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MARIANA BRETTAS SILVA

PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À DERMATOFITOSE EQUINA

VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2016
MARIANA BRETTAS SILVA

PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À


DERMATOFITOSE EQUINA

Dissertação apresentada à Universidade Federal de


Viçosa, como parte das exigências do Programa de
Pós-Graduação em Medicina Veterinária, para
obtenção do tí tulo de Magister Scientiae.

APROVADA: 16 de dezembro de 2016.

Lissanc~é,g( Gonçalves Conce~i~


(Coorientadora) ~.(Coorientador)

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Maria erônica de uza



(Orientadora)
MARIANA BRETTAS SILVA

PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À DERMATOFITOSE EQUINA

Dissertação apresentada à Universidade


Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de Pós-Graduação
em Medicina Veterinária, para obtenção do
título de Magister Scientiae.

VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2016
DEDICATÓRIA

À minha avó ZILMA DA PENHA MIRANDA


BRETTAS (in memorian), que mesmo na
ausência física nunca deixou de estar presente
em minha vida. Seus ensinamentos serão sempre
lembrados por mim e seu carinho me afaga até os
dias de hoje, e acho que para sempre.

ii
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por estar sempre presente em minha vida, me mostrando beleza
nos pequenos acontecimentos cotidianos, e dessa forma, me fazendo sentir abençoada
diariamente.
Aos meus pais Ângela Maria Brettas Silva e Fernando Antônio Silva, por me
ensinarem o amor e o respeito às diferentes formas de ver a vida. Às minhas irmãs, Fernanda
Brettas Silva, Gabriela Brettas Silva e Mads Emil Jacobsen, por darem a certeza de que não
há laços mais fortes e estreitos que os nossos, de irmãos. Vocês foram, são e serão sempre
fundamentais em todos os momentos da minha vida.
A minha tão amada Grande Família (colocar o nome de todos aqui daria mais uma
dissertação de mestrado), que me mostra o quanto manter laços familiares são importantes e
nos dão força para seguir sempre adiante. Obrigada por sempre confiarem em mim! E viram?
hoje sou mestre em Medicina Veterinária, não em Dança!
Ao amor da minha vida João Victor Facchini Rodrigues, que foi o melhor presente que
o mestrado poderia me dar! Você foi uma surpresa em minha vida, que surgiu de forma
inesperada e na melhor hora possível! Obrigada por todos os momentos sem exceção, pelo
apoio, amor, carinho e incentivo, e pelo nosso tão amado Nêne! Mamãe e papai já te amam
infinitamente!
Às famílias que ganhei de presente Facchini Rodrigues e Gomes Salles Tibúrcio. Rita,
João Augusto, Caio e Gabi, amo poder compartilhar um pouco dos nossos momentos com
vocês. Obrigada pelo acolhimento desde o primeiro momento! Cibele, Kassim, Monique,
Aline e Karine, é impossível falar ou lembrar de vocês sem me emocionar. Vocês são
incríveis e me ensinam em todos os momentos o verdadeiro sentido do amor e da
humanidade! Obrigada a todos por terem se tornado minha família também e terem sido
referência para mim durante todo esse período!
À sempre querida PROF Dra. Maria Verônica! Não tenho palavras para agradecer
todos os ensinamentos, toda a paciência, carinho, doação. Você é exemplo não só para mim,
mas para todos que a rodeiam. Exemplo de alegria e persistência! Sempre muito obrigada!
Ao Profº Dr. Lissandro, por sempre me acolher e por ter me dado a oportunidade do
mestrado. Sem seu incentivo eu não teria chegado na metade da minha caminhada atual como
médica veterinária.
Ao Profº Dr. Sérgio Gaspar de Campos, que mesmo sem me conhecer foi tão solícito e
tão empenhado a nos auxiliar nesse projeto.

iii
À Profª Dra. Paula Dias Bevilacqua, obrigada por compreender minhas limitações
quanto à dissertação, a qual flui tão facilmente sobre tamanho conhecimento que você possui.
Você foi muito paciente comigo. Obrigada.
A todos os funcionários do Departamento de Veterinária que passam por mim e
retribuem com palavras e gestos de carinho e que me dão força, mesmo quando não sabem
disso!
Aos queridos amigos residentes da Clínica de Grandes da UFV Fernanda Dantas,
Jéssica Guimarães, Matheus Duarte, Pollyanna Souto, Adriano Honorato, Danilo Manzini,
Lorena Monteiro, Marina Santos, e em especial ao Gabriel Barbosa. Sem vocês eu jamais
teria conseguido! Muito obrigada pela amizade e por todos os ensinamentos. Sentirei muitas
saudades de vocês! Gabriel, você foi um anjo! Imensamente, OBRIGADA!
Ao bolsista de Iniciação Científica Jefferson Bello, você foi imprescindível para que
esse trabalho fosse concluído. Obrigada por tudo e espero que você tenha uma linda
caminhada dentro dessa profissão tão honrosa.
À Univiçosa e à nossa querida gestora Alessandra Sayegh Arreguy Silva, que me
concederam o privilégio de experimentar a docência, campo tão cansativo e gratificante da
nossa profissão! Obrigada por me fazerem descobrir um lado meu que eu não conhecia.
Aos meus alunos, que tanto me ensinaram e que compartilharam comigo muitas
histórias, desabafos, risadas e momentos alegres. Contem sempre comigo, onde quer que eu
esteja!
Aos amigos que eu sinceramente espero que o tempo não os leve de mim, Cleo,
Daniela, Fabrício, Fernanda, Livão, Lívia, Morys, Nayara, Rodrigo e Tatinha. Amo vocês e
cada momento com vocês! Obrigada por todo apoio e demonstrações de companheirismo e
amizade! Qualquer momentinho de conversa e convívio com vocês me traz imensa alegria.
Aos meus amados animais de estimação, muitos guardados na memória e no coração.
É por vocês que fiz uma das melhores escolhas da minha vida, a Medicina Veterinária.
Coxinha e Yago, obrigada por toda a demonstração de afeto, fidelidade e rabos abanantes em
todo reencontro, ainda que eu tenha me ausentado por apenas dois minutos. É impossível não
abrir um sorriso e inundar meu coração de amor ao me lembrar de todos vocês.
À tão amada UFV e à nossa viciosa Viçosa, que após dez anos e meio de acolhimento
me despeço com o coração apertado. Todos os momentos aqui vividos serão para sempre
relembrados silenciosamente ou nos reencontros com os amigos. Sentirei enormes saudades.
Aqui entrei menino, virei menina, hoje sou mulher e futura mamãe!

iv
BIOGRAFIA

MARIANA BRETTAS SILVA, filha de Fernando Antônio Silva e Ângela Maria


Brettas Silva, nasceu no dia 06 de abril de 1988, em Vitória, ES.
Em maio de 2006, mudou-se para Viçosa, em MG, para cursar graduação em
Medicina Veterinária na Universidade Federal de Viçosa (UFV). Formou-se em janeiro de
2011 e trabalhou na cidade de Viçosa por quase um ano. Em 2012, ingressou no curso de
Residência em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais, também pela UFV. Em 2014,
concluiu a residência e ingressou no Mestrado em Medicina Veterinária pela UFV. Em agosto
de 2015, iniciou na docência como professora da UNIVIÇOSA, onde ministrou as disciplinas
de Fisiologia Veterinária, Semiologia Veterinária e Imunologia.

v
SUMÁRIO

RESUMO........................................................................................................................... vii
ABSTRACT....................................................................................................................... viii
INTRODUÇÃO GERAL................................................................................................... 1
CAPÍTULO I..................................................................................................................... 2
RESUMO...................................................................................................................... 2
ABSTRACT.................................................................................................................. 3
INTRODUÇÃO............................................................................................................ 4
DESENVOLVIMENTO............................................................................................... 4
Etiologia e perfil epidemiológico............................................................................. 5
Sinais Clínicos.......................................................................................................... 6
Diagnóstico............................................................................................................... 6
Prognóstico e tratamento.......................................................................................... 8
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................ 9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 9
CAPÍTULO II.................................................................................................................... 12
RESUMO....................................................................................................................... 12
ABSTRACT................................................................................................................... 14
INTRODUÇÃO............................................................................................................. 15
MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................... 18
RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................... 19
CONCLUSÃO............................................................................................................... 33
REFERÊNCIAS............................................................................................................. 33
ANEXOS....................................................................................................................... 37
CONCLUSÕES GERAIS.................................................................................................. 44

vi
RESUMO

SILVA, Mariana Brettas, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, dezembro de 2016.


Prevalência e fatores associados à dermatofitose equina. Orientadora: Maria Verônica de
Souza. Coorientadores: Lissandro Gonçalves Conceição, Paula Dias Bevilacqua e Sérgio
Gaspar de Campos.

O projeto teve como objetivo determinar a prevalência e os fatores associados à dermatofitose


em equinos atendidos na demanda do Hospital Veterinário (HOV) do Departamento de
Veterinária (DVT), da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Foram avaliados 152 animais
da casuística hospitalar do HOV/DVT/UFV. Para determinar a prevalência da afecção foi
realizado estudo epidemiológico transversal, sendo aplicado questionário ao proprietário ou
tratador com perguntas sobre manejo nutricional, sanitário e do ambiente onde o animal era
criado. Todos os animais foram submetidos ao exame físico geral e específico. Lesões
epidérmicas foram descritas em mapa dermatológico individual. Pelo e descamações foram
coletados de todos os animais para exame micológico direto e cultura fúngica. A cultura foi
considerada o padrão ouro para o diagnóstico positivo para a dermatofitose. Os dados obtidos
foram analisados pelo teste qui-quadrado para as variáveis dicotômicas, avaliando também a
Razão de Chances. Foi utilizado o teste qui-quadrado e o teste Exato Mid-P. A prevalência da
afecção na demanda hospitalar do HOV/DVT/UFV foi de 19,08%, sendo considerada alta.
.Não houve associação (p>0,05) entre as variáveis analisadas nos casos e não casos de
dermatofitose. As espécies isoladas foram T. equinum (41,4%), seguida do M. gypseum
(37,9%), T. terrestre (17,2%) e T. rubrum (3,5%), sendo essa inédita em equinos. Dos animais
positivos, 14 (48,3%) eram assintomáticos para dermatofitose. A presença de animais
positivos assintomáticos pode indicar que equinos atuem como carreadores assintomáticos da
dermatofitose.

vii
ABSTRACT

SILVA, Mariana Brettas, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, December, 2016.


