Introdução Ao Direito Administrativo Diagramada 1

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Introdução ao Direito

Administrativo
1. Conceito de Direito Administrativo 4
Fontes do Direito Administrativo 9
Fontes Legislativas 9
Fontes Constitucionais 10
Fontes Legislativas em Sentido Estrito 10
Fontes Legislativas em Sentido Amplo 10
Fontes Administrativas 11

2. Princípios do Direito Administrativo 13


Legalidade 13
Impessoalidade 13
Moralidade 13
Publicidade 13
Eficiência 14
Federalismo 14
Supremacia do Interesse Público 14

3. Administração Pública Direta e Indireta 16


Agentes Públicos 18
Agentes Políticos 18
Servidores Públicos 18
Militares 18
Particulares em Colaboração com o Estado 18
Serviços Públicos 18
Serviços Públicos Próprios 18
Serviços Públicos Impróprios 19
Serviços Públicos Administrativos 19
Serviços Públicos Comerciais ou Industriais 19
Serviços Públicos Sociais 19

4. Referências Bibliográficas 21

02
03
INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO

1. Conceito de Direito Administrativo

Fonte: Pro Juris1

D e forma o melhor entendimen-


to do tópico, necessária a in-
terpretação proposta pelo professor
necessária grande atividade in-
telectual para precisar a mani-
festação de tal fenômeno na na-
tureza.
Couto Filho2: O Direito Administrativo é, se-
gundo a ótica subjetiva, um
conjunto de normas que regem
Precisa o surgimento do Direito as relações endógenas da Admi-
Administrativo é tarefa impos- nistração Pública e as relações
sível, pois a Ciência do Direito exógenas que são travadas en-
analisa objeto cultural baseada tre ela e os administrados.
na imputação e no subjetivismo Já o conceito objetivo leva em
humano. Não há relação de conta não os atores da relação,
causalidade, existe sim a atri- mas, sim, como o próprio nome
buição de consequências e valo- diz, o objeto da relação jurídica
res aos fatos individuais e soci- travada.
ais relevantes. Sob a ótica objetiva, o Direito
O aparecimento de um fenô- Administrativo é o conjunto de
meno estudado pelas ciências normas que regulamentam e
naturais pode ocorrer em um regulam a atividade da Admi-
preciso e exato momento. Por nistração Pública de atendi-
exemplo, os terremotos aconte- mento ao interesse público.
cem em data exata, não sendo

1 Retirado em https://www.projuris.com.br/direito-administrativo/
2 https://www.conjur.com.br/2015-jun-16/conceito-direito-administrativo-nao-deturpar-finalidade

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INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO

Ramón Mateo e Juan Sánchez Não havia Administração Pú-


definem o Direito Administrati- blica na França pré-constitucio-
vo da seguinte forma: “El Dere- nal?
cho Administrativo sería pues, É claro que havia, pois existia
aquel Derecho que disciplina um poder estatal central que es-
un conjunto de actividades efi- tava dividido em órgãos e que
cazmente dirigidas al atendi- travava relações contratuais ou
mento de los intereses públicos estatutárias com os administra-
y para las cuales el ordena- dos.
mento concede potestades si- Tanto nas relações internas
gulares”. quanto nas relações externas
existia desproporção, como há
Para Lombard, o Direito Admi- no atual Estado de Direito: um
nistrativo atual é definido como dos atores sobrepunha-se aos
um conjunto de regras aplicá- demais.
veis à Administração Pública A Administração Pública sem-
cuja inobservância pode ser pre será onipotente, e o admi-
sancionada por julgadores in- nistrado, ou os seus elementos
dependentes. internos, será sempre hipossu-
O conceito de Lombard remete ficiente, pois, para atingir a fi-
à tripartição de Poderes ence- nalidade pública, a Administra-
tada formalmente por Montes- ção deve ser dotada de poderes
quieu, com a ideia subliminar e recursos extraordinários.
de limites ao Poder Absoluto. No Direito Administrativo anti-
Lombard mostra claramente go, tais poderes não sofriam as
que divide a história do Direito limitações do atual Estado de
Administrativo em duas fases, Direito.
quais sejam, a moderna e a an- O Estado representa a socie-
tiga. dade política dotada de certa
O seu conceito pode ser soto- organização, devendo ficar bem
posto à fase moderna, que dis- claras as formas de aquisição,
persa o Poder entre mais de um exercício, manutenção, perda
órgão, e que tem como expres- do Poder e de fixação das nor-
são de maior importância a se- mas de convivência entre os
guinte: “Estado de Direito”. seus membros.
O aparecimento do Estado não Há três posições fundamentais
se confunde, porém, com o sur- sobre o surgimento do Estado,
gimento do Estado de Direito, e são elas:
o Direito Administrativo, ainda • A primeira considera o Esta-
que qualificado como antigo, do como a própria sociedade,
surgiu com o aparecimento do confundindo-se com a organi-
Estado. zação social dotada de poder
Limitar o conceito com a exi- para regulamentar o comporta-
gência de órgãos independentes mento de todo o grupo;
para assegurar a sua observân- • a segunda considera que po-
cia significa limitar o seu perío- de existir sociedade sem a exis-
do de existência e terminar por tência de um Estado ainda que
limitar o seu estudo à existência durante determinado período
de um Estado Constitucional de tempo, sendo que depois, a
Moderno. depender do nível de evolução

