MÓDULO 2 - Fundamentos Da Psiquiatria
MÓDULO 2 - Fundamentos Da Psiquiatria
MÓDULO 2 - Fundamentos Da Psiquiatria
E ASSISTÊNCIA
FARMACÊUTICA
Unidade 1
Fundamentos da
Psiquiatria
CEO
DIRETORA EDITORIAL
ALESSANDRA FERREIRA
GERENTE EDITORIAL
PROJETO GRÁFICO
TIAGO DA ROCHA
AUTORIA
Práticas psiquiátricas.............................................................. 23
Procedimentos durante a Antiguidade...........................................................23
Afogamento.......................................................................................................... 25
Cirurgia ginecológica...........................................................................26
Hidroterapia..........................................................................................26
Berço de Utica......................................................................................26
Unidade 1
Cadeira giratória...................................................................................27
Lobotomia.............................................................................................27
Choque cardiazólico...........................................................................................28
Eletroconvulsoterapia........................................................................................ 28
Insulinoterapia.................................................................................................... 29
Praxiterapia.......................................................................................................... 31
Medicamentos..................................................................................................... 32
Processo de desinstitucionalização.................................................................35
Movimento antimanicomial...............................................................................49
Unidade 1
OBJETIVOS
profissionais até o término dessa etapa de estudos:
Unidade 1
Os transtornos mentais no
passado
Os primeiros relatos sobre problemas psicossociais foram
encontrados na Antiguidade grega e romana. Naquela época,
tanto os transtornos físicos como os mentais eram tratados como
manifestações sobrenaturais, sob forte influência religiosa.
Unidade 1
quadro retratado por Hieronymus Bosh, chamado “A extração da
pedra da loucura”, mostra o procedimento de trepanação. Vale
ressaltar que nessa época não existia anestesia para nenhum
tipo de procedimento.
Figura 1 - “A extração da pedra da loucura” de Hieronymus Bosh
Unidade 1
Um dos hospitais mais antigos da Europa, o Hotel
Dieu é datado de cerca de 651 d.C. Era uma ins-
tituição polivalente que atendia os pobres e os
VOCÊ SABIA? doentes, oferecendo comida e abrigo, bem como
cuidados médicos. Foi danificado pelo fogo em
1772 e parcialmente reconstruído até o reinado
de Napoleão. As camas eram colocadas em todos
os quartos disponíveis e, às vezes, havia até seis
pacientes em uma cama de solteiro. Tornou-se o
hospital mais insalubre e desconfortável da Fran-
ça, talvez até da Europa. O número de leitos no
Hotel Dieu permaneceu inalterado até 1400, mas,
com a criação de novos hospitais, começou a re-
ceber menos pacientes, de modo que todos agora
tinham sua própria cama. Hoje, continua sendo o
primeiro centro de atendimento a casos de emer-
gência em Paris, com aproximadamente 350 leitos.
O Hotel Dieu era popular entre os médicos, pois
admitia casos interessantes. Embora transformada
em uma instituição médico-científica, sua natureza
religiosa original é mantida viva em seu nome: a
“Hospedaria de Deus”.
Unidade 1
Fonte: Wikimedia Commons
Unidade 1
Freud percebeu que a não utilização dessa técnica permitia que
o paciente falasse livremente sobre o que vinha à memória, cujo
processo passou a ser chamado de associação livre, o qual traria
a reconstrução do trauma original e com acesso ao inconsciente,
criando o conceito de cura pela fala.
Unidade 1
Fonte: Wikimedia Commons
Unidade 1
ria e atividades expressivas como modelagem em argila, pintura
etc. A partir desse crescimento, foi possível organizar mostras
dos trabalhos feitos pelos pacientes em todo o país e no exterior
(CARVALHO; AMPARO, 2006; FIQUEIREDO; DELEVATI; TAVARES,
2014; TILIO, 2007).
