Vivências Do Bolsista Id No Pibid: Relato de Experiência Na Escola Municipal Amigos Da Natureza

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VIVÊNCIAS DO BOLSISTA ID NO PIBID: RELATO DE

EXPERIÊNCIA NA ESCOLA MUNICIPAL AMIGOS DA NATUREZA

Edilana Gonçalves Costa Soares1 - UNEB


Laudicéia Falcão Araújo 2 - UNEB
Natiane Santos Ramos3 - UNEB

Grupo de Trabalho - Didática: Teorias, Metodologias e Práticas


Agência Financiadora: CAPES

Resumo

O presente artigo caracteriza-se como um relato de experiência vivenciado no Programa


Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), o mesmo apresenta uma reflexão das
vivências durante o auxílio e desenvolvimento de atividades na Escola Municipal Amigos da
Natureza no período de 2014 ao fim do primeiro semestre de 2015. O PIBID tem como
objetivo principal a elevação da qualidade da formação inicial de professores nos cursos de
licenciatura, promovendo a integração entre educação superior e educação básica. O
Programa antecipa a experiência formativa em sala de aula para os futuros pedagogos (as)
contribuindo assim para o processo de formação docente. Para nós, bolsistas de iniciação à
docência (ID) e futuras docentes a experiência foi e continua sendo de muita valia no que diz
respeito à formação, porquanto as práticas pedagógicas em conjunto com a professora em sala
de aula só têm enriquecido nosso currículo e formação teórico-prática carreira enquanto
aprendizes, pois, ao mesmo tempo em que estudamos questões específicas que emergem em
sala de aula, junto com a regente desenvolvemos atividades e, aprendemos junto com as
crianças e professores(as) regentes. Nesse sentido há uma troca de conhecimento e de
aprendizado. Temos ainda a oportunidade de articular teoria e prática, visto que os
conhecimentos teóricos obtidos na faculdade, são vivenciados na escola por intermédio do
Programa, assim temos a conveniência de entender na prática como a criança aprende, como
se dá esse processo e quais são os caminhos e recursos para aquisição da língua escrita e da
língua falada, ou seja, a leitura. Para a escritura deste artigo fez-se necessário o estudo de
teóricos que discutem a cerca do processo de aprendizagem, teoria/prática e formação
docente, a saber: Franchi (1993); Ferreiro (1996); Nóvoa (2003).

Palavras-chave: Experiências. Formação. PIBID.

1
Graduanda do curso de Licenciatura em Pedagogia na Universidade do Estado da Bahia-UNEB/DEDC-X. E-
mail: [email protected]
2
Graduanda do curso de Licenciatura em Pedagogia na Universidade do Estado da Bahia-UNEB/DEDC-X. E-
mail: [email protected]
3
Graduanda do curso de licenciatura em Pedagogia na Universidade do Estado da Bahia-UNEB/DEDC-X. E-m-
ail: [email protected]

ISSN 2176-1396
15453

Introdução

Este trabalho tem por objetivo compartilhar as experiências pedagógicas construídas


pelo PIBID no campo da formação inicial de pedagogos e pedagogas como bolsistas de ID’s e
possivelmente, futuros professores/as da educação básica. Esse programa realiza-se a partir de
um trabalho coletivo entre coordenadores de área, bolsistas de supervisão e bolsistas de
iniciação à docência. Para nós é de suma relevância relatar as vivências na escola, contexto da
educação básica, pública e suas finalidades, como a construção e a formação de professores
críticos com qualidade educacional para intervir na escola socialmente determinada.
Alimentado pela visão de totalidade, a base do trabalho docente do ID passa a ser
concebida para além do campo específico da atividade pedagógica, onde o olhar é ampliado
para diferentes aspectos que constituem a realidade da instituição, das crianças, da educação
da Escola Municipal Amigos da Natureza. Ao olhar a realidade de diferentes ângulos, os
processos de apropriação dos conhecimentos começam indicar a relação teoria-prática no
âmbito da constituição da prática educativa. Ao entender a realidade educacional da referida
escola como algo complexo, é possível perceber que o ensino superior e a educação básica
não representam lugares dicotômicos ou com muros instransponíveis, mas sim espaços
construídos historicamente sobre os interesses da sociedade, espaços esses que até os dias de
hoje abrigam conflitos, motivações e interesses de determinadas classes.
Baseadas nas condições citadas, as atividades foram estrategicamente regidas com
vistas à apropriação de teorias, métodos de intervenção e processos reflexivos ligados às
ações de mudanças na formação de professores e da educação como um todo.
Ao adentramos nesse universo da formação docente, a primeira conclusão que se tem é
de que estamos lidando com uma tarefa complexa, por isso se deve estimular as inter-relações
dos estudantes bolsistas, universitários (ID’s- iniciação à docência pelo PIBID) nas
instituições escolares públicas com os professores que estão na escola, especialmente se o
objetivo central é formar sujeitos conscientes do lugar que ocupam no trabalho social, das
necessidades dos educandos e de mudanças na realidade educacional.

