Apostila Jornalista
Apostila Jornalista
Apostila Jornalista
Escola Estadunidense
1. Escola de Chicago
Corrente Funcionalista
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NA CURSOS & ASSESSORIA
Escola Canadense
Luhan foi criador do termo “Aldeia Global”, lançado em 1960, que indica a
interligação do mundo por meio das novas tecnologias. De acordo com o
teórico:
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NA CURSOS & ASSESSORIA
Escola Francesa
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NA CURSOS & ASSESSORIA
Escola Alemã
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NA CURSOS & ASSESSORIA
Para ele, a esfera pública, que antes era composta por uma burguesia com
consciência crítica, foi transformada e dominada pelo consumismo, levando a
perda de seu caráter e conteúdo crítico.
Escola Inglesa
Os principais teóricos que fizeram parte dos estudos culturais ingleses foram:
Richard Hoggart (1918-2014), Raymond Williams (1921-1988), Edward Palmer
Thompson (1924-1993) e Stuart Hall (1932-2014).
Escola Brasileira
As "Teorias" do Jornalismo
A teoria do espelho. É a teoria mais antiga e responde que as notícias são como são porque a
realidade assim as determina. De uma maneira geral, é a teoria que corresponde ao senso
comum das redações e de muitas Faculdades e Cursos de Jornalismo no Brasil. Esquece-se o
trabalho simbólico do jornalismo, reduzindo o jornalismo a meras técnicas, meia dúzia de regras
- os tradicionais o quê?, quem?, quando?, onde?, como?, e por quê?
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NA CURSOS & ASSESSORIA
A origem dessa teoria está relacionada com o desenvolvimento da indústria do jornal nos séculos
XIX e XX, caracterizada por duas tendências principais: o crescimento e a consolidação da
circulação massiva de jornais e a crescente internacionalização das atividades de coleta das
notícias (THOMPSON, 1995).
Os jornais se tornaram, cada vez mais, empreendimentos comerciais de grande porte, que
exigiam relativamente grandes quantidades de capital para começar e se manter devido à
competição crescente. Por conseguinte, o tradicional proprietário-comunicador, que possuía um
ou dois jornais como um negócio familiar, deu lugar, de forma sempre crescente, ao
desenvolvimento de organizações de muitos jornais e muitos meios.
Dentro desse contexto, o desenvolvimento dessa concepção, que é, ainda hoje, o padrão
dominante no campo jornalístico, apresenta dois momentos históricos cruciais. Em meados do
século XIX, surge com o chamado novo jornalismo - o jornalismo de informação - que tinha como
preocupação separar fatos e opiniões.
O segundo momento tem lugar no século XX com o conceito de objetividade nos Estados Unidos.
Schudson explica que o ideal da objetividade não foi a expressão final de uma convicção nos
fatos, mas a afirmação de um método concebido em função de um mundo no qual mesmo os
fatos não mereciam mais confiança, principalmente, depois da eficácia da experiência da
propaganda e das relações públicas na Primeira Guerra Mundial.
Para Schudson (1978, p.7), com a ideologia da objetividade, os jornalistas substituíram uma fé
simples nos fatos por uma fidelidade às regras e procedimentos criados para um mundo no qual
até os fatos eram postos em dúvida.
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NA CURSOS & ASSESSORIA
O fato é que a ideologia jornalística tem, na objetividade, um fator central da sua atividade.
O ethos dominante, os valores e as normas identificadas, que situam o jornalista como uma
espécie de juiz da realidade, os procedimentos identificados com o profissionalismo, fazem com
que os profissionais rejeitem qualquer ataque à teoria do espelho porque, em última análise, ela
colocaria em xeque a legitimidade e a credibilidade de, no desempenho da profissão, serem fiéis
reprodutores da realidade.
Entendemos que, reduzir uma questão complexa, como a produção da notícia ao seu lado
meramente visível, implica desconhecer, por exemplo, o caráter problemático da afirmação
segundo a qual o sujeito é pensado no interior do código, com este estabelecendo relações
especiais, que lhe fornecem as possibilidades de simbolizar (FAUSTO NETO, 1991).
