TCC Institucionalizaã - Ã - o Infantil

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INSTITUCIONALIZAÇÃO INFANTIL E OS EFEITOS NA SAÚDE MENTAL

Ana Karoliny Lisboa1,


Danielle Acipreste Nascimento Rocha1,
Débora Drago Comper1,
André Mota do Livramento2

1. Graduanda do curso de Psicologia da Faculdade Multivix - Nova Venécia.


2. Graduado em Psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Mestre em
Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFES (PPGP-UFES). Especialista em
Terapia Cognitivo-Comportamental (Unifia/Capacitar). Doutorando do Programa de Pós-Graduação
em Educação da Universidade Federal de São Carlos (PPGE-UFSCar). É psicólogo do Instituto
Federal do Espírito Santo - campus Nova Venécia e docente da Faculdade Capixaba de Nova
Venécia (Faculdade Multivix).

RESUMO

A saúde mental infantil pode sofrer impactos com o rompimento do vínculo familiar e
a institucionalização. Portanto, este trabalho tem como objetivo investigar os efeitos
do processo de institucionalização infantil na saúde mental de crianças pela ótica de
profissionais que trabalham em uma instituição de acolhimento de um município do
interior do estado do Espírito Santo. Metodologicamente a pesquisa foi desenvolvida
por meio de entrevistas individuais com o auxílio de um roteiro semiestruturado, com
13 trabalhadores da instituição, e posteriormente os dados foram analisados por
meio da técnica de análise de conteúdo temático categorial. Foi constatado por meio
dos funcionários, que a participação familiar no processo de abrigamento, gera
impactos na saúde mental. E que as condições materiais da instituição e a formação
profissional também pode afetar o desenvolvimento emocional infantil. Assim como a
tendência de as crianças desenvolverem como estratégias de enfrentamento ao
processo de institucionalização a agressividade, o isolamento e a criação de
vínculos entre si.

Palavras-chave: Infância; Apego; Institucionalização; Saúde mental.


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1 INTRODUÇÃO

Diante do processo de institucionalização infantil no Brasil vê-se a


necessidade de se discutir a temática, levando em consideração se os direitos que
as crianças possuem estão sendo atendidos.

Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990), ter um


ambiente que garanta pleno desenvolvimento infantil, com convivência familiar e
comunitária é direito da criança e do adolescente. Araújo, Silva e Azevedo (2021)
ressaltam que a família é importante no que se refere à construção de
conhecimentos significativos e também, a socialização infantil. Com isso, o grupo em
que a criança está inserida pode ser considerado de grande relevância para seu
desenvolvimento, pois influência de forma negativa ou positiva em seu aprendizado,
isto graças às vivências adquiridas no seio familiar, antes mesmo de ir para o
ambiente escolar.

Considerando que os abrigos institucionais recebem populações consideradas


em risco social, as crianças institucionalizadas são oriundas de famílias que podem
não possuir condições de permanecer com os seus cuidados e integridade, sendo
necessário a institucionalização e, em alguns casos, a institucionalização pode
repercutir na saúde mental.

Diversos podem ser os impactos psicológicos do processo de


institucionalização, como descrito por Liberato e Chaves (2022), crianças
institucionalizadas, tendem a apresentar probabilidade maiores de desenvolver
transtornos psicológicos, devido a negligência familiar sofrida, separação do seio
familiar e da rotina, onde muitas vezes o lar que deveria ser provisório, passa a se
tornar a vida daquele indivíduo e toda a sua construção social, biológica, acontece
ali, podendo influenciar a forma como o mesmo se percebe.

Sabe-se que o convívio familiar, além de ser indispensável para a criança,


também é um direito garantido a ela. É o que se encontra estabelecido no art. 4° do
Estatuto da Criança e do Adolescente: deve ser garantido a todas as crianças “[...]
direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer,
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária.” (BRASIL, 1990)
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A partir dessas observações, o trabalho possui a seguinte problemática: quais


são os impactos causados na saúde mental de crianças institucionalizadas?
Compreender aspectos que atravessam essa questão é uma meta desta pesquisa,
ainda que seja reconhecido as limitações de um processo de investigação acerca de
fenômenos tão complexos, como é o caso deste estudo. A construção de
conhecimentos por meio da investigação científica, neste caso, é entendida como
uma das formas de nortear práticas profissionais éticas, cientificamente embasadas
e socialmente comprometidas com a transformação social e melhoria da qualidade
de vida das populações.

Diante disso, foi traçado como objetivo geral deste trabalho investigar os
efeitos do processo de institucionalização infantil na saúde mental de crianças pela
ótica de profissionais que trabalham em uma instituição de acolhimento de um
município do interior do estado do Espírito Santo. Como objetivos específicos,
destaca-se: compreender a percepção dos trabalhadores da instituição acerca do
acolhimento institucional; investigar a percepção dos entrevistados a respeito da
convivência familiar das crianças institucionalizadas; conhecer os efeitos
psicológicos da institucionalização infantil e compreender estratégias de
enfrentamento adotadas pelas crianças em meio as adversidades que podem se
originar da institucionalização.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CONVIVÊNCIA FAMILIAR E SAÚDE MENTAL INFANTIL

A família pode ser a fonte inicial de suporte para o desenvolvimento da


criança, influenciando em diversos aspectos de sua formação pessoal, social e
psicológica.

