AMADEI, D. Avaliação de Blocos de Concreto para Pavimentação Com Resíduos de Construção e Demolição Do Município de Juranda
AMADEI, D. Avaliação de Blocos de Concreto para Pavimentação Com Resíduos de Construção e Demolição Do Município de Juranda
AMADEI, D. Avaliação de Blocos de Concreto para Pavimentação Com Resíduos de Construção e Demolição Do Município de Juranda
MARINGÁ
2011
1
MARINGÁ
2011
2
Aprovado em
BANCA EXAMINADORA
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
With the emergence of sustainability, which was stronger after the massive amount of
waste generated due to population explosion of twentieth century and the destruction
caused by the 2nd World War, conforms to a scenario in which they aspire
alternatives of growth environmentally responsible, in which construction sector
comes into focus because of the impact causing both the consumption of resources
and the generation of waste. Therefore, the recycling appears as a solution to a
sustainable development, considering benefits such as reduced consumption of
natural resources, pollution and areas for the sanitary landfill. The interlocking blocks
of concrete are a means of using recycled RCD, which besides presenting the
various technical advantages inherent to the type of paving, also happens to be a
product in favor of environmentally. Thus, this research focuses mainly on the
fabrication and evaluation of interlocking blocks of concrete with Construction and
Demolition Waste from Juranda City – PR, partially replacing the natural fine
agrregate by recycled fine agrregate in the range of 25% to 50%. It was also
proposed an adaptation of the method for dosage of plastic concrete for concrete
blocks, because this doesn’t have any method consecrated. After manufacture, the
blocks were submitted to tests of resistance to compression, resistance to abrasion
and absorption of water. The results showed that the level of 25% substitution
reached values above 35 MPa at 28 days, as determined by the NBR 9780 (1987),
and provide satisfactory values in the other parameters not covered by standard. The
indices of 30% and 35%, although not reach the resistance determined by Brazilian
standard, obtained satisfactory results to be emploued in places requiring low
demands of traffic.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE TABELAS
α Teor de Argamassa
a/c Relação Água/Cimento
ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ASTM American Society for Testing and Materials
ARI Alta Resistência Inicial
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CP Cimento Portland
CSA Canadian Standards Association
DSC Calorimetria Exploratória Diferencial
EPUSP Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
fck Resistência Característica à Compressão
h Teor de Umidade
ICPI Instituto de Pavimentos de Peças Pré-moldadas de Concreto
IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas
kg Quilograma
m² Metro Quadrado
m³ Metro Cúbico
m Relação Agregado/cimento
MPa Mega Pascal
PIB Produto Interno Bruto
PMGRCC Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção
Civil
PGRCC Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
RCD Resíduos de Construção e Demolição
RSU Resíduos Sólidos Urbanos
SANEPAR Companhia de Saneamento do Paraná
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
ton Tonelada
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................16
1.1 OBJETIVOS ...................................................................................................18
1.1.1 Geral ..............................................................................................................18
1.1.2 Específicos ...................................................................................................18
1.2 JUSTIFICATIVA .............................................................................................18
1.3 METODOLOGIA.............................................................................................20
2 RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO ..........................................22
2.1 DEFINIÇÃO....................................................................................................23
2.2 CLASSIFICAÇÃO E LEGISLAÇÃO................................................................23
2.3 CARACTERIZAÇÃO ......................................................................................26
2.4 GERAÇÃO .....................................................................................................27
2.4.1 Etapa de Construção....................................................................................28
2.4.2 Etapa de Manutenção...................................................................................29
2.4.3 Etapa de Demolição .....................................................................................30
2.5 COMPOSIÇÃO...............................................................................................31
2.6 QUESTÕES AMBIENTAIS.............................................................................35
2.6.1 A Exploração de Recursos Naturais...........................................................36
2.6.2 Geração de Resíduos...................................................................................38
2.6.3 Minimização dos Impactos Ambientais......................................................39
2.7 PRODUTOS COM AGREGADOS RECICLADOS..........................................42
2.7.1 Pavimentação ...............................................................................................42
2.7.2 Concretos e Argamassas ............................................................................45
3 BLOCO INTERTRAVADO DE CONCRETO..................................................49
3.1 ASSENTAMENTO E INTERTRAVAMENTO..................................................50
3.2 O USO DE RCD EM BLOCOS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAÇÃO ...55
3.3 PROPRIEDADES REQUERIDAS ..................................................................58
3.3.1 Normas Técnicas..........................................................................................60
3.4 MATERIAIS, DOSAGEM E MISTURA ...........................................................63
3.4.1 Materiais........................................................................................................63
3.4.2 Métodos de Dosagem ..................................................................................64
3.4.3 Equipamentos...............................................................................................74
3.4.4 Proposta de Mistura em Duas Etapas ........................................................75
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Geral
1.1.2 Específicos
1.2 JUSTIFICATIVA
1.3 METODOLOGIA
2.1 DEFINIÇÃO
Leite (2001) explica que os resíduos sejam eles quais forem, devem ser
classificados, do ponto de vista do risco ambiental, para que possam sofrer o correto
destino e manuseio.
