Apostila Jornalista

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NA CURSOS & ASSESSORIA

As teorias da comunicação reúnem o conjunto de pesquisas realizadas a


partir dos estudos sociológicos, antropológicos, psicológicos, linguísticos e
filosóficos acerca da comunicação humana, ou seja, da comunicação social.

A linguagem é o objeto essencial de estudo sobre a comunicação - seja ela


verbal ou não verbal- sendo a comunicação, um ato essencial de
desenvolvimento da sociedade.

Assim, muitos teóricos tentam desvendar os usos, a importância da


comunicação bem como seu surgimento entre os seres humanos.

Escolas, Conceitos e Teóricos: Resumo


A comunicação é objeto de estudo de diversas áreas e, portanto, abrange
abordagens distintas.

Os estudos sobre as Teorias da Comunicação começaram a ser mais


explorados a partir do século XX, com a expansão dos meios de comunicação.

Principais Escolas, conceitos e tendências.

Escola Estadunidense

A Pesquisa de Comunicação de Massa (“A Mass Communication Research”)


teve início nos Estados Unidos na década de 20. Ela esteve centrada nos
estudos sobre a relação e interação entre os meios de comunicação de massa
bem como os comportamentos dos indivíduos na sociedade.

É classificada em duas principais correntes de pesquisas, ambas focadas nos


estudos sobre a interação:

1. Escola de Chicago

Destaca-se o sociólogo estadunidense Charles Horton Cooley (1864-1929) e o


filósofo Georg Herbert Mead (1863-1931) com estudos sobre interação social
e comportamento coletivo.

2. Escola de Palo Alto

Com a apresentação do modelo circular de informação, se destaca o biólogo e


antropólogo Gregory Bateson (1904-1980).

Das teorias da comunicação desenvolvidas nas escolas estadunidenses,


temos:

Corrente Funcionalista

Com foco nos estudos sobre os media e a função da comunicação na


sociedade, os principais teóricos da corrente funcionalista são:

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 o sociólogo austríaco Paul Lazarsfeld (1901-1976);


 o cientista político estadunidense Harold Lasswell (1902-1978);
 o sociólogo estadunidense Robert King Merton (1910-2003).

O “Modelo de Lasswell” focou nos estudos de compreensão e descrição dos


atos de comunicação baseada nas perguntas: “Quem? Diz o quê? Através de
que canal? A quem? Com que efeito?”.

Teoria dos Efeitos

Classificada em dois tipos “Teoria Hipodérmica” (Teoria da Bala Mágica) e


“Teoria da Influência Seletiva”.

A primeira está fundamentada no behaviorismo e focada nos estudos sobre as


mensagens emitidas pelos meios de comunicação de massa e os efeitos
causados nos indivíduos.

Os teóricos mais relevantes da Teoria Hipodérmica foram: o psicólogo


estadunidense John Broadus Watson (1878-1958) e o psicólogo e sociólogo
francês Gustave Le Bom (1841-1931).

Por sua vez, a Teoria da Influência Seletiva é classificada em “Teoria da


Persuasão” que leva em conta os fatores psicológicos e a “Teoria de Efeitos
Limitados” (Teoria Empírica de Campo), fundamentada nos contextos sociais
(aspectos sociológicos).

Os principais articuladores foram: o psicólogo estadunidense Carl Hovland


(1912-1961) e o psicólogo alemão-americano Kurt Lewin (1890-1947).

Escola Canadense

Os estudos sobre a comunicação de massa no Canadá surgem no início dos


anos 50 a partir dos estudos do teórico, filósofo e educador Herbert Marshall
McLuhan (1911-1980).

Luhan foi criador do termo “Aldeia Global”, lançado em 1960, que indica a
interligação do mundo por meio das novas tecnologias. De acordo com o
teórico:

“A nova interdependência eletrônica recria o mundo em uma imagem de


aldeia global.”

Luhan foi precursor dos estudos sobre o impacto da tecnologia na sociedade


através da comunicação massificada.

Segundo ele: “O meio é a mensagem”, ou seja, o meio torna-se o elemento


determinante da comunicação. Ele pode interferir diretamente na percepção
do conteúdo da mensagem, sendo, portanto, capaz de modificá-la.

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O teórico classifica os meios conforme um prolongamento dos sentidos


humanos:

 os “meios quentes” apresentam um volume excessivo de informação,


envolvendo assim um único sentido. Portanto, eles têm menor participação
nos receptores, por exemplo, o cinema e o rádio.
 os “meios frios” apresentam pouca informação e envolvem todos os
sentidos. Logo, permitem maior envolvimento dos receptores, por exemplo,
o diálogo, o telefone.

Escola Francesa

Na Escola Francesa, a “Teoria Culturológica” teve início nos anos 60 com a


publicação da obra “Cultura de Massas no século XX” do antropólogo,
sociólogo e filósofo francês Edgar Morin (1921).

Os estudos de Morin focaram na Industrialização da Cultura. Foi ele quem


introduziu o conceito de Indústria Cultural.

Roland Barthes (1915-1980), sociólogo, semiólogo e filósofo francês,


contribuiu na “Teoria Culturológica” por meio de estudos semióticos e
estruturalistas. Ele realizou análises semióticas das propagandas e revistas,
focado nas mensagens e no sistema de signos linguísticos envolvidos.

Georges Friedmann (1902-1977) foi um sociólogo francês marxista, um dos


fundadores da “Sociologia do Trabalho”. Ele abordou sobre os aspectos dos
fenômenos de massa desde sua produção e consumo, apresentando assim, as
relações do homem e das máquinas nas sociedades industriais.

O sociólogo e filósofo francês Jean Baudrillard (1929-2007) contribuiu com


seus estudos na “Escola Culturológica”. Abordou aspectos da sociedade de
consumo desde o impacto da comunicação de massa na sociedade, onde os
indivíduos estão inseridos numa realidade construída, denominada de
“realidade virtual” (hiper-realidade).