Segundo Mombelli et al., (2011) às famílias, em seu modo de viver e sua


singularidade, passam por diversas situações subjetivas dentro de sua dinâmica:
relacionamentos interpessoais, situações de estresse e mudanças de vida e a
vivência de um sistema único e pessoal, regido pelas suas culturas, formas de ser e
fazer sobre o mundo. Assim, como forma de suporte social para o enfrentamento
das adversidades, a família pode desempenhar um papel de suma importância como
fonte de suporte e de aprendizagem infantil. Também nos momentos de
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adversidades, a rede de apoio familiar pode ser um fator protetivo para o


enfrentamento dessas situações.

As famílias, em seu modo próprio e singular de viver, podem experienciar,


em seu cenário de relacionamento interpessoal, situações estressantes,
como mudanças de vida ou eventos vitais, que podem desencadear
alterações na saúde; nesse momento, a obtenção de suporte social/familiar
desempenha um papel de destaque. Dessa forma, a família como uma
unidade de análise apresenta características importantes para o estudo da
relação entre o suporte familiar e o stress infantil (MOMBELLI et al., 2011, p.
328).
Segundo Lima (2017), é por meio do espaço familiar que a criança se torna
capaz de posicionar-se no mundo adulto e também aprende a conduzir seus afetos,
selecionando e avaliando suas relações interpessoais. Sendo assim, a família é uma
das instituições responsáveis pela conciliação entre a sociedade e seus integrantes.

A família, ao longo do desenvolvimento infantil, é a fonte inicial de suporte


para a criança alcançar marcos do desenvolvimento social, cognitivo e emocional,
principalmente nos primeiros anos de vida, momento em que começam suas
percepções e exploração do mundo. Ao longo dos anos, ela continua sendo e se
tornando a principal fonte de suporte e de mediação do indivíduo com o mundo e
suas relações, sociais e emocionais. Qualquer que seja sua estrutura, o ambiente
familiar é o meio relacional básico da criança no mundo, em que o desenvolvimento
social se caracteriza como a forma da criança explorar seus aspectos físicos,
sociais, emocionais e cognitivos (SILVA; DESSEN, 2001).

Com isso, ressalta-se o quanto o sistema familiar tem relação com a saúde
mental das crianças. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a saúde mental
como um “estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias
habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a sua
comunidade” (BRASIL, 2017).

Como descrito por Alvarenga et al. (2018), a saúde mental familiar influencia o
desenvolvimento da saúde mental da criança. Famílias com menos disposições a
ansiedades e a depressões são menos propensas à má interação com suas
crianças, adaptando seus comportamentos de formas diversificadas, para interações
contingentes e não contingentes.

Compreende-se, portanto, que a ausência familiar pode causar prejuízos


significativos no desenvolvimento social e na saúde mental das crianças. Não
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somente sua ausência, mas também as que possuem famílias com histórico de
violências podem causar perdas significativas e experiências adversas na infância,
com prejuízos ao longo da vida do indivíduo. Inclusive, no contexto escolar, ressalta-
se o prejuízo na adaptação, baixo interesse nas aulas e altas taxas de evasão e
expulsão. Na interação com pares e ressignificação de sentimentos, pensamentos e
emoções, nota-se uma menor compreensão emocional de indivíduos que cresceram
sem a presença de familiares ao longo de sua formação (STOCHERO et al., 2021).

Diante ao exposto, nota-se a relevância do vínculo afetivo familiar para o


desenvolvimento infantil, podendo associá-la à qualidade da afetividade
desenvolvida entre eles para a minimização de impactos psicológicos, bem como
ajuda no desenvolvimento social da criança.

2.2 IMPORTÂNCIA DO AFETO E TEORIA DO APEGO


Ainda com relação à importância da convivência familiar para a saúde mental
infantil, torna-se necessário mencionar sobre a relevância da afetividade na relação
criança-cuidador e os principais conceitos e características da Teoria do Apego,
desenvolvida por John Bowlby, considerando que o comportamento de apego
(2002a) é de extrema importância para conhecermos detalhadamente a maneira de
como é desenvolvido o comportamento de apego e formação de vínculos desde os
primeiros anos de vida.

Bowbly (2002a) explora os sistemas de controle e relaciona o apego à figura


materna com a visão da criança de alimentação, atenção e segurança, e através
desta segurança ela poderá doar ou receber afeto, dar e chamar atenção, ser uma
pessoa segura ou não, e tudo isso em etapas, cada comportamento em seu
determinado tempo, refletindo depois as interações pessoais da criança em conjunto
com as influências recebidas ao longo da infância.

Ainda conforme apresenta Bowlby (2002a), existem formas de


comportamento usadas pela criança que são mediadas pelo afeto, e a mãe
responde. Como por exemplo, a maneira de interação entre eles, no qual a criança
percebe que será atendido pela mãe, porque esta, apresenta sinais de
reciprocidade. “O afeto pode ser entendido como um sentimento ou emoção, positiva
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ou negativa, em relação a algo, a alguém ou a alguma situação” (CANTALICE, 2022,


p. 22).

Em sua teoria, Bowlby (2002a) propõe três tipos de apego, sendo eles: apego
seguro, apego evitativo e apego ambivalente. O apego seguro caracteriza-se pelo
padrão em que a criança chora ou protesta quando o cuidador se ausenta e vai
ativamente em sua busca quando ele retorna. O apego evitativo, por sua vez, é o
padrão em que a criança raramente chora ao ser separada do cuidador e evita o
contato quando ele retorna. Já o apego ambivalente é caracterizado pelo padrão
cuja criança fica ansiosa antes do cuidador se ausentar, resultando em uma
perturbação excessiva na criança durante sua ausência. Nesse último tipo de apego,
a criança tanto busca quanto rejeita o contato quando o cuidador retorna (BOWLBY,
2002a).

