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8, e99985170, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i8.5170
A influência da dermatite atópica na vida das crianças
The influence of atopic dermatitis on children's lives
La influencia de la dermatitis atópica en la vida de los niños
Andressa Zanandréa
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7463-4407
Hospital Infantil Seara do Bem, Brasil
E-mail: [email protected]
Jarbas Franceschi
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1283-9984
Universidade do Planalto Catarinense, Brasil
E-mail: [email protected]
Patrícia Alves de Souza
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4543-1632
Universidade do Planalto Catarinense, Brasil
E-mail: [email protected]
Resumo
A dermatite atópica influencia no âmbito psicológico, neurológico e social, envolvendo o
paciente, a família e a escola por gerar sintomas que interferem de forma negativa na vida da
criança. Objetivo: identificar a influência da dermatite atópica na vida da criança.
Metodologia: as buscas foram realizadas em duas bases de dados bibliográficas – PubMed e
Scielo. Foram selecionados artigos escritos em inglês e português, publicados de janeiro de
1985 até dezembro de 2016, relacionadas com: dermatite atópica na faixa etária de de 0 à 16
anos. Resultados: crianças com dermatite atópica desenvolvem menos atividades gerais
diárias do que as crianças sem a patologia, bem como, apresentam dificuldade de ficar
sozinhas, choram em demasia, são mais nervosas, irritados, infelizes, mais preocupadas,
inseguras e possuem baixa auto-estima. Pesquisas demonstraram que o número de crianças
que relataram interferência no sono é alto e que a prevalência de transtorno de déficit de
atenção, hiperatividade, ansiedade, depressão, transtornos de conduta e autismo vem
aumentando significativamente nas crianças com dermatite atópica. Conclusões: a dermatite
atópica é uma dermatose social e psicologicamente relevante, envolvendo o paciente, a
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família e a escola em fatores que se não trabalhados adequadamente geram consequências
futuras consideráveis no âmbito neurológico, psicológico e social, prejudicando o bem-estar e
desenvolvimento da criança.
Palavras-chave: Dermatite atópica; Doenças dermatológicas; Pediatria.
Abstract
Atopic dermatitis influences the psychological, neurological and social spheres, involving the
patient, family and school because it generates symptoms that interfere negatively in the
child's life. Objective: to identify the influence of atopic dermatitis on the child's life.
Methodology: the searches were carried out in two bibliographic databases - PubMed and
Scielo. Articles written in English and Portuguese, published from January 1985 to December
2016, were selected, related to: atopic dermatitis in the age group from 0 to 16 years. Results:
children with atopic dermatitis develop less general daily activities than children without the
pathology, as well as, have difficulty being alone, cry excessively, are more nervous, irritated,
unhappy, more worried, insecure and have low self -esteem. Research has shown that the
number of children who reported sleep interference is high and that the prevalence of
attention deficit disorder, hyperactivity, anxiety, depression, conduct disorders and autism has
been significantly increasing in children with atopic dermatitis. Conclusions: atopic
dermatitis is a socially and psychologically relevant dermatosis, involving the patient, family
and school in factors that, if not worked properly, generate considerable future consequences
in the neurological, psychological and social spheres, harming the child's well-being and
development.
Keywords: Atopic dermatitis; Dermatological diseases; Pediatrics.
Resumen
La dermatitis atópica influye en las esferas psicológica, neurológica y social, involucrando al
paciente, la familia y la escuela, ya que genera síntomas que interfieren negativamente en la
vida del niño. Objetivo: identificar la influencia de la dermatitis atópica en la vida del niño.
