Rio Aldeia

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PROJETO: AS ÁGUAS DE ITABORAÍ – ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS DO RIO ALDEIA

1 - Características do município de Itaborai:

LOCALIZAÇÃO: Região Metropolitana do Rio de Janeiro;

ALTITUDE EM RELAÇÃO AO NÍVEL DO MAR: 17 m;

ALTITUDE DA SEDE: 46 m;

ÁREA TERRITORIAL: 429,961 km² (Fonte: IBGE, 2020);

LIMITES: ao norte = Cachoeiras de Macacu / a oeste = Guapimirim, São Gonçalo e Baía da Guanabara / a leste =
Tanguá / ao sul = Maricá (Fonte: Secretaria Mun. de Planejamento, 2007);

DISTRITOS: 1º Centro / 2º Porto das Caixas / 3º Itambi / 4º Sambaetiba / 5º Visconde de Itaboraí / 6º Cabuçu / 7º
Manilha / 8º Pacheco;

POPULAÇÃO: 244.416 pessoas / População residente do Município estimativa ano 2021 (Fonte: IBGE);

PERCENTUAL DA POPULAÇÃO URBANA E RURAL: urbana = 99% / rural = 1% (Fonte: VIGIAR/SES 2014);

PRINCIPAIS ATIVIDADES ECONÔMICAS: serviços, comércio, transporte, comunicação, construção civil, indústria
de transformação, apicultura, pecuária, agro-turismo, gastronomia e citricultura (Fonte: IBGE Censo 2010);

DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 506,55 hab/km² (Fonte: IBGE, 2010);

CLIMA: predomina o clima quente e úmido. As temperaturas mais altas ocorrem em janeiro, com média de 34° e
as mais baixas em junho, com média de 20°, a temperatura média anual apresenta-se em torno de 22° (Fonte:
Secretaria Municipal de Planejamento, 2007);

RELEVO: as maiores altitudes são encontradas na Serra do Barbosão a leste, na divisa com o Município de
Tanguá, e nas Serras do Lagarto e Cassorotiba ao sul, na divisa com o Município de Maricá. Ao norte e a oeste,
predominam as planícies, onde estão concentrados os rios que convergem para a Baía de Guanabara. Entre as
planícies e as serras, observa-se um relevo suavemente ondulado, com morros que raramente ultrapassam os 50
metros (Fonte: Secretaria Municipal de Planejamento, 2007);

VEGETAÇÃO: atualmente é composta em maior parte por pastagens, mata de encosta, mangues e brejos. São
observados remanescentes de matas nas Serras do Lagarto e do Barbosão, aonde abriga espécies da flora e da
fauna. Na Serra do Barbosão encontramos várias nascentes de rios de pequeno curso que contribuem para a
bacia do rio Caceribu. Os manguezais ocupam uma grande área na desembocadura dos rios que deságuam na
Baía de Guanabara, em área de pouco declive cortadas pelos rios Macacu e Guaxindiba (Fonte: Secretaria
Municipal de Planejamento, 2007);

BIOGEOCENOSE: o Município apresenta ecossistema significativo com destaque para a área do manguezal de
Itambi, áreas remanescentes da mata Atlântica e ainda a bacia calcária de São José (Fonte: Secretaria Municipal
de Planejamento, 2007);

2 - BACIA DO RIO C ACERIBU

O rio Caceribu é um dos principais tributários da Baía de Guanabara com 60 km de extensão e a segunda maior
área de drenagem de 811,34 km 2 , que é aproximadamente 20% de toda a Bacia Hidrográfica da Baía de
Guanabara (PCI, 2013). O Caceribu nasce nas montanhas e florestas no município de Rio Bonito e Tanguá. Antes
de descarregar na parte leste da Baía de Guanabara, no manguezais da Área de Preservação Ambiental de
Guapimirim, o rio cruza as cidades de Tanguá, Itaboraí e parte de São Gonçalo e Guapimirim. A sub-bacia é
caracterizada por uma alta concentração de rios de primeira ordem e os principais tributários da bacia do
Caceribu são os rios Aldeia, dos Duques, Bonito e Tanguá (IBG, 2002; AMADOR, 2012). A ESEC Guanabara ocupa
0,6% da bacia do Caceribu, o que representa 5 km 2 da área total de drenagem (ROBERTO, 2009).
Originalmente o rio Caceribu era um tributário do rio Macacu e ambos os rios no passado eram vias de
transporte de pessoas e bens. Porém, com as grandes obras de engenharia entre os anos 40 e 60 para o
saneamento, o rio Macacu foi desviado para o Guapimirim e a bacia do Caceribu foi isolada com o rio
descarregando na mesma área da antiga desembocadura do Macacu. É claramente observável a interferência
antropogênica na bacia, especialmente devido às retificações dos rios (IBG, 2002; ROBERTO, 2009).