Prevalence and factors associated with equine dermatophytosis. Adviser: Maria Verônica
de Souza. Co-advisers: Lissandro Gonçalves Conceição, Paula Dias Bevilacqua and Sérgio
Gaspar de Campos.

The objective of the project was to determine the prevalence and factors associated with
dermatophytosis in equines treated in the demand of the Veterinary Hospital (HOV) of the
Veterinary Department (DVT), Federal University of Viçosa (UFV). A total of 152 animals
from the HOV/DVT/UFV were evaluated. To determine the prevalence of the disease, a
cross-sectional epidemiological study was carried out, and a questionnaire was applied to the
owner or caregiver with questions about nutritional, sanitary and environmental management
of the animal. All animals were submitted to a general and specific physical examination.
Epidermal lesions were described in an individual dermatological map. Hair and
desquamations were collected from all animals for direct mycological examination and fungal
culture. Fungal culture was the gold standard for the positive diagnosis of dermatophytosis.
The data obtained were analyzed by the chi-square test for the dichotomous variables, also
evaluating the Odds Ratio. The chi-square test and the Exact Mid-P test were used. The
prevalence of the affection in the hospital demand of HOV/DVT/UFV was 19.08%, being
considered high. There was no association (p> 0.05) between the variables analyzed in the
cases and not cases of dermatophytosis. The species isolated were T. equinum (41.4%),
followed by M. gypseum (37.9%), T. terrestre (17.2%) and T. rubrum (3.5%), being this last
unpublished in horses. Of the positive animals, 14 (48.3%) were asymptomatic for
dermatophytosis. The presence of asymptomatic positive animals may indicate that horses act
as asymptomatic carriers of dermatophytosis

viii
INTRODUÇÃO GERAL

As lesões dermatológicas são frequentes dentro da clínica médica de equinos. Dentre


elas, uma das principais causas é a dermatofitose que afeta tanto equinos, quanto outras
espécies como cães, gatos, bovinos e suínos, incluindo o ser humano. Frequentemente,
também é denominada de “tinha”, tinea ou roído de traça e possui como principais sinais
clínicos a alopecia e descamações. Esses sinais dermatológicos limitam certas atividades,
como transporte dos animais e participação dos mesmos em provas esportivas.
Embora seja uma zoonose, ainda é negligenciada tanto por criadores quanto pelos
próprios médicos veterinários, seja pela falta de conhecimento ou pela carência de estudos
para determinação do perfil epidemiológico dessa doença, correlacionando equinos e
humanos. Esses estudos são necessários para elaboração e implementação de políticas
públicas educacionais e de saúde para seu controle e efetivo tratamento.
Nesse sentido, o presente estudo foi elaborado com o objetivo de explanar sobre a
dermatofitose, sob a forma de uma revisão de literatura, abordando-se temas como etiologia,
epidemiologia, sinais clínicos, diagnóstico e tratamento. Também foi realizado estudo
transversal com determinação da prevalência da dermatofitose dentre os equinos atendidos
pelo serviço de clínica médica do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Viçosa
(UFV). Algumas variáveis consideradas como fatores de risco em outros estudos foram
avaliadas. Acredita-se que, por se tratarem de animais que apresentem comorbidades, em sua
maioria, estes apresentem uma alta prevalência de dermatofitose.

1
CAPÍTULO I

Dermatofitose equina: revisão de literatura

RESUMO

SILVA, Mariana Brettas, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, Dezembro de 2016.


Prevalência e fatores associados à dermatofitose equina. Orientadora: Maria Verônica de
Souza. Coorientadores: Lissandro Gonçalves Conceição, Paula Dias Bevilacqua e Sérgio
Gaspar de Campos.

A dermatofitose é uma das principais doenças de origem fúngica e acomete diversas


espécies animais, incluindo humanos. É causada por fungos queratinofílicos, classificados
como zoofílicos, antropofílicos ou geofílicos, dependendo da sua adaptação ao hospedeiro ou
ambiente. Além disso, a maioria das espécies possui caráter zoonótico, o que afeta
diretamente a interação ser humano e animal, sendo essa doença desconhecida por muitos
trabalhadores do meio rural. Esse trabalho possui como objetivo reunir informações sobre a
dermatofitose, mediante realização de uma revisão sobre aspectos gerais relacionados com a
afecção.
Palavras-chaves: cavalo, roído de traça, zoonose

2
Equine Ringworm: literature review

ABSTRACT

SILVA, Mariana Brettas, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, December 2016.


Prevalence and factors associated with equine dermatophytosis. Adviser: Maria Verônica
de Souza. Co-advisers: Lissandro Gonçalves Conceição, Paula Dias Bevilacqua e Sérgio
Gaspar de Campos.

Ringworm is one of the major diseases of fungal origin and affects several animal
species, including humans. Are diseases caused by keratinophilic fungal classified as
zoophilic, anthropophilic or geophilic, depending on their adaptation to host or environment.
In addition, most species have zoonotic, which interferes directly in humans and animal
relationship, and this unknown disease for many workers in the rural areas. This work aims to
gather information about ringworm by a review of the general aspects of the condition.
Keywords: horse, gnawing worm, zoonosis

3
INTRODUÇÃO

Ainda que as dermatopatias não compreendam uma considerável parte das doenças
dentro das enfermidades clínicas que afetam os equinos, não é raro observar que grande parte
dos animais apresenta uma ou mais lesões de pele. Dentre os principais microrganismos
causadores de afecções dermatológicas nas espécies domésticas destacam-se os dermatófitos,
fungos queratinofílicos, ou seja, que degradam queratina para obtenção de produtos a serem
metabolizados. Como consequência, infectam superfícies queratinizadas como camada córnea
e pelos.
A infecção por fungos dermatófitos é contagiosa e zoonótica, podendo haver
diferentes formas de transmissão. O sinal clínico “roído de traça”, considerado como presente
na afecção assemelha-se ao observado em outras doenças que afetam o tecido cutâneo, tanto
em animais como em humanos. Infelizmente são raros os estudos epidemiológicos com a
finalidade de determinar a prevalência e incidência dos casos de dermatofitose. Essa falta de
estudos provavelmente esteja subestimando a ocorrência da afecção. Nesse contexto, é
possível que o impacto das dermatofitoses nos seres humanos também seja subestimado.
Embora a dermatofitose ainda seja negligenciada, é importante destacar o elevado
potencial zoonótico da afecção, de forma que a compreensão da mesma possa auxiliar na
implementação de medidas de saúde pública para sua prevenção e tratamento. Sendo assim,
essa revisão teve como objetivo realizar uma abordagem geral sobre a dermatofitose,
enfatizando a sua importância dentro da medicina veterinária e da interação ser humano-
animal, com destaque para estudos recentes e em andamento.

DESENVOLVIMENTO
A pele é considerada o maior órgão do corpo. Externamente exposta, protege o
organismo e possui propriedades sensitivas, atuando de forma conjunta aos demais tecidos, o
que possibilita a exteriorização de afecções sistêmicas, além das de origem especificamente
dermatológica (SCOTT e MILLER, 2003). É considerada uma das primeiras barreiras de
defesa do corpo, sendo a manutenção da sua integridade imprescindível para evitar a invasão
e proliferação dos patógenos no organismo animal (RICHMOND e HARRIS, 2014).
Por ser um órgão único e possuir limitações quanto à capacidade de reagir aos
diferentes tipos de agentes agressores, algumas afecções cutâneas costumam apresentar sinais
clínicos bastante semelhantes (KNOTTENBELT, 2012). Além do desconforto para os
animais, as lesões dermatológicas geram perdas econômicas devido à aparência da pele, que

4
muitas vezes é desagradável, e gastos resultantes do tratamento. Adicionalmente, podem
limitar o transporte dos animais, interferindo na participação dos mesmos em exposições,
competições, entre outras atividades esportivas (PILSWORTH e KNOTTENBELT, 2007).

Etiologia e perfil epidemiológico


A dermatofitose, também conhecida como “tínea” (CHERMETTE et al., 2008), é
importante dentro da dermatologia veterinária devido ao seu potencial zoonótico (BOND,
2010). Também é denominada “roído de traça” na clínica médica de equinos (WHITE, 2005;
WEESE e YU, 2013). Na realidade esse termo se refere ao aspecto físico da lesão.
Os fungos patogênicos apresentam capacidade adaptativa aos diferentes ambientes e
hospedeiros. Assim, nas últimas décadas têm-se observado alterações no comportamento
biológico e, consequentemente, epidemiológico desses fungos, devido às alterações
climáticas, geográficas, vegetativas e das interações inter e intraespecífica de humanos e
animais (FISHER et al., 2012). Inicialmente os dermatófitos eram fungos adaptados ao solo,
ou seja, geofílicos. Entretanto, o contato com animais e humanos fez com que se adaptassem
aos diferentes hospedeiros, sendo então denominados zoofílicos e antropofílicos,
respectivamente. De acordo com Mendez-Tovar (2010), a dermatofitose é a micose mais
frequente no mundo. A espécie mais citada como afetando equinos é o Trichophyton equinum.
No entanto, as espécies T. verrucosum, T. mentagorphytes, Microsporum canis e M. gypseum
também são comumente relatadas como agentes etiológicos (PILSWORTH e
KNOTTENBELT, 2007; NWEZE, 2011; AHDY et al., 2016).
Escassas pesquisas foram desenvolvidas com objetivo de determinar a prevalência da
dermatofitose em equinos, e apresentaram diferentes resultados. Schmidt (1996) realizou os
exames de micológico direto e cultura fúngica em 606 amostras de várias espécies animais
com lesões dermatológicas, atendidos em Westfalia do Norte (Alemanha), entre os anos de
1993 e 1995. A prevalência na população equina foi de 11,5%. Ahdy et al. (2016) estudaram
por um ano 457 de 735 (62,2%) equinos da raça árabe no Egito, pertencentes a quinze
fazendas nas cidades de Cairo e Giza. Em todos os animais selecionados foram realizados os
exames micológico direto e cultura fúngica e a prevalência observada foi de 16,8% para
dermatofitose. Na região central da América do Norte e Canadá foi desenvolvido por Schaffer
et al. (2013) estudo retrospectivo utilizando laudos de biópsias cutâneas equinas e de lesões
clínicas não neoplásica, realizadas durante o período de 10 anos, na Faculdade de Veterinária
da Universidade do Estado do Colorado e na Universidade de Saskatchewan. Dos 5.141
espécimes 2% foram positivos para dermatofitose.