A teoria analisa as notícias apenas a partir de quem as produz: o jornalista. Assim , é uma teoria
que privilegia uma abordagem microssociológica, em nível do indivíduo, ignorando, por
completo, os fatores macrossociológicos, ou mesmo, outros fatores microssociológicos, como
as rotinas de trabalho. É uma concepção que parte do princípio da soberania do jornalista,
reduzindo o ato de produção jornalística à seleção individual da escolha do que é noticiável.
A teoria organizacional. Essa teoria amplia a abordagem teórica do âmbito individual para a
organização jornalística. O primeiro a trabalhar com essa abordagem foi Breed. O sociólogo
norte-americano observa que os constrangimentos organizacionais têm um papel importante
sobre a atividade profissional do jornalista.
Breed identifica seis fatores que promovem o conformismo com a política editorial da empresa: a
autoridade institucional e as sanções, os sentimentos de estima e obrigação para com os
superiores, as aspirações de mobilidade, a ausência de grupos em conflito, o prazer da atividade
e as notícias como valor.
Essa teoria procura mostrar como o trabalho jornalístico é influenciado pelos meios de que as
organizações jornalísticas dispõem. Assim, essa teoria aponta para a importância do fator
econômico na atividade jornalística.
Dessa forma, o conteúdo do noticiário televisivo, de uma forma ou de outra, acaba sendo
influenciado pela dimensão econômica: são incluídos fatos no jornal que teoricamente devem
atrair uma maior audiência.
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NA CURSOS & ASSESSORIA
A busca do lucro tem levado as empresas jornalísticas ao crescente uso de critérios econômicos
para definir o que é notícia. A lógica é vender brinquedos, vídeos, etc., e não informar.
Por causa dos custos e da lógica do lucro, o trabalho jornalístico acaba sendo submetido a
constrangimentos em função do orçamento da empresa. A dimensão econômica enfatiza a
percepção da notícia como um produto que deve ser inserido na relação entre produtor e cliente
e satisfazer as exigências do cliente.
Numa perspectiva mais ampla, a dimensão econômica na era da globalização reforça a procura
de sinergias. Isso levanta questões como: as estratégias multimídia e a problemática da
concentração dos meios de comunicação social. Muitos autores (MORAES, 1997) chamam a
atenção para as conseqüências negativas dessa tendência, nomeadamente, a homogeneização
dos conteúdos midiáticos e a limitação ao pluralismo de opiniões na mídia.
As teorias de ação política - de acordo com essas teorias, a mídia é vista de uma forma
instrumentalista. Isto é, serve objetivamente a certos interesses políticos. Na versão da
esquerda, a mídia noticiosa é concebida como um instrumento que ajuda a manter o sistema
capitalista; na versão da direita, que põe em causa o capitalismo. Nas duas versões, as notícias
são distorções sistemáticas, que servem a interesses sociais bem específicos, que usam as
notícias na projeção da sua visão do mundo.
Como conseqüência dessa preferência estruturada dada pela mídia à opinião dos poderosos é
que esses porta-vozes se transformam no que Hall, Chritcher, Jefferson, Clarke e Robert chamam
de definidores primários.
"O importante da relação estrutural entre a mídia e os definidores primários institucionais é que
permite aos definidores institucionais estabelecer a definição ou interpretação primária do tópico
em questão. Então esta interpretação `comanda a ação' em todo o tratamento subseqüente e
impõe os termos de referência que nortearão todas as futuras coberturas ou debates" (HALL et
al., 1993, p.230).
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NA CURSOS & ASSESSORIA
A teoria construcionista reconhece um grau maior de autonomia por parte dos jornalistas. Outra
diferença importante entre as duas teorias é que a teoria estruturalista defende a posição de que
os valores-notícia dos jornalistas têm um papel central na reprodução da ideologia dominante.
