Sete Doses de Realidade
Sete Doses de Realidade
Sete Doses de Realidade
DOSES
DE
REALIDADE
1
Sumário
Prólogo 3
MAL DO SÉDULO 4
2
Prólogo
Eu sou um gato-negro, negro-gato com sete vidas. Sete doses de verdades doídas. Sete
motivos para acelerar a partida. Sete partes espalhadas num mausoléu sem saída.
Sou o esgoto e o rio no qual ele desemboca, a água contaminada que traz pestes
mundanas com gotas de doença aos desafortunados. Sou o motivo de tudo e o mais
impotente guerreiro na luta contra o descaso.
Sou um sorriso de criança, a esperança de uma dança, o cansaço de uma mudança, quem
paga a fiança do líder da insurgência.
Minha pele te repele, mas quando o frio da noite ferve, tu quer um casaco dela, tipo um
abraço de novela.
Quem o desbravou?
3
MAL DO SÉDULO
4
Eu a milhão com minhas corridas, pô!
Tu se ligou? Tu se moiô! E o que que eu sou?
Só um gari garimpeiro
Nesse covil baroneiro
Bolso vazio, cabeça cheia de problemas
Que resolvia nem com dinheiro!
História repetida
Que tu já ouviu várias vezes e
Não fez nada pra mudar a não ser por interesses,
Então quem és tu pra falar dos nossos pulo?
E quem nomeou você pra definir o que é escrúpulo?
5
Entre os achados e perdidos dessa terra,
Eu nunca soube o que eu quis,
Pra ser sincero, nunca fiz
Questão de saber,
Tudo isso ia resolver o que?
E quem falou que eu tô aqui pra resolver?
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NÃO HÁ TEMPO QUE VOLTE
Uma mulher com um copo cheio de um líquido qualquer e um rótulo escrito
CHORO, cujo conteúdo ela vai consumindo aos poucos.
(ironia e deboche)
Nossa… sentimental, né? Profundo o menino… Impactou-me!
Ai, ai…. “Queria um mal de amor”... ai, ai…
Tá vendo, ó? Não transa, fica assim…
Com vontade até de levar galha hahahaha
Carência, né? Cruzes!
Mal de amor… Que amor, vida? Acorda! Olha onde tu tá!
(trecho da música Só Rock parte 2 de Major RD)
Love não tem, Love não tem!
(no ritmo de Não existe amor em SP)
Não existe amor em lugar nenhum….
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“Ah, não, mas é necessário” “Nós temos que falar sobre”...
Necessário pra quem? Eu mesma necessito é de ooooutras coisas…
Dinheiro, por exemplo.
Você vai lá,meu amor? Traz uns seis fardinho acho que dá né? Depois a gente faz
seu pix… Vai lá, a gente espera você voltar pra continuar…
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Pega o celular, conecta o bluetooth numa Caixa de Som.
Fala um samba aí, você. Um pra cima, animado. Que nem a vida!
A vida tem que ser pra cima! Pra sorrir! Mesmo quando parece que não tem
motivos, se a gente se forçar mesmo, a gente acha algum. Mesmo que ela não
queira nos sorrir de volta, que seja só nós com nós mesmos.
E nesse nós, eu quis dizer no sentido menos coletivo possível, uma junção de eus
mesmo, sabe?
A gente tem que buscar algum motivo pra sorrir. As coisas não são fáceis. Nós
temos que ser mais difíceis. Não adianta esperar alguém trazer uma bandeja com
um prato com sabor de solução pros nossos problemas, nós temos que ser os
solventes, os corajosos os…
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EU BEM QUE TE AVISEI
Uma mulher preta na casa dos 50 anos com um cabo de enxada pingando sangue
em uma das mãos. Deixa o cabo no chão. Senta-se, começa a lixar as unhas e
conta essas histórias como se tivesse as revivendo:
Falta de aviso não foi, eu disse a ela, eu disse. E disse com todas as letras:
SE VOLTAR AQUI, VAI TER DE NOVO E DESSA VEZ, EU NÃO VOU PARAR!
