Análises Clínicas Francine Atualizado

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

CURSO DE FARMÁCIA

FRANCINE TORMES CRISTANI

RELATÓRIO DE ESTÁGIO EM ANÁLISES CLÍNICAS

CACHOEIRINHA

2023
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FRANCINE TORMES CRISTANI

RELATÓRIO DE ESTÁGIO EM ANÁLISES CLÍNICAS

Trabalho apresentado para a Disciplina


Estágio em Análises Clínicas, pelo Curso
de Farmácia da Universidade Cruzeiro
do Sul, ministrado pela professora Kelly
Goulart Lima

CACHOEIRINHA

2023
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................04
2. O PROCESSO DE ANÁLISES CLÍNICAS............................................05
3. SETORES TÉCNICOS DO LABORATÓRIO ANÁLISES CLÍNICAS..06
4. TÉCNICAS DE COLETA DE SANGUE.................................................08
5. CASO CLÍNICO 1..................................................................................11
6. CASO CLÍNICO 2..................................................................................12
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................13
REFERÊNCIAS..........................................................................................14
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1. INTRODUÇÃO

Os exames laboratoriais desempenham um importante papel no auxílio ao


diagnostico, prevenção, promoção e tratamentos de saúde.
O estágio supervisionado em Análises Clínicas proporcionou conhecer um
pouco mais sobre esta área em grande crescimento no mercado de trabalho onde o
profissional farmacêutico pode atuar em todos os processos de funcionamento do
Laboratório de Análises Clínicas.
A atuação no laboratório de Análises Clínicas constitui importante ligação na
relação entre médico e paciente, auxiliando nas intercorrências ocasionadas por um
grande número de drogas terapêuticas capaz de alterar os exames laboratoriais,
através de seus efeitos. O conhecimento de tais interferências é de suma
importância para analistas clínicos, uma vez que determinadas alterações promovem
a liberação de laudos com resultados errôneos que interferem na vida do paciente
(FERREIRA et al, 2009).
No cenário mundial, sobre as competências e habilidades dos profissionais de
saúde, verifica-se que a atuação dos farmacêuticos nas análises clínicas tem
intensificado uma atenção à saúde do indivíduo, uma vez que é parte fundamental
da assistência, contribuindo para decisões clínicas, preventivas, diagnóstica e
terapêutica, integrando um ambiente voltado para promoção de saúde, recuperação
e manutenção da saúde da população (BRASIL, 2015).
O farmacêutico que atua em análises laboratoriais deve apresentar o domínio
de processos e técnicas de áreas clínicas como microbiologia, botânica, imunologia,
bioquímica, hematologia, parasitologia, citopatologia e toxicologia. Também é
necessário saber relacionar pensamentos reflexivos, éticos e humanistas em todo o
processo envolvido nos exames de diagnóstico e conduta com as equipes
multiprofissionais (BRASIL, 2017).
A atuação do farmacêutico em Análises Clínicas está diretamente relacionada
com o estudo e diagnóstico da saúde do paciente. Esse diagnóstico ocorre a partir
da realização de exames laboratoriais ou de imagem e a emissão dos resultados
analíticos auxiliam o direcionamento da conduta médica e o tratamento (SOUSA,
2016).
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2. O PROCESSO DE ANÁLISES CLÍNICAS

