49-Texto Do Artigo-141-154-10-20130729
49-Texto Do Artigo-141-154-10-20130729
49-Texto Do Artigo-141-154-10-20130729
* Uma primeira versão deste artigo foi apresentada na sessão temática “Aspectos teóricos e metodológicos no estudo da
relação população, espaço e ambiente”, do Grupo de Trabalho População, Espaço e Ambiente, durante o XVII Encontro
Nacional de Estudos Populacionais, Abep, realizado em Caxambu (MG), em setembro de 2010.
** Geógrafo, Faculdade de Ciências Aplicadas, Universidade Estadual de Campinas – FCA/Unicamp.
*** Socióloga, mestre e doutoranda em Demografia pela Universidade Estadual de Campinas (IFCH/Unicamp); Núcleo
de Estudos de População (Nepo/Unicamp). Bolsista CNPq.
1 Projeto realizado de 2003 a 2008: “Dinâmica intra-metropolitana e vulnerabilidade sociodemográfica nas metrópoles
do interior paulista: Campinas e Santos” (http://www.nepo.unicamp.br/vulnerabilidade), com um espólio de dados e
discussões que ainda estão sendo discutidos em outros projetos, tais como “Mobilidade populacional, ciclo vital e
vulnerabilidade sociodemográfica em regiões metropolitanas: abordagens geográficas qualitativas” (Prodoc/Capes), em
desenvolvimento desde 2008.
identificação e laços afetivos com ele. Não é própria de estar-com por estar-entre, edifica-
possível, argumentam os autores, determi- do entre a objetividade e a subjetividade, ou
nar um mínimo de tempo de envolvimento, seja, na intersubjetividade das experiências
mas a linha é ascendente em relação ao (ENTRIKIN, 1991). No lugar estão o enraiza-
tempo de residência. mento e o envolvimento e, em última análise,
A pesquisa aponta ainda que o envol- as possibilidades de ligação elementar com
vimento e a identidade com o bairro são as escalas superiores. Não é, portanto, uma
menos fortes do que com a cidade e a ilha, leitura essencialista. Antes, é uma perspec-
contrariando a tradição de estudos que têm tiva relacional e contextual.
dado maior ênfase aos bairros e às comuni- No entanto, os lugares não são homogê-
dades. Embora reconheçam a necessidade neos, e nosso envolvimento com eles varia
de mais estudos para apoiar esta tendência, muito em intensidade, característica e tempo
os autores atribuem o resultado das relações de experiência. Relph (1976) foi um dos
simbólicas mais fortes, no caso da cidade primeiros a sistematizar estas possibilidades
e da ilha, a uma história compartilhada e de envolvimento, adotando dois conceitos
com limites mais definidos do que o bairro. fundamentais: interioridade (insiderness),
Por outro lado, pode-se pensar que o bairro ou senso de pertencimento, e exterioridade
contemporâneo é a primeira célula espacial (outsiderness), senso de não pertencimento.
a sofrer com os processos de fluidez e de- Para o autor, este envolvimento diferenciado
sagregação da identidade e do mundo do com lugares estava ligado às características
trabalho (BAUMAN, 2003; 2007). próprias deles, bem como à natureza da
A dimensão do pertencimento é uma relação da pessoa com ele. Esta relação
das mais complexas a se abordar. A posição entre interioridade e exterioridade é a base
do ego no discurso expõe a forma de se para a identidade do lugar, estabelecendo
colocar no mundo e de perceber o próprio um gradiente de relacionamento que dilui a
ambiente. O lugar “pertence a mim” ou “faz tradicional polarização insider-outsider (de
parte de mim”? Nesta, a posição do ego dentro e de fora). Relph propõe entender
está expressa na natureza do envolvimento, os lugares no âmbito de suas características
identidade e dependência com/no lugar físicas (forma), atividades e significados,
(KYLE et al., 2004). tentando compreender a experiência na
No caso do “pertence a mim”, a relação intersubjetividade.
com o lugar é a de posse. O ambiente é Os lugares, no entanto, não são apenas
recurso e ativo que são movimentados e externos, são internos também: as pessoas
transformados de acordo com as necessida- carregam em seus corpos os lugares. É por
des, vontades e desejos. Já o entendimento isso que os estudos de lugar precisam abar-
“faz parte de mim” implica um envolvimento car os dois polos da relação P-A: o lugar tem
inerente homem-meio, uma relação de cum- características próprias (os efeitos de depen-
plicidade que envolve o cuidado e a iden- dência e de identificação), mas as pessoas
tidade. No primeiro há a ênfase da depen- precisam se identificar e se envolver com
dência, enquanto no segundo destacam-se ele, ou seja, precisam ter nelas mesmas
a identidade e o envolvimento. sentimentos e memórias que estabeleçam
É para aprofundar esta discussão que ligações com o lugar (LOWENTHAL, 1975;
o sentido geográfico de lugar, associado a LEWICKA, 2008; 2010).