Voltou porque quis. Porque é besta! A pessoa avisa que tu vai tomar e tu volta? Pff!!
Tem que ser muito besta!! Fosse comigo, eu não voltava.
(ri como se nem ela acreditasse)
Mas eu nem estaria nessa situação. Eu sei respeitar…
“Ah, tinha que ter autorização do movimento antes”, mas o movimento não tá aí pra
nossa defesa? Digo, por justiça? E a pessoa? A pessoa foi lá pedir autorização do
movimento pra ficar na porta da minha casa me ofendendo? Me chamando de
vagabunda, de pilantra? Com os meus filhos ouvindo? Tentando me ofender me
chamando de puta? Digo tentando porque àquela hora da noite as putas tavam
onde? Ganhando dinheiro, trabalhando. E aquele cotoco de gente? Na minha porta
com várias ofensas… Ah, não era pra mim, era pra a Dena, mas tava na porta de
quem? Quem passa na rua e vê isso acha que é pra quem? Que sou eu a
vagabunda!
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E qual o primeiro lugar que aquela porra procurou depois que o verme encheu ela
de porrada de novo? Pois é…
Mas dessa vez não tinha encostado em mim, encostou na tia Dena…
E eu disse a Dena: Dena, se esse homem vier aqui, eu não respondo mais por mim,
eu vou porrar ele todinho, nem que eu tenha que pegar uma faca, um pedaço de
madeira, quero nem saber, ele vai ficar mais feio do que já!
E parecia uma coisa, menina! No que eu falei isso a ela e ela disse que ele não ia
lá, ele foi. Veio gritando todo bêbado, que era pra ela sair da casa do amante, que
se eu fosse homem, era pra eu sair de lá, totalmente fora de si… Eu era vizinha
desse infeliz, que amante?
Eu saí na porta, fui educada, mandei ele meter o pé, ralar peito, daí ele veio me
acusar, dizer que eu tava escondendo macho na minha casa! Eu? Esconder
macho? Aquele cotoco de homem gritando comigo? Eu cansada, ia acordar às 4h,
pegar três condução pra Jardim América e depois pro Meier, pra limpar casa de
madame e aquele parasita gritando comigo?
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idiota da Dena não veio me segurar? Não disse pra não bater mais no verme pq “ai,
O Manel tá bêbado”?!
Ah, fiquei tão puta na hora! Mas já tinha terminado com o traste, falei pro Zé tirar ele
da minha porta que tava feio aquele troço ali, né.
Falei pra Dena nunca mais voltar, que se quisesse apanhar, ficar sem dente, dar
esse exemplo pra Jessiquinha, que apanhasse sozinha!
A Jessiquinha, tadinha, tinha dia que eu ia colocar a merenda dela no colégio, eu
nem conseguia reconhecer a menina de tão inchada que o infeliz deixava a menina!
Covarde! Eu queria que ele mexesse com uma filha minha só pra eu ter motivo, eu
queria!
Eu, por mim, capava todo homem que bate em mulher, mas a Dena se prestando a
continuar com aquilo? E ainda defende? E não dá nem pra dizer que ela precisava
disso, ele não movia um dedo pra ajudar. Teve uma vez que arrumei um bico pra ele
numa obra pra ir comigo, ele se picou antes do almoço e nunca mais voltou.
Vagabundo! Bebia o dinheiro da Dena todinho e depois ainda batia nela! Eu bati foi
pouco nele aquele dia.
Diz ela que ele ficou todo arrebentado, que no primeiro dia nem se mexia… Eu
cheguei a ver ele todo inchado, coisa mais feia… Fiquei até com um pouco de
remorso quando eu vi (ri sarcasticamente).
Disseram que, no começo, ele falava que ia me pegar, me matar e tudo, que eu ia
conhecer a facada do cearense…
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Eu mesma, um dia, ouvi ele falando que ia dar nessa nega folgada, que eu dei sorte
que ele tava bêbado…
Pois na mesma hora, menina, eu saí com um cabo de enxada na mão e disse: “Pois
você tá são agora, num é?”