A norma que classifica os resíduos sólidos no Brasil é a NBR 10004 (ABNT,
2004) e, de acordo com esta, os RCD se enquadram em Resíduos da Classe II B –
inertes, pois possuem componentes minerais não poluentes e são considerados
quimicamente inativos.
Todavia, há pesquisas que detectaram uma falha nessa afirmação, pois a
caliça pode conter tintas, solventes, dentre outras substâncias que percolam e
contaminam o solo. Também se encontram materiais como amianto e metais
pesados, altamente nocivos (LEITE, 2001 apud DORSTHORST e HENDRIKS,
2000).
24
seus impactos. Uma possível solução seria que o Estado, e até mesmo o CONAMA,
oferecessem apoio técnico para a implantação desse sistema de gestão de RCD
(ALCÂNTARA et al., 2007).
Recentemente foi sancionada a Lei 12.305 (BRASIL, 2010), de 02 de agosto
de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo esta sobre
as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos,
incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos
instrumentos econômicos aplicáveis. Esta também compreende os Resíduos da
Construção Civil, sujeitando as empresas deste ramo às normas estabelecidas pelo
SISNAMA. Sendo assim, o plano de gerenciamento do resíduo abrange o poder
público nos âmbitos federal, estadual e municipal, além dos geradores, para que a
gestão seja integrada, norteada por essa lei, de modo a minimizar os impactos no
meio ambiente.
2.3 CARACTERIZAÇÃO
2.4 GERAÇÃO
FONTE CAUSA
retirando possíveis contaminantes, como o gesso. Porém, o tempo gasto com tal
processo é maior que em demolições tradicionais.
2.5 COMPOSIÇÃO
Concreto, 15,20%
Argamassa, 28,30%
Gráfico 01 – Composição do RCD de Porto Alegre
Fonte: LEITE, 2001.
Outros; 11%
Concreto e
Solo; 26% argamassa; 44%
Material Cerâmico;
19%
Outros; 5%
Concreto e
argamassa; 33%
Solo; 32%
Material Cerâmico;
30%
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Argamassa Cerâmica Cerâmica Concreto Pedras Outros
Polida
2.7.1 Pavimentação
Contenção lateral
Pavers
Areia de assentamento
Tam et al. (2009) citam alguns problemas técnicos para difundir em larga
escala a prática do concreto com entulho, dentre os quais destacam-se: zona de
transição interfacial de cimento e agregados enfraquecida; porosidade e trincas
internas do processo de demolição; concreto de alto teor de sulfato e cloreto;
cimento aderido ao agregado reciclado; classificação pobre; e elevadas variações de
qualidade.
Pagnussat (2004) defende que, observando os resultados adquiridos em
pesquisas do meio técnico-científico, a inserção de resíduos em produtos da
construção civil é uma alternativa consideravelmente interessante. Para tanto, é
preciso conhecer as propriedades do material a ser incorporado, para se delinear as
potencialidades e os limites deste.
Alguns pré-requisitos devem ser estabelecidos para o emprego de resíduos
em blocos de concreto, como a trabalhabilidade adequada, sem alterar as
propriedades mecânicas; tecnologia envolvida de fácil assimilação; e investimento
mínimo (PAGNUSSAT, 2004).
Poon e Lam (2008) constataram que a trabalhabilidade do concreto
é afetada pela presença de agregado reciclado, sendo este fenômeno atribuído ao
formato angular e a textura rugosa dos agregados. A absorção de água é mais alta,
devido à presença da argamassa antiga aderida no agregado reciclado, o que reduz
ainda mais a trabalhabilidade do concreto fresco.
