A teoria social ecológica de Albert Bandura é uma estrutura valiosa para compreender e abordar os acidentes de trabalho causados por materiais perfurocortantes. Essa abordagem holística considera fatores individuais, interpessoais e organizacionais que influenciam o comportamento dos trabalhadores.

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA

FLÁVIA CRISTINA OSAKU MINELLA

AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE ASPECTOS DA GEOMETRIA URBANA SOBRE


OS NÍVEIS DE CONFORTO TÉRMICO EM RUAS DE PEDESTRES DE CURITIBA

DISSERTAÇÃO

CURITIBA
2009
FLÁVIA CRISTINA OSAKU MINELLA

AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE ASPECTOS DA GEOMETRIA URBANA SOBRE


OS NÍVEIS DE CONFORTO TÉRMICO EM RUAS DE PEDESTRES DE CURITIBA

Dissertação apresentada como requisito parcial


para a obtenção do grau de Mestre em Tecnologia.
Programa de Pós-Graduação em Tecnologia,
Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Eduardo L. Krüger

CURITIBA
2009
Para Marcos, pelo apoio incondicional.
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Clarice e Nelson, por todo incentivo e pelos
exemplos de conduta.
Ao Prof. Dr. Eduardo Krüger, pela precisa orientação, sem a qual este
estudo não seria possível.
Às colegas Francine Aidie Rossi e Cíntia Akemi Tamura pelo apoio
prestado em diversos momentos, muito além da ajuda nas coletas de dados. Ao
Francisco Rasia e a Eliane Dumke pelo auxílio nas medições.
Ao Prof. Dr. Fernando Oscar Ruttkay Pereira pelo empréstimo da câmera
fotográfica.
À Capes pela concessão da bolsa de estudo.
Aos fotógrafos Ulysses e Amarildo pelas gentilezas prestadas.
Aos professores, funcionários e colegas do PPGTE.
Aos motoristas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná pelo
auxílio no transporte das estações meteorológicas.
Enfim, a todos que de alguma maneira contribuíram para a realização
desta pesquisa.
RESUMO

O desenvolvimento tecnológico permitiu o processo de verticalização das cidades,


alterando a paisagem urbana e o microclima local. Esta pesquisa busca avaliar a
influência de aspectos da geometria urbana sobre os níveis de conforto térmico em
ruas de pedestre de Curitiba. Utilizam-se o fator de visão do céu (FVC) como
indicador da geometria urbana irregular e os índices de conforto térmico Voto Médio
Estimado (PMV) e Temperatura Fisiológica Equivalente (PET) para expressar os
graus de estresse fisiológico. O calçadão da Rua XV de Novembro, primeira rua de
pedestres do país, foi eleito local de estudo pela grande circulação de transeuntes.
Além deste, foram monitorados pontos na Rua Saldanha Marinho, Travessa Oliveira
Bello, Rua Senador Alencar Guimarães e Praça Generoso Marques. Foram
coletados dados em 13 dias de medições, entre os meses de janeiro a agosto de
2009, totalizando 15 configurações urbanas distintas. As análises dos dados obtidos
obedecem ao seguinte procedimento: análise de correlações entre os índices e as
variáveis climáticas; análise dos pares de medição; análise de dias comparáveis;
análise de conforto calculado, análise de dados normalizados e análise da relação
entre FVC, ilha de calor diurna, e diferenças de temperatura (ǻTrm-Ta).
Adicionalmente, analisa-se a relação entre a radiação solar e o FVC, por meio da
sobreposição da carta solar à foto olho de peixe. Ao final do estudo, apresenta-se o
fator de acessibilidades solar (FAS), como um parâmetro para quantificar, em
porcentagem, o potencial de acesso solar disponível em um determinado ponto. Os
resultados auferidos evidenciam a influência da geometria urbana para a
determinação do conforto térmico em ruas de pedestres.

Palavras-chave: Clima urbano. Fator de visão do céu. Conforto térmico. Ruas de


pedestres.
ABSTRACT

Technological development has allowed the verticalization process of cities,


changing the urban landscape and the local microclimate. This study aims to
evaluate the impact of aspects of urban geometry on the levels of thermal comfort in
pedestrian streets of Curitiba. The sky view factor (SVF) is used as an indicator for
the irregular urban geometry and the thermal comfort indices Predicted Mean Vote
(PMV) and Physiological Equivalent Temperature (PET) are used to assess the
degree of physiological stress. The “calçadão” of Rua XV de Novembro, the first
pedestrian street in Brazil, was chosen for the study due to its great number of users.
Apart from the Rua XV de Novembro, further monitoring points were chosen at Rua
Saldanha Marinho, Travessa Oliveira Bello, Rua Senador Alencar Guimarães and
Praça Generoso Marques. Data were collected in 13 monitoring days, between the
months of January and August of 2009, comprising of a total of 15 different urban
settings. The analysis of obtained data was carried out according to the following
procedures: correlation analysis between the indices and climatic variables, analysis
of pairs of measurement, analysis of comparable days, analysis of calculated
comfort, analysis of normalized data and analysis of the relationship between SVF,
daytime heat island and temperature differences (ǻTrm-Ta). It also examines the
relationship between solar radiation and SVF, from the overlap of the solar chart on
the fisheye picture. At the end of the study, the factor of solar accessibility (FSA) is
presented, as a parameter to quantify, in percentage, the solar access available at a
given point. The obtained results show the influence of urban geometry to determine
the thermal comfort of pedestrian streets.

Key words: Urban climate. Sky View Factor. Thermal comfort. Pedestrian streets.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – ESCALAS CLIMÁTICAS.....................................................................30


FIGURA 2 – FLUXO DE VENTOS EM CÂNIONS URBANOS................................42
FIGURA 3 – VELOCIDADE DO VENTO EM FUNÇÃO DA
RUGOSIDADE DAS SUPERFÍCIES ..................................................42
FIGURA 4 – MÉDIA MENSAL DE FRAÇÃO DE SOMBREAMENTO
PARA OS CÂNIONS, LATITUDE 33°_ (A) VERÃO (B)
INVERNO ...........................................................................................44
FIGURA 5 – EQUILÍBRIO TÉRMICO DO CORPO HUMANO ................................58
FIGURA 6 – DIAGRAMA DE CONFORTO PROPOSTO POR FANGER ...............63
FIGURA 7 – CARTA BIOCLIMÁTICA COM ESTRATÉGIAS PARA
CURITIBA...........................................................................................71
FIGURA 8 – LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS SELECIONADOS PARA
OBTENÇÃO DO FVC.........................................................................73
FIGURA 9 – PREPARAÇÃO DA CÂMERA: A) POSICIONAMENTO DA
CÂMERA, B) NIVELAMENTO DA LENTE E C)
MARCAÇÃO NO CORPO DO TRIPÉ. ...............................................75
FIGURA 10 – “FOTO 1”, IMAGEM POSICIONADA EM RELAÇÃO AO
NORTE ...............................................................................................76
FIGURA 11 – “FOTO 2”, IMAGEM POSICIONADA EM RELAÇÃO AO
LESTE ................................................................................................76
FIGURA 12 – COMANDO PARA DEIXAR A IMAGEM COM FORMATO
QUADRADO E SEM DISTORÇÃO. ...................................................77
FIGURA 13 – INSERÇÃO DA IMAGEM 2 NO ARQUIVO DA IMAGEM 1 ................77
FIGURA 14 – SELEÇÃO DA ÁREA DE INTERESSE...............................................77
FIGURA 15 – CRIAÇÃO DE LAYER DE MÁSCARA SOB A SEGUNDA
CAMADA ............................................................................................78
FIGURA 16 – CORREÇÃO DE ALGUMA DISTORÇÃO...........................................78
FIGURA 17 – ÁREAS CORRIGIDAS ........................................................................79
FIGURA 18 – RESULTADO FINAL...........................................................................79
FIGURA 19 – CÂMERA NIKON COOLPIX 4500 COM LENTE OLHO DE
PEIXE FC-E8......................................................................................81
FIGURA 20 – PROCESSO DE RECORTE DA IMAGEM CIRCULAR ......................82
FIGURA 21 – RESULTADO DO RECORTE DA ÁREA DE CÉU..............................82
FIGURA 22 – IMPORTAÇÃO DA IMAGEM E CONTRASTE....................................83
FIGURA 23 – VISUALIZAÇÃO DO PROGRAMA RAYMAN .....................................84
FIGURA 24 – JANELA DE SAÍDA DE DADOS.........................................................84
FIGURA 25 – ESTAÇÃO METEOROLÓGICA HOBO (H21-001) .............................84
FIGURA 26 – ESTAÇÃO HOBO (H21-001) E TERMÔMETROS DE
GLOBO NO DETALHE.......................................................................87
FIGURA 27 – QUADRO RESUMO DAS AÇÕES DESENVOLVIDAS ......................94
FIGURA 28 – FOTO OLHO DE PEIXE COM CARTA SOLAR PARA OS
PONTOS 2 E 7 .................................................................................128
FIGURA 29 – FOTO OLHO DE PEIXE COM CARTA SOLAR PARA OS
PONTOS 10 E 3 ...............................................................................129
FIGURA 30 – FOTO OLHO DE PEIXE COM CARTA SOLAR PARA OS
PONTOS 13 E 2 ...............................................................................130
FIGURA 31 – FOTO OLHO DE PEIXE COM CARTA SOLAR PARA OS
PONTOS 4 E 9 .................................................................................130
FIGURA 32 – FOTO OLHO DE PEIXE COM CARTA SOLAR PARA OS
PONTOS 4 E 14 ...............................................................................131
FIGURA 33 – FOTO OLHO DE PEIXE COM CARTA SOLAR PARA OS
PONTOS 10 E 5 ...............................................................................132
FIGURA 34 – FOTO OLHO DE PEIXE COM CARTA SOLAR PARA OS
PONTOS 17 E 18 .............................................................................133
FIGURA 35 – FOTO OLHO DE PEIXE COM CARTA SOLAR PARA OS
PONTOS 6A E 2 ..............................................................................133
FIGURA 36 – FOTO OLHO DE PEIXE COM CARTA SOLAR PARA OS
PONTOS 3 E 7 .................................................................................134
FIGURA 37 – FOTO OLHO DE PEIXE COM CARTA SOLAR PARA OS
PONTOS 8 E 16 ...............................................................................135
FIGURA 38 – FATOR DE ACESSIBILIDADE SOLAR ............................................136
FIGURA 39 – FATOR DE ACESSIBILIDADE SOLAR DOS PONTOS
MONITORADOS ..............................................................................137
LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – PROJEÇÃO DE CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO


URBANA E RURAL ............................................................................18
GRÁFICO 2 – VARIAÇÃO DIURNA DO BALANÇO DE ENERGIA DE UM
CÂNION (N-S) EM RELAÇÃO A TRÊS SUPERFÍCIES
(FACHADA LESTE, PISO E COBERTURA) ......................................38
GRÁFICO 3 – VARIAÇÃO DIÁRIA DE TEMPERATURA DO AR E DAS
SUPERFÍCIES EM CÂNION E-W (PERÍODO DE VERÃO)...............40
GRÁFICO 4 – RELAÇÃO ENTRE FVC E POPULAÇÃO URBANA PARA
DIFERENTES REGIÕES ...................................................................49
GRÁFICO 5 – GRÁFICO DE DISPERSÃO ENTRE FVC COM ÂNGULO
DE ABERTURA DE 160° E DE 180°..................................................79
GRÁFICO 6 – RELAÇÃO ENTRE A DIFERENÇA DE TRM (PONTO 7 –
PONTO 2) E O ÍNDICE PMV ...........................................................110
GRÁFICO 7 – GRAU DE ESTRESSE FISIOLÓGICO EM VOTOS
PERCENTUAIS (09/01/2009)...........................................................111
GRÁFICO 8 – RELAÇÃO ENTRE A DIFERENÇA DE TRM (PONTO 6A –
PONTO 2) E O ÍNDICE PMV ...........................................................112
GRÁFICO 9 – GRAU DE ESTRESSE FISIOLÓGICO EM VOTOS
PERCENTUAIS (17/06/2009)...........................................................113
GRÁFICO 10 – GRÁFICO DE DISPERSÃO ENTRE FVC E TRM
NORMALIZADA – GRUPO 1 ...........................................................122
GRÁFICO 11 – GRÁFICO DE DISPERSÃO ENTRE FVC E TRM
NORMALIZADA – GRUPO 2 ...........................................................122
GRÁFICO 12 – GRÁFICO DE DISPERSÃO ENTRE FVC E TRM
NORMALIZADA – GRUPO 3 ...........................................................123
GRÁFICO 13 – GRÁFICO DE DISPERSÃO ENTRE FVC E ILHA DE
CALOR DIURNA ..............................................................................125
GRÁFICO 14 – GRÁFICO DE DISPERSÃO ENTRE FVC E ǻTRM-TA ........................125
GRÁFICO 15 – GRÁFICO DE DISPERSÃO ENTRE FVC E ILHA DE
CALOR DIURNA (DADOS AGRUPADOS) ......................................127
GRÁFICO 16 – GRÁFICO DE DISPERSÃO ENTRE FAS E ILHA DE
CALOR .............................................................................................141
GRÁFICO 17 – GRÁFICO DE DISPERSÃO ENTRE FAS E ǻTRM-TA ........................141
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – COMPARAÇÕES DE PARÂMETROS CLIMÁTICOS


ENTRE AMBIENTES CITADINO E RURAL .......................................32
TABELA 2 – VALORES DE PET CONSIDERANDO-SE DIVERSOS
CENÁRIOS.........................................................................................65
TABELA 3 – SENSAÇÃO TÉRMICA E NÍVEL DE ESTRESSE TÉRMICO
PARA OS ÍNDICES PMV E PET........................................................67
TABELA 4 – ERRO MÉDIO ENTRE OS VALORES DE FVC DE CADA
MÉTODO............................................................................................80
TABELA 5 – FAIXA DE PRECISÃO DOS INSTRUMENTOS SEGUNDO
A NORMA ISO 7726 (1998) ...............................................................86
TABELA 6 – CARACTERIZAÇÃO DOS PONTOS MONITORADOS .....................96
TABELA 7 – DIFERENÇAS DE FVC ENTRE OS PARES DE MEDIÇÃO ............100
TABELA 8 – CORRELAÇÕES ENTRE O PMV E AS VARIÁVEIS
CLIMÁTICAS ....................................................................................103
TABELA 9 – CORRELAÇÕES ENTRE O PET E AS VARIÁVEIS
CLIMÁTICAS ....................................................................................104
TABELA 10 – DIFERENÇAS DE FVC, TA E TRM ENTRE OS PARES DE
MEDIÇÃO.........................................................................................106
TABELA 11 – DIFERENÇAS PERCENTUAIS DE RADIAÇÃO SOLAR
INCIDENTE ENTRE OS PARES DE MEDIÇÃO ..............................108
TABELA 12 – GRAU DE ESTRESSE FISIOLÓGICO CALCULADO
RELATIVO AOS ÍNDICES PMV E PET (25/03/2009) ......................114
TABELA 13 – GRAU DE ESTRESSE FISIOLÓGICO CALCULADO
RELATIVO AOS ÍNDICES PMV E PET (01/04/2009) ......................115
TABELA 14 – GRAU DE ESTRESSE FISIOLÓGICO CALCULADO
RELATIVO AOS ÍNDICES PMV E PET (08/04/2009) ......................116
TABELA 15 – GRAU DE ESTRESSE FISIOLÓGICO CALCULADO
RELATIVO AOS ÍNDICES PMV E PET (03/06/2009) ......................117
TABELA 16 – GRAU DE ESTRESSE FISIOLÓGICO CALCULADO
RELATIVO AOS ÍNDICES PMV E PET (05/06/2009) ......................117
TABELA 17 – GRAU DE ESTRESSE FISIOLÓGICO CALCULADO
RELATIVO AOS ÍNDICES PMV E PET (09/06/2009) ......................118
TABELA 18 – GRAU DE ESTRESSE FISIOLÓGICO CALCULADO
RELATIVO AOS ÍNDICES PMV E PET (19/06/2009) ......................119
TABELA 19 – GRAU DE ESTRESSE FISIOLÓGICO CALCULADO
RELATIVO AOS ÍNDICES PMV E PET (13/07/2009) ......................119
TABELA 20 – VARIÁVEIS CLIMÁTICAS E TRM NORMALIZADA .........................121
TABELA 21 – FVC, ILHA DE CALOR E DIFERENÇAS DE
TEMPERATURA (ǻTRM-TA)................................................................124
TABELA 22 – FVCS AGRUPADOS E DIFERENÇAS DE TEMPERATURA
(ǻTRM-TA)............................................................................................126
TABELA 23 – RELAÇÃO ENTRE FAS, FVC, ILHA DE CALOR E ǻTRM-TA .............140
TABELA 24 – COEFICIENTES DE CORRELAÇÃO (R) OBTIDOS A
PARTIR DAS ANÁLISES DE REGRESSÃO SIMPLES E
MÚLTIPLA ........................................................................................141
TABELA 25 – MÉDIAS HORÁRIAS DE TA REGISTRADAS PELO INMET
(GRUPO 1) .......................................................................................158
TABELA 26 – FATORES DE NORMALIZAÇÃO (GRUPO 1) .................................158
TABELA 27 – DADOS NORMALIZADOS DE TRM (GRUPO 1) .............................159
TABELA 28 – MÉDIAS HORÁRIAS DE TA REGISTRADAS PELO INMET
(GRUPO 2) .......................................................................................159
TABELA 29 – FATORES DE NORMALIZAÇÃO (GRUPO 2) .................................160
TABELA 30 – DADOS NORMALIZADOS DE TRM (GRUPO 2) .............................160
TABELA 31 – MÉDIAS HORÁRIAS DE TA REGISTRADAS PELO INMET
(GRUPO 3) .......................................................................................161
TABELA 32 – FATORES DE NORMALIZAÇÃO (GRUPO 3) .................................161
TABELA 33 – DADOS NORMALIZADOS DE TRM (GRUPO 3),
RADIAÇÃO MAIOR QUE 2000 W/M²...............................................162
TABELA 34 – DADOS NORMALIZADOS DE TRM (GRUPO 3),
RADIAÇÃO ENTRE 400 W/M² E 2000 W/M²...................................162
TABELA 35 – DADOS NORMALIZADOS DE TRM (GRUPO 3),
RADIAÇÃO MENOR QUE 400 W/M² ...............................................163
LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – SISTEMA CLIMA URBANO (S.C.U.)..................................................27


QUADRO 2 – CATEGORIAS TAXONÔMICAS DO CLIMA URBANO ......................28
QUADRO 3 – DESCRIÇÃO DOS COMPONENTES DA EQUAÇÃO DE
BALANÇO ENERGÉTICO..................................................................36
QUADRO 4 – LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS..........................................................73
QUADRO 5 – INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO .......................................................85
QUADRO 6 – INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO ACOPLADOS NOS
GLOBOS DE COBRE.........................................................................86
QUADRO 7 – PARES E DATAS DE MEDIÇÃO .......................................................88
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ASHRAE – American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning


Engineering
FAS – Fator de Acessibilidade Solar
FVC – Fator de Visão do Céu
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INMET – Instituto Nacional de Meteorologia
IPCC – Intergovernmental Panel of Climate Change
ISO – International Organization for Standardization
PET – Physiological Equivalent Temperature (Temperatura Fisiológica
Equivalente)
PMV – Predicted Mean Vote (Voto Médio Estimado)
TRY – Test Reference Year (Ano Climático de Referência)
UBL – Urban Boundary Layer (Camada Limite Urbana)
UCL – Urban Canopy Layer (Camada Intra-Urbana)
UHI – Urban Heat Island (Ilha de Calor)
ǻTu-r – Intensidade da ilha de calor
LISTA DE SÍMBOLOS

Símbolo Conceito Unidade


Ψs – Fator de Visão do Céu Adimensional
C – Perdas de calor sensível pela pele por convecção W/m²
Cres – Taxa de perda de calor convectivo na respiração W/m²
Taxa de calor perdido por evaporação da água de
Edif – W/m²
difusão
Eres – Taxa de perda de calor evaporativo na respiração W/m²
Ersw – Taxa de calor perdido por evaporação da transpiração W/m²
Ig – Radiação Solar Global Incidente W/m²
K – Graus kelvin K
M – Taxa metabólica W/m²
Qres – Taxa total de calor perdido pela respiração W/m²
Qsk – Taxa total de calor perdido pela pele W/m²
R – Perdas de calor sensível pela pele por radiação W/m²
S – Taxa de calor armazenada no corpo W/m²
T – Temperatura Celsius °C
Ta – Temperatura do ar °C
Tg – Temperatura de globo °C
Trm – Temperatura radiante média °C
Ts – Temperatura de superfície °C
UR – Umidade relativa %
v – Velocidade do ar m/s
Va – Velocidade do ar ao nível do globo m/s
VP – Vapor Pressure (pressão de vapor de água) hPa
W – Taxa de trabalho mecânico realizado W/m²
LISTA DE EQUAÇÕES

EQUAÇÃO 1 – EQUAÇÃO DE BALANÇO ENERGÉTICO......................... 36


EQUAÇÃO 2 – EQUAÇÃO DE BALANÇO TÉRMICO DO CORPO
HUMANO............................................................................ 58
EQUAÇÃO 3 – EQUAÇÃO DA TAXA TOTAL DE CALOR PERDIDO
PELA PELE......................................................................... 58
EQUAÇÃO 4 – EQUAÇÃO DA TAXA TOTAL DE CALOR PERDIDO
PELA RESPIRAÇÃO.......................................................... 58
EQUAÇÃO 5 – EQUAÇÃO DE CÁLCULO DA TRM EM CASO DE
CONVECÇÃO NATURAL................................................... 60
EQUAÇÃO 6 – EQUAÇÃO DE CÁLCULO DA TRM EM CASO DE
CONVECÇÃO FORÇADA................................................... 60
EQUAÇÃO 7 – EQUAÇÃO DE PORCENTAGEM DE VARIAÇÃO DE
RADIAÇÃO SOLAR INCIDENTE ENTRE OS PARES
MONITORADOS................................................................. 90
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................18

2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................25


2.1 ASPECTOS CLIMÁTICOS DO AMBIENTE URBANO .....................................25
2.1.1 Clima Urbano................................................................................................25
2.1.1.1 Escalas meteorológicas................................................................................29
2.1.2 Ilhas de Calor Urbanas .................................................................................31
2.1.3 Cânions Urbanos ..........................................................................................35
2.1.3.1 Balanço energético em cânions urbanos .....................................................36
2.1.3.2 Temperatura do ar em cânions urbanos ......................................................38
2.1.3.3 Fluxo do ar em cânions urbanos ..................................................................40
2.1.3.4 Acesso solar .................................................................................................43
2.1.3.5 Efeitos da vegetação e do albedo ................................................................45
2.1.4 Fator de visão do céu (Ψs)............................................................................48
2.1.5 Métodos de obtenção do fator de visão do céu............................................51
2.2 CONFORTO TÉRMICO EM ESPAÇOS EXTERNOS ......................................55
2.2.1 Mecanismos de termorregulação.................................................................56
2.2.2 Balanço térmico do corpo humano ..............................................................58
2.2.3 As variáveis humanas de conforto térmico ..................................................60
2.2.4 Índices de conforto térmico..........................................................................62
2.2.4.1 Voto Médio Estimado (PMV) ........................................................................63
2.2.4.2 Temperatura Fisiológica Equivalente (PET).................................................64
3 METODOLOGIA.................................................................................................68
3.1 CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA DA ÁREA DE ESTUDO ..............................68
3.2 DETERMINAÇÃO DOS PONTOS DE MEDIÇÃO ............................................71
3.2.1 Obtenção de fotos olho de peixe .................................................................74
3.2.1.1 Metodologia para obtenção de fotos olho de peixe .....................................75
3.2.1.2 Fusão de Imagens em programa de edição de imagem .............................76
3.2.2 Cálculo do FVC no programa Rayman ........................................................81
3.3 MONITORAMENTO DAS VARIÁVEIS CLIMÁTICAS.......................................84
3.4 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS
CLIMÁTICAS E O FVC.....................................................................................89
3.5 PROCEDIMENTO PARA ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE A RADIAÇÃO
SOLAR E O FVC ..............................................................................................92
3.6 PROCEDIMENTO PARA OBTENÇÃO DO FATOR DE ACESSIBILIDADE
SOLAR (FAS) ...................................................................................................92
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................95
4.1 DETERMINAÇÃO DOS PONTOS E PARES DE MEDIÇÃO............................95
4.2 ANÁLISES DA RELAÇÃO ENTRE AS VÁRIAVEIS CLIMÁTICAS E O FVC .102
4.2.1 Análises de correlações entre os índices de conforto e as variáveis climáticas
......................................................................................................................102
4.2.2 Análise dos pares de medição .....................................................................105
4.2.3 Análise de dias comparáveis........................................................................108
4.2.4 Análise do nível de conforto calculado.........................................................114
4.2.5 Análise de dados normalizados ...................................................................120
4.2.6 Análise da relação entre FVC, ilha de calor diurna e diferenças de
temperatura................. .................................................................................124
4.3 RELAÇÃO ENTRE A RADIAÇÃO SOLAR E O FVC......................................127
4.4 FATOR DE ACESSIBILIDADE SOLAR (FAS)................................................135
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................142

REFERÊNCIAS.......................................................................................................146

APÊNDICE A: Procedimento para obtenção dos dados de Trm normalizada .158


18

1 INTRODUÇÃO

O planejamento urbano está relacionado à organização espacial e à


configuração da malha urbana. A climatologia urbana foca no clima específico
decorrente do processo de urbanização que “produz alterações radicais na natureza
da superfície e nas propriedades atmosféricas de um dado local” (OKE, 1978, p.
240). O objeto comum a estas bases é a cidade, enquanto o objetivo comum é a
qualidade de vida por meio da qualidade dos espaços citadinos. A abordagem
interdisciplinar dos critérios de planejamento urbano e de conforto ambiental é uma
das premissas do urbanismo bioclimático. O presente estudo está em consonância
com essa perspectiva, na medida em que busca avaliar a influência de aspectos da
geometria urbana sobre os níveis de conforto térmico em ruas de pedestres de
Curitiba.
A paisagem das cidades vem sendo pontuada por mudanças no espaço
construído e no meio natural devido ao acelerado crescimento urbano. O fenômeno
da urbanização é, talvez, a conseqüência mais concreta de todo o desenvolvimento
progressivo da ciência e da tecnologia, desde a Revolução Industrial. Segundo
dados das Nações Unidas (2008), em 2050, a população urbana mundial aumentará
em duas vezes o valor da população referente a 2007, passando de 3,3 bilhões para
6,4 bilhões (Gráfico 1).

Gráfico 1 – Projeção de crescimento da população urbana e rural


Fonte: Adaptado de Nações Unidas (2008)
19

Este crescimento populacional será absorvido principalmente pelos


países em desenvolvimento, cuja população passará de 2,4 bilhões em 2007, para
5,3 bilhões em 2050, enquanto em países desenvolvidos, a população passará de
0,9 bilhão para 1,1 bilhão (NAÇÕES UNIDAS, 2008).
No Brasil, atualmente mais de 80% da população vivem em áreas
urbanas, e em 2050 esse contingente será de 93,6% (NAÇÕES UNIDAS, 2008).
O crescimento das cidades está diretamente relacionado ao aumento
populacional, apoiado pela concentração de atividades econômicas, juntamente
com uma política conduzida por esse viés. No entanto, crescimento nem sempre
está atrelado à questão de desenvolvimento (JOHANSSON, 2006). Segundo a
UNESCO (2007), a expansão urbana descontrolada pode acarretar em grandes
volumes de tráfego, intensas concentrações de atividades industriais, sobrecargas
ambientais com a poluição do ar, da água e dos solos, deficiência nos sistemas de
abastecimento de água e energia, pode inflacionar os mercados imobiliários, além
de reforçar a pobreza absoluta e as tensões sociais. Dumke (2007, p. 63)
acrescenta que, além da pressão sobre a infra-estrutura existente, há a questão das
“relações entre o ambiente construído, os homens e o clima em suas diversas
escalas e níveis”.
Em escala global, do ponto de vista ambiental, a mais preocupante
conseqüência das correntes intervenções humanas no meio natural é o aumento da
temperatura média das superfícies que compõem o planeta. Conforme relatório do
Intergovernmental Panel of Climate Change - IPCC (2007, p. 15), há 90% de certeza
que as elevações de temperatura decorram do “aumento observado nas
concentrações antrópicas de gases de efeito estufa".
Há evidências de que o aquecimento global, com médias de elevação de
temperatura de 0,4 a 0,8 °C venha ocorrendo desde o século XIX
(INTERGOVERNMENTAL..., 2007). Os últimos anos foram especialmente quentes.
A onda de calor ocorrida na Europa, em agosto de 2003, resultou em um aumento
de temperatura de até 6 °C em algumas regiões, sendo relatada a morte de pelo
menos 35.000 pessoas (ENDLICHER et al., 2008). Concomitante a este fato,
segundo Folland et al. (2001), durante o século XX, o nível dos mares aumentou de
10 a 20 cm, sendo percebida (em geral) uma retração das calotas polares.
Alterações nos padrões de chuvas também são percebidas ao longo do século XX,
com um aumento de 2 a 12%, dependendo da localidade (FOLLAND et al., 2001),
20

ocasionando episódios de enchentes. Flannery (2007) relata que, na década de 60,


aproximadamente 7 milhões de pessoas sofriam as conseqüências das enchentes,
e atualmente, este número chega a 150 milhões. Este autor também cita que, dentre
as conseqüências do aquecimento global para a flora e a fauna, incluem-se as
extinções de diversas espécies e as migrações dos animais em série.
Para Solomon et al. (2009), a gravidade das ações humanas nas
mudanças climáticas deve ser considerada não só pela magnitude destas
mudanças, mas também pela capacidade de reversibilidade. Conforme o IPCC
(2007, p. 23), “o aquecimento antrópico e a elevação do nível do mar continuariam
durante séculos em razão das escalas de tempo associadas aos processos
climáticos e realimentações, mesmo que as concentrações de gases de efeito
estufa se estabilizassem.”
Segundo Assis (2007), as cidades, devido à quantidade de energia que
utilizam, constituem as maiores fontes indiretas de gases causadores do efeito
estufa. Em escala reduzida, as alterações climáticas são percebidas, em maior ou
menor grau, pelas ilhas de calor, ou seja, pelas diferenças de temperatura entre os
centros mais adensados e seus arredores. Em geral, a configuração espacial das
áreas mais adensadas é marcada por edificações implantadas ao longo do eixo das
ruas1, compondo o denominado cânion urbano, termo definido por Oke (1978). Os
cânions urbanos são representados pela relação entre a altura das edificações (H) e
a largura da rua (W).
Nestas situações, as mudanças microclimáticas decorrentes das
alterações nos balanços energético, hídrico e térmico e nos fluxos aerodinâmicos do
ambiente urbano são ainda mais perceptíveis. As alterações no balanço de radiação
referem-se ao decréscimo de radiação recebida em zonas sombreadas, ao aumento
da radiação solar recebida e refletida internamente em cânions urbanos, à captação
e armazenamento de calor pelos materiais de construção e à redução da radiação
de onda longa emitida pela área urbana para a atmosfera devido às obstruções
locais (OKE, 1978, SOUZA; RODRIGUES; MENDES, 2003). Em relação a estas
obstruções, a quantidade de céu visível de um determinado ponto, ou seja, o céu
disponível para a dispersão de energia térmica pode ser determinado pelo fator de
visão do céu (FVC).

