BREY - Petterson - SERVELI - Rodrigo - "Jesus Cristo Nos Salmos"
BREY - Petterson - SERVELI - Rodrigo - "Jesus Cristo Nos Salmos"
BREY - Petterson - SERVELI - Rodrigo - "Jesus Cristo Nos Salmos"
RESUMO EXPANDIDO
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Doutor em Teologia pela PUC-SP; Membro do Grupo de Pesquisa TIAT da PUC-SP;
[email protected]. Lattes ID: http://lattes.cnpq.br/2803712017811113.
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Doutorando em Divindade pelo Fuller Theological Seminary (CA – EUA); [email protected].
Lattes ID: http://lattes.cnpq.br/3048818467707612.
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Além dos aspectos proféticos, a linguagem dos Salmos tem muito da emoção
humana em seu relacionamento com Deus, haja vista as muitas súplicas por socorro, bem
como a gratidão e louvor por livramentos. Porém, expressões do tipo “assim diz o Senhor”
denotam que os trechos de instrução e profecia não têm relação com o sentir humano,
mas sim com a mente de Deus, geralmente se pronunciando em resposta às aflições dos
autores (MERRILL, 2009, p. 545). Este feedback Divino é expresso pelos escritores em
forma poética através de um ditado proverbial, um enigma, um apelo, uma profecia,
podendo desta forma ficar profundamente gravado na mente dos leitores (BACON, 1991,
p. 27), visto que grande parte destes textos cumpriam funções cúlticas na liturgia hebraica
(PFANDL; RODRIGUEZ, 2007, p. 163), sendo constantemente repetidos em cânticos de
guerra, cânticos de amor, lamentos, hinos, salmos imprecatórios e outros.
Por se tratar de uma coleção de hinos e orações atribuídos a diversos autores e datas,
muitas questões emergem diante do estudante do saltério, tais como datação, estrutura,
validade dos títulos dentre tantas outras (CRAIGIE, 1983, p. 25,26). A autoria dos Salmos
está diretamente ligada com a questão da datação, uma vez que o saltério é composto por
textos produzidos ao longo de muitos anos e nesta seara existem diferentes perspectivas
de entendimento. A possiblidade de que a maioria dos Salmos tenha sido composta depois
do exílio, está ancorada em estudos feitos na Septuaginta que, com base em palavras,
figuras de linguagem, etc., supostamente não se remetem a algum período anterior ao
exílio. No entanto, estudos mais recentes têm demonstrado que grande parte da
fraseologia no saltério era atual na Palestina muito antes dos profetas escritores, assim o
critério de dependência literária torna-se questionável (DAHOOD, 1996, p. xxix, xxx).
Os estudiosos mais conservadores tendem a validar as informações contidas nos
títulos e subtítulos dos Salmos, visto que sendo originárias de um período anterior à LXX
não teriam sido alterados, em virtude de que os tradutores teriam limitações relativas à
compreensão de muitas expressões. Seguindo este critério, muitos Salmos teriam sua
autoria facilmente determinada, tendo como principais contribuidores: Asafe, Corá,
Moisés, Hemã, Etã, Salomão e Jedutum, dentre os quais Davi tem maior destaque
(NICHOL; COTTRELL; NEUFELD, 2012, p. 695, 696). Esta projeção, entretanto, não
fica impune ao crivo dos críticos que por motivos teoréticos rejeitam a possibilidade de
Davi ser o compositor dos Salmos atribuidos a ele nos títulos.
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As razões tem que ver com: (a) uso da terceira pessoa para se fazer referência a
Davi, porém, na literatura clássica, Xenofonte utiliza a mesma forma de escrever e mesmo
assim não deixa dúvida quanto à sua autoria da Anábais; (b) suposta referência ao
santuário de Israel contida nos Salmos atribuídos a Davi, baseando-se na interpretação
dos termos “casa do Senhor”, “o santuário”, ou “o templo”; (c) aramaísmos contidos no
texto de tais Salmos, ignorando que Davi tinha extensa relação com a realeza de fala
aramaica; (d) hipótese de que em função de suas diversas atribuições, Davi não teria
tempo hábil de produzir conteúdos poéticos, porém, a história da vida do monarca relata
sua extrema habilidade com a música e a arte. Entretanto, citações neotestamentárias
como Mateus 22,45; Marcos 12,36; Atos 1,20; 2,25-28.34; 4,24.25; Romanos 4,6-8,
fazem referência a Davi como autor de diversos Salmos (ARCHER JR, 2008, p. 390-
394).