Louis Althusser (1918-1990), filósofo francês de origem argelina, contribuiu


para a “Escola Culturológica” com o desenvolvimento de estudos sobre os
aparelhos ideológicos de Estado (mídia, escola, igreja, família).

Eles são formados através da ideologia da classe dominante e estão


relacionados com a coerção direta dos instrumentos repressivos do Estado
(polícia e o exército). Na teoria da comunicação, analisa os aparelhos
ideológicos do Estado (AIE) de informação, ou seja, a televisão, o rádio, a
imprensa, dentre outros.

Pierre Bourdieu (1930-2002) foi um sociólogo francês, importante nos estudos


dos fenômenos midiáticos, sobretudo em sua obra “Sobre a Televisão”
(1997). Nela, ele critica a manipulação da mídia, nesse caso, no campo

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jornalístico, o qual veicula as mensagens do discurso televisivo em busca de


audiência. Segundo ele:

“A tela de televisão se transformou hoje numa espécie de espelho de Narciso,


num lugar de exibição narcísica.”

Michel Foucault (1926-1984) foi filósofo, historiador e filólogo francês. Ele


desenvolveu o conceito de "panóptipo", um dispositivo de vigilância ou
mecanismo disciplinar de controle social.

Por meio desse conceito, a tevê é considerada um “panóptipo invertido”, ou


seja, ela inverte o sentido da visão, ao mesmo tempo que organiza o espaço e
controla o tempo.

Escola Alemã

A Escola de Frankfurt, inaugurada no início da década de 20 na Alemanha,


desenvolve a “Teoria Crítica” de teor marxista. Decorrente do nazismo ela
fecha e reabre em Nova York na década de 50.

Assim, da primeira geração da escola de Frankfurt destacam-se os filósofos e


sociólogos alemães Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer.

Eles foram os criadores do conceito de “Indústria Cultural” (que substitui o


termo cultura de massa), onde a cultura é transformada em mercadoria,
desde a manipulação e as mensagens ocultas envolvidas.

Do mesmo período, o filósofo e sociólogo alemão Walter Benjamim (1892-


1940) apresenta uma linha de pensamento mais positiva no artigo “A obra de
arte na época de sua reprodutibilidade técnica” (1936).

Esse estudo aborda a democratização da cultura no sistema capitalista ao


tornar os bens culturais objetos da reprodução industrial. A reprodução em
série torna a arte um objeto de consumo cotidiano das massas, mesmo com a
perda de sua “áurea”, a qual por sua vez, pode contribuir no desenvolvimento
da intelectualidade da sociedade.

Outros teóricos que fizeram parte da primeira geração da Escola de Frankfurt


foram: o filósofo, sociólogo e psicólogo alemão Erich Fromm (1900-1980), que
aborda aspectos da alienação do ser humano na sociedade industrial e
capitalista; e o sociólogo e filósofo alemão Herbert Marcuse (1898-1979) e
seus estudos sobre o desenvolvimento da tecnologia.

Já na segunda geração da escola alemã, destaca-se o filósofo e sociólogo


Jürgen Habermas (1929) e seus estudos acerca da esfera pública abordados
na obra “Mudança Estrutural da Esfera Pública” (1962).

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Para ele, a esfera pública, que antes era composta por uma burguesia com
consciência crítica, foi transformada e dominada pelo consumismo, levando a
perda de seu caráter e conteúdo crítico.

Escola Inglesa

Os “Estudos Culturais” foram desenvolvidos na Inglaterra em meados dos


anos 60, através do “Centro de Estudos da Cultura Contemporânea da Escola
de Birmingham” (Centre for Contemporary Cultural Studies), fundado por
Richard Hoggart em 1964.

Os estudos culturais ingleses estavam voltados para a análise da teoria


política, visto que seus pesquisadores focaram, sobretudo, na diversidade
cultural gerada pelas práticas sociais, culturais e históricas de cada grupo.

Os teóricos dessa corrente balizaram seus estudos na heterogeneidade e


identidade cultural, na legitimação das culturas populares e no papel social de
cada indivíduo dentro da estrutura social, expandindo assim, o conceito de
cultura.

No tocante aos meios de comunicação de massa, mercantilização e


massificação da cultura, muitos teóricos do período criticaram a imposição da
cultura de massa por meio da Indústria Cultural, observando o papel dos
meios de comunicação de massa na construção da identidade.

Os principais teóricos que fizeram parte dos estudos culturais ingleses foram:
Richard Hoggart (1918-2014), Raymond Williams (1921-1988), Edward Palmer
Thompson (1924-1993) e Stuart Hall (1932-2014).

Escola Brasileira

A corrente de estudos denominada “FolkComunicação” foi introduzida no


Brasil nos anos 60 pelo teórico Luiz Beltrão de Andrade Lima (1918-1986).

A principal característica desse movimento foi os estudos sobre o folclore e a


comunicação popular através dos meios de comunicação de massa. Segundo
ele:

“A Folkcomunicação é, assim, o processo de intercâmbio de informações, e


manifestações de opiniões, ideias e atitudes de massa atrvés de agentes e
meios ligados direta ou indiretamente ao folclore”.

As "Teorias" do Jornalismo

A teoria do espelho. É a teoria mais antiga e responde que as notícias são como são porque a
realidade assim as determina. De uma maneira geral, é a teoria que corresponde ao senso
comum das redações e de muitas Faculdades e Cursos de Jornalismo no Brasil. Esquece-se o
trabalho simbólico do jornalismo, reduzindo o jornalismo a meras técnicas, meia dúzia de regras
- os tradicionais o quê?, quem?, quando?, onde?, como?, e por quê?

