Perfeição Cristã e Contemplação Segundo São Tomás de Aquino e São
Perfeição Cristã e Contemplação Segundo São Tomás de Aquino e São
Perfeição Cristã e Contemplação Segundo São Tomás de Aquino e São
Capa
Página de direitos autorais
Página Dedicató ria
PREFÁ CIO
PREFÁ CIO DO TRADUTOR
CASA DO ARCEBISPO
CONTEÚ DO
I. INTRODUÇÃ O
II O VERDADEIRO PROBLEMA MÍSTICO
ARTIGO I
OBJETO E MÉ TODO DA TEOLOGIA ASCETICA E MÍSTICA
I. O SIGNIFICADO DA TEOLOGIA ASCETICA E MÍSTICA; SEU OBJETO
II. OS PRINCÍPIOS E O MÉ TODO DA TEOLOGIA ASCETICA E MÍSTICA
A. Método descritivo ou indutivo
B. Método dedutivo
C. União dos dois métodos
ARTIGO II
A DISTINÇÃ O ENTRE TEOLOGIA ASCETICA E TEOLOGIA MÍSTICA E A UNIDADE DA
DOUTRINA ESPIRITUAL
I. TESE TRADICIONAL: A UNIDADE DA DOUTRINA ESPIRITUAL
II. TESES DE VÁ RIOS AUTORES MODERNOS: SEPARAÇÃ O DA TEOLOGIA ASCETICA DA
MÍSTICA
III. RETORNO À TESE TRADICIONAL: UNIDADE DA DOUTRINA ESPIRITUAL
ARTIGO III
SIGNIFICADO DOS TERMOS DO PROBLEMA
III TEOLOGIA MÍSTICA E AS DOUTRINAS FUNDAMENTAIS DE ST. THOMAS
ARTIGO I
VIDA INTELECTUAL NATURAL E VIDA SOBRENATURAL
ARTIGO II
A TEOLOGIA MÍSTICA E O CARÁTER ESSENCIALMENTE SOBRENATURAL DA FÉ
INFUNDIDA
ARTIGO III
TEOLOGIA MÍSTICA E A DOUTRINA DE ST. THOMAS SOBRE A EFICÁ CIA DA GRAÇA
ARTIGO IV
AS CONSEQUÊ NCIAS PRÁTICAS DA DOUTRINA DE ST. THOMAS DE GRAÇA
IV A PLENA PERFEIÇÃ O DA VIDA CRISTÃ
ARTIGO I
PERFEIÇÃ O CRISTÃ , OU O INÍCIO DA VIDA ETERNA
I. A VIDA ETERNA EM SEU COMPLETO DESENVOLVIMENTO
1. Começo da vida eterna
ARTIGO II
A PERFEIÇÃ O CRISTÃ CONSISTE PRINCIPALMENTE NA CARIDADE
I. DOUTRINAS ERRÔ NEAS OU INCOMPLETAS SOBRE A ESSÊ NCIA DA PERFEIÇÃ O
II. A VERDADEIRA SOLUÇÃ O: A PERFEIÇÃ O CONSISTE PRINCIPALMENTE NA
CARIDADE
III. A OBJEÇÃ O DOS INTELECTUAIS: POR QUE A CARIDADE É SUPERIOR AO NOSSO
CONHECIMENTO DE DEUS?
4. A PERFEIÇÃ O É UMA PLENITUDE
ARTIGO III
A PLENA PERFEIÇÃ O DA CARIDADE PRESUPE A PURIFICAÇÃ O PASSIVA DOS
SENTIDOS E DO ESPÍRITO
1. DOUTRINA DE ST. JOÃ O DA CRUZ SOBRE A PERFEIÇÃ O DA CARIDADE
ARTIGO IV
SEGUNDO A TRADIÇÃ O A PLENA PERFEIÇÃ O DA VIDA CRISTÃ PERTENCE À ORDEM
MÍSTICA
VII. PERFEIÇÃ O RELATIVA, HEROÍSMO E SANTIDADE
ARTIGO V
A PERFEIÇÃ O E O PRECEITO DO AMOR DE DEUS
A. O PRIMEIRO PRECEITO É SEM LIMITES?
B. TRÊ S CONSEQUÊ NCIAS DO PRECEITO DO AMOR DE DEUS
V A CONTEMPLAÇÃ O E SEUS GRAUS
ARTIGO I
ORAÇÃ O EM GERAL E ORAÇÃ O COMUM
I. A ORAÇÃ O DE PETIÇÃ O
II. ORAÇÃ O COMUM
III. COMO CHEGAR A UMA VIDA DE ORAÇÃ O E PERSEVERAR NELA
ARTIGO II
SIGNIFICADO DE "CONTEMPLAÇÃ O", "ORDINÁ RIO", "EXTRAORDINÁ RIO"
I. A CHAMADA CONTEMPLAÇÃ O ADQUIRIDA E CONTEMPLAÇÃ O INFUSA
II. O ORDINÁ RIO E O EXTRAORDINÁ RIO NA VIDA SOBRENATURAL
ARTIGO III
DESCRIÇÃ O DA CONTEMPLAÇÃ O INFUSA E SEUS GRAUS DE ACORDO COM ST. TERESA
I. O ESTADO MÍSTICO EM GERAL: PREPARAÇÃ O; CHAMADA GERAL E CHAMADA
INDIVIDUAL; NATUREZA DO ESTADO MÍSTICO
II. OS GRAUS DO ESTADO MÍSTICO; DA QUARTA À SÉ TIMA MANSÕ ES
ARTIGO IV
O QUE A CONTEMPLAÇÃ O INFUSA NÃ O REQUER ESSENCIALMENTE
ARTIGO V
A RELAÇÃ O ESSENCIAL DA CONTEMPLAÇÃ O INFUSA E DA VIDA MÍSTICA COM OS
DONS DO ESPÍRITO SANTO
1. A inspiração especial do Espírito Santo e a graça comum e real
2. Elevação crescente da inspiração especial do Espírito Santo em iniciantes, proficientes
e perfeitos
ARTIGO VI
O CARÁTER ESSENCIAL DA CONTEMPLAÇÃ O INFUSA; COMO PROCEDE DO DOM DA
SABEDORIA E DA FÉ
I. O ESPÍRITO DE SABEDORIA NAS ESCRITURAS
II. O DOM DA SABEDORIA E A CONTEMPLAÇÃ O INFUNDIDA SEGUNDO A TEOLOGIA
III. PREDOMINÂ NCIA PROGRESSIVA DO MODO DIVINO DO DOM DA SABEDORIA NA
ORAÇÃ O
4. SE A CONTEMPLAÇÃ O PROCEDE EXCLUSIVAMENTE DO DOM DA SABEDORIA, OU
TAMBÉ M DA FÉ UNIDA À CARIDADE
V. OS FRUTOS DO ESPÍRITO SANTO E AS BEM-AVENTURANÇAS
VI O CHAMADO À CONTEMPLAÇÃ O OU À VIDA MÍSTICA
ARTIGO I
OS DIFERENTES SIGNIFICADOS DA PALAVRA "CHAMAR"
ARTIGO II
O CHAMADO GERAL E REMOTO À CONTEMPLAÇÃ O MÍSTICA
I. AS TRÊ S RAZÕ ES PRINCIPAIS QUE ESTABELECE A CHAMADA GERAL E REMOTA
R. O princípio básico da vida mística é o mesmo da vida interior comum.
B. No progresso da vida interior a purificação da alma não é completa sem as
purificaçõ es passivas, que pertencem à ordem mística
C. O fim da vida interior é o mesmo da vida mística, mas esta prepara a alma mais
imediatamente para ela.
ARTIGO III
O CHAMADO INDIVIDUAL E PRÓ XIMO À CONTEMPLAÇÃ O
I. OS TRÊ S SINAIS PRINCIPAIS DO CHAMADO PRÓ XIMO
II. OBSTÁ CULOS A ESTA CHAMADA PRÓ XIMA; SUAS VARIEDADES
ARTIGO IV
AS CONDIÇÕ ES ORDINARIAMENTE EXIGIDAS PARA A CONTEMPLAÇÃ O INFUSA
I. AS ALMAS INTERIORES GENEROSAS, GERALMENTE, NÃ O TÊ M AS PRINCIPAIS
CONDIÇÕ ES REQUERIDAS PARA A VIDA MÍSTICA?
II. OBSTÁ CULOS ESPECÍFICOS À CONTEMPLAÇÃ O
III. O QUE SE DEVE PENSAR DAS ALMAS QUE RECEBERAM APENAS UM OU DOIS
TALENTOS?
4. É ESTA DOUTRINA DE NATUREZA DE LEVAR ALGUMAS ALMAS À PRESUNÇÃ O E
OUTRAS AO DESANIMIO?
V. ALGUMAS DIFICULDADES TEÓ RICAS
VI. PECADO VENIAL E IMPERFEIÇÃ O, OBSTÁ CULOS À UNIÃ O DIVINA
ARTIGO V
GRAÇAS EXTRAORDINÁ RIAS QUE À S VEZES ACOMPANHAM A CONTEMPLAÇÃ O
INFUSA
1. Revelaçõ es divinas
2. Visõ es
3. Palavras sobrenaturais
II. CONFUSÕ ES A SEREM EVITADAS NA EXPOSIÇÃ O DA DOUTRINA TRADICIONAL
Perfeição Cristã
e Contemplação
ARTIGO I
OBJETO _ E MÉ TODO _ DE UM CÉ TICO E TEOLOGIA MÍSTICA _ _
I. O SIGNIFICADO _ DE UM CÉ TICO E TEOLOGIA MÍSTICA ; _ _ I TS O BJECT
II. OS PRINCÍPIOS _ _ E MÉ TODO _ DE UM CÉ TICO E TEOLOGIA MÍSTICA _ _
A. Método descritivo ou indutivo
B. Método dedutivo
C. União dos dois métodos
ARTIGO II
A DISTINÇÃ O ENTRE UMA TEOLOGIA CÉ TICA _ _ _ _ E TEOLOGIA MÍSTICA _ _ E A
UNIDADE _ DA DOUTRINA ESPIRITUAL _ _
I. TESE T RADICIONAL : A UNIDADE _ DA DOUTRINA ESPIRITUAL _ _
II. TESE _ DE VÁ RIOS AUTORES MODERNOS : S EPARAÇÃ O _ _ DE UM CÉ TICO DA
TEOLOGIA MÍSTICA _ _
III. RETORNAR _ PARA A TESE T RADICIONAL : UNIDADE _ DA DOUTRINA
ESPIRITUAL _ _
ARTIGO III
SIGNIFICADO _ DOS TERMOS _ DO PROBLEMA _
ARTIGO I
VIDA I NTELECTUAL NATURAL _ _ E A VIDA SOBRENATURAL _
I. ERRO DO OS N OMINALISTAS EM _ A SOBRENATURALIDADE _ DA GRAÇA S
ANTIFICANTE _ E AS VIRTUDES TEOLÓ GICAS _ _
II. A SOBRENATURALIDADE ESSENCIAL _ _ _ DO A GRAÇA _ DO AS VIRTUDES _ E
OS PRESENTES SÃ O SUPERIORES _ _ _ PARA ISSO _ DO UM MILAGRE
SENSÍVEL _ _ E DO A PROFECIA _ DE EVENTOS FUTUROS _ _
III. O ESSENCIALMENTE SOBRENATURAL _ _ _ OU O SOBRENATURAL _ QUOAD
SUBSTANTIAM , E O P RETERNATURAL OU O SOBRENATURAL _ QUOAD MODUM
4. O UTLINE DA D IVISÃ O DO SOBRENATURAL _
ARTIGO II
TEOLOGIA MÍSTICA _ _ E O PERSONAGEM ESSENCIALMENTE SOBRENATURAL
_ _ _ DE F AI FUNDA _
I. PERSONAGEM ESSENCIALMENTE SOBRENATURAL _ _ DO AS VIRTUDES
INFUNDIDAS , SEJAM TEOLÓ GICAS _ _ _ OU M ORAL
II. C APITAL I MPORTÂ NCIA DESTA DOUTRINA _ _ _ A RESPEITO _ PARA EU FUNDI A
FÉ
III. UMA CERTIDÃ O ABSOLUTA _ DE F AI FUNDA _
4. ESTA DOUTRINA É _ _ _ A FUNDAÇÃ O _ DE TEOLOGIA MÍSTICA _ _
V. OS ATOS _ DO OS PRESENTES _ DO O ESPÍRITO SANTO É DUPLAMENTE
SOBRENATURAL - COMO _ _ _ _ _ À SUA SUBSTÂ NCIA E _ _ _ QUANTO AO SEU
MODO _
ARTIGO III
TEOLOGIA MÍSTICA _ _ E A DOUTRINA _ DE S T. _ T HOMAS SOBRE A E FICÁ CIA
DE GRAÇA _
I. A GRAÇA É EFICAZ _ EM EU MESMO
II. ESSA EFICÁ CIA TRANSCENDENTAL _ _ _ P RODUTOS DA GRAÇA _ NOS EUA _
E CONOSCO _ O MODO LIVRE _ _ DE NOSSOS ATOS _ _
III. AG O B O D E VEM INTEIRAMENTE DE DEUS COMO PRIMEIRA CAUSA , E
INTEGRALMENTE _ _ _ DO HOMEM _ COMO SEGUNDA CAUSA _ _
4. O DISTÚ RBIO _ _ DENTRO UM ATO MAL OCORRE APENAS _ _ _ _ DO HOMEM _
COMO UMA CAUSA D EFICIENTE _
ARTIGO IV
AS CONSEQUÊ NCIAS PRÁTICAS _ _ _ DO A DOUTRINA _ DE S T. _ T HOMAS NA G
CORRIDA
I. DUAS GRAÇAS : SUFICIENTES _ E E FFICACIOSO
II. LÍDERES DE D OTRINA PARA:
1. Humildade
2. Oraçã o íntima
3. A prá tica das virtudes teologais
III. A MESMA DOUTRINA É ENSINADA _ _ _ _ _ POR A I MITAÇÃO _ E POR OS MAIORES
M ESTRES _ DO A VIDA ESPIRITUAL _ _
ARTIGO I
PERFEIÇÃ O CRISTÃ , OU O INÍCIO DA VIDA E TERNA
I. VIDA E TERNA EM SEU DESENVOLVIMENTO COMPLETO _ _ _
1. Começo da vida eterna
2. Vida de graça na terra, a mesma em sua essência que a do
céu
3. A caridade deve durar para sempre
4. A habitaçã o da Santíssima Trindade
5. A uniã o mística é o prelú dio normal, embora pouco
frequente, da vida no céu
ARTIGO II
A PERFEIÇÃ O CRISTÃ CONSISTE ESPECIALMENTE _ _ _ EM CARIDADE _
I. E RRÔ NEO OU DOUTRINAS I NCOMPLETAS _ SOBRE A ESSÊ NCIA _ DE PERFEIÇÃ O
_
II. A VERDADEIRA SOLUÇÃ O : A PERFEIÇÃ O C ONSISTE PRINCIPALMENTE _ EM
CARIDADE _
III. A OBJEÇÃ O _ _ DOS I NTELECTUAIS : POR QUE A CARIDADE É SUPERIOR _ AO
NOSSO CONHECIMENTO _ _ DE DEUS ? _
4. PERFEIÇÃ O É S _ A P LENITUDE
ARTIGO III
A COMPLETA _ _ _ DA CARIDADE P RESUPOSTA _ A
PERFEIÇÃ O
PURIFICAÇÃ O PASSIVA _ _ DO OS SENTIDOS _ E DO O ESPÍRITO _
1.D OCTRINA DE S T. _ J OHN DO O C ROSS SOBRE A PERFEIÇÃ O _ DE CARIDADE _
ARTIGO IV
UM ACORDO À T RADIÇÃ O A PERFEIÇÃ O COMPLETA _ _ DA VIDA CRISTÃ
PERTENCE _ _ _ PARA A ORDEM MÍSTICA _ _
I. TRÊ S MANEIRAS _
II. ENSINO _ DO A I MITAÇÃO _ SOBRE A PERFEIÇÃ O E INFUNDEI A C
ONTEMPLAÇÃ O
III. D OCTRINA DE S T. _ C ATHERINE DE SIENA _
4. D OCTRINA DE S T. _ T HOMAS
V. D OCTRINA DE DIONÍSIO _
VI. D OCTRINA DE S T. _ UM UGUSTINHO
VII. PERFEIÇÃ O RELATIVA , HEROÍSMO _ _ E S ANTICIDADE
VIII. " PERFEIÇÃ O COMPLETA " SIGNIFICA NÃ O APENAS _ _ _ A ESSÊ NCIA _ DE
PERFEIÇÃ O , MAS É INTEGRIDADE NORMAL _ _ _ _
ARTIGO V
PERFEIÇÃ O _ E O PRECEDIMENTO _ DO O AMOR _ DE DEUS _
A.I S O PRIMEIRO PRECEDIMENTO _ _ SEM L IMIT ?
1. Ensinamento de Santo Agostinho e Sã o Tomá s sobre este
ponto
2. Objeçõ es de Suarez e respostas de Passerini
B. TRÊ S CONSEQUÊ NCIAS _ DO O PRECEDIMENTO _ DO O AMOR _ DE DEUS _
1. No caminho da perfeiçã o, quem nã o avança retrocede
2. Cada cristã o, cada um segundo a sua condiçã o, deve
esforçar-se pela perfeiçã o da caridade
3. As graças reais sã o progressivamente oferecidas à alma
proporcionalmente ao fim a ser alcançado
V A CONTEMPLAÇÃ O E SEUS GRAUS
ARTIGO I
ORAÇÃ O _ EM GERAL _ E ORAÇÃ O COMUM _ _
I. A ORAÇÃ O _ DE PETIÇÃ O _
II. ORAÇÃ O COMUM _ _
III. COMO TOMAR _ _ PARA A VIDA _ DE ORAÇÃ O _ E PERSEVERAR _ EM I T
ARTIGO II
SIGNIFICADO _ DE "C ONTEMPLATION ", "O RDINÁ RIO ", "E XTRAORDINÁ RIO "
I. S O-CHAMADA DE C ONTEMPLAÇÃ O C ONTEMPLAÇÃ O E INFUNDEI A C
ONTEMPLAÇÃ O
Á
II. O ORDINÁ RIO _ _ E O EXTRAORDINÁ RIO _ DENTRO A VIDA
SOBRENATURAL _ _
ARTIGO III
D ESCRIÇÃ O DE C ONTEMPLAÇÃ O INFUNDADA _ E SEUS GRAUS DE ACORDO _ _
PARA S T. _ TERESA _
I. O ESTADO MÍSTICO _ _ EM GERAL : P REPARAÇÃ O ; CHAMADA GERAL _ _ E
CHAMADA INDIVIDUAL ; _ _ NATUREZA _ DO O ESTADO MÍSTICO _ _
II. OS GRAUS _ _ DO O ESTADO MÍSTICO ; _ _ A PARTIR DE O QUARTO _ PARA AS
SÉ TIMAS MANSÕ ES _ _
ARTIGO IV
O QUE A C ONTEMPLAÇÃ O INFUNDIDA NÃ O EXIGE ESSENCIALMENTE _ _ _
__
1. Nem sempre é dado de repente
2. Nã o é necessariamente acompanhada por uma
impossibilidade absoluta de discursar ou de raciocinar
3. É um ato meritó rio
4. Nã o requer consciência de estar em estado de graça
5. Nã o requer o sentimento da presença de Deus (noite do
espírito)
6. Nã o é uma graça dados gratuitos
7. Nã o requer ideias infusas, mas uma luz infusa
8. Nã o requer uma percepçã o imediata de Deus
ARTIGO V
A RELAÇÃ O ESSENCIAL _ _ _ DE C ONTEMPLAÇÃ O INFUNDADA _ E DO A VIDA
MÍSTICA _ _ COM OS PRESENTES _ DO O ESPÍRITO SANTO _ _
I. OS DONS DO ESPÍRITO SANTO _ _
II. A RE OS PRESENTES _ DO NECESSÁ RIO DO ESPÍRITO SANTO _ _ _ PARA A
SALVAÇÃ O ?
III. NECESSIDADE _ DO UMA D OCILIDADE CADA VEZ MAIS PERFEITA PARA
O MESTRE DO INTERIOR _
4. A INSPIRAÇÃ O ESPECIAL _ _ _ DO O ESPÍRITO SANTO _ _ E O PROGRESSO _ DE
CARIDADE _
1. A inspiraçã o especial do Espírito Santo e a graça comum e
real
2. Elevaçã o crescente da inspiraçã o especial do Espírito Santo
em iniciantes, proficientes e perfeitos
ARTIGO VI
O PERSONAGEM ESSENCIAL _ _ _ DE C ONTEMPLAÇÃ O INFUNDADA ; _ COMO I
T PROCEDE _ _ A PARTIR DE O PRESENTE _ DE SABEDORIA _ E DA FÉ _
I. O ESPÍRITO _ DE SABEDORIA _ NA ESCRITURA _
II. O PRESENTE _ _ DE SABEDORIA _ E I NFUSEI A C ONTEMPLAÇÃ O DE ACORDO À
HEOLOGIA _
III. P ROGRESSIVO P REDOMINÂ NCIA DO MODO DIVINO _ _ DO PRESENTE _ DE
SABEDORIA NA ORAÇÃ O _
4. SE A C ONTEMPLAÇÃ O PROCEDE EXCLUSIVAMENTE _ _ A PARTIR DE O
PRESENTE _ DE SABEDORIA , OU _ TAMBÉ M DA FÉ UNIDA _ _ À CARIDADE _
V. AS FRUTAS _ DO O ESPÍRITO SANTO _ _ E AS B EATITUDES
ARTIGO I
OS DIFERENTES SIGNIFICADOS _ _ _ DO A PALAVRA " CALL " _
I. GERAL E CHAMADA REMOTA _ _
II. I NDIVIDUAL E CHAMADA PRÓ XIMA _ _
III. CHAMADA SUFICIENTE _ _
4. CHAMADA E FFICACIOSA _ PARA O INFERIOR _ OU PARA OS GRAUS
SUPERIORES _ _ DE C ONTEMPLAÇÃ O INFUNDADA _
ARTIGO II
O GERAL _ _ E CHAMADA REMOTA _ _ À C ONTEMPLAÇÃ O MÍSTICA _
I. AS TRÊ S RAZÕ ES PRINCIPAIS QUE ESTABELECE _ _ _ _ _ O GERAL _ E CHAMADA
REMOTA _ _
R. O princípio bá sico da vida mística é o mesmo da vida
interior comum.
B. No progresso da vida interior a purificaçã o da alma nã o é
completa sem as purificaçõ es passivas, que pertencem à
ordem mística
C. O fim da vida interior é o mesmo da vida mística, mas esta
prepara a alma mais imediatamente para ela.
ARTIGO III
O I NDIVIDUAL _ E CHAMADA PRÓ XIMA _ _ À C ONTEMPLAÇÃ O
I. OS TRÊ S SINAIS PRINCIPAIS _ _ _ DO A CHAMADA PRÓ XIMA _ _
II. O BSTÁ CULOS A ESTA CHAMADA PRÓ XIMA ; _ _ I TS V ARIEDADES
ARTIGO IV
AS CONDIÇÕ ES O RDINARIAMENTE EXIGIDAS _ _ _ PARA I FUSO C ONTEMPLAÇÃ O
I. D O GENEROSAS ALMAS INTERIORES GERALMENTE FALTA _ _ _ _ AS
CONDIÇÕ ES PRINCIPAIS O RDINARIAMENTE EXIGIDAS _ _ _ POR A VIDA
MÍSTICA ? _ _
1. Meios oferecidos a todos pela Igreja
2. Disposiçõ es interiores que constituem as principais
condiçõ es normalmente exigidas para a vida mística
II. OBSTÁ CULOS ESPECÍFICOS _ _ À C ONTEMPLAÇÃ O
III. O QUE DEVE SER PENSADO _ _ _ DAS ALMAS QUE RECEBERAM _ _ _ _ _ APENAS
UM NE OU DOIS ALENTES ? _ _
4. É ESTA DOUTRINA _ DO UMA NATUREZA _ L IDER ALGUMAS ALMAS _ _ _
PARA PRÓ XIMO _ E OUTROS _ AO DESANIMIO ? _
V. ALGUMAS D IFICULDADES TEÓ RICAS _
VI. V ENIAL S IN E EU MPERFEIÇÃ O , OBSTÁ CULOS À DIVINA U NIÃ O _
ARTIGO V
GRAÇAS EXTRAORDINÁ RIAS QUE À S VEZES ACOMPANHAM A C ONTEMPLAÇÃ O
INFUNDADA _ _ _ _
I. G RAÇAS DADOS GRÁTIS
1. Revelaçõ es divinas
2. Visõ es
3. Palavras sobrenaturais
4.Toques divinos
II. C ONFUSÕ ES PARA SEJA UM ANULADO EM E XPOUNDING A D OTRINA
TRADICIONAL _
CAPÍTULO I
I NTRODUÇÃ O
ESTE trabalho é baseado no ensinamento de Sã o Tomá s de Aquino e de
Sã o Joã o da Cruz. Sã o Tomá s, "Doutor Communis", como é chamado na
encíclica Studiorum ducem de Pio XI , é preeminente entre os teó logos
porque alcançou as alturas da sabedoria adquirida e infundida. Para
explicar os segredos desta dupla sabedoria, ele recebeu em alto grau a
graça especial que Sã o Paulo chama de sermo sapientiae . Pela
sabedoria adquirida ele sintetizou maravilhosamente o conhecimento
do filó sofo e o do teó logo, e o dom da sabedoria o elevou ao mais alto
grau de contemplaçã o infusa. Frequentemente acompanhada de êxtase
e do dom das lá grimas, ensinou-lhe o que a linguagem humana nã o
poderia expressar. Foi esta contemplaçã o infusa que o impediu de ditar
o fim da Summa theologica; o que ele podia colocar em palavras
parecia-lhe apenas palha em comparaçã o com o que ele via. 1
A encíclica Studiorum ducem , ao apresentar-nos Sã o Tomá s como o
mestre indiscutível da teologia dogmá tica e moral, e també m da
teologia ascé tica e mística, chama a atençã o para uma bela doutrina,
que desenvolvemos longamente neste livro (caps. 4-6), ou seja, que o
preceito do amor de Deus nã o tem limite e que a perfeiçã o da caridade
recai sobre este preceito, nã o, é claro, como algo a ser realizado
imediatamente, mas como o fim para o qual todo cristã o deve tendem
de acordo com sua condiçã o. 2
Sã o Francisco de Sales ensinou a mesma doutrina, muitas vezes mal
compreendida, embora claramente formulada pelos Padres da Igreja,
em particular por Santo Agostinho. 3
Sã o Tomá s, em seu tratado sobre as virtudes infusas e os dons do
Espírito Santo, expõ e particularmente sua natureza e propriedades.
Sã o Joã o da Cruz explica as vá rias fases do seu progresso, até ao seu
desenvolvimento perfeito. Entre os autores espirituais, nó s o tomamos
como nosso guia: (1) Ele é certamente um dos maiores místicos
cató licos. (2) Ele é canonizado, e sua doutrina, que passou pelo teste da
crítica e foi examinada pela Igreja, é perfeitamente só lida. (3) Vindo
como ele veio no sé culo XVI, ele se beneficiou de toda a tradiçã o
anterior, especialmente das obras de Santa Teresa, que ele conhecia
profundamente e explicou conectando os estados místicos que ela
experimentou e descreveu com os princípios sobrenaturais dos quais
eles procederam; especialmente com as virtudes teologais e com os
dons do Espírito Santo, que nela se desenvolveram plenamente. Assim,
ele vai alé m até mesmo de Santa Teresa e, como teó logo, trata de
problemas muito elevados sobre os quais ela escreveu muito pouco. Ao
fazê -lo, ele une os dados do misticismo descritivo e a teologia
especulativa das virtudes e dons. (4) Sã o Joã o da Cruz, como todos os
teó logos carmelitas, está totalmente de acordo com Sã o Tomá s nas
grandes questõ es da predestinaçã o e da graça. 4
A doutrina desses mestres é a expressã o segura da tradiçã o, como
veremos comparando-a com a dos doutores que os precederam e dos
que os seguiram.
Nosso objetivo é explicar o caminho unitivo, para que possamos
levar as almas a ambicioná -lo e incentivá -los a fazer esforços generosos
para alcançá -lo.
Algumas pessoas falam sobre misticismo, mas o entendem mal e
abusam dele. Essas pessoas devem ser iluminadas pelo só lido ensino da
teologia. Outros, em nú mero muito maior, sã o completamente
ignorantes do misticismo e aparentemente desejam permanecer assim.
Eles confiam apenas em seus pró prios esforços, auxiliados pela graça
comum; conseqü entemente, eles visam apenas as virtudes comuns e
nã o tendem à perfeiçã o que consideram muito elevada. Assim, as vidas
religiosas e sacerdotais, que poderiam ser muito frutuosas, nã o passam
de uma certa mediocridade que muitas vezes se deve, pelo menos em
parte, à sua formaçã o precoce imperfeita e à s ideias inexatas sobre a
uniã o com Deus a que cada cristã o pode e deve aspirar.
Alguns, que deveriam conhecer bem os escritos dos grandes santos,
raramente os consultam, sob o pretexto de que seu ensinamento sobre
misticismo está fora de alcance, que leva a interpretaçõ es divergentes e
que, segundo vá rios teó logos, ainda nã o é possível. determinar em que
consiste o seu ensinamento, mesmo em grandes linhas, e em particular
sobre esta questã o fundamental: a contemplaçã o, de que falam, está no
caminho normal da santidade ou nã o?
Consequentemente, em matéria de teologia mística existe um certo
agnosticismo, assim como existe um agnosticismo que sustenta que os
verdadeiros milagres nã o podem ser discernidos porque nem todas as
leis da natureza sã o conhecidas, e que nã o se pode confiar nas
Escrituras porque certas passagens obscuras do Antigo e Novo
Testamentos nã o foram totalmente elucidados. Acreditamos que esse
agnosticismo sobre a teologia mística é falso, que nã o pode fazer bem e
que termina desastrosamente.
O ensinamento de Sã o Tomá s e de Sã o Joã o da Cruz sobre este
problema parece-nos muito claro. Se esses grandes mestres tivessem
deixado esse importante problema sem soluçã o, os pró prios elementos
da teologia mística ainda teriam de ser constituídos.
O Papa Bento XV felicitou o editor de La vie spirituelle por dar a
conhecer esta doutrina, e escreveu-lhe o seguinte (15 de setembro de
1921): “Em nossos dias muitos negligenciam a vida sobrenatural e
cultivam em seu lugar um sentimentalismo inconsistente e vago. é
absolutamente necessá rio recordar com mais frequência o que os
Padres da Igreja, juntamente com a Sagrada Escritura, nos ensinaram
sobre o assunto, e fazê-lo tendo como guia especialmente Sã o Tomá s de
Aquino, porque ele expô s tã o claramente suas doutrina sobre a
elevaçã o da vida sobrenatural. Devemos também seriamente chamar a
atençã o das almas para as condiçõ es exigidas para o progresso da graça
das virtudes e dos dons do Espírito Santo, cujo perfeito
desenvolvimento se encontra na mística vida. Isso é exatamente o que
você e seus colaboradores fizeram em sua revisã o, de maneira ao
mesmo tempo erudita e só lida."
Nas delicadas questõ es que tivemos de considerar, ao combater um
erro, nem sempre é fá cil evitar alinhar-se com o erro contrá rio, e
formular a doutrina que se eleva acima desses desvios opostos e que é
um meio justo apenas porque é um cume. Se inadvertidamente
empregamos quaisquer expressõ es inexatas neste estudo, nó s as
retratamos aqui e agora, e declaramos que rejeitamos toda
espiritualidade que se desvie um pouco daquela dos santos, que foi
aprovada pela Santa Igreja. É por isso que, via de regra, citamos apenas
místicos canonizados cujos ensinamentos sã o comumente aceitos.
Nossas conclusõ es podem ser resumidas na tabela da pá gina
seguinte. 5
Esta tabela dá uma ideia do progresso da doutrina sobre este
assunto de Santo Agostinho a Santa Teresa, passando do geral ao
particular. Santo Agostinho fazia distinçã o entre os principiantes, os
proficientes e os perfeitos, classificaçã o que, segundo a terminologia
de Dionísio, corresponde à s vias purgativa, iluminativa e unitiva. Sã o
Tomá s observou vá rias vezes em seus escritos o correspondente
progresso das virtudes e dos dons, que sã o o princípio dos atos
sobrenaturais, em particular os graus de humildade. 6 As purificaçõ es
passivas dos sentidos e do espírito indicadas por Sã o Gregó rio Magno
foram descritas por Tauler e especialmente por Sã o Joã o da Cruz. Este
ú ltimo nos diz 7 que na purificaçã o passiva dos sentidos "Deus começa
a se comunicar nã o mais pelos sentidos como antes, por meio do
raciocínio... mas de uma maneira puramente espiritual, em um ato de
simples contemplaçã o". Evidentemente, trata-se aqui da contemplaçã o
infusa, como já declarou o santo. 8 Podemos entender por que Sã o Joã o
diz: “Os proficientes estã o no caminho iluminativo. É nele que Deus
nutre e fortifica a alma pela contemplaçã o infusa”. 9
Em outro lugar ele diz: "A purificaçã o passiva dos sentidos é comum.
Ocorre na maioria dos iniciantes." 10 É , de fato, o limiar da vida mística,
como a oraçã o de recolhimento sobrenatural descrita por Santa Teresa.
11 Esta oraçã o é muitas vezes precedida por atos isolados de
ARTIGO I
Objeto e Método da Teologia Ascética e Mística
O QUE deve ser entendido por teologia ascé tica e mística? É uma ciê ncia
especial ou uma parte da teologia? Qual é o seu objeto particular? Sob
que luz ela procede? Quais sã o seus princípios? Qual é o seu mé todo?
Essas questõ es devem ser resolvidas antes de buscarmos a distinçã o
entre ascetismo e misticismo, e antes de abordarmos os principais
problemas que eles devem resolver.
I. O SIGNIFICADO DA TEOLOGIA ASCETICA E MÍSTICA; SEU OBJETO
ARTIGO II
A distinção entre teologia ascética e teologia mística e a
unidade da doutrina espiritual
A teologia ascética e mística é a aplicaçã o da teologia na orientaçã o
das almas para uma uniã o cada vez mais íntima com Deus. Deve usar os
métodos indutivo e dedutivo, estudando os fatos da vida espiritual à luz
dos princípios revelados e das doutrinas teoló gicas deduzidas desses
princípios. Devemos agora ver o que distingue a teologia ascética da
mística; e se essa distinçã o é tal que exclui a continuidade na passagem
de um para o outro, ou a unidade na doutrina espiritual. Escritores
anteriores e vá rios autores modernos nã o concordam nesse ponto.
I. TESE TRADICIONAL: A UNIDADE DA DOUTRINA ESPIRITUAL
ARTIGO III
Significado dos termos do problema
A questã o do vocabulá rio apresenta uma das principais dificuldades
encontradas por quem estuda problemas místicos. Muitas
controvérsias surgem devido à falta de um acordo prévio quanto ao
significado das palavras utilizadas. Por exemplo, na questã o de saber se
a vida mística é a coroa normal da vida interior, a palavra "mística" é
entendida por alguns em um sentido tã o amplo que a vida mística
parece quase identificada com uma vida cristã pouco fervorosa, ou com
mera perseverança no estado de graça. Outros autores usam a palavra
"místico" em um sentido tã o limitado que parece nã o haver vida mística
sem êxtase, visõ es e revelaçõ es proféticas. Da mesma forma, a palavra
"contemplaçã o" tem para alguns um sentido muito amplo, enquanto
para outros pode ser usada apenas com o significado exato de
contemplaçã o infusa e passiva. O mesmo vale para a palavra "normal".
Se usado por teó logos especulativos, é aplicável apenas a uma lei geral e
superior da vida da graça, uma lei que de modos muito diversos se
aplica mais cedo ou mais tarde, perfeita ou imperfeitamente, ao
desenvolvimento de almas generosas que sã o chamadas ao
contemplativo ou mesmo para a vida ativa. E esta lei exige muitas
condiçõ es que podem faltar; terá dificuldade em funcionar na pessoa
que recebe a graça, por exemplo, em um ambiente desfavorável, em
uma vida de estudo muito absorvente, ou onde falta uma direçã o
adequada, ou no caso de uma pessoa que tem um temperamento
ingrato e certas imperfeiçõ es, ainda que involuntá rias. Apesar de todos
esses obstá culos, essa lei rege o crescimento da semente divina, fato
que o teó logo considera e que a experiência comprova. Se, ao contrá rio,
a palavra "normal" é usada por um diretor nã o místico, vendo apenas
os fenô menos particulares e externos, ele dá ao termo "normal" um
significado mais concreto e material, que parece ser ao contrá rio do
fato quando as exceçõ es sã o observadas. Essas exceçõ es ele nã o
examina de dentro para verificar se procedem da pró pria graça ou dos
defeitos de quem recebe a graça, da natureza da pró pria semente ou
dos efeitos do solo estéril que exige trabalho extraordiná rio para sua
transformaçã o.
A mesma dificuldade surge se expressarmos o problema
perguntando se todas as almas interiores sã o chamadas à vida mística.
Alguns que respondem negativamente usam a palavra "chamado"
quase no sentido de "ressuscitado", "liderado", "predestinado" ou
"escolhido"; e entã o fica claro que nem todas as almas interiores sã o
chamadas à vida mística. Essa visã o ignora a declaraçã o das Escrituras:
"Muitos sã o chamados, mas poucos sã o escolhidos". Essas duas
palavras, "chamado" e "escolhido", diferem muito. Por outro lado,
alguns autores admitem o chamado geral das almas à vida mística, mas
parecem esquecer o ensinamento comum sobre os sinais especiais do
chamado individual, sinais que nã o estã o presentes em toda alma
piedosa. Eles sã o em nú mero de trê s e sã o enumerados por Sã o Joã o da
Cruz, e antes dele por Tauler. Iremos nos referir a eles mais adiante. 1 Os
muitos problemas consequentes requerem uma declaraçã o do
significado exato da palavra "chamada", que pode designar uma
chamada remota ou imediata. A mesma dificuldade ocorre em conexã o
com a palavra "mé rito" na pergunta: Pode uma alma merecer a
contemplaçã o mística?
Devemos tentar estabelecer significados precisos para os termos que
estamos usando. Embora tenhamos dificuldade em chegar a um acordo
imediato sobre as definiçõ es reais, que expressam a base das coisas e
sã o fruto de longas pesquisas, devemos ao menos ter um entendimento
sobre as definiçõ es nominais, sobre o significado do principais termos
da teologia mística em uso hoje. Uma vez que a terminologia mística foi
dada precisã o por Santa Teresa, Sã o Joã o da Cruz e Sã o Francisco de
Sales, devemos levar em conta essa precisã o estabelecida que repousa
sobre sua autoridade e é um progresso real. Se, por exemplo, desde a
época desses grandes mestres, a expressã o "oraçã o essencialmente
mística" significa oraçã o manifestamente passiva, devemos doravante
usar a expressã o apenas com esse significado preciso, que inclui muitos
graus de oraçã o.
A fim de fixar o vocabulá rio, queremos propor algumas definiçõ es,
pelo menos nominais, 2 que sã o geralmente aceitas pelos teó logos
místicos que seguem simultaneamente a doutrina de Sã o Tomá s e a de
Sã o Joã o da Cruz, de Sã o .Teresa e de Sã o Francisco de Sales. 3 No
decorrer deste trabalho, mostraremos a solidez bá sica dessas
definiçõ es, ou seu real valor.
Sã o Tomá s define a contemplaçã o como uma simples visã o
intelectual da verdade, superior ao raciocínio e acompanhada de
admiraçã o. 4 Pode ser puramente natural, como, por exemplo, em um
artista, um erudito ou um filó sofo. A contemplaçã o cristã se deté m nas
verdades reveladas e pressupõ e a fé . Vá rios teó logos admitem a
existê ncia de uma contemplaçã o adquirida que se segue à meditaçã o.
Eles geralmente definem essa contemplaçã o adquirida como o
conhecimento amoroso de Deus que é fruto de nossa atividade pessoal
auxiliada pela graça. Pelo contrá rio, a contemplaçã o infusa, de que
falam os místicos, é um conhecimento amoroso de Deus, que nã o é
fruto da atividade humana auxiliada pela graça, mas de uma inspiraçã o
especial do Espírito Santo; de modo que nã o é produzido à vontade,
como é um ato de fé . 5
Na vida sobrenatural, entendemos pela palavra "ordiná rio" toda
graça, todo ato, todo estado, que está no caminho normal da santidade;
tudo o que é moralmente necessá rio na maioria dos casos para alcançar
a santidade. E por "santidade" devemos, no mínimo, entender o que
geralmente é necessá rio para entrar no céu imediatamente apó s a
morte, porque uma alma sofre no purgató rio apenas por sua pró pria
culpa. O "ordiná rio" assim definido compreende as graças eminentes
que, de fato, podem ser chamadas de extraordiná rias porque sã o
bastante incomuns, mas que sã o ordiná rias de acordo com o direito
normal, se forem realmente necessá rias para a obtençã o da santidade,
para a plena perfeiçã o da vida cristã . vida, ou pela completa pureza da
alma que merece entrada imediata no céu.
Todo favor, ao contrá rio, que está fora do caminho normal da
santidade e que nã o é absolutamente necessá rio para alcançá -la, é
extraordiná rio. Classificamos como tais especialmente as graças
chamadas gratis datae , como milagres, profecias, visõ es e outros
fenô menos do mesmo tipo. 6
No que diz respeito à palavra "chamado" ou "vocaçã o", tentaremos
distinguir neste trabalho os diferentes significados que pode ter,
conforme se trate de um chamado geral e remoto de todas as almas
justas à contemplaçã o mística ou, pelo contrá rio, de um chamada
individual e pró xima. Como veremos, este ú ltimo pode ser apenas
suficiente e permanecer estéril; ou pode ser eficaz. Neste ú ltimo caso,
pode ser uma chamada eficaz tanto para graus inferiores, quanto para
graus superiores da vida mística.
Em todas essas questõ es, devemos considerar o desenvolvimento
pleno e normal da vida da graça como tal, e entã o ver o que há nas
almas mais ou menos dispostas que receberam esse germe da vida
eterna. Para isso, devemos recordar antes de tudo a doutrina
tradicional da graça, tal como foi concebida, seguindo Sã o Paulo e Santo
Agostinho, pelo príncipe dos teó logos, Sã o Tomá s de Aquino, e pelos
grandes místicos cató licos .
CAPÍTULO III
TEOLOGIA MÍSTICA _ _ E AS DOUTRINAS FUNDAMENTAIS
DE S T. T HOMAS
ARTIGO I
Vida Intelectual Natural e Vida Sobrenatural
VÁ RIOS autores , impressionados com a diferença que encontram entre
os escritos dos grandes teó logos místicos (como Dionísio, Ricardo de
Sã o Vítor, Sã o Boaventura, Tauler, Sã o Joã o da Cruz) e os escritos de Sã o
Tomá s Tomá s de Aquino fica surpreso por esperarmos encontrar nos
escritos de Sã o Tomá s os princípios da teologia mística. Alguns até
consideram Sã o Tomá s, nã o um grande teó logo que de um ponto de
vista sobrenatural usou Aristó teles para a defesa e explicaçã o das
verdades divinas da fé , mas sim um filó sofo de gê nio que nos deu uma
interpretaçã o do Evangelho, um Aristó teles cristã o , como mais tarde
Malebranche era um Platã o cristã o.
Qualquer pessoa que aceite essa visã o deve carecer de um
conhecimento íntimo dos escritos de Sã o Tomá s, especialmente seus
tratados sobre a Trindade, a encarnaçã o, a Santa Eucaristia, a graça, as
virtudes teologais e os dons do Espírito Santo. Certamente tal pessoa
nunca leu os comentá rios de Sã o Tomá s sobre Sã o Paulo, Sã o Joã o, os
Salmos e o Câ ntico dos Câ nticos. Ele deve ignorar os curtos tratados de
Sã o Tomá s sobre piedade, suas oraçõ es, seu ofício do Santíssimo
Sacramento; e ele deve nã o estar familiarizado com a vida do santo,
suas noites passadas diante do taberná culo, seus êxtases, o eminente
dom da contemplaçã o que o fez referir-se à sua Summa como sendo
apenas palha em comparaçã o com o que ele viu.
Neste artigo queremos mostrar que esse julgamento do grande
doutor decorre de uma maneira inteiramente material de ler suas
obras. Temos a tendência de dar uma interpretaçã o materialista a tudo
— doutrina, piedade, regras de conduta, açã o. Esta é a inclinaçã o de
nossa natureza caída e ferida, a menos que seja profundamente
regenerada e completamente vivificada pela graça que cura e eleva, e a
menos que estejamos livres da dominaçã o de nosso temperamento; ou
se, apesar do estado de graça, preservamos uma série de juízos
puramente naturais, bastante inconformes com o espírito da fé.
Influenciados por essas disposiçõ es, somos involuntariamente
propensos a interpretar materialisticamente as doutrinas mais
elevadas; isto é , tendemos a observar apenas seus elementos materiais
que se adaptam melhor aos nossos gostos, e a perder de vista o
espírito que determina sua natureza e é a alma do corpo doutriná rio.
Mais uma vez a expressã o de Sã o Paulo é verificada: "Porque a letra
mata, mas o espírito vivifica". 1 Seguindo assim, a pretexto de confiar
no que é tangível, mecanicamente exato e incontestavelmente certo
mesmo para os incré dulos, acabaríamos explicando o superior pelo
inferior, reduzindo o primeiro ao segundo, que é a pró pria essê ncia da
materialismo em todas as suas formas. Estaríamos inclinados a
explicar a alma pelo corpo, muito mais do que o corpo pela alma; da
mesma forma, explicar a vida da graça pela natureza, as doutrinas
teoló gicas pelos elementos filosó ficos que assimilaram, a vida das
ordens religiosas pelas condiçõ es sociais em que tiveram sua origem,
sem pensar suficientemente no trabalho incessante mas invisível de
Deus, o ú nico que pode levantar grandes doutores e santos. Deste
ponto de vista, rapidamente diminuiríamos tudo e, em vez de vivermos
sobrenaturalmente segundo o verdadeiro sentido desta palavra,
poderíamos, apesar de certas aparê ncias, tropeçar no que é medíocre e
mesquinho.
Essa disposiçã o de explicar o superior pelo inferior é encontrada em
graus variados, desde o materialismo grosseiro que explica o espírito
pela matéria até aquele que coloca uma interpretaçã o materialista na
filosofia espiritual, teologia, exegese, histó ria da Igreja, ascetismo e o
liturgia, cuja letra é mantida, e nã o o espírito.
Mesmo com um verdadeiro desejo de aprender, podemos ler St.
Thomas a partir deste ponto de vista. Na sua doutrina teoló gica
encontram-se numerosos elementos materiais ou filosó ficos, que ele
pretende subordinar à ideia de Deus, autor da graça. Se enfatizarmos
indevidamente esses elementos inferiores, que estã o ao alcance da
razã o, em vez de subir ao cume da síntese, encontraremos uma
verdadeira oposiçã o entre esta doutrina e a dos grandes teó logos
místicos, que trataram especialmente da uniã o com Deus. As á rvores
nos impedirã o de ver a floresta. Absorvidos nos detalhes da base da
estrutura, deixaremos de ver a pedra angular do arco. Pelo menos
estaremos considerando apenas de baixo para cima o princípio
sobrenatural desta obra-prima da mente; vendo-o apenas por sua
reflexã o sobre as realidades inferiores que ele regula, em vez de julgar
essas questõ es de cima, como deveria ser feito pela "razã o superior",
tã o valorizada por Santo Agostinho, e pela sabedoria teoló gica, para nã o
falar do dom da sabedoria, que é ainda mais elevado. Assim, ler a Suma
de Sã o Tomá s e comentá -la pode ser apenas levemente sobrenatural e
até mesmo antimístico. Essa maneira de lê-lo desvia a mente da visã o
dos grandes comentaristas (Capréolo, Caetano, Bannes, Joã o de Sã o
Tomá s, os carmelitas de Salamanca), todos eles inferiores ao mestre.
Mas eles o entenderam melhor do que nó s e nos conduzem atrá s dele
para as mesmas alturas.
Um delicado instrumento de precisã o é facilmente danificado de
modo que deixa de ser preciso; da mesma forma, a doutrina de St.
Thomas é facilmente distorcida. Isso ocorre se colocarmos de forma
equivocada a ênfase no que é secundá rio e material, explicando assim
de forma banal e sem a devida proporçã o o que há de formal e principal
nele. Ao fazer isso, deixamos de ver os cumes brilhantes que deveriam
iluminar todo o resto.
Notamos aqui as principais confusõ es que tornariam essa doutrina
essencialmente antimística. Eles foram feitos especialmente por
teó logos nominalistas, que finalmente perceberam nada alé m de
palavras nas mais altas realidades espirituais, quando nã o viram como
materialmente evidente que essas realidades haviam sido reveladas
por Deus. 2 A teologia nominalista é uma diminuiçã o considerável da
ciê ncia de Deus. Apontamos essas confusõ es para mostrar que o
ensinamento de Sã o Tomá s é , ao contrá rio, o mesmo que Sã o Joã o da
Cruz e seus discípulos desenvolveram. Tornamos este ponto evidente
insistindo no que constitui a grandeza de seu ensinamento e
manifestando a riqueza sobrenatural que ele conté m. Para quem leu os
teó logos de Salamanca, evidentemente a doutrina carmelita e a do
Doutor Angé lico concordam em tudo, particularmente no que diz
respeito à s questõ es mais elevadas do tratado sobre a graça.
Consideremos brevemente, na síntese tomista, as doutrinas
fundamentais que estã o mais intimamente ligadas à vida espiritual;
especialmente aqueles relacionados ao nosso conhecimento natural e
intelectual; depois, as relativas à vida sobrenatural, à s virtudes infusas,
aos dons do Espírito Santo, à eficá cia da graça e, finalmente, à pró pria
natureza de Deus.
Na síntese tomista nosso conhecimento intelectual na ordem
natural é baseado nos primeiros princípios da razã o: o princípio da
contradiçã o – nenhum ser, criado ou incriado, pode ao mesmo tempo e
sob o mesmo aspecto ser e nã o ser; o princípio da causalidade – tudo o
que tem potencial de inexistê ncia, seja espírito ou maté ria, tem uma
causa; o princípio da finalidade – todo agente, seja material ou
espiritual, age para um fim; o primeiro princípio da moralidade - deve-
se fazer o bem e evitar o mal. Sã o Tomá s declara que o conhecimento
intelectual dessas verdades primordiais brota de certo modo dos
sentidos, porque nossa inteligê ncia abstrai suas idé ias das coisas
sensíveis. Compreendendo materialmente esta doutrina, alguns
pensaram que a certeza intelectual dos primeiros princípios se
decompõ e essencial ou formalmente na sensaçã o, e que se baseia na
sensaçã o como no seu motivo formal. 3 Este ponto de vista reduziria o
superior ao inferior, a inteligê ncia ao sentido; esqueceria que os
princípios racionais sã o absolutamente universais e necessá rios e que
atingem até as realidades mais elevadas, o pró prio Deus, ao passo que
a sensaçã o atinge apenas os objetos sensíveis, singulares e
contingentes. Se isso fosse feito, a universalidade absoluta e a
necessidade das primeiras verdades racionais nã o seriam mais
explicáveis; a razã o permaneceria prisioneira dos fenô menos, como os
sentidos de um animal, e nossa liberdade, que decorre de nossa
inteligê ncia, desapareceria. Nã o poderíamos resistir à atraçã o dos
bens sensíveis, porque nã o os dominaríamos. A nossa natureza, como a
dos animais, seria incapaz de receber a graça e de ser elevada à visã o
de Deus.
De acordo com St. Thomas, por outro lado, a certeza intelectual dos
primeiros princípios racionais se resolve apenas materialmente na
sensaçã o pré -requisito; 4 ele se resolve formalmente em evidê ncia
puramente intelectual da verdade absoluta de seus princípios, que
aparecem como as leis fundamentais nã o apenas dos fenô menos, mas
do ser ou de toda realidade inteligível, seja corporal ou espiritual. Essa
evidê ncia pressupõ e em nó s uma luz intelectual sempre crescente, de
ordem infinitamente superior à sensaçã o ou à imaginaçã o mais sutil;
uma luz intelectual que é uma imagem distante da luz divina e que nada
pode iluminar sem o concurso constante de Deus, Sol dos espíritos,
Mestre das inteligê ncias. 5 Embora Sã o Tomá s trate aqui de assuntos na
ordem natural, ele já fala quase como um místico: “Como toda doutrina
humana proposta exteriormente nos instrui por causa da luz
intelectual que recebemos de Deus, segue-se que só Deus nos ensina
interiormente e como Causa principal”. 6
Malebranche e os ontologistas exageraram essas palavras de Sã o
Tomá s e pareceram ter uma ideia ainda mais elevada de nossa
inteligência natural ao afirmar que nossa inteligência vê os primeiros
princípios no pró prio Deus. A aparente elevaçã o desse platonismo
cristã o nã o é, porém, a da verdadeira teologia mística, porque tende a
confundir a ordem natural e a da graça, em vez de manter a
superioridade absoluta desta ú ltima.
Segundo os ontologistas, nosso intelecto é capaz de conhecer o ser,
porque é capaz de conhecer a Deus; segundo Sã o Tomá s, nosso
intelecto é capaz de conhecer a Deus pela graça, porque é antes de tudo
capaz de conhecer o ser por natureza. 7 Este ensinamento o coloca
infinitamente acima dos sentidos.
A respeito da vida sobrenatural, conhecemos o princípio de Sã o
Tomá s: “A graça aperfeiçoa a natureza e nã o a destró i”. 8 No entanto, é
necessá rio um grande espírito de fé , se quisermos sempre interpretar
este princípio corretamente, sem nos inclinarmos praticamente para o
naturalismo. Algumas pessoas entenderã o este princípio
materialmente, ou estarã o mais atentas à natureza que deve ser
aperfeiçoada do que à graça que deve produzir esta transformaçã o em
nó s. Alé m disso, considerando a natureza como ela realmente é desde o
pecado original, eles nã o distinguirã o suficientemente na natureza o
que é essencial e bom, o que deve ser aperfeiçoado, do que deve ser
mortificado, o egoísmo em todas as suas formas grosseiras ou sutis. Ao
nã o fazer essa distinçã o, eles encontram uma oposiçã o real entre a
doutrina de Sã o Tomá s assim interpretada materialisticamente e o
famoso capítulo da Imitação (Livro III, cap. 54), "Sobre os diversos
movimentos da natureza e da graça". Esquecem-se do que ensina o
santo doutor sobre as feridas decorrentes do pecado original que
permanecem na alma batizada. 9
Eles esquecerã o ainda mais completamente o que ele diz sobre a
distâ ncia infinita que separa a natureza mais perfeita, mesmo a do anjo
mais exaltado, do menor grau de graça santificante, que Sã o Tomá s
declara "superior ao bem natural de todo o universo" 10 de maté ria e
espírito. Todas as naturezas angé licas juntas nã o sã o iguais ao menor
movimento de caridade.
Os nominalistas diminuíram esta doutrina a ponto de pensar que a
graça nã o é uma realidade sobrenatural por sua essê ncia, mas que ela
tem apenas um valor moral que nos dá direito à vida eterna, como uma
nota de banco nos dá o direito de reivindicar uma certa soma de ouro.
11 Da mesma forma, para eles, os caracteres batismal e sacerdotal sã o
ARTIGO II
Teologia Mística e o Caráter Essencialmente
Sobrenatural da Fé Infusa
A doutrina de Sã o Tomá s sobre nosso conhecimento intelectual
natural e a essência da graça santificante nos direciona para a mais
elevada teologia mística ortodoxa. O mesmo se aplica ao seu
ensinamento sobre o cará ter sobrenatural das virtudes infusas e dos
dons do Espírito Santo. Neste artigo trataremos especialmente do
cará ter sobrenatural da fé. Mas primeiro devemos dizer algumas
palavras sobre o cará ter sobrenatural das virtudes morais cristã s.
Essas virtudes morais sã o as quatro virtudes cardeais (prudência,
justiça, fortaleza e temperança) e as virtudes associadas a elas,
particularmente as da religiã o (ou justiça em relaçã o a Deus), da
magnanimidade, da paciência, da perseverança (todas relacionadas à
fortaleza). , de castidade, gentileza, modéstia e humildade.
Suma de Sã o Tomá s que trata dessas virtudes morais cristã s,
especialmente prudência, justiça, coragem e temperança, muitos
pensam que essas sã o apenas as virtudes naturais descritas por
Aristó teles e que elas sã o revestidas com uma modalidade sobrenatural
adventícia simples, brotando da influência da caridade, que deve dirigir
todos os nossos atos para Deus. Alguns teó logos nã o foram além dessa
concepçã o.
O pensamento de Sã o Tomá s é muito mais elevado. Segundo seu
ensinamento, as virtudes morais cristã s sã o infusas e, por seu objeto
formal, essencialmente distintas das mais altas virtudes morais
adquiridas descritas pelos maiores filó sofos. Essas virtudes morais
adquiridas, por mais ú teis que sejam, poderiam ser continuamente
desenvolvidas sem nunca atingir o objeto formal das virtudes cristã s.
Existe uma diferença infinita entre a temperança aristoté lica, regida
apenas pela reta razã o, e a temperança cristã , regida pela fé divina e
pela prudê ncia sobrenatural. Sã o Tomá s diz: "Evidentemente, a medida
a ser imposta à s nossas paixõ es difere essencialmente conforme brota
da regra humana da razã o ou da regra divina. Por exemplo, no uso dos
alimentos, a medida prescrita pela razã o tem por fim evitar o que é
prejudicial à saú de e ao pró prio exercício da razã o, enquanto segundo a
lei divina, como diz Sã o Paulo, o homem deve castigar seu corpo e
submetê -lo à abstinê ncia e outras austeridades semelhantes" 1 Esta
medida, que pertence à ordem sobrenatural, é de fato animado por
aquilo que a razã o desamparada ignora, mas que a fé nos ensina sobre
os resultados do pecado original e de nossos pecados pessoais, sobre a
elevaçã o infinita de nosso fim sobrenatural, sobre a obrigaçã o de amar
a Deus, autor da graça, mais do que a nó s mesmos e acima de tudo, e
renunciar a si mesmo para seguir nosso Senhor Jesus Cristo. 2
Sã o Tomá s insiste igualmente na necessidade de uma purificaçã o
progressiva para que as virtudes morais cristã s, auxiliadas pelas
virtudes adquiridas, possam atingir a sua perfeiçã o. Ele nos mostra o
que eles devem se tornar naqueles que realmente lutam pela uniã o
divina. "Entã o", diz ele, "a prudê ncia despreza as coisas do mundo pela
contemplaçã o das coisas divinas; ela dirige todos os pensamentos da
alma para Deus. A temperança abandona, tanto quanto a natureza pode
suportar, o que o corpo exige; a fortaleza impede a alma de se assustar
diante da morte e diante do sobrenatural desconhecido. A justiça leva a
alma finalmente a entrar plenamente neste caminho inteiramente
divino." 3 Ainda mais sublimes, diz ele, sã o as virtudes da alma já
purificada, as dos bem-aventurados e dos grandes santos da terra.
Este ensinamento nã o é menos elevado do que o oferecido por
Tauler em seus Sermões , ou por Sã o Joã o da Cruz ( A Subida do Monte
Carmelo e A Noite Escura da Alma ) nos capítulos que ele dedica à
purificaçã o ativa e passiva da a alma.
No que diz respeito à s virtudes teologais, alguns, que lê em a Summa
theologica de maneira inteiramente material, chegam à conclusã o de
que nosso ato de fé é um ato substancialmente natural revestido de
uma modalidade sobrenatural: substancialmente natural, porque
repousa formalmente no natural, conhecimento histó rico da pregaçã o
de Cristo e dos milagres que a confirmaram; revestido de uma
modalidade sobrenatural, para que seja ú til à salvaçã o. Costuma-se
dizer que essa modalidade se assemelha a uma camada de ouro
aplicada ao cobre para fazer metal folheado. Teríamos assim uma vida
"sobrenatural chapeada" e nã o uma vida nova, essencialmente
sobrenatural. 4
De acordo com essa concepçã o, a certeza de nossa fé sobrenatural na
Santíssima Trindade, na encarnaçã o e em outros mistérios repousaria
formalmente, em ú ltima aná lise, no conhecimento inferior, embora
moralmente certo, que nossa razã o desassistida pode ter dos sinais da
revelaçã o e da as marcas da Igreja. O ato de fé seria uma espécie de
raciocínio, formalmente baseado em uma certeza de ordem inferior.
Muitas vezes esta certeza repousa apenas no testemunho humano de
nossos pais e de nossos pastores, pois muito poucos fiéis podem fazer
um estudo crítico das origens do cristianismo. O ato de fé teologal
assim concebido nã o é mais infalivelmente certo e quase nada preserva
de sobrenatural e misterioso. Nã o é mais evidente por que a graça
interior é absolutamente necessá ria nã o apenas para confirmá -la, mas
para produzi-la. Este ú ltimo ponto foi definitivamente definido pela
Igreja contra os pelagianos e os semipelagianos.
Essa concepçã o material é simplesmente outro caso de reduçã o do
superior ao inferior. É um erro aná logo ao discutido acima em relaçã o
aos primeiros princípios racionais.
Sã o Tomá s ensina que, assim como a sensaçã o é apenas um pré-
requisito de conhecimento inferior ao dos princípios, um conhecimento
que se baseia na evidência intelectual, também o conhecimento
racional dos sinais da revelaçã o desempenha apenas o papel de um
preâ mbulo para preparar nosso intelecto receber a influência da graça,
a ú nica que pode nos fazer aderir infalivelmente ao motivo formal da fé,
à autoridade da revelaçã o de Deus, em uma ordem infinitamente
superior ao raciocínio anterior.
Sã o Tomá s viu todo o significado e alcance das palavras de nosso
Senhor: "Ningué m pode vir a mim, a nã o ser que o Pai, que me enviou, o
atraia... Todo aquele que ouviu falar do Pai e aprendeu, vem a mim...