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INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO

da sociedade e das suas necessi- normas gerais, implicam im-


dades, pode surgir um Estado; possibilidade de alteração do
• a terceira somente considera conteúdo da relação jurídica,
criado o Estado se presentes sendo facultada, normalmente,
certas características muito cla- apenas a adesão. As relações
ras e específicas. Os adeptos contratuais são firmadas com
desta teoria afirmam, inclusive, cláusula geral de poderes exor-
que podem precisar com grau bitantes para a Administração
de certeza a data do surgimento Pública, pois, em alguns casos,
de um determinado Estado. podem ser alteradas ou pode
As afirmações de Dallari mos- ser rescindido o contrato admi-
tram que as duas primeiras teo- nistrativo unilateralmente.
rias sobre o surgimento do Es- A finalidade deste regime jurí-
tado são compatíveis com a dico diferenciado, mitigador da
classificação bipartite de Esta- relação equitativa entre as pes-
do (antigo e moderno). A tercei- soas envolvidas, é a satisfação
ra mostra que pode haver um do interesse público, sendo cer-
marco temporal exato para o to que, para o Poder Constituin-
surgimento do Estado, con- te Originário, tal interesse é va-
substanciado em um fato histó- lor tão caro que pode afastar o
rico preciso. Princípio Constitucional da
A terceira teoria desconsidera o igualdade insculpido no caput
Direito como um objeto em ple- do artigo 5º da CF/88.
na evolução de acordo com os O conceito menos impreciso de
valores escolhidos pela socieda- Direito Administrativo é o se-
de da época, fixando marcos es- guinte: conjunto de normas, re-
táticos para o surgimento de gras e princípios, que regem as
ideias, algo impensável no cam- relações endógenas da Admi-
po das ciências sociais. nistração Pública e as relações
Fato é que o Estado surge com a exógenas que são travadas en-
sociedade organizada para a sa- tre ela e os administrados, sob
tisfação do bem comum ou ge- um regime jurídico diferenci-
ral, sendo certo que não há co- ado, para a satisfação do inte-
mo precisar o momento exato resse público.
de organização da sociedade. É O Direito pode ser conceituado,
lógico que, para a sua existên- sob a ótica sociológica moder-
cia, é indispensável um conjun- na, como conjunto de normas,
to mínimo de regras consolida- regras e princípios, formado
do e cognoscível aos seus mem- por expectativas de comporta-
bros. mentos humanos que o seu cri-
O conceito de Direito Adminis- ador tem convicção de que não
trativo enceta também como serão atendidas.
elemento próprio um regime A frustração ilustra contradição
jurídico diferenciado, pois, em aparente, pois representa um
regra, as relações travadas pela problema para o Direito e, ao
Administração Pública ilustram mesmo tempo, nada mais é do
claro desequilíbrio entre as par- que a sua razão de existir.
tes. A convicção do atendimento
As relações estatutárias, ou das expectativas de comporta-
seja, baseadas somente nas mentos humanos torna desne-