Essas mudanças romperam com as configurações naturais que foram responsáveis pela história de ocupação da
região. Atualmente o principal acesso à região é a rodovia BR- 101, que leva ao Rio de Janeiro e à Região dos
Lagos. Os municípios pertencentes à bacia são cidades dormitórios e de passagem de pessoas e bens através da
rodovia (IBG, 2002).

A bacia do Caceribu tem menores problemas ambientais do que as bacias localizadas na parte oeste da Baía de
Guanabara por causa da menor população e densidade populacional. Porém, os municípios de São Gonçalo e
Itaboraí têm mostrado grandes taxas de crescimento nos últimos anos, bem maiores que de outros municípios
da Baía, especialmente porque a região sediará o complexo petroquímico COMPERJ.

Infelizmente, essa grande taxa de crescimento é acompanhada por grande taxa de desflorestamento (IBG, 2002).

As atividades industriais mais significantes estão associadas com a produção de cerâmicas para a produção de
tijolos usados na urbanização da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Antigamente a grande demanda do
crescimento metropolitano era madeira, material que também era ilegalmente extraído na área. A exploração e
processamento de argila na indústria de cerâmicos é responsável por degradação dos solos e assoreamento dos
rios. O setor de serviços está crescendo na região junto com a urbanização, o que agrava os problemas de
saneamento e desflorestamento (IBG, 2002).

Algumas indústrias instaladas na sub-bacia do Caceribu que são exercem atividades potencialmente poluidoras
são a Companhia Brasileira de Antibióticos (CIBRAN) e PERMA Indústria de Refrigerantes.
3 - RIO ALDEIA

O rio Aldeia é um dos principais contribuintes do Rio Caceribu e possui grande extensão atravessando boa parte
do município de Itaboraí. Nasce no bairro de Ipiiba, São Gonçalo e desagua no Rio Porto das Caixas, distrito de
Visconde de Itaboraí e daí vai para o Rio Caceribu, que tem sua foz na Área de Proteção Ambiental de
Guapimirim.

Foi uma importante via fluvial de escoamento de mercadorias provenientes do interior do Leste Fluminense no
período imperial do Brasil, quando os barcos levavam diversos produtos até Porto das Caixas, quando então
seguiam para o Rio de Janeiro. No fim do século XIX observa-se a decadência do transporte fluvial, sobretudo
após a construção da estrada de ferro que ligava o interior a Niterói. Com o abandono, o Rio Aldeia então sofre
intenso processo de assoreamento e redução da sua profundidade, inviabilizando o transporte fluvial.

Até a década de 90, o Rio Aldeia ainda apresentava alguma balneabilidade, muito utilizado para atividades de
lazer, como a pesca e banho. Atualmente apresenta altos índices de poluição sobretudo pelo despejo de esgoto
residencial no seu leito.

Os fatores que contribuíram para o aumento nos índices de poluição foi principalmente o crescimento urbano
sem planejamento , com destaque para os loteamentos em Ipiiba e Santa Izabel, São Gonçalo. Sem sistemas de
coleta e tratamento de esgoto, a maior parte dos efluentes são despejados in natura no rio. No caso de Itaboraí,
o intenso crescimento urbano após a construção da Ponte Rio Niterói na década de 70, promoveu a ampliação
de loteamentos, que acompanhou a falta de infraestrutura de esgotamento sanitário verificada em São Gonçalo.
No caso específico do Rio Aldeia, os bairros de Manilha, Granjas Cabuçu, Três Pontes, Vale do Sol e Retiro São
Joaquim, tem boa parte do esgoto lançado sem tratamento no curso fluvial. Segundo o Sistema Nacional de
Informações sobre o Saneamento (SNIS), em 2021 apenas 20,61% da população de Itaboraí era atendida com
esgotamento sanitário, frente a média de 71,29% do estado e 66,95% do país. E do total de esgoto coletado,
apenas 4,94% recebia tratamento adequado.