Ainda segundo Bowlby (2002a), na medida em que a criança cresce, o padrão


de apego passa a ser um atributo da criança e não mais da relação, o que significa
que ela interiorizou tais experiências e que exibirá o mesmo padrão, ou similar, em
suas relações com outras pessoas. Ainda conforme Bowbly (2002a) o apego
constitui um vínculo emocional recíproco e duradouro entre uma criança e o seu
cuidador, que contribuem de forma mútua para a qualidade do relacionamento. O
apego assegura que as necessidades físicas e psicossociais da criança sejam
atendidas.

Ainda com relação ao apego, na ausência familiar, crianças institucionalizadas


encontram muitas vezes suas figuras de apego nos cuidadores e em outras
crianças, e pode utilizar a linguagem como forma de se organizar mentalmente e
experienciar o afeto, o que lhe ajuda a criar mecanismos em meio aos conflitos do
qual está vivendo (MEDEIROS, 2020.)

Dessa forma, compreende-se a importância do apego, e que ele pode estar


intimamente ligado a maneira como a saúde mental dessa criança pode ser afetada
ao sofrer alguma separação de seus familiares ou principais cuidadores, como
demonstrado nos tipos de apego citados por Bowlby.

2.3 IMPLICAÇÕES CAUSADAS NA SAÚDE MENTAL DE CRIANÇAS


INSTITUCIONALIZADAS
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Considerando os tipos de apegos citados anteriormente, em que Bowlby


menciona as diferentes formas em que a criança pode agir diante da separação com
o cuidador ou figura de apego, sendo de maneira segura, evitativa ou ambivalente.
Torna-se necessário salientar sobre a institucionalização e os efeitos gerados na
saúde mental infantil.

A institucionalização no Brasil, além de ser recorrente, também está presente


na história do país. Segundo Princeswal (2013), os primeiros modelos institucionais
para abrigamento infantil surgiram no Brasil no século XVII com o intuito de amparar
as crianças que eram deixadas nas ruas em situações de pobreza e, também as
consideradas ilegítimas. Atualmente, existem diversas formas caracterizadas como
institucionalização, em que pessoas ficam reclusas por um determinado período de
tempo. Segundo Lima (2017), nas institucionalizações estão inclusas as públicas e
privadas, colégios e escolas que possuem regime de internato, hospitais ou
unidades psiquiátricas, centros educativos e também instituições penais.

Segundo Silva et al. (2020), quando as crianças são inseridas no ambiente de


acolhimento institucional, podem sofrer prejuízos na construção do ego,
ocasionando sentimentos de abandono e sofrimento psíquico. Conforme Lima
(2017), a ruptura dos laços familiares por meio da institucionalização é capaz de
desencadear mudanças que causam sofrimentos pessoais, intelectuais, sociais e
emocionais. Sendo capaz de manifestar desinteresse, dificuldade de aprendizagem
e socialização, hostilidade, dentre outros que tem potencial de acarretar para um
baixo desempenho escolar.

Crianças institucionalizadas que vivem sem convívio com a família, podem


apresentar prejuízos na saúde mental. De acordo com Silva et al. (2021), afastar
crianças de seus pais pode trazer disfuncionalidades como depressão,
complexidade para se estabelecer vínculos e afetividade, o sujeito pode apresentar
predisposição a delinquência, ansiedade, transtornos ansiosos e atrasos no
desenvolvimento.

Com efeito, conforme Lima (2013), ao considerar que o ambiente familiar que
proporciona afeto, amor, carinho, e favorece o desenvolvimento saudável do sujeito,
a privação deste tipo de relação, pode causar impactos negativos na construção da
personalidade, com prejuízos que perpassam por toda a vida. Com relação aos
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impactos causados no âmbito comportamental de crianças, pode-se citar revolta,


agressividade, dificuldade em se adaptar aos ambientes.

Dessa forma vale ressaltar a necessidade das instituições buscarem medidas


que visam minimizar os impactos negativos desse processo, afinal o acolhimento
não vem somente aparentando aspectos negativos do processo, mas
compreendemos que a finalidade do mesmo é garantir os direitos das crianças e
adolescentes, gerando qualidade de vida, acolhimento, alimento, moradia, que
muitas vezes o mesmo poderia nem ter, retirando-o de um ambiente violador e o
devolvendo sua integridade, a finalidade é sempre buscar por reestabelecer o
vínculo familiar que foi rompido anteriormente (GULASSA, 2010).

Segundo Medeiros (2020), no abrigamento infantil, algumas crianças passam


por circunstância de desamparo causada pela ruptura do vínculo, justamente em um
momento em que o vínculo afetivo é essencial. A instituição, neste caso, pela quebra
de vínculo pode reforçar a carência e o trauma, entretanto, pode também, oferecer à
criança um ambiente seguro para reconstrução de vínculos, e enfrentamento de
dificuldades dos primeiros anos de vida.

Sendo assim, levando em consideração a importância da família e do apego


para o desenvolvimento infantil, nota-se as implicações na saúde mental de crianças
que são abrigadas e também, das que vivenciam situações de violências familiares.

3 METODOLOGIA

O estudo foi realizado em uma instituição de acolhimento do interior do estado


do Espírito Santo para crianças e adolescentes dos sexos masculino e feminino. No
momento da pesquisa, a instituição contava com treze crianças e adolescentes com
idades que variavam de 0 a 16 anos. Ainda com relação ao local do estudo,
trabalhadores de distintas áreas de formação compunham o quadro profissional, a
saber: cuidadoras, vigias, cozinheiras, assistente social, psicóloga e um profissional
responsável pela coordenação.