5
Embora grande parte dos estudos demonstrem prevalências relativamente baixas para
dermatofitose, uma pesquisa conduzida por Nweze (2011) durante 30 meses em sete estados
na Nigéria demonstrou o contrário. O autor observou que dos 538 animais de diferentes
espécies domésticas avaliadas, sendo todos com dermatopatia, 39,8% foi positivo para
dermatofitose. Dentre a população equina avaliada (n = 25), a prevalência observada foi de
44,0%.
No Brasil, no estado de São Paulo, estudo conduzido por Ishikawa et al. (1996) com
175 equinos observou prevalência no total de equinos e naqueles com lesões dermatológicas
sugestivas de dermatofitose de 1,7%, e 7,1%, respectivamente. O período de realização do
estudo não foi expresso pelos autores. Outro estudo desenvolvido no Brasil, por Pessoa et al.,
2014, no estado da Paraíba, região semiárida, avaliou registros de atendimentos clínicos
retrospectivos de 10 anos de 1.786 equinos. Dentre os 447 animais dermatopata a prevalência
foi de 3,4% para dermatofitose.
A transmissão ocorre pelo contato direto entre o indivíduo sadio e o animal carreador
ou por meio de fômites contaminados e moscas em repasto também podem atuar como
transmissores dos fungos dermatofíticos (CAFARCHIA et al., 2013). Cães e gatos mantidos
como animais de companhia são transmissores importantes da afecção, ainda que possam não
apresentar sinais clínicos (CAFARCHIA et al., 2006). Estudo epidemiológico randomizado
realizado por Romano et al. (1997) em gatos assintomáticos oriundos da cidade de Siena
(Itália), revelou que quase metade dos animais apresentaram cultura fúngica positiva para
dermatófitos. Salebian e Lacaz (1980) realizaram cultura fúngica de 47 amostras de pelos
sadios de 27 roedores silvestres do estado de São Paulo. Destas, 8,4% foi positiva para o
gênero Trichophyton sp., sendo 4,2% positiva para a espécie T. mentagrophytes. De acordo
com esses resultados, roedores silvestres também são potenciais portadores e transmissores da
dermatofitose.
A dermatofitose também está correlacionada com a imunidade, de forma que equinos
jovens apresentam maior risco de desenvolver a dermatofitose (PILSWORTH e
KNOTTENBELT, 2007). De acordo com Pickering et al. (2008), de modo geral, as zoonoses
em humanos apresentam-se mais frequentemente em crianças e em indivíduos
imunocomprometidos. Pesquisas indicam que a condição nutricional afeta as imunidades
inata e adquirida, sendo utilizada inclusive como prevenção e tratamento de doenças
(COOPER e MA, 2017). Sendo assim, equinos submetidos a condições nutricionais precárias
também se tornam mais susceptíveis ao desenvolvimento da dermatofitose (WHITE, 2015).
Embora a resolução espontânea da dermatofitose possa ocorrer entre uma a quatro

6
semanas, dependendo da melhora no manejo alimentar e sanitário, o tratamento é indicado
devido ao caráter contagioso e zoonótico da afecção. Estudo epidemiológico realizado por
Silva (2016) revelou que equinos sem sinais clínicos de lesão cutânea também podem ser
positivos para dermatofitose. Adicionalmente, um dado muito interessante é que durante a
pesquisa ocorreu o isolamento do T. rubrum, espécie não ainda não mencionada em equinos.

Sinais Clínicos
O termo “roído de traça” é, na realidade, utilizado para caracterizar diferentes afecções
que se manifestam clinicamente pela presença de placas ou máculas circulares, com diferentes
formas de apresentação de alopecia, assim como, por áreas descamativas, eritematosas e
hipercrômicas (MONTEIRO et al., 2008) em padrão anelar inicialmente bem demarcado e,
mais raramente, na forma de crostas espessas. A dermatofitose é causada por fungos que têm
a capacidade de digerir queratina (PILSWORTH e KNOTTENBELT, 2007; CAFARCHIA,
2013), portanto, estão localizados nas camadas superficiais da pele, como o estrato córneo
epidérmico, hastes pilosas e unhas ou cascos (PILSWORTH e KNOTTENBELT, 2007;
BOND, 2010).
Para que a doença se manifeste, geralmente é necessária agressão prévia à pele, ainda
que de baixa intensidade (PILSWORTH e KNOTTENBELT, 2007). Além disso, o
estabelecimento da doença é dependente da capacidade do dermatófitos em superar as
barreiras imunes inatas da pele e se ligar ao hospedeiro, para obtenção dos nutrientes
necessários para sua sobrevivência (PERES et al., 2010). Cada espécie dermatófita é
especializada em secretar proteases que definirão o perfil inflamatório no hospedeiro, que
direcionará a resposta imune. Quanto mais grave for a inflamação gerada, maior será o
recrutamento de células do sistema imune e mais rápida será a resolução da doença
(VERMOUT et al., 2008).
As lesões alopécicas são multifocais e crostas com pequenas dimensões podem se
formar sobre os folículos, aderidas ao pelame. De acordo com White (2005), é muito raro
ocorrer intensa produção de crostas. Também pode ocorrer acúmulo de pequenas partículas
queratinizadas, com aspecto semelhante à “cinza de cigarro” (PILSWORTH e
KNOTTENBELT, 2007). O quadro pode causar irritação e prurido (WHITE, 2005).
Ocasionalmente, no início pode apresentar característica urticariforme, com mudança do
ângulo da haste pilosa (WHITE, 2005; PILSWORTH e KNOTTENBELT, 2007). Os locais
de aparecimento primário das lesões, que podem apresentar caráter superficial ou profundo,
incluem as regiões axilares e suas periferias. Podem se disseminar para o tronco, garupa,

7
pescoço, cabeça e membros (WHITE, 2005).

Diagnóstico
As dermatopatias equinas são consideradas um desafio diagnóstico, devido à limitada
capacidade da pele em responder de diferentes formas aos diversos estímulos a que é
submetida, e assim apresentar sinais clínicos similares (KNOTTENBELT, 2012). Portanto,
para a realização do diagnóstico definitivo é imprescindível a realização de exames
complementares.
Os exames complementares utilizados para diagnóstico definitivo da afecção são a
avaliação da fluorescência do pelo com auxílio da lâmpada de Wood; a tricografia, para a
realização dos exames parasitológico e micológico diretos; a cultura fúngica do pelame e,
mais raramente, o exame histopatológico mediante biópsia cutânea. A lâmpada de Wood é um
exame de triagem utilizado para indicar a localização dos pelos que serão coletados para
cultura fúngica e micológico direto. Nesse caso, as hastes pilosas, possivelmente infectadas,
emitem uma coloração verde-maçã/amarelo-esverdeada quando são incididas pela luz da
lâmpada. Entretanto, é este exame que possui baixa sensibilidade e especificidade
(MORIELLO, 2001), uma vez que apenas cerca de 50% das cepas de M. canis fluorescem sob
a lâmpada de Wood, enquanto as demais espécies não fluorescem, e a presença de debris, fios
de algodão e medicamentos tópicos a base de tetraciclina podem gerar reação falso-positiva
(FRYMUS et al., 2013). Nos equinos possui pouca indicação de utilização, pois as principais
espécies fúngicas que acometem esses animais não apresentam fluorescência sob a incidência
da luz ultravioleta (KNOTTEMBELT, 2012).
O raspado cutâneo pode ser associado à epilação por tração para coleta de crostas e da
superfície queratinizada da pele para cultura fúngica (WHITE, 2005). Esse método é utilizado
para avaliação parasitológica direta do material. Outro método de coleta de material
dermatológico é o descrito por Mackenzie (1963), no qual é utilizada uma escova de dente
para coleta dos pelos da superfície corpórea e subsequente análise por cultura fúngica. O
micológico direto, realizado pela tricografia, é uma análise direta da morfologia das hastes
pilosas sob microscopia de luz. Os achados indicativos da doença são pelos morfologicamente
alterados, com superfície irregular e aspecto áspero (FRYMUS et al., 2013).
É um exame que possui baixa especificidade. Estudo relacionando a microscopia
direta com a cultura fúngica, revelou especificidade e sensibilidade relativas de 64,71% e
27,12%, respectivamente (BIN et al., 2010). Entretanto, a visualização da infecção da haste
pilosa é suficiente para o diagnóstico positivo. Por outro lado, caso o micológico direto seja

8
negativo ou ocorram dúvidas sobre o diagnóstico, a cultura fúngica deve ser solicitada, visto
que é considerada como exame padrão ouro para o diagnóstico da afecção. Nesse caso, as
amostras de pelo (MORIELLO, 2001) ou do raspado cutâneo (WHITE, 2005) são depositadas
sobre meio de cultura específico para fungos e as colônias desenvolvidas avaliadas
microscopicamente (MORIELLO, 2001). A biópsia cutânea para o exame histopatológico
somente está indicada em casos específicos (CAFARCHIA et al., 2013), como na suspeita de
lesão neoplásica, grave e/ou com perda da configuração em lesão que necessite de biópsia
para o diagnóstico definitivo, como nas doenças imunomediadas e dermatoses nutricionais, e
nas lesões ulcerativas crônicas (LOURES e CONCEIÇÃO, 2013).
Além das técnicas tradicionais, é citado o uso da amplificação do DNA, como a reação
em cadeia da polimerase (PCR) e reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR)
para o diagnóstico da dermatofitose, tanto em humanos quanto em animais (GRÄSER et al.,
2012, TARTOR et al., 2016). Para Brillowska-Dabrowska et al. (2007), as vantagens dessas
técnicas incluem maior sensibilidade, simplicidade, rapidez diagnóstica e consequente
redução dos custos quando comparadas aos exames micológico direto e de cultura e análise
morfológica das colônias fúngicas. O estudo de Tartor et al. (2016) com 200 equinos da raça
Árabe comparou os diferentes métodos de diagnóstico como micológico direto, cultura
fúngica, PCR das amostras de pelo e PCR das colônias isoladas na cultura fúngica. Os autores
concluíram que a associação das técnicas de PCR e cultura fúngica é a melhor forma de
diagnosticar a dermatofitose.

