Tecnologias para A Agricultura Familiar
Tecnologias para A Agricultura Familiar
Tecnologias para A Agricultura Familiar
Março / 2020
DOCUMENTOS
122
Tecnologias para a
Agricultura
Familiar
4ª edição revista e atualizada
ISSN 1679-043X
Março, 2020
DOCUMENTOS 122
Tecnologias para a
Agricultura
Familiar
Marciana Retore
Carmen Regina Pezarico
Editoras Técnicas
Membros
Alexandre Dinnys Roese, Christiane Rodrigues
Congro Comas, Éder Comunello, Luís Antonio
Kioshi Aoki Inoue, Marciana Retore, Marcio Akira
Ito e Oscar Fontão de Lima Filho
Supervisão editorial
Eliete do Nascimento Ferreira
Revisão de texto
Eliete do Nascimento Ferreira
Silvia Zoche Borges
Normalização bibliográfica
Silvia Mara Belloni
A Embrapa é uma
empresa que respeita os Projeto gráfico da capa
Direitos Autorais. Em Carlos Eduardo Felice Barbeiro
algumas fotos utilizadas
nesta obra, não foi Editoração eletrônica
possível, porém, identificar
Eliete do Nascimento Ferreira
o autor. Se você é autor de
qualquer foto utilizada Foto da capa
nesta obra, por favor, Carmen Regina Pezarico
procure a Embrapa
Agropecuária Oeste. 4ª edição revista e atualizada
E-book (2020)
Éder Comunello
Engenheiro-agrônomo, doutor em Engenharia de Sistemas Agrícolas,
pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados, MS.
Ítalo Lüdke
Engenheiro-agrônomo, mestre em Agronomia, supervisor do Setor de
Implementação da Programação de Transferência de Tecnologia (SIPT),
Embrapa Hortaliças, Brasília, DF.
Ivo de Sá Motta
Engenheiro-agrônomo, doutor em Agronomia, pesquisador da Embrapa
Agropecuária Oeste, Dourados, MS.
Marciana Retore
Zootecnista, doutora em Produção Animal, pesquisadora da Embrapa
Agropecuária Oeste, Dourados, MS.
Renato Andreotti
Médico-veterinário, doutor em Ciências Biológicas, pesquisador da
Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS.
Ricardo Borghesi
Zootecnista, doutor em Ciência Animal e Pastagens, pesquisador da
Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados, MS.
Rudiney Ringenberg
Engenheiro-agrônomo, doutor em Entomologia, pesquisador da Embrapa
Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA.
Poda da Goiabeira
Cássia Regina Yuriko Ide Vieira .............................................................53
Feijão-Comum
Oscar Fontão de Lima Filho e Marcio Akira Ito ......................................59
Feijão-Caupi na Agricultura Familiar
Gessí Ceccon, Agenor Martinho Correa e Rita de Cássia Félix
Alvarez ...................................................................................................67
Adubação Verde
Oscar Fontão de Lima Filho ...................................................................87
Compostagem
Ivo de Sá Motta e Walder Antonio Gomes de Albuquerque Nunes......135
Piscicultura Familiar
Luís Antonio Kioshi Aoki Inoue, Ricardo Borghesi, Tarcila Souza de
Castro Silva e Erika do Carmo Ota ......................................................139
Aquaponia
Luís Antonio Kioshi Aoki Inoue, Tarcila Souza de Castro Silva e
Oscar Fontão de Lima Filho .................................................................155
Algodão Colorido
Fernando Mendes Lamas ....................................................................159
Cultivo de Antúrio
Flávio de Oliveira Ferreira e Francimar Perez Matheus da Silva .........171
Cultivares de Gergelim
Nair Helena Castro Arriel e Daniel da Silva Ferreira ............................229
Sisteminha Embrapa/UFU/Fapemig
Laurindo André Rodrigues, Luiz Carlos Guilherme, Luís Antônio Kioshi
Inoue e Tarcila Souza de Castro Silva .................................................235
Grão-de-Bico
Oscar Fontão de Lima Filho .................................................................239
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Integração
Lavoura–Pecuária–Floresta (ILPF)
Eny Duboc
1. O que é
É a interação econômica e ecológica positiva, complementar ou
sinérgica, entre cultivos agrícolas e/ou de pastagens com
espécies lenhosas (árvores, arbustos ou palmeiras) em uma
mesma área. Pode ser em consórcio, em sucessão ou em
rotação.
São diversas as combinações possíveis entre agricultura,
pecuária e floresta. Para definição de qual o melhor modelo ou
sistema, deve-se levar em consideração a região, o solo, o clima
e as condições do agricultor. Esses sistemas também são
chamados de sistemas agroflorestais e podem ser classificados
em sistema silvipastoril (floresta x pastagem), silviagrícola
(floresta x lavouras) e agrissilvipastoril (lavouras x floresta x
pastagens), que é o sistema mais complexo.
Lembrando que:
a) Rotação é a alternância de cultivos na mesma safra, mas em
anos agrícolas diferentes (ex.: soja e algodão).
b) Sucessão é o plantio de uma cultura na sequência da outra,
no mesmo ano agrícola (ex.: soja e milho safrinha).
c) Consórcio é o cultivo de duas ou mais espécies na mesma
área, na mesma safra (ex.: milho e braquiária).
Os sistemas integrados são mais complexos e há necessidade
de assessoramento técnico de qualidade. O agricultor precisará
investir em cercas, aguadas, currais e outras infraestruturas
necessárias para a criação de animais. Por sua vez, o pecuarista
18 DOCUMENTOS 122
3. Como utilizar
Para a implantação da lavoura, da pastagem e das árvores deve-
se seguir as recomendações de cultivo específicas de cada
espécie, como: variedades, preparo e correção do solo, uso de
fertilizantes e outros insumos. Em geral, a introdução das árvores
deve ser feita, preferencialmente, durante a renovação das
pastagens, junto com o cultivo agrícola, por, pelo menos, 2 anos
e, no máximo, 4 anos, de modo que, ao retornar com as
forrageiras e os animais, as árvores já estejam com
desenvolvimento adequado, não sendo danificadas.
Para o Bioma Cerrado, as espécies agrícolas mais utilizadas na
ILPF são algodão, soja, milho, sorgo, feijão, arroz e girassol. Os
principais consórcios são de milho + capim/forrageiras, sorgo
(granífero ou silagem) + capim/forrageiras e, em pequena
escala, outros consórcios (milheto, sorgo pastejo, guandu).
Como espécies forrageiras, a grande maioria é do gênero
Brachiaria. Espécies de Panicum e outras entram em menores
proporções. Como principais espécies florestais têm-se o
eucalipto, a teca, o cedro australiano e o mogno.
20 DOCUMENTOS 122
Publicação:
Sistemas silvipastoris: https://bit.ly/36xQN8X
Instituição:
Embrapa Agropecuária Oeste
https://www.embrapa.br/agropecuaria-oeste
Fone: (67) 3416-9700
Dourados, MS
Tecnologias para a Agricultura Familiar 23
Planejamento Alimentar na
Bovinocultura Leiteira
Marciana Retore
1. O que é
O planejamento alimentar é um conjunto de ações programadas
que são realizadas durante um determinado período de tempo
(por exemplo, durante 1 ano), com o objetivo de não faltar comida
para os animais.
Sabe-se que a pastagem é a forma mais econômica para a
alimentação do rebanho. No entanto, a alimentação exclusiva em
pastagens é difícil de ser alcançada ao longo do ano, porque as
condições climáticas nem sempre são favoráveis ao crescimento
das forrageiras, resultando em períodos de safra e entressafra na
produção de leite.
Para minimizar, ou até mesmo solucionar esse problema, pode-
se utilizar algumas tecnologias já amplamente difundidas, como
capineiras, cana-de-açúcar com ureia e forrageiras conservadas
(silagens e fenos); ou adotar tecnologias mais recentes, como é o
caso do consórcio de milho com forrageiras, utilizado em
sistemas integrados de produção.
A adoção de uma ou outra ferramenta irá depender da
infraestrutura de cada propriedade e do nível de produção dos
animais. Porém, independentemente da escolha, todas
requerem planejamento.
3. Como utilizar
A seguir serão abordadas algumas práticas visando à
alimentação do rebanho durante o inverno, em Mato Grosso do
Sul:
a) Para o manejo correto da capineira, onde a gramínea mais
utilizada é o capim-elefante, o ideal é dividi-la em talhões,
para que cada talhão seja utilizado em 1 semana, a fim de
não comprometer a qualidade da forragem produzida. Na
época das águas, o excesso de forragem poderá ser
utilizado para produção de silagem. A capineira de cana-de-
açúcar também é uma reserva interessante de alimento para
o inverno, pois apresenta alta produtividade, grande
concentração de açúcar e não tem o problema de “passar do
ponto”, como é o caso do capim-elefante. No entanto,
precisa ser substituída a cada 5–6 anos.
b) Para a produção de silagem, as principais forrageiras
utilizadas são milho, sorgo e capim-elefante. O ponto de
colheita é fundamental para a qualidade da silagem e
depende fundamentalmente da maturidade da planta. O
milho deve ser colhido com 30% a 35% de matéria seca, ou
quando a linha do leite estiver entre ½ e 2/3 do grão; o sorgo
quando apresentar 30% a 35% de matéria seca ou quando
os grãos estiverem na fase farinácea; para os capins-
elefantes, a idade de corte varia em função da espécie:
Napier, Cameroon, etc. com 70–90 dias e necessitam de
desidratação ou uso de inoculantes ou aditivos; e BRS
Capiaçu com 90–110 dias de idade.
Tecnologias para a Agricultura Familiar 27
Publicações:
Cana com ureia na alimentação de bovinos:
https://bit.ly/2XWE6Dj
Formação e manejo de capineiras: https://bit.ly/33uxlbe
30 DOCUMENTOS 122
Instituição:
Embrapa Agropecuária Oeste
http://www.embrapa.br/agropecuaria-oeste
Fone: (67) 3416-9700
Dourados, MS
Foto: Marciana Retore
1. O que é
É o cultivo simultâneo de milho com uma forrageira perene
(braquiária ou Panicum) para produção de pasto para os animais
e cobertura do solo para plantio direto das culturas.
3. Como utilizar
Semeadura do milho
O milho é cultivado como se não tivesse a forrageira, com a
tecnologia normalmente utilizada pelo agricultor.
Adubação
A adubação deve ser realizada preferencialmente para o milho,
reduzindo assim a competição da braquiária com o milho.
Semeadura da forrageira
A semeadura da forrageira pode ser realizada na mesma
operação de semeadura do milho, visando diminuir os custos
operacionais de implantação. As sementes da forrageira podem
ainda ser distribuídas a lanço, manualmente, pelo agricultor,
desde que este tenha prática e conhecimento para realizar a
distribuição uniforme delas, e que a semeadura do milho possa
promover alguma incorporação dessas sementes.
A utilização de caixa exclusiva para sementes da forrageira
facilita a regulagem da quantidade de sementes para estabelecer
a população de plantas desejada e realizar a semeadura do milho
e da forrageira na mesma operação de semeadura.
Publicação:
Implantação e manejo de forrageiras em consórcio com milho
safrinha: https://bit.ly/34UX9iS
Instituição:
Embrapa Agropecuária Oeste
http://www.embrapa.br/agropecuaria-oeste
Fone: (67) 3416-9700
Dourados, MS
Tecnologias para a Agricultura Familiar 35
Capins-Elefantes
BRS Kurumi e BRS Capiaçu
Marciana Retore
1. O que é
Os capins-elefantes BRS Kurumi e BRS Capiaçu, desenvolvidos
pela Embrapa e parceiros, são da mesma espécie do Napier,
indicados para alimentação do gado leiteiro, porém com
finalidades diferentes.
A cultivar BRS Kurumi apresenta porte baixo (anão), com alta
proporção de folhas, de excelente qualidade, recomendada para
pastejo rotacionado.
Já a BRS Capiaçu é uma cultivar de porte alto, atingindo 4,2 m de
altura. É indicada para cultivo de capineiras, visando à
suplementação volumosa, na forma de silagem ou picada verde
no cocho.
3. Como utilizar
O plantio de ambos os capins deve ser feito durante a estação
chuvosa, em solos bem drenados e de boa fertilidade, por meio de
propagação vegetativa (colmos).
Para o plantio da BRS Kurumi, fazer covas com espaçamento de
50 cm x 50 cm ou 80 cm x 80 cm, com cerca de 10 cm de
profundidade; colocar e cobrir os colmos, que devem conter cerca
de três nós. Recomenda-se a entrada dos animais no piquete
quando o capim apresentar 80 cm de altura e a saída quando este
for rebaixado a 40 cm de altura. Pastejos muito severos irão
esgotar as reservas orgânicas, diminuindo a capacidade de
rebrota do capim.
Para a BRS Capiaçu, o plantio deve ser feito em sulcos espaçados
entre si de 0,80 m a 1,20 m, o que dependerá do maquinário de
cada propriedade, com o objetivo de evitar que o rodado do trator e
dos implementos agrícolas esmague as touceiras do capim. Os
colmos podem ser distribuídos inteiros ou fracionados (contendo
três a quatro nós) e enterrados na profundidade de 10 cm a 15 cm.
Para fornecimento do material fresco, o ideal é cortá-lo com idade
entre 50 dias e 70 dias, por apresentar melhor qualidade nutritiva.
Para produção de silagem, a idade indicada para o corte da planta
é entre 90 dias e 110 dias; essa faixa de idade é onde o capim
apresenta melhor relação entre produção de matéria seca e
composição química. A adição de milho triturado (4% a 8%), por
exemplo, aumenta o teor de matéria seca da silagem e melhora
sua qualidade, por reduzir a produção de efluentes (chorume).
Tecnologias para a Agricultura Familiar 39
Publicações:
Instituições:
Embrapa Gado de Leite
https://www.embrapa.br/gado-de-leite
Fone: (32) 3311-7405
Juiz de Fora, MG
1. O que é
A pastagem é a base da alimentação do gado de corte e de leite. O
potencial de produção das pastagens tropicais é elevado, porém o
valor nutritivo não atende à necessidade, principalmente, de vacas
na fase de produção de leite. Houve evolução na adaptação de
cultivares, na adubação e no manejo das pastagens, mas elas
continuam sendo subutilizadas, pela desinformação no meio rural.
