Tese 184
Tese 184
Tese 184
II
G633m Gomes, Adriano Pinto.
Método de avaliação do desempenho térmico de edifícios comerciais e
residenciais em Light Steel Framing [manuscrito] / Adriano Pinto Gomes -
2012.
CDU: 624.014.2:72.01
Catalogação: [email protected]
III
IV
Aos meus pais:
Jordanes e Ercília
V
AGRADECIMENTOS
VI
RESUMO
O sistema Light Steel Framing (LSF) foi introduzido no Brasil no final da década de 90,
quando algumas construtoras começaram a importar kits pré-fabricados dos EUA para
montagem de casas residenciais. O sistema LSF está passando por um processo de
desenvolvimento técnico e de aceitação no mercado da construção civil nacional, mas
ainda existem deficiências no projeto, no detalhamento e na execução dos sistemas
complementares de fechamento. A avaliação do desempenho térmico de edificações em
LSF no programa EnergyPlus pode ser realizada considerando métodos que incluem ou
não a estrutura de aço na simulação numérica. Dependendo do método adotado, os
resultados das cargas térmicas e da temperatura interna dos ambientes podem
superestimar o desempenho térmico da edificação. O objetivo deste trabalho foi
desenvolver um método específico para avaliar o desempenho térmico de edificações
em LSF, naturalmente ventiladas ou condicionadas artificialmente, considerando os
efeitos das pontes térmicas em uma análise global. O método das Propriedades
Térmicas Combinadas foi utilizado como base para considerar os efeitos dos perfis de
aço em simulações numéricas no programa EnergyPlus. Foram realizados estudos de
caso para exemplificar a aplicação do método e discutir parâmetros importantes na
simulação de edificações. Observou-se que nas edificações residenciais naturalmente
ventiladas não houve diferenças significativas entre os resultados da simulação
considerando ou não os efeitos das pontes térmicas. No entanto, a aplicação do método
em estudos de caso de edificações condicionadas artificialmente mostrou que, ao se
aumentar a diferença de temperatura entre o interior e exterior da edificação por meio
do acionamento do sistema de condicionamento de ar, os efeitos das pontes térmicas
foram mais significativos, chegando a representar uma variação no pico da carga
térmica em cerca de 10%.
VII
ABSTRACT
The Light Steel Framing system (LSF) has been introduced in Brazil in the late 90s,
when some builders started importing prefabricated kits for the assembly of residential
houses in the U.S. The LSF system is undergoing a process of technical development
and market acceptance of national construction, but there are still design deficiencies,
when it comes to detailing and executing supplementary closing systems. The thermal
performance evaluation of buildings in Light Steel Framing using EnergyPlus can be
performed considering methods to include or not the light steel structure in numerical
simulation. Depending the adopted method, the results of thermal loads and local
internal temperature may overestimate the thermal performance in the building. The
purpose of this research is to develop a specific method for thermal performance
evaluating of buildings in LSF, naturally or artificially conditioned, considering the
thermal bridges effects in a global analysis. The method of Combined Thermal
Properties was used as a basis considering the metal profiles effects in numerical
simulation program EnergyPlus. Some case studies are considered to illustrate the
method application and discuss important parameters in the simulation program used in
buildings. It was observed that in naturally ventilated residential buildings there were no
significant differences between the simulation results considering whether or not the
effects of thermal bridges. However, considering in case studies of artificially ventilated
buildings, the method showed that when the temperature difference between inside and
outside the building using the air-conditioning system increases, the thermal bridges
effects were more significant, coming to a variation in the thermal load around 10%.
VIII
LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS
CT – Carga térmica
IX
IISI – International Iron and Steel Institute
X
SP – Método Sem Perfis
WF – Weighting Factors
XI
SUMÁRIO
RESUMO VII
ABSTRACT VIII
LISTA DE FIGURAS XV
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 Apresentação do problema 1
1.2 Objetivos 6
1.3 Motivação 7
1.4 Estrutura do trabalho 8
XII
3.2.2 Critérios de avaliação para ambientes condicionados artificialmente 35
3.2.3 Etapas de avaliação no programa EnergyPlus 36
3.3 O programa EnergyPlus 38
3.3.1 Considerações iniciais 38
3.3.2 Método de balanço de energia 39
3.3.2.1 Superfícies externas 41
3.3.2.2 Superfícies internas 44
3.3.3 Ventilação natural 45
3.3.3.1 Ventilação simplificada 45
3.3.3.2 Ventilação no módulo AirflowNetwok 48
3.3.4 Carga térmica 52
3.3.4.1 Cálculo da carga térmica 53
3.3.5 Ar condicionado 55
3.3.5.1 Aparelhos de expansão direta 56
3.4 Considerações acerca do Capítulo III 59
4 DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO 61
4.1 Considerações iniciais 61
4.2 Determinação da resistência térmica de painéis em LSF 65
4.2.1 Representação da estrutura nos cálculos da resistência térmica 67
4.2.2 Método dos Caminhos Paralelos 68
4.2.3 Método dos Planos Isotérmicos 68
4.2.4 Método da ISO 6946:2007 (regra 50/50) 69
4.2.5 Método MNEC (Canadá) 69
4.2.6 Método das zonas modificado (ASHRAE/ORNL/NAHB) 71
4.3 Determinação da resistência térmica de painéis com camadas homogêneas 73
4.4 Ajuste das propriedades térmicas da camada composta 74
4.5 Definição do método de representação da estrutura metálica nas simulações 76
numéricas
4.6 Método de avaliação de edificações em LSF 77
4.5 Considerações acerca do Capítulo IV 78
5 APLICAÇÕES DO MÉTODO 80
5.1 Caso 1 80
5.1.1 Parâmetros gerais 80
XIII
5.1.2 Condições climáticas 80
5.1.3 Materiais e fechamentos 82
5.1.4 Zonas térmicas e geometria da edificação 86
5.1.5 Rotinas de uso e ocupação e cargas internas 87
5.1.6 Sistema de condicionamento 87
5.1.7 Relatórios de saída 87
5.1.8 Resultados 88
5.2 Caso 2 91
5.3 Caso 3 94
5.4 Caso 4 97
5.5 Caso 5 103
5.6 Caso 6 105
5.7 Considerações acerca do Capítulo V 107
ANEXO A 123
ANEXO B 131
ANEXO C 142
XIV
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO I
FIGURA 1.1 Residência em LSF 1
FIGURA 1.2 Painel externo em LSF 2
CAPÍTULO II
FIGURA 2.1 Junta de movimentação em paredes simples 10
FIGURA 2.2 Junta de movimentação em paredes duplas 10
FIGURA 2.3 Sistema em LSF adaptado pela CAIXA 11
FIGURA 2.4 Fechamentos analisados 12
FIGURA 2.5 Perfis enrijecidos com enrijecedores intermediários na alma 13
FIGURA 2.6 Uso de malhas nos projetos de arquitetura 14
FIGURA 2.7 Tipologias analisadas 15
FIGURA 2.8 Métodos de montagem 15
FIGURA 2.9 Painel vertical 16
FIGURA 2.10 Modelo de habitação popular 17
FIGURA 2.11 Condensação e poeira sobre os montantes 20
FIGURA 2.12 Marcas das estruturas nos painéis internos 21
FIGURA 2.13 Trajeto do fluxo de calor através das almas dos montantes 21
FIGURA 2.14 Tipos de aberturas nas almas dos perfis 22
FIGURA 2.15 Perfurações em forma circular 22
FIGURA 2.16 Perfurações em forma de fendas 22
FIGURA 2.17 Perfil com mesa dobrada Thermachannel 23
FIGURA 2.18 Camadas de ar entre o perfil e a chapa 23
FIGURA 2.19 Perfil com saliências nas mesas 23
FIGURA 2.20 Isolante rígido para ser aplicado nos montantes 24
FIGURA 2.21 Isolante rígido da CEMINTEL 24
FIGURA 2.22 Aplicação de espuma contornando o montante 25
FIGURA 2.23 Painel externo com camada isolante 25
FIGURA 2.24 Painel com isolamento rígido 26
FIGURA 2.25 Criação de uma camada de ar utilizando uma camada isolante rígida e 26
um espaçador
FIGURA 2.26 Constituição do sistema EIFS 27
FIGURA 2.27 Painel isolante 27
XV
CAPÍTULO III
FIGURA 3.1 Fluxograma do processo de simulação do desempenho de uma 30
edificação
FIGURA 3.2 Etapas do processo de avaliação do desempenho térmico de edificações 31
FIGURA 3.3 Fluxograma dos procedimentos de avaliação por simulação numérica 33
FIGURA 3.4 Etapas da modelagem no EnergyPlus 36
FIGURA 3.5 Módulos do EnergyPlus 39
FIGURA 3.6 Balanço térmico na superfície externa 41
FIGURA 3.7 Balanço térmico na superfície interna 44
FIGURA 3.8 Evolução temporal da temperatura considerando diferentes taxas de 47
ren/h para um ambiente
FIGURA 3.9 Taxas de ren/h dos ambientes em função da direção do vento 47
predominante
FIGURA 3.10 Esquema de uma rede de nós de pressão 48
FIGURA 3.11 Fatores geométricos associados à abertura 51
FIGURA 3.12 Diferença entre a taxa de ren/h constante e a encontrada com o modulo 51
AirflowNetwok
FIGURA 3.13 Evolução temporal da temperatura de uma zona térmica 55
FIGURA 3.14 Interações entre os circuitos do sistema de condicionamento de ar do 56
EnergyPlus
FIGURA 3.15 Esquema de um aparelho de janela 57
FIGURA 3.16 Evolução mensal do consumo de energia elétrica por uso final 59
FIGURA 3.17 Localização das cidades com dados climáticos em formato EPW no 60
Brasil
CAPÍTULO IV
FIGURA 4.1 Percentagem das cargas térmicas calculadas pelos cinco métodos para 64
painéis com estrutura em madeira e aço
FIGURA 4.2 Análise de um painel em LSF pelo programa THERM 5.2 65
FIGURA 4.3 ORNL BTC hotbox 66
FIGURA 4.4 Elementos estruturais desconsiderados no cálculo da resistência térmica 67
dos painéis
FIGURA 4.5 Transferência de calor no método dos caminhos paralelos 68
FIGURA 4.6 Transferência de calor no método dos planos isotérmicos 69
FIGURA 4.7 Parâmetros para o cálculo da resistência térmica no método das zonas 71
modificadas
FIGURA 4.8 Carta do Fator de zona Zf 72
FIGURA 4.9 Fluxo de calor perpendicular às camadas homogêneas 74
XVI
FIGURA 4.10 Criação de um material com propriedades térmicas ajustadas 75
FIGURA 4.11 Fechamentos onde ocorrem as pontes térmicas 76
FIGURA 4.12 Método PTCa 77
FIGURA 4.13 Método de avaliação proposto 78
