Administrador, 04 Elson - Cidade Urbanismo e Mobilidade Urbana
Administrador, 04 Elson - Cidade Urbanismo e Mobilidade Urbana
Administrador, 04 Elson - Cidade Urbanismo e Mobilidade Urbana
Resumo
A mobilidade é um atributo do território e um direito do cidadão
urbano. Para a solução de seus problemas faz-se necessário a
compreensão da cidade, como elemento complexo. As soluções de
mobilidade precisam superar a visão puramente técnica e abordá-la
como uma realidade constitutiva da sociedade e da cidade
contemporâneas.
Palavras-chave: Mobilidade urbana; Direito à cidade; Transporte
urbano.
Abstract
Mobility is an attribute of the territory. To search for good
solutions for mobility-related problems it is necessary to
understand the city as a complex element. Mobility solutions need
to overcome the purely technical vision and approach to mobility
as a constitutive reality of society and the contemporary city.
Keys words: Urban mobility; Right to the city; Urban transport.
*
Professor do departamento de Geociências e dos Programas de Pós-
Graduação em Geografia e de Pós-Graduação em Urbanismo, História
e Arquitetura da Cidade – UFSC (elsonmp@hotmail.com).
Geosul, Florianópolis, v. 29, ESPECIAL, p 73-92, jul./dez. 2014
PEREIRA, E.M. Cidade, urbanismo e mobilidade urbana.
Introdução
Um dos temas recorrentes no debate sobre a cidade brasileira
hoje é a dificuldade de se deslocar no interior de seu território. A
Mobilidade Urbana está na moda; ela está no debate acadêmico, no
debate político, nos programas de televisão, mas principalmente
afetando o cotidiano das pessoas que vivem em nossas cidades.
Mas, apesar de estar em pauta, há muita imprecisão em relação ao
seu entendimento; há muita opinião sem base científica e acima de
tudo, há um empobrecimento do debate sobre a mobilidade, pois
muitas vezes ele é restrito ao aspecto técnico dos meios de
transporte.
É preciso compreender a necessidade de mobilidade como
uma característica fundamental da sociedade e cidade
contemporâneas; desta forma, é necessário igualmente compreendê-
la a partir de sua articulação com as demais políticas urbanas.
O direito à cidade
Além de ser um direito em si e dar acesso a outros direitos, a
mobilidade urbana tem outro atributo fundamental: o de propiciar
direito à cidade. Sobre o conceito de Direito à Cidade é necessário
recorrer ao seu autor: durante a década de 1960, Henri Lefebvre,
tendo até então trabalhado principalmente nas áreas sociológicas e
filosóficas, concentrou a sua atenção nas questões geográficas e
urbanas. Em 1968, este intelectual publicou um dos seus trabalhos
mais importantes, a saber, O Direito à Cidade.
Nesta obra, ele propõe uma concepção alternativa do fazer e
do viver a cidade, procurando restituir ao cidadão um poder de
ação sobre o meio urbano e assim devolver-lhe uma capacidade de
atuar sobre o seu ambiente. Aliás, a reflexão conduzida revela-se
muito ampla e claramente ambiciosa: o direito à cidade se
manifesta como forma superior dos direitos: direito à liberdade, à
individualização na socialização, ao habitat e ao habitar. Uma
capacidade plena de mobilidade no território da cidade, permitiria
ao cidadão vivê-la em todas as suas dimensões. Mas Lefebvre
adverte: “O direito à cidade não pode ser concebido como um
simples direito de visita ou de retorno às cidades tradicionais. Só
pode ser formulado como direito à vida urbana, transformada,
renovada.” (1968, p.116-7).
Considerações conclusivas
A partir desta forma de pensar, a mobilidade urbana
apresenta-se como uma variável dependente; ela é resultante do
modelo de cidade implantado; mais ou menos pensado de acordo
com os planos urbanísticos, mas totalmente dependente da forma
de urbanização. A seguir apresentamos algumas reflexões
conclusivas:
Primeiramente é preciso considerar a mobilidade como uma
realidade constitutiva da sociedade contemporânea. É preciso mais
do que nunca, considerar as condições urbanas da mobilidade.
Segundo Chalas (2007), “se existe uma dimensão a se levar
realmente em conta para se tentar compreender o que se tornaram
as cidades no mundo, é a dimensão da mobilidade (...). Não
somente os habitantes se deslocam mais frequentemente, como eles
vão mais longe” (p.35). E ele acrescenta: o que confere à
mobilidade sua plena significação e seu caráter radicalmente
inovador, são suas implicações sociais e espaciais sem precedente
histórico segundo quatro perspectivas essenciais:
1.1. A mobilidade atual em nossas cidades surge de uma
lógica de ruptura ou de mutação civilizacional: na
cidade de antigamente, a mobilidade era considerada
apenas como um elemento complementar do
sedentarismo; hoje ela é fundadora de redes de
pertencimento, de modos de apropriação dos
territórios, conferindo à fixidez um papel subalterno:
“o marginal urbano, o excluído, é, em nossos dias, o
ser bloqueado, o ser incapaz de se movimentar a
grandes distâncias e regularmente”(p.36).
1.2. A segunda perspectiva é a falsa ideia de que a cidade
acabará com a necessidade de mobilidade; “a cidade
poderá, deverá até, se fazer contra o automóvel
Internet
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/revolucaoindustrial/con
sequencias-da-industrializacao.php, acessado em 25/11/2014.
http://thecharnelhouse.org/2010/09/17/exact-air/,acessado em
25/11/2014
http://blog.environmentalresearchweb.org/2011/07/26/urban-
density-and-fuel-consump-1/ acessado em 25/11/2014
http://blog.comshalom.org/carmadelio/tag/homossexualidade
acessado em 25/11/2014.
http://portalarquitetonico.com.br/uma-impressionante-renovacao-
urbana-em-seul/ a acessado em 25/11/2014.
Recebido em
Aceito em