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INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO

cessário e inútil o conjunto nor- vide “Curso de Direito Adminis-


mativo. Se os criadores das nor- trativo, 2ª ed., Saraiva: 2015,
mas regulassem condutas pau- Reinaldo Couto”.
tadas na inexistência de opção Observe-se, porém, que os con-
contrária, a norma não seria ceitos variam de acordo com o
cumprida em virtude da von- seu autor e de acordo com as re-
tade do indivíduo, mas por não ferências que são usadas na sua
haver outra conduta possível. elaboração. Não há conceito
Deve ficar claro que o não aten- correto ou conceito incorreto
dimento às expectativas espera- dentro do consensualismo mí-
do pelo criador do Direito deve nimo.
sempre ser planejado como ex- Fernando Correia, professor da
ceção, pois se fosse regra a nor- Faculdade de Direito da Uni-
ma gerada careceria de consen- versidade de Coimbra, afirma
sualismo e de heteronomia e a que o Direito Administrativo é o
conduta contrária à norma se- sistema de normas jurídicas,
ria desejo da sociedade. distintas das do direito privado,
Todavia, os desejos da maioria que regulam a organização e o
da sociedade não são absolutos. funcionamento da Administra-
Caso contrário nada impediria ção Pública e, bem assim, a fun-
a maioria de exterminar a mi- ção ou atividade materialmente
noria. Não se deve confundir administrativa dos órgãos ad-
democracia com ditadura da ministrativos.
maioria, pois os direitos funda- É sistema de normas jurídicas,
mentais mostram-se limitado- pois apresenta-se como conjun-
res claros e consistentes dos de- to de normas dotadas de lógica
sejos da sociedade. O mais caro interna, inspirado por princí-
valor fundamental no Estado pios comuns e que constituem
Democrático de Direito subs- algo de homogêneo e específico.
tancial é o direito de existência É distinto do Direito Privado
da minoria. por tratar-se, nas palavras de
Hipoteticamente, pode ser da- Correia, de corpo de normas de
do como exemplo, para ilustrar Direito Público, cujos princí-
a ausência de opção, norma ju- pios, conceitos e institutos afas-
rídica que determinasse a todos tam-se do Direito Privado, sen-
os seres humanos a adoção da do que as especificidades das
respiração como prática para normas de Direito Administra-
sua sobrevivência. tivo manifestam-se no reconhe-
Há como ser diferente? cimento à Administração Pú-
É claro que não, pois existiria blica de prerrogativas sem equi-
como objeto da norma uma valente nas relações jurídico-
descrição causal que não se pro- privadas e na imposição, em
cessa de outra maneira, não ha- virtude do princípio da legali-
vendo opção. Assim, deve ha- dade, de limitações de atuação
ver, ao menos, a potencialidade mais estritas do que as que atin-
real de frustração da expecta- gem os negócios particulares.
tiva do criador da norma, a fim O Direito Administrativo busca
de que seja vislumbrada a sua o equilíbrio entre as exigências
necessidade e a sua utilidade, da ação administrativa na per-

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INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO

secução do interesse público e direito que façam as vezes do


as exigências de respeito aos di- Estado.
reitos e interesses legítimos dos Tais atos jurídicos envolvem a
administrados. ação na disciplina, na fiscaliza-
As normas que formam o Direi- ção, na garantia e na publici-
to Administrativo disciplinam a dade dos atos jurídicos dos par-
organização e o funcionamento ticulares; no fomento das ativi-
da Administração Pública, defi- dades livres dos particulares;
nindo os entes e as entidades nas limitações à liberdade, à
públicas que a compõem e as igualdade e propriedade deles
suas atribuições, os respectivos em favor do bem comum; na
órgãos e competências e a es- execução de obras públicas e na
trutura dos serviços públicos, efetivação de serviços públicos
bem como o seu modo de agir de oferecimento de comodida-
específico, e regulam a função des de coisas e prestações; e na
ou a atividade materialmente exigência de encargos análogos
administrativa. aos particulares, para atender
Correia entende que somente ao interesse do todo social.
com o surgimento do Estado de A busca por um conceito com-
Direito e com o acolhimento do pleto de Direito Administrativo
princípio da separação dos po- não é recente, pois Albert Dicey
deres é que se pode falar em Di- afirmava que “droit adminis-
reito Administrativo. tratif, or administrative law,
Outro conceito de Direito Ad- has been defined by French au-
ministrativo qualifica-o como o thorities in general terms as
ramo do Direito Público que the body of rules which regu-
tem por objeto os órgãos, agen- late the relations of the admi-
tes e pessoas jurídicas adminis- nistration or of the administra-
trativas que integram a Admi- tive authority towards private
nistração Pública, a atividade citizens”.
jurídica não contenciosa que Dicey apresentava um conceito
exerce e os bens de que se uti- subjetivista baseado nos atores
liza para a consecução de seus das relações tratadas pelo Di-
fins de natureza pública. reito Administrativo, deixando
Oswaldo Aranha Bandeira de de considerar os elementos re-
Mello afirma, com precisão, em gime jurídico diferenciado e sa-
seu conceito analítico, que o Di- tisfação do interesse público.
reito Administrativo juridica- A Administração Pública deve,
mente ordena a atividade do entretanto, buscar a satisfação
Estado, quanto à organização, do interesse público como um
ou seja, quanto aos modos e aos todo, pois a sua natureza so-
meios da sua ação, e quanto à mente resta preservada quando
forma da sua própria ação, ou deixa de existir como fim em si
seja, legislativa e executiva, por mesmo para existir como ins-
meio de atos jurídicos normati- trumento de realização do bem
vos ou concretos, na consecu- comum, independentemente
ção do seu fim de criação de uti- do conceito de Direito Adminis-
lidade pública, em que partici- trativo escolhido.
pa, de maneira direta e imedi-
ata, bem como das pessoas de

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INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO

Fontes do Direito Adminis- Frente ao princípio do Estado


Democrático de Direito (art. 1º,
trativo caput CF), a principal fonte do
direito administrativo brasilei-
As fontes do Direito Adminis- ro são as leis em sentido amplo,
ou seja, a Constituição Federal,
trativo podem ser classificadas de as Constituições Estaduais, as
diversas formas, dentro as quais ci- Leis Orgânicas dos Municípios,
tamos as seguintes: bem como as leis ordinárias,
complementares, delegadas das
a. Quanto ao procedimento de mais diferentes esferas da fede-
sua expedição: fontes legislativas ração brasileira. Esses e outros
(ex: lei ordinária), fontes jurispru- diplomas do gênero compõem a
categoria das fontes legislativas
denciais (ex: súmula vinculante) e ou fontes legisladas, ou seja, os
fontes administrativas (ex: porta- diplomas emanados do Poder
ria); Legislativo, caracterizados pela
sua forma escrita, seu uso obri-
b. Quanto à sua forma de mani- gatório, seu conteúdo vinculan-
festação: fontes escritas (ex: leis) e te e sua natureza primária em
não escritas (ex: costume); relação a outras fontes. Justa-
mente por essas características,
c. Quanto ao seu uso no caso pode-se dizer que as fontes le-
concreto: fontes de aplicação obriga- gisladas são as mais relevantes
tória (ex: Constituição) e fontes de para o direito administrativo.
Em um contexto democrático,
uso opcional (ex: doutrina); são elas que dizem, em nome do
d. Quanto ao poder que emana povo, em que medida o Estado
dos mandamentos que contêm: Fon- existe e atua.
Em virtude da estrutura federa-
tes de norma vinculante (ex: Consti- tiva brasileira - bipartite desde
tuição) e fontes de normas indicati- a Constituição de 1889 e tripar-
vas (ex: jurisprudência administra- tite após a Constituição de 1988
-, as fontes legislativas podem
tiva no Brasil); ser federais, estaduais e muni-
e. Quanto à sua hierarquia: Fon- cipais. Em alguns campos do
Direito, essa tripartição federa-
tes primárias (ex: Constituição), se-
tiva é pouco importante pelo fa-
cundárias (ex: resoluções) e subsidi- to de haver competência exclu-
árias (ex: doutrina). siva de uma ou outra esfera da
federação para tratar certa ma-
téria, como se vislumbra em re-
Fontes Legislativas lação à União em muitos casos
(art. 22 CF). Para o direito ad-
Citamos a dissertação do Dou- ministrativo, contudo, dada a
competência de auto-organiza-
tor e professor de Direito Público ção dos entes federativos, bem
Thiago Marrara3: como a competência material