uma leitura fenomenológica, pode contribuir. Em termos demográficos, é essencial
Lugar é a existência, sem dissociação do pensar que tipo de experiência demográfica
ego: uma cumplicidade visceral homem- as pessoas carregam em seus corpos. Ciclo
terra que tem sua manifestação máxima vital, gênero, estrutura familiar, morbidades,
no lugar, expressão da própria ontologia condição migratória não costumam ser
da espacialidade, ou como prefere Dardel considerados em sua dimensão espacial
(1952), da geograficidade. (salvo o último), mas são essenciais para a
Lugar assim entendido é construído na compreensão do próprio lugar e, em con-
entridade (betweenness), uma característica trapartida, também da forma como aquela
TABELA 1
Respondentes do questionário, por sexo
Regiões Metropolitanas de Campinas e da Baixada Santista – 2007
RMC RMBS
Sexo
N. abs. % N. abs. %
Homens 554 30,39 460 28,84
Mulheres 1.269 69,61 1.135 71,16
Total 1.823 100,0 1.595 100,0
Fonte: Pesquisa domiciliar do Projeto Vulnerabilidade Fapesp/CNPq. Tabulações especiais, Nepo/Unicamp (2007).
estudos que indicam a significativa diferença relações de poder que ambos exercem nos
da percepção entre homens e mulheres em diferentes contextos sociais.
relação tanto aos tipos de risco quanto à Um componente importante da per-
própria percepção do ambiente. Segundo cepção do risco é a percepção do perigo,
Gustafson (1998), embora sociólogos e o evento concreto, o que está relacionado
antropólogos classifiquem que os riscos são diretamente à experiência. Algumas pes-
social e culturalmente construídos, estudos quisas revelam que os homens tendem a
da psicologia revelam, segundo o autor, que manifestar níveis mais baixos de preocu-
existe uma dimensão subjetiva na percep- pação quando questionados sobre perigos
ção dos indivíduos, pois a percepção de ambientais. Por se preocuparem menos,
risco não apenas reflete a exposição a ele, sua atenção e consequentemente sua per-
mas também é influenciada pela experiência cepção dos riscos também são menores do
individual e pelas construções coletivas. que as das mulheres (Flynn et al., 1994;
Dessa forma, homens e mulheres não só Riechard et al., 1998; Finucane et al.,
percebem os mesmos riscos de maneiras 2000; Henwood, 2008).
diferentes, como também percebem riscos Mas essa perspectiva não é uma unani-
diferentes. midade. Greenberg et al. (1995) rebatem a
Existem algumas hipóteses que tentam ideia de percepções ambientais diferencia-
explicar as diferenças na percepção do das entre os sexos. Os autores defendem
risco entre homens e mulheres, tais como que homens e mulheres que residem em
condições biológicas, experiência de algum uma mesma vizinhança e que vivenciam
risco e diferenças sociais (FLYNN et al. múltiplos perigos demonstram preocu-
1994). Entre as causas sociais, pesquisas pações parecidas sobre as condições do
qualitativas têm mostrado que a atenção das ambiente local.
mulheres com a casa e a família se reflete No caso dos dados da pesquisa, isso
em sua percepção dos riscos, tornando-as pode ter ressonância na não diferenciação
preocupadas com ameaças à sua família e a estatística entre as respostas de homens
outras pessoas com quem tenham relações e mulheres. Por outro lado, não é demais
estreitas, bem como com relação à sua casa, lembrar que o desenho amostral não foi
como mostram Jakobsen e Karlsson (apud espacial, baseando-se em Zonas de Vulne-
Gustafson, 1998). Frequentemente são rabilidade (ZVs), o que também não sustenta
mencionados riscos de acidentes, riscos de um viés espacial nas respostas. As ZVs fo-
saúde e de morte. A mesma pesquisa mos- ram compostas com base em características
tra que as preocupações dos homens estão apreendidas de quesitos do Censo 2000 que
relacionadas em maior grau com a vida pro- representassem o capital social, humano e
fissional, como, por exemplo, risco de ficar físico, o que deu ênfase para a escolaridade,
desempregado e problemas econômicos. a renda e outros aspectos sociodemográfi-
Porém, isso não indica que as diferenças cos (CUNHA et al., 2006). Este é outro viés
de gênero nas percepções de risco estão importante na amostragem.
ligadas às atividades e aos papéis sociais de Trabalhamos com os dados/valores
homens e mulheres, mas sim às desiguais reais, sem expansão da amostra, para obter
uma precisão mais clara dos dados. Foram respectivamente, são áreas de concentra-
utilizados dois conjuntos de dados que ção de fluxos, de densa urbanização e de
mediram a percepção, sempre cortados concentração de serviços. A mobilidade
por duas categorias: posição e condição intrarregional e as migrações internas são
migratória. Cada conjunto de dados permite significativas do conjunto de sua dinâmica
ver, a partir destas categorias, indícios dos populacional, apresentando um elevado
efeitos de lugar agindo na diferenciação dinamismo econômico e cultural (JAKOB,
das respostas e na própria interpretação 2002; PIRES, 2007; MARANDOLA JR.,
dos dados. 2008a).