Amé m, amé m vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna”. 5 "As
minhas ovelhas ouvem a minha voz." 6 "Todo aquele que é da verdade
ouve a minha voz." 7 Sã o Paulo diz a mesma coisa: "A fé é um dom de
Deus... A fé é a substâ ncia das coisas que se espera", 8 ou a semente, o
começo da vida eterna.
E o Concílio de Trento 9 definiu assim: "Na justificaçã o o homem
recebe, com a remissã o dos pecados, as trê s virtudes da fé , da
esperança e da caridade, infundidas ao mesmo tempo em sua alma por
Jesus Cristo, no qual é enxertado ."
Assim, como ensina Sã o Tomá s, a fé é substancialmente
sobrenatural, especificada por um motivo formal da mesma ordem
inteiramente sobrenatural, um motivo que a fé alcança de maneira
absolutamente infalível. É por isso que, em vez de questioná -lo,
devemos sofrer os piores tormentos, como os má rtires.
Esta certeza absolutamente infalível e essencialmente sobrenatural
se resolve apenas materialmente em nosso conhecimento moralmente
certo (crítico ou nã o crítico) dos sinais que confirmaram a pregaçã o de
Cristo e també m tal conhecimento das marcas da Igreja. Baseia-se
formalmente na autoridade reveladora de Deus, na primeira Verdade
incriada reveladora que se revela com os misté rios que manifesta, que
se acredita com os misté rios em uma ordem infinitamente superior à
evidê ncia racional, assim como a luz física aparece e é vista ao mesmo
tempo que nos faz ver cores. 10 Como costumam dizer os tomistas, "A
primeira Verdade reveladora é ao mesmo tempo aquilo em que se
acredita e aquilo pelo qual se acredita, assim como a luz é aquilo que é
visto e aquilo pelo qual se vê ." 11 Santo Agostinho expressou essa ideia
em seu comentá rio sobre Sã o Joã o. 12
A questã o diz respeito nã o apenas à crença em Deus, o Autor da
natureza e dos milagres sensíveis que a razã o pode conhecer por seu
pró prio poder; diz respeito també m à crença em Deus, autor da graça,
em Deus considerado em sua vida íntima, em Deus que nos conduz a
um fim sobrenatural, dando origem em nó s a atos essencialmente
sobrenaturais. 13
Se Deus tivesse revelado sobrenaturalmente apenas as verdades
naturais da religiã o, como, por exemplo, Sua providência natural, sem
nos dizer nada sobre os mistérios sobrenaturais (por exemplo, a
Santíssima Trindade), nossa fé teria sido sobrenatural apenas em razã o
de sua origem, por seu modo de produçã o, mas nã o por seu objeto
formal ou por sua essência. Teria sido especificamente inferior à fé
cristã , independentemente do que os semi-racionalistas, que desejavam
provar os mistérios do cristianismo, possam ter dito sobre isso. Pelo
contrá rio, a nossa fé infusa nã o é especificamente inferior à que tinham
os anjos antes de desfrutarem da visã o beatífica, ainda que a nossa fé se
expresse em ideias adquiridas e a deles em ideias infusas.
Na realidade, é o misté rio sobrenatural da sua vida íntima que Deus
nos revelou. Por conseguinte, a nossa fé baseia-se na pró pria verdade
de Deus, Autor da graça, no conhecimento incriado da sua vida íntima
que Ele possui: uma Verdade primeira inteiramente sobrenatural, à
qual nos eleva a luz infusa da fé , e à qual nos torna nó s aderimos
É
infalivelmente. 14 É a eterna Verdade primeira, que ainda é obscura para
nó s porque transluminosa, diz Dionísio, e é infinitamente superior nã o
apenas à evidê ncia de princípios racionais que nos permitem
reconhecer um milagre, mas també m à evidê ncia que os anjos
naturalmente desfrutam, e que os demô nios preservam; 15 "a Primeira
Verdade que ilumina e ensina interiormente o homem." 16
Portanto, sem a luz infusa da fé , o homem permanece na presença
do Evangelho como um ouvinte privado de sentido musical que escuta
uma sinfonia sem perceber realmente sua beleza. "Mas", diz Sã o Paulo,
"o homem sensual nã o percebe essas coisas que sã o do Espírito de
Deus; pois isso é loucura para ele e ele nã o pode entender, porque é
examinado espiritualmente". 17
Os fié is, ao contrá rio, compreendem "as coisas profundas de Deus"
de que fala a revelaçã o proposta pela Igreja. «Esta escola, onde Deus
ensina e se compreende, está muito longe dos sentidos», diz Santo
Agostinho. "Vemos muitos homens virem ao Filho de Deus, visto que
vemos muitos que crê em em Cristo; mas onde e como eles ouviram e
aprenderam esta verdade do Pai, isso nã o vemos. Esta graça é
inteiramente muito íntima e muito segredo para nó s vermos." 18
Sã o Tomá s diz: “Trê s coisas nos levam a crer em Cristo: “primeiro, a
razã o natural; . . . em segundo lugar, o testemunho da lei e dos profetas; .
. . em terceiro lugar, a pregaçã o dos Apó stolos; mas quando assim
conduzidos, alcançamos a crença; entã o podemos dizer que
acreditamos, nã o por nenhum dos motivos anteriores, mas apenas por
causa da pró pria verdade de Deus. . . ao qual aderimos firmemente sob
a influê ncia de uma luz infusa; porque a fé tem a certeza da luz
divinamente infundida”. 19 Em outra passagem Sã o Tomá s diz: “Deus
habita em nó s pela fé viva, segundo a expressã o de Sã o Paulo: 20 'Cristo
habita em vossos coraçõ es pela fé .' " 21
Esta doutrina elevada muitas vezes recebeu uma interpretaçã o
materialista e foi consideravelmente diminuída. Os grandes
comentaristas de Sã o Tomá s nos ú ltimos sete sé culos sempre o
defenderam e o estimaram. Para nos convencer disso, basta ler o que
eles escreveram sobre os artigos da Suma relativos ao cará ter
sobrenatural das virtudes teologais e especialmente da fé . 22 Deve-se
ler particularmente os belos escritos dos carmelitas de Salamanca
sobre este ponto, que eles consideram como o fundamento da doutrina
mística de seu pai, Sã o Joã o da Cruz. 23 Tanto Sã o Francisco de Sales
quanto Bossuet també m expressam a mesma opiniã o. 24
Entre os teó logos modernos, Scheeben, que compreendeu
claramente este ensinamento, escreveu o seguinte: "O motivo formal da
fé é pura e imediatamente divino e, portanto, absolutamente uno e
simples, firme e subsistente, idêntico à primeira e imutável fonte de
toda verdade (Primeira Verdade). Por outro lado, a pró pria fé aparece
como um comércio direto, uma uniã o íntima com a palavra interior de
Deus e, conseqü entemente, com sua vida interior. Como esta palavra
interior nã o existia apenas no momento da manifestaçã o da palavra
exterior , mas também subsiste em sua qualidade de palavra eterna de
Deus, em um presente eterno, eleva nossa mente à participaçã o em Sua
verdade e vida imortal, e a faz repousar nela.
"A opiniã o contrá ria, segundo a qual o acto exterior da revelaçã o
seria um motivo parcial da fé , assenta numa concepçã o mecâ nica, na
qual a fé aparece como um processo dedutivo que nos ajuda a
descobrir a verdade dos seus conteú dos. Diminui o cará cter
transcendental da fé , que é essencialmente um impulso em direçã o a
Deus”. 25
Foi isso que levou Lacordaire a dizer: "O que se passa em nó s
quando acreditamos é um fenô meno de luz íntima e sobre-humana.
Nã o digo que as coisas exteriores nã o agem sobre nó s como motivos
racionais de certeza; mas o pró prio ato dessa a certeza suprema, de
que falo, nos afeta diretamente como um fenô meno luminoso (luz
infusa da fé ), como um fenô meno transluminoso. . . . Somos afetados
por uma luz transluminosa. . . . , que seria natural e racional, e um
objeto que supera a natureza e a razã o?... É algo como uma intuiçã o
simpá tica que em um ú nico momento estabelece entre dois homens o
que a ló gica nã o poderia fazer em muitos anos. vezes ilumina a
inteligê ncia." 26 O bispo Gay tem a mesma opiniã o. 27
Para nos fazer assim aderir à Verdade suprema, essencialmente
sobrenatural, a fé infusa deve, portanto, ser també m sobrenatural na
sua essê ncia e nã o apenas por uma modalidade acidental. É , portanto,
infinitamente superior à luz da razã o, como esta aos sentidos. 28
Quando esta grande doutrina de Sã o Tomá s nã o é diminuída por
uma interpretaçã o materialista, é , em razã o de sua grandeza,
evidentemente o fundamento da teologia mística, e nã o é de forma
alguma inferior à s mais belas pá ginas sobre a vida de fé no escritos de
Dionísio, 29 Tauler, 30 Beato Henrique Suso, 31 ou Sã o Joã o da Cruz.
Veremos que especialmente as purificaçõ es passivas do espírito,
descritas em A noite escura da alma , só podem ser compreendidas pelo
que acabamos de dizer sobre a sobrenaturalidade absoluta do motivo
formal das virtudes teologais. Essas dolorosas purificaçõ es passivas,
nas quais os dons do Espírito Santo tê m uma grande participaçã o,
trazem à tona esse motivo puro e sobrenatural, libertando-o cada vez
mais de todo motivo inferior acessível à razã o.
Para mostrar que a contemplaçã o mística é apenas a plenitude da
vida de fé , cuja essê ncia acabamos de determinar, basta citar algumas
passagens características dos escritos de Sã o Joã o da Cruz. Em A
Ascensão do Monte Carmelo 32 ele escreve: "Para estar preparado para a
uniã o divina, o entendimento deve ser purificado, esvaziado de tudo o
que vem dos sentidos, de tudo o que pode se apresentar com clareza.
Ele deve estar intimamente em paz, recolhido e abandonado na fé .
Somente esta fé é o meio pró ximo e proporcional que pode unir a alma
a Deus, pois a fé está em tã o íntima conexã o com Deus que o que
cremos pela fé e o que vemos pela visã o beatífica sã o um e o mesma
coisa. Deus é infinito; a fé nos propõ e o infinito. Deus é uno e trino; a fé
nos propõ e como uno e trino. Assim como Deus é escuridã o para nossa
mente, a fé ilumina nosso entendimento cegando-o. Somente por esse
meio Deus se manifesta à alma em uma luz divina que excede todo
entendimento; daí resulta que quanto maior a fé , mais profunda é a
uniã o. . . . Pois sob as trevas da fé , o entendimento é unido a Deus; sob
cobertura desta misteriosa escuridã o, Deus se encontra escondido."
Mais adiante na mesma obra, 33 Sã o Joã o da Cruz diz das visõ es
espirituais nas quais as criaturas sã o vistas: "Nã o nego que a memó ria
delas possa suscitar algum amor a Deus e contemplaçã o; mas pura fé e
desprendimento nas trevas de tudo isso estimula e eleva a alma muito
mais a isso, sem que a alma saiba como ou de onde vem. é o efeito da
fé , que se desenvolveu na noite, na nudez e na pobreza espiritual, e que
é acompanhada por um amor de Deus mais profundo e infuso. a cada
objeto exterior e interior que é capaz de possuir, tanto mais aumenta a
sua fé , e també m a esperança e a caridade, na medida em que as trê s
virtudes teologais formam uma unidade. isso, sim uma vez que nã o é
estabelecido nos sentidos pela ternura, mas na alma por uma fortaleza,
coragem e ousadia até entã o desconhecidas."
Anteriormente, Sã o Joã o da Cruz havia escrito: 34 "Para ser
transformada sobrenaturalmente, a alma deve entrar nas trevas (nã o
apenas em relaçã o à s criaturas, mas em relaçã o ao que a razã o pode
saber de Deus). escuridã o, como um cego, confiando na fé obscura,
tomando-a como luz e guia. A alma nã o pode se ajudar com nenhuma
das coisas que ela entende, prova, sente ou imagina. . . . A fé domina
todas essas idé ias, gostos , sentimentos e imagens. Se a alma nã o
quiser extinguir suas luzes preferindo-lhes a obscuridade total, nã o
alcançará o que é superior, isto é , o que a fé ensina. . . . A alma cria para
si grandes obstá culos em sua ascensã o a esse elevado estado de uniã o
com Deus quando se baseia no raciocínio ou se apega ao seu pró prio
julgamento ou vontade”. Em outro lugar, o santo afirma que, ao fazer
isso, a alma se mistura com seus atos sobrenaturais, um ato de
qualidade grosseira que nã o atinge o fim. 35
E ainda Sã o Joã o da Cruz diz: 36 "Ocupar-se com coisas que sã o claras
para a mente e de pouco valor é proibir-se o acesso ao abismo da fé
onde Deus em segredo instrui sobrenaturalmente a alma, e sem o seu
conhecimento enriquece-o com virtudes e dons... O Espírito Santo
ilumina o intelecto recolhido segundo a medida do seu recolhimento.
Mas o mais perfeito recolhimento é aquele que se realiza na fé , e por
isso o Espírito Santo nã o comunica as suas luzes fora da fé ." Em todos
esses textos, o santo se preocupa com a fé viva iluminada por um dom
do Espírito Santo. 37
Encontramos o mesmo ensinamento para almas mais avançadas em
A Noite Escura da Alma: "A alma deve entã o entrar na segunda noite
para despojar-se perfeitamente de todas as percepçõ es e sabores,
sejam dos sentidos ou do espírito, a fim de caminhar na pureza da fé
obscura. Só aí pode encontrar o meio adequado pelo qual a alma se une
a Deus, como Ele mesmo declara pelo profeta Osee (2: 20): 'Eu te
desposarei a Mim na fé'. " 38
No Cântico Espiritual , Sã o Joã o resume lindamente esta doutrina e
mostra sua grandeza. Ele insiste na sobrenaturalidade absoluta do
objeto que a fé alcança pelos artigos do Credo:
"Ó cristal bem!
Oh, isso em Tua superfície prateada
Tu irias espelhar de uma vez
Aqueles olhos desejados 39
Que estã o delineados em meu coraçã o!"
“Por 'superfícies prateadas' a alma significa as proposiçõ es ou
artigos de fé . verdades que ele conté m consideradas em si mesmas.
Durante nossas vidas nó s aderimos a esta substâ ncia da fé , embora
esteja escondida em um envelope prateado. Ela aparecerá revelada no
cé u, e contemplaremos este ouro puro com prazer. . . . Assim a fé nos dá
Deus ainda nesta vida, embora sob um vé u de prata. Isso nã o nos
impede de recebê -lo verdadeiramente." 40
Sã o Tomá s tem a mesma opiniã o. Ao corrigir Hugo de Sã o Victor, ele
observa que a ú nica contemplaçã o que supera a fé é a visã o beatífica.
Segundo sua opiniã o, a contemplaçã o dos anjos e de Adã o antes da
queda nã o era superior à fé , mas, diz ele, eles receberam a luz do dom
da sabedoria em maior abundâ ncia do que nó s. 41 E ele mostra que a
contemplaçã o uniforme ou circular, de que fala Dionísio, pressupõ e o
sacrifício dos sentidos e do raciocínio, ou a multiplicidade em que eles
se demoram. 42
Sã o Tomá s nã o está falando aqui apenas da contemplaçã o chamada
"comum" e nem um pouco da contemplaçã o mística. Se assim o
entendê ssemos mal, confundiríamos este ú ltimo com seus fenô menos
concomitantes e esqueceríamos que o santo doutor reconhece que o
grau superior da contemplaçã o uniforme ou circular é aquele que
Dionísio chama de grande escuridã o, ou a plenitude da fé . Sã o Tomá s
diz: "Entã o conhecemos a Deus por meio da ignorâ ncia, por uma uniã o
que ultrapassa a natureza de nossa alma e na qual somos iluminados
pelas profundezas da sabedoria divina, que nã o podemos perscrutar." 43
Santo Alberto Magno ensina a mesma doutrina. 44
Este ensinamento é confirmado pelo testemunho de almas
experimentadas nos caminhos místicos. “Um dia”, diz a Beata  ngela
de Foligno, “vi Deus em uma escuridã o e necessariamente em uma
escuridã o, porque Ele está situado muito acima da mente, e nenhuma
proporçã o existe entre Ele e qualquer coisa que possa se tornar objeto
de um pensamento. . É um deleite inefável no bem que tudo conté m.
Nada nele pode tornar-se objeto de uma palavra ou de um conceito.
Nã o vejo nada, vejo tudo. A certeza é obtida na escuridã o. Quanto mais
profunda a escuridã o, tanto mais quanto mais o bem excede tudo. Este
é o misté rio reservado. . . Preste atençã o. O poder divino, a sabedoria e
a vontade das quais tive visõ es maravilhosas em outros tempos,
parecem menos do que isso que eu vi. Este é um todo; dir-se-ia que os
outros eram partes." 45 É a Divindade superior ao ser, à sabedoria, ao
amor, que sã o idê nticos entre si em sua infinidade.
Tal é manifestamente o pleno desenvolvimento da fé infusa, da qual
Sã o Tomá s tã o bem determinou a sobrenaturalidade essencial; é a fé
baseada num motivo formal, inacessível à razã o e ao conhecimento
natural dos anjos. As almas contemplativas encontraram grande luz ao
aprender o verdadeiro pensamento do santo doutor sobre este ponto
fundamental. 46
Com efeito, se estivermos verdadeiramente convencidos da essencial
sobrenaturalidade da fé, compreenderemos que a contemplaçã o
mística é o desabrochar normal desta virtude teologal unida à caridade
e aos dons do Espírito Santo. Só o contemplativo se eleva à s alturas da
sua fé.
A certeza de sua contemplaçã o é baseada formalmente em uma
iluminaçã o secreta do Espírito Santo, enquanto os fenô menos
concomitantes de suspensã o das faculdades e de êxtase sã o apenas
efeitos e sinais de um estado com qualidade sobrenatural além do
alcance da observaçã o. Aqui, como também para o conhecimento
natural dos primeiros princípios e para a certeza da fé, devemos
distinguir claramente entre o motivo totalmente espiritual e formal de
nossa adesã o e os sinais sensíveis que o acompanham.
Se, por outro lado, o ensinamento de Sã o Tomá s sobre o cará ter
sobrenatural da fé for interpretado materialisticamente, a
contemplaçã o mística se materializará . Demasiada atençã o será dada
aos fenô menos que à s vezes a acompanham, e ela será declarada
absolutamente extraordiná ria porque se perderá de vista a lei
fundamental do desenvolvimento contínuo "da graça das virtudes e dos
dons".
O que o santo doutor ensina sobre esperança e caridade também
será interpretado materialisticamente. Se alguém imaginasse que a
razã o sozinha, estudando historicamente o Evangelho confirmado por
milagres, pode sem a graça alcançar o motivo formal que especifica a fé
infusa, seria levado a pensar que a razã o pode, da mesma forma,
conhecer o motivo formal da esperança e da caridade. . Se assim fosse,
os atos dessas virtudes seriam substancialmente naturais e precisariam
apenas de uma modalidade sobrenatural para serem ú teis à salvaçã o.
Nosso ato de caridade assemelhar-se-ia, assim, a um afeto natural e
razoável, sobrenaturalizado para se tornar meritó rio. Neste caso já nã o
vemos a distâ ncia infinita que separa, na sua pró pria essência e na sua
vitalidade essencial, o desejo natural de ser feliz do acto da esperança
infusa, ou ainda aquela distâ ncia que separa o amor natural do
soberano Bem, da qual Platã o fala em O Banquete , da caridade divina
que é mencionada tã o repetidamente no Evangelho.
Alguns teó logos, seguindo os nominalistas, diminuíram seriamente o
cará ter sobrenatural das virtudes cristã s, mesmo das virtudes
teologais; mas tal diminuiçã o certamente nã o é encontrada em St.
Thomas. Em sua opiniã o, essas virtudes sã o sobrenaturais em sua
pró pria essência, o que aumenta infinitamente a vitalidade de nossa
inteligência e de nossa vontade. Eles sã o especificados por um objeto
formal, ou um motivo formal, que supera infinitamente os poderes
naturais da alma humana e os dos anjos mais elevados.
Esta doutrina do motivo essencialmente sobrenatural e formal das
trê s virtudes teologais coloca o ensinamento de Sã o Tomá s no mesmo
nível que o dos maiores místicos ortodoxos. 47
Finalmente, somos confrontados com a questã o dos dons do Espírito
Santo e da inspiraçã o sobrenatural a que eles nos tornam dó ceis, como
as velas tornam um navio receptivo ao sopro do vento. Alguns teó logos,
que nã o viam a necessidade das virtudes morais infusas, superiores à s
virtudes morais adquiridas, surpreenderam-se ao saber que em toda
alma em estado de graça há , além disso, dons do Espírito Santo,
superiores por seu modo divino à s virtudes morais infusas. Eles
negaram essa superioridade essencial porque nã o reconheceram as
riquezas sobrenaturais que a vida mística nos manifesta especialmente.
Compreendendo Sã o Tomá s materialmente, eles confundiam a
inspiraçã o do Espírito Santo com a graça real necessá ria para o
exercício das virtudes assim que alguma dificuldade especial se
apresentava.
Sã o Tomá s, ao contrá rio, ensina explicitamente a distinçã o essencial
entre as virtudes e os dons e, conseqü entemente, distingue exatamente
a inspiraçã o do Espírito Santo, que supera o modo humano, da simples
graça atual que se adapta a esse modo. 48 També m neste ponto, ao
declarar os dons necessá rios à salvaçã o, Sã o Tomá s concorda com os
maiores místicos. Acrescenta, como eles, que os dons, embora
subordinados à s virtudes teologais, auxiliam muito no seu
desenvolvimento. O Espírito Santo nos comunica Suas luzes no
recolhimento da fé . Assim, a diferença é muito grande entre aquela fé
sobrenatural que subsiste sem caridade em uma alma em estado de
pecado mortal, e a fé viva que é auxiliada pelos dons e toques
profundos do Espírito Santo.
Encontraremos a mesma grandeza na doutrina de Sã o Tomá s sobre a
graça atual, sobre o modo da presença de Deus na alma justa e sobre a
eminente e absoluta simplicidade da essência divina.
O humilde Tomá s de Aquino, sempre inclinado ao silêncio e sempre
recolhido, viveu esta doutrina sobrenatural. Todo o seu coraçã o estava
entregue ao amor de Deus enquanto ele ponderava e resolvia as
questõ es mais difíceis. Como poderia ser diferente em um grande santo
destinado a permanecer ao longo dos séculos a luz da teologia? O dom
celestial da sabedoria iluminou sua pesquisa, dirigiu sua inteligência e
sua vontade para uma posse cada vez mais profunda da verdade e da
vida divina, e isso aconteceu embora ele estivesse envolvido nos mais
diversos estudos. Questõ es aparentemente distantes deste fim supremo
o sã o apenas para uma alma que ainda nã o alcançou aquela altura onde
tudo se perde em Deus, princípio e fim de todas as coisas. Sem dú vida,
Sã o Tomá s foi elevado aos mais altos graus de contemplaçã o mística, e
certamente seu ensinamento nã o impedirá as almas em sua ascensã o.
ARTIGO III
Teologia Mística e a Doutrina de São Tomás sobre a
Eficácia da Graça
Aqueles que se surpreendem com o fato de buscarmos os princípios
da teologia mística nos escritos de Sã o Tomá s devem considerar
especialmente seu ensinamento sobre a eficá cia da graça.
Esta doutrina, precisamente por ser muito elevada, geralmente nã o é
bem compreendida, exceto por teó logos especulativos e almas que
entraram nos caminhos passivos. A razã o para isso se encontra no fato
de que os teó logos especulativos estã o acostumados a considerar tudo
em relaçã o a Deus, a primeira causa universal e Autor da salvaçã o. As
almas nas vias passivas sabem por experiência que na obra da salvaçã o
tudo vem de Deus, até a nossa cooperaçã o – neste sentido, nã o
podemos distinguir nela nenhuma parte que seja exclusivamente nossa
e que nã o venha do Autor de tudo. Boa.
A expressã o "nenhuma parte exclusivamente nossa" ocorre com
frequência nas obras dos padres e nas de Sã o Tomá s. Como veremos,
expressa claramente seu pensamento; mas para compreender toda a
sua grandeza e profundidade, devemos, antes de tudo, expor as
concepçõ es menos elevadas propostas por certos teó logos. Convém-nos
compreender a eficá cia da graça atual de que necessitamos para a
nossa conversã o, depois resistir à tentaçã o, por vezes violenta, para
merecer, crescer no amor de Deus, passar pelo crisol do purificaçõ es e
perseverar no bem até a morte.
Alguns teó logos 1 pensaram que a graça que é proveitosa para a
salvaçã o é chamada eficaz, nã o porque ela nos leve suave e
poderosamente a consentir no bem, mas porque ela nos é dada no
momento em que Deus a previu por nó s mesmos. sozinhos,
escolheríamos aceitá -lo em vez de resistir a ele. A previsã o divina da
resposta do homem é o que distingue a graça eficaz da graça que nã o é
eficaz. Em outras palavras, esta eficá cia nã o vem da vontade divina,
mas da vontade humana; a graça é eficaz, nã o porque Deus quer, mas
porque o homem a aceita. Segundo esta ideia, pode acontecer que de
dois pecadores nas mesmas circunstâ ncias recebendo iguais graças
reais, um se converta e o outro permaneça no seu pecado. Portanto,
essa diferença de determinaçã o entre esses dois homens nasce apenas
da vontade humana, e nã o da diferença na ajuda divina que eles
receberam. A mesma graça, que só era suficiente e que permanecia
esté ril em um, era eficaz no outro porque ele mesmo a tornava eficaz.
Se assim for, evidentemente o ato salutar é provocado pela atraçã o
divina, mas a distinçã o inicial que separa o justo do pecador nã o vem
de Deus; é exclusivamente nosso. E esta concepçã o da eficá cia da graça
é aplicada nã o apenas aos atos salutares que precedem a justificaçã o,
mas també m a todos os atos meritó rios, até o ú ltimo que coroa a obra
da salvaçã o. 2
Uma explicaçã o tã o humana deste misté rio divino preserva a
grandeza do misté rio? A Escola de St. Thomas nunca pensou assim. 3
Nã o é a livre determinaçã o a parte mais importante da obra de
salvaçã o? Essa determinaçã o é o que distingue o justo do pecador na
produçã o de todo ato salutar; cada vez que evita o pecado no curso de
sua vida, cada vez que triunfa sobre a tentaçã o, ou merece e persevera
no bem. Segundo Sã o Tomá s, nã o podemos admitir que esta
importante distinçã o venha exclusivamente de nó s e nã o de Deus, o
Autor da salvaçã o. Sã o Paulo diz: “Pois quem te distingue? Ou o que
tens que nã o tenhas recebido? 4 “Sem Mim”, diz nosso Senhor, “nada
podeis fazer”. 5 Nestas palavras, os padres, especialmente Santo
Agostinho e, seguindo-o, Sã o Tomá s, viram a afirmaçã o de que na obra
de nossa salvaçã o tudo vem de Deus, até nossa cooperaçã o, até a
distinçã o entre justos e pecadores, entã o que nã o podemos encontrar
nela uma parte que seja exclusivamente nossa. 6 Alé m disso, se Deus
nã o fosse de forma alguma a causa de nossa escolha, Ele nã o teria
podido prevê -la infalivelmente desde toda a eternidade; pois só Ele é
eterno, e nossos atos livres sã o futuros desde toda a eternidade 7
apenas porque Ele decidiu produzi-los em nó s e conosco, ou pelo
menos permiti-los se forem maus. 8
Outros teó logos modernos procuraram corrigir a doutrina que
estamos examinando, dizendo que a graça, seguida do consentimento
para o bem, é chamada eficaz porque é mais adaptada ( congrua ), do
que a graça simplesmente suficiente, ao temperamento do sujeito que
recebe e à s circunstâ ncias de tempo e lugar em que se encontra. A
graça, portanto, nos exorta a dar nosso consentimento, mas a livre
determinaçã o deste ú ltimo permanece exclusivamente nosso trabalho.
A açã o de Deus, convidando-nos ao bem, é aná loga à de uma mã e que,
quando o quer, pode encontrar os melhores meios para persuadir o
filho e levá -lo a comportar-se bem.
Apesar desta ligeira modificaçã o, podemos verdadeiramente dizer
que nesta segunda doutrina, como na precedente, a eficá cia da graça
nã o vem da vontade divina, mas da vontade humana e també m do
nosso temperamento e circunstâ ncias. Em outras palavras, a graça,
també m nesta doutrina, solicita nosso bom consentimento, mas a
determinaçã o deste ú ltimo é exclusivamente nossa. Se assim fosse, a
parte mais importante da obra de salvaçã o nã o viria do Autor da
salvaçã o; só teria sido previsto por Ele. 9
Na realidade, segundo Sã o Tomá s, a açã o de Deus sobre a vontade de
um pecador convertido é infinitamente mais profunda do que a de uma
mã e sobre o coraçã o de seu filho. A açã o da mã e poderia crescer para
sempre sem nunca atingir a açã o de Deus. Somente a respeito de Deus,
a Sagrada Escritura diz: "Porque é Deus quem opera em vó s tanto o
querer como o realizar, segundo a sua boa vontade." 10 Ele mesmo diz
pela boca de Ezequiel: "E vos darei um coraçã o novo, e porei dentro de
vó s um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coraçã o de pedra, e vos
darei um coraçã o de carne. E porei o meu espírito no meio de ti, e te
farei andar nos meus mandamentos, e guardar os meus juízos, e os
cumprir." 11 "Como a divisã o das á guas, assim é o coraçã o do rei na mã o
do Senhor; para onde quer, o inclinará ." 12 E Sã o Paulo pergunta: "Ou
quem primeiro deu a ele, e lhe será dada recompensa?" 13 "Portanto,
nã o depende de quem quer, nem de quem corre, mas de Deus, que se
compadece" 14 . . . "mas o mesmo Deus, que opera tudo em todos." 15
"Pois nele vivemos, nos movemos e existimos." 16 "Porque dele, por ele
e nele sã o todas as coisas." 17
Depois de citar dois desses textos da Escritura, 18 Sã o Tomá s
observa: "Alguns, que nã o entendem como Deus pode causar em nó s o
movimento de nossa vontade sem prejuízo da liberdade, fizeram o
possível para arrancar uma interpretaçã o diferente desses divinos
palavras. Para eles, eles significam que Deus causa em nó s a vontade e
o ato, na medida em que Ele nos dá a faculdade de querer, mas nã o na
medida em que Ele nos faz querer isso ou aquilo. Orígenes assim o
entendeu ( Peri Archon , Bk. III). , apenas a faculdade da vontade que
temos de Deus, mas a pró pria operaçã o." 19
O Concílio de Orange explica essas palavras da Escritura dizendo:
“Deus efetua no homem vá rias bê nçã os sem a cooperaçã o do homem,
mas o homem nã o pode fazer bem sem a ajuda de Deus, que o capacita
a realizar todas as suas boas obras . tem algo de si mesmo, exceto seu
engano e pecado. Qualquer que seja a verdade e a justiça que temos em
nó s, recebemos daquela fonte de onde todos devemos beber nesta vida,
se nã o quisermos desmaiar no caminho. 21
Seguindo a doutrina de Santo Agostinho, expressa no Concílio de
Orange, Sã o Tomá s ensina que a graça é eficaz por si mesma e nã o por
causa do consentimento que a segue. Consideremos o que ocorre no
mais íntimo da vontade de um pecador convertido. Se Deus deseja
eficazmente que um certo pecador se converta em um determinado
momento, "esta vontade divina", diz Sã o Tomá s, "nã o pode deixar de se
cumprir"; como Santo Agostinho observa: "É pela graça de Deus que
todos os que sã o salvos sã o seguramente salvos." "Se entã o", continua
Sã o Tomá s, "está na intençã o de Deus, que move as vontades, converter
ou justificar um certo pecador, esse pecador será infalivelmente
justificado de acordo com a expressã o de Jesus: Todo aquele que ouviu
falar de o Pai e aprendeu vem a mim". 22
Segundo Sã o Tomá s, a graça divina, que nos inclina eficazmente ao
bem salutar, nã o é , portanto, indiferente ou mutável. Nã o é eficaz por
nosso consentimento previsto; mas nos move de forma segura,
poderosa e gentil a seguir o caminho do bem e nã o o do mal. 23
Assim, na obra da salvaçã o, o homem nada pode fazer sem a ajuda
de Deus, mas infelizmente ele é suficiente para cair ou pecar. E
precisamente porque o pecado como tal é uma deficiê ncia ou a
privaçã o de um bem, ele exige para sua produçã o apenas uma causa
defeituosa e deficiente de acordo com a Escritura: "A destruiçã o é sua,
ó Israel: sua ajuda está somente em mim". 24 Deus permite que essa
falha ocorra, ou melhor, nã o a impede, apenas porque Ele é
suficientemente poderoso e bom para extrair dela um bem maior – a
manifestaçã o de Sua misericó rdia ou justiça. 25
Por conseguinte, ningué m que alcançou o uso da razã o é privado da
graça eficaz necessá ria para a salvaçã o, exceto por ter resistido
livremente a uma graça suficiente, uma boa inspiraçã o que lembrou o
dever a ser cumprido. O pecador assim colocou um obstá culo no
caminho da graça eficaz que havia sido oferecida na ajuda suficiente.
Por exemplo, o fruto é oferecido na flor, mas se o granizo cair sobre
uma á rvore em flor, nunca veremos o seu fruto. Sã o Tomá s observa: "Só
sã o privados da graça aqueles que colocam em si mesmos um
obstá culo à graça. Assim, quando o sol está brilhando, se algué m fecha
os olhos e cai em um precipício, é sua pró pria culpa, embora a luz do
sol seja necessá ria para ele ver... Sobre o assunto de certos pecadores,
lemos em Jó (21: 14): Os quais disseram a Deus: Aparta-te de nó s, nã o
desejamos o conhecimento dos Teus caminhos... Eles eram inimigos da
luz". 26
Deus nã o é obrigado a remediar nossas faltas voluntá rias,
especialmente quando elas se repetem. A verdade é que Ele
frequentemente os remedia, mas nem sempre. Aí reside um misté rio. 27
Neste sentido compreendemos o profundo significado das palavras
do Concílio de Trento (Sess. VI, cap. 13): "Se os homens nã o resistirem
à sua graça, visto que Deus começou neles a obra da salvaçã o,
prosseguirá a sua realizaçã o, operando neles tanto o querer como o
realizar . 30 No mesmo capítulo, o Concílio recorda-nos que «a graça da
perseverança final só pode vir dAquele que tem o poder de sustentar os
que estã o de pé , 31 para que perseverem, e de levantar os que caíram.
estar absolutamente certo de obter esta graça final, embora todos
devam constantemente depositar firme esperança na ajuda de Deus”.
A Igreja fala assim em sua liturgia: "Preveni, nó s Vos suplicamos, ó
Senhor, todos os nossos pensamentos, palavras e açõ es por Vossas
santas inspiraçõ es e os levamos adiante com a ajuda de Vossa graça,
para que cada oraçã o e obra nossa pode começar sempre de Ti e por Ti
ter um final feliz."
Como diz Santo Agostinho: "O livre-arbítrio é por si só suficiente
para o mal, mas, no que diz respeito ao bem, nã o faz nada a menos que
seja auxiliado pela bondade todo-poderosa". 32 Embora nossa
resistê ncia à graça suficiente seja somente de nó s mesmos, nó s
livremente damos nossa cooperaçã o, nosso consentimento, para o bem
apenas em virtude da graça intrinsecamente eficaz, um novo dom de
Deus que produz em nó s a vontade e o ato. "Sem Mim você nã o pode
fazer nada", diz nosso Senhor; e, por outro lado, a alma unida a Deus diz
com Sã o Paulo: "Tudo posso naquele que me fortalece"; 33 isto é ,
cooperar em Sua obra santificadora, trabalhar para a eternidade.
Alguns pensaram que esta doutrina da graça intrinsecamente eficaz
destró i a liberdade humana e contém um absurdo. Longe de ser
absurda, na opiniã o de Sã o Tomá s exprime um mistério sublime: o
mistério de Deus mais intimamente presente ao nosso livre-arbítrio do
que o nosso livre-arbítrio a si mesmo.
A graça nã o destró i nossa liberdade por sua certa eficá cia; antes, por
essa mesma eficá cia, a graça divina move o livre arbítrio sem violá -lo.
Esta é a ideia inspirada de Sã o Tomá s de Aquino quando interpreta a
revelaçã o. "Quando uma causa", diz ele, 34 "é eficaz para agir, o efeito se
segue à causa, nã o apenas quanto à substâ ncia do efeito, mas també m
quanto ao seu modo de ser e de ser feito; quando uma causa é dé bil,
pelo contrá rio, nã o consegue dar a seu efeito a maneira que está nele”.
Nã o é capaz de deixar sua marca no efeito. A propriedade de agentes
poderosos na ordem física, intelectual e moral é imprimir pela pró pria
força de sua açã o sua semelhança em suas obras, em seus filhos, em
seus discípulos. Os gê nios artísticos tê m consciê ncia disso em si
mesmos, grandes líderes militares o experimentam. Sã o Tomá s diz:
"Sendo a vontade divina perfeitamente eficaz, segue-se nã o só que as
coisas acontecem que Deus quer que aconteçam, mas també m
acontecem da maneira que Ele quer desde toda a eternidade. Deus quer
que algumas coisas aconteçam necessariamente, outras
contingentemente. e livremente". Com este fim em vista, Ele nos deu
35
ARTIGO IV
As Consequências Práticas da Doutrina de São Tomás
sobre a Graça
Sã o Tomá s, seguindo Santo Agostinho e opondo-se ao naturalismo
pelagiano ou semipelagiano, compreendeu a profundidade e a altura
das palavras de nosso Senhor: "Sem Mim nada podeis fazer" 1 e das
palavras de Sã o Paulo: "Porque é Deus que opera em vó s, tanto para
querer como para realizar, segundo a sua boa vontade”. 2 "Pois quem te
distingue? Ou o que tens que nã o tenhas recebido?" 3 Na obra da
salvaçã o nã o podemos distinguir nenhuma parte que seja
exclusivamente nossa; tudo vem de Deus, até mesmo nossa livre
cooperaçã o, que a graça eficaz gentilmente e poderosamente desperta
em nó s e confirma.
Esta graça, sempre seguida de seu efeito, só nos é recusada, como
dissemos, se resistirmos à graça divina, auxilium praeveniens , graça
suficiente, na qual já nos é oferecido o socorro eficaz, como o fruto na
flor. Se destruirmos a flor, nunca veremos o fruto que a influê ncia do sol
e da nutriçã o da terra teria produzido. Agora o homem é suficiente para
cair; tirado do nada, ele é defeituoso por natureza. Ele é
suficientemente assistido por Deus para que caia apenas por sua
pró pria culpa, o que o priva de uma nova ajuda. Este é o grande
misté rio da graça. Em outro lugar, explicamos o que Sã o Tomá s e seus
melhores discípulos ensinam sobre esse misté rio. 4 Com ele e Santo
Agostinho devemos submeter nossa inteligê ncia diante dessa
obscuridade divina, e como diz Bossuet, "confessar essas duas graças
(suficiente e eficaz), uma das quais deixa a vontade sem desculpa
diante de Deus, e a outra nã o permite a vontade de gloriar-se em si
mesma." 5 Isso nã o está de acordo com o que nossa consciê ncia nos
diz? De acordo com esta doutrina, tudo o que há de bom em nó s,
natural ou sobrenaturalmente, tem sua origem no Autor de todo bem. O
pecado por si só nã o pode vir Dele, e o Senhor permite que aconteça
apenas porque Ele é suficientemente poderoso e bom para tirar dele
um bem maior, a manifestaçã o de Sua misericó rdia ou justiça.
Este ensinamento dos grandes doutores da graça eleva o nosso
espírito a uma elevada contemplaçã o da açã o de Deus no mais íntimo
do nosso coraçã o. Para o provar, basta-nos demonstrar que esta
doutrina deve conduzir os que a compreendem bem à profunda
humildade, à quase contínua oraçã o interior, à perfeiçã o das virtudes
teologais e dos correspondentes dons do Espírito Santo. Além disso,
encontramos nos escritos de todos os grandes mestres da vida
espiritual. Considerando a importâ ncia e a dificuldade do problema,
nada afirmaremos neste artigo, exceto de acordo com as pró prias
palavras da Escritura, como os maiores doutores as explicam.
Esta doutrina conduz antes de tudo a uma profunda humildade. De
acordo com esta doutrina, o homem tem como pró prio, como algo que
vem exclusivamente de si mesmo, apenas o seu pecado, como declarou
o Concílio de Orange. 6 Ele nunca realiza nenhum ato de bem natural
sem a ajuda natural de Deus, ou qualquer ato de bem sobrenatural sem
uma graça que o solicite ou atraia, e també m o mova eficazmente para
o ato salutar. Como diz Sã o Paulo: "Nã o que sejamos suficientes para
pensar alguma coisa de nó s mesmos como de nó s mesmos; mas nossa
suficiê ncia vem de Deus". 7
Mesmo as almas santas que atingiram um alto grau de caridade,
sempre precisam de uma graça atual para merecer, progredir, evitar o
pecado e perseverar no bem. 8 Devem dizer: “Pois os pensamentos do
homem mortal sã o terríveis e nossos conselhos incertos”, 9 “Seja feita a
tua vontade, assim na Terra como no cé u (…) e nã o nos deixes cair em
tentaçã o”. Depois de muito se esforçarem, deveriam admitir: “Somos
servos inú teis”, 10 pois o Senhor poderia ter escolhido outros que O
serviriam muito melhor. Com toda a verdade, devemos dizer, de acordo
com o ensinamento de Sã o Tomá s, que nã o há pecado cometido por
outro homem que eu nã o possa cometer nas mesmas circunstâ ncias
por causa da enfermidade do meu livre arbítrio e da minha pró pria
fraqueza ( o Apó stolo Pedro negou trê s vezes o seu Mestre). E se
realmente nã o caí, se perseverei, é sem dú vida porque trabalhei e lutei,
mas sem a graça divina nada teria feito. 11 "Nã o a nó s, Senhor, nã o a nó s,
mas ao teu nome dá gló ria"; 12 "como o barro do oleiro está em sua
mã o, para moldá -lo e ordená -lo... assim o homem está na mã o daquele
que o fez." 13 "Tuas mã os me fizeram e me formaram"; 14 "Tu nos
redimiste para Deus, em Teu sangue." 15 "Se nã o pereci, é por causa da
tua misericó rdia." 16 "Nas tuas mã os entrego o meu espírito." 17 "Isto",
diz Santo Agostinho, "é o que deve ser crido e dito com toda piedade e
verdade, para que nossa confissã o seja humilde e suplicante, e que tudo
seja atribuído a Deus." 18 Essa é a verdadeira humildade. "Ou o que tens
que nã o tenhas recebido? E se recebeste, por que te glorias, como se
nã o o tivesses recebido?" 19
Os santos, considerando suas pró prias falhas, dizem a si mesmos que
se tal e tal criminoso tivesse recebido todas as graças que o Senhor lhes
concedeu, talvez tivesse sido menos infiel do que eles. A visã o da
gratuidade das predileçõ es divinas as confirma na humildade. Eles
lembram as palavras de nosso Senhor: "Você nã o me escolheu, mas eu
escolhi você".
Esta doutrina conduz também à oraçã o íntima contínua, à açã o de
graças profunda, à oraçã o contemplativa.
Leva à oraçã o íntima; pois esta é uma graça muito secreta que deve
ser pedida. Devemos pedir nã o só a graça que solicita e excita a alma ao
bem, mas também aquela graça que nos faz querer, que nos faz
perseverar, que atinge o fundo do nosso coraçã o e do nosso livre
arbítrio; aquela graça que nos move nestas profundezas, para que
sejamos libertos da concupiscência da carne e dos olhos, e da soberba
da vida. Somente Deus nos salva e nos arrebata desses inimigos de
nossa salvaçã o. Ao mesmo tempo, Ele nã o fere nossa liberdade, mas a
estabelece, libertando-nos do cativeiro dessas coisas da terra.
Assim, a Escritura nos ensina a orar: "Tem piedade de mim, ó
Senhor, segundo a Tua infinita misericó rdia. Sê propício a um pecador.
Ajuda a minha incredulidade. Cria um coraçã o puro em mim e renova
dentro de mim um espírito reto. Converte-me, Ó Senhor, faze-me voltar
para ti, e eu voltarei. 20 Seja feita a tua vontade, assim na terra como no
cé u. Dá -me a Tua doce e poderosa graça para que eu possa cumprir
verdadeiramente a Tua santa vontade. Como diz Santo Agostinho:
"Senhor, dá o que mandas, e manda o que te agrada."
Assim, novamente a Igreja reza no Missal: “Senhor, dirige para Ti as
nossas vontades rebeldes; e atrai-nos fortemente a Ti. Tira de nó s o
nosso coraçã o de pedra e dá -nos um coraçã o de carne, um coraçã o
dó cil e puro. Muda as nossas vontades e inclina-as para o bem." 21
Tal é a santa confiança da oraçã o da Igreja porque ela tem certeza de
que Deus nã o é impotente para converter os pecadores mais
endurecidos. O que deve fazer um padre que nã o consegue converter
um pecador moribundo? Convencido de que Deus pode converter essa
vontade culpada, o sacerdote rezará sobretudo. Se, ao contrá rio, ele
imagina que Deus mantém essa vontade apenas de fora, por
circunstâ ncias, bons pensamentos, boas inspiraçõ es, que permanecem
externas ao consentimento da bondade salutar, o pró prio padre nã o
demorará muito no uso de meios superficiais ? Sua oraçã o possuirá
aquela santa ousadia que admiramos nos santos e que repousa em sua
fé na potente eficá cia da graça?
Da mesma forma, a oraçã o deve ser, em certo sentido, contínua, pois
nossa alma precisa de uma graça nova, atual e eficaz para cada ato
salutar, para cada novo mé rito. Com isso em mente, vemos claramente
o profundo significado das palavras de nosso Senhor: "Devemos orar
sempre e nã o desanimar". 22 Esta verdade só se realiza plenamente na
vida mística, na qual a oraçã o se torna verdadeiramente, como dizem
os padres, "o sopro da alma", que quase nã o cessa mais do que o do
corpo. A alma deseja constantemente a graça, que é como um sopro
vivificante que a renova e a faz produzir constantemente novos atos de
amor de Deus.
Tal deve ser a oraçã o de petiçã o. E també m devemos agradecer a
Deus por todas as nossas boas açõ es, pois sem Ele nada poderíamos
ter feito. É isso que faz Sã o Paulo dizer: "Orai sem cessar. Em tudo dai
graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para com
todos vó s." 23 "Falai entre vó s com salmos, hinos e câ nticos espirituais,
cantando e salmodiando ao Senhor em vossos coraçõ es; dando sempre
graças por tudo, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, a Deus e Pai." 24
Esta doutrina da eficá cia intrínseca da graça leva també m
diretamente à oraçã o de contemplaçã o, que considera principalmente
a açã o profunda de Deus em nó s para mortificar e vivificar, e que se
expressa pelo fiat do abandono perfeito. Na contemplaçã o vemos
realizadas no íntimo das almas as palavras da Escritura: "Tu é s grande,
ó Senhor, para sempre... Pois tu flagelas e salvas: Tu fazes descer ao
inferno e tornares a subir." 25 "Tua palavra, ó Senhor, que cura todas as
coisas." 26 Proferir um fiat perfeito a esta intensa e oculta obra da graça
em nó s, mesmo quando ela crucifica e parece destruir tudo, é a mais
secreta, mas també m a mais frutífera cooperaçã o na maior obra de
Deus. É a oraçã o de Jesus no Getsê mani e da Santíssima Virgem ao pé
da cruz.
Por fim, esta doutrina nos lembra que mesmo para a oraçã o é
necessá ria uma graça eficaz. "Da mesma forma també m o Espírito
ajuda a nossa fraqueza. Porque nã o sabemos o que havemos de pedir
como convé m, mas o mesmo Espírito nos pede com gemidos
indizíveis. E aquele que sonda os coraçõ es sabe o que o Espírito deseja;
porque ele pede os santos segundo Deus". 27. Este misté rio verifica-se
sobretudo na uniã o mística, muitas vezes obscura e dolorosa, em que a
alma experimenta a grande necessidade que temos da graça para orar,
como també m para fazer o bem. Mas, diz S. Joã o da Cruz, 28 as almas que
atingiram um certo grau de uniã o "obtê m de Deus tudo o que se
sentem inspiradas a pedir-lhe, segundo as palavras de David: 'Deleita-
te do Senhor, e Ele conceder-te o pedido do teu coraçã o'” (Sl 36: 4).
Alé m disso, toda oraçã o humilde, confiante e perseverante, com a qual
pedimos o que é necessá rio ou ú til para nossa salvaçã o, é
infalivelmente eficaz, porque nosso Senhor proferiu tal promessa e
porque o pró prio Deus fez brotar em nossos coraçõ es essa petiçã o.
Decidido desde toda a eternidade a conceder-nos os seus benefícios,
leva-nos a lho pedir. 29
Esta doutrina da poderosa eficá cia da graça leva finalmente a
grandes alturas na prá tica das virtudes teologais. Isso porque está
intimamente ligada ao sublime misté rio da predestinaçã o, cuja
grandeza preserva plenamente. Sã o Paulo, na Epístola aos Romanos,
nos diz: "E sabemos que todas as coisas cooperam para o bem
daqueles que amam a Deus, daqueles que, segundo o seu propó sito, sã o
chamados santos. conheceu, també m os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogê nito
entre muitos irmã os; e aos que predestinou, a estes també m chamou; e
aos que chamou, a estes també m justificou; e aos Justificou, també m
glorificou. Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nó s, quem
será contra nó s? 30 Sã o Paulo ensina a mesma doutrina na Epístola aos
Efé sios. 31
Santo Agostinho 32 e Sã o Tomá s 33 explicaram essas palavras de Sã o
Paulo sem diminuir seu significado real. Bossuet, seu discípulo, os
resume com sua habitual maestria dizendo: "Nã o nego a bondade de
Deus para com todos os homens, nem os meios que em Sua
providê ncia geral Ele lhes oferece para sua salvaçã o eterna. O Senhor
nã o quer que isso aconteça. alguns devem perecer , mas que todos devem
voltar à penitê ncia. choram por seus pecados e se convertem em seu
tempo. É por isso que Pedro começou a chorar quando nosso Senhor
olhou para ele benignamente. O arrependimento de Pedro foi o
resultado da oraçã o que Cristo havia feito pela estabilidade de sua fé ;
pois era necessá rio, antes de tudo, reacender sua fé , e depois fortalecê -
la para que ela possa durar até o fim. O mesmo é verdade para todos
aqueles a quem Seu Pai Lhe deu de maneira especial. Destes Ele disse:
'Tudo o que o Pai dá a Mim virá a Mim. . . . Agora esta é a vontade do Pai
que me enviou: que de tudo o que ele me deu, eu nã o perca nada; mas
deve ressuscitá -lo no ú ltimo dia' (Joã o 6: 37, 39).
"E por que Ele nos faz penetrar nessas verdades sublimes? É para
nos perturbar, para nos alarmar, para nos lançar ao desespero, para nos
perturbar e nos fazer questionar se somos ou nã o dos eleitos? Longe de
nó s entregamo-nos a tais pensamentos, que nos fariam penetrar nos
secretos desígnios de Deus, explorar, por assim dizer, até o seu seio, e
sondar o profundo abismo dos seus decretos eternos. O desígnio do
nosso Salvador é que, contemplando este olhar secreto que Ele se fixa
naqueles que Ele conhece e que Seu Pai Lhe deu por uma certa escolha,
e reconhecendo que Ele pode conduzi-los à sua salvaçã o eterna por
meios que nã o falham, devemos aprender antes de tudo a pedir por
esses meios, unirmo-nos à Sua oraçã o, para dizer com Ele: 'Livrai-nos
do mal' (Mt 6, 13) ou, nas palavras da Igreja: 'Nã o permitais que nos
separemos de Vó s. escapar, nã o permita que isso aconteça, mantenha-o
em Tuas mã os, mude-o e traga-o de volta para Ti.' " 35
Esta oraçã o assume todo o seu valor na plenitude da vida de fé, que é
a vida mística; fé, tã o prá tica quanto sublime, na sabedoria de Deus, na
santidade de Seu beneplá cito, em Sua onipotência, em Seu domínio
soberano, no valor infinito dos méritos de Jesus Cristo e na eficá cia
infalível de Sua oraçã o.
Fé na sabedoria de Deus. "Ó profundidade da riqueza da sabedoria e
do conhecimento de Deus! Quã o incompreensíveis sã o os Seus juízos, e
quã o insondáveis os Seus caminhos!... Ou quem lhe deu primeiro, para
que se lhe dê a recompensa? , e por Ele e Nele sã o todas as coisas: a Ele
seja a gló ria para sempre. Amé m." 36
Fé na santidade do beneplá cito divino. "Confesso-te, ó Pai, Senhor
do cé u e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sá bios e
entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim
pareceu bem aos teus olhos." 37 Jesus falou da mesma maneira aos
fariseus: "Nã o murmureis entre vó s. Ningué m pode vir a mim, se o Pai,
que me enviou, nã o o trouxer; e eu o ressuscitarei no ú ltimo dia." 38
Fé na onipotê ncia divina. Deus pode converter os pecadores mais
endurecidos. "O coraçã o do rei está na mã o do Senhor: para onde quer
que ele o volte." 39 "Porque é Deus quem opera em vó s tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade." 40 "As minhas ovelhas
ouvem a minha voz; e eu as conheço, e elas me seguem. E dou-lhes a
vida eterna; e nã o perecerã o para sempre, e ningué m as arrebatará da
minha mã o. Aquilo que meu Pai me deu , é maior do que todos: e
ningué m pode arrebatá -los da mã o de meu Pai. Eu e o Pai somos um." 41
Fé no domínio soberano do Criador. "Eis que como o barro é na mã o
do oleiro, assim sois vó s nas minhas mã os, ó casa de Israel." 42 "Ou nã o
tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso
para honra e outro para desonra? E se Deus, querendo mostrar a sua ira
e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciê ncia vasos de
ira, preparados para destruiçã o, para que Ele pudesse mostrar as
riquezas de Sua gló ria nos vasos de misericó rdia, que Ele preparou
para gló ria?” 43
Fé no valor infinito dos mé ritos e da oraçã o de Jesus. "O Pai ama o
Filho: e Ele entregou todas as coisas em Suas mã os." 44 "Amé m, amé m
vos digo: Aquele que crê em Mim tem a vida eterna." 45 "Manifestei o teu
nome aos homens que me deste do mundo. Teus eram, e a mim os
deste; e eles guardaram a tua palavra. . . . Eu rogo por eles. . . . Santo Pai,
guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, como
nó s també m o somos... Enquanto eu estava com eles, eu os guardava
em teu nome. nenhum deles se perdeu, senã o o filho da perdiçã o, para
que se cumprisse a Escritura. rogo somente por eles, mas també m por
aqueles que pela sua palavra hã o de crer em mim. Tu me deste, porque
me amaste antes da criaçã o do mundo”. 46. Este ato de fé serena e
invencível nos mé ritos infinitos de Cristo arrebata o coraçã o de Deus,
que à s vezes permite que tudo pareça perdido exteriormente, para que
dê a Seus filhos a oportunidade de provar com tal ato sua fé nEle.
Esta doutrina da graça conduz-nos també m a uma esperança
inteiramente sobrenatural composta de confiança na misericó rdia
divina e abandono a ela. O motivo formal da esperança é , de fato, a
misericó rdia divina infinitamente ú til ( Deus auxilians ). Para que esta
virtude da esperança seja divina e teoló gica, devemos esperar em Deus
e nã o na força do nosso livre arbítrio. "Aquele que confia em seu
pró prio coraçã o é um tolo; mas aquele que anda com sabedoria, esse
será salvo." 47 Considerando nossa fraqueza, devemos "operar nossa
salvaçã o com temor e tremor" 48 e "aquele que pensa estar em pé ,
cuide-se para que nã o caia". 49 Mas, considerando a bondade
infinitamente ú til de Deus, devemos dizer-lhe: "Em ti, ó meu Deus,
ponho a minha confiança; nã o me deixes ser envergonhado." 50 "Em
tuas mã os entrego meu espírito." 51 "Provai, e vede que o Senhor é doce;
bem-aventurado o homem que nele espera." 52 "Guarda-me, Senhor,
porque em ti confio." 53 "Em ti, ó Senhor, esperei, nunca seja eu
confundido." 54 "Eis que Deus é o meu salvador, agirei com confiança e
nã o temerei, porque o Senhor é a minha força e o meu louvor, e ele se
tornou a minha salvaçã o." 55 "Tudo posso naquele que me fortalece." 56
Tal é o abandono que Cristo deseja que aprendamos. Nã o há
quietismo, como Bossuet explica tã o bem. Ele diz: "Devemos
abandonar-nos à bondade divina. Isso nã o significa que nã o devamos
agir e trabalhar, ou que, em oposiçã o ao mandamento de Deus,
podemos ceder à despreocupaçã o ou a pensamentos precipitados. Pelo
contrá rio, agindo segundo o o melhor de nossa capacidade, devemos,
acima de tudo, abandonar-nos a Deus somente para o tempo e para a
eternidade. . . .
"Um homem orgulhoso teme que sua salvaçã o seja incerta, a menos
que ele a guarde em suas pró prias mã os, mas ele é enganado. Posso
confiar em mim mesmo? Sinto que minha vontade me escapa a cada
momento. Se Tu, ó Senhor, desejasses para fazer de mim o ú nico senhor
do meu destino, eu deveria recusar um poder tã o perigoso para a
minha fraqueza. Que ningué m me diga que esta doutrina de graça e
preferê ncia leva as boas almas ao desespero. Que loucura para mim
pensar que posso ser tranqü ilizado por sendo lançado sobre mim
mesmo e entregue à minha inconstâ ncia! Com isso, ó meu Deus, nã o
consinto. Só encontro segurança em abandonar-me a Ti. E neste
abandono encontro ainda maior confiança, para aqueles a quem Tu
fazes dê esta confiança em total abandono, receba neste gentil impulso
a melhor marca que podemos ter na terra de sua bondade, aumente em
mim este desejo e por este meio coloque em meu coraçã o a bendita
esperança de estar finalmente entre o nú mero escolhido. (…) Cura-me
e serei curado; converte-me e serei convertido”. 57
Nas dolorosas e passivas purificaçõ es do espírito, muitas vezes as
almas sã o tentadas contra a esperança e perturbadas pelo misté rio da
predestinaçã o. Nesta tentaçã o, todas as ajudas criadas lhes faltam, e
eles devem esperar heroicamente contra todas as esperanças por esta
ú nica e pura razã o, a saber, que Deus é infinitamente ú til e nã o
abandona os justos a menos que eles O abandonem, que Ele nã o os
deixa ser tentados. alé m de suas forças auxiliadas pela graça, que Ele os
sustenta por Sua bondade todo-poderosa, como disse a Sã o Paulo:
"Minha graça te basta; pois o poder se aperfeiçoa na enfermidade". "De
bom grado, portanto", diz o grande apó stolo, "eu me gloriarei em
minhas fraquezas, para que o poder de Cristo habite em mim. Por isso
me agrado em minhas fraquezas, em injú rias, em necessidades, em
perseguiçõ es, em angú stias. , por Cristo Pois quando estou fraco, entã o
sou poderoso." 58
Devemos ter grandes dificuldades para pensar neste motivo formal
de esperança: Deus, nosso ajudador; pois Ele vem eficazmente em
nosso auxílio pela graça que nos impele à prá tica do bem, e de maneira
gentil e poderosa faz com que isso seja realizado. 59 "Mas a salvaçã o dos
justos vem do Senhor, e ele é seu protetor no tempo da angú stia. E o
Senhor os ajudará e os livrará ; e os livrará dos ímpios, e os salvará ,
porque eles esperava Nele." 60
Por fim, esta doutrina da eficá cia da graça confirma nossa caridade
para com Deus e as almas. Esta caridade é uma amizade baseada na
comunicaçã o de Deus a nó s da vida divina atravé s da graça. Portanto,
quanto mais íntima e eficaz for a graça que nos é dada, tanto mais
devemos amar a Deus e corresponder ao seu amor. "Nã o como se
tivé ssemos amado a Deus, mas porque Ele nos amou primeiro." 61 O
pró prio Mestre disse a Seus apó stolos: "Você s nã o me escolheram, mas
eu escolhi você s; e os designei para irem e darem fruto; o Pai, em meu
nome, Ele pode dá -lo a você ”. 62 E no exercício do apostolado, porque
acreditava na potente eficá cia da graça, Sã o Paulo escreveu: "Quem,
pois, nos separará do amor de Cristo? Tribulaçã o? ou angú stia? ou
fome? ou nudez? ou perigo ou a perseguiçã o ou a espada?... Mas em
todas estas coisas nó s vencemos, por causa daquele que nos amou.
Pois estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os
principados, nem as potestades, nem o presente . . . nem qualquer outra
criatura poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus,
nosso Senhor”. 63 Cristo disse a Seu Pai celestial: "Aqueles que me deste,
eu os guardei... Pai, quero que, onde eu estiver, també m aqueles que me
deste estejam comigo. Teu nome a eles, e o fará conhecido; para que o
amor com que me amaste esteja neles, e eu neles." 64
Essas palavras de nosso Senhor sã o plenamente realizadas na terra
apenas na vida mística, o prelú dio da vida no céu. E a grande teologia
de Santo Agostinho e de Sã o Tomá s sobre a graça atinge assim o mais
alto misticismo ortodoxo, se for tomado cuidado para nã o diminuir seu
significado.
Nenhum poder é mais gentil do que a graça infalivelmente eficaz de
Deus. Difunde-se suavemente na alma que começa a querer; quanto
mais a alma desejar e quanto maior for sua sede de Deus, mais ela será
enriquecida. Quando Deus se tornar mais exigente e desejar cristal
puro onde havia apenas pecado, entã o Ele dará Sua graça em
abundâ ncia para que a alma possa corresponder à s Suas exigê ncias. Ele
mesmo disse: "Eu vim para que tenham vida, e a tenham em
abundâ ncia." 65 A alma purificada termina louvando o poder de Deus: "A
mã o direita do Senhor forjou força. Nã o morrerei, mas viverei; e
anunciarei as obras do Senhor". 66
Nã o nos surpreendemos ao encontrar esta doutrina nas obras dos
maiores mestres da vida espiritual.