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A origem dessa teoria está relacionada com o desenvolvimento da indústria do jornal nos séculos
XIX e XX, caracterizada por duas tendências principais: o crescimento e a consolidação da
circulação massiva de jornais e a crescente internacionalização das atividades de coleta das
notícias (THOMPSON, 1995).

Os jornais se tornaram, cada vez mais, empreendimentos comerciais de grande porte, que
exigiam relativamente grandes quantidades de capital para começar e se manter devido à
competição crescente. Por conseguinte, o tradicional proprietário-comunicador, que possuía um
ou dois jornais como um negócio familiar, deu lugar, de forma sempre crescente, ao
desenvolvimento de organizações de muitos jornais e muitos meios.

Dentro desse contexto, o desenvolvimento dessa concepção, que é, ainda hoje, o padrão
dominante no campo jornalístico, apresenta dois momentos históricos cruciais. Em meados do
século XIX, surge com o chamado novo jornalismo - o jornalismo de informação - que tinha como
preocupação separar fatos e opiniões.

Assim, em 1856, o correspondente, em Washington, da agência de notícias Associated Press,


sintetizaria a nova marca desta tradição jornalística: "O meu trabalho é comunicar fatos: as
minhas instruções não permitem qualquer tipo de comentários sobre os fatos sejam eles quais
forem" (READ apud TRAQUINA, 2001, p. 66).

O segundo momento tem lugar no século XX com o conceito de objetividade nos Estados Unidos.
Schudson explica que o ideal da objetividade não foi a expressão final de uma convicção nos
fatos, mas a afirmação de um método concebido em função de um mundo no qual mesmo os
fatos não mereciam mais confiança, principalmente, depois da eficácia da experiência da
propaganda e das relações públicas na Primeira Guerra Mundial.

Para Schudson (1978, p.7), com a ideologia da objetividade, os jornalistas substituíram uma fé
simples nos fatos por uma fidelidade às regras e procedimentos criados para um mundo no qual
até os fatos eram postos em dúvida.

Já Tuchman (1993a) considera a objetividade como uma forma de os jornalistas se preservarem


no desempenho de sua atividade profissional. Ela lista algumas estratégias mobilizadas por eles
com a finalidade de mostrar que fazem a distinção entre aquilo que pensam e aquilo que
relatam.

Os jornalistas apresentam versões diferentes de uma mesma realidade; apresentam provas


suplementares para fundamentar um fato; usam aspas para indicar que o repórter não está
dando a sua versão do fato, mas a da fonte, do entrevistado; apresentam os fatos mais
importantes primeiro, e separam cuidadosamente os fatos das opiniões através da utilização do
rótulo de informação opinativa.

"Daria a impressão de que os procedimentos noticiosos exemplificados como atributos formais


das notícias e jornais são, efetivamente, estratégias através das quais os jornalistas se protegem
dos críticos e reivindicam, de forma profissional, a objetividade, especialmente porque a sua
experiência profissional não é suficientemente respeitada por leitores e pode até ser alvo de
críticas" (TUCHMAN, 1993a, p. 89) (o itálico é da autora).

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O fato é que a ideologia jornalística tem, na objetividade, um fator central da sua atividade.
O ethos dominante, os valores e as normas identificadas, que situam o jornalista como uma
espécie de juiz da realidade, os procedimentos identificados com o profissionalismo, fazem com
que os profissionais rejeitem qualquer ataque à teoria do espelho porque, em última análise, ela
colocaria em xeque a legitimidade e a credibilidade de, no desempenho da profissão, serem fiéis
reprodutores da realidade.

Entendemos que, reduzir uma questão complexa, como a produção da notícia ao seu lado
meramente visível, implica desconhecer, por exemplo, o caráter problemático da afirmação
segundo a qual o sujeito é pensado no interior do código, com este estabelecendo relações
especiais, que lhe fornecem as possibilidades de simbolizar (FAUSTO NETO, 1991).

A teoria da ação pessoal ou a teoria do gatekeeper. Na literatura acadêmica, a primeira teoria


que surgiu foi a teoria do gatekeeper. Nos anos 50, White aplicou, pela primeira vez, o conceito
ao jornalismo. O termo gatekeeper refere-se à pessoa que toma uma decisão numa seqüência de
decisões.

A teoria analisa as notícias apenas a partir de quem as produz: o jornalista. Assim , é uma teoria
que privilegia uma abordagem microssociológica, em nível do indivíduo, ignorando, por
completo, os fatores macrossociológicos, ou mesmo, outros fatores microssociológicos, como
as rotinas de trabalho. É uma concepção que parte do princípio da soberania do jornalista,
reduzindo o ato de produção jornalística à seleção individual da escolha do que é noticiável.

O Jornalismo e os constrangimentos organizacionais

A teoria organizacional. Essa teoria amplia a abordagem teórica do âmbito individual para a
organização jornalística. O primeiro a trabalhar com essa abordagem foi Breed. O sociólogo
norte-americano observa que os constrangimentos organizacionais têm um papel importante
sobre a atividade profissional do jornalista.

Breed identifica seis fatores que promovem o conformismo com a política editorial da empresa: a
autoridade institucional e as sanções, os sentimentos de estima e obrigação para com os
superiores, as aspirações de mobilidade, a ausência de grupos em conflito, o prazer da atividade
e as notícias como valor.

Essa teoria procura mostrar como o trabalho jornalístico é influenciado pelos meios de que as
organizações jornalísticas dispõem. Assim, essa teoria aponta para a importância do fator
econômico na atividade jornalística.

Todas as empresas privadas jornalísticas vêem o jornalismo como um negócio. As receitas


provêm basicamente das vendas e da publicidade. O espaço ocupado pela publicidade acaba
intervindo na produção do produto jornalístico. Na televisão, por exemplo, a publicidade impõe
sobretudo a lógica das audiências: mais audiência, mais receita.

