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Planos de aula / Língua Portuguesa / 9º ano / Análise linguística/Semiótica

Figuras de linguagem: Um jogo de palavras


Por: Danielle Lima De Vasconcelos / 20 de Dezembro de 2018

Código: LPO9_02SQA08

Sobre o Plano

Este plano de aula foi produzido pelo Time de Autores NOVA ESCOLA
Professor-autor: Danielle Vasconcelos
Mentor: Débora Souza
Especialista: Isabel Fernandes

Título da aula: Figuras de linguagem: Um jogo de palavras

Finalidade da aula: Explorar o uso das figuras de linguagem de efeito semântico: comparação, hipérbole e prosopopeia, para compreender a linguagem poética presente nos sonetos. Identificar, através de um jogo feito
pelos alunos, as figuras de linguagem exploradas.

Ano: 9º ano do Ensino Fundamental

Gênero: Soneto

Objeto(s) do conhecimento: Recursos linguísticos e semióticos que operam nos textos pertencentes aos gêneros literários.

Prática de linguagem: Análise Linguística e Semiótica

Habilidade(s) da BNCC: EF69LP54

Esta é a oitava aula de uma sequência de 15 planos de aula. Recomendamos o uso desse plano em sequência.

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Figuras de linguagem: Um jogo de palavras

Materiais complementares

Documento
Atividade para impressão - Roteiro para pesquisa
https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/rXsAq6RXDDQK53XdYjE5xmNRZjrKKEYPqFE4fhehJphUzmzKHR2rMse9Q6Rc/atividade-para-impressao-roteiro-para-pesquisa-lpo9-02sqa08.pdf

Documento
Atividade para impressão - Coletânea de sonetos
https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/Et2GPduuuhEcp4nU4VmCp46CMSfpJSFnMxhwWMMjeZDVyyEdkuYs7FXDXMhv/atividade-para-impressao-coletanea-de-sonetos-lpo9-02sqa08.pdf

Documento
Atividade para impressão - Modelo de dominó
https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/yAMKUYd2gYr2gwEr4hMfNJmgBB88mCcs6EDjBqWyvD5WMsw2HgQcJe4SS6BY/atividade-para-impressao-modelo-de-domino-lpo9-02sqa08.pdf

Documento
Atividade para impressão - Modelo de ficha de avaliação
https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/ARsAeDZfhBRRuFPWqTjPhjAs6xm6UJPDUrGrThTHjqFjc9B3vVt2hypyrtAY/atividade-para-impressao-modelo-de-ficha-de-avaliacao-lpo9-02sqa08.pdf

Documento
Resolução de Atividade - Coletânea de Sonetos
https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/6BveHBp8KYPHcqyCf9xyxvq3zkkXgF9dZ7RmgEhxGPaHkpa7YZnBftNPtXpZ/resolucao-de-atividade-coletanea-de-sonetos-lpo9-02sqa08.pdf