Prognóstico e tratamento
A resolução espontânea da dermatofitose pode ocorrer dentro de uma a quatro
semanas (CAFARCHIA et al., 2013), embora animais imunocomprometidos sejam
predispostos a infecções mais prolongadas e intensas (WEESE e YU, 2013). Dessa forma, o
tratamento é sempre indicado devido ao caráter contagioso e zoonótico da afecção
(CAFARCHIA et al., 2013). As terapias antifúngicas incluem tanto medicamentos de uso
oral, quanto medicamentos tópicos. Entre os tratamentos utilizados, destacam-se o uso oral de
itraconazol ou griseofulvina e de solução tópica de enilconazol ou tiabendazol (ROCHETE et
al, 2003). Além desses, também estão indicados banhos com soluções de sulfato de cobre 1%
a 3%, violeta genciana a 1% e ácido salicílico em álcool a 5% (THOMASSIAN, 2005), além
de miconazol a 1% associado ou não à clorexidina (ACUCEWICH, 2005). Na prática da
Medicina Veterinária equina, também são utilizados banhos de solução de dakin a 2% com
resultados considerados satisfatórios. Finalmente, também são utilizadas suspensão de

9
nistatina, miconazol intralesional, cetoconazol oral ou iodo sódico intravenoso e creme de
sulfadiazina de prata (STEWART, 2005). É importante ressaltar que, como os dermatófitos
são fungos queratinofílicos, podem estar presentes em pelos e descamações livres no ambiente
e fômites, que podem provocar novas infecções e disseminação da doença. Nesse contexto é
importante a desinfecção geral do local onde ficam os animais e dos acessórios utilizados.
Capoci et al. (2015) testou in vitro a eficácia do extrato hidroalcólico de Cymbopogon nardus
(L.) Rendle, planta conhecida como citronela contra o M. canis, isolado do ambiente de cães e
gatos domésticos. Os resultados revelaram que a sua utilização mostrou-se eficaz como agente
fungicida e fungistático ambiental contra esse dermatófitos.
De acordo com os sinais clínicos, os principais diagnósticos diferenciais são
dermatofilose, pênfigo foliáceo e foliculite por Staphylococcus sp. (CHERMETTE et al.,
2008). De forma complementar, devido ao caráter discretamente pruriginoso, ao possível
desenvolvimento de urticárias (WHITE, 2015) e, particularmente pelo quadro “roído de traça”
(MONTEIRO et al., 2007), é possível incluir as desordens alérgicas como diagnóstico
diferencial (WHITE, 2015).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma vez que o aumento da interação ser humano-animal e as mudanças climáticas,
geográficas e vegetativas têm alterado o comportamento dos fungos dermatófitos, mais
estudos para elucidar os aspectos clínicos e epidemiológicos da dermatofitose nos animais
domésticos são necessários. Apenas com a melhor compreensão do comportamento da
afecção é que será possível canalizar a elaboração de políticas públicas condizentes com as
principais espécies em questão, bem como a instituição do tratamento associado ao controle
ambiental como meio preventivo para o desenvolvimento da dermatofitose.

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13
CAPÍTULO II

Prevalência e fatores associados à dermatofitose equina: estudo da demanda hospitalar.

SILVA, Mariana Brettas, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, Dezembro de 2016.


Prevalência e fatores associados à dermatofitose equina: estudo da demanda hospitalar.
Orientadora: Maria Verônica de Souza. Coorientadores: Lissandro Gonçalves Conceição,
Paula Dias Bevilacqua e Sérgio Gaspar Campos.

Resumo

Contextualização – Embora a dermatofitose possua caráter contagioso e zoonótico, são raros


os estudos epidemiológicos que caracterizem a prevalência da doença, particularmente na
espécie equina.
Objetivo – determinar a prevalência da afecção e seus fatores associados em equinos
atendidos em Hospital Veterinário Universitário durante o período de um ano.
Animais – Foram estudados 152 equinos de diferentes raças e idades.
Métodos – Os animais eram portadores ou não de lesão cutânea. Após anamnese com
preenchimento de questionários, os equinos foram submetidos a exame físico geral de rotina e
dermatológico específico. Foi realizado mapeamento das lesões cutâneas, quando presentes.
Amostras de pelo, material descamativo e/ou crostas foram obtidas para exames
parasitológico, micológico direto e cultura fúngica. Determinou-se prevalência, razão de
chance (RC), condição de máxima verossimilhança da razão de chances (CMLE) e Qui-
quadrado. O nível de significância adotado foi de 5%.
Resultados – Dos 152 animais, 10 (6,6%) foram diagnosticados no exame micológico direto.
A prevalência da dermatofitose à cultura fúngica foi de 19,08% (n = 29). Dos animais
positivos 28,3% (n=14) não apresentaram lesões dermatológicas. A espécie mais prevalente
foi o T. equinum (41,4%), seguida do M. gypseum (37,9%), T. terrestre (17,2%) e T. rubrum
(3,5%). A presença do T. rubrum nunca havia sido relatada em equinos.
Conclusão – A prevalência da dermatofitose é relativamente alta na casuística hospitalar. O
isolamento ocorre em animais assintomáticos. São necessários mais estudos epidemiológicos
em animais e humanos, por se tratar de uma zoonose.

Palavras chave: cavalos, dermatopatia, estudos epidemiológico, tinea, zoonose.

14
Prevalence and equine ringworm risk factors: study of hospital demand.

SILVA, Mariana Brettas, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, December 2016.


Prevalence and factors associated to equine ringworm: study of hospital demand.
Adviser: Maria Verônica de Souza. Co-advisers: Lissandro Gonçalves Conceição, Paula Dias
Bevilacqua e Sérgio Gaspar Campos.

Abstract

Background – Although ringworm has contagious and zoonotic, epidemiological studies that
characterize the prevalence of the disease are uncommon, particularly in equine species.
Objective – Determine the prevalence of the disease in horses from a Veterinary University
Hospital during the period of one year.
Animals - One hundred fifty-two animals of different breeds and ages were studied.
Methods - The animals were affected or no skin lesion. After anamnesis with filling in
questionnaires, the horses underwent general physical examination routine and specific
dermatologic. It was conducted mapping of skin lesions, when present. Skin samples, scaly
material and/or crusts were obtained for parasitological and direct mycological examination,
and fungal culture. Prevalence, odds ratio (OD), conditional maximum-likelihood estimate
(CMLE) and Chi-square were determined. The significance level was 5%
Results – Of the 152 animals, 10 (6.6%) were diagnosed at the direct mycological
examination. The prevalence of dermatophytosis to the fungal culture was 19.08% (n = 29).
Of the positive animals 28.3% (n = 14) did not present dermatological lesions. The most
prevalent species were T. equinum (41.4%), followed by M. gypseum (37.9%), T. terrestre
(17.2%) and T. rubrum (3.5%). The presence of T. rubrum had never been reported in horses.
Conclusion – The prevalence of dermatophytosis is relatively high in hospital cases. The
condition occurs in asymptomatic animals. Further epidemiological studies are required in
animals and humans because it is a zoonosis and a condition found in animals without
dermatopathy.

Keywords: horses, epidemiological study, dermatopathy, tinea, zoonosis.

15
INTRODUÇÃO

As afecções cutâneas na espécie equina são consideradas um desafio diagnóstico, devido à


limitada capacidade da pele em responder de diferentes formas a distintos estímulos, o que
resulta em sinais clínicos similares (KNOTTENBELT, 2012). A dermatofitose é importante
dentro da dermatologia veterinária devido à sua alta frequência, tanto em animais quanto nos
seres humanos (MENDEZ-TOVAR, 2010) e ao seu potencial zoonótico (BOND, 2010;
FRYMUS et al., 2013; ELASHMAWY e ALI, 2016). São fungos queratinofílicos e se
localizam nas camadas superficiais da pele, como o estrato córneo, hastes pilosas e unhas ou
cascos (PILSWORTH e KNOTTENBELT, 2007; BOND, 2010).
Também denominada “tinea” (CHERMETTE et al., 2008), no Brasil é vulgarmente
chamada “tinha”, e também conhecida como “roído de traça” na clínica médica de equinos
(WHITE, 2005; MONTEIRO et al., 2008; WEESE e YU, 2013). Esse último termo é
utilizado para definir a lesão de pele com placas ou máculas circulares, diferentes
apresentações de alopecia e áreas descamativas, eritematosas e hipercrômicas (MONTEIRO
et al. 2008; BOND, 2010) em padrão anelar bem demarcado e, raramente, na forma de crostas
espessas (WHITE, 2005). A transmissão dos dermatófitos pode ocorrer por meio do contato
direto, fômites contaminados e até mesmo por moscas (PILSWORTH e KNOTTENBELT,
2007).
Raros estudos foram realizados mundialmente para determinação da prevalência da
dermatofitose em equinos e apresentaram resultados diversos. Dentro da espécie equina é
mencionado pela literatura prevalências de 2% (SCHAFFER et al., 2013), 11,5%
(SCHMIDT,1996), 16,8% (AHDY et al., 2016), 44,0% (NWEZE, 2011), em distintas
localidades. No Brasil, diferentes regiões geográficas também apresentaram diferentes
prevalências para dermatofitose. Ishikawa et al. (1996), no estado de São Paulo, avaliaram
175 equinos e encontraram no total dos equinos e naqueles com lesões dermatológicas
sugestivas de dermatofitose, 1,7%, e 7,1%, respectivamente. Pessoa et al. (2014) realizaram
estudo restrospectivo de 10 anos no estado da Paraíba, com registros de atendimentos clínicos
de 1.786 equinos, dos quais 447 apresentavam dermatopatias e desses 3,4% (15/447) foi
positivo para dermatofitose.
As alterações geográficas, climáticas e da relação ser humano-animal das últimas
décadas têm modificado a epidemiologia das doenças fúngicas em plantas e animais (FISHER
et al., 2012). Inicialmente os dermatófitos eram fungos geofílicos, entretanto, o contato com
animais e humanos fez com que se adaptassem aos diferentes hospedeiros sendo, então,

