm
Gesso acartonado 12,7 mm
Tijolo cerâmico 82,5 mm
Placa de EPS 25,4 mm
Composição de parede n° 18 Placa de OSB 12,7 mm
(edifícios residenciais) Montante 152,4x50,8x12 @ 600 mm
Lã de vidro 139,7 mm
Gesso acartonado 12,7 mm
* Para a composição de paredes n° 10, também são disponibilizadas as camadas
equivalentes de alguns detalhes como: encontro de painéis em um canto; painel acima de
uma janela; encontro do painel com o piso e encontro do painel com a cobertura isolada.
Fonte: ENERMODAL, 2001.

63
CAPÍTULO IV

Como pode ser observado na Tabela 4.1, o problema em se utilizar os materiais


equivalentes disponíveis no programa (que são os mesmos contidos no relatório de
ENERMODAL, 2001) é o fato de não haver a possibilidade de se projetar um painel
específico, fazendo com que o projeto fique limitado às opções de composição e
materiais disponíveis.

Mahattanatawe, Puvanant e Mongkolsawat (2006) fizeram um estudo comparativo dos


cinco métodos apresentados. Para as condições climáticas de Bangkok, considerando a
estrutura leve de aço, a carga térmica de resfriamento obtida pelo método PTC é
próxima daquela encontrada com o método PE – com diferença de 0,44%. Os outros
métodos apresentaram diferenças maiores (CSM = 1,41%, SP = 1,11%), sendo que o
método ART apresentou as diferenças maiores: 18,37% - isto considerando o método
PE como base para a comparação (Figura 4.1).

Figura 4.1 – Percentagem das cargas térmicas calculadas pelos cinco métodos para
painéis com estrutura em madeira e aço.
Fonte: Adaptado de Mahattanatawe, Puvanant e Mongkolsawat (2006)

Devido à maior praticidade e resultados com precisão admissível, o método de


simulação adotado neste trabalho para representar os efeitos da estrutura metálica na
simulação horária é o PTC. Mas, como este método foi desenvolvido para aplicação em
wood framing, é necessário sua adaptação às estruturas leves de aço. Neste trabalho, a
adaptação do método PTC será constituída por três etapas, a saber:
1ª Etapa: definição do modelo de cálculo da resistência térmica dos painéis em
LSF incluindo a estrutura metálica;

64
CAPÍTULO IV

2ª Etapa: definição do modelo de cálculo da resistência térmica dos painéis em


LSF desconsiderando a estrutura metálica;
3ª Etapa: definição do modelo de ajuste das propriedades termofísicas da camada
composta dos painéis em LSF.
Neste capítulo, apresenta-se o desenvolvimento do método para incluir na simulação
numérica os efeitos da estrutura leve de aço e a definição do método de avaliação do
desempenho térmico de edificações em LSF.

4.2 Determinação da resistência térmica de painéis em LSF

Uma série de procedimentos de cálculo foi realizada por países como a Dinamarca,
Canadá, EUA e Nova Zelândia para avaliar os valores da resistência térmica e da
transmitância térmica de fechamentos com estruturas leves de aço. O cálculo da
resistência térmica é utilizado para demonstrar a conformidade do sistema de
fechamento com as exigências das normas técnicas e para representar o efeito negativo
da transmissão excessiva de calor pelos perfis. A determinação da resistência térmica
dos fechamentos em LSF pode ser feita por simulação numérica, análise experimental
em caixa quente (Hotbox) ou por meio de cálculos simplificados.

Na simulação numérica, utiliza-se programas capazes de calcular a resistência térmica


baseados no MEF, considerando a transferência de calor bi-dimensional. No programa
THERM 5.2 (LBNL, 2006), além do valor da resistência térmica do painel, é possível
obter de forma gráfica a distribuição da temperatura no interior dos fechamentos e os
locais onde ocorre a maior intensidade do fluxo de calor através dos componentes
(Figura 4.2).

Figura 4.2 – Análise de um painel em LSF pelo programa THERM 5.2.


Fonte: LBNL (2006).

65
CAPÍTULO IV

Na análise experimental, constrói-se um painel em escala real para análise do


comportamento térmico em caixa quente (Figura 4.3). O painel para análise é inserido
entre duas câmaras com temperaturas diferentes para o estudo do fluxo de calor entre as
duas zonas.

Figura 4.3 - ORNL BTC hotbox.


Fonte: Kosny, Christian e Desjarlais (2010).

O cálculo da resistência térmica de painéis em LSF por métodos simplificados apresenta


dificuldades na representação devido à contemplação dos efeitos de camadas não
homogêneas e das pontes térmicas. Mas, trata-se de um procedimento rápido, de fácil
aplicação e precisão admissível.

Assim, como a determinação do valor da resistência térmica pelo método experimental


seria inviável, devido à falta de acesso a uma caixa quente, e o método numérico pelo
programa THERM implicaria em uma maior complexidade no processo de avaliação,
desestimulando sua aplicação por parte dos profissionais e estudantes da área, este
trabalho adota o método de cálculo simplificado da resistência térmica de painéis
incluindo os efeitos das pontes térmicas.

A seguir são apresentados os principais métodos de cálculo simplificados da resistência


térmica de painéis com camadas compostas Método dos caminhos paralelos, Método
dos planos isotérmicos e os métodos específicos para fechamentos verticais em LSF,
sendo eles: Método da norma ISO 6946 (ISO, 2007) (regra 50/50), Método MNEC
(Canadá) e Método das zonas modificado (ASHRAE/ORNL/NAHB).

66
CAPÍTULO IV

4.2.1 Representação da estrutura nos cálculos da resistência térmica

Embora os detalhes construtivos e as interfaces entre os painéis e pisos ou lajes tenham


impacto sobre o desempenho térmico da edificação, conforme observado por Kosny e
Desjarlais (1994), no cálculo das resistências térmicas dos painéis é considerado como
elemento estrutural somente o montante. Os outros elementos metálicos são descartados
dos cálculos devido à dificuldade de sua representação. Desconsidera-se nos cálculos da
resistência térmica de painéis em LSF (Figura 4.4):
1) elementos utilizados para a estabilização dos painéis e vigas, como fitas de aço
galvanizado fixadas na face dos painéis;
2) elementos utilizados em vãos de painéis estruturais, como vergas e ombreiras;
3) montantes adicionais utilizados nos encontros dos painéis para aumentar a
rigidez do conjunto;
4) vigas de piso compostas para vencer grandes vãos.

Contraventamento com fita metálica Abertura nos painéis.

Ligação dos painéis tipo “T”. Viga de piso composta.

Figura 4.4 – Elementos estruturais desconsiderados no cálculo


da resistência térmica dos painéis.
Fonte: Adaptado de Freitas e Crasto, 2006.

67
CAPÍTULO IV

4.2.2 Método dos Caminhos Paralelos

O Método dos Caminhos Paralelos – MCP (Parallel Path Method) considera um fluxo
de calor unidimensional perpendicular à face dos elementos, ou seja, o fluxo de calor
(q”) através da ponte térmica é paralelo ao fluxo de calor através dos componentes de
fechamento e não há distribuição lateral de calor entre os materiais (Figura 4.5). A
resistência total pode ser obtida por meio da equação 4.1.

Figura 4.5 – Transferência de calor no método dos caminhos paralelos.

Rmáx = 1 / [(F1/R1) + (F2/R2)] (4.1)

onde:
Rmáx = resistência total calculada pelo método dos caminhos paralelos [(m².K)/W];
F1 e F2 = frações das áreas das duas seções (componentes de fechamento e estrutura); e
R1 e R2 = resistências totais das duas seções [(m².K)/W].

4.2.3 Método dos Planos Isotérmicos

O Método dos Planos Isotérmicos – MPI (Isothermal Planes Method) considera que a
temperatura é uniforme em cada plano paralelo à face dos elementos, ou seja, o fluxo de
calor (q”) através do fechamento é completamente redistribuído em cada camada (plano
isotérmico) e não há resistência ao fluxo de calor lateral (Figura 4.6) (ASHRAE, 1997).
Neste caso, a resistência total pode ser obtida considerando-se um único caminho para o
fluxo de calor, mas com a camada não-homogênea calculada em paralelo (equação 4.2).

68
CAPÍTULO IV

Figura 4.6 - Transferência de calor no método dos planos isotérmicos.

Rcamada composta= 1 / [(Fisol/Risol) + (Fperfis/Rperfis)] (4.2)

onde:
Rcamada composta= resistência da camada não-homogênea (R2) [(m².K)/W];
Fisol e Fperfis = frações das áreas das duas seções (isolamento e perfis); e
Risol e Rperfis = resistências totais das seções de isolamento e estrutura, respectivamente
[(m².K)/W].

4.2.4 Método da norma ISO 6946 (ISO, 2007) - regra 50/50

A norma internacional ISO 6946 (ISO, 2007) apresenta uma metodologia de cálculo da
resistência térmica que utiliza uma média entre os dois procedimentos apresentados:
MCP e MPI. Essa abordagem de cálculo representa uma combinação do limite superior
e inferior para resistência térmica (Rmáx e Rmín) e o valor correto é esperado para estar
entre esses extremos.

No texto da norma ISO 6946 (ISO, 2007) não é recomendado esse método para
utilização em fechamentos estruturados com perfil de aço dobrado a frio. Mesmo assim,
a média dos limites para resistência térmica tem sido utilizada em LSF, sendo
recomendada em alguns países como procedimento normativo (IISI, 2001).

4.2.5 Método MNEC (Canadá)

69
CAPÍTULO IV

No Código Nacional de Energia do Canadá (CCBFC, 1997) são apresentados alguns


requisitos para o desempenho térmico de edificações e metodologias para o cálculo da
resistência térmica. Para painéis em wood framing, o código do Canadá recomenda o
método dos caminhos paralelos contido na norma ISO 6946 (ISO, 2007). Como ainda
não há um consenso sobre uma metodologia única para a determinação da resistência
térmica de painéis de edificações em LSF, o código canadense apresenta um método
baseado em análises experimentais. Construíram painéis em LSF (escala 1:1) e
analisaram o seu comportamento por meio do método experimental em caixa quente,
comparando os resultados obtidos com cálculos realizados a partir das propriedades
termo-físicas dos materiais.

A partir desses estudos, o modelo canadense propôs a combinação dos dois métodos de
cálculo contidos na ISO 6946 (ISO, 2007), ponderados por coeficientes que foram
determinados empiricamente - Método MNEC1. Esses coeficientes variam de acordo
com a configuração dos fechamentos. Neste modelo, a resistência térmica total de um
fechamento em LSF pode ser obtida por meio da equação 4.3.

RT = (K1 x Rmáx) + (K2 x Rmín) (4.3)

onde:
RT = resistência térmica total [(m².K)/W];
Rmáx = resistência térmica do fechamento calculada pelo método dos caminhos paralelos
[(m².K)/W]; e
Rmín = resistência térmica do fechamento calculada pelo método dos planos isotérmicos
[(m².K)/W].
As constantes K1 e K2 podem ser obtidas conforme mostrado na Tabela 4.2.

Tabela 4.2 – Fatores de ponderação do método MNEC


Distância entre montantes K1 K2
< 500 mm sem camada isolante externa 1/3 2/3
< 500 mm com camada isolante externa 2/5 3/5
> 500 mm em todos os casos 1/2 1/2
Fonte: adaptado de IISI (2001).

1
No Anexo C é apresentado um roteiro de cálculo do Método MNEC.

70
CAPÍTULO IV

4.2.6 Método das zonas modificado (ASHRAE/ORNL/NAHB)

O método das zonas modificado (MZM) é baseado no método das zonas apresentado
pela ASHRAE (1997), sendo de uso exclusivo para painéis com estruturas de aço e
material isolante entre os montantes. O método MZM considera uma zona de anomalias
térmicas próximas aos perfis, que depende da relação entre a resistividade [K.m/W]
(inverso da condutividade térmica) do fechamento externo e do material isolante, do
tamanho (profundidade) dos perfis e da espessura dos componentes de fechamento
externo.

Nesta abordagem de cálculo, a seção transversal do painel é dividida em duas zonas: a


zona de anomalias térmicas ao redor dos perfis (w) e a zona da cavidade (cav). Os
componentes do painel são agrupados nas seções A: fechamento externo (sheathing,
siding); B: fechamento interno (wallboard) e seções I e II: isolante e perfil (Figura 4.7).

Figura 4.7 – Parâmetros para o cálculo da resistência


térmica no método MZM.
Fonte: Adaptado de ASHRAE, 1997.

Para que o método das zonas da norma ASHRAE apresentasse resultados mais precisos,
o laboratório Oak Ridge National Laboratory (ORNL) e a associação National
Association of Housebuilders (NAHB) introduziram o fator de zona (Zf) para ajustar a
zona de influência do perfil. A utilização do fator de zona aumenta a precisão do
Método das zonas da ASHRAE de +15% para 2% (AISI, 1995). A largura da zona de
anomalias térmicas (w) pode ser obtida por meio da equação 4.4.

71
CAPÍTULO IV

       (4.4)

onde:
w = largura da zona de influência do perfil (m);
L = largura da mesa do perfil (m);
di = espessura total dos materiais da seção A (m);
Zf = fator de zona (zone fator), sendo:
Zf = -0,5 (se ∑   16  e resistividade do fechamento
externo  10,4 m.K/W);
Zf = +0,5 (se ∑   16  e resistividade do fechamento
externo  10,4 m.K/W);
Para ∑   16 , encontrar o valor de Zf conforme apresentado na
Figura 4.8.

Figura 4.8 – Carta do Fator de zona Zf.


Fonte: ASHRAE, 1997.

72
CAPÍTULO IV

A resistência térmica total (de superfície a superfície) pode ser determinada pela
equação 4.5.

 .  . 
  (4.5)
.  −  "  . 

onde:
Rt = resistência térmica total (de superfície a superfície) [(m².K)/W];
s = distância entre montantes (m);
w = largura da zona de influência do perfil (m);

  #  $  %  2. %% (4.6)

  #  $   %'()  2.  %%'() (4.7)

sendo:
RA = resistência térmica da seção A [(m².K)/W];
RB = resistência térmica da seção B [(m².K)/W];
RI = resistência térmica da seção I [(m².K)/W];
RII = resistência térmica da seção II [(m².K)/W];
 %'() = resistência térmica da seção  %'() [(m².K)/W];
 %%'() = resistência térmica da seção  %%'() [(m².K)/W].

No Anexo C apresenta-se um roteiro para o cálculo de resistências de painéis em LSF


pelo método MZM.

4.3 Determinação da resistência térmica de painéis com camadas homogêneas

A resistência térmica depende do número e da composição das camadas que constituem


o painel. Segundo a norma brasileira NBR 15220 (ABNT, 2005), quando o fechamento de
uma edificação é constituído por camadas homogêneas perpendiculares ao fluxo de
calor (Figura 4.9), a resistência térmica total (de ambiente a ambiente) pode ser
determinada pela equação 4.8.

73
CAPÍTULO IV

Figura 4.9 - Fluxo de calor perpendicular às camadas homogêneas.

