Comunicar Ciência: Democracia, Cultura e Audiovisual
Comunicar Ciência: Democracia, Cultura e Audiovisual
Comunicar Ciência: Democracia, Cultura e Audiovisual
C741
Livro em PDF
ISBN 978-65-5939-953-6
DOI 10.31560/pimentacultural/978-65-5939-953-6
CDD: 302.3218
PIMENTA CULTURAL
São Paulo • SP
+55 (11) 96766 2200
[email protected]
www.pimentacultural.com 2 0 2 4
CONSELHO EDITORIAL CIENTÍFICO
Doutores e Doutoras
CAPÍTULO 1
Jesús Ramé
Caterina Cucinotta
The creative process
that gathers dispersed matter:
Audiovisual essay and the editing.........................................................................21
CAPÍTULO 2
Pedro Pinto de Oliveira
Benedito Diélcio Moreira
Scientific Audiovisual Essay:
epistemological, methodological and cultural apprehensions...................................39
CAPÍTULO 3
João Massarolo
Dario Mesquita
Fluxos sob demanda
nas plataformas televisivas:
o caso Globoplay................................................................................................56
CAPÍTULO 4
Claudia Magallanes-Blanco
Decolonización, conocimiento
y pueblos originarios:
lo que no se lee también se aprende.....................................................................91
CAPÍTULO 5
João Carlos Correia
Para além do espaço público:
patologias da democracia na sociedade
da vigilância e da datificação............................................................................. 104
CAPÍTULO 6
Daniel H. Cabrera Altieri
Desinformación, “verdad”
y autoritarismo algorítmico................................................................. 125
CAPÍTULO 7
Gil Baptista Ferreira
Instituto Politécnico de Coimbra
Em quem confiar?
Comunicar ciência em tempos de desinformação................................................. 146
CAPÍTULO 8
Bruno Araújo
Da normalização eleitoral
do bolsonarismo à perversidade
presidencial na pandemia:
populismo, media e desinformação no Brasil ...................................................... 170
CAPÍTULO 9
Paula Guimarães Simões
Celebrization of scientists
in the context of the Covid-19 pandemic:
Átila Iamarino in Brazil...................................................................................... 197
CAPÍTULO 10
Maristela Carneiro
Comunicação Científica:
conhecimento, sensibilidades e afetos interdisciplinares....................................... 215
CAPÍTULO 11
Safira Campos
Jornalismo de ciência
e a democratização da cultura científica:
a cobertura do Seminário Internacional
“Comunicar Ciência” pelo PNB Online................................................................. 225
CAPÍTULO 12
Mirian Barreto Lellis
Paula Libos
Multimundos, uma experiência
interdisciplinar e intercultural........................................................... 238
Organizadores........................................................................................ 253
Autores..................................................................................................... 254
SUMÁRIO 12
Na medida em que o pensamento se distancia da tentativa
de buscar a verdade, seja pela ciência, pela fé ou pela vida vivida, no
seu sentido fenomenológico, menos pragmático, no dizer deweyano,
desenvolve-se a crença em uma verdade distante da realidade, pois
perde-se as rédeas e o pensamento se torna cego pela fé, pelo que se
acredita ser verdade e pelo que facilmente trafega pelos caminhos tor-
tuosos e perigosos dos extremismos. O pensamento científico precisa
ser democratizado e ocupar o seu lugar no universo digital contempo-
râneo, onde a comunicação por imagem é uma realidade que se impõe.
SUMÁRIO 13
escritura de ciência e se desdobra na possibilidade de tornar
comum, no sentido de compartilhar, o conhecimento produ-
zido na academia. A comunicação de ciência, nos moldes
atuais, em suas formas, e também em suas relações de poder,
ao se desdobrar em imagens e sons, passará a ocupar espa-
ços, muitos deles tomados por inverdades, na opinião apar-
tada do fato e na manipulação de informações. Somando-se
aos textos, a comunicação da ciência por imagens, palavras
e sons permite a inclusão da língua oficial da ciência na
mesma arena onde estão diversos saberes, em uma interlo-
cução tanto com os pares quanto com públicos diversos na
criação e disseminação (comunicação) da ciência.
SUMÁRIO 14
audiovisual, as questões se relacionam à potência da ima-
gem para a construção do conhecimento e dos caminhos
acadêmicos e estéticos da escritura de ciência pela imagem
e som. A apreensão do ensaio acadêmico também comporta
uma instância relacional da comunicação: a interlocução
entre os sujeitos. O ensaio audiovisual é uma escritura para
os pares e estudantes do campo ao que o conteúdo se refere
e/ou ao campo dos estudos da experimentação da lingua-
gem audiovisual. A abertura para outros públicos se dá pela
própria possibilidade de acesso às plataformas de vídeo no
mundo digital e pela leitura mais acostumada de mensagens
construídas pelo audiovisual.
1 Foi mantida, nos textos escritos por autores de Portugal, Espanha e México, a forma de apresen-
tação das referências bibliográficas, conforme as normas dos respectivos países. E também foi
mantida a distinção entre a grafia do português do Brasil e de Portugal.
SUMÁRIO 15
ativismos de negacionistas que atacam a cultura científica, os cientis-
tas e a própria ideia do conhecimento como transformação da socie-
dade. A discussão proposta tem duas vertentes: a primeira de ordem
filosófica e política traz reflexões sobre os desafios atuais no âmbito
da cultura científica e a busca novos modos de comunicação entre os
pares e, em desdobramento, com a opinião pública; a segunda estabe-
lece a importância do conhecimento científico para o fortalecimento
da democracia, refém de mentiras e manipulações nas redes sociais.
SUMÁRIO 16
2015 na Universidade Federal de Mato Grosso, no Brasil, sobre a
importância dos cientistas incorporarem o ensaio audiovisual na prá-
tica da comunicação científica entre os pares. Mais ainda, por força da
linguagem audiovisual e da intimidade da população com imagens em
movimento no cinema, na televisão e nas redes sociais, a tese é que o
Ensaio Audiovisual Científico é um alargamento da cultura científica,
ação necessária para a inserção da ciência do dia a dia da população.
SUMÁRIO 17
democracia”, em uma “sociedade da vigilância e da datificação”. O autor
discute inicialmente a contribuição teórica de Jürgen Habermas sobre
as mudanças na esfera pública e no entendimento de duas dimen-
sões do espaço público: a política e a cultura. Na sequência discute
a proposta de visão emancipadora de Habermas em “A teoria do Agir
Comunicacional”. Entende Correia que o modelo de Habermas des-
cortina a “colonização do mundo da vida” a partir dos vieses “adminis-
trativos e financeiros”, que tem como meios o dinheiro e o poder.
SUMÁRIO 18
O professor Bruno Bernardo de Araújo, da Universidade
Federal de Mato Grosso, coordenador do Programa de Pós-Graduação
em Comunicação e Poder, por sua vez, busca em uma das fábula da
cultura ocidental em que a verdade e a mentira se encontram e no
ensaio “Verdade e Política”, de Hannah Arendt, inspirações para travar
uma discussão sobre como a dissolução dos estatutos de verdade e
mentira nas redes sociais corroboram para a emersão de populistas
autoritários, postura comum aos extremistas de extrema direita.
SUMÁRIO 19
Somos animais sociais e comunicativos e todo enlace e interação
passa pela geração de significados, pela busca por sentido.
Boa Leitura.
SUMÁRIO 20
1
Jesús Ramé
Caterina Cucinotta
DOI: 10.31560/pimentacultural/978-65-5939-953-6.1
INTRODUCTION TO AUDIOVISUAL
ESSAY AS AN ACADEMIC TOOL
Our text pertains to the genesis of the audio-visual essay, ‘De
la femme’ (Cucinotta and Ramé, 2021): we suggest viewing it prior to
engaging with the text (https://tecmerin.uc3m.es/revista-7-4/).
SUMÁRIO 22
Indeed, numerous aspects of the sewing practice have been transposed
into the language of montage: machine, cut, spool...
From the question of materiality, costume making
materialised as a fundamental knowledge for the passage
to the laboratory, from the cutting and sewing of fashion
workshops to the editing and colouring rooms of film
production companies (Cucinotta, 2022, p. 18).
SUMÁRIO 23
The soundtrack and titles serve as epistemological allies,
facilitating a layered expression of messages-anchors that enable us
to position different viewpoints within the audiovisual piece, forming
a coherent articulation of meaning. Engaging the viewer is integral
to our academic intention, showcasing the creative process to be
followed and involving them in a form of metadiscourse where they
assume the role of author in their interpretative endeavor. When
considering Hartmann’s ontology (1956), this process engenders
a concrete necessity, certain possibilities, and an effectiveness, all
outcomes of our audiovisual endeavor. This entails the adoption of
three cinematic anthropomorphizations and the utilization of three
articulated materialities.
SUMÁRIO 24
the role they will play in “De la femme.” These fragments constitute
archival material, and even the sound will establish a connection
between the realms of sewing and cinema.
SUMÁRIO 25
The fragments prompt an external anthropomorphization of
the organization of the world: Bodies/Objects/Sounds are juxtaposed,
forming a clash of textures and facilitating a re-anthropomorphization
through textures relation.
The surface is here configured as an architecture: a
partition that can be shared, it is explored as a primary
form of space for the material world. Understood as
the material configuration of the relationship between
subjects and objects, the surface is also seen as a site of
mediation and projection (Bruno, 2014, p. 3).
SUMÁRIO 26
Figure 1 – Screenshot of the creative assembly process
SUMÁRIO 27
essay commences with an introductory segment that employs a phrase
by Godard (material) and reinterprets it to convey a new significance
(see Figure 2). While it possesses a sequential sense, it serves as
a conclusive segment in itself, prompting a careful examination to
decipher the new message and the gesture of manipulation.
Figure 2 – Images of the visual concept from the audio-visual essay De la femme
SUMÁRIO 28
A kind of reminder that the sewing of the dresses that
made the figures of the film goddesses - of the films that
also shape thought - stand out, or so often the sewing
of the film on which the final results were printed, was
done by anonymous women. By conventional display or
persistent forgetfulness, the woman is often imagined in
front of a sewing machine, with a hoop in her lap, next to
a basket of wool, with a spinning wheel spinning, cutting,
weaving, knitting, sewing rags, cultivating and decorating
the fabrics of the world (Soares, 2022).
SUMÁRIO 29
Figure 3 – Images from NO-DO, a Dviga Vertov movie
in the audio-visual essay De la femme
SUMÁRIO 30
Figure 4 – Image from Angelopoulos in the audio-visual essay De la femme
SUMÁRIO 31
preparation and its eventual appearance in the film offers insight into
the creative and artistic intentions of this profession.
SUMÁRIO 32
All these depictions of women’s practices were juxtaposed
with the portrayal of women constructed by NO-DO (Noticiario
Cinematográfico Español), a visual component of dictatorship
propaganda. On one hand, we selected images of women’s groups
and activities that were promoted during the 1940s, including exercises
or tasks aligned with the regime’s ideology, such as sewing. On the
other hand, we included images of working women from the 1970s,
including seamstresses, alongside the portrayal of a “modern woman
of the home” capable of various roles. Additionally, we incorporated
a portrayal of a film star, such as Sofia Loren, and the stereotypical
roles she was often assigned in her films.
SUMÁRIO 33
correlative images. Consequently, contrasting gestures, redundant
or complementary gestures may emerge. For instance, the gesture
of a seamstress could be juxtaposed with fragments from “Roman
Holiday,” as well as different simultaneous fragments depicting the
moviola editing process or visual rhymes, such as Svilova working at
her sewing machine alongside the same practice reflected in a doll.
SUMÁRIO 34
non-human objects and bodies, including environmental sound
textures. Our focus was on contrasting silence with human noises,
which encompassed both the mechanical sounds of technology and
spoken words perceived as noise. This allowed us to emphasize the
idea of labor that we aimed to highlight. The inclusion of sounds from
technology, such as the sewing machine, moviola, or projector, ver-
tically aligned with the images, suggests the presence of individuals
constructing the world behind what is seen.
SUMÁRIO 35
FINAL MATERIALITY:
EXPERIENTIAL TONAL UNITS
AS A CONCLUSION
Lukács highlights the “emotional tonal units” (Lukács, 1963;
129) as the different parts of an artistic work, which put in relation the
totality of the work.
The mimetic-real character of film, its authenticity already
described, has the consequence that each image, each
series of images, primarily radiates a determined and
intense tonal unity; if it does not, it does not even exist
aesthetically (Lukács, 1963, p. 129).
SUMÁRIO 36
Thus, we employed dynamic texts gradually modifying a
discourse, aiming to transform the viewer’s perspective on the history
of cinema. However, it’s essential to acknowledge that the montage
of images is guided by chapter numbering and prompts the viewer’s
reflection. Additionally, the multi-screen composition accentuates
certain elements over others, while the accompanying sound,
dominated by mechanical noises over oral expressions, underscores
its importance. Eventually, dialogues dissolve into incomprehensible
noise, highlighting the significance of gestures and sounds.
BIBLIOGRAPHY
Agamben, G. (2021). Medios sin fin. Notas sobre la política. Madrid: Adriana Hidalgo Editora.
Bruno, Giuliana (2014). Surface. Matters of aesthetics, materiality and media. Chicago:
Universidad de Chicago.
Burt, R. (2018). Medieval and Early Modern Film and Media. Basingstoke and New York:
Polgrave Macmillan.
Cucinotta. C. (2022). “Pellicola, tessuto e tela: per un’estetica dei materiali tra moda e
cinema”. dObra[s]. Nº 35 | Mayo-Agosto |, 14-29.
SUMÁRIO 37
Hartmann, Nicolai (1956). Ontología. México: Fondo de Cultura Económica, Vol. I-II-III.
Lukács György (1963). “El film”. 203-238. In (Ed.) Ramé, J. y Claramonte, J. (2019). No lo saben,
pero lo hacen. Textos sobre cine y estética de György Lukács. Madrid: Plaza y Valdés.
Mínguez, N. (ed.) (2019). Itinerarios y formas del ensayo audiovisual. Barcelona: Gedisa.
FILMOGRAPHY
Angelopoulos, T. (1995). To vlemma tou Odyssea. Grecia-Francia-Italia: Paradis Films y
Greek Film Center.
NO-DO (Noticiario Cinematográfico Español). Cap. 81B (1944), 864B (1944) y 1447 (1970),
España: NO-DO.
SUMÁRIO 38
2
Pedro Pinto de Oliveira
Benedito Diélcio Moreira
SCIENTIFIC
AUDIOVISUAL ESSAY:
EPISTEMOLOGICAL, METHODOLOGICAL
AND CULTURAL APPREHENSIONS
DOI: 10.31560/pimentacultural/978-65-5939-953-6.2
INTRODUCTION
The present discussion deals with the experience of a science
writing in images and sounds: the Scientific Audiovisual Essay. This is
our proposal for a new way of communicating the findings of science
among peers. We understand, by the unfolding, that the audiovisual
essay has the power to reach broader audiences, beyond the scientific
community, pointing to the democratization of knowledge and mobilizing
young students in the fields of communication, cinema and arts, and
audiovisual professionals, alongside scientists, in the production of
these scriptures. The new scripture explores the audiovisual language to
accommodate the contents of science and presents itself as a game of
sum with the traditional verbal scriptures used by scientists.
SUMÁRIO 40
In the first one, we discuss “The epistemology of the scientific narrative
in image and sound”. Next, we pay attention to the “Methodological
notes of the scientific audiovisual essay”. Finally, we talk about the
“Tensions and paths of the scientific culture in transformation”.
2 Our interest in scientific audiovisual essays began in 2015, when we produced essays on the
results of extension and research projects, audiovisual works for the completion of courses of
students of Social Communication at UFMT and of the Master’s Degree with the Postgraduate
Program in Contemporary Culture Studies, also at UFMT.
SUMÁRIO 41
A child nestled between the arms is an image that makes one
think and dream. This is the concreteness of life, in everyday life, in the
arenas where life happens, where people and institutions communicate,
where relating texts to contexts requires a great deal of faith and
trust. “Faith and trust play a much more important role in everyday
life than other spheres of life” (Heller, 2000, p. 33). The absence of
methods and results achieved by science in the world of life3 not only
elicitates scientific activity and glorifies scientists but also denies the
population a repository of words, sounds and images that would serve
as counterwords4 to face deniers and manipulators of information.
3 We think here about the world of life in the manner of Alfred Schütz (1998) and Alfred Schütz and
Thomaz Luckmann (1977).
4 For Mikhail Bakhtin (2004), counterword is the opposition “to the speaker’s word”. It is the originator
of understanding: “To each word of the utterance that we are in the process of understanding, we
correspond a series of our words, forming a reply. The more numerous and substantial they are, the
deeper and more real is our understanding” (Bakhtin, 2004, p. 132).
SUMÁRIO 42
Scientific, philosophical and popular knowledge agree that
everyday life requires trust, which in turn is a fragile commodity
that always and increasingly needs its own trust to strengthen itself
(Gambeta, 2000; Dasgupta, 2000). Which means that to be reliable
and anchor the confidence acquired, scientific knowledge, instead of
being absent from the world of life, needs to intensify its presence to
sustain itself on a daily basis.
EPISTEMOLOGY OF SCIENTIFIC
NARRATIVE IN IMAGE AND SOUND
The scientific audiovisual essay inserts itself in the context
of multimodal communication.5 Multimodality includes, for example,
the creation of arts-based research, and intermediality in different
5 Multimodality is a term that encompasses the different experiences in research, practices and
disciplines. Conceptual inspiration does not explicitly focus on academic communication, but
situates in it the relationship between art and science. Multimodality in communication is the
study and practice of innovative and affective ways of producing knowledge, for example, from
images and sounds, which go beyond the primacy of words as the only legitimate vehicle. (IAMCR
Multimodal Academic Communication Task Force in a presentation made on July 11th, 2023 at the
IAMCR congress in Lyon, France).
SUMÁRIO 43
disciplines. Nico Carpentier (2023),6 in conversations with the
members of the IAMCR Multimodal Academic Communication Task
Force,7 emphasizes, in this epistemological view, that multimodality
is particularly present in the field of composition (situated in the
broader field of writing studies). The conceptual inspiration for this
approach comes from multimodal theory, which, of course, does
not explicitly focus on academic communication, he points out.
Carpentier (2023) shares the idea that academic communication
has never been, and cannot be, restricted to written texts, but at the
same time, the approach of multimodal academic communication
still suggests explaining the importance of other forms of writing
beyond verbal texts, such as images and sounds, applied to academic
communication between peers and with society. The multimodality
of these new scriptures expands the position of the academic subject
beyond the academic writer.
SUMÁRIO 44
form, due to its symbolic character. This power of conversion is given,
contextually, in and by the culture, and in the creative process of the
director. The audiovisual discourse is structured in the combination
of the significant elements of audiovisual writing, among which is the
image itself with the different movements and planes captured by
the camera. Plane and movement constitute the form of the image/
camera signifier element. Distinct and determined forms in their
pluralities and in accordance with the proposed contents, triggering
rhythmic, emotional and intellectual dimensions in connection.
The form, for communication to be effective, is consolidated
by empirical or “full” ideas, embodied in a plurality
of determined and distinct forms. This full character
authorizes the remission of the idea put into form to a
sensitive or experienced content. The idea of something.
Given that form is in the principle of expression, that forms
are the intermediary that particularizes this expression
and that content is its reference, there is a reciprocal
functionality of form and content, at the end of the day
unified (Della Volpe, 1967).
SUMÁRIO 45
are only formally capable modes of organizing and developing
primary experience, that is, the indistinct totality of images and
qualities concretely experienced at the most immediate levels of our
encounter with things.
Scientific activity consists of exercising a constructive
action that predicts the formation and use of relations
that are abstracted from the concrete of experiences
and that, precisely for this reason, can be used in always
different contexts. Artistic activity, on the contrary, shows
greater adherence to the concreteness of feeling, to the
continuum of its multiple contents, a greater adherence
that manifests itself in the search for an emphasis and an
improvement of that sense of wholeness that characterizes
all our effective experience. (Calcaterra, 2015, p. 118)
SUMÁRIO 46
In the end, in this epistemological topic of the communication
of the findings of the sciences, between peers, through the audiovisual
essay, we highlight other accessory aspects of this discussion:
METHODOLOGICAL
NOTES OF THE SCIENTIFIC
AUDIOVISUAL ESSAY
A narrative in sequence of images forms the basis of audiovisual
writing. In the junction of form and content of the communication,
the proposed methodology of the scientific audiovisual essay relates
the general and the singular. The general is the investigation of
activities, the set of procedures for writing in operations carried out
SUMÁRIO 47
with the objective of determining relationships and undertaking the
construction of particular knowledge about a given object.
SUMÁRIO 48
organization and selection of the facts of science to be communicated
to peers by the mode of the essay. The second deals with the
imagination and creation of the image in communicating symbols.
One can write an “original” script, that is, the researcher can write
directly for the audiovisual production, or one can follow the line of
the “adaptation”, or writing the script from an article or book chapter.
In this case, the verbal text is the extra-film base incorporated into
the assembly process.
SUMÁRIO 49
construction of the narrative in a sequence of images. A narrative, in
the case of the essay, that marks the creative force of being “between”
art and science, marks, in unfolding, the authorship of the essay. The
genre of the essay also opens the examination of authorship as a tax
of the proposed target.
SUMÁRIO 50
networks, mainly provoked by groups opposed to science and
democracy. These are communication movements on a global scale
via the internet, which is, at least until now, incapable of any regulation.
As a free and at the same time mined field, we are all subject to
quality information such as true events, but also to manipulated, lying
and created facts. In fact, the Russian philosopher Alexandre Koyré
(2019) wrote in 1943: “never has there been so much lying as in our
days. [...] Nor have there ever been such dishonest, systematic and
constant lies”. What would Koyré say today about the avalanche of
lies on social media?
SUMÁRIO 51
Inserting the scientific audiovisual essay in this field is also a
contemporary challenge of doing science. Vogt (2006, p. 24) calls the
“deficit of information and scientific culture” the small presence of
scientific events in an arena occupied by celebrities and all kinds of
information. On the other hand, the model of scientific dissemination,
supported for decades by science institutions and the media, calls,
in view of the urgency of the contemporary, for more interactive
forms of communication that are close to the population. The central
issue of the insertion of science in the lives of the population is no
longer a problem of dissemination. For Lévi-Leblond (2006, p. 33),
the challenge lies in the “(re) insertion of science into culture, and this
requires a deep change in the very way of doing science”.
SUMÁRIO 52
The scientific audiovisual essay is one of the modalities
proposed by us in this context of innovation in scientific culture. It
can reach audiences beyond peers due to the audiovisual language
that dominates the context of the current mediatized society. That
is, it has conditions of communicability inside and outside the
scientific community.
SUMÁRIO 53
REFERENCES
ALSINA, Miguel Rodrigo. La construcción de La notícias. Barcelona: Paidos, 1989.
BAKHTIN, Mikhail. Verbal exthetic creation. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
CALCATERRA, Rosa M. Ideias concretas: percursos na filosofia de John Dewey. São Paulo:
Edições Loyola, 2015.
CARPENTIER, Nico. IAMCR Multimodal Academic Communication Task Force. Trabalho
apresentado no IAMCR Congress, Lyon, 11 jul. 2023.
CASTELLS, Manuel. A era da intercomunicação. Le Monde Diplomatique, Brasil, 1 ago.
2006. Disponível em: https://diplomatique.org.br/a-era-da-intercomunicacao/. Acesso
em: 30 nov. 2023.
DASGUPTA, Partha. Trust as a Commodity. In: GAMBETTA, Diego (ed.). Trust: Making and
Breaking Cooperative Relations. Oxford: University of Oxford Press, 2000. p. 49-72.
DELLA VOLPE, Galvano. Lo verosimil fílmico y otros ensayos. Madrid: Editorial Ciencia
Nueva, 1967.
DIDI-HUBERMAN, Georges. Imágenes pese a todo. Barcelona: Paidós, 2004.
FLECK, Ludwik. Gênese e Desenvolvimento de um Fato Científico. Belo Horizonte: Editora
Fabrefactum, 2010
GAMBETTA, Diego. Can We Trust Trust? In: GAMBETTA, Diego (ed.). Trust: Making and
Breaking Cooperative Relations. Oxford: University of Oxford Press, 2000. p. 213-237.
