Direito Do Ambiente e Do Urbanismo
Direito Do Ambiente e Do Urbanismo
Direito Do Ambiente e Do Urbanismo
Em 1997 foi aprovada a Lei do Ambiente que tem como objectivo a definição de bases legais
para a utilização e gestão correctas do ambiente com vista à implementação de um sistema de
desenvolvimento sustentável no país. Esta lei é aplicável a todas as actividades públicas e
privadas que podem influenciar directa ou indirectamente o ambiente, é nela que encontramos
plasmados os diversos princípios fundamentais do ambiente, os quais norteiam a gestão e
preservação ambiental (Banze, 2019).
Objectivos
Objectivo geral
Objectivos especificos
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O dano ambiental é qualquer alteração no meio ambiente que leve a consequências negativas. O
conceito de dano é constantemente associado ao de impacto, porém eles apresentam algumas
diferenças. Já conceitos como poluição e degradação podem ser considerados potenciais
promotores de danos (Fabre, 2002).
No texto constitucional, em 1997, foi aprovada a Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro, adiante
designada Lei do Ambiente (LA), que vem definir as bases legais para a utilização e gestão
correctas do ambiente e seus componentes, com vista à materialização de um sistema de
desenvolvimento sustentável no país (Silveira, 2021).
Tanto assim é que, a Lei do Ambiente consagra, expressamente, no seu art.º 4.º, alguns destes
princípios fundamentais em matéria ambiental, a saber:
Princípio da utilização e gestão racional dos compostos ambientais – Este princípio aparece no
ordenamento jurídico moçambicano, em 1995, com a aprovação da Política Nacional do
Ambiente (PNA). Nos termos da qual, “a utilização dos recursos naturais deve ser optimizada;
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sua identidade, cultura e interesses e tornar possível a sua participação efectiva na concretização
de um desenvolvimento sustentável”;
Princípio da precaução – Este princípio consagra que “a gestão ambiental deve priorizar o
estabelecimento de sistemas de prevenção de actos lesivos ao ambiente, de modo a evitar a
ocorrência de impactos ambientais negativos significativos ou irreversíveis, independentemente
da existência de certeza jurídica sobre a ocorrência de tais impactos”;
Princípio da visão global e integrada do ambiente – Nos termos deste princípio, o ambiente deve
ser visto, e tratado, como um conjunto de ecossistemas interdependentes, naturais e construídos,
que devem ser geridos de maneira a manter o seu equilíbrio funcional sem exceder os seus
limites intrínsecos. Este princípio decorre, como refere Carlos Serra, da alteração substancial que
ocorreu no direito internacional do ambiente no que toca ao seu objecto, uma vez que este não é
mais um qualquer dos componentes naturais individualmente considerados – água, ar, solo,
subsolo, fauna, flora – mas sim a própria biosfera globalmente considerada e analisada;
Princípio da igualdade – Este princípio visa garantir oportunidades iguais de acesso e uso de
recursos naturais a homens e mulheres. Contudo, não nos parece acertado entender este princípio
de forma restritiva, apenas no que respeita ao acesso aos recursos naturais pelos diferentes
géneros, mas sim de forma a respeitar o princípio da igualdade previsto no art.º 35.º da
Constituição da República de Moçambique (2004), nos termos do qual “todos os cidadãos são
iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres…”. Ou
seja, também em matéria ambiental os cidadãos são todos iguais, estão sujeitos aos mesmos
deveres e têm os mesmos direitos, nomeadamente no que respeita a acesso aos recursos naturais;
Princípio da Responsabilidade – Nos termos deste princípio, quem polui ou de qualquer outra
forma degrada o ambiente, tem sempre a obrigação de reparar ou compensar os danos daí
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decorrentes. Ora, esta responsabilidade pode ser tanto de tipo civil, administrativa ou penal,
como teremos oportunidade de ver mais adiante no presente trabalho;
Princípio da Cooperação internacional – Quanto a nós, este princípio assume duas vertentes, uma
ao constatar que os danos provocados ao ambiente já não se cingem aos limites territoriais de um
Estado ou, como se costuma dizer, a poluição não tem fronteiras, nem respeita o sinal “proibido
ultrapassar” (Silveira, 2021).
Milaré (2006), entende que pode se distinguir duas modalidades de dano ambiental: o dano
ambiental coletivo ou propriamente dito, sofrido por toda coletividade e o dano ambiental
individual, que atinge determinadas pessoas ou bens. Enquanto o primeiro se destina a fundos, o
segundo enseja indenização à vítima a fim de recompor os prejuízos dele decorrente.
Cabe ressaltar, ainda, que o dano ambiental envolve uma questão social, uma vez que esta
espécie de dano representa uma lesão a um direito difuso, um bem imaterial, incorpóreo,
autônomo, de interesse de toda a coletividade, garantido pela Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro, de
1997 como bem de uso comum do povo, que contribui para uma melhor qualidade de vida dos
indivíduos.
A responsabilidade civil constitui uma das principais fontes de obrigações, visa nodireito uma
função essencialmente reparadora, estando em causa, não a puniçãodos infractores mas sim a
reparação dos prejuízos eventualmente causados aoutrem (Serra & Cunha, 2004). Segundo José
Silva, Responsabilidade civil é aquelaque impõe ao infractor a obrigação de ressarcir o prejuízo
causado por sua conduta.Ela pode ser contratual, quando fundamentada em um contrato, ou pode
ser extracontratual, quando decorrer de exigência legal, ato ilícito ou até mesmo por atolícito
(Silva, 2004).
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destaque. Os artigos 89, 90 e 117 daConstituição da República de Moçambique garantem a
protecção do meio ambiente comoum bem comum e a ser tutelado colectivamente.
Tipos de responsabilidade civil
Responsabilidade civil subjectiva (no 1, art. 483, do CC), a que tem a culpa o elemento basilar
para a sua arguição, quando dela resulte um prejuízo e associa-se a este elemento dano e o nexo
de causalidade;
Responsabilidade civil objectiva (no 2, art. 483, do CC), que não exige a comprovação do
requisito culpa, bastando para a sua arguição a existência do dano, da conduta e do nexo de
causalidade entre o prejuízo causado pela acção. Daí que se diz também que esta
responsabilidade está assente no risco assumido pelo lesante em razão da actividade por si
exercida, como acontece nos danos ambientais (Leonardo, 2008).
Conclusão
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ilícito, é cabível a reparação por dano ambiental, não se admitindo excludentes de
responsabilidade (Fabre, 2002).
Diante do exposto, percebe que se pode compreender o dano ambiental como um prejuízo
ocasionado a todos os recursos ambientais indispensáveis a garantia de um meio ecologicamente
equilibrado, o que gera a degradação, e o consequente, desequilíbrio ecológico.
Referências bibliograficas
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Leonardo, S. B., (2008). Meio ambiente e direitos humanos em Moçambique. A questão da
Individualização e reparação do dano ambiental.