I GRUPO - Precipitacao e Escoamento

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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


CURSO DE LICENCIATURA EM AGROPECUÁRIA

JEREMIAS MÁRIO CHAUQUE


JOSÉ CARLOS JOSÉ PEDRO
PEDRO TOMÁS ANTÓNIO
NIQUITO MANUEL XAVIER

PRECIPITAÇÃO E ESCOAMENTO SUPERFICIAL

Quelimane

2024
JEREMIAS MÁRIO CHAUQUE

JOSÉ CARLOS JOSÉ PEDRO

PEDRO TOMÁS ANTÓNIO

NIQUITO MANUEL XAVIER

PRECIPITAÇÃO E ESCOAMENTO SUPERFICIAL

Trabalho de investigação a ser apresentado ao


Curso de Licenciatura em Agro-pecuária do
Departamento de Ciências Agronómicas, como
requisito para avaliação na Disciplina/módulo de
Hidrologia Agrícola.

Docente: Engº. Celso Serra

Quelimane

2024
Índice
1 Introdução................................................................................................................................3
1.1 Objectivos.............................................................................................................................3
1.1.1 Geral...................................................................................................................................3
1.1.2 Específicos.........................................................................................................................3
2 Metodologia.............................................................................................................................4
3 Revisão Bibliográfica...............................................................................................................5
3.1 conceito de Precipitação.......................................................................................................5
3.2 Coalescência.....................................................................................................................5
3.2.1 Diferenças de temperatura entre os elementos das nuvens.................................6
3.2.2 Diferenças de tamanho entre os elementos das nuvens.......................................6
3.2.3 Diferenças de tamanho entre os elementos das nuvens.......................................6
3.2.4 Existência de cargas eléctricas entre os elementos das nuvens.........................6
3.3 Tipos de precipitação......................................................................................................7
3.3.1 Chuvas leves..................................................................................................................7
3.3.2 Chuvas intensas............................................................................................................7
3.3.3 Chuvas frontais.............................................................................................................8
3.3.4 Chuvas Orográficas....................................................................................................10
3.4 Medida da precipitação................................................................................................10
3.4.1 Instrumentos utilizados para medir a precipitação.........................................11
3.5 Escoamento superficial.......................................................................................................13
3.5.1 Processo de escoamento...................................................................................................13
3.5.2 Componentes do escoamento...........................................................................................15
3.5.3 Factores do escoamento...................................................................................................16
4 Conclusão...............................................................................................................................18
5 Referencias Bibliográficas.....................................................................................................19
3

1 Introdução

A precipitação na hidrologia é entendida como a água proveniente do vapor de água na atmosfera


depositada na superfície terrestre. A chuva, o granizo e a neve são exemplos de precipitação.
(Quintela, 1992). Ela constitui um importante papel no ciclo hidrológico que por consequência
influencia na qualidade do meio ambiente, além de afectar de forma directa e indirecta a vida
económica e social da população, como na geração de energia e nas actividades agrícolas.

Entende-se que a precipitação é vital para a vida na Terra, entretanto sua elevada ocorrência com dias
de chuva consecutivos e chuvas com grande intensidade, podem acarretar em consequências negativas
que podem afectar os segmentos socioeconómicos de energia, abastecimento de água e a ocorrência de
desastres naturais, como inundações e erosões no solo. (Quintela, 1992).

O processo do escoamento inclui uma série de fases intermediárias entre a precipitação e o


escoamento em rios. Para entender o processo do escoamento é necessário entender cada uma
destas fases. Esta sequência de eventos é chamada de ciclo do escoamento. De todas as
componentes do ciclo hidrológico, o escoamento superficial é talvez a que mais importância
tem para o engenheiro. De facto, a maioria dos estudos hidrológicos têm como objectivo final
a quantificação do escoamento superficial que servirá de base a projectos de aproveitamento
da água para várias finalidades (rega, abastecimento público, etc.). Quando a precipitação já
preencheu as pequenas depressões do solo, a capacidade de retenção da vegetação foi
ultrapassada e foi excedida a taxa de infiltração, começa a ocorrer o escoamento superficial.
Inicialmente, formam-se pequenos filetes que escoam sobre a superfície do solo até se
juntarem em corredeiras, canais e rios. O escoamento ocorre sempre de um ponto mais alto
para outro mais baixo, sempre das regiões mais altas para as regiões mais baixas até o mar.

