AMADEI, D. Avaliação de Blocos de Concreto para Pavimentação Com Resíduos de Construção e Demolição Do Município de Juranda

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 153

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA

DAYSA IONE BRAGA AMADEI

AVALIAÇÃO DE BLOCOS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAÇÃO


PRODUZIDOS COM RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO DO
MUNICÍPIO DE JURANDA/PR

MARINGÁ

2011
1

DAYSA IONE BRAGA AMADEI

AVALIAÇÃO DE BLOCOS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAÇÃO


PRODUZIDOS COM RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO DO
MUNICÍPIO DE JURANDA/PR

Dissertação apresentada à Pós-


Graduação da Universidade Estadual de
Maringá, como requisito para a obtenção do
grau de Mestre em Engenharia Urbana.

Orientador: Prof. Dr. Rafael Alves de Souza

MARINGÁ

2011
2

DAYSA IONE BRAGA AMADEI

AVALIAÇÃO DE BLOCOS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAÇÃO


PRODUZIDOS COM RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO DO
MUNICÍPIO DE JURANDA/PR

Dissertação apresentada à Pós-


Graduação da Universidade Estadual de
Maringá, como requisito para a obtenção do
grau de Mestre em Engenharia Urbana.

Orientador: Prof. Dr. Rafael Alves de Souza

Aprovado em

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. RAFAEL ALVES DE SOUZA


Universidade Estadual de Maringá – UEM

Prof. Dr. CARLOS HUMBERTO MARTINS


Universidade Estadual de Maringá – UEM

Prof. Dr. WAYNE SANTOS DE ASSIS


Universidade Federal de Alagoas– UFAL
3

DEDICATÓRIA

Em primeiro lugar, eu dedico este trabalho a Deus, como todas as minhas


conquistas, pois Ele sempre esteve à frente de cada passo que dei, guiando-me por
caminhos de vitórias. Que eu saiba usar essa experiência para cumprir Seu
propósito.
Dedico aos meus pais, Iara e Devaldir, essenciais para o cumprimento de
mais essa etapa da minha caminhada. E também ao meu irmão Luiz Fernando, a
primeira pessoa que me encorajou a entrar nessa batalha.
4

AGRADECIMENTOS

Por um período tão longo de árduo trabalho, pessoas ímpares foram


colocadas em meu caminho, sem as quais, o percurso teria sido mais duro.
Gostaria de agradecer à minha família, que me mostrou o verdadeiro
significado da união, em que meus pais, irmãos, avós, primos e tios estiveram
torcendo por mim, com palavras de incentivo e orações.
Agradeço também às minhas amigas e amigos, pela compreensão de minha
ausência e pelos momentos de risadas para me descontrair e encher ânimo para
continuar a minha caminhada.
Ao meu namorado Cristiano, uma pessoa demasiadamente especial que
Deus me presenteou, tornando meus dias mais felizes.
Às amizades que construí no curso, foram essenciais. Em especial, a uma
amiga chamada Janaína, que ajudou a transformar os duros e cinzentos concretos
em momentos alegres e coloridos. A todos os colegas, porque passamos por lutas
juntos e nos apoiamos em todas elas. Que assim sejamos na nossa carreira.
Aos professores, que me orientaram para a direção certa, em especial ao
professor Rafael Alves de Souza, meu orientador no sentido literal da palavra.
Também aos professores Romel Dias Vanderlei, Carlos Humberto Martins, pelo
auxílio indispensável. Obrigada por me passarem parte de vossos conhecimentos.
À Pedreira Ubiratã, agradeço pela disposição em me atender e se dispor a
ajudar.
E agradeço a Deus, por ter colocado tais pessoais na minha história, foram
indispensáveis.
5

O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria;


revelam prudência todos os que o praticam.
O seu louvor permanece para sempre.
(SALMOS 111:10)
6

RESUMO

Com o surgimento da sustentabilidade, que ganhou mais força após a maciça


quantidade de resíduos gerados devido à explosão demográfica do século XX e à
destruição ocasionada pela 2ª Guerra Mundial, conforma-se um cenário em que se
aspiram alternativas de crescimento ambientalmente responsável, no qual o setor da
construção civil entra em foco, devido ao impacto que causa tanto na exploração de
recursos quanto na geração de resíduos. Diante disso, a reciclagem aparece como
solução para um desenvolvimento sustentável, pois traz benefícios como redução do
consumo de recursos naturais, da poluição e das áreas destinadas a aterro. O bloco
intertravado de concreto é um meio de utilização de Resíduo de Construção e
Demolição, que além de apresentar diversas vantagens técnicas próprias do tipo de
pavimentação, também vem a ser um produto a favor do meio ambiente. Sendo
assim, a presente pesquisa tem como objetivo principal a confecção e avaliação de
blocos intertravados de concreto com RCD proveniente do Município de Juranda –
PR, substituindo parcialmente o agregado miúdo natural por reciclado, no intervalo
de 25% a 50%. Também foi proposta uma adaptação do método de dosagem de
concreto plástico para o concreto para blocos, pois este não apresenta nenhum
método consagrado. Após a fabricação, os blocos foram submetidos a ensaios de
Resistência à Compressão, Resistência à Abrasão e Absorção de Água. Os
resultados apontaram que o teor de 25% de substituição atingiu valores acima de 35
MPa aos 28 dias, como determina a NBR 9780 (1987), além de apresentar valores
satisfatórios nos demais parâmetros não contemplados pela norma. Os índices de
30% e 35%, apesar de não atingirem a resistência determinada pela norma
brasileira, apresentam resultados satisfatórios para serem empregados em locais
que exijam baixas solicitações de tráfego.

Palavras chave: Resíduos de Construção e Demolição; Blocos Intertravados de


Concreto; Reciclagem.
7

ABSTRACT

With the emergence of sustainability, which was stronger after the massive amount of
waste generated due to population explosion of twentieth century and the destruction
caused by the 2nd World War, conforms to a scenario in which they aspire
alternatives of growth environmentally responsible, in which construction sector
comes into focus because of the impact causing both the consumption of resources
and the generation of waste. Therefore, the recycling appears as a solution to a
sustainable development, considering benefits such as reduced consumption of
natural resources, pollution and areas for the sanitary landfill. The interlocking blocks
of concrete are a means of using recycled RCD, which besides presenting the
various technical advantages inherent to the type of paving, also happens to be a
product in favor of environmentally. Thus, this research focuses mainly on the
fabrication and evaluation of interlocking blocks of concrete with Construction and
Demolition Waste from Juranda City – PR, partially replacing the natural fine
agrregate by recycled fine agrregate in the range of 25% to 50%. It was also
proposed an adaptation of the method for dosage of plastic concrete for concrete
blocks, because this doesn’t have any method consecrated. After manufacture, the
blocks were submitted to tests of resistance to compression, resistance to abrasion
and absorption of water. The results showed that the level of 25% substitution
reached values above 35 MPa at 28 days, as determined by the NBR 9780 (1987),
and provide satisfactory values in the other parameters not covered by standard. The
indices of 30% and 35%, although not reach the resistance determined by Brazilian
standard, obtained satisfactory results to be emploued in places requiring low
demands of traffic.

Key Words: Waste of construction and Demolition; Interlocking blocks of concrete;


Recycling.
8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01 – Resíduos gerados na etapa de construção ..........................................28


Quadro 01 – Fontes das perdas da construção civil.................................................29
Figura 02 – Resíduos gerados na etapa de manutenção ........................................30
Gráfico 01 – Composição do RCD de Porto Alegre .................................................32
Gráfico 02 – Composição do RCD de São Paulo.....................................................33
Gráfico 03 – Composição do RCD de Recife ...........................................................33
Gráfico 04 – Composição do RCD no Brasil, em quatro amostras distintas ............34
Figura 03 – Bloco de pavimentação leve de RCD ...................................................43
Figura 04 – Sub-base preparada com RCD ............................................................45
Figura 05 – Agregado miúdo de RCD .....................................................................47
Figura 06 – Agregado graúdo de RCD ....................................................................47
Figura 07 – Blocos intertravados de concreto para pavimentação ...........................49
Figura 08 – Elementos do pavimento intertravado ..................................................51
Figura 09 – Assentamento manual dos blocos ........................................................52
Figura 10 – Assentamento mecânico dos blocos ....................................................53
Figura 11 – Assentamento tipo espinha-de-peixe, fileira e trama.............................53
Figura 12 – Pavers com intertravamento horizontal ................................................54
Figura 13 – Movimento de giração dos blocos .........................................................55
Figura 14 – Produção de pavers com RCD .............................................................55
Figura 15 – Blocos no estado fresco com excesso de água ...................................59
Figura 16 – Bloco com RCD no estado endurecido .................................................60
Gráfico 05 – Resistência à compressão em função da relação a/c para mesma
proporção de agregados/cimento..............................................................................65
Quadro 02 – Ensaios dos materiais constituintes da dosagem dos pavers..............68
Figura 17 – Fluxo de dados do sistema de dosagem sugerido por Cruz..................69
Figura 18 – Diagrama de dosagem IPT adaptado para concreto para blocos .........73
Figura 19 – Fissuras dos agregados reciclados ......................................................75
Figura 20 – Mistura em uma etapa ..........................................................................76
Figura 21 – Mistura em duas etapas .......................................................................76
Figura 22 – Localização do município .....................................................................77
Figura 23 – Vista aérea ...........................................................................................78
Figura 24 – Acúmulo de entulho nas vias ................................................................79
9

Figura 25 – Local de atual disposição de RCD ........................................................80


Figura 26 – Passeio público em área residencial ....................................................81
Figura 27 – Ausência de passeio público na área residencial de Juranda ..............82
Figura 28 – Passeio público em área residencial de Juranda ..................................83
Gráfico 06 – Granulometria do agregado miúdo natural ..........................................90
Figura 29 – Ensaio de Massa Específica de miúdo..................................................91
Figura 30 – Ensaio de Massa Unitária no estado solto ............................................91
Gráfico 07 – Granulometria do agregado graúdo natural .........................................93
Figura 31 – Ensaio de Massa Unitária no estado compactado.................................94
Gráfico 08 – Composição do RCD de Juranda ........................................................97
Figura 32 – Entrada da Pedreira Ubiratã..................................................................98
Figura 33 – Pedreira Ubiratã ....................................................................................98
Figura 34 – Britador cônico e peneira vibratória .......................................................99
Figura 35 – Britagem do RCD ..................................................................................99
Figura 36 – Agregado miúdo ..................................................................................100
Gráfico 09 – Granulometria do Agregado Miúdo Reciclado ...................................101
Figura 37 – Vibro-prensa utilizada..........................................................................104
Figura 38 – Ponto de pelota ...................................................................................107
Figura 39 – Slump Test ..........................................................................................107
Figura 40 – Desforma.............................................................................................108
Figura 41 – Diagrama de dosagem do concreto referência....................................112
Figura 42 – Exemplar do Traço 13 .........................................................................113
Figura 43 – Rompimento do Traço 13 ....................................................................114
Gráfico 10 – Resultados de Resistência à Compressão ........................................115
Figura 44 – Procedimento em duas etapas com RCD ...........................................118
Figura 45 – Equipamento utilizado para ensaio de Resistência à Compressão .....119
Figura 46 – Equipamento do ensaio de abrasão do CIENTEC ..............................123
Gráfico 11 – Resultados do teste de Resistência à Compressão...........................126
Figura 47 – Pesagem para aferição da Massa Específica .....................................128
Gráfico 12 – Índice de Desgaste ...........................................................................132
Gráfico 13 – Massa dos blocos ..............................................................................132
Gráfico 14 – Absorção de Água .............................................................................134
Gráfico 15 – Massa dos blocos ..............................................................................134
10

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Faixa granulométrica recomendada para a camada de assentamento.52


Tabela 02 – Requisitos físicos para a produção de pavers ......................................61
Tabela 03 – Requisitos de pavers nas normas ASTM-C936 e CSA A231.2-95 .......62
Tabela 04 – Consumo de cimento em função da relação a/c para umidades de 6%66
Tabela 05 – Limites para dosagem...........................................................................70
Tabela 06 – Características físicas do aglomerante .................................................88
Tabela 07 – Características químicas do aglomerante .............................................89
Tabela 08 – Granulometria do Agregado Miúdo Natural...........................................89
Tabela 09 – Massa Específica e Unitária do Agregado Miúdo Natural .....................91
Tabela 10 – Granulometria do Agregado Graúdo Natural ........................................92
Tabela 11 – Massa Específica e Unitária do Agregado Graúdo Natural...................93
Tabela 12 – Composição do RCD ............................................................................96
Tabela 13 – Granulometria do Agregado Miúdo Reciclado ....................................101
Tabela 14 – Massa Específica e Unitária do Agregado Miúdo Reciclado...............102
Tabela 15 – Taxa de Absorção de Água.................................................................103
Tabela 16 – Primeiro traço......................................................................................106
Tabela 17 – Traços avaliados .................................................................................106
Tabela 18 – Resultados de Resistência à Compressão .........................................108
Tabela 19 – Segundo ciclo de traços avaliados para concreto referência ..............110
Tabela 20 – Resultados de Resistência à Compressão do segundo ciclo..............110
Tabela 21 – Terceiro ciclo de traços avaliados para concreto referência ...............111
Tabela 22 – Resultados de Resistência à Compressão do terceiro ciclo ...............111
Tabela 23 – Quarto ciclo de traços avaliados .........................................................111
Tabela 24 – Resultados de Resistência à Compressão do quarto ciclo .................112
Tabela 25 – Ciclo de traços avaliados com RCD....................................................115
Tabela 26 – Ajustes nos traços avaliados com RCD ..............................................116
Tabela 27 – Produção dos blocos de concreto .......................................................117
Tabela 28 – Fator Multiplicativo “p”.........................................................................120
Tabela 29 – Coeficiente de Student (nível de confiança de 80%)...........................120
Tabela 30 – Resistência à Compressão média e característica .............................126
Tabela 31 – Desvio Padrão e Coeficiente de Variação...........................................126
Tabela 32 – Relação Massa Específica x Resistência à Compressão ...................128
11

Tabela 33 – Relação do consumo de cimento para cada MPa atingido .................129


Tabela 34 – Índice de desgaste ..............................................................................131
Tabela 35 – Índice de absorção de água................................................................133
Tabela 36 – Traços avaliados durante procedimento de dosagem.........................136
12

LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

α Teor de Argamassa
a/c Relação Água/Cimento
ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ASTM American Society for Testing and Materials
ARI Alta Resistência Inicial
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CP Cimento Portland
CSA Canadian Standards Association
DSC Calorimetria Exploratória Diferencial
EPUSP Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
fck Resistência Característica à Compressão
h Teor de Umidade
ICPI Instituto de Pavimentos de Peças Pré-moldadas de Concreto
IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas
kg Quilograma
m² Metro Quadrado
m³ Metro Cúbico
m Relação Agregado/cimento
MPa Mega Pascal
PIB Produto Interno Bruto
PMGRCC Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção
Civil
PGRCC Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
RCD Resíduos de Construção e Demolição
RSU Resíduos Sólidos Urbanos
SANEPAR Companhia de Saneamento do Paraná
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
ton Tonelada
13

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................16
1.1 OBJETIVOS ...................................................................................................18
1.1.1 Geral ..............................................................................................................18
1.1.2 Específicos ...................................................................................................18
1.2 JUSTIFICATIVA .............................................................................................18
1.3 METODOLOGIA.............................................................................................20
2 RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO ..........................................22
2.1 DEFINIÇÃO....................................................................................................23
2.2 CLASSIFICAÇÃO E LEGISLAÇÃO................................................................23
2.3 CARACTERIZAÇÃO ......................................................................................26
2.4 GERAÇÃO .....................................................................................................27
2.4.1 Etapa de Construção....................................................................................28
2.4.2 Etapa de Manutenção...................................................................................29
2.4.3 Etapa de Demolição .....................................................................................30
2.5 COMPOSIÇÃO...............................................................................................31
2.6 QUESTÕES AMBIENTAIS.............................................................................35
2.6.1 A Exploração de Recursos Naturais...........................................................36
2.6.2 Geração de Resíduos...................................................................................38
2.6.3 Minimização dos Impactos Ambientais......................................................39
2.7 PRODUTOS COM AGREGADOS RECICLADOS..........................................42
2.7.1 Pavimentação ...............................................................................................42
2.7.2 Concretos e Argamassas ............................................................................45
3 BLOCO INTERTRAVADO DE CONCRETO..................................................49
3.1 ASSENTAMENTO E INTERTRAVAMENTO..................................................50
3.2 O USO DE RCD EM BLOCOS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAÇÃO ...55
3.3 PROPRIEDADES REQUERIDAS ..................................................................58
3.3.1 Normas Técnicas..........................................................................................60
3.4 MATERIAIS, DOSAGEM E MISTURA ...........................................................63
3.4.1 Materiais........................................................................................................63
3.4.2 Métodos de Dosagem ..................................................................................64
3.4.3 Equipamentos...............................................................................................74
3.4.4 Proposta de Mistura em Duas Etapas ........................................................75
14

4 O MUNICÍPIO DE JURANDA-PR ..................................................................77


4.1 A QUESTÃO DOS RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO ............78
4.2 A QUESTÃO DO CALÇAMENTO URBANO ..................................................80
5 PROGRAMA EXPERIMENTAL .....................................................................85
5.1 VARIÁVEIS ESTUDADAS..............................................................................85
5.2 MATERIAIS EMPREGADOS .........................................................................87
5.2.1 Aglomerante Hidráulico ...............................................................................87
5.2.2 Agregado Miúdo Natural..............................................................................89
5.2.3 Agregado Graúdo Natural............................................................................92
5.2.4 Água ..............................................................................................................94
5.3 OS RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO ....................................94
5.3.1 Coleta de Amostra........................................................................................95
5.3.2 Composição..................................................................................................95
5.3.3 Beneficiamento.............................................................................................97
5.3.4 Granulometria do Agregado Reciclado ....................................................100
5.3.5 Massa Específica e Massa Unitária do Agregado Reciclado..................102
5.3.6 Taxa de Absorção de Água do Agregado Reciclado...............................102
5.3.7 Comparativo de Agregado Natural com o Agregado Reciclado ............103
5.4 CONFECÇÃO DOS BLOCOS INTERTRAVADOS DE CONCRETO ...........104
5.4.1 Dosagem dos Primeiros Traços................................................................105
5.4.2 Dosagem do Concreto Padrão ..................................................................109
5.4.3 Produção dos Blocos de Concreto com os Resíduos de Construção
e Demolição ...........................................................................................................115
5.5 ENSAIOS REALIZADOS..............................................................................117
5.5.1 Resistência à Compressão........................................................................118
5.5.2 Resistência à Abrasão ...............................................................................121
5.5.3 Absorção de Água......................................................................................123
6 RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÕES................................................125
6.1 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO................................................................125
6.1.1 Resistência à Compressão x Massa Específica ......................................128
6.1.2 Consumo de Cimento ................................................................................129
6.2 RESISTÊNCIA À ABRASÃO........................................................................130
6.3 ABSORÇÃO DE ÁGUA ................................................................................133
7 CONCLUSÕES ............................................................................................135
8 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ..........................................139
15

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................140


10 ANEXOS
16

1 INTRODUÇÃO

Até pouco tempo atrás, a visão de desenvolvimento que predominava era


equivocada, em que se confundia domínio e transformação da natureza com
crescente progresso. Diante desse quadro, os recursos naturais eram extraídos
como se fossem ilimitados e a poluição de água e ar atingiu níveis alarmantes.
Nesse contexto, surge o conceito de sustentabilidade, o qual sugere, como
foco principal, a preservação dos recursos naturais de modo a garantir condições de
desenvolvimento para as futuras gerações.
Esse novo cenário, marcado pela lúcida preocupação com o meio ambiente,
busca alternativas sustentáveis de crescimento nos mais diversos setores
econômicos, sendo que o da Construção Civil recebe considerável realce, haja vista
sua cadeia produtiva impactar fortemente durante todas as etapas de produção,
desde a extração da matéria-prima, confecção de produtos, construção, uso e
demolição, sendo estes dois últimos responsáveis por constituírem grande parte dos
Resíduos Sólidos Urbanos (HOOD, 2006).
A partir do século XX, houve uma explosão demográfica, em que o
crescimento das construções civis nos centros urbanos foi demasiadamente
ampliado, e, com isso, a geração de Resíduos de Construção e Demolição (RCD)
também, tornando-se um grave problema sócio-ambiental.
Após a 2ª Guerra Mundial, com a destruição causada por esta, tais resíduos
ganharam uma atenção ainda mais forte, sendo que muitos países, com destaque
para os europeus, utilizaram esse material alternativo como base para reconstrução.
John (2000) cita como exemplo a Holanda, que atingiu um patamar de 90% de
reciclagem de todo seu montante residual em novas obras.
Cabe aqui destacar os mais significativos impactos causados pelo acúmulo de
RCD, como assoreamento de recursos hídricos, obstruções na drenagem urbana,
disposição irregular, proliferação de vetores de doenças, alterações da paisagem e
comprometimento com tráfego de pedestres e veículos.
Buscando um desenvolvimento mais sóbrio e ambientalmente responsável, a
reciclagem aparece como uma alternativa que apresenta inúmeros benefícios,
dentre os quais, pode-se citar: a redução das áreas destinadas aos aterros, a
diminuição da poluição e o menor consumo dos recursos naturais.
17

O RCD reciclado pode ser encontrado em uma extensa gama de produtos,


como bases para pavimentação, argamassas, concretos, entre outros. Seu emprego
como agregado na confecção de blocos intertravados de concreto ainda é incipiente,
devido ao baixo grau de disseminação de conhecimento técnico sobre tais blocos.
Os blocos intertravados, também denominados de Pavers, têm conquistado
espaço no mercado gradativamente, devido às muitas vantagens que esse produto
oferece, destacando a facilidade de assentamento, a liberação para o tráfego
rapidamente, a acessibilidade às redes subterrâneas e a praticidade na manutenção.
Ainda deve ser salientada a permeabilidade que esse pavimento proporciona,
auxiliando na drenagem urbana.
Diante do que foi anteriormente explanado, este trabalho tem o objetivo de
acrescentar à comunidade científica o estudo da confecção de blocos intertravados
de concreto com RCD, avaliando a influência dos materiais constituintes e suas
proporções nas propriedades do concreto, de modo a adquirir um produto
ambientalmente correto, de qualidade equiparável e economicamente viável, além
de fornecer dados que subsidiem futuros programas experimentais.
Juranda-PR, é o município adotado para coletar o material a ser reciclado,
pois este sofre, atualmente, com a deficiência de área para disposição final de RCD,
o que tem acarretado graves problemas sócio-ambientais. Somado a esse fato, a
cidade também possui a maior parte de suas calçadas sem pavimentação, existindo
um anseio, por parte do Poder Público e da população, de realizar esse tipo de obra.
Dessa forma, o trabalho aqui elaborado, visa estabelecer procedimentos de
dosagem de blocos de concreto para pavimentação com substituição de parte do
agregado miúdo natural por RCD, de modo que tal procedimento possa ser aplicado
em qualquer outro lugar, sanando outros casos similares ao do município
apresentado.
18

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Geral

Esta dissertação tem como finalidade a avaliação de blocos de concreto


usados na pavimentação de calçadas, confeccionados com Resíduos de Construção
e Demolição gerados na cidade de Juranda, Paraná.

1.1.2 Específicos

Para se atingir a meta principal dessa pesquisa, alguns Objetivos Específicos


foram delineados, tais como:
• Caracterizar a composição dos Resíduos de Construção e Demolição
oriundos da cidade de Juranda, Paraná, avaliando suas propriedades físicas;
• Analisar a influência da substituição dos agregados naturais por reciclados
nas propriedades do concreto no estado fresco – Massa Específica;
• Analisar a influência da substituição dos agregados naturais por reciclados na
resistência à compressão de blocos de concreto para pavimentação;
• Analisar a influência da substituição dos agregados naturais por reciclados na
resistência à abrasão de blocos de concreto para pavimentação;
• Analisar a influência da substituição dos agregados naturais por reciclados na
absorção de água de blocos de concreto para pavimentação.

1.2 JUSTIFICATIVA

Até recentemente, a cidade de Juranda, Paraná, armazenava seus resíduos


sólidos urbanos, bem como o entulho ali gerado, num vazadouro à céu aberto.
19

Atualmente, com a execução de um aterro sanitário, o antigo espaço foi desativado,


direcionando os resíduos municipais para o novo local.
Porém, devido ao fato do RCD ser um material que ocupa grandes volumes e
ter a peculiaridade de ser inerte, ficou proibida a sua disposição no aterro, sem que
fosse apresentada qualquer alternativa de solução para tal resíduo.
Diante desse quadro, o entulho coletado tem sido disposto irregularmente, em
terrenos vazios ou em áreas rurais adjacentes à cidade. O montante residual das
atividades da construção civil, considerando que este mercado se encontra
aquecido, somado à incorreta destinação, acarreta em impactos ambientais
catastróficos, além de uma série de outros impactos, como visuais, sociais,
econômicos (LEITE, 2001).
Um outro problema que o município tem enfrentado é quanto ao calçamento
urbano. Grande parte da testada das residências não são pavimentadas,
ocasionando desconforto aos transeuntes, transtorno em dias de chuvas intensas,
além de outros incômodos.
Os dois problemas delineados anteriormente deram gênese a uma solução, a
idéia central deste trabalho: utilização dos Resíduos de Construção e Demolição
como material constituinte na fabricação de blocos de concreto para pavimentos
leves.
A caracterização dos RCD e o posterior estudo da potencialidade de
reaproveitamento desses resíduos como blocos de concreto para pavimento na
cidade de Juranda, além de servir como uma proposta de desenvolvimento
sustentável, ainda servirá de base para futuros trabalhos que visem o emprego
dessa matéria-prima como componentes de outros produtos, bem como a
propagação dessa idéia em outros municípios que sofrem com situações similares.
Com o reaproveitamento dos resíduos, diminui-se o impacto ambiental
causado pelo depósito indevido desses materiais e consequentemente reduz a
necessidade de espaço em aterros, impedindo a degradação de novas áreas.
Somado a isso, a sua aplicação no calçamento ocasionará bem-estar aos usuários
do espaço.
20

1.3 METODOLOGIA

A idéia central deste trabalho surgiu com o intuito de desenvolver um material


alternativo que possa minimizar a quantidade de impactos causados ao meio
ambiente no processo de desenvolvimento da urbe, através da utilização do RCD
como agregado para blocos intertravados de concreto, além de sugerir uma solução
para um segundo problema presente no município de Juranda-PR, a ausência de
calçamento adequado.
Visando fornecer subsídios para o desenvolvimento desta pesquisa, faz-se
aqui necessário um planejamento para proceder com os experimentos que avaliarão
o comportamento dos blocos de concreto para pavimentos leves, ao substituir parte
dos agregados naturais por agregados reciclados oriundo das construções e/ou
demolições.
Primeiramente, cabe a realização de uma fundamentação teórica sobre os
Resíduos de Construção e Demolição, desde sua geração, classificação, legislação
pertinente, impactos, ou seja, uma revisão do atual estado da arte, a fim de que este
prévio conhecimento possa subsidiar o desenvolvimento da pesquisa. Isso também
é feito nos aspectos inerentes aos pavimentos intertravados de concreto, de maneira
que a base teórica para a confecção do produto seja satisfatória.
Como os Resíduos de Construção e Demolição são provenientes de Juranda-
PR, é feita uma caracterização do município, devido às suas características
peculiares, como seu porte e suas deficiências referentes ao passeio público.
Após a coleta e trituração do entulho, os primeiros ensaios são para definir
sua composição. Destacam-se nesta etapa a Massa Específica, a Massa Unitária, a
Absorção de Água e a Granulometria.
Para confeccionar os blocos de concreto, propõe-se uma adaptação do
método de dosagem para concreto plástico desenvolvido por Helene (1993), haja
vista tratar-se de um concreto seco, o qual ainda não possui um método de
dosagem consagrado. Com a exposição do procedimento de dosagem de concreto
para blocos, é possível também confeccioná-los com resíduos de outras fontes.
É estabelecido o traço de referência, ou seja, sem RCD, e, a partir deste,
feitas substituições nas proporções de 25%, 30%, 35%, 40%, 45% e 50% do
agregado miúdo natural por reciclado, proporções estas definidas a partir de
21

pesquisas anteriores, em que o intervalo de 25% a 50% apresentaram bons


resultados, porém muito distantes (HOOD, 2006).
Foram realizados os ensaios que avaliam as propriedades do concreto no
estado fresco para todas as diferentes proporções, determinando nesse estágio a
Massa Específica.
Para as peças já no estado endurecido, foram realizados testes de
Resistência à Compressão, Resistência à Abrasão e Absorção de Água.
Os resultados obtidos experimentalmente foram comparados com as Normas
Brasileiras – NBR 9780 e NBR 9781 (ABNT,1987), de maneira que o produto seja
avaliado se é tecnicamente viável e de qualidade equiparável aos fornecidos no
mercado, possibilitando, através deste trabalho, a realização de uma prática que
minimize os impactos ambientais e fique como modelo disponível à comunidade.
22

2 RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO

Com o final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e a destruição em


massa das edificações ocasionada pelas batalhas, a quantidade de entulho era da
ordem de centenas de milhões de metros cúbicos. Países como Alemanha e
Inglaterra fizeram dos escombros deixados pela guerra, matéria-prima para se
reconstruírem, através da transformação dos resíduos em agregado reciclado
(MYMRIN et al., 2007; LEITE, 2001).
Desde então, vêm sendo desenvolvidas inúmeras pesquisas por todo o
mundo para aumentar o potencial de reciclagem do resíduo de construção. Baseado
nisso, Levy e Helene (2000) consideram o ano de 1946 como o marco do início do
desenvolvimento da reciclagem de Resíduos de Construção e Demolição (RCD) na
construção.
Apenas em 1986, é que se publicou o primeiro estudo sistemático para a
utilização de RCD no Brasil, pelo arquiteto Tarcísio de Paula Pinto, que consistiu em
avaliar o uso do reciclado para produção de argamassas (PINTO,1986). Porém, a
efetiva reciclagem dos resíduos começou apenas em 1991, na cidade de Belo
Horizonte. Atualmente, já existem diversas estações de tratamento deste material
instaladas em todo território nacional.
John (2000) explica que tanto os países desenvolvidos quanto os que estão
em desenvolvimento, como Brasil, ampliam constantemente o seu ambiente
construído, levando ao consumo elevado de insumos inerentes à construção e, por
consequência, geram uma grande quantidade de resíduos. Diante da necessidade
de minimizar o passivo gerado pela indústria da construção e da potencialidade que
entulho possui, uma larga escala de pesquisas têm sido desenvolvidas em
universidades nacionais no sentido de obter um melhor entendimento sobre o
comportamento desse material e sugerir novos produtos alternativos (LEITE, 2001).
23

2.1 DEFINIÇÃO

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 2002a) define o RCD


como material proveniente de construções, reformas, reparos e demolições de obras
de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais
como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas,
colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento
asfáltico, vidros, plásticos, tubulações e fiação elétrica, comumente chamados de
entulhos de obras, caliça ou metralha.
Numa sucinta definição, pode-se descrever os Resíduos de Construção e
Demolição (RCD) como um material oriundo de construções, reformas, reparos e
demolições de edificações e estradas.
Tal material tem a possibilidade de ser usado como agregado reciclado, que,
segundo Pietersen et al. (1998), trata-se de um material granular, previamente
utilizado na construção, que, através de um processamento industrial, é novamente
aplicado na construção.