Sã o Bernardo diz: "A graça é necessá ria para a salvaçã o, o livre-
arbítrio é igualmente; mas a graça para dar a salvaçã o, o livre-arbítrio
para recebê -la... Portanto, nã o devemos atribuir parte da boa obra à
graça, e parte ao livre arbítrio. É realizado em sua totalidade pela açã o
comum e inseparável de ambos, inteiramente pela graça, inteiramente
pelo livre arbítrio, mas brotando completamente do primeiro no
segundo." 67
Sã o Boaventura é da mesma opiniã o: "As almas devotas nã o
procuram atribuir a si mesmas na obra da salvaçã o alguma parte que
nã o vem de Deus. Elas reconhecem que tudo procede da graça divina".
68
ARTIGO I
Perfeição Cristã, ou o Começo da Vida Eterna
PODE a perfeiçã o cristã , sua natureza e condiçõ es, ser discutida sem
diminuir de forma alguma sua sublimidade essencial? É possível
chegar à compreensã o das palavras do Mestre: “Sede vó s pois perfeitos,
como també m o vosso Pai celestial é perfeito”? 1 Se fizermos esta
pergunta ao Apó stolo Sã o Joã o, ele nos responderá com as pró prias
palavras de Cristo, que a vida cristã , particularmente a perfeiçã o cristã ,
é o começo da vida eterna.
No Quarto Evangelho, o Salvador diz em vá rias ocasiõ es: "Aquele que
crê no Filho tem a vida eterna". 2 Em outras palavras, ele nã o apenas
terá a vida eterna mais tarde se perseverar; mas quem acredita já a tem
em certo sentido, porque a vida da graça, mesmo na terra, é o começo
da vida eterna, como afirma repetidamente Sã o Tomá s. 3 Assim como a
semente só se define pela planta que dela brota, ou a aurora pelo dia
que anuncia, assim també m só podemos conceber a vida da graça
considerando, antes de tudo, a vida da gló ria, da qual é a semente. Pela
mesma razã o, nã o podemos determinar o que é a perfeiçã o cristã sem
falar primeiro da vida eterna, da qual ela é o prelú dio.
Consideraremos a vida eterna na primeira parte deste artigo; na
segunda parte veremos como a vida da graça na terra é essencialmente
igual à vida no céu; o mesmo também pela caridade, que nunca cessará .
Veremos também como a vida da graça difere daquela do céu por meio
da fé e da esperança, que devem desaparecer para dar lugar à posse
positiva de Deus pela visã o.
Nos artigos seguintes, com Sã o Tomá s como nosso professor,
estudaremos o que nesta vida constitui principalmente a perfeiçã o
cristã propriamente dita; quais sã o suas relaçõ es com os dons e as
virtudes, e com os preceitos e conselhos. Assim veremos tudo o que a
perfeiçã o cristã exige.
A VIDA ETERNA EM SEU COMPLETO DESENVOLVIMENTO
"Esta é a vida eterna: que eles possam conhecer a Ti, o ú nico Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste." 4 Sã o Joã o explica esta
passagem dizendo: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda nã o
se manifestou o que havemos de ser. nó s O veremos como Ele é ." 5 Sã o
Paulo diz: "Agora vemos por espelho de maneira obscura; mas entã o
veremos face a face. Agora conheço em parte; mas entã o conhecerei
como també m sou conhecido." 6 Veremos face a face, isto é ,
imediatamente, tal como Ele é em Si mesmo, Deus "que habita em luz
inacessível" 7 a todo conhecimento natural, criado e criável.
A Igreja nos ensina expressamente que "as almas dos bem-
aventurados no cé u tê m uma visã o intuitiva e direta da essê ncia divina
sem o intermediá rio de qualquer criatura previamente conhecida. A
essê ncia divina se manifesta direta e abertamente em perfeita clareza.
As almas dos bem-aventurados goze-a continuamente e goze-a-á para
sempre. Tal é a vida eterna», 8 à qual a «luz da gló ria» 9 deve elevar-nos.
Somos, portanto, chamados a ver Deus nã o apenas pelo reflexo de
suas perfeiçõ es nas criaturas materiais, ou por sua irradiaçã o
maravilhosa no mundo dos espíritos puros, mas a vê -lo sem
intermediá rios, com mais clareza do que vemos aqui na terra as
pessoas com quem falamos; pois Deus, sendo inteiramente espiritual,
estará intimamente presente em nosso intelecto, que Ele iluminará ao
mesmo tempo em que lhe dará o poder de suportar Seu esplendor
deslumbrante. 10
Entre Ele e nó s nã o haverá sequer o intermediá rio de uma ideia,
pois nenhuma ideia criada pode representar o ser como ele é em si
mesmo, ato puro, infinitamente perfeito, pensamento incriado,
eternamente subsistente, luz da vida e fonte de toda verdade. 11 E nã o
poderemos exprimir a nossa contemplaçã o por nenhuma palavra,
mesmo por qualquer palavra interior. Essa contemplaçã o, superior a
toda ideia finita, nos absorverá em Deus e permanecerá inefável, assim
como nesta vida perdemos o dom da fala quando o sublime nos
arrebata. A Divindade, tal como é em si mesma, só pode ser expressa
pelo Verbo consubstancial, que é o Verbo incriado, “o resplendor da luz
eterna, o espelho imaculado da majestade de Deus e a imagem de Sua
bondade”. 12
Por causa de seu objeto, essa visã o face a face de Deus supera
infinitamente a mais sublime filosofia e també m o mais elevado
conhecimento natural dos anjos. Somos chamados a ver todas as
perfeiçõ es divinas juntas, identificadas em sua fonte comum, a
Divindade; compreender como a mais terna misericó rdia e a mais
inflexível justiça procedem de um ú nico e mesmo amor infinitamente
generoso e infinitamente santo, amor do sumo bem. Este bem,
desejando comunicar-se tanto quanto possível e possuindo o direito
incontestável de ser amado acima de tudo, une assim
maravilhosamente a justiça e a misericó rdia em todas as obras de
Deus. 13 Somos chamados a ver como esse amor, mesmo em seu mais
livre prazer, é idê ntico à pura sabedoria; como neste amor nã o há nada
que nã o seja sá bio, e nesta sabedoria nada que nã o se converta em
amor. E somos chamados a ver como este amor se identifica com o
sumo bem, amado desde toda a eternidade; como a sabedoria divina é
idê ntica à primeira verdade sempre conhecida; como todas essas
perfeiçõ es se harmonizam e sã o apenas uma na pró pria essê ncia
dAquele que é .
Somos chamados a contemplar a vida íntima de Deus, a pró pria
Divindade, absoluta pureza e santidade; perder o olhar em sua
fecundidade infinita, desabrochando nas três Pessoas divinas; ver a
geraçã o eterna do Verbo, "esplendor do Pai e figura da sua substâ ncia";
contemplar em êxtase sem fim a inefável procissã o do Espírito Santo,
aquela torrente de chama espiritual, termo do amor comum do Pai e do
Filho, vínculo que os une eternamente na mais absoluta difusã o de Si
mesmos.
Quem pode dizer o amor e a alegria que nascerã o em nó s dessa
visã o? Se nos deliciamos aqui embaixo com o reflexo das perfeiçõ es
divinas compartilhadas pelas criaturas, pela magia das fadas do mundo
material, pela harmonia de sons e cores, pelo azul de um céu sem
nuvens sobre um mar ensolarado, que nos faz pensar do oceano
tranquilo do ser e da luz infinita da sabedoria divina; se nos
maravilhamos com os esplendores do mundo das almas que nos sã o
revelados pela vida dos santos; o que sentiremos quando virmos Deus,
o lampejo eternamente subsistente da sabedoria e do amor, de onde
procede toda a vida da criaçã o? Falamos de um lampejo de gênio para
designar uma iluminaçã o repentina da mente. O que diremos da luz
incriada de Deus? Para nó s, permanece oculto apenas por causa de seu
esplendor excessivo, pois um raio de sol muito forte parece escuridã o
ao olho fraco de uma coruja.
A alegria nascida de tal visã o será de um amor tã o forte e absoluto
de Deus que nada jamais o destruirá ou mesmo diminuirá . Este amor,
seguindo necessariamente a visã o beatífica de Deus, o soberano bem,
será absolutamente espontâ neo, mas nã o mais gratuito. O Bem infinito,
apresentando-se assim a nó s, saciará nossa sede insaciável de
felicidade, e preencherá e satisfará a capacidade de nosso poder de
amar, "que necessariamente aderirá a Ele". 14 Nossa vontade, por sua
pró pria natureza, se voltará para Ele com toda a sua inclinaçã o e força.
Nã o terá mais energia para suspender o seu ato, que lhe será
arrebatado, de certo modo, pela atraçã o infinita de Deus visto face a
face. Em relaçã o a todo bem finito, nossa vontade permanece livre;
pode até ceder ou nã o à atraçã o e à lei de Deus, desde que nã o vejamos
diretamente a Sua infinita bondade. Mas quando Sua gló ria nos
aparecer, nossos desejos serã o satisfeitos e nã o poderemos mais nã o
corresponder ao Seu amor. "Ficarei satisfeito quando Tua gló ria
aparecer." 15
Esse amor será composto de admiraçã o, respeito, gratidã o e
principalmente amizade, com uma simplicidade e uma profundidade de
intimidade que nenhum afeto humano pode ter. Será um amor pelo qual
nos regozijaremos especialmente porque Deus é Deus, infinitamente
santo, justo e misericordioso; um amor pelo qual adoraremos todos os
decretos de sua providência em vista de sua gló ria, que se irradiará em
nó s e através de nó s.
Tal deve ser a vida eterna em uniã o com todos os que morreram na
caridade, e particularmente com aqueles que amamos no Senhor.
A vida eterna, portanto, consiste em conhecer a Deus como Ele se
conhece e em amá -lo como Ele se ama. Mas, se penetrarmos mais
profundamente neste assunto, veremos que este conhecimento e amor
divinos só sã o possíveis se Deus, por assim dizer, nos deificar em nossa
pró pria alma. Na ordem natural, o homem é capaz de conhecimento
intelectual e de um amor iluminado superior ao amor sensível apenas
porque possui uma alma espiritual. Da mesma forma, só seremos
capazes de um conhecimento divino e de um amor sobrenatural se
tivermos recebido uma participaçã o na pró pria natureza de Deus, da
Divindade; só se a nossa alma, princípio do nosso intelecto e da nossa
vontade, tiver sido, em certo sentido, divinizada ou transformada em
Deus, como o ferro mergulhado no fogo se transforma, por assim dizer,
em fogo, sem deixar de ser ferro. Os bem-aventurados no céu só podem
participar das operaçõ es essencialmente divinas porque participam da
natureza divina, o princípio dessas operaçõ es; apenas porque eles
receberam essa natureza de Deus, assim como um filho na terra recebe
sua natureza de seu pai.
Desde toda a eternidade Deus Pai necessariamente engendra um
Filho igual a Ele, o Verbo. A Ele Ele comunica toda a Sua natureza, sem
dividi-la ou multiplicá -la; Ele O dá para ser "Deus de Deus, luz da luz".
Por pura bondade, Ele quis ter no tempo outros filhos, filhos adotivos,
segundo uma filiaçã o nã o só moral e figurativa, mas muito real, que nos
torna verdadeiramente participantes da natureza divina, de sua vida
íntima. "Esta filiaçã o por adoçã o", diz St. Thomas, "é , portanto,
realmente uma semelhança participada da filiaçã o eterna do Verbo". 16
Sã o Joã o exclama: "Eis que tipo de caridade o Pai nos concedeu, para
que fô ssemos chamados e fô ssemos filhos de Deus." 17 Somos
"nascidos de Deus"; 18 e Sã o Pedro diz que somos "participantes da
natureza divina". 19 "A quem dantes conheceu, també m os predestinou
para serem conformes à imagem de Seu Filho, a fim de que Ele seja o
primogê nito entre muitos irmã os." 20
Tal é a essê ncia da gló ria que Deus reserva para Seus filhos: "As
coisas que o olho nã o viu, e o ouvido nã o ouviu, e nã o subiram ao
coraçã o do homem, sã o as coisas que Deus preparou para os que o
amam." 21
Os eleitos pertencem verdadeiramente à família de Deus; eles
entram no céu no ciclo da Santíssima Trindade que neles habita. O Pai
engendra neles a Sua Palavra; o Pai e o Filho respiram amor neles. A
caridade os compara ao Espírito Santo; a visã o beatífica os torna
semelhantes ao Verbo, que os torna semelhantes ao Pai de quem Ele é a
imagem. Em cada um deles habita a Trindade, conhecida e amada, como
num sacrá rio vivo; e além disso, eles estã o na Trindade, no á pice do ser,
do pensamento e do amor.
Tal é o objetivo de toda vida cristã , de todo progresso espiritual.
Nela nã o há preocupaçã o com os interesses terrenos, nem com o
desenvolvimento da nossa personalidade (uma fó rmula pobre,
tolamente repetida por muitos cristã os que se esquecem da verdadeira
grandeza da sua vocaçã o). A revelaçã o nos diz que devemos tender
infinitamente mais alto. Deus predestinou Seus eleitos para serem
conformes à imagem de Seu Filho. O mundo, em sua sabedoria, rejeita
esta doutrina; seus filó sofos se recusam a ouvi-la. Entã o o Senhor
chama os humildes, os pobres, os enfermos 22 para participar das
riquezas de Sua gló ria: "Confesso-te, ó Pai, Senhor do cé u e da terra, que
ocultaste estas coisas aos sá bios e prudentes, e os revelou aos
pequeninos". 23
COMEÇO DA VIDA ETERNA
Como podemos atingir um fim tã o elevado como a vida eterna? O
progresso espiritual só pode tender para este fim porque pressupõ e em
nó s a semente da gló ria, isto é, uma vida sobrenatural idêntica em sua
essência à vida eterna. A semente contida na bolota nã o poderia se
tornar um carvalho a menos que tivesse a mesma natureza do carvalho,
a menos que contivesse a mesma vida em estado latente. Uma criança
nã o poderia se tornar um homem a menos que tivesse uma alma
racional, a menos que a razã o estivesse adormecida nele. Da mesma
forma, um cristã o na terra nã o poderia se tornar um dos bem-
aventurados no céu, a menos que já tivesse recebido a vida divina.
Se quisermos entender a natureza da semente contida na bolota,
devemos considerar essa natureza em seu estado perfeito no carvalho
totalmente desenvolvido. Da mesma forma, se quisermos conhecer a
vida da graça, devemos contemplá -la em seu desenvolvimento
supremo; na gló ria que é a sua consumaçã o.
Fundamentalmente a vida da graça e a vida da gló ria sã o a mesma
vida sobrenatural, a mesma caridade, com duas diferenças. Aqui na
terra, Deus é conhecido apenas na obscuridade da fé, nã o na clareza da
visã o. Além disso, esperamos possuir Deus de maneira inamissível; mas
enquanto estivermos na terra, podemos perdê-lo por nossa pró pria
culpa.
Apesar dessas duas diferenças, é a mesma vida. Nosso Senhor disse
à mulher samaritana: "Se conhecesses o dom de Deus... Todo aquele
que beber desta á gua tornará a ter sede; mas aquele que beber da á gua
que eu lhe der nã o terá sede para sempre. Mas a á gua que eu lhe der se
fará nele uma fonte de á gua jorrando para a vida eterna”. 24 No ú ltimo
dia da Festa dos Taberná culos, no Templo, Jesus levantou-se e
exclamou em alta voz: "Se algué m tem sede, venha a mim e beba. Quem
crê em mim, como diz a Escritura: Fora do seu ventre correrã o rios de
á gua viva”. 25 Como acrescenta Sã o Joã o, Ele disse isso do Espírito, que
eles devem receber que acreditam nEle. Em vá rias ocasiõ es Jesus
repete: “Quem crê no Filho tem a vida eterna”. 26 "Quem come a minha
carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no
ú ltimo dia." 27 "O reino de Deus nã o vem com aparê ncia exterior. Nem
dirã o: Eis aqui ou ali. Pois eis que o reino de Deus está dentro de vó s." 28
Está escondido em ti como o grã o de mostarda; como o fermento que
faz crescer o pã o; como o tesouro enterrado no campo.
E como saberemos que já recebemos esta vida que deve durar para
sempre? Sã o Joã o expõ e o assunto para nó s longamente. 29 "Sabemos
que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmã os.
Quem nã o ama, permanece na morte. Todo aquele que odeia a seu
irmã o é homicida. E vó s sabeis que nenhum homicida tem a vida
eterna em si mesmo." 30 "Estas coisas vos escrevo, para que saibais que
tendes a vida eterna, vó s que credes no nome do Filho de Deus." 31
E, na verdade, Cristo disse em Sua oraçã o sacerdotal: "Agora esta é a
vida eterna: que eles possam conhecer a Ti, o ú nico Deus verdadeiro, e
a Jesus Cristo, a quem Tu enviaste." 32 Por meio da fé sobrenatural, esse
conhecimento tem seu início; e pela fé viva, ou fé vivificada pela
caridade, Cristo "habita em nó s e nó s Nele", 33 afirmaçã o que o pró prio
Sã o Joã o explica dizendo: "Deus nos deu a vida eterna. E esta vida está
em Seu Filho ... Quem tem o Filho tem a vida. Quem nã o tem o Filho nã o
tem a vida. 34
Visto que isso é verdade, o que a morte se torna para o verdadeiro
cristã o? Uma passagem da vida sobrenatural ainda imperfeita para a
plenitude desta vida. Nesse sentido, devemos entender as palavras de
nosso Senhor: “Em verdade, em verdade vos digo: Se algué m guardar a
minha palavra, nã o verá a morte para sempre”. Espantados, os judeus
responderam: "Agora sabemos que tens um demô nio. Abraã o e os
profetas estã o mortos; e tu dizes: Se algué m guardar a minha palavra,
nã o provará a morte para sempre. ?" 35 No tú mulo de Lá zaro, Cristo
disse: "Eu sou a ressurreiçã o e a vida: quem crê em mim, ainda que
esteja morto, viverá . E todo aquele que vive e crê em mim nã o morrerá
para sempre." 36 E novamente aos judeus: "Vossos pais comeram o
maná no deserto e morreram. Este é o pã o que desceu do cé u... Quem
comer este pã o viverá para sempre." 37
A liturgia expressa o mesmo pensamento na missa pelos mortos:
"Para os teus fié is, ó Senhor, a vida mudou, nã o se perdeu." 38
A graça santificante, recebida na essê ncia da alma, é , portanto, por
sua natureza imperecível. Deve durar para sempre e florescer para a
vida eterna. 39 Alé m disso, entre as virtudes teologais há uma, a
caridade, que nã o deve desaparecer. "A caridade nunca desaparece", diz
Sã o Paulo. . . . "E agora permanecem a fé , a esperança e a caridade, estas
trê s: mas a maior delas é a caridade." 40 De fato, alguns santos na terra
tê m um grau de caridade muito maior do que alguns dos bem-
aventurados no cé u, mas sem ter tanta continuidade no ato de amor.
Sã o Joã o, enquanto na terra, tinha um grau de caridade superior ao
possuído pela alma de uma criança que morreu imediatamente apó s o
batismo. 41 Os dons do Espírito Santo també m subsistem no cé u. 42 A
vida da graça é , portanto, a mesma dos bem-aventurados no cé u.
É verdade que nã o alcançamos Deus na clareza da visã o, mas é Ele
que nossa fé alcança. A graça da fé nos faz aderir à Verdade incriada e
reveladora. Cremos na palavra de Deus, nã o na de Sã o Pedro ou de Sã o
Paulo, 43 e esta palavra nos revela "as coisas profundas de Deus". 44
Nossa fé é , portanto, "a substâ ncia (ou o princípio, a semente) das
coisas que se esperam", 45 que contemplaremos no cé u. Essa fé , apesar
de sua obscuridade, supera infinitamente as mais aguçadas intuiçõ es
naturais e até o mais sublime conhecimento natural do anjo mais
elevado. Sã o Paulo declara: "Ainda que nó s ou um anjo do cé u vos
anuncie um evangelho alé m do que vos temos pregado, seja aná tema".
46
ARTIGO II
A perfeição cristã consiste especialmente na caridade
Em nosso tratamento da perfeiçã o cristã , consideramos o fim para o
qual ela é essencialmente ordenada e, desse ponto de vista, a definimos
como o começo da vida eterna em nossas almas, ou a vida eterna
iniciada na obscuridade da fé. A perfeiçã o nesta vida é o
desenvolvimento da graça, que foi definida como a semente da gló ria.
Das três virtudes teologais que possuímos, uma, a caridade, deve durar
para sempre.
Com Sã o Tomá s de Aquino como nosso guia, devemos agora considerar
em que consiste especialmente e principalmente a perfeiçã o cristã
aqui na terra; quais sã o suas relaçõ es com as virtudes e dons do
Espírito Santo, e com os preceitos e os conselhos.
Veremos que a perfeiçã o cristã consiste sobretudo na caridade:
primeiramente na caridade para com Deus; e secundariamente na
caridade para com o pró ximo. Estudaremos entã o a caridade dos
perfeitos em contraste com a dos iniciantes e dos proficientes, e
veremos quais sã o os graus da caridade perfeita, até o heroísmo e a
santidade. Isso nos levará a considerar as relaçõ es da caridade dos
perfeitos com as outras virtudes, com as purificaçõ es passivas da alma
e com os dons do Espírito Santo, que sã o os princípios da
contemplaçã o. Por este método veremos claramente a dificuldade e a
grandeza da perfeiçã o evangélica considerada em toda a sua grandeza,
tal como nos é proposta por nosso Senhor nas oito bem-aventuranças
no início do Sermã o da Montanha.
Em segundo lugar, trataremos das relaçõ es de perfeiçã o assim
definidas com o preceito do amor e com os conselhos; e, finalmente,
veremos em que graus variados a obrigaçã o de tender à perfeiçã o
vincula todos os cristã os, sejam clé rigos, religiosos ou seculares. Esta é ,
com vá rios acré scimos, a ordem seguida por St. Thomas em sua
exposiçã o do assunto. 2
DOUTRINAS ERRÔ NEAS OU INCOMPLETAS SOBRE A ESSÊ NCIA DA PERFEIÇÃ O
ARTIGO III
A plena perfeição da caridade pressupõe a purificação passiva dos
sentidos e do espírito
Vimos que a perfeiçã o cristã consiste principalmente na caridade.
Evidentemente, a posse desta virtude, o estado de graça, nã o é
suficiente para alcançar a perfeiçã o propriamente dita, de que fala a
teologia ascé tica e mística e da qual todas as almas interiores,
particularmente as consagradas a Deus no estado religioso, aspirar a.
"Nã o como se eu já tivesse alcançado ou já fosse perfeito", diz Sã o
Paulo, "mas sigo depois, se puder de alguma forma apreender". 1 Esta
perfeiçã o consiste precisamente na caridade dos perfeitos, que é
superior à caridade dos principiantes e das almas que progridem.
Neste artigo vamos tratar dessa caridade dos perfeitos, e vamos
considerá -la tanto em sua essê ncia quanto em sua integridade, ou sua
plenitude normal.
Trata-se aqui do á pice da caridade em seu desenvolvimento normal,
cuja lei fundamental, bem diferente da nossa natureza decaída, é a lei
da graça, que nos regenera progressivamente, e cuja consumaçã o é a
vida eterna.
Todos os escritores espirituais admitem trê s fases neste
desenvolvimento da caridade: (1) A dos iniciantes cujo principal
esforço é a luta contra o pecado. Por isso é chamada de via purgativa.
(2) A dos que progridem nas virtudes à luz da fé e da contemplaçã o.
Muitas vezes é chamado de caminho iluminativo. (3) A dos perfeitos,
que vivem especialmente em uniã o com Deus pela caridade. É
chamado de caminho unitivo. Esses trê s graus constituem a infâ ncia, a
adolescê ncia e a idade adulta da vida espiritual. 2
Esses termos gerais sã o comumente aceitos, mas nã o tê m
exatamente o mesmo significado para todos os teó logos. A partir dos
sé culos XVII e XVIII, vá rios autores admitiram duas formas unitivas; um
comum e ascé tico, o outro chamado "extraordiná rio", passivo e
místico, que nã o pode ser alcançado sem uma vocaçã o especial. Deste
ponto de vista, as almas podem geralmente ser perfeitas, e mesmo
alcançar a elevada perfeiçã o exigida para a beatificaçã o, sem terem
recebido nenhuma graça mística. Outros sustentam, segundo a
doutrina tradicional, que só existe uma via unitiva, e que seu pleno
desenvolvimento normal é a perfeita uniã o mística, ou a uniã o
transformadora. 3 Na opiniã o deles, esse caminho pertence em sua
qualidade essencial à ordem da graça santificante, ou "a graça das
virtudes e dos dons", e nã o à ordem inferior das graças gratis datae ,
como o dom de profecia ou a dos milagres, que à s vezes a
acompanham. Tocamos nessa questã o quando discutimos as relaçõ es
entre teologia ascé tica e mística. 4
Os autores de que acabá mos de falar apelam à tradiçã o anterior ao
século XVII e, em particular, a Sã o Joã o da Cruz. Portanto, devemos
examinar de perto sua doutrina sobre esse assunto, para que possamos
ver como ela deve ser interpretada e quais sã o suas relaçõ es com a
tradiçã o anterior.
I. DOUTRINA DE ST. JOÃ O DA CRUZ SOBRE A PERFEIÇÃ O DA CARIDADE
ARTIGO IV
Segundo a Tradição, a Plena Perfeição da Vida Cristã Pertence à Ordem
Mística
Segundo Sã o Joã o da Cruz, a plena perfeiçã o da vida cristã pertence
claramente à ordem mística e só se realiza verdadeiramente na uniã o
transformadora. No entanto, muitos escritores modernos sobre
ascetismo têm uma opiniã o totalmente diferente. De onde vem essa
divergência?
A explicaçã o do padre Poulain é bem conhecida. Ele diz: "Todos os
escritores ascé ticos falam dos trê s caminhos, o purgativo, o
iluminativo e o unitivo, e eles os fazem corresponder,
aproximadamente em todos os eventos, aos termos: caminho dos
iniciantes, dos proficientes e do perfeito ... Alguns permitem que o
misticismo nã o desempenhe nenhum papel aqui, outros, no má ximo,
colocam-no apenas no final da terceira via. Sã o Joã o da Cruz també m
emprega esses seis termos, mas dá -lhes um significado peculiar ao seu
ensinamento. aborda as questõ es do ponto de vista especial do
misticismo, e coloca-o no segundo e terceiro caminho... : 'O caminho do
espírito, que é o dos proficientes, també m é chamado de caminho
iluminativo, ou caminho da contemplaçã o infusa ' ( The Dark Night of
the Soul , Bk. I, cap. 14). Certamente esta linguagem é muito diferente
daquela de outros autores espirituais." 1
A linguagem de Sã o Joã o da Cruz, com certeza, difere notavelmente
da de muitos escritores modernos sobre ascetismo. Alguns dos ú ltimos
distinguem nã o apenas trê s maneiras, mas seis; trê s ascé ticas e trê s
místicas. 2 Isso nã o é colocar uma interpretaçã o materialista de tudo
sob o pretexto de ser mais preciso? A tradiçã o sempre falou de apenas
trê s maneiras, nã o seis; mas materialmente aparecem de maneira
imperfeita ou em sua plenitude, conforme a condiçã o espiritual do
sujeito. 3 Embora Sã o Joã o da Cruz esclareça em vá rios pontos a
linguagem dos grandes doutores que o precederam, contudo ensina a
mesma doutrina que eles.
É uma doutrina menos elevada encontrada nas obras espirituais dos
pais, de Santo Agostinho, Dionísio, Sã o Bernardo, Sã o Boaventura, Sã o
Tomá s, Tauler, Louis de Blois, Dionísio, o Cartuxo, autor de A Imitação ,
Sã o .Francisco de Sales, e, de modo geral, nas obras dos santos que
g q
falaram da vida perfeita considerada em sua plenitude? Nã o podemos
encontrar em suas obras, assim como nas de Sã o Joã o da Cruz, mençã o
de uma dupla vida unitiva; o primeiro ordiná rio, e o segundo
extraordiná rio por sua pró pria natureza e, como tal, inacessível à
maioria das almas interiores.
Como podemos, entã o, explicar a divergê ncia que acabamos de
apontar? Enquanto alguns autores se preocupam especialmente com
os principiantes e com as almas que só tê m em vista uma perfeiçã o
relativa, Sã o Joã o da Cruz escreve "para aqueles que estã o decididos a
passar pela nudez do espírito", especialmente para as almas
contemplativas. Ele lhes propõ e a mais alta perfeiçã o alcançável nesta
vida, e os meios mais eficazes e diretos para alcançá -la. Ele mesmo
afirma este fato no pró logo de A Ascensão do Monte Carmelo. 4 Isso
explica o aparente exagero de sua insistê ncia na mortificaçã o. Isso
explica també m sua altíssima idé ia dos caminhos iluminativos e
unitivos, que ele nos apresenta em sua plenitude, que só se encontra na
vida mística. Alguns escritores modernos sobre ascetismo nos dã o, ao
contrá rio, apenas uma ideia inferior e diminuída deles; pois se esses
dois caminhos aparecem no curso da vida ascé tica, só pode ser de uma
maneira ainda muito imperfeita.
Encontramos aqui algo semelhante ao que ocorre na cultura
intelectual. Para muitos, a formaçã o teoló gica adequada é dada por um
manual que pode ser estudado em três anos, e que nã o se sente
impelido a reler, porque tudo o que contém se esgota rapidamente.
Quem pode afirmar que a perfeiçã o da cultura teoló gica é encontrada
em tal estudo? Outros podem satisfazer as demandas de suas mentes
apenas pelo estudo profundo de Sã o Tomá s e de seus principais
comentaristas. Este estudo nã o é um empreendimento extraordiná rio
nem um luxo para eles; é necessá rio para o treinamento de suas
mentes. Eles percebem que, mesmo que passem toda a vida ensinando
a Summa theologica , embora escrita para noviços, nunca a esgotarã o e
nunca chegarã o a uma compreensã o completa de sua amplitude, altura
e profundidade; para fazê-lo, seria necessá rio um intelecto igual ao do
mestre. "Compreender é igualar", disse Raphael. Para estudar o tratado
sobre a graça, alguns consagram três meses a ele e quase nunca voltam
a ele; outros entendem que o trabalho de uma vida inteira nã o seria
suficiente para penetrar no que os doutores da Igreja quiseram nos
dizer sobre este grande mistério.
Assim, do ponto de vista espiritual, muitas almas se satisfazem
rapidamente, até muito rapidamente, por uma perfeiçã o muito relativa,
que parece totalmente insuficiente para outras. Estes sentem
necessidade do eminente exercício da caridade e dos dons do Espírito
Santo. Certos temperamentos muito apaixonados e intelectos
extremamente vigorosos parecem encontrar paz apenas em uma
perfeiçã o elevada, mesmo aquela descrita por Sã o Joã o da Cruz. Com
razã o ainda maior, isso é verdade para as almas que receberam cedo na
vida uma atraçã o superior da graça. Eles encontrarã o descanso
somente apó s as dolorosas purificaçõ es, na uniã o transformadora, na
qual nã o serã o mais perturbados pelo diabo, pela carne e pelo mundo.
Por que nã o deveríamos acreditar que Sã o Joã o da Cruz preservou
em sua essê ncia a verdadeira e muito elevada concepçã o tradicional da
perfeiçã o cristã , ou da uniã o com Deus? Nã o deveríamos acreditar, ao
contrá rio, que alguns escritores modernos sobre ascetismo
empobreceram a tradiçã o ao confundir o pleno desenvolvimento
normal da vida da graça na terra com o que é apenas o seu prelú dio?
Esta é a opiniã o de alguns teó logos contemporâ neos que consideram a
vida mística necessá ria à plena perfeiçã o, à exigida, por exemplo, para
a beatificaçã o. 5 Acrescentam que a outra opiniã o, pretendendo
combater a presunçã o, pode levar algumas almas a crer que chegaram à
vida unitiva, quando, na verdade, estã o longe dela. Como resultado, o
ideal de perfeiçã o, o objetivo da vida religiosa, pode ser rebaixado e as
almas privadas de um dos maiores estimulantes para uma vida cada
vez mais fervorosa e generosa em uniã o mais íntima com Deus.
A verdadeira visã o nos parece ser a ú ltima; a saber, que nã o há dois
caminhos unitivos, um ordiná rio e outro extraordiná rio por sua
natureza, aos quais todas as almas fervorosas nã o poderiam aspirar,
mas apenas um caminho unitá rio que, por uma docilidade cada vez
mais perfeita ao Espírito Santo, conduz para uma uniã o mística mais
íntima. Este caminho é extraordiná rio de fato pelo pequeno nú mero de
almas que sã o completamente dó ceis, mas nã o é extraordiná rio por si
mesmo ou por sua natureza, como milagres ou profecias. Pelo
contrá rio, é em si a ordem perfeita, o pleno desenvolvimento da
caridade, realmente realizado nas almas verdadeiramente generosas,
pelo menos no final da vida, se viverem bastante. Bem pode ser que,
por falta de direçã o adequada ou ambiente favorável, ou ainda por
causa de uma natureza dada à s atividades exteriores, certas almas
generosas só chegariam à vida mística depois de muito mais tempo do
que o tempo normal de vida. 6 Mas estas sã o circunstâ ncias acidentais
e, por mais frequentes que sejam, nã o afetam a lei fundamental do
pleno desenvolvimento da vida da graça. 7 Sã o Joã o da Cruz deixa isso
bem claro quando, no início de suas obras, diz que elas foram escritas
"para ajudar as muitas almas que precisam muito de ajuda. Depois dos
primeiros passos no caminho da virtude, quando o Senhor quer fazê -
los entrar na noite escura para conduzi-los à uniã o divina, há alguns
que nã o vã o mais longe. à s vezes é por desconhecimento, ou porque
procuram em vã o um guia experiente capaz de conduzi-los ao cume." 8
Este cume nã o se alcança sem contemplaçã o infusa; e certamente a
contemplaçã o infusa nã o é fruto do nosso esforço pessoal, pois
ultrapassa o modo humano das virtudes cristã s. Nã o o temos quando o
desejamos; vem de uma graça especial, de uma inspiraçã o e iluminaçã o
à qual os dons do Espírito Santo nos tornam dó ceis. Embora nã o
tenhamos essa inspiraçã o quando desejamos, podemos nos manter
prontos para recebê -la; podemos pedi-lo e merecê -lo, pelo menos no
sentido amplo da palavra "mé rito". De fato, toda alma em estado de
graça recebeu os dons do Espírito Santo que se desenvolvem com a
caridade. Como regra geral, o Espírito Santo nos move de acordo com o
grau de nossa docilidade habitual. 9
"A conclusã o é clara", diz o santo doutor, "que, assim que a alma
conseguir purificar-se cuidadosamente de formas e imagens sensíveis,
ela se banhará nesta luz pura e simples, que se tornará para ela o
estado de perfeiçã o. Na verdade, essa luz está sempre pronta para nos
penetrar. Sua infusã o é impedida pelas formas e vé us das criaturas, que
envolvem e estorvam a alma. Rasgue esses vé us... e pouco a pouco, sem
demora, descanse e a paz divina inundará sua alma com visõ es
admiráveis e profundas de Deus, que estã o envolvidas no amor divino."
10
É
3) É necessá ria uma vocaçã o especial para alcançar a vida mística?
Em princípio, nã o. "A graça das virtudes e dos dons" basta por si só pelo
seu desenvolvimento normal para nos dispor à vida mística, e a
contemplaçã o mística é necessá ria para o pleno aperfeiçoamento da
vida cristã . 13 Mas, de fato, por falta de certas condiçõ es que à s vezes
independem de nossa vontade, mesmo as almas generosas só
alcançariam a contemplaçã o depois de um período de tempo mais
longo do que o normal da vida; assim como algumas mentes, que sã o
capazes de um desenvolvimento intelectual superior, nunca o alcançam
por falta de certas condiçõ es. E, finalmente, em alguns que estã o mais
aptos para a vida ativa, dominam os dons de açã o. 14
Este ensinamento é anterior ao de Sã o Joã o da Cruz. Será
interessante relembrar o capítulo de A Imitação sobre a "Verdadeira
Paz" (Livro IV, cap. 25). Certamente nã o é inferior à doutrina que
acabamos de expor, e se dirige a todas as almas para mostrar-lhes um
ideal de perfeiçã o ao qual possam aspirar sem presunçã o. Citamos
algumas passagens. "A paz é o que todos desejam, mas nem todos se
importam com as coisas que dizem respeito à verdadeira paz. Minha
paz está com os humildes e mansos de coraçã o; com muita paciência
estará a tua paz... Dirija toda a sua atençã o para Me agradar sozinho, e
nã o desejar nem buscar nada além de Mim. . . O progresso espiritual e a
perfeiçã o de um homem consistem nessas coisas . . . em assuntos
grandes ou pequenos, seja no tempo ou na eternidade. Assim manterá s
sempre o mesmo e o mesmo comportamento sempre dando graças
tanto na prosperidade quanto na adversidade, pesando todas as coisas
em igual equilíbrio. Sê tã o cheio de coragem e tã o paciente em Espero
que, quando o conforto interior for retirado, você possa preparar seu
coraçã o para sofrer coisas ainda maiores; e nã o se justifique, como se
nã o devesse sofrer tais e tã o grandes afliçõ es, mas justifique-me em
tudo o que eu designar e nã o cesse de louvem Meu santo nome. Entã o,
você anda no caminho verdadeiro e correto da paz e terá uma
esperança segura de ver Meu rosto novamente com grande prazer.
Agora, se atingires o completo desprezo por ti mesmo, sabe que entã o
desfrutará s de abundâ ncia de paz, tanto quanto possível neste teu
estado de peregrinaçã o."
Esta paz é fruto de uma eminente caridade e do dom da sabedoria
que nos faz ver tudo, agradável ou doloroso, em relaçã o a Deus,
princípio e fim de todas as coisas. Santo Agostinho diz que a bem-
aventurança dos pacificadores corresponde a este dom.
E é por isso que, no mesmo livro da Imitação , 15 o discípulo pede a
graça superior da contemplaçã o, dizendo: "Ó Senhor, tenho muita
necessidade de uma graça ainda maior, se for da Tua vontade que eu
alcance aquela estado onde nem homem nem qualquer criatura será
um obstá culo para mim... Ele desejou voar livremente que disse, 'Quem
me dará asas como uma pomba, e eu voarei e estarei em repouso?' (Sl
54: 7.) ... Um homem deve, portanto, elevar-se acima de todas as
criaturas e renunciar perfeitamente a si mesmo, e no êxtase da mente
perceber que Tu, o Criador de todas as coisas, nã o tens nada entre as
criaturas como Tu. A menos que um homem seja liberto de todas as
criaturas, ele nã o pode atender totalmente à s coisas divinas e,
portanto, há tã o poucos contemplativos, porque poucos podem se
afastar totalmente das coisas criadas e perecíveis. Para obter isso, é
necessá ria muita graça para elevar a alma e levá -lo acima de si mesmo,
e a menos que um homem seja elevado em espírito e seja liberto de
todas as criaturas e totalmente unido a Deus, tudo o que ele sabe e tudo
o que ele tem é de pouca importâ ncia."
Este notável capítulo 16 nã o é menos sublime do que os capítulos de
Sã o Joã o da Cruz sobre a uniã o transformadora. Propriamente falando,
pertence à ordem mística, ú nica na qual se encontra a verdadeira
perfeiçã o do amor de Deus. 17
Os santos usam essa linguagem quando falam do amor perfeito, do
conhecimento íntimo de Deus e de nó s mesmos que ele pressupõ e, e
dos sinais pelos quais ele pode ser reconhecido.
O pró prio Deus usou palavras como estas ao falar a Santa Catarina
de Siena: "Devo agora dizer-te o sinal que dá evidência de que a alma
alcançou o amor perfeito. Este sinal é o mesmo que foi visto nos
Apó stolos depois que eles haviam recebido o Espírito Santo. Saíram do
Cená culo e, livres de todo temor, anunciaram a Minha palavra e
pregaram a doutrina do Meu ú nico Filho. Longe de temerem o
sofrimento, nele se gloriaram. . . .
"Aqueles que desejam apaixonadamente Minha honra e têm fome da
salvaçã o das almas se apressam à mesa da santa cruz. Sua ú nica
ambiçã o é sofrer e suportar mil fadigas pelo serviço do pró ximo. . . .
Eles suportam em seus corpos as chagas de Cristo, e o amor crucificado
que os queima irrompe no desprezo que sentem de si mesmos, na
alegria que experimentam no opró brio, no acolhimento que dã o à s
contradiçõ es e à s dores que lhes concedo, onde quer que estejam. de
onde vier, e de qualquer maneira que eu possa enviá -los. . . .
"Eles correm ardentemente no caminho de Cristo crucificado. Eles
seguem Sua doutrina, e nada pode diminuir seu curso, nem injú rias,
nem perseguiçõ es, nem os prazeres que o mundo lhes oferece e deseja
dar-lhes. Com fortaleza inabalável eles passam por tudo isso munidos
de uma perseverança que nada pode perturbar, com os coraçõ es
transformados pela caridade, saboreando e desfrutando deste alimento
da salvaçã o das almas, prontos a tudo suportar por elas: esta é a prova
incontestável de que a alma ama a Deus perfeitamente e sem nenhum
motivo egoísta. . . . Se os perfeitos se amam, é por minha causa. Se eles
amam o pró ximo, é por mim, a fim de dar honra e gló ria ao meu nome.
É por isso que o sofrimento sempre os encontra. forte e perseverante...
Em meio à s injú rias, a paciência resplandece e proclama sua realeza.
“A estas almas dou a graça de uma consciê ncia da minha presença
contínua, 18 enquanto a outras a dou de vez em quando; nã o que eu lhes
retire a minha graça, mas sim o sentimento da minha presença. sã o
mergulhados nas chamas ardentes da Minha caridade, purificados de
tudo o que nã o sou Eu, despojados de toda vontade pró pria e
consumidos pelo amor de Mim. Quem entã o poderia afastá -los de Mim
e da Minha graça?... Eles sempre experimentam a Minha presença
divina neles, e eu nunca os privo desse sentimento. . . . Alé m disso, seus
corpos sã o freqü entemente levantados da terra em razã o dessa uniã o
perfeita. . . . O corpo permanece, por assim dizer, imó vel, quebrado pelo
amor da alma a tal ponto que ela morreria, se Minha bondade nã o a
cingisse de força... Alé m disso, interrompo esta uniã o por um tempo
para permitir que a alma permaneça unida ao corpo. Sã o Paulo
queixou-se deste corpo ao qual estava escravizado, porque o impedia
do gozo imediato ente da Minha divindade. Ele gemeu porque estava
entre os mortais que Me ofendem continuamente, porque foi privado
de Me ver, privado de Me ver em Minha essê ncia." 19
A linguagem só bria e teoló gica de Sã o Tomá s de Aquino nã o é menos
sublime quando trata da questã o: "Se alguém pode ser perfeito nesta
vida".
"A lei divina", ele responde, "nã o prescreve o impossível. No entanto,
ela prescreve a perfeiçã o, de acordo com Mateus 5:48, 'Sede vó s...
perfeitos, como também vosso Pai celestial é perfeito'.
"A perfeiçã o da vida cristã consiste na caridade. Ora, a perfeiçã o
implica uma certa universalidade porque o perfeito é aquilo a que nada
falta. Por isso podemos considerar uma tríplice perfeiçã o... A perfeiçã o
absoluta consiste em amar a Deus tanto quanto Ele é amável Tal
perfeiçã o nã o é possível a nenhuma criatura, pois somente Deus pode
amar a si mesmo dessa maneira, isto é , infinitamente. Outra perfeiçã o
consiste em amar a Deus na medida de nossas forças, de modo que
nosso amor sempre realmente Deus. Tal perfeiçã o nã o é possível nesta
vida, mas nó s a teremos no cé u. Finalmente, há uma terceira perfeiçã o
que consiste em amar a Deus nã o tanto quanto Ele é amável, nem em
sempre realmente cuidar Dele, mas com exclusã o de tudo o que se opõ e
ao amor d'Ele. "O veneno que mata a caridade", diz Santo Agostinho, "é
a cupidez ou a cobiça. Quando esta é destruída, existe a perfeiçã o", Na
terra pode existir esta perfeiçã o, e aquela de duas maneiras. O homem
pode exclua de sua afeiçã o tudo o que é contrá rio à caridade e que a
destruiria, como o pecado mortal. Isso é necessá rio para a salvaçã o. Em
segundo lugar, o homem pode excluir de sua afeiçã o nã o só o que é
contrá rio à caridade, mas també m tudo o que impede que seu amor se
dirija totalmente a Deus. Sem esta perfeiçã o, a caridade pode existir,
por exemplo, nos principiantes e nos proficientes." 20
É esta ú ltima perfeiçã o que é peculiar ao perfeito. Eles ainda
cometem pecados veniais por fragilidade ou surpresa, mas evitam o
pecado venial deliberado e també m as imperfeiçõ es leves, conscientes
e voluntá rias. Eles sã o muito fié is à s inspiraçõ es do Espírito Santo,
quer essas inspiraçõ es os lembrem de um dever, mesmo que sem
importâ ncia, ou de um simples conselho. 21 Alé m disso, em vez de se
contentarem em fazer atos de caridade relativamente fracos para o
grau de vida sobrenatural a que atingiram ( actus remissi ), os perfeitos
freqü entemente fazem atos pelo menos tã o intensos quanto seu grau
de caridade. Por esses atos, eles merecem um aumento imediato e
notável dessa virtude. 22 Tendo dez talentos, eles cuidam para nã o agir
como se tivessem apenas dois. Alé m disso, eles recebem a comunhã o
com grande fervor de vontade; tê m fome da Eucaristia. 23 Sempre
tendendo para as grandes coisas pela virtude da magnanimidade, 24
eles mostram uma profunda humildade em suas confissõ es, como
també m em toda a sua vida, e, em sua opiniã o, sã o os ú ltimos dos
homens. 25 Sã o mansos e humildes de coraçã o, assim como firmes e
fortes. Neles "a prudê ncia despreza as coisas do mundo pela
contemplaçã o das coisas divinas; ela dirige todos os esforços de suas
almas para Deus. A temperança abandona, na medida em que a
natureza pode suportar, tudo o que o corpo exige. A fortaleza impede a
alma de amedrontando-se diante da morte e do sobrenatural.
Finalmente, a justiça leva a alma a entrar plenamente neste caminho
totalmente divino." 26 Mais elevadas ainda, segundo Sã o Tomá s, sã o as
virtudes da alma completamente purificada. Eles sã o os dos grandes
santos nesta vida e dos bem-aventurados no cé u.
No perfeito, a oraçã o do desejo é quase contínua. Eles entendem o
ditado de nosso Senhor de que devemos orar sempre. A sua fé tornou-
se contemplaçã o amorosa; 27 sua esperança, confiança invencível. 28
Sã o Tomá s afirma que, "enquanto os iniciantes se esforçam
sobretudo para fugir do pecado, para resistir aos movimentos da
concupiscê ncia... e os proficientes dirigem seus esforços principais
para o avanço na prá tica da caridade e das outras virtudes,... , acima de
tudo, unir-se a Deus, aderir a Ele, desfrutá -Lo. Desejam morrer para
estar com Cristo”. 29
Achamos que Sã o Tomá s exprime uma ideia nã o menos sublime do
que deve ser o amor ao pró ximo no perfeito: "Existem, igualmente, três
graus na caridade para com o pró ximo. No primeiro grau, a nossa
caridade, sem excluir ninguém , estende-se positivamente apenas aos
nossos amigos e aos que nos sã o conhecidos. Depois deseja o bem aos
estranhos e faz-lhes o bem e, finalmente, aos nossos inimigos. O ú ltimo,
diz Santo Agostinho, é pró prio dos perfeitos.
"Este progresso na extensã o da caridade é acompanhado por um
progresso semelhante na intensidade desta virtude. Esta intensidade
crescente manifesta-se nas coisas que um homem despreza pelo bem
do pró ximo. Ele finalmente chega a um ponto em que despreza nã o
apenas as coisas exteriores bens, mas afliçõ es corporais e finalmente a
pró pria morte, de acordo com a expressã o de nosso Senhor, 'ningué m
tem maior amor do que este, de dar algué m a sua vida pelos seus
amigos'. Por fim, o progresso da caridade fraterna se manifesta por
seus efeitos, de modo que o homem entregará ao pró ximo nã o só os
bens temporais, mas també m os espirituais, e até a si mesmo, segundo
as palavras de Sã o Paulo: 'Mas eu De bom grado gastarei e serei gasto
por vossas almas; embora amando-vos mais, serei amado menos.' " 30
Sã o Boaventura ensina a mesma doutrina. 31
Sã o Tomá s ensina que a esses trê s graus de caridade correspondem
trê s graus nas virtudes morais, 32 e també m nos dons e na
contemplaçã o. 33 Uma ideia mais sublime da perfeiçã o cristã
dificilmente pode ser concebida. Esta concepçã o exclui tudo o que
impediria a alma de pertencer completamente a Deus. Aderir a Ele,
aspirar ardentemente à visã o beatífica, amar eficazmente e em
particular també m os nossos inimigos, desprezar a morte pela gló ria
de Deus e pela salvaçã o das almas, tal é a idade perfeita da vida
espiritual.
Um exame dos primeiros doutores, que primeiro falaram dos trê s
caminhos (o purgativo, o iluminativo e o unitivo) e dos
correspondentes graus de caridade, mostra que eles usaram esses
termos em um sentido amplo, que foi preservado por Sã o ... Joã o da
Cruz, e nã o na acepçã o estreita desses termos, que se tornou corrente
entre vá rios escritores modernos sobre ascetismo. Evidentemente, a
distinçã o dos trê s caminhos deve sua origem à doutrina da
contemplaçã o cristã formulada por Santo Agostinho e Dionísio. Pourrat
reconhece esse fato em sua obra recente, La spiritité chrétienne , 34 ,
quando diz: "A doutrina dos trê s está gios, o purgativo, o iluminativo e o
unitivo, . . . foi gradualmente generalizada e aplicada à vida cristã
comum" ; isto é , com o passar do tempo, essas expressõ es foram
freqü entemente usadas em um sentido diminuído. No início, eles
foram entendidos em sua acepçã o mais elevada, que nã o designava
algo extraordiná rio em si mesmo, ou algo milagroso, mas algo de grau
eminente, a ordem perfeita ou o pleno desenvolvimento da vida
sobrenatural aqui embaixo.
Dionísio frequentemente fala dessas trê s maneiras, especialmente
ao longo do capítulo cinco de seu livro, A Hierarquia Eclesiástica .
"Deus", diz ele, "primeiro purifica as almas em que habita, depois as
ilumina e, finalmente, as conduz à uniã o divina... . . . o poder de iluminar,
para o sacerdó cio, e o de aperfeiçoar, para o episcopado." 35 Sã o Tomá s
mais tarde repete essa doutrina e a torna sua. 36
Em sua Teologia Mística, 37 Dionísio mostra mais explicitamente o
que entende por estas palavras, que usa com tanta frequê ncia: "Quanto
a ti, ó bem-amado Timó teo, no teu desejo de alcançar a contemplaçã o
mística esforça-te sem te cansar por te separares tanto dos sentidos e
das operaçõ es do entendimento, de tudo o que é sensível e intelectual,
e de tudo o que é ou nã o é , para te elevares pelo desconhecimento,
tanto quanto te for possível, à uniã o com Ele, que é acima de todo ser e
de todo conhecimento; isto é , elevar-se, desapegando-se de si mesmo e
de todas as coisas, despojado de tudo e desimpedido, para aquele
caminho sobrenatural e transluminoso da escuridã o divina”. Esta é
exatamente a mesma doutrina e os termos sã o os mesmos que Sã o
Joã o da Cruz costumava usar em é pocas posteriores.
Santo Agostinho emprega a mesma linguagem quando discute a
contemplaçã o nas Confissões , 38 nos Solilóquios , 39 no De beata vita e no
De quantitate animae . 40 Em particular nesta ú ltima obra nomeada, 41
quando ele está descrevendo os vá rios graus da vida da alma, depois de
considerar a vida vegetativa, a sensitiva e a intelectual, ou o
conhecimento das ciê ncias, ele estuda os graus da vida espiritual: (1) A
luta contra o pecado, o trabalho muito difícil de purificaçã o, durante o
qual deve ser depositada toda a confiança em Deus. Essa purificaçã o,
diz ele, conduz à verdadeira virtude, que mostra toda a grandeza da
alma, sua incomparável superioridade sobre o mundo dos corpos. (2) A
entrada na luz, que só é possível para aqueles que sã o purificados, pois
olhos enfermos nã o podem suportar a luz que um olho puro e saudável
deseja. (3) Contemplaçã o e uniã o divina, que nos permitem gozar do
soberano bem: "Como descreverei as alegrias e as antecipaçõ es da
serenidade eterna que a alma experimenta na visã o intelectual e na
contemplaçã o da verdade? Algumas almas grandes e incomparáveis
tê m relataram essas maravilhas. . . . Sabemos que eles as viram e ainda
as veem. 42
Santo Agostinho descreve esta contemplaçã o nas Confissões 43
quando ele relata seu encontro com sua mã e em Ostia. Nas seguintes
frases ele indica sua concepçã o do estado contemplativo: "Aquele que
silenciaria em si o tumulto da carne, que fecharia os olhos aos
espetá culos oferecidos pela terra, pelas á guas, pelo ar e pelo
firmamento, que imporia silê ncio à sua pró pria alma, reprimindo o eu, .
. . aquele que nã o mais ouviria essas criaturas . . . e a quem somente
Deus falaria diretamente . . . de uma maneira inteiramente espiritual. . . .
Se esse arrebatamento continuasse e somente esta contemplaçã o para
absorver aquele que a desejasse, . . . nã o seria este estado de coisas o
cumprimento da expressã o encontrada no Evangelho: 'Entra no gozo
do Senhor'?" 44
Nã o é de estranhar que, para chegar a tal contemplaçã o e uniã o
divina, seja necessá ria a purificaçã o plena, de que fala S. Joã o da Cruz. O
pró prio Santo Agostinho insiste nisso, e seria um erro separar seu
ascetismo de seu misticismo. A primeira leva à segunda, como a
adolescê ncia à maturidade. Os trê s caminhos de que fala, em termos
bastante semelhantes aos usados pelos grandes mestres posteriores,
correspondem aos trê s graus de caridade que ele menciona em outro
lugar, o dos iniciantes, dos proficientes e dos perfeitos. 45
Segundo Santo Agostinho, uma alma deve, de fato, possuir grande
caridade para ser contada mesmo entre os proficientes. Podemos dizer
que um cristã o nã o é desse nú mero até que tenha passado pelo
julgamento da crítica e da contradiçã o por parte de pessoas que nã o
suportam que algué m as supere em virtude. 46 A caridade perfeita, de
que fala Santo Agostinho no Cântico dos Graus 47 e nas Confissões 48
pressupõ e que algué m está pronto para morrer por seus irmã os, e nã o
pode ser concebido como existindo sem aquele conhecimento íntimo e
penetrante de Deus que é a contemplaçã o mística. O dom da sabedoria
cresce com a caridade; o organismo sobrenatural da graça, das virtudes
e dos dons se desenvolve ao mesmo tempo.
Portanto, concluímos que Sã o Joã o da Cruz, em sua descriçã o dos
três caminhos (o purgativo, o iluminativo e o unitivo) e em seu relato
dos três graus correspondentes de caridade, concorda perfeitamente
com Santo Agostinho, Dionísio, Sã o Tomá s de Aquino, e também com
Sã o Bernardo, Sã o Boaventura e os verdadeiros discípulos destes
grandes mestres. Ele esclarece o ensino deles em vá rios pontos, mas
nã o o altera. Sua concepçã o elevada dos caminhos iluminativos e
unitivos é, portanto, inteiramente tradicional. Ele faz mais do que
descrevê-los em uma forma inferior ou embrioná ria, como fazem vá rios
escritores modernos sobre ascetismo. Ele os mostra para nó s em sua
plenitude; assim considerados, eles pertencem à ordem mística.
Em companhia deste grande mestre, que é o eco fiel da tradiçã o,
devemos sustentar que a plena perfeiçã o da caridade nesta vida nã o
pode existir sem a contemplaçã o mística, sem o pleno
desenvolvimento dos dons do entendimento e da sabedoria, que
crescem com a caridade . Todo o organismo sobrenatural deve se
desenvolver ao mesmo tempo. Esse desenvolvimento nã o é nada
extraordiná rio em si mesmo; é a plena harmonia, a ordem perfeita, da
vida da graça que atingiu aqui na terra o á pice de seu desenvolvimento
normal. Esta graça, chamada por Sã o Tomá s de "a graça das virtudes e
dos dons", 49 é inteiramente distinta, como vimos, das graças gratis
datae , como a profecia ou o dom dos milagres. 50
É isso que faz Sã o Joã o da Cruz exclamar: “Ó almas criadas para tais
gló rias, e chamadas a elas, em que você s estã o pensando? Com o que
estã o ocupadas? Como é triste a cegueira da vossa alma! Vó s estais
cegos à luz mais deslumbrante e surdos à s vozes poderosas que vos
solicitam. Deixando-vos conduzir pelo que considerais felicidade e
gló ria, nã o vedes que permaneceis mergulhados na vossa misé ria e na
vossa mediocridade, e tornais-vos ignorantes e indignos dos tesouros
que vos sã o destinados." 51
Todos deveriam dizer com o salmista: "Assim como o cervo suspira
pelas fontes das á guas, assim minha alma suspira por Ti, ó Deus. Minha
alma tem sede do forte Deus vivo; quando virei e me apresentarei
diante da face de Deus? " 52
PERFEIÇÃ O RELATIVA. HEROÍSMO E SANTIDADE
ARTIGO V
A Perfeição e o Preceito do Amor de Deus
A. O PRIMEIRO PRECEITO É SEM LIMITES?
ARTIGO I
Oração em Geral e Oração Comum
Em primeiro lugar, devemos ter uma idé ia correta da oraçã o em
geral e recordar o que ensinam Santo Agostinho e Sã o Tomá s sobre a
oraçã o de petiçã o. 1
I. A ORAÇÃ O DE PETIÇÃ O
ARTIGO II
Significado de "Contemplação", "Comum",
"Extraordinário "
I. A CHAMADA CONTEMPLAÇÃ O ADQUIRIDA E CONTEMPLAÇÃ O INFUSA
ARTIGO III
Descrição da Contemplação Infusa e seus Graus Segundo
Santa Teresa
Poderíamos ter emprestado a descriçã o da contemplaçã o mística e
seus graus de outros autores que nã o Santa Teresa. 1 Escolhemos Santa
Teresa porque ela esclarece vá rios pontos, porque sua descriçã o se
tornou clá ssica e també m porque aqueles que consideram a
contemplaçã o infusa ou mística um favor essencialmente
extraordiná rio declaram que baseiam sua doutrina em seu
ensinamento.
Quando lemos A Vida de Santa Teresa , de sua autoria, ou seu Castelo
Interior , parecemos a princípio entrar em contato com um mundo
espiritual inacessível, bem acima do que toda alma interior pode
legitimamente desejar. É verdade que ela se ocupa frequentemente de
fenô menos extraordiná rios: visõ es, que nos fazem antecipar ainda aqui
na terra a vida do céu, e revelaçõ es ou palavras interiores, que a
maioria das almas devotas nunca ouviu. Esses fenô menos
extraordiná rios, que nos impressionam na primeira leitura, podem, se
lhes dermos toda a atençã o, nos esconder em vez de nos manifestar o
que há de mais profundo e elevado em sua vida; em outras palavras, o
pleno desenvolvimento nela das virtudes cristã s que todos devemos ter,
mas que em muitas almas permanecem mesquinhas, sem cor e sem
vigor.
Mas quando se lê a obra de Santa Teresa, procurando ver nela o
desenvolvimento perfeito daquele organismo espiritual que existe em
toda alma justa, nã o podemos deixar de reconhecer que ela mostra
claramente como a graça das virtudes e os dons recebidos no batismo
g ç
deve se desenvolver quando os obstá culos forem removidos. Quando
lidas com esta intençã o, as manifestaçõ es exteriores mais ou menos
extraordiná rias da vida sobrenatural desaparecem em segundo plano.
Nã o compreendemos suficientemente o valor do tesouro que todo
verdadeiro cristã o traz em um vaso frá gil. Nossos olhos humanos veem
apenas o vaso. Esquecemos que a graça santificante, que está em nó s, é
o princípio da vida eterna, semen gloriae, inchoatio vitae aeternae. 2
Esquecemo-nos praticamente de que é uma participaçã o real e formal
na vida íntima de Deus, e que algum dia deve absolutamente morrer
para sempre em nó s ou florescer em gló ria, fazendo-nos ver Deus como
Ele se vê e amar a Deus como Ele ama a Si mesmo. Tal é o nosso
destino; para cada um de nó s existe apenas uma alternativa inevitável -
a vida eterna ou a morte eterna. Nisso reside nossa riqueza e nossa
nobreza. Pela graça somos de Deus, nascidos de Deus, 3 e mesmo aqui
na terra nossa vida sobrenatural é basicamente a mesma do cé u, assim
como a vida vegetal escondida na bolota é a mesma do vigoroso
carvalho que brota de isto; assim como a vida intelectual adormecida
em uma criança é a mesma de um adulto que atingiu o pleno
desenvolvimento da razã o.
A graça santificante deifica nossas almas. Para elevar nossas
faculdades, faz brotar nelas as virtudes sobrenaturais, especialmente
as virtudes teologais, a fé , a esperança e a caridade, a ú ltima das quais
deve durar para sempre. Esta vida inteiramente sobrenatural é
incomparavelmente superior a um milagre percebido pelos sentidos,
que é apenas um sinal. 4 També m é superior à vida natural dos anjos
criados e criáveis, pois é uma participaçã o na pró pria vida de Deus. 5
Com este tesouro sobrenatural que diviniza todas as nossas energias,
recebemos o Autor da graça, o Espírito Santo que foi enviado aos
Apó stolos no dia de Pentecostes, e que nos foi dado pela confirmaçã o
com os sete dons, que nos dispõ em a receber o Seu divino inspiraçõ es.
