53CBC0849
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Valdith Lopes Jerônimo (1); Luiz Ailton de Araújo Souza (1); Bruno do Vale Silva (1); Guilherme
Granata Marques (2); Luiz Carlos Pinto da Silva Filho (3)
Resumo
Os corpos-de-prova preparados para o ensaio de resistência à compressão axial normalmente apresentam
irregularidades que devem ser corrigidas com o objetivo de torná-los planos e lisos. Por outro lado, a
resistência do concreto também está ligada ao tempo de cura. Neste trabalho, foi desenvolvido um
programa experimental para verificar a influência dessas variáveis sobre os resultados do ensaio de
resistência à compressão de corpos-de-prova cilíndricos de concreto. Compararam-se tipos de
regularização, e também, foi analisada a influência do tempo de retirada da câmara úmida sobre a
resistência do concreto. Foram moldados 72 corpos-de-prova, utilizando-se três traços distintos. Avaliou-se
a regularização das faces dos corpos-de-prova usando neoprene, argamassa de enxofre e retificação
mecânica, considerando tempos diferentes de permanência na condição de cura úmida. A regularização
com neoprene apresentou os melhores resultados, enquanto a retificação e argamassa de enxofre
apresentaram valores iguais, de acordo com o método estatístico aplicado. Para os tempos de retirada da
cura úmida observados, não foram encontradas diferenças significativas na resistência do concreto aos 28
dias.
Palavras-Chave: capeamento, regularização, tempo de cura
Abstract
The specimens prepared for the axial compressive strength test usually present irregularities that should be
corrected with the objective of turning them flat and smooth. On the other hand, the strength of the concrete
is also linked to the curing time. In this work, an experimental program was developed to verify the influence
of those parameters on the results of the compressive strength test applied on cylindrical concrete
specimens. A comparison was made among regularization types and the influence analysis of the humid
chamber taking off time on the concrete strength. Seventy two specimens were moulded, using three
different concrete dosages. The regularization of the specimens faces was evaluated using neoprene, sulfur
mortar and mechanical rectification, considering different span times of the humid curing condition. The
regularization with neoprene presented the best results, while the rectification presented the same results as
sulfur mortar, according to the statistical method applied. For the withdrawal times of moist curing observed, there
were no significant differences in strength of concrete after 28 days.
Keywords: covering, regularization, curing time
De acordo com a NBR 5738 (ABNT, 2003), até o início do ensaio de resistência à
compressão, os corpos-de-prova devem ser conservados imersos em água saturada de
110
Resistência à Compressão
100
90 1 DIA CH
(MPa)
80 3 DIAS CH
70 7 DIAS CH0
60 14 DIAS CH
50 28 DIAS CH
T1 T2 T3
Tipo de traço
Vale salientar que em todos os ensaios o neoprene foi utilizado confinado, devido ao
estudo da literatura que mostram que Os resultados obtidos por Marco; Reginatto; Jacoski
(2003) mostram que são obtidos valores 48% menores em média com uso do neoprene
não confinado.
Apresentada uma sucinta revisão bibliográfica sobre o assunto, nos deteremos, no
próximo capítulo, ao programa experimental adotado neste trabalho.
3 Programa experimental
O programa experimental consistiu na análise de parâmetros que possuem potencial para
influenciar no ensaio de resistência à compressão do concreto. Os parâmetros analisados
foram o tipo de regularização de topos dos corpos-de-prova e o tempo de retirada da
câmara úmida que antecede o ensaio.
ANAIS DO 53º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2011 – 53CBC 5
Foram moldados corpos-de-prova com três distintas composições de concreto, ou seja,
três traços diferentes. Em todas elas, optou-se por avaliar duas retiradas da câmara
úmida, com o objetivo de observar se a diferença de porosidade do concreto, devido às
relações água/aglomerante e à introdução da sílica, poderiam ser percebidas na
resistência à compressão. No primeiro traço, com sílica e super plastificante, moldaram-se
12 corpos-de-prova, em que se testou apenas o capeamento com enxofre, e dois tempos
de retirada da câmara úmida, no dia do rompimento e dois dias antes. No segundo traço,
com menor consumo de cimento e maior relação água/cimento, sem adição de sílica,
moldaram-se 48 corpos-de-prova e testados diferentes regularizações dos topos e dois
tempos de retirada da câmara úmida, no dia e dois dias antes. No terceiro traço, com
menor relação água/cimento, sem sílica e com super plastificante, moldaram-se 12
corpos-de-prova, testaram-se dois tempos de retirada da câmara úmida, no dia e dois
dias antes, e o capeamento com enxofre.
A Tabela 1 ilustra resumidamente o planejamento experimental, onde foram rompidos à
compressão axial 72 corpos-de-prova, para que fosse avaliada a interferência do tipo de
capeamento e do tempo de retirada da câmara úmida.
