Sequencialização Dos Parágrafos

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO MÉDIO ARAGUAIA “DOM PEDRO


CASALDÁLIGA”/MT
NÚCLEO PEDAGÓGICO DA UNEMAT DE COLNIZA/MT
CURSO: TECNOLOGIA EM HORTICULTURA

SEQUENCIALIZAÇÃO DOS
PARÁGRAFOS

Prof.ª Ma. MARIA DOMINGAS DE SOUZA

Colniza, setembro/2024
Parágrafo?
O que vocês entendem
por parágrafo?

Vocês sabem como se


constrói um parágrafo?
PARÁGRAFO: DEFINIÇÃO
Segundo Othon M. Garcia,
parágrafo é uma unidade de
composição, constituída por um ou mais
períodos.
Aripuanã hoje amanheceu
ensolarado. Entretanto, não estou
motivado, por isso, vou continuar em
casa só relaxando.
PARÁGRAFO-PADRÃO
Essa definição de Othon Garcia não se
aplica a todo tipo de parágrafo: trata-se de um
modelo de parágrafo-padrão que, por ser
cultivado por bons escritores modernos, o
estudante poderá e/ou deverá imitar.
ESTRUTURA DO PARÁGRAFO-PADRÃO
• Introdução (tópico frasal): é constituída de
uma ou duas frases curtas, que expressam, de
maneira sintética, a ideia principal do
parágrafo, definindo seu objetivo.
• Desenvolvimento: corresponde a uma
ampliação do tópico frasal, com apresentação
de ideias secundárias que o fundamentam ou
esclarecem.
• Conclusão: nem sempre presente,
especialmente nos parágrafos mais curtos
e simples, a conclusão retoma a ideia
central, levando em consideração os
diversos aspectos selecionados no
desenvolvimento.
IDENTIFICAÇÃO DOS PARÁGRAFOS
Independentemente do tipo de texto
(narrativo, descritivo, argumentativo,
expositivo ou injuntivo), os textos em prosa
são estruturados geralmente em unidades
menores, os parágrafos. Esses são
identificados por um ligeiro afastamento de
sua primeira linha em relação à margem
esquerda da folha.
O PARÁGRAFO E SUA EXTENSÃO
A extensão de um parágrafo é variada.
Há parágrafos curtos e parágrafos longos.
O que vai determinar sua extensão é a
unidade temática (também chamada de
tópico frasal) tendo em vista que cada
ideia exposta no texto deve
corresponder a um parágrafo.
Até fins da década passada, A teoria na prática
possuir um tapete oriental no Brasil
era privilégio de alguns poucos 1. Qual é o tópico frasal do
colecionadores particulares. Com a texto?
Está no 1º período: “Até fins da década
abertura das importações e passada, possuir um tapete oriental no
consequente diminuição das taxas, Brasil era privilégio de alguns poucos
colecionadores particulares.”
a oferta dessas peças aumentou
significativamente nos anos 90, 2. Em que período o autor
apresenta a explanação da
provocando uma crescente
ideia central?
curiosidade sobre o assunto. Por
isso, e também pelo quase total No 2º período: “Com a abertura
das importações e consequente
desconhecimento dos diminuição das taxas, a oferta...”
consumidores brasileiros sobre a
matéria, nos sentimos compelidos a 3. Qual o período que funciona
elaborar este trabalho. como conclusão do parágrafo?
O último período: “Por isso, e
MALTAROLLI, Wagner. In: Ernani & Nicola. Práticas de também pelo quase total
Linguagem: Leitura e Produção de Textos: ensino médio:
volume único. São Scipione, 2001.p. 212
desconhecimento...”
TIPOS DE PARÁGRAFOS
Comumente, produzimos três tipos de parágrafos:

• O narrativo: a ideia central desse parágrafo é um


incidente, isto é, um período curto.
• O descritivo: a ideia central do parágrafo descritivo é
um fragmento daquilo que está sendo descrito (uma
pessoa, uma paisagem, um ambiente, etc.).
• O dissertativo-argumentativo: parte de uma ideia
que normalmente é apresentada em sua
introdução, desenvolvida e reforçada por uma
conclusão.
O parágrafo narrativo
Em uma narração, a ideia central do parágrafo
é um incidente, ou seja, um episódio curto.
Nesse tipo de parágrafo, há predomínio de:
• verbos de ação, que se referem às personagens;
• indicação de circunstâncias relativas ao fato:
onde ele ocorreu, quando ocorreu, por que
ocorreu, etc.
O parágrafo narrativo
Na narração, existem também parágrafos que
servem para reproduzir falas das personagens. No
caso do discurso direto (em geral antecedido por dois
pontos e introduzido por travessão), cada fala de
personagem deve corresponder a um parágrafo, para
que essa fala não se confunda com a do narrador ou
com a de outra personagem. Há, modernamente,
autores que utilizam aspas para representar a fala das
personagens.
O que se falou acima aplica-se ao parágrafo
narrativo propriamente dito, ou seja, aquele que
relata um fato.
É bom lembrar que pode haver, em um texto
narrativo, parágrafos descritivos e dissertativos.
O parágrafo descritivo

A ideia central do parágrafo descritivo


é um quadro, ou seja, um fragmento
daquilo que está sendo descrito (uma
pessoa, uma paisagem, um ambiente,
etc.), visto sob determinada perspectiva,
em um determinado momento. Alterado
esse quadro, ter-se-á um novo parágrafo.
Características do parágrafo descritivo:
• predomínio de verbos de ligação: ser,
estar, parecer, ficar, etc.;
• emprego de adjetivos que caracterizam o
que está sendo descrito;
• ocorrência de orações justapostas ou
coordenadas.
O parágrafo dissertativo-argumentativo
Na dissertação, o parágrafo é estruturado
com base em uma ideia central que
normalmente é apresentada na introdução,
desenvolvida e reforçada por uma conclusão.
O parágrafo na dissertação escolar
A dissertação escolar normalmente
costuma ser estruturada em quatro ou
cinco parágrafos (um para a introdução,
dois ou três para o desenvolvimento e um
para a conclusão).
A teoria na prática
Leiam os três parágrafos a seguir e
classifique-os em narrativo, descritivo ou
dissertativo.
a) “A sociedade humana é um conjunto de
pessoas ligadas pela necessidade de se
ajudarem umas às outras, a fim de que possam
garantir a continuidade da vida, bem como
satisfazer seus interesses e desejos. (...)”

Parágrafo dissertativo
A teoria na prática
b) “O homem dos olhos sombreados, sujeito
muito feio, que sujeito mais feio! No seu perfil
de homem de pernas cruzadas, a calça
ensebada, a barba raspada, o chapéu novo,
pequeno, vistoso, a magreza completa. (...)”

Parágrafo descritivo
A teoria na prática
c) A mulher foi passear na capital. Dias depois, o
marido dela recebeu um telegrama:
“Envie quinhentos cruzeiros. Preciso comprar
uma capa de chuva. Aqui está chovendo sem
parar”.
E ele respondeu:
“Regresse. Aqui chove mais barato”.
(Ziraldo, in As Anedotas do Pasquim)