1
Suga (2005, p. 19) observa que “a busca constante pela exacerbação dos limites técnicos” refletiu na
Arquitetura, de modo que foi possível a “construção de edificações eminentemente verticais”.
21

Por conseguinte, a forma dos cânions afeta tanto o conforto interno como
o conforto externo às edificações. Nem sempre a criação dos cânions urbanos afeta
negativamente as condições climáticas. Johansson (2006) argumenta que, em
climas quentes e secos, os cânions, ao proporcionarem sombra, asseguram o
conforto térmico de pedestres, fato que demonstra a importância da forma urbana.
Sob o aspecto climatológico, Ali-Toudert (2005) afirma que, basicamente, a principal
dificuldade em estabelecer o desenho das ruas é o conflito de necessidades em
épocas variadas do ano, como fornecer a proteção adequada no verão e garantir o
acesso solar no inverno. E acrescenta que isto implica em uma menor ou maior
abertura para o céu, respectivamente.
Souza et al. (2008) citam que é preciso estabelecer um limite máximo
quanto à diminuição do fator de visão do céu, sem que haja intensificação da ilha de
calor, aproveitando a própria massa construída das edificações para prover
sombreamento nas áreas de pedestres.
Nos espaços abertos, o conforto térmico está relacionado com as
atividades humanas, refletindo nos aspectos sociais e econômicos das cidades. Em
outras palavras, os espaços públicos são espaços de circulação, socialização, até
mesmo contemplação, sendo o comércio de rua dependente do fluxo de pessoas.
Assim, quanto mais confortável o ambiente externo, maior a chance dos transeuntes
permanecerem nestes locais.
Sabe-se que o desenho urbano pode ser concebido de maneira a
promover condições climáticas favoráveis. Porém, de maneira geral, o que se
percebe nas áreas urbanas são inadequações climáticas em decorrência das
tendências de aquecimento (fenômeno relacionado à ilha de calor). Para Johansson
(2006), a principal causa desta deterioração é devido ao microclima urbano e ao
conforto térmico em espaços abertos terem importância secundária nos processos
projetuais e de planejamento urbano. Há, inclusive, diferenças nas demandas de
informações requeridas entre climatologistas e planejadores. Enquanto arquitetos e
urbanistas focam nas condições diurnas, por ser o período principal das atividades
humanas, existe, por parte dos climatologistas, uma tradição de estudos em
períodos noturnos, especialmente os estudos em ilhas de calor (SVENSSON, 2004;
ELIASSON, 2002). Outro fator que limita o uso de dados do ambiente térmico para
fins de planejamento urbano, conforme Souza (2007), é a dificuldade de se obter
uma correlação entre valores de fator de visão do céu e temperatura do ar.
22

Ali-Toudert (2005) ressalta que os estudos em conforto térmico em


espaços abertos irão aumentar a conexão desejável entre o campo da climatologia
urbana e do planejamento urbano. Segundo Dumke (2007, p. 23), “o estudo do
conforto ambiental por si só requer o tratamento multidisciplinar (biologia, ecologia,
climatologia e meteorologia, arquitetura, geografia, fisiologia humana, ciências
térmicas, energia etc.).”
Um exemplo da falta de integração entre o discurso e a prática pode ser
observado na legislação urbana da maioria das cidades brasileiras, incluindo a
legislação da cidade de Curitiba.
Atualmente, fala-se muito na revitalização dos espaços públicos. Por
meio de Parcerias Público-Privadas, a prefeitura de Curitiba revitalizou, no ano de
2009, a Praça Generoso Marques. Além deste, outros espaços públicos passam por
este processo, como o Jardim Botânico, a Praça da Polônia e a Praça Odilon Meder
(ALMEIDA, 2009). No entanto, esses projetos englobam apenas a esfera sócio-
econômica, pois não há na legislação urbana dispositivos legais relativos ao
conforto térmico em espaços externos.
Os espaços públicos abertos representados pelas praças, parques, ruas
e ruas de pedestres são locais que concentram um grande número de pessoas,
principalmente no período diurno. Em especial, as ruas de pedestres são, muitas
vezes, os eixos comerciais dos centros urbanos. Assim, é preciso o entendimento
das conseqüências da configuração urbana para as condições microclimáticas, para
que, por meio de posturas relativas à verticalização das cidades, possa ser
assegurado o conforto térmico humano, pelo menos em parte.
Desta maneira, considerando os atributos da forma urbana, esta pesquisa
busca responder a seguinte pergunta: qual a relação entre a geometria urbana e o
conforto térmico em ruas de pedestres de Curitiba?
Parte-se do pressuposto de que, no período diurno, em espaços mais
abertos, os valores de temperatura do ar (Ta) e de temperatura radiante média
(Trm) sejam proporcionalmente mais elevados do que em locais mais obstruídos,
devido à maior exposição das superfícies à radiação solar. Esta condição pode ser
favorável no inverno, mas pode exercer efeito negativo em dias com temperaturas
elevadas.
Escolheu-se o fator de visão do céu como indicador da complexa
geometria urbana. Os índices de conforto térmico Voto Médio Estimado (PMV) e
23

Temperatura Fisiológica Equivalente (PET) são utilizados para representar os níveis


de conforto térmico. O calçadão da Rua XV de Novembro, situado na cidade de
Curitiba, e outros espaços públicos no entorno desta via, são locais deste estudo.
O objetivo geral é avaliar a influência da geometria urbana sobre os níveis
de conforto térmico em ruas de pedestres de Curitiba.
Os objetivos específicos desta pesquisa são:
ƒ analisar as conseqüências da verticalização das estruturas urbanas em
relação aos fatores supracitados: criação de um microclima e conforto
térmico de pedestres;
ƒ comparar a relação entre o fator de visão do céu e a variável temperatura
radiante média por pontos selecionados;
ƒ comparar os índices de conforto térmico Voto Médio Estimado e
Temperatura Fisiológica Equivalente entre si, a partir dos monitoramentos
realizados.
A dissertação foi estruturada em cinco capítulos.
No Capítulo 2, é apresentado o referencial teórico, no qual está
embasada toda a pesquisa. O capítulo está dividido em duas seções. Na primeira
seção, intitulada “Aspectos climáticos do ambiente urbano”, são apresentados os
conceitos de ilha de calor e de escalas meteorológicas, estas últimas necessárias
para situar e delimitar a pesquisa. Na seqüência, é abordada a questão dos efeitos
dos cânions urbanos no microclima e apresentado o fator de visão do céu como
indicador da geometria urbana irregular. Na segunda seção, denominada “Conforto
térmico em espaços externos”, são apresentados os conceitos de conforto térmico e
das variáveis humanas que influenciam no grau de estresse fisiológico, como
aclimatação, metabolismo, vestimenta. São descritos, também, os índices de
conforto utilizados neste estudo e que servirão de parâmetro para estabelecer a
influência do FVC sobre os níveis de conforto térmico.
No Capítulo 3, é apresentada a metodologia e as ações desenvolvidas
para a realização da pesquisa.
No Capítulo 4, são auferidos os resultados por meio da análise de
correlações entre os índices e as variáveis climáticas; análise dos pares de medição;
análise de dias comparáveis; análise de conforto calculado; análise de dados
normalizados e análise da relação entre FVC, ilha de calor diurna, e diferenças de
temperatura entre a Trm obtida por meio das medições e a Ta registrada pela
24

estação meteorológica de referência. Analisa-se, também, a relação entre a


radiação solar e o FVC, por meio da sobreposição da carta solar na foto olho de
peixe. Ao final, apresenta-se o fator de acessibilidades solar (FAS).
No Capítulo 5, são expressas as considerações finais acerca dos
resultados obtidos e das limitações encontradas. Adicionalmente, são feitas
sugestões para futuras pesquisas.
25

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A condição de conforto térmico é decorrente da combinação de


parâmetros climáticos e fatores pessoais. Desta forma, este capítulo está dividido
em duas seções. A primeira seção busca revisar alguns dos conceitos mais
relevantes para a climatologia urbana, notadamente para o ambiente urbano. A
segunda seção é relativa à definição de conforto térmico e das variáveis humanas
(atividade, vestimenta, aclimatação, forma e volume do corpo, etc.). São abordados,
também, os índices de conforto térmico utilizados neste estudo, o Voto Médio
Estimado (PMV) e a Temperatura Fisiológica Equivalente (PET).

2.1 ASPECTOS CLIMÁTICOS DO AMBIENTE URBANO

Nesta seção faz-se uma breve revisão sobre o início dos estudos em
clima urbano e apresentam-se os conceitos de escalas meteorológicas, ilha de calor
e cânion urbano. Em seguida, analisam-se, por meio de referencial teórico, os
efeitos dos cânions urbanos no balanço energético, na temperatura do ar, nos fluxos
de vento, no acesso solar, na vegetação e no albedo2. É apresentado, também, o
fator de visão do céu como parâmetro adimensional que melhor representa os
diversos perfis verticais3 contidos na malha urbana.

2.1.1 Clima Urbano

Olgyay (1998) relata que, para o Homem, controlar o meio físico e criar
condições adequadas ao desenvolvimento das atividades humanas sempre foram
questões inerentes à idéia de habitar. De fato, as civilizações gregas e romanas já
consideravam os aspectos climáticos para configurar suas cidades. Conforme
Loewen (2002), o arquiteto romano Vitrúvio no tratado intitulado De Architectura Libri

2
O termo albedo pode ser definido pela razão entre a quantidade de radiação refletida e a quantidade
total de radiação incidente, estando relacionado, portanto, com as características de reflexão solar
de um dado local.
3
Nesse caso, “perfis verticais” referem-se às alturas das edificações.
26

Decem (século I a.C) e, posteriormente, Alberti no tratado De Re Aedificatoria


demonstram como as preocupações com as condições climáticas e com a
salubridade das cidades deveriam ser aplicadas na prática do planejamento urbano.
Segundo a autora, para estes arquitetos “o reconhecimento dos fatores ambientais e
das normas higiênicas fundamentais não é fruto de um hedonismo estéril, mas
possui uma finalidade precisa, a do assentamento humano” (LOEWEN, 2002, p.
42).
O clima urbano é definido por Monteiro (2003, p. 19) como “um sistema
que abrange o clima de um dado espaço terrestre e sua urbanização”. Para Andrade
(2005, p. 70), o clima urbano resulta das interações entre “os fatores urbanos com o
clima regional e com o meio físico pré-existentes”.
De acordo com Landsberg (1981), o estudo sistemático sobre o clima
urbano teve início somente a partir da segunda metade do século XIX, mais
especificamente em 1818, com o estudo de Luke Howard sobre a diferença de
temperatura da cidade de Londres em relação aos seus arredores. Em 1855,
Emilien Renou realizou um trabalho pioneiro sobre a questão da temperatura e
ventilação da cidade de Paris. Segundo Assis (2005), estudos como esse
multiplicaram-se pela França e Alemanha, em decorrência da expansão das redes
de observação meteorológica. Alcoforado (1999) relata que, posteriormente, em
países como Alemanha, Áustria e Suíça, os investigadores começaram a perceber a
limitação das estações meteorológicas, que são representativas apenas para
determinadas localidades. Assim, devido à emergência da micro-meteorologia nos
anos 30, introduziu-se a técnica de transectos móveis (ASSIS, 2005).
Segundo Alcoforado (1999), o primeiro manual de climatologia urbana foi
publicado em 1937 na Alemanha. A autora cita que, em conseqüência da 2ª Guerra
Mundial e do incremento da industrialização, as pesquisas climatológicas
multiplicaram-se, a partir daí, pela América do Norte e Japão. Após este período, os
estudos passaram a concentrar-se na "distribuição horizontal de vários elementos
climáticos", especialmente a temperatura, "a sua relação com o uso do solo, com a
dimensão da cidade, com o tipo de tempo e a sua influência no gradiente térmico
vertical" (ALCOFORADO, 1999, p. 84).
27

Os estudos climatológicos ganharam ênfase na década de 70, diante dos


graves problemas ambientais. Neste período, Monteiro (19764, citado por
MONTEIRO, 2003), na proposta teórico-metodológica intitulada Sistema Clima
Urbano (SCU), sugere uma análise sistêmica do clima. Para isso, o autor propõe
três subsistemas: (1) Termodinâmico, (2) Químico e (3) Hidrometeórico, sendo estes
relacionados com os canais de percepção humana: conforto térmico, qualidade do
ar e impacto meteórico, respectivamente (Quadro 1).

Subsistemas Termodinâmico Físico-Químico Hidrometeórico


Canais Conforto térmico Qualidade do ar Impacto meteórico
Atividade urbana
Atmosfera estados
Atmosfera Radiação Veículos Auto-motores
Fonte especiais (desvios
circulação horizontal Indústrias obras-
rítmicos)
Limpas
Intercâmbio de De operando ao Do operador ao
Transito no Sistema
operador e operando operados operando
Mecanismos de Transformação no Difusão através do Concentração no
ação sistema sistema sistema
Interação
Do núcleo ao
Projeção Núcleo Do ambiente ao núcleo
ambiente
Ambiente
Cumulativo
Desenvolvimento Contínuo (permanente) Episódio (eventual)
(renovável)
Meteorológica
Meteorológica espacial Sanitária e
Observação hidrológica
(T. de campo) meteorológica especial
(T. de campo)
Correlações Bioclimatologia
Engenharia sanitária e
disciplinarese Arquitetura Engenharia sanitária
infra-estrutura urbana
tecnológicas Urbanismo
“Ilha de Calor”
Ventilação Ataques à integridade
Produtos Poluição do ar
Aumento de urbana
precipitação
Desconforto e redução Problemas sanitários Problemas de
Efeitos diretos do desempenho Doenças respiratórias, circulação e
humano oftalmológicas etc. comunicação urbana
Aperfeiçoamento da
Controle do uso do solo Vigilância e controle
Reciclagem infra estrutura urbana
Tecnologia de conforto dos agentes de
adaptativa e regularização fluvial.
habitacional poluição
Uso do solo.
Responsabilidade Natureza e Homem Homem Natureza

Quadro 1 – Sistema Clima Urbano (S.C.U.)


Fonte: Monteiro (2003, p. 46)

4
MONTEIRO, Carlos Augusto F. Teoria e Clima Urbano. IGEOG-USP, Série Teses e Monografias,
n. 25, São Paulo: USP, 1976. 181p.
28

Monteiro (2003, p. 28) ainda relaciona as “unidades climáticas com as


ordens de grandeza taxonômicas das formas e com as unidades (graus) de
urbanização”, conforme Quadro 2.

Escalas
cartográficas de Estratégias de abordagem
Espaços Espaços
tratamento
climáticos urbanos
Unidades de Meios de Fatores de Técnicas de
superfícies observação organização análises
1:45.000.000 Latitudes
Caracterização
1:10.000.000 Zonal Satélites Centros de
- geral
Nefanálises ação
(milhões de Km) comparativa
atmosférica
1:5.000.000 Cartas Sistemas
1:2.000.000 sinóticas meteorológicos Rede
Regional -
Sondagens (Circulação transectos
(milhões de Km)
aerológicas secundária)
1:1.000.000
Sub- Megalópole Rede
1:5.000.000 Fatores Mapeamento
Regional Grande área meteorológica
(centenas de geográficos sistemático
(fácies) metropolitana de superfície
Km)
1:250.000 Posto
Área Integração
1:100.000 meteorológico Análise
Local metropolitana geológica
Rede espacial
(dezenas de Km) Metrópole Ação antrópica
Complementar
1:50.000 Cidade
Registros
1:25.000 grande bairro
Mesoclima móveis Urbanismo
(centenas de ou subúrbio
(Episódios)
Km) de metrópole
1:10.000 Pequena
1:5.000 cidade
Fácies de
Topoclima (Detalhe) Arquitetura
Dezenas de bairro/ Especiais
metros subúrbio de
cidade
1:2.000 Grande
edificação Baterias de
Microclima Habitação instrumentos Habitação
Metros Setor de especiais
habitação

Quadro 2 – Categorias Taxonômicas do Clima Urbano


Fonte: Adaptado de Monteiro (2003)

O presente estudo trata dos níveis de conforto térmico em ruas de


pedestre de Curitiba e relaciona-se, portanto, com o subsistema Termodinâmico,
sendo o espaço climático referente ao microclima. As escalas meteorológicas são
definidas a seguir.
29

2.1.1.1 Escalas meteorológicas

A conceituação das diferentes escalas meteorológicas é essencial para o


entendimento do processo no qual “os elementos da superfície urbana interagem
com as camadas atmosféricas adjacentes” (ARNFIELD, 2003, p. 2). Embora os
fenômenos atmosféricos sejam parte de um processo contínuo (OKE, 1978), sendo,
portanto, a divisão destes em categoriais espaciais “sempre arbitrárias e artificiais”
(ANDRADE, 2005, p. 71), a distinção das escalas permite a diferenciação dos
processos atmosféricos, possibilitando a delimitação do objeto de estudo por parte
do pesquisador.
É atribuída a Orlanski (1975) a diferenciação da dinâmica atmosférica
quanto à escala espacial e temporal, classificada como: macroclima, mesoclima e
microclima. Em relação aos níveis de informações climáticas obtidas nesta divisão,
Mascaró (1996, p.37) coloca da seguinte forma:

Os dados macroclimáticos são obtidos nas estações meteorológicas e


descrevem o clima geral de uma região, dando detalhes de insolação,
nebulosidade, precipitações, temperatura, umidade e ventos. Os dados
mesoclimáticos, nem sempre de fácil obtenção, informam as modificações
do macroclima provocadas pela topografia local como vales, montanhas,
grandes massas de água, vegetação ou tipo de coberturas de terreno como,
por exemplo, salitreiras. No microclima são levados em consideração os
efeitos das ações humanas sobre o entorno, assim como a influência que
estas modificações exercem sobre a ambiência dos edifícios.

Para Oke (2006) as três escalas horizontais de interesse na área urbana


são (Ver Figura 1): (1) mesoescala, que corresponde à influência integrada da
cidade no clima urbano, abrangendo dezenas de quilômetros de extensão, (2)
escala local, que inclui os efeitos climáticos decorrentes da forma da paisagem, tal
como a topografia, mas exclui os efeitos microclimáticos (superfícies de cobertura,
tamanho e espaçamento dos edifícios, etc.), variando de um para vários
quilômetros, (3) microescala, escala típica do microclima urbano, está relacionada
com as dimensões individuais dos elementos urbanos (edifícios, árvores, estradas,
ruas, pátios, jardins, etc.), podendo variar de um metro a centenas de metros.
Em relação às escalas verticais, Oke (1978) propôs a estratificação da
camada atmosférica urbana (tipicamente abaixo dos 300m) em:
30

ƒ Urban Boundary Layer (UBL) – Camada Limite Urbana: ocorre acima do


nível médio das coberturas das edificações, sendo produzida pelos
processos que ocorrem na mesoescala, entre a atmosfera e o espaço
urbano (cidade).
ƒ Urban Canopy Layer (UCL) – Camada Intra-Urbana: compreende a
camada estratificada entre o solo e o nível médio das coberturas das
edificações, sendo produzida pelos processos que ocorrem na
microescala, entre a atmosfera e os elementos urbanos (cânions).

A camada imediatamente abaixo da UBL é chamada de sub-camada


rugosa (roughness sublayer), sendo seu fluxo dependente da rugosidade de
elementos individuais (ARNFIELD, 2003).

Figura 1 – Escalas climáticas


Fonte: Adaptado de Oke (2006)

Desta forma, para o planejamento das cidades sob o aspecto bioclimático


é fundamental o entendimento das alterações que ocorrem na camada intra-urbana,
sendo a ilha de calor, uma das manifestações mais significativas do clima urbano.
31

2.1.2 Ilhas de Calor Urbanas

A malha urbana é formada por agrupamentos de edificações, sendo o


uso do solo diferenciado por áreas mais adensadas do que outras. As diferentes
situações urbanas, somadas às fontes de calor antropogênico, geram um mosaico
de microclimas. Devido às alterações térmicas nas zonas mais adensadas, percebe-
se um aumento da temperatura do ar (Ta) em relação às áreas rurais circundantes,
fenômeno chamado de ilha de calor (urban heat island - UHI). De acordo com
Landsberg (1981), a ilha de calor é o fenômeno climático mais óbvio da urbanização
e, segundo Oke (1978), é o fenômeno de modificação climática mais bem
documentado.
O alcance vertical da ilha de calor é de três a cinco vezes a altura média
das edificações, altura próxima a abóbada urbana (GIVONI, 1998). A máxima
diferença de temperatura entre a área urbana e a área rural é chamada de
intensidade da ilha de calor (ǻTu-r). Conforme Givoni (1998), em relação a estas
áreas, são comuns diferenças de temperatura do ar entre 3 a 5 °C, porém também
são observados valores entre 8 a 10 °C. Já em relação aos centros urbanos e seu
entorno, as diferenças de temperatura do ar podem ser de 1 a 2 °C.
O fenômeno da ilha de calor é mais visível no período noturno com
ausência de ventos fortes. Erell e Williamson (2007) realizaram um estudo em
Adelaide (34° S), Austrália, e, ao compararem dados de dois cânions urbanos
adjacentes com dados de duas estações meteorológicas, durante 134 dias
(abrangendo os meses de maio, junho, novembro, janeiro e março), relataram que,
no período noturno, a intensidade da ilha de calor foi de 6 a 8 °C, enquanto no
período diurno, os valores variaram de 3 a 4 °C. Em relação à velocidade do vento,
-1
quando esta era maior que 2 ms , a ǻTu-r raramente chegava a 2 °C, mas quando a
velocidade estava abaixo deste limiar, a intensidade da ilha de calor era de 5 a 6 °C.
Givoni (1998) cita os seguintes fatores que afetam a temperatura do ar,
principalmente ao nível do solo, contribuindo com a formação das UHI:
ƒ diferença no balanço de radiação entre a área urbana e a área rural;
ƒ armazenamento de energia solar pela massa construída e liberação deste
calor no período noturno;
ƒ liberação de calor antropogênico;
32

ƒ baixa evaporação do solo e da vegetação nas áreas construídas em


relação às áreas rurais;
ƒ fontes de calor sazonais, representadas pelo aquecimento das
edificações no inverno e uso de ar condicionado no verão que, pelo
processo de feedback, devolvem o ar aquecido para a atmosfera urbana.
As variáveis ambientais, como a nebulosidade, a velocidade do vento e a
umidade específica, também influem na intensidade da ilha de calor. No entanto,
Givoni (1998) ressalta que, do ponto de vista de desenho urbano, os fatores de
interesse são aqueles que podem ser controlados pelas ações humanas, como o
albedo, a presença e distribuição de vegetação urbana, a densidade das áreas
construídas, as tipologias de edificações e as orientações das ruas.
Em oposição à ilha de calor, o fenômeno da ilha de frescor ocorre quando
a temperatura das áreas mais adensadas é menor que nas áreas mais abertas,
ocorrendo preferencialmente em dias de sol, sem nebulosidade, e associado a
ventos fracos (ERELL; WILLIAMSON, 2007).
A Tabela 1, “elaborada para o caso de clima temperado”, apresenta as
alterações dos parâmetros climáticos (valores médios) decorrentes do processo de
urbanização, e “que podem variar significativamente conforme as condições locais e
as variações climáticas” (DUMKE, 2007, p. 112).

Tabela 1 – Comparações de parâmetros climáticos entre ambientes citadino e rural

(continua)

COMPARAÇÃO COM
ELEMENTOS OBSERVAÇÃO
AMBIENTE RURAL
Global 15 a 20% menos
Ultravioleta, inverno 30% menos
Radiação
Ultravioleta, verão 5% menos
Duração de brilho do sol 5 a 15% menos
Partículas e núcleos de 10 vezes mais
Contaminantes condensação
misturas gasosas 5 a 25 vezes mais
Cobertura (do sol) 5 a 10% mais
Nebulosidade Nevoeiro, inverno 100% mais
Nevoeiro, verão 30% mais
Total 5 a 10% mais
Precipitação
Dias com menos de 5mm 10% mais
5
Fonte: Landsberg (1970 , citado por AYOADE, 2003)

5
LANDSBERG, Helmut E. Man-Made Climatic Changes. Science, n.170, p. 1265-1274, 1970.
33

Tabela 1 – Comparações de parâmetros climáticos entre ambientes citadino e rural

(conclusão)

COMPARAÇÃO COM
ELEMENTOS OBSERVAÇÃO
AMBIENTE RURAL
Média anual 0,5 a 1 °C mais
Temperatura Mínima no inverno (média) 1 a 2 °C mais
Dias de mais calor 10% menos
Média anual 6% menos
Umidade Relativa Inverno 2% menos
Verão 8% menos
Média anual 20 a 30% menos
Velocidade do Vento Rajadas máximas 10 a 20% menos
Calmarias 5 a 20% mais
Fonte: Landsberg (1970, citado por AYOADE, 2003)

Um dos primeiros trabalhos sobre ilhas de calor no Brasil é atribuído a


Danni (1987), que investigou, no ano de 1982, na cidade de Porto Alegre, a
distribuição espacial da temperatura do ar e da umidade do ar. Foram considerados
15 dias de medições, ocorridas no período de verão e nos horários das 9h, 15h e
21h. Os resultados apontaram ilhas de calor com uma intensidade média de 5 °C,
estando estas relacionadas com as áreas mais urbanizadas.
Lombardo (1985) em um estudo realizado em São Paulo constatou
diferenças médias na temperatura do ar de 10 °C entre a área urbana e a área rural.
A autora utilizou imagens do satélite NOAA para o tratamento do campo térmico e
imagens Landsat para a identificação do uso do solo, além de medições fixas e
móveis. Para a pesquisa, foram selecionados 18 pontos de monitoramento. Os
resultados mostraram que a formação das ilhas de calor estava relacionada com as
áreas mais poluídas e edificadas.
Sakamoto (1994) analisou a relação entre a temperatura do ar e a
configuração do céu na cidade de São Paulo. Os monitoramentos foram realizados
nos dias 01/11/1986 e 18/07/1987. Os dados foram obtidos a cada intervalo de três
horas, totalizando um período de 14 horas. Para o cálculo da percentagem de céu
obstruído, foi utilizado ábaco sobre as fotos olho de peixe. Os pontos de medição
foram escolhidos considerando-se a estrutura urbana, a geomorfologia e o plano
diretor da cidade. Os resultados mostraram que a relação entre a configuração do
céu e a temperatura do ar varia conforme o horário, sofrendo a influência de outras
34

variáveis como vento, orientação da malha viária, grau de urbanização, situação


topográfica e nebulosidade.
Em relação às pesquisas realizadas na cidade de Curitiba, citam-se os
estudos de Rossi (2004), Mendonça e Dubreuil (2005) e Krüger e Dumke (2007).
Rossi (2004) investigou a influência da ocupação do solo na variação da
temperatura do ar em 14 bairros da cidade de Curitiba. Foram coletados dados
relativos à temperatura e à umidade, bem como dados sobre a ocupação do solo de
cada localidade selecionada. As medições ocorreram no período de inverno, nos
anos de 2002 e 2003. As análises comparativas mostraram que não houve um
padrão entre as taxas de ocupação e a temperatura do ar. Na análise da atualização
do ano climático, com base nos dados de 1998 a 2003, percebeu-se um
aquecimento de 0,6 °C no período de 30 anos em Curitiba. Em relação ao conforto
térmico, todas as localidades apresentaram percentagem significativa de
desconforto, principalmente para o frio. O Bairro Alto foi o que mais apresentou
desconforto para o calor (5,03%), região caracterizada por tráfego intenso, muita
área pavimentada, pouca arborização e ocupação intensa, além de estar situado em
um dos pontos com maior cota topográfica da cidade.
Mendonça e Dubreuil (2005) analisaram a relação entre a temperatura da
superfície do solo (termografia) e a temperatura do ar no inverno de 2002 na Região
Metropolitana de Curitiba. Para o estudo foram utilizados dados provenientes de
imagem de satélite e dados de quatro estações meteorológicas. A imagem de
satélite evidenciou a formação de uma ilha de calor na superfície e,
simultaneamente, os dados meteorológicos mostraram a existência de uma ilha de
frescor a 1,5 m sobre a mancha urbana. Em relação à umidade relativa do ar, esta
variável apresentou menores valores na área urbana do que nas áreas rurais, local
em que a radiação se processou mais intensamente.
Krüger e Dumke (2007) analisaram a existência de ilha de calor em
Curitiba por meio da comparação de duas estações meteorológicas, uma urbana e
outra rural. A partir de uma análise realizada por linhas de tendência lineares, os
resultados apontaram para a existência de uma ilha de calor na região central da
cidade com diferenças de temperatura do ar de 2K (mínimas diárias) entre a
situação urbana e a rural.
Destacam-se, ainda, os estudos de Blanchet (2004), que relaciona os
parâmetros de conforto térmico com a forma urbana do bairro Bigorrilho, e Pertschi
35

(2005), que analisa os padrões de ocupação do solo e as alterações na temperatura


do ar no município de São José dos Pinhais, área metropolitana de Curitiba.
A ilha de calor está diretamente relacionada à configuração dos espaços
citadinos, sendo os cânions urbanos uma representação constante da geometria
urbana.

2.1.3 Cânions Urbanos

Os cânions urbanos, termo utilizado por Oke (1978), são resultados de


"paisagens urbanas com grande profusão de arranha-céus, estando em seqüência e
justapostos a um eixo" (SUGA, 2005, p. 20). Esta simplificação da forma urbana é
determinada geometricamente pela razão entre a altura das edificações (H) e a
largura das ruas (W), - relação H/W. Para cânions assimétricos, com variação nas
alturas das edificações, considera-se a média dessas alturas (JOHANSSON, 2006).
Segundo Santamouris (2001), a distribuição da temperatura do ar na
camada intra-urbana é afetada em grande parte pelo balanço de radiação. No
processo de balanço térmico, a abóbada celeste, por possuir temperaturas mais
amenas do que a superfície terrestre, funciona como um receptor da radiação de
onda longa vinda da camada urbana, possibilitando o resfriamento desta superfície
(SOUZA; RODRIGUES; MENDES, 2003). Nesse sentido, a geometria urbana e
qualquer outro elemento que obstrua a visão do céu influem no controle da
temperatura das superfícies (Ts) e na temperatura do ar. Em conseqüência da
perda de radiação ser mais lenta em áreas urbanas do que nas áreas rurais, há
mais ganho solar do que efetivamente perda, sendo este efeito considerado a
principal causa da ilha de calor urbana (CHAPMAN; THORNES; BRADLEY, 2001;
MOIN; TSUTSUMI, 2004; CHAPMAN, 2007). Desta maneira, a morfologia dos
grandes centros urbanos, geralmente representada pelos cânions urbanos,
relaciona-se diretamente com o fenômeno da ilha de calor.
São diversos os efeitos das variáveis climáticas nos cânions urbanos,
sendo estes apresentados nos subitens a seguir.
36

2.1.3.1 Balanço energético em cânions urbanos

Conforme Givoni (1998), a radiação solar pode ser subdividida em dois


grupos: a radiação que é absorvida e transformada em calor (latente e/ou sensível)
e a radiação que é refletida para o entorno.
O balanço energético de recintos urbanos inclui todos os processos de
energia envolvidos na formação do clima urbano, compreendendo a variação diurna
dos diferentes fluxos energéticos. Assim, segundo Johansson (2006), para que haja
equilíbrio, o input advindo do calor antropogênico e da radiação deve estar de
acordo com a liberação do calor sensível e latente. O autor acrescenta que devem
ser considerados, também, o transporte horizontal do ar e o calor armazenado nas
superfícies urbanas.
O balanço energético do volume de ar contido no interior de um cânion
ocorre segundo a Equação 1(OKE, 1978, p. 241):

Q* + QF = QH + QE + ∆QS+ ∆QA Equação 1

Onde Q* é a radiação líquida obtida para todos os comprimentos de


onda, QF é o fluxo de calor antropogênico, QH é o fluxo de calor sensível, QE é o
fluxo de calor latente, ∆QS é o fluxo devido ao armazenamento de calor na malha
urbana e ∆QA é variação do fluxo de calor advectado.

Johansson (2006, p. 45) analisa estas variáveis conforme Quadro 3:

Variável
2 Efeito da variável
(W/m )
Q* Apresenta valor positivo no período diurno devido à radiação solar absorvida ser
maior que a perda de radiação de onda longa. Ocorre inversão térmica no
período noturno e o valor de Q* torna-se negativo.
QF Normalmente o valor de QF é menor que o fluxo de radiação em áreas urbanas.
(continua)

Quadro 3 – Descrição dos componentes da equação de balanço energético


Fonte: Johansson (2006, p.45)
37

Variável
2 Efeito da variável
(W/m )
QH O aumento do fluxo de calor sensível está relacionado com o aumento do
processo de convecção e com o aumento da diferença de temperatura entre o ar
e as superfícies, conseqüentemente, o valor de QH é maior durante o dia,
particularmente em dias ensolarados.
O aumento do fluxo de calor latente está relacionado com aumento da
turbulência e com o aumento da diferença de umidade entre a superfície e o ar,
QE
assim, o valor de QE será maior quando as superfícies estiverem úmidas e o ar
seco.
A magnitude do fluxo de calor devido ao armazenamento de calor na malha
∆QS urbana (∆QS) depende da admitância térmica das superfícies, sendo o valor
positivo durante o dia e negativo a noite.
Depende da velocidade do vento e da permeabilidade das estruturas urbanas em
∆QA relação aos movimentos do ar (rugosidade). Em áreas com similar forma urbana
e uso do solo, o valor do componente de advecção pode ser desconsiderado.
(conclusão)

Quadro 3 – Descrição dos componentes da equação de balanço energético


Fonte: Johansson (2006, p.45)

Para Oke (1978), devido às diversas possibilidades de orientações dos


cânions, relações entre a largura e a altura das edificações, materiais construtivos,
fontes de umidade e de calor, entre outros fatores, é impossível haver um cânion
representativo. Em modelos de cânion urbano, geralmente são estabelecidas
edificações sem variações na altura e com profundidade infinita.
Um dos primeiros estudos referentes ao balanço energético em cânions
urbanos foi apresentado por Nunez e Oke (1977). Os pesquisadores realizaram um
estudo em Vancouver (49° N), Canadá, no período de 9 a 11 de setembro de 1973,
dias caracterizados por céu claro e ventos fracos. O cânion apresentava as
seguintes características: orientação N-S, relação H/W próxima de 1:1, paredes em
concreto pintadas de branco e sem janelas, piso em cascalho e esparsa presença
de vegetação. O Gráfico 2 mostra a seqüência diurna do balanço de energia do
cânion em relação a três superfícies (fachada leste, piso e cobertura).
Os resultados mostraram que a fachada da parede leste é a primeira a
receber radiação. No Gráfico 2 é possível perceber a ocorrência de dois picos de
temperaturas, um próximo ao zênite, período em que a fachada recebia radiação
solar direta, e outro próximo das 15h00, período em que a fachada, embora na
sombra, recebia radiação difusa, refletida principalmente da parede oposta.
38

Gráfico 2 – Variação diurna do balanço de energia de um cânion (N-S) em relação a três


superfícies (fachada leste, piso e cobertura)
Fonte: Adaptado de Nunez e Oke (1977)

Em relação ao piso, este esteve exposto à radiação principalmente às


12h00. O valor da radiação de onda longa, no período noturno, foi pequeno
comparativamente às outras superfícies, em razão do reduzido fator de visão do céu
dentro do cânion. Durante o dia, 70 a 80% da energia radiante foram dissipadas
para o ar e 20 a 30% armazenadas pelos materiais construtivos. No período
noturno, as perdas de radiação foram, em grande parte, fornecidas por condução do
calor armazenado.
A radiação incidente influi, também, na temperatura do ar no interior dos
cânions urbanos.

