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Relação dos impostos sobre vendas com os indicadores de desempenho das

empresas brasileiras

Caio César Medeiros Costa (UFV) - [email protected]


Ronan Pereira Capobiango (UFV) - [email protected]

Resumo:

Entre os vários aspectos da economia nacional, que sofre interferência direta da política tributária,
destaca-se o consumo das famílias e a competitividade das empresas. As diversas políticas que compõe a
política tributária nacional, levando em conta a natureza dos bens produzidos, deve se atentar de modo a
garantir o acesso das famílias aos bens considerados de necessidade e de incentivar as empresas dos setores
considerados estratégicos. Sob a luz do referencial teórico que se baseou nos temas o sistema tributário
nacional, tributos sobre consumo, tributação e competitividade, liquidez, rentabilidade e por fim a atividade.
Esse artigo buscou mensurar a relação entre impostos sobre vendas e a receita bruta de três setores
responsáveis pela produção de bens de natureza distinta, possibilitando assim conhecer qual o real incentivo
dado a produção de cada tipo de bem no país. Num segundo momento esse artigo buscou verificar qual a
relação entre o impacto dos impostos sobre venda em relação à rentabilidade e a liquidez, rentabilidade e
atividade das empresas dos três setores. Para possibilitar as analises propostas nesse estudo, utilizou-se uma
metodologia quantitativa. Dentre as análises factíveis pela realização da pesquisa destaca-se o fato de que a
política tributária brasileira, no que condiz aos impostos sobre vendas, na média favoreceu o setor de
alimentos e bebidas em relação aos demais setores estudados. Na análise da relação dos impostos sobre
vendas com os indicadores, foi possível verificar que os impostos sobre vendas, interferem tanto nos índices
de margem de lucro liquido quanto nos liquidez geral.

Palavras-chave: Tributação, indicadores de desempenho, competitividade

Área temática: Controladoria


XVII Congresso Brasileiro de Custos – Belo Horizonte - MG, Brasil, 3 a 5 de novembro de 2010

Relação dos impostos sobre vendas com os indicadores de desempenho


das empresas brasileiras

Resumo

Entre os vários aspectos da economia nacional, que sofre interferência direta da política
tributária, destaca-se o consumo das famílias e a competitividade das empresas. As diversas
políticas que compõe a política tributária nacional, levando em conta a natureza dos bens
produzidos, deve se atentar de modo a garantir o acesso das famílias aos bens considerados de
necessidade e de incentivar as empresas dos setores considerados estratégicos. Sob a luz do
referencial teórico que se baseou nos temas o sistema tributário nacional, tributos sobre
consumo, tributação e competitividade, liquidez, rentabilidade e por fim a atividade. Esse
artigo buscou mensurar a relação entre impostos sobre vendas e a receita bruta de três setores
responsáveis pela produção de bens de natureza distinta, possibilitando assim conhecer qual o
real incentivo dado a produção de cada tipo de bem no país. Num segundo momento esse
artigo buscou verificar qual a relação entre o impacto dos impostos sobre venda em relação à
rentabilidade e a liquidez, rentabilidade e atividade das empresas dos três setores. Para
possibilitar as analises propostas nesse estudo, utilizou-se uma metodologia quantitativa.
Dentre as análises factíveis pela realização da pesquisa destaca-se o fato de que a política
tributária brasileira, no que condiz aos impostos sobre vendas, na média favoreceu o setor de
alimentos e bebidas em relação aos demais setores estudados. Na análise da relação dos
impostos sobre vendas com os indicadores, foi possível verificar que os impostos sobre
vendas, interferem tanto nos índices de margem de lucro liquido quanto nos liquidez geral.

