BOTTONI-SARDANO-COSTA FILHO - 2013 - Breve Historia Da Universidade No Brasil de Dom Joao A Lula2
BOTTONI-SARDANO-COSTA FILHO - 2013 - Breve Historia Da Universidade No Brasil de Dom Joao A Lula2
BOTTONI-SARDANO-COSTA FILHO - 2013 - Breve Historia Da Universidade No Brasil de Dom Joao A Lula2
BOTTONI, Andrea; SARDANO, Edélcio de Jesus; COSTA FILHO, Galileu Bonifácio da. Uma breve
história da universidade no Brasil: de Dom João a Lula e os desafios atuais. In: COLOMBO, Sonia Simões
(Org.). Gestão universitária: os caminhos para a excelência. Porto Alegre: Penso, 2013, p. 19-42.
A
s universidades do Brasil têm um histórico bastante recente quan-
do comparadas às universidades da Europa. Quando o País ainda
era colônia de Portugal, pretendeu-se trazer a experiência da Uni-
versidade de Coimbra; no entanto, essa pretensão se deparou com uma
população diferente da europeia, e, desde sua formação, as universida-
des brasileiras foram foco de constantes e importantes mudanças, que
perduram até os dias atuais.
Neste capítulo, as diferentes fases de evolução pelas quais a uni-
versidade brasileira passou até se tornar a que conhecemos serão abor-
dadas sucintamente, iniciando pelo que aconteceu desde sua criação, por
parte de Dom João VI, com a vinda da Família Real para o Brasil, que
fundou as primeiras instituições do País a partir de 1808: a Escola de Ci-
rurgia da Bahia (atual UFBA) e a Escola de Anatomia, Cirurgia e Medici-
na (atual UFRJ).
Serão relatados os efeitos da Proclamação da Independência, em
1822, junto ao constante descaso com a educação popular, que desde o
começo não foi inserida à “educação europeia” oferecida sob a influência
da Universidade de Coimbra no Brasil Colônia, que tentou desde o pri-
meiro momento transformar o Brasil em um apêndice de Portugal.
Logo após a Proclamação da República, ocorrida em 1889, no pe-
ríodo da Primeira República, ou República Velha, a educação sofreu os-
cilações devido ao fato de sua administração estar vinculada ao Esta-
do. Inicialmente, tratada como prioridade na política oficial, possibilitou
20 Sonia Simões Colombo (org.)
As primeiras universidades
a) a concepção de universidade;
b) as funções que devem caber às universidades brasileiras;
c) a autonomia universitária;
d) o modelo de universidade a ser adotado no Brasil (um único modelo
deveria ser adotado? Ou cada universidade deveria ser organizada
de acordo com as condições peculiares da região onde se localiza?).
O preço do conhecimento
[...] foi sobretudo a partir da década de 90, com um investimento cada vez
menor do Estado no campo da educação, que as universidades públicas
brasileiras acabaram se deteriorando: “[...] entre 1995 e 1999, houve uma
redução de 17,3% nos gastos com as instituições federais de ensino supe-
rior e de 22,8% em sua participação no PIB, contrastando com o aumento
de 17,9% na oferta de vagas e de 20,4% no número de matrículas”.
nas instituições públicas o crescimento foi de 0,944 milhão para 1,643 mi-
lhão (74%). Ainda que essa discrepância tenha caído nas duas últimas déca-
das, as instituições privadas continuam com uma participação bem superior
em relação às públicas no universo de matrículas do ensino superior.
Uma particularidade das universidades privadas é depender fun-
damentalmente das mensalidades pagas pelos alunos, porém a inadim-
plência e/ou a evasão continuam presentes, tendo na questão financeira
uma de suas principais causas. O Fies – programa do Governo Federal –
cria força nesse período com o financiamento ao estudante e funciona
como uma possibilidade aos alunos carentes. Esse fundo é finito, e a de-
manda está em plena expansão.
Via de regra, o poder dentro de uma universidade é descentraliza-
do, distribuído entre os grupos de interesse existentes. O trabalho é de-
senvolvido por profissionais especializados, que têm controle sobre suas
atividades. Esses profissionais contribuem individualmente, com suas ha-
bilidades e seu talento, para a formação de um serviço padronizado. Os
docentes universitários desfrutam de relativa “liberdade acadêmica”, o
suficiente para que atuem independentemente de seus colegas, geren-
ciando e controlando seu próprio trabalho acadêmico. A escola é essen-
cialmente um sistema social – em que a hierarquia dos sistemas se classi-
fica de acordo com seus níveis crescentes de complexidade – composto
por inúmeros subsistemas interligados. Desse modo, o ambiente é fator
crítico de influência dos processos, da estrutura e do desempenho de
uma organização escolar.
Alguns tipos de organizações atuam em ambientes homogêneos e
estáveis, permitindo a convivência com estruturas mais simples, de proces-
sos padronizados e comportamentos mais previsíveis. Escolas e universida-
des, em particular, onde a produção está difusamente centrada em traba-
lho altamente intelectual e especializado, atuam em ambientes dinâmicos,
instáveis e turbulentos, lidam com suas próprias ambiguidades, com as in-
certezas e a rápida obsolescência dos serviços educacionais. Em um con-
texto mais competitivo, torna-se crítico o desenvolvimento de estratégias
que permitam o uso das capacidades de adaptação e de sobrevivência e
que ao mesmo tempo visem o crescimento da instituição.
Há a necessidade de se buscar novas formas de gestão, com estru-
turas mais flexíveis, processos decisórios mais ágeis, liderança efetiva e
processos gerenciais mais eficientes e eficazes, compatíveis com a ambi-
guidade e com a imprevisibilidade. Os desafios são claros: como gerenciar
uma organização cujos padrões estruturais, tanto dos processos quanto
36 Sonia Simões Colombo (org.)
Empresas educacionais
Considerações finais
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