1.1 Objectivos

1.1.1 Geral

Estudar a Precipitação e Escoamento Superficial.

1.1.2 Específicos

a) Conceituar a precipitação;
b) Apresentar os tipos de precipitação;
c) Falar do Escoamento superficial;
d) Analisar como ocorre o processo de escoamento.
4

2 Metodologia

Metodologia utilizada para a realização do presente trabalho, foi empregada a pesquisa


bibliográfica. Que para Severino (2007), a pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a
partir do registo disponível, decorrente de pesquisa anteriores, em documentos impressos,
como livros, artigos, teses etc. Utiliza-se dado ou categorias teóricas já trabalhadas por outros
pesquisadores e devidamente registados. O método bibliográfico consistiu no levantamento do
material bibliográfico existente (obras bibliográficas, artigos científicos, dissertações, teses e
páginas Web) que abordam aspectos relacionados com hortaliças.
5

3 Revisão Bibliográfica

3.1 conceito de Precipitação

É o resultado final, já em retorno ao solo, do vapor d'água que se condensou e se transformou


em gotas de dimensões suficientes para quebrar a tensão de suporte (ou força de flutuação) e
cair. Esta água entre nuvem e solo, chamada chuva, tem aparentemente regular seu aspecto
quantitativo para cada local do globo, mas a sua distribuição, durante o ciclo anual é
declaradamente irregular (Quintela, 1992).

Devido à sua importância como suprimento de água aos seres vivos, a precipitação tem
importância fundamental.

A seguir, mostraremos os conceitos mais importantes e mostraremos como se formam as


precipitações, seus tipos, como medi-las e como usá-las como instrumento de
planeamento.

3.2 Coalescência

O processo de condensação na atmosfera possibilita a formação de gotículas de pequeno


diâmetro, em torno de 100mm, que possuem capacidade de sustentação (flutuação) maior
que a acção da gravidade (peso) fazendo com que permaneçam em suspensão durante
todo o tempo. Estas gotículas são denominadas elementos de nuvem. (Lencastre e Franco,
2003).

Para que haja precipitação deve haver elementos de precipitação, que não podem ser
formados únicos e exclusivamente por processos de condensação de vapor d'água. Há a
necessidade da acção de outros processos físicos. Em geral, a condensação nos propicia
uma alta concentra cão de pequeninas gotas. Os processos físicos da precipitação devem
converter esta multidão de gotículas em um número menor de gotículas maiores.

Considerando-se que a massa de uma gota com 2mm de diâmetro é cerca de dez mil
vezes maior que a de uma gotícula de 100mm, os mecanismos de precipitação devem ser
capazes de causar uma combinação rápida de um grande número de elementos
formadores das nuvens. O tamanho das gotículas é que definem a diferença entre
elementos de nuvem e elementos de precipitação. (Lencastre e Franco, 2003).

A nuvem, como qualquer aerossol, tem uma tendência constante à autodestruição,


devidos às forças que promovem a coalescência, ou seja, a união de suas gotículas
formadoras. Esta tendência para coalescer leva a condição de grandes gotas nas quais a
6

tensão de suporte (ou força de flutuação) é menor que a força da gravidade (peso), o que
leva-as ao fenómeno da precipitação.

A coalescência é resultado de alguns factores que ocorrem no interior da nuvem, os quais


citaremos a seguir:

3.2.1 Diferenças de temperatura entre os elementos das nuvens

Esta condição propicia o deslocamento das gotas mais quentes (mais energéticas = maior
movimentação) para as mais frias (menos energéticas = menor movimentação) fazendo
com que haja um aumento do tamanho das gotas mais estáticas (mais frias = menos
energéticas = menos movimento = mais estáticas).

3.2.2 Diferenças de tamanho entre os elementos das nuvens

Quanto maior a gota, tanto maior a sua tendência em capturar as gotas menores ao seu
redor. A diferença de tamanho entre as partículas estabelece um fluxo de deslocamento
das menores partículas para as maiores, que é tão mais intenso quanto maior for a
diferença de tamanho entre as partículas. A tendência é sempre de aumentar os elementos
já maiores.