RT = Rse + Rt + Rsi (4.8)

onde:
RT = resistência térmica total de ambiente a ambiente [(m².K)/W];
Rt = resistência de superfície a superfície [(m².K)/W]; e
Rse e Rsi = resistências superficiais externa e interna (Tabela 4.3).

Tabela 4.3 – Resistência térmica superficial interna e externa


Rsi (m2.K)/W Rse (m2.K)/W
Direção do fluxo de calor Direção do fluxo de calor
Horizontal Ascendente Descendente Horizontal Ascendente Descendente

0,13 0,10 0,17 0,04 0,04 0,04


Fonte: adaptado da NBR 15220 (ABNT, 2005).

4.4 Ajuste das demais propriedades térmicas da camada composta

Como no método PTC a camada composta (isolamento e perfis) é representada por


apenas um material, faz-se necessário o ajuste das demais propriedades térmicas. O
procedimento é uma simplificação e consiste em criar um novo material com
propriedades térmicas modificadas2 (Figura 4.10).

2
No ANEXO C apresenta-se um roteiro para o ajuste da massa específica e calor específico de painéis
em LSF.

74
CAPÍTULO IV

Figura 4.10 – Criação de um material com propriedades térmicas ajustadas.

Em sólidos compostos, com frações volumétricas distintas de materiais com diferentes


massas específicas ρi, a massa específica ρs é calculada pela equação a seguir:

*'  ∑ + * (4.9)

onde:
ρs = massa específica do sólido composto (kg/m3);
Ci é a fração volumétrica do material i,

,-
+  ,.
(4.10)

ρi = massa específica do material i (kg/m3);

O calor específico do sólido composto cs pode ser determinado pela equação a seguir:

∑ / * 0  /' *' 0' (4.11)

onde: Vi = volume do material i (m3);


ρi = massa específica do material i (kg/m3);
ci = calor específico do material i [kJ/(kg.K)];
Vs = volume do sólido composto (m3);
ρs = massa específica do sólido composto (kg/m3);
cs = calor específico do sólido composto [kJ/(kg.K)].

75
CAPÍTULO IV

4.5 Definição do método de representação da estrutura metálica nas simulações


numéricas

Segundo a norma ASHRAE (1997), o método MZM é a forma mais precisa de se


estimar a resistência térmica de painéis verticais em LSF. O American Iron And Steel
Institute (AISI, 1995) e o Steel Framing Alliance (SFA, 2008) também recomendam
este método como referência de cálculo. Logo, no cálculo da resistência térmica de
painéis verticais com a cavidade totalmente preenchida por material isolante será
utilizado o método MZM (ASHRAE/ORNL/NAHB) para representar a inclusão da
estrutura de perfis em aço na análise global do desempenho térmico de edificações. Vale
ressaltar que o método MZM se aplica somente a painéis verticais com montantes,
isolante preenchendo toda a cavidade e placas de fechamento não metálicas.

No entanto, os efeitos das pontes térmicas não ocorrem somente nos painéis verticais
(paredes internas e externas). Mesmo que seja com intensidade diferente, esses efeitos
também acontecem na laje de teto e entre pisos (Figura 4.11).

Figura 4.11 – Fechamentos onde ocorrem as pontes térmicas.

Na norma ASHRAE (1997), para o cálculo da resistência térmica de lajes e coberturas


em wood framing são recomendados os métodos MCP e MPI. Nesta norma não é
apresentado um método específico para o cálculo da resistência térmica de lajes e
coberturas em edificações de LSF (mesmo nas edições mais recentes). Para evitar a
aplicação de métodos diferentes de determinação da resistência térmica de painéis em
LSF na mesma simulação numérica de um modelo e, como nas condições climáticas da
região de interesse é utilizado pouco material isolante nos fechamentos horizontais,

76
CAPÍTULO IV

neste trabalho não serão considerados os efeitos das pontes térmicas nas lajes de teto ou
entre pisos. Entretanto, em fechamentos horizontais com o isolamento térmico espesso,
recomenda-se representar os efeitos das pontes térmicas utilizando um mesmo método
para o cálculo da resistência térmica de todos os painéis.

Assim, o método proposto para considerar os efeitos das pontes térmicas na simulação
numérica horária no EnergyPlus, neste estudo nomeado de: Método das Propriedades
Térmicas Combinadas Adaptado (PTCa), é apresentado na Figura 4.12.

Figura 4.12 – Método PTCa.

4.6 Método de avaliação de edificações em LSF

O método desenvolvido neste trabalho para a avaliação do desempenho térmico de


edificações em LSF é baseado nos estudos de Akutsu (1998). As diferenças principais
no método proposto incluem:
i) a utilização do método PTCa para representar a estrutura metálica em
simulações numéricas horárias na etapa de caracterização dos materiais e
componentes;

77
CAPÍTULO IV

ii) a adoção de critérios de avaliação contidos na norma NBR 15575 (ABNT,


2008) para edificações naturalmente ventiladas e análises comparativas da
demanda das cargas térmicas ou consumo de energia para edificações
condicionadas artificialmente;
iii) e a adoção de uma camada de ruptura térmica nos painéis externos caso o
desempenho térmico da edificação avaliada não seja adequado.

Na Figura 4.13, apresenta-se o fluxograma do método proposto, que sintetiza o


procedimento desenvolvido neste trabalho.

Figura 4.13 – Método de avaliação proposto.


Fonte: Adaptado de Akutsu (1998).

4.7 Considerações acerca do Capítulo IV

O principal avanço no processo de avaliação de edificações em LSF em simulações


numéricas horárias apresentado neste trabalho é a inclusão da estrutura de perfis
metálicos leves na análise, por meio da consideração dos efeitos das pontes térmicas dos
painéis na etapa de caracterização dos materiais e componentes. Neste capítulo foram
apresentados os cálculos necessários à aplicação do método proposto. O Anexo C
complementa as informações dadas por meio das rotinas apresentadas.

78
CAPÍTULO IV

O método possui limitações como a impossibilidade de se representar algumas formas


de rupturas térmicas, como modificações locais nos montantes. Neste caso, seria mais
conveniente uma análise via MEF.

Por outro lado, o método apresentado permite a avaliação de qualquer composição de


fechamento vertical a ser analisado considerando as condições climáticas do Brasil com
precisão admissível nos resultados.

79
5 APLICAÇÕES DO MÉTODO

Este capítulo tem por finalidade exemplificar a aplicação do método de avaliação do


desempenho térmico de edificações em LSF desenvolvido neste trabalho e discutir
alguns parâmetros importantes relacionados à simulação numérica. Foram avaliados os
desempenhos térmicos de seis tipologias, incluindo edifícios naturalmente ventilados e
condicionados artificialmente. Em todos os casos, os resultados obtidos com o método
de representação das pontes térmicas PTCa foram comparados com os resultados
gerados com o método SP, por ser o mais utilizado em simulações numéricas horárias
de edificações. Nos estudos apresentados, também é avaliada a influência de algumas
diretrizes do método proposto no desempenho térmico global da edificação, como a
representação das rupturas térmicas nos fechamentos externos.

5.1 Caso 1

O objetivo desta simulação numérica é estudar a influência da representação das pontes


térmicas na avaliação do desempenho térmico de uma edificação residencial
naturalmente ventilada. Também é realizada uma comparação entre o sistema
construtivo tradicional em alvenaria maciça e o sistema LSF para se obter uma
referência na análise dos resultados. No presente estudo, os dados de entrada das etapas
da elaboração do arquivo são bem detalhados, para que nos próximos estudos de caso, a
descrição dos parâmetros possa ser simplificada.

5.1.1 Parâmetros gerais

A simulação numérica é realizada com o programa EnergyPlus (versão 7.0) e o


algoritmo de solução adotado para o balanço de calor foi o CTF, que considera apenas o
calor sensível. Os algoritmos adotados de convecção interna e externa foram os
indicados pela norma ASHRAE e o intervalo de tempo entre cada simulação foi de 15
min. A edificação foi considerada no município de Belo Horizonte/MG.

5.1.2 Condições climáticas


CAPÍTULO V

Para a simulação numérica horária do caso 1, são utilizados os dados climáticos da


cidade de Belo Horizonte/MG do tipo TRY, disponíveis no site do programa
EnergyPlus (DOE, 2011). A cidade de Belo Horizonte foi escolhida devido ao constante
crescimento de construções em LSF na região e pela disponibilidade de dados
climáticos confiáveis. Na Tabela 5.1, apresenta-se os dados de Belo Horizonte na região
da Pampulha.
Tabela 5.1 – Dados de Belo Horizonte/MG
Coordenadas geográficas
Cidade
Latitude Longitude Altitude
Belo Horizonte
19° 51' S 43° 57' W 785 m
(Pampulha)

Na Figura 5.1, apresenta-se a evolução horária da temperatura de bulbo seco máxima


(14/01), mínima (20/05) e umidade relativa dos dois dias extremos do arquivo anual. No
verão, a temperatura máxima de bulbo seco é de 34 °C, enquanto que no inverno a
mínima é de 7,7 °C.

40 100
35 90
80

Umidade Relativa (%)


30
Temperatura (°C)

70
25 60
20 50
15 40
30
10
20
5 10
0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)

Temp. 14/01 Temp. 20/05 Umi. rel. 14/01 Umi. rel. 20/05

Figura 5.1 – Evolução temporal da temperatura e umidade para o dia com TBS máxima e mínima.

Identificados os períodos críticos (meses com temperaturas médias extremas), realiza-se


a análise do desempenho térmico considerando os dias estáveis (amplitudes térmicas
próximas) dos meses de janeiro e maio, conforme método de avaliação apresentado por
Marcondes et al (2010). Os dias 06/01 e 12/05 foram escolhidos como representantes do

81
CAPÍTULO V

período de verão e inverno, respectivamente (Figura 5.2). No verão, a temperatura


máxima de bulbo seco é de 29,7 °C, enquanto que no inverno a mínima é de 18,3 °C.

40 100
35 90
80
30

Umidade Relativa (%)


Temperatura (°C)

70
25 60
20 50
15 40
30
10
20
5 10
0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)

Temp. 06/01 Temp. 12/05 Umi. rel. 06/01 Umi. rel. 12/05

Figura 5.2 – Evolução temporal da temperatura e umidade para o dia 06/01 e 12/05.

Além dos dados climáticos disponibilizados pelo arquivo, foi considerada a refletância
do solo de 0,2 para representar um entorno gramado.

5.1.3 Materiais e fechamentos

A laje de piso, o forro e a cobertura foram representados pelas propriedades termofísicas


dos componentes, espessura e absortância (α = 0,3; 0,5 e 0,7). As propriedades dos
componentes de fechamento são apresentadas na Tabela 5.2.

Tabela 5.2 - Propriedades termofísicas dos componentes de fechamento


Condutividade
Espessura Massa específica Calor Específico
térmica
Material
e ρ λ c
(m) (kg/m³) [W/(m.K)] [kJ/(kg.K)]
Aço 0,00095 7800 55 0,46
Placa cimentícia 0,01 1800 0,65 0,84
Gesso acartonado 0,0125 750 0,35 0,84
OSB 0,0111 450 0,12 2,30
Lã de vidro 0,05 30 0,045 0,70
Lã de vidro 0,09 30 0,045 0,70
Telhas Shingle 0,003 1000 0,17 1,46

82
CAPÍTULO V

Piso cerâmico 0,01 1600 0,9 0,92


Concreto 0,15 2200 1,75 1,00
Fonte: NBR 15220 (ABNT, 2005)

A composição dos painéis foi determinada a partir de uma pesquisa de campo. Por meio
de entrevistas a empresas e visitas técnicas, foi estabelecida a composição dos painéis
em LSF de acordo com o uso difundido na região de Belo Horizonte/MG. A seguir,
apresenta-se o arranjo dos painéis e detalhes de composição dos materiais utilizados
neste estudo.

No modelo analisado, os painéis verticais externos são formados externamente por placa
cimentícia e internamente por chapa de gesso acartonado (Figura 5.3). A placa
cimentícia é constituída por uma mistura homogênea de cimento Portland, agregados
naturais de celulose e reforçada com fios sintéticos de polipropileno, sem amianto
(BRASILIT, 2007). A chapa de gesso acartonado é composta por gipsita natural e
cartão duplex, sendo para uso exclusivamente interno (PLACO, 2009). Entre as placas e
entre os montantes é aplicado um material para isolamento térmico constituído por lã de
vidro aglomerada por resinas sintéticas. Nos fechamentos externos é utilizado um painel
semi-rígido de lã revestido com papel Kraft (ISOVER, 2007).

Figura 5.3 – Tipologia 1 – Painel externo.

Internamente, os fechamentos verticais constituem painéis não-estruturais que possuem


a função de divisória interna. Esses fechamentos são formados por chapas de gesso
acartonado, parafusadas em ambos os lados da estrutura de aço galvanizado (Figura
5.4). As chapas de gesso utilizadas nos fechamentos internos são as Standard (ST) para

83
CAPÍTULO V

áreas secas, com exceção das áreas úmidas onde são utilizadas chapas resistentes à
umidade (RU).

Figura 5.4 – Tipologia 1 – Painel interno.

A fundação é do tipo radier com enrijecimento, constituída por uma laje contínua de
concreto armado com vigas de borda (Figura 5.5). O forro é formado por uma camada
de gesso acartonado (e = 12,5 mm) e uma camada de lã de vidro (e = 50,0 mm), Figura
5.6. A cobertura é composta por placas de OSB (Oriented Strand Board) montadas
sobre os caibros de aço, por uma subcobertura para garantir a estanqueidade do telhado
e pelas telhas Shingle (Figura 5.7).

Figura 5.5 – Tipologia 1 – Fundação.

84
CAPÍTULO V

Figura 5.6 – Tipologia 1 – Forro.

Figura 5.7 – Tipologia 1 – Cobertura.

O painel de OSB é composto por tiras de madeira reflorestada (100% pinus) orientadas
em três camadas cruzadas perpendicularmente. O OSB funciona como um diafragma
rígido e serve de base para a fixação das telhas (LP BUILDING PRODUCTS, 2009).
As telhas Shingle são compostas por uma base de manta asfáltica com grãos minerais
revestidos por uma camada de cobre, que em contato com a água da chuva, reage,
impedindo o crescimento de micro-organismos devido à presença de uma película de
óxido de cobre (BRASILIT, 2010a).

Os painéis verticais foram caracterizados pelo método MZM e MCH. A resistência


térmica dos painéis calculada por ambos os métodos é apresentada na Tabela 5.3.

85
CAPÍTULO V

Tabela 5.3 – Resistência e transmitância térmica dos painéis verticais considerando


os métodos MZM e MCH
Resistência térmica Transmitância térmica
R U
[(m².K)/W] [W/(m2.K)]
MZM 1,003 0,996
Painel externo*
MCH 2,051 0,487
MZM 1,112 0,899
Painel interno*
MCH 2,071 0,482
* Distância entre montantes = 600 mm

Na Tabela 5.4, apresenta-se a camada isolante com os valores das propriedades térmicas
ajustadas.

