Sistemática Vegetal e Aplicações Botânicas
Sistemática Vegetal e Aplicações Botânicas
Sistemática Vegetal e Aplicações Botânicas
br/funmetensbio-
gs0111-fev-2023-grad-ead/)
Objetivos
Compreender os aspectos gerais de alguns processos fisiológicos
vegetais.
Estabelecer a relação entre os órgãos vegetais e suas funções.
Identificar a importância de alguns processos fisiológicos para a ma-
nutenção da vida no planeta.
Compreender os aspectos básicos da Ecofisiologia Vegetal.
Identificar a importância dos fenômenos ecofisiológicos para as espé-
cies vegetais.
Conhecer as funções básicas de um herbário.
Aprender as etapas de estruturação de um herbário.
Apresentar e caracterizar os procedimentos de manutenção de um
herbário.
Abordar aspectos gerais sobre Botânica econômica.
Compreender os aspectos básicos da Etnobotânica.
Destacar a importância do ensino dos conhecimentos etnobotânicos.
Conteúdos
Preparação de grupos vegetais.
Herbário na escola.
Principais processos fisiológicos nos vegetais.
Ecofisiologia, Botânica econômica e Etnobotânica.
Problematização
O que é um herbário? E uma exsicata? Como podem contribuir para a reali-
zação de atividades pedagógicas diversas nas aulas de Ciências e Biolo-
gia? O que é fotossíntese? Qual a importância da respiração para o vegetal?
Como ocorre, em linhas gerais, o desenvolvimento vegetal? Como se rea-
liza o transporte de água no vegetal? Quais alternativas para o ensino de
Fisiologia Vegetal? O que é Ecofisiologia Vegetal? Qual a influência do
clima e da radiação luminosa para o desenvolvimento vegetal? Como a fo-
tossíntese é influenciada pelas características ambientais? Qual a relevân-
cia dos elementos minerais para os vegetais? Como é a relação entre as
plantas e a água disponível no ambiente? O que é Botânica econômica?
Quais os principais produtos vegetais com importância para a sociedade
atual? Quais os principais produtos de extração importantes para o ho-
mem? Como relacionar conhecimento tradicional e direito de uso? Quais
as plantas tóxicas e medicinais? Quais os aspectos básicos da Etnobotâ-
nica brasileira?
1. Introdução
Neste segundo ciclo de aprendizagem, estudaremos sobre Fisiologia Vege-
tal, Ecofisiologia e Botânica econômica. Na Fisiologia Vegetal, estudaremos
brevemente como ocorrem respiração, fotossíntese além de processos rela-
cionados a crescimento, desenvolvimento e transporte de água. Já em Eco-
fisiologia Vegetal, abordaremos como as regiões climáticas e a radiação lu-
minosa impacta os processos fisiológicos. Além disso, estudaremos sobre
Botânica econômica, abordando os metabolismos primários e secundários,
além de produtos florestais e de extração. Por fim, estudaremos a Etnobotâ-
nica, cujo objeto de estudo são os espécimes vegetais, sejam elas de rele-
vância comercial ou não, principalmente focando em conhecimento
tradicional.
Bons estudos!
Os vegetais, como todos os outros seres vivos, realizam vários processos fi-
siológicos, envolvidos nos inúmeros aspectos de desenvolvimento, sobrevi-
vência e reprodução. Esses processos, apesar de possuírem particularida-
des para cada espécie – e, em alguns casos, essas diferenças podem ser
percebidas entre indivíduos de uma mesma espécie –, seguem os mesmos
padrões básicos.
1. Como todo ser vivo, as plantas respiram. Durante esse processo, elas
retiram a energia imediata, armazenada na forma de moléculas com-
plexas, para realizar as outras atividades relacionadas ao crescimento,
manutenção e reprodução.
2. Os vegetais são os produtores primários em nosso planeta, responsá-
veis por captar a energia luminosa do sol e convertê-la em energia quí-
mica, disponível para os consumidores. Nesse processo, chamado de
fotossíntese, os vegetais realizam a síntese de carboidratos utilizando
dióxido de carbono e água.
3. Com exceção de poucas estruturas reprodutivas, os vegetais não são
móveis. Para substituir essa característica e conseguir alcançar recur-
sos vitais para seu desenvolvimento, como luz, água e nutrientes, as
plantas desenvolveram a capacidade de crescer durante toda sua vida.
4. As plantas terrestres possuem um mecanismo para o transporte de
água do solo aos locais de fotossíntese e de crescimento constituído de
um delicado equilíbrio entre transpiração e absorção de água.
3. Respiração
Segundo Ferri (1985), fisiologicamente, respiração é o processo em que um
organismo realiza trocas gasosas (inspirando oxigênio e expirando dióxido
de carbono) com o meio ambiente. Esse processo é vital para a manutenção
da vida, pois é por meio dele que os indivíduos conseguem transformar a
energia disponível nos alimentos em energia útil para suas células.