Quando confrontado com seu conceito de verdade, o jornalista reage como o artista plástico que
não faz mais nada do que citar o código supremo, fundador de todo real e que é a arte, de onde
derivam as verdades e as evidências. Tal como o artista plástico, o jornalista é infalível não pela
segurança das suas perfomances, mas pela autoridade da sua competência; é ele quem conhece
o código, a origem, o fundamento, e quem se assume, assim, como assegura, testemunha e
autor da realidade.
recepção. Um dos exemplos é o uso do pronome pessoal nós que busca fazer da audiência uma
espécie de co-participante do telejornal. Isso é muito comum quando o locutor/apresentador
recorre ao: Nós vamos ver, Vamos conferir, etc. O telespectador é convidado a assistir
determinada notícia como se estivesse na sala da casa do apresentador.
Com relação às operações de leitura é necessário reconhecer que, diante de todo noticiário
televisivo, a audiência - em maior ou menor grau - é um pouco também um editor, à medida que
deve comparar e analisar o material despejado no fluxo televisual, extraindo deduções daquilo
que foi dito e do que foi silenciado. Quanto mais a televisão torna visível os esforços das
autoridades para controlar as informações veiculadas na tela, menos efetivo se torna o controle
e mais livre se torna o espectador para concluir por sua própria conta.
Os jornalistas, de uma maneira geral, têm uma preocupação didática com relação à audiência. De
uma maneira geral é assim que eles se colocam diante do público. Nesse sentido, acionam uma
série de operações didáticas para dar conta dos acontecimentos, assumindo um tom professoral
diante da audiência. No que diz respeito ao mundo acadêmico, o livro de Paternostro: O Texto na
TV: Manual de Telejornalismo, adotado pela maioria dos cursos de jornalismo do Brasil, é um
exemplo disso.
Embora a neutralidade, a imparcialidade e a objetividade, assim como a busca da verdade, sejam metas
perseguidas diariamente por jornalistas e repórteres, a imprensa é acusada com frequência de distorcer
fatos e nem sempre reproduzir as diversas versões presentes num acontecimento. Diante desse cenário,
essa pesquisa busca analisar os conceitos de objetividade, neutralidade e imparcialidade no jornalismo, a
partir da literatura sobre o tema, cuja discussão é recorrente entre os teóricos do jornalismo e os próprios
profissionais. Além da abordagem de aspectos teóricos e conceituais.
Segundo Hudec (1981, p. 45): O jornalista assume a grande responsabilidade não só de fornecer
informações separadas, verdadeiras, de importância variada, mas também de possibilitar às massas um
conhecimento verdadeiro no seu contexto mais vasto. Ou seja, para o autor o papel do jornalista é
permitir ao público o acesso à informação de teor verdadeiro. Apurar, checar e rechecar os dados
colhidos para depois construir a matéria. Isso traz credibilidade ao profissional, que não deve pretender
influenciar nas conclusões de seu público.
Para Traquina (2012, pág. 149), “o papel do jornalista é definido como o do observador que relata com
honestidade e equilíbrio o que acontece, cauteloso em não emitir opiniões pessoais.” O autor faz reflexão
sobre a importância do jornalista ao retratar o fato com clareza, sem emitir juízo de valor enquanto poder
de opinião pública, para aqueles que irão ler, ouvir ou assistir à matéria.
Esse conceito nos remete à teoria do espelho, que segundo Pena (2013, p. 125):
[...] é a ideia de que o jornalismo reflete a realidade. Ou seja, as notícias são do jeito que as conhecemos
porque a realidade assim as determina. A imprensa funciona como um espelho do real, apresentando um
reflexo claro dos acontecimentos do cotidiano.
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NA CURSOS & ASSESSORIA
Nesta mesma linha de pensamento Traquina (2005, p 62) diz que, “segundo a metáfora dominante no
campo jornalístico, o jornalista é um espelho que reflete a realidade. O jornalista é simplesmente um
mediador.”
De acordo com Kovach e Rosenstiel (2003, p.127), o respeito pelo público está em fazer um trabalho
transparente, sem emissão de juízo de valor em todo o processo na apuração e construção da notícia:
A transparência [...] mostra o respeito dos jornalistas por seu público. Permite a este julgar a validade da
informação, o processo pelo qual essa mesma informação foi obtida e os motivos e preconceitos do
jornalista que a transmite.
