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7908403558513
CRF-RJ
CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO RIO DE JANEIRO
Agente Administrativo
EDITAL Nº 1 – CRFRJ, DE 9 DE JULHO DE 2024
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Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados................................................................................................... 5
2. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais............................................................................................................................. 5
3. Domínio da ortografia oficial...................................................................................................................................................... 6
4. Domínio dos mecanismos de coesão textual. Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conecto-
res e de outros elementos de sequenciação textual.................................................................................................................. 7
5. Emprego de tempos e modos verbais. Emprego das classes de palavras................................................................................... 8
6. Domínio da estrutura morfossintática do período..................................................................................................................... 14
7. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. Relações de subordinação entre orações e entre termos
da oração.................................................................................................................................................................................... 17
8. Emprego dos sinais de pontuação.............................................................................................................................................. 20
9. Concordância verbal e nominal.................................................................................................................................................. 24
10. Regência verbal e nominal.......................................................................................................................................................... 26
11. Emprego do sinal indicativo de crase.......................................................................................................................................... 27
12. Colocação dos pronomes átonos................................................................................................................................................ 27
13. Reescrita de frases e parágrafos do texto................................................................................................................................... 28
14. Significação das palavras............................................................................................................................................................. 33
15. Substituição de palavras ou de trechos de texto........................................................................................................................ 34
16. Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto................................................................................................. 34
17. Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade............................................................................................ 34
18. Redação e correspondências oficiais. Manual de Redação da Presidência da República........................................................... 35
Raciocínio Lógico
1. Estruturas lógicas........................................................................................................................................................................ 65
2. Lógica de argumentação: analogias, inferências, deduções e conclusões.................................................................................. 65
3. Lógica sentencial (ou proposicional). Proposições simples e compostas. Tabelas verdade. Equivalências. Leis De Morgan..... 69
4. Diagramas lógicos. Lógica de primeira ordem............................................................................................................................ 72
5. Princípios de contagem e probabilidade..................................................................................................................................... 76
6. Operações com conjuntos.......................................................................................................................................................... 78
7. Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais........................................................................ 81
Noções de Informática
1. Conceitos básicos de hardware e software: funcionamento do computador; conhecimentos dos componentes principais.... 83
2. Noções do Sistema Operacional Windows (10 e 11).................................................................................................................. 84
3. Redes de Computadores: conceitos básicos............................................................................................................................... 84
4. Conceitos gerais de segurança da informação: proteção contra vírus e outras formas de softwares ou ações intrusivas......... 88
5. Dados: conceitos, atributos, métricas, transformação de dados................................................................................................ 92
6. Ciência de Dados: governança da informação............................................................................................................................ 99
7. Ferramentas de Produção Workspace (Power BI, Office, LibreOffice, Google Workspace)........................................................ 100
ÍNDICE
Atualidades
1. Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como recursos hídricos, segurança, transportes, política, economia, socie-
dade, educação, saúde, cultura, tecnologia, energia, relações internacionais, desenvolvimento sustentável e ecologia......... 119
Gêneros textuais
A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
5
LÍNGUA PORTUGUESA
não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual, Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser ob-
podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o servadas:
padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as- • Depois de ditongos (ex: coisa)
sim como a própria língua e a comunicação, no geral. • Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S”
Alguns exemplos de gêneros textuais: (ex: casa > casinha)
• Artigo • Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou
• Bilhete origem. (ex: portuguesa)
• Bula • Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex:
• Carta populoso)
• Conto
• Crônica Uso do “S”, “SS”, “Ç”
• E-mail • “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex:
• Lista diversão)
• Manual • “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• Notícia • “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passa-
• Poema ram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)
• Propaganda
• Receita culinária Os diferentes porquês
• Resenha
• Seminário Usado para fazer perguntas. Pode ser
POR QUE
substituído por “por qual motivo”
Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em
determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex- Usado em respostas e explicações. Pode ser
PORQUE
to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária, substituído por “pois”
por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali- O “que” é acentuado quando aparece como
dade e à função social de cada texto analisado. POR QUÊ a última palavra da frase, antes da pontuação
final (interrogação, exclamação, ponto final)
DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL É um substantivo, portanto costuma vir
PORQUÊ acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo
ou pronome
A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes
à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso Parônimos e homônimos
analisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memo- As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pro-
rizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que núncia semelhantes, porém com significados distintos.
também faz aumentar o vocabulário do leitor. Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfe-
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes go (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma
que existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
atento! “rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).
Alfabeto
O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é co-
nhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o
alfabeto se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e
consoantes (restante das letras).
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram
reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo
que elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de
nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.
Uso do “X”
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o
X no lugar do CH:
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxer-
gar)
• Depois de ditongos (ex: caixa)
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)
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LÍNGUA PORTUGUESA
A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpretação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os compo-
nentes do texto, de modo que são independentes entre si. Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente, e vice-versa.
Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja, ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito ao
conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.
Coesão
A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de conectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida a
partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (antecipa um componente).
Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:
Coerência
Nesse caso, é importante conferir se a mensagem e a conexão de ideias fazem sentido, e seguem uma linha clara de raciocínio.
Existem alguns conceitos básicos que ajudam a garantir a coerência. Veja quais são os principais princípios para um texto coerente:
• Princípio da não contradição: não deve haver ideias contraditórias em diferentes partes do texto.
• Princípio da não tautologia: a ideia não deve estar redundante, ainda que seja expressa com palavras diferentes.
• Princípio da relevância: as ideias devem se relacionar entre si, não sendo fragmentadas nem sem propósito para a argumentação.
• Princípio da continuidade temática: é preciso que o assunto tenha um seguimento em relação ao assunto tratado.
• Princípio da progressão semântica: inserir informações novas, que sejam ordenadas de maneira adequada em relação à progressão
de ideias.
Para atender a todos os princípios, alguns fatores são recomendáveis para garantir a coerência textual, como amplo conhecimento
de mundo, isto é, a bagagem de informações que adquirimos ao longo da vida; inferências acerca do conhecimento de mundo do leitor;
e informatividade, ou seja, conhecimentos ricos, interessantes e pouco previsíveis.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.
Substantivo
Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol...
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LÍNGUA PORTUGUESA
Flexão de gênero
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino.
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente o final
da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / acentuação
(Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou presença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora).
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma forma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto ao gêne-
ro a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epiceno (refere-se
aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo).
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, trazen-
do alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fruto X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao órgão
que protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é o termo popular para um tipo específico de fruto.
Flexão de número
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: bola;
escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último representado, geral-
mente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do contexto,
pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).
Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumentativo
e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou diminuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).
Adjetivo
Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e o singular (bonito) e o plural (bonitos).
Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua nacionali-
dade (brasileiro; mineiro).
É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjunto de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo. São
formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
• de criança = infantil
• de mãe = maternal
• de cabelo = capilar
Variação de grau
Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfases), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e superlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
• Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente que o Lucas.
• Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto a Maria.
• Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inteligente da turma.
• Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos inteligente da turma.
• Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
• Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.
Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).
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LÍNGUA PORTUGUESA
Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:
Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê
Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que
• Superlativo analítico: muito cedo
• Superlativo sintético: cedíssimo
Curiosidades
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o uso
de alguns prefixos (supercedo).
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) e
ordem (ultimamente; depois; primeiramente).
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um sentido
próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designação (eis); de
realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou melhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí).
Pronomes
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no enunciado,
ele pode ser classificado da seguinte maneira:
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e podem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, nossos...)
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...)
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questionamentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...)
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...)
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...)
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...)
Colocação pronominal
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, la,
no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo).
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles:
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demonstrati-
vos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no gerúndio antecedidos por “em”.
Nada me faria mais feliz.
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LÍNGUA PORTUGUESA
• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerúndio não
acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal.
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho.
Verbos
Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito (passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro pos-
suem subdivisões.
Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo (certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é
passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando).
• Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do pre-
sente, futuro do pretérito.
• Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito imperfeito, futuro.
Os tempos verbais compostos são formados por um verbo auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre flexão em
tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no particípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
• Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do pretérito.
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro.
As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem, aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando, fa-
zendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particípio) ou
advérbio (gerúndio).
Tipos de verbos
Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal. Desse modo, os verbos se dividem em:
Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar, vender, abrir...)
• Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas terminações quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
• Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados (ser, ir...)
• Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais (falir, banir, colorir, adequar...)
• Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sempre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
• Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
acontecer...)
• Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
• Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se, pen-
tear-se...)
• Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
• Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si próprios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
• De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)
Vozes verbais
As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação, podendo ser três tipos diferentes:
• Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
• Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
• Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo do lago)
Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja equiva-
lente ao verbo “ser”.
Conjugação de verbos
Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados são
aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de origem.
• 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, imaginar, jogar...)
• 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr, erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ouvir...)
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LÍNGUA PORTUGUESA
Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar
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LÍNGUA PORTUGUESA
Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor
Preposições
As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas entre
essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (palavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como preposição
em determinadas sentenças).
Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, entre.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, durante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc.
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de, defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc.
Ao conectar os termos das orações, as preposições estabelecem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de:
• Causa: Morreu de câncer.
• Distância: Retorno a 3 quilômetros.
• Finalidade: A filha retornou para o enterro.
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LÍNGUA PORTUGUESA
1 https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/analise-morfos-
sintatica---adjetivo-natureza-morfologica-e-sintatica.htm.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Seguindo os critérios estabelecidos anteriormente, apenas a palavra fria daquele primeiro enunciado é um adjetivo.
A partir dessas explicações, fica claro que sempre que for falado sobre o estudo das Articulações Morfossintáticas, é preciso conhecer
e estudar as Classes de Palavras e a Análise Sintática.
Análise morfológica
O – artigo.
Dia – substantivo.
Está – verbo (estar).
Nublado – adjetivo.
Análise Sintática
O dia – Sujeito Simples.
Está nublado – predicado nominal, porque o verbo proposto denota estado, se tratando de um verbo de ligação.
Nublado – predicado do sujeito, afinal revela uma característica sobre o mesmo.
Análise morfológica
João – substantivo próprio.
José – substantivo próprio.
Gostam – verbo (gostar).
De – preposição.
Jogar – verbo no infinitivo (forma original).
Todos – pronome indefinido.
Os – artigo definido.
Dias – substantivo simples.
Análise Sintática
João e José – sujeito composto (dois núcleos).
Gostam de jogar todos os dias – predicado verbal.
De jogar – objeto indireto (complementa o sentido do verbo).
Todos os dias – adjunto adverbial de tempo.
2 https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/analise-sintatica-analise-morfologica.htm.
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LÍNGUA PORTUGUESA
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LÍNGUA PORTUGUESA
Sujeito e predicado
RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE ORAÇÕES Sujeito é o termo da oração com o qual, normalmente, o verbo
E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO. RELAÇÕES DE concorda.
SUBORDINAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS
DA ORAÇÃO Exemplos
A notícia corria rápida como pólvora. (Corria está no singular
Frase concordando com a notícia.)
É todo enunciado capaz de transmitir a outrem tudo aquilo que As notícias corriam rápidas como pólvora. (Corriam, no plural,
pensamos, queremos ou sentimos. concordando com as notícias.)
Sujeito elíptico (ou oculto): não expresso e que pode ser de-
objeto terminado pela desinência verbal ou pelo contexto.
complemento Exemplo: Viajarei amanhã. (sujeito oculto: eu)
verbal direto
Termos objeto
2. complemento Sujeito indeterminado: é aquele que existe, mas não podemos
integrantes indireto
nominal ou não queremos identificá-lo com precisão.
agente da passiva Ocorre:
- quando o verbo está na 3ª pessoa do plural, sem referência a
nenhum substantivo anteriormente expresso.
Exemplo: Batem à porta.
Adjunto
Termos adnominal
3. - com verbos intransitivo (VI), transitivo indireto (VTI) ou de li-
acessórios adjunto adverbial
gação (VL) acompanhados da partícula SE, chamada de índice de
aposto
indeterminação do sujeito (IIS).
4. Vocativo Exemplos:
Vive-se bem. (VI)
Diz-se que sujeito e predicado são termos “essenciais”, mas Precisa-se de pedreiros. (VTI)
note que o termo que realmente é o núcleo da oração é o verbo: Falava-se baixo. (VI)
Chove. (Não há referência a sujeito.) Era-se feliz naquela época. (VL)
Cansei. (O sujeito e eu, implícito na forma verbal.)
Os termos “acessórios” são assim chamados por serem supos- Orações sem sujeito
tamente dispensáveis, o que nem sempre é verdade. São orações cujos verbos são impessoais, com sujeito inexis-
tente.
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LÍNGUA PORTUGUESA
- haver no sentido de existir ou quando se refere a tempo de- Verbos transitivos diretos: Exigem um objeto direto.
corrido. Exemplo: Espero-o no aeroporto.
Exemplo: Há duas semanas não o vejo. (= Faz duas semanas)
Verbos transitivos indiretos: Exigem um objeto indireto.
- fazer referindo-se a fenômenos meteorológicos ou a tempo Exemplo: Gosto de flores.
decorrido. Verbos transitivos diretos e indiretos: Exigem um objeto direto
Exemplo: Fazia 40° à sombra. e um objeto indireto.
Exemplo: Os ministros informaram a nova política econômi-
- ser nas indicações de horas, datas e distâncias. ca aos trabalhadores. (VTDI)
Exempl: São duas horas.
Complementos verbais
Predicado nominal Os complementos verbais são representados pelo objeto direto
O núcleo, em torno do qual as demais palavras do predicado (OD) e pelo objeto indireto (OI).
gravitam e que contém o que de mais importante se comunica a
respeito do sujeito, e um nome (isto é, um substantivo ou adjetivo, Objeto indireto
ou palavra de natureza substantiva). O verbo e de ligação (liga o nú- É o complemento verbal que se liga ao verbo pela preposição
cleo ao sujeito) e indica estado (ser, estar, continuar, ficar, perma- por ele exigida. Nesse caso o verbo pode ser transitivo indireto ou
necer; também andar, com o sentido de estar; virar, com o sentido transitivo direto e indireto. Normalmente, as preposições que ligam
de transformar-se em; e viver, com o sentido de estar sempre). o objeto indireto ao verbo são a, de, em, com, por, contra, para etc.
Exemplo: Exemplo: Acredito em você.
Os príncipes viraram sapos muito feios. (verbo de ligação mais
núcleo substantivo: sapos) Objeto direto
Complemento verbal que se liga ao verbo sem preposição obri-
Verbos de ligação gatória. Nesse caso o verbo pode ser transitivo direto ou transitivo
São aqueles que, sem possuírem significação precisa, ligam um direto e indireto.
sujeito a um predicativo. São verbos de ligação: ser, estar, ficar, pa- Exemplo: Comunicaram o fato aos leitores.
recer, permanecer, continuar, tornar-se etc.
Exemplo: A rua estava calma. Objeto direto preposicionado
É aquele que, contrariando sua própria definição e característi-
Predicativo do sujeito ca, aparece regido de preposição (geralmente preposição a).
É o termo da oração que, no predicado, expressa qualificação O pai dizia aos filhos que adorava a ambos.
ou classificação do sujeito.
Exemplo: Você será engenheiro. Objeto pleonástico
É a repetição do objeto (direto ou indireto) por meio de um
- O predicativo do sujeito, além de vir com verbos de liga- pronome. Essa repetição assume valor enfático (reforço) da noção
ção, pode também ocorrer com verbos intransitivos ou com ver- contida no objeto direto ou no objeto indireto.
bos transitivos. Exemplos
Ao colega, já lhe perdoei. (objeto indireto pleonástico)
Predicado verbal Ao filme, assistimos a ele emocionados. (objeto indireto pleo-
Ocorre quando o núcleo é um verbo. Logo, não apresenta pre- nástico)
dicativo. E formado por verbos transitivos ou intransitivos.
Exemplo: A população da vila assistia ao embarque. (Núcleo Predicado verbo-nominal
do sujeito: população; núcleo do predicado: assistia, verbo transi- Esse predicado tem dois núcleos (um verbo e um nome), é for-
tivo indireto) mado por predicativo com verbo transitivo ou intransitivo.
Exemplos:
Verbos intransitivos A multidão assistia ao jogo emocionada. (predicativo do sujei-
São verbos que não exigem complemento algum; como a ação to com verbo transitivo indireto)
verbal não passa, não transita para nenhum complemento, rece- A riqueza tornou-o orgulhoso. (predicativo do objeto com ver-
bem o nome de verbos intransitivos. Podem formar predicado sozi- bo transitivo direto)
nhos ou com adjuntos adverbiais.
Exemplo: Os visitantes retornaram ontem à noite. Predicativo do sujeito
O predicativo do sujeito, além de vir com verbos de ligação,
Verbos transitivos pode também ocorrer com verbos intransitivos ou transitivos. Nes-
São verbos que, ao declarar alguma coisa a respeito do sujei- se caso, o predicado é verbo-nominal.
to, exigem um complemento para a perfeita compreensão do que Exemplo: A criança brincava alegre no parque.
se quer dizer. Tais verbos se denominam transitivos e a pessoa ou
coisa para onde se dirige a atividade transitiva do verbo se denomi-
na objeto. Dividem-se em: diretos, indiretos e diretos e indiretos.
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LÍNGUA PORTUGUESA
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LÍNGUA PORTUGUESA
cipal), ele é classificado como período composto por subordinação. Orações Subordinadas Adjetivas
As orações subordinadas são classificadas de acordo com a função Exercem a função de adjunto adnominal de algum termo da
que exercem. oração principal.
As orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas por
Orações Subordinadas Adverbiais um pronome relativo (que, qual, cujo, quem, etc.) e são classifica-
Exercem a função de adjunto adverbial da oração principal das em:
(OP). São classificadas de acordo com a conjunção subordinativa - Subordinadas Adjetivas Restritivas: São restritivas quando
que as introduz: restringem ou especificam o sentido da palavra a que se referem.
- Causais: Expressam a causa do fato enunciado na oração prin- - Subordinadas Adjetivas Explicativas: São explicativas quan-
cipal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que, visto do apenas acrescentam uma qualidade à palavra a que se referem,
que. esclarecendo um pouco mais seu sentido, mas sem restringi-lo ou
- Condicionais: Expressam hipóteses ou condição para a ocor- especificá-lo.
rência do que foi enunciado na principal. Conjunções: se, contanto
que, a menos que, a não ser que, desde que. Orações Reduzidas
- Concessivas: Expressam ideia ou fato contrário ao da oração São caracterizadas por possuírem o verbo nas formas de gerún-
principal, sem, no entanto, impedir sua realização. Conjunções: em- dio, particípio ou infinitivo. Ao contrário das demais orações subor-
bora, ainda que, apesar de, se bem que, por mais que, mesmo que. dinadas, as orações reduzidas não são ligadas através dos conecti-
- Conformativas: Expressam a conformidade de um fato com vos. Há três tipos de orações reduzidas:
outro. Conjunções: conforme, como (=conforme), segundo.
- Temporais: Acrescentam uma circunstância de tempo ao que - Orações reduzidas de infinitivo:
foi expresso na oração principal. Conjunções: quando, assim que, Infinitivo: terminações –ar, -er, -ir.
logo que, enquanto, sempre que, depois que, mal (=assim que).
- Finais: Expressam a finalidade ou o objetivo do que foi enun- Reduzida: Meu desejo era ganhar na loteria.
ciado na oração principal. Conjunções: para que, a fim de que, por- Desenvolvida: Meu desejo era que eu ganhasse na loteria.
que (=para que), que. (Oração Subordinada Substantiva Predicativa)
- Consecutivas: Expressam a consequência do que foi enuncia-
do na oração principal. Conjunções: porque, que, como (= porque), - Orações Reduzidas de Particípio:
pois que, visto que. Particípio: terminações –ado, -ido.
- Comparativas: Expressam ideia de comparação com referência
à oração principal. Conjunções: como, assim como, tal como, (tão)... Reduzida: A mulher sequestrada foi resgatada.
como, tanto como, tal qual, que (combinado com menos ou mais). Desenvolvida: A mulher que sequestraram foi resgatada. (Ora-
- Proporcionais: Expressam uma ideia que se relaciona pro- ção Subordinada Adjetiva Restritiva)
porcionalmente ao que foi enunciado na principal. Conjunções: à
medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais, quanto - Orações Reduzidas de Gerúndio:
menos. Gerúndio: terminação –ndo.
Orações Subordinadas Substantivas
São aquelas que, num período, exercem funções sintáticas pró- Reduzida: Respeitando as regras, não terão problemas.
prias de substantivos, geralmente são introduzidas pelas conjun- Desenvolvida: Desde que respeitem as regras, não terão pro-
ções integrantes que e se. blemas. (Oração Subordinada Adverbial Condicional)
- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: É aquela
que exerce a função de objeto direto do verbo da oração principal.
Observe: O filho quer a sua ajuda. (objeto direto)
EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO
- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: É aquela
que exerce a função de objeto indireto do verbo da oração princi- Para a elaboração de um texto escrito, deve-se considerar o uso
pal. Observe: Preciso de sua ajuda. (objeto indireto) adequado dos sinais de pontuação como: pontos, vírgula, ponto e
- Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: É aquela que vírgula, dois pontos, travessão, parênteses, reticências, aspas, etc.
exerce a função de sujeito do verbo da oração principal. Observe: É Tais sinais têm papéis variados no texto escrito e, se utilizados
importante sua ajuda. (sujeito) corretamente, facilitam a compreensão e entendimento do texto.
- Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal: É
aquela que exerce a função de complemento nominal de um ter- — A Importância da Pontuação
mo da oração principal. Observe: Estamos certos de sua inocência. 3
As palavras e orações são organizadas de maneira sintática,
(complemento nominal) semântica e também melódica e rítmica. Sem o ritmo e a melodia,
- Oração Subordinada Substantiva Predicativa: É aquela que os enunciados ficariam confusos e a função comunicativa seria pre-
exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal, vindo judicada.
sempre depois do verbo ser. Observe: O principal é sua felicidade. O uso correto dos sinais de pontuação garante à escrita uma
(predicativo) solidariedade sintática e semântica. O uso inadequado dos sinais de
- Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela que pontuação pode causar situações desastrosas, como em:
exerce a função de aposto de um termo da oração principal. Obser-
ve: Ela tinha um objetivo: a felicidade de todos. (aposto) 3 BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37ª ed. Rio de Janei-
ro: Nova Fronteira, 2009.
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LÍNGUA PORTUGUESA
– Não podem atirar! (entende-se que atirar está proibido) — Ponto de Exclamação
– Não, podem atirar! (entende-se que é permitido atirar) Este sinal (!) é colocado no final da oração enunciada com en-
tonação exclamativa.
— Ponto Ex.: “Que gentil que estava a espanhola!”
Este ponto simples final (.) encerra períodos que terminem por “Mas, na morte, que diferença! Que liberdade!”
qualquer tipo de oração que não seja interrogativa direta, a excla- Este sinal é colocado após uma interjeição.
mativa e as reticências. Ex.: — Olé! exclamei.
Outra função do ponto é a da pausa oracional, ao acompanhar — Ah! brejeiro!
muitas palavras abreviadas, como: p., 2.ª, entre outros.
Se o período, oração ou frase terminar com uma abreviatura, As mesmas observações vistas no ponto de interrogação, em
o ponto final não é colocado após o ponto abreviativo, já que este, relação ao emprego do ponto final e ao uso de maiúscula ou mi-
quando coincide com aquele, apresenta dupla serventia. núscula inicial da palavra seguinte, são aplicadas ao ponto de ex-
Ex.: “O ponto abreviativo põe-se depois das palavras indicadas clamação.
abreviadamente por suas iniciais ou por algumas das letras com que
se representam, v.g. ; V. S.ª ; Il.mo ; Ex.a ; etc.” (Dr. Ernesto Carneiro — Reticências
Ribeiro) As reticências (...) demonstram interrupção ou incompletude
O ponto, com frequência, se aproxima das funções do ponto e de um pensamento.
vírgula e do travessão, que às vezes surgem em seu lugar. Ex.: — “Ao proferir estas palavras havia um tremor de alegria
na voz de Marcela: e no rosto como que se lhe espraiou uma onda
Obs.: Estilisticamente, pode-se usar o ponto para, em períodos de ventura...”
curtos, empregar dinamicidade, velocidade à leitura do texto: “Era — “Não imagina o que ela é lá em casa: fala na senhora a todos
um garoto pobre. Mas tinha vontade de crescer na vida. Estudou. os instantes, e aqui aparece uma pamonha. Ainda ontem...
Subiu. Foi subindo mais. Hoje é juiz do Supremo.”. É muito utilizado
em narrações em geral. Quando colocadas no fim do enunciado, as reticências dispen-
sam o ponto final, como você pode observar nos exemplos acima.
— Ponto Parágrafo As reticências, quando indicarem uma enumeração inconclusa,
Separa-se por ponto um grupo de período formado por ora- podem ser substituídas por etc.
ções que se prendem pelo mesmo centro de interesse. Uma vez que Ao transcrever um diálogo, elas indicam uma não resposta do
o centro de interesse é trocado, é imposto o emprego do ponto pa- interlocutor. Já em citações, elas podem ser postas no início, no
rágrafo se iniciando a escrever com a mesma distância da margem meio ou no fim, indicando supressão do texto transcrito, em cada
com que o texto foi iniciado, mas em outra linha. uma dessas partes.
O parágrafo é indicado por ( § ) na linguagem oficial dos artigos Quando ocorre a supressão de um trecho de certa extensão,
de lei. geralmente utiliza-se uma linha pontilhada.
As reticências podem aparecer após um ponto de exclamação
— Ponto de Interrogação ou interrogação.
É um sinal (?) colocado no final da oração com entonação inter-
rogativa ou de incerteza, seja real ou fingida. — Vírgula
A interrogação conclusa aparece no final do enunciado e re- A vírgula (,) é utilizada:
quer que a palavra seguinte se inicie por maiúscula. Já a interro- - Para separar termos coordenados, mesmo quando ligados por
gação interna (quase sempre fictícia), não requer que a próxima conjunção (caso haja pausa).
palavra se inicia com maiúscula. Ex.: “Sim, eu era esse garção bonito, airoso, abastado”.
Ex.: — Você acha que a gramática da Língua Portuguesa é com-
plicada? IMPORTANTE!
— Meu padrinho? É o Excelentíssimo Senhor coronel Paulo Vaz Quando há uma série de sujeitos seguidos imediatamente de
Lobo Cesar de Andrade e Sousa Rodrigues de Matos. verbo, não se separa do verbo (por vírgula) o ultimo sujeito da série
.
Assim como outros sinais, o ponto de interrogação não requer Ex.: Carlos Gomes, Vítor Meireles, Pedro Américo, José de
que a oração termine por ponto final, a não ser que seja interna. Alencar tinham-nas começado.
Ex.: “Esqueceu alguma cousa? perguntou Marcela de pé, no
patamar”. - Para separar orações coordenadas aditivas, mesmo que estas
se iniciem pela conjunção e, proferidas com pausa.
Em diálogos, o ponto de interrogação pode aparecer acompa- Ex.: “Gostava muito das nossas antigas dobras de ouro, e eu
nhando do ponto de exclamação, indicando o estado de dúvida de levava-lhe quanta podia obter”.
um personagem perante diante de um fato.
Ex.: — “Esteve cá o homem da casa e disse que do próximo mês - Para separar orações coordenadas alternativas (ou, quer,
em diante são mais cinquenta... etc.), quando forem proferidas com pausa.
— ?!...” Ex.: Ele sairá daqui logo, ou eu me desligarei do grupo.
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LÍNGUA PORTUGUESA
- Para separar os pleonasmos e as repetições, quando não tive- - Para evitar e desfazer alguma interpretação errônea que pode
rem efeito superlativamente. ocorrer quando os termos estão distribuídos de forma irregular na
Ex.: “Nunca, nunca, meu amor!” oração, a expressão deslocada é separada por vírgula.
A casa é linda, linda. Ex.: De todas as revoluções, para o homem, a morte é a maior
e a derradeira.
- Para intercalar ou separar vocativos e apostos.
Ex.: Brasileiros, é chegada a hora de buscar o entendimento. - Em enumerações
É aqui, nesta querida escola, que nos encontramos. sem gradação: Coleciono livros, revistas, jornais, discos.
com gradação: Não compreendo o ciúme, a saudade, a dor da
- Para separar orações adjetivas de valor explicativo. despedida.
Ex.: “perguntava a mim mesmo por que não seria melhor depu-
tado e melhor marquês do que o lobo Neves, — eu, que valia mais, Não se separa por vírgula:
muito mais do que ele, — ...” - sujeito de predicado;
- objeto de verbo;
- Para separar, na maioria das vezes, orações adjetivas restritiva - adjunto adnominal de nome;
de certa extensão, ainda mais quando os verbos de duas orações - complemento nominal de nome;
distintas se juntam. - oração principal da subordinada substantiva (desde que esta
Ex.: “No meio da confusão que produzira por toda a parte este não seja apositiva nem apareça na ordem inversa).
acontecimento inesperado e cujo motivo e circunstâncias inteira-
mente se ignoravam, ninguém reparou nos dois cavaleiros...” — Dois Pontos
São utilizados:
IMPORTANTE! - Na enumeração, explicação, notícia subsidiária.
Mesmo separando por vírgula o sujeito expandido pela oração Ex.: Comprou dois presentes: um livro e uma caneta.
adjetiva, esta pontuação pode acontecer. “que (Viegas) padecia de um reumatismo teimoso, de uma
Ex.: Os que falam em matérias que não entendem, parecem asma não menos teimosa e de uma lesão de coração: era um hos-
fazer gala da sua própria ignorância. pital concentrado”
“Queremos governos perfeitos com homens imperfeitos: dis-
- Para separar orações intercaladas. parate”
Ex.: “Não lhe posso dizer com certeza, respondi eu”
- Em expressões que se seguem aos verbos dizer, retrucar, res-
- Para separar, geralmente, adjuntos adverbiais que precedem ponder (e semelhantes) e que dão fim à declaração textual, ou que
o verbo e as orações adverbiais que aparecem antes ou no meio da assim julgamos, de outrem.
sua principal. Ex.: “Não me quis dizer o que era: mas, como eu instasse muito:
Ex.: “Eu mesmo, até então, tinha-vos em má conta...” — Creio que o Damião desconfia alguma coisa”
- Para separar o nome do lugar em datas. - Em alguns casos, onde a intenção é caracterizar textualmente
Ex.: São Paulo, 14 de janeiro de 2020. o discurso do interlocutor, a transcrição aparece acompanhada de
aspas, e poucas vezes de travessão.
- Para separar os partículas e expressões de correção, continu- Ex.: “Ao cabo de alguns anos de peregrinação, atendi às supli-
ação, explicação, concessão e conclusão. cas de meu pai:
Ex.: “e, não obstante, havia certa lógica, certa dedução” — Vem, dizia ele na última carta; se não vieres depressa acha-
Sairá amanhã, aliás, depois de amanhã. rás tua mãe morta!”
- Para separar advérbios e conjunções adversativos (porém, Em expressões que, ao serem enunciadas com entonação es-
todavia, contudo, entretanto), principalmente quando pospostos. pecial, o contexto acaba sugerindo causa, consequência ou expli-
Ex.: “A proposta, porém, desdizia tanto das minhas sensações cação.
últimas...” Ex.: “Explico-me: o diploma era uma carta de alforria”
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LÍNGUA PORTUGUESA
- Em expressões que possuam uma quebra na sequência das — Cansado? perguntei eu.
ideias. — Muito; aturei duas maçadas de primeira ordem (...)
Ex.: Sacudiu o vestido, ainda molhado, e caminhou.
“Não! bradei eu; não hás de entrar... não quero... Ia a lançar-lhe Neste caso, pode, ou não, combinar-se com as aspas.
as mãos: era tarde; ela entrara e fechara-se”
— Parênteses e Colchetes
— Ponto e Vírgula Estes sinais ( ) [ ] apontam a existência de um isolamento sin-
Sinal (;) que denota pausa mais forte que a vírgula, porém mais tático e semântico mais completo dentro de um enunciado, assim
fraca que o ponto. É utilizado: como estabelecem uma intimidade maior entre o autor e seu leitor.
Geralmente, o uso do parêntese é marcado por uma entonação es-
- Em trechos longos que já possuam vírgulas, indicando uma pecial.
pausa mais forte. Se a pausa coincidir com o início da construção parentética, o
Ex.: “Enfim, cheguei-me a Virgília, que estava sentada, e travei- sinal de pontuação deve aparecer após os parênteses, contudo, se
-lhe da mão; D. Plácida foi à janela” a proposição ou frase inteira for encerrada pelos parênteses, a no-
tação deve aparecer dentro deles.
- Para separar as adversativas onde se deseja ressaltar o con- Ex.: “Não, filhos meus (deixai-me experimentar, uma vez que
traste. seja, convosco, este suavíssimo nome); não: o coração não é tão
Ex.: “Não se disse mais nada; mas de noite Lobo Neves insistiu frívolo, tão exterior, tão carnal, quanto se cuida”
no projeto” “A imprensa (quem o contesta?) é o mais poderoso meio que
se tem inventado para a divulgação do pensamento”. (Carta inserta
- Em leis, separando os incisos. nos Anais da Biblioteca Nacional, vol. I) [Carlos de Laet]
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LÍNGUA PORTUGUESA
Ex.: “Aí temos a lei”, dizia o Florentino. “Mas quem as há de segurar? Ninguém.”
“Mísera, tivesse eu aquela enorme, aquela Claridade imortal, que toda a luz resume!”
“Por que não nasce eu um simples vaga-lume?”
— Alínea
Apresenta a mesma função do parágrafo, uma vez que denota diferentes centros de assuntos. Como o parágrafo, requer a mudança
de linha.
De forma geral, aparece em forma de número ou letra seguida de um traço curvo.
Ex.: Os substantivos podem ser:
a) próprios
b) comuns
— Chave
Este sinal ({ }) é mais utilizado em obras científicas. Indicam a reunião de diversos itens relacionados que formam um grupo.
4
Ex.: Múltiplos de 5: {0, 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35,… }.
Na matemática, as chaves agrupam vários elementos de uma operação, definindo sua ordem de resolução.
Ex.: 30x{40+[30x(84-20x4)]}
Também podem ser utilizadas na linguística, representando morfemas.
Ex.: O radical da palavra menino é {menin-}.
— Asterisco
Sinal (*) utilizado após ou sobre uma palavra, com a intenção de se fazer um comentário ou citação a respeito do termo, ou uma ex-
plicação sobre o trecho (neste caso o asterisco se põe no fim do período).
Emprega-se ainda um ou mais asteriscos depois de uma inicial, indicando uma pessoa cujo nome não se quer ou não se pode declinar:
o Dr.*, B.**, L.***
— Barra
Aplicada nas abreviações das datas e em algumas abreviaturas.
Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal
— refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
• Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa
Concordância nominal
Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gênero,
de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento,
também, aos casos específicos.
Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa.
Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o substantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.
Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.
4 https://bit.ly/2RongbC.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.
Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.
Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.
Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.
Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.
Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.
Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um subs-
tantivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.
Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.
Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.
Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje
Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.
Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.
Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.
Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Ex-
ceto caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.
A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.
Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:
PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício; comum;
A contrário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior; leal; necessário;
nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil; visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente;
DE dotado; escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo;
natural; orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
SOBRE opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência; triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato; intolerante;
COM
mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador; negligente;
EM
perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...
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LÍNGUA PORTUGUESA
Regência verbal • Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regi- a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras.
do poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto • Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha
um objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado fica a 50 metros da esquina.
também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre tran- Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo
sitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do • Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha filha.
verbo vai depender do seu contexto. / Dei um picolé à minha filha.
Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que • Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei
fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado minha avó até à feira.
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, • Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado):
modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática: Ana da faculdade.
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem.
DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em
Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto dire- caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no
to), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo: masculino. Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo. à escola / Amanhã iremos ao colégio.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Ênclise
Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo. REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO
Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do A Reescrita de Frases é um assunto solicitado em muitos edi-
indicativo: Trago-te flores. tais. A habilidade de reescrever frases requer diferentes conheci-
Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade! mentos da Língua Portuguesa, como ortografia, acentuação, pon-
Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela pre- tuação, sintaxe, significação das palavras, as classes de palavras e
posição em: Saí, deixando-a aflita. interpretação de texto.
Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com A grande maioria das questões de Reescrita de Frases solicitará
outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise: que uma frase seja reescrita sem que haja alteração em seu sentido
Apressei-me a convidá-los. e que a correção gramatical seja preservada. Ou seja, uma frase re-
escrita deve obedecer aos padrões da norma-culta e deve manter o
Mesóclise sentido original daquilo que a frase diz.
Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo. Por isso é importante possuir boa habilidade de interpretação e
compreensão de texto, já que é necessário, antes de tudo, compre-
É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no ender aquilo que a frase está dizendo.
futuro do pretérito que iniciam a oração.
Dir-lhe-ei toda a verdade. “Desde dezembro, bombeiros salvaram mil pessoas nas praias
Far-me-ias um favor? paulistas”
Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de O que a frase acima está dizendo? Que desde o mês de dezem-
qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise. bro, os bombeiros salvaram mil pessoas nas praias do estado de São
Eu lhe direi toda a verdade. Paulo (paulistas). Este é o sentido original da frase, e note que já foi
Tu me farias um favor? realizada uma reescrita da frase. Apesar de apresentar palavras di-
ferentes, ambas falam a mesma coisa. Além disso, o exemplo acima
Colocação do pronome átono nas locuções verbais não apresenta nenhum erro gramatical.
Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal Depois de compreender o sentido da frase, você deve verifi-
não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve- car se há erros de grafia, acentuação, concordância, regência, cra-
rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal. se, pontuação. Em uma questão, se a alternativa apresentar algum
Exemplos: destes erros, você já poderá eliminá-la, pois não será a correta.
Devo-lhe dizer a verdade.
Devo dizer-lhe a verdade. Questão: (Câmara de Sertãozinho - SP - Tesoureiro - VUNESP)
Uma frase condizente com as informações do texto e escrita em
Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa é:
do auxiliar ou depois do principal. (A) Os brasileiros desconfiam de que adaptarão-se à nova reali-
Exemplos: dade do mercado de trabalho, ainda que estão entusiasmados com
Não lhe devo dizer a verdade. as novas tecnologias.
Não devo dizer-lhe a verdade. (B) Embora otimistas com os efeitos da revolução digital em
suas carreiras, os brasileiros dispõem de capacidades digitais
Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise, aquém do que imaginam.
o pronome átono ficará depois do auxiliar. (C) De acordo com lista do LinkedIn para 2018, quase metade
Exemplo: Havia-lhe dito a verdade. dos brasileiros desconhecem as habilidades que o mercado mais
necessita.
Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do (D) Fazem cinco anos apenas que certas habilidades digitais
auxiliar. passou a ser requeridas, o que significa que o cenário das empresas
Exemplo: Não lhe havia dito a verdade. mudou muito rápido.
(E) Mais de 80% dos entrevistados afirmaram que estão oti-
Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois mistas no que refere-se às novas tecnologias, mas reconhecem que
do infinitivo. não as domina.
Exemplos:
Hei de dizer-lhe a verdade. Na alternativa “A”, o correto seria “desconfiam de que se adap-
Tenho de dizer-lhe a verdade. tarão”. Esta alternativa já poderia ser eliminada.
A alternativa “C” também está incorreta, pois quem desconhe-
Observação ce as habilidades que o mercado mais necessita é quase metade
Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções: dos brasileiros, o verbo é no singular.
Devo-lhe dizer tudo. Na alternativa “D”, temos um erro logo no início. O correto é
Estava-lhe dizendo tudo. “Faz cinco anos”. Ademais, certas habilidades digitais passaram a
Havia-lhe dito tudo. ser requeridas, plural.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Quando o pronome relativo “que” é um fator atrativo, a prócli- Substituir verbo por substantivo
se deve ser utilizada. Por isso, na alternativa “E”, o correto seria “no Em gramática, temos o substantivo verbal, que é um substanti-
que se refere”. vo derivado do infinitivo, do gerúndio ou do particípio de um verbo.
Resta-nos a alternativa “B”, que é a correta e não apresenta Ex.: Espero que se corrija a prova.
erros. Espero a correção da prova.
Mas não basta somente verificar se há erros, é preciso muito Substituir substantivo por verbo
mais para reescrever frases e mandar bem neste tipo de questão. A ideia aqui é a mesma, só que ocorre o oposto.
É preciso ter em mente que as frases reescritas devem: Ex.: Exijo a dedicação dos alunos.
Exijo que os alunos se dediquem.
– Respeitar as sequências de ideias — A Voz Verbal
Ex.: “Você está intragável hoje. Qual é o seu problema?” Voz verbal é a forma assumida pelo verbo para indicar se o su-
Aqui, temos uma afirmação e depois uma pergunta. Essa or- jeito gramatical é agente ou paciente da ação. Existem três vozes
dem precisa ser respeitada na reescrita. Uma solução seria: Hoje verbais:
você está intragável. Posso saber por quê? – Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expres-
sa pelo verbo.
– Não omitir informação essencial Ex.: Ele | fez | o trabalho. (ele - sujeito agente) (fez - ação) (o
Utilizando o mesmo exemplo acima, se só houvesse a pergun- trabalho - objeto paciente)
ta, a informação sobre o sujeito estar intragável hoje seria omitida,
o que seria um erro. – Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a ação ex-
pressa pelo verbo.
– Não expressar opinião Ex.: O trabalho | foi feito | por ele. (O trabalho - sujeito pacien-
É uma reescrita daquilo que a frase diz, não daquilo que você te) (foi feito - ação) (por ele - agente da passiva)
acha. Não mude o sentido da frase de acordo com sua opinião.
– Reflexiva: há dois tipos de voz reflexiva:
– Utilizar vocabulário e expressões diferentes das do texto 1) Reflexiva: será chamada simplesmente de reflexiva quando o
original sujeito praticar a ação sobre si mesmo.
Afinal, é para reescrever a frase, utilizar outras palavras. Ex.: - Carla machucou-se.
– Marcos cortou-se com a faca.
— Sinônimos e Antônimos
Aproveitando o gancho, uma reescrita é utilizar palavras dife- 2) Reflexiva Recíproca: será chamada de reflexiva recíproca
rentes para dizer a mesma coisa. Para isso, nada melhor do que quando houver dois elementos como sujeito: um pratica a ação so-
conhecer os sinônimos e os antônimos. bre o outro, que pratica a ação sobre o primeiro.
Ex.: - Paula e Renato amam-se.
Sinônimos – Os jovens agrediram-se durante a festa.
São palavras diferentes que possuem o mesmo significado. – Os ônibus chocaram-se violentamente.
Ex.: Muitas pessoas conseguiram emprego.
Diversas pessoas conseguiram emprego. A mudança da voz verbal pode ser utilizada na reescrita de fra-
Apesar de diferentes, as duas palavras expressam valor de ses.
quantidade elevada. Ex.: Qualquer cidadão comprova isso.
Isso é comprovado por qualquer cidadão.
Antônimos
São palavras que se contradizem, opostos. Também podem Pode-se observar isso.
ocorrer por complementaridade (onde a negação de uma implica a Isso pode ser observado.
afirmação da outra e vice-versa).
Ex.: O rapaz estava triste. Muitas questões, inclusive, solicitam que a frase seja reescrita
O rapaz não estava feliz. em determinada voz verbal.
Ao negar a felicidade do rapaz, implica-se que este estava triste.
Questão: (TRF - 3ª REGIÃO - Técnico Judiciário - FCC) O cére-
— Verbos e Substantivos bro humano exibe diferentes padrões de atividade para diferentes
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Os verbos e os substantivos são elementos importantes das experiências.
frases. Os substantivos compõem a classe de palavras com que se Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal
denominam os seres, animados ou inanimados, concretos ou abs- resultante será:
tratos, os estados, as qualidades, as ações. Já os verbos, são a classe (A) são exibidas
de palavras que, do ponto de vista semântico, contêm as noções de (B) são exibidos
ação, processo ou estado, e, do ponto de vista sintático, exercem a (C) exibe-se
função de núcleo do predicado das sentenças. (D) é exibido
Ao reescrever uma frase, é possível: (E) exibiam-se
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A alternativa correta é a “B”. A reescrita ficaria: “Diferentes pa- Conversarei com meu gerente a respeito do empréstimo.
drões de atividade são exibidos pelo cérebro humano para diferen-
tes experiências”. O sujeito “O cérebro humano” torna-se agente Mesmo com a alteração, a frase ainda diz a mesma coisa, o
da passiva. sujeito continua praticando a mesma ação.
— O Tempo Composto
— O Tempo Verbal Para ter um tempo composto, é preciso um verbo auxiliar e
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Os tempos verbais indicam quando, o momento em que uma um principal. O verbo auxiliar sofrerá flexão em tempo e pessoa,
ação ocorre. Tal ação pode ocorrer no presente, no passado ou no ao mesmo tempo em que o verbo principal permanecerá sempre
futuro. no particípio.
O verbo auxiliar mais utilizado é o “ter”, contudo, o verbo “ha-
Verbo “ir” - 1ª pessoa do singular ver” também pode ser utilizado.
Indicativo
Presente: vou. Tempos compostos do indicativo
Pretérito Imperfeito: ia. – Pretérito perfeito composto do indicativo: indica uma ação
Pretérito Perfeito: fui. que ocorreu no passado de maneira repetida, e se prolonga até ao
Pretérito Mais-que-perfeito: fora. momento presente.