CAPÍTULO V
FIGURA 5.1 Evolução temporal da temperatura e umidade para o dia com TBS 81
máxima e mínima
FIGURA 5.2 Evolução temporal da temperatura e umidade para o dia 06/01 e 12/05 82
FIGURA 5.3 Tipologia 1 – Painel externo 83
FIGURA 5.4 Tipologia 1 – Painel interno 84
FIGURA 5.5 Tipologia 1 – Fundação 84
FIGURA 5.6 Tipologia 1 – Forro 85
FIGURA 5.7 Tipologia 1 – Cobertura 85
FIGURA 5.8 Geometria da Tipologia 1 87
FIGURA 5.9 Evolução temporal da temperatura na Zona 1 (ESTAR) no inverno 90
(12/05)
FIGURA 5.10 Geometria da Tipologia 2 92
FIGURA 5.11 Evolução temporal da temperatura na Zona 1 (ESTAR) no verão 93
(06/01)
FIGURA 5.12 Evolução temporal da temperatura do ambiente externo e temperatura 94
de referência do solo para verão e inverno
FIGURA 5.13 Geometria da Tipologia 3 95
FIGURA 5.14 Evolução temporal da temperatura na Zona 1 no dia de projeto de verão 96
FIGURA 5.15 Volume de infiltração da Zona 1 em função da direção do vento 97
FIGURA 5.16 Geometria da Tipologia 4 98
FIGURA 5.17 Pico mensal da carga térmica para resfriamento (W) 101
FIGURA 5.18 Evolução temporal da temperatura da Sala 4 no dia de pico da 102
carga térmica para resfriamento (03/03)
FIGURA 5.19 Geometria da Tipologia 5 103
FIGURA 5.20 Geometria da Tipologia 6 105
FIGURA 5.21 Esquema da laje úmida do sistema LSF 105
FIGURA 5.22 Parâmetros analisados 106
FIGURA 5.23 Painel externo com 90 e 140 mm de alma dos perfis 107
XVII
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO III
TABELA 3.1 Critério de avaliação para as condições de VERÃO 35
TABELA 3.2 Critério de avaliação para as condições de INVERNO 35
TABELA 3.3 Infiltração de ar 54
CAPÍTULO IV
TABELA 4.1 Composição dos painéis em LSF 63
TABELA 4.2 Fatores de ponderação do método MNEC 70
TABELA 4.3 Resistência térmica superficial interna e externa 74
CAPÍTULO V
TABELA 5.1 Dados de Belo Horizonte / MG 81
TABELA 5.2 Propriedades termofísicas dos componentes de fechamento 82
TABELA 5.3 Resistência e transmitância térmica dos painéis verticais considerando 86
os métodos MZM e MCH
TABELA 5.4 Propriedades térmicas da camada composta de painéis verticais 86
TABELA 5.5 Temperaturas internas considerando os efeitos das pontes térmicas 88
(PTCa)
TABELA 5.6 Temperaturas internas desconsiderando os efeitos das pontes térmicas 88
(SP)
TABELA 5.7 Comparação LSF x alvenaria maciça 89
TABELA 5.8 Propriedades térmicas da camada composta de painéis verticais 90
externos
TABELA 5.9 Comparação LSF x LSF com placa de EPS (25 mm) 90
TABELA 5.10 Temperaturas do solo de Belo Horizonte / MG 92
TABELA 5.11 Temperaturas dos ambientes Estar/Jantar (E/J) e quarto 1 (Q) 92
TABELA 5.12 Temperaturas máxima das zonas Z1 e Z2 p/ o dia de projeto de verão 96
TABELA 5.13 Composição dos fechamentos 99
TABELA 5.14 Resistência e transmitância térmica dos painéis verticais considerando 100
os métodos MZM e MCH
TABELA 5.15 Propriedades térmicas da camada composta de painéis verticais 100
TABELA 5.16 Resistência e transmitância térmica dos painéis verticais considerando 101
os métodos MZM e MCH
TABELA 5.17 Propriedades térmicas da camada composta de painéis verticais 101
XVIII
TABELA 5.18 Pico anual da carga térmica 101
TABELA 5.19 Consumo anual – Caso 5 104
TABELA 5.20 Consumo anual – LSF x Concreto 104
TABELA 5.21 Consumo anual – Caso 6 106
XIX
1 INTRODUÇÃO
O sistema construtivo Light Steel Framing (LSF)1 caracteriza-se por perfis de aço
galvanizado formados a frio, que constituem um esqueleto estrutural capaz de resistir às
cargas que solicitam a edificação e por vários componentes e subsistemas inter-
relacionados que possibilitam uma construção industrializada (FREITAS e CRASTO,
2006; RODRIGUES, 2006). Os perfis de aço galvanizado são utilizados para compor
painéis estruturais ou não-estruturais, vigas de piso, vigas secundárias, tesouras de
telhado e demais componentes. Na Figura 1.1, ilustra-se uma edificação residencial
sendo construída com esse sistema.
1
Também conhecido internacionalmente por Residential Cold-Formed Steel Framing ou Light Steel
Framing Housing.
CAPÍTULO I
O sistema LSF é de uso difundido nos Estados Unidos da América (EUA), Inglaterra,
Austrália, Japão e Canadá há mais de trinta anos, mas somente no final da década de 90
este sistema foi introduzido no Brasil, quando algumas construtoras começaram a
importar kits pré-fabricados dos EUA para montagem de casas residenciais
(RODRIGUES, 2006). Com a divulgação e desenvolvimento técnico do sistema pelos
setores envolvidos na geração da infraestrutura, o sistema passou a ser empregado em
várias tipologias, como habitações de pequeno e grande porte, edifícios de apartamentos
(quatro pavimentos), edifícios comerciais, escolas, hospitais e como retrofit de
edificações existentes (SANTIAGO, 2008).
2
CAPÍTULO I
Conforme afirma Santiago (2008), toda tecnologia construtiva nova passa por processos
de adequação e avaliação de sua pertinência. O sistema LSF está passando por um
processo de desenvolvimento técnico e de aceitação no mercado da construção civil
nacional. Ainda existem deficiências no projeto, no detalhamento e na execução dos
sistemas complementares de fechamento (FREITAS e CRASTO, 2006). Para a
melhoria do desempenho do sistema LSF no Brasil, é necessário ajustá-lo à cultura e ao
clima brasileiro, de forma a atender também as expectativas de viabilidade de custos.
Reduzir os custos e aumentar a eficiência do sistema é uma preocupação de todos os
países que o utilizam. Segundo Bevilaqua (2005), os esforços para o desenvolvimento
do LSF estão divididos em cinco grandes áreas: i) Redução de custos; ii) Treinamento
de profissionais; iii) Elaboração de normas específicas para o dimensionamento e
desempenho do LSF; iv) Publicações de literaturas técnicas e v) Organizações de
entidades de classe voltadas para o LSF.
3
CAPÍTULO I
Porém, não podem ser utilizados métodos genéricos para esta avaliação. Em todas as
construções metálicas, é importante considerar os efeitos da transmissão de calor na
estrutura em análises do desempenho térmico. Nas construções em LSF, os elementos
estruturais podem gerar problemas como transmissão excessiva de calor entre o meio
externo e o interno e condensação de umidade na face interna dos painéis de fechamento
externo. No sistema LSF, o conjunto das almas dos perfis em aço corresponde a menos
que 0,5% da área do fechamento. Porém, como a condutividade térmica do aço pode ser
1500 vezes maior que a do material isolante, em condições climáticas rígidas, ignorar os
perfis em análises do desempenho térmico de edificações pode levar a uma
superestimação da resistência térmica da construção em até 50% (GORGOLEWSKI,
2007).
4
CAPÍTULO I
Como ponto de partida para a definição de uma metodologia específica para avaliar o
desempenho térmico de edificações em LSF, pode-se citar os trabalhos do Instituto de
Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT) e o trabalho de Akutsu (1998), nos quais as
pesquisas e avaliações desenvolvidas pelo Laboratório de Conforto Ambiental
(LABCON) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) se apoiaram. Os trabalhos
desenvolvidos pela Divisão de Edificações do IPT tem em comum a preocupação com a
proposição de uma metodologia para a avaliação do desempenho térmico de edificações
no Brasil. Dentre eles, destacam-se IPT (1981), IPT (1987), AKUTSU e VITTORINO
(1991), AKUTSU e VITTORINO (1993), AKUTSU, VITTORINO e YOSHIMOTO
(1995), AKUTSU et al (1995) e IPT (1998). Os trabalhos desenvolvidos pelo IPT
geraram a definição de um zoneamento climático brasileiro e níveis de desempenho que
contribuíram com a formulação da norma brasileira: “Desempenho térmico de
edificações” - NBR 15220 (ABNT, 2005).
5
CAPÍTULO I
1.2 Objetivos
6
CAPÍTULO I
1.3 Motivação
7
CAPÍTULO I
No CAPÍTULO II faz-se uma revisão bibliográfica sobre o sistema LSF focando nos
trabalhos e publicações da área que embasaram esta pesquisa. Também realiza-se um
estudo das pontes térmicas e possíveis formas de se amenizar os efeitos negativos da
estrutura no desempenho térmico global das edificações.
8
2 O SISTEMA LSF E O DESEMPENHO TÉRMICO
Neste capítulo, apresenta-se uma revisão bibliográfica dos recentes estudos sobre o LSF
no Brasil, focando no projeto, na estrutura e no desempenho térmico do sistema. Os
trabalhos foram selecionados de forma a embasar o desenvolvimento da presente
pesquisa. Faz-se também uma abordagem sobre os problemas gerados pelas pontes
térmicas através da estrutura e são apresentadas as soluções mais comuns para amenizar
a transmissão excessiva de calor através dos painéis.
10
CAPÍTULO II
11
CAPÍTULO II
Em relação ao desempenho térmico do sistema LSF, Pereira Júnior (2004) fez o cálculo
da resistência térmica de dois fechamentos: um tradicional em alvenaria e outro em LSF
para comprovar a eficácia do sistema estruturado em aço (Figura 2.4). O autor conclui
que, se consideradas as mesmas dimensões geométricas de um fechamento em
alvenaria, o painel em LSF possui desempenho térmico muito superior. Vale ressaltar
que o autor utilizou somente a resistência térmica dos painéis como critério de avaliação
de desempenho.
Bevilaqua (2005) analisou via método dos elementos finitos (MEF) edifícios
residenciais de quatro e de sete pavimentos estruturados no sistema LSF, considerando
13 diferentes proposições arquitetônicas e três concepções estruturais não usuais: a)
vigamento contínuo apoiado sobre painéis estruturais; b) painéis mais altos para
eliminar as vigas de acabamento sobre os painéis paralelos ao vigamento e c) vigas
apoiando lateralmente nos montantes. Bevilaqua (2005) verificou que a tecnologia é
perfeitamente aplicável a prédios com até sete pavimentos, incluindo os de baixo custo,
levando-se em conta o dimensionamento dos perfis realizados segundo os preceitos da
NBR 14762 (ABNT, 2001).