Ainda sobre a transparência, Marcondes Filho (2002 p. 112), nesta mesma linha de pensamento sustenta:
[...] a ideologia da transparência é o único horizonte possível da imprensa; segundo ele, o que importa
hoje, em termos de jornalismo, é “ver claramente a realidade, o sentido”, isto é: bom é tudo aquilo que é
diáfano, translúcido, visível; todos os espaços, territórios, processos que se deixam ver.
Como problema central da pesquisa, buscamos compreender porque, na prática, esses conceitos são
considerados difíceis de serem praticados no meio jornalístico.
Nesse sentindo, o objetivo geral é analisar a visão dos teóricos da comunicação a respeito dos conceitos
de objetividade e imparcialidade. A pesquisa tem ainda os seguintes objetivos específicos:
Com isso a principal justificativa pela a escolha do objeto de estudo, surge a partir da necessidade em
compreender por que esses critérios de imparcialidade, objetividade e neutralidade no jornalismo são
difíceis de serem praticados no exercício diário da profissão.
Falar sobre este tema torna-se um grande desafio, já que não se tem uma resposta concreta acerca deste
assunto, que é tão discutido no meio jornalístico, é um assunto que gera muita polêmica, pois não se
consegue chegar há um denominador comum, porém de bastante relevância esta discussão.
Buscar compreender essa problemática passando pela ética. E analisar o que os teóricos discutem acerca
desses conceitos, demonstrando os diversos pontos de vista de cada um a respeito dos conceitos.
1.1 DEFINIÇÃO DE IMPARCIALIDADE Amaral diz, acerca da 1 imparcialidade que (1996, p. 18), nossas
atitudes são influenciadas pelos valores adquiridos ao longo da vida. Somos prisioneiros de sistemas
de valores adquiridos. Os nossos atos são influenciados, quando não determinados, por nossa
maneira própria de ver, sentir e reagir à ação dos agentes externos. O ser humano vê o mundo por
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NA CURSOS & ASSESSORIA
meio de uma espécie de filtro e com base nessa apreciação constrói a sua realidade. Assim sendo, o
autor diz que cada ser tem a bagagem e construção de vida, onde se formam a compreensão de
mundo, valores e julgamentos.
Kovach e Rosenstiel (2003, p. 41) citam um comentário de John Seeley Brown, ex-diretor da Xerox PARC,
onde ele diz que o jornalista precisa ter multiolhares: “habilidade para olhar as coisas sob múltiplos
pontos de vista e habilidade para chegar ao fundo das questões analisadas.” Além disso os autores Kovach
e Rosenstiel (2003, p. 122) destacam que: Imparcialidade deve significar que o jornalista esta sendo
equânime e isento em relação aos fatos, e ao entendimento que os cidadãos têm deles. Não deve
significar “estou sendo justo com minhas fontes, de forma que nenhuma delas ficará chateada?”
Tampouco deve o jornalista perguntar “será que a minha matéria parece imparcial?” Estes são
julgamentos subjetivos que talvez afastem o jornalista da necessidade de checar ainda mais seu trabalho.
Nessa mesma linha, Bourdieu (2005, p. 77 apud TRAQUINA, 1997 p. 12) diz:
Os jornalistas têm óculos particulares – são os seus valores-notícia. Escreve Bourdieu (1997:12): “Os
jornalistas têm os seus óculos particulares através dos quais veem certas coisas e não outras, e veem de
uma certa maneira as coisas que veem. Operam uma seleção e uma construção daquilo que é
selecionado.
O conceito de 2 objetividade é um dos mais discutidos no meio jornalístico, pois vem em oposição à
subjetividade. De acordo com Barros Filho (1995, p. 43) a objetividade é composta por alguns itens: [...]
elementos como verdade, equilíbrio, checabilidade, clareza, legibilidade, equidistância e isenção são os
mais comumente citados como componentes do ideal-tipo “objetividade” ou como medidores do grau de
objetividade de um produto específico da mídia.