2.2 CLASSIFICAÇÃO E LEGISLAÇÃO

Leite (2001) explica que os resíduos sejam eles quais forem, devem ser
classificados, do ponto de vista do risco ambiental, para que possam sofrer o correto
destino e manuseio.
A norma que classifica os resíduos sólidos no Brasil é a NBR 10004 (ABNT,
2004) e, de acordo com esta, os RCD se enquadram em Resíduos da Classe II B –
inertes, pois possuem componentes minerais não poluentes e são considerados
quimicamente inativos.
Todavia, há pesquisas que detectaram uma falha nessa afirmação, pois a
caliça pode conter tintas, solventes, dentre outras substâncias que percolam e
contaminam o solo. Também se encontram materiais como amianto e metais
pesados, altamente nocivos (LEITE, 2001 apud DORSTHORST e HENDRIKS,
2000).
24

Mesmo quando o entulho não se encontra contaminado, ao ser disposto de


forma irregular, torna-se foco para depósito de outros resíduos, sendo, então,
contaminado.
Sendo assim, Zordan (1997) ressalta que o RCD pode ser enquadrado em
quaisquer classes apresentadas pela NBR 10004 (1987), sendo perigoso, inerte ou
não inerte, a depender da sua proveniência e constituição.
Além da NBR, também existe uma classificação definida pelo Conselho
Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), que é um órgão do governo federal de
caráter consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA).
Esse Conselho estabelece critérios e normas visando a proteção ao meio ambiente,
através de atos como resoluções, moções, recomendações, proposições e decisões.
Foi aprovada pelo CONAMA, no dia 5 de julho de 2002, a Resolução nº 307,
a qual classifica os Resíduos de Construção e Demolição e estabelece diretrizes,
critérios e procedimentos para a gestão dos mesmos, entrando em vigor no início de
2003. Tal Resolução afirma que a disposição de resíduos da construção civil em
locais inadequados contribui para a degradação da qualidade ambiental. Ainda
descreve que tais resíduos representam um significativo percentual dos resíduos
sólidos produzidos nas áreas urbanas.
Essa norma também confirma a viabilidade técnica e econômica de
produção e uso de materiais provenientes da reciclagem de resíduos da construção
civil, salientando que a gestão integrada de resíduos da construção civil deverá
proporcionar benefícios de ordem social, econômica e ambiental. Por fim, dá as
corretas definições dos elementos do setor: geradores, transportadores, agregado
reciclado, gerenciamento de resíduos, reutilização, reciclagem, beneficiamento,
aterro de resíduos da construção civil e áreas de destinação de resíduos.
A Resolução 307 (BRASIL, 2002a) estabelece a classificação dos resíduos
de construção e demolição como:
a) Classe A: reutilizáveis ou recicláveis como agregados;
b) Classe B: recicláveis para outras destinações;
c) Classe C: para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/
recuperação;
d) Classe D: perigosos oriundos do processo de construção.
25

Cabe aqui salientar que, em 2004, o CONAMA publicou a Resolução nº 348


(BRASIL, 2004), que inclui o amianto na Classe D, por ser um material nocivo à
saúde.
Quanto aos municípios, a Resolução obriga a implementação do “Plano
Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil” a ser elaborado
pelos Municípios e Distrito Federal devendo incorporar o Programa Municipal de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PMGRCC). Para os geradores,
cabe-lhes elaborar os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
(PGRCC).
Ainda deixa estabelecido os critérios sobre a destinação dos RCD (BRASIL,
2002a):
a) Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados,
ou encaminhados à áreas de aterro de resíduos da construção civil,
sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;
b) Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados à áreas
de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a
sua utilização ou reciclagem futura;
c) Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em
conformidade com as normas técnicas específicas;
d) Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e
destinados em conformidade com as normas técnicas específicas.
Baseado nos estudos de Alcântara et al. (2007), realizados acerca da
aplicação da Resolução CONAMA 307 no município de Belo Horizonte, o
diagnóstico concluiu que a principal dificuldade existente para a finalização e
implementação do Plano Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção
Civil (PMGRCC) está na burocratização do sistema, pois para se implementar um
Programa Municipal, é necessário suporte legal para que seja eficaz. Diante de tal
constatação, os autores salientam que para os outros municípios que ainda não
atenderam à resolução, esse tipo de programa é muito dispendioso, e torna-se,
inviável principalmente para municípios com grande carência em saneamento básico
e infra-estrutura, pois há preferência de investimento à estas.
As medidas que tem sido adotadas na condução de problemas relacionados
aos RCD na atualidade são, em geral, de caráter emergencial e corretivo, em
decorrência da falta de informações e despreparo por parte dos gestores em avaliar
26

seus impactos. Uma possível solução seria que o Estado, e até mesmo o CONAMA,
oferecessem apoio técnico para a implantação desse sistema de gestão de RCD
(ALCÂNTARA et al., 2007).
Recentemente foi sancionada a Lei 12.305 (BRASIL, 2010), de 02 de agosto
de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo esta sobre
as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos,
incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos
instrumentos econômicos aplicáveis. Esta também compreende os Resíduos da
Construção Civil, sujeitando as empresas deste ramo às normas estabelecidas pelo
SISNAMA. Sendo assim, o plano de gerenciamento do resíduo abrange o poder
público nos âmbitos federal, estadual e municipal, além dos geradores, para que a
gestão seja integrada, norteada por essa lei, de modo a minimizar os impactos no
meio ambiente.

2.3 CARACTERIZAÇÃO

Os Resíduos de Construção e Demolição se apresentam na forma sólida,


nos mais diversos formatos e dimensões, possuindo características físicas bastante
variáveis, pois são determinadas pelo seu processo gerador (ZORDAN, 1997).
Como já definido anteriormente, os Resíduos de Construção e Demolição
vem a ser todo aquele oriundo das atividades de construção, incluindo os mais
diversos tipos de materiais, tais como plásticos, isolantes, papel, materiais
betuminosos, madeiras, metais, concretos, argamassas, blocos, tijolos, telhas, solos,
gesso, dentre outros.
A parcela composta por concretos, argamassas, blocos, tijolos, telhas, solos,
gesso, ou seja, de origem mineral, é predominante no RCD, representando
aproximadamente 90%, no Brasil (ÂNGULO, 2005).
Os resíduos da indústria da construção possuem características bastante
heterogêneas, se comparado aos demais resíduos industriais. Seu perfil varia de
acordo com a qualidade da mão-de-obra empregada, das técnicas construtivas
utilizadas, da presença ou não de programas de qualidade, dos tipos de materiais
aplicados, e uma série de outros fatores.
27

Sapata (2002) reforça ao determinar que esse material se apresenta sob


forma sólida, com características físicas que variam com seu processo gerador,
aparecendo em diversas dimensões e geometrias.
A grande heterogeneidade nas características dos resíduos acarreta a
complexidade da reciclagem e utilização. As propriedades físico-químicas dependem
de fatores como a origem mineralógica, o tipo de matéria-prima, o processo
operacional e a eficiência deste. Evidentemente, as características desses resíduos,
gerados a partir de diferentes processos, apresentarão ou não bom potencial para o
reaproveitamento (PAPPU et al., 2007).
Baseado em Zordan (1997), as características de produção e os aspectos de
heterogeneidade podem fornecer ao entulho mudanças de propriedades, passando
de inerte à não inerte, podendo até mesmo tornar-se perigoso, como é o caso do
amianto.
O método de coleta do material para análise da composição também deve
ser criterioso, pois muitas são as atividades desenvolvidas dentro de um canteiro de
obras. Esse fator somado à extensa gama de materiais empregados na construção
confere ao resíduo gerado a alta heterogeneidade.

2.4 GERAÇÃO

Até a década de 90, pouco se conhecia sobre a intensidade da geração de


Resíduos de Construção e Demolição, limitando-se apenas ao que encontrava-se
visivelmente acumulado nos ambientes urbanos. Também não havia quaisquer
indicadores para a ocorrência de perdas na construção civil, sendo esses de suma
relevância, haja vista a supremacia do entulho na composição dos Resíduos Sólidos
Urbanos em cidades brasileiras de médio e grande porte.
Na construção civil, o resíduo é gerado dentro do próprio processo de
execução, podendo ocorrer em três etapas: processo de construção, processo de
manutenção ou reformas e processo de demolição (VIEIRA, 2003), conforme
descrito a seguir.
28

2.4.1 Etapa de Construção

No processo de construção existem as perdas durante a execução da obra


que geram a caliça. O modelo construtivo mais difundido no Brasil gera grande
quantidade de resíduos (Figura 01), pois faz rasgos na alvenaria, principalmente nas
etapas de instalação elétrica e hidráulica.

Figura 01 – Resíduos gerados na etapa de construção

Pinto (1999) explica que a questão das perdas em processos construtivos


vem sendo tratada de forma suficiente no Brasil, em processos de pesquisa cada
vez mais abrangentes, sendo aceitável a afirmação de que para a construção
realizada por empresas, a intensidade da perda se situe entre 20 e 30% da massa
total de materiais, dependendo do patamar tecnológico do executor. Ângulo (2000)
apontou as principais causas das perdas, apresentadas no Quadro 01.
29

FONTE CAUSA

Projeto - Erro nos contratos


- Contratos incompletos
- Modificações de projeto
Intervenção - Ordens erradas, ausência ou excesso
de ordens
- Erros no fornecimento
Manipulação de materiais - Danos durante o transporte
- Estoque inapropriado
Operação - Erros do operário
- Mau funcionamento de equipamentos
- Ambiente impróprio
- Dano causado por trabalhos anteriores
e posteriores
- Uso de materiais incorretos em
substituições
- Sobras de cortes
- Sobras de dosagens
- Resíduos do processo de aplicação
Outros - Vandalismo e roubo
- Falta de controle de materiais e de
gerenciamento de resíduos
Quadro 01 – Fontes das perdas da construção civil
Fonte: ANGULO, 2000.

2.4.2 Etapa de Manutenção

A geração de resíduos nesta fase se deve ao processo de reformas para


modernização ou para correção de patologias, que é o caso apresentado na Figura
02. A minimização da geração de resíduos nesta etapa exige melhoria na qualidade
da construção, de forma a reduzir a manutenção para a correção de defeitos;
projetos flexíveis, que permitam modificações através de uma simples
desmontagem, de modo a possibilitar a reutilização dos componentes não mais
30

necessários; e o aumento da vida útil física dos diferentes componentes e da


estrutura dos edifícios (JOHN, 2000).

Figura 02 – Resíduos gerados na etapa de manutenção

2.4.3 Etapa de Demolição

O processo de demolição gera uma grande quantidade de resíduos,


tornando essenciais algumas providências para a redução desses. Tratam-se de
medidas simples, como o prolongamento da vida útil dos edifícios e de seus
componentes, a existência de incentivos para que os proprietários realizem
modernização ao invés de demolições, e o uso de projeto de demolição que permita
a reutilização dos componentes (VIEIRA, 2003).
Atualmente, já são consagradas técnicas de demolição seletiva, que
organizam os processos de demolição para a retirada de certos materiais
indesejáveis bem como reaproveitamento de outros. Pode ser empregada para a
obtenção de agregados reciclados de resíduos de demolição de melhor qualidade,
31

retirando possíveis contaminantes, como o gesso. Porém, o tempo gasto com tal
processo é maior que em demolições tradicionais.

2.5 COMPOSIÇÃO

Ao se analisar a composição geral dos Resíduos de Construção e


Demolição, devem ser examinados fatores como a tipologia construtiva utilizada, as
técnicas construtivas empregadas, os materiais disponíveis em cada local e os
índices de perdas de materiais mais significativos, pois tais fatores estarão atrelados
à variabilidade da composição do entulho. As características dos materiais
constituintes devem ser conhecidas para que este resíduo possa ser corretamente
empregado no processo de reciclagem.
Sapata (2002, p.17) descreve que a “composição do RCD se dá em função
das características geográficas do local da construção, do tipo da construção, dos
hábitos e costumes locais”.
Para o real conhecimento do material, o processo de discriminação dos
resíduos deve contemplar uma análise química completa do produto, como umidade
e natureza dos materiais voláteis; análise da sua microestrutura, como a sua
mineralogia e porosidade; análise física, como densidade, ponto de fusão e
granulometria; e análise ambiental, para enquadrar na normalização vigente.
John (2000) propõe uma separação por tipo de material:
a) Solos;
b) Materiais Cerâmicos: rochas naturais, concreto, argamassas a base de
cimento e cal, resíduos de cerâmica vermelha, como tijolos e telhas,
cerâmica branca, especialmente a de revestimento, cimento-amianto,
gesso – pasta e placa, vidro;
c) Materiais Metálicos: como aço para concreto armado, latão, alumínio,
ferro;
d) Materiais Orgânicos: madeira natural ou industrializada, plásticos
diversos, materiais betuminosos, tintas e adesivos, papel de embalagem.
Leite (2001) realizou o levantamento da composição do entulho gerado em
Porto Alegre, RS, através da triagem na fonte com posterior catação visual de
32

partículas, em um aterro de inertes na zona sul da cidade. Sendo assim, pode-se


tratar de material proveniente tanto de construção, quanto de demolição. Os
materiais encontrados na caliça foram os cerâmicos (tijolos, telhas, revestimentos),
argamassas, concreto e pedras. No beneficiamento da amostra no laboratório foram
descartadas as impurezas, como papéis, madeira, vidro e gesso, para que não
afetassem o desempenho do concreto a ser desenvolvido. O método de separação
usado por Leite (2001) se diferencia do proposto por John (2000), pois não
contabiliza solos, materiais metálicos e orgânicos. O resultado da amostra obtido é
apresentado no Gráfico 1.

Rocha Natural (Outras),


Material Cerâmico, Outros, 0,40%
17%
26,30%
Rocha Natural (Arenito),
13%

Concreto, 15,20%
Argamassa, 28,30%
Gráfico 01 – Composição do RCD de Porto Alegre
Fonte: LEITE, 2001.

Carneiro (2005) realizou um levantamento da composição do entulho da


cidade de São Paulo e da cidade de Recife, para realizar um estudo comparativo,
haja vista se tratar de duas capitais distantes fisicamente e com culturas e métodos
construtivos divergentes. O Gráfico 02 mostra a composição do RCD de São Paulo e
o Gráfico 03 de Recife.
33

Outros; 11%

Concreto e
Solo; 26% argamassa; 44%

Material Cerâmico;
19%

Gráfico 02 – Composição do RCD de São Paulo


Fonte: CARNEIRO, 2005.

Outros; 5%
Concreto e
argamassa; 33%
Solo; 32%

Material Cerâmico;
30%

Gráfico 03 – Composição do RCD de Recife


Fonte: CARNEIRO, 2005.
.
Nota-se nos Gráficos 01, 02 e 03, a composição de 3 capitais brasileiras
distintas, entretanto, na composição do RCD de todas, há predominância de Solos e
Concretos e Argamassas, em relação aos Materiais Cerâmicos e outros materiais.
Zordan (1997) quantificou amostras de materiais de quatro obras diferentes
no país, e verificou algumas variações de uma obra para outra, dadas pelo sistema
construtivo adotado, mas a proximidade dos valores revela a constituição
aproximada de RCD encontrados nas obras, apresentada no Gráfico 04.
34

45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Argamassa Cerâmica Cerâmica Concreto Pedras Outros
Polida

Amostra A Amostra B Amostra C Amostra D


Gráfico 04 – Composição do RCD no Brasil, em quatro amostras distintas
Fonte: ZORDAN, 1997.

Observa-se no Gráfico 04 que as fases Cerâmica e Pedras podem variar em


percentual maior de 10%. Já as fases Concreto e Argamassa variaram pouco, pois o
método de classificação entre elas era baseado na presença ou não de rocha
aderida à argamassa e não em critérios de absorção de água ou resistência
mecânica, o que poderia aumentar a variabilidade da composição.
Tecnicamente, a reciclagem do entulho irá variar de acordo com a sua
composição, por isso se faz tão importante a sua discriminação. A parte cerâmica,
por exemplo, pode ser beneficiada como agregado em concretos estruturais se for
composta predominantemente de concretos e de rochas naturais. A parcela de
material mais poroso e de menor resistência mecânica, como argamassas e
produtos de cerâmica vermelha, tem sua aplicação limitada à concretos de menor
resistência devido à menor resistência do agregado e grande absorção de água
(JOHN, 2000).
É extensa a variabilidade da composição dos Resíduos de Construção e
Demolição por diversos fatores já salientados, tornando imprescindível sua completa
caracterização, de modo que possam ser corretamente empregados no processo de
reciclagem.
35

2.6 QUESTÕES AMBIENTAIS

O atual sistema de desenvolvimento, calcado nos moldes da sociedade


industrial, rege a transformação da natureza de maneira a melhorar a qualidade de
vida da população, sem considerar que os recursos naturais são finitos e a
capacidade de absorção dos impactos pelo meio ambiente é limitada.
Baseado em Hood (2006), a intensificação da industrialização, o advento de
novas tecnologias, o aumento da densidade populacional urbana e a diversificação
dos produtos ofertados, acarretou em um grave problema ambiental devido aos
resíduos gerados, exigindo gerenciamento complexo e oneroso.
No modelo dos dias de hoje, os impactos ambientais estão presentes nas
mais diversas etapas da cadeia do processo produtivo: vai desde a extração de
matérias-primas não renováveis até a geração de resíduos, poluição de solos, ar e
água.
Braga et al. (2002) descrevem que todo ecossistema utiliza de mecanismos
de auto-regulação para atingir um estado de equilíbrio frente à qualquer mudança
ocorrida. Entretanto, o modelo de desenvolvimento adotado não tem oferecido
tempo hábil para que os ecossistemas atinjam seu ponto de equilíbrio, ou seja,
trata-se de um desenvolvimento insustentável.
As atividades que consomem matérias-primas não renováveis, que geram
montantes residuais e que emitem gases poluentes, têm somado impactos que vem
desencadeando consequências trágicas, como a alteração climática e de paisagem,
podendo, num breve futuro, inviabilizar a continuidade de algumas espécies. As
consequências ainda contemplam escassez de local para disposição final, altos
custos para gestão dos resíduos, degradação ambiental e problemas no
saneamento.
O setor da construção civil se encontra em meio a tais atividades. Isso
porque utiliza matérias-primas não renováveis em grande parte de seus
empreendimentos, produz um número exorbitante de resíduos e ainda gera
poluentes no processo de beneficiamento de materiais indispensáveis.
Nunes (2005), ao analisar dados relacionados especificamente com a gestão
dos RCD, verificou que a grande maioria dos municípios brasileiros, 4.960 de 5.507,
36

ou seja, 90%, manejavam os resíduos da construção civil de forma incorreta levando


a sérios problemas ambientais e de saúde pública.
Sapata (2001) expõe os inúmeros impactos que os Resíduos de Construção
e Demolição geram em diversas áreas:
a) Ambientais: Ocupação de terrenos baldios e fundos de vale, com
obstrução de rios e córregos responsáveis pela drenagem;
b) Sociais: Há uma classe social composta pelos gestores e de coletores,
que são responsáveis pelo RCD, mas, em geral, não possuem o
conhecimento técnico necessário para a preservação sanitária e
ambiental;
c) Sanitários: O depósito irregular do entulho cria um ambiente propício
para o desenvolvimento de vetores que exercem efeito deletério para o
saneamento local;
d) Visuais: Comprometimento da paisagem local;
e) Econômicos: A gestão corretiva da caliça exige altos custos aos cofres
públicos.
Quanto à geração de Resíduos da Construção Civil, Leite (2001, p. 18)
afirma que “possui números assustadores e a tendência mundial é que estes valores
aumentem ainda mais. Encontrar uma utilização para estes resíduos é mais que
uma necessidade, é uma obrigação”.

2.6.1 A Exploração de Recursos Naturais

John (2000, p.9) ressalta que “O consumo de materiais naturais cresce na


mesma medida do crescimento da economia e da população”. Entre o período de
1970 a 1995 o consumo de materiais no mundo saltou de 5,7 bilhões de toneladas
para 9,5 bilhões de toneladas (JOHN, 2000 apud MATOS; WAGNER, 1999).
Para que seja produzido esse montante de material é necessária uma
exorbitante extração de matérias-primas naturais, grande parte das vezes, não
renováveis. Deve se atentar ao fato de que, além do consumo dessa matéria,
também são consumidos ar e água.
Hood (2006, p.23) afirma que:
37

(...)a exploração de jazidas de areia, argila e material pétreo é


essencial para a continuidade das obras necessárias ao
desenvolvimento humano, mas produzem um passivo ambiental que
impede a sustentabilidade requerida pelas gerações futuras.

Devido ao desenvolvimento insustentável, ou seja, ao desenfreado consumo


de matérias-primas naturais, estas estão se esgotando, principalmente àquelas mais
próximas aos grandes centros.
O consumo de agregados naturais no Brasil é estimado em 380,6x106
ton/ano, fazendo com que as regiões de extração tenham significativa degradação,
comprometendo ainda a área para outros usos (HOOD, 2006).
Alavedra et al. (1997) descrevem que as construções consomem recursos
naturais desde a fase de construção até mesmo durante seu uso, sendo esse setor
responsável por consumir, aproximadamente, 50% de todos esses recursos.
Segundo John (2000), a atividade extrativista modifica a paisagem natural,
destruindo a fauna e a flora, e, somando à isso, as reservas mais convenientes,
estão cada dia mais escassas.
Na busca de minimizar os impactos causados pelo processo de extração,
algumas medidas mitigadoras devem ser tomadas, como a diminuição das áreas
exploradas e a recuperação das degradadas. Quanto à esta, já existem técnicas de
engenharia consagradas para aproximar consideravelmente da conformação
original, mas quanto àquela, apenas ações de fiscalização e mudanças de
comportamento e mentalidade são aplicáveis.
É imprescindível a conscientização, em qualquer setor, principalmente da
construção, de que a matéria-prima proveniente da natureza é finita, exigindo um
manejo responsável. Outros materiais alternativos devem ser desenvolvidos e
aplicados, minimizando os impactos ambientais.
38

2.6.2 Geração de Resíduos

Outro preocupante fator do desenvolvimento insustentável está


estreitamente ligado à dimensão do volume de resíduos gerado.
John (2000) descreve que um dos agravantes da questão dos resíduos se
refere aos custos dos processos de tratamento e deposição, que ocorre devido à
escassez de áreas para aterro, principalmente ao redor dos grandes centros, e as
crescentes exigências técnicas de tratamento e depósito final.
Pinto (1999, p.2) expõe a situação dos Resíduos de Construção e
Demolição:

Gerados em expressivos volumes, não recebem solução adequada,


impactam o ambiente urbano e constituem local propício à
proliferação de vetores de doenças, aspectos que irão agudizar os
problemas de saneamento nas áreas urbanas.

A geração de resíduos no setor da construção civil ocorre desde a produção


de materiais e componentes, na atividade do canteiro de obras, em casos de
reformas e até os casos de demolição.
Pinto (1999) estimou em seus levantamentos que, de todo Resíduo de
Construção e Demolição gerado nas grandes cidades brasileiras, em torno de 50% é
oriundo de demolições e o restante é proveniente das atividades de canteiros de
obras. Ainda contabiliza que o total de RCD gerado é equivalente ou superior ao
volume dos resíduos sólidos municipais.
O pesquisador também dimensionou que a intensidade das perdas durante o
processo de construção esteja entre 20 e 30% da massa total de materiais
empregados, variando conforme o patamar tecnológico que se encontra o executor
(PINTO, 1999).
Zordan (1997) explica que as perdas no processo de construção se dão pelo
modo artesanal de execução predominante no Brasil, onde impera o princípio da
baixa produtividade e mau gerenciamento.
Quanto às demolições, há técnicas de demolição seletiva, que, por um
pouco mais de tempo, retira materiais indesejados e reaproveita os demais, além de
39

obter agregados reciclados de qualidade superior, por serem livre de contaminantes


(ÂNGULO, 2000).
Hood (2006) explana que, em municípios de médio e grande porte, a cena
mais encontrada é a disposição irregular de consideráveis volumes de RCD em
aterros de inertes ou em bota-foras.
Para Pinto (1999), o problema mais expressivo na destinação desse tipo de
resíduo é o inexorável e veloz esgotamento de áreas designadas para disposição
final.
Outro fator preocupante é que o RCD é considerado um material inerte
perante o CONAMA (BRASIL, 2002a), e tais aterros não consideram, ao serem
projetados, a possível lixiviação de efluentes poluentes, sem soluções adequadas.

