GRUPO 6 - Texto 1 - Avaliação Psicológica No Contexto Forense

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SATiSTA, M. Cempiiv d anbaga pMalugcn.

, 09

de 27
Psi Avaliação psicológica no contexto forense

Sonia Liane Reichert Rovinski


ao
A avaliação psicológica quando acontecee Em relação ao propósito dos pedidos de ava-
dentro do sistema de justiça pode ter diferentes liação psicológica, podem-se diferenciar dentro
O.
objetivos, considerando a diversidade das fun- do sistema de justiça dois grandes grupos de
coes dos protissionais que a executam. Esta ava- demandas. Por um lado, temos as solicitações
liação pode ser feita não só por psicólogos que que buscam responder a uma questão legal, com
C.
. atuam nos Tribunais de Justiça, como também foco na identificação e/ou responsabilização do
por aqueles que exercem sua prática em institui- agressor ou culpado (p. ex., em casos de denún-
ções de execução de penas ou de cumprimento cia de abuso sexual, definiçóes de guarda, desti
de medidas socioeducativas em Conselhos Tute- tuição do poder familiar ou acolhimento institu-
lares, em Centros de Referência Especializados cional), por outro lado, a avaliação com o objeti-
(Creas), em ONGs, entre outros. Ainda temos vo de orientar um serviço de atendimento ligado
os psicólogos que trabalham em consultório ao bem-estar da vítima, com vistas a levantar
particulare recebem solicitações, tanto do Ju- suas necessidades emocionais para serem tra-
diciário como de seus próprios pacientes, para balhadas em um acompanhamento psicossocial
realização de avaliações e emissão de laudos ou terapêutico, como nos casos de acolhimento
pareceres para instruírem processos judiciais ou acompanhamento psicoterápico de crianças
(Brito, 2011). e adolescentes em situações de violência. Ain-
Quando uma solicitação de avaliação psico- da que, muitas vezes, não se possam isolar estas
duas abordagens como totalmente independen-
lógica chega do sistema de justiça é fundamental
que o profissional, antes de iniciar seu trabalho, tes em suas práticas, deve-se diferenciar o ento-

analise com cuidado a demanda que lhe é enca- que clínico do forense, considerando a postura
minhada, quem são os agentes que a solicitam,
ética e a fundamentação teórica que sustentam
cada uma destas abordagens, evitando que am-
propósito de tal pedido (que nem sempre fica
explicitado no encaminhamento) e, principal-Das sejam realizadas, de forma simultânea, pelo
mesmo profissional.
mente, avalie o uso que estes agentes farão dos
dados que lhes serão apresentados. De acordo Quando a demanda está relacionada a uma
com o Conselho Federal de Psicologia, nas Re questão jurídica, a avaliação psicológica adqui-
ferências técnicas para atuação do psicólogo em re a função de prova legal e o laudo decorrente
Varas de Família (2010, p. 37), o problema "Não da avaliação terá por finalidade discutir questões
se trata, simplesmente, de perguntar como fazer psicológicas que se mostram relevantes à matéria
ou quais instrumentos deve utilizar, mas, antes legal. Nesse caso, a avaliação se caracteriza por
de tudo, para quê". ser uma perícia psicológica forense, diferencian-
312 Sonia Liane Reichert Rovinski

do-se das avaliações com fins de subsidiar aten- as normas estabelecidas quanto à
dimento às necessidades emocionais dos
sua
atividade
sujeitos, pericial tanto na
legislação legal quanto nas de
de foco essencialmente clínico. O
objetivo final terminações do seu órgão de classe. Nessa linha
da avaliação pericial forense é o de fornecer sub- de discussão, Parker e Grisso (2011) especificam
sídio para uma tomada de decisão legal, contri- conhecimentos e habilidades necessárias aos pro
buindo para um melhor exercício da justiça. fissionais que trabalham com este tipo de ava-
Essa vinculação da avaliação matéria
com a liação. Dentre habilidades descritas por eles,
as