Os laboratórios de análises clínicas são fundamentados em um processo


dinâmico que se inicia na coleta do espécime diagnóstico (amostra biológica obtida
adequadamente para fins de diagnóstico laboratorial) e termina com a emissão de
um laudo. Didaticamente, o processo pode ser dividido em três fases: pré-analítica,
analítica e pós-analítica (CFF, 2011).
A fase pré-analítica tem início na solicitação do exame, seguida pelo preparo
adequado para ser realizada, identificação correta do paciente, coleta da amostra e
transporte até sua chegada à bancada do laboratório clínico. Enfim, esta fase
corresponde a todas as atividades que antecedem a análise propriamente dita
(SHOCOLNIK, 2019).
A fase analítica diz respeito aos protocolos envolvidos diretamente na
realização de um exame laboratorial, bem como à interpretação dos resultados. O
controle das variáveis analíticas é crucial nesta etapa, por meio do estabelecimento
de critérios de confiabilidade e procedimentos técnicos altamente padronizados para
abertura de amostras, armazenamento de reagentes, limpeza do ambiente e dos
equipamentos, qualidade da água e dos reagentes e correta calibração de todo o
maquinário envolvido nos procedimentos, bem como o correto treinamento e
atualização do pessoal responsável por conduzir tais análises (LIMA-OLIVEIRA et
al., 2017).
A fase pós-analítica, que encerra o processo de um exame laboratorial,
consiste na realização de cálculos específicos para cada teste, análise da coerência
dos resultados obtidos, emissão de laudos, armazenamento de amostras, envio e
arquivamento dos resultados obtidos. Fazem parte desta etapa, também, o cuidado
para entrega dos resultados corretos de cada paciente, em material legível, livre de
rasuras, de maneira confidencial e intransferível e dentro dos prazos estipulados
pelo laboratório (GONÇALVES, 2020).
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3. SETORES TÉCNICOS DO LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS

3.1 HEMATOLOGIA:
A hematologia compreende basicamente: hematologia geral, estudo da
coagulação e imunohematologia.
O hemograma completo é o exame mais solicitado na hematologia geral, com
a finalidade de contribuir para o diagnóstico e classificação das anemias. Avalia
quantitativamente e qualitativamente os elementos do sangue: hemácias, leucócitos
e plaquetas, através de equipamento automatizado, utilizando alta tecnologia e
rigoroso controle de qualidade, acompanhados de fundamental análise
microscópica.
Os testes de coagulação são requisitados principalmente para pré-operatórios
e monitoramento do uso de anticoagulantes orais.
Na imunohematologia é feita a classificação do tipo sanguíneo ABO/Rh e
ainda outros testes para investigação da incompatibilidade materno-fetal.

3.2 BIOQUIMICA:
A bioquímica é o setor do laboratório que tem aproveitado o avanço
tecnológico para medir e expressar quimicamente as variações normais e
patológicas que ocorrem nos seres vivos.
As principais dosagens são: glicose, colesterol total e frações, triglicérides,
ácido úrico, uréia, creatinina, proteínas, enzimas, eletrólitos e função hepática entre
outros.

3.3 IMUNOLOGIA:
Na imunologia os testes sorológicos são realizados por métodos específicos
utilizando técnicas de soroaglutinação, enzimaimunoensaio, fluorimetria,
quimioluminescência e imunofluorescência. Realizamos toda a triagem de hepatites,
HIV, toxoplasmose, citomegalovírus, rubéola e ainda testes de gravidez e
marcadores tumorais.
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3.4 ENDOCRINOLOGIA:

Este setor é responsável pelos testes hormonais, seguindo métodos de


radioimunoensaio, imunofluorescência e quimioluminescência, realizando dosagens
dos hormônios tireoidianos, hormônios da fertilidade, bem como marcadores da
próstata.

3.5 MICROBIOLOGIA:
Bactérias clinicamente importantes são isoladas e identificadas neste setor. O
trabalho do laboratório inclui a coleta do material clínico, o isolamento do
microorganismo, a identificação e os testes de sensibilidade aos antibióticos,
abrangendo secreções, urina, fezes, sangue e líquidos corporais, dispondo de
aparelho automatizado que proporciona resultados mais rápidos e precisos de
acordo com as normas internacionais do NCCLS (Normativ Control Clinical
Laboratory Standartization).

3.6 MICOLOGIA:
O diagnóstico laboratorial das micoses é realizado através de análise
microscópica direta e cultura de diversos espécimes clínicos.