Os dados desta pesquisa foram coletados com 13 trabalhadores da


instituição, entre as distintas ocupações listadas acima, por meio de entrevistas
individuais com auxílio de um roteiro semiestruturado. Este era composto por seções
que envolviam temáticas como: percepções acerca da institucionalização,
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convivência familiar, saúde mental infantil e rotina de vida de crianças


institucionalizadas, assim como, a capacitação dos trabalhadores.

Todas as entrevistas foram gravadas, mediante autorização dos participantes,


e posteriormente foram transcritas para a análise dos dados, tendo esta sido
realizada por meio da Análise de Conteúdo. Que permite acessar ao descrito em
textos de forma explícita ou não, pela interpretação dos mesmos, representações
sociais, comunicação cotidiana, entre outros (OLIVEIRA, 2008).

Quanto à análise de dados utilizou-se a análise de conteúdo temático


categorial. Após serem realizadas as entrevistas, elas foram transcritas e
categorizadas em eixos de temas centrais, para melhor compreensão e descrição do
processo de institucionalização e seus impactos na saúde mental das crianças.

A análise de conteúdo temático categorial, tem por finalidade analisar


comunicações, para assim, descrever os conteúdos encontrados nas mesmas, que
permite a compreensão dos descritivos nas mensagens (OLIVEIRA, 2008).

Por fim, buscou-se atender os aspectos éticos envolvidos na realização de


pesquisa com os seres humanos, como dispostos na Resolução 510/2016 do
Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2016). Os participantes foram apresentados
aos objetivos e métodos do estudo, bem como foram asseguradas a livre
participação, anonimato, sigilo e confidencialidade dos dados prestados, tendo sido
feito o registro por meio de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os dados analisados neste estudo foram organizados didaticamente em


quatro eixos de discussão que se complementam e atravessam, fruto do processo
de categorização realizado na etapa de análise das entrevistas realizadas, a saber:
A(I) Os impactos da convivência familiar na saúde mental de crianças
institucionalizadas; (II) Saúde mental de crianças institucionalizadas; (III) Estratégias
de enfrentamento ao processo de institucionalização; e (IV) Repercussões das
condições materiais institucionais, rotinas diárias e formação profissional para o
bem-estar infantil.
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Com relação aos impactos da convivência familiar na saúde mental de


crianças institucionalizadas, os resultados da análise de dados das entrevistas
identificaram que a participação familiar no processo de institucionalização por meio
da visitação, traz impactos para a vida e saúde mental das crianças, segundo alguns
entrevistados as crianças que possuem visitação possuem facilidade para se
expressar. Já aquelas que não são visitadas, de acordo com as falas dos
funcionários, possuem dificuldades nas interações. É observado, portanto,
diferentes percepções dos funcionários com relação ao processo de visitação.

(...) As que não tem visita dos familiares elas são mais... como eu posso
dizer... Elas não conseguem expressar muito os sentimentos. A gente sabe
que gosta, que tem um sentimento ali, mas elas não… não consegue
expressar. E as que recebem visita dos familiares já consegue expressar
um pouco mais o que sente, consegue se abrir mais (...) (CUIDADORA).

Foi relatado também que em alguns momentos a presença familiar pode gerar
repercussões, como inquietação nas crianças que são visitadas, mas não recebem
afeto. Segundo Abreu (2005), quando os pais tratam as crianças com insensibilidade
em seus primeiros anos de vida, pode estimular que elas construam modelos
operativos internos de hostilidade e insensibilidade, considerando-se inadequado ou
alguém que não é digno de ajuda, e até mesmo gerar uma angústia crônica,
principalmente nos momentos novos e de tensão.
De acordo com relatos de alguns funcionários as crianças que não têm
convivência familiar agem de maneira ríspida com as crianças que são visitados por
suas famílias. Foi relatado também que as crianças ficam estressadas, nervosas,
ficam mais abalados e tristes por não terem sido visitados pelos familiares. O que
nos remete a indagações sobre o dever da família na participação no
desenvolvimento infantil, e em maneiras de mudar esta realidade. Indagações sobre
até que ponto as instituições se comprometem em manter o vínculo familiar ativo ou
mesmo quais aspectos que podem se constituir como barreiras para a convivência
familiar
Outro aspecto a ser considerado é que alguns entrevistados percebem a
convivência familiar como fator protetivo ao desenvolvimento infantil, visto que eles
notam entre as crianças o quanto a visitação favorece a elaboração das vivências e
a manifestação de emoções tidas como mais positivas, como a alegria e calma,
além de descreverem essas crianças como aquelas que têm mais perspectivas para
o futuro. Segundo Bowlby (2002b), a criança que possui a presença de sua figura de
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apego possui tendência a se sentir segura e tranquila, já aquelas cujas figuras de


apego estão indisponíveis, ou existe apenas uma ameaça de perda, podem possuir
ansiedade. E quando existe esta perda de fato, a criança tende a desenvolver
tristeza profunda ou até mesmo estresse.
Em contrapartida, outros funcionários relataram o oposto e disseram que as
crianças que são visitadas voltam das visitas assistidas revoltados e chorosos,
precisando de alguns dias para adaptarem-se novamente às regras da instituição.
Como o mencionado pela Coordenadora do abrigo,

(...) A gente até observou alguns pontos negativos em relação a visitas,


algumas crianças acabam regredindo naquilo que a gente trabalha aqui
dentro, de comportamento, de regras, limites. Algumas até regrediram. Né,
isso..., mas todos querem uma visita, né? (...)