16
denominados zoofílicos e antropofílicos, respectivamente (HAYETTE e SACHELI, 2015). A
adaptação ao hospedeiro é responsável por gerar infecção de caráter crônico e resposta
inflamatória branda (PERES et al., 2010), uma vez que, quanto maior for a gravidade da
resposta inflamatória, maior será o recrutamento do sistema imune e mais rápida será a
resolução da doença (VERMOUT et al., 2008).
O ambiente úmido predispõe ao desenvolvimento da dermatofitose (NWEZE, 2010;
WEESE e YU, 2013) e, dependendo da região geográfica, existe variabilidade nos principais
agentes identificados. No entanto, os mais frequentemente relatados são os fungos dos
gêneros Trichophyton sp. e Microsporum sp. E, como principais espécies, o T. equinum e o
M. canis (WOBESER, 2015).
O primeiro isolamento e identificação da espécie zoofílica T. bullosum foi realizado
em equino jovem, com dermatopatia na região da coluna (LYSKOVA et al., 2015). Foram
realizadas cultura fúngica e análise da sequência do espaçador transcrito interno do DNA
ribossomal (ITS rDNA). Segundo os autores, essa espécie pode ser relativamente comum,
porém confundida com o T. verrucosum. O isolamento da mesma em humanos também foi
descrito (SITTERLE et al., 2012), confirmando seu potencial zoonótico.
Para a dermatofitose, os climas quente e úmido são considerados como fatores de risco
(NWEZE, 2010; WEESE e YU, 2013) e embora diversas cidades/estados brasileiras/os
possuam predominantemente esse tipo de clima, poucos são os estudos epidemiológicos da
dermatofitose nas diferentes regiões geográficas. Sendo assim, é necessária a realização de
investigações em distintas áreas do Brasil de forma a determinar o comportamento
epidemiológico da dermatofitose. Estudo realizado por Pessoa et al. (2014), na região
semiárida brasileira, revelou que a maioria dos equídeos avaliados (13/16) foi diagnosticada
com dermatofitose no período de chuvas, o que reforça a associação entre os períodos de
maior umidade e a apresentação da afecção.
Além do clima, a imunidade também influencia no desenvolvimento da dermatofitose
(PILSWORTH e KNOTTENBELT, 2007), bem como o estado nutricional (COOPER e MA,
2017). É importante destacar que grande parte dos animais atendidos em hospitais veterinários
encontra-se imunocomprometimento, ou mesmo submetido a inadequadas condições
sanitárias e nutricionais. Sendo assim, acredita-se que essa população seja mais
frequentemente acometida pela dermatofitose.
Para Gomes et al. (2012), a maior interação dos animais domésticos com seres
humanos promove a transmissão das doenças fúngicas e aumenta o número de casos na
população humana. Nesse contexto, a investigação das doenças de caráter zoonótico é

17
importante para desenvolver políticas públicas de prevenção, pois ainda que a enfermidade
não seja urgente ou emergente, resulta em perdas financeiras. O objetivo dessa pesquisa foi
verificar a prevalência e fatores associados à ocorrência da dermatofitose nos animais
atendidos em Hospital Veterinário Universitário, no período de um ano.

MATERIAL E MÉTODOS
O protocolo da pesquisa foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso Animal
(protocolo no. 93/2014) e pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (parecer
940.395). Foi realizada durante a rotina interna de atendimento no Hospital Veterinário
(HOV) do Setor de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, Departamento de Veterinária
(DVT) da UFV.
Foi realizado estudo epidemiológico transversal de prevalência. A inclusão dos
animais foi realizada no período de maio de 2015 a abril de 2016. Durante esse espaço de
tempo foram atendidos no Hospital Veterinário o total de 224 equídeos. Apenas foram
incluídos no estudo equinos cujos proprietários ou responsáveis aceitaram e concordaram com
a participação, mediante assinatura do termo de autorização. Dentre as principais causas da
não inclusão dos animais destacam-se a não autorização de participação, desencontro com o
proprietário ou responsável e a ausência de informações adequadas sobre o animal durante o
atendimento. Não ocorreram limitações quanto à inclusão dos equinos relativas à raça, sexo,
idade, pelagem, porte dos animais, estado reprodutivo, prática de atividade física, como
provas de marcha, cavalgadas e lida com o gado, ou região de origem do animal. Para avaliar
os fatores associados, os proprietários/responsáveis foram submetidos a um breve
questionário sobre histórico de dermatopatias, manejo alimentar e sanitário, presença de
contactantes equinos ou de outras espécies, nível de atividade a qual o animal era submetido e
localidade da propriedade em que habitava. As informações não obtidas após os
questionamentos foram classificadas como em branco. Já as informações esquecidas de serem
coletadas foram classificadas como ignoradas. O número de animais incluídos foi
determinado mediante cálculo estatístico realizado por software OpenEpi 3.01
(www.openepi.com), considerando como população total 200 equinos, frequência esperada de
13% e limite de confiança de 5%. A população total e a frequência esperada foram calculadas
de acordo com a média do número de animais atendidos nos últimos três anos no
HOV/DVT/UFV e com a média de prevalência encontrada em seis diferentes estudos de
regiões geográficas distintas. Para que o intervalo de confiança fosse maior que 99%, eram
necessários mais que 121 animais. Assim, foram incluídos 152 equinos independentes da

18
presença de lesões dermatológicas, uma vez que em outras espécies, como gatos (ROMANO
et al., 1997; CAFARCHIA et al., 2006) e roedores silvestres (SALEBIAN e LACAZ, 1980),
foi relatada a presença do fungo com ausência de sinais clínicos. A maioria (127/152)
apresentou histórico de afecções em outros sistemas e, raramente, de problemas cutâneos.
Após avaliação física, como rotina na prática da clínica médica de equinos, foi
realizado minucioso e específico exame dermatológico, com descrição das lesões
macroscópicas, caso houvesse, nas respectivas fichas de cada animal do estudo, incluindo
desenho do mapa dermatológico. Na sequência, foram obtidas amostras de pelo, material
descamativo e crostas mediante escovação do pelame de diferentes partes do corpo conforme
o método de Mackenzie (1963) ou epilação (apenas em um potro, cuja amostra não foi
possível ser obtida pelo método adotado), assim como raspado de pele para exames
parasitológico, micológico direto e cultura fúngica. Para cada animal foi utilizada uma escova
estéril. O material obtido foi armazenado em sacos de papel previamente autoclavados
durante 80 minutos a 127°C, para esterilização.
Parte das amostras foi submetida a exame direto utilizando hidróxido de potássio e
observado em microscópio de luz (Olympus BX 41). Foram pesquisadas hifas e artroconídeos
dos dermatófitos e a presença de ácaros. Foram considerados como casos positivos para
dermatofitose todos os animais positivos à cultura fúngica, independente da presença de
lesões dermatológicas. Para isso, parte das amostras foi submetida a análises microbiológicas
dos pelos, que foi semeado em tubos de ensaio com meio de cultura Ágar Sabouraud com
cloranfenicol (M1067, Himedia, Minas Labor Produtos para Laboratório, Viçosa, Minas
Gerais, Brasil) enriquecido com 4% de dextrose, assim como em meio seletivo para
dermatófitos (DTM) (Fungobiotic Agar, M475, Himedia, Minas Labor Produtos para
Laboratório, Viçosa, Minas Gerais, Brasil), composto por dextrose 10%, cicloheximida e
cloranfenicol. Cada amostra foi semeada em pelo menos dois tubos de ensaio, dependendo da
quantidade de pelos obtidos durante a escovação, com o devido cuidado para manter o
máximo contato possível da amostra com o meio de cultura. O material foi incubado durante
30 dias com avaliação diária para verificar o crescimento fúngico. A identificação fúngica foi
realizada por meio de teste de macro e micromorfologia, com o auxílio da coloração
lactofenol azul-algodão, seguida de testes bioquímicos. O Atlas of Clinical Fungi (HOOG et
al., 2005) foi utilizado para auxiliar a identificação das espécies. Assim, foram realizadas
avaliações da macro e micromorfologia da colônia fúngica e os testes bioquímicos de urease,
perfuração do pelo in vitro e conideogênese em ágar arroz.

19
Foram coletadas informações sobre temperatura, precipitação e umidade relativa do ar
no site do Instituto Nacional de Meteorologia (www.inmet.gov.br) referente ao período de
coleta das amostras do presente estudo nas estações meteorológicas de Viçosa e Belo
Horizonte. As informações foram avaliadas e correlacionadas estatisticamente por meio do
software OpenEpi versão 3, ano 2006 (http://www.openepi.com/Menu/OE_Menu.htm).
As análises epidemiológicas realizadas foram prevalência, razão de chances (RC)
condição de máxima verossimilhança da razão de chances (CMLE). Foi utilizada estatística
descritiva e inferencial (Qui-quadrado). O intervalo de confiança para a RC foi determinado
mediante utilização do método exato (mid-p exact). Os softwares usados para as avaliações
epidemiológicas e estatísticas foram Epi Info 7.1.3 (Center of Disease Control and
Prevention) e OpenEpi versão 3, ano 2006 (http://www.openepi.com/Menu/OE_Menu.htm).
As informações obtidas por questionário e avaliações física e dermatológica foram analisadas
quanto à associação com a dermatofitose. Com a finalidade de facilitar a análise estatística de
acordo com a idade, os animais foram divididos em dois grupos, sendo um com animais com
menos de 60 meses, e outro com animais com idade ≥ 60 meses. Os resultados foram
interpretados considerando o nível e significância de 5% (p < 0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
No período do estudo foram atendidos 224 animais. Desses, 152 animais foram
incluídos na pesquisa, obtendo-se um intervalo de confiança de 99,0%. Detalhes sobre a
frequência absoluta e relativa referente ao sexo, idade, raça, regime alimentar, fornecimento
de volumoso, ração e sal mineral estão apresentados na Tabela 1. Dos 152 animais, 82
(54,0%) eram machos e a média de idade foi de 63,43 ± 53,91 meses, com mediana em 43
meses. Um total de 126 apresentavam raça definida e 26 eram mestiços. As raças variaram,
sendo a Mangalarga Marchador a mais frequente (80,9%). As demais foram Campolina
(4,8%), Mangalarga Paulista (4,0%), Bretão (3,2%), Pônei (2,4%), Quarto de Milha (1,6%),
Pequira (0,8%), Argentina (0,8%), American Trotter (0,8%) e Lusitano (0,8%).
O valor médio do peso corporal foi de 307,20 ± 100,67 kg, com mediana em 232,5 kg.
No que se refere ao manejo nutricional, 61,2% dos animais (93/152) permaneciam em regime
exclusivo de pasto, 90,8% (138/152) recebiam volumoso, 75,7% (115/152) ração. Sal mineral
era oferecido a 80,3% (122/152) dos animais (Tabela 1).