Palavras Chave: Tributação, indicadores de desempenho, competitividade

Área Temática: Controladoria

1. Introdução

Nos dias atuais o nível de consumo das famílias brasileiras tem se mostrado muito
alto, dados do IPEA (2007), apontam que o consumo das famílias brasileiras vem se
mantendo numa proporção relativamente estável do Produto Interno Bruto (PIB) nos dez
últimos anos – na ordem dos 60%. Vários são os fatores responsáveis por esse aumento, entre
elas as diversas mudanças ocorridas na economia nacional nos últimos 20 anos, destacando-se
a estabilidade da moeda e a abertura comercial, que propiciaram entre outros aspectos o
aumento da competitividade da indústria nacional que se viu a mercê de grandes concorrentes
internacionais e por conseqüência foram obrigadas a se tornarem cada vez mais competitivas.
Outro fator de grande impacto no consumo das famílias e também na competitividade
nacional foi a estabilidade da moeda, obtida por meio da implantação do plano real em 1994,
estabilização essa responsável por organizar os preços relativos no Brasil.(ALVES et al.,
2007)
Após o plano real, as mais diversas políticas de incentivos fiscais e tributários foram
implantadas de modo a garantir o acesso da população aos bens considerados de primeira
necessidade (alimentos, remédios, entre outros) e também o de ampliar o consumo dos bens
produzidos pelos setores considerados estratégicos, seja pela grande demanda de mão de obra
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ou pela grande tecnologia utilizada na fabricação desses bens, destacando-se entre eles os
setores de eletroeletrônicos e de veículos e peças. Essas políticas e outras políticas
relacionadas ao tema formam a chamada política fiscal brasileira.
A política fiscal Brasileira de acordo com Maciel (2010) constitui-se a partir de
dezenas, ou mesmo centenas, de políticas públicas direcionadas a setores econômicos, regiões
geográficas e outras inúmeras finalidades sociais, delineadas por disposições legislativas de
todos os entes políticos dos três níveis da federação brasileira.
Outro aspecto diretamente impactado pela política fiscal brasileira é a competitividade
da indústria nacional, que tem entre os seus condicionadores a questão fiscal como um dos
pontos principais. Além de possibilitar uma diminuição no preço e por conseqüência um
aumento na demanda por determinado bem essas políticas possibilitam entre outros pontos o
aumento da liquidez e da rentabilidade das empresas do país, o que incentiva o investimento
direto que por sua vez gera emprego e renda alimentando um ciclo virtuoso de
desenvolvimento.
Além do importante papel de fornecer bens e serviços aos consumidores as empresas,
visam obter lucro e se manter cada vez mais competitividade atraindo assim além de cliente
investidores. Entre os principais entraves do aumento da rentabilidade e da competitividade
destaca-se a alta carga tributária. A alta carga tributária brasileira além de ser um entrave ao
consumo das famílias se mostra também um obstáculo ao aumento dos investimentos diretos
na economia nacional devido ao fato dos investidores verem nos impostos algo responsável
pela diminuição da sua rentabilidade.
Tomando como base as informações percebe-se a importância de mensurar a relação
entre impostos sobre vendas e a receita bruta de três setores responsáveis pela produção de
bens de natureza distinta, possibilitando assim conhecer qual o real incentivo dado a produção
de cada tipo de bem no país. Num segundo momento esse artigo busca verificar qual a relação
entre o impacto dos impostos sobre venda em relação à rentabilidade e a liquidez,
rentabilidade e atividade das empresas dos três setores.
O presente artigo está estruturado em cinco sessões. Além da sessão introdutória,
apresenta-se, ainda, a sessão dois que comporta o referencial teórico, este, por sua vez, aborda
a questão do sistema tributário brasileiro, Tributos sobre o consumo, tributação e
competitividade, rentabilidade, liquidez e atividade. A sessão três apresenta os procedimentos
metodológicos que possibilitaram a realização das análises; na sessão quatro encontram-se os
resultados obtidos com a pesquisa; e, por fim, na quinta e última sessão, as considerações
finais.

2. Referencial Teórico
2.1 Sistema tributário brasileiro

O Sistema Tributário Nacional tornou-se mais bem estruturado por meio da Lei nº
5.172/66, denominada de Código Tributário Nacional (CTN), que instituiu normas gerais de
direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Entretanto, esse sistema,
atualmente, já sofreu profundas transformações, principalmente no que se refere à atribuição
de competências e à repartição das cargas e das receitas tributárias.
Segundo Santos (1998), pode-se caracterizar o sistema tributário como a união, de
forma estruturada e lógica, dos tributos pertencentes ao ordenamento jurídico, além das regras
e princípios normativos no que se refere à matéria tributária. Os conceitos e institutos que o
compõem devem ser aplicados em um conjunto dinâmico constituído pela realidade social,
sistema econômico e critério de justiça.
Esta dinamicidade confere ao sistema tributário uma estrutura básica, na qual são
permitidas alterações decorrentes do processo de evolução. No entanto, essa mesma estrutura
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sofre desgastes ao longo do tempo, de onde surge a necessidade de uma reforma. Varsano
(2002) complementa que constantemente utiliza-se da expressão reforma tributária, para fazer
referências às descontinuidades desse processo evolutivo.
O sistema tributário brasileiro passou por sua primeira reforma na década de 60 e uma
segunda na década de 80. Até a Constituição de 1934 a estrutura tributária se manteve
praticamente a mesma desde a época do Império. Neste período, segundo Pêgas (2006) o
comércio exterior era a principal fonte de receita para o governo, em que o imposto de
importação era o destaque. A partir da Constituição de 1934, conforme Varsano (1996) a
estrutura tributária passou por notórias mudanças, a qual o país ingressava na fase evolutiva
em que os impostos internos sobre produtos predominavam.
Seguindo essa idéia, Pêgas (2006) acrescenta que nas duas décadas seguintes à
Constituição de 1946, foi notável a importância maior dos impostos indiretos sobre produtos.
O mesmo autor denomina que no início dos anos 60, cerca de 40% da receita da união era
oriunda do imposto sobre consumo. Porém, esta carga tributária sobre o consumo é uma
questão debatida ainda nos dias atuais, principalmente em épocas de crises econômicas.
De acordo com Gouvêa (2004), a Emenda Constitucional no 18, aprovada em 1o de
dezembro de 1965, que resultou no Código Tributário Nacional (Lei Complementar no
5.172/66, de 25/10/1966), tratou-se realmente de uma reforma de natureza tributária por
inovar na implantação do Código Tributário, o que resultou na verdadeira mudança de rumo
no processo evolutivo da tributação brasileira desde a época do Brasil Colônia.
A reforma de 1966 modificou os impostos de valor cumulativo para os impostos de
valor agregado. Neste sentido houve a extinção do Imposto de Vendas e Consignações (IVC),
imposto em cascata que incidia sobre o faturamento, e a inauguração do Imposto sobre
Circulação de Mercadorias (ICM), imposto de valor agregado. Outro imposto do tipo valor
adicionado criado foi o Imposto sobre os Produtos Industrializados (IPI) que substituiu o
imposto federal de consumo (BARBOSA, 2002).
A segunda reforma tributária ocorreu com a Constituição Federal, estabelecida em
1988. Segundo Oliveira (2005) foi garantido o atendimento das normas tributárias editadas
antes de sua promulgação, sendo que para tanto, tais normas lhe fossem compatíveis. O autor
supracitado oferece o próprio Código Tributário Nacional (CTN) como exemplo, em que os
artigos que não geram incompatibilidade com as normas constitucionais vigentes, estão até
hoje em vigor.
Nessa direção, Varsano (1996) afirma que o sistema tributário criado pela Constituição
Federal de 1988 advém do resultado de um processo participativo que tinha como principais
integrantes os políticos, diferindo da reforma da década de 60, na qual o sistema foi elaborado
por uma equipe técnica em gabinetes. Em sua visão o caráter eminentemente político da
reforma e a falta de informação no que se refere às finanças públicas teve influências
negativas nos resultados da reforma, na qual não esteve entre seus objetivos, a recuperação da
carga tributária.
Segundo Barbosa (2005) a falta de equilíbrio no trato da questão federativa foi um fato
marcante da reforma de 1988, em que houve a elevação da transferência de recursos para os
estados e municípios, sem contrapartida na redução dos gastos da União. Isso contribuiu para
que o déficit público se agravasse. Por outro lado, o autor supracitado descreve como ponto
positivo da reforma a questão da descentralização do federalismo fiscal brasileiro dado a
centralização verificada no regime militar de 1964.
Dentre outras mudanças ocorridas com a reforma de 1988, pode-se ressaltar a
ampliação da base do ICM, tendo como seu sucessor o Imposto sobre Operações e sobre a
Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação
(ICMS), e a extinção dos impostos únicos. Além disso, a nova Constituição criou o imposto
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sobre grandes fortunas e deu permissão para que as contribuições para a seguridade social
tivessem como fato gerador o faturamento das empresas.

