Disciplina de Didáctica de Português I

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Disciplina de Didáctica de Português II

Tema para trabalho:

 Estratégias para abordagem dos temas transversais em aulas da Língua


Portuguesa
 A Tutora: Msc. Graça Elias Vilanculos

Introdução

Este Trabalho, situado no campo dadisciplina de Didáctica de Português II do 3° ano no


curso de licenciatura em Ensino de Língua Portuguesa da Universidade Católica de
Moçambique do Instituto de Ensino, propõe uma reflexão sobre o seguinte tema:
“Estratégias para abordagem dos temas transversais em aulas da Língua Portuguesa”. A
partir da observação de que o ensino de língua portuguesa é um importante veículo para
o desenvolvimento dos alunos nas práticas sociais, depreendo a necessária inscrição de
temas sociais para o debate social entre os sujeitos na sala de aula. Nesse sentido, com a
baixa exploração dos temas transversais em diversos contextos de ensino e
aprendizagem, constatados através de dados bibliográficos, trago, aqui, dimensões
teóricas e práticas, pontuando alguns subsídios para estabelecer práticas dialogais em
sala de aula de língua portuguesa, além dos desafios enfrentados pelos professores para
aplicação dos referidos temas nas aulas de Português.
Aquicompreenderáosseguintesobjectivos:

Objectivos:

 Analisar asmetodologias para abordar temas transversais nas aulas da língua portuguesa
 Sugerirmetodologias para abordar temas transversais nas aulas da língua portuguesa;
 Identificar as metodologias para abordar temas transversais nas aulas da língua
portuguesa;
 Estabelecer a relação entre temas transversais e competência comunicativa.

Fundamentação Teórica

2.1. Temastransversais

São temáticas que perpassam os diferentes campos do conhecimento, e estão


directamente ligadas à melhoria da sociedade e da humanidade e, por isso devem
abarcar os temas e conflitos vividos pelos sujeitos da aprendizagem (BUSQUETS,et. al.
1997).

[...] os temas transversais são um conjunto de conteúdos educativos e


eixos condutores da actividade escolar que, não estando ligados a
nenhuma matéria em particular, pode-se considerar que são comuns a
todas, de forma que, mais do que criar disciplinas novas, acha-se
conveniente que seu tratamento seja transversal num currículo global
da escola (Júnior, 2019, p. 92).
Neste contexto, os temas transversais, na perspectiva educacional, devem ser
concebidos como a parte social dos conteúdos escolares; enquadram-se no âmbito da
responsabilidade social da escola.

Portanto, ostemas transversais dão sentido social aos conteúdos “(…) a nova abordagem
pedagógica prevê que se estabeleça uma ponte entre a teoria e a prática; os temas
transversais devem ser tratados de forma contextualizada; tirar o aluno da condição de
telespectador, envolvendo-o num estudo participativo” (Torres. & Nogueira, 2015,
p.25).

Garcia; Garcia & Paula (s/d), afirmam que, os temas transversais têm como objectivo
discutir assuntos actuais de abrangência nacional como a Ética, meio ambiente,
pluralidade cultural, orientação sexual, entre outros, para uma maior participação activa
na sociedade.

2.2. A relação entre temas transversais e competência comunicativa

Como qualquer fonte de conhecimento, os temas transversais desempenham um papel


crucial no desenvolvimento de variadas competências nos alunos que podem ser
aplicadas nas suas vivências dentro da sua comunidade. Por exemplo, se se tratar de
alunos do curso de Português com o tema currículo local, podem promover um debate
junto das escolas, reflectindo em torno do impacto do mesmo no contexto “espaço” e
“tempo” da sua implementação. Esta discussão poderá suscitar alguma tendência de
flexibilizar as práticas docentes no âmbito do currículo local, entre outros resultados.

Portanto, a implementação dos temas transversais traz uma dupla vantagem: a primeira,
que é a de proporcionar ao aluno um conhecimento globalsobre a realidade; a segunda,
para a comunidade que se irá beneficiar dos resultados que dela advirão.
DeacordocomINDE/MINED(2010,p.12).

... ao nível da língua portuguesa espera-se que os temas transversais


possam ser usados como suporte para a tipologia textual, assim como
para o desenvolvimento da competência linguística e comunicativa.
Neste contexto, os conteúdos transversaisserão abordados através de
textos e das actividades de língua realizadas na aula no âmbito do
desenvolvimento das habilidades linguísticas (ouvir,falar, ler e
escrever),
EstaafirmaçãoimplicaqueoMinistérioestálongedelograrosintentospelosquaisintroduziuos
temas transversais nos Planos Curriculares do Ensino Secundário.