legal pode trazer riscos para o exercício de uma entende-se ser da maior relevância a capacidade
boa prática profissional. A literatura na tradução dos pontos de interesse dos
agentes
a aponta
preocupação quanto ao caráter investigativojurídicos em relação às teorias, construtos e com-
que a avaliação psicológica possa tomar, afir portamentos que podem ser observados pelos
mando que esta última não pode ser reduzi- psicólogos e que teriam relevância legal para a
da a um simples ato de investigação, de modo questão jurídica em discussão. Os autores salien-
a perder em sua riqueza e especificidade na tam a importância do psicólogo em discriminar
npreensão daquele que é avaliado. Por esta que pode do que não pode ser deduzido para
questão autores chegam a propor que se evi- a questão legal, sempre informando às autori-
te o uso da expressão
"diagnóstico psicológico dades sobre o limite da ciência psicológica. Na
jurídico", para outro mais adequado que seria realização de um laudo ético é fundamental que
"diagnóstico ou trabalho psicológico no âmbito o profissional consiga traduzir seus achados em
jurídico", de maneira a evitar a falsa ideia de evidências legais, sempre respeitando os limites
que existiria um modelo diagnóstico exclusi da ciência. E de responsabilidade do profis-
vo para o uso no contexto judicial. Da mesma sional que o documento entregue seja inteligível
forma, esses autores salientam a inexistência aos leitores leigos, no deixando margem para
de procedimentos rígidos para a realização das interpretações que extrapolem o limite do que
avaliações neste tipo de contexto, podendo va- seus dados podem afirmar.
riar de acordo com o caso e as demandas dele
decorrentes (Brito, 2011; Miranda Jr., 2010)
Entendendo a lógica dos
O importante para o psicólogo que se inicia
procedimentos periciais
no trabalho é desenvolver habilidades que Ihe
permitam transitar nessa intersecção da Psicolo- A prática do psicólogo como perito foren-
gia com o Direito, atendendo as demandas que se está sustentada na legislação legal que trata
lhe são ofertadas, sem prejuízo ao exercício ético do sistema de justiça e nas determinaçôes éticas
da profissão. Conforme discutido por Rovinski emitidas pelo seu órgão de classe, o Conselho
(2013), o psicólogo que for atuar neste marco Federal de Psicologia. Na área legal, as atribui-
teórico deve possuir conhecimento não apenas gões do perito são definidas de forma genérica,
da área psicológica que está investigando, mas tanto pelo Código de Processo Civil como pelo

também do sistema jurídico em que vai operar. Código de Processo Penal, que não discriminam
Deve conhecer as jurisdições e as especificidades das áreas profissionais
legislação vigentes
relacionadas ao seu objeto de estudo, bem como
daque
les que realizam a perícia. Essa falta de especifi
27 Avallação psicologica no contexto forense Seção 3 313

tividade cidade da matéria acaba resultando em algumas confere aos litigantes (autor, réu), em processo
nas de incompatibilidades com a prática da profissão judicial ou administrativo, o direito de se mani-
sa linha do psicólogo, principalmente no que se rete festar sobre as provas e de contraditá-las, com
cificam à relação entre peritos e assistentes técnicos. o objetivo de convencer o juiz da verdade que
Os pro- Neste caso, deve o psicólogo buscar a resolução as partes conseguem trazer aos autos chamada
de ava- 08/2010, que "Dispõe sobre a atuação do psicó- de verdade formal, que nem sempre corres-
or eles assistente técnico no Poder ponde à verdade material. Assim, uma vez inse-
logo como perito e

cidade Judiciário", bem como o Código de Etica Pro- rido o laudo pericial no processo, este passa a ser
gentes fissional do Psicólogo (2005) para orientar sua analisado pelas partes, podendo ser contestado
e com- prática profissional. Matéria que não será discu- através de quesitos e pareceres sobre as questôes
pelos tida neste capítulo por extrapolar seus objetivos. controversas. Cabe ao perito não só realizar um
para a Na área judicial, a perícia é considerada laudo fundamentado em estudos técnicos espe-
salien- como um meio de prova produzida por um es-
cializados na literatura científica, como esclare-
minar pecialista na matéria. O conceito jurídico de pe
cer posteriormente as divergências que poderão
para vir a serem apontadas. O debate entre peritos
ricia fica definido como "exame de situações ou e assistentes técnicos deve se manter dentro da
utori- fatos relacionados a coisas e pessoas, praticado
. Na por especialista na matéria que lhe é submetida, ética profissional, oferecendo subsídios para que
I que com o objetivo de elucidar determinados aspec- o juiz elabore seu convencimento e julgue de for-
S em
tos técnicos" (Brandimiller, 1996, p. 25). A perí ma adequada a matéria legal (Silva, 2012).
nites
cia não tem a pretensão de ser a verdade dos fa-
ofis- tos, mas uma visão técnica do problema; assim, Caracteristicas da avaliação pericial
givel está sujeita a uma análise minuciosa por parte forense
para daqueles que estão envolvidos no litígio, pelos
que agentes jurídicos e, inclusive, por outros psicó- Para Tavares (2012), avaliaço psicológica
a

logos que ingressam na dinâmica processual no não pode ser reduzida a uma simples interação
papel de assistentes técnicos das partes litigan entre as características do sujeito (visão parcial
tes. A perícia necessita sempre de uma requisição do sujeito) e características técnicas dos procedi-
formal por autoridade competente, isto é, para mentos empregados (visão parcial da técnica). O
que tenha valor de prova técnica precisa ser re- reducionismo implicaria a exclusão de outrosfa
en- quisitada por delegado ou promotor de Justiça tores advindos da complexidade da tarefa, como
ata na fase pré-processual ou investigativa, e por juiz aqueles do contexto de encaminhamento ou da
cas na fase processual propriamente dita (Rovinski, subjetividade do avaliado e do avaliador. Os di-
ho 2013; Silva, 2012). terentes tatores de influëncia precisam ser consi
derados desde o planejamento dos procedimen-
Para os psicólogos iniciantes, é importante
a, tos de avaliação até a interpretação dos dados.
Compreender a dinâmica processual na qual será
lo inserida sua avaliação pericial. No Brasil, todo No contexto forense, a demanda , sem dú-
m
processo contencioso deve respeitar o princí- vida, o primeiro e o mais importante fator de
pio do contraditório, definido no art. 5°, LV, da influência a ser considerado. Diferente da avalia-
Constituição Federal de 1988 (CE, 1988), que ção no contexto clínico, a avaliação forense tem
314 Sonia Liane Reichert Rovinski

