Módulo 2, Aula 3 - História Da Liturgia e Hinologia Metodista

Módulo 2: História da Liturgia e Hinologia
Metodista
Aula 3
Objectivos:
Conhecer as origens e a evolução da liturgia metodista
Familiarização com a ordem de culto
Familiarização com os hinários em uso da Igreja Metodista Unida
Conteúdo:
- Origens e desenvolvimento da liturgia metodista
- John Wesley e a reforma litúrgica
- Hinários metodistas e sua evolução
1 Introdução
A liturgia e a hinologia formam a espinha dorsal do culto metodista, moldando as expressões de
fé individuais e comunitárias. O desenvolvimento da liturgia metodista é uma viagem no tempo,
reflectindo a evolução teológica, cultural e espiritual do movimento metodista. Do mesmo
modo, a hinologia, particularmente influenciada pelo trabalho prolífico de Charles Wesley, tem
sido fundamental no ensino da doutrina, na expressão da devoção e na união da igreja em
cânticos.
2 As origens e o desenvolvimento da liturgia metodista

2.1 Influências iniciais:
As origens da liturgia metodista estão profundamente enraizadas nas tradições anglicanas, das
quais o metodismo emergiu no século XVIII. A Reforma Protestante desempenhou um papel
significativo na formação da paisagem litúrgica que John Wesley herdou. A ênfase na autoridade
das escrituras e na piedade pessoal encontrada no Protestantismo ressoou com a visão de
Wesley para uma vida espiritual renovada entre os crentes.
2.2 O papel do Livro de Oração Comum

John Wesley, um sacerdote anglicano, reconheceu o valor do Livro de Oração Comum, uma
pedra angular do culto anglicano. Ele adaptou este livro de orações para uso metodista, retirando
elementos que considerava desnecessários e mantendo aqueles que encorajariam uma
experiência de culto sincera e sentida. A adaptação de Wesley tinha como objectivo equilibrar a
estrutura formal do culto anglicano com o zelo evangélico que caracterizava o reavivamento
metodista.
1
2.3 Elementos distintivos:
A liturgia metodista tornou-se conhecida pela sua mistura de elementos estruturados e
espontâneos. Enquanto a ordem de culto proporcionava um sentido de continuidade e tradição,
as orações extemporâneas e a ênfase na participação da congregação permitiam uma
experiência de culto dinâmica e orientada pelo Espírito. Esta abordagem promoveu um ambiente
de culto onde a piedade pessoal e o culto comunitário estavam profundamente interligados.
3 João Wesley e a Reforma Litúrgica

3.1 Visão de Wesley:
A visão de John Wesley para a reforma litúrgica estava enraizada no seu desejo de tornar o culto
acessível e espiritualmente enriquecedor para todos. Procurou simplificar as práticas de culto,
eliminando o que considerava complexidades desnecessárias que poderiam impedir um
envolvimento espiritual genuíno. O seu objectivo era criar um ambiente de culto onde as pessoas
pudessem encontrar Deus de uma forma significativa e transformadora.
3.2 Inovações Litúrgicas da Wesley

Uma das contribuições significativas de Wesley foi o “Culto Dominical dos Metodistas na
América do Norte”, publicado em 1784. Este livro de culto era uma versão revista da liturgia
anglicana, adaptada às necessidades do crescente movimento metodista na América. As
inovações de Wesley incluíam cultos mais curtos, comunhão mais frequente e uma maior ênfase
na pregação e no canto de hinos.
3.3 Impacto das reformas de Wesley

As reformas de Wesley foram amplamente adoptadas por todo o Metodismo, tanto em Inglaterra
como na América. A sua abordagem à liturgia conseguiu um equilíbrio entre a manutenção da
riqueza da tradição anglicana e a introdução de elementos que ressoavam com o espírito
evangélico do movimento metodista. Este equilíbrio permitiu que o Metodismo desenvolvesse
uma identidade de culto distinta que perdurou até aos dias de hoje.
4 Liturgia da Igreja Metodista Unida