Tabela 5.4 – Propriedades térmicas da camada composta dos painéis verticais


Condutividade
Massa específica Calor Específico
térmica
Material composto equivalente
λ ρ c
[W/(m.K)] (kg/m³) [kJ/(kg.K)]
ISOL. Painel externo* 0,094 56,511 0,587
ISOL. Painel interno* 0,086 56,511 0,587
* Distância entre montantes = 600 mm

5.1.4 Zonas térmicas e geometria da edificação

A Tipologia 1 adotada para análise corresponde a uma habitação de interesse social


térrea, com área total de 56,16 m2 (eixo a eixo das paredes) e pé-direito de 3,00 m. O
projeto da edificação foi baseado na habitação desenvolvida por Penna (2009).
Atendendo a uma das recomendações de Crasto (2005), os ambientes foram
dimensionados por uma malha de 600 mm x 600 mm (Figura 5.8). A edificação foi
dividida em seis zonas térmicas: quartos, estar/jantar, cozinha, instalações sanitárias
(i.s.) e ático (espaço entre a laje de teto ou forro e o telhado). No verão, a edificação foi
orientada de forma que a janela do Quarto 2 estivesse voltada para oeste e a outra
parede exposta voltada para norte; e no inverno, a janela do Quarto 1 estivesse voltada
para sul e a outra parede exposta voltada para leste.

86
CAPÍTULO V

Corte AA

Planta esquemática Perspectiva


Figura 5.8 – Geometria da Tipologia 1.

5.1.5 Rotinas de uso e ocupação e cargas internas

Seguindo as diretrizes da norma NBR 15575 (ABNT, 2008), não foram consideradas
cargas internas de calor e, consequentemente, padrões de uso.

5.1.6 Sistema de condicionamento

Neste estudo considerou-se uma taxa de renovação de ar constante, variando entre 1 e


5ren/h, correspondendo à infiltração e à ventilação natural. A área de abertura das
janelas correspondeu à 1/6 da área do piso para os ambientes de longa permanência
(quartos e salas) e à 1/8 para ambientes de baixa permanência (i.s.).

5.1.7 Relatórios de saída

Para a análise foi solicitado o perfil das temperaturas internas e do ambiente externo.
Também foram solicitadas as taxas de renovação de ar de cada zona para conferência
dos resultados da simulação.

87
CAPÍTULO V

5.1.8 Resultados

Foram realizadas duas séries de simulações: a primeira considerando o método proposto


e a segunda desconsiderando os efeitos das pontes térmicas. Os valores das
temperaturas internas dos ambientes: Estar/Jantar (E/J) e quarto 1 (Q) são apresentados
nas Tabelas 5.5 e 5.6.

Tabela 5.5 – Temperaturas internas considerando os efeitos das pontes térmicas (PTCa)
1ren/h 5ren/h
α = 0,3 α = 0,5 α = 0,7 α = 0,3 α = 0,5 α = 0,7
E/J Q E/J Q E/J Q E/J Q E/J Q E/J Q
Tmax
30,2 30,8 30,6 31,4 31,0 31,9 29,8 30,3 30,0 30,6 30,3 30,8
(Verão)
Tmin
19,8 20,0 19,8 20,1 19,9 20,1 19,1 19,2 19,1 19,2 19,1 19,3
(Inverno)
5ren/h e 50% sombreamento das janelas
α = 0,3 α = 0,5 α = 0,7
E/J Q E/J Q E/J Q
Tmax
29,6 29,8 29,8 30,1 30,0 30,3
(Verão)
Tmin
19,0 19,1 19,1 19,1 19,1 19,2
(Inverno)

Tabela 5.6 – Temperaturas internas desconsiderando os efeitos das pontes térmicas (SP)
1ren/h 5ren/h
α = 0,3 α = 0,5 α = 0,7 α = 0,3 α = 0,5 α = 0,7
E/J Q E/J Q E/J Q E/J Q E/J Q E/J Q
Tmax
30,0 30,8 30,3 31,3 30,5 31,6 29,7 30,2 29,9 30,4 30,0 30,6
(Verão)
Tmin
19,9 20,2 19,9 20,3 20,0 20,3 19,1 19,3 19,1 19,3 19,1 19,3
(Inverno)
5ren/h e 50% sombreamento das janelas
α = 0,3 α = 0,5 α = 0,7
E/J Q E/J Q E/J Q
Tmax
29,4 29,7 29,6 29,9 29,7 30,1
(Verão)
Tmin
19,1 19,2 19,1 19,2 19,1 19,2
(Inverno)

Observou-se que ao incluir os perfis em aço na simulação, os ambientes internos


ficaram mais suscetíveis à variação da temperatura externa, aumentando os ganhos de
calor no verão e aumentando as perdas no inverno. Mas, a diferença entre as
temperaturas obtidas no verão e no inverno, considerando ou não os efeitos das pontes
térmicas, foram muito pequenas: média de 0,55%. Para ambas as séries, as condições
mais adequadas ao bom condicionamento dos ambientes foram: taxa de 5ren/h, 50%
sombreamento das janelas e α = 0,3 para verão e taxa de 1ren/h e α = 0,7 para inverno.

88
CAPÍTULO V

Independente da taxa de renovação, cor dos painéis externos e sombreamento das


janelas, verificou-se a necessidade de aquecimento solar passivo no período de inverno.

Para complementar esta análise, os resultados obtidos com o método proposto foram
comparados com o sistema construtivo em alvenaria maciça. Comparando as condições
mais adequadas para o verão e o inverno, entre o sistema LSF (considerando a estrutura
metálica) e o sistema em alvenaria maciça (alvenaria com espessura de 90 mm e reboco
em ambas as faces com espessura de 20 mm), observa-se que, neste caso, o LSF e a
alvenaria possuem comportamento parecido em uma simulação numérica global.

No entanto, aplicando-se o critério da norma NBR 15575 (ABNT, 2008) para as


condições de inverno, verifica-se que nenhum dos dois sistemas é capaz de obter o nível
mínimo de desempenho no inverno, ou seja, temperaturas internas mínimas maiores que
21,03 °C (Tabela 5.7).

Tabela 5.7 – Comparação LSF x alvenaria maciça


Tmax (Verão) / 5ren/h e 50% somb. Tmin (Inverno) / 1ren/h e α = 0,7
E/J Q E/J Q
LSF (PTCa) 29,6 29,8 19,9 20,1
Alvenaria 29,5 29,8 20,6 20,9

O sistema em alvenaria apresenta atraso térmico maior (φ = 3,3 h) que o sistema


construtivo em LSF (φ = 2,9 h)1. Como o atraso térmico está associado à inércia
térmica, os ambientes internos com o sistema em alvenaria são um pouco menos
influenciados pelas condições climáticas externas. Esta característica diminui a
oscilação e o pico de temperatura durante o dia, contribuindo com o aumento das
temperaturas internas no inverno e a redução das temperaturas no verão. Como pode ser
observado na Figura 5.9, no sistema construtivo em alvenaria o perfil das temperaturas
internas da zona térmica 1 favorece mais ao conforto ambiental no período noturno no
inverno do que o sistema em LSF.

1
No Anexo B, apresenta-se uma revisão sobre inércia térmica e procedimento de cálculo do atraso
térmico.

89
CAPÍTULO V

28

Temperatura (°C)
24

20

16
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)

Ambiente externo LSF (com pontes térmicas) Alvenaria

Figura 5.9 – Evolução temporal da temperatura na Zona 1 (ESTAR) no inverno (12/05).

Como o desempenho térmico da edificação não se mostrou adequado, deve-se aplicar


nos painéis externos uma camada de ruptura térmica a fim de amenizar o problema.
Aplicando-se uma placa de EPS (25 mm) nos painéis externos e modificando-se as
propriedades da camada de isolamento (Tabela 5.8), têm-se as temperaturas
apresentadas na Tabela 5.9.

Tabela 5.8 – Propriedades térmicas da camada composta de painéis verticais externos


Condutividade
Massa específica Calor Específico
térmica
Material composto equivalente
λ ρ c
[W/(m.K)] (kg/m³) [kJ/(kg.K)]
ISOL. Painel externo (c/ EPS) * 0,069 56,511 0,587
* Distância entre montantes = 600 mm

Tabela 5.9 – Comparação LSF x LSF com placa de EPS (25 mm)
Tmax (Verão) / 5ren/h e 50% somb. Tmin (Inverno) / 1ren/h e α = 0,7
E/J Q E/J Q
LSF (PTCa) 29,6 29,8 19,9 20,1
LSF (PTCa + EPS 25 mm) 29,4 29,7 20,0 20,0

A aplicação da placa de EPS nos painéis externos reduziu um pouco as temperaturas


internas no período de verão, mas as temperaturas internas mínimas não foram maiores
que 21,03 °C no inverno. Segundo os critérios de avaliação da norma NBR 15575
(ABNT, 2008), a edificação analisada não seria classificada em nenhuma categoria de

90
CAPÍTULO V

desempenho. Um projeto mais adaptado às condições climáticas do local poderia


implicar em um comportamento térmico adequado da edificação.

5.2 Caso 2

No Caso 2, o projeto arquitetônico foi concebido para se adaptar às condições climáticas


da cidade de Belo Horizonte/MG. O objetivo desta simulação numérica é avaliar a
influência do projeto arquitetônico no desempenho térmico da edificação. Também foi
estudada a influência das temperaturas superficiais do solo no comportamento da
edificação. Os painéis utilizados e os parâmetros de simulação são os mesmos do Caso
1. A diferença fundamental está na geometria da edificação.

A Tipologia 2 também é uma residência unifamiliar térrea, mas idealizada a partir das
recomendações de projeto da NBR 15220 (ABNT, 2005). Segundo as diretrizes
contidas nesta norma, para a zona bioclimática 3, onde se enquadra a cidade de Belo
Horizonte/MG, as aberturas para ventilação devem ser médias (Ajanela = 15% a 25% de
Apiso) e deve-se prever no inverno o aquecimento solar da edificação. A orientação solar
definida foi a mesma para o verão e o inverno, com as janelas dos quartos e sala
recebendo a radiação solar direta no início e no fim do dia. A edificação possui área
total de 65,88 m2 (eixo a eixo das paredes), pé-direito de 3,00 m e dimensões moduladas
por uma malha de 600 x 600 mm (Figura 5.10).

Planta esquemática

91
CAPÍTULO V

Corte AA Perspectiva
Figura 5.10 – Geometria da Tipologia 2.

O telhado tipo borboleta evita o mascaramento das janelas e paredes voltadas para o sul.
Não foram modelados os beirais ou outros tipos de sombreamento no período do
inverno. No verão, foi considerado o mascaramento de 50% das janelas e o uso de
persianas internas nas aberturas da fachada sul.

As temperaturas do solo de Belo Horizonte utilizadas neste caso são aquelas utilizadas
por Loura (2006). No EnergyPlus, estas temperaturas são utilizadas por todas as
superfícies que possuem interface com o parâmetro “Ground”. Entra-se com a
temperatura do solo média de cada mês (Tabela 5.10).

Tabela 5.10 – Temperaturas do solo de Belo Horizonte/MG


Mês Temp. do solo (ºC) Mês Temp. do solo (ºC)
JAN 22.5 JUL 20,6
FEV 23,1 AGO 20,0
MAR 23,3 SET 19,8
ABR 23,1 OUT 20,1
MAI 22,3 NOV 20,8
JUN 21,4 DEZ 21,7
Fonte: LOURA, 2006.

Na Tabela 5.11 e Figura 5.11, apresenta-se os resultados considerando o método PTCa,


SP e acrescentando as temperaturas do solo (PTCa + Temp. solo).

Tabela 5.11 – Temperaturas dos ambientes Estar/Jantar (E/J) e quarto 1 (Q)


Tmax (Verão) / 5ren/h e 50% Tmin (Inverno) / 1ren/h e α =
somb. 0,7
E/J Q E/J Q
LSF (PTCa) 29,6 29,4 21,4 21,7
LSF (SP) 29,3 28,9 21,6 21,9
LSF (PTCa + Temp. solo) 28,8 28,5 20,4 20,4

92
CAPÍTULO V

32

30
Temperatura (°C)

28

26

24

22

20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)

LSF (PTCa) LSF (SP) LSF (PTCa + Temp. solo) Ambiente externo

Figura 5.11 – Evolução temporal da temperatura na Zona 1 (ESTAR) no verão (06/01).

Considerando as temperaturas de referência para verão (Tmáx = 29,74 ºC) e inverno (Tmín
= 21,03 ºC), os resultados indicam que o desempenho do sistema está intimamente
ligado à qualidade do projeto. O projeto arquitetônico exerce grande influência no
desempenho térmico da edificação. Os resultados mostraram-se sensíveis às estratégias
de condicionamento térmico passivo, como orientação solar das janelas, disposição da
planta e tamanho das aberturas. Tanto no verão, quanto no inverno, a edificação obteve
desempenho satisfatório utilizando o mesmo sistema de painéis do Caso 1, que não
obteve o mesmo comportamento. Novamente, a diferença entre as temperaturas obtidas
no verão e inverno para a edificação naturalmente ventilada, considerando ou não os
efeitos das pontes térmicas, foi pequena: média de 1,22%.

As temperaturas do solo influenciam muito no desempenho térmico da edificação. Elas


podem ser responsáveis pela falha ou sucesso de um sistema construtivo. No Caso 2,
durante o período do verão, como as temperaturas do ambiente externo são maiores que
a temperatura média do solo em quase a totalidade do dia, a inclusão desta variável
melhora o comportamento térmico dos ambientes, diminuindo as temperaturas internas
(Figura 5.12). No período de inverno, a inclusão das temperaturas do solo também
diminui o pico das temperaturas e, consequentemente, as temperaturas internas no
período noturno.

93
CAPÍTULO V

32
30

Temperatura (°C)
28
26
24
22
20
18
16
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)

Ambiente externo (verão) Ambiente externo (inverno)


Temp. média do solo (verão) Temp. média do solo (inverno)

Figura 5.12 – Evolução temporal da temperatura do ambiente externo e temperatura de


referência do solo para verão e inverno.

Recomenda-se que ao utilizar as temperaturas do solo em uma simulação numérica


horária, esta informação deva ser claramente explicitada no relatório. Dependendo das
condições ambientais, a simulação com as temperaturas do solo podem induzir a
conclusões errôneas do comportamento térmico da edificação.

5.3 Caso 3

O objetivo deste estudo é investigar o desempenho térmico da edificação associado ao


método proposto e a diferentes tipos de ventilação. Será avaliada a utilização do módulo
AirflowNetwork no método. O objeto de estudo do Caso 3 representa uma edificação
térrea em LSF, modulada por uma malha de 600 x 600 mm. A edificação possui área
interna de 25,92 m2 (eixo a eixo das paredes), pé direito de 3,0 m e é constituída por três
zonas térmicas: dois ambientes e um ático. Como se trata de uma edificação muito
simples, cada ambiente foi definido como uma zona térmica. Na Figura 5.13, apresenta-
se a planta baixa esquemática das duas zonas térmicas que constituem os ambientes de
análise. As aberturas para ventilação possuem esquadrias com folhas pivotantes e estão
situadas na fachada sul, com dispositivo de proteção solar que bloqueia parcialmente a
entrada da radiação solar direta. As aberturas das janelas correspondem a 22% da área
do piso na Zona 1 e a 18% na Zona 2. Os parâmetros gerais da simulação numérica são
os mesmos do Caso 1.

