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Acórdão

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

15ª CÂMARA CÍVEL

Autos nº. 0026042-65.2024.8.16.0021

Embargos de Declaração Cível n° 0026042-65.2024.8.16.0021 ED


3ª Vara Cível de Cascavel
Embargante(s): MULLER & MULLER - TRANSPORTE RODOVIÁRIO LTDA - ME
Embargado(s): COOPERATIVA DE CREDITO SICOOB CREDICAPITAL
Relator: Desembargador Jucimar Novochadlo

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AÇÃO REVISIONAL. ALEGAÇÃO DE


OMISSÃO NO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS. EMBARGOS NÃO
ACOLHIDOS.

Os embargos de declaração são cabíveis somente para sanar omissão,


obscuridade ou contradição contida no julgado, ou ainda, para sanar erro
material. Ausente qualquer dessas hipóteses, devem ser rejeitados os
aclaratórios.

Embargos de Declaração não acolhidos.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Embargos de Declaração nº 0026042-


65.2024.8.16.0021 ED em que figura como Embargante MULLER & MULLER - TRANSPORTE
RODOVIÁRIO LTDA - ME sendo Embargada COOPERATIVA DE CREDITO SICOOB CREDICAPITAL.

1. Trata-se de embargos de declaração opostos MULLER & MULLER -


TRANSPORTE RODOVIÁRIO LTDA – ME contra acórdão proferido por esta Câmara, que negou provimento
ao recurso de apelação.

Nas razões recursais, defende o embargante que o acórdão é omisso no tocante a


regra da imputação ao pagamento, bem como, sobre a existência de prazo no contrato, não podendo haver
a incidência da capitalização após o seu vencimento.

Foram apresentadas contrarrazões ao recurso. (mov. 11.1)

2. O presente recurso não merece acolhimento.

Nos termos do artigo 1.022, do CPC, cabem embargos de declaração quando ocorrer
no julgado obscuridade, contradição, se for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciar-se o tribunal ou,
ainda, para corrigir erro material.
Infere-se, pois, que a função primordial dos embargos é completar o julgado para
torná-lo inteligível, inequívoco e completo. Ou, em outras palavras, declarar o “o exato conteúdo material da
decisão”. (Teixeira Filho, Manoel Antonio. Os embargos de declaração na justiça do trabalho. São Paulo :
LTr, p. 28)

Para efeito de reconhecer a omissão, necessário se faz que o julgado deixe de


apreciar argumentos relevantes para a solução adequada da causa.

O Código de Processo Civil, na forma do artigo 1.022, parágrafo único, considera


omissa a decisão que:

I -deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou


em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;

II -incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1o.

Nos termos do artigo 489, §1º, do CPC, têm-se por omissas as seguintes hipóteses:

I -se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar


sua relação com a causa ou a questão decidida;

II -empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de


sua incidência no caso;

III -invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

IV -não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese,


infirmar a conclusão adotada pelo julgador;

V -se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus


fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta
àqueles fundamentos;

VI -deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado


pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a
superação do entendimento.

§ 2o No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios


gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência
na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão.

§ 3o A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus


elementos e em conformidade com o princípio da boa-fé.

Ainda, há contradição se o julgado apresenta teses inconciliáveis entre si, ou seja,


incoerência entre as proposições apresentadas no seu bojo, ou então entre a sua fundamentação e a parte
dispositiva.

Como ensina Pontes de Miranda “a contradição quase sempre é entre conclusões,


mas pode ocorrer que seja entre conclusão e fundamento, ou entre fundamentos.” (Comentários ao Código
de Processo Civil. v. VII, Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 324.)

No caso, em que pese as alegações do embargante, não há qualquer vício no v.


Acórdão, sobretudo omissão.
Veja-se que o contrato objeto de revisão contém cláusula de renovação automática,
não havendo necessidade de pactuação de novo contrato com previsão da capitalização de juros.

Igualmente, não há que se falar em aplicação da regra de imputação ao pagamento,


(art. 354/CC/02), eis que, no caso, não houve o expurgo de capitalização de juros.

Na verdade, a embargante pretende provocar a reapreciação da causa, o que é


incompatível com a natureza integrativa dos embargos de declaração. Nesse sentido, transcreve-se
precedentes do Superior Tribunal de Justiça:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO


INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS DO ART. 1.022 E
INCISOS DO CPC DE 2015. CONTRADIÇÃO NÃO CONSTATADA. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO REJEITADOS.

1. Depreende-se do artigo 1.022, e seus incisos, do novo Código de Processo


Civil que os embargos de declaração são cabíveis quando constar, na decisão
recorrida, obscuridade, contradição, omissão em ponto sobre o qual deveria ter
se pronunciado o julgador, ou até mesmo as condutas descritas no artigo 489,
parágrafo 1º, que configurariam a carência de fundamentação válida. Não se
prestam os aclaratórios ao simples reexame de questões já analisadas, com o
intuito de meramente dar efeito modificativo ao recurso.

2. A parte embargante, na verdade, deseja a rediscussão da matéria, já julgada


de maneira inequívoca.Essa pretensão não está em harmonia com a natureza e
a função dos embargos declaratórios prevista no art. 1022 do CPC.3. Advirto
que, conforme preconiza o § 3º, do art. 1.026 do CPC/2015, a reiteração de novos
embargos de declaração, poderá acarretar a aplicação de multa de até dez por cento
sobre o valor atualizado da causa, e a interposição de qualquer recurso ficará
condicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da Fazenda Pública e
do beneficiário de gratuidade da justiça, que a recolherão ao final.4. Embargos de
declaração rejeitados.(EDcl nos EDcl no AgInt no AREsp 1316749/SC, Rel. Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 29/04/2019, DJe 02/05/2019)

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REQUISITOS. NÃO


PREENCHIMENTO. HONORÁRIOS RECURSAIS. MANDADO DE SEGURANÇA.
DESCABIMENTO.1. Os embargos de declaração, nos termos do art. 1.022 do
CPC/2015, têm ensejo quando há obscuridade, contradição, omissão ou erro
material no julgado.2. A rediscussão do julgado é desiderato inadmissível em
sede de embargos declaratórios. [...](EDcl no AgInt no AREsp 1153633/BA, Rel.
Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 23/04/2019, DJe 14/05
/2019)

Sendo assim, deve ser mantida a decisão colegiada na íntegra.

Por fim, adverte-se a embargante de que a oposição de embargos de declaração


manifestamente protelatórios pode ensejar a aplicação da multa prevista no § 2º, do artigo 1.026, do Código
de Processo Civil.

3. Diante do exposto, não merece acolhimento o recurso de embargos de declaração,


nos termos da fundamentação.
Ante o exposto, acordam os Desembargadores da 15ª Câmara Cível do
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ, por unanimidade de votos, em julgar EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO NÃO-ACOLHIDOS o recurso de MULLER & MULLER - TRANSPORTE RODOVIÁRIO LTDA
- ME.

O julgamento foi presidido pelo (a) Desembargador Luiz Carlos Gabardo,


sem voto, e dele participaram Desembargador Jucimar Novochadlo (relator), Desembargador Luiz Cezar
Nicolau e Desembargadora Luciane Bortoleto.

30 de agosto de 2024

Desembargador Jucimar Novochadlo

Juiz (a) relator (a)

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