Disponível em: http://www.sociology.ox.ac.uk/papers/gambetta213-237.pdf. Acesso em:
30 nov. 2023.
GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1989
GERALDI, João Wanderley. Leitura: uma oferta de contrapalavras. Educar em Revista,
Curitiba, v. 20, p. 77-85, 2002. Disponível em:
http://calvados.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/educar/article/viewFile/2099/175. Acesso
em: 30 nov. 2023.
GIDDENS, Antony. Modernidade e Identidade. Tradução de Plinio Dentzien. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2002.
GRANT, Catherine. The audiovisual essay as performative research. NECSUS — European
Journal of Media Studies, v. 5, n. 2, p. 255-265, 2016.
SUMÁRIO 54
HELLER, Agnes. O Cotidiano e a História. 6 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
JIMENEZ, Marc. A querela da arte contemporânea. Lisbon: Orfeu Negro, 2021.
KOYRÉ, Alexandre. Reflexões sobre a mentira. Tradução de Marta Rios Nunes da Costa.
Eleuthería, Revista do curso de Filosofia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,
Campo Grande, v. 4, n. 6, p.150-176, 2019.
LÉVY-LEBLOND, Jean-Marc. Cultura científica: impossível e necessária. In: VOGT, Carlos.
Cultura Científica: Desafios. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2006. p. 28-43.
LUHMANN, Niklas. Familiarity, Confidence, Trust: Problems and Alternatives. In:
GAMBETTA, Diego (ed.). Trust: Making and Breaking Cooperative Relations. Oxford:
University of Oxford, 2000. p. 94-107. Disponível em:
http://www.sociology.ox.ac.uk/papers/luhmann94-107.pdf. Acesso em: 30 nov. 2023.
OLIVEIRA Pedro Pinto de; MOREIRA, Benedito Dielcio Moreira. Nuevas formas de
comunicar la ciência: la experiência del ensayo audiovisual cientifico. Tecmerin – Revista
de Ensayos audiovisuales, Madrid, n. 2, 2019. Disponível em: https://tecmerin.uc3m.es/
project/nuevas-formas-de-comunicar-la-ciencia-la-experiencia-del-ensayo-audiovisual-
cientifico/. Acesso em: 30 nov. 2023.
OLIVEIRA, Pedro Pinto de. La autosuficiencia de la escritura audiovisual científica.
Revista de La Asociación Española de Investigación de la Comunicación (RAEIC), v. 8, n.
15, p. 53-69, 2021.
OLIVEIRA, Pedro Pinto de, MOREIRA, Benedito Dielcio. A emergência do “novo”:
metodologia para a adaptação do artigo científico em versão audiovisual. In:
BARRANQUERO, Alejandro; RODRÍGUEZ GÓMEZ, Eduardo Francisco (coord.). De lo viejo
a lo nuevo: teorías, métodos e instituciones de la investigación en comunicación. 1 ed.
Madrid: Editorial Dykinson, 2022. p. 435-448.
SCHUTZ, Alfred. El problema de la realidad social. Buenos Aires: Amorrortu Editores, 1998
SCHUTZ, Alfred; LUCKMANN, Thomaz. Las Estrutucturas del mundo de la vida. Buenos
Aires: Amorrortu, 1977.
VOGT, Carlos. Introdução. Ciência, comunicação e cultura científica. In: VOGT, Carlos.
Cultura Científica: Desafios. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2006. p. 18-27.
WULF, Christoph. O ouvido. Ghrebh Magazine, São Paulo, n. 9, mar. 2007. Disponível em:
https://www.cisc.org.br/portal/jdownloads/Ghrebh/Ghrebh-%209/07_wulf.pdf. Acesso
em: 30 nov. 2023.
SUMÁRIO 55
3 João Massarolo
Dario Mesquita
DOI: 10.31560/pimentacultural/978-65-5939-953-6.3
INTRODUÇÃO
Nos primórdios da televisão, a transmissão do sinal se res-
tringia aos grandes centros urbanos e as interações entre os teles-
pectadores eram feitas no ambiente familiar — ou na conversa junto
ao bebedouro com colegas de trabalho (Johnson, 2005). A visualiza-
ção era restrita aos espaços fechados como a sala de estar e a expe-
riência de “estar juntos” tinha uma série de significados históricos,
políticos e sociais. Com a evolução da tecnologia televisiva, a pro-
dução dos programas se tornou mais ágil e dinâmica, possibilitando
o desenvolvimento de narrativas envolventes e a consolidação de
uma grade de programação — sustentada pela gratuidade dos pro-
gramas. Esse modelo de negócio da televisão comercial, vinculado
à publicidade, determinou as ações de planejamento estratégico da
indústria televisiva nos seus mais de 50 anos de existência.
SUMÁRIO 57
a informação. Há, com isso, a emergência da cultura sob demanda,
na qual o público molda a sua própria programação, independente
da grade, e acessa conteúdos por diferentes telas (Tryon, 2014). No
Brasil, em função dos arranjos produtivos no campo do audiovisual,
a TV aberta vem perdendo audiência a cada ano, segundo pesqui-
sas do Kantar Ibope (2023), mas apesar disso ela ainda é relevante
nacionalmente, liderando o consumo de conteúdo por aparelhos
televisivos; em 2022, segundo pesquisa do Katar Ibope (2023) sobre
o consumo domiciliar de conteúdo audiovisual, 32,7% dos brasileiros
consumiram programas exclusivamente pela TV linear, 12,9% apenas
pelo VOD, e 19,6% por ambas as janelas. Na dimensão econômica,
uma pesquisa da Ancine (2022), a Agência Nacional do Cinema,
divulgada em 202211, abrangendo os anos entre 2007 e 2019, mostra
queda na participação das atividades econômicas da TV aberta no
setor audiovisual brasileiro de 63,7% para 30,42%.
SUMÁRIO 58
publicidade no Brasil. Segundo dados do CENP-Meios (Conselho
Executivo das Normas-Padrões), a TV aberta deteve 52,8% das verbas
publicitárias em 2019, seguido pela internet com 21,2%12. Isso demons-
tra que a TV aberta por radiodifusão ainda é capaz de agregar valor
como espaço de divulgação comercial e de extenso alcance territorial.
12 Os dados de janeiro a dezembro de 2020 não foram consolidados até o fechamento deste artigo.
Para mais informações sobre a pesquisa de 2019, conferir: https://cenp.com.br/cenp-meios?id=14.
Acesso em: 18 jan. 2021.
SUMÁRIO 59
num fluxo sob demanda, a partir de uma ampla disponibilidade asso-
ciada a recursos computacionais de curadoria. Desse modo, a televi-
são se beneficia da internet não só pelas novas formas de distribui-
ção, mas também pelo modo como as emissoras, os anunciantes e
os próprios telespectadores visualizam os conteúdos nas redes em
diferentes níveis (narrativos, econômicos, participativos).
13 Prática de assistir por horas seguidas conteúdos audiovisuais, especialmente um mesmo pro-
grama televisivo, como séries (Matrix, 2014). No país, tornou-se comum se referir a essa prática
como “maratonar”.
SUMÁRIO 60
DO FLUXO TELEVISIVO PARA
A GRADE DE PROGRAMAÇÃO
Desde seu estabelecimento como mídia, a televisão é forte-
mente caracterizada pelo seu fluxo contínuo de conteúdos organiza-
dos dentro de uma grade de programação, formatada em unidades de
tempo que determinam a duração de programas e intervalos comer-
ciais. Segundo Williams (2016), esse fluxo é a experiência ininterrupta
do telespectador que assiste à programação televisiva — planejada
para reter a sua atenção especialmente nos momentos iniciais de um
programa, com a promessa reiterada “que coisas excitantes estão
por vir, se permanecermos assistindo” (Williams, 2016, p. 104).
SUMÁRIO 61
própria experiência de seguir os fluxos da televisão. Como o próprio
Williams (2016) comenta, alguns telespectadores podem declarar
que não ligam a televisão para assistir um determinado programa,
mas para acompanhar a sequência de programas exibidos na grade
que lhes detém a atenção.
SUMÁRIO 62
A constituição da grade de programação ajuda, assim, a pon-
tuar a rotina dos telespectadores, especialmente nos seus primórdios,
em que a sala da TV se estabelecia como um dispositivo de comu-
nhão familiar em determinados horários, e capaz de pautar os princi-
pais assuntos na sociedade. Para Campanella (2014, p. 9), que retoma
as reflexões de Michael Couldry sobre a midiatização da sociedade e
seus rituais, a televisão é o “conector basilar do mundo individual do
sujeito com o social que o cerca”. O ritual midiático criado em torno
da televisão fornece às emissoras, em especial da TV aberta, o status
de representantes sociais, pois elas “contribuem para a própria cons-
trução da sociedade”, por abrangerem diferentes públicos e regiões
geográficas distintas. Para que esse vínculo se efetive, são levados
em consideração critérios demográficos e socioculturais para a seg-
mentação do público na organização da programação.
SUMÁRIO 63
VOD, dentro outros). A partir da década de 1970 também foram cria-
dos pela emissora os primeiros grupos de discussão de telenovelas
composto por telespectadoras, além de entrevistas por telefone para
consultar opiniões sobre programas em exibição.
SUMÁRIO 64
maiores cotas publicitárias. Essa faixa horária é ocupada especial-
mente pelas produções ficcionais seriadas, pois elas associam bom
retorno financeiro a longo prazo e fidelização de público. Apesar do
alto investimento inicial, os custos de produção da obra são diluídos
no período de exibição com a venda de espaço publicitário e inser-
ção de merchandising.
SUMÁRIO 65
tratamento de algoritmos14 da Amazon.com (como o TiVO e o console
Playstation, entre outras). Segundo o autor, com o advento de uma
nova noção de fluxo, vinculada às interfaces digitais e subordinada
às possibilidades e limitações tecnológicas de cada plataforma, “nem
o espectador nem o programador de televisão dominam a noção de
fluxo. Em vez disso, um novo fator entra na equação: a combinação
de protocolos de metadados aplicados” (Uricchio, 2005, p. 251).
14 Segundo Danaher (2019, p. 5), algoritmo é uma sequência de “de regras que transforma um con-
junto definido de entradas em um conjunto de saídas”, utilizando computadores como ferramenta
para ajudar na tomada de decisões e na conquista de objetivos de um sistema computacional.
SUMÁRIO 66
procurando recriar no ambiente on-line o fluxo televisivo. A organi-
zação de arquivos e dados é planejada por designers gráficos e de
interação para proporcionar uma experiência agradável e contínua.
Para Levy (2006, p. 102), “a noção de interface pode ser estendida ao
domínio da comunicação como um todo e deve ser pensada hoje em
toda sua generalidade”, no sentido de comungar sob seu espaço sig-
nificados e potencialidades de ações, que organizam e transformam
dados primários em informação, e que por seguinte geram conheci-
mento pela agência15 do usuário (Bonsiepe, 2013).
15 O conceito de agência neste artigo é visto pela perspectiva de Murray (2003, p. 127), como “a capaci-
dade gratificante de realizar ações significativas e ver os resultados de nossas decisões e escolhas”.
SUMÁRIO 67
DA GRADE DE PROGRAMAÇÃO TELEVISIVA
PARA O FLUXO SOB DEMANDA
Nos últimos anos, houve um crescimento no Brasil das pla-
taformas VOD, sejam elas administradas por empresas de streaming
transnacionais, como a Netflix (2011), a Amazon Prime Video (2016) e
a Disney+ (2020), ou por empresas nacionais como a Looke (2015).
Segundo último levantamento da Ancine (2022), em 2022 havia mais
de 59 plataformas VOD no Brasil. Essas plataformas configuram-se
como um novo modo de consumo audiovisual, em que o usuário
exerce controle sobre o fluxo do conteúdo midiático, fazendo com
que a televisão (ou seu modelo de entrega por radiodifusão) perca a
sua centralidade. Plataformas, como a Netflix, são configuradas para
a prática de maratonas intensificadas, por meio do consumo multie-
pisódico e a imersão do telespectador no mundo de histórias.
SUMÁRIO 68
pelo ato de maratonar depende da tecnologia de cada plataforma e
do engajamento das audiências. Na televisão, esse ato é visto como
uma experiência condicionada pela imersão no fluxo televisivo. Um
elemento diferencial das maratonas é a produção de conteúdos
relacionados a um programa (textos, vídeos, áudios e imagens). Ao
utilizar as redes sociais, o usuário produz e compartilha suas opini-
ões sobre um determinado programa, personalizando desse modo, o
conteúdo veiculado pelo canal televisivo.
SUMÁRIO 69
No Globoplay existem recursos de autoprogramação, como
a criação de uma lista de reprodução de programas, funcionali-
dade que é comumente encontrada em outras plataformas, como
o YouTube e a Netflix. Há também um sistema de recomendação no
qual cada página principal de um filme, série ou telenovela apre-
senta uma aba que mostra outras obras similares. A plataforma
possui um modelo de negócio flexibilizado para o acesso gratuito
ou pago de conteúdos, com pacotes que englobam programas da
TV paga ou acesso conjugado com outras plataformas VOD como
o Telecine — ou seja, também se caracteriza como um serviço por
SVOD (subscription vod).
SUMÁRIO 70
Entre outras ações da Globo, o site GShow17, criado em
2014 , funciona como uma central de entretenimento da emissora.
18
SUMÁRIO 71
os conteúdos do Globoplay são visualizados nas seções “Agora na
TV”, “Novidades” e “Catálogo”. Na seção “Agora na TV” o assinante
tem a possibilidade de assistir “ao vivo” a programação da TV aberta
e de canais do pacote Canais, com conteúdo da TV paga. A seção
“Catálogo” organiza os conteúdos por categorias como Novelas,
Séries, BBB, Documentários, Filmes, Originais, Novidades, Esportes,
Jornalismo, Infantil, Variedades, Realities, Música, Programas Locais
e Educação. Há também a categorização por gêneros (ex.: drama,
comédia, ação, etc.), bem como o acesso direto à podcasts e aos 19
canais que compões o pacote Canais.
21 Entre as telenovelas planejadas para lançamento no Globoplay, podemos citar Tieta (1989), Explode
Coração (1995), Vale Tudo (1988) e Dancin’ Days (1978), entre outras.
22 Uma exceção à regra na Globoplay é o remake da minissérie norte-americana Raízes (History
Channel, 2016), produzida por Laurence Fishburne e Forest Whitaker, que estreou no Brasil no canal
Discovery e depois na Rede Globo, encontrando-se disponível na Globoplay.
SUMÁRIO 72
Aos poucos, o Globoplay expandiu o conceito de distribuição
exclusiva e passou a conceber projetos originais, liberando trechos de
programas gratuitos para os não-assinantes como forma de expan-
são de público e os produtos precificados para assinantes, para fins
de receita. Para Becker, Gambaro e Souza Filho (2015, p. 363), essa
estratégia “limita o engajamento do público como um todo”, pois os
conteúdos são exibidos gratuitamente na programação da televisão.
Uma ação estratégica da emissora foi a adoção de conteúdo digital
first — como o lançamento em primeira mão de quatros episódios da
série Justiça23 (Globo, 2016).
23 Os primeiros episódios foram entregues no fim de semana anterior à estreia. Depois, os episódios
eram lançados no Globoplay às 18 horas do dia da exibição e, em seguida, no horário da
programação da Rede Globo.
24 Disponível em: http://www.minhaserie.com.br/novidades/25473-ligacoes-perigosas-nova-serie-
da-globo-podera-ser-vista-antes-pela-globo-play. Acesso em: 15 fev. 2017.
25 Os episódios da série ficaram disponíveis na plataforma antes de ir ao ar na televisão.
26 A emissora adotou como rotina, a disponibilização na plataforma dos episódios semanais da série
Nada Será Como Antes, quatro dias antes do novo episódio ir ao ar na TV.
SUMÁRIO 73
sendo dividida em duas temporadas, a primeira com 40 capítulos, e a
segunda com 45. A exibição na plataforma de programas em primeira
mão ou exclusivos, representa uma porta de entrada para a inserção
de conteúdos personalizados e convenientes ao fluxo televisivo.
SUMÁRIO 74
A prática de binge-watching de obras atende demandas dos
assinantes por conteúdos inéditos e de qualidade, principalmente as
produções do horário nobre da TV, como séries e minisséries. Assim,
as emissoras reforçam o engajamento além da programação, pos-
sibilitando um acesso personalizado ao conteúdo por outros meios
que estimulam a participação da audiência através da circulação de
conteúdos conectados pelo ambiente de sinergia tecnológica. Para
Jenkins (2009), processos que são definidos de cima para baixo, em
que a participação do público é comercialmente estruturada, refle-
tem os propósitos da convergência corporativa, na qual “empresas
midiáticas estão aprendendo a acelerar o fluxo de conteúdo midi-
ático pelos canais de distribuição para aumentar as oportunidades
de lucros, ampliar mercados e consolidar seus compromissos com o
público” (Jenkins, 2009, p. 46).
SÉRIE “SUPERMAX”:
MODELO EM FORMAÇÃO
DO FLUXO SOB DEMANDA
Para o público que adquiriu o hábito recente de consumir tem-
poradas completas de séries inéditas nas plataformas de streaming,
o projeto experimental de binge-watching da série Supermax, se
insere no processo de mudanças da lógica de consumo, na qual o
telespectador acaba por deter o controle sobre o que deseja assis-
tir, enquanto a televisão busca transpor sua grade para o catálogo
das plataformas. Nessa perspectiva, a Globo desenvolveu estraté-
gias para dialogar tanto com os fãs brasileiros de ficção seriada,
quanto reconquistar o telespectador que migrou para as platafor-
mas. Historicamente, as maratonas de mídia se popularizaram nos
anos 1980, com o advento do videocassete. As redes de televisão,
por sua vez, passaram a maratonar reprises de séries populares ou
SUMÁRIO 75
de temporadas inteiras e até de episódios chave, para criar deman-
das pelos programas em DVD (Pena, 2015).
SUMÁRIO 76
algoritmos para transformar a experiência do telespectador, tornando
a economia da atenção na principal ferramenta de engajamento e de
fidelização do público.
29 Projeto de José Alvarenga Jr., em parceria com Marçal Aquino e Fernando Bonassi.
30 Disponível em: http://oficinaburman.com/. Acesso em: 1 out. 2017.
31 Disponível em: http://www.tvpublica.com.ar/. Acesso em: 1 out. 2017.
32 Disponível em: http://www.tvazteca.com/. Acesso: 1 out. 2017.
33 Disponível em: https://www.teledoce.com/. Acesso em: 1 out 2017.
34 Disponível em: http://www.mediaset.es/. Acesso em: 1 out. 2017.
35 As franquias de formatos televisivos surgiram nos anos 1990, a partir do sucesso de reality-shows
como Survivor e Big Brother, como uma tendência de profissionalização do mercado, valorização
de vendas e a globalização dos conteúdos, abrangendo principalmente o comércio de programas
prontos, coproduções, vendas de roteiros e vendas de formatos.
SUMÁRIO 77
a partir de políticas culturais que estimulam acordos de produção
entre produtores em eventos internacionais. Segundo Lobato (2019,
p. 4), a “televisão transnacional, refere-se à propensão dos sistemas
de distribuição de televisão para cruzar uma ou mais fronteiras
nacionais. É um termo aparentemente simples que invoca uma
ampla variedade de cenários, incluindo a distribuição cosmopolita e
culturalmente intrusiva”.
36 A série não obteve expressivo sucesso de audiência na Argentina, obtendo 0,5 pontos de média
em suas exibições nas terças à noite. Disponível em: http://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/
televisao/fracasso-no-brasil-serie-supermax-da-traco-na-argentina-e-leva-surra-de-novela-da-
record-14963. Acesso em: 1 out. 2017.
37 Disponível em: http://gshow.globo.com/tv/rapidinhas/noticia/2016/11/voce-sobreviveria-em-
supermax-faca-o-teste-e-descubra.html. Acesso em: 20 fev. 2017.
38 Disponível em: http://gshow.globo.com/tv/noticia/2016/11/jogo-de-supermax-saiba-como-fazer-
o-download-do-game.html. Acesso em: 20 fev. 2017.
39 Hackathon significa maratona de programação. O termo resulta de uma combinação das palavras
inglesas hack (programar de forma excepcional) e marathon (maratona).
SUMÁRIO 78
filiada da Globo, fez uma ação no antigo Presídio do Ahú40 convidando
o público para vivenciar uma experiência baseada no seriado dentro
do presídio desativado — uma campanha de marketing que busca
expandir a experiência lúdica da série, como fez o seriado Walking
Dead (AMC, 2010-2022), com o Walking Dead Scape41, um evento no
qual o público busca fugir de um espaço tomado por zumbis.
SUMÁRIO 79
são posicionados ganchos narrativos entre as cenas, blocos, sequ-
ências e no final de um episódio, capazes de criar o efeito suspensivo
e de capturar a atenção do público durante os intervalos comerciais
e a sua curiosidade em relação aos rumos da história no episódio
seguinte. O gancho tem a finalidade de criar a tensão no momento
de interrupção da narrativa, deixando lacunas em aberto que man-
têm as audiências em suspense até a semana seguinte, quando o
processo se reinicia. Desse modo, “o suspense não apenas delineia
as lacunas, mas também é usado como catalisador para fazer os
espectadores assistirem mais” (Van Ede, 2015, p. 52).
SUMÁRIO 80
Assistir sem lacunas tornou-se tão popular que acabou
por inspirar o binge-publication: publicação de tempora-
das completas de séries. Com a compreensão de como
as inter-relações entre tecnologia e espectadores deram
origem ao binge-watching, o próximo passo é investigar
como a possibilidade de remoção das lacunas afetou a
forma serial e narrativa em série.
15 14,9
12,9 13 12,8
10 11 10,6 10,3 9,7 9,5 9 9,3 9
5
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
SUMÁRIO 81
Gráfico 3.2 — Visualizações da série do Supermax no Globoplay
200.000
169.038
150.000
100.000
88.197 82.922
76.652
66.914 66.865 61.376 59.308 67.516 72.545
50.000 58.297 54.640
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
42 No período da coleta dos dados, as informações sobre visualizações de conteúdos eram públicas
no Globoplay. Atualmente, tal informação não é mais disponibilizada pela plataforma.
43 Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/01/1846121-levantamentos-confirmam-
que-brasileiro-tambem-assiste-a-series-em-maratona.shtml. Acesso em: 21 fev. 2017.
SUMÁRIO 82
Gráfico 3.3 — Retenção dos telespectadores de Supermax pelo Globoplay
SUMÁRIO 83
De certa forma, a Globo retoma o sistema de trilhos dos pri-
mórdios da televisão e o reformula, coletando dados sobre os hábitos
de consumo no contexto sociopolítico brasileiro, utilizando métricas
que se distinguem das administradas pelas empresas de streaming
para análises do mercado audiovisual. Nesse contexto, Supermax é
uma obra importante pelas singularidades estéticas e por ser uma
experiência pioneira que se situa entre os limites dos serviços de
fluxo sob demanda da TV conectada e da grade televisiva, num pro-
cesso de convergência entre lógicas opostas, que regem a televisão
tradicional e as plataformas de vídeo sob demanda.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo parte da crescente fragmentação das audiências,
assim como do rápido desenvolvimento tecnológico das múltiplas
telas e da expansão mundial dos serviços de vídeo sob demanda,
buscando um maior entendimento do realinhamento da grade da
televisão aberta brasileira e, por consequência, da instituição de
uma nova experiência televisiva que denominamos como fluxo sob
demanda. Essa experiência televisiva flexibiliza o acesso à grade
televisiva, estimula a prática de autoprogramação e populariza o ato
de binge-watching como uma forma de consumo mais intensificada
de conteúdos. Para esse fim, foram realizadas análises da plataforma
televisiva Globoplay e da série Supermax, levando em consideração
que a TV aberta privilegia a entrada “ao vivo” e busca fortalecer um
espaço de representação comum a grupos sociais (Borelli; Priolli,
2000), ocupando o horário nobre com programas que buscam a qua-
lidade das séries internacionais.