2.1.3.2 Temperatura do ar em cânions urbanos

Nas áreas mais adensadas, devido à complexidade da forma urbana, a


radiação atinge a superfície terrestre de diferentes maneiras. Como verificado no
item 2.1.3.1, uma parte significativa de radiação atinge primeiramente a cobertura
das edificações, outra incide nas fachadas e, por último, uma pequena parcela de
radiação atinge o solo, fazendo com que a temperatura próxima ao solo seja menor
do que no interior do cânion (GIVONI, 1998). Em relação à estratificação das
39

camadas de ar no interior dos cânions, Santamouris (2001) observa que, próximo às


fachadas das edificações, em função da temperatura das superfícies e da taxa de
transporte vertical do ar, ocorre a formação de uma camada de ar (air film). Já no
meio do cânion e próximo ao nível do solo, a temperatura do ar está condicionada
pelo “fluxo divergente por unidade de volume de ar” (SANTAMOURIS, 2001, p. 74),
incluindo o transporte horizontal, sendo a temperatura, em geral, mais baixa do que
nas proximidades das fachadas.
Os pioneiros no estudo sobre a evolução temporal e a distribuição
espacial da temperatura do ar em cânions urbanos foram Nakamura e Oke6 (1988,
citados por Ali-Toudert, 2005). Segundo Ali-Toudert (2005), foram realizadas
medições por estes pesquisadores em 63 pontos em uma seção vertical de um
cânion urbano (orientação E-W e H/W próximo de um) localizado em Kyoto, Japão.
Os resultados apontaram pouca diferença na temperatura do ar (0,5 até 1 K) entre a
cobertura e o interior dos cânions, devido principalmente às turbulências do ar na
camada intra-urbana.
Pearlmutter (1998) também encontrou diferenças relativamente
pequenas. O estudo foi realizado na cidade de Dimona (latitude de 31° 4’ N, 35° 1’
E, e altitude de 600 metros acima do nível do mar), Israel, em dois cânions
perpendiculares (E-W e N-S) com geometria compacta, regular e simétrica (relação
H/W de 1:1). As medições foram contínuas (24 horas), e realizadas durante o verão
(junho a agosto) e inverno (dezembro a fevereiro). Os resultados apontaram que a
temperatura no interior do cânion, a uma altura média de 1,70 m era em torno de 3
°C superior à temperatura acima do nível das coberturas.
A variação de temperatura no interior do cânion foi menor que a
amplitude térmica acima do nível das coberturas (Gráfico 3), e Pearlmutter (1998)
presume que isso decorra do aquecimento das paredes adjacentes. Nesse mesmo
estudo, verificou-se que as maiores temperaturas foram em cânions com orientação
E-W (aproximadamente 1 °C a mais que a orientação N-S). Conforme Ali-Toudert
(2005), isto resulta da maior exposição solar dos cânions E-W, sendo que as
orientações axiais N-S e NW-SE são mais suscetíveis ao frio.

6
NAKAMURA, Y.; OKE T. R. Wind, temperature and stability conditions in an east-west oriented urban
canyon. Atmos. Environ., v. 22, n.12, p. 2691- 2700, 1988.
40

Gráfico 3 – Variação diária de temperatura do ar e das superfícies em cânion E-W (período de


verão)
Fonte: Pearlmutter (1998)

Pearlmutter (1998) cita que em região áridas, cânions compactos


poderiam, teoricamente, proporcionar sombras e favorecer um maior conforto
térmico. No entanto, segundo o autor, há de se considerar as múltiplas reflexões e a
redução do albedo solar, a diminuição do fator de visão do céu e a substancial
redução da ventilação. Estas variáveis são explicitadas adiante.

2.1.3.3 Fluxo do ar em cânions urbanos

O vento é resultado das diferenças de temperatura de volumes de ar na


atmosfera e está condicionado a dois fatores: a rugosidade (densidade da área
urbana, orientação das ruas, relação entre a altura e a distância entre as
edificações) e a porosidade (permeabilidade dos ventos às edificações e aos
obstáculos).
O fluxo de vento na camada intra-urbana influi na ventilação de
edificações e na renovação do ar em ambientes urbanos, assim como na dispersão
de poluentes e no conforto térmico de pedestres.
Devido à morfologia urbana, Johansson (2006) cita que estudos com
túnel de vento e medições apontam uma redução de 25 a 50% na velocidade
horizontal do vento regional. Desta forma, a pressão dos ventos nas fachadas dos
41

edifícios diminui, havendo, também, menor potencial para uso de ventilação cruzada
(GHIAUS et al., 2006).
No tocante ao conforto térmico, Mascaró (1996, p. 44) cita que “a ação do
vento é sentida pelas pessoas como força e como velocidade na medida em que
aumenta a taxa de troca de calor com o exterior”. Conforme a autora, com base na
velocidade média em 10 minutos a 2m do chão, foi estabelecida que a velocidade
do vento a 5 m/s é sentida fisicamente pelos pedestres, sendo a de 10 m/s
claramente desconfortável, com velocidade do vento a 15 m/s o controle do
caminhar é afetado e a 20 m/s esta torna-se perigosa.
Em geral, ventos com maior velocidade podem diminuir o estresse
térmico de pedestres em estações quentes ou exercer um efeito negativo em
estações frias (GIVONI,1998). Porém, ressalta-se que, dependendo do tipo de vento
essa premissa não é verificada. Na Região de Santa Maria, Rio Grande do Sul, em
algumas situações esporádicas, os ventos do quadrante Norte (N e NW) podem
atingir altas velocidades, originando o chamado “Vento Norte”. Conforme Sartori
(2000, 2003), esse vento é aquecido por compressão adiabática ao passar pela
escarpa do Planalto Meridional Brasileiro e sua velocidade pode oscilar de 8 a 12
m/s, podendo atingir até 100 km/h em algumas ocasiões, sendo o fator principal das
sensações de desconforto térmico nessa cidade.
As edificações estão sujeitas às forças da ação do vento, ou seja, ao
barlavento, que exerce uma força de pressão e ao sotavento, que exerce o
movimento de sucção. Quando a direção dominante do fluxo de ar é
aproximadamente maior ou igual a 30 graus em relação ao eixo da rua, podem ser
observados três tipos de regimes de fluxos de ar (SANTAMOURIS, 2001), ver Figura
2. A transição de um regime para outro ocorre em razão das combinações H/W.
De acordo com Santamouris (2001), para que não haja interação entre os
campos de ar (barlavento e sotavento), as construções devem ter um espaçamento
mínimo (H/W > 0,05), sendo este fato chamado de fluxo de rugosidade isolada
(isolated roughness flow). No contexto urbano, em áreas onde há um aumento da
relação H/W, quando o vento está perpendicular ao eixo da rua, o fluxo de ar
predominante não circula entre as edificações, ocorrendo a formação de um vórtice
central, devido às forças de pressão e sucção, dando origem ao fluxo com
interferência de esteira (wake interference flow) e ao fluxo turbulento (skimming
flow). Segundo Oke (1978), o estabelecimento de um vórtice de circulação estável
42

depende da velocidade do vento (estudos apontam uma velocidade de vento na


ordem de 1,5 a 2,0 ms-1 ).

Figura 2 – Fluxo de ventos em cânions urbanos


Fonte: Adaptado de Oke (1978)

A velocidade dos ventos no interior de um cânion é resultante, também,


da rugosidade das superfícies e da convecção térmica geradas por estas superfícies
(Figura 3).

Figura 3 – Velocidade do vento em função da rugosidade das superfícies


Fonte: Adaptado de Oke (1978)
43

Desta maneira, Oliveira (1988, p. 33) observa que:

Quanto mais próximos os elementos da massa edificada, maiores os


obstáculos à penetração dos ventos. Quanto maiores os contrastes entre as
alturas dos elementos da massa edificada, maior o turbilhonamento dos
ventos; melhor ventilação se combinada com porosidade; maior a
velocidade dos ventos em parte da massa edificada próxima dos volumes
mais altos; e maiores as trocas térmicas com o ambiente atmosférico,
ocasionando menores ganhos térmicos, conseqüentemente, menores
temperaturas do ar.

Assim como a forma urbana pode ser utilizada para garantir uma
ventilação adequada, esta também deve ser pensada de modo a garantir acesso
solar.

2.1.3.4 Acesso solar

Para Ali-Toudert (2005), o estudo sobre ganho solar no contexto urbano é


um desafio, no qual a principal dificuldade é a redução do potencial de radiação
devido às obstruções do sol pelo entorno.
Bourbia e Awbi (2004), por meio da ferramenta de simulação chamada
Shadowpack PC code version 2, investigaram a relação entre a geometria urbana
(relação H/W) e a incidência de radiação solar para a latitude 33°, considerando o
período de verão e inverno (Figura 4). A importância do estudo reside no fato de
que, em climas quentes e desérticos, a proteção de superfícies contra a radiação
solar direta é a estratégia mais importante para a redução da carga térmica. A
orientação norte foi utilizada como parâmetro para a determinação das demais
orientações axiais estudadas: S1 (N); S2 (15°); S3 (30°); S4 (45°); S5 (60°) e S6
(75°). O padrão de sombreamento foi estabelecido considerando a fração de
sombreamento (shadow fraction – SF), resultando nas seguintes relações H/W: R1
= 0,5; R2 = 1,0; R3 = 1,5; R4 = 2,0; R5 = 3,0 e R6 = 4,0.
44

Figura 4 – Média mensal de fração de sombreamento para os cânions, latitude 33°- (a) verão (b)
inverno
Fonte: Bourbia e Awbi (2004)

Os resultados apontaram maior sombreamento para a orientação N-S,


entre 40 a 80 %, enquanto para as orientações NW-SE (S2, S3) e NE-SW (S5, S6),
o sombreamento da rua foi entre 30 a 50% durante o ano. A orientação E-W atingiu
até 30% de sombreamento, sendo considerada a pior situação. Os autores sugerem
que em cânions menos profundos com H/W<0,5, árvores de grande porte podem
melhorar o ambiente térmico do cânion. Da mesma forma, aumentando-se o albedo
pelo uso de cores claras nas edificações e areia nos materiais de pavimentação
poderia ser diminuída a temperatura do ar pela redução da radiação de onda curta.
45

Também por meio de programa de desempenho luminoso, Suga (2005)


investigou o acesso solar de uma sala padrão com diferentes orientações de
fachada situada em cânions urbanos na cidade de Curitiba, mais especificamente
nos Setores Estruturais 7. Esses eixos possuem uso do solo privilegiado em termos
de densidade e potencial construtivo, induzindo o surgimento de cânions urbanos.
Ao final do estudo, o autor faz recomendações quanto às alturas ideais para
edificações localizadas nos cânions analisados, de forma a proporcionar um
potencial mínimo para o aproveitamento da luz natural no interior desses cânions.
O acesso solar é importante, principalmente na cidade de Curitiba, por
esta ser uma cidade, em geral, com baixas temperaturas. Assim, recursos de projeto
e de planejamento urbano são fundamentais na garantia de uma melhor qualidade
térmica dos recintos urbanos. A vegetação e o albedo também podem ser utilizados
como estratégias bioclimáticas.

2.1.3.5 Efeitos da vegetação e do albedo

"Áreas verdes produzem benefícios sociais, econômicos e ambientais em


áreas urbanas altamente povoadas" (SOO-GON; SUN-HYE; JUNG-HO, 2007, p.
1131). O uso da vegetação no ambiente urbano é um elemento estratégico para a
mitigação dos efeitos das ilhas de calor urbanas ao prover sombra e umidade pelo
fenômeno da evapotranspiração. Nesse sentido, a vegetação urbana pode influir
positivamente no conforto térmico no nível dos pedestres, como também no nível do
ambiente construído, ao acarretar, indiretamente, em menor demanda de energia
por condicionamento térmico. Scudo e Elsa (2001) relacionam outras funções da
vegetação urbana, como: efeito de filtro ao evitar ou reduzir o acesso de poeira e
barulho nas edificações, reduzir a temperatura radiante ao fornecer sombra às
superfícies, controlar a intensidade e direção do vento, além de renovar o ar por
meio da liberação de oxigênio. Desta forma, a vegetação pode propiciar melhor
qualidade de vida pela contribuição à criação de condições de conforto bioclimático.

7
A estrutura urbana de Curitiba foi pré-estabelecida na década de 70 com a institucionalização do
"Plano SERETE/IPPUC", o qual previa uma estrutura de desenvolvimento linear por meio dos
denominados Setores Estruturais. O plano se baseava em três ferramentas: uso do solo, transporte
de massa e sistema viário, sendo que este último desempenharia a função de indutor do
crescimento da cidade.
46

Conforme Olgyay (1998), a vegetação pode interceptar a radiação solar


entre 60 a 90%, reduzindo a temperatura superficial do solo.
Em conseqüência da retirada de vegetação de um local, dependendo da
dimensão da área envolvida, podem ocorrer alterações no balanço hidrológico e no
clima no nível de micro, meso e macroclima (OKE, 1978). Kondoh e Nishiyama
(2000), por meio da análise de imagens de satélite, perceberam que, em Chiba,
área metropolitana de Tóquio, no período de 1972 até 1995, houve uma redução do
processo de evapotranspiração de 38%. Este fenômeno está diretamente ligado ao
conforto térmico humano à medida que os efeitos da umidade do ar estão
relacionados com a capacidade da pele de evaporar o suor.
Segundo Mascaró (1996), a temperatura do ar sob agrupamentos
vegetais pode ser 3 a 4 °C mais baixa que em áreas expostas à radiação solar
direta. Fontes e Delbin (2002) obtiveram valores semelhantes com um estudo em
Bauru - SP, utilizando medidas móveis em dois pontos no interior de uma área verde
e outros sete pontos no entorno desta área, durante o período de verão. As
primeiras diferenças foram observadas a partir das 9h00 da manhã, quando a
diferença de temperatura atingiu 2 °C entre a área verde e seu entorno e 4 °C em
relação aos pontos mais afastados. Dimoudi e Nikolopoulou (2003), por meio de
estudos com simulação, sugerem que a cada 100 m² de vegetação adicionada, é
possível haver uma redução de 1 °C na temperatura do ar.
Em um estudo realizado em Sede Boqer, Israel (latitude 30° 52' N,
longitude 34° 46' E, e altitude de 480m acima do nível do mar), Krüger, Pearlmutter
e Berliner (2007) utilizaram um modelo reduzido de uma malha urbana composta
por cânions com diferentes orientações, a fim de verificar o efeito da adição de
superfícies gramadas no balanço energético de superfície. Para a representação da
área gramada foram adicionados painéis evaporativos ao modelo físico. Conforme
esperado, a análise dos fluxos de energia mostrou alterações na parcela
correspondente ao fluxo de calor latente devido à variação da superficie gramada,
havendo diferenças significativas (até 3 °C) quando se considerava o fator
rugosidade do terreno, ao invés da simples projeção horizontal das fileiras de blocos
do modelo (KRÜGER; PEARLMUTTER; BERLINER, 2007). Em regiões áridas, o
uso de áreas vegetadas mostrou ser uma estratégia importante para a mitigação
das altas temperaturas.
47

Segundo Moreno e Labaki (2005, p. 615), o planejamento urbano prioriza


o sistema viário face às questões econômicas e, “em nome deste melhor sistema,
muitas vezes, as áreas verdes são mutiladas e descaracterizadas”. A cobertura
vegetal é, então, substituída por superfícies com características físicas e térmicas
diferentes. Assim, o albedo local, definido como a taxa de radiação incidente
refletida para a atmosfera, sofre influência desta transformação
(ASIMAKOPOULOS, 2001).
Asimakopoulos (2001) explica que o aumento do albedo, resultado da
remoção da cobertura vegetal, pode diminuir a quantidade de nuvens e
precipitações, já que há uma perda da radiação líquida e uma menor quantidade de
radiação de onda longa é transformada em calor latente.
O albedo é determinante para a quantidade de radiação de onda curta
absorvida pelas superfícies, sendo dependente principalmente das cores das
superfícies - aproximadamente 0,3 para cores claras e 0,9 para cores escuras
(JOHANSSON, 2006). Em relação à radiação solar refletida, esta pode variar de
80% em superfícies brancas até 20% em superfícies com a cor preta (GIVONI,
1998).
Barbosa (2008), em um estudo realizado na Vila Tecnológica de Curitiba,
investigou a influência da vegetação e das tecnologias construtivas no microclima. A
pesquisa abrangeu o período de 39 dias consecutivos (04/05/2004 até 10/06/2004).
A menor amplitude térmica foi verificada na área gramada (10,2 °C) e a maior
amplitude no piso de asfalto (19,3 °C). O asfalto escuro apresentou temperaturas
superficiais mais altas que o concreto, comprovando a influência direta da radiação
solar nas colorações mais escuras do solo. Os resultados mostraram, também, que
no solo vegetado com grama, até às 10h30, as temperaturas foram mais elevadas
do que nos solos de concreto, nos solos com cobertura de terra e do que nos
ambientes internos das edificações. O autor comprovou, com os dados obtidos, “a
relação direta do efeito da vegetação rasteira como atenuante tanto de ganho de
energia térmica como do solo vegetado responsável por menores amplitudes na
emissão de calor” (BARBOSA, 2008, p. 125).
Givoni (1998) argumenta que o albedo, sendo o fator determinante para a
quantidade de radiação solar absorvida nas áreas construídas, pode ser utilizado na
prática do planejamento urbano, de modo a diminuir a temperatura do ar no período
diurno, principalmente em climas quentes e secos. Nesse sentido, Giridharan et al.
48

(2006) consideram dois fatores importantes na criação das ilhas de calor: o albedo e
o fator de visão do céu.

2.1.4 Fator de visão do céu (Ψs)

Como citado anteriormente, os modelos de cânion urbano consideram


edificações com alturas uniformes. No entanto, em geral, esta simplificação não
condiz com a forma urbana da maioria das cidades, que apresentam edificações
com perfis verticais diversificados. Nesse sentido, o fator de visão do céu (FVC),
representado pelo símbolo Ψs, pode ser considerado um parâmetro mais próximo
da realidade.
O fator de visão do céu é a razão entre a porção de céu visível de um
determinado ponto e o céu potencialmente disponível a partir deste ponto
(CHAPMAN, 2007). Johnson e Watson (1984) consideram o FVC como a razão
entre a radiação solar recebida (ou emitida) por uma superfície plana comparada
com aquela recebida (ou emitida) por todo o entorno.
O valor do FVC varia de 0 (zero) até 1, sendo que o valor 1 corresponde a
uma área sem qualquer obstáculo que se interponha entre o ponto escolhido e o
céu. Para Souza, Rodrigues e Mendes (2003, p. 671), representa uma obstrução à
abóbada celeste, "qualquer edificação, elemento ou equipamento urbano,
pertencente ao plano do observador posicionado na camada intra-urbana".
O balanço de radiação em um cânion urbano depende do FVC. Embora
parâmetros como o calor liberado pelas ações antropogênicas e as propriedades
térmicas dos materiais estejam relacionados com a intensidade da ilha de calor
noturna, simulações realizadas por Oke et al.8 (1991, citado por CHAPMAN;
THORNES; BRADLEY, 2001) apontam que o FVC pode, isoladamente, produzir
uma ǻTu-r de 5 a 7 °C.
O FVC tem sido comumente utilizado em estudos de trocas de energia
(CHAPMAN; THORNES, 2004). Ribeiro, Fidelis e Carvalho (2008) relatam que o
fator de visão do céu exerce influência, também, no ganho de radiação solar direta,
influenciando a ilha de calor diurna ou estresse térmico diurno. No entanto, observa-

8
OKE, Tim R. et al. Simulation of surface urban heat islands under ‘ideal’ conditions at night. Part 2:
Diagnosis of causation. Boundary- Layer Meteorology, v. 56, p. 339-358, 1991.
49

se que há uma predominância de estudos que relacionam FVC e ilha de calor


noturna, em relação ao período diurno.
Para um estudo que buscava relacionar as ilhas de calor com o tamanho
das cidades, Yamashita et al. (1986) selecionaram cidades de pequeno a médio
porte próximas a Tóquio, Japão. As medições foram realizadas em todas as épocas
do ano, tanto no período diurno como no período noturno. Nas cinco cidades
monitoradas foi verificada a existência de diferenças de temperatura do ar entre as
áreas mais adensadas e o entorno, sendo o FVC considerado um indicador para
expressar os efeitos da urbanização sobre a intensidade da ilha de calor.
Park9 (1987, citado por SANTAMOURIS, 2001), por meio de
monitoramento e dados da literatura, relacionou a população urbana de diferentes
regiões (América do Norte, Europa, Japão e Coréia) com o fator de visão do céu
(Gráfico 4). O resultado desta pesquisa apontou que o FVC está diretamente
relacionado com a formação da ilha de calor noturna.

Gráfico 4 – Relação entre FVC e população urbana para diferentes regiões


Fonte: Park (1987, citado por SANTAMOURIS, 2001)

9
PARK, Hye-Sook. Variations in the urban heat island intensity affected by geographical environments.
Tsukuba Univ., Environ. Research Centre Papers, v. 11, 79 p, 1987.
50

Unger (2004) fornece uma revisão detalhada sobre a relação entre


temperatura do ar e FVC e apresenta o resultado de um estudo realizado em
Szeged (46° N, 20° E), Hungria. Os monitoramentos, realizados pela técnica de
transectos móveis, ocorreram em um período de um ano, totalizando 35 medições
noturnas que englobaram quase toda a área urbana da cidade. De acordo com as
conclusões obtidas pelo autor, a geometria urbana, definida pelo FVC, é um fator
determinante para a distribuição da Ta na cidade, mesmo em condições de tempo
menos favoráveis. O coeficiente de determinação (R²) encontrado foi de 0,47.
Eliasson (1996) analisou a distribuição da temperatura horizontal em
relação a diferentes geometrias urbanas e uso do solo na cidade de Göteborg (57°
42' N), Suécia. As medições foram realizadas em um período de três anos (1988,
1989, 1990) e as análises restringiram-se às informações noturnas. De acordo com
os resultados, a maior variação de temperatura do ar entre o cânion e a área aberta
foi menos de 3 °C, o que demonstra pouca influência do FVC para a determinação
da Ta. Corroborando com esta afirmação, Upmanis e Chen (1999), em um estudo
na mesma localidade, afirmam que o FVC apresenta correlação significativa com a
temperatura de superfície (Ts), mas não com a temperatura do ar.
Chudnovsky, Ben-Dor e Saaroni (2004) correlacionaram o
comportamento térmico de vários elementos urbanos (superfícies pavimentadas,
estradas, paredes externas de edifícios, coberturas das edificações e diferentes
tipos de vegetação) com o fator de visão do céu, considerando uma área de
aproximadamente 0,7 km2 em Tel-Aviv, Israel. As áreas mais abertas, com alto valor
de FVC, como o parque e superfícies mais expostas à radiação solar, como as
estradas e as coberturas das edificações, apresentaram Ts mais altas durante o dia.
No período noturno, os valores de Ts destes elementos foram menores comparados
as temperaturas de superfície de paredes externas de edificações e algumas seções
de áreas vegetadas.
Com um estudo realizado em Göteborg, Svensson (2004) comprova que
há forte correlação entre ilha de calor noturna e FVC. Utilizou-se para o estudo,
dados de 16 pontos fixos, bem como dados de medições móveis coletados durante
36 dias entre os anos de 1988 e 1991, em épocas com temperaturas mais baixas. A
autora analisou a diferença de FVCs obtidos por meio de fotografias olho de peixe
em diferentes níveis (2m acima do solo e ao nível do solo) e por meio de análise de
regressão, a autora determinou como esta diferença influi na relação entre as
51

variáveis. O coeficiente de determinação entre FVC ao nível do solo e Ta foi de


0,62, enquanto a 2m de altura foi de 0,60. A partir dos resultados, Svensson (2004)
sugere que os diferentes resultados apresentados pela literatura estão relacionados
com o procedimento de obtenção desses dados.
No Brasil, em um estudo na cidade de Bauru, Souza (2007), por
intermédio de um algoritmo computacional, determinou o FVC para 40 pontos de
medição. Foram coletados dados de temperatura do ar e, posteriormente,
correlacionou-se as informações obtidas com os valores de FVC. A análise mostrou
que não houve uma tendência clara entre FVC e as médias de temperatura do ar.
Conforme a autora, os valores máximos de Ta, tanto no verão como no inverno,
foram encontrados em áreas com valores de FVC mais baixos, sendo estas as
áreas mais desconfortáveis termicamente. Ainda em relação ao conforto térmico, os
resultados indicaram que o FVC possui maior influência no período de verão do que
no inverno.
Apesar de o FVC ser uma simples parametrização, o cálculo para a sua
obtenção tem sido um desafio para os climatologistas (CHAPMAN; THORNES,
2004). Diferentes métodos são apresentados para o cálculo de obtenção do FVC.
Basicamente, o FVC pode ser obtido por métodos analíticos (OKE, 1981;
JOHNSON; WATSON, 1984), métodos fotográficos - uso de programas específicos
(CHAPMAN; THORNES; BRADLEY, 2001; MOIN; TSUTSUMI, 2004; CORREA et
al., 2005), sistemas com dados de base 3D acoplados a um Sistema de
Informações Geográficas - SIG (SOUZA; RODRIGUES; MENDES, 2003), sistemas
que utilizam GPS (CHAPMAN; THORNES, 2004) e mais recentemente, imagens
com um dispositivo que mostra as diferenças térmicas entre as obstruções e o céu
(CHAPMAN et al., 2007). Estes métodos são descritos a seguir.

2.1.5 Métodos de obtenção do fator de visão do céu

Inicialmente, pesquisas como a de Oke (1981) e a de Johnson e Watson


(1984) basearam-se nos modelos geométricos de cânions urbanos, considerando-se
a razão entre a altura e a largura do cânion (H/W). De acordo com Chapman e
Thornes (2004), os métodos desenvolvidos na década de 80, em geral, assumiam
52

cânions com dimensões "ideais" (cânions simétricos de profundidade infinita),


gerando resultados estimados.
Os métodos fotográficos utilizam uma lente convexa olho de peixe
adaptada a uma câmera, a fim de projetar a abóbada celeste em uma imagem plana
circular. Este método foi apresentado primeiro por Steyn, na década de 80. No
método proposto, as imagens impressas eram divididas em um gráfico de
coordenadas polares, formado por 40 annuli (anéis) e o FVC era calculado para o
ângulo azimute de cada annulus (STEYN et al., 1986). Por ser basicamente
manual, o trabalho demandava muito tempo para ser realizado (MOIN; TSUTSUMI,
2004).
Segundo Bradley, Thornes e Chapman (2001), os métodos de obtenção
do FVC por meio de fotos olho de peixe possuem a vantagem de uma visão em
perspectiva (3D) em oposição aos métodos que consideram a relação H/W (2D)
para expressar a geometria urbana. Menciona-se, também, a vantagem da
possibilidade do cálculo do FVC em cânions assimétricos. Nesse sentido, é possível
uma representação mais realista dos espaços abertos.
A automação (parcial) destes métodos foi possível com o apoio de
câmeras de vídeo, utilizada nos estudos de Bärring, Mattsson e Lindqvist 10
(1985,
citado por CHAPMAN; THORNES, 2004; GRIMMOND et al., 2001 ) e Steyn et al.
(1986).
Com o surgimento de novas tecnologias, aprimoram-se as técnicas de
obtenção. Chapman, Thornes e Bradley (2001) apresentaram uma técnica de
obtenção do FVC totalmente automatizada utilizando imagens digitais, além de uma
metodologia para determinar o impacto das superfícies geométricas nas radiações
de onda curta. O programa desenvolvido pelo autor chama-se SKYVIEW, que por
meio de um ponto inicial (DN) ocorre à contagem de "sky pixels" e "non-sky pixels".
Grimmond et al (2001) compararam dois métodos de obtenção do FVC
em um estudo realizado em Bloomington, IN, EUA. O primeiro método utiliza um LI-
COR LAI-2000 Plant Canopy Analyzer, enquanto o outro método utiliza uma lente
olho de peixe Nikon FC-E8 adaptada a uma câmera digital Nikon CoolPix 950. Os
autores explicam que antes da comercialização das lentes olho de peixe para

10
BÄRRING, Lars; MATTSSON, Jan O.; LINDQVIST, Sven. Canyon geometry, street temperatures
and urban heat island in Malmö, Sweden. Int J Climatol, v.5, p. 433–444, 1985.
53

câmeras digitas em 1999, o LI-COR LAI-2000 Plant Canopy Analyzer (LI-COR Inc.,
Lincoln, NE, USA) era utilizado para medir o índice de área coberta por vegetação
(índice de área foliar). LAI-2000 é um instrumento que, por meio de um sensor
óptico olho de peixe, fornece dois parâmetros relacionados indiretamente; o DIFN,
ou seja, a radiação difusa que penetra na camada urbana e o FVC. O segundo
método mostrou-se mais eficiente, já que, apesar do LAI-2000 ser um método
alternativo, este apresenta restrições em relação às condições de céu.
Assis, Lima, Santos (2003), por meio da combinação de dois programas
de produção gráfica, Autocad e MapInfo, obtiveram o FVC de uma área urbana da
cidade de Belo Horizonte. Por utilizar um grid polar para projeções eqüidistantes,
este método elimina os cálculos matemáticos e dispensa o uso de programas
desenvolvidos especialmente para o cálculo do fator de visão do céu (ASSIS; LIMA;
SANTOS, 2003).
Moin e Tsutsumi (2004) em um estudo realizado em Okinawa, Japão,
desenvolveram um programa de cálculo automático do FVC, por meio da análise de
imagens fotográficas obtidas com lentes olho de peixe, chamado FIPS (Fisheye
Image Processing for calculation of SVF). Neste estudo, os autores focaram a
relação entre diferentes FVCs e a radiação de onda curta e, especialmente, a
radiação de onda longa.
Correa et al. (2005) desenvolveram um programa chamado PIXEL DE
CIELO, baseado no processamento de imagens digitais (fotos olho de peixe). Para a
validação desta técnica foram feitas comparações com métodos manuais, sendo
utilizados cânions urbanos com distintas configurações e densidades e em
diferentes épocas do ano. Os resultados de ambas as técnicas foram similares.
Com o desenvolvimento dos Sistemas de Informações Geográficas (SIG),
cuja tecnologia permite "armazenamento, análise e tratamento de dados espaciais e
não espaciais (e eventualmente temporais)”, é possível correlacionar informações,
"possibilitando realizar análises rápidas e precisas" (SOUZA; RODRIGUES;
MENDES, 2003, p. 670).
Segundo Brown, Grimmond e Ratti (2001), as bases de dados em 3D de
alta resolução estão se tornando acessíveis. A grande vantagem do SIG é a
possibilidade de predição de cenários futuros, facilitando a tomada de decisões.
Souza, Rodrigues e Mendes (2003) desenvolveram uma extensão,
3DSkyView, que foi incorporada a um SIG por meio do programa ArcView GIS e sua
54

extensão 3DAnalyst, ambos da Environmental Systems Research Institute (ESRI),


aplicando-os para o desenvolvimento dos algoritmos propostos. A problemática da
"determinação angular dos pontos de obstrução em relação à posição do
observador" na projeção estereográfica ou " na projeção ortográfica da abóbada
celeste" é evitada ao descartar a utilização de "câmeras fotográficas ou
equipamentos topográficos", desde que as bases de dados contenham as
dimensões x, y e z (SOUZA; RODRIGUES; MENDES, 2003, 671). Ressalta-se que
a dimensão z, normalmente é conseguida de maneira subjetiva.
Gál et al. (2007), em um estudo que avaliou a obtenção do FVC por meio
de um sistema de base 3D comparado a um método de obtenção por fotografia
utilizando o programa BMSky-view, observaram que há diferenças nos resultados,
provavelmente, pela presença de vegetação nos locais de medição.
Chapman e Thornes (2004) apresentaram uma técnica que permite o
cálculo aproximado do FVC em tempo real. Para o estudo foram utilizados sistemas
de GPS. A técnica pode ser melhorada com o aumento do número de satélites para
a transmissão de informações.
Chapman et al.(2007) investigam o potencial de um protótipo térmico de
uma câmera fotográfica com lente olho de peixe capaz de registrar as diferenças de
temperatura entre as obstruções e o céu, calculando, assim, o FVC. A condição de
céu limpo é uma das limitações deste protótipo para a medição do FVC.
Os diferentes métodos de obtenção do fator de visão do céu
apresentados demonstram que a tecnologia tem sido uma aliada dos pesquisadores
em busca de aprimorar a técnica para o cálculo do FVC. No presente estudo são
utilizadas fotos olho de peixe obtidas com uma câmera digital e uma lente grande
angular, sendo o cálculo do fator de visão do céu obtido por intermédio do programa
Rayman (descrito no capítulo 3).
Depois de expostos os fatores ambientais que influenciam no ambiente
térmico do pedestre, apresentam-se os fatores pessoais que atuam no conforto
térmico em espaços abertos.
55