94
CAPÍTULO V

Planta esquemática Corte AA

Perspectiva
Figura 5.13 – Geometria da Tipologia 3.

Para a análise do desempenho foram escolhidas duas formas de ventilação: taxa de


renovação constante (ren/h) e variável (AirflowNetwork). No módulo AirflowNetwork,
determinou-se o período de disponibilidade da ventilação natural entre 7h e 22h. Tanto
as portas quanto as janelas permanecem abertas durante esse período. Como se trata de
um edifício com planta retangular, os coeficientes de pressão do vento puderam ser
calculados pelo programa. Não se considerou ventilação ou infiltração de ar no ático.

Na Figura 5.14 apresenta-se as temperaturas internas da Zona 1 considerando o dia


representativo de verão. Os resultados apresentados nesta figura representam os perfis
de temperatura interna considerando o módulo AirflowNetwork pelos métodos PTCa e
SP, e taxa de renovação constante (5 ren/h). Observa-se na Figura 5.14 a semelhança
entre os perfis de temperatura considerando-se ou não os efeitos das pontes térmicas no
módulo AirflowNetwork. Como observado nos casos anteriores, a inclusão da estrutura
metálica na simulação horária do desempenho térmico de edificações naturalmente
ventiladas, mesmo no módulo AirflowNetwork, não interferiu consideravelmente nos
resultados.

95
CAPÍTULO V

32
30
Temperatura (°C) 28
26
24
22
20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)

Ambiente externo
ZONA 1 - Airflow (7 as 22h) - PTCa
ZONA 1 - Airflow (7 as 22h) - SP
ZONA 1 - 5 ren/h (cte)

Figura 5.14 – Evolução temporal da temperatura na Zona 1 no dia de projeto de verão.

Como pode ser observado na Tabela 5.12, a diferença percentual máxima entre os
métodos de simulação com o módulo AirflowNetwork foi de 1,62% na zona térmica 2
para as condições climáticas do verão.

Tabela 5.12 – Temperaturas máxima das zonas Z1 e Z2 p/ o dia de projeto de verão


Tmax –Verão (°C) Diferença (%)
Z1 Z2 Z1 Z2
LSF (Airflow - PTCa) 30,2 31,8 --- ---
LSF (Airflow - SP) 30,1 31,2 0,39 1,62
LSF (5 ren/h - PTCa) 31,1 31,2 2,91 1,82

Neste caso, os valores extremos dos resultados obtidos no verão com a simulação
considerando uma taxa de ventilação constante apresentaram uma diferença maior se
comparadas à simulação com o módulo AirflowNetwork. A adoção de uma taxa fixa
para ventilação dos ambientes exclui a possibilidade da abertura e fechamento das
janelas. O horário de abertura dos links pode promover conforto ambiental, seja pelo
fechamento para retenção de calor no interior da edificação ou pela abertura para
aumentar as perdas de calor.

96
CAPÍTULO V

Como observado por Matos et al (2006), a ventilação natural simulada por um


algoritmo multizona integrado a um programa de simulação horária fornece resultados
mais precisos do que considerar taxas de renovação do ar constantes. Utilizando-se o
módulo AirflowNetwork, pode-se analisar diversos parâmetros que interferem no
comportamento dos ambientes. O perfil do volume de infiltração de ar, por exemplo,
que é função de diversas variáveis, pode ser analisado em função da velocidade e
direção do vento, que podem ser obtidos no relatório de saída do programa (Figura
5.15).
1600 5
1400 4
Volume de infiltração (m³)

Velocidade do vento (m/s)


1200 4
3
1000
3
800
2
600
2
400 1
200 1
0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)

ZONA 1 - Airflownetwork (7 às 22h) ZONA 1 - 5 ren/h (cte)


Amb. Externo

Figura 5.15 – Volume de infiltração da Zona 1 em função da direção do vento.

Sempre que não for estritamente necessário adotar todas as diretrizes da norma
brasileira NBR 15575 (ABNT, 2008), deve-se adotar o módulo AirflowNetwork para
simular a ventilação dos ambientes, por ser mais preciso e permitir uma análise mais
refinada do comportamento térmico dos ambientes.

5.4 Caso 4

No Caso 4, o objetivo é investigar a influência da aplicação do método no


dimensionamento das cargas térmicas de um edifício. O modelo utilizado no Caso 4
corresponde a uma pequena edificação comercial de dois pavimentos. Cada pavimento

97
CAPÍTULO V

possui quatro salas e área total de 117,12 m2 (eixo a eixo das paredes), pé-direito de
3,50 m e planta modulada por uma malha de 400 x 400 mm (Figura 5.16). O edifício foi
modelado com 15 zonas térmicas e a geometria de alguns ambientes foi simplificada.
As instalações sanitárias presentes nas fachadas leste e oeste foram agrupadas de forma
que o painel que divide os ambientes geminados não foi modelado. Na área de
circulação não se modelou a escada. Foram instalados dispositivos que bloqueiam
parcialmente a radiação solar direta na fachada leste e oeste.

Planta esquemática do 1° pvto

Corte AA Perspectiva
Figura 5.16 – Geometria da Tipologia 4.

Nas salas de escritórios considerou-se as pessoas utilizando roupas com resistência de


0,5 CLO (roupas leves) e realizando atividades que liberam uma taxa de calor de 130 W

98
CAPÍTULO V

por pessoa, com fração radiante de 0,3 (NBR 16401, 2008). Adotou-se a taxa de ILD2
de 20 W/m2, sendo: pessoas iguais a 6 W/m2, iluminação igual a 8 W/m2 e
equipamentos, 6 W/m2. Nos ambientes não condicionados (i.s. e circulação) adotou-se
somente a taxa de iluminação (8 W/m2).

O padrão de uso (PU) para as fontes internas foi considerado apenas nos dias úteis. O
início das atividades no edifício foi estimado às 8h, com intervalo ao meio dia e reinício
às 14h, e com término às 18h. Considerou-se o aparelho ligado 24h por dia, o ano
inteiro. Definiu-se a temperatura constante limite para resfriamento em 24ºC e
considerou-se uma taxa de renovação por hora como infiltração (1 ren/h).

As lajes entre pisos e a cobertura foram modeladas pelas propriedades termofísicas dos
componentes. A composição dos painéis é apresentada na Tabela 5.13. A principal
diferença na composição dos painéis entre o edifício comercial e o residencial é a
aplicação da placa Masterboard, que é constituída por duas camadas de placas
cimentícias com recheio de OSB (BRASILIT, 2010b).

Tabela 5.13 – Composição dos fechamentos


Painel Componentes
Placa cimentícia 10 mm
Montante 90x40x12 @ 400 mm
Externo
Lã de vidro 90 mm
Gesso acartonado 12,5 mm
Gesso acartonado 12,5 mm
Montante 90x40x12 @ 400 mm
Interno
Lã de vidro 90 mm
Gesso acartonado 12,5 mm
Gesso acartonado 12,5 mm
Montante 90x40x12 @ 400 mm
Interno
Lã de vidro 90 mm
(circulação)
Gesso acartonado 12,5 mm
Gesso acartonado 12,5 mm
Piso cerâmico 10 mm
Masterboard 23 mm
Laje entre pisos Camada de ar 90 mm
Lã de vidro 50 mm
Gesso acartonado 12,5 mm

2
A densidade de carga interna (ILD) representa a soma das três principais fontes internas de calor:
pessoas, iluminação e equipamentos elétricos.

99
CAPÍTULO V

Piso cerâmico 10 mm
Laje de piso
Concreto 150 mm
Telhas shingle 3mm
Cobertura
Placa de OSB 11,1 mm

A resistência térmica dos painéis calculada pelo método MZM e MCH é apresentada na
Tabela 5.14.

Tabela 5.14 – Resistência e transmitância térmica dos painéis verticais considerando


os métodos MZM e MCH
Resistência térmica Transmitância térmica
R U
[(m².K)/W] [W/(m2.K)]
MZM 0,799 1,251
Painel externo*
MCH 2,051 0,487
MZM 0,903 1,107
Painel interno*
MCH 2,071 0,482
Painel interno MZM 1,120 0,892
(circulação)* MCH 2,107 0,474
* Distância entre montantes = 400 mm

Na Tabela 5.15, apresenta-se a camada isolante com os valores das propriedades


térmicas ajustadas.

Tabela 5.15 – Propriedades térmicas da camada composta de painéis verticais


Condutividade
Massa específica Calor Específico
térmica
Material composto equivalente
λ ρ c
[W/(m.K)] (kg/m³) [kJ/(kg.K)]
ISOL. Painel externo* 0,120 69,7780 0,5626
ISOL. Painel interno* 0,108 69,7780 0,5626
ISOL. Painel interno
0,088 69,7780 0,5626
(circulação)*
* Distância entre montantes = 400 mm

Na Figura 5.17, apresenta-se o pico da carga térmica mensal comparando os métodos


PTCa e SP. Constatou-se uma variação mínima de 7,13% e máxima de 22,94% entre os
dois métodos.

100
CAPÍTULO V

4000

Pico mensal da carga térmica p/


3500
3000
resfriamento (W) 2500
2000
1500
1000
500
0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Mês

PTCa SP

Figura 5.17 – Pico mensal da carga térmica para resfriamento (W).

Aplicando-se uma placa de EPS (25 mm) nos painéis externos para complementar a
análise (Tabela 5.16) e modificando-se as propriedades da camada de isolamento
(Tabela 5.17), têm-se os picos anuais das cargas térmicas apresentados na Tabela 5.18.

Tabela 5.16 – Resistência e transmitância térmica dos painéis verticais considerando


os métodos MZM e MCH
Resistência térmica Transmitância térmica
R U
[(m².K)/W] [W/(m2.K)]
Painel externo* MZM 1,735 0,576
(c/ EPS) MCH 2,676 0,373
* Distância entre montantes = 400 mm

Tabela 5.17 – Propriedades térmicas da camada composta de painéis verticais


Condutividade
Massa específica Calor Específico
térmica
Material composto equivalente
λ ρ c
[W/(m.K)] (kg/m³) [kJ/(kg.K)]
ISOL. Painel externo (c/ EPS) * 0,085 69,778 0,562
* Distância entre montantes = 400 mm

Tabela 5.18 – Pico anual da carga térmica


Pico anual da carga
térmica p/ Diferença (%)
resfriamento (W)
PTCa 3643 ----
CH 3298 -10,40
PTCa + EPS (25 mm) 3303 -10,29

101
CAPÍTULO V

A orientação solar das fachadas com área menor de fechamentos opacos e


mascaramento dos elementos translúcidos voltados para o oeste favoreceu a redução das
cargas térmicas. Além disso, como o sistema foi considerado ligado durante as 24 h do
dia, não há cargas remanescentes, implicando em valores baixos de picos da carga
térmica.

A diferença entre se modelar com ou sem os efeitos das pontes térmicas no


dimensionamento das cargas térmicas foi da ordem de 10%. O incremento na diferença
dos resultados deve-se, principalmente, ao aumento das trocas de calor no envelope
como consequência da diferença das temperaturas interna e externa. Como pode ser
observado nas curvas mostradas na Figura 5.18, no dia de pico da carga térmica para
resfriamento a diferença de temperatura entre o interior e o exterior ultrapassou 7 °C.

32
30
Temperatura (°C)

28
26
24
22
20
18
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)

Ambiente externo SALA 4 - 1° pvto.

Figura 5.18 – Evolução temporal da temperatura da Sala 4 no dia de pico da


carga térmica para resfriamento (03/03).

A aplicação de uma camada de EPS de 25 mm nos painéis externos reduz quase por
completo a diferença percentual entre a simulação considerando ou não os efeitos da
estrutura metálica. Porém, a diferença entre os valores obtidos não é capaz de implicar
em diferentes dimensionamentos do sistema de ar condicionado.

102
CAPÍTULO V

5.5 Caso 5

O objetivo do Caso 5 é analisar o comportamento térmico do pavimento tipo de um


edifício de escritórios com o sistema LSF. Neste caso, o sistema LSF apresenta papel
secundário, apenas como elemento de fechamento vertical nas fachadas de um edifício
com estrutura convencional de concreto3. Também é realizada uma comparação entre os
resultados obtidos considerando a utilização de painéis pré-fabricados em concreto.

O pavimento tipo possui área total de 345,20 m2 (eixo a eixo das paredes), pé-direito de
3,00 m e foi dividido em cinco zonas (Figura 5.19). As zonas 1 a 4 correspondem às
salas de escritório que são condicionadas artificialmente, enquanto que a zona 5
compreende as caixas de escada e elevadores (core), e não é condicionada. As divisões
internas e a laje entre pisos foram consideradas em concreto maciço, com espessuras de
10 cm e 15 cm, respectivamente. A composição dos painéis externos é a mesma do
Caso 4, ou seja: placa cimentícia (10 mm), montantes em aço (90x40x12 - @ 400 mm),
lã de vidro (90 mm) e gesso acartonado (12,5 mm).

Planta esquemática do pvto tipo Perspectiva


Figura 5.19 – Geometria da Tipologia 5.

3
Ver método embutido de montagem do sistema LSF em Santiago, 2008.

103
CAPÍTULO V

Considerou-se um sistema de expansão direta, do tipo Split-system, com COP igual a


3,19. A operação do sistema segue a mesma rotina de ocupação do edifício. A
temperatura de controle adotada foi de 24°C para a função de resfriamento. A vazão
máxima de cada zona foi determinada automaticamente pelo programa, baseada nas
cargas geradas em um dia de projeto (design day) de verão e de inverno. A capacidade
da serpentina de resfriamento também foi dimensionada automaticamente. Considerou-
se a vazão de ar externo por pessoa (para renovar o ar do ambiente) de 0,0075
m3/s.pessoa. Adotou-se a mesma taxa de ILD (20 W/m2) e padrões de uso do Caso 4.

Na Tabela 5.19, apresenta-se o consumo anual em kWh comparando os resultados


obtidos com o método das PTCa, SP e adicionando uma camada de EPS (25 mm) nos
painéis externos.

Tabela 5.19 – Consumo anual – Caso 5


Consumo anual
Diferença (%)
AC (kWh)
PTCa 12731 ----
SP 12143 -4,84
PTCa + EPS (25 mm) 12218 -4,19

O consumo de energia no setor comercial está diretamente relacionado às características


arquitetônicas e padrões de uso da edificação. A diferença obtida com a representação
das pontes térmicas foi significativa se considerado que somente os painéis externos
foram modelados com o sistema LSF. No caso de o pavimento tipo possuir fechamento
externo em concreto, o consumo anual de energia pode ser observado na Tabela 5.20.
Com o uso dos painéis externos em concreto o consumo anual de energia é menor.

Tabela 5.20 – Consumo anual – LSF x Concreto


Consumo anual
Diferença (%)
AC (kWh)
LSF - PTCa 12731 ----
Painéis em concreto 12352 -3,07

104
CAPÍTULO V

5.6 Caso 6

O presente caso tem como objetivo investigar a influência dos parâmetros dimensionais
dos montantes no comportamento térmico de uma edificação em LSF. O modelo é
constituído por um único ambiente para evitar a interferência de outros parâmetros na
análise dos resultados. A zona térmica possui duas janelas orientadas para o norte e
dimensões iguais a 7,2 x 6,0 m e pé-direito de 3,0 m (Figura 5.20).