2.2 Tributos sobre o consumo

Para Oliveira, G. (2005) existem várias formas de classificação dos impostos. No


entanto, sob o aspecto econômico, a doutrina indica que os impostos podem ser dispostos em
apenas duas categorias: diretos e indiretos. A importância desta classificação consiste no
estudo e na avaliação do impacto que os impostos causam no patrimônio e nas etapas de
produção, circulação e consumo.
De acordo com Martins (2005) “nos tributos diretos, quem paga e suporta o ônus é o
contribuinte de direito, não repassando nada a terceiros (exemplo: imposto de renda)”.
Com relação aos tributos indiretos, Fabretti (2007) afirma que são aqueles que a cada
etapa econômica são repassados para o preço do produto, mercadoria ou serviço. Essa técnica
é chamada de repercussão nas Ciências das Finanças, em que repercutir significa transferir o
ônus tributário para o consumidor, embutindo o mesmo no preço da venda ou do serviço.
Segundo Pereira (1999), na forma clássica, os impostos indiretos são representados
pelos impostos sobre o consumo, onde os contribuintes de fato e de direito são pessoas
distintas. Desta maneira o contribuinte de direito tem a responsabilidade legal de recolher o
imposto, cujo ônus financeiro é repassado por esse ao contribuinte de fato, representado pelo
consumidor. Por outro lado, nos impostos diretos os contribuintes de fato e de direito são os
mesmos. Neste sentido, a incidência dos tributos diretos é sobre a renda e o patrimônio das
pessoas físicas ou jurídicas.
Os tributos que incidem diretamente sobre o consumo são os seguintes, de acordo com
Pêgas (2006):
 ICMS – é um imposto estadual cobrado por dentro, ou seja, compõe o preço do
produto. Ele é repassado sempre ao consumidor na etapa seguinte, tendo característica não-
cumulativo e também, classificado como imposto indireto, aquele em o contribuinte
responsável é o vendedor do produto ou serviço, mas é o comprador quem arca com o ônus e
assume o imposto;
 IPI – é um imposto federal cobrado por fora, ou seja, é acrescido ao preço do
produto. Tem característica não-cumulativa, o que possibilita ter o valor pago nas etapas
anteriores compensado;
 ISS – é um imposto municipal contido no preço do serviço prestado;
 II – é um imposto federal devido da importação de produtos do exterior. Sua
importância consiste em auxiliar a regulamentação dos preços de produtos similares no
mercado nacional;
 IOF – é um imposto federal devido sobre as operações de crédito, câmbio, seguro e
títulos e valores mobiliários;
 PIS – é uma contribuição federal que teve início em 1970 e que desde o final de
2002 vem passando por profundas modificações. De início tinha característica cumulativa,
passando a ser não-cumulativa para a maioria das grandes empresas com a edição das Leis no
10637/2002 e 10684/2003;
 COFINS – é uma contribuição social federal, criada com o objetivo de financiar a
seguridade social. A partir de fevereiro de 2004, a COFINS vem sendo transformada, de
maneira parcial, em contribuição não-cumulativa com os mesmos critérios e procedimentos
do PIS;
 CIDE – é uma contribuição federal devida principalmente sobre a venda de
combustíveis.
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Nestas condições e considerando os objetivos deste trabalho, a atenção estará voltada


aos tributos sobre o consumo também chamados de impostos sobre vendas, haja visto a
dualidade existente na relação entre consumo e venda. Analisando o ICMS, a COFINS e o
PIS. Além destes fará parte da apresentação as contribuições sobre a folha de pagamento
(INSS e FGTS).