Parágrafo narrativo
Vamos ler um artigo de opinião!
Texto
Da obesidade à fome
Por Antônio Ermírio de Moraes
Você não acha que o sistema de comida a
quilo foi uma boa invenção? Penso que o
estado de nutrição da população melhorou
depois que muitas pessoas passaram a ter
acesso à variedade de alimentos que é servida
na maioria dos restaurantes que usam esse
sistema. É verdade que muitos comensais
abusam da gordura, mas a escolha é deles,
pois, nos balcões, há saladas e frutas em
profusão.
No outro lado dessa realidade, milhões de
brasileiros passam fome, o que é intrigante
em um país em que a produção anual de grãos
é de 500 quilos por habitante, enquanto no
resto do mundo é de apenas 300 quilos. Mais
intrigante ainda é verificar que o Brasil não
está entre os países mais famintos, mas, ao
contrário, tem 31% de obesos.
Para complicar o quadro, uma pesquisa
publicada pela Folha, em 30/08, feita pelas
empresas que coletam e separam o lixo nas
grandes cidades, mostra que os brasileiros
desperdiçam muita comida. Isso vale para os
lares, os restaurantes, os bufês de festas e as
empresas.
São números impressionantes: 60% dos
alimentos adquiridos para consumo são
jogados fora. Quando se somam à lata de lixo,
as perdas na produção, transporte e
armazenamento, o desperdício representa
1,4% do PIB – cerca de R$ 21 bilhões por ano!
Mais da metade do nosso lixo é composto por
comida.
Num país onde o povo do Nordeste
enfrenta uma dramática seca e onde tanta
gente não tem o que pôr na mesa em outras
regiões, tal comportamento é criminoso.
Bem diferente são os europeus, que, de modo
geral, cozinham só o que comem e comem tudo o
que cozinham. As sobras limpas, quando ocorrem,
são transformadas e consumidas no dia seguinte. É a
lei de Lavoisier: nada se cria e nada se perde, tudo se
transforma.
Por que nós, brasileiros, que somos muito mais
pobres do que os europeus, temos que esbanjar
dessa forma? Nada justifica essa perda. Precisamos
mudar de hábitos. Está na hora de encetarmos uma
grande campanha contra o desperdício de alimentos,
a começar por um programa de longa duração de
educação das crianças e dos adolescentes – no lar e
na escola – para que se consuma tudo o que é
comprado.
Quanto às sobras limpas dos restaurantes, bufês
e cozinhas industriais, há que investir na logística da
conservação e de transporte e na modificação da
legislação atual, que responsabiliza o doador por
tudo o que acontecer na transferência de alimentos.
Nesse campo, há boas experiências. Os
programas Banco de Alimentos (Sesc-RJ) e Mesa São
Paulo (Sesc-SP) arrecadam toneladas de alimentos
descartados (mas de boa qualidade) que são
distribuídos a escolas, a creches e adultos carentes.
São projetos como esses que precisam ser ampliados
e diversificados. Temos que eliminar as perdas dos
perdulários para garantir a saúde dos necessitados.

Antônio Ermírio de Moraes In: Redação: tá ligado? Como escrever bons textos dissertativos.
Ynah de Souza. Recife: Ed. Universitária da UFPE. 2003. p. 36-37.
Estudando os parágrafos

Imagem: MarlonBSB /
domínio público.
1. O tópico frasal ou ideia núcleo refere-se à
construção de parágrafos com apenas um período,
sem o devido desenvolvimento.
a) No 1º parágrafo, o autor utilizou quantos períodos?
O autor utilizou três períodos.
b) Qual deles apresenta o tópico frasal ou ideia núcleo?
O 1º período: “Você não acha que o sistema de comida a quilo foi
uma boa invenção?” .
c) Qual período fornece evidências para a ideia núcleo?
No 2º período, o autor fornece evidências para sua afirmação de
que o “sistema de comida a quilo foi uma boa invenção.”