O primeiro foi apreendido pelos quesi- Em termos ambientais e de sítio, porém,
tos 52 a 66 do questionário, que envolvem as duas RMs não poderiam ser mais diferen-
questões sobre as vantagens e os perigos tes. A RMC está na transição entre o Planalto
de viver no bairro, na cidade e na RM. Estas Atlântico (onde está a Região Metropolitana
perguntas objetivavam identificar a influên- de São Paulo) e a Depressão Periférica Pau-
cia da experiência direta dos perigos para a lista, de terrenos sedimentares aplainados,
percepção, assim como possíveis ajudas e por onde se consolidaram uma ampla co-
correlações entre os conjuntos de perigos. A nurbação e um processo de dispersão. Este
violência foi indagada de maneira separada último ocorre em mancha em quase todas
para poder abrir espaço para outros perigos as direções (exceto justamente o leste, onde
serem mencionados. dominam os relevos do Planalto), seguindo
O segundo conjunto refere-se aos que- os eixos rodoviários de grande porte, deno-
sitos 67 a 82 do questionário, que listam uma minados por Caiado e Pires (2006) de eixos
série de perigos, os quais os informantes de desenvolvimento (Mapa 1).
devem classificar como muito grave, grave, Apesar da concentração da sede, ine-
pouco grave, nada grave e não sabe. Estas rente aos processos de metropolização, a
questões foram direcionadas para o entorno RMC possui uma relativa desconcentração
da casa, contendo, portanto, uma escala oriunda da sua própria formação a partir dos
próxima referente ao próprio lugar. anos 1970 (PIRES, 2007). Há cinco cidades
Assim, levando-se em conta este com mais de 150 mil habitantes (três delas
desenho amostral, as características da com mais de 200 mil), sendo outras cinco
composição do questionário e as questões com população superior a 50 mil pessoas
levantadas por nossas pesquisas no campo (estando duas no limiar dos 100 mil). Estas
da vulnerabilidade do lugar, propomos dis- cidades apresentam significativa atividade
cutir dois temas centrais que perseguimos comercial e de serviços, especialmente
a partir dos dados da pesquisa: qual o desde os anos 1990, tendo uma relação
papel do lugar na percepção dos perigos com a sede mais independente do que os
ambientais urbanos? Qual o impacto do modelos de metropolização da era industrial
tempo de residência e do envolvimento produziram. As trocas populacionais e a
com o lugar na relação P-A? Esperamos pendularidade não estão apenas direciona-
que estas questões subsidiem uma reflexão das para a sede, apresentando interações
metodológica sobre o papel dos efeitos de espaciais significativas entre os municípios
lugar nos estudos de P-A. do entorno (MARANDOLA JR., 2008a).
Discutem-se os dados a partir das cate- Em vista disso, em vez de uma man-
gorias de análise, incluindo aí a discussão cha mais densa em torno do centro me-
por escalas, com o intuito de que, com isso, tropolitano, temos um padrão rizomático
seja possível ressaltar seu papel na forma de desenvolvimento da mancha urbano-
como a percepção dos perigos se revela. -metropolitana, capilarizada pelas grandes
rodovias e pelos principais corredores viá-
Posição: sede e entorno rios. Esse padrão de construção, que desde
os anos 1970 elegeu a região como o local
Com aproximadamente 2,7 e 1,7 mi- da produção do espaço urbano, privilegiou
lhões de habitantes, a RMC e a RMBS, as localizações mais conectadas à densa
MAPA 1
Malha de setores censitários urbanos e microrregiões
Região Metropolitana de Campinas – 2000
malha viária, produzindo uma integração Há pelo menos duas situações espa-
metropolitana bastante significativa. ciais bem claras em termos das interações
Já a RMBS apresenta um quadro bas- espaciais entre as cidades: um eixo mais
tante diferenciado, mas que, igualmente, concentrado em Santos, que inclui São Vi-
coloca a mobilidade e a integração regional cente, Guarujá e Cubatão; e os demais mu-
no centro de sua constituição. Região litorâ- nicípios, que apresentam maior intensidade
nea, entre a serra e o mar, a estreita faixa de de atividades turísticas, uma urbanização
terra que envolve os nove municípios possui menos densa e uma nítida relação entre a
um formato linear bastante acentuado, não distância da sede e a intensidade dos pro-
havendo a mesma capilaridade da sede, cessos e trocas populacionais.
Santos, mas mantendo uma integração Estes fatores, somados à história da
muito intensa por poucos caminhos. A própria ocupação da região muito mais
conexão entre as cidades se dá toda pela antiga do que a de Campinas, associada
SP-55, Rodovia Manoel da Nóbrega, e pela de forma direta a toda a industrialização da
estrada que acompanha a orla, que possui Região Metropolitana de São Paulo, produ-
muitas variações em sua infraestrutura ao ziram uma concentração muito mais signifi-
longo da costa. Todo o trânsito se concen- cativa. A ausência de outras conexões com
tra em estreitos corredores viários, sempre outras cidades ou regiões que não sejam
no sentido paralelo à costa, deslocando-se mediadas pela sede acentua um modelo de
dentro dos municípios e entre eles. Apenas região metropolitana industrial: com muita
na Ilha de São Vicente, onde estão Santos e concentração e dependência da sede frente
a cidade de São Vicente, existe uma morfo- ao seu entorno.
logia um pouco distinta, embora os morros, Essas configurações, evidentemente,
localizados no centro da ilha, garantam que se refletem nos modos de vida, na relação
se mantenha o sentido do contorno da costa com os lugares e mediam a percepção dos
como a orientação da urbanização (Mapa 2). perigos.