A liturgia da Igreja Metodista Unida é uma parte central da adoração e celebração comunitária
(pública). Ela é projectada para ser uma expressão da fé e da vida cristã, reflectindo a teologia e
as tradições metodistas. Seguem-se alguns elementos-chave da liturgia metodista unida:
Reunião e Boas-vindas: A liturgia geralmente começa com uma saudação e invocação, onde a
congregação é acolhida e a presença de Deus é invocada. É neste momento que é feita a
chamada à adoração
Adoração e Louvor: Esta parte inclui cânticos, hinos e momentos de adoração musical. A
música é uma forma importante de expressar amor e devoção a Deus.
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Oração: Diferentes formas de oração são incluídas, como orações de confissão, intercessão e
acções de graças. O Pai Nosso é frequentemente recitado.
Leitura e Proclamação da Palavra: Inclui leituras bíblicas seguidas por uma pregação ou
sermão que aplica as Escrituras ao contexto contemporâneo.
Ofertório: Durante este momento, os dízimos e ofertas são colectados como uma expressão de
generosidade e compromisso com a missão da igreja.
Santa Ceia (Comunhão): A Santa Ceia é uma parte fundamental da liturgia metodista unida e é
celebrada regularmente. Este sacramento lembra o sacrifício de Jesus e celebra a comunhão
com Cristo e entre os membros da igreja.
Envio e Bênção: A liturgia termina com uma palavra de envio e bênção, encorajando a
congregação a levar o amor e o evangelho de Cristo ao mundo12.
A liturgia metodista unida enfatiza a graça de Deus, a experiência pessoal da fé, a centralidade
de Jesus Cristo, o chamado ao serviço e à missão, e a importância das Escrituras e da tradição
na vida e adoração da comunidade de fé.
Nos hinários fundamentais da Igreja Metodista Unida, o “Tisimu ta Ivangeli” e o “Hinos

Evangélicos”, estão patentes exemplos de ordens de culto básicas para o culto público.
5 Evolução dos Hinários Metodistas

5.1 Hinologia Metodista Antiga:
Charles Wesley, irmão de John Wesley, foi uma figura central no desenvolvimento da hinologia
metodista. Os seus hinos não eram apenas cânticos de louvor; eram também declarações
teológicas, ensinando as doutrinas fundamentais do Metodismo de uma forma memorável e
acessível. A escrita de hinos de Charles foi prolífica, com mais de 6.000 hinos atribuídos a ele,
muitos dos quais ainda hoje são cantados nas igrejas metodistas.
5.2 Hinários Metodistas chave:

5.2.1 “A Collection of Hymns for the Use of the People Called Methodists”
(1780):
Este hinário, compilado por John Wesley, tornou-se o padrão para o culto metodista. Incluía
hinos que reflectiam os temas centrais da teologia metodista, tais como a salvação, a
santificação e o amor de Deus. O hinário foi estruturado para guiar os adoradores através de
diferentes aspectos da experiência cristã, desde o arrependimento à santificação.
5.2.2 - “The Methodist Hymnal” (1905)

Este hinário representou um desenvolvimento significativo no culto metodista. Incluía uma
selecção mais vasta de hinos, reflectindo a crescente diversidade no seio da Igreja Metodista. O
hinário também incorporou hinos de outras tradições cristãs, simbolizando a abertura do
Metodismo às influências ecuménicas.
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5.3 Hinários modernos:
A evolução dos hinários metodistas continuou com a publicação do “The United Methodist
Hymnal” (Hinário Metodista Unido) em 1989. Este hinário reflecte a natureza global da Igreja
Metodista Unida, incorporando hinos de várias culturas e línguas. Também enfatiza o papel da
hinologia na expressão das preocupações sociais e éticas da igreja, com hinos que abordam
questões como a justiça, a paz e a gestão ambiental.
A publicação do hinário foi um marco significativo, pois foi o primeiro hinário oficial da Igreja
Metodista Unida após a fusão de 1968. Antes disso, várias denominações predecessoras
publicaram e revisaram seus próprios hinários regularmente. A criação deste hinário unificado
ajudou a consolidar a identidade litúrgica e musical da Igreja Metodista Unida.
São características principais deste hinário as seguintes:
• Hinos e Cânticos: Inclui uma ampla variedade de hinos tradicionais e contemporâneos,

reflectindo a rica herança musical da Igreja Metodista.
• Orações e Liturgias: Contém orações, liturgias e rituais para diferentes ocasiões, como
baptismos, casamentos e funerais.
• Índices: Possui índices detalhados que facilitam a busca por hinos específicos, autores,
temas e referências bíblicas.
Além da versão impressa, o “The United Methodist Hymnal” também está disponível em formato
digital, incluindo aplicativos que oferecem recursos como partituras, gravações de áudio e
capacidades de busca avançada
5.4 Hinários em Uso pela Igreja Metodista Unida em Moçambique