(...) para os resíduos de construção e demolição há agravantes: o


profundo desconhecimento dos volumes gerados, dos impactos que
eles causam, dos custos sociais envolvidos e, inclusive, das
possibilidades de seu reaproveitamento fazem com que os gestores
dos resíduos se apercebam da gravidade da situação unicamente
nos momentos em que, acuados, vêem a ineficácia de suas ações
corretivas (PINTO, 1999, p.2).

O depósito da caliça em áreas públicas e em fundos de vale gera altos


custos sociais, graças à necessidade de desassoreamento de córregos, limpeza de
vias e terrenos públicos, além de queda da qualidade de vida da população lindeira.

2.6.3 Minimização dos Impactos Ambientais

O setor da construção civil é um dos maiores participantes da economia


nacional, correspondendo a uma grande fatia do PIB brasileiro. John (2000) explica
que isso ocorre porque praticamente toda atividade humana prescinde de um
ambiente construído, ou seja, um produto da construção civil. Este setor está
presente em todo lugar ocupado pelo homem, seja campo ou cidade, em maior ou
menor grau.
Diante desse quadro, o setor não é apenas um destacável participante
econômico, mas também um produtor de bens de grandes dimensões físicas, o que
40

o leva a ser um dos maiores responsáveis pela extração de recursos naturais e


geração de resíduos.
Todo e qualquer produto, material e edificação, tem sua vida útil limitada,
tornando-se, um dia, inegavelmente, um resíduo. Sendo assim, para se atingir um
desenvolvimento sustentável e minimizar a quantidade de resíduos, cabe utilizar
materiais que tenham vida útil longa ou mesmo reutilizar ou reciclar esse material
colocando-o novamente como produto.
Peng et al. (1997) avaliam o nível de impacto causado ao meio ambiente a
partir da forma como é realizada a disposição do entulho. Dentro do modelo
hierárquico que os autores propõem, a redução da geração de resíduos se mostra
como a alternativa mais eficaz para diminuição do impacto ambiental, sendo também
para o aspecto econômico. A simples movimentação de materiais de uma aplicação
para outra, ou seja, a reutilização, também se apresenta como bom recurso na
diminuição do impacto, pois esta decisão utiliza o mínimo de processamento e
energia. Depois, vem a reciclagem dos resíduos, isto é, a transformação destes em
novos produtos. No plano inferior da hierarquia encontram-se: a compostagem, que
consiste basicamente na transformação da parte orgânica em húmus para o
tratamento do solo; a incineração, que pode extrair energia dos materiais sem gerar
substâncias tóxicas, quando é cuidadosamente operacionalizada; e por fim o
aterramento.
O processo de reciclagem na indústria da construção civil consiste em
introduzir o resíduo no seu ciclo de produção em substituição total ou parcial de uma
matéria-prima. Cabe aqui salientar que é diferente de reutilização, sendo que esta
última é caracterizada pelo emprego do resíduo em uso análogo ao seu primeiro
ciclo de produção, sem que seja feito procedimento de beneficiamento.
A reciclagem no setor da construção pode gerar incontáveis benefícios, que
vão desde a redução do consumo de matérias-primas naturais não renováveis,
contando com a redução de energia no processo de produção e de emissão de
gases e até mesmo reduzindo as áreas necessárias para a disposição final (JOHN
et al., 2004).
Para Leite (2001), a reciclagem aparece como a melhor alternativa para
minimizar o impacto ambiental. Ultimamente, esta prática tem sido incentivada em
todo o mundo, pois a reciclagem de resíduos de construção reduz os problemas com
o gerenciamento dos resíduos sólidos dos municípios, acresce a vida útil dos
41

aterros, diminui os pontos de descarte clandestinos e reduz dos custos de


gerenciamento de resíduos. Somado a isso, há um melhor bem estar social e
ambiental.
A Resolução CONAMA nº 307 (BRASIL, 2002a) ressalta a importância do
processo de gerenciamento, com destaque para a reciclagem do entulho. A
legislação segrega o resíduo em classes, determinando a destinação adequada para
cada uma delas, preconizando sua reinserção na cadeia produtiva.
Não bastando, ainda estabelece a elaboração de Projetos de Gerenciamento
de Resíduos da Construção Civil por seus geradores, bem como programas por
municípios, de modo a cessar a disposição em áreas impróprias.
Em países desenvolvidos, como os europeus, considerando a realidade de
sua densidade demográfica e escassez de espaços para dispor resíduos sólidos,
possuem as políticas mais elaboradas e consolidadas. Devido à elevada
industrialização e carência de recursos naturais, destacam-se pelo pioneirismo no
desenvolvimento de esforços para o conhecimento e controle dos RCD (PINTO,
1999).
John et al. (2004) propõem que as soluções abranjam desde o ambiente
macro até o micro, sendo este último locais como os canteiros de obras, que podem
realizar triagem da caliça na fonte, reinserindo na própria construção, acarretando
em economia de material e redução de resíduos gerados. No ambiente da dimensão
macro, as cidades, devem buscar uma solução ambientalmente correta para a
disposição do RCD, em concordância com a legislação.
Para Ângulo (2000), o desenvolvimento sustentável consiste num processo
que leva a alterações no modo de explorar os recursos, de direcionar os
investimentos, de orientar o desenvolvimento tecnológico e de legislar, visando à
harmonia e ao entrelaçamento nas necessidades e anseios das presentes e futuras
gerações.
Para tanto, algumas ações devem ser contempladas, como fechamento do
ciclo da cadeia produtiva de materiais, produtos e resíduos, controlando suas
emissões ambientais; economia de energia, com aumento da eficiência e
desenvolvimento de fontes mais duráveis; aumento da durabilidade; e promoção da
qualidade dos produtos, dos processos de produção, dos materiais naturais e dos
resíduos, utilizando-os largamente no ciclo econômico (ZWAN, 1997).
42

2.7 PRODUTOS COM AGREGADOS RECICLADOS

O mercado da construção civil se configura como uma das melhores


alternativas para consumir materiais reciclados, haja vista que tal atividade é
realizada em qualquer região, levando à redução de custos como o de transporte.
Outra razão que deve ser salientada é que os materiais necessários para produção
da maioria dos componentes de uma edificação não precisam de grande
sofisticação técnica.
Existem técnicas largamente difundidas para a utilização dos resíduos de
construção, como na confecção de base e sub-base de pavimentos, na produção de
concretos sem fins estruturais, na produção de blocos de concreto, dentre outros.
Atualmente, uma grande diversidade dos resíduos provenientes das
construções e demolições vêm sendo reciclados, porém sua aplicação ainda é
restrita, já que exige muitos estudos para sua consolidação.
Pappu et al. (2007) afirmam que os preços dos principais insumos da
construção civil têm aumentado devido aos elevados custos de transporte, à
demanda e às restrições ambientais, o que torna essencial encontrar substitutos
funcionais para a produção de materiais na indústria da construção. Poupar energia
e conservar os recursos é, agora, uma preocupação mundial, que tem exigido
pesquisa e desenvolvimento, para explorar novas aplicações e maximizar a
utilização das tecnologias existentes para uma sustentável e ambiental gestão.

2.7.1 Pavimentação

Em diversos países desenvolvidos, o emprego de agregados reciclados


como componentes básicos de pavimentos é uma prática muito disseminada.
Europa, Austrália e Estados Unidos, por exemplo, criaram suas próprias
especificações para controle de produção e aplicação de tais materiais, de forma
que utilizam reciclados devido às boas propriedades e ao baixo custo tanto de
produção como de execução da obra.
43

O campo de aplicação em pavimentos asfálticos e de cimento Portland tem


se apresentado muito interessante, pois estabelecem boas bases granulares e
estabilizadas, além de apresentarem potenciais para misturas de concreto asfáltico à
quente e tratamentos superficiais.
Segundo Almeida et al. (2009), no Brasil também existem relatos da
utilização de agregados reciclados dos mais variados tipos e nas mais diferentes
aplicações, como componente de revestimento primário, de base, reforço de subleito
e sub-base, apresentando bons resultados no produto final. Sendo assim, o uso de
agregados reciclados em pavimentos abre um grande rol de opções de produtos,
proporcionando grandes expectativas.
Nesse âmbito, iniciou-se a fabricação de blocos pré-moldados de concreto
para pavimentação, aplicados, geralmente, em pavimentação urbana (Figura 03). Os
blocos de concreto têm ganhando espaço no mercado da construção civil, devido à
melhoria dos materiais aplicados em sua produção o que influencia na qualidade do
produto, proporcionando durabilidade e alta resistência a esforços. Um bloco
intertravado apresenta vantagens sobre os pavimentos tradicionais, pois não exige
mão de obra especializada para execução. Em caso de manutenção em redes de
esgoto, esta pode ser feita apenas retirando os blocos assentados sobre um colchão
de areia, evitando a perda do pavimento anterior, podendo ser liberado
imediatamente após reparos, contribuindo assim com a segurança, estética e
economia de instalação (ALMEIDA, 2009).

Figura 03 – Bloco de pavimentação leve de RCD


Fonte: ALMEIDA, 2009.
44

Baseado nos dados nacionais, apenas o setor de pavimentação não é capaz


de consumir integralmente o RCD reciclado como base de pavimentação, porque
apenas parte do concreto asfáltico utiliza agregado natural (ÂNGULO et al., 2002).
Com o desenvolvimento do mercado na área de reciclagem de RCD e a
consequente instalação de diversas recicladoras no país, a Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) publicou as primeiras normas nacionais que especificam
prescrições técnicas referentes aos agregados provenientes da reciclagem. Estas
tratam desde a instalação de recebimento do material até a aplicação destes em
pavimentação ou em concretos sem função estrutural, sendo as seguintes normas:
a) NBR 15113 (2004) – Resíduos sólidos da construção civil e resíduos
inertes – Aterros – Diretrizes para projeto, implantação e operação;
b) NBR 15114 (2004) – Resíduos sólidos da construção civil e resíduos
inertes – Área da reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e
operação;
c) NBR 15115 (2004) – Agregados reciclados de resíduos sólidos da
construção civil – Execução de camadas de pavimentação –
Procedimentos;
d) NBR 15116 (2004) – Agregados reciclados de resíduos sólidos da
construção civil – Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem
função estrutural – Requisitos.
Algumas cidades brasileiras, como São Paulo e Belo Horizonte, têm exibido
experiências de sucesso no uso em larga escala do agregado para base de
pavimentação (PINTO, 1999).
Considerando o nível de conhecimento técnico, o emprego de agregados de
RCD reciclados em pavimentos, principalmente como base, é uma alternativa
consolidada (Figura 04), mas também é necessário que sejam desenvolvidos outros
mercados para garantir a reciclagem em grande escala. Como o mercado de
pavimentação está subordinado, na maioria das vezes, pelo setor público, a busca
de outros mercados permitira uma diversificação de clientes (ÂNGULO et al., 2002).
45

Figura 04 – Sub-base preparada com RCD


Fonte: PAVIMENTO ECOLÓGICO, 2007.

Ângulo et al. (2002) destacam, entre as vantagens da utilização do RCD na


pavimentação, que é o método de reciclagem que exige menor utilização de
tecnologia, o que implica menor custo do processo, além de possibilitar o emprego
da maior quantidade de componentes do entulho sem a necessidade de separação
de nenhum deles.

2.7.2 Concretos e Argamassas

Segundo Tam et al. (2009), o concreto com agregados reciclados preenche


três requisitos "verdes", tal como estabelecido pela Organização Mundial do Meio
Ambiente: pode reciclar e reduzir recursos naturais e consumo de energia; não
afetará o ambiente; e pode manter o desenvolvimento sustentável.
Os produtos que mais consomem recursos naturais na construção são os
concretos e argamassas, com o uso de agregados naturais. A tecnologia que vem
sendo empregada nas centrais de reciclagem de RCD não confere aos agregados
reciclados a qualidade necessária para que sejam utilizados em concretos conforme
especificações internacionais.
Alguns problemas técnicos como a zona de transição interfacial fraca de
cimento e agregados, porosidade e trincas internas devido à demolição, presença de
alto teor de sulfato e cloreto, impureza, cimento anexado ao agregado reciclado,
46

classificação pobre e as variações de qualidade elevada dificultam o uso desse


material (TAM et al., 2009).
Para viabilizar o uso do entulho reciclado em concretos é necessário que o
material atenda às solicitações, de maneira a se tornar competitivo com o
convencional. As exigências gerais a que qualquer agregado deve atender são: de
ser suficientemente resistente para o tipo de concreto em que for usado, ser
dimensionalmente estável conforme as modificações de umidade, não reagir com o
cimento ou com o aço usado nas armaduras, não conter impurezas reativas e ter
formato de partículas e granulometria adequadas à produção de concreto com boa
trabalhabilidade.
É necessária a correta segregação do resíduo e a posterior homogeneização
dos agregados reciclados, pois cada material possui um comportamento específico
ao confeccionar concreto. Dessa forma, são mensuradas as quantidades
necessárias de cada fração de entulho que pode entrar como substituição ou adição
aos outros agregados empregados convencionalmente no concreto.
O comportamento dos concretos produzidos com agregado reciclado varia
mais que o dos concretos convencionais, pois além das variações ligadas à relação
água/cimento e ao consumo de aglomerantes, há ainda as mudanças determinadas
por variações na composição e outras características físico-químicas dos resíduos
reciclados. Destacam-se a maior absorção de água, a heterogeneidade na
composição e a menor resistência mecânica dos grãos.
Zordan (1997) avaliou a influência da variabilidade dos agregados reciclados
em algumas propriedades do concreto (Figuras 05 e 06). A variação da composição
dos agregados causou uma diferença entre 13,2% e 30% na resistência à
compressão dos concretos em relação a concreto com agregados naturais utilizado
como referência. Afeta ainda a durabilidade, devido à porosidade dos agregados
reciclados que absorvem mais água, além da trabalhabilidade. Para aplicações
comerciais destes agregados, é indispensável o controle da variabilidade dos
agregados, até porque implicaria em enormes diferenças entre a resistência média
de dosagem e a resistência característica do concreto.
47

Figura 05 – Agregado miúdo de RCD


Fonte: ZORDAN, 1997.

Figura 06 – Agregado graúdo de RCD


Fonte: ZORDAN, 1997.

Leite (2001), ao avaliar criteriosamente as propriedades mecânicas de


concretos produzidos com agregados miúdos e graúdos provenientes de entulho,
concluiu que:

(...)uso de agregados reciclados é perfeitamente viável para


produção de concretos, pelo menos do ponto de vista das
propriedades mecânicas avaliadas. No entanto, é importante
ressaltar que, para relações a/c baixas, a combinação das duas
frações de agregados reciclados merece atenção especial, visto que
foram observadas reduções das resistências mecânicas (LEITE,
2001, p. 233).
48

Ainda descreve que para produção de concretos com altas relações


água/cimento, o uso das duas frações de agregados reciclados é bastante
satisfatório, devendo ser observados apenas cuidados com a trabalhabilidade.
Segundo a mesma autora (LEITE, 2001, p. 234), “é perfeitamente possível
utilizar a fração miúda do material reciclado sem maiores prejuízos ao desempenho
mecânico dos concretos”. É o agregado graúdo reciclado que afeta mais a
resistência à tração, módulo de deformação e trabalhabilidade dos concretos se
comparado ao agregado miúdo reciclado.
Etxeberria et al. (2007) realizaram testes de cisalhamento em vigas de
concreto com agregados reciclados graúdos, obtendo como resultados satisfatórios
a substituição até 25%.
Lopez et al. (2007) substituíram o agregado miúdo por resíduo de cerâmica
branca, esta oriunda de demolições e da indústria cerâmica, e constataram que
“concreto assim obtido tem as mesmas características mecânicas como o feito com
areia convencional” (LOPEZ et al., 2007, p.563).
49

3 BLOCO INTERTRAVADO DE CONCRETO

Os blocos de concreto para pavimentos são também denominados Pavers


(Figura 07). São blocos intertravados, pré-fabricados, maciços e que permitem
pavimentar completamente uma superfície. Fioriti (2007) explica que o
intertravamento é a capacidade que esse material tem de resistir aos movimentos de
deslocamento individual, seja vertical, horizontal, de rotação ou giração em relação
às peças adjacentes.

Figura 07 – Blocos intertravados de concreto para pavimentação

Os pavers têm conquistado espaço nos pavimentos urbanos do país, com o


aumento de sua produção incentivada por empresas do ramo mediante a
argumentação das vantagens técnicas que o sistema oferece.
Dentre as vantagens, destacam-se a facilidade de assentamento, a liberação
para o tráfego rapidamente, a acessibilidade às redes subterrâneas e a praticidade
na manutenção.
50

Um pavimento de concreto pré-moldado pode ter até 25 anos de vida útil,


desde que alguns requisitos mínimos sejam atendidos, como uma sub-base bem
executada, blocos de qualidade e assentamento adequado (FIORITI, 2007).
Diversos fatores durante a fabricação podem interferir na qualidade dos
blocos de concreto, como o tipo de máquinas e equipamentos, os materiais
utilizados, a dosagem destes, e assim por diante. Hood (2006) explica que conhecer
as propriedades requeridas, os materiais constituintes, a execução da dosagem e o
processo de produção é essencial para obter êxito.
Não apenas pelas vantagens técnicas que o bloco intertravado oferece, este
material tem se consolidado no mercado também pela sua eficiência ambiental.
Além de abrir a possibilidade de usar um resíduo na sua composição, o bloco, é
semi-permeável, o que pode contribuir sobremaneira na drenagem urbana.
Considerando ainda os aspectos estéticos, atualmente é possível encontrar
uma gama de modelos, tamanhos e cores de blocos. A partir da década de 90, o
paver, que era até então comum na Europa, passa a ser amplamente utilizado no
Brasil, tanto em vias quanto em calçamentos.
Fioriti (2007) ressalta que o equilíbrio entre os aspectos ambientais,
tecnológicos e econômicos, é o fator determinante para o amplo desenvolvimento
desse sistema prático e confiável.

3.1 ASSENTAMENTO E INTERTRAVAMENTO

Segundo Hallack (1998) a pavimentação é composta por uma camada de


blocos que constituem um revestimento de durabilidade e resistência, assentados
sobre uma camada de areia. A camada superior deve suportar as cargas e tensões
geradas pelo tráfego, de modo a proteger a camada inferior do desgaste por
abrasão, buscando a melhor estabilidade possível.
A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) expõe a estrutura final
do pavimento intertravado da seguinte forma:
51

Contenção lateral
Pavers
Areia de assentamento

Figura 08 – Elementos do pavimento intertravado


Fonte: ABCP, 2001.

Conforme mostra a Figura 08, existem quatro camadas para assentar os


pavers. O subleito é a camada do terreno com terraplanagem já executada sobre
qual será realizada a pavimentação, devendo estar regularizado e compactado na
cota do projeto. É imprescindível uma prévia avaliação topográfica do local e, ao fim
do preparo desta camada, propiciar uma plataforma de trabalho firme o suficiente
para receber as camadas superiores.
A sub-base pode ser de solo-brita ou granular, atingindo a espessura da
camada previamente determinada em projeto para suportar o tráfego previsto.
Já a base é a camada estrutural que deve proteger o subleito das cargas
externas, recebendo as tensões oriundas das camadas de revestimento de forma a
evitar deformações (CRUZ, 2003).
Acima da base está a camada de assentamento, responsável por
proporcionar uma superfície regular que acomode os blocos e suas eventuais
dilatações. Em geral, o material utilizado é a areia com disponibilidade mais próxima,
mas deve ser analisada se esta não virá a comprometer a função estrutural do
pavimento. Carvalho (1998) ressalta que tal camada deverá ter, no máximo, 5% de
silte e argila, bem como até 5% do material retido na peneira de malha 4,8 mm. A
Tabela 01 apresenta faixa granulométrica recomendada pelo autor.
52

Tabela 01 – Faixa granulométrica recomendada para a camada de assentamento


ABERTURA DA % PASSADA
PENEIRA (MM) CAMADA DE ASSENTAMENTO
9,50 100,00
4,80 95-100
1,20 50-85
0,60 25-60
0,30 10-30
0,15 5-15
0,075 0-10
Fonte: CARVALHO, 1998.

A última camada é composta pelos pavers, sendo assentados os blocos,


realizado o acabamento das bordas da pavimentação e, por fim, realizada a vibração
na área pronta (FIORITI, 2007).
As juntas não devem ultrapassar 5 mm, sendo recomendado por Carvalho
(1998) oscilarem entre 2 e 3 mm. Para o acabamento ou interrupções do pavimento,
utiliza-se blocos serrados.
No Brasil, o assentamento é dado por um processo manual (Figura 09), mas
em países que utilizam esse sistema há mais tempo, já são empregados
equipamentos automatizados na execução (Figura 10).

Figura 09 – Assentamento manual dos blocos


Fonte: ABCP, 2001.
53

Figura 10 – Assentamento mecânico dos blocos


Fonte: ABCP, 2001.

Cruz (2003) explica que o tipo de arranjo utilizado no assentamento definirá


a aparência estética. No entanto, Fioriti (2007) explica que não há interferência do
formato dos pavers no desempenho do pavimento intertravado. Os arranjos mais
comuns são apresentados na Figura 11.

Figura 11 – Assentamento tipo espinha-de-peixe, fileira e trama


Fonte: ABCP, 2001.

Baseado em Hallack (1998), o pavimento de blocos de concreto possui


quatro tipos de intertravamentos: horizontal, vertical, rotacional e de giração, que
ocorrem simultaneamente durante o tempo de vida útil. Para se atingir um
travamento satisfatório, é necessário uma boa contenção lateral, fazendo com que
os blocos transmitam as cargas superficiais de pequenas áreas para grandes áreas
na camada da base.
54

O intertravamento horizontal é a capacidade de um bloco não se deslocar no


sentido horizontal em relação ao bloco adjacente, sendo seu desempenho
determinado pelas juntas bem executadas. Fioriti (2007) salienta que pavers com
intertravamento horizontal são os mais utilizados atualmente, pois possibilitam um
sistema de assentamento bastante simples, conforme mostra a Figura 12.

Figura 12 – Pavers com intertravamento horizontal

Já o intertravamento vertical é a não movimentação dos blocos em relação


aos blocos vizinhos, através de esforços de cisalhamento absorvidos pelo
rejuntamento de areia e pela capacidade estrutural das camadas inferiores. Fioriti
(2007) expõe que existem pavers com formatos que se encaixam para adquirir esse
tipo de travamento, mas sua execução é mais complexa.
A rotação é a capacidade do bloco não girar em seu próprio eixo em
qualquer direção, dado pela espessura das juntas, tipo de areia e confinamento
entre os blocos adjacentes (CRUZ, 2003). E a giração (Figura 13) é o travamento
que ocorre para os blocos não girarem em torno de seu próprio eixo horizontal,
podendo ser este fenômeno evitado com uma boa contenção lateral do pavimento,
bem como um bom rejuntamento.
55

Figura 13 – Movimento de giração dos blocos


Fonte: HALLACK, 1998.

3.2 O USO DE RCD EM BLOCOS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAÇÃO

Atualmente, tem se presenciado a realização de inúmeras pesquisas para a


utilização de Resíduos de Construção e Demolição nos mais diversos tipos de
produtos, como concretos com e sem fins estruturais, argamassas, bases de
pavimentos, dentre outros. Segundo Poon et al. (2002), o emprego do RCD como
insumo na confecção dos blocos de concreto para pavimentação (Figura 14) possui
a vantagem de que em sua fabricação são usadas máquinas de moldagem
mecanizadas, ou seja, os materiais misturados passam por um processo combinado
de vibração e compactação, que vai refletir diretamente na qualidade do produto
final.

Figura 14 – Produção de pavers com RCD


Fonte: POON et al., 2002.
56

Tam et al. (2009) citam alguns problemas técnicos para difundir em larga
escala a prática do concreto com entulho, dentre os quais destacam-se: zona de
transição interfacial de cimento e agregados enfraquecida; porosidade e trincas
internas do processo de demolição; concreto de alto teor de sulfato e cloreto;
cimento aderido ao agregado reciclado; classificação pobre; e elevadas variações de
qualidade.
Pagnussat (2004) defende que, observando os resultados adquiridos em
pesquisas do meio técnico-científico, a inserção de resíduos em produtos da
construção civil é uma alternativa consideravelmente interessante. Para tanto, é
preciso conhecer as propriedades do material a ser incorporado, para se delinear as
potencialidades e os limites deste.
Alguns pré-requisitos devem ser estabelecidos para o emprego de resíduos
em blocos de concreto, como a trabalhabilidade adequada, sem alterar as
propriedades mecânicas; tecnologia envolvida de fácil assimilação; e investimento
mínimo (PAGNUSSAT, 2004).
Poon e Lam (2008) constataram que a trabalhabilidade do concreto
é afetada pela presença de agregado reciclado, sendo este fenômeno atribuído ao
formato angular e a textura rugosa dos agregados. A absorção de água é mais alta,
devido à presença da argamassa antiga aderida no agregado reciclado, o que reduz
ainda mais a trabalhabilidade do concreto fresco.
As pesquisas têm demonstrado a viabilidade da produção de blocos pré-
moldados com reciclado agregados, mas ainda há uma necessidade de
compreender alguns fatores a fim de otimizar a produção. Fatores como o agregado
com argamassa aderida (o que interfere na relação água/cimento) e o tipo e
qualidade do agregado vão afetar diretamente nas propriedades mecânicas dos
blocos de concreto (POON; LAM, 2008).
Cabe aqui salientar que o agregado, geralmente, ocupa cerca de 60% a 70%
do volume total de concreto, sendo diferencial a sua seleção e dosagem. Além de
ser usado como enchimento econômico, o agregado geralmente fornece um
concreto com melhor estabilidade dimensional e resistência ao desgaste. Na escolha
de um agregado diferenciado, a atenção deve ser dada à três requisitos: economia
da mistura, o potencial força da massa endurecida e durabilidade provável da
estrutura de concreto.
57

Diante dessa explanação, Tam et al. (2009) descrevem que o agregado


reciclado tem grande porosidade, fazendo com que o concreto produzido a partir
dele esteja sujeito a maiores deformações e menos resistente à abrasão mecânica.
A densidade pode deteriorar-se até 10%, resistência à compressão até 86,4%,
módulo de elasticidade até 50%, resistência à flexão até 16% e resistência à tração
até 50,7%, do concreto reciclado em comparação com concreto natural.
Domingo-Cabo et al. (2009), ao substituírem o agregado graúdo natural por
reciclado nas proporções de 20%, 50% e 100% na fabricação de concreto,
constataram que a substituição também afeta a fluência. Na substituição de 20% o
valor encontrado foi de 25% superior do que a do concreto de controle. Para a
substituição de 50%, a deformação foi 29% superior e para concreto com um nível
de substituição de 100% o aumento da fluência foi de 32%. Por outro lado, o módulo
de elasticidade do concreto de reciclados diminui com o aumento da percentagem
de substituição, devido à maior porosidade do agregado reciclado.
Poon e Chan (2007) descrevem que, em Hong Kong, o uso de agregados
reciclados em concreto tem sido de grande aceitação. Contudo, o nível admissível
de materiais contaminantes (resíduos moídos de cerâmica, vidro, madeira, etc.) no
agregado reciclado, nas especificações atuais, é muito baixa, inferior a 1%, o que
tem limitado o uso de resíduos no concreto. Após estudos, determinaram que o nível
de contaminação admissível no agregado reciclado pode ser aumentado para o
máximo de 10%.
Ao estudar blocos de pavimentação substituindo agregados reciclados por
resíduos de cerâmica, Poon et al. (2006) determinaram que, apesar do resíduo do
tijolo cerâmico prejudicar algumas qualidades do concreto, os blocos com
substituição de até 50% atendem os requisitos estabelecidos pelas normas vigentes
locais.
Quanto à resistência à compressão, Poon et al. (2002) apresentaram
resultados que demonstraram que a substituição de agregados naturais por
agregados reciclados, tanto miúdos quanto graúdos, entre os níveis de 25 e 50%,
tiveram pouco efeito sobre a resistência à compressão das amostras de blocos. Os
níveis mais elevados de substituição reduziram a resistência à compressão. No
entanto, a resistência à flexão das amostras aumentou com maiores percentuais de
substituição.
58

Nas mais recentes pesquisas de Poon et al. (2009), foram obtidos valores
que comprovam que o baixo grau de agregados reciclados oriundos de usinas de
triagem de resíduos de construção tem potencial para serem utilizados como
agregados para blocos de concreto pré-moldados, em que o percentual ideal pode
ser de até 50% usados para substituir os agregados naturais.
Por fim, recentemente no Brasil, Simieli et al. (2007) realizaram testes em
pavimentos de blocos intertravados de concreto produzidos com 40% de agregados
reciclados miúdos, isto é, com substituição parcial da areia, concluindo que os
resultados foram satisfatórios tanto em termos de resistência mecânica quanto em
módulo de elasticidade. Ainda descreveram que:

O concreto produzido com agregados reciclados apresentou


trabalhabilidade adequada para a confecção das peças (...)
Obtiveram-se peças com excelente acabamento, possibilitando a
execução de um pavimento diferenciado (...) (SIMIELI et al, 2007,
p.240).

