Relatório 1 - Micro Tec
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MICROBIOLOGIA DO AR
18/04/2024
I – Introdução
O ar constitui-se de uma mistura gasosa que compõe a atmosfera terrestre. Embora não
seja abundantemente nutritivo, o ar abriga uma microbiota complexa, contendo fungos, vírus e
bactérias em suspensão. A problemática associada à qualidade do ar em ambientes internos tem
suas raízes no crescimento dos centros urbanos, exemplificado pela construção de edifícios cada
vez mais altos, demandando condições propícias para as atividades desenvolvidas neles
(Menzies, 1997).
A presença de microrganismos no ar pode ser prejudicial à saúde das pessoas expostas,
gerando impactos negativos na sociedade em geral. A Síndrome do Edifício Doente (SED),
caracterizada pela manifestação aguda de sintomas em pelo menos 20% dos ocupantes de um
ambiente fechado, ilustra claramente como a qualidade microbiológica do ar pode afetar a saúde
pública.
O crescimento e a industrialização das cidades têm contribuído para o aumento da
prevalência de reações de hipersensibilidade nos centros urbanos ao longo dos anos. As razões
para esse fenômeno, ocorrendo rapidamente e não explicáveis por alterações genéticas nas
populações, parecem envolver fatores ambientais, incluindo a qualidade do ar em ambientes
internos (Nilson et al., 2004).
Diversos parâmetros são essenciais para o controle da qualidade do ar em ambientes
internos. Determinações de temperatura, umidade e velocidade do ar são rotineiramente
realizadas como indicadores de conforto térmico. Além disso, a umidade e a temperatura são
fatores que influenciam o crescimento de microrganismos e afetam as emissões químicas dos
materiais dos edifícios (Fang et al., 1999).
A quantificação de microrganismos no ar é crucial devido às suas implicações diretas
para a saúde humana e pode ser utilizada para identificar fontes de contaminação. Existem
diversas metodologias para essa análise, embora não haja consenso entre os especialistas sobre
qual deve ser considerada padrão (Lee et al., 2004). Entre os métodos disponíveis estão a
sedimentação espontânea, filtração, precipitação eletrostática, impactação centrífuga, impactação
em meio líquido e impactação em meio sólido (Hayes et al., 1995).
No método de impactação em meio sólido, o mais comum, os equipamentos aspiram o
ar e lançam as partículas diretamente sobre meios de cultura em placas de Petri. O cultivo dos
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microrganismos permite gerar resultados quantitativos pela contagem das unidades formadoras
de colônias (UFC) resultantes (Morris et al., 1999).
No Brasil, a preocupação com a qualidade do ar em ambientes internos levou à
publicação de legislações específicas, como a Portaria GM/MS nº 3523 de 28/08/1998 (Brasil,
1998). Isso estimulou a criação de planos de operação, manutenção e controle de sistemas de
condicionamento de ar (PMOC). Essa iniciativa resultou na elaboração de regulamentos técnicos,
como a Resolução RE nº 176 de 24 de outubro de 2000 (Brasil, 2000), posteriormente revisada
em 2003 pela Resolução RE nº 09 de 16 de janeiro de 2003 (Brasil, 2003). Essas resoluções
estabelecem limites para a contagem total de bolores e leveduras, além de especificarem a
relação entre as contagens de microrganismos no ar interno e externo de um local.
Sendo assim, para manter a qualidade do ar, legislações impõem parâmetros específicos,
como ausência de fungos patogênicos/toxigênicos e uma relação I/E inferior a 1,5. O controle
pode ser feito utilizando técnicas de análise microbiológica, como a sedimentação em placas de
Petri, ou amostradores de ar, apesar de serem mais caros, são precisos.
II – Objetivo
III.II - Materiais
● 2 Placas de Petri contendo meio de cultura Ágar nutriente;
● 2 Placas de Petri contendo meio de cultura Ágar Sabouraud;
III.II - Métodos
Para a quantificação das colônias de microrganismos presentes no ar, foi utilizada a
técnica de amostragem passiva por sedimentação espontânea. Nessa abordagem, as placas de
Petri contendo o meio de cultura Ágar nutriente e Ágar Sabouraud foram expostas ao ambiente
interno da Biblioteca do IFRJ/Campus Nilópolis por um tempo de aproximadamente 20 minutos.
Em seguida, as placas de Petri foram incubadas a 36 ºC por 48h em uma estufa.
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V – Resultados e Discussões
Após 48h em estufa, foi possível observar o crescimento de algumas colônias nas
placas de Petri, como mostra as Figuras 1 e 2. Houve crescimento muito baixo no meio de
cultura Ágar Sabouraud (totalizando 1 colônia por placa) enquanto que no meio de cultura
Agar Nutriente, pode-se observar uma quantidade significativa de colônias. Os resultados estão
expressos na Tabela 1.
O ágar Sabouraud é um meio de cultivo de importância fundamental na microbiologia,
seu pH ácido e alto teor de glicose favorecem o crescimento fúngico e inibem a proliferação
bacteriana, sendo assim, é possível avaliar através das placas de Petri expostas na biblioteca
que o ambiente apresenta um baixo número de fungos, uma vez que foi possível notar a
presença de apenas uma colônia num meio propício para o desenvolvimento destes
microrganismos. Entretanto, para o ambiente externo, o número de colônias presentes aumenta
significativamente e assim, pode-se concluir que o ambiente externo possui uma presença
estatisticamente maior de fungos no ar.
Além de sua versatilidade, uma das principais aplicações do ágar nutriente é na
detecção e contagem de bactérias presentes em amostras ambientais, como ar, permitindo a
rápida identificação de colônias fúngicas e bacterianas através de suas características
morfológicas. De modo geral, sua composição rica em extrato de carne bovina, peptona e outro
íons essenciais, quando em um pH entre 6,8 e 7,2, favorece o crescimento de colônias
bacterianas. Entretanto, o A.N não é um meio seletivo como o Sabouraud, sendo assim, dentre
as colônias identificadas nas placas abaixo, é estatisticamente possível a presença de ao menos
uma colônia fúngica.
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Figura 1. Placas de Petri contendo o meio de cultura Agar Sabouraud.
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Fonte: Autoria própria.
Biblioteca 17 1 18
Externo 32 24 56
Calculando as médias para cada meio de cultura nos ambientes analisados é possível,
em seguida, realizar a soma para saber o número total de colônias para cada ambiente. Tendo
os valores calculados pode-se analisar o Valor Máximo Recomendado (VMR) em relação aos
fungos onde I/E deve ser menor ou igual a 1,5 UFC/m³.
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Logo, é possível observar que a relação I/E encontra-se dentro do valor recomendado
pela legislação.
VI – Conclusão
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HAYES, M.S. et al. Indoor Air Quality. Solutions and strategies. McGraw Hill, Inc. Nova
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