2020 - Chilengue, Guilhermina Jossias

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FACULDADE DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO

DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA EDUCAÇÃO

Análise dos factores que influenciam na ocorrência do assédio sexual da rapariga no


ensino secundário: Caso da Escola Secundária da Zona Verde (2019)

Monografia

Guilhermina Jossias Chilengue

Maputo, Setembro de 2020


FACULDADE DE EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA

EDUCAÇÃO

Análise dos factores que influenciam na ocorrência do assédio sexual da rapariga


no ensino secundário: Caso da Escola Secundária da Zona Verde

Guilhermina Jossias Chilengue

Monografia apresentada à
Faculdade de Educação em
cumprimento dos requisitos
parciais para a obtenção do grau de
licenciado em organização e gestão
da educação

Supervisor: Doutor Octávio Zimbico

Maputo, Setembro de 2020


Análise dos factores que influenciam na ocorrência do assédio sexual da rapariga
no ensino secundário: Caso da Escola Secundária da Zona Verde

Comité de Júri

O Presidente

O Supervisor

O Oponente
DECLARAÇÃO DE HONRA
Declaro por minha honra que este trabalho de monografia nunca foi apresentado, na sua
essência, para a obtenção de qualquer grau ou num outro âmbito e que constitui o
resultado da minha investigação pessoal, estando no texto e na bibliografia as fontes
utilizadas.

(Guilhermina Jossias Chilengue)

Maputo, Setembro de 2020

i
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho científico aos meus pais Jossias Chilengue (in memória) e
Ermelinda William Sambo que se empenharam em mostrar-me o caminho certo a
trilhar para viver com decência, amor e responsabilidade com base na educação.

Ao meu esposo Acácio Cumbe e filhas: Monalisa Ilda e Elionora Acácio Cumbe por
serem meus companheiros de dia a dia sobretudo por me terem apoiado nos momentos
difíceis, noites de trabalho e de perigo, fim de semanas árduos em trabalhos académicos
em busca de realização pessoal e académica. Faço-lhes votos de muita Bênção e
realizações de seus desejos na vida.

ii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela sua graça que me concede dia pós dia e por todas as realizações
que me proporciona. Agradeço a minha família e em particular ao mesmo esposo
Acácio Américo Cumbe pelo apoio incondicional, compreensão e reconhecimento da
necessidade desta realização.

Agradeço a todos os docentes do curso de Licenciatura em Organização e Gestão de


Educação em especial aos meus supervisores, dr. Xavier Chichongue (in memória) e
Doutor Octávio Zimbico, pela sua disponibilidade e dedicação que sempre demonstrou
para o acompanhamento deste trabalho.

Aos meus tios que deram me oportunidade de retomar a escola, me assistindo em tudo
que necessitava no momento difícil de meu crescimento que Deus os abençoe.
Aos meus irmãos Ana, Faustino, Palmira (in memória), Felizarda, Florentina, Cláudia e
Suzana Chilengue muito obrigada.

Agradeço igualmente aos meus colegas do curso e de trabalho, dras. Célia Mangue,
Filomena Barbosa, Alice Massingue, Anne Senkore, Joaquina da Silva, Quitéria Mário,
Evídia Zacarias, Hermínia Mboane e Manuel Baptista, que (in)directamente me
ajudaram a superar as barreiras e dificuldades as quais enfrentei no decorrer do curso.

À direcção da Escola Secundária da Zona Verde por ter permitido e colaborado para a
realização do estudo. Por fim, agradeço a todos os professores e alunos da Escola
Secundária da Zona Verde pela disponibilidade em participar deste estudo.

iii
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Caracterização da amostra (conselho da escola).............................................18


Tabela 2: Caracterização da amostra (professores).........................................................19
Tabela 3: Caracterização da amostra de alunos..............................................................19

iv
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Situação de assédio sexual na ESZV..............................................................21


Gráfico 2: Tipo de caso de abuso sexual.........................................................................22
Gráfico 3: Atitude do professor perante um caso de assédio sexual...............................23
Gráfico 4: Importância da abordagem do assédio sexual nas reuniões com pais e/ou
encarregados de educação...............................................................................................24
Gráfico 5: Razões da abordagem do assédio sexual nas reuniões com pais e/ou
encarregados de educação................................................................................................25
Gráfico 6: Nível de frequência de ocorrência de assédio sexual.....................................25
Gráfico 7: Período de recepção de queixas sobre assédio sexual....................................26
Gráfico 8: Factores que influenciam o assédio sexual na ESZV.....................................27
Gráfico 9: Efeitos do assédio sexual na rapariga.............................................................28
Gráfico 10: Perfil familiar das alunas assediadas............................................................29
Gráfico 11: Posicionamento dos pais e/ou encarregados de educação face ao assédio
sexual da rapariga............................................................................................................30
Gráfico 12: Estratégias implementadas pela direcção da escola com vista a eliminação
do assédio sexual.............................................................................................................31
Gráfico 13: Ocorrência do assédio sexual na ESZV.......................................................32
Gráfico 14: Período de observância do assédio sexual na ESZV....................................32
Gráfico 15: Indicadores de assédio sexual na ESZV.......................................................33
Gráfico 16: Factores do assédio sexual na ESZV............................................................34
Gráfico 17: Locais de ocorrência do assédio sexual na ESZV........................................35

v
LISTA DE ABREVIATURAS

CESC Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil

ESG Ensino Secundário Geral

ESZV Escola Secundária da Zona Verde

FACED Faculdade de Educação

FDC Fundo de Desenvolvimento Comunitário

HIV Vírus da Imunodeficiência Humana

MINED Ministério de Educação

OGED Organização e gestão da educação

SPSS Statistical Package for Social Sciences

UEM Universidade Eduardo Mondlane

UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância

WLSA Women and Law in Southern Africa

vi
RESUMO
O assédio sexual é um fenómeno social que ocorre, quer numa organização escolar quer
não escolar. O presente trabalho se debruça sobre o assédio sexual da rapariga, estudo
de caso, a Escola Secundária da Zona Verde. Ao nível desta escola, o assédio sexual da
rapariga se tem verificado de forma frequente. Ao realizar-se a pesquisa pretendia-se
analisar os factores que estariam por detrás da ocorrência do assédio sexual da rapariga
na ESZV. Especificamente, procurou-se colher as percepções nos membros do conselho
da escola; professores e alunas em relação a ocorrência do assédio sexual da rapariga na
ESZV; Descrever os factores que influenciam para a ocorrência do assédio sexual da
rapariga na ESZV, e por fim, identificar as estratégias levadas a cabo pela ESZV com
vista a mitigação do assédio sexual da rapariga; Para a realização do estudo, optou-se
pela combinação da abordagem qualitativa-quantitativa e como instrumento de recolha
de dados o questionário. Quanto a amostra foi de 21 membros do conselho da escola; 20
professores e 155 alunas do ensino secundário geral do primeiro grau. Do estudo
realizado conclui-se que ao nível da ESZV o assédio sexual tem sido protagonizado
pelos professores. Relativamente aos factores, aponta-se a questão socioeconómica das
alunas; pretensão de querer-se aprovar de uma classe para outra com facilidade e
partilha dos mesmos espaços comuns como cantina. Uma das estratégias adoptadas pela
direcção da escola com vista a mitigação deste mal é o envolvimento dos demais actores
educativos.

Palavras-chaves: sexualidade; assédio e assédio sexual

vii
Índice

DECLARAÇÃO DE HONRA...........................................................................................i
DEDICATÓRIA................................................................................................................ii
AGRADECIMENTOS.....................................................................................................iii
LISTA DE TABELAS......................................................................................................iv
LISTA DE GRÁFICOS.....................................................................................................v
LISTA DE ABREVIATURAS.........................................................................................vi
RESUMO.........................................................................................................................vii
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO.......................................................................................1
1.1 Contextualização......................................................................................................1

1.2 Problema..................................................................................................................2

1.3 Objectivos................................................................................................................4

1.3.1 Objectivo geral..................................................................................................4


1.3.2 Objectivos Específicos......................................................................................4
CAPÍTULO II - REVISÃO DA LITERATURA..............................................................6
2.1 Definição de conceitos.............................................................................................6

2.1.1 Sexualidade........................................................................................................6
2.1.2 Assédio..............................................................................................................7
2.1.3 Assédio sexual...................................................................................................8
2.2 Assédio sexual no contexto educativo.....................................................................8

2.3 Factores que influenciam na ocorrência de assédio nas escolas............................10

2.4 Consequências do assédio nas escolas...................................................................11

2.5 Tipos de abuso e assédio sexual no contexto escolar.............................................13

2.6 Papel da escola no combate e gestão de Assédio sexual nas escolas.....................14

3.1 Descrição do Campo De Pesquisa..........................................................................17

3.2 Abordagem Metodológica......................................................................................17

3.3 População e Amostra..............................................................................................17

3.4 Instrumento de recolha de dados............................................................................20

3.4.1 Questionário.....................................................................................................20
3.5 Procedimentos de análise e tratamento de dados...............................................20
3.6 Questões éticas...................................................................................................20
CAPÍTULO IV - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS...................................21
CAPÍTULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES...............................................36
5.1. CONCLUSÃO..........................................................................................................36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................38
ANEXOS.........................................................................................................................42
Anexo 1: Credencial.....................................................................................................43

Anexo 2: Mapa de aproveitamento pedagógico por classe/turma/geral III˚ trimestre


2019..............................................................................................................................44

APÊNDICES...................................................................................................................45
APÊNDICE 1: Guião do Questionário administrado aos Professores.........................46

APÊNDICE 2: Guião do Questionário administrado ao conselho da escola...............46

APÊNDICE 3: Guião do Questionário administrado aos alunos.................................49


CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização
O assédio sexual é um fenómeno social que origina efeitos físicos ou psicológicos das
vítimas inseridas tanto no meio laboral assim como escolar. No meio escolar, o assédio
sexual envolve muitas vezes o professor como protagonizador.

Segundo o Relatório da Amnistia Internacional (2007), as escolas são lugares onde as


crianças devem aprender e crescer. No entanto, muitas raparigas em todo o mundo vão
para a escola receando pela sua segurança, temendo humilhações e tratamento violento,
esperando simplesmente superar mais um dia. As escolas reflectem a sociedade em que
se inserem. As mesmas formas de violência que as mulheres sofrem ao longo da sua
vida – física, sexual e psicológica – estão presentes na vida de muitas raparigas nas
escolas.

De acordo com o Save The Children (2007) existem três principais cenários que
acontecem quando se aborda o abuso e assédio sexual nas escolas. No primeiro cenário
a rapariga apresenta dificuldades no seu aproveitamento escolar e o professor oferece-
lhe a oportunidade de ser aprovada em troca de relações sexuais. No segundo cenário, a
rapariga é chantageada pelo professor para manter relações sexuais, e caso ela se recuse
será reprovada independentemente do aproveitamento ser positivo ou negativo. O
terceiro cenário envolve o professor a assaltar e violar sexualmente as estudantes.