Para Marcondes Filho (2002, p.110): Objetividade, na perspectiva de Kant, seria uma representação
correta da realidade e não, como se crê, aquilo que existe independentemente do espírito humano e que
é oposto ao mundo aparente, irreal, ilusório (subjetivo).
De acordo com Correia (1997, p. 161), o conceito de objetividade nasce no final do século passado, depois
da Primeira Guerra Mundial: “Nascida, no final do século passado, com a imprensa industrial e noticiosa, e
consolidada como princípio jornalístico básico depois da primeira guerra Mundial.”
Barros Filho (1995, p. 26) corrobora com este conceito, quanto ao surgimento do jornalismo objetivo.
Se a ideia de objetividade surgiu num momento histórico relativamente preciso, seu prestígio desde
então passou por fases distintas. Sempre correndo o risco de simplificações e reduções abusivas,
podemos dizer que, até fins da década de 20, os preceitos da objetividade pareciam inatacáveis. Com o
surgimento das grandes revistas (mormente Time) e do jornalismo dito interpretativo, passou-se a
questionar as restrições próprias a uma “retratação” fiel da realidade. Só uma valoração, uma
hierarquização de temas, poderia permitir ao receptor distinguir com maior facilidade o essencial do
menos importante.
Já em Kovach e Rosenstiel (2003, p. 114), o conceito de objetividade surge no começo do século passado
baseado na crença de que os jornalistas eram muito preconceituosos. O termo começou a surgir como
parte do jornalismo no começo do último século, particularmente por volta dos anos 20, com base na
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crença de que os jornalistas trabalhavam de fato com muitos preconceitos, às vezes em nível
inconsciente.
De acordo com Correia (1997, p. 163), “a objetividade não existe; o que deve existir, sim, é a constante
preocupação do jornalista em ser objetivo.”
Para Kunczik (2001, p. 223), “o conceito de objetividade está ligado, na literatura, à relação existente
entre as declarações jornalísticas e a realidade”.
Além disso, Kovach e Rosenstiel (2003, p. 128) afirmam que objetividade no jornalismo consiste em o
emissor dizer o que conhece para o receptor e este, se quiser, repercute a informação: “No jornalismo, só
explicando como sabemos o que sabemos podemos fazer com que o público possa, queira, reproduzir a
informação. É isso o que significa objetividade de método na ciência, ou no jornalismo.”
Saxer (2001, p. 228-229 apud, KUNCZIK 1974) cita os quatro pontos de vista básicos sobre a possibilidade
da objetividade:
1. Afirma-se sem reservas a conveniência e a possibilidade da objetividade editorial. Essa atitude, que não
vê contradição alguma entre a norma e a realidade, só se sustenta de um ponto de vista não-científico;
Aí estão quatro pontos de vista sobre a conveniência e a possibilidade da objetividade, apontados pelo
autor, e no quarto ponto ele ainda diz que é mera ficção científica, ou seja, uma coisa que não existe. Ao
contrário do que dizem estes autores, Hallin (2005, p.87 apud, TRAQUINA 1986) fala sobre valores–
notícia, e cita sobre a esfera da controvérsia, esta contempla a objetividade e neutralidade como
primordiais:
Segundo Hallin, uma segunda região do mundo jornalístico é a esfera de controvérsia – para além da
esfera de consenso fica aquilo a que se pode chamar a esfera de controvérsia legítima. Esta é a região
onde a objetividade reina soberanamente na prática jornalística.
Barros Filho (1995, p. 47) corrobora ao dizer que: A objetividade e suas regras de procedimentos são alvo
de severas críticas por parte de estudiosos da comunicação que, de um lado, não vêem sentido em
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NA CURSOS & ASSESSORIA
perseguir o que não existe (a objetividade plena ou pura) e, de outro, relativizam a eficácia dos dogmas
do “jornalismo informativo” para atingir o objetivo de bem informar.
O jornalista tem que ser isento e não demonstrar juízo de valor para não influenciar na compreensão do
leitor.
