História Das Instituições Políticas III

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Dominação Legal, Racional ou Burocrática

Nome do Estudante: Gabriel António da Silva;

Código: 708212472

Curso: Licenciatura Em Ensino de História;

Disciplina: História das Instituições Políticas III;

Docente: Manuel Ossifo Abuchama Mopiua;

Ano de Frequência: 3º Ano - Turma: J

Tete, Agosto de 2024


Índice
1.0 Introdução ............................................................................................................................. 3

1.1. Objectivos ........................................................................................................................ 3

1.1.1. Geral ......................................................................................................................... 3

1.1.2. Específicos ................................................................................................................ 3

1.2. Metodologias do trabalho ................................................................................................ 3

2.0 Dominação ............................................................................................................................ 4

2.1. Tipos de Dominação ........................................................................................................ 4

2.1.1. Dominação Legal, Racional ou Burocrática ............................................................. 5

2.2. Poder e a Política diante da dominação burocrática ........................................................ 6

2.2.1. Os princípios fundamentais da burocracia................................................................ 7

2.2.2. Burocracia e a politica na Administração Pública .................................................... 7

2.3. O sistema burocrático e o funcionário público ................................................................ 8

2.3.1. Burocracia e as possíveis consequências no cenário político-económico .............. 10

3.0 Conclusão ........................................................................................................................... 11

4.0 Referências Bibliográficas .................................................................................................. 12


1.0 Introdução
O presente trabalho é referente á disciplina de História das Instituições Políticas III e versa
sobre: Dominação Legal, Racional ou Burocrática. Destarte, a concepção de dominação é
própria, portanto, a toda ordem administrativa existente até os dias actuais. No entanto, a
administração burocrática exerce a dominação de forma racional, subsidiada por parâmetros
rigorosamente formal e legal. A definição de Weber de burocracia nos remete a uma forma
racional de administração necessária para obter a obediência de um grupo de pessoas. Pode-se
dizer que a burocracia é uma estrutura administrativa racional de dominação. No que concerne
relações sociais, moldadas pelas lutas, Max Weber percebe de facto a dominação, dominação
esta, assentada em uma verdadeira constelação de interesses, monopólios econômicos,
dominação estabelecida na autoridade, ou seja, o poder de dar ordens, por isso ele acrescenta a
cada tipo de atividade tradicional, afetiva ou racional um tipo de dominação particular. Weber
definiu as dominações como a oportunidade de encontrar uma pessoa determinada pronta a
obedecer a uma ordem de conteúdo determinado. Assim, quando os subordinados aceitam as
ordens dos superiores como justificadas, porque concordam com um conjunto de preceitos ou
normas que consideram legítimos e dos quais deriva o comando, e, é um tipo de dominação
técnica, meritocrática e administrada, baseado na promulgação. A dominação racional repousa
na crença na legalidade das regras decretadas e no direito que aqueles que são chamados a
exercer a dominação através desses meios têm de dar directivas. A figura típica disso é o
funcionamento, um agente que obedece a uma regra porque ela é uma legal e que procura faze-
la aplicar.