O Programa

O PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência é um programa da


CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e tem por objetivo
fomentar a formação inicial e continuada de profissionais do magistério básico, numa ação
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que articula a participação de estudantes dos Cursos de Licenciatura das Universidades


Públicas nas escolas da Educação Básica sob a supervisão de professores da Universidade.
Traça-se ainda como objetivo principal a elevação da qualidade da formação inicial de
professores nos cursos de licenciatura, promovendo a integração entre educação superior e
educação básica, além disso, o programa ao inserir licenciandos no cotidiano de escolas da
rede pública de educação proporciona-lhes oportunidades de criação e participação em
experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e
interdisciplinar que busca a superação de problemas identificados no processo de ensino-
aprendizagem.
A instalação efetiva desse Projeto institucional tem buscado solidificar ações
referentes à formação docente no Estado da Bahia, pensando e repensando o lugar e os
caminhos da docência e revendo a relação Universidade-Escola, a fim de alcançar afinidades
mais institucionalizadas e democráticas a favor da valorização docente e de uma educação
pública de qualidade.
O Programa conta com sistema hierárquico composto por: Coordenador Institucional
(CI); Coordenador de área (CA); Bolsista de Supervisão (SUP); e Bolsista de Iniciação à
Docência (ID), cujas funções serão descritas a seguir de acordo o regulamento do Programa.
Começaremos então pelo coordenador institucional que é o gestor de um projeto
PIBID em uma instituição de ensino superior. Este tendo como principais atribuições:
Acompanhar as atividades previstas no projeto; Dialogar com a rede pública de ensino;
Selecionar coordenadores de área e Designar a função do coordenador de área de gestão de
processos educacionais; Cadastrar e atualizar a relação de participantes para o pagamento da
bolsa; entre outras funções. Já o coordenador de área é o líder de um subprojeto PIBID em
uma instituição de ensino superior. Um Coordenador de Área tem as seguintes funções:
Acompanhar as atividades previstas no subprojeto; Integrar comissões de seleção de
supervisores e bolsistas de iniciação à docência; Apresentar ao CI relatórios periódicos sobre
o subprojeto. Dentre outros encargos que surge no decorrer do subprojeto. Em relação ao
bolsista de supervisão, este é o professor da escola de educação básica pública que orienta e
viabiliza as atividades dos bolsistas de iniciação à docência (ID) na escola. Este informa a
comunidade escolar sobre as atividades do projeto, e tem como principais funções: Elaborar,
desenvolver e acompanhar atividades dos bolsistas ID’s; Controlar a frequência dos bolsistas
ID’s nas atividades; Participar dos seminários de iniciação à docência promovidos pelo
subprojeto.
15455

No que diz respeito ao bolsista de iniciação à docência, segundo o programa, é o


estudante do curso de licenciatura participante do PIBID. O bolsista ID é a principal figura do
Programa, pois o PIBID foi planejado para enriquecer sua formação prática. É importante
lembrar que ao ingressar no PIBID o bolsista ID tem a oportunidade de vivenciar práticas
pedagógicas que talvez só vivesse durante o Estágio regido ou mesmo o exercício da
profissão. O bolsista também dispõe de algumas atribuições, tais como: Dedicar ao menos 08
(oito) horas semanais às atividades do projeto; Registrar através de portfólios ações
desenvolvidas na sala de aula; Apresentar os resultados de seu trabalho no seminário de
iniciação à docência promovida pela Instituição de Ensino Superior (IES). Mas vale ressaltar
que, de acordo o regulamento do Programa o bolsista ID não pode assumir as funções de um
professor da escola nem realizar atividades administrativas, seja na escola, seja no projeto.
(PROGRAMA PIBID-Documentos oficiais da CAPES).