Cristo se dirigiu a todos nó s quando disse: "O Espírito Santo, a quem o
Pai enviará em meu nome, Ele vos ensinará todas as coisas e vos fará
lembrar de tudo o que vos tenho dito... Ele vos ensinará toda a
verdade." 6 "Sua unçã o", diz Sã o Joã o, "ensina-te todas as coisas." 7
Esta vida sobrenatural permanece anêmica e fraca e sem brilho em
muitos cristã os porque eles estã o muito absorvidos pelas coisas
mundanas. Em vez de viverem com Deus, seu Hó spede divino e interior,
seu Pai e Amigo, que lhes é mais pró ximo do que eles pró prios, quase
nunca elevam a Ele a mente e o coraçã o. Nas almas dos santos, ao
contrá rio, esta vida sobrenatural aparece em todo o seu vigor, e é
especialmente esta vida que devemos considerar neles mais do que os
dons extraordiná rios, milagrosos e inimitáveis pelos quais sua
santidade é externamente manifestada.
Consideraremos, portanto, a uniã o com Deus nas almas dos santos,
que é a base de sua vida; em que consiste esta uniã o; e quais sã o seus
graus. Para isso, seguiremos passo a passo Santa Teresa, usando suas
pró prias palavras; pois, em nossa opiniã o, o melhor comentá rio
consiste em reunir seus vá rios escritos sobre um assunto e permitir
que esses textos lancem luz uns sobre os outros.
I. O ESTADO MÍSTICO EM GERAL: PREPARAÇÃ O; CHAMADA GERAL E CHAMADA INDIVIDUAL;
NATUREZA DO ESTADO MÍSTICO
samaritana: "A á gua brota da pró pria fonte, que é Deus,... estar com
extrema paz, tranquilidade e doçura. . . . Mal esta á gua celestial
começou a fluir de sua fonte . . . , quando se experimenta uma grande
dilataçã o e aumento interior. A alma recebe entã o benefícios
espirituais inexprimíveis e, de fato, é incapaz de entendendo o que
recebe naquele momento." 45 Nesse estado, poré m, o entendimento, a
memó ria e a imaginaçã o nã o sã o cativados pela açã o divina. À s vezes,
eles atuam como auxiliares da vontade e se engajam em seu serviço;
outras vezes, sua contribuiçã o serve apenas para perturbá -lo. Santa
Teresa diz: "Muitas vezes durante esta oraçã o você nã o saberá o que
fazer com seu entendimento e memó ria (que nunca cessam de ser
agitados). compreensã o do que seria de um idiota." 46
Este sossego é frequentemente interrompido pelas aridez e
provaçõ es da noite passiva dos sentidos 47 e pelas tentaçõ es contra a
paciê ncia e a castidade que obrigam a alma a uma reaçã o salutar. Isso
fortalece muito as virtudes morais que tê m seu assento nos apetites
sensitivos. Os efeitos da oraçã o de silê ncio sã o uma virtude maior,
sobretudo um maior amor a Deus e uma paz inefável, pelo menos na
parte superior da alma. 48
Se a alma for humilde e generosa, 49 será elevada a um grau superior.
Na uniã o simples, a açã o de Deus é bastante forte para absorver
completamente a atividade das faculdades interiores da alma; toda
essa atividade é dirigida a Ele e nã o mais se desvia. Deus apreende e
cativa a vontade, mas també m os pensamentos, a memó ria e a
imaginaçã o. Alé m disso, a alma geralmente nã o é mais perturbada por
distraçõ es. Deus suspende a açã o natural do intelecto "para melhor
imprimir em nó s a verdadeira sabedoria". 50. A memó ria e a imaginaçã o
també m estã o presas em suas operaçõ es naturais e intimamente
unidas a Deus de uma maneira conveniente a elas. A alma já nã o
procura com esforço tirar a á gua salutar que a refresca e purifica;
recebe esta á gua simplesmente, como a chuva que cai do cé u. 51 "Deus
nã o nos deixa outra parte senã o a de uma inteira conformidade de
nossa vontade com a dele." 52 "Como é bela a alma depois de ter sido
imersa na grandeza de Deus e unida a Ele por um curto período de
tempo! Na verdade, eu nã o acho que seja tã o longo quanto meia hora!"
53 A alma, por assim dizer, mudou de forma, morrendo inteiramente
para o mundo, como o bicho-da-seda que se torna uma borboleta
branca. 54
Santa Teresa observa que esta oraçã o de uniã o é frequentemente
incompleta, sem suspensã o da imaginaçã o e da memó ria, que à s vezes
travam uma verdadeira guerra contra o intelecto e a vontade. 55 Aqui,
como na oraçã o de silê ncio, nã o se deve dar mais atençã o à imaginaçã o
do que a um louco. 56 Santa Teresa fala dessa uniã o mística incompleta
em O Castelo Interior 57 quando ela diz: "É necessá rio, a fim de atingir
esse tipo de uniã o divina, que os poderes da alma sejam suspensos?
Nã o. Deus tem muitas maneiras de enriquecer a alma e trazê -la para
essas mansõ es alé m do que poderia ser chamado de 'atalho'. " 58
Os efeitos da oraçã o de uniã o sã o muito santificadores. A alma
experimenta uma grande contriçã o por suas faltas, um desejo ardente
de louvar a Deus e força para enfrentar todas as provaçõ es para servi-
lo. Fica amargamente triste com a perda de pecadores e, assim, vê
quais devem ter sido os sofrimentos de Cristo durante Sua vida
terrena. 59
Nessa é poca, geralmente vem um período de provaçã o, descrito por
Santa Teresa no início da sexta morada, e chamado por Sã o Joã o da
Cruz de noite passiva da alma. "Existe um clamor levantado contra tal
pessoa por aqueles entre os quais ela vive... Eles dizem que ela quer
passar por uma santa, que ela chega a extremos na piedade. Pessoas
que ela pensava serem suas amigas a abandonam, fazendo o má ximo
comentá rios amargos de todos... Ela sofre comentá rios de escá rnio de
todos os tipos... e o pior de tudo é que esses problemas nã o
desaparecem, mas duram toda a sua vida." Mas a alma iluminada por
Deus é "fortalecida em vez de deprimida por suas provaçõ es; a
experiê ncia lhe ensinou as grandes vantagens derivadas delas... Alé m
disso, a alma concebe uma ternura especial por essas pessoas que a
fazem sofrer". “Nosso Senhor agora costuma enviar doenças graves . . . .
Angú stia interior da alma ao ver sua pró pria misé ria. . . . Ela acredita
que Deus permite que ela seja enganada em puniçã o por seus pecados.
Esse sofrimento torna-se quase insuportável, especialmente quando se
segue tal aridez espiritual que a mente como se nunca tivesse pensado
em Deus nem jamais pudesse fazê -lo. Quando os homens falam Dele,
parecem estar falando de alguma pessoa de quem se ouviu falar há
muito tempo... O entendimento está tã o obscurecido que é incapaz de
discernir a verdade; acredita em tudo o que a imaginaçã o lhe
apresenta, alé m de dar cré dito à s falsidades que lhe sã o sugeridas pelo
demô nio. Durante esta tempestade, a alma que eu é incapaz de receber
qualquer conforto. O ú nico remé dio é esperar a misericó rdia de Deus
que, quando a alma menos espera, a livra de todos os seus sofrimentos
por uma ú nica palavra dirigida a ela, ou por algum imprevisto. Entã o
parece que nunca houve nenhum problema e a alma louva ao Senhor,
pois é Ele quem lutou por ela e a fez vitoriosa. A alma vê claramente
que a conquista nã o foi dela. . . . Entã o ele reconhece perfeitamente sua
fraqueza e quã o pouco podemos fazer de nó s mesmos quando o Senhor
retira Sua ajuda. Nã o precisa mais refletir para compreender esta
verdade." 61
"Uma vez que esses problemas vê m de cima, nenhum conforto
terreno pode valer. Este grande Deus deseja que reconheçamos Sua
soberania e nossa misé ria. . . . O melhor meio . . . esperar tudo da
misericó rdia de Deus. Ele nunca falha com aqueles que esperam nEle. . .
. Os sofrimentos exteriores causados pelos demô nios sã o mais
incomuns. . . e todos os sofrimentos que eles podem causar sã o leves
em comparaçã o com aqueles que acabei de descrever." 62 Mais adiante,
Santa Teresa fala de uma purificaçã o do amor ainda mais dolorosa que
ocorre na entrada da sé tima mansã o, "como a purificaçã o do
purgató rio introduz a alma no cé u"; 63 mas entã o a alma, enquanto
suporta este sofrimento, está ciente de que é um favor eminente.
Depois de passar por esses sofrimentos interiores, a alma recebe tal
conhecimento da grandeza de Deus que freqü entemente segue o êxtase
parcial ou completo. 64 A uniã o com Deus é tã o perfeita que suspende as
operaçõ es dos sentidos exteriores; toda a atividade da alma é
arrebatada para Deus e, consequentemente, deixa de funcionar em
relaçã o ao mundo exterior. 65 Se à s vezes um estudioso, como
Arquimedes, está tã o absorto em especulaçõ es que já nã o ouve as
palavras que lhe sã o ditas, com maior razã o isso se dá com a alma
contemplativa quando uma graça fortíssima, fazendo-a experimentar a
grandeza infinita de Deus, a absorve nesta bendita contemplaçã o. 66
Outras vezes, a alma exulta e nã o pode deixar de cantar louvores a
Deus. Esta é uma graça muito desejável: "Que Sua Majestade nos
conceda freqü entemente uma oraçã o tã o segura e vantajosa! Nã o
podemos adquiri-la por nó s mesmos, pois é totalmente sobrenatural.
À s vezes dura um dia inteiro. . . . Este jú bilo mergulha a alma em tal
esquecimento de si mesma e de todas as coisas que é incapaz de
pensar ou falar, exceto para oferecer a Deus louvor, que é como se fosse
o fruto natural de sua alegria”. 67
Santa Teresa diz, ao contrá rio, quando fala de visõ es impressas
diretamente na imaginaçã o: "Nã o é nada conveniente... desejá -las"; 68
sã o favores extraordiná rios bem distintos do pleno desenvolvimento
da vida da graça em nó s. "Saiba que por ter recebido tantos favores
deste tipo, uma alma nã o merecerá maior gló ria. . . . Há muitos santos
que nunca souberam o que era receber tal favor, enquanto outros que
os receberam nã o sã o santos de forma alguma (…) Muitas vezes,
mesmo para um desses favores, o Senhor envia um grande nú mero de
tribulaçõ es”. 69
Finalmente a alma é introduzida na sé tima morada, a uniã o
transformadora com Deus, que é imediatamente precedida por uma
ú ltima e muito dolorosa purificaçã o, a do amor, "onde a alma morre
com o desejo de morrer". Nesta mansã o algumas almas tê m uma visã o
intelectual da Santíssima Trindade que habita em nó s; mas esta visã o,
com uma clareza que varia e é como que intermitente, nã o é da
essê ncia da uniã o transformadora. Na verdade, nã o parece
necessariamente estar ligado a ele. 70 Alé m disso, os êxtases
geralmente cessaram; 71 e o que constitui o fundamento deste estado
eminente nã o é de modo algum milagroso, isto é , as faculdades
superiores sã o passivamente atraídas para o centro mais profundo da
alma onde habita a Santíssima Trindade. Sob a influê ncia desta graça, a
alma nã o pode duvidar de que as Pessoas divinas estã o presentes nela;
alé m disso, praticamente nunca é privado de Sua companhia. "A alma
reconhece por certas aspiraçõ es secretas que é Deus quem lhe dá a
vida", e que Ele é a Vida da nossa vida. 72. O cristã o que alcançou esta
idade perfeita é moralmente um com Ele, no sentido em que Sã o Paulo
diz: "Aquele que se une ao Senhor é um só espírito". 73 Tanto quanto é
possível na terra, esta é a plena realizaçã o da oraçã o de nosso Senhor:
"Que eles sejam um, como també m nó s somos um; eu neles, e tu em
mim... e para que o mundo saiba que Tu me enviaste, . . . e os amaste,
como també m me amaste." 74 Da mesma forma, a chuva que cai em um
rio está tã o misturada com o riacho que nã o pode mais ser distinguida
dele; ou, para usar a figura empregada por Sã o Joã o da Cruz:
"Assemelha-se à condiçã o da madeira quando o fogo a atacou com suas
chamas, secou-a e finalmente a penetrou e a transformou em si
mesma". 75 Ainda é madeira, mas madeira incandescente que assumiu
as propriedades do fogo. Da mesma forma, uma chama sobe quase
constantemente em direçã o a Deus de um coraçã o purificado.
Os efeitos da uniã o transformadora sã o os do perfeito exercício das
virtudes teologais e dos dons, que atingiram o seu pleno
desenvolvimento. A alma está praticamente liberta das desordens das
paixõ es; enquanto estiver sob a graça atual da uniã o transformadora,
nã o comete pecados veniais deliberados. 76 Em outras ocasiõ es, ainda
ocasionalmente comete algumas faltas veniais, que sã o rapidamente
expiadas. O que sobressai na alma é um grande esquecimento de si
mesmo, um forte desejo de sofrer à imitaçã o de nosso Senhor, uma
verdadeira alegria na perseguiçã o. A aridez e os sofrimentos interiores
cessaram, assim como o desejo de morrer. Essas almas, inflamadas de
zelo pela gló ria de Deus e pela salvaçã o do pró ximo, "desejam viver
longos anos em meio à s mais severas provaçõ es, para que o Senhor
seja ainda tã o pouco glorificado por elas". 77 Esta é verdadeiramente a
vida apostó lica (manifesta ou oculta), que brota da plenitude da
contemplaçã o, para usar a expressã o de Sã o Tomá s. 78 É a plena
perfeiçã o da vida cristã , que Nosso Senhor, a Santíssima Virgem e os
Apó stolos exemplificaram no mais alto grau. "Deus nã o pode conceder-
nos um favor mais precioso do que uma vida conforme a de Seu bem-
amado Filho. Alé m disso, . . . Filho." 79 A alma é assim verdadeiramente
espiritualizada e participa da pró pria força de Cristo e do seu imenso
amor a Deus e à s almas. Tal é , na terra, a idade perfeita da vida da graça,
a plena realizaçã o do primeiro preceito: "Amará s o Senhor teu Deus de
todo o teu coraçã o, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de
todo o toda a tua mente." 80
Todas as almas justas sã o chamadas, pelo menos de maneira geral e
remota, a esta uniã o transformadora, que é o prelú dio normal da vida
no cé u. Se forem fié is a este chamado e ao mesmo tempo humildes e
generosos, ouvirã o um convite mais pró ximo e urgente. 81 Santa Teresa
repete isso no Epílogo de O Castelo Interior: "Na verdade você nã o pode
por sua pró pria força, nã o importa quã o grande possa parecer para
você , entrar em todas as mansõ es. O pró prio Mestre do Castelo deve
admitir você . Se Se você encontrar qualquer resistê ncia da parte Dele,
aconselho-o a nã o tentar usar a violê ncia. Você O desagradaria tanto
que Ele fecharia as portas para sempre para você . Ele ama
profundamente a humildade; se você se considera indigno de entrar até
mesmo na terceira mansã o , você logo obterá admissã o no quinto. Você
poderá até mesmo frequentá -lo tã o assiduamente e servi-Lo tã o bem,
que Ele o admitirá na mansã o que Ele reservou para Si mesmo. 82 Ela
faz a mesma declaraçã o em sua Vida . 83
Concluindo, recordemos que nos escritos de Santa Teresa o caminho
normal da santidade consiste na humildade e na abnegaçã o, que
preparam a alma para a contemplaçã o infusa, altamente desejável para
todos, e també m para uma uniã o divina cada vez mais íntima, aliá s até
pela uniã o transformadora, ponto culminante no desenvolvimento
normal da vida sobrenatural. Quanto aos fatos extraordiná rios, como
visõ es, palavras interiores e revelaçõ es particulares, por mais ú teis que
sejam para a santificaçã o da alma, nã o devem ser desejados. Sã o
fenô menos acidentais, transitó rios, enquanto a contemplaçã o infusa
continua. Eles nã o nos unem tã o intimamente a Deus quanto a fé
perfeita e o dom da sabedoria que, em graus variados, existe em todos
os justos. 84
O que a alma interior deve desejar antes de tudo é o reino cada vez
mais profundo de Deus nela, o crescimento contínuo na caridade. Isto
deve almejar porque o preceito do amor é ilimitado e nos obriga, se nã o
a ser santos, pelo menos a tender à santidade, cada um segundo a sua
condiçã o, 85 e porque Cristo disse a todos: «Sede perfeitos como vosso
Pai celestial é perfeito." Este é o objetivo que Santa Teresa nos mostrou.
A maior homenagem que se pode prestar a ela é que ela louvou
maravilhosamente a gló ria de Deus, fazendo-nos ver, em seus escritos e
em sua vida, o grande amor de Deus pelos humildes e tudo o que Ele
deseja fazer pelas "almas decididas a seguir nosso Senhor e seguir em
frente, apesar do custo, até a fonte de á gua viva. . . . Esta é a estrada real
que leva ao cé u." 86
ARTIGO IV
O que a contemplação infundida não requer
essencialmente
As diferentes definiçõ es da contemplaçã o infusa dadas pelos
teó logos concordam em um ponto fundamental. A contemplaçã o
infusa, dizem eles, é , acima do raciocínio e na obscuridade da fé , um
conhecimento simples e amoroso de Deus, que nã o pode ser obtido por
nossa atividade pessoal auxiliada pela graça, mas exige uma manifesta
e especial iluminaçã o e inspiraçã o do Santo Fantasma. 1 Quando dura
um certo tempo, esta contemplaçã o é um estado de oraçã o passiva. Os
teó logos geralmente concordam com esse ponto fundamental.
Acreditamos que seja a verdadeira definiçã o, que reté m o essencial nas
descriçõ es dadas pelos místicos mais aceitos. Para entender bem esta
definiçã o, mostraremos primeiro o que nã o requer a contemplaçã o
infusa. Uma vez limpo o terreno, veremos mais facilmente o que
realmente o constitui, buscando o princípio do qual procede a
contemplaçã o.
Houve teó logos que pensaram que mais marcas distintivas
deveriam ser adicionadas à definiçã o que acabamos de dar. Alguns
declararam que a contemplaçã o infusa se dá repentinamente,
inesperadamente, sem preparaçã o de nossa parte, e que é
acompanhada de uma impossibilidade absoluta de raciocínio
discursivo. 2 Outros, confundindo-o com certos fenô menos acidentais e
concomitantes, viram nele uma graça gratuita ( gratis data ), um dom
extraordiná rio como a profecia. 3 Segundo outros, exigiria idé ias
infusas semelhantes à s dos anjos e nos faria ver Deus nã o em uma
imagem, mas como Ele é em si mesmo. 4 Alguns até acrescentaram que
a contemplaçã o infusa nã o é um ato meritó rio. 5 Essas confusõ es
podem ser facilmente dissipadas por um exame das descriçõ es de
Santa Teresa, citadas no artigo anterior. É uma questã o simples
mostrar que a definiçã o que demos é totalmente suficiente sem a
adiçã o de outras idé ias.
1) A contemplaçã o infusa nem sempre se dá repentinamente,
inesperadamente, como a chuva que cai do cé u. Na maioria das vezes, é
concedido apó s certa preparaçã o, quando a alma já está recolhida.
Assim, de acordo com Santa Teresa ( O Castelo Interior , quarta
mansã o), a oraçã o de silê ncio é uma oraçã o "sobrenatural" que somos
incapazes de obter por nó s mesmos por nossos pró prios esforços. Mas
ela diz que a alma se prepara para receber esta oraçã o por
pensamentos piedosos, pelo trabalho do entendimento, como quem
gira uma noria (roda d'á gua) para tirar á gua. 6 Sobre este ponto,
convé m consultar també m Sã o Joã o da Cruz. 7
2) A contemplaçã o infusa nã o é necessariamente acompanhada de
uma impossibilidade absoluta de discursar ou de raciocinar, que adviria
da suspensã o da imaginaçã o. É possível que essa ligadura nã o exista,
pois segundo os santos muitas vezes há distraçõ es na oraçã o
sobrenatural do sossego. Eles também dizem que algumas almas, que
estã o neste estado, erram ao deixá -lo por estarem dispostas a discursar
demais.
3) Outro erro é sustentar que a contemplaçã o infusa nã o é um ato
meritó rio. Embora nã o possamos tê-lo à vontade como um ato de fé,
podemos consentir livremente em ser movidos assim pelo Espírito
Santo. Conseqü entemente, o ato é vital e livre, sem ser em si mesmo
deliberado e fruto de nosso esforço pessoal. Da mesma forma, um bom
aluno, atento à doutrina proposta por seu professor, é passivo ao
recebê-la, pois nã o poderia tê-la descoberto sozinho; mas ele o recebe
voluntariamente e com facilidade. Na contemplaçã o infusa, a alma
exercita esta docilidade para com Deus; esta docilidade é gratuita e
também meritó ria porque procede da caridade, fonte de todo o mérito.
4) Nem a consciê ncia de estar em estado de graça nem o sentimento
de deleite sã o necessá rios à contemplaçã o infusa, pois nem esta
consciê ncia nem esta alegria se encontram nos períodos chamados de
noite passiva dos sentidos e da alma; ainda assim, esses períodos sã o
um estado místico. Como veremos mais adiante, na noite dos sentidos
domina o dom do conhecimento, mostrando-nos sobretudo a vaidade
das coisas criadas; 8 e na noite da alma o dom do entendimento 9
manifesta menos a bondade de Deus do que a Sua infinita majestade, e
pelo contrá rio a nossa pró pria misé ria. A doçura e a paz, fruto do dom
da sabedoria, sã o experimentadas especialmente entre as duas noites
e muito mais fortemente apó s a segunda. Embora na vida mística se
encontrem grandes consolaçõ es, há també m terríveis provaçõ es
interiores que duram meses e anos.
5) Pela mesma razã o, o sentimento da presença de Deus nã o é
essencial para o estado místico. Esse sentimento nã o existe na noite do
espírito, durante a qual a alma pensa que é rejeitada por Deus e parece
quase desesperar de sua salvaçã o. No entanto, a alma ainda possui o
conhecimento amoroso e profundo da grandeza infinita de Deus, mas é
como que esmagada por ela. "Entã o", diz Sã o Joã o da Cruz, purificador,
"a contemplaçã o consiste em sentir-se privado de Deus, castigado,
repelido por Ele". 10 Se algué m admitisse que a essê ncia do estado
místico é o sentimento da presença de Deus, seria levado a sustentar,
com um autor recente, que o estado místico nã o existe nos períodos de
desolaçã o pelos quais passam os contemplativos. Essa visã o é
totalmente oposta a toda a doutrina exposta por Sã o Joã o da Cruz em A
noite escura da alma sobre a luz purificadora e infusa que dá uma
impressã o de grande escuridã o à alma, que ainda é fraca demais para
suportá -la. . Este ensinamento é fundamentado na descriçã o que nos é
dada pelos místicos mais aceitos. Vamos agora dedicar nossa atençã o a
consideraçõ es de ordem mais abstrata.
6) A contemplaçã o infusa certamente nã o é uma graça gratuita
dada, concedida especialmente em vista da santificaçã o dos outros,
como a profecia ou o dom de línguas, porque a contemplaçã o é
diretamente ordenada à santificaçã o pessoal e, na maioria das vezes, é
conhecida apenas pela pessoa recebendo-o e ao seu confessor. José do
Espírito Santo, CD, tem, portanto, toda a razã o em dizer que nã o
consegue compreender por que Antô nio da Anunciaçã o, CD, em
contradiçã o com a tradiçã o, colocou a contemplaçã o infusa entre as
graças gratis datae e insistiu que nã o deveria ser pedida a Deus, exceto
com as reservas com que se pode pedir a graça dos milagres e o dom da
profecia. 11
7) A contemplaçã o infusa nã o requer idé ias infusas como as dos
anjos. As idé ias infusas podem, de fato, ser encontradas em certos
estados místicos como um fenô meno concomitante, por exemplo, em
visõ es intelectuais e certas revelaçõ es. Mas a pró pria profecia, de
acordo com St. Thomas, 12 geralmente nã o requer essas idé ias
infundidas; basta ter uma luz infusa, o que é outra coisa, e uma nova
coordenaçã o das ideias adquiridas. Estaríamos muito errados se
confundíssemos a impressionio specierum com a impressionio luminis; o
elemento material do conhecimento (espé cies ou idé ias) nã o mais se
distinguiria do elemento formal (a luz que eleva o intelecto e lhe dá
força para perceber e julgar). 13
Alé m disso, se a contemplaçã o mística exigisse espé cies infusas de
ordem angé lica, ordinariamente nã o exigiria nenhuma cooperaçã o da
parte da imaginaçã o. Se isso fosse verdade, todos os que estã o no
estado místico, mesmo que simplesmente em silê ncio, operariam sem
a ajuda do cé rebro, e o pró prio sono nã o ofereceria nenhum obstá culo.
Eles contemplariam mesmo enquanto dormiam. A experiê ncia prova
que isso é verdade apenas em estados muito especiais e
verdadeiramente extraordiná rios. 14 Segundo S. Tomá s, que nesta
maté ria segue Dionísio e S. Alberto Magno, há na contemplaçã o infusa
(deixando de lado certas visõ es intelectuais muito superiores) uma
certa contribuiçã o quase imperceptível da parte da imaginaçã o;
embora a alma nã o preste atençã o à s imagens, elas nã o sã o excluídas.
15 Da mesma forma, no curso normal da vida, usamos uma caneta para
escrever, sem observar sua forma; quando lemos, vemos letras, mas
estamos atentos apenas ao seu significado. Um teó logo, especulando
sobre a Divindade, superior ao ser, à unidade, ao bem, tem apenas uma
imagem verbal, a palavra "Divindade", à qual ele nã o dá atençã o. Outras
vezes podemos partir da imagem de um corpo para chegar à ideia do
incorpó reo. Sã o Tomá s afirma claramente 16 que a contemplaçã o infusa
é mais perfeita na medida em que se liberta das imagens sensíveis.
Muitas vezes basta ter na imaginaçã o a impressã o de uma luz, ou ao
contrá rio, no período chamado noite escura, a impressã o de escuridã o;
ou ainda uma impressã o muito confusa sugestiva de vida. Em todo
caso, idé ias infusas, semelhantes à s dos anjos, nã o sã o absolutamente
necessá rias, embora à s vezes possam ser concedidas em favores
excepcionais. 17
8) Nã o obstante o que foi recentemente escrito, 18 é ainda mais
verdadeiro que a contemplaçã o infusa nã o requer uma percepçã o
imediata de Deus, que nos faria conhecê -lo como Ele é . Essa percepçã o
imediata de Deus nã o existe, de fato, nas grandes ansiedades das noites
passivas dos sentidos e da alma, que sã o, no entanto, estados místicos
e sã o acompanhados de contemplaçã o infusa. Essa percepçã o existe
nas outras fases da ascensã o mística? Nada permite tal afirmaçã o; pelo
contrá rio, tudo nos leva a pensar que é impossível. Os textos de Sã o
Tomá s, nos quais esta teoria pretende se basear, nã o podem ter o
significado que lhes é atribuído. 19 Um escritor afirma: "É suficiente (na
contemplaçã o mística) conhecer Deus como Ele se mostra,
parcialmente, para conhecê -Lo como Ele é ." 20 Deus, poré m, sendo
incapaz de divisã o, nã o pode se mostrar parcialmente de tal maneira
que se faça ver como é . Os atributos divinos existem Nele formaliter
eminente , e sã o apenas virtualmente distintos, porque sã o realmente
idê nticos na eminê ncia da Deidade. Consequentemente, ningué m pode
ver um deles como ele é , sem ver os outros e sem ver a pró pria
Divindade, que, como diz Dionísio, é super ens et super unum . Sã o
Tomá s afirma explicitamente e prova que nenhuma visã o inferior à
visã o beatífica pode nos fazer conhecer a Deus como Ele é em Si
mesmo; nenhuma ideia criada, infusa, pode manifestar-se assim como
Ele é , Aquele que é o pró prio ser, que é a pró pria intelecçã o
eternamente subsistente. 21 Em teologia, a expressã o sicuti est tem um
significado formal que só se cumpre na visã o beatífica. 22 Nem os anjos
antes de receberem a luz da gló ria, nem Adã o antes de seu pecado,
conheciam a Deus como Ele é . St. Thomas é explícito neste ponto. 23 Ele
diz o mais claramente possível: "A visã o dos bem-aventurados no cé u
difere daquela das criaturas ainda em estado de provaçã o, nã o como
vendo mais perfeitamente e vendo menos perfeitamente, mas como
vendo e nã o vendo. Consequentemente, nem Adã o nem o anjos no
estado de prova viram a essê ncia divina." 24
Se Sã o Paulo, enquanto na terra, recebeu a visã o beatífica de
maneira transitó ria quando foi arrebatado ao terceiro cé u, como Santo
Agostinho e Sã o Tomá s pensam que ele fez, ele certamente desfrutou
de uma graça totalmente extraordiná ria muito acima da mais alta
mística estado descrito por Santa Teresa. 25
Segundo Farges, 26 a percepçã o imediata de Deus, que seria
essencial à contemplaçã o mística, nada mais é do que aquela que os
anjos possuem naturalmente segundo Sã o Tomá s. Mas Sã o Tomá s
ensina que esse conhecimento natural, que um anjo tem de Deus, nã o é
imediato. Ele nã o diz, 27 como afirmam alguns autores, que exclui a
espécie expressa ou verbum mentis , mas que nã o é obtido atravé s do
espelho das criaturas exteriores aos anjos. A diferença é considerável.
Sã o Tomá s diz: “O anjo conhece a Deus naturalmente, na medida em
que ele pró prio (por sua natureza angé lica) é uma semelhança de Deus;
mas ele nã o vê a essê ncia divina, pois nenhuma semelhança criada
pode representá -la. o conhecimento angé lico está mais relacionado ao
conhecimento especular, pois a natureza do anjo é como um espelho
que reflete a imagem de Deus”.
Se, como já foi dito 28 , a intuiçã o imediata de Deus, essencial à
contemplaçã o mística, "é ao mesmo tempo o dom natural dos anjos e o
dom sobrenatural dos místicos contemplativos", seguir-se-ia que a
contemplaçã o mística seria numa ordem imensamente inferior à da
graça santificante e das virtudes teologais. Nã o seria uma participaçã o
na natureza e na vida divina, mas apenas uma participaçã o na vida
angé lica; há um grande abismo entre esses dois. E a contemplaçã o nã o
atingiria mais do que o conhecimento natural de Deus que o diabo
preserva, pois o anjo caído reté m a integridade de seu conhecimento
natural. 29 Pelo contrá rio, é absolutamente certo que a contemplaçã o
infusa, como graça santificante ou graça das virtudes e dos dons, é
essencialmente sobrenatural ( quoad substantiam ), tanto nos anjos em
estado de prova como no homem. Por isso mesmo, a contemplaçã o é
infinitamente superior ao conhecimento natural dos maiores gê nios
humanos, e també m ao conhecimento natural do anjo supremo, e
mesmo dos anjos criáveis.
Evidentemente, esta teoria da contemplaçã o mística, que parece
elevá -la grandemente, tornando-a uma coisa angé lica extraordiná ria,
geralmente inacessível à s almas interiores, rebaixa-a excessivamente,
identificando-a com o conhecimento natural que o demô nio preserva.
30 Este ponto de vista nasce da confusã o, que vá rias vezes indicamos,
ARTIGO V
A Relação Essencial da Contemplação Infusa e da Vida
Mística com os Dons do Espírito Santo
Vimos o que a contemplaçã o infusa nã o requer essencialmente.
Devemos agora ver o que o constitui formalmente e de que princípio
procede. Com isso, explicaremos a definiçã o dada no início do artigo
anterior.
Segundo o ensinamento comum dos teó logos, a contemplaçã o
infusa é , acima do raciocínio e na obscuridade da fé , um conhecimento
simples e amoroso de Deus que nã o pode ser obtido por nossa
atividade pessoal auxiliada pela graça; mas, ao contrá rio, requer uma
inspiraçã o e iluminaçã o especiais e manifestas do Espírito Santo. 1 Em
outras palavras, enquanto a vida ascecial se caracteriza pelo
predomínio do modo humano das virtudes cristã s, que exercemos à
vontade, a vida mística tem como cará ter distintivo o predomínio do
modo sobre-humano ou divino dos dons do Santo Fantasma; isto é , um
conhecimento e um amor infundidos que nã o podem ser fruto do nosso
esforço pessoal. 2. Para compreender claramente esta doutrina,
devemos recordar o papel e a necessidade dos dons do Espírito Santo
em nossa vida sobrenatural, e em particular o dom da sabedoria, que
os teó logos comumente consideram o princípio superior da
contemplaçã o infusa. O melhor meio de aprender o ensinamento
tradicional sobre este ponto é consultar Sã o Tomá s, que tem sido
geralmente seguido.
I. Os dons do Espírito Santo. Sã o especificamente distintas das
virtudes adquiridas e das virtudes infusas?
Explicamos ( supra , cap. 3, art. 2) a distinçã o específica entre as
virtudes infusas e as virtudes adquiridas por seu objeto formal. É da fé
que, alé m das virtudes naturais, adquiridas e desenvolvidas pela
frequente repetiçã o dos mesmos atos, recebemos com graça
santificante as virtudes infusas da fé , da esperança e da caridade. 3.
Quanto à s virtudes morais infusas, como a prudê ncia, a justiça, a
fortaleza e a temperança cristã s, diferem das correspondentes virtudes
morais adquiridas porque tê m uma regra superior, ou seja, nã o apenas
a razã o natural, mas a razã o iluminada pela fé ; eles sã o inspirados por
visõ es muito mais elevadas. 4 É assim que a temperança cristã implica
uma mortificaçã o que a é tica puramente natural nã o conheceria;
baseia-se nas doutrinas reveladas do pecado original, da gravidade de
nossos pecados pessoais, de seus resultados, de nossa elevaçã o a um
fim sobrenatural e da imitaçã o de Jesus crucificado. Que distâ ncia há
entre a temperança descrita por Aristó teles e aquela de que fala Santo
Agostinho!
Os dons do Espírito Santo sã o, aliá s, superiores à s virtudes morais
infusas; embora sejam menos elevadas que as virtudes teologais,
contudo trazem-lhes, como veremos, uma perfeiçã o acrescida. 5 "Para
diferenciar os dons das virtudes", diz Sã o Tomá s, 6 "devemos ser
guiados pelo modo como a Escritura se expressa, pois descobrimos
que ali o termo empregado é 'espírito' em vez de 'dom'. ' Pois assim
está escrito (Is. 11: 2, 3): 'O espírito... de sabedoria e de entendimento...
repousará sobre ele... 7 A partir dessas palavras nos é claramente dado a
entender que esses sete estã o lá estabelecido como estando em nó s
por inspiraçã o divina. Inspiraçã o denota movimento de fora. Pois deve-
se notar que no homem há um duplo princípio de movimento, um
dentro dele (a razã o), o outro extrínseco a ele (Deus), como dito acima
(q. 9, a. 4, 6), e també m pelo Filó sofo no capítulo sobre a Boa Fortuna (
Ethic. Eudem ., VII).
“Ora, é evidente que tudo o que é movido deve ser proporcional ao
seu motor: e a perfeiçã o do mó vel como tal consiste em uma
disposiçã o pela qual está disposto a ser bem movido por seu motor.
perfeita deve ser a disposiçã o pela qual o mó vel é proporcionado ao
seu motor: assim vemos que um discípulo precisa de uma disposiçã o
mais perfeita para receber um ensinamento superior de seu mestre.
Ora, é manifesto que as virtudes humanas aperfeiçoam o homem
conforme é natural para ele ser movido por sua razã o 8 em suas açõ es
interiores e exteriores. Consequentemente, o homem precisa de
perfeiçõ es ainda mais altas, pelas quais se dispor a ser movido por
Deus. Essas perfeiçõ es sã o chamadas dons, nã o apenas porque sã o
infundidas por Deus, mas mas també m porque por eles o homem se
dispõ e a tornar-se receptivo à inspiraçã o divina, 9 conforme Is 50: 5: 'O
Senhor... abriu-me os ouvidos, e nã o resisto, nã o volto atrá s'. Mesmo o
Filó sofo diz no capítulo sobre a Boa Fortuna ( Ethic. Eudem., loc. cit. )
que para aqueles que sã o movidos pelo instinto divino, nã o há
necessidade de se aconselhar de acordo com a razã o humana, mas
apenas seguir seus sussurros interiores. , uma vez que sã o movidos por
um princípio superior à razã o humana. Isso é o que alguns dizem, a
saber, que os dons aperfeiçoam o homem para atos que sã o superiores
aos atos de virtude.
Disto vemos que os dons do Espírito Santo nã o sã o atos ou
movimentos reais ou ajudas passageiras da graça, mas qualidades ou
há bitos permanentes, conferidos à alma em vista de certas operaçõ es
sobrenaturais.
A Sagrada Escritura, no texto clá ssico de Isaias, 10 os representa
como existindo de maneira estável nos justos, e é dito do Espírito
Santo: “Ele habitará convosco e estará em vó s”. 11 A Igreja em sua
liturgia considera o "dom sé tuplo", sacrum septenarium , como
constituindo um todo orgâ nico com a graça habitual ou santificante,
que muitas vezes é chamada de "a graça das virtudes e dos dons". 12 Sã o
Gregó rio Magno insiste nesta permanê ncia, dizendo: “Pelos dons, sem
os quais nã o se pode chegar à vida, o Espírito Santo habita de maneira
estável nos eleitos; graças, nã o fixa a sua morada naqueles a quem se
comunica”. 13
Sã o Tomá s os define: "Os dons do Espírito Santo sã o há bitos (ou
qualidades essencialmente sobrenaturais e permanentes) pelos quais
o homem é aperfeiçoado para obedecer prontamente ao Espírito
Santo". 14 A palavra "obedecer", usada por Sã o Tomá s, nã o exprime uma
passividade pura. Assim como as virtudes morais sujeitam nossas
faculdades apetitivas ao domínio da razã o e assim as dispõ em a agir
bem, assim també m os dons nos tornam dó ceis ao Espírito Santo, a fim
de nos fazer produzir aquelas obras excelentes conhecidas como bem-
aventuranças. 15 Neste sentido podemos dizer dos dons: "Eles conferem
ao mesmo tempo maleabilidade e energia, docilidade e força, que
tornam a alma mais passiva sob a mã o de Deus, e també m mais ativa
em servi-lo e em fazer O trabalho dele." 16
De acordo com esses princípios, a grande maioria dos teó logos
sustenta com Sã o Tomá s que os dons sã o real e especificamente
distintos das virtudes infusas, assim como sã o distintos os princípios
que os dirigem: isto é , o Espírito Santo e a razã o iluminada pela fé .
Temos aqui dois movimentos reguladores, duas regras diferentes, que
constituem diferentes motivos formais. É um princípio fundamental
que os há bitos ( habitus ) sã o especificados por seu objeto e seu motivo
formal, assim como a visã o pela cor e a luz, e a audiçã o pelo som. 17 A
virtude é um há bito que nos inclina a seguir a regra da razã o correta,
por meio da qual levamos uma vida boa medida pela regra da razã o. 18.
Os dons sã o perfeiçõ es superiores que tê m por regra a inspiraçã o
divina. 19. Uma virtude e o dom correspondente (por exemplo, a
fortaleza e o dom da fortaleza) tê m o mesmo material, mas diferem na
regra que serve de medida para seus atos e també m no modo de agir;
portanto, seu objeto formal nã o é o mesmo. A razã o, mesmo iluminada
pela fé e pela prudê ncia infusa, dirige os nossos atos segundo um modo
humano; o Espírito Santo, de modo sobre-humano. 20 Da mesma forma,
enquanto a fé adere simplesmente à s verdades reveladas, o dom da
compreensã o nos faz perscrutar suas profundezas. O teó logo aponta o
que é da fé e responde aos sofismas da heresia cotejando os textos da
Escritura e dos concílios segundo um procedimento humano, muitas
vezes muito complicado. As almas simples, ao contrá rio, sob uma
inspiraçã o especial do Espírito Santo, respondem de maneira diferente,
à s vezes com uma perspicá cia surpreendente e irrespondível que leva o
teó logo a exclamar: "Mirabilis Deus in Sanctis suis".
A mesma diferença existe entre a prudê ncia e o dom do conselho.
Quando se deve tomar uma decisã o grave, a prudê ncia, adquirida ou
infundida, deve aconselhar-se, examinar todas as circunstâ ncias e
conseqü ê ncias do ato a ser praticado; delibera longamente, sem
sempre chegar à certeza, sobre o que é melhor escolher. Pelo contrá rio,
se rezamos com humildade e confiança, à s vezes uma inspiraçã o do
dom do conselho esclarece instantaneamente todo o problema. 21 Em
uma situaçã o difícil, onde dois deveres em aparente oposiçã o devem
ser harmonizados, a prudê ncia fica, por assim dizer, perplexa; hesita,
por exemplo, sobre que resposta dar para evitar uma mentira e manter
um segredo. Em certos casos, somente uma inspiraçã o do dom do
conselho nos permitirá encontrar a resposta adequada sem cair de
forma alguma na verdade e sem recorrer a restriçõ es mentais de moral
duvidosa. 22
II. Os dons do Espírito Santo sã o necessá rios para a salvaçã o?
A necessidade dos dons do Espírito Santo, como vimos, brota do
modo imperfeito das elevadas virtudes cristã s em nossas almas.
Consequentemente, quanto mais a alma avança para a perfeiçã o, mais
os dons devem intervir; tanto que seu modo sobre-humano deve acabar
prevalecendo, em uma ordem superior nã o apenas aos processos da
casuística, mas também aos do ascetismo e aos métodos de oraçã o. Este
é o pró prio fundamento de nossa doutrina.
Aqui, imitando Sã o Tomá s, devemos proceder com medida. Se
algué m deixasse de examinar por si mesmo, quando possível, o que
deveria ser pensado, dito e feito, sob o pretexto de abandono à
Providê ncia, estaria tentando a Deus. 23 Mas devemos levar em conta
nossa insuficiê ncia em relaçã o ao fim sobrenatural para o qual
devemos tender.
St. Thomas ensina que os dons do Espírito Santo sã o necessá rios
para a salvaçã o. 24 "De todos os dons", diz ele, "a sabedoria parece ser o
mais elevado e o temor o mais baixo. Cada um deles é necessá rio para a
salvaçã o: pois da sabedoria está escrito (Sab. 7: 28): 'Deus nã o ama
ningué m mas aquele que habita com sabedoria', e do medo (Ecles. 1:
28): 'Aquele que está sem medo nã o pode ser justificado.' "Porque
nosso Senhor conhecia as profundas necessidades de nossas almas, Ele
nos prometeu o Espírito Santo, de quem recebemos o dom sé tuplo.
Para explicar esta necessidade dos dons, Sã o Tomá s lança mã o de
uma razã o profunda: “Os dons sã o perfeiçõ es do homem, pelas quais
ele está disposto a ser receptivo à s sugestõ es de Deus. nã o é suficiente,
e há necessidade da inspiraçã o do Espírito Santo, há ,
conseqü entemente, necessidade de um dom. Ora, a razã o do homem é
aperfeiçoada por Deus de duas maneiras: primeiro, por sua perfeiçã o
natural, a saber, pela luz natural da razã o (como a virtude adquirida da
sabedoria); em segundo lugar, por uma perfeiçã o sobrenatural, a saber,
pelas virtudes teologais. maneira perfeita do que a segunda: porque o
homem tem a primeira em sua plena posse, enquanto ele possui a
segunda imperfeitamente, visto que amamos e conhecemos Deus
imperfeitamente. Agora é evidente que qualquer coisa que tenha uma
natureza ou uma forma ou uma virtude perfeitamente, por si só
funcionam de acordo com eles: nã o, como sempre, excluindo a operaçã o
de Deus, que opera interiormente em toda natureza e em toda vontade.
Por outro lado, aquilo que tem uma natureza ou forma ou virtude
imperfeita, nã o pode funcionar por si mesmo, a menos que seja movido
por outro. Assim, o sol, que possui luz perfeitamente, pode brilhar por
si mesmo; enquanto a lua, que tem a natureza da luz de forma
imperfeita, emite apenas uma luz emprestada. Novamente, um médico,
que conhece perfeitamente a arte médica, pode trabalhar sozinho; mas
seu aluno, que ainda nã o está totalmente instruído, nã o pode trabalhar
sozinho, mas precisa receber instruçõ es dele.
"Assim, quanto à s coisas sujeitas à razã o humana e subordinadas ao
fim conatural do homem, o homem pode fazê -las atravé s do julgamento
de sua razã o (com a ajuda ordiná ria que a Providê ncia dá à s causas
secundá rias). Se, no entanto, mesmo nessas coisas o homem receber
ajuda na forma de sugestõ es especiais de Deus ( instintum specialem ),
isso será da bondade superabundante de Deus ( hoc erit
superabundantis bonitatis): portanto, de acordo com os filó sofos, nem
todo mundo que teve as virtudes morais adquiridas, teve també m o
heró ico ou divinas. o movimento da razã o nã o é suficiente, a menos
que receba em adiçã o o impulso ou movimento do Espírito Santo, de
acordo com Romanos 8: 14, 17: 'Todos os que sã o guiados pelo Espírito
de Deus, esses sã o os filhos de G. od. . . e se filhos, herdeiros també m': e
Sl. 142: 10: 'Teu bom Espírito me conduzirá à terra certa'; porque, a
saber, ningué m pode receber a herança daquela terra dos bem-
aventurados, a menos que seja movido e conduzido para lá pelo
Espírito Santo." 25 Nesse sentido, os dons sã o necessá rios à salvaçã o
como disposiçõ es habituais para receber inspiraçõ es divinas, apenas
como as velas sã o necessá rias em um barco para que ele possa
responder aos ventos.
Isso nã o significa que, sem a intervençã o dos dons do Espírito
Santo, o cristã o nunca seja capaz de um ato sobrenatural. Mas, se por
pecado mortal perdeu estes dons juntamente com a caridade, pode
ainda, com uma graça atual ordiná ria, fazer um ato sobrenatural de fé ; e
muitas vezes o justo també m age de maneira sobrenatural sem uma
inspiraçã o especial do Espírito Santo. Mas, como diz Sã o Tomá s, nã o
está no poder da razã o, mesmo quando iluminada pela fé e pela
prudê ncia infundida, "conhecer todas as coisas ou todas as coisas
possíveis. Consequentemente, é incapaz de evitar a loucura ( stultitia )
e outras coisas semelhantes . . . Deus, poré m, a cujo conhecimento e
poder todas as coisas estã o sujeitas, por Seu movimento nos protege
de toda loucura, ignorâ ncia, embotamento de mente e dureza de
coraçã o e tudo mais. que nos tornam receptivos à s Suas sugestõ es, sã o
dadas como remé dios para esses defeitos”. 26 "Pelas virtudes teologais
e morais, o homem nã o é tã o aperfeiçoado em relaçã o ao seu fim
ú ltimo, a ponto de nã o permanecer na necessidade contínua de ser
movido pelas sugestõ es ainda mais elevadas do Espírito Santo." 27
III. Necessidade de uma docilidade cada vez mais perfeita ao Mestre
interior.
Esta assistê ncia especial, da qual falamos, é tanto mais necessá ria
quanto a alma, ao avançar, deve realizar obras mais perfeitas, e porque
o Senhor deseja conduzir-nos a um conhecimento mais profundo e
amoroso dos misté rios sobrenaturais. 28. As virtudes morais e teologais
infusas, mesmo quando atingem um grau elevado, sem auxílio especial
do Espírito Santo, ainda operam segundo o modo humano das
faculdades em que sã o recebidas. 29
fé faz-nos conhecer Deus de um modo ainda demasiado abstracto,
demasiado exterior, in speculo et in aenigmate , por fó rmulas
excessivamente estreitas que devem ser multiplicadas. Gostaríamos de
poder condensá -los em um que nos colocasse em contato íntimo com o
Deus vivo e que expressasse para nó s a Luz da vida que cada vez mais
Ele deveria ser para nó s. A esperança e a caridade, dirigidas pela fé,
participam desta imperfeiçã o da fé. Essas duas virtudes da vontade
carecem de vitalidade e conservam muito do jeito humano enquanto
sã o dirigidas apenas pela razã o iluminada pela fé.
Por mais circunspecta que seja a prudê ncia cristã , que rege as outras
virtudes morais, embora seja bastante superior à prudê ncia puramente
natural, descrita pelos filó sofos, ela ainda permanece freqü entemente
tímida, incerta em sua previsã o e cautelosa demais para responder. a
todas as exigê ncias do amor divino; assim como nã o bastam nossa
fortaleza e paciê ncia em certas provaçõ es, nem nossa castidade diante
de algumas tentaçõ es. 30. Porque nossas virtudes sobrenaturais devem
ser adaptadas ao modo humano de nossas faculdades, elas nos deixam
em estado de inferioridade em relaçã o ao fim sobrenatural para o qual
devemos avançar com maior avidez.
Com apenas as virtudes, ainda que sejam sobrenaturais, o homem é
como um aprendiz que sabe muito bem o que deve fazer, mas nã o tem
habilidade para fazê -lo de maneira adequada. Conseqü entemente, o
mestre que o está ensinando deve vir de vez em quando, pegar sua mã o
e orientá -la para que o trabalho seja apresentável. Assim, enquanto a
nossa oraçã o for apenas fruto de uma meditaçã o assídua, será
demasiado humana para saborear verdadeiramente a palavra de Deus.
Na meditaçã o, bebemos apenas da á gua que escorreu pelo chã o e se
misturou com a lama, como diz Santa Teresa. Para que possamos beber
da fonte, o Espírito Santo deve, como o mestre do aprendiz, intervir
diretamente, tomar posse de nosso intelecto e vontade, e comunicar-
lhes Sua maneira de pensar e de amar; uma maneira divina que é a
ú nica digna de Deus, que deseja ser conhecido como uma verdade viva
e amado divinamente. Como permanecemos sempre aprendizes de
Deus, o Espírito Santo deve intervir habitualmente em nossas oraçõ es
e obras para que sejam perfeitas. É por isso que, ao contrá rio das
graças puramente gratuitas ( gratis datae ) como a profecia, os dons,
que nos tornam receptivos à s inspiraçõ es divinas como as virtudes à s
direçõ es da razã o, devem ser permanentes em nó s. 31 Eles estã o em
nossa alma como as velas de um barco. Dois meios podem ser usados
para mover um pequeno veleiro na á gua: remo, que é lento e
trabalhoso, e velejar. Uma alma pode progredir e avançar pelo exercício
das virtudes; nisso ele é ativo; ou pela inspiraçã o do Espírito Santo, que
respira onde quer e quando quer. Aqui a alma é dó cil, agindo menos do
que é influenciada. "Os dons do Espírito Santo aperfeiçoam o homem...
porque ele é tã o influenciado pelo Espírito Santo, que ele també m age
na medida em que tem livre arbítrio. Portanto, ele precisa de um
há bito." 32. Daí vemos que a alma só se aproxima da perfeiçã o por uma
grande docilidade ao Espírito Santo, na qual deve normalmente
prevalecer o modo sobre-humano dos dons, para remediar cada vez
mais o que há de essencialmente imperfeito no modo humano das
virtudes. Esta é a funçã o dos dons.
4. A inspiraçã o especial do Espírito Santo e o progresso da caridade.
Ninguém questiona que a teologia mística de Sã o Tomá s se encontra
especialmente em seu ensinamento sobre os dons do Espírito Santo,
sua relaçã o com a caridade e a contemplaçã o infusa. Mas algumas
pessoas apenas lêem apressadamente na Summa (Ia IIae, q. 68) os
artigos dedicados aos dons do Espírito Santo em geral, e (IIa IIae, q. 8,
9, 45) os artigos que se relacionam com os dons de entendimento,
conhecimento e sabedoria, sem considerar suficientemente sua
conexã o com o que é dito (IIa IIae, q. 24, a. 9) sobre os três graus de
caridade em iniciantes, proficientes e perfeitos, e sem lembrar o que
Sã o Tomá s ensina (Ia IIae, q. 111, a. 2) sobre a graça operante, à qual ele
atribui a inspiraçã o especial do Espírito Santo. Como resultado, eles
falham em ver claramente o que é original e muito profundo na
doutrina tomista dos dons.
Este ponto é exposto de forma breve e clara no tratamento mais
completo que já foi escrito sobre o assunto dos dons. Referimo-nos ao
artigo do Padre Gardeil, OP, no Dictionnaire de théologie catholique. 33 Na
parte histó rica do artigo, depois de mostrar as fontes da doutrina dos
dons na Escritura e nos padres gregos e latinos, e depois de mencionar
os tratados dos primeiros teó logos escolá sticos, o padre Gardeil
analisa o que foi escrito sobre os dons pelos fundadores da teologia
sistematizada — Alexandre de Hales, Sã o Boaventura, Sã o Alberto
Magno e Sã o Tomá s de Aquino. É interessante ver como esses quatro
grandes escolá sticos reagiram contra Guilherme de Auxerre e
Guilherme de Paris, que negavam o cará ter específico dos dons e os
reduziam à s virtudes, preparando assim o terreno para a doutrina
minimalista dos nominalistas decadentes do sé culo XIV. sé culo. Padre
Gardeil diz: 34 "Esses quatro grandes teó logos consagraram
fundamentalmente a antiga doutrina, que distinguia os dons das
virtudes, considerando-os como primi motus in corde ... dons, pelo
menos Sã o Tomá s o fez, disposiçõ es subjetivas para receber as mais
sublimes graças atuais. mais elevado e mais profundamente verdadeiro
sobre a preeminê ncia da açã o divina. Ele assim trouxe este ponto de
doutrina de volta aos princípios absolutamente primeiros, que, tanto
na filosofia quanto na teologia, governam as questõ es sobre a açã o
divina como tal; isto é , desenvolvendo-a em conformidade com a lei
interior do ser divino. Por esta sistematizaçã o, assegurou-lhe a solidez
indestrutível de toda doutrina que se prende a princípios primeiros,
evidentes no eus mesmos ou principalmente revelados." 35
É nosso desejo: (1) mostrar como, segundo Sã o Tomá s, a inspiraçã o
especial do Espírito Santo, à qual os dons nos tornam dó ceis, difere da
graça real e comum necessá ria ao exercício das virtudes infusas; (2)
acompanhar a crescente elevaçã o dessa inspiraçã o especial, em
iniciantes, proficientes e perfeitos, considerando especialmente os dons
de sabedoria, entendimento e conhecimento.
A INSPIRAÇÃ O ESPECIAL DO ESPÍRITO SANTO E A GRAÇA COMUM E REAL
ARTIGO VI
O Caráter Essencial da Contemplação Infusa; Como
Procede do Dom da Sabedoria e da Fé
Pelas razõ es que acabamos de expor, os teó logos comumente
ensinam que a contemplaçã o infusa procede formalmente dos dons do
Espírito Santo, particularmente do dom da sabedoria que nos faz
saborear os misté rios da salvaçã o e, por assim dizer, ver todas as
coisas em Deus. , assim como a sabedoria adquirida tenta julgar tudo
pela causa suprema e o fim ú ltimo. 1 O dom da compreensã o també m
contribui para a contemplaçã o, fazendo-nos penetrar nesses misté rios.
2 O dom do conhecimento també m pode ter uma participaçã o nisso,
Deus na sua vida íntima, naquilo que o constitui como tal (na sua
natureza como Deus) é , por assim dizer, superior ao ser, verdade, bem,
sabedoria, amor, misericó rdia e justiça; e que, no entanto, essas
perfeiçõ es divinas estã o nele formalmente de maneira eminente, sem
nenhuma distinçã o real.
Como pode a alma conhecer desta forma aquela Divindade, que é
comum à s trê s Pessoas divinas e da qual elas nã o sã o na realidade
distintas? Só a graça nos permite conhecê -lo desta forma, porque a
graça é precisamente uma participaçã o real e formal nesta Divindade,
na natureza divina como tal. Considerando que uma pedra se
assemelha a Deus porque tem existê ncia; uma planta, porque tem vida;
e o homem natural, porque é dotado de inteligê ncia; a graça nos torna
semelhantes a Deus precisamente enquanto Ele é Deus, em sua
Divindade, superior ao ser, à vida e ao pensamento. Essa relaçã o
pertence a uma ordem bastante superior a um milagre sensível e à s
profecias de possíveis eventos futuros. 45 Tal é esta conaturalidade, esta
semelhança natural com Deus, a graça das virtudes e dos dons. Faz da
alma justa, por assim dizer, uma harpa eó lica que, sob o sopro do
Espírito Santo, emite os sons mais harmoniosos, os mais doces e os
mais brilhantes, os mais penetrantes e os mais solenes. Assim como
um novo leitmotiv, a princípio imperceptível e distante, pouco a pouco
surge, se aproxima, nos envolve e acaba dominando tudo, assim a
misteriosa harmonia do dom da sabedoria surge em nossa alma. A
princípio, seu modo sobre-humano mal aparece, e depois de maneira
bastante negativa pelo desaparecimento do modo humano de pensar.
Como diz Sã o Joã o da Cruz, 46 a meditaçã o torna-se impossível ou
impraticável; a alma nã o deseja fixar sua imaginaçã o em nenhum
objeto particular interior ou exterior; agrada-se em oraçã o encontrar-
se a só s com Deus e fixar sua atençã o amorosamente nEle. Este é o
começo da intimidade divina.
A teologia, pelo que ensina sobre o dom da sabedoria, faz-nos
conhecer ontologicamente o organismo espiritual da contemplaçã o;
mas deixa para os místicos a descriçã o dos sinais psicoló gicos que
correspondem à contemplaçã o. Permanece assim uma ciê ncia superior,
distinta da eminente arte da direçã o de almas, que é a sua aplicaçã o.
Podemos ver deste ponto de vista por que Sã o Tomá s (IIa IIae, q. 180)
trata a contemplaçã o de maneira formal. Ele determina sua essê ncia,
que se encontra analogicamente tanto na contemplaçã o filosó fica
quanto na contemplaçã o infusa; 47 mas nã o descreve os diferentes tipos
desta ú ltima segundo os signos psicoló gicos e materiais que a
manifestam. Santa Teresa é essencialmente descritiva; Sã o Joã o da
Cruz, ao mesmo tempo místico e teó logo, coloca-se entre os dois.
Vá rios autores cometem um erro ao querer discernir qual desses trê s
pontos de vista é o mais elevado. Na grande sobriedade de sua
linguagem, Sã o Tomá s exprime a essê ncia das coisas; sem escrever
sobre teologia mística, ele nos deu seus princípios.
III. PREDOMINÂ NCIA PROGRESSIVA DO MODO DIVINO DO DOM DA SABEDORIA NA ORAÇÃ O
Pelos dons do Espírito Santo, a alma justa torna-se, por assim dizer,
um instrumento musical do qual o Mestre interior pode extrair
maravilhosas harmonias: "Instrumentum musicum a Spiritu pulsatum
divinamque gloriam et potentiam canens". 68 A alma canta assim a
gló ria de Deus, fato demonstrado por cada pá gina da vida dos santos.
As Escrituras comparam um homem justo a uma á rvore plantada
perto de á gua corrente e que dá seu fruto no devido tempo. 69 "O fruto
do Espírito é caridade, alegria, paz, paciê ncia, benignidade, bondade,
longanimidade, mansidã o, fé , modé stia, continê ncia e castidade." 70
Em que esses frutos diferem das virtudes e dos dons? Como explica
Sã o Tomá s, 71 nã o sã o há bitos, mas atos que procedem em nó s da
influê ncia do Espírito Santo e nos quais o homem se deleita. Opõ em-se,
portanto, ao que se pode chamar de frutos da razã o.
As bem-aventuranças sã o ainda maiores. Por este termo
designamos certos atos da vida presente que, em razã o de sua
perfeiçã o muito especial, sã o o penhor, a causa meritó ria e como que as
primícias da bem-aventurança perfeita. 72 "Em razã o de sua perfeiçã o,
eles sã o atribuídos aos dons e nã o à s virtudes." 73
"Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos
cé us." 74 A virtude da pobreza pode inspirar o desapego que nos faz
usar com moderaçã o os bens da terra; mas é o dom do medo que
inspira desprezo por eles em comparaçã o com bens superiores.
"Bem-aventurados os que choram, porque serã o consolados." É o
dom do conhecimento que nos mostra a vaidade do bem transitó rio, a
gravidade do pecado como mal espiritual, como ofensa a Deus. Feliz
aquele que derrama as lá grimas de uma santa contriçã o.
"Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirã o a terra." A
virtude da mansidã o nos faz vencer completamente a impetuosidade da
raiva; mas é especialmente o dom da piedade que confere calma,
serenidade, perfeito domínio de si e inteira submissã o à vontade de
Deus.
Essas três sã o as bem-aventuranças da fuga e libertaçã o do pecado.
As duas seguintes, como diz Sã o Tomá s, sã o as bem-aventuranças da
vida ativa do cristã o que, liberto do mal, se empenha na busca do bem
com todo o ardor do coraçã o.
"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serã o
saciados." Desejar a justiça, a ordem perfeita, é o efeito das virtudes;
mas ter fome e sede dela, ser atormentado por essa fome, é fruto de
uma inspiraçã o mais elevada.
Esta sede de justiça nã o deve tornar-se um zelo amargo em relaçã o
aos culpados; consequentemente, nosso Senhor diz: "Bem-aventurados
os misericordiosos, porque eles obterã o misericó rdia". Atentos aos
sofrimentos dos outros, os misericordiosos sabem dar aquele conselho
que reanima e encoraja. Assim, o espírito de conselho corresponde a
esta bem-aventurança.
Esta uniã o de justiça e misericó rdia é um dos sinais mais marcantes
da presença de Deus na alma; pois só Ele pode harmonizar
intimamente virtudes aparentemente tã o contrá rias.
Por ú ltimo, temos as bem-aventuranças da vida contemplativa.
"Bem-aventurados os limpos de coraçã o, porque eles verã o a Deus." Um
coraçã o verdadeiramente puro é como uma fonte límpida onde Deus se
reflete também nesta vida. O dom da compreensã o nos permite
vislumbrar a beleza divina, proporcionalmente à crescente pureza de
nossa intençã o.
"Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serã o chamados
filhos de Deus." Segundo Santo Agostinho e Sã o Tomá s, esta bem-
aventurança corresponde ao dom da sabedoria que nos faz ver, por
assim dizer experimentalmente, todas as coisas em Deus; pois todo
bem vem Dele, e o mal ocorre apenas quando é permitido em vista de
um bem maior. O dom da sabedoria revela assim a ordem admirável do
desígnio providencial. Ora, a paz é a tranquilidade da ordem. Uma alma
contemplativa nã o possui apenas paz; pode comunicá -lo a outros. Uma
alma contemplativa nã o se deixa perturbar em sua parte superior por
acontecimentos dolorosos e inesperados; recebe tudo da mã o de Deus
como meio ou ocasiã o para se aproximar dEle. A sabedoria confere
uma paz radiante, levando-nos a amar nossos inimigos. É a marca dos
verdadeiros filhos de Deus que nunca por um instante, por assim dizer,
perdem o pensamento de seu Pai celestial. No início de sua vida, uma
alma manchada de egoísmo, muitas vezes se preocupava consigo
mesma, e talvez remetesse tudo a si mesma; agora é o pensamento de
Deus que o possui, e tudo se refere a Ele. Esta paz, que é fruto do dom
da sabedoria e que o mundo nã o pode dar, só se encontra plenamente
na terra na vida mística, que se caracteriza precisamente por este dom,
unida à caridade perfeita e à fé muito viva. É isto que faz Sã o Paulo
dizer aos filipenses: 75 «Alegrai-vos sempre no Senhor; oraçõ es e
sú plicas, com açã o de graças, apresentem as vossas petiçõ es a Deus. E
a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guarde os vossos
coraçõ es e os vossos pensamentos em Cristo Jesus."
Tal é o fruto daquela sabedoria que a Escritura elogia com estas
palavras: "E eu a preferi a reinos e tronos, e nada estimei riquezas em
comparaçã o com ela... Pois todo ouro em comparaçã o com ela é como
um pouco de areia, e a prata em relaçã o a ela será considerada como
barro. Eu a amei acima da saú de e da beleza, e escolhi tê -la em vez da
luz: porque sua luz nã o pode ser apagada. Agora todas as coisas boas
vieram a mim junto com ela, e inumeráveis riquezas por suas mã os. E
eu me regozijei em tudo isso: porque esta sabedoria me precedeu, e eu
nã o sabia que ela era a mã e de todas elas. A qual eu aprendi sem dolo, e
comunico sem inveja, e suas riquezas eu nã o escondo . Pois ela é um
tesouro infinito para os homens, que aqueles que a usam se tornam
amigos de Deus. 76 "E se um homem deseja muito conhecimento: ela
conhece as coisas passadas e julga as coisas futuras: ela conhece as
sutilezas dos discursos e as soluçõ es dos argumentos. . . . ." 77 . . .
"Senhor misericordioso,... dá -me a sabedoria que está sentada ao lado
do Teu trono e nã o me rejeites dentre os Teus filhos... Envia-a do Teu
santo cé u e do trono da Tua majestade, para que ela seja comigo, e
trabalhe comigo, para que eu saiba o que é aceitável para Ti. . . . Pois
quem entre os homens é aquele que pode conhecer o conselho de
Deus? E quem conhecerá Teu pensamento, a menos que Tu dê s
sabedoria e envies Teu Espírito Santo do alto." 78 Que oraçã o mais bela
poderia ser encontrada para pedir a Deus com humildade e confiança o
espírito de sabedoria, que é o princípio da contemplaçã o e a fonte da
paz?
À bem-aventurança dos pacificadores acrescenta-se a ú ltima, que é
a confirmaçã o e manifestaçã o das demais: "Bem-aventurados os que
sofrem perseguiçõ es por causa da justiça, porque deles é o reino dos
cé us". Quando o homem é confirmado na pobreza espiritual, na
mansidã o, no amor à justiça e nas outras bem-aventuranças, a
perseguiçã o nã o tem poder para afastá -lo destes bens e privá -lo da paz
e da alegria interior. Assim, a alma é marcada com a semelhança de
Cristo crucificado pelas ú ltimas provaçõ es pelas quais passa para
alcançar a santidade. Entã o compreende de maneira prá tica as palavras
de nosso Senhor: "Bem-aventurados sois vó s, quando vos injuriarem e
perseguirem e, mentindo, falarem todo o mal contra vó s por minha
causa. grande no cé u." 79 Nã o sã o estas as palavras que fizeram nascer
no coraçã o dos santos a sua sede de sofrimento e martírio?
Assim, os dons do Espírito Santo que estã o em cada alma justa e que
se desenvolvem normalmente, como há bitos infusos de caridade,
preparam-nos progressivamente para os atos mais elevados e heroicos
da vida espiritual. A palavra "mística" é corretamente aplicada à vida
espiritual que alcançou esse grau de intimidade com Deus. Em algumas
almas perfeitas manifestam-se especialmente os dons da contemplaçã o;
em outros, os da açã o. Mas mesmo entre estes ú ltimos, o espírito de
sabedoria é o que dirige suas vidas e ilumina a todos com sua luz
difusa.
CAPÍTULO VI
O CHAMADO À C ONTEMPLAÇÃ O OU À V IDA MÍSTICA
ARTIGO I
Os Diferentes Significados da Palavra "Chamar "
Iremos considerar o chamado geral e remoto, o chamado individual e
pró ximo, o chamado suficiente e o chamado eficaz.
Quando se discute o chamado à contemplaçã o mística, propriamente
assim denominado, e se questiona se esse chamado é geral ou
particular, precisamos de uma definiçã o clara da palavra "chamado" ou
"vocaçã o", que podem ter significados muito diferentes. aceitaçõ es.
Em primeiro lugar, "chamado à vida mística" nã o significa
ressuscitado, conduzido, escolhido ou predestinado à vida mística.
"Pois muitos sã o chamados, mas poucos escolhidos", sã o as palavras
usadas na pará bola dos convidados do casamento. 1
teó logos observam 2 que a vocaçã o pode ser tanto exterior, ou seja,
pode vir atravé s do Evangelho, pregaçã o, direçã o, leitura; ou interior,
por uma graça de luz e atraçã o. 3. A chamada exterior é geral quando se
dirige a todos indistintamente; torna-se individual quando atinge tal
ou tal em particular. Assim, todos os pagã os sã o chamados de modo
geral à vida cristã pelo Evangelho, antes que tal ou tal seja chamado de
maneira individual.
A vocaçã o pode, pelo contrá rio, ser especial quando se dirige apenas
a um grupo de homens, como a vocaçã o ao sacerdó cio. Pode até ser
muito especial e ú nico, como a vocaçã o de Maria, Mã e de Deus, ou a de
Sã o José. Pode ser muito particular, como o de um fundador de uma
ordem religiosa, ou mesmo como o de ingressar em uma determinada
ordem, por exemplo, os Cartuxos.
A vocaçã o interior pode ser, como a graça suficiente, remota ou
pró xima. Visto que "a graça habitual das virtudes e dos dons", que
todos os justos possuem, atinge a plenitude de seu desenvolvimento
normal somente na vida mística propriamente dita, todos os justos sã o
chamados a esta vida de maneira remota. Esta é a nossa opiniã o, assim
como a dos autores que admitem o chamado geral à vida mística. Santa
Teresa encontrou este ensinamento expresso em vá rias passagens da
Escritura, duas das quais ela cita 4 em O Caminho da Perfeição. 5
Mesmo na opiniã o desses autores, nem todas as almas recebem
individualmente a vocaçã o pró xima à vida mística. Esta vocaçã o existe
apenas quando os trê s sinais mencionados por Sã o Joã o da Cruz, e
antes dele por Tauler, podem ser comprovados como existentes na
alma: (1) a meditaçã o torna-se impraticável; (2) a alma nã o deseja fixar
sua imaginaçã o em nenhum objeto particular interior ou exterior; (3) a
alma se deleita em estar a só s com Deus e em fixar sua atençã o
amorosa nEle. 6 Explicaremos esses sinais mais adiante (pp. 372 e
seg.).
Essa vocaçã o pró xima à vida mística pode ser suficiente ou eficaz,
como encontramos na pará bola das bodas. Cada um dos convidados foi
chamado individualmente. “O reino dos cé us é semelhante a um rei que
celebrou as bodas de seu filho. E enviou os seus servos para chamar os
convidados para as bodas; caminhos, um para a sua fazenda, e outro
para o seu negó cio. . . . Entã o disse aos seus servos: As bodas, de fato,
estã o prontas; mas os convidados nã o eram dignos. Ide, pois, pelos
caminhos; e tantos quantos acharem, chamem para o casamento." 7
"Eficaz" pode, neste caso, ser entendido ou no sentido tomista, que é
o nosso, ou no sentido molinístico. Os tomistas encontram maior
gratuidade no dom de Deus porque, segundo Sã o Tomá s, a graça é
eficaz por si mesma e nos conduz doce e firmemente ao salutar
consentimento que ela produz em nó s e conosco. Na opiniã o de Molina,
a graça se torna eficaz pelo nosso bom consentimento, cuja livre
determinaçã o, como determinaçã o, viria exclusivamente de nó s e nã o
de Deus. 8
Embora os tomistas costumem dizer que o chamado remoto à vida
mística é geral, eles em nada diminuem a gratuidade do chamado
individual, pró ximo. Eles pressupõ em sempre o misté rio da
predestinaçã o, como o compreendem Santo Agostinho e Sã o Tomá s. 9
Alé m disso, a vocaçã o pró xima à vida mística pode ser adiada, como
a dos trabalhadores da undé cima hora, que recebiam tanto quanto os
que haviam sido chamados anteriormente. No final desta pará bola 10 e
da festa de casamento, nosso Senhor diz: "Pois muitos sã o chamados,
mas poucos sã o escolhidos". 11
Uma vocaçã o pró xima e eficaz para a vida mística nã o é
necessariamente uma vocaçã o eficaz para os mais altos graus da vida
mística ou para uma alta perfeiçã o; que depende da predestinaçã o na
ordem das intençõ es divinas, e da fidelidade da alma na ordem da
execuçã o. "É verdade", diz Sã o Joã o da Cruz, "que as almas, qualquer
que seja sua capacidade, podem ter alcançado a uniã o, mas nem todas a
possuem no mesmo grau. Deus dispõ e livremente desse grau de uniã o,
como Ele dispõ e livremente do grau da visã o beatífica”. 12 Sã o Tomá s
expressa a mesma opiniã o quando discute a predestinaçã o. 13
Esses sã o os diferentes significados da palavra "chamar". Eles podem
ser vistos de relance na seguinte sinopse, que deve ser lida de baixo
para cima para acompanhar o progresso ascendente. Nela nã o
mencionamos a vocaçã o especial, como a do sacerdó cio, pois falamos
aqui apenas do chamado à vida mística, que, a nosso ver, é antes de
tudo geral, depois individual; primeiro remoto, depois pró ximo.
ARTIGO II
O Chamado Geral e Remoto à Contemplação Mística
A questã o que estamos estudando pode ser formulada exatamente
considerando a vida da graça de maneira abstrata, ou estudando
concretamente as almas que receberam esta luz. No primeiro caso,
considera-se a lei íntima do desenvolvimento superior da semente
divina, semen gloriae ; no segundo caso, como na pará bola do semeador,
sã o consideradas as condiçõ es variáveis do solo. Da mesma forma, as
duas questõ es seguintes sã o distintas: (1) A graça é por sua pró pria
essência a semente da vida eterna? (2) Deus dá , nã o apenas a todos os
homens em geral, mas a cada pessoa individualmente, graça suficiente
para obter a salvaçã o?
Vamos, portanto, considerar primeiro a chamada geral e remota das
almas em estado de graça para a vida mística; e em segundo lugar, a
chamada individual e pró xima. Em outro artigo, examinaremos as
objeçõ es que podem ser levantadas contra essa doutrina.
ARTIGO III
O Chamado Individual e Próximo à Contemplação
As mencionadas reservas feitas por Santa Teresa, Sã o Joã o da Cruz e
Tauler nã o sã o, sustentamos, dirigidas à lei geral do pleno
desenvolvimento da vida da graça, considerada em si mesma, mas ao
fundamento em que a semente divina é recebida, como lemos na
pará bola do semeador. "E, enquanto semeava, uma parte caiu à beira
do caminho, e vieram as aves do cé u e a comeram. E outra parte caiu
em solo pedregoso, onde nã o havia muita terra; terra. E, saindo o sol,
foram queimadas; e, porque nã o tinham raiz, secaram. E outras caíram
entre espinhos; e os espinhos cresceram e as sufocaram. E outras
caíram em boa terra, e deram frutos , alguns cem, outros sessenta e
outros trinta. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. 1 Novamente, entre
as á rvores, o cedro ou a palmeira normalmente atingem uma grande
altura quando o solo e o clima sã o favoráveis; mas é bem diferente em
um clima desfavorável. Da mesma forma, a questã o do chamado à vida
mística se complica e de certa forma se materializa a partir do
momento em que a vida da graça nã o é mais considerada em si mesma,
mas nas almas que a recebem.
Porque as almas estã o em estado de graça, elas sã o assim chamadas
todas e cada uma à vida essencialmente mística? Em primeiro lugar, é
claro que nem todos estã o predestinados a isso; pois a predestinaçã o
infalivelmente produz seu efeito, sem, no entanto, violentar a liberdade.
É fato que nem todas as almas em estado de graça chegam à vida
mística. També m é evidente que nem todos sã o individualmente
chamados de maneira pró xima; pois os trê s sinais deste chamado,
enumerados por Tauler, 2 mais tarde por Sã o Joã o da Cruz, e
comumente aceitos, certamente nã o sã o encontrados em todos eles.
ARTIGO IV
As condições normalmente exigidas para a
contemplação infusa
UM EXAME DAS PRINCIPAIS DIFICULDADES RELACIONADAS AO CHAMADO
GERAL
ARTIGO V
Graças extraordinárias que às vezes acompanham a
contemplação infusa
A doutrina que expusemos recebe uma confirmaçã o adicional da
comparaçã o da contemplaçã o infusa com as graças extraordiná rias que
à s vezes a acompanham e, no entanto, sã o distintas dela. Essas graças
extraordiná rias geralmente pertencem aos carismas, ou graças
concedidas gratuitamente ( gratis datae ), enumeradas por Sã o Paulo:
"Ora, há diversidade de graças, mas o Espírito é o mesmo... E a
manifestaçã o do Espírito é dada a todos homem para proveito. A um,
na verdade, pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, a
palavra do conhecimento , segundo o mesmo Espírito; a outro, a fé no
mesmo Espírito; 1 a outro, a graça de a outro, a operação de milagres; a
outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a outro, variedades
de línguas; a outro, interpretação de palavras . Mas todas estas coisas
sã o um e o mesmo Espírito trabalha, repartindo a cada um como quer”.
2 Sã o Paulo coloca a caridade muito acima desses dons: "E se eu... nã o
eminente, mas sem perder o uso dos sentidos; desde o início de suas
vidas, eles eram superiores ao êxtase e ao êxtase. 18
Seguindo esses princípios, Sã o Joã o da Cruz traça uma distinçã o
clara entre contemplaçã o infusa geral e obscura 19 e diferentes modos
de conhecimento sobrenatural particular e distinto: (1) visões ,
sensíveis, imaginá rias ou intelectuais; 20 (2) revelações; 21 (3) palavras
interiores. 22 Depois de enumerar esses modos de conhecimento, Sã o
Joã o da Cruz acrescenta: “Quanto ao conhecimento obscuro e geral, nã o
há divisã o; é contemplaçã o recebida na fé . Esta contemplaçã o é o fim
para o qual devemos conduzir a alma; todos os outros conhecimentos
devem ser direcionados para isso, começando pelo primeiro; e a alma
deve progredir desapegando-se de todos eles”. 23
Para evidenciar claramente o que está explícito no ensinamento
tradicional sobre este ponto, procederemos do geral para o particular.
Consequentemente, seguindo o exemplo de St. Thomas, 24 vamos
primeiro discutir revelaçõ es, para ver os modos especiais de sua
manifestaçã o, ou seja, por visã o, ou por palavras. Mas devemos
observar que visõ es e locuçõ es sã o modos particulares de revelaçã o
apenas quando revelam coisas ocultas do futuro, do presente ou do
passado.
Também procederemos do inferior ao superior, considerando em
cada uma dessas categorias as manifestaçõ es sensíveis, imaginá rias e
intelectuais, conforme elas revelam progressivamente as obras de Deus
e o pró prio Deus.
Por fim, convé m també m ir do exterior ao interior, considerando em
primeiro lugar entre estes favores aqueles que se dirigem
manifestamente ao bem do pró ximo e estã o mais directamente ligados
aos carismas ou graças gratis datae , particularmente à profecia; este é
o caso especialmente com revelaçõ es privadas. Outras dessas graças se
aproximam da ordem da graça santificante, porque sã o ordenadas
diretamente à santificaçã o de quem as recebe. Eles preparam a alma
para a uniã o divina à medida que tornam Deus mais conhecido e levam
a alma a amá -lo, muitas vezes em meio a grandes provaçõ es. Este é
particularmente o caso com vá rias palavras interiores e també m com
toques divinos recebidos no testamento, que Sã o Joã o discute por
ú ltimo. 25
REVELAÇÕ ES DIVINAS
VISÕ ES
6) Visto que a aná lise é necessá ria por causa de nossa fraqueza, ela
tem, especialmente nessas questõ es, uma desvantagem que deve ser
corrigida pela síntese. O desejo de ser muito preciso neste assunto leva
à divisã o e, como resultado, à materializaçã o do que é uma unidade na
realidade da vida espiritual. Portanto, nessas questõ es, podemos
manter a verdade apenas considerando-as à luz de princípios
superiores, como o fizeram Sã o Tomá s e grandes místicos como Sã o
Joã o da Cruz. Consequentemente, uma exatidã o material e mecâ nica,
que eles nã o compartilham, foi aplicada a essas questõ es espirituais.
Por isso, muitos comentá rios sobre as obras espirituais dos grandes
doutores se assemelham a essas obras da mesma forma que um
polígono inscrito em um círculo se assemelha ao círculo; a
complexidade do primeiro é proporcional à simplicidade do ú ltimo.
Isso acarreta a perda da forte segurança com que esses grandes
mestres especulativos e místicos lidavam com essas questõ es elevadas.
Aplicando-lhes os princípios mais elevados, deram à s controvérsias
sobre pontos secundá rios apenas a devida importâ ncia a eles. Só esta
atitude, que é notavelmente diferente da de muitos escritores
modernos, colocou-os no caminho da verdade e permitiu-lhes formulá -
la com uma perfeiçã o que nunca foi alcançada. Ninguém poderá
realmente aperfeiçoar sua obra, a menos que tenha recebido a mesma
graça que eles receberam. Devemos, portanto, nos tornar seus
discípulos sem pretender completar seu trabalho imediatamente.
Faríamos muito se conseguíssemos entendê-los claramente. Mesmo
para compreendê-los plenamente, seria necessá rio igualá -los.
Alguns críticos recentes alegaram que a vida mística propriamente
dita nã o pode ser explicada pelos princípios formulados por Sã o
Tomá s. Na opiniã o deles, provavelmente ele nã o tinha em vista essa
forma especial da vida interior quando os formulou. A isso
respondemos com Dom Louismet: "Se um escritor universal como Sã o
Tomá s de Aquino nã o fala dos místicos como uma classe peculiar, nã o é
porque para ele, como para o Areopogita, todos os cristã os sã o
místicos de jure ? . . ... E se ele nunca menciona um corpo separado de
doutrina mística, nã o é porque para ele nã o há doutrina mística
distinta do depó sito comum de fé ? 133 Na verdade, é a fé vivida
plenamente na generosidade perseverante no amor de Deus. "Por
misticismo cató lico tradicional, quero dizer o misticismo com o qual as
Epístolas de Sã o Paulo e Sã o Joã o, e as outras epístolas canô nicas, e
todas as outras Escrituras, estã o transbordando. É o misticismo do
sacrifício eterno do Cordeiro no cruz e em nossos altares, e de toda a
sagrada liturgia ao seu redor: a mística do Missal, do Ritual, do
Pontifício, do Cerimonial dos Bispos, do Breviá rio e do Martiroló gio”.
134 Nã o acreditamos que esta afirmaçã o seja contrariada pelos
sapientia, ceteris comitata donis Sancti Spiritus, perpetuum in Thoma accepit incrementum,
aeque ac caritas, omnium domina et regina virtutum. Etenim illa huic erat certissima doctrina,
amorem Dei numquam non oportere crescere 'ex ipsa forma praecepti: Diliges Dominum tuum
ex toto corde tuo; totum enim et perfectum idem sunt... Finis praecepti caritas est , ut Apostolus
dicit, I Tim. 1:5; in fine autem non adhibetur aliqua mensura, sed solum in his quae sunt ad
finem' (IIa IIae, q. 184, a. 3). Quae ipsa est causa quare sub praeceptum perfectio caritatis cadet
tanquam illud quo omnes pro sua quisque conditione niti debent. praeceptum de amore Dei
quam late pateat, caritas eique adjuncta dona Sancti Spiritus quomodo crescant, multiplices
vitae status, ut perfectis, ut religiosorum, ut apostolatus, quid inter se differentant et quae
cujusque natura visque sit, haec et talia asceticae mysti caeque theologiae capita si quis
pernosse volet, é Angelicum in primis Doctorem adeat oportebit."
3 A encíclica escrita pelo Papa Pio XI por ocasiã o do terceiro centená rio de Sã o Francisco de
Sales, em 26 de janeiro de 1923, chama a atençã o para essa doutrina nos seguintes termos:
"Cristo constituiu a Igreja santa e fonte de santidade, e todos os que tomá -la como guia e mestra
deve, segundo a vontade divina, almejar a santidade de vida: 'Esta é a vontade de Deus', diz Sã o
Paulo, 'a vossa santificaçã o'. A que tipo de santidade se refere? Nosso Senhor mesmo o explica
da seguinte maneira: 'Sede vó s perfeitos como o vosso Pai celestial é perfeito'. Que ninguém
pense que este convite é dirigido a um nú mero pequeno e muito seleto e que todos os outros
podem permanecer em um grau inferior de virtude. Como é evidente, esta lei obriga
absolutamente a todos, sem exceçã o. de perfeiçã o cristã , e seu nome é legiã o, de todas as idades
e classes, de acordo com o testemunho da histó ria, todos experimentaram as mesmas fraquezas
da natureza e conheceram os mesmos perigos. Santo Agostinho coloca o assunto claramente
quando diz: ' Deus nã o ordena o impossível, mas ao dar o mandamento, Ele nos admoesta a
fazer o que pudermos de acordo com nossas forças e a pedir ajuda para realizar tudo o que
exceder nossas forças.' "Sobre esta doutrina, veja Sã o Francisco de Sales, Tratado sobre o Amor
de Deus , Bk. III, cap. 1.
4 Seguindo o exemplo de Sã o Tomá s, ele distingue a contemplaçã o infusa dos fenô menos
pequeno Memento de la vie spirituelle , 1922, no qual exprime as ideias que temos em comum, e
segundo o qual reviu a obra do Padre Meynard, OP, Traité de la vie intérieure .
6 Ver IIa IIae, q.161, a.6.
7 A Noite Escura da Alma , Bk. Eu, cap. 9, sinal 3d.
8 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, cap. 13.
9 A Noite Escura da Alma , Bk. Eu, cap. 14.
10 Ibidem , cap. 8.
11 O Castelo Interior , quarta mansã o, cap. 3.
12 O Caminho da Perfeição , cap. 28.
13 Ver a explicaçã o destes graus de humildade em Sã o Tomá s, IIa IIae, q.161, a.6.
14 Lucas 10:27.
15 Mat. 5: 48.
16 Joã o 1:14, 16.
17 Joã o 6: 47; 8: 51.
18 Joã o 14:21.
19 Joã o 14:16, 26.
20 Joã o 13:34.
21 Joã o 15:13.
22 Joã o 17:11, 22.
23 Mat. 11: 25.
24 Col. 3: 5, 10.
25 Rom. 6: 4-6; 12: 2.
26 Gal. 5: 24.
27 Veja II Cor. 4: 10.
28 Joã o 12:24.
29 Col. 3: 10, 12, 14; cf. Ef. 4: 1-6; Garota. 2: 9.
30 Fil. 2: 5; I Cor. 11: 1.
31 Rm. 8: 7.
32 Rm. 6: 5.
33 Rom. 6: 4–11.
34 Col. 3: 1.
35 Efésios. 2: 6.
36 Gal. 4: 19.
37 Fil. 3: 8.
38 Colossenses 3: 1–4.
39 Colossenses 3: 15–17.
40 Veja infra , pp. 311 f., o que Sã o Paulo diz sobre o espírito de sabedoria.
41 Col. 3: 4.
1 Summa theol ., Ia, q. 1, a. 2, 8.
2 Com certos autores modernos, podemos dizer que "a teologia mística se baseia na teologia
dogmá tica, como a teologia ascética se baseia na teologia moral", para usar a expressã o de uma
autoridade anô nima citada por Sauvé em seu excelente tratado Les états mystiques , 6ª ed. ., pá g.
1. Acreditamos, no entanto, que esta maneira de falar dá origem a uma concepçã o menos
elevada da teologia moral do que aquela formulada por Sã o Tomá s de Aquino, e que talvez
levasse a uma distinçã o exagerada entre teologia ascética e mística, e a uma falta de percepçã o
da continuidade do progresso espiritual. Voltaremos a esta questã o, sobre a qual Sauvé muitas
vezes se expressa de forma precisa e tradicional no mesmo tratado.
3 Um exemplo deste tipo de livro é Les grâces d'oraison do douto e saudoso Padre A. Poulain,
SJ Este livro deve ser lido com atençã o por todos os que desejam tratar destes problemas.
4 Padre Poulain, Les grâces d'oraison , 9ª ed., pp. 132, 164.
5 "A graça santificante é mais nobre do que a graça gratuita" (Ia IIae, q.3, a.5).
6 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, caps. 10, 19, 20, 25.
7 Cfr . infra , pá g. 59.
8 Bossuet, Manière courte et facile de faire l'oraison en foi et de simple présence de Dieu (uma
pequena obra dirigida à s Irmã s da Visitaçã o de Meaux). Esta oraçã o pode ser chamada de
contemplaçã o, mas se for comparada mesmo com os estados passivos inferiores descritos por
Santa Teresa, evidentemente nã o merece o nome de contemplaçã o essencialmente mística,
exceto talvez por breves momentos, e em sua segunda fase.
1 Isso é bem diferente de visõ es e revelaçõ es privadas.
2 Por exemplo, Filipe da Santíssima Trindade, Summa theolog. mysticae (1874 ed.), diz:
spiritualis , cap. 1: "Todos os homens devem aspirar à uniã o com Deus"; indivíduo. 12: “Como a
uniã o mística com Deus é realizada na alma que alcançou a perfeiçã o: (1) Aquele que persevera
normalmente obtém a uniã o mística; . . . (3) Algumas opiniõ es sobre esta uniã o; (4) Seus efeitos.
"
4 Summa , IIa IIae, q.181, a.1, 2.
5 Ibid ., q. 182, a.3.
6 Ibid ., a. 4.
7 Ibid ., ad 2um.
8 Ibid ., ad 3um.
9 Ibid .
10 Ibid ., a. 2.
11 Ibid .
12 Cidade de Deus , Bk. XIX, séc. 19.
13 Summa , IIa IIae, q.182, a.2 ad lum.
14 Ibid ., ad 3um.
15 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, caps. 2, 3, 8.
16 Ibid ., pp. 202 f.
17 "Nã o há estado mais perturbador ou mais doloroso para a alma do que nã o ver
Inspiraçã o do Espírito Santo", cap. 1, a.3; indivíduo. 11, a.2. Entre os autores jesuítas
posteriores, consulte também as obras do Padre de Caussade e do Padre Grou.
19 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, caps. 10, 11, 16, 17, 20, 28.
20 Sobrenatural quoad substantiam , diz a teologia sã em contraste com o quoad modum
sobrenatural de milagres sensíveis ou de conhecimento profético de eventos futuros.
21 A Noite Escura da Alma , Bk. Eu, cap. 1.
22 La Contemplation (1912), pp. 61–71.
23 Sã o Joã o da Cruz ( A Noite Escura da Alma , Livro I, cap. 9) certamente diz: “Fique bem
Castelo Interior (quinta mansã o, cap. 3), quando comparadas com o princípio geral que ela
formula e desenvolve no Caminho da A perfeição (caps. 18, 20, 25, 29) deve ser entendida desta
forma. Consulte a harmonizaçã o dos diferentes textos de Santa Teresa pelo Padre Arintero, OP,
Evolución mística , p. 639 nota 2, e Cuestiones místicas , pp. 305 ss., bem como a excelente obra
do Padre Garate, Razón y Fe , julho de 1908, p. 325. É certo que as alegrias da uniã o mística nã o
sã o necessá rias à perfeiçã o, e que a contemplaçã o sobrenatural é muitas vezes muito á rida e
dolorosa. Em O Castelo Interior (quinta mansã o, cap. 1), Santa Teresa, falando dos religiosos de
seus mosteiros, diz: “Sã o poucos os que nã o entram nesta quinta mansã o. , eu digo que a
maioria entra. Certas graças que sã o encontradas nelas sã o, creio eu, a porçã o de poucos; mas
se os outros apenas alcançam a porta, mesmo isso é uma imensa misericó rdia da parte de Deus,
pois 'Muitos sã o chamados, mas poucos sã o escolhidos.' "
26 Sã o Joã o da Cruz, A Subida ao Monte Carmelo , Pró logo: "Para alcançar a luz divina e a
uniã o perfeita do amor de Deus, falo do que se pode realizar nesta vida, a alma deve passar por
a noite escura. Sem dú vida, para explicar esta noite e fazê-la entender, deve-se ter um
aprendizado mais profundo e uma experiência maior do que a minha. . . . Espero que o Senhor
me ajude a expressar verdades ú teis, a fim de que eu possa assistem assim tantas almas que
precisam urgentemente de ajuda. Depois dos primeiros passos no caminho da virtude, quando
o Senhor deseja fazer com que essas almas entrem na noite escura, para conduzi-las à uniã o
divina, há quem nã o vã o mais longe. À s vezes falta o desejo de fazê-lo, ou eles nã o estã o
dispostos a ser conduzidos para lá ; à s vezes é por ignorâ ncia, ou porque procuram em vã o um
guia capaz de levá -los ao cume. É deveras comovente ver quantas almas, agraciadas pelo Senhor
com dons e graças excepcionais s (à s vezes precisariam apenas de um pouco de coragem para
atingir a alta perfeiçã o), contentam-se com relaçõ es inferiores com Deus." O objetivo de todo
este pró logo é corrigir muitos erros na questã o da direçã o. Sabemos que, no julgamento de Sã o
Joã o da Cruz, a noite escura é um período de contemplaçã o mística. Neste mesmo pró logo ele o
diz: "Conduzido por Deus à s alturas da obscura contemplaçã o e da aridez, parecerá à alma que
se extravia."
27 Estes dons sã o especificamente distintos das virtudes infusas (Ia IIae, q.68, a.1).
28 Veja Ia IIae, q.68, e Bk. I das Sentenças , d.14, q.2, a.2 ad 3um.
29 A esse respeito, consultar os seguintes autores dominicanos: Suso, Mystical Works; Tauler,
Sermões; Piny, L'abandon à la volonté de Dieu . Devem ser lidos os seguintes autores jesuítas:
Padre Lallemant, La doutrina spirituelle; Padre Grou, Maximes spirituelles (2d maxim); Padre de
Caussade, L'abandon à la Providence . Veja também Sã o Joã o da Cruz, A Noite Escura da Alma ,
Parte I.
30 Um efeito milagroso e sensível, como a vida restaurada a um corpo morto, nã o é
sobrenatural em sua essência, mas apenas no modo de sua produçã o; enquanto o exercício dos
dons do Espírito Santo é sobrenatural tanto em sua essência quanto em seu modo, quoad
substantiam et quoad modum .
31 Lamballe, La Contemplation , p. 195. Arintero, Evolución mística , pp. 460-80; Cuestiones
místicas , pp. 60, 571 nota: "Explicaçã o das graças necessá rias para a uniã o transformadora."
Sauvé parece favoravelmente inclinado a esta tese em États mystiques , pp. 85, 90-96, 100-05,
139-41, 162.
32 Saudreau, nas primeiras ediçõ es de seus livros, nã o afirmou claramente que a uniã o
quietude), e poucas sã o as que vã o além." Em The Interior Castle , quarta mansã o, cap. 3, e
quinta mansã o, cap. 1, a respeito da entrada na quinta morada (superior à oraçã o de silêncio),
ela diz: "Embora todos nó s... sejamos chamados à contemplaçã o... poucos sã o os que se
preparam para que o Senhor revele para eles esta pérola preciosa de que estamos falando. Pois
embora no que diz respeito ao exterior nã o haja nada repreensível em nossa conduta, isso nã o é
suficiente para atingir um grau tã o alto de perfeiçã o. Como é necessá rio banir toda negligência."
34 Particularmente quando ele descreve ( The Dark Night of the Soul , Bk. II, caps. 18–20) os
dez graus de caridade enumerados por Sã o Bernardo, é evidente que ele acredita que os graus
inferiores devem normalmente levar aos graus superiores , e para o mais alto de todos. Além
disso, acrescenta que o progresso da contemplaçã o é proporcional ao da caridade. Toda a obra
de Sã o Joã o da Cruz parece manifestar claramente a continuidade dos graus da uniã o mística
até a uniã o transformadora. Alguns escritores, é verdade, pensaram que Sã o Joã o da Cruz
escreve apenas para alguns raros contemplativos. Ele mesmo diz, porém, no final do Pró logo da
Ascensão ao Monte Carmelo , que propõ e "uma doutrina só lida e substancial que se dirige a
todos, com a condiçã o de que decidam passar pela nudez do espírito".
35 Veja I Cor. 14: 20.
36 Provamos isso longamente em outro lugar: De Revelatione, I, 202-17, 458-515. Cfr. Sã o
Tomá s, IIa IIae, q.5, a. 1: “No objeto da fé, há algo formal, por assim dizer, a saber, a Primeira
Verdade que supera todo o conhecimento natural de uma criatura, e algo material, a saber,
aquilo com o qual concordamos aderindo à Primeira Verdade ."
37 "Se a graça gratuita é mais nobre do que a graça santificante" (Ia IIae, q.111, a.5).
38 Summa , IIa IIae, q.184, a. 3.
39 Lucas 10:27.
40 Bk. II, caps. 12, 13.
41 Quinta ed., pp. 227–36, 409.
42 O Padre Poulain, SJ, admite isto: "Quase todos os santos canonizados tiveram a uniã o
mística, e via de regra abundantemente" ( Les grâces d'oraison , 9ª ed., p. 554). Padre Poulain
também reconhece a existência de um período de transiçã o entre a via ascética e a mística,
período que denota uma certa continuidade entre as duas. Cfr. Les grâces d'oraison , pp. 13, 122.
43 Vida , cap. 15; Fundações , cap. 4; O Castelo Interior , quinta mansã o, cap. 1.
44 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, caps. 10, 19, 20, 25.
45 Joã o 27:21.
46 "A terceira busca do homem é visar principalmente à uniã o e gozo de Deus: isso pertence
aos perfeitos que desejam ser dissolvidos e estar com Cristo" (IIa IIae, q.24, a.9).
47 Sã o Tomá s, em Mateus (5: 2), falando das oito bem-aventuranças, diz: "Estes méritos ou
sã o atos dos dons ou atos das virtudes conforme sã o aperfeiçoados pelos dons"; "de uma
maneira sobre-humana", como ele disse algumas linhas anteriormente na mesma passagem.
48 Lucas 9:23.
1 Cfr . infra , pp. 338 f.
2. Uma definiçã o nominal contém confusamente a definiçã o real, e pode ser mais ou menos
precisa conforme é retirada, por exemplo, de um vocabulá rio comum ou de um dicioná rio
filosó fico ou teoló gico.
3 Referimo-nos especialmente aos carmelitas Filipe da Santíssima Trindade, Antô nio do
Espírito Santo e José do Espírito Santo, o dominicano Vallgornera, vá rios teó logos jesuítas,
alguns franciscanos e alguns membros de outras ordens.
4 Summa , IIa IIae, q. 180, A. 1,6.
5 Cfr . infra , pp. 221–35.
6 Cfr . infra , pp. 235–38.
1 Veja II Cor. 3: 6.
2 Essas confusõ es também foram feitas, em certa medida, por teó logos que sofreram a triste
influência do nominalismo, que é uma tendência que deve acabar por ver apenas palavras em
tudo o que excede o objeto imediato da experiência, os fenô menos sensíveis. Para o nominalista
nã o há mais nenhuma natureza humana essencialmente distinta da graça, mas apenas uma
agregaçã o de indivíduos humanos. Com maior razã o, segundo eles, as realidades espirituais sã o
naturalmente incognoscíveis. Por exemplo, nã o podemos ter certeza da espiritualidade e
imortalidade da alma, a menos que Deus no-las revele, e nossa inteligência nã o pode
compreender as fó rmulas reveladas, por causa da insuficiência de suas idéias. Esta doutrina
conduz finalmente a uma negaçã o da teologia e da filosofia, ao positivismo atual.
Ocasionalmente, como reaçã o, levou certas almas a um misticismo, mas um misticismo sem
fundamento doutriná rio, muitas vezes composto de sentimentalismo proveniente da
impotência da razã o diminuída e da necessidade de encontrar algo a que se agarrar, e nã o da
ideia do grandeza infinita de Deus. Pode-se ser nominalista por tendência sem sabê-lo; na
verdade, isso acontece com frequência.
3 A sensaçã o tem dois elementos: um material, a açã o do sistema nervoso que leva um
estímulo de um objeto exterior ao cérebro, uma açã o que segue leis que regem açõ es
semelhantes na ordem inferior da natureza; e outra formal e específica, cujo papel é produzir
uma representaçã o daquilo que perturba o sentido. É quase sempre neste ú ltimo sentido que
Sã o Tomá s usa a palavra “sensaçã o”. Restringir o uso do termo ao elemento material é
materializar ainda mais sua doutrina. Sobre o sentido real do ser senciente, cf. Sã o Tomá s, Ia, q.
14, A. 1; q.78, a. 3
4 "Nã o se pode dizer que o conhecimento sensível seja a causa total e perfeita do
conhecimento intelectual, mas sim que é de certo modo a causa material" (Ia, q.84, a.6).
5 "Pois a pró pria luz intelectual que está em nó s nada mais é do que uma semelhança
participada da luz incriada, na qual estã o contidos os tipos eternos" (Ia, q.84, a.5). "Portanto,
deve haver algum intelecto superior, pelo qual a alma é ajudada a compreender" (Ia, q.79, a.4).
Cfr. Ia, q.105, a.3. Alguns escolá sticos parecem considerar nesta luz intelectual apenas sua
funçã o abstrativa e nã o sua funçã o iluminadora que continua apó s a abstraçã o. Cfr. De verdade ,
q. 10, a.6.
6 De verdade , q. 11, A. 1.
7 "Uma vez que o intelecto criado é naturalmente capaz de apreender a forma concreta, e o
ser concreto abstratamente, por meio de uma espécie de resoluçã o de partes; ele pode, pela
graça, ser elevado para conhecer a substâ ncia subsistente separada e a existência subsistente
separada" ( Ia, q. 12, a.4 ad 3um). "A alma é naturalmente capaz de graça; desde que ela foi feita
à semelhança de Deus, ela está apta a receber Deus pela graça, como diz Agostinho" (Ia IIae.
q.113, a. 10).
8 Ver Ia, q.1, a.8 ad 2um: q.2 ad 1um. q.60, a.5.
9 Ver Ia IIae, q.85, a.3; IIIa, q.69, a.3, 4 ad 3um; Contra Gentios , Bk. IV, cap. 52.
10 Ver Ia IIae, q.113, a.9 ad 2um.
11 Os nominalistas (como Occam, Gabriel Biel e Pierre d'Ailly) julgavam tudo pelos fatos da
experiência e nã o pelas razõ es formais das coisas que, por si só , podem tornar os fatos
inteligíveis. Incapazes de discernir nos indivíduos humanos o que constitui a natureza humana,
eles nã o viram mais o que distingue a natureza humana do dom da graça. Na opiniã o deles, esse
presente era sobrenatural apenas por uma instituiçã o contingente de Deus, assim como o metal
ou o papel têm valor monetá rio apenas em virtude de uma lei promulgada pela autoridade civil.
A graça assim concebida nã o é mais real e formalmente a semente da gló ria.
12 Perderam de vista o abismo que separa o objeto natural da inteligência divina daquele da
inteligência criada.
13 Ver Ia IIae, q. 110, A. 3.
14 "Todas as perfeiçõ es existentes nas criaturas divididas e multiplicadas, pré-existem em
Deus simples e unidas" (Ia, q. 13, a.5). "Quanto ao objeto pretendido pelo nome, este nome Deus
é mais pró prio do que o nome 'Aquele que é', pois se impõ e para significar a natureza divina "
(Ia, q.13, a. 11 ad 1um). "A razã o formal da Divindade está antes de tudo em seu ser e em todos
os seus atributos, pois está acima do ser e acima da unidade, etc." (Catejan sobre Ia, q.39, a. 1, n.
7, 8).
15 "Pois é tã o necessá rio que somente Deus deifique, concedendo uma participaçã o da
natureza divina por uma semelhança participada, como é impossível que qualquer coisa, exceto
o fogo, acenda" (Ia IIae, q. 112, a. 1).
16 De Revelatione, I, 197-217.
17 Ver IIa IIae, q. 110, a.3, 4; q.112, a.1.
18 De Revelatione, I, 206, 337–403, e especialmente pp. 395–403: Por que nã o pode haver
“As virtudes morais infusas especificamente distintas das virtudes morais adquiridas”.
3 Ver Ia IIae, q.61, a.5.
4 Ver Ia IIae, q.63, a. 4; IIa IIae, q.6, a.1.
5 Joã o 6: 44, 45, 47.
6 Joã o 10:27.
7 Joã o 18:37.
8 Hebr. 11: 1.
9 Sess. VI, cap. 7.
10 Cfr . Sã o Tomá s, De veritate , q.14, a. 8 ad 4um.
11 Cfr . Caetano, In IIa IIae, q.1, a. 1; e sobre o mesmo assunto, Joã o de Sã o Tomá s, Bannes, os
teó logos de Salamanca, Billuart, etc. Capreolus se expressa da mesma maneira em seu
Comentário sobre as Sentenças, III Enviado ., d.24, q.1, a. 3, 4.
12 Santo Agostinho, In Joan ., 8: 14, tr. 35. Migne, XXXV, 1658: "A luz dá testemunho de si
mesma... e é uma testemunha de si mesma de que a luz pode ser conhecida... Da mesma forma, a
Sabedoria, a Palavra de Deus."
13 "Sendo assim, se considerarmos, na fé, o aspecto formal do objeto, nada mais é do que a
Primeira Verdade. Pois a fé de que falamos nã o concorda com nada, exceto porque é revelada
por Deus. Daí que o meio sobre o qual se baseia a fé seja a Verdade divina” (IIa IIae, q.1, a. 1).
"Ora, já foi dito que o objeto da fé é a Primeira Verdade. como invisível, e tudo o que temos por
conta dela" (q.4, a. 1). “No entanto, devemos observar que no objeto da fé há algo formal, por
assim dizer, a saber, a Primeira Verdade que supera todo o conhecimento natural de uma
criatura, e algo material, a saber, a coisa à qual assentimos enquanto aderimos à Primeira
Verdade" (q.5, a. 1).
De veritate , q.14, a.8, corp.: "Toda verdade criada é defeituosa. . . . Portanto, a fé, que é
estabelecida como uma virtude, deve fazer o intelecto do homem aderir à verdade que consiste no
conhecimento divino , transcendendo a verdade de seu pró prio intelecto. E assim a alma fiel
através da verdade simples e imutável está livre da inconstância do erro instável, como diz
Dionísio: De div. nom . c. VII." Cfr. Ibid ., ad 2um, ad 3um, ad 9um, ad 16um.
14 "O herege nã o sustenta os outros artigos de fé sobre os quais nã o erra da mesma forma
que um dos fiéis, a saber, aderindo simplesmente à verdade divina, porque para isso o homem
precisa do ajuda do há bito da fé; mas ele retém as coisas que sã o da fé por sua pró pria vontade
e julgamento" (IIa IIae, q.5, a.3 ad 1um). "Pois, visto que o homem, ao consentir em questõ es de
fé, é elevado acima de sua natureza, isso deve resultar para ele de algum princípio sobrenatural
que o move interiormente; e este é Deus" (q.6, a. 1). Em Boetium de Trinit ., q.3, a. 1 ad 4um: "As
coisas que sã o propostas exteriormente referem-se ao conhecimento da fé, como se fossem
recebidas pelos sentidos para o reconhecimento dos princípios."
15 De verdade , q. 14, a.9 ad 4um: “Crer é usado equivocadamente para os fiéis e para os
demô nios”.
16 Quodlibet II , a. 6 ad 3um.
17 Veja I Cor. 2: 14. Veja o comentá rio de St. Thomas sobre este texto. Na encíclica
Providentissimus , Leã o XIII diz: "O sentido da Sagrada Escritura em nenhum lugar pode ser
encontrado incorrupto fora da Igreja, e nã o se pode esperar que seja encontrado em escritores
que, estando sem a verdadeira fé, apenas roem a casca da Sagrada Escritura, e nunca atingir sua
essência." Para descobrir o sentido literal da Escritura, nem sempre é suficiente ter uma
gramá tica, um dicioná rio e as regras da exegese racional, mas é preciso também seguir
positivamente as da exegese cristã e cató lica que procede sob a luz divina da fé, como é
declarado em todos os bons tratados sobre interpretaçã o das Escrituras.
18 De praedestinatione sanctorum, PL , XLIV, 970. Também PL , XLV, 1019.
19 St. Thomas, em Joann ., cap. 4, lect. 5, nã o. 2.
20 Ef. 3: 17.
21 Em Ep. ad Gal ., 3: 11.
22 Sobre este ponto importante, Capreolus, Cajetan, Cano, Lemos, John of St. o motivo que o
infusa é o testemunho de Deus, o Autor da graça, que estabelece uma certeza sobrenatural. O
homem, por seus poderes naturais, pode confiar no testemunho de Deus, o Autor da natureza (e
dos milagres naturalmente conhecíveis) , mas ele nã o pode sem graça confiar no testemunho de
Deus, o Autor da graça, na voz do Pai celestial, que é o princípio de uma certeza essencialmente
sobrenatural, relativa a um objeto e a um fim da mesma ordem. Cfr. Ibidem , n. 28, 40, 42, 45, 60.
Salmant., De fide , disp. Eu, dub. 5, nºs. 163, 193. A revelaçã o divina é aquela pela qual cremos
nos mistérios, e a pró pria revelaçã o é crida pelo mesmo ato; nó s aderimos a ela
sobrenaturalmente pela fé. Assim, dissemos com Sã o Tomá s ( De veritate , q.14, a. 18 ad 4um), a
luz se vê e nos faz ver as cores. Estas ú ltimas fó rmulas, como já observamos, sã o correntes entre
todos os grandes comentadores de Sã o Tomá s (dominicanos ou carmelitas), e também sã o
usadas por Suarez.
Por ú ltimo, a mesma doutrina é bem defendida pelo padre G. Mattiussi, SJ, Rivista di filosofia
neo-scolastica , dezembro de 1918, pp. 416–19, "L'atto di fede", e pelo padre M. de la Taille, SJ,
Recherches de science religieuse , setembro de 1919, p. 275, "L'oraison contemplative." Também há
alguns anos o padre G. Petazzi, SJ, em um interessante estudo, Credibilità e fede , contrastou
justamente a fé dos demô nios, brotando da perspicácia natural com a qual eles discernem os
milagres (IIa IIae, q.5, a. 2 ad 2um) com a fé infundida dos fiéis. "A fé adquirida pelos demô nios",
ele diz com razão, "não é nem essencialmente sobrenatural nem meritó ria. da ordem sobrenatural
e em relação a um fim sobrenatural. Portanto, não é nem meritó rio nem louvável, pois os
demô nios, embora admitindo os mistérios da fé, não buscam o bem de Deus, mas apenas o seu
pró prio (seria estú pido para eles negar a origem divina de uma palavra confirmada por sinais tão
marcantes). Verdade naturalmente cognoscível, segue-se que a fé dos demô nios difere
especificamente da fé dos fiéis, como diz São Tomás em De veritate , q. 14, a.9 ad 4um: 'A crença é
equivocadamente postulada pelos fiéis e pela divindade ls; neste ú ltimo não há fé de nenhuma luz
infusa da graça, como há nos fiéis.' "
24 Sã o Francisco de Sales, Tratado do Amor de Deus , Bk. II, cap. 14: "O Todo-Poderoso, para
nos comunicar o dom da fé, penetra na alma e fala com ela; nã o por raciocínio, mas por
inspiraçã o. Ele propõ e ao entendimento os objetos de sua crença de maneira tã o gentil e
persuasiva, que a vontade é poderosamente inclinada a exercer sua liberdade e autoridade
sobre o entendimento e, assim, reduzi-lo a aquiescer sem hesitaçã o e plenamente nas verdades
reveladas." Bossuet ( Elèvations sur les mystères , 18ª semana, 17ª elevaçã o) diz: "Acima de tudo,
você deve acreditar que aqueles que acreditam devem tudo a Deus; que eles sã o, como diz
nosso Salvador, ensinados por Deus (Joã o 6: 45): que é necessá rio que Ele fale interiormente, e
que Ele sonde os coraçõ es daqueles que Ele deseja especialmente que O ouçam. Portanto, nã o
raciocine mais: humilhe-se. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça (Mt 11: 15 ): mas deixe-o saber
que é Deus quem dá esses ouvidos que ouvem."
25 Scheeben, Dogmatik , I, sec. 40, nã o. 681.
26 Lacordaire, Conferências de Notre Dame de Paris , 17ª conferência.
27 Les vertus chrétiennes , I, 159 e seg., no capítulo sobre a fé: "Os sentidos e a razã o podem,
de fato, nos dar um conhecimento físico ou histó rico de fatos divinos e sobrenaturais. Este é seu
emprego mais elevado e nisso sua colaboraçã o é indispensável. Sem eles o ato de fé seria
radicalmente impossível; eles sã o o solo em que esse ato germina e que lhe serve de suporte.
razõ es altamente cultivadas permanecem totalmente incapazes disso. Somente a fé pode nos
dar essa percepçã o. A fé é necessá ria para nos fazer aderir ao conteú do da revelaçã o, isto é, à
realidade divina expressa na linguagem humana; e sem a graça, que a inaugura em nó s, nã o
poderíamos nos render à s provas em que ela se baseia. Sem fé, a pessoa mais inteligente e mais
erudita permanece o homem puramente natural que Sã o Paulo chama de sensual; e o Apó stolo
diz que é tal pessoa 'nã o percebe estas coisas que sã o do Espírito de Deus'. . . e ele nã o pode
entender' (I Cor. 2: 14). Mesmo que a mente humana fosse capaz dessa adesã o, ainda haveria o
coraçã o, que necessariamente tem sua parte aqui, e realmente uma parte muito grande."
28 Se esta doutrina é exposta à queles que vêem as coisas de outra maneira, alguns
respondem: “Isso sã o meras palavras”. Assim, sem querer, confessam seu nominalismo
inconsciente. Este nominalismo está fadado a levá -los a ver apenas palavras sem sentido na
vida íntima de Deus, na medida em que essa vida fundamenta a ordem dos mistérios
sobrenaturais, essencialmente superior à ordem dos mistérios divinos naturais, que a razã o por
si mesma pode conhecer. Para os nominalistas esta distinçã o entre as duas ordens era apenas
uma distinçã o contingente dependendo do livre arbítrio de Deus e nã o da elevaçã o infinita de
Sua vida íntima. Cfr. De Revelatione , I, 340.
Outros dizem: "O que você está falando pressupõ e uma extraordinária iluminação mística", ao
passo que falamos apenas da fé cristã, como aquela possuída por um crente mesmo em estado de
pecado mortal; fé com valor e grandeza muitas vezes desconhecidos.
29 Dionísio, De nom. div ., cap. 7, nã o. 4: “O Logos [inteligência divina] é a verdade simples e
realmente existente, em torno da qual, como um conhecimento puro e infalível do todo, a Fé
divina, o fundamento duradouro dos crentes, é o que os estabelece na verdade, e a verdade
neles, por uma identidade imutável, tendo eles o conhecimento puro da verdade das coisas
acreditadas." O contemplativo se convence cada vez mais de que Deus é superior a toda
concepçã o. "Entã o", diz Dionísio, "a alma libertada do mundo sensível e do mundo intelectual
entra na obscuridade transluminosa de uma santa ignorâ ncia e, renunciando a todo fato
científico, se perde naquele que nã o pode ser visto nem compreendido" ( Theol. místico ., cap.
1). Ver também cap. 2.
30 Tauler em seus Sermões fala frequentemente de fé inteiramente pura, nua, despojada de
imagens e conhecimento racional. Ele declara esse tipo de fé muito superior à s consolaçõ es e
revelaçõ es. Esta fé pura é certamente acompanhada pelos dons de entendimento e de sabedoria
em um grau eminente. Os ensinamentos de Tauler sobre este ponto foram resumidos nas
Instituições , capítulos 8 e 35. Esta obra parece nã o ter sido escrita por ele, mas extraída de seus
escritos.
31 Œuvres mystiques (Thiriot ed.), II, 357.
32 Bk. II, cap. 9.
33 Ibid ., Bk. II, cap. 24.
34 Ibid ., Bk. II, cap. 4.
35 Ibid . Sã o Joã o da Cruz fala da mesma maneira em The Living Flame of Love , 3d str.,
má xima 24 (p. 557): "Nenhuma percepçã o ou conhecimento sobrenatural pode nos ajudar
tanto a amar a Deus quanto o menor ato de fé viva e de esperança livre de todo suporte
intelectual." Da mesma forma, a má xima 27. Veja também The Living Flame of Love , str. 3, vers.
2: As sombras da alma, a sombra das perfeiçõ es divinas.
41 Ver IIa IIae, q.5, a. 1 anú ncio 1um.
42 "Mas, da parte da alma, antes de chegar a essa uniformidade, sua dupla falta de
uniformidade precisa ser removida. Primeiro, aquela que surge da variedade de coisas externas
. . . da razã o" (IIa IIae, q. 180, a.6 ad 2um).
43 Sã o Tomá s, em libr. de divinis nomin ., cap. 7, lect. 4. Da mesma forma, enviei .,
d.8, q. 1, a. 1
anú ncio 5um.
44 Comentário, em Mysticam theologiam Dionysii , cap. 1. Ver também De adhaerendo Deo ,
cap. 3, obra que durante muito tempo foi atribuída a Santo Alberto.
45 Le livre des visions et Instructions de la B. Angèle de Foligno , cap. 26.
46 Um deles escreve sobre o assunto: "Esta Primeira Verdade dá à alma grande
independência em relaçã o a tudo o que é criado, como se a alma tivesse recebido abrigo no
imutável. Ela nã o pode mais sofrer, como antes, com os acontecimentos exteriores, mas suporta
continuamente sofrimento. Este mundo, onde deve continuar a viver, tem as suas realidades
materiais e passageiras das quais nã o pode escapar, e vê-se sujeito ao engano. Tudo menos a
contemplaçã o desta Primeira Verdade é um fardo pesado para ele, que carrega sem
impaciência. Ela realiza todas as suas ocupaçõ es externas com coragem, embora sem nenhum
gosto por elas, porque durante o tempo de provaçã o tal é a vontade de Deus. E a vontade de
Deus é a verdade. A alma a ama apaixonadamente, nã o importa o sofrimento que ela pode
encontrar nele. Assim as coisas do céu e as da terra, felicidade imensa e sofrimento contínuo,
harmonizam-se em paz sob este raio de Verdade, que agora ilumina minha vida. Eu digo 'Ó
Verdade', como outros dizem, 'Ó Amor, O Misericó rdia.' Esta é a minha oraçã o jaculató ria, a
minha comunhã o espiritual que me dá todo o meu Deus. Esta Verdade Primeira, esta verdade
subsistente, é Deus, é o Seu Ser. É esta Verdade Primeira que me dá a vida e, inclinando-se para
mim, o nada e pecado, assume o nome de amor e misericó rdia.
"Eu bem sei que não vi esta Verdade, pois não nos é dado ver Deus enquanto estamos na prisão
de nosso corpo; mas minha fé possui esta Verdade nesta luz obscura.
"Durante uma dessas oraçõ es de grande escuridão que às vezes tenho, foi-me permitido
contemplar esta gló ria essencial da Santíssima Trindade, em comparação com a qual as obras mais
magníficas de Sua sabedoria, mesmo a da encarnação, não contam. E parecia-me que o ato
contemplativo de fé correspondia a esta vida íntima de Deus, então compreendi a verdade daquela
frase de São João da Cruz, que o menor ato de puro amor tem maior valor aos olhos de Deus e mais
proveitoso para a Igreja do que as grandes obras. O desejo de dar almas contemplativas a Deus e à
Sua Igreja foi grandemente fortalecido como resultado. E compreendi que a doutrina de São Tomás
sobre a sobrenaturalidade da fé está intimamente ligada com a vida contemplativa e mística, que
não é outra senão a vida de fé por excelência”.
47 "A espécie de todo há bito depende do aspecto formal do objeto, sem o qual nã o pode
compartilhava; mas ele expô s o pensamento deles com muita precisã o em suas pró prias
palavras. A caridade ganhou com isso, e a discussã o foi mais serena. Seguiremos seu exemplo
até onde pudermos. Neste ponto, apenas recordamos as principais afirmaçõ es desses teó logos
de quem falamos: "Se uma ajuda suficiente é eficaz ou ineficaz, depende da vontade daquele a
quem é dada. Com igual graça, um pecador pode ser convertido e outro nã o. . Uma pessoa pode
sair do pecado e isso com uma ajuda menor da graça, enquanto outra com ajuda maior nã o
surgirá e permanecerá endurecida. Nã o que aquele que aceita uma graça a aceite apenas por
sua liberdade, mas essa distinçã o surge apenas da liberdade , e nã o de uma diferença de graça
antecedente ( auxilium praeveniens). "
2 Nesta concepçã o, o que depende do beneplá cito divino é que Pedro seja colocado em
circunstâ ncias em que, segundo a previsã o de Deus, será infalivelmente salvo, e Judas em outra
ordem de circunstâ ncias em que infalivelmente se perca. O beneplá cito divino poderia ter feito
a escolha inversa. Deixando de lado esta escolha de circunstâ ncias, vemos que nesta teoria tal
pessoa é salva sem ser auxiliada pela graça mais do que outra que está perdida. Além disso,
certas almas eleitas foram menos ajudadas pela graça do que certas almas reprovadas, nã o
apenas no curso de suas vidas, mas também no ú ltimo momento.
3 Cfr . Salmanticenses, De gratia , tr. XIV, disp. VII, "De gratia efficaci": uma comparaçã o da
referida doutrina com a de Sã o Tomá s. Este ú ltimo é apresentado neste tratado de acordo com
os textos de uma maneira muito mais correta do que no artigo "Grâ ce" no Dictionnaire de
théologie catholique .
4 Veja I Cor. 4: 7.
5 Joã o 15: 5. Sã o Tomá s diz ( em Mat . 25: 15): "Aquele que tenta mais, tem mais graça de fato;
mas para tentar mais, ele precisa de uma causa maior." Veja também em Ep. anúncio Efésios . 4:
7.
6 Sã o Cipriano, Ad Quirin ., Bk. III, cap. 4 ( PL , IV, 734): "De nada devemos gloriar-nos, porque
de nó s mesmos nada temos." Sã o Basílio, HoM . 22, "De humilitate": "Nada te resta, ó homem,
em que possas gloriar-te." Sã o Crisó stomo, Sermones , 2, In Ep. anúncio Colos. (PG , LXII, 312):
"No negó cio da salvaçã o tudo é dom de Deus." Santo Agostinho, De praedest. sant ., cap. 5. Sã o
Tomá s, Ia, q.23, a.5: "Nã o há distinçã o entre o que flui do livre-arbítrio e o que é da
predestinaçã o; como nã o há distinçã o entre o que flui de uma causa secundá ria e uma causa
primeira ." A primeira causa e a segunda causa nã o sã o, de fato, duas causas parciais
coordenadas, como dois rebocadores de um navio, mas duas causas totais subordinadas, de
modo que a primeira aplica ou move a segunda a agir. Cfr. Ia, q. 105, a.5; De pot ., q.3, a.4, 7 ad
7um e ad 13um; Contra Gent ., III, caps. 66, 149; De malo , q.3, a.2 ad 4um; Contra errores
Graecorum , cap. 23.
7 Eles sã o absolutamente futuros ou futuros sob certas condiçõ es apenas em virtude de um
decreto divino, porque, sendo eles mesmos livres, os eventos futuros nã o sã o determinados. Se
fossem, se imporiam ao pró prio Deus como uma fatalidade que lhe seria superior. Cfr. IIa IIae, q.
171, a.3: "As coisas distantes do conhecimento de todos os homens, por serem em si mesmas
incognoscíveis: tais sã o as contingências futuras, cuja verdade é indeterminada." Cfr. também Ia,
q. 14, a.5, 8, 13; q. 19, a.8; q.22, a.4; q.23, a.4, 5.
8 Cfr . Ia, q. 16, a.7 ad 3um; q. 19, a.4; q. 14, a.8; Ia IIae, q.79, a.1, 2.
9 Cfr . Del Prado, OP, De gratia et libero arbitrio , III, 364 ss. (ed. de 1907). Como mostra este
douto autor, é inconcebível que Deus possa infalivelmente prever desde toda a eternidade uma
determinaçã o que de modo algum viria dEle. Ele sozinho é eterno; e nenhum ato nosso é futuro
(absoluta ou condicionalmente) desde toda a eternidade sem ser fundamentado em um decreto
eterno positivo ou permissivo de Deus. É o que estabelece Sã o Tomá s nos célebres artigos já
citados: Ia, q.14, a.5, 8, 13; q.19, a.8; q.23, a.5, que explicamos em outro lugar ( Deus, Sua
Existência e Sua Natureza , II, 71-93).