3.2.3 Diferenças de tamanho entre os elementos das nuvens

Devido à grande quantidade de movimento (velocidade) adquirida pelos elementos em


ascensão estes alcançam o nível de condensação. Inicia-se aí o processo de condensação e
a massa, ainda em ascensão, leva consigo vapor e gotículas de água para níveis mais
superiores. Dependendo da intensidade do processo esta gotículas alcançam o ponto de
congelamento, passando ao estado sólido, na forma de granizo. Se o processo for mais
intenso ainda, o vapor não condensado alcança o ponto de sublimação, passando ao
estado sólido, na forma de neve.

Independente da intensidade desses processos há movimentos turbulentos dentro da


nuvem e isto favorece os choques entre as partículas fazendo com que as maiores
absorvam as menores, com uma tendência de aumentar as gotículas (Lencastre e Franco,
2003).

3.2.4 Existência de cargas eléctricas entre os elementos das nuvens

O processo de turbulência no interior da nuvem ocasiona, nas partículas com a mesma


massa, o fenómeno do atrito, que ocasiona o aparecimento de cargas eléctricas estáticas
no interior da nuvem, gerando a força de atracão electrostáticas (as gotículas negativas e
7

positivas se atraem). Como nos casos anteriores, as gotículas de menor massa se


locomovem em direcção das de maior massa, ocasionando cada vez mais o aumento das
gotículas.

3.3 Tipos de precipitação

Para (Lencastre e Franco, 2003). na natureza a precipitação pode ser a mais variada
possível, desde minúsculas gotinhas, com massa suficiente apenas para desequilibrar as
forças de sustentação (garoa), até tormentas com gotas enormes (tromba-d’água). As
origens destes tipos extremos de precipitação são diferentes, como veremos a seguir.

3.3.1 Chuvas leves

As chuvas leves (tipo garoa, por exemplo) podem ser resultados de duas condições
distintas tendo como origem as nuvens do género stratus.

Primeiro, pode ser um processo de injeção de vapor d'água de uma superfície


humedecida com maior energia (mais quente), para o ar menos energético (mais frio)
situado acima com posterior resfriamento dessa massa de ar. O nevoeiro formado é tão
intenso que se forma uma leve coalescência aumento as gotículas para além do limite de
sustentação com posterior queda, lenta e duradoura, dessas gotículas. Em termos de água
precipitada é sempre um valor baixo.

Segundo, quando uma massa de ar fria (baixa energia) recebe a atuação de outra mais
energética e com alta humidade (invasão de frente quente), inicia-se a condensação e
formação de nuvens cirrus, posteriormente alto stratus e finalmente baixo stratus, que
podem ter leve coalescência com precipitação das gotículas durante longo período. Os
valores precipitados são extremamente divergentes.

Dependendo da intensidade e da humidade dessas massas de ar em confronto, é possível


a formação de nuvens nimbustratus, que ocasionam precipitações intensas. Nimbustratus
são nuvens aparentemente baixas que, quando o correm durante o dia, ocasiona um
intenso escurecimento do local.

3.3.2 Chuvas intensas

As chuvas moderadas ou intensas são, na maioria das vezes, originárias dos movimentos
convectivos, com excepção das chuvas originárias das nimbustratus.
8

Estes movimentos convectivos, que são resultantes do aquecimento diferencial da


superfície, em função das diferentes características das superfícies dos solos, forçando
diferentes taxas de absorção de calor.

Este aquecimento diferencial leva a formação de bolhas de ar (quentes e húmidas)


ascendentes formando uma nuvem, normalmente de grande extensão vertical,
denominada cumulus. Se este processo for muito intenso, pode gerar uma nuvem de
grandíssima extensão vertical, que pode ocasionar precipitações intensas e até chuva de
granizo. Esta nuvem recebe o nome de cumulusnimbus ou nuvem de trovoada.

3.3.3 Chuvas frontais

São chuvas ocasionadas pelo encontro de diferentes tipos de massas de ar. Existem,
basicamente três casos a serem considerados.

a) Frentes frias

As massas de ar que mais promovem chuvas são as massas frias, ou frentes frias. Elas são
originárias dos pólos terrestres, possuem baixa energia interna (frias) e alta densidade
(pesadas). São chamadas de alta pressão pois parecem densos fluidos caminhando dos
pólos em direção ao equador terrestre. Esse deslocamento pode ocorrer sobre os oceanos
ou sobre os continentes, gerando situações de massas de mesma origem mas com
diferentes energia interna e humidade. Dependendo deste conjunto de características as
frentes destas massas de ar podem ser inativas ou ativas.