2.2 CONFORTO TÉRMICO EM ESPAÇOS EXTERNOS

Höppe (2002) estabelece três abordagens para definir conforto térmico:


(1) a psicológica, (2) a termopsicológica e (3) uma baseada no balanço térmico do
corpo humano. O conforto térmico na abordagem psicológica lida com a questão da
subjetividade, sendo definido como uma condição mental que expressa satisfação
de um indivíduo com o ambiente térmico (AMERICAN..., 1997). Especialmente em
ambientes externos, Höppe (2002) considera que a expectativa em relação ao clima
e o histórico térmico do indivíduo podem influenciar consideravelmente a avaliação
subjetiva de conforto térmico. A definição termopsicológica é baseada na taxa
mínima de sinais nervosos captados pelos receptores térmicos na pele e no
hipotálamo (HÖPPE, 2002). A última definição de conforto térmico, baseada no
balanço de energia, proposto por Fanger (1982), depende do metabolismo para que
a produção de calor do corpo seja igual à perda de calor para o ambiente. A teoria
convencional de conforto térmico baseia-se neste modelo de estado fixo e pode-se
dizer que o homem sente conforto térmico quando o “balanço de todas as trocas de
calor a que está submetido o corpo for nulo e a temperatura da pele e suor
estiverem dentro de certos limites” (GIRALT, 2006, p. 49).
Conforme Frota e Schiffer (2001, p. 20), a sensação de conforto térmico
acontece quando o organismo dissipa sem esforço para o ambiente “o calor
produzido pelo metabolismo compatível com a sua atividade”. Dumke (2007, p. 16)
cita que “os limites da sobrevivência, dependendo do tempo de exposição das
pessoas às condições termo-ambientais, definem uma faixa bastante larga de
temperatura. Já os limites da saúde são bem mais estreitos, sendo os de conforto
ainda mais.” Segundo Frota e Schiffer (2001, p. 19), os limites da faixa de conforto
variam de 36,1 °C e 37,2 °C, sendo o limite inferior de 32 °C, e o limite superior de
42 °C. Valores próximos a estes limiares geram hipotermia e hipertermia
respectivamente, causando fadiga e estresse térmico.
Para que o organismo mantenha a temperatura corporal interna
constante, os mecanismos termorreguladores são ativados. Segundo Ruas (2001, p.
17), “conforto e equilíbrio térmico do corpo humano estão relacionados, na medida
em que a sensação de bem estar térmico depende do grau de atuação do sistema
termorregulador para a manutenção do equilíbrio térmico”. Desta forma, quanto
56

maior a atuação deste sistema para manter a temperatura interna do corpo, menor
será a sensação de conforto. Conforme o autor, a avaliação do conforto térmico
depende, portanto, dos fatores que interferem no sistema termorregulador, sendo
estas as variáveis ambientais e as variáveis humanas. Os fatores ambientais são
determinados pelas variáveis explicadas no item 2.1, isto é, a temperatura, a
umidade relativa, a velocidade do ar e a temperatura radiante média, esta última
explicitada adiante (item 2.2.2). As variáveis humanas são definidas pela taxa de
metabolismo, isolamento térmico da vestimenta, aclimatação, entre outros fatores.
Sentir-se termicamente confortável é imprescindível para um maior
rendimento das atividades humanas. De acordo com Lamberts e Xavier (2002, p. 2),
o conforto térmico está relacionado com: a satisfação de um indivíduo em sentir-se
confortável, a qualidade da performance humana para a qual dependem “ as
atividades intelectuais, manuais e perceptivas” e a conservação de energia, pois, ao
estabelecer parâmetros corretos de conforto térmico dos ocupantes de um recinto,
evitam-se desperdícios desnecessários com calefação e refrigeração.
As condições ambientais necessárias para que haja conforto térmico não
são as mesmas para todas as pessoas em razão das condições fisiológicas e
psicológicas individuais. Considera-se, então, que estas condições são voltadas
para uma parcela significativa da população, mas não para todas as pessoas. De
modo a possibilitar a avaliação da sensação térmica das pessoas quando expostas
a determinadas combinações das variáveis ambientais e humanas, foram
desenvolvidos os índices de conforto térmicos. Neste estudo, especificamente,
serão abordados os índices Voto Médio Estimado (item 2.2.4.1) e Temperatura
Fisiológica Equivalente (item 2.2.4.2).

2.2.1 Mecanismos de termorregulação

Para manter a temperatura do corpo em equilíbrio térmico, o organismo


produz reações químicas internas, sendo a principal a combinação do oxigênio
obtido pela respiração com o carbono, introduzidos no organismo pela ingestão de
alimentos (FROTA; SCHIFFER, 2001). O metabolismo basal utiliza, então, energia
suficiente para a manutenção das funções fisiológicas vitais. Giralt (2006) cita que
uma atividade física extra exige do organismo a transformação da energia dos
57

alimentos em energia mecânica. Conforme Frota e Schiffer (2001, p. 19), cerca de


20% desta energia são transferidos em trabalho e cerca de 80% são transformados
em calor, sendo, portanto, o rendimento da “máquina humana” considerado baixo.
Lamberts e Xavier (2002) citam que este ganho térmico deve ser dissipado para o
ambiente, evitando, assim, um superaquecimento do corpo, e acrescentam que este
processo acontece por trocas térmicas, sejam pela pele e/ou por meio da
respiração. Conforme Ruas (2001), o sistema que mantém o equilíbrio térmico do
corpo e que interfere nestas trocas térmicas com o ambiente chama-se sistema
termorregulador.
Ruas (2001, p. 20) exemplifica este processo:

Quando se entra num ambiente quente, os sensores na pele verificam o


diferencial de temperatura entre o corpo e o ambiente e informam ao
hipotálamo, que inicia o processo de vasodilatação para permitir que uma
maior quantidade de sangue percorra os vasos superficiais, aumentando
assim a temperatura da pele e propiciando uma maior dissipação de calor
por convecção e radiação. Adicionalmente poderia haver um aumento da
freqüência cardíaca para aumentar a vazão de sangue para a pele. Quando
as ações anteriores não são suficientes para manter o equilíbrio térmico é
iniciada a produção de suor para que o corpo possa perder calor com a sua
evaporação. De forma recíproca, quando se entra num ambiente frio é
iniciada a vasoconstrição, que restringe a passagem do sangue na
superfície da pele, privilegiando a circulação no cérebro e em outros órgãos
vitais, de maneira a manter a temperatura necessária à realização das
funções críticas do organismo. Esse processo também abaixa a temperatura
da pele, diminuindo assim a troca de calor com o meio. Quando a
vasoconstrição não consegue o equilíbrio térmico o sistema termorregulador
provoca o tremor muscular que aumenta o metabolismo nos músculos e
portanto a produção de calor interno.

Frota e Schiffer (2001) argumentam que, embora este processo seja o


meio de controle natural do organismo, qualquer esforço extra representa uma
perda da potencialidade de trabalho.
Segundo Ruas (2001), a temperatura interna do corpo não é uniforme,
sendo que uma temperatura, chamada de temperatura de núcleo, próxima dos 37
°C, é mantida no interior do cérebro, do coração e dos órgãos abdominais. Em
oposição, a temperatura periférica, da pele, sofre oscilações mais freqüentes em
razão das trocas de calor por convecção e radiação entre o corpo e o ambiente.
58

2.2.2 Balanço térmico do corpo humano

O corpo humano mantém trocas de calor com o ambiente por radiação,


condução, convenção e evaporação (Figura 5).

Figura 5 – Equilíbrio térmico do corpo humano


Fonte: Bustos Romero (1988, p. 23)

Como dito anteriormente, o equilíbrio térmico do corpo humano é obtido


quando a quantidade de calor produzido pelo corpo é igual à quantidade de calor
cedido para o ambiente, sendo que o calor produzido refere-se a diferença entre a
taxa de metabolismo e o trabalho mecânico realizado (RUAS, 2001). A ASHRAE
(1997, citado por RUAS, 2001, p.21) expõe a Equação 2 para explicitar o processo
de balanço térmico do corpo humano.

M - W = Qsk +Qres + S Equação 2


sendo:
Qsk = C + R + Ersw + Edif Equação 3
Qres = Cres + Eres Edif Equação 4

Onde M é a taxa metabólica, W é a taxa de trabalho mecânico realizado,


Qsk é a taxa total de calor perdido pela pele, Qres é a taxa total de calor perdido pela
59

respiração, S é a taxa de calor armazenada no corpo, C + R são as perdas de calor


sensível pela pele por convecção e radiação, Ersw é a taxa de calor perdido por
evaporação da transpiração, Edif é a taxa de calor perdido por evaporação da água
de difusão, Cres é a taxa de perda de calor convectivo na respiração, Eres é a taxa de
perda de calor evaporativo na respiração.

2
As componentes desta equação são dadas em W/m .
Höppe (1999) relaciona as componentes individuais desta equação com
as variáveis climáticas da seguinte forma: a temperatura do ar influencia os fluxos
de C e Eres; a umidade do ar afeta os níveis de Edif, Eres, Ersw; a velocidade do ar

interfere nos fluxos de C e Ersw; e a temperatura radiante média (Trm) relaciona-se a


R.
Johansson (2006) também analisa estas relações. O autor explica que,
com o aumento da temperatura do ar, há perda de calor por convecção (C) e
diminuição da taxa de perda de calor convectivo na respiração (Cres ). Caso a Ta
exceda a temperatura de superfície corporal, há ganho de calor por convecção. Em
relação ao aumento da umidade, ocorre diminuição das perdas de calor por
evaporação (Edif e Ersw ) e pela respiração (Eres ). Em condições de climas quentes,
onde as perdas de calor por convecção (C) e por radiação (R) são pequenas, a
evaporação por suor é um mecanismo importante na manutenção do conforto, já
que esta retira o calor latente do corpo e produz um efeito de resfriamento.
Johansson (2006) explica que a perda de calor convectivo (C) e por
evaporação de suor (Ersw ) aumenta juntamente com o aumento da velocidade do ar
devido aos coeficientes de transferência de calor convectivo e evaporativo
aumentarem em magnitude, resultado da diminuição da camada de isolamento ao
redor do corpo.
A temperatura radiante média (Trm) pode ser definida como a
temperatura uniforme de um ambiente imaginário no qual a troca de calor do corpo
humano por radiação é igual à troca de calor por radiação no ambiente real não
uniforme (ASHRAE, 1997). Segundo Matzarakis, Mayer e Rutz (2002), durante
condições de verão, a Trm é o parâmetro meteorológico mais importante entre os
requeridos na equação de balanço térmico. Höppe (1999) explica que, em
condições de pouco vento, a Trm possui a mesma importância que a Ta na equação
60

de balanço térmico. Em dias com velocidades de vento altas, a Ta é mais relevante


que a Trm, devido ao aumento das trocas de calor por convecção.
Considerando-se as perdas de calor por radiação (R), Johansson (2006)
cita que estas diminuem com o aumento da temperatura radiante média. Assim, se
a Trm for maior que a temperatura de superfície corporal, há ganho de calor.
Pode-se medir a Trm por meio das temperaturas das superfícies ao redor
do corpo humano, ou utilizando as temperaturas radiantes planas determinadas nas
seis direções ao redor do indivíduo. Pode-se, também, utilizar os seguintes
instrumentos: um radiômetro de duas esferas, um sensor esférico ou elipsoidal à
temperatura do ar constante, um termômetro de globo negro, sendo este o
dispositivo mais comum. Nesse caso a Trm é obtida por observações dos valores
simultâneos da temperatura de globo (Tg) e da temperatura e velocidade do ar ao
redor do globo (XAVIER, 1999). Considerando o globo negro padrão (0,15 m de
diâmetro), a Trm pode ser calculada segundo as Equações 5 e 6:

Em caso de convecção natural:


Trm = [(Tg+273)4+0,4.108 lTg-Tal1/4. (Tg-Ta)]1/4-273 Equação 5

Em caso de convecção forçada:


Trm = [(Tg+273)4+2,5.108. Va 0,6 (Tg-Ta)]1/4-273 Equação 6

Onde Va é a velocidade do ar ao nível do globo, em m/s; Ta é a


temperatura do ar, em °C; Tg é a temperatura de globo, em °C.

A seguir são apresentados os fatores individuais que influem no conforto


térmico.

2.2.3 As variáveis humanas de conforto térmico

A taxa metabólica define o nível de atividade do corpo, sendo o calor


gerado pelo organismo em torno de 100W a 1000W (LAMBERTS; XAVIER, 2002).
Uma vez que o gasto de energia está relacionado ao porte dos indivíduos,
61

convencionou-se expressar a taxa de metabolismo em termos de densidade de fluxo


energético, dado em W/m² (GIRALT, 2006).
Lamberts e Xavier (2002) explicam que, devido ao fato da maioria dos
estudos em conforto térmico considerarem o nível de atividade sedentária, a variável
humana que influencia a zona de conforto é determinada pela vestimenta utilizada
por cada indivíduo. Conforme Ruas (2001, p. 61), a “resistência à troca de calor
sensível, por convecção, radiação e condução, e a resistência à troca de calor
latente, por evaporação do suor, são propriedades das vestimentas que determinam
a sua interferência no conforto térmico.” Assim, o isolamento térmico das roupas
utilizadas é determinante para a quantidade de calor dissipado. A resistência térmica
das vestimentas é determinada pela porosidade, espessura e pelo número de
camadas de tecido (DUMKE, 2007).
A norma ISO 7730 (2005) estabelece a medida “clo” (advinda do termo
clothing) para medir o nível de vestimenta, sendo 1 clo correspondente a 0,155 m²
K/W. O isolamento térmico de uma vestimenta é calculado pelo somatório de todas
as peças. A norma ISO 7730 (2005) e a ISO 9920 (2007) fornecem tabelas com o
valor clo de cada peça.
Assim, para pessoas com vestimenta normal de trabalho (0,6 clo), a zona
de conforto para a manutenção do equilíbrio térmico seria entre 23 °C e 27 °C
(LAMBERTS; XAVIER, 2002).
As preferências térmicas estão relacionadas, também, com a taxa de
metabolismo basal. O metabolismo basal diminui com a idade. Deste modo, idosos
tendem a preferir lugares mais quentes. Da mesma forma, o metabolismo basal das
mulheres é mais baixo comparado ao dos homens. Assim, mulheres tendem a
preferir temperaturas mais altas.
A forma do corpo ou a relação entre a superfície e o volume também
influenciam as preferências térmicas, pois a gordura subcutânea forma uma
proteção térmica. Há de considerar, também, a adaptação fisiológica ou
aclimatação, isto é, à capacidade do organismo de adaptar-se a um novo ambiente
climático. Outros fatores que influenciam na determinação de conforto são as
diferenças étnicas, nível econômico, tipos de alimentação, entre outros. No entanto,
Fanger (1982) constata que estas diferenças são pouco significativas.
62

2.2.4 Índices de conforto térmico

No século XIX surgiram os primeiros estudos relacionados a estresse


térmico em decorrência das condições insalubres de trabalho nas mineradoras e na
indústria têxtil, mas foi só no século XX que metodologias para o estudo do conforto
térmico começaram a ser desenvolvidas, “motivadas em parte pelo advento do ar
condicionado” (MONTEIRO; ALUCCI, 2005, p. 1212).
Ruas (2001, p. 18) descreve o índice de conforto como um parâmetro
representativo do “efeito combinado das principais variáveis intervenientes”, sendo
possível, a avaliação da situação de conforto térmico de um recinto, “bem como
obter subsídios para melhor adequá-lo às necessidades humanas”.
Conforme Monteiro e Alucci (2005), no período de 1923 a 1948 foram
realizadas as primeiras tentativas para o estabelecimento de critérios de conforto
térmico por meio da criação de índices genéricos, sendo estes: Temperatura Efetiva
(Effective Temperature – ET), Nova Temperatura Efetiva (New Effective
Temperature – ET*), índice de taxa de suor prevista para quatro horas (Predictable
Four Hour Sweat Rate - P4SR) e Temperatura Resultante (Resultant Temperature –
RT). Na década de 50, foi sugerida a temperatura de globo e de bulbo úmido (Wet –
Bulb Globe Temperature index – WBGT ou IBUTG), sendo um índice utilizado até
os dias atuais. Monteiro e Alucci (2005) consideram o Índice de estresse térmico por
calor (Heat Stress Index – HSI) e o Índice de estresse térmico (Index of thermal
stress – ITS) como os primeiros índices embasados em modelos analíticos que
levam em conta os diversos processos de trocas térmicas. Os referidos autores
citam, também, a Nova temperatura efetiva padrão (Standard Effective Temperature
– SET*), obtida por meio de modelo analítico de balanço térmico, no qual o cálculo
das trocas é feito fundamentalmente a partir de modelo teórico.
Em relação aos modelos baseados no balanço térmico, Monteiro e Alucci
(2005) citam o Modelo Climático de Michel (Klima-Michel-model – KMM) e o Modelo
de Munique para Balanço de Energia para Indivíduos (Munich Energy-balance
Model for Individuals – MEMI). É considerada, também, a Temperatura Neutra
Exterior (Tne) que foca na adaptação dos indivíduos a um determinado clima.
Monteiro e Alucci (2005, p. 1219) concluem que:
63

Os estudos realizados ao longo do século XX demonstram que os índices


empíricos apresentam respostas significativas, mas apenas às situações
específicas em que foram determinados. As tentativas de se obter respostas
mais universais acabam convergindo para modelos analíticos, que trazem
ainda a vantagem de possibilitar uma avaliação específica das diversas
trocas térmicas operantes, facilitando a determinação das necessidades de
intervenção nos ambientes externos. Há, por fim, ainda a abordagem
adaptativa, que traz a característica de se considerar enfaticamente a
adaptação ao clima.

Entre os índices baseados no balanço térmico mais comumente aceitos,


estão o índice Voto Médio Estimado (Predicted Mean Vote - PMV) e o índice
Temperatura Fisiológica Equivalente (Physiological Equivalent Temperature - PET).

2.2.4.1 Voto Médio Estimado (PMV)

Fanger (1982) apresentou um método para avaliar a sensação térmica de


pessoas expostas a um mesmo ambiente, o índice Voto Médio Estimado (PMV -
Predicted Mean Vote). Este índice é decorrente de uma equação geral de conforto
que considera tanto as variáveis climáticas como as variáveis pessoais. Com o
objetivo de simplificar a equação de conforto, Fanger elaborou o Diagrama de
Conforto (Figura 6), que combina as variáveis ambientais e pessoais.

Figura 6 – Diagrama de conforto proposto por Fanger


Fonte: Fanger (1982, modificado por RUAS, 2001 p. 39)
64

O PMV prediz o valor médio dos votos de sensação térmica de um grupo


de pessoas, tendo como base o balanço térmico do corpo humano, ou seja, quando
o calor interno produzido pelo corpo é igual à perda de calor para o ambiente. Os
votos são dados em uma escala de 7 pontos, variando de muito frio (-3) até muito
calor (+3), sendo o valor de neutralidade térmica correspondente a zero. Desta
conceituação, obtiveram-se os valores individuais de desconforto, calculados pelo
índice de Porcentagem de Pessoas Insatisfeitas (Predicted Percentage of
Dissatisfied - PPD), que estabelece uma predição quantitativa da porcentagem de
pessoas em desconforto, tanto para calor como para o frio. A norma ISO 7730
(2005) estabelece que em um ambiente termicamente confortável, o PPD não deve
ultrapassar 10%, valor que corresponde a faixa entre -0,5 a +0,5.
Lamberts e Andreasi (2003) argumentam que, embora o PMV seja
adotado pela ASHRAE e normalizado pela ISO 7730 (2005), a aplicabilidade do
PMV é discutida por pesquisadores, devida as generalizações às quais o índice está
sujeito.

2.2.4.2 Temperatura Fisiológica Equivalente (PET)

Para Höppe (1999, p. 72), os modelos de trocas de calor de aplicação


mais universais são aqueles que permitem a estimativa dos valores de “temperatura
da pele, temperatura interna, taxa de suor, ou de pele úmida reais do corpo
humano”, considerando-se para isso os “processos termoregulatórios básicos como
a vasodilatação e a taxa de suor psiológica”. Esta é a fundamentação do modelo
Munich Energy-balance Model for Individuals 11
(MEMI), desenvolvido por Höppe em
1984 e que originou o índice denominado PET (Temperatura Fisiológica Equivalente
- Physiological Equivalent Temperature).
O PET, expresso em °C, baseia-se no balanço térmico do corpo, sendo
“um índice para cálculo do conforto térmico, adaptado às condições externas, que
considera não só a temperatura, umidade e vento, mas também a temperatura

11
O MEMI é definido pelo seguinte sistema de equações: a de balanço de energia do corpo humano;
a que descreve o fluxo de calor (Fcs) do interior do corpo humano para a superfície da pele e o
fluxo de calor da superfície da pele para a superfície externa da roupa, sendo possível o cálculo da
temperatura média da pele, temperatura da roupa e temperatura interna do corpo, quando são
conhecidos os parâmetros climáticos e os pessoais (GIRALT, 2006).
65

radiante média e é baseado na equação de equilíbrio térmico humano em estado de


uniformidade“ (MAYER; HÖPPE 12, 1987, citado por LOIS; LABAKI, 2001).
Segundo Höppe (1999), o PET é definido como a temperatura fisiológica
equivalente, em um determinado ambiente (interno ou externo), à temperatura do ar
de um ambiente interno de referência, no qual o balanço térmico humano é mantido
com temperatura da pele e do centro do corpo iguais àquelas das condições em
avaliação.
Os dados climáticos do ambiente de referência e os dados individuais são
estabelecidos da seguinte forma:
ƒ velocidade do ar de 0,1 m/s;
ƒ temperatura radiante média igual à temperatura do ar;
ƒ pressão de vapor de água de 12 hPa (umidade relativa de 50% a uma
temperatura do ar de 20 °C);
ƒ metabolismo 80 W (atividade leve) e vestimenta de 0,9 clo.

De acordo com a Tabela 2, o conforto térmico para um ambiente padrão


seria próximo dos 21 °C (HÖPPE, 1999), ou correspondente a uma faixa entre 18 °C
e 23 °C, conforme Mayer e Matzarakis (1998). "Valores mais altos indicam uma
possibilidade crescente de stress térmico, ao passo que valores mais baixos indicam
condições muito frias para conforto" (LOIS; LABAKI, 2001, p.5).

Tabela 2 – Valores de PET considerando-se diversos cenários

Cenário Ta (°C) Trm (°C) v (m/s) VP (hPa) PET (°C)


Ambiente Típico 21 21 0,1 12 21
Inverno, sol -5 40 0,5 2 10
Inverno, sombra -5 -5 5,0 2 -13
Verão, sol 30 60 1,0 21 43
Verão, sombra 30 30 1,0 21 29

Fonte: Höppe (1999, p. 73)

12
MAYER, Helmut., HÖPPE, Peter. Thermal comfort of man in different urban environments.
Theoretical and Applied Climatology, v. 38, p. 43-49, 1987.
66

Assim, o índice PET permite ao indivíduo a comparação dos “efeitos


integrais das complexas condições externas com a sua própria experiência no
ambiente interno” (LAMBERTS; ANDREASI, 2003, p.51).
Matzarakis, Mayer e Rutz (2002) verificaram a influência de diferentes
parâmetros meteorológicos (Ta, VP, v, Trm e radiações de onda longa e onda curta)
para o índice PET. A Trm apresentou maior correlação (R2 = 0,757), seguida da
2 2
radiação de onda longa (R =0,746) e da Ta (R =0,620). Os impactos das outras
variáveis foram baixos.
Ali-Toudert e Mayer (2006) analisaram o efeito da forma urbana nos
níveis de conforto térmico, expressado pelo índice PET, em ruas de pedestres na
cidade de Ghardaia (32,40° N, 3,80° E), sul da Algeria. Tomou-se como referência
um cânion urbano com relação H/W=2 e orientação E-W. A partir deste, foram feitas
variações, sendo estas: relação H/W=4, perfil assimétrico com uso de galerias e
mudança em relação à orientação solar (NE-SW). A simulação foi feita para um dia
de verão e foi desconsiderado o efeito dos ventos devido à incidência perpendicular
deste. A situação de referência apresentou valores altos de PET, até mesmo nas
áreas protegidas do sol, sendo o pico máximo da Ta de 68 °C. No cânion com maior
profundidade (H/W=4), embora tenham ocorrido áreas mais sombreadas, o valor do
PET ainda foi alto, em torno de 40 °C. Isto significa que o efeito de proteção das
paredes para orientações E-W é eficaz, somente, em relações H/W superiores a 4.
Na rua com perfil assimétrico, foram adicionadas galerias como uma maneira de
proteger os espaços dos pedestres, sendo a variação do PET entre 32 °C e 38 °C
nos dois lados da rua. Os autores sugerem que uma rua com estas condições
poderia resfriar mais rápido do que uma rua com perfil regular, devido ao seu maior
FVC. Valores mais baixos do índice também foram encontrados na orientação NE-
SW. Ali-Toudert e Mayer (2006) concluem que o conforto térmico é um parâmetro
de difícil obtenção, sendo complicado manter uma rua inteira em condições ótimas
de conforto. No entanto, consideram que, com o uso de estratégias como as
simuladas, o ambiente térmico em ruas de pedestres pode ser melhorado, pelo
menos em partes da rua.
Para o cálculo dos índices PMV e PET, são consideradas as mesmas
variáveis climáticas (temperatura do ar, temperatura radiante média, velocidade do
ar e umidade do ar). E as seguintes variáveis individuais: taxa metabólica, eficiência
mecânica, isolamento da vestimenta e atividade.
67

A Tabela 3 mostra os níveis de estresse térmico e sensação térmica para


os índices PMV e PET.

Tabela 3 – Sensação térmica e nível de estresse térmico para os índices PMV e PET
PMV PET Sensação Humana Nível de estresse térmico

Muito frio estresse extremo ao frio


-3,5 4 °C -------------------------------------------- ------------------------------------------------
frio estresse forte ao frio
-2,5 8 °C -------------------------------------------- ------------------------------------------------
pouco frio estresse moderado ao frio
-1,5 13 °C -------------------------------------------- ------------------------------------------------
leve frio estresse leve ao frio
-0,5 18 °C -------------------------------------------- ------------------------------------------------
confortável sem estresse térmico
0,5 23 °C -------------------------------------------- ------------------------------------------------
leve calor estresse leve ao calor
1,5 29 °C -------------------------------------------- ------------------------------------------------
pouco calor estresse moderado ao calor
2,5 35 °C -------------------------------------------- ------------------------------------------------
calor estresse forte ao calor
3,5 41 °C -------------------------------------------- ------------------------------------------------
muito calor estresse extremo para calor
Fonte: modificado de Mayer e Matzarakis (1998)

Uma vantagem do índice PET em relação ao PMV é o fácil entendimento


por ser valorado em °C (ALI-TOUDERT; MAYER, 2006).
68

3 METODOLOGIA

Neste capítulo são delineados o método de pesquisa utilizado e os


procedimentos aplicados para a realização do estudo. O objetivo central desta
pesquisa é avaliar a influência de aspectos da geometria urbana sobre os níveis de
conforto térmico em ruas de pedestre de Curitiba. Os locais de estudo são: calçadão
da Rua XV de Novembro, Rua Saldanha Marinho, Travessa Oliveira Bello, Rua
Senador Alencar Guimarães e Praça Generoso Marques.
Em relação às técnicas empregadas em pesquisas que tratam do clima
urbano, Costa, Labaki e Araújo (2007, p. 26) consideram que:

O estudo do clima urbano é relativamente novo, e os modos de investigação


ou a prática empregada neste tipo de estudo podem envolver:
conceitualização, elaboração de teorias, observações de campo,
modelagem (estatística, de escala e numérica), validação de modelos,
aplicação no design urbano e no planejamento, impactos de assentamento
(pós-implementação), programa de desenvolvimento e modificação.

Para este estudo, o modo de investigação envolve observações de


campo, sendo a pesquisa classificada como correlacional.
O estudo está dividido em cinco etapas principais:
1. determinação dos pontos de medição;
2. monitoramento das variáveis climáticas nos pontos selecionados;
3. análise da relação entre as variáveis climáticas e o FVC;
4. análise da relação entre a radiação solar e o FVC;
5. apresentação do fator de acessibilidade solar (FAS).

Inicialmente apresenta-se a caracterização das condições climáticas da


área de estudo.

3.1 CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA DA ÁREA DE ESTUDO

O clima de uma região é determinado pelas condições geográficas,


geológicas e hidrológicas, e, fundamentalmente pelos sistemas de circulação
atmosférica (FILL; SUGAI; HILU, 1999), os quais englobam as massas de ar, as
frentes e os centros de ação (AYOADE, 2003).
69

A região Sul está sob influência dos seguintes centros de ação: o


Anticiclone Migratório Polar, o Anticiclone Subtropical do Atlântico, a Depressão do
Chaco e a Zona de Convergência Intertropical (DANNI-OLIVEIRA, 1999). Conforme
Monteiro (1963), as massas de ar que exercem influência nesta região são:
- Massa Tropical Atlântica (Mta): tem origem no anticiclone do Atlântico
Sul, com características de massa quente, úmida, com tendência à estabilidade,
grande poder de penetração para o interior do continente e com constante atividade
anual.
- Massa Polar Atlântica (Mpa): originada no Atlântico Sul, na latitude da
Patagônia, inicialmente, constitui-se de ar seco, frio e estável, mas ao migrar do
continente até o Equador, absorve calor e umidade do ar.
- Massa Equatorial Continental (Mec): originária da Planície Amazônica, é
quente e úmida, e atua no verão em decorrência dos sistemas depressionários do
interior do continente.
Segundo Fill, Sugai e Hilu (1999), a Massa Tropical Atlântica de baixa
pressão predomina nos meses de outubro a março, ocorrendo frentes quentes, as
quais trazem instabilidade e umidade. Os autores acrescentam que o deslocamento
da Massa Polar Atlântica em direção ao norte, entre os meses de abril a setembro, é
responsável por grandes variações climáticas, inclusive podem provocar chuvas
intensas. No verão, podem ocorrer chuvas convectivas.
Curitiba encontra-se na região sul do Brasil, latitude 25° 31’ S, longitude
49° 11’ W e altitude de 917m acima do nível do mar. Abrange uma área de 435 km²
e possui uma população de aproximadamente 1.800.000 habitantes (IBGE, 2009). A
cidade situa-se abaixo do Trópico de Capricórnio, no primeiro planalto paranaense.
De acordo com a classificação de Koeppen, o clima de Curitiba é
predominantemente mesotérmico com verões frescos (Cfb). As precipitações são da
ordem de 1600 mm anuais.
Segundo o Zoneamento Bioclimático Brasileiro (ABNT, 2004), Curitiba
está na Zona Bioclimática I, a mais fria das oito zonas, correspondente a 0,8% do
território nacional.
Goulart, Lamberts e Firmino (1998) apresentam algumas características
climáticas de Curitiba com base no Ano Climático de Referência (Test Reference
Year – TRY). Os pesquisadores utilizaram os dados coletados entre 1961 e 1970,
registrados no aeroporto Afonso Pena (código 83840). Para o tratamento destes
70

dados foi utilizada a metodologia da ASHRAE. De acordo com o TRY, a temperatura


média anual é de 16,6 °C, sendo a máxima temperatura registrada no mês de
janeiro (33,3 °C) e a mínima no mês de agosto (-5,3 °C). A média anual da
amplitude térmica diária é de 10,5 °C, sendo a amplitude máxima diária de 25,7 °C
em agosto e a mínima de 0,5 °C em setembro. A umidade relativa média durante o
TRY é de 85% e a velocidade do vento média é de 3,2 m/s. A direção dos ventos
vindos de Leste é freqüente em todos os meses do ano.
Em relação à variação diária de temperatura do ar no período de verão
(data de referência 28/01) e inverno (data de referência 23/07), segundo o TRY, a
Ta atinge seu valor máximo às 15h00, para ambos os períodos. No verão, às 15h00,
a média de temperatura do ar é de 30,0 °C e no inverno é de 13,3 °C para o mesmo
horário.
Fill, Sugai e Hilu (1999) analisaram, para um período de 39 anos (1951 a
1989), a distribuição temporal dos elementos do clima com base nos dados da
estação meteorológica de Curitiba operada pelo Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET). Segundo os autores, a região apresenta clima úmido, temperado e sem
estação seca definida, podendo haver chuva em qualquer época do ano (51% de
dias no ano são chuvosos), sendo a maior incidência no período de verão. Todavia,
pode ocorrer inversão da sazonalidade em determinados anos visto que no período
analisado pelos autores, 97% de dias chuvosos foram registrados em julho. Em
relação à insolação, esta é maior no verão e menor na primavera. Foi verificada,
também, a ocorrência de geadas em 62% dos anos do período, entre os meses de
abril a setembro.
Goulart, Lamberts e Firmino (1998), por meio da carta bioclimática (Figura
7), avaliam que, em Curitiba, há 20,9 % de horas de conforto e 79% de horas de
desconforto, destas 73,1% das horas do ano são decorrentes do desconforto por
frio. Na carta bioclimática, a mancha constituída por pontos vermelhos representa
cada hora do ano.
71

1. zona de conforto; 2. zona de ventilação ; 3. zona de resfriamento evaporativo; 4. zona de


massa térmica para resfriamento; 5. zona de ar-condicionado; 6. zona de umidicação; 7. zona
de massa térmica para aquecimento; 8. zona de aquecimento solar passivo e 9. zona de
aquecimento artificial.