3 http://genjuridico.com.br/2017/11/22/fontes-direito-administrativo-principio-da-legalidade/

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INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO

exclusiva ou comum para deter- (como nos períodos ditatoriais), a


minados serviços e atividades
Constituição fora redigida de forma
(art. 23 CF), as fontes legisladas
das três diferentes esferas são abrangente, a tentar passar maior
de igual importância. Na práti- segurança à população.
ca, tais fatores multiplicam as
fontes e as normas que regem
esse ramo do Direito, tornando- Fontes Legislativas em Senti-
o bastante complexo em relação do Estrito
àqueles regidos, por exemplo,
por Códigos expedidos pela A legislação infraconstitucio-
União.
Acresce a isso o fato de que o di- nal é composta de leis complemen-
reito administrativo é compos- tares, ordinárias e delegadas.
to por um conjunto de normas Apesar de não possuir força de
contidas em diplomas legislati-
vos esparsos, ou seja, não siste- lei, a medida provisória equipara-se
matizados em um Código geral, a esta em casos de relevância e ur-
diferentemente do que ocorre gência, conforme disposto4:
no direito civil, penal, proces-
sual civil, processual penal, tra-
balhista etc. Assim, ao agir, à Art. 62. Em caso de relevância e
autoridade pública compete urgência, o Presidente da Repú-
uma análise de incontáveis di- blica poderá adotar medidas
plomas específicos e editados provisórias, com força de lei,
pelas mais variadas esferas fe- devendo submetê-las de imedi-
deradas. ato ao Congresso Nacional.

Fontes Constitucionais O Direito Administrativo, dife-


rente de outras matérias do Direito,
Não existindo quase nenhum não tem um código ou consolidação
capítulo do direito administrativo que junta todas as suas normas apli-
que tenha escapado à atenção da cáveis em apenas um lugar, por isto
Constituição, tendo englobado todos é tão importante saber quais são as
os aspectos. fontes em que encontraremos as
Tal quantidade de normas normas aplicáveis ao Direito Admi-
pode ser explicada através de alguns nistrativo.
fatores, dentre estes as dificuldades,
Fontes Legislativas em Senti-
e inclusive erros técnicos, bem co-
do Amplo
mo, a título de evitar os períodos em
que o Estado passou a atuar fora dos As leis em sentido amplo ca-
limites aos quais fora autorizado racterizam-se por serem a principal

4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

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INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO

fonte do Direito Administrativo, vez ente público ou da atividade pú-


blica que rege. O aspecto secun-
que, por se tratar de um Estado De-
dário da fonte administrativa
mocrático de Direito, todos os pode- não significa que ela seja de uso
res e deveres do Estado devem estar optativo, que possa ser deixada
de fora do bloco normativo a
pré-definidos em lei. critério da conveniência e opor-
Deste modo, a Administração tunidade do administrador pú-
Pública só pode fazer o que a lei per- blico ou mesmo dos órgãos de
controle da Administração.
mite, embora os administrados pos-
sam fazer tudo que a lei não vedar.

Fontes Administrativas

Podem ser conceituadas como


aqueles atos expedidos por autori-
dade pública quando do exercício de
suas funções e que contenham nor-
mas que direcionem a conduta de
outros agentes à Administração Pú-
blica.
Conforme o professor Marra-
ra:

Ao vincularem as autoridades
públicas, essas fontes também
se tornam de observância obri-
gatória pelo juiz no julgamento
de casos concretos, desde que
sejam consideradas legais e
constitucionais. As fontes ad-
ministrativas não são, pois, me-
ras ordens de efeitos internos e
restritos; elas vinculam tanto a
Administração Pública quanto
os entes e órgãos que têm a fun-
ção de controlar a legalidade
administrativa dentro do siste-
ma jurídico pátrio. Trata-se, as-
sim, de um tipo de fonte escrita,
de conteúdo vinculante ou indi-
cativo, de conteúdo secundário,
mas, inegavelmente, de obser-
vação obrigatória no âmbito do

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INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO

2. Princípios do Direito Administrativo

Fonte: Advocacia dos Concursos5

Legalidade que não respeitem ao igual direito


serão consideradas desvios.

