AulaRevest Ench 23 1

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 47

Suportes Contínuos (Revestimentos) e

Enchimentos de Escavações Subterrâneas

Prof. José Margarida da


Silva - MIN 225 – 2023-1
Estruturas de Sustentação
• Suportes (descontínuos)- arcos, pilares, esteios, hidráulicos,
fogueiras, pilares artificiais,..., ancoragens mecânicas;
• Revestimentos (suportes contínuos)- surface supports;
• Tratamento (ou reforço)- injeções, enfilagens, ..., ancoragens
químicas.
Hadjgeorgiou &
Potvin (2011):
reinforcement x
surface rock
support

Mina Caraíba (linkedin)


Sumário
• Introdução
• Telas (roof screens)
• Straps ou roof mats
• Lacing
• Revestimento de
túneis, galerias e
poços
• Concreto Projetado
(shotcrete)
• Concreto reforçado
• TSLs (coatings)
• Enchimento
• Referências
Introdução
• Em escavações de altura superior a 3,5 m se torna cada vez mais
difícil verificar e retirar blocos soltos (“chocos”- scales) com
segurança, sem o uso de equipamento para acessar tetos e laterais.
• Revestimento (surface rock support): instalado pela necessidade de
acompanhamento regular da integridade da escavação, para limitar
ou controlar blocos de rocha potenciais.
Essas ações incluem:
• técnicas de perfuração e desmonte por explosivos controladas;
• retirada de blocos (scaling) - manual e mecanizada (scaler);
• instalação de suportes (MOSHAB, 1999).
Introdução
Suporte contínuo: empregado
quando há necessidade de exercer
uma ação de conjunto sobre zonas
dos contornos de cavidades ou
mesmo sobre a totalidade dos
contornos.
Elementos resistentes
fundamentais: quadros, arcos,
montantes, excepcionalmente pilhas
(fogueiras e outros).
Entre elementos-suporte e terreno,
colocam-se elementos secundários,
convenientemente, que
estabelecem interligação entre
aqueles que promovem a
distribuição, tanto quanto possível,
uniforme das solicitações. Na
maioria, suportes passivos (Hoek,
2016).
Colocação de telas em tetos de
TELAS de arame (roof minas se iniciou em minas de
screens) e não minérios metálicos nos EUA.
metálicas Primeiro foi usada tela tipo corrente
(chainlink), mas devido à dificuldade
no manuseio, começou-se a instalar
a tela soldada (welded), mais rígida
(CDC, 2004).
Eventualmente minas de carvão
passaram a usar e depois mais,
especialmente em lavra por longwall,
colocando em malha regular.
Utilizadas para suportar pequenos
blocos de rocha solta ou como
reforço para a projeção de concreto.
Solução muito econômica; são
Telas- sem necessidade de equipe facilmente instaladas. É fácil de se
especializada ou adicional
adaptá-las ao reforço do teto e são
(Rosengren, 2005)
facilmente reparadas.
Telas em corrente
(chainlink meshs)

• consistem de um arranjo trançado de


arame; flexível e forte.
• colocadas no teto de uma galeria de
transporte através de tirantes.
• não são as mais recomendadas para
reforço da aplicação do concreto pela
dificuldade de se conseguir que o
cimento projetado penetre a malha
trançada e elimine os bolsões de ar Aplicação típica da tela trançada
atrás dos elos da tela. (Hoek & Brown, 1980).
Ponto de carregamento
na Cadia East Mine
(International Mining,
2012).
*

Tela soldada (welded mesh)

Aplicação da tela soldada através da colocação de


segundo jogo de arruela e porca (Hoek & Brown, 1980). Tela de polímero
Telas soldadas (welded meshs)
• Para reforçar aplicação do concreto; malha quadrada de
arames de aço, soldados nos pontos de interseção.
• Tela danificada deve ser substituída por meio do corte da
seção afetada, providenciando-se razoável superposição para
assegurar continuidade do reforço. Vantagem de não
desagregar quando danificada.
• Substituídas por fibras de aço como reforço na aplicação do
concreto.

Gráfico carga- deslocamento que mostra resultados de ensaios e simulação de tela tipo
trançada de alta tração (Morton et al., http://rockmechanics.curtin.edu.au, 2013).
Aplicação de tela em poço de acesso.
Nenhum equipamento especial ou adicional
(Rosengren, 2005).
Estudos com telas
• AMIRA - uso típico das telas na mineração: espaçamento entre os tirantes
é geralmente governado pelas dimensões das telas.
• Espaçamento médio quando utilizados isoladamente é na casa de 1,2 m.
• Já na presença de telas com tamanho padrão de 2,4 m, o espaçamento
entre os tirantes pode ser reduzido para 1,1 m.
• Isso representa um aumento de aproximadamente de 9% no número de
tirantes utilizados (Thompson et al, 1999).
Estudo: Alves (2019) -
Análise da Resistência
de Telas Metálicas
Soldadas em Rampas,
mina de ouro, Brasil.