psicológica. Para o autor, os profissionais costu


por foco contribuir para a elucidação de uma

desafios mam cometer trës tipos de erros: por 1gnorância


questão legal. Dessa forma, traz psi- ao
ou irrelevância (quando as conclusões são justifi
cólogo acostumado à abordagem terapêutica na
foco das necessidades cadas por um critério legal errado), por intromis
medida em que desloca o

do cliente para outros de repercussão jurídica. são na matéria legal (quando o protissional bus.
Ainda que o estado mental do sujeito seja sem- ca reformular construtos jurídicos impondo suas
pre a matéria de interesse da avaliação em ambos teorias psicológicas), e por insuficiência ou in
os contextos, na área forense deve ultrapassaro credibilidadc das informações prestadas (quando
diagnósticoea compreensão do mundo interno não há evidências suficientes às suas conclusões).
Nessa questão das inferências, o Conselho Fede
para dirigir-se a eventos que são definidos de for-
ma mais restrita ou a interações de natureza não ral de Psicologia, através da Resolução 08/2010,
clínica, decorrentes da demanda judicial (Rovins- adverte que o psicólogo não deve adentrar nas
decisões legais, que são exclusivas às atribuições
ki, 2013). Por exemplo, em um processo de des-
tiruição do poder familiar, cuja perícia se dirige dos magistrados.
às condições de maternagem de uma mae em re- Uma segunda área de diferenciação da avalia-
lação a seu filho, é necessário que se avaliem suas
ção pericial forense em relação à clínica diz res-
condições emocionais, mas, de forma diferente de relação estabelece entre
peito ao tipo que se
do contexto clínico, exige-se que estes achados o avaliador e o avaliado. No contexto forense,
sejam discutidos em relação aos construtos legais o avaliado chega por um encaminhamento feito
a que se encontram relacionados e ao contexto
por autoridade competente, não sendo uma
uma
de vida em que esta maternagem é exercida.
procura voluntária de sua parte. Seu interesse
Apesar de os métodos utilizados em ambas restringe-se a obter dados que satisfaçam seus
as avaliações serem os mesmos (ex.: entrevistas e interesses processuais. Em função desse caráter
testes), o resultado final da avaliação pericial terá coercitivo e do potencial dano ou ganho causa
um alcance que ultrapassa o diagnóstico acurado do pela avaliação, surgirão problemas no nível
de uma condição emocional, para servir de base de cooperação e da veracidade das alegações no
a decisões que podem definir a liberdade de processo de avaliação (Machado & Abrunhosa
uma pessoa ou o bem-estar da sociedade (Huss, Gonçalves, 2011). Os autores comentam que a
2011). A identificação de estados psicopatológi- resistência consciente e a mentira são fenôme-
cos só será de interesse se apresentar repercus nos frequentes nesse tipo de avaliação, mas que
sões quanto à demanda legal que lhe deu origem, não devem ser alvo de valoração moral. O im
diferenciando-se do contexto clínico, quando se portante é o psicólogo compreender que esses
converte no eixo central de intervenção (Eche fenômenos perpassam por todas as avaliações
burúa, Muñoz, &« Loinaz, 2011). do contexto forense e necessitam ser ultrapas-
Para Grisso (2003), as principais eríticas fei- sados por estratégias específicas, desenvolvidas
tas aos laudos de perícia psicológica dizem
res para minimizar problema. Cabe ao avaliador
o

peito a esta passagem dos dados clínicos para in- Ocupar um espaço mais ativo, podendo ser mais
ferências em relação à questão legal, quando não incisivo na busca de informações e no enfrenta;
seriam respeitados os limites éticos da avaliação mento de contradições e inconsistências.
27 Avaliação psicológica no contexto forense
Seção 3 315

Ostu Outro aspecto a ser considerado é a artificia- o processo que irá submeter. Por isso, é de
se

idade da avaliação na medida em que o perito fundamental importância que se esclareçam os


ancia
Stifi etá que inferir sobre as condutas do periciado objetivos do trabalho desde o início da avalia-
setting avalia- ção, de forma a motivá-lo a participar mais co-
mis em contextos que extrapolam o
laborativamente dentro de uma perspectiva real
bus rivo. E importante que se obtenha uma história
da avaliação. Para Machado e Abrunhosa Gon
Suas devida bastante detalhada do avaliado, para que
çalves (2011), é necessário que o perito avalie
sepossam relacionar os achados (principalmente sempre a motivação do periciado em relaçáão ao
ndo aqueles de testagem psicológica) com seus com-