Ele na hora afinou a voz hahaha dizendo que não precisava daquilo e correu
hhahahaha
Mas eu nem ia fazer nada, foi só pra rir um pouco, pra ele me respeitar.
Depois ele foi aquietando, parou de me jurar, teve uma vez que ameaçou chamar a
disciplina, mas deve ter lembrado que quem batia em mulher era ele, né…
Mas o traste tava bonzinho demais pra ser verdade, a Dena já nem falava comigo
direito, ficava pra cima e pra baixo com aquele cotoquinho dela, até ontem.
Um ontem que acabou hoje. E que eu acho que nem acabou. Eu espero que sim…
(suspira e bufa, reflexiva) Por que as coisas não podem só dar certo? Logo agora! O
pai dos menino até deu um ar da graça, mandou um dinheiro, um milagre tão
milagroso que eu achei que até era um sinal! Mas de coisa boa… Como sou
iludida…
As criança indo dormir de bucho cheio, feliz da vida, eu não tava nem pensando que
ia ter que ir pra Quintino cuidar de velho hoje cedinho, e eu odeio cuidar de velho,
com todo o respeito, velho é legal quando não tem que cuidar deles, quando tem é
uma desgraça, Deus me perdoe, velho é tinhoso, mija todo o chão, isso quando dá
tempo de não mijar na roupa, olhe… e o de hoje era logo em Quintino, longe para
Meireles!
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Mas eu estava feliz ontem, tava nem ligando, não vou dizer que tava querendo ir,
mas tava tão feliz que nem tava ligando, daí ouço a voz da Dena toda se gemendo,
batendo de novo na porta…
Eu tinha dito que não ia abrir, eu sei, eu disse. Mas sou mole, fazer o quê?
Coloquei ela pra dentro, mandei o Maiquinho pegar uma água, fui cuidar das ferida
do jeito que eu sabia, como eu podia.
Não tinha muita coisa e ela não queria ir pro médico. E também, onde a gente ia
arrumar médico uma hora daquela?
E tudo fechado, ninguém entrava ninguém saía… (sussurra) os milicianos.
Só podia cuidar dela, e cuidei…. tava cuidando pelo menos… quando ouvi a voz
daquele verme xingando tudo que é nome. O olhar da Dena, a única coisa que dava
pra ver na cara dela era os olhos… ela me pediu com os olhos pra eu não dar bola,
só esperar aquele pesadelo acabar… eu entendi… eu concordei… mas o
Maiquinho…
O Maiquinho é terrível esse menino, eu disse, né? Ele é só uma criança. Ele xingou
de volta, mandou aquele verme meter o pé! Eu mandei o Maiquinho pra cama, mas
no fundo eu entendia ele… eu também queria gritar, xingar, aliás, xingar não, eu
queria o sangue do Manel, aquele filhadaputa, foi a bebida de novo?
Pois eu queria enfiar a garrafa cheinha no cu dele e só tirar quando esvaziasse…
uns três litros… Essa era a minha vontade, mas eu tinha que respeitar a da Dena!
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Até que ele resolveu xingar o Maiquinho, chamou o meu filho de neguinho do
pastoreio, e eu ele chamou de Xita… Xita da Silva era como ele me chamava
quando eu não tava perto.
Minha mãe criou a gente dizendo que quem muito abaixa, o cu aparece!
E eu não nasci pra andar mostrando o meu pra qualquer um… até mostro, mas pra
quem me trata no carinho, sabe? Por isso não é pra muitos…
É difícil achar quem trate a gente do jeito que a gente merece, né…
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A JUSTIÇA É SÓ A IRMÃ CAÇULA DA UTOPIA
Consultório. Um jovem paciente e um terapeuta por volta dos 38 anos (ainda não é
40). Talvez o terapeuta precise mais de um psiquiatra do que o paciente dele.