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Plano de aula

Figuras de linguagem: Um jogo de palavras

Slide 1 Sobre este plano


Este slide não deve ser apresentado para os alunos,
ele apenas resume o conteúdo da aula para que
você, professor, possa se planejar.
Sobre esta aula: Esta é oitava aula de uma
sequência de 15 planos de aula com foco no gênero
soneto e no campo de atuação artístico-literário. A
aula faz parte do módulo de análise linguística e
semiótica. Antes desta aula, solicite que os alunos
façam um estudo orientado sobre as seguintes
figuras de linguagem: comparação, hipérbole e
prosopopeia. Peça que incluam o conceito e alguns
exemplos das figuras de linguagem exploradas na
aula anterior (antítese, paradoxo, metáfora e
metonímia). Caso julgue necessário, acesse aqui
uma sugestão de roteiro para a o estudo orientado.
Materiais necessários: Pesquisa feita pelos alunos,
sonetos impressos, ficha de avaliação online,
papelão, cartolina, papel e papel cartão de cores
diversas, cola, tesoura, canetas hidrográficas e/ou
lápis de cor, projetor ou quadro digital, tablets, um
notebook ou computador desktop com conexão
com internet (podem ser usados ainda os celulares
dos alunos).
Informações sobre o gênero: Soneto é um poema
de forma fixa, com 14 versos, cuja formação mais
usual é 4-4-3-3 ou 4-4-4-2. Normalmente o
soneto apresenta rimas e suas sílabas poéticas são
decassílabos ou versos alexandrinos.
Dificuldades antecipadas : Não compreender as
figuras de linguagem apresentadas. Dificuldade
para estruturar o jogo por não ter realizado a
pesquisa prévia. Não conseguir identificar as
figuras de linguagem presentes nos textos. Para
superar esses impasses, forneça acesso a um
computador ou outro equipamento que viabilize a
consulta sobre o tema da aula e dê suporte aos
alunos, esclarecendo suas dúvidas.
Referências sobre o assunto:
ALVES, José Hélder Pinheiro. Caminhos da
abordagem do poema em sala de aula. Graphos. v.
10, n. 1, 2008. João Pessoa-PB, 2008.Disponível
em:
<http://www.periodicos.ufpb.br/index.php/graphos/article/viewFile/4299/3250>.
Acesso em: 17 jul. 2018.
COSTA, Marta Moraes da. Teoria da literatura II .
Curitiba: IESDE Brasil, 2008.
LIMA, Renira Lisboa de Moura. A forma soneto .
Maceió: EdUFAL, 2007.
MASSAUD, Moisés. Dicionário de termos Associação Nova Escola © - Todos os direitos reservados.
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Figuras de linguagem: Um jogo de palavras

MASSAUD, Moisés. Dicionário de termos


literários. 12 ed. São Paulo: Cultrix, 2004.
MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. São
Paulo: Cultrix, 1981. p. 225.
SILVA, E.F.; DE JESUS, W.G. Como e por que
trabalhar a poesia na sala de aula. Revista
Graduando, n.2, jan./jun. 2011. Disponível em:
<http://www2.uefs.br/dla/graduando/n2/n2.21-
34.pdf >. Acesso em: 25 jul. 2018.
TEIXEIRA, Madalena Telles; REIS, Maria Filomena.
A Organização do espaço em sala de aula e as suas
implicações na aprendizagem cooperativa. Meta:
Avaliação, v. 4, n. 11, mai./ago. Rio de Janeiro - RJ,
2012. p. 162-187. Disponível em :
<http://www.adventista.edu.br/_imagens/area_academica/files/A%20organiza%C3%A7%C3%A3o%20do%20espa%C3%A7o%20em%20sala%20de%20aula.pdf>.
Acesso em: 15 ago. 2018.

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Figuras de linguagem: Um jogo de palavras

Slide 2 Tema da aula


Tempo sugerido : 5 minutos
Orientações:
Use um computador desktop ou notebook ou
disponha de tablets com internet para dar apoio às
atividades desta aula.
Divida a classe em grupos para favorecer a
colaboração e a comunicação e também para
otimizar o tempo a fim de alcançar o objetivo da
aula, que é a criação de um jogo.
Projete ou escreva o título da aula e peça que os
alunos expliquem qual a relação do título com a
pesquisa que realizaram previamente sobre figuras
de linguagem.
Explique aos alunos que o objetivo desta aula é a
criação de jogos de carta ou dominó sobre as
figuras de linguagem exploradas: antítese,
paradoxo, metáfora, metonímia, comparação,
hipérbole e prosopopeia. Para isso, eles deverão
compartilhar as informações coletadas no estudo
orientado (sugestão de roteiro ).
Em seguida, peça que discutam sobre a elaboração
de um jogo cujo tema são as figuras de linguagem
trabalhadas. O jogo pode ser de cartas, dominó ou
outro tipo. No jogo, os participantes devem ser
capazes de identificar algumas figuras de
linguagem usadas em sonetos. Eles devem pensar
nas regras, peças, tabuleiro (se for o caso) e demais
elementos relacionados.