bes). portamentos manifestos vida real. A falta de


na processo judicial, descrevendo seu nível de parti-
ede uma validade ecológica dos achados pode ainda cipação em relação aos demais achados do laudo
pericial entregue à autoridade que o solicitou,
10, Se tornar mais significativa em função do viés
nas cultural que separa avaliado do avaliador. Quan- explicitando se o nível de colaboração pode ter
trazido riscos à validade dos dados colhidos.
ões do há diferenças socioeconômicas e culurais im-
portantes, é essencial que psicólogo fique aten-
o Considerando a necessidade de uma maior
to à sua formulação de juízos de valor implícitos segurança aos dados informados aos agentes ju-
lia
es em relação aos seus periciados. E fundamental rídicos e os constantes riscos à veracidade das
que os instrumentos utilizados no processo ava informaçes, é importante que a metodologia
tre
liativo estejam ajustados às características da po- utilizada no processo avaliativo não se restrin
ise,
ito pulação que seu avaliado corresponde (Macha- ja ao discurso do avaliado, mas inclua todas as

ma do& Abrunhosa Gonçalves, 2011). fontes que se fizerem necessárias para a com-
Da mesma forma como o psicólogo deve es preensão do caso. Para Packer e Grisso (2011),
sse
us tar atento às influências de sua subjetividade no o psicólogo perito deve também considerar a
influên-
considerar possibilidade de erro inerente a seus métodos de
ter processo avaliativo, deve as

sa- cias da subjetividade do avaliado decorrentes da investigação. Assim, é indicado que possa cruzar
informações de diferentes fontes, seja de entre-
el compreensão que possui do processo a que está
sendo submetido. A experiência com sujeitos de vistas com terceiros ou diferentes tipos de ins-
no
sa Contextos sociais desfavorecidos, em processos trumentos psicológicos. Machado e Abrunhosa
da Vara da Infância e Juventude, mostra que, Gonçalves (2011) indicam a utilização de estra-
e muitas vezes, estes comparecem para a perícia tégias de avaliação multimétodo, a triangulaç o

ie com informações distorcidas sobre os procedi- dos informantes e a checagem da simulação,


mentos a serem realizados, sobre o objetivo da através dos indicadores de instrumentos e de
n-
achados discutidos na literatura.
es avaliação e com pouca informação sobre seus
direitos. Assim, mantêm uma postura submis Cabe lembrar que familiares chamados para
sa ou até agressiva, que pode ser erroneamente complementar dados de história do periciado
as interpretada pelo perito quando a relaciona a podem, muitas vezes, compartilhar da motiva-
causas diferentes daquelas em que se encontram ção para a distorção de informações que são
S vinculadas. Para Tavares (2012), o avaliado vai trazidas ao processo. No entanto, é difícil que
reagir frente a seu entrevistador de acordo com ambos (avaliado e familiares) possam verbalizar
apercepção que construiu sobre a demandae da mesma forma uma falsificação, permitindo
27 Avaliação psicológica no contexto forense o3 315

ser considerado é a artificia- o processo que irá se submeter. Por isso, é de


1ais costu Outro aspecto a fundamental importância que se esclareçam os
na medida em que o perito
gnorancia idade da avaliação objetivos do trabalho desde o início da avalia-
ão justifi sobre as condutas do periciado
terá que inferir avalia- ção, de forma a motivá-lo a participar mais co
extrapolam o setting
intromis em contextos que
se obtenha uma história laborativamente dentro de uma perspectiva real
onal bus. que
ivo. E importante da avaliação. Para Machado e Abrunhosa Gon-
detalhada do avaliado, para que
ondo suas deyida bastante
achados (principalmente çalves (2011), é necessário que o perito avalie
1a ou i n sepossam relacionar os em relação ao
sempre a motivação do periciado
aqueles de testagem psicológica) com
seus com-
(quando manifestos vida real. A falta de processo judicial, descrevendo seu nível de parti-
clusoes) portamentos na

ainda cipação em relação aos demais achados do laudo


ho Fede uma validade ecológica dos achados pode
tornar mais significativa em função
do viés pericial entregue à autoridade que o solicitou,
8/2010, se
explicitando se o nível de colaboração pode ter
itrar nas cultural que separa avaliado do avaliador. Quan- trazido riscos à validade dos dados colhidos.
ibuiçóes do há diferenças socioeconômicas e culturais im-
necessidade de uma maior
portantes, é essencial que o psicólogo fique aten- Considerando a

agentes ju-
a avalia- toà sua formulação de juízos de valor implícitos segurança aos dados informados aos

riscos à veracidade das


diz res- em relação aos seus periciados. E fundamental rídicos e os constantes
informaçóes, é importante que a metodologia
ce entre que os instrumentos utilizados no processo ava-
utilizada no processo avaliativo não se restrin-
forense, liativo estejam ajustados às características da po-
ito feito pulação que seu avaliado corresponde (Macha- ja discurso do avaliado, mas inclua todas as
ao

