O 25 de Abril

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O 25 de Abril

Os antecedentes

O período que precedeu a queda do Estado Novo foi muito difícil para os portugueses.
Economicamente verificou-se a diminuição dos investimentos na indústria e o aumento
da inflação e das despesas com a defesa que agravaram as condições de vida da
população. A nível político a tenção agudizou-se devido sobretudo à manutenção do
autoritarismo e da Guerra colonial.
Em Julho de 1973 nasceu o Movimento dos Capitães mais tarde designado o
Movimento das Forças Armadas - MFA que contou com a colaboração de Costa Gomes
e António de Spínola, chefe e vice chefe do estado maior General das Forças Armadas,
respetivamente.

Para além da luta contra as injustiças na carreira militar, opunham-se ao regime e


visavam restaurar as liberdades e encontrar uma solução pacífica que pusesse fim aos
13 anos de guerra em África.

O golpe militar o exército português sobrecarregado e desgastado pela situação em que


se encontrava uniu esforços para resolver a questão colonial e restaurar as liberdades
civis. Coordenados pelo Major Otelo Saraiva de Carvalho, os militares organizaram a
operação Fim-Regime, com apoio de vários regimentos do país pondo fim a quase meio
século de ditadura.
Com a ocupação da Rádio Clube Português pelo exército foram emitidas as canções E
depois do Adeus de Paulo de Carvalho e Grândola Vila Morena de Zeca Afonso, que
foram as senhas que secretamente, deram o sinal para a saída das tropas para a rua e
para o arranque da revolução na madrugada do dia 25 de abril de 1974.
A sua estratégia passava pelo controle de pontos chave como a rádio, a RTP o Aeroporto
de Lisboa e a Praça do Comércio.

Comandados pelo Capitão Salgueiro Maia, um grupo de militares cercou o quartel do


Carmo em Lisboa onde se encontravam reunidos elementos do governo entre os quais
Marcelo Caetano, que se renderam, sem oferecer resistência no final do dia nem a
oposição da DGS, nem os comunicados transmitidos pela rádio a solicitar à população
que se mantivessem segurança impediram os populares de festejar a queda do regime.

O poder passou para as mãos do General António de Spínola que presidiu a Junta de
Salvação Nacional , criada pelo MFA, para dirigir o país até a formação de um governo
provisório.
Destituídos os órgãos do Estado Novo procedeu-se ao desmantelamento das suas
estruturas nomeadamente da Mocidade e da Legião portuguesas, da DGS, do Exame
Prévio que era a censura, e da Ação Nacional Popular. Os presos políticos foram
libertados, os exilados autorizados a regressar e a liberdade sindical e partidária
restaurada.
A 15 de maio, António de Spínola foi nomeado Presidente da Republica.
No dia seguinte, foi apresentado o I Governo Provisório que vigorou até julho de 1974.

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1 - Major Otelo Saraiva de Carvalho

2 - General António de Spínola

3 – Brigadeiro Vasco Gonçalves

A construção do Projeto Democrático


O 11 de Março
A revolução de 25 de Abril foi importante para Portugal mas os tempos que se seguiram
foram de incerteza e marcados pelo caos político e social.
De imediato o poder político dividiu-se em duas frações:
a mais moderada encabeçada pela General Spínola que procurava uma solução
federativa para as colónias e é mais radical liderada pelo então Brigadeiro Vasco
Gonçalves pretendia a descolonização e defendia a orientação para o comunismo.
Perante este desencontro de tendências, Spínola abdicou da Presidência da República
abrindo caminho à radicalização do processo democrático.

A 11 de março de 1975 liderou um golpe militar cujo fracasso obrigou ao exílio em


Espanha.
O Processo Revolucionário em Curso - PREC
Após o golpe de 11 de março a Junta de Salvação Nacional deu lugar a um novo órgão
de soberania, o Conselho da Revolução que iniciaria o processo revolucionário em
curso, cujo objetivo era implementar o comunismo em Portugal.
Entre as medidas impostas neste âmbito contam-se:
as nacionalizações de empresas e da banca que permitiram ao estado controlar a
economia; a reforma agrária feita através da ocupação e expropriação de terras a partir
das quais criaram unidades coletivas de produção - acentuava-se assim a aproximação
à ideologia preconizada pelo partido comunista o que intensificou o confronto entre as

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duas forças que não conseguiam chegar a um consenso quanto à orientação a dar ao
futuro de Portugal.
Foi um período de forte agitação social, de manifestações, greves e ocupações.

As primeiras eleições livres

Tal como previsto pelo MFA, a 25 de abril de 1975 realizaram-se as eleições para a
Assembleia Constituinte, foi o primeiro ato eleitoral livre e democrático no qual
puderam votar todos os cidadãos com mais de 18 anos.
Apesar dos apelos da esquerda radical (comunistas) à abstenção 91, 7% dos
portugueses responderam com o exercício do seu direito ao voto.