Uma vez que o agricultor tenha conhecimento sobre a forrageira
que utiliza, poderá intensificar a produção e reduzir o custo,
adequando o manejo da pastagem ao seu rebanho. Dessa forma,
é possível evitar erros elementares, como o cultivo de espécies
muito exigentes, como Cynodon spp. e capim-elefante, em solo
pobre, sem uso de corretivos e fertilizantes. Ou, ainda, o cultivo de
Brachiaria humidicola para alimentação de uma categoria
exigente, como vacas leiteiras em produção.
3. Como utilizar
As forrageiras podem ser divididas quanto ao grau de adaptação
ao nível de fertilidade do solo em: muito exigentes, exigentes,
moderadamente exigentes e pouco exigentes. Em geral, as
espécies mais exigentes são mais adaptadas a solos com melhor
fertilidade natural. Porém, é possível cultivar espécies exigentes
em solos pobres, desde que seja dada maior atenção quanto à
correção e à adubação.
42 DOCUMENTOS 122
Muito exigentes
Neste grupo estão as forrageiras mais produtivas e que
apresentam melhor valor nutritivo, tais como o capim-elefante e
espécies de Cynodon (Tifton e outras). A porcentagem de área
ocupada com esses capins é pequena, já que eles são
multiplicados por mudas. Eles necessitam de solo corrigido e
adubações periódicas. São os capins com melhor qualidade para
produção de leite, desde que as exigências em solo e manejo
sejam atendidas. As principais espécies são:
Capim-elefante – É uma forrageira muito produtiva e com
melhor valor nutritivo entre os capins tropicais. Existem muitas
cultivares, sendo algumas de porte elevado, como os capins
Napier, Cameroon, Roxo e BRS Capiaçu, que são mais
adequadas ao corte; e também de menor porte, como o capim
BRS Kurumi, desenvolvida para o pastejo. Por formar touceiras,
o capim-elefante não cobre totalmente o solo e, por ser ereto e de
grande porte, é necessário maior atenção quanto ao manejo.
Cynodon – Neste grupo existe grande número de cultivares que
se destacam pela produtividade e qualidade, como também pela
facilidade de cobertura do solo. São capins menos adaptados às
condições brasileiras. As cultivares mais comuns são Tifton 85,
Estrela-Africana e Vaqueiro.
Exigentes
Pertencem a este grupo as cultivares de Panicum maximum
(Colonião), que apresentam boa produtividade e valor nutritivo,
porém levemente inferior às do grupo anterior. Necessitam de
correção do solo e, pelo menos, uma adubação anual de
manutenção. São plantas que se multiplicam por sementes, o
que facilita a formação de pastagem. Elas apresentam hábito de
crescimento ereto, formam touceiras e, por isso, são exigentes
em manejo, exceto a cultivar BRS Tamani, que apresenta
pequeno porte. Por essas qualidades, são pastos preferenciais
para uso com rebanho leiteiro.
As principais cultivares são:
Tecnologias para a Agricultura Familiar 43
Moderadamente exigentes
Neste grupo estão as cultivares de Brachiaria brizantha, que têm
moderada exigência em fertilidade, necessitam de correção e
adubação para a formação, mas não necessitam de adubação de
manutenção todos os anos. São capins tolerantes a pragas e
apresentam menor diferença de produção de forragem entre a
estação das águas e da seca. Esta espécie possui qualidade
inferior ao P. maximum, sendo limitante para o gado de leite.
Porém, como continua produzindo forragem no início da seca,
pode ser utilizada por categorias menos exigentes.
Marandu (braquiarão) – É a primeira cultivar de B. brizantha
lançada no Brasil. Uma vez implantada com correção e
adubação, permanece por vários anos produzindo forragem de
boa qualidade.
Xaraés/MG 5 – É a braquiária mais produtiva e de maior porte,
mas por apresentar qualidade ligeiramente inferior às demais, se
não for adubada e manejada adequadamente, tende a acumular
caules fibrosos, dificultando seu manejo.
44 DOCUMENTOS 122
Pouco exigentes
São espécies mais adaptadas a solos pobres. São plantas que
apresentam alguma limitação e, por isso, são mais indicadas
para sistemas menos produtivos.
Brachiaria humidicola – É uma espécie de estabelecimento
lento, menos produtiva e com valor nutricional limitado.
Brachiaria decumbens (braquiarinha) – Espécie adaptada a
solos menos férteis, mas responde moderadamente à adubação
e produz forragem com razoável qualidade. A maior limitação
desta espécie é a suscetibilidade ao ataque da cigarrinha-das-
pastagens.
Andropogon gayanus – É uma forrageira de estabelecimento
lento, mas produz forragem em quantidade e de boa qualidade
no período chuvoso. Sua limitação é a reduzida produção de
forragem durante a estação seca. Tem importância por ser
tolerante à cigarrinha-das-pastagens e ao percevejo-castanho.
Estilosantes cv. Campo Grande – É uma leguminosa muito
adaptada aos solos do Cerrado, produz forragem rica em
proteína. É pouco apreciada pelos animais durante a estação
chuvosa, mas bem consumida durante a estação seca.
Apresenta estabelecimento lento e, como as plantas duram
2 anos, em média, é necessário cuidado no manejo de formação,
priorizando a produção de sementes no primeiro ano. Essa
medida garante a perenidade da pastagem.
Feijão-guandu ou andu – É uma leguminosa adaptada a solos
pobres. Apresenta rápido estabelecimento e é muito produtiva.
Tecnologias para a Agricultura Familiar 45
Forrageiras anuais
Além das forrageiras perenes tratadas acima, outro grupo é
formado pelas espécies anuais, como milheto, sorgo e aveia, que
estão entre os capins mais exigentes em termos de fertilidade do
solo. Elas podem ser interessantes para alimentação do gado
leiteiro, por apresentarem bom valor nutritivo e por suprirem a
falta de forragem em períodos específicos. Por serem plantas
anuais, o custo de formação é, proporcionalmente, mais elevado.
Por isso, justifica-se seu cultivo após os cultivos anuais.
B. ruziziensis também é uma espécie perene, mas como ela é
suscetível à cigarrinha-das-pastagens e como produz muita
semente, o seu cultivo tem tido sucesso na entressafra das
culturas de verão, como uma forrageira anual.
46 DOCUMENTOS 122
Considerações finais
Para vacas leiteiras em produção, os capins das categorias
exigentes e muito exigentes em fertilidade do solo são mais
indicados, porque apresentam melhor valor nutritivo e, por serem
mais produtivos, são adequados à produção intensiva. Para
vacas vazias e para recria de novilhas, são indicados os capins
com moderada exigência, já que a necessidade dessa categoria
não é tão elevada e o custo para manutenção desses pastos é
menor.
Publicações:
Características do pasto e desempenho de novilhas leiteiras em
pastagem de capim-elefante cv. BRS Kurumi:
https://bit.ly/39UkEdz
BRS Zuri Panicum maximum. BRS Zuri, produção e resistência
para a pecuária: https://bit.ly/2IQHoPV
Avaliação de forrageiras tropicais submetidas à irrigação e doses
de nitrogênio e potássio, em condições de Cerrado:
https://bit.ly/2QjDp2w
Gado de Leite – Coleção 500 perguntas, 500 respostas:
https://bit.ly/3aZiuJR
Instituição:
Embrapa Agropecuária Oeste
http://www.embrapa.br/agropecuaria-oeste
Fone: (67) 3416-9700
Dourados, MS
Tecnologias para a Agricultura Familiar 47
1. O que é
Diferentemente da maioria das culturas tradicionalmente
cultivadas pelos agricultores familiares, como o feijão, o milho, o
caupi e os adubos verdes, cuja multiplicação se dá por sementes,
a planta de mandioca propaga-se através das ramas. Com isso,
muitas doenças e pragas podem ser disseminadas. Assim,
cuidados devem ser seguidos no preparo e na seleção do
material de plantio, conhecido por ramas ou manivas. Caso
sejam realizados novos plantios em novas áreas, deve-se ficar
mais atento ainda com a seleção, para não introduzir doenças ou
pragas nessas regiões.
3. Como utilizar
Deve-se entender que uma boa lavoura começa por uma boa
“semente”, no caso, rama ou maniva. A observação da sanidade
das ramas é muito importante, pois doenças como bacteriose,
superalongamento, antracnose e podridão radicular, vírus e
micoplasmas, e pragas como a cochonilha, pulgão, tripes,
percevejo-de-renda, mosca-branca, brocas-do-caule, larvas de
mosca-das-frutas, larvas dos brotos, além de ácaros, podem ser
disseminados pelo material de plantio.
Portanto, o produtor deverá conhecer a origem ou a procedência
do material que vai utilizar. A escolha da gleba que fornecerá as
ramas deverá ser feita através de inspeções periódicas do
mandiocal, especialmente entre os meses de dezembro e
fevereiro, que são mais indicados para a avaliação da sanidade.
A queda natural das folhas, da parte mais alta da planta (ápice), é
indicador seguro da maturação normal das ramas. Por sua vez, a
morte das folhas do ápice (mais novas), para a base (mais
velhas), indica problemas de sanidade. Não utilizar ramas que
revelem vestígios de ataques de pragas ou doenças. É
importante que o mandiocal tenha sido adubado, especialmente
com potássio, e que tenha obtido boas produções.
Deve-se selecionar ramas dos terços médio e inferior de plantas
com idade entre 8 meses e 12 meses. As ramas finas,
herbáceas, do terço terminal da haste, não devem ser utilizadas,
pois possuem poucas reservas e desidratam-se facilmente,
originando plantas fracas. Também não se deve utilizar a parte
mais basal, por ser mais lenhosa. Não utilizar ramas
provenientes de lavouras onde foi observada a ocorrência de
queda de granizo ou geadas.
A viabilidade da maniva é feita golpeando o caule da planta e
observando a exsudação do látex (leite), característico da
mandioca. A presença do látex, em maior ou menor quantidade,
está relacionada com a presença de umidade na rama e é um
indicador da capacidade de brotação da maniva.
Tecnologias para a Agricultura Familiar 51
Publicações:
Mandioca: Coleção 500 perguntas, 500 respostas:
https://bit.ly/2xdjdZs
Aspectos do Cultivo da Mandioca em Mato Grosso do Sul:
https://bit.ly/3cy6gcR
Cultivo da mandioca na região Centro-Sul do Brasil:
https://bit.ly/39qz5Wt
Instituição:
Embrapa Agropecuária Oeste
http://www.embrapa.br/agropecuaria-oeste
Fone: (67) 3416-9700
Dourados, MS
52 DOCUMENTOS 122
Comprimento da maniva
indicado de 20 cm.
Medula ocupando
Poda da Goiabeira
Cássia Regina Yuriko Ide Vieira
1. O que é
A poda é uma prática que visa à formação da copa, facilitando as
práticas de manejo na planta (raleio e ensacamento de frutos,
desbaste de ramos e tratos fitossanitários) e regularidade na
produção, determinando a época da colheita e a melhoria na
qualidade dos frutos.
3. Como utilizar
Existem três tipos de podas em goiabeiras: poda de formação,
poda de limpeza e poda de produção ou frutificação.
Poda de formação
A poda de formação tem por finalidade dar uma forma adequada
à planta, buscando melhor arquitetura, ou seja, porte baixo,
capacidade de suportar a produção e facilitar os manejos na
planta (raleios, desbastes, pulverizações, etc.) e colheita.
Após o plantio, as mudas com haste única devem ser podadas,
eliminando-se a porção terminal a 50 cm e 30 cm do nível do solo,
respectivamente, para as variedades de hábito de crescimento
horizontal (Paluma, Século XXI e Kumagai Branca) e vertical
(Pedro Sato e Novo Milênio).
54 DOCUMENTOS 122
Poda de limpeza
Consiste na eliminação de ramos secos, quebrados, doentes e
em excesso, de forma a permitir maior penetração de luz no
interior da copa, importante para a sanidade da planta e
qualidade dos frutos. O excesso de ramos dificulta a penetração
dos produtos, durante as pulverizações.
Poda de frutificação
A poda de frutificação consiste no encurtamento dos ramos que
já produziram e pode ser realizada em qualquer época do ano. A
definição da época de poda deverá ser em função do mercado e
do ciclo de produção (período entre a poda e a colheita).
Há dois tipos de poda de frutificação:
1) Poda contínua ou escalonada – A mesma planta produz o
ano todo. Na poda contínua, cada ramo é podado
individualmente a cada repasse no pomar, quando
encurtamentos são realizados nos ramos, 1 mês após a
colheita dos frutos, para que se produza uma segunda safra.
Desse modo, em uma mesma planta poderão ser
encontradas brotações novas, botões florais, flores abertas,
frutos em diferentes estágios de desenvolvimento e em ponto
de colheita. O problema da poda contínua é a dificuldade de
se cumprir as exigências fitossanitárias, principalmente com
relação ao período residual dos produtos aplicados, uma vez
que, na planta, podem ser encontrados diferentes estádios
fenológicos e, dessa forma, enquanto a colheita está sendo
realizada, há necessidade de pulverizar a planta para o
Tecnologias para a Agricultura Familiar 55
Instituição:
Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural
(Agraer)
http://www.agraer.ms.gov.br/
Fone: (67) 3318-5100
Campo Grande, MS
Foto: Cássia Regina Yuriko Ide Vieira
(B)
(B)
Feijão-Comum
Oscar Fontão de Lima Filho e Marcio Akira Ito
1. O que é
O gênero Phaseolus pertence ao grupo das leguminosas. É
originário do continente americano. Compreende cerca de 55
espécies, mas apenas cinco são cultivadas no mundo,
destacando-se no Brasil a Phaseolus vulgaris L., ou feijão-
comum, com inúmeras cultivares. É considerado alimento básico
na mesa do brasileiro e a principal fonte de proteína vegetal.
Bastante cultivado em pequenas e médias propriedades.
Existe uma ampla diversidade de cultivares desenvolvidas por
universidades e instituições de pesquisa, levando-se em conta
as diferentes condições de clima e solo do Brasil. Essas
cultivares estão divididas basicamente em três grupos: carioca,
preto e especial.
O ciclo varia de 65 a 110 dias, com dois hábitos de crescimento:
1) determinado – a planta tem um número determinado de nós e o
caule principal e os ramos terminam com uma inflorescência;
2) indeterminado – crescimento contínuo da planta, com uma
sequência de nós e entrenós, com as inflorescências (parte da
planta onde se localizam as flores) ocorrendo nas axilas (junção
da folha com o ramo) das folhas.