TERAPEUTA
(ofegantemente) Eu sei o que é amor. Tá bom, talvez eu não saiba, mas eu sei que
Amor só de mãe, mas tive. O melhor amor possível, aliás, o amor de mãe, ele se
confunde muito com amor-próprio, porque se alguém que a gente admira tanto ama
PACIENTE
Poético! Mas eu não quis dizer exatamente isso, o que eu falava era…
TERAPEUTA
No meu caso, eu não sei se encontro. Já pensei em fazer tantas merdas comigo, fiz
algumas, mas estou aqui ainda, toda vez que eu penso numa merda maior, eu
PACIENTE
Freud explica, né... Doutor, no meu caso, tenho pensado também em…
TERAPEUTA
Em pai, eu nem penso muito, porque não sou, não quero ser e o meu, se vivo, nem
sei onde está. Tem o mesmo nome que eu, o infeliz. Na aparência, pelas fotos, nada
a ver, talvez por isso sumiu, talvez ache que não seja meu genitor. Mas minha mãe
não teria por que mentir para mim. Para ele? Talvez… Mas para mim? Por que ela
mentiria? E outra, depois dele, ela só teve mulheres, então, de qual outro homem eu
sairia?
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Pelo menos, dinheiro eu sei que ele mandou. Nunca me faltou roupas, comidas,
estudei em bons colégios, mas sempre me perguntei o quão confuso tem que ser
um homem para mandar dinheiros e dinheiros e nem sequer querer saber do filho?
Qual seria seu medo? É como alguém que paga uma fiança todo mês para não ficar
preso. Um boleto. Eu nunca lhe fui um filho, fui um boleto. O que fiz a ele? Enfim,
PACIENTE
TERAPEUTA
Não! Estou aqui para isso. Para saber de você, fale de você… Por que você diz que
PACIENTE
Ah, é uma questão de infância também, sabe? Não só em casa, mas no colégio
também sempre foi muito difícil me enturmar, sinto que as pessoas não me aceitam
e… (nota que o Terapeuta além de não estar prestando atenção, tem os olhos
TERAPEUTA
Quase 40 anos… e o que eu construí? Digo, o que alguém de 40 anos deveria ter
construído para ser alguém? Olhe para isso que chamamos de vida! Somos um
amontoado de celulose que indica nosso valor. Devíamos tomar o exemplo das
árvores! Imóveis! Apenas cumprindo sua única função para o Meio Ambiente. Nem
fotossíntese conseguimos fazer! Olhe para mim, veja se algum dia fiz algo em prol
do coletivo… O único coletivo que me interessa são os ônibus que eu não tenho
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mais que pegar. Tantos carros, tantas roupas, tantas viagens e tantas outras
futilidades com o propósito de compensar o que não tenho ou queria ter e não
posso mudar. Milhares de projetos inacabados, alguns cursos meia boca e nem
uma mísera sessão o inútil consegue concluir… Bem, você está aqui, eu estou aqui
e a hora é 50 reais…
PACIENTE
Acho melhor continuarmos outro dia, então, funciona para você? (levanta-se em
direção à saída)
TERAPEUTA
PACIENTE
(volta) Que isso?! Não fale assim! O senhor fez várias coisas bem feitas
PACIENTE
O artigo! Aliás, os artigos! O que o senhor escreveu é utilizado até hoje nas
TERAPEUTA
ChatGPT… O que não for, são os contatos. Apesar de não ser de família nobre, eu
sempre tive uma boa lábia, sou um enganador profissional! Engano até a mim
mesmo… Meu Deus, tantas oportunidades que tive de me sair alguém melhor!
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Deus… se existisse, seria sádico, não é? Tantas pessoas talentosas, esforçadas e
PACIENTE
TERAPEUTA
cara!
PACIENTE
TERAPEUTA
Atendi favelados que chegaram mais longe! Mulheres violentadas que conseguiram
encontrar beleza na vida, autoestima e amor-próprio, já eu… com tudo para dar
certo, não consigo nem esse básico… me amar. Nem eu sou tão burro a esse
ponto.