Já Matavele (2005) faz uma análise pormenorizada das formas e contornos em que se
manifesta o abuso sexual e apresenta três situações nomeadamente: a forma verbal, o
contacto físico sem relação sexual e a relação sexual forçada.

No que concerne ao contexto educativo moçambicano, UNICEF (2005) considera que


nas várias escolas na cidade e província de Maputo, pelo menos 8% dos estudantes do
sexo feminino foram vítimas de abuso sexual na escola. Cerca de 35% foi vítima de
abuso sexual incluindo persuasão verbal. Os níveis actuais de abuso sexual são,
provavelmente, mais elevados, uma vez que 22% das raparigas entrevistadas não
reconhece relações sexuais forçadas como abuso e cerca de 35% não considera o
assédio verbal abuso.

Ainda sobre a ocorrência do assédio sexual nas escolas da cidade e província de


Maputo, um estudo da Action Aid (2005) que aborda acerca das formas, manifestações
e percepções da população estudantil concluiu que o abuso sexual não é encarado no

1
contexto da violação dos direitos humanos da mulher, mas sim da ruptura das
expectativas relacionadas com o papel social atribuído à mulher nas relações de género,
onde a educação tradicional prevê a sua transacção como objecto.

Para Faleiros (2000) estima-se que 75% a 80% dos casos de abuso sexual não são
denunciados, isto é, resultado dos sentimentos de culpa, vergonha, medo e tolerância da
vítima e daqueles que são conhecedores de casos de abuso.

Vieira (2006) defende que a escola deve assegurar que os estudantes sejam informados
sobre os seus direitos, incentivando os jovens a falar sobre o assédio com a escola. O
autor reforça que os pais, professores e toda estrutura pedagógica devem estar cientes
que os alunos merecem um ambiente de aprendizagem em que o assédio sexual seja
punível e não como algo com a qual eles devam lidar com naturalidade.

Portanto, quanto à estrutura do trabalho, o mesmo é composto por 5 capítulos, sendo


que o primeiro é relativo à introdução. Este capítulo se desdobra pela introdução;
problema de pesquisa; um objectivo geral e três específicos; perguntas de pesquisa e
encerra com a justificação em relação a abordagem do tema.

Já o segundo capítulo versa sobre a revisão da literatura, nele se discute os conceitos


chaves do trabalho, nomeadamente: sexualidade; assédio e assédio sexual. Ainda neste
capítulo são tratados os seguintes subtítulos: Abordagem sobre o assédio sexual no
contexto educativo; Factores que influenciam na ocorrência de assédio nas escolas;
Consequências do assédio nas escolas; Tipos de abuso e assédio sexual no contexto
escolar; Papel da escola no combate e gestão de Assédio sexual nas escolas.

O terceiro capítulo se debruça sobre a metodologia utilizada na realização do estudo. Os


elementos abordados são: descrição do local do estudo; Abordagem Metodológica;
População e amostra; Instrumento de recolha de dados; Procedimentos de análise e
tratamento de dados e Questões éticas.

O quarto capítulo diz respeito à apresentação discussão dos dados. E o quinto capítulo,
descreve as conclusões as recomendações do estudo.

1.2 Problema
Os órgãos de comunicação social têm reportado às práticas de violência que ocorrem
nas diversas instituições de ensino, causando, deste modo uma enorme preocupação aos
actores educativos. Arthur (2003) escreveu uma série de artigos sobre os casos de abuso
e assédio sexual. Num dos artigos faz referência das opiniões dos leitores,

2
problematizando a falta de uma legislação que permita sanções claras que penalizem os
professores que tenham abusado sexualmente as alunas.

De acordo com Barros e Tajú (1999) o abuso e assédio sexual estão associados ao
elevado número de crianças órfãs que por causa da guerra civil ocorrida no país, em sua
maior parte não vive com os seus progenitores directos, facto que as torna vulneráveis
ao assédio e abuso sexual. Também destacam o desemprego, a falta de atenção das
famílias ou ausência de um dos membros da família permite também a ocorrência de
situações de assédio e abuso sexual principalmente nas famílias constituídas do tipo
monoparental e naquelas em que uns dos progenitores estão constantemente ausentes.

Quanto aos locais propensos à ocorrência do assédio sexual, Baleira (2001) aponta:
discotecas, barracas/quiosques, hotéis, pensões, locais de violação de fronteira e outros
locais de entretenimento. E por consequência do abuso sexual, o mesmo estudo
menciona a contracção de doenças de transmissão sexual, incluindo o HIV, gravidez,
aborto e má impressão no seio da comunidade.

Já no contexto educativo escolar moçambicano, principal objecto do nosso estudo,


Muchanga (2006) afirma que as escolas públicas em Moçambique, estão longe de ser
um local seguro para a rapariga, uma vez que as alunas convivem no recinto das
escolas, com os professores, alunos e pessoas de conduta duvidosa, sendo que todos são
apontados como os potenciais autores de abuso sexual.

Por seu turno, Osório (2007) faz uma análise do género e sexualidade entre os jovens do
ensino secundário e constata que o assédio sexual é amplamente conhecido, debatido e
objecto de rumores pelos/as jovens (de todas as idades) e é reconhecido como um acto
visando estabelecer uma troca de favores sexuais em troca do aproveitamento escolar
das alunas. Neste estudo foram identificadas no discurso das entrevistadas três posições
relativamente ao perfil das raparigas no contexto de assédio sexual: as que são
assediadas e se conformam (70%), as que assediam (10%) e as que resistem ao assédio
(20%).

Num estudo realizado por Bagnol (1996) envolvendo as raparigas afirmaram ter
repetido o ano por se terem recusado a manter relações sexuais com o professor, e que
os professores recusavam dinheiro das raparigas e exigiam relações sexuais,
contrariamente ao que acontece com os rapazes.

3
Por outro lado, o estudo de Fitzgerald e Ormerod (1991) acerca da percepção sobre o
assédio sexual mostram que as mulheres tendem a interpretar mais casos como sendo
assédio sexual do que os homens, assim como a posição de poder hierárquico do
assediador influencia na maior identificação de comportamentos acediosos.

Os resultados dos estudos realizados por organizações como: Action Aid, (2011) e Save
The Children (2005) são unanimes em concluírem, por exemplo, que o baixo índice da
rapariga na escola não só resulta de factores socioculturais, como também do facto de a
escola não oferecer segurança para a progressão da rapariga. Nesta senda, Bagnol
(1997) refere que o assédio e o abuso sexuais começam a surgir como barreiras para o
acesso e permanência da rapariga na escola. Portanto, estes males afectam a integridade
da criança e do adolescente e causam frequentemente problemas de aprendizagem.

O assédio sexual sendo um fenómeno cuja ocorrência se nota em qualquer meio escolar,
tomando como estudo de caso a Escola Secundária Zona Verde em Maputo, levanta-se a
seguinte pergunta de partida: Que factores influenciam a ocorrência do assédio sexual
de rapariga na Escola Secundária da Zona Verde?

1.3 Objectivos
1.3.1 Objectivo geral
 Analisar os factores que influenciam na ocorrência do assédio sexual da
rapariga na Escola Secundária da Zona Verde

1.3.2 Objectivos Específicos


 Identificar os factores que influenciam para a ocorrência do assédio sexual da
rapariga na Escola Secundária da Zona Verde;
 Colher as percepções das alunas e professores da escola em relação ao assédio
sexual da rapariga na Escola Secundária da Zona Verde;
 Descrever as estratégias levadas a cabo pela Escola Secundária da Zona Verde
com vista a mitigação do assédio sexual da rapariga;

1.4 Perguntas de pesquisa


 Que factores influenciam para a ocorrência do assédio sexual da rapariga na
Escola Secundária da Zona Verde?
 Quais são as percepções das alunas e professores da escola em relação ao
assédio sexual de rapariga na Escola Secundária da Zona Verde?

4
 Que estratégias são levadas a cabo pela escola com vista a mitigação do
assédio sexual da rapariga na Escola Secundária da Zona Verde?

1.5 Justificação
O assédio sexual da rapariga no contexto do ensino secundário moçambicano é um tema
relevante pois trata-se daquelas temáticas que, diariamente, tem sido reportado por
diferentes órgãos de comunicação social e actores educativos, revelando a ocorrência de
mais um caso que teria sucedido num determinado estabelecimento de ensino. Tais
casos, na maioria das vezes, são protagonizados pelos professores visto que em relação
à rapariga, estes se encontram numa posição privilegiada.

Por outro lado, o tema é deveras relevante uma vez que a escola é uma organização
aberta, isto é, encontra-se ao dispor de qualquer sujeito que nela se dirige com vista a
receber uma formação e qualificação que lhe permita desenvolver a comunidade na qual
esteja inserida.

Em suma, este trabalho centra indubitavelmente nos factores que influenciam a


ocorrência do assédio escolar da rapariga no ensino secundário, tomando como estudo
de caso, a Escola Secundária da Zona Verde. Através do mesmo, almeja-se contribuir na
redução do mau aproveitamento pedagógico assim como no abandono escolar da
rapariga que se tem registado no final de cada trimestre devido a manifestação deste
fenómeno. Ademais, almeja-se que este trabalho sirva de fonte à comunidade científica
para a realização de outras pesquisas do género.

5
CAPÍTULO II - REVISÃO DA LITERATURA
Este capítulo aborda os conceitos chaves do trabalho, nomeadamente: sexualidade; assédio e
assédios sexual. Ainda neste capítulo são abordados os seguintes subtítulos: Abordagem sobre o
assédio sexual no contexto educativo; Factores que influenciam na ocorrência de assédio nas
escolas; Consequências do assédio nas escolas; Tipos de abuso e assédio sexual no contexto
escolar; Papel da escola no combate e gestão de Assédio sexual nas escolas.

2.1 Definição de conceitos


2.1.1 Sexualidade
De acordo com Santos (2008) a sexualidade é definido como um processo de constantes
aprendizagens e descobertas, que resulta da construção histórica, social e cultural do
grupo social em que o adolescente vive, incluindo suas redes, o que favorece a
relevação do sexo por seus pares.

Loforte (2000) citado por Meyer (2003) afirma que a sexualidade é configurada pelos
papéis reprodutivos, sociais, económicos e religiosos que homens e mulheres
desempenham na sociedade. Esta autora enfatiza que a sexualidade é uma das
dimensões fundamentais da condição humana, que se apresenta e se desenvolve sempre
influenciada por sentimentos e valores.