Outro fator que merece destaque no que tange a titulação dos Salmos, é que apesar
de não fazerem parte do texto original, a Bíblia Hebraica os incorpora como integrantes
do primeiro versículo de cada capítulo (ELLISEN, 2007, p. 195). Dessa forma,
preservaram-se alguns termos técnicos (ARCHER JR, 2008, p. 402) que determinavam
como certos Salmos eram usados, como no caso do Salmo 110, que era cantado. Esse uso,
entretanto, não estava diretamente ligado com a classificação dos Salmos, a qual foi
elaborada desde uma perspectiva temática que não parece ser consensual entre os
principais estudiosos dos Salmos, mas que segue uma disposição geralmente similar a
esta: natureza; históricos e nacionais; didáticos; messiânicos; penitenciais; maldição;
oração, louvor; peregrinação; alfabéticos ou acrósticos (ELLISEN, 2007, p. 207).
A disposição desses Salmos, desde a perspectiva da Midrash, tende a relacionar a
divisão dos cinco livros ou doxologias do saltério com o os cinco livros do Pentateuco
(NICHOL; COTTRELL; NEUFELD, 2012, p.705), assumindo o seguinte formato: (a)
livro I: 1-41; (b) livro II: 42-72; (c) livro III: 73-89; (d) livro IV: 90-106; (e) livro V: 107-
150 (LASOR; HUBBARD; BUSH, 2009, p. 466). Porém, não há certeza de que tais
doxologias foram inseridas pelos editores ou se a presença delas em particular levou os
editores a procurar os pontos de divisão no texto. A resposta dessa questão pode
comprometer a validade da analogia com o Pentateuco, visto que, se as doxologias foram
inseridas sem estarem ligadas a fundamentos internos do texto, pode ser que a relação
com os cinco livros de Moisés esteja fundamentada numa correspondência hipotética.
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Dessa forma, parece mais razoável estudar os salmos em perspectiva literária, haja
vista a abundância de estilos encontrados no saltério, tais como: (a) poesia lírica; (b)
paralelismo; (c) imagens ou figuras – símile (1: 3), metáfora, alegoria (80: 8), metonímia
(73: 9), sinédoque (52: 4), hipérbole (6: 6), personificação (35: 10), apóstrofe (114: 5-7),
antropomorfismo (10: 12), antropopatia (6: 1); (d) acrósticos alfabéticos; (e) selá e aleluia
(ELLISEN, 2007. p. 198-202). Inclusive em razão de um acróstico alfabético que se
estende entre os capítulos nove e dez, a Septuaginta em sua tradução os mantém como se
fossem um único capítulo, causando uma diferença entre a numeração dos capítulos na
LXX e TM (DILLARD; LONGMAN III, 2006, p. 214). Ademais, uma abordagem focada
nos aspectos literários tende a favorecer a compreensão das questões teológicas do
saltério (PFANDL; RODRIGUEZ, 2007. p. 164).
A questão da relação entre Deus e o ser humano, realçando a ação Divina em
resposta aos anseios do salmista, enaltece a posição de comando de YHWH, que tem o
controle de todas as coisas (ARCHER JR, 2008, p. 389). Isso pode ser percebido inclusive
no contexto dos salmos régios, onde Deus está em evidência, não o rei, que, por sua vez,
recebe apenas uma dignidade filial e a soberania somente mediante a palavra profética de
Deus, como visto nos Salmos 2, 89 e 110 (SCHMIDT, 1994, p. 293). Por conseguinte,
como pode ser visto no quadro abaixo, uma perspectiva escatológica referente ao Messias
encontra forte correspondência no texto neotestamentário (SCHULTZ, 2006, p. 273).
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS
ARCHER JR, Gleason L. Merece Confiança o Antigo Testamento? São Paulo: Editora
Vida, 2008.
BACON, Betty. Estudos na Bíblia Hebraica: exercícios de exegese. São Paulo: Vida
Nova, 1991.
CRAIGIE, Peter C. (Ed.). Psalms 1-50, vol. 19. Waco: Word Books Publisher, 1983.
(Word Biblical Commentary).
DAHOOD, Mitchell. Psalms I: 1-50, vol. 16. Garden City: Doubleday & Company Inc,
1966. (The Anchor Bible Commentary).
ELLISEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. São Paulo: Editora Vida,
2007, p. 195.