Sobre o subprojeto de Pedagogia

O PIBID/Pedagogia UNEB/Campus X foi contemplado em 2012. Sob a coordenação


da Profª. Me. Luzeni Ferraz de O. Carvalho 4, que sob sua coordenação propôs o subprojeto
com o seguinte tema: Alfabetização, Letramento e Produção de Textos. Nesse período o
Subprojeto era desenvolvido em duas escolas municipais, contemplando o público de 1° ao 5°
ano, contava ainda com a participação de 20 (vinte) bolsistas ID’s e 02 (duas) supervisoras,
divididos em duas escolas, a saber: Escola Municipal João Mendonça e Escola Municipal
Amigos da Natureza. (Extraída de Diário de Campo, Abril, 2012).
Atualmente o subprojeto é desenvolvido por 40 (quarenta) bolsistas ID e 06 (seis)
bolsistas de supervisão distribuídos em 03 Escolas da Rede Pública de Ensino, a saber: Escola
Municipal Amigos da Natureza, Escola Municipal João Mendonça e Escola Municipal
Professora Geni Abutrab Guerra Pessoa, sob a coordenação das docentes Lúcia de Fátima O.
de Jesus5 e Maria Mavanier A. Siquara6, ancorado no tema: Práticas Pedagógicas

4
Doutoranda em Educação na Faculdade de Educação/Universidade de Brasília-UnB. Possui graduação em
Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia - Departamento de Educação- Campus X. Especialista em
Planejamento Educacional. Mestre em Educação pela FaE/UFMG. Membro do Conselho Científico e Fiscal da
Fundação Padre José Koopmans. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Estágio e Pesquisa. Foi
bolsista Coordenação de Área, Enquadramento Funcional: Coordenadora Subprojeto PIBID/Pedagogia/UNEB,
no período de 2012 a 2014. E-mail: [email protected].
5
Profª Drª. Docente da Universidade do Estado da Bahia-UNEB/DEDCX - Coordenadora de área do
PIBID/Pedagogia. E-mail: [email protected]
6
Profª. Msc. Docente da Universidade do Estado da Bahia-UNEB/DEDCX - Coordenadora de área do
PIBID/Pedagogia. E-mail: [email protected]
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Interdisciplinares nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental: Áreas e Saberes Entrelaçados


pela Leitura e Escrita.
As mesmas promovem reuniões para discussão de textos, debates, seminários,
avaliação do subprojeto nas escolas e eventos com os bolsistas ID’s e de supervisão. Nestes
encontros são tratados assuntos concernentes à prática e desenvolvimento do subprojeto nas
escolas: o que pode ser melhorado, de que forma e como devemos auxiliar as crianças em sala
de aula. Nos encontros compartilha-se aprendizados de várias áreas do conhecimento, os
saberes expostos pelos bolsistas e supervisores são debatidos e mediados pelas coordenadoras
que indagam, provocam, e incrementam a reflexão da prática, o exercício da função e a
docência. Promovem ainda a leitura de textos que discutem a vivência em sala de aula, o
processo de aprendizado, práticas inovadoras, entre outros.
Entende-se, portanto, que a partir dessas reuniões, que denominamos de encontros
pedagógicos os saberes vão se articulando, vão se costurando concepções e posturas
pedagógico-críticas entre uma fala e outra dos(as) bolsistas e dos(as) supervisores(as), ideias
vão sendo desconstruídas e construídas, pensamentos se montam, desmontam e remontam a
partir de questionamentos e colocações feitas. Compreende-se que toda essa discussão gera
um aperfeiçoamento na esteira do curso de licenciatura, sem contar que os professores das
escolas parceiras do Programa acabam participando de uma formação continuada a partir dos
estudos propostos, a fim de melhorar a prática pedagógica nos espaços educativos. Pois os
saberes construídos nos momentos de reunião vão desembocando na sala de aula, uma vez
que os bolsistas procuram sempre levar inovações para as salas de aula. (Anotações de Diário
de Campo, agosto de 2014).