1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
✓ Analisar a essência da dominação Legal, Racional ou Burocrática.
1.1.2. Específicos
✓ Definir a dominação Legal, Racional ou Burocrática;
✓ Aferir a relação entre Poder e a Política diante da dominação burocrática;
✓ Discutir em torno do sistema burocrático na politica na Administração Pública.
1.2. Metodologias do trabalho
Bom, a pesquisa bibliográfica, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema
estudado, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias,
teses, materiais cartográficos, etc. Portanto, na efectivação desse trabalho utilizou-se a pesquisa
bibliográfica.
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2.0 Dominação
Para Costa (2016), é a probabilidade de encontrar obediência para ordens específicas dentro de
um grupo de pessoas, esclarecendo que um mínimo de vontade ou interesse na obediência faz
parte de toda relação autêntica de dominação.
Em outras palavras, apesar de a dominação “depender somente da presença real de uma pessoa
dando ordens aos outros com sucesso”, isso é muito difícil de encontrar fora de organizações
governantes, que quase sempre implicam a existência de um órgão administrativo.
“Uma organização que possui um órgão administrativo é sempre, em algum grau, baseada na
dominação. Mas o conceito é relativo. Em geral, uma organização que governa eficientemente
é também uma organização administrativa”.
A ideia básica fundamenta-se no facto de que as leis podem ser promulgadas e regulamentadas
livremente por procedimentos formais e correctos. O conjunto governante é eleito e exerce o
comando de autoridade sobre seus comandos, seguindo certas normas e leis. A legitimidade do
poder racional e legal se baseia em normas legais racionalmente definidas.
A dominação não é apenas política, mas se estende a outras esferas da vida social. Entre as
sociedades ou mesmo dentro de uma existe a ideia de desigualdade social.
O dominado não pode deixar de concordar com o dominante quando só dispõe de instrumentos
de conhecimento que tem em comum entre ambos e que não são mais do que a forma
incorporada de dominação (Ibidem, p. 146)
De acordo a citação supracitada é de referir que a dominação em muitos casos é que origina a
desigualdade social visto que os indivíduos que tem domínio geralmente encontram-se nas
classes dominantes, gerando assim a desigualdade social.

2.1. Tipos de Dominação


A dominação, segundo Weber (1999), pode ser definida como a probabilidade de encontrar
obediência a um determinado mandato, sendo caracterizada como estável ou instável. A de
carácter instável pode fundar-se em diversos motivos de submissão, como no puro afecto, por
exemplo, ou depender de costumes e de um conjunto de interesses: considerações utilitárias de
vantagens e inconvenientes por parte daquele que obedece. Por outro lado, uma dominação
estável e legítima estaria fundada em bases jurídicas, na relação entre dominados e dominantes,
cujo abalo de tal legitimidade ocasionaria grandes consequências.
Conforme Costa (2016, p.110), o Estado só existe se os dominados se submetem à autoridade
reivindicada pelos dominadores. Para Weber há três tipos de dominação que correspondem a

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legitimidade: tradicional, carismática e burocrática. Porém, no decorrer do presente trabalho
iremos mais aprofundar em torno da dominação burocrática.

2.1.1. Dominação Legal, Racional ou Burocrática


Aqui, a crença na justiça da lei é o sustentáculo da legitimação. O povo obedece às leis porque
acredita que elas são decretadas por um procedimento escolhido pelos governados e pelos
governantes (Weber, 1999). A constituição ou os estatutos de um partido político são regras,
mesmo que não tenham o mesmo valor jurídico nem a mesma função que as da administração
pública. Enquanto que a repartição é a instituição chefe da dominação legal que se pode chamar
de burocrática.
Segundo Weber, o Estado como uma associação política deve ser definido em termos dos meios
e não dos fins. Apesar de o uso da força não ser o único expediente aberto ao Estado, constitui
seu método particular.
Entretanto, como o uso da força, mesmo legítimo, não é limitado a organizações políticas, é
necessário outro elemento básico para definir o Estado - a territorialidade. Assim, a dominação
legal, racional ou burocrática “baseada na crença na legitimidade das ordens estatuídas e do
direito de mando daqueles que, em virtude dessas ordens”.
Racional: inerente à faculdade humana da razão, ou seja, da nossa capacidade de raciocinar,
de realizar escolhas e agir de forma calculada em relação ao alcance de determinados fins, ou
ainda de nosso conhecimento natural não revelado por obra divina. Já a dominação racional,
quer dizer, a dominação na qual a autoridade se fundamenta na “legalidade”, em outras
palavras, na legitimidade das ordens estatuídas e do direito de mando, tanto por meio da validez
social de um estatuto legal quanto da autoridade baseada na obediência.
Segundo Loureiro (2010), no que diz respeito a burocracia, é um sistema racional em que a
divisão de trabalho se dá racionalmente com vista a fins. Ademais, a acção racional burocrática
é a coerência da relação de meios e fins visados. Assim, esse conceito considera a burocracia
como dominação, sendo cada vez mais próxima dos fenômenos necessários tradicionalmente
nas organizações públicas, ou seja, está presente em todos os segmentos da sociedade, actuando
como sistema predominante nas organizações actuais.
Adicionalmente, a burocracia é uma tentativa de organizar as atividades humanas por critérios
puramente racionais e seculares que permitam o exercício da autoridade sobre as pessoas e os
factos, dentro de uma área determinada em que tais actividades se desenvolvem (De Bonis,
2020).

