SD - Crônica - 2 - Série
SD - Crônica - 2 - Série
SD - Crônica - 2 - Série
PERGUNTAS
Passa-se um tempo, olha-se o relógio, quem sabe são cinco horas. Nem
quatro chegaram. Quem estará acordado agora? E nem posso pedir que me
telefonem no meio da noite pois posso estar dormindo e não perdoar. Tomar
uma pílula para dormir? Mas e o vício que nos espreita? Ninguém me
perdoaria o vício. Então fico sentada na sala, sentindo. Sentindo o quê? O
nada. E o telefone à mão.
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MÓDULO 0.2
A PRODUÇÃO INICIAL
Vamos lá?
06
MÓDULO 1
A CRÔNICA: QUE TEXTO É ESSE?
Crônica
É um gênero textual do tipo narrativo que
O que é possui uma “vida curta”, trata de
acontecimentos corriqueiros presentes em
C rônica ? jornais e revistas, portanto, os assuntos
abordados são voltados ao dia a dia deixando
suas impressões, ideias e visões da realidade
que não foram percebidas por todos.
❖ Tematiza situações do
cotidiano;
Características ❖ Linguagem simples;
❖ Narrativa curta;
❖ Poucos personagens.
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Crônica Jornalística
Seus temas são das mais variadas ordens e vão desde a seriedade de
assuntos da economia, política, educação e saúde até os mais banais, como
futebol, vida cotidiana, temas internacionais variados, cinema, entre outros.
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DAS VANTAGENS DE SER BOBO
por Clarice Lispector
- O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar no mundo.
-O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntando por que não
faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."
-Ser bobo ás vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio
da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem à ideia.
-Os espertos estão sempre atento às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e
este os veem como simples pessoas humanas.
- O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes o bobo é um Dostoviéski.
-Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido
para a compra de um ar-refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo,
praticamente sem uso porque sse mudou para Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho
sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamadao um técnico , a opinião deste era de que o
aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro.
-Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar
tranquilo. Enquanto o esperto não dorme a noite com medo de ser ludibriado.
-Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o
bobo não prevê. César terminou dizendo a frase célebre: "Até tu, Brutus?"
- O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos.
-Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso que os espertos não conseguem
passar por bobos.
-Bem aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que
saibam que eles saibam.
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DAS VANTAGENS DE SER BOBO
por Clarice Lispector
-Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo,
com fútil). Minas gerais, por exemplo, facilita o ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em
Minas.
- Bobo é Chagal, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas.
-É quase impossível evitar o excesso de amor que um bobo provoca. É que só o bobo é capaz de
excesso de amor. E só o amor faz o bobo.
PERGUNTAS
04 Diante da explicação que a autora discute, qual a posição defendida pela autora?
05 Pela leitura que você fez do título do texto, você concorda que há relação
do título com aquilo que está sendo discutido na progressão textual?
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EU NÃO ESTOU FAZENDO NADA...
por Roberto DaMatta
“Tento escrever uma crônica e está complicado. Você está fazendo o quê?”
Essa afirmação me intriga. Afinal, o “não fazer nada” está em oposição complementar ao
“fazer alguma coisa” que nos remete à universalidade do trabalho e do lazer. Do pêndulo:
movimento/repouso. E, no caso brasileiro, a expressão tem uma ligação direta com a
preguiça como um valor que consagra o ter emprego, mas não trabalho. Sai e entra
governo, mas esse projeto permanece imutável.
Afinal, o que isso significa realmente? Sei que o nada é uma categoria difícil de ser
traduzida. Aliás, eu não seria ingênuo a ponto de pretender explicar o tratado de Jean-
Paul Sartre – O Ser e o Nada – publicado nos anos 1940, no qual se discute a construção
do humano como um atuar sobre o mundo. Uma intenção sem a qual nos colocaria
diante da paralisia do “nada”...
Voltando, porém, à coluna e ao jornal, pode-se dizer que o “não fazer nada” remete a
imobilidade e, nesse sentido, o “nada” seria como o zero da matemática; ou o espaço
vazio e uma tela esperando um pintor. Seria o ar bolorento inutilmente guardado numa
gaveta; ou, quem sabe, seria esse batido (e esgotado) populismo que tudo promete e
nada realiza...
Eu sou pequeno para o tamanho da questão, mas posso afirmar que o nada do nosso
dia a dia define uma pausa ou um hiato nas permanentes tarefas e trabalhos impostos
pela vida. Trabalhos sem os quais nós não teríamos vida; ou melhor, teríamos uma vida
oca. Um existir no qual não houve espaço para que nela ocorresse alguma coisa. Uma
vida vazia fabrica uma biografia sem coisa alguma – uma bela contradição, porque o
vazio existencial é um feito formidável. Daria um conto de Edgar Alan Poe, imaginar uma
vida na qual nada ocorreu; ou melhor dizendo: na qual o nada foi o tudo daquela
existência.
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EU NÃO ESTOU FAZENDO NADA...
por Roberto DaMatta
Eu luto para escrever, mas o meu amigo imaginário nada faz. Ele me lembra os ajustes fiscais do
Brasil que punem o povo e continuam mantendo uma camada dominante que se aristocratiza a cada
eleição. Pois elegemos muita gente comum que, empossada, torna-se nobre com os privilégios
embutidos nos cargos. Então, embriagados, viram reis e fazendo tudo sem fazer nada...
PERGUNTAS
02 Você acha que o autor está expressando a opinião dele além de narrar o
texto?
