A TRANSIÇÃO DE ALUNO A PIBIDIANO: Reflexões Sobre Práticas Pedagógicas e Formação Docente.
A TRANSIÇÃO DE ALUNO A PIBIDIANO: Reflexões Sobre Práticas Pedagógicas e Formação Docente.
A TRANSIÇÃO DE ALUNO A PIBIDIANO: Reflexões Sobre Práticas Pedagógicas e Formação Docente.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) é uma iniciativa
do Ministério da Educação (MEC), subsidiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES), a qual visa promover a inserção de alunos dos cursos de
licenciatura no contexto escolar das escolas públicas, proporcionando uma melhoria não só
em sua formação docente, como também na qualidade da educação básica brasileira. Através
do programa, os alunos passam a ter contato com o cotidiano escolar, podendo observar na
2. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
Nesta seção, abordaremos os conceitos que permeiam nossas reflexões: o conceito de
prática pedagógica e o processo de formação docente. No tópico acerca das práticas
pedagógicas, desenvolvemos as considerações com base nos preceitos de Franco (2016).
2.1 A prática pedagógica
Nesse sentido, Franco (2016) reitera que, para se estabelecer uma atuação pedagógica
de qualidade, é necessário que o professor compreenda que sua aula deve integrar e expandir
o processo de construção de conhecimento do aluno, estando sempre em conformidade com
seus interesses e suas necessidades. Para Franco (2016), uma prática docente
pedagogicamente fundamentada consiste na percepção, por parte do professor, de sua
responsabilidade social para com o projeto pedagógico da escola e do impacto proferido por
seu trabalho na vida do aluno. Com isso, essa condição onde o professor busca refletir para
além da sala de aula e procura constantemente contribuir no aperfeiçoamento do processo de
ensino-aprendizagem, mesmo em condições adversas, é o que Franco (2016) nomeia como
“vigilância crítica”. A partir dessa perspectiva, a prática pedagógica encontra seu sentido
prático. Conforme Franco (2016, p. 541), “é uma prática que se exerce com finalidade,
planejamento, acompanhamento, vigilância crítica, responsabilidade social”.
Além disso, ao discutirmos a respeito de prática pedagógica, devemos ampliar o
conceito para além da prática didática em sala de aula, levando em consideração não só as
metodologias de ensino utilizadas, como também as perspectivas e expectativas da docência,
as condições de formação e a implicação sociocultural do ambiente de ensino. Entretanto,
segundo Franco (2016), não há uma correlação direta entre ensino e aprendizagem. O ensino é
concebido a partir das aprendizagens produzidas e estas se dão para além das instâncias de
sala de aula: ocorrem mediante as vivências do sujeito, o que acaba por instaurar uma
contradição nos processos educativos. Assim, concordando com Franco, é possível afirmar
que “as aprendizagens ocorrem sempre para além, ou para aquém do planejado; ocorrem nos
caminhos tortuosos, lentos, dinâmicos das trajetórias dos sujeitos” (Franco, 2016, p. 542).
Em síntese, as práticas pedagógicas representam a sistematização dos processos de
aprendizagem e dos processos que ocorrem para além da aprendizagem, garantindo o ensino
de conteúdos e atividades fundamentais a cada estágio de formação do aluno. Sendo assim,
como enfatiza Franco (2016), é necessário que o profissional docente possa desenvolver nos
alunos a habilidade de correlacionar os saberes adquiridos em sala com seu conhecimento de
mundo, sua aprendizagem obtida em outras esferas educativas. Dessa forma, há uma melhoria
na qualidade do processo de ensino, ampliando as competências necessárias para o saber
pedagógico do aluno naquele dado momento.
No Subprojeto de Língua Inglesa, as práticas pedagógicas foram elaboradas a partir
das necessidades teórico-metodológicas da área. Nas práticas desenvolvidas, o objetivo era
despertar a valorização do saber, com atividades que estimulassem a pesquisa, a criação e a
inovação, não apenas por parte do aluno, como também por parte dos pibidianos,
fortalecendo, portanto, a formação inicial docente.