3.7 URINÁLISE:

As análises de urina são realizadas em três etapas: exame físico, químico e


microscópico. O setor realiza provas químicas confirmatórias para todas as amostras
anormais e dispõe de equipamento semi-automatizado e microscopia de constraste
de fase para a avaliação de dismorfismo eritrocitário, auxiliar no diagnóstico das
nefropatias.

3.8 PARASITOLOGIA:
Realização de exames nas fezes, utilizando métodos específicos para
pesquisar as diferentes formas parasitárias.
Coprologia funcional: importante na avaliação das funções digestivas.
Sangue oculto: auxiliar na identificação de ulcerações/ sangramentos intestinais.
Pesquisa de parasitas através de testes imunológicos (Elisa) e outras técnicas
auxiliares no diagnóstico de gastroenterites virais.
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4. TÉCNICAS DE COLETA DE SANGUE

 Identificar corretamente os tubos de coleta;


 Selecionar os tubos, agulhas e demais materiais a serem usados na coleta,
conferindo a identificação do paciente;
• Higienizar as mãos conforme;
• Calçar as luvas;
• Aplicar o torniquete no braço do paciente com o laço para cima a uma
distância de 10 cm ou 4 a 5 dedos acima do local a ser puncionado e pedir ao
paciente que feche a mão (nunca deixar o torniquete aplicado por mais de 1 minuto);
• Selecionar a veia a ser puncionada, através de visualização e palpação;
• Escolher a técnica para punção (a vácuo ou com seringa).

4.1 Coleta a vácuo

• Abrir o lacre da agulha de coleta múltipla na frente do paciente;

• Rosquear a agulha no adaptador descartável do sistema a vácuo sem


desencapá-la;

• Fazer a antissepsia do local da punção (gaze ou algodão embebido em álcool


70%, limpar o local com movimento circular do centro para a periferia, deixar secar
naturalmente);

• Desencapar a agulha, sempre na frente do paciente;

• Esticar a pele do braço com o polegar a fim de facilitar a penetração da


agulha;

• Fazer a punção numa angulação de aproximadamente 30° com o bisel da


agulha voltado para cima;

• Inserir os tubos de coleta a vácuo na ordem estabelecida a seguir:


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 Trocar os tubos sucessivamente retirando o tubo do adaptador suavemente,


porém segurando-o com firmeza para que a agulha não saia da posição, sempre
respeitando o volume adequado de cada tubo;

• Homogeneizar cada tubo com anticoagulante por inversão de 05 a 10 vezes;

• Soltar o garrote, remover a agulha, pressionar o local com gaze ou algodão


seco até estancar o sangramento;

 Descartar o conjunto agulha e adaptador no coletor de material


perfurocortante. NÃO reencape ou retire a agulha no adaptador;
 Retirar as luvas e higienizar as mãos;
 Se as análises não forem realizadas logo após a centrifugação da amostra, é
recomendável separar uma alíquota do plasma e transferi-la para um tubo de
plástico com tampa, pois a amostra ideal deve ser um plasma pobre em plaquetas.

4.2 Coleta com seringa

 Higienizar as mãos conforme ;

• Abrir seringa e agulha na frente do paciente;

• Adaptar a agulha na seringa;

• Fazer antissepsia do local (semelhante à da punção a vácuo);


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• Fazer a punção numa angulação de aproximadamente 30°, com o bisel da


agulha voltado para cima;

• Aspirar lentamente o volume de sangue necessário, porém com agilidade


para evitar a formação de coágulos;

• Soltar o garrote, remover a agulha, pressionar o local da punção com gaze ou


algodão estéril até estancar o sangramento;

• Descartar o conjunto agulha e seringa no coletor de material perfurocortante.


NÃO reencape ou retire a agulha da seringa.