MAPA 2
Malha dos setores censitários urbanos e microrregiões
Região Metropolitana da Baixada Santista – 2000
QUADRO 1
Agregação das categorias de perigos ambientais urbanos
Enchentes
Climáticos Enxurradas
Deslizamentos
GRÁFICO 1
Perigos ambientais urbanos percebidos como graves e muito graves, por categorias de perigos e
posição (sede-entorno)
Região Metropolitana de Campinas – 2007
Fonte: Pesquisa domiciliar do Projeto Vulnerabilidade Fapesp/CNPq. Tabulações especiais, Nepo/Unicamp (2007).
GRÁFICO 2
Perigos ambientais urbanos percebidos como graves e muito graves, por categorias de perigos e
posição (sede-entorno)
Região Metropolitana da Baixada Santista – 2007
Fonte: Pesquisa domiciliar do Projeto Vulnerabilidade Fapesp/CNPq. Tabulações especiais, Nepo/Unicamp (2007).
somaram 8,1%), que possui um histórico de ainda está presente no imaginário da região.
áreas contaminadas que, mesmo já tendo Os grandes eventos de contaminação
se passado alguns anos, percebe-se que ocorreram nas cidades do entorno, em
especial Cubatão, e esta preocupação com Quando a resposta era positiva, permitia-se
a contaminação ainda presente não se dá que a pessoa mencionasse livremente até
apenas pela repercussão de casos antigos, três vantagens. Estas foram classificadas
mas também pelo ainda convívio com as de acordo com categorias predefinidas.
consequências destas contaminações, A Tabela 2 sintetiza as vantagens mais
principalmente para o mercado de trabalho mencionadas.
e a saúde. As vantagens mostraram-se diretamen-
É interessante notar que, em ambas as te ligadas à questão locacional, de acessibili-
regiões, independentemente da posição, os dade e de proximidade. O item “proximidade
perigos climáticos não receberam destaque, a qualquer serviço mencionado” recebeu
sendo os aspectos do espaço construído as maiores frequências para quase todas
muito mais latentes para as pessoas em as escalas, excetuando-se bairro na RMC e
termos da sua gravidade. Isso mesmo con- região na RMBS, embora nestes dois casos
siderando-se que o levantamento domiciliar tenha sido a segunda mais mencionada.
foi feito apenas poucos meses após a divul- No primeiro caso, a mais mencionada foi
gação do Fourth Assessment Report (AR4) “aluguel ou preço do terreno/casa”, o que é
do International Panel on Climate Change uma vantagem locacional estrutural ligada à
(IPCC), ocasião em que o tema mudança escolha do lugar de moradia, e no segundo
climática estava sendo amplamente divulga- caso foi a categoria “outros”, cujo índice
do e discutido pela mídia. A acessibilidade elevado aponta para o fato de que perdemos
também é muito pouco mencionada como alguma dinâmica relevante.
um problema para as duas regiões, o que É importante observar também os dados
indica tanto uma articulada infraestrutura de menores, tendo sido a categoria “espaços
mobilidade quanto uma rede de serviços verdes” a menos mencionada nas duas RMs
relativamente bem distribuída. (o que é corroborado pelos altos índices de
A relação entre sede e entorno da percepção de perigos ligados à qualidade
RMC, por outro lado, é invertida. A maior de vida, cuja existência de espaços verdes
densidade de deficiência de infraestrutura está incluída), além do baixíssimo índice
está na própria sede. Município com mais de respostas para “aluguel ou preço do
de um milhão de habitantes e com níveis terreno/casa” nas escalas da cidade e da
de desigualdade elevados, Campinas região na RMBS. Chamam atenção também
ostenta uma ampla área de urbanização os baixos índices de respostas nestas
precária que se conurba com municípios mesmas escalas para “parentes próximos”,
vizinhos, repercutindo carências urbanas categoria muito importante na RMC e na
de toda ordem. A única categoria em que própria categoria bairro. Há, na percepção
o entorno registrou mais respostas “grave” das vantagens nas escalas cidade e região
foi na infraestrutura, pois há muitas cidades na RMBS, uma importância na estrutura
da região com problemas crônicos de de serviços maior do que na RMC, onde
abastecimento e tratamento de efluentes, o fatores ligados ao cotidiano e à mobilidade
que tem sido trabalhado, nos últimos anos, apresentam-se mais relevantes em termos
no município-sede. desta percepção.
Estas relações também se revelam O Gráfico 3 apresenta as respostas
quando se observam os dados da percep- afirmativas agregadas para as duas RMs,
ção dos perigos por escalas. Neste quesito, mostrando uma percepção inversa na
a estratégia na elaboração do questionário relação sede-entorno. Na RMC, é a sede
foi perguntar tanto pelos perigos, quanto por que percebe mais as vantagens do que o
vantagens, entendidas enquanto o oposto entorno, o que ocorre de forma inversa na
ao perigo. Perguntamos para a escala do RMBS, com uma amplitude bem maior. No
bairro, da cidade e da região (“A Sra. acha geral, o índice de vantagem na sede da
que há alguma vantagem em viver neste RMBS é muito baixo, com patamares entre
bairro/cidade/região?”), percebendo nuan- 29% e 31% para as três escalas, enquanto
ces importantes na qualidade das respostas. seu entorno registra índices acima dos 50%.
