Administração e Economia Aula 5

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ADMINISTRAÇÃO E

ECONOMIA
AULA 5

Profª Dayse Mendes


CONVERSA INICIAL

Nesta aula, você vai conhecer conceitos de economia que possam auxiliá-
lo a compreender como utilizar alguns desses fundamentos em sua rotina como
engenheiro. Para tanto, você inicia essa compreensão por meio de uma base
conceitual, denominada de fundamentos da economia.
Você entenderá que Economia é uma ciência que estuda o uso dos
recursos produtivos em uma determinada nação e qual o impacto desse uso na
capacidade da nação em se manter funcional em relação a ela mesma e aos
demais países existentes no mundo.
Você perceberá que existem vários setores econômicos diferentes, cada
um deles com características próprias, de acordo com os produtos
desenvolvidos em cada um deles.
Você poderá distinguir duas macroanálises realizadas por economistas, a
análise microeconômica, voltada aos problemas das empresas, e a análise
macroeconômica, voltada a um olhar mais sistêmico da economia da nação
como um todo.
Você compreenderá a importância do desenvolvimento econômico e
como um conceito do ínício do século XX, a destruição criativa, pode ser
bastante adequado a uma análise de desenvolimento sob a ótica da Engenharia.
Finalmente, você terá acesso a conceitos atuais de economia colaborativa e
economia digital que, sem dúvida, farão parte da sua vida, tanto profissional
como pessoal, num futuro muito próximo.

TEMA 1 – FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

Economia é uma palavra que ouvimos constantemente em nossa rotina


diária e nem sempre nos damos conta de sua importância ou mesmo de seu
significado. Para o senso comum, fica a ideia de moderação no consumo e nos
gastos.
Mas economia é muito mais do que isso. A Economia (com letra
maiúscula) é uma ciência que estuda “como empregar recursos produtivos
escassos frente a uma sociedade que tem necessidades ilimitadas por bens e
serviços” (Silva, 2018, p. 21).
A ênfase está na escassez, já que a maioria dos recursos não existe para
todos, seja porque o recurso é realmente finito, seja porque as pessoas não têm

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acesso a esse recurso com facilidade. Cabe então à Economia analisar formas
de alocar os recursos produtivos para, então, atender às necessidades das
pessoas o máximo possível.
Assim, surgem alguns problemas econômicos fundamentais. De acordo
com Vasconcellos e Garcia (2019, p. 3), esses problemas são três: “O que e
quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir?”.
O que e quanto produzir diz respeito à escolha que a sociedade deve fazer
em relação a que produtos produzir, tendo em vista a escassez de recursos
produtivos que não dizem respeito somente a matéria-prima, mas também a
outros recursos necessários para a produção, tais como equipamentos, mão de
obra, tempo, infraestrutura, entre outros.
O segundo problema diz respeito à escolha dos melhores métodos para
se produzir, em busca de eficácia, produtividade, minimização de custos. O
terceiro está associado à escolha de quem receberá os produtos, de acordo com
a distribuição de renda dessa sociedade.

Figura 1 – Escassez de recursos

Crédito: Lightspring/Shutterstock.

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Todas essas escolhas devem ser racionais e pautadas em uma relação
de análise de custo x benefício. Cada sociedade faz sua própria análise de custo
x benefício, mas é possível separar, em termos didáticos, formas distintas de
realizar essas definições, por meio do que se denomina de sistema econômico.
Vasconcellos e Garcia (2019) explicam que existem dois tipos de sistemas
econômicos: o sistema capitalista, ou de economia de mercado, e o sistema
socialista, ou de economia centralizada.
Atualmente, é quase impossível encontrar um país que atue de forma pura
em um ou outro sistema. A maioria dos países acaba atuando com um sistema
misto, alguns mais voltados à livre iniciativa e à propriedade privada dos recursos
de produção, outros mais voltados à predominância da propriedade pública dos
recursos produtivos.
Os recursos utilizados nos sistemas econômicos, por sua vez, podem ser
classificados em três grandes grupos, que são:

A terra: recursos naturais e/ou tudo que vem da natureza. O uso


sustentável desse grupo de recursos que provém da terra (como água,
minérios, combustíveis fósseis e outros) deve estar no centro do
debate de qualquer alternativa de produção, visto que, se não são
eficientemente utilizados, criam mais custos no futuro, devido ao
aumento de escassez.
O trabalho: é o tempo despendido pela mão de obra para a realização
da produção de determinado bem ou serviço. É tido como o fator mais
importante, pois, por mais que as máquinas façam muita coisa nos dias
atuais, tem sempre um cérebro humano por traz de toda a parafernália
tecnológica. Aqui é importante a capacitação constante da mão de
obra, para que ela possa ser bem utilizada no processo produtivo.
O capital: se refere às máquinas e aos equipamentos que servirão para
a produção de outros bens. Logo, esses bens duráveis que servem à
produção de outros (computadores, máquinas a laser, fornos, tratores
e tantos outros) são chamados de bens de capital. (Silva, 2018, p. 12)

Conforme Vasconcellos e Garcia (2019), para se compreender o


funcionamento de um sistema econômico, é necessário entender que existem
fluxos dentro desse sistema. Um desses fluxos é denominado de fluxo real da
economia.
Nele, há uma troca de bens e serviços entre pessoas e empresas. Há
também o fluxo monetário, que torna possível o fluxo real acontecer, por meio
do uso de moeda, utilizada para remunerar os fatores de produção e pagar os
bens e serviços. A remuneração se dá por meio de salários, juros, aluguel e
lucro.

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Juntando esses dois fluxos, há o fluxo circular de renda. O fluxo completo
em um sistema monetário inclui ainda o setor público, com impostos, e o setor
externo, no qual acontecem transações comerciais com o resto do mundo.

Figura 2 – Fluxo circular de renda

Fonte: Vasconcellos; Garcia, 2019, p. 11,

Um último conceito relevante para se ter uma base de compreensão da


Economia diz respeito a definição de bens. Silva (2018, p. 17) explica que
existem os bens de capital e os bens de consumo. Para a autora, os bens de
capital são aqueles utilizados para a produção de outros bens, tais como
“máquinas, equipamentos e computadores usados na produção”.
Já os bens de consumo são aqueles que atendem diretamente as
necessidades das pessoas e podem ser “divididos entre bens duráveis (como
eletrodomésticos e automóveis) ou bens não duráveis (como alimentação e
sabonetes). Há ainda os bens intermediários, que são transformados e
totalmente consumidos durante o processo produtivo, e os bens finais que estão
prontos para atender ao consumidor final.
Finalmente, é interessante ressaltar que há duas grandes áreas de estudo
econômico, a microeconomia e a macroeconomia, que tratam de aspectos
complementares dentro de um sistema econômico.

TEMA 2 – SETORES ECONÔMICOS

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Como engenheiro, você terá a possibilidade de prestar seus serviços
profissionais nas mais diversas atividades que existem em nossa sociedade.
Essas atividades são, tradicionalmente, categorizadas de acordo com o setor
econômico no qual se encontram, apresentando características distintas, em
conformidade com o contexto de cada setor. Tais setores são definidos como
primário, secundário, terciário, quaternário e quinário.

Figura 3 – Setores econômicos

Quinário
(aumento do
pontencial
humano):
Saúde,
Educação, Pesquisa,
Artes, Recreação.

Quaternário (Negócios e comércio):


Tranporte, Comunicação, Varejo,
Finanças, Governo.

Terciário: (serviço doméstico): Restaurantes,


Hotéis, Lavanderia, Manuntenção.

Secundário (produção de bens): Manufatura,


Processamento.

Prímario (extrativo): Agricultura, Mineração, Pesca, Silvicultura.

Fonte: Fitzsimmons; Fitzsimmons, 2014, p. 6.