Por seu turno, Nota (2000) citado por Costa (2005) refere que a sexualidade baseia-se
no corpo físico e a sua expressão é influenciada por forças pessoais e sociais. Ela
abrange todas as partes da vida relacionadas com o comportamento sexual e com o sexo
de uma pessoa. Assim, a sexualidade tem a ver com a auto-identidade de todo ser
humano pois é suportada pelos papéis reprodutivos, sociais, económicos e religiosos
que o homem e a mulher assumem na sociedade.

Para Bomfim (2009), a sexualidade não se encerra apenas nas funções reprodutivas ou
nos desejos sexuais, a mesma pressupõe intimidade, afecto, emoções, sentimentos e
bem-estar individual. O enfoque biológico não é suficiente para explicar essa dimensão
humana.

A sexualidade humana é uma dimensão complexa que envolve factores determinantes


nas características do comportamento sexual de cada indivíduo. O componente
biológico composto por órgãos associados à reprodução e aos caracteres sexuais
contempla uma fisiologia sistémica regulada por acções hormonais que determinarão as
características entre homens e mulheres. O componente psicológico será responsável
pelos aspectos referentes à emoção, sentimentos e conflitos, e o componente

6
sociocultural contemplará as normas e os valores presentes na sociedade em diferentes
períodos históricos no que concerne a sexualidade, ibdem.

Para o nosso estudo, adoptamos a definição de Bomfim (2009), que discute a


sexualidade numa abordagem macro, descrevendo os aspectos biológicos, psicológicos
e socioculturais, pois no presente trabalho o termo sexualidade é utilizado para conhecer
as estratégias dos professores para abordar conteúdos de sexualidade como também a
percepção que os alunos têm destes conteúdos.

2.1.2 Assédio
Segundo Arthur (2003) o assédio é a busca de favores sexuais numa relação de poder.
Na maioria dos casos está envolvido um chefe, que sob pena de sanções, apresentadas
de forma mais ou menos explícita, compele uma subordinada a práticas sexuais que não
são do seu agrado, podendo culminar com o despedimento ou a exclusão da
possibilidade de promoção, caso haja recusa em ceder.

Barreto (2005) define o assédio como aquele que acontece dentro do local de trabalho,
ao longo da jornada, de forma repetitiva contra o trabalhador, colocando o numa
situação constrangedora, por parte do superior hierárquico, sendo o seu objectivo
desqualificar o outro, enquanto profissional e pessoa.

Por seu turno, Quine (1999) assinala três dimensões na tentativa de contribuir para a
definição do assédio: O assédio está mais centrado nos efeitos que tem sobre a vítima do
que na intencionalidade dos seus processos; O assédio traz sempre consequências
negativas para o indivíduo vítima de assédio; As condutas de assédio devem ser
persistentes. Propõe-se então uma definição que enquadra os aspectos anteriormente
abordados e que, por isso, parece-nos ser a mais adequada: ofender, excluir socialmente
alguém ou inferir negativamente nas suas tarefas laborais.

Para conceber uma acção de assédio sexual esta deve ocorrer regularmente
(semanalmente) e durante um prolongado período de tempo (pelo menos seis meses). O
assédio é um processo gradual, durante o qual uma pessoa submete-se a
comportamentos sociais negativos de forma sistemática. Um conflito não pode ser
entendido como uma situação de assédio se tratar-se de um único incidente isolado ou
se ambas as partes em conflito tiverem uma “posição similar” (Einarsen et al (2003)
citado por Einarsen e Hauge 2006).

7
A frequência e a duração dos actos a que um indivíduo vítima de assédio está sujeita
tornam-se elementos importantes para a definição deste conceito. Para haver assédio
deve-se considerar uma submissão a comportamentos negativos, por parte de um ou
mais sujeitos, durante algum período de tempo, por exemplo, seis meses, Hoel et al
(1999).

2.1.3 Assédio sexual

O assédio sexual pode ser percebido de forma diversa, dependendo de algumas


variáveis como posição de poder do assediador (vertical ou horizontal), sexo do
observador e intensidade da coerção, (Fitzgerald e Ormerod, 1991).

Queiroz (2001) define assédio sexual como uma situação em que um indivíduo é
submetido por um outro de modo a obter gratificação sexual. Envolve o emprego, uso,
persuasão, indução, coerção ou qualquer experiência sexual que interfira na saúde do
indivíduo incluindo componentes físicos, verbais e emocionais.

Para Botão (1989), assédio sexual refere-se a qualquer comportamento ou revelação,


por outras palavras, ou acções, de natureza sexual, não pretendido pela pessoa a que se
destina e que se considera, portanto, ofensivo.

A partir destas definições aplicadas ao contexto escolar pode-se dizer que o assédio
sexual tem por vítima principal a rapariga, que muitas vezes em situações de
vulnerabilidade acaba se deixando assediar pois o assediador traz consigo argumentos
de coerção e se depara numa situação de sucesso ou insucesso.

Desta forma, os autores supracitados remetem-nos a entender que quando há ocorrência


de um caso do assédio sexual, o assediador sai em vantagem em relação a assediada o
que o leva a ceder por temer que o assediador lhe faça maldade ou prejudique o seu
percurso escolar. Assim pode-se dizer que o assédio sexual envolve actos de chantagem
em troca de favores sexuais, e nas escolas acontece quando um professor ou funcionário
induz as alunas a ceder o sexo em troca de passagem de classe ou de disciplina, ou de
vaga entre outros.

2.2 Assédio sexual no contexto educativo


A Action Aid (2008) refere que o abuso sexual na educação consiste em molestar ou
atacar sexualmente uma rapariga ou permitir que este acto ocorra na escola ou fora dela,
protagonizado por professores seus ou outros funcionários da escola, em troca de
benefícios materiais, nota para passar, matrícula, entre outros; Encorajar ou forçar uma

8
rapariga a ser usada para a satisfação sexual de professores, funcionários da escola, ou
mesmo elementos da comunidade numa situação de desigualdade e coerção;
Envolvimento de uma rapariga em qualquer acto ou actividade sexual com um adulto ou
outra pessoa mais velha, ligados ao estabelecimento de ensino que frequenta, antes da
idade ou de consentimento reconhecido legalmente;

MINED (2008) em seu estudo avaliou a prevalência de todos os tipos de violência,


assédio e abuso sexual nas escolas e 70% das raparigas entrevistadas afirmaram que
alguns professores exigem relações sexuais para passar os alunos e que as escolas não
oferecem segurança nesse aspecto, pois o acto é cometido com o conhecimento
cúmplice das autoridades escolares. O estudo também observou que as vítimas e tutores
não sabem que o abuso sexual é punível por lei, e por medo de represálias não
denunciam os casos.

A situação de abuso sexual nas escolas em Moçambique ainda precisa de maior atenção
por parte dos pesquisadores e autoridades pois a cada dia que passa tem obtido
contornos alarmantes. Arthur (2003) explica que o facto de esses casos envolvam em
sua maioria professores, e os contornos de resolução não envolvem a lei são de maneira
directa com os familiares das vítimas, quando há gravidez. Onde o professor negoceia
com os pais, prometendo a estes, pagamento de multa ou casamento com a vítima, de
modo que estes não levem o caso a outras instâncias competentes instigando o silêncio
das vítimas.

Por seu turno, Save the Children (2007), considera que a rapariga apresenta dificuldades
no seu aproveitamento escolar e o professor oferece-lhe a oportunidade de ser aprovada
em troca de relações sexuais. A rapariga é chantageada pelo professor para manter
relações sexuais, e caso ela se recuse será reprovada independentemente de o
aproveitamento ser positivo ou negativo.

Conceição (2011) comungando com o entendimento do Arthur (2003) e Save the


Children (2007 aponta que o assédio sexual nas escolas e o molestamento aos
estudantes por parte dos professores é preocupante, eles chantageiam as estudantes
ameaçando não lhes dar boas notas e os resultados dos exames. Esta é a táctica mais
usada pelos professores que querem praticar sexo com suas estudantes, do mesmo modo
o abuso sexual também ocorre entre os estudantes, os rapazes molestam as colegas para
fins sexuais.

9
Ainda na perspectiva do autor acima, as características e o perfil social do abusador na
perspectiva dos diferentes actores sociais, incluindo dados relativos à idade, profissão,
estado psíquico no momento do abuso, existência ou não de parentesco com a vítima,
corroboram os apresentados pelas vítimas: de um modo geral, a idade do abusador vária
entre os 21 e 30 anos, na sua maioria são professores, no momento do abuso estão no
seu estado normal.

2.3 Factores que influenciam na ocorrência de assédio nas escolas


Santos, Libório, Camargo e Santos (1998) dividem os factores em duas etapas,
nomeadamente: A primeira aborda sobre o abuso do poder onde um adulto mais
desenvolvido físico e psicologicamente possui mais recursos para dominar uma criança.
A segunda etapa está ligada a traços da personalidade do perpetrador. Outro aspecto está
alinhado ao facto das raparigas de hoje em dia vestirem roupas provocantes e segundo
os abusadores os incitam a assediá-las.

Martins (1998) explana que alguns factores sociais como miséria e desemprego têm sido
apontados como responsáveis pela ocorrência do abuso sexual. Estes, no entanto, não
podem ser considerados determinantes, pois pode-se constatar que o abuso sexual
também ocorre em famílias. Assim, o abuso sexual em muitos países, não é um
fenómeno restrito as camadas populares, mas envolve pessoas de todas as classes
sociais, de diverso crenças e áreas profissionais.

O elevado número de crianças órfãs como resultado da guerra civil ocorrida em


Moçambique leva a que muitas delas não vivam com os seus progenitores directos,
facto que as torna vulneráveis ao assédio e abuso sexual. O desemprego, a falta de
atenção das famílias e/ou ausência de um dos membros da família permite também a
ocorrência de situações de assédio e abuso sexual principalmente nas famílias
constituídas do tipo monoparental e naquelas em que um dos progenitores estão
constantemente ausentes, Barros e Tajú (1999).

Machau (s/d) citado pela FDC (2008) aponta ainda factores culturais como os ritos de
iniciação como contributo para ocorrência da violência nas comunidades que por sua
vez culmina com a não frequência da rapariga nas escolas.

Já na visão da ActionAid (2008), existem várias causas do abuso sexual da rapariga nas
escolas dentre elas destacam-se:

10
 O facto de a personalidade e as convicções da rapariga nesta idade estarem
ainda em processo de desenvolvimento, significando que elas não têm
capacidade de defesa, perante a situação de abuso;
 Pobreza e vulnerabilidade económica;
 Raparigas vivendo com pais separados, divorciados ou com outros parentes,
portanto, numa situação de vulnerabilidade;
 Degradação dos valores morais por parte dos abusadores;
 Crenças culturais, normas e instituições sociais que legitimam e perpetuam a
violência contra as mulheres em geral;

No entanto com base na explanação dos autores, os factores que influenciam para a
ocorrência do assédio sexual, são vários, mas há maior destaque para aspectos culturais
e sociais que incitam muita das vezes as raparigas a se deixar levar em troca de bens
materiais, para sair da situação de pobreza ou mesmo porque os pais já a exigem que
tenha um marido para ajudar a custear as despesas.