3.3 PROPRIEDADES REQUERIDAS

Os blocos intertravados são fabricados com um concreto de características


diferentes daquele comumente usado nas obras. As peculiaridades aparecem tanto
no estado fresco quanto no endurecido, isso porque seu processo de confecção e
sua aplicação destoam do concreto plástico de uso consagrado na construção civil.
Sousa (2001) explica que, no estado fresco do concreto para blocos, as
propriedades são determinadas pelo manuseio durante a produção, pela
trabalhabilidade da mistura e pelo acabamento, de forma que o molde, o
adensamento e a desmoldagem tem influência direta na qualidade produto. Como o
processo de desmolde se dá no estado fresco, a consistência é fator determinante
para manuseio e varia de acordo com o equipamento utilizado. Hood (2006) também
atenta para o acabamento, que está diretamente relacionado com a relação
água/cimento.
Pagnussat (2004) ressalta que a produção de blocos de concreto é peculiar,
haja vista que não segue a Lei de Abrams, ou seja, não há razão direta entre o
59

aumento do consumo de água e a perda de resistência. Não se pode exceder na


quantidade de água, como é o caso da Figura 15 (destaque para a nata ao redor do
bloco), para evitar problemas na desmoldagem, mas seu consumo, bem controlado,
contribui para um melhor adensamento, pois são produzidos em vibro-prensas. Em
vista disso, o tipo de maquinário empregado reflete diretamente na qualidade do
bloco.

Figura 15 – Bloco no estado fresco com excesso de água


Fonte: HOOD, 2006 apud PAGNUSSAT, 2004.

No estado endurecido (Figura 16), os blocos devem atender às solicitações


de compressão e desgaste, dados pelo trânsito de pedestre e veículos. Também
deve apresentar durabilidade, dada pela taxa de absorção de água. Ainda deve
possuir um acabamento visual satisfatório, atendendo aos requisitos impostos pelo
mercado. A dosagem do concreto, o equipamento utilizado e o processo de
produção empregado devem concordar entre si, de modo que resulte na confecção
de blocos cujas propriedades mecânicas no estado endurecido satisfaçam às
exigências pré-estabelecidas a um custo mínimo (HOOD, 2006).
60

Figura 16 – Bloco com RCD no estado endurecido


Fonte: POON et al., 2002.

Além da qualidade necessária, também é preciso que o assentamento dos


blocos pré-fabricados seja realizado adequadamente. Fioriti (2007) explica que o
pavimento de intertravados é uma estrutura construída sobre a terraplanagem e que
deve resistir aos esforços verticais e horizontais ocasionados pelo tráfego, além de
conferir conforto e segurança.

3.3.1 Normas Técnicas

Os países europeus foram pioneiros na fabricação de pavimentos


intertravados, sendo as normas técnicas destes originadas a partir de tais
experiências. As especificações gerais compreendem cinco características
imprescindíveis para seu controle (FIORITI, 2007):
a) Materiais - em que estabelece padrões de qualidade para obter
durabilidade;
b) Tolerâncias dimensionais - para um bom assentamento e manutenção;
c) Resistência - para garantir eficiência diante das ações solicitantes;
d) Durabilidade - para evitar futuras patologias; e
e) Aparência.
No Brasil há duas normas que referenciam os pavimentos intertravados de
concreto: a NBR 9780 (ABNT, 1987) e a NBR 9781 (ABNT, 1987). Esta última fixa
as condições mínimas exigidas para a aceitação dos blocos de concreto na
61

pavimentação de vias urbanas, estacionamentos e similares, não abrangendo


demais usos como calçamento e ciclovias e até mesmo rodovias.
Baseado nas suas determinações, as peças de concreto para pavimentação
são pré-moldadas, de geometria regular, com comprimento máximo de 400 mm,
largura mínima de 100 mm e altura mínima de 60 mm. A resistência a compressão
deve ser igual ou superior a 35 MPa para tráfego de veículos comerciais de linha. Os
requisitos físicos são apresentados na Tabela 02.

Tabela 02 – Requisitos físicos para a produção de pavers


Requisitos Físicos Limites Admissíveis
Comprimento (mm) ± 3,0
Tolerância
Largura (mm) ± 3,0
Dimensional (mm)
Altura (mm) ± 5,0
≥ 35,0 Solicitações de veículos
1
comerciais de linha
Resistência à ≥ 50,0 Solicitações de veículos
Compressão especiais ou cargas que
2
produzem acentuado efeito de
abrasão
Fonte: NBR 9781 (1987).

Na Europa, a norma que compete aos pavers é a BS EM-1338 (CEN, 2003),


elaborada pela European Committee for Standardization - CEN, que especifica a
utilização para calçadas, ciclovias, estacionamentos, rodovias e até aeroportos. Tal
norma abrange três aspectos, sendo o primeiro destinado às definições gerais e
requisitos de materiais e produtos, a segunda à avaliação dos produtos e critérios a
serem atendidos e, por fim, mais oito anexos que descrevem a metodologia dos
ensaios a serem executados. Esta ainda se diferencia das demais normas pelo fato
de incorporar um sistema no ato na fabricação, possibilitando ao fabricante garantir
um sistema adequado de qualidade de seus produtos, visando não apenas o
mercado interno, mas também a exportação.
A norma americana e a canadense são similares, haja vista que foram
criadas pelo Instituto de Pavimentos de Peças Pré-Moldadas de Concreto (ICPI),
sendo este responsável por regulamentar os métodos de dimensionamento
específicos para pavimentos intertravados na América do Norte. A americana é a
62

ASTM-C936 (ASTM, 1996) e a canadense é a CSA A231.2-95 (CSA, 1995). Ambas


também se assemelham às normas européias, sendo seus principais requisitos
apresentados na Tabela 03.

Tabela 03 – Requisitos de pavers na normas ASTM-C936 e CSA A231.2-95


Limites Aceitáveis
Requisitos
ASTM-C936 CSA A231.2-95
Área do Paver < 0,065 m²
Dimensões das
Peças Relação
≤4
comprimento/espessura
Comprimento ± 1,6 (-)1,00 (+) 2,00
Tolerância
Largura ± 1,6 (-)1,00 (+) 2,00
Dimensional (mm)
Altura ± 3,2 ± 3,0
Média ≥ 55,0 ≥ 50,0
Individual ≥ 50,0 ≥ 45,0
Resistência à Cubo ou cilindro
Compressão (MPa) extraído da peça -
Corpo de Prova Peça inteira
relação ou
diâmetro/altura =1/1
Área líquida
Área considerada no ensaio de Resistência (conforme Área da seção de
à Compressão ASTM C 140- aplicação da carga
02)
Média ≤ 5,0%
Absorção -
Individual ≤ 7,0%
Média de 3
amostras
Perda de
massa <1,0% Após 25 ciclos ≤200
Resistência ciclos gelo-degelo g/m²
(após 50
ciclos) Após 50 ciclos ≤500
g/m²
≤ 15 cm³ /50
Resistência à Abrasão (perda de volume) -
cm²
Fonte: ASTM-C936, 1996; CSA A231.2-95, 1995.

As normas internacionais têm como um dos principais ensaios requisitados o


de resistência mecânica à compressão. A norma brasileira tem tal ensaio como
único parâmetro de desempenho a ser atingido pelos blocos pré-moldados,
admitindo, assim, que todas as outras características estão relacionadas
diretamente com essa capacidade estrutural.
63

Sendo assim, os valores mínimos exigidos pela NBR 9781/87 nos ensaios
de resistência à compressão são muito elevados, principalmente pelo fato de que
não considera a pavimentação de ambientes de baixas sobrecargas, como calçadas
e ciclovias.
Comentando as normas brasileiras, Fioriti (2007), após desenvolver um
trabalho de aplicação de resíduos de pneus em blocos para pavimentação de
tráfego leve, afirma que a resistência à compressão de 15 MPa foi satisfatória, pois
as solicitações de passeios públicos são inferiores. O autor ainda propõe que os
valores exigidos nas normas brasileiras deveriam ser reduzidos considerando a
aplicação do material, bem como incorporar outros ensaios para determinação dos
parâmetros de resistência e durabilidade, como absorção de água, resistência à
tração, entre outros.

3.4 MATERIAIS, DOSAGEM E MISTURA

3.4.1 Materiais

Para a fabricação de blocos de concreto para pavimentação os materiais


utilizados são, basicamente, aglomerante, agregado miúdo, agregado graúdo, água
e, por vezes, aditivo. Ou seja, os materiais empregados na produção dos blocos são
os mesmos do concreto convencional, considerando que as diferenças são
intrínsecas ao processo (SOUSA, 2001).
64

3.4.2 Métodos de Dosagem

Recena (2002) define dosagem como:

(...) processo através do qual são escolhidos os materiais, dentre os


disponíveis, e determinado o melhor proporcionamento entre
cimento, agregados, aditivos e adições, com o objetivo de obter-se
um material que atenda a determinados requisitos físicos (...)
(RECENA, 2002, p.16)

Pagnussat (2004) expõe que não existe uma metodologia consagrada para a
dosagem de blocos de concreto para pavimentação, sendo a maioria das técnicas
baseadas em recomendações de fabricantes de vibro-prensa.
Grande parte das fábricas de pavers utilizam vibro-prensas requerendo
concretos de consistência seca e coesão suficiente para se manterem íntegros até
seu endurecimento, sem sofrer desmoronamentos ou quebra de arestas. A coesão
da mistura é obtida principalmente em função da correta quantidade de finos em
conjunto com a vibração e pressão de adensamento exercidas pelo equipamento no
momento da moldagem (CRUZ, 2003).
Oliveira (2004) alerta que o concreto para blocos exige algumas precauções
na dosagem, entendida como um conjunto de operações para o estabelecimento do
traço, considerando tratar-se de um concreto com consistência de terra úmida, e não
plástico. Neste último, a pasta praticamente ocupa todos os espaços deixados pelos
agregados, enquanto no concreto para blocos há a presença significativa de ar na
mistura. Diante disso, é possível afirmar que o concreto usado para confeccionar
blocos não segue o princípio consagrado do concreto plástico, o qual dita que menor
quantidade de água aumenta a resistência.
O concreto seco caracteriza-se por ter uma baixa relação água/materiais
secos, grande consistência (slump zero), alta coesão e pelo modo com que o ar
aprisionado é retirado, ou seja, através de equipamentos de compactação.
Oliveira (2004) explica ainda que, devido ao fato de se tratar de um concreto
com baixo teor de água, a relação água/cimento não é o fator que determina a
porosidade dos blocos, pois quantidades maiores de água melhoram a
trabalhabilidade da mistura, diminuindo o atrito interno entre os grãos, compactando
melhor e aumentando a resistência, como mostra o Gráfico 05.
65

Gráfico 05 – Resistência à compressão em função da relação a/c para mesma proporção


de agregados/cimento
Fonte: OLIVEIRA, 2004.

Relata Abreu (2002) que, em dosagem de concretos secos, o Método do


Menor Volume de Vazios é o mais usado. Esse método consiste em encontrar a
melhor proporção para os agregados de maneira a proporcionar o menor volume de
vazios possíveis entre agregados e demais componente do concreto. Também se
adquire um aumento de resistência para uma mesma energia de vibração e
compactação, através do aumento relativo do teor de água na mistura, beneficiando
a acomodação das partículas e diminuindo os vazios.
O Método do Menor Volume de Vazios se baseia no ensaio de massa
unitária do agregado, comparando as massas de misturas de areia e pedrisco em
um recipiente de volume conhecido. Para esse método é preciso uma balança com
capacidade mínima de 5kg, um recipiente cilíndrico com capacidade de 3 litros e
uma haste metálica. A dosagem, então é efetuada nas seguintes etapas (FIORITI,
2007):
a) Determinação da mistura pedrisco-areia: Misturam-se esses dois
materiais em diversas proporções, como 20%, 40%, 60% e 80% de areia
em massa, deixando bem homogênea; por fim, colocar as misturas no
recipiente cilíndrico em três camadas recebendo cada qual 25 golpes da
haste. O recipiente, já cheio e nivelado, é pesado. A partir de então, é
traçada uma curva no gráfico e determinado o ponto ótimo da mistura.
66

b) Determinação da relação água/cimento (Tabela 04): essa relação


depende do equipamento de moldagem, sendo baixa se a energia de
adensamento também o for, levando ao maior consumo de cimento. A
maneira mais eficiente de se estabelecer a relação a/c é com testes de
produção.

Tabela 04 – Consumo de cimento em função da relação a/c para umidades de 6%


RELAÇÃO A/C CIMENTO (kg/m³)
3 436
4 425
5 355
6 300
7 265
8 235
9 210
Fonte: RODRIGUES, 1995.

c) Determinação do teor de umidade da mistura: esta determinação deve


ser feita com o próprio equipamento de moldagem, com a fabricação de
blocos em teores de umidade crescente, pois quanto maior for esta, mais
compactado e resistente será o produto.
Também há o Método de Mistura Experimental, que deve ser abordado
quando não houver recursos laboratoriais disponíveis, por se tratar de um modo
simplificado de dosagem, de menor precisão. Consiste em determinar a relação
agregado/cimento, que deve ser inferior a 4,5, levando a um alto consumo de
cimento Portland (acima de 400 kg/m³ de concreto); e posteriormente, determinar a
proporção da mistura pedrisco-areia, sendo realizada por misturas experimentais
(FIORITI, 2007).
Hood (2006) expõe algumas diretrizes para a dosagem do concreto a ser
empregado nos blocos, tais como:
a) Estabelecer a composição granulométrica ideal para a mistura dos
agregados e suas composições;
b) Determinar a quantidade de água ideal, de acordo com os equipamentos;
c) Determinar a quantidade ideal de cimento.
Cruz (2003) propôs uma metodologia de produção de blocos de concreto
estabelecendo procedimentos qualitativos e quantitativos dos materiais constituintes
67

dos traços para atender as condições previamente estabelecidas. O método


acontece em três etapas, mas um estudo preliminar de dosagem ótima deve ser
realizado, a partir do qual se registram variáveis independentes, para controle da
homogeneidade. Dentre as variáveis estão:
- Granulometria dos agregados;
- Módulo de finura dos agregados;
- Consumo de cimento por m³;
- Consumo de água por m³;
- Teor de argamassa;
- Umidade do concreto fresco;
- Densidade dos blocos.
Estabelecidas as variáveis, as etapas são as seguintes (CRUZ, 2003):
a) Dados de entrada dos ensaios laboratoriais: determina-se uma
amostragem para execução dos ensaios requeridos, conforme o Quadro
02.
68

ETAPA 1: Procedimentos de controle dos materiais constituintes da


dosagem
DADOS DE ENTRADA: Ensaios de laboratório e controle visual
Tipos de Ensaios de
Material Amostragem
laboratório
A cada 10.000 m²
produzidos ou em período
máximo de 15 dias
1) Granulometria
ininterruptos ou quando se
observar mudança de
textura nos pavers
A cada 10.000 m²
2) Massa Unitária produzidos ou em período
3) Massa Específica máximo de 15 dias
ininterruptos de produção
Duas vezes ao dia, na
chegada de nova carga ou
Areia (deverá atender a
4) Umidade da areia quando se observar a
NBR 7211/09)
variação de umidade dos
pavers produzidos
Um ensaio mensal ou
quando se observar
5) Material Pulverolento quebras de pavers nas
etapas de estocagem e
transporte
Em todo o recebimento da
areia, deve-se verificar o
6) Inspeção visual volume, umidade e
presença de materiais
carbonosos
A cada 10.000 m²
produzidos ou em período
1) Granulometria
máximo de 15 dias
2) Massa Unitária
ininterruptos ou quando se
3) Massa Específica
observar mudança de
textura nos pavers
Pedrisco (deverá atender Um ensaio mensal ou
a NBR 7211/09) quando se observar
4) Material Pulverolento quebras de pavers nas
etapas de estocagem e
transporte
Em todo o recebimento do
5) Inspeção visual pedrisco, deve-se verificar
o volume
Solicitar ao fornecedor.
Havendo dúvida, enviar
Cimento Ensaios físico-químicos
amostra a laboratório
competente
Quadro 02 – Ensaios dos materiais constituintes da dosagem dos pavers
Fonte: CRUZ, 2003.
69

b) Cálculo com planilhas eletrônicas: informações dos ensaios sobre os


materiais, umidade, densidade e textura são inseridas no sistema para
possíveis ajustes de traço.
c) Ensaios de controle de produção: são realizados ensaios de umidade e
densidade.
Por fim, o sistema de dosagem sugerido por Cruz (2003) pode ser
sintetizado conforme ilustra a Figura 17.

Ensaios de Agregados:
- Granulometria
- Massa específica
- Umidade

Execução da Planilha

FABRICAÇÃO DAS PEÇAS

Modificar Testes de Concreto Fresco


Parâmetros

Pavers OK? SIM


ESTOQUE
NÃO

NÃO Resistência OK?

SIM

LOTE LIBERADO

Figura 17 – Fluxo de dados do sistema de dosagem sugerido por Cruz


Fonte: CRUZ, 2003.

Existe também o método elaborado por Helene (2005), uma adaptação do


método de dosagem de concreto plásticos do IPT/EPUSP (HELENE et al., 1992).
Trata-se de um método semi-experimental, pois há uma parte experimental de
70

laboratório precedida por uma parte analítica de cálculo baseada em leis de


comportamento dos concretos.
Os limites de aplicação desse método são apresentados na Tabela 05.

Tabela 05 – Limites para dosagem


PARÂMETRO INTERVALO

Resistência à Compressão 5 MPa ≤ fc ≤ 250 MPa


Relação a/c 0,15 ≤ a/c ≤ 1,50
Abatimento 0 mm ≤ abatimento ≤ 250 mm

Dimensão máxima do agregado 4,8 mm ≤ Dmax ≤ 100 mm


Teor de argamassa seca 30% < α < 90%
Fator água/materiais secos 6% < H < 11%
Módulo de finura dos agregados Qualquer
Distribuição granulométrica dos agregados Qualquer
Massa específica dos agregados > 1500 kg/m³
Fonte: HELENE, 2005

Nota-se na Tabela 05 que é admitido o abatimento de 0 mm, característico


do concreto para blocos de pavimentação, o que viabiliza a utilização de tal método
de dosagem.
Esse método não exige conhecimentos prévios sobre agregados, porém
Helene (2005) aconselha obter determinadas informações de ensaios de laboratório,
como granulometria.
São dotadas como leis de comportamento os seguintes modelos, os quais
governam a interação das principais variáveis do concreto:
a) Lei de Abrams:

k1
fc = (1)
k 2a / c

b) Lei de Lyse:

m = k3 + k4 . a/c (2)
71

c) Lei de Priszkulnik e Kirilos:

1000
c= (3)
(k 5 + k 6 . m)

Onde: fc= Resistência à compressão a j dias de idade, em MPa;


k1 a k6 = Constantes inferidas nos resultados experimentais;
m = Relação agregado/cimento, em kg/kg;
a/c = Relação água/cimento, em kg/kg;
C = Consumo de cimento por m³, em kg/m³.

O método aborda ainda os seguintes modelos de comportamento:


a) Teor de argamassa seca:

1+a
α= (4)
1+m

b) Relação água/materiais secos:

a/ c
H= (5)
(1 + m )

c) Consumo de cimento/m³:
γ
C= (6)
1+a + p +a / c

Onde: α = Teor de argamassa seca;


a = Relação agregado miúdo seco/cimento, em kg/kg;
p= Relação agregado graúdo seco/cimento, em kg/kg;
m = Relação agregados secos/cimento, em kg/kg;
γ = Massa específica do concreto, em kg/m³;
H = Relação água/materiais secos, em kg/kg;
a/c = Relação água/cimento, em kg/kg;
C = Consumo de cimento por m³, em kg/m³.
72

A relação água/materiais secos (H) deve ser constante para uma


determinada família para assegurar o mesmo abatimento.
O método consiste nos seguintes passos:
a) Adotar dimensão máxima do agregado graúdo inferior a metade da
menor dimensão do bloco;
b) Estabelecer a resistência média para uma idade específica;
c) Determinar a proporção de argamassa seca (α) e a umidade ótima (H): a
partir de um traço médio, confeccionar blocos variando α, tendo por ideal
aquele que apresentar bom acabamento superficial, massa unitária
elevada e trabalhabilidade conforme o equipamento empregado. A
umidade ótima (H) será adquirida adicionando a maior quantidade de
água possível, o necessário para que os blocos não dificultem na
desforma, e nem muito pouco a ponto de desmancharem por falta de
coesão;
d) Estimar o teor agregado/cimento (m): após achar a proporção de
argamassa (α) e a umidade ótima (H), definir três traços de concreto
(rico, médio e pobre);
e) Fabricação das misturas experimentais: confeccionar os traços rico,
médio e pobre com o teor de argamassa e umidade ideal encontrados;
f) Diagrama de dosagem: após obter o resultado da resistência à
compressão dos blocos confeccionados, é possível traçar o diagrama de
dosagem adaptado (Figura 18), a fim de determinar os traços desejados
em função das resistências características.
73

Figura 18 – Diagrama de dosagem IPT adaptado para concreto para blocos


Fonte: OLIVEIRA, 2004.

Oliveira (2004), ao analisar o método do IPT/EPUSP adaptado, afirma que


este apresenta algumas particularidades interessantes, como a fixação de um teor
de umidade ótimo (H) para traçar uma curva de resistência em função da relação
água/cimento.
Por fim, Pagnussat (2004) descreve que as metodologias para fabricação de
blocos de concreto para pavimentação são as mais variadas, pois consideram o teor
de pasta, adições minerais, materiais disponíveis e o tipo de equipamento. O
importante é que três pontos sejam considerados: a satisfação dos parâmetros
mecânicos previamente estabelecidos, a trabalhabilidade compatível com o
processo produtivo e uma mistura economicamente viável (MARQUES FILHO,
2005).
Além de todos os métodos citados acima, existem alguns métodos
elaborados pelos fabricantes de máquinas vibro-prensas, os quais se adaptam para
cada tipo de equipamento.
74

3.4.3 Equipamentos

Os equipamentos utilizados na fabricação de blocos intertravados para


pavimentação são as vibro-prensas multifuncionais. São assim denominadas devido
ao tipo de mecanismo em que leva o material a preencher as fôrmas dos moldes.
Hood (2006), explica que são chamadas vibro-prensas devido ao
mecanismo de funcionamento: vibração associada à prensagem. Aquela é
responsável pelo preenchimento e adensamento do concreto nas fôrmas, enquanto
a segunda adensa e controla as dimensões dos pavers.
O mecanismo de vibração da máquina influencia diretamente na qualidade
dos blocos. Segundo Sousa (2001), sob as mesmas condições, mas de diferentes
tipos de vibrações, estudos comprovaram que a vibração horizontal é mais eficiente,
haja vista que a direção que esta se dá é responsável pela capacidade de
transmissão de vibração do molde para o concreto.
Fioriti (2007) destaca alguns benefícios da produção em escala com o uso
de vibro-prensas, como o controle de homogeneidade das propriedades mecânicas,
da textura e das dimensões durante o processo fabril.
Cruz (2003) expõe que, desde 1970, foram elaborados diversos tipos de
vibro-prensas, sendo classificadas conforme o processo de desfôrma em:
a) Tipo Poedeira: dotados de pneus ou trilhos que permitem livre
movimentação sobre o piso ao fazerem a desfôrma. Pouco utilizada por
necessitar de grandes espaços.
b) Com desfôrma sobre Paletes: esse maquinário utiliza a própria mesa
para realizar a desmoldagem, sendo estática. A desfôrma é realizada
sobre paletes que são alimentados manual ou automaticamente, e,
posteriormente, são recolhidos em mesas transportadoras para serem
estocados enquanto curam. A capacidade se dá pelo tamanho do
equipamento, tipo de vibração e prensagem e potência, bem como pelo
tipo de paver a ser fabricado.
c) Com desfôrma de multi-camadas: são os equipamentos mais modernos,
em que o desmolde ocorre em camadas, saindo diretamente para a obra.
75

3.4.4 Proposta de Mistura em Duas Etapas

Para melhorar as propriedades mecânicas, Tam et al. (2009) propuseram


uma metodologia diferenciada de mistura, a qual adiciona água em duas etapas.
Com a mesma água para hidratar a relação (a/c), a mistura de pega e cura, o
concreto com agregados reciclados vai exigir maior quantidade de água, quando
comparado ao de agregados naturais. Os autores comprovam com uma imagem
(Figura 19) em que verifica-se que o material reciclado exibe mais os poros e
fissuras, levando a um alto valor de absorção de água.

Figura 19 – Fissuras dos agregados reciclados


Fonte: TAM et al., 2009.

Tam et al. (2009) explicam que esses poros se dão, principalmente pela
presença da etringita, um produto da hidratação do cimento. As concentrações
localizadas de etringita podem ser controladas pela quantidade de água e espaço
em superfícies de partículas, com cristalização modificada pela textura de superfície
e porosidade do agregado, o que melhora consideravelmente a força.
Durante a hidratação e cura, o cimento adicionado para confeccionar o
concreto é o primeiro a reagir com a água adicionada, enquanto o cimento aderido
ao agregado reciclado leva um pouco mais de tempo para iniciar a mesma reação, o
acarreta em maior consumo de água no concreto resultante. Esta é a principal razão
de se obter menores valores para as propriedades mecânicas de concretos com
reciclados quando comparado ao convencional.
76

Se a adição de água acontece em duas etapas, conforme mostra a Figura


21, diferente de como é comumente realizado com uma única etapa (Figura 20),
ocorre a melhor hidratação do cimento aderido ao agregado reciclado, levando a um
ganho de resistência.

Agreg. Miúdo Cimento Agreg. Graúdo Água Concreto

Figura 20 – Mistura em uma etapa


Fonte: TAM et al., 2009.

Agreg.Miúdo Agreg.Graúdo Água(50%) Cimento Água(50%)


Concreto
Figura 21 – Mistura em duas etapas
Fonte: TAM et al., 2009.