 Frente fria inativa

A frente fria inativa (movimento rápido) possui um gradiente de vento advectivo


crescente em altitude, ou seja, o deslocamento da massa de ar em altitude, é mais rápido
que próximo à superfície do solo.

Conforme pode ser visto na figura 1, isso condiciona a mistura das massas de ar anterior
à entrada da frente, possibilitando a ocorrência de chuvas chamadas pré-frontais.

Figura2. Representação esquemática do avanço de uma frente fria ativa,


comconseqüente formação de chuvas frontais (chuva coincidente com a
entrada da frente fria).
9

 Frente fria ativa

A frente fria ativa (movimento lento) possui um gradiente de vento advectivo decrescente
em altitude, ou seja, o vento próximo à superfície tem maior velocidade de deslocamento
do que o vento em altitude.

Conforme mostra a figura 2, esta massa de ar frio e denso se deslocando junto à


superfície tem o efeito de um anteparo às massas mais energéticas, que são forçadas a
subir, em movimento convectivo com rápida ascensão, estabelecendo a formação de
nuvens do género cu-mulus, que continuamente vão evoluindo para cumulusnimbus que,
por sua vez, ocasionará chuvas de moderadas a intensas.

Independente do deslocamento da frente fria ser lento ou rápido, condicionando chuvas


pré-frontais ou frontais, o mecanismo de formação das nuvens cumulus é originado por
convecção forçada (ou mecânica).

b) Frentes quentes

Quando um local qual quer recebe o fluxo de uma massa de ar estável, húmida e mais
energética que a que reina nesse local, diz-se que há a invasão de uma frente quente,
conforme é exemplificado na figura 3. Nesse caso, o ar quente, estável e húmido, provoca
uma mistura paulatina com o ar menos energético, e a queda de energia da mistura
resultante (mais fria) provoca a condensação em nuvens do género stratus, e consequente
formação de chuva fina. Ocasionalmente ocorre a formação de nimbustratus, com queda
de chuvas intensas.

Figura 3. Representação esquemática do avanço de uma frente quente, estável e húmida, mostrando a evolução das nuvens até o nimbustra

Figura3.Representaçãoesquemáticadoavançodeumafrentequente,estáveleúmida,mostrandoaevoluçãodasnuvensatéonimbustratuscomcons
10

c) Oclusão de massas de ar

Finalmente, pode ocorrer oclusões de frentes, isto é, as frentes frias e quentes alternam-se
sucessivamente, não definindo o domínio de uma ou de outra. Neste caso as chuvas são
contínuas durante vários dias, até a definição do domínio de uma das massas de ar. Neste
caso, o sistema de nuvens evolui para nimbustratus e daí para cu-mulus, conforme mostra
a figura 4.

Figura 4. Representação esquemática do fenómeno de oclusão de massa de ar, tipo frente fria, com formação de nimbustratus e precipitaç

Figura 4. Representação esquemática do fenómeno de oclusão de massa de ar, tipo frente fria, com formação de nimbustratus e precipitaç
3.3.4 Chuvas Orográficas

Outra possibilidade de formação de nuvens e posterior precipitação é por efeito


topográfico. Nesta situação as chuvas são denominadas orográficas.

Quando uma massa de ar quente e húmida, em seu movimento de deslocamento, se


encontra com uma montanha é forçada a se elevar, gerando um processo convectivo, com
posterior formação de nuvens do género cumulus. No caso, o processo convectivo é
forçado, ou mecânico. Este processo de precipitação é comum na região litorânea, devido
à presença da Serra do Mar.

3.4 Medida da precipitação

A medida da precipitação é importante pois possibilita uma avaliação do total de água


disponível no local medido. (Lencastre e Franco, 2003).

Esta medida é considerada em altura de coluna d'água (mm) que ficaria no local senão
houvesse infiltração e deflúvio lateral. Por exemplo: uma chuva de 15 mm sobre uma
superfície plana e impermeável significa que a água retida deve formar uma lâmina de
15mm de espessura.
11

Em termos de volume de água precipitada, por metro quadrado, 1mm de altura representa
um volume de 1litro. Por exemplo: uma chuva de 15mm de altura, propicia para um
hectare (10.000m2) um volume de 150.000 litros ou 150m3 de água.