O setor primário da economia tem esse nome por ter sido o primeiro a
ser explorado pelos homens, visto que consiste na simples extração direta de
produtos que se encontram disponíveis na natureza. São produtos que, por conta

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de suas características, podem ser consumidos diretamente ou servir de matéria-
prima para a fabricação de outros produtos.
Entre as atividades típicas do setor, encontram-se a agricultura, a
pecuária, o extrativismo vegetal e mineral, a caça e a pesca. Apesar de fazer
parte da economia de qualquer país, as atividades do setor primário não
agregam muito valor às nações que baseiam sua economia nesse tipo de
atividade.
Anteriormente, era um setor que empregava muita mão de obra, mas, com
o passar do tempo, se tornou extremamente mecanizado, o que reduziu a
quantidade de empregos na medida em houve grande substituição de mão de
obra por máquinas. Por outro lado, a mecanização trouxe mais tecnologia para
o setor, exigindo mão de obra mais qualificada e abrindo portas para a inserção
de engenheiros nessas atividades.

Figura 4 – Tecnologia na agricultura

Crédito: Suwin/ Shutterstock.

O setor secundário tradicionalmente é relacionado, no senso comum, às


engenharias, pois é o responsável pela transformação das matérias-primas do
setor primário em produtos. Ou seja, o setor secundário é composto pelos vários
tipos de indústrias existentes no mercado. Dentre as indústrias, encontram-se:

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• A Indústria de base que tem como entrada os produtos extraídos da
natureza e que, com seus processos de transformação, os converte em
produtos semielaborados, que serão utilizados para a fabricação de
outros bens destinados ao consumidor final. São exemplos de indústria
de base a indústria metalúrgica e a indústria química.
• A indústria de bens de capital, cuja função é transformar produtos em
peças, máquinas e ferramentas que serão utilizadas para as atividades
da indústria de bens de consumo. São eles que alimentam toda a cadeia
produtiva. Como exemplo, temos indústrias fabricantes de máquinas,
aeronaves, peças de automóveis; geradores de energia elétrica, entre
outros, usados na indústria.

Figura 5 – Fábrica de turbina

Crédito: Gorodenkoff/Shutterstock.

• A Indústria de bens de consumo é o tipo mais conhecido, pois é nela que


se produz o produto final, ou seja, o produto que será vendido para o
consumidor final, aquele que utiliza o produto para consumo próprio. Essa
indústria se subdivide em duas categorias, que são: indústria de bens
duráveis e indústria de bens não duráveis. A indústria de bens duráveis
oferece produtos de alto valor agregado e que são fabricados para durar
longos período de tempo. Já a indústria de bens não duráveis disponibiliza
ao mercado produtos perecíveis, isto é, com pouca duração no tempo.

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• A indústria de ponta é a mais sofisticada e de maior intensidade
tecnológica, podendo ser caracterizada pela utilização maciça de
recursos tecnológicos altamente sofisticados e por se apresentar em
constante processo de inovação, com altos investimentos financeiros para
o desenvolvimento de pesquisas.

Até pouco tempo atrás, o setor secundário era o ramo da economia que
mais gerava empregos. Ao se modernizarem os sistemas produtivos, por meio
da mecanização dos processos, assim como da implantação da produção
flexível, grande parte da mão de obra vem saindo das fábricas e se deslocando
para o comércio e os serviços, aquecendo, assim, o setor terciário. Com a oferta
de empregos diminuindo nos setores primário e secundário por conta da
mecanização e da automatização das atividades realizadas nesses setores, há
uma migração dos trabalhadores para as atividades do setor.
Atividades de comércio e de prestação de serviços representam as ações
desenvolvidas nesse setor. Tais atividades surgem naturalmente com a
transformação da sociedade de industrial para pós-industrial. O setor terciário é
composto por uma gama muito ampla de bens imateriais, ou seja, daquilo que o
consumidor receberá em forma de atividades de educação, de lazer, de turismo,
de entretenimento, de segurança, de auxílio jurídico, de consertos mecânicos,
domésticos ou eletrônicos, entre outras. Todas essas atividades exigem
profissionais e tecnologias que prestem um serviço considerado útil ao
consumidor. Além dos serviços, o setor também é composto por atividades de
comércio.

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Figura 6 – Serviço de programação

Crédito: RossHelen/ Shutterstock.