• Abrir a tampa do primeiro tubo deixando o sangue deslizar pela parede,


homogeneizar por inversão de 5 a 10 vezes, e assim, sucessivamente, para todos os
tubos com anticoagulante. Seguir a ordem dos tubos indicada :

 Orientar o paciente para que não carregue peso ou dobre o braço da punção
por pelo menos 1h;

• Certificar-se das condições gerais do paciente;

 Higienizar as mãos conforme

5 CASO CLÍNICO 1

Paciente M.S.A, 43 anos procura centro de saúde referindo febre a dois dias ,
dor abdominal, dor ao urinar, urina concentrada e com cheiro forte.
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Diagnóstico exames solicitados

Foram realizados exames de urina, hemograma e urocultura. Permitindo


assim que a equipe obtivesse um diagnóstico preciso para poder iniciar o tratamento
da paciente.
O diagnóstico se dá pela realização do exame de urina com sedimento
urinário. Este exame irá fornecer, quando associado à anamnese e ao quadro
clínico, os dados que praticamente confirmam o diagnóstico de ITU: presença de
piúria (leucocitúria), de hematúria e de bacteriúria. O diagnóstico da ITU é
representado pelo crescimento bacteriano igual ou acima de 100.000 unidades
formadoras de colônia por mililitro (mL) de urina (100.000 UFC/mL).

HEMOGRAMA

O hemograma completo analisa informações das três principais linhagens de


células, que são:

 Glóbulos vermelhos (hemácias);


 Glóbulos brancos (leucócitos);
 Plaquetas (coagulação sanguínea);

É um dos exames laboratoriais mais básicos e rotineiros. O exame serve


como triagem para diversas doenças que acometem o sangue, deficiências de
nutrição, infecções, dentre outros. Também é um exame de rotina importante para
observar quaisquer alterações que possam aparecer no organismo do paciente.
No hemograma são avaliadas as três séries celulares componentes do
sangue: eritrócitos, leucócitos e plaquetas, compondo o eritrograma, leucograma e
plaquetograma.

Valores referência Hemograma


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Métodos mais utilizados no laboratório clínico para o Hemograma

• Analisador hematológico automático e multiparamétrico

• Citomorfologia

Na análise não automatizada são usados três equipamentos: microscópio,


centrífuga ou microcentrífuga e espectrofotômetro ou fotocolorímetro. Através do
microscópio são feitas as contagens de eritrócitos, leucócitos (total e diferencial) e
de plaquetas, usando câmara de Neubauer e lâmina corada.
A centrífuga ou microcentrífuga fornece o valor do hematócrito, enquanto que
o espectrofotômetro ou fotocolorímetro permite a leitura da hemoglobina. É
fundamental que todos esses equipamentos sejam de boa qualidade e sensibilidade
tecnológica.
A análise automatizada tem facilitado o desempenho da rotina laboratorial,
especialmente quando há mais de vinte hemogramas/dia. Os equipamentos
disponíveis permitem análises de 30 hemogramas/hora até 120 hemogramas/hora.
Os aparelhos mais simples têm por base o princípio da impedância, ou seja,
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a formação de corrente elétrica entre dois eletrodos; quando uma célula atravessa a
corrente elétrica é gerado um impulso elétrico que é quantificado, conforme o
diâmetro que se dá especificamente para eritrócitos, leucócitos ou plaquetas.
Para realizar com competência técnica o hemograma é preciso seguir uma
linha de conduta devidamente padronizada que se inicia com a recepção do
paciente. Essa fase inclui a própria receptividade, oferecendo ao cliente um
ambiente adequado com tratamento profissional.
A identificação do paciente deve conter os seguintes dados: nome completo,
sexo, idade ou data de nascimento, endereço completo, telefone, nome do médico
que solicitou o hemograma e o número do registro do paciente no seu laboratório.
A coleta deve ser precedida por algumas observações do coletador:

a) estado físico do paciente: normal, ofegante, febril, excitado, desidratado, etc.;