PACIENTE
E sua mãe?
TERAPEUTA
PACIENTE
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TERAPEUTA
Devo ter inventado, invento tudo! Sou uma farsa! Isso tudo é uma farsa! Crio
TERAPEUTA
Já disse, sem tempo! Sem justiça. Sem nada. Lutar é inútil, definir limites, se
colocar novamente nos trilhos das ilusões para seguir produzindo. Você não
remédios.
TERAPEUTA
Ah, isso que te preocupa? Ser o último a ter contato com o louco que se
automedicou até demais? Entendo. Também não acharia interessante estar ligado a
algo do tipo. Não se preocupe, isso não é para mim. Pode ir embora tranquilo! Não
é para mim, é para eles! Nenhum esforço é inútil quando falamos de tratar a cólera
minha insignificância?
Alarme soa.
TERAPEUTA
Bem, deu nosso tempo. Temos que considerar nosso avanço hoje, não é? Você
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PISCADAS PARA O SUCESSO
Música motivacional ao fundo. Um coach com roupa de coach, microfone de coach
Então vamos lá, um livro dessa magnitude é difícil de resumir, mas não há nada que
nós não só não tentamos, como também conseguimos. E o porquê eu estou aqui
tanto para escrever? Um conteúdo tão valioso? É o que você deve estar se
Eu quero que você tenha uma vida extraordinária! Fora dos padrões! Uma vida de
grupo dos derrotados, alguém que tinha aceitado que sua vida era apanhar na
escola e se contentar com as migalhas que a vida dá. Nós morávamos de favor na
casa de meus avós, hoje eu comprei mais uma casa de veraneio em Noronha!
(aplausos).
O que só foi possível, porque ao contrário dos meus colegas, eu entendi que não
chegou um dia em que eu disse basta! E é isso que eu quero que você entenda,
(Retira um lenço do paletó e seca a testa) Viram como é libertador? E você precisa
acreditar, você pode ir muito além! Basta acreditar. Mas não só acreditar. É preciso
viver o processo! Disciplinarmente. Ter constância. Ter foco nos mínimos detalhes,
sim, nos mínimos detalhes. O foco é essencial nos mínimos detalhes. São eles que
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Detalhes que passam despercebidos por nós durante o dia a dia, um péssimo
A última vez que você bebeu água… você se lembra como foi a última vez que
você bebeu água? Com qual mão você segurou o copo? Foi num copo? Em uma
garrafa? Qual era o gosto d’água? Quantos goles foram precisos? Você precisa de
Se você não colocar essas questões no seu mindset, nada vai mudar. Você quer ser
um bom pai? Você precisa ser um exemplo vitorioso! E qual vitorioso não tem
controle sobre a própria vida? Se beber água faz parte da vida, temos que beber do
jeito certo!
Assim como piscar, sim, piscar! Estudos comprovam que em um dia um ser humano
pisca em média 34560 vezes, com uma duração média de 150 milésimos de
desliga o olho. Isso significa que em uma vida de 70 anos, são 21 dias de cegueira!
Pare para pensar nisso. Aliás, não pare! Pense em movimento! Sempre em
Mas pense: Por que vamos deixar a responsabilidade do piscar para o cérebro? Por
que usar o cérebro… se podemos nós mesmos assumir o comando? Por que não
expandirmos nossa visão que pode chegar a ficar 21 dias no escuro? O quanto da
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Foi pensando em recuperar esses dias perdidos que desenvolvi esse método que
tempo com técnicas para se piscar mais rápido. São códigos desenvolvidos
É justamente essa atenção aos detalhes que vai trazer o sucesso para sua vida.
Trouxe para minha e para os mais de 5 mil alunos do nosso curso Piscadas Para o
Sucesso!