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Figuras de linguagem: Um jogo de palavras

Slide 3 Introdução
Tempo sugerido : 15 minutos
Orientações:
Apresente o material que eles poderão usar (papel,
cola, tesoura etc.) e oriente os alunos a
desenvolverem o jogo levando em consideração
esses recursos disponíveis.
Uma vez que eles pesquisaram o conceito e
exemplos das figuras de linguagem, distribua nos
grupos sonetos impressos que se valeram desses
recursos de sentido. Os sonetos selecionados já
foram trabalhados em aulas anteriores.
Ressalte que eles devem concluir o planejamento
no tempo estabelecido, pois o momento seguinte
da aula deverá ser usado para a confecção do jogo.
Peça que dividam as tarefas, estabelecendo a
função de cada componente do grupo. Por
exemplo, quem vai escrever as regras, quem vai
criar as peças ou cartas etc.
Forneça o material necessário para o
desenvolvimento do jogo.
Materiais complementares: Para acessar a
coletânea de sonetos desta aula, clique aqui.
Para a indicação de figuras de linguagem nos
sonetos, clique aqui.
Para acessar um modelo de dominó, acesse aqui.
Observação: o objetivo é que os alunos criem o
jogo. O modelo disponibilizado é uma referência e
pode ser alterado. Caso ache mais adequado,
considerando o perfil da turma, pode ser utilizado
em sala.

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Figuras de linguagem: Um jogo de palavras

Slide 4 Desenvolvimento

Tempo sugerido : 20 minutos


Orientações:
Após a etapa de elaboração e divisão de tarefas, os
grupos deverão criar o jogo que inventaram.
Ofereça suporte às equipes e esclareça eventuais
dúvidas.
Neste momento, circule entre os grupos e verifique
se o conteúdo do jogo está adequado.

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Slide 5 Fechamento

Tempo sugerido : 10 minutos


Orientações:
Peça que os grupos troquem os jogos entre si.
Eles terão os momentos finais da aula para
experimentar a criação de outro grupo.
Projete ou escreva o link da ficha de avaliação do
jogo e peça que, individualmente, os alunos
avaliem o jogo que experimentaram.
Sugere-se o uso de um formulário online para a
avaliação dos jogos. Para isso, consulte o tutorial
indicado nos materiais complementares e o
modelo da ficha de avaliação. Caso prefira, poderá
imprimir o modelo e pedir que os alunos
preencham a avaliação.
Recolha os jogos para que possa avaliá-los. Se
julgar necessário, reserve outra aula para que esta
etapa de degustação seja mais proveitosa e
oportunize a valorização do trabalho dos alunos.
Materiais complementares: Para acessar a ficha de
avaliação dos jogos, clique aqui.
Para acessar o tutorial do Google Forms, clique
aqui.

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ROTEIRO DE PESQUISA

1. Pesquise o que são as figuras de linguagem, incluindo sua finalidade no


texto.

2. Com suas palavras, construa um conceito para as seguintes figuras de


linguagem:
● Antítese
● Paradoxo
● Metáfora
● Metonímia
● Comparação
● Hipérbole
● Prosopopeia

3. Inclua exemplos de cada figura de linguagem pesquisada.


SUGESTÃO DE SONETOS

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades


Camões

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,


Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,


Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,


Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E afora este mudar-se cada dia,


Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.

Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"​


Alma minha gentil, que te partiste
Camões

Alma minha gentil, que te partiste


Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,


Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te


Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te;

Roga a Deus que teus anos encurtou,


Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
Soneto XIII
Olavo Bilac

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo


Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite, enquanto


A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!


Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!


Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
Soneto XII
William Shakespeare (Tradução de Ivo Barroso)

Quando a hora dobra em triste e tardo toque


E em noite horrenda vejo escoar-se o dia,
Quando vejo esvair-se a violeta, ou que
A prata a preta têmpora assedia;

Quando vejo sem folha o tronco antigo


Que ao rebanho estendia a sombra franca
E em feixe atado agora o verde trigo
Seguir no carro, a barba hirsuta e branca;

Sobre tua beleza então questiono


Que há de sofrer do Tempo a dura prova,
Pois as graças do mundo em abandono
Morrem ao ver nascendo a graça nova.

Contra a foice do Tempo é vão combate,


Salvo a prole, que o enfrenta se te abate.
Rio verde
Lenilde Freitas

Para melhor compor as madrugadas


também os galos acordavam cedo.
O vento ao passar pela varanda
contava à folhagem um segredo.
A hora era imensa e tão pouca
ó rastro da manhã que já desanda
no tempo, despetalando sim cada
palavra frágil flor de nossa boca.
Os colibris voavam bailarinos
sobre as sépalas verdes do futuro.
A brisa prenuncia assim os finos
dedos da chuva fria sobre o muro.
Então o relógio para, a vida zera.
Desfaz-se a neblina de quimera.
De joelhos
Florbela espanca

‘Bendita seja a Mãe que te gerou’.


Bendito o leite que te fez crescer.
Bendito o berço aonde te embalou
A tua ama, pra te adormecer!

Bendita essa canção que acalentou


Da tua vida o doce alvorecer...
Bendita seja a lua que inundou
De luz, a terra, só para te ver...

Benditos sejam todos que te amarem,


As que em volta de ti ajoelharem
Numa grande paixão fervente e louca!

E se mais que eu, um dia, te quiser


Alguém, bendita seja essa Mulher,
Bendito seja o beijo dessa boca! !
Vidas
Mário Quintana

Nós vivemos num mundo de espelhos,


mas os espelhos roubam nossa imagem...
Quando eles se partirem numa infinidade de estilhas
seremos apenas pó tapetando a paisagem.

Homens virão, porém, de algum mundo selvagem


e, com estes brilhantes destroços de vidro,
nossas mulheres se adornarão, seus filhos
inventarão um jogo com o que sobrar dos ossos.

E não posso terminar a visão


porque ainda não terminou o soneto
e o tempo é uma tela que precisa ser tecida...

Mas quem foi que tomou agora o fio da minha vida?


Que outro lábio canta, com a minha voz perdida,
nossa eterna primeira canção?!
Amor Fiel
Gregório de Matos

Ó tu do meu amor fiel traslado


Mariposa entre as chamas consumida,
Pois se à força do ardor perdes a vida,
A violência do fogo me há prostrado.

Tu de amante o teu fim hás encontrado,


Essa flama girando apetecida;
Eu girando uma penha endurecida,
No fogo que exalou, morro abrasado.

Ambos de firmes anelando chamas,


Tu a vida deixas, eu a morte imploro
Nas constâncias iguais, iguais nas chamas.

Mas ai! que a diferença entre nós choro,


Pois acabando tu ao fogo, que amas,
Eu morro, sem chegar à luz, que adoro.
Amar!
Florbela Espanca

Eu quero amar, amar perdidamente!


Amar só por amar: aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...


Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:


É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada


Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...
Fanatismo
Florbela Espanca

Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida.


Meus olhos andam cegos de te ver.
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...


Passo no mundo, meu Amor, a ler
No mist'rioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!...

"Tudo no mundo é frágil, tudo passa...


Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:


"Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."
Vandalismo
Augusto dos Anjos

Meu coração tem catedrais imensas,


templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.

Na ogiva fúlgida e nas colunatas


Vertem lustrais irradiações intensas,
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.

Como os velhos templários medievais,


Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos...