Metodología: la investigación se llevaron a cabo en dos bases de datos bibliográficas:
PubMed y Scielo. Se seleccionaron artículos escritos en inglés y portugués, publicados desde
enero de 1985 hasta diciembre de 2016, relacionados con: dermatitis atópica en el grupo de
edad de 0 a 16 años. Resultados: los niños con dermatitis atópica desarrollan actividades
diarias menos generales que los niños sin la patología y tienen dificultad para estar solos,
llorar en exceso, ponerse más nerviosos, irritados, infelices, más preocupados, inseguros y
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con baja autoestima. La investigación mostró que el número de niños que reportaron
interferencia en el sueño es alto y que la prevalencia de trastorno por déficit de atención,
hiperactividad, ansiedad, depresión, trastornos de conducta y autismo ha aumentado
significativamente en niños con dermatitis atópica. Conclusiones: la dermatitis atópica es una
dermatosis social y psicológicamente relevante, que involucra al paciente, la familia y la
escuela en factores que, si no funcionan adecuadamente, generan considerables consecuencias
futuras en las esferas neurológica, psicológica y social, lo que perjudica el bienestar. y el
desarrollo del niño.
Palabras clave: Dermatitis atópica; Enfermedades dermatológicas; Pediatría.
1. Introdução
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e gerenciar um ambiente equilibrado entre as crianças saudáveis (Tejada, Mendoza-Sassi,
Almeida, Figueiredo, Tejada, 2011).
De acordo com o International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC)
realizado em 2006, os centros de maior prevalência de dermatite atópica foram as regiões do
oeste da Europa, a Austrália e a África, com taxas acima de 15%. No Brasil, esse estudo
mostrou que a prevalência de dermatite atópica entre crianças e adolescentes, situa-se na faixa
de 8,9 à 11,5% nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul (Castro et al., 2006).
Já dados do estudo epidemiológico conduzido por Solé, Camelo-Nunes, Wandalsen, Mallozi,
Naspitz, & Brazilian ISAAC Group (2006) mostraram uma taxa de incidência um pouco
maior, chegando a 13% na população pediátrica brasileira.
Desta forma, com a avaliação de aspectos que vão além de parâmetros clínicos e
objetivos, desenvolve-se a possibilidade de se obter um conhecimento mais abrangente do
estado de saúde do ser humano e principalmente da criança onde ainda pode-se intervir para
evitar problemas futuros (Gaspar, Ribeiro, Matos, Leal, 2008). Então o objetivo do presente
trabalho é identificar a influência da dermatite atópica na vida da criança.
2. Metodologia
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica com abordagem sistemática, em duas bases
de dados: PubMed e Scielo, sendo selecionados artigos escritos em inglês e português,
publicados de janeiro de 1985 até dezembro de 2016, selecionados a partir da palavra chave:
dermatite atópica em crianças na faixa etária de 0 a 16 anos. Foram encontrados 47 artigos
completos dos quais 27 foram selecionados com relevância no tema abordado.
3. Resultados
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Quanto à questão retraimento, não houve diferença significativa, mas, isso pode sofrer
interferência com a gravidade e o grau de comprometimento dermatológico no momento da
pesquisa (Neto et al., 2005). Em função de sua aparência a criança pode diminuir a interação
social gerando respostas de repúdio. Um fator que também interferiu neste estudo foi o de que
os pacientes acompanhados recebiam orientações regularmente sobre a doença durante a
consulta e mantinham um bom vínculo com o médico. Isso vem ao encontro do estudo
realizado por Davison, Pennebaker e Dickerson (2000), que ressaltou a importância de o
paciente entender sobre sua patologia, pois, assim, consegue se relacionar serenamente com
amigos, familiares e profissionais (Davison et al., 2000). Sendo assim, pode-se concluir que a
orientação e o entendimento da doença pelo paciente e seus familiares interferem
positivamente nas atitudes diárias da criança podendo impedir ações e reações desfavoráveis.
A escala específica de ansiedade e depressão apresentou alteração considerável. Nesta,
as respostas dos pais ressaltaram a dificuldade de seus filhos permanecerem sozinhos,
chorarem muito, acharem que devem ser perfeitos, serem mais tensos e irritados e mostrarem-
se mais infelizes e mais preocupados (Neto et al., 2005). Isso corrobora com resultados
obtidos em outras pesquisas quanto à presença de traços de insegurança, baixa auto-estima e
traços depressivos (Gil, Sampson, 1989; Panconesi, Hautmann, 1997).
