1408-Texto Do Artigo-3783-1-10-20221208
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RESUMO
Este artigo tem por objetivo apresentar os resultados parciais da pesquisa
intitulada contribuição da psicologia perinatal para a maternagem na
contemporaneidade, em especial o seu percurso histórico. Objetiva refletir
sobre como a Psicologia Perinatal pode contribuir para o exercício da
maternagem na atualidade, com base em suas propostas psicoprofiláticas.
Tendo como pressuposto a forma que a maternagem se desenrolou ao longo
da história nos âmbitos sociais e culturais e observando os resultados que
temos na atualidade, com base nas influências desta história, e como se
apresentam de forma distorcida com o que realmente a realidade psico
emocional demonstra, se viu necessidade de produzir material de
desmistificação deste processo de parentalidade, trazendo a possibilidade de
intervenção nas demandas que o período gravídico acarreta para a mãe, sua
família e consequentemente à criança.
INTRODUÇÃO
Partindo do entendimento de que durante o período da gestação a
mulher é impactada pelas múltiplas exigências e vivencia um período de
reorganização corporal, familiar e social e de intensas alterações bioquímicas e
hormonais, que a faz ficar propensa a uma multiplicidade de sentimentos se
tornado vulnerável, este artigo tem por objetivo apresentar os resultados
parciais da pesquisa intitulada Contribuição da Psicologia Perinatal para a
Maternagem na Contemporaneidade, em especial, o seu percurso histórico.
O interesse por essa temática surgiu após a leitura do artigo Produção
Científica em Psicologia Obstétrica/Perinatal e a constatação de que o
Conselho Federal de Psicologia não relaciona essa área de atuação entre as
13 possíveis áreas para obtenção de título de especialista, apesar do número
crescente de psicólogos se especializando nessa área. Aproximadamente 800
psicólogos brasileiros ingressaram em 2020 em cursos de especialização para
obter conhecimentos específicos em Psicologia Obstétrica/Perinatal, de acordo
1
Centro Universitário de Barra Mansa, acadêmica do 10º período de Psicologia
com pesquisa realizada pela psicóloga Rafaela de Almeida Schiavo, doutora
em psicologia do desenvolvimento e aprendizagem pela UNESP.
Apesar de não reconhecer essa área como uma especialidade, o fato
dos Conselhos Regionais de Psicologia estarem promovendo debates e
acompanhado de maneira atenta e ativa as discussões sobre maternidades,
sinaliza para a relevância dessa temática.
É nesse cenário que nasce a questão norteadora desse estudo: que
contribuições a Psicologia Perinatal tem a oferecer para mulheres no que tange
ao processo de maternagem na contemporaneidade e também para
profissionais que trabalham com gestantes?
Para respondê-la foi adotado como percurso metodológico aquele
utilizado nas pesquisas bibliográficas realizadas em sites, periódicos, livros e
artigos especializados.
Os achados evidenciam a importância deste tema, especialmente no
que diz respeito à vinculação mãe ao seu bebê, revela um campo de atuação
profissional demandante de conhecimentos sobre a psicologia da gravidez
parto e nascimento, sobre a atuação do psicólogo na cena do parto, a
psicologia do puerpério, o luto perinatal, formas de parentalidade,
desenvolvimento do bebê até as 12 meses, o sono do bebê, a teoria do apego,
práticas educativas parentais e outras temáticas.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
A MATERNAGEM
Elegemos a teoria de Winnicott para apresentar o conceito de
maternagem, visto que esse teórico estabelece as condições necessárias para
uma boa função materna, a partir do conceito de mãe suficientemente boa, ou
seja, daquela que é capaz de entrar em estado de “preocupação materna
primária” para atender e suprir as necessidades básicas do seu bebê, e
apresentar uma boa disponibilidade psíquica para acalentá-lo, por ser capaz de
interpretar as suas necessidades. Assim, nesse estudo, maternagem diz
respeito aos recursos psíquicos e a sensibilidade que uma mãe (ou de outra
pessoa que exerce essa função) utiliza para decodificar e compreender as
necessidades do seu filho para que ele se constitua como sujeito (WINNICOTT,
1990).
Aqui cabe enfatizar que uma mãe suficiente boa não é resultante de um
instinto, de uma condição inata, mas é uma construção que precisa ser
desenvolvida durante o período gestacional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo empreendido nos leva a algumas respostas para a questão de
estudo levantada: que contribuições a Psicologia Perinatal tem a oferecer para
mulheres no que tange ao processo de maternagem na contemporaneidade e
também para profissionais que trabalham com gestantes?
Por meio da visão histórica foi possível comprovar a diferença entre
maternidade e maternagem. Enquanto o primeiro diz respeito a um evento
normativo comum a quase todas as mulheres, a maternagem é um processo
de vinculação que sofre influencia da cultura, dos valores e crenças vigentes
que afetam as condições emocionais da gestante.
Foi possível compreender que a Psicologia Perinatal amplia o olhar
sobre a gestação ao descontruir a crença arraigada em nossa sociedade de
que a maternagem é um instinto natural, ampliando os cuidados com as
gestantes para além do monitoramento das transformações físicas e hormonais
decorrentes desse período, enriquecendo o processo pré-natal oferecido por
profissionais e serviços de saúde.
Revela que ser uma mãe suficientemente boa, capaz de atender as
demandas do bebê, não é uma condição automática, mas resultado de
amadurecimento, integração da personalidade e desenvolvimento pessoal.
Por fim, cabe reforçar que a psicologia perinatal não se limita a
maternagem. Ela possibilita a reflexão, pesquisa e intervenção sobre aspectos
psicológicos envolvidos na decisão de ter ou não de ter filhos, nos casos de
abortamento, idealização e romantização da maternidade, parentalidade,
conjugalidade, parto, pós-parto, adoção e outros aspectos.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Rafaela, ARRAIS, Alessandra da Rocha; ARAUJO, SCHIAVO
Tereza Cristina Cavalcanti Ferreira. Depressão e ansiedade gestacionais
relacionadas à depressão pós-parto e o papel preventivo do pré-natal
psicológico. Rev. Psicol. Saúde, Campo Grande , v. 11, n. 2, p. 23-34, ago.
2019 . Disponível em Depressão e ansiedade gestacionais relacionadas à
depressão pós-parto e o papel preventivo do pré-natal psicológico . Acesso em
01 de ago. de 2022.
ABSTRACT
This report aims to present the partial results of the research entitled
contribution of perinatal psychology to contemporary motherhood, especially its
historical course. It aims to reflect on how Perinatal Psychology can contribute
to the exercise of motherhood today, based on its psychoprophylactic
proposals. Assuming the way that mothering has unfolded throughout history in
social and cultural areas and observing the results we have today, based on the
influences of this history, and how they present themselves in a distorted way
with what the psycho-emotional reality really is. demonstrates, there was a need
to produce material to demystify this parenting process, bringing the possibility
of intervening in the demands that the pregnancy period entails for the mother,
her family and consequently the child.