Bevilaqua (2005) fez referências aos trabalhos publicados do IPT para comprovar a
eficiência térmica do sistema. A autora cita que uma parede de alvenaria somente teria o
mesmo desempenho de uma parede em LSF de 90 mm de espessura se possuísse isolamento
em lã de vidro e 150 mm de espessura.
12
CAPÍTULO II
Em seu trabalho, Souza (2005) apresentou um estudo sobre o comportamento dos perfis
de paredes esbeltas expostos a fenômenos de instabilidade. Por meio do MEF, o autor
analisou o comportamento de montantes de LSF enrijecidos com enrijecedores
intermediários na alma, submetidos à compressão axial. Segundo o autor, o uso desses
enrijecedores melhora a eficiência estrutural da seção, aumentando sua capacidade de
carga (Figura 2.5). Os resultados das análises foram comparados com ensaios
experimentais, numéricos e analíticos. Foram observados ganhos consideráveis de
rigidez quando foram acrescentados os enrijecedores na alma dos montantes.
A autora alerta que o sistema LSF não se encontra plenamente resolvido para
implantação no Brasil, pois necessita de alguns estudos, como soluções para melhoria
do desempenho do sistema de fechamento vertical externo e comportamento térmico
das edificações. De acordo com Crasto (2005), o desempenho térmico de edificações em
LSF merece uma atenção especial, pois os efeitos das pontes térmicas nos painéis
externos ainda não foram estudados no Brasil. Para a autora, a investigação do sistema
13
CAPÍTULO II
O desempenho térmico de duas edificações em LSF foi avaliado por Gomes (2007). As
tipologias analisadas representavam uma habitação popular e uma residência de alto
padrão (Figura 2.7). Utilizou-se o programa EnergyPlus para simular a resposta global
da edificação, considerando diferentes composições de painéis de fechamentos
14
CAPÍTULO II
15
CAPÍTULO II
16
CAPÍTULO II
17
CAPÍTULO II
isolamento térmico, que deve ser adequado ao tipo de clima das regiões brasileiras, às
funções de cada ambiente e à orientação solar. Segundo a autora, alguns problemas
relatados pelos moradores podem estar relacionados às pontes térmicas através da
estrutura metálica e ao uso de determinados materiais, como telhas asfálticas.
18
CAPÍTULO II
Em relação a uma norma específica para o sistema construtivo LSF, a única referência é
a Diretriz SINAT 003 (2010) “Sistemas construtivos estruturados em perfis leves de aço
conformados a frio, com fechamentos em chapas delgadas (Sistemas leves tipo Light
Steel Framing)”. Esse documento, resultado de um esforço conjunto do MINISTÉRIO
DAS CIDADES – Secretaria Nacional de Habitação (SNH), do Programa Brasileiro da
Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) e do Sistema Nacional de Avaliações
Técnicas de Produtos Inovadores (SINAT), fornece requisitos, critérios de desempenho
e métodos de avaliação para edificações em LSF. Em relação ao desempenho térmico de
edificações em LSF, a Diretriz SINAT 003 (2010) determina que a edificação deva
reunir características que atendam às exigências de desempenho térmico estabelecidas
na norma NBR 15575 (ABNT, 2008) e às características bioclimáticas definidas na
NBR 15220 (ABNT, 2005).
Os recentes trabalhos, estudos e normas sobre o uso de perfis formados a frio tem em
comum a busca por qualidade na construção civil brasileira. Constatou-se nesses
trabalhos um desejo comum de se aumentar a eficiência do sistema LSF e adaptá-lo às
condições econômicas, culturais e climáticas do Brasil. No entanto, os estudos relativos
ao desempenho térmico do sistema LSF ainda são poucos, o que reforça o
desenvolvimento deste estudo.
19
CAPÍTULO II
Esse fenômeno conhecido por ghost marking ou ghosting ocorre quando as baixas
temperaturas localizadas nos perfis levam à condensação e/ou deposição de partículas
de poeira do ar interior na superfície da parede. Essas marcas escuras podem ocorrer
quando a temperatura da superfície no fechamento variar mais de 1,8 °C (IISI, 2001).
20
CAPÍTULO II
Na maioria dos climas é necessário criar uma ruptura térmica (thermal break) entre os
perfis de aço e o lado frio do fechamento. A melhoria da eficiência térmica dos painéis
em LSF pode ser obtida por meio da modificação dos montantes, do isolamento da
estrutura, da inserção de um revestimento isolante ou de uma camada de ar estagnada. A
seguir, são apresentadas algumas estratégias de ruptura para melhorar o desempenho
térmico dos painéis em LSF.
Uma forma de diminuir a condução de calor pelos perfis de aço e reduzir o efeito das
pontes térmicas foi encontrada perfurando as almas dos montantes (Slotted Studs). As
perfurações na alma dos montantes aumentam o comprimento do trajeto do fluxo de
calor (Figura 2.13) e, consequentemente, aumentam a resistência térmica a este fluxo.
As perfurações nas almas dos montantes resultam em uma melhoria de 45% na
resistência térmica dos perfis (MEO et al., 1998).
21
CAPÍTULO II
O desempenho desses perfis depende da forma, área de redução e dimensões dos furos
(Figuras 2.14 e 2.15). Grandes perfurações proporcionam um melhor desempenho
térmico, mas comprometem o desempenho estrutural. O uso de fendas reduz a
resistência do perfil, principalmente ao cisalhamento (VELJKOVIC e JOHANSSON,
2006).
Figura 2.14 – Tipos de aberturas nas almas dos perfis. Figura 2.15 – Perfurações em
Fonte: KOSNY; CHRISTIAN; DESJARLAIS, 2010. forma circular.
Fonte: AISI, 2006.
22
CAPÍTULO II
Modificando o formato das mesas dos montantes por meio da inclusão de sulcos
(Vertical Ridges), pode-se aumentar a resistência de contato (Figura 2.17). Perfis com
mesas dobradas (ou com sulcos) diminuem o contato da estrutura com os painéis por
meio da inserção de uma camada de ar (Figura 2.18). Utilizando um perfil com recuo de
6 mm em cada mesa, aumenta-se em 16% a resistência térmica do fechamento. Esta
solução é recomendada pelo Departamento de Energia dos EUA
(THERMACHANNEL, 2010).
Figura 2.17 - Perfil com mesa dobrada Figura 2.18 - Camadas de ar entre o perfil e a chapa.
Thermachannel. Fonte: Adaptado de THERMACHANNEL, 2010.
Fonte: THERMACHANNEL, 2010.
A criação de saliências (Dimples) nas mesas é outra opção para reduzir o contato com as
placas de fechamento (Figura 2.19). As saliências podem reduzir a área de contato em
até 89% (IISI, 2001).
23
CAPÍTULO II
Outra forma de reduzir o efeito negativo dos perfis de aço no desempenho global do
sistema é por meio do encaixe de isolantes rígidos nos elementos estruturais (Thermal
Break Strips - Figura 2.20). O uso de seções finas nas mesas dos montantes, como fitas
de poliestireno extrudado (XPS) ou expandido (EPS), fornece um rompimento térmico
entre o perfil e o fechamento interno do painel. O material mais utilizado como
revestimento é o EPS, mas pode-se utilizar outros materiais como fibrocimento. A
empresa australiana CEMINTEL fabrica um revestimento específico para LSF em
fibrocimento que possui a resistência térmica de 0,21 (m².K)/W. Uma das vantagens
apresentadas pelo sistema é o baixo custo se comparado a outras formas de se aumentar
a resistência térmica do painel (Figura 2.21).
Figura 2.20 - Isolante rígido para ser Figura 2.21 – Isolante rígido da CEMINTEL.
aplicado nos montantes. Fonte: CEMINTEL, 2010.
Fonte: AISI, 2006.
Pode-se também proteger todo o montante com 25 mm de EPS (Local foam insulation).
Utilizando esse sistema com lã de vidro entre montantes, o comportamento térmico do
painel em LSF fica bem próximo do painel em Wood Framing (painéis estruturados
com madeira maciça - antecessor do Steel Framing). Essa forma de ruptura térmica é de
baixo custo e apresenta bom desempenho (Figura 2.22).
24
CAPÍTULO II
25
CAPÍTULO II
Os revestimentos isolantes rígidos também podem ser fixados na estrutura para formar
uma “cavidade térmica”. Com a inserção de um espaçador de madeira ou aço é
adicionada uma camada de ar não ventilada, que aumenta a resistência térmica do
fechamento, melhorando o desempenho térmico do sistema (Figura 2.25) (NASH,
2009).
O reboco térmico aplicado no exterior dos painéis, conhecido nos Estados Unidos da
América como EIFS, é outra solução utilizada para reduzir os efeitos das pontes
térmicas. Trata-se de um sistema para reduzir os gastos com energia por meio do
26
CAPÍTULO II
isolamento dos edifícios a partir do exterior. Possui aparência final semelhante aos
sistemas construtivos tradicionais e sua constituição é apresentada na Figura 2.26.
Segundo Santiago (2008), uma solução parecida com o sistema EIFS aplicada no Brasil
é composta por substrato de OSB (espessura 15 mm), membrana de polietileno, EPS e
argamassa elastomérica (Figura 2.27).
27
CAPÍTULO II
As empresas que trabalham com LSF na região de Belo Horizonte/MG, para condições
climáticas que julgam mais severas, aplicam uma manta de borracha de 2 mm sobre os
montantes ou utilizam banda acústica para isolar termicamente os perfis. Deve-se
salientar que essas soluções não são encontradas na literatura especializada e se trata de
improvisações. A banda acústica é uma manta à base de resina autoadesiva que é
colocada entre a fundação e o painel para regularizar a superfície e impedir o contato
das placas com a umidade; não é um material para criar uma ruptura térmica.
28
3 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DO DESEMPENHO TÉRMICO DE
EDIFICAÇÕES
Toda simulação do desempenho térmico apresenta incertezas, que são inseridas a partir
de diversas fontes. As incertezas podem ser causadas pela falta de informação, quando
no momento da simulação geralmente o projeto não está totalmente resolvido, por meio
de simplificações realizadas na modelagem dos fenômenos físicos e pelo fato de as
edificações não serem construídas exatamente como especificadas no projeto. Na Figura
3.1, apresenta-se o processo de simulação de uma edificação e os locais onde as
incertezas são inseridas.
A falta de confiança nos resultados fornecidos pela simulação numérica pode ser
reduzida por meio da calibração e análise de incertezas sobre o modelo da edificação.
Segundo Westphal (2007), no processo de calibração do modelo de edificações em fase
CAPÍTULO III
Neste capítulo, faz-se uma breve revisão bibliográfica sobre o processo de avaliação do
desempenho térmico por meio de simulação numérica, apresentado as etapas e diretrizes
que serão consideradas no desenvolvimento do método. Apresenta-se também a
ferramenta computacional EnergyPlus, focando nos parâmetros de entrada da simulação
numérica considerando edificações condicionadas e não condicionadas.