2.4 Consequências do assédio nas escolas


Conforme o estudo realizado pela Actionaid (2008) são múltiplas as consequências do
abuso e assédio sexual de raparigas. No momento da ocorrência, a rapariga pode ter
palpitações e medo de morrer. Após o acto, ela pode experimentar o estado de choque,
solidão, insónias, perda de apetite, agressividade e depressão. E também pode
apresentar danos como ferimentos, fracturas, dores diversas, desordens intestinais,
problemas menstruais e musculares, tensão alta ou baixa, gravidez indesejada, doenças
de transmissão sexual, inclusive HIV e SIDA a nível do corpo.

Do ponto de vista psicológico, a rapariga pode ser invadida por sentimento de culpa,
injustiça, impotência, agressividade, solidão, perda de memória, dificuldades de
concentração, perda de auto-estima, dificuldades para dormir, irritabilidade, nervosismo
excessivo, maus sonhos, pesadelos, medos. E socialmente as raparigas sentem-se
humilhadas e degradadas perante a família e a sociedade, verificam-se tensões
familiares, as raparigas interrompem temporária ou definitivamente os estudos.
Verifica-se um nível de insegurança por parte dos pais e/ou encarregados de educação
para mandarem as suas filhas à escola.

O Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil, (2018) lista algumas


consequências do assédio no contexto escolar a considerar:
 Desistência da Escola ou Fraca Assiduidade e baixo rendimento escolar;

11
 Maior vulnerabilidade a casamentos prematuros e gravidez precoce; e por
consequência à pobreza e outras formas de violência;
 Sequelas dos problemas físicos gerados - lesões, hematomas, contracção de HIV
e DST´s que podem interferir na capacidade reprodutiva;
 Sequelas psicológicas e emocionais. Depressão, ansiedade generalizada, baixa
auto-estima, auto-culpabilização; comportamento tenso, agressivo, sentimento
de culpa e vergonha;
 Estigma; Rejeição social a nível da comunidade; reputação degradada pela dupla
penalização social.

Dias (2008) ressalta que o assédio sexual abala a vítima em sua saúde psicológica e
emocional, pois representa a perda da dignidade e da confiança depositada no outro.
Dentre as consequências causadas estão: sintoma psicológico como baixa auto-estima,
tristeza persistente, vergonha, irritabilidade, alterações de humor, raiva, medo,
insegurança e alucinações

Um dos factores mais importante associado ao abandono escolar da rapariga em


particular nas escolas públicas em Moçambique é o assédio sexual que muitas vezes
culmina no abuso sexual. Segundo Osório (2007), o assédio sexual é uma das causas do
abandono escolar pois as raparigas são desencorajadas pela família e pela direcção da
escola a não denunciar o agressor, sendo em muitos casos responsabilizadas pelo
assédio sofrido em virtude do uso de roupas socialmente consideradas inapropriadas.
Por outro lado, em caso de gravidez o professor paga, uma taxa a família de modo a
segredar o caso alegando ser vergonha para os pais perante a sociedade.

Pesquisas feitas por Osório e Macuácua (2013) indicam que os abusos sexuais, os ritos
de iniciação, os casamentos prematuros, à iniciação sexual (precoce) e consequente
gravidez, reforçam a convicção de que as raparigas não têm direito a estudar.

Nos casos de abuso sexual cometido na escola, por professores ou outros estudantes, as
meninas acabam sendo culpabilizadas ou obrigadas a aceitar formas de mediação
insatisfatórias, que as deixam mais vulneráveis e ainda tornam a violência aceitável na
sociedade, o que muitas vezes culmina com o abandono, pois, de algum modo a escola
acaba sendo insegura para elas (Bergh-Collier, 2007, p.77).

12
2.5 Tipos de abuso e assédio sexual no contexto escolar
Matavele (2005), faz uma análise pormenorizada das formas e contornos em que se
manifesta o abuso sexual e apresenta três situações nomeadamente: a forma verbal, o
contacto físico sem relação sexual e a relação sexual forçada.

Os abusos sexuais são classificados em dois tipos conforme Arthur (2003),


nomeadamente: abuso sexual do tipo intrafamiliar e o abuso do tipo extrafamiliar. O
tipo de intrafamiliar, também considerado incesto, é o tipo de abuso mais comum
porque existe em todas as sociedades e é praticado por todos os extractos sociais e raças
sem nenhuma distinção.

O tipo de intrafamiliar é definido como qualquer forma de actividade sexual envolvendo


crianças e um membro da família (pai, mãe, irmão, irmã, tios, avós, padrastos e outros
parentes substitutos).

O abuso extrafamiliar é definido como qualquer forma de actividade sexual entre uma
criança e uma pessoa adulta que não faz parte da família. Geralmente, na maioria dos
casos, o adulto, pedófilo, é um conhecido da criança, como, por exemplo, vizinho,
amigo da família, algumas vezes chega a ser até um desconhecido.

Tomando como base diversos estudos (Morais et al (2014); Dias (2008) e Nóbrega
(2016) identificam-se três características que tipificam o assédio sexual:
 Comportamento de natureza sexual indesejado;
 Pressão pela ameaça e;
 Exercício de poder. Importante ressaltar que este estudo não se refere
exclusivamente ao poder atribuído a um superior hierárquico, considera-se aqui
também, o poder social e histórico do homem sobre a mulher.

Existem duas formas de assédio sexual identificadas por pesquisadores do tema:


 O assédio sexual por intimidação ou ambiental;
 O assédio sexual por chantagem. O assédio sexual, por intimidação, ou
ambiental consiste em acções que objectivem atingir a vítima na sua condição de
trabalhador através da criação de um ambiente sexual (Essas acções de cunho
sexual têm como finalidade gerar uma atmosfera hostil e intimidadora
(Botão:1989).

Por outro lado, Paulino (s/d) descreve as formas de assédio sexual de seguinte forma:
obtenção de gratificação através da observação de actos ou órgãos sexuais de outras

13
pessoas; exposição intencional (e não natural) a uma criança do corpo nu de um adulto
ou de partes dele; conversas abertas sobre actividades sexuais, destinadas a despertar o
interesse da criança ou dos adolescentes; propostas ou tentativas de contacto sexual no
ambiente de trabalho, valendo-se da posição de superioridade hierárquica;

De acordo com Arthur (2003), várias vezes, o tipo de violência praticada contra os
alunos, através do assédio sexual, é tão infame se considerarmos que os petizes esperam
de um adulto uma protecção, mas que no lugar desta passam por um cenário que as
deixa traumatizada para o resto da vida. Mais grave ainda, é que os que cometem este
tipo de actos são normalmente adultos próximos das suas vítimas, tais como familiares,
vizinhos ou professores.

Embora o entendimento da rapariga é de que em um adulto sempre se espera alguma


protecção, Matavele (2005) contraria essa percepção na medida em que refere que no
seio dos adultos há uma crença de que o acto sexual entre um adulto e uma criança pode
evitar certas doenças de transmissão sexual e aumentar o prazer pelo facto de a criança
ser virgem, a concretização de um objectivo ou desejo como a realização financeira está
associado ao envolvimento com alguém puro, e neste caso uma criança são alguns
factores que também levam ao abuso sexual.

2.6 Papel da escola no combate e gestão de Assédio sexual nas escolas


De acordo com Teixeira (2005) a gestão é um processo que permite a obtenção de
resultados (bens ou serviços) com o esforço dos outros. Esta deve incidir sobre as
pessoas, recursos, processos e resultados, promovendo acções recíprocas e orientando o
sistema no seu conjunto.

No tocante à tomada de decisões na instituição escolar, percebe-se que ela está


vinculada à interacção entre pessoas, à forma como se comunicam e aos objectivos
pedagógicos pretendidos. É a gestão que irá administrar estes processos que se
constituem de etapas, de tarefas executadas com vistas a uma realização final. Até
chegar-se a uma determinada decisão e fazê-la funcionar de forma que uma situação
seja modificada ou mantida, ocorre a formação de um ou vários processos (Libâneo e
Toschi, 2003).

14
Ainda na abordagem do autor acima, uma escola não pode tomar decisões isoladas mas
sim procurar interacção com as demais pessoas para que todas partes que a compõem
possam caminhar juntas para um objectivo comum. No contexto do tema em estudo é
papel da escola buscar soluções desses problemas junto da comunidade na qual está
inserida.

Em relação ao papel da gestão escolar na prevenção e abordagem do abuso sexual


contra crianças e adolescentes, Brino e Williams (2003), enfatizam que a escola é lugar
ideal para a prevenção, intervenção e desafio deste fenómeno, pois, deve ter como
objectivo a garantia da qualidade de vida de seus alunos e a promoção da cidadania.

Dilys Went (s/d) citado por Alvarez e Marques (2012) para desenvolver acções de
educação sexual, é desejável que o professor se preocupe genuinamente com o bem-
estar físico e psicológico dos alunos, que aceite e respeite a sua sexualidade e a dos
outros, que procure o envolvimento dos pais e/ou encarregados de educação e outros
profissionais quando reconheçam que há situações em que não domina a informação
que necessita transmitir.

Entende-se deste modo que os autores afirmam que a escola é o lugar ideal uma vez que
para além de ser o lugar que as crianças passam mais tempo através do ensino e
aprendizagem transmite princípios e condutas de cidadania aceitáveis para o ser humano
e para a comunidade a qual esta inserida.

Debarbieux e Blaya (2002), enfatizam que os actos violentos no contexto escolar devem
levar em conta o que dizem as vítimas. O abuso do poder e situações que passam
despercebidas no dia-a-dia, muitas vezes podem causar mais danos do que os casos
mais caóticos e brutais. Portanto a voz das vítimas pode traduzir verdades e percepções
que passam longe das expressões violentas e das punições previstas no Código Penal ou
no Estatuto da Criança.

Ao nível da escola, sugerem Apple e Beane (2000), que deve se criar estruturas e
processos democráticos que orientarão a vida escolar bem como a construção de um
currículo que faculte experiências democráticas aos jovens. Nesta perspectiva, uma
escola democrática será aquela que indispensavelmente se pauta por uma participação
ampla de todos os seus intervenientes desde docentes e não docentes, alunos, pais e
outros membros da comunidade educativa ainda que para tal surjam conflitos e
controvérsias.

