Lei No 10.216, de 6 de Abril de 2001 - Modo Leitor

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05/10/2024, 12:27 LEI No 10.

216, DE 6 DE ABRIL DE 2001 - Modo leitor

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LEI No 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001

Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras


de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em
saúde mental

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso


Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de


transtorno mental, de que trata esta Lei, são assegurados sem
qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo,
orientação sexual, religião, opção política, nacionalidade, idade,
família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo
de evolução de seu transtorno, ou qualquer outra.

Art. 2o Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer


natureza, a pessoa e seus familiares ou responsáveis serão
formalmente cientificados dos direitos enumerados no
parágrafo único deste artigo.

Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de


transtorno mental:

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I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde,


consentâneo às suas necessidades;

II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse


exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua
recuperação pela inserção na família, no trabalho e na
comunidade;

III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;

IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;

V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para


esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização
involuntária;

VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;

VII - receber o maior número de informações a respeito de sua


doença e de seu tratamento;

VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos


invasivos possíveis;

IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários


de saúde mental.

Art. 3o É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da


política de saúde mental, a assistência e a promoção de ações
de saúde aos portadores de transtornos mentais, com a devida
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participação da sociedade e da família, a qual será prestada


em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as
instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde
aos portadores de transtornos mentais.

Art. 4o A internação, em qualquer de suas modalidades, só


será indicada quando os recursos extra-hospitalares se
mostrarem insuficientes.

§ 1o O tratamento visará, como finalidade permanente, a


reinserção social do paciente em seu meio.

§ 2o O tratamento em regime de internação será estruturado


de forma a oferecer assistência integral à pessoa portadora de
transtornos mentais, incluindo serviços médicos, de
assistência social, psicológicos, ocupacionais, de lazer, e
outros.

§ 3o É vedada a internação de pacientes portadores de


transtornos mentais em instituições com características
asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos
mencionados no § 2o e que não assegurem aos pacientes os
direitos enumerados no parágrafo único do art. 2o.

Art. 5o O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual


se caracterize situação de grave dependência institucional,
decorrente de seu quadro clínico ou de ausência de suporte
social, será objeto de política específica de alta planejada e

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reabilitação psicossocial assistida, sob responsabilidade da


autoridade sanitária competente e supervisão de instância a
ser definida pelo Poder Executivo, assegurada a continuidade
do tratamento, quando necessário.

Art. 6o A internação psiquiátrica somente será realizada


mediante laudo médico circunstanciado que caracterize os
seus motivos.

Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de


internação psiquiátrica:

I - internação voluntária: aquela que se dá com o


consentimento do usuário;

II - internação involuntária: aquela que se dá sem o


consentimento do usuário e a pedido de terceiro; e

III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça.

Art. 7o A pessoa que solicita voluntariamente sua internação,


ou que a consente, deve assinar, no momento da admissão,
uma declaração de que optou por esse regime de tratamento.

Parágrafo único. O término da internação voluntária dar-se-á


por solicitação escrita do paciente ou por determinação do
médico assistente.

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Art. 8o A internação voluntária ou involuntária somente será


autorizada por médico devidamente registrado no Conselho
Regional de Medicina - CRM do Estado onde se localize o
estabelecimento.

§ 1o A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de


setenta e duas horas, ser comunicada ao Ministério Público
Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual
tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser
adotado quando da respectiva alta.

§ 2o O término da internação involuntária dar-se-á por


solicitação escrita do familiar, ou responsável legal, ou quando
estabelecido pelo especialista responsável pelo tratamento.

Art. 9o A internação compulsória é determinada, de acordo


com a legislação vigente, pelo juiz competente, que levará em
conta as condições de segurança do estabelecimento, quanto
à salvaguarda do paciente, dos demais internados e
funcionários.

Art. 10. Evasão, transferência, acidente, intercorrência clínica


grave e falecimento serão comunicados pela direção do
estabelecimento de saúde mental aos familiares, ou ao
representante legal do paciente, bem como à autoridade
sanitária responsável, no prazo máximo de vinte e quatro horas
da data da ocorrência.

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Art. 11. Pesquisas científicas para fins diagnósticos ou


terapêuticos não poderão ser realizadas sem o consentimento
expresso do paciente, ou de seu representante legal, e sem a
devida comunicação aos conselhos profissionais competentes
e ao Conselho Nacional de Saúde.

Art. 12. O Conselho Nacional de Saúde, no âmbito de sua


atuação, criará comissão nacional para acompanhar a
implementação desta Lei.

Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 6 de abril de 2001; 180o da Independência e 113o da


República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Jose Gregori

José Serra

Roberto Brant

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 9.4.2001

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