Com a transformação da sociedade e o surgimento de novas atividades


que não existiam décadas atrás, passa a existir novas divisões, além dos três
setores clássicos, para abranger essas atividades que não se enquadravam
adequadamente no setor terciário, por conta de suas características peculiares.
Assim, surgem o setor quaternário e o setor quinário de atividades econômicas.
O setor quaternário da economia pode ser definido como aquele que é
pertinente à economia do conhecimento à medida que suas atividades estão
relacionadas a ações intelectuais, frequentemente associadas à inovação
tecnológica. Assim, o trabalhador desse setor econômico é alguém capacitado a
trabalhar com dados e informações que transformam o conhecimento
preexistente na sociedade e trazem novas formas organizacionais mais
adequadas às rápidas transformações que ocorrem nesse setor.
Como exemplos de atividades que compõem esse setor, temos aquelas
exercidas na pesquisa científica, na educação e na tecnologia da informação. O
Vale do Silício se tornou o paradigma dessa nova sociedade regida pelo
conhecimento. O Vale do Silício é uma região, nos EUA, na qual se localizam
empresas de alta tecnologia, das áreas de eletrônica e informática, tais como
Google, Meta (Facebook), Pixar, Intel, Netflix, para citar as mais conhecidas.

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Figura 7 – Vale do Silício

Crédito: zimmytws/Shutterstock.

Assim como não fazia mais sentido tentar encaixar as atividades do setor
quaternário no setor terciário, o mesmo acaba por ocorrer com outras atividades
que surgiram ao longo do tempo, forçando a mais uma divisão das atividades
econômicas em um quinto setor, o setor quinário. Nesse setor, encontram-se
atividades que são realizadas sem o intuito do lucro, mas com o objetivo de
interpretar ideias, novas ou já existentes, analisar dados, avaliar novas
tecnologias e criar novos serviços.
É nesse setor que encontramos profissionais altamente remunerados,
cientistas, pesquisadores, funcionários do governo, trabalhando em
universidades, institutos de pesquisa, organizações sem fins lucrativos,
organizações de assistência médica e social, organizações de esporte,
organizações de entretenimento, entre outras.

TEMA 3 – A MICROECONOMIA E A MACROECONOMIA

No que se refere à análise econômica, existem duas formas de fazer esse


tipo de análise. Em uma dessas formas, analisa-se a economia por suas partes
e na outra se olha de forma sistêmica sobre a economia de uma nação como um

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todo. Dá-se o nome de análise microeconômica àquela que se preocupa com as
partes. Já a análise que olha o todo é denominada de macroeconomia.
A microeconomia estuda o funcionamento da oferta e da demanda na
formação do preço no mercado, por isso, também é conhecida como teoria dos
preços. Nesse sentido, seu objetivo é identificar como “a empresa e o
consumidor interagem e decidem qual o preço e a quantidade de determinado
bem ou serviço em mercados específicos” (Vasconcellos; Garcia, 2019, p. 30).
Então, a microeconomia se ocupa, além da análise de formação de preço, do
estudo do comportamento do consumidor e do produtor, assim como dos
diferentes mercados existentes em uma economia.

Figura 8 – Formação de preço

Crédito: PCH.Vector/Shutterstock.

Já a macroeconomia trata do comportamento da Economia como um


todo, em estudos que consideram variáveis como consumo agregado (despesas
de consumo das famílias em uma determinada economia), renda nacional,
investimentos globais. Assim, o objeto de estudo da macroeconomia está
relacionado à análise de grande indicadores como o PIB (Produto Interno Bruto),
o PNB (Produto Nacional Bruto), o nível de emprego, o nível geral de preços e
os déficits orçamentário e comercial de uma nação, assim como acerca das
relações internacionais.
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Figura 9 – Macroeconomia

Crédito: Aleksandar Milosevic/Shutterstock.

