Réplica Ação FIES
Réplica Ação FIES
Réplica Ação FIES
Síntese
A parte autora ajuizou a presente ação, com pedido de Renegociação (perdão da dívida)
e Revisão da taxa de juros.
UNIÃO
a) Ilegitimidade passiva;
FNDE
b) Inaplicabilidade da redução dos juros e perdão da dívida.
Considerando que a presente ação versa sobre revisão dos juros e renegociação, com
base na Lei nº 10.260/2001, e não apenas a regularização/aditamento de contrato de
financiamento estudantil, a UNIÃO é parte legítima para figurar no polo passivo da
demanda.
Neste sentido, podemos colacionar julgado do TRF3, com entendimento neste sentido:
Portanto, a UNIÃO deve integrar o polo passivo da lide em litisconsórcio com as demais
requeridas.
DA REVISÃO CONTRATUAL COM REDUÇÃO DA TAXA DE JUROS A “ZERO”
O programa NOVO FIES trouxe benefícios ao aluno, criando uma forma de pagamento
mais benéfica. Vejamos o comparativo dos Programas:
Portanto o NOVO FIES (criado pela lei nº 13.530/2017) é mais benéfico para a
requerente, porquanto a taxa de juros é zero.
Nesse contexto, a norma mais favorável deve ser aplicada, até como uma forma de
erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais, um dos
objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (Art. 3º, inciso III, da
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 - CRFB/88).
A justiça federal do Rio Grande do Sul tem entendido pelo direito à redução dos juros à
zero para o contratos firmados anteriores ao ano de 2018.
SENTENÇA
[...]
II - FUNDAMENTAÇÃO:
[...]
Mérito.
[...]
No que tange aos juros aplicáveis ao contrato, tem-se que o inciso II do art. 5º-C da Lei nº
10.260/2001, incluído pela Lei nº 13.530/2017, dispõe que a taxa real de juros para os
financiamentos concedidos a partir do primeiro semestre de 2018, deve ser igual a zero:
(…)
II - taxa de juros real igual a zero, na forma definida pelo Conselho Monetário Nacional;
(Incluído pela Lei nº 13.530, de 2017)
Já no que tange aos contratos firmados em momento anterior, como é o caso dos autos
(contrato firmado em 2014), o §10º do art. 5º da Lei nº 10.260/2001, com a redação
conferida pela Lei nº 13.530/2017, prevê a redução dos juros estipulados sobre o saldo
devedor dos contratos já formalizados:
Art. 5º. Os financiamentos concedidos com recursos do Fies até o segundo semestre de 2017
e os seus aditamentos observarão o seguinte: (Redação dada pela Lei nº 13.530, de 2017)
(...)
(...)
§ 10. A redução dos juros, estipulados na forma estabelecida pelo inciso II do caput deste
artigo, ocorrida anteriormente à data de publicação da Medida Provisória no 785, de 6 de
julho de 2017, incidirá sobre o saldo devedor dos contratos já formalizados. (Redação dada
pela Lei nº 13.530, de 2017)
Logo, o feito merece solução de parcial procedência para que seja aplicada ao contrato da
parte autora a previsão do §10º do art. 5º da Lei nº 10.260/2001, com a redação conferida
pela Lei nº 13.530/2017.
Em sede de tutela de urgência, a autora requer seja retirado o seu nome dos cadastros de
proteção ao crédito em face da revisão contratual.
III - DISPOSITIVO:
Intimem-se.
Custas e honorários advocatícios incabíveis na espécie (art. 54 da Lei nº 9.099/90 c/c art. 1º da
Lei 10.259/01).
Havendo recurso, abra-se vista à parte contrária para resposta e após remetam-se os autos à
Turma Recursal.
DESPACHO/DECISÃO
Trata-se de ação entre as partes acima, pela qual se objetiva, em sede de tutela de urgência, a
aplicação da taxa zero de juros sobre o saldo devedor do contrato, a partir de janeiro de 2018,
implicando em redução da parcela de R$ 424,04 para R$ 332,38.
Decido.
