TESE
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TESE
CAMPUS DE JABOTICABAL
2020
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP
CAMPUS DE JABOTICABAL
2020
Castro Júnior, Edson José de
C355a Agregação de solos sob cultivo de cana-de-açúcar e mata nativa /
Edson José de Castro Júnior. -- Jaboticabal, 2020
26 p. : il., tabs.
Aos meus pais Edson José de Castro e Marli Maria da Costa Castro, minhas
irmãs Edmara da Costa Castro Dallabrida e Mariley da Costa Castro e ao meu tio
Ivo Aquino de Castro, por sempre me incentivar, motivar e investir em minha educação,
a esta capacitação, moverem todas suas forças para fazer com que eu chegasse até
onde estou. A vocês, meu sincero e humilde agradecimento.
AGRADECIMENTOS
RESUMO ..........................................................................................................................i
ABSTRACT .....................................................................................................................ii
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................1
2. REVISÃO DA LITERATURA.......................................................................................3
3. MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................................6
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................9
5. CONCLUSÕES..........................................................................................................19
6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................20
i
Abstract – The mechanized harvesting of sugarcane allows the residue to be left on the
soil surface, to benefiting soil conservation. However, the increased mechanization can
contribute to soil structure. Comparing a natural environment to a sugarcane production
area helps to demonstrate the beneficial effect of the residue on soil structure. The goal
of this study was to evaluate the physical attributes of the soil with similar granulometry
in two areas: sugarcane crop and a preserved area of a native forest. We evaluated
soil layers at 0.00-0.05 m, 0.05-0.10 m and 0.10-0.25 m for the soil physical attributes:
soil aggregate classes, aggregate diameter, aggregate stability index, particulate
organic carbon, and organic carbon associated with minerals. The values obtained were
submitted to a descriptive statistics, a factor analysis and a factorial variance. The
results showed that the aggregate formation was similar in the two areas, only differing
between the evaluated layers, decreasing the aggregate formation along the evaluated
soil profile. The stability of aggregates in the native forest was superior to the sugarcane
production area. However, the surface soil of sugarcane was the most closely to the
situation of native forest soil stability, indicating that sugarcane residue could be a
strategy of soil carbon maintenance.
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO DA LITERATURA
3. MATERIAL E MÉTODOS
Tabela 1: Frações granulométricas nas três camadas de solo sob cultivo de cana-de-
açúcar e mata nativa.
Áreas Camadas (m) Argila (g kg-1) Areia (g kg-1) Silte (g kg-1)
0,00-0,05 161,6 612,2 226,2
Cana-de-açúcar 0,05-0,10 171,3 603,3 225,4
0,10-0,25 186,0 590,4 223,6
0,00-0,05 197,2 707,5 95,3
Mata Nativa 0,05-0,10 214,1 687,1 98,8
0,10-0,25 240,2 657,2 102,6
Esta área foi reformada na safra 2009/2010 em janeiro com erradicação química
e, posteriormente, o solo foi preparado com subsolador para rompimento de camadas
compactadas em até 40 centímetros e grade pesada, com discos de 32’’ para
destorroamento. Em seguida, foi plantado a cultivar RB85-5156 (Saccharum officinarum
spp.) e adubada com o formulado 10-25-25 na dose de 500 Kg ha-1. Durante o manejo
de cana planta e soca, não foi utilizado nenhum resíduo industrial (vinhaça e torta de
filtro). Após os cortes, foi realizado adubação mineral com dosagem de acordo com a
produtividade da área. A amostragem do solo ocorreu logo após as primeiras chuvas
em outubro de 2017 na área de mata nativa e após a colheita do sétimo corte da cultura
na safra 2017/2018.
Com o auxílio de um enxadão, foram coletados trinta pontos em cada área (C e
MN) nas camadas 0,00-0,05, 0,05-0,10 e 0,10-0,25 m de profundidade. Estas amostras
7
Em seguida, os scores dos fatores de cada amostra foram testados pelo General
Linear Models (GLM) em uma análise de variância (teste F a 5% de significância). Os
fatores significativos para o teste F (p < 0,05) foram analisados através do teste de
Tukey a 5% de probabilidade (p < 0,05).
9
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
resíduos que contém água e podem carrear no perfil do solo, podendo carregar o
carbono em subsuperfície.