3. Como utilizar
Preparo do solo
A área escolhida deve ser em solo solto, com facilidade para o
destorroamento. Basicamente, há três tipos de preparo do solo
para o feijoeiro: convencional (utilizam-se arados ou grades),
reduzido (menor número de operações) e plantio direto
(semeadura em solo não revolvido). Preferencialmente, deve-se
utilizar o Sistema Plantio Direto, que assegura maior tolerância a
períodos de deficiência hídrica e altas temperaturas, além de
assegurar menor incidência de doenças, como o mofo-branco.
Semeadura
É fundamental utilizar sementes com alto vigor, sadias e tratadas
com fungicida, aumentando a possibilidade de produtividades
mais altas. São três épocas de semeadura: 1) das águas ou
primeira safra – setembro a novembro; 2) da seca ou segunda
safra ou safrinha – janeiro a março; 3) outono/inverno ou terceira
safra – maio a julho, neste caso, somente em regiões com inverno
ameno e sem geadas. Em Mato Grosso do Sul (MS), a semeadura
é concentrada na segunda safra, devido às condições ambientais
mais favoráveis, principalmente com a ocorrência de
temperaturas mais amenas, de forma estratégica para “escapar”
da ocorrência do tombamento inicial ou “dumping off” e também
da doença conhecida como mela, causada pelo fungo Rizoctonia
solani, que é favorecido por condições de alta temperatura e
umidade.
A profundidade das sementes deve ser de 4 cm a 5 cm, sendo
que os melhores rendimentos são obtidos com espaçamentos de
40 cm a 60 cm entre fileiras e com oito a dez plantas por metro
linear. Considerando-se as variações em relação a espaçamento
entre as linhas, número de plantas por metro, massa das
Tecnologias para a Agricultura Familiar 61
Adubação
A correção do solo, preferencialmente com calcário dolomítico,
deve ser feita para elevar a saturação por bases para 70%. A
adubação com nitrogênio, fósforo, potássio e, eventualmente,
enxofre e micronutrientes, depende de vários fatores e critérios
para a definição do manejo nutricional. Não existe uma receita
única para se adubar a cultura. É importante realizar a análise do
solo para que o técnico responsável possa indicar a melhor
opção, em função da interpretação da análise do solo e das
condições locais. Na impossibilidade deste procedimento, pode-
se aplicar no sulco de semeadura 20 kg/ha de N, 60 kg/ha de P2O5
e 60 kg/ha de K2O. Após 25 dias a 30 dias da germinação, aplicar
40 kg/ha de N, em cobertura, ao lado das plantas.
Irrigação
O crescimento e a produção do feijoeiro são bastante afetados
pelas condições hídricas do solo. As fases mais críticas, em
função da falta de água, são as de floração e desenvolvimento
das vagens. Excesso de água é prejudicial ao desenvolvimento
vegetativo e à produtividade, sendo crítico durante a formação
das sementes, devido à má aeração do solo. Deve-se irrigar,
principalmente, em condições de redução hídrica temporária (por
exemplo, na safra da seca e em veranicos), ou em condições de
restrição de água mais prolongada, como no outono/inverno.
Devido ao alto custo energético, a irrigação deve ser realizada,
preferencialmente, no período noturno e com previsão de preços
favoráveis para o período de comercialização.
Colheita
A colheita deve ser realizada no período correto, para evitar a
perda de grãos. Se a planta é deixada no campo por um longo
período após a maturação, ocorrem perdas por causa da
abertura das vagens de forma natural ou durante a colheita.
Também os grãos ficam mais sujeitos ao ataque de pragas. As
plantas devem estar secas e serem colhidas no período da
manhã, com poucas folhas e umidade das sementes ao redor de
20%. No caso de colheita manual, o arranquio e enleiramento
das plantas é seguido pela secagem e separação de grãos e
palha. A colheita também pode ser semimecanizada ou
mecanizada. Na semimecanizada, o arranquio das plantas é
Tecnologias para a Agricultura Familiar 63
Instituição:
Embrapa Agropecuária Oeste
https://www.embrapa.br/agropecuaria-oeste
Fone: (67) 3416-9700
Dourados, MS
64 DOCUMENTOS 122
Foto: Sebastião José de Araújo
Feijão-comum na fase de
enchimento dos grãos.
Feijão-comum na fase de
maturação.
Tecnologias para a Agricultura Familiar 65
1. O que é
O feijão-caupi (Vigna unguiculata) é uma leguminosa também
conhecida como feijão-de-corda, feijão-catador, feijão-fradinho,
dentre outros. É tradicional na agricultura familiar nas regiões
Norte e Nordeste do Brasil, sendo cultivado também em
pequenas propriedades de Mato Grosso do Sul (MS).
3. Como utilizar
Pode ser utilizado para colheita de vagem-verde e também
comercialização de grãos secos em feiras locais e exportação. A
produção em grande escala tem espaço em MS, visto que a
maior parte do feijão-caupi consumido é importada de outros
estados.
68 DOCUMENTOS 122
Épocas de semeadura
São identificadas duas épocas de semeadura do feijão-caupi em
Mato Grosso do Sul: 1) entre setembro e outubro, destinada à
colheita de vagem-verde e/ou grãos para comercialização nas
festas de final de ano; 2) entre janeiro e fevereiro, para colheita de
vagem-verde e/ou grãos que são comercializados em feiras e
festas juninas.
População de plantas
São indicadas de seis a oito plantas por metro quadrado, sendo
as menores populações utilizadas para colheita de vagem-verde
e as maiores populações para colheita de grãos secos. Nos
espaçamentos de 50 cm a 60 cm entre linhas utilizar quatro a
cinco plantas por metro, e nos espaçamentos de 80 cm a 100 cm
entre linhas utilizar seis a oito plantas por metro, o que equivale a
aproximadamente 40 kg de sementes por hectare.
Cultivares
Em MS são utilizadas cultivares tradicionais, pelo conhecimento
dos agricultores em relação ao seu cultivo e manutenção da
semente na propriedade. Considerando-se as avaliações de
Tecnologias para a Agricultura Familiar 69
Fragilidades
O feijão-caupi é suscetível a doenças, principalmente a viroses,
que são transmitidas por cigarrinhas e pulgões. Por isso, é
necessário realizar o controle desses insetos. Cuidados também
devem ser tomados com percevejos provenientes de lavouras de
soja.
Não tolera frio nem excesso de chuva, tanto na floração quanto
na colheita, pois podem causar a queda de flores e a perda na
qualidade de grãos, respectivamente.
Instituição:
Embrapa Agropecuária Oeste
http://www.embrapa.br/agropecuaria-oeste
Fone: (67) 3416-9700
Dourados, MS
70 DOCUMENTOS 122
Foto: Gessí Ceccon
Vagens de feijão-caupi em
ponto de comercialização para
consumo de grãos verdes.
Foto: Gessí Ceccon
1. O que é
São cultivares de milho desenvolvidas para fins de utilização na
agricultura familiar ou por pequenos agricultores em geral, tanto
pelas suas características nutricionais, quanto para diversificar a
alimentação humana e animal. As cultivares permitem a
diversificação de renda com agregação de valor, podendo ser
comercializadas como um produto diferenciado.
A BR 451 tem grãos brancos e a BR 473 tem grãos amarelo-
alaranjados. As duas variedades são QPM (Qualidade Proteica
Melhorada), apresentando maior valor nutricional do grão, com
níveis de lisina e triptofano 50% maiores que no milho comum.
Isto resulta em maior engorda de animais monogástricos, como
frangos, suínos, peixes, equídeos e o próprio homem. Estas
cultivares são recomendadas para pequenos produtores,
especialmente para tratar animais de subsistência (criação
“caipira”), agregando valor à produção de carne/ovos.
Milho pipoca BRS Ângela – Variedade precoce, com grãos
brancos. Sua característica especial é a boa capacidade de
expansão, quando o grão é aquecido. Interessante para o
consumo doméstico e boa opção para comércio do grão.
Milho doce – O milho doce possui alto teor de açúcar no
endosperma. Destinado especificamente ao consumo humano
in natura como um milho verde, com bom valor nutricional. Por
causa de seu baixo teor de amido, não é indicado para confecção
de pamonha e curau, não serve para venda como grão e não é
adequado à alimentação animal devido ao baixo peso do grão.
72 DOCUMENTOS 122
3. Como utilizar
As cultivares especiais de milho podem ser utilizadas na
alimentação humana e animal. A semente das variedades, ou
variedades de polinização aberta, pode ser multiplicada e
reutilizada por vários anos seguidos. Para isso, basta plantar
cada cultivar isoladamente, para que não aconteça troca de
pólen entre elas. Há duas formas de isolamento: por distância,
deixando-se cerca de 200 m–300 m de distância entre as
variedades, ou por tempo, deixando-se 30 dias de intervalo entre
Tecnologias para a Agricultura Familiar 73
Instituições:
Embrapa Milho e Sorgo
http://www.embrapa.br/milho-e-sorgo
Fone: (31) 3027-1100
Sete Lagoas, MG
Embrapa Hortaliças
https://www.embrapa.br/hortalicas
Fone: (61) 3385-9000
Brasília, DF
Foto: Embrapa Milho e Sorgo
Espigas de milho-doce.
76 DOCUMENTOS 122
Plantas Alimentícias
Não Convencionais (Pancs)
Maria do Carmo Vieira, Néstor Antonio Heredia Zárate e
Liliane Aico Kobayashi Leonel
1. O que é
Pouco se conhece sobre a flora alimentícia, e poucas espécies
nativas do Brasil e do planeta, como um todo, foram estudadas
em relação à composição nutritiva e quanto à possibilidade de
serem cultivadas e consumidas. Por isso, esse potencial
permanece subutilizado e desconhecido. Muitas espécies de
plantas espontâneas são chamadas de “daninhas”, “matos” e
outras denominações reducionistas, pois suas utilidades e
potencialidades econômicas são pouco conhecidas; outras são
próprias da culinária de determinada região e, por isso, são
cultivadas e consumidas apenas por esses povos. Essas
plantas são chamadas de plantas alimentícias não
convencionais (Pancs), ou seja, plantas que possuem uma ou
mais partes ou porções que pode(m) ser consumida(s) na
alimentação humana, mesmo que não sejam comuns no dia a dia
da maioria da população.
3. Como utilizar
Seguem alguns exemplos de Pancs e sua utilização:
Açafrão-da-terra (Curcuma longa) – É um corante (amarelo)
condimentar, fonte de curcumina, minerais, vitamina A, ácido
fólico, riboflavina e vitamina C, essenciais para uma boa saúde.
Usado em mostardas, curries, queijos, manteigas, molhos e até
em pipocas.
Araruta (Maranta arundinacea) – Na culinária, o uso da fécula
desta planta se destaca por ser alimento de fácil digestão,
recomendada para pessoas com restrições alimentares ao
glúten (doença celíaca), idosos, crianças e pessoas com
debilidade física ou doentes em recuperação. A fécula da araruta
é usada no preparo de mingaus, bolos e biscoitos.
Bardana (Arctium lappa) – As raízes tuberosas (gobô) são
muito utilizadas pela colônia nipônica, em saladas, refogadas,
ensopadas ou na confecção de doces e geleias. São ricas em
potássio, magnésio e inulina, podendo ser usadas por diabéticos.
Capuchinha (Tropaeolum majus) – As folhas e flores podem
ser preparadas em forma de salada e sanduíche. As sementes
verdes têm sabor acre e picante, que lembra o do agrião
(Nasturtium officinale), podendo substituir o uso do rabanete e,
em vinagre, assemelha-se a alcaparras.
Hibisco (Hibiscus sabdariffa) – As folhas fazem parte da
culinária da região Norte do Brasil, onde é conhecida como
vinagreira. A parte mais utilizada mundialmente são os cálices
frescos (frutos), em sucos, geleias, conservas, pães e molhos.
Tecnologias para a Agricultura Familiar 79
Instituições:
Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
https://www.ufgd.edu.br/
Fone: (67) 3410-2426
Dourados, MS
Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural
(Agraer)
http://www.agraer.ms.gov.br/
Fone: (67) 3422-1440
Dourados, MS
Peixinho.
Foto: Maria do Carmo Vieira
Ora-pro-nóbis.
Hibisco.
Foto: Néstor Antonio Heredia Zárate Foto: Néstor Antonio Heredia Zárate 82
Taro.
Mandioquinha-salsa.
jambu e capuchinha.
Salada com tansagem, ora-pró-nobis,
DOCUMENTOS 122
1. O que é
A cultura da mandioca é bastante expressiva nos estados do
Paraná e de Mato Grosso do Sul, particularmente quando se trata
do processamento industrial, como o da farinha e o da fécula.
Porém, não menos importante, é o mercado de mandioca de
mesa, voltado para o consumo fresco.
Neste contexto, a Embrapa, por meio do Programa de
Melhoramento Genético da Mandioca, coordenado pela
Embrapa Mandioca e Fruticultura, em conjunto com a Embrapa
Agropecuária Oeste e parceiros, lançou as seguintes cultivares
de mandioca adaptadas para as condições edafoclimáticas de
Mato Grosso do Sul e Paraná: BRS 396, BRS 399 e BRS CS 01.
3. Como utilizar
BRS 396
n Cultivar de mesa, para consumo “in natura”.
n Polpa amarela, por causa do alto teor de carotenoides.
n Tempo médio de cozimento de 21 minutos.
n Produtividade média de raízes superior a 32 toneladas por
hectare.
n Tolerante à bacteriose e ao superalongamento.
n Facilidade de colheita.
n Cor de película da raiz: marrom-clara.
n Cor do córtex da raiz: amarela.
BRS 399
n Cultivar de mesa.
n Polpa amarela.
n Tempo médio de cozimento de 24 minutos.
n Produtividade média de raízes superior a 38 toneladas por
hectare.
n Tolerante à bacteriose e ao superalongamento.
n Facilidade de colheita, devido às raízes horizontais,
favorecendo o arranquio.
n Cor da película da raiz: marrom-clara.
n Cor do córtex da raiz: arroxeada.