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A associação dominante é eleita ou nomeada, e ela própria e todas as suas partes são empresas.
Designa-se como serviço uma empresa ou parte dela, heterónoma e heterocéfala. Obedece-se
não a pessoa em virtude de seu direito próprio, mas a regra estatuída, que estabelece ao mesmo
tempo a quem e em que medida se deve obedecer. Também quem ordena obedece, ao emitir
uma ordem, a uma regra: à lei ou a norma formalmente abstrata (Weber, 1999, p. 128).
A burocracia é a organização típica da sociedade moderna democrática e das grandes empresas
e existe na moderna estrutura do estado, nas organizações não estatais e nas grandes empresas.
Uma organização política compulsória com operação contínua será chamada de 'estado' na
medida em que seu órgão administrativo sustentar satisfatoriamente a alegação do monopólio
da legitimidade do uso da força física para proteger sua ordem.

2.2. Poder e a Política diante da dominação burocrática


Para Loureiro (2010), poder e a política, bem como a força e a violência permeiam a realidade
social. O aparato burocrático e sua racionalidade formate são os arrimos do Estado Moderno e,
também, o acesso aos direitos constitucionais por parte da população.
Contudo, a racionalidade instrumental, talvez, o principal fermento das sociedades modernas,
é a responsável pelo florescimento de instrumentos políticos, pela organização técnica e
administrativa das sociedades modernas e contemporâneas.
O entendimento e a percepção sócio histórica de Weber (1999) com relação as ações sociais
organizadas e executadas no ambiente público demonstrava com clareza a racionalidade contida
em todos os seus aspectos constituidores. A burocracia inerente a dominação legal racional é o
sistema organizacional que traz indiscutível autoridade, quando comparada a formas e sistemas
de gestão anteriores.
Para Ferreira (2021), o princípio norteador é a impessoalidade associada a processos analíticos,
que quando bem utilizados, serviam de catapultas para atingir, com eficácia, os fins pretendidos.
Portanto, o corolário da superioridade da administração. Há que se considerar que a dominação
legal-racional quando colocada frente a frente com as outras duas, aparenta-se mais eficaz e
moderna, em função de seu corpo administrativo profissional, respaldado pela legislação
vigente, e por estatutos oriundos de regras administrativas advindas das demandas sociais.
O funcionário insere-se num determinado local, interagindo com determinados indivíduos,
situações e ordens, nas quais a dominação é um dos recursos ao qual esse personagem é
submetido. Assim sendo, a dominação legal reside na ideia básica de que qualquer direito pode
ser criado e modificado mediante um estatuto sancionado corretamente quanto à forma.

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A relação presente nessa dominação é composta pelo dominante, que é eleito ou nomeado e
ocupa os cargos mais altos, e pelo dominado, que obedece ao dominante segundo regras, leis,
regulamentos estatuídos (Costa, 2016, p.32). É de suma importância, para a permanência da
submissão dos dominados e para execução das ordenações sem interrupções, a existência de
um quadro administrativo, o qual é composto pelo funcionário na dominação legal.
A estrutura moderna do Estado corresponde à dominação legal, sendo composta pelo sistema
burocrático - identificado como seu tipo puro - e pela relação de domínio numa empresa
capitalista privada ou numa organização qualquer que disponha de um quadro administrativo
numeroso e hierarquicamente organizado. Tal sistema ou empresa não é autônomo e nem
autocéfalo, isto é, os regulamentos e os órgãos executivos não são definidos apenas de forma
interna nessas empresas ou no sistema, mas sim definidos pela participação em associações
mais amplas. Onde qualquer direito pode ser criado e modificado através de um estatuto
sancionado correctamente), tendo a “burocracia” como sendo o tipo mais puro desta dominação.