Segundo Andrade (2002, p. 110 apud HOHLFELDT), “[...] quem relata precisa estar muito atento para não
envolver sua percepção ou conteúdos inconscientes presentes em sua redação.”
Traquina (2005, p. 78) resalta que: Os valores-notícia de construção são qualidades da sua construção
como notícia e funcionam como linhas-guia para a apresentação do material, sugerindo o que deve ser
realçado, o que deve ser omitido, o que deve ser prioritário na construção do acontecimento como
notícia. Para Rossi e Ramires (2013 p. 78), “a condição de isento, imparcial garante ao jornalista e ao seu
trabalho uma espécie de selo de garantia do produto notícia, que traz confiança ao público.
” Significa que é confiável e está acima de qualquer suspeita e para um jornal, seja ele impresso ou
telejornal, o que conta é a credibilidade para se ter audiência ou vendagens. Vejamos o exemplo que
Alsina (2009, p. 242) nos traz, ele destaca o caso do Washington Post, em 28 de fevereiro de 1980, em
que foi publicada uma reportagem falsa contando a história de um menino negro que se drogava, ganhou
até o prêmio Pulitzer, mas no final foi descoberto que era uma reportagem inventada.
“Esse fato quebrou a relação fiduciária que tinha sido estabelecida com os leitores; a credibilidade da
imprensa sofreu muito”
Alsina (2009) nos diz, com relação a este caso, que o público passa a desconfiar da veracidade das notícias
veiculadas. Deste modo Alsina (2009, p. 247) sustenta:
“tudo isso gera grande desconfiança nos meios de comunicação e, principalmente, na televisão. Começa a
se ver claramente que os meios de comunicação também mentem”.
Deste modo, Barros Filho (1995, p. 38) sustenta, acerca da veracidade e no encaminhamento da
comunicação:
“A verdade, assim, se constitui como uma norma que garante o desenvolvimento do processo
comunicativo entre o codificador e o decodificador.”
Bucci (2000, p. 31) reforça o argumento de Alsina ao se referir à suposição de informações das mídias
televisivas, citando como exemplo a Rede Globo:
“Uma mentira narrada como verdade pelos locutores da Globo não é a mesma coisa que uma mentira
publicada num quinzenário de uma pequena cidade.
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NA CURSOS & ASSESSORIA
” Os autores referem-se ao poder de manipulação5 que o emissor exerce sobre o receptor. No entanto,
cada veículo tem posicionamentos diferentes e gera opiniões contrárias a respeito de um mesmo assunto.
Alsina (2009, p. 239) corrobora o entendimento de Bucci:
“o efeito de verdade dessa não verdade gerada pela mídia é bem forte, já que se encontram encobertos
a maioria dos mecanismos de produção.”
Ele esclarece que, a repercussão produzida é impactante pois, por trás de tudo, esta sempre o interesse
da mídia. Neste sentido, Barros Filho (1995, p. 28) afirma que, “para a obtenção da verdade, não se
poderia admitir qualquer introdução de elementos subjetivos na captação e na comunicação dos fatos.”
Cornu (1998, p. 65) reforça essa ideia da verdade:
“A credibilidade dos meios de comunicação está ligada à veracidade das notícias, à honestidade com que
são tratadas, à exatidão de seu conteúdo.” Rossi e Ramires (2013, p. 81) afirmam que:
Para o público, uma notícia confiável mostra as verdades dos fatos e relata exatamente como aconteceu.
Porém, existem critérios de noticiabilidade que precisam ser levados em consideração e também a teoria
de newsmaking, nos mostra como se dá essa construção da notícia.
Silva e Oliveira (2006) falam sobre a ligação da notícia com o público: A notícia possui uma relação direta
com o público que se estabelece na forma como ela é estruturada, indicando uma intenção de ideias, e
não algo propriamente revelado como uma verdade simplesmente dada, neutra e imparcial. (SILVA e
OLIVEIRA, 2006, p. 05).
