Entenda A Importância Do Planejamento Estratégico para As Organizações Porjackson Rovina

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Entenda a importância do

Planejamento Estratégico para as


organizações porJackson Rovina
O mercado de negócios vive em constante mutação e é caracterizado por sua dinâmica
cheia de alterações e instabilidades. Quando pensamos nisso, uma questão pode vir à
tona: se as mudanças acontecem a todo momento, por que é relevante planejar o futuro
mesmo sabendo que durante a caminhada estaremos expostos a todo tipo de
imprevistos? Entenda a importância do planejamento estratégico e quais os principais
benefícios que ele pode trazer para as organizações.

Importância do Planejamento Estratégico


O planejamento estratégico funciona como um ponto de partida para todas as ações que
uma empresa realizará ao longo de um período para chegar na visão de futuro almejada.
Ele ajuda a administrar tempo, recursos e energia para a estratégia de negócio, focando
no que realmente importa a longo prazo, ou seja, aquilo que vai trazer mais prosperidade à
empresa.

Muitos administradores não gostam de “perder tempo” planejando, pois não conseguem
compreender o valor de criar um plano para o futuro. O planejamento estratégico auxilia
na compreensão das mudanças do ambiente externo e interno, pois ajuda a reconhecer
problemas que podem surgir ao longo do caminho e a identificar oportunidades de
melhoria para o negócio. Portanto, mesmo que o mercado esteja em constante
transformação, isso não invalida a necessidade de ter um plano que direcione os esforços
organizacionais.

Ao contrário do que muitos pensam, é justamente a existência do planejamento


estratégico que torna a organização mais preparada para as mudanças, pois ele prevê
todo um processo de construção, análise e validação contínua da estratégia da empresa.
Por outro lado, a ausência de planejamento abre espaço para inúmeras possibilidades e
a organização pode acabar se perdendo quando o leque de opções é muito grande.

O planejamento estratégico possui um objetivo muito claro, como veremos a seguir:

Objetivo do Planejamento Estratégico


O objetivo do planejamento estratégico é garantir que os esforços da organização valeram
a pena. Mas como assegurar isso? Existe uma série de requisitos que o planejamento
estratégico precisa cumprir.

1. Resumir o propósito da organização

Propósito, do latim propositum, é um termo que indica aquilo que se quer alcançar ou
atingir e, portanto, demonstra a vontade de realizar alguma coisa. Propósitos possuem
finalidades e podem ou não ser acompanhados de ações para atingi-los.
O planejamento estratégico resume o propósito da organização porque mostra tanto o
presente como o futuro, bem como as relações entre eles:
Presente: quem a empresa é, onde está e qual o seu atual propósito de existir.
Futuro: quem a empresa deseja ser daqui a alguns anos e onde quer chegar.
O caminho do presente até chegar ao futuro: o que precisa ser feito para chegar na visão
de futuro.
Alinhamento sobre o caminho: quem faz o que para atingir o propósito e como monitorar
o percurso para atingi-lo.

Ter esses pontos bem definidos proporciona uma leitura comum sobre o propósito da
organização, que deve ser conhecido por todas as camadas da empresa. Isso inclui
colaboradores que trabalham na operação do dia a dia, líderes de equipes, gestores de
unidade e a turma da alta direção.

2. Facilitar o entendimento da estratégia


Para que a estratégia realmente funcione ela precisa ser simples, clara, fácil e resumida:
Simples: oposto de complicado; simplicidade difere de simplismo, que despreza aspectos
essenciais do objetivo.
Clara: tornar compreensível, elucidar o que alguma coisa representa.
Fácil: aquilo que é factível, possível de executar sem dificuldades.
Resumida: curta, breve, sintetizada.

Uma forma de atender essas características é dividir a estratégia escolhida em temas


estratégicos, que normalmente variam de três a cinco tópicos que mostram a opção
estratégica de maneira mais específica.
Internacionalização
Expansão Geográfica
Crescimento por Aquisições
Excelência Operacional
Experiência do Cliente Superior

Se o planejamento estratégico funciona como um GPS que demonstra a melhor rota para
alcançar o propósito da organização, podemos dizer que os temas estratégicos são como
as placas de trânsito, que informam e auxiliam a chegar no destino.