Apesar de parecerem conceitos totalmente opostos, na verdade, eles se


complementam e são estritamente relacionados. Elementos da microeconomia,
quando considerados de forma agregada, se transformam em fenômenos
macroeconômicos. “Por exemplo: os investimentos individuais (abordagem
micro), quando considerados em sua totalidade, convertem-se em investimento
agregado (abordagem macro)” (Brasil, 2012, p. 22)

Figura 10 – Microeconomia e macroeconomia

Microeconomia Macroeconomia
1. Entender os mercados e prever possíveis 1. Entender como uma economia nacional
mudanças. funciona.
2. Avaliar as políticas públicas 2. entender os grandes debates sobre política
econômica.
3. Tomar decisões gerenciais e pessoais. 3. Melhorar a capacidade de tomada de
decisões sobre negócios.

Fonte: Brasil, 2012, p. 22.

Como engenheiro, em sua rotina, você se preocupará com questões de


produção (de bens ou de serviços), portanto, estará inserido em análises
microeconômicas acerca de matéria-prima, capacidade produtiva e intelectual

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das pessoas que compõem a organização, e ferramentas, máquinas,
equipamentos, enfim, todos os elementos que compõem a infraestrutura de
produção para a transformação dos recursos em bens e serviços.
Mas também se preocupará com aspectos macroeconômicos, já que
inflação, desemprego, taxa de juros, consumo, entre outros, são variáveis
macroeconômicas que acabam por impactar em todos os setores econômicos,
nas decisões de investimento, na melhoria da competitividade, entre outros
fatores, que afetam diretamente as ações e estratégias a serem determinadas
para a manutenção da indústria nacional.

TEMA 4 – DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

O desenvolvimento econômico, em sua forma clássica, é o objetivo de


nações que são capitalistas, ou seja, cuja economia está relacionada a algum
tipo de acumulação de capital. Bresser Pereira (2008) nos explica que o

desenvolvimento econômico é o processo de sistemática acumulação


de capital e de incorporação do progresso técnico ao trabalho e ao
capital que leva ao aumento sustentado da produtividade ou da renda
por habitante e, em consequência, dos salários e dos padrões de bem-
estar de uma determinada sociedade.

Hoje, esse conceito agregou outras questões relevantes para uma nação,
acrescentando à sustentabilidade econômica a sustentabilidade social e a
sustentabilidade ambiental. Assim, a preocupação com o crescimento e
desenvolvimento das nações se expandiu e entende-se que o desenvolvimento
econômico deve ser capaz de gerar riquezas para a nação, mas também
melhorar a qualidade de vida das pessoas e contribuir para o equilíbrio social e
ambiental. Indicadores como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
auxiliam a medir a relação do progresso na economia com o desenvolvimento
de uma determinada região.

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Figura 11 – Desenvolvimento econômico

Crédito: Viktoria Kurpas/Shutterstock.

Uma outra forma de entender o desenvolvimento econômico, que pode


ser adequada para engenheiros, é a trazida por Schumpeter (um economista
austríaco do início do século XX), que desenvolveu o conceito de Destruição
Criativa, um processo constante de transformação que destrói estruturas
econômicas, que já não são mais eficazes e cria novas.
Tal conceito é totalmente relacionado às inovações tecnológicas, em que
se trata essas inovações como o principal motor do desenvolvimento econômico.
Esse é um fenômeno que ocorre quando um conjunto de novas tecnologias se
transforma em inovação, ou seja, em uma ideia com aplicação e viabilidade de
mercado, fazendo com que as tecnologias tradicionais se tornem obsoletas e,
consequentemente, sejam deixadas de lado enquanto as novas tecnologias
tomam seu espaço na sociedade.
Por isso o nome destruição criativa, pois retrata o fenômeno de destruição
de elementos antigos, que compunham a economia, por elementos novos
(Schumpeter, 1961). Tais modificações classificam-se como a introdução de um
novo bem “ou serviço, introdução de novo método de produção, introdução de
novo mercado, conquista de uma nova fonte de oferta de matérias-primas e
desenvolvimento de uma nova organização” (Nogami, 2018, p. 10).

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Figura 12 – Destruição criativa

Crédito: Sergey Nivens Shutterstock.