Eu não faço isso visando o lucro, eu tenho minhas empresas, minhas ações, minhas
commodities rendendo para mim, eu não preciso vender livros. Só que na vida a
gente não pode visar só o dinheiro. É sobre o que a gente vai deixar para o mundo,
E você pode até pensar que parece mais uma daquelas conversas e promessas que
se ouve todo dia e de fato, não tenho garantia nenhuma para oferecer além dos
impactos na minha própria vida, que não escondo de ninguém, e na dos milhares de
alunos que seguem o Método Pálpebras e das vidas transformadas por ele.
Por isso, faço este convite a vocês, um convite a ter coragem, a mostrar de fato, o
que é que te molda. Do que essa joia é forjada. E se você tiver essa vontade, essa
garra, tenha certeza de que não está sozinho e tenha certeza de que sim, você
pode mais!
E de novo, gente, eu não almejo lucro com o Livro das Piscadas sem Pescar,
porém, tem toda uma equipe por trás da confecção dele. Uma equipe que merece,
sim, ser valorizada, reconhecida e paga pelos seus serviços. Equipe séria e liderada
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Então, por apenas R$ 99,99, promoção relâmpago, você pode dar início a uma
jornada vencedora! Uma jornada que agora está aí na sua frente, a uma decisão
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OS CONSOLOS NÃO SAEM DOS MEUS PENSAMENTOS
Um empresário/empresária, enquanto distribui hóstias para o público:
O consolo do pobre é ter saúde o suficiente para não parar no fim da fila do SUS.
O consolo do pobre é a alegria de viver, é viver para melhorar. E não tem melhora
sem trabalho.
Às vezes, penso que o caminho mais fácil para se sentir bem é simplesmente se
enganar...
Repetir a mesma mentira várias e várias vezes até acreditar nela... melhor, ela
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Lembrei de uma vez, na esquina do meu prédio, vi uma mãe dando restos para os
Viu? Os pensamentos têm poder sim! Quem diz o contrário só não pensa direito.
E a vantagem dos pensamentos é que eles são secretos até que a gente diga que
Tomemos eu como exemplo, leciono na BA, tenho peças em cartaz, prêmios atrás
A todos é sabido que defendo a arte. E defendo mesmo... mas, do meu jeito, todos
temos um jeito próprio de fazer as coisas. Todos temos nossos segredos, não é?
E defendo artistas de verdade! Que se dedicam também para ter uma relevância,
Esses artistas ditos independentes não passam de uns chorões que se recusam a
entender o mercado...
Veja, o mercado está aí... Para quem quiser ver, para quem quiser entrar, para
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Não querem... querem reclamar das calcinhas que a Madonna nem usa e já joga
fora…
Veja, o mercado está aí, para todo mundo... os mesmos mercados, se no meu
vende nozes holandesas, sorte a minha...
O deles vende o melhor baseado e eu não estou reclamando, estou?
Se o cachorro não sonhar com a liberdade quando passeia, ele vai perder a
Se a polícia matou seu irmão injustamente, entre para a polícia e mude a corrupção
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RETRATO PRETO: REALIDADE CATINGUEIRA
Um homem preto:
E aí, tudo bem? Eu sou o Preto. Meu nome é Preto. Tá tudo preto comigo graças a
Deus! Você não perguntou, mas tá. Eu tenho negros anos de idade. E 23 minutos
restantes que juro que vou usar pra dar o que vocês tanto querem.
Antes gostaria de falar um pouco sobre mim, ou o que deveria ser eu. Só dessa
vez.
Como nós estamos em São Paulo, bora começar em como eu posso ser útil para
você, garanto que sou um trabalhador bem dedicado. O currículo?
Bem, sou formado em Pretaria da Arte com ênfase em Negritude Sexy, possuo
também uma formação técnica em Aparências de Casa Grande e tô iniciando agora
meu MBA em Negro Divertido.
São décadas e décadas de experiência nas mais diversas áreas que tu puder
imaginar, acho que possuo todos os requisitos para uma vaga que vi que abriu na
Concha Amarela, aquele teatro famoso lá na Consolação, tá bem concorrida
inclusive…
Mas creio que com esforço, eu consigo preenchê-la…Aquela tão sonhada vaga…
de porteiro.
