Internacional Saude 2
Internacional Saude 2
Internacional Saude 2
INTERNACIONALIZAÇÃO
DA SAÚDE
1. Conceito de saúde
2. Determinantes sociais da saúde (DSS)
3. Saúde internacional
4. Saúde global
5. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
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Mas, antes de apresentarmos uma reflexão sobre o conceito de saúde,
precisamos estar cientes de que, no mundo, há pluralidade de conceitos sobre
tudo que pudermos imaginar, o que significa que todo e qualquer assunto possui
inúmeras definições e que, portanto, esses assuntos não param de ser pensados
e repensados. Em outras palavras, nenhum conceito é estático e nem imutável.
Isso pode parecer estranho à primeira vista, mas esse é o cenário ideal para o
progresso científico, acadêmico, profissional e social. Ou seja: aceitar e abraçar
múltiplos olhares e interpretações sobre um determinado assunto é o melhor
caminho para um aprimoramento.
No que se refere especificamente ao conceito de saúde, podemos refletir
acerca de seu significado com base em duas dimensões, quais sejam:
Saiba mais
Em seu artigo História do conceito de saúde, o médico e professor Moacyr
Scliar (2007) fornece e discute informações e tece uma reflexão interessantíssima
acerca da evolução histórica do conceito de saúde. Segundo o autor, a
compreensão de saúde reflete uma dada conjuntura social, econômica, política e
cultural, não representando a mesma coisa em todas as épocas. O artigo pode
ser lido em:
<https://www.scielo.br/j/physis/a/WNtwLvWQRFbscbzCywV9wGq/?lang=pt>.
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alcançado pela sociedade, pautando-se em uma perfeição inatingível. Essa
argumentação não está errada, pelo contrário. Trata-se de uma crítica com
fundamentos sólidos, relevantes e práticos. Afinal, o que seria um estado de
completo bem-estar físico, mental e social? Será que existiria uma solução
objetiva para isso?
Apesar disso, podemos entender o conceito como um norte para a
sociedade, ou seja, como um ideal a ser perseguido a fim de que políticas públicas
na área da saúde sejam mais bem formuladas e tornem-se objeto de discussões
sérias e frutíferas, seja no âmbito nacional, seja no âmbito internacional. Conforme
ressalta Caponi (1999, p. 3, citado por Lunardi, 1999, p. 27), “é possível entender
este ‘máximo de bem-estar’ como algo desejável de ser alcançado, uma máxima
que deva, como um direito inalienável do homem, ser insistentemente buscada e
procurada por todos os homens”.
Em 2018, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas, 2018) publicou
o documento Health indicators: conceptual and operational considerations, no qual
defende o conceito de saúde da OMS (1946), argumentando que ele ainda é
válido para a contemporaneidade e considerando-o um avanço em relação à
definição fornecida pelos modelos biomédicos que eram dominantes até a sua
publicação.
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sobre quais profissionais possuem participação fundamental na elaboração e
execução de políticas públicas concernentes a esse tema e, por fim, de alguns
dos principais DSS.
Quando se fala em saúde e longevidade, o que vem a sua mente? Muitas
pessoas, especialmente os leigos, pensam em profissionais da área da saúde
cuidando de pessoas enfermas em hospitais, clínicas e consultórios. Todavia,
sabemos que essa se trata de uma visão limitada sobre o assunto, não é mesmo?!
O conhecimento e a prática dos profissionais da área vão além dos muros dessas
instituições. Afinal, a saúde também engloba o bem-estar social e, portanto, os
DSS.
Para a OMS, o conceito de DSS é o seguinte: são fatores não médicos
“[...] que influenciam os desfechos de saúde. São as condições em que as
pessoas nascem, crescem, trabalham, vivem e envelhecem, e o conjunto mais
amplo de forças e sistemas que moldam as condições da vida cotidiana” (Social,
[S.d.], tradução nossa). Em outras palavras, esses fatores afetam a saúde da
população, pois determinam a que as pessoas têm acesso e o que podem fazer
para melhorar sua qualidade de vida, bem-estar e saúde. Por exemplo, as
pessoas com maior nível de renda têm melhores condições de saúde, pois têm
acesso a melhores serviços de saúde, medicamentos, água potável, educação e
assim por diante. Por outro lado, as pessoas com baixa renda tendem a ter menos
acesso a esses elementos. Consequentemente, podemos reafirmar que, quanto
menor a posição socioeconômica de um país, pior tende a ser a saúde, nesse
país.
De acordo com uma publicação realizada pela Fundação Oswaldo Cruz –
Fiocruz (O que é, [20--]), o estudo dos DSS na América Latina emerge na década
de 1970, buscando compreender os limites das tecnologias médicas em face dos
problemas de saúde e, consequentemente, dando maior atenção aos fatores
socioeconômicos pertinentes à relação saúde-doença.