Sem a ajuda dessas placas, o trajeto fica mais turbulento e perigoso. A empresa pode
seperder na estrada e até mesmo desistir por acreditar que não está saindo do lugar. Com
os temas, fica mais fácil saber se a organização está chegando na estratégia ou se é
preciso fazer alguma ação de recuperação.

3. Detalhar a execução da estratégia


O planejamento deve detalhar a execução da estratégia e, por isso, precisa conter:

Objetivos estratégicos: são os desdobramentos dos temas estratégicos, aquilo que é


necessário para concretizá-los. Por exemplo: se um dos seus temas estratégicos for
“Fidelidade e Recorrência” o seu objetivo estratégico pode ser “proporcionar uma
experiência incrível aos consumidores”.
Indicadores estratégicos: também chamados de KPIs (indicadores-chave de
performance), são unidades de medida que mensuram o desempenho dos objetivos
estratégicos, ou seja, se eles estão sendo atingidos no prazo esperado e entregando os
benefícios previstos.

Iniciativas estratégicas: são as ações que precisam ser feitas para chegar nas metas dos
indicadores que satisfazem os objetivos estratégicos. Normalmente se referem aos projetos
ou programas que serão realizados pela empresa.

Esse exercício de detalhamento proporciona uma visão completa sobre a estratégia e tudo
o que ela envolve: ações, prazos, recursos, responsabilidades, etc. Ele torna o plano mais
concretizável e dá a dimensão do esforço necessário para executar a estratégia e chegar
na visão de futuro. Um plano dividido em etapas menores tem mais chances de sair do
papel porque deixa de ser um bicho de 7 cabeças – diminuindo a ansiedade – e passa a
fazer parte do cotidiano – um passo por dia.

4. Motivar as pessoas na busca pela visão de futuro


De forma resumida, até agora nós falamos que:
A estratégia gira em torno de um propósito, que é aquilo que se pretende realizar;
A estratégia precisa ser compreendida facilmente para que possa virar realidade;
O detalhamento da estratégia é essencial para gerenciá-la e torna-la executável.
Mas você sabe o que esses três pontos têm em comum? Todos eles envolvem pessoas. A
própria ideia de propósito remete a uma condição humana peculiar: a motivação. E é nesse
ponto que entra a questão da clareza e da viabilidade da estratégia:

Se as pessoas não compreenderem o porquê elas devem perseguir um objetivo,


dificilmente vão trabalhar visando as consequências de longo prazo. Normalmente, a falta
de conhecimento sobre os benefícios de uma ação implica em quedas na produtividade e
colaboradores insatisfeitos.

Não faz sentido lutar por causas perdidas. Se as pessoas não acreditarem que a estratégia
é possível, elas não vão investir tempo e energia em coisas que não fazem sentido para
elas, não vão dar o melhor de si para atingir o propósito. Afinal, ninguém deseja empregar
esforços em vão.

A existência de uma motivação contínua vai depender se as pessoas entendem, gostam e


compartilham a visão de futuro da empresa. E por isso o planejamento estratégico se
justifica: ele ajuda a disseminar informações importantes e a convencer que a estratégia
é possível, facilitando o processo de decisão e reduzindo conflitos.

5. Estabelecer governança de execução da estratégia


Como não deixar o planejamento estratégico morrer na gaveta da diretoria? Essa é uma
das questões que atormentam a vida de alguns administradores. Para evitar que todo esse
trabalho seja perdido é necessário contar com uma boa governança de execução.
A ideia de governança não é nova. Ela surgiu a partir da Teoria da Agência, criada em
1976para explicar os conflitos de interesses entre principais (acionistas) e agentes
(profissionais contratados para administrar a empresa no lugar dos principais).

O papel da governança é garantir que as pessoas ajam para contribuir com o interesse
comum e não apenas com o seu próprio interesse. Em outras palavras, assegura que todos
façam aquilo que eles deveriam estar fazendo em prol do negócio.

Mais do que assegurar essa capacidade, a governança no contexto do planejamento


estratégico é o conjunto de instrumentos para que todos compreendam o jeito da
organização conduzir a estratégia, aumentando as chances de sucesso na execução. Para
isso existe a construção de acordos entre o time e todas as partes interessadas.