Dessa forma, o conteúdo do noticiário televisivo, de uma forma ou de outra, acaba sendo
influenciado pela dimensão econômica: são incluídos fatos no jornal que teoricamente devem
atrair uma maior audiência.

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A busca do lucro tem levado as empresas jornalísticas ao crescente uso de critérios econômicos
para definir o que é notícia. A lógica é vender brinquedos, vídeos, etc., e não informar.

Por causa dos custos e da lógica do lucro, o trabalho jornalístico acaba sendo submetido a
constrangimentos em função do orçamento da empresa. A dimensão econômica enfatiza a
percepção da notícia como um produto que deve ser inserido na relação entre produtor e cliente
e satisfazer as exigências do cliente.

Numa perspectiva mais ampla, a dimensão econômica na era da globalização reforça a procura
de sinergias. Isso levanta questões como: as estratégias multimídia e a problemática da
concentração dos meios de comunicação social. Muitos autores (MORAES, 1997) chamam a
atenção para as conseqüências negativas dessa tendência, nomeadamente, a homogeneização
dos conteúdos midiáticos e a limitação ao pluralismo de opiniões na mídia.

As teorias de ação política - de acordo com essas teorias, a mídia é vista de uma forma
instrumentalista. Isto é, serve objetivamente a certos interesses políticos. Na versão da
esquerda, a mídia noticiosa é concebida como um instrumento que ajuda a manter o sistema
capitalista; na versão da direita, que põe em causa o capitalismo. Nas duas versões, as notícias
são distorções sistemáticas, que servem a interesses sociais bem específicos, que usam as
notícias na projeção da sua visão do mundo.

As teoria estruturalista e etnoconstrucionista partilham de um mesmo paradigma que emergiu


na década de 70: o jornalismo como construção social da realidade. A teoria
estruturalista reconhece a autonomia relativa dos jornalistas em relação a sua atividade. De
acordo com Hall et al. (1993, p.224-248), as pressões práticas do trabalho constante contra o
relógio e as exigências profissionais de imparcialidade e objetividade combinam-se para produzir
um acesso exagerado, sistematicamente estruturado, à mídia por parte daqueles que detêm
posições institucionalizadas privilegiadas.

O Jornalismo e a construção social da realidade

Como conseqüência dessa preferência estruturada dada pela mídia à opinião dos poderosos é
que esses porta-vozes se transformam no que Hall, Chritcher, Jefferson, Clarke e Robert chamam
de definidores primários.

"O importante da relação estrutural entre a mídia e os definidores primários institucionais é que
permite aos definidores institucionais estabelecer a definição ou interpretação primária do tópico
em questão. Então esta interpretação `comanda a ação' em todo o tratamento subseqüente e
impõe os termos de referência que nortearão todas as futuras coberturas ou debates" (HALL et
al., 1993, p.230).

A teoria etnoconstrucionista defende que as notícias são o resultado de um processo de


produção, definido como percepção, seleção e transformação de uma matéria-prima
(principalmente os fatos) num produto (as notícias).

Os fatos constituem um imenso universo de matéria-prima; a estratificação desse recurso


consiste na seleção do que irá ser tratado, ou seja, na escolha do que se julga matéria-prima
digna de adquirir existência pública de notícia, ser noticiável, ter noticiabilidade.

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O desenvolvimento de um campo jornalístico autônomo tem como um fator importante a


profissionalização das pessoas envolvidas na atividade jornalística em que são reivindicadas a
autoridade e a legitimidade de exercer um monopólio sobre o poder de noticiabilidade dos fatos
e das problemáticas. Grosso modo, uma diferença central entre a teoria estruturalista e
a etnoconstrucionista, que compartilham o paradigma construtivista, é que a primeira é
mais orientada para as fontes, e a segunda, mais orientada para os jornalistas.

A teoria construcionista reconhece um grau maior de autonomia por parte dos jornalistas. Outra
diferença importante entre as duas teorias é que a teoria estruturalista defende a posição de que
os valores-notícia dos jornalistas têm um papel central na reprodução da ideologia dominante.

Em trabalho que desenvolvemos sobre as relações entre rotinas de trabalho, constrangimentos


organizacionais e textos jornalísticos, procurando aproximar a sociologia da notícia da Análise de
Discurso, escola francesa, categorizamos cinco enunciativas mobilizadas pelos jornalistas que
apontam para um fenômeno particular no jornalismo que é a produção de um telejornal.
Identificamos cinco estratégias discursivas mobilizadas pelos jornalistas no exercício da atividade
jornalística que são traduzidas em cinco operações enunciativas que procuram estabelecer um
vínculo com a audiência: de atualidade, de objetividade, de interpelação, de leitura e didáticas.

O jornalismo, em particular, o gênero telejornal, é, na essência, o discurso da atualidade. Não da


atualidade cronológica, já que entre o momento do acontecimento do fato e a notícia, temos um
interregno mediado pelo telejornal, mas da atualidade do noticiário televisivo. Mesmo um
evento transmitido ao vivo, em tempo real, se submete ao tempo e à formatação do telejornal:
há um recorte sobre a realidade (pelo plano da tomada, pela forma de enquadramento, etc).

A atualidade é um vínculo central que se estabelece entre a audiência e o jornal. A ausência


desse fator tornaria o telejornal obsoleto uma vez que não haveria o interesse do público em
assistir o que já é conhecido, o que não é atual. Por isso, a preocupação constante no
telejornalismo em apresentar qualquer notícia como se estivesse ocorrendo no momento da
apresentação do noticiário. A audiência acredita que o que está sendo mostrando
aconteceu naquele momento..

Nas operações de objetividade os jornalistas são considerados como detentores autorizados do


poder de ordenação do mundo. As empresas jornalísticas constituem, assim, dispositivos de
acreditação ou de autorização. Mas, ao contrário de outros dispositivos de acreditação
(professores, padres, médicos, políticos, etc.), os dispositivos da informação midiática procedem
de modo informal: tendem a fundamentar a sua força através do apelo à mediação entre a
realidade e a audiência.