TABELA 2
Percepção das vantagens de morar no bairro, na cidade e na região
Regiões Metropolitanas de Campinas e da Baixada Santista – 2007
Em porcentagem
RMC RMBS
Vantagens
Bairro Cidade Região Bairro Cidade Região
Proximidade a qualquer serviço mencionado 21,9 25,4 28,1 26,1 36,4 32,5
Qualidade de qualquer serviço mencionado 9,0 14,3 17,4 10,1 18,1 15,5
Espaços verdes 1,6 1,4 1,5 2,4 3,7 5,6
Segurança 11,9 4,7 2,8 10,8 2,1 1,6
Parentes próximos 21,2 19,9 17,4 19,2 9,4 6,6
Aluguel ou preço do terreno/casa 25,1 16,4 14,9 13,7 1,6 0,6
Outros 9,3 17,9 17,9 17,6 28,8 37,7
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Pesquisa domiciliar do Projeto Vulnerabilidade Fapesp/CNPq. Tabulações especiais, Nepo/Unicamp (2007).
GRÁFICO 3
Percepção das vantagens de morar no bairro, na cidade e na região, por posição (sede-entorno)
Regiões Metropolitanas de Campinas e da Baixada Santista – 2007
Fonte: Pesquisa domiciliar do Projeto Vulnerabilidade Fapesp/CNPq. Tabulações especiais, Nepo/Unicamp (2007).
TABELA 3
Percepção dos perigos ambientais urbanos no bairro e na cidade
Regiões Metropolitanas de Campinas e da Baixada Santista – 2007
Em porcentagem
RMC RMBS
Perigos ambientais urbanos
Bairro Cidade Bairro Cidade
Inundação, enxurrada, deslizamento 5,4 18,9 17,6 15,2
Poluição do ar 42,0 38,4 4,1 5,7
Trânsito, acidentes de carro 14,9 15 23,3 34,5
Manutenção: terrenos baldios, lixo, problemas sanitários 29,8 18,2 47,2 32,9
Outros 7,9 9,5 7,8 11,7
Total 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Pesquisa domiciliar do Projeto Vulnerabilidade Fapesp/CNPq. Tabulações especiais, Nepo/Unicamp (2007).
trânsito nas duas escalas, mostrando sua a perceber menos perigos, ou vice-versa.
generalização no conjunto da RMC. Os dados apontam para um viés de lugar
No reverso, perigos naturais ligados a na percepção das questões ambientais. A
eventos hidrometeorológicos (inundações, sede da RMBS tem uma tendência geral
enxurradas e deslizamentos), na RMC, são de perceber menos tanto perigos quanto
mais identificados na cidade (18,9%) do vantagens. Por quê? Essa é uma questão
que no bairro (5,4%), o que não acontece que está relacionada aos efeitos de lugar,
na RMBS, onde os índices para as duas que não aparecem nos dados.
escalas são muito próximos. O alto índice
registrado na categoria manutenção inclui Condição migratória: tempo de
os problemas sanitários, historicamente residência
presentes na RMBS e que marcam muito o
cotidiano da urbanização precária presente Que é ser migrante? É estar em busca
amplamente na região. de uma nova territorialização, de conhe-
Este perigo corresponde a boa parte cimento espacial e de inserção no lugar
dos 32,0% e 35,7% de perigos no bairro (MARANDOLA JR.; DAL GALLO, 2009). O
e na cidade, respectivamente, apontados migrante está em condições distintas em
pelo entorno da RMBS (Gráfico 4). A aná- relação aos nativos em termos do tempo de
lise por posição mostra a mesma inversão envolvimento e na sua relação com o lugar
vista nos dados de vantagens: a sede da (HERNÁNDEZ, 2007). Desde a já clássica
RMC e o entorno da RMBS percebem mais compreensão de Norbert Elias (1994) sobre
perigos, sendo a sede da RMBS aquela que as diferenças entre os de fora e os estabe-
apresenta menores índices. Isso mostra que lecidos, o fenômeno da migração tem sido
não há uma ligação direta entre perceber visto também em seu processo de adapta-
vantagens e perigos, ou seja, que uma ção, o que implica uma reterritorialização
elevada percepção de vantagens levaria (HAESBAERT, 1997; SAQUET, 2003).
GRÁFICO 4
Percepção dos perigos ambientais urbanos no bairro e na cidade, por posição (sede-entorno)
Regiões Metropolitanas de Campinas e da Baixada Santista – 2007
Fonte: Pesquisa domiciliar do Projeto Vulnerabilidade Fapesp/CNPq. Tabulações especiais, Nepo/Unicamp (2007).
laços e atividades desenvolvidas tendo o Outro dado importante neste olhar mais
lugar como mediação com o mundo (TUAN, geral sobre a percepção dos perigos por
1983). Quanto maior for este envolvimento (o condição migratória é a diferença entre as
attachment), maior é a importância do lugar duas RMs, além do fato de aquela discre-
para a mediação das atitudes e percepções, pância entre sede e entorno da RMBS ter
inclusive dos perigos (TUAN, 1980; 2005). se dissipada num maior equilíbrio entre as
Por outro lado, a percepção do perigo categorias de migrantes, o que reforça a
está diretamente associada à percepção importância da diferença entre estes dois
do risco (DOUGLAS; WILDAVSKY, 1982) e lugares no caso desta região.