E erguendo os gládios e brandindo as hastas


No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!
Buscando a Cristo
Gregório de Matos

A vós correndo vou, braços sagrados,


Nessa cruz sacrossanta descobertos
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.

A vós, divinos olhos, eclipsados


De tanto sangue e lágrimas abertos,
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
E, por não condenar-me, estais fechados.

A vós, pregados pés, por não deixar-me,


A vós, sangue vertido, para ungir-me,
A vós, cabeça baixa, p'ra chamar-me

A vós, lado patente, quero unir-me,


A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
Para ficar unido, atado e firme.
DOMINÓ – FIGURAS DE LINGUAGEM (EXEMPLOS)
28 PEÇAS COM 7 CATEGORIAS: METÁFORA, COMPARAÇÃO, METONÍMIA,
ANTÍTESE, PARADOXO, HIPÉRBOLE E PROSOPOPEIA.

Ser Poeta
É ter fome, é t​ er sede de Infinito​!
METÁFORA Florbela Espanca

“Gosto da Noite imensa, triste e preta,


METÁFORA Como esta estranha borboleta​”
Florbela Espanca

“Eu possa me dizer do a


​ mor​ (que tive):
Que não seja imortal, posto que é ​ ANTÍTESE
chama​”
Vinícius de Moraes

“Amor ​é fogo que arde sem se ver​,


Camões PARADOXO

“Os ratos já d
​ evoram toda história​,
METÁFORA e avançam contra os cacos do presente,”
Antônio Carlos Secchin

“Não és sequer razão de meu viver,


METÁFORA Pois que t​ u és já toda a minha vida​”!
Florbela Espanca

“​É a vaidade​, Fábio, nesta vida,


Rosa​, que da manhã lisonjeada,” PROSOPOPEIA
Gregório de Matos

“Que seja a tua mão branda c​ omo a neve​”


COMPARAÇÃO Florbela Espanca
“​Recordar​? ​Esquecer​? Indiferente!...
COMPARAÇÃO Prender​ ou ​desprender​? É m ​ al​? É ​bem​?...”
Florbela Espanca

“que seja a tua boca rubra ​como o


sangue​” PARADOXO
Florbela Espanca

“A vós correndo vou, b


​ raços​ sagrados,
COMPARAÇÃO Nessa cruz sacrossanta descobertos”.
Gregório de Matos

“Ela só viu as l​ ágrimas em fio​,


Que de uns e de outros olhos derivadas,
COMPARAÇÃO Juntando-se formaram largo rio​”.
Camões

“Sobe-me à boca u
​ ma ânsia análoga à
ansia PROSOPOPEIA
Que escapa da boca de um cardíaco​”.
A
​ ugusto dos Anjos

“De repente do ​riso​ fez-se o p


​ ranto​”
Vinícius de Moraes ANTÍTESE

“Repousa ​lá​ no ​Céu​ eternamente,


E viva eu ​cá n
​ a terra sempre triste”. PARADOXO
Camões

“E das b
​ ocas unidas​ fez-se a espuma E das
ANTÍTESE mãos espalmadas​ fez-se o espanto”.
Vinícius de Moraes
“E rir meu ​riso​ e derramar meu p​ ranto
Ao seu p​ esar​ ou seu c​ ontentamento​”. HIPÉRBOLE
Vinícius de Moraes

Eu, filho do carbono e do amoníaco,


Monstro de e ​ scuridão e rutilância​,” PROSOPOPEIA
Augusto dos Anjos

“É um andar s​ olitário entre a gente​;


PARADOXO Én​ unca contentar-se de contente​;”
Camões

“Mas que seja i​ nfinito enquanto dure​”.