2.2 O processo de formação docente
A formação do professor vai além de apenas compartilhar experiências e
conhecimentos. É sobre pensar sobre suas próprias expectativas, refletir sobre de que forma
irá atuar na área da educação, através de formas de conteúdos que serão ministrados numa
consciente ação. A forma sobre o processo docente, tem um campo de visão sobre tudo, sobre
desenvolvimento com a parte da prática educativa, visando enriquecer as próprias habilidades
e conhecimentos sobre como ser um educador, não só apenas aquele educador que se
preocupa apenas dentro de sala de aula, mas também aquele que se preocupa fora de sala de
aula e refletir sobre o quanto é necessário e prazeroso passar os seus conhecimentos e
habilidades para outras pessoas, refletir como é desafiador o processo de formação de um
docente.
A formação docente, antes de tudo, envolve a prática educativa em uma ação
consciente. Segundo Paulo Freire (2002, p. 43), “a prática docente crítica, implicante do
pensar certo, envolve o movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar sobre o
fazer.”
O processo de formação docente trata-se de uma experiência prática complexa, onde
passamos por dilemas complexos os quais atitudes éticas requerem conhecimentos
pedagógicos, conhecimentos científicos, produtividade, habilidades e capacidades que
descobrimos na prática. Além disso, trata-se da sua formação intelectual, das suas
experiências enquanto educador, pela consciência reflexiva não apenas sua, mas também do
aluno. Nisto, delimitamos esta pesquisa sobre o processo de formação docente, no objetivo de
compreender em clareza sobre a temática.
Diante desta pesquisa podemos destacar que há uma hipótese de que um bom
profissional da educação deve pensar além da prática educativa onde vê o campo da área da
docência como um tipo de ambiente para discussões, momentos reflexivos e críticas fazendo
com o que os alunos tenham capacidade, desenvolvimento e habilidades.
Sobre a formação docente é fundamental entender que o meio educacional para ter um
plausível desenvolvimento, onde saber se posicionar sobre cada situação que iremos nos
deparar durante o processo na atuação docente e no profissionalismo. Logo, é necessário a
compreensão como a prática de envolver conhecimentos e competências para a sua prática
pedagógica.
Tendo em vista que, a importância deste trabalho como futuros profissionais
docentes, tivemos como referência refletir sobre o processo de formação do docente enquanto
mediador e transformador de conhecimentos e habilidades. Sobre a contextualização em seu
desenvolvimento profissional, destacar sobre o papel social, pedagógico, reflexivo e
educativo na formação do docente.
3. PIBID SUBPROJETO LÍNGUA INGLESA - CAMPUS ASSU
3.1 Descrição da escola e das turmas
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), criado pelo
MEC, visa proporcionar aos alunos no início do curso de licenciatura um contato prático com
as escolas públicas de educação básica e sua realidade. O objetivo do PIBID é orientar e
preparar os alunos iniciantes no curso de educação, permitindo que tenham uma primeira
experiência na sala de aula, com os alunos e sobre como atuar como professor. Dito de outra
forma, o propósito do programa PIBID é criar vínculos precoces entre os futuros docentes e as
salas de aula das escolas públicas. A fim de que possam obter conhecimento e experiência
para o momento em que atuarem como professores no futuro. O PIBID tem como meta
auxiliar as instituições de ensino superior a desenvolver iniciativas criativas que fomentem a
conexão entre teoria e prática nos cursos de formação de professores, em parceria com as
redes de ensino público.
A Escola Municipal Professora Nair Fernandes Rodrigues, localizada em Assú/RN, é
uma escola tradicional com turmas separadas nos períodos da manhã e da tarde, assim como
todas as outras escolas públicas. A sua organização é simples, porém atende às necessidades
fundamentais dos alunos e dos professores. Sem mencionar a administração, com especialistas
específicos e prontos para cada setor designado.
Os estagiários trabalharam com as turmas do oitavo A, B e C, além da nona série.