Quando confrontado com seu conceito de verdade, o jornalista reage como o artista plástico que
não faz mais nada do que citar o código supremo, fundador de todo real e que é a arte, de onde
derivam as verdades e as evidências. Tal como o artista plástico, o jornalista é infalível não pela
segurança das suas perfomances, mas pela autoridade da sua competência; é ele quem conhece
o código, a origem, o fundamento, e quem se assume, assim, como assegura, testemunha e
autor da realidade.

No que diz respeito às operações de interpelação o noticiário televisivo, em especial, mostra-nos


várias maneiras pelas quais a gramática da produção procura construir um vínculo ativo com a
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recepção. Um dos exemplos é o uso do pronome pessoal nós que busca fazer da audiência uma
espécie de co-participante do telejornal. Isso é muito comum quando o locutor/apresentador
recorre ao: Nós vamos ver, Vamos conferir, etc. O telespectador é convidado a assistir
determinada notícia como se estivesse na sala da casa do apresentador.

Com relação às operações de leitura é necessário reconhecer que, diante de todo noticiário
televisivo, a audiência - em maior ou menor grau - é um pouco também um editor, à medida que
deve comparar e analisar o material despejado no fluxo televisual, extraindo deduções daquilo
que foi dito e do que foi silenciado. Quanto mais a televisão torna visível os esforços das
autoridades para controlar as informações veiculadas na tela, menos efetivo se torna o controle
e mais livre se torna o espectador para concluir por sua própria conta.

Os jornalistas, de uma maneira geral, têm uma preocupação didática com relação à audiência. De
uma maneira geral é assim que eles se colocam diante do público. Nesse sentido, acionam uma
série de operações didáticas para dar conta dos acontecimentos, assumindo um tom professoral
diante da audiência. No que diz respeito ao mundo acadêmico, o livro de Paternostro: O Texto na
TV: Manual de Telejornalismo, adotado pela maioria dos cursos de jornalismo do Brasil, é um
exemplo disso.

A QUESTÃO DA IMPARCIALIDADE E DA OBJETIVIDADE

Embora a neutralidade, a imparcialidade e a objetividade, assim como a busca da verdade, sejam metas
perseguidas diariamente por jornalistas e repórteres, a imprensa é acusada com frequência de distorcer
fatos e nem sempre reproduzir as diversas versões presentes num acontecimento. Diante desse cenário,
essa pesquisa busca analisar os conceitos de objetividade, neutralidade e imparcialidade no jornalismo, a
partir da literatura sobre o tema, cuja discussão é recorrente entre os teóricos do jornalismo e os próprios
profissionais. Além da abordagem de aspectos teóricos e conceituais.

Segundo Hudec (1981, p. 45): O jornalista assume a grande responsabilidade não só de fornecer
informações separadas, verdadeiras, de importância variada, mas também de possibilitar às massas um
conhecimento verdadeiro no seu contexto mais vasto. Ou seja, para o autor o papel do jornalista é
permitir ao público o acesso à informação de teor verdadeiro. Apurar, checar e rechecar os dados
colhidos para depois construir a matéria. Isso traz credibilidade ao profissional, que não deve pretender
influenciar nas conclusões de seu público.

Para Traquina (2012, pág. 149), “o papel do jornalista é definido como o do observador que relata com
honestidade e equilíbrio o que acontece, cauteloso em não emitir opiniões pessoais.” O autor faz reflexão
sobre a importância do jornalista ao retratar o fato com clareza, sem emitir juízo de valor enquanto poder
de opinião pública, para aqueles que irão ler, ouvir ou assistir à matéria.

Esse conceito nos remete à teoria do espelho, que segundo Pena (2013, p. 125):

[...] é a ideia de que o jornalismo reflete a realidade. Ou seja, as notícias são do jeito que as conhecemos
porque a realidade assim as determina. A imprensa funciona como um espelho do real, apresentando um
reflexo claro dos acontecimentos do cotidiano.

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Nesta mesma linha de pensamento Traquina (2005, p 62) diz que, “segundo a metáfora dominante no
campo jornalístico, o jornalista é um espelho que reflete a realidade. O jornalista é simplesmente um
mediador.”

De acordo com Kovach e Rosenstiel (2003, p.127), o respeito pelo público está em fazer um trabalho
transparente, sem emissão de juízo de valor em todo o processo na apuração e construção da notícia:

A transparência [...] mostra o respeito dos jornalistas por seu público. Permite a este julgar a validade da
informação, o processo pelo qual essa mesma informação foi obtida e os motivos e preconceitos do
jornalista que a transmite.

Ainda sobre a transparência, Marcondes Filho (2002 p. 112), nesta mesma linha de pensamento sustenta:
[...] a ideologia da transparência é o único horizonte possível da imprensa; segundo ele, o que importa
hoje, em termos de jornalismo, é “ver claramente a realidade, o sentido”, isto é: bom é tudo aquilo que é
diáfano, translúcido, visível; todos os espaços, territórios, processos que se deixam ver.

Como problema central da pesquisa, buscamos compreender porque, na prática, esses conceitos são
considerados difíceis de serem praticados no meio jornalístico.

Nesse sentindo, o objetivo geral é analisar a visão dos teóricos da comunicação a respeito dos conceitos
de objetividade e imparcialidade. A pesquisa tem ainda os seguintes objetivos específicos:

 Analisar a formação acadêmica dos jornalistas;

 Analisar os conceitos de imparcialidade, objetividade e subjetividade na literatura jornalística;

 Analisar as várias visões acerca da imparcialidade e objetividade.

Com isso a principal justificativa pela a escolha do objeto de estudo, surge a partir da necessidade em
compreender por que esses critérios de imparcialidade, objetividade e neutralidade no jornalismo são
difíceis de serem praticados no exercício diário da profissão.