Figura 7 – Carta Bioclimática com estratégias para Curitiba


Fonte: Goulart, Lamberts e Firmino (1998)

Na carta bioclimática a maior concentração de pontos está na zona 7, isto


significa que a maior exigência é relativa à massa térmica para aquecimento,
devendo ser explorado o calor solar. Conforme os autores, esta estratégia
bioclimática poderia reduzir o desconforto por frio em pelo menos 42,4% das horas
do ano. Este número aumenta para 70%, se for adicionada a faixa 8, definida como
zona de aquecimento solar passivo.

3.2 DETERMINAÇÃO DOS PONTOS DE MEDIÇÃO

O calçadão da Rua XV de Novembro, localizado no centro de Curitiba, faz


parte da história do urbanismo brasileiro, por ter se tornado, em 1972, a primeira rua
de pedestres do país (PINTO, 2009). A pedestrianização surgiu como uma medida
72

para favorecer o comércio local, sendo o fluxo de veículos redirecionado para as


vias adjacentes. Assim, o espaço foi remodelado com a introdução de um passeio
único e mobiliários urbanos foram dispostos ao longo de toda a via.
O calçadão da Rua XV de Novembro é composto por cinco quadras da
Rua XV de Novembro, iniciando-se a partir da Rua Presidente Faria até a Travessa
Oliveira Bello, e pelas duas quadras que compõem a Avenida Luis Xavier. Todo o
calçadão, somadas as duas praças situadas nas extremidades (Praça Santos
Andrade e Praça General Osório), é considerado patrimônio histórico (PINTO,
2009).
A paisagem urbana do calçadão é marcada por edificações comerciais de
grande altura que contrastam com antigos casarões. Atualmente, a Rua das Flores,
como é popularmente chamada, faz parte da identidade cultural da cidade, sendo
caracterizada por um fluxo intenso e constante de transeuntes. Segundo a
Associação Comercial do Paraná (2007), 140.000 pessoas circulam por dia pelo
calçadão. Desde seu surgimento, a via é uma das principais artérias comerciais da
cidade.
O calçadão da Rua XV está implantado em um eixo de rua com tendência
para o sentido E-W, mais especificamente 67° em relação ao norte verdadeiro e em
torno de 85° em relação ao norte magnético.
A primeira etapa desta pesquisa consistiu na determinação de pontos
passíveis para posterior monitoramento (Figura 8). Procurou-se mapear pontos na
extensão que abrange desde a Praça Santos Andrade até a Praça General Osório
(pontos 1 a 11), englobando todas as quadras do calçadão da Rua XV de
Novembro. Além destes, selecionaram-se pontos no entorno do calçadão.
A Rua Saldanha Marinho foi selecionada por ser uma via próxima ao
calçadão da Rua XV de Novembro e por apresentar a mesma orientação axial desta
(pontos 12 e 13).
Os pontos situados no entorno da Praça Generoso Marques (pontos 14 a
16), próximos ao Paço Municipal, foram selecionados por apresentar configurações
urbanas distintas dos cânions do calçadão da Rua XV de Novembro. Selecionaram-
se, ainda, ruas de pedestres com orientação em relação ao norte diferente da Rua
XV, sendo estas a Travessa Oliveira Bello e a Rua Senador Alencar Guimarães
(pontos 17 e 18) com orientação axial NW-SE.
73

Figura 8 – Localização dos pontos selecionados para obtenção do FVC


Fonte: Autoria própria

A localização dos pontos consta no Quadro 4.

Ponto Localização
1 Praça Santos Andrade
2 Rua XV de Novembro - entre a Rua Pres. Faria e Rua Riachuelo
3 Rua XV de Novembro - entre a Rua Riachuelo e Rua Mons. Celso
4 Cruzamento da Rua Mons. Celso e Rua XV de Novembro
5 Rua XV de Novembro - entre a Rua Mons. Celso e Rua Mal. Floriano
6a e 6b Rua XV de Novembro - entre a Rua Mal. Floriano e Al. Dr. Muricy
7 Rua XV de Novembro - entre a Al. Dr. Muricy e Rua Ébano Pereira
8 Cruzamento da Trav. Oliveira Bello e Rua XV de Novembro
9 Rua XV de Novembro - entre Rua Ébano Pereira e Rua Vol. Pátria
10 Cruzamento da Rua Vol. Pátria e Rua XV Novembro
11 Praça General Osório
12 Rua Saldanha - entre Al. Dr. Muricy e Rua do Rosário
13 Rua Saldanha - entre Rua do Rosário e Rua José Bonifácio
14 Praça Gen. Marques - em frente ao Paço Municipal
15 Praça Gen. Marques - próximo a Rua Riachuelo
16 Praça Gen. Marques - atrás do Paço Municipal
17 Trav. Oliveira Bello
18 Rua Sen. Alencar Guimarães

Quadro 4 – Localização dos pontos


Fonte: Autoria própria
74

Os pontos de monitoramento foram sempre centralizados em relação à


quadra, exceto nos seguintes locais: ponto 9, uma vez que esta quadra é a única
com passagem para veículos; ponto 10, situado no entorno da Praça General
Osório; ponto 16, localizado no entorno da Praça Generoso Marques e ponto 6 por
haver uma fonte centralizada na quadra. Neste último, foram fixados dois pontos
para monitoramentos, denominados de 6a e 6b. A etapa seguinte à determinação
dos pontos de monitoramento foi à obtenção de fotos olho de peixe de cada ponto.

3.2.1 Obtenção de fotos olho de peixe

Para a obtenção das imagens necessárias ao cálculo do FVC, esta etapa


envolveu duas tentativas com diferentes câmeras fotográficas digitais.
Primeiramente, utilizou-se uma câmera sem o sensor que permite o registro
completo da foto olho de peixe (Nikon D-80). Posteriormente, optou-se por uma
câmera com este dispositivo (Nikon CoolPix 4500).
Um agravante pouco mencionado em estudos que tratam de fator de
visão do céu é o alto custo de uma câmera apropriada e de uma lente olho de peixe,
limitando o trabalho de pesquisadores. A câmera Nikon Coolpix é citada em diversos
artigos relacionados ao FVC (BROWN; GRIMMOND; RATTI, 2001; MOIN;
TSUTSUMI, 2004; CHAPMAN et al., 2007; GÁL et al., 2007). No entanto, a
dificuldade de encontrá-la disponível para comercialização e seu custo, levaram,
inicialmente, a escolha pela câmera Nikon D-8013 (com lente Sigma Fisheye 8 mm F-
35).
De modo a suprir a limitação da câmera, que por ser desprovida do
sensor full-frame, não faz o registro completo da abóbada celeste (a imagem
aparece cortada em cima e em baixo), utilizaram-se duas imagens sobrepostas.
Uma vez que ainda apareciam cortes na imagem (pequenos triângulos onde as
duas imagens perpendiculares deveriam se encaixar), a solução foi adotar o
parassol da própria câmera, que limitava o ângulo de visão em torno de 160 graus.
Este método de edição de imagens foi desenvolvido por Tamura (MINELLA;
TAMURA, 2009) e é descrito no subitem 3.2.1.1.

13
O custo deste equipamento é em torno de 100 % mais baixo do que as câmeras digitais com o
sensor full-frame, que possibilita o registro completo de uma lente olho de peixe.
75

Em relação à altura da obtenção das fotos, por não haver norma relativa,
o parâmetro estabelecido foi a altura dos sensores de temperatura e umidade
consideradas nas medições microclimáticas (descritos no item 3.3). Desta forma, as
fotos foram obtidas a 110 cm em relação ao nível do solo.

3.2.1.1 Metodologia para obtenção de fotos olho de peixe

A descrição a seguir corresponde à metodologia para obtenção de fotos


olho de peixe com ângulo de abertura de aproximadamente 160°.
Para o estudo pretendido, foram necessárias duas imagens captadas por
uma lente 8mm. A primeira imagem foi obtida com a máquina voltada ao Norte,
chamada de "Foto 01", enquanto a segunda imagem, chamada de "Foto 02", foi
realizada com a máquina voltada ao Leste. Para a obtenção das fotos, a câmera
com a lente olho de peixe (mantido o parassol) foi acoplada em um tripé, e todo o
conjunto posicionado com a lente da câmera virada para a abóbada celeste, e com
o topo da câmera voltado para a direção norte (Figura 9–a). Para que a lente da
câmera estivesse paralela ao solo, foi feito o nivelamento com um nível simples de
construção, mexendo-se nas regulagens do tripé (Figura 9–b). No momento da
obtenção da foto, foi necessário o posicionamento do fotógrafo abaixo da lente, de
modo a evitar qualquer interferência na imagem (Figura 9–c). A câmera foi, então,
girada em 90 graus. Foi ajustado o nível da lente novamente e obtidas as fotos.

(a) (b) (c)

Figura 9 – Preparação da câmera: a) posicionamento da câmera, b) nivelamento da lente e c)


marcação no corpo do tripé.
Fonte: Autoria própria
76

Para realizar a montagem das duas fotos e formar uma imagem


completa, foi utilizado o programa de edição de imagem Adobe Photoshop.

3.2.1.2 Fusão de Imagens em programa de edição de imagem

Esta etapa está apresentada de maneira didática a fim de permitir uma


melhor compreensão deste processo, que consiste em fundir as imagens obtidas
com a máquina voltada para a direção Norte (Foto 1, Figura 10) e Leste (Foto 2,
Figura 11), objetivando-se uma única imagem final.

Figura 10 – “Foto 1”, imagem posicionada Figura 11 – “Foto 2”, imagem posicionada em
em relação ao Norte relação ao Leste
Fonte: Autoria própria Fonte: Autoria própria

O processo de fusão de imagens foi realizado no programa Adobe


Photoshop, porém pode ser repetido em qualquer programa de edição de imagens.
Inicialmente, as duas imagens foram abertas no programa e a área de trabalho da
"Foto 01" aumentada, com a intenção de deixá-la no formato quadrado. No exemplo
abaixo, a imagem que tinha a medida 1000x671px, passou a ter 1000x1000px. Para
não distorcer a imagem, foi usado o comando Image > Canvas Size (Figura 12).
77

Figura 12 – Comando para deixar a imagem com formato quadrado e sem distorção.
Fonte: Autoria própria

Depois das imagens redimensionadas, a "Foto 02" foi inserida no arquivo


da "Foto 01". No Photoshop, esse processo é realizado arrastando um layer
(camada) de um arquivo para outro (Figura 13). A imagem arrastada foi, então,
rotacionada em 90° de forma a encaixá-la da melhor forma possível na outra
imagem. Com o layer selecionado, foi escolhida a opção Edit > Free Transform. A
próxima etapa foi a criação de um novo layer sem preenchimento. Nesta nova
camada, foi feita uma seleção no formato de um círculo, tendo o cuidado desta
seleção não conter nenhuma área escura criada pela abertura da máquina,
preservando somente a área de interesse. Caso seja necessário fazer algum ajuste
na seleção, recomenda-se utilizar o comando Select > Transform Selection (Figura
14).

Figura 13 – Inserção da Imagem 2 no arquivo da Figura 14 – Seleção da área de


Imagem 1 interesse
Fonte: Autoria própria Fonte: Autoria própria
78

Depois da seleção no formato desejado, foi feita a inversão da mesma


(Select > Inverse ou Ctrl+Shift+I), com o objetivo de pintar esta seleção com alguma
cor que contrastasse com a imagem de interesse, neste caso, a cor preta. Para isso,
foi utilizada a ferramenta Paint Bucket Tool (Balde de Tinta).
Neste momento, havia no arquivo três camadas (layers):
1. a imagem original do arquivo;
2. a imagem arrastada com diferença de 90° para a imagem anterior;
3. a camada de máscara pintada de preto que oculta as diferenças no
formato circular obtidas pela câmera.

Assim, foi selecionada a segunda camada (com a imagem arrastada) e


criado um layer de máscara sobre ela (Figura 15). Com o objetivo de ajustar alguma
possível distorção, foi selecionada a ferramenta Brush Tool (Pincel) com um formato
bem suave. No exemplo, foi utilizado um diâmetro de 200px e 0% de “dureza
(Hardness), ver Figura 16.

Figura 15 – Criação de layer de máscara sob a Figura 16 – Correção de alguma distorção.


segunda camada
Fonte: Autoria própria
Fonte: Autoria própria

Neste momento foi selecionada a máscara criada anteriormente e


"pinceladas" as áreas de divergência entre as imagens. Nota-se que a máscara
aceita somente tons de cinza: onde a máscara estiver pintada mais próximo do
preto, menos aparecerá a imagem original, e quanto mais próximo do branco, mais
79

esta aparecerá. (Figura 17). O trabalho continuou até a obtenção de ponto


satisfatório entre a junção das duas imagens. O resultado aparece na Figura 18.

Figura 17 – Áreas corrigidas Figura 18 – Resultado final

Fonte: Autoria própria Fonte: Autoria própria

Os resultados deste método foram calibrados a partir de fotos olho de


peixe obtidas com a lente olho de peixe FC-E8 acoplada a câmera Nikon CoolPix
4500. A calibração consistiu em comparar os valores de fatores de visão do céu
obtidos na primeira situação (fotos olho de peixe com ângulo de abertura de
aproximadamente 160°), com os valores obtidos a partir das fotos olho de peixe com
ângulo de abertura de 180°. Da calibração, obtive-se uma relação praticamente
linear entre tais valores (R² = 0,98), (Gráfico 5).

0,6

0,5

0,4
FVC (180º)

0,3

0,2
y = 0,64x
0,1 2
R = 0,98
0,0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
FVC (160º)

Gráfico 5 – Gráfico de dispersão entre FVC com ângulo de abertura de 160° e de 180°
Fonte: Autoria própria
80

Para a câmera sem o sensor full-frame, e para FVCs entre 0,19 e 0,54, o
método de calibração parece se aplicar e o coeficiente de calibração “compensa” a
parte da imagem que foi perdida na primeira situação em relação à segunda. O erro
médio entre os valores de FVC de cada método foi de -0,31% (Tabela 4).

Tabela 4 – Erro médio entre os valores de FVC de cada método

FVC FVC ERRO


Pontos FVC 160° COM CORREÇÃO LINEAR ERRO
(160°) (180°) (módulo)
2 0,30 0,20 0,19 0,01 0,01
11 0,36 0,21 0,23 -0,02 0,02
12 0,35 0,21 0,22 -0,01 0,01
17 0,34 0,21 0,22 -0,01 0,01
5 0,33 0,22 0,21 0,01 0,01
13 0,37 0,22 0,24 -0,02 0,02
6a 0,40 0,26 0,26 0,00 0,00
6b 0,42 0,27 0,27 0,00 0,00
9 0,45 0,29 0,29 0,00 0,00
10 0,48 0,30 0,31 -0,01 0,01
18 0,50 0,30 0,32 -0,02 0,02
3 0,54 0,32 0,35 -0,03 0,03
1 0,55 0,33 0,35 -0,02 0,02
4 0,52 0,34 0,33 0,01 0,01
8 0,59 0,37 0,38 -0,01 0,01
16 0,56 0,38 0,36 0,02 0,02
7 0,61 0,39 0,39 0,00 0,00
15 0,80 0,53 0,51 0,02 0,02
14 0,84 0,55 0,54 0,01 0,01
ERRO MÉDIO % -0,31

Fonte: Autoria própria

A aplicação do método de edição de imagens, devidamente calibrado,


pode ser uma alternativa para estudos que utilizem somente o valor do FVC. Para o
presente estudo, devido a necessidade da utilização de cartas solares sobrepostas
às imagens olho de peixe completas, foram utilizadas as imagens obtidas com a
câmera provida do sensor, isto é, a câmera Nikon CoolPix 4500 com lente olho de
peixe FC-E8 (Figura 19) .
81

Figura 19 – Câmera Nikon CoolPix 4500 com lente olho de peixe FC-E8
Fonte: Autoria própria

3.2.2 Cálculo do FVC no programa Rayman

Uma maneira simples de obter o FVC é por intermédio do programa


RayMan. O software permite a obtenção da Trm, além de índices de conforto como
o PMV e o PET. O programa, de domínio público (http://www.mif.uni-
freiburg.de/RayMan), foi desenvolvido por Andreas Matzarakis e por considerar as
complexas estruturas urbanas, é de grande utilidade para a climatologia e
planejamento urbano.
O programa possibilita que uma determinada localidade seja
graficamente representada com a inserção de dados de implantação e dimensões
das edificações e vegetação. Por meio deste sistema de dados gráficos, é possível
a visualização de áreas sombreadas pelos obstáculos naturais e artificiais, além do
cálculo do FVC. Outra opção para a obtenção do FVC é por meio da inserção de
fotos olho de peixe. As imagens podem ser importadas e editadas no próprio
programa, já que no RayMan, há ferramentas de desenho que possibilitam a
seleção do céu, para depois ser possível o contraste da área de céu com a área de
obstruções, e então efetivar o cálculo do FVC.
No entanto, de modo a facilitar e agilizar este processo, a imagem pode
ser preparada no Adobe Photoshop, evitando a utilização das ferramentas de
desenho do programa RayMan.
Para o cálculo do FVC, a imagem circular da foto olho de peixe deve
estar perfeitamente encaixada no grid polar visualizado no RayMan. Dessa maneira,
depois de aberta a foto no programa Photoshop, deve-se deixar somente a imagem
da circunferência, apagando o fundo da imagem (Figura 20). Para isso foi utilizada a
82

ferramenta Magic Tool Eraser (borracha mágica) sob o fundo da imagem. Neste
caso, a tolerância, ou seja, o limite de contraste da ferramenta foi de 1. De modo a
completar esta ação, foram selecionados os seguintes comandos: Image> Trim>
Transparent Pixels > OK.

Figura 20 – Processo de recorte da imagem circular


Fonte: Autoria própria

Ainda nesta etapa fez-se a opção de retirar o céu, facilitando assim o


processo de contraste no programa RayMan. Para isso foi selecionada a opção
Magic Wand Tool (varinha mágica) e, com a tecla Ctrl, foram selecionadas as partes
que se desejava retirar. A tolerância para esta ferramenta no exemplo utilizado foi
de 30. O resultado pode ser conferido na Figura 21.

Figura 21 – Resultado do recorte da área de céu


Fonte: Autoria própria
83

A imagem foi salva em bitmap, formato necessário para ser importado


pelo Rayman.
No programa Rayman na barra de ferramentas Input, foi selecionada a
função Sky View Factor. Com a ferramenta Open Horizon Limitation, importou-se a
imagem. Na área de trabalho, na janela Draw, foi selecionada a ferramenta
Monochrome, que deixa as áreas de obstrução na cor preta (Figura 22). Desta
forma, por meio de contraste branco e preto, é possível o cálculo do FVC. Assim, na
janela Cut off, que lida com as propriedades das cores no sistema RGB, foram
arrastadas as três barras até o limite máximo, de modo a aparecer a cor branca no
RGB selecionado. Depois de um clique em Cut off e em Close, é possível a
visualização do FVC. A etapa do processo de recorte do céu no programa de edição
elimina etapas no Rayman e facilita o processo.

Figura 22 – Importação da imagem e contraste


Fonte: Autoria própria

Para finalizar, basta clicar em New localizado na janela Calculation


(Figura 23). É aberta, então, uma janela com o resultado (Figura 24).
84

Figura 23 – Visualização do programa Figura 24 – Janela de saída de dados


RayMan
Fonte: Autoria própria
Fonte: Autoria própria

O programa Rayman mostrou ser bastante útil quanto ao cálculo do FVC.

3.3 MONITORAMENTO DAS VARIÁVEIS CLIMÁTICAS

As variáveis climáticas foram obtidas de acordo com a norma ISO 7726


(1998), que dispõe sobre os instrumentos para a medição de variáveis físicas.
O monitoramento das variáveis climáticas foi possível com o uso de duas
estações meteorológicas da marca HOBO modelo H21-001 (Figura 25).

Figura 25 – Estação meteorológica HOBO (H21-001)


Fonte: Microdaq (2009)
85

Cada estação estava equipada com seguintes instrumentos (Quadro 5):


sensor de temperatura do ar e umidade, piranômetro e sensor de direção e
velocidade do vento (anemômetro).

Sensor de temperatura do ar e umidade


(S-THB-M002)

- Intervalo de medição: -40 °C a 75 °C (Ta) e


0 a 100% (UR)

- Precisão: 0,2 °C (Ta) e ± 2,5% (UR)

Piranômetro de silício
(S-LIB-M003)

Mede a radiação solar considerando-se a


faixa espectral de 300 a 1100 nm.
2
- Intervalo de medição: 0 a 1280 W/m
2
- Precisão: ±10.0 W/m ou ±5%.

Sensor de direção e velocidade do vento (S-


WCA-M003)

Velocidade do ar
- Intervalo de medição: 0 a 44 m/s
- Precisão:
± 0,5 m / s (± 1,1mph)
±3% (17 to 30 m/s)
±4% (30 to 47 m/s)

Direção do ar
- Intervalo de medição: 0 a 358°
- Precisão: ± 0,5 m / s

Quadro 5 – Instrumentos de medição


Fonte: Microdaq (2009)

Os sensores de temperatura do ar e umidade relativa foram fixados na


altura de 110 cm, conforme ISO 7726 (1998). O piranômetro foi fixado à 160 cm,
acima dos demais sensores e orientado para o Norte, para evitar sombras sobre o
86

mesmo. O anemômetro foi fixado à 200 cm, conforme recomendado por Campbell
(1997).
Para se obter a temperatura radiante média (Trm), foram utilizados
termômetros de globo de cobre, com Ø=2”, pintados na cor RAL-7001 (THORSSON
et al., 2007), como visualizado na Figura 26. Em cada estação, foram fixados dois
termômetros de globo nas alturas de 60 cm e 110 cm, conforme ISO 7726 (1998),
sendo incorporados nestes globos os instrumentos do Quadro 6. Para se obter a
temperatura de globo, foi feita a média aritmética entre os dois registros. A Trm foi
calculada pela fórmula para convecção natural, definida pela ISO 7726 (1998, p.16).

Sensor de temperatura 12-Bit


(S-TMB-M002)

- Intervalo de medição: -40 °C a 100 °C


- Precisão: < ±0.2 °C (0 °C a 50 °C)
Sensor de temperatura HOBO Pro V2 logger
(U23-004)

Sensor interno
- Intervalo de medição: -40 °C a 100 °C
- Precisão: < ±0.2 °C (0 °C a 50 °C)

Sensor externo
- Intervalo de medição: -40 °C a 100 °C
- Precisão: < ±0.2 °C (0 °C a 50 °C)

Quadro 6 – Instrumentos de medição acoplados nos globos de cobre


Fonte: Microdaq (2009)

As faixas de precisão dos instrumentos utilizados satisfizeram as


recomendações da norma ISO 7726 (1998), ver Tabela 5.

Tabela 5 – Faixa de precisão dos instrumentos segundo a norma ISO 7726 (1998)

(continua)

Faixa Faixa
Variáveis para Precisão para conforto para Precisão para estresse
conforto estresse
Desejada:
Temperatura do ar 10 a 40 Desejada: ± 0,5 °C -40 a ± 0,5 °C (0 a 50 °C)
(Ta) °C Requerida: ± 0,2 °C 120 °C Requerida:
± 0,25 °C (0 a 50 °C)
87

Tabela 5 – Faixa de precisão dos instrumentos segundo a norma ISO 7726 (1998)

(conclusão)

Faixa Faixa
Variáveis para Precisão para conforto para Precisão para estresse
conforto estresse
Desejada:
Temperatura
10 a 40 Desejada: ± 2 °C -40 a ± 5 °C (0 a 50 °C)
radiante média
°C Requerida: ± 0,2 °C 150 °C Requerida:
(Trm)
± 5 °C (0 a 50 °C)
Desejada: Desejada:
Velocidade do ar 0,05 a 1 ± (0,05 + 0,05va) m/s 0,2 a ± (0,1 + 0,05va) m/s
(va) m/s Requerida: 20 m/s Requerida:
± (0,02 + 0,07va) m/s ± (0,05 + 0,05va) m/s
Umidade absoluta 0,5 a 0,5 a
± 0,15 kPa |Tr - Ta| < 10 °C ± 0,15 kPa |Tr - Ta| < 20°C
(pa) 3,0 kPa 6,0 kPa
Fonte: ROSSI et al. (2009)

Para que fossem obtidos resultados precisos, os dados foram gravados


de 1 em 1 segundo. Foi feita, então, uma média de todos os segundos para a
composição do minuto.

Figura 26 – Estação HOBO (H21-001) e termômetros de globo no detalhe


Fonte: Autoria própria
88

Os índices de conforto utilizados neste estudo foram: PMV e PET. O


cálculo de cada um deles foi feito pelo programa RayMan. Para a obtenção dos
valores dos índices PMV e PET, foram considerados todos os dados, ou seja, de
minuto em minuto. Os dados pessoais (idade, altura, peso) foram baseados nos
dados de um homem “padrão” segundo a norma ISO 8896 (2004), sendo
consideradas as seguintes características: idade 30 anos, altura 1,80 e peso 70 kg.
O monitoramento das variáveis climáticas ocorreu em treze dias, entre os
meses de janeiro a agosto de 2009 (Quadro 7). No estabelecimento dos pares para
o monitoramento das variáveis climáticas e posterior comparação entre eles,
procurou-se pontos com distintas configurações urbanas. Assim, foram selecionados
cânions urbanos com valores diversos de FVC, pontos em cruzamento de vias de
pedestres, ponto em praça (com ausência árvores), etc.

Pto Data da medição


1
2 09/01 01/04 17/06
3 25/03 19/06
4 08/04 06/05 03/06
5 05/06
6a 17/06
6b 12/08
7 09/01 19/06
8 13/07
9 08/04
10 25/03 05/06
11 11/08 12/08
12
13 01/04
14 06/05 03/06 11/08
15
16 13/07
17 09/06
18 09/06

Quadro 7 – Pares e datas de medição


Fonte: Autoria própria

Foram obtidos dados de diversas variáveis como a velocidade e a direção


do vento, a radiação solar, a umidade relativa do ar, a temperatura do ar e a
temperatura radiante média. Para esta pesquisa foi considerado um período de
89

quatro horas consecutivas de coleta de dados, estabelecendo-se dados horários das


12h00 às 15h00.
Em relação aos dias de medição, são necessárias duas ressalvas:
ƒ No dia 06/05/2009, no ponto 4, não foram registrados dados relativos ao
vento. Assim, esse dia foi descartado nas análises de conforto térmico,
porém foi utilizado nas análises posteriores.
ƒ Nos dias 11/08/2009 e 12/08/2009 foram monitorados o ponto 11, situado
na Praça General Osório, em comparação com uma praça sem árvores
(ponto 14) e com um cânion urbano (ponto 6b). No entanto, para esta
pesquisa não foram considerados os dados do ponto 11 devido às
particularidades deste. Assim, os dois últimos dias de medição foram
incluídos apenas na etapa 6 (item 4.2.6), destinada à análise da relação
entre FVC, ilha de calor e diferenças de temperatura (ǻTrm-Ta), e no item
4.4, no qual é apresentado o fator de acessibilidade solar (FAS).

A seguir são mostradas as etapas referentes ao procedimento para a


análise dos dados obtidos.

3.4 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS


CLIMÁTICAS E O FVC

A análise da relação entre as variáveis climáticas e o FVC compreende


seis etapas.

ƒ Etapa 1 - Análises de correlações entre os índices e as variáveis


climáticas
A primeira etapa da análise dos dados consistiu em estabelecer a variável
climática com melhor correlação com os índices de conforto selecionados. Desta
forma, por meio do programa de estatística Statigraphics, foram obtidas correlações
entre os índices PMV e PET e as variáveis microclimáticas (velocidade do vento,
radiação solar, umidade do ar, temperatura do ar e temperatura radiante média).
Para este objetivo, foram considerados os dados em minutos das 11h01 até às
15h00.
90

ƒ Etapa 2 - Análise dos pares de medição


Baseando-se unicamente no conceito de FVC, partiu-se do pressuposto
de que, sob condições diurnas, em pontos com maior abertura do céu, as variáveis
Ta e Trm sejam proporcionalmente maiores que em pontos com menor valor de
FVC. Assim, para o período de medição, procurou-se verificar a existência de um
comportamento padrão entre os valores médios de Trm dos pares de medição e os
respectivos valores de FVC.

ƒ Etapa 3 - Seleção e análise de “dias comparáveis”


O objetivo dessa etapa foi analisar o comportamento térmico de pares
monitorados e o nível de conforto térmico em dias selecionados, associando o valor
de FVC a estas análises.
Uma vez que a análise climatológica de espaços abertos abrange uma
diversidade de variáveis climáticas, sendo uma das mais impactantes a radiação
solar recebida no ponto, utilizou-se a diferença de radiação entre os pares de
medição, segundo a Equação 7, como parâmetro para a seleção de “dias
comparáveis”.
O resultado é dado em diferenças percentuais entre o total de radiação
solar incidente nos pares de medição.

% VARIAÇÃO = [(ΣIg 2- ΣIg1) / ΣIg2]x100 Equação 7

Onde ΣIg2 é o total de radiação medido na estação 2, e ΣIg1 é o total de


radiação medido na estação 1, sendo considerados os dados do período de
monitoramento das 11h01 às 15h00.

Para os dias com diferença de radiação entre os pontos inferior a 30%


foram traçados gráficos relacionando a diferença de Trm entre os pontos (estação 2-
estação 1) e os índices PMV e PET, calculados no programa Rayman. Em seguida,
foram comparados os níveis de conforto calculado entre os pares. O valor de
referência, 30%, foi determinado em função dos valores de radiação encontrados
nos 13 dias de medição.
91

ƒ Etapa 4 - Análise de Conforto Calculado


Nessa etapa objetivou-se a análise dos níveis de conforto térmico
calculado de todos os pares de medição. A análise foi feita de forma comparativa,
considerando o valor de FVC de cada ponto e os índices de conforto calculados pelo
programa Rayman.

ƒ Etapa 5 - Normalização de dados e análises


A etapa seguinte foi a normalização dos dados de Trm para que fosse
possível comparar dias diferentes de monitoramento, evitando-se, assim, que as
diferentes condições meteorológicas de cada dia mascarassem o efeito do FVC. A
normalização de dados para uma mesma condição depende de um fator
estabelecido por outra situação que permaneça inalterada em termos de exposição
às condições climáticas: a estação meteorológica fixa. Nesse caso, utilizaram-se
dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), localizado no centro
politécnico da Universidade Federal do Paraná. Devido à falta de dados referentes à
temperatura radiante média na estação meteorológica fixa, tomaram-se como base
os dados horários de temperatura do ar correspondente a cada dia de medição.