Em suas pesquisa, Tam et al. (2009) investigaram as reações físico-


químicas da pasta de cimento em torno do agregado natural e reciclado, tanto para
os misturados comumente (uma única etapa) quanto para os misturados em duas
etapas, através da calorimetria diferencial de varredura. E concluíram que:

Apesar da qualidade inferior encontrada para o agregado reciclado, o


uso da mistura em duas etapas pode melhorar a qualidade. Em
resultados a partir de DSC, verifica-se que tal método tem uma soma
de valores mais elevados para todas as reações físico-químicas do
que na mistura convencional. A pasta de cimento na zona interfacial
do agregado reciclado é também quimicamente ativa sob a mistura
de uma etapa, sendo que, contudo, os produtos de hidratação
desenvolvidos contribuem para o desenvolvimento da força, pois
estão lufados e, portanto, levam à redução na força. Isso mostra que
o concreto com agregados reciclados feito a partir da mistura em
duas etapas pode reduzir o efeito deste fenômeno e melhorar os
processos de hidratação (TAM et al, 2009, p. 827).
77

4 O MUNICÍPIO DE JURANDA-PR

Juranda é uma pequena cidade, localizada nas proximidades de Campo


Mourão, loteada e comercializada pela Colonizadora Szaferman Ltda. Os primeiros
moradores datam de 1949, que fizeram a derrubada da mata. A cidade foi
colonizada por imigrantes europeus, dentre os quais podem se encontrar
ucranianos, poloneses, italianos e alemães. Também recebeu paulistas, mineiros,
gaúchos e baianos.
Com a Lei n.º 15, de 1º de setembro de 1955, foi criado o Distrito
Administrativo de Juranda, com território pertencente ao município de Campo
Mourão, no centro-oeste do estado (Figura 22). Com a promulgação da Lei n.º
7.549, de 16 de dezembro de 1981, foi criado o município de Juranda, com território
desmembrado de Mamborê, e a instalação oficial deu-se no dia 1º de fevereiro de
1983 (IBGE, 2010).

Figura 22 – Localização do município


Fonte: IPARDES, 2010b.

Atualmente, com uma extensão territorial de 350 km² possui uma população
de, aproximadamente 8.000 habitantes (IPARDES, 2010b). De economia
predominantemente agropecuária, o PIB per capita é de R$ 15.317,00 (em 2007),
pouco abaixo do valor médio encontrado no estado do Paraná (R$ 15.711,00), mas
acima do nacional (R$ 14.465,00). Na pecuária, destaque para bovinos, suínos e
aves, e na agricultura, predomina soja, milho e trigo (IBGE, 2010).
78

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,731 e o Índice de Gini é


de 0,59, também estes discretamente inferiores aos valores médios estaduais
(IPARDES, 2010a). A Figura 23 apresenta uma uma vista aerea da cidade.

Figura 23 – Vista aérea


Fonte: JURANDA, 2010.

4.1 A QUESTÃO DOS RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO

Os Resíduos de Construção e Demolição têm sido alvo de discussão em


Juranda, Paraná, já há alguns anos. Desde 2005, moradores reivindicavam e
vereadores solicitavam estudos de soluções quanto à problemática do entulho
acumulado nas vias e passeios públicos.
Na Câmara Municipal é possível encontrar indicações como a 055/2005, de
autoria de José Molina Netto, intitulada de “Indica, ao Executivo Municipal para que
estude uma solução, quanto aos resíduos e materiais de construção deixados nas
calçadas e ruas de nossa cidade”, com a justificativa que foram “(...)procurados por
munícipes que reclamam quanto ao depósito de resíduos de materiais de construção
79

e demais lixos, deixados nas calçadas e ruas de nossa cidade, bem como, restos de
estruturas de construção (...)” (JURANDA, 2005a).
Mesmo com as reclamações, é comum se encontrar entulho distribuído
pelas vias do município, oriundo de construções ou reformas (Figura 24).

Figura 24 – Acúmulo de entulho nas vias

Atualmente, a cidade de Juranda está construindo um aterro sanitário, o qual


começa a receber os Resíduos Sólidos Urbanos ainda no ano de 2010, desativando
o vazadouro a céu aberto usado até então. Este último recebia não apenas os
resíduos coletados nas residências municipais, mas também toda a caliça gerada.
Com a interdição do Vazadouro e a adequação do município quanto à destinação de
seus resíduos, os Resíduos de Construção e Demolição estão sem destino correto,
sendo estes depositados irregularmente em um terreno público vazio (Figura 25) até
que seja proposto um tratamento adequado.
A situação fica ainda mais delicada com a recente publicação da Lei 12.305
(BRASIL, 2010), que impõe aos agentes municipais a responsabilidade da gestão
dos Resíduos da Construção Civil, através de um Plano Municipal de Resíduo
Sólido, através de dignóstico, fiscalização, programas e ações adequadas.
80

Figura 25 – Local de atual disposição de RCD

Devido ao volume que o entulho ocupa, os espaços que o acomodam,


rapidamente ficam saturados. A reciclagem, além de ser uma alternativa
ambientalmente correta e viável, também tem suas vantagens sociais. A inserção do
entulho em novos produtos vem a ser mais interessante sugestão para minimizar os
impactos negativos que este tem ocasionado.

4.2 A QUESTÃO DO CALÇAMENTO URBANO

A garantia de ir e vir é um ato de cidadania. A calçada desenvolve um papel


de caráter social para a população das cidades, com a proteção do pedestre.
Atualmente, o que tem se buscado é que todo cidadão possa resgatar o hábito de
andar na calçada com conforto, praticidade e segurança.
Gold (2003) afirma que caminhar a pé é uma das atividades mais
importantes do ser humano. Nas áreas urbanizadas, devido à incompatibilidade de
veículos e pedestres, surgiu a necessidade da separação física dos espaços para
circulação destes, aparecendo a calçada, um espaço entre as edificações e a via,
alguns centímetros mais elevada, reservada para o pedestre.
81

Em dias chuvosos, é notável a necessidade de um adequado passeio


público. Atualmente, com o progresso urbano, há uma sobrecarga nos recursos
hídricos com o montante drenado na urbe, apresentando, esta, grandes superfícies
impermeáveis. Grande parte do volume de água fica acumulado nas sarjetas, sendo
as calçadas, mais elevadas, uma segurança para os usuários.
A calçada ideal é aquela que oferece condições de um caminhar seguro e
confortável, proporcionado pela escolha de pisos adequados, ausência de
obstáculos, sem degraus entre os terrenos, com o mobiliário urbano e a vegetação
disposta de forma a não atrapalhar o pedestre (MASCARÓ, 2003).
Gold (2003) propõe que a qualidade da calçada para pedestres avaliada em
três critérios: fluidez, conforto e segurança. A fluidez aparece nas calçadas com
largura e espaço livre compatíveis com os fluxos de pedestres, de maneira que
possa transitar com velocidade constante. O conforto e a segurança são adquiridos
com um piso liso e antiderrapante, mesmo quando molhado. A declividade para
escoamento de águas pluviais são inferiores a 2%, sendo o piso quase horizontal.
Não se encontram obstáculos que obriguem os pedestres a desviar do seu caminho.
A Figura 26 ilustra a proposta de Gold (2003).

Figura 26 – Passeio público em área residencial


82

Assim como a necessidade de solucionar o problema do entulho nas vias e


calçadas do munícipio não é recente, a questão do calçamento urbano na cidade de
Juranda também vem de longas datas.
Com um grau de urbanização de 70,86% (IPARDES, 2010a), a falta de
pavimentação no passeio público é notável (Figura 27). Apenas nas vias centrais,
em que trata-se de edificações públicas ou institucionais há o calçamento contínuo.
Nas áreas residenciais, apenas algumas testadas encontram-se calçadas, existindo
ainda o problema de, em alguns pontos, serem adotados diferentes tipos de
pavimentos, rampas e obstáculos, o que leva a descontinuidade do passeio (Figura
28), inviabilizando seu uso pelos transeuntes.

Figura 27 – Ausência de passeio público na área residencial de Juranda


83

Figura 28 – Passeio público na área residencial de Juranda

Isso porque a legislação municipal responsabiliza cada proprietário pela


manutenção das condições do trecho de calçada em frente da sua edificação, o que
resulta em uma variedade de tratamentos. Com a ausência de uma fiscalização
sistemática, a situação se complica: alguns proprietários nem mantêm suas
calçadas. O que se presencia, então, são calçadas completamente abandonadas,
esburacadas, cheias de obstáculos e até mesmo sem revestimento.
Segundo Yázigi (2003), a importância da unidade da pavimentação para o
pedestre significa ausência de conflitos com ciclistas e motoristas.
Cabe aqui salientar, que, baseado no Código Civil, o qual estabelece o
direito à indenização por danos, um cidadão forçado a caminhar pelo leito carroçável
por impossibilidade de usar o calçamento e, diante disso, sofrer qualquer tipo de
acidente, deverá ser indenizado, seja pelo município ou concessionárias
responsáveis pela manutenção das calçadas, quando negligentes (BRASIL, 2002b).
Diante de tal quadro, encontra-se também Indicações de vereadores na
Câmara do Município sugerindo incentivos para a construção de muros e calçadas,
como se encontra na Indicação 03/2005, de autoria do Vereador Rubens Valer:
84

(...) incentivo na construção de muros e calçadas, na testada dos


terrenos em geral, de nossa cidade e, também, onde os proprietários
não tem condições financeiras de realizar tais serviços, que seja
procedido pelo município e estudado uma forma de parcelamento
para os mesmos (JURANDA, 2005b).

As primeiras reivindicações datam de 2005, e desde então foram sempre


recorrentes, às vezes solicitadas de forma em que abrangem a totalidade do
município, ou por vezes, mais pontuais:

(...) necessidade que seja construído calçamento na Rua General


Rondon (...) de aproximadamente 200 metros, rua esta, que dá
acesso ao Estádio Municipal (JURANDA, 2009).

Os jurandenses pedem rotineiramente por melhorias como essas, pois além


de utilizarem das vias para transitarem a pé, o que acarreta um risco quanto à
segurança física, ainda são ocasionados transtornos como “em dias de chuva devido
a lama que forma, e em dias de sol, devido a poeira” (JURANDA, 2009).
Diante de tal situação, é inquestionável a necessidade de um programa que
incentive e viabilize a pavimentação dos passeios públicos da cidade de Juranda,
Paraná, por questões de segurança, saúde e meio ambiente.
Sendo assim, a proposta deste trabalho, da utilização de RCD como material
constituinte na confecção de blocos de concreto para pavimentação, vem a ser uma
solução pertinente para os problemas ressaltados neste capítulo, trazendo
benefícios ambientais e de qualidade de vida para a população.
85

5 PROGRAMA EXPERIMENTAL

Com o intuito de fornecer o embasamento técnico e científico necessário


para o desenvolvimento deste trabalho, é importante um planejamento para que
sejam realizados os experimentos que avaliarão o desempenho dos blocos de
concreto para pavimentação com substituição parcial de agregados miúdos naturais
por agregados miúdos reciclados de Resíduos de Construção e Demolição.
Portanto, o programa experimental foi delineado com intuito de atingir os
objetivos propostos neste trabalho, de maneira que fornecesse os subsídios
necessários para entender o comportamento dos blocos de concreto fabricados com
o resíduo abordado.
Sendo assim, foram estudadas algumas propriedades dos blocos nos
estados fresco e endurecido, bem como sistematizados os resultados para posterior
análise estatística.
Para tanto, foram pré-determinadas etapas do procedimento, assim como
previamente definidas as variáveis a serem estudadas, descritas adiante.

5.1 VARIÁVEIS ESTUDADAS

A determinação das variáveis a serem estudadas é uma etapa


imprescindível da execução do programa experimental, visto que influenciará
diretamente nos resultados e conclusões deste trabalho.
Tratam-se de parâmetros de caráter quantitativo, que permitem mensurar as
características de qualidade exigidas, de modo que possibilite avaliar o produto aqui
proposto. Portanto, as variáveis a serem estudadas foram definidas com o foco de
realizar as análises necessárias para satisfazer as exigências do mercado
(TOLEDO, 1995).
Por se tratar de blocos de concreto com agregados reciclados destinados à
pavimentação de calçadas e passeios públicos, as variáveis abordadas são
inerentes às solicitações que tais peças estarão sujeitas. O trânsito de pedestres,
bicicletas e até, ocasionalmente, veículos, geram esforços sobre o pavimento, por
86

uma ação de compressão. A superfície dos blocos também está sujeita à abrasão,
devido ao desgaste por atrito. Por fim, deve ser analisada a absorção de água, a
qual pode causar eflorescências, refletindo na durabilidade dos blocos, bem como
no acabamento.
Essas solicitações determinaram as características de qualidade a serem
avaliadas, e, tendo como premissa a análise do desempenho dos blocos
desenvolvidos, foram delineadas as seguintes variáveis:
a) resistência à compressão;
b) resistência à abrasão;
c) absorção de água.
Definidas as variáveis de resposta, foram determinados os fatores
controláveis e seus referentes níveis de controle:
a) índice de substituição de agregado miúdo: os níveis de controle, neste
caso, são os índices de substituição em massa (kg), sendo que os
definidos foram de 0%, 25%, 30%, 35%, 40%, 45%, 50%;
b) idade de resistência à compressão: a resistência à compressão foi
avaliada aos 3, 7 e 28 dias de idade dos blocos de concreto;
c) idade de resistência à abrasão: o ensaio de resistência à abrasão
ocorreu aos 28 dias de idade, sendo tal resistência expressa em termos
de índice de desgaste por abrasão;
d) idade de absorção de água: o ensaio de absorção de água foi realizado
aos 28 dias de idade.
O nível de controle de substituição de agregado foi assim determinado pois,
em um trabalho já realizado por Hood (2006), o qual analisou as substituições de
0%, 25%, 50%, 75% e 100%, foram observados os melhores desempenhos para os
níveis de 25% e 50%. Considerando que este intervalo é amplo, esta presente
pesquisa visa aprimorar os resultados anteriormente encontrados, de modo a
investigar o valores ideais de substituição para adquirir um produto de qualidade.
Quanto às idades dos ensaios, estas foram adotadas visando atender as
exigências impostas pelo mercado, considerando que tais blocos requerem
resistências elevadas em idades recentes, devido ao tempo de desfôrma e cura ser
menor que em concretos convencionais, bem como da necessidade de serem
transportados e submetidos a esforços já nas primeiras idades.
87

5.2 MATERIAIS EMPREGADOS

Os materiais utilizados foram selecionados de acordo com o que havia


disponível na região, pois um dos objetivos dessa pesquisa é que se migre da teoria
para a prática. Portanto, o aglomerante adotado é o comumente empregado em
fábricas de artefatos de concreto, bem como os agregados miúdo e graúdo
utilizados são os comuns na região, de modo a viabilizar a futura execução desta
pesquisa no mercado.

5.2.1 Aglomerante Hidráulico

Para escolher o cimento a ser utilizado foi levado em conta a disponibilidade


desse material na região, considerando ainda que este deveria atender a requisitos
previamente estabelecidos, como a alta resistência inicial.
Em geral, é usado nas obras da região o CP II-Z, um cimento composto com
Pozolana, assim classificado pela NBR 11578 (1991). Segundo a ABCP (2002),
esse aglomerante se diferencia por gerar calor numa velocidade menor do que o
gerado pelo Cimento Portland Comum. Portanto, é mais indicado em lançamentos
maciços de concreto, onde o grande volume da concretagem e a superfície
relativamente pequena reduzem a capacidade de resfriamento da massa. É
recomendado para obras correntes de engenharia civil sob a forma de argamassa,
concreto simples, armado e protendido, elementos pré-moldados e artefatos de
cimento.
Porém, esta realidade não se reflete nas indústrias de pré-moldados. Devido
à necessidade de rápida desfôrma e transporte das peças, o cimento mais indicado
é o CP V-ARI, regulamentado pela NBR 5733 (1991). Esse aglomerante atinge
valores aproximados de resistência à compressão de 26 MPa com 1 dia de idade e
de 53 MPa aos 28 dias, o que supera os valores normativos de 14 MPa, 24 MPa e
34 MPa para 1, 3 e 7 dias, respectivamente. É recomendado pela ABCP (2002) no
preparo de concreto e argamassa, largamente utilizado em fábricas de blocos para
88

alvenaria, blocos para pavimentação, lajes, meio-fio, postes, elementos


arquitetônicos pré-moldados e pré-fabricados.
Tal propriedade desse cimento é obtida pela utilização de uma dosagem
diferente de calcário e argila na produção do clínquer e pela moagem mais fina do
cimento. Assim, ao reagir com a água o CP V-ARI adquire elevadas resistências,
com maior velocidade (ABCP, 2002).
Diante do que foi explanado, para a confecção dos blocos intertravados de
concreto para pavimentação, optou-se pelo uso do CP V-ARI, do fabricante Cauê,
para adquirir as características necessárias para os ensaios pré-determinados, além
de ser coerente com a rotina das fábricas, por conferir possibilidade de maior
rotatividade de estoque.
Faz-se necessário a caracterização do cimento da marca selecionada, pois
tal material é determinante nos resultados dos ensaios. Sendo assim, as principais
características físicas do aglomerante, como a massa específica, início e fim de
pega e resistência, estão apresentadas na Tabela 06.

Tabela 06 – Características físicas do aglomerante


ITEM DE CONTROLE VALOR UNIDADE
Massa Específica 3,11 g/cm³
Blaine 5100 cm²/g
Água de Consistência 28 %
Início de Pega 160 minutos
Fim de Pega 270 minutos
Expansabilidade a quente 0 mm
Resistência - 1 dia 28 MPa
Resistência - 3 dias 39 MPa
Resistência - 7 dias 44 MPa
Resistência - 28 dias 51 MPa
Material Retido #200 (mesh) 0,3 %
Material Retido #325 (mesh) 2 %
Fonte: CAUÊ, 2010.

Quanto às características químicas do aglomerante, a Tabela 07 apresenta


suas propriedades.
89

Tabela 07 – Características químicas do aglomerante


ITEM DE CONTROLE % MÉDIA
Perda ao Fogo 2,71
SiO2 20,03
Al2O3 4,36
Fe2O3 3,57
CaO 62,51
MgO 1,70
Ca2O 0,78
Na2O 0,11
SO2 3,25
CO2 0,55
Resíduo Insolúvel 0,38
Fonte: CAUÊ, 2010.

5.2.2 Agregado Miúdo Natural

O agregado miúdo natural utilizado foi a areia média quartzosa


disponibilizado pelos fornecedores da região de Maringá, devido ao fato da
confecção dos blocos ocorrer no laboratório da Universidade Estadual desta cidade.
A verificação da composição granulométrica foi realizada de acordo com as
especificações da NBR 7211 (2009) – Determinação da Composição Granulométrica
do Agregado, conforme apresentado na Tabela 08.

Tabela 08 – Granulometria do Agregado Miúdo Natural


RETIDO E
PENEIRAS (mm) RETIDO (%)
ACUMULADO (%)
6,30 0,00 0,00
4,80 0,0 0,0
2,40 0,1 0,1
1,20 1,2 1,3
0,60 5,5 6,7
0,30 59,1 65,8
0,15 32,7 98,5
FUNDOS 1,5 100,0
Módulo de Finura: 2,73
Diâmetro Máximo Característico: 1,20
Fonte: Ensaio realizado pela autora
90

A curva granulométrica do agregado miúdo natural está apresentado no


Gráfico 06.

100

90
RETIDO E ACUMULADO (%)

80

70

60

50

40

30

20

10

0
6,30 4,80 2,40 1,20 0,60 0,30 0,15 FUNDOS
PENEIRAS (mm)

Gráfico 06 – Granulometria do Agregado Miúdo Natural


Fonte: Ensaio realizado pela autora

O ensaio aponta o Diâmetro Máximo Característico de 1,20 mm, tendo em


vista que ficou retido e acumulado uma quantidade inferior a 5% nessa malha.
Contudo, a maior parte do material ficou retido nas peneiras #0,30 mm e #0,15 mm.
Além da verificação da composição granulométrica, também foi realizado o
ensaio de Massa Específica por meio do frasco Chapman (Figura 29), baseado na
NBR 9776 (1987). Também foi realizado o ensaio de Massa Unitária (Figura 30) nos
estados solto e compactado, conforme a NBR NM45 (2006), sendo apresentados os
resultados na Tabela 09.
Cabe explanar que a massa específica consiste em mensurar a massa dos
grãos sem contabilizar os espaços vazios entre eles, já a massa unitária consiste em
mensurar a quantidade de um agregado a partir do volume que ele ocupa,
juntamente com os espaços vazios.
91

Tabela 09 – Massa Específica e Unitária do agregado miúdo natural


AGREGADO MIÚDO NATURAL
Massa Específica Massa Unitária - Massa Unitária -
(g/cm³) Solto (g/cm³) Compactado (g/cm³)
2,647 1,643 2,106
Fonte: Ensaio realizado pela autora

Figura 29 – Ensaio de Massa Específica de miúdo

Figura 30 – Ensaio de Massa Unitária no estado solto


92

5.2.3 Agregado Graúdo Natural

O agregado graúdo natural empregado foi a brita zero granítica, também


encontrada sob a denominação de Pedrisco comercialmente, sendo este agregado
responsável por desempenhar a função do agregado graúdo na dosagem dos blocos
de concreto. Este material é disponibilizado pelos fornecedores da região de
Maringá, onde se deu confecção dos blocos.
A composição granulométrica foi realizada de acordo com as especificações
da NBR 7211 (2009) – Determinação da Composição Granulométrica do Agregado,
conforme apresenta a Tabela 10.

Tabela 10 – Granulometria do Agregado Graúdo Natural


RETIDO E
PENEIRAS (mm) RETIDO (%)
ACUMULADO (%)
38,00 0,00 0,00
32,00 0,00 0,00
25,00 0,00 0,00
19,00 0,00 0,00
12,70 0,00 0,00
9,50 0,27 0,27
6,30 34,56 34,83
4,80 30,81 65,64
2,40 31,34 96,98
1,20 0,68 97,65
0,60 0,15 97,80
0,30 0,19 97,98
0,15 0,24 98,22
FUNDOS 1,78 100,00
Módulo de Finura: 5,89
Diâmetro Máximo Característico: 9,50
Fonte: Ensaio realizado pela autora

A Tabela 10, resultado da composição granulométrica do pedrisco, aponta o


Diâmetro Máximo Característico de 9,50 mm, tendo maior parte do material retido
nas peneiras #6,3 mm, #4,8 mm e #2,4 mm.
Diante dos valores encontrados, a curva granulométrica do agregado graúdo
natural configura-se conforme mostra o Gráfico 07.
93

RETIDO E ACUMULADO (%) 100


90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
19,0 12,7 9,5 6,3 4,8 2,4 1,2 0,6 0,3 0,2 FUNDOS

PENEIRAS (mm)

Gráfico 07 – Granulometria do Agregado Graúdo Natural


Fonte: Ensaio realizado pela autora

Além do ensaio de granulometria, também foram realizados os ensaios de


Massa Específica por meio do frasco de Chapman e Massa Unitária (Figura 31) nos
estados solto e compactado, assim como foi feito para o agregado miúdo natural, de
modo a realizar a completa caracterização dos materiais constituintes. Os resultados
estão expostos na Tabela 11.

Tabela 11 – Massa Específica e Unitária do Agregado Graúdo Natural


AGREGADO GRAÚDO NATURAL
Massa Específica Massa Unitária - Massa Unitária -
(g/cm³) Solto (g/cm³) Compactado (g/cm³)
2,903 1,744 1,844
Fonte: Ensaio realizado pela autora
94

Figura 31 – Ensaio de Massa Unitária no estado compactado

5.2.4 Água

A água utilizada para a confecção dos blocos intertravados de concreto foi a


disponibilizada para o abastecimento local, fornecida pela Companhia de
Saneamento do Paraná – SANEPAR.

5.3 OS RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO

Os Resíduos de Construção e Demolição utilizados neste trabalho são


oriundos da cidade de Juranda, Paraná, haja vista a necessidade de solucionar o
problema do entulho gerado no munícipio, assim como a questão da falta de
pavimentação das calçadas, conforme já explanado no Capítulo 4.
Para tanto, foi realizada a coleta e separação manual do material, de modo a
retirar todas as impurezas presentes, como metais, madeira, vegetação, plásticos,
papeis e gesso. Com o material coletado, caracterizou-se sua composição e
posteriormente foi feita sua britagem, para obter o agregado miúdo reciclado que irá
compor o bloco de concreto.
95

5.3.1 Coleta de Amostra

Os Resíduos de Construção e Demolição possuem uma composição


bastante heterogênea, pois ao serem descartados, sejam estes provenientes de
construção ou demolição, as frações do material são misturadas, tornando sua
separação uma complexa tarefa.
Pelo fato de não existir um espaço apropriado destinado ao recebimento
desse entulho, como um aterro de inertes, por exemplo, a coleta do material se deu
em diversos pontos de depósitos clandestinos espalhados pela cidade e seu
entorno, de maneira que a análise da composição da amostra correspondesse com
a realidade dos resíduos gerados.
A amostra coletada foi dimensionada para que houvesse material suficiente
para a execução do programa experimental delineado, colocando uma quantidade
superior caso houvesse possíveis perdas de processo. Sendo assim, foram obtidos
1380 kg de RCD na cidade de Juranda, ocorrendo a segregação do material já
durante a etapa de coleta, onde cada tipo de constituinte foi acondicionado em um
tambor específico.
Posteriormente, foi realizada a britagem e o transporte do agregado
reciclado até a Universidade Estadual de Maringá onde se deu continuidade aos
procedimentos.

5.3.2 Composição

Ângulo (2000) cita alguns métodos de estudo de composição de agregados


de RCD, sendo que estes são: Separação Manual, Análise de Imagem, Absorção de
Água/Massa Específica e ensaios físico-químicos. O método foi selecionado de
acordo com as necessidades e limitações impostas à pesquisa.
Sendo assim, para se avaliar a composição, foi utilizada a Segregação
Manual, uma metodologia já consagrada, proposta por Pinto (1986), Zordan (1997) e
Rilem Recommendation (1994). Trata-se de uma técnica de separação manual,
através de análise visual, em que todas as fases são pesadas.
96

Baseado nos critérios estabelecidos por Zordan (1997), foram definidas as


seguintes fases para a seleção manual:
a) Argamassa: material que, visualmente, contém areia e aglomerante sem
a presença de agregados graúdos.
b) Concreto: material que, visualmente, contém areia, cimento e brita.
c) Pedras: fragmentos de rochas, sendo aceitas quando existir pequena
parcela de argamassa aderida.
d) Cerâmica: material cerâmico não polido, como tijolos e telhas.
e) Cerâmica polida: material constituído por pelo menos uma superfície
polida.
Cabe aqui salientar que, geralmente, o material é coletado para,
posteriormente, serem retiradas as impurezas, durante a separação em fases.
Nesse caso, como o critério de separação já estava definido, todo o material foi
coletado já retirando suas impurezas e sendo classificado nas fases, para,
posteriormente, ser pesado. Sendo assim, não aparecem na composição os solos,
as tintas, as madeiras, entre outros materiais que podem interferir na qualidade do
concreto. A partir dos resultados das massas obtidas, determinou-se o teor de cada
constituinte, como está apresentado na tabela abaixo:

Tabela 12 – Composição do RCD


MATERIAL QUANTIDADE (kg) TEOR (%)
Argamassa 530 38,40
Concreto 400 26,09
Cerâmica 360 28,99
Cerâmica Polida 90 6,52
Total 1380 100
Fonte: Ensaio realizado pela autora

Os valores adquiridos apresentam a predominância de argamassa, seguido


de material cerâmico e concreto. Pinto (1986) e Zordan (1997) também apontaram
em seus estudos a grande ocorrência da fase de argamassa na composição do
RCD. Já em relação à quantidade de rocha natural encontrada, esta foi desprezível,
o que difere das pesquisas paralelas realizadas.
O Gráfico 08 ilustra a proporção dos materiais encontrados.
97

Cerâmica Polida;
6,52%
Argamassa;
Cerâmica; 28,99% 38,40%

Concreto; 26,09%
Gráfico 08 – Composição do RCD de Juranda
Fonte: Ensaio realizado pela autora

5.3.3 Beneficiamento

Após a coleta e determinação da composição do RCD, foi realizada a


britagem da amostra, de modo a atingir as características de agregado miúdo quanto
à sua composição granulométrica.
Para tanto, a britagem do material foi realizada na Pedreira Ubiratã (Figuras
32 e 33), localizada esta nas proximidades de Juranda, onde o resíduo foi coletado.
O equipamento disponibilizado foi um Britador Cônico Nordberg, série HP 200, da
marca Metso (Figura 34).
É importante ressaltar que pedreiras têm grande interesse em realizar o
beneficiamento de RCD para comercializar os agregados reciclados, como
apresentado no item 2.7.2, pois já existe boa aceitação no mercado consumidor.
98

Figura 32 – Entrada da Pedreira Ubiratã

Figura 33 – Pedreira Ubiratã


99

Figura 34 – Britador cônico e peneira vibratória

Figura 35 – Britagem do RCD

Após a britagem do resíduo, ilustrada na Figura 35, este passou por duas
peneiras vibratórias, conforme o processo da pedreira. O material passante na
peneira de malha #4,8 mm totalizou 580 kg (48%), sendo então classificado como
100

agregado miúdo. O restante da amostra ficou retida na peneira de #6,35mm, sendo


já classificado como agregado graúdo, também conhecido como pedrisco.
Com o beneficiamento do material reciclado realizado, este foi ensacado e
transportado até a Universidade Estadual de Maringá, onde foram realizados os
demais procedimentos.