d) O período que apresenta uma possível refutação da


evidência da ideia núcleo é:
O 3º período: “..., mas a escolha é deles, pois, nos balcões, há
saladas e frutas em profusão”.
2. Podemos observar que a introdução foi
construída com três períodos coerentes – pois
tratam do mesmo assunto – e coesos. Agora,
respondam:
a) Como se dá a ligação semântico-sintática
entre os períodos 1 e 2?
O autor apresenta no tópico frasal “sistema de comida a
quilo”; em seguida, diz o porquê e faz a retomada do
sistema: “o estado de nutrição da população melhorou
depois que muitas pessoas passaram a ter acesso à
variedade de alimentos que é servida na maioria dos
restaurantes que usam esse sistema.”
b) O autor do texto, ainda nesse período, utiliza muito
bem a expressão “na maioria dos restaurantes”, pois
não incorre no “pecado” de fazer uma generalização.
No 3º período, podemos notar que o autor retoma o
que foi dito nos períodos anteriores. Quais são as
palavras responsáveis por essa conexão, ou seja,
coesão?
O 3º período conecta-se aos demais, principalmente,
pela utilização das palavras “comensais” – aqueles que
comem (a comida a quilo) – e balcões – local em que
ficam os alimentos em restaurantes a quilo.
Comentário:
Apesar de o 1º parágrafo
apresentar uma redação que
precisa ser melhorada,
devido ao uso de rimas,
“invenção”, etc. e queísmo
(excesso de “quês”), pode-se Imagem: Fernandes Dias Pereira/Agência Imprensa

considerar essa introdução Oficial do Estado de São Paulo / The use of this image
is free for any purpose.

um bom exemplo de
parágrafo dissertativo.
3. Nos demais parágrafos, o autor faz uma boa
progressão temática em seu texto. Em cada
parágrafo subsequente, ele estabelece com o(s)
anterior(es) uma relação lógica.

a) No 2º parágrafo, a expressão “No outro lado dessa


realidade...” o autor faz remissão a qual realidade?
O autor faz remissão à realidade da melhoria do estado de nutrição,
ideia defendida na introdução.
b) A expressão “Para complicar o quadro...”, no 3º
parágrafo, fala de que quadro?
O autor fala do quadro “O de um país com obesos e famintos,
ao mesmo tempo, dado que está no parágrafo 2.

c) O 4º parágrafo apresenta “São números


impressionantes...”. Números de quê?
Índices de desperdícios de comida, apresentados no parágrafo 3.
d) No 5º parágrafo, o autor apresenta “... Tal
comportamento é criminoso”. Que
comportamento é esse?
O de desperdiçar comida, assunto dos parágrafos 3 e 4.
e) O 6º parágrafo começa com “Bem diferentes são
os europeus...”. Bem diferente de quem?
Dos brasileiros, que desperdiçam comida.

f) No 7º parágrafo, o autor utiliza a expressão “Por


que nós, brasileiros, que somos muito mais
pobres do que os europeus, temos que esbanjar
dessa maneira?” Esbanjar o quê?
Esbanjar comida (ideia recorrente).
g) Ainda nesse parágrafo, o autor retoma o que foi
dito em que parágrafos, quando diz “...nós,
brasileiros...”? E “... Europeus...”?
Os parágrafos 3, 4, 5 e 6 respectivamente.

h) Quais dos parágrafos apresentam as propostas


de solução do autor para o problema do
desperdício de alimentos?
No 7º parágrafo, “...educar principalmente jovens e adolescentes”. E
no 8º parágrafo, “Quanto às sobras de restaurantes...”.
i) No 9º parágrafo, o autor utiliza a expressão
“Nesse campo...”. De que campo ele fala?
Do campo de administração cuidadosa das sobras de comida, para
evitar o desperdício.
Atividade
Selecione e leia uma notícia no jornal ou revista
sobre A horticultura no Brasil, e, a partir das
informações, construa um parágrafo dissertativo (que
pode constituir a introdução de sua futura redação),
com quatro períodos, de acordo com a estrutura
fornecida a seguir:
• 1º período: enumeração de elementos;
• 2º período: tópico frasal referente à enumeração
feita;
• 3º período: desenvolvimento do tópico, com a
inserção de uma ideia adversativa;
• 4º período: fechamento do parágrafo, iniciando com
a expressão Dessa forma ou com Assim.
Referências

SOUZA, Ynah de. Redação: tá ligado? : Como escrever bons textos


dissertativos. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2003.

TERRA, Ernani. NICOLA, José de. Práticas de Linguagem: Leitura


& Produção de Textos ensino médio: volume único – São Paulo:
Scipione, 2001.
Tabela de Imagens
n° do direito da imagem como está ao lado da foto link do site onde se conseguiu a informação
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