- Etapa 5.1 - Divisão em GRUPO 1, GRUPO 2 e GRUPO 3


Os dias de medição foram divididos em grupos, segundo os dados de
temperatura do ar obtidos pelo INMET, correspondentes aos dias e horários de
monitoramento. Assim, os 13 dias de medição foram divididos em três grupos: (1)
grupo com temperaturas elevadas (acima de 23 °C), chamado de GRUPO 1; (2)
grupo com temperaturas intermediárias (entre 20 a 23 °C), chamado de GRUPO 2;
(3) grupo com temperaturas baixas (abaixo de 20 °C), chamado de GRUPO 3.

- Etapa 5.2 - Obtenção dos fatores de normalização


Considerando todos os dias do grupo 1, foi feita a média de Ta registrada
pelo INMET para cada hora, resultando em uma média de Ta para às 12h00, 13h00,
14h00 e 15h00. Estes dados serviram de base para a divisão dos dados de Ta
obtidos pelo INMET por estas médias. Repetiu-se este procedimento para os outros
grupos. Obtiveram-se, então, os fatores de normalização para todos os horários,
dias e grupos.
92

- Etapa 5.3 – Determinação da Trm normalizada


Os dados medidos nos locais de monitoramento foram, então,
multiplicados por cada fator de normalização correspondente, obtendo-se, assim, a
Trm normalizada. A partir destes novos dados de Trm, foram obtidos os coeficientes
de determinação entre FVC e Trm normalizada para os três grupos.

Os procedimentos completos para a obtenção das temperaturas radiantes


médias normalizadas constam no Apêndice A.

ƒ Etapa 6 - Análise da relação entre FVC, ilha de calor diurna e diferenças


de temperatura (ǻTrm-Ta)
Foi feita para cada período de cada dia, a média das diferenças horárias
entre o ponto e a estação meteorológica fixa (INMET). Destes dados analisou-se a
correlação existente entre FVC e ilha de calor. Obteve-se, também, o coeficiente de
determinação (R²) entre as diferenças dos valores médios de Trm obtidos por meio
das medições e os valores médios de Ta registrados pelo INMET (ǻTrm-Ta), para o
período de 4 horas e os valores de FVC correspondentes.

3.5 PROCEDIMENTO PARA ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE A RADIAÇÃO


SOLAR E O FVC

Considerando-se a importância da quantidade de radiação solar para a


determinação dos valores de Trm, foram feitas interpretações da incidência solar em
cada ponto, por meio de cartas solares plotadas sobre as imagens olho de peixe.
Tanto as fotos olho de peixe como as cartas solares utilizadas possuem projeção
eqüidistante, sendo as trajetórias solares traçadas individualmente para cada dia de
medição com auxílio do programa Rayman.

3.6 PROCEDIMENTO PARA OBTENÇÃO DO FATOR DE ACESSIBILIDADE


SOLAR (FAS)

A etapa final consistiu em apresentar o fator de acessibilidade solar (FAS)


como um parâmetro complementar ao FVC nas análises de clima urbano. O FAS
93

consiste na área desobstruída do céu que recebe influência da trajetória solar. Para
a obtenção desse parâmetro, utilizou-se a carta solar sobreposta à foto olho de
peixe, sendo o cálculo realizado com auxílio do programa AutoCAD. O resultado é
dado em percentagem.
O FAS é um parâmetro genérico, pois, deve-se considerar, na carta solar,
a faixa de dias relativos ao período de interesse. Para o estudo em questão, foram
consideradas todas as faixas, já que as medições abarcaram os meses de janeiro a
agosto.
A Figura 27 contém um quadro resumo dos procedimentos metodológicos
empreendidos na pesquisa. Nesse quadro estão inclusos os objetivos,
procedimentos e ferramentas utilizadas nas ações desenvolvidas, de forma a
responder ao objetivo proposto.
94

Figura 27 – Quadro resumo das ações desenvolvidas


Fonte: Autoria própria
95

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

As diferentes técnicas empregadas para a análise dos dados buscam


atender o objetivo proposto, isto é, avaliar a influência de aspectos da geometria
urbana, mais especificamente o fator de visão do céu (FVC), sobre os níveis de
conforto térmico em ruas de pedestres. Os resultados são auferidos a seguir e
referem-se às medições que ocorreram em treze dias não consecutivos, entre os
meses de janeiro a agosto de 2009. No total, o estudo verifica as condições
microclimáticas de 15 situações urbanas distintas. Ao final deste capítulo, é
apresentado o fator de acessibilidade solar (FAS) como parâmetro complementar ao
FVC em estudos que investiguem a influência da configuração urbana no
microclima.

4.1 DETERMINAÇÃO DOS PONTOS E PARES DE MEDIÇÃO

Este estudo teve início com a determinação de pontos passíveis de


monitoramento no calçadão da Rua XV de Novembro e em vias de pedestres
próximas a esta (Rua Saldanha Marinho, Travessa Oliveira Bello, Rua Senador
Alencar Guimarães e Praça Generoso Marques). Foram obtidas fotos olho de peixe
dos pontos aptos a serem monitorados, e, posteriormente, calculados os fatores de
visão do céu de cada ponto, conforme exposto no Capítulo 3. Ao todo, foram
consideradas 18 localidades passíveis de monitoramento, totalizando 19 pontos,
uma vez que o ponto 6 foi subdividido em dois pontos (6a e 6b). Deste total,
selecionaram-se 15 pontos para medição, havendo repetição de alguns pontos. O
resultado das imagens olho de peixe de cada ponto monitorado com o respectivo
valor de FVC, além de informações complementares, constam na Tabela 6. O
posicionamento das fotos é relativo ao norte verdadeiro. Percebem-se nas imagens,
as diferentes configurações urbanas encontradas na região central de Curitiba.
Note que a altura média estimada das edificações refere-se à altura das
edificações caso estas fossem uniformes. Esses dados foram obtidos com o auxílio
do programa Rayman.
96

Tabela 6 – Caracterização dos pontos monitorados

(continua)

Localização:
Ponto 2 Rua XV de Novembro - entre a Rua Pres. Faria e a Rua
Riachuelo
FVC = 0,20
Largura da via (W): 18 m
Altura média estimada das edificações (H): 30 m
Vegetação: Poucas árvores isoladas

Freqüência de monitoramento: Monitorado três vezes


Observação: Primeira quadra do calçadão da Rua XV de
Novembro
Localização:
Ponto 3 Rua XV de Novembro - entre a Rua Riachuelo e a Rua Mons.
Celso
FVC = 0,32
Largura da via (W): 18 m
Altura média estimada das edificações (H): 19 m
Vegetação: Seqüência de árvores em toda sua extensão

Freqüência de monitoramento: Monitorado duas vezes


Observação: A maioria dos edifícios nesta quadra possui
importância histórica
Localização:
Ponto 4
Cruzamento da Rua Mons. Celso e Rua XV de Novembro

FVC = 0,34
Largura da via (W): -
Altura média estimada das edificações (H): -
Vegetação: Não há

Freqüência de monitoramento: Monitorado três vezes


Observação: Sofre influência de obstruções localizadas nas
esquinas
Localização:
Ponto 5 Rua XV de Novembro - entre a Rua Mons. Celso e a Rua Mal.
Floriano
FVC = 0,22
Largura da via (W): 18 m
Altura média estimada das edificações (H): 28 m
Vegetação: Poucas árvores isoladas

Freqüência de monitoramento: Monitorado uma vez


Observação: Nesta quadra há cinco quiosques ao longo da
quadra
97

Tabela 6 – Caracterização dos pontos monitorados

(continua)

Localização:
Ponto 6a
Rua XV de Novembro - entre a Rua Mal. Floriano e a Al. Dr. Muricy

FVC = 0,26
Largura da via (W): 25 m
Altura média estimada das edificações (H): 32 m
Vegetação: Não há

Freqüência de monitoramento: Monitorado uma vez


Observação: No meio da quadra do ponto 6 há uma fonte d’água.
Os pontos 6a e 6b estão em lados opostos da fonte.
Localização:
Ponto 6b
Rua XV de Novembro - entre a Rua Mal. Floriano e a Al. Dr. Muricy

FVC = 0,27
Largura da via (W): 25 m
Altura média estimada das edificações (H): 32 m
Vegetação: Não há

Freqüência de monitoramento: Monitorado uma vez


Observação: No meio da quadra do ponto 6 há uma fonte d’água.
Os pontos 6a e 6b estão em lados opostos da fonte.
Localização:
Ponto 7 Rua XV de Novembro - entre a Al. Dr. Muricy e a Rua Ébano
Pereira
FVC = 0,39
Largura da via (W): 25 m
Altura média estimada das edificações (H): 20 m
Vegetação: Poucas árvores isoladas

Freqüência de monitoramento: Monitorado duas vezes

Observação: Local com grande concentração de transeuntes

Localização:
Ponto 8
Cruzamento da Trav. Oliveira Bello e Rua XV de Novembro

FVC = 0,37
Largura da via (W): -
Altura média estimada das edificações (H): -
Vegetação: Não há

Freqüência de monitoramento: Monitorado uma vez


Observação: Sofre influência de obstruções localizadas nas
esquinas
98

Tabela 6 – Caracterização dos pontos monitorados

(continua)

Localização:
Ponto 9 Avenida Luis Xavier - entre a Rua Ébano Pereira e a Rua Vol.
Pátria
FVC = 0,29
Largura da via (W): 30 m
Altura média estimada das edificações (H): 33 m
Vegetação: Não há

Freqüência de monitoramento: Monitorado uma vez


Observação: É a única quadra que possui um pequeno trecho de
circulação de veículos
Localização:
Ponto 10
Cruzamento da Rua Vol. Pátria e Avenida Luis Xavier

FVC = 0,30
Largura da via (W): 30 m
Altura média estimada das edificações (H): 32 m
Vegetação: Poucas árvores isoladas

Freqüência de monitoramento: Monitorado duas vezes


Observação: Ponto no entorno da Praça General Osório, com
constantes episódios de manifestações artísticas
Localização:
Ponto 13
Rua Saldanha - entre a Rua do Rosário e a Rua José Bonifácio

FVC = 0,21
Largura da via (W): 9 m
Altura média estimada das edificações (H): 21 m
Vegetação: não há

Freqüência de monitoramento: Monitorado uma vez

Observação: Rua com pouco comércio local

Localização:
Ponto 14
Praça Gen. Marques - em frente ao Paço Municipal

FVC = 0,55
Largura da via (W): -
Altura média estimada das edificações (H): -
Vegetação: Não há

Freqüência de monitoramento: Monitorado três vezes


Observação: Caracteriza-se por ser uma praça seca, ou seja,
embora haja espelhos d’água, não existem árvores. O ponto de
referência da praça é o Paço Municipal
99

Tabela 6 – Caracterização dos pontos monitorados

(conclusão)

Localização:
Ponto 16
Praça Gen. Marques - atrás do Paço Municipal

FVC = 0,38
Largura da via (W): -
Altura média das edificações (H): -
Vegetação: Poucas árvores isoladas

Freqüência de monitoramento: Monitorado uma vez


Observação: Comércio de lojas populares e fluxo de transeuntes
inferior ao do calçadão da Rua de Novembro
Localização:
Ponto 17
Trav. Oliveira Bello

FVC = 0,21
Largura da via (W): 18 m
Altura média estimada das edificações (H): 29 m
Vegetação: Não há

Freqüência de monitoramento: Monitorado uma vez

Observação: Orientação axial NW-SE

Localização:
Ponto 18
Rua Senador Alencar Guimarães

FVC = 0,30
Largura da via (W): 18 m
Altura média estimada das edificações (H): 20 m
Vegetação: Não há

Freqüência de monitoramento: Monitorado uma vez

Observação: Orientação axial NW-SE

Fonte: Autoria própria

Procurou-se, no estabelecimento dos pares de medição, comparar


diferentes situações urbanas, como por exemplo: cânions urbanos com diferenças
consideráveis no valor de FVC, como os pares 2 e 7; pares com pouca diferença na
quantidade de céu obstruído, como os pontos 8 e 16; comparação de cruzamento
de vias com cânion e com praça seca, pares 4 e 9 e pares 4 e 14, respectivamente.
A Tabela 7 apresenta as diferenças de fator de visão do céu (FVC), em
porcentagem, entre os pares de medição.
100

Tabela 7 – Diferenças de FVC entre os pares de medição


Diferença no
Data Ponto FVC valor de FVC
%
09/01/2009 2 0,20 49
7 0,39

25/03/2009 10 0,30
6
3 0,32

01/04/2009 13 0,22
9
2 0,20

08/04/2009 4 0,34
15
9 0,29

06/05/2009 4 0,34
38
14 0,55

03/06/2009 4 0,34
38
14 0,55

05/06/2009 10 0,30
27
5 0,22

09/06/2009 17 0,21
30
18 0,30

17/06/2009 6a 0,26
23
2 0,20

19/06/2009 3 0,32
18
7 0,39

8 0,37
13/07/2009 3
16 0,38
Fonte: Autoria própria

Note que os últimos dias de coleta de dados (11/08/2009 e 12/08/2009)


não aparecem na Tabela 7. No dia 11/08/2009 comparou-se a Praça General Osório
(ponto 11) que apresenta uma quantidade considerável de árvores de médio e
grande porte, com o ponto 14, praça sem vegetação arbórea. No dia 12/08/2009,
repetiu-se o ponto 11, mas em comparação com o ponto 6b. No entanto, para o
presente estudo, excluiu-se o ponto 11, considerando-se somente as configurações
de praça seca (ponto 14) e de cânion urbano (ponto 6b). A decisão de não
considerar o ponto da Praça General Osório deve-se ao fato de que, por ser uma
praça com vegetação densa, as características microclimáticas deste local tornam-
101

se muito específicas. Assim, esses dias não aparecem nas análises que incluem
pares de medição.
As medições tiveram início no dia 09/01/2009 nos pontos 2 (FVC 0,20) e
7 (FVC 0,39). Esses cânions urbanos foram escolhidos por apresentarem valores de
FVC distintos, sendo o valor do ponto 7 quase o dobro do valor do ponto 2. Na
medição do dia 25/03/2009, os pontos 10 (FVC 0,30) e 3 (FVC 0,32) foram
selecionados por apresentarem valores de FVC próximos (diferença de 6%).
Novamente, na medição seguinte (01/04/2009), procuraram-se pontos com valores
de FVC semelhantes, mas que estivessem localizados em vias distintas. Desta
forma, foram coletados dados climáticos do ponto 13 (FVC 0,22), situado na Rua
Saldanha Marinho, e do ponto 2 (FVC 0,20) na Rua XV de Novembro. Ambas as
vias possuem a mesma orientação axial (tendência E-W).
As medições dos dias 08/04/2009 e 06/05/2009 tiveram como objetivo
comparar pontos com diferenças expressivas nas suas configurações urbanas. O
ponto 4 (FVC 0,34) situado em um cruzamento de vias de pedestres, foi, então,
medido simultaneamente com um ponto em cânion urbano (ponto 9, FVC 0,29) e
com outro localizado em uma praça seca (ponto 14, FVC 0,55). A medição do dia
03/06/2009 repetiu os pontos da medição do dia 06/05/2009, uma vez que, nessa
data, não foram obtidos dados relativos ao vento no ponto 4.
Os pontos 10 (FVC 0,30) e 5 (FVC 0,22) possuem valores de FVC com
diferença de 27% e foram medidos no dia 05/06/2009. Enquanto o ponto 5
apresenta configuração urbana de cânion, o ponto 10 situa-se em um área mais
aberta, no entorno da Praça General Osório, com configuração mais próxima de um
cruzamento de vias.
No dia 09/06/2009, foram escolhidos pontos no entorno da Rua XV de
Novembro e com orientação axial diferente desta. Assim, selecionaram-se o ponto
17 (FVC 0,21) situado na Travessa Oliveira Bello e o ponto 18 (FVC 0,30) na Rua
Sen. Alencar Guimarães, ambos os pontos com a mesma orientação axial (NW-SE).
Nos dias 17/06/2009 e 19/06/2009 foram selecionados pontos na Rua XV
de Novembro com características de cânion urbano, sendo medidos os pares 6a
(FVC 0,26) e 2 (FVC 0,20) e os pares 3 (FVC 0,32) e 7 (FVC 0,39). O ponto 6
diferencia-se dos outros pontos por apresentar uma fonte d’água centralizada na
quadra. Os pontos 6a e 6b estão em lados opostos desta.
102

As variáveis microclimáticas dos pontos 8 (FVC 0,37) e 16 (FVC 0,38)


foram medidos no dia 13/07/2009 e embora possuam valores de FVC com diferença
de 3%, possuem características distintas. O ponto 8 localiza-se em um local com
configuração semelhante a de um cruzamento de vias, enquanto o ponto 16, ponto
paralelo a Rua XV de Novembro, situa-se atrás do Paço Municipal, no entorno da
Praça Generoso Marques.
Ressalta-se que, embora alguns pares apresentem valores de FVC
semelhantes, suas configurações urbanas (regularidade na altura das edificações,
ponto em cruzamento de vias, etc.) são distintas.
O monitoramento das variáveis microclimáticas ocorreu sempre em pares
e simultaneamente em períodos de quatro horas (início às 11h01 e término às
15h00). No total, foram 13 dias de monitoramento ao longo dos meses de janeiro a
agosto de 2009. A partir da coleta de dados microclimáticos de diferentes situações
urbanas foram aplicados os procedimentos para análise das variáveis climáticas.

4.2 ANÁLISES DA RELAÇÃO ENTRE AS VÁRIAVEIS CLIMÁTICAS E O FVC

O método das medições em pares permite a comparação simultânea dos


pontos, e, por conseguinte, a análise da influência das obstruções urbanas sobre os
níveis de conforto térmico. Com a obtenção das variáveis microclimáticas
(velocidade do vento, umidade do ar, temperatura do ar e temperatura radiante
média), foi possível o cálculo dos índices de conforto PMV e PET no programa
Rayman. A análise desses dados seguiu os seguintes procedimentos: análise de
correlações entre os índices de conforto e as variáveis climáticas; análise dos pares
de medição; análise de dias comparáveis; análise dos níveis de conforto calculado;
análise de dados normalizados e análise da relação entre FVC, ilha de calor diurna,
e diferenças de temperatura (ǻTrm-Ta).

4.2.1 Análises de correlações entre os índices de conforto e as variáveis climáticas

A série de análises da relação entre as variáveis climáticas e o fator de


visão do céu parte da escolha do parâmetro meteorológico com melhor correlação
103

com os índices de conforto selecionados. Foram feitas avaliações das relações


entre os índices de conforto PMV e PET com as seguintes variáveis climáticas:
velocidade do vento, radiação solar, umidade relativa, temperatura do ar e
temperatura radiante média. A Tabela 8 e a Tabela 9 apresentam os valores médios
de cada variável, considerando o período de monitoramento (11h01 até 15h00), e os
resultados das correlações (R).

Tabela 8 – Correlações entre o PMV e as variáveis climáticas


Velocidade Radiação Umidade
Ta Trm
Data Pto. do vento Solar Relativa
média R média R média R média R média R
09/01/2009 7 1,0 -0,45 612 0,49 47 -0,46 28,5 0,45 35,6 0,70
2 0,9 -0,16 674 0,38 44 -0,45 29,1 0,52 37,6 0,76

10 1,7 -0,48 183 0,65 55 -0,85 24,1 0,85 25,7 0,84


25/03/2009
3 1,1 -0,45 521 0,41 54 -0,07 24,2 0,47 32,4 0,67

13 1,0 -0,45 166 0,51 52 -0,06 27,4 0,89 27,7 0,86


01/04/2009
2 0,9 -0,78 117 -0,23 57 -0,42 25,4 0,5 29,4 0,08

4 1,2 -0,59 465 0,51 53 -0,53 26,2 0,12 35,1 0,77


08/04/2009
9 1,3 -0,43 324 0,66 55 -0,38 25,4 0,61 30,1 0,81

4 0,9 -0,34 423 0,65 34 -0,83 13,2 0,86 22,1 0,86


03/06/2009
14 0,8 -0,76 656 0,13 32 -0,60 14,2 0,61 23,9 -0,04

10 1,0 -0,56 46 0,63 39 -0,82 19,6 0,86 19,4 0,86


05/06/2009
5 1,4 -0,73 80 0,76 37 -0,85 20,3 0,89 20,9 0,92

17 0,8 -0,35 212 0,37 49 -0,69 21,4 0,84 24,3 0,81


09/06/2009
18 1,3 -0,51 315 0,31 49 -0,50 21,1 0,67 24,2 0,65

6 1,6 -0,57 40 -0,52 60 -0,69 13,8 0,77 14,0 0,75


17/06/2009
2 1,2 -0,67 56 0,57 59 -0,57 14,0 0,64 14,5 0,65

3 0,7 -0,72 63 -0,62 62 -0,74 17,6 0,76 18,4 0,76


19/06/2009
7 0,7 -0,63 169 0,12 62 -0,62 17,6 0,67 21,1 0,61

8 1,0 -0,49 241 0,31 58 -0,56 16,2 0,66 21,0 0,69


13/07/2009
16 1,0 -0,24 603 0,72 55 -0,90 17,3 0,91 21,8 0,89

11/08/2009 14 1,1 -0,42 552 0,50 64 -0,79 15,1 0,82 23,0 0,81

12/08/2009 6 1,5 -0,73 83 -0,51 66 -0,78 15,8 0,80 16,9 0,80

Correlação média 1,1 -0,5 300 0,3 52 -0,6 20,4 0,7 24,5 0,7

Fonte: Autoria própria


104

Tabela 9 – Correlações entre o PET e as variáveis climáticas


Velocidade Radiação Umidade
Ta Trm
Data Pto. do vento Solar Relativa
média R média R média R média R média R
09/01/2009 7 1,0 -0,45 612 0,49 47 -0,46 28,5 0,45 35,6 0,70
2 0,9 -0,16 674 0,38 44 -0,45 29,1 0,52 37,6 0,76

10 1,7 -0,48 183 0,65 55 -0,85 24,1 0,85 25,7 0,84


25/03/2009
3 1,1 -0,45 521 0,41 54 -0,07 24,2 0,47 32,4 0,67

13 1,0 -0,45 165 0,51 52 -0,06 27,4 0,89 27,7 0,86


01/04/2009
2 0,9 -0,78 117 -0,23 57 -0,42 25,4 0,50 29,4 0,08

4 1,2 -0,59 465 0,51 53 -0,53 26,2 0,12 35,1 0,77


08/04/2009
9 1,3 -0,43 324 0,66 55 -0,38 25,4 0,61 30,1 0,81

4 0,9 -0,20 423 0,73 34 -1,86 13,2 0,90 22,1 0,93


03/06/2009
14 0,8 -0,69 656 0,23 32 -0,66 14,2 0,67 23,9 0,04

10 1,0 -0,50 46 0,67 39 -0,86 19,6 0,89 19,4 0,89


05/06/2009
5 1,4 -0,71 80 0,77 37 -0,87 20,3 0,91 20,9 0,93

17 0,8 -0,32 212 0,38 49 -0,68 21,4 0,85 24,3 0,85


09/06/2009
18 1,3 -0,52 315 0,32 49 -0,48 21,1 0,65 24,2 0,68

6 1,6 -0,42 40 -0,60 60 -0,79 13,8 0,87 14,0 0,86


17/06/2009
2 1,2 -0,51 56 0,68 59 -0,73 14,0 0,80 14,5 0,81

3 0,7 -0,63 63 -0,69 62 -0,83 17,6 0,84 18,4 0,84


19/06/2009
7 0,7 -0,50 169 0,23 62 -0,59 17,6 0,65 21,1 0,73

8 1,0 -0,41 241 0,41 58 -0,52 16,2 0,63 21,0 0,79


13/07/2009
16 1,0 -0,14 603 0,74 55 -0,95 17,3 0,96 21,8 0,94

11/08/2009 14 1,1 -0,30 552 0,55 64 -0,87 15,1 0,89 23,0 0,89

12/08/2009 6 1,5 -0,67 83 -0,56 66 -0,84 15,8 0,86 16,9 0,85

Correlação
1,1 -0,5 300 0,3 52 -0,8 20,4 0,8 24,5 0,8
média
Fonte: Autoria própria

No tocante às variáveis velocidade do vento e umidade relativa do ar,


observa-se que as relações destas com as demais variáveis são sempre inversas. A
correlação média da umidade relativa com o índice PMV foi de -0,6, sendo mais
significativa para o índice PET (R= -0,8). Considerando a velocidade do vento, as
correlações mostram que nem sempre o vento é um fator amenizador da sensação
de calor em dias com temperaturas elevadas, já que as correlações em alguns dias
105

foram baixas, como no ponto 2, medido no dia 09/01/2009. A correlação média da


velocidade do vento com os índices de conforto PMV e PET foi de -0,5.
A partir das correlações dos índices de conforto com a temperatura do ar
(Ta) e com a temperatura radiante média (Trm), percebem-se duas tendências
distintas, tanto para o índice PMV como para o índice PET. Em geral, principalmente
nos dias de monitoramento com temperaturas mais elevadas, a correlação com a
Trm sobressaiu entre as demais variáveis, inclusive em relação a Ta, como no dia
09/01/2009. Em contrapartida, nos dias com temperaturas mais baixas, as
correlações dos índices PMV e PET com as variáveis Ta e Trm apresentaram
valores semelhantes, como no dia 17/06/2009.
Nota-se, inclusive, que até o mês de abril, quando a Ta e a Trm obtiveram
valores mais altos, a correlação entre estas variáveis e o PMV foi idêntica às
correlações entre as mesmas e o PET.
Desta forma, embora a Ta seja relevante para a determinação dos níveis
de conforto térmico, escolheu-se a Trm para este estudo, por haver uma melhor
correlação desta com os índices de conforto selecionados, principalmente em dias
com temperaturas elevadas. Esta constatação corrobora com a afirmação de
Matzarakis, Mayer e Rutz (2002), ao ressaltarem que durante o período de verão, a
Trm é a variável climática mais importante na equação de balanço térmico,
conforme já citado no Capítulo 2. A temperatura radiante média serviu, inicialmente,
de parâmetro para a análise dos pares de medição.

4.2.2 Análise dos pares de medição

Espera-se que, em condições diurnas, pontos com maiores valores de


FVC apresentem Trm mais elevadas devido à maior exposição das superfícies
urbanas à radiação solar. Assim, as análises que se seguem partem deste
pressuposto. A Tabela 10 apresenta as diferenças percentuais de FVC entre os
pares de medição, além das diferenças (em °C) entre as médias de Ta e Trm do
período selecionado.
Na medição do dia 09/01/2009, o valor de FVC do ponto 7 (FVC 0,39) foi
49% maior que o valor de FVC do ponto 2 (FVC 0,20). A diferença das médias de
Trm entre estes pontos foi de 2 °C, sendo a maior Trm verificada no ponto 7. Para
106

estas situações urbanas, o pressuposto foi verificado de forma positiva. Da mesma


maneira, no dia 25/03/2009, o ponto com maior valor de FVC (ponto 3, FVC 0,32)
apresentou, também, maior média de Trm, sendo de 6,7 °C a diferença em relação
ao ponto mais obstruído (ponto 10, FVC 0,30). Em contrapartida, no dia 01/04/2009,
quando foi monitorado o ponto 13 (FVC 0,22), localizado na Rua Saldanha Marinho,
em comparação com o ponto 2 (FVC 0,20), situado na Rua XV de Novembro, o
maior valor de Trm foi registrado no ponto 2, cujo valor de FVC é 9% menor que o
ponto 13. Neste caso, a velocidade do vento exerceu influência significativa na
determinação dos níveis de conforto. Conforme a Tabela 8 e a Tabela 9, no ponto 2,
monitorado no dia 01/04/2009, a maior correlação dos índices PMV e PET foi com a
velocidade do vento (R=-0,78), sendo a correlação dos índices de conforto com a
Trm praticamente nula no ponto 2 (R= 0,08).

Tabela 10 – Diferenças de FVC, Ta e Trm entre os pares de medição


Dif FVC Ta Dif Ta Trm Dif Trm
Data Ponto FVC
% °C °C °C °C
2 0,20 28,5 35,6
09/01/2009 49 0,6 2,0
7 0,39 29,1 37,6
10 0,30 24,1 25,7
25/03/2009 6 0,1 6,7
3 0,32 24,2 32,4
13 0,22 27,4 27,7
01/04/2009 9 -1,9 1,8
2 0,20 25,4 29,4
4 0,34 26,2 35,1
08/04/2009 15 -0,8 -5,1
9 0,29 25,4 30,1
4 0,34 23,7 31,2
06/05/2009 38 0,2 1,8
14 0,55 23,8 33,0
4 0,34 13,2 22,1
03/06/2009 38 0,9 1,8
14 0,55 14,2 23,9
10 0,30 19,6 19,4
05/06/2009 27 0,7 1,5
5 0,22 20,3 20,9
17 0,21 21,4 24,3
09/06/2009 30 -0,3 -0,1
18 0,30 21,1 24,2
6a 0,26 13,8 14,0
17/06/2009 23 0,2 0,6
2 0,20 14,0 14,5
3 0,32 17,6 18,4
19/06/2009 18 -0,1 2,6
7 0,39 17,6 21,1
8 0,37 16,2 21,0
13/07/2009 3 1,1 0,8
16 0,38 17,3 21,8
Fonte: Autoria própria

Na medição do dia 08/04/2009 foram abrangidos o ponto 4 (FVC 0,34) e


o ponto 9 (FVC 0, 29), caracterizados por um cruzamento de vias e por um cânion
107

urbano, respectivamente. O ponto situado no cruzamento, com maior valor de FVC,


apresentou Trm mais elevada. Nos dias 06/05/2009 e 03/06/2009, foram
monitorados os mesmos pontos 4 (FVC 0,34) e 14 (FVC 0,55), e percebe-se que a
mesma diferença de Trm (1,8 °C) foi mantida entres estes dias, sendo que o ponto
14, caracterizado por estar exposto a radiação solar durante todo o período de
medição, obteve maior média de Trm.
No dia 05/06/2009, o ponto 5 (FVC 0,22) cujo FVC era menor que o par
de medição correspondente (ponto 10, FVC 0,30) apresentou Trm 1,5 °C mais
elevada, isto é, não verifica-se a correspondência esperada entre o valor de FVC e o
valor de Trm. Esta situação decorre da questão de sombreamento e albedo,
explicada no item 4.3.
No dia 09/06/2009, a diferença de Trm entre os pontos 17 (FVC 0,21) e
18 (FVC 0,30) foi insignificante (0,1 °C), embora a diferença nos valores de FVC
tenha sido de 32%. No dia 17/06/2009, o ponto 6a (FVC 0,26) e o ponto 2 (FVC
0,20) apresentam diferença no valor de FVC de 30%, sendo pouca a diferença de
Trm entre esse par (0,5 °C). Assim como na medição do dia 05/06/2009, as duas
medições subseqüentes, dias 09/06/2009 e 17/06/2009, embora tenham registrado
pouca diferença de Trm entre os pontos medidos, não corroboraram com o
pressuposto especulado inicialmente. Esta constatação é verificada novamente na
medição do dia 13/07/2009. O ponto 8 (FVC 0,37) e o ponto 16 (FVC 0,38)
apresentam pouca diferença no valor de FVC, e , por conseguinte, a diferença de
Trm (0,8 °C), maior no ponto 16, também foi insignificante.
No dia 19/06/2009, o ponto 7 (FVC 0,39) com valor de FVC 18% maior
que o ponto 2 (FVC 0,20), apresentou Trm 2,5 °C maior que este ponto.
Os dias 11/08/2009 e 12/08/2009 não fazem parte da avaliação em
pares.
Analisando de maneira sucinta a relação do FVC com a Ta, percebe-se,
de maneira geral, que a diferença de Ta entre os pares de medição foi sutil, em
geral, abaixo de 1 °C. Os dias 01/04/2009 e 13/07/2009 foram os que apresentaram
maior diferença de Ta entre os pontos medidos (1,9 °C e 1,1 °C, respectivamente) e,
no entanto, há pouca diferença no valor de FVC entre os pares.
Em geral, os dados apresentados foram coerentes com o pressuposto de
que o ponto com maior valor de FVC apresentaria, conseqüentemente, maior valor
de Trm. Dentre os 13 dias medidos, as exceções foram os dias:
108

ƒ 01/04/2009: dia anômalo em decorrência da influência da velocidade do


vento;
ƒ 05/06/2009: influência do sombreamento gerado pelas obstruções no
ponto 5;
ƒ 09/06/2009, 17/06/2009 e 13/07/2009: dias com diferenças pouco
significativas nos valores de Trm.
Diante dos resultados, percebe-se que há uma tendência em relação aos
valores de FVC e de Trm. Para uma análise mais detalhada, procurou-se entre os
dias de monitoramento, aqueles nos quais o efeito da radiação não fosse superior
ao efeito do FVC, sendo estabelecidos “dias comparáveis”.