SUMÁRIO 84
pelos sistemas de interfaces em catálogos de conteúdos nas plata-
formas, modificou a experiência televisiva ao conectar a programa-
ção ao fluxo sob demanda — passível de ser personalizado por meio
da autoprogramação, o que contribuiu para popularizar a prática de
maratonar. Perks (2015) considera que as maratonas são um modelo
alternativo da grade da TV aberta, mas, no caso da Globo, as ope-
rações seguem uma lógica mista e complementar, com a produção
de conteúdos tanto para a grade televisiva quanto para o serviço de
fluxo sob demanda do Globoplay.
SUMÁRIO 85
de experiência individualizada pelo fluxo sob demanda estabelece
relações de complementariedade com a grade televisiva, própria da
lógica transmídia. Desse modo, a formação de um fluxo combinado
entre o Globoplay e a grade da emissora promove e reforça o engaja-
mento da audiência no ambiente das plataformas televisivas.
SUMÁRIO 86
REFERÊNCIAS
ANCINE. Estudo Valor Adicionado pelo Setor Audiovisual — Ano-base: 2018. ANCINE,
Brasil, 2020. Disponível em: https://oca.ancine.gov.br/sites/default/files/ repositorio/pdf/
valor_ adicionado_2018. pdf. Acesso em: 18 jan. 2021.
ANCINE. Panorama do Mercado de Vídeo por Demanda no Brasil — 2022. ANCINE, Brasil,
2022. Disponível em: https://www.gov.br/ancine/pt-br/oca/publicacoes/arquivos.pdf/
informe-vod-pos-revisao-28-fev-2023.pdf. Acesso em: 22 mai. 2023.
BECKER, V.; GAMBARO, D.; SOUZA FILHO, G. L. O impacto das mídias digitais na televisão
brasileira: queda da audiência e aumento do faturamento. Palabra Clave, v. 18, n. 2,
p. 341-373, 2015.
BECKER, V., GAMBARO, D. Queda de audiência e programação televisiva: uma análise das
mudanças na grade da Rede Globo. Revista Fronteiras – estudos midiáticos, v. 18, n. 3, 2016.
BORELLI, S. H. S.; PRIOLLI, G. A Deusa Ferida: porque a Rede Globo não é mais a campeã
absoluta de audiência. Summus: São Paulo, 2000.
SUMÁRIO 87
CANNITO, N. A TV 1.5 – A Televisão na era digital. 2009. 302 f. Tese (doutorado) —
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. 302 p. Disponível em: http://www.teses.usp.
br/teses/disponiveis/27/27153/tde-21102010-103237/pt-br.php. Acesso: 20 jan. 2017.
DANAHER, J. Algorithmic Regulation. In: YEUNG, K.; LODGE, M. The Ethics of Algorithmic
Outsourcing in Everyday Life. Oxford: Oxford University Press, 2019.
HOLT, J.; SANSON, K. (orgs.). Connected viewing: selling, streaming, & sharing media in
the digital era. London: Routledge, 2014.
JENKINS, H. Cultura da Convergência. Tradução Susana Alexandria. 2 ed. São Paulo: Aleph, 2009.
SUMÁRIO 88
KASTRENAKES, J. Netflix knows the exact episode of a TV show that gets you
hooked. Verge, Estados Unidos, 23 set. 2015. Disponível em: http://www.theverge.
com/2015/9/23/9381509/netflix-hooked-tv-episode-analysis. Acesso em: 12 fev. 2017.
KANTAR IBOPE. Inside Video 2023 – Video, estado de evolução. Kantar Ibope, Brasil, 2023.
Disponível em: https://kantaribopemedia.com/wp-content/uploads/2023/03/Kantar-
IBOPE-Media_Inside-Video-2023.pdf. Acesso em: 21 mai. 2023.
LOBATO, R. Netflix nations: the geography of digital distribution. New York: New York
University Press, 2019.
LOPES, F. Globoplay prepara 50 novelas antigas para seu catálogo; A Favorita será a
primeira. Notícias da TV — UOL, Brasil, 21 mai. 2020. https://noticiasdatv.uol.com.br/
noticia/novelas/globoplay-prepara-50-novelas-antigas-para-seu-catalogo-favorita-sera-
primeira-37075?cpid=txt. Acesso em: 19 jan. 2021.
MARTEL, F. Smart — O que você não sabe sobre a internet. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2015.
MATRIX, S. The Netflix Effect: Teens, Binge Watching, and On-Demand Digital Media
Trends. Jeunesse: Young People, Texts, Cultures, v. 6, n. 1, p. 119-138, 2014. DOI: https://doi.
org/10.1353/jeu.2014.0002.
MCCORMICK, C. J. Forward is the battle cry: binge-viewing Netflix’s House of Cards. In:
McDONALD, K.; SMITH-ROWSEY, D. The Netflix effect: Technology and entertainment in the
21st century. New York: Bloomsbury Academic, 2016. p. 101-116.
SUMÁRIO 89
MOSES, P. The many definitions publishers use for ‘platform’. Digiday, Estados Unidos, 5
dez. 2014. Disponível em: http://digiday.com/media/many-definitions-term-platform/.
Acesso em: 15 fev. 2017.
MURRAY, J. Hamlet no Holodeck: o futuro da narrative no ciberespaço. São Paulo: Unesp, 2003.
PENA, L. L. Breaking Binge: Exploring The Effects of Binge Watching On Television Viewer
Reception. 2015. Dissertação (Mestrado) — Syracuse University, New York, 2015.
PILIPETS, Elena. From Netflix streaming to Netflix and chill: The (dis) connected body of
serial binge-viewer. Social Media+ Society, Estados Unidos, v. 5, n. 4, 2019.
STYCER, M. Pior audiência de série da Globo na história, Supermax atrai público jovem.
Blog do Mauricio Stycer no UOL, Brasil, 18 nov. 2016. Disponível em: http://mauriciostycer.
blogosfera.uol.com.br/2016/11/18/pior-audiencia-de-serie-da-globo-na-historia-
supermax-atrai-publico-jovem/. Acesso em: 19 fev. 2017.
TRYON, C. TV got better: Netflix’s original programming strategies and the on-demand
television transition. Media Industries Journal, Estados Unidos, v. 2, n. 2, 2014.
SPIGEL, L.; OLSSONIN, J. (orgs.). Television After TV: Essays on a Medium in Transition.
Durham: Duke University Press, 2005.
VAN EDE, E. Gaps and Recaps: Exploring the Binge‐Published Television Serial. Holanda:
Utrecht University, 2015.
SUMÁRIO 90
4
Claudia Magallanes-Blanco
DECOLONIZACIÓN,
CONOCIMIENTO Y
PUEBLOS ORIGINARIOS:
LO QUE NO SE LEE TAMBIÉN SE APRENDE
DOI: 10.31560/pimentacultural/978-65-5939-953-6.4
En este capítulo discuto la comunicación como un proceso
decolonizador que responde a la colonialidad del poder (Quijano
1991), la colonialiad del saber (Mignolo 2007, Lander 2003), la
colonialidad del ser (Maldonado Torres 2007), la colonialidad del
lenguaje (Veronelli 2019), la colonialidad del género (Lugones 2014) y
la colonialidad de las representaciones (Magallanes Blanco 2022) ya
que todas estas formas de dominación están entretejidas.
SUMÁRIO 92
donde no existían subordinando todos los aspectos de la vida y
sometió y transformó la vida comunal con su dimensión espiritual
e intersubjetiva como sustento del entramado relacional que da
sentido a la experiencia vivida y es fuente de conocimientos.
EL SISTEMA COLONIAL,
CAPITALISTA Y PATRIARCAL
De acuerdo con Quijano (1991) el concepto raza se creó para
generar un patrón de dominación y jerarquización de las poblaciones.
La noción de raza y la clasificación racial dieron lugar a la represión
y al sometimiento de las identidades de los pueblos originarios del
territorio del Abya Yala, a quienes nombraron Indios. Usando la raza
como principio de clasificación poblacional se generaron relaciones
jerárquicas y desiguales en las que las personas racializadas fueron
consideradas menos: menos humanas, menos valiosas, menos
importantes, menos sujetas de derechos. A partir de esta clasificación
social se generaron una serie de mecanismos y de instituciones para
mantener la jerarquía entre los grupos poblacionales que justificó
relaciones de dominación y exlpotación. La jerarquía y la diferencia
basadas en la noción de raza se mantienen hoy en día y se identifican
con la visión eurocéntrica de la organización y funcionamiento del
mundo que ha generado una dependencia estructural histórica a la
matriz moderno, colonial, capitalista y patriarcal.
SUMÁRIO 93
La colonialidad del saber por su parte propone que el
eurocentrismo hegemónico basado en la racionalidad y soportado
en el método científico se ha impuesto como la única forma válida
para la producción de conocimiento (Mignolo 2007, Lander 2003).
Un ejemplo de esto se da cuando a una persona originaria que
practica la medicina tradicional se le dice que su conocimiento es
subcultura y que, para poder sanar personas, debería estudiar en
instituciones sancionadas para la producción y reproducción del
conocimiento blanco occidental y eurocéntrico. En pocas palabras: las
comunidades indígenas son sabedoras, no tienen conocimiento. La
colonialidad del saber tiene como trasfondo un epistemicidio (Santos
2018), es decir, la aniquilación de todo conocimiento no eurocéntrico.
La racialización le quita valor no solamente al conocimiento sino
también a las vidas humanas; el conocimiento de las personas
racializadas deja de ser conocimiento y es menospreciado junto con
su lengua, cultura e identidad. Esto genera el abandono de prácticas
relacionadas con lo sagrado, con la ancestralidad, con lo propio.
SUMÁRIO 94
que despoja a las poblaciones de su humanidad atribuyéndoles una
inferioridad comunicativa y mental natural; es decir, que las poblaciones
racializadas, al no hablar las lenguas dominantes, no piensan y, por
ende, no son interlocutores válidos. No existen naturalmente como
interlocutores porque no hablan una lengua racialmente aceptada. Por lo
tanto, es importante entender que el conocimiento no puede expresarse
en otro lenguaje que no sea el del poder. El lenguaje no es neutro, está
enraizado en las matrices del poder. El lenguaje es el soporte de las
representaciones, por ello es un espacio de resistencia y re-existencia
de las identidades y de la decolonización.
SUMÁRIO 95
lengua como un territorio cognitivo. Señala que el lenguaje no necesita
un espacio para ocurrir, sino que el lenguaje hace que todo ocurra y
hay una interdependencia profunda entre la lengua como un territorio
cognitivo y la defensa del territorio geográfico, simbólico, material o
espiritual. Para ella, atacar una lengua es una acción de despojo del
instrumento de pensamiento a través de violaciones sistémicas a los
derechos lingüísticos.
SUMÁRIO 96
de la apropiación de Tecnologías de Información y Comunicación de
mujeres de pueblos originarios con la formación y capacitación de
Ojo de Agua Comunicación45. Son ejemplos de conocimientos pro-
pios que circulan desde soportes sonoros y audiovisuales, ejemplifi-
cando que lo que no se lee también se aprende.
RADIORETRATOS
DE MUEJERES INDÍGENAS
Mujeres radialistas indígenas de diferentes comunidades del
estado de Oaxaca, en el sureste mexicano realizaron una serie de
producciones sonoras que pesentan retratos de mujeres indígenas
desde sus historias de vida y los conocimientos que tienen enraiza-
dos en el cuerpo y en sus trayectorias. Las piezas sonoras, llamadas
Radioretratos, fueron producidas con el apoyo y la capacitación de
Ojo de Agua Comunicación.
45 “Ojo de Agua Comunicación (Comunicación Indígena S.C.) es una organización independiente sin
fines de lucro que desde 1998 se dedica a la transformación de los medios de comunicación para
el beneficio de los pueblos indígenas y de otros grupos comunitarios. Basada en la ciudad de
Oaxaca, México, actúa en cuatro líneas generales: producción, formación, difusión e incidencia
en políticas públicas. Nuestras acciones contribuyen a la autodeterminación de los pueblos y
comunidades y la democratización de los medios” (https://ojodeaguacomunicacion.org/)
SUMÁRIO 97
Uno de los episodios es narrado por una mujer mixteca de la
costa. Su testimonio de vida refleja mecanismos de diversas formas de
la colonialidad como la del poder, la del ser y la de género. Ella narra “No
te puedes igualar [casar], decía mi padre, con los de razón [mestizos],
porque ellos no te van a querer, siempre te van a discriminar y siempre
vas a ser la india. Esas ideas que nuestros padres nos impusieron o
nos metieron en la cabeza.” Estela, la mujer retratada en la pieza radial,
es una líder comunitaria que ha trabajado por la recuperación de la
lengua materna en su comunidad. El proceso fue complicado puesto
que al interior de la propia comunidad las autoridades tenían interio-
rizada la matriz eurocéntrica y le exigieron que creara un proyecto
escrito para dar validez a su petición. En el Radioretrato lo narra así:
Me eligen como directora de Cultura. Ahí yo quería que se
impartieran los talleres de la lengua materna. Yo estudié
segundo año de primaria, yo no estudié tanto, yo voy y le
digo, pero en palabras. Entonces me dice la síndica hacen-
daria “es que queremos un proyecto, no en palabras “¿Qué
no te dijeron a lo que venías aquí? ¿qué no te dijeron que
tenías que elaborar los proyectos? Si no sabías no te hubie-
ras metido.” Entonces le dije que no. “Nunca me dijeron que
yo iba a elaborar proyectos porque yo no soy ingeniero, ni
soy licenciado, soy una ciudadana. Pero yo creo, le digo,
que tú escuchas, ves, y mis palabras las escuchas, te estoy
diciendo lo que quiero que es más suficiente que un papel”.
SUMÁRIO 98
que yo manejaba, no manejaba computadora, ni siquiera un celular.
… pero sí, logré que ellas fueran a … los talleres de lengua materna”.
SUMÁRIO 99
tanto en su hogar, como fuera, en lo social, pero que no
se detengan, hay que ser fuerte, valiente y salir adelante.
Más que nada para el bien de nuestra comunidad.
SUMÁRIO 100
parteras y sus conocimientos de salud no son reconocidas, tampoco
lo es su trabajo y por ello no tienen cabida en los centros de salud.
SUMÁRIO 101
proceso. El atender a una mujer en trabajo de parto en una lengua ajena
a la suya es una forma de violencia obstétrica ya que la excluye de su
proceso de parto y la forza a vivirlo sin expresarse y sin ser tomada en
cuenta lo cual genera, entre otras emociones, miedo. Una mujer emba-
razada menciona en el documental, “tengo miedo, de estar sola, en cam-
bio así estoy acompañado de mi mamá, contigo [la partera], con otra
persona de confianza, con mi esposo, pero ir al hospital me da miedo”.
IDEAS FINALES
Los Radioretratos y la serie documental sobre la partería son
ejemplos de soportes comunicativos que dan cuenta de conocimien-
tos valiosos de mujeres indígenas. La matriz colonial ha validado
la lectoescritura como la única forma de registro y divulgación del
conocimiento, anulando todo conocimiento otro.
SUMÁRIO 102
REFERENCIAS
Aguilar Gil, Y.E. (2020) Ää: Manifiestos sobre la diversidad lingüísitica. Almadia Editorial.
Lander, E. (2003). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Consejo
Latinoamericano de Ciencias Sociales, CLACSO.
Lugones, M. (2014) Colonialidad y género, en Yuderkys Espinosa Miñoso, Diana
Gómez Correal, Karina Ochoa Muñoz (Editoras). Tejiendo de otro modo: Feminismo,
epistemología y apuestas descoloniales en Abya Yala. Universidad del Cauca, pp 57-74.
Maldonado-Torres, N. (2007). Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo
de un concepto. El giro decolonial. Reflexiones para una diversidad epistémica más allá
del capitalismo global, 127-167.
Magallanes-Blanco, C. (2022). Communication From a Latin American Indigenous
Perspective. In Oxford Research Encyclopedia of Communication.
Magallanes-Blanco, C. (2021). Las Voces que Somos, an Indigenous Dialogic Media
Utterance for Liberation. MATRIZes, 15(3).
Martínez Luna, J. (2013) Textos sobre el camino andado. Tomo I. México: Coalición
de Maestros y Promotores Indígenas de Oaxaca A. C. (CMPIO), Centro de Apoyo al
Movimiento Popular Oaxaqueño, A. C. (CAMPO), Coordinación Estatal de Escuelas
de Educación Secundaria Comunitaria Indígena (CEEESCI), Colegio Superior para la
Educación Integral Intercultural de Oaxaca (CSEIIO).
Mignolo, W. (2007). “Delinking: The Rhetoric of Modernity, the Logic of Coloniality, and
the Grammar of De-coloniality”. Cultural Studies, vol. 21, núms. 2 y 3, “Globalization and
De-Colonial Thinking”. Ed. especial. Walter Mignolo y Arturo Escobar (eds.). Routledge,
Londres y Nueva York, pp. 449-514.
Nakata, M. (2007) Disciplining the Savages, Savaging the Disciplines. Aboriginal Studies Press.
Ojo de Agua Comunicación. https://ojodeaguacomunicacion.org/.
Quijano, A. (1991) Colonialidad, modernidad/racionalidad. Perú Indígena. Año 13, (29):11-29.
Santos, B. (2018). Construyendo las Epistemologías del Sur - Para un pensamiento
alternativo de alternativas. Buenos Aires: CLACSO.
Veronelli, G. A. (2019). La colonialidad del lenguaje y el monolenguajear como práctica
lingüística de racialización. Polifonia, 26(44), 146-159.
SUMÁRIO 103
5João Carlos Correia
PARA ALÉM
DO ESPAÇO PÚBLICO:
PATOLOGIAS DA DEMOCRACIA
NA SOCIEDADE DA VIGILÂNCIA
E DA DATIFICAÇÃO
DOI: 10.31560/pimentacultural/978-65-5939-953-6.5
Entre os anos 60 e 70, Habermas (1984) descreveu,
particularmente em Mudança Estrutural da Esfera Pública, um
vínculo entre as duas dimensões do espaço público - a política e
a cultural - incluindo, nesta última, a imprensa, os mass media e
o associativismo, criando um contributo importante para a teoria
crítica, inscrevendo-se numa certa continuidade histórica e teórica
com a geração de autores que o precederam na escola de Frankfurt.
SUMÁRIO 105
conceptual da colonização do mundo da vida através da gestão e
manipulação de emoções. Nomeadamente, defendo que a síntese
efetuada em torno do conceito de “colonização do mundo da vida”
na Teoria do Agir Comunicativo e as leituras feitas, a partir dessa
síntese, em Between Facts and Norms (1996), aplicáveis ao espaço
público constituem uma chave hermenêutica importante para com-
preender o capitalismo tardio na fase da digitalização, entendendo
esta como uma fase aguda de autonomia sistémica e de crise das
estruturas do mundo da vida que carecem cada vez mais de uma
intervenção reguladora.
I
Um dos elementos determinantes da aproximação à esfera
pública política consiste no facto de a mesma ter a sua génese na
esfera pública literária. Esta aproximação inclui uma perspetiva polí-
tico-cultural em que ganham peso especial na economia conceptual
da obra habermasiana deste período, o livro A Mudança Estrutural
da Esfera Pública (1984); e o conjunto de trabalhos sobre o Estado e
as modernas formas de legitimação (Habermas, 1987, pp. 45-92, orig:
1968; Habermas, 2002/1973; e Habermas, 1983/1976; Cf. Freitag e
Rouanet,1990, pp. 14-15).
SUMÁRIO 106
Encarada como uma espécie de visão enviesada de uma
redenção inatingida, a produção cultural e artística reserva um
momento ambivalente, por um lado, inseparável das suas circuns-
tâncias sociais constituintes, por outro, marcado pela sua autonomia
em face de um campo social de produção meramente considerado
sob perspectiva económica.
SUMÁRIO 107
No domínio da teoria da arte, durante os debates publicados
em 1990 sobre a visita realizada por Habermas a Marcuse em
Starnberg (Freitag e Rouanet 1990, p. 31) na discussão sobre estética,
preferiu, mais uma vez conceitos benjaminianos, aproximando-se
de objetos como o happening e outras manifestações da arte
pós-aurática (surrealismo, pop-arte, dadaísmo) e entendeu que à
aproximação à vida por parte destas formas de arte contribuiu para
a crise de legitimação do capitalismo. Considerou que seria de uma
produção colada à realidade capitalista numa atitude de reformismo
radical e não de “Grande Recusa” – a atitude defendida por Marcuse,
centrada numa arte que mantém a sua distância em relação à vida
como recusa do princípio da realidade – que surgirá a elucidação do
discurso que permite a formação de um novo consenso. Habermas
admitiu, referindo-se às novas performances de vanguarda dos anos
60 e 70, a constituição de novos processos de reconstituição da
esfera política “em que se originará, através de novas relações entre
os grupos, as gerações e os sexos, entre os sujeitos e a natureza,
uma nova formação colectiva da vontade” (cf. Habermas, 1990, p. 13).
SUMÁRIO 108
litania familiar de sintomas patológicos como hedonismo, a falta
de identificação familiar, a ausência de obediência, o narcisismo e
o declínio da competitividade, os quais confirmam os efeitos con-
siderados perniciosos da estética modernista na ethos da família e
do trabalho. Os críticos com que Habermas partilha mais afinidades
assimilam a modernidade estética como um antídoto contra aspec-
tos restritivos da liberdade por parte do sistema económico e admi-
nistrativo e como um elemento de desmotivação dos impulsos do
capitalismo tardio (cf. Ingram, 1991, p. 69). Para os conservadores,
os princípios da contracultura revelam-se incompatíveis com a dis-
ciplina exigida pela vida profissional em sociedade e com uma con-
duta racional orientada para finalidades. Habermas considera que
alguns dos fenómenos detetados pelos conservadores resultam da
intervenção dos sectores administrativo e económico no mundo da
vida do decurso de um processo de modernização societal, cabendo
pouco à contracultura da responsabilidade pelas transformações no
plano dos valores. (cf. Habermas & Ben-Habib, 1981, p.6). Habermas
refere-se à “destruição das formas de vida tradicionais” que resultam
do impacto da monetarização e burocratização da força de trabalho
e das realizações do Estado (Habermas, 2012, v. 2, p. 580).
II
A análise habermasiana infletiu, a partir dos anos 70, na dire-
ção de um conjunto de reflexões filosóficas e antropológicas que
transcenderam a análise empírica das condições sociais, históricas
e culturais concretas favoráveis à participação dos cidadãos. Apesar
da substantiva ausência desse percurso sobre as estruturas cultu-
rais, é possível identificar um enquadramento a partir da reflexão
produzida ainda que se verifique a lacuna de uma história conceptual
sobre a sociologia do espaço público cultural.
SUMÁRIO 109
O conceito de refeudalização do espaço público, típico do
primeiro Habermas, prolongou de certa forma uma visão negativa da
indústria cultural. Sociologicamente, Habermas analisou, de modo
original, o significado histórico e político das transformações estru-
turais da sociedade burguesa percebendo algumas das suas mais
significativas nuances, mas concluiu num diagnóstico teórico que
não escapou à tendência pessimista da Teoria Crítica ainda que sem
a tornar um devir histórico inevitável.
SUMÁRIO 110
se diferenciam do sistema de instituições, ou melhor, dos compo-
nentes sociais do mundo da vida pelos meios “dinheiro” e poder”
(Habermas, 2012, v. 2, p.576).
Quanto ao núcleo institucional da esfera publica é for-
mado pelas redes de comunicação intensificadas pelas
atividades culturais, pela imprensa, e, mais tarde, pelos
meios de comunicação de massa, os quais tornam pos-
sível a participação de um público de pessoas priva-
das na reprodução da cultura e na fruição da arte, bem
como a participação de públicos de cidadãos na integra-
ção social, viabilizada pela opinião pública (Habermas,
vol. 2, 2012, p. 577).