4. Fotossíntese
A fotossíntese possui uma importância vital não apenas para as plantas,
mas para toda a biosfera. Vamos entender por quê?
Ainda de acordo com Ferri (1985), apesar de a glicose (molécula com seis
carbonos) ser comumente apresentada como produto essencial da fotossín-
tese, o principal carboidrato resultante desse processo são as trioses, que
possuem apenas três carbonos.
Ferri (1985) ainda ressalta que o tecido fotossintético mais ativo em uma
planta é o mesofilo presente nas folhas, pois as células que o compõem são
ricas em cloroplasto, organela celular que contém clorofilas, pigmentos ver-
des especializados na absorção da luz.
Ciclo C3: seu primeiro produto estável é uma molécula com três átomos
de carbono. Uma enzima denominada “RuBisCO” (ribulose-bisfosfato
carboxilase oxigenasse) tem papel de destaque nas etapas de carboxi-
lação. É característico de plantas de clima moderado com alta umi-
dade no solo, como algumas plantas herbáceas.
Ciclo C4: o primeiro produto estável é uma molécula com quatro carbo-
nos. Apresentam alta produtividade e afinidade com CO2 e, também,
um alto ponto de saturação da luz, o que caracteriza vegetais que habi-
tam áreas com grande disponibilidade luminosa, assim como muitas
gramíneas.
CAM: a fixação do carbono ocorre por meio do mecanismo ácido-cras-
suláceo. Apresenta alta eficiência na utilização de água, e os estômatos
só se abrem à noite. É comum em plantas que podem sofrer intenso dé-
ficit hídrico, como, por exemplo, as cactáceas.
Figura 2 Gráfico representativo do ponto de compensação fótico (A) e das plantas heliófitas e umbrófilas (B).
5. Crescimento e desenvolvimento
No desenvolvimento das plantas, o que pode nos parecer simples, como o
crescimento de um ramo, o amadurecimento de um fruto ou a germinação
de uma semente, torna-se extremamente complexo quando analisados os
processos envolvidos nesses eventos.
FITORMÔ- LOCAIS DE
TRANSPORTE EFEITOS
NIO BIOSSÍNTESE
Na maioria dos
Sendo um gás,
tecidos em res-
o etileno Amadurecimento de fru-
posta ao es-
move-se por tos; senescência de fo-
Etileno tresse; tecidos
difusão a par- lhas e flores; abscisão de
senescentes ou
tir do seu sítio folhas e frutos.
amadureci-
de síntese.
mento.
Fechamento estomático;
indução do transporte de
Em folhas ma- fotoassimilados das fo-
duras, especial- lhas para as sementes
mente em res- O ABA é ex- em desenvolvimento; in-
Ácido posta ao es- portado das dução da síntese de pro-
abscísico tresse hídrico. folhas pelo teínas de reserva nas se-
Pode ser sinteti- floema. mentes; embriogênese;
zado em pode afetar a indução e a
sementes. manutenção de dormên-
cia nas sementes e
gemas.
Tropismos
Ritmos circadianos
Esses processos são regulados pelo ambiente por meio do ciclo diário de
claro-escuro. Essa habilidade é importante, pois, além de coordenar as ati-
vidades diárias, possibilita que a planta responda às mudanças das esta-
ções do ano por meio da alteração do comprimento dos dias e noites, medi-
dos por ela.
Mas como a água penetra na raiz e vai parar nas folhas, que, em muitas ár-
vores, podem estar distantes do solo?
De forma resumida, de acordo com Ferri (1985), a água entra na planta atra-
vés das células da raiz e vai até os tecidos condutores, sendo carregada até
as folhas, onde sai do vegetal por meio da superfície das células do mesofilo
para os espaços intercelulares, na forma de vapor d’água. Esse vapor d’água
se difunde dos espaços intercelulares para a atmosfera através da abertura
dos estômatos, em um processo chamado transpiração. A água perdida na
transpiração é reposta pela água absorvida pelas raízes e levada em direção
às folhas através do xilema.
Dessa maneira, cria-se um gradiente osmótico entre essa célula e suas célu-
las vizinhas, mais saturadas, provocando uma reação em cadeia até alcan-
çar a água presente no xilema, o que resulta em uma “sucção”, que podería-
mos também chamar de tensão (RAVEN, 2001).
Mas sendo a água uma das substâncias mais importantes para a manuten-
ção da vida, por que as plantas perdem tanta água na transpiração? Para
responder a essa questão, temos de voltar nossa atenção para outro pro-
cesso fisiológico fundamental para os vegetais, a fotossíntese, que pode ser
explicado por Taiz (2004).
1º experimento: absorção
2º experimento: transpiração
Uso de tecnologias
É relevante sugerir, novamente, alguns arquivos presentes no Banco Inter-
nacional de Objetos Educacionais (2014), que contém animações interativas
que podem ser aplicadas de forma participativa em sala de aula.