O PIBID na Escola Municipal Amigos da Natureza

O Subprojeto PIBID vem sendo desenvolvido nessa escola desde o segundo semestre
do ano de 2012 até o ano corrente, no entanto a experiência aqui relatada será do período
2014 até o fim do primeiro semestre de 2015. O subprojeto de pedagogia é desenvolvido em
três escolas, como já citado, sendo assim focaremos apenas na escola Municipal Amigos da
Natureza, situada em zona urbana, na Rua Armenia, N° 70 no Bairro Liberdade I em Teixeira
de Freitas. O bairro é caracterizado como periférico de classe social baixa, que no seu dia a
dia vivenciam diversos problemas econômicos e sociais, condições precárias de moradia e
higiene que acaba influenciando na prática do professor. A escola atualmente conta com o
15457

trabalho de 12 (doze) bolsistas ID e 02 (duas) bolsistas de supervisão, distribuído nas séries


iniciais do 1° ao 4° Ano nos turnos matutino e vespertino.

Relatando Experiências

Antes do planejamento e desenvolvimento das atividades em sala de aula foram


necessárias algumas leituras teóricas prévias acerca da aquisição do conhecimento, tempo em
que surgem distintas interrogações, mas a que se constitui a centralidade desse trabalho é
sobre: como a criança aprende como se dá o processo de alfabetização. Á medida que vamos
descrevendo as atividades desenvolvidas, as experiências e os novos saberes adquiridos esses
vão sendo articulados à teoria, fazendo assim uma reflexão sobre a ação e pela ação.
Desse modo, foram feitas leituras e estudos que tratam principalmente da linguagem
escrita. A princípio, para entender esse fenômeno da língua escrita baseamo-nos em estudos
de Emília Ferreiro que apresenta uma contribuição sobre a compreensão do sistema de escrita.
Para ela a “escrita pode ser considerada como uma representação da linguagem ou como um
código de transcrição gráfica das unidades sonoras” (FERREIRO, 1996), mas esse processo
não é tão fácil, portanto, existem muitas implicações durante a aquisição desse código,
principalmente, quando as questões são relativas há problemas sociais, familiares e de
natureza intelectual, como é o caso de muitos educandos da Escola aqui descrita. Eglê Franchi
(1996) discorre no livro: “E as crianças eram difíceis... A redação na escola”, que muitos dos
problemas encontrados nas atividades passadas a seus alunos refletiam àquilo que eles viviam
socialmente, à repressão que muitos deles sofriam e ainda seu sentimento de desvalorização e
incapacidade.
Essa reflexão proposta pela autora nos indica que o processo pelo qual a criança
aprende a ler e a escrever não diz respeito apenas ao contexto escolar de sala de aula,
sobretudo carrega outras implicações do mundo externo à escola, como a cultura de mundo
das crianças, sua cultura familiar, o como se expressa a leitura de mundo que as cerca, entre
outros aspectos. Logo, ensinar o código linguístico em suas dimensões de escrita e de leituras
sem pensar nesses fatores externos à escola é possível que não se tenha os resultados
desejados, embora a escola se esforce muito para tê-los. Observando esses aspectos, nesse
momento, é que entra a ação do bolsista ID, com contribuições reflexivas e projetos que
explorem várias dimensões desse saber para auxiliar as crianças na compreensão e
desenvolvimento da leitura e da escrita e para que tenham um melhor desempenho em sala de
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aula, no convívio com os colegas e também com o seu professor/a. Esse auxílio é feito a partir
de atividades discutidas e planejadas pelo bolsista junto ao professor (a) regente.
Assim é que no mês de Abril de 2014 começaram nossas idas à Escola Municipal
Amigos da Natureza. O objetivo de nossa ida era vivenciar a experiência em sala, pois
conhecíamos até então só a teoria dentro da Universidade. Por mais que soubéssemos qual era
nosso objetivo e o que deveríamos fazer, não sabíamos como aconteceriam às coisas de fato,
com que realidade iríamos nos deparar, talvez isso nos tenha deixado um pouco apreensivas
no início, mas a ida a escola com a observação na sala e a nossa participação no
compartilhamento da docência fizeram com que diariamente fossemos entendendo o processo
de interação com as crianças, fossemos aprendendo com as mesmas seu modo de aprender e
de ser em sala de aula. Nesse tempo pedagógico de entrada nas escolas fomos também
observando que as crianças ficavam mais receptivas e foi se tornando menos difícil a tarefa de
ensino, tudo sendo feito com empenho, respeito e carinho. Criança precisa de cuidados,
respeito e carinho mesmo na escola. Desse modo, compreendemos que a ansiedade em só
ensinar o já programado pode também ser renegociado para aprendermos todos juntos com
questões que as crianças apontam, inquirem, com seus jeitos de pensar, ler e escrever entre
outras habilidades, e, assim aproveitamos para munirmos de conhecimento e experiência
junto aos sujeitos da escola.
Isso posto, Nóvoa (2003, p. 5) nos faz refletir quanto às experiências vividas no
espaço escolar, quando diz que:

É evidente que a Universidade tem um papel importante a desempenhar na formação


de professores. Por razões de prestígio, de sustentação científica, de produção
cultural. Mas a bagagem essencial de um professor adquire-se na escola, através da
experiência e da reflexão sobre a experiência. Esta reflexão não surge do nada, por
uma espécie de geração espontânea. Tem regras e métodos próprios.

Começamos a ter outro olhar para a escola, para a criança e para sua realidade.
Participar desse programa está sendo uma ótima experiência, estar em contato com a escola,
com os alunos fez-nos crescer como pessoas e como acadêmicas em formação, tanto para a
vida profissional, quanto pessoal.
Em sala, buscamos motivar os alunos, planejando aulas que estimulem a curiosidade
dos mesmos juntos com os professores regentes, visto que a curiosidade é um elemento
fundamental do processo de ensino e aprendizagem, pois ao ser despertada ela contribui para
a motivação dos alunos na busca dos conhecimentos. Assim sendo, planejamos e aplicamos
junto com o professor regente atividades que buscam atrair a atenção, provocar, envolver,
15459

encantar, motivar, mobilizar as crianças, utilizando-se do que ele gosta de fazer e de como
engajá-lo no ensino/aprendizagens, propiciando as descobertas.
Sendo assim o programa tem por finalidade antecipar ao bolsista de iniciação à
docência o contato com o seu campo de trabalho, levando-o a avaliar a sua ligação e
adaptação de sua escolha profissional, bem como à percepção sobre os desafios que a prática
pedagógica apresenta e, ainda, sua própria satisfação com essa escolha. Consequentemente,
essa oportunidade proporciona a nós, bolsistas, uma experiência única durante a formação,
vivenciando situações reais do cotidiano escolar, visto que para muitos, esta é a primeira
experiência com a docência.
Visto que cada bolsista ID apresenta características, interesses, capacidades e
necessidades de aprendizagem diferentes um do outro, ao iniciarmos nossas atividades na
escola, passamos a ter um novo olhar sobre a mesma, pois ao participar do cotidiano escolar,
notamos a importância da motivação e do conhecimento para o desenvolvimento do potencial
criativo dos alunos. Neste sentido, a motivação para aprender e o clima de sala de aula são
fatores essenciais que contribuem para o desenvolvimento da criatividade e também para o
processo de construção e aquisição de conhecimentos.
Nos registros dessa experiência tem-se um exemplo de uma aluna, que tinha baixo
rendimento escolar em todas as disciplinas, “quando comecei a trabalhar com ela atividades
diferenciadas e especificas nas aulas, foi notável o seu bom desempenho após o reforço
escolar, diminuindo assim as suas dificuldades. Após alguns meses, começou a melhorar seu
rendimento significativamente, e passou a participar das aulas com mais interesse”. As bases
motivacionais direcionam alunos, professores e a família dos educandos na escola, para que
sejam todos integrados na educação e que nela todos possam formar valores, atitudes
favoráveis à sua cidadania e dominem competências para melhorar sua vida concreta no
mundo, melhorando em todos os aspectos a vida social.

Relatando Atividades

Dentre as distintas atividades trabalhadas em sala de aula, elegemos para reflexão e


análise desse trabalho as seguintes:
15460

Atividade 17

Título: “Outra letra, outra palavra” - Prática de Escrita.

Objetivo: Comparar a palavra quanto às semelhanças e diferenças sonoras e


trabalhar com o alfabeto móvel.