Futuro do Presente: irei. Ex.: Eu tenho feito exercícios todos os dias.
Futuro do Pretérito: iria.
– Pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo: indica
Subjuntivo uma ação que ocorreu no passado, antes de outra ação que tam-
Presente: que eu vá. bém ocorreu no passado.
Pretérito Imperfeito: se eu fosse. Ex.: Eu tinha feito exercícios antes de ir trabalhar.
Futuro: quando eu for.
– Futuro do presente composto do indicativo: indica uma ação
Imperativo que ocorrerá no futuro, mas que estará terminada antes de outra
Imperativo Afirmativo: #-# ação futura.
Imperativo Negativo: #-# Ex.: Eu terei feito exercícios antes de falar com minha mãe ao
entardecer.
Infinitivo
Infinitivo Pessoal: por ir eu. – Futuro do pretérito composto do indicativo: indica uma ação
que poderia ter acontecido, mas que fica condicionada a outra ação
É possível reescrever uma frase alterando o tempo verbal, sem passada.
alterar seu sentido. Ex.: Eu teria feito exercícios se tivesse dormido bastante.
Ex.: Em 1930 ocorreu a Grande Depressão.
Em 1930 ocorre a Grande Depressão. Tempos compostos do subjuntivo
– Pretérito perfeito composto do subjuntivo: indica ação que já
Mesmo com os tempos verbais alterados, o sentido da frase foi está concluída e que é anterior a outra.
preservado. Ficamos sabendo quando a Grande Depressão ocorreu. Ex.: Ninguém acredita que eu tenha feito exercícios.
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7 https://bit.ly/2Rvfg9X
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– Gerúndio composto: indica uma ação prolongada que termi- – Amanhã, no discurso direto, passa para no dia seguinte no
nou antes da ação da oração principal. discurso indireto.
Ex.: Tendo feito exercícios, eu já me sentia bem melhor. – Aqui, aí, cá, no discurso direto, passam para ali e lá no dis-
curso indireto.
O tempo composto pode ser utilizado para reescrever uma fra- – Este, esta e isto, no discurso direto, passam para aquele,
se e manter seu sentido. aquela, aquilo no discurso indireto.
Ex.: Eu acabara de comer quando o telefone tocou. Há questões que solicitam a mudança de discurso.
Eu tinha acabado de comer quando o telefone tocou.
Questão: (Câmara de Fortaleza - CE - Consultor Técnico Legis-
— Discurso Direto e Indireto8 lativo - FCC) Ao se transpor o trecho O padre Lopes confessou que
não imaginara a existência de tantos doidos no mundo (1° parágra-
Discurso direto fo) para o discurso direto, o verbo sublinhado assume a seguinte
É uma transcrição exata da fala das personagens, ou de alguém, forma:
sem a participação do narrador. (A) imaginaria.
Ex.: O treinador afirmou: (B) imagino.
– O elenco precisa focar mais nos jogos. (C) imaginarei.
(D) imaginei.
Discurso indireto (E) imaginasse.
É uma intervenção do narrador no discurso ao fazer uso de suas
próprias palavras para reproduzir as falas das personagens. A alternativa correta é a “D”. O verbo “imaginar” está no preté-
Ex.: O treinador afirmara que o elenco precisava focar mais nos rito mais-que-perfeito, ao transpor para o discurso direto, vai para
jogos. o pretérito perfeito do indicativo. O padre Lopes confessou: “Eu não
imaginei a existência de tantos doidos no mundo”.
Para passar do discurso direto para o discurso indireto
Mudança das pessoas do discurso: — Substituir Locuções por Palavras (e Vice-Versa)
– A 1.ª pessoa no discurso direto passa para a 3.ª pessoa no As locuções são formadas pelo conjunto de duas ou mais pa-
discurso indireto. lavras que denotam um único significado, exercendo somente uma
– Os pronomes eu, me, mim, comigo, no discurso direto, pas- função gramatical.
sam para ele, ela, se, si, consigo, o, a, lhe no discurso indireto. As locuções se classificam de acordo com a função que desem-
– Os pronomes nós, nos, conosco, no discurso direto, passam penham na oração:
para eles, elas, os, as, lhes no discurso indireto. – Locução adjetiva: desempenha função de adjetivo;
– Os pronomes meu, meus, minha, minhas, nosso, nossos, nos- – Locução adverbial: desempenha função de advérbio;
sa, nossas, no discurso direto, passam para seu, seus, sua e suas no – Locução prepositiva: desempenha função de preposição;
discurso indireto. – Locução conjuntiva: desempenha função de conjunção;
– Locução verbal: desempenha função de verbo;
Mudança de tempos verbais: – Locução substantiva: desempenha função de substantivo;
– O presente do indicativo, no discurso direto, passa para pre- – Locução pronominal: desempenha função de pronome;
térito imperfeito do indicativo no discurso indireto. – Locução interjetiva: desempenha função de interjeição.
– O pretérito perfeito do indicativo, no discurso direto, passa
para pretérito mais-que-perfeito do indicativo no discurso indireto. Ao reescrever uma frase, é possível substituir uma locução e
– O futuro do presente do indicativo, no discurso direto, passa preservar o sentido original.
para futuro do pretérito do indicativo no discurso indireto. Ex.: A higiene da boca das crianças é muito importante. (te-
– O presente do subjuntivo, no discurso direto, passa para pre- mos uma locução adjetiva, da + substantivo boca, desempenhando
térito imperfeito do subjuntivo no discurso indireto. a função de adjetivo)
– O futuro do subjuntivo, no discurso direto, passa para preté- A higiene bucal das crianças é muito importante. (adjetivo bu-
rito imperfeito do subjuntivo no discurso indireto. cal)
– O imperativo, no discurso direto, passa para pretérito imper-
feito do subjuntivo no discurso indireto. Ficou feliz assim que soube o resultado do sorteio.
Ficou feliz quando soube o resultado do sorteio.
Mudança na pontuação das frases:
– As frases exclamativas, interrogativas imperativas, no discur- Ele fez o jantar a fim de impressionar a namorada.
so direto, passam para frases declarativas no discurso indireto. Ele fez o jantar para impressionar a namorada.
Mudança dos advérbios e adjuntos adverbiais: — Oração Desenvolvida Por Reduzida e Vice-Versa9
– Ontem, no discurso direto, passa para no dia anterior no dis- As orações reduzidas são introduzidas por formas nominais (in-
curso indireto. finitivo, gerúndio ou particípio) e não são acompanhadas por con-
– Hoje e agora, no discurso direto, passam para naquele dia e junção ou pronome relativo.
naquele momento no discurso indireto. Ex.: Oração reduzida de infinitivo: É provável ele atrasar a aula.
8 https://bit.ly/2t2i7hr 9 https://bit.ly/2O2Uw7y
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Oração reduzida de gerúndio: Mesmo atrasando a aula, ele dis- Alguns adjetivos, que aparecem antes ou depois dos substanti-
se que faria. vos, dão à frase maior ou menor ênfase.
Oração reduzida de particípio: Mesmo atrasado, ele disse que Ex.: É um alegre sujeito de boa postura.
daria a aula. É um sujeito alegre de boa postura.
Oração desenvolvida: Depois de que passar três anos nesta ci- Há maior ênfase ao substantivo e a frase no primeiro caso, pois
dade, sentia-se muito triste. o adjetivo “alegre” aparece antes dos substantivos.
Oração Reduzida: Após três anos passados nesta cidade, sen- Contudo, é bom sempre ficar atento, já que alguns adjetivos
tia-se muito triste. podem assumir significados diferentes de acordo com sua posição.
É possível reescrever uma frase optando pela forma reduzida Ex.: Moça pobre (sem recursos financeiros), pobre moça (infe-
ou desenvolvida, e ainda assim manter o sentido original. liz); jogador simples (humilde), simples jogador (mero).
Ex.: Não comendo o jantar, não terás sobremesa. Em nossa Língua Portuguesa, há a anteposição dos possesivos
Se não comeres o jantar, não terás sobremesa. aos substantivos.
Ex.: Nosso pai.
Como fizeram bagunça, os meninos ficaram de castigo. Teu olhar.
Quando fizeram bagunça, os meninos ficaram de castigo. Todavia, há uma posposição proposital quando se trata da lin-
Fazendo bagunça, os meninos ficaram de castigo. guagem enfática.
Ex.: Pai nosso, que estai no céu...
— Substituir Conectivos de Valor Semântico Equivalente Quanto meu dói um olhar teu!
Assim como os sinônimos, o mesmo vale para os conectivos
de valor semântico equivalente. Sinônimos são palavras diferentes É preferível utilizar a conjunção porém intercalada na oração.
que dizem a mesma coisa. Há, também, conectivos que, apesar de Ex.: O filme, porém, se repetia.
serem palavras diferentes, exercem a mesma função. Mesmo assim, é possível inserir tal conjunção adversativa ao
Por isso é possível substituir o conector e manter o sentido da final da oração pertencente.
frase. Ex.: O filme se repetia, porém.
Ex.: Conectivos com valor de oposição/restrição: Mas, apesar
de, no entanto, entretanto, porém, contudo, todavia, tampouco, por Lembrando que!11
outro lado. Frase: É uma junção de palavras que apresenta sentido comple-
to, mesmo que não haja um verbo para dar sentido e termina com
Eu faria todo o trabalho, mas estava cansado. uma pausa pontuada. “Socorro!”, por exemplo, é uma frase que
Eu faria todo o trabalho, porém estava cansado. apresenta sentido completo: alguém está pedindo ajuda. As frases
que apresentam verbos são constituídas de oração(ões).
Ana empurrou a amiga e a ameaçou. (valor de adição)
Ana empurrou a amiga, como também a ameaçou. (valor de Oração: Toda oração possui um verbo ou uma locução verbal.
adição) Uma frase pode conter uma ou mais orações. “Socorro, eu preciso
de ajuda!” Uma oração, sozinha, nem sempre faz sentido. Às vezes
— Ordem Das Palavras Na Frase10 ela precisa de outros elementos para ter sentido. Entretanto, sem-
As frases podem ser construídas de forma direta ou inversa. pre que houver um verbo na frase, há uma oração.
Numa frase em ordem direta, os termos regentes precedem os ter-
mos regidos: sujeito + verbo + complementos e/ou adjuntos: Período: Um período é uma frase que possui uma oração ou
Ex.: Roberto / fez / uma casa de pássaros em seu quintal. mais: “Quando ele apareceu, mostrou as garras com as quais ata-
caria.”. Aqui, há três verbos, ou seja, mais de uma oração, o que
Já na ordem inversa, há alteração na sequência normal dos ter- compõe um período composto. Um período simples apresenta so-
mos. mente uma oração que se agrupa em torno de apenas um verbo ou
Ex.: Em seu quintal, Roberto fez uma casa de pássaros. locução verbal: “Faltam somente alguns dias.”.
Por apresentar maior sentimentalismo, transmitir mais emo- Há algumas questões de concursos públicos que podem solici-
ção, a ordem inversa aparece mais na literatura. tar para que diversas frases sejam reescritas em apenas um único
período, sem que o sentido da frase seja alterado.
Há mais...
Um período pode ser organizado de diversas maneiras, sem Questão: (TRF - 3ª REGIÃO - Técnico Judiciário - FCC)
que isso altere seu sentido original. Existe uma enfermidade moderna que afeta dois terços dos
Ex.: Ele notou a ponta de sarcasmo em seu sorriso. adultos. // Essa enfermidade é a privação de sono crônica, que vem
Em seu sorriso, ele notou a ponta de sarcasmo. crescendo na esteira de dispositivos que emitem luz azul. (1° pará-
Ele notou, em seu sorriso, a ponta de sarcasmo. grafo)
A ponta de sarcasmo, ele notou em seu sorriso.
10 https://bit.ly/2RtO1wG 11 https://bit.ly/2RvjdeN
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Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pro- SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE TRECHOS DE
núncia semelhantes, porém com significados distintos. TEXTO
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfe-
go (trânsito) X tráfico (comércio ilegal). Para a realização de exercícios de substituição de palavras e ex-
As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma pressões de um texto, é necessário algum conhecimento gramatical
grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo prévio.
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta). Substituir uma palavra pode parecer simples, porém é uma
As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma ação que possui certa complexidade. Não basta apenas substituir a
pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (nu- palavra em si, é preciso atenção para manter o sentido original da
meral) X sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical). frase; em suma, quando substituímos uma palavra de uma frase,
As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual, nenhum erro gramatical ou semântico pode ocorrer.
porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver- Justamente por isso o conhecimento gramatical prévio é de ex-
bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo). trema importância, afinal o ato de substituir palavras ou expressões
requer inúmeras habilidades.
Polissemia e monossemia Imagine só que uma determinada questão solicite que você
As palavras polissêmicas são aquelas que podem apresentar substitua tal palavra por um sinônimo? Como você vai responder
mais de um significado, a depender do contexto em que ocorre a se não souber o que é um sinônimo? Ou pode ser que a questão
frase. Ex: cabeça (parte do corpo humano; líder de um grupo). apresente uma alternativa onde é preciso substituir uma figura de
Já as palavras monossêmicas são aquelas apresentam apenas linguagem, ou até mesmo alternativas onde a regência ou concor-
um significado. Ex: eneágono (polígono de nove ângulos). dância precisa ser mantida.
Denotação e conotação Por exemplo: “O menino ficou muito triste porque sua bola fu-
Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam rou”.
um sentido objetivo e literal. Ex: Está fazendo frio. / Pé da mulher.
Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam A palavra triste poderia ser substituída por chateado, e ainda
um sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé assim a frase manteria seu significado original.
da cadeira. Essa mesma frase poderia ser reescrita dessa forma: “A bola
furou, por isso o menino ficou triste”. Veja como a frase foi alterada,
Hiperonímia e hiponímia porém ainda diz a mesma coisa.
Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de signi- Já a conjunção porque pode ser substituída por pois, já que
ficado entre as palavras. ambas são conjunções explicativas.
Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que Como você pode ver, não se trata de algo tão simples assim,
tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão. entretanto, não é nenhum bicho de sete cabeças. Basta ter bastan-
Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, por- te atenção, ler a questão com atenção, verificar o que é solicitado.
tanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex: Também cabe aqui a interpretação de textos, pois muitas vezes ha-
Limão é hipônimo de fruta. verá um texto que deverá ser lido e a expressão a ser substituída
será retirada desse mesmo texto, sendo assim, antes de substituir
Formas variantes será preciso compreender o texto.
São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem Algumas habilidades que você deve possuir para substituir pa-
que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – in- lavras ou expressões de textos são: significação das palavras (se-
farto / gatinhar – engatinhar. mântica), ortografia, classes de palavras (morfologia), figuras de
linguagem e de sintaxe, regência e concordância (nominal e verbal)
Arcaísmo e interpretação de texto.
São palavras antigas, que perderam o uso frequente ao longo
do tempo, sendo substituídas por outras mais modernas, mas que
ainda podem ser utilizadas. No entanto, ainda podem ser bastante REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE ORAÇÕES E DE
encontradas em livros antigos, principalmente. Ex: botica <—> far- PERÍODOS DO TEXTO
mácia / franquia <—> sinceridade.
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado
em tópicos anteriores.
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mente dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração de padrão. O estabelecimento desse padrão, uma das metas deste Ma-
costumes, e pode eventualmente contar com outros elementos que nual, exige que se atente para todas as características da redação
auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, etc. Para oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. A clareza
mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis por essa distân- datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto definitivo e a
cia. Já a língua escrita incorpora mais lentamente as transforma- correta diagramação do texto são indispensáveis para a padroniza-
ções, tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas de ção. Consulte o Capítulo II, As Comunicações Oficiais, a respeito de
si mesma para comunicar. A língua escrita, como a falada, compre- normas específicas para cada tipo de expediente.
ende diferentes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por
exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer de deter- Concisão e Clareza
minado padrão de linguagem que incorpore expressões extrema- A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do
mente pessoais ou coloquiais; em um parecer jurídico, não se há de texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo
estranhar a presença do vocabulário técnico correspondente. Nos de informações com um mínimo de palavras. Para que se redija com
dois casos, há um padrão de linguagem que atende ao uso que se essa qualidade, é fundamental que se tenha, além de conhecimento
faz da língua, a finalidade com que a empregamos. O mesmo ocorre do assunto sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revisar
com os textos oficiais: por seu caráter impessoal, por sua finalidade o texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes se
de informar com o máximo de clareza e concisão, eles requerem o percebem eventuais redundâncias ou repetições desnecessárias
uso do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão cul- de ideias. O esforço de sermos concisos atende, basicamente ao
to é aquele em que a) se observam as regras da gramática formal, princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de empre-
e b) se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários gar o mínimo de palavras para informar o máximo. Não se deve de
do idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do forma alguma entendê-la como economia de pensamento, isto é,
padrão culto na redação oficial decorre do fato de que ele está aci- não se devem eliminar passagens substanciais do texto no afã de
ma das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos reduzi-lo em tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar palavras
modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitindo, inúteis, redundâncias, passagens que nada acrescentem ao que já
por essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos foi dito. Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em
os cidadãos. todo texto de alguma complexidade: ideias fundamentais e ideias
Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade secundárias. Estas últimas podem esclarecer o sentido daquelas de-
de expressão, desde que não seja confundida com pobreza de ex- talhá-las, exemplificá-las; mas existem também ideias secundárias
pressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto implica empre- que não acrescentam informação alguma ao texto, nem têm maior
go de linguagem rebuscada, nem dos contorcionismos sintáticos e relação com as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas. A
figuras de linguagem próprios da língua literária. Pode-se concluir, clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial, conforme
então, que não existe propriamente um “padrão oficial de lingua- já sublinhado na introdução deste capítulo. Pode-se definir como
gem”; o que há é o uso do padrão culto nos atos e comunicações claro aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor.
oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de determinadas No entanto a clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende
expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das for- estritamente das demais características da redação oficial. Para ela
mas sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se con- concorrem:
sagre a utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações
burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre que poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto;
sua compreensão limitada. A linguagem técnica deve ser empre- b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de en-
gada apenas em situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso tendimento geral e por definição avesso a vocábulos de circulação
indiscriminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vo- restrita, como a gíria e o jargão;
cabulário próprio a determinada área, são de difícil entendimento c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a impres-
por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cuidado, cindível uniformidade dos textos;
portanto, de explicitá-los em comunicações encaminhadas a outros d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguís-
órgãos da administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos. ticos que nada lhe acrescentam.
Outras questões sobre a linguagem, como o emprego de neologis-
mo e estrangeirismo, são tratadas em detalhe em 9.3. Semântica. É pela correta observação dessas características que se redige
com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo
Formalidade e Padronização texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, e de erros gramaticais provém principalmente da falta da releitu-
obedecem a certas regras de forma: além das já mencionadas exi- ra que torna possível sua correção. Na revisão de um expediente,
gências de impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, é deve-se avaliar, ainda, se ele será de fácil compreensão por seu
imperativo, ainda, certa formalidade de tratamento. Não se trata destinatário. O que nos parece óbvio pode ser desconhecido por
somente da eterna dúvida quanto ao correto emprego deste ou da- terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos assuntos em de-
quele pronome de tratamento para uma autoridade de certo nível corrência de nossa experiência profissional muitas vezes faz com
(v. a esse respeito 2.1.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento); que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre
mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à civilidade é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técni-
no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação. cos, o significado das siglas e abreviações e os conceitos específicos
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária que não possam ser dispensados. A revisão atenta exige, necessa-
uniformidade das comunicações. Ora, se a administração federal é riamente, tempo. A pressa com que são elaboradas certas comu-
una, é natural que as comunicações que expede sigam um mesmo nicações quase sempre compromete sua clareza. Não se deve pro-
36
LÍNGUA PORTUGUESA
ceder à redação de um texto que não seja seguida por sua revisão. Emprego dos Pronomes de Tratamento
“Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece
Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no redigir. a secular tradição. São de uso consagrado:
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
As comunicações oficiais
A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo, se- a) do Poder Executivo;
guir os preceitos explicitados no Capítulo I, Aspectos Gerais da Presidente da República;
Redação Oficial. Além disso, há características específicas de cada Vice-Presidente da República;
tipo de expediente, que serão tratadas em detalhe neste capítulo. Ministros de Estado;
Antes de passarmos à sua análise, vejamos outros aspectos comuns Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Fe-
a quase todas as modalidades de comunicação oficial: o emprego deral;
dos pronomes de tratamento, a forma dos fechos e a identificação Oficiais-Generais das Forças Armadas;
do signatário. Embaixadores;
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de
Pronomes de Tratamento cargos de natureza especial;
Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
Breve História dos Pronomes de Tratamento Prefeitos Municipais.
O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem
larga tradição na língua portuguesa. De acordo com Said Ali, após b) do Poder Legislativo:
serem incorporados ao português os pronomes latinos tu e vos, Deputados Federais e Senadores;
“como tratamento direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a Ministro do Tribunal de Contas da União;
palavra”, passou-se a empregar, como expediente linguístico de dis- Deputados Estaduais e Distritais;
tinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no tratamento de Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais;
pessoas de hierarquia superior. Prossegue o autor: “Outro modo de Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.
tratamento indireto consistiu em fingir que se dirigia a palavra a um
atributo ou qualidade eminente da pessoa de categoria superior, e c) do Poder Judiciário:
não a ela própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu rei com Ministros dos Tribunais Superiores;
o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...); assim usou-se Membros de Tribunais;
o tratamento ducal de vossa excelência e adotou-se na hierarquia Juízes;
eclesiástica vossa reverência, vossa paternidade, vossa eminência, Auditores da Justiça Militar.
vossa santidade. ” A partir do final do século XVI, esse modo de
tratamento indireto já estava em voga também para os ocupantes O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos
de certos cargos públicos. Vossa mercê evoluiu para vosmecê, e de- Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respec-
pois para o coloquial você. E o pronome vós, com o tempo, caiu em tivo:
desuso. É dessa tradição que provém o atual emprego de pronomes Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
de tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos às autorida- Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,
des civis, militares e eclesiásticas. Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Fede-
ral.
Concordância com os Pronomes de Tratamento
Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta) As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor,
apresentam certas peculiaridades quanto à concordância verbal, seguido do cargo respectivo:
nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa gra- Senhor Senador,
matical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige a comuni- Senhor Juiz,
cação), levam a concordância para a terceira pessoa. É que o verbo Senhor Ministro,
concorda com o substantivo que integra a locução como seu núcleo Senhor Governador,
sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto”; “Vossa Excelên-
cia conhece o assunto”. Da mesma forma, os pronomes possessivos No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às
referidos a pronomes de tratamento são sempre os da terceira pes- autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte forma:
soa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa... vos-
so...”). Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero A Sua Excelência o Senhor
gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e Fulano de Tal
não com o substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso in- Ministro de Estado da Justiça
terlocutor for homem, o correto é “Vossa Excelência está atarefa- 70.064-900 – Brasília. DF
do”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa
Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”. A Sua Excelência o Senhor
Senador Fulano de Tal
Senado Federal
70.165-900 – Brasília. DF
37
LÍNGUA PORTUGUESA
No envelope, deve constar do endereçamento: Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a au-
Ao Senhor toridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, de-
Fulano de Tal vidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério das
Rua ABC, nº 123 Relações Exteriores.
70.123 – Curitiba. PR
Identificação do Signatário
Como se depreende do exemplo acima fica dispensado o em- Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da Repú-
prego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem blica, todas as demais comunicações oficiais devem trazer o nome e
o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local de sua assina-
uso do pronome de tratamento Senhor. Acrescente-se que doutor tura. A forma da identificação deve ser a seguinte:
não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo
indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o apenas em (espaço para assinatura)
comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem NOME
concluído curso universitário de doutorado. É costume designar por Chefe da Secretária-geral da Presidência da República
doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em
Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a dese- (espaço para assinatura)
jada formalidade às comunicações. Mencionemos, ainda, a forma NOME
Vossa Magnificência, empregada por força da tradição, em comu- Ministro de Estado da Justiça
nicações dirigidas a reitores de universidade. Corresponde-lhe o
vocativo: Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura
em página isolada do expediente. Transfira para essa página ao me-
Magnífico Reitor, nos a última frase anterior ao fecho.
(...)
O Padrão Ofício
Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela fi-
hierarquia eclesiástica, são: nalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e o memorando. Com
o fito de uniformizá-los, pode-se adotar uma diagramação única,
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O voca- que siga o que chamamos de padrão ofício. As peculiaridades de
tivo correspondente é: cada um serão tratadas adiante; por ora busquemos as suas seme-
Santíssimo Padre, lhanças.
(...)
Partes do documento no Padrão Ofício
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em co- O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes
municações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo: partes:
Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal, o expede:
(...) Exemplos:
Mem. 123/2002-MF Aviso 123/2002-SG Of. 123/2002-MME
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações
dirigidas a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Se- b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinha-
nhoria Reverendíssima para Monsenhores, Cônegos e superiores mento à direita:
religiosos. Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos Exemplo:
e demais religiosos. 13
Brasília, 15 de março de 1991.
38
LÍNGUA PORTUGUESA
c) assunto: resumo do teor do documento d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impres-
Exemplos: sos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda
Assunto: Produtividade do órgão em 2002. e direta terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores. espelho”);
e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distân-
d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida cia da margem esquerda;
a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído também o en- f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no míni-
dereço. mo, 3,0 cm de largura;
g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; 5 O
e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento constante neste item aplica-se também à exposição de motivos e à
de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura: mensagem (v. 4. Exposição de Motivos e 5. Mensagem).
– Introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura, h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de
na qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não
uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre- comportar tal recurso, de uma linha em branco;
-me informar que”, empregue a forma direta; i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado,
– Desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer
contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do
em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição; documento;
– Conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapresen- j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel
tada a posição recomendada sobre o assunto. branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos
Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos e ilustrações;
em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos. l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser
Já quando se tratar de mero encaminhamento de documentos impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;
a estrutura é a seguinte: m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo
– Introdução: deve iniciar com referência ao expediente que Rich Text nos documentos de texto;
solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem
sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comu- ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou apro-
nicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos veitamento de trechos para casos análogos;
do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e as- o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem
sunto de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado, ser formados da seguinte maneira: tipo do documento + número do
segundo a seguinte fórmula: documento + palavras-chaves do conteúdo Ex.: “Of. 123 - relatório
“Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991, enca- produtividade ano 2002”
minho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 1990, do Depar-
tamento Geral de Administração, que trata da requisição do servi- Aviso e Ofício
dor Fulano de Tal. ” Ou “Encaminho, para exame e pronunciamento, — Definição e Finalidade
a anexa cópia do telegrama no 12, de 1o de fevereiro de 1991, do Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial pratica-
Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, a respeito de mente idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expe-
projeto de modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste. ” dido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de
– Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas
algum comentário a respeito do documento que encaminha, pode- demais autoridades. Ambos têm como finalidade o tratamento de
rá acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário, assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e,
não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou ofício de mero no caso do ofício, também com particulares.
encaminhamento.
— Forma e Estrutura
f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações); Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do padrão
ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário (v. 2.1
g) assinatura do autor da comunicação; e Pronomes de Tratamento), seguido de vírgula.
Exemplos:
h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do Signa- Excelentíssimo Senhor Presidente da República
tário). Senhora Ministra
Senhor Chefe de Gabinete
Forma de diagramação Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguin-
Os documentos do Padrão Ofício5 devem obedecer à seguinte tes informações do remetente:
forma de apresentação: – Nome do órgão ou setor;
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo – Endereço postal;
12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé; – telefone E endereço de correio eletrônico.
b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman po-
der-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
c) é obrigatória constar a partir da segunda página o número
da página;
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LÍNGUA PORTUGUESA
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LÍNGUA PORTUGUESA
b) ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do pro- encaminhada com aviso do Chefe da Casa Civil da Presidência da
blema e dos efeitos que pode ter a adoção da medida ou a edição República ao Primeiro Secretário da Câmara dos Deputados, para
do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput). Quan-
na elaboração de proposições normativas no âmbito do Poder Exe- to aos projetos de lei financeira (que compreendem plano pluria-
cutivo (v. 10.4.3.). nual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos adicio-
c) conferir perfeita transparência aos atos propostos. nais), as mensagens de encaminhamento dirigem-se aos Membros
do Congresso Nacional, e os respectivos avisos são endereçados ao
Dessa forma, ao atender às questões que devem ser analisadas Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão é que o art. 166
na elaboração de atos normativos no âmbito do Poder Executivo, da Constituição impõe a deliberação congressual sobre as leis fi-
o texto da exposição de motivos e seu anexo complementam-se e nanceiras em sessão conjunta, mais precisamente, “na forma do
formam um todo coeso: no anexo, encontramos uma avaliação pro- regimento comum”. E à frente da Mesa do Congresso Nacional está
funda e direta de toda a situação que está a reclamar a adoção de o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 57, § 5o), que co-
certa providência ou a edição de um ato normativo; o problema a manda as sessões conjuntas. As mensagens aqui tratadas coroam o
ser enfrentado e suas causas; a solução que se propõe, seus efeitos processo desenvolvido no âmbito do Poder Executivo, que abrange
e seus custos; e as alternativas existentes. O texto da exposição de minucioso exame técnico, jurídico e econômico-financeiro das ma-
motivos fica, assim, reservado à demonstração da necessidade da térias objeto das proposições por elas encaminhadas. Tais exames
providência proposta: por que deve ser adotada e como resolverá o materializam-se em pareceres dos diversos órgãos interessados no
problema. Nos casos em que o ato proposto for questão de pessoal assunto das proposições, entre eles o da Advocacia-Geral da União.
(nomeação, promoção, ascensão, transferência, readaptação, rever- Mas, na origem das propostas, as análises necessárias constam da
são, aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, exoneração, exposição de motivos do órgão onde se geraram (v. 3.1. Exposição
demissão, dispensa, disponibilidade, aposentadoria), não é necessário de Motivos) – exposição que acompanhará, por cópia, a mensagem
o encaminhamento do formulário de anexo à exposição de motivos. de encaminhamento ao Congresso.
Ressalte-se que: b) encaminhamento de medida provisória.
– A síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição,
não dispensa o encaminhamento do parecer completo; o Presidente da República encaminha mensagem ao Congresso,
– O tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos dirigida a seus membros, com aviso para o Primeiro Secretário do
pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão dos Senado Federal, juntando cópia da medida provisória, autenticada
comentários a serem ali incluídos. pela Coordenação de Documentação da Presidência da República.
c) indicação de autoridades.
Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação
a atenção aos requisitos básicos da redação oficial (clareza, concisão, de pessoas para ocuparem determinados cargos (magistrados dos
impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão culto de Tribunais Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e Diretores do
linguagem) deve ser redobrada. A exposição de motivos é a principal Banco Central, Procurador-Geral da República, Chefes de Missão Di-
modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos plomática, etc.) têm em vista que a Constituição, no seu art. 52, inci-
Ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia sos III e IV, atribui àquela Casa do Congresso Nacional competência
ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou, ainda, ser publicada privativa para aprovar a indicação. O curriculum vitae do indicado,
no Diário Oficial da União, no todo ou em parte. devidamente assinado, acompanha a mensagem.
d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presiden-
Mensagem te da República se ausentarem do País por mais de 15 dias. Trata-
-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e 83), e a
— Definição e Finalidade autorização é da competência privativa do Congresso Nacional. O
É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Presidente da República, tradicionalmente, por cortesia, quando a
Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a cada
do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato Casa do Congresso, enviando-lhes mensagens idênticas.
da Administração Pública; expor o plano de governo por ocasião e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de
da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional concessão de emissoras de rádio e TV. A obrigação de submeter
matérias que dependem de deliberação de suas Casas; apresentar tais atos à apreciação do Congresso Nacional consta no inciso XII
veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a
de interesse dos poderes públicos e da Nação. Minuta de mensa- outorga ou renovação da concessão após deliberação do Congresso
gem pode ser encaminhada pelos Ministérios à Presidência da Re- Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). Descabe pedir na mensagem
pública, a cujas assessorias caberá a redação final. As mensagens a urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o § 1o do
mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional têm as se- art. 223 já define o prazo da tramitação. Além do ato de outorga
guintes finalidades: ou renovação, acompanha a mensagem o correspondente processo
a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, complemen- administrativo.
tar ou financeira. Os projetos de lei ordinária ou complementar são f) encaminhamento das contas referentes ao exercício ante-
enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de urgência rior. O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após a
(Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). Cabe lembrar que o projeto pode abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacional as
ser encaminhado sob o regime normal e mais tarde ser objeto de contas referentes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, XXIV),
nova mensagem, com solicitação de urgência. Em ambos os casos, para exame e parecer da Comissão Mista permanente (Constitui-
a mensagem se dirige aos Membros do Congresso Nacional, mas é
41
LÍNGUA PORTUGUESA
ção, art. 166, § 1o), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a — Forma e Estrutura
tomada de contas (Constituição, art. 51, II), em procedimento disci- As mensagens contêm:
plinado no art. 215 do seu Regimento Interno. a) a indicação do tipo de expediente e de seu número, horizon-
g) mensagem de abertura da sessão legislativa. talmente, no início da margem esquerda:
Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a situação Mensagem no
do País e solicitação de providências que julgar necessárias (Cons- b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo
tituição, art. 84, XI). O portador da mensagem é o Chefe da Casa do destinatário, horizontalmente, no início da margem esquerda;
Civil da Presidência da República. Esta mensagem difere das demais Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,
porque vai encadernada e é distribuída a todos os Congressistas em c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo;
forma de livro. d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e
h) comunicação de sanção (com restituição de autógrafos). horizontalmente fazendo coincidir seu final com a margem direita.
Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Nacio- A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente
nal, encaminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da Casa onde da República, não traz identificação de seu signatário.
se originaram os autógrafos. Nela se informa o número que tomou
a lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos recebidos, Telegrama
nos quais o Presidente da República terá aposto o despacho de san-
ção. — Definição e Finalidade
i) comunicação de veto. Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os proce-
Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66, dimentos burocráticos, passa a receber o título de telegrama toda
§ 1o), a mensagem informa sobre a decisão de vetar, se o veto é comunicação oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. Por
parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos cofres públicos
vai publicado na íntegra no Diário Oficial da União (v. 4.2. Forma e e tecnologicamente superada, deve restringir-se o uso do telegra-
Estrutura), ao contrário das demais mensagens, cuja publicação se ma apenas àquelas situações que não seja possível o uso de correio
restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo. (v. 19.6.Veto) eletrônico ou fax e que a urgência justifique sua utilização e, tam-
j) outras mensagens. bém em razão de seu custo elevado, esta forma de comunicação
Também são remetidas ao Legislativo com regular frequência deve pautar-se pela concisão (v. 1.4. Concisão e Clareza).
mensagens com:
– Encaminhamento de atos internacionais que acarretam en- — Forma e Estrutura
cargos ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I); Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estrutura
– Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às opera- dos formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu sítio
ções e prestações interestaduais e de exportação na Internet.
(Constituição, art. 155, § 2o, IV);
– Proposta de fixação de limites globais para o montante da Fax
dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI);
– Pedido de autorização para operações financeiras externas — Definição e Finalidade
(Constituição, art. 52, V); e outros. O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é uma for-
Entre as mensagens menos comuns estão as de: ma de comunicação que está sendo menos usada devido ao desen-
– Convocação extraordinária do Congresso Nacional (Constitui- volvimento da Internet. É utilizado para a transmissão de mensa-
ção, art. 57, § 6o); gens urgentes e para o envio antecipado de documentos, de cujo
– Pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da conhecimento há premência, quando não há condições de envio do
República (art. 52, XI, e 128, § 2o); documento por meio eletrônico. Quando necessário o original, ele
– Pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobi- segue posteriormente pela via e na forma de praxe. Se necessário
lização nacional (Constituição, art. 84, XIX); o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia xerox do fax e não com
– Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz o próprio fax, cujo papel, em certos modelos, se deteriora rapida-
(Constituição, art. 84, XX); mente.
– Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua
prorrogação (Constituição, art. 136, § 4o); — Forma e Estrutura
– Pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Cons- Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura
tituição, art. 137); que lhes são inerentes. É conveniente o envio, juntamente com o
– Relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio documento principal, de folha de rosto, i. é., de pequeno formulário
ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único); com os dados de identificação da mensagem a ser enviada, confor-
– Proposta de modificação de projetos de leis financeiras me exemplo a seguir:
(Constituição, art. 166, § 5o);
– Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem Correio Eletrônico
despesas correspondentes, em decorrência de veto, emenda ou re-
jeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, — Definição e finalidade
§ 8o); Correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e celeridade,
– Pedido de autorização para alienar ou conceder terras públi- transformou-se na principal forma de comunicação para transmis-
cas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188, § 1o); etc. são de documentos.
42
LÍNGUA PORTUGUESA
— Forma e Estrutura
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua estru-
tura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma comunicação oficial (v. 1.2 A Linguagem dos Atos e Comuni-
cações Oficiais). O campo assunto do formulário de correio eletrônico mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a organização
documental tanto do destinatário quanto do remetente. Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, preferencialmente, o
formato Rich Text. A mensagem que encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu conteúdo. Sempre que dispo-
nível, deve-se utilizar recurso de confirmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar na mensagem o pedido de confirmação
de recebimento.
—Valor documental
Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor documental, i. é, para que possa ser aceito
como documento original, é necessário existir certificação digital que ateste a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.
QUESTÕES
43
LÍNGUA PORTUGUESA
a morte da Justiça. Não sei o que sucedeu depois, não sei se o mesmo país”. Esse entendimento perdura na definição de endemia
braço popular foi ajudar o camponês arepor as estremas nos seus encontrada nos léxicos especializados em terminologia médica de
sítios, ou se os vizinhos, uma vez que a Justiça havia sido declarada várias línguas.
defunta, regressaram resignados, de cabeça baixa e alma sucumbi- Pandemia, palavra de origem grega, formada com o prefixo
da, à triste vida de todos os dias. neutro pan e pelo morfema demos (povo), foi pela primeira vez em-
Suponho ter sido esta a única vez que, em qualquer parte do pregada por Platão, em seu livro Das Leis. Platão a usou no sentido
mundo, um sino chorou a morte da Justiça. Nunca mais tornou a genérico, referindo-se a qualquer acontecimento capaz de alcan-
ouvir-se aquele fúnebre dobre da aldeiade Florença, mas a Justiça çar toda a população. Com esse mesmo sentido, foi também
continuou e continua a morrer todos os dias. Agora mesmo, neste utilizada porAristóteles.
instante, longe ou aqui ao lado, à porta da nossa casa, alguém a está O conceito moderno de pandemia é o de uma epidemia
matando. De cada vez que morre, é como se afinal nunca tivesse de grandes proporções, que se espalha por vários países e por
existido para aqueles que nela tinham confiado, para aqueles que mais de um continente. Exemplo tantas vezescitado é o da gripe
dela esperavam o que da Justiçatodos temos o direito de esperar: espanhola, que se seguiu à I Guerra Mundial, nos anos de 1918 e
justiça, simplesmente justiça. Não a que se envolve em túnicas de 1919, e que causou a morte de cerca de 20 milhões de pessoas em
teatro e nos confunde com flores de vã retórica judicialista, não todo o mundo.
aque permitiu que lhe vendassem os olhos e viciassem os pesos da Joffre M. de Rezende. Epidemia, endemia, pandemia, epidemiologia.
balança, não a da espada que sempre corta mais para um lado que In: Revista de Patologia Tropical, v. 27, n.º 1, p. 153-155, jan.-
para o outro, mas uma justiça pedestre, uma justiça companheira -jun./1998 (com adaptações).
cotidiana dos homens, uma justiça para quem o justo seria o mais Os vocábulos “países” e “línguas”, presentes no texto 15A2-
rigoroso sinônimo do ético, uma justiça que chegasse a ser tão in- I, possuem a mesma classificação quanto à tonicidade, porém
dispensável à felicidade do espírito como indispensável à vida é um difere do outro quanto à regra empregadapara a utilização do
o alimento do corpo. Uma justiça exercida pelos tribunais, sem acento agudo. Assinale a opção que indica a correta classificação
dúvida, sempre que a isso osdeterminasse a lei, mas também, desses vocábulos quanto à tonicidade e que explica corretamente
e sobretudo, uma justiça que fosse a emanação espontânea da as regras de acentuação aplicadas a eles.
própria sociedade em ação, uma justiça em que se manifestasse, (A) Ambos os vocábulos são paroxítonos, contudo “lín-
comoum iniludível imperativo moral, o respeito pelo direito a ser guas” é acentuado porque sua última sílaba contém um
que a cada ser humano assiste. ditongo crescente átono, ao passo que “países” éacentua-
José Saramago. Este mundo da injustiça globalizada. do porque sua sílaba tônica forma um hiato com a vogal da
Internet: <dominiopublico.gov.br> (com adaptações). sílaba anterior.
No trecho ‘Ninguém que tivesse nome e figura de gente, (B) Ambos os vocábulos são proparoxítonos, contudo “lín-
toquei a finados pela Justiça porque a Justiça está morta’, no guas” é acentuado porque sua última sílaba contém um
parágrafo do texto CG1A1-I, o vocábulo justiça ditongo decrescente átono, ao passo que “países” éacentua-
está empregado com letra inicial maiúscula porque, nesse do porque sua última sílaba termina com “s”.
caso, há (C) Ambos os vocábulos são paroxítonos, contudo “línguas”
(A) a intenção de destacar o termo em função de sua posição é acentuado porque sua última sílaba termina com “s”, ao
sintática. passo que “países” é acentuado porque suasílaba tônica
(B) o uso de simbologias para ampliar o significado do termo forma um hiato com a vogal da sílaba anterior.
justiça. (D) Ambos os vocábulos são oxítonos, contudo “línguas” é
(C) a intenção de subverter o significado do termo justiça. acentuado porque tem três sílabas, ao passo que “países” é
(D) o objetivo de introduzir um neologismo. acentuado porque sua sílaba tônica contém umditongo cres-
(E) a personificação do termo justiça. cente.
(E) Ambos os vocábulos são proparoxítonos, contudo “lín-
4.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEED PR)/SEED PR/SÉRIES guas” é acentuado porque tem duas sílabas, ao passo que
INICIAIS/2021) “países” é acentuado porque tem três sílabas.
Texto 15A2-I
Quando se indaga sobre a diferença entre epidemia e ende- 5.(CEBRASPE (CESPE) - ANA LEG (ALECE)/ALECE/LÍNGUA
mia, surge, imediatamente, a ideia de que a epidemia se carac- PORTUGUESA/GRAMÁTICA NORMATIVA E REVISÃO ORTO-
teriza pela incidência, em curto período detempo, de grande nú- GRÁFICA/2021)
mero de casos de uma doença, ao passo que a endemia se traduz Texto 14A1-I
pelo aparecimento de menor número de casos ao longo do tempo. A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê-
A distinção entre epidemia e endemia não pode ser feita, -la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para
entretanto, com base apenas na maior ou menor incidência de compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas
determinada enfermidade em uma população. Seo elevado núme- línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escri-
ro de casos novos e sua rápida difusão constituem a principal tores. Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples
característica da epidemia, já não basta o critério quantitativo depósito depalavras que circulam em uma comunidade, nem a
para a definição de endemia.O que define o caráter endêmico de um sistema gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos
uma doença é o fato de ela ser peculiar a um povo, a um país ou a estável numa sociedade, numa estação do ano,num sexo, numa
uma região. A própria etimologia da palavra endemia denota esse região, numa família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe
atributo: endemos, em grego clássico, significa “originário de um social, naquela rua, num determinado dia, num livro e quase nunca
país”, “referente a um país”, “encontrado entre os habitantes de um num país inteiro.
44
LÍNGUA PORTUGUESA
A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade uni- inseguro dos valores que se move o escritor. E é apenas nesse ter-
tária. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a reno de valores que a forma da palavra pode ganhar seu estatuto
matéria da literatura não é um sistema abstrato de regras e rela- estético, a sua dignidade poética, historicamente flutuante.
ções, uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de A língua do escritor é uma entidade necessariamente impura,
universais semânticos como tem sido a língua para uma corrente contaminada, suja de intenções, povoada previamente de muitas
consideráveldos cientistas da língua. Justamente por serem abstra- outras línguas (do mesmo idioma ou fora dele), de milhões de vo-
tos, justamente por serem apenas fonemas e justamente por serem zes. Se nessa diversidade essencial está a riqueza de quem es-
universais, esses elementos primeiros são desprovidos de significa- creve, nela também está a sua fronteira necessária, e, em última
do: servindo a todos, não servem a ninguém. De fato, não che- instância, a suaética. Para formar a minha palavra, eu preciso da pa-
gam a se constituir em “língua”, face a outra parte indispensável lavra do outro compartilhando com ela a força e o valor de origem.
da palavra: ofalante. A palavra que eu tomo em minhas mãos, como ensina Bakhtin, não
O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadei- é nunca um objeto inerte: há sempre um coração alheio batendo
ro território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele nela, outra intenção, uma vida diferente da minha vida, com a qual
pode ser considerado uma entidade universal? Isso interessa por- eu preciso me entender. Assim, a minha liberdade de criação, a mi-
que, no exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz nha palavra, tem na autonomia da voz do outro o seu limite. O que
do falante, ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que parece a natureza mesma da linguagem, o seu duplo, talvez possa
não équalquer chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro, se transformar, para o escritor, na sua ética.
o ar que se respira, o tempo, o dia, a hora, toda a soma das Internet: <http://www.cristovaotezza.com.br> (com adaptações).
intenções muito específicas convertidas no impulso da palavra; e, Assinale a opção em que a palavra apresentada está grafada
é claro, a ninguém interessa o que a palavra quer dizer de velha corretamente, de acordo com a vigente ortografia oficial da língua
(isso até o dicionário sabe), mas o que ela quer dizer de nova, isto portuguesa.