do uma do & Abrunhosa Gonçalves, 2011). fontes que se fizerem necessárias para a com-
Da mesma forma como o psicólogo deve es- preensão do caso. Para Packer e Grisso (2011),
iteresse
m seusS
tar atento às influências de sua subjetividade no psicólogo perito deve também considerar a
caráter processo avaliativo, deve considerar as influên- possibilidade de erro inerente a seus métodos de
investigação. Assim, é indicado que possa cruzar
causa- cias da subjetividade do avaliado decorrentes da
o nível intormações de diterentes fontes, seja de entre-
Compreensão que possui do processo a que está
vistas com terceiros ou diferentes tipos de ins-
oes no sendo submetido. A experiência com sujeitos de
nhosa contextos sociais desfavorecidos, em processos trumentos psicológicos. Machado e Abrunhosa
que a da Vara da Infância e Juventude, mostra que, Gonçalves (2011) indicam a utilização de estra
nôme muitas vezes, estes comparecem para a perícia tégias de avaliação multimétodo, a triangulação
as que dos informantes e a checagem da simulação,
com informações distorcidas sobre os procedi-
O im mentos a serem realizados, sobre o objetivo da através dos indicadores de instrumentos e de
: esses
avaliaçãoe com pouca informação sobre seus achados discutidos na literatura.
iações direitos. Assim, mantêm uma postura submis- Cabe lembrar que familiares chamados para
rapas sa ou até
agressiva, que pode ser erroneamente
complementar dados de história do periciado
lvidas interpretada pelo perito quando a relaciona a podem, muitas vezes, compartilhar da motiva-
liador causas diferentes daquelas em que se encontram ção para a distorção de informações que são
mais vinculadas. Para Tavares (2012), o avaliado vai trazidas ao processo. No entanto, é difícil que
:enta- reagir frente a seu entrevistador de acordo com ambos (avaliado e familiares) possam verbalizar
a
percepção que construiu sobre a demanda e da mesma forma uma falsificação, permitindo
316 Sonia Liane Reichert Rovinski

que o perito identifique contradições que pos- na perícia deve contemplar requisitos especifico
sam ser, posteriormente, avaliadas e confirmadas para a questão forense, tais como: a) a escolba
em sua veracidade. A identificação de condutas do teste precisa ser sustentada em sua
simuladoras na entrevista é sempre um fator de
relevância
à questão legal específica que motivou o
pedido
risco, pois não existem indicadores inequívocos de avaliação; b) considerar sempre a natureza hi.
para confirmá-las. Os estudos sugerem que o potética dos resultados do teste, buscando ajus
perito fique atento a manifestações que se mos- tar os dados obtidos à própria história de vida do
trem atípicas ao que é esperado para cada tipo periciado; c) considerar as limitações na recons
de diagnóstico. Assim, uma apresentação drama- trugão de contextos, buscando outras fontes de
tizada ou excessivamente cautelosa, inconsistên- informações para a validade ecológica; d) con
cia nos relatos dos sintomas ou confirmação de siderar a validade aparente, quando devem ser
sintomas óbvios podem ser considerados como escolhidos os instrumentos que possuem maior
indicadores de possível simulação. Para checá- aceitabilidade pela comunidade que receberá os
-los os autores sugerem que o perito use mais resultados (Melton et al., 1997).
perguntas abertas (perguntas fechadas permitem A prática da perícia psicológica em nossa
a confirmação de sintomas) e prolongue a entre- realidade brasileira deve considerar, também,
vista, gerando cansaço. Quando a inconsistência que o uso dos testes está regulamentado pelo
de resultados é encontrada em instrumentos psi- Conselho Federal de Psicologia, através da Re
cológicos, sugere-se que estes sejam reaplicados solução 09/2018 e pelo Sistema de Avaliação dos
algum tempo depois para confirmar se os com- Testes Psicológicos - Satepsi. Na resolução fica

portamentos manifestados se mantêm iguais. o definido o conceito e a utilização dos instrumen


perito deve lembrar que a simulação é sempre tos, exigindo-se que estes sejam aprovados pela
uma criação por parte do avaliado, por isso não comissão de avaliação do Satepsi. 0 psicólogo
pode ser reduzida a indicadores inequívocos; deve consultar de forma sistemática o site do
mas, por outro lado, esta característica exige por CFP a fim de verificar se o instrumento que pre-
parte do periciado esforço para manter o mesmo tende utilizar encontra-se na lista de aprovados,
tipo de comportamento nas diferentes situações pois esta lista se modifica constantemente. Se na
propostas pelo psicólogo, sendo mais difícil de época da utilização do instrumento este não se
ser mantida de forma consistente quando au- encontrava aprovado, há justificativa para inva-
menta a complexidade e diversidade das tarefas lidação da perícia como prova técnica.
(Rovinski, 2013). Sintetizando as questões metodológicas,
O uso de instrumentos de avaliação psicol6- podemos afirmar que as estratégias utilizadas
orienta- na perícia, seja através de entrevistas ou de ins-
gica na perícia forense segue as mesmas

çoes básicas consideradas em outros contextos, trumentos psicológicos, devem sempre buscar
quando os testes devem contribuir na compreen- a produção de dados relevantes para a matéria
são do problema, mas nunca ser a resposta di- legal, voltados às habilidades funcionais que es-
reta à demanda no caso, o resultado de um tão sendo questionadas no processo (capacida-
teste nunca será a resposta a uma questão legal. de para trabalhar, para cuidar de um filho, para
A decisão de utilizar instrumentos psicológicos administrar sua própria vida etc.). As estratégias
27 Avaliação psicológica no contexto forense
Seçäo 3 317