2.3 Tributação e competitividade

No que se refere à estrutura tributária, cada nível governamental, de acordo com o


artigo 145 da Constituição Federal da União de 1988, poderá instituir os seguintes tributos: (a)
impostos; (b) taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou
potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a
sua disposição; e (c) contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
Para Oliveira (2005) existem várias formas de classificação dos impostos. No entanto,
sob o aspecto econômico, a doutrina indica que os impostos podem ser dispostos em apenas
duas categorias: diretos e indiretos. A importância desta classificação consiste no estudo e na
avaliação do impacto que os impostos causam no patrimônio e nas etapas de produção,
circulação e consumo.
De acordo com Martins (2005) nos tributos diretos, quem paga e suporta o ônus é o
contribuinte de direito, não repassando nada a terceiros, a exemplo do imposto de renda.
Com relação aos tributos indiretos, Fabretti (2007) afirma que são aqueles que a cada
etapa econômica são repassados para o preço do produto, mercadoria ou serviço. Essa técnica
é chamada de repercussão nas Ciências das Finanças, em que repercutir significa transferir o
ônus tributário para o consumidor, embutindo o mesmo no preço da venda ou do serviço.
Segundo Pereira (1999), na forma clássica, os impostos indiretos são representados
pelos impostos sobre o consumo, onde os contribuintes de fato e de direito são pessoas
distintas. Desta maneira o contribuinte de direito tem a responsabilidade legal de recolher o
imposto, cujo ônus financeiro é repassado por esse ao contribuinte de fato, representado pelo
consumidor. Por outro lado, nos impostos diretos os contribuintes de fato e de direito são os
mesmos. Neste sentido, a incidência dos tributos diretos é sobre a renda e o patrimônio das
pessoas físicas ou jurídicas.
É neste contexto que se percebe a influência da tributação sobre a competitividade das
empresas. Carvalho (2000) está certo de que um sistema tributário mal estruturado pode trazer
sérios prejuízos à ordenação econômica nacional, como destruir a capacidade econômica de
determinados setores, impedi-los de competir, em igualdade, no plano internacional, cercear o
desenvolvimento de uns e favorecer o de outros, aplicar tratamento preferencial àqueles a
quem pretende incentivar e onerar especialmente os outros.
Para Slemrod (2002) todos os sistemas de impostos possuem três aspectos.
Primeiramente, eles mudam os preços relativos e assim influenciam e freqüentemente
distorcem a alocação de recursos na economia. Segundo, são instrumentais em designar o
peso dos programas de governo entre os cidadãos. E por fim, são burocracias administrativas
vastas envolvidas no recolhimento e encaminhamento destes recursos.

2.4 Rentabilidade

Para Pimentel et al.(2005), a rentabilidade se define como a medida final do grau de


êxito econômico obtida por um empresa, em relação ao capital nela investido.Esse Êxito é
demonstrado pela magnitude do lucro liquido contábil.
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Ainda de acordo com Para Pimentel et al.(2005), conseguir uma rentabilidade


adequada a um risco suportado pelos investidores, é o principal objetivo das empresas que
operam em uma economia capitalista.Devido ao fato de o lucro ser o principal propulsor de
investimentos de recursos em diferentes empreendimentos.
Gitman (2007) aponta que existem inúmeras formas de se mensurar a rentabilidade.
Como grupos esses índices permitem ao analista avaliar o lucro da empresa em relação a certo
nível de vendas, a certo nível de ativos ou ao volume de capital investido. Sem lucros uma
empresa não pode atrair investimentos externos.
Entre os inúmeros indicadores, utilizados para mensurar a rentabilidade da empresa
destaca-se:
 O retorno do ativo total (ROA), chamado também de retorno do investimento, de
acordo com Gitman (2007), mede a eficácia geral da administração de uma empresa em
termos de geração de lucros com os ativos disponíveis. Quanto mais alto for, melhor. Ele é
calculado do seguinte modo:

ROA = Lucro disponível para os acionistas ordinários (1)


Ativo Total

 Margem de Lucro liquido (ML), segundo Gitman (2007), representa a proporção de


cada unidade monetária de receita de vendas restante após a dedução de todos os custos e
despesas, incluindo juros, impostos e dividendos de ações preferenciais.Quanto mais alta essa
margem melhor.Ela é calculada da seguinte forma:

ML = Lucro disponível para os acionistas ordinários (2)


Receita de vendas
2.5 Liquidez

Gitman (2007) aponta que a Liquidez de uma empresa é medida por sua capacidade de
cumprir suas obrigações de curto prazo à medida que vencem. Corresponde à solvência da
posição financeira geral da empresa – a facilidade com que pode pagar suas contas.
Ainda nesse sentido Pimentel et al. (2005), afirma que a liquidez constitui a
capacidade de uma empresa em liquidar seus compromissos financeiros, nos prazos
contratados.A manutenção de uma condição de liquidez ideal é muito mais que uma busca
empresa, é condição sine qua non para a sobrevivência da empresa.
Uma liquidez baixa ou declinante é um precursor comum de dificuldades financeiras e
falência, esses índices são vistos como bons indicadores de problemas de fluxo de caixa.
(GITMAN, 2007).
Existem alguns índices que representam a situação da empresa em relação a
liquidez.Entre eles destaca-se:
 O Índice de Liquidez Geral (LG), segundo Gitman (2007), apresenta quanto a
empresa possui de ativo circulante + o circulante a longo prazo para pagar cada uma unidade
monetária da dívida, o índice é calculado da seguinte forma:

LG = Ativo circulante + realizável a longo prazo (3)


Passivo circulante + Exigível a longo prazo
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2.6 Atividade

De acordo com Gitman (2007), os índices de atividade medem a velocidade com que
várias contas são convertidas em vendas ou caixa – entradas ou saídas.
Esses índices auxiliam na mensuração da liquidez da empresa. São importantes
também de modo a auxiliar a política de crédito e cobrança da empresa.
Há diferentes índices para medir a atividade das contas circulantes mais importantes,
incluindo estoques, contas a receber e contas a pagar. Também é possível medir a eficiência
com qual os ativos totais são usados (GITMAN, 2007):
 O Giro do ativo (GA), também considerado por muitos como um índice de
atividade, indica, de acordo com Gitman (2007), a eficiência com que a empresa usa seus
ativos para gerar vendas. É calculado do seguinte modo:

GA = Vendas (4)
Ativo Total
3.Metodologia

Para a realização deste estudo utilizou-se uma abordagem quantitativa de modo a


mensurar a relação entre impostos sobre vendas e a receita bruta dos setores de alimentos e
bebidas, eletroeletrônico e veículos e peças. Num segundo momento foram realizados teste
estatísticos de modo a verificar o papel desses impostos sobre a rentabilidade e a liquidez das
empresas que atuam nesses três setores.

3.1 Fonte de dados

De modo a responder as questões propostas por esse estudo, foram coletados dados
oriundos do software Economática®.O universo da pesquisa foi composto das empresas dos
setores de alimentos e bebidas, eletroeletrônicos e veículos e peças, totalizando 33
observações.Esse número correspondem a todas as empresas que apresentaram a totalidade
dos dados necessários. Foram selecionados esses três setores de modo a contemplar tipos
diferentes de bens e, por conseqüência, impactados por diferentes políticas de redução de
impostos e assim enriquecer o estudo.
O espaço temporal dos dados corresponde aos anos de 2004 a 2008. Esse período foi
escolhido de modo a evitar que políticas emergenciais, adotadas de modo a enfrentar a crise
econômica de 2009, entre elas a redução do IPI, pudessem comprometer o estudo. O quadro 1
apresenta a relação de empresas que compõe o estudo.
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Quadro 1 – Relação das empresas estudadas


Empresas Setores Empresas Setores
BRF Foods Alimentos e Bebidas Arteb Veículos e Peças
Cacique Alimentos e Bebidas DHB Veículos e Peças
Caf Brasilia Alimentos e Bebidas Embraer Veículos e Peças
Excelsior Alimentos e Bebidas Fras-Le Veículos e Peças
Iguacu Cafe Alimentos e Bebidas Iochp-Maxion Veículos e Peças
JBS Alimentos e Bebidas Marcopolo Veículos e Peças
Josapar Alimentos e Bebidas Metal Leve Veículos e Peças
M. Diasbranco Alimentos e Bebidas Plascar Part Veículos e Peças
Marambaia Alimentos e Bebidas Pro Metalurg Veículos e Peças
Minerva Alimentos e Bebidas Randon Part Veículos e Peças
Minupar Alimentos e Bebidas Recrusul Veículos e Peças
Oderich Alimentos e Bebidas Riosulense Veículos e Peças
Sadia S/A Alimentos e Bebidas Schulz Veículos e Peças
Parmalat Alimentos e Bebidas Tupy Veículos e Peças
Itautec Eletroeletronico Wetzel S/A Veículos e Peças
Springer Eletroeletronico
Trafo Eletroeletronico
Whirlpool Eletroeletronico
Fonte: Economática®.

As variáveis estudadas são os impostos sobre vendas, a receita bruta e os indicadores


de rentabilidade e liquidez, também dispostas pelo Economática®.

3.2 Análise Descritiva dos Dados

Segundo Reis e Reis (2002), a análise descritiva dos dados é a fase inicial de um
processo que visa obter conclusões acerca de um grande conjunto de dados, com muitas
características sendo investigadas.
Para Triola (2008), é importante investigar mais profundamente o conjunto de dados
de modo a identificar características notáveis, especialmente aquelas que possam afetar
fortemente os resultados e conclusões. A AED envolve a análise de freqüência e análise
descritiva, sendo que estas analisam medidas de centro ou de posição, medidas de variação ou
dispersão e medidas de distribuição.
A análise descritiva compõe a análise de medidas como média, máximo, mínimo e
também de medidas de dispersão como desvio-padrão, assimetria e curtose. Estas medidas
visam a verificar como os dados estão distribuídos e concentrados e verificar a presença de
outliers. Quando o desvio-padrão e variância assumem valores altos, pode ser devido à
presença de outliers.

3.3 Análise de Variância (ANOVA)

A ANOVA é usada para avaliar as diferenças estatísticas entre as médias de dois ou


mais grupos. A ANOVA pode testar as diferenças estatísticas entre três médias, enquanto que
o teste t só poderia comparar duas.(HAIR et al,2005).
O teste ANOVA de acordo com Triola (2008) é um procedimento utilizado para testar
a hipótese de que três ou mais médias populacionais são iguais, de modo que uma hipótese
nula típica será: H0: µ1 = µ2 = µ3 e a hipótese alternativa será a afirmativa se que pelo menos
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uma das médias é diferente das outras.Se o valor de P(significância) for pequeno, tal como
0,05 ou menos, rejeita-se a igualdade das médias (H0).Em caso o contrário deixa-se de rejeitar
a igualdade das médias.
Hair et al. (2005) aponta que uma das limitações da ANOVA, é o fato de permitir
somente que o pesquisador conclua que há diferenças estatísticas em algum ponto entre as
médias dos grupos. Ela não identifica onde estão essas diferenças.
Optou-se pela ANOVA devido às características da amostra e pelo fato de a análise da
variância ser um teste de fácil aplicação e de grande difusão dentro da comunidade
acadêmica.