é, o que é novo e surpreendente no que se diz. Esse espetáculo das (A) antinflamatório
vozes que falam sem parar no mundo em torno, ou nesse mundo (B) semi-circular
em torno, nesse exato momento, é a vida indispensável de quem (C) vai-e-vem
escreve. É nessa diversidade imensa e imediata que se move quem (D) autoavaliação
escreve, o ouvido atento. (E) panamericano
Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da
sua matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdo- 6.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEDUC AL)/SEDUC AL/POR-
bramos a palavra, descobrimos que quem lhedá vida não é exa- TUGUÊS/2021)
tamente o falante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que, Quem sou eu?
numa redução ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma pala- Se negro sou, ou sou bode, Pouco importa. O que isto pode?
vra que dispensasseos outros para fazer sentido, ela seria uma pa- Bodes há de toda a casta,
lavra natimorta, um objeto opaco à espera de um criptólogo que Pois que a espécie é muita vasta...Há cinzentos, há rajados,
lhe rompesse o isolamento, como um Champollion diantede uma Baios, pampas e malhados, Bodes negros, bodes brancos,E, se-
pedra no meio do caminho, mas então a suposta pureza original jamos todos francos,
autossuficiente estaria destruída. Uns plebeus, e outros nobres,Bodes ricos, bodes pobres, Bo-
Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter- des sábios, importantes,
ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num E também alguns tratantes... Aqui, nesta boa terra, Marram
sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos todos, tudo berra;Nobres Condes e Duquesas,Ricas Damas e Mar-
nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo quesas, Deputados, senadores,Gentis-homens, vereadores; Belas
de se tornarem voz), quanto o que nós dizemos (e são eles, os Damas emproadas,
outros,que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir De nobreza empantufadas; Repimpados principotes, Orgulho-
a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são sos fidalgotes,
uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos Frades, Bispos, Cardeais,Fanfarrões imperiais.
e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais Gentes pobres, nobres gentes,Em todos há meus parentes. En-
remoto oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa, tre a brava militança
mesmo láouviríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria Fulge e brilha alta bodança;Guardas, Cabos, Furriéis, Brigadei-
interminável dos que nos ouvem. ros, Coronéis,
Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi- Destemidos Marechais,Rutilantes Generais,
nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros; Capitães de mar e guerra,
nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da — Tudo marra, tudo berra —Na suprema eternidade, Onde ha-
linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas bita a Divindade, Bodes há santificados,
sons ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que Que por nós são adorados.Entre o coro dos Anjinhos
nãofalamos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vis- Também há muitos bodinhos.O amante de Siringa
ta, sonhos, acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a Tinha pelo e má catinga;
linguagem como certa ou errada (excetonos cadernos escolares), O deus Midas, pelas contas,Na cabeça tinha pontas;
mas como verdadeira, mentirosa, bela, nojenta, comovente, deli- Jovem quando foi menino,Chupitou leite caprino;
rante, horrível, ofensiva, carinhosa... É exatamente nesse pântano E, segundo o antigo mito, Também Fauno foi cabrito.Nos
domínios de Plutão,Guarda um bode o Alcorão;Nos lundus e nas
modinhas São cantadas as bodinhas:
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LÍNGUA PORTUGUESA
Pois se todos têm rabicho,Para que tanto capricho? Haja paz, Luís Gama. Quem sou eu? In: Sílvio Romero. História da litera-
haja alegria, tura brasileira.
Folgue e brinque a bodaria;Cesse, pois, a matinada, Porque Rio de Janeiro: Garnier, 1888. Internet: <www.brasiliana.usp.br> (com
tudo é bodarrada.uís Gama. Quem sou eu? In: Sílvio Romero. His- adaptações).
tória da literatura brasileira. Glossário
Rio de Janeiro: Garnier, 1888. Internet: <www.brasiliana.usp.br> (com Siringa: belíssima ninfa da água na mitologia clássica. Midas:
adaptações). personagem da mitologia grega, rei da Frígia.
Glossário Jove: ou Júpiter, ou Zeus, deus dos deuses e dos homens.Fau-
Siringa: belíssima ninfa da água na mitologia clássica. Midas: no: deus romano protetor dos pastores e rebanhos.
personagem da mitologia grega, rei da Frígia. Plutão: ou Hades, deus que possuía as chaves do reino dos
Jove: ou Júpiter, ou Zeus, deus dos deuses e dos homens.Fau- mortos.
no: deus romano protetor dos pastores e rebanhos. Com relação a aspectos linguísticos do poema Quem sou eu?,
Plutão: ou Hades, deus que possuía as chaves do reino dos anteriormente apresentado, julgue o próximo item.
mortos. O poeta lança mão de processos de derivação sufixal para criar
Com relação a aspectos linguísticos do poema Quem sou eu?, novas palavras a partir do radical do substantivo “bode”.
anteriormente apresentado, julgue o próximo item. ( ) CERTO
A palavra “guerra” é escrita com seis letras, mas possui ape- ( ) ERRADO
nas quatro fonemas.
( ) CERTO 8.(CEBRASPE (CESPE) - ESPFAEP (DEPEN)/DEPEN/ENFER-
( ) ERRADO MAGEM/2021)
No dia 31 de outubro de 1861, depois de um conturbado pro-
7.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEDUC AL)/SEDUC AL/POR- cesso de construção, que durou cerca de três décadas, a Bahia
TUGUÊS/2021) inaugurou a sua primeira penitenciária, que recebeu oficialmente o
Quem sou eu? nome de Casa de Prisão com Trabalho. A instituição foi construída
Se negro sou, ou sou bode, Pouco importa. O que isto pode? numa área pantanosa, na periferia da cidade de Salvador.
Bodes há de toda a casta, A implantação da penitenciária fazia parte do projeto civiliza-
Pois que a espécie é muita vasta...Há cinzentos, há rajados, dor oitocentista, e o Brasil acompanhava uma tendência mundial
Baios, pampas e malhados, Bodes negros, bodes brancos,E, se- de modernização do sistema prisional, queteve início na Inglater-
jamos todos francos, ra e nos Estados Unidos no final do século XVIII. As execuções
Uns plebeus, e outros nobres,Bodes ricos, bodes pobres, Bo- e as torturas em praças públicas, utilizadas para atemorizar a
des sábios, importantes, quem estivesse planejando novos crimes, foram, gradativamente,
E também alguns tratantes...Aqui, nesta boa terra, Marram to- abandonadas. Entrava em cena a penalidade moderna, que plane-
dos, tudo berra; java privar o criminoso do seu bem maior — a sua liberdade —,
Nobres Condes e Duquesas,Ricas Damas e Marquesas, Depu- internando-o numa instituição construída especificamente para
tados, senadores, recuperá-lo, que recebeu o nome de penitenciária. O seu fun-
Gentis-homens, vereadores;Belas Damas emproadas, cionamento era regido pornormas que seriam aplicadas de acor-
De nobreza empantufadas; Repimpados principotes, Orgulho- do com o modelo penitenciário escolhido pelas autoridades, mas
sos fidalgotes, utilizavam-se elementos como o trabalho, a religião, a disciplina,
Frades, Bispos, Cardeais,Fanfarrões imperiais. ouso de uniformes e, sobretudo, o isolamento como métodos de
Gentes pobres, nobres gentes,Em todos há meus parentes. En- punição e recuperação.
tre a brava militança Dessa forma, esperava-se criar um “novo homem”, que
Fulge e brilha alta bodança;Guardas, Cabos, Furriéis, Brigadei- seria devolvido à sociedade com todos os atributos necessários
ros, Coronéis, à convivência social, principalmente para otrabalho. Foi com essa
Destemidos Marechais,Rutilantes Generais, expectativa que os reformadores baianos implantaram a Casa de
Capitães de mar e guerra, Prisão com Trabalho.
— Tudo marra, tudo berra —Na suprema eternidade, Onde ha- Cláudia Moraes Trindade. O nascimento de uma penitenciária:os pri-
bita a Divindade, Bodes há santificados, meiros presos da Casa de Prisão com Trabalho da Bahia (1860-1865).
Que por nós são adorados.Entre o coro dos Anjinhos In: Tempo, Niterói, v. 16, n. 30, p. 167-196, 2011 (com adaptações).
Também há muitos bodinhos.O amante de Siringa Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto an-
Tinha pelo e má catinga; terior, julgue o item que se segue.
O deus Midas, pelas contas,Na cabeça tinha pontas; Com o uso do artigo definido na contração “do” em “do proje-
Jove quando foi menino,Chupitou leite caprino; to civilizador oitocentista” (no início do segundo parágrafo), pres-
E, segundo o antigo mito, Também Fauno foi cabrito.Nos do- supõe-se que a autora parte do princípio deque os leitores tenham
mínios de Plutão, conhecimento prévio acerca desse projeto.
Guarda um bode o Alcorão; Nos lundus e nas modinhas São ( ) CERTO
cantadas as bodinhas: Pois se todos têm rabicho, Para que tanto ( ) ERRADO
capricho?
Haja paz, haja alegria, Folgue e brinque a bodaria;Cesse, pois,
a matinada, Porque tudo é bodarrada.
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LÍNGUA PORTUGUESA
9.(CEBRASPE (CESPE) - ESP GT (TELEBRAS)/TELEBRAS/ agonizantes e povos decadentes”. O terror manda cumprir esses
ADVOGADO/2022) julgamentos, mas no seu tribunal todos os interessados são
É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber subjetivamente inocentes: os assassinados porque nada fizeram
comunicar o que você quer. Imagine-se entrando numa loja para contra o regime, e os assassinos porque realmente não assas-
comprar um... um... como é mesmo o nome? sinaram, mas executaram uma sentença de morte pronunciada
“Posso ajudá-lo, cavalheiro?” por um tribunal superior. Os próprios governantes não afirmam
“Pode. Eu quero um daqueles, daqueles...” serem justos ou sábios, mas apenas executores de leis, teóricas ou
“Pois não?” naturais; não aplicam leis, mas executam um movimento segundo
“Um... como é mesmo o nome?” a sua lei inerente.
“Sim?” No governo constitucional, as leis positivas destinam-se a
“Pomba! Um... um... Que cabeça a minha! A palavra me esca- erigir fronteiras e a estabelecer canais de comunicação entre os
pou por completo. É uma coisa simples, conhecidíssima.” homens, cuja comunidade é continuamenteposta em perigo pelos
“Sim, senhor.” novos homens que nela nascem. A estabilidade das leis corres-
“O senhor vai dar risada quando souber.” ponde ao constante movimento de todas as coisas humanas, um
“Sim, senhor.” movimento que jamais pode cessar enquanto os homens nasçam
“Olha, é pontuda, certo?” e morram. As leis circunscrevem cada novo começo e, ao mesmo
“O quê, cavalheiro?” tempo, asseguram a sua liberdade de movimento, a potencialidade
“Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende? Depois de algo inteiramente novo e imprevisível; os limites das leis positi-
vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo, e na outra vas são para a existência política do homem o que a memória é para
ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta tem outra a sua existência histórica: garantem a preexistência de um mundo
volta, só que esta é mais fechada. E tem um, um... Uma espécie de, comum, a realidade de certa continuidade que transcende a du-
como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a outra ponta; ração individual de cada geração, absorve todas asnovas origens
a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, fica fechado. É e delas se alimenta.
isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende?” Confundir o terror total com um sintoma de governo tirânico
“Infelizmente, cavalheiro...” é tão fácil, porque o governo totalitário tem de conduzir-se como
“Ora, você sabe do que eu estou falando.” uma tirania e põe abaixo as fronteiras dalei feita pelos homens.
“Estou me esforçando, mas...” Mas o terror total não deixa atrás de si nenhuma ilegalidade
“Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa arbitrária, e a sua fúria não visa ao benefício do poder despótico
ponta, certo?” de um homemcontra todos, muito menos a uma guerra de todos
“Se o senhor diz, cavalheiro.” contra todos. Em lugar das fronteiras e dos canais de comunicação
Luís Fernando Veríssimo. Comunicação. entre os homens individuais, constrói um cinturãode ferro que os
Acerca das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos do cinge de tal forma que é como se a sua pluralidade se dissolvesse
texto precedente, julgue o item a seguir. em Um-Só-Homem de dimensões gigantescas. Abolir as cercas da
Os adjetivos ‘conhecidíssima’ (sétimo parágrafo) e ‘pontuda’ lei entre os homens
(décimo primeiro parágrafo) qualificam o mesmo termo no texto, — como o faz a tirania — significa tirar dos homens os seus
mas do emprego do primeiro se depreendemais intensidade que direitos e destruir a liberdade como realidade política viva, pois o
do segundo. espaço entre os homens, delimitado pelasleis, é o espaço vital da
( ) CERTO liberdade.
( ) ERRADO Hannah Arendt. Origens do totalitarismo. Internet:<www.dhnet.org.
br> (com adaptações).
10.(CEBRASPE (CESPE) - ADP (DPE RO)/DPE RO/ADMINIS- No parágrafo do texto CG1A1-I, o verbo “erigir” tem o mesmo
TRAÇÃO/2022) sentido de
Texto CG1A1-I (A) manter.
O terror torna-se total quando independe de toda oposição; (B) derrubar.
reina supremo quando ninguém mais lhe barra o caminho. Se a (C) alargar.
legalidade é a essência do governo nãotirânico e a ilegalidade é a (D) construir.
essência da tirania, então o terror é a essência do domínio totalitá- (E) reduzir.
rio. O terror é a realização da lei do movimento.
O seu principal objetivo é tornar possível, à força da natureza
ou da história, propagar-se livremente por toda a humanidade, sem
o estorvo de qualquer ação humana espontânea. Como tal, o ter-
ror procura “estabilizar” os homens, a fim de liberar as forças
da natureza ou da história. Esse movimento seleciona os inimi-
gos dahumanidade contra os quais se desencadeia o terror, e não
pode permitir que qualquer ação livre, de oposição ou de simpatia,
interfira com a eliminação do “inimigo objetivo” da história ou da
natureza, da classe ou da raça. Culpa e inocência viram con-
ceitos vazios; “culpado” é quem estorva o caminho do proces-
so natural ouhistórico que já emitiu julgamento quanto às “raças
inferiores”, quanto a quem é “indigno de viver”, quanto a “classes
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LÍNGUA PORTUGUESA
11.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEDUC AL)/SEDUC AL/ 12.(CEBRASPE (CESPE) - ESP GT (TELEBRAS)/TELEBRAS/
PORTUGUÊS/2021) ADVOGADO/2022)
Teoria do medalhão “Pode. Eu quero um daqueles, daqueles...”
(diálogo) “Pois não?”
— Saiu o último conviva do nosso modesto jantar. Com que, “Um... como é mesmo o nome?”
meu peralta, chegaste aos teus vinte e um anos. Há vinte e um anos, “Sim?”
no dia 5 de agosto de 1854, vinhas tu à luz, um pirralho de nada, e “Pomba! Um... um... Que cabeça a minha! A palavra me esca-
estás homem, longos bigodes, alguns namoros... pou por completo. É uma coisa simples, conhecidíssima.”
— Papai... “Sim, senhor.”
— Não te ponhas com denguices, e falemos como dois amigos “O senhor vai dar risada quando souber.”
sérios. Fecha aquela porta; vou dizer-te coisas importantes. Senta- “Sim, senhor.”
-te e conversemos. Vinte e um anos, algumas apólices, um diploma, “Olha, é pontuda, certo?”
podes entrar no parlamento, na magistratura, na imprensa, na la- “O quê, cavalheiro?”
voura, na indústria, no comércio, nas letras ou nas artes. Há infinitas “Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende?
carreiras diante de ti. Vinte e um anos, meu rapaz, formam apenas Depois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo,
a primeira sílaba do nosso destino. (...) Mas qualquer que seja a e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta
profissão da tua escolha, o meu desejo é que te faças grande e ilus- tem outra volta, só que esta é mais fechada. E tem um, um... Uma
tre, ou pelo menos notável, que te levantes acima da obscuridade espécie de, como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a
comum. (...) outra ponta; a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, fica
— Sim, senhor. fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende?”
— Entretanto, assim como é de boa economia guardar um pão “Infelizmente, cavalheiro...”
para a velhice, assim também é de boa prática social acautelar um “Ora, você sabe do que eu estou falando.”
ofício para a hipótese de que os outros falhem, ou não indenizem “Estou me esforçando, mas...”
suficientemente o esforço da nossa ambição. É isto o que te acon- “Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa
selho hoje, dia da tua maioridade. ponta, certo?”
— Creia que lhe agradeço; mas que ofício, não me dirá? “Se o senhor diz, cavalheiro.”
— Nenhum me parece mais útil e cabido que o de medalhão. Luís Fernando Veríssimo. Comunicação.
Ser medalhão foi o sonho da minha mocidade; faltaram-me, porém, Acerca das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos do
as instruções de um pai, e acabo como vês, sem outra consolação texto precedente, julgue o item a seguir.
e relevo moral, além das esperanças que deposito em ti. Ouve-me No período ‘Posso ajudá-lo, cavalheiro?’ (segundo parágrafo),
bem, meu querido filho, ouve-me e entende. (...) o personagem emprega uma forma pronominal de terceira pessoa
— Entendo. para se dirigir diretamente ao seu interlocutor.
— Venhamos ao principal. Uma vez entrado na carreira, de- ( ) CERTO
ves pôr todo o cuidado nas ideias que houveres de nutrir para uso ( ) ERRADO
alheio e próprio. O melhor será não as ter absolutamente (...).
— Mas quem lhe diz que eu... 13.(CEBRASPE (CESPE) - ANA (PGE RJ)/PGE RJ/CONTÁ-
— Tu, meu filho, se me não engano, pareces dotado da perfeita BIL/2022)
inópia mental, conveniente ao uso deste nobre ofício. Não me refiro Texto CG1A1-I
tanto à fidelidade com que repetes numa sala as opiniões ouvidas O terror torna-se total quando independe de toda oposição;
numa esquina, e vice-versa, porque esse fato, posto indique cer- reina supremo quando ninguém mais lhe barra o caminho. Se a
ta carência de ideias, ainda assim pode não passar de uma traição legalidade é a essência do governo nãotirânico e a ilegalidade é a
da memória. Não; refiro-me ao gesto correto e perfilado com que essência da tirania, então o terror é a essência do domínio totalitá-
usas expender francamente as tuas simpatias ou antipatias acerca rio. O terror é a realização da lei do movimento.
do corte de um colete, das dimensões de um chapéu, do ranger ou O seu principal objetivo é tornar possível, à força da natureza
calar das botas novas. Eis aí um sintoma eloquente, eis aí uma espe- ou da história, propagar-se livremente por toda a humanidade, sem
rança. No entanto, podendo acontecer que, com a idade, venhas a o estorvo de qualquer ação humana espontânea. Como tal, o ter-
ser afligido de algumas ideias próprias, urge aparelhar fortemente ror procura “estabilizar” os homens, a fim de liberar as forças
o espírito. As ideias são de sua natureza espontâneas e súbitas; por da natureza ou da história. Esse movimento seleciona os inimi-
mais que as soframos, elas irrompem e precipitam-se. Daí a certeza gos dahumanidade contra os quais se desencadeia o terror, e não
com que o vulgo, cujo faro é extremamente delicado, distingue o pode permitir que qualquer ação livre, de oposição ou de simpatia,
medalhão completo do medalhão incompleto. interfira com a eliminação do “inimigo objetivo” da história ou da
Machado de Assis. Teoria do medalhão. In: 50 contos escolhidos de natureza, da classe ou da raça. Culpa e inocência viram con-
Machado de Assis. Seleção, introdução e notas de John Gledson. São ceitos vazios; “culpado” é quem estorva o caminho do proces-
Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 82-83 (com adaptações). so natural ouhistórico que já emitiu julgamento quanto às “raças
Considerando os aspectos linguísticos do texto Teoria do me- inferiores”, quanto a quem é “indigno de viver”, quanto a “classes
dalhão, apresentado anteriormente, julgue o item a seguir. agonizantes e povos decadentes”. O terror manda cumprir esses
Na oração “urge aparelhar fortemente o espírito”, o segmento julgamentos, mas no seu tribunal todos os interessados são
“urge aparelhar” constitui uma locução verbal. subjetivamente inocentes: os assassinados porque nada fizeram
( ) CERTO contra o regime, e os assassinos porque realmente não assas-
( ) ERRADO sinaram, mas executaram uma sentença de morte pronunciada
48
LÍNGUA PORTUGUESA
por um tribunal superior. Os próprios governantes não afirmam No último período do texto CB1A1-II, o termo “isso” faz refe-
serem justos ou sábios, mas apenas executores de leis, teóricas ou rência a
naturais; não aplicam leis, mas executam um movimento segundo (A) “dados”.
a sua lei inerente. (B) “domínio dos dados”.
No governo constitucional, as leis positivas destinam-se a (C) “medidas concretas”.
erigir fronteiras e a estabelecer canais de comunicação entre os (D) “acompanhar o mercado”.
homens, cuja comunidade é continuamenteposta em perigo pelos
novos homens que nela nascem. A estabilidade das leis corres- 15.(CEBRASPE (CESPE) - Of (PM AL)/PM AL/2021)
ponde ao constante movimento de todas as coisas humanas, um Texto CB1A1-I
movimento que jamais pode cessar enquanto os homens nasçam Tradicionalmente, as conquistas democráticas nas sociedades
e morram. As leis circunscrevem cada novo começo e, ao mesmo modernas estiveram associadas à organização de movimentos
tempo, asseguram a sua liberdade de movimento, a potencialidade sociais que buscavam a expansão da cidadania. Foi assim durante
de algo inteiramente novo e imprevisível; os limites das leis positi- as revoluções burguesas clássicas nos séculos XVII e XVIII. Também
vas são para a existência política do homem o que a memória é para a organização dos trabalhadores industriais nos séculos XIX e XX foi
a sua existência histórica: garantem a preexistência de um mundo responsável pela ampliação dos direitos civis e sociais nas demo-
comum, a realidade de certa continuidade que transcende a du- cracias liberais do Ocidente. De igual maneira, as demandas dos
ração individual de cada geração, absorve todas asnovas origens chamados novos movimentos sociais, nos anos 70 e 80 do século
e delas se alimenta. XX, foram responsáveis pelo reconhecimento dos direitos das
Confundir o terror total com um sintoma de governo tirânico minorias sociais (grupos étnicos minoritários, mulheres, homosse-
é tão fácil, porque o governo totalitário tem de conduzir-se como xuais) nas sociedades contemporâneas.
uma tirania e põe abaixo as fronteiras dalei feita pelos homens. Em todos esses casos, os espaços privilegiados das ações dos
Mas o terror total não deixa atrás de si nenhuma ilegalidade grupos organizados eram os Estados nacionais, espaços privilegia-
arbitrária, e a sua fúria não visa ao benefício do poder despótico dos de exercício da cidadania. Contudo, a expansão do conjunto
de um homemcontra todos, muito menos a uma guerra de todos de transformações socioculturais, tecnológicas e econômicas,
contra todos. Em lugar das fronteiras e dos canais de comunicação conhecido como globalização, nas últimas décadas, tem limitado
entre os homens individuais, constrói um cinturãode ferro que os de forma significativa os poderes e a autonomia dos Estados (pelo
cinge de tal forma que é como se a sua pluralidade se dissolvesse menos os dos países periféricos), os quais se tornam reféns da
em Um-Só-Homem de dimensões gigantescas. Abolir as cercas da lógica do mercado em uma época de extraordinária volatilidade
lei entre os homens dos capitais.
— como o faz a tirania — significa tirar dos homens os seus Manoel Carlos Mendonça Filho et al. Polícia, direitos humanos e edu-
direitos e destruir a liberdade como realidade política viva, pois o cação para a cidadania. Internet: <corteidh.or.cr> (com adaptações
espaço entre os homens, delimitado pelasleis, é o espaço vital da Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto
liberdade. CB1A1-I, julgue o seguinte item.
Hannah Arendt. Origens do totalitarismo. Internet:<www.dhnet.org. No final do segundo parágrafo, a substituição do termo “os
br> (com adaptações). quais” por onde manteria a correção gramatical e o sentido do
Julgue o seguinte item, acerca dos mecanismos de coesão do texto.
texto CG1A1-I. ( ) CERTO
Os vocábulos “sua” e “própria”, ambos no sexto período do ( ) ERRADO
texto, indicam posse de Fredegunda
( ) CERTO
( ) ERRADO
49
LÍNGUA PORTUGUESA
16.( CEBRASPE (CESPE) - ESC POL (PC DF)/PC DF/2021) Para tanto, a capacidade, a adequação, a conformidade, a plu-
Há violências da moral patriarcal que instauram a solidão; ou- ralidade e a diversidade na rede devem gerar um maior suporte ao
tras marcam a lei no corpo das mulheres — assim sobrevive Maria consumidor, em relação às suas reclamações e dúvidas na transa-
da Penha; outras aniquilam a vida, como éa história de mulheres ção eletrônica.
assassinadas pela fúria do gênero. Entre 2006 e 2011, o Instituto Utilize o passo a passo sugerido neste guia e seja bem-sucedi-
Médico Legal do Distrito Federal foi o destino de 81 mulheres do em seu comércio eletrônico!
mortas pelogênero. Foram 337 mortes violentas de mulheres que ABNT/ SEBRAE. Guia de implementação ABNT NBR ISO 10008: gestão
chegaram ao IML. Dessas, somente 180 processos judiciais foram da qualidade –satisfação do cliente – diretrizes para transações de
localizados, dos quais 81 eram de violência doméstica. Muitas de- comércio eletrônico de negócio a
las saíram do espaço da casa como asilo (“lugar onde ficam consumidor. Rio de Janeiro: 2014, p. 31 (com adaptações).
isentos da execução das leis os que a ele se recolhem”) para No trecho “Com a utilização do sistema B2C”, no segundo pa-
o necrotério. Essasmulheres, as verdadeiras testemunhas de como rágrafo do texto CB2A1-I, o termo “Com” expressa
a moral patriarcal inscreve nos corpos a sentença de subordinação, (A) causa.
são anônimas e não nos contam suas histórias em primeira pessoa. (B) consequência.
Acredita-se poder biografá-las por diferentes gêneros de discurso (C) companhia.
— um deles é o texto penal. As mulheres mortas pelo gênero não (D) modo.
retornarão pela instauração de uma nova ordem punitiva, o femi-
nicídio, mas acredita-se que a nominação de seu desaparecimen- 18.(CEBRASPE (CESPE) - ACE TCE RJ/TCE-RJ/ORGANIZA-
to seja uma operação de resistência: o nome facilitaria a esfera de CIONAL/TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO/2022)
aparição da mulher como vítima. Texto CB1A2-II
Débora Diniz. Perspectivas e articulações de uma pesquisafeminista. A pseudociência difere da ciência errônea. A ciência prospera
In: Estudos feministas e de gênero: articulações e com seus erros, eliminando-os um a um. Conclusões falsas são
perspectivas. Florianópolis: Ed. Mulheres, 2014 (com adaptações). tiradas todo o tempo, mas elas constituem tentativas. As hipóteses
Considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do texto são formuladas de modo a poderem ser refutadas. Uma sequência
apresentado, julgue o próximo item. de hipóteses alternativas é confrontada com os experimentos e
Sem prejuízo do sentido original e da correção gramatical do a observação. A ciência tateia e cambaleia em busca de melhor
texto, o vocábulo “assim” poderia ser substituído por desse modo. compreensão. Alguns sentimentos de propriedade individual são
( ) CERTO certamente ofendidos quando uma hipótese científica não é apro-
( ) ERRADO vada, mas essas refutações são reconhecidas como centrais para o
empreendimento científico.
17.(CEBRASPE (CESPE) - ASS (APEX)/APEXBRASIL/APOIO A pseudociência é exatamente o oposto. As hipóteses são
ADMINISTRATIVO/2021) formuladas de modo a se tornar invulneráveis a qualquer expe-
Texto CB2A1-I rimento que ofereça uma perspectiva de refutação, para que em
A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas princípio não possam ser invalidadas.
oportunidades para o pequeno negócio, o varejo e as micro e pe- Talvez a distinção mais clara entre a ciência e a pseudociência
quenas empresas (MPE), que se veem na contingência de mudança seja o fato de que a primeira sabe avaliar com mais perspicácia as
na gestão do comércio, visando um aumento de lucratividade e imperfeições e a falibilidade humanas do que a segunda. Se nos
novas oportunidades, com uma fatia maior do comércio eletrônico. recusamos radicalmente a reconhecer em que pontos somos pro-
Com a utilização do sistema B2C, sistema de comércio ele- pensos a cair em erro, podemos ter quase certeza de que o erro
trônico, várias vantagens podem ser apresentadas, como a faci- nos acompanhará para sempre. Mas, se somos capazes de uma
lidade de estabelecer compras online 24 horaspor dia, sete dias pequena autoavaliação corajosa, quaisquer que sejam as reflexões
da semana. Verifica-se, ainda, a otimização dos fatores da atividade tristes que isso possa provocar, as nossas chances melhoram mui-
empresarial, como quadro pessoal, loja física e mobilidade urbana, to.
a diminuição de tempo gasto com as operações e a sustentabilidade Carl Sagan. O mundo assombrado pelos demônios.Tradução
com a teoria de utilização racional de papéis (em inglês, less paper). de Rosaura Eichemberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p.
Este guia é direcionado aos pequenos empresários, aos 39-40 (com adaptações)
varejistas e a todo tipo de comerciante que vise ampliar suas A respeito dos aspectos linguísticos do texto CB1A2-II, julgue
atividades pelo uso de novas tecnologias. Osprodutos engloba- o item que se segue.
dos por este guia resumem-se em mercadorias, software, hardware No trecho “Conclusões falsas são tiradas todo o tempo, mas
e serviço. Os consumidores protegidos pela norma conceituam-se elas constituem tentativas” (primeiro parágrafo), o teor da ora-
como membro individual do público geral, que compra ou usa pro- ção introduzida pelo vocábulo “mas” atenua aforça argumentati-
dutos para fins pessoais ou finalidades domésticas. va do conteúdo da primeira oração.
Todavia, para que esse sistema de transações de comércio ele- ( ) CERTO
trônico seja eficaz, o comerciante deve planejar, implantar e desen- ( ) ERRADO
volver o sistema de comércio eletrônico e mantê-lo atualizado e
transparente, de modo a auxiliar os consumidores na efetivação da
credibilidade desse tipo de negociação online.
50
LÍNGUA PORTUGUESA
19.(CEBRASPE (CESPE) - ESC POL (PC DF)/PC DF/2021) Após as eleições para primeiro-ministro do Reino Unido, em
Fernando arrancou o paletó no auge da impaciência e pergun- 1997, foi realizado o primeiro mapeamento concreto e aprofun-
tou com voz esganiçada se eu pretendia ficar a noite inteira ali de dado sobre a economia criativa em uma nação. Esse mapeamento
estátua enquanto ele teria que encher o tanque naquela escuridão causou polêmica quanto à conceituação de indústria criativa. De
de merda porque ninguém lhe passava o raio da lanterna. acordo com a definição do governo inglês, as indústrias criativas são
— Onde está a lanterna? aquelas atividades que têm origem na criatividade, na habilidade
— Mas onde poderia estar a lanterna senão no porta-luvas, e no talento individual e que potencializam a geração de riqueza e
a princesa esqueceu? empregos por meio da geração e da exploração da propriedade in-
Através do vidro, a estrela maior (Vênus) pulsava reflexos azuis. telectual. Os críticos que analisaram o projeto de Tony Blair/DCMS
Gostaria de estar numa nave, mas com o motor desligado, sem ruí- consideraram que as colocações deixaram o contexto muito aberto,
do, sem nada. Quieta. Ou neste carro silencioso mas sem ele. Já pois poderia englobar áreas como engenharia e indústria farmacêu-
fazia algum tempo que eu queria estar sem ele, mesmo com o pro- tica, que não têm conexão com a economia criativa.
blema de ter acabado a gasolina. Como em qualquer área de pesquisa, alguns cientistas apre-
— As coisas ficariam mais fáceis se você fosse menos gros- sentam visões bem controversas. O pesquisador estadunidense
so — eu disse, entreabrindo a mão e experimentando a lanterna Richard Florida, por exemplo, trouxe o conceito de classe criativa.
no pedregulho que achei na estrada. Segundo Florida, regiões metropolitanas com alta concentração de
— Está bem, minha princesa, se não for muito incômodo, trabalhadores ligados a tecnologia, artistas, músicos, lésbicas e gays
será que poderia me passar a lanterninha? e o grupo definido por high bohemians são áreas com alto potencial
Quando me lembro dessa noite (e estou sempre lembrando) de crescimento neste milênio. Na visão de Florida, as cidades de-
me vejo repartida em dois momentos: antes e depois. Antes, as vem posicionar-se de forma diferente no novo milênio e virar todos
pequenas palavras, os pequenos gestos, os pequenos amores cul- os holofotes para a economia criativa.
minados nesse Fernando, aventura medíocre de gozo breve e con- Vinnie de Oliveira. Economia criativa 4.0: o mundo não gira ao
vivência comprida. Se ao menos ele não fizesse aquela voz para contrário. Edição do Kindle (com adaptações).
perguntar se por acaso alguém tinha levado a sua caneta. Se por Julgue o item seguinte, no que diz respeito às ideias e a aspec-
acaso alguém tinha pensado em comprar um novo fio dental, tos linguísticos do texto precedente.
este estava no fim. Não está, respondi, é que ele seenredou lá No segundo parágrafo, os termos “economia” (primeiro pe-
dentro, se a gente tirar esta plaqueta (tentei levantar a plaqueta) ríodo) e “indústria” (segundo período) são empregados no texto
a gente vê que o rolo está inteiro mas enredado e quando o fio se como sinônimos.
enreda desse jeito, nunca mais!, melhor jogar fora e começar outro ( ) CERTO
rolo. Não joguei. Anos e anos tentando desenredar o fio impossível, ( ) ERRADO
medo da solidão? Medo de me encontrar quando tão ardentemen-
te me buscava? 21.(CEBRASPE (CESPE) - ANA LEG (ALECE)/ALECE/LÍN-
Lygia Fagundes Telles. Noturno Amarelo. In: Mistérios. Rio de GUA PORTUGUESA/GRAMÁTICA NORMATIVA E REVISÃO
Janeiro: Nova Fronteira, 1981 (com adaptações). ORTOGRÁFICA/2021)
Julgue o item seguinte, relativos aos sentidos e a aspectos Texto 14A1-I
linguísticos do texto precedente. A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê-
No trecho “Quando me lembro dessa noite”, a correção gra- -la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para
matical seria mantida caso o pronome “me” fosse deslocado para compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas
imediatamente após a forma verbal “lembro”, da seguinte forma: línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escri-
Quando lembro-me dessa noite. tores. Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples
( ) CERTO depósito depalavras que circulam em uma comunidade, nem a
( ) ERRADO um sistema gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos
estável numa sociedade, numa estação do ano,num sexo, numa
20.(CEBRASPE (CESPE) - TCE TCE RJ/TCE-RJ/TÉCNI- região, numa família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe
CO/2022) social, naquela rua, num determinado dia, num livro e quase nunca
A preocupação com o desenvolvimento das indústrias criativas num país inteiro.
ocorre de forma não intuitiva e direcionada há muitos anos. Em A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade uni-
1918, o presidente dos Estados Unidos da América, Woodrow Wil- tária. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a
son, promoveu a nascente indústria cinematográfica, considerando matéria da literatura não é um sistema abstrato de regras e rela-
que “o comércio vai atrás dos filmes”, uma afirmação clássica sobre ções, uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de
o fato de que as indústrias criativas têm um significado que vai mui- universais semânticos como tem sido a língua para uma corrente
to além do seu impacto econômico imediato. O governo australiano consideráveldos cientistas da língua. Justamente por serem abstra-
publicou, em 1994, um documento chamado Creative Nation, no tos, justamente por serem apenas fonemas e justamente por serem
qual já apresentava alguns posicionamentos oficiais sobre a pauta. universais, esses elementos primeiros são desprovidos de significa-
Nele, afirmava que “uma política cultural também é uma política do: servindo a todos, não servem a ninguém. De fato, não che-
econômica” e que “o nível de nossa criatividade determina substan- gam a se constituir em “língua”, face a outra parte indispensável
cialmente nossa capacidade de adaptação aos novos imperativos da palavra: ofalante.
econômicos”. O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadei-
ro território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele
pode ser considerado uma entidade universal? Isso interessa por-
51
LÍNGUA PORTUGUESA
que, no exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz (D) I, II e III.
do falante, ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que (E) II, III e IV.
não équalquer chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro,
o ar que se respira, o tempo, o dia, a hora, toda a soma das 22.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEDUC AL)/SEDUC AL/
intenções muito específicas convertidas no impulso da palavra; e, PORTUGUÊS/2021)
é claro, a ninguém interessa o que a palavra quer dizer de velha Texto 14A1-I
(isso até o dicionário sabe), mas o que ela quer dizer de nova, isto As línguas são, de certo ponto de vista, totalmente equivalen-
é, o que é novo e surpreendente no que se diz. Esse espetáculo das tes quanto ao que podem expressar, e o fazem com igual facilidade
vozes que falam sem parar no mundo em torno, ou nesse mundo (embora lançando mão de recursos bem diferentes). Entretanto,
em torno, nesse exato momento, é a vida indispensável de quem dois fatores dificultam a aplicação de algumas línguas a certos
escreve. É nessa diversidade imensa e imediata que se move quem assuntos: um, objetivo, a deficiência de vocabulário; outro, subje-
escreve, o ouvido atento. tivo, a existênciade preconceitos.
Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da É preciso saber distinguir claramente os méritos de uma lín-
sua matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdo- gua dos méritos (culturais, científicos ou literários) daquilo que ela
bramos a palavra, descobrimos que quem lhedá vida não é exa- serve para expressar. Por exemplo, se a literatura francesa é parti-
tamente o falante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que, cularmente importante, isso não quer dizer que a língua francesa
numa redução ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma pala- seja superior às outras línguas para a expressão literária. O desen-
vra que dispensasseos outros para fazer sentido, ela seria uma pa- volvimentode uma literatura é decorrência de fatores históricos
lavra natimorta, um objeto opaco à espera de um criptólogo que independentes da estrutura da língua; a qualidade da literatu-
lhe rompesse o isolamento, como um Champollion diantede uma ra francesa diz algo dos méritos da cultura dos povos de língua
pedra no meio do caminho, mas então a suposta pureza original francesa, não de uma imaginária vantagem literária de se utilizar
autossuficiente estaria destruída. o francês como veículo de expressão. Victor Hugo poderia ter sido
Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter- tão importante quanto foi mesmo se falasse outra língua — desde
ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num que pertencesse a uma cultura equivalente, em grau de adianta-
sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos mento, riqueza de tradição intelectual etc., à cultura francesa de
nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo seu tempo.
de se tornarem voz), quanto o que nós dizemos (e são eles, os Igualmente, sabe-se que a maior fonte de trabalhos cien-
outros,que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir tíficos da contemporaneidade são as instituições e os pesqui-
a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são sadores norte-americanos; isso fez do inglês a língua científica
uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos internacional. Todavia, se os fatores históricos que produziram a
e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais supremacia científica norte-americana se tivessem verificado, por
remoto oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa, exemplo, na Holanda,o holandês nos estaria servindo exatamente
mesmo láouviríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria tão bem quanto o inglês o faz agora. Não há no inglês traços estru-
interminável dos que nos ouvem. turais intrínsecos que o façam superior ao holandês como língua
Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi- adequada à expressão de conceitos científicos.
nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros; Não se conhece caso em que o desenvolvimento da superiori-
nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da dade literária ou científica de um povo possa ser claramente atribuí-
linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas do à qualidade da língua desse povo. Ao contrário, as grandes lite-
sons ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que raturas e os grandes movimentos científicos surgem nas grandes
nãofalamos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vis- nações (as mais ricas, as mais livres de restrições ao pensamento
ta, sonhos, acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a e também —ai de nós! — as mais poderosas política e mili-
linguagem como certa ou errada (exceto tarmente). O desenvolvimento dos diversos aspectos materiais
Considere as seguintes frases. e culturais de uma nação se dá mais ou menos harmonio-
I “A característica comum de todos os artistas representa- samente; a ciência e a arte são também produtos da riqueza e da
tivos é que incluem todas as espécies de tendências e correntes.” estabilidade de uma sociedade.
(Fernando Pessoa) O maior perigo que correm as línguas, hoje em dia, é o de
II “Ser mestre não é de modo algum um emprego e a sua não desenvolverem vocabulário técnico e científico suficiente para
atividade se não pode aferir pelos métodos correntes.” (Agostinho acompanhar a corrida tecnológica. Se a defasagem chegar a ser
da Silva) muito grande, os próprios falantes acabarão optando por utilizar
III “Ser pela liberdade não é apenas tirar as correntes de uma língua estrangeira ao tratarem de assuntos científicos e téc-
alguém, mas viver de forma que respeite e melhore a liberdade nicos.Mário A. Perini. O rock português (a melhor língua parafazer
dos outros.” (Nelson Mandela) ciência). In: Ciência Hoje, 1994 (com adaptações).
IV “Quem não se movimenta, não sente as correntes que Considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do texto
o prendem.” (Rosa Luxemburgo) 14A1-I, julgue o item a seguir.
Contêm homônimos da palavra “corrente” empregada no No último parágrafo, o verbo correr está empregado com
terceiro período do segundo parágrafo do texto 14A1-I apenas os sentido denotativo.
itens ( ) CERTO
(A) I e III. ( ) ERRADO
(B) I e IV.
(C) II e IV.
52
LÍNGUA PORTUGUESA
23.(CEBRASPE (CESPE) - ATM (PREF ARACAJU)/PREF ARA- 25.(CEBRASPE (CESPE) - DP RS/DPE RS/2022)
CAJU/ABRANGÊNCIA GERAL/2021) Na sociedade líquido-moderna da hipermodernidade globali-
Quais são as consequências dessa pandemia no que diz res- zante, o fazer compras não pressupõe nenhum discurso. O consu-
peito à reflexão sobre igualdade, interdependência global e nossas midor — o hiperconsumidor — compra aquilo que lhe apraz. Ele
obrigações uns com os outros? O vírus não discrimina. Por conta da segue as suas inclinações individuais. O curtir é o seu lema.
forma pela qual se move e ataca, ele demonstra que a comunidade Esse movimento social de hiperconsumismo, de vida para o
humana é igualmente precária. Ao mesmo tempo, contudo, o fra- consumo, guiou a pessoa natural para o caminho da necessidade,
casso por parte de certos Estados ou regiões em se prepararem ade- da vontade e do gosto pelo consumo, bem como impulsionou o
quadamente de antemão, o fechamento de fronteiras e a chegada descarte de cada vez mais recursos naturais finitos. Isso tem trans-
de empreendedores ávidos para capitalizar em cima do sofrimen- formado negativamente o planeta, ao trazer prejuízos não apenas
to global, tudo isso atesta a velocidade com a qual a desigualdade para as futuras gerações, como também para as atuais, o que resul-
radical e a exploração capitalista encontram formas de reproduzir ta em problemas sociais, crises humanitárias e degradação do meio
e fortalecer seus poderes no interior das zonas de pandemia. Um ambiente ecologicamente equilibrado, além de afetar o desenvolvi-
cenário que já podemos imaginar é a produção e comercialização mento humano, ao se precificar o ser racional, dissolvendo-se toda
de uma vacina eficaz contra a covid-19. Nós certamente veremos os solidez social e trazendo-se à tona uma sociedade líquido-moderna
ricos e os plenamente assegurados correrem para garantir acesso de hiperconsumidores vorazes e indiferentes às consequências de
a qualquer vacina quando ela se tornar disponível. A desigualdade seus atos sobre o meio ambiente ecologicamente equilibrado e so-
social e econômica garantirá a discriminação. O vírus por si só não bre as gerações atuais e futuras.
discrimina, mas nós humanos certamente o fazemos, moldados e O consumismo é uma economia do logro, do excesso e do lixo,
movidos como somos pelos poderes casados do nacionalismo, do pois faz que o ser humano trabalhe duro para adquirir mais coisas,
racismo, da xenofobia e do capitalismo. Parece provável que passa- mas traz a sensação de insatisfação porque sempre há alguma coisa
remos a ver, no próximo ano, um cenário doloroso no qual algumas melhor, maior e mais rápida do que no presente. Ao mesmo tempo,
criaturas humanas afirmam seu direito de viver ao custo de outras, as coisas que se possuem e se consomem enchem não apenas os
reinscrevendo a distinção espúria entre vidas passíveis e não passí- armários, as garagens, as casas e as vidas, mas também as mentes
veis de luto, isto é, entre aqueles que devem ser protegidos contra a das pessoas.
morte a qualquer custo e aqueles cujas vidas não valem o bastante Nessa sociedade líquido-moderna de hiperconsumidores, o de-
para serem salvaguardadas da doença e da morte. sejo satisfeito pelo consumo gera a sensação de algo ultrapassado;
Judith Butler. O capitalismo tem seus limites. Internet: <blogdaboitem- o fim de um consumo significa a vontade de iniciar qualquer outro.
po.com.br> (com adaptações). Nessa vida de hiperconsumo e para o hiperconsumo, a pessoa natu-
Em “Um cenário que já podemos imaginar é a produção e co- ral fica tentada com a gratificação própria imediata, mas, ao mesmo
mercialização de uma vacina eficaz contra a covid-19”, o vocábulo tempo, os cérebros não conseguem compreender o impacto cumu-
“já” foi empregado com o sentido de lativo em um nível coletivo. Assim, um desejo satisfeito torna-se
(A) primeiramente. quase tão prazeroso e excitante quanto uma flor murcha ou uma
(B) antecipadamente. garrafa de plástico vazia.