KIDNER, Derek. Salmos 1-72: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2011.
Coleção
“LILETI” – Volume V
IV SIMPÓSIO PAULISTA DE ESTUDOS BÍBLICOS COM OS GRUPOS DE
PESQUISA BÍBLICA
LIJO – LITERATURA JOANINA
LEPRALISE – LEITURA PRAGMÁTICO-LINGUÍSTICA DAS SAGRADAS
ESCRITURAS
TIAT – TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO
DO PEPG EM TEOLOGIA DA PUC-SP
Anais
Organizadores:
Boris Agustín Nef Ulloa
Gilvan Leite de Araujo
Matthias Grenzer
PUC-SP
São Paulo
2024
Organizadores:
Prof. Dr. Boris Agustín Nef Ulloa (PUC–SP)
Prof. Dr. Gilvan Leite de Araujo (PUC–SP)
Prof. Dr. Matthias Grenzer (PUC–SP)
Colaboradores (as):
Comissão Científica:
Adriano Lazarini Souza dos Santos (Doutorando no PPG em Teologia da PUC–SP)
Eduardo Rueda Neto (Doutor no PPG em Teologia da PUC–SP)
Fernando Gross (Doutor no PPG em Teologia da PUC–SP)
Francisca Cirlena Cunha Suzuki (Doutora no PPG em Teologia da PUC–SP)
Francisco Marques Miranda Filho (Doutorando no PPG em Teologia da PUC–SP)
Isabel Patuzzo (Doutora no PPG em Teologia da PUC–SP)
Jean-Luc Fobe (Doutorando no PPG em Teologia da PUC–SP)
Luciano José Dias (Doutorando no PPG em Teologia da PUC–SP)
Nelson Maria Brechó da Silva (Doutor no PPG em Teologia da PUC–SP)
Pedro da Silva Morais (Doutor na Facoltà di Teologia di Lugano)
Petterson Brey (Doutor no PPG em Teologia da PUC–SP)
Sergio Ricardo Toledo (Mestre no PPG em Teologia da PUC–SP)
Vamberto Marinho de Arruda Junior (Doutorando no PPG em Teologia da PUC–SP)
Vinícius Mendes de Oliveira (Doutorando no PPG em Teologia da PUC–SP
Comunicação e Divulgação:
Arthur Carvalho Moraes (Mestrando no PPG em Teologia da PUC–SP)
Cleodon Amaral de Lima (Doutorando pelo PPG em Teologia da PUC–SP
Secretariado:
Adriana Barbosa Guimarães (Doutoranda pelo PPG em Teologia da PUC–SP)
Francisco Marques Miranda Filho (Doutorando no PPG em Teologia da PUC–SP)
Wilson Faraço (Doutorando no PPG em Teologia da PUC–SP)
Suporte Técnico:
Ákilla Vicente Braga Nascimento (Mestre pelo PPG em Teologia da PUC–SP)
Benedito Antônio Bueno de Almeida (Doutorando no PPG em Teologia da PUC–SP)
Claudio Araujo Machado (Doutorando no PPG em Teologia da PUC–SP)
Local do evento: Plataforma zoom, juntamente com a plataforma de eventos even 3, https://eventos.pucsp.br/iv_simpeb/, na PUC-
SP (Campus Ipiranga), e presencialmente na FAPCOM, São Paulo,
22 e 23 de abril de 2024
São Paulo, Brasil
Os textos publicados são de responsabilidade de cada autor.
Capa: ‘Mundo Integrado’ - artista: Mir
Todos os direitos autorais da reprodução da obra foram cedidos pelo artista à equipe organizadora do SIMPEB
Tendo como líder do grupo o Prof. Dr. Pe. Gilvan Leite de Araujo (PUC-SP), o grupo
LIJO foi fundado em 2016, é um dos três grupos de pesquisa das Sagradas Escrituras do
PEPG em Teologia da PUC-SP. O Grupo de Pesquisa está desenvolvendo pesquisa sobre
as raízes do Cristianismo. Tal processo, através de diversas publicações de Artigos
Científicos, tem permitido avanços e impacto nos debates na área. Além disso, o grupo
pesquisa sobre as diversas Literaturas Joaninas (Evangelho, Cartas e Apocalipse).
Tendo como líderes do grupo o Prof. Dr. Pe. Boris Agustín Nef Ulloa (PUC-SP) e o Prof.