2.2.1. Os princípios fundamentais da burocracia


✓ Hierarquia Funcional,
✓ Administração baseada em Documentos,
✓ Demanda pela Aprendizagem Profissional,
✓ Atribuições são oficializadas e
✓ Exigência de todo o Rendimento do Profissional.
Assim, as organizações burocráticas apresentam três características que as distinguem dos
grupos informais ou primários: formalidade, impessoalidade e profissionalismo. A obediência
se presta não à pessoa, em virtude de direito próprio, mas à regra, que se conhece competente
para designar a quem e em que extensão se há de obedecer (Matias-Pereira, 2012).
Weber classifica este tipo de dominação como sendo estável, uma vez que é baseada em normas
que, como foi dito anteriormente, são criadas e modificadas através de um estatuto sancionado
corretamente. Ou seja, o poder de autoridade é legalmente assegurado. A competência de algum
corpo deve estar fundada sobre regras estatuídas e o exercício do direito de domínio deve ser
congruente com o tipo de administração legal para ser taxado de dominação legal.

2.2.2. Burocracia e a politica na Administração Pública


De acordo com Matias-Pereira (2012), burocracia, num sentido amplo, pode ser definida como
um sistema de controle social baseado na racionalidade - adequação dos meios para se alcançar
os fins, tendo como referência a eficiência para alcançar os resultados esperados.

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Weber (1864-1920), considerado um dos fundadores da Sociologia, foi o responsável pelos
estudos seminais sobre o tema. Sua obra inspirou uma diversidade de pesquisadores de diversas
áreas de conhecimento e diferentes correntes epistemológicas. Portanto, o enorme alcance e a
complexidade das análises de Weber deram margem a entendimentos diversos sobre o tema.
Estado é “um órgão de dominação de classe, criado pela classe dominante”, um “instrumento
para a exploração da classe oprimida”, uma “especial força repressiva”, sendo a burocracia e o
exército permanente “as duas instituições mais características dessa máquina do Estado”.
Matias-Pereira,( 2014), argumenta que as relações entre política e burocracia e suas implicações
têm sido objeto de reflexão e análise de teóricos da ciência política e da administração pública
desde o século XIX. Assim sendo, a política e administração são funções heterogêneas, que não
podem ser combinadas na estrutura da administração “sem produzir ineficiência”. Portanto,
cabe ao burocrata: o cumprimento de tarefas a partir do conhecimento técnico especializado e
segundo regras objectivas e impessoais, e por conseguinte, o não envolvimento com partidos
ou líderes políticos e a actuação como conselheiro desinteressado e imparcial.
“O Estado moderno é uma associação compulsória que organiza a dominação. Tem tido sucesso
na busca de monopolizar o uso legítimo da força física como meio de dominação num território.
Para esse fim o Estado ajustou os meios materiais de organização às mãos de seus líderes, e
isso extraditou todos os funcionários autônomos dos estamentos, que antes controlavam esses
meios, como prerrogativa própria. O Estado tomou suas posições e hoje está na posição mais
alta” (Bergue, 2011, p.49).
Qualquer sociedade, organização ou grupo que se baseie em leis racionais é uma burocracia,
segundo Weber. De acordo com o autor, as organizações formais modernas baseiam-se em leis
que as pessoas aceitam por acreditarem que são racionais, ou seja, definidas em função do
interesse das próprias pessoas e não para satisfazer aos caprichos arbitrários de dirigentes.
Todavia, os indivíduos que integram as organizações modernas aceitam que algumas pessoas
representam a autoridade da lei, uma vez que a autoridade é a contrapartida da responsabilidade
que têm essas pessoas de zelar pelo cumprimento da lei.