Tecnologias para a Agricultura Familiar 85
BRS CS 01
n Cultivar destinada ao processamento industrial (fécula e
farinha).
n Apresenta boa cobertura de solo, reduzindo o número de
capinas.
n Possui bom porte, com boa produção de parte aérea, o que
é importante para o fornecimento de ramas para novos
plantios e facilidade de plantio mecanizado.
n Tolerante às principais doenças, como a antracnose, o
superalongamento e a bacteriose.
n Precoce, apresentando produtividades até 30% superior
às principais cultivares atualmente plantadas, quando
colhidas aos 10 meses.
n Para a colheita de dois ciclos, apresentou produtividades
de até 60 toneladas por hectare.
n O teor de matéria seca das raízes chegou a ser superior a
100% em relação aos materiais hoje cultivados.
Publicações:
BRS 396: Nova cultivar de mandioca de mesa, de polpa amarela,
para o Paraná e o Mato Grosso do Sul: https://bit.ly/2IJCAMi
86 DOCUMENTOS 122
Instituições:
Embrapa Mandioca e Fruticultura
http://www.embrapa.br/mandioca-e-fruticultura
Campo Avançado do Centro-Sul
Tel.: (43) 3371-6241 e 3371-6201
Embrapa Cerrados
http://www.embrapa.br/cerrados
Fone: (61) 3388-9898
Planaltina, DF
Adubação Verde
Oscar Fontão de Lima Filho
1. O que é
O nome adubo verde refere-se à planta cultivada, para servir de
cobertura ou ser incorporada por ocasião do seu florescimento
pleno, para proteção contra a erosão e para enriquecer o solo
com nutrientes provenientes do próprio adubo verde. Assim, a
adubação verde nada mais é do que o plantio de determinadas
espécies como cultura solteira, em rotação, consórcio ou cultivo
intercalar com culturas anuais ou perenes.
Os adubos verdes podem ter ciclo anual ou perene, cobrindo o
solo por um tempo ou durante todo o ano. Após o corte, o adubo
verde pode ser mantido em cobertura ou incorporado ao solo.
Podem ser utilizadas leguminosas ou gramíneas, tanto em
sistemas orgânicos quanto em sistemas tradicionais.
O uso de leguminosas na adubação verde é mais comum do que
o uso de gramíneas, pelo fato de as leguminosas terem a
capacidade de se associar a bactérias que incorporam o
nitrogênio da atmosfera, sendo a maior parte desse elemento
transferido para a planta.
3. Como utilizar
A escolha do adubo verde depende, principalmente, da
disponibilidade de sementes, do objetivo do seu plantio e da
cultura subsequente. Deve ser levado em conta, também, o
histórico da área e a adaptação das plantas ao clima e solo da
região. A modalidade de adubação verde varia de acordo com a
época de semeadura, com o tempo que os adubos verdes ficam
vegetando no campo (ciclo das espécies) e com a maneira como
podem ser cultivados, considerando-se as configurações e os
arranjos entre si e em plantios simultâneos com as culturas de
interesse econômico (sistema de cultivo).
Época de semeadura
Os adubos verdes são agrupados de acordo com a época do ano
que podem ser semeados. Assim, tem-se a adubação verde de
primavera/verão e adubação verde de outono/inverno.
Tecnologias para a Agricultura Familiar 89
Sistema de cultivo
Há várias maneiras de se cultivar os adubos verdes, que podem
servir para a cobertura do solo ou, ocasionalmente, para
alimentação animal ou humana:
90 DOCUMENTOS 122
Instituição:
Embrapa Agropecuária Oeste
https://www.embrapa.br/agropecuaria-oeste
Fone: (67) 3416-9700
Dourados, MS
Foto: José Aparecido Donizeti Carlos Foto: José Aparecido Donizeti Carlos Foto: José Aparecido Donizeti Carlos
92
Milheto.
Mucuna-preta.
Guandu-forrageiro.
DOCUMENTOS 122
Tecnologias para a Agricultura Familiar 93
Crotalária-júncea.
95
1. O que é
O ambiente agrícola, especialmente o solo, é repleto de
microrganismos (fungos, bactérias, nematoides, etc.), seus
habitantes naturais. São responsáveis por processos ecológicos
dentro do ecossistema, como a decomposição da matéria
orgânica, ciclagem de nutrientes, agregação, aeração e
infiltração de água no solo e controle de doenças, pragas e
plantas daninhas. As doenças ocorrem quando uma alteração no
ambiente leva à multiplicação exagerada de um microrganismo,
que acaba causando danos nas plantas.
O controle biológico de doenças, portanto, consiste na regulação
da atividade microbiana no ambiente, de modo a promover o
retorno do equilíbrio entre os microrganismos. Normalmente,
isso pode ser feito através de outros microrganismos, que são
denominados de agentes de controle biológico (ACB). Esse
controle biológico acontece de forma espontânea no ambiente,
mas também pode ser induzido por meio da aplicação de
produtos que contenham ACB e de práticas culturais que
favoreçam a atividade microbiana em geral.
3. Como utilizar
O sucesso do controle biológico de doenças depende da
capacidade do ACB colonizar os substratos e se estabelecer no
ambiente. Esta capacidade, por sua vez, é influenciada pelas
condições ambientais que oferecemos aos ACB.
Sabendo disso, a primeira providência é tornar o ambiente
propício para o controle biológico, o que envolve aumentar o
aporte e a diversidade de fontes de carbono e matéria orgânica
no solo, aumentar a capacidade de retenção de água no solo e
modelar o microclima, de modo a reduzir os extremos de
temperatura, velocidade de vento e umidade de ar. Esses efeitos
são mais facilmente obtidos através da diversificação e rotação
de culturas, tornando o ambiente mais complexo. Sistemas de
produção agroflorestais, agropastoris, silvipastoris e
agrosilvipastoris contribuem sobremaneira para essa melhoria
do ambiente. Além de favorecer a ocorrência espontânea do
controle biológico, ambientes assim manejados favorecem o
estabelecimento de ACB introduzidos no sistema.
Tecnologias para a Agricultura Familiar 97
Referência
HARMAN, G. E.; OBREGÓN, M. A.; SAMUELS, G. J.; LORITO, M. Changing
models for commercialization and implementation of biocontrol in the developing
and the developed world. Plant Disease, v. 94, n. 8, p. 928–939, Aug. 2010.
DOI: 10.1094/PDIS-94-8-0928
101
Cultivo da Erva-Mate em
Sistemas Agroflorestais
Eny Duboc
1. O que é
É o cultivo da erva-mate em consórcio com árvores de outras
espécies e cultivos agrícolas para obter diversos produtos ou
serviços ambientais. Existem diferentes tipos de ervais:
3. Como utilizar
Para converter ou adensar um erval nativo, pode-se fazer o plantio
de mudas, tanto de erva-mate quanto de árvores nativas, a fim de
aumentar a diversidade e a densidade das espécies de interesse
econômico (madeireiras, apícolas, fruteiras, medicinais, entre
outras). O plantio, sob a copa das árvores, na mata, pode ser
realizado durante todo o ano, desde que haja umidade suficiente e,
neste caso, não existe um espaçamento definido. Antes do plantio
deve-se roçar a vegetação de pequeno porte e, posteriormente,
podar as erveiras nativas existentes a 1 metro de altura do solo,
para conduzir e limitar seu crescimento, facilitando futuras
colheitas. Após demarcação do local de plantio das mudas, deve-
se abrir covas grandes (30 cm x 30 cm), sendo recomendável a
adubação orgânica.
Para o cultivo em sistemas agroflorestais não existe ainda
recomendação quanto ao nível ideal de sombreamento para
atingir o máximo de produtividade da erva-mate. No Rio Grande do
Sul já existem plantios com 15 anos de idade ou mais de ervais
sombreados, com elevada densidade de erva-mate, cultivada em
espaçamento convencional, com cerca de 120 a 200 árvores
nativas por hectare.
Nos sistemas agroflorestais, caso o cultivo agrícola seja
mecanizado, o espaçamento entre as linhas da erva-mate deve
ser, no mínimo, de 3,5 m a 4,0 m, ou com um espaçamento que
Tecnologias para a Agricultura Familiar 103
Podas de formação
Em todos os sistemas de cultivo da erva-mate, as mudas
necessitam ser podadas no início do seu desenvolvimento, para
quebrar a dominância apical e induzir o crescimento de brotos
laterais, que irão estimular a produção de folhas e formar uma
copa adequada (tipo cálice). Apesar de não haver um padrão
para esta prática, é comum realizar duas podas no período de 2 a
3 anos após o plantio, cortando galhos finos, entrelaçados ou
tortos e eliminando ou reconduzindo os galhos internos. Deve-se
realizar a poda de formação quando o caule alcançar espessura
maior que 2 cm e a casca estiver madura – com cor marrom-
acinzentada, a cerca de 15 cm a 20 cm do solo. Podas, no
primeiro ano de campo, devem ser realizadas somente em
plantas com bom desenvolvimento, e que apresentem tecido
maduro na base de sua haste principal. Não é a idade da muda
que indica a necessidade de poda, mas o seu desenvolvimento.
É indicado iniciar a poda entre agosto e setembro, fazendo um
repasse entre janeiro e fevereiro.
Podas de colheita
Em abril/maio deve-se fazer a desrama, com as próprias mãos,
dos ramos finos. Os ramos dominados e os orientados para o
centro da copa devem ser retirados sem deixar porção basal. Em
agosto/setembro devem ser podados com tesoura de poda ou
serrote, os ramos bandeira, deixando 10 cm a 15 cm de porção
basal. Nessa poda também devem ser retirados, sem deixar
porção basal, os ramos entrecruzados, mal formados e com
tendência para crescimento para o centro da copa. Não se deve
cortar as bandeirinhas, especialmente aqueles galhos que
tendem a crescer para fora; eles devem permanecer para serem
podados na temporada seguinte.
Durante a poda de produção, não se deve desfolhar totalmente
as erveiras, e é muito importante utilizar as ferramentas corretas,
limpas e afiadas, evitando o uso de facões, preferindo tesouras
de poda e serrotes. Os cortes devem ser feitos em bisel, lisos e
sem lascas, e em cada galho deve permanecer pelo menos um
ramo com folhas.
106 DOCUMENTOS 122
Publicação:
Instituição:
Embrapa Agropecuária Oeste
http://www.embrapa.br/agropecuaria-oeste
Fone: (67) 3416-9700
Dourados, MS
Tecnologias para a Agricultura Familiar 107
Foto: Eny Duboc
10 cm a 15 cm
1ª poda de formação
10 cm a 15 cm
2ª poda de formação
3ª poda de formação
108 DOCUMENTOS 122
1. O que é
Utilização da semeadura manual ou mecanizada, de uma
mistura de sementes de várias espécies arbóreas, arbustivas e
até mesmo de herbáceas nativas, em consórcio com culturas
agrícolas, visando recompor a vegetação de áreas desmatadas.
3. Como utilizar
De acordo com a Resolução Semade nº 28 de 2016, para a
recuperação de APP, de ARL e Áreas de Uso Restrito (AUR) é
obrigatória a apresentação de Projeto de Recuperação de Área
Degradada ou Alterada (Prada). Nos casos específicos de
recuperação de APP e ARL, o Prada poderá indicar, isolado ou
conjuntamente, um dos seguintes métodos: a) condução da
regeneração natural de espécies nativas; b) plantio de espécies
nativas; c) plantio intercalado de espécies nativas de ocorrência
regional com espécies exóticas lenhosas, perenes ou de ciclo
longo, em até 50% da área a ser recuperada. Para recuperação
de APP, o método de plantio intercalado de espécies exóticas
com nativas, se aplica apenas às propriedades com até quatro
Tecnologias para a Agricultura Familiar 111
Publicações:
Resolução SEMADE nº 28 de 22/03/2016 –
https://bit.ly/34zScva
Guia do Programa de Regularização Ambiental (PRA) de Mato
Grosso do Sul – https://bit.ly/37JiT2h
Instituição:
Embrapa Agropecuária Oeste
http://www.embrapa.br/agropecuaria-oeste
Fone: (67) 3416-9700
Dourados, MS
Ilustração: Eny Duboc
Biomas existentes no
estado de Mato Grosso
do Sul.
Muvuca de sementes.
115
1. O que é
Dentre as várias espécies de insetos associados à cultura da
mandioca e que causam danos econômicos, destaca-se o
mandarová da mandioca (Erinnyis ello L.) ou “gervão”. A praga
pode provocar completo desfolhamento e redução na produção
de até 64%, principalmente quando o ataque ocorre em plantas
jovens (até 5 meses). Embora possa ocorrer em qualquer época
do ano, é mais frequente em períodos chuvosos. Seu ciclo é
relativamente curto, varia de 33 dias a 55 dias (ovo a adulto),
podendo ter várias gerações no ano. A lagarta passa por cinco
estágios larvais, sendo sua maior capacidade de desfolha
observada no quinto estágio larval.
O mandarová é de fácil controle quando se faz um
monitoramento constante da lavoura para se detectar o início do
seu ataque. Algumas estratégias podem ser utilizadas para
detectar a chegada da praga na lavoura, tais como: observação
da presença de mariposas em lâmpadas próximas à lavoura;
vistoria da lavoura para detectar a presença de ovos e lagartas
pequenas (até 4 cm) que ficam no ponteiro da planta e instalação
de armadilhas luminosas a, pelo menos, 5 m de altura, para
coleta de adultos.
Na escolha do método de controle deve-se levar em conta que o
mandarová tem um número expressivo de inimigos naturais, que
devem ser preservados. Recomenda-se para isso o uso de
produtos biológicos. O controle do mandarová utilizando o
baculovírus (Baculovirus erinnyis) é uma alternativa viável,
116 DOCUMENTOS 122
3. Como utilizar
O baculovírus pode ser inicialmente obtido adquirindo-se o
inóculo de empresas, de outros agricultores ou a partir de
aplicações no campo, onde pode ser obtido de lagartas doentes.
Para se obter o inóculo a partir da aplicação do baculovírus em
áreas atacadas pelo mandarová, o agricultor deve coletar as
lagartas doentes que já estejam com o sintoma de perda de
movimentos, não respondendo quando tocada. As lagartas
recém-mortas podem ser coletadas, porém o agricultor deve
tomar cuidado para não coletar lagartas que estejam com
sintomas de contaminação por bactérias, ou seja, que estejam
escurecidas. A coleta de lagartas em fase inicial da doença
também não é recomendada, pois diminui a viabilidade e
qualidade do produto.