Errata; onde se lê “falha”,


leia-se “ruptura”

Shant et al. (2020) realizaram pesquisa sobre desempenho de revestimentos


(tela soldada e TSL’s), usando ensaios em escala de laboratório.
Estudos com telas
• Trindade et al. (2021)- Mina Caraíba: ensaios de resistência para avaliar o
impacto de reforços do sistema de solda entre fios (nós) no desempenho
de telas metálicas por meio de aparato experimental concebido para
assemelhar-se aos carregamentos reais a que telas são submetidas
quando aplicadas nas galerias de desenvolvimento da mina. Resultados
dos ensaios sugerem importante aumento da resistência à tração de telas
com reforço de solda.

• Mendes da Silva et al. (2021): recomendação do telamento como suporte


de superfície deformável, em todas as escavações abaixo do nível 17 da
Mina Cuiabá (cerca de 1.350 m); mais total mecanização da aplicação das
telas eletrosoldadas. Equipe da mina já tela 404 m lineares de galerias
utilizando jumbos (crescimento de mais de 300%).

• Por meio de monitoramento e observação das deformações das chapas


dos tirantes, os deslocamentos máximos verificados em uma das rampas
principais foram de cerca de 15 cm. Em alguns trechos, se observou
cisalhamento completo do maciço rochoso e convergência das paredes
levando à ejeção das chapas.
Lacing - Entrelaçamento com cabo de aço

Uso de entrelaçamento em reparo a pilar; suporte passivo.


Lacing - Entrelaçamento com cabo de aço
• Villaescusa et al. (1999), Darling (2011): com junção de
entrelaçamento com cabo de aço à tela, a capacidade de absorção
de energia do sistema de suporte é consideravelmente aumentada.
• Comparando-se características de desempenho, junção com tela
soldada é melhor que com tela em corrente. A primeira conteve
deslizamento de rocha mesmo com alguns elementos rompidos.
• A capacidade é pelo menos o dobro da capacidade da tela
sozinha, alcançando em testes 51 a 71 kJ, enquanto tela em
corrente 34 kJ e cabo 48 kJ, se aplicados isoladamente.
• A junção de cabo ao revestimento (tela ou concreto projetado) tem
potencial para aplicação em condições de golpe de terreno.
• Estrutura retém pelo menos 50% da sua resistência de pico após 15
cm de deflexão.
• Com tirante, tela em corrente desempenha melhor.
• A corrosão dos elementos de aço tem de ser trabalhada, por
exemplo, com a adição de fibras de polipropileno.
Cintas metálicas (Straps ou roof mats)
• opção às telas;
• cintas utilizadas também em
conjunto com as ancoragens.
• Quando maioria dos planos de
fraqueza mergulha em uma dada
direção, a resistência desta massa
rochosa é muito maior na direção
dos planos que em outra direção
que os atravesse. Straps (Hoek & Wood, 1988).
• Nessas circunstâncias, podem ser
um modo mais efetivo de
revestimento que as telas;
• são fáceis de ser instaladas, não Darling, 2011: L = 1,3-6,1 m;
devendo ser usadas se o tamanho T= 8,9,10,12 #;
de bloco é muito pequeno. W= 125-330 mm;
C= dimensão do furo/espaçamento

Custo: tela - $ 16/ peça; strap- $ 8/ peça (Compton, 2008)