2.3. O sistema burocrático e o funcionário público


De Bonis (2020), argumentou que os pressupostos sociais e econômicos do moderno sistema
burocrático dependem de três elementos, a saber: do desenvolvimento da economia monetária,
de uma renda constante para sua manutenção e de um sistema estável de tributação.

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Então, a burocracia é vista como aquilo que é regido por um princípio de áreas de jurisdição
fixas e oficiais, ordenadas por normas administrativas ou por leis, que se desenvolve em
comunidades políticas, eclesiásticas e na economia privada.
A dimensão conceitual de burocracia que possui maior repercussão é a proposição clássica de
Weber, concebendo a burocracia como uma forma de dominação racional-legal. Vale salientar,
que ele considera a burocracia como o padrão mais eficiente da administração. A “autoridade”
burocrática e a “administração” burocrática ocorrem, respectivamente, nos governos públicos
e legais e nos domínios econômicos privados, e são constituídas por atividades necessárias aos
objetivos da estrutura burocrática. Por isso, devem ser distribuídas de forma fixa com encargos
oficiais, por autoridades de ordem e por medidas metódicas que regulem a execução destes
segundo normas pré-estabelecidas.
De acordo com Ferreira (2021), a hierarquização dos postos e dos níveis de autoridade fornece
à burocracia o caráter de um sistema firmemente ordenado de mando e subordinação, no qual
as autoridades superiores supervisionam os postos inferiores e auxiliam na tomada de decisões
das autoridades inferiores, de forma regulada.
A autoridade burocrática é necessariamente legal e por isso exige a formulação de normas que
orientam e disciplinam não só a definição e o processamento das atividades da organização,
através de leis, decretos. De regra, também essas relações e papéis são definidos e disciplinados
por meio de regulamentos oficiais.
Conforme Bergue (2011), administração burocrática requer e pressupõe de seus funcionários,
empregados e diretores modernos a realização de um treinamento especializado e rígido e a
elaboração de exames especiais, que na maioria das vezes são pré-requisitos para a ocupação
de algum cargo administrativo, sendo este regulamentado por documentos escritos.
Burocracia, como estrutura permanente regulada por regras racionais, ajusta-se ao capitalismo,
pois permite a calculabilidade e a previsibilidade, qualidades essenciais para aquele modo de
produção. (Weber, 1999, p.250). Portanto, o funcionamento burocrático das organizações pode
apresentar algumas características indesejáveis que, muitas vezes, sustentam a conotação
pejorativa do termo. Nesse caso, a organização tende a se transformar em um fim em si mesmo
e o funcionário se inclina ao carreirismo (deixar de servir à organização e passar a servir-se
dela) e ao corporativismo.
Segundo Weber (1999), o trabalho burocrático assalariado é mais preciso e, frequentemente,
mais barato do que qualquer outra espécie de trabalho. Desta forma, a ocupação de um cargo

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administrativo é uma profissão, nos quais os mais altos são ocupados pelos governantes, cujos
encargos e o nível de suas autoridades não são aspectos delimitados com precisão.
A actividade oficial do funcionário exige a plena capacidade de trabalho no período de tempo
delimitado de permanência em uma repartição, a qual é constituída por um quadro de
funcionários que ocupa um cargo público, juntamente com seus documentos e expedientes; e
que, no setor privado, é denominada de escritório.
De acordo com Weber (1999), a burocracia segrega a actividade oficial como algo discrepante
do ambiente da vida privada, como, por exemplo, no âmbito da economia privada, o escritório
executivo localiza-se separado fisicamente da residência do empregado ou do diretor, a
correspondência comercial e os bens da empresa são distintos da correspondência pessoal e da
fortuna privada.