Para exemplificar a ideia de destruição criativa, imagine como era a vida


das pessoas antes de Thomas Edison e Nikola Tesla. A mudança da iluminação
por meio de velas ou da iluminação a gás para a iluminação elétrica trouxe uma
série de mudanças para a sociedade da época e para a forma como se tratava
a questão tanto em termos empresariais quanto em termos de políticas públicas.
A nova tecnologia gera, inclusive, uma disputa acirrada entre os dois
personagens, que fica conhecida como a batalha das correntes, em que cada
um defendia tecnologias concorrentes (corrente contínua x corrente alternada).
E assim se força a sociedade a um desenvolvimento econômico com o uso
desses elementos novos, que fazem mais sentido em relação ao momento em
que se encontra essa sociedade. Esse é um conceito dinâmico de
desenvolvimento econômico.

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TEMA 5 – ECONOMIA COLABORATIVA E ECONOMIA DIGITAL

Em se tratando de economia, há conceitos clássicos, criados ao início da


revolução industrial, como os construídos por Adam Smith que, no século XVIII,
valoriza a divisão do trabalho como fator de incremento para a riqueza das
nações e lança a economia liberal com seu conceito de mão invisível, uma
espécie de lei de ajuste entre oferta e demanda. Mas também há conceitos
bastante recentes, em especial por conta do surgimento de uma série de novas
relações econômicas criadas ao longo das últimas décadas.
O surgimento de um novo modelo econômico, que vem sendo
denominado de economia compartilhada ou colaborativa, torna-se
imprescindível, visto que os modelos de negócio tradicionais não são tão
economicamente viáveis para atuação das empresas em um mundo cada vez
mais digital.
Torrance e Staeritz (2019) garantem que o modelo de negócios que mais
se adequa a esses novos tempos “em termos de valor para o cliente, taxas de
crescimento de receita e de avaliação de mercado” é o das plataformas digitais,
tais como a Amazon, a Apple, a Netflix, ou startups unicórnios, como Nubank,
Uber, Airbnb ou iFood. Esses novos modelos de negócio vêm se consolidando
e destruindo os modelos de negócio tradicionais.

Figura 13 – Novos modelos de negócios

Crédito: stoatphoto/Shutterstock.

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Além dos novos modelos de negócios, a inserção cada vez maior de
tecnologias de informação e comunicação na vida das pessoas traz a
necessidade de inserção da economia nesse ambiente, por meio de atividades
econômicas baseadas em tecnologia digital. Na economia digital, diversas
operações comerciais são desenvolvidas somente por meio da internet, e o
fornecimento de bens e serviços ocorre exclusivamente em ambiente virtual
(Silva, 2020). Tal movimento cria tendências de fundamental importância para a
sobrevivência das organizações no futuro e para suas questões econômicas.
Palavras como blockchain, criptomoedas, NFT, serão cada vez mais comuns em
nossa rotina pessoal e de trabalho.
A blockchain é uma tecnologia, cujo uso tem por objetivo garantir a
segurança de informações. Seu funcionamento consiste em enviar informações
para uma rede de computadores, que funcionam em um sistema
descentralizado. “Essas informações não podem ser alteradas, elas são
condensadas em blocos, criptografadas e unidas a uma cadeia de informações
pré-existentes” (Koehler, 2021, p. 25).
A seguir, essas informações são distribuídas por vários computadores
espalhados ao redor do mundo, dificultando, assim, a sua manipulação.
Conforme Koehler (2021), pessoas que tem acesso a essa rede de
computadores “competem entre si para conseguir salvar e confirmar as
operações da rede. Esse processo é chamado de mineração”.
A blockchain tem influência nos processos econômicos pela sua forma de
operação, já que permite a transação de criptomoedas, sem a necessidade de
atuação de uma autoridade central, como o Banco Central de um país.
Criptomoedas são uma forma de moeda digital, ou seja, “são ativos digitais
descentralizados, que utilizam da criptografia para transferência de fundos, sem
a necessidade de uma autoridade central” e que só circulam em ambiente digital
(Koehler, 2021, p. 24). Entre as criptomoedas, a mais conhecida é o Bitcoin.