10 Fil. 2: 13.
11 Ez. 36: 26.
12 Prov. 21: 1.
13 Rom. 11:35.
14 Rm. 9: 16.
15 Veja I Cor. 12: 6
16 Atos 17: 28.
17 Rm. 11: 36.
18 Prov. 21: 1; Fil. 2: 13.
19 Contra Gentios , Bk. III, cap. 89. Ver também De veritate , q.22, a. 8; “Todo ato da vontade,
na medida em que é um ato, nã o é apenas da vontade como de um agente imediato, mas de
Deus como de um primeiro agente que o impressiona com mais veemência; portanto, assim
como a vontade pode mudar seu ato em outro, tanto mais pode Deus”. Ibid ., q.22, a.9: "Só Deus
pode transferir a inclinaçã o da vontade, que Ele lhe deu, de uma coisa para outra, conforme Ele
quer."
20 Nenhum bem sobrenatural sem ajuda sobrenatural; nenhum bem natural sem a ajuda
natural de Deus.
21 Denzinger, Enchiridion , pp. 193, 195.
22 Summa , Ia IIae, q.112, a. 3: "A preparaçã o do homem para a graça é de Deus, como motor,
e do livre arbítrio, como movido. Portanto, a preparaçã o pode ser vista de duas maneiras:
primeiro, como é de livre arbítrio e, portanto, nã o há necessidade de que seja deve obter a
graça, uma vez que o dom da graça excede toda preparaçã o do poder humano. o que é ordenado
por Deus, já que a intençã o de Deus nã o pode falhar, segundo diz Agostinho em seu livro sobre a
predestinaçã o dos santos ( De dono persev ., XIV) que pelos bons dons de Deus quem é
libertado, certamente é libertado . Portanto, se Deus pretende, enquanto move, que aquele cujo
coraçã o Ele move alcance a graça, ele infalivelmente a alcançará , de acordo com Joã o 6: 45: Todo
aquele que ouviu falar do Pai e aprendeu, vem a mim.
23 Cfr . Ia, q.105, a.4; Ia IIae, q.10, a.4 c ad 3um; q. 111, A. 2 ad 2um; q.113 passim; Ia IIae,
q.24, a. 11; De malo , q.6, a. 1 ad 3um; De caritate , a. 12; Rom ., 9, lect. 3; Ef ., 3, lect. 2; Heb ., 12,
lect. 3; 13, le. 3.
24 Os 13: 9.
25 Cfr . Ia IIae, q.79, aI, 2; Ia, q.2, a.3 ad 1um; q.49, a.2.
26 Contra Gentes , Bk. III, caps. 160, 161; Ia IIae, q.2, a.5 ad 1um.
27 Cfr . Ia, q.23, a.3–5. Deste mistério é dito: "Aquele que busca a majestade, será subjugado
Cfr. Del Prado, OP, De gratia et libero arbitrio , Vol. II, cap. 9.
35 Cfr . Ia, q.83, a.1 ad 3um.
36 Cfr . ibid .
37 De malo , q.6, a. l ad 3um: "Deus movet quidem voluntatem immutabiliter propter
efficaciam virtutis moventis, quae deficere non potest" (Sã o Tomá s nã o diz por causa da
previsã o do nosso consentimento). A indiferença dominante que constitui a liberdade é
potencial na faculdade e torna-se atual na pró pria escolha. O movimento divino, longe de
destruí-lo, o atualiza: no momento em que o movimento divino o deseja, nossa vontade, que se
dirige para o bem universal, na verdade domina a atraçã o do bem particular que ela escolhe.
38 Cfr . Ia IIae, q.2, a.8: "Ora, o objeto da vontade, isto é, do apetite do homem, é o bem
universal: assim como o objeto do intelecto é a verdade universal. Portanto, é evidente que nada
pode acalme a vontade do homem, salve o bem universal. Isso pode ser encontrado, nã o em
qualquer criatura, mas somente em Deus: porque toda criatura tem bondade por participaçã o.
39 Cfr . Ia IIae, q.10. a.2; q.2, a.8; q.5, a.3, 8.
40 Cfr . Ia, q.105, a.4 ad 1um.
41 Ver Ia, q.8, a.1; Ia IIae, q.10, a.4; q.113, a.3; Contra Gentes , Bk. III, cap. 89.
42 Sã o Bernardo, De gratia et libero arbitrio , cap. 14. Cfr. Dict, théol ., art. "Sã o Bernardo", col.
776.
43 Cfr . Ia IIae, q.113, a. 9 ad 2um.
44 é. 40: 31.
45 St. Thomas, em Epist. ad Rom ., cap. 9, lect. 4; Ia, q.23, a.5 ad 3um.
46 Bossuet, Élévations sur les mystères , 18ª semana, 12ª elevaçã o.
1 Joã o 15:5.
2 Fil. 2: 13.
3 Veja I Cor. 4: 7.
4 Deus, Sua Existência e Sua Natureza , II, 365 e segs. Nã o é necessá rio que o nosso fracasso
referências à "graça" (resistência à graça). Ver particularmente Défense de la Tradition, Bk. XI,
caps. 19–27: Demonstraçã o da eficá cia da graça pela permissã o dos pecados nos quais Deus
permite que os justos caiam para humilhá -los. Permissã o da tripla negaçã o de Sã o Pedro:
"Pedro foi justamente punido por sua presunçã o pela retirada de uma ajuda eficaz que teria
efetivamente impedido sua negaçã o." Bossuet mostra que tal é a doutrina nã o só de Santo
Agostinho, mas de Sã o Joã o Crisó stomo, de Orígenes, de Sã o Gregó rio Magno e de Sã o Joã o
Damasceno, pois dizem que Pedro foi privado de ajuda, uma afirmaçã o que nã o pode aplicar a
graça suficiente, pois sem essa graça ele teria sido totalmente impotente para evitar o pecado. A
afirmaçã o se aplica a uma ajuda eficaz que o teria feito efetivamente evitar essa queda. De tudo
isso vemos que a graça suficiente realmente deixa nossa vontade sem desculpa diante de Deus,
e que a graça eficaz que Sã o Pedro recebeu mais tarde nã o permite que nos gloriemos em nó s
mesmos.
6 Câ non 22: "Ninguém tem nada de si mesmo, exceto sua falsidade e seu pecado." Denzinger,
nã o. 195.
7 Veja II Cor. 3: 5
8 Cfr . Ia IIae, q.109, a. 2, 8, 9, 10.
9 Sab. 9: 14.
10 Lucas 17:10.
11 Cfr . Del Prado, OP, De gratia , III, 151.
12 PS. 113: 1.
13 Ecles. 33: 13; Jr. 18: 6.
14 p.s. _ 118: 73.
_
15 Apoc. 5: 9.
16 Lam. 3: 22.
17 Ps. 30: 6; Lucas 23:46.
18 De dono perseverantiae , cap. 13.
19 Veja I Cor. 4: 7.
20 Lam. 5:21.
21 Sobre estas oraçõ es da Igreja, cf. Santo Agostinho, Epist. ad Vital ., 217 ( al . 107), e
Bossuet, Défense de la tradição , Bk. X, cap. 10.
22 Lucas 18:1.
23 Veja I Tess. 5: 17–18.
24 Efésios. 5: 19–20.
25 Tob. 13: 2.
26 Sab. 16: 12.
27 Rm. 8: 26–27.
28 A Noite Escura da Alma , Bk. II, cap. 20.
29 Cfr . IIa IIae, q.83, a.2; Santo Agostinho, Enchirid ., cap. 32; Bossuet, Defesa da tradição , Bk.
nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com bênçã os espirituais, nos lugares celestiais, em
Cristo : como nos escolheu nele antes da fundaçã o do mundo, para que fô ssemos santos e
imaculados aos seus olhos na caridade. Que nos predestinou para a adoçã o de filhos por meio
de Jesus Cristo para si mesmo: de acordo com o propó sito de sua vontade: para louvor da gló ria
de Sua graça, pela qual Ele nos agraciou em Seu Filho amado. . . . No qual também fomos
chamados por sorte, sendo predestinados segundo o propó sito daquele que faz todas as coisas
segundo o conselho de Sua vontade. Para que sejamos para o louvor de Sua gló ria, nó s que
antes esperávamos em Cristo”.
32 De praedestinatione sanctorum , caps. 3, 6–11, 14, 15, 17; De dono perseverantiae , caps. 1,
6, 7, 12, 16–20, 23; De correptione et gratia , caps. 9, 12, 13, 14. Ver também sobre esses textos,
Del Prado, De gratia et libero arbitrio , III, 555-564; II, 67-81, 259; e Bossuet, Defesa de la
tradição , Bk. XII, caps. 13–20.
33 Em Ep. anúncio Rom . 8: 28; Em Ep. ad Ephes ., I, no.5; Ia, q.23.
34 Cfr . II Pet. 3: 9.
35 Bossuet, Méditations sur l'Évangile , Parte II, 72d dia.
36 Rm. 11: 33–36.
37 Mat. 11: 25–26.
38 Joã o 6:43–44.
39 Prov. 21: 1.
40 Fil. 2: 13.
41 Joã o 10: 27–30.
42 Jer. 18: 6.
43 Rom. 9: 21–23.
44 Joã o 3:35.
45 Joã o 6:47.
46 Joã o 17:6, 9, 11, 12, 15, 20, 24.
47 Prov. 28: 26,
48 Fil. 2: 12.
49 Veja I Cor. 10:12.
50 PS. 24: 2.
51 Ps. 30: 6.
52 p.s.
_ _ 33:9.
53 p.s.
_ _ 15: 1.
54 Ps. 30: 2.
55 é. 12: 2.
56 Fil. 4: 13.
57 Bossuet, Médit, sur l'Évangile , Parte II, 72d dia.
58 Veja II Cor. 12:9, 10.
59 Cfr . Catecismo do Concílio de Trento , cap. 45, "Sobre a tentaçã o".
60 PS. 36: 39 f.
61 Ver I Joã o 4:10.
62 Joã o 15:16.
63 Rm. 8: 35, 37–39.
64 Joã o 17:12, 24, 26.
65 Joã o 10:10.
66 Ps. 117: 17.
67 De gratia et libero arbitrio , caps. 1 e 14. Cfr. Dieta. Théol , art. "Sã o Bernardo", col. 776.
68 Ver II Enviado ., dist. 26, q.2.
69 Encontramos a mesma doutrina em St. Thomas, Ia, q.23, a.5.
70 Bk. IV, cap. 4, nã o. 2; indivíduo. 8, nã o. 1; indivíduo. 9, nã o. 2; indivíduo. 55, nã o. 5;
indivíduo. 58. Estas passagens sã o de A Imitação de Cristo (editado pelo Irmã o Leo, FSC, 1926).
Eles sã o citados com permissã o da The Macmillan Company, editores.
71 O pensamento orientador de Santa Teresa é encontrado nas palavras de Sã o Paulo: "É
Deus quem opera em vó s tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade" (Fil. 2:
13). No capítulo 21 de sua Vida ela escreve: "Por que Sua Majestade faz isso é porque é Seu
prazer, e Ele o faz de acordo com Seu prazer: mesmo que a alma esteja sem a disposiçã o
adequada, Ele a dispõ e para a recepçã o daquele bênçã o que Ele está dando a ela." Depois de
examinar por que uma certa alma atinge a contemplaçã o e a perfeiçã o mais rapidamente do que
outra, ela conclui: "Em suma, tudo é como Sua Majestade deseja. Ele dá Sua graça a quem Lhe
agrada" ( Vida , cap. 22). "Deus concede Seus favores quando Lhe apraz, da maneira que Lhe
apraz e a quem Lhe apraz. Sendo Dono de Seus bens, Ele pode concedê-los assim sem
prejudicar ninguém" ( O Castelo Interior , quarta mansã o, cap. 1).
No relato de sua conversão ( Vida , caps. 8, 9), ela diz: "Eu rogava a Nosso Senhor por ajuda;
mas, como agora me parece, devo ter cometido a falta de não colocar todo o meu confiança em Sua
Majestade, e de não desconfiar completamente de mim mesmo. . . . Não havia ninguém para me dar
a vida, e eu não pude tirá-la. Aquele que poderia me dar tinha boas razõ es para não vir em meu
auxílio, vendo que Ele havia me trazido de volta para Si tantas vezes, e tantas vezes O havia
deixado... Implorei a Ele que me fortalecesse de uma vez por todas, para que eu nunca mais
pudesse ofendê-Lo. devoção muito grande à gloriosa Madalena. . . . Parece-me que fiz maiores
progressos; pois agora estava muito desconfiada de mim mesma, colocando toda a minha
confiança em Deus. Parece-me que lhe disse então que não me levantaria até que Ele concedeu
minha petição. Certamente acredito que isso foi de grande utilidade para mim, porque melhorei
desde então "( Life , cap. 9). "Agora nosso Senhor me pô s em liberdade e me deu força também para
usá-la" ( Life , cap. 24). Como bem disse alguém, ante este formidável mistério, contra o qual tantas
heresias se levantaram, e sobre o qual tantas tristes controvérsias houve, mesmo entre verdadeiros
filhos da Igreja, a Seráfica Virgem curva-se com serenidade e gratidão. "Ó meu Deus", ela exclama,
"bem é para mim que Tu não deixaste um miserável como eu em liberdade para cumprir ou
frustrar Tua vontade. Que Tu sejas abençoado para sempre, e que toda a criação Te louve" ( The
Caminho da Perfeição , cap. 32). "Quanto mais difíceis de entender as coisas, mais devoção elas
inspiram em mim, e isso em proporção à sua dificuldade" ( Vida , cap. 28).
72 O Cântico Espiritual , Parte IV, estrofe 38: "Naquele dia da eternidade, isto é, antes da
criaçã o, e de acordo com o Seu beneplá cito, Deus predestinou a alma para a gló ria, e o grau que
ela ocuparia ali. momento, essa gló ria tornou-se propriedade da alma, e isso de uma maneira
tã o absoluta que nenhuma vicissitude, temporal ou espiritual, pode removê-la radicalmente;
pois o que Deus deu gratuitamente à alma nã o pode deixar de permanecer sua propriedade
para sempre. Em A Ascensão (Livro II, cap. 5): "Deus dispõ e livremente deste grau de uniã o
(mística), como Ele dispõ e livremente do grau da visã o beatífica." Na Oração da Alma Inflamada
, ele diz novamente: "Pois se Tu esperas minhas obras, ó Senhor, para assim me conceder o que
eu peço, dá -me, realiza-as em mim, e junta a elas as dores que Tu arte disposta a aceitar de
mim."
73 Tratado sobre o Amor de Deus , Bk. II, cap. 12. O autor diz no mesmo capítulo: "A graça é
Sã o Tomá s: "Só a graça pode nos libertar da escravidã o do pecado e nos assegurar a verdadeira
liberdade; daí se segue que quanto mais a vontade sujeita à graça, quanto mais fizer tudo o que
dela depende para se tornar absoluta, plena e constantemente dependente, tanto mais livre
será ... Assim, para a vontade, tudo consiste em colocar-se nas mã os de Deus, em usando sua
pró pria atividade apenas para se tornar mais dependente dEle... Nã o é nossa salvaçã o
incomparavelmente mais certa nas mã os de Deus do que nas nossas? Cfr. também Padre de
Caussade, SJ, L'abandon à la Providence , Bk. III, caps. 1, 2; e Padre Lallemant, SJ, La doutrina
spirituelle , 4º princípio, "La docilité au Saint-Esprit", caps. 1,2.
75 Bossuet, Elevations sur les mystères , 18ª semana, 15ª elevaçã o.
1 Mat. 5: 48.
2 Joã o 3:36; 5:24, 39; 6:40, 47. Cf. 6: 55 e segs., e o Comentário de São Tomás sobre o
ruas e becos da cidade, e traze aqui os pobres, e aleijados, e cegos e aleijados. "
23 Mat. 11: 25.
24 Joã o 4: 10, 13 f.
25 Joã o 7:37.
26 Joã o 3: 36; 6: 40, 47.
27 Joã o 6: 55.
28 Lucas 17: 20 f.
29 Este ponto é bem explicado no belo estudo exegético do Padre JB Frey, S.Sp., "Le Concept
de 'Vie' dans S. Jean", que apareceu na revista Biblica , 1920, pp. 38-58, 213 –239.
30 Veja I Joã o 3: 14 f.
31 Ibidem , 5:13.
32 Joã o 17:3.
33 Joã o 15: 4; 17: 26.
34 Veja I Joã o 5: 11 f.
35 Joã o 8: 51–53.
36 Joã o 11: 25 f. Veja também Joã o 4: 14; 8: 51; 10: 28; 13: 8.
37 Joã o 6:49, 59.
38 Prefá cio da missa pelos defuntos.
39 Cfr . as Carmelitas da Escola de Salamanca, De gratia , disp. IV, dub. 6, nºs. 107, 109; dub. 7,
nã o. 141; A graça santificante é o mesmo habitus , que, tendo recebido sua perfeiçã o final, se
chama gló ria ou graça consumada.
40 Veja I Cor. 13: 8, 13; e St. Thomas, Ia IIae, q.67, a.6. A caridade difere da fé e da esperança
teó logos geralmente admitem que a caridade de um homem justo que vive na terra pode igualar
a de um dos bem-aventurados no céu. A razã o disso é que a caridade de cada um dos bem-
aventurados no céu tem um grau determinado além do qual nunca irá progredir. Mas este grau
pode ser alcançado e até superado por uma alma justa aqui na terra. É certo que a Santíssima
Virgem, ainda na terra, tinha uma caridade que superava em muito a de todas as almas do céu e
dos anjos. Mas a caridade que um adulto possui na terra é sempre inferior à quela que ele terá
no céu, onde nada impedirá o impulso de seu amor. Cfr. Ia, q. 117, A. 2 ad 3um.
42 Cfr . Ia IIae, q.68, a. 6.
43 Veja I Tess. 2: 13.
44 Veja I Cor. 2: 10.
45 Heb. 11: 1.
46 Gal. 1: 8.
47 Veja II Cor. 4: 6 f.
48 Cant. 8: 6 f.
49 Joã o 1:13.
50 Joã o 14:23.
51 Ver I Joã o 4:16.
52 Joã o 16:13.
53 Veja I Cor. 3: 16.
54 Ibidem , 6: 19.
55 Veja II Cor. 6: 16.
56 Cfr . Sã o Tomá s, Ia, q.43, a.3: "Porque Deus está em todas as coisas por Sua essência, poder
e presença, de acordo com Seu ú nico modo comum, como a causa existente nos efeitos que
participam de Sua bondade. Acima e além desse modo comum, no entanto, há um modo
especial pertencente à criatura racional, no qual se diz que Deus está presente, assim como o
objeto conhecido está no conhecedor e o amado no amante. operaçã o de conhecimento e amor
atinge o pró prio Deus, de acordo com este modo especial, diz-se que Deus nã o apenas existe na
criatura racional, mas também habita nela como em Seu pró prio templo. . . . Novamente, é dito
que possuímos apenas o que podemos usar ou desfrutar livremente, mas ter o poder de
desfrutar da Pessoa divina só pode ser de acordo com a graça santificante. Além disso, o
Espírito Santo é possuído pelo homem e habita nele no pró prio dom da graça santificante. o
pró prio Espírito Santo é dado e enviado”.
Mandei ., Dist. XIV, q.2, a. 2 ad 3um: "Qualquer conhecimento que seja não basta para indicar
que existe uma missão (e habitação do Espírito Santo). Deve haver um conhecimento que procede
de um dom atribuído a essa pessoa, de um dom que nos une a Deus de acordo com o modo pró prio
dessa pessoa, ou seja, por amor. Além disso, esse conhecimento é quase-experimental." Pressupõ e,
então, a presença de Deus que assim se faz sentir por nó s como o princípio que nos vivifica. Esta
explicação, deixando subsistir o mistério, fica consideravelmente esclarecida se recordarmos que a
caridade é a mesma virtude no céu e na terra; na qualidade da amizade perfeita, a caridade exige,
também na terra, a união real com Deus, amado acima de tudo. Deus, que é puro espírito, não
estando por sua natureza em um só lugar, não está separado de nó s pelo espaço. Ele está em nó s,
como em todas as coisas, como primeira causa preservadora. Para vários tomistas, se por uma
impossibilidade Ele já não estivesse assim presente em nó s, Ele o faria por caridade. Cfr. B. Froget,
OP, De l'habitation du Saint-Esprit dans les âmes justes , 3d ed., pp. 156–71, e Ia, q.43, a.3; IIa IIae,
q.27, a.4; ver Gonet, Salmanticenses, Billuart. João de St. Thomas tem uma opinião diferente sobre
esta hipó tese, "por uma impossibilidade" mencionada acima. Sua opinião, no entanto, parece
menos provável.
57 Meditations sur l'Évangile , Parte II, 37º dia; Em Joan ., 17: 3: "Ora, a vida eterna é esta: que
mais íntima é a uniã o; e isto significa que a conformidade da vontade com a vontade de Deus é
mais perfeita. A vontade, totalmente conformada, realiza em sua totalidade a uniã o e a
transformaçã o sobrenatural em Deus.
"Esta doutrina deixa claro que se a alma está ocupada com criaturas ou com suas faculdades,
seja por atração ou por disposiçõ es habituais, ela carece de preparação para tal união. A razão para
isso é que a alma não se oferece inteiramente para Deus, que deseja a sua transformação
sobrenatural. Deve, portanto, preocupar-se unicamente com a rejeição dos obstáculos, das
diferenças naturais, para que Deus, que já se comunicou naturalmente, segundo a natureza, se
comunique sobrenaturalmente pela graça”. Este ensinamento confirma a doutrina que defendemos
anteriormente neste trabalho sobre as relaçõ es entre teologia ascética e mística.
62 Rm. 8: 16.
63 Em Ep. ad Rom ., 8: 16, e Ia IIae, q.112, a.5. B. Froget, OP, De l'habitation du Saint-Esprit
para evitar o purgató rio. Certamente algumas almas - por exemplo, as almas de crianças que
morreram imediatamente apó s o batismo - vã o diretamente para o céu sem ter alcançado na
terra esse grau de uniã o íntima. Mas aqui, considerando uma questã o de princípio e nã o de fato,
o que queremos dizer e explicaremos mais adiante é que a uniã o transformadora é o prelú dio
normal da visã o beatífica; é um cume normal. A primeira dessas duas palavras nã o deve nos
fazer esquecer a segunda; nem o segundo, o primeiro. Muitos dos que morrem imediatamente
apó s o baptismo ou a profissã o religiosa estã o longe de serem perfeitos. Se tivessem continuado
a viver, teriam cometido faltas, que exigiriam a purificaçã o de que falamos.
1 Summa , IIa IIae, q. 184. Seguiremos a ordem dos artigos desta questã o, complementando-
os com os artigos do tratado sobre a caridade que tratam diretamente desse assunto.
2 Summa , IIa IIae, q. 184.
3 Cfr . Padre Mainage, OP, Les principes de la théosophie , 1922.
4 Veja I Cor. 14: 20.
5 Ibid ., 2:6, 15 f.
6 A perfeiçã o nã o consiste especialmente na contemplaçã o, que é um ato intelectual, como
sacrificá -lo", com a condiçã o, porém, de salvaguardarmos a hierarquia dos dons de Deus e das
virtudes, e de fazermos nã o sacrificar algo superior pelo que é inferior.
12 Sã o Tomá s diz em substâ ncia que a razã o da maior virtude consiste no bem e nã o no
Senhor nã o significa que a pobreza em si é a perfeiçã o, mas que é o meio da perfeiçã o. como
mostrado acima, é o menor dos três principais meios de perfeiçã o, uma vez que o voto de
continência supera o voto de pobreza, e o voto de obediência supera a ambos. , mas para o fim,
uma coisa é melhor, nã o por ser um instrumento maior, mas por ser mais adequado ao fim.
Assim, um médico nã o cura mais, quanto mais remédio ele dá , mas quanto mais o a medicina é
adaptada à doença. Portanto, nã o se segue que uma ordem religiosa seja tanto mais perfeita
quanto mais perfeita for a pobreza que professa, mas conforme sua pobreza seja mais adaptada
ao fim, tanto comum quanto especial.
14 Cfr . Sã o Tomá s, IIa IIae, q.161, a.5 ad 2um: "Assim como a ordenada reuniã o das virtudes
o alcançamos (Deus) por meio de Seu ser-nos apresentado por um ato do intelecto; e entã o a
vontade deleitada repousa no fim quando alcançado. Assim, portanto, a essência da felicidade
consiste em um ato do intelecto: mas o deleite que resulta da felicidade pertence à vontade.
Neste sentido, Santo Agostinho diz ( Conf ., X, 23) que a felicidade é alegria na verdade, porque,
a saber, a pró pria alegria é a consumaçã o da felicidade."
38 Ver Ia, q.82, a. 3.
39 Ibid .
40 Ibid .
41 Ver IIa IIae, q.27, a. 4.
42 Ibid ., ad 2um.
43 Ver IIa IIae, q.23, a. 6.
44 Veja I Joã o 4:16.
45 Ver IIa IIae, q.45, a. 2, 4.
46 "As virtudes teologais sã o mais excelentes do que os dons do Espírito Santo, e os regulam.
Portanto . . . os sete dons nunca atingem a perfeiçã o . . . a menos que tudo o que eles fazem seja
feito com fé, esperança e caridade" (Ia IIae, q.68, a.8).
47 Alguns teó logos (por exemplo, Suarez) ensinam que a perfeiçã o consiste formalmente na
virtude da caridade, antecedente e concomitantemente em seus atos. Padre Passerini, OP,
pensamos, expressa a opiniã o da escola tomista. Ensina que a perfeiçã o, à qual se ordena o
estado de perfeiçã o, consiste formalmente nos atos de caridade e antecedentemente na virtude,
como no princípio da operaçã o perfeita. A razã o disso é que a perfeiçã o consiste na uniã o real
com Deus, mihi adhaerere Deo bonum est . Encontra-se, portanto, na caridade ativa ou na
atividade da caridade, que nas almas verdadeiramente perfeitas deve ser moralmente contínua
ou incessante. A virtude é ordenada ao seu ato quanto à sua perfeiçã o; e tendemos nã o apenas a
ser capazes de amar a Deus perfeitamente, mas amá -lo de fato, evitando todo pecado o má ximo
possível. A vida consiste sobretudo no ato de viver.
48 Cajetan, em IIa IIae, q. 184, A. 1, e Suarez, no mesmo artigo.
49 Ver IIa IIae, q. 184, a.3.
50 Passerini, OP, De statibus hominum (sobre IIa IIae, q. 184, a. 1), p. 20, nã o. 8: "A perfeiçã o
atual consiste essencialmente nã o apenas no ato da caridade, mas também nos atos das outras
virtudes ordenadas pela caridade conforme sã o de preceito." Cfr. Ibid ., pp. 22–27, 49, 54. “A
perfeiçã o atual consiste principalmente e principalmente na caridade somente, porque a
caridade aperfeiçoa simplesmente, e as outras virtudes relativamente. o vínculo da perfeiçã o...
No entanto, outras virtudes pertencem à essência da perfeiçã o, assim como a matéria à essência
de um composto natural" (p. 21, nº 10). "Os atos das outras virtudes, como sã o de conselho, sã o
acidentes de perfeiçã o" (p. 23, n. 20 ss.). Por esta distinçã o entre o que é de conselho e o que é
de preceito nas virtudes inferiores à caridade, Passerini introduz uma precisã o que Caetano
havia esquecido e expressa claramente o pensamento de Sã o Tomá s que, como veremos em
relaçã o ao artigo 3, nã o foi compreendido por Suarez.
51 Particularmente ( specialiter ) é o termo usado por Sã o Tomá s quando trata da questã o ex
professo (IIa IIae, q. 184, a. 1). Ele diz em outro lugar ( De perfecte vitae spiritualis): "A vida
espiritual consiste principalmente na caridade."
52 "Principalmente quanto ao amor de Deus, secundariamente, quanto ao amor do pró ximo"
Tomá s, falando das vias purgativa, iluminativa e unitiva, observa que todos os que
verdadeiramente conduzem as almas à perfeiçã o, também as iluminam e purificam, mas o
inverso nã o é verdadeiro. Aquele que os purifica do pecado nem sempre pode iluminá -los e, a
fortiori , pode nã o ser capaz de conduzi-los à perfeiçã o, à uniã o divina.
3 Certos autores apenas dizem timidamente: "Para ter um conjunto da vida unitiva, o estado
místico deve ser unido a ele." Assim, o Padre Meynard, OP, expressa sua opiniã o em seu Traité
de la vie intérieure , I, 464 nota, 22–28.
4 Cfr . acima , cap. 2, arte. 2.
5 A Noite Escura da Alma , Bk. Eu, cap. 1.
6 A Subida do Monte Carmelo , Pró logo.
7 A Noite Escura da Alma , Bk. Eu, caps. 1–7.
8 Veja II Tim. 3: 12.
9 A Noite Escura da Alma , Bk. Eu, cap. 3.
10 Como diz Sã o Joã o da Cruz, em A Noite Escura da Alma (Livro I, cap. 8): "A purificaçã o
passiva dos sentidos é comum. Ocorre na maioria dos principiantes." Consequentemente,
surpreende-nos ver a noite dos sentidos colocada no ú ltimo capítulo consagrada ao perfeito, ou
à via unitiva, num plano de teologia ascética e mística (publicado na Revue d'ascétique et de
mystique , janeiro de 1921 , pá g. 35). Segundo Sã o Joã o da Cruz, a noite dos sentidos costuma
ocorrer muito antes.
11 A Noite Escura da Alma , Bk. Eu, cap. 14.
12 O santo fala de contemplaçã o infusa também no primeiro texto citado ( A Noite Escura da
Alma , Bk. I, cap. 1), e mesmo em A Ascensão (Bk. II, cap. 13). Quando ele usa a palavra
"contemplaçã o", ele está falando da contemplaçã o propriamente dita, ou contemplaçã o infusa,
que é mais ou menos passiva no início. Correspondem à s primeiras oraçõ es sobrenaturais de
Santa Teresa, de recolhimento passivo e de silêncio (quarta morada). Ela descreve a noite do
espírito na sexta mansã o. Mencionamos esses textos infra (cap. 5, art. 3, n. 2).
13 O discurso ou o raciocínio nã o se encontram mais no conhecimento procedente dos dons
do Espírito Santo, que neste ponto intervêm cada vez mais. Veja St. Thomas, IIa IIae, q.8, 45.
14 A Noite Escura da Alma , Bk. II, cap. 1.
15 A Noite Escura da Alma , Bk. II, cap. 2.
16 A Noite Escura da Alma , Bk. II, cap. 18.
17 Ibidem , cap. 20. Sem dú vida há almas que fogem do purgató rio, sem terem passado pelas
purificaçõ es passivas do espírito; por exemplo, os que faleceram imediatamente apó s o batismo,
e os religiosos que faleceram imediatamente apó s a profissã o solene; mas se estes tivessem
continuado a viver, teriam caído em muitas imperfeiçõ es, o que teria exigido as purificaçõ es
aqui mencionadas por Sã o Joã o da Cruz. Ele nã o considera casos acidentais, mas o que
normalmente é necessá rio para alcançar uma elevada perfeiçã o nesta vida, e no céu, um grau
proporcional de gló ria.
18 O Cântico Espiritual , Parte III, st. 22 até o fim.
19 Ibid ., st. 24.
20 Veja I Cor. 6: 17.
21 O Cântico Espiritual , st. 26. Este ensinamento de Sã o Joã o da Cruz sobre o matrimó nio
espiritual, á pice do desenvolvimento da vida mística, nã o difere do dos outros santos que
comentaram o Cântico dos Cânticos . Esses comentá rios se tornam verdadeiramente a luz da
vida apenas para as almas que estã o no caminho dessa uniã o perfeita. A este respeito ver a
ú ltima obra do Padre Arintero, OP, Cantar de los Cantares, Exposición mística .
22 O Cântico Espiritual , st. 24.
23 Ibid ., st. 26.
24 A Subida do Monte Carmelo , Bk. III, cap. 1. Seria manifestamente um erro acreditar que a
Ascensão ao Monte Carmelo trata apenas do caminho ascético, e que a contemplaçã o ali
mencionada nã o é contemplaçã o infusa ou mística. Cfr. Bk. II, cap. 13. Mas em A Ascensão a alma
aprende o que deve fazer, enquanto em A Noite Escura da Alma aprende como deve deixar-se
formar por Deus. Cfr. Padre Gabriel de Jesus, CD, La Subida del Monte Carmelo es ascética o es
mística?” in La Vida Sobrenatural , 1923, p. 24. O autor tem a mesma opiniã o que nó s.
25 Por exemplo, o padre Naval em seu recente Cursus theologiae asceticae et mysticae , pp.
240-259, exige para a vida unitiva ordiná ria apenas a contemplaçã o que é chamada adquirida.
Segundo ele, a alma chega a esse estado sem ter passado pelas mais fortes purificaçõ es passivas
dos sentidos, e sem ter experimentado as do espírito.
26 Em Ep. ad Hebraeos , 6:1, lect. 1.
1 A. Poulain, SJ, As Graças da Oração Interior , cap. 31, nº. 45.
2 Nesta divisã o haveria a via ascética-purgativa, a via ascética-iluminativa e a via ascética
de que decidam passar pela nudez de espírito. Confesso, porém, que neste tratado tive em
mente especialmente alguns membros de nossa sagrada ordem. "
5 Cfr . Padre Arintero, OP, La Ciencia tomista , maio de 1919. A expressã o "perfeiçã o plena"
mostra que nã o estamos falando apenas de sua essência, mas de sua integridade. Assim, ter
cinco dedos em cada mã o pertence à integridade do corpo humano, sem ser de sua essência.
6 Cfr . De la Taille, SJ, L'oraison contemplative , 1921.
7 O mesmo é verdade na ordem física. Um cedro nã o atingirá sua altura normal se nã o for
plantado em terreno adequado ou se faltarem certas circunstâ ncias externas. Da mesma forma,
do ponto de vista intelectual, por falta de fundamento sério, de ambiente favorável ou por
temperamento pouco receptivo, certas mentes laboriosas nunca atingem seu pleno
desenvolvimento normal.
8 A Subida do Monte Carmelo , Pró logo.
9 Cfr . John of St. Thomas, comentá rio sobre Ia IIae, q.68, De donis Spiritus Sancti , disp. XVIII,
a. 2, nã o. 31: "A inspiraçã o real do Espírito Santo nã o está em nosso poder, mas está em nosso
poder ter nosso coraçã o sempre pronto para obedecer, a fim de que possamos ser facilmente
movidos pelo Espírito Santo."
Os teó logos carmelitas e os da escola dominicana ensinam que todas as almas devem aspirar à
contemplação sobrenatural ou infusa, e que esta contemplação pode ser merecida pelo menos de
congruo: "Todos devem aspirar à contemplação sobrenatural". Esta tese é defendida por Filipe da
Santíssima Trindade, Theol. myst . (1874), II, 299, 311; por Antô nio do Espírito Santo, Directorium
mysticum (1732), p. 99; por Vallgornera, OP, Theol. mística (Berthier éd.), 1.428; por Padre
Meynard, OP, Traité de la vie intérieure , II, 131.
10 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, cap. 15. Isso é verdade em princípio. No entanto,
devemos ter presente a predestinaçã o, sobre a qual escreve Sã o Joã o da Cruz: "É verdade que as
almas, qualquer que seja a sua capacidade, podem ter chegado à uniã o, mas nem todas a
possuem no mesmo grau. Deus dispõ e livremente deste grau de uniã o como Ele dispõ e
livremente do grau da visã o beatífica" ( The Ascent , Bk. II, cap. 5). Do fato de que todos os justos
nã o sã o predestinados à gló ria e nã o a alcançam infalivelmente, nã o se pode afirmar que nã o
seja a consumaçã o normal da graça, bem como da uniã o mística nesta vida. Nã o devemos
confundir vocaçã o e predestinaçã o: "Muitos sã o chamados, mas poucos sã o escolhidos". Esta
diferença deve, no entanto, ser observada: é apenas por sua pró pria culpa que um adulto falha
em alcançar a salvaçã o, enquanto ele pode falhar sem culpa pró pria em alcançar a
contemplaçã o.
11 Esta doutrina destaca-se como um meio termo e um ponto culminante entre duas
opiniõ es que sã o contrá rias uma à outra. A primeira opiniã o reduz a contemplaçã o mística a um
ato de fé viva mais intensa do que outros atos de fé, e isso porque nã o compreende a distinçã o
específica entre as virtudes e os dons, estabelecida por Sã o Tomá s, Ia IIae, q.68, uma. 1–3. A
segunda opiniã o parece elevar muito a vida mística, embora na realidade a reduza, porque nã o
vê com suficiente clareza a profunda diferença que existe entre os dons do Espírito Santo
(sobrenaturais por sua essência e seu modo, e presentes em todos almas em estado de graça) e
as graces gratis datae , que geralmente nã o sã o sobrenaturais por sua pró pria essência, mas
apenas por seu modo ( quoad modum ); que nã o pressupõ em necessariamente o estado de
graça, e que sã o, por assim dizer, nã o só realmente, mas essencialmente exteriores e
extraordiná rios. Cfr. Ia IIae, q.3, a. 5.
12 Ver supra , cap. 5, art. 2.
13 Ver cap. 6.
14 Pode-se admitir que materialmente e de fato existem dois caminhos unitivos, embora
formalmente e em princípio haja apenas um, ora perfeitamente, ora imperfeitamente realizado.
Nã o devemos elevar uma distinçã o material ou real a uma distinçã o formal ou essencial.
15 Bk. IV, cap. 31.
16 Ver o comentá rio sobre esta passagem pelo Padre Dumas, SM, em seu excelente livro,
seguinte carta sobre o assunto: "Sou religiosa há muitos anos, e há muito tempo mestra de
noviças. Na minha opiniã o, muitas almas permanecem à porta de a verdadeira vida porque
carecem de instruçã o e se iludem acreditando que só a meditaçã o é um estado seguro.
Normalmente, quando se entra em nossos mosteiros com as disposiçõ es necessá rias (e deveria
ser o mesmo em todos os claustros), e quando se esforça seriamente para adquirir as virtudes, a
alma é, em muito pouco tempo, submetida por Deus à aridez e à impotência, prelú dio das
purificaçõ es passivas. é bom, e que é feito para conduzi-los à uniã o divina. Eles nã o entendem o
ensinamento de Sã o Joã o da Cruz: 'Aplicar-se neste momento à compreensã o e à consideraçã o
de questõ es particulares os objetos, por mais espirituais que fossem, seriam um obstá culo no
caminho da luz geral, sutil e simples do espírito; seria obscurecer o espírito de alguém' ( The
Ascent of Mount Carmel , Bk. II, cap. 15).
"O contrário é verdadeiro para as almas que aceitam submissamente essas primeiras provaçõ es.
Em pouco tempo elas desfrutam da paz e, em seguida, do conhecimento de como encontrar Deus
nesta escuridão. Como resultado desse conhecimento, elas progridem rapidamente. Aqueles que se
apegam à meditação ainda esperam, depois de mais de trinta anos de vida religiosa, que alguém os
levante e lhes mostre o que ainda buscam. Levam uma vida espiritual incolor e monó tona. Na vida
contemplativa, o segredo da felicidade está em saber viva esta vida sob o olhar de Deus.
"Posso continuar a ensinar que a contemplação propriamente dita, em seus diversos graus, vem
sempre de Deus e é infusa? Uma das razõ es, que sempre me levou a crer nisso, é que uma alma,
depois de fazer uma pouco progresso na oração, só se contenta quando sente que tudo o que tem e
tudo o que experimenta lhe vem diretamente de Deus e não de si mesmo. sobre ela. Eu entendo
claramente a contemplação adquirida que segue um estudo fascinante ou um livro interessante;
isso é apenas admiração provocada pela descoberta da verdade. Mas na oração os assuntos são
sempre praticamente os mesmos. Como alguém pode então persistir por um tempo e
habitualmente nesta empresa sem a graça da contemplação infusa? Uma pessoa não está no
caminho para esta contemplação assim que deseja aceitar as purificaçõ es que conduzem a ela?
A substância desta carta parece-nos a mesma que a doutrina de São João da Cruz, que sustenta
que a contemplação propriamente dita é infusa. Veja o cap. 5, artes. 2–6.
18 Estas palavras indicam claramente a uniã o mística, e mesmo a uniã o mística perfeita.
19 Santa Catarina de Siena, Diálogo , caps. 74, 78, 79, passim .
20 Summa , IIa IIae, q. 184, a.2.
21 Summa , Ia IIae, q.68, a.2.
22 Summa , IIa IIae, q.24, a.6.
23 Summa , IIIa, q.80, a. 10.
24 Summa , IIa IIae, q. 129, a.3 ad 4um.
25 Summa , IIa IIae, q.161, a.6, Sobre os Graus de Humildade.
26 Summa , Ia IIae, q.61, a.5.
27 Summa , IIa IIae, q.8, a.4, 7; q.45; q. 180, a.6.
28 Summa , IIa IIae, q. 18, a.4; q. 129, a.6.
29 Summa , IIa IIae, q.24, a.9.
30 Summa , IIa IIae, q. 184, A. 2 ad 3um.
31 Sã o Boaventura, De gradibus virtutum , cap. 1; De triplici via vel incendium amoris .
32 Summa , Ia IIae, q.61, a.5. Manifestamente a perfeiçã o das virtudes da alma purificada,
intitulado "Se um anjo purifica outro", deve ser lido para ver como exatamente Sã o Tomá s,
seguindo Dionísio, interpreta as palavras purgaçã o, iluminaçã o e uniã o. Cfr. também o índice
geral das obras de St. Thomas, chamado Tabula aurea , sob o título Illustratio . Uma idéia do que
ele entende por vida iluminativa pode ser obtida lendo o que ele diz sobre o dom do
entendimento, III Enviado ., d.34, q.1, a.1, c: "O dom do entendimento, como diz Gregó rio diz,
ilumina a mente em relaçã o à s coisas que sã o ouvidas, de modo que o homem, mesmo nesta
vida, recebe uma amostra da manifestaçã o futura." Esta iluminaçã o do dom da compreensã o
nos dá uma amostra da visã o beatífica. 37 Cap. 1, nã o. 1.
37 Cap. 1, nã o. 1.
38 Bk. IX, cap. 10.
39 Bk. Eu, caps. 1, 12, 13.
40 Estas obras encontram-se em Migne, PL, vol. XXXII. Pourrat trouxe claramente esses
textos em La spiritualité chrétienne , pp. 332–344. Seu significado seria mais claro, a nosso ver,
se estivessem mais intimamente relacionados com os citados no capítulo anterior da mesma
obra, que se intitula “A Doutrina Espiritual de Santo Agostinho”. O misticismo de Santo
Agostinho certamente nã o está separado de sua doutrina espiritual. Nã o vemos por que Pourrat
tratou deles separadamente em dois capítulos distintos.
41 De quantitate animae , Bk. Eu, cap. 33.
42 Ibid .
43 Bk. IX, cap. 10.
44 Certamente ele está falando aqui de contemplaçã o infusa e, de fato, de elevada.
45 Cfr . Santo Agostinho, De natura et gratia , cap. 70, nºs. 82, 84. Comentário sobre a Primeira
Epístola Canônica de João (Tract. V, 4) "Assim que a caridade nasce, ela se alimenta . . . , depois
de comer, ela se fortalece . . . e quando se torna forte, ela é aperfeiçoado. . . . Se um homem está
pronto até para morrer por seus irmã os, a caridade é perfeita nele. Sã o Tomá s cita este texto
clá ssico em IIa IIae, q.24, a. 9, sed c.
46 Enarr. no salmo ., CXIX, no. 3. Ver Pourrat, La spiritité chrétienne , p. 313.
47 Enarr. no salmo ., LXXXIII, n. 10.
48 Confissões , XIII, 8.
49 Summa , IIIa, q.62, a. 2.
50 Sã o Tomá s, Ia IIae, q. 111, a.5.
51 O Cântico Espiritual , IV, st. 39.
52 Ps. 41: 3.
53 Notavelmente José do Espírito Santo, em seu Cursus theol. scolastico-mysticae , no qual
3um.
58 Summa , IIa IIae, q.81, a.8.
59 Cfr . infra , cap. 5, art. 6.
1 Lucas 10: 27.
2 Essa opiniã o é expressa por Suarez, De statu perfectis , cap. 11, nºs. 15, 16. Ele admite que
Sã o Tomá s e antes dele Santo Agostinho parecem ensinar claramente que a perfeiçã o da vida
cristã nã o é apenas aconselhada, mas ordenada, pelo primeiro preceito, como um fim para o
qual se deve tender. Mas ele mesmo responde negativamente: "Respondeo nihilominus, si
proprie et in rigore loquamur, perfectem supererogationis non solum non praecipi, ut materiam
in quam obligatio praecepti cadat, verum etiam neque per modum finis in praeceptis contineri".
Assim, ele admite acima do preceito do amor de Deus, que em sua opiniã o é limitado, conselhos
de caridade superiores aos de pobreza, castidade e obediência. A perfeiçã o, segundo ele,
consiste essencialmente nestes conselhos de caridade, instrumentalmente nos outros três. Cfr.
ibid ., nã o. 16.
Esta doutrina de Suarez é longamente criticada pelo grande canonista Passerini, OP, que foi um
profundo teó logo e o mais fiel a São Tomás. Cfr. seu De hominum statibus et officiis , sobre IIa IIae,
q.184, a.3, p. 50, não. 70, e pág. 57, nº. 106, onde mostra que esta doutrina de Suárez se opõ e à de
Santo Agostinho e de São Tomás, que foi aceita por Santo Antonino, Caetano e Valentia. Isso será
facilmente compreendido pela leitura do artigo citado da Summa theologica , que vamos traduzir.
Em seguida, responderemos brevemente, em nota de rodapé, às objeçõ es de Suarez.
St. Thomas também ocasionalmente (por exemplo, em Ep. ad Phil ., cap. 3, lect. 2) usou a
expressão "perfeição de supererrogação", mas em um sentido diferente daquele em que Suarez a
usa. Cfr. G. Barthier, OP, Perfection chrétienne et perfection religieuse , I, 229. Quando São Tomás
usa esta frase, ele simplesmente quer dizer que os três conselhos de pobreza, castidade e
obediência não são obrigató rios.
3 Summa , IIa IIae, q. 184, a.3 ad 2um: "Se a perfeiçã o consiste na observâ ncia dos preceitos
ou dos conselhos."
4 Summa , IIa IIae, q. 184, a.3.
5 Deut. 6: 5.
6 Lev. 19: 18.
7 Mat. 22:40.
8 Neste sentido, que todos devem por caridade desejar para si a salvaçã o, a vida eterna, e nã o
apenas um grau inferior de gló ria, mas a vida eterna sem fixar qualquer limite; pois nã o
sabemos em que grau de gló ria Deus deseja nos elevar.
9 Veja I Tim. 1: 5.
10 Ver I Polit ., cap. 3.
11 Ver IIa IIae, q.184, a.3. Santo Agostinho quer dizer que até a perfeiçã o do céu cai sob o
preceito do amor de Deus, nã o como algo a ser realizado imediatamente, mas como o fim para o
qual se deve tender. É assim que Cajetan o explica (comentá rio sobre IIa IIae, q.184, a.3).
12 Summa , Ia IIae, q.64, a.4: Se as virtudes teologais observam a média.
13 Por exemplo, a fé entre a infidelidade e a credulidade; e a esperança entre a presunçã o e o
desespero.
14 Da mesma forma, deste ponto de vista secundá rio e acidental, por parte do homem, e nã o
caridade é prescrita como um fim. Devemos desejar alcançar o fim completo; mas precisamente
porque é um fim, se devemos evitar falhar na matéria dos preceitos, basta que estejamos em
condiçõ es de atingir esta perfeiçã o algum dia, ainda que apenas na eternidade. o caminho da
caridade perfeita, evitando assim a transgressã o do mandamento necessá rio à salvaçã o”. Mas
quem morre em estado de graça sem ter aproveitado suficientemente o tempo de vida, terá que
passar pelo purgató rio para nele se purificar profundamente. Lá ele experimentará o desejo
ardente pela visã o de Deus.
22 Summa , IIa IIae, q. 184, A. 4 ad 3um.
23 Mat. 13: 4–6: "E, enquanto semeava, uma parte caiu à beira do caminho, e vieram as aves
do céu e a comeram. E outra parte caiu em solo pedregoso, onde nã o havia muita terra; porque
a terra nã o era profunda para eles. E quando o sol saiu, eles foram queimados; e, porque nã o
tinham raiz, secaram.
24 Esta verdade foi claramente declarada pelo cardeal Mercier em seu La vie intérieure, appel
aux âmes sacerdotales (1919), p. 98. Ele chega a esta conclusã o: "Todos nó s somos chamados a
ascender aos cumes da perfeiçã o, a ascender daquela condiçã o espiritual em que o medo de
perder a caridade é o motivo ordiná rio e predominante da conduta, à quele estado em que a
alma mais voluntariamente deixa-se guiar pelo propó sito de progredir na virtude, de ascender
ainda mais alto, até mesmo ao completo desapego das coisas criadas e ao espírito de uniã o com
Deus somente para Ele mesmo. Em relaçã o a esta ascensã o, existem no mundo, e à s vezes entre
o clero, tristes e profundos preconceitos, que todos devemos nos esforçar para extirpar. Repito,
todos sã o chamados à plenitude da perfeiçã o evangélica... A todos é dito: 'Sede vó s, pois,
perfeitos como também o vosso Pai celestial é perfeito" (Mateus 5: 48). "A todos os fiéis", diz o
Catecismo do Concílio de Trento, Parte II, De matrimonii sacramento , "os pastores devem
recomendar a vida perfeita... a fonte da mais completa felicidade que o homem c um gosto nesta
vida.' A liturgia pede a todas as almas a graça de 'nã o se deixarem abalar pelas flutuaçõ es do
mundo, mas manter o coraçã o fixo naquele que é o ú nico que pode nos tornar verdadeiramente
felizes'" (oraçã o para o quarto domingo depois da Pá scoa). .
25 Talvez alguns objetem que o preceito nã o impõ e um ato de caridade a cada minuto e,
portanto, tal ato de caridade, nã o sendo obrigató rio, é apenas uma questã o de conselho.
Passerini responde corretamente ( op. cit ., p. 50, n. 72) que esse ato nã o é obrigató rio, como
algo a ser cumprido imediatamente, mas é obrigató rio como um fim intermediá rio para o qual
devemos tender.
Alguns insistem que não somos obrigados por preceito a tornar cada ato de caridade mais
intenso do que o anterior, pois o que cai sob o preceito é a substância do ato e não seu modo mais
ou menos perfeito. Isto é um preceito, pelo menos na medida em que é um fim que devemos tentar
alcançar, pois o homem deve aspirar a amar a Deus cada vez mais. São Tomás explica a questão (Ia
IIae, q. 100, a. 10, ad 2um): "Se aquele que honra os pais é obrigado a honrá-los por motivo de
caridade sobrenatural, esse ato não decorre do mandamento particular , 'Honra teu pai e tua mãe',
mas do mandamento supremo, 'Amarás o Senhor de todo o teu coração.'" Assim, o que se enquadra
no preceito inferior é a substância do ato, mas o modo do ato é comandado pelo preceito supremo.
Cfr. IIa IIae, q.44, a. 1 anú ncio 1um. Além disso, sob o preceito da caridade está o modo, que é
expresso pelas palavras "de todo o teu coração" (IIa IIae, q.44, a.4 ad 1um), e também a ordem da
caridade (ibid ., a. 8).
26 Cfr . Sã o Tomá s, IIa IIae, q.24, a. 6 ad 1um; ibid ., ad 2um; também Ia IIae, q. 114, A. 8 ad
3um. Sobre este ponto, consulte também os comentaristas de Sã o Tomá s, Tratado sobre a
caridade .
27 Os teó logos comumente ensinam, com Sã o Tomá s (IIa IIae, q.24, a. 10), que a virtude da
caridade, embora possa ser perdida pelo pecado mortal, nã o diminui diretamente em si mesma
pelo pecado venial, ou pelo cessaçã o dos atos. O pecado venial é, de fato, uma desordem que diz
respeito aos meios, sem afetar o fim ú ltimo, que é objeto da caridade. E como esta virtude é
infundida e nã o adquirida pela repetiçã o de atos, nã o é diretamente aumentada por eles, nem
diminuída por sua cessaçã o.
Mas esta inatividade e os pecados veniais diminuem indiretamente a caridade porque impedem
sua aplicação ou influência e permitem a formação de maus hábitos, que são obstáculos à
irradiação da caridade. Esses obstáculos merecem uma diminuição das graças reais e especiais de
Deus e, finalmente, dispõ em para o pecado mortal.
28 Para uma discussã o sobre almas retardadas e mornas, cf. Saudreau, Degrés de la vie
pouco a pouco do estado de principiantes, aquela divisã o da vida espiritual em que se medita, e
as introduz no estado de proficientes, que é o de contemplativos. Eles devem passar por este
caminho para se tornarem perfeitos, ou seja, para alcançar a uniã o divina da alma com Deus" (
A Noite Escura da Alma , Livro I, cap. 1). "A alma, portanto, saiu; começou a penetrar no caminho
do espírito, seguido pelos proficientes e avançados. Esse caminho também é chamado de
caminho iluminativo ou caminho da contemplaçã o infusa" ( ibid ., cap. 14).
30 Cfr. Salamanticences, Theol. moral , vol. IV, "De statu religioso."
31 Sã o Tomá s, IIa IIae, q. 184, a.8. "Um homem deve possuir perfeiçã o interior para exercer
dignamente os atos do sacerdó cio" ( ibid ., a.6). Em a.8: "Se compararmos o padre religioso que
tem cura de almas com o padre secular que também tem cura de almas, sã o iguais em ordem e
ofício ou funçã o, mas o primeiro é superior ao segundo em seu estado de vida, porque está em
estado de perfeiçã o. Se o padre religioso nã o tem cuidado de almas, é mais excelente que o
padre secular em estado, menos excelente em ofício e igual em ordem" ( ibid ., a.8) . Acrescenta
o santo doutor que a bondade ou perfeiçã o do estado religioso, em que se entrega toda a vida, é
mais excelente do que a do pá roco, que nã o vincula para toda a vida. Quanto à dificuldade de
perseverar no bem, é maior para o sacerdote que vive no mundo por causa dos obstá culos que
ali se encontram. Na vida religiosa há outra dificuldade, aquela que vem da dignidade do
trabalho a realizar, da prá tica da obediência, da pobreza e da austeridade das observâ ncias. Ora,
esta segunda dificuldade aumenta o mérito, o que nem sempre acontece com a dificuldade
proveniente dos obstá culos exteriores, pois pode ser que nã o se ame a virtude o suficiente para
afastar esses obstá culos e deixar a vida secular. Cfr. ibid ., ad 6um.
32 Lemos no Diálogo de Santa Catarina de Sena, cap. 47: “Visto que os conselhos estã o
ligados aos mandamentos, ninguém pode observar estes ú ltimos se nã o observar os primeiros,
pelo menos em pensamento, isto é, que eles possuem as riquezas do mundo humildemente e
sem orgulho. "
33 Cfr . Sã o Tomá s, no Ep. ad Hebr ., 10: 25.
34 Mat. 5: 48.
35 Veja I Pe. 2: 2.
36 Ver II Pe. 3: 18.
37 Ef. 4: 15.
38 Col. 1: 9–11.
39 Sã o Tomá s, no Ep. ad Hebr ., 6: 1.
40 "Quanto aos atos exteriores, porque nã o está obrigado ao bem duvidoso, o homem nã o
está obrigado ao melhor; mas quanto ao seu desejo, está obrigado ao melhor, donde aquele que
nem sempre deseja ser melhor, nã o pode, sem desprezo, abster-se de desejá -lo" (St. Thomas, In
Matth ., 19: 12). A mesma ideia é expressa em IIa IIae, q. 186, a.2 ad 2um: "Todos, religiosos e
seculares, sã o obrigados, em certa medida, a fazer todo o bem que puderem; pois a todos, sem
exceçã o, é dito: 'Tudo o que a tua mã o puder fazer, faça sinceramente' (Ecles. 9: 10). No entanto,
há uma maneira de cumprir este preceito, de modo a evitar o pecado, a saber, se fizermos o que
pudermos conforme exigido pelas condiçõ es de nosso estado de vida; desde que nã o haja
desprezo por fazer coisas melhores, desprezo esse que coloca a mente contra o progresso
espiritual”.
41 Tratado sobre o Amor de Deus , Bk. III, cap. 1.
42 Apoc. 22: 11.
43 Prov. 4:18.
44 Veja I Cor. 9: 24.
45 Fil. 2: 8. Sobre a obrigaçã o geral de todo cristã o de se esforçar segundo sua condiçã o pela
caridade mais perfeita, ver Passerini, De statibus hominum , p. 758, nº. 13; G. Barthier, OP, Da
perfeição cristã e da perfeição religiosa (1907), I, 315-73; PA Weiss, OP, Apologie des
Christenthums , vol. V, Índice: "Vollkommenheit."
46 Cant. 5: 2: "Eu durmo, mas meu coraçã o vigia."
47 Cfr . E. Hugon, OP, Marie mère de la divina graça , pp. 112–24.
48 Assim, em cinco segundos a velocidade inicial multiplicada pelo tempo aumenta conforme
natural. Veja também Ia IIae, q.35, a.6, onde ele diz que, ao contrá rio do movimento violento,
todo movimento natural é mais intenso no final do que no início, pois se aproxima do fim que
concorda com a natureza do movimento e que o atrai como um fim.
50 Sã o Tomá s, no Ep. ad Hebraeos , 10:25.
51 Ibid .
52 Em virtude do princípio exposto neste artigo, pode-se explicar por que os teó logos
tomistas (como Filipe da Santíssima Trindade, Vallgornera e Antô nio do Espírito Santo)
sustentam nã o apenas que todos podem louvavelmente desejar a contemplaçã o infusa e a uniã o
de fruiçã o, mas que todos devem desejá -lo. À primeira vista, esta afirmaçã o parece exagerada, e
seria assim se estivessem falando de uma obrigaçã o especial (que pode existir para um
religioso contemplativo). Eles falam apenas de uma obrigaçã o geral baseada no primeiro
preceito, que torna dever de todos tender para a perfeiçã o do céu e, consequentemente, para o
que normalmente se encontra mesmo em grau muito elevado no caminho para o céu, para o
que é normal prelú dio da visã o beatífica. Isso explica as teses que esses teó logos também
formulam em sua teologia mística nos capítulos sobre a contemplaçã o infusa e a uniã o da
fruiçã o: "Todos devem aspirar à contemplaçã o sobrenatural. uniã o com Deus”. Essas duas teses
já foram apontadas e serã o mencionadas novamente.
53 Os 13: 9.
54 Ps. 41: 7, 9, 12.
1 Ver IIa IIae, q .83, a. 2.
2 Summa , IIa IIae, q.83, a. 15.
3. O homem, embora em si mesmo nã o seja suficiente para desejar e desejar o bem salutar, é
suficiente em si mesmo para falhar e falhar livremente. Muitas vezes Deus o levanta novamente.
Isso, no entanto, nem sempre é o caso. Aí reside um mistério.
4 Ver IIa IIae, q.83, a. 5, 6.
5 Mat. 17: 20.
6 Summa , IIa IIae, q.83, a. 15 ad 2um.
7 Mat. 15: 22, 24–28.
8 Ver Ia, q.23, a. 1.
9 Ver IIa IIae, q.83, a. 6.
10 Ver IIa IIae, q. 83. a. 15 ad 2um.
11 Mat. 6: 7; Lucas 11:9, 11, 13.
12 Pensamentos (Havet ed.), art. 17, 1.
13 Mat. 6: 5 f.
14 Vida de Santa Teresa sozinha , cap. 8.
15 É verdade que a oraçã o deste camponês já era contemplativa.
16 Ver IIa IIae, q.84.
17 A esperança conduz assim à oraçã o de petiçã o, que é um ato da virtude da religiã o. Cfr. IIa
IIae, q.83, a. 3.
18 Ps. 41: 1.
19 Cfr . Ia IIae, q.62, a. 4.
20 ps. 33:9.
21 O Verbo e as outras duas Pessoas da Santíssima Trindade habitam em nó s: “Se alguém me
ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará , e viremos para ele, e faremos nele morada. "
A humanidade de Jesus é, como mostra Sã o Tomá s (III, q.48, a.6), a causa física, instrumental de
todas as graças que recebemos, depois de as merecermos aqui na terra.
22 Esta expressã o mostra que esta oraçã o está em nosso poder, pelo menos no seu início,
(cap. 5, art. 2), citaremos longamente este capítulo de Santa Teresa em que trata da oraçã o
adquirida do recolhimento, que dispõ e ao recolhimento sobrenatural e para sossegar, de que se
fala na quarta mansã o, caps. 1, 3.
A passagem da oração adquirida à contemplação infusa está bem descrita na pequena obra em
que Bossuet trata da oração que ele chama de oração "da simplicidade ou da simples presença de
Deus". A primeira fase desta oração é adquirida; o segundo infundido, como veremos mais
claramente adiante.
25 Mat. 18: 3.
26 Summa , Ia IIae, q.89, a.4.
27 Cfr . indivíduo. 5, a. 2, 3. Veremos que Santa Teresa entende por "beber da fonte da á gua
viva" a contemplaçã o infusa, que nos é dada pelo Espírito Santo. Ele mesmo é a fonte.
28 Joã o 4: 10, 13 f.
29 Joã o 7: 37 f.
1 Summa , IIa IIae, q. 180, A. 1, 6.
2. Supomos que essa absorçã o nã o brote do fato de que a alma em ocasiõ es anteriores
meditou muitas vezes sobre essas palavras de nosso Senhor. A contemplaçã o infusa, porém,
nem sempre é recebida inesperadamente; podemos nos dispor a recebê-lo.
3 Veja o que Sã o Tomá s diz sobre a graça operacional, Ia IIae, q. 111, A. 2.
4 Santa Teresa, O Castelo Interior , quarto casarã o, cap. 3.
5 Dom Vital Lehodey, Les voies de l'oraison mentale , 5ª ed., p. 205.
6 A Noite Escura da Alma , Bk. II, cap. 18. É a contemplaçã o infusa que é discutida no início de
The Dark Night of the Soul , Bk. Eu, cap. 1, e também em The Ascent of Mount Carmel , Bk. II, cap.
13.
7 O Castelo Interior , quinta mansã o, cap. 1; sétima mansã o, cap. 4. O Caminho da Perfeição ,
caps. 17,19, 20, 21, 25, 27, 31. Ver infra neste capítulo, art. 3.