Figura 5.20 – Geometria da Tipologia 6

Não foram consideradas divisões internas. A composição dos painéis externos é a


mesma do Caso 5, ou seja: placa cimentícia (10 mm); montantes em aço; lã de vidro (90
mm) e gesso acartonado (12,5 mm). Utilizou-se como fechamento horizontal a laje
úmida do sistema LSF (Figura 5.21), que é formada por uma camada de concreto
maciço (40 mm), painel de lã de vidro compacta - 15 mm, camada de ar (R = 0,21
(m².K)/W), lã de vidro (25 mm) e forro de gesso acartonado (15 mm).

Figura 5.21 – Esquema da laje úmida do sistema LSF

105
CAPÍTULO V

Considerou-se os mesmos parâmetros do sistema de expansão direta, do tipo Split-


system, do Caso 5. Não foi considerada a ocupação de pessoas, sendo estipulada uma
carga interna fixa igual a 400 W durante as 24h do dia.

A análise foi realizada considerando: variações na espessura da chapa dos perfis em aço
(t = 0,8 e 0,95 mm), larguras das mesas (bf = 35 e 40 mm), nas dimensões das almas dos
perfis (bw = 90 e 140 mm) e na distância entre montantes, s = 400 e 600 mm (Figura
5.22). Em todos os casos simulados considerou-se a aplicação do método PTCa para
representar a estrutura metálica na simulação numérica.

Figura 5.22 – Parâmetros analisados

Na Tabela 5.21, apresenta-se o consumo anual em kWh para cada condição simulada.

Tabela 5.21 – Consumo anual – Caso 6


Parâmetro Consumo anual
Diferença (%)
(mm) AC (kWh)
0,80 2409 -1,16
t
0,95* 2437 ---
35 2417 -0,82
bf
40* 2437 ---
140 2286 -6,60
bw
90* 2437 ---
600 2330 -4,59
s
400* 2437 ---
Valores utilizados como referência nas simulações numéricas

Conforme o esperado, aumentando-se o volume de aço nos painéis externos por meio
do incremento na espessura da chapa e largura da mesa dos perfis em aço, aumenta-se
os ganhos de calor através do envelope e consequente consumo final de energia maior.
Vale ressaltar que este comportamento pode ser benéfico ao comportamento térmico da

106
CAPÍTULO V

edificação em determinadas condições climáticas, quando se deseja fechamentos


externos leves com inércia térmica reduzida.

O aumento na dimensão da alma do montante acrescenta uma camada de ar estagnada


que contribui no isolamento térmico do painel amenizando os efeitos provocados pelas
pontes térmicas (Figura 5.23). A mudança de 90 para 140 mm na alma dos perfis
implica em uma redução de 6,60 % no consumo de energia. No entanto, no Brasil não é
comum o uso de painéis verticais com montantes de 140 mm de alma em edificações
residenciais, sendo recomendada a aplicação de outra forma de ruptura térmica.

Figura 5.23 – Painel externo com 90 e 140 mm de alma dos perfis

Observa-se que, para as condições deste caso, a mudança na modulação implica em uma
variação de 4,59% no consumo de energia final para resfriamento (kWh). A escolha
entre a modulação de 400 ou 600 mm no projeto se deve principalmente às cargas que
solicitam a estrutura. Mas, deve-se considerar, além das cargas e do consumo de aço, a
variação no desempenho térmico da edificação, que pode implicar no desconforto dos
usuários ou no aumento do consumo de energia.

5.7 Considerações acerca do Capítulo V

Neste capítulo foram apresentados os estudos de caso com a aplicação do método


desenvolvido neste trabalho. Os efeitos das pontes térmicas nos painéis em LSF se
mostraram mais sensíveis quando a edificação é condicionada artificialmente. A
aplicação de uma camada externa de EPS rígido (25 mm) mostrou-se eficiente nestes
casos, anulando quase por completo a transmissão excessiva de calor pelos perfis.

107
CAPÍTULO V

No Brasil, os painéis pré-moldados de concreto são os fechamentos externos pré-


fabricados e industrializados mais comuns, mas apresentam desvantagens como alto
custo e peso próprio. O fechamento em LSF, além de permitir uma maior organização e
limpeza do canteiro de obras, diminue o prazo de execução da edificação. Assim, outros
critérios também devem ser considerados na escolha de um sistema de fechamento
vertical externo.

108
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

6.1 Análise dos resultados

Nas edificações residenciais naturalmente ventiladas, considerando uma taxa de


renovação de ar constante para simular a ventilação dos ambientes, não houve
diferenças significativas entre os resultados da simulação considerando ou não os
efeitos das pontes térmicas. Nas simulações numéricas horárias, a utilização do módulo
AirflowNetwork no método proposto implicou em um pequeno acréscimo na diferença
entre os resultados, devido ao fato de neste módulo se considerar uma rotina para a
abertura e fechamento das portas e janelas. Quando não for necessário utilizar todas as
recomendações da norma NBR 15575 (ABNT, 2008), recomenda-se simular a
ventilação dos ambientes pelo AirflowNetwork, por gerar resultados mais precisos.

A comparação entre o desempenho térmico da edificação utilizando o sistema em


alvenaria maciça e o sistema LSF é utilizada na maioria das publicações nacionais para
comprovar a eficiência térmica do sistema industrializado. Com o sistema LSF, pode-se
reproduzir qualquer comportamento térmico de paredes em alvenaria por meio do
aumento (ou troca) do isolamento térmico ou adicionando mais placas de fechamento.
Como demonstrado no Caso 1, uma parede simples em LSF (com uma placa de
fechamento de cada lado e isolamento térmico na cavidade) gera resultados próximos
aos do sistema em alvenaria em simulações numéricas horárias. Portanto, na escolha
entre esses dois sistemas, além dos aspectos de eficiência térmica, deve-se levar em
conta outros fatores, como relação custo-benefício e capacidade de resistência ao fogo.

As temperaturas superficiais do solo em simulações numéricas devem ser consideradas


com cuidado. Este parâmetro pode mascarar os resultados na análise do desempenho
térmico. Dependendo das condições climáticas, as temperaturas do solo reduzem o pico
da onda de calor, diminuindo o consumo de energia para resfriamento dos ambientes.
Assim, recomenda-se que o levantamento e uso dessas temperaturas sejam realizados de
forma mais criteriosa possível.
CAPÍTULO VI

A aplicação do método em estudos de caso de edificações condicionadas artificialmente


mostrou que, ao se aumentar a diferença de temperatura entre o interior e o exterior da
edificação por meio do acionamento do sistema, os efeitos das pontes térmicas nos
painéis foram mais significativos, conforme o esperado. Ao considerar os perfis em aço
na simulação, o pico da carga térmica aumentou cerca de 10%. Mesmo quando utilizado
somente como elemento de fechamento vertical nas fachadas em um edifício com
estrutura convencional de concreto, o emprego do sistema LSF considerando a estrutura
metálica na simulação numérica horária aumentou o consumo anual de energia em 5%.
A aplicação de uma camada de ruptura térmica nos painéis externos só se mostrou
eficiente quando o edifício era climatizado. Neste caso, a aplicação de uma camada de
EPS de 25 mm mostrou-se bem eficiente, quase anulando os efeitos das pontes térmicas.

Observou-se no decorrer das simulações numéricas dos estudos de caso que em


edificações pequenas, para que os resultados sejam precisos, recomenda-se que cada
ambiente seja tratado como uma zona térmica e que não sejam feitas simplificações na
geometria do envelope. Quanto menos simplificações forem feitas, mais os efeitos das
pontes térmicas serão significativos. Caso seja necessário, deve-se sempre agrupar
ambientes com mesma característica térmica e de ocupação.

Os painéis comumente utilizados em edificações residenciais e comerciais em Belo


Horizonte /MG mostraram-se adequados ao conforto térmico em ambas as tipologias e
condições de conforto ambiental. Vale lembrar que a qualidade do projeto arquitetônico
exerce muita influência no desempenho térmico da edificação, sendo imprescindível a
concepção do projeto aliada às condições climáticas locais. As recomendações de
projeto para aumentar a eficiência energética da edificação da norma NBR 15220
(ABNT, 2005) mostraram-se eficientes nas condições climáticas de Belo
Horizonte/MG.

O estudo considerou apenas a zona bioclimática 3. Os resultados não podem ser


estendidos às outras zonas bioclimáticas, pois dependendo das condições ambientais do
local, a influência das pontes térmicas no comportamento térmico da edificação pode
ser maior ou menor.

110
CAPÍTULO VI

O método tem como limitação considerar os efeitos das pontes térmicas apenas nos
painéis verticais. Sabe-se que os painéis horizontais também influenciam no
desempenho térmico global da edificação. O desempenho da cobertura, por exemplo, é
influenciado pela composição do fechamento horizontal com perfis em aço. Em
determinadas condições climáticas e estruturais será necessário considerar os efeitos das
pontes térmicas nas lajes de teto e nas lajes entrepisos. Neste caso, a resistência térmica
dos fechamentos poderá ser calculada por um dos métodos apresentados MCP, MPI ou
MNEC. A utilização do algoritmo de solução adotado no EnergyPlus (CTF) também foi
uma limitação, pois neste parâmetro não são consideradas as características
higrotérmicas dos materiais.

6.2 Conclusões

No desenvolvimento do método foram levantados os meios contemporâneos de se


representar a estrutura metálica nas simulações numéricas horárias. Optou-se pelo
método PTC para representar os efeitos das pontes térmicas nas simulações. Este
método é baseado no Código de Energia do Canadá que considera edificações em wood
framing (CCBFC, 1997). Neste trabalho, o método citado foi adaptado (PTCa)
considerando sua utilização em edificações em LSF e adotando o método MZM
(ASHRAE/ORNL/NAHB) para calcular a resistência térmica dos painéis verticais
incluindo a estrutura em aço.

O método de avaliação do desempenho térmico de edificações em LSF desenvolvido


neste trabalho foi baseado nos estudos de Akutsu (1998). Adaptou-se o método
defendido pela autora utilizando o método PTCa para representar a estrutura metálica
em simulações numéricas horárias na etapa de caracterização dos materiais e
componentes e adotando os critérios de avaliação contidos na norma NBR 15575
(ABNT, 2008) para edificações naturalmente ventiladas e análises comparativas da
demanda das cargas térmicas ou consumo de energia para edificações condicionadas
artificialmente. Sugeriu-se a adoção de uma camada de ruptura térmica nos painéis
externos, caso o desempenho térmico da edificação avaliada não seja adequado.

111
CAPÍTULO VI

Por meio da análise dos estudos de caso, constatou-se que o método desenvolvido neste
trabalho deve ser aplicado em avaliações do desempenho térmico global de edificações
com condicionamento artificial dos ambientes. Considerando a avaliação de edificações
naturalmente ventiladas, a utilização do método apresentado seria indicada apenas para
gerar resultados mais precisos, não sendo de uso obrigatório.

Como afirma Santiago (2008), a aceitação do sistema LSF se dará a partir das
experiências bem sucedidas e da divulgação da tecnologia entre usuários e profissionais
envolvidos. Espera-se que o desenvolvimento de um método de análise do desempenho
térmico de edificações em LSF contribua para a solidificação do sistema como uma
alternativa aos sistemas construtivos convencionais empregados no Brasil.

6.3 Sugestões para futuras pesquisas

• Utilizar o programa THERM (ou outro de elementos finitos) para o cálculo da


resistência térmica dos painéis em LSF;
• Desenvolver uma rotina para gerar as paredes equivalentes;
• Considerar a transmissão de umidade nos efeitos das pontes térmicas;
• Considerar os outros elementos estruturais (além dos montantes) no cálculo da
resistência térmica dos painéis;
• Simular considerando todas as zonas bioclimáticas (após a revisão da norma)
com projetos arquitetônicos adequados aos climas da regiões de interesse.

112
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Resolução


RE/ANVISA nº 176, 2000.

AKUTSU, M.; SATO N. M.; PEDROSO, N. G. Desempenho térmico de edificações


habitacionais e escolares: manual de procedimento para avaliação. São Paulo: IPT,
1987. 74p. (IPT Publicação n. 1732).

AKUTSU, M.; VITTORINO, F. Proposta de procedimento para avaliação do


desempenho térmico de edificações condicionadas e não condicionadas. In:
ENCONTRO NACIONAL DE NORMALIZAÇÃO LIGADA AO USO RACIONAL
DE ENERGIA E AO CONFORTO AMBIENTAL EM EDIFICAÇÕES, 1. , 1991.
Florianópolis. Anais ... Florianópolis: UFSC, 1991a. p.157-171.

______. Critérios para a definição de níveis de desempenho térmico de edificações. In:


ENCONTRO NACIONAL DE CONFORTO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 2.,
1992, Florianópolis. Anais... Florianópolis: Antac, 1993. p. 69-74.

AKUTSU, M.; VITTORINO, F.; YOSHIMOTO, M. Método expedito para avaliação


do desempenho térmica de habitações. In: ENCONTRO NACIONAL DE CONFORTO
NO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 3, 1995, Gramado. Anais...Gramado: ANTAC, 1995.
p. 299 – 304.

AKUTSU, M.; VITTORINO, F.; PEDROSO, N. G.; CARBALLEIRA, L. Critérios


mínimos de desempenho de habitações térreas unifamiliares: Anexo 5: conforto
térmico Relatório técnico nº 33.800. São Paulo: IPT, 1995.

AKUTSU, M. Aplicação do Método dos Fatores de Resposta para a Determinação


da Resposta Térmica de Edificações. 1983. 105 f. Dissertação (Mestrado) Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 1983.

______. Método para avaliação do desempenho térmico de edificações no Brasil.


1998. 156 f. Tese (Doutorado em Arquitetura) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998.

AMERICAN IRON AND STEEL INSTITUTE (AISI); STEEL FRAMING


ALLIANCE (SFA). Development of Cost-Effective, Energy Efficient Steel Framing:
Thermal Performance of Slit-Web Steel Wall Studs. Washington: American Iron and
Steel Institute / Steel Framing Alliance, 2006. (Research Report RP02-9).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMERICAN IRON AND STEEL INSTITUTE (AISI). Thermal design guide for
exterior walls. Washington: American Iron and Steel Institute, 1995. (Technical data).

AMERICAN SOCIETY OF HEATING, REFRIGERATING AND AIR


CONDITIONIG ENGINEERS (ASHRAE). ASHRAE Handbook: Fundamentals.
Atlanta, ASHRAE, 1997.

______. ASHRAE Handbook: Fundamentals. Atlanta, ASHRAE, 2005.

______. ASHRAE Standard 90.2-2004 – Energy Efficient Design of Low-Rise


Residential Buildings. Atlanta, ASHRAE, 2004

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6401:


Instalações de ar-condicionado: sistemas centrais e unitários. Rio de Janeiro, 1980.

______. NBR 6355: Perfis estruturais de aço formados a frio - Padronização. Rio de
Janeiro, 2003.

______. NBR 15220: Desempenho térmico de edificações. Rio de Janeiro, 2005.

______. NBR 15253: Perfis de aço formados a frio, com revestimento metálico, para
painéis reticulados em edificações - Requisitos gerais. Rio de Janeiro, 2005.