(C) prontamente. O hiperconsumismo afeta não apenas a relação simbiótica en-
(D) inicialmente. tre o ser humano e o planeta, como também fere de morte a mo-
(E) anteriormente. ral, ao passo que torna tudo e todos algo precificável, descartável
e indiferente.
24.(CEBRASPE (CESPE) - ANA LEG (ALECE)/ALECE/JORNA- Fellipe V. B. Fraga e Bruno B. de Oliveira. O consumo colaborati-
LISMO/2021) vo como mecanismo de desenvolvimento sustentável na sociedade
Texto 13A2-IV líquido-moderna. LAECC. Edição do Kindle (com adaptações).
Estamos acostumados à ideia de que os dados são quase um Com base nas ideias e nos aspectos linguísticos do texto pre-
sinônimo de precisão e certeza, mas, na era digital, quanto mais cedente, julgue o item que se seguem.
dados chegam ao nosso conhecimento, maiores são as nossas in- No parágrafo, os sujeitos das formas verbais “pressupõe” e
certezas e dúvidas. Em plena era dos dados, lidar com essa consta- “é” são classificados como oracionais, por serem constituídos pelos
tação passa a ser um desafio que vai definir o futuro do jornalismo verbos “fazer” e “curtir”, respectivamente
e, especialmente, a sua inserção na, cada vez mais complexa, arena ( ) CERTO
da informação pública. ( ) ERRADO
Internet: <www.observatoriodaimprensa.com.br> (com alte-
rações). 26.(CEBRASPE (CESPE) - ANA LEG (ALECE)/ALECE/LÍN-
A construção sintática do segundo período do texto 13A2-IV é GUA PORTUGUESA/GRAMÁTICA NORMATIVA E REVISÃO
caracterizada pela presença de orações ORTOGRÁFICA/2021)
(A) absolutas. Texto 14A1-I
(B) subordinadas. A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê-
(C) coordenadas. -la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para
(D) correlativas. compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas
(E) interferentes. línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escri-
tores. Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples
depósito depalavras que circulam em uma comunidade, nem a
um sistema gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos
53
LÍNGUA PORTUGUESA
estável numa sociedade, numa estação do ano,num sexo, numa mas como verdadeira, mentirosa, bela, nojenta, comovente, deli-
região, numa família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe rante, horrível, ofensiva, carinhosa... É exatamente nesse pântano
social, naquela rua, num determinado dia, num livro e quase nunca inseguro dos valores que se move o escritor. E é apenas nesse ter-
num país inteiro. reno de valores que a forma da palavra pode ganhar seu estatuto
A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade uni- estético, a sua dignidade poética, historicamente flutuante.
tária. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a A língua do escritor é uma entidade necessariamente impura,
matéria da literatura não é um sistema abstrato de regras e rela- contaminada, suja de intenções, povoada previamente de muitas
ções, uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de outras línguas (do mesmo idioma ou fora dele), de milhões de vo-
universais semânticos como tem sido a língua para uma corrente zes. Se nessa diversidade essencial está a riqueza de quem es-
consideráveldos cientistas da língua. Justamente por serem abstra- creve, nela também está a sua fronteira necessária, e, em última
tos, justamente por serem apenas fonemas e justamente por serem instância, a suaética. Para formar a minha palavra, eu preciso da pa-
universais, esses elementos primeiros são desprovidos de significa- lavra do outro compartilhando com ela a força e o valor de origem.
do: servindo a todos, não servem a ninguém. De fato, não che- A palavra que eu tomo em minhas mãos, como ensina Bakhtin, não
gam a se constituir em “língua”, face a outra parte indispensável é nunca um objeto inerte: há sempre um coração alheio batendo
da palavra: ofalante. nela, outra intenção, uma vida diferente da minha vida, com a qual
O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadei- eu preciso me entender. Assim, a minha liberdade de criação, a mi-
ro território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele nha palavra, tem na autonomia da voz do outro o seu limite. O que
pode ser considerado uma entidade universal? Isso interessa por- parece a natureza mesma da linguagem, o seu duplo, talvez possa
que, no exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz se transformar, para o escritor, na sua ética.
do falante, ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que Internet: <http://www.cristovaotezza.com.br> (com adaptações).
não équalquer chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro, No último período do quinto parágrafo do texto 14A1-I, o
o ar que se respira, o tempo, o dia, a hora, toda a soma das termo “Mesmo solitários” funciona como
intenções muito específicas convertidas no impulso da palavra; e, (A) predicativo do sujeito da oração principal.
é claro, a ninguém interessa o que a palavra quer dizer de velha (B) oração subordinada adverbial concessiva.
(isso até o dicionário sabe), mas o que ela quer dizer de nova, isto (C) adjunto adnominal do sujeito da oração principal.
é, o que é novo e surpreendente no que se diz. Esse espetáculo das (D) adjunto adverbial de modo.
vozes que falam sem parar no mundo em torno, ou nesse mundo (E)) aposto do sujeito da oração principal.
em torno, nesse exato momento, é a vida indispensável de quem
escreve. É nessa diversidade imensa e imediata que se move quem 27.(CEBRASPE (CESPE) - ACE TCE RJ/TCE-RJ/ORGANIZA-
escreve, o ouvido atento. CIONAL/TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO/2022)
Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da Texto CB1A2-I
sua matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdo- O uso da palavra está, necessariamente, ligado à questão da
bramos a palavra, descobrimos que quem lhedá vida não é exa- eficácia. Visando a uma multidão indistinta, a um grupo definido
tamente o falante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que, ou a um auditório privilegiado, o discurso procura sempre produzir
numa redução ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma pala- um impacto sobre seu público. Esforça-se, frequentemente, para
vra que dispensasseos outros para fazer sentido, ela seria uma pa- fazê-lo aderir a uma tese: ele tem, então, uma visada argumenta-
lavra natimorta, um objeto opaco à espera de um criptólogo que tiva. Mas o discurso também pode, mais modestamente, procurar
lhe rompesse o isolamento, como um Champollion diantede uma modificar a orientação dos modos de ver e de sentir: nesse caso, ele
pedra no meio do caminho, mas então a suposta pureza original tem uma dimensão argumentativa. Como o uso da palavra se dota
autossuficiente estaria destruída. do poder de influenciar seu auditório? Por quais meios verbais, por
Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter- quais estratégias programadas ou espontâneas ele assegura a sua
ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num força?
sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos Essas questões, das quais se percebe facilmente a importân-
nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo cia na prática social, estão no centro de uma disciplina cujas raízes
de se tornarem voz), quanto o que nós dizemos (e são eles, os remontam à Antiguidade: a retórica. Para os antigos, a retórica era
outros,que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir uma teoria da fala eficaz e também uma aprendizagem ao longo da
a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são qual os homens da cidade se iniciavam na arte de persuadir. Com o
uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos passar do tempo, entretanto, ela tornou-se, progressivamente, uma
e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais arte do bem dizer, reduzindo-se a um arsenal de figuras. Voltada
remoto oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa, para os ornamentos do discurso, a retórica chegou a se esquecer de
mesmo láouviríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria sua vocação primeira: imprimir ao verbo a capacidade de provocar
interminável dos que nos ouvem. a convicção. É a esse objetivo que retornam, atualmente, as refle-
Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi- xões que se desenvolvem na era da democracia e da comunicação.
nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros; Ruth Amosy. A argumentação no discurso. São Paulo: Editora Contex-
nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da to, 2018, p. 7 (com adaptações
linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas Julgue o item subsequente, relativo aos aspectos linguísticos
sons ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que do texto CB1A2-I.
nãofalamos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vis-
ta, sonhos, acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a
linguagem como certa ou errada (excetonos cadernos escolares),
54
LÍNGUA PORTUGUESA
No primeiro período do texto, o termo “da palavra” comple- cuperar. Comentando sobre a história de Juan Goytisolo a respeito
menta o sentido do substantivo “uso” de um velho, Milan Kundera salienta que a biografia — qualquer
( ) CERTO biografia que tente ser o que seu nome sugere — é, e não poderia
( ) ERRADO deixar de ser, uma lógica artificial inventada, imposta retrospectiva-
mente a uma sucessão incoerente de imagens, reunida pela memó-
28.( CEBRASPE (CESPE) - SOLD (PM TO)/PM TO/QPE/2021) ria de partículas e fragmentos. Ele conclui que, em total oposição às
O papel da polícia militar é exclusivamente o patrulhamento presunções do senso comum, o passado compartilha com o futuro
ostensivo. É por isso que essa é a polícia que anda fardada e a ruína incurável da irrealidade — esquivando-se/evadindo-se obs-
caracterizada, mostrando sua presençaostensiva e passando segu- tinadamente, como ambos o fazem, das redes tecidas de palavras
rança à sociedade. movidas pela lógica. Não obstante, essa irrealidade é a única reali-
Nesse contexto, a polícia militar tem papel de relevância, uma dade a ser captada e possuída por nós, que “vivemos em discurso
vez que se destaca, também, como força pública, primando pelo como o peixe na água”.
zelo, pela honestidade e pela correçãode propósitos com a finali- Zygmunt Bauman e Riccardo Mazzeo. O elogio da literatura.
dade de proteger o cidadão, a sociedade e os bens públicos e priva- Zahar. Edição do Kindle (com adaptações).
dos, coibindo os ilícitos penais e as infrações administrativas. Julgue o item que se segue, com relação a aspectos linguísti-
Nos dias atuais, a polícia militar, além de suas atribuições cos do texto precedente.
constitucionais, desempenha várias outras atribuições que, direta No trecho “é o discurso que estabelece os limites da nossa li-
ou indiretamente, influenciam no cotidianodas pessoas, na medida berdade e nos impulsiona a transgredir e transcender os limites”
em que colabora com todos os segmentos da sociedade, diminuin- (primeiro parágrafo), as formas verbais “impulsiona”, “transgredir”
do conflitos e gerando a sensação de segurança que a comunidade e transcender” estão coordenadas entre si, estabelecendo uma
anseia. relação de adição, evidenciada pelo emprego do conectivo “e”
De uma forma bem simples, a polícia militar cuida daquilo que após “transgredir”.
está acontecendo ou que acabou de acontecer, enquanto a polícia ( ) CERTO
civil cuida daquilo que já aconteceu eque demanda investigação, ( ) ERRADO
ou seja, a polícia militar é aquela que cuida e previne, e a polícia
civil é aquela que busca quem fez. 30.(CEBRASPE (CESPE) - PPNS (PETROBRAS)/PETRO-
Internet: <www.pm.to.gov.br> (com adaptações). BRAS/ADMINISTRAÇÃO/2022)
No texto 1A2-I, funciona como adjunto adverbial o termo A PETROBRAS responde por cerca de 80% dos combustíveis
(A) “ostensiva”, em “mostrando sua presença ostensiva” (pri- ofertados no Brasil. Para isso, muito foi investido em infraestrutura,
meiro parágrafo). com operações que consomem quase 100 bilhões de reais ao ano,
(B) “administrativas”, em “coibindo os ilícitos penais e as in- conforme dados de 2021.
frações administrativas” (segundo parágrafo). O caminho do petróleo do poço até virar combustível no carro
(C) “segurança”, em “gerando a sensação de segurança que a das pessoas é longo e complexo. Começa na procura: acertar onde
comunidade anseia” (terceiro parágrafo). furar e encontrar petróleo exige conhecimento técnico de geólogos
(D) “direta”, em “a polícia militar (...) desempenha várias ou- e geofísicos e bastante investimento. E, mesmo com um time de
tras atribuições que, direta ou indiretamente, influenciam no experts do mais alto nível, achar petróleo não é certo.
cotidiano das pessoas” (terceiro parágrafo). Transportar o petróleo do mar até as refinarias é também uma
(E)) “anseia”, em “gerando a sensação de segurança que a tarefa complexa, para a qual são utilizados dutos e navios. Em terra,
comunidade anseia” (terceiro parágrafo). ele é tratado em refinarias, que separam desse óleo as frações de
gasolina, diesel e gás de cozinha, entre outros derivados. Os produ-
29.(CEBRASPE (CESPE) - PJ (MPE SC)/MPE SC/2021) tos são então disponibilizados às diversas distribuidoras que hoje
É o discurso que nos liberta e é o discurso que estabelece os atendem o mercado brasileiro, responsáveis por fazer chegar cada
limites da nossa liberdade e nos impulsiona a transgredir e trans- um deles aos consumidores finais.
cender os limites — já estabelecidos ou ainda a ser estabelecidos Internet: <duvidasgasolina.petrobras.com.br> (com adaptações
no futuro. Discurso é aquilo que nos faz enquanto nós o fazemos. Considerando as ideias, os sentidos e aspectos linguísticos do
E é graças ao discurso, e seu ímpeto endêmico de espreitar além texto precedente, julgue o item subsequente.
das fronteiras que ele estabelece para a sua própria liberdade, que No terceiro parágrafo, o trecho “que separam desse óleo as
nosso estar no mundo é um processo de vir a ser perpétuo — in- frações de gasolina, diesel e gás de cozinha, entre outros deri-
cessante e infinito: nosso vir a ser € o vir a ser do nosso “mundo vados” consiste em uma oração adjetivarestritiva, na medida em
da vida” — juntar-se, misturar-se, embora sem solidificar, estreita que delimita o tipo específico de refinarias a que se refere o texto.
e inseparavelmente, entrançados e entrelaçados, e compartilhando ( ) CERTO
nossos respectivos sucessos e infortúnios, ligados um ao outro para ( ) ERRADO
o melhor e para o pior, desde o momento de nossa concepção si-
multânea até que a morte nos separe.
O que nós chamamos de “realidade”, quando entramos em um
ânimo filosófico, ou “os fatos da questão” quando seguimos obe-
dientemente as instâncias da doxa, é tecido de palavras. Nenhuma
outra realidade nos é acessível: não acessamos o passado “como
ele realmente aconteceu”, o qual Leopold von Ranke celebremente
conclamou (instruiu) seus colegas historiadores do século XIX a re-
55
LÍNGUA PORTUGUESA
31.( CEBRASPE (CESPE) - AG POL (PC DF)/PC DF/2021) 32.(CEBRASPE (CESPE) - TEC AMB (IBAMA)/IBAMA/2022)
Texto CBIA2-I Texto CB1A1-I
Nossos ancestrais dedicaram muito tempo e esforço a tentar A pandemia transformou a rotina de diversas pessoas ao redor
descobrir as regras que governam o mundo natural. Mas a ciência do mundo, principalmente em relação à sustentabilidade.
moderna difere de todas as tradições de conhecimento anteriores Dentro de casa, aumentou a percepção quanto à importância
em três aspectos cruciais: a disposição para admitir ignorância, o de modelos de consumo mais conscientes e responsáveis, como a
lugar central da observação e da matemática e a aquisição de novas escolha de produtos mais duráveis e menos geradores de resíduos.
capacidades. No entanto, a transformação mais significativa, que deveria vir das
A Revolução Científica não foi uma revolução do conhecimen- empresas, ainda é relativamente tímida.
to. Foi, acima de tudo, uma revolução da ignorância. A grande De acordo com Mariana Schuchovski, professora de Susten-
descoberta que deu início à Revolução Científica foi a de que os tabilidade do ISAE Escola de Negócios, a disseminação do vírus é
humanos não têm as respostas para suas perguntas mais importan- resultado do atual modelo de desenvolvimento, que fomenta o uso
tes. Tradições de conhecimento pré-modernas como o islamismo, o irracional de recursos naturais e a destruição de hábitats, como flo-
cristianismo, o budismo e o confucionismo afirmavam que tudo que restas e outras áreas, o que faz que animais, forçados a mudar seus
é importante saber a respeito do mundo já era conhecido. As anti- hábitos de vida, contraiam e transmitam doenças que não existi-
gas tradições de conhecimento só admitiam dois tipos de ignorân- riam em situações normais. “Situações de desequilíbrio ambiental,
cia. Em primeiro lugar, um indivíduo podia ignorar algo importante. causadas principalmente por desmatamento e mudanças de clima,
Para obter o conhecimento necessário, tudo que ele precisava fazer aumentam ainda mais a probabilidade de que zoonoses, ou seja,
era perguntar a alguém mais sábio. Não havia necessidade de des- doenças de origem animal, nos atinjam e alcancem o patamar de
cobrir algo que qualquer pessoa já não soubesse. Em segundo lugar, epidemias e pandemias”, explica a professora.
uma tradição inteira podia ignorar coisas sem importância. Por de- A especialista aponta que todos nós, indivíduos, sociedade e
finição, o que quer que os grandes deuses ou os sábios do passado empresas, precisamos entender os impactos desta pandemia no
não tenham se dado ao trabalho de nos contar não era importante. meio ambiente e na sustentabilidade bem como refletir sobre eles
[...] e, principalmente, sobre a sua relação inversa: o impacto da (in)sus-
A ciência de nossos dias é uma tradição de conhecimento pecu- tentabilidade dos nossos modelos de produção e consumo como
liar, visto que admite abertamente a ignorância coletiva a respeito causador desta pandemia. “Toda escolha que fazemos pode ser
da maioria das questões importantes. Darwin nunca afirmou ser “o para apoiar ou não a sustentabilidade”, diz Mariana. Por outro lado,
último dos biólogos” e ter decifrado o enigma da vida de uma vez para que possamos fazer melhores escolhas e praticar o verdadeiro
por todas. Depois de séculos de pesquisas científicas, os biólogos consumo consciente, é necessário que, em primeiro lugar, as em-
admitem que ainda não têm uma boa explicação para como o cé- presas realizem a produção consciente, assumindo sua verdadeira
rebro gera consciência, por exemplo. Os físicos admitem que não responsabilidade pelos impactos que causam.
sabem o que causou o Big Bang, que não sabem como conciliar a Internet: <www.ecodebate.com.br> (com adaptações).
mecânica quântica com a Teoria Geral da Relatividade. Com relação aos aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue
[...] o item que se segue.
A disposição para admitir ignorância tornou a ciência moder- O pronome “que”, em “que causam” (último período do tex-
na mais dinâmica, versátil e indagadora do que todas as tradições to), exerce a função de sujeito da oração em que ocorre e retoma
de conhecimento anteriores. Isso expandiu enormemente nossa o termo “as empresas”.
capacidade de entender como o mundo funciona e nossa habili- ( ) CERTO
dade de inventar novas tecnologias, mas nos coloca diante de um ( ) ERRADO
problema sério que a maioria dos nossos ancestrais não precisou
enfrentar. Nosso pressuposto atual de que não sabemos tudo e de 33.(CEBRASPE (CESPE) - ESP GT (TELEBRAS)/TELEBRAS/
que até mesmo o conhecimento que temos é provisório se estende ADVOGADO/2022)
aos mitos partilhados que possibilitam que milhões de estranhos “Posso ajudá-lo, cavalheiro?”
cooperem de maneira eficaz. Se as evidências mostrarem que mui- “Pode. Eu quero um daqueles, daqueles...”
tos desses mitos são duvidosos, como manter a sociedade unida? “Pois não?”
Como fazer com que as comunidades, os países e o sistema inter- “Um... como é mesmo o nome?”
nacional funcionem? “Sim?”
[...] “Pomba! Um... um... Que cabeça a minha! A palavra me esca-
Uma das coisas que tornaram possível que as ordens sociais pou por completo. É uma coisa simples, conhecidíssima.”
modernas se mantivessem coesas é a disseminação de uma crença “Sim, senhor.”
quase religiosa na tecnologia e nos métodos da pesquisa científica, “O senhor vai dar risada quando souber.”
que, em certa medida, substituiu a crença em verdades absolutas. “Sim, senhor.”
Yuval Noah Harari. Sapiens: uma breve história da humanidade. 26.º “Olha, é pontuda, certo?”
ed. Porto Alegre, RS: L&PM, 2017,p. 261-263 (comadaptações). “O quê, cavalheiro?”
No que se refere aos aspectos linguísticos do texto CBIA2ZAI, “Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende?
julgue o item a seguir. Depois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo,
As orações que compõem o primeiro período do quarto pará- e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta
grafo estabelecem entre si uma relação de causa e consequência. tem outra volta, só que esta é mais fechada. E tem um, um... Uma
( ) CERTO
( ) ERRADO
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LÍNGUA PORTUGUESA
espécie de, como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a 35.(CEBRASPE (CESPE) - AG POL (PC AL)/PC AL/2021)
outra ponta; a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, fica O século XIX constituiu-se em marco fundamental para o de-
fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende?” senvolvimento das instituições de segurança pública, com as polí-
“Infelizmente, cavalheiro...” cias buscando maior legitimidade e profissionalização. Como refe-
“Ora, você sabe do que eu estou falando.” rência ocidental, a Polícia Metropolitana da Inglaterra, fundada em
“Estou me esforçando, mas...” 1829, mudou paradigmas, dando preponderância ao papel preven-
“Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa tivo de suas ações e foco à proteção da comunidade.
ponta, certo?” O consenso, em detrimento do poder de coerção, e a preven-
“Se o senhor diz, cavalheiro.” ção, em detrimento da repressão, reforçaram a proximidade da po-
Luís Fernando Veríssimo. Comunicação. lícia com a sociedade, com atenção integral ao cidadão. O modelo
Acerca das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos do inglês retirou as polícias do isolamento, apresentando-as à comuni-
texto precedente, julgue o item a seguir. dade como importante parceira da segurança pública e elemento
Em ‘A palavra me escapou por completo’ (sétimo parágrafo), fundamental para a redução da violência. Com isso, surgiu o con-
o pronome ‘me’ exprime a reflexividade da ação praticada pelo ceito de uma organização policial moderna, estatal e pública, em
sujeito oracional sobre si mesmo oposição ao controle e à subordinação política da polícia.
( ) CERTO No Brasil, as primeiras iniciativas de implantação da polícia co-
( ) ERRADO munitária ocorreram com a Constituição Federal de 1988 e a ne-
cessidade de uma nova concepção para as atividades policiais. Fo-
34.(CEBRASPE (CESPE) - AG POL (PC AL)/PC AL/2021) ram adotadas estratégias de fortalecimento das relações das forças
O século XIX constituiu-se em marco fundamental para o de- policiais com a comunidade, com destaque para a conscientização
senvolvimento das instituições de segurança pública, com as polí- sobre a importância do trabalho policial e sobre o valor da parti-
cias buscando maior legitimidade e profissionalização. Como refe- cipação do cidadão para a construção de um sistema que busca a
rência ocidental, a Polícia Metropolitana da Inglaterra, fundada em melhoria da qualidade de vida de todos.
1829, mudou paradigmas, dando preponderância ao papel preven- Brasil. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Secretaria Nacional
tivo de suas ações e foco à proteção da comunidade. de Segurança Pública (SENASP).
O consenso, em detrimento do poder de coerção, e a preven- Diretriz Nacional de Polícia Comunitária. Brasília – DF, 2019. p. 11-12
ção, em detrimento da repressão, reforçaram a proximidade da po- (com adaptações).
lícia com a sociedade, com atenção integral ao cidadão. O modelo Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto an-
inglês retirou as polícias do isolamento, apresentando-as à comuni- terior, julgue o item que se seguem.
dade como importante parceira da segurança pública e elemento Sem prejuízo da correção gramatical do texto e das infor-
fundamental para a redução da violência. Com isso, surgiu o con- mações nele veiculadas, o trecho “relações das forças policiais
ceito de uma organização policial moderna, estatal e pública, em com a comunidade” poderia ser substituído por relações entre
oposição ao controle e à subordinação política da polícia. as forças policiais e a comunidade.
No Brasil, as primeiras iniciativas de implantação da polícia co- ( ) CERTO
munitária ocorreram com a Constituição Federal de 1988 e a ne- ( ) ERRADO
cessidade de uma nova concepção para as atividades policiais. Fo-
ram adotadas estratégias de fortalecimento das relações das forças 36.(CEBRASPE (CESPE) - AAAJ (DP DF)/DP DF/DIREITO E
policiais com a comunidade, com destaque para a conscientização LEGISLAÇÃO/2022)
sobre a importância do trabalho policial e sobre o valor da parti- As forças da natureza são obviamente indiferentes a modos de
cipação do cidadão para a construção de um sistema que busca a produção, tempo e espaço. Mas são as estruturas sociais que de-
melhoria da qualidade de vida de todos. terminam as consequências, o grau de sofrimento e quem morre
Brasil. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Secretaria Na- mais. Em 1989, o terremoto de São Francisco, de intensidade 7,1
cional de Segurança Pública (SENASP). Diretriz Nacional de Polícia na escala Richter, causou a morte de 63 pessoas e deixou cerca de
Comunitária. Brasília – DF, 2019. p. 11-12 (com adaptações) 3.700 feridos. Em 2010, o terremoto em Porto Príncipe, no Haiti, de
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto an- magnitude 7,0 na escala Richter, matou mais de 300 mil pessoas e
terior, julgue o item que se seguem. deixou 300 mil feridos. Dez meses depois, uma epidemia de cólera
Sem prejuízo da correção gramatical e do sentido do pri- matou 9 mil pessoas.
meiro período do primeiro parágrafo, poderia ser inserida uma Quando a natureza atinge a existência humana, o impulso pri-
vírgula logo após o trecho “O século XIX”, portratar-se de termo mário é buscar o culpado mais à mão no imaginário. Pode ser Deus,
de natureza adverbial que delimita o recorte temporal dos eventos a cruel natureza ou o enigmático ente a que se denomina destino.
narrados no parágrafo. Mas muito frequentemente destino é uma expressão que encobre
( ) CERTO com um véu de irracionalidade o que é apenas obra humana.
( ) ERRADO O vírus atinge o planeta. O vírus ameaça a humanidade. Plane-
ta ou humanidade designam tanto os habitantes de Manhattan, da
Avenue Foch, em Paris, do Leblon, no Rio de Janeiro, ou dos Jardins,
em São Paulo, como também designam os 800 milhões de pessoas
que passam fome no mundo, segundo dados da Organização das
Nações Unidas (2017). No planeta vive o 1% das pessoas que detém
renda maior que os restantes 99% da população mundial. Vivem 42
pessoas cuja riqueza é igual à de 3,7 bilhões dos mais pobres que
57
LÍNGUA PORTUGUESA
lutam para sobreviver, para suprir necessidades básicas. Vivem os A respeito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto pre-
que têm renda para ficar em casa e fazer suas compras de alimentos cedente, julgue o próximo item.
pela Internet, os que não vão comer hoje por causa da pandemia e No primeiro período do segundo parágrafo, sem prejuízo da
os que já não comiam antes da pandemia. Vivem os que podem se correção gramatical e da coerência do texto, a palavra “demoni-
isolar e os que moram em aglomerados miseráveis, em um cômodo zadas” poderia ser substituída pela respectivaforma no singular —
apenas, para os quais as palavras “confinamento”, “isolamento” ou demonizada —, caso em que ela passaria a concordar com o termo
“quarentena” são piadas de mau gosto. Vivem 4,5 bilhões de pesso- “uma espécie”
as que não têm saneamento nem água encanada, desprovidas das ( ) CERTO
condições mínimas de higiene. ( ) ERRADO
Internet:<revistacult.uol.com.br> (com adaptações).
No que se refere às ideias, aos sentidos e aos aspectos lin- 38.(CEBRASPE (CESPE) - DP RS/DPE RS/2022)
guísticos do texto precedente, julgue o item que se segue. Na sociedade líquido-moderna da hipermodernidade globali-
A supressão do sinal indicativo de crase na expressão “à zante, o fazer compras não pressupõe nenhum discurso. O consu-
mão” (primeiro período do segundo parágrafo) alteraria o sentido midor — o hiperconsumidor — compra aquilo que lhe apraz. Ele
do texto e prejudicaria sua coerência segue as suas inclinações individuais. O curtir é o seu lema.
( ) CERTO Esse movimento social de hiperconsumismo, de vida para o
( ) ERRADO consumo, guiou a pessoa natural para o caminho da necessidade,
da vontade e do gosto pelo consumo, bem como impulsionou o
37.(CEBRASPE (CESPE) - TAMB (ICMBIO)/ICMBIO/2022) descarte de cada vez mais recursos naturais finitos. Isso tem trans-
Texto formado negativamente o planeta, ao trazer prejuízos não apenas
Nossas cidades estão perdendo suas árvores rapidamente, mas para as futuras gerações, como também para as atuais, o que resul-
até nisso somos um país desigual. Os bairros mais nobres do Rio ta em problemas sociais, crises humanitárias e degradação do meio
de Janeiro e de São Paulo seguem maravilhosamente arborizados, ambiente ecologicamente equilibrado, além de afetar o desenvolvi-
alguns cada vez mais, frequentemente com árvores das mesmas mento humano, ao se precificar o ser racional, dissolvendo-se toda
espécies das que foram cortadas na frente da sua casa ou do seu solidez social e trazendo-se à tona uma sociedade líquido-moderna
trabalho por serem supostamente inadequadas, para não causarem de hiperconsumidores vorazes e indiferentes às consequências de
danos à infraestrutura. seus atos sobre o meio ambiente ecologicamente equilibrado e so-
As castanholas, também conhecidas como sete-copas, são uma bre as gerações atuais e futuras.
espécie extremamente abundante no Rio de Janeiro, mas demo- O consumismo é uma economia do logro, do excesso e do lixo,
nizadas em outras regiões menos urbanizadas, como no Pará, por pois faz que o ser humano trabalhe duro para adquirir mais coisas,
exemplo, sob o argumento de que “A raiz dela cresce demais” ou de mas traz a sensação de insatisfação porque sempre há alguma coisa
que “Vai quebrar a calçada”. Árvores com raízes robustas e que cres- melhor, maior e mais rápida do que no presente. Ao mesmo tempo,
cem por grandes distâncias são acusadas de destruir a pavimenta- as coisas que se possuem e se consomem enchem não apenas os
ção, ao passo que aquelas de raízes reduzidas caem com facilidade. armários, as garagens, as casas e as vidas, mas também as mentes
As espécies de crescimento rápido são as que mais assustam os das pessoas.
técnicos responsáveis pela arborização exageradamente tementes Nessa sociedade líquido-moderna de hiperconsumidores, o de-
à infraestrutura. Todavia, as outras demoram uma eternidade para sejo satisfeito pelo consumo gera a sensação de algo ultrapassado;
crescer, a vida passa ligeiramente e todos querem ver a tão sonhada o fim de um consumo significa a vontade de iniciar qualquer outro.
arborização avançada. Não podem ficar muito altas, especificam os Nessa vida de hiperconsumo e para o hiperconsumo, a pessoa natu-
técnicos, nem derrubar muitas folhas. Se derrubarem frutos gran- ral fica tentada com a gratificação própria imediata, mas, ao mesmo
des, como mangas, por exemplo, nem pensar! Podem amassar a tempo, os cérebros não conseguem compreender o impacto cumu-
lataria de um carro! Flores e pequenos frutos podem manchar a lativo em um nível coletivo. Assim, um desejo satisfeito torna-se
pintura! Há também aquelas árvores que atraem morcegos. Melhor quase tão prazeroso e excitante quanto uma flor murcha ou uma
não! Espinhos estão fora de questão. E se alguém se machuca? Na garrafa de plástico vazia.
autobiografia de Woody Allen, ele afirma algo interessante: mais do O hiperconsumismo afeta não apenas a relação simbiótica en-
que os outros, o inferno é o gosto dos outros. tre o ser humano e o planeta, como também fere de morte a mo-
A expectativa é que, nas próximas décadas, a temperatura das ral, ao passo que torna tudo e todos algo precificável, descartável
cidades suba consideravelmente devido às mudanças climáticas e indiferente.
globais. Nesse contexto, é muito bem- vinda qualquer sombra que Fellipe V. B. Fraga e Bruno B. de Oliveira. O consumo colaborati-
venha a reduzir a temperatura do asfalto, da calçada ou de uma vo como mecanismo de desenvolvimento sustentável na sociedade
parede. O canto dos pássaros e dos insetos e o colorido das flores líquido-moderna. LAECC. Edição do Kindle (com adaptações).
também têm importante papel na qualidade de vida dos cidadãos, Com base nas ideias e nos aspectos linguísticos do texto pre-
comprovadamente reduzindo o estresse e o risco de depressão. Es- cedente, julgue o item que se seguem.
ses são outros benefícios da arborização que, geralmente, não são Sem prejuízo da correção gramatical e da coerência do texto,
incluídos no contexto técnico, mas que devem ser mais bem pesa- a oração “que se possuem e se consomem” poderia ser reescrita
dos na equação dos riscos e benefícios da arborização. da seguinte maneira: que são possuídas econsumidas
Rodolfo Salm. Cadê a árvore que estava aqui?, 19/2/2021. Internet: ( ) CERTO
<www.correiocidadania.com.br> (com adaptações ( ) ERRADO
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LÍNGUA PORTUGUESA
39.( CEBRASPE (CESPE) - SOLD (PM TO)/PM TO/QPE/2021) du e gaapi (cipó Banisteriopsis caapi). Os pesquisadores indígenas
Apenas dez anos atrás, ainda havia em Nova York (onde moro) atuais da região também destacam essa especificidade funcional.
muitos espaços públicos mantidos coletivamente nos quais cida- Assim, distinguem-se até hoje dois tipos de árvore no Alto Rio Ne-
dãos demonstravam respeito pela comunidade ao poupá-la das gro: as árvores de cuiupis e as de cuias, que recebem nomes dife-
suas intimidades banais. Há dez anos, o mundo não havia sido to- rentes pelos falantes da língua tukano.
talmente conquistado por essas pessoas que não param de tagare- Dona Ana me explica que os cuiupis no Alto Rio Negro são plan-
lar no celular. Telefones móveis ainda eram usados como sinal de tios muito antigos dos Cuchi, e os galhos foram trazidos da beira do
ostentação ou para macaquear gente afluente. Afinal, a Nova York rio Cassiquiari (afluente do rio Orinoco, na fronteira entre Colômbia
do final dos anos 90 do século passado testemunhava a transição e Venezuela), onde o cuiupi “tem na natureza”, pois cresce sozinho
inconsútil da cultura da nicotina para a cultura do celular. Num e em abundância. Já a cuia redonda, diz-se que veio de Santarém
dia, o volume no bolso da camisa era o maço de cigarros; no dia ou de Manaus, com o povo Baré nas migrações forçadas que mar-
seguinte, era um celular. Num dia, a garota bonitinha, vulnerável e caram a colonização do Rio Negro. Os homens mais velhos atestam
desacompanhada ocupava as mãos, a boca e a atenção com um ci- que em Manaus só tinha cuia. De lá, uma família chamada Coimbra
garro; no dia seguinte, ela as ocupava com uma conversa importan- chegou trazendo gado e enriqueceu vendendo cuias redondas no
te com uma pessoa que não era você. Num dia, viajantes acen- Alto Rio Negro.
diam o isqueiro assim que saíam do avião; no dia seguinte, eles Cuiupis e cuias diferem na origem e também nos ritmos de
logo acionavam ocelular. O custo de um maço de cigarros por vida. As árvores de cuiupi frutificam durante a estação chamada ki-
dia se transformou em contas mensais de centenas de dólares pu-wahro. Antes de produzirem frutos, perdem todas as folhas uma
na operadora. A poluição atmosférica se transformou empoluição vez por ano. A árvore de cuia, diferentemente do cuiupi, mantém as
sonora. Embora o motivo da irritação tivesse mudado de uma hora folhas e a produção de frutos durante todo o ano.
para outra, o sofrimento da maioria contida, provocado por uma Priscila Ambrósio Moreira. Memórias sobre as cuias. O que
minoria compulsiva em restaurantes, aeroportos e outros espaços contam os quintais e as florestas alagáveis na Amazônia brasileira?
públicos, continuou estranhamente constante. Em 1998, não muito In: Joana Cabral de Oliveira et al. (Org.). Vozes Vegetais. São Paulo:
tempo depois que deixei de fumar, observava, sentado no metrô, Ubu Editora, p. 155-156 (com adaptações).
as pessoas abrindo e fechando nervosamente seus celulares, No último período do segundo parágrafo do texto 1A1-I, o
mordiscando as anteninhas. Ou apenas os segurando como se vocábulo “se”, em “distinguem-se”, remete a
fossem a mão de uma mãe, e euquase sentia pena delas. Para (A) “pesquisadores indígenas”.
mim, era difícil prever até onde chegaria essa tendência: Nova York (B) “especificidade funcional”.
queria verdadeiramente se tornar uma cidade de viciados em celu- (C) “tipos”.
lares deslizando pelas calçadas sob desagradáveis nuvenzinhas de (D) “árvores”.
vida privada, ou de alguma maneira iria prevalecer a noção de que
deveria haver um pouco de autocontroleem público? 41.(CEBRASPE (CESPE) - ESC POL (PC DF)/PC DF/2021)
Jonathan Franzen. Como ficar sozinho. São Paulo: Companhia das Nova Iorque já foi vista como uma das metrópoles mais peri-
Letras, 2012, p. 17-18 (com adaptações). gosas do mundo. Em 1990, alcançou seu pico de homicídios: 2.262
Depreende-se dos sentidos do texto 1A1-I que a expressão em um ano, média de 188 por mês. Masesse cenário mudou, e a
“suas intimidades banais”, presente no primeiro período, refere- cidade apresentou uma das maiores reduções de crimes registradas
-se nos EUA.
(A) ao conteúdo das conversas das pessoas ao celular. Uma das medidas adotadas pela prefeitura de Nova Iorque
(B) à exposição das compulsões das pessoas em espaços ficou conhecida como “janelas quebradas” e previa o combate
públicos como restaurantes e aeroportos. a crimes pequenos e a prevenção dovandalismo, para impedir
(C) à vulnerabilidade das garotas que fumavam sozinhas pelas uma espiral de violência que levasse a crimes mais graves.
ruas de Nova York. Para alguns observadores, entretanto, o modelo da “janela
(D) à demonstração de hábitos peculiares em público, como quebrada” foi superestimado. O mais importante, dizem, foi iden-
o de morder antenas de celulares. tificar focos de criminalidade para concentrar,ali, ação preventiva.
(E) ao descontrole das pessoas viciadas em celulares. Foi possível assinalar áreas pequenas onde criminosos mais atua-
vam, onde se sabia que crimes iam ocorrer.
40.(CEBRASPE (CESPE) - CAD (CBM TO)/CBM TO/2021) O ex-policial Tom Reppetto sugere que essas áreas tenham
Texto 1A1-I presença visível e constante da polícia. As patrulhas preventivas
A manhã era fresca na palhoça da velha dona Ana no Alto Rio — e em grande número — em focos de crime foi essencial para
Negro, um lugar onde a história é viva e a gente é parte dessa conti- reduzir a violência. “O crime é mais situacional do que se pensa,
nuidade. Dona Ana explicava que “antes tinha o povo Cuchi, depois inclusive homicídios. Com a patrulha policial, pessoas que iam co-
teve Baré escravizado vindo de Manaus pra cá na época do cuma- meter crimes simplesmente foram fazer outra coisa”, afirma outro
ru, da batala, do pau-rosa. Muitos se esconderam no rio Xié. Agora especialista, Frank Zimring.
somos nós”. Terra de gente poliglota, de encontros e desencontros Outra medida que teve papel importantíssimo foi a imple-
estrangeiros. mentação de cortes (tribunais), nos anos 90, para tratar de cri-
No início desse mundo, havia dois tipos de cuia: a cuia de tapio- mes menores, mediar conflitos comunitários ecasos de violência
ca e a cuia de ipadu. Embora possam ser classificadas como perten- doméstica e para lidar com usuários de drogas. A ideia é evitar
centes à mesma espécie botânica (Crescentia cujete), a primeira era que esses conflitos evoluam e aumentar a confiança dos cidadãos
ligada ao uso diário, ao passo que a outra era usada como veículo no sistema judiciárioe político.
de acesso ao mundo espiritual em decorrência do consumo de ipa- Internet: <www.bbc.com > (com adaptações).
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LÍNGUA PORTUGUESA
No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguísticos do 43.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEED PR)/SEED PR/
texto precedente, julgue os próximos itens. LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS/LÍNGUA PORTUGUE-
As formas verbais “dizem” “afirma” foram empregadas com SA/2021)
o mesmo objetivo: fazer referência às palavras de um interlocutor. Texto 5A3-III
( ) CERTO Poesia
( ) ERRADO Gastei uma hora pensando um versoque a pena não quer es-
crever.
42.(CEBRASPE (CESPE) - TEC PER (PC PB)/PC PB/ÁREA GE- No entanto ele está cá dentroinquieto, vivo.
RAL/2022) Ele está cá dentroe não quer sair.
Texto CG2A1 Mas a poesia deste momentoinunda minha vida inteira.Carlos
A cultura dominante, hoje mundializada, se estrutura ao redor Drummond de Andrade. Poesia 1930-62.São Paulo: Cosac & Naify,
da vontade de poder que se traduz por vontade de dominação da 2012. p. 104.
natureza, do outro, dos povos e dos mercados. Os meios de comu- Com relação ao uso de figuras de linguagem no texto 5A3-III,
nicação levam ao paroxismo a magnificação de todo tipo de vio- assinale a opção que apresenta um verso do poema no qual ocor-
lência. Nessa cultura, o militar, o banqueiro e o especulador valem re metonímia.
mais que o poeta, o filósofo e o santo. Nos processos de socializa- (A) “que a pena não quer escrever”
ção formal e informal, ela não cria mediações para uma cultura da (B) “inunda minha vida inteira”
paz. Sem detalhar a questão, diríamos que por detrás da violência (C) “Gastei uma hora pensando um verso”
funcionam poderosas estruturas. A primeira delas é o caos sempre (D) “Mas a poesia deste momento”
presente no processo cosmogênico. Viemos de uma imensa explo- (E) “No entanto ele está cá dentro”
são, o big bang. E a evolução comporta violência em todas as suas
fases. Em segundo lugar, somos herdeiros da cultura patriarcal que 44.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEED PR)/SEED PR/
instaurou a dominação do homem sobre a mulher e criou as insti- LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS/LÍNGUA PORTUGUE-
tuições do patriarcado assentadas sobre mecanismos de violência SA/2021)
como o Estado, as classes, o projeto da tecnociência, os processos Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se
de produção como objetivação da natureza e sua sistemática de- sente; é um contentamento descontente,é dor que desatina sem
predação. Em terceiro lugar, essa cultura patriarcal gestou a guerra doer.
como forma de resolução dos conflitos. Sobre essa vasta base se Luís de Camões. In: Massaud Moisés. A literatura portuguesa
formou a cultura do capital, hoje globalizada; sua lógica é a com- através dos textos. São Paulo: Cultrix, 1968. p. 85.
petição, e não a cooperação; por isso, gera guerras econômicas e Assinale a opção que apresenta a figura de linguagem pre-
políticas e, com isso, desigualdades, injustiças e violências. Todas sente em todos os versos da estrofe do poema apresentado.
essas forças se articulam estruturalmente para consolidar a cultura (A) hipérbole
da violência que nos desumaniza a todos. A essa cultura da violên- (B) eufemismo
cia há que se opor a cultura da paz. Hoje ela é imperativa. É impe- (C) antítese
rativa, porque as forças de destruição estão ameaçando, por todas (D) alegoria
as partes, o pacto social mínimo sem o qual regredimos a níveis (E) ironia
de barbárie. Onde buscar as inspirações para a cultura da paz? A
singularidade do 1% de carga genética que nos separa dos primatas 45.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEED PR)/SEED PR/SÉRIES
superiores reside no fato de que nós, à distinção deles, somos seres INICIAIS/2021)
sociais e cooperativos. Ao lado de estruturas de agressividade, te- Texto 15A2-II
mos capacidades de afetividade, compaixão, solidariedade e amori- Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e
zação. O ser humano é o único ser que pode intervir nos processos realço a minha mediocridade; advirto que a franqueza é a primei-
da natureza e copilotar a marcha da evolução. Ele foi criado criador. ra virtude de um defunto. Na vida, o olharda opinião, o contraste
Dispõe de recursos de reengenharia da violência mediante proces- dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos
sos civilizatórios de contenção e uso de racionalidade. Há muito que velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao
filósofos veem no cuidado a essência do ser humano. Tudo precisa mundo as revelações que faz à consciência; e o melhor da obrigação
de cuidado para continuar a existir. Onde vige cuidado de uns para é quando, à força de embaçar os outros, embaça-se um homem
com os outros desaparece o medo, origem secreta de toda violên- a si mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma
cia, como analisou Freud. sensação penosa, e a hipocrisia, que é um vício hediondo. Mas,
No trecho “Ao lado de estruturas de agressividade, temos na morte, que diferença! Que desabafo! Que liberdade! Como a
capacidades de afetividade, compaixão, solidariedade e amoriza- gente pode sacudirfora a capa, deitar ao fosso as lantejoulas, des-
ção”, do texto CG2A1, o termo “amorização”constitui um tipo de pregar-se, despintar-se, desafeitar-se, confessar lisamente o que foi
(A) neologismo. e o que deixou de ser! Porque, em suma, já não há vizinhos, nem
(B) arcaísmo. amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos; não há pla-
(C) barbarismo. teia. O olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude,
(D) estrangeirismo. logo que pisamos o território da morte; não digo que ele se não
(E) eufemismo. estenda para cá, e nos não examine e julgue; mas a nós é que não
se nos dá do exame nem do julgamento. Senhores vivos,não há
nada tão incomensurável como o desdém dos finados.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Maria Clara Rossini. Pareidolia: por que vemos “rostos” em ob-
Paulo: jetos inanimados? Este estudo explica. Internet: <super.abril.com.