Descrição: A atividade foi trabalhada com um grupo de 04 crianças do 1° Ano, com


nível de escrita silábico alfabético sem valor sonoro, onde com auxílio do alfabeto
móvel deveria montar a palavra e escrevê-las observando que ao mudar uma letra
obtém-se outra palavra e consequentemente outro significado. Essa opção de
atividade partiu devido à algumas confusões que surgiam entre as crianças, nas aulas
havia muita confusão de palavras com sons parecido, como: BOLO-LOBO; PATO-
GATO; FACA-VACA, entre outras, nesse sentido, a professora regente e eu
achamos por bem trabalhar atividades em que as crianças pudessem compreender
que apesar de ter sons parecidos essas palavras têm sentidos diferentes. Assim, as
crianças foram levadas para biblioteca, onde espalhamos o alfabeto móvel no chão e
começamos a montar as palavras, após a montagem era feita a escrita da palavra na
atividade proposta. No desenvolver da atividade foi possível observar que quando as
crianças montava a palavra, as mesmas percebiam a diferença entre uma palavra e
outra, e logo diziam: “ah tia, é só trocar uma letra, nem precisa mudar tudo...”,
percebemos então que os pequeninos se envolvem e aprendem mais quando há
mediação pedagógica e recursos que facilitam a aprendizagem como o alfabeto
móvel aqui utilizado. Todas as crianças conseguiram realizar as atividades de forma
tranquila, e alcançaram o principal objetivo que era compreender as diferenças das
palavras com mesmo som.

Atividade 28

Título: Bingo de Palavras

Objetivo: Desenvolver a reflexão sobre as propriedades sonoras das palavras e sua


forma escrita. Compreendendo que as palavras são compostas por unidades sonoras
que podem ser pronunciadas separadamente.

Descrição: A atividade foi realizada em uma turma do 2º ano com 24 alunos, a


maioria estava na hipótese silábico com valor sonoro e os demais silábico alfabético.
A atividade foi realizada com toda a turma, onde a finalidade da mesma era pôr em
prática, de forma divertida, a análise de palavras, sons e sílabas semelhantes, por
meio dela, os educandos são motivadas a observar propriedades do sistema
alfabético e semelhanças sonoras. A atividade foi realizada na sala, com os alunos
sentados no chão em circulo, a professora e eu acreditávamos que essa maneira
incentivava os alunos a interagir uns com os outros e deixar de lado um ensino
monótono. A atividade era simples, mas que contemplava uma riqueza no auxilio as
dificuldades vividas pelos alunos e por nós professores, e pibidianos, dificuldades
essas de leitura e escrita. Essa atividade foi um meio de trabalhar com eles a leitura e
exercitar seu cognitivo. Cada um recebeu uma cartela contendo nomes variados. De
acordo com a palavra que eu ia retirando da sacola os alunos iam colocando sobre a
palavra uma tampa de garrafa pet. Quando completava a cartela eles gritavam bingo.
O resultado era melhor do que imaginávamos, pois os alunos além de conseguirem
realizar a atividade, eles tinham uma boa relação de ajuda e auxilio com o colega ao
lado.

Atividade 39

7
Diário de Campo, Novembro de 2014.
8
Diário de Campo, Agosto de 2014.
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Título: Jogo Linguístico

Objetivo: Estimular o processo de compreensão das crianças acerca da língua


escrita como sistema de representação.

Descrição: A atividade foi realizada em uma turma com 28 alunos que foram
divididos em três grupos, todas as crianças estão no nível de escrita alfabético e são
do 3º ano. O jogo linguístico é uma atividade didática que foi utilizada como
estratégia de ensino voltada para aquisição de sistema sonoro. Dada as dificuldades
dos educandos com o som e respectivamente com a escrita de algumas palavras e em
especial com algumas sílabas, a professora regente e eu elegemos e listamos
algumas palavras que continham sílabas com um grau de complexidade um tanto
elevado para os mesmos. A realização da atividade se deu com as crianças sentadas
em suas cadeiras, elas foram organizadas e divididas em três grupos, dois com 9
crianças e um com 10. No desenvolver da atividade foi possível observar a euforia
das crianças, pois as mesmas vincularam a atividade a uma brincadeira. De forma
descontraída, íamos questionando se tal palavra tinha determinada letra ou não,
assim dávamos prosseguimento à atividade, ditando palavra por palavra e corrigindo
quando preciso. A cada acerto o grupo de educandos vibrava, e a euforia só
aumentava, quando ocorria erro eu ia até a lousa e escrevia a palavra corretamente.
Ao final da atividade saiu um grupo “vencedor”, mas todos foram beneficiados com
o aprendizado e conhecimento.

Roteiro de Perguntas

Tem ou não tem as letras NH na palavra Manhã?