Revestimento de túneis e poços
• Maioria dos túneis e poços em rocha são providos de
revestimento final.
• Suporte/revestimento pode ser: concreto projetado, concreto
reforçado com fibras de aço, anéis de concreto, associação de
aço, e concreto ou argamassa e ainda tubos de concreto com
enchimento.
• Poços geralmente são cilíndricos. Poços de seção retangular
revestidos de madeira são geralmente apropriados, sob
condições normais da rocha, para operações de extração de
caráter temporário.
• Poços retangulares são usualmente divididos
longitudinalmente em compartimentos.
• Dimensões comuns: 1,2 m x 1,8 m a 2,1 m x 3,6 m, com 1 ou 2
compartimentos (U. S. Army).
Revestimento de túneis e poços
Concreto projetado como suporte primário de túneis é amplamente
aplicado:
• durabilidade,
• velocidade de aplicação,
• custo efetivo.
• Em vários aspectos, o revestimento dessas escavações seguem
regras diferentes das de projeto estrutural padrão.
• Necessário entendimento da interação rocha-material de
revestimento.
Critérios de seleção:
• requisitos funcionais,
• geologia e hidrologia,
• construtibilidade e economia.
• Pode ser necessário selecionar diferentes sistemas para
diferentes comprimentos na mesma escavação. Ex.: poço de
resgate na Mina San José, Chile, outubro/2010 (U. S. Army).
Revestimento de poços
• Rochas autosuportantes: anéis de concreto (1 m de altura,
espaçados 4,5-6 m), para suporte da estrutura de divisão do
poço em compartimentos, bem como das suas paredes.
• Rochas com maior dificuldade de sustentação: menor
espaçamento entre anéis ou revestimento total (“monolítico”).
• Revestimento de madeira: caiu em desuso.
• Concreto projetado; poliuretano; TSL – selantes.
Revestimento de escavações
Espessura de revestimento de alvenaria
• Modelagem numérica (FLAC) (Oraee-Mirzamani et al., 2011);
• Fórmula para um poço vertical de seção circular (Unrug, 1992):
d = R [K/(K-2 p)] ½ – 1
d - espessura (m), R - raio interno útil do poço (m);
K - limite de resistência à compressão da alvenaria (kgf/cm2);
p - pressão da rocha (kgf/cm2).
A espessura do revestimento
com concreto projetado varia
entre 25 e 150 mm para
vários maciços rochosos
(Hoek, 2012).
A resistência do concreto é
geralmente 20–25 MPa em
aplicações subterrâneas e na
maioria das finalidades
raramente excede 50 MPa
(Vergne, 2003).
Diagrama: força axial x momento fletor (Oraee, 2011)
Concreto projetado
• largamente usado: obras
civis/mineração (revestimento de
túneis, galerias, reservatórios,
recuperação de estruturas de
alvenaria etc).
• Aplicação sobre superfície a ser
protegida de camada de
argamassa ou concreto fino,
através de projeção, sob alta
velocidade, por meio de bombas
especiais.
• Kovári (2003): história do
revestimento com concreto, início,
como se desenvolveu
internacionalmente nos aspectos
teóricos e tecnológicos.
• Ferreira & Celestino (2002)-
comportamento dependente do
tempo faz com que propriedades Em minas: poços, rampas, galerias de
mecânicas variem ao longo do transporte, câmaras de britagem,
eixo da escavação (túnel/galeria). oficinas.
Numericamente, isto vem sendo
estudado por vários autores.
Concreto projetado
• mistura a seco (“dry-mix”) - possibilita uso de máquinas
menores, mais baratas; mais adaptável às variações de
condições do solo.

300 m alcance horizontal e 150 m vertical; distância bocal-


superfície 1-2 m, projeção a 90º, baixo para cima.

https://www.youtube.com/watch?v=vhskUrJe7Pg
Concreto projetado
mistura a úmido (“wet-mix”) - menores ressaltos, menor
produção de poeira, controle da relação cimento/areia,
melhor controle de qualidade de materiais, mais baixos
custos de manutenção, maiores taxas de produção; difícil
de se trabalhar com aceleradores.

Melhor em superfícies irregulares; custo efetivo; mais fácil de


manuseio na área.
Aplicação de tela e concreto em túnel em Ouro Preto.
Concreto projetado
Inconvenientes pela dosagem inadequada de água na projeção
a) ressalto (reflexão, “rebound”) – concreto muito seco reflete-se ao ser
projetado em uma superfície;
b) escorrimento (“sag”) - concreto fica muito molhado e escorre ao ser
projetado.
• Diversas camadas aplicadas até espessura desejada (15 cm ou
mais); espessura de cada camada não deve ultrapassar 5 cm.
• Frequentemente associado com tirantes; tirantes e telas
metálicas; arcos metálicos ou reforçado com fibras de aço->
suporte e revestimento.