3.4.1 Instrumentos utilizados para medir a precipitação

Estes instrumentos são coletores simples de chuva que tenham uma boca ou superfície de
coleta bem determinada e que possuium reservatório bem fechado, que evite vazamentos
de água, tanto na forma líquida, como na forma de vapor (evaporação). Estes aparelhos
recebem o nome de pluviómetros ou pluviógrafos.

3.4.1.1 Pluviômetro

É um aparelho de funcionamento simples. Durante a chuva, parte desta penetra pela


superfície coletora (A) e o volume de água (V) fica retida no depósito. A altura de
precipitação (h) é dada pela seguinte relação:

h = V/A…………………………(1)

Lembre-se que os valores de V e de A devem estar em unidades compatíveis, uma vez


que o resultado h costuma ser expresso em milímetros.

Nos postos meteorológicos, o pluviómetro fica instalado tendo a superfície coletora


situada a 1,5 m acima da superfície do solo. A figura 5 mostra uma imagem de um
pluviômetro, que um dos mais utilizados nas estações meteorológicas.

Por intermédio do pluviómetro é possível saber o total de água precipitada, mas ele não
possibilita a determinação da intensidade da chuva nem em qual momento ocorreu a
precipitação medida.

3.4.1.2 Pluviógrafo
12

Ao contrário dos pluviômetros, os pluviógrafos registram as chuvas e seus respectivos


intervalos de ocorrência, possibilitando a determinação da intensidade da chuva
registrada. (Lencastre e Franco, 2003).

O pluviógrafo é semelhante ao pluviômetro, mas possui alguns acessórios que permitem


que as alturas de chuva e seus intervalos de ocorrência sejam registrados. Existem várias
maneiras de se fazer este registro, contudo nos ateremos apenas ao tipo clássico (sifão) de
pluviógrafo, conforme está apresentado na figura 6.

A chuva penetra pela boca e cai em um depósito de volume conhecido (correspondente a


uma altura de 10mm de precipitação). Este volume é controlado pelo sifão. Quando a
água enche o reservatório o sifão esvazia o reservatório. No interior deste reservatório
existe uma bóia que oscila junto com o nível de água. Esta bóia está anexada a um
sistema de alavancas que levará a oscilação até uma pena, que por sua vez, corre sobre
um papel registrador colocado em um tambor com mecanismo de relógio. Desta maneira,
é Figura6.Pluviógrafotiposifão.
registrada ponto a ponto toda a variação da precipitação que ocorreu no período. Além
disso, há a vantagem de ficarmos de posse do papel de registro que é parecido como
exemplo da figura 7.

Este sistema supra descrito é o sistema clássico. Na actualidade existem uma grande
variedade de métodos de se medir precipitação sem do que os que tem apresentado
melhores resultados são o pluviógrafo de báscula e o pluviógrafo infravermelho.
13

3.5 Escoamento superficial

O escoamento, de uma bacia hidrográfica, define-se como a quantidade de água que atravessa
uma secção de um curso de água, num determinado intervalo de tempo (ano, mês, dia, etc.).
Pode ser expresso em volume (m3, hm3, km3) ou em altura de água uniformemente
distribuída sobre a área da bacia hidrográfica (mm).

É usual utilizar, em vez do escoamento num dado intervalo de tempo, o correspondente


caudal médio, Q, que exprime a relação entre o volume (m3 ou l) de água, , que passa numa
secção desse curso de água e o respetivo tempo (s) de passagem, . Expressa-se, geralmente,
em m3s-1 ou ls-1 e é dado por,

∆V
Q= . [m3s-1] ou [ls-1]
∆t

Para um dado período de tempo pode definir-se:

a) Caudal médio diário (num dado dia);

b) Caudal médio mensal (num dado mês);

c) Caudal médio anual ou módulo anual (num dado ano);

d) Caudal médio plurianual ou módulo (num período de vários anos).

3.5.1 Processo de escoamento

O escoamento é produzido pela precipitação podendo a precipitação sobre uma determinada


área, ser dividida em várias parcelas.

No início, a água pode ser intercetada, pela vegetação ou por obstáculos que a impeçam de
atingir o solo. Se a precipitação prossegue, a água atinge a superfície terrestre de onde se
evapora, se infiltra ou permanece retida em depressões. Durante este período inicial, o
acréscimo de caudal no curso de água é produzido unicamente pela pequena fracção da água
precipitada directamente na rede hidrográfica (Quintela, 1992).