05 Onde você acha que essa crônica poderia ser encontrada: em um livro ou
um jornal?
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O HOMEM TROCADO
por Fernando Veríssimo
Houve uma troca de bebês no berçário e ele foi criado até os dez anos por um casal
de orientais, que nunca entenderam o fato de terem um filho claro com olhos redondos.
Descoberto o erro, ele fora viver com seus verdadeiros pais. Ou com sua verdadeira
mãe, pois o pai abandonara a mulher depois que esta não soubera explicar o
nascimento de um bebê chinês.
Na escola, vivia recebendo castigo pelo que não fazia. Fizera o vestibular com sucesso,
mas não conseguira entrar na universidade. O computador se enganara, seu nome não
apareceu na lista.
–Há anos que a minha conta do telefone vem com cifras incríveis. No mês passado tive
que pagar mais de R$ 3 mil.
– O senhor não faz chamadas interurbanas?
– Eu não tenho telefone!
Conhecera sua mulher por engano. Ela o confundira com outro. Não foram felizes.
– Por quê?
– Ela me enganava.
Fora preso por engano. Várias vezes. Recebia intimações para pagar dívidas que não
fazia. Até tivera uma breve, louca alegria, quando ouvira o médico dizer: - O senhor está
desenganado. Mas também fora um engano do médico. Não era tão grave assim. Uma
simples apendicite.
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O HOMEM TROCADO
por Fernando Veríssimo
PERGUNTAS
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Exposição, apresentações culturais e degustação são destaques no Dia dos
Povos Indígenas, em Oiapoque
Por Rafael Aleixo
Evento inicia às 16h desta quarta-feira (19) na Associação Uasei. Programação terá
participação de produtos dos povos indígenas Karipuna, Palikur, Galibi Marworno e
Galibi Kali'na.
Uma programação em Oiapoque, no extremo norte do Amapá, celebra o Dia dos Povos Indígenas
nesta quarta-feira (19). O evento está previsto para iniciar às 16h e contará com a exposição de
artesanatos, apresentações culturais, degustação de produtos com açaí e exibição de filmes.
O momento ocorrerá na sede da Associação Uasei dos Povos Indígenas de Oiapoque, que utiliza os
frutos do açaí coletados em 17 aldeias. Além da polpa, a associação vai expor o pó do produto.
Serão apresentados produtos dos povos indígenas Karipuna, Palikur, Galibi Marworno e Galibi
Kali'na. Além dos moradores do município, a organização do evento também espera receber turistas
da Guiana Francesa.
Entre as atrações está a participação do coletivo de artistas indígenas Waçá-wara, que realizará
exposição de pinturas em tela, desenho, artes em cuias, esculturas, artesanatos, performances e
apresentações culturais.
A programação tem apoio do Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé). Segundo o
instituto, o município de Oiapoque possui cerca de 10 mil indígenas que vivem em 65 aldeias em 3
terras indígenas.
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O Elefante Amarrado
Autor Desconhecido
Certa vez, um menino foi ao circo com sua família, essa foi a primeira vez que o circo se apresentou na
sua cidade e todos estavam muito animados.
Depois do espetáculo o menino estava encantado com todas as apresentações.
Então, ele pediu ao seu pai irem aos bastidores porque ele queria ver o elefante mais de perto.
De todos os animais esse era o que tinha deixado o menino mais maravilhado.
Ao chegarem nos bastidores o menino ficou intrigado com uma coisa, todos os animais estavam enjaulados
exceto o elefante que estava com a pata amarrada a uma estaca no chão.
Então ele perguntou a seu pai:
– Pai, por que o elefante, que é o maior e mais forte dos animais está preso somente por esta estaca e
esta corda? Qualquer um pode ver que se ele quiser poderá escapar facilmente.
– Meu filho, quando ele era pequeno foi amarrado por uma corda e uma estaca iguais a essa, naquela
época ele não tinha força para escapar. O tempo passou, ele cresceu, mas até hoje ele ainda acredita que
não pode escapar e que essa estaca e esta corda são mais fortes que ele.
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Conheça alguns autores
Clarice Lispector
Um dos maiores nomes da literatura brasileira, Clarice Lispector possui uma vasta obra
literária, além de livros de destaque como "A Hora da Estrela", a escritora trabalhou durante
anos no Jornal Correio da Manhã e no Jornal do Brasil, locais onde publicou diversas
crônicas. Sua produção como cronista foi reunida no livro intitulado "A descoberta do
mundo" publicado em 1984.
Luis Fe r n a n d o Ve r i s s i m o
É escritor, cartunista, tradutor, roteirista e humorista. Suas produções já foram reunidas em
várias coletâneas, inclusive, suas crônicas. A sua coletânea mais conhecida é intitulada "Ed
Mort e outras histórias " publicado em 1979. Su obra é marcada, principalmente, pela ironia.
João do Rio
Notabilizou-se como o primeiro homem de imprensa brasileira que teve o senso de
reportagem de crônica social modernas. Sua estréia no jornalismo se deu no jornal Cidade do
Rio (1899). Fundou o Rio Jornal, A Pátria (1926) e a revista Atlântica (1915), esta última com o
escritor português João de Barros.
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UM MOMENTO DE CONVERSA
Jornal
Revista
Internet
O conteúdo apresentado no
Existe um narrador
seu texto está adequeado
personagem ou um narrador
para o tipo de crônica
observador?
escolhido?
20
FIM!
D A S EQ U ÊN C IA D ID Á TIC A
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular.
Brasília, 2018.