esta, por sua vez, está ligada à capacidade Já o foco na especificidade das dife-
de enfrentamento, ou seja, à vulnerabili- rentes categorias de perigo e sua influência
dade (WISNER et al., 2004). O tempo de nestes dados mais gerais mostra como a
experiência e o envolvimento com o lugar condição migrante interfere na percepção
(seja pela via da dependência seja pela de cada perigo. Na RMC, os migrantes
identidade) aumentam o conhecimento es- recentes apresentaram os maiores índices
pacial. A ausência deste é uma das origens de percepção de gravidade do perigo em
da insegurança existencial e da incerteza, relação a três categorias (contaminação,
que estão intimamente ligadas à percepção qualidade de vida e manutenção), enquanto
do perigo (GIDDENS, 2002). A gravidade os não migrantes o fizeram com relação aos
dos perigos, portanto, é atenuada diante perigos ligados ao trânsito e à categoria
do conhecimento do perigo, mais do que climáticos e os migrantes estabelecidos
isso, do conhecimento dos lugares onde (que vivem na região há dez ou mais anos)
estão o perigo e das práticas necessárias registraram índices maiores em acessibili-
para enfrentá-lo (MARANDOLA JR., 2008b). dade e infraestrutura (Gráfico 5).
GRÁFICO 5
Perigos ambientais urbanos percebidos como graves e muito graves, por categorias de perigos e condição
migratória (tempo de residência)
Região Metropolitana de Campinas – 2007
Fonte: Pesquisa domiciliar do Projeto Vulnerabilidade Fapesp/CNPq. Tabulações especiais, Nepo/Unicamp (2007).
GRÁFICO 6
Perigos ambientais urbanos percebidos como graves e muito graves, por categorias de perigos e condição
migratória (tempo de residência)
Região Metropolitana da Baixada Santista – 2007
Fonte: Pesquisa domiciliar do Projeto Vulnerabilidade Fapesp/CNPq. Tabulações especiais, Nepo/Unicamp (2007).
GRÁFICO 7
Percepção de vantagem de morar no bairro, na cidade e na RM, por condição migratória (tempo de residência)
Regiões Metropolitanas de Campinas e da Baixada Santista – 2007
Fonte: Pesquisa domiciliar do Projeto Vulnerabilidade Fapesp/CNPq. Tabulações especiais, Nepo/Unicamp (2007).
GRÁFICO 8
Percepção dos perigos ambientais urbanos no bairro e na cidade, por condição migratória (tempo de residência)
Regiões Metropolitanas de Campinas e da Baixada Santista – 2007
Fonte: Pesquisa domiciliar do Projeto Vulnerabilidade Fapesp/CNPq. Tabulações especiais, Nepo/Unicamp (2007).
campo P-A tem enfrentado, em seu conjun- avançar muito além, pois esbarramos nas
to, para extrapolar limites colocados pelas limitações estatísticas.
próprias bases de dados e metodologias Entre os aspectos que ficam muito evi-
convencionais. dentes, está o papel do lugar na percepção
Em vista disso, a estratégia de combinar dos perigos. Tanto o corte por posição e
trabalhos verticalizados com aplicação de condição migratória quanto a consideração
metodologias qualitativas (de orientação das percepções pelas escalas indicam a im-
fenomenológica) com resultados de levan- portância do lugar, em seu sentido amplo. A
tamentos de percepção colhidos em larga operacionalização de pesquisas com dados
escala (duas RMs) é um esforço para identi- empíricos sempre provoca certas escolhas
ficar elementos nas duas frentes, colocando de recortes que ressaltam alguns aspec-
um a serviço do outro para a discussão do tos. Neste caso, vemos claramente que os
espaço na relação P-A. elementos tangenciais dos efeitos de lugar,
Este trabalho mostra muitas das pos- escolhidos para evidenciar seu papel, são
sibilidades e também muitas das lacunas significativos o suficiente para não serem
deste esforço. Se, por um lado, podemos ignorados. Se, por um lado, a natureza tan-
ver com clareza os efeitos de lugar influen- gencial não permite precisar alguma medida
ciando a percepção dos perigos ambientais de impacto ou uma metrificação de sua
urbanos, por outro, ficamos devendo uma natureza (como os estudos psicométricos),
incursão mais analítica de outras variáveis por outro, tais levantamentos reforçam e
demográficas na composição dos próprios coadunam com as pesquisas qualitativas
efeitos. Condição migratória é relevante, de profundidade e as formulações teóricas
mas não suficiente para esta incursão, as- delas oriundas.
sim como não é, em si, o reconhecimento Por outro lado, estes estudos apontam
do viés de gênero dos dados. Mas, pelo questões antes não consideradas, como a
desenho amostral da pesquisa, não se pode especificidade da sede da RMBS em perce-
ber menos tanto perigos quanto vantagens, ao espaço, à estrutura urbana e à própria
ou os baixos índices de percepção de ques- dinâmica demográfica. Juntamente com
tões que a teoria urbana constantemente ele, a própria questão da escala torna-se
reforça, como a importância de parentes mais forte e evidente, permitindo pensar a
próximos e dos valores da terra urbana, que experiência na região, na cidade e no bairro,
nos dados para cidade e região, na RMBS, o que qualificaria mais ainda os dados aqui
não possuem relevância. analisados.