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Figura 14 – Bitcoin

Crédito: kitti Suwanekkasit/Shutterstock.

Além das criptomoedas, a blockchain pode, ainda, garantir ou certificar a


originalidade e a exclusividade de bens digitais, por meio do Nonfungible Token,
mais conhecido como NFT. O termo NFT significa Token Não Fungível e é
basicamente um token criptográfico que representa algo único, dessa forma,
virando algo que não pode ser trocado. Para Koehler (2021), os NFTs, assim
como as criptomoedas, utilizam da blockchain para fazer transações e salvá-las
na rede, tornando impossível copiar um NFT. Essa seria a vantagem inicial da
NFT, proteger o criador de um bem digital de cópias indevidas de sua criação.
Mas essa ideia inicial acabou distorcida, já que nem sempre o criador do
bem digital tem a condição financeira de adquirir o NFT de sua obra. Na verdade,
o NFT acabou se transformando em uma forma de especulação, à medida que
quem adquire o certificado em relação àquele bem digital, acaba por criar uma
escassez, no mercado, desse item. Escassez em qualquer sistema econômico
leva ao aumento do valor do objeto, incluindo a situação de falsa valorização e
de possível criação de bolha de mercado financeiro.

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Figura 15 – NFT

Crédito: Mininyx Doodle/Shutterstock.

Várias empresas estão explorando as possibilidades da economia digital,


por exemplo, o Facebook, com a criação de uma nova empresa, Meta, e a
intenção de gerar um metaverso de conexões digitais das mais variadas
possíveis, em que as pessoas teriam interações como as do mundo real, em
ambientes virtuais. Para a existência de um metaverso, uma série de recursos
tecnológicos e digitais, tais como realidade virtual, realidade aumentada,
inteligência artificial e criptomoedas, além de regulações econômicas e políticas,
serão necessários para o seu desenvolvimento, disseminação e utilização.

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FINALIZANDO

Você teve acesso, nesta aula, aos fundamentos necessários para uma
base de compreensão da Economia. Você observou que a Economia busca
analisar os recursos produtivos disponíveis em uma determinada nação, de
modo a responder três questão: “O que e quanto produzir? Como produzir? Para
quem produzir?”, com base na posse de três grandes grupos de recursos que
são a terra, o trabalho e o capital.
Conforme esses recursos são manejados, eles geram atividades em
setores econômicos diferentes. E você soube que, no momento, existem cinco
setores econômicos: o primário, o secundário, o terciário, o quaternário e o
quinário, em que se produz desde commodities até conhecimento.
Além da forma de se usar os recursos produtivos, a economia também
pode ser percebida sob duas óticas de análise. Você pode perceber que essas
óticas são denominadas de microeconomia e macroeconomia, cada uma voltada
para uma dimensão diferente de análise. Uma preocupada com questões
empresariais e a outra com preocupada com uma visão global e com
macroestruturas nacionais e internacionais.
Você entendeu o conceito de desenvolvimento econômico tanto sob uma
ótica mais restrita, voltada à acumulação de capaital, quanto sob uma ótica mais
atual, que busca um equilíbrio entre sustentabilidade econômica, ambiental e
social. E, independentemente da ótica, percebeu que toda nação deseja se
desenvolver, já que o desenvolvimento econômico traz uma série de benefícios,
em espcecial a melhoria da qualidade de vida da população da nação.
E pode conhecer uma ideia de desenvolvimento baseada no surgimento
de inovações, a “destruição criativa” de Schumpeter. Ao fim, você pode conhecer
alguns conceitos sobre economia colaborativa e economia digital, duas vertentes
atuais de estudos sobre o impacto do uso das tecnologias atuais no
desenvolvimento econômico das nações.

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REFERÊNCIAS

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<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_economia_saude_2_mi
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KOEHLER, G. R. O culto do dogecoin: a cultura por trás desta criptomoeda.


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SCHUMPETER, J. A. Capitalismo, socialismo e democracia. Rio de Janeiro:


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VASCONCELLOS, M. A. S. de; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 6.


ed. São Paulo: Saraiva, 2019.

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