É uma vaga tranquila, dedicada a nós, exuberantes exóticos, vou ter que
desempenhar algumas atividades até que simples, nada que eu já não tenha feito
antes: atender os clientes, vender bilhetes, limpar o chão, os banheiros, a louça,
decorar uns textos pra ajudar os atores, às vezes escrever os textos, cuidar da
iluminação, do som, mostrar minha piroca no palco e ajudar na reforma que tá tendo
nos fundos... fui servente de pedreiro também.
Paga até que bem, papo de 2500! É de segunda a sexta, então vou ter o fim de
semana todinho livre pra fazer uns freela… mamão com açúcar! (ri como quem
tenta acreditar na própria mentira)
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E, além do mais, se eu economizar na janta, vai dar pra comprar todos os remédios
dos meus irmãos, digo, irmães, sei lá como fala...
Na verdade, eu preciso me atentar nisso na entrevista, afinal, a Concha Amarela é
uma instituição bem politizade nas causas, sabe?
Pra ser sincero, tenho um pouco de medo de quando esse dia chegar, se algum dia
conseguir me encaixar. Não me entenda mal, eu adoraria ter alguém pra me trazer
um café, mas a ideia de mandar em alguém... Não sei se é pra mim.
Aliás, o que é para mim? Sempre me perguntei. Sempre me falaram o que não é.
Mas e o que é?
Tenho medo de ficar doido às vezes, sabia? Que nem aqueles mendigos velhos que
têm vários talentos, mas tão no relento, agindo que nem doido…
Às vezes, acho que tô ficando…
E eu nem tenho o talento que era pra eu ter… a ginga!
O que é pra mim?
Bem, eu tô preparado pra resposta que você me der. Eu consigo entregar o que
vocês querem.
Posso ser aquele seu parceiro funkeiro ou do pagode que tu sempre encontra na
rua, faz uns passin, elogia o cabelo, tira foto, bota no insta e mostra toda sua
desconstrução.
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Ou posso ser aquele seu amigo gangsta que curte um rap, cara fechada, que toda
droga que tu usa, tu diz que pegou com ele só para botar medo nos outros e tu se
sentir mais descolado, sei lá…
Posso ser aquele neguin engraçado, que fala errado, mas sempre sorridente e te
contano as situação mais engraçada para tu se esquecê dos seus pobrema, ou do
que tu acha que é pobrema.
Eu posso entregar risadas também, rir de toda piada de preto que tu fizer, mesmo
que não tenha graça só pra tu não parecer racista.
Se quiser, eu mudo de visual também, pinto o cabelo, faço umas tranças ou
simplesmente corto o cabelo, se bem que tá mais na moda deixar sem cortar, né?
Passa uma vibe, sei lá, de orgulho da minha cor e aumenta o seu voucher andando
do meu lado.
Melhor ainda, se tu tiver um projeto com cota para preto, pique aquelas peças
brancas sobre candomblé e ciranda, eu posso ser a capa.
Mesmo que eu apareça, sei lá, por 23 segundos. Ia vender bem, né?
Aliás, já pensou em me colocar na recepção? Ou minha irmã? Imagina só, a
imagem de consciência social que vai ter sua empresa: Você, enxergando uma
beleza negra!
Cara, interessante, aliás, do nada, digo do nada mesmo, ficamos bonitos. Acho que
eu teria que agradecer aquele comercial da Boticário, em 2014.
Do nada, agora eu sou bonito, não falo só pra patricinha que me queria no sigilo pra
irritar o pai dela, não… é que tipo do nada, tem gente entrando em microondas pra
ver se fica mal passado e sem lavar o cabelo pra ver se endurece…
Agora todo mundo quer tocar um tambor, puxar uma macumba, (com voz de
branco) fazer um samba, fazer rap, até funk.