30
CAPÍTULO III
31
CAPÍTULO III
A norma brasileira NBR 15575 (ABNT, 2008) é utilizada pela CEF como critério de
análise na aprovação de financiamentos de edificações com novos sistemas
construtivos. Esta norma está baseada em um sistema de classificação do desempenho
térmico de edificações e apresenta algumas diretrizes para a avaliação.
32
CAPÍTULO III
As seguintes diretrizes são sugeridas pela norma para padronização das simulações
computacionais de edificações em fase de projeto:
1) A avaliação deve ser feita para um dia típico de projeto, de verão e de inverno.
Os dados climáticos da cidade onde será localizada a edificação podem ser
extraídos das tabelas da norma. Caso a cidade não conste nessas tabelas, utilizar
os dados climáticos da cidade mais próxima, dentro da mesma zona
bioclimática, com altitude de mesma ordem de grandeza.
2) Para unidades habitacionais isoladas, simular todos os recintos considerando as
trocas térmicas entre os seus ambientes e avaliar os resultados dos recintos
dormitórios e salas.
3) Para edifícios multipiso, selecionar uma unidade do último andar com cobertura
exposta.
33
CAPÍTULO III
De acordo com o Anexo A da norma NBR 15575 (ABNT, 2008), na avaliação global
devem-se considerar as características bioclimáticas da região de implantação da obra,
definidas na norma NBR 15220 (ABNT, 2005), e a verificação do atendimento aos
requisitos e critérios estabelecidos, cujo nível mínimo para a aceitação é o “M”
(denominado mínimo).
34
CAPÍTULO III
35
CAPÍTULO III
36
CAPÍTULO III
37
CAPÍTULO III
A próxima etapa é a caracterização das cargas térmicas internas. As cargas mais comuns
são: pessoas, iluminação e equipamentos elétricos. Dentre os parâmentos principais na
entrada das cargas internas, é importante caracterizar a atividade realizada pelos
ocupantes e a respectiva taxa de calor liberada e as taxas e fração radiante da iluminação
e equipamentos elétricos.
38
CAPÍTULO III
O método de cálculo utilizado nas zonas térmicas pelo EnergyPlus é o balanço de calor.
O balanço de energia em cada elemento da edificação envolve os processos de
condução, convecção, radiação e transferência de massa, que ocorrem nas superfícies
externas e internas. Segundo Crawley et al. (2001), no EnergyPlus, o ar da zona térmica
é modelado com temperatura uniforme e são assumidas as seguintes hipóteses para o
balanço de calor nas superfícies (paredes, janelas, tetos e pisos):
39
CAPÍTULO III
O balanço de calor na zona térmica é calculado pela equação 3.1, que considera a
capacitância e a variação da energia armazenada pelo ar da zona.
onde:
&'
&(
= taxa de energia armazenada no ar da zona térmica (W);
40
CAPÍTULO III
onde:
ṁ% = taxa de massa de ar resfriada ou aquecida pelo sistema (kg/s);
! = calor específico (J/kg.K);
*! = temperatura da superfície (K);
= temperatura da zona térmica (K).
onde:
q”αsol = fluxo de calor da radiação solar difusa e direta absorvida (W/m2);
q”LWR = fluxo de radiação de onda longa trocada com o ar e o entorno (W/m2);
q”conv = fluxo de calor trocado por convecção com o ar externo (W/m2);
q”ko = fluxo de calor por condução através da parede (W/m2).
41
CAPÍTULO III
onde:
ε = emissividade de ondas longas da superfície (adimensional);
σ = constante de Stefan-Boltzmann (5,67x10-8 W/m2.K4);
Fgnd = fator de forma da parede em relação à temperatura da superfície do solo
(adimensional);
Fsky = fator de forma da parede em relação à temperatura do céu (adimensional);
Fair = fator de forma da parede em relação à temperatura do ar (adimensional);
Tsurf = temperatura da superfície externa (K);
Tgnd = temperatura da superfície do solo (K);
Tsky = temperatura do céu (K);
Tair = temperatura do ar (K).
onde:
hc,ext = coeficiente de convecção externo (W/m2.K);
A = área de superfície (m2);
Tsurf = temperatura da superfície (K);
Tair = temperatura do ar externo (K).
Para os cálculos de condução através das paredes, o EnergyPlus utiliza o método das
Funções de Transferência por Condução (Conduction Transfer Function - CTF), que
42
CAPÍTULO III
onde:
q"ki = Fluxo de calor por condução na face interna (W/m2);
q"ko = Fluxo de calor por condução na face externa (W/m2);
Xj = Coeficiente CTF externo, j=0,1,...nz;
Yj = Coeficiente CTF transversal, j=0,1,...nz;
Zj = Coeficiente CTF interno, j=0,1,...nz;
ϕφ = Coeficiente CTF de fluxo, j=1,2,...nq;
Ti = temperatura da face interna (K);
To = temperatura da face externa (K).
O termo subscrito após a vírgula (por ex., t-jδ) indica o período de tempo t menos j vezes
o intervalo de tempo δ. Essas equações indicam que o fluxo de calor em ambos os lados
de uma superfície de um elemento de construção genérico está linearmente relacionado
com a temperatura atual e com algumas das temperaturas anteriores das superfícies
internas e externas, assim como valores do fluxo anteriores na superfície interna
(AKUTSU, 1983; SOUZA, 1985).
43
CAPÍTULO III
onde:
q”LWX = fluxo de radiação de onda longa trocado entre superfícies da zona
(W/m2);
q”SW = fluxo de radiação de onda curta da iluminação para a superfície da parede
(W/m2);
q”LWS = fluxo de radiação de onda longa proveniente dos equipamentos (W/m2);
q”ki = fluxo de calor por condução através da parede (W/m2);
q”sol = fluxo de radiação solar absorvida e transmitida pela parede (W/m2);
q”conv = fluxo de calor trocado por convecção com o ar da zona (W/m2).
44
CAPÍTULO III
A convecção na superfície pode ser modelada como sendo natural, mista ou forçada. Os
coeficientes de convecção do termo q”conv são determinados conforme a modelagem do
processo de convecção considerado pelo usuário.
45
CAPÍTULO III
(LBNL, 2011a). A equação básica utilizada pelo programa para caracterizar a ventilação
é:
OPQRSTçãW = X&B ;" :4YB&*/B Z + [|."B − .&] | + ^_ + `^_ a b (3.10)
onde:
Idesign = vazão máxima de projeto (m3/s);
Fschedule = rotina da vazão (adimensional);
Tzone = temperatura na zona térmica (K);
Todb = temperatura externa (outdoor dry-bulb temperature) (K);
WS = velocidade do vento (m/s); e
A, B, C e D = coeficientes empíricos (adimensional).
A velocidade dos ventos pode ser obtida no arquivo climático utilizado na simulação.
Os coeficientes empíricos são padronizados no EnergyPlus com os valores 1,0,0,0,
proporcionando um fluxo de infiltração constante, modificado apenas pela rotina
(Fschedule). No entanto, esses coeficientes podem ser determinados utilizando-se métodos
contidos no ASHRAE Handbook: Fundamentals (2001).
46
CAPÍTULO III
36
Temperatura (°C)
32
28
24
20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)
4 350
300
3 250
200
2
150
1 100
50
0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)
47
CAPÍTULO III
Nesse módulo, a edificação é descrita como uma rede de zonas interconectadas por
aberturas (links). Cada nó de pressão representa uma zona e a interconexão desses nós
corresponde aos impedimentos ao fluxo de ar. Na Figura 3.10, apresenta-se uma
possível rede de fluxo de ar para duas zonas térmicas com aberturas nas fachadas sul e
leste. Os nós de pressão, representados por pontos, são volumes com ar misturado de
forma homogênea e com pressão estacionária.
48
CAPÍTULO III
No programa estão disponíveis quatro tipos de controle das portas e janelas de uma
zona térmica: Sem ventilação - todas as portas e janelas estarão fechadas durante toda a
simulação; Temperatura (T) - todas as portas e janelas estarão abertas, se Tzona > Texterna
e Tzona > Tdefinida; Entalpia (H) - todas as portas e janelas estarão abertas, se Hzona >
Hexterna e Tzona > Tdefinida; e Constante - se o Schedule permitir a ventilação, todas as
portas e janelas estarão abertas, independente das condições do ambiente interno ou
externo. Se o tipo de controle for temperatura ou entalpia, deve-se programar uma rotina
para controlar a abertura das portas e janelas na zona térmica para assegurar a ventilação
natural.
Os coeficientes de pressão do vento podem ser inseridos pelo usuário ou calculados pelo
programa, desde que a edificação possua planta retangular. Os coeficientes
determinados pelo EnergyPlus (Cp) são calculados para as quatro fachadas e cobertura,
com base nos dados fornecidos pelo usuário como: relações entre altura, largura e
comprimento da edificação; orientação solar e razão entre o menor e o maior
comprimento do edifício. Para edifícios altos, o EnergyPlus considera os coeficientes de
pressão do vento apresentados no ASHRAE Handbook: Fundamentals - Fig.7: “Surface
Averaged Wall Pressure Coefficients for Tall Buildings” (2005). Para edificações de
pequeno porte, o programa utiliza a equação de Swami e Chandra (1988) para calcular
os valores dos coeficientes:
onde:
Cp,n = coeficiente de pressão do vento com um determinado ângulo entre a sua
direção e a normal exterior a superfície considerada (adimensional);
α = ângulo entre a direção do vento e a normal a superfície (graus); e
G = logaritmo natural da razão entre a largura da parede considerada e a largura
da parede adjacente (adimensional).
49
CAPÍTULO III
Segundo Melo et al. (2008), uma opção confiável para o cálculo dos coeficientes de
pressão do vento é o programa Cp Generator (2011), desenvolvido pela TNO
Webapplications. Trata-se de um aplicativo online com os arquivos de entrada em
formato de texto.
Os links associados à ventilação das zonas podem ser representados por frestas ou
rachaduras (cracks) nas superfícies de transferência de calor (como paredes e cobertura)
ou pelas aberturas de portas e janelas (interiores ou exteriores). Para o cálculo do fluxo
de ar através das frestas, o EnergyPlus utiliza a seguinte equação:
onde:
Q = fluxo da massa de ar (kg/s);
Cf = (Crack Factor) fator de multiplicação do fluxo inserido pelo usuário
(adimensional);
CT = fator de correção da temperatura (adimensional);
CQ = coeficiente do fluxo da massa de ar (kg/s.Pan);
∆P = diferença de pressão através da fissura (Pa); e
n = expoente do fluxo de ar (adimensional).