Falar sobre este tema torna-se um grande desafio, já que não se tem uma resposta concreta acerca deste
assunto, que é tão discutido no meio jornalístico, é um assunto que gera muita polêmica, pois não se
consegue chegar há um denominador comum, porém de bastante relevância esta discussão.

Primeiramente, buscamos entender como se dá a formação acadêmica, o relacionamento entre professor


e aluno e as matrizes curriculares para a realização do curso, e depois, verificar como se dá na atuação do
profissional em jornalismo, 7 quais as dificuldades que este (o jornalista) encontra, para desempenhar a
profissão? Como se dá o compromisso com a verdade do emissor ao receptor?

Buscar compreender essa problemática passando pela ética. E analisar o que os teóricos discutem acerca
desses conceitos, demonstrando os diversos pontos de vista de cada um a respeito dos conceitos.

1.1 DEFINIÇÃO DE IMPARCIALIDADE Amaral diz, acerca da 1 imparcialidade que (1996, p. 18), nossas
atitudes são influenciadas pelos valores adquiridos ao longo da vida. Somos prisioneiros de sistemas
de valores adquiridos. Os nossos atos são influenciados, quando não determinados, por nossa
maneira própria de ver, sentir e reagir à ação dos agentes externos. O ser humano vê o mundo por

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meio de uma espécie de filtro e com base nessa apreciação constrói a sua realidade. Assim sendo, o
autor diz que cada ser tem a bagagem e construção de vida, onde se formam a compreensão de
mundo, valores e julgamentos.

Kovach e Rosenstiel (2003, p. 41) citam um comentário de John Seeley Brown, ex-diretor da Xerox PARC,
onde ele diz que o jornalista precisa ter multiolhares: “habilidade para olhar as coisas sob múltiplos
pontos de vista e habilidade para chegar ao fundo das questões analisadas.” Além disso os autores Kovach
e Rosenstiel (2003, p. 122) destacam que: Imparcialidade deve significar que o jornalista esta sendo
equânime e isento em relação aos fatos, e ao entendimento que os cidadãos têm deles. Não deve
significar “estou sendo justo com minhas fontes, de forma que nenhuma delas ficará chateada?”
Tampouco deve o jornalista perguntar “será que a minha matéria parece imparcial?” Estes são
julgamentos subjetivos que talvez afastem o jornalista da necessidade de checar ainda mais seu trabalho.
Nessa mesma linha, Bourdieu (2005, p. 77 apud TRAQUINA, 1997 p. 12) diz:

Os jornalistas têm óculos particulares – são os seus valores-notícia. Escreve Bourdieu (1997:12): “Os
jornalistas têm os seus óculos particulares através dos quais veem certas coisas e não outras, e veem de
uma certa maneira as coisas que veem. Operam uma seleção e uma construção daquilo que é
selecionado.

1.2 OBJETIVIDADE / SUBJETIVIDADE

O conceito de 2 objetividade é um dos mais discutidos no meio jornalístico, pois vem em oposição à
subjetividade. De acordo com Barros Filho (1995, p. 43) a objetividade é composta por alguns itens: [...]
elementos como verdade, equilíbrio, checabilidade, clareza, legibilidade, equidistância e isenção são os
mais comumente citados como componentes do ideal-tipo “objetividade” ou como medidores do grau de
objetividade de um produto específico da mídia.

Para Marcondes Filho (2002, p.110): Objetividade, na perspectiva de Kant, seria uma representação
correta da realidade e não, como se crê, aquilo que existe independentemente do espírito humano e que
é oposto ao mundo aparente, irreal, ilusório (subjetivo).

De acordo com Correia (1997, p. 161), o conceito de objetividade nasce no final do século passado, depois
da Primeira Guerra Mundial: “Nascida, no final do século passado, com a imprensa industrial e noticiosa, e
consolidada como princípio jornalístico básico depois da primeira guerra Mundial.”

Barros Filho (1995, p. 26) corrobora com este conceito, quanto ao surgimento do jornalismo objetivo.

Se a ideia de objetividade surgiu num momento histórico relativamente preciso, seu prestígio desde
então passou por fases distintas. Sempre correndo o risco de simplificações e reduções abusivas,
podemos dizer que, até fins da década de 20, os preceitos da objetividade pareciam inatacáveis. Com o
surgimento das grandes revistas (mormente Time) e do jornalismo dito interpretativo, passou-se a
questionar as restrições próprias a uma “retratação” fiel da realidade. Só uma valoração, uma
hierarquização de temas, poderia permitir ao receptor distinguir com maior facilidade o essencial do
menos importante.

Já em Kovach e Rosenstiel (2003, p. 114), o conceito de objetividade surge no começo do século passado
baseado na crença de que os jornalistas eram muito preconceituosos. O termo começou a surgir como
parte do jornalismo no começo do último século, particularmente por volta dos anos 20, com base na

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NA CURSOS & ASSESSORIA

crença de que os jornalistas trabalhavam de fato com muitos preconceitos, às vezes em nível
inconsciente.

De acordo com Correia (1997, p. 163), “a objetividade não existe; o que deve existir, sim, é a constante
preocupação do jornalista em ser objetivo.”

Para Kunczik (2001, p. 223), “o conceito de objetividade está ligado, na literatura, à relação existente
entre as declarações jornalísticas e a realidade”.

Além disso, Kovach e Rosenstiel (2003, p. 128) afirmam que objetividade no jornalismo consiste em o
emissor dizer o que conhece para o receptor e este, se quiser, repercute a informação: “No jornalismo, só
explicando como sabemos o que sabemos podemos fazer com que o público possa, queira, reproduzir a
informação. É isso o que significa objetividade de método na ciência, ou no jornalismo.”