A partir do momento em que a precipitação caída excede as capacidades relativas aos


processos anteriormente descritos, o volume de água excedente escoa-se à superfície do
terreno até à linha de água mais próxima, dando origem ao escoamento superficial. As linhas
de água de menor secção associam-se noutras de secção sucessivamente maior, que virão por
fim, salvo raras exceções (bacias endorreicas), a comunicar com o mar (Lencastre e Franco,
2003).
14

A retenção superficial refere-se à parcela de água que não se infiltra nem dá origem a
escoamento superficial, isto é, refere-se à água intercetada, à água armazenada nas depressões
do solo e à que passa ao estado de vapor durante a ocorrência da precipitação (Quintela,
1992).

A detenção superficial refere-se à água do escoamento superficial em trânsito sobre o terreno


e representa um armazenamento de água rapidamente variável no tempo (Quintela, 1992).

O processo de formação do escoamento está ilustrado na Figura.

No processo de formação do escoamento distinguem-se as seguintes zonas:

a) Manto freático, onde os poros do solo estão completamente preenchidos por água que
está à pressão hidrostática. A água desta zona designa-se por água do subsolo ou das
reservas subterrâneas.

b) Franja capilar, situada imediatamente acima da zona de saturação, onde a água se


mantém devido à capilaridade. A espessura desta zona varia em função da textura do
solo, sendo maior nos solos argilosos e limosos e menor nos solos arenosos.

c) Zona intermédia, situada entre a franja capilar e a zona de água no solo, onde a
quantidade de água retida é, pelo menos, igual à capacidade de campo, podendo ser
maior se existir água em movimento. A espessura desta camada pode ir até dezenas de
metros.
15

d) Zona de água no solo, que vai desde a superfície do solo até à profundidade em que a
água pode ser reenviada para a atmosfera (por transpiração das plantas ou
evaporação). Por isto, é também designada por zona de evaporação e a sua espessura
depende da profundidade das raízes.

Quando a zona de água do solo apresenta deficiência de água em relação à capacidade de


campo, toda a água infiltrada fica retida naquela zona. À medida que o teor de água aumenta,
a capacidade de infiltração (quantidade de água que se pode infiltrar por unidade de tempo e
área) reduz-se, elevando-se, portanto, a quantidade de água que se escoa à superfície, que vai
provocar um acréscimo do caudal nos cursos de água.

Quando o teor de água na zona de água no solo atinge a capacidade de campo, a água que se
infiltra vai aumentar as reservas subterrâneas, que alimentarão os cursos de água, com
desfasamento no tempo. Por outro lado, parte da água infiltrada pode ter movimento com
componente horizontal, vindo de novo a atingir a superfície, devido a uma maior
permeabilidade no sentido horizontal (Quintela, 1992).

3.5.2 Componentes do escoamento

Atendendo ao processo de escoamento descrito atrás, o escoamento que atravessa uma secção
de um curso de água é composto, quanto à sua origem, por:

a) Escoamento superficial ou escoamento direto. Corresponde à água que atinge a rede


hidrográfica escorrendo sobre a superfície do terreno, sem se infiltrar. Resulta da
precipitação útil, isto é, da fração da precipitação que, depois de satisfeitos os
processos de evaporação, infiltração e retenção superficial na bacia, chega à rede
hidrográfica. É a componente mais significativa do escoamento durante os períodos de
precipitação intensa, mas assim que esta termina a importância desta componente
começa a diminuir até se anular.
b) Escoamento subsuperficial, hipodérmico ou intermédio. Corresponde à água
infiltrada que volta a aparecer à superfície, sem ter atingido a zona de saturação.
Resulta da fração da precipitação que se infiltra, mas que se escoa a pouca
profundidade no terreno (devido à existência de substratos impermeáveis no perfil do
solo). Chega aos cursos de água apenas com um ligeiro atraso em relação ao
escoamento superficial e termina pouco depois do fim do escoamento superficial.
c) Escoamento subterrâneo ou de base. Corresponde à água infiltrada que atingiu a
zona de saturação. Resulta da parcela da precipitação que foi sujeita a processos de
16

infiltração profunda, e representa a contribuição para o escoamento superficial das


reservas hídricas subterrâneas acumuladas nas formações geológicas por onde passa o
curso de água. Esta componente tem pouca importância durante os períodos de
precipitação intensa, mas representa a totalidade do escoamento assim que as outras
componentes se esgotam.
d) Escoamento resultante da precipitação sobre a rede hidrográfica. A importância
deste escoamento depende da densidade da rede hidrográfica.