Importa referir que a experiência de abordagem de temas transversais através de


actividades curriculares não é só de Moçambique. Olhando só para o Brasil, nota-se
que, à semelhança da política moçambicana, os temas transversais não foram
concebidos para substituir os tradicionais nem para serem vistos como disciplinas. A
sua abordagem deve ocorrer automaticamente em todas as aulas de determinada cadeira.

Nogueira et al. (s/d), oferecem o seguinte exemplo:


“Se o ensino da Língua Portuguesa tem como proposta nos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) o uso da língua em diferentes
contextos, pode-se utilizar a interpretação dos códigos linguísticos
presentes numa conta de água e embalagensde brinquedos na
produção de versos, canções de roda, etc”.
2.3. Sugestões metodológicas para abordar temas transversais nas aulas da língua
portuguesa

Os Temas Transversais também exigem dos professores de Língua Portuguesa uma


pesquisa aprofundada na perspectiva de trabalho de temas que possam modificar o
pensamento e comportamento dos alunos. Porém, no momento de execução em sala de
aula o professor será apenas o regulador.

O professor em si não transmite conteúdo, dá assistência, sendo um facilitador da


aprendizagem. “O conteúdo advém das próprias experiências dos alunos. A actividade é
considerada um processo natural que se realiza através da interacção com o meio. O
conteúdo da educação deveria consistir em experiências que o aluno reconstrói. O
professor não ensina: apenas cria condições para que os alunos aprendam”
(MIZUKAMI, 1986, p. 38).

Para que aconteça uma mudança e que os planos de trabalhar os Temas Transversais nas
aulas de Língua Portuguesa sejam realizados, é importante que os temas envolvidos em
sala de aula sejam pesquisados dependendo do espaço cultural em que o aluno está
inserido, pois ele próprio construirá as discussões do assunto. Ao criar o ambiente de
aprendizagem, o professor coordena o processo de análise e crítica dos dados
apresentados, contextualiza-os, transformando a informação em conhecimento
(MIZUKAMI, 1986).

Quando tocado nas metodologias utilizadas pelas Professoras para trabalhar os Temas
Transversais nas aulas de Língua Portuguesa, Segundo Torres & Nogueira (2015),são:
debates, seminários, leitura de textos relacionados ao assunto, uso do livro didáctico,
filmes e vídeos, roda de conversas, questionamentos, produção de texto.

É importante ressaltar que todas as metodologias adoptadas acima pelos professores


para trabalhar com os Temas Transversais nas aulas de Língua Portuguesa servem como
estímulo para formar um pensamento crítico dos alunos.

Os vídeos e filmes são metodologias que os alunos gostam, pois trazem uma visão
lúdica de como é tratado o tema. Nas rodas de leituras, seminários e produção de textos
eles irão explorar suas visões sobre o assunto e contar algo que eles viram ou que
ouviram de alguém, algum caso interessante que pode ser tomado por base para a
discussão.

Vale destacar a importância do grupo nos debates e seminários, pois segundo Libâneo
(2013) nos métodos de elaboração conjunta, os alunos estão ocupados ao mesmo tempo
com o mesmo assunto. Nessa perspectiva, fica sob responsabilidade do professor buscar
a melhor forma, pois depois ele tende a avaliar.

Diferentemente das outras concepções e práticas em crítica no presente trabalho, aqui os


Temas Transversais são concebidos como áreas e as disciplinas curriculares devem,
portanto, ajustar-se aostemas.

Moreno (2000 cit. em Prestini2005,p.61) explica que:

esse giro de noventa graus, onde os temas transversais assumem a


posição de eixos vertebradores, possibilitará uma nova concepção de
ensino, que permitirá ver as disciplinas curriculares actuais não como
fins em si mesmas, mas como “meio” ou instrumento para se alcançar
outros objectivos, mais voltados aos interesses e necessidades da
maioria da população, aproximando dessa forma o científico do
quotidiano.
O que Moreno pretende dizer é que, numa aula de LP, 11ª classe, por exemplo, não se
deve planificar uma aula subordinada ao tema “Ciclones”. O docente deve, sim,explorar
este Temas Transversais durante a abordagem dos temas tradicionais da disciplina.
Como?
É simples: sendo Textos Multiusos a unidade temática em que figura o Temas
Transversais “Desastres naturais – ciclones”, o professor deve, antes de tudo, estar
ciente do tipo de texto específico definido para esta unidade. Neste caso, trata-se do
texto expositivo-explicativo.
Em seguida, deve consultar os temas de aulas sobre texto expositivo-explicativo
constantesno seu plano quinzenal (feito com baseno planoanalítico)eseleccionar 1
(um)para a planificação de aula, podendo ser “conceito de texto expositivo-explicativo”.