Sendo assim, diante dos dados obtidos por meio das entrevistas realizadas, e
tendo em vista a relação familiar para o desenvolvimento infantil, percebe-se a
importância de visitas assistidas regulares e a existência de intervenções e
acompanhamentos psicossociais tanto para as crianças, quanto para os familiares,
de modo que as relações estabelecidas sejam favoráveis ao desenvolvimento
saudável dessa família.
Por fim, a ausência familiar foi percebida como negativa para o
desenvolvimento das crianças, pela ótica dos funcionários do abrigo. Segundo
Reginatto (2013), para que uma criança se desenvolva de maneira saudável, ela
precisa crescer em um ambiente familiar onde tenha amor e proteção. Além do mais,
o vínculo afetivo da família é intenso, sendo assim, pode-se encontrar outras
alternativas que diminuam a ausência, mas não que substituam.

Com relação ao segundo eixo de discussão, Saúde mental de crianças


institucionalizadas, observa-se questões importantes a respeito do bem-estar
psicológico, que muitas vezes, segundo os dados, apresenta aspectos negativos no
quesito de apoio e políticas que visam minimizar os danos causados frente ao
processo de institucionalização.
Observa-se processos parecidos entre as crianças no enfrentamento ao
abrigamento, como o sono comprometido, emoções se demonstrando de maneiras
não assertivas, sendo então cabíveis de intervenções, também é nessa etapa da
vida que o desenvolvimento ocorre e as habilidades sociais são adquiridas. Quando
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a criança ou adolescente chega à instituição de acolhimento já vem de uma


realidade de vulnerabilidade social muito grande, trazem consigo uma série de
vivências que impactam significativamente seu desenvolvimento social, moral,
cognitivo, assim elas apresentam mais riscos ao desenvolvimento de problemas
psicológicos, como depressão, ansiedade, pela realidade que vivem desde o
nascimento (CALCING; BENETTI, 2014).
O conceito de saúde mental é amplamente discutido e não é tão simples
defini-lo. Dentre as definições, pode ser compreendido com um conceito que envolve
múltiplos fatores, que afetam negativamente ou positivamente a saúde mental,
sendo eles: biológicos, sociais, culturais, econômicos, familiar, contemplando o
sujeito como um ser biopsicossocial (ALVES; RODRIGUES, 2010).
Segundo o relato dos participantes do estudo, no que diz respeito à saúde
mental das crianças e adolescentes, não é possível observar uma estratégia clara
de acolhimento para a minimização de impactos à saúde mental perante a
institucionalização, sendo este um aspecto que pode ser importante para a
discussão entre os profissionais que trabalham na instituição. Cabe ressaltar a
necessidade do acolhimento especializado mediante esse processo, de forma
minuciosa, detalhada e com acompanhamento individual, tendo em vista que o
processo de institucionalização retira a criança de sua realidade inserindo-a em uma
nova, que pode ser descontinuada da sua história de vida. Esta nova vivência, de
certo modo, pode afetar as singularidades das crianças, na medida que o cuidado
coletivo pode exigir a constituição de modos de vida comuns entre os moradores da
instituição de acolhimento, afetando assim sua forma de pensar, agir, e reconhecer o
local que está (CINTRA; SOUZA, 2010)
No quesito de adaptação ao processo de abrigamento, os relatos de
cuidadores e funcionários do local apontam que ocorre de forma lenta, entretanto
vale ressaltar que a adaptação acontece de forma individual, no tempo de cada um.
Ainda segundo os entrevistados é comum a ocorrência de conflitos entre os pares.
(...) Quando a criança é institucionalizada, ele… ele só sai acompanhado,
ele... eles só chegam acompanhado, ele sai acompanhado e ele é retirado
do convívio do mundo aqui que ele vive ali, ainda que não seja o modelo
correto. Mas ele, tipo assim, você abre o portão e coloca a criança no
mundo diferente, é uma nova adaptação, é um novo contexto (...)
(Cuidadora).
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Entretanto, muitas vezes essa agressividade pode se tornar uma forma do


indivíduo afirmar a sua existência e ter sua identidade e voz reconhecidas. Sabe-se
que os padrões de regulação emocional ocorrem de maneira singular, podendo ser
estratégia de enfrentamento para lidar com a ansiedade, rejeição, que afetam a
saúde mental dos indivíduos. Levando em conta o aspecto da perda de identidade
pessoal, para garantia de identidade coletiva, como cumprimento de regras e pouco
contato com a família, dentro de uma instituição muitos passam a vivenciar
momentos grupais, quartos, áreas de lazer, momentos individuais perdem sua
subjetividade e tomam local para o coletivo, além da perda do convívio familiar que
pode afetar significativamente a maneira como ele lida com isso e todas as
mudanças ocorridas (CINTRA; SOUZA, 2010).

(…) E ela, principalmente, ela tem a questão da coletividade. Ela perde a


individualidade dela, quando ela está dentro do abrigo, para assumir um
valor de coletivo. Você torna mais um número. E a questão de quando ela
está no abrigo é isso, não existe aquela questão de personalidade, existe a
questão de coletividade. Tudo é coletivo lá dentro, as suas próprias
experiências deles é coletivo (…) (ASSISTENTE SOCIAL)