N as relações privadas, prevalece


o conceito de “tudo que não é
proibido é permitido”, sendo que pa-
Moralidade

ra a Administração Pública, aplica- Os padrões de conduta ética


se a regra de que “tudo que não é au- devem ser respeitados, devendo a
torizado é proibido”. Administração Pública combater a
desonestidade.
Impessoalidade
Publicidade
Os agentes públicos não po-
dem prejudicar ou privilegiar qual- Com exceção das questões de
quer cidadão, sendo que decisões segurança ou relativas à privacidade

5 Retirado em https://concursos.adv.br/

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INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO

de pessoas, os atos praticados de-


vem ser de conhecimento geral. O
exemplo mais claro disso é o fato que
as decisões públicas são obrigatoria-
mente publicadas na Imprensa Ofi-
cial.

Eficiência

Os recursos devem ser empre-


gados com o melhor aproveitamento
e eficiência possíveis, devendo a en-
trega dos serviços públicos se dar no
menor tempo possível e em condi-
ções adequadas.

Federalismo

Não existem normas de Direi-


to Administrativo municipais, esta-
duais ou federais, cada um dos entes
federativos tem relativa autonomia
para administrar os recursos sob seu
interesse.

Supremacia do Interesse Pú-


blico

Prevalecem os interesses pú-


blicos sobre aqueles de interesse
particular.
A título de exemplo, temos a
desapropriação de um local necessá-
rio para concretizar objetivos coleti-
vos.

14
INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO

3. Administração Pública Direta e Indireta

Fonte: Consultoria6

C onforme preconizado pela Dra.


Fernanda Cury de Faria:
compõem a Administração Pú-
blica em sentido formal, visan-
do o atendimento do interesse
público.
A expressão “Administração Maria Sylvia Zanella di Pietro
Pública”, sob o aspecto formal, ressalta que a Administração
também denominado subjetivo Pública pode ser conceituada
ou orgânico, designa o conjunto sob o sentido amplo e o sentido
de entes responsáveis pelas estrito:
funções administrativas, com- “Em sentido amplo, a Adminis-
preendendo pessoas jurídicas, tração Pública, subjetivamente
órgãos públicos e agentes públi- considerada, compreende tanto
cos. os órgão governamentais, su-
Sob o aspecto material, tam- premos, constitucionais (Go-
bém denominado objetivo ou verno), aos quais incumbe tra-
funcional, designa as atividades çar os planos de ação, dirigir,
desenvolvidas pelos órgãos que

6 Retirado em http://miltonconsultoria.com.br/blog/2020/07/21/administracao-publica-direta-conheca-
sua-organizacao/

16
INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO

comandar, como também os ór- a) a criação somente pode de-


gãos administrativos, subordi- correr de lei;
nados, dependentes (...), aos b) sua finalidade não será lucra-
quais incumbe executar os pla- tiva;
nos governamentais; ainda em c) não se extinguem pela pró-
sentido amplo, porém objetiva- pria vontade, mas somente por
mente considerada, a Adminis- força de lei;
tração Pública compreende a d) sujeitam-se sempre a con-
função política, que traça as di- trole interno pela própria enti-
retrizes governamentais e a dade a que se vinculam e tam-
função administrativa, que as bém ao controle externo exer-
executa. Em sentido estrito, a cido pelo Legislativo, com apoio
Administração Pública compre- do Tribunal de Contas e pelo
ende, sob o aspecto subjetivo, Judiciário, além da fiscalização
apenas os órgãos administrati- desempenhada pelo Ministério
vos e, sob o aspecto objetivo, Público;
apenas a função administra- e) permanecem adstritas à fina-
tiva(...)” lidade para a qual foram insti-
O Decreto-lei nº 200, de 25 de tuídas.
fevereiro de 1967, que dispõe
sobre a reforma administrativa De acordo com os ensinamen-
federal, divide, em seu art. 4º, a tos da Maria Sylvia Zanella di
Administração Pública em di- Pietro, “compõem a Adminis-
reta e indireta. tração Indireta, no direito posi-
Quando a atividade é direta- tivo brasileiro, as autarquias, as
mente exercida pela entidade fundações instituídas pelo Po-
estatal, diz-se que a mesma é der Público, as sociedades de
centralizada. A Administração economia mista, as empresas
Direta corresponde à atuação públicas e os consórcios públi-
direta pelo próprio Estado cos”.
(União, Estados-membros, Mu- Parte da doutrina inclui tam-
nicípios e Distrito Federal) por bém as concessionárias e per-
suas entidades estatais. missionárias de serviços públi-
A atividade administrativa é cos. Autarquias são pessoas ju-
desconcentrada quando é defe- rídicas de direito público in-
rida a outras entidades dotadas terno, criadas por lei específica
de personalidade jurídica, seja para a prestação de serviços pú-
por outorga (lei), seja por dele- blicos descentralizados, deten-
gação (contrato). Da descentra- toras, em nome próprio, de
lização resulta a criação dos ór- prerrogativas e responsabilida-
gãos públicos, com a atribuição des, ou seja, com capacidade de
de funções para outras entida- autoadministração.
des. Fundações são patrimônios
Constituem a Administração personalizados, com natureza
Indireta pessoas jurídicas, de de pessoas jurídicas de direito
direito público ou privado, cria- público ou privado, destinadas,
das ou instituídas a partir de lei por lei, essencialmente à reali-
específica pela vontade do Po- zação de atividades sem finali-
der Público, com as seguintes dade lucrativa e de interesse
características: público.