SUMÁRIO 111
III
Há, hoje, muitos indícios de refeudalização do espaço
público e de colonização do mundo da vida: fragmentação e apare-
cimento de câmaras de eco de pensamento consonante, empobre-
cimento da experiência partilhada, privatização maciça da opinião
e declínio das estruturas públicas de conhecimento, generalização
da vigilância por imperativos de eficiência securitária e económica,
datificação dos processos simbólicos a fim de assegurar a sua ins-
trumentalização, empobrecimento da razão comunicativa pública,
colonização do mundo da vida pelos imperativos económicos e fun-
cionais nomeadamente, e, de forma mais notável, os provenientes
do sistema económico.
SUMÁRIO 112
do outro também é constitutiva da ação comunicativa no sentido de
Habermas. “Na acção comunicativa tenho de ter presente a possibi-
lidade de a minha declaração ser posta em causa pelo outro”. (Han,
2022, p. 33). Ora, “pode atribuir-se a crise actual da racionalidade
comunicativa ao metanível de que o outro está em vias de desapare-
cimento. O desaparecimento do outro significa o fim do discurso. Isto
priva a opinião da racionalidade comunicativa.” (Han, 2022, p. 34). A
personalização algorítmica cria um universo de informação fixo em
cada um de nós que altera completamente a maneira como acede-
mos à informação. Quanto mais tempo passado na internet, mais o
tempo de reforço das convicções próprios (Idem, 2022 p. 34-35).
SUMÁRIO 113
constitui o mundo da vida já não é suportado pelos contexto s cul-
turais e as tradições sãos diluídas pela globalização (cf. Han, 2022,
p. 36). Habermas num dos seus últimos ensaios, ao assinalar os 60
anos do livro Mudança Estrutural da Esfera Pública, identificou uma
comunicação encerrada em si própria, fragmentada e semipública
que se espalhou entre os utilizadores dos medias sociais. (Habermas,
2022, p. 146). Para Habermas, uma cultura política constitucional de
jaez liberal exige um “fundo holístico de acção comunicativa “pois
a sua aquisição é em larga medida implícita, “mergulhada numa
extensa e complexa rede de memórias históricas e de crenças, práti-
cas e valores tradicionais presentes de geração em geração graças a
padrões quotidianos de socialização política. Não se trata de fundar
a política exclusivamente na tradição mas de fazer depender o hábito
e a educação politica também da sua inserção no mundo da vida:
uma cultural liberal cujo cerne moral consiste na vontade dos cida-
dãos para reciprocamente reconhecerem outros como concidadãos
e colegisladores no sentido democrático do termo exige uma solida-
riedade cívica e uma prática continuada que não é possível com a
expansão centrífuga de comunicações não editadas nem seleciona-
das profissionalmente (cf. Habermas, 2022, p. 158).Os novos media
e as companhias suas titulares não são responsáveis pelos seus
próprios programas e pelos seus conteúdos não oferecem aos seus
utilizadores qualquer substituto para a seleção profissional ou para
examinação discursiva de conteúdos baseado em padrões cogniti-
vos geralmente aceites (cf. Habermas, 2022, p. 161.).
SUMÁRIO 114
Estes fenómenos estão hoje patentes na forma como são
mobilizados os “utilizadores” de cultura, assim significativamente
designados, a participarem no processo de prestação do serviço nas
tecnologias da informação. A transformação da audiência em mer-
cadorias identificada primitivamente por Dallas Smythe (1977) diag-
nostica uma transformação que resulta do facto de os dados dos
participantes nos debates serem cada vez mais a mercadoria princi-
pal dos produtos culturais da indústria cultural e particularmente das
cultura digitais por força da importância concedida às visualizações.
Desde o princípio do século XX, os produtores investem na atenção
dos consumidores para lhes tornar os seus produtos desejáveis. A
atenção dos consumidores é comprada às companhias de media.
A atenção é vista como uma mercadoria e os media não são vistos
apenas como um elemento da superestrutura, mas como um ele-
mento da cadeia de acumulação de valor (cf. Fisher, 2015, p. 119).
SUMÁRIO 115
psicossocial das emoções e da gratificação individual é predomi-
nante. Num segundo passo, são acoplados ao sistema económico
por força de mecanismos de vigilância que simplificam a extração de
dados que são vendidos a plataformas que lucram com as mesmas
práticas e aos anunciantes que pagam por esses dados para garan-
tirem a colocação o mais personalizada possível dos seus produtos
e da publicidade respetiva. Os cidadãos minimizaram a sua autono-
mia em função do consumo, autorizando que os seus dados sejam
diretamente extraídos se processados por algoritmos em experiên-
cias corporativas e, indiretamente, por mecanismos de regulação
exclusivamente dependentes do mercado e do Estado. Prescindiram
de parte das hierarquias de valor que constituem o próprio espaço
público. O “capitalismo de vigilância”, termo reivindicado por Zuboff,
mobiliza unilateralmente a experiência humana como matéria-prima
gratuita que transforma em dados comportamentais.
Embora alguns desses dados sejam aplicados para
melhorar o produtos e serviços, o restante é declarado
como excedente comportamental do proprietário, alimen-
tando avançados processos de fabricação conhecidos
como “inteligência de máquina” e transformado em pro-
dutos preditivos que antecipam as nossas ações atuais
imediatas e futuras (Cf. Zuboff, 2020, p. 22).
IV DISCUSSÃO
Se a Mudança Estrutural da Esfera Publica consistia um
esforço adicional de atribuição de uma densidade histórica empí-
rica ao processo de racionalização e secularização da vida política e
SUMÁRIO 116
cultural, a verdade é que a conclusão ainda terminava num processo
que fazia lembrar os habituais impasses teóricos da Teoria Crítica.
SUMÁRIO 117
lembrar como condições apriorísticas de um trabalho sobre teoria
democrática que há condições apriorísticas da democracia. Fazem
parte dessas condições de democracia a existência de um certo grau
de universalismo. Não um universalismo desenraizado, abstracto,
alheio às condições concretas de existência concreta, mas a exis-
tência de uma certa dose razoável de universalismo e de uma certa
capacidade de imaginação sobre as pretensões, exigências e cir-
cunstâncias de outrem que permitam a aceitação de regras comuns
de convivência entre diferenças.
SUMÁRIO 118
através do meio poder é visível em países onde vigoram regimes em
que as liberdades individuais são reguladas – para usar um verbo
soft – pelo Estado. Basta pensar na rede social WeChat e no uso
que lhe é dado na República Popular da China. Será que é possí-
vel pensar num capitalismo de vigilância modelo Facebook e num
Capitalismo de Vigilância de Estado Modelo WeChat? De qualquer
modo será possível que as práticas empresariais (como parece acre-
ditar Zoboff ) consubstanciam um modo de produção novo? Apesar
de muito relevantes nem a proposta de Zoboff nem as pertinentes
observações de Chung Bul Han parecem afetar essencialmente as
possibilidades do modelo habermasiano. Não se tratará antes de
diferentes composições de propriedade e de diferentes composições
de modelos de regulação? A existência de diversos modelos de rede
com lógicas muito diversas e muito diversas podem-nos conduzir a
conclusões diferentes:
SUMÁRIO 119
Tal como aconteceu com a automação, e a generalização das
linhas de montagem, existe uma diferença especifica introduzida pela
revolução tecnológica. Todavia, mesmo considerando estas possibi-
lidades, elas podem ser lidas no âmbito de um horizonte de autono-
mia sistémica e de um projecto reificado de colonização extrema do
mundo da vida em graus diferentes pelo dinheiro e pelo poder admi-
nistrativo. Quando o dinheiro e o poder se institucionalizam tornando
possível a diferenciação dos subsistemas económicos e administra-
tivos surgem sociedades modernas com projetos distintos. Isto é
Um caminho de modernização capitalista se abre quando
o sistema económico assume a liderança da sociedade
como um todo, desenvolvendo uma dinâmica de cresci-
mento própria. Ora, o caminho da modernização passa a
ser outro quando sistema de ação administrativo adquire
uma autonomia semelhante em relação ao sistema eco-
nómico, na base de uma estatização dos meios de produ-
ção e do domínio de um único partido institucionalizado
[…] Ora, as crises provocadas no mundo da vida pelos
subsistemas têm duas portas de entrada. Quando o sis-
tema económico é hegemónico, a crise entra pelas eco-
nomias domésticas privadas; quando essa hegemonia é
do aparelho de Estado, a crise entra através das filiações
politicas relevantes (Habermas, 2012, p. 691).
SUMÁRIO 120
remetem para uma poderosa actividade hegemónica do sector eco-
nómico que configura um modelo capitalista típico.
SUMÁRIO 121
do sistema administrativo não esteja em causa. Todavia, parado-
xalmente, parecem reforçar-se as dinâmicas securitárias em detri-
mento das dinâmicas reguladoras do Estado, o que parece sugerir
uma especifica leitura do liberalismo económico que resulta das exi-
gências de competitividade postuladas pelo posicionamento geoes-
tratégico de potência.
SUMÁRIO 122
REFERÊNCIAS
Benjamin, W. 1997. «A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica» in: Walter
Benjamin, Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política, São Paulo, Brasiliense,
pp. 165-196.
Fisher, E, 2015. Audience Labour on social media: Learning from Sponsored Stories In:
Eran Fisher and Christian Fuchs (Eds). Reconsidering Value and Labour in the Digital
Age, Palgrave MacMillan, pp.115-132.
Freitag, B. e Rouanet, S., 1990. «Introdução» in Barbara Freitag e Sérgio Rouanet (orgs.)
Habermas, São Paulo, Ática. pp. 9-67.
Habermas, J., 1990. «Arte e Revolução: Herbert Marcuse» in: Barbara Freitag e Sérgio
Rouanet (orgs.), Habermas, São Paulo, Ática, 1990, pp. 132-138.
Habermas, J., 1987, Técnica e Ciência como «Ideologia” in: Jurgen Habermas, Técnica e
Ciência como Ideologia, pp. 45-92, Lisboa, edições 70.
Habermas, J., 1984. Mudança Estrutural da Esfera Pública,Rio de Janeiro, Edições Tempo
Brasileiro, (Strukturwandel der Öffentlichkeit, 1962).
Habermas, J., 1996. Beetween facts and norms, Cambridge, MIT Press. (Faktizität und Geltung.
Beitragë zur Diskurstheorie des Rechts und des demokratischen Rechsstaats, 1992)
Habermas, J., 1997 Toward a Rational Society: Students protest, Science, and Politics,
Cambridge, Polity Press.
Habermas, J., 2002. A crise de legitimação no capitalismo tardio, São Paulo, Tempo Brasileiro.
SUMÁRIO 123
Habermas, J., 2012 Teoria do agir comunicativo, 2 : sobre a crítica da razão funcionalista. ,
São Paulo, Martins Fontes, 2012 (Orig Thorie Des Kommunikativen Handelns, 1981).
Habermas J. and Ben-Habib, S., 1981. Modernity versus Postmodernity In New German
Critique, No. 22, Special Issue on Modernism (Winter, 1981), pp. 3-14.
Kluge, A. and Negt, O. 1993. Public Sphere and Experience Analysis of the Bourgeois and
Proletarian Public Sphere University of Minnesota Press.
SUMÁRIO 124
6
Daniel H. Cabrera Altieri46
DESINFORMACIÓN,
“VERDAD”
Y AUTORITARISMO
ALGORÍTMICO
DOI: 10.31560/pimentacultural/978-65-5939-953-6.6
La última década a nivel internacional se habla de fake news,
posverdad o desinformación como características del actual sistema
político-comunicacional en relación con la no concordancia a la
“verdad de los hechos”. En su conjunto se refieren a estrategias de
comunicación manipuladora para provocar deterioro de la confianza
pública en favor de unas ideas, un candidato o un grupo político.
En medio de una crisis social de credibilidad hacia las instituciones
de la modernidad y en la desorientación de la sociedad respecto
de los valores normativos heredados, el sistema político populista
ha encontrado, en la desinformación, un camino para un autorita-
rismo algorítmico, es decir un sistema formalmente democrático fun-
cionando con reglas de comunicación y gestión autoritarias. En el
presente texto se busca presentar algunos elementos introductorios
para el debate de la relación entre la desinformación, la “verdad” y la
posibilidad de una democracia.
1. DESINFORMACIÓN ALGORÍTMICA:
¿DECADENCIA DE LA VERDAD?
En 2018 la importante fundación conservadora RAND publicó
un informe titulado Truth Decay. En él se define la “decadencia de la
verdad” como un conjunto de cuatro tendencias relacionadas:
SUMÁRIO 126
Con la identificación de estos cuatro elementos se propone
escapar de una definición filosófica de “verdad” para centrarse en los
fenómenos puestos de moda los años anteriores con los nombre de
fake news y post-truth y que hoy se investigan como “desinformación”.
Antes, en 2016, el Diccionario Oxford había elegido “posverdad” como
palabra del año que califica (en inglés es adjetivo) una situación en la
que “los hechos objetivos son menos determinantes que la apelación
a la emoción o las creencias personales en el modelado de la opinión
publica”. El marco para estas alertas en el mundo anglosajón estaban
acompañadas por la campaña presidencial y por la propia presiden-
cia de Donald Trump (2017-2021) en cuyos días The Washington Post
abrió un contador de fact-checking para señalar las mentiras presi-
denciales en tiempo real (Fact Checker’s ongoing Database).
SUMÁRIO 127
posición. La desinformación se multiplica a gran velocidad por redes
digitales y llega a grandes públicos, sin costos de emisión y sin que
sea punible legalmente.
SUMÁRIO 128
digitales, prácticas comunicacionales en red y una nueva sociedad
llamada “capitalismo informacional” (Castells 1996), “infocracia” (Han
2021) o “sociedades de control” (Deleuze 1991).
2. POLÍTICA Y VERDAD
La teoría política siempre hizo referencia a las creencias y a
la opinión como un problema al que debe enfrentarse. Entre otras
cosas, porque la mentira se utilizó como “una herramienta necesaria
y justificable no sólo para la actividad de los políticos y los demago-
gos sino también para el hombre de Estado” (Arendt 2017: 15) ¿Por
qué ahora de pronto descubrimos el “problema de la verdad” en polí-
tica? En este punto, es necesario hacer referencia al ensayo “Verdad
y Política” de Hannah Arendt por su relevancia.
SUMÁRIO 129
la mentira totalitaria, como hoy la desinformación, busca ajustar los
datos a ella o leerlos de manera aberrante y con una difícil cone-
xión con la realidad.
SUMÁRIO 130
primera, la factual, tiene una significación política porque su objeti-
vidad es apreciable inmediatamente por todos. La otra, la racional,
admite una mayor manipulación al no estar al alcance de cualquiera.
SUMÁRIO 131
ni datos contrastados, sólo sostenidas por la apelación a un mundo
común de creencias alternativas. La invocación de un “nosotros”
perseguido como si de una minoría se tratara aunque, esa es una
estrategia central, constituyen un grupo mayoritario y que, además,
ostenta el poder (económico y/o político).
SUMÁRIO 132
político manifiesta su pretensión de incuestionabilidad e, incluso, de
infalibilidad. Y con ello la autoridad, se convierte en el garante de lo
que debe ser opinado, es decir se transforma en autoritarismo. La
verdad siempre pone límites al discurso político. Uno no está auto-
rizado a opinar cualquier cosa, si al hacerlo pasa por alto los datos
objetivos de la realidad o abandona el terreno de la racionalidad. Por
esta razón, Arendt, reconoce que la verdad factual configura el pen-
samiento político por lo que “las opiniones, inspiradas por pasiones e
intereses diversos, pueden diferenciarse ampliamente y ser legítimas
mientras respeten la verdad factual”.
SUMÁRIO 133
3. COMUNICACIÓN POLÍTICA Y “VERDAD”
La teoría de la comunicación surgió a inicios del siglo XX
como un problema de comunicación política. Nuevos medios masi-
vos de comunicación aparecían desafiando la democracia por, se
suponía, gran poder manipulador de la prensa y la radio. La idea de
que los medios podían inocular con éxito cualquier mensaje en la
población se convirtió en un lugar común. Y, para colmo de males, la
prensa desde décadas anteriores luchaba contra la “prensa amarilla”.
SUMÁRIO 134
nuestra sociedad democrática. Grandes cantidades de
seres humanos deben cooperar de esta suerte si es que
quieren convivir en una sociedad funcional sin sobresal-
tos. A menudo, nuestros gobernantes invisibles no cono-
cen la identidad de sus iguales en este gabinete en la
sombra (Berneys, 2008: 15).
SUMÁRIO 135
medida interfieren con el nuestro”. Además insistía en la creación
de “imágenes mentales” colectivas y que “provocan reacciones por
parte de grupos de personas, o de individuos que actúan en nombre
de grupos” (Lippmann 1964: 30).
SUMÁRIO 136
relaciones de poder en todos los campos de las prácticas sociales,
incluida la práctica política. Su análisis no se refiere a toda la socie-
dad sino a una estructura social concreta, a la sociedad red. Una
estructura social construida alrededor de (pero no determinada por)
las redes digitales de comunicación. Y cuyo análisis realizó en los
tres tomos de la “Sociedad de la Información” (1999).
SUMÁRIO 137
conectado permanentemente. Este ser humano ya no encerrado sino
endeudado es la cara de la instalación progresiva y dispersa de un
nuevo régimen de dominación.
SUMÁRIO 138
del consenso y el orden social. Desde finales de siglo, es el poder
político el que está instrumentalizado por los medios. La mediatiza-
ción de la vida cotidiana y la sociedad ha modificado lo social donde
la presencia de lo distinto, del otro, de lo Otro se ha convertido en
problemas “mas cercanos” en tanto todo está apantalladamente en
nuestras manos, aunque distante en lo experiencial.
4. DESINFORMACIÓN Y
TECNOLOGÍAS ALGORÍTMICAS
SUMÁRIO 139
fenómenos sociales. Y, en segundo lugar, se trata también de com-
prender la disminución de la confianza en las pruebas y la dificultad
para separa hechos de opiniones.
SUMÁRIO 140
Este comportamiento por supuesto, no es nuevo, pero las
plataformas aprovechan estas tendencias humanas de reunirse con
los que piensan lo mismo o tiene gustos similares sabiendo que de
esta manera se tiende a pasar más tiempo juntos en sus sitios y
aplicaciones. En este sentido, se muestra que la comunicación no
es tanto la transmisión de ideas como el compartir espacio-tiempo
ritual de estar juntos en medio de un mundo en conflicto. Lo que no
parecía tan claro en los medios tradicionales (emisores con mensa-
jes unidireccionales) y que está presente en la esfera digital desde
la misma concepción conversacional del diseño de la plataforma,
aplicación o tipo de comunicación. Desde el diseño de interfaz de
usuario se optimiza todo para una navegación fácil, atractiva y adic-
tiva y, en la mayoría de ocasiones, el producto (ya sean aplicaciones,
webs con contenido informativo, redes sociales, etc.) es ofertado de
manera gratuita para facilitar aún más la entrada en “el ritual de la
comunicación”. Las características del enfoque sociotecnológico per-
miten la evolución de las estrategias de marketing basadas en datos
combinando con el microtargeting y el marketing relacional. Gracias
a lo cual se puede combinar una segmentación exhaustiva de los
públicos objetivo de las campañas con sus características psicoló-
gicas y personales. Cuando todo ello se utilizan para la propaganda
política se puede segmentar el público a tal nivel que es posible
adaptar el tono del mensaje y el contenido hasta que es posible que
vecinos reciban mensajes diferentes y totalmente adaptados a su
personalidad para buscar una determinada reacción. Aunque este
tipo de técnicas se utilizaron desde 2012 se ha llegado a un nivel
de sofisticación que hacen que hablar de “ingeniería social” sea una
descripción de la realidad.
4.B.-“INTERFERENCIAS ELECTORALES”
Un ejemplo de lo anterior lo podemos encontrar en algu-
nas de las estrategias de la Unión Europea. El Grupo de Trabajo East
SUMÁRIO 141
Stratcom del Servicio Europeo de Acción Exterior creó en 2015 el
proyecto “EuvsDisinfo” “para predecir, abordar y responder mejor a
las campañas de desinformación de Rusia que afectan a la Unión
Europea”. Su principal objetivo es que el público logre una mayor
conciencia y familiaridad acerca de las operaciones de desinforma-
ción del Kremlin. Junto a ello se propone ayudar a los ciudadanos “a
desarrollar resistencia a la manipulación de la información digital y
de los medios de comunicación”. EUvsDisinfo es un repositorio de
código abierto con capacidad de búsqueda de este tipo en 15 idio-
mas, que cuenta con más de 12.000 muestras de desinformación.
Puede consultarse sus interesantes artículos, análisis y bases de
datos en https://euvsdisinfo.eu/.
SUMÁRIO 142
La tercera categoría es la preparación política mediante, pri-
mero la cooptación de élites mediante relaciones favorables con gru-
pos claves del sector público y privado. En segundo lugar, mediante
la financiación, abierta o encubierta, de partidos o campañas. La
cuarta categoria es la intervención extrema, es decir, el uso del poder
duro para intervenir en los desarrollos políticos y el proceso demo-
crático de un país, a través de una acción militar abierta o encubierta.
5. VERDAD, COMUNICACIÓN
DIGITAL Y POLÍTICA
El actual sistema de autoritarismo amenaza la esfera pública
con su desprecio por la verdad a través de la manipulación algorít-
mica de la comunicación y la sociedad. La verdad es ante todo el
espacio y el tiempo que una sociedad habita y que define conjun-
tamente en la educación y la comunicación. En su lugar, se promo-
ciona y construyen un régimen de creencias con jaculatorias micro-
dirigidas y leyendas de buenos y malos cuyos papeles y rostros cam-
bian constantemente según conveniencia. Conviene recordar que
las creencias, como ha comentado Ortega y Gasset, operan desde
un comienzo cuando se piensa en algo. Son un suelo a-problemático,
una base en la que se está y que permanece allí incuestionable, como
SUMÁRIO 143
una evidencia. Por el contrario una teoría, una idea, requiere ser pen-
sada, necesita ser formulada, discutida, contrastada. El sistema digi-
tal de comunicación facilita la tarea de refuerzo del suelo en el que
se está. Creencias, sospechas, leyendas apoyan el sesgo de confir-
mación del usuario. Podría también servir para convertir en hipótesis
para pensar pero para ello hace falta una educación que rompa con
la inercia del consumo a-crítico. Una población cada vez más conec-
tada pero, también, más aislada del debate publico constituye una
oportunidad para un sistema político con el mayor de los desprecios
por el conocimiento y el debate publico racional. La comunicación
algorítmica que hasta ahora parece una aliada para la arbitrariedad
autoritaria, podría ser también la oportunidad para una nueva educa-
ción ciudadana centrada en la conversación crítica y racional.
BIBLIOGRAFÍA
Arendt, Hannah (2017) “Verdad y política” en Verdad y mentira en política, Barcelona,
Página Indómita, Barcelona.
Cabrera Altieri, Daniel H. (2021) “El algoritmo como imaginario social” ZER: Revista
de Estudios de Comunicación = Komunikazio Ikasketen Aldizkaria, 26(50). https://doi.
org/10.1387/zer.22206.
SUMÁRIO 144
Han, Byung.Chul (2021) Infocracia. La digitalización y la crisis de la democracia, Madrid, Taurus
Lippmann, Walter (1964) La opinión publica, Buenos Aires, Compañía General Fabril Editora.
Pariser, Eli (2017) El filtro burbuja. Como la red decide lo que leemos y lo que pensamos,
Barcelona, Taurus.
SUMÁRIO 145
7
Gil Baptista Ferreira
Instituto Politécnico de Coimbra
EM QUEM CONFIAR?
COMUNICAR CIÊNCIA
EM TEMPOS DE DESINFORMAÇÃO
DOI: 10.31560/pimentacultural/978-65-5939-953-6.7
INTRODUÇÃO:
DA PANDEMIA À INFODEMIA
A pandemia de COVID-19 aumentou a relevância da ciên-
cia nas reportagens, no discurso dos media sociais e nos processos
de formulação de políticas, mais do que muitos outros eventos na
história recente: virologistas tiveram destaque em jornais, indivíduos
comuns discutiram conselhos médicos em sites de redes sociais e
políticos discutiram sobre as últimas evidências epidemiológicas em
debates parlamentares. A elevada importância da expertise cien-
tífica reacendeu as discussões sobre como as sociedades devem
comunicar sobre a ciência para garantir que as decisões individuais
e políticas sejam baseadas nas “melhores evidências disponíveis” –
e para explicar barreiras a essa comunicação, como a desconfiança
do público em relação aos cientistas e uma suposta superabundân-
cia de informações falsas e enganosas, descrita como “infodemia”
(Mede, 2022; Longstaff, 2005).