8 Traité de l'amour de Dieu , Bk. VI, cap. 7.
9 Etat mystique , 2ª ed., pp. 109, 357.
10 Publicado em 1620.
11 Gratos de oração , 1609.
12 Padre André da Encarnaçã o, CD, empreendeu em 1574 restaurar o verdadeiro texto dos
escritos do santo, mas nã o publicou sua obra. Só recentemente o Padre Girard, CD, nos deu uma
ediçã o crítica que contém 55 correçõ es no Livro I, 207 no Livro II e 71 no Livro III. Vá rios
problemas de crítica textual ainda precisam ser resolvidos. Cfr. La vie spirituelle , março de
1923, p. 154.
13 Nessa época, a expressã o contemplaçã o infusa ou sobrenatural ainda nã o era claramente
compreendida por todos. Por esses termos, alguma contemplaçã o aparentemente indicada
unida a certas graças gratis datae que Santa Teresa recebeu abundantemente e que ela
frequentemente mencionava.
14 Disceptatio mystica , tr. 2, q.4, a. 8, nã o. 34.
15 Cursus theol. scol.-mysticae (1721), II, 224, 236.
16 Vida , cap. 12, pá g. 81; O Castelo Interior , quarta mansã o, cap. 3, pp. 108 f.
17 Este é o ensinamento de Tomé de Jesus, Filipe do Espírito Santo, Antô nio do Espírito
Santo, Domingos de Jesus e José do Espírito Santo. Eles concordaram neste ponto com os
dominicanos, Joã o de Sã o Tomá s (cf. seu Catecismo ) e Vallgornera.
18 Santa Teresa, O Castelo Interior .
19 O Caminho da Perfeição , cap. 28.
20 Ibid .
21 As palavras "por seus meios a alma reú ne todas as faculdades e entra em si mesma"
uma pessoa matará sua sede na fonte de á gua viva, que ela sempre propõ e a suas filhas como
meta de seu percurso. Pois ela declarou claramente em O Caminho da Perfeição (cap. 19): “Nã o
chamo a oraçã o feita por pensar sobre um assunto, 'á gua viva'. " Pelo que se diz no Caminho da
Perfeição (cap. 19), evidentemente a á gua viva é a imagem da contemplaçã o, que nos é dada
pelo Espírito Santo.
23 Este é o símbolo do Espírito Santo, que respira onde quer.
24 Símbolo da oraçã o que permanece discursiva.
25 O Caminho da Perfeição , cap. 28.
26 Padre Bañ ez observou no original: "Por sobrenatural ela quer dizer aquilo que nã o é
de sainte Thérèse; les oraisons communes", de uma freira carmelita. Mas nos Études
Carmélitaines (1920–22), o autor de vá rios artigos sobre contemplaçã o adquirida dá esse nome
à s oraçõ es de recolhimento sobrenatural, quietude, sono místico e intoxicaçã o espiritual. Sem
querer, ele se desvia do pensamento de Santa Teresa e esquece que ela declarou expressamente
que essas oraçõ es sobrenaturais nã o estã o em nosso poder; nã o podem, portanto, ser
chamados de adquiridos. O texto do santo é muito claro neste ponto. Se estas oraçõ es sã o ditas
adquiridas porque muitas vezes sã o precedidas por uma preparaçã o que nos dispõ e a recebê-
las, entã o seria necessá rio admitir um arrebatamento adquirido, pois esta graça é
freqü entemente concedida "no final de uma longa oraçã o mental" ( Vida de Santa Teresa , cap.
18). Para evitar qualquer confusã o sobre este ponto, basta observar a diferença estabelecida
por Santa Teresa entre o recolhimento sobrenatural (quarta morada, cap. 3) e a oraçã o de
recolhimento adquirido ( Caminho da Perfeição , cap. 28).
31 A oraçã o da simplicidade, descrita por Bossuet em sua famosa obra sobre o tema, parece
mansõ es. Esses textos serã o citados mais adiante neste capítulo (art. 2).
34 Bk. II, cap. 18: "A contemplaçã o é uma ciência do amor; é um conhecimento amoroso
nome senã o a contemplaçã o passiva... " "Certos médicos do século XX ensinam, como Molinos
fez, uma contemplaçã o intermediá ria entre a meditaçã o e a contemplaçã o passiva. . . . Pode-se e
deve-se provar esse fato sem instituir contra os escritores em questã o a menor acusaçã o de
tendência" (p. 265) .
51 O Caminho da Perfeição , cap. 28.
52 Seria adequado definir ordiná rio primeiro, se as dificuldades atuais nã o se relacionassem
imediatamente apó s a morte; pois ninguém vai para o purgató rio senã o por sua pró pria culpa,
por causa de negligências que poderiam ter sido evitadas.
54 Este é o significado que Sã o Tomá s dá à graça gratis data chamada sermo sapientiae , o
mais alto grau do dom da sabedoria. Este grau nã o apenas faz a pessoa contemplar os mistérios
mais elevados, mas também torna o recipiente capaz de manifestá -los aos outros e de dirigir
seu pró ximo. Cfr. IIa IIae, q.45, a.5.
55 Entre as graças extraordiná rias podemos colocar as palavras e as visõ es interiores,
mesmo que sejam diretamente ordenadas à santificaçã o da alma que as recebe. Eles nã o sã o
entã o graces gratis datae , mas fenô menos concomitantes da vida mística; fenô menos
acessó rios e passageiros que na maioria dos casos nã o sã o necessá rios para alcançar a
santidade.
56 Esta definiçã o é dada pelo Padre Arintero nas suas Cuestiones místicas , 2ª ed., p. 45.
57 Sã o Tomá s observa a este respeito (Ia, q.23, a.7 ad 3um): "Como a felicidade eterna,
consistindo na visã o de Deus, excede o estado comum da natureza, e sobretudo na medida em
que é privada da graça pela corrupçã o do pecado original, menos serã o salvos.Nisto, porém,
aparece a misericó rdia de Deus que Ele escolheu alguns para a salvaçã o, da qual muitos de
acordo com a causa comum e a tendência da natureza ficam aquém. "
58 Este é particularmente o ensinamento de Sã o Joã o da Cruz, como José do Espírito Santo
observa vá rias vezes em seu grande Cursus theologiae mystic-oscolasticae . Cfr. acima , cap. 4,
arte. 4.
59 Cfr . Dom Vital Lehodey, Les voies de l'oraison mentale . Cfr. também o Tratado do Amor de
sobrenatural apenas no modo de sua produçã o. Por isso é muito inferior à graça, que é
essencialmente sobrenatural. O mesmo deve ser dito do anú ncio profético de uma ocorrência
futura e gratuita na ordem natural. Isto é o que os teó logos querem dizer quando dizem que a
vida da graça é essencialmente sobrenatural, quoad substantiam , enquanto milagres e profecias
sã o sobrenaturais apenas quanto ao modo de sua produçã o, quoad modum , ou preternatural.
5 Os pró prios anjos devem ter recebido a vida da graça para poderem merecer a visã o
beatífica, que supera infinitamente os poderes e reivindicaçõ es de sua natureza. Cfr. Sã o Tomá s,
Ia, q.62, a. 2.
6 Joã o 14: 26; 16: 13.
7 Ver I Joã o 2:27.
8 O Caminho da Perfeição , caps. 21–27; O Castelo Interior , segunda e terceira mansõ es.
9 O Caminho da Perfeição , cap. 28. Este importante texto aqui citamos em parte, como segue:
“Este tipo de oraçã o tem muitas vantagens. Chama-se 'recolhimento' porque por meio dela a
alma reú ne todas as faculdades e entra em si mesma para estar com Deus. O divino Mestre vem
assim mais rapidamente do que de outra forma viria para ensiná -lo e conceder-lhe a oraçã o do
silêncio. podem ter certeza de que estã o viajando por um caminho excelente e que certamente
conseguirã o beber da á gua da fonte. . . . Pode-se dizer que essas almas já se lançaram ao mar”.
No capítulo 29, Santa Teresa indica claramente a natureza desse recolhimento ativo: "Você deve
entender que este nã o é um estado sobrenatural, mas algo que, com a graça de Deus, podemos
desejar e obter por nó s mesmos". Padre Bañ ez observou no original: "Por sobrenatural ela quer
dizer o que nã o é deixado à nossa escolha com a graça ordiná ria de Deus".
10 Ibidem , cap. 29.
11 Ibidem , cap. 19.
12 Mat. 11:28: "Vinde a mim todos vó s..."
13 O Caminho da Perfeição , cap. 19.
14 Sobre este chamado geral e distante de todas as almas interiores à s á guas vivas da
contemplaçã o infusa, ver também O Caminho da Perfeição , cap. 20: "O ú ltimo capítulo parece
contradizer o que eu disse, quando, para consolar os nã o contemplativos, disse-lhes que Deus
havia feito muitos meios para alcançá -lo... Sua majestade, sendo Deus, conhece nossa fraqueza e
tem provido para nó s. Ele nã o disse: 'Deixe alguns homens virem a Mim bebendo desta á gua,
mas deixe outros virem por algum outro meio.' Sua misericó rdia é tã o grande que Ele nã o
impede ninguém de beber da fonte da vida. Que Ele seja louvado para sempre. . . . De fato, Ele
nos chama em voz alta e publicamente para fazê-lo. . . Vejam, irmã s, nã o há medo você morrerá
de seca no caminho da oraçã o... Aceite meu conselho: nã o se demore na estrada, mas lute
bravamente, até morrer na tentativa. Santa Teresa diz ainda ( O Caminho da Perfeição , cap. 21):
“Afirmo que este é o ponto principal; fim, aconteça o que acontecer, sejam quais forem as
consequências, custe o que custar, quem os culpará ... se a pró pria terra se desintegrará sob seus
pés."
15 Esta vida superior é, de fato, duplamente sobrenatural, nã o apenas em sua essência, como
vida cristã comum, mas pelo modo divino de conhecer e amar, que é inspirado pelo Espírito
Santo.
16 Ver-se-á pelos textos que se seguem por que nã o podemos admitir que, na opiniã o de
Santa Teresa, a contemplaçã o mística seja uma percepçã o imediata de Deus em si mesmo e nã o
em seus efeitos, ou um conhecimento por idéias infusas semelhantes à s dos anjos, que exclui
completamente a possibilidade de raciocínio. A contemplaçã o mística se tornaria assim nã o
apenas uma graça eminente, mas uma graça milagrosa; seria propriamente extraordiná rio e, ao
contrá rio do que diz Santa Teresa, todas as almas interiores nã o poderiam a ela aspirar como
fonte de á gua viva. Sobre este ponto, consulte o seguinte artigo neste capítulo. Os textos de
Santa Teresa, que reunimos aqui, respondem à s objeçõ es feitas ao nosso ensino sobre este
assunto na Revue d'ascétique et de mystique , julho de 1922, p. 272.
17 O Castelo Interior , quarta mansã o, cap. 3, pp. 104–13.
18 O Castelo Interior , quarta mansã o, cap. 3. A observaçã o de Santa Teresa diz respeito ao
chamado individual e pró ximo à contemplaçã o infusa. Evidentemente ela nã o admite, apó s a
oraçã o de recolhimento adquirida (descrita no Caminho da Perfeição , cap. 28, e depois
chamada de oraçã o afetiva simplificada) e antes do início da contemplaçã o infusa que estamos
considerando aqui, um estado intermediá rio que pode ser corretamente chamado de
contemplaçã o adquirida. Se ela o admitisse, concederia que a alma "pode parar o movimento do
pensamento" antes de receber a graça do recolhimento sobrenatural.
Se o termo "contemplação adquirida" é aplicado à ú ltima das oraçõ es adquiridas, que é a oração
simplificada, afetiva, chamada por Santa Teresa de oração do recolhimento (adquirido) ( O
Caminho da Perfeição , cap. 28), a doutrina do santo é mantido, mas não seus termos; pois, como
todos os grandes místicos, por contemplação ela entende a contemplação infusa, que não podemos
obter por nó s mesmos por nossos pró prios esforços. Cfr. O Caminho da Perfeição , caps. 18–21, 25,
27, 31; O Castelo Interior , quarta e quinta mansõ es.
Se, ao contrário, o termo "contemplação adquirida" for aplicado a qualquer outra que não seja a
oração de recolhimento adquirida, e se alguém desejar introduzi-la na categoria de oraçõ es
sobrenaturais descritas na quarta e quinta mansõ es, ele estaria fazendo violência às palavras de
Santa Teresa e à sua doutrina, pois ela afirma expressamente que não podemos, por nossa pró pria
indú stria, auxiliados pela graça, nos colocar nas oraçõ es sobrenaturais de recolhimento (passivo),
quietude, embriaguez espiritual e sono místico.
Não precisamos aqui interpretar os ensinamentos da santa, mas apenas ler o que ela escreveu.
Se fosse necessário aplicar "adquirida" a essas oraçõ es sobrenaturais, que não estão em nosso
poder, porque podemos nos dispor a recebê-las, e se a qualificação "infusa" ou "mística" fosse
recusada porque alguma preparação é trazida para eles, então teríamos que recusar este título
também ao arrebatamento de que ela fala em sua Vida , cap. 18. Ela diz: "A verdade é que, no
começo, isso quase sempre acontece depois de muita oração mental." Para ser ló gico, teríamos que
falar de um êxtase adquirido e mesmo de uma união transformadora adquirida.
Em total harmonia com o ensinamento de Santa Teresa está o dos Carmelitas, João de Jesus
Maria ( Theol. mystica , cap. 3) e Miguel de la Fuente ( Las tres vidas , Introdução), que colocam a
contemplação infusa imediatamente apó s a oração afetiva simplificada , ou a oração de
recolhimento adquirida. São Francisco de Sales faz o mesmo em O amor de Deus (Livro VI, cap. 7).
19 O Caminho da Perfeição , cap. 31.
20 Relação LIV ao Padre Rodriguez Alvarez, p. 295. Veja o que é dito também sobre o trabalho
da mente, aná logo ao de uma noria (roda d'á gua), dispondo para a oraçã o sobrenatural de
quietude que nã o podemos obter por nó s mesmos por nosso esforço pessoal. Cfr. Vida , cap. 14.
21 Vida , cap. 12.
22 O Caminho da Perfeição , cap. 25.
23 Vida , cap. 10.
24 Deus, portanto, nã o é percebido em si mesmo ou imediatamente, como afirmaram certos
intérpretes de Santa Teresa. Ela fala como Sã o Tomá s (Ia, q.94, a. 1 ad 3um; IIa IIae, q.5, a. 1;
q.97, a. 2 ad 2um).
25 Vida , cap. 27, onde Santa Teresa distingue entre a oraçã o mística e as visõ es que à s vezes
a acompanham.
26 O Caminho da Perfeição , cap. 25.
27 No entanto, continua na secura da noite escura.
28 Pensées sur le Cantique , cap. 4.
29 Sã o Tomá s, Ia IIae, q. 111, A. 2.
30 O Caminho da Perfeição , cap. 19.
31 Vida , cap. 15.
32 O Caminho da Perfeição , cap. 19.
33 De fato, Santa Teresa diz em sua Vida (cap. 14) que para fazer compreender o que é uma
oraçã o sobrenatural ela deveria falar da ajuda particular que a alma vê, de certo modo, com
seus pró prios olhos nesta oraçã o. Ela nã o fala de idéias infundidas.
34 A Noite Escura da Alma , Bk. II, cap. 18. Definindo assim a contemplaçã o, Sã o Joã o da Cruz
mostra que, para ele, a contemplaçã o propriamente dita é infusa; é dessa contemplaçã o infusa
que ele fala constantemente. Além disso, o carmelita Nicolau de Jesus Maria, em sua Elucidatio
phrasium myst. operum Joannis a Cruce (Parte II, cap. 4), está certo ao dizer que a contemplaçã o
infusa é discutida nã o apenas em The Dark Night of the Soul , mas também em The Ascent of
Mount Carmel , Bk. II, cap. 13. Cfr. Études Carmélitaines , julho de 1912, pp. 263, 270.
35 Cfr . IIa IIae, q.180, a. 1. Desta citaçã o, tirada de Sã o Tomá s por Sã o Joã o da Cruz, podemos
ver claramente como se enganam as pessoas que afirmam hoje que o Doutor Angélico nã o falou
de contemplaçã o essencialmente mística em sua Summa .
36 A Noite Escura da Alma , Bk. II, cap. 17; e cap. 5.
37 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, caps. 6, 7.
38 Summa , IIa IIae, q.24.
39 O Castelo Interior , quinta mansã o, cap. 1, pá g. 120. Quando Santa Teresa começa a discutir
a oraçã o de uniã o, que segue tranquila, e que à s vezes é acompanhada por um começo de
êxtase, ela diz a suas filhas: “Pode-se dizer que a maioria, pelo menos, consegue entrar nestes
quartos. Acho que certas graças que vou descrever sã o concedidas apenas a alguns, mas se os
demais chegam apenas ao portal, eles recebem um grande benefício de Deus, pois 'muitos sã o
chamados, mas poucos sã o escolhidos'. "Mais adiante na quinta mansã o, cap. 3, ela diz: "Deus
tem muitas maneiras de enriquecer a alma e trazê-la para essas moradas (ou seja, para a oraçã o
sobrenatural de uniã o), além do que se poderia chamar de atalho". Veremos mais tarde o que
ela quer dizer com esse atalho: nã o o estado místico como à s vezes se acredita, mas o estado
extá tico ou um começo de êxtase. Além disso, na quinta mansã o, cap. 3, Santa Teresa também
fala de uma uniã o de conformidade com a vontade divina, que nã o é um grau de oraçã o, mas
uma disposiçã o excelente para nã o ter vontade pró pria, uma disposiçã o que se pode ter sem ter
recebido um começo de êxtase.
40 O Castelo Interior , sétima mansã o, cap. 3.
41 Isso foi claramente explicado por Saudreau, État mystique , 2ª ed., p. 89. Justamente por
isso lamentamos ver na mesma obra (p. 46) que ele aplica o termo "extraordiná rio" à s oraçõ es
da quinta e sexta moradas que sã o acompanhadas de êxtase. Eles nã o sã o extraordiná rios em
sua essência, mas apenas em certos fenô menos concomitantes e acidentais. Saudreau
reconhece isso (p. 51) quando diz como nó s: "Deus pode conduzir a alma até à uniã o
transformadora sem lhe conceder arrebatamentos." Ele certamente está certo em distinguir o
estado místico do que ele chama de fenô menos extraordiná rios de ordem angélica (p. 180). As
objeçõ es que foram levantadas contra ele ultimamente sobre este ponto ( Revue Apologétique ,
15 de junho de 1922) nã o sã o bem fundamentadas. O pró prio Padre Poulain distinguiu
claramente o estado místico das visõ es que podem acompanhá -lo.
O Padre Lallemant, SJ, com razão observa na sua Doctrine spirituelle (VII Principe, cap. 4, art.
7): “Segundo alguns escritores, os graus de contemplação são: primeiro, a rememoração de todos
os poderes; segundo, semi-arrebatamento; terceiro, êxtase completo; quarto, êxtase. Esta divisão,
entretanto, não expressa tanto a essência da contemplação quanto seus acidentes; pois uma alma
pode às vezes ter sem êxtase uma luz mais sublime, um conhecimento mais claro, uma operação
mais excelente de Deus , do que outro que é favorecido com arrebatamentos e êxtases
extraordinários. A Santíssima Virgem foi elevada em contemplação do que todos os anjos e santos
juntos, e ainda assim ela não teve arrebatamentos. Alguns dos santos, como Bernadette na Gruta de
Lourdes, os tiveram na infância, e menos deles nos anos posteriores. Essa observação contém algo
análogo ao que se costuma dizer da ciência: seu progresso na extensão não é sinal certo de seu
progresso na penetração. Várias pessoas têm um conhecimento bastante extenso de uma ciência
sem possuir um conhecimento profundo ou elevado que lhes permita apreender com um relance
toda a ciência em seus primeiros princípios. Cfr. São Tomás, Ia IIae, q.52.
42 Além dos textos que citaremos, veja-se o que a santa diz em sua Vida sobre o progresso da
virtude correspondente à s oraçõ es simbolizadas pelas quatro maneiras de regar: segunda á gua,
as flores (das virtudes) estã o prestes a aparecer (cap. .15); terceira á gua, as flores
desabrocham; as virtudes extraem desta oraçã o um vigor muito maior do que da precedente,
que é a do silêncio (caps. 16 e seg.); quarta á gua, "este é o tempo das resoluçõ es, das
determinaçõ es heró icas, da energia viva dos bons desejos, do início do ó dio ao mundo e da
percepçã o mais clara de sua vaidade. A alma faz progressos maiores e mais elevados do que
nunca fez antes nos estados anteriores de oraçã o, e cresce em humildade cada vez mais "(cap.
19).
43 O Caminho da Perfeição , cap. 31, pá g. 179.
44 Ibid ., pá g. 183.
45 O Castelo Interior , quarta mansã o, cap. 2.
46 O Caminho da Perfeição , cap. 31; O Castelo Interior , quarta mansã o, cap. 1.
47 O Caminho da Perfeição , cap. 24, 34, 38. O Castelo Interior , terceira mansã o, cap. 1; quarta
mansã o, cap. 1. Cfr. Sã o Joã o da Cruz, A Noite Escura da Alma , Bk. EU.
48 Vida , cap. 15.
49 O Castelo Interior , quinta mansã o, cap. 1. O santo observa que já nã o basta seguir
atentamente a pró pria regra; além disso, é preciso ser muito dó cil à s inspiraçõ es do Espírito
Santo, que se torna mais exigente quanto mais dá e quer dar mais.
50 Ibid .
51 A primeira maneira de regar, tirando á gua de um poço pela força principal, é uma imagem
de meditaçã o ( Life , cap. 11); a segunda forma, com a noria (roda d'á gua), simboliza a oraçã o de
silêncio em que ainda há alguma atividade, embora seja uma oraçã o sobrenatural ( Vida , cap.
14); a terceira maneira de regar, pela á gua que flui de um rio ou fonte, corresponde ao sono dos
poderes ( Vida , cap. 16); a quarta á gua, que é a chuva, simboliza a oraçã o de uniã o ( Vida , cap.
18).
52 O Castelo Interior , quinta mansã o, cap. 1.
53 Ibidem , cap. 2.
54 Ibid . Deve-se observar que por essa transformaçã o esse inseto atinge a idade adulta; por
uma transformaçã o aná loga a alma atinge a idade adulta da vida sobrenatural.
55 Vida , cap. 17.
56 Ibid .
57 Quinta mansã o, cap. 3.
58 Este atalho e as delícias nele encontradas foram à s vezes pensados como contemplaçã o
grande doutrina de Santo Agostinho e Sã o Tomá s sobre a graça eficaz, como Dominic Banez a
expô s. Em geral, as almas que passam pela noite da alma nã o podem mais admitir outra
doutrina, ainda que antes tenham se inclinado para a opiniã o contrá ria, segundo a qual a graça
se torna eficaz pelo nosso bom consentimento.
62 O Castelo Interior , sexta mansã o, cap. 1.
63 Ibidem , cap. 11.
64 O Castelo Interior , sexta mansã o, cap. 5. O Padre Joret, OP, mostrou claramente ( La vie
spirituelle , maio de 1922, p. 90) que o êxtase, que é consequência da contemplaçã o infusa, nã o
é propriamente extraordiná rio. É diferente se precede a contemplaçã o e prepara a alma para
ela.
65 Isto em virtude do princípio muitas vezes formulado por Sã o Tomá s: "cum totaliter anima
intendat ad actum unius potentiae, abstrahitur homo ab actu alterius potentiae" ( De veritate , q.
13, a.3).
66 Deus entã o aparece cada vez mais como Verdade suprema, e a alma compreende o
significado das palavras do salmista: "Todo homem é mentiroso". A alma também vê porque o
Altíssimo ama tanto a humildade. "Porque Ele é a Verdade suprema e a humildade é a verdade.
É bem verdade que nada temos de bom de nó s mesmos, e que a miséria e o nada sã o a nossa
porçã o" (sexta mansã o, cap. 10). Seria, portanto, um erro acreditar que o justo se distingue do
pecador apenas por sua liberdade, e que essa diferença nã o provém da graça. "O que te
distingue?" diz Sã o Paulo.
67 O Castelo Interior , sexta mansã o, cap. 6.
68 Ibidem , cap. 9. No mesmo sentido o Carmelita Descalço José do Espírito Santo, corrigindo
Antô nio da Anunciaçã o, CD, com razã o observa e prova que "podemos desejar ardentemente e
humildemente suplicar a Deus a contemplaçã o infusa, mas nã o o êxtase e outros favores
semelhantes". que à s vezes o acompanham." Cursus theol. mystico-escolasticae (1791), II, 222,
224.
69 O Castelo Interior , sexta mansã o, cap. 9.
70 Santa Teresa fala disso na sétima mansã o (caps. 1, 2), e descreve como foi concedido a ela
"de maneira extraordiná ria". Sã o Joã o da Cruz, que discorreu mais longamente sobre o
casamento espiritual em sua relaçã o com as virtudes teologais, nã o diz que tal visã o esteja
necessariamente ligada a esse estado. Ele simplesmente aponta ( Cântico , Parte III e A Chama
Viva ) o fato de que na uniã o transformadora há uma contemplaçã o muito elevada das
perfeiçõ es divinas. Padre Poulain reconhece isso. Cfr. Les grâces d'oraison (gth ed.), cap. 19, nã o.
15.
71 O Castelo Interior , sétima mansã o, cap. 3: "A partir do momento em que o Senhor revela à
alma as maravilhas desta mansã o e lhe dá entrada nela, a alma perde esta grande fraqueza (de
êxtase) que lhe era tã o dolorosa e da qual nada poderia livrá -la. Talvez isso vem do fato de que o
Senhor o fortaleceu, dilatou-o e tornou-o capaz de Suas operaçõ es”. Assim a uniã o com Deus,
sendo possível sem impedir o exercício das faculdades, torna-se quase constante.
72 O Castelo Interior , sétima mansã o, cap. 2.
73 Veja I Cor. 6: 17.
74 Joã o 17: 22 f.
75 A Chama Viva , st. 1, v. 4.
76 O Castelo Interior , sétima mansã o, cap. 2.
77 Ibidem , cap. 3.
78 Ver IIa IIae, q.188, a. 6.
79 O Castelo Interior , sétima mansã o, cap. 4.
80 Lucas 10:27.
81 Cfr . os textos de O Caminho da Perfeição , caps. 18–21, citado na primeira parte deste
artigo.
82 Cfr . também Sã o Joã o da Cruz, O Cântico Espiritual , st. 34.
83 Cap. 40: “Entã o Ele disse: 'Ah, Minha filha, sã o poucos os que Me amam de verdade; pois se
os homens Me amassem, Eu nã o esconderia deles Meus segredos.' " Ela observa também ( ibid.):
"Há muito mais mulheres do que homens a quem nosso Senhor dá essas graças." Para mostrar
que pureza de alma é necessá ria para entrarmos no céu, ela diz (cap. 38): "Em todas as visõ es
que tive, nã o vi nenhuma alma escapar do purgató rio, exceto três." No entanto, evitar o
purgató rio é o caminho normal da santidade.
84 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, caps. 7, 8.
85 Cfr . Sã o Tomá s, IIa IIae, q. 184, a.3. A doutrina ensinada neste artigo é esquecida e mal
geralmente é bastante manifesto. Pode nã o ser assim para a alma que a recebe, pois em
períodos de provaçã o esta inspiraçã o pode permanecer escondida da alma; mas é manifesto
pelo menos para o diretor espiritual que vê que a noite passiva dos sentidos e do espírito tem
como causa principal uma luz purificadora de ordem mística.
2 É assim que Honoré de Sainte-Marie, CD, em sua obra, que em certos aspectos é muito
valiosa, Tradition des pères et des auteurs ecclésiastiques sur la contemplation , 1708, Parte III,
Diss. 3, a. 1 segundo. 2, aplica a palavra "adquirida" a toda oraçã o contemplativa que foi
precedida por algum trabalho de recolhimento. Além disso, ele ainda sustenta que a
contemplaçã o adquirida, como a infusa, "é acompanhada... pela oraçã o de quietude, pelo sono
dos poderes, pelo silêncio espiritual, êxtase, êxtase". Ele é, no entanto, obrigado a acrescentar:
"Embora a contemplaçã o adquirida possa à s vezes causar êxtase e êxtase, parece bastante
evidente que isso nã o pode acontecer sem alguma influência dos dons do Espírito Santo; e
assim a contemplaçã o adquirida passa a infusa." Lemos no mesmo capítulo: "Nesta
contemplaçã o adquirida, nunca se atinge o que se chama contemplaçã o pura."
3 Isso é o que Anthony da Anunciaçã o, CD, ensinou em seu Disceptatio mystica , tr. 2, q.4, a.8,
n. 34. Mais tarde, ele foi corrigido neste ponto por Joseph of the Holy Ghost, CD, Cursus theol.
myst.-scol ., II, 224.
4 Farges, Les phénomènes mystiques , 1921, pp. 76, 86, 94, 98, 108, 114.
5 Bossuet, Instruction sur les états d'oraison , Bk. VII: "O estado místico é como a profecia, ou
o dom de línguas ou de milagres. Assemelha-se ao tipo de graça que se chama graça concedida
gratuitamente, gratia gratis data ... Se devemos ser mais explícitos, diremos que o estado
místico, consistindo principalmente em algo que Deus opera em nó s, sem nó s, e no qual,
conseqü entemente, nã o há e nã o pode haver mérito algum”. Esta é uma confusã o surpreendente
em uma alma tã o grande; é aquela que o levou a afirmar na mesma obra (Livro IX) que Sã o
Francisco de Sales nã o havia experimentado a quietude. Santa Joana de Chantal diz o contrá rio
em suas Réponses (2ª ed., 1665), pp. 508 e seguintes. É verdade que mais tarde em sua ú ltima
obra, em suas cartas de orientaçã o e tratados piedosos, depois de ter examinado mais
profundamente a questã o, Bossuet falou da contemplaçã o e da oraçã o da simples presença de
Deus como Sã o Joã o da Cruz e Sã o .Teresa fez. Cfr. pá g. 230 nota 31.
6 Vida , cap. 14.
7 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, cap. 12.
8 Summa , IIa IIae, q.9, a.4.
9 Ibid ., q.8, a. 7.
10 A Noite Escura da Alma , Bk. II, cap. 6.
11 José do Espírito Santo, CD, Cursus theol. myst.-scol . (1721), vol. II, Praedicabile II, disp. XI,
imediatamente percebido em sua açã o recebida na alma (idéia infusa), como o agente material
é percebido diretamente em sua açã o sobre os sentidos externos, quasi species (impressa) rei
visae . "
19 Cfr . op. cit ., pá g. 98. Um texto é citado dos Contra Gentiles , Bk. III, cap. 54. Mas Sã o Tomá s
está falando da luz da gló ria necessá ria para a visã o beatífica, e nã o de uma ideia infusa que
tornaria possível uma percepçã o imediata de Deus inferior a essa visã o. A diferença é notável.
20 Farges, Les phénomènes mystiques , p. 98.
21 Ver Ia, q. 12, A. 2.
22 O Concílio de Viena condenou este erro dos begardos: "A alma nã o precisa da luz da gló ria
que fala Santa Teresa, a intuiçã o permanece negativa, per viam negationis , como ensina Sã o
Tomá s, De veritate , q. 10, A. 11 ad 14um: "... de visione intelectuali, qua sancti divinam
veritatem in contemplatione intuentur; non quidem sciendo de ea quid est sed magis quid non
est." Em uma visã o intelectual da Santíssima Trindade, uma visã o de ordem angélica ou por
meio de idéias infusas, a alma vê, especialmente no que diz respeito à essência divina do Pai,
Filho e Espírito Santo, o que eles nã o sã o, ao invés do que eles sã o. eles sã o. Essa visã o é muito
superior à especulaçã o teoló gica, mas nã o tira a fé; nã o dá a evidência intrínseca do mistério,
evidência que é dada apenas pela luz da gló ria.
26 op. cit ., pp. 99, 108.
27 Ver Ia, q.56, a. 3.
28 Farges, loc. cit .
29 Ver Ia, q.64, a. 1.
30 Nã o se admirará o leitor que, deste ponto de vista, o Bispo Farges declare que a via unitiva
se ramifica em duas direçõ es distintas: a via ordiná ria ou ativa, e a via extraordiná ria ou passiva
( op. cit ., p. 18) . Para apoiar esta afirmaçã o, ele apela para um texto isolado dos escritos de
Santa Teresa, cujo significado deve ser determinado por comparaçã o com muitos outros textos
muito importantes comumente citados em favor da tese contrá ria.
A principal razão, diz-nos ele ( op. cit ., p. 275), por que, segundo Santa Teresa, muitas almas não
passam do sossego, é que Deus não as chama para cima. . . . Santa Teresa, ao contrário, expressa esta
opinião (quinta mansão, cap. 1): "Há muitos chamados, poucos escolhidos... Roguemos ao Senhor
que nos conceda Sua graça para que não sejamos frustrados por nossa pró pria culpa: peçamos a
Ele que nos mostre o caminho e nos dê forças para cavar continuamente até encontrarmos este
tesouro escondido”. Cfr. São Francisco de Sales, Tratado do Amor de Deus , Bk. XII, cap. 11.
O bispo Farges também apela (p. 127) à autoridade do padre Vallgornera, OP, mas parece
esquecer que esse tomista, fiel à sua escola, ensina, como os teó logos carmelitas, que todas as
almas devem aspirar à contemplação infusa e que é normalmente concedida aos perfeitos. Não é,
portanto, essencialmente extraordinário (por natureza). Cfr. Vallgornera, Theol. myst. S. Thomae , I,
428; igualmente Filipe da Santíssima Trindade, CD, e Antó nio do Espírito Santo, CD
Ele reconhece alhures ( op. cit ., pp. 243, 257) que as purificaçõ es passivas, purgató rio antes da
morte, são necessárias para limpar a alma de todas as suas manchas. Quando acrescentamos a esta
ideia o fato de que essas purificaçõ es passivas são, como diz São João da Cruz, um estado místico,
não devemos concluir que o estado místico conduz normalmente à plena perfeição da vida cristã, à
perfeita purificação da a alma imutavelmente unida a Deus?
31 Assim, nossa fé infusa, que é exercida por ideias adquiridas, difere materialmente da fé
infusa dos anjos, que é exercida por ideias infusas; mas nã o difere dela formalmente pelo
motivo formal, ou pela luz infusa que é igualmente sobrenatural.
32 Summa , IIa IIae, q. 1, um .4.
33 Vida , cap. 27.
34 Cfr . Saudreau, État mystique (2ª ed., pp. 320–348), no qual mostra que os textos
Tomá s explica assim esta passagem: "Nã o só aprendendo, mas também experimentando as
coisas divinas, isto é, nã o apenas recebendo o conhecimento das coisas divinas no intelecto,
mas também amando, unidos a Ele pela afeiçã o". Da mesma forma De veritate , q.26, a.3 ad
18um. Veja mais adiante (p. 306) outros textos de Sã o Tomá s e de Joã o de Sã o Tomá s.
1 Esta inspiraçã o e iluminaçã o sã o bastante manifestas, se nã o para a pessoa que as recebe,
pelo menos para o experiente diretor espiritual a quem a alma se revela. Explicaremos isso
mais adiante. A alma pode, de fato, estar no estado místico sem saber. É o caso de certas almas
muito puras e simples que nunca ouviram falar do estado passivo, mas que estã o nele, como
observou Santa Teresa em mais de uma ocasiã o.
2 Santa Teresa diz: "Aqui, de fato, aprender seria muito ú til, a fim de explicar as ajudas gerais
e particulares da graça; pois há muitos que nada sabem sobre elas. Aprender serviria para
mostrar como nosso Senhor agora terá a alma para ver, por assim dizer, a olho nu, como os
homens falam, esta ajuda particular da graça "( Vida , cap. 14). Esta é uma afirmaçã o clara sobre
a inspiraçã o especial à qual os dons do Espírito Santo nos tornam dó ceis.
3 Concílio de Trento, Sess. VI, cap. 7.
4 Ver Ia IIae, q.63, a.4.
5 Summa , Ia IIae, q.68, a. 8.
6 Ibid ., a. 1.
7 Em Is. 11:2 f., lemos: “E o espírito do Senhor repousará sobre ele: o espírito de sabedoria e
de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor
do Senhor." Este texto aplica-se ao Messias anunciado e, desde Pentecostes, também aos
membros vivos do corpo místico de Nosso Senhor. É assim que os pais entenderam. Cfr. Dict, de
théol. catol ., art. "Dons du Saint-Esprit" do padre Gardeil, OP: "Fondement scriptuire de cette
doutrina, et enseignement des Pères", col. 1728–81.
8 Trata-se aqui do que acontece na ordem sobrenatural da razã o iluminada pela fé; é assim
atribuídas antes aos dons do que à s virtudes" (Ia IIae, q.70, a.2).
16 Bispo Gay, De la vie et des vertus chrétiennes , primeiro tratado.
17 Se confundirmos as virtudes e os dons, encontraremos sérias dificuldades. Nã o seria
possível explicar por que certos dons, como o medo, nã o estã o entre o nú mero das virtudes, e
por que Cristo possuía os sete dons, como nos ensina Isaias (11: 2), sem ter certas virtudes
infusas como a fé , esperança e penitência, que supõ em uma imperfeiçã o.
18 Summa , Ia IIae, q.68, a. 1 anú ncio 3um.
19 “Uma vez que os dons estã o acima do modo humano em sua açã o, é apropriado que as
operaçõ es dos dons sejam medidas por uma regra diferente da virtude humana, que é a pró pria
Divindade compartilhada pelo homem em sua maneira, de modo que já nã o opera de modo
humano à maneira do homem, mas como se fosse feito Deus por participaçã o" ( ibid ., e III
Enviado ., D. XXXIV, q. 1, a.3).
20 "Os dons superam a perfeiçã o ordiná ria das virtudes, nã o quanto ao tipo de obras (como
dirige o homem na busca de conselhos de acordo com princípios que a razã o pode apreender;
portanto, a prudência ou eubulia faz com que o homem tome bons conselhos para si mesmo ou
para outro. Desde , porém, a razã o humana é incapaz de apreender as coisas singulares e
contingentes que podem ocorrer, o resultado é que os pensamentos dos homens mortais sã o
temerosos e nossos conselhos incertos (Sab. 9: 14). requer ser dirigido por Deus que
compreende todas as coisas: e isto é feito através do dom do conselho pelo qual o homem é
dirigido como se aconselhado por Deus" (IIa IIae, q.52, a. 1 ad 1um).
23 "Se o homem, em vez de fazer o que pode, se contentasse em esperar a ajuda de Deus,
pensaram que ele queria dizer que o homem precisa sempre ser movido para cada ato salutar
por uma inspiraçã o especial do Espírito Santo, mesmo em atos que sã o chamados remissi . Eles
confundiram a graça atual comum com a inspiraçã o especial que está em questã o aqui. Sã o
Tomá s nã o escreveu: "Quin indigeat semper moveri", mas "Quin semper indigeat moveri". A
expressã o de Sã o Tomá s significa que o homem nã o está tã o aperfeiçoado pelas virtudes
teologais que nunca precise de ser inspirado pelo Mestre interior, como se poderia dizer: "Este
estudante de medicina nã o está tã o bem instruído que nunca precise a assistência de seu
mestre para certas operaçõ es." É bem certo que o homem pode fazer um ato sobrenatural de fé
com uma graça real, sem qualquer ajuda por parte dos dons do Espírito Santo. Este é
certamente o caso de uma alma que, estando em estado de pecado mortal, perdeu juntamente
com a caridade os dons do Espírito Santo, e que, no entanto, ainda com bastante frequência faz
atos de fé sobrenatural. Cfr. Gardeil, art. "Dons", em Dict. théol ., col. 1779; Padre Frojet, OP, De
l'habitation du Saint-Esprit dans les âmes justes , Parte IV, pp. 407-24, expressa claramente o
verdadeiro pensamento de Sã o Tomá s sobre este ponto.
28 Rm. 8: 14. "Porque todos os que sã o guiados pelo Espírito de Deus, esses sã o filhos de
Deus."
29 Summa , Ia IIae, q.68, a. 2.
30 Sã o Tomá s, III Enviado ., D. XXXIV, q. 1, a. 2.
31 "Se os dons do Espírito Santo sã o há bitos" (Ia IIae, q.68, a. 3).
32 Ibid ., ad 2um.
33 Vol. IV, col. 1728–81.
34 Loc. cit ., col. 1776.
35 Cfr . Gardeil, Le donné révélé et la théologie , 1910: Uma comparaçã o dos sistemas
teoló gicos (pp. 266–86). Sobre a questã o que nos ocupa a atençã o, ver também a introduçã o da
excelente obra do mesmo autor, Les dons du Saint-Esprit dans les Saints Dominicains .
36 De gratia et libero arbitrio , 1907, II, 201, 225, 247.
37 Nã o há , propriamente falando, nenhuma deliberaçã o e eleiçã o no fim ú ltimo; cf. Ia Iae, q.
13, A. 3; IIa IIae, q.24, a. 1 anú ncio 3um. Explicaremos isso mais adiante.
38 Summa , Ia IIae, qg, a.6 ad 3um. Ver, sobre este texto e sua relaçã o com os outros que
citamos, Del Prado, De gratia et libero arbitrio , I, 236; II, 228, 266.
39 Ibid ., q. 10, a.1, 2.
40 "Saber que Deus existe de maneira geral e indefinida é implantado em nó s pela natureza,
potência ao ato, quanto ao seu conhecimento das conclusõ es; e assim ele se move. E, da mesma
maneira, o a vontade, por meio de sua vontade do fim, move-se para querer os meios”. Ibid ., ad
1um e Ia, q.63, a.5.
43 Summa ., Ia IIae, qg, a.6, terceira objeçã o e réplica.
44 Summa , Ia, q.63, a. 1 ad 4um; a.5; a.6; Ia IIae, q.79, a.1, 2.
45 Do contrá rio, seguir-se-ia que Deus, por Seu movimento, nã o é mais a causa do ato bom do
que do pecado, o que seria contrá rio à definiçã o do Concílio de Trento (Sess. VI, câ non 6): "Si
quis dixerit mala opera ita ut bona Deum operari non permissive solum, sed proprie et per se,
aná tema sit." Se a parte divina fosse apenas simultâ nea ou se fosse um primeiro impulso
indiferente, Deus por essa participaçã o nã o seria mais causa do ato bom do que do pecado. A
razã o pela qual Ele nã o seria a causa do pecado é que Sua participaçã o seria apenas simultâ nea
e indiferente; pela mesma razã o Ele nã o seria, estritamente falando, a causa do bom ato. Cfr. Ia
IIae, q.79, a. 2, e os tomistas neste artigo.
46 Veja I Cor. 4: 7. Como mostra Sã o Tomá s, em um comentá rio sobre esta Epístola, todas as
coisas boas vêm de Deus, mesmo a boa determinaçã o de nosso livre arbítrio, na medida em que
se distingue do mal. Cfr. Ia, q.23, a.5; Ia Iae, q. 109, a.2.
47 Summa , Ia IIae, q.79, a. 1, 2.
48 Ibid .
49 "Até mesmo o Filó sofo diz no capítulo da Boa Fortuna ( Ethic. Eudem., loc. cit. ) que para
homem, o homem pode fazê-las através do julgamento de sua razã o. Se, no entanto, mesmo
nessas coisas o homem receber ajuda na forma de sugestõ es especiais de Deus, isso será pela
bondade superabundante de Deus: portanto, de acordo com os filó sofos, nem todo aquele que
tinha as virtudes morais adquiridas, tinha também as virtudes heró icas ou divinas. , de uma
maneira e imperfeitamente, acionado pelas virtudes teologais, o movimento da razã o nã o é
suficiente, a menos que receba adicionalmente o impulso ou movimento do Espírito Santo, de
acordo com Rm 8: 14: 'Todo aquele que é guiado pelo Espírito de Deus, eles sã o filhos de Deus'”
(Ia IIae, q.68, a. 2).
51 Summa , Ia IIae, q.113, a. 1–3, 4 ad 1um; a.5–8. Cfr. Del Prado, De gratia et libero arbitrio ,
II, 240.
52 Summa , Ia IIae, q. 111, A. 2: “Primeiro, há o ato interior da vontade, e em relaçã o a este
ato a vontade é uma coisa movida, e Deus é o motor; e especialmente quando a vontade, que até
entã o queria o mal, começa a querer o bem. , na medida em que Deus move a mente humana
para este ato, falamos de graça operante. operaçã o deste ato é atribuída à vontade. E porque
Deus nos assiste neste ato, tanto fortalecendo nossa vontade interiormente para alcançar o ato,
quanto concedendo externamente a capacidade de operar, é com relaçã o a isso que nó s falar da
graça cooperadora”. No mesmo artigo (em resposta à segunda objeçã o), Sã o Tomá s mostra
como sob a graça operante, embora a vontade nã o se mova em virtude de um ato anterior,
consente livremente em ser movida: "Deus nã o nos justifica sem nó s mesmos, porque enquanto
estamos sendo justificados, consentimos com a justificaçã o de Deus ( justitiae ) por um
movimento de nosso livre arbítrio. No entanto, esse movimento nã o é a causa da graça, mas o
efeito; portanto, toda a operaçã o pertence à graça.
53 "Portanto, se Deus pretende, enquanto se move, que aquele cujo coraçã o Ele move alcance
voluntatis (sub gratia operante in instantijustificationis) quamvis liberrimus, est etiam ad instar
motus naturalis per modum simplicis volitionis; et homo non valet per rationem se determina
primoe ad hujusmodi velle, quod excedit omnem naturalem facultatem, tam rationis, quam
voluntatis. . . . Est fundamentum omnium sanctarum selectionum in ordine gratiae." Cfr. ibid .,
pá g. 223, e I, 226–28, 236, onde o autor mostra que neste ponto Sã o Tomá s é seguido mais
fielmente por Lemos do que por Didacus Alvarez, Gonet e Goudin, que reduzem a graça
operante a uma simples graça excitante que nã o ir tã o longe quanto o consentimento.
55 Assim, por infusa prudência, um homem delibera que ele pode agir como é apropriado de
acordo com as virtudes da religiã o, justiça, fortaleza e temperança; e, quando necessá rio, até
fazer atos de fé, esperança e caridade. A prudência, portanto, rege por acidente os atos das
virtudes teologais, embora nã o os meça. Cfr. Comentá rio de Billuart sobre IIa IIae, q.81, a .5.
56 "Mas naquele efeito em que nossa mente se move e é movida, a operaçã o nã o é apenas
atribuída a Deus, mas também à alma; e é com referência a isso que falamos de graça
cooperativa" (Ia llae , q.III, a.2). A vontade já desejando o fim ú ltimo sobrenatural move-se, sob
o impulso da graça cooperante, para desejar os meios ordenados para esse fim. A graça atual é
necessá ria para todo ato de virtude infusa. Cfr. Ia Ilae, q.10g, ag, e Hugon, De gratia , pp. 281-83.
57 "Se Deus move a vontade para alguma coisa, é incompossível com esta suposiçã o, que a
também ao ser feito de uma maneira que seja adequada à natureza dessa coisa. E, portanto,
seria mais repugnante ao movimento divino para a vontade ser movida por necessidade, o que
nã o é adequado à sua natureza, do que ser movida livremente, o que é adequado à sua
natureza" ( ibid ., ad îum). Da mesma forma Ia, q. 19, a.8; q.83, a. 1 ad 3um; De malo , q.6, a. 1 ad
3um: "Deus movet quidem voluntatem immutabiliter propter efficaciam virtutis moventis, quae
deficere non potest, sed propter naturam voluntatis nostrae, quae in-differenter se habet ad
diversa, non inducitur necessitas, sed manet libertas" ( ibid ., ad 1um) .
59 Ver Ia IIae, q.68, a. 1–3.
60 Ibid .
61 Lucas 4: 1.
62 Fil. 2: 13: Sã o Tomá s, In Ep. ad Rom ., 8: 14: "Porque todos os que sã o guiados pelo Espírito
colocar nosso fim ú ltimo em Deus e nã o em uma criatura (Ia IIae, q.89, a.6), nã o é deliberaçã o
propriamente dita , que incide sobre os meios (cf. Ia IIae, q.13, a.3, e IIa IIae, q.24, a.1 ad 3um):
"A caridade, cujo objeto é o fim ú ltimo, deve ser descrita como residente na vontade e nã o no
livre arbítrio”.
67 Ver Ia IIae, q.9, a.6 ad 3um. Esta é a explicaçã o daquele famoso ad 3um que tem sido
objeto de tantas controvérsias. Cfr. Del Prado, De gratia et libero arbitrio , I, 236; II, 228, 256.
68 Ver Ia IIae, q.68, a. 2 ad 3um: “A razã o humana aperfeiçoada em sua perfeiçã o natural, ou
aperfeiçoada pelas virtudes teologais, . . . nã o conhece todas as coisas, nem todas as coisas
possíveis. ignorâ ncia, embotamento mental e dureza de coraçã o”.
69 "Existem as virtudes daqueles que já atingiram a semelhança divina: estas sã o chamadas
participaçã o da natureza divina, de certa forma nos diviniza. Cfr. Ia Iae, q. 112, A. 1: "Pois é tã o
necessá rio que somente Deus deifique . . . como é impossível que qualquer coisa, exceto o fogo,
acenda."
72 Sã o Tomá s fala de modo semelhante da santidade da Santíssima Virgem (Ilia, q.27, a. 4).
73 "A graça das virtudes e dos dons aperfeiçoa suficientemente a essência e as potências da
alma no que diz respeito à conduta ordiná ria; mas quanto a certos efeitos especiais necessá rios
à vida cristã , é necessá ria a graça sacramental" (IIIa, q.62, a . 2 ad 1um).
74 Esta enumeraçã o dos dons corresponde à quela feita por Isaias (11: 2), exceto os dons de
conselho e de fortaleza, que, por sua difícil matéria, sã o colocados por Isaías antes dos de
conhecimento e de piedade, embora sejam simpliciter inferior a eles. Cfr. Ia IIae, q.68, a.7.
75 Summa , IIa IIae, q.9, a.4.
76 Ver Ia IIae, q.69, a.3 ad 3um, e IIa IIae, q.8, a.7; q.9, a.4; q.45, a.6; q. 19, a.12; q.121, a.2;
q.139, a.2.
77 Ver Ia IIae, q.69, a.3 ad 5um. Sobre os frutos do Espírito Santo, cf. Ia IIae, q.70, onde Sã o
Tomá s mostra claramente que eles procedem do Espírito Santo, conforme Ele dispõ e nossas
almas em relaçã o a Deus, ao pró ximo e à s coisas inferiores.
78 Ibid ., q.68, a.4; IIa IIae, q.8, a.6.
79 Summa , Ia IIae, q.68, a.7.
80 Ibid ., q.66, a.5. No esboço anterior, para simplificar o arranjo, a sabedoria foi colocada
retidã o de julgamento é dupla: primeiro, devido ao perfeito uso da razã o, segundo, devido a
uma certa conaturalidade com o assunto sobre o qual se deve julgar . . . assim, Dionísio diz ( Div.
Nom ., ii) que Hierotheus é perfeito nas coisas divinas, pois ele nã o apenas aprende, mas é
paciente com as coisas divinas" (IIa IIae, q.45, a. 2).
82 Summa , Ia IIae, q.68, a.5.
83 Summa , IIa IIae, q. 184, A. 3.
84 Ibid ., q.24, a. 9; q. 183, a.4.
85 Opera omnia , 1908, XXXV, 157–260: De donis Spiritus Sancti .
86 Summa , IIa IIae, q.9, a. 2, 4. Este dom ocupa um lugar importante na noite passiva dos
sentidos; dela procede a santa tristeza de que fala Cristo na bem-aventurança das lá grimas.
87 Por este dom, Sã o Francisco de Assis pisou as coisas terrenas e recebeu uma intuiçã o tã o
penetrante do simbolismo da natureza que chamou todas as criaturas de irmã os e irmã s, e por
elas foi elevado a Deus.
88 Sobre esses três graus do dom do conhecimento, cf. Dionísio, o Cartuxo, op. cit ., tr. 3, a. 25.
89 Summa , IIa IIae, q.52, a. 1, 2. Isso nos faz evitar com mais certeza a pressa, a imprudência,
sermos glorificados com Ele (Rom. 8: 17)." Cfr. Ofício SS. Sacramento . Sobre os três graus do
dom da piedade, ver também Dionísio, o Cartuxo, op. cit ., tr. 3, a. 40. Ao terceiro grau deste dom,
considerado em relaçã o ao pró ximo, Dionísio refere as palavras de Sã o Paulo: "De bom grado
gastarei e serei gasto por tua alma; embora amando-te mais, serei menos amado" (II Cor. 12:
15).
100 Veja I Pe. 2: 5.
101 Summa , IIa IIae, q.139, a.1, e Dionísio, o Cartuxo, op. cit , tr. 3, a. 18.
102 Ps. 33: 20.
103 Veja II Cor. 7: 4.
104 Col. 1: 24. Cf. Sã o Tomá s, no Ep. anúncio Col. 1: 24. Nada falta à paixã o de Cristo em si
mesma. Tem superabundâ ncia e valor infinito; há algo faltando apenas em sua radiaçã o em nó s.
É por isso que Sã o Paulo diz: "Eu preencho o que falta aos sofrimentos de Cristo, na minha
carne", para ser associado na grande obra da redençã o em Cristo e por Ele, para continuar Sua
obra redentora pela aplicaçã o de Seus méritos. "Verdadeiramente herdeiros de Deus e co-
herdeiros com Cristo; todavia, se com ele padecemos, para que também com ele sejamos
glorificados."
105 Summa , Ia IIae, q.69, a.3, 4. Veja também o que diz Sã o Tomá s da vida ativa e sua relaçã o
com a vida contemplativa e com a vida mista ou apostó lica (IIa IIae, q.179, 181, 182, 188, a.4, 6).
106 Summa , IIa IIae, q.8, a.1, 2, 4.
107 "Pois a pureza é dupla. Uma é um preâ mbulo e uma disposiçã o para ver Deus, e consiste
podemos, por assim dizer, ver Deus." Assim, a recompensa de cada uma das oito bem-
aventuranças existe de certa forma incoativa na vida cristã na terra, que é a vida eterna iniciada,
semen gloriae (Ia IIae, q .69, a. 2 ad 3um).
109 Summa , IIa IIae, q.8, a. 7: "Novamente, a visã o de Deus é dupla. Uma é perfeita, por meio
da qual a Essência de Deus é vista; sabemos nesta vida, quanto mais compreendemos que Ele
ultrapassa tudo o que a mente compreende. Cada uma dessas visõ es de Deus pertence ao dom
do entendimento; a primeira, ao dom do entendimento em seu estado de perfeiçã o, como
possuído em céu; o segundo, para o dom da compreensã o em seu estado de incoaçã o, como
possuído pelos viajantes."
110 De donis , tr. 2, a. 35: "Ad tertium gradum (doni intelectuais) id attinet ut singulorum fidei
articulorum proprias rationes ac fundamental quis purgatissima acie valeat considerado... atque
certissimo mentis oculo quoeat delectabiliter speculari."
111 Summa , IIa IIae, q .45, a. 1, 2.
112 "Só crates ou Platã o percebe que tem uma alma intelectual, porque percebe que
crescunt simul." Arte. 16: "E eu vivo, nã o mais eu, mas Cristo vive em mim" (Gá latas 2: 20).
Dionísio observa aqui que esses três graus do dom da sabedoria correspondem aos três graus
das virtudes morais explicados por Sã o Tomá s, Ia IIae, q.61, a.5, onde divide as virtudes em
virtudes sociais, virtudes aperfeiçoadoras, e virtudes perfeitas. Cfr. Dionísio, De fonte lucis , a.
12, 13, 15 e De cont ., Bk. I a. 44. Nestas obras encontramos uma descriçã o semelhante do dom
da sabedoria. Em De fonte lucis (a. 12, 15) afirma-se claramente que é propriamente a
contemplatio unitivae ac mysticae sapientiae que nos une a Deus tanquam prorsus ignoto na
escuridã o transluminosa, per supersplendentem caliginem, de que fala Dionísio, o Místico, e Sã o
Tomá s depois dele ( In lib. de div. Nom ., Cap. 1, lect. 1; cap. 7, lect. 4).
125 Cfr. Henry Suso, L'Exemplaire , Parte I, cap. 4; Parte III, cap. 1; Ruysbroeck, Le royaume des
SCHRAM, Theol. myst ., I, 2; indivíduo. 4, seg. 244. "Solum probatur contemplationem secundum
essentiam suam non consiste in his gratiis, sed per illas juvari acidaliter et perfici directe in
ordine ad alios, indirecte in ordine ad se... Quia sermo est de contemplatione perfecta, quae
supponit vel facit animam perfectam , haec nequit a solis gratiis gratis datis procedere, cum sit
caritate formata, et elevata donis Spiritus Sancti." Cfr. Meynard, OP, Traité de Ia vie intérieure ,
Vol. II, nºs. 42–46.
128 Suma; IIa IIae, q. 175, a.3–6.
129 Ibid ., IIa IIae, q.184, a.3.
1 Summa , IIa IIae, q.45, a. 1, 2.
2 Ibid ., q.8. Por uma iluminaçã o desse tipo, nosso Senhor abriu a mente dos discípulos de
corresponde ao dom das lá grimas: "Bem-aventurados os que choram" quando vêem, sob a
inspiraçã o do Espírito Santo, a gravidade de suas faltas como doença da alma e ofensa contra
Deus. Os outros dons, os de conselho, piedade, fortaleza e temor, nã o participam formalmente
da contemplaçã o infusa, mas preparam a alma para ela. A contemplaçã o pode à s vezes ser
acompanhada de luz profética, mas entã o é um favor extraordiná rio.
4 Summa , IIa IIae, q.45, a. 2, e Joã o de Sã o Tomá s, De donis , art. 4.
5 é. 11: 2.
6 Sab. 7: 28.
7 Ibidem , 1: 4.
8 Veja I Joã o 2:27.
9 Rom. 5: 5.
10 Ibidem , 8: 15.
11 Veja I Cor. 2: 6–16.
12 Veja II Cor. 3: 18.
13 Sab. 7: 11.
14 Jas. 3: 17.
15 Cfr . Dieta, théol ., art. "Dons" do padre Gardeil, OP, pela doutrina dos padres. As bases
Espírito Santo... que perscruta todas as coisas." Com efeito, pode haver nisso um simples
conhecimento afetivo pela fé unida à caridade. Para que esse conhecimento proceda do dom da
sabedoria, deve haver, além disso, uma inspiraçã o do Espírito Santo; assim a contemplaçã o
infusa se distingue das consolaçõ es sensíveis adquiridas na meditaçã o, como indicaremos mais
adiante.
20 Summa , IIa IIae, q.45, a.2.
21 Sobre Ia IIae, q.68, disp. 18, a.4.
22 Joã o 7:17.
23 Summa , Ia IIae, q.28, a. 1 ad 3um: "O conhecimento é aperfeiçoado pela coisa conhecida
sendo unida, por sua semelhança, ao conhecedor. Mas o efeito do amor é que a pró pria coisa
que é amada é, de certa forma, unida ao amante, como afirmado acima. Conseqü entemente, a
uniã o causada pelo amor é mais pró xima do que aquela causada pelo conhecimento."
Porém, se o conhecimento é absolutamente imediato, se alguém conhece a Deus por sua pró pria
essência e não mais por uma semelhança, como na visão beatífica, então é esse conhecimento que
nos faz tomar posse de Deus e não do amor. Cfr. Ia IIae, q.3, a.4.
24 Bk. II, cap. 16, seg. 1.
25 Ibidem , cap. 17.
26 O Castelo Interior , quarta mansã o, cap. 3.
27 Todo verdadeiro místico cató lico está e deve estar pronto para dar sua vida pelo mínimo
que seja do Credo . Toda heresia formal destró i a fé infusa em nó s e, portanto, a caridade; isto é,
o princípio essencial do qual procede a contemplaçã o de que falamos.
28 Summa , IIa IIae, q. 180, A. 6.
29 Cap. 4.
30 Summa , IIa IIae, q.180, a. 6. Esta contemplaçã o, comparada por Dionísio a um movimento
circular, consiste, como ele diz ( loc. cit. ), "na alma deixando as coisas exteriores para que ela
possa entrar em si mesma; que ela possa chamar suas faculdades intelectuais à unidade em
ordem que, por assim dizer, encerrada em um círculo, nã o pode extraviar-se; entã o, nesta
libertaçã o das distraçõ es, nesta recolhimento e simplificaçã o de si mesma, para que ela possa
unir-se aos anjos maravilhosamente perdidos na unidade, e permitir-se assim ser conduzido ao
belo e ao bom, à pró pria Divindade, superior ao belo e ao bom”. Filipe da Santíssima Trindade,
CD, seguido por Vallgornera, OP, reconhece em sua Teologia Mística , II, 66, onde discute a
contemplaçã o circular, que ela é geralmente infusa. Isso é o mínimo que se pode dizer. Essa
contemplaçã o difere enormemente da especulaçã o adquirida do filó sofo ou da meditaçã o sobre
a inefabilidade da essência divina.
31 Joã o, cap. 17.
32 Ele diz na Summa (IIa IIae, q.180, a.6 ad 2um): "Deve-se pô r de lado o discurso e fixar o
arrebatada e eu vi Deus em uma luz superior a toda luz conhecida; em uma plenitude superior a
toda plenitude. No lugar onde eu estava, busquei o amor e nã o o encontrei mais. . . . Entã o eu vi
Deus em uma escuridã o, e necessariamente em uma escuridã o porque Ele está muito acima do
espírito, e tudo o que pode se tornar objeto de um pensamento nã o pode expressá -lo... Este é
um deleite inefável no bem que contém tudo , e nada ali pode tornar-se objeto de uma palavra
ou de um conceito. Nã o vejo nada, vejo tudo. Quanto mais profunda é a escuridã o, mais o bem
supera tudo. Este é o mistério reservado. . . . O poder divino, a sabedoria e a vontade, que vi
maravilhosamente em outro lugar, parecem menos do que isso. Isso é um todo; os outros
poderiam ser chamados de partes. . . . Na imensa escuridã o eu vejo a Santíssima Trindade. . . .
Essa é a atraçã o suprema, em comparaçã o com o qual tudo é nada; isso é o incomparável."
Sobre o mesmo assunto, cfr. Sã o Tomá s, In De divinis Nominibus , c. VII, lect. 4; e eu enviei . dB, qt,
a.1 ad 5um. Seria um erro grosseiro confundir esta contemplaçã o infusa com a meditaçã o
filosó fica em que se pensa que a essência divina supera todos os nossos conceitos.