2.3.1. Burocracia e as possíveis consequências no cenário político-económico


No mecanismo burocrático, a natureza técnica e científica da legitimidade de sua autoridade
funda-se no recrutamento e na ascensão de funcionários públicos através de critérios
universalistas de competência técnica. outrossim, os funcionários públicos são selecionados
para serem admitidos e promovidos em cargos através do seu grau de competência numa área
do conhecimento, a qual é mensurada via exames, concursos, testes e títulos adquiridos ao longo
de sua formação acadêmica.
Esse sistema de gestão, que confere importância ao mérito e aos valores vinculados à educação,
à moral e a uma aptidão específica numa determinada atividade, é denominado de meritocracia.
Dessa forma, organizações e administrações públicas que aderem a esse sistema não enfatizam
diferenças existentes como classe social, riqueza, renda, etnia ou sexo, rompendo radicalmente
com os critérios particularistas e clientelistas, com qualquer forma de privilégio hereditário,
trajetórias e biografias sociais.
De acordo com De Bonis, D.F. (2020), base da legitimidade do sistema democrático-liberal está
na existência de um sistema jurídico formal, que regula o comportamento do Estado, cujo
princípio básico é o tratamento de todos os cidadãos como iguais perante a lei. A expressão
concreta desse princípio somente foi possível através da criação da burocracia racional-legal
que, por definição, é cega para os critérios de recrutamento e ascensão funcional de caráter não-
meritocrático.

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3.0 Conclusão
Conclui-se que a dominação legal é a melhor forma que se expressa à burocracia. Isto porque,
o Estado é composto por um quadro administrativo racional e burocrático de funcionários que
estão sujeitos às regras técnicas e normas das organizações. Assim, está firmado numa acção
societária, que é orientada no sentido de um ajustamento de interesses racionalmente motivado.
Tal classe social pertence a uma sociedade cuja dominação reside na probabilidade estável de
encontrar obediência a um determinado mandato, sendo esta de caráter legal-racional. Mas, a
estrutura moderna do Estado corresponde à dominação legal e é composta pelo mecanismo
burocrático, definido por Weber como um sistema regido por um princípio de áreas de
jurisdição fixas e oficiais, ordenado por normas administrativas ou por leis, que se desenvolve
em comunidades políticas, eclesiásticas e na economia privada. Entretanto, o poder não é mais
do que o excesso de poderio de um homem sobre outro homem. A manipulação da dependência
que mantém os homens sob o controlo de um poder político impedindo de desenvolvimento do
seu poderio é levada ao extremo pelas tiranas, isto é, ter possibilidade influência ou força. Os
conceitos de dominação e autoridade estão intimamente ligados ao poder. A dominação produz
e alimenta-se numa submissão imediata e pré-reflexiva dos corpos socializados Existem 4 tipos
de dominação que são: dominação tradicional carismática, legal, racional ou burocrática.

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4.0 Referências Bibliográficas
Bergue, S.T. (2011). Modelos de Gestão em Organizações Públicas - Teorias e tecnologias par
análise e transformação organizacional. Caxias do Sul, RS: Educs

Costa, C. (2016). Sociologia alemã: a contribuição de Max Weber, (2ª edição). São Paulo:
Moderna, (pp. 70-77).

De Bonis, D.F. (2020). Nem político, nem burocrata, o debate sobre o dirigente público. Rio
de Janeiro: Editora FGV, 2010.

Ferreira, D. (2021). Manual de sociologia: dos clássicos à sociedade da Informação. São Paulo:
Atlas.

Loureiro, A.P. (2010). Burocracia e Política - Desafios para a ordem democrática. Rio de
Janeiro: Editora FGV

Matias-Pereira. J. (2012). Manual de Gestão Pública Contemporânea, (4ª edição). São Paulo:
Atlas.

Weber, M. (1999). Os três tipos de dominação legítima. In: Cohn, G. Weber. Sociologia. 7ª ed.
São Paulo: Editora Ática. pp. 128-141.

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