15
Em conformidade com FURNISS1, a prevenção do abuso sexual e todas as formas de
violência intrafamiliar contra crianças e adolescentes ocorrerá em diferentes níveis:
 A prevenção primária é constituída por campanhas de consciencialização da
população sobre o problema, sensibilização das pessoas que trabalham com
crianças e adolescentes;
 Educação às crianças para o reconhecimento do adulto que quer dar carinho e
atenção (“toque bom”) daquele que quer se utilizar do seu corpo (“toque ruim”)
 Educação aos pais, através da discussão da não utilização da força física no
processo disciplinador, do desenvolvimento da sexualidade infantil, por
exemplo.

Como prevenção secundária se incluem os programas e actividades de suporte


emocional e social às famílias em situação de risco. E, finalmente, como prevenção
terciária, há o encaminhamento dos casos suspeitos e confirmados a um tratamento
psicossocial e jurídico, sensibilização e capacitação dos profissionais de saúde para
atendimento às vítimas de violência doméstica e atendimento e acompanhamento ao
agressor.

Stein e Wang (1988) afirmam que a forma como os professores implementam um


programa é influenciada pelas suas atitudes em relação ao tema. Os estudos de Fisher et
al (1988) demonstraram que as atitudes dos professores podem ser mais erotofílicas ou
erotofóbicas, ou seja, mais positivas ou mais negativas relativamente à sexualidade e
que existe uma associação entre a erotofilia e a motivação para adquirir conhecimento
sobre a sexualidade, sobre o envolvimento em comportamentos sexuais seguros e a
crença de que a educação sexual em meio escolar promove escolhas saudáveis e
responsáveis. Assim quanto mais positiva é a atitude dos professores em relação à
sexualidade, mais importância será atribuída ao tema e mais empenho e motivação será
atribuída tanto no seu ensino como na busca de mais conhecimento sobre matérias
sexuais.

1
Furniss, T (1993). Abuso sexual da criança: uma abordagem multidisciplinar. Porto Alegre: Artes
Médicas

16
CAPÍTULO III - METODOLOGIA
Este capítulo debruça-se sobre os procedimentos metodológicos utilizados na realização
do estudo. Os elementos abordados são: Descrição do Local do Estudo; Abordagem
Metodológica; População e Amostra; Instrumentos de Recolha de Dados;
Procedimentos de Análise e Tratamento de Dados e por último Questões Éticas.

3.1 Descrição do Campo De Pesquisa

A Escola Secundária da Zona Verde foi construída em 1994 e inaugurada a 3 de


Outubro de 1995 pelo antigo estadista moçambicano Joaquim Alberto Chissano.
Quando a escola foi erguida leccionava apenas EP1. Em 2004, beneficiou-se de uma
reabilitação e ampliação financiada pelo Banco Mundial, da qual resultou-se no
incremento do ensino secundário geral. Através desse acto, a escola passou a ter 20
salas de aula, um pavilhão grande de desporto, parque de estacionamento, sala de
reuniões, sala de informática, sala de aconselhamentos, gabinete de desporto, sala de
professores, novos gabinetes pedagógicos e para direcções de classe.

Actualmente na escola em alusão estão matriculados 6013 alunos, distribuídos em 2


ciclos nomeadamente 8ª,9ª,10ª classe I Ciclo e 11ª e 12ª classe II ciclo, sendo que no
ESI estão matriculados 2681 e 3432 no ES2. Relativamente ao corpo docente, é de 40
professores, dos quais 22 homens e 18 mulheres. Ademais, existem 12 pessoal não
docente, sendo 5 da área de serviço, 2 guardas e 5 na secretaria.

3.2 Abordagem Metodológica


A elaboração deste trabalho baseou-se na pesquisa aplicada que consiste na combinação
da metodologia quantitativa e qualitativa. Considerando os objectivos desta pesquisa,
optou-se pela pesquisa descritiva e o procedimento técnico adoptado foi o estudo de
caso. No tocante à pesquisa descritiva, Gil (1999) aponta que ela permite descrever as
características de uma determinada população ou fenómeno, estabelecendo relações
entre variáveis do estudo.

3.3 População e Amostra


Para a identificação da população que compõe o estudo, deve-se ter em conta a
definição da população. Carmo e Ferreira (1998) definem a população como o conjunto
de elementos abrangidos por uma mesma definição. Estes elementos devem ter
características comuns, as quais os diferenciam de outros conjuntos de indivíduos.

17
O estudo considerou uma população de 1581 correspondentes ao número total de
alunas, 1520, Vide em Anexo 1, professores e membros do conselho da escola. Quanto
à amostra, envolveu-se 31 alunas; 20 professores e 21 membros do conselho escolar.

Como tipo de amostragem aplicou-se a Amostragem intencional. Gil (1999) refere que
no uso desta amostra, são seleccionados apenas os elementos considerados típicos ou
representativos da população que se deseja estudar.

Tabela 1: Caracterização da amostra (conselho da escola)

Característica Variável Frequência Percentagem

Sexo Masculino 12 57%


Feminino 9 43%

Representante do conselho Professores 3 14%


escola
Alunos 4 19%
Pessoal técnico 1 5%
Administrativo
Pais e encarregados 12 57%
Presidente 1 5%
Idade 10-13 Anos 4 19%
18-25 Anos 5 24%
26-33 Anos 7 33%
34-40 Anos 3 14%
41-50 Anos 2 10%
Tempo em que é membro do CE - de ano 4 19%
Escola
1-2 Anos 3 14%
2-3 Anos 6 29%
3-4 Anos 5 24%
5 Anos 3 14%
Habilitações literárias Básico 11 52%
Médio 5 24%
Licenciatura 5 24%

Total 21 100%
Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados da pesquisa

18
Tabela 2: Caracterização da amostra (professores)

Característica Variável Frequência Percentagem

Sexo Masculino 12 60%


Feminino 8 40%
26-30 anos 3 15%
31-35 anos 6 30%
36-40 anos 6 30%
Mais de 40 anos 5 25%
1-5 anos 1 5%
6-10 anos 6 30%
11-15 anos 5 25%
+ de 15 anos 8 40%
Habilitações literárias Formação média 3 15%
de professores
(12ª classe +1)
Licenciatura 17 85%
Mestrado -
Total 20 100%
Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados da pesquisa

Tabela 3: Caracterização da amostra de alunos

Característica Variável Frequência Percentagem

Classes 8ª 61 42%
9ª 59 39%
10ª 35 19%
Faixa etária 13-15 61 42%
14-16 59 39%
15-17 35 19%

Total 155 100%

Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados da pesquisa

19
3.4 Instrumento de recolha de dados
3.4.1 Questionário
Segundo Pruduente, Garganta e Anguera (2004) questionário é um instrumento de
recolha de dados ou uma técnica de pesquisa constituída por um número mais ou menos
significativo de questões apresentadas por escrito aos respondentes.

Como sustenta Gil (1999) o questionário garante o anonimato dos respondentes e evita a
exposição dos mesmos a influência do pesquisador. Este mesmo autor refere que o
questionário permite trabalhar com um número grande de participantes num curto
espaço de tempo permitindo também um tratamento mais fácil da informação recolhida.

Nesta senda, administrou-se o questionário para as alunas; professores e membros do


conselho da escola por ser um grupo relativamente enorme e o questionário apresenta a
vantagem de facilmente alcançar um número elevado de respondentes em menos tempo.

3.5 Procedimentos de análise e tratamento de dados

No que concerne a análise e tratamento de dados, os questionários foram analisados


através do uso do pacote estatístico designado Microsoft Excel.

3.6 Questões éticas


Para a realização da pesquisa de campo, solicitou-se uma credencial na repartição do
Registo Académico da Faculdade de Educação da Universidade Eduardo Mondlane
conforme pode observar-se em Anexo 2. Durante ao processo da recolha de dados,
observou-se a confidencialidade e o anonimato, pelo que nenhum participante tomou
parte do estudo por obrigação.

20
CAPÍTULO IV - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS
O presente capítulo tem como objectivo apresentar e analisar os dados da pesquisa de
acordo com os objectivos e perguntas de pesquisa. Nesta ordem de ideias, o trabalho
procurou analisar os factores que influenciam na ocorrência do assédio sexual na Escola
Secundária da Zona Verde. Especificamente procurou-se identificar os factores que
influenciam para a ocorrência do assédio sexual da rapariga na Escola Secundária da
Zona Verde; Colher as percepções das alunas e professores em relação ao assédio
sexual da rapariga na Escola Secundária da Zona Verde e, por fim, descrever as
estratégias levadas a cabo pela Escola Secundária da Zona Verde com vista a mitigação
do assédio sexual da rapariga;

Em função dos objectivos específicos, foram colocadas as seguintes perguntas de


pesquisa: Que factores influenciam para a ocorrência do assédio sexual da rapariga na
Escola Secundária da Zona Verde? Quais são as percepções das alunas e professores em
relação ao assédio sexual de rapariga na Escola Secundária da Zona Verde? Que
estratégias são levadas a cabo pela escola com vista a mitigação do assédio sexual da
rapariga na Escola Secundária da Zona Verde?

Resultados do questionário administrado aos professores


Com a pergunta 1: Já se deparou com a situação de assédio sexual, pretendia-se saber
se os professores alguma vez haviam ou não se deparado com os casos relativos ao
assédio sexual de rapariga na ESZV. Tomando em conta que na ESZV, o assédio sexual
é uma realidade, aliado também ao facto do assédio sexual ocorrer em qualquer recinto
escolar.

O gráfico abaixo ilustra que mais de 70% professores já presenciaram um acto relativo
ao assédio sexual.

Gráfico 1: Situação de assédio sexual na ESZV

Situação de assédio sexual na ESZV

30%
Sim (14)
70%
Não (6)

21
2. Caso na pergunta anterior, tenha respondido sim, que tipo de casos?
Como forma de apurar os casos do assédio sexual da rapariga que se registam ao nível
da ESZV, apresentamos as seguintes opções: a) Olhares maliciosos e/ou indiscretos b)
Elogios aos atributos físicos c) Conversas de cunho erótico, sensual e/ou sexual
descontextualizadas d) Contacto físico, além do conveniente e) Procura insistente (na
escola, aplicativos e/ou redes sociais) g) Convite para sair h) Proposta de relação sexual
i) Coacção para troca de favores sexuais j) Perseguição por não responder às
aproximações

Das opções apresentadas conforme se poder observar no gráfico abaixo, 50% dos
inqueridos escolheu a opção que diz Coacção por troca de favores sexuais, 30%
Convite para sair e 20% Insinuação para troca de favores sexuais. A troca de favores
sexuais foi apontada como sendo um dos principais actos que descrevessem o assédio
sexual.

Gráfico 2: Tipo de caso de abuso sexual

Se respondeu sim, que tipo de casos?