Tecnologias para a Agricultura Familiar 117
Instituições:
Embrapa Agropecuária Oeste
http://www.embrapa.br/agropecuaria-oeste
Fone: (67) 3416-9700
Dourados, MS
Embrapa Mandioca e Fruticultura
http://www.embrapa.br/mandioca-e-fruticultura
Fone: (75) 3312-8048
Cruz das Almas, BA
Tecnologias para a Agricultura Familiar 119
1. O que é
O controle biológico é uma tecnologia que consiste na regulação
da população de insetos-praga através do uso de inimigos
naturais, que podem ser outros insetos benéficos, tais como,
predadores e parasitoides, ou microrganismos, como fungos,
vírus e bactérias.
3. Como utilizar
Antes de tudo, o produtor deve estar ciente de que uma série de
agentes naturais está presente no campo, contribuindo para
diminuir a população de insetos-praga na cultura implantada. No
122 DOCUMENTOS 122
Publicações:
Amigo oculto do agricultor: https://bit.ly/2XZbWFN
Recomendações para obter um controle biológico mais eficaz da
broca-da-cana-de-açúcar: https://bit.ly/34DPpRH
Controle Biológico de Insetos-Praga na Soja:
https://bit.ly/34rBw8Q
Espaço temático da Embrapa: Controle biológico:
https://www.embrapa.br/tema-controle-biologico
Prosa Rural: Benefícios do controle biológico de pragas:
https://bit.ly/2sitZei
Instituição:
Embrapa Agropecuária Oeste
http://www.embrapa.br/agropecuaria-oeste
Fone: (67) 3416-9700
Dourados, MS
1. O que é
As caldas (bordalesa, sulfocálcica e Viçosa) e os biofertilizantes
são importantes insumos agrícolas, também denominados
fertiprotetores. Além de fornecerem nutrientes às plantas,
contribuem para o controle de fitoparasitas (pragas e doenças). A
utilização desses “defensivos alternativos” é permitida pelas
normas de produção orgânica. São considerados como medidas
terapêuticas complementares, dentro de uma estratégia mais
ampla, que é o manejo ecológico de pragas e doenças. Apesar de
serem insumos de baixa toxicidade, para sua manipulação
devem ser utilizados equipamentos de proteção individual
(EPIs).
3. Como utilizar
Na agricultura orgânica, para a saúde das plantas, é fundamental
adotar uma estratégia de manejo que considere o sistema de
produção como um todo (visão sistêmica). Portanto, para o
controle de pragas e doenças, antes de tudo, é preciso
considerar a saúde do solo, que envolve um manejo adequado,
onde algumas práticas são fundamentais: rotação de culturas,
adubação verde, plantas de cobertura, cobertura morta
(mulching), plantio direto, cultivo mínimo, biofertilizantes,
adubação orgânica com composto e/ou húmus de minhoca e
adubação mineral complementar (solo sadio = planta sadia).
Ainda, na visão sistêmica, para proteção das plantas, o controle
de fitoparasitas compreende também um conjunto de práticas a
serem utilizadas de forma integrada: controle biológico, controle
físico (armadilhas), práticas culturais (época de plantio,
variedades resistentes, catação, etc.) e o controle alternativo
(extratos vegetais diversos, preparados homeopáticos, caldas,
biofertilizantes, entre outros).
A seguir são abordados aspectos gerais relacionados à utilização
de caldas e biofertilizantes.
Calda bordalesa
É um insumo muito utilizado na agricultura orgânica, por causa
de sua baixa toxicidade e alta eficiência, principalmente em
controlar várias doenças causadas por fungos (míldio, ferrugem,
requeima, pinta-preta, cercosporiose, antracnose, manchas
foliares e podridões) em diversas culturas, tendo efeito
secundário contra bacterioses. Também tem efeito repelente
contra alguns insetos, tais como: cigarrinha-verde, cochonilhas,
tripes e pulgões. Existem formulações prontas do produto no
comércio; porém, pela facilidade de preparo, eficiência e
economia, compensa a sua preparação caseira.
Tecnologias para a Agricultura Familiar 127
Calda sulfocálcica
É um produto eficiente, de custo relativamente baixo, preparado
com elementos que também são nutrientes para as plantas
(cálcio e enxofre). Em função de sua alta alcalinidade e
corrosividade, é um produto que deve ser manejado com os
devidos cuidados para não causar queima de plantas e corrosão
de equipamentos. Possui ação inseticida, acaricida e fungicida. É
uma calda mais trabalhosa para preparar, pois a solução com os
ingredientes precisa passar por fervura. Existem produtos
prontos encontrados no mercado; no entanto, a preparação
caseira pode ser mais econômica. Para medir a concentração da
calda depois de pronta, é necessário utilizar o areômetro. O
areômetro é um instrumento que mede a densidade de líquidos,
medida em graus Baumé (°Bé). Pode ser adquirido em casas de
revenda de equipamentos e materiais químicos.
Calda Viçosa
Esta calda foi desenvolvida pela Universidade Federal de Viçosa
(UFV) a partir da calda bordalesa. É recomendada para controle
de diversos fitopatógenos. Também funciona como adubo foliar,
porque sua composição contém sais à base de zinco, magnésio,
boro e cobre. Pode ser utilizada em várias culturas para
prevenção de diversas pragas, doenças e deficiências
nutricionais. Devem ser tomados os mesmos cuidados indicados
para a calda bordalesa. Apresenta excelente aderência às folhas
das plantas, dispensando o uso de espalhante adesivo. A ureia,
que compõe a fórmula original, não deve ser adicionada à
receita, pois não é permitida pelas normas de produção orgânica.
Biofertilizantes
São adubos orgânicos líquidos, resultantes da mistura de
materiais orgânicos e minerais, ricos em microrganismos vivos
(fungos, leveduras e bactérias). Podem conter estercos animais,
urina, farelos (arroz, trigo, soja, mamona), farinha de sangue, de
peixe e ossos, plantas verdes, leite integral ou soro, garapa,
melaço, cinzas, pós de rocha, sais de micronutrientes e água não
128 DOCUMENTOS 122
Publicações:
Calda bordalesa – utilidades e preparo: https://bit.ly/335eFjG
Calda sulfocálcica – preparo e indicações: https://bit.ly/33c1VYr
Calda Viçosa: https://bit.ly/2YbnoAg
Biofertilizantes: https://bit.ly/2Y9hxvm
Biofertilizante Hortbio®: propriedades agronômicas e instruções
para o uso: https://bit.ly/38EeLzX
Preparo e Uso de Biofertilizantes Líquidos:
https://bit.ly/335eSmY
Programa de fortalecimento da viticultura familiar da Serra
gaúcha – Biofertilizantes: https://bit.ly/2Wc5rkm
Tecnologias alternativas para o fortalecimento da agricultura
familiar na Serra gaúcha: https://bit.ly/3cQ1mrT
Instituição:
Aproveitamento de Materiais
Orgânicos e Produção de
Húmus de Minhoca
Ivo de Sá Motta
1. O que é
São resíduos de origem animal e vegetal, transformados em
húmus por minhocas gigante-africana ou vermelha-da-califórnia
(com aeração e umidade adequados).
3. Como utilizar
Para a produção de húmus de minhoca, o local não deve ser sujeito
a encharcamento, sendo necessária fonte de água próxima para
132 DOCUMENTOS 122
(1) P2O5 K 2O
Material Relação C/N N (%) (%) (%)
Publicações:
Preparo e uso de húmus líquido: opção para adubação orgânica
em hortaliças: https://bit.ly/38H9yas
Húmus líquido: adubação orgânica líquida visando a transição
agroecológica: https://bit.ly/3cRApTF
Instituição:
Embrapa Agropecuária Oeste
http://www.embrapa.br/agropecuaria-oeste
Fone: (67) 3416-9700
Dourados, MS
134 DOCUMENTOS 122
Foto: Ivo de Sá Motta
Compostagem
Ivo de Sá Motta e
Walder Antonio Gomes de Albuquerque Nunes
1. O que é
É um processo em que resíduos de origem animal e vegetal são
transformados em composto (adubo orgânico) por
microrganismos, principalmente fungos, bactérias e
actinomicetos.
3. Como utilizar
Na escolha do local para a produção de composto, é desejável
que seja semissombreado, com árvores esparsas (para evitar o
maior consumo de água), não sujeito a encharcamento, porém
com disponibilidade de água para irrigação da pilha/leira, além
136 DOCUMENTOS 122
Publicações:
Instruções práticas para produção de composto orgânico em
pequenas propriedades: https://bit.ly/33cpgJO
Adubação no sistema orgânico de produção de hortaliças:
https://bit.ly/339R7tX
Fertilidade do solo e nutrição de plantas: https://bit.ly/36VhhDg
Instituição:
Embrapa Agropecuária Oeste
http://www.embrapa.br/agropecuaria-oeste
Fone: (67) 3416-9700
Dourados, MS
138 DOCUMENTOS 122
(1) P2O5 K 2O
Material C/N N (%)
(%) (%)
Referência
KIEHL, E. J. Fertilizantes orgânicos. Piracicaba: Agronômica Ceres, 1985.
492p.
139
Piscicultura Familiar
Luís Antonio Kioshi Aoki Inoue, Ricardo Borghesi,
Tarcila Souza de Castro Silva e Erika do Carmo Ota
1. O que é
Criação racional de peixes favorecendo ou não a produção
natural de alimentos por meio de adubação (água verde) e o
fornecimento de ração.
3. Como utilizar
Para iniciar a atividade é indispensável conhecer as regulamen-
tações dos órgãos de fiscalização ambientais, por exemplo: o
Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul),
quanto ao uso dos recursos naturais e necessidade de obtenção
das licenças ambientais.
O tanque deve ser construído em local com água disponível,
preferencialmente com o abastecimento por gravidade.
A escolha da espécie a ser criada deve levar em consideração o
mercado no qual se pretende comercializar o produto e as
condições climáticas do local de criação. Destaca-se a
temperatura como fator importante, ou seja, utilizar a espécie de
peixe própria para a região. As fotos destacam as mais indicadas
para a região de Mato Grosso do Sul, pois crescem satisfato-
riamente, apresentam tolerância às condições de inverno e
possuem disponibilidade de alevinos no mercado.
Recomenda-se procurar a assistência técnica para obter
orientações a respeito da construção dos tanques, obtenção de
alevinos, alimentação, saúde e comercialização dos peixes.
Publicações:
Noções para piscicultura familiar – qualidade de água:
https://bit.ly/35r9o5u
Noções para piscicultura familiar – espécie, densidade:
https://bit.ly/2s667uQ
Noções para piscicultura familiar – aeração:
https://bit.ly/2Qya3Ol
Licenciamento ambiental : http://www.imasul.ms.gov.br
Tecnologias para a Agricultura Familiar 141
Instituições:
Tanque escavado.
Canal de abastecimento
de água por gravidade.
Foto: Tarcila S. C. Silva Foto: Luís Antonio Kioshi Aoki Inoue Foto: Luís Antonio Kioshi Aoki Inoue
142
Tilápia.
Pacu.
Cachara.
DOCUMENTOS 122
143
1. O que é
A avicultura representa um segmento muito importante na
economia brasileira. Em se tratando mais especificamente da
avicultura de postura, o objetivo é a produção de ovos para a
alimentação da população. O ovo é um alimento completo, que
apresenta um balanço de nutrientes exclusivo, além de conter
propriedades naturais, que preservam o conteúdo interno até a
chegada à mesa do consumidor. A produção de ovos
diferenciada, com rastreabilidade e/ou certificação orgânica, tem
apelo competitivo no mercado, gerando maior renda aos
produtores.
Para a produção alternativa, a Embrapa desenvolveu a poedeira
Embrapa 051, que possui grande potencial de utilização, por
causa da melhor adaptação aos sistemas orgânicos e de base
ecológica (colonial, caipira, capoeira), criadas soltas, com ótima
capacidade de produção de ovos. As poedeiras coloniais
Embrapa 051 são galinhas híbridas, semipesadas, resultantes
do cruzamento entre linhas Rhode Island Red e Plymouth Rock
Branca, selecionadas e especializadas para produção de ovos
de mesa de casca marrom e, por serem rústicas, se adaptam
bem aos sistemas menos intensivos.
3. Como utilizar
O produtor deverá saber a procedência do material genético que
vai utilizar. As aves devem ser adquiridas de incubatórios
registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa). A vacinação é obrigatória contra a
doença de Marek, antes da expedição das aves de um dia.
Matrizes devem ser livres de enfermidades, tais como
salmonelose, micoplasmose, gumboro, bronquite infecciosa,
doença de Newcastle e encefalomielite aviária.
As aves podem contrair doenças de diversas formas: pelo
contato com outras aves de pátio; pelo contato com aves
silvestres resistentes a doenças, mas portadoras; pelo contato
com pessoas que carregam bactérias e vírus nos calçados e
roupas; pela água ou alimento contaminados e, inclusive, pela
reutilização de bandejas para ovos que circulam no comércio e
depois retornam para as granjas.
Por isso, a adoção de boas práticas de produção é extremamente
importante, como:
a) Usar tela nos galpões, com abertura máxima de 2,5 cm
(1 polegada).
b) Não permitir o acesso de outras aves e animais domésticos
nas instalações.
Tecnologias para a Agricultura Familiar 145
A Meliponicultura em
Mato Grosso do Sul
Jovelina Maria de Oliveira e Eliel Souza Freitas Júnior
1. O que é
Meliponicultura é o nome dado à criação racional de abelhas
nativas (Meliponíneos), especialmente dos gêneros melípona e
trigona, também chamadas de abelhas sem ferrão ou abelhas
indígenas.
As abelhas nativas já foram abundantes em todos os biomas do
estado de Mato Grosso do Sul (MS). No entanto, a supressão da
vegetação nativa para implantação de culturas em grande escala
tem levado a uma progressiva destruição dos locais de
nidificação, colocando em risco de extinção as espécies nativas.
A diversidade ambiental do estado permite a existência de uma
grande diversidade de espécies. Estudos realizados mostram
que, apesar da destruição dos habitats destas abelhas, ainda são
encontradas em Mato Grosso do Sul mais de 30 espécies de
meliponídeos.
3. Como utilizar
A criação racional de abelhas nativas envolve tanto o uso de
colmeias padronizadas, que permitem o conforto para a colônia,
quanto a adoção de boas práticas de produção, assim como o
respeito à legislação vigente.