Dr. Pe. Jean Richard Lopes (PUC-MG), o grupo LEPRALISE foi fundado em 2015, é um
dos três grupos de pesquisa das Sagradas Escrituras do PEPG em Teologia da PUC-SP.
O âmago da existência desse grupo é o estudo da Sagrada Escritura em seu aspecto
comunicativo, enfocado pela análise pragmalinguística. Dessa forma, o grupo tem três
campos de atuação e pesquisas: (1) Teologia Lucana - Aprofundar as características e
fundamentos da Teologia Lucana; (2) Teologia Paulina - Aprofundar os fundamentos do
Ensinamento Paulino e sua experiência de vida cristã enquanto Paradigma Apostólico e
Missionário; e (3) Intertextualidade: Antigo e Novo Testamento – Aprofundar por meio
dos estudos exegéticos a relação intertextual entre o Antigo e o Novo Testamento.
Tendo como líderes do grupo o Prof. Dr. Matthias Grenzer (PUC-SP) e o Prof. Dr. Pe.
Leonardo Agostini Fernandes (PUC-RJ), o grupo TIAT foi fundado em 2011, é um dos
três grupos de pesquisa das Sagradas Escrituras do PEPG em Teologia da PUC-SP.
Reunindo professores pesquisadores e alunos(as) pós-graduandos(as) que atuam em três
Universidades (PUC-SP; PUCRio; PUC-PR), o Grupo de Pesquisa “Tradução e
Interpretação do Antigo Testamento” (TIAT) se caracteriza como pluri-institucional e
inter-estatal. O objeto de pesquisa é a Literatura Bíblica, em especial a primeira parte da
Bíblia cristã, chamada também de Antigo Testamento ou Bíblia Hebraica. Favorecem-se
estudos linguísticos das línguas bíblicas (Hebraico, Aramaico e Grego), pesquisas
estilístico-literárias, investigações histórico-culturais sobre o antigo Israel e suas culturas
vizinhas, assim como descrições pormenorizadas das dimensões teológicas das Sagradas
Escrituras de judeus e cristãos, tidas também como patrimônio cultural da humanidade.
As pesquisas resultam constantemente em publicações científicas em forma de Artigos
em Periódicos Científicos, Capítulos em Livros, Verbetes em Dicionários, Textos
Integrais em Anais de Simpósios ou Congressos e Livros monográficos.
DESCRIÇÃO DOS EIXOS TEMÁTICOS
Coordenadores responsáveis:
Francisca Cirlena Cunha Suzuki
Petterson Brey
Vamberto Marinho de Arruda Junior
ET 2 – Bíblia, Ecologia Integral e Exegese Bíblica
Descrição: Este ET acolhe os (as) estudiosos (as) da Bíblia e outros (as) pesquisadores
(as) interessados (as) em temáticas bíblicas no tocante ao tema do Simpósio, sendo,
portanto, Bíblia e Ecologia Integral, e, exegese de uma ou mais perícopes. Desse modo,
procura-se, por um lado, favorecer a exegese bíblica, por intermédio da análise literário-
estrutural com os seguintes passos: texto e tradução; delimitação e estrutura; análise
linguístico-sintática; análise literária; semântica; pragmática e hermenêutica. Por outro
lado, vislumbra-se, aditivamente, o favorecimento da análise exegético-teológica, através
do comentário bíblico e dos pontos teológicos importantes à compreensão do tema à luz
da fé e da experiência antropológica. Ao visar a excelência das comunicações a serem
aprovadas para discussão, bem como a qualidade dos textos a serem submetidos para
posterior publicação no respectivo livro de Anais do Simpósio, o Grupo se reserva o
direito de aprovar a inclusão em seus trabalhos tão somente daquelas propostas que sejam
inéditas e que representem real contribuição ao avanço dos estudos bíblicos.
Coordenadores responsáveis:
Adriano Lazarini Souza dos Santos
Fernando Gross
Izabel Patuzzo
Jean-Luc Fobe
Nelson Maria Brechó da Silva
Pedro da Silva Morais
Vinícius Mendes de Oliveira
Coordenadores responsáveis:
COMUNICAÇÕES
LEVÍTICO 25,1-22: O ano sabático e o ano do jubileu, uma lição da Torá sobre o cuidado
ecológico da terra para a atualidade
JESUS E SUA RELAÇÃO COM YHWH: uma teologia da afetividade de Deus “Eu e o
PAI somos um” (Jo 10,30)