20
Tabela 1. Frequência absoluta e relativa das características biológicas e manejo nutricional
dos equinos

Características biológicas Frequência


Absoluta (N) Relativa (%)
Sexo
Macho 82 54,0
Fêmea 70 46,1
Idade (meses)
< 60 80 52,6
 60 60 39,5
Ignorado/Branco 12 7,9
Raça
Sim 126 82,9
Não (animal mestiço) 26 17,1
Manejo Nutricional
Regime alimentar
Pasto 93 61,2
Misto 39 25,7
Baia 12 7,9
Ignorado/Branco 8 5,3
Volumoso
Sim 138 90,8
Não 11 7,2
Ignorado/Branco 3 2,0
Ração
Sim 115 75,7
Não 30 19,7
Ignorado/Branco 7 4,6
Sal Mineral
Sim 122 80,3
Não 22 14,5
Ignorado/Branco 8 5,3

21
Foram incluídos equinos de sete microrregiões distintas do estado de Minas Gerais
(MG), sendo elas: Viçosa (91), Ubá (34), Itabira (11), Ponte Nova (5), Muriaé (4), Cataguases
(4) e Ouro Preto (1). Adicionalmente, um animal pertencia à microrregião de Nova Friburgo,
no estado do Rio de Janeiro. Para apenas um animal a informação não foi obtida. Em Minas
Gerais, as estações meteorológicas mais próximas das microrregiões mencionadas são as de
Viçosa e Belo Horizonte (INMET, 2016), as quais abrangem 98,7% da população em estudo.
Assim como Ahdy et al. (2016), a presente pesquisa foi realizada durante o período de
um ano com a finalidade de envolver as quatro estações do ano, embora as mesmas não sejam
exatamente muito bem definidas no Brasil. A estação do ano que menos demandou
atendimento hospitalar foi o inverno, correspondendo apenas a 9% dos casos. A frequência foi
de 34%, 32% e 25% no verão, primavera e outono, respectivamente. Durante o período de
coleta das amostras, foi verificado que as estações com maior precipitação foram verão e
primavera, com média de 198,55 ± 89,4 mm³ e 147,5 ± 60,7 mm³, respectivamente. Essas
também foram estações com temperatura média máxima mais elevada, sendo 29,5 ± 0,9°C e
30,7 ± 0,6°C no verão e primavera, respectivamente. Entretanto, umidades relativas médias
maiores foram observadas no verão (72,2 ± 6,9%) e outono (74,3 ± 8,7%). Apesar dessa
variação, não houve diferença (p = 0,76) para dermatofitose entre as estações do ano, embora
seja mais comum nas regiões de clima quente e úmido (NWEZE, 2010; WEESE e YU, 2013).
Esse resultado pode ser explicado devido à região sudeste do Brasil, onde o estudo foi
realizado, onde não existem grandes variações de temperatura e umidade ao longo das
estações do ano, ao contrário do que é observado nas regiões subtropicais.
A maioria dos animais foi vermifugada nos últimos seis meses (80,3%), recebia algum
tipo de controle de ectoparasitas (65,1%) e eram banhados (50,7%). O manejo sanitário
incluído pode, de um modo geral, ser considerado como adequado, uma vez que a grande
maioria foi vermifugada nos últimos seis meses, receberam algum tipo de controle de
ectoparasitas e banhos para higienização do pelame.
O total de 83,6% dos equinos apresentou morbidade abrangendo os sistemas
locomotor, gastrointestinal, tegumentar, reprodutor/mamário durante atendimento clínico. Os
demais animais, ou seja, 13,8% estavam hígidos e correspondiam a éguas acompanhando
seu/sua potro/a enfermo/a ou potro/a hígido/a acompanhando éguas enfermas (Tabela 2). Dos
casos de acometimento do sistema tegumentar, as lesões mais frequentemente observadas
foram alopecia e escoriação, além de descamação, crostas e pápulas (Figura 1). A Figura 2
mostra animais com quadro de alopecia.

22
Tabela 2. Frequências absoluta e relativa das características de manejo sanitário e exame
físico (inspeção e palpação) dos equinos

Manejo sanitário Frequência


Absoluta (N) Relativa (%)
Vermifugação nos últimos seis meses
Sim 122 80,3
Não 24 15,8
Ignorado/Branco 6 3,9
Controle de ectoparasitas
Sim 99 65,1
Não 43 28,3
Ignorado/Branco 10 6,6
Banho
Sim 77 50,7
Não 59 38,8
Ignorado/Branco 16 10,5
Condição Clínica
Morbidade
Sim 127 83,6
Não 21 13,8
Ignorado/Branco 4 2,6
Dermatopatias
Sim 75 49,3
Não 77 50,7
Presença de ectoparasitas na inspeção
Sim 62 40,8
Não 52 34,2
Ignorado/Branco 38 25,0

23
Figura 1. Gráfico da frequência das lesões dermatológicas observadas macroscopicamente
nos animais atendidos pelo HOV/DVT/UFV no período de maio de 2015 a abril de 2016. Tec.
gran. exuberante: tecido de granulação exuberante.

Figura 2. Quadro clínico mais frequentemente apresentado pelos animais positivos para
dermatofitose, caracterizado por alopecia (setas).

24
A frequência de dermatofitose em casuística hospitalar durante o período de um ano
foi de 19,1% (29/152), sendo considerada elevada. Schmidt (1996) coletou 606 amostras para
micológico direto e cultura fúngica de diferentes espécies animais dermatopatas provenientes
de atendimentos por médicos veterinários de Westfalia do Norte (Alemanha), no período
entre 1993 e 1995. Foi observada prevalência de 11,46% na espécie equina. No Egito,
pesquisa recentemente realizada por Ahdy et al. (2016), durante o período de um ano incluiu
457 de um total de 735 equinos selecionados de forma randomizada. Todos eram da raça
Árabe e pertenciam a 15 diferentes fazendas nas cidades de Cairo e Giza. Foram realizados
exame micológico direto e cultura fúngica, os quais revelaram prevalência de 16,8% para
dermatofitose. No estado de Kaduna, Nigéria, Maurice et al. (2016) realizaram estudo com
102 equinos que apresentavam lesões dermatológicas. As amostras foram coletadas de Março
a Setembro de 2014 e encaminhadas para cultura e isolamento fúngico. Dessas, 18 (17,6%)
foram positivas para dermatofitose. Estudo retrospectivo conduzido por Schaffer et al. (2013)
na região central da América do Norte e Canadá foi realizado utilizando informações de
laudos de biópsias cutâneas equinas e de lesões clínicas não neoplásicas, coletadas durante 10
anos, na Faculdade de Veterinária da Universidade do Estado do Colorado e da Universidade
de Saskatchewa. Foram incluídos 5.141 espécimes e os resultados revelaram que apenas 2%
dos casos foram positivos para dermatofitose.
No Brasil, Ishikawa et al. (1996) realizaram estudo no estado de São Paulo, no qual
foram incluídos 175 equinos de ambos os sexos e de diferentes raças e idades. A prevalência
no total de equinos e naqueles com lesões dermatológicas sugestivas de dermatofitose foi de
apenas 1,7% e 7,1%, respectivamente. Os autores não mencionaram o período de tempo em
que a pesquisa foi realizada. Estudo retrospectivo, desenvolvido no estado da Paraíba,
também no Brasil, objetivou avaliar os registros de atendimento clínico de 1.786 equinos,
atendido no período de 10 anos. Dentre os animais incluídos na investigação, foi observada
prevalência de 3,4% dentre os 447 animais dermatopatas (PESSOA et al., 2014).
Os estudos anteriormente mencionados revelam que a prevalência esperada da
dermatofitose em equinos é relativamente baixa, não ultrapassando os 18%. Entretanto,
Nweze (2011) realizou uma pesquisa durante 30 meses em sete estados nigerianos, que
incluiu animais de espécies domésticas distintas com dermatopatias. Dos 538 animais
avaliados, 39,8% foi positivo para dermatofitose, e dos 25 equinos avaliados, 44,0% foram
positivos, todos mediante cultura fúngica.
Dos 29 animais positivos para dermatofitose, confirmada na cultura fúngica, 14
(48,3%) não apresentavam lesões dermatológicas macroscópicas. No estudo de prevalência da

25
microbiota fúngica equina conduzido no estado de São Paulo por Ishikawa et al. (1996),
nenhum dos animais assintomáticos avaliados foi positivo na cultura fúngica para
dermatofitose. O isolamento de dermatófitos em animais assintomáticos também ocorre em
gatos (ROMANO et al., 1997; CAFARCHIA et al., 2006), o que os torna portadores
assintomáticos da dermatofitose. Em 1980, Salebian e Lacaz divulgaram resultados de cultura
fúngica de 47 amostras de pelos sadios coletados de 27 roedores silvestres do estado de São
Paulo. O gênero Trichophyton foi identificado em 8,4% das amostras, sendo metade delas
positiva para o T. mentagrophytes. Esses resultados revelaram que roedores silvestres também
são potenciais portadores assintomáticos e transmissores do patógeno. Diante dos resultados
obtidos no presente estudo, acredita-se que o mesmo possa ocorrer na espécie equina.
Por resultar na quebra da barreira física e química da pele, era esperado que a presença
de lesões dermatológicas fosse fator associado à dermatofitose, mas análise estatística não
revelou essa hipótese. Também não foi observada diferença estatística entre os animais com
ou sem dermatopatias. O fato de a cultura fúngica confirmar casos da afecção não
diagnosticada no exame micológico direto confirma a característica de identificar padrão ouro
da técnica.
O exame micológico direto revelou a presença de hifas (Figura 3A) e artroconídeos
ectotrix (Figura 3B) em 10 (6,6%) equinos. Dos 152 animais avaliados, 29 foram positivos
para dermatofitose à cultura fúngica (Figura 4). Todos os animais positivos no exame
micológico direto também foram positivos à cultura fúngica, e 19 animais foram positivos
apenas na cultura fúngica. Foram observados dois gêneros de dermatófitos, Trichophyton sp.
e Microsporum sp., sendo o primeiro mais prevalente (18 vs 11 animais). A espécie mais
comumente isolada foi o T. equinum (n = 12; 41,4%) (Figura 5 A,B), seguida do M. gypseum
(n = 11; 37,9%) (Figura 5C). Esse resultado corrobora com os dados obtidos por Nweze
(2011) e Ahdy et al. (2016), que encontraram maior frequência do T. equinum em estudos
epidemiológicos de prevalência realizados em sete estados da Nigéria e em 15 fazendas no
Egito, respectivamente. Na região Sul do Brasil foi relatado surto de T. equinum que
acometeu 55,2% (58/105) dos cavalos da raça crioulo de um rebanho (PEREIRA et al., 2006),
o que reforça ainda mais a importância dessa espécie nos casos brasileiros. Trata-se de uma
espécie de dermatófito específico de equinos (MORETTI et al., 2013), portanto, o termo
zoonótico está erroneamente utilizado pela dermatofitose ocasionada por esse agente
etiológico, devido ao seu caráter espécie-específico.
Foi observado que 51,3% (78/152) dos animais avaliados não eram submetidos a
nenhum tipo de atividade física. Além disso, 94,7% (144/152) pertenciam a propriedades que

26
possuíam outros animais domésticos. As espécies contactantes mais frequentes foram equinos
(90,8%), caninos (65,7%) e bovinos (41,5%) (Tabela 3).