45 Summa , Ia IIae, q. 111, um .5.
46 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, caps. 11–13; A Noite Escura da Alma , Bk. Eu, cap. 9.
47 Assim ele trata da essência da prudência, que se encontra analogamente na prudência
Espírito Santo, CD, Cursus theol. scol.-mysticae , vol. II, Disp. VII, q.1, n. 28.
49 Sobre este ponto cf. José do Espírito Santo, ibid .
50 Cfr. Gardeil, Dict, théol ., art. "Dons", a ú ltima parte do artigo.
51 Sã o Tomá s diz (IIa IIae, q.52, a.2 ad 1um): "Nos dons do Espírito Santo, a posiçã o da mente
natural para ele ser movido por sua razã o em suas açõ es interiores e exteriores.
Consequentemente, o homem precisa de uma perfeiçã o ainda maior, pela qual ser movido por
Deus. . . . O pró prio Filó sofo diz em o capítulo da Boa Fortuna ( Ethic. Eudem., loc. cit. ) que para
aqueles que sã o movidos pelo instinto divino nã o há necessidade de se aconselhar de acordo
com a razã o humana, mas apenas seguir sua consciência interior, uma vez que sã o movidos por
um princípio superior à razã o humana. Isso é o que alguns dizem, a saber, que os dons
aperfeiçoam o homem para atos que sã o superiores aos atos de virtude. Cfr. Joã o de Sã o Tomá s
neste artigo. É claro que toda graça atual nã o nos dispensa de deliberar.
São Tomás fala assim ( em Rom . 8: 14) sobre o texto: "Pois todos os que são guiados pelo
Espírito de Deus são filhos de Deus": "Homo spiritualis, non quasi ex motu proprie voluntatis
principaliter, sed ex instintou Spiritus Sancti inclinatur ad aliquid." Cfr. Froget, OP, De l'habitation
du Saint-Esprit dans les âmes justes , Parte IV, cap. 6, pág. 407.
53 Summa , IIa IIae, qg, a.4.
54 Ibid ., q.8, a. 7.
55 O Castelo Interior , quarta mansã o, cap. 2.
56 Veja o que diz Sã o Tomá s sobre as paixõ es ou emoçõ es resultantes da redundâ ncia (Ia IIae,
q.24, a. 3 ad 1um); da alegria sensível, efeito da devoçã o da vontade (IIa IIae, q.82, a.4); e dos
efeitos da comunhã o (IIIa, q.79, a.1 ad 2um).
57 Summa , Ia IIae, q.111, a .5. Neste artigo, Sã o Tomá s afirma que a graça santificante é "mais
nobre que a graça gratuita". É ú til reler o ofício para a festa de Santa Teresa, particularmente o
Pequeno Capítulo em que apenas o dom da sabedoria é mencionado: "Pelo que desejei, e foi-me
dado entendimento; e invoquei a Deus, e o espírito de sabedoria veio sobre mim" (Sab. 7: 7).
58 Revue d'ascétique et de mystique , outubro de 1920. Sobre a questã o da contemplaçã o
proporcional que permite à alma alcançar a uniã o divina; indivíduo. 9; Bk. Doente, caps. 4, 6.
61 Sobre IIa IIae, q.45, a. 1.
62 Cursus theol. scol.-mysticae , vol. II, dist. 13, pá g. 395, onde Suarez também é citado como
theologicae (per quas unimur Spiritui Sancto moventi), praeferuntur donis Spiritus Sancti et
regulant ea." Assim, a fé é a regra remota dos dons intelectuais, que só podem ser exercidos
sobre as verdades da fé. Sua regra pró xima e imediata é a iluminaçã o do Espírito Santo, que
constitui o motivo formal da contemplaçã o penetrante ou doce e infusa.
67 St. Thomas, Super Isaiam , cap. 11.
68 Sã o Gregó rio Nazianzeno, Orat. ad popul ., XLIII, n. 67.
69 Sal. 1: 3.
70 Gal. 5: 22 f.
71 Summa , Ia IIae, q.70, a.1, 2.
72 Sã o Tomá s, Ia IIae, q.69, a.1; q.70, a. 2.
73 Ibid ., q.70, a. 2.
74 Mat. 5: 3.
75 Fil. 4: 4–9.
76 Sab. 7: 8–14.
77 Ibid ., 8: 8 f.
78 Sab., cap. 9.
79 Mat. 5: 11.
1 Este é o significado das palavras "chamados" e "escolhidos", isto é, escolhidos para a gló ria,
em Mat. 20: 16; 22:14; 24: 24; Marcos 13: 20, 22, 27; Lucas 18: 7. Este também é o significado
atual na teologia. No entanto, nos escritos de Sã o Paulo (I Cor. 1: 26 s.) "chamado" tem o mesmo
significado de "escolhido", porque fala da vocaçã o eficaz à fé e à vida cristã , e da eleiçã o para
graça, nã o para a gló ria. Cfr. Vosté, OP, Comment, in Ep. Ad Tessal ., 1:4. Sã o Tomá s observa a este
respeito que a vocaçã o eficaz à vida cristã e a eleiçã o à mesma vida sã o idênticas; mas a palavra
"vocaçã o" é usada em relaçã o à nova vida e "eleiçã o" em relaçã o ao mundo de onde alguém foi
atraído e escolhido.
2 Cfr . St. Thomas, Ia, d.41, qi, a.2 ad 3um, e In Epist. ad Rom ., cap. 8, Iect. 6; e os teó logos de
Salamanca, De praedestinatione , Disp. IV, dub. 3: "Quaenam vocationes electorum sunt effectus
praedestinationis eorum?" Segundo esses teó logos e muitos outros tomistas, mesmo as
vocaçõ es ineficazes, à s quais os eleitos resistem, sã o um efeito da predestinaçã o. Cfr. Billuart, De
Deo , Diss. IX, A. 6, 1.
3. Geralmente unem-se a vocaçã o exterior e a vocaçã o interior, como o movimento objetivo (
alguém tem sede, venha a mim e beba. . . . Do seu ventre correrã o rios de á gua viva."
5 Caps. 19, 20.
6 Cfr . Sã o Joã o da Cruz, A Subida do Monte Carmelo , Bk. II caps. 11–13, e A Noite Escura da
Alma , Bk. Eu, cap. 9. Cfr. também a obra que pode ser considerada um resumo dos
ensinamentos de Tauler, The Institutions , cap. 35.
7 Mat. 22: 2–10.
8 Cfr . Sã o Tomá s, De malo , q.6, a. 1 ad 3um: "Deus movet quidem voluntatem immutabiliter
propter efficaciam virtutis moventis, quae deficere non potest; sed propter naturam voluntatis
motae, quae indiferenter se habet ad diversa, non inducitur necessitas, sed manet libertas." É
assim que Sã o Tomá s compreende a expressã o de Sã o Paulo: "Porque é Deus quem opera em
vó s tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade" (Fil. 2: 13). Cfr. também Ia IIae,
q. 112, A. 3: “Se Deus pretende, enquanto se move, que aquele cujo coraçã o Ele move alcance a
graça, ele infalivelmente a alcançará , de acordo com Joã o 6: 45: ‘Todo aquele que ouviu falar do
Pai e aprendeu vem a mim .'" Da mesma forma la, q. 105, a.4; Ia Iae, q. 10, a.4, c e ad 3um; q. 111,
a.2 ad 2um; q. 113; De veritate , q.22, a.8, 9. Ao contrá rio do que Molina disse mais tarde, Sã o
Tomá s escreveu ( In Matth ., 25:15): "Qui plus conatur, plus habet de gratia; sed quod plus
conetur, indiget altiori causa." Da mesma forma no ep. ad Ephes ., 4: 7, e Ia IIae, q. 112, a.4.
9 Ver Ia, q.23, a.5. Os autores modernos que negam esse chamado geral, como se temessem
prejudicar a gratuidade do chamado pró ximo, individual, sã o em sua maioria molinistas. Eles
sã o inspirados por outros princípios que nã o os de Sã o Tomá s. Eles assumem que normalmente
somos nó s que tornamos a graça divina eficaz. Entã o eles consideram como essencialmente
extraordiná rios os estados passivos, nos quais a graça parece eficaz por si mesma, nos quais
nossa livre determinaçã o vem de Deus que a produz em nó s e conosco, e nos quais a alma
precisa apenas entregar-se nas mã os de Deus. e usar sua pró pria atividade apenas para tornar-
se mais dependente Dele. Cfr. Molina, Concordia (1876 ed.), pp. 230, 459, 565.
10 Mat. 20: 1–16.
11 Cfr . infra , pá g. 379, e também Santa Teresa, Castelo Interior , quinto casarã o, cap. 1.
12 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, cap. 5.
13 St. Thomas, Ia, q.23, a.5 ad 3um.
14 É assim que a vocaçã o sacerdotal nã o é apenas exterior (pelo bispo), mas também interior
(pela graça). O câ non 1353 do Có digo de Direito Canô nico afirma que os pá rocos devem formar
na piedade e nos estudos as crianças nas quais encontram "sinais de vocaçã o eclesiá stica" para
"cultivar nelas este germe de vocaçã o".
15 Cfr . Cajetan, em IIa, IIae, q. 153, a.3: "Praecepta moralia atendent ad id quod secundum
naturam est, et non ad id quod per accidens in hac vel complexione, vel aetate invenitur."
Cajetan faz essa observaçã o com frequência contra aqueles que esquecem que Sã o Tomá s fala
formalmente da natureza das coisas, prescindindo de circunstâ ncias acidentais. "Auctoris sermo
et doctrina est formalis et nihil detrimenti patitur ex his quae sunt per accidens." Assim, o
pró prio Sã o Tomá s responde à sua pró pria pergunta sobre se um juramento é lícito: É em si,
mas pode tornar-se ilícito se for feito mau uso dele; isto é, se alguém fizer um juramento sem
necessidade e com as devidas precauçõ es; assim como a comunhã o eucarística pode tornar-se
um sacrilégio (IIa IIae, q.89, a. 2).
16 Ver Ia, q.49, a. 3 ad 5um: "Somente no homem o mal aparece como em maior nú mero;
porque o bem do homem no que diz respeito aos sentidos nã o é o bem do homem como homem
- isto é, no que diz respeito à razã o; e mais homens buscam o bem no que diz respeito aos
sentidos do que bom segundo a razã o". Sobre este ponto, veja o índice geral das obras de St.
Thomas, Tabula aurea , sob a palavra "Malum", no. 37.
17 Poderíamos facilmente apontar na vida de quase todos os santos as provaçõ es interiores
que correspondem ao estado místico, chamado por Sã o Joã o da Cruz a noite passiva dos
sentidos e do espírito.
18 Traduçã o de Longfellow.
19 Cfr . Beato Grignion de Montfort, Traité de la vraie devotion à Marie , cap. 4, arte. 5. Santa
portanto, inteiramente distinto nã o apenas de graces gratis datae , como a profecia, mas
também de certos favores especiais e extraordiná rios, como as palavras interiores, que podem
ser ordenadas especialmente para a santificaçã o da alma que as recebe, e à s vezes acompanham
a contemplaçã o infusa. e a uniã o mística, sem constituir sua essência. Sã o fenô menos
concomitantes, acessó rios e passageiros que podem ser declarados essencialmente
extraordiná rios, sem prejudicar a doutrina segundo a qual a pró pria contemplaçã o mística nã o
é essencial ou intrinsecamente extraordiná ria, mas apenas extrinsecamente.
2 Cfr . supra , pp. 235–38, para o significado das palavras "ordiná rio" e "extraordiná rio".
3 Summa , IIa, IIae, q. 184, a.3.
4 Cfr . Ia IIae, q.66, a.2: Todas as virtudes, como habitus , em razã o de sua relaçã o (e o mesmo
deve ser dito para os dons que também estã o ligados a elas na caridade, Ia llae, q.68, a .2, 5)
crescem juntos, mantendo sua diferença de perfeiçã o como os dedos das mã os. Um homem
pode, no entanto, ter uma inclinaçã o natural maior para praticar uma virtude do que outra, ou
pode ser mais inclinado pela graça de Deus a fazer atos dessa virtude. Da mesma forma Sã o
Tomá s, ao falar da conexã o dos dons, diz: "Um nã o pode ser perfeito sem os outros" (Ia IIae,
q.68, a.5 ad sum). No entanto, uma alma tem maior excelência nos atos de um do que de outro.
5 Summa , Ia IIae, q.68, a. 1, 2.
6 Cfr . supra , pp. 281 e seguintes.
7 De fato, quanto à sua substâ ncia, procede da fé, e quanto ao seu modo, do dom da
sabedoria.
8 Sã o Tomá s Ia, q. 12, a.1.
9 Ibid ., q.19, a. 8.
10 O Castelo Interior , quinta mansã o, cap. 2.
11 Cant. 2: 4.
12 Alguns teó logos têm ensinado que o Espírito Santo move as almas de duas maneiras: (1)
de acordo com o modo comum que se acomoda em tudo ao modo humano e nã o excede as leis
ordiná rias da graça; (2) de acordo com um modo extraordiná rio e sobrenatural do qual falam os
autores místicos. Cfr. Billot, De virt. infusis , pp. 173, 188.
Essas expressõ es parecem mostrar que para esses teó logos a contemplação mística é
essencialmente extraordinária e não apenas eminente. Se eles têm essa opinião, não vemos mais
como eles permanecem fiéis ao ensinamento de São Tomás sobre os dons. É claro que cada um dos
dons não pode ter dois modos distintos, distinção não só de grau, mas de natureza. Haveria então
dois habitus especificamente distintos; o primeiro se desenvolveria em vão, pois nunca alcançaria
o segundo. Além disso, seria incompreensível por que, acima das virtudes adquiridas e das virtudes
infusas de modo humano, ainda seria necessário um exercício dos dons segundo o modo humano,
distinto de seu exercício segundo o modo divino. O modo humano dos dons seria idêntico ao das
virtudes infusas. As opiniõ es mencionadas acima podem, no entanto, ser explicadas de maneira não
oposta ao ensinamento que expusemos de acordo com os princípios de São Tomás. Com efeito,
reconhecemos que as inspiraçõ es dos dons do Espírito Santo se exercem primeiro de modo latente,
adequado ao modo humano, e que depois o seu modo sobre-humano se torna manifesto e
frequente. Este ú ltimo pode até ser chamado de extraordinário quando é acompanhado de graces
gratis datae , destinados ao benefício do pró ximo, como a graça chamada sermo sapientiae . Isto é
o que São Tomás quer dizer em IIa IIae, q.45, a.5, como explica Cajetan, ibid.; João de São Tomás, De
donis , d. 18, A. 2, 9; e José do Espírito Santo, Cursus theol. myst ., II, 236 e segs. Compare este texto
(IIa IIae, q.45, a.5) com Ia IIae, q.111, a.4 ad 4um.
13 Cfr . Ia IIae, q.114, a.8. Sã o Tomá s mostra que podemos merecer condignamente o
aumento da graça e da gló ria, citando este texto do Livro dos Provérbios, 4: 18: ." Mas o que nã o
podemos merecer é o pró prio princípio do mérito, a graça da justificaçã o e a graça eficaz que
nos preserva in statu gratiae, particularmente a da perseverança final. Cfr. ibid., a.5,9.
14 O mérito condigno baseia-se na justiça divina; é um direito a uma recompensa. O mérito
purificada de que fala Sã o Tomá s pertencem à vida mística. Cfr. Œuvres (2ª ed.), II, 42.
22 De Servorum Dei beatificatione , Bk. III, cap. 21, "de virtute heroica."
23 Cfr . infra , cap. 5, art. 4; indivíduo. 6, art. 1.
24 Procede especialmente do dom do entendimento. Cfr. Sã o Tomá s, IIa IIae, q.8, a. 7. Ia IIae,
q.69, a. 2 ad 3um: "Nesta vida... os olhos (da mente) sendo purificados pelo dom da
compreensã o, podemos, por assim dizer, ver Deus."
25 Dizemos que ordinariamente a alma deve passar por este crisol. Há , de fato, exceçõ es,
para mencionar apenas a das crianças que morrem imediatamente apó s o batismo. Eles nã o
terã o, no entanto, um grau de gló ria tã o alto como se tivessem merecido no julgamento. Quanto
aos má rtires que antes de sua tortura nã o passaram pelo crisol de que falamos, eles passaram
por ele em seus ú ltimos sofrimentos. Isto explica por que Sã o Joã o da Cruz diz das almas que
passaram pela penosa noite da alma: "Como resultado de sua perfeita purificaçã o pelo amor,
elas nã o passarã o pelo purgató rio" ( A Noite Escura da Alma , Bk .II, cap. 20).
Da mesma forma, Tauler afirma (Sermão 55) sobre o assunto dos iniciantes, que permanecem
fiéis aos mandamentos: "É uma exceção para eles viver em pureza suficiente para evitar o
purgató rio, embora isso possa acontecer ocasionalmente." Pode ocorrer, por exemplo, no caso de
um jovem religioso que morre logo apó s a profissão. Se ele tivesse vivido mais, provavelmente
teria caído novamente em faltas que exigiriam a purificação de que estamos falando antes ou
depois da morte. Em todo caso, ninguém vai para o purgató rio depois da morte senão por sua
pró pria culpa. Se ele tivesse sido mais fiel à graça, poderia tê-la evitado.
26 A Noite Escura da Alma , Bk. Eu, cap. 3; Bk. II, cap. 1.
27 Ibid ., Bk. Eu, cap. 8.
28 Ibidem , cap. 9.
29 Ibidem , cap. 10.
30 Ibidem , cap. 9.
31 Ibidem , caps. 11–13.
32 A Noite Escura da Alma , Bk. Eu, cap. 8.
33 Ibid ., Bk. Eu, cap. 14: "A alma saiu: começou a penetrar no caminho do espírito, que os
a.2).
53 Ibid ., a. 4 ad 1um.
54 "Um sacrifício é oferecido a Deus espiritualmente quando algo é oferecido a Ele; e de
todos os bens do homem, Deus aceita especialmente o da alma humana quando é oferecido a
Ele em sacrifício. Agora, um homem deve oferecer a Deus, em em primeiro lugar, sua alma; . . .
em segundo lugar, as almas dos outros. . . . E quanto mais intimamente um homem une sua
pró pria alma ou a de outro a Deus, mais aceitável é seu sacrifício a Deus; portanto, é mais
aceitável a Deus que se aplique a pró pria alma e a alma dos outros à contemplaçã o do que à
açã o. Portanto, a afirmaçã o de que nenhum sacrifício é mais aceitável a Deus do que o zelo pelas
almas, nã o significa que o mérito da vida ativa seja preferível ao mérito da vida contemplativa,
mas que é mais meritó rio oferecer a Deus a pró pria alma e a alma dos outros, do que quaisquer
outros dons exteriores» ( ibid ., a.2 ad 3um).
55 Ibid ., q. 180, A. 4.
56 Ibid ., q. 182, A. 1.
57 "Portanto, aquilo que diz respeito mais directamente ao amor de Deus é genericamente
mais meritó rio do que aquilo que diz respeito directamente ao amor do pró ximo" ( ibid ., a.2).
58 Ps. 26: 4.
59 Sal. 45: 11.
60 De verbis Domini , serm. 27.
61 Lucas 10:42.
62 De verbis Domini , serm. 27.
63 St. Thomas, IIa IIae, q.182, a.4 ad sum.
64 Cidade de Deus , Bk. XIX, cap. 19.
65 Summa , IIa IIae, q.182, a.1 ad 3um.
66 Ibid ., q.188, a. 6.
67 Como frequentemente observa Santa Teresa, as delícias da contemplaçã o nã o sã o exigidas
para a perfeiçã o, nem mesmo para altíssima perfeiçã o. Na verdade, a contemplaçã o mística é
muitas vezes á rida e dolorosa. Cfr. Saudreau, La vie d'union a Dieu, d'apres les grands mattres de
la spirititt! (3ª ed.), pág. 263 , onde cita vá rios textos dos escritos de Santa Teresa.
68 Em outras palavras, a contemplaçã o mística do mistério de Deus presente em nó s é
necessá ria para a plena perfeiçã o da vida da graça, se tomarmos esta palavra "perfeiçã o" nã o
apenas em sentido amplo e do ponto de vista moral, mas no sentido estrito e metafísico, que
neste caso expressa o pleno desenvolvimento do organismo sobrenatural.
69 Ver particularmente Ia llae, q.69, a.2: "Se as recompensas atribuídas à s bem-aventuranças
se referem a esta vida?" Eles sã o, diz ele, concedidos aos perfeitos (nã o apenas a alguns deles)
como um prelú dio para a vida no céu, "por uma espécie de incoaçã o imperfeita de felicidade
futura". Veja também lla llae, q.45. "Todo cristã o", diz Sã o Tomá s, "deve participar da
contemplaçã o de Deus, pois o preceito (Sl 45: u) se aplica a todos: 'Aquietai-vos e vede que eu
sou Deus'" (Ilia, d.g6 , qt, a.3 ad sum). Se isso é verdade para todo cristã o, o que dizer do cristã o
que alcançou a plena perfeiçã o da vida interior?
70 A terceira ediçã o é mais completa que as ediçõ es anteriores e contém (notavelmente p.
290) o resultado da pesquisa feita pelo Padre Colunga, OP, sobre a luta entre espirituais e
intelectuais no tempo de Cano.
71 A Noite Escura da Alma , Bk. Eu, cap. 1.
72 Ibid ., Bk. Eu, cap. 14.
73 A Subida do Monte Carmelo , Bk. III, cap. 1.
74 A Chama Viva do Amor , st. III, versículo 3.
75 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, cap. 15.
76 A Noite Escura da Alma , Bk. II, cap. 1.
77 O Cântico Espiritual , Parte III, st. 22.
78 O Castelo Interior , quinta mansã o, cap. 1.
79 Cap. 19.
80 Cap. 17.
81 Ainda que todas as almas, e mais particularmente todas as carmelitas, sejam chamadas à
contemplaçã o, evidentemente nã o se segue que todas devam ser contemplativas desde o início.
Como diz Santa Teresa no texto que citamos, muitas vezes Deus demora muito em conceder
este dom. Pode até acontecer que uma alma muito generosa, naturalmente muito inclinada à
vida ativa, só chegue à contemplaçã o infusa depois de um período mais longo do que o tempo
normal de vida.
82 O Caminho da Perfeição , cap. 20.
83 Ibid .
1 Mat. 13: 4–9.
2 Os ensinamentos de Tauler sobre este assunto sã o resumidos por seus discípulos nas
Instituições , cap. 35.
3 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, cap. 13.
4 Cap. 3.
5 Cfr . supra , pp. 221–35.
6 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, cap. 13.
7 Ibidem , cap. 14.
8 Ibidem , cap. 13.
9 Ibid .
10 Ibid .
11 Ibidem , cap. 15: "Neste estado, Deus se comunica com a alma que permanece passiva... e a
Seu amor contemplativo sem a preparaçã o intermediá ria. Isso lembra o que diz Santa Teresa da
roda d'á gua a propó sito da oraçã o sobrenatural de silêncio, para a qual a alma costuma se
preparar por certo trabalho da mente. (Cf. Vida , cap. 14.)
13 Sã o Tomá s, Ia IIae, q.68, a.1, 3; IIa IIae, q.52, a.2 ad 1um.
14 Bk. Eu, cap. g.
15 Sab. 7: 11.
16 A expressã o “graça remota suficiente” é corrente na teologia em outra questã o, que se
assemelha a esta e que diz respeito nã o apenas a todas as almas em estado de graça, mas a
todos os homens; isto é, é possível que todos e cada um sejam salvos? Deus nã o só preparou em
geral, mas oferece e dá a todos os homens, e a cada um em particular, em vista da sua salvaçã o,
uma ajuda suficiente, suficiente ao menos remotamente, segundo as condiçõ es de cada um. É
assim que a graça pró xima suficiente para orar é uma graça remota suficiente para realizar o
trabalho salutar em vista do qual se ora. Se a alma nã o resistir a esta graça suficiente remota,
ela receberá a graça suficiente pró xima para agir bem. Se esta ú ltima graça nã o for resistida, se
receberá graça eficaz, que nos fará realizar a salutar obra. Cfr. Billuart, De Deo , diss. 7, a. 8. Esta
doutrina se aplica até mesmo aos infiéis e pecadores endurecidos.
17 Sã o Tomá s, I Sent ., q.41, a.2 ad 3um. "Vocatio semper est temporalis, quia ponit
addductionem quamdam ad aliquid... Est quaedam vocatio temporalis ad gratiam, cui respondet
et electio temporalis et aeterna;
18 Isso explica vá rias reservas feitas por Tauler, Santa Teresa e Sã o Joã o da Cruz, sobre o
princípio da chamada geral. Eles têm em mente casos individuais que surgem de obstá culos
particulares.
19 A Chama Viva do Amor , st. III, v. 3: "Ignorando os caminhos espirituais e o que os
caracteriza, esses diretores afastam as almas das delicadas unçõ es com as quais o Espírito
Santo as prepara para a uniã o divina. Contentam-se em prescrever receitas desprezíveis que
inventaram ou encontraram por acaso em sua leitura, e que dificilmente sã o adequados para
iniciantes... Eles persistem em nã o permitir que as almas avancem – mesmo que o desejo de
Deus se manifeste formalmente – além de seus princípios e métodos que se limitam a atos
discursivos e aqueles da imaginaçã o . Proíba as almas de ultrapassarem os limites de sua
capacidade natural, e que pobre fruto colherã o!"
20 O Castelo Interior , quinta mansã o, cap. 1.
21 Sobre este ponto, cfr. Sã o Francisco de Sales, Tratado do Amor de Deus , Bk. II, cap. 11.
22 Bk. Eu, cap. 9.
23 Sã o Joã o da Cruz diz claramente: "Deus nã o levanta" ( lleva ), e nã o: "Deus nã o chama".
Joã o da Cruz.
28 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, cap. 5.
29 St. II, v. 5.
30 O Cântico Espiritual , IV, st. 39, v. 1.
1 Cfr . indivíduo. 3, artes. 3, 4.
2 Bossuet, ɶuvres complètes (1845), I, 643.
3 Sã o Tomá s, IIa IIae, q.182, a.4 ad 3um: “Aquele que é propenso a ceder à s suas paixõ es por
causa de seu impulso para a açã o é simplesmente mais apto para a vida ativa por causa de seu
espírito inquieto. . . . Outros, ao contrá rio, têm a mente naturalmente pura e tranquila, de modo
que estã o aptos para a contemplaçã o. . . . Aqueles que estã o mais adaptados à vida ativa podem
preparar-se para a contemplativa pela prá tica da vida ativa. ; enquanto, no entanto, aqueles que
estã o mais adaptados à vida contemplativa podem assumir as obras da vida ativa para se
tornarem ainda mais aptos para a contemplaçã o. Assim, todos devem tender para a
contemplaçã o como o prelú dio normal da vida no céu.
4 Convém unir cada vez mais estreitamente a devoçã o ao Santíssimo Sacramento e ao
Sagrado Coraçã o de Jesus à devoçã o ao Coraçã o Eucarístico de Jesus, para agradecer a Nosso
Senhor o ato de supremo amor com que nos deu o Santíssimo Eucaristia.
5 Traité de la vraie devotion à Marie , cap. 4, arte. 5 (1909 ed., p. 119).
6 Padre Clérissac, OP, Le mystère de l'Église , p. 102.
7 A Regra de São Bento , cap. 48.
8 Ver IIa IIae, q. 180, A. 3.
9 No entanto, nem sempre sã o necessá rios, pois à s vezes a contemplaçã o mística é concedida
contemplaçã o adquirida seja o fim do progresso espiritual nesta vida; ao contrá rio, eles vêem
nela uma preparaçã o pró xima para a contemplaçã o infusa. Com Filipe da Santíssima Trindade (
Summa theol. myst ., II, 309), eles concordam em dizer: "Contemplatio acquisita cum auxilio
gratiae comparata, est optima dispositio ad contemplationem supernaturalem."
24 Sã o Tomá s, IIa IIae, q.45, a. 2.
25 Cfr . Filipe da Santíssima Trindade, CD, Summa theol. myst ., II, 310, e Anthony do Espírito
Santo, CD, e Vallgornera, OP, que expressam a mesma opiniã o na mesma seçã o de suas teologias
místicas que seguem a divisã o usada na de Filipe.
26 Esta é a pró pria expressã o dos teó logos que acabamos de citar. Cfr. Filipe, ibid ., p. 311.
27 Esta é a principal razã o pela qual nã o podemos aceitar a tese recentemente defendida por
Farges e Pourrat, que consideram a contemplaçã o mística como essencialmente extraordiná ria.
28 Santa Teresa, O Castelo Interior , primeiro palacete, cap. 2: "Este conhecimento de si
mesmo é tã o necessá rio, mesmo para as almas admitidas por Deus em Sua pró pria morada, que
elas nunca devem se afastar dele, nã o importa o quã o alto eles possam ser elevados. Além disso,
mesmo que eles desejem fazê-lo, eles nã o poderia fazê-lo."
29 Ibid .
30. Este erro nã o leva em conta que o conhecimento infuso é infuso, que pressupõ e uma
Segundo a tradiçã o cristã , a pureza absoluta é necessá ria para entrar no céu; toda a poeira e
ferrugem que incrustou a alma devem ser removidas antes que ela possa ser elevada à visã o
beatífica, em outras palavras, antes que ela possa ver Deus como Ele vê a Si mesmo. Essa
purificaçã o deve, portanto, afetar nã o apenas a parte sensual, mas também a parte espiritual da
alma. Conseqü entemente, é perfeito, como mostra Sã o Joã o da Cruz ( A Noite Escura da Alma ,
Bk. I, cap. 3; Bk. II, cap. 1), somente quando a alma passou pelo que ele chama de duplo noite
passiva dos sentidos e da alma. Nã o é de admirar, portanto, que ele escreva a propó sito das
almas que passaram pela noite escura do espírito: "Por causa de sua perfeita purificaçã o pelo
amor, nã o terã o que passar pelo purgató rio" ( op. cit . , Livro II, cap. 20). Na nota 25 da p. 357,
citamos uma expressã o quase semelhante de Tauler; e Sã o Tomá s diz ( Contra Gentiles , Bk. IV,
cap. 91): "Ad visionem Dei creatura rationalis elevari non potest, nisi totaliter fuerit depurata...
unde dicitur de Sapientia quod nihil inquinatum in ea incurrit." Sã o Tomá s também acredita que
as dores do purgató rio sã o muito maiores do que as dores desta vida. Cfr. Santa Catarina de
Gênova, Tratado do Purgatório .
Além disso, afirmamos que, para evitar o purgató rio, onde a alma já não merece, ordinariamente
ou em princípio deve, antes da morte, enquanto merecer, passar pelas purificaçõ es passivas dos
sentidos e da alma, as ú nicas que asseguram a perfeita e estável pureza da a alma em sua parte
superior, bem como em sua parte inferior.
Alguém pode perguntar o que pensar de tantos cristãos para quem o mundo da vida espiritual é
apenas uma ilusão, ou para quem a vida de oração é uma armadilha. O que pensar de pessoas que
não têm tempo para estudar essas coisas, ou mentes capazes de entendê-las; ou daqueles que são
mais bem dotados, mas que carecem de tempo e circunstâncias favoráveis? Afinal, Deus não dá a
todos um temperamento que se inclina ao heroísmo necessário para passar pelas purificaçõ es
passivas da alma.
A resposta a essas objeçõ es deve ser:
1) Que afirmamos, como ordinariamente ou em princípio verdadeiro, o que dissemos seguindo
o ensinamento de São João da Cruz; isto é, que existem exceçõ es e exceçõ es que confirmam a regra.
Já os listamos; por exemplo, crianças que morrem imediatamente apó s o batismo, ou um religioso
que morre imediatamente apó s ter feito a profissão perpétua com grande fervor. Se estas crianças
ou este religioso, porém, continuassem vivos, provavelmente teriam caído em faltas e imperfeiçõ es
que teriam exigido a perfeita purificação de que falamos. Em certo sentido, eles morrem
acidentalmente em um bom momento, antes de alcançar uma perfeição estável, e não terão um
grau de gló ria tão alto no céu como se tivessem continuado a viver e merecer.
2) Há equivalentes às purificaçõ es passivas, por exemplo, o martírio, ou uma contrição muito
intensa como aquela que deve ter tido o bom ladrão, que estava tão perto de Jesus moribundo.
3) Além disso, as dores do purgató rio podem ser muito intensas e curtas, ou mais longas e
menos violentas, como as purificaçõ es passivas nesta vida.
4) Algumas almas naturalmente bastante boas, mas sem fervor de vontade ou interesse pelas
coisas espirituais, têm muitos defeitos, aos quais não dão muita atenção. Se morrerem nesta
condição, depois de terem contrição apenas suficiente, certamente terão muito que sofrer para
alcançar a pureza perfeita necessária para entrar no céu.
5) Finalmente, para muitas pessoas as purificaçõ es passivas na terra podem ser menos
dolorosas do que as suportadas pelos grandes santos; pois, no caso destes ú ltimos, esses
sofrimentos são proporcionais não só às imperfeiçõ es que devem ser erradicadas, mas também ao
altíssimo grau de caridade, de vida apostó lica e reparadora, a que Deus os quer conduzir.
36 Summa , IIa, IIae, q.88, a. 4 ad 2um.
37 O Caminho da Perfeição , caps. 21, 39.
38 O Castelo Interior , quinta mansã o, cap. 1.
39 José do Espírito Santo, Cursus theologiae mystico-scolasticae , vol. II, Praed. II, Disp. XI, q.2,
concl. 2, 3. Ele diz (n. 23) que esta ú ltima conclusã o (que podemos aspirar à contemplaçã o, etc.)
é admitida por Á lvarez de Paz, Filipe da Santíssima Trindade, Antô nio do Espírito Santo,
Vallgornera, e comumente os místicos, communiter mystici; e que ele nã o consegue entender
por que Antô nio da Anunciaçã o, outro carmelita, em sua Disceptatio mystica , coloca a
contemplaçã o infusa entre as graças gratis datae . José do Espírito Santo ( ibid ., p. 236) diz que
isso é um grande erro, magnam aequivocationem passus est , e uma falsa interpretaçã o da
passagem de Sã o Tomá s, IIa IIae, q.45, a.5 Cf. Ia IIae, q.111, a.4 ad 4um; e em I Cor . 12: 8.
40 Sobre a reconciliaçã o da mais profunda humildade com a mais elevada magnanimidade,
tal como se encontra nas almas dos santos, cf. Sã o Tomá s, IIa IIae, q. 129, A. 3 ad 4um: "A
magnanimidade faz com que o homem se julgue digno de grandes coisas em consideraçã o aos
dons de Deus... como eles se afastam dos dons de Deus; já que ele nã o pensa tanto nos outros a
ponto de fazer algo errado por causa deles. No entanto, a humildade nos faz honrar os outros e
considerá -los mais do que a nó s mesmos, na medida em que vemos alguns dos dons de Deus
neles ”, que sã o sempre muito superiores ao que temos de nó s mesmos, ou seja, nossa
indigência e defeitos pessoais. Essas duas virtudes sã o, portanto, contrá rias apenas na
aparência, e nã o na realidade como o vício e a virtude.
41 Cfr . acima , pá g. 373.
42 Prov. 11:2.
43 Padre Lallemant, SJ, Doctrine spirituelle , pp. 113, 187 e segs., 203.
44 Sab. 7: 7.
45 Mat. 11: 25.
46 Cfr . supra , pp. 337 f., 340, 345 f.
47 Cfr . acima , pá g. 372.
48 Cfr . O Castelo Interior , sétima mansã o.
49 Cfr . IIa IIae, q.24, a.8; q.184, a.2, que foram explicados detalhadamente supra , pp. 156–98.
50 Summa , Ia, q.23, a.5.
51 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, cap. 5.
52 Sã o Tomá s, Ia IIae, q.114, a.5, 9.
53 O mérito condigno é um ato sobrenatural e gratuito, cujo valor constitui o direito a uma
pecado mortal; mas entã o eles nã o merecem, propriamente falando, o nome de virtudes. Cfr. Ia
IIae, q.65, a.4 ad 1um: "A fé e a esperança... podem existir sem a caridade, embora nã o sejam
virtudes sem a caridade."
55 Ver Ia IIae, q. 114, A. 8.
56 Ibid ., q.66, a. 2.
57 Ibid ., e o Comentário dos Teólogos de Salamanca , n. 2.
58 Ibid ., q.68, a.5. O organismo espiritual deve desenvolver-se proporcionalmente em todas
as suas partes para que subsista a harmonia entre elas, assim como o faz o nosso organismo
corporal. Mas, assim como no corpo uma parte pode hipertrofiar em detrimento das outras,
assim também na vida espiritual a harmonia das virtudes pode ficar comprometida por causa
de certos defeitos. Em algumas almas, por exemplo, a fé nã o se desenvolve em proporçã o com
outras virtudes e com a cultura científica ou filosó fica. Esta desordem pode atingir tal grau que
aquele que a sofre torna-se um anã o espiritual.
59 Cfr . acima , pá g. 353.
60 Summa , IIa IIae, q 24, a. 7.
61 Vallgornera, Theol. myst. D. Thomae , q.3, disp. 3, a.6, n. 5; Meynard, Traité de la vie
intérieure (1885), II, 128; Filipe da Santíssima Trindade, Theol. myst . (1874), II, 311, e Antô nio
do Espírito Santo, Directorium mysticum , tr. III, séc. 6, nã o. 240.
62 Ver Ia IIae, q.114, a.9. Sobre este artigo, cf. Joã o de Sã o Tomá s, n. 1: "Principium meriti non
potest cadere sub meritum: sed auxilium et motio divina, qua aliquis movetur a Deo, ut non
sucumbat tentationibus, nec gratiam interrumpat per peccatum, tenet se ex parte principii
meriti, quia auxilium et motio est principium operandi, et in hoc solum consistit quod moveat
ad opus; igitur non potest cadere sub meritum”. Nº 4: "Conservatio est continuatio primae
productionis..., unde qui mereretur auxiliar continuativa gratiae, seu perseverantiam,
consequenter mereretur ipsam continuationem principii meriti, quod est gratia secundum
quod se tenet ex parte Dei moventis ad conservandum. . . . Quod probat non posse sub meritum
cadere motionem divinam, non quamcumque, sed quatenus est conservativa gratiae, quae est
principium meriti." Cfr. Salmanticences, ibid ., n. 89–109.
63 Cfr . Ia Iae, q. 114, a.9; também o Comentá rio de Billuart. Ele mostra que, de acordo com os
princípios de Sã o Tomá s, parece que a perseverança final nã o pode ser merecida por um mérito
congruente propriamente dito, mas apenas por um mérito congruente indevidamente chamado.
Enquanto o mérito condigno é fundado na justiça ( jus ad praemium ) e o mérito congruente,
propriamente dito, em jure amicabili, secundum leges amicitiae , o mérito congruente
indevidamente chamado é fundado em liberalitate et benignitate Dei .
64 Além disso, pela oraçã o podemos obter a graça de uma morte feliz, que nã o pode ser
merecida; do mesmo modo, a alma interior deve pedir humildemente a graça da contemplaçã o.
Cfr. acima , pá g. 354 nota 18.
65 Além disso, o poder obediente ou capacidade de receber a graça nã o é maior nos anjos do
que nos homens. É de acordo com esta capacidade que a alma é o sujeito da graça.
66 Cfr . Ia IIae, q.109, a.6. Este artigo conclui assim: "Portanto, é claro que o homem nã o pode
se preparar para receber a luz da graça, exceto pela ajuda gratuita de Deus, movendo-o
interiormente". A razã o disso é que a ordem dos agentes deve corresponder à ordem dos fins, e
que somente um agente sobrenatural pode mover-se para um fim sobrenatural. Ibid ., ad 2um.
"Portanto, quando se diz que um homem faz o que está em seu poder, diz-se que isso está em
seu poder, conforme ele é movido por Deus." Portanto, para um homem que faz o que está
dentro dele (com a ajuda da graça real), Deus nã o nega a graça (habitual).
67 Ver Ia IIae, q. 112, a.2: Tomando a graça no primeiro sentido (habitual) requer-se para ela
certa preparaçã o da graça, pois a forma só pode estar na matéria disposta. Ibid ., ad 3um. "Da
mesma forma, quando Deus infunde graça em uma alma, nenhuma preparaçã o é necessá ria que
Ele mesmo nã o faça." O mesmo vale para o aumento da caridade, IIa IIae, q.24, a.2, e os artigos
seguintes.
68 Ver IIa IIae, q.24, a.3: "Como a caridade supera a proporçã o da natureza humana... da
caridade nã o depende nem da condiçã o da natureza nem da capacidade das virtudes naturais,
mas somente da vontade do Espírito Santo que reparte os seus dons segundo a sua vontade”.
Ibid ., ad 2um: "A forma nã o supera a proporçã o da matéria; ambas sã o do mesmo gênero. Da
mesma maneira, graça e gló ria sã o referidas ao mesmo gênero, pois a graça nada mais é do que
um começo da gló ria em nó s. Mas a caridade e a natureza nã o pertencem ao mesmo gênero, de
modo que a comparaçã o falha." Nã o sã o, portanto, apenas as graças místicas que sã o gratuitas,
neste sentido que o Espírito Santo as concede quando quer, mas também o grau de caridade
dado no momento da justificaçã o a um adulto que se converte com maior fervor do que outro,
sob o impulso de uma graça atual mais forte. St. Thomas, ibid ., ad 1um.
69 Cfr . Billuart, De caritate , diss. II, a. 2.
70 Cfr . supra , pp. 388–95.
71 Ver IIa IIae, q. 161, a.5: "A humildade faz do homem um homem bom, sujeito à ordenaçã o
de toda espécie e em todos os assuntos." Ibid ., ad 2um: “Primeiro, para remover obstá culos: e
assim a humildade ocupa o primeiro lugar, na medida em que expulsa o orgulho, ao qual Deus
resiste e torna o homem aberto para receber o influxo da graça divina. 4:6): Deus resiste aos
soberbos e dá graça aos humildes. Nesse sentido, diz-se que a humildade é o fundamento do
edifício espiritual."
72 Cfr . Beato Grignion de Montfort, Le traité de la vraie dévotion à Marie , cap. 4, arte. 5, e o
resumo deste tratado, Le secret de Marie , feito pelo Beato Grignion. Em vista da oraçã o mental,
convém também meditar frequentemente no ofício e na missa do Sagrado Coraçã o, e também
no ofício e na missa do Coraçã o Eucarístico recentemente aprovados pela Igreja.
73 Summa , IIa IIae, q. 181, A. 1 ad 3um; q. 182, a.4.
74 Cfr . supra , pp. 341–43.
75 Cfr . supra , pp. 188 f.
76 Cfr. supra , pp. 345–67.
77 Cfr . supra , pp. 341–43.
78 Cfr . supra , pp. 245–67.
79 Cfr . supra , pp. 299, 324–26.
80 O Congresso Teresiano de Madri (ver El Monte Carmelo de Burgos, maio de 1923) aprovou
impossível sem fantasmas, porque é natural ao homem ver as espécies inteligíveis nos
fantasmas, como afirma o Filó sofo ( De anima , iii). o conhecimento intelectual nã o consiste nos
pró prios fantasmas, mas em contemplarmos neles a pureza da verdade inteligível: e isso nã o é
apenas no conhecimento natural, mas também naquele que obtemos por revelaçã o. Pois
Dionísio diz ( Coel. hier . , ii) que a gló ria divina nos mostra as hierarquias angélicas sob certas
figuras simbó licas, e pelo seu poder somos reconduzidos a um ú nico raio de luz, isto é, ao
simples conhecimento da verdade inteligível. deve compreender a afirmaçã o de Gregó rio de
que os contemplativos nã o carregam consigo as sombras das coisas corpó reas, pois sua
contemplaçã o nã o se fixa nelas, mas na consideraçã o da verdade inteligível.
83 Cfr . supra , pp. 393 f.
84 Cfr . acima , pá g. 384.
85 Dom Louismet, A Vida Mística , p. 8.
86 Ibid ., pá g. 23.
87 Cfr . acima , pá g. 384.
88 Cfr . acima , pá g. 357.
89 Sã o Tomá s diz mesmo das virtudes teologais, independentemente dos dons: «As virtudes
teologais estã o acima do homem, como já foi dito (q.58, a.3 ad 3um). " (Ia IIae, q.61, a. 1 ad
2um). Consequentemente, é apenas entre as virtudes propriamente humanas que as quatro
virtudes cardeais sã o chamadas virtudes principais, apesar da superioridade incomparável das
virtudes teologais, que sã o dirigidas para o fim ú ltimo. Cfr. ibid .
90 Cfr . supra , pp. 37; 40 f., 152 e seguintes.
91 Summa , Ia IIae, q.109, a.3, 4. Nas obras de Sã o Tomá s, vejam-se as referências aos fames
grande nú mero, excluem as graças necessá rias para produzir atos dos dons do Espírito Santo.
Deus lhes recusa a ajuda de Suas graças, porque Ele prevê que se Ele lhes deu essas graças em
sua disposiçã o atual, elas seriam inú teis para eles, uma vez que sua vontade está presa por mil
grilhõ es que os impediriam de consentir”. Esses laços sã o há bitos e afetos contrá rios.
99 A Noite Escura da Alma , Bk. Eu, cap. 3; Bk. II, cap. 2.
100 Ele faz uma distinçã o entre imperfeiçõ es habituais e imperfeiçõ es reais. Entre as
Sã o Tomá s, IIIa, q.15, a.1, De impeccabilitate Christi ), onde se mostra que nenhum pecado venial
ou imperfeiçã o era possível em Cristo.
106 Summa , Ia IIae, q.88, a. 2.
107 É ilícito omitir algo que nos é melhor pelo ú nico motivo de nã o sermos obrigados a isso e
de querermos usar nossa liberdade. Vá rios tomistas observam com razã o que esta é uma
vontade sem motivo justo, volitio otiosa carens pia utilitate aut justa necessitate . Cfr. Billuart, De
actibus humanis , diss. IV, A. 6, resolv. obj. 3.
108 Ver Ia IIae, q.14, a.4.
109 Mas, de fato, nestes há muitas vezes negligência e, por conseguinte, pecado venial,
expulsou os compradores do Templo, Sua ira era perfeitamente santa e proporcional ao motivo
que a inspirou; enquanto em nó s a raiva, mesmo quando comandada e moderada pela razã o
correta, perturba ligeiramente o olhar da contemplaçã o; pois quando a operaçã o de uma de
nossas faculdades é intensa, muitas vezes impede a açã o de outra faculdade. "Esta é a razã o pela
qual qualquer movimento de raiva, mesmo que seja temperado pela razã o, ofusca o olho da
mente daquele que contempla." Isso desaparece gradualmente nos santos.
111 Cfr. supra , pp. 395 e seguintes.
112 Bk. Eu, cap. 3; Bk. II, cap. 2.
113 Ibid .
114 A Noite Escura da Alma , Bk. II, cap. 5.
115 Sal. 118: 1–2, 32.
116 Summa , IIa IIae, q.129, a.3 ad 4um.
1 Isso nã o significa a virtude teologal da fé, pois esta é comum a todos os cristã os; ao
contrá rio, Sã o Paulo significa uma certeza e segurança especiais que Deus concede
especialmente aos teó logos ou aos pregadores, para que transmitam sua palavra divina com
uma convicçã o que nada pode abalar. Cfr. infra , pá g. 441 nota 29.
2 Veja I Cor. 12: 4, 7–11; cf. ROM. 12: 6.
3 Veja I Cor. 13: 3.
4 Summa , Ia IIae, q. 111, a.5: "Ora, o fim é sempre maior do que os meios. Mas a graça
santificante ordena o homem imediatamente à uniã o com o seu fim ú ltimo, ao passo que a graça
gratuita ordena o homem ao que é preparató rio para o fim; isto é, por profecia e milagres, etc.,
os homens sã o induzidos a se unirem até seu ú ltimo fim. E, portanto, a graça santificante é mais
nobre que a graça gratuita. Ia IIae, q.111, a. 1 ad 3um: "A graça santificante acrescenta à noçã o
de graça gratuita algo pertencente à natureza da graça, pois torna o homem agradável a Deus. E,
portanto, a graça gratuita que nã o faz isso mantém o nome comum, como acontece em muitos
outros casos ." Como o animal desprovido de razã o é simplesmente chamado de "animal", assim
essas graças de ordem inferior, que em si mesmas nã o tornam o homem agradável a Deus, sã o
chamadas de "graças dadas gratuitamente".
5 Ver supra , p. 59, para a distinçã o entre o sobrenatural quoad substantiam e o sobrenatural
quoad modum .
6 Veja Ia IIae, q. 111, A. 4.
7 Bk. II, caps. 10–31.
8 Summa , IIa IIae, q. 171–75.
9 Ibid ., q.175.
10 Ibid ., q. 174, a.1 ad 3um.
11 Ibid ., q. 173, a.2 ad 1um.
12 Ibid ., ad 2um.
13 Ibid ., q. 173, a.2.
14 Ibid ., q.174, a. 3.
15 Ibid ., a. 1 anú ncio 3um.
16 Cfr . Sã o Tomá s, De veritate , q. 13, a.3: "Cum totaliter anima intendat ad actum unius
potentiae, abstrahitur homo ab actu alterius potentiae." Cfr. IIa IIae, q.173, a.3, em êxtase parcial
ou total. Nem é necessá rio para profecia ou contemplaçã o. Cfr. ibid .
17 Ver IIa IIae, q.175, a. 1 e a.2 ad 1um: "O êxtase acrescenta algo ao êxtase... uma certa
violência adicional."
18 Cfr . IIIa, q.10, 11.
19 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, caps. 1–9.
20 Ibidem , caps. 10–24.
21 Ibidem , caps. 25–27.
22 Ibidem , caps. 28–31. Sã o Joã o da Cruz relaciona com distintos conhecimentos
sobrenaturais (caps. 10 e 32) os toques divinos recebidos na vontade, que nela produzem
sentimentos espirituais e "reagem sobre o intelecto". Vamos discuti-los no final deste artigo.
23 Ibid ., Bk. II, cap. 10.
24 Ver IIa IIae, q.171, 173, 174.
25 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, cap. 32.
26 Bento XIV, De servi. Dei bateu ., Bk. III, ú ltimo cap., n. 12. C. de Lugo, SJ, De fide , disp. eu,
séc. 11.
27 Cartã o. Gotti, OP, Theol. escola. dogm ., Vol. Eu, trato. 9, q. 1, dublagem. 3, nã o. 2: "Verius
existimo, revelationem privatam, etiam ex parte rei revelatae, esse credendam ab eo, cui fit, fide
divina theologica... Quia ubicumque est eadem ratio formalis objecti, ibi est idem specie
habitus." Quando foram feitas tentativas para obter uma negaçã o de sua missã o divina de Santa
Joana D'Arc, ela respondeu que deveria acreditar nisso como no mistério da redençã o; e vá rias
vezes ela apelou ao papa nesta questã o, como juiz supremo dessas coisas.
28 Salmanticenses, De fide , disp. Eu, dub. IV, 104 e 111: Em favor desta opiniã o, eles citam St.
Thomas e seus principais comentaristas. Eles observam em particular que algumas dessas
revelaçõ es relativas a coisas temporais nã o têm um vínculo suficiente com o primeiro objeto da
fé teologal.
29 Também pode proceder da fé, que é mencionada entre as graças gratuitas (I Cor. 12: 4–
10). Segundo os Salmanticenses, loc. cit ., n. 113, "Praedicta fides confertur ut in plurimum
doctoribus Ecclesiae circa articulos fidei catholicae".
30 Bento XIV, op. cit ., Bk. II, cap. 32, nº. 11.
31 Cfr . o decreto de Urbano VIII, de 13 de março de 1625, confirmado por Clemente IX, de 23
de maio de 1668.
32 Sã o Tomá s, IIa IIae, q.173, a.4.
33 Joã o 18:14.
34 Cfr . Bona, De Discrectione Spirituum , cap. 20.
35 O Castelo Interior , sexta mansã o, cap. 3.
36 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, caps. 19, 20.
37 Sã o Vicente Ferrer, Traité de la vie spirituelle , cap. 13.
38 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, cap. 11.
39 Ibid .
40 Ibidem , cap. 16.
41 Ibidem , caps. 16, 17.
42 Ibidem , caps. 21, 27.
43 Ibidem , caps. 19, 22. Sob a Antiga Lei era lícito pedir revelaçõ es; nã o é assim sob a lei do
condicionalmente, se a alma pensa que talvez o demô nio quis assim fazer-se adorar sob a figura
de Cristo. Cfr. Sã o Tomá s, IIIa, d.9, q.1, a.2; q.6 ad 3um.
60 Cfr . Vallgornera, Theol. myst. D. Thomae , q.3, disp.5, a. 1, nã o. 13.
61 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, cap. 11.
62 Sã o Tomá s, IIa IIae, q.95, a.6; q.173, a.2.
63 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, cap. 16.
64 Vallgornera, loc. cit ., n. 11; Santa Teresa, O Castelo Interior , sexto casarã o, cap. 9.
65 Summa , IIa IIae, q. 173, a.3.
66 O Castelo Interior, loc. cit .
67 Sã o Tomá s, De veritate , q. 12, A. 12.
68 Santa Teresa, Vida , cap. 29.
69 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, caps. 16, 17; O Castelo Interior, loc. cit . Cfr. acima , pá g.
256.
70 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, cap. 8.
71 Summa , IIa IIae, q. 173, A. 2 ad 2um; De verdade , q. 12, A. 12.
72 Santa Teresa, Vida , cap. 27.
73 O Castelo Interior , sexta mansã o, cap. 10; A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, caps. 22, 24.
74 O Castelo Interior, loc. cit .
75 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, cap. 24.
76 Ibid .
77 A Subida do Monte Carmelo, loc. cit .
78 O Castelo Interior , sétima mansã o, cap. 1.
79 Cfr . supra , pp. 256–58.
80 O Cântico Espiritual , st. 22. Filipe da Santíssima Trindade ( Theol. myst. Prooem ., a.8),
Scaramelli ( Dir. myst ., tr. II, cap. 22 no. 258) e vá rios outros autores sustentam que um estado
tã o sublime exige que Deus revele à alma, Sua esposa, a amizade indissolú vel que existe entre
eles. Sobre este ponto, ver Meynard, OP, La vie intérieure , vol. II, nã o. 270. Desta forma, certas
passagens dos escritos dos grandes místicos ortodoxos sã o feitas para harmonizar com o
decreto do Concílio de Trento, a saber, que sem uma revelaçã o especial ninguém na terra pode
ter certeza absoluta de que ele está no estado de graça, e com razã o ainda maior que nela
perseverará até a morte. Cfr. Concilium Tridentinum , Sess. VI, caps. 9 e 13; câ nones 13, 14, 16.
Cfr. Salmanticenses, De gratia , q. 110, disp. 3, dublagem. 11, não. 259, sobre a questão da
confirmação na graça e sua diferença do dom da perseverança final. Este dom de confirmação na
graça é, dizem eles, uma certa participação na impecabilidade do bem-aventurado, e deve ser
complementado por uma proteção especial da parte de Deus; por isso é superior ao dom da
perseverança final, que todos os predestinados recebem.
81 Lucas 1:19.
82 Lucas 1:28.
83 Santa Teresa, Vida , cap. 25.
84 Ibid .
85 Ibid .
86 Ibid .
87 Ibid . Cfr. também St. Thomas, Ia, q.111, a. 1, 3; q. 114; Ia IIae, q.80, a. 1–3.
88 Cfr . Sã o Tomá s, Ia, q. 107, A. 1; também o comentá rio de Cajetan.
89 Santa Teresa, Vida , cap. 27.
90 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, caps. 28–31.
91 Ibidem , cap. 29.
92 Ibid .
93 Ibid ., Bk. II, cap. 29. Da mesma forma, deve-se ter cautela e reserva em relaçã o ao que Sã o
Tomá s chama de instinto profético (IIa IIae, q.171, a.5; q. 173, a.4). Este instinto ou atraçã o
sobrenatural é uma iluminaçã o interior que nã o dá certeza quanto à sua origem divina. Esses
movimentos interiores nã o devem ser desprezados, mas, antes de dar-lhes muita atençã o e
segui-los, devem ser bem discernidos.
94 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, cap. 29.
95 Ibidem , cap. 30.
96 Dan. 9: 22.
97 Ex. 3: 11.
98 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, cap. 30.
99 Cfr . St. Thomas, Ia, q.111, a. 1, 3; q.114, a. 1–4; Ia IIae, q.8o, a. 1–3; também Cajetan, Curiel
e Suarez; cf. Cardeal Bona, De Discrectione Spirituum , cap. 17; e Nicolau de Jesus Maria, CD,
Elucidatio phrasium myst. operum Joannis a Cruce , cap. 5, nã o. 4.
100 A Subida do Monte Carmelo, loc. cit .
101 Embora o demô nio nã o possa agir diretamente sobre o intelecto e a vontade do homem,
seus artifícios podem frequentemente ser tomados por palavras de Deus, ao confundirmos o
que imediatamente toca o intelecto com o que se passa na imaginaçã o.
102 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, cap. 31.
103 A Chama Viva do Amor , st. 1, 1.
104 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, cap. 32.
105 Ibid .
106 Ibid .
107 Cfr . Sã o Tomá s, Ia, q.8, a. 1–3; q.43, a.3; q. 104, a.1, 2; q. 105, a.3, 4.
108 Sã o Tomá s, Ia IIae, q.110, a.3, 4.
109 Ibid ., q.9, a.4; q. 10, A. 1, 2, 4.
110 Ibid ., q. 113, a.8, e De veritate , q.28, a.3: "Ipse Deus, qui justificat impium, tangit animam,
gratiam in ea causar... Mens autem humana aliquo modo tangit Deum, eum cognocendo et
amando. " No momento da justificaçã o, há uma açã o divina fazendo com que a pró pria essência
da alma passe da morte espiritual para a vida, produzindo nela a graça santificante, que é a vida
eterna iniciada. O favor místico de que falamos nos faz, de certa forma, tomar conhecimento
desse influxo divino no mais profundo de nosso ser. Muitas vezes é precedida pela purificaçã o
passiva do espírito, que aprofunda notavelmente a obra realizada em nó s por Deus no momento
da nossa conversã o (Ia IIae, q.113, a.8, "De ordine eorum quae adjustificationem concurrunt") .
É como se o Autor da graça aprofundasse de novo, mas muito mais profundamente, o sulco em
que a semente divina deve crescer.
111 Veja Ia IIae, q. 10, a.2.
112 Cfr . Vallgornera, Theol. myst. D. Thomae , q.3, disp.5, a.9, nos. 1, 3, 4.
113 Na opiniã o de Sã o Tomá s, nenhuma substâ ncia criada pode operar, sentir, perceber ou
amar a si mesma, mas apenas por meio de suas faculdades; recebeu-os para esse fim. Cfr. Ia,
q.54, a.1: "Se o ato de entendimento de um anjo é sua substâ ncia?" R. 2: "Se no anjo
compreender é existir?" A. 3; "Se o poder de inteligência de um anjo é sua essência?" Q.77, a. 1:
"Se a essência da alma é o seu poder?" A. 2: "Se existem vá rios poderes da alma?" É à luz desses
artigos que, para evitar todo erro, devemos entender o que Tauler, Louis de Blois e Sã o Joã o da
Cruz dizem sobre as profundezas da alma. Cfr. Louis de Blois, Institutio spiritualis , cap. 12, onde
se diz que a profundidade da alma é a origem das faculdades superiores, virium illarum est
origo . Cfr. infra , pá g. 458.
114 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, cap. 32.
115 Bk. II, cap. 23.
116 St. 2, v. 3.
117 O Caminho da Perfeição , cap. 28.
118 O Castelo Interior , quarta mansã o, cap. 3.
119 Cfr . supra , pp. 256 e seguintes.
120 Cfr . supra , pp. 251–58.
121 Cfr . acima , pá g. 258.
122 Cfr . Sã o Tomá s: "Illabi menti convenit soli Deo." IIIa, q.8, a. 8 ad 1um; q.64, a. 1; Ia IIae,
q.112, a. 1; Em Joan ., 13, lect. 4; Em I Cor ., 2, lect. 2. No De veritate (q. 10, a. 1) lemos: “Mens in
anima nostra dicit illud quod est altissimum in virtute ipsius; essentiam animae nisi secundum
mentem prout nominat altissimam potentiam ejus; et sic mens, prout in ea est imago, nominat
potentiam animae et non essentiam, vel si nominat essentiam, hoc non est nisi in quantum ab
ea fluit talis potentia." Os treze artigos desta questã o De mente no tratado De veritate devem ser
lidos em conexã o com este ponto de doutrina.
123 Institutio espiritualis , cap. 12, 2: "A alma torna-se apta a contemplar com calma,
da alma, inacessível aos sentidos e ao demô nio, que se desenvolve esta alegria do Espírito
Santo. Só Ele é capaz, no centro da a alma e em suas profundezas íntimas, de fazê-la agir e
operar sem a intervençã o dos sentidos”. A atividade da alma tende para este centro, como uma
pedra para o centro da terra; e aproxima-se mais dela na proporçã o em que sua caridade é mais
intensa.
Cfr. O Cântico Espiritual , Parte I, st. 1, v. 1: "O Verbo, o Filho de Deus, junto com o Pai e o
Espírito Santo, está essencialmente oculto no ser íntimo da alma. Donde se deve concluir que se a
alma deseja encontrar o Esposo, deve viver separado por afeição e vontade de todas as criaturas,
entrar em profundo recolhimento e agir em relação ao mundo como se não existisse”.
125 Cfr. O Castelo Interior , especialmente a sétima mansã o, cap. : 2.
126 Cfr. supra , pp.: 258, 455.
127 a Noite Escura da Alma , Bk. Eu, cap. 14.
128 A Subida do Monte Carmelo , Bk. II, cap. 10.
129 Ibid ., cap.30.
130 Ibid .
131 Ibidem , caps. 10, 11, 16, 17, 18, 25, 27.
132 O Castelo Interior , quarta mansã o, cap. 2.
133 A Vida Mística , pp. xiii f.
134 Ibid .,pp. xi f. Gostaríamos, no entanto, de encontrar nos escritos de Dom Louismet uma
distinçã o mais nítida entre a vida mística propriamente dita e a vida cristã fervorosa, e vê-lo
acentuar e desenvolver o que disse sobre esse assunto. Ibidem , pp. 8, 23.