As crianças ali abrigadas passam então, a demonstrar maiores habilidades


sociais grupais do que individuais, podendo manifestar de diversas formas
características do coletivo, no entanto, torna-se necessário olhar para esse indivíduo
de forma subjetiva e não somente naquela manifestação coletiva na qual exclui a
sua individualidade.
Dentro das organizações a individualidade passa então a dar lugar para
padrões, regras, modo de agir, pensar, de forma coletiva, a subjetividade é tomada
pelo agir em grupo, assim repetindo e seguindo padrões de comportamentos pré-
determinados pelo seu núcleo de convívio, vai buscando se igualar aos grupos
sociais que faz parte (FERNANDES; ZANELLI, 2006)
Outro fator a ser considerado é que, segundo os dados obtidos, os
entrevistados relatam uma vivência de preconceito e discriminação nas escolas,
sabendo que ali se torna um local que a criança e adolescente sai do seu mundo
fechado da instituição estando sujeito a julgamentos e questionamentos de sua
realidade, não recebendo um preparo adequado para lidar com o mundo exterior ao
abrigo. O que pode gerar revolta, sentimento de abandono e principalmente a falta
de perspectiva para o futuro. Um exemplo a se citar, seria o uniforme das
funcionárias, que foi identificado como fonte de bullying ao irem buscar as crianças
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nas escolas, algumas crianças pedem para que elas vão sem utilizar o uniforme da
instituição. Com base nisso, questiona-se a necessidade de as funcionárias usarem
o uniforme, tendo em mente que é algo que gera desconforto nas crianças que estão
institucionalizadas. E o preparo que eles recebem para lidar com o processo de
saída da instituição.

(…) Porque, assim, a gente tenta colocar na cabeça deles que um dia eles
vão sair daqui e vai ter a vida deles lá fora. Mas muitos não entendem, né?
Porque falam, mãe, pai, tia, ninguém quer (...) (Cuidadora).

O acolhimento marca a criança ou adolescente de forma a ser vista como


diferente pela sociedade, por toda sua história de vida, situação atual, demonstrando
que crianças que vivenciam tal demanda, apresentam baixa autoestima e são
vítimas de preconceito social mais facilmente (RODRIGES et al, 2014). Com isso,
tendo em vista a discriminação que as cuidadoras do abrigo relataram que as
crianças passam, e também os impactos gerados em sua saúde mental, foi possível
perceber também, por meio da análise das entrevistas que as ações para
minimização dos efeitos na saúde mental de crianças e adolescentes
institucionalizadas ocorrem, mas de forma superficial, não atendendo as
necessidades manifestadas e observadas, o que pode estar ligado ao regimento da
própria instituição.
Dessa forma, quando tratamos saúde mental estamos levando em conta um
contexto? como aquele indivíduo enfrenta e demonstra suas habilidades sociais, e
físicas? E aparentemente está em estado de bem-estar? Um olhar isolado reduziria
somente saúde mental a ser algo conquistado de forma individual, mas precisamos
olhar para o coletivo.
Quanto ao eixo de discussão estratégias de enfrentamento ao processo de
institucionalização, foi possível perceber que as crianças possuem tendência a
criarem vínculos entre si como uma forma de lidar com os novos modos de vida na
instituição de acolhimento.
(...) Às vezes é de... de um ser protetor do outro, entendeu? Tentar proteger
o outro. Ou às vezes, até assim, é tentar passar um tipo de educação para o
outro. ‘Ah, não assim, fulano...’ entendeu? E às vezes eles... eles mesmo se
protegem. ‘Não, não é assim que aconteceu’, entendeu? É um tipo de
proteção... Um com o outro. Uma maneira deles se defenderem, né? (...)
(Cuidadora).

(...) Às vezes carência, às vezes briga entre eles, ou até mesmo


aproximação com outras pessoas, ou tentar fazer uma substituição de papel
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entre eles mesmo, entre criança ou adolescente, ou até com criança ou


adolescente, com os cuidadores. (...) (Assistente Social).

Essa necessidade de um vínculo deixa à tona questões da fragilidade daquela


criança e adolescente ao entrar naquele contexto, a busca pelo afeto e acolhimento,
como descrito por Sousa e Paravidini (2011). Crianças institucionalizadas tendem a
buscar e criar laços entre si e cuidadores, que muitas vezes podem se tornar
estratégias que auxiliam na ressignificação do sofrimento e na busca por si mesmo,
colaborando até com sua maturidade emocional.
Outras estratégias frequentemente relatadas pelos entrevistados foram
agressividade, carência e isolamento, que passam a se demonstrar de forma
coletiva mediante o processo que viveram, afinal quando a criança sai do seu lar ela
perde além do seu vínculo familiar, contato com a comunidade que vivia, amigos,
escola, essas estratégias mentais podem se tornar maneiras de verbalizar aquilo
que não conseguem expressar por meio de palavras.
Segundo Kapller e Mendes (2019) outra hipótese seria que tais
comportamentos também se manifestam por meio do que as crianças passam a
reproduzir, do que viveram antes do acolhimento, trazendo isso desde seu lar e
manifestando agora no coletivo, uma reprodução de padrões comportamentais já
vivenciados. Dessa forma a importância da criação de vínculos e trocas com essas
crianças para minimização dos impactos é de suma necessidade.

(...) O impacto maior é a agressividade deles. É... carência. É... tristeza.


Essas coisas assim que a gente vê... como que posso falar... Às vezes há
uma falta de perspectiva de vida, que a gente está falando mais de
adolescentes... Entendeu? Medo. Insegurança, tudo isso eles têm.
Principalmente a insegurança. Que eles sabem que quando sair, como vai
sair? Como vai ser lá fora, não é?! E aí o que vai ser? O que vai fazer?
Como vai fazer?... A gente tenta passar para eles positividade... conselho,
entendeu?! Mas quando já é desestruturado, né? É muito difícil (...)
(Cuidadora).