______. NBR 15575: Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos. Rio de Janeiro,
2008.

______. NBR 16401: Instalações de ar-condicionado: sistemas centrais e unitários. Rio


de Janeiro, 2008.

______. NBR 14762: Dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis


formados a frio. Rio de Janeiro, 2010.

BATISTA, J. O.; LAMBERTS, R.; WESTPHAL, F. S. Avaliação de desempenho


térmico de componentes construtivos utilizando o EnergyPlus. In: ENCAC-ELACAC
2005, Maceió. Anais... p. 145-154.

BEVILAQUA, R. Estudo comparativo do desempenho de prédios estruturados em


perfis formados a frio segundo os sistemas aporticado e Light Steel Framing. 2005.
247 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas) – Escola de Engenharia,
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005.

114
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASILIT. BrasiPlac Plus: Placa cimentícia impermeabilizada: catálogo. São Paulo,


2007.

______. Masterboard: A escolha ideal para pisos e divisórias: catálogo. São Paulo,
2010b.

______. Telha Shingle Brasilit: catálogo. São Paulo, 2010a.

BRITO, A. C.; AKUTSU, M.; TRIBESS, A. Emprego do programa computacional


Energyplus na análise de alternativas de projeto de habitação visando o conforto térmico
do usuário. In: XXXII Congresso Ibero Latino Americano de Métodos Computacionais
em Engenharia. CD-Rom, 2011.

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (CAIXA). Sistema Construtivo utilizando perfis


estruturais formados a frio de aços revestidos (steel framing): requisitos e
condições mínimas para financiamento pela CAIXA. São Paulo: CAIXA, 2003.

CAMPOS, H. C. Avaliação pós-ocupação de edificações construídas no sistema


Light Steel Framing. 2010. 164 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) –
PPGDEC, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2010.

CANADIAN COMMISSION ON BUILDINGS AND FIRE CODES (CCBFC).


National Research Council Canada, 1997, Model National Energy Code for Houses.

CANADIAN SHEET STEEL BUILDING INSTITUTE (CSSBI). The lightweight steel


frame house construction handbook. Canada: CSSBI, 2005.

CARMINATTI JÚNIOR, R. Análise do ciclo de vida energético de projeto de


habitação de interesse social concebido em Light Steel Framing. 2012. 162 f.
Dissertação (Mestrado em Construção Civil) – Universidade Federal de São Carlos, São
Carlos, 2012.

CEMINTEL. Thermal Break. Catálogo. Disponível em


<http://www.cemintel.com.au.//> Acesso em: mar. 2010.

COSTA, E. C. Ventilação. São Paulo: Edgard Blucher, 2005.

Cp Generator - TNO Webapplications. Programa para cálculo do coeficiente da pressão


do vento. Disponível em: <http://cpgen.bouw.tno.nl/cp//>. Acesso em: Jun, 2011.

115
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CRASTO, R. C. M. Arquitetura e tecnologia em sistemas construtivos


industrializados: light steel framing. 2005. 231 f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Civil) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto,
2005.

CRAWLEY, D. B. et al. EnergyPlus: Creating a New-Generation Building Energy


Simulation Program. Energy & Buildings, v. 33, p. 319-331, abril, 2001.

ENERMODAL Engineering Limited, Oak Ridge National Labs, and Polish Academy of
Sciences. 2001. Modeling Two- and Three-Dimensional Heat Transfer Through
Composite Wall and Roof Assemblies in Hourly Energy Simulation Programs
(1145-TRP), Part I: Final Report. Report prepared for ASHRAE, Atlanta, GA.

FEUSTEL, H. E.; RAYNOR-HOOSEN, A. (ed.). Fundamentals of the Multizone Air


Flow Model – COMIS. Technical Note 29. Great Britain: AIVC, 1990.

FREITAS, A. M. S.; CRASTO, R. C. M. Steel Framing: Arquitetura. Rio de Janeiro:


IBS/CBCA, 2006. (Série Manual de Construção em Aço).

GOMES, A. P. Avaliação do desempenho térmico de edificações unifamiliares em


Light Steel Framing. 2007. 172 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) –
Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2007.

GORGOLEWSKI, M. Developing a simplified method of calculating U-values


in light steel framing. Building and Environment, 2007. v. 42 p. 230–236.

GU, L., Airflow Network Modeling in EnergyPlus. In: 10TH INTERNATIONAL


BUILDING PERFORMANCE SIMULATION ASSOCIATION CONFERENCE AND
EXHIBITION, 2007, Beijing. Anais… China: 2007.

HERNANDEZ NETO, A.; TRIBESS, A.; VITTORINO, F. Análise comparativa de


cálculos de carga térmica. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA
MECÂNICA, 1999, Águas de Lindóia, SP. Anais... Campinas: ABCM/UNICAMP,
1999.

INATOMI, T. A. H. Análise da eficiência do sistema de condicionamento de ar com


distribuição pelo piso em ambientes de escritório, na cidade de São Paulo,
utilizando o modelo computacional EnergyPlus. 2008. 99 f. Dissertação (Mestrado
em Engenharia) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

116
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DE SÃO PAULO (IPT). Divisão de


Edificação. Conforto higrotérmico: avaliação de desempenho de habitações térreas
unifamiliares. São Paulo, 1981. Trabalho desenvolvido para o BNH. (apostila
mimeografada).

______. Critérios mínimos de desempenho para habitações térreas de interesse


social. São Paulo: Ed. Mandarim Ltda, 1998. 82 p. (Relatório Técnico nº 33.800).

______. São Paulo, IPT, 2002. (Referência Técnica Nº 017).

INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E QUALIDADE


INDUSTRIAL (INMETRO). Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE): Tabelas
de consumo/eficiência energética. Disponível em:
< http://www.inmetro.gov.br/consumidor/tabelas.asp>. Acesso em: ago. 2011.

INTERNATIONAL IRON AND STEEL INSTITUTE (IISI). Thermal performance of


Light Steel Frame Housing. Brussels: International Iron and Steel Institute, 2001.

INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION (ISO) - ISO


7730: Moderate thermal environments – Determination of the PMV and PPD indices
and specification of the conditions for thermal comfort. Geneva, 1994.

______. ISO 6946: Building components and building elements – Thermal resistance
and thermal transmittance – Calculation method. British Standards Institution, London,
2007.

ISOVER. Linha construção civil: catálogo. São Paulo, 2007.

KNAUF. Knauf insulation: catálogo. Disponível em http:// www.knaufinsulation.co.uk


//> Acesso em: mai. 2012.

KOSNY, J.; DESJARLAIS, A. O. Impacts of Architectural Details on the Whole


Wall Thermal Performance in Residential Buildings. Oak Ridge National
Laboratory, 1994.

KOSNY, J.; CHRISTIAN, J. E.; DESJARLAIS, A. O. Improving energy


performance of steel stud walls, Steel Framing Can Perform As Well As Wood.
Oak Ridge National Laboratory, Buildings Technology Centre, USA. Disponível em <
http://www.ornl.gov/sci/roofs+walls/research/detailed_papers/steel_frame/index.html//>
Acesso em: mar. 2010.

117
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LABORATÓRIO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM EDIFICAÇÕES (LABEEE).


Dados climáticos brasileiros no formato EPW. Disponível em:
<http://www.labeee.ufsc.br/downloads/arquivos-climaticos/formato-epw//> Acesso em:
mar. 2012.

LAWRENCE BERKELEY NATIONAL LABORATORY (LBNL). EnergyPlus Input


Output Reference: The Encyclopedic Reference to EnergyPlus Input and Output,
2011a.

______. EnergyPlus Engineering Reference: The Reference to EnergyPlus


Calculations, 2011b.

______. THERM 5.2/ WINDOW 5.2: NFRC Simulation Manual, 2006.

LIMA, A. L. A. Análise da construção de edificações em módulos pré-fabricados


em LSF – Light Steel Framing: ensaio projetual. 2008. 204 f. Dissertação (Mestrado
em Engenharia Civil) – Centro Tecnológico, Universidade Federal do Espírito Santo,
Vitória, 2008.

LOURA, R. M. Procedimento de identificaçãode variáveis e análise de sua


pertinência em avaliações termo-energéticas de edificações. 2006. 212 f. Dissertação
(Mestrado em Ciências e Técnicas Nucleares) - Universidade Federal de Minas Gerais,
Belo Horizonte, 2006.

LP BUILDING PRODUCTS. Painéis para a construção civil convencional: catálogo.


Curitiba, 2009.

MAHATTANATAWE, P.; PUVANANT, C.; MONGKOLSAWAT, D. The Energy


performance of the cold-formed steel-frame and wood-frame houses developed for
Thailand. In: Second National IBPSA-USA Conference – SIMBUILD, 2006. Anais...
Cambridge, 2006.

MARCONDES, M. P.; et al. Conforto e desempenho térmico nas edificações no novo


centro de pesquisas da Petrobrás no Rio de Janeiro. Ambiente Construído, Porto Alegre,
v. 10, n. 1, p. 7-29, jan./mar. 2010.

MATOS, M.; WESTPHAL, F. S. et al. Análise do desempenho térmico de edificações


residenciais através de simulação computacional no EnergyPlus baseada nos requisitos
da norma NBR 15220. In: ENTAC, 2006. Florianópolis. Anais... Florianópolis:
ENTAC, 2006.

118
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MATOS, M. Simulação computacional do desempenho térmico de residências em


Florianópolis utilizando a ventilação natural. 2007. 108 f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Civil) – PPGEC, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
2007.

MELO, A. P.; LAMBERTS, R.; VERSAGE, R.; SORGATO, M. Manual de


simulação computacional de edifícios naturalmente ventilados no programa
EnergyPlus. Florianópolis: Laboratório de Eficiência Energética em Edificações
(LABEEE), 2008.

MELO, A. P.; WESTPHAL, F. S.; LAMBERTS, R. Análise comparativa da eficiência


de sistemas de condicionamento de ar através de simulação computacional. In: V
CONGRESSO DE AR CONDICIONADO, REFRIGERAÇÃO, AQUECIMENTO E
VENTILAÇÃO DO MERCOSUL – MERCOFRIO, 2006, -. Anais... -, 2006.

MENDES, N.; et al. Uso de instrumentos computacionais para análise do desempenho


térmico e energético de edificações no Brasil. Ambiente Construído, Porto Alegre, v.
5, n. 4, p. 47-68, out./dez. 2005.

MEO, L.; SOUZA, K.; VELLA, J.; RICE, J. Investigation of the Thermal Performance
of Steel and Wood Framed Homes Using Infrared Thermography. In: Sustainable Steel
Conference, Orlando, 1998. Anais…, 1998.

NATIONAL ASSOCIATION OF STEEL-FRAMED HOUSING (NASH). Thermal


break and cavity construction. NASH , 2009. (Relatório Técnico).

O`BRIEN, S. M. Thermal Bridging in the building envelope. Disponível em


<http://www.carlisle-syntec.com//> Acesso em: fev. 2010.

OLIVEIRA, A. G. Proposta de método para avaliação do desempenho térmico de


residências unifamiliares em clima quente e úmido. 2006. 201 f. Dissertação
(Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – PPGAU, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Natal, 2006.

PAINEL EIFS. Disponível em: <http://www.futureng.com/eifs.htm//> Acesso em: 9


nov. 2010.

PAPST, A. L. Uso de Inércia térmica no clima subtropical. Estudo de caso em


Florianópolis – SC. Florianópolis, 1999. 165 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Civil) – Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa
Catarina, 1999.

119
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PENNA, F. C. F. Análise de viabilidade econômica do sistema Light Steel Framing


na execução de habitações de interesse social: uma abordagem pragmática. 2009. 92
f. Dissertação (Mestrado em Construção Civil) – PPGCC, Universidade Federal de
Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009.

PEREIRA, C. D.; GHISI, E. The influence of the envelope on the thermal performance
of ventilated and occupied houses. Energy and Buildings, v.43, n. 12, 2011, 3391-
3399.

PEREIRA JUNIOR, C. J. Edifícios de Pequeno Porte Contraventados com perfis de


Chapa Fina de Aço. 2004. 148 f. Dissertação (Mestrado em Ciências em Engenharia
Civil) – COOPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004.

PLACO. Sistemas Placostil: Manual de especificação e instalação: catálogo. São Paulo,


2009.

PURDY, J.; BEAUSOLEIL-MORRISON, I. The Significant Factors in Modelling


Residential Buildings. In: BUILDING SIMULATION, 2001, Rio de Janeiro. Anais...
Rio de Janeiro: International Building Performance Simulation Association., Brazil,
2001. p. 207-214.

RODRIGUES, F. C. Steel Framing: Engenharia. Rio de Janeiro: IBS/CBCA, 2006.


(Série Manual de Construção em Aço).

SANTIAGO, A. K. O uso do sistema light steel framing associado a outros sistemas


construtivos como fechamento vertical externo não-estrutural. 2008. 153 f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Escola de Minas, Universidade Federal
de Ouro Preto, Ouro Preto, 2008.

SINAT 003. Sistemas construtivos estruturados em perfis leves de aço conformados


a frio, com fechamentos em chapas delgadas (Sistemas leves tipo “Light Steel
Framing”). MINISTÉRIO DAS CIDADES – Secretaria Nacional de Habitação – SNH.
Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat - PBQP-H. Sistema
Nacional de Avaliações Técnicas de produtos inovadores – SINAT. Diretrizes para
Avaliação Técnica de Produtos – DIRETRIZ SINAT. Brasília. 2010.

SOUZA, Djaniro Álvaro de. Análise numérica de colunas com seções enrijecidas e
não-enrijecidas em perfis formados a frio. 2005. 113 f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Civil) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto,
2005.

120
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SOUZA, H. A. Transporte Simultâneo de Calor e Umidade em Meios Porosos:


Método das Funções de Transferência. 1985. Dissertação (Mestrado) Departamento
de Engenharia Mecânica, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC,
Florianópolis, SC, 1985.

______. Notas de Aula da Disciplina Análise Térmica de Edificações do Programa de


Pós-Graduação em Engenharia Civil – Construção Metálica – Ouro Preto: Universidade
Federal de Ouro Preto-UFOP. 2006.

SOUZA, M. F. Estudo numérico do isolamento térmico de painéis do sistema Light


Steel Framing em situação de incêndio. 2010. 173 f. Dissertação (Mestrado em
Construção Civil) – PPGCC, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte,
2010.

STEEL FRAMING ALLIANCE (SFA). Thermal design and code compliance for
cold-formed steel walls. Washington: Steel Framing Alliance, 2008. (Technical data).

STOECKER, W. F.; JONES, J. W. Refrigeração e ar condicionado. São Paulo:


McGraw-Hill do Brasil, 1985.

SWAMI, M. V.; CHANDRA, S. Correlations for Pressure Distributions on Buildings


and Calculation of Natural-Ventilation Airflow. ASHRAE Transactions, 1988. p. 243-
266.

THERMACHANNEL. Catálogo. Disponível em <http://www.thermachannel.com//>


Acesso em: fev. 2010.