Agora todo mundo quer ser…
Agora todo mundo quer ser preto… até ser! Desculpa, me excedi, mas olha…
Eu também posso ser aquele seu conhecido que sofreu muito, sabe? (voz de
branco) Que tem uma “puta história”!
Que você vai até contratar para cuidar do seu jardim pra me ajudar, e olha, vai até
me dar uma refeição, e quem sabe uma cesta básica?!
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Daí quando tiver visitas na sua casa, tu vai propor uma roda de conversa, pra falar
de mim como se eu não estivesse ali e quando cansarem, você me chama pra eu
desabafar…
Mas, tranquilo, (com voz de branca) é sobre isso e tá tudo bem! Eu tô aqui pra dar
o que vocês querem, lembra?
Eu vou te falar da dor que eu sinto até hoje na bola esquerda quando eu vou dormir
por conta de um enquadro que tomei quando tinha 12 anos…
Mesmo que falar deles, bote uma luz na minha cara, digo, no meu alvo, para facilitar
a mira de quem você diz que odeia, mas ainda chama quando eu passo no seu
bairro e você fica com medo do quê eu também nem sei…
Eu vou fingir que não tenho problemas pra resolver hoje, eu vou te falar da polícia
invadindo nossa casa há mais de uma década e dando um tapa na cara da minha
mãe, na minha frente e dos problemas de saúde que esse estresse resultou a ela...
Ou você prefere falar da dor que é querer cagar sem ter nada na barriga porque há
mais de dias não sabia o que era comer? Relaxa, a gente faz de conta que tu não
olhou para mim com a mesma cara que tu olha para quem te pede um prato de
comida e tu prefere fingir que não existe.
Responde, porra! Qual dor tu quer hoje? Eu tenho todas!
Mas eu posso te respeitar, te contar numa terapia, daí você anota e conta minha
(ironicamente) “puta história” com um rosto que você achar mais bonito, que chame
mais empatia.
E nem precisa me dar créditos, nem te cobraria isso, entendo tranquilamente tu não
lembrar mais do meu nome, até me apresento de novo.
Pois bem, eu sou o Preto, falo preto, ando preto, tenho pretos anos de idade, o que
às vezes tu confunde com diploma em Bandidagem…
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E pra ser sincero, eu acho que ainda não fui hoje, né?
Eu já nem ligo para o que tu pensa…
Pera, pera, espera! Não fica mal, não chora! Difícil ouvir isso assim, né? E pela
primeira vez! Alguém que não liga para o que tu pensa? Ou que pelo menos
assume…
(irônico) Nossa, como fui insensível, grosseiro.
Mas é verdade, eu só não consigo mais me importar.
Tá bom, eu entendo que tu tá, sei lá, uns 500 anos construindo um lugar pra ser
ditado sobre o que você pensa, mas às vezes parece que tu só… esqueceu de
pensar…
Mas não liga pra isso, eu sou só uma minoria!
Você ainda convence muita gente!
Pois bem, eu sou o Preto, falo preto, ando preto, tenho pretos anos de idade, o que
às vezes tu confunde com diploma em Bandidagem…
Eu prefiro Malandragem, pode ser?
É que a vida ensina… e melhor que a sua escola, aliás… deixa pra lá!
Eu sempre tentei, desde pequeno, me ver parte de um grupo. O que já ficou bem
claro que não aconteceria, quando mesmo com a professora dividindo na sala de
aula os grupos, meus colegas relutavam em me aceitar. E mesmo aceitando, eles
só se fechavam entre eles, como se eu não estivesse ali. Pareciam nem me ouvir,
eu digo pareciam porque sempre usavam minhas ideias, como se fossem de outra
pessoa, deles, mas usavam.
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Você deve achar que estou falando só de uma fase da infância, mas… melhor nem
falar nada.
E, sendo bem sincero, eu acho que nada disso me incomoda mais, sabe? Se tu vai
gostar ou não desse texto, desta leitura, acho que o único sentimento que eu tenho,
é o de que eu tenho que fazer meus bagulho, ganhar meu dinheiro e pagar minhas
contas.
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