As pesquisas têm demonstrado a viabilidade da produção de blocos pré-
moldados com reciclado agregados, mas ainda há uma necessidade de
compreender alguns fatores a fim de otimizar a produção. Fatores como o agregado
com argamassa aderida (o que interfere na relação água/cimento) e o tipo e
qualidade do agregado vão afetar diretamente nas propriedades mecânicas dos
blocos de concreto (POON; LAM, 2008).
Cabe aqui salientar que o agregado, geralmente, ocupa cerca de 60% a 70%
do volume total de concreto, sendo diferencial a sua seleção e dosagem. Além de
ser usado como enchimento econômico, o agregado geralmente fornece um
concreto com melhor estabilidade dimensional e resistência ao desgaste. Na escolha
de um agregado diferenciado, a atenção deve ser dada à três requisitos: economia
da mistura, o potencial força da massa endurecida e durabilidade provável da
estrutura de concreto.
57
Nas mais recentes pesquisas de Poon et al. (2009), foram obtidos valores
que comprovam que o baixo grau de agregados reciclados oriundos de usinas de
triagem de resíduos de construção tem potencial para serem utilizados como
agregados para blocos de concreto pré-moldados, em que o percentual ideal pode
ser de até 50% usados para substituir os agregados naturais.
Por fim, recentemente no Brasil, Simieli et al. (2007) realizaram testes em
pavimentos de blocos intertravados de concreto produzidos com 40% de agregados
reciclados miúdos, isto é, com substituição parcial da areia, concluindo que os
resultados foram satisfatórios tanto em termos de resistência mecânica quanto em
módulo de elasticidade. Ainda descreveram que:
Sendo assim, os valores mínimos exigidos pela NBR 9781/87 nos ensaios
de resistência à compressão são muito elevados, principalmente pelo fato de que
não considera a pavimentação de ambientes de baixas sobrecargas, como calçadas
e ciclovias.
Comentando as normas brasileiras, Fioriti (2007), após desenvolver um
trabalho de aplicação de resíduos de pneus em blocos para pavimentação de
tráfego leve, afirma que a resistência à compressão de 15 MPa foi satisfatória, pois
as solicitações de passeios públicos são inferiores. O autor ainda propõe que os
valores exigidos nas normas brasileiras deveriam ser reduzidos considerando a
aplicação do material, bem como incorporar outros ensaios para determinação dos
parâmetros de resistência e durabilidade, como absorção de água, resistência à
tração, entre outros.
3.4.1 Materiais
Pagnussat (2004) expõe que não existe uma metodologia consagrada para a
dosagem de blocos de concreto para pavimentação, sendo a maioria das técnicas
baseadas em recomendações de fabricantes de vibro-prensa.
Grande parte das fábricas de pavers utilizam vibro-prensas requerendo
concretos de consistência seca e coesão suficiente para se manterem íntegros até
seu endurecimento, sem sofrer desmoronamentos ou quebra de arestas. A coesão
da mistura é obtida principalmente em função da correta quantidade de finos em
conjunto com a vibração e pressão de adensamento exercidas pelo equipamento no
momento da moldagem (CRUZ, 2003).
Oliveira (2004) alerta que o concreto para blocos exige algumas precauções
na dosagem, entendida como um conjunto de operações para o estabelecimento do
traço, considerando tratar-se de um concreto com consistência de terra úmida, e não
plástico. Neste último, a pasta praticamente ocupa todos os espaços deixados pelos
agregados, enquanto no concreto para blocos há a presença significativa de ar na
mistura. Diante disso, é possível afirmar que o concreto usado para confeccionar
blocos não segue o princípio consagrado do concreto plástico, o qual dita que menor
quantidade de água aumenta a resistência.
O concreto seco caracteriza-se por ter uma baixa relação água/materiais
secos, grande consistência (slump zero), alta coesão e pelo modo com que o ar
aprisionado é retirado, ou seja, através de equipamentos de compactação.
Oliveira (2004) explica ainda que, devido ao fato de se tratar de um concreto
com baixo teor de água, a relação água/cimento não é o fator que determina a
porosidade dos blocos, pois quantidades maiores de água melhoram a
trabalhabilidade da mistura, diminuindo o atrito interno entre os grãos, compactando
melhor e aumentando a resistência, como mostra o Gráfico 05.