Os resultados eleitorais deram a maioria ao Partido Socialista - PS (38%) seguido do


Partido Popular Democrático – PPD (28%).
A opção eleitoral dos portugueses agravou as tensões políticas e ideológicas entre os
comunistas e os moderados verificando-se manifestações e tumultos que marcaram o
designado: Verão Quente de 1975

A estabilização do processo democrático


O 25 de novembro

Como protesto contra a radicalização política em agosto de 1975 emergiu no seio do


Concelho da Revolução o documento dos nove que defendia para o país um projeto
Nacional de transição para o comunismo e exigia uma democracia pluralista.

Na sequência da sua publicação o Presidente da República o General Costa Gomes


demitiu o primeiro-ministro Vasco Gonçalves e Otelo Saraiva de Carvalho do comando
da região militar de Lisboa.
Os revolucionários que viam em Otelo um chefe para a revolução comunista saíram em
sua defesa.
A 25 de novembro de 1975 um grupo de paraquedistas ocupou um conjunto de quarteis
militares na região de Lisboa.
Enquanto isso, Costa Gomes controlou as movimentações do Partido Comunista
Português (PCP) e tentando evitar confrontos que levassem a uma guerra civil declarou
o estado de sítio, o que permitiu a reação e o avanço do setor moderado.

As forças militares lideradas pelo General Ramalho Eanes impediram o golpe das forças
radicais pondo fim ao PREC.

Iniciava-se assim a estabilização do regime democrático.

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General Ramalho Eanes General Costa Gomes

A Organização do Estado Democrático


A 2 de abril de 1976, a Assembleia Constituinte aprovou uma a nova Constituição que
entrou em vigor a 25 de Abril do mesmo ano.

Esta definiu os princípios do Estado democrático, baseados na soberania popular na


separação de poderes e no pluripartidarismo; restituiu ainda os direitos e liberdades
fundamentais( liberdade de expressão, associação e reunião) e instituiu o sufrágio
Universal (direito de voto para todos os cidadãos com mais de 18 anos).

A Constituição determinou também a descentralização através da criação do Poder


Autárquico (municípios e freguesias) e da Autonomia aos arquipélagos dos Açores e
da Madeira, que passaram a contar com uma Assembleia e um Governo Regional com
amplos poderes.
A versão de 1976 da Constituição preconizou assim a construção de uma sociedade
socialista considerando inalteradas as nacionalizações e as apropriações efetuadas e
manteve o Conselho da Revolução.
As revisões posteriores têm adaptado o texto constitucional às especificidades dos
novos tempos e à realidade política nacional.

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O processo de descolonização
O direito à autodeterminação

Um dos objetivos do MFA era a descolonização das colónias africanas. Em Maio de


1974, aproveitando a vontade política do novo regime, a ONU pressionou a JSN (à data
único órgão de soberania) para que fosse concedida a liberdade das colónias.

Em Julho de 1974 António de Spínola declarou o reconhecimento do direito à


autodeterminação dos povos das colónias.

O processo de descolonização iniciou-se através de negociações com os representantes


dos diferentes movimentos independentistas.

Estas resultaram nas assinaturas dos seguintes acordos:

➢ Acordo de Argel com Guiné-Bissau e Cabo Verde - 26 de agosto de 1974


➢ Acordo de Lusaka com Moçambique - 5 a 7 setembro de 1974
➢ Acordo do Alvor com Angola - 15 de janeiro de 1975

Apesar de definir um período de transição para Independência destes territórios


ultramarinos com exceção da Guiné-Bissau, o despoletar de guerras civis primeiro em
Angola e, posteriormente em Moçambique antecipou a entrega do poder.

Também Timor mostrou vontade de se tornar um estado independente em novembro


de 1975. Contudo a invasão e anexação do território pela Indonésia isso só atrasou o
processo. A independência de Timor só foi proclamada a 20 de maio 2002, na presença
do Presidente da República Portuguesa Jorge Sampaio.
Já soberania de Macau foi transferida para a China em 1999.

“os retornados”
No processo de descolonização Portugal foi incapaz de defender os seus interesses e o
dos portugueses que viviam no ultramar.

Entre 1974 e 1977 o clima de violência e a insegurança sentido no contexto da Guerra


Civil impulsionaram o regresso precipitado a Portugal de cerca de 1 milhão de
portugueses os chamados” retornados que chegados a Portugal tiveram de recomeçar
a vida do zero ou com o pouco que conseguiram trazer das ex-colónias. Outros
escolheram imigrar para países como África do Sul, o Brasil ou a Venezuela com o desejo
de encontraram futuro melhor.

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