Tem QU ou GU na palavra Preguiçoso?

Tem as letras GE ou GI na palavra Gigante?

Tem as letra Ç ou SS na palavra Laço?

Tem as letras ÃU ou ÃO na palavra Coração?

Tem as letras S ou SS na palavra Pessoa?

Tem as letras X ou CH na palavra Xarope?

Tem ou não tem as letras LE na palavra Óleo?

Tem as letras LI ou LH na palavra presilha?

Durante a realização dessas atividades foi possível observar o entrosamento e


envolvimento por parte dos educandos. Em depoimento um dos alunos diz: “ah tia, assim é
melhor, porque, ao mesmo tempo, que a gente brinca, a gente aprende também”. Percebe-se
nesse relato a importância da ludicidade e do brincar em sala de aula, mas sabemos que o
“brincar” deve ser acompanhado da prática pedagógica intencionada, planejada com

9
Diário de Campo, Março de 2015.
15462

determinado fim, lembrando também do nosso compromisso em sala que é mediar a


construção do conhecimento com e pelas crianças, nesse caso, na compreensão e aquisição da
linguagem escrita. Acreditamos que ao trabalhar com atividades lúdicas, as crianças
desenvolvem melhor a linguagem oral, a atenção e o raciocínio. Assim, todas as atividades
citadas trás consigo a ludicidade, trabalha a mente, o corpo, a socialização e interação.
Ensinar a criança de uma maneira mais dinâmica é provocar nelas o interesse em querer
aprender, desse modo, os jogos pedagógicos e outras atividades lúdicas atuam como recurso
facilitador desse processo.
Durante o desenvolvimento das atividades descritas acima e seus resultados
percebemos o valor dessa experiência para nossa formação docente, no desenrolar das
mesmas, íamos descobrindo os jeitos das crianças manifestarem seus modos de aprender.
Acreditamos que trata-se de um processo de ensino-aprendizagem onde além de ajudá-
los nesse processo aprendíamos e continuamos aprendendo com as crianças.

Aspectos Conclusivos

Desde o início, o PIBID tem se consolidado como uma iniciativa muito importante no
que diz respeito à formação inicial dos acadêmicos em licenciatura, representando uma grande
oportunidade de formação de professores no ensino superior. Mais do que um mero espaço
novo, acreditamos que a ideia é produzir novos significados na formação de professores,
porém pensamos que as ações a serem propostas precisam referenciar-se em metodologias
pedagógicas críticas, pois tal condição certamente fortalecerá o ensino dos conteúdos
disciplinares à medida que esse processo ocorre.
Os conhecimentos vão sendo construídos, ao mesmo tempo em que se impõem novos
desafios e questionamentos, mas os bolsistas têm a possibilidade de aprimorar os saberes
necessários ao exercício da docência articulando estes saberes ao ensino e aprendizagem, indo
além dos dados disciplinares das diferentes áreas do conhecimento.
Acreditamos que o acadêmico ao adentrar a sala de aula, leva consigo uma espécie de
bagagem teórica aprendida nos bancos universitários. Isto porque no curso das disciplinas ele
vai conhecendo, teoricamente, os vários elementos que compõem o contexto escolar,
ajudando-nos na elaboração e desenvolvimento das primeiras atividades, o que vale a pena
salientar que após a primeira experiência teórico-prática na/com a escola com a participação
dos alunos, ficamos muito motivadas, o que possibilitou uma reflexão e um amadurecimento
no planejamento das atividades para as próximas aulas. As atividades desenvolvidas não só
15463

contribuíram para aquisição de conhecimentos dos alunos, como também faz parte da
formação acadêmica de todos nós, professores em formação, permitindo uma melhor
qualificação na nossa futura atuação profissional.

REFERÊNCIAS

FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo, Editora Cortez, 1996.

FRANCHI, Eglê Pontes, E as crianças eram difíceis: A Redação na escola. 5º Ed. São
Paulo: Martins Fontes, 1993.

NÓVOA. Antônio. Novas disposições dos professores: A escola como lugar da formação.
Disponível em http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1/21205-ce.pdf. Acesso em 05 de maio
de 2015.

NOVO REGULAMENTO DO PIBID – Portaria CAPES n° 096 de 18 de julho de 2013.


Disponível em http://www.uneb.br/pibid. Acesso em 05 de maio de 2014.

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