Pegue um vaso com uma planta qualquer e uma caixa de papelão com um
tamanho suficiente para comportar o vaso inteiro. Faça um furo em uma la-
teral da caixa, coloque o vaso com a planta em seu interior e feche bem a
caixa, de forma a evitar que qualquer outra luz consiga entrar. Mantenha a
caixa em ambiente iluminado por alguns dias.
8. Fisiologia vegetal
Tradicionalmente, a Fisiologia Vegetal não é uma área de estudo que gera
muito interesse por parte dos alunos, de forma que diversificar as estraté-
gias pedagógicas é fundamental para diminuir as barreiras, apresentando
novas formas de abordagem e uma maior contextualização dos temas da
Fisiologia Vegetal com o cotidiano.
PARÂMETROS
Metabolismo primário Metabolismo secundário
COMPARATIVOS
Elementos necessá-
Água, CO2, luz, cloro- Sais, metabólitos primá-
rios para sua
fila, enzimas rios, enzimas
ocorrência
De inúmeros tipos
Tipos (variedades) de Principalmente açúca-
(grande variedade) tais
substâncias res, portanto, uma pe-
como alcaloides, glicosí-
produzidas quena variedade
deos, flavonas etc.
Interação planta-planta
Algumas espécies vegetais realizam um processo chamado alelopatia. A
UFSM (2014) define alelopatia como
Interação planta-microrganismos
Defesa
Fibras
De acordo com Fávero e Pavan (1997), as fibras são materiais de origem ve-
getal muito utilizadas pelo homem. Assim como as plantas utilizadas na
alimentação, as plantas produtoras de fibras tiveram papel fundamental
para a evolução da sociedade humana.
A definição botânica indica que as fibras são células longas, finas, que
atuam diretamente na estruturação física do indivíduo vegetal.
Como possuem uma ampla utilização nas mais diversas atividades huma-
nas, as fibras foram classificadas utilizando-se dois critérios, de acordo com
Fávero e Pavan (1997):
Madeira
Todos nós temos contato diário com diferentes objetos feitos de madeira.
Mas será que sabemos, realmente, o que é a madeira?
Figura 6 Corte de um caule tipo tronco. No centro, o ponto escuro é a medula, ao redor da medula (parte mais es-
Propriedades da madeira
Utilizações econômicas
Cortiça
Pode-se definir cortiça como um “tecido morto constituinte do caule e ra-
mos de certos vegetais, denominado periderme” (FÁVERO; PAVAN, 1997).
Utilizações econômicas
Gomas
As gomas são o resultado da mistura de alguns componentes dos tecidos do
vegetal com algumas substâncias deles próprios, destacando-se a celulose.
São formadas por muito açúcar e pectinas. Pectinas são substâncias pre-
sentes nas paredes celulares que agem como um cimento da membrana
(WASCHECK, 2008).
As gomas são eliminadas naturalmente pelo caule, mas também podem ser
extraídas fazendo-se cortes nos caules de indivíduos produtores. Podem ser
utilizadas para muitas atividades, como a fabricação de adesivos, para en-
gomar tecidos, como liga para doces, em tintas etc.
Resinas
As resinas são substâncias quimicamente complexas, compostas de muitos
óleos essenciais. As plantas produtoras de resina possuem, principalmente
em seus caules, os canais resiníferos, onde as resinas são produzidas e
secretadas.
Açúcares e amido
Os açúcares são metabólitos primários das plantas, pois são substâncias
fundamentais para a sua sobrevivência, relacionadas diretamente com a
produção e o armazenamento de energia, ou seja, o alimento produzido pe-
las plantas (RAVEN, 2001).
Para a indústria, o amido pode ter duas origens básicas: frutos e sementes,
em que o produto extraído é chamado de polvilho. Nas raízes e nos tubércu-
los, o produto é chamado de fécula. Os principais produtos originados dos
açúcares e amidos são a fécula de batata, a fécula de mandioca, o amido de
trigo, o amido de arroz, o centeio, a cevada, a aveia, o amido de milho (FÁ-
VERO; PAVAN, 1997).
14. Considerações
Este ciclo de aprendizagem finalizou os estudos na área da Botânica, mas
sem esgotar os conteúdos. Eles permitem ao discente do curso de Biologia
elaborar aulas práticas que facilitam a aprendizagem e tornam esta mais
significativa. Além disso, encerramos o ciclo com a Etnobotânica e a forma
com a qual as plantas medicinais e até mesmo a fitoterapia são importantes
e influentes nas sociedades. Esperamos que essa temática tenha sido incor-
porada ao seu dia a dia, já que ela possibilita, inclusive, a realização de pro-
jetos em sala de aula, relacionando qualidade de vida, saúde e a alimenta-
ção saudável, por exemplo.