Abreu et al. (2020)- descartadas


fibras de carbono; fibras naturais
e artificiais - asbestos, compósitos
de cimentos reforçados (Lima et
al., 2016); adição de 2%-> testes
de compressão, de tração e
varredura eletrônica.
Concreto Projetado Reforçado
• inclusão à mistura de fibras de vidro ou aço- 3-6% peso
(Hoek, 1980); 50-90 kg/m3 (Franzén, 1992); 0,5-1% volume,
30-79 kg/m3 (Morgan, 2012).
• Fibras têm função de conferir ao concreto resistência à tração.
• Maior velocidade de execução da abertura (Zirlis et al., 2004).
• Microsílica, 8 a 13% em peso de cimento, pode permitir
alcançar resistência à compressão 2 a 3 vezes a planejada.
Concreto Projetado Reforçado
• Como suporte temporário ou permanente (Jing et al, 2007), por
meio da mudança da espessura da camada projetada e ajuste
do espaçamento entre parafusos, tanto em mineração quanto
na construção civil, nesta com adição de polímeros.
• Uso de compósitos: Gonçalves (2001)- estudo do
comportamento estrutural desse material.
• Fonte de sílica: exemplo- resíduo de processo de ligas Fe-Cr-
Si (Ferbasa, 2010).
TSL- Thin Spray-on Liners (coatings)
• Zonas de rocha fraca têm pouco tempo para ser estabilizadas.
• Polímero, selante, composto de 3 partes (uma combate ao fogo).
• Testes padronizados para quantificar potencial do suporte em túneis
profundos na África do Sul (Kuijpers et al, 2013).
• Em 7 países; Canadá desde anos 90; isolante, reduz intemperismo e
movimentação da superfície de rocha exposta;
• Resolve problema com revestimento de poliuretano– cura rápida,
melhor desempenho (MacPherson, 2009);
• Camadas 3-5 mm; reduz logística em 25 vezes, alta taxa de
aplicação e retorno imediato-> diminui 25% tempo de operação.
• Projeção remota e rápida minimiza interferência com lavra, reduz
custos, devido aos volumes de material (Yilmaz, 2011, por Jjuuko et
al, 2016); Akarsen (Turquia)- 3 m avanço, com arcos e/ou parafusos.
• Combinação de componentes líquido/líquido ou líquido/pó na
superfície da rocha tão rapidamente quanto possível.
• Tempo de cura menor que 1 h (Masethe, 2015; Komerlu et al, 2017).
Grupo: shotcrete, TSLs, mesh, lacing, strap.
TSL’s (thin spray-on liners)
•Adesão apropriada;
•Reduzem dano sísmico;
•Previnem intemperismo e danos de
desmonte;
•Reduzem permeabilidade;
•Reparam shotcrete;
•Protegem suporte de aço da corrosão
(Masethe, 2015; Li, 2016; Komerlu et al, 2017).

Aplicações: Mina Cuiabá (Au, Sabará-MG), camada com 8 mm; contrapondo a


concreto projetado, camada de 50 mm (Pereira, 2013); em Arkasen (Cu, Turquia), em
função do RMR- 5 mm, 5% “rebote” (Komerlu et al, 2017).

Ozturk & Guner (2017): capacidade de reforço de pilar é função do diâmetro do pilar e
da espessura do TSL. Camada fixa (3-5 mm) não contribui para aumentar tenacidade
do pilar.
Suorineni et al. (2008) comparam tempos de ciclo para desenvolvimento,
automatizado ou não, com avanço de túnel civil. Com redução significativa de tempo
gasto na instalação de suporte, melhoria no avanço de escavações (drifting) pode ser
alcançada sem afetar negativamente a segurança.
Enchimentos
Fatores de controle da
estabilidade:
• enchimento colocado;
• geometria do realce;
• condições de carregamento;
• efeitos sísmicos;
• convergência;
• instalação do suporte. Aplicação composta: pilar, tela, enchimento e
ancoragem.
Xu et al. (2014)- minas na China, carvão- três tipos de enchimento:
- combinação de areia, escória, rejeitos de carvão, solo e rejeito
urbano, constituindo material bombeado (paste fill);
- sólidos levados por equipamentos, principalmente rejeito (solid
backfill);
- com 85-97% água, com aglomerante, de baixa estabilidade a longo
prazo, mas mais simples (high water backfill).
- Estudos: deformação do maciço, largura de lavra, altura de trabalho.
Resistência do enchimento
O enchimento de mina tipo pasta requer pelo menos quatro demandas
de resistência a serem atingidas (Garcia, 2022).
• A de menor requisito: resistência mínima para prevenir o risco de
liquefação do Paste Fill devido a vibrações originadas em desmonte
de rocha ou sísmica induzida de mina.
• A segunda: refere-se à necessidade de o enchimento ser
autoportante, ou seja, resistir ao próprio peso quando realces
secundários são extraídos e expõem grandes paredes de Paste Fill.
• Demanda mais comum: suporte oferecido pelo enchimento a pilares
de minério que representam o teto de realces já minerados. Tal
demanda é calculada pela resistência ao cisalhamento entre o Paste
Fill e o pilar de minério.
• Maior demanda: se dá quando se desenvolvem acessos no
enchimento. Nesses casos, o Paste Fill será exposto no teto de um
realce (Eriksson & Nystrom, 2018).
• Outras propriedades: poropressão, taxa de percolação, viscosidade
(Mashoene & Zvarivadza, 2016).
Reologia- viscosidade
• Propriedade física dentre as importantes para enchimento como suporte.
• Propriedade que representa a resistência que o material oferece ao fluxo;
tem origem no atrito interno desenvolvido pelos elementos constituintes.
Presença de partículas e aglomerados, interações entre partículas e
partícula/fluido, concentração, tamanho e forma das partículas
influenciam na viscosidade, dentre propriedades reológicas da mistura
sólido-líquido.
• Granulares: verificou-se que a viscosidade é proporcional à velocidade, e
não uma constante, como no caso de fluidos newtonianos (água, ar etc).
Teoria cinética descreve meio granular em movimento por meio da
dinâmica dos fluidos.
• Grão de areia, exemplo mais comum de partícula granular, é 1018 vezes
mais massivo e volumoso que molécula de água.
• PUC-RJ (sd): molécula (fluido) exibe capacidade de sofrer colisões
totalmente elásticas. Nos grãos todas as colisões envolvem perda de
energia cinética, que reaparece como calor nos grãos envolvidos.
• Granulares: energia cinética não se conserva-> comportamento
macroscópico totalmente diferente daquele esperado de sistemas fluidos.
s – movimento secundário