b) perguntar se está usando medicamentos. As informações pertinentes devem ser


anotadas no prontuário do paciente. A obtenção da amostra de sangue deve ser
realizada com o paciente descansado, bem acomodado (deitado ou sentado), com o
garrote suficientemente ajustado evitando seu uso prolongado.
Obedecer criteriosamente à relação entre o volume de sangue coletado e a
concentração de anticoagulante para evitar a hemodiluição ou a hemoconcentração.
O anticoagulante recomendado é o EDTA com sal potássio (EDTA-K2) na
concentração final de 1,5 a 2,2mg/ml de sangue.

Fatores interferentes do exame de hemograma

• Lipemia, hemólise intensa, auto-aglutinação de plaquetas EDTA dependente e


hiperglobulinemia interferem nas determinações.

Tratamento

O tratamento para infecção no trato urinário geralmente é farmacológico,


sendo utilizados antibióticos de acordo com a espécie do patógeno. O tratamento de
infecções urinárias varia muito de acordo com o tipo de cada infecção e sua
gravidade também, alguns profissionais podem prescrever além dos antibióticos,
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analgésicos para alivio dos sintomas de disúria.


Medicamento Norfloxacino, que pertence a Classe Fluoroquinolona. A via de
administração do medicamento é oral. Norfloxacino tem amplo espectro de atividade
antibacteriana contra patógenos aeróbios Grampositivos e Gram-negativos.

Definição
Infecção urinária é a presença anormal de patogênicos (que causam doença)
em alguma região do trato urinário. Algumas pessoas, especialmente mulheres,
podem apresentar bactérias no trato urinário e não desenvolverem infecção urinária,
chamadas de bacteriúria assintomática.
As principais causas são a relação sexual e as bactérias do trato
gastrointestinal, que migram por via ascendente da região perineal até a bexiga.
Raramente ocorre pela via hematogênica (circulação sanguínea).
Existem dois tipos principais: a cistite e a pielonefrite. A Cistite é a infecção
que afeta a bexiga, enquanto a pielonefrite afeta o rim. Essa última possui sintomas
mais severos.
A incidência de infecção urinária é de 80% a 90% em mulheres, é mais
prevalente na idade reprodutiva e nas mulheres que estão na menopausa, devido à
queda do estrogênio e de alterações no tipo e quantidade de micro-organismos que
protegem a vagina.

EXAME DE ROTINA DE URINA OU EXAME QUALITATIVO DE URINA

Utilizado para avaliação da função renal e urinária, podendo auxiliar no


diagnóstico e tratamento. Neste exame é feito o exame físico, químico e de
sedimento da urinário, procurando identificar possíveis patógenos e estruturas
presentes na urina.

AMOSTRA

• Amostra de escolha: Primeira urina da manhã, jato médio, sem preservativos.

• Alternativa: Amostra de urina aleatória, colhida após 4 horas da última micção.


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Recomenda-se que a coleta seja realizada após 8 horas de repouso, antes da


realização das atividades físicas habituais do indivíduo e, preferencialmente, em
jejum.
Alternativamente, a amostra de urina pode ser coletada em qualquer
momento do dia, preferencialmente após 4 horas da última micção.
O paciente deve ser orientado com relação ao procedimento de coleta de
urina de jato médio.

Métodos mais utilizados no laboratório clínico

• Caracteres gerais - Inspeção visual


• Pesquisa de elementos anormais (exame químico) - Tira reagente
• Exame do sedimento urinário (sedimentoscopia) – Microscopia ótica

Análise crítica do exame de rotina de urina/ exame qualitativo de urina (EQU).


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A urina será analisada por você em três diferentes etapas, sendo cada
uma delas bem dissociada no laudo recebido. São elas o Exame Físico,
macroscópico, que observa características que podem ser vistas a olho nu;
o Exame Químico, no qual são utilizadas fitas reagentes que indicam a
presença ou não de substâncias no líquido; e o Exame Sedimentar, no qual
utiliza-se a microscopia para identificar o que está presente no material.