3.5.3 Factores do escoamento

Os factores que influenciam o escoamento numa secção de um curso de água podem


classificar-se em dois grupos: climáticos e fisiográficos (Quintela, 1992).

3.5.3.1 Factores climáticos

Os factores climáticos podem ainda ser divididos em factores devidos à precipitação e


factores que condicionam a evapotranspiração.

Factores relativos à precipitação

Os factores relativos à precipitação são a forma, a intensidade, a duração e a distribuição, no


tempo e no espaço, da precipitação:

a) Uma precipitação na forma líquida pode dar origem imediata ao escoamento no curso
de água, ao contrário de uma precipitação sob a forma de neve que produzirá
escoamento com desfasamento no tempo.
b) Só haverá escoamento superficial se a intensidade da precipitação exceder a
capacidade de infiltração do solo.
c) O aumento da duração da precipitação faz com que diminua gradualmente a
capacidade de infiltração (por aumentar o teor de água no solo) e consequentemente
faz com que aumente o escoamento.
d) A distribuição da precipitação no tempo (época de ocorrência e intervalo entre
fenómenos de precipitação) condiciona o teor de água do solo e a disponibilidade de
água para a evaporação e transpiração.

Factores condicionantes da evapotranspiração

A evapotranspiração é responsável pela perda de água para o escoamento e é condicionada


pela temperatura, radiação solar, vento, humidade do ar, pressão atmosférica, natureza da
superfície evaporante, teor de água no solo e espécie e distribuição da vegetação.
17

3.5.3.2 Factores fisiográficos

Os factores fisiográficos resultam das características da bacia hidrográfica:

a) Características geométricas: Área e forma da bacia tem grande influência na formação


das cheias e, portanto, nos valores específicos (por unidade de área) do caudal de ponta de
cheia e pequena influência no valor do escoamento anual, expresso em altura de água
uniforme sobre a bacia.
b) Características do sistema de drenagem: A densidade de drenagem influencia a forma
das cheias e o escoamento anual, pois dela depende o percurso superficial sobre o terreno
e, portanto, a maior ou menor oportunidade para a infiltração e evapotranspiração.
c) Características de relevo: O relevo influência a infiltração e, portanto, o escoamento
superficial, o teor de água no solo, que por sua vez influencia a evapotranspiração e a
alimentação das reservas subterrâneas. Por outro lado, a orientação da bacia tem
influência na exposição aos ventos e à radiação solar condicionando a evapotranspiração.
d) Características do solo, vegetação e geologia: Do tipo de solo, depende a capacidade de
infiltração, que é função da dimensão e distribuição dos poros do solo e da sua
estabilidade. A vegetação tem como efeito intercetar parte da água precipitada, retardar o
escoamento superficial, dando-lhe mais tempo para se infiltrar, e proteger o solo da erosão
hídrica. As raízes tornam o solo permeável à infiltração da água. As condições geológicas
influenciam a estrutura do solo, a possibilidade de infiltração de água no solo e a
constituição das reservas subterrâneas que alimentam os cursos de água nos períodos sem
precipitação.
18

4 Conclusão

O processo do escoamento inclui uma série de fases intermediárias entre a precipitação e o


escoamento em rios. Para entender o processo do escoamento é necessário entender cada uma
destas fases. Esta sequência de eventos é chamada de ciclo do escoamento. De todas as
componentes do ciclo hidrológico, o escoamento superficial é talvez a que mais importância
tem para o engenheiro. De facto, a maioria dos estudos hidrológicos têm como objectivo final
a quantificação do escoamento superficial que servirá de base a projectos de aproveitamento
da água para várias finalidades (rega, abastecimento público, etc.).
19

5 Referencias Bibliográficas

Lencastre A. e F Lencastre A. e Franco F. M. (2003). Lições de Hidrologia, Fundação


Armando Lencastre, ISBN 972-8152-59-0, Lisboa.

Quintela A. C. (1992). Hidráulica aplicada. Parte I - Hidrologia e Recursos Hídricos.


Instituto Superior Técnico. Lisboa.
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