Todas as turmas possuem entre 34 e 36 alunos. Nem todas as aulas tiveram um índice de
participação elevado. Algumas turmas tinham um nível de envolvimento muito alto, enquanto
outras tinham um nível de envolvimento muito baixo. No entanto, com a introdução de novas
práticas, a taxa de participação dos alunos quase foi aplicada, com quase todos os estudantes
envolvidos. O que trouxe satisfação aos estagiários.
Ao entrarmos no mundo da licenciatura, enfrentamos o desafio de nos transformarmos
em professores. Ensinar pode parecer assustador e inseguro sem ter experiência anterior,
mesmo que seja por um curto período de tempo. A exigência de ser respeitado e demonstrar
habilidade como professor é um desafio para novos profissionais nessa área. No entanto, por
meio do PIBID, Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, podemos ter nosso
primeiro contato com a prática em sala de aula, entender a experiência de ser professor e
experimentar algo antes inimaginável. Essa vivência enriquecedora nos oferece
conhecimentos que serão proveitosos mais tarde, ao estarmos graduados e ingressarmos na
carreira de ensino.
Quando nos deparamos inicialmente com as práticas pedagógicas, principalmente os
métodos de ensino e abordagens pedagógicas, pudemos adquirir uma noção de como conduzir
uma aula e explorar um assunto. Conviver com o estudante auxilia na manutenção da
concentração. Quando conhecemos as experiências e as habilidades de alguém, conseguimos
melhorar e expandir nossas técnicas de ensino. Assim, podemos adquirir a sabedoria e
experiência de um educador. Possibilitando-nos oferecer um ensino de qualidade desde o
início. Essas experiências têm influência sobre nós e nos preparam para o mercado de
trabalho.
Durante o ano letivo, foi motivo de atenção propostas de atividades que conseguissem
aumentar a segurança dos alunos com a língua, visto que uma das maiores deficiências
observadas ali, era um grande nervosismo para se arriscar a falar o Inglês e de fato faze-los
usar a língua no dia-a-dia. Frente a isso, o “English Seminar” foi desenvolvido justamente
para impulsionar os alunos a sair da zona de conforto e realmente se arriscar. Levando isso em
consideração, a temática do seminário, que tinha o intuito de ser totalmente em inglês, desde o
conteúdo nos slides até mesmo a apresentação oral, era diversificada, dependendo do tema de
cada capítulo do livro didático que fora sorteado para cada grupo.
Os Pibidianos ficaram responsáveis por auxiliar cada grupo, visto que seria um desafio
e tanto para eles produzirem um seminário e apresentarem 100% em inglês. Refletindo sobre
essa questão, era necessário que houvesse também uma ligeira flexibilidade com relação ao
método de avaliação dos trabalhos. Principalmente levando em consideração que o objetivo
central era de fato fazer com que os estudantes falassem, por mais que cometessem erros de
pronúncia. A apresentação do seminário foi proveitosa pensando no objetivo final, mesmo
que vários tenham se expressado com bastante dificuldade e com algum nervosismo, todos
apresentaram de acordo com suas próprias limitações.
Ainda pensando em atividades lúdicas, que pudessem trazer para a sala de aula o
aprendizado do inglês de uma maneira diferente, o “English Festival” foi o grande projeto
pensado e executado durante o ano letivo de 2023. A ideia era usar a música, recurso bastante
estimulante dentro de qualquer metodologia, em um projeto de ensino que continuasse a
estimular os alunos dos oitavos e nonos a usarem o inglês e se arriscarem na língua. Idealizou-
se então, uma apresentação em que os próprios alunos iriam ensaiar durante as aulas de inglês
uma música de cantores ou bandas de nacionalidade americana ou britânica para que assim,
cantassem em conjunto no festival que seria realizado posteriormente.