Por fim, discute-se as repercussões das condições materiais


institucionais, rotinas diárias e formação profissional para o bem-estar infantil.
Avaliando a realidade expressa nas entrevistas e comparando-a com algumas
literaturas disponíveis, percebe-se que existe uma relação paradoxal citada em
ambos, de proteção e risco ofertados pelo abrigo. Dentre elas podemos mencionar
esse fato dual, também sugeridos nas entrevistas, nas seguintes situações:
16

Quanto à estrutura arquitetônica e recursos institucionais o abrigo está


instalado em uma casa, configurada como residência, abrigando 13 crianças, com
quatro quartos, cinco banheiros, uma sala e copa conjugada, uma cozinha, varanda
ao redor e quintal cercado por muro alto protegido por espirais de concertinas,
impossibilitando fugas ou invasões. Portões cadeados ininterruptamente, abertos
somente com a autorização da coordenadora durante o dia e dos vigias durante a
noite. Ambiente muito seguro, assemelhando-se, em alguns aspectos, a um
ambiente prisional. Percebe-se, assim, o rigor protetivo para questões relacionadas
à segurança-criminalidade, mas que parecem dizer também das formas como as
relações podem ser construídas nesta instituição, de modo a atualizar aspectos que
podem se configurar como fatores de risco às relações interpessoais e ao
desenvolvimento das crianças. Essa questão foi muito mencionada nas entrevistas,
o fechamento da instituição, bem como a carência de recursos materiais, conforme
as falas a seguir:

(...) Ah eu acho que não é bom não, igual eu tô te falando, na revolta que
eles têm de tá preso aqui eles acham todo mundo né, eles não conseguem,
assim, entender que isso é pra proteger eles (...) (CUIDADORA).

(...) eu acho que o espaço poderia ser um pouco melhor né: Ter, por
exemplo, um parquinho, que tem crianças de várias idades, e isso ali não
tem. O espaço é, eu acho, que um pouco pequeno. E com criança...por ter
várias crianças e várias faixa etárias, é...fica um pouco difícil. Questão
mesmo da TV, os adolescentes gostam de...de uma programação. Os
menorzinhos já gostam de outras, é essas coisinhas assim mesmo (...)
(CUIDADORA).

(...) o certo é que eles poderiam ter mais coisa para atividade. Eles ter um
cantinho pra ter uma atividade, pra poder, sei lá, cada um né, não ficar tão
embolado né, seria bom. Mas a casa aqui, a gente não tem como falar, né,
a casa é pequena também, não tem espaço (...) (COZINHEIRA).

Considerando a Teoria Ecológica do desenvolvimento humano, proposta por


Bronfenbrenner (1996), as instituições de abrigo devem oferecer um ambiente
favorável ao desenvolvimento infantil, por se constituir como microssistema para os
institucionalizados. Rizzini e Rizzini (2004) recomendam um caminho de
humanização para essas instituições, pois os ambientes baseados nos antigos
orfanatos podem ser muito nocivos.
Cavalcante, Magalhães e Pontes (2007) ressaltam a importância da abertura
desse ambiente em caso de crianças abrigadas, em relação ao convívio social fora
da casa (igreja, escolas, vizinhança, grupos de pares) e enfatiza que quanto mais
17

flexíveis forem essas delimitações mais naturais serão a integração da criança ao


meio externo.
Considerando-se a importância do ambiente para o desenvolvimento humano
e das relações interpessoais, problematizamos as duas situações supracitadas: (a)
quanto a perspectiva de ambiente fechado: constata-se a importância da ampliação
do contato social das crianças, de forma a assegurar a convivência em outros
ambientes, como igrejas, vizinhanças, parques infantis para ter contato com crianças
que vivem fora da instituição. Uma opção possível e significativa para
desenvolvimento em vários aspectos seria, segundo a Tipificação Nacional de
Serviços Socioassistenciais (2014), o cadastramento das crianças e de famílias no
Serviço de Acolhimento institucional, na modalidade de Serviço de acolhimento em
Família Acolhedora, proporcionando uma possível construção de vínculos; (b)
quanto ao espaço físico seria viável a construção de espaços de convivência de
acordo com as necessidades das crianças e adolescentes, como, por exemplo, uma
sala de estudos, com livros, mesas adequadas, computadores para serem usados
para pesquisas e estudos escolares, bem como para momentos de lazer. Assim
como um ambiente mais lúdico, como uma brinquedoteca e playground, atendendo
as demandas das diferentes faixas etárias, fornecendo um arcabouço de
possibilidades para o desenvolvimento das crianças e adolescentes.
No que se refere à formação e capacitação profissional, e também, às
práticas cotidianas, em observância aos dados recolhidos em entrevistas, salienta-
se a necessidade de se obter uma capacitação profissional para conseguir atender
as demandas profissionais e relações interpessoais. Considerando, também, a
importância de se trabalhar a comunicação entre os funcionários e um planejamento
específico para o desenvolvimento da autonomia das crianças, e uma preparação
para quando for necessário que elas saiam do abrigo.
Nota-se pelas falas de alguns entrevistados a ausência de troca de
informações entre os profissionais do abrigo, porque segundo o exposto, os
funcionários que ficam diretamente no abrigo, como as cuidadoras, não são
avisados quando alguma criança nova vai ser institucionalizada. Ou preparadas para
pegar a criança da família quando necessário, o que pode gerar prejuízos tanto ao
colaborador quanto a criança:
18

(...) o impacto que eu tive foi só com o menorzinho da casa, né? Que
quando ele veio com o conselho, né? Ele foi tirado da mãe e ainda estava
mamando ainda, então foi eu que o recebi, no dia, no portão. Então quando
eu puxei ele estava mamando, aí já estava na hora de entrar, né? Aí eu tive
que pedir à mãe. Aí eu fiquei meio chocada com a situação (...) - Cuidadora.