O levantamento inicial feito pela Agência de Desenvolvimento
Agrário e Extensão Rural (Agraer), em 2019, com 14 criadores,
localizados nos municípios de Campo Grande, Aquidauana,
Jaraguari, Dois Irmãos do Buriti, Bela Vista e Três Lagoas,
evidenciou que em MS são criadas mais de 30 espécies,
perfazendo um total de mais de 800 colmeias. As principais
espécies criadas estão descritas a seguir.
Jataí (Tetragonisca fiebrigi e T. angustula) – É uma abelha
rústica e pode ser encontrada com facilidade tanto no meio rural
quanto na zona urbana, pois tem grande capacidade para fazer
ninhos (nidificação) e sobreviver em diferentes ambientes.
A Jataí constrói sua entrada em forma de tubo, com o uso de cera.
Já o mel da Jataí, além de saboroso e suave, é procurado por
suas propriedades medicinais. Além do mel, a Jataí produz
própolis, cera e pólen de boa qualidade.
É uma excelente polinizadora do morango. As principais plantas
atrativas para Jataí são: alecrim-do-campo, alecrim-de-vassoura
(Bidens segetum); angelim-do-campo, angelim (Andira humilis);
copaíba, copaúba (Copaifera langsdorffii); estoraque (Styrax
ferrugineum); fedegoso, amarelinho (Senna rugosa); murici,
murici-miúdo (Byrsonima intermedia); pau-paratudo, unha-
d'anta (Acosmium dasycarpum); picão ou picão-de-cipó (Bidens
gardneri); e sucupira (Bowdichia virgilioides).
Manduri-do-Mato-Grosso (Melipona orbignyi) – A Manduri é
considerada uma das mais sensíveis à degradação e
descontinuação dos habitats, uma vez que a área de ação de voo
é de aproximadamente 800 metros, além de outros fatores como
a necessidade de locais amplos para a área do ninho.
Tecnologias para a Agricultura Familiar 151
Publicações:
Abelhas e sua importância para a agricultura e manutenção da
vida: https://www.embrapa.br/meio-norte/abelhas
S.O.S Abelhas sem ferrão:
http://sosabelhassemferrao.com.br/site/
Instituições:
Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural
(Agraer)
http://www.agraer.ms.gov.br
Fone: (67) 3318-5100
Campo Grande, MS
Embrapa Meio-Norte
https://www.embrapa.br/meio-norte
Telefone: (86) 3198-0500
Teresina, PI
Tecnologias para a Agricultura Familiar 153
Foto: Eliel Souza Freitas Júnior
Entrada de
abelha Jataí
(Tetragonisca
fiebrigi).
Entrada de
abelha Manduri-
pantaneira
(Melipona orbignyi).
Foto: Eliel Souza Freitas Júnior
Entrada de abelha
Marmelada-amarela
(Frieseomelitta varia).
Foto: Eliel Souza Freitas Júnior
154 DOCUMENTOS 122
Aquaponia
Luís Antonio Kioshi Aoki Inoue, Tarcila Souza de Castro Silva e
Oscar Fontão de Lima Filho
1. O que é
Aquaponia é a integração da aquicultura à produção vegetal,
para o melhor aproveitamento dos recursos naturais água,
plantas e peixes. O princípio básico de funcionamento é o
equilíbrio das quantidades de peixes, ração fornecida e plantas,
de modo a manter ativas as populações de bactérias do ciclo do
nitrogênio (naturalmente presentes no ambiente aquático), que
ficam aderidas em substratos como grãos de argila expandida
e/ou pedras (= seixos rolados). A isso se denomina mídia
filtrante, que pode estar contida em recipientes como bombonas
de 200 L. A filtragem biológica propicia, então, que os resíduos
dos organismos aquáticos sejam insumos para o crescimento de
plantas.
A aquaponia é diferente da hidroponia, que é a produção vegetal
por meio da nutrição das plantas em água enriquecida com sais
(produtos químicos), especificamente manipulados.
3. Como utilizar
Os sistemas de aquaponia podem ser construídos em diversos
tamanhos e com materiais oriundos de muitas atividades, como
restos da construção civil (caixas d'águas, tubos e conexões).
Bombas submersas de aquários (2.000 L/h) podem ser
compradas na internet a preços razoáveis.
De modo geral, um tanque de 1.000 L comporta de 15–20
peixes/m3. O fornecimento de 50 g de ração por dia aos peixes
libera na água nutrientes para 20–25 plantas (as proporções
aumentam ou diminuem, dependendo do caso).
A manutenção do sistema requer alimentação diária dos peixes,
remoção dos restos de ração e fezes. Também é necessária a
verificação e controle de vazamentos de água, além de limpeza
periódica (pelo menos uma vez por semana) do sistema, como
sifonagem e esfregar as paredes com esponja ou escova.
Publicação:
Montagem e Operação de um Sistema Familiar de Aquaponia
para Produção de Peixes e Hortaliças: https://bit.ly/2MT53lj
Tecnologias para a Agricultura Familiar 157
Instituição:
Embrapa Agropecuária Oeste
http://www.embrapa.br/agropecuaria-oeste
Fone: (67) 3416-9700
Dourados, MS
Foto: Luís Antonio Kioshi Aoki Inoue
Algodão Colorido
Fernando Mendes Lamas
1. O que é
O algodão naturalmente colorido tem origem na América antiga,
onde tecelões já fiavam e teciam os algodões de cores marrom e
verde, desde sua domesticação há 4.500 anos. Esse tipo de
algodão tinha fibras curtas e fracas, que não serviam para a
fabricação de fios e tecidos. Por isso, pesquisadores da Embrapa
e do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) trabalharam para
criar uma planta com pluma colorida, que pudesse ser
aproveitada na indústria têxtil. Para dar mais resistência e
aumentar o comprimento das fibras, os pesquisadores fizeram o
cruzamento de cultivares de algodão de fibra branca de boa
qualidade com tipos silvestres, existentes na natureza e com
qualidade inferior, mas que tinham a fibra colorida. Assim, surgiu
o algodão colorido da Embrapa, um produto diferenciado para o
mercado de consumo natural, que respeita o meio ambiente, a
saúde do homem do campo e o consumidor.
3. Como utilizar
O cultivo do algodoeiro colorido pelos agricultores familiares
deve ser feito de forma organizada e com visão de cadeia
produtiva. Para isso, é fundamental que os produtores estejam
160 DOCUMENTOS 122
Instituições:
Embrapa Algodão
http://www.embrapa.br/algodao
Fone: (83) 3182-430
Campina Grande, PB
Embrapa Agropecuária Oeste
http://www.embrapa.br/agropecuaria-oeste
Fone: (67) 3416-9700
Dourados, MS
Tecnologias para a Agricultura Familiar 163
Produção de Flores
Ornamentais Tropicais
Francimar Perez Matheus da Silva, Liliane Aico Kobayashi
Leonel e Huberto Noroeste dos Santos Paschoalick
1. O que é
É a produção de flores e folhagens, originárias da região tropical,
destinadas à decoração de ambientes internos e externos. As
flores tropicais possuem características peculiares que as
diferenciam das demais, como exoticidade, coloração
contrastante e longevidade pós-colheita, que têm atraído cada
vez mais consumidores e aumentado o valor nos mercados
nacional e internacional.
Além do mercado de flores e folhagens de corte, que atende à
demanda do segmento de decoração com arranjos florais, entre
outros produtos, as plantas ornamentais tropicais também são
amplamente empregadas no segmento da jardinagem e do
paisagismo. A rusticidade de muitas espécies vem despertando o
interesse de produtores e empresários para a produção em
escala comercial.
3. Como utilizar
Helicônia – No paisagismo e como flor de corte é uma das
principais espécies com demanda crescente e possui várias
espécies originárias do Brasil. Existem plantas de todos os portes.
Conforme a variedade, a inflorescência pode ser pendente ou
ereta e estar em um único plano ou em mais de um plano. No sul
de Mato Grosso do Sul, a maioria da produção de flores inicia-se
na primavera, concentrando-se no verão. No período do inverno,
não há floração.
Bastão do imperador – No paisagismo e como flor de corte, vem
conquistando o mercado no Brasil, por causa de sua rusticidade e
tipo de inflorescência. Algumas são semelhantes a uma tulipa e
outras de forma cônica piramidal, com as cores branca, porcelana,
rosa e vermelha. Na culinária, podem ser utilizadas as flores e os
brotos.
Alpínia – Excelente espécie, usada tanto no paisagismo (planta
ornamental), quanto na decoração de ambientes (folhas e flor de
corte). Apesar de não ser nativa do Brasil, adaptou-se bem na
região Centro-Oeste, em função de produzir inflorescências na
maior parte do ano. A comercialização de folha é da variedade
alpínia variegada.
Sorvetão – Esta planta pode ser utilizada no paisagismo, mas
requer uma barreira vegetal e sombreamento parcial para suas
folhas ficarem intactas e na tonalidade verde; porém, a
luminosidade é fundamental para produção da inflorescência.
Como flor de corte, o mercado é consolidado principalmente na
região Nordeste do Brasil. Essa espécie também é conhecida
como gengibre ornamental e como cotonete de elefante.
Musa ou Bananeira ornamental – A beleza da inflorescência
dessa planta, com diferentes cores das brácteas e infrutescência
ereta, vem conquistando mercado, principalmente na região
Nordeste do País. Em Pernambuco, as espécies de corte mais
produzidas são Musa ornata e M. coccinea e em Sergipe,
M. ornata e M. velutina.
Tecnologias para a Agricultura Familiar 169
Musa-bronze.
Foto: Liliane K. Leonel
Cúrcuma.
Heliconia rostrata.
171
Cultivo de Antúrio
Flávio de Oliveira Ferreira e Francimar Perez Matheus da Silva
1. O que é
O antúrio, Anthurium andraeanum, é uma espécie tropical de
grande valor ornamental. É comercializado como planta de vaso,
para decoração de jardins e interiores, e como flor de corte.
A flor do antúrio, na verdade, é bem pequena, alcançando o
tamanho da cabeça de um alfinete. A parte colorida e exótica, que
normalmente achamos que é a flor, na verdade é uma
inflorescência, ou seja, o conjunto formado pela espádice – espiga
onde brotam as minúsculas flores - e espata do antúrio – a bráctea
colorida, ou a folha modificada. As verdadeiras flores do antúrio
são os pontinhos amarelos que brotam na espiga.
A planta se destaca pelo tamanho e colorido de suas espatas e
beleza de suas folhas.
3. Como utilizar
Essa planta é muito utilizada no Brasil, por sua excelente
adaptação ao clima tropical e por possuir um ótimo aspecto.
Por ser originário das florestas tropicais da América do Sul, o
antúrio é sensível ao calor excessivo e ao sol. Portanto, o
cultivo deve ser implantado em locais sombreados ou
protegidos da incidência direta dos raios solares. Para a
produção, o plantio deve ser realizado em viveiro coberto com
malha preta, com 80% de sombreamento.
Os antúrios se adaptam a uma ampla faixa de solos, porém, de
preferência, nos bem drenados, porosos e com alto teor de
matéria orgânica. De maneira geral, recomenda-se o uso de
substratos leves, compostos por mistura de solos e matéria
orgânica, resíduos ou produtos disponíveis na região como o
bagaço de cana-de-açúcar, casca de arroz carbonizada e
esterco de bovino, entre outros. A saturação de bases deve ser
superior a 60% e o pH entre 5,2 e 6,0.
Tradicionalmente, utiliza-se a propagação vegetativa por
divisão de touceiras ou secção do caule. Porém, o mais
recomendado é a utilização de mudas provenientes de cultura
de tecidos ou micropropagação, por causa da melhor
sanidade e da garantia de maior uniformidade do plantio.
O transplante das mudas para o local definitivo deve ser
realizado com as raízes nuas (sem solo), de preferência no
início da estação quente, para favorecer o estabelecimento,
crescimento e desenvolvimento da planta. O espaçamento
entre plantas pode variar entre 0,25 m x 0,25 m e 0,50 m x
0,50 m, dependendo da variedade.
A adubação complementar deve ser realizada com adubos
orgânicos, de preferência. Entretanto, a adubação mineral
Tecnologias para a Agricultura Familiar 173
Publicações:
Técnicas de cultivo do antúrio: https://bit.ly/2qojVjo
Estiolamento in vitro – Uma alternativa para a produção de
mudas micropropagadas de antúrio: https://bit.ly/3eUlmKQ
174 DOCUMENTOS 122
Instituição:
Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural
(Agraer)
http://www.agraer.ms.gov.br/
Fone: (67) 3318-5100
Campo Grande, MS
Inflorescência em
espiga
Espata
Plantas jovens.
177
1. O que é
Os tomates de mesa BRS Laterrot, BRS Imigrante, BRS Nagai,
BRS Iracema e BRS Zamir são todos materiais híbridos,
desenvolvidos pela Embrapa Hortaliças, em parceria com a
empresa Agrocinco. O BRS Laterrot é um tomate longa vida de
elevada produtividade e ótimo enfolhamento. O BRS Imigrante é
do tipo salada, tem crescimento semideterminado, com
condução de duas a três hastes e ótima cobertura foliar. O BRS
Nagai é do tipo saladete indeterminado, de alta produtividade. Já
o BRS Iracema é do tipo cereja, com ótima cobertura foliar.
Finalmente, o BRS Zamir é do tipo grape multifloral, com
formação de pencas.
Também em parceria com a Agrocinco, a Embrapa Hortaliças
lançou os materiais de alface BRS Leila e BRS Mediterrânea. A
BRS Leila é uma alface crespa de grande tamanho, vigor e
produtividade, com folhas verdes. Já a BRS Mediterrânea é uma
planta mais ereta, com folhas de cor verde-oliva.
3. Como utilizar
No que se refere aos tomates, há inúmeras recomendações. O
BRS Laterrot tem melhor resultado em lavouras conduzidas
com o sistema de duas hastes. Nesse formato, o material
apresenta entre 13 e 15 pencas, com os frutos atingindo 230 g
por unidade (250 g no início da colheita e 180 g no final),
atendendo plenamente às demandas de mercado. Este material
tem um padrão de pencas que não requer mão de obra específica
para desbastar frutos. O BRS Laterrot apresenta ciclo médio e
mostrou potencial de produzir até 480 caixas de 25 kg por 1.000
plantas (12 kg/planta) em sistema de cultivo protegido em quatro
localidades de dois estados diferentes. A planta do híbrido BRS
Laterrot apresenta rápido crescimento (enchimento) de frutos,
devendo-se, portanto, evitar a aplicação excessiva de nitrogênio.