Partículas que compõem granulares interagem por meio de forças de curto alcance,
contato mecânico (PUC-RJ, sd). Em muitos casos, as propriedades são
substancialmente afetadas pela interação com as fronteiras do sistema - por exemplo,
pelas propriedades do recipiente ou da superfície que contém o material.
Propriedades de transporte de grãos são bastante sensíveis à densidade.
Com mais de 45% de sólidos, tamanho de partícula influencia no escoamento.
Se sistema for então monomodal, a viscosidade é diretamente proporcional ao
tamanho.
Para bom empacotamento de partículas (essencial para a densidade), a diferença
entre raios de partículas deve ser grande.
Partículas não esféricas prejudicam viscosidade e rugosidade tem influência
relativamente pequena (Resende, 2001).
Rockfill na Carbonífera Catarinense
Empresa, localizada em Lauro Muller/SC, emprega método de câmaras e
pilares com detonação por explosivos de forma a fragmentar o carvão na
Mina Bonito I. Após o beneficiamento do carvão, parte do rejeito é
utilizado como rockfill e transportado para preenchimento das galerias,
onde é disposto a uma distância entre 20 e 30 cm do teto das galerias a
fim de contribuir com o confinamento dos pilares.

Fotografia do material
utilizado como enchimento
(rockfill) na Mina Bonito I,
aguardando ser acumulado
e espalhado num realce
(Zingano et al., 2009).
Enchimentos
Comportamento- Cannon Mine – Hassani et al. (1989).
• Inicialmente enchimento tem pouca resistência ao cisalhamento,
mobilizada na interação granular (Pakalnis et al., 2005);
• Colocações subsequentes resultam no assentamento e
compactação, aumenta a resistência ao cisalhamento e transferência
de carga às vizinhanças pela formação de arco;
• Enquanto lavra segue (opção descendente) sob pilar, vazio é criado,
por meio do qual o enchimento tende a se mover, se estiver
inconsolidado, com transferência lateral das tensões verticais
(também em post-pillar).
• Devido ao efeito arco, a capacidade de autosuporte dos enchimentos
aumenta, podendo enchimentos com resistência de 500 kPa ficar
expostos verticalmente até altura de 100 m. Caso não existisse,
esses mesmos enchimentos deveriam ter resistência de 2 MPa para
ter a mesma capacidade de autosuporte (Kuganathan, 2005).
• Mashoene & Zvarivadza (2016)- mínimo de 1 MPa para servir de
piso de trabalho.
Exemplos
Enchimento – Rockfill – 40 mm, 100% sólidos, backfill, sandfill - 70-80%
sólidos, pastefill - 80% sólidos (Grice, 1998).
• AngloGold, Mina Cuiabá, Sabará/MG - Au;
• Nexa-Votorantim – Vazante (MG) - enchimento mecânico;
• Lucky Friday, Stillwater e Galena (EUA) - rock fill;
– Mina Santa Isabel– Jaguar– Au, Votorantim– Morro da Fumaça, SC-
fluorita, RSA- platina– Matla Mine– enchimento hidráulico;
– AngloGold, parte das minas de Crixás/GO, sandfill - Au;
• Neves Corvo (Portugal): subníveis 20 m.
• Santa Marta, Ni-Cu – Prometálica/GO;
Paste fill
• Mina Caraíba – Cu – VRM; Mineração Turmalina – Au- Jaguar;
• Diavik – Canadá; minas na China;
• Garpenberg (Suécia)– 9-20% cimento (Hassani et al., 1989).