5% Elogios aos atributos físicos (1)

45% 30%
Convite para sair (6)

Insinuação para troca de favores


20% sexuais (4)
Coacção por troca de favores
sexuais (9)

No nosso entender, o assédio sexual sempre culmina com o envolvimento sexual entre
duas pessoas de sexo oposto e que uma detém o poder sobre a outra. No meio escolar,
normalmente tem sido entre professores e alunas.

De acordo com Conceição (2011) o assédio sexual nas escolas e o molestamento aos
estudantes por parte dos professores é preocupante, eles chantageiam as estudantes
ameaçando não lhes dar boas notas e os resultados dos exames. Esta é a táctica mais
usada pelos professores que querem praticar sexo com suas estudantes, do mesmo modo
o abuso sexual também ocorre entre os estudantes, os rapazes molestam as colegas para
fins sexuais.

22
Sobre este assunto, Paulino (s/d) descreve as formas de assédio sexual de seguinte
forma: obtenção de gratificação através da observação de actos ou órgãos sexuais de
outras pessoas; exposição intencional (e não natural) a uma criança do corpo nu de um
adulto ou de partes dele; conversas abertas sobre actividades sexuais, destinadas a
despertar o interesse da criança ou dos adolescentes; propostas ou tentativas de contacto
sexual no ambiente de trabalho, valendo-se da posição de superioridade hierárquica;

3. Qual foi a sua atitude como professor perante o caso do assédio sexual
registado?

Com o gráfico abaixo se pode notar que 52% dos professores respondeu que a atitude
tomada após presenciar o assédio sexual foi de encaminhar o caso à direcção da escola.
Ao passo que 29% afirmou que ficou indiferente por eventualmente temer possíveis
represálias por parte do colega que cometera o acto. Assim que 14% tomou uma atitude
desconhecida, cerca de 5% apontou ter tentado resolver o caso em privado junto de
quem protagonizou o acto.

Gráfico 3: Atitude do professor perante um caso de assédio sexual

Atitude como professor perante o caso do assédio sexual


5% Encaminhei o caso a direcção da
escola (10)
14%

Fiquei indiferente uma vez que


52%
temia represálias por parte do
29% colega que cometeu o acto (4)
Tentei resolver o caso em
privado junto de quem
protagonizou o acto (3)
Outro (3)

Assim que o assédio sexual da rapariga na ESZV é especificamente protagonizada pelos


professores, quando sucede esse tipo de acto, no lugar de se ficar indiferente,
encobertando o assediador, deve-se encaminhar à direcção da escola com vista a tomar-
se medidas disciplinares e pedagógicas contra o professor em causa.

Na abordagem de Faleiros (2000), os casos de abuso e assédio sexual não são


denunciados, isto é, resultado dos sentimentos de culpa, vergonha, medo e tolerância da
vítima e daqueles que são conhecedores de casos de abuso.

23
Por seu turno, Vieira (2006), defende que a escola deve assegurar que os estudantes
sejam informados sobre os seus direitos, incentivando os jovens a falar sobre o assédio
com a escola. O autor reforça que pais, professores e toda estrutura pedagógica devem
estar cientes que os alunos merecem um ambiente de aprendizagem em que o assédio
sexual seja punível e não como algo com a qual eles devam lidar com naturalidade.

4. Considera importante, nas reuniões com os pais e encarregados de educação,


abordar e discutir a questão do assédio sexual?

Conforme pode-se observar no gráfico abaixo, 80% dos inqueridos considera


importante que a questão do assédio sexual seja abordada nas reuniões trimestrais que
são realizadas na ESZV, ao passo que 20% entende que a questão do assédio sexual não
é relevante ao ponto de ser abordada nas reuniões que haja a participação directa dos
pais e/ou encarregados de educação.

Gráfico 4: Importância da abordagem do assédio sexual nas reuniões com pais e/ou
encarregados de educação

Importância da abordagem questão do assédio sexual nas reuniões


com os pais e encarregados de educação

20%

Sim (16)
80% Não (4)

5. Se na pergunta anterior respondeu não, porquê? (assinale apenas uma opção)

Os 4 inqueridos correspondentes a 20% que respondeu não, se justificam através das


respostas tais como: a temática do assédio sexual não é para ser debatida com os pais
e/ou encarregados de educação; dificuldade em abordar este tema com os pais e/ou
encarregados de educação; este assunto é tabú para os pais e/ou encarregados de
educação.

Como afirma Dilys Went (s/d) citado por Alvarez e Marques (2012) para desenvolver
acções de educação sexual, é desejável que o professor se preocupe genuinamente com
o bem-estar físico e psicológico dos alunos, que aceite e respeite a sua sexualidade e a
dos outros, que procure o envolvimento dos pais e/ou encarregados de educação e
outros profissionais quando reconheçam que há situações em que não domina a
informação que necessita transmitir.

24
Gráfico 5: Razões da abordagem do assédio sexual nas reuniões com pais e/ou
encarregados de educação

Se respondeu não, porquê?


25%
A temática do assédio sexual não é para
ser debatida com os pais e/ou
25% encarregados de educação (10)
Dificuldade em abordar este tema com os
50%
pais e/ou encarregados de educação (5)
O assunto é tabu para os pais e/ou
encarregados de educação (5)

Resultados do questionário administrado aos membros da direcção


1. Qual é o nível da frequência do assédio na escola? E como opções, foram formuladas
as seguintes: a) Muito elevada b) Elevada c) Moderada d) Baixa e)
Muito baixa

Conforme pode se notar no gráfico abaixo, os respondentes reconhecem que ao nível da


ESZV, a questão do assédio sexual é uma realidade. Cerca de 50% aponta a opção a que
significa muito elevada.

Gráfico 6: Nível de frequência de ocorrência de assédio sexual

Nível da frequência do assédio na escola


30%

Muito elevada (4)


20%
50% Elevada (11)
Moderada (6)

Na nossa percepção, quando o caso do assédio sexual atinge índices elevados origina
consequências graves e de ordem psicológica e física na vida do ser humano sobretudo
quando o mesmo se encontra na fase da adolescência como é o caso das alunas da
ESZV. Ademais, as alunas que têm sido vítimas do assédio sexual podem não
apresentar um aproveitamento escolar positivo. Mesmo quando apresentar, já não se
sabe ao certo se é por mérito ou demérito uma vez que vem sofrendo o assédio sexual
por parte dos seus respectivos professores.

Discorrendo sobre as consequências de assédio sexual da rapariga, Actionaid (2008)


refere que no momento da ocorrência do assédio sexual, a rapariga pode ter palpitações

25
e medo de morrer. Após o acto, ela pode experimentar o estado de choque, solidão,
insónias, perda de apetite, agressividade e depressão. E também pode apresentar danos
como ferimentos, fracturas, dores diversas, desordens intestinais, problemas menstruais
e musculares, tensão alta ou baixa, gravidez indesejada, doenças de transmissão sexual,
inclusive HIV e SIDA a nível do corpo.

Do ponto de vista psicológico, a rapariga pode ser invadida por sentimento de culpa,
injustiça, impotência, agressividade, solidão, perda de memória, dificuldades de
concentração, perda de auto-estima, dificuldades para dormir, irritabilidade, nervosismo
excessivo, maus sonhos, pesadelos, medos. E socialmente as raparigas sentem-se
humilhadas e degradadas perante a família e a sociedade, verificam-se tensões
familiares, as raparigas interrompem temporária ou definitivamente os estudos.
Verifica-se um nível de insegurança por parte dos pais e encarregados de educação para
mandarem as suas filhas à escola.

Ainda no rol das consequências do assédio sexual, Dias (2008) ressalta que o assédio
sexual abala a vítima em sua saúde psicológica e emocional, pois representa a perda da
dignidade e da confiança depositada no outro. Dentre as consequências causadas estão:
sintoma psicológico como baixa auto-estima, tristeza persistente, vergonha,
irritabilidade, alterações de humor, raiva, medo, insegurança e alucinações.

2. Em que período tem recebido as queixas relativo ao assédio sexual da rapariga?

Das opções abaixo apresentadas, 71% inquiridos afirmou que o assédio sexual ocorre no
início e final do ano, ao passo que para dos restantes 29%, os 10% apontam que ocorre
no meio do ano e 19% consideram que ela ocorre durante todo ano.

Gráfico 7: Período de recepção de queixas sobre assédio sexual

Período que recebem as queixas relativas ao assédio sexual


10%
19%
No início e final do ano (15)
71% No meio do ano (2)
Durante todo ano (4)

No nosso entendimento, o assédio sexual é um acto que ocorre a qualquer dia e local.
Entretanto, a distribuição percentual no gráfico faz nos perceber que a sua
predominância é no final do ano e isso prende-se ao facto de os professores protagonizar

26
o acto recorrendo o aliciamento como principal recurso, isto é, prestação de favores em
troca da aprovação de uma classe para outra, conforme afirma Save the Children (2007),
a rapariga apresenta dificuldades no seu aproveitamento escolar e o professor oferece-
lhe a oportunidade de ser aprovada em troca de relações sexuais. A rapariga é
chantageada pelo professor para manter relações sexuais, e caso ela se recuse será
reprovada independentemente de o aproveitamento ser positivo ou negativo.

 Quais são os factores do assédio sexual da rapariga na ESZV?


Como forma de apurar os factores a volta do assédio sexual da rapariga no meio escolar,
foram arrolados as seguintes opções: Uso de saias curtas por parte das alunas ( ); Busca
de progressão de classe sem esforço ( ); Falta de condições da família ( ) e outros ( )
Os membros do conselho da escola divergiram na resposta a esta pergunta. 19%
escolheu a opção “a” sobre o uso de saias curtas por parte das alunas, ao passo que
48% apontou a opção “b” referente a busca de progressão de classe sem esforço, 14%
considerou a opção “c” que indica a questão da falta de condições por parte da família e
por fim os restantes 19% indicaram a opção “d” referente a outros factores.

Gráfico 8: Factores que influenciam o assédio sexual na ESZV

Factores do assedio sexual da rapariga na ESZV


19% 19% Uso de saias curtas por parte das alunas (4)
14% Busca de progressão de classe sem esforço (10)
48% Falta de condições por parte da família (3)
Outro (4)

Analisando a divergência nas respostas apresentados pelos membros do conselho da


escolar da ESZV isso nos faz entender que o conselho da escola, apesar de ser um órgão
máximo da escola desconhece os factores que estariam por detrás do assédio sexual,
embora esta seja uma prática cuja ocorrência remonta alguns anos. E de acordo com
alguns autores ora arrolados, o assédio sexual tem consequências graves na
personalidade do ser humano e no aproveitamento escolar dos alunos em particular.

Na nossa óptica, a pretensão de querer aprovar facilmente de uma classe para outra por
parte das alunas pode estar na origem da ocorrência do assédio sexual na ESZV. Aliado

27
à isso, a partilha dos mesmos espaços comuns como cantina também pode por um lado
ser encarrado como factor promotor do assédio, uma vez que os professores para a
efectivação desse acto tem recorrido ao aliciamento.