Saxer (2001, p. 228-229 apud, KUNCZIK 1974) cita os quatro pontos de vista básicos sobre a possibilidade
da objetividade:

1. Afirma-se sem reservas a conveniência e a possibilidade da objetividade editorial. Essa atitude, que não
vê contradição alguma entre a norma e a realidade, só se sustenta de um ponto de vista não-científico;

2. Afirma-se criticamente a conveniência e a possibilidade da objetividade editorial; ela nem sempre é


absoluta e não se considera possível sua consecução no sentido de demandas absolutas. Essa afirmação
crítica da objetividade define-a como uma norma ocupacional basicamente praticável e como requisito
prévio da comunicação numa democracia parlamentar;

3. Reconhece-se em princípio a conveniência da objetividade editorial, mas discute-se a sua possibilidade,


já que sempre entram em jogo elementos subjetivos. Exige-se a equidade ou a expressão de uma
variedade de opiniões;

4. Nega-se terminantemente a conveniência e a possibilidade da objetividade editorial. A objetividade é


mera ficção científica.

Aí estão quatro pontos de vista sobre a conveniência e a possibilidade da objetividade, apontados pelo
autor, e no quarto ponto ele ainda diz que é mera ficção científica, ou seja, uma coisa que não existe. Ao
contrário do que dizem estes autores, Hallin (2005, p.87 apud, TRAQUINA 1986) fala sobre valores–
notícia, e cita sobre a esfera da controvérsia, esta contempla a objetividade e neutralidade como
primordiais:

Segundo Hallin, uma segunda região do mundo jornalístico é a esfera de controvérsia – para além da
esfera de consenso fica aquilo a que se pode chamar a esfera de controvérsia legítima. Esta é a região
onde a objetividade reina soberanamente na prática jornalística.

Aqui, a neutralidade e o equilíbrio são as principais virtudes jornalísticas. Os jornalistas apresentam os


dois lados da questão sem tomar partido, seguindo os procedimentos que estão identificados com a
objetividade [...].

Barros Filho (1995, p. 47) corrobora ao dizer que: A objetividade e suas regras de procedimentos são alvo
de severas críticas por parte de estudiosos da comunicação que, de um lado, não vêem sentido em

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NA CURSOS & ASSESSORIA

perseguir o que não existe (a objetividade plena ou pura) e, de outro, relativizam a eficácia dos dogmas
do “jornalismo informativo” para atingir o objetivo de bem informar.

“IMPARCIALIDADE” NA ATUAÇÃO DE JORNALISTAS

O processo de reportagem se dá a partir da reunião de pauta, onde são levantadas as possibilidades de


matérias que podem vir à público. Após apurar, checar, rechecar todos os dados o profissional começa a
construir a matéria, usando a técnica do lide e Pirâmide invertida para situar o leitor sobre as informações
mais importantes da matéria.

O jornalista tem que ser isento e não demonstrar juízo de valor para não influenciar na compreensão do
leitor.

Segundo Andrade (2002, p. 110 apud HOHLFELDT), “[...] quem relata precisa estar muito atento para não
envolver sua percepção ou conteúdos inconscientes presentes em sua redação.”

Traquina (2005, p. 78) resalta que: Os valores-notícia de construção são qualidades da sua construção
como notícia e funcionam como linhas-guia para a apresentação do material, sugerindo o que deve ser
realçado, o que deve ser omitido, o que deve ser prioritário na construção do acontecimento como
notícia. Para Rossi e Ramires (2013 p. 78), “a condição de isento, imparcial garante ao jornalista e ao seu
trabalho uma espécie de selo de garantia do produto notícia, que traz confiança ao público.

” Significa que é confiável e está acima de qualquer suspeita e para um jornal, seja ele impresso ou
telejornal, o que conta é a credibilidade para se ter audiência ou vendagens. Vejamos o exemplo que
Alsina (2009, p. 242) nos traz, ele destaca o caso do Washington Post, em 28 de fevereiro de 1980, em
que foi publicada uma reportagem falsa contando a história de um menino negro que se drogava, ganhou
até o prêmio Pulitzer, mas no final foi descoberto que era uma reportagem inventada.

“Esse fato quebrou a relação fiduciária que tinha sido estabelecida com os leitores; a credibilidade da
imprensa sofreu muito”

Alsina (2009) nos diz, com relação a este caso, que o público passa a desconfiar da veracidade das notícias
veiculadas. Deste modo Alsina (2009, p. 247) sustenta:

“tudo isso gera grande desconfiança nos meios de comunicação e, principalmente, na televisão. Começa a
se ver claramente que os meios de comunicação também mentem”.

Deste modo, Barros Filho (1995, p. 38) sustenta, acerca da veracidade e no encaminhamento da
comunicação:

“A verdade, assim, se constitui como uma norma que garante o desenvolvimento do processo
comunicativo entre o codificador e o decodificador.”

Bucci (2000, p. 31) reforça o argumento de Alsina ao se referir à suposição de informações das mídias
televisivas, citando como exemplo a Rede Globo:

“Uma mentira narrada como verdade pelos locutores da Globo não é a mesma coisa que uma mentira
publicada num quinzenário de uma pequena cidade.

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NA CURSOS & ASSESSORIA

” Os autores referem-se ao poder de manipulação5 que o emissor exerce sobre o receptor. No entanto,
cada veículo tem posicionamentos diferentes e gera opiniões contrárias a respeito de um mesmo assunto.
Alsina (2009, p. 239) corrobora o entendimento de Bucci:

“o efeito de verdade dessa não verdade gerada pela mídia é bem forte, já que se encontram encobertos
a maioria dos mecanismos de produção.”