Tecnologias para a Agricultura Familiar 179
Instituição:
Agrocinco
http://www.agrocinco.com.br
Fone: (19) 3879-6307
Monte Mor, SP
Foto: arquivo Embrapa
Tomate
BRS Laterrot.
Tomate
BRS Nagai.
182 DOCUMENTOS 122
Alface
BRS Leila
183
1. O que é
Trata-se de uma técnica que tem por objetivo o fornecimento
controlado de água às plantas, já que a chuva pode não ser
suficiente para atender às suas necessidades hídricas. Esta
prática tem custo, mas, se adequadamente utilizada, a renda
proveniente dela é superior ao custo, tornando o balanço
financeiro favorável. Para realizar a irrigação é importante
responder a três perguntas: Como, quando e quanto irrigar?
Porém, não existem respostas padronizadas para nenhuma
delas. Elas variam conforme a realidade ou necessidade de cada
produtor. Os conceitos de uma boa irrigação são simples, mas a
prática é, de fato, mais complexa. Por isso é importante que o
produtor procure sempre o auxílio de um profissional qualificado.
3. Como utilizar
Como irrigar?
Podem ser utilizados diferentes sistemas. Na irrigação de
pastagens para bovinos de leite ou criação de outros animais,
utiliza-se bastante a irrigação por aspersão. Embora esta
184 DOCUMENTOS 122
Instituições:
Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural
(Agraer)
http://www.agraer.ms.gov.br/
Fone: (67) 3318-5100
Campo Grande, MS
1. O que é
O Guia Clima é um sistema de monitoramento climático,
desenvolvido pela Embrapa Agropecuária Oeste, de Dourados,
MS, que disponibiliza na internet informações meteorológicas,
em tempo real.
O sistema presta serviços relevantes, pois disponibiliza produtos
que ajudam a tomar decisões, principalmente nas atividades
agrícolas, possibilitando o uso racional dos recursos naturais e a
redução dos riscos climáticos. O Guia Clima também apresenta
estatísticas (temperatura, chuva, etc.), calcula o balanço hídrico
das principais culturas (milho, soja, feijão, etc.), além de Avisos e
Alertas relacionados ao clima e a boletins meteorológicos.
Em funcionamento desde 2013, o Guia Clima opera atualmente
com três estações meteorológicas: Dourados, Rio Brilhante e
Ivinhema. Há previsão de instalação de novas estações em
outros locais de Mato Grosso do Sul.
3. Como utilizar
O Guia Clima pode ser acessado em
http://clima.cpao.embrapa.br/
A página principal do sistema na internet apresenta medidas
meteorológicas a cada 15 minutos, com Alertas e Avisos. O menu
de navegação, onde estão os assuntos referentes ao Guia Clima,
está na parte esquerda da página, juntamente com o resumo do
boletim meteorológico mais recente.
Tecnologias para a Agricultura Familiar 189
Aplicativo
A Embrapa Agropecuária Oeste também desenvolveu um
Aplicativo (APP) do Guia Clima. Publicado em dezembro de
2018, o APP é uma adaptação da versão desktop e disponibiliza
dados on-line para dispositivos móveis no sistema Android.
Por meio do APP Guia Clima, o usuário também tem acesso ao
sistema de monitoramento agroclimático, com informações
atualizadas em tempo real, a cada 15 minutos.
Além disso, o usuário pode consultar dados de séries históricas,
na função "Estatística". Existe ainda o módulo "Balanço Hídrico",
que fornece as condições de umidade do solo em tempo real.
Para baixar o aplicativo, basta acessar a Play Store do Google,
digitar Guia Clima. O usuário deve então selecionar a opção de
instalação do aplicativo.
Tecnologias para a Agricultura Familiar 191
4. Onde obter mais informações
Instituição:
Embrapa Agropecuária Oeste
http://www.embrapa.br/agropecuaria-oeste
Fone: (67) 3416-9791
Dourados, MS
193
Cultivares de Maracujazeiro-Azedo
da Embrapa
Fábio Gelape Faleiro e Nilton Tadeu Vilela Junqueira
1. O que é
São cultivares de maracujazeiro-azedo (Passiflora edulis Sims),
desenvolvidas pela Embrapa, que possuem alta produtividade,
maior nível de resistência a doenças e características físicas e
químicas de frutos para atender ao mercado de frutas frescas e
também às agroindústrias. Essas cultivares estão descritas a
seguir.
BRS Gigante Amarelo (BRS GA1) – Cultivar de maracujazeiro-
azedo com alta produtividade e qualidade de frutos para mercado
in natura. É normal produzir, principalmente no início da
produção, frutos com mais de 500 g. Sua produtividade, quando
irrigado e com uso de tecnologia no sistema de produção, no
espaçamento de 2,5 m x 2,5 m, pode superar 50 t/ha no primeiro
ano e 30 t/ha no segundo ano. Esta cultivar tem sido utilizada
para cultivo em ambiente protegido com alta tecnologia com
produtividade superior a 100 t/ha no primeiro ano de produção.
Apresenta flores grandes muito dependentes da polinização
manual, que é muito importante para obtenção de altas
produtividades. Apresenta boa tolerância à antracnose. Com
base nas áreas de avaliação e validação, há indicadores da
adaptação da cultivar em praticamente todos os Estados do
Brasil com plantio em qualquer época do ano (quando irrigado),
em diferentes tipos de solo. Em regiões sujeitas a geadas,
recomenda-se a produção de mudas maiores (acima de 90 cm)
em ambiente protegido. Depois do risco das geadas, as mudas
são levadas ao campo.
194 DOCUMENTOS 122
3. Como utilizar
Para iniciar o plantio de maracujazeiro, deve-se conhecer o
sistema de produção. A exemplo de outras fruteiras, o maracujá
exige adoção de tecnologia no sistema de produção (análise do
local de plantio, correção da fertilidade e acidez do solo, podas,
controle fitossanitário, polinização manual, adubações de
formação e produção, colheita e pós-colheita).
Para conhecer o sistema de produção, é importante: a) buscar
assistência técnica, b) visitar produtores que cultivam com
sucesso o maracujá e c) buscar informações e novas tecnologias
em centros de pesquisa e na literatura disponível.
Além de conhecer todo o sistema de produção, o produtor deve
saber também: a) qual o mercado que ele deseja atingir, b) se vai
comercializar frutos in natura ou polpa e c) se vai colocar o
produto no mercado ou na indústria.
É muito importante que o produtor tenha diferentes alternativas
para comercializar sua produção. De preferência, que tenha um
canal para comercialização de frutos in natura e outro de frutos
para polpa, de modo a conseguir destino para todos os frutos
produzidos.
196 DOCUMENTOS 122
Outros:
EMBRAPA. Embrapa Cerrados. Memória do Lançamento dos
Híbridos de Maracujazeiro Azedo.
http://www.cpac.embrapa.br/lancamentoazedo/
EMBRAPA. Embrapa Cerrados. Lançamento do híbrido de
maracujazeiro azedo - BRS Rubi do Cerrado.
http://www.cpac.embrapa.br/lancamentobrsrubidocerrado/
Tecnologias para a Agricultura Familiar 197
Foto: Fábio Gelape Faleiro
Cultivares de Maracujazeiro
Ornamental da Embrapa
Fábio Gelape Faleiro, Nilton Tadeu Vilela Junqueira,
Araci Molnar Alonso e Nelson Pires Feldberg
1. O que é
Maracujazeiros ornamentais são plantas que possuem
diferentes possibilidades de uso para decoração de ambientes e
paisagismo de grandes áreas, com grande potencial comercial,
considerando a beleza e a exuberância de suas flores e a
ramificação densa. São utilizados há mais de um século em
países do Hemisfério Norte como elemento de decoração e
também como fonte de geração de emprego e renda.
Diante deste potencial, a Embrapa desenvolveu os primeiros
híbridos de maracujazeiros ornamentais de flores com coloração
vermelha (BRS Estrela do Cerrado, BRS Rubiflora e BRS
Roseflora), rosada (BRS Rosea Púrpura - BRS RP) e azulada
(BRS Céu do Cerrado - BRS CC). Em 2019, foram estabelecidas
estratégias para a logística de produção e comercialização de
mudas destas cultivares de maracujazeiros ornamentais por
meio do licenciamento de viveiristas que produzem e enviam as
mudas para todo Brasil.
BRS Estrela do Cerrado – Primeira cultivar híbrida de
maracujazeiro ornamental, desenvolvida como alternativa para o
mercado das plantas ornamentais, seja para o cultivo em vasos,
seja para a composição de jardins, sobre muros e pérgulas, bem
como para a ornamentação de parques e construção de
borboletários. Apresenta produção de grande quantidade de
flores durante todo o ano. Possui grande vigor e tem mostrado
resistência às principais doenças do maracujazeiro,
especialmente àquelas causadas por patógenos de raízes. A
200 DOCUMENTOS 122
3. Como utilizar
Como toda planta ornamental, o maracujá também exige
cuidados especiais relacionados à nutrição e à irrigação das
plantas. Outro desafio para o maracujazeiro ornamental é
trabalhar alternativas de exposição, considerando que as flores
duram apenas 1 dia. As cultivares de maracujá ornamental
lançadas pela Embrapa foram selecionadas com base na
quantidade e na beleza das flores e também com base na maior
resistência a pragas e doenças.
A viabilidade econômica do maracujazeiro ornamental, que ainda
não tem uma cadeia produtiva totalmente estruturada, vai
depender da relação entre oferta e procura, mas, principalmente,
de trabalhos de divulgação, marketing e desenvolvimento de
mercado para a devida apresentação de todas as
potencialidades do produto tecnológico.
Outros:
Memória do Lançamento dos Híbridos de Maracujazeiro
Ornamental: https://bit.ly/2TFobaH
Foto: Fábio Gelape Faleiro
Cultivares de Maracujazeiros
Doce e Silvestres da Embrapa
Fábio Gelape Faleiro, Nilton Tadeu Vilela Junqueira,
Ana Maria Costa e Francisco Pinheiro de Araújo
1. O que é
O maracujazeiro-doce (Passiflora alata Curtis) e os
maracujazeiros-silvestres (Passiflora setacea DC. e Passiflora
cincinnata Mast.) são importantes alternativas para os
produtores de maracujazeiro-azedo (Passiflora edulis Sims) e
também para outros fruticultores. O maracujazeiro-doce é
cultivado comercialmente no Brasil desde a década de 1970,
mas a primeira cultivar (BRS Mel do Cerrado – BRS MC) foi
registrada e protegida no Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa) somente em 2017. A primeira cultivar de
maracujazeiro-silvestre da espécie P. setacea (BRS Pérola do
Cerrado – BRS PC) foi lançada pela Embrapa em 2013 e a da
espécie P. cincinnata (BRS Sertão Forte – BRS SF) lançada em
2016. A seguir são apresentadas as características de cada
cultivar.
BRS Mel do Cerrado (BRS MC) – Cultivar da espécie P. alata
destinada ao mercado de frutas especiais de alto valor agregado.
É uma boa opção para fruticultores altamente tecnificados e para
cultivo em estufa, onde se pode obter frutos de alta qualidade
física e química com alto valor no mercado. É também uma boa
opção para pequenos produtores e para a agricultura praticada
em sítios, chácaras e ambiente urbano. As principais
características desta cultivar, trabalhadas no melhoramento
genético, foram a alta produtividade, a qualidade física e química
de frutos e o maior nível de resistência a doenças foliares.
206 DOCUMENTOS 122
3. Como utilizar
A princípio, o sistema de produção das cultivares de
maracujazeiro-doce (BRS Mel do Cerrado) e dos
maracujazeiros-silvestres (BRS Pérola do Cerrado e BRS Sertão
Forte) segue as recomendações técnicas do maracujazeiro-
azedo comercial, com relação às exigências edafoclimáticas,
preparo e correção do solo, necessidade de espaldeiramento,
podas, irrigação e adubações de formação e produção.
Outros:
EMBRAPA. Embrapa Cerrados. Lançamento Oficial da Cultivar
de Maracujazeiro Doce BRS Mel do Cerrado (BRS MC):
https://bit.ly/2Rn4Sjl
EMBRAPA. Embrapa Cerrados. Lançamento da cultivar de
maracujazeiro silvestre BRS Pérola do Cerrado:
https://bit.ly/2FWBRpw
EMBRAPA. Embrapa Cerrados. Lançamento Oficial da Cultivar
de Maracujazeiro Silvestre BRS Sertão Forte (BRS SF):
https://bit.ly/3ajoD3U
Tecnologias para a Agricultura Familiar 209
BRS Mel do Cerrado (BRS MC), BRS Pérola do Cerrado (BRS PC) e
BRS Sertão Forte (BRS SF).
211
Produção Sustentável de
Maracujá-Amarelo
Ivo de Sá Motta
1. O que é
É a produção de maracujá-amarelo (ou azedo) com a adoção de
práticas agrícolas integradas, em um sistema economicamente
viável, ambientalmente amigável e que, do ponto de vista social,
pode contribuir para o fortalecimento da agricultura familiar com a
geração de emprego e renda.
3. Como utilizar
Barreiras vegetais
Para a proteção de maracujazeiros o estabelecimento de
barreira vegetal (ou quebra-ventos) no entorno do pomar é
prática indispensável, que deverá ser implantada com
antecedência ao plantio da cultura.
Barreiras vegetais temporárias de fácil propagação, rápido
crescimento e facilidade de manejo, por meio de roçadas, são
212 DOCUMENTOS 122
Polinização do maracujazeiro
A polinização do maracujazeiro naturalmente é realizada por
abelhas mamangavas (Xylocopa spp.). A presença de
mamangavas no local de produção é favorecida pela ocorrência
de matas, tocos ocos e evitando-se o uso de inseticidas na
região. Caso seja necessário utilizar inseticidas, fazer a aplicação
no período da manhã ou no final da tarde (evitando produtos
altamente tóxicos às abelhas). Geralmente, as mamangavas
Tecnologias para a Agricultura Familiar 215
Controle do mato
As capinas devem ser superficiais para evitar o ferimento das
raízes. Evitar também o ferimento do colo do caule com a
enxada. Se houver necessidade de gradear nas entrelinhas
(para semear plantas de cobertura), fazê-lo logo, enquanto o
sistema radicular do maracujazeiro não estiver muito
desenvolvido (logo após o transplantio das mudas). Recomenda-
se a manutenção das entrelinhas sempre vegetadas com
gramíneas, como milheto na primavera-verão e aveia preta no
outono. Pode-se deixar a vegetação espontânea (gramíneas,
entre outras), manejadas por roçadas.