O agregado graúdo utilizado foi rocha basáltica britada, cujas características foram
obtidas através da NM 248 (ABNT, 2001) e NM 53 (ABNT, 2009) e apresentadas na
Tabela 3.
O agregado miúdo utilizado foi areia média natural, cujas características foram obtidas
através da NM 248 (ABNT, 2003) e NM 52 (ABNT, 2009) e estão apresentadas na Tabela
4.
Tabela 4 – Características físicas e granulométricas do agregado miúdo
Abertura da peneira % retido
% retido
(mm) acumulado
6,3 0,0 0,0
4,8 1,52 1,52
2,4 5,84 7,36
1,2 10,01 17,38
0,6 15,88 33,26
0,3 48,57 81,83
0,15 9,47 91,31
< 0,15 8,69 100,0
Diâmetro máximo característico = 4,75 mm
Módulo de finura = 2,33
Massa específica = 2,42 g/cm³
A água utilizada na produção dos corpos de prova foi proveniente da rede pública de
abastecimento de Porto Alegre/RS. Utilizou-se um aditivo super plastificante de terceira
geração para concreto, à base de éter policarboxílico. Seus dados técnicos, fornecidos
pelo fabricante, estão apresentados na Tabela 5.
Tabela 5 – Dada técnicos do aditivo super plastificante
Teste Especificação
Aparência líquido branco turvo
pH 5-7
Densidade 1,067 g/cm³ - 1,107 g/cm³
Sólidos 38,0 % - 42,0 %
Viscosidade < 150 cps
Fonte: Fabricante
3.1.5 Sílica
3.1.6 Concreto
O sistema de regularização não colado trata-se do uso de material não aderente que
acomode e suporte as devidas cargas nos topos dos corpos-de-prova. Neste trabalho
optou-se por um elastômero policloroprene, conhecido, comercialmente, como neoprene.
A dureza escolhida foi de 70±5 Shore A, pois, segundo a C 1231/C 1231M (ASTM, 2010),
essa dureza é compatível com resistências entre 28 MPa e 80 MPa. A almofada de
neoprene com diâmetro igual a 10 cm e espessura de 2 cm foi confinada dentro de um
envoltório metálico, conforme ilustra a Figura 2, evitando assim o surgimento de tensões
não axiais nos corpos-de-prova.
(a)
Figura 5.a: Colocação dos CP na prensa Figura 5.b: Papel branco depois do rompimento
56,1
30
48,1
No dia
20
23,0
21,6
10
0
T1 (a/c=0,49) T2 (a/c=0,6) T3 (a/c=0,4)
Figura 6 - Resistência à compressão para diferentes traços e tempo de retirada da câmara úmida.
25
20
15
27,8
2 dias
26,4
23,0
22,9
22,0
21,6
10 No dia
0
Neoprene Retificado Enxofre
8
Redução de àrea (%)
6
2 dias
8,0
4
7,7
7,6
No dia
5,6
2
0,5
0,0
0
Neoprene Retificado Enxofre
30
20
fc = -0,51x + 26,54
10
0
0 2 4 6 8 10 12 14
Redução de area (%)
30
Resistência à compressão (MPa)
25
20
15
27,9
2 dias
26,4
24,8
24,3
23,8
23,5
10 No dia
0
Neoprene Retificado Enxofre
Figura 11.a Regularização com neoprene Figura. 11.b Retificado Figura. 11.c Capeamento com enxofre
5 Conclusões
A análise das diferentes condições de umidade, para os períodos de tempo testados que
antecedem o ensaio não mostraram interferência significativa na resistência à
compressão, isso pode ter acontecido porque o tempo de retirada que antecedeu o
rompimento foi muito pequeno;
A regularização com utilização de Neoprene teve o melhor resultado de contato com o
corpo-de-prova, pois sendo flexível permite melhor acomodação com as imperfeições e
tem dureza compatível com a do concreto. A regularização por enxofre e retificação
apresentaram resultados semelhantes.
Vale esclarecer que estes resultados não são irrefutáveis e a partir destes, é importante
que novos estudos sejam aprofundados para que se observe se a eficiência do Neoprene
se mantém constante ao longo do tempo, como também para que tipos de concretos a
retificação é eficiente e, por fim, novas tentativas com o remate com cimento devem ser
experimentadas.
6 Referências
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM C 1231/C 1231M:
standard practice for use of unbonded caps in determination of compressive strength of
hardened concrete cylinders. ASTM Committee C09 on Concrete and concrete
Aggregates, 2010.
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM C 617: standard practice
for capping cylindrical concrete specimens. ASTM Committee C09 on Concrete and
concrete Aggregates, 2010.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5738: concreto -
procedimento para moldagem e cura de corpos-de-prova. Rio de Janeiro, 2003.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739: concreto - ensaios de
compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 2007.