4. Que efeitos têm trazido o assédio sexual da rapariga na ESZV?


A partir das seguintes opções: Abandono escolar 30%; reprovações; permuta;
transferência; nota-se que a opção reprovações foi escolhida por 20% inqueridos. Ao
passo que 25% consideraram a opção: permuta e transferência para outros 25% dos
inqueridos.

Gráfico 9: Efeitos do assédio sexual na rapariga

Efeitos do assedio sexual na rapariga

Abandono escolar (6)


25%
Reprovações (4)
25% 30%
Permuta (5)
20%
Transferência (5)

Bagnol (1996), num estudo feito envolvendo as raparigas, concluiu-se que as raparigas
repetiram o ano por se terem recusado a manter relações sexuais com o professor, e que
os professores recusavam dinheiro das raparigas e exigiam relações sexuais,
contrariamente ao que acontece com os rapazes.

No mesmo contexto, Bagnol (1997), refere que o assédio e o abuso sexuais começam a
surgir como barreiras para o acesso e permanência da rapariga na escola. Portanto, estes
males afectam a integridade da criança e do adolescente e causam frequentemente
problemas de aprendizagem.

Por seu turno, 30% dos inqueridos apontam que o assédio sexual da rapariga na ESZV
origina o abandono escolar. Osório (2007), afirma que o assédio sexual é uma das
causas do abandono escolar pois as raparigas são desencorajadas pela família e pela
direcção da escola a não denunciar o agressor, sendo em muitos casos responsabilizadas
pelo assédio sofrido em virtude do uso de roupas socialmente consideradas
inapropriadas. Por outro lado, em caso de gravidez o professor paga, uma taxa a família
de modo a segredar o caso alegando ser vergonha para os pais perante a sociedade.

28
5. Qual é o perfil familiar das alunas que são assediadas na ESZV?
a) Família unida b) Pais solteiros c) Mães solteiras d) Vivem com
os avos ) Outros
Com a pergunta acima, pretendia perceber se o perfil familiar influencia ou não no
assédio sexual por parte dos professores. A partir das opções: mães solteiras foi descrita
por 48% das inqueridas, 35% afirmaram que vivem com os avos e cerca de 17% das
identificaram outros perfis. Contudo, de acordo com as respostas escolhidas pelas
inqueridas pode se compreender que o facto de as alunas não conviverem com os pais e
viver com os avos, pode tornar as alunas vulneráveis ao assédio.

Gráfico 10: Perfil familiar das alunas assediadas

Perfil familiar das alunas assediadas na ESZV

52% Mães solteiras (5)


Vivem com os avos (11)
24% 24%
Outros perfis (5)

Em consonância com o nosso entendimento, Barros e Tajú (1999) afirmam que o abuso
e assédio sexual estão associados ao elevado número de crianças órfãs que por causa da
guerra civil ocorrida no país, em sua maior parte não vive com os seus progenitores
directos, facto que as torna vulneráveis ao assédio e abuso sexual. Também destacam o
desemprego, a falta de atenção das famílias ou ausência de um dos membros da família
permite também a ocorrência de situações de assédio e abuso sexual principalmente nas
famílias constituídas do tipo monoparental e naquelas em que uns dos progenitores
estão constantemente ausentes.

6. Qual tem sido o posicionamento dos pais e/ou encarregados de educação face ao
assédio sexual da rapariga?
a) Preocupam-se e tentam encoraja-los a não desistir de frequentar a classe b) Não
dão importância a isso c) Mudam de escola d) Na maioria das vezes não
chegam a saber porque os educandos não informam por temer represálias .

Com a pergunta acima, procurava-se saber o posicionamento dos pais e/ou encarregados
de educação, conforme pode se observar, há divergência em termos de respostas, 40%

29
dos inqueridos afirmam que optam pela permuta ou retirada das filhas da escola e 60%
na maioria das vezes os pais não chegam a saber porque os educandos não informam
por temer de represálias.

Gráfico 11: Posicionamento dos pais e/ou encarregados de educação face ao assédio
sexual da rapariga

Posicionamento dos pais e/ou encarregados de educação face ao


assédio sexual da rapariga
0% 0% Mudam de escola (8)

38% Na maioria das vezes não chegam a saber


porque os educandos não informam por temer
62% represálias (13)
Não dão importância a isso (0)

Preocupam-se e tentam encoraja-los a não


desistir de frequentar a classe (0)

No nosso entender, o posicionamento dos pais é errado pois, não trata-se de resolver o
problema mas sim perpetuar um mal cujos efeitos podem se replicar por vários tempos.
Portanto, no âmbito da relação entre a escola e comunidade, compreendemos que a
questão do assédio sexual pode ser abordada ao ponto de arranjar-se uma solução de
forma pacífica.

7. Quais têm sido as estratégias implementadas pela direcção da escola com vista a
eliminação do assédio sexual?

a) Transferência do professor em causa b) permuta do professor d)


encaminhamento do caso aos órgãos superiores hierárquico d) envolvimento da
comunidade para uma resolução conjunta

Das opções acima, o encaminhamento do caso aos órgãos superiores hierárquico e o


envolvimento da comunidade para uma resolução conjunta foram apontadas como
sendo as estratégias adoptadas pela direcção escolar.

30
Gráfico 12: Estratégias implementadas pela direcção da escola com vista a eliminação
do assédio sexual

Estratégias implementadas pela direcção da escola com vista a


eliminação do assédio sexual
Transferência do professor em
38% 43% causa (9)
Permuta do professor (4)

Envolvimento da comunidade
19% para uma resolução conjunta (8)

Concordamos com as estratégias acima, uma vez que a escola é o património da


comunidade, logo é necessário que a comunidade seja envolvida com vista a resolução
dos fenómenos que mancham o processo de ensino e aprendizagem, conforme
defendem os diferentes documentos normativos da educação moçambicana que a
comunidade e em particular os pais e/ou encarregados de educação, através dos
Conselhos da Escola, devem ser envolvida no processo da tomada de decisões e na
manutenção do ambiente escolar bem como o sucesso escolar, Manual do conselho da
escola de 2015.

Resultados do questionário administrado as alunas


1. Nesta escola tem ocorrido casos de assédio sexual?
a) Sim b) Não
De acordo com os dados ilustrados no gráfico, 64% das inqueridas afirmaram que na
ESZV ocorria o assédio sexual. De acordo com o Save The Children (2007) existem três
principais cenários que acontecem quando se aborda o abuso e assédio sexual nas
escolas. No primeiro cenário a rapariga apresenta dificuldades no seu aproveitamento
escolar e o professor oferece-lhe a oportunidade de ser aprovada em troca de relações
sexuais. No segundo cenário, a rapariga é chantageada pelo professor para manter
relações sexuais, e caso ela se recuse será reprovada independentemente do
aproveitamento ser positivo ou negativo. O terceiro cenário envolve o professor a
assaltar e violar sexualmente as estudantes.

31
Gráfico 13: Ocorrência do assédio sexual na ESZV

Ocorrêcia de assédio sexual na ESZV

36%
Sim (99)
64%
Não (56)

2. Em que período se observam mais esse fenómeno?

a) No início do ano b) No meio do ano c) No final do ano d) Todo ano

Conforme ora referido, o assédio sexual da rapariga na ESZV é uma realidade. 47% das
inqueridas afirma que ela ocorre durante todo ano. O assédio sexual é um fenómeno
cuja ocorrência não depende do mês ou trimestre. Ela ocorre em qualquer período do
ano. Por isso, compreendemos que se trata de um fenómeno anual.

Para conceber-se uma acção de assédio sexual esta deve ocorrer regularmente
(semanalmente) e durante um prolongado período de tempo (pelo menos seis meses). O
assédio é um processo gradual, durante o qual uma pessoa submete-se a
comportamentos sociais negativos de forma sistemática. Um conflito não pode ser
entendido como uma situação de assédio se tratar-se de um único incidente isolado ou
se ambas as partes em conflito tiverem uma “posição similar” (Einarsen et al (2003)
citado por Einarsen e Hauge 2006).

A frequência e a duração dos actos a que um indivíduo vítima de assédio está sujeita
tornam-se elementos importantes para a definição deste conceito. Para haver assédio
deve-se considerar uma submissão a comportamentos negativos, por parte de um ou
mais sujeitos, durante algum período de tempo, por exemplo, seis meses, Hoel et al
(1999).

Gráfico 14: Período de observância do assédio sexual na ESZV

6% Período que mais se observa o assédio sexual na ESZV

28%
No início do ano (44)
47%
No meio do ano (30)
19% No final do ano (72)
Todo ano (9)

32
3. Que indicadores de assédio sexual predominam nesta escola?
A ocorrência do assédio sexual em qualquer área, ela resulta da acumulação de sinais ou
indicadores que levem as pessoas a praticar esse acto. Com a pergunta acima, soube-se
que ao nível da ESZV o aliciamento tem sido o sinal ou indicador que tem denunciado a
questão do assédio sexual da rapariga conforme apontaram 44% das inqueridas, para
além de que 41% considerou os discursos ofensivos de carácter sexual e 15% raparigas
escolheu a opção: agressões físicas.

Gráfico 15: Indicadores de assédio sexual na ESZV

Indicadores de assédio sexual predominantes na ESZV

15%
Aliciamento (72)
44%

41%
Discursos ofensivos de
carácter sexual (68)
Agressões físicas (25)

Matavele (2005) faz uma análise pormenorizada das formas e contornos em que se
manifesta o abuso sexual e apresenta três situações nomeadamente: a forma verbal, o
contacto físico sem relação sexual e a relação sexual forçada.

Por seu turno, Conceição (2011) afirma que o assédio sexual nas escolas e o
molestamento aos estudantes por parte dos professores é preocupante, eles chantageiam
as estudantes ameaçando não lhes dar boas notas e os resultados dos exames. Esta é a
táctica mais usada pelos professores que querem praticar sexo com suas estudantes, do
mesmo modo o abuso sexual também ocorre entre os estudantes, os rapazes molestam
as colegas para fins sexuais.