65
Ensaios de Agregados:
- Granulometria
- Massa específica
- Umidade
Execução da Planilha
SIM
LOTE LIBERADO
k1
fc = (1)
k 2a / c
b) Lei de Lyse:
m = k3 + k4 . a/c (2)
71
1000
c= (3)
(k 5 + k 6 . m)
1+a
α= (4)
1+m
a/ c
H= (5)
(1 + m )
c) Consumo de cimento/m³:
γ
C= (6)
1+a + p +a / c
3.4.3 Equipamentos
Tam et al. (2009) explicam que esses poros se dão, principalmente pela
presença da etringita, um produto da hidratação do cimento. As concentrações
localizadas de etringita podem ser controladas pela quantidade de água e espaço
em superfícies de partículas, com cristalização modificada pela textura de superfície
e porosidade do agregado, o que melhora consideravelmente a força.
Durante a hidratação e cura, o cimento adicionado para confeccionar o
concreto é o primeiro a reagir com a água adicionada, enquanto o cimento aderido
ao agregado reciclado leva um pouco mais de tempo para iniciar a mesma reação, o
acarreta em maior consumo de água no concreto resultante. Esta é a principal razão
de se obter menores valores para as propriedades mecânicas de concretos com
reciclados quando comparado ao convencional.
76
4 O MUNICÍPIO DE JURANDA-PR
Atualmente, com uma extensão territorial de 350 km² possui uma população
de, aproximadamente 8.000 habitantes (IPARDES, 2010b). De economia
predominantemente agropecuária, o PIB per capita é de R$ 15.317,00 (em 2007),
pouco abaixo do valor médio encontrado no estado do Paraná (R$ 15.711,00), mas
acima do nacional (R$ 14.465,00). Na pecuária, destaque para bovinos, suínos e
aves, e na agricultura, predomina soja, milho e trigo (IBGE, 2010).
78
e demais lixos, deixados nas calçadas e ruas de nossa cidade, bem como, restos de
estruturas de construção (...)” (JURANDA, 2005a).
Mesmo com as reclamações, é comum se encontrar entulho distribuído
pelas vias do município, oriundo de construções ou reformas (Figura 24).
5 PROGRAMA EXPERIMENTAL
uma ação de compressão. A superfície dos blocos também está sujeita à abrasão,
devido ao desgaste por atrito. Por fim, deve ser analisada a absorção de água, a
qual pode causar eflorescências, refletindo na durabilidade dos blocos, bem como
no acabamento.
Essas solicitações determinaram as características de qualidade a serem
avaliadas, e, tendo como premissa a análise do desempenho dos blocos
desenvolvidos, foram delineadas as seguintes variáveis:
a) resistência à compressão;
b) resistência à abrasão;
c) absorção de água.
Definidas as variáveis de resposta, foram determinados os fatores
controláveis e seus referentes níveis de controle:
a) índice de substituição de agregado miúdo: os níveis de controle, neste
caso, são os índices de substituição em massa (kg), sendo que os
definidos foram de 0%, 25%, 30%, 35%, 40%, 45%, 50%;
b) idade de resistência à compressão: a resistência à compressão foi
avaliada aos 3, 7 e 28 dias de idade dos blocos de concreto;
c) idade de resistência à abrasão: o ensaio de resistência à abrasão
ocorreu aos 28 dias de idade, sendo tal resistência expressa em termos
de índice de desgaste por abrasão;
d) idade de absorção de água: o ensaio de absorção de água foi realizado
aos 28 dias de idade.
O nível de controle de substituição de agregado foi assim determinado pois,
em um trabalho já realizado por Hood (2006), o qual analisou as substituições de
0%, 25%, 50%, 75% e 100%, foram observados os melhores desempenhos para os
níveis de 25% e 50%. Considerando que este intervalo é amplo, esta presente
pesquisa visa aprimorar os resultados anteriormente encontrados, de modo a
investigar o valores ideais de substituição para adquirir um produto de qualidade.
Quanto às idades dos ensaios, estas foram adotadas visando atender as
exigências impostas pelo mercado, considerando que tais blocos requerem
resistências elevadas em idades recentes, devido ao tempo de desfôrma e cura ser
menor que em concretos convencionais, bem como da necessidade de serem
transportados e submetidos a esforços já nas primeiras idades.