Ciranda Cultural, 2018. p. 49. br> (com adaptações).
No trecho “embaça-se um homem a si mesmo”, do texto A função da linguagem que predomina no texto 2A1-I é a
15A2-II, nota-se uso expressivo de pleonasmo, que, no caso em (A) referencial.
questão, configura-se pela (B) metalinguística.
(A) combinação de ideias contraditórias, para contrapô-las. (C) conativa.
(B) omissão de um termo subentendido, para evitar repetição. (D) fática.
(C) repetição de uma mesma ideia em dois termos, para en-
fatizá-la. 47. (CEBRASPE (CESPE) - TCE TCE RJ/TCE-RJ/TÉCNI-
(D) concordância ideológica de termos, para uniformizá-los. CO/2022)
(E) comparação entre dois termos, para estabelecer uma A preocupação com o desenvolvimento das indústrias criativas
analogia. ocorre de forma não intuitiva e direcionada há muitos anos. Em
1918, o presidente dos Estados Unidos da América, Woodrow Wil-
46.(CEBRASPE (CESPE) - SOLD (CBM TO)/CBM TO/2021) son, promoveu a nascente indústria cinematográfica, considerando
Texto 2A1-I que “o comércio vai atrás dos filmes”, uma afirmação clássica sobre
Olhe para a tomada mais próxima, para um conjunto de o fato de que as indústrias criativas têm um significado que vai mui-
janelas ou então para a traseira de um carro. Se você vê figuras to além do seu impacto econômico imediato. O governo australiano
parecidas com rostos nesses e em outrosobjetos, saiba que não é publicou, em 1994, um documento chamado Creative Nation, no
o único: trata-se de um fenômeno bem conhecido pela ciência, cha- qual já apresentava alguns posicionamentos oficiais sobre a pauta.
mado pareidolia. Basta posicionar duas formas que lembrem olhos Nele, afirmava que “uma política cultural também é uma política
acima de outra que pareça uma boca para as pessoas começarem econômica” e que “o nível de nossa criatividade determina substan-
a enxergar rostos. cialmente nossa capacidade de adaptação aos novos imperativos
A pareidolia já foi vista como um sinal de psicose no passa- econômicos”.
do, mas hoje se sabe que ela é uma tendência completamente Após as eleições para primeiro-ministro do Reino Unido, em
normal entre humanos. De acordo com o cientista Carl Sagan, 1997, foi realizado o primeiro mapeamento concreto e aprofun-
a tendência está provavelmente associada à necessidade evolutiva dado sobre a economia criativa em uma nação. Esse mapeamento
de reconhecer rostos rapidamente. causou polêmica quanto à conceituação de indústria criativa. De
Pense na pré-história: se uma pessoa conseguisse identificar os acordo com a definição do governo inglês, as indústrias criativas são
olhos e a boca de um predador escondido na mata, ela teria mais aquelas atividades que têm origem na criatividade, na habilidade
chances de fugir e sobreviver. Quem tivesse dificuldade em ver um e no talento individual e que potencializam a geração de riqueza e
rosto camuflado ali provavelmente seria pego de surpresa — e con- empregos por meio da geração e da exploração da propriedade in-
sequentemente viraria jantar. telectual. Os críticos que analisaram o projeto de Tony Blair/DCMS
Pesquisadores da Universidade de Nova Gales do Sul, na Aus- consideraram que as colocações deixaram o contexto muito aberto,
trália, investigaram o fenômeno e escreveram em um artigo que, pois poderia englobar áreas como engenharia e indústria farmacêu-
além da vantagem evolutiva, a pareidolia também pode estar re- tica, que não têm conexão com a economia criativa.
lacionada ao mecanismo do cérebro que reconhece e processa Como em qualquer área de pesquisa, alguns cientistas apre-
informações sociais em outras pessoas. “Não basta perceber a sentam visões bem controversas. O pesquisador estadunidense
presença de umrosto; precisamos reconhecer quem é aquela pes- Richard Florida, por exemplo, trouxe o conceito de classe criativa.
soa, ler as informações presentes no rosto, se ela está prestando Segundo Florida, regiões metropolitanas com alta concentração de
atenção em nós, e se está feliz ou triste”, diz o líderdo estudo. trabalhadores ligados a tecnologia, artistas, músicos, lésbicas e gays
De fato, os objetos inanimados não parecem ser apenas rostos e o grupo definido por high bohemians são áreas com alto potencial
inexpressivos. Em uma simples caminhada na rua, você pode ter a de crescimento neste milênio. Na visão de Florida, as cidades de-
impressão de que semáforos, carros, casas e até tijolos jogados na vem posicionar-se de forma diferente no novo milênio e virar todos
calçada te encaram e parecem esboçar expressões faciais — medo, os holofotes para a economia criativa.
raiva, alegria, susto ou tristeza. Vinnie de Oliveira. Economia criativa 4.0: o mundo não gira ao
Segundo os autores do estudo, os objetos são, de fato, in- contrário. Edição do Kindle (com adaptações
terpretados como rostos humanos pelo nosso cérebro. “Nós sa- Julgue o item seguinte, no que diz respeito às ideias e a aspec-
bemos que o objeto não tem uma mente, masnão conseguimos tos linguísticos do texto precedente.
evitar olhar para ele como se tivesse características inteligentes, Na oração “as cidades devem posicionar-se de forma dife-
como direção do olhar ou emoções; isso acontece porque os me- rente no novo milênio” (último período do texto), conclui-se do
canismos ativadospelo nosso sistema visual são os mesmos quando emprego do vocábulo “se” que a oração está navoz passiva, isto
vemos um rosto real ou um objeto com características faciais”, diz é, a locução “devem posicionar-se” é, sintática e semanticamente,
um dos pesquisadores. equivalente a devem ser posicionadas
Os cientistas pretendem também investigar os mecanismos ( ) CERTO
cognitivos que levam ao oposto: a prosopagnosia (a inabilidade de ( ) ERRADO
identificar rostos) ou algumas manifestações do espectro autista,
o que inclui a dificuldade em ler rostos e interpretar as informações
presentes neles, como o estado emocional.
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LÍNGUA PORTUGUESA
48.(CEBRASPE (CESPE) - ANA LEG (ALECE)/ALECE/LÍN- remoto oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa,
GUA PORTUGUESA/GRAMÁTICA NORMATIVA E REVISÃO mesmo láouviríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria
ORTOGRÁFICA/2021) interminável dos que nos ouvem.
Texto 14A1-I Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi-
A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê- nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros;
-la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da
compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas
línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escri- sons ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que
tores. Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples nãofalamos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vis-
depósito depalavras que circulam em uma comunidade, nem a ta, sonhos, acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a
um sistema gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos linguagem como certa ou errada (excetonos cadernos escolares),
estável numa sociedade, numa estação do ano,num sexo, numa mas como verdadeira, mentirosa, bela, nojenta, comovente, deli-
região, numa família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe rante, horrível, ofensiva, carinhosa... É exatamente nesse pântano
social, naquela rua, num determinado dia, num livro e quase nunca inseguro dos
num país inteiro. No texto 14A1-I, o vocábulo “se” constitui parte integrante do
A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade uni- verbo no trecho
tária. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a (A) “o ar que se respira” (terceiro parágrafo).
matéria da literatura não é um sistema abstrato de regras e rela- (B) “o que é novo e surpreendente no que se diz” (terceiro
ções, uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de parágrafo).
universais semânticos como tem sido a língua para uma corrente (C) “É nessa diversidade imensa e imediata que se move
consideráveldos cientistas da língua. Justamente por serem abstra- quem escreve” (terceiro parágrafo).
tos, justamente por serem apenas fonemas e justamente por serem (D) “antes mesmo de se tornarem voz” (quinto parágrafo).
universais, esses elementos primeiros são desprovidos de significa- (E)“se desdobramos a palavra” (quarto parágrafo).
do: servindo a todos, não servem a ninguém. De fato, não che-
gam a se constituir em “língua”, face a outra parte indispensável 49.(CEBRASPE (CESPE) - TAJ (TJ RJ)/TJ RJ/”SEM ESPECIA-
da palavra: ofalante. LIDADE”/2021)
O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadei- Texto CG1A1
ro território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele Na casa vazia, sozinha com a empregada, já não andava como
pode ser considerado uma entidade universal? Isso interessa por- um soldado, já não precisava tomar cuidado. Mas sentia falta da ba-
que, no exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz talha das ruas. Melancolia da liberdade, com o horizonte ainda tão
do falante, ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que longe. Dera-se ao horizonte. Mas a nostalgia do presente. O apren-
não équalquer chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro, dizado da paciência, o juramento da espera. Do qual talvez não sou-
o ar que se respiraa, o tempo, o dia, a hora, toda a soma das besse jamais se livrar. A tarde transformando-se em interminável
intenções muito específicas convertidas noimpulso da palavra; e, e, até todos voltarem para o jantar e ela poder se tornar com alívio
é claro, a ninguém interessa o que a palavra quer dizer de velha uma filha, era o calor, o livro aberto e depois fechado, uma intui-
(isso até o dicionário sabe), mas o que ela quer dizer de nova, ção, o calor: sentava-se com a cabeça entre as mãos, desesperada.
isto é, o que énovo e surpreendente no que se dizb. Esse espetá- Quando tinha dez anos, relembrou, um menino que a amava joga-
culo das vozes que falam sem parar no mundo em torno, ou nesse ra-lhe um rato morto. Porcaria! berrara branca com a ofensa. Fora
mundo em torno, nesse exato momento, é a vida indispensável de uma experiência. Jamais contara a ninguém. Com a cabeça entre as
quem escreve. É nessa diversidade imensa e imediata que se move mãos, sentada. Dizia quinze vezes: sou vigorosa, sou vigorosa, sou
quem escrevec, o ouvido atento. vigorosa — depois percebia que apenas prestara atenção à conta-
Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da gem. Suprindo com a quantidade, disse mais uma vez: sou vigorosa,
sua matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdo- dezesseis. E já não estava mais à mercê de ninguém. Desesperada
bramos a palavrae, descobrimos que quem lhedá vida não é exa- porque, vigorosa, livre, não estava mais à mercê. Perdera a fé. Foi
tamente o falante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que, conversar com a empregada, antiga sacerdotisa. Elas se reconhe-
numa redução ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma pala- ciam. As duas descalças, de pé na cozinha, a fumaça do fogão. Per-
vra que dispensasseos outros para fazer sentido, ela seria uma pa- dera a fé, mas, à beira da graça, procurava na empregada apenas o
lavra natimorta, um objeto opaco à espera de um criptólogo que que esta já perdera, não o que ganhara. Fazia-se pois distraída e,
lhe rompesse o isolamento, como um Champollion diantede uma conversando, evitava a conversa. “Ela imagina que na minha idade
pedra no meio do caminho, mas então a suposta pureza original devo saber mais do que sei e é capaz de me ensinar alguma coisa”,
autossuficiente estaria destruída. pensou, a cabeça entre as mãos, defendendo a ignorância como
Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter- a um corpo. Faltavam-lhe elementos, mas não os queria de quem
ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num já os esquecera. A grande espera fazia parte. Dentro da vastidão,
sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos maquinando.
nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo Clarice Lispector. Preciosidade. In: Laços de Família. Rio de Ja-
de se tornarem voz)d, quanto o que nós dizemos (e são eles, os neiro: Rocco, 1998, p. 86-87 (com adaptações).
outros,que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir No primeiro período do texto CG1A1, o termo “como” expres-
a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são sa a ideia de
uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos (A) explicação.
e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais (B) intensidade.
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LÍNGUA PORTUGUESA
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LÍNGUA PORTUGUESA
ANOTAÇÕES
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RACIOCÍNIO LÓGICO
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RACIOCÍNIO LÓGICO
• Como saber se um determinado argumento é mesmo váli- Comparando a conclusão do nosso argumento, temos:
do? NENHUM homem é animal – com o desenho das premissas
Para se comprovar a validade de um argumento é utilizando será que podemos dizer que esta conclusão é uma consequência
diagramas de conjuntos (diagramas de Venn). Trata-se de um mé- necessária das premissas? Claro que sim! Observemos que o con-
todo muito útil e que será usado com frequência em questões que junto dos homens está totalmente separado (total dissociação!) do
pedem a verificação da validade de um argumento. Vejamos como conjunto dos animais. Resultado: este é um argumento válido!
funciona, usando o exemplo acima. Quando se afirma, na premissa
P1, que “todos os homens são pássaros”, poderemos representar Argumentos Inválidos
essa frase da seguinte maneira: Dizemos que um argumento é inválido – também denominado
ilegítimo, mal construído, falacioso ou sofisma – quando a verdade
das premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclu-
são.
Exemplo:
P1: Todas as crianças gostam de chocolate.
P2: Patrícia não é criança.
Q: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate.
66
RACIOCÍNIO LÓGICO
Finalmente, passemos à análise da conclusão: “Patrícia não gosta de chocolate”. Ora, o que nos resta para sabermos se este argumen-
to é válido ou não, é justamente confirmar se esse resultado (se esta conclusão) é necessariamente verdadeiro!
- É necessariamente verdadeiro que Patrícia não gosta de chocolate? Olhando para o desenho acima, respondemos que não! Pode
ser que ela não goste de chocolate (caso esteja fora do círculo), mas também pode ser que goste (caso esteja dentro do círculo)! Enfim, o
argumento é inválido, pois as premissas não garantiram a veracidade da conclusão!
2º) Utilizando tabela-verdade: esta forma é mais indicada quando não for possível resolver pelo primeiro método, o que ocorre quan-
do nas premissas não aparecem as palavras todo, algum e nenhum, mas sim, os conectivos “ou” , “e”, “•” e “↔”. Baseia-se na construção
da tabela-verdade, destacando-se uma coluna para cada premissa e outra para a conclusão. Este método tem a desvantagem de ser mais
trabalhoso, principalmente quando envolve várias proposições simples.
4º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos, considerando premissas verdadeiras e conclusão falsa.
É indicado este caminho quando notarmos que a aplicação do terceiro método não possibilitará a descoberta do valor lógico da con-
clusão de maneira direta, mas somente por meio de análises mais complicadas.
Em síntese:
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RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplos:
(DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE) Considere que as
seguintes proposições sejam verdadeiras.
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RACIOCÍNIO LÓGICO
(PETROBRAS – TÉCNICO (A) DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO “Toda proposição tem um, e somente um, dos valores, que são:
JÚNIOR – INFORMÁTICA – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma fada, V ou F.”
então Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então Monarca
é um centauro. Se Monarca é um centauro, então Tristeza é uma Classificação de uma proposição
bruxa. Elas podem ser:
Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo • Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógi-
(A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo. co verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto,
(B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro. não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
(C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro. - Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem?
(D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada – Fez Sol ontem?
(E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo. - Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a
Resolução: televisão.
Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Trizteza não é - Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, am-
bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como conclusão bíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro
o valor lógico (V), então: do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1
(4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo (F)
→V • Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO
(3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um centauro valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será conside-
(F) → V rada uma frase, proposição ou sentença lógica.
(2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma bruxa(F)
→V Proposições simples e compostas
(1) Tristeza não é uma bruxa (V) • Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém
nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
Logo: proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas
Temos que: p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
Esmeralda não é fada(V) Exemplos
Bongrado não é elfo (V) r: Thiago é careca.
Monarca não é um centauro (V) s: Pedro é professor.
Como a conclusão parte da conjunção, o mesmo só será verda- • Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógi-
deiro quando todas as afirmativas forem verdadeiras, logo, a única cas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
que contém esse valor lógico é: simples. As proposições compostas são designadas pelas letras lati-
Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro. nas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.
Resposta: B Exemplo
P: Thiago é careca e Pedro é professor.
LÓGICA SENTENCIAL (OU PROPOSICIONAL).
PROPOSIÇÕES SIMPLES E COMPOSTAS. TABELAS ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas
VERDADE. EQUIVALÊNCIAS. LEIS DE MORGAN por duas proposições simples.
Exemplos:
Proposição 1. (CESPE/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensa- – “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
mento ou uma ideia de sentido completo. Elas transmitem pensa- – A expressão x + y é positiva.
mentos, isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a – O valor de √4 + 3 = 7.
respeito de determinados conceitos ou entes. – Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
– O que é isto?
Valores lógicos Há exatamente:
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma (A) uma proposição;
verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a (B) duas proposições;
proposição é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos (C) três proposições;
os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente. (D) quatro proposições;
Com isso temos alguns aximos da lógica: (E) todas são proposições.
– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não
pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo. Resolução:
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é Analisemos cada alternativa:
verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUNCA (A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos
existindo um terceiro caso. atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.
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RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução:
Condicional → Se p então q Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio acima,
então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.
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RACIOCÍNIO LÓGICO
• Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a negação da Tauto-
logia e vice versa.
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradição, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...
• Contingência: possui valores lógicos V e F ,da tabela verdade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma proposição
composta que não é tautologia e nem contradição.
Exemplos:
4. (DPU – ANALISTA – CESPE) Um estudante de direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria legenda, na qual
identificava, por letras, algumas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de sentenças (proposições).
No seu vocabulário particular constava, por exemplo:
P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.
Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira, independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras ou falsas.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
Considerando P e Q como V.
(V→V) ↔ ((F)→(F))
(V) ↔ (V) = V
Considerando P e Q como F
(F→F) ↔ ((V)→(V))
(V) ↔ (V) = V
Então concluímos que a afirmação é verdadeira.
Resposta: Certo.
Equivalência
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresentam a mesma
solução em suas respectivas tabelas verdade.
Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.
Exemplo:
5. (VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.
(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
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RACIOCÍNIO LÓGICO
(E) João não é rico, ou Maria não é pobre. – Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica
uma proposição categórica em universal ou particular. A classifica-
Resolução: ção dependerá do quantificador que é utilizado na proposição.
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção
de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o conectivo
por “e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”.
Vejam como fica:
Leis de Morgan
Com elas:
– Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo
verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
– Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verda-
deira equivalendo a afirmar que ambas são falsas.
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RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução:
Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposição
do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação.
O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, seguindo
o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou nenhum).
Logo, podemos descartar as alternativas A e E.
A negação de uma conjunção se faz através de uma disjunção,
em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”. Descarta-
Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que o mos a alternativa B.
conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence ao Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de
conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o mesmo que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por: Todo
que Algum B não é A. A é não B.
Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não
• Negação das Proposições Categóricas são pardos NÃO miam alto.
Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar as Resposta: C
seguintes convenções de equivalência:
– Ao negarmos uma proposição categórica universal geramos (CBM/RJ - CABO TÉCNICO EM ENFERMAGEM - ND) Dizer que a
uma proposição categórica particular. afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do ponto de
– Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma proposição vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verdadeira
categórica particular geramos uma proposição categórica universal. (A) Todos os não psicólogos são professores.
– Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos, (B) Nenhum professor é psicólogo.
sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca, (C) Nenhum psicólogo é professor.
negando uma proposição de natureza negativa geramos, sempre, (D) Pelo menos um psicólogo não é professor.
uma proposição de natureza afirmativa. (E) Pelo menos um professor não é psicólogo.
Em síntese:
Resolução:
Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a nega-
ção de um quantificador universal categórico afirmativo se faz atra-
vés de um quantificador existencial negativo. Logo teremos: Pelo
menos um professor não é psicólogo.
Resposta: E
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RACIOCÍNIO LÓGICO
TODO
A
AéB
ALGUM
I
AéB
Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem
quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as alter-
nativas A, B e C.
Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a
cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.
Obs.: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser
negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).
Resposta: D
Diagramas lógicos
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários proble-
mas. É uma ferramenta para resolvermos problemas que envolvam
argumentos dedutivos, as quais as premissas deste argumento po-
dem ser formadas por proposições categóricas.
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RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplo:
(GDF–ANALISTA DE ATIVIDADES CULTURAIS ADMINISTRAÇÃO
– IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma casa de
cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “algum teatro é
casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que
(A) existem cinemas que não são teatros.
(B) existe teatro que não é casa de cultura.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro.
(D) existe casa de cultura que não é cinema.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema.
Resolução:
Vamos chamar de: (B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo mes-
Cinema = C mo princípio acima.
Casa de Cultura = CC (C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Errado,
Teatro = T a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama nos
Analisando as proposições temos: afirma isso
- Todo cinema é uma casa de cultura
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RACIOCÍNIO LÓGICO
(D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justifi- Como as pizzas podem ter 1 OU 2 OU 3 sabores, basta SOMAR
cativa é observada no diagrama da alternativa anterior. cada uma das possibilidades, temos: 10 + 90 + 720 = 820 maneiras.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. – Cor- Resposta: D
reta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez que todo
cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de cultura também Princípio multiplicativo ou fundamental da contagem (PFC)
não é cinema. Constitui a ferramenta básica para resolver problemas de con-
tagem sem que seja necessário enumerar seus elementos, através
das possibilidades dadas. Podemos dizer que, um evento B pode
ser feito de n maneiras, então, existem m • n maneiras de fazer e
executar o evento B.
Exemplo:
(CÂMARA DE CHAPECÓ/SC – ASSISTENTE DE LEGISLAÇÃO E
ADMINISTRAÇÃO – OBJETIVA) Quantos são os gabaritos possíveis
para uma prova com 6 questões, sendo que cada questão possui 4
alternativas, e apenas uma delas é a alternativa correta?
(A) 1.296
(B) 3.474
Resposta: E (C) 2.348
(D) 4.096
PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E PROBABILIDADE Resolução:
Contagem 4 . 4 . 4 . 4 . 4 . 4 = 4096
Temos dois princípios de contagem: o aditivo e o multiplicativo.
Vejamos Resposta: D
Resolução:
As pizzas grandes podem ser montadas com ATÉ 3 sabores:
* 1 sabor: 10 maneiras
* 2 sabores: 10 . 9 = 90 maneiras
* 3 sabores: 10 . 9 . 8 = 720 maneiras
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RACIOCÍNIO LÓGICO
Probabilidade de um evento
Em um espaço amostral U, equiprobabilístico (com elementos Resposta: D
que têm chances iguais de ocorrer), com n(U) elementos, o evento
E, com n(E) elementos, onde E Ì U, a probabilidade de ocorrer o Probabilidade da união de eventos
evento E, denotado por p(E), é o número real, tal que: Para obtermos a probabilidade da união de eventos utilizamos
a seguinte expressão:
Onde,
n(E) = número de elementos do evento E.
n(S) = número de elementos do espaço amostral S.
Quando os eventos forem mutuamente exclusivos, tendo A ∩ B
Sendo 0 ≤ P(E) ≤ 1 e S um conjunto equiprovável, ou seja, to-
= Ø, utilizamos a seguinte equação:
dos os elementos têm a mesma “chance de acontecer.
ATENÇÃO:
As probabilidades podem ser escritas na forma decimal ou re-
presentadas em porcentagem.
Assim: 0 ≤ p(E) ≤ 1, onde:
p() = 0 ou p() = 0%
p(U) = 1 ou p(U) = 100%
Exemplo:
Probabilidade de um evento complementar
(PREF. NITERÓI – AGENTE FAZENDÁRIO – FGV) O quadro a
É quando a soma das probabilidades de ocorrer o evento E, e
seguir mostra a distribuição das idades dos funcionários de certa
de não ocorrer o evento E (seu complementar, Ē) é 1.
repartição pública:
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RACIOCÍNIO LÓGICO
Representação de um conjunto
Podemos representar um conjunto de várias maneiras.
– Se dois eventos forem independentes: dois eventos A e B de ATENÇÃO: Indicamos os conjuntos utilizando as letras maiúscu-
um espaço amostral S são independentes quando P(A|B) = P(A) ou las e os elementos destes conjuntos por letras minúsculas.
P(B|A) = P(B). Sendo os eventos A e B independentes, temos:
Vejamos:
P (A ∩ B) = P(A). P(B) 1) os elementos do conjunto são colocados entre chaves sepa-
rados por vírgula, ou ponto e vírgula.
Lei Binomial de probabilidade A = {a, e, i, o, u}
A lei binominal das probabilidades é dada pela fórmula:
2) os elementos do conjunto são representados por uma ou
mais propriedades que os caracterize.
Sendo:
n: número de tentativas independentes; 3) os elementos do conjunto são representados por meio de
p: probabilidade de ocorrer o evento em cada experimento (su- um esquema denominado diagrama de Venn.
cesso);
q: probabilidade de não ocorrer o evento (fracasso); q = 1 - p
k: número de sucessos.
ATENÇÃO:
A lei binomial deve ser aplicada nas seguintes condições:
– O experimento deve ser repetido nas mesmas condições as
n vezes.
– Em cada experimento devem ocorrer os eventos E e .
– A probabilidade do E deve ser constante em todas as n vezes.
– Cada experimento é independente dos demais.
Relação de pertinência
Exemplo: Usamos os símbolos (pertence) e (não pertence) para relacio-
Lançando-se um dado 5 vezes, qual a probabilidade de ocorre- nar se um elemento faz parte ou não do conjunto.
rem três faces 6?
Tipos de Conjuntos
Resolução: • Conjunto Universo: reunião de todos os conjuntos que esta-
n: número de tentativas n = 5 mos trabalhando.
k: número de sucessos k = 3 • Conjunto Vazio: é aquele que não possui elementos. Repre-
p: probabilidade de ocorrer face 6 p = 1/6 senta-se por 0/ ou, simplesmente { }.
q: probabilidade de não ocorrer face 6 q = 1- p q = 5/6 • Conjunto Unitário: possui apenas um único elemento.
• Conjunto Finito: quando podemos enumerar todos os seus
elementos.
• Conjunto Infinito: contrário do finito.
Relação de inclusão
É usada para estabelecer relação entre conjuntos com conjun-
tos, verificando se um conjunto é subconjunto ou não de outro con-
junto. Usamos os seguintes símbolos de inclusão:
78
RACIOCÍNIO LÓGICO
Igualdade de conjuntos
Dois conjuntos A e B são IGUAIS, indicamos A = B, quando pos-
suem os mesmos elementos.
Dois conjuntos A e B são DIFERENTES, indicamos por A ≠ B, se
pelo menos UM dos elementos de um dos conjuntos NÃO pertence
ao outro.
Subconjuntos
Quando todos os elementos de um conjunto A são também
elementos de um outro conjunto B, dizemos que A é subconjunto
de B. Exemplo: A = {1,3,7} e B = {1,2,3,5,6,7,8}.
OBSERVAÇÃO: Se A ∩ B = φ , dizemos que A e B são conjun-
tos disjuntos.
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RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução: Resposta: E
De acordo com os dados temos:
7 vereadores se inscreveram nas 3. • Complementar: chama-se complementar de B (B é subcon-
APENAS 12 se inscreveram em educação e saúde (o 12 não junto de A) em relação a A o conjunto A - B, isto é, o conjunto dos
deve ser tirado de 7 como costuma fazer nos conjuntos, pois ele já elementos de A que não pertencem a B. Exemplo: A = {0,1,2,3,4} e
desconsidera os que se inscreveram nos três) B = {2,3}
APENAS 8 se inscreveram em saúde e saneamento básico.
São 30 vereadores que se inscreveram nessas 3 comissões, pois
13 dos 43 não se inscreveram.
Portanto, 30 – 7 – 12 – 8 = 3
Se inscreveram em educação e saneamento 3 vereadores.
Em saneamento se inscreveram: 3 + 7 + 8 = 18
Resposta: C
80
RACIOCÍNIO LÓGICO
O raciocínio lógico é uma habilidade essencial em diversos campos do conhecimento e, especialmente, na resolução de problemas
matemáticos. Entre eles, podemos destacar os problemas aritméticos, geométricos e matriciais, que exigem diferentes estratégias e
conhecimentos para serem resolvidos de forma eficiente.
Os problemas aritméticos, em geral, envolvem operações matemáticas básicas, como adição, subtração, multiplicação e divisão.
Eles podem ser apresentados em diferentes contextos, como problemas de tempo e velocidade, problemas envolvendo dinheiro ou
problemas de proporção. Para resolvê-los, é fundamental compreender a lógica por trás das operações e aplicar os conceitos matemá-
ticos de forma correta.
Já os problemas geométricos requerem uma compreensão mais avançada dos conceitos de geometria. Eles podem envolver cál-
culos de áreas, perímetros, volumes, ângulos e outras grandezas geométricas. Além disso, muitas vezes, a resolução desses problemas
envolve a aplicação de fórmulas específicas e a interpretação de figuras geométricas. Por isso, é importante ter um conhecimento
sólido de geometria e estar familiarizado com os diferentes tipos de figuras e suas propriedades.
Por fim, os problemas matriciais exigem uma compreensão mais avançada de álgebra linear e matrizes. Eles envolvem operações
com matrizes, como soma, subtração e multiplicação, além de conceitos como determinante, inversa e transposição. Para resolvê-los,
é necessário ter uma boa compreensão dos conceitos matemáticos envolvidos e saber aplicá-los de forma coerente.
Independentemente do tipo de problema matemático, é fundamental ter uma boa capacidade de raciocínio lógico. Isso envolve a
habilidade de analisar o problema, identificar as informações relevantes, estabelecer relações entre as grandezas envolvidas e escolher
a melhor estratégia para resolvê-lo. Além disso, é importante verificar sempre os resultados obtidos e garantir que eles estejam de
acordo com as expectativas do problema.
Em resumo, os problemas aritméticos, geométricos e matriciais envolvem diferentes tipos de raciocínio lógico e conhecimentos
matemáticos. Para resolvê-los de forma eficiente, é fundamental ter uma boa compreensão dos conceitos envolvidos e estar fami-
liarizado com as estratégias e técnicas necessárias para cada tipo de problema. Com prática e dedicação, é possível desenvolver essa
habilidade e se tornar um bom solucionador de problemas matemáticos.
ANOTAÇÕES
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RACIOCÍNIO LÓGICO
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Tipos:
CONCEITOS BÁSICOS DE HARDWARE E SOFTWARE:
FUNCIONAMENTO DO COMPUTADOR;
CONHECIMENTOS DOS COMPONENTES PRINCIPAIS PERIFÉRICOS
Utilizados para a entrada de dados;
DE ENTRADA
PERIFÉRICOS
Hardware Utilizados para saída/visualização de dados
DE SAÍDA
Hardware refere-se a parte física do computador, isto é, são os
dispositivos eletrônicos que necessitamos para usarmos o compu- • Periféricos de entrada mais comuns.
tador. Exemplos de hardware são: CPU, teclado, mouse, disco rígi- – O teclado é o dispositivo de entrada mais popular e é um item
do, monitor, scanner, etc. essencial. Hoje em dia temos vários tipos de teclados ergonômicos
para ajudar na digitação e evitar problemas de saúde muscular;
Software – Na mesma categoria temos o scanner, que digitaliza dados
Software, na verdade, são os programas usados para fazer ta- para uso no computador;
refas e para fazer o hardware funcionar. As instruções de software – O mouse também é um dispositivo importante, pois com ele
são programadas em uma linguagem de computador, traduzidas podemos apontar para um item desejado, facilitando o uso do com-
em linguagem de máquina e executadas por computador. putador.
O software pode ser categorizado em dois tipos:
– Software de sistema operacional • Periféricos de saída populares mais comuns
– Software de aplicativos em geral – Monitores, que mostra dados e informações ao usuário;
– Impressoras, que permite a impressão de dados para mate-
• Software de sistema operacional rial físico;
O software de sistema é o responsável pelo funcionamento do – Alto-falantes, que permitem a saída de áudio do computador;
computador, é a plataforma de execução do usuário. Exemplos de – Fones de ouvido.
software do sistema incluem sistemas operacionais como Windo-
ws, Linux, Unix , Solaris etc. Sistema Operacional
O software de sistema operacional é o responsável pelo funcio-
• Software de aplicação namento do computador. É a plataforma de execução do usuário.
O software de aplicação é aquele utilizado pelos usuários para Exemplos de software do sistema incluem sistemas operacionais
execução de tarefas específicas. Exemplos de software de aplicati- como Windows, Linux, Unix , Solaris etc.
vos incluem Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Access, etc.
• Aplicativos e Ferramentas
Para não esquecer: São softwares utilizados pelos usuários para execução de tare-
fas específicas. Exemplos: Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Ac-
HARDWARE É a parte física do computador cess, além de ferramentas construídas para fins específicos.
São os programas no computador (de fun-
SOFTWARE
cionamento e tarefas)
Periféricos
Periféricos são os dispositivos externos para serem utilizados
no computador, ou mesmo para aprimora-lo nas suas funcionali-
dades. Os dispositivos podem ser essenciais, como o teclado, ou
aqueles que podem melhorar a experiencia do usuário e até mesmo
melhorar o desempenho do computador, tais como design, qualida-
de de som, alto falantes, etc.
83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
84
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Área de trabalho
Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.
85
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Programas e aplicativos e interação com o usuário • O recurso de backup e restauração do Windows é muito im-
Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en- portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes-
tendermos melhor as funções categorizadas. mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có-
– Música e Vídeo: Temos o Media Player como player nativo pia de segurança.
para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma
excelente experiência de entretenimento, nele pode-se administrar
bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar
CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media center.
Inicialização e finalização
– Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no Win
confirmar sua exclusão.
dows, porém para desligá-lo devemos recorrer ao e:
86
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
— Acessibilidade
No WINDOWS 11 é possível tornar o computador mais acessível alterando a cor, o tamanho do mouse, da letra, estilo e etc.
Isto é possível acessando o menu CONFIGURAÇÕES è ACESSIBILIDADE
— Bate-papo
No WINDOWS 11 é possível fazer chamadas de chat e vídeo diretamente da área de trabalho, com apenas um toque.
Bastar clicar no ícone de câmera na barra de tarefas conforme a imagem abaixo:
— Organização
Com o WINDOWS 11 tornou-se possível ajustar todas as janelas, conforme abaixo:
– Ajustar com um mouse;
– Ajustar com um teclado;
– Ajuste de layouts de snap;
O layout de SNAPS permite o ajustes das janelas de acordo com layouts predefinidos, conforme explicado abaixo:
Ao apontar o mouse para o botão:
87
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O seguintes layouts serão mostrados: Windows + Shift + S: Captura a tela ou parte dela.
Windows + W: Move direto para o quadro de WIDGETS.
Windows + E: Acessa diretamente o explorador de arquivos.
Windows + D: Minimiza todos os aplicativos abertos.
Windows + V: Salva itens copiados ou recortados recentemente
na área de transferência para colar posteriormente em outros
locais.
Windows + L: Bloqueia a tela.
Windows + I: Inicia as configurações.
Windows + PRTSCN: Salva uma captura de tela inteira.
Windows + E: Abre o Explorador de arquivos.
Windows + Alt + PRTSCN: Salva captura de tela da janela em
foco para arquivar.
Windows + Ctrl + D: Adiciona uma área de trabalho virtual.
Conforme a respectiva imagem, o usuário poderá clicar em um Windows + Ctrl + Seta para a direita: Serve para alternar entre
dos quatro formatos de janelas. Feito isso, elas ficarão posicionadas áreas de trabalho virtuais criadas.
conforme a escolha do usuário. Windows + Ctrl + Seta para a esquerda: Alterna entre áreas de
trabalho virtuais criadas à esquerda.
— Personalização Windows + Ctrl + F4: Fecha a área de trabalho virtual que está
No WINDOWS 11 é possível definir temas através de em uso.
Configurações > Aparência. CTRL + C: Copia item para a área de transferência.
É possível personalizar o quadro de WIDGETS (pequenas janelas CTRL + V: Cola o item previamente copiado ou recortado.
que mostram uma determinada situação que ficam posicionadas na CTRL + X: Recorta o item para a área de transferência.
área de trabalho. ALT + F4: Fecha janela.
Temos como exemplos de WIDGETS:
– Uma janela que mostra a temperatura; CONCEITOS GERAIS DE SEGURANÇA DA
– Uma janela que mostra as cotações da bolsa. INFORMAÇÃO: PROTEÇÃO CONTRA VÍRUS E OUTRAS
FORMAS DE SOFTWARES OU AÇÕES INTRUSIVAS
Dentro deste contexto é possível é possível ocultar, remover e
fixar widgets.
Segurança da informação é o conjunto de ações para proteção
Exemplos de widgets: de um grupo de dados, protegendo o valor que ele possui, seja para
um indivíduo específico no âmbito pessoal, seja para uma organi-
zação1.
É essencial para a proteção do conjunto de dados de uma
corporação, sendo também fundamentais para as atividades do
negócio.
Quando bem aplicada, é capaz de blindar a empresa de ata-
ques digitais, desastres tecnológicos ou falhas humanas. Porém,
qualquer tipo de falha, por menor que seja, abre brecha para pro-
blemas.
A segurança da informação se baseia nos seguintes pilares2:
– Confidencialidade: o conteúdo protegido deve estar disponí-
vel somente a pessoas autorizadas.
– Disponibilidade: é preciso garantir que os dados estejam
acessíveis para uso por tais pessoas quando for necessário, ou seja,
de modo permanente a elas.
– Integridade: a informação protegida deve ser íntegra, ou seja,
sem sofrer qualquer alteração indevida, não importa por quem e
nem em qual etapa, se no processamento ou no envio.
– Autenticidade: a ideia aqui é assegurar que a origem e auto-
ria do conteúdo seja mesmo a anunciada.
88
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Podemos citar a legalidade, que diz respeito à adequação do Ele pode ser aplicado de duas formas:
conteúdo protegido à legislação vigente; a privacidade, que se re- – Controle físico: é a tradicional fechadura, tranca, porta e
fere ao controle sobre quem acessa as informações; e a auditoria, qualquer outro meio que impeça o contato ou acesso direto à infor-
que permite examinar o histórico de um evento de segurança da mação ou infraestrutura que dá suporte a ela
informação, rastreando as suas etapas e os responsáveis por cada – Controle lógico: nesse caso, estamos falando de barreiras
uma delas. eletrônicas, nos mais variados formatos existentes, desde um anti-
vírus, firewall ou filtro anti-spam, o que é de grande valia para evitar
Alguns conceitos relacionados à aplicação dos pilares infecções por e-mail ou ao navegar na internet, passa por métodos
– Vulnerabilidade: pontos fracos existentes no conteúdo pro- de encriptação, que transformam as informações em códigos que
tegido, com potencial de prejudicar alguns dos pilares de segurança terceiros sem autorização não conseguem decifrar e, há ainda, a
da informação, ainda que sem intenção certificação e assinatura digital, sobre as quais falamos rapidamente
– Ameaça: elemento externo que pode se aproveitar da vulne- no exemplo antes apresentado da emissão da nota fiscal eletrônica.
rabilidade existente para atacar a informação sensível ao negócio.
– Probabilidade: se refere à chance de uma vulnerabilidade ser Todos são tipos de mecanismos de segurança, escolhidos por
explorada por uma ameaça. profissional habilitado conforme o plano de segurança da informa-
– Impacto: diz respeito às consequências esperadas caso o con- ção da empresa e de acordo com a natureza do conteúdo sigiloso.
teúdo protegido seja exposto de forma não autorizada.
– Risco: estabelece a relação entre probabilidade e impacto, Criptografia
ajudando a determinar onde concentrar investimentos em seguran- É uma maneira de codificar uma informação para que somente
ça da informação. o emissor e receptor da informação possa decifrá-la através de
uma chave que é usada tanto para criptografar e descriptografar
Tipos de ataques a informação4.
Cada tipo de ataque tem um objetivo específico, que são eles3: Tem duas maneiras de criptografar informações:
– Passivo: envolve ouvir as trocas de comunicações ou gravar • Criptografia simétrica (chave secreta): utiliza-se uma chave
de forma passiva as atividades do computador. Por si só, o ataque secreta, que pode ser um número, uma palavra ou apenas uma
passivo não é prejudicial, mas a informação coletada durante a ses- sequência de letras aleatórias, é aplicada ao texto de uma mensa-
são pode ser extremamente prejudicial quando utilizada (adultera- gem para alterar o conteúdo de uma determinada maneira. Tanto
ção, fraude, reprodução, bloqueio). o emissor quanto o receptor da mensagem devem saber qual é a
– Ativos: neste momento, faz-se a utilização dos dados cole- chave secreta para poder ler a mensagem.
tados no ataque passivo para, por exemplo, derrubar um sistema, • Criptografia assimétrica (chave pública): tem duas chaves
infectar o sistema com malwares, realizar novos ataques a partir da relacionadas. Uma chave pública é disponibilizada para qualquer
máquina-alvo ou até mesmo destruir o equipamento (Ex.: intercep- pessoa que queira enviar uma mensagem. Uma segunda chave pri-
tação, monitoramento, análise de pacotes). vada é mantida em segredo, para que somente você saiba.
Política de Segurança da Informação Qualquer mensagem que foi usada a chave púbica só poderá
Este documento irá auxiliar no gerenciamento da segurança ser descriptografada pela chave privada.
da organização através de regras de alto nível que representam os Se a mensagem foi criptografada com a chave privada, ela só
princípios básicos que a entidade resolveu adotar de acordo com poderá ser descriptografada pela chave pública correspondente.
a visão estratégica da mesma, assim como normas (no nível táti- A criptografia assimétrica é mais lenta o processamento para
co) e procedimentos (nível operacional). Seu objetivo será manter criptografar e descriptografar o conteúdo da mensagem.
a segurança da informação. Todos os detalhes definidos nelas serão Um exemplo de criptografia assimétrica é a assinatura digital.
para informar sobre o que pode e o que é proibido, incluindo: • Assinatura Digital: é muito usado com chaves públicas e per-
• Política de senhas: define as regras sobre o uso de senhas nos mitem ao destinatário verificar a autenticidade e a integridade da
recursos computacionais, como tamanho mínimo e máximo, regra informação recebida. Além disso, uma assinatura digital não permi-
de formação e periodicidade de troca. te o repúdio, isto é, o emitente não pode alegar que não realizou a
• Política de backup: define as regras sobre a realização de có- ação. A chave é integrada ao documento, com isso se houver algu-
pias de segurança, como tipo de mídia utilizada, período de reten- ma alteração de informação invalida o documento.
ção e frequência de execução. • Sistemas biométricos: utilizam características físicas da pes-
• Política de privacidade: define como são tratadas as infor- soa como os olhos, retina, dedos, digitais, palma da mão ou voz.
mações pessoais, sejam elas de clientes, usuários ou funcionários.
• Política de confidencialidade: define como são tratadas as Firewall
informações institucionais, ou seja, se elas podem ser repassadas Firewall ou “parede de fogo” é uma solução de segurança ba-
a terceiros. seada em hardware ou software (mais comum) que, a partir de um
conjunto de regras ou instruções, analisa o tráfego de rede para
Mecanismos de segurança determinar quais operações de transmissão ou recepção de dados
Um mecanismo de segurança da informação é uma ação, técni- podem ser executadas. O firewall se enquadra em uma espécie de
ca, método ou ferramenta estabelecida com o objetivo de preservar
o conteúdo sigiloso e crítico para uma empresa.
3 https://www.diegomacedo.com.br/modelos-e-mecanismos-de-segu- 4 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-prote-
ranca-da-informacao/ cao-e-seguranca-da-informacao-parte-2/
89
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
barreira de defesa. A sua missão, por assim dizer, consiste basica- – Pela autoexecução de mídias removíveis infectadas, como
mente em bloquear tráfego de dados indesejado e liberar acessos pen-drives;
bem-vindos. – Pelo acesso a páginas Web maliciosas, utilizando navegado-
res vulneráveis;
– Pela ação direta de atacantes que, após invadirem o compu-
tador, incluem arquivos contendo códigos maliciosos;
– Pela execução de arquivos previamente infectados, obtidos
em anexos de mensagens eletrônicas, via mídias removíveis, em
páginas Web ou diretamente de outros computadores (através do
compartilhamento de recursos).
Representação de um firewall. Uma vez instalados, os códigos maliciosos passam a ter acesso
Fonte: https://helpdigitalti.com. aos dados armazenados no computador e podem executar ações
br/o-que-e-firewall-conceito-tipos-e-arquiteturas/#:~:text=Fi- em nome dos usuários, de acordo com as permissões de cada usu-
rewall%20%C3%A9%20uma%20solu%C3%A7%C3%A3o%20 ário.
de,de%20dados%20podem%20ser%20executadas. Os principais motivos que levam um atacante a desenvolver
e a propagar códigos maliciosos são a obtenção de vantagens fi-
Formas de segurança e proteção nanceiras, a coleta de informações confidenciais, o desejo de au-
– Controles de acesso através de senhas para quem acessa, topromoção e o vandalismo. Além disto, os códigos maliciosos são
com autenticação, ou seja, é a comprovação de que uma pessoa muitas vezes usados como intermediários e possibilitam a prática
que está acessando o sistema é quem ela diz ser5. de golpes, a realização de ataques e a disseminação de spam (mais
– Se for empresa e os dados a serem protegidos são extrema- detalhes nos Capítulos Golpes na Internet, Ataques na Internet e
mente importantes, pode-se colocar uma identificação biométrica Spam, respectivamente).
como os olhos ou digital. A seguir, serão apresentados os principais tipos de códigos ma-
– Evitar colocar senhas com dados conhecidos como data de liciosos existentes.
nascimento ou placa do seu carro.