Por fim, a Action Aid (2008) refere que o abuso sexual na educação consiste em
molestar ou atacar sexualmente uma rapariga ou permitir que este acto ocorra na escola
ou fora dela, protagonizado por professores seus ou outros funcionários da escola, em
troca de benefícios materiais, nota para passar, matrícula, entre outros; Encorajar ou
forçar uma rapariga a ser usada para a satisfação sexual de professores, funcionários da
escola, ou mesmo elementos da comunidade numa situação de desigualdade e coerção;
Envolvimento de uma rapariga em qualquer acto ou actividade sexual com um adulto ou
outra pessoa mais velha, ligados ao estabelecimento de ensino que frequenta, antes da
idade ou de consentimento reconhecido legalmente;
33
4. Quais são os factores do assédio sexual da rapariga na ESZV?
Como resposta à pergunta acima, foram colocadas as seguintes opções: O uso de saias
curtas por parte das alunas ; Falta de condições da família ; Facilidade de
aprovação de uma classe para outra e outros diferentemente da resposta dada
pelos membros da direcção, as inqueridas, neste caso, 37% das raparigas apontaram
outros factores, isto é, não são os factores acima mencionados que influenciam a
ocorrência do assédio sexual da rapariga na ESZV.

Gráfico 16: Factores do assédio sexual na ESZV

37% Factores do assédio sexual da rapariga na ESZV


Facilidade de aprovação de uma classe para
outra (43)
25% 28% O uso de saias curtas por parte das alunas
(16)
Falta de condições da família (39)
10% outros (57)

No nosso ponto de vista, a resposta dada pelas 57 inqueridas abre espaço para que novas
pesquisas sejam realizadas, porém, Save the Children (2007) considera que existem três
principais cenários que acontecem quando se aborda o abuso e assédio sexual nas
escolas. No primeiro cenário a rapariga apresenta dificuldades no seu aproveitamento
escolar e o professor oferece-lhe a oportunidade de ser aprovada em troca de relações
sexuais. No segundo cenário, a rapariga é chantageada pelo professor para manter
relações sexuais, e caso ela se recuse será reprovada independentemente de o
aproveitamento ser positivo ou negativo. O terceiro cenário envolve o professor a
assaltar e violar sexualmente as estudantes.

5. Em que lugar ocorre o assédio sexual na ESZV?


Com a pergunta acima, pretendia-se saber se no meio escolar existia um lugar específico
cujo assédio sexual ocorria com regularidade ou frequência. Pelas respostas
apresentadas, percebe-se que, o assédio sexual é um fenómeno que ocorre em todo
recinto escolar. E de acordo com os dados ilustrados no gráfico, a cantina é descrita
como um lugar cujo assédio sexual ocorre com maior frequência correspondente a 60%,
seguida de 23% nos corredores e 17% na sala de aulas.

34
Gráfico 17: Locais de ocorrência do assédio sexual na ESZV

Lugares de ocorrência do assédio sexual na ESZV


23%
17%
Cantina (93)
60% Sala de aulas (27)
Corredor (35)

Na nossa percepção, a cantina, como principal local da ocorrência do assédio sexual tem
a sua razão de ser visto que, de acordo com respostas apresentadas anteriormente, um
dos indicadores ou sinais do assédio sexual é o aliciamento. É compreensível que isso
ocorra na cantina.

35
CAPÍTULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

5.1. CONCLUSÃO
O trabalho procurou analisar os factores que influenciam na ocorrência do assédio
sexual da rapariga na Escola Secundária de Zona Verde. Relativamente ao primeiro
objectivo, Identificar os factores que influenciam para a ocorrência do assédio sexual
da rapariga na Escola Secundária da Zona Verde, conclui-se que há divergências em
termos de posicionamento dos participantes do estudo conforme está descrito no IV
capítulo, daí que esta pesquisa abre espaço para a realização de uma outra a fim de
apurar-se os factores, que efectivamente, estariam por detrás do assédio sexual na
ESZV.

No que concerne ao segundo objectivo: Colher as percepções das alunas e professores


em relação ao assédio sexual da rapariga na Escola Secundária da Zona Verde, tanto
as alunas assim como os professores foram unânimes em afirmar que ao nível da ESZV
ocorre o assédio sexual.

O assédio sexual sendo uma prática cuja ocorrência pressupõe e/ou resulta de relações
de poder, na ESZV, o assédio sexual é protagonizada pelos professores. De referir que
estes são os actores educativos que a princípio detém poder sobre as alunas. Por isso,
recorre-se ao aliciamento como recurso da efectivação do assédio sexual.

Por fim, descrever as estratégias levadas a cabo pela Escola Secundária da Zona Verde
com vista a eliminação do assédio sexual da rapariga; a direcção da escola, ciente de
que a escola é uma organização aberta e considerado património da comunidade local
na qual se encontra inserida, uma das estratégias que vem sendo usadas é o
envolvimento da comunidade. Ademais, os professores reportam a direcção da escola,
por seu turno, esta, aborda aos pais e/encarregados de educação ou aos órgãos
superiores hierárquicos que é a zona da influência pedagógica e direcção distrital da
educação a fim de se averiguar o caso e dar-se o devido tratamento.

Portanto, a questão socioeconómica das alunas e a pretensão de querer aprovar


facilmente de uma classe para outra conforme apontaram os membros da direcção
podem ser percebido como os principais factores que influenciam a ocorrência do
assédio sexual na ESZV. Aliado à isso, a partilha dos mesmos espaços comuns como
cantina por parte dos professores e alunos, uma vez que muitos participantes do estudo
consideraram a cantina como local do assédio sexual.

36
5.2. SUGESTÕES

À Escola Secundária da Zona Verde


 Intensificar-se os mecanismos de controlo visando à eliminação do assédio
sexual da rapariga por parte dos professores.
 Envolver todos os actores educativos no combate e prevenção do assédio sexual
da rapariga no meio escolar.
 Desenvolver as estratégias da eliminação do assédio sexual salvaguardando o
bom ambiente escolar.
 Reforçar os mecanismos de participação dos pais e/ou encarregados de educação
e membros da comunidade no acompanhamento pedagógico dos seus
educandos.

37
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Teixeira, S. (2005). Gestão das Organizações. 2.ª ed. Madrid: McGraw Hill.

Vieira, N. M. (2006). Abusos Sexuais a Menores. Coimbra.

41
ANEXOS

42
Anexo 1: Credencial

43
Anexo 2: Mapa de aproveitamento pedagógico por classe/turma/geral III˚ trimestre
2019

44
APÊNDICES

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APÊNDICE 1: Guião do Questionário administrado aos Professores
Caro (a) professor (a), o presente questionário visa recolher dados de uma pesquisa para
um estudo cujo tema: Análise dos factores que influenciam na ocorrência do assédio
sexual da rapariga no ensino secundário: Caso da Escola Secundária da Zona Verde.
Os dados por recolher são meramente académicos e não serão empregues para outros
fins. Toda a informação que o (a) funcionário (a) prestar, será tratada
confidencialmente. Por isso, sinta-se a vontade ao responder.

1. Já se deparou com a situação de assédio sexual?

2. Se a resposta da pergunta anterior for sim, que tipos de casos?

a) Olhares maliciosos e/ou indiscretos b) Elogios aos atributos físicos c) Conversas de


cunho erótico, sensual e/ou sexual descontextualizadas d) Contacto físico, além do
conveniente e) Procura insistente (na escola, aplicativos e/ou redes sociais) g) Convite
para sair h) Proposta de relação sexual i) Coacção para troca de favores sexuais j)
Perseguição por não responder às aproximações

3. Qual foi a sua atitude como professor perante o caso do assédio sexual registado?

a) Encaminhei o caso a direcção da escola b) Fiquei indiferente uma vez que temia
represálias por parte do colega que cometeu o acto c) Tentei resolver o caso em privado
junto de quem protagonizou o acto d) outro

4. Considera importante, nas reuniões com os pais e encarregados de educação, abordar


e discutir a questão do assédio sexual?

5. Se respondeu não, porquê? (assinale apenas uma opção)

não o abordo.

APÊNDICE 2: Guião do Questionário administrado ao conselho da escola

46
Caro (a) membro do conselho da escola o presente questionário visa recolher dados de
uma pesquisa para um estudo cujo tema: Análise dos factores que influenciam na
ocorrência do assédio sexual da rapariga no ensino secundário: Caso da Escola
Secundária da Zona Verde. Os dados por recolher são meramente académicos e não
serão empregues para outros fins. Toda a informação que o (a) funcionário (a) prestar,
será tratada confidencialmente. Por isso, sinta-se a vontade ao responder.

1. Qual é o nível da frequência do assédio na escola?

a) Muito elevada b) Elevada c) Moderada d) Baixa e) Muito baixa

2. Em que período se observa com maior frequência este fenómeno?

a) No início do ano b) No meio do ano c) No final do ano d) Todo ano

3. Quais são os factores do assédio sexual da rapariga na ESZV?


a) Uso de saias curtas por parte das alunas;
b) Busca de progressão de classe sem esforço;
c) Falta de condições da família;
d) Outros.
4. Que efeitos têm trazido o assédio sexual da rapariga na ESZV?
a) Abandono escolar b) reprovações c) permuta d) transferência

5. Qual é o perfil familiar das alunas que são assediadas?

a) Família unida b) Pais solteiros c) Mães solteiras d) Vivem com os


avos e) Outros

6. Qual tem sido o posicionamento dos pais e/ou encarregados de educação face a este
fenómeno?

a) Preocupam-se e tentam encoraja-los a não desistir de frequentar a classe_50 b) Não


dão importância a isso c) Mudam de escola 50_ d) Na maioria das vezes não
chegam a saber porque os educandos não informam por temer represálias

7. Quais têm sido as estratégias implementadas pela direcção da escola com vista a
eliminação do assédio sexual?

a) Transferência do professor em causa 30 b) permuta do professor 30 d)


encaminhamento do caso aos órgãos superiores hierárquico d) envolvimento da
comunidade para uma resolução conjunto 40

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Que estratégia a escola tem usado para identificar e prevenir estes casos do assédio
escolar?

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APÊNDICE 3: Guião do Questionário administrado aos alunos
Caro (a) aluno (a), o presente questionário visa recolher dados de uma pesquisa para um
estudo cujo tema: Análise dos factores que influenciam na ocorrência do assédio sexual
da rapariga no ensino secundário: Caso da Escola Secundária da Zona Verde. Os
dados por recolher são meramente académicos e não serão empregues para outros fins.
Toda a informação que o (a) funcionário (a) prestar, será tratada confidencialmente. Por
isso, sinta-se a vontade ao responder.

Questionário de alunos

1. Nesta escola tem ocorrido casos de assédio sexual?

a) Sim b) Não

2. Em que período se observam mais esse fenómeno?

a) No início do ano b) No meio do ano c) No final do ano d) Todo ano

3. Que indicadores de assédio sexual predominam nesta escola?

a) Discursos ofensivos de carácter sexual b) agressões físicas c) aliciamento

4. Quais são os factores do assédio sexual da rapariga na ESZV?

a) O uso de saias curtas por parte das alunas b) Falta de condições da família

c) Facilidade de aprovação de uma classe para outra d) Outros

5. Em que lugar ocorre o assédio sexual

a) Sala de aulas b) cantina c) no corredor d) biblioteca e) ginásio

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