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mental. Eles eram vistos como um problema es-
trutural das cidades, mas nunca como pessoas
cujos direitos são estritamente limitados pela po-
pulação e pelas autoridades. Com o surgimento do
modelo manicomial no século XVIII, agrupavam e
aprisionavam as pessoas com transtornos men-
tais com outros doentes em prédios isolados da
cidade, submetiam-nos a tratamento profissional
e tinham seus documentos recolhidos. Com a evo-
lução da própria humanidade, muitos tratamentos
da época passaram a ser considerados desumanos
e, por isso, os movimentos sociais e dos próprios
profissionais da saúde foram essenciais para essa
mudança, não apenas dos tratamentos em si, mas
também da visão da sociedade em relação ao indi-
víduo com transtornos mentais. E então? Qual sua
impressão sobre as formas de tratamento nos sé-
culos passados? Consegue perceber a importância
dessa evolução?
Procedimentos durante a
Antiguidade
Para entender o que está acontecendo agora, é neces-
sário examinar como a psiquiatria foi “criada”, desenvolvida e
“aceita”. Mas quando você fala sobre a história de algo não pode
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Unidade 1
Deus.
Afogamento
O paciente era colocado em um caixão com furos e sub-
merso em água: esperava-se que todo o ar saísse de dentro do
caixão, observando quando não apareciam mais bolhas; depois,
o paciente era retirado e reanimado. Acreditava-se que, quando
Cirurgia ginecológica
Por acreditar que clitóris e útero estavam relacionados
com a histeria feminina, era realizada a retirada desses órgãos
como tratamento (GUIMARÃES et al., 2013; BORENSTEIN, 2007).
Hidroterapia
Para os psiquiatras da época, o banho prolongado indu-
Unidade 1
ziria à fadiga psicológica e estimularia secreções dos rins e da
pele, podendo reestruturar as funções cerebrais. O tratamento
consistia em enrolar o paciente em uma rede e mantê-lo em uma
banheira apenas com a cabeça de fora e coberto por uma lona,
podendo permanecer por horas – ou até mesmo por dias – em
água gelada e fervente alternadamente (GUIMARÃES et al., 2013;
BORENSTEIN, 2007).
Berço de Utica
Na cidade de Utica, no estado de Nova Iorque, os pacien-
tes eram forçados a ficar em um berço de madeira ou metal fe-
chado de todos os lados, sem possibilidade de se movimentar,
para evitar a interação com outros indivíduos. O berço era usado
apenas em pacientes agressivos (GUIMARÃES et al., 2013; BO-
RENSTEIN, 2007).
Lobotomia
Já vimos no tópico anterior sobre a trepanação na Anti-
guidade para a “retirada dos maus espíritos” como um método
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Choque cardiazólico
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Utilizava-se o medicamento cardiozol via endovenosa, le-
vando o paciente à convulsão de forma rápida e violenta, a ponto
de causar fraturas graves, entre elas, fratura espinhal, por isso,
foi utilizada por pouco tempo, sendo substituída pela eletrocon-
vulsoterapia (GUIMARÃES et al., 2013; BORENSTEIN, 2007).
Eletroconvulsoterapia
Desde o início de sua utilização, a eletroconvulsoterapia
(ECT) foi vista como eficaz para diminuir a agitação e amenizar os
sintomas psicóticos. Também chamada de eletrochoque, a ECT
Insulinoterapia
A introdução da insulinoterapia aconteceu em 1933 pelo
médico polonês Manfred Sakel, o qual causou uma convulsão
por meio de uma dose excessiva de insulina acidentalmente.
Contudo, ele percebeu que era um tratamento eficaz para
pacientes com psicose e com esquizofrenia. No entanto, entrou
em desuso quando os estudos mostraram que não levava à cura
Unidade 1
Fonte: Wikimedia Commons
Praxiterapia
A praxiterapia consistia no desenvolvimento de tarefas
laborais, como trabalho agrícola e criação de galináceos além
de suínos, e era utilizada como ocupação integral do tempo
dos pacientes como prática terapêutica. O desenvolvimento de
tais práticas realizava-se de acordo com a aptidão física de cada
indivíduo, sendo considerado o tratamento mais indicado nos
casos de esquizofrenia.