TRIBESS, A. Notas de Aula da Disciplina Conforto Térmico do Programa de Pós-


Graduação em Engenharia Mecânica – São Paulo: Universidade do Estado de São
Paulo- USP/SP. 2006.

VELJKOVIC, M.; JOHANSSON, B. Light steel framing for residential buildings.


ScienceDirect, 2006.

VIERO. CAPPOTTO - Sistema de isolamento térmico pelo exterior: catálogo.


Portugal, 2012.

VIVAN, A. L. Projetos para produção de residências unifamiliares em Light Steel


Framing. 2011. 226 f. Dissertação (Mestrado em Construção Civil) – PPGCC,
Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2011.

121
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

VON KRÜGER, P. G. Análise de painéis de vedação nas edificações em estrutura


metálica. 2000. 167 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Escola de Minas,
Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2000.

U. S. DEPARTMENT OF ENERGY (DOE). Programas de simulação. Disponível em


http://www1.eere.energy.gov. Acesso em: maio, 2011

WALTON, G. N. AIRNET – A Computer Program for Building Airflow Network


Modeling. NIST 89-4072, National Institute of Standards and Technology.
Gaithersburg: MaryLand, 1989.

WESTPHAL, F. S.; LAMBERTS, R.; CUNHA NETO, J. A. B. Estimativa do consumo


de energia elétrica de edificações climatizadas não residenciais utilizando dados
climáticos simplificados. In: IX CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E
CIÊNCIAS TÉRMICAS – ENCIT 2002, Caxambu, MG. Anais... Caxambu, ENCIT,
2002.

WESTPHAL, F. S. Análise de incertezas e de sensibilidade aplicadas à simulação de


desempenho energético de edificações comerciais. 2007. 147 f. Tese (Doutorado em
Engenharia Civil) – PPGEC, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
2007.

WIT, S. Influence of modeling uncertainties on the simulation of building thermal


comfort performance. In: IBPSA BUILDING SIMUALTION CONFERENCE 1997.
IBPSA Conference Proceedings 1997. Prague: International Building Performance
Simulation Association, 1997.

122
ANEXO A
ANEXO A

A. O ISOLAMENTO TÉRMICO DE EDIFICAÇÕES EM LSF

A.1 Considerações iniciais

O isolamento térmico nos fechamentos de uma edificação tem por função proporcionar
conforto térmico aos usuários, diminuir o consumo de energia para condicionamento
ambiental e proteger a edificação contra danos ocasionados pelo isolamento incorreto
ou insuficiente. O isolamento térmico é um elemento essencial no controle do fluxo de
calor que entra ou sai da edificação através de sua envoltória e deve ser escolhido
sempre em função das condições climáticas da região de implantação do projeto. Uma
edificação bem isolada termicamente implica na redução de gastos energéticos para
aquecimento ou resfriamento dos ambientes. O isolamento térmico também pode
contribuir para a reabilitação dos edifícios existentes, na medida em que permite a sua
adaptação a novas exigências de conforto, conservando energia.

O princípio de isolamento térmico no sistema LSF baseia-se no conceito de isolação


multicamada, que consiste em combinar placas leves de fechamento com material
isolante. Em clima frios, o isolamento térmico deve ser instalado em paredes, lajes e
pisos que dividem ambientes aquecidos de não-aquecidos ou que estão em contato com
o solo (Figura A.1). O tipo de isolamento varia conforme o ambiente e cargas internas
de calor.

Figura A.1 – Fechamentos que


requerem isolamento térmico.

Neste anexo são apresentadas as soluções mais comuns para o isolamento térmico de
edificações em LSF. Essas recomendações são de uso difundido em países de clima frio,

124
ANEXO A

mas podem ser utilizadas em condições climáticas mais severas no Brasil, como na zona
bioclimática 1 (NBR 15220: 2005). Os detalhes apresentados foram adaptados de
catálogos e recomendações de projeto contidos em códigos de energia internacionais
(KNAUF, 2012; CSSBI, 2005).

A.2 Isolamento dos painéis verticais

A.2.1 Isolamento da cavidade

O isolante da cavidade do painel vertical é instalado entre os perfis metálicos e é


constituído por mantas minerais (lã de vidro ou de rocha). O material isolante deve
preencher toda a cavidade de maneira uniforme (Figura A.2a), incluindo o espaço
dentro do perfil de seção Ue. Deve-se evitar a compressão excessiva do isolante e
formação de camadas de ar na cavidade dos perfis (Figura A.2b). Estas lacunas de ar
diminuem a resistência térmica dos painéis e promovem a condensação nas superfícies
internas dos montantes. Outra forma de preencher completamente o espaço do interior
dos montantes é por meio da aplicação de espumas de poliuretano em spray. Entre as
placas de fechamento e o material isolante também não podem haver lacunas de ar
(Figura A.2c), que aumentam as trocas de calor no interior do painel, diminuindo a
eficiência térmica do fechamento.

a) Toda a cavidade preenchida b) Ar aprisionado dentro do perfil c) Espaços de ar entre as placas


Figura A.2 – Instalação do isolante da cavidade.
Fonte: Adaptado de CSSBI, 2005.

Em locais inacessíveis, como no encontro de painéis (Figura A.3), o isolamento da


cavidade deve ser incluído durante a montagem da estrutura metálica, para garantir um
isolamento uniforme em todo o envelope da edificação. No encontro de dois painéis que
formam um canto, os efeitos das pontes térmicas através dos perfis são maiores,
portanto, de isolamento térmico prioritário.

125
ANEXO A

Figura A.3 – Encontro de painéis externos.

É importante impedir o acesso da água da chuva ao material isolante por meio do


tratamento das juntas e/ou aplicação de uma camada impermeabilizante nos painéis
externos, uma vez que o isolante, quando úmido, perde sua eficiência térmica.

A.2.2 Isolantes rígidos

Nos painéis externos, quando os efeitos das pontes térmicas através dos perfis são
significativos, pode-se aplicar um revestimento isolante rígido para amenizar este
problema. Esta é a prática mais comum em países de climas frios. As placas rígidas de
XPS ou EPS devem ser fixadas na estrutura voltadas para o ambiente externo (KNAUF,
2012). Na Figura A.4, apresenta-se a localização da camada de EPS nas principais
configurações de painéis com isolamento rígido em climas frios.

Figura A.4 – Composição de painéis externos.


Fonte: Adaptado de ENERMODAL, 2001.

126
ANEXO A

O revestimento isolante deve cobrir toda a extensão dos painéis externos,


principalmente, nos encontros dos painéis (Figura A.5). O isolante rígido pode ser
fixado nas placas de fechamento ou diretamente nos montantes pelo lado exterior do
painel por meio de parafuso rosqueado e disco de plástico (Figura A.6).

Figura A.5 – Encontro de painéis e Figura A.6 – Fixação da placa rígida


placa rígida de EPS diretamente sobre o montante

A face externa do revestimento isolante pode ser acabada com reboco térmico. Em
Portugal, uma solução comum nas edificações é o uso das placas rígidas de isolamento
térmico cobertas e reforçadas com massa adesiva, armadas com rede de fibra de vidro e
acabadas com revestimento final para proteger o sistema (Figura A.7). Segundo o
fabricante, este sistema, também conhecido por External Thermal Insulation Composite
Systems (ETICS), é eficiente contra os efeitos negativos das pontes térmicas através dos
perfis e impede a infiltração da água da chuva.

1 – Revestimento texturizado
1B – Primário a base de água
2 – Massa adesiva
3 – Rede de fibra de vidro
4 – Placa de Poliestireno expandido
5 – Painel

Figura A.7 – Revestimento térmico CAPPOTTO.


Fonte: VIERO, 2012.

Para minimizar o risco de condensação na interface placas/isolante, deve-se aplicar uma


membrana de polietileno de alta densidade para controlar a transmissão de vapor d`água
através dos fechamentos (vapour control layer – VCL). Em painéis com revestimento

127
ANEXO A

isolante rígido, a VCL (conhecida no Brasil por Tyvec) é aplicada na face externa das
placas de fechamento interno (Figura A.8). Nos painéis sem placas isolantes de
revestimento, a VLC deve ser aplicada em toda a área externa dos painéis externos
(Figura A.9).

Figura A.9 – VCL localizada


Figura A.8 – VCL localizada atrás das chapas de gesso.
na face externa da placa.

A.3 Isolamento dos painéis horizontais

No isolamento térmico da cobertura é importante verificar se não há lacunas de ar entre


as camadas de material isolante. Em áticos ventilados, deve-se observar se as mantas de
isolamento térmico não impedem a passagem do ar, que necessita de um espaço mínimo
de 25 mm. Uma camada de VCL deve ser aplicada sobre o forro de gesso acartonado
para evitar a condensação nas mantas (Figura A.10).

Figura A.10 – Isolamento térmico do teto.

128
ANEXO A

O isolamento de piso mais comum em LSF é feito por meio da aplicação de uma
camada de isolante rígido sobre a laje de concreto (Figura A.11). Mas também, pode-se
aplicar o isolante sob a laje (Figura A.12). Uma membrana de impermeabilização
(Damp Proof Membrane – DPM) deve ser aplicada entre o solo compactado e a laje de
concreto maciço e, entre o acabamento do piso e o isolante, uma camada de VCL. As
placas ou painéis não devem ficar em contato direto com o solo ou fundação.

Figura A.11 – Isolamento térmico do piso – tipo 1.

Figura A.12 – Isolamento térmico do piso – tipo 2.

129
ANEXO A

A.4 Isolamento das esquadrias

Também é importante o projeto de isolamento das aberturas, como portas e janelas. O


vidro simples não é indicado quando se deseja um isolamento maior do envelope. As
janelas com vidro duplo são as mais adequadas e promovem também um bom
isolamento acústico (Figura A.13).

Figura A.13 – Espessura dos vidros e camada de ar.

A.5 Considerações acerca do Anexo A

O isolamento térmico é essencial para a eficiência do comportamento ambiental da


edificação. Ele é mais importante em regiões frias e em pequenos edifícios
exclusivamente residenciais, que possuem o comportamento térmico mais dependente
da envolvente do que das cargas térmicas interiores. O projeto de isolamento térmico
deve ser adequado às condições climáticas da região de implantação da obra, pois
também pode gerar desconforto térmico aos usuários se for mal planejado. Além dos
aspectos térmicos, o projeto de isolamento também deve contemplar a relação com o
desempenho ao fogo e acústico.

130
ANEXO B
ANEXO B

B ASPECTOS IMPORTANTES SOBRE A CARGA TÉRMICA1, 2

B.1 Considerações iniciais

A carga térmica (CT) pode ser classificada em carga térmica do ambiente e do


equipamento, dependendo do local onde a carga é considerada. A carga térmica do
ambiente (CTambiente) é a quantidade de calor a ser trocada pelo ar insuflado no recinto
pelo equipamento de condicionamento de ar para manter a temperatura e umidade do
ambiente nas condições desejadas. A carga térmica do equipamento (CTequipamento) é a
quantidade de calor processada no equipamento de ar condicionado para se obter o ar
insuflado na sala em condições especificadas de temperatura e umidade.

As cargas térmicas do ambiente e do equipamento são também são divididas em: carga
térmica sensível, que é a quantidade de calor que deverá ser trocada com o ar para se
atingir uma temperatura pré-definida e carga térmica latente, que corresponde ao calor
de evaporação (ou condensação) da água.

B.2 Carga térmica do ambiente

Os fatores que afetam a carga térmica do ambiente constituem-se pela transferência (ou
absorção) de calor por meio dos fechamentos opacos, transferência de energia solar
através de elementos semi-transparentes, calor no interior do recinto em função do seu
perfil de ocupação/iluminação/equipamento e ganho (ou perda) de calor pela infiltração
do ar externo no ambiente condicionado (Figura B.1).

1
TRIBESS, A. Notas de Aula da Disciplina Conforto Térmico do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Mecânica – São Paulo: Universidade do Estado de São Paulo- USP/SP. 2006.
2
SOUZA, H. A. Notas de Aula da Disciplina Análise Térmica de Edificações do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil – Construção Metálica – Ouro Preto: Universidade Federal de Ouro
Preto-UFOP. 2006.

132
ANEXO B

FIGURA B.1 – Fatores que afetam as cargas térmicas.

A carga térmica do ambiente pode ser subdividida em: calor que entra no ambiente
através dos elementos de fechamento da envoltória (carga térmica da envoltória –
CTenvoltória), e calor no interior do ambiente (carga térmica interna – CTinterna).

B.2.1 Carga térmica da envoltória

No cálculo da carga térmica, deve ser considerado o calor contribuído pela envoltória,
que resulta da diferença de temperatura externa e interna somada à radiação solar
incidente, direta e difusa. Neste caso, deve-se considerar: a orientação solar das
fachadas, a transmissão de calor pelos fechamentos externos opacos (paredes e
coberturas) e translúcidos (janelas e clarabóias), assim como as propriedades
termofísicas dos elementos de fechamento.

Nas superfícies opacas, parte da energia solar é refletida e a restante absorvida pelo
material, aumentando sua temperatura. O efeito desta absorção de energia pelo material
influenciará a troca de calor por radiação e convecção entre o fechamento e os meios
interno e externo (Figura B.2). Nos fechamentos opacos, o efeito de armazenamento
térmico pode ser significativo. Como pode ser ilustrado na Figura B.3, no caso de dois
fechamentos com massas diferentes, pode-se observar que o fluxo de calor máximo para

133
ANEXO B

o fechamento de menor massa é maior, ocorrendo antes que o máximo do fechamento


de maior massa (STOECKER; JONES, 1985).

Figura B.2 – Transferência da energia solar para o recinto através de uma superfície opaca.
Fonte: STOECKER; JONES, 1985, p. 88.

Figura B.3 – Fluxo de calor através de fechamentos de massas diferentes.


Fonte: STOECKER; JONES, 1985, p. 93.

Segundo a norma NBR 16401 (ABNT, 2008), o efeito de retardamento associado à


inércia térmica também deve ser considerado nos cálculos da carga térmica. Devido à
natureza transitória da condução de calor nos elementos opacos de fechamento, o calor
incidente somente se tornará carga térmica quando a temperatura interna do envoltório
se elevar acima da temperatura do ar e transmitir de forma convectiva para o recinto o

134
ANEXO B

calor armazenado. Este atraso na liberação da carga térmica depende basicamente da


inércia dos fechamentos. A inércia térmica também pode se constituir em carga
remanescente, a ser dissipada no início de operação do sistema de ar condicionado no
dia seguinte, devido ao fato de o calor armazenado nos fechamentos continuar a se
dissipar no recinto mesmo quando cessada a carga incidente.

A inércia térmica está relacionada à capacidade de uma edificação em armazenar e


liberar calor. O uso da inércia térmica diminui a oscilação e os picos de temperatura
durante o dia, contribuindo no atraso da condução de calor através do sistema de
fechamento. Uma edificação com baixa inércia térmica fica muito sensível à variação da
temperatura do ar externo, e com uma inércia elevada, a temperatura interna estaria
sujeita a uma influência muito pequena das condições climáticas externas (PAPST,
1999).