Basicamente, a governança estabelece:


Processos: estabelece as atividades, rotinas e tudo o que precisa ser feito no dia a dia para
que a estratégia seja executada, acompanhada e monitorada.
Responsabilidades: define responsáveis para tudo o que foi definido no planejamento
estratégico, como por exemplo, responsáveis por objetivos estratégicos, indicadores e suas
metas, iniciativas com suas expectativas de benefícios, entre outros objetos de
planejamento.

Uma governança de execução da estratégia é o mecanismo certo para tirar o


planejamento do papel e obter controle do percurso em direção à visão de futuro!
6. Prever um modelo de execução flexível
Lembra da analogia do GPS que mencionamos lá em cima? É comum que ao longo da
caminhada surjam obstáculos que demandem ajustes na rota. Por isso, é fundamental
possuir um modelo de execução flexível, que permita adequações no plano estratégico
conforme necessário.

Ter em mente que vão surgir alterações significa reconhecer que, mesmo após um estudo
profundo para montar o planejamento estratégico, é humanamente impossível pensar em
todas as variáveis (incluindo as variáveis de mercado, sob as quais a empresa possui
pouco ou nenhum controle).

Tente pensar a flexibilidade do plano como um pré-requisito da qualidade do plano. O que


estamos querendo dizer é: bons planos já preveem a probabilidade de erros e possuem
abertura para ajustes. É como quando você vai responder uma prova e, em determinada
questão, prefere escrever à lápis, pois sabe que vai precisar mudar depois.

Atenção: é importante não confundir flexibilidade com volatilidade. Enquanto a


flexibilidade está mais ligada à resiliência e à capacidade de adaptação, a volatilidade é
a característica daquilo que muda com frequência, com facilidade. Planos voláteis
normalmente não conseguem se sustentar. É preciso ter motivos relevantes para fazer
mudanças no plano! Não dá para alterar em função de motivos menores, como uma
venda ou uma falha de qualidade.
7. Separar a estratégia da operação
Estratégia e operação estão interligadas e devem caminhar juntas, mas em algumas
situações é preciso separá-las, para que os problemas do cotidiano não consumam todo
o tempo que deveria ser dedicado à estratégia. Temos que conseguir balancear as duas
coisas: elas devem estar interligadas, mas terem uma certa independência entre si.

Normalmente o comitê estratégico precisa se reunir para checar o andamento das


iniciativas estratégicas (projetos e programas) e verificar se o plano precisa de ajustes
(como falamos anteriormente). Essas reuniões também são importantes para relembrar
os temas e objetivos estratégicos, retomar o foco nas ações corretas e resgatar a
motivação dos colaboradores.

Como diz o ditado: é preciso manter um olho no peixe e outro no gato! Pouco adianta ter
uma operação redondinha se o trabalho cotidiano não está em sintonia com o
planejamento estratégico. Por outro lado, pouco adianta ter um excelente planejamento
estratégico se a operação é incapaz de se sustentar e de realizar as ações para chegar nos
objetivos estratégicos.

Conclusão
Fazer um planejamento estratégico que seja concreto, útil e assertivo tem sido um desafio
para muitas empresas, pois exige disciplina e persistência. É por meio dele que as ações
imediatas são transformadas em ações planejadas, direcionando todos os esforços em
prol de um bem comum e desenvolvendo o pensamento sistêmico na organização.
Um bom planejamento estratégico aproxima a empresa do seu sonho, aumentando a
probabilidade dele se tornar realidade. Além disso deixa o ambiente mais integrado e
alinhado, as pessoas passam a falar um idioma comum e assim fica mais fácil viajar na
mesma direção.

Para que a estratégia realmente saia do papel e não seja relegada a segundo plano, é
preciso que ela seja dividida em temas e objetivos estratégicos. Esse detalhamento vai
tornar a execução da estratégia mais factível. Além disso, o plano não pode ser engessado
e deve considerar alterações no meio do caminho.

Construir um bom planejamento estratégico significa evitar a navegação à deriva,


deixando que a maré e o vento levem a organização para águas desconhecidas. É fazer
opções, assegurar sobrevivência e longevidade. Mas é essencialmente buscar em conjunto
uma visão de futuro sustentada numa vantagem competitiva de valor, que seja difícil de
copiar.

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