SUMÁRIO 147
uma das principais ameaças às nossas sociedades, nas suas diversas
dimensões (Howell, 2013). Encontram-se hoje identificados múltiplos
fenómenos de desinformação associados às plataformas de redes
sociais. Com efeito, caraterísticas como a abertura, a generalização do
acesso e a diminuição dos mecanismos de controlo, combinados com
automatismos de difusão massiva e/ou seletiva, vieram facilitar a cria-
ção e a disseminação de conteúdos de natureza diversa, geradores de
informações falsas, desde rumores e boatos não verificados a notícias
mal redigidas, conteúdos intencionalmente falsos ou ainda discursos
contrários às evidências científicas.
SUMÁRIO 148
e originando comportamentos de risco (Allington et al., 2020).
Indivíduos que se definem como especialistas interagem através
redes sociais ou páginas web para informar sobre a doença, com
relatos relativos à sua prática clínica - ora argumentando que a
COVID-19 não provoca sintomas piores que uma gripe leve e, por-
tanto, não é um perigo para a saúde, ora desvendando realidades
assustadoras que os media profissionais ocultam. Para observado-
res propensos a crenças conspiratórias, mensagens deste tipo fun-
cionam como mecanismo de confirmação de suposições já laten-
tes (Goreis & Kothgassner, 2020). No todo que formam, as crenças
conspirativas online sobre a COVID-19 surgem expressas como um
“surto”, como a última onda de um “dilúvio de informações confli-
tantes, desinformação e informações manipuladas nas redes sociais”
(Allington et al., 2020, p. 1). Consideramos, assim, que a maior vítima
da desinformação científica é o público, muitas vezes exposto a dile-
mas agravados pela confusão, pelo conflito e por teorias da conspi-
ração que circulam nas plataformas de notícias.
SUMÁRIO 149
estará positivamente associada a negligência na prevenção e a relu-
tância em relação a medidas de proteção (Barua et al., 2020), fatores
que, por si só, contribuem para o aumento de desfechos fatais.
SUMÁRIO 150
O papel dos media, neste processo, não é negligenciável. A
disseminação de perspetivas críticas, hostis e populistas contra o
conhecimento científico encontra-se intimamente ligada à ecologia
dos media contemporâneos (Mede, 2023). Enquanto os media jorna-
lísticos tradicionais tentaram adaptar as suas funções e a sua missão
a um contexto em rápida evolução, as redes sociais e as “notícias
alternativas na Internet” distinguem-se pelo viés específico que con-
ferem aos acontecimentos. Mesmo quando não se trata de “notícias
falsas” potencialmente perigosas e de teorias da conspiração, parti-
lham predominantemente mensagens com um forte tom crítico, até
mesmo anti-sistémico, opondo-se à visão dos media mainstream e
do establishment político. De um modo muito estrito, alguns auto-
res referem o surgimento de um populismo pandémico, que, neste
período, vem contribuindo para a consolidação de “visões contradi-
tórias, ameaçadoras e desconfiadas do mundo”. Perante este quadro,
faz parte dos esforços da pesquisa académica analisar as patologias
comunicativas que se desenvolveram paralelamente à pandemia, e
populismo
procurar identificar conexões e padrões generalizáveis de
pandémico que, assinale-se, parecem co-evoluir com a propagação
do próprio vírus (Boberg et al., 2020).
REVISÃO DA LITERATURA
POPULISMO
A generalidade da literatura identifica um certo entendi-
mento de “povo” como o elemento mais importante da ideologia
populista. Desde logo, o povo é concebido como um grupo homo-
géneo ou monolítico, bom por natureza e detentor de todo um vasto
reportório de atributos positivos - pureza, sabedoria ou autenticidade
SUMÁRIO 151
(Albertazzi & McDonnell, 2008, p.6). Intimamente relacionado com
o povo encontra-se o conceito de soberania popular, que define o
povo como o soberano político legítimo e último, numa espécie de
versão renovada (e não fiel) da ideia de vontade geral proposta por
Rousseau. Na aceção populista, a soberania popular é uma premissa
central para o funcionamento da democracia – sem a qual o seu
funcionamento estará condicionado. É a partir deste argumento que
o discurso populista denuncia a figura das elites, que mais do que
acusadas de não representarem a vontade do povo, são responsa-
bilizadas por traírem essa mesma vontade, e desse modo retirarem
ao povo o seu direito legítimo de exercer o poder. As elites são ainda
acusadas de cumplicidade com outros externos ao povo, que favo-
recem em prejuízo das pessoas comuns. O “outro” em oposição ao
“povo” pode ser definido de diversas formas, a que correspondem
diferentes versões de populismo. De um modo genérico, o populismo
implica a oposição entre os cidadãos comuns e um establishment
(sistema) corrupto (Mudde, 2004). Algumas formas de populismo
acentuam perfis mais específicos de exclusão: grupos difusamente
apontados como externos à comunidade (refugiados ou emigrantes,
mas igualmente minorias étnicas, de género ou económicas), que,
entre outros aspetos, são acusados de privarem o povo nativo do seu
capital económico, simbólico e cultural (Mazzoleni, 2003).
SUMÁRIO 152
são os que apoiam uma visão da vida social e política organizada e
expressa dentro dessa ideologia (Schulz et al., 2017). De um modo
mais concreto, os indivíduos com sentimentos populistas mostram
atitudes anti-elites e censuram a classe política, ou outras detento-
ras de poder, que acusam de terem perdido o contacto com o povo,
e não atenderem aos seus problemas e interesses. Além disso, os
cidadãos com sentimentos populistas exigem soberania popular ili-
mitada, de um modo que, nas suas formas mais extremas, permita
submeter, sem restrições, elementos democráticos liberais ou direi-
tos de minorias à expressão da soberania popular maioritária. Por
fim, estes indivíduos partilham a imagem mitificada do povo como
um grupo homogéneo e virtuoso, uma entidade coerente, honesta,
inerentemente boa, com os mesmos valores e interesses.
SUMÁRIO 153
por todo o Ocidente. Para os cidadãos com sentimentos populistas,
aquilo que que seria uma forma saudável de ceticismo em relação
aos media foi, progressivamente, substituído por um discurso de
desconfiança em relação aos media profissionais, que deliberada-
mente atuam contra os interesses do povo (Schulz, Wirth & Müller,
2018). Estudos que combinam variáveis de exposição seletiva e de
ceticismo em relação aos media (Stroud, 2008; Tsfatsi & Cappella,
2003) sugerem que os indivíduos com sentimentos populistas ten-
dem a afastar-se dos media informativos mainstream, que acusam de
mentir e de serem próximos das elites políticas.
SUMÁRIO 154
(2017) revelou que publicações populistas, que atribuíram a respon-
sabilidade por problemas sociais a imigrantes e a minorias, ativaram
atitudes negativas em relação a esses grupos.
SUMÁRIO 155
COVID-19 E DISCURSO ANTI-CIÊNCIA
O atual contexto, atravessado por uma crise pandémica
com consequências nas múltiplas dimensões da vida social (desde
o plano puramente sanitário ao campo económico, laboral, afetivo,
social), veio sublinhar a importância de analisar a relação entre
populismo e desinformação, e o modo como esta relação se desen-
volve nos novos canais de comunicação. São diversos os estudos
que têm vindo a valorizar o papel das redes sociais como foco de
desinformação. Entre eles, de um modo mais específico, Valenzuela
et al., (2019) sugerem a existência de uma associação positiva entre
a utilização de redes sociais social e a partilha de informações incor-
retas. Anspach e Carlson (2018) assinalaram uma maior propensão
nos utilizadores de redes sociais como o Twitter e o Facebook para
serem mal informados, tendendo, depois, a “relatar informações fac-
tualmente incorretas” (p. 697). A partir de dados recolhidos muito
recentemente, já durante a pandemia COVID-19, Allington et al.,
(2020) verificaram que quanto maior a dependência do Twitter, do
Facebook ou do YouTube como fontes principais de informação, mais
provável é a aceitação das diversas teorias da conspiração relacio-
nadas com a pandemia.
SUMÁRIO 156
organizações do sistema ou de indivíduos poderosos, deste modo
revelando segredos e histórias ocultas (Craft, Ashley, & Maksl, 2017).
É com estas qualidades que este tipo de conteúdos atrai maior aten-
ção e alcança níveis mais elevados de disseminação (Peter & Koch,
2019; Uscinski & Parent, 2014). Associado a isto, outros estudos
sugerem que a utilização excessiva das redes sociais tende a criar
fadiga dessas mesmas redes sociais, e, em consequência, a tornar os
indivíduos menos propensos a validarem a veracidade das notícias
que partilham (Ravindran, Yeow Kuan, & Hoe Lian, 2014). Estudos
posteriores não apenas confirmaram esta perceção, como observa-
ram uma associação positiva entre o uso excessivo de redes sociais,
a fadiga que daí resulta, e a partilha online de notícias falsas (Talwar,
Dhir, Kaur, Zafar e Alrasheedy, 2019).
SUMÁRIO 157
conteúdos online: indivíduos com mais tempo livre, isolados e com
acesso à Internet. A partir deste quadro, Freeman et al., (2020) cons-
tataram que uma minoria significativa da população suporta visões
excessivamente céticas, incluindo crenças conspiratórias falsas, em
relação às explicações oficiais sobre a pandemia COVD-19. Essas
ideias encontram-se ligadas a teorias da conspiração pré-existentes,
a uma menor conformidade com as orientações do governo e a um
maior ceticismo em relação às estratégias propostas pelas entidades
responsáveis pela saúde.
SUMÁRIO 158
Segue-se, de modo breve e em síntese, o enquadramento
e a identificação das variáveis e das questões de pesquisa for-
muladas nesse estudo.
SUMÁRIO 159
Q2: Sentimentos populistas possuem impacto negativo na con-
fiança na capacidade de resposta do Serviço Nacional de
Saúde à crise pandémica?
RESULTADOS:
POPULISMO, FONTES DE INFORMAÇÃO
E NARRATIVAS ANTI-CIÊNCIA
Ao revelar uma categorização de 34% de indivíduos com ati-
tudes populistas, a amostra estudada identifica um valor significativa-
mente baixo, se tivermos como referência dados de outros estudos.
Dados do Digital News Report 2019, do Reuters Institute for the Study
of Journalism, com as mesmas medidas, mostram um valor de 73%
para o nosso país. Mesmo para o país identificado com menor valor
de atitudes populistas, a Dinamarca, o valor encontrado é de 42%,
8 pontos percentuais acima dos dados encontrados neste estudo.
Consideramos como hipótese explicativa algum enviesamento da
amostra, devido à sua dimensão e à metodologia da sua construção
(técnica “bola de neve”). Mas, sobretudo, levamos em consideração o
facto de as atitudes terem sido medidas numa situação muito espe-
cífica de crise. Dados da atualização da primavera do Edelman Trust
SUMÁRIO 160
Barometer (2020), dedicados à confiança durante a pandemia COVID-
19, revelam uma mudança notável face a dados de janeiro: a confiança
no conjunto dos governos estudados subiu em 11 pontos percentu-
ais, tornando-os a instituição mais confiável pela primeira vez nos 20
anos de estudos desenvolvidos por este centro. Os dados do estudo
relevam, contudo, uma menor confiança na forma como o Governo se
encontra a gerir a situação de crise pandémica por parte dos indiví-
duos com sentimentos populistas, em comparação com os indivíduos
com sentimentos mainstream (54%-68%), e, igualmente, um menor
grau de confiança na capacidade de resposta do Serviço Nacional
de Saúde (47%-61%). As diferenças de pontos percentuais indicadas,
exatamente 14 pp em ambos os casos, possuem significado estatís-
tico, e permitem responder afirmativamente às Questões de Pesquisa
1 e 2, sobre o impacto dos sentimentos populistas na confiança nas
instituições sociais (política e sanitária), apesentando, desse modo,
consonância com as referências identificadas na literatura.
SUMÁRIO 161
Igualmente, a análise do comportamento dos indivíduos
quando confrontados com as teses que associámos a teorias da
conspiração relevou resultados em linha com outros resultados
que citamos ao longo deste estudo. Designadamente: em relação
à crença conspirativa/anti-ciência “O coronavírus é uma arma bio-
lógica chinesa desenvolvida no Instituto de Tecnologia de Wuhan”
verifica-se a sua rejeição maioritária por parte dos indivíduos que
tiveram como fonte principal qualquer dos meios, exceto os que ele-
geram as redes sociais, situação em que há uma igual percentagem
de aceitação e rejeição (50% cada). Deve ainda assinalar-se que
os valores de rejeição são particularmente elevados nos meios que
implicam uma maior seletividade e uma atitude ativa na procura da
informação ( jornais digitais, 82,5%, e pesquisas na internet, 83,3%),
face aos meios de informação cujo consumo é tendencialmente pas-
sivo e acidental (televisão e redes sociais). O teste estatístico rea-
lizado comprovou a existência de uma associação com significado
entre as variáveis “fonte” e “desinformação”, positivamente correla-
cionadas. Estes dados validam a Hipótese 2, que sugere a associação
entre a utilização das redes sociais como fonte principal de infor-
mação sobre a COVID-19 e a aceitação de conteúdos associados
a teorias de conspiração/anti-ciência sobre a mesma problemática.
EM QUEM CONFIAR?
Os resultados alcançados apontam para várias perceções,
que atravessam e unem os conceitos que intitulam o presente estudo:
em quem confiar, perante a cacofonia discursiva e contraditória, em
que na aparência os discursos de contradizem e equivalem? Em
tempos de pandemia, acabados de entrar no estado de emergên-
cia, maioritariamente confinados, os indivíduos questionados consu-
miram informação em todas as fontes disponíveis (televisão, redes
SUMÁRIO 162
sociais, jornais digitais e Internet), mas atribuíram maior credibilidade
aos meios de informação convencionais – à televisão e aos jornais.
As redes sociais, apesar de regularmente consultadas, mereceram
a confiança de uma minoria. Destacamos o papel determinante que
continua a ser atribuído pelos indivíduos aos mediadores profissio-
nais – apesar da torrente contínua de informação a que são expos-
tos, de diversas formas, a televisão continua a ser a fonte de infor-
mação de referência, e os jornais digitais suplantam largamente a
importância que atribuem à informação sem filtragem profissional e
deontológica que atravessa as redes sociais. Podemos assim sugerir
a existência de elementos que apontam para competências de lite-
racia digital – ao verificar-se a atribuição de uma hierarquia na infor-
mação – com o jornalismo obter maior credibilidade face à veiculada
pelas redes sociais.
SUMÁRIO 163
Nacional de Saúde acompanham a maior percentagem de aceitação
de desinformação e o perfil de seleção de fontes. Em consequência,
estes indivíduos encontrar-se-ão numa situação de maior vulnera-
bilidade perante o surto infodémico a que são expostos. São estes
indivíduos os que menos rejeitam teorias falsas, neste caso sobre
a pandemia, sobre as suas causas e sobre a sua natureza. De uma
forma muito concreta, os dados deste estudo confirmam uma perce-
ção relativamente estabilizada: que quando usadas como fonte de
informação, as redes sociais podem representar um importante risco
para a saúde pública, na medida em que nelas se desenvolvem dois
papeis interligados, com consequências não negligenciáveis: o papel
de disseminador de crenças falsas e conspiratórias e o de descredi-
bilização de mensagens oficiais de combate à doença.
SUMÁRIO 164
literacia mediática que dotem os indivíduos de mecanismos de aferi-
ção da credibilidade das fontes de informação. Sabendo que as cren-
ças conspirativas podem ser facilmente disseminadas através das
redes sociais, atuar sobre grupos que têm maior probabilidade de
obter informações nas redes sociais afigura-se como positivo para
quebrar esse círculo vicioso de desinformação.
SUMÁRIO 165
ignorar que um certo grau de escrutínio público da ciência não deixa
de ser um importante contributo para o funcionamento de qualquer
democracia, sempre dependente de freios e de contrapesos a aplicar
aos decisores e aos responsáveis pela produção de conhecimento.
BIBLIOGRAFIA
Albertazzi, D., & McDonnell, D. (Eds.) (2008). Twenty-first century populism: The spectre
of Western European democracy. Basingstoke: Palgrave.
Allington, D., Duffy, B., Wessely, S., Dhavan, N., Rubin, J. (2020). Health-protective
behaviour, social media usage and conspiracy belief during the COVID-19 public health
emergency. Psychological Medicine 1–7. doi: 10.1017/S003329172000224X.
Anspach, N. M., & Carlson, T. N. (2018). What to believe? Social media commentary and
belief in misinformation. Political Behavior, 1-22. DOI: 10.1007/s11109-018-9515-z.
Barua, Z., Barua, S., Aktar, S. et al. (2020). Effects of misinformation on COVID-19 individual
responses and recommendations for resilience of disastrous consequences of
misinformation, Progress in Disaster Science. doi:10.1016/j.pdisas.2020.100119.
Bennett, W. L., & Manheim, J. B. (2006). The one-step flow of communication. Annals of
the American Academy of Political & Social Science, 608, 213–232.
Boberg, S. & Quandt, T. & Schatto-Eckrodt, T. & Frischlich, L. (2020). Pandemic Populism:
Facebook pages of alternative news media and the Corona crisis - a computational
content analysis. Muenster Online Research (MOR) Working Paper 1.
Canovan, M. (1999). Trust the people! Populism and the two faces of democracy. Political
Studies, 47, 2–16. doi:10.1111/1467-9248.00184.
Canovan, M. (2002). Taking politics to the people: Populism as the ideology of democracy.
In Y. Mény & Y. Surel (Eds.), Democracies and the populist challenge (pp. 25–44).
Basingstoke: Palgrave.
Chen, X., Sin, S. C. J., Theng, Y. L., & Lee, C. S. (2015). Why students share misinformation
on social media: Motivation, gender, and study-level differences. The Journal of Academic
Librarianship, 41(5), 583-592.
SUMÁRIO 166
Craft, S., Ashley, S., & Maksl, A. (2017). News media literacy and conspiracy theory
endorsement. Communication and the Public, 2(4), 388-401.
Douglas, K. M., & Sutton, R. M. (2008). The hidden impact of conspiracy theories:
Perceived andactual influence of theories surrounding the death of Princess Diana. The
Journal of Social Psychology, 148, 210–222. https://doi.org/10.3200/SOCP.148.2.210-222.
Edelman Trust Barometer Spring Update: Trust and the Covid-19 Pandemic (2020). In
https://www.edelman.com/research/trust-2020-spring-update (28/11/2020).
Freeman, D., Waite, F., Rosebrock, L., Petit, A., Causier, C., East, A., Lambe, S. (2020).
Coronavirus conspiracy beliefs, mistrust, and compliance with government guidelines in
England. Psychological Medicine, 1-13. doi:10.1017/S0033291720001890.
Garrett, L. (2020). COVID-19: the medium is the message. The Lancet, 395, 942–943.
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30600-0.
Goreis, A., & Kothgassner, O. D. (2020). Social Media as Vehicle for Conspiracy Beliefs on
COVID-19. Digital Psychology, 1(2), 36–39. https://doi.org/10.24989/dp.v1i2.1866.
Hameleers, M., Bos, L., & Vreese, C. H. d. (2017). Shoot the messenger? The media’s role
in framing populist attributions of blame. Journalism. Advance online publication. doi:
10.1177/1464884917698170.
Krämer, B. (2014). Media populism: A conceptual clarification and some theses on its
effects. Communication Theory, 24, 42–60. doi:10.1111/comt.12029.
Kriesi, H. (2014). The populist challenge. West European Politics, 37(2), 361–378.
SUMÁRIO 167
Longstaff, P. H. (2005). Security, resilience, and communication in unpredictable
environments such as terrorism, natural disasters and complex technology. Harvard
University and the Center for Information Policy Research, Cambridge, Massachusetts, USA.
Matthes, J. & Schmuck, D. (2017). The effects of anti-immigrant right-wing populist ads on
implicit and explicit attitudes: A moderated mediation model. Communication Research,
44 (4), 556–581. doi:10.1177/0093650215577859.
Mede, N.G. (2022). “Science communication in the face of skepticism, populism, and
ignorance: What ‘don’t look up’ tells us about science denial — and what it doesn’t,”
Journal of Science Communication, 21(05).
Peter, C., & Koch, T. (2019). Countering misinformation: Strategies, challenges, and
uncertainties. SCM Studies in Communication and Media, 8(4), 431-445.
Pew Research Center (2018). “In Western Europe, Public Attitudes Toward News Media
More Divided by Populist Views Than Left-Right Ideology.”In: www.pewresearch.org.
Ravindran, T., Yeow Kuan, A. C., & Hoe Lian, D. G. (2014). Antecedents and effects of social
network fatigue. Journal of the Association for Information Science and Technology,
65(11), 2306-2320.
Sahni H. & Sharma, H. (2020). Role of social media during the COVID-19 pandemic:
Beneficial, destructive, or reconstructive?. Int J Acad Med 2020;6:70-5. doi: 10.4103/IJAM.
IJAM_50_20.
SUMÁRIO 168
Schulz, A., Wirth, W. & Müller, P. (2018). We are the people and you are fake news: A social
identity approach to populist citizens’ false consensus and hostile media perceptions.
Communication Research. doi:10.1177/0093650218794854.
Stroud, N. J. (2008). Media use and political predispositions: Revisiting the concept of
selective exposure. Political Behavior, 30(3), 341–366.
Talwar, S., Dhir, A., Kaur, P., Zafar, N., & Alrasheedy, M. (2019). Why do people share fake
news? Associations between the dark side of social media use and fake news sharing
behavior. Journal of Retailing and Consumer Services, 51, 72-82.
Tsfati, Y. & Cappella, J. N. (2003). Do people watch what they do not trust? Exploring the
association between news media skepticism and exposure. Communication Research,
30, 504–529. doi:10.1177/0093650203253371.
Uscinski, J. E., & Parent, J. M. (2014). American conspiracy theories. Oxford, UK: Oxford
University Press.
Vaccari, C. & Valeriani, A. (2015). Follow the leader! Direct and indirect flows of political
communication during the 2013 Italian general election campaign. New Media & Society,
17(7), 1025–1042.
Valenzuela, S., Halpern, D., Katz, J. E., & Miranda, J. P. (2019). The paradox of participation
versus misinformation: Social media, political engagement, and the spread of
misinformation. Digital Journalism, 7(6), 802-823.
Vraga, E., Tully, M., & Bode, L. (2020). Empowering Users to Respond to Misinformation
about Covid-19. Media and Communication, 8(2), 475-479. doi:http://dx.doi.org/10.17645/
mac.v8i2.3200.
Wu, L., Morstatter, F., Carley, K.M. & Liu, H. (2019). Misinformation in Social Media:
Definition, Manipulation, and Detection. SIGKDD Explorations, 21, 80-90. doi: https://doi.
org/10.1145/3373464.3373475.
SUMÁRIO 169
8 Bruno Araújo
DA NORMALIZAÇÃO
ELEITORAL DO BOLSONARISMO
À PERVERSIDADE
PRESIDENCIAL NA PANDEMIA:
POPULISMO, MEDIA E DESINFORMAÇÃO NO BRASIL
DOI: 10.31560/pimentacultural/978-65-5939-953-6.8
INTRODUÇÃO
Em um bonito dia de sol, a Verdade e a Mentira se encontra-
ram à beira de um poço. A Mentira convidou a Verdade para entrarem
juntas na água cristalina e desfrutarem da sua calmaria refrescante.
De início, a Verdade desconfiou e recusou a proposta. A Mentira, no
entanto, entrou no poço e insistiu: está muito refrescante! Venha!