5.5 Tisimu ta Ivangeli
Na Igreja Metodista Unida em Moçambique usamos o hinário “Tisimu ta Ivangeli”. O hinário
"Tisimu ta Ivangeli" foi compilado pela Sociedade Missionária Episcopal Metodista em 19081.
Este hinário é uma colecção de hinos e cânticos em língua xitshwa, uma língua falada em partes
da Província de Inhambane, área em que a Igreja Metodista Unida, então Metodista Episcopal
iniciou o seu trabalho missionário. O objectivo principal era disseminar a fé cristã entre os
falantes dessa língua, proporcionando-lhes orientação espiritual e apoio através da música.
A Conferência Anual de 1931 determinou que a publicação original fosse revista, contendo hinos
traduzidos do inglês para o xitshwa fosse revista para correcções linguísticas e de métrica,
retirada de hinos de difícil execução e introdução de hinos referentes a crianças, a eventos da
Igreja e hinos em português.
Neste momento está em curso outra revisão que visa mais questões linguísticas.
1
Tisimu Ta Ivangeli (1908) - Google Books.
https://books.google.com/books/about/Tisimu_Ta_Ivangeli_1908.html?id=1C5QPgAACAAJ.
4
5.6 Hinos Evangélicos
No início da década 70, com a maior disseminação da língua portuguesa na Igreja Metodista
Unida foi publicada uma selecção de hinos em português com música no hinário Tisimu ta
Ivangeli contendo 63 hinos. Por ocasião do 125.º Aniversário da Igreja Metodista Unida em
Moçambique foi impressa uma edição comemorativa deste hinário
5.7 Cem Hinos Escolhidos

“Cem Hinos Escolhidos” é uma colecção de hinos cristãos seleccionados, frequentemente
utilizada em cultos e celebrações religiosas. Este hinário reúne uma variedade de hinos que são
populares e significativos para a adoração e louvor nas igrejas.
Este pequeno hinário foi impresso para atender à grande necessidade que se fazia sentir nos
meios evangélicos de um hinário pequeno e barato que servisse para usar em trabalhos
especiais, como sejam Campanhas de Evangelização, Pregações ao ar livre, Colégios
Evangélicos, etc. Todos os hinos e coros foram escolhidos do hinário “Hinos e Cânticos.
5.8 Outros hinários

Para além dos hinários mencionados, podemos citar ainda o “Rinzelani”, o “Tisimu ta Xibuka” e
em xitshwa, o “Jinjimo nya Ivangeli” em gitonga e o “Tinsimu ta Evangheli” em changana.
Juntam-se a estes um sem número de hinos e canções avulsas não compiladas usadas pelos
vários coros e organizações da Igreja Metodista Unida, impulsionados pelo contexto actual e por
influência secular e de outras denominações cristãs.
5.9 A Hinologia como Reflexo da Teologia Metodista

Os hinários metodistas sempre serviram como mais do que simples colecções de canções. São
documentos teológicos que reflectem a evolução das prioridades e preocupações da Igreja
Metodista. O conteúdo destes hinários fornece uma visão sobre a forma como o Metodismo tem
entendido e expressado a sua fé ao longo da história.
6 Discussão e reflexão
Na próxima aula teremos um debate no qual pretendemos que partilhem as vossas experiências
pessoais com a liturgia e a hinologia metodistas. Como é que estas práticas moldaram as vossas
vidas espirituais? Que hinos ou elementos litúrgicos tiveram o impacto mais profundo sobre vós?
Peço que respondam às seguintes perguntas entregando até à próxima aula:
- Como é que o equilíbrio entre tradição e inovação no culto metodista reflecte a ênfase teológica
do metodismo?
- De que forma é que os hinos servem como veículo para ensinar doutrina e promover o
crescimento espiritual na tradição metodista?
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7 Conclusão
Resumo dos pontos principais:
- A liturgia e a hinologia metodistas têm raízes profundas nas tradições anglicanas, mas
evoluíram para reflectir as prioridades teológicas e espirituais distintas do movimento
metodista.
- As reformas litúrgicas de John Wesley e a hinologia de Charles Wesley tiveram um impacto

duradouro no culto metodista, moldando-o numa mistura única de estrutura e
espontaneidade.
- A evolução dos hinários metodistas reflecte os esforços contínuos da igreja para se manter
relevante e responder às necessidades de uma comunidade diversificada e global de
crentes.

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Módulo 2: História da Liturgia e Hinologia

2 As origens e o desenvolvimento da liturgia metodista

2.2 O papel do Livro de Oração Comum

3 João Wesley e a Reforma Litúrgica

3.2 Inovações Litúrgicas da Wesley

3.3 Impacto das reformas de Wesley

4 Liturgia da Igreja Metodista Unida

Nos hinários fundamentais da Igreja Metodista Unida, o “Tisimu ta Ivangeli” e o “Hinos

5 Evolução dos Hinários Metodistas

5.2 Hinários Metodistas chave:

5.2.2 - “The Methodist Hymnal” (1905)

São características principais deste hinário as seguintes:

• Hinos e Cânticos: Inclui uma ampla variedade de hinos tradicionais e contemporâneos,

5.4 Hinários em Uso pela Igreja Metodista Unida em Moçambique

5.7 Cem Hinos Escolhidos

5.8 Outros hinários

5.9 A Hinologia como Reflexo da Teologia Metodista

Peço que respondam às seguintes perguntas entregando até à próxima aula:

- As reformas litúrgicas de John Wesley e a hinologia de Charles Wesley tiveram um impacto

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