3.4 Teste T de diferença entre duas médias

O teste t é um teste estatístico para determinar se uma diferença entre os dois grupos
significa é estatisticamente significativo. Este teste contrasta a diferença observada entre os
dois grupos através do erro padrão da diferença entre os dois grupos meios (FRIEL, 2010).
De acordo com Lowry (2010), este é provavelmente o mais amplamente utilizado teste
estatístico de todos os tempos, e certamente a mais conhecida. É simples, direto, fácil de usar
e adaptável a uma ampla gama de situações.
A hipótese nula (H0) usualmente testada é a de que as duas amostras tenham sido
obtidas de populações com médias iguais, ou seja, 1   2 0  0 . O nível de significância
escolhida é de 5%.
O uso da distribuição de Student (t) leva em conta se as variâncias populacionais são
equivalentes ou diferentes (ALBUQUERQUE, 2010).
Um teste t de duas amostras é usado para testar a diferença entre duas médias
populacionais µ1 e µ2 quando uma amostra é selecionada aleatoriamente de cada população
(LARSON e FARBER, 2009).
De acordo com Hair et al. (2005), o teste t é adequado em situações em que o tamanho
da amostra é pequeno (aproximadamente 30) e o desvio-padrão da população é desconhecido.
O teste t faz uso da distribuição t também chamada de distribuição t do estudante para testar
hipóteses.

3.5 Teste de Spearman

O teste de correlação de postos (ou teste de correlação de postos de Spearman) é um


teste não paramétrico que utiliza postos de dados amostrais compostos de pares combinados
(TRIOLA, 2008). Ele é utilizado para testar a associação entre duas variáveis de modo que a
hipótese nula e alternativa sejam as seguintes (onde ρs designa o coeficiente de correlação de
postos para a população inteira):
H0: ρs = 0 (não há correlação entre as duas variáveis)
H1: ρs ≠ 0 (há correlação entre as duas variáveis)
Várias são as vantagens da utilização da correlação por postos de Spearman em
relação aos testes paramétricos. Entre elas destacam-se:
1. O Teste de Spearman pode ser utilizado em uma variedade maior de
circunstâncias que o método paramétrico de correlação linear. Com a utilização desse teste é
possível analisar dados em pares que são postos ou que podem ser convertidos em postos.
2. A correlação de postos pode ser utilizada para detectar algumas relações que não
são lineares (TRIOLA, 2008).
O teste de Spearman também é utilizado quando os dados de algumas das variáveis em
estudo mostram-se com distribuição muito assimétrica ou com valores discrepantes. Nesse
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caso, a análise do coeficiente r (mais comumente utilizada) pode ficar comprometida, o que
justifica a aplicação da abordagem não-paramétrica de Spearman, que se utiliza apenas da
ordenação dos valores (BARBETTA, 2008).

4. Resultados

Levando-se em conta três diferentes setores da economia brasileira, esse artigo


objetivou mensurar a relação entre impostos sobre vendas e a receita bruta das empresas que
atuam nos mesmos e dessa forma conhecer a diferença entre a média dessa relação por setor.
Num segundo momento esse artigo buscou correlacionar essa relação com os índices de
liquidez, rentabilidade e atividade de cada setor, podendo assim verificar se as políticas fiscais
especificas de cada setor tem garantido aos mesmos maiores ganhos de competitividade que
os demais.
De modo a conhecer as características da amostra, foi a realizada a análise descritiva
dos dados, cujos dados são apresentado na tabela 1 abaixo:

Tabela 1 – Analise Descritiva dos dados do Setor de Alimentos e Bebidas


Mínimo Máximo Média Desvio Padrão Variância Assimetria Curtose
Alimentos e Bebidas 3.276,000 1.825.123,000 322.449,643 433.177,942 187.643.129.731,943 1,628 1,976
Impostos sobre Eletroeletronicos 15.828,000 1.807.390,000 489.754,850 704.469,020 496.276.599.516,450 1,214 -0,459
Vendas Veículos e Peças 471,000 851.412,000 177.635,000 186.494,764 34.780.297.135,568 1,424 1,856
Alimentos e Bebidas 22.855,000 32.105.385,000 3.023.011,929 5.102.462,034 26.035.118.806.184,800 3,345 15,006
Eletroeletronicos 113.384,000 8.032.998,000 2.526.351,000 3.167.133,069 10.030.731.877.777,900 1,062 -0,683
Receita Bruta Veículos e Peças 1.305,000 12.761.543,000 1.738.960,053 2.789.204,822 7.779.663.539.842,810 2,857 7,971
Impostos sobre Alimentos e Bebidas 0,025 0,305 0,132 0,057 0,003 0,599 0,377
Vendas/Receita Eletroeletronicos 0,101 0,229 0,157 0,043 0,002 0,298 -1,205
Bruta Veículos e Peças 0,001 0,399 0,175 0,072 0,005 0,049 2,056
Alimentos e Bebidas 0,010 2,510 0,919 0,494 0,244 0,579 1,660
Eletroeletronicos 1,040 2,560 1,429 0,346 0,119 2,287 6,068
Liquidez Geral Veículos e Peças 0,010 1,450 0,727 0,461 0,212 -0,074 -1,376
Alimentos e Bebidas -1.225,650 53,490 -44,592 182,363 33.256,092 -4,908 27,128
Margem do Lucro Eletroeletronicos -4,190 11,190 3,275 3,881 15,059 0,352 -0,108
Liquido Veículos e Peças -2.565,790 12,270 -53,801 302,226 91.340,706 -8,002 66,860
Alimentos e Bebidas 0,210 3,850 1,199 0,562 0,316 1,378 6,087
Eletroeletronicos 0,540 2,050 1,245 0,371 0,138 -0,144 0,353
Giro do Ativo Veículos e Peças 0,030 4,520 1,232 0,567 0,321 2,565 14,603
Alimentos e Bebidas -254,750 23,730 -10,344 41,605 1.730,977 -3,952 18,309
Retorno sobre o Eletroeletronicos -4,200 17,230 4,384 5,186 26,890 0,736 0,583
Ativo total Veículos e Peças -941,010 18,880 -35,001 149,592 22.377,703 -4,919 24,957
Fonte: Resultados da pesquisa. Elaborado pelos autores