De acordo Duarte & Maciel (2014), Já tendo o tema de aula, o passo a seguir é de
procura do material didáctico adequado, que, no caso em descrição, deve ser um texto
expositivo-explicativo produzido com a intençãode comunicação de fazer saber/ fazer
compreender ao leitor tido como detentor de um saber insatisfatório o que são
“Ciclones”

Obviamente, o seu plano de lição deverá prever como actividades introdutórias a leitura
e interpretação do texto. Por outras palavras, o docente deverá conduzir o aluno ao
alcance dos objectivos da aula mediante um processo que comece pela leitura e
interpretação textual (DUARTE & MACIEL, 2014).

É durante este processo que, automaticamente, se abordam assuntos transversais. No


caso concreto, as perguntas de interpretação girarão em torno de “Ciclones”. E é isso
que se pretende: familiarizar o aluno com assuntos gerais do universo para o suporte da
componente científica.

Segundo Duarte & Maciel (2014), com estes procedimentos, tanto o aluno assim como
o professor saem a ganhar: o professor sai satisfeito por ter conseguido vencer o desafio
de mediar uma aula “difícil” graças à boa planificação e o aluno vai para casa
dominando o conceito de texto expositivo-explicativo bem como dos ciclones. Assim,
ambos já estão (in) formados para minimização dos efeitos nefastos dos ciclones,
podendo até se precaver ou sensibilizar as comunidades no sentido de tomarem as
devidas providências contra os possíveis danos dos ciclones.
Consideraçõesfinais

A partir do levantamento bibliográfico, observa-se que os Temas Transversais são


importantíssimos para a formação pessoal e social dos alunos, como futuros cidadãos,
pois trazem questionamentos sobre a vivência do cotidiano e, além disso, são temas da
contemporaneidade.

Ostemastransversais devem serabordadosnuma perspectiva,integradora, significativa e


construtivista, contribuindo positivamente na construção de conhecimentos como um
todo, no âmbito da melhoria da vida dos alunos, como parte impulsionadora do
desenvolvimento das comunidades.

O procedimento metodológico apresentado neste trabalho para o tratamento dos temas


transversais revela-nos uma perspectiva moderna do processo de ensino-aprendizagem
para atender às novas exigências que nos são impostas pela dinâmica do mundo em
geral e, de Moçambique, em particular.

Referênciasbibliográficas

Busquets, M. D. et al. (1997). TemasTransversaisemEducação.SãoPaulo,Ática,


Duarte, S. M. & Maciel, C. A. (Org.). (2014). Temas Transversais em Moçambique
Educação, Paz e cidadania. Maputo: Editora Educar

Garcia, M. H. C.; Garcia, M. N; Paula, R. (s/d). Temas Transversais: a


abordagem pelos professores de língua materna no ensino fundamental, em
sala de aula. s/d.[online]. Disponível em texto%204%20-%20temas
%20tranversais[1]pdf.

INDE/MINED. (2010). Português,Programada10ªclasse.Maputo:INDE/MINED,

Júnior, S. N. S. (2019). Temas transversais, ensino e aprendizagem de língua


portuguesa: discutindo a desigualdade social em sala de aula. Revista
Humanidades e Inovaçã,ov.6, n.13, p.90-100

Libâneo, J. C. (2013). Didática. (2ª ed.). São Paulo: Cortez

Mizukami, M.G.N. (1986). Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU,


Nogueira, Sónia et al. (s/d). Manual do Multiplicador. São Paulo, SABESP

Prestini, S. A. M. (2005). Transversalidade e temas transversais na formação inicial


do professor de matemática. Curitiba, Dissertação (Mestre em Educação) –
Programa de Pós- Graduação em Educação, Universidade Federal do Paraná,

Torres, E. J. P. & Nogueira, V. B. (2015). Uma abordagem dos temas transversais nas
aulas de língua portuguesa no ensino fundamental ii nas escolas estaduais do
município de Uumaitá-AM. Humaitá-AM, Brasil: Universidade Federal do
Amazonas

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