4.2.3 Análise de dias comparáveis

O objetivo desta seção é analisar a influência do FVC sobre o


comportamento térmico dos pontos monitorados em “dias comparáveis”, ao passo
em que se analisam os níveis de conforto térmico. Em razão de algumas
divergências verificadas no item anterior (4.2.2), buscaram-se entre os dias de
monitoramento aqueles com menor diferença de radiação solar incidente entre os
pontos, sendo de 30% o valor de referência. Por meio da Equação 7 (Capítulo 3),
obteve-se a diferença relativa de radiação solar entre os pontos e o resultado, em
porcentagem, pode ser visualizado na Tabela 11.

Tabela 11 – Diferenças percentuais de radiação solar incidente entre os pares de medição

(continua)

Média de Trm Total de Radiação*


Data Ponto FVC 2
°C W/m
2 0,20 35,6 2449
09/01/2009 7 0,39 37,6 2696
Diferença de radiação solar incidente 9%
10 0,30 25,7 731
25/03/2009 3 0,32 32,4 2083
Diferença de radiação solar incidente 65%
13 0,22 27,7 662
01/04/2009 2 0,20 29,4 469
Diferença de radiação solar incidente -41%
109

Tabela 11 – Diferenças percentuais de radiação solar incidente entre os pares de medição

(conclusão)

Média de Trm Total de Radiação*


Data Ponto FVC
°C W/m2
4 0,34 35,1 1859
08/04/2009 9 0,29 30,1 1297
Diferença de radiação solar incidente -43%
4 0,34 31,2 2006
06/05/2009 14 0,55 33,0 2440
Diferença de radiação solar incidente 18%
4 0,34 22,1 1693
03/06/2009 14 0,55 23,9 2626
Diferença de radiação solar incidente 36%
10 0,30 19,4 183
05/06/2009 5 0,22 20,9 319
Diferença de radiação solar incidente 43%
17 0,21 24,3 848
09/06/2009 18 0,30 24,2 1261
Diferença de radiação solar incidente 33%
6 0,26 14,0 160
17/06/2009 2 0,20 14,5 222
Diferença de radiação solar incidente 28%
3 0,32 18,4 253
19/06/2009 7 0,39 21,1 678
Diferença de radiação solar incidente 63%
8 0,37 21,0 966
13/07/2009 16 0,38 21,8 2411
Diferença de radiação solar incidente 60%
*Total de radiação recebida por hora em cada ponto.

Fonte: Autoria própria

Os pares com menores diferenças de radiação foram, por ordem


crescente dessas diferenças, os dos dias 09/01/2009, 06/05/2009 e 17/06/2009.
Devido à ausência de dados relativos à velocidade do vento, descartaram-se as
medições do dia 06/05/2009, e optou-se por analisar os outros dois dias.
Os Gráficos 3 e 5 correspondem às diferenças entre os valores de Trm de
cada ponto (par de estações) e os valores de PMV, considerando-se os dados
horários14 das 12h00 às 15h00.
No dia 09/01/2009, as medições ocorreram no ponto 2 (FVC 0,20) e no
ponto 7 (FVC 0,39). Nota-se a seguinte relação entre os valores do PMV com a Trm:
quando a Trm é maior no ponto 7, a diferença é positiva e os valores do PMV neste

14
Os dados horários do dia 09/01/2009 referem-se ao horário de verão.
110

ponto são maiores, como pode ser visto no horário das 13h05 (Gráfico 6). De
maneira análoga, quando a temperatura do ponto 2 é maior, diferença negativa, os
valores do PMV, para este ponto, são maiores, como é visto no horário das 12h06
até às 12h30. Ao longo do período de monitoramento, a predominância de
temperaturas mais altas no local com menor obstrução à abóbada celeste (ponto 7)
é nítida, sendo que ocorre uma inversão de Trm mais considerável no período
próximo às 12h20. Em relação ao PMV nos pontos 2 e 7, durante a maior parte do
dia, os valores ficaram na faixa entre 1,5 e 2,5 (moderado estresse térmico).

09/01/2009

3,5 10
8
6
2,5 4

ǻTrm (°C)
2
PMV

0
-2
1,5 -4
-6
-8
0,5 -10
12h01

12h31

13h01

13h31

14h01

14h31

15h01

15h31

Diferença Trm PMV 2 PMV 7

Gráfico 6 – Relação entre a diferença de Trm (ponto 7 – ponto 2) e o índice PMV


Fonte: Autoria própria

O Gráfico 7 representa o grau de estresse térmico nos pontos 2 e 7 para


o índices calculados PMV e PET. Como verificado anteriormente, em ambos os
pontos houve maior ocorrência no grau de moderado estresse ao calor, sendo que o
ponto 7, cujo FVC é maior, registrou maior desconforto que o ponto 2, considerando
os valores calculados de PMV e PET. Ressalta-se que as diferenças entre os graus
de estresse fisiológico foram mais acentuadas para o índice PET.
111

* somatório do grau forte e extremo estresse

Gráfico 7 – Grau de estresse fisiológico em votos percentuais (09/01/2009)


Fonte: Autoria própria

Nas análises dos índices calculados PMV e PET para o ponto 2, houve
uma diferença próxima a 30% entre o grau de leve estresse ao calor, para o grau de
moderado estresse ao calor. No ponto 7, considerando-se os índices calculados,
ocorreu uma predominância significativa de mais de 80% no grau de moderado
estresse ao calor.
Na medição ocorrida no dia 17/06/2009, observa-se que o ponto 6a (FVC
0,26), local com menor obstrução à abóbada celeste, apresentou valores de Trm
mais baixos que o ponto 2 (FVC 0,20) em quase todo o período de medição. No
entanto, a diferença de Trm entre os pontos foi insignificante (0,6 °C conforme
Tabela 10), sendo positiva para o ponto 2. Por conseguinte, os valores de PMV dos
pontos estão visualmente próximos (Gráfico 8), exceto em momentos específicos,
como às 12h06.
112

17/06/2009

-0,5 1,5

-1,5 1

ǻTrm (°C)
-2,5 0,5
PMV

-3,5 0

-4,5 -0,5

-5,5 -1
11h01

11h31

12h01

12h31

13h01

13h31

14h01

14h31
Diferença Trm PMV 6a PMV 2

Gráfico 8 – Relação entre a diferença de Trm (ponto 6a – ponto 2) e o índice PMV


Fonte: Autoria própria

O Gráfico 9 mostra que, na abordagem do índice PMV, a maior


concentração de votos calculados é na faixa de forte e extremo estresse ao frio
(90% no ponto 6a e 69,6% no ponto 2), enquanto, para o índice PET, a
predominância é em moderado estresse ao frio (75% no ponto 6a e 80% no ponto
2). Não foram registrados votos na faixa de conforto pelos índices calculados.
113

* somatório do grau forte e extremo estresse

Gráfico 9 – Grau de estresse fisiológico em votos percentuais (17/06/2009)


Fonte: Autoria própria

Por meio de uma análise conjunta dos Gráficos 7 e 9, percebe-se que no


dia em que a temperatura era mais elevada, caso do dia 09/01/2009, os índices
PMV e PET apresentaram maior semelhança entre si, enquanto que no dia com
temperaturas mais baixas, 17/06/2009, houve uma diferença considerável entre os
votos calculados por cada índice. Esta análise corrobora com a verificação citada no
item 4.2.1, segundo a qual, até o mês de abril, quando a Ta e a Trm registraram
valores mais altos, as correlações entre estas variáveis e os índices PMV e PET
foram idênticas. Para o restante dos dias monitorados, foram feitas análises do nível
de conforto calculado.
114

4.2.4 Análise do nível de conforto calculado

As Tabelas 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18 e 19 referem-se à análise de


conforto calculado pelos índices PMV e PET (dados em porcentagem) para os
demais pares de medições e permitem relacionar o FVC com os níveis de conforto.
No dia 25/03/2009 registraram-se temperaturas elevadas, sendo a média
de Trm no ponto 10 (FVC 0,30) de 25,7 °C e de 32,4 °C no ponto 3 (FVC 0,32) (ver
Tabela 8). Logo, conforme Tabela 12, verifica-se que o ponto 10, com menor valor
de FVC apresentou maior conforto que o ponto 3, sendo que a predominância de
conforto calculado para os índices PMV e PET no ponto 10 é de mais de 80%. No
ponto 3, em relação ao índice PMV, houve uma distribuição de certa forma
equilibrada entre os graus de conforto (51,7%) e o de leve estresse ao calor
(48,3%). Porém, na análise do índice PET, esta diferença é de quase 40% entre
estes parâmetros.

Tabela 12 – Grau de estresse fisiológico calculado relativo aos índices PMV e PET (25/03/2009)

Data 25/03/2009

Índices PMV PET

Ponto 10 3 10 3
extremo estresse ao frio 0,0 0,0 0,0 0,0

forte estresse ao frio 0,0 0,0 0,0 0,0


Grau de estresse fisiológico

moderado estresse ao frio 0,0 0,0 0,0 0,0

leve estresse ao frio 7,1 0,0 3,8 0,0

sem estresse térmico 84,2 51,7 86,7 30,4

leve estresse ao calor 8,8 48,3 9,6 69,6

moderado estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

forte estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

extremo estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

Fonte: Autoria própria

No dia 01/04/2009 (Tabela 13), foram medidos pontos com FVC


semelhantes e obteve-se um resultado parecido nos pontos em relação à
115

concentração de votos percentuais. No cálculo dos índices PMV e PET, os pontos


13 (FVC 0,22) e 2 (FVC 0,20) situaram-se predominantemente na faixa de leve
estresse ao calor, com mais de 90% no ponto 13 e mais de 80% no ponto 2. A
média de Trm nesses dois pontos esteve próxima de 28 °C. No ponto 2, local com
maior obstrução, registrou-se maior número de votos em conforto térmico.

Tabela 13 – Grau de estresse fisiológico calculado relativo aos índices PMV e PET (01/04/2009)

Data 01/04/2009

Índices PMV PET

Ponto 13 2 13 2
extremo estresse ao frio 0,0 0,0 0,0 0,0

forte estresse ao frio 0,0 0,0 0,0 0,0


Grau de estresse fisiológico

moderado estresse ao frio 0,0 0,0 0,0 0,0

leve estresse ao frio 0,0 0,0 0,0 0,0

sem estresse térmico 4,2 19,6 6,3 13,8

leve estresse ao calor 91,3 80,4 90,4 86,3

moderado estresse ao calor 4,6 0,0 3,3 0,0

forte estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

extremo estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

Fonte: Autoria própria

No dia 08/04/2009 (Tabela 14), o desconforto foi por calor. No ponto 4


(FVC 0,34), para os índices PMV e PET, uma pequena parcela estaria em conforto
(cerca de 6%), a maioria (cerca de 70%) estaria em leve estresse térmico e mais de
20% estariam em desconforto moderado. Nota-se ainda que neste ponto uma
pequena parcela encontrou-se em forte estresse ao calor. No ponto 9 (FVC 0,29),
não houve tanta diferença entre os votos calculados de conforto para o de leve
estresse térmico (diferença de 6,3% para o PMV e 16,2% para o índice PET), sendo
poucos os votos em moderado estresse por calor (3,3% para o índice PMV e 5,8%
para o índice PET) . A média de Trm foi de 35,1 °C no ponto 4 e 30,1 °C no ponto 9,
e por isso a maior taxa em desconforto térmico ocorre no local de maior FVC (ponto
4), configurado como cruzamento de ruas de pedestres.
116

Tabela 14 – Grau de estresse fisiológico calculado relativo aos índices PMV e PET (08/04/2009)

Data 08/04/2009

Índices PMV PET

Ponto 4 9 4 9
extremo estresse ao frio 0,0 0,0 0,0 0,0

forte estresse ao frio 0,0 0,0 0,0 0,0


Grau de estresse fisiológico

moderado estresse ao frio 0,0 0,0 0,0 0,0

leve estresse ao frio 0,0 0,0 0,0 0,0

sem estresse térmico 6,3 45,2 6,7 39,0

leve estresse ao calor 71,3 51,5 64,6 55,2

moderado estresse ao calor 21,7 3,3 28,3 5,8

forte estresse ao calor 0,8 0,0 0,4 0,0

extremo estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

Fonte: Autoria própria

No dia 03/06/2009 (Tabela 15) ocorreu variação considerável na


sensação estimada de conforto ao longo dia. No ponto 4 (FVC 0,34), considerando
o índice PMV, a maior concentração de votos calculados foi em moderado estresse
ao frio (40%). O restante dividiu-se em forte estresse (22,5%), leve estresse (23,3%)
e conforto (2,1%). Este mesmo ponto, na análise a partir do índice PET, recebeu
maior concentração de votos em leve estresse ao frio (44,6%). A discrepância entre
os índices pode ser verificada também no ponto 14 (FVC 0,55), pois, enquanto para
o índice PMV a maior concentração está em moderado estresse (72,5%), no cálculo
do índice PET, a predominância está em leve estresse ao frio (77,9%). O par de
medições deste dia englobou FVCs diferentes, sendo o maior valor médio de Trm
verificado no ponto 14, com diferença de 1,8 °C a mais que no ponto 4 (Tabela 10).
Desta forma, o ponto 14 por estar localizado em um espaço menos obstruído,
resultou em menor desconforto por frio que o ponto 4.
117

Tabela 15 – Grau de estresse fisiológico calculado relativo aos índices PMV e PET (03/06/2009)

Data 03/06/2009

Índices PMV PET

Ponto 4 14 4 14
extremo estresse ao frio 12,1 0,0 0,0 0,0

forte estresse ao frio 22,5 8,8 21,3 0,0


Grau de estresse fisiológico

moderado estresse ao frio 40,0 72,5 25,4 19,6

leve estresse ao frio 23,3 14,6 44,6 77,9

sem estresse térmico 2,1 4,2 8,3 2,5

leve estresse ao calor 0,0 0,0 0,4 0,0

moderado estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

forte estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

extremo estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

Fonte: Autoria própria

No dia 05/06/2009 (Tabela 16), foram comparados os pontos 10 (FVC


0,30) e 5 (FVC 0,22), ou seja, FVCs com 27% de diferença de um ponto para outro.

Tabela 16 – Grau de estresse fisiológico calculado relativo aos índices PMV e PET (05/06/2009)

Data 05/06/2009

Índices PMV PET

Ponto 10 5 10 5
extremo estresse ao frio 0,0 0,0 0,0 0,0

forte estresse ao frio 0,0 0,0 0,0 0,0


Grau de estresse fisiológico

moderado estresse ao frio 32,1 37,5 1,7 7,5

leve estresse ao frio 65,4 50,8 87,9 57,5

sem estresse térmico 2,5 11,7 10,4 35,0

leve estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

moderado estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

forte estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

extremo estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

Fonte: Autoria própria


118

Neste dia, na maior parte do período de medição, a faixa de conforto


predominante para os índices PMV e PET foi em leve estresse ao frio.
Considerando a faixa de sem estresse térmico, nota-se que o ponto 5, possui maior
porcentagem em conforto do que o ponto 10. Apesar do ponto 5 apresentar menor
valor de FVC, a Trm registrada neste ponto foi mais elevada que no ponto 10.
No dia 09/06/2009 (Tabela 17), o local com menor FVC, ponto 17 (FVC
0,21) apresentou maior percentagem em conforto térmico do que o ponto menos
obstruído, ponto 18 (FVC 0,30). A diferença média dos valores de Ta entre os
pontos foi de 0,3 °C e menor ainda em relação à Trm (0,1 °C). Assim, embora as
diferenças de temperatura entre os pontos sejam insignificantes, a diferença dos
votos em conforto térmico entre os pares foi relevante; cerca de 30% no índice PMV
e quase 20% no índice PET.

Tabela 17 – Grau de estresse fisiológico calculado relativo aos índices PMV e PET (09/06/2009)

Data 09/06/2009

Índices PMV PET

Ponto 17 18 17 18
extremo estresse ao frio 0,0 0,0 0,0 0,0

forte estresse ao frio 0,0 0,0 0,0 0,0


Grau de estresse fisiológico

moderado estresse ao frio 0,0 1,3 0,0 0,0

leve estresse ao frio 38,8 65,0 21,7 44,2

sem estresse térmico 60,0 33,8 73,8 54,6

leve estresse ao calor 1,3 0,0 4,6 1,3

moderado estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

forte estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

extremo estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

Fonte: Autoria própria

No dia 19/06/2009, foram monitorados os pontos 3 (FVC 0,32) e 7 (FVC


0,39). Os níveis de conforto calculados registraram pouca diferença entre os pares.
Na Tabela 18, pode ser visto que a faixa predominante de conforto, para ambos os
índices, é de leve estresse ao frio, principalmente para o índice PET.
119

Tabela 18 – Grau de estresse fisiológico calculado relativo aos índices PMV e PET (19/06/2009)

Data 19/06/2009

Índices PMV PET

Ponto 3 7 3 7
extremo estresse ao frio 0,0 0,0 0,0 0,0

forte estresse ao frio 0,4 0,0 0,0 0,0


Grau de estresse fisiológico

moderado estresse ao frio 38,8 30,4 10,0 0,4

leve estresse ao frio 58,8 57,9 86,3 78,3

sem estresse térmico 2,1 11,3 3,8 20,0

leve estresse ao calor 0,0 0,4 0,0 1,3

moderado estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

forte estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

extremo estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

Fonte: Autoria própria

Na medição do dia 13/07/2009 (Tabela 19) foram comparados os pontos


8 (FVC 0,37) e 16 (FVC 0,38).

Tabela 19 – Grau de estresse fisiológico calculado relativo aos índices PMV e PET (13/07/2009)

Data 13/07/2009

Índices PMV PET

Ponto 8 16 8 16
extremo estresse ao frio 0,0 0,0 0,0 0,0

forte estresse ao frio 5,0 10,8 0,0 0,0


Grau de estresse fisiológico

moderado estresse ao frio 64,6 25,0 37,9 20,8

leve estresse ao frio 28,8 60,8 54,6 62,5

sem estresse térmico 1,7 3,3 7,5 16,7

leve estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

moderado estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

forte estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

extremo estresse ao calor 0,0 0,0 0,0 0,0

Fonte: Autoria própria


120

Observa-se que, no ponto 16, o grau de estresse térmico esteve


concentrado na faixa de leve estresse térmico ao frio, enquanto, para o ponto 8, os
índices apresentaram variações. Para o índice PMV, 64,6% dos votos calculados
estavam em moderado estresse, enquanto para o índice PET, 54,6% verificaram-se
em leve estresse térmico. Assim, embora haja semelhança do FVC nesses locais, a
resposta de conforto entre os índices foi diferente.
Nas análises de conforto calculado é possível verificar que, em dias com
temperaturas mais elevadas, pontos com menor obstrução da abóbada celeste
acarretam em maior desconforto por calor. Em dias com temperaturas mais baixas,
a situação de conforto é mais provável em pontos menos obstruídos. Ressalta-se,
também, as grandes variações de temperaturas no ponto situado em cruzamento de
ruas de pedestres (ponto 4), com tendência para desconforto térmico.

4.2.5 Análise de dados normalizados

Para que fosse possível uma análise geral entre FVC e Trm,
considerando todos os dias de medição, os dados horários foram normalizados em
relação aos dados horários da estação meteorológica fixa. Desta forma, utilizaram-
se como referência os dados de temperatura do ar obtidos pelo INMET,
correspondentes aos dias e horários de monitoramento. Assim, os 13 dias de
medição foram divididos em três grupos:
1. grupo com temperaturas elevadas (acima de 23 °C), chamado de
GRUPO 1;
2. grupo com temperaturas intermediárias (entre 20 a 23 °C), chamado
de GRUPO 2;
3. grupo com temperaturas baixas (abaixo de 20 °C), chamado de
GRUPO 3.
Os procedimentos para a obtenção das temperaturas radiantes médias
normalizadas a partir dos fatores de normalização constam no Apêndice A.
A Tabela 20 contém os dados resumidos das variáveis climáticas de cada
ponto (valor médio) para o período das quatro horas de medição, incluindo a Trm
normalizada.
121

Tabela 20 – Variáveis climáticas e Trm normalizada


Veloc. Rad. Trm
UR Ta Trm
Data Ponto FVC do vento Solar normalizada
(%) (°C) (°C)
m/s (W/m²) (°C)
09/01/2009 2 0,20 1,0 612 47 28,5 35,6 33,4
09/01/2009 7 0,39 0,9 674 44 29,1 37,6 35,3
25/03/2009 10 0,30 1,7 183 55 24,1 25,7 23,8
GRUPO 1

25/03/2009 3 0,32 1,1 521 54 24,2 32,4 35,0


01/04/2009 13 0,22 1,0 166 52 27,4 27,7 27,6
01/04/2009 2 0,20 0,9 117 57 25,4 29,4 29,4
08/04/2009 4 0,34 1,2 465 53 26,2 35,1 35,0
08/04/2009 9 0,29 1,3 324 55 25,4 30,1 30,0
06/05/2009 4 0,34 * 502 52 23,7 31,2 30,1
06/05/2009 14 0,55 1,8 610 51 23,8 33,0 31,8
GRUPO 2

05/06/2009 10 0,30 1,0 46 39 19,6 19,4 19,8


05/06/2009 5 0,22 1,4 80 37 20,3 20,9 21,3
09/06/2009 17 0,21 0,8 212 49 21,4 24,3 24,8
09/06/2009 18 0,30 1,3 315 49 21,1 24,2 24,7
03/06/2009 4 0,34 0,9 423 34 13,2 22,1 27,2
03/06/2009 14 0,55 0,8 657 32 14,2 23,9 29,7
17/06/2009 6a 0,26 1,6 40 60 13,8 14,0 15,2
17/06/2009 2 0,20 1,2 56 59 14,0 14,5 15,9
GRUPO 3

19/06/2009 3 0,32 0,7 63 62 17,7 18,4 15,5


19/06/2009 7 0,39 0,7 169 62 17,6 21,0 17,5
13/07/2009 8 0,37 1,0 242 58 16,2 21,0 19,8
13/07/2009 16 0,38 1,0 603 55 17,3 21,8 20,6
11/08/2009 14 0,55 1,1 552 64 15,1 23,0 24,8
12/08/2009 6b 0,27 1,5 83 66 15,8 16,9 15,4

Fonte: Autoria própria

Com o propósito de verificar a correlação do FVC com a Trm


normalizada, foram traçados gráficos de dispersão do GRUPO 1 (Gráfico 10),
GRUPO 2 (Gráfico 11) e GRUPO 3 (Gráfico 12).
122

40,0

35,0

Trm normalizada - GRUPO 1


30,0

25,0

20,0

15,0

10,0 y = 24,99x + 24,11


5,0 R2 = 0,18

0,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
FVC

Gráfico 10 – Gráfico de Dispersão entre FVC e Trm normalizada – GRUPO 1


Fonte: Autoria própria

35,0

30,0
Trm normalizada - GRUPO 2

25,0

20,0

15,0

10,0
y = 28,45x + 16,30
5,0
R2 = 0,55
0,0
0,0 0,2 0,4 0,6
FVC

Gráfico 11 – Gráfico de Dispersão entre FVC e Trm normalizada – GRUPO 2


Fonte: Autoria própria
123

35,0

30,0

Trm normalizada - GRUPO 3


25,0

20,0

15,0

10,0
y = 35,92x + 7,12
5,0
R2 = 0,60
0,0
0,0 0,2 0,4 0,6
FVC

Gráfico 12 – Gráfico de Dispersão entre FVC e Trm normalizada – GRUPO 3


Fonte: Autoria própria

O Gráfico 10 mostra uma correlação fraca entre o FVC e a Trm


normalizada em dias com temperaturas mais elevadas (acima de 23 °C), sendo de
0,18 o coeficiente de determinação (R²). Em dias com temperaturas intermediárias,
entre 20 a 23 °C (Gráfico 11), o coeficiente de determinação foi de 0,55. Esta
relação é mais expressiva em dias com temperaturas abaixo de 20 °C (Gráfico 12),
sendo o R² = 0,60. Assim, conclui-se que, conforme diminuem os valores de Trm
normalizada, as correlações desta variável com o FVC tendem a ser mais
significativas. Percebe-se, também, que para os três grupos apresentados, as
correlações são positivas e as linhas de tendência são ascendentes, isto é,
conforme aumenta o valor de FVC, aumenta o valor de Trm.
Adicionalmente à análise de Trm normalizada em relação à estação de
referência (INMET), foram feitas análises da relação entre FVC, ilha de calor diurna
e diferenças de temperatura (ǻTrm-Ta).
124

4.2.6 Análise da relação entre FVC, ilha de calor diurna e diferenças de


temperatura

Para a verificação da existência de ilha de calor nos locais de


experimento (calçadão da Rua XV de Novembro e entorno), foram obtidas as
diferenças entre os valores médios de Ta obtidos nos locais de monitoramento com
as médias de Ta registradas pelo INMET, para todos os dias e para o período das
quatro horas correspondentes às medições (12h00, 13h00, 14h00 e 15h00). Os
valores das ilhas de calor e frescor diurnas podem ser visualizados na Tabela 21.
Nesta, verifica-se, também, as diferenças dos valores médios de Trm obtidos por
meio das medições e os valores médios de Ta medidos pelo INMET (ǻTrm-Ta),
durante o período de monitoramento correspondente.

Tabela 21 – FVC, Ilha de Calor e Diferenças de temperatura (ǻTrm-Ta)

Ilha Calor ǻTrm-Ta


DATA Ponto FVC
°C °C
09/01/2009 2 0,20 1,5 8,6
09/01/2009 7 0,39 2,1 10,6
25/03/2009 10 0,30 0,7 2,2
25/03/2009 3 0,32 0,7 8,9
01/04/2009 13 0,22 2,0 2,3
01/04/2009 2 0,20 0,1 4,1
08/04/2009 4 0,34 0,9 9,8
08/04/2009 9 0,29 0,0 4,7
06/05/2009 4 0,34 1,3 8,8
06/05/2009 14 0,55 1,4 10,6
03/06/2009 4 0,34 0,6 9,5
03/06/2009 14 0,55 1,6 11,3
05/06/2009 10 0,30 -1,6 -1,8
05/06/2009 5 0,22 -0,9 -0,3
09/06/2009 17 0,21 0,2 3,1
09/06/2009 18 0,30 -0,1 3,0
17/06/2009 6a 0,26 -0,4 -0,3
17/06/2009 2 0,20 -0,2 0,3
19/06/2009 3 0,32 -0,8 -0,1
19/06/2009 7 0,39 -0,9 2,5
13/07/2009 8 0,37 -0,3 4,5
13/07/2009 16 0,38 0,8 5,3
11/08/2009 14 0,55 0,7 8,6
12/08/2009 6b 0,27 -1,1 -0,1

Fonte: Autoria própria


125

No diagrama de dispersão entre o FVC e a ilha de calor diurna (Gráfico


13), a correlação foi baixa, quase nula (R² = 0,10). Já em relação às diferenças de
temperatura (ǻTrm-Ta) e o FVC, o coeficiente de determinação foi de 0,35, com
correlação correspondente de 0,59 (Gráfico 14). Esta constatação sinaliza que a
Trm, por levar em conta os efeitos da radiação solar, está mais relacionada ao FVC
do que a Ta.

2,5 12,0
2,0 10,0
1,5
8,0
1,0
ǻTrm-Ta (°C) 6,0
Ilha (°C)

0,5
4,0
0,0
2,0
-0,5
-1,0 0,0
y = 3,04x - 0,65 y = 23,63x - 2,84
-1,5 -2,0
2
R = 0,10 R2 = 0,35
-2,0 -4,0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,0 0,2 0,4 0,6
FVC FVC

Gráfico 13 – Gráfico de dispersão entre FVC e Gráfico 14 – Gráfico de dispersão entre FVC e
Ilha de Calor Diurna ǻTrm-Ta
Fonte: Autoria própria Fonte: Autoria própria

Ainda em relação à análise de Trm e FVC, foram agrupados dados de


ǻTrm-Ta em pontos com mesmo valor de FVC, isto é, pontos repetidos durante as
medições. Desta maneira, para os pontos 2 (FVC 0,20); 3 (FVC 0,32); 4 (FVC 0,34);
7 (FVC 0,39); 10 (FVC 0,30) e 14 (FVC 0,55), foram extraídos valores médios de
Trm para cada um desses dias (Tabela 22).
126

Tabela 22 – FVCs agrupados e Diferenças de temperatura (ǻTrm-Ta)

Ponto FVC ǻTrm-Ta (°C)

2 0,20 4,3
3 0,32 4,4
4 0,34 9,4
5 0,22 -0,3
6a 0,26 -0,3
6b 0,27 -0,1
7 0,39 6,6
8 0,37 4,5
9 0,29 4,7
10 0,30 0,2
13 0,22 2,3
14 0,55 10,2
16 0,38 5,3
17 0,21 3,1
18 0,30 3,0
Fonte: Autoria própria

Embora o agrupamento de dados não seja a situação ideal, para o


presente estudo, o agrupamento das diferenças de valores médios de Trm medidos
in loco com as médias de Ta obtidas pelo INMET se justifica por ser a configuração
urbana o parâmetro central da pesquisa, não sendo consideradas outras variáveis,
como por exemplo, o albedo. Nesse caso, o coeficiente de determinação foi de 0,51
(Gráfico 15), com correlação correspondente de 0,71. É interessante notar que o
ponto mais isolado em relação à linha de tendência é o ponto 4 (FVC 0,34), com
ǻTrm-Ta de 9,4 °C, caracterizado como um cruzamento de vias de pedestres.
127

12,0

10,0

8,0

ǻTrm-Ta (°C)
6,0

4,0

2,0
y = 25,54x - 4,05
0,0
R2 = 0,51
-2,0
0,0 0,2 0,4 0,6

FVC

Gráfico 15 – Gráfico de dispersão entre FVC e Ilha de Calor Diurna (dados agrupados)
Fonte: Autoria própria

As análises demonstram que o FVC não é necessariamente determinante


para sensação de conforto no período diurno em razão da diversidade de variáveis
climáticas que influem na determinação da Ta e da Trm. Todavia, quando
considerado somente o FVC, independente de outras condicionantes, percebe-se
que o R² é mais significativo (0,51).
Sabe-se que uma das questões determinantes para os valores de Ta e
Trm, é a quantidade de radiação incidente no local observado, sendo importante a
análise da relação entre a radiação solar e o FVC.

4.3 RELAÇÃO ENTRE A RADIAÇÃO SOLAR E O FVC

A temperatura radiante média é uma importante variável no que diz


respeito aos índices de conforto térmico (ver Tabelas 5 e 6), estando diretamente
relacionada à radiação solar. Em condições diurnas, conforme verificado nas
análises dos pares de medição (item 4.2), o fator de visão do céu, quando analisado
como um parâmetro isolado, não é capaz de predizer as condições térmicas de um
determinado local, uma vez que a quantidade de radiação solar influencia
sobremaneira os valores de Trm. No entanto, uma análise conjunta do FVC e da
128

radiação solar pode fornecer resultados mais precisos quanto ao nível de conforto
térmico.
A carta solar sobreposta à foto olho de peixe indica o período de
incidência solar no ponto durante todo o ano. A análise da trajetória solar nos pontos
monitorados abrangeu o período dos meses de janeiro, março, abril, junho, julho e
agosto.
A Figura 28 mostra a trajetória solar do ponto 2 (FVC 0,20) e do ponto 7
(FVC 0,39), monitorados no dia 09/01/2009. Nota-se que o ponto 2 recebe sol das
9h00 até às 16h00. Considerando-se o período de medição, das 11h01 até às
15h00, o total de radiação incidente nesse ponto foi de 2449 W/m² (ver Tabela 11).
No ponto 7, o período de incidência de radiação solar abrange o intervalo das 8h00
até às 16h00, sendo considerável o somatório de radiação incidente no período de
monitoramento (2696 W/m²). Nestes dois pontos, os valores de FVC são diferentes,
sendo um o dobro do outro, sendo que o ponto menos obstruído, ponto 7, recebe
uma hora de sol a mais que o ponto 2.

PONTO 2 PONTO 7

Figura 28 – Foto olho de peixe com carta solar para os pontos 2 e 7


Fonte: Autoria própria

No dia 25/03/2009, as medições foram realizadas nos pontos 10 (FVC


0,32) e 3 (FVC 0,30). A Figura 29 mostra que, durante todo o período de
monitoramento, o ponto 3 recebe incidência solar, enquanto o ponto 10 sofre
129

influência do sombreamento gerado pelas obstruções do entorno (edifícios e


vegetação).
Nos pontos 10 e 3, apesar dos valores de FVC serem semelhantes, em
decorrência da geometria urbana, há 65% de diferença nos valores de radiação
solar incidente nos pontos (Tabela 11). A quantidade de radiação incidente no ponto
10 foi de 731 W/m², enquanto no ponto 3 foi de 2083 W/m².