Vasconcelos et al. (2010) avaliaram a adição de vinhaça (V) e vinhaça e torta de
filtro (VT) em um Latossolo Amarelo distrocoeso de textura média/argilosa (561 g kg -1
de areia e 300 g kg-1 de argila) com cana-de-açúcar e os efeitos na estabilidade de
agregados em comparação a mata nativa (MN) de mesmo solo e textura em até 0,60
metros de profundidade, subdividido em camadas de 0,20 metros. Neste estudo, a
estabilidade de agregados foi estatisticamente superior no solo da MN, decrescendo
nos tratamentos VT e V, 78,3%, 68,3% e 62,1% de IEA, respectivamente, em 0,00-0,20
m. Estes resultados demonstraram o efeito benéfico da matéria orgânica no solo para a
estabilidade de agregados em superfície. Neste estudo, houve correlação diretamente
proporcional do carbono no solo e IEA, pois a presença de microrganismos, os quais
utilizam da matéria orgânica para sua multiplicação produzem substâncias que atuam
como agentes estabilizadores ou funcionam como rede envolvendo os agregados do
solo, assim como as hifas dos fungos associadas às pequenas raízes, são importantes
para tal processo de estabilidade de agregados (Castro Filho et al., 1998; Mielniczuk,
1999; Azevedo e Dalmolin, 2004).
Também, Demarchi et al. (2011) avaliaram os atributos físicos e químicos em
solos de diferentes classes (Latossolo, Nitossolo e Argissolo) submetidos a diferentes
tipos de manejos e a qualidade estrutural decresceu de acordo com os manejos:
pastagem, mata nativa, cultivo de soja em rotação de culturas de inverno, cana-de-
açúcar e solo urbano, respectivamente. Estes autores mencionam que a agregação
teve uma relação direta ao aporte e manutenção da matéria orgânica dos solos com
resíduos vegetais, uma vez que esta foi essencial para a qualidade estrutural do solo.
Em seguida, os scores de cada amostra foram submetidos à análise de variância
fatorial para analisar se houve efeito entre os tratamentos e camadas entre os dois
fatores determinados pela técnica multivariada. Assim, no primeiro fator, caracterizado
como a “formação de agregados”, foi observado efeito significativo somente das
camadas (Tabela 3).
12
%AG4-2 (%)
%AG>4 (%)
2,30
93,00
2,10
92,50 MN MN
1,90
92,00 C C
91,50 1,70
91,00 1,50
0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,25 0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,25
Camadas (m) Camadas (m)
%AG1-0,5 (%)
%AG2-1 (%)
1,00
1,20
0,90
1,00 MN MN
0,80
0,80 C 0,70 C
0,60 0,60
0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,25 0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,25
Camadas (m) Camadas (m)
0,55 0,14
%AG0,5-0,25 (%)
0,50 0,14
0,13
0,45
MN 0,13 MN
0,40
C 0,12 C
0,35 0,12
0,30 0,11
0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,25 0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,25
Camadas (m) Camadas (m)
Figura 1: Médias e erro padrão da média dos atributos agregados com diâmetro maior
que 4 mm (a), agregados com diâmetro entre 4 e 2 mm (b), agregados com diâmetro
entre 2 e 1 mm (c), agregados com diâmetro entre 1 e 0,5 mm (d), agregados com
diâmetro entre 0,5 e 0,25 mm (e), agregados com diâmetro entre 0,25 e 0,125 mm (f)
nas áreas de mata nativa (MN) e Cana-de-açúcar (C) e camadas de 0-0,05, 0,05-0,10,
0,10-0,25 m de profundidade.
seguindo a ordem: 0,00-0,05 m > 0,05-0,10 m > 0,10-0,25 m, scores de 0,65, 0,24 e -
0,88, respectivamente. Na área de mata nativa, a agregação pode ter ocorrido pela
presença das raízes na camada superficial e subsuperficial, sendo decrescente ao
longo do perfil do solo a qual ela se encontra, promovendo a aproximação entre as
partículas e formando agregados (Calonego e Rosolem, 2008). Em um ambiente de
produção de cana-de-açúcar há, além do efeito das raízes da cultura, a ação antrópica
com as operações mecanizadas que podem promover a aproximação entre os
agregados (Vishi Filho et al., 2015).
Rossetti et al. (2014) demonstraram que o DMP na mata nativa não apresentou
diferença estatística entre as camadas avaliadas, diferente do sétimo e oitavo ciclo do
canavial onde apresentou diferença estatística, sendo 0-0,10 m > 0,10-0,20 m > 0,20-
0,30 m. Segundo os autores, a adição de palhada promoveu a formação de agregados
maior em superfície, decrescendo sua influência em profundidade.
Fontana et al. (2010) avaliaram a relação da agregação e substâncias húmicas
em Latossolos e Argissolos do tabuleiro costeiro e verificaram maiores valores de DMP
em áreas de floresta comparado a pastagens e cana-de-açúcar. No entanto, Garbiate et
al. (2011), que avaliaram um Latossolo Vermelho distrófico de textura média em área
cultivada com cana crua e queimada através de atributos físicos do solo, reiteraram que
o sistema de produção de cana crua com palha depositada em campo apresentou
valores de DMP superiores ao da cana queimada. Isso demonstrou que o tráfego de
máquinas pode ser minimizado através da estabilidade estrutural e com cobertura de
resíduos vegetais.