Para definir as diferentes condições de abertura das portas e janelas, o programa utiliza
os fatores de abertura (Opening Factor). Este parâmetro especifica as propriedades do
fluxo de ar através de portas e janelas quando estão fechadas ou abertas. Para cada fator
de abertura (mínimo: 2 e máximo: 4) são definidos os fatores: Fator de largura, Fator de
altura e Fator inicial de altura (Figura 3.11).
50
CAPÍTULO III
|Tyz{yT T T}Py{yT
:TWy P STyz{yT =
|Tyz{yT T ~TQPST
S{yT T T}Py{yT
:TWy P TS{yT =
S{yT T ~TQPST
S{yT RQRtRTS
:TWy RQRtRTS P TS{yT =
S{yT T ~TQPST
15
12
9
6
3
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)
51
CAPÍTULO III
A Norma NBR 16401 (ABNT, 2008) especifica que os cálculos das cargas térmicas de
resfriamento e desumidificação devem ser realizados para todas as horas do dia de
projeto que forem necessárias para determinar a carga máxima de cada zona,
considerando-se o efeito dinâmico da massa da edificação sobre a carga térmica. Devido
à complexidade no regime dinâmico do efeito do armazenamento térmico e das trocas
de calor, o cálculo da transferência de calor em regime transiente através dos
fechamentos é inviável de ser resolvido sem o auxílio de um software. A Norma de
Instalações de Ar Condicionado recomenda que os programas de computador devam ser
baseados nos métodos da norma ASHRAE (TFM – Transfer Function Method ou RTS –
Radiant Time Series Method).
Porém, nenhum dos métodos indicados pela Norma brasileira representa com precisão o
processo completo de transferência de calor, sendo as cargas estimadas. O método TFM
é adotado pelo EnergyPlus e apresenta resultados com precisão satisfatória
(WESTPHAL; LAMBERTS; CUNHA, 2002) . No método TFM é possível estimar as
cargas térmicas de hora em hora, simular o gasto anual de energia de edificações, prever
o comportamento do ambiente interno para vários tipos de sistema, tipos de controle e
rotinas; sendo adequado para a aplicação computacional. O método TFM foi
introduzido primeiramente em 1972 no Manual de Fundamentos da ASHRAE. O TFM
52
CAPÍTULO III
foi adotado pela ASHRAE como método básico para cálculo de carga térmica em
edificações até o ano de 2001, sendo substituído posteriormente pelo método do
Balanço Térmico. O método TFM se constitui, inicialmente, com a determinação do
ganho de calor a partir de todas as fontes e, posteriormente, com a conversão deste
ganho em carga térmica.
53
CAPÍTULO III
(A)
Largura da fresta considerada de 4,5 mm.
Notas:
a) Os valores das infiltrações pelas frestas são baseados na velocidade de 15 km/h para o vento.
b) Os valores das infiltrações pelas portas são baseados em:
- infiltrações de 2,2 m3/h e 3,4 m3/h, por pessoa que transpõe, respectivamente, porta giratória e porta
vai-e-vem;
- velocidade de vento nula; a infiltração, devida ao vento, pode ser desprezada no caso do resfriamento
do ar, mas deve ser considerada no caso do aquecimento;
- porta ou portas vai-e-vem situadas em única parede externa.
c) Os valores das infiltrações pelas portas abertas são baseados em:
- ausência de ventos;
- somente uma porta aberta em uma parede externa.
d) No caso de resfriamento, deve-se considerar com o valor mínimo da infiltração 1,5 renovações por
hora de ar nos ambientes condicionados; entretanto, para grandes volumes com pequena ocupação em
ambientes praticamente estanques, este limite pode ser reduzido a 1,5 para 1.
Como resultado, pode-se obter o pico da carga térmica em uma simulação anual para o
dimensionamento do aparelho.
54
CAPÍTULO III
26
26
25
Temperatura (°C)
25
24
24
23
23
22
22
21
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)
ZONA 1 (Ar cond. 24h por dia) ZONA 1 (Ar cond. 9h -16h)
3.3.5 Ar condicionado
55
CAPÍTULO III
56
CAPÍTULO III
Dentre os dados de entrada para simular esse sistema é necessário estimar a vazão de ar
exterior por segundo por pessoa para renovar o ar do ambiente. Segundo a Resolução
RE/ANVISA nº 176 (ANVISA, 2000), a taxa de renovação do ar adequada de
ambientes climatizados deve ser no mínimo de 27 m3/h.pessoa (que equivale a 0,0075
m3/s.pessoa).
O COP1 é a razão entre a carga térmica total a ser retirada ou adicionada pelo sistema e
o consumo de energia elétrica solicitada pelo aparelho. Esse parâmetro tem impacto
significativo no desempenho energético das edificações. Segundo Westphal (2007),
dentre os parâmetros que exercem grande impacto no consumo anual de energia elétrica
1
Também conhecido pela sigla EER (Energy Efficiency Ratio) com unidade em Btu/h.W.
57
CAPÍTULO III
58
CAPÍTULO III
200
Figura 3.16 – Evolução mensal do consumo de energia elétrica por uso final.
59
CAPÍTULO III
Figura 3.17 – Localização das cidades com dados climáticos em formato EPW no Brasil.
Fonte: LABEEE, 2012.
Também foi mostrado neste capítulo um panorama geral do programa EnergyPlus com
as equações básicas para o entendimento dos dados de entrada. Foram discutidos os
parâmetros de entrada e os relatórios principais de saída da ventilação natural, carga
térmica e ar condicionado.
60
4 DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO
i) Sem perfis (SP): Os painéis são representados apenas por suas placas de fechamento e
material isolante, desconsiderando os perfis em aço. Esta é a forma mais comum de se
representar uma edificação em simulações numéricas de desempenho. Neste caso,
considera-se que em uma simulação numérica global a interferência da estrutura no
desempenho térmico da edificação seja mínima, portanto, de modelagem desnecessária.
ii) Apenas a resistência térmica (ART): Neste método, os painéis são representados
apenas pelo valor de sua resistência térmica (R-value). No EnergyPlus, a representação
dos painéis por este método implica na perda da capacidade térmica dos elementos
construtivos (Material:NoMass). Somente com a entrada das propriedades térmicas dos
CAPÍTULO IV
iii) Com e sem os montantes (CSM): Os painéis são representados por duas superfícies:
a primeira representa as placas e material isolante, modelada como uma base
(Surface:HeatTransfer no EnergyPlus); e a segunda representa os montantes e é
modelada como uma superfície que sobrepõe a base (Surface:HeatTransfer:Sub como
Door). A área total da sub-superfície (perfis) é calculada considerando o tamanho e o
espaçamento entre os montantes. Segundo os autores do método (Mahattanatawe,
Puvanant e Mongkolsawat, 2006), a vantagem de se modelar os montantes como uma
sub-superfície é o fato de que as dimensões dos perfis podem ser modificadas sem
interferir na superfície base.
62
CAPÍTULO IV
63
CAPÍTULO IV
Figura 4.1 – Percentagem das cargas térmicas calculadas pelos cinco métodos para
painéis com estrutura em madeira e aço.
Fonte: Adaptado de Mahattanatawe, Puvanant e Mongkolsawat (2006)
64
CAPÍTULO IV
Uma série de procedimentos de cálculo foi realizada por países como a Dinamarca,
Canadá, EUA e Nova Zelândia para avaliar os valores da resistência térmica e da
transmitância térmica de fechamentos com estruturas leves de aço. O cálculo da
resistência térmica é utilizado para demonstrar a conformidade do sistema de
fechamento com as exigências das normas técnicas e para representar o efeito negativo
da transmissão excessiva de calor pelos perfis. A determinação da resistência térmica
dos fechamentos em LSF pode ser feita por simulação numérica, análise experimental
em caixa quente (Hotbox) ou por meio de cálculos simplificados.
65
CAPÍTULO IV
66
CAPÍTULO IV
67
CAPÍTULO IV
O Método dos Caminhos Paralelos – MCP (Parallel Path Method) considera um fluxo
de calor unidimensional perpendicular à face dos elementos, ou seja, o fluxo de calor
(q”) através da ponte térmica é paralelo ao fluxo de calor através dos componentes de
fechamento e não há distribuição lateral de calor entre os materiais (Figura 4.5). A
resistência total pode ser obtida por meio da equação 4.1.
onde:
Rmáx = resistência total calculada pelo método dos caminhos paralelos [(m².K)/W];
F1 e F2 = frações das áreas das duas seções (componentes de fechamento e estrutura); e
R1 e R2 = resistências totais das duas seções [(m².K)/W].
O Método dos Planos Isotérmicos – MPI (Isothermal Planes Method) considera que a
temperatura é uniforme em cada plano paralelo à face dos elementos, ou seja, o fluxo de
calor (q”) através do fechamento é completamente redistribuído em cada camada (plano
isotérmico) e não há resistência ao fluxo de calor lateral (Figura 4.6) (ASHRAE, 1997).
Neste caso, a resistência total pode ser obtida considerando-se um único caminho para o
fluxo de calor, mas com a camada não-homogênea calculada em paralelo (equação 4.2).
68
CAPÍTULO IV
onde:
Rcamada composta= resistência da camada não-homogênea (R2) [(m².K)/W];
Fisol e Fperfis = frações das áreas das duas seções (isolamento e perfis); e
Risol e Rperfis = resistências totais das seções de isolamento e estrutura, respectivamente
[(m².K)/W].
A norma internacional ISO 6946 (ISO, 2007) apresenta uma metodologia de cálculo da
resistência térmica que utiliza uma média entre os dois procedimentos apresentados:
MCP e MPI. Essa abordagem de cálculo representa uma combinação do limite superior
e inferior para resistência térmica (Rmáx e Rmín) e o valor correto é esperado para estar
entre esses extremos.
No texto da norma ISO 6946 (ISO, 2007) não é recomendado esse método para
utilização em fechamentos estruturados com perfil de aço dobrado a frio. Mesmo assim,
a média dos limites para resistência térmica tem sido utilizada em LSF, sendo
recomendada em alguns países como procedimento normativo (IISI, 2001).
69
CAPÍTULO IV
A partir desses estudos, o modelo canadense propôs a combinação dos dois métodos de
cálculo contidos na ISO 6946 (ISO, 2007), ponderados por coeficientes que foram
determinados empiricamente - Método MNEC1. Esses coeficientes variam de acordo
com a configuração dos fechamentos. Neste modelo, a resistência térmica total de um
fechamento em LSF pode ser obtida por meio da equação 4.3.
onde:
RT = resistência térmica total [(m².K)/W];
Rmáx = resistência térmica do fechamento calculada pelo método dos caminhos paralelos
[(m².K)/W]; e
Rmín = resistência térmica do fechamento calculada pelo método dos planos isotérmicos
[(m².K)/W].
As constantes K1 e K2 podem ser obtidas conforme mostrado na Tabela 4.2.
1
No Anexo C é apresentado um roteiro de cálculo do Método MNEC.
