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Cheque

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I – Introdução:

O cheque surgiu na Idade Média, com o aparecimento dos bancos de depósitos,


que se encarregavam com maior segurança da guarda dos valores comerciais
Os bancos expediam certificados, com denominações diversas, que conferiam ao
cliente o direito de dispor, para si ou para outrem, do dinheiro depositado.
Foi na Inglaterra do século XVII que o cheque tomou impulso, em que passou-se a
acentuar o seu uso, equiparado e confundido mesmo com letra de câmbio à vista
sacada contra banqueiro, substituindo a circulação de moeda.
Na França do século XIX destacou-se da letra de câmbio, sendo definido,
legislativamente, em 1865, como o escrito que, sob a forma de uma ordem de
pagamento, serve ao sacador para efetuar a retirada, em seu proveito ou em
proveito de terceiro, de todos ou parte dos fundos disponíveis, levados a crédito de
sua conta pelo sacado.
São apontadas duas possíveis expressões que teriam dado origem à palavra
cheque, uns dizem que seria uma redução de “bills of exchequer”, traduzido como
notas do tesouro, que os reis costumavam dar aos seus credores ordens de
pagamento contra o Tesouro. Outros dizem que a origem estaria no verbo “to
check”, que significa verificar ou controlar, e teria a ver com a constatação de
fundos junto ao sacado.
No Brasil, a primeira menção à palavra cheque na legislação se deu por meio da
Lei nº 149-B, de 1890. Contudo, sua emissão e circulação só a ser reguladas
através da Lei n.º 2.591, de 7 de agosto de 1912.
Atualmente, o cheque é regulado pela Lei nº 7.357, de 2 de setembro de 1985, que
trata da matéria de modo analítico, em setenta e um artigos.

II – Conceito e natureza jurídica:

O cheque é conceituado como sendo uma ordem de pagamento à vista, emitida


contra um banco ou outra instituição financeira, em razão da provisão de fundos
que o emitente possui junto ao sacado, proveniente de depósito pecuniário ou de
abertura de crédito.
Muito se assemelha à letra de câmbio, de origem comum, dela se diferenciando
pelos seguintes aspectos:
1) a letra é um título de emissão livre, sacada contra qualquer pessoa, enquanto o
cheque somente é utilizável contra uma instituição financeira;
2) a letra não requer provisão de fundos em poder do sacado, mas no cheque essa
provisão é imprescindível, sem o que se constitui ilícito penal;
3) o cheque é sempre emitido para pagamento à vista, ao passo que a letra pode
sê-lo a prazo, não comportando, por isso, aceite.
Há controvérsia quanto à natureza jurídica do cheque, havendo autores, como
Fran Martins e Pontes de Miranda, que não o consideram um título de crédito
próprio, diante da necessidade de o sacador ter fundos disponíveis perante o
sacado. Segundo eles, o cheque seria apenas um instrumento de pagamento, ou
mesmo um título de crédito impróprio.
Prevalece, contudo, o entendimento de que o cheque é um título de crédito, tendo
em vista a possibilidade do seu endosso, que faz o crédito circular, bem ainda em
decorrência dos requisitos de fundo e de forma que a lei estabelece para a sua
validade.
O elemento essencial do conceito de cheque é a sua característica de ser uma
ordem à vista, o que não pode ser modificado por acordo entre as partes.
Assim é que qualquer cláusula inserida no cheque com o objetivo de alterar essa
característica é considerada não-escrita e, portanto, ineficaz, conforme o artigo 32
da Lei 7.357/85.
Desse modo, a emissão de cheque com data futura, a pós-datação, não produz
nenhum efeito cambial, posto que, pelo contrário, importaria em tratamento do
cheque como um título a prazo. Um cheque pós-datado é pagável em sua
apresentação, à vista, mesmo que se dê em data anterior àquela indicada como a
de sua emissão (art. 32, parágrafo único). Na linguagem coloquial, o cheque assim
emitido é chamado de pré-datado. O contrário de cheque pós-datado, ou seja,
aquele emitido com indicação de data anterior à real, é chamado de cheque
antedatado.
Não obstante isso, consolidou-se na jurisprudência pátria o entendimento que
reconhece como descumprimento de cláusula contratual o fato de alguém
apresentar para pagamento um cheque pós-datado em data anterior à ajustada.
Quem tem agido assim tem sido frequentemente condenado a indenizar o emitente
lesado, caso a apresentação prévia do cheque lhe cause algum dano, material ou
moral.
O banco sacado somente garante o pagamento do cheque se o emitente tiver
fundos disponíveis, posto que a lei o proíbe o aceite do título, bem como o seu
endosso e o aval de sua parte. A instituição financeira reponde somente pelo
descumprimento de algum dever contratual ou legal, como, por exemplo, a
devolução do cheque, estando o mesmo regular.

III – Requisitos do cheque:

São requisitos essenciais do cheque:


A) a palavra cheque escrita no texto do título, na língua empregada para a sua
redação;
B) a ordem incondicional de pagar quantia determinada;
C) O nome do banco ou instituição financeira a quem a ordem é dirigida;
D) a data do saque;
E) lugar do saque ou menção de um lugar junto ao nome do emitente;
F) assinatura do emitente.

IV – Prazo de apresentação e prescrição:

O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no


prazo de 30 (trinta) dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de
60 (sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior.
Prescreve em 6 (seis) meses, contados da expiração do prazo de apresentação, a
ação de execução contra o emitente e seu avalista, assim como contra os
endossantes e seus avalistas.
No caso dos endossantes e seus avalistas, o cheque só é exequível se tiver sido
apresentado em tempo hábil e a recusa de pagamento for comprovada pelo
protesto ou por declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com
indicação do dia de apresentação, ou ainda, por declaração escrita e datada por
câmara de compensação.
O portador que não apresentar o cheque em tempo hábil, ou não comprovar a
recusa de pagamento, perde o direito de execução contra o emitente, se este tinha
fundos disponíveis durante o prazo de apresentação e os deixou de ter, em razão
de fato que não lhe seja imputável.
Não havendo contraordem pelo emitente, pode o sacado pagar o cheque até que
decorra o prazo de prescrição da ação de execução.
A ação de enriquecimento contra o emitente ou outros obrigados, que se
locupleteram injustamente com o não pagamento do cheque, prescreve em (dois)
anos, contados do dia em que se consumar a prescrição da ação executiva.

V – Cheque cruzado

O emitente ou o portador podem cruzar o cheque, mediante a aposição de dois


traços paralelos no anverso do título.

O cruzamento pode ser geral, quando não houver no interior dos traços a
indicação de um banco; e especial se entre eles existir a indicação do nome do
banco.

O cheque com cruzamento geral somente pode ser pago pelo sacado a banco ou a
cliente do banco sacado, mediante crédito em conta. Com cruzamento especial, o
cheque só pode ser pago ao banco indicado, ou se este for o sacado, a cliente seu
mediante crédito em conta.

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