– As senhas ideais devem conter letras minúsculas e maiúscu- Vírus
las, números e caracteres especiais como @ # $ % & *. Vírus é um programa ou parte de um programa de computador,
– Instalação de antivírus com atualizações constantes. normalmente malicioso, que se propaga inserindo cópias de si mes-
– Todos os softwares do computador devem sempre estar atua- mo e se tornando parte de outros programas e arquivos.
lizados, principalmente os softwares de segurança e sistema opera- Para que possa se tornar ativo e dar continuidade ao processo
cional. No Windows, a opção recomendada é instalar atualizações de infecção, o vírus depende da execução do programa ou arquivo
automaticamente. hospedeiro, ou seja, para que o seu computador seja infectado é
– Dentre as opções disponíveis de configuração qual opção é a preciso que um programa já infectado seja executado.
recomendada. O principal meio de propagação de vírus costumava ser os
– Sempre estar com o firewall ativo. disquetes. Com o tempo, porém, estas mídias caíram em desuso e
– Anti-spam instalados. começaram a surgir novas maneiras, como o envio de e-mail. Atu-
– Manter um backup para caso de pane ou ataque. almente, as mídias removíveis tornaram-se novamente o principal
– Evite sites duvidosos. meio de propagação, não mais por disquetes, mas, principalmente,
– Não abrir e-mails de desconhecidos e principalmente se tiver pelo uso de pen-drives.
anexos (link). Há diferentes tipos de vírus. Alguns procuram permanecer ocul-
– Evite ofertas tentadoras por e-mail ou em publicidades. tos, infectando arquivos do disco e executando uma série de ativi-
– Tenha cuidado quando solicitado dados pessoais. Caso seja dades sem o conhecimento do usuário. Há outros que permanecem
necessário, fornecer somente em sites seguros. inativos durante certos períodos, entrando em atividade apenas em
– Cuidado com informações em redes sociais. datas específicas. Alguns dos tipos de vírus mais comuns são:
– Instalar um anti-spyware. – Vírus propagado por e-mail: recebido como um arquivo ane-
– Para se manter bem protegido, além dos procedimentos an- xo a um e-mail cujo conteúdo tenta induzir o usuário a clicar sobre
teriores, deve-se ter um antivírus instalado e sempre atualizado. este arquivo, fazendo com que seja executado.
– Vírus de script: escrito em linguagem de script, como VBS-
Códigos maliciosos (Malware) cript e JavaScript, e recebido ao acessar uma página Web ou por
Códigos maliciosos (malware) são programas especificamente e-mail, como um arquivo anexo ou como parte do próprio e-mail
desenvolvidos para executar ações danosas e atividades maliciosas escrito em formato HTML.
em um computador6. Algumas das diversas formas como os códigos – Vírus de macro: tipo específico de vírus de script, escrito em
maliciosos podem infectar ou comprometer um computador são: linguagem de macro, que tenta infectar arquivos manipulados por
– Pela exploração de vulnerabilidades existentes nos progra- aplicativos que utilizam esta linguagem como, por exemplo, os que
mas instalados; compõe o Microsoft Office (Excel, Word e PowerPoint, entre outros).
– Vírus de telefone celular: vírus que se propaga de celular para
5 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-prote- celular por meio da tecnologia bluetooth ou de mensagens MMS
cao-e-seguranca-da-informacao-parte-3/ (Multimedia Message Service). A infecção ocorre quando um usu-
6 https://cartilha.cert.br/malware/ ário permite o recebimento de um arquivo infectado e o executa.
90
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
91
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Dados semiestruturados
Apresentam uma representação heterogênea, ou seja, pos-
suem estrutura, mas ela é flexível. Facilita o controle por ter um
pouco de estrutura, mas também permite uma maior flexibilidade.
93
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
tificada pelo seu CPF (cliente). Em um sistema escolar a pessoa é A tabela CLIENTES está relacionada com a tabela Telefones. O
identificada pelo seu número de matrícula (aluno). Em um sistema cliente Regilan Meira Silva possui dois telefones: um celular e um
médico a pessoa (paciente) é identificada pelo número do plano de residencial. A cliente Aline Araujo Freitas possui um telefone celu-
saúde ou cartão SUS. lar, Maria Aparecida Gomes da Costa possui um celular e Joaquim
Um banco de dados informatizado é usualmente mantido e José Pereira da Silva não possui telefone. Tal constatação é verifi-
acessado por meio de um software conhecido como Sistema Ge- cada após comparar a coluna CÓDIGO da tabela CLIENTES com a
renciador de Banco de Dados (SGBD), que é muitas vezes o termo coluna CÓDIGO da tabela TELEFONES. A coluna CÓDIGO é utilizada
banco de dados é usado como sinônimo de SGDB. para fazer o relacionamento entre as tabelas.
Um SGBD é uma coleção de programas que permitem ao usu- O modelo de dados mais adotado hoje em dia para representar
ário definir, construir e manipular Bases de Dados para as mais di- e armazenar dados em um SGBD é o modelo relacional, onde as
versas finalidades. estruturas têm a forma de tabelas, compostas por linhas e colunas.
O Modelo Conceitual
Antes da implementação em um SGBD, precisamos de uma
descrição formal da estrutura de um banco de dados, de forma
independente do SGBD. Essa descrição formal é chamada modelo
conceitual. Podemos comparar o modelo conceitual com o pseudo-
código/português estruturado em algoritmos, na qual construímos
os algoritmos independentes de que linguagem de programação
iremos desenvolver nossos programas.
O modelo conceitual é a análise dos elementos e fenômenos
relevantes de uma realidade observada ou imaginada e a posterior
formação de um modelo abstrato do corpo de conhecimento ad-
quirido: o Modelo Entidade-Relacionamento ou MER12. É frequen-
temente documentado de forma visual em um diagrama, quando
Exemplos de SGBDs. passa a ser conhecido como Diagrama Entidade-Relacionamento ou
DER.
Modelagem de dados
A modelagem de dados é a criação de uma estrutura de dados
eletrônica (banco de dados) que representa um conjunto de infor-
mações. Esta estrutura permite ao usuário recuperar dados de for-
ma rápida e eficiente. O objetivo é incluir dados em uma estrutura
que possibilite transformar os dados originais em vários tipos de
saídas como formulários, relatórios, etiquetas ou gráficos.
Entretanto, para que possamos implementar, de forma corre-
ta, um BD utilizando algum SGBD, temos que passar por uma fase
intermediária, chamada modelagem de dados. Observe o exemplo:
CLIENTES DATA DE
CÓDIGO NOME NASCIMENTO
TELEFONES
Representação do MER como um Diagrama Entidade-Relacionamento.
CÓDIGO NUMERO TIPO
1 (73)9158-9683 Celular Modelo Entidade-Relacionamento (MER)
O MER (Modelo-Entidade-Relacionamento) é um modelo de
2 (71)3458-5112 Residencial dados conceitual de alto nível, ou seja, seus conceitos foram pro-
3 (73)8874-9681 Celular jetados para serem compreensíveis aos usuários, descartando de-
4 (77)8841-2563 Celular talhes de como os dados são armazenados. Este modelo foi desen-
volvido a fim de facilitar o projeto de banco de dados permitindo
a especificação de um esquema que representa a estrutura lógica
global do Banco de Dados.
12 https://medium.com/@felipeozalmeida/guia-da-modelagem-de-
-dados-introdu%C3%A7%C3%A3o-modelo-conceitual-238c1f8be48
94
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Certos conceitos são utilizados na modelagem conceitual para descrever os papéis de cada componente do domínio analisado. Dentre
eles, podemos citar:
• Instância: denomina uma ocorrência, um registro que existe ou passou a existir de uma entidade;
• Entidade: define qualquer coisa que seja identificável, singular e tenha existência bem delimitada, podendo ser classificada entre
“fraca” e “forte” de acordo com sua cardinalidade e representada por um retângulo no DER;
Entidade pode ser entendida como uma “coisa” ou algo da realidade modelada onde deseja-se manter informações no banco de
dados (BD).
Por exemplo, em um sistema escolar, algumas entidades podem ser os alunos, professores, horário, disciplinas e avaliações. Note que
uma entidade pode representar tanto objetos concretos (alunos), quanto objetos abstratos (horário). A entidade é representada por um
retângulo. Uma entidade se transformará em uma tabela no modelo físico de banco de dados.
A entidade ALUNO representa todos os estudantes sobre as quais se deseja manter informações no BD. Relacionamento é um conjun-
to de associações entre entidades. O relacionamento é representado por um LOSANGO e o nome do relacionamento (POSSUI,ESTUDA).
Esse losango é ligado por linhas aos retângulos que representam as entidades participantes do relacionamento.
• Atributo: é usado para referir-se à cada característica possuída pelas instâncias de uma entidade ou de um relacionamento e sua
representação no DER se dá em forma de balões — embora seja desencorajada por poluí-lo facilmente;
• Relacionamento: descreve um evento significativo que ocorre entre instâncias de duas entidades e é representado por um losango,
sendo considerado e representado a partir da modelagem lógica como uma entidade no DER quando tem cardinalidade N:N (surpresa!);
• Cardinalidade: conceito usado para dizer quantas vezes uma instância de uma entidade pode se relacionar com instâncias de outra
entidade, também referenciado como “grau de relacionamento”.
A cardinalidade é um número que expressa o comportamento (número de ocorrências) de determinada entidade associada a uma
ocorrência da entidade em questão através do relacionamento.
Existem dois tipos de cardinalidade: mínima e máxima. A cardinalidade máxima, expressa o número máximo de ocorrências de deter-
minada entidade, associada a uma ocorrência da entidade em questão, através do relacionamento. A cardinalidade mínima, expressa o
número mínimo de ocorrências de determinada entidade associada a uma ocorrência da entidade em questão através do relacionamento.
95
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para fazermos a leitura do modelo, partimos de determinada entidade e a cardinalidade correspondente a essa entidade é represen-
tada no lado oposto. Em nosso exemplo, a cardinalidade (0:N) faz referência a TITULAR, já a cardinalidade (1:1), faz referência a DEPEN-
DENTE. Isso significa que:
- Uma ocorrência de empregado pode não estar associada a uma ocorrência de dependente ou pode estar associada a várias ocorrên-
cias dele (determinado empregado pode não possuir dependentes ou pode possuir vários);
- Uma ocorrência de dependente está associada a apenas uma ocorrência de empregado (determinado dependente possui apenas
um empregado responsável).
Observação: na prática, para as cardinalidades máximas, costumamos distinguir dois tipos: 1 (um) e N (cardinalidades maiores que 1).
Já para a as cardinalidades mínimas, costumamos distinguir dois tipos: 0 (zero) e 1 (um).
• Condicionalidade: responsável por comunicar se a existência de uma instância de uma entidade está condicionada à existência de
uma instância de outra entidade, não sendo muito representada no DER.
O Modelo Relacional
Um Banco de Dados (BD) é uma coleção organizada de dados13. Esses dados são organizados de modo a modelar aspectos do mundo
real, para que seja possível efetuar processamento que gere informações relevantes para os usuários a partir desses dados.
Existem vários modelos de bancos de dados, desenvolvidos ao longo do tempo, e o mais utilizado atualmente é o Modelo Relacional.
No modelo relacional, os dados são organizados em coleções de tabelas bidimensionais. Essas tabelas são também chamadas de
“Relações”.
Desta forma, uma Relação é uma forma de se organizar os dados em linhas e colunas.
O modelo relacional é baseado em lógica e na teoria de conjuntos da matemática.
Como exemplo, podemos querer armazenar dados sobre os clientes de uma loja. Para isso, criamos tabelas para guardar diferentes
conjuntos de dados relacionados a esses clientes, como dados pessoais, dados de compras, crédito e outras. Cada uma dessas tabelas é
uma relação do banco.
Obs.: não confunda o termo Relação com Relacionamento, que também faz parte do modelo relacional, porém são conceitos distintos.
13 http://www.bosontreinamentos.com.br/bancos-de-dados/o-que-e-um-banco-de-dados-relacional/
96
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Coluna ou Campo: unidade que armazena um tipo específico de dado (valor) – ou não armazena nada, com valor nulo. Esta é uma
coluna não-chave, significando que seu valor pode se repetir em outras linhas da tabela.
Relacionamento: associação entre as entidades (tabelas), conectadas por chaves primárias e chaves estrangeiras.
Chave Primária (Primary Key/PK): coluna (atributo) que identifica um registro de forma exclusiva na tabela. Por exemplo, o CPF de um
cliente, contendo um valor que não se repete na relação.
Chave Estrangeira (Foreign Key/FK): coluna que define como as tabelas se relacionam umas com as outras. Uma FK se refere a uma
PK ou a uma chave única em outra tabela (ou na mesma tabela!). Por exemplo, na tabela de pedidos podemos ter uma chave estrangeira
efetuando o relacionamento com a chave primária na tabela de clientes.
Restrições (Constraints): propriedades específicas de determinadas colunas de uma relação, como por exemplo se a coluna pode
aceitar valores nulos ou não.
Outros: índices, Stored Procedures, Triggers, etc.
• Chaves
São regras que definem comportamentos específicos sobre uma tabela14. Estas, são a base para estabelecer relacionamentos. Em uma
base de dados relacional podemos considerar três tipos de chaves: chave primária, chave estrangeira e chave alternativa.
Para explicar os conceitos referente aos tipos de chaves existentes, será utilizado o modelo que segue na figura abaixo.
97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Na figura anterior a coluna ID_CLIENTE contém a regra de cha- Na figura acima, na tabela ALUGUEL, vemos a coluna ID_DVD
ve primária de forma que estes valores identificaram cada um dos que possui uma regra de chave estrangeira, referenciando os valo-
clientes cadastrados. Esta é a única coluna que possui informações res de chave primária da tabela DVD. Ou seja, só conseguiremos in-
que podem distinguir uma linha das demais, pois elas não se repe- serir algum valor na coluna ID_DVD da tabela ALUGUEL se este valor
tem. As colunas NOME, DATA_NASC e SEXO podem possuir infor- já previamente existir na coluna ID_DVD da tabela DVD. Na coluna
mações repetidas de forma que não são bons identificadores. Como ID_CLIENTE da tabela ALUGUEL temos outra regra de chave estran-
foi dito, em algumas tabelas podemos ter mais de uma coluna rece- geira, só que esta está referenciando a chave primária da tabela
bendo a regra de chave primária. CLIENTE. Desta forma, com a implementação da chave estrangeira,
podemos garantir que sempre que houver um aluguel, este será fei-
to obrigatoriamente para um cliente cadastrado e que somente um
DVD cadastrado poderá ser alugado.
98
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– DQL - Linguagem de Consulta de Dados: define o comando utilizado para que possamos consultar (SELECT) os dados armazenados
no banco;
– DML - Linguagem de Manipulação de Dados: define os comandos utilizados para manipulação de dados no banco (INSERT, UPDATE
e DELETE);
– DDL - Linguagem de Definição de Dados: define os comandos utilizados para criação (CREATE) de tabelas, views, índices, atualização
dessas estruturas (ALTER), assim como a remoção (DROP);
– DCL - Linguagem de Controle de Dados: define os comandos utilizados para controlar o acesso aos dados do banco, adicionando
(GRANT) e removendo (REVOKE) permissões de acesso;
– DTL - Linguagem de Transação de Dados: define os comandos utilizados para gerenciar as transações executadas no banco de dados,
como iniciar (BEGIN) uma transação, confirmá-la (COMMIT) ou desfazê-la (ROLLBACK).
A Ciência de Dados é uma área interdisciplinar que combina conhecimentos de estatística, matemática, programação, e domínio de
negócios para extrair insights valiosos e tomar decisões baseadas em dados.
No âmbito de conhecimentos e comportamentos digitais, a Ciência de Dados desempenha um papel fundamental na coleta, análise e
interpretação de dados digitais para impulsionar o desempenho, a inovação e o sucesso das organizações.
Aqui estão alguns aspectos importantes da Ciência de Dados no contexto digital:
— Aspectos importantes
Coleta de Dados: envolve a coleta de dados de diversas fontes digitais, como redes sociais, sites, dispositivos móveis, sensores IoT
(Internet das Coisas), bancos de dados, entre outros. Esses dados podem ser estruturados (por exemplo, tabelas de banco de dados) ou
não estruturados (texto, imagens, áudio), ambos essenciais para análise e tomada de decisões.
Análise de Dados: após a coleta, os dados passam por processos de limpeza, transformação e análise. Técnicas estatísticas, machine
learning e análise de big data são aplicadas para descobrir padrões, tendências e relações nos dados, gerando insights valiosos para a
organização.
Modelagem Preditiva: permite a construção de modelos preditivos que podem prever comportamentos futuros com base em dados
históricos. Esses modelos são amplamente utilizados em várias áreas, como marketing digital (para analisar o comportamento do cliente),
saúde (para prever diagnósticos ou riscos de doenças), finanças (para calcular as tendências de mercado), entre outros.
16 https://www.devmedia.com.br/guia/guia-completo-de-sql/38314
99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Personalização e Recomendação: com base na análise de dados, – Atualização Automática: os dados podem ser atualizados
a Ciência de Dados permite a personalização de produtos, serviços automaticamente em intervalos definidos pelo usuário, garantindo
e experiências digitais para atender às necessidades específicas dos que as informações estejam sempre atualizadas.
usuários. Algoritmos de recomendação são amplamente utilizados – Segurança: inclui recursos de segurança robustos para
em plataformas digitais, como Netflix, Amazon e Spotify, para garantir que apenas usuários autorizados possam acessar certos
sugerir conteúdo relevante com base no histórico de interações do dados ou relatórios.
usuário. – Inteligência Artificial: integra recursos de AI, como a
Otimização de Processos: ajuda as organizações a identificar capacidade de fazer perguntas em linguagem natural sobre os
oportunidades de otimização e eficiência em seus processos digitais. dados e obter insights automáticos.
Isso pode incluir a automação de tarefas repetitivas, a identificação
de gargalos em fluxos de trabalho digitais e a implementação de — Exemplos de relatórios com power bi
melhorias contínuas com base em dados. – Análise de Vendas: Empresas podem usar o Power BI para
Segurança e Privacidade de Dados: com o aumento da acompanhar as vendas em tempo real, analisar o desempenho de
quantidade de dados digitais, a segurança e a privacidade dos produtos e identificar tendências de mercado.
dados tornam-se preocupações importantes. – Gestão de Operações: Monitorar a eficiência operacional,
identificar gargalos e otimizar processos.
A Ciência de Dados desempenha um papel crucial na detecção – Recursos Humanos: Analisar métricas de desempenho dos
e prevenção de ameaças cibernéticas, bem como na implementação funcionários, taxas de rotatividade e satisfação dos colaboradores.
de medidas de proteção de dados para garantir a conformidade – Marketing: Medir a eficácia de campanhas de marketing,
com regulamentações de privacidade, como o GDPR (Regulamento segmentar o público e otimizar o orçamento.
Geral de Proteção de Dados).
Em resumo, a Ciência de Dados é uma disciplina essencial no — Exemplos de kpis que podem ser monitorados com o
âmbito de conhecimentos e comportamentos digitais, capacitando power bi
as organizações a extrair valor significativo de seus dados digitais – Receita Total: Medir a receita total gerada em um período
para impulsionar a inovação, a eficiência e o sucesso nos negócios. específico.
– Crescimento de Vendas: Analisar o crescimento das vendas
ao longo do tempo.
FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO WORKSPACE (POWER – Desempenho dos Produtos: Avaliar o desempenho individual
BI, OFFICE, LIBREOFFICE, GOOGLE WORKSPACE) de cada produto ou serviço.
– Satisfação do Cliente: Monitorar o Net Promoter Score (NPS)
O Power BI é uma ferramenta de Business Intelligence (BI) da ou outras métricas de satisfação do cliente.
Microsoft que permite transformar dados brutos em informações – Eficiência Operacional: Medir a eficiência dos processos
úteis através de visualizações interativas e relatórios detalhados. internos, como tempo de produção ou entrega.
Ele é amplamente utilizado para análise de dados e criação de
dashboards dinâmicos, ajudando as organizações a tomar decisões Além dos recursos básicos, o Power BI oferece uma gama
informadas com base em dados. de funcionalidades avançadas que permitem análises de dados
mais complexas e detalhadas. Os usuários podem criar medidas e
— Principais características colunas calculadas utilizando DAX (Data Analysis Expressions), uma
– Coleta de Dados: o Power BI pode se conectar a uma ampla linguagem poderosa de fórmulas. Outra funcionalidade importante
variedade de fontes de dados, incluindo bancos de dados SQL, é a possibilidade de criar visualizações personalizadas e interativas,
Excel, SharePoint, serviços da web, e muitos outros. que podem ser adaptadas às necessidades específicas de cada
– Modelagem de Dados: permite a limpeza, transformação e negócio.
modelagem de dados através do Power Query. Os usuários podem O Power BI também se integra facilmente com outras
criar relações entre diferentes fontes de dados e escrever fórmulas ferramentas e serviços da Microsoft, como Azure e Office 365, além
complexas usando a linguagem DAX (Data Analysis Expressions). de suportar integrações com ferramentas de terceiros.
– Visualizações Interativas: oferece uma vasta gama de No ambiente de negócios atual, a habilidade de transformar
visualizações, incluindo gráficos de barras, gráficos de linha, mapas, dados em insights acionáveis é fundamental. O Power BI facilita
tabelas, e muito mais. Os usuários podem personalizar essas este processo ao fornecer uma plataforma única para a análise
visualizações para atender às suas necessidades específicas. de dados, desde a coleta e preparação dos dados até a criação
– Dashboards e Relatórios: os dashboards são coleções de de visualizações e dashboards. Ademais, com a capacidade de se
visualizações que fornecem uma visão geral de métricas chave. conectar a múltiplas fontes de dados, os usuários podem consolidar
Relatórios são mais detalhados e podem incluir várias páginas de informações de diversas áreas da empresa, permitindo uma visão
visualizações e análises. holística do desempenho organizacional.
– Colaboração e Compartilhamento: os dashboards e relatórios Para começar a utilizar o Power BI, os usuários podem fazer o
podem ser compartilhados com outros membros da equipe ou download da versão desktop, que oferece todas as funcionalidades
publicados na web. O Power BI também suporta a colaboração em necessárias para a criação de relatórios e dashboards. Após a
tempo real. criação, esses relatórios podem ser publicados no serviço Power
BI, onde podem ser compartilhados com outros membros da
organização e acessados de qualquer lugar.
100
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
101
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Exemplos de Integrações Unix. Ao longo dos anos, passou por várias modificações em seu
– Excel: Importação de planilhas e criação de relatórios a partir projeto, mudando até mesmo de nome, mas mantendo os mesmos
de dados do Excel. aplicativos.
– SharePoint: Conexão com listas e bibliotecas de documentos.
– Azure: Utilização de serviços de dados na nuvem da Microsoft. Aplicativos do LibreOffice
– Power Automate: Automação de fluxos de trabalho com base Writer: editor de textos.
em eventos no Power BI. Exatensão: .odt
Calc: planilhas eletrônicas.
— Melhores práticas Extensão: .ods
Para garantir a eficiência e eficácia de suas análises no Power Impress: apresentação de slides.
BI, é importante seguir algumas melhores práticas: Extensão: .odp
Draw: edição gráfica de imagens e figuras.
– Modelagem de Dados Extensão: .odg
– Crie um modelo de dados limpo e organizado. Base: Banco de dados.
– Use relações adequadas entre tabelas. Extensão: .odb
Math: fórmulas matemáticas.
– Desempenho Extensão: .odf
– Otimize consultas para melhorar o desempenho.
– Reduza a quantidade de dados importados para o necessário. ODF (Open Document Format)
Os arquivos do LibreOffice são arquivos de formato aberto e,
– Visualizações por isso, pertencem à família de documentos abertos ODF, ou seja,
– Use visualizações apropriadas para cada tipo de dado. ODF não é uma extensão, mas sim, uma família de documentos es-
– Evite sobrecarregar relatórios com muitas visualizações. truturada internamente pela linguagem XML.
17 https://www.edivaldobrito.com.br/libreoffice-6-0/
18 FRANCESCHINI, M. LibreOffice – Parte I.
102
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
19
– Barra de Títulos: exibe o nome do documento. Se o usuário não fornecer nome algum, o Writer sugere o nome Sem título 1.
– Barra de Menu: dá acesso a todas as funcionalidades do Writer, categorizando por temas de funcionalidades.
– Barra de ferramentas padrão: está presente em todos os aplicativos do LibreOffice e é igual para todos eles, por isso tem esse nome
“padrão”.
– Barra de ferramentas de formatação: essa barra apresenta as principais funcionalidades de formatação de fonte e parágrafo.
– Barra de Status: oferece informações sobre o documento e atalhos convenientes para rapidamente alterar alguns recursos.
Principais Menus
Os menus organizam o acesso às funcionalidades do aplicativo. Eles são praticamente os mesmos em todos os aplicativos, mas suas
funcionalidades variam de um para outro.
Arquivo
Esse menu trabalha com as funcionalidades de arquivo, tais como:
– Novo: essa funcionalidade cria um novo arquivo do Writer ou de qualquer outro dos aplicativos do LibreOffice;
– Abrir: abre um arquivo do disco local ou removível ou da rede local existente do Writer;
– Abrir Arquivo Remoto: abre um arquivo existente da nuvem, sincronizando todas as alterações remotamente;
– Salvar: salva as alterações do arquivo local desde o último salvamento;
– Salvar Arquivo Remoto: sincroniza as últimas alterações não salvas no arquivo lá na nuvem;
– Salvar como: cria uma cópia do arquivo atual com as alterações realizadas desde o último salvamento;
19 https://bit.ly/3jRIUme
20 http://coral.ufsm.br/unitilince/images/Tutoriais/manual_libreoffice.pdf
103
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
(F5);
Inserir
Salvando um arquivo no formato Microsoft Word. Nesse menu, é possível inserir inúmeros objetos ao texto, tais
como:
– Exportar como PDF: exporta o arquivo atual no formato PDF. – Quebra de página: insere uma quebra de página e o cursor é
Permite definir restrições de edição, inclusive com senha; posicionado no início da próxima página a partir daquele ponto em
– Enviar: permite enviar o arquivo atual por e-mail no formato. que a quebra foi inserida;
odt,.docx,.pdf. Também permite compartilhar o arquivo por blue- – Quebra manual: permite inserir uma quebra de linha, de co-
tooth; luna e de página;
– Imprimir: permite imprimir o documento em uma impresso- – Figura: insere uma imagem de um arquivo;
ra local ou da rede; – Multimídia: insere uma imagem da galeria LibreOffice, uma
– Assinaturas digitais: assina digitalmente o documento, ga- imagem digitalizada de um scanner ou vídeo;
rantindo sua integridade e autenticidade. Qualquer alteração no – Gráfico: cria um gráfico do Calc, com planilha de dados em-
documento assinado viola a assinatura, sendo necessário assinar butida no Writer;
novamente. – Objeto: insere vários tipos de arquivos, como do Impress e do
Calc dentre outros;
Editar – Forma: cria uma forma geométrica, tipo círculo, retângulo,
Esse menu possui funcionalidades de edição de conteúdo, tais losango etc.;
como: – Caixa de Texto: insere uma caixa de texto ao documento;
– Desfazer: desfaz a(s) última(s) ação(ões); – Anotação: insere comentários em balões laterais;
– Refazer: refaz a última ação desfeita; – Hiperlink: insere hiperlink ou link para um endereço da in-
– Repetir: repete a última ação; ternet ou um servidor FTP, para um endereço de e-mail, para um
– Copiar: copia o item selecionado para a área de transferência; documento existente ou para um novo documento (CTRL+K);
– Recortar: recorta ou move o item selecionado para a área de – Indicador: insere um marcador ao documento para rápida
transferência; localização posteriormente;
– Colar: cola o item da área de transferência; – Seção: insere uma quebra de seção, dividindo o documento
– Colar Especial: cola o item da área de transferência permitin- em partes separadas com formatações independentes;
do escolher o formado de destino do conteúdo colado; – Referências: insere referência a indicadores, capítulos, títu-
– Selecionar Tudo: seleciona todo o documento; los, parágrafos numerados do documento atual;
– Localizar: localiza um termo no documento; – Caractere Especial: insere aqueles caracteres que você não
– Localizar e Substituir: localiza e substitui um termo do docu- encontra no teclado do computador, tais como ©, ≥, ∞;
mento por outro fornecido; – Número de Página: insere numeração nas páginas na posição
– Ir para a página: permite navegar para uma página do docu- atual do cursor;
mento. – Campo: insere campos de numeração de página, data, hora,
título, autor, assunto;
– Cabeçalho e Rodapé: insere cabeçalho e rodapé ao docu-
mento;
104
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Formatar
Esse menu trabalha com a formatação de fonte, parágrafo, página, formas e figuras;
– Texto: formata a fonte do texto;
Pode-se aplicar vários formatos de caracteres usando os botões da barra de ferramentas Formatação.
– Espaçamento: formata o espaçamento entre as linhas, entre os parágrafos e também o recuo do parágrafo. A
– Alinhar: alinha o parágrafo uniformemente em relação às margens.
Pode-se aplicar vários formatos para parágrafos usando os botões na barra de ferramentas Formatação.
– Limpar Formatação Direta: limpa a formatação do texto selecionado, deixando a formatação original do modelo do documento;
Nessa janela, é possível formatar o tipo de fonte, o estilo de formatação (negrito, itálico, regular), o efeito de formatação (tachado, su-
blinhado, sombra etc.), a posição do texto (sobrescrito, subscrito, rotação, espaçamento entre as letras do texto), inserir hiperlink, aplicar
realce (cor de fundo do texto) e bordas;
105
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Estilos: esse menu trabalha com estilos do texto. Estilos são CTRL+F: localizar texto (find).
o conjunto de formatação de fonte, parágrafo, bordas, alinhamen- CTRL+G: sem ação.
to, numeração e marcadores aplicados em conjunto. Existem esti- CTRL+H: localizar e substituir.
los predefinidos, mas é possível também criar estilos e nomeá-los. CTRL+I: itálico.
Também é possível editar os estilos existentes. Os estilos são usados CTRL+J: justificar.
na criação dos sumários automáticos. CTRL+K: adicionar hiperlink.
CTRL+L: alinhar à esquerda (left).
Tabelas CTRL+M: limpar formatação.
Esse menu trabalha com tabelas. As tabelas são inseridas por CTRL+N: novo documento (new).
aqui, no menu Tabelas. As seguintes funcionalidades são encontra- CTRL+ O: abrir documento existente (open).
das nesse menu: CTRL+P: imprimir (print).
– Inserir Tabela: insere uma tabela ao texto; CTRL+Q: fechar o aplicativo Writer.
– Inserir: insere linha, coluna e célula à tabela existente; CTRL+R: alinhar à direita (right).
– Excluir: exclui linha, coluna e tabela; CTRL+S: salvar o documento (save).
– Selecionar: seleciona célula, linha, coluna e tabela; CTRL+T: sem ação.
– Mesclar: mescla as células adjacentes de uma tabela, trans- CTRL+U: sublinhar.
formando-as em uma única tabela. Atenção! O conteúdo de todas CTRL+V: colar.
as células é preservado; CTRL+X: recortar.
– Converter: converte texto em tabela ou tabela em texto; CTRL+W: fechar o arquivo.
– Fórmulas: insere fórmulas matemáticas na célula da tabela, CTRL+Y: refazer última ação.
tais como soma, multiplicação, média, contagem etc. CTRL+Z: desfazer última ação.
106
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Janela principal
Quando o Calc é aberto, a janela principal abre. As partes dessa janela estão descritas a seguir.
Assistente de Função: auxilia o usuário na criação de uma função. Organiza as funções por categoria.
Formatação de porcentagem: multiplica o número por 100 e coloca o sinal de porcentagem ao final dele.
Ordena as linhas em ordem crescente ou decrescente. Pode ser aplicada em várias colunas.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Mesclar e centralizar células: transforma duas ou mais células adjacentes em uma única célula.
Congelar linhas e colunas: fixa a exibição da primeira linha ou da primeira coluna ou ainda permite congelar as linhas acima e
as colunas à esquerda da célula selecionada. Não é proteção de células, pois o conteúdo das mesmas ainda pode ser alterado.
Barra de título
A barra de título, localizada no alto da tela, mostra o nome da planilha atual. Quando a planilha for recém-criada, seu nome é Sem
título X, onde X é um número. Quando a planilha é salva pela primeira vez, você é solicitado a dar um nome de sua escolha.
Barra de Menu
A Barra de menu é onde você seleciona um dos menus e aparecem vários submenus com mais opções.
– Arquivo: contém os comandos que se aplicam a todo o documento, como Abrir, Salvar, Assistentes, Exportar como PDF, Imprimir,
Assinaturas Digitais e assim por diante.
– Editar: contém os comandos para a edição do documento, tais como Desfazer, Copiar, Registrar alterações, Preencher, Plug-in e
assim por diante.
– Exibir: contém comandos para modificar a aparência da interface do usuário no Calc, por exemplo Barra de ferramentas, Cabeçalhos
de linhas e colunas, Tela Inteira, Zoom e assim por diante.
– Inserir: contém comandos para inserção de elementos em uma planilha; por exemplo, Células, Linhas, Colunas, Planilha, Figuras e
assim por diante.
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Clique com o botão direito do mouse no espaço vazio no final das abas das planilhas e selecione Inserir planilha no menu de con-
texto.
– Formatar: contém comandos para modificar o leiaute de uma planilha; por exemplo,
Células, Página, Estilos e formatação, Alinhamento e assim por diante.
– Ferramentas: contém várias funções que auxiliam a verificar e personalizar a planilha, por exemplo, Ortografia, Compartilhar docu-
mento, Macros e assim por diante.
– Dados: contém comandos para manipulação de dados em sua planilha; por exemplo, Definir intervalo, Selecionar intervalo, Classi-
ficar, Consolidar e assim por diante.
– Janela: contém comandos para exibição da janela; por exemplo, Nova janela, Dividir e assim por diante.
– Ajuda: contém links para o sistema de ajuda incluído com o software e outras funções; por exemplo, Ajuda do LibreOffice, Informa-
ções da licença, Verificar por atualizações e assim por diante.
Barra de ferramentas
A configuração padrão, ao abrir o Calc, exibe as barras de ferramentas Padrão e Formatação encaixadas no topo do espaço de trabalho.
Barras de ferramentas do Calc também podem ser encaixadas e fixadas no lugar, ou flutuante, permitindo que você mova para a po-
sição mais conveniente em seu espaço de trabalho.
Barra de fórmulas
A Barra de fórmulas está localizada no topo da planilha no Calc. A Barra de fórmulas está encaixada permanentemente nesta posição
e não pode ser usada como uma barra flutuante. Se a Barra de fórmulas não estiver visível, vá para Exibir no Menu e selecione Barra de
fórmulas.
Barra de fórmulas.
– Assistente de funções : abre uma caixa de diálogo, na qual você pode realizar uma busca através da lista de funções disponí-
veis. Isto pode ser muito útil porque também mostra como as funções são formadas.
– Soma : clicando no ícone Soma, totaliza os números nas células acima da célula e então coloca o total na célula selecionada. Se
não houver números acima da célula selecionada, a soma será feita pelos valores das células à esquerda.
– Função : clicar no ícone Função insere um sinal de (=) na célula selecionada, de maneira que seja inserida uma fórmula na Linha
de entrada.
109
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Linha de entrada: exibe o conteúdo da célula selecionada (dados, fórmula, ou função) e permite que você edite o conteúdo da célu-
la. Você pode editar o conteúdo da célula diretamente, clicando duas vezes nela. Quando você digita novos dados numa célula, os ícones
de Soma e de Função mudam para os botões Cancelar e Aceitar .
Operadores aritméticos
Operadores aritméticos.
Operadores aritméticos.
Operadores comparativos
Operadores comparativos.
• Principais fórmulas
=HOJE(): insere a data atual do sistema operacional na célula. Essa data sempre será atualizada toda vez que o arquivo for aberto.
Existe uma tecla de atalho que também insere a data atual do sistema, mas não como função, apenas a data como se fosse digitada pelo
usuário. Essa tecla de atalho é CTRL+;.
=AGORA(): insere a data e a hora atuais do sistema operacional. Veja como é seu resultado após digitada na célula.
110
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
=SE(): essa função testa valores, permitindo escolher um dentre dois valores possíveis. A sua estrutura é a seguinte:
A condição é uma expressão lógica e dá como resultado VERDADEIRO ou FALSO. O resultado1 é escolhido se a condição for verdadeira;
o resultado2 é escolhido se a condição for falsa. Os resultados podem ser: “texto” (entre aspas sempre), número, célula (não pode inter-
valo, apenas uma única célula), fórmula.
A melhor forma de ler essa função é a seguinte: substitua o primeiro “;” por “Então” e o segundo “;” por “Senão”. Fica assim: se a
condição for VERDADEIRA, ENTÃO escolha resultado1; SENÃO escolha resultado2.
=PROCV(): a função PROCV serve para procurar valores em um intervalo vertical de uma matriz e devolve para o usuário um valor de
outra coluna dessa mesma matriz, mas da mesma linha do valor encontrado.
Essa é a estrutura do PROCV, na qual “valor” é o valor usado na pesquisa; “matriz” é todo o conjunto de células envolvidas; “coluna_re-
sultado” é o número da coluna dessa matriz onde o resultado se encontra; “valor_aproximado” diz se a comparação do valor da pesquisa
será apenas aproximada ou terá que ser exatamente igual ao procurado. O valor usado na pesquisa tem que estar na primeira coluna da
matriz, sempre! Ou seja, ela procurará o valor pesquisado na primeira coluna da matriz.
Entendendo funções
Calc inclui mais de 350 funções para analisar e referenciar dados22. Muitas destas funções são para usar com números, mas muitos
outros são usados com datas e hora, ou até mesmo texto.
Uma função pode ser tão simples quanto adicionar dois números, ou encontrar a média de uma lista de números. Alternativamente,
pode ser tão complexo como o cálculo do desvio-padrão de uma amostra, ou a tangente hiperbólica de um número.
Algumas funções básicas são semelhantes aos operadores. Exemplos:
+ Este operador adiciona dois números juntos para um resultado. SOMA(), por outro lado adiciona grupos de intervalos contíguos de
números juntos.
* Este operador multiplica dois números juntos para um resultado. MULT() faz o mesmo para multiplicar que SOMA() faz para adicionar
Estrutura de funções
Todas as funções têm uma estrutura similar.
A estrutura de uma função para encontrar células que correspondam a entrada de critérios é:
=BDCONTAR(Base_de_dados;Campo_de_Base_de_dados;CritériosdeProcura)
Uma vez que uma função não pode existir por conta própria, deve sempre fazer parte de uma fórmula. Consequentemente, mesmo
que a função represente a fórmula inteira, deve haver um sinal = no começo da fórmula. Independentemente de onde na fórmula está a
função, a função começará com seu nome, como BDCONTAR no exemplo acima. Após o nome da função vem os seus argumentos. Todos
os argumentos são necessários, a menos que especificados como opcional. Argumentos são adicionados dentro de parênteses e são sepa-
rados por ponto e vírgula, sem espaço entre os argumentos e o ponto e vírgula.
LibreOffice Impress
O Impress é o aplicativo de apresentação de slides do LibreOffice. Com ele é possível criar slides que contenham vários elementos
diferentes, incluindo texto, listas com marcadores e numeração, tabelas, gráficos e uma vasta gama de objetos gráficos tais como clipart,
desenhos e fotografias23.
O Impress também é compatível com o MS PowerPoint, permitindo criar, abrir, editar e salvar arquivos no formato.PPTX.
22 Duprey, B.; Silva, R. P.; Parker, H.; Vigliazzi, D. Douglas. Guia do Calc, Capítulo 7. Usando Formulas e Funções.
23 SCHOFIELD, P.; WEBER, J. H.; RUSSMAN, H.; O’BRIEN, K.; JR, R. F. Introdução ao Impress. Apresentação no LibreOffice
111
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Área de trabalho
A Área de trabalho (normalmente no centro da janela principal) tem cinco abas: Normal, Estrutura de tópicos, Notas, Folheto e Clas-
sificador de slides. Estas cinco abas são chamadas de botões de visualização A área de trabalho abaixo da visualização de botões muda
dependendo da visualização escolhida. Os pontos de vista de espaço de trabalho são descritos em “Visualização da Área de trabalho”’.
Painel de slides
O Painel de slides contém imagens em miniaturas dos slides em sua apresentação, na ordem em que serão mostradas, a menos que
você altere a ordem de apresentação de slides. Clicando em um slide neste painel, este é selecionado e colocado na Área e trabalho. Quan-
do um slide está na Área de trabalho, você pode fazer alterações nele.
Várias operações adicionais podem ser realizadas em um ou mais slides simultaneamente no Painel de slides:
– Adicionar novos slides para a apresentação.
– Marcar um slide como oculto para que ele não seja exibido como parte da apresentação.
– Excluir um slide da apresentação se ele não for mais necessário.
– Renomear um slide.
– Duplicar um slide (copiar e colar)
Também é possível realizar as seguintes operações, embora existam métodos mais eficientes do que usar o Painel de slides:
– Alterar a transição de slides seguindo o slide selecionado ou após cada slide em um grupo de slides.
– Alterar o design de slide.
Barra lateral
O Barra lateral tem cinco seções. Para expandir uma seção que você deseja usar, clique no ícone ou clique no pequeno triângulo na
parte superior dos ícones e selecione uma seção da lista suspensa. Somente uma seção de cada vez pode ser aberta.
PROPRIEDADES
Mostra os layouts incluídos no Impress. Você pode escolher o que você quer e usá-lo como ele é, ou modificá-lo para atender às suas
necessidades. No entanto, não é possível salvar layouts personalizados.
PÁGINAS MESTRE
Aqui você define o estilo de página (slide) para sua apresentação. O Impress inclui vários modelos de páginas mestras (slide mestre). Um
deles – Padrão – é branco, e o restante tem um plano de fundo e estilo de texto.
112
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
ANIMAÇÃO PERSONALIZADA
Uma variedade de animações podem ser usadas para realçar ou melhorar diferentes elementos de cada slide. A seção Animação perso-
nalizada fornece uma maneira fácil para adicionar, alterar, ou remover animações.
TRANSIÇÃO DE SLIDES
Fornece acesso a um número de opções de transição de slides. O padrão é definido como Sem transição, em que o slide seguinte subs-
titui o existente. No entanto, muitas transições adicionais estão disponíveis. Você também pode especificar a velocidade de transição
(Lenta, Média, Rápida), escolher entre uma transição automática ou manual, e escolher quanto tempo o slide selecionado será mostra-
do (somente transição automática).
ESTILOS E FORMATAÇÃO
Aqui você pode editar e aplicar estilos gráficos e criar estilos novos, mas você só pode editar os estilos de apresentação existentes. Quan-
do você edita um estilo, as alterações são aplicadas automaticamente a todos os elementos formatados com este estilo em sua apre-
sentação. Se você quiser garantir que os estilos em um slide específico não sejam atualizados, crie uma nova página mestra para o slide.
GALERIA
Abre a galeria Impress, onde você pode inserir um objeto em sua apresentação, quer seja como uma cópia ou como um link. Uma cópia
de um objeto é independente do objeto original. Alterações para o objeto original não têm efeito sobre a cópia. Uma ligação permanece
dependente do objeto original. Alterações no objeto original também são refletidas no link.
NAVEGADOR
Abre o navegador Impress, no qual você pode mover rapidamente para outro slide ou selecionar um objeto em um slide. Recomenda-
-se dar nomes significativos aos slides e objetos em sua apresentação para que você possa identificá-los facilmente quando utilizar a
navegação.
Insere novo slide, permitindo escolher o leiaute do slide que será inserido.
Cronometra o tempo das animações e transições dos slides no modo de apresentação para posterior exibição automática usando
o tempo cronometrado.
Configura a animação dos conteúdos dos slides, colocando efeitos de entrada, ênfase, saída e trajetória.
113
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A empresa GOOGLE disponibiliza várias ferramentas para todos Google Tag Manager: Trata-se de um sistema de gerenciamen-
os públicos. Suas ferramentas garantem a privacidade e a segurança to de TAGS para gerenciar TAGS JAVASCRIPT e HTML, incluindo web
abrangendo cenários como: educação, trabalho, lazer, ferramentas BEACONS, para rastreamento e análise da web.
para o dia a dia, uso, científico, programação, etc. — Ferramentas de comunicação e publicação
Dentro deste contexto vamos listas abaixo as várias ferramen- Blogger: Trata-se de uma ferramenta de publicação de WEB-
tas GOOGLE de acordo com a categoria de aplicabilidade: LOG;
Feedburner: Trata-se de uma ferramenta em serviços de geren-
— Ferramentas de busca ciamento de FEED de notícias, incluindo análise de tráfego de FEED
Pesquisa do GOOGLE: Trata-se de um mecanismo de pesquisa e recursos de publicidade.
na web e o principal produto do Google. Gmail: Trata-se de um serviço de e-mail.