PONTO 1O PONTO 3

Figura 29 – Foto olho de peixe com carta solar para os pontos 10 e 3


Fonte: Autoria própria

A Figura 30 apresenta a sobreposição da carta solar nas fotos olho de


peixe dos pontos 13 (FVC 0,22) e 2 (FVC 0,20), monitorados no dia 01/04/2009.
Observa-se que o ponto 13, até às 12h00, permanece desobstruído e, portanto, sem
sombreamento.
No ponto 2, o mesmo ocorre até às 10h30. Considerando-se o período de
monitoramento, enquanto o ponto 13 recebe uma hora de sol (11h01 até 12h00), o
ponto 2 não recebe incidência solar direta. Assim, embora os valores de FVC nos
pontos sejam semelhantes, o período de radiação incidente é maior no ponto 13 (Ig
= 662 W/m²) do que no ponto 2 (Ig = 469 W/m²).
130

PONTO 13 PONTO 2

Figura 30 – Foto olho de peixe com carta solar para os pontos 13 e 2


Fonte: Autoria própria

As medições do dia 08/04/2009 ocorreram nos pontos 4 e 9. Conforme a


Figura 31, o ponto 4 (FVC 0,34) recebe radiação solar, aproximadamente, até às
14h30, resultando em trinta minutos de sombreamento durante a medição.

PONTO 4 PONTO 9

Figura 31 – Foto olho de peixe com carta solar para os pontos 4 e 9


Fonte: Autoria própria
131

Já o ponto 9 (FVC 0,29) recebe radiação solar no intervalo das 11h00 até
às 13h00. Novamente os valores de FVC são semelhantes nestes pontos, embora o
perfil das obstruções seja diferente, assim como o total de radiação recebida (Ig =
1859 W/m², ponto 4 e Ig = 1297 W/m², ponto 9).
As variáveis climáticas do ponto 4 foram medidas novamente no dia
03/06/2009, mas em comparação com o ponto 14 (Figura 32). As configurações
urbanas destes pontos são bem distintas, pois enquanto o ponto 4 (FVC 0,34) situa-
se em um cruzamento, o ponto 14 (FVC 0,55) situa-se em uma praça seca.
O ponto 4 encontra-se em situação de sombreamento logo no início da
medição (11h01) até às 12h00 e, novamente, após às 14h30. O ponto 14 sofre
influência da radiação solar direta durante todo o período de monitoramento. Estas
situações urbanas refletem no total de radiação incidente, sendo de 1693 W/m² no
ponto 4 e de 2626 W/m² no ponto 14.

PONTO 4 PONTO 14

Figura 32 – Foto olho de peixe com carta solar para os pontos 4 e 14


Fonte: Autoria própria

No dia 05/06/2009, as medições ocorreram no ponto 10 (FVC 0,30) e no


ponto 5 (FVC 0,22), conforme Figura 33. No ponto 10, durante todo o dia, há
influências das obstruções e o ponto permanece na sombra (Ig = 183 W/m²).
132

PONTO 10 PONTO 5

Figura 33 – Foto olho de peixe com carta solar para os pontos 10 e 5


Fonte: Autoria própria

No ponto 5, no período das 8h00 até às 9h00, a radiação solar é


interceptada parcialmente por vegetação, no período restante, o ponto permanece
na sombra. Soma-se a este fato, a questão da influência da radiação solar refletida
pelas edificações, uma vez que a largura da via no ponto 5 é menor do que no ponto
10. Desta forma, o ponto 5 recebe maior quantidade de radiação solar (Ig = 319
W/m²) que o ponto 10, embora o valor do FVC seja menor.
Os pontos 17 e 18 (Figura 34) apresentam orientação em relação ao
norte distinta dos demais pontos (NW-SE). O ponto 18 (FVC 0,30) é menos
obstruído que o ponto 17 (FVC 0,21). As medições nestes pontos ocorreram no dia
09/06/2009. O ponto 17 recebe radiação solar por, aproximadamente, quarenta
minutos (período das 13:50 até as 14:30), sendo o total de radiação de 848 W/m². O
ponto 18, recebe radiação solar no intervalo das 11h00 até às 12h20 e,
posteriormente, no intervalo das 14h30 até o final do monitoramento. No período de
medição, a quantidade de radiação solar foi de 1261 W/m².
133

PONTO 17 PONTO 18

Figura 34 – Foto olho de peixe com carta solar para os pontos 17 e 18


Fonte: Autoria própria

O ponto 6a (FVC 0,26) e o ponto 2 (FVC 0,20), foram locais de medição


no dia 17/06/2009 (Figura 35) e verifica-se que, durante todo o período de
monitoramento, ambos permanecem na sombra, sem influência direta da radiação
solar.

PONTO 6a PONTO 2

Figura 35 – Foto olho de peixe com carta solar para os pontos 6a e 2


Fonte: Autoria própria
134

A diferença de radiação solar incidente nos pontos 6a (Ig = 160 W/m²) e 2


(Ig = 222 W/m²) é de 28%, sendo maior no ponto 2. Este fato demonstra a
contribuição da abóbada celeste (radiação difusa) e as influências das reflexões da
radiação recebida na área vertical edificada (em função do albedo).
O ponto 3 (FVC 0,32) e o ponto 7 (FVC 0,39) possuem valores de FVC
semelhantes e foram medidos no dia 19/06/2009. Na análise da trajetória solar,
percebe-se que, enquanto o ponto 3 permanece na sombra durante as quatro horas
de coleta de dados, o ponto 7 recebe radiação solar direta das 11h01 até às 12h30
(Figura 36). Assim, a radiação solar neste ponto (Ig=678 W/m²), foi maior que no
ponto 3 (Ig=253 W/m²).

PONTO 3 PONTO 7

Figura 36 – Foto olho de peixe com carta solar para os pontos 3 e 7


Fonte: Autoria própria

No dia 13/07/2009, as medições concentraram-se no ponto 8 (FVC 0,37)


e ponto 16 (FVC 0,38). O valor de FVC nestes pontos é semelhante, embora a
configuração urbana seja distinta. No ponto 8, durante o período de medição, há
sombreamento no intervalo das 12h00 até às 13h00, e das 13h30 até o restante do
dia, totalizando Ig = 966 W/m². Já o ponto 16 permanece na sombra durante a parte
da manhã, até às 12h00, enquanto no período da tarde, o ponto recebe radiação
solar direta (Ig = 2411 W/m²), conforme Figura 37.
135

PONTO 8 PONTO 16

Figura 37 – Foto olho de peixe com carta solar para os pontos 8 e 16


Fonte: Autoria própria

Na análise da carta solar sobreposta a foto olho de peixe, é atestado que,


embora o FVC possa auxiliar na definição da forma urbana, este é um parâmetro
limitado para descrever as irregularidades da geometria urbana, muito embora seja
um avanço quando comparado a simplificação da relação H/W. Pois a radiação
solar pode atingir de maneiras distintas pontos com valores de FVCs semelhantes,
como ocorrido nas medições dos dias 25/03/2009, 01/04/2009, 08/04/2009 e
13/07/2009. Assim, verifica-se que a questão da acessibilidade solar adquire grande
importância em se tratando de estudos de conforto térmico em espaços abertos. Por
conseguinte, de modo a complementar o FVC, foi desenvolvido o conceito de fator
de acessibilidade solar (FAS).

4.4 FATOR DE ACESSIBILIDADE SOLAR (FAS)

O acesso solar está relacionado à quantidade de radiação incidente em


um ponto, sendo, portanto, um critério importante para auxiliar na determinação dos
níveis de conforto, representados neste estudo pelos índices PMV e PET. De modo
a expressar quantitativamente o potencial de acesso solar em cada ponto, foi
desenvolvido o fator de acessibilidade solar (FAS).
136

O fator de acessibilidade solar pode ser definido como a porcentagem de


área visível do céu com influência da trajetória solar, relacionando-se, portanto, ao
cobrimento das horas de sol. Este fator é obtido com a sobreposição da carta solar
sobre a foto olho de peixe e com a quantificação da área desobstruída com
disponibilidade para acesso solar. Na Figura 38, o FAS corresponde à mancha na
cor laranja.

Figura 38 – Fator de acessibilidade solar


Fonte: Autoria própria

O FAS é um parâmetro genérico, pois a utilização do diagrama (faixas


correspondentes aos dias e horários) deve ser relativa à época do ano de interesse,
abrangida pela pesquisa. No presente estudo, devido ao fato deste englobar todos
os meses compreendidos na carta solar e de forma a tornar a ferramenta a mais
genérica possível, foi considerada a trajetória do sol em todos os meses e horários.
O cálculo do fator de acessibilidade solar, realizado com o auxílio do
programa AutoCAD, foi feito para todos os pontos medidos. O resultado pode ser
visualizado na Figura.
137

PONTO 2 PONTO 3
FAS = 20 % FAS = 37 %

PONTO 4 PONTO 5
FAS = 42 % FAS = 29 %

PONTO 6a PONTO 6b
FAS = 30 % FAS = 37 %
(continua)

Figura 39 – Fator de acessibilidade solar dos pontos monitorados


Fonte: Autoria própria
138

PONTO 7 PONTO 8
FAS = 42 % FAS = 41 %

PONTO 9 PONTO 10
FAS = 40 % FAS = 28 %

PONTO 13 PONTO 14
FAS = 29 % FAS = 58 %
(continua)

Figura 39 – Fator de acessibilidade solar dos pontos monitorados


Fonte: Autoria própria
139

PONTO 16 PONTO 17
FAS = 49 % FAS = 24 %

PONTO 18
FAS = 41 %
(conclusão)

Figura 39 – Fator de acessibilidade solar dos pontos monitorados


Fonte: Autoria própria

A Tabela 23 apresenta os valores do FAS, do FVC, da Ilha de calor e das


diferenças de temperatura (ǻTrm-Ta).
140

Tabela 23 – Relação entre FAS, FVC, Ilha de Calor e ǻTrm-Ta

Fator de
Fator de visão
Data de acessibilidade Ilha Calor ǻTrm-Ta
Ponto do céu - FVC
medição solar - FAS
(adimensional)
(°C) (°C)
(%)
2 09/01/2009 20 0,20 1,5 8,6
2 01/04/2009 20 0,20 0,1 4,1
2 17/06/2009 20 0,20 -0,2 0,3
3 25/03/2009 37 0,32 0,7 8,9
3 19/06/2009 37 0,32 -0,8 -0,1
4 08/04/2009 42 0,34 0,9 9,8
4 06/05/2009 42 0,34 1,3 8,8
4 03/06/2009 42 0,34 0,6 9,5
5 05/06/2009 29 0,22 -0,9 -0,3
6a 17/06/2009 30 0,26 -0,4 -0,3
6b 08/12/2009 37 0,27 -1,1 -0,1
7 09/01/2009 42 0,39 2,1 10,6
7 19/06/2009 42 0,39 -0,9 2,5
8 13/07/2009 41 0,37 -0,3 4,5
9 08/04/2009 40 0,29 0,0 4,7
10 25/03/2009 28 0,30 0,7 2,2
10 05/06/2009 28 0,30 -1,6 -1,8
13 01/04/2009 29 0,22 2,0 2,3
14 03/06/2009 58 0,55 1,6 11,3
14 06/05/2009 58 0,55 1,4 10,6
14 08/11/2009 58 0,55 0,7 8,6
16 13/07/2009 49 0,38 0,8 5,3
17 09/06/2009 24 0,21 0,2 3,1
18 09/06/2009 41 0,30 -0,1 3,0
Fonte: Autoria própria

Em confronto com o FVC, o FAS apresentou correlações ligeiramente


mais baixas com a ilha de calor e com as diferenças de temperatura (ǻTrm-Ta). Na
correlação do FAS com a Ilha de Calor o R² foi de 0,09 (Gráfico 16), apresentando
resultados menos expressivo em contraste com o FVC, cujo R² foi de 0,10. Na
correlação do FAS com o ǻTrm-Ta, o R² foi de 0,34 (Gráfico 17), apresentando,
novamente, uma correlação mais baixa em relação ao FVC (R² = 0,35).
141

2,5 12,0
2,0 10,0
1,5 8,0

ǻTrm-Ta ( °C)
1,0
6,0
Ilha ( °C)

0,5
4,0
0,0
2,0
-0,5
0,0 y = 21,50x - 3,19
-1,0 y = 0,03x - 0,65
-2,0 R2 = 0,34
-1,5 R2 = 0,09
-2,0 -4,0
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0

FAS FAS

Gráfico 16 – Gráfico de dispersão entre FAS e Gráfico 17 – Gráfico de dispersão entre FAS e
ilha de calor ǻTrm-Ta
Fonte: Autoria própria Fonte: Autoria própria

De modo a verificar uma possível melhora na capacidade de predição em


comparação com a regressão linear simples, foi realizada uma regressão múltipla.
Para isso, considerou-se a ilha de calor as diferenças de temperatura (ǻTrm-Ta) como
variáveis dependentes e o FVC e o FAS como variáveis independentes (Tabela 24).

Tabela 24 – Coeficientes de correlação (R) obtidos a partir das análises de regressão simples e
múltipla
Variáveis Ilha de calor ǻTrm-Ta
FVC (regressão simples) 0,32 0,59
FAS (regressão simples) 0,30 0,58
FVC e FAS (regressão múltipla) 0,31 0,60

Fonte: Autoria própria

Os resultados mostraram que não é necessária a regressão múltipla, uma


vez que as ambas as variáveis estão interrelacionadas, sendo redundante adotar o
FVC e o FAS simultaneamente. Ainda assim, devido ao fato do FVC possibilitar a
quantificação de área visível do céu disponível, mas não a quantidade do potencial
de acessibilidade solar, o FAS torna-se uma ferramenta auxiliar para o
conhecimento do cobrimento das horas de sol.
142

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento tecnológico e o domínio técnico permitiram a


verticalização das cidades, transformando a morfologia dos grandes centros
urbanos. A modificação do espaço natural altera o microclima local, sendo
percebidas, de maneira geral, inadequações climáticas. O desenho urbano pode ser
concebido de maneira a favorecer o conforto humano. O presente estudo buscou o
entendimento da influência de aspetos da geometria urbana, representada nesse
estudo pelo fator de visão do céu (FVC), sobre os níveis de conforto térmico em
ruas de pedestres na área central de Curitiba.
A metodologia utilizada compreendeu esforços no sentido de responder a
seguinte pergunta: qual a relação entre a geometria urbana e os níveis de conforto
térmico em ruas de pedestre de Curitiba? As medições ocorreram em 13 dias,
totalizando 15 situações urbanas. O período de monitoramento abrangeu o horário
das 11h01 até às 15h00.
Os resultados encontrados permitiram a constatação da relevância da
temperatura radiante média (Trm), principalmente em dias quentes. Em dias com
temperaturas mais baixas, observa-se que a temperatura do ar (Ta) e a Trm são
igualmente importantes. Em relação aos índices de conforto Voto Médio Estimado
(PMV) e Temperatura Fisiológica Equivalente (PET), estes apresentaram maior
correspondência entre si em dias com temperaturas mais altas. Embora não tenha
sido verificado um padrão entre o FVC e a Trm, pode-se dizer que há uma tendência
em relação ao valor de FVC e a variável, isto é, à medida que o valor de FVC
diminui, ou seja, à medida que há mais obstruções no entorno do ponto
considerado, também diminuem os valores de Trm.
Nas análises dos níveis de conforto térmico verificou-se que, em dias com
temperaturas mais elevadas, pontos com menor obstrução da abóbada celeste, ou
seja, com maior valor de FVC, acarretam em maior desconforto por calor. No
entanto, estes mesmos pontos podem apresentar melhor situação de conforto em
dias com temperaturas mais baixas. Foi percebido, também, que no ponto situado
em cruzamento de ruas de pedestres, houve variações consideráveis nos graus de
estresse fisiológico durante o período de monitoramento, havendo tendência para
desconforto térmico. Faz-se a ressalva de que o programa Rayman, utilizado no
143

cálculo dos índices térmicos, considera um momento particular, ou seja, o programa


não leva em conta o histórico térmico e a expectativa dos transeuntes.
Nas análises das relações entre os valores de FVC e os valores de Trm
normalizadas observa-se que conforme diminuem os valores de Trm normalizadas,
as correlações desta variável com o FVC tendem a ser mais expressivas. Percebe-
se, também, que para os três grupos apresentados (grupo com temperaturas do ar
acima de 23 °C, grupo com temperaturas entre 20 °C e 23 °C e grupo com
temperaturas abaixo de 20 °C), as correlações são positivas e as linhas de
tendência são ascendentes, isto é, conforme aumenta o valor de FVC, aumenta o
valor de Trm.
A análise da diferença da Ta obtida in loco pela Ta registrada pela
estação meteorológica de referência (INMET) permitiu a verificação de ilhas de calor
em dias com temperaturas mais elevadas e ilhas de frescor em dias com
temperaturas mais baixas nos locais monitorados. No entanto, a análise de
regressão linear simples, para o FVC e a ilha de calor, apontou para uma correlação
nula. Já a análise de regressão linear para as diferenças de temperatura (ǻTrm-Ta)
apresentou maior coeficiente de determinação, corroborando com a decisão da
escolha da Trm como parâmetro para este estudo.
As análises ainda demonstram que, devido à influência de outros
parâmetros climáticos, o FVC não é necessariamente determinante para sensação
de conforto térmico no período diurno. Porém, quando considerado somente o FVC
(agrupamento de dados de ǻTrm-Ta em pontos que foram monitorados mais de uma
vez), independente de outras condicionantes, percebe-se que a correlação é
relativamente alta (R = 0,71).
A Trm possui relação direta com a quantidade de radiação solar
incidente, o que demonstra a importância do desenho urbano para a determinação
dos níveis de conforto. Na análise da carta solar, foi possível verificar uma limitação
do FVC, pois este parâmetro quantifica a área de céu disponível, não havendo
relação direta com a questão do acesso solar. Assim, a radiação solar pode atingir
de maneiras distintas pontos com valores de FVC semelhantes. Cabe ressaltar a
influência da radiação difusa relacionada à contribuição da abóbada celeste, na
determinação dos valores de Trm.
Nesse sentido, o fator de acessibilidade solar (FAS) por estar relacionado
ao cobrimento das horas de sol adquire relevância. As correlações do FAS com a
144

ilha de calor diurna e com as diferenças de temperatura (ǻTrm-Ta) foram ligeiramente


mais baixas que as correlações do FVC com as mesmas. Todavia, justifica-se o uso
do fator de acessibilidade solar por haver maior coerência em usar a parte da foto
em que há potencial de ganhos solares (em vez da foto inteira), no período diurno.
Deve-se observar que enquanto a maioria das cidades apresenta maior
desconforto por calor, para a cidade de Curitiba faz-se necessário considerar
medidas de conforto visando diminuir o desconforto por frio.
Desta maneira, no tocante ao conforto térmico das ruas pedonais de
Curitiba, deve-se levar em conta que cânions com maiores valores de FVCs terão
mais acesso solar e, portanto, temperaturas mais confortáveis do que espaços com
restrição à quantidade de céu visível. Além do fato da forma dos cânions
influenciarem nos fluxos de vento, o qual está diretamente relacionado à sensação
térmica dos transeuntes.
Conforme verificado na literatura, a orientação axial E-W é recomendada
quando objetiva-se maior ganho solar. Confome Ali-Toudert (2005), as orientações
intermediárias embora ofereçam menos ganho solar que a orientação E-W, ainda
proporcionam potencial para acesso solar e luz natural. As orientações da Rua XV
de Novembro e da Rua Saldanha Marinho, mais voltadas para E-W, contribuem
para amenizar a sensação de frio no inverno. As quadras com maior espaçamento
entre as edificações (quadras 6,7,9 e 10) contribuem para esta questão. No entanto,
em dias com temperaturas elevadas, estes locais estão sujeitos a um maior
desconforto por calor do que cânions urbanos com maior profundidade, os quais
podem proporcionar sombra e abrandar o estresse térmico. Desta forma, sugere-se
que para cânions mais abertos, sejam implantadas galerias (ALI-TOUDERT, 2005).
A mitigação dos efeitos de altas temperaturas também pode ser conseguida com a
inserção de árvores ao longo da via.
O uso de estações meteorológicas portáteis permitiu o registro de
diversas variáveis entre elas a temperatura do ar, a velocidade do vento, a umidade
do ar e a temperatura radiante média. A partir destes dados, foi possível o cálculo
dos índices térmicos PMV e PET, propiciando responder ao problema de pesquisa.
A partir do conhecimento de faixas ideais de temperaturas, poderia ser
proposto um limite à altura das edificações, com o objetivo de tornar o espaço mais
termicamente confortável. Desta forma, é importante citar as limitações desta
pesquisa.
145

Ressalta-se que a vantagem do método de pares é permitir a


comparação de duas situações urbanas simultaneamente. No entanto, para que se
possa caracterizar o microclima do local de medição e estabelecer faixas ideais de
temperatura, é necessário um volume maior de medições. Assim, a questão da
amostragem constitui-se na primeira limitação do procedimento metodológico
aplicado. O estudo em questão foi realizado paralelamente a uma pesquisa de
conforto térmico que busca uma definição das faixas de conforto em espaços
abertos para Curitiba. Para essa pesquisa de doutorado, foram aplicados
questionários, enquanto as estações medidoras registravam os dados. Assim, as
medições exigiram a colaboração de outras pessoas para a guarda das estações e
aplicação de questionários.
Além disso, o número de medições dependeu da ocorrência de dias
estáveis. Estudos em clima urbano dependem de condições climáticas estáveis para
monitoramento, o que, por si só, restringe o trabalho de pesquisadores. Desta
forma, embora não tenha sido possível estabelecer uma caracterização climática
dos pontos, foi possível apontar tendências. Ressalta-se a possibilidade de
utilização do FAS como um indicador do acesso solar de determinado local,
contribuindo para a caracterização climática deste.
Em relação à sugestão para futuras pesquisas, recomenda-se:
ƒ estabelecer um maior número de medições, inclusive monitorando os
mesmos pontos em épocas distintas;
ƒ caso não seja possível a utilização de diversas estações meteorológicas
portáteis, recomenda-se a realização de métodos combinados, como por
exemplo; a utilização de pontos fixos combinados com transectos móveis,
reconhecendo-se as dificuldades e limitações desta técnica;
ƒ outra possibilidade é a utilização de programas computacionais
específicos para a realização de simulações microclimáticas, ou ainda o
uso de sistemas com dados de base 3d acoplados a um sistema de
informação geográfica, utilizando-se dos dados medidos nesta etapa para
fins de calibração do modelo computacional.
146

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158

APÊNDICE A: PROCEDIMENTO PARA OBTENÇÃO DOS DADOS DE TRM

NORMALIZADA

Os dias 09/01/2009, 25/03/2009, 01/04/2009 e 08/04/2009 correspondem


ao GRUPO 1. Conforme Tabela 25, a média de Ta registrada pelo INMET, para
estes dias e para o período das quatro horas de medição foi de 25,3 °C. Verificou-
se, também, a margem de diferença entre a média de Ta registrada em cada dia e a
média de Ta de todos os dias do GRUPO 1.

Tabela 25 – Médias horárias de Ta registradas pelo INMET (GRUPO 1)


Média
HORA 09/01/2009 25/03/2009 01/04/2009 08/04/2009
horária
12h00 26,1 23,0 23,9 24,8 24,4
13h00 26,9 23,3 25,2 25,4 25,2
14h00 27,5 23,7 26,4 26,0 25,9
15h00 27,5 24,0 26,1 25,4 25,7
Média do período de
27,0 23,5 25,4 25,4 25,3
medição
Margem de diferença 1,7 -1,8 0,1 0,1

Fonte: Autoria própria

As médias horárias de todos os dias de medição foram divididas pelo


valor de Ta de cada dia e horário de medição, obtendo-se assim os fatores de
normalização (Tabela 26).

Tabela 26 – Fatores de normalização (GRUPO 1)

HORA 09/01/2009 25/03/2009 01/04/2009 08/04/2009


12h00 0,94 1,06 1,02 0,99
13h00 0,94 1,08 1,00 0,99
14h00 0,94 1,09 0,98 1,00
15h00 0,94 1,07 0,99 1,02
Média 0,94 1,08 1,00 1,00
Fonte: Autoria própria
159

Os dados horários de Trm obtidos durante as medições foram, então,


multiplicados por cada fator de normalização correspondente, resultando nas
temperaturas radiantes médias normalizadas.
A Tabela 27 corresponde aos dados normalizados do GRUPO 1 e foi
organizada segundo os valores do somatório de radiação do período de medição.

Tabela 27 – Dados normalizados de Trm (GRUPO 1)


Trm normalizada (°C)
FVC 0,39 FVC 0,20 FVC 0,32 FVC 0,21 FVC 0,29 FVC 0,30 FVC 0,22 FVC 0,20
HORA 09/01/09 09/01/09 25/03/09 08/04/09 08/04/09 25/03/09 01/04/09 01/04/09
ponto 7 ponto 2 ponto 3 ponto 4 ponto 9 ponto 10 ponto 13 ponto 2
est 2 est 1 est 2 est 1 est 2 est 1 est 1 est 2
12h00 38,2 38,1 36,4 36,7 29,6 22,7 29,0 30,7
13h00 38,9 35,1 37,9 35,6 35,1 22,6 27,1 30,5
14h00 32,9 30,4 35,9 37,4 27,5 22,7 26,5 29,1
15h00 31,0 29,9 29,7 30,4 27,7 27,3 27,8 27,3
Média 35,3 33,4 35,0 35,0 30,0 23,8 27,6 29,4
Somatório
radiação 2696 2449 2083 1859 1297 731 662 469
(W/m²)

Fonte: Autoria própria

O GRUPO 2, correspondente ao dias com temperaturas intermediárias,


engloba os dias 06/05/2009, 05/06/2009 e 09/06/2009. Conforme Tabela 28, a
média de temperatura do ar, segundo dados do INMET, foi de 21,6 °C, sendo a
margem de diferença maior para o dia 06/05/2009 (0,8 °C).

Tabela 28 – Médias horárias de Ta registradas pelo INMET (GRUPO 2)


HORA 06/05/2009 05/06/2009 09/06/2009 Média horária
12h00 21,5 19,9 20,1 20,5
13h00 22,4 21,2 21,0 21,5
14h00 22,8 22,2 21,6 22,2
15h00 23,1 21,5 22,3 22,3
Média do período de
22,4 21,2 21,2 21,6
medição
Margem de diferença 0,8 -0,4 -0,4

Fonte: Autoria própria

Os fatores de normalização do GRUPO 2 constam na Tabela 29.


160

Tabela 29 – Fatores de normalização (GRUPO 2)


HORA 06/05/2009 05/06/2009 09/06/2009
12h00 0,95 1,03 1,02
13h00 0,96 1,01 1,02
14h00 0,97 1,00 1,03
15h00 0,97 1,04 1,00
Média 1,0 1,0 1,0

Fonte: Autoria própria

Os dados normalizados de Trm, decorrentes dos fatores de normalização


e dos valores de Trm obtidos a partir dos monitoramentos, podem ser visualizados
na Tabela 30. Novamente os dados estão organizados de forma decrescente
segundo os valores do somatório de radiação.

Tabela 30 – Dados normalizados de Trm (GRUPO 2)


Trm normalizada (°C)
FVC 0,55 FVC 0,21 FVC 0,50 FVC 0,21 FVC 0,22 FVC 0,30
HORA 06/05/09 06/05/09 09/06/09 09/06/09 05/06/09 05/06/09
ponto 14 ponto 4 ponto 18 ponto 17 ponto 5 ponto 10
est 2 est 1 est 2 est 1 est 2 est 1
12h00 32,0 30,9 24,9 22,3 19,1 17,6
13h00 31,6 31,8 22,8 23,3 20,2 19,0
14h00 31,3 31,7 25,7 26,4 22,1 20,1
15h00 32,3 25,9 25,4 27,2 23,9 22,3
Média 31,8 30,1 24,7 24,8 21,3 19,8
Somatório
radiação 2440 2006 1261 848 319 183
(W/m²)

Fonte: Autoria própria

O GRUPO 3 compreende os dias com temperaturas menores que 20 °C,


sendo estes os dias 03/06/2009, 17/06/2009, 19/06/2009, 13/07/2009, 11/08/2009 e
12/08/2009. De acordo com a Tabela 31, a média de Ta para estes dias foi de 15,5
°C. O dia com maior margem de diferença (-2,9 °C) foi também o dia mais frio, com
média de Ta de 12,6 °C, segundo dados do INMET.
161

Tabela 31 – Médias horárias de Ta registradas pelo INMET (GRUPO 3)


Média
HORA 03/06/09 17/06/09 19/06/09 13/07/09 11/08/09 12/08/09
horária
12h00 10,3 12,6 16,9 14,4 12,5 15,1 13,6
13h00 12,4 13,9 18,4 16,1 14,0 16,3 15,2
14h00 13,2 14,9 19,0 17,8 15,1 17,7 16,3
15h00 14,6 15,6 19,7 17,9 16,0 18,9 17,1
Média do
período de 12,6 14,2 18,5 16,5 14,4 17,0 15,5
medição
Margem de
-2,9 -1,3 3,0 1,0 -1,1 1,44
diferença
Fonte: Autoria própria

Os fatores de normalização do GRUPO 3 constam na Tabela 32 .

Tabela 32 – Fatores de normalização (GRUPO 3)

HORA 03/06/2009 17/06/2009 19/06/2009 13/07/2009 11/08/2009 12/08/2009


12h00 1,32 1,08 0,81 0,95 1,09 0,90
13h00 1,22 1,09 0,82 0,94 1,09 0,93
14h00 1,23 1,09 0,86 0,92 1,08 0,92
15h00 1,17 1,10 0,87 0,96 1,07 0,91
Média 1,24 1,09 0,84 0,94 1,08 0,92
Fonte: Autoria própria

O GRUPO 3 é formado por 6 dias de monitoramento. No entanto, as


situações urbanas analisadas são 10, uma vez que nos dias 11/08/2009 e
12/08/2009 foram descartadas as medições da Praça General Osório. As Tabelas
33, 34 e 35 correspondem aos dados normalizados de Trm, divididas conforme os
valores do somatório de radiação. A Tabela 33 corresponde aos dias com valores
maiores de radiação, sendo agrupados os pontos 14 (03/06/2009), 16 (13/07/2009)
e 14 (11/08/2009).
162

Tabela 33 – Dados normalizados de Trm (GRUPO 3), radiação maior que 2000 W/m²
Trm normalizada (°C)
FVC 0,55 FVC 0,38 FVC 0,55
HORA 03/06/2009 13/07/2009 11/08/2009
ponto 14 ponto 16 ponto 14
est 2 est 2 est 2
12h00 36,1 16,0 19,7
13h00 30,9 18,9 23,0
14h00 28,0 22,2 25,5
15h00 24,0 25,2 31,2
Média 29,7 20,6 24,8
Somatório
radiação (W/m²)
2626 2411 2208

Fonte: Autoria própria

A Tabela 34 corresponde ao GRUPO 3, e engloba os pontos 4


(03/06/2009), ponto 8 (13/07/2009) e ponto 7 (19/06/2009). O somatório de radiação
nestes dias foi maior no ponto 4 com 1692,5 W/m² e menor no ponto 7 com 677,60
W/m².

Tabela 34 – Dados normalizados de Trm (GRUPO 3), radiação entre 400 W/m² e 2000 W/m²
Trm normalizada (°C)
FVC 0,21 FVC 0,39
HORA FVC 0,37 13/7/2009
03/06/200 19/06/2009
ponto 8
ponto 4 ponto 7
est 1
est 1 est 2
12h00 15,9 25,2 24,0
13h00 33,5 16,2 15,1
14h00 37,1 20,9 15,5
15h00 22,1 16,9 15,6
Média 27,2 19,8 17,6
Somatório
radiação (W/m²)
1692 966 678

Fonte: Autoria própria

Na Tabela 35 encontram-se os dados normalizados dos dias do GRUPO


3 com radiação inferior a 400 W/m².
163

Tabela 35 – Dados normalizados de Trm (GRUPO 3), radiação menor que 400 W/m²
Trm normalizada (°C)
FVC 0,27 FVC 0,32 FVC 0,20 FVC 0,26
HORA 12/08/2009 19/06/2009 17/06/2009 17/06/2009
ponto 6b ponto 3 ponto 2 ponto 6a
est 2 est 1 est 2 est 1
12h00 14,2 13,8 13,7 13,6
13h00 14,9 14,9 15,4 14,8
14h00 15,9 16,3 16,8 15,8
15h00 16,7 17,0 17,6 16,8
Média 15,4 15,5 15,9 15,2
Somatório
radiação (W/m²)
332 253 222 160

Fonte: Autoria própria

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