Gil et al., em 1987 examinaram 44 crianças com dermatite atópica, com o objetivo de
avaliar o estresse ocasionado por eventos na vida e problemas crônicos diários (colégio,
discussão com os pais, passar os cremes, tomar remédios, dentre outros) e o impacto destes na
exacerbação da doença. Neste estudo, não encontraram diferenças significativas que
mostrassem a interferência destes itens na patologia.
Daud, Garralda & David (1993), examinaram o comportamento de 30 pré-escolares
ingleses com eczema em comparação à 20 casos controle. Neste estudo viram que crianças
com eczema são expressivamente mais dependentes (50%) em relação ao grupo controle
(10%) e, também, mais temerosas (40%) em comparação às que não possuem eczema (10%).
Estas situações podem fazer com que a criança tenha dificuldades em tomar suas decisões
diárias e perca a habilidade de tomar iniciativas, deixando-a mais inibida em suas atitudes
perante a sociedade.
Lawson, Lewis, Reid, Owens & Finlay (1995), coletaram dados comportamentais de
41 famílias inglesas com crianças com eczema e relataram que 54% destas crianças exibiam
distúrbio comportamental, incluindo irritabilidade, mau humor e sendo prejudicial para
outros. Isso foi observado, também, em outro estudo realizado por Sarkar et al. (2004), que
comparou 22 crianças indianas com eczema com 20 controles, com idades entre 3 e 9 anos e
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mostrou uma frequência significativamente maior de transtornos comportamentais e
transtornos de conduta (5,9 +/- 2,9) e (2,1 +/- 1,4) p< 0,01, respectivamente.
Um estudo realizado no Hospital das Clínicas de Porto Alegre em 2004 mostrou que a
dermatite atópica afeta significativamente o humor da criança, impactando de forma negativa
em sua qualidade de vida (Alvarenga, Tassiana, Caldeira, Antônio, 2009). Esse fato corrobora
com algumas pesquisas, que apontam a existência de alteração de humor, hiperatividade,
irritabilidade e choro durante o dia e no momento da administração de medicações tópicas e
sistêmicas (Chamlin et al., 2005).
Também em Porto Alegre (RS) em 2004, demonstraram que o prurido estava presente
diariamente em 74,2% da população estudada, sendo que pacientes com dermatite atópica
grave apresentavam prurido mais intenso e frequente do que os pacientes com doença leve e
moderada (Alvarenga et al., 2009).
Ainda no Brasil, foi realizada uma pesquisa pela Universidade Estadual de Montes
Claros em 2009, utilizando o Índice de Qualidade de Vida da Dermatite Atópica em Crianças
(Infant’s Dermatitis Quality of Life Index - IDQOL) mostrando grande interferência do
prurido na qualidade de vida das mesmas. Esse dado está condizente com a literatura mundial,
que considera bem estabelecida a correlação entre prurido e qualidade de vida, pois, o mesmo
altera a qualidade do sono ocasionando cansaço, irritabilidade, dificuldade de concentração e
aprendizagem e, consequentemente, mau desempenho escolar (Chamlin et al., 2005).
Em relação ao sono, sabe-se que este é de fundamental importância para o crescimento
e desenvolvimento da criança. A constante referência de sono perturbado faz dele um item
corriqueiro em questionários de avaliação de eczema. Chamlin et al. (2005) referem que 10%
de suas crianças eczematosas classificaram o sono como o fator com maior impacto na
qualidade de vida. A porcentagem de crianças com eczema relatando perda de sono é de
grande monta, com estimativas que variam de 47 a 60%, fazendo dele um quesito que exige
atenção e persistência na busca de sua reestabilização.