Kazansi (ouro; Suglo e Opoku, 2012): pilares 5 m (rib pillars), straps, telas,
concreto projetado, cabos, parafuso grauteado, split-set e arcos.
Pilares, cabos (60º) e enchimento: Nussir (cobre; Sletten, 2012)- sill pillars 8 m,
rib pillars 5 m.
A ruptura das
barricadas (portas)
pode originar
acidentes de
trabalho e perdas
financeiras.
Em junho de 2000,
em Bronzewing,
mina de ouro na
Austrália, uma porta
rompeu, a 260 m de
profundidade,
lançando 18.000 m3
de enchimento que
acabaram por matar
3 pessoas e arrastar
maquinaria pesada
(Sivakugan, 2008).

Buick Mine (Tesarik et al., 2003)


Estudo de caso
Buick Mine (EUA- chumbo, cobre e zinco, com enchimento pós-
câmaras e pilares)

Tensões e deformações medidas no enchimento foram


comparadas significativamente com a deformação total medida.
Tesarik et al. (2003) sugerem as seguintes conclusões.

• Variação de tensão média medida no enchimento pós-lavra é


35% da mudança média total de tensões.

• Deformação média pós-lavra no enchimento é 28% da


deformação total medida.

• No estudo, resistência do enchimento foi adequada para


suportar carregamento dependente do tempo, permanecendo
estável por 16 anos.
Mina Buick
• Estados Unidos, chumbo, cobre e zinco, método de lavra por
câmaras e pilares com enchimento (backfill) de dolomita de pedreira
(Tesarik et al., 2003, por Vissoto Jr, 2013).
• Enchimento hidráulico pode ser usado como suporte primário de
maciço de longo prazo e controle da subsidência em minas de rochas
resistentes, visto que a resistência inicial de projeto do enchimento
considera carregamento dependente do tempo.
• Quando colocado no menor intervalo de tempo possível após
abertura dos vazios, enchimento aumenta atuação como mecanismo
de suporte passivo, pois há melhor aproveitamento do efeito de
convergência das paredes aplicadas sobre o material de forma a
comprimi-lo.
Qin & Li (2021)– modelos físicos; boa concordância entre assentamento
medido e calculado -> solução analítica útil para avaliar o assentamento de
polpa de rejeito ou enchimento.

Gob (goaf)- material abatido- “autoenchimento”.


Ancoragens e
concreto reforçado
Vantagens:
• boa velocidade de instalação;
• flexibilidade de instalação: em
qualquer perfil de escavação, rupturas
desde que haja espaço para
operação dos equipamentos;
• em caso de dano a porção da
camada de concreto, blocos
formados por rocha e concreto
podem ser mantidos no lugar
por meio de parafusos
adicionais;
• o tipo de ancoragem dos
tirantes pode ser qualquer
(mecânica ou química, de
ponta ou em coluna total);
tensionado- compressão que
aumenta força resistiva ao
longo do plano potencial de Silva Jr. (2020): trinca à entrada da
deslizamento e diminui força
desestabilizadora. Mina Lamil interrompeu a produção.
Ancoragens e concreto reforçado
• Principal limitação: necessidade de dimensões mínimas para
operação dos equipamentos.
• Maioria: cartuchos de cimento para ancoragem, com ancoragem de
resina quando se necessita de um suporte mais imediato.
1

2 4

1- Ancoragens, 2- arcos, 3- enfilagens, 4- concreto projetado; 3 tipos de estruturas: suporte,


revestimento e reforço.

Shibao et al. (2021): manutenção de sistema combinado de ancoragem e telas em


minas de carvão- deformação de vias tendem a estabilizar após 15 dias.
Cambotas e concreto reforçado

Galerias de mina ou túneis civis: suporte e revestimento.