Fatores interferentes no Exame de rotina de urina ou Exame qualitativo de


urina (EQU).

Os erros pré-analíticos, podem ocorrer na identificação do paciente, no


preparo inadequado, solicitações inadequadas de testes, recipientes/ aditivos
incorretos, erros na identificação da amostra, coleta ou manuseio inadequado
(MUNDT, 2009).
O fato de a urina ser tão disponível e facilmente coletada, muitas vezes leva
ao descuido no tratamento da amostra após a coleta. As mudanças na composição
da urina têm um lugar não só in vivo, mas também in vitro, exigindo assim
procedimentos de manuseio corretos (STRANSINGER et al, 2009).
Têm-se também como principais interferentes, os quais podem ocorrer pelo
motivo da má higienização antes da coleta, o excesso de células epiteliais, que
podem não condizer com que o paciente tem, excesso de bactérias podendo
ocasionar em falsos positivos para infecções do trato urinário. (KASVI, 2018)

UROCULTURA

Cultura de Urina, exame útil no diagnóstico de infecção do trato urinário (ITU).

Amostra

Amostra de escolha: Primeira urina da manhã, jato médio, sem preservativos.


Alternativa: Amostra de urina aleatória, colhida após 4 horas da última micção.

Métodos mais utilizados no laboratório clínico


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Cultura qualitativa e quantitativa

Valores de referência

Fatores interferentes na Urocultura

A utilização de antibióticos interfere no exame, podendo levar a resultados


falsonegativos.
Infecções em seu estágio inicial podem não apresentar crescimento
bacteriano devido ao pequeno número de microrganismos presentes na urina.
Infecções urinárias que têm como agente etiológico micobactérias, Clamídia e
anaeróbios não são diagnosticadas pela urocultura convencional.

Análise crítica do exame de Urocultura

Mais de 95% das infecções urinárias são causadas por um único agente
etiológico. Escherichia coli é a causa mais comum de ITU não complicada, sendo o
agente etiológico de 75 a 95% de todas as infecções. Staphylococcus saprophyticus
encontra-se em segundo lugar, respondendo por 5 a 20% das infecções. Espécies
de Proteus e Klebsiella e o Enterococcus faecalis ocasionalmente causam infecção
urinária não complicada.
O diagnóstico definitivo de infecção do trato urinário é firmado pelo isolamento
do microrganismo na urocultura. A bacteriúria significativa, habitualmente,
caracterizase por crescimento superior a 105 UFC/mL. Valores inferiores, porém,
devem ser valorizados em circunstâncias específicas.
Bacteriológico: após a incubação, se não ocorrer crescimento, liberar o
resultado como “Não houve crescimento bacteriano”. Reportar a identificação do
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microorganismo isolado, quando considerado patógeno nesse sítio e o número de


unidades formadoras de colônia por mililitro (UFC/mL). Utilizando a alça calibrada de
1μL, cada colônia na placa equivale a 1000 UFC/mL.
O crescimento de dois microrganismos com alteração no EQU deve ser
considerado e os testes realizados. O crescimento de mais de dois microrganismos,
deve ser liberado como “Crescimento misto. Sugere-se nova coleta da amostra”. O
isolamento de colônias puras com contagem igual ou superior a 105 UFC/mL de
microrganismos da flora bacteriana deve ser mencionado informando a possibilidade
de contaminação da amostra, sendo sugerida uma nova coleta para confirmação de
resultado.

5. CASO CLÍNICO 2

Paciente P.G.K, 45 anos, peso= 90kg, mede 1,65cm, sedentário, come


frequentemente na rua, lanche rápidos, pai e mãe hipertensos, procura unidade
básica de saúde para fazer um Check-up, na triagem apresenta sinais vitais
estáveis.