As músicas foram escolhidas pelos Pibidianos, que buscaram selecionar as que
tivessem um inglês não tão dificultoso e as que tivessem um ritmo um pouco mais lento ou
que ao menos fossem mais curtas. As músicas selecionadas foram: “Somewhere over the
Rainbow - Israel Kamakawiwo'ole”; “Imagine - John Lennon”; “Heal The World - Michael
Jackson”; “Someone like you - Adele”; “Baby - Justin Bieber”; “Stand by me - Ben E. King”;
“We Will Rock you - Queen”; “Talking to the moon - Bruno Mars”. A partir daí houve uma
divisão em todas as turmas entre o grupo dos meninos e o das meninas. Cada Pibidiano foi
designado para um destes para ajudá-los em questões como a pronúncia correta das palavras e
o significado da letra. Sendo assim, os horários sempre tinham um momento para ouvir as
músicas de cada turma e ensaia-las, acompanhando com a ajuda de uma folha com a letra da
canção imprimida por cada Pibidiano.
Após algumas semanas, o evento foi organizado no auditório do Campus da UERN
em Assú, onde as turmas foram direcionadas para o local e lá, puderam apresentar e também
prestigiar a apresentação de seus próprios colegas. Alguns grupos, que haviam ensaiado muito
bem e praticamente aprendido a letra, conseguiram cantar sem a ajuda do playback, outras
utilizaram este recurso, já que não se sentiam confiantes o suficiente para cantar apenas no
karaokê.
Ademais, o festival foi bastante proveitoso atendendo bem às expectativas de fazer os
alunos se aprofundarem e se aventurarem na língua para algo desafiador como uma
apresentação, que com seu caráter coletivo e cooperativo ajudou e muito para que a maior
parte dos discentes adquirissem confiança em tentar, visto que se tratava muito mais de uma
tarefa grupal do que individual, onde todos estavam enfrentando os mesmos desafios.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo, buscamos refletir acerca das vivências enquanto pibidianos do Subprojeto
de Língua Inglesa - Campus Assu/RN, na Escola Municipal Professora Nair Fernandes
Rodrigues. As práticas pedagógicas realizadas partiam da teoria vista nas disciplinas da
graduação, proporcionando a integração com a prática necessária à nossa formação docente e
revelando as potencialidades do ensino e da aprendizagem interdisciplinares entre escola e
universidade. Ademais, a partir das práticas pedagógicas desenvolvidas, pudemos observar no
cotidiano do ambiente escolar a importância do PIBID para nossa formação docente, onde nos
tornamos agentes ativos do nosso processo de formação docente e da formação dos alunos na
escola na qual atuamos.
As atividades desenvolvidas foram estruturadas conforme as necessidades teórico-
metodológicas do Subprojeto de Língua Inglesa. Com isso, seguindo os eixos norteadores da
proposta do Subprojeto, tivemos a oportunidade de refletir, compreender e aplicar diferentes
teorias e abordagens de ensino.
Com as experiências vivenciadas durante todo nosso processo de atuação como
pibidianos, conseguimos evoluir enquanto graduandos, aprimorando a construção da nossa
identidade docente ao nos depararmos com a realidade do contexto escolar e,
consequentemente, com os desafios impostos, os quais nos aguardam na qualidade de
profissionais de educação, além de buscarmos incessantemente a superação desses problemas
identificados durante o processo de ensino-aprendizagem. Dessa forma, nossa formação
docente foi fortalecida.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Portaria n.º 84, de 27 de abril de 2022. Dispõe sobre o regulamento do Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). Diário Oficial da União. Brasília, DF.
Edição 79, Seção 1, p. 45. 28 abr. 2022.
GONÇALVES, Tadeu Oliver; GONÇALVES, Terezinha Valim Oliver. Reflexões sobre uma
prática docente situada: buscando novas perspectivas para a formação de professores.
MOREIRA, Carolina de Paula; MOREIRA, Gabriela de Paula; SILVA, Renata Teixeira da.
Jogo interpessoal: cooperação, competição e reconhecimento. SynThesis, Pará de Minas, v. 8,
n.1, p152-162, dez. 2017. Disponível em:
<https://periodicos.fapam.edu.br/index.php/synthesis/article/view/163>. Acesso em:
21/03/2024
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Editora Vozes Limitada, 2012.