5.3.4 Granulometria do Agregado Reciclado

Para confeccionar os blocos intertravados de concreto com agregados


reciclados, foi utilizado todo o material passante na malha #4,8 mm, incluindo os
finos passantes da malha #0,15 mm (Figura 36), de maneira a dar continuidade ao
estudo sugerido por Hood (2006).

Figura 36 – Agregado Miúdo

A análise de composição granulométrica do agregado miúdo reciclado foi


baseada na NBR 7211 (2009). Os resultados obtidos e a curva granulométrica estão
apresentados, respectivamente, na Tabela 13 e no Gráfico 09.
101

Tabela 13 – Granulometria do Agregado Miúdo Reciclado


PENEIRAS (mm) RETIDO (%) RETIDO E ACUMULADO (%)
6,30 0,00 0,00
4,80 0,6 0,6
2,40 20,6 21,2
1,20 14,2 35,4
0,60 18,2 53,6
0,30 21,7 75,3
0,15 16,9 92,2
FUNDOS 8,0 100,0
Módulo de Finura: 3,82
Diâmetro Máximo Característico: 4,80
Fonte: Ensaio realizado pela autora

Comparando o agregado miúdo reciclado com o natural a ser utilizado para


os fins desta pesquisa, o material reciclado, apesar de ser considerado miúdo,
apresentou um Módulo de Finura maior – de 3,82; sendo do agregado natural de
2,73 –, bem como um Diâmetro Máximo Característico mais elevado, de 4,80,
enquanto o natural apresentou de 1,20, o que foi determinado pelo processo de
britagem.
O Gráfico 09, do ensaio de granulometria, apresentado a seguir, mostra uma
regularidade na quantidade de material retido nas peneiras, pois a partir da peneira
de malha #2,40 mm até a #0,15 mm, os valores são relativamente próximos.

100

90
RETIDO E ACUMULADO (%)

80

70

60

50

40

30

20

10

0
6,30 4,80 2,40 1,20 0,60 0,30 0,15 FUNDOS
PENEIRAS (mm)

Gráfico 09 – Granulometria do Agregado Miúdo Reciclado


Fonte: Ensaio realizado pela autora
102

Apesar da diferença entre os agregados natural e reciclado, ambos se


enquadram devidamente como miúdos na classificação da NBR 7211 (2009), o que
possibilita replicação dessa prática.

5.3.5 Massa Específica e Massa Unitária do Agregado Reciclado

Para a completa caracterização do agregado miúdo reciclado, também foram


realizados os ensaios de Massa Específica e Unitária.
Considerando que o ensaio de massa específica consiste em mensurar a
massa dos grãos, sendo definida como a relação entre a massa e o volume dos
grãos dos agregados (NBR NM52, 2003), Hood (2006) explica que a determinação
da massa específica dos materiais é fator essencial na dosagem de concreto, haja
vista que conhecer o seu valor possibilita o cálculo do consumo de materiais
utilizados na produção das misturas.
A Massa Unitária, especificada pela NBR 7251 (1982), consiste em
mensurar a quantidade de um agregado a partir do volume que ele ocupa,
juntamente com os espaços vazios. Para tanto, o ensaio de massa unitária foi
realizado para o material no estado solto e no estado compactado. Os resultados
estão apresentados na Tabela 14.

Tabela 14 – Massa Específica e Unitária do Agregado Miúdo Reciclado


AGREGADO MIÚDO RECICLADO
Massa Específica Massa Unitária - Massa Unitária -
(g/cm³) Solto (g/cm³) Compactado (g/cm³)
2,59 1,495 1,616
Fonte: Ensaio realizado pela autora

5.3.6 Taxa de Absorção de Água do Agregado Reciclado

A norma que prescreve o ensaio de determinação da Taxa de Absorção de


Água de agregado é a NBR NM30 (2001), porém, tal norma não abrange agregados
103

reciclados, apenas naturais. Sendo assim, a norma não considera os finos presentes
no agregado miúdo reciclado. Os resultados são apontados na Tabela 15.

Tabela 15 – Taxa de Absorção de Água


AGREGADO MIÚDO TAXA DE ABSORÇÃO (%)
Natural 0,78
Reciclado 11,62
Fonte: Ensaio realizado pela autora

O resultado mostra uma grande diferença de absorção de agregado natural


para reciclado, sendo que este último apresentou valores consideravelmente mais
elevados. Hood (2006) cita que os valores comumente encontrados nos ensaios de
Taxa de Absorção de Água para agregados de RCD realizados conforme a NBR NM
30 (2001) situaram no intervalo de 7% a 14%.

5.3.7 Comparativo do Agregado Natural com o Agregado Reciclado

Os ensaios realizados com os agregados naturais também se procederam


com os agregados reciclados, pois as propriedades avaliadas interferem diretamente
no concreto confeccionado para blocos.
No ensaio de composição granulométrica, observou-se que o Módulo de
Finura, parâmetro que caracteriza as partículas do agregado, foi maior para o
agregado miúdo reciclado quando comparado com o natural, resultado este que
poderia levar a concluir que a demanda de água deveria ser menor, pois quanto
maior o módulo de finura, maior o tamanho dos grãos, menor a superfície específica
e, consequentemente, menor a necessidade de água para lubrificar as partículas.
Por esta razão, foi realizado o ensaio de Taxa de Absorção de Água, que
revelou a diferença mais discrepante entre os resíduos natural e reciclado. O valor
aferido para o agregado reciclado foi 15 vezes maior do que a taxa do agregado
natural. Isso porque o Resíduo de Construção e Demolição coletado possui
quantidades significativas de material cerâmico e argamassas, constituintes estes
que possuem alto teor de absorção de água.
Quanto à Massa Unitária, os resultados apontaram que, tanto no estado
solto quanto no estado compactado, o agregado oriundo do resíduo apresentou
104

valores menores. Em relação à Massa Específica, o ensaio apontou que o agregado


de RCD apresentou-se em torno de 5% menor que o agregado natural. Tais
resultados levam a afirmar que o agregado miúdo de RCD apresenta uma menor
densidade em relação ao agregado natural.

5.4 CONFECÇÃO DOS BLOCOS INTERTRAVADOS DE CONCRETO

A fabricação dos blocos de concreto para pavimentação se deu na Fábrica


de Artefatos da Universidade Estadual de Maringá. O concreto, após confeccionado,
foi moldado em uma vibro-prensa Beton MB 900 P (Figura 37), com capacidade de
produção de 08 blocos por ciclo, fazendo a desfôrma sobre paletes.

Figura 37 – Vibro-prensa Beton MB 900 P

Antes de confeccionar o concreto para blocos de pavimentação com a


substituição parcial de agregado miúdo natural por reciclado, algumas etapas foram
105

estabelecidas para se cumprir, como dosagem de traços experimentais sem o


resíduos, com o intuito de compreender e qualificar o produto da pesquisa.
Sendo assim, foram elaborados inicialmente 15 traços de concreto para
blocos para estudo de método de dosagem, bem como para a avaliação das
propriedades do concreto para estabelecer o traço padrão.
Além dessas razões, o desenvolvimento de tais traços, permitiu conhecer
profundamente o processo de fabricação dado pelo equipamento disponibilizado, o
que facilita ajustes de dosagem nas confecções posteriores, caso seja necessário.

5.4.1 Dosagem dos Primeiros Traços

Recena (2002) explica que, em geral, no concreto convencional, cuja


classificação é feita a partir do valor de resistência à compressão, a grande variável
a ser controlada é a relação água/cimento. No entanto, o próprio autor descreve que
a qualidade dos materiais empregados e a cultura de cada região interferem na
qualidade do concreto.

O objetivo de uma dosagem não deve ser a obtenção do melhor


concreto, mas sim do concreto mais adequado, sendo representado
por um traço que deverá ser tomado como um ponto de partida,
passível, portanto, de correções e adaptações (RECENA, 2002,
p.16).

Como já salientado anteriormente, a dosagem deve ser feita no próprio local


onde ocorrerá a confecção dos blocos, visto que o traço irá variar de acordo com
cada máquina de vibro-prensagem a ser utilizada. Ainda deve atender a norma
brasileira e às solicitações impostas pelo mercado.
Como a NBR 9781 (1987), que normatiza sobre os blocos de concreto para
pavimentação, estabelece dois parâmetros de resistência à compressão sendo de
35 e 50 MPa, conforme o tipo e a intensidade do tráfego de veículos solicitado ao
pavimento, em que o valor de 35 MPa refere-se ao tráfego de veículos leves.
Contudo, buscou-se traçar o concreto padrão fixando em valores superiores a 35
MPa, considerando que seu emprego está direcionado para a pavimentação de
106

calçadas e praças, ou seja, onde será predominante o tráfego de pedestres e


ciclistas.
Cabe aqui salientar que a África do Sul estabelece a resistência de 15 MPa
para calçadas, haja vista a baixa solicitação de cargas nestes pavimentos. Hood
(2006) também descreve que o mercado de blocos para pavimentação tem fabricado
blocos com resistência de 25 MPa para situações específicas de menor solicitação
de tráfego de veículos ou de trânsito de pedestres.
Também foi estabelecido que, além de atingir as propriedades mecânicas
exigidas, os blocos deveriam apresentar boa aparência, para atender às imposições
do mercado consumidor.
Primeiramente, o traço inicial adotado é o que consta na Tabela 16, sendo
este executado por ser comumente utilizado pela Fábrica de Artefatos da
Universidade Estadual de Maringá, de acordo com a vibro-prensa disponível.

Tabela 16 – Primeiro traço


TRAÇO Teor de Argamassa c a p a/c
Traço 1 73% 1 2,50 1,30 0,4
Fonte: Ensaio realizado pela autora

Como este traço é da proporção 1:3,8, em massa, foi estabelecido como um


traço rico, a partir do qual foram elaborados mais dois traços, o traço médio, da
ordem de 1:5 e o traço pobre, da proporção de 1:6,5, fixando o mesmo Teor de
Argamassa e relação a/c. Estes dois traços foram elaborados a partir do traço rico,
com o intuito de diminuir o consumo do cimento, para, consequentemente, minimizar
o custo do concreto, avaliando se suas propriedades mecânicas atendem aos
requisitos estabelecidos.

Tabela 17 – Traços avaliados


TRAÇOS Teor de Argamassa c a p a/c
Traço 1- Rico 73% 1 2,50 1,30 0,4
Traço 2- Médio 73% 1 3,38 1,62 0,4
Traço 3- Pobre 73% 1 4,47 2,03 0,4
Fonte: Ensaio realizado pela autora

Estes três primeiros traços listados na Tabela 17 foram confeccionados com


o principal intuito de conhecer melhor os equipamentos, ferramentas e materiais,
para assim manipulá-los com maior facilidade.
107

Nos traços 1, 2 e 3, as variáveis Teor de Argamassa e Relação a/c foram


fixadas, pois conferiram uma boa aparência ao bloco, com água suficiente para
confeccionar os blocos e sem que excedesse e formasse nata ao redor durante a
vibro-prensagem.
Como não existe um teste de consistência ou trabalhabilidade específico
para o concreto seco, utilizou-se o método sugerido por Hood (2006) para definir o
ponto ideal, o Método do Ponto de Pelota, para verificar a melhor quantidade de
água no concreto, visto que o Slump Test é igual a zero (Figura 39). O ponto de
pelota, ilustrado na Figura 38, ocorre quando uma quantia de concreto colocada nas
mãos secas adquire consistência para se firmar sem deixar resíduo nas mãos. Caso
o concreto se solte nas mãos, é necessário acrescentar água, corrigindo a relação
a/c.

Figura 38 – Ponto de pelota

Figura 39 – Slump Test


108

Quando o concreto atinge o ponto estabelecido, este é colocado na vibro-


prensa, em que primeiramente é vibrado para acomodação de suas partículas e
depois ocorre a prensagem juntamente com a vibração, sempre com o mesmo
operador. A desfôrma é imediata, em que o molde ascende e uma placa de madeira
móvel que acomoda os blocos prontos é removida (Figura 40).

Figura 40 – Desfôrma

Os resultados de resistência à compressão, dados por cinco corpos de prova


para as três idades de cada traço, são expostos na Tabela 18.

Tabela 18 – Resultados de Resistência à Compressão


TRAÇO 1:m 3 Dias (MPa) 7 Dias (MPa) 28 Dias (MPa)
Traço 1 3,80 27,700 33,445 41,271
Traço 2 5,00 10,514 12,994 12,419
Traço 3 6,50 6,868 8,078 9,419
Fonte: Ensaio realizado pela autora

Nota-se pela Tabela 18 que, apesar dos três traços obterem o mesmo Teor
de Argamassa e a mesma relação a/c, a resistência à compressão do traço rico foi
muito maior que dos demais traços, chegando a ser cinco vezes mais elevada que o
traço pobre, dado maior consumo de cimento. Também fica evidente a diminuição
de resistência dos 7 dias em relação aos 28 dias para o Traço 2, dado,
possivelmente pela troca de operador de máquina.
109

Após confeccionar estes primeiros traços, foram adquiridos os valores


desejados apenas com traço rico, o que demanda um alto consumo de cimento.

5.4.2 Dosagem do Concreto Padrão

Depois dessa etapa em que se conheceu melhor o processo de fabricação


do paver, bem como do equipamento disponível, buscou-se uma nova abordagem
para dosar o concreto, usando como base o método do IPT/EPUSP, que é uma
adaptação do método de dosagem de concreto plástico para concreto seco,
conforme apresentado no item 3.4.2.
Trata-se de uma adaptação porque, apesar do procedimento ser
semelhante, o método do IPT fixa a relação a/c para um abatimento visado, porém,
como o concreto para blocos de pavimentação tem abatimento igual a zero, a
variável fixada é a relação de água/materiais secos (H).
O primeiro passo foi estabelecer um traço intermediário, da ordem de 1:4,5,
onde variou-se o Teor de Argamassa e a relação a/c, buscando adquirir a melhor
aparência e as propriedades mecânicas normatizadas.
Para tanto, partiu-se de um teor de argamassa de 60% e este foi
aumentando a cada 5%, até atingir um teor de 80%. Este intervalo foi assim adotado
devido ao fato de que, nos trabalhos anteriores apresentados com assuntos
inerentes à dosagem de pavers (CRUZ, 2003; PAGNUSSAT, 2004; HOOD, 2006),
os melhores resultados se encontravam nessa faixa.
Nesta etapa de dosar o concreto que posteriormente é empregado como de
referência, foram utilizados cinco corpos de prova para cada idade de cada traço
Também foi utilizado o Método do Ponto de Pelota para aferir a quantidade
ideal de água em cada mistura, onde a Relação a/c variou para cada teor de
argamassa estabelecido, e, por conseqüência, a relação água/materiais secos (H),
como pode ser observado na Tabela 19.
110

Tabela 19 – Segundo ciclo de traços avaliados para concreto referência


TRAÇO Teor Argamassa c a p m a/c H
Traço 4 60% 1 2,30 2,20 4,50 0,40 7,3%
Traço 5 65% 1 2,57 1,93 4,50 0,32 5,8%
Traço 6 70% 1 2,85 1,65 4,50 0,33 6,0%
Traço 7 75% 1 3,12 1,38 4,50 0,31 5,6%
Traço 8 80% 1 3,40 1,10 4,50 0,34 6,2%
Fonte: Ensaio realizado pela autora

Nesse ciclo, variou-se a relação água/materiais secos (H), para que se


atingisse o ponto ideal de consistência do concreto para cada traço, conforme se
variava o Teor de Argamassa. Os traços com teor de 70% e 75% apresentaram a
melhor aparência, sendo que as melhores relações de água/materiais secos
situaram próximos de 6%.
Quanto aos valores de Resistência à Compressão, os resultados são
apresentados na Tabela 20.

Tabela 20 – Resultados de Resistência à Compressão do segundo ciclo


TRAÇO 1:m 3 Dias (MPa) 7 Dias (MPa) 28 Dias (MPa)
Traço 4 4,50 28,220 33,820 39,071
Traço 5 4,50 27,420 30,020 35,445
Traço 6 4,50 14,019 18,869 23,745
Traço 7 4,50 15,669 26,670 34,870
Traço 8 4,50 16,569 23,194 27,570
Fonte: Ensaio realizado pela autora

Observa-se na Tabela 20 que os maiores resultados de resistência


ocorreram para os traços 4, 5 e 7, porém os traços 4 e 5 não apresentaram boa
aparência, pois o pedrisco ficou aparente na superfície, devido à sua grande
proporção.
Como no intervalo de 70% a 75% se encontrou a melhor aparência, foram
confeccionados mais 4 traços de concreto, de 71%, 72%, 73% e 74%, para
encontrar o teor ideal de argamassa, fixando o teor água/materiais secos (H), para
se obter um bom acabamento do bloco. Somado a este critério, os próximos 4
traços, apresentados na Tabela 21, também deveriam apresentar boa resistência à
compressão.
111

Tabela 21 – Terceiro ciclo de traços avaliados para concreto referência


TRAÇO Teor Argamassa c a p m a/c H
Traço 9 71% 1 2,90 1,60 4,50 0,34 6,2%
Traço 10 72% 1 2,96 1,54 4,50 0,34 6,2%
Traço 11 73% 1 3,02 1,48 4,50 0,34 6,2%
Traço 12 74% 1 3,07 1,43 4,50 0,34 6,2%
Fonte: Ensaio realizado pela autora

O teor de 73%, dado no Traço 11, foi o que apresentou melhor aparência e
resultados de resistência aceitáveis, como pode ser observado na Tabela 22.

Tabela 22 – Resultados de Resistência à Compressão do terceiro ciclo


TRAÇO 1:m 3 Dias (MPa) 7 Dias (MPa) 28 Dias (MPa)
Traço 9 4,50 20,091 21,669 23,444
Traço 10 4,50 21,619 24,270 27,145
Traço 11 4,50 24,970 27,670 36,595
Traço 12 4,50 14,219 16,319 26,270
Fonte: Ensaio realizado pela autora

Com o Teor de Argamassa ideal, sendo de 73%, foram elaborados mais três
traços, onde esta variável foi então fixada, bem como a relação água/materiais
secos ideal (H), sendo estabelecido como traço médio, e confeccionado a partir
deste o traço rico e o traço pobre, conforme ilustra a Tabela 23.

Tabela 23 – Quarto ciclo de traços avaliados


TRAÇO Teor Argamassa c A p m a/c H
Traço 13 73% 1 2,65 1,35 4,00 0,32 6,4%
Traço 14 73% 1 3,02 1,48 4,50 0,35 6,4%
Traço 15 73% 1 3,38 1,62 5,00 0,38 6,4%
Fonte: Ensaio realizado pela autora

O terceiro e o quarto ciclo foram realizados em dias mais quentes e secos,


portanto, para manter o Ponto de Pelota, ou seja, a consistência do concreto seco, a
relação água/materiais secos (H) teve um acréscimo, mas é mantida para todos os
traços do mesmo ciclo.
112

Para os traços 13, 14 e 15, os valores de resistência à compressão são


apresentados na Tabela 24.

Tabela 24 – Resultados de Resistência à Compressão do quarto ciclo


TRAÇO 1:m 3 Dias (MPa) 7 Dias (MPa) 28 Dias (MPa)
Traço 13 4,00 28,270 32,170 39,070
Traço 14 4,50 23,720 28,270 32,245
Traço 15 5,00 19,519 24,620 29,345
Fonte: Ensaio realizado pela autora

Com os valores de resistência à compressão dos traços do quarto ciclo, em


que se variou o teor agregado/cimento (m), foi possível confeccionar um diagrama
de dosagem similar ao do método IPT, sendo adaptado para o concreto para blocos,
apresentado na figura a seguir.

Figura 41 – Diagrama de dosagem do concreto referência


Fonte: Ensaio realizado pela autora

A Figura 41 apresenta os valores de Resistência à Compressão dos traços


13, 14 e 15 com as idades de 3, 7 e 28 dias, em que a relação a/c está para um teor
de umidade ótimo de 6,4%.
113

Cabe ressaltar que o diagrama IPT adaptado para concreto secos, proposto
por Helene (2005), considera uma relação entre peso dos blocos e valores de
resistência à compressão, como exposto no item 3.4.2. Contudo, verificou-se uma
relação da resistência à compressão com a Massa Específica, propondo, então, um
formato de diagrama que aborde essa variável, conforme apresentado.
Enfim, após confeccionar e analisar os 15 traços, adotou-se o traço 13 como
Traço Padrão, para se realizar a partir deste as substituições dos Resíduos de
Construção e Demolição, pelo fato deste atender aos requisitos pré-estabelecidos,
de acordo com o equipamento de vibro-prensagem disponível.

Figura 42 – Exemplar do traço 13

O traço 13 é da ordem de 1:4, com relação a/c de 0,32 e teor de umidade de


6,4%. O teor de argamassa, 73%, foi o que apresentou melhor acabamento aos
blocos (Figura 42), o que confere com os primeiros exemplares confeccionados,
traços que já vinham sendo fabricados na máquina utilizada.
114

Figura 43 – Rompimento do Traço 13

A resistência à compressão do traço selecionado atingiu valores acima de 28


MPa logo nos 3 primeiros dias (Figura 43), o que é indispensável para este tipo de
produto, que exige rápida desfôrma e transporte com pouca idade. Já aos 28 dias, o
traço conferiu um dos maiores valores de todos os demais elaborados,
ultrapassando os 39 MPa. Tal fato é relevante porque, como já salientado no
Capítulo 3, a substituição do agregado natural pelo agregado reciclado diminui a
Resistência à Compressão, e por esta razão adotou-se valores que sejam maiores
que 35 MPa.
O Gráfico 10 apresenta os resultados de resistência à compressão de todos
os traços confeccionados.
115

RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)


45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
TRAÇO 3 DIAS 7 DIAS 28 DIAS

Gráfico 10 – Resultados de Resistência à Compressão


Fonte: Ensaio realizado pela autora

5.4.3 Produção dos Blocos de Concreto com os Resíduos de Construção e


Demolição

Para executar os blocos de concreto com as substituições propostas para


serem avaliados, partiu-se do traço referência selecionado, o traço 13, que
doravante é denominado 0%, por não conter resíduos.
Tendo o Traço 0%, procedeu-se com a confecção dos blocos de concreto
com a substituição em massa de agregados miúdos naturais por reciclados. Foram
executados 6 traços com diferentes teores de substituição: 25%, 30%, 35%, 40%,
45%, 50%.

Tabela 25 – Ciclo de traços avaliados com RCD


TRAÇO Teor Argamassa c a RCD p m a/c H
0% 73% 1 2,6500 0,0000 1,35 4,0 0,32 6,4%
25% 73% 1 1,9875 0,6625 1,35 4,0 0,32 6,4%
30% 73% 1 1,8550 0,7950 1,35 4,0 0,32 6,4%
35% 73% 1 1,7225 0,9275 1,35 4,0 0,32 6,4%
40% 73% 1 1,5900 1,0600 1,35 4,0 0,32 6,4%
45% 73% 1 1,4575 1,1925 1,35 4,0 0,32 6,4%
50% 73% 1 1,3250 1,3250 1,35 4,0 0,32 6,4%
Fonte: Ensaio realizado pela autora
116

Sendo assim, foram confeccionados um total de 7 traços, partindo do


referencial de 0%, da ordem de 1:4, com o teor de Argamassa de 73%, relação a/c
de 0,32 e teor de umidade de 6,4%.
A execução dos blocos de concreto teve início pelo traço referencial, e
ocorreu na ordem crescente de substituição, sendo efetuadas as eventuais
correções necessárias, como acréscimos de água, conforme fosse necessário para
atingir o ponto de pelota.
Já para o traço de 25%, o primeiro a ser executado com agregado miúdo
reciclado, observou-se que o concreto estava ainda muito seco, sendo adicionada
água até obter a coesão necessária. Portanto, conforme apresenta a tabela abaixo,
para cada um dos seguintes traços foram realizadas as adições de água para se
atingir o ponto de pelota e ter um bom acabamento.

Tabela 26 – Ajustes nos traços avaliados com RCD


TRAÇO Teor Argamassa c a RCD p m a/c H
0% 73% 1 2,6500 0,0000 1,35 4,0 0,32 6,4%
25% 73% 1 1,9875 0,6625 1,35 4,0 0,36 7,2%
30% 73% 1 1,8550 0,7950 1,35 4,0 0,37 7,4%
35% 73% 1 1,7225 0,9275 1,35 4,0 0,39 7,8%
40% 73% 1 1,5900 1,0600 1,35 4,0 0,39 7,8%
45% 73% 1 1,4575 1,1925 1,35 4,0 0,39 7,8%
50% 73% 1 1,3250 1,3250 1,35 4,0 0,40 8,0%
Fonte: Ensaio realizado pela autora

Tais adições de água já eram esperadas devido ao fato da taxa de absorção


de água do agregado miúdo reciclado ser consideravelmente mais elevada que a do
agregado miúdo natural.
Sendo assim, quanto maior a quantidade de agregados reciclados, maior a
necessidade de água de amassamento, o que levou a um aumento da ordem de
1,6% no teor de umidade do traço referencial ao traço com 50% de substituição.
117

5.5 ENSAIOS REALIZADOS

Para cumprir os requisitos estabelecidos no Programa Experimental, foram


fabricados 154 blocos, sendo 22 utilizados para cada traço, incluindo o traço de
referência. Destes, 18 peças são para os ensaios de resistência à compressão, 1
peça para o ensaio de resistência à abrasão e 3 peças para determinar a taxa de
absorção de água, conforme ilustra a Tabela 27.

Tabela 27 – Produção dos blocos de concreto


ENSAIO DE ENSAIO DE TAXA
TEOR DE ENSAIO DE RESISTÊNCIA
RESISTÊNCIA À DE ABSORÇÃO DE
SUBSTITUIÇÃO À COMPRESSÃO
ABRASÃO ÁGUA
(%)
3 Dias 7 Dias 28 Dias 28 Dias 28 Dias
0 6 6 6 1 3
25 6 6 6 1 3
30 6 6 6 1 3
35 6 6 6 1 3
40 6 6 6 1 3
45 6 6 6 1 3
50 6 6 6 1 3
TOTAL 42 42 42 7 21
TOTAL DE BLOCOS PRODUZIDOS 154
Fonte: Ensaio realizado pela autora

Durante a fabricação dos blocos de concreto, foi priorizada a menor


interferência humana possível, buscando repetir o mesmo procedimento de
confecção para todos os traços, de modo a obter o máximo de veracidade nos
resultados finais.
Para se iniciar a produção, foram pesados todos os constituintes ainda
secos e separados, para, em seguida, serem colocados na betoneira. A ordem de
colocação foi da seguinte maneira: primeiramente, o agregado miúdo reciclado
(RCD), em seguida o agregado graúdo natural (pedrisco), e meia parte da água,
depois o agregado miúdo natural, o cimento e, por fim, o restante da água.
Assim, como foi salientado anteriormente, a água foi adicionada em duas
etapas, hidratando primeiramente o agregado reciclado, pelos motivos expostos no
item 3.4.4. O pedrisco também foi colocado inicialmente para que a água “lavasse”
118

retirando o material fino que nele fica aderido, o que pode tornar a qualidade do
concreto inferior. O processo aparece representado na Figura 44.