Rochas mais rígidas: parafuso, quadro/arco, tela e concreto projetado; menos


rígidas: combinações (Jing et al, 2007).
Comentários Finais
• Projeção de concreto vem se tornando recurso principal,
especialmente em áreas que requerem uso por longo tempo (câmaras
de britagem) ou sujeitas a trânsito pesado (pontos de carregamento na
lavra por abatimento em blocos).
• Telas são mais usadas: capturador de rocha quebrada e reforço do
concreto. Desvantagem: consumo de tempo-> custo de instalação.
• Enchimentos: na extração ou no fechamento de mina.
TSLs em parede de
galerias-Akarsen:
maior custo (ϵ$ 925 x
635/ 50 m2, 5 mm
espessura, 3 m
avanço), mas maior
resistência (3-> 20-25
MPa), menos reflexão
(30%->5%), cura mais
rápida que concreto
Manuseador de rolo de tela, montado sobre jumbo, com reforçado.
segurança para operadores em relação ao maciço não suportado.
Potencial
• Membranas projetadas- TSLs: início de aceitação em rocha dura; podem
ter capacidade equivalente em proteção às quebras com trabalho
significativamente menor (Walker, 2012); resistividade a cargas
dinâmicas, aumento de resistência pós- aplicação (Komerlu et al, 2017).
• Concreto- maior avanço, últimos 10-15 anos (abordagem da segurança
no subterrâneo): mudança mistura a seco-> a úmido do resistência à
compressão -> 60 MPa (28 dias).
• Misturas têm reduzido problemas (alta reflexão, poeira, pouca
compacticidade, perda significativa de desempenho estrutural).
• Adição de fibras (aço, sintéticas)-> melhor rigidez (flexão, cisalhamento),
resistência a impacto. Automação na projeção ajuda na distância de
aplicação e inclinação.
• Enchimento: Silva et al. (2012)- aumenta até 15% do teor médio
recuperado, reduz diluição (até 40%) e custos (remoção, transporte e
processamento de minérios); alguns pilares verticais e horizontais podem
ser recuperados em zonas de difícil acesso.
• Mashoene & Zvarivadza (2016)- redução de 14 para 10% de cimento no
enchimento em testes de laboratório.
• NX Gold: estudos (modelos geoestatísticos, visando identificar as zonas
críticas da qualidade das rochas).
Referências Bibliográficas
Gonçalves FL. O concreto projetado reforçado com fibras de aço como revestimento de túneis. USP, 163p. 2001.
International Mining. Caving Technology- underground rock flow, 77, 5p. 2012.
Kovári K. History of the sprayed concrete lining method. Tunnel. Underground Space Technol., 18, p.57–69. 2003.
Franzén T. 1992. Shotcrete for Underground Support. Rock Support in Mining and Underground Construction.
Kaiser & McCreath. Balkema.
Cummins; Given. SME Mining Engineering Handbook, p.12-133. 1973.
Garshol K. F. Pré -excavation grouting in rock tunneling. UGC. 2003.
Hoek E, Kaiser PK; Bawden WF. 1995. Support of Underground Excavations in Hard Rock, p.190-200.
Hoek E.; Wood D.F. 1988. Rock Support. Mining Magazine, p. 282-287.
Zirlis A.C.; Pitta C.A.; Kochen R. Engenharia, 2004, p. 563-565.
Maia J. 1980. Curso de Lavra de Minas, UFOP, p.122-128.
Hassani et al. 1989. Innovations in Mining Backfill Technology, p.105-274. Balkema.
Hennies, W.; Ayres da Silva, L.A. Abertura de Vias Subterrâneas. USP. 1995.
Hoek, E. 1992. Rock Support in Mining & Underground Construction, p. 6-9.
Hoek, E.; Brown, E.T. 1980. Underground Excavations in Rock, p.353- 366.
Vissoto Jr L.A. Análise tridimensional de mina subterrânea com ênfase na interação entre maciço e preenchimento.
Dissertação de Mestrado. UFOP. 2013.
Jjuuko & Kalumba. 2016. Application of Thin Spray-on Liners for Rock Surface Support in South African Mines.
IJIRAE, n. 07, v. 3.
MOSHAB. 1999. Surface Rock Support in Underground Mines.
Pereira F.B.; Costa G.A.V.; Gomes M; Silva A.R. Análise Evolução e Lições Aprendidas Relativos a Aplicação de
Concreto Projetado na Mina Cuiabá. CBMINA. 2018.
Komerlu E; Kesimal A. 2017. Usability of TSLs for...Int. Min. Cong. Exhibition, p.89-104.
PUC-RJ. Estabilidade de aglomerados granulares: ..., cap.2. Em: www2.dbd.puc-rio.br.
Jing L; Stephanson O. 2007. Fundamentals of Discrete Element Methods for Rock Engineering. Developments in
Geotechnical Engineering; sciencedirect.com.
Shibao, Huaixuan et al. 2021; iopscience.iop.org.
Unrug KF. Construction of development openings. Colorado: Society for Mining, Metallurgy, and Exploration, Inc;
1992.
Referências Bibliográficas
Compton et al. Roof screening… 2008, acesso em 2016.