Além do problema do lançamento de efluentes residenciais, temos também a ocupação das suas margens,
derrubada da mata ciliar e impermeabilização do solo reduzindo as áreas de recarga do rio, assim como o
aterramento de nascentes. Essas intervenções produzem diversos impactos ambientais. Entre eles, o processo
de assoreamento, que é a deposição de sedimentos no leito do rio que reduz sua profundidade e aumenta a
probabilidade de enchentes em períodos de grandes chuvas. Isso acontece principalmente devido a retirada da
mata ciliar, vegetação natural que se constitui como uma barreira de proteção a processos erosivos. Esse
processo, somado ao fato de que o entorno de grande parte do Rio Aldeia se constitui como planícies de
inundação, ou seja, áreas que naturalmente recebem as águas dos rios que podem transbordar em chuvas
excepcionais, coloca a população que reside nesses locais em constante risco de inundações, trazendo prejuízos
materiais e riscos à saúde devido a contaminação dessa água por esgoto. Os bairros mais atingidos com as
enchentes são Três Pontes, Vale do Sol e Retiro São Joaquim, o que tende a piorar devido ao crescimento
populacional da cidade nos últimos anos.

Como pode ser observado na tabela abaixo, houve um crescimento urbano na ordem de 63% em nove anos,
trazendo uma rápida expansão dos problemas relatados. No caso de Granjas Cabuçu, esse bairro se constitui
como umas das novas frentes de expansão da cidade, com a construção de vários condomínios nas margens do
rio Aldeia, o que pode, futuramente, agravar ainda mais a qualidade das suas águas caso não haja fiscalização da
prefeitura.
A impermeabilização do solo ocorre quando ele perde sua capacidade de absorção da água e esse processo é
pior quanto mais se utiliza concreto e asfalto. Essa perda de capacidade de absorção faz com que as águas da
chuva escoem em grande velocidade para os cursos d’água, enchendo rapidamente os rios e agravando os
processos de enchentes. Ao mesmo tempo, essa impermeabilização dificulta o que chamamos de sistema de
recarga dos rios, pois em ambientes naturais, essa chuva é absorvida lentamente pelo solo e alimenta o lençol
freático, que quando chega ao nível de saturação, ou seja, quando atinge sua capacidade máxima, escoa esse
excesso para os cursos fluviais permitindo assim a chegada de água limpa nos rios. A mesma coisa acontece com
as nascentes, olhos d’agua que alimentam os rios ao longo de seu curso e que podem dar origem e diversos
córregos que alimentam os afluentes. A urbanização também é responsável pelo “aterramento” das nascentes e
extinção desses córregos.

Em suma, a cidade de Itaboraí tem enormes desafios para efetivar o direito a um ambiente saudável para sua
população. A falta de planejamento ao longo do processo de urbanização resultou em problemas ambientais
difíceis de serem resolvidos, mas é possível caso haja conscientização dos cidadãos para que se faça uma
cobrança junto ao poder público que leve a cidade ao um desenvolvimento mais sustentável, quiçá com a
possível recuperação dos corpos d’água que atualmente servem somente como depósitos de esgoto residencial.
No caso específico do rio Aldeia, a complexidade aumenta pois sua recuperação envolve os municípios de
Itaboraí e São Gonçalo, porém, com uma política séria de saneamento básico, com a construção de estações de
tratamento de esgoto e ampliação da rede coletora, atuação do poder público quanto ao crescimento
desordenado de loteamentos ao longo do rio Aldeia, seria possível vislumbrar um futuro onde seria possível o
uso desse rio para o lazer, reduzindo também os impactos ambientais pelos quais a população sofre em
episódios de fortes chuvas.

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