17
INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO

Sociedades de economia mista bros da Magistratura e do Ministério


e empresas públicas são ambas
Público em face do regime jurídico a
empresas estatais. Sociedades
de Economia Mista são consti- que estão submetidos, tendo suas
tuídas com capital público e pri- atribuições definidas na Constitui-
vado e têm natureza de pessoa
jurídica de direito privado.
ção Federal, sendo imprescindíveis à
São estruturadas sob a forma de manutenção da ordem jurídica.
sociedades anônimas, com a
maioria das ações sob o con-
trole do Poder Público. Servidores Públicos
Empresas públicas são consti-
tuídas por capital exclusiva- Pessoas físicas que prestam
mente público, com natureza de
serviços ao Estado, com vínculo em-
pessoa jurídica de direito pri-
vado, e podem ser estruturadas pregatício e remuneração paga pelos
sob qualquer uma das modali- cofres públicos, não exercendo ativi-
dades empresariais. Há quem
dades políticas ou governamentais.
considere, ainda, como órgão
da Administração Indireta, as
entidades paraestatais, compo- Militares
nentes do terceiro setor, como
por exemplo, serviços sociais
autônomos, organizações soci- São pessoas físicas que pres-
ais e organizações da sociedade tam serviços às Forças Armadas, às
civil.”
Polícias Militares e Corpo de Bom-
beiros, possuindo regime jurídico
Agentes Públicos
próprio, com vínculo estatuário.
É toda pessoa física que, vin-
Particulares em Colaboração
culada à administração pública, em-
com o Estado
bora transitoriamente, presta servi-
ços ao Estado e às pessoas jurídicas
Pessoas físicas que prestam
da Administração Pública.
serviços ao Estado, sem vínculo em-
pregatício, com remuneração ou
Agentes Políticos gratuitamente.
Exercem atividades de gover-
no, sendo investidos por eleição pa- Serviços Públicos
ra o exercício de mandato, bem co-
mo por nomeação para o provimen-
Serviços Públicos Próprios
to de cargos públicos.
Atualmente, também são con-
São aqueles intimamente liga-
siderados agentes políticos os mem-
dos às atribuições do Poder Público,

18
INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO

sendo que só podem ser prestados


por órgãos públicos, vedada a dele-
gação a particulares.

Serviços Públicos Impróprios

Caracterizam-se como os re-


cursos prestados pela Administra-
ção Pública de forma remunerada
por não afetarem substancialmente
as necessidades da comunidade.

Serviços Públicos Administra-


tivos

São aqueles que o Estado exe-


cuta para melhor compor a sua orga-
nização. São serviços de organização
interna. Beneficiam indiretamente a
coletividade

Serviços Públicos Comerciais


ou Industriais

Os serviços prestados pela Ad-


ministração Pública, direta ou indi-
retamente, de ordem econômica.

Serviços Públicos Sociais

Visam atender as necessidades


coletivas, como serviços de saúde,
educação, etc.

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20
20
INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO

4. Referências Bibliográficas
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reito Administrativo. Disponível em:
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Fernanda Cury de Faria INTRODUÇÃO


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