Mesmo temerosa, a Verdade se deixou convencer; despiu-se e mer-
gulhou nas águas. Sem perder tempo, antes mesmo de a Verdade
levantar-se do primeiro mergulho, a Mentira saiu rapidamente do
poço, vestiu as roupas da Verdade e fugiu. Vendo o que acontecera, a
Verdade ficou furiosa e decidiu ir atrás da traidora, nua como estava;
queria recuperar suas vestes e denunciar a Mentira ao mundo. No
percurso, quando foi explicar às pessoas o que se passara, em vez do
apoio, a Verdade recebeu hostilidade. Sem darem a mínima impor-
tância ao que a Verdade lhes dizia, as pessoas olhavam-na escan-
dalizadas e, com desprezo, negavam-lhe ajuda. Elas odiaram ver a
Verdade naquele estado — nua e crua. Incompreendida e humilhada
pela falsa moral pública, a Verdade voltou para o poço e desapareceu
para sempre. Desde então, é a Mentira que vagueia pelo mundo; com
as roupas da Verdade, engana e confunde as pessoas, que sequer a
questionam; preferem conviver com a fraude disfarçada a admitir a
difícil crueza da verdade.
SUMÁRIO 171
hodiernas, como o ressurgimento dos populismos autoritários, que
buscam confundir mentira e verdade deliberadamente, apostando
na desinformação como mecanismo de ação política.
SUMÁRIO 172
corrói o espaço público e impede a própria existência de uma vida
política digna. Sem a devida separação entre o que é factual e o que
se destina a fraudar o real, as pessoas perdem os referenciais que
orientam a sua ação no mundo, comprometendo aquilo que as dife-
rencia de outros seres vivos, justamente a ação política. É que o agir,
sempre político — razão da nossa existência, na filosofia de Arendt —
depende do apego ao factual e ao exercício do pensar. Quanto este
perde força, e as pessoas abrem mão do pensamento, criam-se as
condições para a emergência do mal banalizado entre nós. De um
contexto assim é que os autoritarismos se nutrem e se fortalecem;
os seus vocalizadores encontram, nesse vácuo civilizatório, as condi-
ções políticas que os normalizam e legitimam. Como tal, confundir o
factual com a fraude, introduzindo o ódio como afeto político central,
é questão essencial do projeto autoritário que hoje assola o mundo e
que pode ferir de morte a vida democrática.
SUMÁRIO 173
de boas ideias para tornar comum o conhecimento científico desen-
volvido na Universidade, sob múltiplos formatos, o Seminário
Internacional promoveu um profícuo diálogo de docentes e discen-
tes de ambos os Programas de pós-graduação com outros pesqui-
sadores e pesquisadoras de Brasil, Portugal, Espanha e México. Os
organizadores estimularam a construção de uma teia de pensamen-
tos críticos e um repositório de potentes contribuições científicas
cuja memória permanece no canal do PPGCOM no Youtube e agora
se materializa também nesta obra.
SUMÁRIO 174
mundo afora neste início de século, a par da indispensável regula-
ção das plataformas de media sociais. Creio que, com isso, consiga
estabelecer não apenas uma conexão com as reflexões feitas no
Seminário, particularmente no eixo Democracia, mas também pro-
mover um prolongamento de discussões essenciais para a compre-
ensão do tempo presente, inspirado pelas boas provocações feitas
por aqueles a quem tivemos a oportunidade de ouvir.
SUMÁRIO 175
são marcadas por realinhamentos políticos em função da centrali-
dade de certos temas, como a corrupção ou uma grave crise econô-
mica, razão pela qual tendem a levar parcelas expressivas do eleito-
rado a se afastarem de partidos do sistema, beneficiando outsiders,
ou líderes com pouca expressão.
SUMÁRIO 176
a presidente reeleita sofreria inúmeros revezes políticos. As mani-
festações da direita se acirraram e, logo em seguida, o Congresso
Nacional votou um controverso processo de impeachment, em
2016, com o apoio de grandes veículos de imprensa (Guazina; Prior;
Araújo, 2019) e sem nenhuma reação do Supremo Tribunal Federal.
Em seguida, o Brasil passou por um período de forte instabilidade,
para o qual colaboraram instituições que deveriam zelar pela integri-
dade institucional do país, como setores do Judiciário, do Ministério
Público e da imprensa (Albuquerque, 2021).
SUMÁRIO 177
Em boa parte das ações da Lava Jato, a imprensa atuou como
caixa de ressonância dos procuradores de Curitiba, vocalizando, sem
nenhum comedimento, tudo o que eles apresentavam. O oficialismo
da cobertura, a recusa ao escrutínio crítico, somado a uma espé-
cie de fetiche pelo escândalo, impediram que mesmo as anomalias
mais visíveis fossem criticadas. A passividade jornalística diante da
Operação Lava Jato levou repórteres de grandes veículos a tomarem
como verdade inquestionável tudo o que o grupo de investigadores
enviava às redações, num exemplo de instrumentalização mútua, já
que ambos os lados retiravam dividendos daquela relação.
50 “Condução coercitiva de ex-presidente Lula foi ilegal e inconstitucional”. Disponível em: https://
www.conjur.com.br/2016-mar-04/streck-conducao-coercitiva-lula-foi-ilegal-inconstitucional.
Acesso em: 25 jun. 2023.
SUMÁRIO 178
que dura até hoje, e que abriu espaço à emergência de lideranças
iliberais, desde Sílvio Berlusconi até Giorgia Meloni.
SUMÁRIO 179
De toda sorte, é possível argumentar que forças do sistemas
político, como o Congresso Nacional no impeachment contra Dilma,
do sistema judicial, com a paralisia bastante longa do Supremo ante
as arbitrariedades da Lava Jato, e do campo mediático, que operou
de forma a legitimar práticas inaceitáveis em democracia, tornando
o tema da corrupção a questão central da vida política nacional, tive-
ram papel relevante na criação da conjuntura política e discursiva
que permitiu a eleição do bolsonarismo em 2018.
SUMÁRIO 180
Como se verifica, os autores argumentam que, para além das
elites, que podem ser políticas, econômicas, mediáticas ou culturais
(dentro das quais estão artistas, cientistas e outras instâncias produ-
toras de conhecimento), o populista se insurge contra os outros peri-
gosos. Esses dizem respeito a todos aqueles que não se enquadram
na noção de povo puro e que ameaçariam a sua integridade, os seus
valores ou identidade. Incluem-se, no grupo dos outros, minorias étni-
cas, religiosas, de gênero, ONGs, pessoas que cometeram crimes, ou
mesmo certos grupos políticos quando identificados de modo este-
reotipado como ameaça à nação. Poucos dias antes de ser eleito,
Bolsonaro chegou a prometer, em manifestação pública, que varreria
“esses radicais vermelhos” do país51. De acordo com o populista, os
out-groups — entendidos como verdadeiros estrangeiros internos —
agiriam em conluio com as elites, ou seriam por elas beneficiados,
em seu plano de dominação do povo (Engesser et al., 2016).
51 “Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria”, diz Bolsonaro. Disponível em: https://
veja.abril.com.br/brasil/esses-marginais-vermelhos-serao-banidos-de-nossa-patria-diz-bolsonaro.
Acesso em: 12 jun. 2023.
SUMÁRIO 181
ordem “Supremo é o Povo”, como se maiorias circunstanciais pudes-
sem sobrepor-se aos ditames da Constituição Federal, num exem-
plo de como o populismo distorce a dinâmica da democracia liberal.
Nada disso pode ser dissociado dos acontecimentos de 8 de janeiro
de 2023, quando apoiadores de Bolsonaro, inconformados com o
resultado eleitoral de 2022, invadiram as sedes do Três Poderes, em
Brasília. O ataque às instituições, ao longo de quatro anos, produziu
um efeito lesivo à ordem democrática, que começou, como referi-
mos, a ser fraturada nas crises anteriores a Bolsonaro, mas se apro-
fundou de forma virulenta durante a sua presidência.
SUMÁRIO 182
um comentário seu sobre a crise no país: “E, daí? Não sou coveiro”.
Naquele dia, o Brasil somara mais de dois mil mortos pela doença52.
52 “Não sou coveiro, tá?”, diz Bolsonaro ao responder sobre mortos por coronavírus. Disponível em:
https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/04/20/nao-sou-coveiro-ta-diz-bolsonaro-ao-responder-
sobre-mortos-por-coronavirus.ghtml. Acesso em: 30 jun. 2023.
SUMÁRIO 183
Até dezembro de 2020, o Brasil só havia estabelecido
acordo com a AstraZeneca para a realização de transfe-
rência de tecnologia para a Fiocruz. Nesse contexto, fica
claro o processo de fragilização do Programa Nacional de
Imunizações durante a pandemia da COVID-19 no Brasil
(Maciel et al., 2022, p. 953).
53 “Não cheguei à Presidência para perder para esses urubus”, diz Bolsonaro em novo ataque à imprensa.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/04/nao-cheguei-a-presidencia-para-perder-
-para-esses-urubus-diz-bolsonaro-em-novo-ataque-a-imprensa.shtml. Acesso em: 9 jun. 2023.
54 Veículos de comunicação formam parceria para dar transparência a dados de Covid-19. Disponível
em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/06/08/veiculos-de-comunicacao-formam-parceria-
para-dar-transparencia-a-dados-de-covid-19.ghtml. Acesso em: 11 jun. 2023.
SUMÁRIO 184
contra medidas de lockdown nas cidades, alegando que isso afetaria
a liberdade de ir e vir dos cidadãos55. O resultado mais perverso das
constantes ações para desacreditar as estratégias de combate ao
vírus e atrasar a chegada das vacinas foi o aumento exponencial do
número de infectados e de mortos no país pela covid-19.
55 Bolsonaro defende liberdade e cogita decreto de livre circulação. Disponível em: https://
agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2021-05/bolsonaro-defende-liberdade-e-cogita-
decreto-de-livre-circulacao. Acesso em: 11 jun. 2023.
56 Há um ano, Bolsonaro chamava COVID de gripezinha em rede nacional. Disponível em: https://
www.em.com.br/app/noticia/politica/2021/03/24/interna_politica,1250005/ha-um-ano-bolsona-
ro-chamava-covid-de-gripezinha-em-rede-nacional-relembre.shtml. Acesso em: 20 jul. 2023.
57 Brasil tem de deixar de ser “país de maricas” e enfrentar pandemia “de peito aberto”, diz Bolsonaro.
Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/11/10/bolsonaro-diz-que-brasil-tem-de-
deixar-de-ser-pais-de-maricas-e-enfrentar-pandemia-de-peito-aberto.ghtml. Acesso em: 20 jul. 2023.
SUMÁRIO 185
veiculada como “teste” nas redes sociais, mas proibida
por decisão judicial. Ou seja, nada da dimensão pública
interessa (Weber, 2020)58.
SUMÁRIO 186
eleições, em grande medida, por causa da sua postura negacionista
na crise. Essa hipótese também pode ser aventada em relação a Jair
Bolsonaro, cujas atitudes na pandemia podem ter afetado a sua pre-
tensão de reeleição. No entanto, o que preocupa é que, apesar da
derrota eleitoral, não se pode dizer que o populismo desses líderes
causou uma desmobilização total dos seus eleitores.
COMUNICAÇÃO POPULISTA,
DESINFORMAÇÃO E PLATAFORMAS
DE MEDIA SOCIAIS
Os conteúdos fraudulentos — ou, de forma mais ampla, a
desinformação — são disseminados em massa e de forma on-line
SUMÁRIO 187
com o objetivo premeditado de causar danos a determinados gru-
pos ou pessoas. Essa é a definição geral de um fenômeno que tem
despertado enorme interesse da literatura diante dos impactos
causados nas diversas esferas da vida social e política de diferen-
tes países. A desinformação é, nos dias atuais, um dos principais
vetores de difusão de ideias que servem ao ideário anticiência,
antissistema e anti-institucional a que lideranças como Bolsonaro
aderem e disseminam.
SUMÁRIO 188
Ambos os casos, sobretudo o primeiro, serviram não apenas
de arma simbólica contra o adversário de Bolsonaro na eleição, mas
garantiram a mobilização de uma reação conservadora no interior
da qual outros conteúdos falsos foram sendo gerados em cascata.
Como se depreende da obra de Norris e Inglehart (2019), parte da
força do populismo autoritário vem da mobilização de afetos de ódio,
que surgem como reação a mudanças no campo dos costumes e
outras transformações culturais. Em 2018, do caso principal envol-
vendo a tal “mamadeira” erótica, derivaram outros conteúdos fraudu-
lentos, como a associação das esquerdas a uma suposta “ideologia
de gênero”, ou a ideia de que professores das escolas públicas atu-
ariam para doutrinar alunos segundo os ditames do que a extrema
direita denominou de “marxismo cultural”. Voltando à pandemia, a
retórica do medo, associada ao ataque às elites científicas, foram
patentes no discurso do presidente, que chegou a insinuar, em dois
outros casos de desinformação, que os imunizantes poderiam provo-
car Aids62 ou transformar as pessoas em jacarés63.
62 Bolsonaro vira alvo de inquérito no STF por ligar vacina contra covid à Aids. Disponível em: https://
www.cnnbrasil.com.br/politica/bolsonaro-vira-alvo-de-inquerito-no-stf-por-ligar-vacina-contra-
covid-a-aids/. Acesso em: 20 jul. 2023.
63 Bolsonaro sobre vacina da Pfizer: “Se você virar um jacaré, é problema seu”. Disponível em: https://
istoe.com.br/bolsonaro-sobre-vacina-de-pfizer-se-voce-virar-um-jacare-e-problema-de-voce/.
Acesso em: 20 jul. 2023.
SUMÁRIO 189
sugeriu que o vírus teria sido uma criação dos chineses, pondo em
dúvida a vacina produzida na China — chamada entre os bolsonaris-
tas de “Vachina” — que foi crucial no combate à pandemia no Brasil.
SUMÁRIO 190
e para estimular uma atividade de “remix”, uma colagem
criativa de videoclipes, trechos de áudio, títulos chama-
tivos, grafites, paródias, memes e muitos outros conteú-
dos, incluindo insultos e notícias falsas, que podem ser
cruciais para impulsionar a popularidade do líder, de sua
crença e de seu movimento.
SUMÁRIO 191
expediente para influenciar o debate no Parlamento, em clara afronta
à soberania do Estado brasileiro, em face da possibilidade de vota-
ção de uma regulação da atividade das plataformas no país.
PARA TERMINAR:
SOBRE COMUNICAÇÃO DE CIÊNCIA
E DEFESA DA DEMOCRACIA
Este capítulo procurou discutir as relações entre o populismo
de extrema direita, os media e a desinformação no contexto brasileiro,
com foco na trágica experiência do bolsonarismo no poder, especial-
mente quanto aos impactos da sua perversidade no enfrentamento
da pandemia de covid-19. Antes disso, porém, reconstituímos o con-
texto de crises que conduziu Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto,
chamando a atenção para o processo de normalização eleitoral da
sua candidatura pela grande imprensa.
SUMÁRIO 192
das empresas que os permitem. Não cabe o argumento de que
tais empresas não têm responsabilidade pelo que circula em seus
ambientes. São muitas as evidências de que conteúdos com desin-
formação aumentam os lucros das empresas, na medida em que cir-
culam com mais facilidade pelas páginas de usuários mundo afora.
SUMÁRIO 193
REFERÊNCIAS
ALBERTAZZI, D.; McDonnell D. (ed.). Twenty-first century populism: The spectre of Western
Europe European democracy. Basingstoke: Palgrave Macmillan, 2008.
ARAÚJO, Bruno; PRIOR, Hélder. Framing Political Populism: the role of media in framing
the election of Jair Bolsonaro. Journalism Practice, Reino Unido, v. 15, n. 2, p. 226-242,
6 jan. 2020.
ENGESSER, Sven; ERNST, Nicole; ESSER, Frank; BÜCHEL, Florin. Populism and social
media: how politicians spread a fragmented ideology. Information, Communication &
Society, Reino Unido, v. 20, n. 8, p. 1109-1126, 8 jul. 2016.
GERBAUDO, Paolo. Social Media and Populism: an elective affinity? Media, Culture &
Society, v. 40, n. 5, p. 745-753, 2018.
GUAZINA, Liziane Soares; ARAÚJO, Bruno; GAGLIARDI, Juliana. Media, Corruption and far
right-wing populism: notes on journalistic coverage of political scandals in Brazil. Lisboa:
Edições ICNOVA, 2023.
GUAZINA, Liziane; PRIOR, Hélder; ARAÚJO, Bruno. Framing of a Brazilian Crisis: Dilma
Rousseff’s impeachment in national and international editorials. Journalism Practice,
Reino Unido, v. 13, n. 5, p. 620-637, 6 nov. 2019.
SUMÁRIO 194
GUAZINA, L.; PRIOR, H.; ARAÚJO, B. (Des)construindo uma queda: a mídia e o
impeachment de Dilma Rousseff. Florianópolis: Insular, 2019.
HAMELEERS, Michael; BOS, Linda; VREESE, Claes de. Framing blame: toward a
better understanding of the effects of populist communication on populist party
preferences. Journal Of Elections, Public Opinion And Parties, Reino Unido, v. 28, n. 3,
p. 380-398, 26 nov. 2017.
KEY, V. O. A theory of critical elections. The Journal of Politics, Estados Unidos, v. 17, n. 1,
p. 3-8, 1955.
LASCO, Gideon; CURATO, Nicole. Medical populism. Social Science & Medicine, Reino
Unido, v. 221, p. 1-8, jan. 2019.
MONARI, Ana Carolina Pontalti; ARAÚJO, Kizi Mendonça de; SOUZA, Mateus Ramos de;
SACRAMENTO, Igor. Legitimando um populismo anticiência: análise dos argumentos de
Bolsonaro sobre a vacinação contra covid-19 no Twitter. Liinc em Revista, Brasil, v. 17, n. 1,
p. 1-21, 2 jun. 2021.
SUMÁRIO 195
POSTILL, John. Populism and social media: a global perspective. Media, Culture & Society,
Reino Unido, v. 40, n. 5, p. 754-765, 8 mai. 2018.
WAISBORD, Silvio. The elective affinity between post-truth communication and populist
politics. Communication Research and Practice, Reino Unido, v. 1, n. 4, p. 1-18, 2018.
SUMÁRIO 196
9
Paula Guimarães Simões
CELEBRIZATION
OF SCIENTISTS IN THE
CONTEXT OF THE COVID-19
PANDEMIC:
ÁTILA IAMARINO IN BRAZIL
DOI: 10.31560/pimentacultural/978-65-5939-953-6.9
Contemporary society is notable for a process of creating
celebrities in different fields – movies, TV, sports, politics, the Internet.
In the context of the Covid-19 pandemic, another field is also notable
for this process: science. The aim of the present text is to reflect on
the dynamics of celebrity creation involved in constructing the public
image of Brazilian scientists; more specifically, in analyzing the work
of the biologist Átila Iamarino. The purpose is to discuss how the
modeling forces of the phenomenon of celebrization (Driessens, 2012)
act in the configuration of this celebrity-scientist, who participates
in constituting new ways of communicating science to oppose the
denialism that marks the contemporary context.
SUMÁRIO 198
1. FOR A PRAGMATIST APPROACH
TO CELEBRITIES
Studies about celebrities have been developed in different
parts of the world, with different objectives and approaches.64 Some
studies focus on the historic insertion of the phenomenon; others stress
the marketing dimension of fame; there are also those dedicated to
investigating the processes of reception and conformation of publics
in relation to celebrities. Studies developed in our research group
(Research Group on Image and Sociability at Federal University of
Minas Gerais, GRIS/UFMG) have taken a pragmatist approach to
celebrities, which inscribes the phenomenon in the field of human
experience and attempts to understand the actions undertaken by
personalities in their interactions with different publics.
64 There are collections both in Brazil and in other countries, with several studies around the
Celebrity Studies. Cf. França; Freire Filho; Lana; Simões, 2014; França; Simões; Prado, 2020;
Marshall; Redmond, 2016.
SUMÁRIO 199
turned into a cult by part of a community (França, 2014). “They say
that anyone who becomes known by many people, recognized for
what they are or do, is turned into a cult as someone exceptional, who
is worthy of admiration and reverence” (França, 2014, p. 19). Upon
acquiring celebrated status, a person is endowed with a certain
discursive power, raising their voice above the others and making
them emerge as legitimate and significant in the media systems
(Marshall, 2006, p. X). Such emergence occurs in different social
fields, such as the singer Milton Nascimento in Brazilian popular
music, the footballer Marta, the actress Fernanda Montenegro, and
the three-term president of Brazil Luiz Inácio Lula da Silva in politics.
SUMÁRIO 200
2. THE PHENOMENON OF CELEBRIZATION
AND THE BRAZILIAN CONTEXT
When discussing celebrity culture in contemporaneity, Olivier
Driessens (2012) focuses on two dimensions of the phenomenon
– one individual and one social – and distinguishes two concepts
related to it: celebrification and celebritization. For Driessens,
celebrification “comprises the changes at the individual level, or more
precisely the process by which ordinary people or public figures
are transformed into celebrities” (Driessens, 2012, p. 10). The term
celebritization, on the other hand, such as other concepts of -ization
(like globalization, colonization), should be reserved “for the societal
and cultural changes implied by celebrity” (Driessens, 2012, p. 10).
SUMÁRIO 201
2005; Morin, 1989). The second element in this individual dimension
is commoditization, which refers to the commodification of figures in
the context of capitalism:
the stars and, by extension, the celebrities, “are both labour
and the thing that labour produces” (DYER, 2004 [1986],
p. 5). They are manufactured by the celebrity industry and
produce and help to sell other commodities. In this sense,
the celebrity presents and personifies “[t]he two faces of
capitalism—that of defaced value and prized commodity
value” (Marshall, 1997: 4). (Driessens, 2012, p. 10).
SUMÁRIO 202
must be critically evaluated” (Driessens, 2012, p. 14). However, it is not
a noncritical celebration of celebrity culture, but the recognition of the
important place that it may occupy in contemporary democracies.
66 Data collected from the influencer’s social networks on October 26, 2022.
SUMÁRIO 203
However, it is not only football or other fields linked to
entertainment that end up being marked by this democratization.
In the Covid-19 pandemic context, science itself has become, more
than at other times, affected by strategies for disseminating scientific
knowledge to address the health crisis and the spread of fake news.
As Mendonça and Castelfranchi (2022) point out, in this context,
trying to catch up with the capillarity of disinformation,
they [the scientists] did not only occupy novel territories
and media. They invented new repertoires for action. Funk
music, podcasts, YouTube channels, memes, lobbying
and even aggressive statements and anti-government
advocacy became central to a process in which public
scientists themselves had to become a message
(Mendonça; Castelfranchi, 2002, p. 160).
SUMÁRIO 204
This is the case, for example, of former judge Sérgio Moro, who
attained visibility and fame with Operação Lava-Jato (Operation
Car-Wash)67 and the arrest of president Lula, and later used
this projection to become a Minister of Justice in the Bolsonaro
government and was elected Senator of the Republic in the 2022
elections. This migration both triggers an existing celebrity status
and can reiterate and augment it.
3. BRAZILIAN CONTEXT
AND THE COVID-19 PANDEMIC
The first case of contamination by the new coronavirus was
recorded in Brazil at the end of February, 2020. However, prior to
that, the spread of Covid-19 was already being monitored in several
European countries and The United States. In the following month,
the disease advanced in the country, which recorded the first death
on March 12, in São Paulo. It is the moment when the restrictive
measures on the circulation of persons and social isolation were
SUMÁRIO 205
begun in several Brazilian states and cities. Throughout the entirety
of the pandemic, the Brazilian government adopted positions
contrary to measures for prevention of the disease (like the use of
masks and, later, vaccination), which made facing the global public
health crisis more difficult.
SUMÁRIO 206
the delays in the purchase of vaccines by the Brazilian government,
and all the disinformation spread about their safety during the
public health crisis.
4. METHODOLOGICAL
PROCEDURES AND ANALYSIS
Before moving on to the analysis proposed here, a brief
biography of the scientist Átila Iamarino should be presented.70
Holding a bachelor’s degree in biology (2006) and a doctorate
in microbiology (2012) from the University of São Paulo, he did
post-doctoral work at the same institution (2013, 2015) and at Yale
University (2014). He presents himself as “Science communicator and
world explainer by choice”. He is the founder of ScienceBlogs Brasil,
the largest Portuguese-language science blog network in the world.71
SUMÁRIO 207
He works in the Nerdologia72 channel and in his own YouTube73
channel, in addition to being a columnist for the newspaper Folha de
S. Paulo74. In 2022, he began to host the program Hiperconectado on
TV Cultura,75 as one more strategy in his work to disseminate science.
