História Das Instituições Políticas III
História Das Instituições Políticas III
História Das Instituições Políticas III
Código: 708212472
1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
✓ Analisar a essência da dominação Legal, Racional ou Burocrática.
1.1.2. Específicos
✓ Definir a dominação Legal, Racional ou Burocrática;
✓ Aferir a relação entre Poder e a Política diante da dominação burocrática;
✓ Discutir em torno do sistema burocrático na politica na Administração Pública.
1.2. Metodologias do trabalho
Bom, a pesquisa bibliográfica, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema
estudado, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias,
teses, materiais cartográficos, etc. Portanto, na efectivação desse trabalho utilizou-se a pesquisa
bibliográfica.
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2.0 Dominação
Para Costa (2016), é a probabilidade de encontrar obediência para ordens específicas dentro de
um grupo de pessoas, esclarecendo que um mínimo de vontade ou interesse na obediência faz
parte de toda relação autêntica de dominação.
Em outras palavras, apesar de a dominação “depender somente da presença real de uma pessoa
dando ordens aos outros com sucesso”, isso é muito difícil de encontrar fora de organizações
governantes, que quase sempre implicam a existência de um órgão administrativo.
“Uma organização que possui um órgão administrativo é sempre, em algum grau, baseada na
dominação. Mas o conceito é relativo. Em geral, uma organização que governa eficientemente
é também uma organização administrativa”.
A ideia básica fundamenta-se no facto de que as leis podem ser promulgadas e regulamentadas
livremente por procedimentos formais e correctos. O conjunto governante é eleito e exerce o
comando de autoridade sobre seus comandos, seguindo certas normas e leis. A legitimidade do
poder racional e legal se baseia em normas legais racionalmente definidas.
A dominação não é apenas política, mas se estende a outras esferas da vida social. Entre as
sociedades ou mesmo dentro de uma existe a ideia de desigualdade social.
O dominado não pode deixar de concordar com o dominante quando só dispõe de instrumentos
de conhecimento que tem em comum entre ambos e que não são mais do que a forma
incorporada de dominação (Ibidem, p. 146)
De acordo a citação supracitada é de referir que a dominação em muitos casos é que origina a
desigualdade social visto que os indivíduos que tem domínio geralmente encontram-se nas
classes dominantes, gerando assim a desigualdade social.
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legitimidade: tradicional, carismática e burocrática. Porém, no decorrer do presente trabalho
iremos mais aprofundar em torno da dominação burocrática.
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A associação dominante é eleita ou nomeada, e ela própria e todas as suas partes são empresas.
Designa-se como serviço uma empresa ou parte dela, heterónoma e heterocéfala. Obedece-se
não a pessoa em virtude de seu direito próprio, mas a regra estatuída, que estabelece ao mesmo
tempo a quem e em que medida se deve obedecer. Também quem ordena obedece, ao emitir
uma ordem, a uma regra: à lei ou a norma formalmente abstrata (Weber, 1999, p. 128).
A burocracia é a organização típica da sociedade moderna democrática e das grandes empresas
e existe na moderna estrutura do estado, nas organizações não estatais e nas grandes empresas.
Uma organização política compulsória com operação contínua será chamada de 'estado' na
medida em que seu órgão administrativo sustentar satisfatoriamente a alegação do monopólio
da legitimidade do uso da força física para proteger sua ordem.
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A relação presente nessa dominação é composta pelo dominante, que é eleito ou nomeado e
ocupa os cargos mais altos, e pelo dominado, que obedece ao dominante segundo regras, leis,
regulamentos estatuídos (Costa, 2016, p.32). É de suma importância, para a permanência da
submissão dos dominados e para execução das ordenações sem interrupções, a existência de
um quadro administrativo, o qual é composto pelo funcionário na dominação legal.
A estrutura moderna do Estado corresponde à dominação legal, sendo composta pelo sistema
burocrático - identificado como seu tipo puro - e pela relação de domínio numa empresa
capitalista privada ou numa organização qualquer que disponha de um quadro administrativo
numeroso e hierarquicamente organizado. Tal sistema ou empresa não é autônomo e nem
autocéfalo, isto é, os regulamentos e os órgãos executivos não são definidos apenas de forma
interna nessas empresas ou no sistema, mas sim definidos pela participação em associações
mais amplas. Onde qualquer direito pode ser criado e modificado através de um estatuto
sancionado correctamente), tendo a “burocracia” como sendo o tipo mais puro desta dominação.