Para Kovach e Rosenstiel (2003, p. 36), estar informado é a percepção fundamental e necessária do
indivíduo globalizado que busca em diversas mídias o conhecimento dos fatos:
As pessoas precisam de informação por causa de um instinto básico do ser humano, que chamamos de
Instinto de Percepção. Elas precisam saber o que acontece do outro lado do país e do mundo, precisam
estar a par de fatos que vão além de sua própria experiência.
A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando
alguém pergunta.
Mas também chamamos de ética a própria vida, quando conforme aos costumes considerados corretos.
A ética pode ser o estudo das ações ou dos costumes, e pode ser a própria realização de um tipo de
comportamento.
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NA CURSOS & ASSESSORIA
Falar sobre ética é falar sobre moral e comportamentos que vão influenciar uma sociedade. Christofoletti
(2008, p. 11) afirma que jornalistas não precisam se desprender das suas convicções, mas podem procurar
evitar o ponto de vista, porém precisam ser cautelosos para não perder o vínculo com o público.
Repórteres [...] não devem se descolar de seus comprometimentos e valores.
Podem tentar suspender suas opiniões em certos momentos, mas, se por acaso esquecerem suas
funções e suas relações com o público, vão colocar tudo a perder.
Traquina (2005, p. 75) destaca que: O significado de um acontecimento é muitas vezes julgado antes, ao
ponto em que o repórter visualizará o que vai acontecer e produz então uma notícia que torna o
resultado completamente previsível independentemente do que já transpirou. Ao adentrar neste tema,
nos remetemos aos veículos de comunicação que, muitas vezes, nos deixam bem clara a falta de
responsabilidade. Bucci (2000) cita o exemplo da Rede Globo que por várias vezes transmite reportagens
de forma tendenciosa ao telespectador.
No dia 25 de janeiro de 1984, o Jornal Nacional tapeou o telespectador. Mostrou cenas de uma
manifestação pública na Praça da Sé, em São Paulo, e disse que aquilo acontecia em virtude da
comemoração do aniversário da cidade. [...] o motivo que o Jornal Nacional atribuiu a ela não passava de
invenção. [...]
A multidão estava lá para exigir eleições diretas para a Presidência da República. O Jornal Nacional
enganou o cidadão naquela noite – e prosseguiu enganando durante semanas a fio, ao omitir as
informações sobre a campanha por eleições diretas. (BUCCI, 2000, p. 29).
Ainda nesse viés, existe outro exemplo sobre a manipulação da Rede Globo que Bucci (2000) nos traz,
este em relação à eleição em 1989 de Fernando Collor, deixando bem claro o apoio do Jornal Nacional,
Fantástico entre outros programas jornalísticos da emissora.
Roberto Marinho, o dono das organizações Globo, foi muito claro a esse respeito numa entrevista ao
Hélio Contreiras publicada no Jornal da Tarde de 6 de abril de 1993. Perguntou o repórter: “Mas o senhor
reconhece que a Rede Globo e O Globo influenciaram [o público] para a eleição do presidente Collor?”.
Respondeu Roberto Marinho:
”Sim, nós promovemos a eleição de Collor e eu tinha os melhores motivos para um grande entusiasmo e
uma grande esperança de que ele faria um governo extraordinário.” (BUCCI, 2000, p. 30). Segundo Bucci
(2000, p.31).], “[...] a principal rede de televisão do país falsifica, distorce e omite informações essenciais.
Deliberadamente.”
Para ele, a Globo criou um cenário eleitoral conveniente conforme seus interesses. Lage (1998, p. 388)
cita a hipótese de Venício A. de Lima, da Universidade de Brasília, a respeito do cenário político
construído pela Globo: “[...] a vitória do candidato Fernando Collor deve-se ao cenário político construído
pela televisão em período anterior a junho de 1989.” Andrade (2002, p. 114 apud HOHLFELDT, grifo
nosso) contribui dizendo: Surge, então, um outro fator relevante a partir da valorização da informação
dos fatos que é a informação do espetáculo, onde o princípio da neutralidade desaparece da mídia
porque ela esta obrigada a expor todos os pontos de vista, informando tudo ao público, a partir de ideias
pré - elaboradas, pré-concebidas, sem espaço para que ele, o público, forme sua opinião [...].
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