Percebe-se pela medida dos extremos medidos, que todos os setores estudados em
relação a todos os indicadores apresentam grande amplitude, haja vista a diferença entre o
mínimo e o máximo em cada um dos índices que constam no estudo.
Para identificar a tendência central de cada um dos setores nas variáveis estudadas
utilizou-se o calculo da média. Possibilitando assim atribuir um valor que represente esses
setores. Cabe ressaltar os resultados do cálculo da média da variável impostos sobre
vendas/receita bruta, essa média permite mensurar a relação entre os impostos sobre venda e a
receita bruta em cada um dos setores, desmistificando assim a real política de desoneração por
setor levando-se em conta esses impostos estudados.
O desvio-padrão apresenta a dispersão dos dados, nesse sentido percebe-se que em
algumas variáveis como, por exemplo, impostos sobre vendas e receita bruta apresentam
grande desvio-padrão devido ao fato do estudo abordar empresas dos mais diferentes
tamanhos. A variância também demonstra uma grande dispersão na maioria dos dados
estudados, assim como a assimetria e a curtose que retificam essa afirmação.
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Visando avaliar as diferenças estatísticas entre as médias da variável impostos sobre


vendas/receita bruta para o três setores, foi realizada a análise de variância conhecida como
ANOVA, a tabela 2 abaixo apresenta os resultados obtidos pela análise:

Tabela 2 - Resultados da Análise de Variância


ANOVA
Impostos sobre Vendas/Receita Bruta
Soma de quadrados df Média ao Quadrado F Sig.
Entre Grupos 0,066805879 2 0,033402939 8,380091 0,000344
Dentro do Grupos 0,645730036 162 0,003985988
Total 0,712535914 164 Fo
nte: Resultados da pesquisa. Elaborado pelos autores

A partir da análise de variância identificou-se que ao menos um dos setores apresentou


média diferente em relação à variável impostos sobre vendas/Receita bruta a um nível de
significância de 0,000.A significância calculada pela análise permite a rejeição da hipótese
nula e a aceitação da hipótese que afirma que ao menos uma das médias são diferentes entre
os grupos.
Após a análise da variância que apontou diferença entre os grupos em ao menos um
ponto, procedeu-se a o teste t que visa determinar entre quais setores ocorre essa diferença. A
tabela 3 abaixo apresenta o resultado do teste t envolvendo os setores de alimentos e bebidas e
eletroeletrônicos:

Tabela 3 – Resultado do teste t envolvendo os setores de alimentos e bebidas e eletroeletrônicos:


Teste de Amostra Independente
Teste t para igualdade
de médias
Impostos sobre t Sig. (bicaudal) Diferença média
Vendas/Receita Bruta -2,090063905 0,043 -0,025
Fonte: Resultados da pesquisa. Elaborado pelos autores

Os resultados do teste t em relação aos setores de alimentos e bebidas e


eletroeletrônicos apresentados pela tabela 3, apontam um nível de significância em relação as
médias estudas que possibilita a rejeição da hipótese nula que aponta que as variáveis são
iguais. Porém com um nível de segurança baixo, pelos resultados apresentados permite-se
afirmar que as médias em relação a esses setores são diferentes em pelo menos um ponto.
A tabela 4 apresenta os resultados do teste t envolvendo o setor de alimentos e bebidas e o
setor de veículos e peças:

Tabela 4 – Resultado do teste t envolvendo o setor de alimentos e bebidas e o setor de veículos e peças
Teste t para
Teste de Amostra Independente
igualdade de
médias
Impostos sobre t Sig. (bicaudal) Diferença média
Vendas/Receita Bruta -3,983246017 0,00010898 -0,042919643
Fonte: Resultados da pesquisa. Elaborado pelos autores

Em relação aos setores de alimentos e bebidas e o de veículos e peças os níveis de


significância apresentados pelo teste t permite com um nível de segurança muito alto rejeitar a
hipótese nula de que a média da variável impostos sobre vendas/receita bruta nesses setores
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são iguais. Ou seja, pelos resultados desse teste é factível afirmar que as médias desses setores
para a variável estudada são estatisticamente diferentes.
A tabela 5 abaixo apresenta o resultado do teste t envolvendo os setores de
eletroeletrônicos e veículos e peças:

Tabela 5 – Resultado do teste t envolvendo os setores de eletroeletrônicos e veículos e peças


Teste de Amostra Independente
Teste t para igualdade
de médias
Impostos sobre t Sig. (bicaudal) Diferença média
Vendas/Receita Bruta -1,433155783 0,157951891 -0,018225993
Fonte: Resultados da pesquisa. Elaborado pelos autores

Os resultados apontados pela tabela 5 possibilitam a aceitação hipótese nula, ou seja,


pelo nível de significância apresentado é possível afirmar com um nível de segurança
considerável que as médias da variável estudada, são iguais.
Pelas análises apresentadas por meio do teste t, é possível verificar que a relação
imposto sobre vendas/receita bruta é em média diferente entre os setores de alimentos e
bebidas e o setor de veículos e peças. Essa diferença pode ser ocasionada entre outras razões
ao fato dos setores produzirem bens de natureza bastante distinta entre si, sendo os alimentos
e bebidas considerados, por alguns autores, bens de primeira necessidade, enquanto que
veículos e peças são considerados como sendo bens supérfluos, o que justificaria uma política
fiscal mais eficiente no sentido de proporcionar o acesso da população aos alimentos e
bebidas.
O setor de eletroeletrônico apresentou um resultado o qual aponta que,
estatisticamente, as médias envolvendo a variável considerada, são iguais tanto em relação ao
setor de alimentos e bebidas quanto ao setor de veículos e peças. Tal igualdade em relação ao
setor de alimentos e bebidas pode ser ocasionada pelo fato do setor receber grandes
incentivos, entre eles o fato da grande maioria de suas empresas estarem localizadas na zona
franca de Manaus, o que garante uma redução de impostos muito grande.
Por fim de modo a conhecer a associação entre a relação impostos sobre vendas/receita
bruta e alguns indicadores de liquidez, rentabilidade e atividade das empresas realizou se o
teste de Spearman, conforme os resultados apresentados na tabela 6.

Tabela 6 – Resultados do teste de Spearman


Indicadores
Rentabilidade Liquidez Atividade
Retorno do ativo Margem de Liquidez Giro do
total Lucro liquido Geral Ativo
Impostos Sobre Vendas/Receita Bruta
Coeficiente de Correlação 0,083680513 -0,235586107 -0,2874 -0,142729652
Nível de Significância - Sig 2 (tailed) 0,285250198 0,002317955 0,000182 0,06742472 Fo
nte: Resultados da pesquisa. Elaborado pelos autores

Levando em consideração os resultados obtidos por meio do teste de Spearman,


percebe-se que a significância envolvendo as variáveis retorno do ativo total e Giro do ativo,
permitem a aceitação da hipótese nula que afirma que as variáveis não são correlacionadas, ou
seja, por meio do teste realizado pode-se afirmar que o Giro do ativo e o retorno do ativo total
não afetam a variável impostos sobre vendas/receita bruta.
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Já os indicadores liquidez geral e margem do lucro liquido, não são independentes em


relação à variável impostos sobre vendas/receita bruta. A significância apontada para ambos
permite rejeitar a hipótese nula de que as variáveis não são correlacionadas e, portanto, torna-
se possível assegurar que as variáveis são correlacionadas em relação à variável Impostos
Sobre Vendas/Receita Bruta.

5. Conclusões

Os resultados obtidos nesta pesquisa apontam que entre os anos de 2004-2008 a


política fiscal brasileira, no que condiz aos impostos sobre vendas, na média favoreceu o setor
de alimentos e bebidas em relação aos demais setores estudados.
Levando-se em conta a natureza de cada bem, verifica-se o fato de que a política
tributária nacional, no que tange aos tributos estudados, se configura como instrumento de
distrituição de renda, haja vista o fato de onerar de forma vantajosa o setor de alimentos e
bebidas (bens de primeira necessidade), que obrigatoriamente são consumidos por toda a
população, em relação aos demais que não se configuram como bem de primeira necessidade.
No entanto, constata-se a necessidade da realização de novas verificações utilizando outros
tipos de tributos e em outro espaço temporal.
O sistema tributário nacional tendo como base as definições de Carvalho (2000) se
apresenta como um sistema tributário mal estruturado, pois entre outras características
destaca-se o fato de as políticas tributárias, aplicarem tratamento preferencial àqueles a quem
pretende incentivar e onerar especialmente os outros.
Tomando como base os indicadores de desempenho analisados, os resultados oriundos
dos testes realizados permitem apontar que os índices de margem de lucro liquido e liquidez
geral são correlacionados com os tributos aqui estudados.
Dentre as afirmações factíveis através deste estudo, percebe-se o fato de que esses
tributos interferem diretamente na questão da liquidez e num certo ponto, na rentabilidade, ou
seja, tem um papel muito importante tanto na capacidade dos setores estudados de cumprir
suas obrigações no curto prazo, quanto no êxito econômico obtido por uma empresa em
relação ao capital nela investido. Portanto, levando-se em conta esses indicadores, percebe-se
que os tributos afetam tanto na questão do desempenho das empresas, quanto na
competitividade.
Sugere-se a realização de novas análises de modo a conhecer a relação entre outros
indicadores relacionados ao desempenho das empresas, desses e de outros setores, e os
impostos sobre vendas, possibilitando uma melhor avaliação das políticas tributárias nacional
e os sua relação com a competitividade de cada setor da economia.

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