Ele esclarece que, a repercussão produzida é impactante pois, por trás de tudo, esta sempre o interesse
da mídia. Neste sentido, Barros Filho (1995, p. 28) afirma que, “para a obtenção da verdade, não se
poderia admitir qualquer introdução de elementos subjetivos na captação e na comunicação dos fatos.”
Cornu (1998, p. 65) reforça essa ideia da verdade:

“A credibilidade dos meios de comunicação está ligada à veracidade das notícias, à honestidade com que
são tratadas, à exatidão de seu conteúdo.” Rossi e Ramires (2013, p. 81) afirmam que:

Para o público, uma notícia confiável mostra as verdades dos fatos e relata exatamente como aconteceu.
Porém, existem critérios de noticiabilidade que precisam ser levados em consideração e também a teoria
de newsmaking, nos mostra como se dá essa construção da notícia.

Silva e Oliveira (2006) falam sobre a ligação da notícia com o público: A notícia possui uma relação direta
com o público que se estabelece na forma como ela é estruturada, indicando uma intenção de ideias, e
não algo propriamente revelado como uma verdade simplesmente dada, neutra e imparcial. (SILVA e
OLIVEIRA, 2006, p. 05).

Os autores se referem ao envolvimento do espectador com a construção da notícia a partir da


hierarquização de ideias como a estrutura do lide e organização do texto. Segundo Cornu (1997, p. 64):
Para que seja considerada boa, a imprensa deve corresponder às exigências da verdade: informações
exatas, verificadas, apresentadas de modo equânime, opiniões expostas com honestidade livres de
preconceitos, relatos jornalísticos verídicos e ciosos de sua autenticidade.

Para Kovach e Rosenstiel (2003, p. 36), estar informado é a percepção fundamental e necessária do
indivíduo globalizado que busca em diversas mídias o conhecimento dos fatos:

As pessoas precisam de informação por causa de um instinto básico do ser humano, que chamamos de
Instinto de Percepção. Elas precisam saber o que acontece do outro lado do país e do mundo, precisam
estar a par de fatos que vão além de sua própria experiência.

ÉTICA NO JORNALISMO Para Valls (1994, p. 7):

A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando
alguém pergunta.

Tradicionalmente ela é entendida como um estudo ou uma reflexão, científica ou filosófica, e


eventualmente até teológica, sobre os costumes ou sobre as ações humanas.

Mas também chamamos de ética a própria vida, quando conforme aos costumes considerados corretos.
A ética pode ser o estudo das ações ou dos costumes, e pode ser a própria realização de um tipo de
comportamento.

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Falar sobre ética é falar sobre moral e comportamentos que vão influenciar uma sociedade. Christofoletti
(2008, p. 11) afirma que jornalistas não precisam se desprender das suas convicções, mas podem procurar
evitar o ponto de vista, porém precisam ser cautelosos para não perder o vínculo com o público.
Repórteres [...] não devem se descolar de seus comprometimentos e valores.

Podem tentar suspender suas opiniões em certos momentos, mas, se por acaso esquecerem suas
funções e suas relações com o público, vão colocar tudo a perder.

Traquina (2005, p. 75) destaca que: O significado de um acontecimento é muitas vezes julgado antes, ao
ponto em que o repórter visualizará o que vai acontecer e produz então uma notícia que torna o
resultado completamente previsível independentemente do que já transpirou. Ao adentrar neste tema,
nos remetemos aos veículos de comunicação que, muitas vezes, nos deixam bem clara a falta de
responsabilidade. Bucci (2000) cita o exemplo da Rede Globo que por várias vezes transmite reportagens
de forma tendenciosa ao telespectador.

No dia 25 de janeiro de 1984, o Jornal Nacional tapeou o telespectador. Mostrou cenas de uma
manifestação pública na Praça da Sé, em São Paulo, e disse que aquilo acontecia em virtude da
comemoração do aniversário da cidade. [...] o motivo que o Jornal Nacional atribuiu a ela não passava de
invenção. [...]

A multidão estava lá para exigir eleições diretas para a Presidência da República. O Jornal Nacional
enganou o cidadão naquela noite – e prosseguiu enganando durante semanas a fio, ao omitir as
informações sobre a campanha por eleições diretas. (BUCCI, 2000, p. 29).

Ainda nesse viés, existe outro exemplo sobre a manipulação da Rede Globo que Bucci (2000) nos traz,
este em relação à eleição em 1989 de Fernando Collor, deixando bem claro o apoio do Jornal Nacional,
Fantástico entre outros programas jornalísticos da emissora.

Roberto Marinho, o dono das organizações Globo, foi muito claro a esse respeito numa entrevista ao
Hélio Contreiras publicada no Jornal da Tarde de 6 de abril de 1993. Perguntou o repórter: “Mas o senhor
reconhece que a Rede Globo e O Globo influenciaram [o público] para a eleição do presidente Collor?”.
Respondeu Roberto Marinho:

”Sim, nós promovemos a eleição de Collor e eu tinha os melhores motivos para um grande entusiasmo e
uma grande esperança de que ele faria um governo extraordinário.” (BUCCI, 2000, p. 30). Segundo Bucci
(2000, p.31).], “[...] a principal rede de televisão do país falsifica, distorce e omite informações essenciais.
Deliberadamente.”

Para ele, a Globo criou um cenário eleitoral conveniente conforme seus interesses. Lage (1998, p. 388)
cita a hipótese de Venício A. de Lima, da Universidade de Brasília, a respeito do cenário político
construído pela Globo: “[...] a vitória do candidato Fernando Collor deve-se ao cenário político construído
pela televisão em período anterior a junho de 1989.” Andrade (2002, p. 114 apud HOHLFELDT, grifo
nosso) contribui dizendo: Surge, então, um outro fator relevante a partir da valorização da informação
dos fatos que é a informação do espetáculo, onde o princípio da neutralidade desaparece da mídia
porque ela esta obrigada a expor todos os pontos de vista, informando tudo ao público, a partir de ideias
pré - elaboradas, pré-concebidas, sem espaço para que ele, o público, forme sua opinião [...].

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