Por exemplo, Ricci, Bendandi, Bellini, Patrizi & Mais (2007), relataram em sua
amostra de 45 crianças eczematosas que (38%) tem em média 15 - 60 minutos de vigília por
noite, (20%) 60-120 minutos e (11%) maior que 120 minutos. Além da vigília prolongada, as
crianças com eczema também relatam um maior número de despertar noturno, o que também
interfere para um sono adequado e reparador (Ricci, Bendandi, Bellini, Patrizi & Masi, 2007).
O estudo de Touchette et al. sugere que a duração mais curta do sono nos primeiros
três anos de vida está assoc1iado com hiperatividade, impulsividade e menor desempenho
cognitivo em testes de neurodesenvolvimento realizados aos seis anos (Touchette et al.,
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2007). Portando, o sono insuficiente durante os primeiros anos de vida tem consequências à
longo prazo e o desenvolvimento do cérebro é afetado com a perda de sono, no entanto,
muitas vezes isso só é notado quando a criança já apresenta os danos acarretados.
Os achados sobre os efeitos dos distúrbios do sono em relação a gênero e idade são
menos concisos. Hon et al. relatam redução da qualidade do sono em crianças com eczema
com idades menores de 10 anos comparado com as maiores de 10 anos (Hon et al., 2008).
Diferentemente, Al-Riyami, Al-Rawas, Al-Riyami, Jasim & Mohammed (2003), não relatam
diferença entre crianças de 6-7 anos comparadas com 13-14 anos.
Semelhantemente, as descobertas de gênero são heterogêneas. Vlaski, Stavric,
Isjanovska, Seckova & Kimovska (2006) relataram que as meninas eczematosas tinham uma
probabilidade ligeiramente maior comparadas aos meninos enquanto eles tinham uma
probabilidade levemente maior de ter perturbação do sono. Já Hon et al. (2008) não relataram
diferença entre os gêneros.
Há pouco tempo atrás haviam poucos estudos direcionados às consequências
neurológicas da dermatite atópica na vida de uma criança. O transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade (TDHA) foi relatado pela primeira vez em crianças com dermatite atópica por
Schmitt, Romanos, Schmitt, Meurer & Kirch (2009).
O estudo realizado por Yaghmaie, Koudelka & Simpson (2013), analisou dados de
91.642 crianças e encontrou taxas mais elevadas de TDAH em pacientes pediátricos com
dermatite atópica. Um fator interessante observado neste estudo foi que quanto maior a
gravidade da dermatite as taxas mais elevadas de TDAH foram encontradas. Isso demonstrou
o quão importante é um tratamento agressivo que diminua consideravelmente os sintomas da
dermatite atópica para que a criança tenha melhor qualidade de vida.
Este mesmo estudo revelou que a prevalência de TDAH, ansiedade, depressão,
transtornos de conduta e autismo aumentaram significativamente nas crianças com dermatite
atópica. A TDAH esteve presente em 12,6% dos pacientes com eczema e em 8,19% sem
eczema. Em relação à ansiedade, foi encontrada em 7,25% dos pacientes do grupo estudo e
em 4,13% nos pacientes do grupo controle. Já a depressão ocorreu em cerca de 6,52% dos
pacientes com eczema e em 3,37% sem eczema. No item transtorno de conduta, sua
prevalência em crianças sem eczema foi de 3,97% e nas crianças com eczema 7,74%. %. O
autismo foi relatado em 1,49% dos pacientes sem eczema e em 3,97% nas crianças com
eczema (Yaghmaie, Koudelka & Simpson, 2013). Logo, é fundamental que o médico trabalhe
em conjunto com a família e o paciente, buscando alternativas que interfiram no curso da
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doença, atenuando seus sintomas e, assim, diminuindo a prevalência de comorbidades mentais
que podem até deixar a criança muitas vezes inativa perante a sociedade.
4. Considerações Finais
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Research, Society and Development, v. 9, n. 8, e99985170, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i8.5170
Porcentagem de contribuição de cada autor no manuscrito
Andressa Zanandréa – 60%
Jarbas Franceschi – 10%
Patrícia Alves de Souza – 30%
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