Para a OMS, profissionais da área da saúde possuem participação
fundamental para a criação de políticas públicas que visem combater a
iniquidade em saúde, diminuindo seus impactos negativos nas comunidades
(Social, [S.d.]). A OMS lista alguns dos principais DSS com potencial para
influenciar positiva e negativamente a saúde de uma nação, quais sejam:
• renda;
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• saneamento básico;
• educação;
• emprego;
• qualidade de vida e no trabalho;
• alimentação;
• habitação;
• meio ambiente;
• desenvolvimento da primeira infância;
• inclusão social e não discriminação;
• serviços de saúde acessíveis e de qualidade decente.
Ainda de acordo com a OMS, os DSS são responsáveis por entre 30% a
55% dos desfechos de saúde no mundo. No entanto, os DSS constituem assunto
multifacetado e complexo, que engloba uma série de áreas do conhecimento.
Apesar disso, as dificuldades não podem ser suspensivas para que a equidade
em saúde seja pensada, repensada e perseguida, longe disso! A realidade social
só poderá ser alterada quando os DSS, embora muito complexos, forem objeto
de profunda reflexão e pauta para a formulação de políticas públicas (Social,
[S.d.]).
Uma das formas de se atingir um resultado positivo, com isso, é mediante
a implementação de programas de saúde que atendam às necessidades
específicas aos grupos vulneráveis. É preciso que esses programas sejam
acessíveis e que não excluam nenhum grupo da população. Além disso, é
necessário que as pessoas tenham acesso a informações sobre as possibilidades
de assistência e tratamento que lhes estão à disposição. Dessa forma, para que
a redução das desigualdades seja alcançada, a participação da sociedade civil
também se faz primordial. Afinal, são muitos os desafios a serem combatidos e,
consequentemente, as ações a serem implementadas para o enfrentamento das
iniquidades relacionadas à saúde (Social, [S.d.]).
Não se pode negar que a saúde é um dos temas mais relevantes para as
relações internacionais, sendo objeto de muitos debates em fóruns internacionais,
na formulação e adesão a tratados, na criação de organizações internacionais
(OIs), sejam governamentais (OIGs), sejam não governamentais (OINGs) e assim
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por diante. Embora não possamos determinar com precisão o período em que a
saúde se tornou um assunto de preocupação internacional, o século XX tem uma
grande importância histórica para o assunto (McInnes; Lee, 2013).
Assim sendo, neste tópico abordaremos a saúde internacional, tratando
sobre seu conceito e suas principais características, bem como do surgimento
e evolução do termo e sua concepção.
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internacional é a grande responsável pela transição dos paradigmas da saúde
internacional para a saúde global. Como consequência disso, se faz necessário
esforços de cooperação internacional entre os Estados. Nesse sentido, Sampaio
e Ventura (2016, p. 153) afirmam que:
A saúde global traz a ideia de que a saúde das pessoas do mundo deve
ser sustentada por um esforço coletivo internacional, sem desprezar-se
as especificidades locais. Deve-se, portanto, buscar compreender os
fenômenos locais em articulação com as questões globais. O objetivo
principal da ideia de saúde global é o de superar as dificuldades
mundiais de saúde de forma coletiva e cooperativa, sem fronteiras.
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sua posse ou de seu consumo; e que seus benefícios sejam disponíveis a todos”
(Fortes; Ribeiro, 2014, p. 368).
Sem embargo, não podemos desconsiderar que a noção de saúde global
é uma evolução e que, portanto, ainda possui ligação com algumas ideias de sua
antecessora. Em outras palavras, na saúde global ainda há a preocupação com a
filantropia internacional e com a propagação de doenças infecciosas
transnacionalmente; mas ela não se limita a isso.
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Embora exista um objetivo específico para tratar de temas relativos à saúde
(ODS 3), a abordagem do tema não está restrita a esse objetivo, pelo contrário
(Silveira; Sousa, 2022). Se tomarmos como base os DSS, teremos claro que todos
os objetivos influenciam, direta ou indiretamente, na saúde e no bem-estar das
populações mundiais. Afinal de contas, é possível desassociar a saúde de outras
esferas da vida, como: igualdade de gênero, proteção da água, trabalho justo e
assim por diante? Não, não é possível. Em outros termos: não é possível viver
com saúde em ambientes doentes.
Todavia, os esforços não se restringem à decisão de líderes mundiais,
governos e gestão pública. Os ODS devem nortear também o trabalho de
organizações não governamentais (ONGs), empresas privadas e todos nós, como
pessoas. Isto é, todos nós temos um papel e um compromisso com os ODS. Mas,
cabe destacar que a colaboração do setor privado é essencial, nesse sentido, para
alcançarmos as 169 metas dos 17 ODS, já que esse setor é detentor de grande
poder econômico e, por essa razão, capaz de impulsionar inovações e novas
tecnologias.
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REFERÊNCIAS
BIRN, A.; PILLAY, Y.; HOLTZ, T. H. Textbook of Global Health. Oxford: Oxford
University Press, 2017.
McINNES, C.; LEE, K. Global Health & International Relations. Malden: Polity
Press, 2013.
SAMPSON, S.; FELMAN, A. What is good health? Medical News Today, 19 abr.
2020. Disponível em: <https://www.medicalnewstoday.com/articles/150999>.
Acesso em: 25 jan. 2023.
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