Outra questão central que a discussão Região, cidade e lugar mostraram-se,
dos dados aponta é a mistura, no caso por seu turno, escalas espaciais necessárias
da percepção, dos perigos ambientais aos estudos de P-A, para compreender e
relacionados a eventos naturais e os de conectar as escalas de percepção, estrutu-
origem da produção humana (man-made). ração e produção do espaço. É difícil pensar
Os perigos são mais percebidos pela a não aderência, tanto em estudos urbanos
questão espacial da localização, segundo quanto rurais, destas escalas que conectam
proximidade e distância, quando se referem a efetivação dos perigos na experiência
a eventos do seu cotidiano, diferente de com sua organização e distribuição de
quando se pensa em perigos que são mais forma mais difusa, no tempo e no espaço.
difusos, tanto no tempo quanto no espaço, Proximidade e distância são questões que
que tendem a ser percebidos mais pelas os estudos de P-A precisam trazer com mais
mediações socioculturais. força quando estão pensando a dimensão
Isso aponta para a importância de do espaço em seus processos.
fatores materiais, sociais e individuais na O desafio é conseguir tal articulação
composição e consideração dos efeitos de com bases de dados adequadas. Para isso
lugar. Estes não se resumem às trajetórias é necessário investir em levantamentos
individuais, nem à configuração material específicos e em pesquisas que permitam
estrutural. É na compreensão da forma a análise transescalar e que dialoguem e
específica de configuração destes fatores se retroalimentem. O fantasma da falácia
que as diferenças se configuram, o que ecológica só voltará a rondar os estudos
explica as distinções entre as posições. de P-A com mais força se mantivermos a
Já a condição migratória se mostra uma pesquisa no tema engessado em uma das
excelente categoria para analisar as questões escalas, seja a micro, seja a macro. A maior
de perigos e para pensar os efeitos de lugar. força da falácia ecológica está na ilusão
A condição coloca as pessoas em posição de que o espaço é homogêneo e que não
diferencial no espaço, o que institui níveis há fenômenos de ordens diferentes que
de envolvimento, dependência e identidade não são apreensíveis com os métodos
muito variáveis. Por seu turno, é lamentável empregados. Evitá-la, portanto, implica uma
que os dados não permitam avançar na análise transescalar que não considere as
análise das percepções por critérios mais escalas mais próximas como determinadas
específicos, como a origem dos migrantes, pelas mais distantes, nem o inverso.
ou mesmo por uma escala de tempo de re- Uma das virtudes dos estudos de P-A
sidência menor. Isso possibilitaria considerar no campo da Demografia tem sido a incor-
de forma mais precisa as influências e o peso poração do espaço como uma dimensão
do lugar de origem nas percepções e suas propriamente demográfica dos fenômenos:
formas de ver e entender o mundo. Outros os efeitos de lugar são uma especificação
fatores demográficos também seriam poten- desta espacialidade, manifesta em escalas
cialmente elucidativos destes efeitos, como diferentes e com processos de constitui-
a estrutura familiar, o estágio do ciclo vital e ção, manutenção e difusão diferenciados.
o seu padrão de mobilidade. Explorá-los em par com as componentes
O tempo de residência, portanto, é ex- da dinâmica demográfica é uma necessi-
tremamente relevante para discutir os efeitos dade para a consolidação metodológica da
de lugar em termos da dinâmica P-A, poden- consideração do espaço na relação P-A nos
do trazer uma série de questões referentes estudos populacionais.
Referências
race, and perceived risk: the “white male” communication & the social amplification of
effect. Health, Risk & Society, n. 2, p.159- risk. London: Earthscan, 2005.
172, 2000.
KATES, R. W. The perception of storm
FLYNN, J.; SLOVIC, P.; MERTZ, C. K. Race, hazard on the shores of megalopolis. In:
and perception of environmental health LOWENTHAL, D. (Ed.). Environmental
risks. Risk Analysis, v. 14, n. 6, p. 1.101- perception and behavior. The University of
1.108, 1994. Chicago, Department of Geography, 1967,
p.60-74 (Research paper, n. 109).
GIBSON, J. J. The perception of the visual
world. Westport: Greenwood Press, 1974. KYLE, G. et al. Effects of place attachment on
user’s perception of social and environmental
GIDDENS, A. Modernidade e identidade.
conditions in a natural setting. Journal of
Trad. Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge
Environmental Psychology, n. 24, p. 213-
Zahar, 2002.
225, 2004.
Greenberg, M.; Schneider, D. Gender
LEWICKA, M. Place attachment, place
differences in risk perception: effects differ
identity, and place memory: restoring the
in stressed vs. non-stressed environments.
forgotten city past. Journal of Environmental
Risk Analysis, n. 15, p. 503-511, 1995.
Psychology, n. 28, p. 209-231, 2008.
Gustafson, P. e. Gender differences in risk
_________. What makes neighborhood
perception: theoretical and methodological
different from home and city? Effects of
perspectives. Risk Analysis, v. 18, n. 6,
place scale on place attachment. Journal
p. 805- 811, 2006.
of Environmental Psychology, n. 30,
HAESBAERT, R. Des-territorialização e p. 35-51, 2010.
identidade: a rede gaúcha no Nordeste.