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Weber (1864-1920), considerado um dos fundadores da Sociologia, foi o responsável pelos
estudos seminais sobre o tema. Sua obra inspirou uma diversidade de pesquisadores de diversas
áreas de conhecimento e diferentes correntes epistemológicas. Portanto, o enorme alcance e a
complexidade das análises de Weber deram margem a entendimentos diversos sobre o tema.
Estado é “um órgão de dominação de classe, criado pela classe dominante”, um “instrumento
para a exploração da classe oprimida”, uma “especial força repressiva”, sendo a burocracia e o
exército permanente “as duas instituições mais características dessa máquina do Estado”.
Matias-Pereira,( 2014), argumenta que as relações entre política e burocracia e suas implicações
têm sido objeto de reflexão e análise de teóricos da ciência política e da administração pública
desde o século XIX. Assim sendo, a política e administração são funções heterogêneas, que não
podem ser combinadas na estrutura da administração “sem produzir ineficiência”. Portanto,
cabe ao burocrata: o cumprimento de tarefas a partir do conhecimento técnico especializado e
segundo regras objectivas e impessoais, e por conseguinte, o não envolvimento com partidos
ou líderes políticos e a actuação como conselheiro desinteressado e imparcial.
“O Estado moderno é uma associação compulsória que organiza a dominação. Tem tido sucesso
na busca de monopolizar o uso legítimo da força física como meio de dominação num território.
Para esse fim o Estado ajustou os meios materiais de organização às mãos de seus líderes, e
isso extraditou todos os funcionários autônomos dos estamentos, que antes controlavam esses
meios, como prerrogativa própria. O Estado tomou suas posições e hoje está na posição mais
alta” (Bergue, 2011, p.49).
Qualquer sociedade, organização ou grupo que se baseie em leis racionais é uma burocracia,
segundo Weber. De acordo com o autor, as organizações formais modernas baseiam-se em leis
que as pessoas aceitam por acreditarem que são racionais, ou seja, definidas em função do
interesse das próprias pessoas e não para satisfazer aos caprichos arbitrários de dirigentes.
Todavia, os indivíduos que integram as organizações modernas aceitam que algumas pessoas
representam a autoridade da lei, uma vez que a autoridade é a contrapartida da responsabilidade
que têm essas pessoas de zelar pelo cumprimento da lei.
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Então, a burocracia é vista como aquilo que é regido por um princípio de áreas de jurisdição
fixas e oficiais, ordenadas por normas administrativas ou por leis, que se desenvolve em
comunidades políticas, eclesiásticas e na economia privada.
A dimensão conceitual de burocracia que possui maior repercussão é a proposição clássica de
Weber, concebendo a burocracia como uma forma de dominação racional-legal. Vale salientar,
que ele considera a burocracia como o padrão mais eficiente da administração. A “autoridade”
burocrática e a “administração” burocrática ocorrem, respectivamente, nos governos públicos
e legais e nos domínios econômicos privados, e são constituídas por atividades necessárias aos
objetivos da estrutura burocrática. Por isso, devem ser distribuídas de forma fixa com encargos
oficiais, por autoridades de ordem e por medidas metódicas que regulem a execução destes
segundo normas pré-estabelecidas.
De acordo com Ferreira (2021), a hierarquização dos postos e dos níveis de autoridade fornece
à burocracia o caráter de um sistema firmemente ordenado de mando e subordinação, no qual
as autoridades superiores supervisionam os postos inferiores e auxiliam na tomada de decisões
das autoridades inferiores, de forma regulada.
A autoridade burocrática é necessariamente legal e por isso exige a formulação de normas que
orientam e disciplinam não só a definição e o processamento das atividades da organização,
através de leis, decretos. De regra, também essas relações e papéis são definidos e disciplinados
por meio de regulamentos oficiais.
Conforme Bergue (2011), administração burocrática requer e pressupõe de seus funcionários,
empregados e diretores modernos a realização de um treinamento especializado e rígido e a
elaboração de exames especiais, que na maioria das vezes são pré-requisitos para a ocupação
de algum cargo administrativo, sendo este regulamentado por documentos escritos.