Figura 3. Hifas (a) e artroconídeos (b) observados no exame micológico direto (seta).

Tabela 3. Frequências absoluta e relativa das características atividade física e presença de


contactantes

Frequência
Atividade física
Absoluta (N) Relativa (%)
Atividade física
Sim 64 42,11
Não 78 51,32
Ignorado/Branco 10 6,58
Contactantes
Equinos 138 90,79
Bovinos 63 41,45
Caninos 100 65,79
Felinos 53 34,87
Ovinos/ 14 9,21
Caprinos 7 4,61
Suínos 11 7,24
Aves 55 36,18

27
Outra espécie isolada, em animais com ou sem lesões dermatológicas, foi o T.
terrestre (n = 5; 17,2%). Essa, não é considerada como agente patogênico da dermatofitose
(CHERMETTE et al., 2008). No entanto, o presente projeto isolou essa espécie em dois
animais com lesões dermatológicas, que incluíram alopecia e descamação, e por isso sugere-
se que essa espécie deve ser levada em consideração e incluído na etiopatogenia da
dermatofitose.
A cultura de um (3,5%) animal sem lesão cutânea revelou o crescimento do T. rubrum
(Figura 5 D). Até a presente data esse é o primeiro relato na literatura da identificação de T.
rubrum em equinos. Esse agente etiológico é antropofílico, sendo causa frequente da
dermatofitose na espécie humana (VENKATESAN et al., 2007; NENOFF et al., 2014) como
agente etiológico da tinea pedis e onicomicoses em humanos. Essa espécie raramente infecta
raiz e haste pilosa, preferindo colonizar extrato córneo epidérmico e queratina ungueal
(NENOFF et al., 2014). Também já foi descrita em cão (ROOJI et al., 2011) e leão marinho
(QUINTARD et al., 2015), ambos com lesões dermatológicas. O cão apresentou alopecia
extensa e bem delimitada com crostas, descamação e hiperpigmentação. O leão marinho
apresentou lesões múltiplas a coalescentes, ulcerativas, descamativas e crostosas, com áreas
alopécicas circunscritas e bem delimitadas. Por não ser adaptado aos hospedeiros, seria
esperado que o único equino identificado com T. rubrum apresentasse lesões dermatológicas.
Entretanto, o animal foi assintomático. Dessa forma, é possível que o agente fúngico tenha
sido isolado a partir de contaminação ambiental.

28
Figura 4. Diagrama representando a prevalência da dermatofitose: observação dos casos de
dermatopatia e espécie fúngica isolada dentre os animais avaliados.

Os resultados das análises dos fatores associados à presença da dermatofitose na


cultura estão apresentados na Tabela 4. Nota-se que não foram observadas diferenças entre o
diagnóstico de dessa afecção dentro das variáveis avaliadas. Curiosamente, em nenhum
animal foi isolada a espécie M. canis, citada na literatura por alguns pesquisadores
(WOBESER, 2015; AHDY et al., 2016) como uma das mais frequentes nos animais
domésticos.
Durante o exame parasitológico, foi detectada a presença do ácaro Psoroptes equi em
dois (1,3%) animais. Um desses também foi positivo para dermatofitose. Adicionalmente, seis
animais foram positivos para dermatofilose e desses, dois também apresentaram
dermatofitose.

29
Figura 5. Resultado da cultura fúngica observada micro e macroscopicamente. Observa-se o
agente Trichophyton equinum (A,B) (200x e 400x) e Microsporium gypseum (C) (400x)
(lactofenol azul-algodão). Macromorfologia do Trichophyton rubrum, que foi isolado de
animal assintomático (D).

30
Tabela 4. Resultado das análises bivariadas relacionadas com a presença de dermatófitos em
cultura fúngica
Positivo Negativo Valor
Características de X² RC(1) IC95%(2)
N % N % P
Sexo
Macho 16 55,2 66 53,7
0,88 0,0216 1,06 0,47-2,40
Fêmea 13 44,8 57 46,3
Idade (meses)
< 60 15 55,6 65 57,5
0,85 0,034 0,92 0,40-2,15
≥ 60 12 44,4 48 42,5
Raça
Sim 24 82,8 102 80,9
0,96(3) --- 0,99 0,35-3,21
Não 5 17,24 21 17,1
Presença de dermatopatia
Sim 15 51,7 60 48,8
0,78 0,08 1,13 0,50 – 2,53
Não 14 48,3 63 51,1
Presença de morbidades
Sim 26 89,7 101 84,9
0,54(3) --- 1,54(4) 0,45 – 7,0
Não 3 10,3 18 15,1
Estação do ano
Verão 10 34,5 39 32,2
Outono 9 31,0 29 25,0
0,76 1,153 --- ---
Inverno 2 6,9 11 8,6
Primavera 8 27,6 44 34,2
Banhos
Sim 14 51,9 63 57,8
0,58 0,31 0,79 0,34-1,83
Não 13 48,1 46 42,2
Atividade física
Sim 9 34,6 55 47,4
0,24 1,4 0,59 0,24-1,43
Não 17 65,4 61 52,6
Presença de ectoparasitas
Sim 12 60 50 53,2
0,58 0,31 1,32 0,49-3,52
Não 8 40 44 46,8
Regime de pastagem
Sim 26 92,9 106 91,4
0,86(3) --- 1,23(4) 0,28- 8,65
Não 2 7,1 10 8,6
(1)
Razão de Chances. (2) Intervalo de confiança para 95%. (3) Valor de p para teste Exato Mid-
P. (4)CMLE (Razão de Chances Estimador de Máxima Verossimilhança de Razão de
Chances).

31
Dentre os vieses associados ao estudo é possível destacar os de informação,
relacionados às variáveis questionadas, e também viés de memória, uma vez que exigiu dos
responsáveis informações retroativas. De acordo com Medronho et al. (2008), as pesquisas
que utilizam questionários como instrumento de coleta de dados podem ter sua fidedignidade
comprometida, devido à influência que as respostas sofrem pela possibilidade do viés de
memória e informação. Nesse contexto, a aplicação dos questionários é uma metodologia
passível de vieses de memória. Entretanto, Dias et al. (2013), que utilizaram questionário
similar ao adotado no presente estudo, mencionaram que os responsáveis (proprietários ou
responsáveis) compreenderam facilmente os questionários utilizados. No presente estudo, foi
notado, ao se questionar se o animal já havia apresentado alguma lesão dermatológica
anteriormente, que havia deficiência na compreensão do que seriam essas lesões, uma vez que
muitos as compreendiam apenas como ausência de pelo em regiões extensas ou prurido
intenso. Essa situação demonstra a presença do viés de informação e de memória, uma vez
que por não compreender do que corresponde, o proprietário/responsável não responderá ao
questionamento com informações detalhadas, podendo até mesmo esquecer eventos ocorridos
previamente, por considera-los irrelevantes.
Também foi observado que alguns proprietário/responsáveis não sabiam informar
quanto ao protocolo de vacinação e vermifugação empregado na propriedade, incluindo quais
as vacinas e bases farmacológicas utilizadas, comprovando mais uma vez a presença desses
vieses. Para reduzir alguns deles nos questionários, havia explicação sobre cada item.
Finalmente, é preciso considerar a ocorrência de contaminação cruzada devido à
impossibilidade de evitar a utilização de fômites coletivos previamente ao atendimento
hospitalar e coleta de material para diagnóstico microscópico. Da mesma forma, também não
é possível evitar o contato dos animais com moscas e roedores. Ambas as situações tornam
provável a ocorrência de possíveis carreadores da dermatofitose, o que envolve os animais
assintomáticos.
Os estudos que utilizam amostragens estão sujeitos aos erros amostrais, resultantes de
flutuações aleatórias. A ocorrência desses erros não pode ser evitada, porém pode ser
minimizada pela escolha do tamanho da amostra. Para isso, dos 224 equinos atendidos no
hospital veterinário foram coletadas informações e amostras de 152 animais, o que
corresponde a 67,9% dos animais atendidos, representando a maioria da casuística, sendo esse
um aspecto positivo. Além disso, o tamanho amostral foi significativo, uma vez que alcançou
um nível de significância 99%, tornando a amostra numericamente representativa.
Porcentagem de 62,2% equinos (457/735) foi utilizada por Ahdy et al. (2016). Por outro lado,

32
identificação da dermatofitose por ElAshmawy e Ali (2016) incluiu apenas dois animais.
Ishikawa et al. (1996) não mencionaram a população total de equinos. A maioria dos estudos
não explicita a população total de onde a amostra foi retirada e existe grande variabilidade no
número de animais incluídos nas pesquisas realizadas na espécie equina.
Apesar dos aspectos limitantes, estudos epidemiológicos dessa natureza visam não
somente auxiliar na saúde animal, mas também na humana, por se tratar de zoonose e ser uma
afecção encontrada em animais sem a dematopatia. Portanto, os dados apresentados são
valiosos, particularmente porque revelam que outras espécies de fungos podem ser
encontradas em equinos, como o T. rubrum, e que algumas mencionadas como frequentes,
como o M. canis, podem não ocorrer em determinadas regiões, assim como ocorreu no
presente estudo.