70
CAPÍTULO IV
O método das zonas modificado (MZM) é baseado no método das zonas apresentado
pela ASHRAE (1997), sendo de uso exclusivo para painéis com estruturas de aço e
material isolante entre os montantes. O método MZM considera uma zona de anomalias
térmicas próximas aos perfis, que depende da relação entre a resistividade [K.m/W]
(inverso da condutividade térmica) do fechamento externo e do material isolante, do
tamanho (profundidade) dos perfis e da espessura dos componentes de fechamento
externo.
Para que o método das zonas da norma ASHRAE apresentasse resultados mais precisos,
o laboratório Oak Ridge National Laboratory (ORNL) e a associação National
Association of Housebuilders (NAHB) introduziram o fator de zona (Zf) para ajustar a
zona de influência do perfil. A utilização do fator de zona aumenta a precisão do
Método das zonas da ASHRAE de +15% para 2% (AISI, 1995). A largura da zona de
anomalias térmicas (w) pode ser obtida por meio da equação 4.4.
71
CAPÍTULO IV
(4.4)
onde:
w = largura da zona de influência do perfil (m);
L = largura da mesa do perfil (m);
di = espessura total dos materiais da seção A (m);
Zf = fator de zona (zone fator), sendo:
Zf = -0,5 (se ∑ 16 e resistividade do fechamento
externo 10,4 m.K/W);
Zf = +0,5 (se ∑ 16 e resistividade do fechamento
externo 10,4 m.K/W);
Para ∑ 16 , encontrar o valor de Zf conforme apresentado na
Figura 4.8.
72
CAPÍTULO IV
A resistência térmica total (de superfície a superfície) pode ser determinada pela
equação 4.5.
. .
(4.5)
. − " .
onde:
Rt = resistência térmica total (de superfície a superfície) [(m².K)/W];
s = distância entre montantes (m);
w = largura da zona de influência do perfil (m);
sendo:
RA = resistência térmica da seção A [(m².K)/W];
RB = resistência térmica da seção B [(m².K)/W];
RI = resistência térmica da seção I [(m².K)/W];
RII = resistência térmica da seção II [(m².K)/W];
%'() = resistência térmica da seção %'() [(m².K)/W];
%%'() = resistência térmica da seção %%'() [(m².K)/W].
73
CAPÍTULO IV
onde:
RT = resistência térmica total de ambiente a ambiente [(m².K)/W];
Rt = resistência de superfície a superfície [(m².K)/W]; e
Rse e Rsi = resistências superficiais externa e interna (Tabela 4.3).
2
No ANEXO C apresenta-se um roteiro para o ajuste da massa específica e calor específico de painéis
em LSF.
74
CAPÍTULO IV
*' ∑ + * (4.9)
onde:
ρs = massa específica do sólido composto (kg/m3);
Ci é a fração volumétrica do material i,
,-
+ ,.
(4.10)
O calor específico do sólido composto cs pode ser determinado pela equação a seguir:
75
CAPÍTULO IV
No entanto, os efeitos das pontes térmicas não ocorrem somente nos painéis verticais
(paredes internas e externas). Mesmo que seja com intensidade diferente, esses efeitos
também acontecem na laje de teto e entre pisos (Figura 4.11).
76
CAPÍTULO IV
neste trabalho não serão considerados os efeitos das pontes térmicas nas lajes de teto ou
entre pisos. Entretanto, em fechamentos horizontais com o isolamento térmico espesso,
recomenda-se representar os efeitos das pontes térmicas utilizando um mesmo método
para o cálculo da resistência térmica de todos os painéis.
Assim, o método proposto para considerar os efeitos das pontes térmicas na simulação
numérica horária no EnergyPlus, neste estudo nomeado de: Método das Propriedades
Térmicas Combinadas Adaptado (PTCa), é apresentado na Figura 4.12.
77
CAPÍTULO IV
78
CAPÍTULO IV
79
5 APLICAÇÕES DO MÉTODO
5.1 Caso 1
40 100
35 90
80
70
25 60
20 50
15 40
30
10
20
5 10
0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)
Temp. 14/01 Temp. 20/05 Umi. rel. 14/01 Umi. rel. 20/05
Figura 5.1 – Evolução temporal da temperatura e umidade para o dia com TBS máxima e mínima.
81
CAPÍTULO V
40 100
35 90
80
30
70
25 60
20 50
15 40
30
10
20
5 10
0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)
Temp. 06/01 Temp. 12/05 Umi. rel. 06/01 Umi. rel. 12/05
Figura 5.2 – Evolução temporal da temperatura e umidade para o dia 06/01 e 12/05.
Além dos dados climáticos disponibilizados pelo arquivo, foi considerada a refletância
do solo de 0,2 para representar um entorno gramado.
82
CAPÍTULO V
A composição dos painéis foi determinada a partir de uma pesquisa de campo. Por meio
de entrevistas a empresas e visitas técnicas, foi estabelecida a composição dos painéis
em LSF de acordo com o uso difundido na região de Belo Horizonte/MG. A seguir,
apresenta-se o arranjo dos painéis e detalhes de composição dos materiais utilizados
neste estudo.
No modelo analisado, os painéis verticais externos são formados externamente por placa
cimentícia e internamente por chapa de gesso acartonado (Figura 5.3). A placa
cimentícia é constituída por uma mistura homogênea de cimento Portland, agregados
naturais de celulose e reforçada com fios sintéticos de polipropileno, sem amianto
(BRASILIT, 2007). A chapa de gesso acartonado é composta por gipsita natural e
cartão duplex, sendo para uso exclusivamente interno (PLACO, 2009). Entre as placas e
entre os montantes é aplicado um material para isolamento térmico constituído por lã de
vidro aglomerada por resinas sintéticas. Nos fechamentos externos é utilizado um painel
semi-rígido de lã revestido com papel Kraft (ISOVER, 2007).
83
CAPÍTULO V
áreas secas, com exceção das áreas úmidas onde são utilizadas chapas resistentes à
umidade (RU).
A fundação é do tipo radier com enrijecimento, constituída por uma laje contínua de
concreto armado com vigas de borda (Figura 5.5). O forro é formado por uma camada
de gesso acartonado (e = 12,5 mm) e uma camada de lã de vidro (e = 50,0 mm), Figura
5.6. A cobertura é composta por placas de OSB (Oriented Strand Board) montadas
sobre os caibros de aço, por uma subcobertura para garantir a estanqueidade do telhado
e pelas telhas Shingle (Figura 5.7).
84
CAPÍTULO V
O painel de OSB é composto por tiras de madeira reflorestada (100% pinus) orientadas
em três camadas cruzadas perpendicularmente. O OSB funciona como um diafragma
rígido e serve de base para a fixação das telhas (LP BUILDING PRODUCTS, 2009).
As telhas Shingle são compostas por uma base de manta asfáltica com grãos minerais
revestidos por uma camada de cobre, que em contato com a água da chuva, reage,
impedindo o crescimento de micro-organismos devido à presença de uma película de
óxido de cobre (BRASILIT, 2010a).
85
CAPÍTULO V
Na Tabela 5.4, apresenta-se a camada isolante com os valores das propriedades térmicas
ajustadas.
86
CAPÍTULO V
Corte AA
Seguindo as diretrizes da norma NBR 15575 (ABNT, 2008), não foram consideradas
cargas internas de calor e, consequentemente, padrões de uso.
Para a análise foi solicitado o perfil das temperaturas internas e do ambiente externo.
Também foram solicitadas as taxas de renovação de ar de cada zona para conferência
dos resultados da simulação.
87
CAPÍTULO V
5.1.8 Resultados
Tabela 5.5 – Temperaturas internas considerando os efeitos das pontes térmicas (PTCa)
1ren/h 5ren/h
α = 0,3 α = 0,5 α = 0,7 α = 0,3 α = 0,5 α = 0,7
E/J Q E/J Q E/J Q E/J Q E/J Q E/J Q
Tmax
30,2 30,8 30,6 31,4 31,0 31,9 29,8 30,3 30,0 30,6 30,3 30,8
(Verão)
Tmin
19,8 20,0 19,8 20,1 19,9 20,1 19,1 19,2 19,1 19,2 19,1 19,3
(Inverno)
5ren/h e 50% sombreamento das janelas
α = 0,3 α = 0,5 α = 0,7
E/J Q E/J Q E/J Q
Tmax
29,6 29,8 29,8 30,1 30,0 30,3
(Verão)
Tmin
19,0 19,1 19,1 19,1 19,1 19,2
(Inverno)
Tabela 5.6 – Temperaturas internas desconsiderando os efeitos das pontes térmicas (SP)
1ren/h 5ren/h
α = 0,3 α = 0,5 α = 0,7 α = 0,3 α = 0,5 α = 0,7
E/J Q E/J Q E/J Q E/J Q E/J Q E/J Q
Tmax
30,0 30,8 30,3 31,3 30,5 31,6 29,7 30,2 29,9 30,4 30,0 30,6
(Verão)
Tmin
19,9 20,2 19,9 20,3 20,0 20,3 19,1 19,3 19,1 19,3 19,1 19,3
(Inverno)
5ren/h e 50% sombreamento das janelas
α = 0,3 α = 0,5 α = 0,7
E/J Q E/J Q E/J Q
Tmax
29,4 29,7 29,6 29,9 29,7 30,1
(Verão)
Tmin
19,1 19,2 19,1 19,2 19,1 19,2
(Inverno)
88
CAPÍTULO V
Para complementar esta análise, os resultados obtidos com o método proposto foram
comparados com o sistema construtivo em alvenaria maciça. Comparando as condições
mais adequadas para o verão e o inverno, entre o sistema LSF (considerando a estrutura
metálica) e o sistema em alvenaria maciça (alvenaria com espessura de 90 mm e reboco
em ambas as faces com espessura de 20 mm), observa-se que, neste caso, o LSF e a
alvenaria possuem comportamento parecido em uma simulação numérica global.
1
No Anexo B, apresenta-se uma revisão sobre inércia térmica e procedimento de cálculo do atraso
térmico.
89
CAPÍTULO V
28
Temperatura (°C)
24
20
16
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)
Tabela 5.9 – Comparação LSF x LSF com placa de EPS (25 mm)
Tmax (Verão) / 5ren/h e 50% somb. Tmin (Inverno) / 1ren/h e α = 0,7
E/J Q E/J Q
LSF (PTCa) 29,6 29,8 19,9 20,1
LSF (PTCa + EPS 25 mm) 29,4 29,7 20,0 20,0
90
CAPÍTULO V
5.2 Caso 2
A Tipologia 2 também é uma residência unifamiliar térrea, mas idealizada a partir das
recomendações de projeto da NBR 15220 (ABNT, 2005). Segundo as diretrizes
contidas nesta norma, para a zona bioclimática 3, onde se enquadra a cidade de Belo
Horizonte/MG, as aberturas para ventilação devem ser médias (Ajanela = 15% a 25% de
Apiso) e deve-se prever no inverno o aquecimento solar da edificação. A orientação solar
definida foi a mesma para o verão e o inverno, com as janelas dos quartos e sala
recebendo a radiação solar direta no início e no fim do dia. A edificação possui área
total de 65,88 m2 (eixo a eixo das paredes), pé-direito de 3,00 m e dimensões moduladas
por uma malha de 600 x 600 mm (Figura 5.10).