Alertas do GOOGLE: Trata-se de um serviço de notificação por Conta do Google: Trata-se de controlar como um usuário se
e-mail que envia os alertas com base nos termos de pesquisa esco- apresenta nos produtos do Google.
lhidos sempre que encontra novos resultados. Os alertas incluem Google chat: Trata-se de um software de mensagens instantâ-
resultados da web, resultados dos Grupos do Google, notícias e ví- neas com capacidade de criar “SALAS” - MULTIUSUÁRIO.
deos. Google charts: Trata-se de uma geração de imagem de gráfico
Google arts & culture: Trata-se de uma plataforma online para interativa e baseada na WEB a partir de JAVASCRIPT fornecido pelo
visualizar obras de arte e artefatos culturais. usuário.
Google assistant: Trata-se de um assistente virtual que ajuda Google classroom: Trata-se de um sistema de gerenciamento
em tarefas do dia a dia. de conteúdo para escolas que auxilia na distribuição e classificação
Google bookmarks: Trata-se de um serviço gratuito de armaze- de tarefas e na comunicação em sala de aula.
namento de favoritos online. Google currents: Trata-se de um quadro de avisos digital.
Google books: Trata-se de um site que lista livros publicados Editores do google docs: Trata-se de um pacote de escritório
e hospeda uma grande seleção pesquisável de livros digitalizados. de produtividade com recursos de colaboração e publicação de do-
Pesquisa personalizada do GOOGLE: cumentos. Fortemente integrado com o GOOGLE DRIVE.
Trata-se de uma experiência de mecanismo de pesquisa perso- Google docs: Trata-se da edição de documentos.
nalizável para uso em sites. Planilhas Google: Trata-se da edição de planilhas.
Google dataset search: Permite pesquisar conjuntos de dados Apresentações Google: Trata-se da edição de apresentação.
em repositórios de dados e sites de governos locais e nacionais. Desenhos Google: Trata-se da diagramação.
Google finance: Trata-se de notícias, opiniões e dados finan- Formulários Google: Trata-Se Da Criação De Pesquisas.
ceiros. Google Sites: Trata-se da criação e publicação de páginas da
Google flights: Trata-se de um motor de busca de passagens web.
aéreas. Google Keep: Trata-se de anotações.
Imagens do Google: Trata-se de um mecanismo de busca de Google Domains: Serviço de registro de domínio, com parcei-
imagens. ros de publicação de sites.
Google News: Trata-se de um serviço automatizado de compi- Google Drive: Trata-se de serviço de hospedagem de arquivos
lação de notícias e mecanismo de busca de notícias em mais de 20 com opção de sincronização; totalmente integrado com os Editores
idiomas. do Google Docs.
Patentes do Google: Trata-se de um mecanismo de pesquisa Google Fonts: Serviço de hospedagem de WEBFONTS.
para pesquisar milhões de patentes, cada resultado com sua pró- Grupos do Google: Serviço de discussão online que também
pria página, incluindo desenhos, reivindicações e citações. oferece acesso USENET.
Google scholar: Trata-se de um mecanismo de busca para o Google Meet: Trata-se de uma plataforma de videoconferên-
texto completo da literatura acadêmica em uma variedade de for- cia.
matos de publicação e campos acadêmicos. Inclui praticamente to- Google Translate: Serviço que permite realizar a tradução au-
dos os periódicos revisados por pares. tomática de qualquer texto ou página web entre pares de idiomas.
Google shopping: Trata-se de um motor de busca de produtos Google Voice: Trata-se de um sistema VOIP que fornece um nú-
em lojas online. mero de telefone que pode ser encaminhado para linhas telefônicas
YouTube: Trata-se de um serviço de hospedagem de vídeo. reais.
114
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
— Ferramentas estatísticas
Google Analytics: Trata-se de um gerador de estatísticas de
QUESTÕES
tráfego para sites definidos, com integração do GOOGLE ADS. Os
webmasters podem otimizar campanhas publicitárias, com base 1. (FGV-SEDUC -AM) O dispositivo de hardware que tem como
nas estatísticas. principal função a digitalização de imagens e textos, convertendo as
Google Surveys: Trata-se de uma ferramenta de pesquisa de versões em papel para o formato digital, é denominado
mercado. (A) joystick.
Firebase: Trata-se de uma coleção aberta, CREATIVE COM- (B) plotter.
MONS, licenciada por atribuição de dados estruturados e uma pla- (C) scanner.
taforma FREEBASE para acessar e manipular esses dados por meio (D) webcam.
da API FREEBASE. (E) pendrive.
Google Ngram Viewer: Trata-se de gráficos de frequências ano
a ano de qualquer conjunto de STRINGS delimitadas por vírgulas 2. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) João comprou um
nos corpora de texto do Google. novo jogo para seu computador e o instalou sem que ocorressem
Google Public Data Explorer: Trata-se de fornecer dados públi- erros. No entanto, o jogo executou de forma lenta e apresentou
cos e previsões de organizações internacionais e instituições aca- baixa resolução. Considerando esse contexto, selecione a alterna-
dêmicas. tiva que contém a placa de expansão que poderá ser trocada ou
Tensorflow: Trata-se de um serviço de aprendizado de máqui- adicionada para resolver o problema constatado por João.
na que simplifica o design de redes neurais de maneira mais fácil e (A) Placa de som
visível (B) Placa de fax modem
Google Trends: Trata-se de um aplicativo gráfico para estatís- (C) Placa usb
ticas de pesquisa na web, mostrando a popularidade de termos de (D) Placa de captura
pesquisa específicos ao longo do tempo. Vários termos podem ser (E) Placa de vídeo
mostrados de uma só vez. Os resultados podem ser exibidos por
cidade, região ou idioma. Notícias relacionadas são mostradas. Tem 3. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) Há vários tipos de pe-
a subseção “GOOGLE TRENDS FOR WEBSITES” que mostra a popu- riféricos utilizados em um computador, como os periféricos de saída
laridade dos sites ao longo do tempo. e os de entrada. Dessa forma, assinale a alternativa que apresenta
Relatório de atividades do Google: Trata-se de um relatório um exemplo de periférico somente de entrada.
mensal que inclui estatísticas sobre o uso do Google por um usu- (A) Monitor
ário, como LOGIN, alterações de autenticação de terceiros, uso do (B) Impressora
Gmail, calendário, histórico de pesquisa e YOUTUBE. (C) Caixa de som
Google Data Studio: Trata-se de uma ferramenta online para (D) Headphone
converter dados em relatórios e painéis informativos personalizá- (E) Mouse
veis.
4. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de computado-
— Produtos voltados para negócios res, Internet, os serviços de comunicação e informação são disponi-
Google Workspace: Trata-se de um conjunto de aplicativos da bilizados por meio de endereços e links com formatos padronizados
WEB para empresas, instituições educacionais e organizações sem URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de formato de ende-
fins lucrativos que inclui versões personalizáveis de vários produ- reço válido na Internet é:
tos do Google acessíveis por meio de um nome de domínio per- (A) http:@site.com.br
sonalizado. Os serviços incluem, entre outros, GMAIL, Contatos do (B) HTML:site.estado.gov
GOOGLE, GOOGLE AGENDA, EDITORES DO GOOGLE DOCS, GOOGLE (C) html://www.mundo.com
SITES, GOOGLE MEET, GOOGLE CHAT, GOOGLE CLOUD SEARCH e (D) https://meusite.org.br
muito mais. (E) www.#social.*site.com
Google meu negócio: Perfil de empresa gratuito para interação
online com o cliente. 5. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido-
Google Tables (beta): Trata-se de uma ferramenta de automa- res e armazenamento compartilhados, com software disponível e
ção de fluxo de trabalho empresarial. localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos acesso
presencial, chamamos esse serviço de:
(A) Computação On-Line.
(B) Computação na nuvem.
(C) Computação em Tempo Real.
115
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
(D) Computação em Block Time. 12. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e
(E) Computação Visual Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não exe-
cuta?
6. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e modos (A) Capturar qualquer item da área de trabalho.
de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimen- (B) Capturar uma imagem a partir de um scanner.
tos associados à Internet, julgue o próximo item. (C) Capturar uma janela inteira
Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na Inter- (D) Capturar uma seção retangular da tela.
net para diversas finalidades, ainda não é possível extrair apenas o (E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou
áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por exemplo, no uma caneta eletrônica
Youtube (http://www.youtube.com).
( ) CERTO 13. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8,
( ) ERRADO assinale a alternativa INCORRETA:
(A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvolvidos
7. (CESP-MEC WEB DESIGNER) Na utilização de um browser, a pela Microsoft.
execução de JavaScripts ou de programas Java hostis pode provocar (B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na interfa-
danos ao computador do usuário. ce do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não está sem-
( ) CERTO pre visível ao usuário.
( ) ERRADO (C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Windows
7 dentro do Windows 8.
8. (FGV – SEDUC -AM) Um Assistente Técnico recebe um e-mail (D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
com arquivo anexo em seu computador e o antivírus acusa existên- Kapersky.
cia de vírus. (E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computado-
Assinale a opção que indica o procedimento de segurança a ser res x86 e 64 bits.
adotado no exemplo acima.
(A) Abrir o e-mail para verificar o conteúdo, antes de enviá-lo 14. (CESPE BANCO DA AMAZÔNIA) O Linux, um sistema multi-
ao administrador de rede. tarefa e multiusuário, é disponível em várias distribuições, entre as
(B) Executar o arquivo anexo, com o objetivo de verificar o tipo quais, Debian, Ubuntu, Mandriva e Fedora.
de vírus. ( ) CERTO
(C) Apagar o e-mail, sem abri-lo. ( ) ERRADO
(D) Armazenar o e-mail na área de backup, para fins de moni-
toramento. 15. (FCC – DNOCS) - O comando Linux que lista o conteúdo de
(E) Enviar o e-mail suspeito para a pasta de spam, visando a um diretório, arquivos ou subdiretórios é o
analisá-lo posteriormente. (A) init 0.
(B) init 6.
9. (CESPE – PEFOCE) Entre os sistemas operacionais Windows (C) exit
7, Windows Vista e Windows XP, apenas este último não possui ver- (D) ls.
são para processadores de 64 bits. (E) cd.
( ) CERTO
( ) ERRADO 16. (SOLUÇÃO) O Linux faz distinção de letras maiúsculas ou
minúsculas
10. (CPCON – PREF, PORTALEGRE) Existem muitas versões do ( ) CERTO
Microsoft Windows disponíveis para os usuários. No entanto, não é ( ) ERRADO
uma versão oficial do Microsoft Windows
(A) Windows 7 17. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo
(B) Windows 10 (A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas eletrô-
(C) Windows 8.1 nicas para cálculos numéricos, além de servir para a produção
(D) Windows 9 de textos organizados por linhas e colunas identificadas por nú-
(E) Windows Server 2012 meros e letras.
(B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elaboração
11. (MOURA MELO – CAJAMAR) É uma versão inexistente do e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT.
Windows: (C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de texto, é
(A) Windows Gold. útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais recursos
(B) Windows 8. que o Excel.
(C) Windows 7. (D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de mensa-
(D) Windows XP. gens de correio eletrônico.
(E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o envio
e recebimento de páginas web.
116
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
18. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apresenta uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba “Página
Inicial” do Word 2010.
(A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento.
(B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra parte do documento.
(C) Definir o alinhamento do texto.
(D) Inserir uma tabela no texto
19. (CESPE – TRE-AL) Considerando a janela do PowerPoint 2002 ilustrada abaixo julgue os itens a seguir, relativos a esse aplicativo.
A apresentação ilustrada na janela contém 22 slides ?.
( ) CERTO
( ) ERRADO
20. (CESPE – CAIXA) O PowerPoint permite adicionar efeitos sonoros à apresentação em elaboração.
( ) CERTO
( ) ERRADO
GABARITO
1 C
2 E
3 E
4 D
5 B
6 ERRADO
7 CERTO
8 C
9 CERTO
10 D
11 A
12 B
13 D
14 CERTO
15 D
16 CERTO
17 A
18 D
19 CERTO
20 CERTO
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA
ANOTAÇÕES
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ATUALIDADES
TÓPICOS RELEVANTES E ATUAIS DE DIVERSAS ÁREAS, TAIS COMO RECURSOS HÍDRICOS, SEGURANÇA,
TRANSPORTES, POLÍTICA, ECONOMIA, SOCIEDADE, EDUCAÇÃO, SAÚDE, CULTURA, TECNOLOGIA, ENERGIA,
RELAÇÕES INTERNACIONAIS, DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ECOLOGIA
Dentre todas as disciplinas com as quais concurseiros e estudantes de todo o país se preocupam, a de atualidades tem se tornado cada
vez mais relevante. Quando pensamos em matemática, língua portuguesa, biologia, entre outras disciplinas, inevitavelmente as colocamos
em um patamar mais elevado que outras que nos parecem menos importantes, pois de algum modo nos é ensinado a hierarquizar a rele-
vância de certos conhecimentos desde os tempos de escola.
No, entanto, atualidades é o único tema que insere o indivíduo no estudo do momento presente, seus acontecimentos, eventos e
transformações. O conhecimento do mundo em que se vive de modo algum deve ser visto como irrelevante no estudo para concursos, pois
permite que o indivíduo vá além do conhecimento técnico e explore novas perspectivas quanto à conhecimento de mundo.
Em sua grande maioria, as questões de atualidades em concursos são sobre fatos e acontecimentos de interesse público, mas podem
também apresentar conhecimentos específicos do meio político, social ou econômico, sejam eles sobre música, arte, política, economia,
figuras públicas, leis etc. Seja qual for a área, as questões de atualidades auxiliam as bancas a peneirarem os candidatos e selecionarem os
melhores preparados não apenas de modo técnico.
Sendo assim, estudar atualidades é o ato de se manter constantemente informado. Os temas de atualidades em concursos são sempre
relevantes. É certo que nem todas as notícias que você vê na televisão ou ouve no rádio aparecem nas questões, manter-se informado,
porém, sobre as principais notícias de relevância nacional e internacional em pauta é o caminho, pois são debates de extrema recorrência
na mídia.
O grande desafio, nos tempos atuais, é separar o joio do trigo. Com o grande fluxo de informações que recebemos diariamente, é
preciso filtrar com sabedoria o que de fato se está consumindo. Por diversas vezes, os meios de comunicação (TV, internet, rádio etc.) adap-
tam o formato jornalístico ou informacional para transmitirem outros tipos de informação, como fofocas, vidas de celebridades, futebol,
acontecimentos de novelas, que não devem de modo algum serem inseridos como parte do estudo de atualidades. Os interesses pessoais
em assuntos deste cunho não são condenáveis de modo algum, mas são triviais quanto ao estudo.
Ainda assim, mesmo que tentemos nos manter atualizados através de revistas e telejornais, o fluxo interminável e ininterrupto de
informações veiculados impede que saibamos de fato como estudar. Apostilas e livros de concursos impressos também se tornam rapida-
mente desatualizados e obsoletos, pois atualidades é uma disciplina que se renova a cada instante.
O mundo da informação está cada vez mais virtual e tecnológico, as sociedades se informam pela internet e as compartilham em
velocidades incalculáveis. Pensando nisso, a editora prepara mensalmente o material de atualidades de mais diversos campos do conhe-
cimento (tecnologia, Brasil, política, ética, meio ambiente, jurisdição etc.) na “Área do Cliente”.
Lá, o concurseiro encontrará um material completo de aula preparado com muito carinho para seu melhor aproveitamento. Com o
material disponibilizado online, você poderá conferir e checar os fatos e fontes de imediato através dos veículos de comunicação virtuais,
tornando a ponte entre o estudo desta disciplina tão fluida e a veracidade das informações um caminho certeiro.
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ATUALIDADES
ANOTAÇÕES
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL
E PÚBLICA
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
por sua vez, os princípios cumprem a tarefa de suprir eventuais – Princípio da Impessoalidade: Deve ser analisado sob duas
lacunas legais observadas em matérias específicas ou diante das óticas:
particularidades que permeiam a aplicação das normas aos casos a) Sob a ótica da atuação da Administração Pública em relação
existentes. aos administrados: Em sua atuação, deve o administrador pautar
Os princípios colocam em prática as função hermenêuticas e na não discriminação e na não concessão de privilégios àqueles que
integrativas, bem como cumprem o papel de esboçar os dispositivos o ato atingirá. Sua atuação deverá estar baseada na neutralidade e
legais disseminados que compõe a seara do Direito Administrativo, na objetividade.
dando-lhe unicidade e coerência. b) Em relação à sua própria atuação, administrador deve
Além disso, os princípios do Direito Administrativo podem ser executar atos de forma impessoal, como dispõe e exige o parágrafo
expressos e positivados escritos na lei, ou ainda, implícitos, não primeiro do art. 37 da CF/88 ao afirmar que: ‘‘A publicidade dos atos,
positivados e não escritos na lei de forma expressa. programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá
ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não
— Observação importante: podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem
Não existe hierarquia entre os princípios expressos e promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.’’
implícitos. Comprova tal afirmação, o fato de que os dois princípios
que dão forma o Regime Jurídico Administrativo, são meramente – Princípio da Moralidade: Dispõe que a atuação administrativa
implícitos. deve ser totalmente pautada nos princípios da ética, honestidade,
Regime Jurídico Administrativo: é composto por todos os probidade e boa-fé. Esse princípio está conexo à não corrupção na
princípios e demais dispositivos legais que formam o Direito Administração Pública.
Administrativo. As diretrizes desse regime são lançadas por dois O princípio da moralidade exige que o administrador tenha
princípios centrais, ou supraprincípios que são a Supremacia do conduta pautada de acordo com a ética, com o bom senso, bons
Interesse Público e a Indisponibilidade do Interesse Público. costumes e com a honestidade. O ato administrativo terá que
obedecer a Lei, bem como a ética da própria instituição em que o
Conclama a necessidade da agente atua. Entretanto, não é suficiente que o ato seja praticado
Supremacia do Interesse apenas nos parâmetros da Lei, devendo, ainda, obedecer à
sobreposição dos interesses da
Público moralidade.
coletividade sobre os individuais.
Sua principal função é orientar – Princípio da Publicidade: Trata-se de um mecanismo de
a atuação dos agentes públicos controle dos atos administrativos por meio da sociedade. A
Indisponibilidade do
para que atuem em nome publicidade está associada à prestação de satisfação e informação
Interesse Público
e em prol dos interesses da da atuação pública aos administrados. Via de regra é que a atuação
Administração Pública. da Administração seja pública, tornando assim, possível o controle
da sociedade sobre os seus atos.
Ademais, tendo o agente público usufruído das prerrogativas Ocorre que, no entanto, o princípio em estudo não é absoluto.
de atuação conferidas pela supremacia do interesse público, a Isso ocorre pelo fato deste acabar por admitir exceções previstas
indisponibilidade do interesse público, com o fito de impedir que em lei. Assim, em situações nas quais, por exemplo, devam ser
tais prerrogativas sejam utilizadas para a consecução de interesses preservadas a segurança nacional, relevante interesse coletivo e
privados, termina por colocar limitações aos agentes públicos intimidade, honra e vida privada, o princípio da publicidade deverá
no campo de sua atuação, como por exemplo, a necessidade de ser afastado.
aprovação em concurso público para o provimento dos cargos Sendo a publicidade requisito de eficácia dos atos
públicos. administrativos que se voltam para a sociedade, pondera-se que
os mesmos não poderão produzir efeitos enquanto não forem
Princípios Administrativos publicados.
Nos parâmetros do art. 37, caput da Constituição Federal,
a Administração Pública deverá obedecer aos princípios da – Princípio da Eficiência: A atividade administrativa deverá
Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. ser exercida com presteza, perfeição, rendimento, qualidade e
Vejamos: economicidade. Anteriormente era um princípio implícito, porém,
– Princípio da Legalidade: Esse princípio no Direito hodiernamente, foi acrescentado, de forma expressa, na CFB/88,
Administrativo, apresenta um significado diverso do que apresenta com a EC n. 19/1998.
no Direito Privado. No Direito Privado, toda e qualquer conduta do
indivíduo que não esteja proibida em lei e que não esteja contrária São decorrentes do princípio da eficiência:
à lei, é considerada legal. O termo legalidade para o Direito a. A possibilidade de ampliação da autonomia gerencial,
Administrativo, significa subordinação à lei, o que faz com que o orçamentária e financeira de órgãos, bem como de entidades
administrador deva atuar somente no instante e da forma que a lei administrativas, desde que haja a celebração de contrato de gestão.
permitir. b. A real exigência de avaliação por meio de comissão especial
para a aquisição da estabilidade do servidor Efetivo, nos termos do
— Observação importante: O princípio da legalidade considera art. 41, § 4º da CFB/88.
a lei em sentido amplo. Nesse diapasão, compreende-se como lei,
toda e qualquer espécie normativa expressamente disposta pelo
art. 59 da Constituição Federal.
122
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Art. 6º As atividades da Administração Federal obedecerão aos Art. 10. A execução das atividades da Administração Federal
seguintes princípios fundamentais: deverá ser amplamente descentralizada.
I - Planejamento. § 1º A descentralização será posta em prática em três planos
II - Coordenação. principais:
III - Descentralização. a) dentro dos quadros da Administração Federal, distinguindo-
IV - Delegação de Competência. -se claramente o nível de direção do de execução;
V - Controle. b) da Administração Federal para a das unidades federadas,
quando estejam devidamente aparelhadas e mediante convênio;
CAPÍTULO I c) da Administração Federal para a órbita privada, mediante
DO PLANEJAMENTO contratos ou concessões.
§ 2° Em cada órgão da Administração Federal, os serviços que
Art. 7º A ação governamental obedecerá a planejamento que compõem a estrutura central de direção devem permanecer libera-
vise a promover o desenvolvimento econômico-social do País e a dos das rotinas de execução e das tarefas de mera formalização de
segurança nacional, norteando-se segundo planos e programas atos administrativos, para que possam concentrar-se nas atividades
elaborados, na forma do Título III, e compreenderá a elaboração e de planejamento, supervisão, coordenação e contrôle.
atualização dos seguintes instrumentos básicos: § 3º A Administração casuística, assim entendida a decisão de
a) plano geral de govêrno; casos individuais, compete, em princípio, ao nível de execução, es-
b) programas gerais, setoriais e regionais, de duração pluria- pecialmente aos serviços de natureza local, que estão em contato
nual; com os fatos e com o público.
c) orçamento-programa anual; § 4º Compete à estrutura central de direção o estabelecimento
d) programação financeira de desembôlso. das normas, critérios, programas e princípios, que os serviços res-
ponsáveis pela execução são obrigados a respeitar na solução dos
CAPÍTULO II casos individuais e no desempenho de suas atribuições.
DA COORDENAÇÃO § 5º Ressalvados os casos de manifesta impraticabilidade ou
inconveniência, a execução de programas federais de caráter niti-
Art . 8º As atividades da Administração Federal e, especialmen- damente local deverá ser delegada, no todo ou em parte, mediante
te, a execução dos planos e programas de govêrno, serão objeto de convênio, aos órgãos estaduais ou municipais incumbidos de servi-
permanente coordenação. ços correspondentes.
§ 1º A coordenação será exercida em todos os níveis da admi- § 6º Os órgãos federais responsáveis pelos programas conser-
nistração, mediante a atuação das chefias individuais, a realização varão a autoridade normativa e exercerão contrôle e fiscalização in-
sistemática de reuniões com a participação das chefias subordina- dispensáveis sôbre a execução local, condicionando-se a liberação
das e a instituição e funcionamento de comissões de coordenação dos recursos ao fiel cumprimento dos programas e convênios.
em cada nível administrativo. § 7º Para melhor desincumbir-se das tarefas de planejamento,
§ 2º No nível superior da Administração Federal, a coordena- coordenação, supervisão e contrôle e com o objetivo de impedir
ção será assegurada através de reuniões do Ministério, reuniões o crescimento desmesurado da máquina administrativa, a Admi-
de Ministros de Estado responsáveis por áreas afins, atribuição de nistração procurará desobrigar-se da realização material de tarefas
incumbência coordenadora a um dos Ministros de Estado (art. 36), executivas, recorrendo, sempre que possível, à execução indireta,
funcionamento das Secretarias Gerais (art. 23, § 1º) e coordenação mediante contrato, desde que exista, na área, iniciativa privada su-
central dos sistemas de atividades auxiliares (art. 31). ficientemente desenvolvida e capacitada a desempenhar os encar-
§ 3º Quando submetidos ao Presidente da República, os as- gos de execução.
suntos deverão ter sido prèviamente coordenados com todos os § 8º A aplicação desse critério está condicionada, em qualquer
setores nêles interessados, inclusive no que respeita aos aspectos caso, aos ditames do interesse público e às conveniências da segu-
administrativos pertinentes, através de consultas e entendimentos, rança nacional.
de modo a sempre compreenderem soluções integradas e que se
harmonizem com a política geral e setorial do Govêrno. Idêntico CAPÍTULO IV
procedimento será adotado nos demais níveis da Administração DA DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA
Federal, antes da submissão dos assuntos à decisão da autoridade (Vide Decreto nº 83.937, de 1979)
competente.
Art. 9º Os órgãos que operam na mesma área geográfica serão Art. 11. A delegação de competência será utilizada como ins-
submetidos à coordenação com o objetivo de assegurar a progra- trumento de descentralização administrativa, com o objetivo de
mação e execução integrada dos serviços federais. assegurar maior rapidez e objetividade às decisões, situando-as na
Parágrafo único. Quando ficar demonstrada a inviabilidade de proximidade dos fatos, pessoas ou problemas a atender.
celebração de convênio (alínea b do § 1º do art. 10) com os órgãos Art . 12 . É facultado ao Presidente da República, aos Ministros
estaduais e municipais que exerçam atividades idênticas, os órgãos de Estado e, em geral, às autoridades da Administração Federal de-
federais buscarão com êles coordenar-se, para evitar dispersão de legar competência para a prática de atos administrativos, conforme
esforços e de investimentos na mesma área geográfica. se dispuser em regulamento.
123
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Parágrafo único. O ato de delegação indicará com precisão a entre os órgãos que integram a mesma instituição, fato que ocorre
autoridade delegante, a autoridade delegada e as atribuições ob- de forma diferente na descentralização administrativa, que impõe
jeto de delegação. a distribuição de competência para outra pessoa, física ou jurídica.
Ocorre a desconcentração administrativa tanto na administração
CAPÍTULO V direta como na administração indireta de todos os entes federativos
DO CONTROLE do Estado. Pode-se citar a título de exemplo de desconcentração
administrativa no âmbito da Administração Direta da União, os
Art. 13 O controle das atividades da Administração Federal de- vários ministérios e a Casa Civil da Presidência da República; em
verá exercer-se em todos os níveis e em todos os órgãos, compre- âmbito estadual, o Ministério Público e as secretarias estaduais,
endendo, particularmente: dentre outros; no âmbito municipal, as secretarias municipais e
a) o controle, pela chefia competente, da execução dos progra- as câmaras municipais; na administração indireta federal, as várias
mas e da observância das normas que governam a atividade espe- agências do Banco do Brasil que são sociedade de economia mista,
cífica do órgão controlado; ou do INSS com localização em todos os Estados da Federação.
b) o controle, pelos órgãos próprios de cada sistema, da ob- Ocorre que a desconcentração enseja a existência de vários
servância das normas gerais que regulam o exercício das atividades órgãos, sejam eles órgãos da Administração Direta ou das pessoas
auxiliares; jurídicas da Administração Indireta, e devido ao fato desses órgãos
c) o controle da aplicação dos dinheiros públicos e da guarda estarem dispostos de forma interna, segundo uma relação de
dos bens da União pelos órgãos próprios do sistema de contabili- subordinação de hierarquia, entende-se que a desconcentração
dade e auditoria. administrativa está diretamente relacionada ao princípio da
Art. 14. O trabalho administrativo será racionalizado mediante hierarquia.
simplificação de processos e supressão de contrôles que se eviden- Registra-se que na descentralização administrativa, ao invés
ciarem como puramente formais ou cujo custo seja evidentemente de executar suas atividades administrativas por si mesmo, o Estado
superior ao risco. transfere a execução dessas atividades para particulares e, ainda a
outras pessoas jurídicas, de direito público ou privado.
Explicita-se que, mesmo que o ente que se encontre distribuindo
ADMINISTRAÇÃO FEDERAL: ADMINISTRAÇÃO DIRETA suas atribuições e detenha controle sobre as atividades ou serviços
E INDIRETA, ESTRUTURAÇÃO, CARACTERÍSTICAS E transferidos, não existe relação de hierarquia entre a pessoa que
DESCRIÇÃO DOS ÓRGÃOS E ENTIDADES PÚBLICOS transfere e a que acolhe as atribuições.
Administração direta e indireta Criação, extinção e capacidade processual dos órgãos públicos
A princípio, infere-se que Administração Direta é correspondente Os arts. 48, XI e 61, § 1º da CFB/1988 dispõem que a criação
aos órgãos que compõem a estrutura das pessoas federativas que e a extinção de órgãos da administração pública dependem de lei
executam a atividade administrativa de maneira centralizada. O de iniciativa privativa do chefe do Executivo a quem compete, de
vocábulo “Administração Direta” possui sentido abrangente vindo a forma privada, e por meio de decreto, dispor sobre a organização
compreender todos os órgãos e agentes dos entes federados, tanto e funcionamento desses órgãos públicos, quando não ensejar
os que fazem parte do Poder Executivo, do Poder Legislativo ou do aumento de despesas nem criação ou extinção de órgãos públicos
Poder Judiciário, que são os responsáveis por praticar a atividade (art. 84, VI, b, CF/1988). Desta forma, para que haja a criação e
administrativa de maneira centralizada. extinção de órgãos, existe a necessidade de lei, no entanto, para
Já a Administração Indireta, é equivalente às pessoas jurídicas dispor sobre a organização e o funcionamento, denota-se que
criadas pelos entes federados, que possuem ligação com as poderá ser utilizado ato normativo inferior à lei, que se trata do
Administrações Diretas, cujo fulcro é praticar a função administrativa decreto. Caso o Poder Executivo Federal desejar criar um Ministério
de maneira descentralizada. a mais, o presidente da República deverá encaminhar projeto de
Tendo o Estado a convicção de que atividades podem ser lei ao Congresso Nacional. Porém, caso esse órgão seja criado, sua
exercidas de forma mais eficaz por entidade autônoma e com estruturação interna deverá ser feita por decreto. Na realidade,
personalidade jurídica própria, o Estado transfere tais atribuições todos os regimentos internos dos ministérios são realizados por
a particulares e, ainda pode criar outras pessoas jurídicas, de intermédio de decreto, pelo fato de tal ato se tratar de organização
direito público ou de direito privado para esta finalidade. Optando interna do órgão. Vejamos:
pela segunda opção, as novas entidades passarão a compor a – Órgão: é criado por meio de lei.
Administração Indireta do ente que as criou e, por possuírem – Organização Interna: pode ser feita por DECRETO, desde
como destino a execução especializado de certas atividades, são que não provoque aumento de despesas, bem como a criação ou a
consideradas como sendo manifestação da descentralização por extinção de outros órgãos.
serviço, funcional ou técnica, de modo geral. – Órgãos De Controle: Trata-se dos prepostos a fiscalizar e
controlar a atividade de outros órgãos e agentes”. Exemplo: Tribunal
Desconcentração e Descentralização de Contas da União.
Consiste a desconcentração administrativa na distribuição
interna de competências, na esfera da mesma pessoa jurídica. Assim Pessoas administrativas
sendo, na desconcentração administrativa, o trabalho é distribuído Explicita-se que as entidades administrativas são a própria
Administração Indireta, composta de forma taxativa pelas
autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de
economia mista.
124
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
125
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
– Não estão alcançadas pela exigência de obedecer ao teto constituir como Organizações Sociais pessoas jurídicas de direito
constitucional; privado, que não sejam de fins lucrativos, cujas atividades sejam
– Estão sujeitas ao controle efetuado pelos Tribunais de Contas, dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento
bem como ao controle do Poder Legislativo; tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à
– Não estão sujeitas à falência; cultura e à saúde, atendidos os requisitos da lei. Ressalte-se que
– Devem obedecer às normas de licitação e contrato as entidades privadas que vierem a atuar nessas áreas poderão
administrativo no que se refere às suas atividades-meio; receber a qualificação de OSs.
– Devem obedecer à vedação à acumulação de cargos prevista Lembremos que a Lei 9.637/1998 teve como fulcro transferir os
constitucionalmente; serviços que não são exclusivos do Estado para o setor privado, por
– Não podem exigir aprovação prévia, por parte do Poder intermédio da absorção de órgãos públicos, vindo a substituí-los por
Legislativo, para nomeação ou exoneração de seus diretores. entidades privadas. Tal fenômeno é conhecido como publicização.
Com a publicização, quando um órgão público é extinto, logo, outra
Fundações e outras entidades privadas delegatárias entidade de direito privado o substitui no serviço anteriormente
Identifica-se no processo de criação das fundações privadas, prestado. Denota-se que o vínculo com o poder público para que
duas características que se encontram presentes de forma seja feita a qualificação da entidade como organização social é
contundente, sendo elas a doação patrimonial por parte de um estabelecido com a celebração de contrato de gestão. Outrossim,
instituidor e a impossibilidade de terem finalidade lucrativa. as Organizações Sociais podem receber recursos orçamentários,
O Decreto 200/1967 e a Constituição Federal Brasileira de utilização de bens públicos e servidores públicos.
1988 conceituam Fundação Pública como sendo um ente de direito
predominantemente de direito privado, sendo que a Constituição Organizações da sociedade civil de interesse público
Federal dá à Fundação o mesmo tratamento oferecido às Sociedades São conceituadas como pessoas jurídicas de direito privado, sem
de Economia Mista e às Empresas Públicas, que permite autorização fins lucrativos, nas quais os objetivos sociais e normas estatutárias
da criação, por lei e não a criação direta por lei, como no caso das devem obedecer aos requisitos determinados pelo art. 3º da Lei
autarquias. n. 9.790/1999. Denota-se que a qualificação é de competência do
Entretanto, a doutrina majoritária e o STF aduzem que Ministério da Justiça e o seu âmbito de atuação é parecido com o da
a Fundação Pública poderá ser criada de forma direta por meio OS, entretanto, é mais amplo.
de lei específica, adquirindo, desta forma, personalidade jurídica Vejamos:
de direito público, vindo a criar uma Autarquia Fundacional ou Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado em
Fundação Autárquica. qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no
– Observação importante: a autarquia é definida como respectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será
serviço personificado, ao passo que uma autarquia fundacional é conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
conceituada como sendo um patrimônio de forma personificada cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes
destinado a uma finalidade específica de interesse social. finalidades:
I – promoção da assistência social;
Vejamos como o Código Civil determina: II – promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio
Art. 41 - São pessoas jurídicas de direito público interno:(...) histórico e artístico;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; III – promoção gratuita da educação, observando-se a forma
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. complementar de participação das organizações de que trata esta
No condizente à Constituição, denota-se que esta não faz Lei;
distinção entre as Fundações de direito público ou de direito IV – promoção gratuita da saúde, observando-se a forma
privado. O termo Fundação Pública é utilizado para diferenciar as complementar de participação das organizações de que trata esta
fundações da iniciativa privada, sem que haja qualquer tipo de Lei;
ligação com a Administração Pública. V – promoção da segurança alimentar e nutricional;
No entanto, determinadas distinções poderão ser feitas, como VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente
por exemplo, a imunidade tributária recíproca que é destinada e promoção do desenvolvimento sustentável; VII – promoção do
somente às entidades de direito público como um todo. Registra-se voluntariado;
que o foro de ambas é na Justiça Federal. VIII – promoção do desenvolvimento econômico e social e
combate à pobreza;
— Delegação Social IX – experimentação, não lucrativa, de novos modelos
socioprodutivos e de sistemas alternativos de produção, comércio,
Organizações sociais emprego e crédito;
As organizações sociais são entidades privadas que recebem X – promoção de direitos estabelecidos, construção de novos
o atributo de Organização Social. Várias são as entidades criadas direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
por particulares sob a forma de associação ou fundação que XI – promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos
desempenham atividades de interesse público sem fins lucrativos. Ao humanos, da democracia e de outros valores universais;
passo que algumas existem e conseguem se manter sem nenhuma XII – estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias
ligação com o Estado, existem outras que buscam se aproximar do alternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos
Estado com o fito de receber verbas públicas ou bens públicos com técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas
o objetivo de continuarem a desempenhar sua atividade social. Nos neste artigo.
parâmetros da Lei 9.637/1998, o Poder Executivo Federal poderá
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
A lei das Oscips apresenta um rol de entidades que não podem Em relação ao Terceiro Setor, o Plano Diretor do Aparelho do
receber a qualificação. Vejamos: Estado previa de forma explícita a publicização de serviços públicos
Art. 2º Não são passíveis de qualificação como Organizações estatais que não são exclusivos. A expressão publicização significa
da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de a transferência, do Estado para o Terceiro Setor, ou seja um setor
qualquer forma às atividades descritas no art. 3º desta Lei: público não estatal, da execução de serviços que não são exclusivos
I – as sociedades comerciais; do Estado, vindo a estabelecer um sistema de parceria entre o
II – os sindicatos, as associações de classe ou de representação Estado e a sociedade para o seu financiamento e controle, como um
de categoria profissional; todo. Tal parceria foi posteriormente modernizada com as leis que
III – as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação instituíram as organizações sociais e as organizações da sociedade
de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais; civil de interesse público.
IV – as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas O termo publicização também é atribuído a um segundo sentido
fundações; adotado por algumas correntes doutrinárias, que corresponde à
V – as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar transformação de entidades públicas em entidades privadas sem
bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios; fins lucrativos.
VI – as entidades e empresas que comercializam planos de No que condizente às características das entidades que
saúde e assemelhados; compõem o Terceiro Setor, a ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro
VII – as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas entende que todas elas possuem os mesmos traços, sendo eles:
mantenedoras; 1. Não são criadas pelo Estado, ainda que algumas delas
VIII – as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não tenham sido autorizadas por lei;
gratuito e suas mantenedoras; 2. Em regra, desempenham atividade privada de interesse
IX – as Organizações Sociais; público (serviços sociais não exclusivos do Estado);
X – as cooperativas; 3. Recebem algum tipo de incentivo do Poder Público;
4. Muitas possuem algum vínculo com o Poder Público e,
Por fim, registre-se que o vínculo de união entre a entidade e o por isso, são obrigadas a prestar contas dos recursos públicos à
Estado é denominado termo de parceria e que para a qualificação de Administração
uma entidade como Oscip, é exigido que esta tenha sido constituída 5. Pública e ao Tribunal de Contas;
e se encontre em funcionamento regular há, pelo menos, três anos 6. Possuem regime jurídico de direito privado, porém derrogado
nos termos do art. 1º, com redação dada pela Lei n. 13.019/2014. O parcialmente por normas direito público;
Tribunal de Contas da União tem entendido que o vínculo firmado
pelo termo de parceria por órgãos ou entidades da Administração Assim, estas entidades integram o Terceiro Setor pelo fato
Pública com Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público de não se enquadrarem inteiramente como entidades privadas e
não é demandante de processo de licitação. De acordo com o também porque não integram a Administração Pública Direta ou
que preceitua o art. 23 do Decreto n. 3.100/1999, deverá haver a Indireta.
realização de concurso de projetos pelo órgão estatal interessado Convém mencionar que, como as entidades do Terceiro Setor
em construir parceria com Oscips para que venha a obter bens e são constituídas sob a forma de pessoa jurídica de direito privado,
serviços para a realização de atividades, eventos, consultorias, seu regime jurídico, normalmente, via regra geral, é de direito
cooperação técnica e assessoria. privado. Acontece que pelo fato de estas gozarem normalmente
de algum incentivo do setor público, também podem lhes ser
Entidades de utilidade pública aplicáveis algumas normas de direito público. Esse é o motivo pelo
O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado trouxe qual a conceituada professora afirma que o regime jurídico aplicado
em seu bojo, dentre várias diretrizes, a publicização dos serviços às entidades que integram o Terceiro Setor é de direito privado,
estatais não exclusivos, ou seja, a transferência destes serviços para podendo ser modificado de maneira parcial por normas de direito
o setor público não estatal, o denominado Terceiro Setor. público.
Podemos incluir entre as entidades que compõem o Terceiro
Setor, aquelas que são declaradas como sendo de utilidade pública, TÍTULO I
os serviços sociais autônomos, como SESI, SESC, SENAI, por exemplo, DA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL
as organizações sociais (OS) e as organizações da sociedade civil de
interesse público (OSCIP). Art. 1º O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da
É importante explicitar que o crescimento do terceiro setor República auxiliado pelos Ministros de Estado.
está diretamente ligado à aplicação do princípio da subsidiariedade Art. 2º O Presidente da República e os Ministros de Estado
na esfera da Administração Pública. Por meio do princípio da exercem as atribuições de sua competência constitucional,
subsidiariedade, cabe de forma primária aos indivíduos e às legal e regulamentar com o auxílio dos órgãos que compõem a
organizações civis o atendimento dos interesses individuais e Administração Federal.
coletivos. Assim sendo, o Estado atua apenas de forma subsidiária Art. 3º Respeitada a competência constitucional do Poder
nas demandas que, devido à sua própria natureza e complexidade, Legislativo estabelecida no artigo 46, inciso II e IV, da Constituição
não puderam ser atendidas de maneira primária pela sociedade. , o Poder Executivo regulará a estruturação, as atribuições e o
Dessa maneira, o limite de ação do Estado se encontraria na funcionamento dos órgãos da Administração Federal. (Redação
autossuficiência da sociedade. dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)
Art. 4° A Administração Federal compreende:
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Ministério da Saúde - responsável por formular e implementar Ministério da Aeronáutica (Redação dada pela Lei nº
políticas e diretrizes relacionadas à saúde pública, prevenção de do- 6.036, de 1974)
enças, vigilância epidemiológica, assistência médica, programas de Parágrafo único. Os titulares dos Ministérios são Ministros de
vacinação e promoção da saúde. Estado (Art. 20). (Incluído pela Lei nº 6.036, de 1974)
Art. 36. Para auxiliá-lo na coordenação de assuntos afins ou
Ministério da Secretaria-Geral da Presidência da República - interdependentes, que interessem a mais de um Ministério, o Pre-
responsável por auxiliar o Presidente da República na coordenação sidente da República poderá incumbir de missão coordenadora um
e articulação das ações governamentais, bem como na supervisão dos Ministros de Estado, cabendo essa missão, na ausência de de-
de órgãos e entidades da administração federal. signação específica ao Ministro de Estado Chefe da Secretaria de
Planejamento. (Redação dada pela Lei nº 6.036, de 1974)
Ministério da Secretaria de Governo - responsável por formu- (Vide Lei nº 10.683, de 28.5.2003)
lar e implementar políticas e diretrizes relacionadas à articulação § 1º O Ministro Coordenador, sem prejuízo das atribuições da
política e institucional do governo, diálogo com os poderes legisla- Pasta ou órgão de que for titular atuará em harmonia com as instru-
tivo e judiciário, relações com estados e municípios e participação ções emanadas do Presidente da República, buscando os elemen-
social. tos necessários ao cumprimento de sua missão mediante coopera-
ção dos Ministros de Estado em cuja área de competência estejam
Ministério da Secretaria Nacional de Assuntos Indígenas - compreendidos os assuntos objeto de coordenação. (Reda-
responsável por formular e implementar políticas e diretrizes rela- ção dada pela Lei nº 6.036, de 1974) (Vide Lei nº 10.683, de
cionadas aos direitos dos povos indígenas, demarcação de terras 28.5.2003)
indígenas, proteção da cultura indígena e promoção do desenvolvi- § 2º O Ministro Coordenador formulará soluções para a decisão
mento sustentável nas comunidades indígenas. final do Presidente da República. (Redação dada pela Lei nº
6.036, de 1974) (Vide Lei nº 10.683, de 28.5.2003)
TITULO VII Art. 37. O Presidente da República poderá prover até 4 (quatro)
DOS MINISTÉRIOS E RESPECTIVAS ÁREAS DE COMPETÊNCIA cargos de Ministro Extraordinário para o desempenho de encargos
temporários de natureza relevante. (Redação dada pelo Decreto-
Art. 35 - Os Ministérios são os seguintes: (Redação dada -Lei nº 900, de 1969) (Vide Lei nº 10.683, de 28.5.2003)
pela Lei nº 6.036, de 1974) Vide Lei nº 7.739, de 20.3.1989 Parágrafo único. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 900, de 1968)
, Vide Lei nº 7.927, de 1989 , Vide Lei nº 8.422, de 1992 , Art . 38. O Ministro Extraordinário e o Ministro Coordenador
Vide Lei nº 8.490, de 1992 , Vide Lei nº 9.649, de 1998 , Vide disporão de assistência técnica e administrativa essencial para o de-
Lei nº 10.683, de 28.5.2003 sempenho das missões de que forem incumbidos pelo Presidente
Ministério da Justiça (Redação dada pela Lei nº 6.036, da República na forma por que se dispuser em decreto. (Vide
de 1974) Lei nº 10.683, de 28.5.2003)
Ministério das Relações Exteriores (Redação dada pela Art. 39 Os assuntos que constituem a área de competência de
Lei nº 6.036, de 1974) cada Ministério são, a seguir, especificados: (Vide Lei nº 7.739,
Ministério da Fazenda (Redação dada pela Lei nº 6.036, de 20.3.1989) , (Vide Lei nº 10.683, de 28.5.2003)
de 1974)
Ministério dos Transportes (Redação dada pela Lei nº MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
6.036, de 1974)
Ministério da Agricultura (Redação dada pela Lei nº 6.036, I - Ordem jurídica, nacionalidade, cidadania, direitos políticos,
de 1974) garantias constitucionais.