(...) acho que o certo era os conselheiros vim e falar, tá chegando alguém,
mas vem não, já traz de uma vez. Então quanto a gente fica assustado no
receber, eles ficam assustados ao entrar na casa, né? (...) (Cuidadora).

Esse fato implica em uma capacitação adequada para todos envolvidos. O


acolhimento inicial pode ser muito importante na formação de vínculo e segurança
da criança com esses profissionais. Na teoria do apego, proposta por Bowlby
(2002a), encontra-se um sistema de avaliação do estilo de apego desenvolvido pelo
indivíduo, baseado em seu relacionamento mãe-bebê. A qualidade do
desenvolvimento desse vínculo refletirá no restante do seu ciclo vital.
A ruptura do vínculo com os cuidadores gera grande impacto, o qual, segundo
Bowlby (2002a), pode ser minimizado com a qualidade do vínculo gerado
posteriormente na vida dessas crianças. Portanto, para nova elaboração de laços
afetivos, é necessária uma capacitação adequada dos cuidadores diretos. Essa
capacitação profissional repercutirá no desenvolvimento geral dos
institucionalizados, devido ao preparo dos cuidadores em fomentar acolhimento e
estimulação - cognitiva, comportamental, motora, social, emocional, dentre outras.
Ainda sobre as rotinas cotidianas da vida institucional, percebe-se, pelas falas
dos entrevistados, que o abrigo não tem um planejamento de práticas organizadas
em acordo com as demandas específicas das crianças, por exemplo, que
considerem as distintas faixas etárias, o que poderia colaborar para a melhoria do
bem estar das crianças institucionalizadas.
Outro ponto a salientar após observação e análise das entrevistas é o
planejamento e preparação de possibilidades de vida dos adolescentes que saíram
da instituição devido completar a maioridade. Considerando que estes adolescentes
integrarão a sociedade, e em alguns casos sendo responsáveis pelas suas próprias
vidas, sem o auxílio de cuidadores, sem moradia e alimentação.
Ainda dentro desse eixo de discussão, é imprescindível destacar a
importância de se compor uma equipe mínima com profissionais de distintas áreas
dentro dessa instituição. Com o intuito de otimizar um ambiente geral, onde as
crianças estão inseridas para um melhor desenvolvimento.
19

Diante dos fatos supracitados, vê-se a necessidade de buscar melhorias na


instituição e na composição da equipe, e também uma preparação e suporte para as
crianças no que se refere a adaptação a instituição, promoção de autonomia para
depois que saírem do abrigo e respeito à subjetividade.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos estudos realizados pode-se concluir que este trabalho gerou
dados para verificação de impactos psicológicos gerados em crianças
institucionalizadas, a partir da amostra de um abrigo no interior do Espírito Santo.
Essa verificação realizou-se através de entrevistas com trabalhadores do
local, com o intuito de compreender os aspectos que perpassam a saúde mental de
crianças institucionalizadas, em específico: investigar os efeitos da
institucionalização na saúde mental infantil, bem como compreender a percepção
dos trabalhadores do local a respeito da convivência da criança com a família e
também as estratégias de enfrentamento que as crianças constituem frente a
institucionalização.
As principais discussões propostas no presente estudo sugerem que, com
relação aos impactos da convivência familiar na saúde mental de crianças
institucionalizadas, percebe-se uma dualidade de respostas entre os entrevistados.
Alguns percebem o contato familiar como essencial e necessário, enquanto outros,
apontam repercussões vistas de maneira negativa, como agressividade e estresse.
O estudo ainda traz reflexões sobre a saúde mental das crianças no que diz
respeito às estratégias de acolhimento adotadas pela instituição para a minimização
dos impactos psicológicos diante do abrigamento, não tendo sido percebido um
protocolo ou mesmo discussões mais aprofundadas que possibilitem apontar como
essa questão é vivenciada no cotidiano profissional e de vida das crianças.
Outro aspecto importante observado no estudo diz respeito ao efeito da
institucionalização na vida das crianças acolhidas, tendo sido apontado pelos
entrevistados que as vivências coletivas afetam as singularidades das crianças, que
passam a responder as demandas do cotidiano de modo mais coletivo e menos
pessoal, em algumas circunstâncias.
20

Ainda como achado desse estudo, pode-se mencionar as estratégias de


enfrentamento diante do processo de institucionalização, no qual constatou-se que
algumas crianças criam vínculos entre si como forma de lidar com o cotidiano da
vida institucional, e outras o isolamento e agressividade para lidar com as
adversidades.
Por fim, consta sobre as repercussões das condições materiais do abrigo e a
formação dos profissionais, pois apesar de se tratar de um local que atende as
necessidades básicas das crianças, ainda se discute a necessidade de constituição
de mais espaços de vivência e oferta de ferramentas necessárias para estudo e
lazer. No que se refere à formação dos profissionais, salienta-se a necessidade de
capacitação para estes trabalhadores conseguirem lidar melhor com as
adversidades e atenderem as demandas profissionais.
Pontua-se, ainda, a necessidade da realização de novos estudos acerca
desta temática, de modo que seja possível aprofundar discussões que foram aqui
iniciadas. Pesquisas com os familiares e crianças institucionalizadas, que
contemplem a convivência familiar nas visitações. Assim como pesquisas que
reflitam sobre a saúde mental dos trabalhadores. O desenvolvimento de novas
pesquisas é fundamental para uma melhoria na qualidade de vida das crianças e
adolescentes abrigadas no país, aumentando a efetividade das políticas públicas no
que tange às instituições de acolhimento.

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