Planta esquemática
91
CAPÍTULO V
Corte AA Perspectiva
Figura 5.10 – Geometria da Tipologia 2.
O telhado tipo borboleta evita o mascaramento das janelas e paredes voltadas para o sul.
Não foram modelados os beirais ou outros tipos de sombreamento no período do
inverno. No verão, foi considerado o mascaramento de 50% das janelas e o uso de
persianas internas nas aberturas da fachada sul.
As temperaturas do solo de Belo Horizonte utilizadas neste caso são aquelas utilizadas
por Loura (2006). No EnergyPlus, estas temperaturas são utilizadas por todas as
superfícies que possuem interface com o parâmetro “Ground”. Entra-se com a
temperatura do solo média de cada mês (Tabela 5.10).
92
CAPÍTULO V
32
30
Temperatura (°C)
28
26
24
22
20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)
LSF (PTCa) LSF (SP) LSF (PTCa + Temp. solo) Ambiente externo
Considerando as temperaturas de referência para verão (Tmáx = 29,74 ºC) e inverno (Tmín
= 21,03 ºC), os resultados indicam que o desempenho do sistema está intimamente
ligado à qualidade do projeto. O projeto arquitetônico exerce grande influência no
desempenho térmico da edificação. Os resultados mostraram-se sensíveis às estratégias
de condicionamento térmico passivo, como orientação solar das janelas, disposição da
planta e tamanho das aberturas. Tanto no verão, quanto no inverno, a edificação obteve
desempenho satisfatório utilizando o mesmo sistema de painéis do Caso 1, que não
obteve o mesmo comportamento. Novamente, a diferença entre as temperaturas obtidas
no verão e inverno para a edificação naturalmente ventilada, considerando ou não os
efeitos das pontes térmicas, foi pequena: média de 1,22%.
93
CAPÍTULO V
32
30
Temperatura (°C)
28
26
24
22
20
18
16
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)
5.3 Caso 3
94
CAPÍTULO V
Perspectiva
Figura 5.13 – Geometria da Tipologia 3.
95
CAPÍTULO V
32
30
Temperatura (°C) 28
26
24
22
20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)
Ambiente externo
ZONA 1 - Airflow (7 as 22h) - PTCa
ZONA 1 - Airflow (7 as 22h) - SP
ZONA 1 - 5 ren/h (cte)
Como pode ser observado na Tabela 5.12, a diferença percentual máxima entre os
métodos de simulação com o módulo AirflowNetwork foi de 1,62% na zona térmica 2
para as condições climáticas do verão.
Neste caso, os valores extremos dos resultados obtidos no verão com a simulação
considerando uma taxa de ventilação constante apresentaram uma diferença maior se
comparadas à simulação com o módulo AirflowNetwork. A adoção de uma taxa fixa
para ventilação dos ambientes exclui a possibilidade da abertura e fechamento das
janelas. O horário de abertura dos links pode promover conforto ambiental, seja pelo
fechamento para retenção de calor no interior da edificação ou pela abertura para
aumentar as perdas de calor.
96
CAPÍTULO V
Sempre que não for estritamente necessário adotar todas as diretrizes da norma
brasileira NBR 15575 (ABNT, 2008), deve-se adotar o módulo AirflowNetwork para
simular a ventilação dos ambientes, por ser mais preciso e permitir uma análise mais
refinada do comportamento térmico dos ambientes.
5.4 Caso 4
97
CAPÍTULO V
possui quatro salas e área total de 117,12 m2 (eixo a eixo das paredes), pé-direito de
3,50 m e planta modulada por uma malha de 400 x 400 mm (Figura 5.16). O edifício foi
modelado com 15 zonas térmicas e a geometria de alguns ambientes foi simplificada.
As instalações sanitárias presentes nas fachadas leste e oeste foram agrupadas de forma
que o painel que divide os ambientes geminados não foi modelado. Na área de
circulação não se modelou a escada. Foram instalados dispositivos que bloqueiam
parcialmente a radiação solar direta na fachada leste e oeste.
Corte AA Perspectiva
Figura 5.16 – Geometria da Tipologia 4.
98
CAPÍTULO V
por pessoa, com fração radiante de 0,3 (NBR 16401, 2008). Adotou-se a taxa de ILD2
de 20 W/m2, sendo: pessoas iguais a 6 W/m2, iluminação igual a 8 W/m2 e
equipamentos, 6 W/m2. Nos ambientes não condicionados (i.s. e circulação) adotou-se
somente a taxa de iluminação (8 W/m2).
O padrão de uso (PU) para as fontes internas foi considerado apenas nos dias úteis. O
início das atividades no edifício foi estimado às 8h, com intervalo ao meio dia e reinício
às 14h, e com término às 18h. Considerou-se o aparelho ligado 24h por dia, o ano
inteiro. Definiu-se a temperatura constante limite para resfriamento em 24ºC e
considerou-se uma taxa de renovação por hora como infiltração (1 ren/h).
As lajes entre pisos e a cobertura foram modeladas pelas propriedades termofísicas dos
componentes. A composição dos painéis é apresentada na Tabela 5.13. A principal
diferença na composição dos painéis entre o edifício comercial e o residencial é a
aplicação da placa Masterboard, que é constituída por duas camadas de placas
cimentícias com recheio de OSB (BRASILIT, 2010b).
2
A densidade de carga interna (ILD) representa a soma das três principais fontes internas de calor:
pessoas, iluminação e equipamentos elétricos.
99
CAPÍTULO V
Piso cerâmico 10 mm
Laje de piso
Concreto 150 mm
Telhas shingle 3mm
Cobertura
Placa de OSB 11,1 mm
A resistência térmica dos painéis calculada pelo método MZM e MCH é apresentada na
Tabela 5.14.
100
CAPÍTULO V
4000
PTCa SP
Aplicando-se uma placa de EPS (25 mm) nos painéis externos para complementar a
análise (Tabela 5.16) e modificando-se as propriedades da camada de isolamento
(Tabela 5.17), têm-se os picos anuais das cargas térmicas apresentados na Tabela 5.18.
101
CAPÍTULO V
32
30
Temperatura (°C)
28
26
24
22
20
18
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Tempo (h)
A aplicação de uma camada de EPS de 25 mm nos painéis externos reduz quase por
completo a diferença percentual entre a simulação considerando ou não os efeitos da
estrutura metálica. Porém, a diferença entre os valores obtidos não é capaz de implicar
em diferentes dimensionamentos do sistema de ar condicionado.
102
CAPÍTULO V
5.5 Caso 5
O pavimento tipo possui área total de 345,20 m2 (eixo a eixo das paredes), pé-direito de
3,00 m e foi dividido em cinco zonas (Figura 5.19). As zonas 1 a 4 correspondem às
salas de escritório que são condicionadas artificialmente, enquanto que a zona 5
compreende as caixas de escada e elevadores (core), e não é condicionada. As divisões
internas e a laje entre pisos foram consideradas em concreto maciço, com espessuras de
10 cm e 15 cm, respectivamente. A composição dos painéis externos é a mesma do
Caso 4, ou seja: placa cimentícia (10 mm), montantes em aço (90x40x12 - @ 400 mm),
lã de vidro (90 mm) e gesso acartonado (12,5 mm).
3
Ver método embutido de montagem do sistema LSF em Santiago, 2008.
103
CAPÍTULO V
104
CAPÍTULO V
5.6 Caso 6
O presente caso tem como objetivo investigar a influência dos parâmetros dimensionais
dos montantes no comportamento térmico de uma edificação em LSF. O modelo é
constituído por um único ambiente para evitar a interferência de outros parâmetros na
análise dos resultados. A zona térmica possui duas janelas orientadas para o norte e
dimensões iguais a 7,2 x 6,0 m e pé-direito de 3,0 m (Figura 5.20).
105
CAPÍTULO V
A análise foi realizada considerando: variações na espessura da chapa dos perfis em aço
(t = 0,8 e 0,95 mm), larguras das mesas (bf = 35 e 40 mm), nas dimensões das almas dos
perfis (bw = 90 e 140 mm) e na distância entre montantes, s = 400 e 600 mm (Figura
5.22). Em todos os casos simulados considerou-se a aplicação do método PTCa para
representar a estrutura metálica na simulação numérica.
Na Tabela 5.21, apresenta-se o consumo anual em kWh para cada condição simulada.
Conforme o esperado, aumentando-se o volume de aço nos painéis externos por meio
do incremento na espessura da chapa e largura da mesa dos perfis em aço, aumenta-se
os ganhos de calor através do envelope e consequente consumo final de energia maior.
Vale ressaltar que este comportamento pode ser benéfico ao comportamento térmico da
106
CAPÍTULO V
Observa-se que, para as condições deste caso, a mudança na modulação implica em uma
variação de 4,59% no consumo de energia final para resfriamento (kWh). A escolha
entre a modulação de 400 ou 600 mm no projeto se deve principalmente às cargas que
solicitam a estrutura. Mas, deve-se considerar, além das cargas e do consumo de aço, a
variação no desempenho térmico da edificação, que pode implicar no desconforto dos
usuários ou no aumento do consumo de energia.
107
CAPÍTULO V
108
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
110
CAPÍTULO VI
O método tem como limitação considerar os efeitos das pontes térmicas apenas nos
painéis verticais. Sabe-se que os painéis horizontais também influenciam no
desempenho térmico global da edificação. O desempenho da cobertura, por exemplo, é
influenciado pela composição do fechamento horizontal com perfis em aço. Em
determinadas condições climáticas e estruturais será necessário considerar os efeitos das
pontes térmicas nas lajes de teto e nas lajes entrepisos. Neste caso, a resistência térmica
dos fechamentos poderá ser calculada por um dos métodos apresentados MCP, MPI ou
MNEC. A utilização do algoritmo de solução adotado no EnergyPlus (CTF) também foi
uma limitação, pois neste parâmetro não são consideradas as características
higrotérmicas dos materiais.
6.2 Conclusões
111
CAPÍTULO VI
Por meio da análise dos estudos de caso, constatou-se que o método desenvolvido neste
trabalho deve ser aplicado em avaliações do desempenho térmico global de edificações
com condicionamento artificial dos ambientes. Considerando a avaliação de edificações
naturalmente ventiladas, a utilização do método apresentado seria indicada apenas para
gerar resultados mais precisos, não sendo de uso obrigatório.