ficos devem estar disponíveis, devem ser éticas, prá- a seguir conforme discussão já apresentada por
olha ticas e aceitas no contexto profissional e social. Rovinski (2017).
incia Devem ser evitados modelos padronizados de Na área das relações
cliente, o Código
com o
dido investigação, para valorizar aqueles que se diri- de Etica veda ao
psicólogo "Ser perito, avalia-
a hi gem às necessidades do caso em questão, tanto
dor ou parecerista em situações nas
em relação ao sujeito avaliado como em relação quais seus
jus vínculos pessoais ou profissionais, atuais ou an-
a do as questóes legais envolvidas. As características teriores, possam afetar a qualidade do trabalho
ons do contexto forense exigem o uso de múltiplas
a ser realizado ou a fidelidade aos resultados da
de fontes de informação, preferencialmente que
avaliação" (art. 2°, letra "k", CF, 2005). Essa
on cubram asáreas de autoinforme, testes psicoló-
limitação é especificada na Resolução 08/2010
ser gicos e informaçóes de terceiros. Ficam valori-
(CF 2010), quando veda ao profissional psi-
aior zados prontuários, relatos de atendimentos em
coterapeuta: a) atuar como perito ou assistente
i os outros serviços, como de Conselho Tutelar ou
técnico de pessoas atendidas por ele e/ou de ter-
Creas. Informações contraditórias devem ser ceiros envolvidos na mesma situação
Ssa yalorizadas e compreendidas em sua complexi litigiosa
b) produzir documentos advindos do processo
m, dade, pois o periciado pode manifestar compor-
tamentos diversos em diferentes circunstâncias.
psicoterápico com a finalidade de fornecer in-
elo formações à instância judicial acerca das pessoas
Re Por fim, a integração dos dados deve ir além
atendidas, sem o consentimento formal destas
1os da simples confirmação de hipóteses, para bus-
últimas, com exceção de Declaração. A orienta-
1ca car refutar a não confirmaço de hipótese. Isto
ção ética busca impedir, principalmente, que se
en- é, o psicólogo na área forense não pode partir
confundam os vínculos terapêuticos com os de
ela de pressupostos de verdade. Apenas quando ele
trabalho pericial. Isto porque, no primeiro caso,
g0 pode descartar os argumentos que contestam sua existe um contrato de sigilo que ao ser estabe-
do hipótese, pode vir a afirmá-la com mais seguran- lecido não poderá ser rompido por outro que
re ça, como aquela que representa o resultado final não tenha
de seus achados (Rovinski, 2013).
essa mesma
abrangência. Portanto,
estabelecido o vínculo terapêutico com a
pessoa
na do atendido, independentemente do tempo que
se
Etica e avaliação pericial forense possa ter transcorrido desse atendimento, o pro-
a
fissional não poderá mais exercer frente ao
pa-
A prática da perícia psicológica, da mesma ciente papel de perito ou parecerista.
o

IS torma como todas as outras práticas do psicó- Na questão referente ao sigilo


as logo, deve respeitar os princípios éticos, de for- profissional,
a princípio o
ma a não trazer prejuízos aos seus avaliados. O
psicólogo está compromissado em
manter "a confidencialidade, a intimidade das
ar profissional deve considerar o Código de Etica pessoas, grupos ou organizações, a que tenha
a Profissional do Psicólogo (2005) quanto a seus acesso no exercício profissional" (art. 9°, CFR
deveres e responsabilidades, bem como a Reso-
2005). No entanto, são citadas situações de que-
lução 08/2010 do CFP na especificação da práti bra de sigilo quando "previsto em lei" ou basea-
a ca dos
princípios deontológicos na área forense. do na "decisão na busca do menor prejuízo",
IS A
integração destas orientaçQes será apresentada momento em que o psicólogo deve se restringir
Sonia Liane Reichert Rovinski