An exploratory observation of his digital social networks showed that
he makes several advertisements, as shown in his Instagram profile:
a film (#SonicOFIlme by @ParamountBrasil), college (@estacio_
brasil), car (@chevroletbr), computer (nvidiageforcebr) and genetic
test (meudna_oficial).
SUMÁRIO 208
1. How does he position himself and present himself to his
interlocutors?
SUMÁRIO 209
do not watch it now because it is going to be a conversation with
numbers, with numbers that tell a story that is not very nice”, he says
in the analyzed video.
SUMÁRIO 210
FINAL CONSIDERATIONS
The aim of the present text has been to analyze the process
of celebrity creation of the biologist, Átila Iamarino, joining the two
phenomena presented by Driessens (2012): celebrification (the more
individual dimension) and celebritization (the social dimension).
With this, we focus on the five indicators discussed previously:
personification, commodification, democratization, diversification
and migration. Thus, the concept of celebrization is used to conjoin
the two dimensions of the phenomenon in the present analysis.
SUMÁRIO 211
migration among fields; that is, moving his activity from academia
to entertainment.
REFERENCES
ABIDIN, C. Influenciadores digitais, celebridades da internet e “blogueirinhas”: uma
entrevista com Crystal Abidin. Entrevista concedida a Isaaf Karhawi. Intercom – RBCC,
São Paulo, v. 44, n. 1, p.289-301, jan./abr. 2021.
BRAUDY, L. The Dream of Acceptability. In: REDMOND, Sean; HOLMES, Su (Ed.). Stardom
and Celebrity. Los Angeles/London/New Delhi/Singapore: Sage, 2007. p. 181-187.
SUMÁRIO 212
DRIESSENS, O. The celebritization of society and culture: Understanding the structural
dynamics of celebrity culture. International Journal of Cultural Studies, UK, SAGE, v. 16,
n. 6, p. 641-657, 2012.
FRANÇA, V. R. V.; LEURQUIN, C. Felipe Neto: uma celebridade política? Rumores, 2022, v.16,
n. 31, p.15-41.
FRANÇA, V.R.V.; FREIRE FILHO, J.; LANA, L.; SIMÕES, P.G. (org.). Celebridades no século XXI:
transformações no estatuto da fama. Porto Alegre: Sulina, 2014.
FRANÇA, V.; SIMÕES, P.; PRADO, D. (org.). Celebridades no Século XXI: volume 2: diversos
perfis, diferentes apelos. Belo Horizonte, MG: PPGCOM, 2020.
MARSHALL, D.; REDMOND, S. (org.). A companion to celebrity. New Dehli: Wiley-Blackwell. 2016.
MEYER, D. S.; GAMSON, J. The Challenge of Cultural Elites: Celebrities and Social
Movements, Sociological Inquiry, 65 (2), 1995, 181-206.
MORIN, E. As estrelas: mito e sedução no cinema. Rio de Janeiro: José Olympio, 1989.
SUMÁRIO 213
PAIXÃO-ROCHA, P.; SIMÕES, P. G. A celebridade é política? movimentos de politização e
despolitização entre Anitta e seus públicos. Revista Eco-Pós, 2021, 24(2), 201–225.
SILVA, T.; SIMÕES, P. G. A imagem pública de Sérgio Moro: Valores em disputa no contexto
brasileiro. Revista FAMECOS, v. 27, n. 1, 2020. p. 1-15.
SMART, B. Modern Sport and the Cultural Economy of Sporting Celebrity. New Delhi:
SAGE, 2005.
SUMÁRIO 214
10
Maristela Carneiro
COMUNICAÇÃO
CIENTÍFICA:
CONHECIMENTO, SENSIBILIDADES
E AFETOS INTERDISCIPLINARES
DOI: 10.31560/pimentacultural/978-65-5939-953-6.10
Em 2022, um ano marcante em tantos sentidos, foi reali-
zado o Seminário Internacional Comunicar Ciência: Democracia,
Cultura e Audiovisual, coordenado pelos docentes Pedro Pinto de
Oliveira e Benedito Dielcio Moreira, com o apoio e admiração de
dois programas de pós-graduação da Universidade Federal de Mato
Grosso: o Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Poder
(PPGCOM) e o Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura
Contemporânea (PPGECCO). Transmitido via YouTube, o evento de
fato abraçou sua proposta: não foi apenas um espaço para debates
acadêmicos conservadores sobre os tópicos levantados, mas opor-
tunizou efetivamente um exercício de democratização do conheci-
mento, utilizando uma mídia audiovisual de amplo acesso para dis-
ponibilizar ao público as experiências de pesquisadores do Brasil,
Portugal, México e Espanha.
SUMÁRIO 216
profundidade e amplitude em todos os espaços possíveis — algo
fundamental para visibilizar o que se produz nas universidades coti-
dianamente. O que produzimos? Com o que nos importamos? Quais
são nossos afetos, afinal?
SUMÁRIO 217
Nas palavras de Stuart Hall (1997, p. 42): “Cada movimento
que fizemos é normativamente regulado no sentido de que, do iní-
cio ao fim, foi guiado por um conjunto de normas e conhecimen-
tos culturais”. A compreensão de que nossas ações são reguladas
por uma série de indivíduos e condições externos a nós mesmos
é fundamental para admitir a centralidade da cultura em nossas
vidas — assim como a constatação de que nós mesmos, de dife-
rentes maneiras, somos “reguladores”, ajudando sistemas culturais
a se perpetuarem e se transformarem por meio de nosso endosso
e nossas transgressões. Como sugere, provocativamente, Walter
Mignolo (2017), as camadas de colonização que nos encobrem são
tão densas e invasivas que se tornam naturalizadas. Quando não
refletimos acerca do recorrente, ele tende a tornar-se progressiva-
mente normalizado — e normatizado.
SUMÁRIO 218
Como apontou Hall (1997), ao final do século XX componen-
tes do que entendemos como cultura, como as artes, a linguagem
e os sistemas de crença, foram frequentemente objetos de estudo
isoladamente no passado. Entretanto, menos comum foi a ideia de
que esses componentes existem como órgãos em um corpo, par-
tes interconectadas de sistemas culturais, que podem ser estudados
como grandes redes de significados. Mais recentemente, no século
XXI, tornou-se evidente que essas redes ocupam um lugar central
na experiência humana e que não é possível pensar nos aspectos
mais fundamentais da existência material, como a economia, a ali-
mentação e a reprodução, fora do que agora compreendemos como
horizontes culturais.
Isso não quer dizer que tudo seja cultura (ou que cultura seja
qualquer coisa), mas é importante reconhecer que há uma dimen-
são cultural mesmo naquilo que pensamos como divorciado da cul-
tura, do mesmo modo que há uma dimensão política mesmo naquilo
que geralmente concebemos como “apolítico”. A esfera do cultural
não engloba toda a vida humana absoluta e inquestionavelmente,
mas é pertinente observar que qualquer tentativa de compreender a
vida humana sem considerar essa esfera resultaria em uma análise
severamente falha, uma espécie de negação, ainda que não-inten-
cional, ou mesmo inconsciente, de nossa humanidade. Como Hall
(1997, p. 33) salientou:
SUMÁRIO 219
O que aqui se argumenta, de fato, não é que “tudo é cul-
tura”, mas que toda prática social depende e tem relação
com o significado: consequentemente, que a cultura é
uma das condições constitutivas de existência dessa prá-
tica, que toda prática social tem uma dimensão cultural.
Não que não haja nada além do discurso, mas que toda
prática social tem o seu caráter discursivo.
SUMÁRIO 220
em instituições de ensino em nosso país, e de circunstâncias trági-
cas e absolutamente arrasadoras, como a pandemia de covid-19 que
recentemente atingiu o país, afetando severamente a capacidade
de nossas universidades de atingir satisfatoriamente suas metas de
ensino, pesquisa e extensão.
SUMÁRIO 221
A distância entre essas práticas de conhecimento aqui
discriminadas como Ciências e como Humanidades tem
motivado diversas metáforas e brincadeiras, desde a ideia
de que umas são exatas e outras inexatas, de que umas
são duras e outras moles, até, finalmente, a pilhéria de
que, se umas são humanas, as outras resultarão desuma-
nas. Gracejos à parte, pode-se afirmar que, se antes as
Humanidades já sofriam com acusações de inconsistên-
cia científica, falta de rigor metodológico e incapacidade
de gerar consensos, a exigência da performance agrava
ainda mais sua posição (Brandão, 2016, p. 326).
SUMÁRIO 222
estudadas fora dela, quando nossa meta última é justamente ter uma
compreensão mais apurada da sociedade contemporânea.
SUMÁRIO 223
Essa é, de certa forma, a meta última das pessoas que se
dedicam aos estudos de cultura contemporânea: examinar e pro-
vocar. Um passo fundamental para a elaboração de conhecimento
significativo é a identificação de realidades que ainda não foram
devidamente observadas, de narrativas ainda não prestigiadas, de
debates e questionamentos que ainda não foram promovidos. As
inquietações que emanam desses trabalhos são fundamentais para
uma sociedade que busca olhar criticamente para si mesma. Esse
ímpeto pela inquietação, pelo rastreamento do que foi naturalizado e
está sujeito a novas análises move os estudos do PPGECCO e cons-
titui um eixo central para nossas ações, que esperamos desenvolver
de forma cada vez mais democrática, diversa e perscrutadora.
REFERÊNCIAS
BONIN, Iara Tatiana et al. Por Que Estudos Culturais? Educação & Realidade, Porto Alegre,
v. 45, n. 2, p. 1-22, 2020.
SUMÁRIO 224
11 Safira Campos
JORNALISMO DE CIÊNCIA
E A DEMOCRATIZAÇÃO
DA CULTURA CIENTÍFICA:
A COBERTURA DO SEMINÁRIO
INTERNACIONAL “COMUNICAR CIÊNCIA”
PELO PNB ONLINE
DOI: 10.31560/pimentacultural/978-65-5939-953-6.11
INTRODUÇÃO
A comunicação científica é uma das formas mais impor-
tantes de divulgação de conhecimento, uma vez que permite que
a população em geral tenha acesso às descobertas e avanços da
ciência. Nesse contexto, o jornalismo de ciência surge como uma
área fundamental para a promoção da democratização da cultura
científica e para a disseminação de informações precisas e confiá-
veis sobre temas científicos.
SUMÁRIO 226
Portanto, o jornalismo de ciência e a divulgação científica são
essenciais para a construção de uma cultura científica sólida e para
promover uma sociedade mais informada e participativa. É necessá-
rio que haja um compromisso da mídia e dos cientistas em tornar a
ciência mais acessível e compreensível para a sociedade em geral.
SUMÁRIO 227
cultura científica e a democratização do conhecimento. Serão apre-
sentados os principais temas debatidos no seminário, bem como
as reflexões dos pesquisadores e profissionais presentes sobre os
desafios e oportunidades para o jornalismo de ciência atualmente.
SUMÁRIO 228
a divulgação científica deve se preocupar em fornecer informa-
ções precisas e contextualizadas, de forma a tornar a ciência com-
preensível para todos.
A LINGUAGEM E AS ESTRATÉGIAS
NA PRODUÇÃO DE JORNALISMO
DE CIÊNCIA
Como destaca Bertolli Filho (2006), muitas análises ado-
tam uma perspectiva que concebe o jornalista de ciência como um
intermediário entre a linguagem complexa da ciência e o público
SUMÁRIO 229
leigo. Este conceito é caracterizado como “tradução interlinguística”
(Pereira, 2002), denotando, assim, o ato de converter o discurso cien-
tífico para um léxico mais acessível. A percepção, entretanto, limita
o entendimento do papel desempenhado pelo jornalismo científico.
SUMÁRIO 230
estabelecendo conexões com a vida cotidiana das pessoas. Tal abor-
dagem contribui para estabelecer uma ponte entre o conteúdo cien-
tífico e o interesse do público.
A COBERTURA DO “COMUNICAR
CIÊNCIA” PELO PNB ONLINE
O portal PNB Online, com sede em Cuiabá, Mato Grosso, tem
se dedicado nos últimos cinco anos a aprimorar sua cobertura de
SUMÁRIO 231
jornalismo científico. No período compreendido entre 2019 e 2021,
promoveu uma série de entrevistas com destacados pesquisado-
res da Universidade Federal de Mato Grosso, abordando as cres-
centes ameaças enfrentadas pela ciência, com ênfase nas áreas
de humanidades e ciências sociais, por parte do Governo Federal
então em exercício. Entre as entrevistas realizadas, destacou-se o
diálogo com a Professora Doutora Maristela Carneiro, intitulado
“Arte como Fundamento para a Preservação da Humanidade e
o Reconhecimento de uma Perspectiva Futura”, que chegou a ser
republicado pela Revista Tel (Campos; Oliveira, 2021).
SUMÁRIO 232
do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM), e
o professor Benedito Diélcio Moreira, líder do Grupo de Pesquisa
Multimundos. Além disso, o evento foi realizado em parceria com
o Núcleo de Estudos do Contemporâneo (NEC). Todas as palestras
foram realizadas de maneira remota e foram transmitidas no canal
do Youtube do PPGCOM/UFMT. Até setembro de 2023, essas pales-
tras já haviam sido assistidas mais de 1700 vezes, demonstrando o
impacto e o interesse gerados pelo evento.
SUMÁRIO 233
compartilharam suas experiências na palestra “Conhecer por ima-
gens: a experiência do Ensaio Audiovisual Científico”, destacando a
importância das imagens na pesquisa científica.
SUMÁRIO 234
cronograma e forneciam informações sobre a próxima palestra faci-
litou o acesso contínuo e atualizado às discussões. Isso favoreceu
participação ativa dos leitores no evento, mantendo-os informados
sobre as próximas atividades.
CONCLUSÕES
O papel do jornalismo de ciência na divulgação científica
é inegavelmente crucial para a promoção da cultura científica e a
democratização do conhecimento. Este artigo abordou a importância
SUMÁRIO 235
dessa área, destacando como a comunicação científica desempe-
nha um papel fundamental na aproximação entre a ciência e a socie-
dade, permitindo que o conhecimento científico seja acessível, com-
preensível e relevante para um público amplo.
SUMÁRIO 236
REFERÊNCIAS
BAITELLO JUNIOR, Norval. O animal que parou os relógios. 2 ed. São Paulo: Annablume, 1999.
CAMPOS, Fernanda Safira Soares; DE OLIVEIRA, Pedro Pinto. Arte é fundamental para não
embrutecermos e sabermos que há uma luz mais adiante: Entrevista com a Professora
Doutora Maristela Carneiro. TEL — Tempo, Espaço e Linguagem, Brasil, v. 11, n. 2, 2021.
VOGT, Carlos. A espiral da cultura científica. ComCiência, Brasil, n. 45, 2003. Disponível em:
http://www.comciencia.br/reportagens/cultura/cultura01.shtml. Acesso em: 25 nov. 2023.
SUMÁRIO 237
12 Mirian Barreto Lellis
Paula Libos
MULTIMUNDOS,
UMA EXPERIÊNCIA
INTERDISCIPLINAR
E INTERCULTURAL
DOI: 10.31560/pimentacultural/978-65-5939-953-6.12
A intensificação das transformações no espaço-tempo contri-
bui para as múltiplas problemáticas surgidas no processo de fragmen-
tação da cultura potencializadas pela aceleração da comunicação ins-
trumental, das tecnologias digitais de informação e, por conseguinte,
da “hiperdinamização, ‘dis-tanciando’ o espaço cultural” (Han, 2019,
p. 23). Nesse sentido, parece-nos fundamental olhar atentamente os
modos de comunicação e ciência e seus aspectos culturais que jus-
tificam os caminhos que a sociedade tomou e que desenrolam-se na
contemporaneidade em uma série de discursos criadores de novas
hegemonias. Entendemos que a potência da cultura científica decorre,
além dos vários tipos de conhecimentos e atores envolvidos no pro-
cesso de produção, de um elemento muito importante que possui raí-
zes profundas do viver e pensar: o cotidiano. Assim, pautamos o coti-
diano como fio condutor para os estudos desenvolvidos pelo Grupo de
Pesquisa Multimundos sobre as tensões contemporâneas.
SUMÁRIO 239
ao apostar na diversidade de abordagens, no discurso híbrido, não
específico, apanhando características inseridas no cinema, nas
artes, nos fenômenos da comunicação, entre outras práticas, a fim
de que as informações “aconteçam”, comuniquem, na perspec-
tiva de Marcondes (2004; 2019) e Wolton (1999; 2010). A circulação
de conhecimentos em formato audiovisual amplia a “[...] Cultura
Científica de acordo com o processo de democratização da ciên-
cia nestes tempos sombrios de negação e desinformação” (Oliveira;
Moreira, 2022, p. 435, tradução nossa).
TRABALHOS COLABORATIVOS
E PARCEIROS MULTIMUNDOS
Instituído em 2018, o Multimundos é um grupo de pesquisa
em construção e abrange diferentes áreas: comunicação, filosofia,
educação, história, cultura, artes, audiovisual, design, tecnologias,
ensino a distância, conflitos étnico-raciais, entre outras. O objetivo é
questionar como são construídos os novos modos de conhecimento
e as formas contemporâneas de comunicação e cultura, a partir
das tensões no mundo da vida (Schutz, 1998). Os estudos também
SUMÁRIO 240
buscam identificar o papel de novas linguagens, como a audiovisual,
na constituição e compartilhamento de conhecimento.
TEMPORALIDADE DO GRUPO
Muitas atividades marcam a formação e concepção do Grupo
Muntimundos. A sua gênese, efetivamente, se dá com o evento de
lançamento em 23 de agosto de 2018: o 1º Encontro Multimundos
Brasil contou com a palestra “Celebridades como diagnóstico e
farol de valores do mundo contemporâneo”, proferida pela Prof.ª
Dra. Vera Regina Veiga França, docente da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG). Na oportunidade, a palestrante abordou a
SUMÁRIO 241
complexidade das figuras públicas, articulando os valores represen-
tados por elas, o contexto cultural em que se inserem, as formas de
visibilidade, bem como os atributos pessoais que ostentam. A pes-
quisadora do Laboratório de Análise de Acontecimentos (GrisLab) e
do Radar de Celebridades, também falou dos projetos que monito-
ram e analisam acontecimentos de repercussão social e figuras de
referência na sociedade brasileira, respectivamente.
SUMÁRIO 242
Pereira Rocha, professora doutora do Departamento de História e
Filosofia da University of the West Indies (UWI) e Anthony Oliver
Fisher, diretor executivo do China Institute of Information Technology
no Caribe. Nesse evento, o Multimundos propôs discutir a interna-
cionalização da educação. Além disso, buscou examinar o desen-
volvimento brasileiro, desde a independência, sob a perspectiva das
parcerias internacionais.
SUMÁRIO 243
na comunidade Quilombola”. Outro palestrante foi o Prof. Dr. Pedro
P. de Oliveira, com o painel “Conhecer por imagens em movimento:
montagem e duração cultural das imagens”. Ele trouxe reflexões
sobre a imagem como uma impressão, um rastro, um traço visual
do tempo e dos costumes na sociedade. A Prof.ª Dra. Rita de Cássia,
docente associada ao PPG em Estudos de Cultura Contemporânea
e Professora no curso de Graduação em Música da UFMT discutiu a
“Estética das impurezas e as Culturas Contemporâneas”.
SUMÁRIO 244
dois painéis de pesquisadores nacionais e internacionais convidados
a debater o tema “Cultura e o Outro”. Entre os convidados estavam
os professores doutores João Carlos Correia e Valeriano Naval, da
Universidade Beira Interior (UBI), de Portugal.
SUMÁRIO 245
A Professora Dra. Elaine Pereira Rocha, da University of the
West Indies (UWI), de Barbados, apresentou o painel “Outros sujei-
tos, outras culturas e a luta pelo meio ambiente”. Sua fala se concen-
trou sobre o atual momento que o ocidente vive com a proliferação
do fenômeno das fake news, em especial sobre a relação do homem
com o meio ambiente.
SUMÁRIO 246
A proposta do ensaio audiovisual científico parte da consta-
tação teórica e prática de que a comunicação do conhecimento cien-
tífico em formato audiovisual é autossuficiente, pois “amplia o diálogo
com outros pesquisadores e aproxima a população dos cientistas e
da ciência, especialmente porque os audiovisuais científicos podem
e devem ocupar um espaço fundamental nas escolas e na democra-
tização do conhecimento científico” (Oliveira; Moreira, 2019).
SUMÁRIO 247
Ambos os Cadernos levam em consideração a forma
interdisciplinar do grupo, que abarca as áreas de Comunicação,
Filosofia, Educação, Cultura e Artes, Cinema, Audiovisual, Design e
Tecnologias, Media Arts e Poéticas Contemporâneas. O Cadernos
Multimundos volumes 1 e 2 foram publicados sob o selo da Editora
Faith em versões impressa e e-book.
SUMÁRIO 248
que apresentou o painel “Minimalismo na música”; o Professor Dr.
Hadriel Geovani da Silva Theodoro, da ESPM, que abordou a ques-
tão da “Imigração de pessoas LGBTQI+”; e o Professor Dr. Aclyse
Mattos, que falou sobre a “Tradição High-Tech: games, animes e
o mundo dos jovens”.
SUMÁRIO 249
Federal de Mato Grosso. Os textos nesse livro foram divididos em
duas partes: “Tensões Urgentes” e “Tensões Contemporâneas”. Eles
trazem discussões sobre a comunicação, as relações e os processos
culturais, sociais e políticos problematizados no cotidiano.
SUMÁRIO 250
Os Coordenadores do Multimundos também fizeram uma
palestra sobre “Conhecer por imagens: a experiência do Audiovisual
Científico”. No escopo da discussão está o debate sobre a comunica-
ção acadêmica no contexto digital, onde os confrontos com o nega-
cionismo se dão, sobretudo com imagens e sons; onde as mentiras
se propagam; onde a informação circula sem fontes e sem autoria.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Multimundos é um trabalho coletivo de professores, par-
ceiros nacionais e internacionais, pós-graduandos do Programa
de Pós-graduação em Estudos de Cultura Contemporânea e pro-
fissionais do mercado, como a empresa Renca Comunicação
(https://renca.com.br/), responsável pela criação visual, vinhetas e
logomarcas Multimundos.
SUMÁRIO 251
dos achados entre os pares e, em desdobramento, para a sociedade.
E aqui apontamos a questão da cultura pela potência da relação,
sempre tensionada, entre uma ideia universalista e normativa de
comunicação e a ideia comunitária e contextualista de comunicação.
REFERÊNCIAS
HAN, Byung-Chul. Hiperculturalidade: cultura e globalização. Petrópolis: Vozes, 2019.
OLIVEIRA Pedro Pinto de; MOREIRA, Benedito Dielcio Moreira. Nuevas formas de
comunicar la ciência: la experiência del ensayo audiovisual cientifico. Tecmerin – Revista
de Ensayos audiovisuales, Madrid, n. 2, 2019. Disponível em: https://tecmerin.uc3m.es/
project/nuevas-formas-de-comunicar-la-ciencia-la-experiencia-del-ensayo-audiovisual-
cientifico/. Acesso em: 30 nov. 2023.
SCHUTZ, Alfred. El problema de la realidad social. Buenos Aires: Amorrortu Editores, 1998.
SUMÁRIO 252
ORGANIZADORES
Pedro Pinto de Oliveira
Pesquisador Associado e Professor do Programa de Pós-Graduação em
Estudos de Cultura Contemporânea (ECCO) e do Programa de Pós-Graduação
em Comunicação (PPGCOM), ambos da Universidade Federal de Mato Grosso
(UFMT). Mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade de São
Paulo (USP) e Doutor em Comunicação pela Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG). Pós-doutorado em Comunicação e Artes na Universidade da
Beira Interior (UBI/Portugal). Pós-doutorado em Comunicação e Política no
Instituto Politécnico de Coimbra (Portugal). Temas de interesse: Comunicação
e Política; Figuras Públicas e Comunicação Multimodal. Jornalista e editor do
site pnbonline.com.br.