O inc. II do art. 5º-C da Lei nº 10.260/2001, incluído pela Lei nº 13.530/2017, citado pela
própria autora, dispõe que a taxa real de juros para os financiamentos concedidos a partir do
primeiro semestre de 2018, deve ser igual a zero:
[…]
II - taxa de juros real igual a zero, na forma definida pelo Conselho Monetário Nacional;
(Incluído pela Lei nº 13.530, de 2017)
Art. 5º. Os financiamentos concedidos com recursos do Fies até o segundo semestre de
2017 e os seus aditamentos observarão o seguinte: (Redação dada pela Lei nº 13.530, de
2017)
[...]
§ 10. A redução dos juros, estipulados na forma estabelecida pelo inciso II do caput deste
artigo, ocorrida anteriormente à data de publicação da Medida Provisória no 785, de 6 de
julho de 2017, incidirá sobre o saldo devedor dos contratos já formalizados. (Redação dada
pela Lei nº 13.530, de 2017)
Assim, não cabe à Caixa argumentar, como no evento 48, que a redução somente se aplica aos
contratos firmados a partir de 29/01/2018.
Defiro, pois a tutela, para que seja comprovado pelos réus, o cumprimento do disposto no §
10 do art. 5º da Lei nº 10.260/2001, com a redação dada pela Lei nº 13.530/2017, no prazo de
cinco dias úteis.
Na ocasião o STJ julgou que a redução da taxa de juros deveria reduzir para 3,4%, para
todos os contratos, inclusive para aqueles firmados antes da referida norma.
A Medida Provisória n.º 1.090/2021 criou uma injustiça tremenda aos usuários
adimplentes do FIES. Referida norma concedeu uma redução do saldo global da dívida
de até 92% para os inadimplentes (portanto o que de fato está previsto é o Perdão da
Dívida), porém não trouxe basicamente benefício algum para os pagantes regulares.
Art. 5º, §4º, inciso V da Lei Inadimplente há mais de 90 dias a) Desconto da totalidade
dos encargos;
10.260, modificado pela Lei e menos de 360 dias
14.375/2022; b) Perdão da dívida de
12% para pagamento à vista; ou
. parcelamento em até 150
parcelas com redução de juros e
multas;
Veja como exemplo dois alunos (A e B) que usaram o FIES para o curso de medicina a
partir de 2013. Ambos teriam concluído o curso em 2018, restando um débito com o
FIES de aproximadamente R$500.000,00 para cada. Ambos iniciariam os pagamentos
das prestações (fase de amortização) em 07/2020 (considerando a carência de 18
meses), com prestações de R$2.500,00.
Considerando que o aluno A está em dia com as prestações, em 03/2022 ele já teria
quitado R$47.500,00, ainda restando um débito de R$452.500,00.
Porém neste exemplo o aluno B não quitou nenhuma prestação desde o início da fase
de amortização. Ele poderá ser beneficiado pela Lei 14.375/2022 com até 99% de
redução do total do débito, ou seja poderá quitar a dívida integral (os R$500.000,00)
por apenas R$5.000,00 (99% de desconto).
Aliás, a própria norma prevê que a Lei deverá observar o PRINCÍPIO DA ISONOMIA:
Art. 1º Esta Lei altera as Leis nºs 10.260, de 12 de julho de 2001, 10.522, de 19 de
julho de 2002, e 12.087, de 11 de novembro de 2009, para estabelecer os requisitos e
as condições para realização das transações resolutivas de litígio relativas à cobrança de
créditos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), a Lei nº 10.861, de 14 de abril de
2004, para estabelecer a possibilidade de avaliação in loco na modalidade virtual das
instituições de ensino superior e de seus cursos de graduação, a Lei nº 13.988, de 14 de
abril de 2020, para aperfeiçoar os mecanismos de transação de dívidas, e a Lei nº
13.496, de 24 de outubro de 2017.
Parágrafo único. Para fins do disposto nesta Lei, serão observados, entre outros, os
princípios:
I - da isonomia;
Pois bem, deste entendimento, pode-se extrair que o princípio da isonomia deve obstar
discriminações e extinguir privilégios, devendo zelar pela igualdade na lei, a qual constitui
“exigência destinada ao legislador que, no processo de sua formação, nela não poderá
incluir fatores de discriminação, responsáveis pela ruptura da ordem isonômica”.
DO PEDIDO
Nestes Termos,
Pede Deferimento.