a prestar "as informações estritamente necessá- assessor dos agentes jurídicos para assumir
rias" (art. 10°, CFR, 2005). No caso da avaliação coordenação da dinâmica processual. Esse tipe
psicológica solicitada pelo juízo (perícia), enten- de atitude extrapolaria a funço da perícia e
de-se que ela se encontra nas situações previstas
co
locaria o profissional frente a situações que não
em lei, porque tem por objetivo trazer informa- poderia manejar.
ções para a tomada de decisão. O sigilo, aqui,
Para que os princípios éticos sejam
ficaria restrito a uma comunicação de dados que respei
tados é importante que o psicólogo mantenha
tenha relevância para a matéria legal. Todavia,
cuidados na aplicação da metodologia em todas
para garantir procedimentos éticos em todo pro as etapas da avaliação pericial. Estes cuidados fo-
cesso avaliativo, é necessário que o psicólogo fo-
ram sintetizados por Rovinski (2013) a partir da
rense comunique ao seu cliente as limitações do
revisão da literatura que trata sobre este tema,
sigilo na relação que estão estabelecendo antes
em três momentos do processo avaliativo:
de iniciar a coleta de dados, quando aquele po- pré-
-avaliação, durante a avaliação e pós-avaliação.
derá decidir de forma voluntária sobre o que vai
Na pré-avaliação, ou preparação da perícia, deve
ou não comunicar ao perito.
o psicólogo identificar a questão de relevância
Em relação à devolução dos resultados da legal e clarificar suas determinações. Uma vez
avaliação, diz o art. 19, par. "g" (CFR 2005), que identificado o foco, deve considerar sua própria
o psicólogo deve "Informar, a quem de direito, competência para realizar o processo avaliativoj
os resultados decorrentes da prestaço de servi- assim como considerar possíveis conflitos de in-
sos psicológicos, transmitindo somente o que for teresse que possam colocar em risco o trabalho,
necessário para a tomada de decisões que afetem quando deve declinar do mesmo. Deve estabele-
o usuário ou beneficiário". No caso forense, a cer o valor de seu trabalho, se este já não estiver
devolução deve ser feita à autoridade competen- previamente definido pela justiça. Deve prever
te que solicitou a perícia, isto é, se o pedido de um modelo de coleta de dados, de forma a de
uma avaliação for feito pelo juiz, é a ele que os finir quem será entrevistado e a sequência das
resultados devem ser remetidos, cabendo-lhe, entrevistase possível utilização de instrumentos
posteriormente, dar ciência do documento às Este planejamento, no entanto, pode vir a ser
partes envolvidas no processo. Nesse caso, não modificado no decorrer dos trabalhos.
estaria o psicólogo se abstendo da devolução, No momento da avaliação propriamente
mas apenas encaminhando-a a quem é de direi- dita, deve o profissional iniciar com esclareci-
to, o receptor do processo. mentos ao periciado dos objetivos da avaliação,
Nada impede que o psicólogo forense se dos limites de sua abrangência e do sigilo das in
à disposição do avaliado para o escla- formações prestadas, e de quem receberá o lau-
coloque
recimento de dúvidas em relação ao laudo, mas do final. E fundamental diferenciar os papéis de
público em au- perito e de terapeuta, que o periciado possa vir
apenas após o mesmo tornar-se

diência com o juiz ou através de publicação ofi- a confundir. Este procedimento inicial de escla-
cial. Deve o psicólogo tomar cuidado para não recimento corresponde ao consentimento infor
criar uma via de comunicação independente ao mado, que no caso da perícia oficial pode ou não
processo judicial, quando deixaria seu papel de vir a ser assinado pelo periciado. O importante
27 Avaliação psicológica no contexto forense
Seção 3 319

imir a que as informaçôes necessárias sejam repas- art. 465, especifica que "Ojuiz nomeará peri-
e tipo sadas ao mesmo. E fundamental também que o to
especializado no objeto da perícia e fixará de
e co avaliado seja motivado a
participar, consideran- imediato o
prazo para a entrega do laudo". Algu-
ie nao do os inúmeros fatores coercitivos existentes na mas regras para a apresentação deste documento
Derícia. Os procedimentos devem consideraras são ainda especificadas no art. 473,
que exige:
múltiplas fontes de intormação, sempre voltadas a) a exposição do objeto da perícia; b) a análise
espet para a busca de informações relevantes para a técnica ou científica realizada pelo perito; c) a
itenha matéria legal. Devem-se garantir as condições indicação do método utilizado; d) e uma respos
todas
los fo minimas do setting avaliativo. ta conclusiva aos quesitos apresentados pelo juiz,
tir da No momento posterior à coleta de dados, Pelas partes e pelo órgão do Ministério Pablico.
éticos estäo relacionados a dois
tema, 0S cuidados No Brasil, a elaboração dos documentos téc-
topicos: interpretação dos dados e comunica- nicos pelo psicólogo está prevista pela Resolu-
:pré
iação. ção dos dados. A interpretação dos dados deve ão 07/2003, do Conselho Federal de Psicologia,
,deve considerar a cooperação do avaliado durante os que trata do Manual de elaboração de documen-
procedimentos, relacionando seu comportamen- tos escritos produzidos pelo psicólogo. Nesta re-
ância
a vez to com as informações de terceiros e dados de solução sâo quatro tipos de docu-
apresentados
mentos, estando dentre eles o Relatório/Laudo
ópria testagem. Todos os dados colhidos devem ser or-
ativo, ganizados numa perspectiva idiossincrática. Os psicológico, que atende as exigências do novo
CPC. Portanto, pode o psicólogo perito seguir as
dein- dados normativos fornecem apenas informaçóes normativas desta resolução para a elaboração do
grupos semelhantes. O perito
alho, comparativas com

raciocínio científico para justificar laudo a ser entregue ao juiz, pois não encontrará
bele deve usar o

relações causais e fundamentar suas conclusões problemas de incompatibilidade entre as deter-


stiver
rever nos achados que foram descritos. Os dados in- minações legais e as de seu conselho de classe.
formados devem ter pertinência à matéria legal, A Resolução 07/2003 traz princípios nortea-
de
ainda que o psicólogo deva abster-se de respon- dores da linguagem escrita. A orientação é que
a das
de-la diretamente, mantendo-se nos limites da os documentos apresentem redação bem estru-
ntos
ciência. Deve referir as fontes de informação turada e definida para o que se quer comunicar.
a ser
relacionadas aos dados coletadose evitar lingua- Deve ter uma ordenação que possibilite uma boa
técnica que possa dificultar compreensão pelo leitor do documento,
o que
gem excessivamente
lente
composição de pa-
a compreensão das informações apresentadas
aos
é fornecido pela estrutura,
ireci
leitores leigos. rágrafos ou frases, além da correção gramatical.
ição, termos deve ser compa-