E-mail: [email protected]
SUMÁRIO 253
AUTORES
Benedito Dielcio Moreira
Pesquisador Associado e professor do Programa de Pós-graduação em
Estudos de Cultura Contemporânea (ECCO), Universidade Federal de Mato
Grosso (UFMT). Mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade de
São Paulo (USP) e Doutor em Educação pela Universität Siegen, da Alemanha.
Integra o Grupo de pesquisa Multimundos (multimundos.org). Temas de
interesse: ensaios audiovisuais, cultura científica e educomunicação.
E-mail: [email protected]
Caterina Cucinotta
Professora auxiliar da Faculdade de Ciências da comunicação da Universidade
Rey Juan Carlos de Madrid. É doutora em Ciências da Comunicação, vertente
Cinema (2015) pela Universidade NOVA de Lisboa e licenciada e mestre em
Estudos Artísticos pela Faculdade de Letras da Universidade de Palermo (2003) e
de Bolonha (2006). Investiga os processos criativos da direção de arte no cinema
contemporâneo. Seu último livro foi publicado pela Humus 12/14: “Figurinos e
Figurinistas no Cinema em Portugal. Conceitos para novas materialidades.
E-mail: [email protected]
SUMÁRIO 254
Daniel H. Cabrera Altieri
Daniel H. Cabrera Altieri, PhD em Comunicação. Professor de Jornalismo na
Universidade de Zaragoza, Espanha. Atualmente, está em uma estadia de
pesquisa no Instituto de Filosofia do CSIC, em Madrid, financiada pela Unión
Europea-NextGenerationEU — 2022-2024. Foi professor na Universidade
Nacional de Córdoba, Argentina, e pesquisador sênior no Instituto de Filosofia
da Universidade de Veracruz, México. Foi Coordenador do Curso de Jornalismo
da Universidade de Zaragoza, Espanha, e Coordenador do Doutorado em
Comunicação da Universidade Nacional de Córdoba, Argentina.
E-mail: [email protected]
Dário Mesquita
Professor do Departamento de Artes e Comunicação (DAC) da Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar). Doutor em Design pela Universidade Anhembi
Morumbi (UAM). Mestre em Imagem e Som pela UFSCar. Pesquisador do
Grupo de Estudos sobre Mídias Interativas em Imagem e Som (GEMInIS)
e do Obitel Brasil.
E-mail: [email protected]
Jesús Ramé
Professor da Universidad Rey Juan Carlos (URJC), em Madrid, no departamento
de Comunicação Audiovisual e Publicidade. Doutor em Filosofia (UNED,
2019), Mestre em Filosofia Teórica e Prática (UNED, 2015) e em Formação
de Professores para o Ensino Secundário e Formação Profissional na
especialização em Processos e Comunicação Audiovisual (URJC, 2018).
E-mail: [email protected]
SUMÁRIO 255
João Carlos Correia
Professor Associado, leciona Linguagem dos Media, Sociedade e Comunicação,
Teorias da Comunicação e Teorias da Cultura na Universidade da Beira Interior
(UBI), em Portugal. Possui Doutorado, Mestrado e Graduação em Comunicação
pela UBI. Entre seus interesses estão Estudos de Media e Jornalismo, Teoria Crítica
e Esfera Pública.
E-mail: [email protected]
João Massarolo
Professor Associado do Departamento de Artes e Comunicação (DAC)
da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); Bolsista CNPq (PQ2);
Coordenador do Grupo de Estudos sobre Mídias Interativas em Imagem e Som
(GEMInIS); Editor responsável da revista GEMInIS.
E-mail: [email protected]
SUMÁRIO 256
Paula Libos
Doutora pelo PPG em Estudos de Cultura Contemporânea da Universidade
Federal de Mato Grosso. Mestre pelo PPG de Física Ambiental pela mesma
universidade. Especialista em Mobilidade Urbana pela FAIPE. Graduada em
Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil pela Universidade de Cuiabá —
UNIC. É integrante do Grupo de Pesquisa Multimundos. Áreas de interesse:
Comunicação, Cultura, Arquitetura Escolar, Jovem do Século XXI e Espaço
Escolar na Era Digital.
E-mail: [email protected]
Safira Campos
Jornalista, mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Mato Grosso
(UFMT). Atua como repórter no site de notícias PNB Online. É membro do Grupo
de Pesquisa em Mídia, Política e Democracia da Universidade Federal de Mato
Grosso (Midiaticus/UFMT) e do Grupo de Pesquisa Observatório do Populismo
do Séc. XXI (UnB).
E-mail: [email protected]
SUMÁRIO 257
ÍNDICE REMISSIVO
A capitalism 202, 203
Agência Nacional do Cinema 58 capitalismo tardio 106, 109, 110, 123
algoritmo 66, 140, 144 career 210, 212
América Latina 242 celebrities 52, 198, 199, 200, 201, 202, 203, 204, 211
américas 254 celebritization 201, 202, 203, 204, 205, 211, 213
art 24, 36, 43, 45, 46, 47, 48, 50 celebrity 198, 199, 200, 201, 202, 203, 205, 207, 209, 210, 211,
arte 123, 212, 227, 232, 237 212, 213
assembling 25 celebrity creation 198, 200, 207, 211
associativismo 105 celebrity industry 202
audiência 17, 58, 63, 69, 72, 75, 76, 78, 79, 81, 82, 86, celebrity radar 200, 204
87, 90, 115 celebrity-scientist 198
audiovisual 13, 16, 17, 19, 21, 39, 40, 87, 173, 193, 216, 227, ciência 11, 12, 19, 20, 55, 123, 173, 193, 195, 216, 217, 225, 227,
232, 234, 236, 239, 241, 247, 248, 250, 251, 255 232, 234, 236, 244, 246, 247, 250, 256
audiovisual language 40, 47, 52, 53 ciências duras 217
autonomia 106, 107, 116, 120, 121 cientistas 12, 14, 16, 17, 19, 147, 165, 181, 184, 218, 227, 231, 234,
autoritários 19, 172, 175, 187 235, 236, 240, 247, 250
autoritarismo 10, 125, 126, 129, 131, 132, 133, 143 cinema 17, 19, 24, 25, 26, 28, 30, 32, 35, 36, 37, 40, 45, 72, 213,
240, 241, 245, 247, 251, 254
autoritarismo algorítmico 10, 125, 126, 131, 132
cinematic expression 23
B
civilizatório 173
behavior 166, 169
climáticos 218
binarismo de género 93
CNPq 20, 256
Brasil 8, 10, 12, 15, 17, 19, 20, 54, 58, 59, 67, 68, 70, 72, 78,
colaboração 236
79, 80, 81, 87, 88, 89, 90, 145, 170, 173, 174, 175,
177, 183, 184, 185, 186, 187, 190, 194, 195, 196, colaborativos 239, 240, 241
207, 216, 221, 224, 227, 229, 233, 237, 241, 242, coletividade 216
243, 255 colonialidad de las representaciones 92, 95
Brazil 10, 194, 197, 198, 199, 200, 203, 205, 206, 209 colonialidad del género 92
brazilian context 198, 204, 205, 206, 211 colonialidad del lenguaje 92, 94, 101, 103
brazilian popular music 200 colonialidad del poder 92, 95
brazilian scientists 198 colonialidad del saber 92, 94, 98, 103
C colonialidad del ser 92, 94, 98, 103
caos 135, 172, 194 colonização 18, 106, 111, 112, 117, 118, 120, 122, 218
SUMÁRIO 258
commodification 202, 205, 211, 212 contemporary society 198
commodities 202 contexto cultural 242
commoditization 201, 202 corpo 219, 245
commodity 43, 202 costume making 23
communication 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 49, 50, 51, 52, Covid-19 10, 127, 130, 133, 156, 167, 169, 174, 182, 183, 184, 186,
53, 153, 166, 168, 169, 195, 196, 210 196, 197, 198, 204, 205, 206, 211
comportamentos de risco 149, 158 creative process 9, 21, 23, 24, 25, 45
comunicação 8, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 55, 57, 59, 66, 67, creativity 23, 40
69, 111, 114, 118, 147, 153, 156, 163, 165, 174, 184, credibilidad 126, 250
185, 188, 189, 190, 191, 192, 193, 226, 227, 232,
crenças conspiratórias 149, 157, 158, 163
233, 236, 237, 239, 240, 241, 243, 245, 246, 247,
248, 249, 250, 251, 252, 254 crise 106, 108, 113, 120, 123, 150, 156, 159, 160, 161, 163, 164,
174, 176, 182, 183, 184, 186, 187, 188, 189
comunicação científica 17, 174, 193, 226, 232, 233, 236
crise de saúde pública 150, 164
comunicação de ciência 12, 14, 15, 192, 193, 239
crisis social 126
comunicação e poder 12, 19, 216, 227, 243, 250
crítica social 105
comunicação e sensibilidade 243
criticism 199, 206
comunicação multimodal 251
crueza 171
comunicação pública 19, 185
cultura 11, 13, 16, 17, 18, 19, 20, 55, 57, 58, 78, 94, 99, 105,
comunicación 55, 97, 100, 103, 134, 136, 144, 194
108, 110, 111, 114, 115, 117, 122, 171, 173, 208, 213,
conflito 149, 179 217, 218, 219, 220, 224, 225, 226, 227, 228, 229,
conhecimento 8, 10, 14, 15, 16, 17, 19, 20, 67, 106, 112, 150, 151, 232, 235, 236, 237, 239, 240, 241, 243, 250, 252,
165, 166, 174, 181, 184, 191, 193, 215, 216, 221, 253, 254
222, 223, 224, 226, 227, 228, 229, 235, 236, cultura científica 11, 13, 16, 17, 20, 55, 225, 226, 227, 228, 229,
239, 240, 241, 247, 249, 252 232, 235, 236, 237, 239, 250, 253, 254
conhecimento científico 16, 151, 174, 226, 228, 229, 236, cultura contemporânea 8, 12, 19, 173, 216, 220, 227, 243, 244,
240, 247 249, 250, 251, 253, 254, 256, 257
conhecimentos fragmentados 252 curtura 8, 12, 19, 38, 55, 87, 88, 98, 173, 208, 216, 220, 227,
Conselho Executivo das Normas-Padrões 59 237, 240, 242, 243, 244, 245, 246, 247, 248, 249,
Conselho Nacional de Pesquisa Científica do Brasil 20 250, 251, 253, 254, 256, 257
conselhos médicos 147 D
conspiração 147, 148, 149, 151, 156, 157, 158, 159, 160, 162, debates parlamentares 147
189, 248 decolonização 17
construção 15, 63, 69, 160, 173, 174, 179, 188, 192, 227, 231, défices de conhecimento 150
236, 239, 240, 242, 247, 252
democracia 10, 12, 14, 15, 16, 17, 18, 104, 112, 117, 118, 122, 126,
consumidores 57, 115 131, 134, 145, 152, 166, 172, 179, 180, 182, 192, 193,
consumo 58, 60, 62, 65, 67, 68, 74, 75, 76, 80, 81, 83, 84, 86, 246, 252
105, 110, 115, 116, 119, 144, 155, 157, 162, 213, 223 democracy 42, 51, 53, 166, 194
contemporary brazilian context 198, 211 democrática 118, 134, 135, 173, 176, 182, 193, 224
SUMÁRIO 259
democratização 11, 20, 193, 216, 221, 225, 226, 227, 228, 229, ensino superior 244
232, 235, 240, 247, 250 entretenimento 62, 64, 71, 76, 86, 90, 107, 247
denialism 53, 198 epistemology 41
desinformação 10, 12, 14, 17, 18, 113, 146, 147, 148, 149, 150, esfera pública 18, 105, 106, 107, 108, 110, 128, 143, 147, 150, 178
156, 159, 162, 164, 165, 170, 172, 174, 175, 185,
espaço público 10, 18, 104, 105, 106, 109, 110, 112, 114, 116,
186, 187, 188, 189, 190, 191, 192, 193, 194, 196,
122, 173
216, 227, 233, 234, 240, 248, 249
espaços midiáticos 216
desinformação científica 149
espaço-tempo 239
desinformação digital massiva 147
especialistas 12, 149, 186, 232
desinformación 126, 127, 128, 129, 130, 131, 132, 138, 139, 140,
142, 143, 233, 250 especulações 148
destinos ibéricos 245 estado 88, 106, 109, 116, 119, 120, 121, 122, 129, 130, 143, 149,
177, 186, 190, 192, 193
digital 12, 13, 15, 51, 53, 57, 59, 65, 73, 87, 88, 89, 138, 141, 142,
143, 144, 147, 163, 167, 168, 189, 190, 203, 204, Estados Unidos 88, 89, 90, 187, 195
207, 208, 210, 211, 212, 239, 246, 248, 249, 251 estética 38, 244
digitalização 106, 118, 120 estudos culturais 220
dinâmicas culturais 218 Estudos de Cultura Contemporânea 8, 12, 19, 173, 216, 220,
direitos humanos 244, 245 227, 243, 244, 249, 250, 251, 253, 254, 256, 257
discurso 107, 108, 110, 113, 122, 131, 132, 133, 147, 148, 150, 152, estudos feministas 245
153, 154, 156, 176, 178, 179, 180, 188, 189, 190, eurocentrismo 94, 103
196, 220, 230, 237, 240 Europa 120, 242
diversidade 62, 63, 221, 239, 240, 245 evidências epidemiológicas 147
diversification 202, 203, 204, 205, 211
F
divulgação 59, 184, 193, 216, 226, 227, 228, 229, 230, 235,
236, 237, 246 Facebook 113, 119, 137, 144, 148, 154, 155, 156, 158, 166, 195, 196
divulgação científica 193, 216, 226, 227, 228, 229, 230, 235, fact-checking 127, 128
237, 246 factual 130, 131, 133, 148, 172, 173
doenças 149, 183, 218 fake news 12, 14, 18, 126, 127, 128, 140, 148, 169, 204, 210, 246
dynamics 198, 203, 213 falsedad 127, 128
dynamic texts 37 female editors 36
E feminismo 103, 245
economia 214 figuras públicas 12, 234, 242
ecossistema 59, 159, 172 film 22, 23, 29, 30, 31, 32, 33, 35, 36, 37, 38, 40, 49, 50, 208
educação globalizada 242 filosofia 54, 173, 240
educación 103 Fórum Mundial Económico 147
EEUU 134, 136, 143 G
empiricism 48 Globoplay 9, 17, 56, 58, 60, 67, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 77, 78, 80,
ensino básico 244 81, 82, 83, 84, 85, 86, 88, 89, 90
SUMÁRIO 260
GP 239 J
gripe 149 jornalismo 163, 179, 226, 227, 228, 229, 230, 231, 232, 235,
GRISLAB 200 236, 237, 248
grupo de pesquisa 12, 20, 233, 239, 256, 257 jornalismo científico 230, 232, 237
jornalista 20, 57, 172, 182, 229, 232
H
jornalísticos 69, 70, 71, 151, 153
habilidades 240
hiperdinamização 239 L
história 20, 77, 78, 80, 90, 105, 109, 117, 147, 175, 185, 216, literacia 150, 157, 163, 164, 165, 193
240, 242 M
history 32, 36, 37, 51, 201 mass media 105
history of cinema 36, 37 materialidades 248, 254
horizontes culturais 219 materiality 23, 25, 27, 31, 34, 36, 37
human experience 199 matrices del poder 95
I mechanical noises 37
IAMCR 43, 44, 52, 54 media 10, 37, 50, 51, 52, 88, 90, 105, 108, 114, 115, 122, 123,
Ibope 58, 63, 69, 81, 89 147, 148, 149, 151, 153, 154, 155, 159, 163, 164,
165, 166, 167, 168, 169, 170, 172, 174, 175, 178,
identidades 93, 95, 132, 140, 142, 218, 221, 245
187, 190, 192, 194, 196, 200, 201, 202, 203, 204
identidades religiosas 245
media ritual 201
identitário 245
media sociais 115, 147, 148, 149, 155, 172, 174, 175, 187, 190, 192
Ideologia 123
media systems 200
imigração 242, 249
medios de comunicación 97, 136, 139, 142
imigrantes 155, 245
memórias 64, 114, 218
imprensa 19, 105, 111, 174, 177, 178, 179, 180, 184, 192
memory 40
indios 93
mentira 19, 55, 128, 129, 130, 134, 135, 138, 144, 145, 172, 175
infocracia 124, 138, 145
mercadoria 107, 115
infodemia 147
mercantilização 105, 120
informações conflitantes 149
metadiscourse 24
Instagram 148, 203, 208, 210
methodological procedures 41, 198
intended interlocutors 198, 209, 211
methodology 47, 48, 50, 205
interdisciplinar 11, 13, 220, 238, 239, 248, 251, 252
metodológicos 15, 60, 239, 247
interdisciplinaridade 11, 13, 220, 238, 239, 248, 251, 252
migration 202, 204, 205, 211, 212
International Association for Media and Communication
minoria 148, 158, 163
Research 44
modeling forces 198
interpretative endeavor 24
modelo de negócio 57, 65, 70
interseccionalidades 93
multicultural 245, 251
SUMÁRIO 261
multimodal 43, 44, 251 plataformas 9, 15, 17, 18, 56, 57, 58, 60, 65, 66, 67, 68, 69, 70,
multimodality 43 71, 72, 74, 75, 76, 79, 84, 85, 86, 116, 141, 148,
149, 154, 158, 159, 172, 174, 175, 187, 190, 191, 192,
multimundos 11, 12, 20, 233, 238, 239, 240, 241, 242, 243, 246,
193, 223
247, 248, 249, 251, 252, 253, 254, 256, 257
podcast 14, 15, 233, 249, 250
multiplataformas 63, 69, 86, 239
poder 14, 17, 18, 66, 68, 83, 87, 92, 94, 95, 98, 100, 111, 116, 118,
mundo 14, 15, 18, 55, 63, 68, 93, 95, 96, 101, 102, 106, 109,
119, 120, 121, 132, 133, 134, 136, 137, 138, 139, 143,
110, 111, 112, 114, 117, 118, 120, 122, 127, 130, 132,
144, 152, 153, 157, 172, 174, 175, 176, 177, 179, 180,
135, 136, 140, 141, 148, 150, 151, 165, 171, 172, 173,
182, 184, 192, 222
175, 183, 187, 193, 194, 217, 226, 240, 241, 242,
245, 249 política 13, 14, 16, 18, 19, 37, 94, 96, 105, 106, 108, 114, 116, 117,
123, 128, 129, 130, 131, 133, 134, 135, 136, 137, 141,
N 143, 144, 150, 153, 154, 155, 161, 164, 165, 172,
narrativas 57, 78, 95, 113, 148, 160, 224, 236, 244 173, 174, 175, 176, 178, 180, 182, 185, 188, 193,
narrativas transmídias 244 213, 214, 219, 229
narrative 32, 35, 41, 43, 47, 50, 90 políticos 57, 112, 119, 129, 131, 138, 140, 143, 147, 154, 155, 164,
165, 172, 173, 175, 176, 177, 179, 181, 186, 190, 192,
negacionismo 12, 14, 127, 174, 182, 184, 251 196, 213, 222, 248, 250
negacionistas 13, 16, 227 Politics 123, 167, 195
neoliberal discourse 202 população 17, 18, 118, 158, 172, 226, 247
O populismo 10, 122, 150, 151, 152, 153, 156, 160, 163, 170, 173,
obscurantismo 174, 193 174, 175, 180, 182, 184, 187, 188, 189, 190, 192,
ódio 122, 172, 173, 189, 192, 193, 216 193, 195, 248
opinião pública 194 Portugal 8, 12, 15, 17, 18, 147, 174, 194, 216, 227, 234, 242, 245,
247, 248, 250, 253, 254, 256, 257
opiniões 64, 69, 112, 152, 154, 216, 234
pós-graduação 8, 12, 174, 216, 220
opinión publica 127, 134, 135, 145
posverdad 126, 127, 128, 145
P power struggles 200, 203, 212
pandemia 10, 18, 19, 88, 127, 130, 133, 147, 148, 150, 151, 156, PPG 243, 244, 247, 249, 250, 256, 257
157, 158, 159, 160, 161, 162, 164, 170, 180, 182,
183, 184, 185, 186, 187, 189, 190, 192, 196, 221, PPGCOM 8, 12, 20, 174, 213, 216, 227, 233, 253, 256, 257
227, 234, 248 PPGECCO 20, 216, 220, 224, 227
pandemic 10, 145, 168, 197, 198, 204, 205, 206, 209, 210, pragmatist approach 198, 199, 211
211, 212 produtividade 217, 218
patrimônio cultural 245 Programa de Pós-graduação em Comunicação 8, 173, 256
pedagogia 245 Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Poder 19,
personalities 199, 200 216, 227
personification 201, 205, 209, 211, 212 Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura
phenomenon 198, 199, 201, 202, 203, 211 Contemporânea 216, 220, 227, 244, 249,
253, 257
philosophy 44
Programa em Estudos de Cultura Contemporânea 8, 12
SUMÁRIO 262
public face 199, 201, 209, 212 T
publicidade 57, 59, 116 tecnologias digitais 217, 239, 244
public image 198, 200, 205 tecnologias emergentes 12
R telespectadores 57, 59, 60, 62, 63, 64, 65, 72, 83
racialización 92, 94, 103 televisão 17, 19, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 68, 69,
71, 73, 75, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 84, 85, 86, 87,
reality TV 202
88, 89, 155, 161, 162, 163, 182, 227, 233
redes sociais 8, 12, 16, 17, 18, 19, 69, 117, 118, 147, 148, 149,
teoria crítica 105
151, 154, 155, 156, 157, 158, 159, 160, 161, 162, 163,
164, 165, 182, 186, 190, 191, 194 teoria da conspiração 148, 157, 159
refugiados 152, 245 teóricos dos trolls 147
relaciones públicas 135 territorio cognitivo 96
research 22, 23, 36, 40, 41, 43, 48, 52, 53, 54, 145, 167, 198, Transmídia 243, 244
199, 200 Tribunal Superior Eleitoral 176
S TSE 176, 181
scenario 211 TV aberta 58, 59, 62, 63, 64, 72, 74, 84, 85
science communication 40, 50, 210 TV Paga 58
scientific audiovisual 40, 41, 43, 44, 46, 47, 48, 52, 53 Twitter 113, 118, 148, 154, 156, 195, 204, 208, 210
scientist 47, 198, 207, 208, 209, 210, 211, 212 U
scientist-celebrities 198 UFMT 12, 20, 41, 220, 227, 233, 237, 242, 243, 244, 247, 250,
scientist-celebrity 211, 212 253, 254, 256, 257
scientist-influencer 212 ultradireita 245
sewing machine 25, 29, 34, 35 Universidade 8, 12, 16, 17, 19, 20, 55, 88, 173, 174, 214, 216, 220,
227, 232, 233, 234, 241, 242, 244, 245, 247, 248,
sexualidade 245
249, 250, 253, 254, 255, 256, 257
sistemas culturais 218, 219
USP 209, 237, 244, 246, 248, 253, 254, 257
social networks 50, 51, 203, 204, 207, 208, 211, 212
V
sociedad 92, 96, 97, 126, 129, 134, 135, 136, 137, 138, 139, 143
verdad 10, 18, 125, 126, 127, 128, 129, 132, 134, 143, 144
sociedade 10, 12, 14, 16, 18, 19, 63, 64, 104, 108, 109, 110, 111,
117, 119, 120, 154, 157, 173, 180, 190, 213, 217, 221, verdade 13, 19, 117, 148, 171, 172, 178, 185, 227, 233
223, 224, 226, 227, 228, 229, 236, 239, 242, 243, vertical montage 25, 26, 27
244, 252 video-essay 23, 25
sociedade midiatizada 12 violência 172
sociedades de control 129, 144 virologistas 147
society 90, 123, 124, 145, 169, 194, 196 vírus 147, 149, 151, 158, 182, 185, 190, 223
STF 181, 189 visibilidade 85, 178, 190, 242
Supremo Tribunal Federal 177 visibility 202, 203, 204, 205, 210, 211, 212
symbolic capital 204, 209, 212 visões ideológicas 150
SUMÁRIO 263