Vinícius de Moraes METONÍMIA

“é um c​ ontentamento descontente​,
é dor que desatina sem doer”. HIPÉRBOLE
Camões

"Ah! Podem v
​ oar mundos​, morrer astros”
PARADOXO Florbela Espanca

“Eu a
​ os Céus ultrajei​! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura”
METONÍMIA Bocage

“​E em mim converte em​ choro o


​ ​ doce
canto”. HIPÉRBOLE
Camões

“A vós, pregados ​pés, por não deixar-me​,


A vós, sangue vertido, para ungir-me” PROSOPOPEIA
Gregório de Matos
“Foste o
​ beijo melhor da minha vida​,
HIPÉRBOLE Ou talvez o pior... Glória e tormento,”
Olavo Bilac

“mas o
​ s espelhos roubam​ nossa imagem”
HIPÉRBOLE Mário Quintana

“Deixa que o
​ olhar do mundo​ enfim
PROSOPOPEIA devasse
Teu grande amor que é teu maior
segredo!”
Olavo Bilac
FICHA DE AVALIAÇÃO

Nome:

1. Design do jogo (aparências das peças e/ou cartas, visibilidade das


informações etc.)

( ) Regular

( ) Bom

( ) Muito bom

( ) Excelente

2. Clareza e a objetividade das regras do jogo

( ) Regular

( ) Bom

( ) Muito bom

( ) Excelente

3. Atendimento ao tema (aborda todas as figuras de linguagem propostas)

( ) Regular

( ) Bom

( ) Muito bom

( ) Excelente

4. Desafio e diversão (se a proposta é adequada para o público-alvo e


apresentada de forma interessante)

( ) Regular

( ) Bom
( ) Muito bom

( ) Excelente
SUGESTÃO DE SONETOS

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades


Camões

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,


Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,


Diferentes em tudo da esperança:
Do m
​ al​ ficam as mágoas na lembrança,
E do ​bem*​ (se algum houve) as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,


Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em ​choro​ o d
​ oce canto*​.

E afora este mudar-se cada dia,


Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.

Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"​

*Antítese.
Alma minha gentil, que te partiste
Camões

Alma minha gentil, que te partiste


Tão cedo desta vida descontente,
Repousa l​ á​ no C
​ éu*​ eternamente,
E viva eu c
​ á​ na t​ erra*​ sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,


Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te


Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te;

Roga a Deus que teus anos encurtou,


Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

*Antítese (lá/cá; céu/terra)


Soneto XIII
Olavo Bilac

"Ora (direis) o
​ uvir estrelas*​! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite, enquanto


A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do ​sol, saudoso e em pranto*​,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!


Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!


Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

*Prosopopeia.
Soneto XII
William Shakespeare (Tradução de Ivo Barroso)

Quando a hora dobra em triste e tardo toque


E em ​noite​ horrenda vejo escoar-se o ​dia*​,
Quando vejo esvair-se a violeta, ou que
A prata a preta têmpora assedia**​;

Quando vejo sem folha o tronco antigo


Que ao rebanho estendia a sombra franca
E em feixe atado agora o verde trigo
Seguir no carro, a barba hirsuta e branca;

Sobre tua beleza então questiono


Que há de sofrer do Tempo a dura prova,
Pois as graças do mundo em abandono
Morrem ao ver nascendo a graça nova.

Contra a
​ foice do Tempo**​ é vão combate,
Salvo a prole, que o enfrenta se te abate.

*Antítese
**Metáfora
Vidas
Mário Quintana

Nós vivemos num mundo de espelhos,


mas ​os espelhos roubam nossa imagem*​...
Quando eles se partirem numa infinidade de estilhas
seremos a
​ penas pó tapetando a paisagem**​.

Homens virão, porém, de algum mundo selvagem


e, com estes brilhantes destroços de vidro,
nossas mulheres se adornarão, seus filhos
inventarão um jogo com o que sobrar dos ossos.

E não posso terminar a visão


porque ainda não terminou o soneto
e ​o tempo é uma tela que precisa ser tecida**​...

Mas quem foi que tomou agora o


​ fio da minha vida**​?
Que outro lábio canta, com a minha voz perdida,
nossa eterna primeira canção?!