Burocracia, como estrutura permanente regulada por regras racionais, ajusta-se ao capitalismo,
pois permite a calculabilidade e a previsibilidade, qualidades essenciais para aquele modo de
produção. (Weber, 1999, p.250). Portanto, o funcionamento burocrático das organizações pode
apresentar algumas características indesejáveis que, muitas vezes, sustentam a conotação
pejorativa do termo. Nesse caso, a organização tende a se transformar em um fim em si mesmo
e o funcionário se inclina ao carreirismo (deixar de servir à organização e passar a servir-se
dela) e ao corporativismo.
Segundo Weber (1999), o trabalho burocrático assalariado é mais preciso e, frequentemente,
mais barato do que qualquer outra espécie de trabalho. Desta forma, a ocupação de um cargo
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administrativo é uma profissão, nos quais os mais altos são ocupados pelos governantes, cujos
encargos e o nível de suas autoridades não são aspectos delimitados com precisão.
A actividade oficial do funcionário exige a plena capacidade de trabalho no período de tempo
delimitado de permanência em uma repartição, a qual é constituída por um quadro de
funcionários que ocupa um cargo público, juntamente com seus documentos e expedientes; e
que, no setor privado, é denominada de escritório.
De acordo com Weber (1999), a burocracia segrega a actividade oficial como algo discrepante
do ambiente da vida privada, como, por exemplo, no âmbito da economia privada, o escritório
executivo localiza-se separado fisicamente da residência do empregado ou do diretor, a
correspondência comercial e os bens da empresa são distintos da correspondência pessoal e da
fortuna privada.
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3.0 Conclusão
Conclui-se que a dominação legal é a melhor forma que se expressa à burocracia. Isto porque,
o Estado é composto por um quadro administrativo racional e burocrático de funcionários que
estão sujeitos às regras técnicas e normas das organizações. Assim, está firmado numa acção
societária, que é orientada no sentido de um ajustamento de interesses racionalmente motivado.
Tal classe social pertence a uma sociedade cuja dominação reside na probabilidade estável de
encontrar obediência a um determinado mandato, sendo esta de caráter legal-racional. Mas, a
estrutura moderna do Estado corresponde à dominação legal e é composta pelo mecanismo
burocrático, definido por Weber como um sistema regido por um princípio de áreas de
jurisdição fixas e oficiais, ordenado por normas administrativas ou por leis, que se desenvolve
em comunidades políticas, eclesiásticas e na economia privada. Entretanto, o poder não é mais
do que o excesso de poderio de um homem sobre outro homem. A manipulação da dependência
que mantém os homens sob o controlo de um poder político impedindo de desenvolvimento do
seu poderio é levada ao extremo pelas tiranas, isto é, ter possibilidade influência ou força. Os
conceitos de dominação e autoridade estão intimamente ligados ao poder. A dominação produz
e alimenta-se numa submissão imediata e pré-reflexiva dos corpos socializados Existem 4 tipos
de dominação que são: dominação tradicional carismática, legal, racional ou burocrática.
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4.0 Referências Bibliográficas
Bergue, S.T. (2011). Modelos de Gestão em Organizações Públicas - Teorias e tecnologias par
análise e transformação organizacional. Caxias do Sul, RS: Educs
Costa, C. (2016). Sociologia alemã: a contribuição de Max Weber, (2ª edição). São Paulo:
Moderna, (pp. 70-77).
De Bonis, D.F. (2020). Nem político, nem burocrata, o debate sobre o dirigente público. Rio
de Janeiro: Editora FGV, 2010.
Ferreira, D. (2021). Manual de sociologia: dos clássicos à sociedade da Informação. São Paulo:
Atlas.
Loureiro, A.P. (2010). Burocracia e Política - Desafios para a ordem democrática. Rio de
Janeiro: Editora FGV
Matias-Pereira. J. (2012). Manual de Gestão Pública Contemporânea, (4ª edição). São Paulo:
Atlas.
Weber, M. (1999). Os três tipos de dominação legítima. In: Cohn, G. Weber. Sociologia. 7ª ed.
São Paulo: Editora Ática. pp. 128-141.
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