A razão entre a energia absorvida e a energia armazenada nos fechamentos da


edificação depende da capacidade térmica dos materiais utilizados. Os parâmetros mais
relevantes relacionados à inércia térmica são: atraso térmico e capacidade de
amortecimento.

O retardo ou atraso térmico (φ) é o tempo que a propagação de calor através do


fechamento leva para manifestar-se na superfície oposta. O atraso térmico depende dos
parâmetros que intervêm no processo de transmissão de calor por condução em regime
transitório: a condutividade térmica (λ), o calor específico (c), a massa específica (ρ), e
a espessura do fechamento (e). O atraso térmico depende também da ordem em que as
camadas estejam dispostas (NBR 15220:2005).

Para componentes formados por diferentes camadas paralelas e perpendiculares ao fluxo


de calor, o atraso térmico é determinado pela expressão:

A.1
ϕ = 1,382 ⋅ Rt ⋅ B1 + B2

135
ANEXO B

onde Rt é a resistência térmica de superfície a superfície do componente [(m2.K)/W];


B1 é dado pela equação A.2 e B2 é dado pela equação A.3:

B0 A.2
B 1 = 0,226.
Rt

 (λ.ρ .c )ext  R − Rext  A.3


B2 = 0,205 . Rext − t 
 Rt  10 

onde B0 é dado pela equação A.4, λ é a condutividade térmica [W/(m.K)], ρ é a massa


específica (kg/m³) e c é o calor específico do material da camada externa [kJ/(m².K)]. Se
B2<0 então usar B2 = 0.

A.4
B0 = CT − CText

onde CT é a capacidade térmica total do componente [kJ/(m².K)] e CText é a capacidade


térmica da camada externa do componente [kJ/(m².K)].

A carga térmica de insolação através de superfícies semi-transparentes ou translúcidas


depende das características físicas dessas superfícies. A energia solar que entra no
recinto não é uma carga instantânea, sendo primeiramente absorvida pelas superfícies
interiores. Em comparação com os fechamentos opacos, a intensidade do fluxo térmico
que atravessa uma janela incorpora uma parcela que penetra por transmissão direta em
função do coeficiente de transmissão, τ (Figura B.4).

Assim, o controle da radiação solar direta sobre elementos translúcidos representa um


fator importante no projeto do ambiente térmico, porque diminuiu o ganho de calor
devido à transparência, reduzindo a carga térmica por insolação.

136
ANEXO B

Figura B.4 – Transferência da energia solar para o recinto através de uma superfície transparente.
Fonte: STOECKER; JONES, 1985, p. 82.

Além desses aspectos, no cálculo da carga térmica, deve-se levar em conta a


transferência de calor devido à diferença de temperatura entre partes internas não
condicionadas e o ambiente a ser condicionado. Essa interação é comum entre
instalações sanitárias (não condicionadas) e outros ambientes (condicionados).

B.2.2 Carga térmica interna

Nas fontes internas de calor, as frações sensíveis e latentes de cada fonte devem ser
avaliadas separadamente, considerando sua defasagem no tempo. As fontes internas
mais comuns são as pessoas, a iluminação e os equipamentos.

A principal incerteza no cálculo da carga proveniente dos ocupantes consiste no número


de pessoas. Caso seja desconhecido, o número máximo de pessoas deve ser definido a
partir de tabelas. Deve-se também definir a rotina de ocupação, adotando valores de
calor sensível e calor latente de acordo com o nível de atividade e valores de
temperatura de bulbo seco do ambiente (NBR 16401:2008).

137
ANEXO B

A energia radiante proveniente das lâmpadas não representa uma carga instantânea no
sistema de ar condicionado. Primeiramente, os componentes internos do recinto que
recebem essa energia elevam sua temperatura de acordo com sua massa. Quando a
temperatura superficial aumenta, o calor trocado por convecção com o ar ambiente
também é aumentado, constituindo uma carga térmica do sistema de ar condicionado.
Além disso, na iluminação, o tipo, a potência, a forma de montagem das luminárias e a
possibilidade de parte do calor das luminárias não ser dissipado no ambiente também
devem ser considerados.

No caso dos equipamentos de operação interna como computadores e impressoras, além


do período ou freqüência de utilização, é importante considerar a dissipação efetiva de
calor (carga térmica sensível para o ambiente), que pode ser obtida a partir de dados do
fabricante ou a partir de valores típicos listados em normalizações (NBR 16401:2008).

B.2.3 Infiltrações

Segundo a norma NBR 16401 (ABNT, 2008), a carga térmica de infiltração ocorre em
função da entrada do fluxo de ar externo para dentro da edificação através de frestas e
outras aberturas não intencionais, e através do uso normal de portas localizadas na
fachada. Quando não controlada, a infiltração gera uma taxa adicional de ar exterior e
conseqüente carga térmica para o sistema.

A vazão de ar devida à infiltração varia com a qualidade construtiva da edificação, com


a direção e velocidade do vento, com a diferença das temperaturas interna e externa e,
com a pressão interna do edifício.

B.3 Carga térmica do equipamento

A carga térmica do equipamento pode ser subdividida em: carga térmica do ambiente
(CTambiente), carga térmica associada à entrada de ar de renovação (CTrenovação de ar), e
carga devido a ventiladores e outros componentes (CTventilador).

138
ANEXO B

B.4 Métodos de cálculo

Existem diferentes métodos de cálculo da carga térmica. Em qualquer um deles, é


necessário caracterizar o ambiente de forma criteriosa, para que a carga térmica total
gerada seja representativa, implicando no emprego de um sistema que atenda de forma
eficiente a climatização do ambiente.

B.4.1 Método simplificado

O Método Simplificado apresenta como características: cálculos em regime permanente,


não separação das componentes radiante e convectiva dos ganhos de calor e
determinação apenas do valor máximo diário da carga térmica, considerando apenas as
condições mais rigorosas de exposição (temp. bulbo seco máxima).

No método simplificado, a carga térmica do equipamento é a soma da carga térmica do


ambiente (CTambiente), da carga térmica associada à entrada de ar de renovação
(CTrenovação de ar), e da carga devido a ventiladores e outros componentes (CTventilador), isto
é:

CTequipamento = CTambiente + CTrenovaçãodear + CTventilador A.5

onde a carga térmica do ambiente (CTambiente) é a soma das cargas térmicas devido às
trocas de calor através da envoltória (CTenvoltória) e devido às cargas no interior do
ambiente (CTinterna), isto é:

CTambiente = CTenvoltória + CTint erna A.6

Já a carga térmica devido às trocas de calor através dos elementos da envoltória


(CTenvoltória) é devido à condução de calor através dos elementos opacos e vidros
(CTcondução), à radiação solar direta (CTsolar direta) e à infiltração de ar (CTinfiltração), isto é:

139
ANEXO B

CTenvoltória = CTcondução + CTsolardireta + CTinf iltração A.7

O método simplificado foi bastante utilizado para dimensionar os sistemas de ar


condicionado antes do surgimento das ferramentas numéricas. Sua principal
desvantagem é o fato de não considerar os efeitos da inércia térmica nos fechamentos,
considerando a transmissão de calor quase como um evento de natureza simultânea.
Segundo Hernandez Neto, Tribess e Vittorino (1999), o método que considera o regime
permanente, normalmente superdimensiona o perfil da carga térmica, se comparado
com os valores obtidos no método detalhado (Figura B.5).

Figura B.5 – Perfil da carga térmica devido à envoltória.


Fonte: HERNANDEZ NETO; TRIBESS; VITTORINO, 1999.

Nos cálculos de carga térmica mostrados na Figura B.5, foram consideradas variações
significativas ao longo do dia nas cargas internas, cuja influência da componente
radiante de troca de calor foi corretamente avaliada pelo programa computacional
BLAST (DOE, 2011), resultando em um perfil de carga térmica da envoltória com
oscilações significativas ao longo do dia, bem diferente da carga térmica estimada em
regime permanente.

140
ANEXO B

B.4.2 Método CLTD/SCL/CLF

O método tabular CLTD/SCL/CLF é uma simplificação do método da função de


transferência (Transfer Function Method - TFM), que permite o cálculo manual. Esse
método trabalha com valores tabelados para situações específicas, o que o torna muito
limitado. As siglas representam: CLTD – Cooling Load Temperature Difference, SCL –
Solar Cooling Load e CLF – Cooling Load Factor.

A norma ASHRAE fez referência ao método CLTD/SCL/CLF somente em 1997, mas


muitos profissionais que calculam a carga térmica de forma manual utilizam esse
método. Na norma NBR 16401 (ABNT, 2008), o método CLTD/SCL/CLF é
recomendado para sistemas com uma zona térmica ou para um pequeno número de
zonas.

B.4.3 Método TFM

O método TFM é baseado em dois conceitos importantes: Funções de Transferência por


Condução (CTF - Conduction Transfer Functions) e Fatores de Peso (WF – Weighting
Factors). Os coeficientes CTF são utilizados para descrever o fluxo de calor por
condução através de fechamentos opacos, combinando os efeitos da radiação e
convecção nas superfícies interna e externa. Os fatores de peso relacionam a carga
térmica devido a cada tipo de ganho de calor com os valores prévios daquele ganho e
valores prévios da carga térmica gerada por aquele ganho. Os WFs procuram
representar as variações no armazenamento térmico ao longo do tempo.

141
ANEXO C
ANEXO C

I) ROTEIRO PARA O CÁLCULO DA RESISTÊNCIA TÉRMICA DE


PAINÉIS EM LIGHT STEEL FRAMING
MÉTODO MNEC (CANADÁ)

Na Figura C.1, apresenta-se o esquema de um painel vertical em LSF com a


representação das duas seções (1 e 2) que deverão ser consideradas nos cálculos da
resistência térmica pelo método MNEC. Na Tabela C.1, deve-se entrar com os dados
referentes a cada camada do painel; na Tabela C.2, fazer os cálculos referentes às duas
seções para determinar o limite superior da resistência térmica (Rmáx); na Tabela C.3,
calcular o limite inferior da resistência térmica (Rmín) e na Tabela C.4, calcular a
resistência total do fechamento (RT), consultando na Tabela C.5 os fatores de
ponderação do método MNEC.

Figura C.1 –Esquema de um painel vertical em LSF – Método MNEC.

Tabela C.1 – Resistência térmica


Condutividade Resistência
Espessura – e
Camada Material térmica – λ térmica – R
(m)
[W/(m.K)] [(m².K)/W]
--- Rse --- ---
1
2
3
4
A Aço
--- Rsi --- ---

143
ANEXO C

Tabela C.2 –Limite superior da resistência térmica (Rmáx)


Resistência através da seção 1 Resistência através da seção 2
Rse Rse

Rsi Rsi
Total (R1) Total (R2)
Fração da área F1 (1 – t/L) Fração da área F2 (t/L)
Rmáx = 1 / [(F1/R1)+(F2/R2)]
Rmáx = (m².K)/W

Tabela C.3 – Limite inferior da resistência térmica (Rmín)


Rse

Resistência da camada composta


Rcamada composta = 1 / [(Fisol/Risol) + (Fperfis/Rperfis)]
Rcamadacomposta=

Rsi
Total (Rmín) (m².K)/W

Tabela C.4 – Resistência total do fechamento (RT) - ambiente a ambiente


Distância entre montantes (L) mm → Consultar Tabela B.5 (Fatores)
K1 K2
RT = (K1 x Rmáx) + (K2 x Rmín) (m².K)/W

Tabela C.5 – Fatores de ponderação do método MNEC


Distância entre montantes K1 K2
< 500 mm sem camada isolante externa 1/3 2/3
< 500 mm com camada isolante externa 2/5 3/5
> 500 mm em todos os casos 1/2 1/2
Fonte: adaptado de IISI (2001).

144
ANEXO C

II) ROTEIRO PARA O CÁLCULO DA RESISTÊNCIA TÉRMICA DE PAINÉIS EM


LIGHT STEEL FRAMING
MÉTODO DAS ZONAS MODIFICADO (ASHRAE/ORNL/NAHB)

Na Figura C.2, apresenta-se o esquema de um painel vertical em LSF com a


representação das seções e zonas (cav e w) que deverão ser consideradas nos cálculos da
resistência térmica pelo método MZM. Na Tabela C.6, deve-se entrar com os dados de
cada seção calculando a resistividade e na Tabela C.7, calcular a resistência térmica do
painel de superfície a superfície, consultando na Tabela C.8 e na Figura C.3 o fator de
zona Zf.

Figura C.2–Esquema de um painel vertical em LSF – Método MZM.

Tabela C.6 - Resistividade


Espessura Resistividade
Seção Material
[m] [(m.K)/W]
di1 ri1
A di2 ri2
di3 ri3
dj1 rj1
B
dj2 rj2
I e II Metal dII rmet
I e II Isolante dS risol

145
ANEXO C

Tabela C.7 – Resistência térmica de superfície à superfície


s dI= dS – (2 . dII)
resistividade da seção A
resistividade do isolante cavidade
L zf (carta)
w = L + zf .Σdi
RA = Σ(ri .di)
RB = Σ(rj .dj)
"
 ! # $ ! . "
""
 ! # $ ! . ""
"
&'( # $&'( . "
""
&'( # $&'( . ""
" "
&'( .  !. )
" # " " "
"" .  ! * &'(  + ). &'(
"" ""
&'( .  !. )
"" # "" "" ""
,.  ! * &'(  + ). &'(
" ""
-./0 # 1 + 2 +  ! + 2.  !
-4 # 1 + 2 + " + 2. ""
-4 . -./0 . 5
( # m2.K/W
). -./0 * -4  + 5. -4

Tabela C.8 – Fator de zona ( Zf)


∑   16 e resistividade do fechamento externo  10,4
Zf = -0,5
m.K/W
∑   16 e resistividade do fechamento externo 10,4
Zf = +0,5
m.K/W
Para ∑  16 , encontrar o valor de ZX na figura a seguir:

Figura C.3 - Carta do Fator de zona Zf.


Fonte: ASHRAE, 1997.

146
ANEXO C

III) ROTEIRO PARA O AJUSTE DAS PROPRIEDADES TÉRMICAS DE


PAINÉIS EM LIGHT STEEL FRAMING
MÉTODO DAS PROPRIEDADES TÉRMICAS COMBINADAS
(ADAPTADO DE PURDY E BEAUSOLEIL-MORRISON, 2001)

Na Figura C.4, apresenta-se o esquema de um painel vertical em LSF com a


representação dos materiais que deverão ser considerados na criação de um material
fictício com as propriedades térmicas ajustadas. Na Tabela C.9, deve-se fazer o ajuste
da massa específica por meio do cálculo das frações volumétricas dos materiais e na
Tabela C.10, ajustar o calor específico considerando o valor encontrado anteriormente.

Figura C.4–Esquema de um painel vertical em LSF – Método PTCa.

Tabela C.9 – Ajuste da massa específica


6/ç 6!ã 6
6/ç
7/ç #
6( (
6!ã
7!ã #
6( (
8 # 7/ç 8/ç + 7!ã 8!ã 9: # kg/m3

Tabela C.10 – Ajuste do calor específico


6/ç 8/ç ;/ç  + 6!ã 8!ã ;!ã  # 6 8 ; <: # kJ/(kg.K)

147

Você também pode gostar