87
100
90
RETIDO E ACUMULADO (%)
80
70
60
50
40
30
20
10
0
6,30 4,80 2,40 1,20 0,60 0,30 0,15 FUNDOS
PENEIRAS (mm)
PENEIRAS (mm)
5.2.4 Água
5.3.2 Composição
Cerâmica Polida;
6,52%
Argamassa;
Cerâmica; 28,99% 38,40%
Concreto; 26,09%
Gráfico 08 – Composição do RCD de Juranda
Fonte: Ensaio realizado pela autora
5.3.3 Beneficiamento
Após a britagem do resíduo, ilustrada na Figura 35, este passou por duas
peneiras vibratórias, conforme o processo da pedreira. O material passante na
peneira de malha #4,8 mm totalizou 580 kg (48%), sendo então classificado como
100
100
90
RETIDO E ACUMULADO (%)
80
70
60
50
40
30
20
10
0
6,30 4,80 2,40 1,20 0,60 0,30 0,15 FUNDOS
PENEIRAS (mm)
reciclados, apenas naturais. Sendo assim, a norma não considera os finos presentes
no agregado miúdo reciclado. Os resultados são apontados na Tabela 15.
Figura 40 – Desfôrma
Nota-se pela Tabela 18 que, apesar dos três traços obterem o mesmo Teor
de Argamassa e a mesma relação a/c, a resistência à compressão do traço rico foi
muito maior que dos demais traços, chegando a ser cinco vezes mais elevada que o
traço pobre, dado maior consumo de cimento. Também fica evidente a diminuição
de resistência dos 7 dias em relação aos 28 dias para o Traço 2, dado,
possivelmente pela troca de operador de máquina.
109
O teor de 73%, dado no Traço 11, foi o que apresentou melhor aparência e
resultados de resistência aceitáveis, como pode ser observado na Tabela 22.
Com o Teor de Argamassa ideal, sendo de 73%, foram elaborados mais três
traços, onde esta variável foi então fixada, bem como a relação água/materiais
secos ideal (H), sendo estabelecido como traço médio, e confeccionado a partir
deste o traço rico e o traço pobre, conforme ilustra a Tabela 23.
Cabe ressaltar que o diagrama IPT adaptado para concreto secos, proposto
por Helene (2005), considera uma relação entre peso dos blocos e valores de
resistência à compressão, como exposto no item 3.4.2. Contudo, verificou-se uma
relação da resistência à compressão com a Massa Específica, propondo, então, um
formato de diagrama que aborde essa variável, conforme apresentado.
Enfim, após confeccionar e analisar os 15 traços, adotou-se o traço 13 como
Traço Padrão, para se realizar a partir deste as substituições dos Resíduos de
Construção e Demolição, pelo fato deste atender aos requisitos pré-estabelecidos,
de acordo com o equipamento de vibro-prensagem disponível.
retirando o material fino que nele fica aderido, o que pode tornar a qualidade do
concreto inferior. O processo aparece representado na Figura 44.
Ag.M. RCD + Ag. Graúdo + Água + Cimento + Ag. Miúdo + Água - Concreto
carga(N)
fc = ⋅p (6)
área(mm 2 )
60 0,95
80 1,00
100 1,05
Fonte: NBR 9781, 1987
∑ (f c − fci )2
s= (8)
n −1
Para o tipo de uso a que está destinado o concreto, isto é, blocos para
pavimentação, a resistência à abrasão é uma propriedade tão importante quanto a
resistência à compressão, apesar da norma brasileira não preconizar a avaliação
dessa propriedade (MARQUES, 2005).
Mehta e Monteiro (1994) explicam que a abrasão é um desgaste por atrito
seco, predominante em pavimentação, dado pelo tráfego de pessoas e veículos.
Neville (2000) expõe que, aparentemente, a abrasão envolve tensões
localizadas de alta intensidade, de modo que a resistência e a dureza do concreto
na região superficial têm grande influência sobre a resistência à abrasão.
Para a obtenção de uma superfície de concreto resistente à abrasão, Viecili
(2004) apud Mehta e Monteiro (1994), recomenda uma resistência característica à
compressão acima de 28 MPa aos 28 dias de idade.