*Prosopopeia.
**Metáfora.
Amor Fiel
Gregório de Matos

Ó tu do meu amor fiel traslado


Mariposa entre as chamas consumida**​,
Pois se à força do ardor perdes a vida,
A violência do fogo me há prostrado.

Tu de amante o teu fim hás encontrado,


Essa flama girando apetecida;
Eu girando uma penha endurecida,
No fogo que exalou, morro abrasado.

Ambos de firmes anelando chamas,


Tu a ​vida​ deixas, eu a ​morte*​ imploro
Nas constâncias iguais, iguais nas chamas.

Mas ai! que a diferença entre nós choro,


Pois acabando tu ao fogo, que amas,
Eu morro, sem chegar à luz, que adoro.

*Antítese
**Metáfora.
Amar!
Florbela Espanca

Eu quero amar, amar perdidamente!


Amar só por amar: aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar​? ​Esquecer​? Indiferente!...


Prender ​ou ​desprender​? É ​mal​? É b
​ em*​?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida**​:


É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser p


​ ó, cinza e nada***
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba ​perder​... pra me ​encontrar*​...

*Antítese
**Metáfora.
***Metonímia (para morte)
Fanatismo
Florbela Espanca

Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida.


Meus olhos andam cegos de te ver*.
Não és sequer razão do meu viver
Pois que t​ u és já toda a minha vida​!**

Não vejo nada assim enlouquecida...


Passo no mundo, meu Amor, a ler
No mist'rioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!...

"Tudo no mundo é frágil, tudo passa...


Quando me dizem isto, toda a graça
Duma b​ oca divina****​ fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:


"Ah! podem ​voar mundos****​, morrer astros,
Que ​tu és como Deus*****: princípio e fim**​!..."

*Paradoxo
**Hipérbole
***Metáfora
****Prosopopeia
*****Comparação
Vandalismo
Augusto dos Anjos

Meu coração tem catedrais imensas*​,


templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.

Na ogiva fúlgida e nas colunatas


Vertem lustrais irradiações intensas,
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.

Como os velhos templários medievais,


Entrei um dia nessas catedrais**
E nesses templos claros e risonhos...

E erguendo os gládios e brandindo as hastas


No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!

*Metáfora e hipérbole.
** Comparação
Amor é fogo que arde sem se ver
Camões

Amor é fogo que arde sem se ver*​,


é ferida que dói, e não se sente**;
é um contentamento descontente**,
é dor que desatina sem doer​.

É um não querer mais que bem querer;


é um andar solitário entre a gente**​;
é nunca contentar-se de contente**;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;


é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor


nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor

*Metáfora
**Paradoxo
A Carolina
Machado de Assis

Querida, ao pé do ​leito derradeiro*


Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro


Que, a despeito de toda humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E ​num recanto pôs um mundo inteiro**​.

Trago-te flores, - restos arrancados


Da terra que nos viu***​ passar ​unidos
E ora mortos nos deixa ​separados****​.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos


Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.

*Metáfora: Amor é fogo que arde sem se ver


** Hipérbole
***Prosopopeia
**** Antítese (unidos/separados)
Buscando a Cristo
Gregório de Matos

A vós correndo vou, b​ raços*​ sagrados,


Nessa cruz sacrossanta descobertos
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.

A vós, divinos ​olhos*​, eclipsados


De tanto sangue e lágrimas abertos,
Pois, para p
​ erdoar-me**​, estais despertos,
E, por não c​ondenar-me**​, estais fechados.

A vós, pregados p ​ és*​, por não deixar-me,


A vós, s​ angue*​ vertido, para ungir-me,
A vós, c ​ abeça*​ baixa, p'ra chamar-me

A vós, lado patente, quero unir-me,


A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
Para ficar unido, atado e firme.

*Metonímia
**Antítese

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