Pelizza, S.; Peila, D. Soil and rock reinforcement in tunneling. Tunneling & Underground Space Technology, v.8, n 3,
p.357-370. Pergamon Press. 1993.
U.S. Army. Tunnels and Shafts in Rock. Chapter 9– Design of Permanent Final Linings.
Vasenko, Y. A. Disponível em www.springerlink.com, acesso em 2008.
Warner, J. Practical Handbook of Grouting: soil, rock and structures. Wiley. 720 p. 2004.
Wang, C. K.; Salomon, C. G. Reinforced Concrete. 1998. Wiley. 1040 p.
Harrison, J.P.; Hudson, J.A. Engineering Rock Mechanics. Pergamon, p.267-286. 2007.
Hulton & Rogstad. Rapid Excavation and Tunnelling Conference. Excavation in difficult ground, grout and shotcrete,
p. 929. 2005.
Hamshire & Gowring. Rapid Excavation and Tunnelling Conference. Polyurethane, p.327, Excavation in difficult
ground, p. 907. 2001.
Hoek E. Rock Engineering– the application of modern techniques to underground design. CBMR-CBT-ABMS, p.12-
13, 202-204. 1998.
Torres V.F.N.; Gama C.D. Engenharia Ambiental Subterrânea, p.265. 2005.
Geraldi, J.L.P. O ABC de Escavações de Rocha. Editora Interciência, p. 224-227.
Silva J.M.; Curi A. Conjugação de Suportes para Estabilidade Geomecânica de Escavações Subterrâneas e
Economicidade de Empreendimentos Mineiros. Jornada MASYS. 2012.
Robertson & Hinshaw. Roof Screening: Best Practices and Roof Bolting Machines.
Rosengren K. 2005. Surface Support in Mining. Canadian Mining Journal.
Alves CM; Zeni MA; Zingano AC; Pooter EK. Caracterização de Backfill para a Mina Fontanella. Congresso Brasileiro
de Mina. 2018.
Pereira, F.B.; Costa, G.A.V. Análise de Tenacidade para o Concreto Projetado Reforçado com Fibras de Aço da Mina
Cuiabá. Congresso Brasileiro de Mina. 2018.
Alves M.H.L. 2019. Relação Tensão-deformação de Telas de Mina Subterrânea. TCC. UFOP.
Resende LMM. Estudo reológico de mistura para moldagem de pós por injeção, p.320-327. UFSC. 2001.
Mashoene K; Zvarivadza T. 2016, Backfill composition effects on backfill optimization in massive mining.
Treatise on Geomorphologie. 2013; science.diretc.com.
Vergne JD. The hard rock miner’s handbook. 3rd ed. Ontario: McIntosh Engineering; 2003.
Referências Bibliográficas
Abreu F.S. et al. 2020. Cleaner Production.
Belohuby M.; Torres I.F. Webinar Concreto Projetado. SIKA. 2020.
Li Z. 2016. Potential use of TSLs for... SAIMM, v.116, n.12, p.1091-1100.
Suglo R.S. & Opoku S. 2012. An assessment of dilution in sublevel caving at Kazansi Mine. I.J.M. & Mining
Engineering, v.4, n.1, p.1-16; linkspringer.com/article.
Sletten, A.M. 2012. Assessment of underground mine of Nussir deposit; academia.edu.
Silva Jr., A.N. Comunicação Pessoal. 2020.
Suorineni, Kaiser & Henning. 2008. Safe rapid drifting– support selection. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/223450960.
Hadjigeorgiou, J.; Potvin, Y. 2011. Hard-Rock Ground Control with Steel Mesh and Shotcrete. Darling, P. SME Mining
Engineering Handbook, p.573-594.
Pariseau, W. G. 2007. Design Analysis Rock Mechanics, p.121-140. Taylor and Francis.
Trindade et al. 2021. Análise da viabilidade técnica comparativa do novo padrão de telamento da Mineração
Caraíba S.A. Congresso Brasileiro de Mina Subterrânea.
Mendes da Silva et al. 2021. Mecanização do telamento utilizando telas eletro-soldadas na Mina Cuiabá. Congresso
Brasileiro de Mina Subterrãnea.
Feng XT. 2017. Rock Mechanics and Engineering, v.4- Excavation, Support & Monitoring, p.423-429.
Hoek, Bawden & Kaiser. Support of Underground Excavations in Hard Rock, p.211-214. 2005.
Yun et al. 2016. Advances in Materials Science and Engineering, v.2016.
Shant et al. 2020. Investigation on the rock surface support performance of welded steel mesh and Thin-Spray on
Liners using scale laboratory testing. Rock Mech. Rock Engineer., v.53, p.171-183.
Gundwar CS. 2014. Application of Rock Mechanics in Surface and Underground Mines. Indian Bureau of Mines,
p.112.
Ferreira D.A.; Celestino T.B. 2002. A instrumentação de suportes de túneis em concreto projetado.
Qin & Li. 2021. An analytical solution to estimate... IJMST, 31(3), 463-471; em: sciencedirect.com.
Eriksson C; Nystrom A. Garpenberg Mine– 10 Years of mining with paste backfill. PASTE
2018, 21p. Proceedings, Austrália, 2018.
Garcia DH. 2022. Proposta de Mestrado. PPGEM. UFOP. 2022.
Hoek E. Shotcrete support. Hoek’s Corner; 2012.

Você também pode gostar