Como afirma Santiago (2008), a aceitação do sistema LSF se dará a partir das
experiências bem sucedidas e da divulgação da tecnologia entre usuários e profissionais
envolvidos. Espera-se que o desenvolvimento de um método de análise do desempenho
térmico de edificações em LSF contribua para a solidificação do sistema como uma
alternativa aos sistemas construtivos convencionais empregados no Brasil.
112
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMERICAN IRON AND STEEL INSTITUTE (AISI). Thermal design guide for
exterior walls. Washington: American Iron and Steel Institute, 1995. (Technical data).
______. NBR 6355: Perfis estruturais de aço formados a frio - Padronização. Rio de
Janeiro, 2003.
______. NBR 15253: Perfis de aço formados a frio, com revestimento metálico, para
painéis reticulados em edificações - Requisitos gerais. Rio de Janeiro, 2005.
______. NBR 15575: Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos. Rio de Janeiro,
2008.
114
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
______. Masterboard: A escolha ideal para pisos e divisórias: catálogo. São Paulo,
2010b.
115
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ENERMODAL Engineering Limited, Oak Ridge National Labs, and Polish Academy of
Sciences. 2001. Modeling Two- and Three-Dimensional Heat Transfer Through
Composite Wall and Roof Assemblies in Hourly Energy Simulation Programs
(1145-TRP), Part I: Final Report. Report prepared for ASHRAE, Atlanta, GA.
116
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
______. ISO 6946: Building components and building elements – Thermal resistance
and thermal transmittance – Calculation method. British Standards Institution, London,
2007.
117
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
118
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MEO, L.; SOUZA, K.; VELLA, J.; RICE, J. Investigation of the Thermal Performance
of Steel and Wood Framed Homes Using Infrared Thermography. In: Sustainable Steel
Conference, Orlando, 1998. Anais…, 1998.
119
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PEREIRA, C. D.; GHISI, E. The influence of the envelope on the thermal performance
of ventilated and occupied houses. Energy and Buildings, v.43, n. 12, 2011, 3391-
3399.
SOUZA, Djaniro Álvaro de. Análise numérica de colunas com seções enrijecidas e
não-enrijecidas em perfis formados a frio. 2005. 113 f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Civil) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto,
2005.
120
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
STEEL FRAMING ALLIANCE (SFA). Thermal design and code compliance for
cold-formed steel walls. Washington: Steel Framing Alliance, 2008. (Technical data).
121
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
122
ANEXO A
ANEXO A
O isolamento térmico nos fechamentos de uma edificação tem por função proporcionar
conforto térmico aos usuários, diminuir o consumo de energia para condicionamento
ambiental e proteger a edificação contra danos ocasionados pelo isolamento incorreto
ou insuficiente. O isolamento térmico é um elemento essencial no controle do fluxo de
calor que entra ou sai da edificação através de sua envoltória e deve ser escolhido
sempre em função das condições climáticas da região de implantação do projeto. Uma
edificação bem isolada termicamente implica na redução de gastos energéticos para
aquecimento ou resfriamento dos ambientes. O isolamento térmico também pode
contribuir para a reabilitação dos edifícios existentes, na medida em que permite a sua
adaptação a novas exigências de conforto, conservando energia.
Neste anexo são apresentadas as soluções mais comuns para o isolamento térmico de
edificações em LSF. Essas recomendações são de uso difundido em países de clima frio,
124
ANEXO A
mas podem ser utilizadas em condições climáticas mais severas no Brasil, como na zona
bioclimática 1 (NBR 15220: 2005). Os detalhes apresentados foram adaptados de
catálogos e recomendações de projeto contidos em códigos de energia internacionais
(KNAUF, 2012; CSSBI, 2005).
125
ANEXO A
Nos painéis externos, quando os efeitos das pontes térmicas através dos perfis são
significativos, pode-se aplicar um revestimento isolante rígido para amenizar este
problema. Esta é a prática mais comum em países de climas frios. As placas rígidas de
XPS ou EPS devem ser fixadas na estrutura voltadas para o ambiente externo (KNAUF,
2012). Na Figura A.4, apresenta-se a localização da camada de EPS nas principais
configurações de painéis com isolamento rígido em climas frios.
126
ANEXO A
A face externa do revestimento isolante pode ser acabada com reboco térmico. Em
Portugal, uma solução comum nas edificações é o uso das placas rígidas de isolamento
térmico cobertas e reforçadas com massa adesiva, armadas com rede de fibra de vidro e
acabadas com revestimento final para proteger o sistema (Figura A.7). Segundo o
fabricante, este sistema, também conhecido por External Thermal Insulation Composite
Systems (ETICS), é eficiente contra os efeitos negativos das pontes térmicas através dos
perfis e impede a infiltração da água da chuva.
1 – Revestimento texturizado
1B – Primário a base de água
2 – Massa adesiva
3 – Rede de fibra de vidro
4 – Placa de Poliestireno expandido
5 – Painel
127
ANEXO A
isolante rígido, a VCL (conhecida no Brasil por Tyvec) é aplicada na face externa das
placas de fechamento interno (Figura A.8). Nos painéis sem placas isolantes de
revestimento, a VLC deve ser aplicada em toda a área externa dos painéis externos
(Figura A.9).
128
ANEXO A
O isolamento de piso mais comum em LSF é feito por meio da aplicação de uma
camada de isolante rígido sobre a laje de concreto (Figura A.11). Mas também, pode-se
aplicar o isolante sob a laje (Figura A.12). Uma membrana de impermeabilização
(Damp Proof Membrane – DPM) deve ser aplicada entre o solo compactado e a laje de
concreto maciço e, entre o acabamento do piso e o isolante, uma camada de VCL. As
placas ou painéis não devem ficar em contato direto com o solo ou fundação.
129
ANEXO A
130
ANEXO B
ANEXO B
As cargas térmicas do ambiente e do equipamento são também são divididas em: carga
térmica sensível, que é a quantidade de calor que deverá ser trocada com o ar para se
atingir uma temperatura pré-definida e carga térmica latente, que corresponde ao calor
de evaporação (ou condensação) da água.
Os fatores que afetam a carga térmica do ambiente constituem-se pela transferência (ou
absorção) de calor por meio dos fechamentos opacos, transferência de energia solar
através de elementos semi-transparentes, calor no interior do recinto em função do seu
perfil de ocupação/iluminação/equipamento e ganho (ou perda) de calor pela infiltração
do ar externo no ambiente condicionado (Figura B.1).
1
TRIBESS, A. Notas de Aula da Disciplina Conforto Térmico do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Mecânica – São Paulo: Universidade do Estado de São Paulo- USP/SP. 2006.
2
SOUZA, H. A. Notas de Aula da Disciplina Análise Térmica de Edificações do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil – Construção Metálica – Ouro Preto: Universidade Federal de Ouro
Preto-UFOP. 2006.
132
ANEXO B
A carga térmica do ambiente pode ser subdividida em: calor que entra no ambiente
através dos elementos de fechamento da envoltória (carga térmica da envoltória –
CTenvoltória), e calor no interior do ambiente (carga térmica interna – CTinterna).
No cálculo da carga térmica, deve ser considerado o calor contribuído pela envoltória,
que resulta da diferença de temperatura externa e interna somada à radiação solar
incidente, direta e difusa. Neste caso, deve-se considerar: a orientação solar das
fachadas, a transmissão de calor pelos fechamentos externos opacos (paredes e
coberturas) e translúcidos (janelas e clarabóias), assim como as propriedades
termofísicas dos elementos de fechamento.
Nas superfícies opacas, parte da energia solar é refletida e a restante absorvida pelo
material, aumentando sua temperatura. O efeito desta absorção de energia pelo material
influenciará a troca de calor por radiação e convecção entre o fechamento e os meios
interno e externo (Figura B.2). Nos fechamentos opacos, o efeito de armazenamento
térmico pode ser significativo. Como pode ser ilustrado na Figura B.3, no caso de dois
fechamentos com massas diferentes, pode-se observar que o fluxo de calor máximo para
133
ANEXO B
Figura B.2 – Transferência da energia solar para o recinto através de uma superfície opaca.
Fonte: STOECKER; JONES, 1985, p. 88.
134
ANEXO B
A.1
ϕ = 1,382 ⋅ Rt ⋅ B1 + B2
135
ANEXO B
B0 A.2
B 1 = 0,226.
Rt
A.4
B0 = CT − CText
136
ANEXO B
Figura B.4 – Transferência da energia solar para o recinto através de uma superfície transparente.
Fonte: STOECKER; JONES, 1985, p. 82.
Nas fontes internas de calor, as frações sensíveis e latentes de cada fonte devem ser
avaliadas separadamente, considerando sua defasagem no tempo. As fontes internas
mais comuns são as pessoas, a iluminação e os equipamentos.
137
ANEXO B
A energia radiante proveniente das lâmpadas não representa uma carga instantânea no
sistema de ar condicionado. Primeiramente, os componentes internos do recinto que
recebem essa energia elevam sua temperatura de acordo com sua massa. Quando a
temperatura superficial aumenta, o calor trocado por convecção com o ar ambiente
também é aumentado, constituindo uma carga térmica do sistema de ar condicionado.
Além disso, na iluminação, o tipo, a potência, a forma de montagem das luminárias e a
possibilidade de parte do calor das luminárias não ser dissipado no ambiente também
devem ser considerados.
B.2.3 Infiltrações
Segundo a norma NBR 16401 (ABNT, 2008), a carga térmica de infiltração ocorre em
função da entrada do fluxo de ar externo para dentro da edificação através de frestas e
outras aberturas não intencionais, e através do uso normal de portas localizadas na
fachada. Quando não controlada, a infiltração gera uma taxa adicional de ar exterior e
conseqüente carga térmica para o sistema.
A carga térmica do equipamento pode ser subdividida em: carga térmica do ambiente
(CTambiente), carga térmica associada à entrada de ar de renovação (CTrenovação de ar), e
carga devido a ventiladores e outros componentes (CTventilador).
138
ANEXO B
onde a carga térmica do ambiente (CTambiente) é a soma das cargas térmicas devido às
trocas de calor através da envoltória (CTenvoltória) e devido às cargas no interior do
ambiente (CTinterna), isto é:
139
ANEXO B
Nos cálculos de carga térmica mostrados na Figura B.5, foram consideradas variações
significativas ao longo do dia nas cargas internas, cuja influência da componente
radiante de troca de calor foi corretamente avaliada pelo programa computacional
BLAST (DOE, 2011), resultando em um perfil de carga térmica da envoltória com
oscilações significativas ao longo do dia, bem diferente da carga térmica estimada em
regime permanente.
140
ANEXO B
141
ANEXO C
ANEXO C
143
ANEXO C
Rsi Rsi
Total (R1) Total (R2)
Fração da área F1 (1 – t/L) Fração da área F2 (t/L)
Rmáx = 1 / [(F1/R1)+(F2/R2)]
Rmáx = (m².K)/W
Rsi
Total (Rmín) (m².K)/W
144
ANEXO C
145
ANEXO C
146
ANEXO C
147