Porta-enxerto resistente
A fusariose é uma doença que afeta os sistemas radicular e
vascular das plantas e que pode inviabilizar a produção de
maracujá. A ocorrência desse fungo (Fusarium oxysporum f. sp.
passiflorae) pode justificar a enxertia da planta em porta-
enxertos mais resistentes, com a garfagem no topo em fenda
cheia de enxerto realizado com material das cultivares
normalmente cultivadas. Geralmente utilizam-se como porta-
enxerto as espécies silvestres (Passiflora nitida, P. giberti,
P. alata, P. foetida, entre outras).
Tecnologias para a Agricultura Familiar 217
Inoculantes de Microrganismos
Solubilizadores de Fósforo
Christiane Abreu de Oliveira Paiva, Gisele de Fátima Dias Diniz,
Vitoria Palhares Ribeiro, Ivanildo Evódio Marriel,
Eliane Aparecida Gomes, Luciano Viana Cota,
Sylvia Morais de Sousa e Ubiraci Gomes de Paula Lana
1. O que é
É um produto que utiliza microrganismos solubilizadores de
fosfatos (MSP), que são capazes de aumentar a disponibilidade
de fósforo no solo, o qual é indispensável para o crescimento e
para a produção vegetal, já que interfere nos processos de
fotossíntese, respiração, armazenamento e transferência de
energia. O inoculante biológico contém bactérias eficientes na
solubilização de fosfatos, que passaram por seleção, e um
veículo que as mantém vivas, desde a sua produção no
laboratório até o momento de sua aplicação.
3. Como utilizar
O produto pode ser usado tanto para o tratamento de sementes
quanto em aplicação direta no sulco de semeadura. O inoculante
se associa à planta desde o início da formação das raízes, onde
as bactérias do produto se multiplicam e colonizam a rizosfera da
planta, formando uma camada de biofilme. Ali inicia o processo
de solubilização do fósforo que está ligado ao cálcio, alumínio e
ferro do solo e de fertilizantes adicionados, deixando-o disponível
para a absorção e assimilação pela planta.
Publicações:
BiomaPHOS: https://bit.ly/2UB5JTa
Tecnologias para a Agricultura Familiar 221
1. O que é
Controle estratégico é um conjunto de medidas recomendadas
aos produtores que, quando adotadas de forma correta e
sistematizada, tendem a controlar as infestações do carrapato
nos bovinos, evitando assim contínuas perdas, seja na aquisição
de carrapaticidas, seja na diminuição da produção de leite e/ou
carne.
O carrapato-do-boi, cujo nome científico é Rhipicephalus
microplus, tem o ciclo de vida parasitária em torno de 21 dias em
um único hospedeiro que, preferencialmente, são os bovinos de
origem europeia (vaca holandesa) e seus cruzamentos, por
serem também mais sensíveis. Vacas com produção média de
20 kg/dia, com uma infestação de 38 carrapatos/dia, vão produzir
90 kg/ano a menos de leite.
Vale ressaltar que os carrapatos observados no animal
representam apenas 5% da população total, sendo que o restante
(95%) se encontra livre na pastagem. Sabe-se também que este
parasito é responsável pela transmissão dos patógenos que
causam a tristeza parasitária bovina (TPB), que pode levar os
animais à morte. Segundo a literatura, esse carrapato é
responsável por um prejuízo de aproximadamente 3,24 bilhões
de dólares por ano na cadeia produtiva bovina no Brasil.
Atualmente, a principal forma de controle utilizada é realizada por
meio de acaricidas, que podem ser aplicados de diferentes
formas nos bovinos: injetáveis, por banhos (aspersão) e pour-on.
224 DOCUMENTOS 122
3. Como utilizar
Para a realização do controle estratégico do carrapato, é
necessário o produtor tomar conhecimento e utilizar os passos
recomendados:
1) Fazer o teste de laboratório (Bioensaio) para avaliar a
sensibilidade dos carrapatos aos acaricidas e, assim, saber
qual deles é o mais adequado, e para poder comprar o
produto certo, lembrando que, para cada propriedade, existe
a necessidade de um teste. Esse teste pode ser realizado na
Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS) de maneira
gratuita para todos os produtores interessados.
Tecnologias para a Agricultura Familiar 225
Vídeos:
Museu do carrapato 2015 – Sanidade:
https://youtu.be/DAHmkNIV8fg
Museu do carrapato e curiosidades – Sanidade:
https://youtu.be/GBGxvKQRY4Q
Publicações:
Museu do carrapato da Embrapa Gado de Corte: espécimes de
carrapatos descritos no Brasil e depositados na coleção até o
momento: https://bit.ly/2Smxk6I
Espécies de carrapatos relatadas no estado de Mato Grosso
do Sul: https://bit.ly/2Sdsp7E
Carrapatos (Acari: Ixodidae) associados ao ambiente em Campo
Grande, Mato Grosso do Sul: https://bit.ly/3zljfJi
Tecnologias para a Agricultura Familiar 227
Instituição:
Embrapa Gado de Corte
http://www.embrapa.br/gado-de-corte
Fone: (67) 3368-2000
Campo Grande, MS
Foto: Marcos Valério Garcia
Cultivares de Gergelim
Nair Helena Castro Arriel e Daniel da Silva Ferreira
1. O que é
O gergelim (Sesamum indicum L.) é uma das plantas
oleaginosas mais antigas e usadas pela humanidade com ampla
adaptabilidade às condições edafoclimáticas de clima quente.
Possui bom nível de resistência à seca e é fácil de ser cultivado
em sistemas de produção voltados à agricultura familiar com
baixos níveis de investimento, características estas que o
transformam em excelente opção de diversificação agrícola por
seu grande potencial econômico, tanto para o mercado nacional
quanto internacional.
3. Como utilizar
O gergelim é uma planta de elevado nível de adaptabilidade,
sendo cultivado em quase todos os países de clima quente. É
pouco exigente em água; por isso, não suporta encharcamento.
Requer cuidadoso preparo do solo, em virtude do pequeno
tamanho de suas sementes e do lento crescimento das plântulas
nas primeiras semanas. A planta atinge a plenitude em solos
profundos, sem a acidez e fertilizados.
Nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, onde o período chuvoso é
bem definido, o gergelim pode ser usado como primeira ou
segunda cultura, conforme o interesse do produtor.
Para o plantio de 1 ha são necessários de 3 kg a 7 kg de
sementes por hectare, dependendo da cultivar e configuração de
plantio a ser usada. No plantio de cultivares ramificadas,
recomenda-se o espaçamento de 0,60 m a 0,90 m entre fileiras e
de 0,20 m entre plantas. Para cultivares não ramificadas, usar o
espaçamento de 0,45 m a 0,60 m entre fileiras com 0,10 m entre
plantas.
Tecnologias para a Agricultura Familiar 231
Publicações:
Gergelim – Coleção 500 perguntas, 500 respostas:
https://bit.ly/3NZk7Mw
Produção de gergelim orgânico nas comunidades de produtores
familiares de São Francisco de Assis do Piauí:
https://bit.ly/3WR64wg
Cultivo do gergelim: https://bit.ly/3A35SQO
Instituição:
Embrapa Algodão
http://www.embrapa.br/algodao
Fone: (83) 3182-4300
Campina Grande, PB
232 DOCUMENTOS 122
Sisteminha
Embrapa/UFU/Fapemig
Laurindo André Rodrigues, Luiz Carlos Guilherme,
Luís Antônio Kioshi Inoue e Tarcila Souza de Castro Silva
1. O que é
É um Sistema Integrado de Produção de Alimentos que
preconiza o combate à fome, popularmente conhecido como
SISTEMINHA. Trata-se de uma tecnologia social que utiliza a
piscicultura intensiva praticada em pequenos tanques, em
recirculação de água. O reaproveitamento dos nutrientes
oriundos do tanque de peixe possibilita a produção integrada e
escalonada de hortaliças, frutas, aves e outros pequenos
animais. A produção de diversos produtos alimentícios, com
diferentes perfis nutricionais, irá proporcionar uma alimentação
saudável e balanceada, garantindo segurança alimentar e
nutricional. O processo produtivo foi dimensionado para atender
as necessidades nutricionais de uma família de quatro pessoas,
de acordo com as recomendações da Organização Mundial de
Saúde (OMS).
3. Como utilizar
O pacote básico inicial indicado é composto por cinco módulos:
tanque de peixes, galinhas de postura, horticultura, compostagem
de resíduos sólidos e produção de húmus. Há, ainda, a
possibilidade de agregar a criação de outros animais.
O tanque de cultivo de peixes com aproximadamente 10 m³ de
água tem capacidade de produção de 30 quilos de peixe por ciclo
de 100 dias. Todas as produções integradas aproveitam de
alguma forma os resíduos ricos em nutrientes produzidos pela
piscicultura. A ração industrializada utilizada para alimentação
dos peixes, por meio de sobras e dejetos, deixa disponível na
água nitrogênio, fósforo, potássio e outros nutrientes que serão
aproveitados para a irrigação e adubação das plantas.
Os interessados na tecnologia podem procurar capacitação por
meio do Ambiente Virtual de Aprendizado da Embrapa ou a
Instituição:
Embrapa Agropecuária Oeste
http://www.embrapa.br/agropecuaria-oeste
Fone: (67) 3416-9700
Dourados, MS
5. Referência
GUILHERME, L. C.; SOBREIRA, R. dos S.; OLIVEIRA, V. Q. de.
Sisteminha Embrapa - UFU - FAPEMIG: Sistema Integrado de
Produção de Alimentos - Módulo1: tanque de peixes. Teresina: Embrapa
Meio-Norte, 2019. 63 p. il. Color. (Embrapa Meio-Norte. Documentos,
259). Editor técnico: Magda Cruciol. Disponível em:
<https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/201476/1/Sistemin
ha-Embrapa-UFU-Fapemig-Baixa2019.pdf>. Acesso em 16 maio 2019.
239
Grão-de-Bico
Oscar Fontão de Lima Filho
1. O que é
O grão-de-bico é uma leguminosa, pertencente ao grupo das
pulses, que são leguminosas cujas sementes secas são
utilizadas para a alimentação humana. Também estão incluídas
nesse grupo o feijão-comum, a lentilha, a ervilha, o feijão-caupi, o
guandu, o tremoço, a fava e o feijão-bambara. Os grãos dessas
plantas são fontes importantes de proteína de baixo custo, em
todo o mundo.
As cultivares dessa espécie são classificadas em dois grupos:
desi e kabuli. As do grupo desi são originárias da região Sudoeste
da Ásia, têm plantas menores que as do tipo kabuli, as flores
normalmente têm coloração púrpura e as sementes têm
coloração variável entre amarela e preta e formato irregular.
As cultivares do grupo kabuli são originárias da região do
Mediterrâneo, têm flores brancas, com sementes maiores que as
do grupo desi e cor clara, normalmente bege.
Há vários modos de consumo, como grãos verdes (inteiros e
temperados), secos, partidos (dhal), em pasta (homus), farinha
(besan), reidratados, à vácuo, cozidos, snacks (petiscos),
massas, leite, chips, etc. Opções para a agricultura familiar
incluem a produção orgânica, de brotos e de farinha,
principalmente.
A Embrapa possui cinco cultivares de grão-de-bico do tipo kabuli
(BRS Cícero, BRS Aleppo, BRS Cristalino, BRS Toro e BRS
Kalifa) e uma do tipo desi (BRS Hari). Informações detalhadas,
de cada cultivar, podem ser acessadas nos links mencionados no
final do texto.
240 DOCUMENTOS 122
3. Como utilizar
Preparo do solo
Solos com textura média, profundos, com alto teor de matéria
orgânica e pH entre 6,5 e 7,0 são naturalmente os mais
indicados. Entretanto, pode-se cultivar o grão-de-bico em
diversos tipos de solos, manejando-os de acordo com as
condições edáficas locais.
Sempre que possível, dar preferência ao sistema de plantio
direto, por aumentar a aeração e a infiltração da água no solo,
propiciar maior resistência à seca e ao calor, diminuir a erosão,
além da melhor germinação de sementes e emergência das
plantas.
Tecnologias para a Agricultura Familiar 241
Semeadura
As sementes devem ser tratadas tanto com inseticida quanto
com fungicida, pois as doenças de solo são as que mais atacam o
grão-de-bico no Brasil.
A profundidade de semeadura deve ficar entre 3 cm e 5 cm. O
espaçamento de plantio deve ser de 40 cm a 50 cm entre linhas e
7 a 10 sementes por metro linear. O ideal é que haja uma
população final de 150 a 200 mil plantas por hectare.
Adubação
Sempre que possível, realizar a análise do solo, para que o
técnico responsável possa indicar o manejo mais adequado para
a correção e adubação do solo. Para cultivos menos intensivos,
áreas pequenas, é interessante aproveitar todos os insumos
locais possíveis, tanto químicos quanto orgânicos. Para altas
produtividades, pode-se aplicar na adubação de plantio, por
hectare, 50 kg a 70 kg de N, 40 kg a 60 kg de P2O5 e 70 kg a 90 kg
de K2O. Para a adubação de cobertura, 25 a 30 dias após a
emergência, 20 kg a 30 kg de N.
Colheita
Após 60 dias a 70 dias do florescimento, quando as vagens e
folhas tornam-se amarronzadas e ou amareladas, ocorre a
maturação das sementes. Para a colheita manual, é interessante
efetuá-la quando os grãos estiverem com umidade em torno de
20%. Desse modo, evitam-se perdas devido à deiscência
(abertura das vagens) no momento do arranquio ou corte. O
armazenamento dos grãos deve ser feito com 13% de umidade,
obtida por meio de secagem natural.
Instituição:
Embrapa Hortaliças
https://www.embrapa.br/hortalicas
Fone: (61) 3385-9000
Brasília, DF
Foto: Oscar Fontão de Lima Filho
Kabuli Desi