Diagnóstico exames solicitados

Foram solicitados hemograma completo, glicose, colesterol total, triglicerídeos.

Hemacias:6,12milhões/mm³
Hemoglobina: 13,4 g/100 ml;
Hematócrito: 40%;
VGM: 88,4 fl
HGM: 28,9 pg
CHGM: 34,4 g/dl
RDW: 13%
Colesterol Total: 300mg/dl;
LDL-C: 224mg/dL:
HDL-C: 36 mg/dL;
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Triglicerídeos: 200mg/dl
Glicose= 90 mg/dl

Hemograma
O exame de Hemograma já foi detalhado no caso clínico 1.

Colesterol Total, Colesterol LDL, Colesterol HDL E Triglicerídeos.

Os exames de colesterol têm se como objetivo diagnosticar doenças do


coração. O exame de colesterol total é a junção das lipoproteínas , LDL (Low
Density Lipoprotein) colesterol, HDL (High Density Lipoprotein) colesterol e VLDL
(Very Low Density Lipoprotein) encarregada de transportar os triglicerídeos
(RODWELL et al., 2017).
Os triglicerídeos e o colesterol são compostos insolúveis no sangue e,
devido a esse fator que necessitam das lipoproteínas. Elas são “compactadas”
para poder realizar o funcionamento do processo metabólico (RODWELL et al.,
2017).

Para a coleta dos exames se faz necessário jejum de 12 horas.

Métodos mais utilizados no laboratório clínico para análise do Colesterol total,


Colesterol LDL, Colesterol HDL E Triglicerídeos

Colorimétrico enzimático

Valores referência
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Fatores interferentes

Biológicos: idade, gravidez, dieta, exercícios, uso de álcool, obesidade.

Doenças: hipotireoidismo, hipopituitarismo, diabetes mellitus, síndrome nefrótica,


insuficiência renal crônica, atresia biliar congênita, lupus eritematoso sistêmico.

Drogas: antihipertensivos (tiazidas, clortalidona, espironolactona, betabloqueadores),


Imunossupressores (ciclosporina, predinisona), esteróides (estrógenos,
progestógenos e anticoncepcionais orais), anticonvulsivantes, amiodarona, AAS,
ácido ascórbico, alopurinol.

Hemólise

Icterícia

Hipertrigliceridemia

Análise crítica do exame de Colesterol total, Colesterol LDL, Colesterol HDL e


Triglicerídeos

Desde que foi definido o envolvimento do colesterol e suas frações como um


fator de risco das doenças cardiovasculares e no diagnóstico e tratamento das
dislipidemias, passou a ser importante definir e controlar os diferentes métodos
analíticos de sua medição.
As variações podem ser analíticas, quando estão relacionadas á metodologia
e procedimentos usados pelos laboratórios e pré-analíticos quando relacionados a
fatores biológicos, intrínsecos ao indivíduo (estilo de vida, uso de medicações e
doenças associadas).
Para reduzir essas variações, é recomendado que na avaliação do perfil
lipídico de um indivíduo, seja considerada a média de duas dosagens de colesterol
,obtidas em intervalos de 1 semana e máximo de 2 meses após a coleta da primeira
amostra. Deve-se estar atento ás condições pré-analíticas do paciente e a
preferência pela mesma metodologia e laboratório
Entre estas duas dosagens a variação intra-individual aceita é inferior 9,1%.
21

Caso a variação entre as duas dosagens seja superior á máxima aceitável


deve-se dar atenção às condições do paciente e aos critérios de metodologia e
certificação do laboratório Com estes cuidados uma terceira dosagem pode ser feita.