Ag.M. RCD + Ag. Graúdo + Água + Cimento + Ag. Miúdo + Água - Concreto

Figura 44 – Procedimento em duas etapas com RCD


Fonte: TAM et al., 2009; adaptado pela autora

Após a fabricação, os blocos foram submetidos a ensaios que verificaram a


qualidade dos blocos para pavimentação fabricados, a partir da avaliação de
variáveis essenciais ao desempenho e vida útil no emprego futuro. Para tanto, os
ensaios foram de resistência à compressão, resistência à abrasão e absorção de
água.

5.5.1 Resistência à Compressão

A resistência está ligada à capacidade dos materiais de resistir às tensões


sem que haja ruptura, sendo a resistência à compressão uma das propriedades
mais importantes do concreto quando se avalia o desempenho de uma estrutura.
Neville (1995) explica que, quanto maior a resistência e a massa específica
dos agregados naturais utilizados na produção convencional dos concretos, menor é
a influência dos agregados sobre a resistência à compressão do concreto, já que a
resistência dos agregados supera a resistência da matriz.
Diante disso, é previsível a queda da resistência à compressão conforme se
aumenta a substituição de agregados naturais por reciclados, também constatada
nas pesquisas de Hood (2006).
Considerando que esta propriedade é a referência para a definição do tipo
de uso a ser destinado ao bloco de concreto e buscando a dosagem mais adequada,
119

foram analisados sete teores de substituição em massa (kg), como já mencionado


anteriormente.
Os ensaios foram realizados conforme a NBR 9780 (1987), cujas idades
adotadas para os ensaios foram de 3, 7 e 28 dias. Esta última foi escolhida por ser a
idade característica, já as primeiras idades foram assim escolhidas pela necessidade
imposta de rápida desfôrma e transporte. Assim, foi possível obter a avaliação do
comportamento dos blocos fabricados nos primeiros dias de cura.
O equipamento para a realização de tal ensaio é o disponibilizado pela
Universidade Estadual de Maringá, uma Máquina Universal de Ensaios – MUE, da
marca EMIC (Figura 45). Nos blocos ensaiados, foi feito capeamento com enxofre
para a distribuição uniforme da carga.

Figura 45 – Equipamento utilizado para ensaio de Resistência à Compressão

O equipamento fornece o valor da carga em N, sendo adquirida a


Resistência à Compressão da peça, em MPa, pela equação 6:
120

carga(N)
fc = ⋅p (6)
área(mm 2 )

Onde: fc = Resistência Média das peças (MPa);


p = Fator de correção de Resistência à Compressão (Tabela 28);

Tabela 28 – Fator Multiplicativo “p”


Altura Nominal da Fator
Peça (mm) multiplicativo "p"

60 0,95
80 1,00
100 1,05
Fonte: NBR 9781, 1987

A norma coloca o fator multiplicativo “p” para correção da Resistência à


Compressão, conforme a Tabela 28, sendo esse determinado pela altura da peça,
que no caso do produto dessa pesquisa tem 80 mm.
Segundo a NBR 9781 (1987), admite-se que a resistência à compressão
obedeça ao valor característico estimado pela equação 7.

fck = fc − t.s (7)

Onde: fck = Resistência Característica à Compressão (MPa);


fc = Resistência Média das peças (MPa);
t = Coeficiente de Student (Tabela 29);

Tabela 29 – Coeficiente de Student (nível de confiança de 80%)


n t n t
6 0,920 18 0,863
7 0,906 20 0,861
8 0,896 22 0,859
9 0,889 24 0,858
10 0,883 26 0,856
12 0,876 38 0,855
14 0,870 30 0,854
16 0,866 >32 0,842
Fonte: NBR 9781, 1987
121

s = Desvio Padrão amostral (MPa), dado pela equação 8.:

∑ (f c − fci )2
s= (8)
n −1

fci = Resistência Individual das peças (MPa);


n = Número de peças amostradas.

Os resultados deste teste são limitantes para verificar a aplicabilidade dos


blocos confeccionados com RCD, ou seja, se estes cumprem o objetivo para a
função, a de pavimentação para pedestre.

5.5.2 Resistência à Abrasão

Para o tipo de uso a que está destinado o concreto, isto é, blocos para
pavimentação, a resistência à abrasão é uma propriedade tão importante quanto a
resistência à compressão, apesar da norma brasileira não preconizar a avaliação
dessa propriedade (MARQUES, 2005).
Mehta e Monteiro (1994) explicam que a abrasão é um desgaste por atrito
seco, predominante em pavimentação, dado pelo tráfego de pessoas e veículos.
Neville (2000) expõe que, aparentemente, a abrasão envolve tensões
localizadas de alta intensidade, de modo que a resistência e a dureza do concreto
na região superficial têm grande influência sobre a resistência à abrasão.
Para a obtenção de uma superfície de concreto resistente à abrasão, Viecili
(2004) apud Mehta e Monteiro (1994), recomenda uma resistência característica à
compressão acima de 28 MPa aos 28 dias de idade.
Quanto ao ensaio, Oliveira (2004) afirma que não há um único método
adotado universalmente para determinação de resistência à abrasão para peças de
concreto para pavimentação, existindo diversos ensaios, cada qual com suas
especificações. No entanto, o autor cita o método desenvolvido por Pettit (2003)
para ser publicada futuramente como recomendação do Eurocode, o Wide Wheel
122

Method, onde se emprega um disco de aço de 200 mm de diâmetro girando a uma


velocidade de 75 rpm, durante 60 segundos com um material abrasivo, em que o
resultado é obtido conforme a penetração do disco.
Ainda existe o método da NBR 12042 (1992), que consiste em simular um
percurso de 1000m com leituras do desgaste da ordem milimétrica, aos 500m e
1000m. São ensaiados dois corpos-de-prova de 70mm x 70mm simultaneamente,
sendo que cada um gira em torno do próprio eixo e também seguem uma trajetória
circular de simulação do desgaste, tendo como material abrasivo a areia. O
resultado é dado pela diferença entre as médias das leituras efetuadas em quatro
pontos antes e após o ensaio, em 500m e em 1000m.
Viecili (2004) cita o método de Abrasão de Los Angeles, descrito pela ASTM
C 131 (1996), um ensaio utilizado para aferir a resistência à abrasão e ao impacto
de agregados graúdos com diâmetro máximo de 37,5mm. O equipamento consiste
num tambor cilíndrico com as extremidades fechadas de diâmetro interno de 711mm
e comprimento de 508mm, montado horizontalmente, onde são introduzidas 37
esferas de aço de diâmetros e massa diferentes. O resultado se dá pela diferença de
massa antes e depois do ensaio, que promove 500 revoluções a uma velocidade de
30 a 33 rotações por minuto.
Viecili (2004) também apresenta o método CIENTEC, disponibilizado no Rio
Grande do Sul, em que consiste na simulação de um percurso de 500m percorridos
pelo corpo-de-prova de 50mm x 50mm submetido a uma pressão constante de 0,06
MPa sobre carbeto de silício (Figura 46). O resultado é o desgaste em mm, que
corresponde à média das diferenças entre as leituras efetuadas em cinco pontos do
corpo-de-prova antes e após o ensaio. Tal método foi utilizado por Hood (2006) ao
avaliar pavers fabricados com RCD.
123

Figura 46– Equipamento do ensaio de abrasão do CIENTEC


Fonte: VIECILI, 2004.

Para o ensaio de Resistência à Abrasão foi adotada a idade de 28 dias


devido ao fato desta idade ser referência projetual. O método de ensaio foi o
oferecido pelo CIENTEC, considerando a existência de pesquisas anteriores que
empregaram tal método e poderão ser utilizadas para comparação.

5.5.3 Absorção de Água

A Absorção de Água por imersão está relacionada com a medição do


volume de poros no concreto. O ensaio se baseia na NBR 12118 (1991), em que os
blocos de concreto são imersos por 24 horas, tempo este suficiente para preencher
totalmente os poros do concreto. A norma regula o ensaio para blocos de concreto
para alvenaria, no entanto, foi igualmente aplicado para os blocos para
pavimentação.
O valor típico de controle utilizado pelas normas internacionais é de 6% de
absorção (FIORITI, 2007). Já pela NBR 12118 (1991), o limite máximo de absorção
estabelecido é de 10%.
Baseado nas pesquisas de Fioriti (2007), realizada com blocos de concreto
para pavimentação introduzindo resíduos de pneus como agregados, foi constatada
124

que a absorção está associada ao consumo de cimento Portland e a compacidade


dos blocos.
Segundo Cruz (2003), a absorção de água pode mensurar a durabilidade
dos blocos, pois aponta o volume de vazios existentes e, com isso, sua
permeabilidade. Quanto maior a permeabilidade, menor a resistência ao processo
de eflorescência.
Por esta razão, é imprescindível o controle de absorção de água dos blocos
intertravados de concreto quando sua aplicação ocorrer em áreas expostas a
umidade, pois estas aceleram o processo de eflorescências.
O ensaio, inicialmente, parte de uma secagem em estufa até constância da
massa, sendo posteriormente resfriados a temperatura ambiente e imersos em
água. Após 24 horas iniciam-se as leituras de massa, a cada 2 horas, até atingir
valores inferiores a 0,5% de diferença entre duas leituras consecutivas. O valor é
obtido através da diferença da massa do bloco saturado e do seco em estufa, em
razão da massa deste último.
A idade adotada para o ensaio foi a idade característica de 28 dias, haja
vista esta ser referência para fins de projeto.
125

6 RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÕES

O intuito deste capítulo é apresentar os resultados obtidos nos ensaios


realizados com os blocos de concreto para pavimentação, avaliando a substituição
do agregado miúdo natural por reciclado de RCD. Sendo assim, serão expostos os
resultados de cada ensaio realizado e, posteriormente esses serão discutidos,
visando compreender cada medição.
Além desses valores, também são apontados nas tabelas o desvio padrão (s)
e o coeficiente de variação (C.V.), parâmetros estatísticos que permitem uma melhor
avaliação. Segundo a NRB 12655 (1996), para testes de resistência à compressão,
são considerados resultados satisfatórios valores abaixo de 4 MPa para desvio
padrão, e abaixo de 15% para coeficiente de variação.

6.1 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

Os testes de resistência à compressão foram realizados conforme descrito


no Programa Experimental e os resultados adquiridos foram analisados com o intuito
de compreender a evolução deste parâmetro com o decorrer do tempo.
A Tabela 30 apresenta as médias dos resultados dos ensaios para cada
teor avaliado, obtidos aos 3, 7 e 28 dias, assim colocados para mostrar também o
ganho de resistência ao longo do tempo. Na Tabela 31 também são expostos o
desvio padrão e o coeficiente de variação para que se faça uma melhor avaliação
dos valores alcançados. Cabe ressaltar que os dados de todas as peças ensaiadas
constam no Anexo 1.
126

Tabela 30 – Resistência à Compressão média e característica


3 DIAS 7 DIAS 28 DIAS
TRAÇO
fc fck fc fck fc fck
0% 27,082 26,392 31,883 31,408 38,783 38,122
25% 22,644 22,151 25,645 25,051 35,712 35,156
30% 20,107 19,359 23,157 22,264 32,220 31,613
35% 18,832 18,276 23,007 22,175 26,528 25,354
40% 18,319 17,888 22,769 21,864 24,295 22,972
45% 16,819 15,496 20,657 19,786 21,694 20,614
50% 16,332 15,584 19,382 18,280 20,844 20,084
Fonte: Ensaio realizado pela autora

Tabela 31 – Desvio Padrão e Coeficiente de Variação


3 DIAS 7 DIAS 28 DIAS
TRAÇO
s C.V. s C.V. s C.V.
0% 0,80 2,96 0,55 1,73 0,77 1,98
25% 0,57 2,53 0,69 2,69 0,65 1,81
30% 0,87 4,32 1,04 4,48 0,71 2,19
35% 0,65 3,43 0,97 4,20 1,37 5,15
40% 0,50 2,74 1,05 4,62 1,54 6,33
45% 1,54 9,15 1,01 4,90 1,26 5,79
50% 0,87 5,32 1,28 6,61 0,88 4,24
Fonte: Ensaio realizado pela autora
RESISTÊNCIA ÀCOMPRESSÃO (MPa)

45,000
40,000
35,000
30,000
25,000
20,000
15,000
10,000
5,000
0,000
0% 25% 30% 35% 40% 45% 50%

TRAÇO 3 DIAS 7 DIAS 28 DIAS

Gráfico 11 – Resultados do teste de Resistência à Compressão


Fonte: Ensaio realizado pela autora
127

Com as informações dadas acima, nota-se que todos os traços


apresentaram valores superiores a 15 MPa aos 3 dias de idade, o que viabiliza o
transporte desse produto pré-moldado até seu local definitivo já nos primeiros dias.
O traço com 25% de substituição de agregado miúdo natural por reciclado
foi o único que atingiu o parâmetro de utilização determinado pela norma brasileira
(NBR 9780/1987), ou seja, acima de 35 MPa aos 28 dias de idade. Na pesquisa de
Hood (2006), para o mesmo teor de substituição, porém com traço de 1:4,5, o valor
obtido foi da ordem de 26,67 MPa.
Entretanto, os traços com 30% e 35% de substituição apresentaram
resistências de 31,61 MPa e 25,35 MPa respectivamente, ou seja, superior aos 25
MPa com 28 dias, o que, segundo o autor acima, são considerados tecnicamente
viáveis para serem utilizados em pavimentos com baixas solicitações de tráfego
(HOOD, 2006).
Já os traços de 40%, 45% e 50% alcançaram resultados que vão de 22,97
MPa a 20,08 MPa, que são consideravelmente mais baixos que o patamar atingido
pelo traço de referência. Contudo, no trabalho desenvolvido por Fioriti (2007), este
constatou que as solicitações de passeio público são inferiores a 15 MPa, em que
esses três traços com os maiores teores de substituição seriam eficazes para locais
de trânsito de pedestres.
Nos testes realizados por Poon et al. (2002), em que substituíram
agregados miúdos e graúdos naturais por reciclados, a Resistência à Compressão
obteve uma variação inferior a 1 MPa entre os traços de 0%, 25% e 50%, em que o
tal variação aumentou apenas para os maiores teores de substituição,
diferentemente do que expõe a tabela 30. Isso se deve ao tipo de equipamento
utilizado, levando a constatar que o tipo de vibro-prensa influencia na resistência dos
blocos.
No entanto, baseado no que descrevem os trabalhos de Poon et al. (2006) e
Hood (2006), à medida que se aumenta o teor de substituição de agregado miúdo
natural por reciclado de Resíduos de Construção e Demolição, a Resistência à
Compressão dos blocos de concreto diminui. Portanto, diante das constatações
desses autores e dos dados apresentados neste trabalho, é possível afirmar que,
apesar dos equipamentos e métodos empregados influenciarem a resistência do
concreto, esta sempre diminui à medida que se aumenta a porcentagem de
substituição de agregados naturais por reciclados de RCD.
128

6.1.1 Resistência à Compressão x Massa Específica

Com o concreto ainda fresco, também foi aferida a Massa Específica (Figura
47), conforme a NBR 9833 (1987), utilizando a mesa vibratória para o adensamento
do concreto.

Figura 47 – Pesagem para aferição da Massa Específica

A Tabela 32 apresenta os resultados obtidos da massa específica com o


concreto fresco e os valores encontrados para a resistência à compressão de cada
traço.

Tabela 32– Relação Massa Específica X Resistência à Compressão


TRAÇO MASSA ESPECÍFICA (kg/m³) fck 28 (MPa)
0% 2325,00 38,122
25% 2172,33 35,156
30% 2097,00 31,613
35% 2080,00 25,354
40% 2068,00 22,972
45% 1875,66 20,614
50% 1749,00 20,084
Fonte: Ensaio realizado pela autora
129

A diminuição da massa específica do concreto conforme se aumenta o teor


de substituição é dada, possivelmente, pelo fato de o agregado miúdo reciclado
apresenta uma massa específica menor do que o natural, conforme apresentado nas
tabelas 09 e 14.
Nota-se que os traços que apontaram os maiores valores de massa
específica também atingiram maior resistência à compressão, apresentados acima
com a idade de 28 dias. Como a massa específica avalia a relação da massa por um
volume conhecido, retirando os vazios, esse parâmetro pode auxiliar a qualidade do
concreto para blocos no seu estado ainda fresco, haja vista que tal tipo de concreto,
de consistência seca, necessita de vibração e adensamento para a retirada dos
espaços vazios para conferir maior qualidade final.

6.1.2 Consumo de Cimento

Faz-se aqui ainda importante a avaliação do consumo de cimento dos


blocos produzidos com agregados de RCD, em relação à Resistência à Compressão
obtida, pois constitui-se um parâmetro comparativo das vantagens técnicas e
econômicas.
Sendo assim, a Tabela 33 apresenta o consumo de cimento, a resistência
alcançada e a relação entre esses, para todos os traços avaliados.

Tabela 33 – Relação de consumo de cimento para cada MPa atingido


CONSUMO DE CONSUMO/fc28 RELAÇÃO DE
TRAÇOS fc28(MPa)
CIMENTO (kg) (kg/MPa) CONSUMO (%)
0% 38,783 437,03 11,464 0,0
25% 35,712 405,29 11,528 3,0
30% 32,220 390,50 12,353 8,0
35% 26,528 385,90 15,220 30,0
40% 24,295 383,67 16,702 40,0
45% 21,694 347,99 16,881 42,0
50% 20,844 323,89 16,127 38,0
Fonte: Ensaio realizado pela autora
130

Para se realizar esta análise, foi considerado o valor da resistência média


atingida aos 28 dias de idade, bem como o consumo de cimento para cada traço
sem considerar os vazios. Partindo disso, foi calculada a porcentagem do consumo
de cimento necessária para se obter 1 MPa relativo a cada traço.
Nota-se que, para os traços de 25% e 30%, houve um acréscimo de
aglomerante para cada MPa, de 3% e 8%, respectivamente. Já para os demais
traços com maiores teores de substituição, esse acréscimo aumenta para um
intervalo de 30% a 42%.
Esses dados demonstram que a necessidade de aglomerante para cada
MPa produzido aumenta consideravelmente a partir de 35% de substituição de
agregado miúdo natural por reciclado no concreto, o que reflete diretamente no
custo final dos blocos, ressaltando que, segundo Pagnussat (2004) o cimento é o
insumo que mais influencia no custo final do concreto.
Contudo, cabe ressaltar que o agregado de RCD substitui o natural, que tem
alto custo econômico e ambiental. Baseado em Hood (2006), essa substituição tem
relevância à medida que contribui para a diminuição da exploração dos recursos
naturais e reduz a disposição do resíduo em aterros ou locais impróprios.
Dessa forma, esses benefícios ambientais não estão contabilizados nos
custos inerentes ao produto final, mas podem ser fundamentais, pois, como já foi
explanado no Capítulo 2, as áreas de extração estão ficando cada dia mais
escassas e as normas ambientais têm se tornado mais rígidas.

6.2 RESISTÊNCIA À ABRASÃO

Os ensaios de Resistência à Abrasão foram realizados em todos os


teores de substituição de agregado miúdo natural por reciclado, em peças com 28
dias de idade. Foi utilizado um exemplar de cada teor, incluindo o de referência,
sendo retiradas duas amostras de cada exemplar para o teste, não sendo ensaiadas
mais peças por se tratar de um teste bastante dispendioso.
Os resultados obtidos nos ensaios de Resistência à Abrasão são expressos
em índices de desgaste à abrasão, expostos na Tabela 34, juntamente com o desvio
padrão e o coeficiente de variação.
131

Tabela 34 – Índice de desgaste


TRAÇO ÍNDICE DE DESGASTE (mm) s C.V.
0% 6,40 0,22 3,43
25% 7,73 1,30 16,83
30% 6,00 0,21 3,42
35% 5,04 0,50 9,96
40% 4,77 0,99 20,75
45% 9,86 1,24 12,55
50% 8,16 0,11 1,30
Fonte: Ensaio realizado pela autora

Ao analisar os resultados do ensaio nota-se um aumento do índice de


desgaste do teor de 0% para o de 25%, que se deve, possivelmente, à presença de
resíduos de material cerâmico e argamassa na composição do agregado reciclado,
pois são materiais menos resistentes que o agregado miúdo natural.
Para os teores de 30%, 35% e 40%, o índice de desgaste diminuiu,
fenômeno este que, provavelmente, se deu devido à adição de água, em que tanto
as partículas de cimento aderido ao agregado reciclado como o cimento adicionado,
foram mais hidratados, levando a um acréscimo na resistência à abrasão.
Já o teor de 45% apresentou um alto índice de desgaste, pois a quantidade
de água foi mantida a mesma dos teores de 35% e 40%, e pelo fato desse traço
apresentar uma maior quantidade de RCD, a hidratação foi menor, acarretando
numa diminuição da resistência. No traço com 50% de substituição, o índice de
desgaste caiu devido ao aumento do teor de umidade.
Apesar de não ser observada uma correção linear entre uma maior
quantidade de agregado miúdo reciclado e maior índice de desgaste, observou-se
uma relação entre a massa e o índice de desgaste dos blocos, conforme mostra os
Gráficos 12 e 13.
132

12,00

10,00
DESGASTE (mm)

8,00

6,00

4,00

2,00

0,00
0% 25% 30% 35% 40% 45% 50%

TRAÇO

Gráfico 12 – Índice de desgaste


Fonte: Ensaio realizado pela autora

2,400
2,500
2,600
2,700
MASSA(kg)

2,800
2,900
3,000
3,100
3,200
3,300
3,400
0% 25% 30% 35% 40% 45% 50%
TRAÇO

Gráfico 13 – Massa dos blocos


Fonte: Ensaio realizado pela autora

Esse fenômeno se deve à hidratação, em que dado o teor de umidade (H)


ótimo, ou seja, adicionada a quantidade de água necessária, ocorre a melhor
hidratação do concreto, tornando este mais resistente ao atrito seco.
Comparando com os resultados dos ensaios realizados por Hood (2006), em
sua pesquisa a cerca de blocos de concreto com RCD, também não foi encontrada
uma correlação linear entre a quantidade de agregado reciclado e índice de
desgaste. Entretanto, os blocos confeccionados neste presente trabalho,
apresentaram valores de Resistência à Abrasão maiores, devido ao método de
mistura em duas etapas (TAM et al., 2009).
133

6.3 ABSORÇÃO DE ÁGUA

Os ensaios de absorção de água para os blocos de concreto para


pavimentação, confeccionados com os sete teores de substituição de agregados
miúdos reciclados, foram realizados conforme as prescrições da NBR 12118 (1991)
e apresentaram os resultados expostos na Tabela 35, em que também são expostos
o desvio padrão e o coeficiente de variação. Os dados completos desse ensaio
podem ser visualizados no Anexo 3.

Tabela 35 – Índice de Absorção de Água


TRAÇO ABSORÇÃO DE ÁGUA (%) s C.V.

0% 1,88 0,28 14,81


25% 2,54 0,15 6,01
30% 1,80 0,09 5,21
35% 1,72 0,09 5,10
40% 1,70 0,20 11,57
45% 3,80 0,36 9,43
50% 3,76 0,58 15,42
Fonte: Ensaio realizado pela autora

Analisando os resultados, nota-se um aumento na absorção de água para os


blocos com maiores teores de substituição de agregado natural por reciclado, ou
seja, para os traços com 45% e 50%. Esse fenômeno, possivelmente, se deve à
maior taxa de absorção de água dos agregados miúdos de Resíduos de Construção
e Demolição, corroborando as constatações feitas por Poon e Lam (2008).
Contudo, não existe uma linearidade na absorção, pois as menores taxas
ocorreram para os teores de 30%, 35% e 40%, demonstrando que a taxa de
absorção não aumenta na proporção da substituição dos agregados, afirmação esta
também constatada por Hood (2006) em suas pesquisas.
Diante dos resultados, verificou-se uma relação entre a variação das massas
e a absorção de água, pois quanto maior a massa das peças, menores os índices de
absorção, como pode ser visualizado nos Gráficos 14 e 15.
134

4,00

3,50

3,00
ABSORÇÃO DE ÁGUA

2,50

2,00

1,50

1,00

0,50

0,00
0% 25% 30% 35% 40% 45% 50%

TRAÇO

Gráfico 14 – Absorção de Água


Fonte: Ensaio realizado pela autora

2,400
2,500
2,600
2,700
MASSA(kg)

2,800
2,900
3,000
3,100
3,200
3,300
3,400
0% 25% 30% 35% 40% 45% 50%
TRAÇO

Gráfico 15 – Massa dos blocos


Fonte: Ensaio realizado pela autora

Por fim, destaca-se que todos os sete teores apresentaram valores de Taxa
de Absorção de Água inferiores a 6%, o que enquadram os blocos dentro dos
padrões internacionais (FIORITI, 2007). Também enquadram-se dentro dos padrões
nacionais, em que o limite de absorção é de 10% (NBR 12118/91).
135

7 CONCLUSÕES

O presente trabalho teve como premissa a análise da viabilidade técnica do


uso de Resíduos de Construção e Demolição como agregado miúdo reciclado na
confecção de blocos intertravados de concreto, o que delineou o programa
experimental e gerou uma série de resultados, já expostos no Capítulo 6. Com os
resultados obtidos dos ensaios, somados às informações contempladas na revisão
teórica, as quais deram suporte para esta pesquisa, foram obtidas as conclusões
que serão explanadas a seguir.
No Capítulo 2, o qual trata sobre os Resíduos de Construção e Demolição,
ficam evidentes os impactos causados pela geração e disposição destes,
principalmente no meio ambiente. Também foram expostas algumas soluções que
podem minimizar os impactos negativos, que vão desde melhorias na gestão de
obras até a reutilização desse resíduo como material de construção, devido ao
potencial que apresenta.
O produto sugerido para a reinserção do agregado de RCD no mercado da
construção civil – bloco intertravado de concreto para pavimentação –, possui
diversas vantagens, já explanadas no Capítulo 3. Contudo, não existe uma
metodologia consagrada de dosagem de concreto para blocos, sendo, portanto,
proposta nesta pesquisa uma adaptação do método IPT de dosagem.
O método de dosagem proposto tem como principais características o
abatimento igual a zero e o teor de umidade (H). Como não há abatimento, foi
empregado o Método do Ponto de Pelota para verificar a trabalhabilidade, o qual se
apresentou como interessante ferramenta.
Durante procedimento de dosagem (Tabela 36) foram observadas algumas
diferenças do concreto seco em relação ao plástico. No caso do concreto para
blocos, a resistência não se relaciona apenas com o consumo de aglomerante, mas
com a quantidade de finos totais, o que é nítido ao verificar os traços 6 e 7, bem
como o 8 e 9. Outra característica pertinente ao concreto seco é que a resistência
não se relaciona com o fator água/cimento, mas com o teor de umidade (H), que é
determinado pela quantidade de água para materiais secos (traços 5 e 13).
136

Tabela 36 – Traços avaliados durante procedimento de dosagem


TRAÇO c a p 1:m α a/c H Cons C MPa (3) MPa (7) MPa (28)
1 1 2,50 1,30 3,80 73% 0,40 8,3% 448,72 27,700 33,445 41,271
2 1 3,38 1,62 5,00 73% 0,40 6,7% 308,59 10,514 12,994 12,419
3 1 4,47 2,03 6,50 73% 0,40 5,3% 235,02 6,868 8,078 9,419
4 1 2,30 2,20 4,50 60% 0,40 7,3% 410,06 28,220 33,820 39,071
5 1 2,57 1,93 4,50 65% 0,32 5,8% 352,81 27,420 30,020 35,445
6 1 2,85 1,65 4,50 70% 0,33 6,0% 324,41 14,019 18,869 23,745
7 1 3,12 1,38 4,50 75% 0,31 5,6% 342,51 15,669 26,670 34,870
8 1 3,40 1,10 4,50 80% 0,34 6,2% 333,33 16,569 23,194 27,570
9 1 2,90 1,60 4,50 71% 0,34 6,2% 329,40 20,091 21,669 23,444
10 1 2,96 1,54 4,50 72% 0,34 6,2% 356,91 21,619 24,270 27,145
11 1 3,02 1,48 4,50 73% 0,34 6,2% 384,42 24,970 27,670 36,595
12 1 3,07 1,43 4,50 74% 0,34 6,2% 351,66 14,219 16,319 26,270
13 1 2,65 1,35 4,00 73% 0,32 6,4% 437,03 28,270 32,170 39,070
14 1 3,02 1,48 4,50 73% 0,35 6,4% 379,37 23,720 28,270 32,245
15 1 3,38 1,62 5,00 73% 0,38 6,4% 331,50 9,519 24,620 29,345
Fonte: Ensaio realizado pela autora