Lindell, M. K.; Hwang, S. N. Households’
Niterói: Eduff, 1997.
perceived personal risk and responses in a
HENWOOD, K. L .; PARKHILL , K. A.; multihazard environment. Risk Analysis,
PIDGEON, N. F. Science, technology and v. 28, n. 2, p. 539-556, 2008.
risk perception: from gender differences to
LOW, S. M.; ALTMAN, I. Place attachment:
the effects made by gender. Emerald, v. 27,
a conceptual inquiry. In: ALTMAN, I.; LOW,
n. 8, p. 662- 676, 2008.
S. M. (Eds.). Place attachment. New York:
HERNÁNDEZ, B. et al. Place attachment and Plenum Press, 1992, p. 1-12.
place identity in natives and non-natives.
Lowenthal, D. Past time, present place:
Journal of Environmental Psychology,
landscape and memory. Geographical
n. 27, p. 310-319, 2007.
Review, n. 65, p. 1-37, 1975.
HOGAN, D. J. A relação entre população e
LUHMANN, N. Risk: a sociological theory.
ambiente: desafios para a demografia. In:
Trad. Barrett R. New York: Aldine de Gruyuter,
TORRES, H. da G.; MOURA, H. da C. (Orgs.).
1993.
População e meio ambiente: debates e
desafios. São Paulo: Senac, 2000, p. 21-52. LUPTON, D. Risk. London: Routledge, 1999.
JAKOB, A. A. E. Análise sócio-demográfica LUTZ, W.; PRSKAWETZ, A.; SANDERSON, W.
da constituição do espaço urbano da C. Introduction. In: LUTZ, W.; PRSKAWETZ,
Região Metropolitana da Baixada Santista A.; SANDERSON, W. C. (Eds.). Population
no período 1960-2000. Tese (Doutorado and environment: methods of analysis.
em Demografia) – Instituto de Filosofia e New York: Population Council, 2002, p. 1-21
Ciências Humanas, Universidade Estadual (Population and Development Review – a
de Campinas, 2003. supplement to volume 28).
KASPERSON, J. X.; KASPERSON, R. E. LYNCH, K. A imagem da cidade. São Paulo:
The social contours of risk: publics, risk Martins Fontes, 2003.
MACINTYRE, S.; ELLAWAY, A.; CUMMINS, agenda. Paper presented at the Cyber
S. Place effects on health: how can we Seminars of the Population-Environment
conceptualise, operationalise and measure Research Network, 2001. Disponível em:
them? Social Science & Medicine, n. 55, <http://www.populationenvironmentresearch.
p. 125-139, 2002. org>.
University of Arizona, 1966 (Research paper, _________. Paisagens do medo. Trad. Lívia
n. 106). de Oliveira. São Paulo: Ed. Unesp, 2005.
SAQUET, M. A. Os tempos e os territórios Voss, P. R. Demography as a spatial social
da colonização italiana: o desenvolvimento science. Population Research and Policy
econômico na Colônia Silveira Martins (RS). Review, v. 26, n. 5-6, p. 457-476, 2007.
Porto Alegre: Edições EST, 2003.
Wildavsky, A.; Dake, K. Theories of
SLOVIC, P. The perception of risk. London: risk perception: who fears what and why?
Earthscan, 2000. Daedalus, v. 119, n. 4, p. 41-60, 1994.
TUAN, Y.-F. Topofilia: um estudo da percep- WISNER, B.; BLAIKIE, P. M.; CANNON, T.;
ção, atitudes e valores do meio ambiente. DAVIS, I. At risk: natural hazards, people’s
Trad. Lívia de Oliveira. São Paulo: Difel, 1980. vulnerability, and disasters. 2 ed. London:
Routledge, 2004.
_________. Espaço e lugar: a perspectiva
da experiência. Trad. Lívia de Oliveira. São
Paulo: Difel, 1983.
Resumen
Abstract
Since their beginning, environmental studies have faced the threat of the ecological fallacy.
Particularly within the human sciences domain, there has always been special attention to
any form of geographical determinism or interpretation that could link society’s understanding
to nature’s rationale. Regarding Population and Environment (P-E) studies, the concern has
always been present, and not rarely with debate over the ecological fallacy, its risks and ways to
eradicate it from the scope of analyses. However, in past decades, with the growing interest of
human sciences on space, the importance of spatiality and the continuous amalgamation of its
dimension in analyses have renewed this concern, now within a new sociocultural context. The
effects of space have taken a new dimension, as we recognize, against the globalization trend,
the strength of regional and local factors upon the determination and mediation of environmental
issues that affect populations and places in a specific, but not in an indiscriminate way for space.
Based on this, the methodological discussion has to consider how space influences the P-E
equation, taking into consideration previous debates and the new contemporaneous socio-
spatial arrangements. These issues were relevant in the investigation over the perception of the
dangers and vulnerability in the Metropolitan Regions of Campinas and Baixada Santista, in the
State of São Paulo. Using data from a 2007 household survey (Vulnerability Project), we aimed
to reach beyond the variables commonly used to assess living conditions (income, education,
vital cycle), and we attempted to understand the variables according to differentiated spatial
scales, considering the effects of space as critical for the perception of urban threats within the
population-space-environment relationship.
Keywords: Risks. Space. Migration. Methodology. Population. Environment.