Glicemia

O exame de glicemia tem como objetivo investigar os níveis de glicose no


sangue (SUH e KIM, 2015). A glicose é adquirida pelo organismo através de
alimentos contendo carboidratos. Em uma alimentação rica em carboidratos as
incretinas (classe de substâncias produzidas no pâncreas e intestino) são
ativadas. Quando liberados, esses hormônios estimulam a produção da insulina
que irá suprimir a entrada de glicose no fígado para sangue, que por sua vez irá
ativar a remoção da glicose do sangue, para os músculos e gorduras (CHACRA,
2006; WASSERMAN, 2009).

Utilizado para diagnóstico e monitoramento do diabetes mellitus e dos


distúrbios da homeostase glicêmica e rastreamento do diabetes gestacional.
 Jejum obrigatório: Adulto entre 8 e 12 horas, crianças de 1 a 5 anos 6 horas e
crianças menores que 1 ano de 3 horas.
 Amostra coletada em Plasma (Fluoreto).
 A coleta da amostra de sangue deve ser realizada pela manhã.
 Recomenda-se separar o plasma até 3 horas após a coleta. Após a obtenção
do plasma, caso o exame não possa ser prontamente realizado, recomenda-se
manter a amostra refrigerada entre 4 – 8° C por até 3 dias, em recipiente fechado.

Valores de referência de glicemia em jejum


22

Análise crítica do exame de dosagem de glicose no sangue


O método mais utilizado no laboratório clínico é o Enzimáticos colorimétricos
(glicose oxidase; hexoquinase).

Fatores interferentes no exame de Glicemia


Os interferentes para o aumento da dosagem de glicose no sangue são o uso de
corticoides e uso de diuréticos tiazídicos.
Os interferentes para a diminuição da dosagem de glicose no sangue são a
ingestão de álcool nas últimas 24 horas que antecedem a coleta do exame, jejum
prolongado e dieta com restrição de carboidratos.

Tratamento

Como a maioria das ocorrências de dislipidemias envolve hábitos alimentares


e sedentarismo, a melhor forma de reverter o quadro é a adoção de um estilo de
vida mais saudável, com medidas práticas, como:

 Evitar o consumo de alimentos ricos em açúcar e gordura, como massas


produzidas com farinha de trigo refinada, óleos vegetais e doces açucarados
em geral (prefira adoçantes naturais, como stévia e xilitol), optando sempre
que possível por produtos integrais.
 Reduzir ao máximo o consumo de álcool.
 Não fumar.
 Praticar alguma atividade física de intensidade moderada, por pelo menos 30
minutos, quatro vezes por semana.

Além dessas medidas, nos casos de dislipidemias mais graves, em que há


risco de problemas do coração, por exemplo, o médico também pode indicar um
tratamento medicamentoso à base de estatinas e fibratos.

Definição

As dislipidemias são os principais fatores de risco para as doenças


cardiovasculares, caracterizadas por anomalias nos níveis de lipídios no sangue,
principalmente do colesterol total e dos triglicerídeos.
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As dislipidemias podem ser manifestadas pelos seguintes fatores:

 Níveis elevados de colesterol LDL (conhecido como colesterol ruim);


 Níveis baixos de colesterol HDL (conhecido como colesterol bom);
 Níveis elevados de triglicérides.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi de extrema importância participar e acompanhar os processos de trabalho


do farmacêutico nas atividades relacionadas ao Laboratório de análises clínicas.
O estágio supervisionado em Análises clínicas foi acompanhado de muita
expectativa por se tratar de uma área que sempre me atraiu e poder vivenciar a
rotina diária do profissional só me fez evoluir e crescer adquirindo segurança,
conhecimentos, aprendizagens e ampliando habilidades.
Continuo minha trajetória como estudante com um novo olhar para o futuro
incluindo muitas possibilidades de atuação no mercado de trabalho.

REFERÊNCIAS

ANDRIOLO, Adagmar et al. Coleta e preparo da amostra biológica - Sociedade


Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML). Barueri: Manole
Minha Editora, 2014.

ARAGÃO, D. P.; ARAUJO, R. M. L. Orientação ao paciente da realização de exames


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