Is in-
O emprego de frases e da linguagem
tível com as expressóes próprias
lau A elaboração do relatório sobre os
profissional, garantindo a precisão da
comuni-

is de achados da avaliação diversidade de significações


cação, evitando a
considerando quem o a
a vir
previsão do tipo de da linguagem popular,
No contexto forense, a
comunicação deve
scla em de- documento será destinado. A
documento a ser entregue pelo perito, qualidades: a clareza, a
for O ainda apresentar como

corrência de seu trabalho técnico, é o laudo.


não
2015), no concisão ea harmonia.
ante
novo Código de Processo Civil (CPC,
320 Sonia Liane Reichert Rovinski

A estrutura do documento Laudo, conforme colhida nas entrevistas dos dados


e
objetivos de
proposto pela resolução, diz respeito a cinco se testagem. Na segunda subseço deve-se apre
goes: a) ldentificação; b) Descrição da demanda; sentar a compreensão psicológica destes
dados,
c) Procedimentos; d) Análise; e) Conclusão. A possíveis diagnósticos clínicos, se houverem
estrutura carece de especificações relacionadas suas repercussões à matéria legal,
às diferentes áreas de trabalho. Assim, há ne-
podendo-se
incluir referências teóricas. Após, finalizar
cessidade de se adaptar as diferentes seções ao com
a seção Conclusão, onde deve ser apresentado
contexto forense, conforme se apresentará a o
posicionamento do perito, com suas hipóteses
seguir. Na seção ldentificação fica previsto in- psicológicas de relevância à matéria legal. Todo
formar quem elabora o documento, quem o so- posicionamento precisa estar fundamentado nos
licita e a razão ou finalidade do mesmo. Devem dadosque foram apresentados anteriormente no
ser acrescentadas, ainda, informações a respei- documento e se manter nos limites da ciência,
to do processo, como seu número, vara judicial Suas conclusões, ainda que relacionadas à
ma-
onde tramita e o juiz que solicitou a perícia, bem téria legal, nunca devem se constituir em
como dados sobre as partes que
litigam e que são tomada de decisão judicial, que cabe em
útima
objeto de avaliação. Na Descrição da demanda, instância ao juiz.
a orientação é que se apresentem os motivos que
geraram o pedido de avaliação, que no caso fo-
Por fim, deve-se acrescentar que na
Resolu
ção 07/2003 (CFP) não há referências sobre a
rense deve direcionar-se principais fatos pro-
aos
resposta a quesitos no documento Laudo. Estes,
cessuais que geraram o pedido de perícia,
geral no entanto, são formulados ao perito antes mes
mente encontrados na petição inicial do proces-
mo do início da
so. Na seção Procedimentos não há necessidade perícia e devem ser respondidos
por ele. Os quesitos são respondidos imediata-
de adaptações, apenas uma preocupação maior
quanto ao detalhamento dos procedimentos e
mente após
seção Conclusão, de modo sinté-
a

tico convincente. Se não houver dados para a


e
técnicas utilizados. Esta parte do laudo refere-se
às fontes de informação; portanto, devem incluir resposta aos quesitos ou se o perito não puder
ser categórico, deve usar a
todas que foram utilizadas, inclusive contatos expressão "sem ele-
mentos de convicção".
com escola ou clínicas de saúde. Também devem Quando houver quesito
ser referidas as fontes que não foram obtidas e alformulado, deve responder "prejudicado";
que se faziam necessárias, de forma a discutir,
ou se
extrapolarem os fundamentos da ciência
posteriormente, a limitação dos achados. A se- psicológica, pode-se usar o termo "extrapola o
ção Análise constitui-se em uma exposição des- escopo da perícia".
critiva de forma metódica, objetiva e fiel dos da-
dos colhidos e das situações vividas relacionadas
à demanda. No contexto forense torna-se im-
Considerações finais
portante apresentar de forma independente os A avaliação psicológica no contexto forense
dados colhidos das inferências destes à questão trará sempre algum tipo de repercussão aos direi-
legal. Assim, devem ser criadas duas subseções tos legais daquele que éé avaliado. Portanto, cui-
de análise. Na primeira devem ser apresentados dados éticos precisam ser tomados em todas as
os dados brutos, com breve síntese da história fases de realização do processo avaliativo. O pro-
no contexto f ó r e h s e
27 Avaliação psicológica

avaliação psicológica, bem como busquem


os
fatores de da
ter especial atenção aos
o fun-
IVOs de fissional deve subsídios necessários para compreender
relacionados à sua capacitação téc- onde seu tra-
apre interferência cionamento das instâncias judiciais
seu instrumental
papel que desempenha, das
dados, nica, ao
ao balho será inserido. Devido à complexidade
às limitações da ciência quanto área forense, é sugeri-
rem, e trabalho e jurídicos. situações de demandas na
não afirmar aos agentes
ndo-se que pode ou
área de tra- do que os primeiros casos sejam supervisionados
aos que se iniciam nesta
Com Eindicado profissionais mais experientes
n0 assunto.
uma boa formação na área com
ntado balho que busquem
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