CONCLUSÃO
Nas condições realizadas no presente estudo utilizando casuística de Hospital
Universitário Veterinário, pode-se concluir que:
1. A prevalência da dermatofitose em casuística realizada em hospital veterinário
universitário localizado na região da zona da Mata Mineira, Sudeste do Brasil, durante
o período de maio de 2015 a abril de 2016 é de 19,1%. Quase 50% dos animais podem
não apresentar lesões dermatológicas, indicando que os equinos podem atuar como
carreador assintomático, assim como acontece com os felinos. O T. rubrum é uma
espécie que infecta a espécie equina. A maioria dos animais é positiva para o T.
equinum.
2. Raça, idade, sexo, manejos sanitário e nutricional, condição física, estação do ano,
presença e espécie contactantes, prática de atividade física, presença e controle de
ectoparasitas não se associaram à dermatofitose.

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36
Anexo 1 - Autorização de participação de animal(is) no projeto de mestrado.

Eu, ___________________________________, RG/CPF____________________________,


responsável pelo(s) animal(is) __________________________________________________,
identificado no presente estudo pelo(s) número(s) __________________________________,
estou ciente dos procedimentos que serão possivelmente realizados nesse(s) animal(is),
denominados Teste de Mackenzie (coleta do pelo por escovação com escova de dente).
Confirmo que fui informado e entendi plenamente os riscos e benefícios obtidos ao permitir a
participação do(s) animal(is) no presente estudo. Estou ciente e compreendo que os
envolvidos no estudo não possuem obrigações em arcar com as despesas decorrentes de
possíveis tratamentos, e que esses tratamentos serão prescritos pelo veterinário responsável
pelo atendimento do animal, no momento ou futuramente. Sendo assim, se necessário, o(s)
animal(is) será(ão) encaminhado(s) para atendimento veterinário devido.

____________________, ______ de _______________ de 20___.

_________________________________________________
Assinatura do responsável

_________________________________________________
Assinatura do responsável pelo estudo

37
Anexo 2 - Questionário aplicado a proprietários e/ou responsáveis no estudo transversal.

Município:________________________ Data: ____/____/_____ No___________

Identificação do Proprietário Descrição:__________________________


Nome: ____________________________ __________________________________
Propriedade:________________________ __________________________________
Endereço:__________________________ Medicação foi/sendo realizada?
__________________________________ __________________________________
__________________________________ __________________________________
Número de equinos:__________________ SANIDADE
Há quanto tempo cria o animal?_________ Vermifugação: Qual? _________________
ALIMENTAÇÃO Frequência?_________________________
Ração: Qual? _______________________ Vacinação: Quais? ___________________
Quantidade?________________________ Controle de ectoparasitas? Qual?
Frequência?_________________________ Frequência?_________________________
Volumoso: Qual? ____________________ __________________________________
Quantidade?________________________ O animal é banhado? Produto?
Frequência?_________________________ Frequência?_________________________
Farelos: Qual?_______________________ __________________________________
Quantidade?________________________ Tipo de atividade física submetida (horas/
Frequência?_________________________ dia)? ______________________________
Sal mineral: Qual? ___________________ __________________________________
Quantidade?________________________ USO DA PESQUISA
Frequência?_________________________ Coleta de amostra: (S) (N)
Ingestão hídrica: Fonte? _______________ Quais? Pelos (S) (N)
Frequência?_________________________ Raspado cutâneo (S) (N)
Suplementos: Qual? __________________ Biópsia cutânea (S) (N) Fotos (S) (N)
Quantidade?________________________ Avaliação física
Frequência?_________________________ FC: _________ FR: _________
Identificação do Animal Mucosas: ___________________
Nome:____________________ Sexo:____ T(ºC): ________ TEC: ______
Peso:_____Idade:_______ Auscultação da motilidade intestinal:
Raça:_______________ __________________________________
Histórico de dermatopatia? __________________________________
__________________________________ Presença de ectoparasitas? Quais?
__________________________________ __________________________________
__________________________________ Contactantes? Espécie? Quantos?
Sintomáticos?_______________________
__________________________________

38
Anexo 3 - Mapa dermatológico para equinos.

Resenha/Pelagem

39
Anexo 4 - Análise descritiva das características sexo, idade, raça, pelagem, local de origem
dos animais e contato com pasto, referente aos equinos incluídos no estudo.
Frequência Simples
Características
Absoluta Relativa (%)
Sexo
Macho 82 53,95
Fêmea 70 46,05
Idade (meses)
< 60 80 52,63
≥ 60 60 39,47
Não obtido 3 1,97
Ignorado 9 5,92
Raça
Sim(1) 126 82,89
Não 26 17,11
Pelagem
Tordilho 47 30,92
Castanho 26 17,11
Alazão 26 17,11
Pampa 16 10,53
Baio 15 9,87
Rosilho 7 4,61
Preto 5 3,29
Lobuna 1 0,66
Palomino 1 0,66
Ignorado 8 5,26
Local de origem do animal
Viçosa 91 59,87
Ubá 34 22,37
Itabira 11 7,24
Ponte Nova 5 3,29
Muriaé 4 2,63
Cataguases 4 2,63
Ouro Preto 1 0,66
Nova Friburgo 1 0,66
Ignorado/Branco 1 0,66
Contato com pasto
Regime de pasto 93 61,18
Regime misto 39 25,66
Regime de baia 12 7,89
Não obtido 1 0,66
Ignorado/Branco 7 4,61
(1) As raças avaliadas foram: Mangalarga Machador (102), Campolina (6), Mangalarga
Paulista (5), Bretão (4), Pônei (3), Quarto de Milha (2), Pequira (1), Argentina (1), American
Trotter (1), Lusitano (1).

40
Anexo 5 - Análise descritiva das características fornecimento de volumoso, ração e sal
mineral, assim como vermifugação, controle de ectoparasitas, banho e sua frequência,
referente aos equinos incluídos no estudo
Frequência Simples
Características
Absoluta Relativa (%)
Fornecimento de volumoso
Sim 138 90,79
Não 11 7,24
Não obtido 2 1,32
Ignorado 1 0,66
Fornecimento de ração
Sim 115 75,66
Não 30 19,74
Não obtido 4 2,63
Ignorado 3 1,97
Fornecimento de sal
mineral
Sim 122 80,26
Não 22 14,47
Não obtido 2 1,32
Ignorado 6 3,95
Vermifugação nos últimos
6 meses
Sim 122 80,26
Não 24 15,79
Não obtido 3 1,97
Ignorado 3 1,97
Controle de ectoparasitas
Sim 99 65,13
Não 43 28,29
Não obtido 3 1,97
Ignorado 7 4,61
Banhos
Sim 77 50,66
Não 59 38,82
Não obtido 2 1,32
Ignorado 14 9,21
Frequência de banhos
> 1 vez/semana 20 21,51
Semanal 25 26,88
Quinzenal 8 8,60
Mensal 5 5,38
Raramente 13 13,98
Não obtido 4 4,30
Ignorado 18 19,35

41
Anexo 6 - Análise descritiva das características atividade fisica, morbidade, dermatopatia,
local e tipo de lesão cutânea, referente aos equinos incluídos no estudo.
Frequência Simples
Características
Absoluta Relativa (%)
Atividade física
Sim 64 42,11
Não 78 51,32
Não obtido 2 1,32
Ignorado 8 5,26
Morbidade
Sim 127 83,55
Não 21 13,82
Ignorado 4 2,63

Morbidade
Sistema locomotor 44 29,0
Orogastrointestinal 40 26,3
Sistema Tegumentar 27 17,8
Resprodutor e mamário 4 2,6
Hígidos 21 13,8
Outros 12 7,9
Ignorado/Branco 4 2,6
Dermatopatia
Sim 75 49,34
Não 77 50,66
Local da lesão cutânea
Tronco 132 54,3
Cabeça e pescoço 49 20,2
Membros 30 12,3
Lombar e lombossacra 24 9,9
Ventre 8 3,3
Tipo de lesão cutânea
Alopecia 38 32,5
Escoriação 21 17,9
Crosta 16 13,7
Nódulo 12 10,3
Descamação 12 10,3
Tecido de granulação 9 7,7
exuberante
Pápula 7 6,0
Pústula 2 1,7

42
Anexo 7 - Análise descritiva das características animais contactantes e estação do ano,
referente aos equinos incluídos no estudo.
Frequência Simples
Características
Absoluta Relativa (%)
Contactantes equinos
Sim 138 90,79
Não 7 4,61
Ignorado 7 4,61
Contactantes bovinos
Sim 63 41,45
Não 79 51,97
Ignorado 10 6,58
Contactantes caninos
Sim 100 65,79
Não 42 27,63
Ignorado 10 6,58
Contactantes felinos
Sim 53 34,87
Não 89 58,55
Não obtido 10 6,58
Ignorado
Contactantes ovinos
Sim 14 9,21
Não 128 84,21
Ignorado 10 6,58
Contactantes caprinos
Sim 7 4,61
Não 135 88,82
Ignorado 10 6,58
Contactantes suínos
Sim 11 7,24
Não 131 86,18
Ignorado 10 6,58
Contactantes aves
Sim 55 36,18
Não 87 57,24
Ignorado 10 6,58
Ectoparasitas ao
atendimento
Sim 62 40,79
Não 52 34,21
Ignorado 38 25,00
Estação do no atendimento
Verão 49 32,24
Outono 38 25,00
Inverno 13 8,55
Primavera 52 34,21

43
CONCLUSÕES GERAIS

A prevalência da dermatofitose é relativamente alta em casuística hospitalar


universitária, o que pode está relacionado com a condição de saúde apresentada pelos animais
avaliados. A afecção também ocorre em animais dermatologicamente assintomáticos. O
agente T. rubrum isolado pela primeira vez em equino do presente estudo, ainda não permite,
no entanto, afirmar que esse cause doença no hospedeiro. Nas condições experimentais
delineada nessa pesquisa, pode-se dizer que não existe associação entre as variáveis avaliadas
e a infecção por dermatófitos.
No Brasil, existem poucos estudos caracterizando a epidemiologia da dermatofitose
equina. Ainda são necessários experimentos na área da dermatopatia em questão. Estudos
epidemiológicos dessa natureza visam não somente auxiliar na saúde animal, mas também na
humana, uma vez que o conhecimento da presença e comportamento das principais espécies
de dermatófitos em diferentes regiões geográficas auxilia no desenvolvimento de intervenções
que promovam a prevenção e tratamento da dermatofitose.

44

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