Ainda em relação ao método de dosagem, notou-se que, a partir dos dados


de três traços em que é variado o teor de agregado/cimento (m) e a relação a/c,
fixando o teor de argamassa (α) e de umidade (H), pode-se traçar um diagrama
semelhante ao proposto pelo método IPT de dosagem, a partir do qual é possível
estimar outros traços para uma necessidade específica.
O diagrama também se diferencia porque considera o parâmetro massa
específica, visto que foi encontrada uma relação desta com a resistência à
compressão. Tal parâmetro é um interessante instrumento de auxílio na qualidade
do concreto no seu ainda estado fresco.
Em relação aos blocos intertravados de concreto com agregado miúdo de
RCD, objetivo desse estudo, foram confeccionados e analisados de acordo com os
tipos de solicitações que estarão sujeitos, como esforços de compressão, desgaste
e durabilidade. Portanto, o desempenho do produto final foi determinado pelos
ensaios de resistência à compressão, abrasão e absorção de água.
Ao analisar os resultados do ensaio de Resistência à Compressão ficou
evidente a diminuição na resistência conforme se aumentava o teor de substituição
de agregado miúdo natural por reciclado. Os índices de 30% e 35% obtiveram
resistência acima de 25 MPa aos 28 dias, que segundo Hood (2006), é um valor
137

viável para blocos que serão utilizados para pavimentação em situações de menor
solicitação de tráfego de veículos ou pedestres, porém não se enquadram na norma
brasileira. Apenas o teor de 25% de substituição atingiu valores acima de 35 MPa
aos 28 dias, como determina a NBR 9780 (1987).
No caso do teste de Resistência à Abrasão, observou-se que a mesma
diminuiu conforme se adicionava RCD, porém aumentou conforme se adicionava
água. Ou seja, a presença do agregado reciclado diminui a resistência ao desgaste,
porém, essa interferência pode ser amenizada com adição de água. Os teores de
35% e 40% foram os que apresentaram os resultados mais satisfatórios, com menor
desgaste, o que leva a afirmar que os teores não influenciaram significativamente
nos resultados adquiridos.
Quanto à Absorção de Água, os maiores teores de substituição, 45% e 50%,
apresentaram os maiores índices, devido à grande quantidade de RCD presente. Os
menores índices alcançados se deram para os teores de 30%, 35% e 40%, muito
próximos do valor do concreto de referência. Entretanto, todos os sete traços
confeccionados apresentaram valores inferiores a 6%, como é determinado pela
maioria das normas internacionais. Notou-se que, com a quantidade ideal de água, é
facilitada a compacidade dos blocos durante o processo da vibro-prensa, diminuindo
o volume de vazios, e, por consequência, a taxa de absorção. As baixas taxas de
absorção de água implicam no menor risco de eflorescências e no aumento da
durabilidade.
Diante dos resultados e das conclusões expostas, pode-se afirmar que os
blocos de concreto confeccionados com até 25% de substituição se enquadram nos
parâmetros estabelecidos pela NBR 9780 (1987), sendo tecnicamente viável sua
execução, além de apresentar valores satisfatórios nos demais parâmetros não
contemplados pela norma.
Também deve ser ressaltado que os traços com 30% e 35%, apesar de não
se enquadrarem na norma brasileira, apresentam índices satisfatórios para serem
empregados em locais que exijam baixas solicitações de tráfego, além de
consumirem uma maior quantidade de resíduo.
Cabe ressaltar que, tanto os resultados expostos como as conclusões
tiradas a partir destes, têm como referência os materiais, equipamentos, técnicas e
condições disponíveis locais, já descritas no Capítulo 5. Portanto, o emprego do
agregado miúdo reciclado de Resíduos de Construção e Demolição como
138

substituição parcial de agregado miúdo natural em blocos para pavimentação deve


sempre ser previamente analisada com os recursos disponíveis a serem
empregados.
139

8 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS

A presente pesquisa teve como principal objetivo analisar a viabilidade


técnica do uso de Resíduos de Construção e Demolição como agregado miúdo
reciclado na confecção de blocos intertravados de concreto, substituindo de 25% a
50% o agregado miúdo natural. No entanto, outras variáveis podem ser estudadas,
no que se refere a blocos de concreto ou agregados reciclados. Sendo assim,
sugere-se como trabalhos futuros:
a) estudo da influência da substituição do agregado graúdo natural em
relação ao reciclado em blocos de concreto para pavimentação;
b) estudo da utilização de agregado miúdo reciclado na confecção de
ladrilhos hidráulicos;
c) estudo de metodologia para trabalhabilidade e de método de dosagem de
concreto para blocos;
d) estudo da influência da substituição de agregados miúdos e graúdos
naturais por reciclados em blocos para pavimentação.
140

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, J. V. Estudo de concreto de alta resistência compactado com rolo para


pavimentação. 2002. 119 p. Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.

ALAVEDRA, P.; DOMINGUEZ, J.; GONZALO, E.. La construcción sostenible: El


estado de La cuestión. Informes de la Construcción. Madrid, Espanha, v. 49, nº451,
p.41-47. 1997.

ALCÂNTARA, P. L.; LAHR, F. A. R.; CHAHUD, E. Análise da viabilidade para


aplicação de blocos de vedação produzidos a partir de resíduos da construção civil
em edificação. In: SIMPÓSIO LUSO - BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA
E AMBIENTAL, 8., 2007, Belém. Anais..., ABES: Rio de Janeiro, 2007.

ALMEIDA, E. S.; COSTA, J. S. da. Caracterização de blocos intertravados


confeccionados com rejeitos de piso cerâmico aplicados em calçamento urbano. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE CERÂMICA, 53., 2009, Guarujá. Anais... Guarujá:
2009.

ALMEIDA, R. B.; FERREIRA, O. M. Calçadas Ecológicas: Construção e Benefícios


Sócio-ambientais. 2008. 28 p. Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2008.

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM-C936: Standard


specifications for solid concrete interlocking paving units. Conshohocken,
Pennsylvania, USA, 1996.

ÂNGULO, S. C. Caracterização de agregados de resíduos de construção reciclados


e a influência de suas características no comportamento do concreto. 2000. 155 p.
Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2000.

ÂNGULO, S. C. Variabilidade de agregados graúdos de Resíduos de Construção e


Demolição reciclados. 2005. 167 p. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

ÂNGULO, S. C.; JOHN, V. M. Normalização dos agregados graúdos de resíduos de


construção e demolição reciclados para concretos e a variabilidade. In: ENCONTRO
NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 9., 2002, Foz do
Iguaçu. Anais... Foz do Iguaçu: 2002. p.1613-1624.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND – ABCP. Guia Básico de


Utilização do Cimento Portland. 7. ed. São Paulo: ABCP, 2002. 28p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND – ABCP. Pavimento


Intertravado. In: PALESTRA PAVIMENTO INTERTRAVADO – MKT, 2001. São
Paulo: Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, 2001, Cd-rom, 115
slides.
141

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5733: Cimento


Portland de alta resistência inicial. Rio de Janeiro, 1991.

______. NBR 7211: Agregados para concreto: Especificação. Rio de Janeiro, 2009.

______. NBR 9776: Agregados: Determinação da massa específica de agregados


miúdos por meio do frasco Chapman. Rio de Janeiro, 1987.

______. NBR 9780: Peças de concreto para pavimentação: Determinação da


resistência à compressão. Rio de Janeiro, 1987.

______. NBR 9781: Peças de concreto para pavimentação. Rio de Janeiro, 1987.

______. NBR 9833: Concreto fresco: Determinação da massa específica, do


rendimento e do teor de ar pelo método gravimétrico. Rio de Janeiro, 2008.

______. NBR 10004: Resíduos sólidos: Classificação. Rio de Janeiro, 2004.

______. NBR 11578: Cimento Portland composto. Rio de Janeiro, 1997.

______. NBR 12042: Materiais Inorgânicos: Determinação do desgaste por abrasão.


Rio de Janeiro, 1992.

______. NBR 12118: Blocos vazados de concreto simples para alvenaria: Método de
ensaio. Rio de Janeiro, 2007.

______. NBR 12655: Concreto – Preparo, controle e recebimento. Rio de Janeiro,


2006.

______. NBR 15113: Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes -


Aterros - Diretrizes para projeto, implantação e operação. Rio de Janeiro, 2004.

______. NBR 15114: Resíduos sólidos da construção civil - Áreas de reciclagem -


Diretrizes para projeto, implantação e operação. Rio de Janeiro, 2004.

______. NBR 15115: Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil -


Execução de camadas de pavimentação - Procedimentos. Rio de Janeiro, 2004.

______. NBR 15116: Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil -


Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural -
Requisitos. Rio de Janeiro, 2004.

______. NBR NM 30: Agregado miúdo: Determinação da absorção de água. Rio de


Janeiro, 2001.

______. NBR NM 45: Agregados: Determinação da massa unitária e do volume de


vazios. Rio de Janeiro, 2006.
142

______. NBR NM 248: Agregados: Determinação da composição granulométrica.


Rio de Janeiro, 2003.

BRAGA, B.; HESPANHOL, I.; CONEJO, J. L.; MIERAWA, J. C.; BARROS, M. T.;
SPENCER, M.; PORTO, M.; NUCCI, N.; JULIANO, N.; EIGER, S. Introdução à
Engenharia Ambiental. 2 ed. São Paulo: Ed. Prentice Hall, 2005, 336 p.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente –


CONAMA. Resolução nº 307. Brasília, DF: Diário Oficial da República Federativa do
Brasil, nº 136, Seção 1, p. 95-96, 2002a. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/conama>. Acesso em: 27 out. 2009.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente –


CONAMA. Resolução nº 348. Brasília, DF: Diário Oficial da República Federativa do
Brasil, nº 136, Seção 1, p. 348, 2004. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/conama>. Acesso em: 13 out. 2010.

BRASIL. Código Civil Brasileiro. Lei 10406. Brasília, DF: Congresso Nacional,
2002b.

BRASIL. Código Florestal. Lei 12305. Brasília, DF: Congresso Nacional, 2010.

CANADIAN STANDARDS ASSOCIATION, CSA A231.2-95 (1995). Precast concrete


pavers. CSA, Rexdale, Ontario, Canadian, 1995.

CARNEIRO, F. P. Diagnóstico e ações da atual situação dos resíduos de construção


e demolição na cidade do Recife. 2005. 131 p. Dissertação (Mestrado) -
Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2005.

CARVALHO, M. D. Pavimentação com peças pré-moldadas de concreto. 1998. 32 p.


São Paulo: Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, 4ª edição, 1998.

CAUÊ Estrutura. Características físicas e químicas do Cimento Portland CP-V ARI.


Disponível em: http://www.caue.com.br. Acesso em: 27 abr. 2010.

CRUZ, L. O. M. Pavimento intertravado de concreto: estudo dos elementos e


métodos de dimensionamento. 2003. 281 p. Tese (Mestrado) – Universidade Federal
do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2003.

EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARDIZATION – CEN, BS EM-1338 (2003).


Concrete paving blocks: requirements and test methods. Brussels, Belgium, 2003.

ETXEBERRIA, M.; MARI, A. R.; VÁSQUEZ, E. Recycled aggregate concrete as


structural material. Materials and Structures, Barcelona, n.40, p.529-541, 2007.
Rilem, 2006.

FIORITI, C. F. Pavimentos intertravados de concreto utilizando resíduos de pneu


como material alternativo. 2007. 202 p. Tese (Doutorado) - Escola de Engenharia da
Universidade de São Paulo, São Carlos, 2007.
143

GOLD, P. A. Melhorando as Condições de Caminhada em Calçadas. 2003. 33 p.


Nota Técnica – Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 2003.

HALLACK, A. Dimensionamento de pavimentos com revestimento de peças pré-


moldadas de concreto para áreas portuárias e industriais. 1998. 116p. Dissertação
(Mestrado) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998.

HELENE, P. Dosagem dos concretos de cimento Portland. In: IBRACON – Concreto:


Ensino, pesquisa e realizações, 2005. São Paulo: Geraldo Isaia, vol. 1. p. 439-481.

HELENE, P.; TERZIAN, P. Manual de dosagem e controle do concreto. São


Paulo:Pini/Senai, 1992, 313p.

HOOD, R. S. S. Análise da viabilidade técnica da utilização de resíduos de


construção e demolição como agregado miúdo reciclado na confecção de blocos de
concreto para pavimentação. 2006. 150 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Cidades. Juranda. 2010.


Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em 25
jan.10.

IPARDES. Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Perfil do


Município de Juranda. 2010a. Disponível em:
<http://www.ipardes.gov.br/perfil_municipal/MontaPerfil.php?Municipio=87355&btOk
=ok>. Acesso em 24 jan.10.

IPARDES. Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Cadernos


Municipais. Município de Juranda. 2010b. Disponível em:
<http://www.ipardes.gov.br/cadernos/Montapdf.php?Municipio=87355&btOk=ok>.
Acesso em 24 jan.10.

JONH, V. M. Reciclagem de resíduos na construção civil: Contribuição para


metodologia de pesquisa e desenvolvimento. 2000. 113 p. Tese (Livre Docência) –
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000.

JOHN, V. M.; ANGULO, S. C.; MIRANDA, L.; AGOPYAN, V.; VASCONCELLOS, F.


Strategies for innovation in construction and demolition waste management in Brazil.
In: CIB WORD BUILDING CONGRESS, 2004, Toronto/Canada. Proceedings...
Toronto: 2004. 11p.

JURANDA. Câmara Municipal de Juranda. Juranda. 2010. Disponível em:


<http://camarajuranda.pr.gov.br/municipio/juranda.php>. Acesso em 23 jan.10.

JURANDA. Câmara Municipal de Juranda. Indicação 055/2005. 2005a. Disponível


em: <http://camarajuranda.pr.gov.br/documentos/indi/ind055_2005.pdf>. Acesso em
25 jan.10.
144

JURANDA. Câmara Municipal de Juranda. Indicação 03/2005. 2005b. Disponível


em: <http://camarajuranda.pr.gov.br/documentos/indi/ind003_2005.pdf>. Acesso em
26 jan.10.

JURANDA. Câmara Municipal de Juranda. Indicação 025/2009. 2009. Disponível


em: <http://camarajuranda.pr.gov.br/documentos/indi/ind025_2009.pdf>. Acesso em
26 jan. 10.

LEITE, M. B. Avaliação de propriedades mecânicas de concretos produzidos com


agregados reciclados de resíduos de construção e demolição. 2001. 290 p.Tese
(Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001.

LEVY, S. M. Contribuição ao estudo da durabilidade de concretos produzidos com


resíduos de concreto e alvenaria. 2001. 194 p. Dissertação (Mestrado) - Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.

LEVY, S. M.; HELENE, P. R. L. Durability of concrete produced with mineral waste of


civil construction industry. In: CIB SYMPOSIUM IN CONSTRUCTION AND
ENVIRONMENT: THEORY INTO PRACTICE, 2000, São Paulo, Brazil.
Proceedings... São Paulo: CIB, 2000. 12 p.

LOPEZ, V.; LLAMAS, Bernardo; JUAN, Andres; MORAN, J. M.; GUERRA, I. Eco-
efficient Concretes: Impact of the Use of White Ceramic Powder on the Mechanical
Properties of Concrete. Biosystems Engineering, Barcelona, n. 96, p. 559–564.
Elsevier, 2007.

MARQUES, A. C. Estudo da influência da adição de borracha vulcanizada em


concreto à temperatura ambiente e elevada temperatura. 2005. 114 p. Dissertação
(Mestrado) – Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual
Paulista, Ilha Solteira, 2005.

MARQUES FILHO, J. Maciços Experimentais de laboratório de concreto compactado


com rolo aplicado a barragens. 2005. 277 p. Tese (Doutorado) - Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.

MASCARÓ, J. L. Loteamentos Urbanos. 1. ed. Porto Alegre: L, Macaró, 2003. 210p.

MATOS, G.; WAGNER, L. Consumption of Materials in the United States 1900-1995.


In: ANNUAL REVIEW OF ENERGY AND THE ENVIRONMENT, 1999, United States.
Proceedings... United States: Geological Survey. 1999. p 107-122.

MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: Estrutura, propriedades e materiais.


1 ed. São Paulo: Pini, 1994. 574p.

MYMRIN, V.; CORREA, S. M. New construction material from concrete production


and demolition wastes and lime production waste. Construction and Building
Materials. v. 21, p. 578–582, 2007.

NEVILLE, A. M. Properties of Concrete. 4. ed. London: Longman, 1995. 844p.


145

NUNES, K. R. A. Diagnósticos das gestões municipais de resíduos sólidos da


construção. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E
AMBIENTAL, 23°, 2005, Campo Grande. Anais... Campo Grande, 2005. 11 p.

OLIVEIRA, A. L. Contribuição para a dosagem e produção de peças de concreto


para pavimentação. 2004. 271 p. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2004.

PAGNUSSAT, D. T. Utilização de escória granulada de fundição em blocos de


concreto para pavimentação. 2004. 139 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.

PAPPU, A.; SAXENA, M.; ASOLEKAR, S. R. Solid wastes generation in India and
their recycling potential in building materials. Building and Enviroment, India, n. 42, p.
2311-2320. Elsevier, 2007.

PAVIMENTO ECOLÓGICO. Revista Téchne, São Paulo. Editora Pini, Ed. no 126.
São Paulo, 2007.

PENG, C.; SCORPIO, D. E.; KIBERT, C. J. Strategies for successful construction


and demolition waste recycling operations. Construction Management and
Economics, v.15, p.49-58, 1997.

PIETERSEN, H. S.; FRAAY, A. L. A. Performance of concrete with recycled


aggregates. In: MATERIALS AND TECHNOLOGIES FOR SUSTAINABLE
CONSTRUCTION – CIB WORLD BUILDING CONGRESS, 1998, Gävle, Sweden.
Proceedings... Gävle: Kickan Fahlstedt, KTH, 1998. Symposium A., p.425-434.

PINTO, T. P. Utilização de resíduos de construção - Estudo do uso em argamassas.


1986. 140p. Dissertação (Mestrado) - Universidade de São Paulo, São Carlos, 1986.

PINTO, T. P. Metodologia para a gestão diferenciada de resíduos sólidos da


construção urbana. 1999. 189 p. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999.

POON, C. S.; KOU, S.; LAM, C. S. Use of recycled aggregates in molded concrete
bricks and blocks. Construction and Building Materials, Hong Kong, n. 16, p. 281-
289. Elsevier, 2002.

POON, C. S.; CHAN, D. Effects of contaminants on the properties of concrete paving


blocks prepared with recycled concrete aggregates. Construction and Building
Materials, Hong Kong, n. 21, p.164-175. Elsevier, 2007.

POON, C. S.; CHAN, D. Paving blocks made with recycled concrete aggregate and
crushed clay brick. Construction and Building Materials, Hong Kong, n. 20, p. 569-
577. Elsevier, 2006.

POON, C. S.; KOU, S.; WAN, H.; ETXEBERRIA, M. Properties of concrete blocks
prepared with low grade recycled aggregates. Waste Management, Hong Kong, n.
29, p. 2369–2377. Elsevier, 2009.
146

POON, C. S.; LAM, C. S.. The effect of aggregate-to-cement ratio and types of
aggregates on the properties of pre-cast concrete blocks. Cement & Concrete
Composites, Hong Kong, n. 30, p. 283–289. Elsevier, 2008.

RECENA, F. A. P. Dosagem empírica e controle de qualidade de concretos


convencionais de cimento Portland. 1. ed. Porto Alegre: EdiPucRS, 2002. 166p.

REIS, R. P. A. Proposição de parâmetros de dimensionamento e avaliação de


desempenho de poço de infiltração de água pluvial. 2005. 214 p. Tese (Mestrado) –
Universidade Federal de Goiás, Goiânia., 2005.

RILEM RECOMMENDATION. Specification for concrete with recycled aggregates.


Materials and Structures, v. 27, n.9, p.557-559. Springer Netherlands, 1994.

SAPATA, S. M. M. Diagnóstico e proposta para gerenciamento da construção civil


no município de Maringá-Pr. 2002. 140p. Dissertação (Mestrado) – Universidade
Estadual de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.

SIMIELI, D.; MIZUMOTO, C.; SEGANTINI, A. A.; SALLES, F. M. Utilização de


Agregados Reciclados em Pavimentos Intertravados. Revista Exacta, São Paulo,
v.5, n.2, p.231-241, jul./dez. 2007.

SOUSA, J. G. G. Contribuição ao estudo da relação entre propriedades e


proporcionamento de blocos de concreto – Aplicação ao uso de entulho como
agregado reciclado. 2001. 124p. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Brasília,
Brasília, 2001.

TAM, V. W. Y.; GAO X. F.; TAM, C. M.; NG, K. M. Physio-chemical reactions in


recycle aggregate concrete. Journal of Hazardous Materials. V. 163, p. 823–828,
2009.

TANGO, C. E. Fundamentos de dosagem de concreto para blocos estruturais. In:


INTERNATIONAL SEMINAR ON STRUCTURAL MASOURY FOR DEVELOPING
COUNTRIES, 5, 1994. Florianópolis. Anais... Florianópolis, 1994. p. 21-30.

TOLEDO, G. L.; OVALLE, I. I. Estatística Básica. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1995. 459p.

VIECILI, F. A. Influência da utilização dos endurecedores superficiais cimentícios na


resistência à abrasão de pisos industriais de concreto. 2004. 102p. Dissertação
(Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.

VIEIRA, G. L. Viabilidade técnica e econômica da utilização de concretos obtidos


com agregados reciclados provenientes da reciclagem de resíduos de construção e
demolição. In: SINDUSCON PREMIUM, 2003. Porto Alegre. Anais... Porto Alegre:
SINDUSCON, 2003.

YÁZIGI, E. O mundo das calçadas. 1. ed. São Paulo: Humanitas, 2000. 548p.
147

ZORDAN, S. E. A utilização do entulho como agregado, na confecção do concreto.


1997. 140p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Campinas,
Campinas,1997.

ZWAN, J. T. V. D. Application of waste materials – a success now, a success in the


future. In: WASTE MATERIALS IN CONSTRUCTIONS: PUTTING THEORY INTO
PRACTICE, 1997. Great Britain. Proceedings… Great Britain: Elsevier Science
Publish, 1997. p. 869-881.
148

10 ANEXOS

Anexo 1: Resultados dos ensaios de Resistência à Compressão

Tabela 01– Resistência à Compressão do traço com 0% de RCD


IDADE
TRAÇO
3 7 28
27,520 32,020 38,770
27,144 32,320 38,320
26,019 32,395 39,896
0%
28,270 32,020 38,170
27,144 31,645 39,521
26,394 30,895 38,020
fc 27,082 31,883 38,783
fck 26,392 31,408 38,122
s 0,80 0,55 0,77
C.V. 2,96 1,73 1,98

Tabela 02– Resistência à Compressão do traço com 25% de RCD


IDADE
TRAÇO
3 7 28
22,644 24,670 35,320
21,819 26,395 35,895
23,469 26,170 35,920
25%
22,644 25,645 34,645
23,019 24,970 35,970
22,269 26,020 36,520
fc 22,644 25,645 35,712
fck 22,151 25,051 35,156
s 0,57 0,69 0,65
C.V. 2,53 2,69 1,81

Tabela 03– Resistência à Compressão do traço com 30% de RCD


IDADE
TRAÇO
3 7 28
20,169 22,719 32,470
18,894 24,070 33,145
19,269 22,644 32,770
30%
20,394 23,319 31,645
21,144 21,669 32,020
20,769 24,520 31,270
fc 20,107 23,157 32,220
fck 19,359 22,264 31,613
s 0,87 1,04 0,71
C.V. 4,32 4,48 2,19
149

Tabela 04– Resistência à Compressão do traço com 35% de RCD


IDADE
TRAÇO
3 7 28
18,894 21,819 27,145
17,769 23,394 24,895
19,644 24,145 28,645
35%
18,894 21,894 26,295
19,269 23,770 25,270
18,519 23,019 26,920
fc 18,832 23,007 26,528
fck 18,276 22,175 25,354
s 0,65 0,97 1,37
C.V. 3,43 4,20 5,15

Tabela 05– Resistência à Compressão do traço com 40% de RCD


IDADE
TRAÇO
3 7 28
18,819 21,519 22,269
18,519 21,519 24,670
18,144 23,394 24,895
40%
18,894 23,770 23,394
17,769 22,644 23,770
17,769 23,770 26,770
fc 18,319 22,769 24,295
fck 17,888 21,864 22,972
s 0,50 1,05 1,54
C.V. 2,74 4,62 6,33

Tabela 06– Resistência à Compressão do traço com 45% de RCD


IDADE
TRAÇO
3 7 28
17,019 20,019 22,119
18,894 20,319 23,320
15,519 22,269 22,419
45%
16,644 19,644 19,644
14,769 21,519 21,519
18,069 20,169 21,144
fc 16,819 20,657 21,694
fck 15,496 19,786 20,614
s 1,54 1,01 1,26
C.V. 9,15 4,90 5,79
150

Tabela 07– Resistência à Compressão do traço com 50% de RCD


IDADE
TRAÇO
3 7 28
16,269 17,769 21,519
15,144 20,919 22,269
15,519 19,644 20,319
50%
17,394 20,769 20,769
16,644 18,519 20,019
17,019 18,669 20,169
fc 16,332 19,382 20,844
fck 15,584 18,280 20,084
s 0,87 1,28 0,88
C.V. 5,32 6,61 4,24
151

Anexo 2: Resultados dos ensaios de Resistência à Abrasão

Tabela 08 – Resistência à Abrasão


TRAÇO DESGASTE INDIVIDUAL DESGASTE MÉDIO s C.V.
6,24
0% 6,40 0,22 3,43
6,55
8,65
25% 7,73 1,30 16,83
6,81
5,84
30% 6,00 0,21 3,42
6,13
4,69
35% 5,04 0,50 9,96
5,40
5,97
40% 4,77 0,99 20,75
4,57
8,99
45% 9,86 1,24 12,55
10,74
8,23
50% 8,16 0,11 1,30
8,08
152

Anexo 3: Resultados dos ensaios de Absorção de Água

Tabela 09 – Absorção de Água


ABSOR ABS
PESO MÉDIA 26h MÉDIA
TRAÇO ÇÃO MÉDIA s C.V.
INICIAL (kg) SUBMERSO (kg)
(%) (%)
3,180 3,245 2,04
0% 3,205 3,200 3,270 3,260 2,03 1,88 0,28 14,81
3,215 3,265 1,56
3,145 3,220 2,38
25% 3,160 3,150 3,245 3,230 2,69 2,54 0,15 6,01
3,145 3,225 2,54
3,235 3,295 1,85
30% 3,245 3,235 3,300 3,293 1,69 1,80 0,09 5,21
3,225 3,285 1,86
3,305 3,360 1,66
35% 3,300 3,300 3,360 3,357 1,82 1,72 0,09 5,10
3,295 3,350 1,67
3,055 3,100 1,47
40% 3,030 3,040 3,085 3,092 1,82 1,70 0,20 11,57
3,035 3,090 1,81
2,940 3,060 4,08
45% 2,945 2,940 3,045 3,052 3,40 3,80 0,36 9,43
2,935 3,050 3,92
2,760 2,850 3,26
50% 2,760 2,750 2,860 2,853 3,62 3,76 0,58 15,42
2,730 2,850 4,40

Você também pode gostar