Quanto ao ensaio, Oliveira (2004) afirma que não há um único método
adotado universalmente para determinação de resistência à abrasão para peças de
concreto para pavimentação, existindo diversos ensaios, cada qual com suas
especificações. No entanto, o autor cita o método desenvolvido por Pettit (2003)
para ser publicada futuramente como recomendação do Eurocode, o Wide Wheel
122
45,000
40,000
35,000
30,000
25,000
20,000
15,000
10,000
5,000
0,000
0% 25% 30% 35% 40% 45% 50%
Com o concreto ainda fresco, também foi aferida a Massa Específica (Figura
47), conforme a NBR 9833 (1987), utilizando a mesa vibratória para o adensamento
do concreto.
12,00
10,00
DESGASTE (mm)
8,00
6,00
4,00
2,00
0,00
0% 25% 30% 35% 40% 45% 50%
TRAÇO
2,400
2,500
2,600
2,700
MASSA(kg)
2,800
2,900
3,000
3,100
3,200
3,300
3,400
0% 25% 30% 35% 40% 45% 50%
TRAÇO
4,00
3,50
3,00
ABSORÇÃO DE ÁGUA
2,50
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
0% 25% 30% 35% 40% 45% 50%
TRAÇO
2,400
2,500
2,600
2,700
MASSA(kg)
2,800
2,900
3,000
3,100
3,200
3,300
3,400
0% 25% 30% 35% 40% 45% 50%
TRAÇO
Por fim, destaca-se que todos os sete teores apresentaram valores de Taxa
de Absorção de Água inferiores a 6%, o que enquadram os blocos dentro dos
padrões internacionais (FIORITI, 2007). Também enquadram-se dentro dos padrões
nacionais, em que o limite de absorção é de 10% (NBR 12118/91).
135
7 CONCLUSÕES
viável para blocos que serão utilizados para pavimentação em situações de menor
solicitação de tráfego de veículos ou pedestres, porém não se enquadram na norma
brasileira. Apenas o teor de 25% de substituição atingiu valores acima de 35 MPa
aos 28 dias, como determina a NBR 9780 (1987).
No caso do teste de Resistência à Abrasão, observou-se que a mesma
diminuiu conforme se adicionava RCD, porém aumentou conforme se adicionava
água. Ou seja, a presença do agregado reciclado diminui a resistência ao desgaste,
porém, essa interferência pode ser amenizada com adição de água. Os teores de
35% e 40% foram os que apresentaram os resultados mais satisfatórios, com menor
desgaste, o que leva a afirmar que os teores não influenciaram significativamente
nos resultados adquiridos.
Quanto à Absorção de Água, os maiores teores de substituição, 45% e 50%,
apresentaram os maiores índices, devido à grande quantidade de RCD presente. Os
menores índices alcançados se deram para os teores de 30%, 35% e 40%, muito
próximos do valor do concreto de referência. Entretanto, todos os sete traços
confeccionados apresentaram valores inferiores a 6%, como é determinado pela
maioria das normas internacionais. Notou-se que, com a quantidade ideal de água, é
facilitada a compacidade dos blocos durante o processo da vibro-prensa, diminuindo
o volume de vazios, e, por consequência, a taxa de absorção. As baixas taxas de
absorção de água implicam no menor risco de eflorescências e no aumento da
durabilidade.
Diante dos resultados e das conclusões expostas, pode-se afirmar que os
blocos de concreto confeccionados com até 25% de substituição se enquadram nos
parâmetros estabelecidos pela NBR 9780 (1987), sendo tecnicamente viável sua
execução, além de apresentar valores satisfatórios nos demais parâmetros não
contemplados pela norma.
Também deve ser ressaltado que os traços com 30% e 35%, apesar de não
se enquadrarem na norma brasileira, apresentam índices satisfatórios para serem
empregados em locais que exijam baixas solicitações de tráfego, além de
consumirem uma maior quantidade de resíduo.
Cabe ressaltar que, tanto os resultados expostos como as conclusões
tiradas a partir destes, têm como referência os materiais, equipamentos, técnicas e
condições disponíveis locais, já descritas no Capítulo 5. Portanto, o emprego do
agregado miúdo reciclado de Resíduos de Construção e Demolição como
138
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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