Quanto ao fator 2, houve diferença significativa para o tratamento e camada,
além da diferença significativa para a interação avaliada (Tabela 4).
15
nativa. Os resultados destes autores evidenciam que todas as camadas da mata nativa
foram semelhantes em carbono e IEA. Porém, estas camadas foram superiores ao
manejo de cana crua e este comportamento foi observado em ambos os atributos
avaliados. Isso é justificado pela maior presença de raízes nas camadas superficiais e
da presença do material vegetal depositado no solo que atuam na estabilização dos
agregados.
Vasconcelos et al. (2010) afirmam que o processo de estabilidade de agregados
está correlacionado com o teor de matéria orgânica no solo em que, à medida que o
carbono orgânico diminui em profundidade, seja pelo revolvimento excessivo do solo ou
pelo baixo aporte de material orgânico, decresce a estabilidade de agregados. Para o
presente estudo, uma vez que a palha do solo depositada nos cortes não é revolvida e
dependente da atividade lenta da microbiota do solo (Yamaguchi, 2015), mesmo com
sete deposições de palhadas por corte, a quantidade de COP (Figura 2b) em ambas as
áreas foram semelhantes, independentemente das camadas. No entanto, o COAM
(Figura 2c), principal atuante na agregação, foi diferente nas áreas e camadas,
evidenciando a longa construção da estrutura do solo de uma mata nativa frente a uma
área com a cultura da cana de açúcar, resultando em IEA (Figura 2d) estatisticamente
diferentes.
17
4,94 3,00
COP (g kg-¹)
4,92 2,95
MN MN
4,90 2,90
4,88 C 2,85 C
4,86 2,80
0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,25 0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,25
Camadas (m) Camadas (m)
74,00
72,00
IEA (%)
11,00
70,00
10,00 MN 68,00 MN
C 66,00 C
9,00
64,00
8,00 62,00
0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,25 0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,25
Camadas (m) Camadas (m)
Figura 2: Médias e erro padrão da média dos atributos carbono orgânico particulado
(a), carbono orgânico associado aos minerais (b), diâmetro médio ponderado (c) e
índice de estabilidade de agregados (d) nas áreas de mata nativa (MN) e Cana-de-
açúcar (C) e camadas de 0-0,05, 0,05-0,10, 0,10-0,25 m de profundidade.
carbono. Assim, onde possivelmente poderá ocorrer o maior aporte de material vegetal
será em superfície, decrescendo sua quantidade em profundidade.
O evento descrito foi demonstrado por Popin (2017) em um Nitossolo Vermelho
eutroférrico típico de textura argilosa com diferentes volumes de palha da cana e em
três camadas subdividas entre 0,10 metros. O autor descreve que a maior entrada de
carbono no solo foi na superfície (em média de 20 g kg -1), decaindo em subsuperfície
(média de 17 g kg-1 na camada de 0,20-0,30 metros). Devido a área ser de primeiro
corte, o solo foi submetido a atividades de preparo do solo e plantio há, no mínimo, um
ano após a amostragem. Porém, como o processo de estabilização da matéria orgânica
é lenta (Yamaguchi, 2015), as alterações no estoque podem seguir o mesmo ritmo,
sobretudo, gradual ao longo dos cortes (Cerri et al., 2011).
Apesar de que houve diferença no segundo fator entre a mata e cana, a camada
que mais se assemelha a mata é a superficial (0,00-0,05 metros). Portanto, pode-se
inferir que o efeito da palhada no solo para as áreas de cana podem ser uma estratégia
para manutenção do carbono neste sistema (Conceição et al., 2013) e
consequentemente, na contribuição para a estrutura do solo, principalmente para a
estabilidade de agregados.
Pesquisas como a de Carvalho et al. (2017a), Oliveira et al. (2017) demonstram
por meio de modelagens que a remoção total em campo da palhada para outros fins
como a produção de etanol de segunda geração ou produção de energia elétrica
impacta negativamente o estoque de carbono no solo. A retirada da palhada do solo
para esta finalidade, não somente prejudica o estoque de carbono, mas leva a uma
série de consequências. Com o solo exposto e sem palha, pode acarretar aumento da
densidade do solo e resistência à penetração (Souza et al., 2014; Souza et al., 2015),
diminuição da porosidade do solo, do poder de agregação, da disponibilidade de água,
acarretando no decréscimo da produtividade, além da perda da água por escoamento
superficial e perda do solo por erosão (Carvalho et al., 2017b).
Assim, pode-se inferir que a palha da cana-de-açúcar em superfície desempenha
função essencial para contribuir na estrutura do solo, principalmente na estabilidade
dos agregados a 5 cm de profundidade.
19
5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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