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de empregados das colônias; dependendo do seu desempenho,
o indivíduo poderia ser considerado apto para voltar ao convívio
na sociedade, recebendo alta hospitalar.
Medicamentos
O início da medicalização se deu nos anos 1950, com
psicofármacos empregados no tratamento dos pacientes. Esses
medicamentos não substituíam os métodos tradicionais porque
eram usados como coadjuvantes. Os primeiros sintetizados
foram:
• Cloropromazina (amplictil).
• Levopromazina (neozine).
Era da institucionalização
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Em 1840, o provedor da Santa Casa do Rio de Janeiro, José
Clemente Pereira, fez um pedido para criação de um hospital
específico para os pacientes com transtornos mentais, alegando
que essa separação facilitaria a cura deles. Por isso, em 1841,
com o Decreto n.º 82, de 18 de julho de 1841, Dom Pedro II
atendeu esse pedido e iniciou a construção do Hospício Pedro II,
cuja inauguração aconteceu em 8 de dezembro de 1852.
Processo de
desinstitucionalização
O questionamento sobre os procedimentos para trata-
mento dos transtornos mentais começou na década de 1960
no mundo – e, na década seguinte, no Brasil. Ocorreram vários
movimentos sociais para reduzir a exclusão dos indivíduos com
transtornos mentais da sociedade, buscando um modelo assis-
tencial com a promoção da saúde mental, não apenas o trata-
mento dos doentes.
Unidade 1
vários níveis. Utilizando a diversidade de métodos e técnicas te-
rapêuticas junto com uma equipe multiprofissional, que conta
com a participação social desde a formulação das Políticas de
Saúde Mental até o controle de sua execução.
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deve ser realocado para os tetos orçamentários do
estado ou município, que se responsabilizará pela
assistência ao paciente e pela rede substitutiva de
cuidados em saúde mental.
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consentidos pelo paciente ou pelo responsável legal, além de
comunicado aos conselhos profissionais competentes e ao
Conselho Nacional de Saúde, o qual criará uma comissão nacional
para acompanhar a implantação dessa Lei (BRASIL, 2001, on-line).
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SUS para capacitar de forma continuada atores governamentais
e não governamentais envolvidos nas ações (BRASIL, 2010, on-
line).
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o paciente seja avaliado no primeiro atendimento e, caso não
queira se internar, o juiz de plantão pode acelerar esse processo
(BRASIL, 2019, on-line).
Início do movimento
Grande parte dos tratamentos para transtornos mentais,
hoje, é considerada desumana; entre eles, a exclusão da socieda-
de a partir da internação e a separação da família. A superlotação
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dos hospícios e o alto custo para se manter esses indivíduos hos-
pitalizados por grandes períodos geraram uma movimentação
social, iniciada na década de 1970 e relacionada aos direitos e à
dignidade humana no tratamento da saúde mental.
Unidade 1
debate sobre saúde mental em todo o mundo.
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propondo a reorganização do modelo de atenção à saúde mental
com serviços abertos e comunitários que buscassem a garantia
da dignidade de usuários e familiares.
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de drogas no país, os recursos do governo foram investidos na
“epidemia do crack”.
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ao movimento antimanicomial, pois considera o abuso de drogas
um transtorno mental, e a exclusão desse paciente da sociedade
de forma involuntária remete aos procedimentos psiquiátricos
antigos. Se ela irá trazer benefícios ou traumas mais graves a
esses pacientes apenas o tempo dirá.
mental:
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REFERÊNCIAS
l.], 2012. Disponível em: http://www.ccs.saude.gov.br/memoria%20
da%20loucura/mostra/reforma.html. Acesso em: 7 mar. 2023.
Unidade 1
2012. Disponível em: https://rets.org.br/sites/default/files/2017-
8050-1-PB.pdf. Acesso em: 5 mar. 2023.
Unidade 1
em: 12 mar. 2023.