Ministério da Indústria e do Comércio (Redação dada pela II - Segurança interna. Polícia Federal.
Lei nº 6.036, de 1974) III - Administração penitenciária.
Ministério das Minas e Energia (Redação dada pela Lei IV - Ministério Público.
nº 6.036, de 1974) V - Documentação, publicação e arquivo dos atos oficiais.
Ministério do Interior (Redação dada pela Lei nº 6.036, MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES
de 1º.5.1974) I - Política Internacional.
Ministério da Educação e Cultura (Redação dada pela Lei II - Relações diplomáticas; serviços consulares.
nº 6.036, de 1974) III - Participação nas negociações comerciais, econômicas, fi-
Ministério do Trabalho (Redação dada pela Lei nº 6.036, nanceiras, técnicas e culturais com países e entidades estrangeiras.
de 1974) IV - Programas de cooperação internacional.
Ministério da Previdência e Assistência Social (Redação MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL
dada pela Lei nº 6.036, de 1974) I - Plano geral do Govêrno, sua coordenação. Integração dos
Ministério da Saúde (Redação dada pela Lei nº 6.036, planos regionais.
de 1974) II - Estudos e pesquisas sócio-econômicos, inclusive setoriais e
Ministério das Comunicações (Redação dada pela Lei nº regionais.
6.036, de 1974) III - Programação orçamentária; proposta orçamentária anual.
Ministério da Marinha (Redação dada pela Lei nº 6.036, IV - Coordenação da assistência técnica internacional.
de 1974) V - Sistemas estatístico e cartográfico nacionais.
Ministério do Exército (Redação dada pela Lei nº 6.036, VI - Organização administrativa.
de 1974)
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Art. 55. O Ministro da Marinha exerce a direção geral do Minis- - Gabinete do Ministro.
tério da Marinha e é o Comandante Superior da Marinha de Guerra. - Consultoria Jurídica.
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) - Secretaria Geral.
Art. 56. A Marinha de Guerra compreende suas organizações - Outros Conselhos e Comissões.
próprias, pessoal em serviço ativo e sua reserva, inclusive as forma- IV - Órgãos de Apoio
ções auxiliares conforme fixado em lei. (Redação dada pelo - Diretorias e outros órgãos.
Decreto-Lei nº 900, de 1969) V - Fôrças Terrestres
Art. 57. O Ministério da Marinha é constituído de: - Órgãos Territoriais.
I - Órgãos de Direção Geral.
- Almirantado (Alto Comando da Marinha de Guerra). MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA
- Estado Maior da Armada.
II - Órgãos de Direção Setorial, organizados em base departa- Art. 63. O Ministério da Aeronáutica administra os negócios da
mental (art. 24). Aeronáutica e tem como atribuições principais a preparação da Ae-
III - Órgãos de Assessoramento. ronáutica para o cumprimento de sua destinação constitucional e a
- Gabinete do Ministro. orientação, a coordenação e o contrôle das atividades da Aviação
- Consultoria Jurídica. Civil. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
- Conselho de Almirantes. Parágrafo único. Cabe ao Ministério da Aeronáutica: (Re-
- Outros Conselhos e Comissões. dação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
IV - Órgãos de Apoio. I - Estudar e propor diretrizes para a Política Aeroespacial Na-
- Diretorias e outros órgãos. cional. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
V - Fôrças Navais e Aeronavais (elementos próprios - navios e II - Propor a organização e providenciar o aparelhamento e o
helicópteros - e elementos destacados da Fôrça Aérea Brasileira). adestramento da Fôrça Aérea Brasileira, inclusive de elementos
- Corpo de Fuzileiros Navais. para integrar as Fôrças Combinadas ou Conjuntas. (Redação
- Distritos Navais. dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
- Comando do Contrôle Naval do Tráfego Marítimo. (In- III - Orientar, coordenar e controlar as atividades da Aviação
cluído pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) Civil, tanto comerciais como privadas e desportivas. (Redação
Art. 58. (Revogado pela Lei nº 6.059, de 1974) dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
IV - Estabelecer, equipar e operar, diretamente ou mediante
MINISTÉRIO DO EXÉRCITO autorização ou concessão, a infra-estrutura aeronáutica, inclusive
os serviços de apoio necessárias à navegação aérea. (Redação
Art. 59. O Ministério do Exército administra os negócios do dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
Exército e tem, como atribuição principal a preparação do Exército V - Orientar, incentivar e realizar pesquisas e desenvolvimento
para o cumprimento da sua destinação constitucional. de interêsse da Aeronáutica, obedecido, quanto às de interêsse mi-
§ 1º Cabe ao Ministério do Exército: litar, ao prescrito no item IV do art. 50 da presente lei. (Re-
I - Propor a organização e providenciar o aparelhamento e o dação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
adestramento das Fôrças Terrestres, inclusive para integrarem Fôr- VI - Operar o Correio Aéreo Nacional. (Redação dada pelo
ças Combinadas ou Conjuntas. Decreto-Lei nº 991, de 1969)
II - Orientar e realizar pesquisas e desenvolvimento de interes- Art. 64. O Ministro da Aeronáutica exerce a direção geral das
se do Exército, obedecido o previsto no item V do art. 50 da pre- atividades do Ministério e é o Comandante-em-Chefe da Fôrça Aé-
sente lei. rea Brasileira. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de
§ 2º Ao Ministério do Exército compete ainda propor as medi- 1969)
das para a efetivação do disposto no Parágrafo único do art. 46 da Art. 65. A Fôrça Aérea Brasileira é a parte da Aeronáutica orga-
presente lei. nizada e aparelhada para o cumprimento de sua destinação consti-
Art. 60. O Ministro do Exército exerce a direção geral das ativi- tucional. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
dades do Ministério e é o Comandante Superior do Exército. Parágrafo único. Constituí a reserva da Aeronáutica todo o
Art. 61. O Exército é constituído do Exército ativo e sua Reserva. pessoal sujeito à incorporação na Fôrça Aérea Brasileira, mediante
§ 1° O Exército ativo é a parte do Exército organizada e apare- mobilização ou convocação, e as organizações auxiliares, conforme
lhada para o cumprimento de sua destinação constitucional e em fixado em lei. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
pleno exercício de suas atividades. Art. 66. O Ministério da Aeronáutica compreende: (Reda-
§ 2° Constitui a Reserva do Exército todo o pessoal sujeito à in- ção dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
corporação no Exército ativo, mediante mobilização ou convocação, I - Órgãos de Direção Geral: (Redação dada pelo Decreto-
e as fôrças e organizações auxiliares, conforme fixado em lei. -Lei nº 991, de 1969)
Art. 62. O Ministério do Exército compreende: - Alto Comando da Aeronáutica (Redação dada pelo De-
I - Órgãos de Direção Geral creto-Lei nº 991, de 1969)
- Alto Comando do Exército. - Estado-Maior da Aeronáutica (Redação dada pelo De-
- Estado-Maior do Exército. creto-Lei nº 991, de 1969)
- Conselho Superior de Economia e Finanças. - Inspetoria Geral da Aeronáutica (Redação dada pelo
II - Órgãos de Direção Setorial, organizados em base departa- Decreto-Lei nº 991, de 1969)
mental (art. 24)
III - Órgãos de Assessoramento
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II - Órgãos de Direção Setorial, organizados em base departa- como o dever de obediência dos subordinados, a possibilidade de
mental (art. 24): (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de o imediato superior avocar atribuições, bem como a atribuição de
1969) rever os atos dos agentes subordinados.
- Departamento de Aviação Civil (Redação dada pelo De- Denota-se, porém, que o dever de obediência do subordinado
creto-Lei nº 991, de 1969) v não o obriga a cumprir as ordens manifestamente ilegais, advindas
- Departamento de Pesquisas e Desenvolvimento (Reda- de seu superior hierárquico. Ademais, nos ditames do art. 116,
ção dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969) XII, da Lei 8.112/1990, o subordinado tem a obrigação funcional
III - Órgãos de Assessoramento: (Redação dada pelo De- de representar contra o seu superior caso este venha a agir com
creto-Lei nº 991, de 1969) ilegalidade, omissão ou abuso de poder.
- Gabinete do Ministro (Redação dada pelo Decreto-Lei Registra-se que a delegação de atribuições é uma das
nº 991, de 1969) manifestações do poder hierárquico que consiste no ato de conferir
- Consultoria Jurídica (Redação dada pelo Decreto-Lei nº a outro servidor atribuições que de âmbito inicial, faziam parte
991, de 1969) dos atos de competência da autoridade delegante. O ilustre Hely
- Conselhos e Comissões (Redação dada pelo Decreto-Lei Lopes Meirelles aduz que a delegação de atribuições se submete a
nº 991, de 1969) algumas regras, sendo elas:
IV - Órgãos de Apoio: (Redação dada pelo Decreto-Lei nº A) A impossibilidade de delegação de atribuições de um
991, de 1969) Poder a outro, exceto quando devidamente autorizado pelo texto
- Comandos, Diretorias, Institutos, Serviços e outros órgãos da Constituição Federal. Exemplo: autorização por lei delegada,
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969) que ocorre quando a Constituição Federal autoriza o Legislativo a
V - Fôrça Aérea Brasileira: (Redação dada pelo Decreto-Lei delegar ao Chefe do Executivo a edição de lei.
nº 991, de 1969) B) É impossível a delegação de atos de natureza política.
- Comandos Aéreos (inclusive elementos para integrar Fôrças Exemplos: o veto e a sanção de lei;
Combinadas ou Conjuntas) - Comandos Territoriais. (Redação C) As atribuições que a lei fixar como exclusivas de determinada
dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969) autoridade, não podem ser delegadas;
D) O subordinado não pode recusar a delegação;
E) As atribuições não podem ser subdelegadas sem a devida
OS PODERES E DEVERES DO ADMINISTRADOR autorização do delegante.
PÚBLICO
Sem prejuízo do entendimento doutrinário a respeito da
A pessoa administradora pública possui uma série de poderes e delegação de competência, a Lei Federal 9.784/1999, que estabelece
deveres que são fundamentais para o bom funcionamento e presta- os ditames do processo administrativo federal, estabeleceu as
ção de serviços do setor público. Esses poderes e deveres são esta- seguintes regras relacionadas a esse assunto:
belecidos pela legislação e têm como objetivo garantir a eficiência, – A competência não pode ser renunciada, porém, pode ser
a transparência e o cumprimento das finalidades do Estado. delegada se não houver impedimento legal;
– A delegação de competência é sempre exercida de forma
Entre os poderes da pessoa administradora pública, podemos parcial, tendo em vista que um órgão administrativo ou seu titular
destacar: não detém o poder de delegar todas as suas atribuições;
– A título de delegação vertical, depreende-se que esta pode
Poder Hierárquico ser feita para órgãos ou agentes subordinados hierarquicamente, e,
Trata-se o poder hierárquico, de poder conferido à autoridade a nível de delegação horizontal, também pode ser feita para órgãos
administrativa para distribuir e dirimir funções em escala de e agentes não subordinados à hierarquia.
seus órgãos, vindo a estabelecer uma relação de coordenação
e subordinação entre os servidores que estiverem sob a sua Não podem ser objeto de delegação:
hierarquia. – A edição de atos de caráter normativo;
A estrutura de organização da Administração Pública é baseada – A decisão de recursos administrativos;
em dois aspectos fundamentais, sendo eles: a distribuição de – As matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade;
competências e a hierarquia.
Em decorrência da amplitude das competências e das Ressalta-se com afinco que o ato de delegação e a sua
responsabilidades da Administração, jamais seria possível que toda revogação deverão ser publicados no meio oficial, nos trâmites da
a função administrativa fosse desenvolvida por um único órgão ou lei. Ademais, deverá o ato de delegação especificar as matérias e os
agente público. Assim sendo, é preciso que haja uma distribuição poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração
dessas competências e atribuições entre os diversos órgãos e e os objetivos da delegação e também o recurso devidamente
agentes integrantes da Administração Pública. cabível à matéria que poderá constar a ressalva de exercício da
Entretanto, para que essa divisão de tarefas aconteça de atribuição delegada.
maneira harmoniosa, os órgãos e agentes públicos são organizados O ato de delegação poderá ser revogado a qualquer tempo
em graus de hierarquia e poder, de maneira que o agente que pela autoridade delegante como forma de transferência não
se encontra em plano superior, detenha o poder legal de emitir definitiva de atribuições, devendo as decisões adotadas por
ordens e fiscalizar a atuação dos seus subordinados. Essa relação delegação, mencionar de forma clara esta qualidade, que deverá
de subordinação e hierarquia, por sua vez, causa algumas sequelas, ser considerada como editada pelo delegado.
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àqueles que possuem vínculo específico com a Administração de gerais e abstratos que são emitidos por outras autoridades, tais
forma funcional ou contratual, o segundo é exercido somente sobre como: resoluções, portarias, regimentos, deliberações e instruções
qualquer indivíduo que viole as leis penais vigentes. normativas. Há ainda uma corrente que entende essas providências
Da mesma forma, o exercício do poder de polícia também não gerais e abstratas editadas sob os parâmetros e exigências da
se confunde com as penalidades decorrentes do poder disciplinar, lei, com o fulcro de possibilitar-lhe o cumprimento em forma de
que, embora ambos possuam natureza administrativa, estas deverão manifestações do poder normativo.
ser aplicadas a qualquer pessoa que esteja causando transtornos ou No entanto, em que pese a mencionada controvérsia, prevalece
pondo em risco a coletividade, pois, no poder de polícia, denota- como estudo e aplicação geral adotada pela doutrina clássica, que
se que o vínculo entre a Administração Pública e o administrado utiliza a expressão “poder regulamentar” para se referir somente
é de âmbito geral, ao passo que nas penalidades decorrentes do à competência exclusiva dos Chefes do Poder Executivo para
poder disciplinar, somente são atingidos os que possuem relação editar regulamentos, mantendo, por sua vez, a expressão “poder
funcional ou contratual com a Administração. normativo” para os demais atos normativos emitidos por outras
Em suma, temos: espécies de autoridades da Administração Direta e Indireta, como
1º - Sanção Disciplinar: Possui natureza administrativa; advém por exemplo, de dirigentes de agências reguladoras e de Ministros.
do poder disciplinar; é aplicável sobre as pessoas que possuem Registra-se que os regulamentos são publicados através de
vínculo específico com a Administração Pública. decreto, que é a maneira pela qual se revestem os atos editados
2º - Sanção de Polícia: Possui natureza administrativa; advém pelo chefe do Poder Executivo. O conteúdo de um decreto pode ser
do poder de polícia; aplica-se sobre as pessoas que desobedeçam por meio de conteúdo ou de determinado regulamento ou, ainda,
às regulamentações de polícia administrativa. a pela adoção de providências distintas. A título de exemplo desta
3º - Sanção Penal: Possui natureza penal; decorre do poder última situação, pode-se citar um decreto que dá a designação de
geral de persecução penal; aplica-se sobre as pessoas que cometem determinado nome a um prédio público.
crimes ou contravenções penais. Em razão de os regulamentos serem editados sob forma
condizente de decreto, é comum serem chamados de decretos
Por fim, registre-se que é comum a doutrina afirmar que o poder regulamentares, decretos de execução ou regulamentos de
disciplinar é exercido de forma discricionária. Tal afirmação deve execução.
ser analisada com cuidado no que se refere ao seu alcance como Podemos classificar os regulamentos em três espécies
um todo, pois, se ocorrer de o agente sob disciplina administrativa diferentes:
cometer infração, a única opção que restará ao gestor será aplicar á A) Regulamento executivo;
situação a penalidade devidamente prevista na lei, pois, a aplicação B) Regulamento independente ou autônomo;
da pena é ato vinculado. Quando existente, a discricionariedade c) Regulamento autorizado.
refere-se ao grau da penalidade ou à aplicação correta das sanções
legalmente cabíveis, tendo em vista que no direito administrativo Vejamos a composição de cada em deles:
não é predominável o princípio da pena específica que se refere à
necessidade de prévia definição em lei da infração funcional e da – Regulamento Executivo
exata sanção cabível. Existem leis que, ao serem editadas, já reúnem as condições
Em resumo, temos: suficientes para sua execução, enquanto outras pugnam por
um regulamento para serem executadas. Entretanto, em tese,
Poder Disciplinar qualquer lei é passível de ser regulamentada. Diga-se de passagem,
– Apura infrações e aplica penalidades; até mesmo aquelas cuja execução não dependa de regulamento.
– Para que o indivíduo seja submetido ao poder disciplinar, é Para isso, suficiente é que o Chefe do Poder Executivo entenda
preciso que possua vínculo funcional com a administração; conveniente detalhar a sua execução.
– A aplicação de sanção disciplinar deve ser acompanhada de O ato de regulamento executivo é norma geral e abstrata.
processo administrativo no qual sejam assegurados o direito ao Sendo geral pelo fato de não possuir destinatários determinados
contraditório e à ampla defesa, devendo haver motivação para que ou determináveis, vindo a atingir quaisquer pessoas que estejam
seja aplicada a penalidade disciplinar cabível; nas situações reguladas; é abstrata pelo fato de dispor sobre
– Pode ter caráter discricionário em relação à escolha entre hipóteses que, se e no momento em que forem verificadas no
sanções legalmente cabíveis e respectiva gradação. mundo concreto, passarão a gerar as consequências abstratamente
previstas. Desta forma, podemos afirmar que o regulamento possui
Poder regulamentar conteúdo material de lei, porém, com ela não se confunde sob o
Com supedâneo no art. 84, IV, da Constituição Federal, consiste aspecto formal.
o poder regulamentar na competência atribuída aos Chefes do O ato de regulamento executivo é constituído por importantes
Poder Executivo para que venham a editar normas gerais e abstratas funções. São elas:
destinadas a detalhar as leis, possibilitando o seu fiel regulamento
e eficaz execução. 1.º) Disciplinar a discricionariedade administrativa
A doutrina não é unânime em relação ao uso da expressão Ocorre, tendo em vista a existência de discricionariedade
poder regulamentar. Isso acontece, por que há autores que, quando a lei confere ao agente público determinada quantidade de
assemelhando-se ao conceito anteriormente proposto, usam liberdade para o exercício da função administrativa. Tal quantidade
esta expressão somente para se referirem à faculdade de editar e margem de liberdade termina sendo reduzida quando da editação
regulamentos conferida aos Chefes do Executivo. Outros autores,
a usam com conceito mais amplo, acoplando também os atos
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
de um regulamento executivo que estipula regras de observância São, em resumo, atos normativos considerados secundários que
obrigatória, vindo a determinar a maneira como os agentes devem são editados pelo Chefe do Executivo com o fulcro de detalhar a
proceder no fiel cumprimento da lei. execução dos atos normativos primários elaborados pelas leis.
Ou seja, ao disciplinar por intermédio de regulamento Dando enfoque à subordinação dos regulamentos executivos
o exercício da discricionariedade administrativa, o Chefe do à lei, a Constituição Federal prevê a possibilidade de o Congresso
Poder Executivo, termina por voluntariamente limitá-la, vindo a Nacional sustá-los, caso exorbite do poder regulamentar nos
estabelecer autêntica autovinculação, diminuindo, desta forma, o parâmetros do art. 49, inc. V da CF/88. É o que a doutrina chama
espaço para a discussão de casos e fatos sem importância para a de “veto legislativo”, dentro de uma analogia com o veto que o
administração pública. Chefe do Executivo poderá apor aos projetos de lei aprovados pelo
Parlamento.
2.º) Uniformizar os critérios de aplicação da lei Pondera-se que a aproximação terminológica possui limitações,
É interpretada no contexto da primeira, posto que o uma vez que o veto propriamente dito do executivo, pode ocorrer
regulamento ao disciplinar a forma com que a lei deve ser fielmente em função de o Presidente da República entender que o projeto
cumprida, estipula os critérios a serem adotados nessa atividade, de lei é incompatível com a Constituição Federal, que configuraria
fato que impede variações significativas nos casos sujeitos à lei o veto jurídico, ou, ainda, contrário ao interesse público, que seria
aplicada. Exemplo: podemos citar o desenvolvimento dos servidores o veto político. Por sua vez, o veto legislativo só pode ocorrer
na carreira de Policial Rodoviário Federal. por exorbitância do poder regulamentar, sendo assim, sempre
Criadora da carreira de Policial Rodoviário Federal, a Lei jurídico. Melhor dizendo, não há como imaginar que o Parlamento
9.654/1998 estabeleceu suas classes e determinou que a investidura venha a sustar um decreto regulamentar por entendê-lo contrário
no cargo de Policial Rodoviário Federal teria que se dar no padrão ao interesse público, uma vez que tal norma somente deve
único da classe de Agente, na qual o titular deverá permanecer por detalhar como a lei ao ser elaborada pelo próprio Legislativo, será
pelo menos três anos ou até obter o direito à promoção à classe indubitavelmente cumprida. Destarte, se o Parlamento entende
subsequente, nos termos do art. 3.º, § 2.º. que o decreto editado dentro do poder regulamentar é contrário
A antiguidade e o merecimento são os principais requisitos ao interesse público, deverá, por sua vez, revogar a própria lei que
para que os servidores públicos sejam promovidos. No entanto, lhe dá o sustento.
o vocábulo “merecimento” é carregado de subjetivismo, fato que Ademais, lembremos que os regulamentos se submetem ao
abriria a possibilidade de que os responsáveis pela promoção dos controle de legalidade, de tal forma que a nulidade decorrente da
servidores, alegando discricionariedade, viessem a agir com base exorbitância do poder regulamentar também está passível de ser
em critérios obscuros e casuístas, vindo a promover perseguições reconhecida pelo Poder Judiciário ou pelo próprio Chefe do Poder
e privilégios. E é por esse motivo que existe a necessidade de Executivo no exercício da autotutela.
regulamentação dos requisitos de promoção, como demonstra o
próprio estatuto dos servidores públicos civis federais em seu art. – Regulamento independente ou autônomo
10, parágrafo único da Lei 8.112/1990. Ressalte-se que esta segunda espécie de regulamento, também
Com o fulcro de regulamentar a matéria, foi editado o Decreto adota a forma de decreto. Diversamente do regulamento executivo,
8.282/2014, que possui como atributo, detalhar os requisitos esse regulamento não se presta a detalhar uma lei, detendo o
e estabelecer os devidos critérios para promoção dos Policiais poder de inovar na ordem jurídica, da mesma maneira que uma
Rodoviários Federais, dentre os quais se encontra a obtenção de lei. O regulamento autônomo (decreto autônomo) é considerado
“resultado satisfatório na avaliação de desempenho no interstício ato normativo primário porque retira sua força exclusivamente e
considerado para a progressão”, disposta no art. 4.º, II, “b”. Da diretamente da Constituição.
mesma forma, a expressão “resultado satisfatório” também é A Carta Magna de 1988, em sua redação original, deletou a
eivada de subjetividade, motivo pelo qual o § 3.º do mesmo figura do decreto autônomo no direito brasileiro. No entanto, com
dispositivo regulamentar designou que para o efeito de promoção, a Emenda Constitucional 32/2001, a possibilidade foi novamente
seria considerado satisfatório o alcance de oitenta por cento das inserida na alínea a do inciso VI do art. 84 da CFB/88.
metas estipuladas em ato do dirigente máximo do órgão. Mesmo havendo controvérsias, a posição dominante na doutrina
Assim sendo, verificamos que a discricionariedade do é no sentido de que a única hipótese de regulamento autônomo que
dirigente máximo da PRF continua a existir, e o exemplo disso, é o direito brasileiro permite é a contida no mencionado dispositivo
o estabelecimento das metas. Entretanto, ela foi reduzida no constitucional, que estabelece a competência do Presidente da
condizente à avaliação da suficiência de desempenho dos servidores República para dispor, mediante decreto, sobre organização e
para o efeito de promoção. O que nos leva a afirmar ainda que, funcionamento da administração federal, isso, quando não implicar
diante da regulamentação, erigiu a existência de vinculação da em aumento de despesa nem mesmo criação ou extinção de órgãos
autoridade administrativa referente ao percentual considerado públicos.
satisfatório para o efeito de promoção dos servidores, critério que Por oportuno, registarmos que a autorização que está prevista
inclusive já foi uniformizado. na alínea b do mesmo dispositivo constitucional, para que o
Embora exista uma enorme importância em termos de Presidente da República, mediante decreto, possa extinguir cargos
praticidade, denota-se que os regulamentos de execução gozam públicos vagos, não se trata de caso de regulamento autônomo.
de hierarquia infralegal e não detém o poder de inovar na ordem Cuida-se de uma xucra hipótese de abandono do princípio do
jurídica, criando direitos ou obrigações, nem contrariando, paralelismo das formas. Isso por que em decorrência do princípio
ampliando ou restringindo as disposições da lei regulamentada. da hierarquia das normas, se um instituto jurídico for criado por
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
intermédio de determinada espécie normativa, sua extinção apenas De acordo com a doutrina tradicional, o legislador ordinário
poderá ser veiculada pelo mesmo tipo de ato, ou, ainda, por um de não poderá, fora dos casos previstos na Constituição, delegar de
superior hierarquia. forma integral a função de legislar que é típica do Poder Legislativo,
Nesse sentido, sendo os cargos públicos criados por lei, nos aos órgãos administrativos.
parâmetros do art. 48, inc. X da CFB/88, apenas a lei poderia Entretanto, em decorrência da complexidade das atividades
extingui-los pelo sistema do paralelismo das formas. Entretanto, técnicas da Administração, contemporaneamente, embora haja
deixando de lado essa premissa, o legislador constituinte derivado controvérsias em relação ao aspecto da constitucionalidade, a
permitiu que, estando vago o cargo público, a extinção aconteça doutrina maior tem aceitado que as competências para regular
por decreto. Poderíamos até dizer que foi autorizado um decreto determinadas matérias venham a ser transferidas pelo próprio
autônomo, mas nunca um regulamento autônomo, isso posto pelo legislador para órgãos administrativos técnicos. Cuida-se do
fato de tal decreto não gozar de generalidade e abstração, não fenômeno da deslegalização, por meio do qual a normatização sai
regulamentando determinada matéria. Cuida-se, nesse sentido, de da esfera da lei para a esfera do regulamento autorizado.
um ato de efeitos concretos, amplamente desprovido de natureza No entanto, o regulamento autorizado não se encontra limitado
regulamentar. somente a explicar, detalhar ou complementar a lei. Na verdade, ele
De forma diversa do decreto regulamentar ou regulamento busca a inovação do ordenamento jurídico ao criar normas técnicas
executivo, que é editado para minuciar a fiel execução da lei, não contidas na lei, ato que realiza em decorrência de expressa
destaca-se que o decreto autônomo ou regulamento independente, determinação legal.
encontra-se sujeito ao controle de constitucionalidade. O que Depreende-se que o regulamento autorizado não pode ser
justifica a mencionada diferenciação, é o fato de o conflito entre um confundido com o regulamento autônomo. Isso ocorre, porque,
decreto regulamentar e a lei que lhe atende de fundamento vir a ao passo que este último retira sua força jurídica da Constituição,
configurar ilegalidade, não cabendo o argumento de que o decreto aquele é amplamente dependente de expressa autorização contida
é inconstitucional porque exorbitou do poder regulamentar. na lei. Além disso, também se diverge do decreto de execução
Assim, havendo agressão direta à Constituição, a lei, com certeza porque, embora seja um ato normativo secundário que retira sua
pode ser considerada inconstitucional, mas não o decreto que a força jurídica da lei, detém o poder de inovar a ordem jurídica, ao
regulamenta. Agora, em se tratando do decreto autônomo, infere- contrário do que ocorre com este último no qual sua destinação é
se que este é norma primária, vindo a fundamentar-se no próprio apenas a de detalhar a lei para que seja fielmente executada.
texto constitucional, de forma a ser possível uma agressão direta Nos moldes da jurisprudência, não é admitida a edição de
à Constituição Federal de 1988, legitimando desta maneira, a regulamento autorizado para matéria reservada à lei, um exemplo
instauração de processo de controle de constitucionalidade. Assim disso é a criação de tributos ou da criação de tipos penais, tendo
sendo, podemos citar a lição do Supremo Tribunal Federal: em vista que afrontaria o princípio da separação dos Poderes, pelo
Com efeito, o que é necessário demonstrar, é que o decreto do fato de estar o Executivo substituindo a função do Poder Legislativo.
Chefe do Executivo advém de competência direta da Constituição, Entretanto, mesmo nos casos de inexistência de expressa
ou que retire seu fundamento da Carta Magna. Nessa sentido, caso determinação constitucional estabelecendo reserva legal, tem sido
o regulamento não se amolde ao figurino constitucional, caberá, por admitida a utilização de regulamentos autorizados, desde que a lei
conseguinte, análise de constitucionalidade pelo Supremo tribunal venha a os autorizar e estabeleça as condições, bem como os limites
Federal. Se assim não for, será apenas vício de inconstitucionalidade da matéria a ser regulamentada. É nesse sentido que eles têm sido
reflexa, afastando desta forma, o controle concentrado em ADI adotados com frequência para a fixação de normas técnicas, como
porque, como adverte Carlos Velloso: “é uma questão de opção. por exemplo, daquelas condições determinadas pelas agências
Hans Kelsen, no debate com Carl Schmitt, em 1929, deixou isso claro. reguladoras.
E o Supremo Tribunal fez essa opção também no controle difuso,
quando estabeleceu que não se conhece de inconstitucionalidade – Regulamentos jurídicos e regulamentos administrativos
indireta. Não há falar-se em inconstitucionalidade indireta reflexa. É A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma que é possível
uma opção da Corte para que não se realize o velho adágio: ‘muita fazer a distinção entre os regulamentos jurídicos ou normativos e
jurisdição, resulta em nenhuma jurisdição’” (ADI 2.387-0/DF, Rel. os regulamentos administrativos ou de organização.
Min. Marco Aurélio). Afirma-se que os regulamentos jurídicos ou normativos, criam
Em suma, conforme dito anteriormente, convém relembrar regras ou normas para o exterior da Administração Pública, que
que o art. 13, I, da Lei 9.784/1999 proíbe de forma expressa a passam a vincular todos os cidadãos de forma geral, como acontece
delegação de atos de caráter normativo. No entanto, com exceção com as normas inseridas no poder de polícia. No condizente aos
a essa regra, o decreto autônomo, diversamente do que acontece regulamentos administrativos ou de organização, denota-se que
com o decreto regulamentar que é indelegável, pode vir a ser estes estabelecem normas sobre a organização administrativa
objeto de delegação aos Ministros de Estado, ao Procurador Geral ou que se relacionam aos particulares que possuem um vínculo
da República e ao Advogado específico com o Estado, como por exemplo, os concessionários de
Geral da União, conforme previsão contida no parágrafo único serviços públicos ou que possuem um contrato com a Administração.
do art. 84 da Constituição Federal. De acordo com a ilustre professora, outra nota que merece
destaque em relação à distinção entre os mencionados institutos,
– Regulamento autorizado ou delegado é a de que os regulamentos jurídicos, pelo fato de se referirem à
Denota-se que além das espécies anteriores de regulamento liberdade e aos direitos dos particulares sem uma relação específica
apresentadas, a doutrina administrativista e jurista também com a Administração, são, por sua vez, elaborados com menor grau
menciona a respeito da existência do regulamento autorizado ou de discricionariedade em relação aos regulamentos administrativos.
delegado.
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sem intervenção do Judiciário”. Assim, se um estabelecimento comercial estiver comercializando bebidas deteriorados, o Poder Público
poderá usar do seu poder para apreendê-los e incinerá-los, sendo desnecessário haver qualquer ordem judicial. Ocorre, também, que tal
fato não impede ao particular, que se sentir prejudicado pelo excesso ou desvio de poder, de buscar o amparo do Poder Judiciário para
fazer cessar o ato de polícia abusivo.
Entretanto, denota-se que nem todas as medidas de polícia são dotadas de autoexecutoriedade. A doutrina majoritária afirma que a
autoexecutoriedade só pode existir em duas situações, sendo elas: quando estiver prevista expressamente em lei; ou mesmo não estando
prevista expressamente em lei, se houver situação de urgência que demande a execução direta da medida. O que infere que, não sendo
cumprido nenhum desses requisitos, o ato de polícia autoexecutado será considerado abusivo. Cite-se como exemplo, o de ato de polícia
que não contém autoexecutoriedade, como o caso de uma autuação por desrespeito à normas sanitárias. Nesse caso específico, se o
poder público tiver a pretensão de cobrar o mencionado valor, não poderá fazê-lo de forma direta, sendo necessário que promova a
execução judicial da dívida.
A renomada Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma que alguns autores dividem o atributo da autoexecutoriedade em dois,
sendo eles: a exigibilidade (privilège du préalable) e a executoriedade (privilège d’action d’office). Nesse diapasão, a exigibilidade ensejaria
a possibilidade de a Administração tomar decisões executórias, impondo obrigações aos administrados mesmo sem a concordância
destes, e a executoriedade, que consiste na faculdade de se executar de forma direta todas essas decisões sem que haja a necessidade
de intervenção do Poder Judiciário, usando-se, quando for preciso, do emprego direto da força pública. Imaginemos como exemplo, um
depósito antigo de carros que esteja ameaçado de desabar. Nessa situação específica, a Administração pode ordenar que o proprietário
promova a sua demolição (exigibilidade). E não sendo a ordem cumprida, a própria Administração possui o poder de mandar seus
servidores demolirem o imóvel (executoriedade).
Ainda, pelos ensinamentos da ilustre professora, ao passo que a exigibilidade se encontra relacionada com a aplicação de meios
indiretos de coação, como a aplicação de multa ou a impossibilidade de licenciamento de veículo enquanto não forem pagas as multas
de trânsito, a executoriedade irá se consubstanciar no uso de meios diretos de coação, como por exemplo dissolução de reunião, da
apreensão de mercadorias, da interdição de estabelecimento e da demolição de prédio.
Adverte-se, por fim, que a exigibilidade se encontra presente em todas as medidas de polícia, ao contrário da executoriedade, que
apenas se apresenta nas hipóteses previstas por meio de lei ou em situações de urgência.
— Coercibilidade
É um atributo do poder de polícia que faz com que o ato seja imposto ao particular, concordando este, ou não. Em outras termos, o
ato de polícia, como manifestação do ius imperi estatal, não está consignado à dependência da concordância do particular para que tenha
validade e seja eficaz. Além disso, a coercibilidade é indissociável da autoexecutoridade, e o ato de polícia só poderá ser autoexecutável
pelo fato de ser dotado de força coercitiva.
Assim sendo, a coercibilidade ou imperatividade, definida como a obrigatoriedade do ato para os seus destinatários, acaba se
confundindo com a definição dada de exigibilidade que resulta do desdobramento do atributo da autoexecutoriedade.
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No que se refere à importância econômica e social, a organi- É estabelecido através da estrutura organizacional o desenvol-
zação permite o emprego dos fatores de produção (terra, capital, vimento das atividades da organização, adaptando toda e qualquer
trabalho, tecnologia etc.) para satisfazer necessidades humanas de alteração ou mudança dentro da organização, porém essa estrutura
modo racional e sustentável, uma vez que os bens são escassos e as pode não ser estabelecida unicamente, deve-se estar pronta para
necessidades são ilimitadas. qualquer transformação.
Com a transformação de recursos em produtos e serviços, a Essa estrutura é dividida em duas formas, estrutura informal
sociedade se beneficia com a geração de renda, empregos, tributos, e estrutura formal, a estrutura informal é estável e está sujeita a
infra-estrutura, serviços públicos e o equilíbrio do mercado. controle, porém a estrutura formal é instável e não está sujeita a
controle.
Quanto aos tipos de organização, as organizações podem ser
públicas ou privadas; com fins econômicos (lucrativos) ou não. • Tipos de departamentalização
Como pessoas jurídicas, sua tipologia segue o Código Civil (Lei É uma forma de sistematização da estrutura organizacional,
10.406, de 2002): visa agrupar atividades que possuem uma mesma linha de ação
• Pessoas jurídicas de direito público interno – União, Estados, com o objetivo de melhorar a eficiência operacional da empresa.
Distrito Federal, Territórios, Municípios, autarquias (inclusive as Assim, a organização junta recursos, unidades e pessoas que te-
associações públicas) e demais entidades de caráter público criadas nham esse ponto em comum.
por lei (art. 41); Quando tratamos sobre organogramas, entramos em conceitos
• Pessoas jurídicas de direito público externo – Estados estran- de divisão do trabalho no sentido vertical, ou seja, ligado aos níveis
geiros e todas as pessoas regidas pelo direito internacional público de autoridade e hierarquia existentes. Quando falamos sobre de-
(art. 42); partamentalização tratamos da especialização horizontal, que tem
• Pessoas jurídicas de direito privado – associações, socieda- relação com a divisão e variedade de tarefas.
des, fundações, organizações religiosas e partidos políticos (art. 44).
Destas, somente as sociedades possuem fins econômicos. • Departamentalização funcional ou por funções: É a forma
Funções organizacionais são as tarefas especializadas que mais utilizada dentre as formas de departamentalização, se tratan-
ocorrem nos processos da organização, resultando em produtos e do do agrupamento feito sob uma lógica de identidade de funções
serviços. De acordo com Maximiano, as funções mais importantes e semelhança de tarefas, sempre pensando na especialização, agru-
são: pando conforme as diferentes funções organizacionais, tais como
• Operações – também chamada de produção, é a responsável financeira, marketing, pessoal, dentre outras.
pelo fornecimento do produto ou serviço, por meio da transforma- Vantagens: especialização das pessoas na função, facilitando a
ção dos recursos. cooperação técnica; economia de escala e produtividade, mais indi-
• Marketing – seu objetivo básico é estabelecer e manter a cada para ambientes estáveis.
ligação entre a organização e seus clientes, consumidores, usuários Desvantagens: falta de sinergia entre os diferentes departa-
ou público-alvo, realizando atividades de desenvolvimento de pro- mentos e uma visão limitada do ambiente organizacional como um
dutos, definição de preços, propaganda e vendas etc. É uma função todo, com cada departamento estando focado apenas nos seus pró-
que ocorre tanto em organizações lucrativas como naquelas que prios objetivos e problemas.
não visam lucro em suas operações.
• Finanças – responsável pelo dinheiro da organização, busca • Por clientes ou clientela: Este tipo de departamentalização
a proteção e a utilização eficaz dos recursos financeiros, inclusive ocorre em função dos diferentes tipos de clientes que a organização
a maximização do lucro quando se trata de empresas. Preocupa- possui. Justificando-se assim, quando há necessidades heterogêne-
-se com a liquidez para saldar obrigações da organização e abrange as entre os diversos públicos da organização. Por exemplo (loja de
financiamento (busca de recursos financeiros), investimento (apli- roupas): departamento masculino, departamento feminino, depar-
cação), controle do desempenho financeiro e destinação dos resul- tamento infantil.
tados. Vantagem: facilitar a flexibilidade no atendimento às de-
• Recursos humanos – também chamada de gestão de pessoas, mandas específicas de cada nicho de clientes.
busca encontrar, atrair e manter as pessoas de que a organização Desvantagens: dificuldade de coordenação com os objetivos
necessita, envolvendo atividades anteriores à contratação do fun- globais da organização e multiplicação de funções semelhantes
cionário e posteriores ao seu desligamento, tais como: planejamen- nos diferentes departamentos, prejudicando a eficiência, além
to de mão-de-obra, recrutamento e seleção, treinamento, avaliação de poder gerar uma disputa entre as chefias de cada departa-
de desempenho e remuneração etc. mento diferente, por cada uma querer maiores benefícios ao
• Pesquisa e Desenvolvimento – busca transformar as informa- seu tipo de cliente.
ções de marketing, as ideias originais e os avanços da ciência em
produtos e serviços. Identifica e introduz novas tecnologias, bem • Por processos: Resume-se em agregar as atividades da orga-
como melhora os processos produtivos para redução de custos. nização nos processos mais importantes para a organização. Sendo
assim, busca ganhar eficiência e agilidade na produção de produ-
• Estrutura organizacional tos/serviços, evitando o desperdício de recursos na produção orga-
A estrutura organizacional na administração é classificada nizacional. É muito utilizada em linhas de produção.
como o conjunto de ordenações, ou conjunto de responsabilida- Vantagem: facilita o emprego de tecnologia, das máquinas e
des, sejam elas de autoridade, das comunicações e das decisões equipamentos, do conhecimento e da mão-de-obra e possibilita um
de uma organização ou empresa. melhor arranjo físico e disposição racional dos recursos, aumentan-
do a eficiência e ganhos em produtividade.
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
• Departamentalização por produtos: A organização se es- Porém, não há consenso na literatura se a departamentali-
trutura em torno de seus diferentes tipos de produtos ou ser- zação matricial de fato é um critério de departamentalização, ou
viços. Justificando-se quando a organização possui uma gama um tipo de estrutura organizacional.
muito variada de produtos que utilizem tecnologias bem diver-
sas entre si, ou mesmo que tenham especificidades na forma de Desvantagens: filiais, ou projetos, possuírem grande auto-
escoamento da produção ou na prestação de cada serviço. nomia para realizar seu trabalho, dificultando o processo admi-
Vantagem: facilitar a coordenação entre os departamentos nistrativo geral da empresa. Além disso, a dupla subordinação a
envolvidos em um determinado nicho de produto ou serviço, que os empregados são submetidos pode gerar ambiguidade de
possibilitando maior inovação na produção. decisões e dificuldade de coordenação.
Desvantagem: a “pulverização” de especialistas ao longo da
organização, dificultando a coordenação entre eles. • Organização formal e informal
Organização formal trata-se de uma organização onde duas
• Departamentalização geográfica: Ou departamentalização ou mais pessoas se reúnem para atingir um objetivo comum com
territorial, trata-se de critério de departamentalização em que um relacionamento legal e oficial. A organização é liderada pela
a empresa se estabelece em diferentes pontos do país ou do alta administração e tem um conjunto de regras e regulamentos
mundo, alocando recursos, esforços e produtos conforme a de- a seguir. O principal objetivo da organização é atingir as metas
manda da região. estabelecidas. Como resultado, o trabalho é atribuído a cada
Aqui, pensando em uma organização Multinacional, pressu- indivíduo com base em suas capacidades. Em outras palavras,
pondo-se que há uma filial em Israel e outra no Brasil. Obvia- existe uma cadeia de comando com uma hierarquia organizacio-
mente, os interesses, hábitos e costumes de cada povo justifica- nal e as autoridades são delegadas para fazer o trabalho.
rão que cada filial tenha suas especificidades, exatamente para Além disso, a hierarquia organizacional determina a relação
atender a cada povo. Assim, percebemos que, dentro de cada lógica de autoridade da organização formal e a cadeia de coman-
filial nacional, poderão existir subdivisões, para atender às dife- do determina quem segue as ordens. A comunicação entre os
rentes regiões de cada país, com seus costumes e desejos. Como dois membros é apenas por meio de canais planejados.
cada filial estará estabelecida em uma determinada região geo-
gráfica e as filiais estarão focadas em atender ao público dessa Tipos de estruturas de organização formal:
região. Logo, provavelmente haverá dificuldade em conciliar os — Organização de Linha
interesses de cada filial geográfica com os objetivos gerais da — Organização de linha e equipe
empresa. — Organização funcional
— Organização de Gerenciamento de Projetos
• Departamentalização por projetos: Os departamentos são — Organização Matricial
criados e os recursos alocados em cada projeto da organização.
Exemplo (construtora): pode dividir sua organização em torno Organização informal refere-se a uma estrutura social inter-
das construções “A”, “B” e “C”. Aqui, cada projeto tende a ter ligada que rege como as pessoas trabalham juntas na vida real. É
grande autonomia, o que viabiliza a melhor consecução dos ob- possível formar organizações informais dentro das organizações.
jetivos de cada projeto. Além disso, esta organização consiste em compreensão mútua,
Vantagem: grande flexibilidade, facilita a execução do pro- ajuda e amizade entre os membros devido ao relacionamento
jeto e proporciona melhores resultados. interpessoal que constroem entre si. Normas sociais, conexões
Desvantagem: as equipes perdem a visão da empresa como e interações governam o relacionamento entre os membros, ao
um todo, focando apenas no seu projeto, duplicação de estru- contrário da organização formal.
turas (sugando mais recursos), e insegurança nos empregados Embora os membros de uma organização informal tenham
sobre sua continuidade ou não na empresa quando o projeto no responsabilidades oficiais, é mais provável que eles se relacio-
qual estão alocados se findar. nem com seus próprios valores e interesses pessoais sem dis-
criminação.
• Departamentalização matricial A estrutura de uma organização informal é plana. Além dis-
Também é chamada de organização em grade, e é uma mis- so, as decisões são tomadas por todos os membros de forma co-
tura da departamentalização funcional (mais verticalizada), com letiva. A unidade é a melhor característica de uma organização
uma outra mais horizontalizada, que geralmente é a por proje- informal, pois há confiança entre os membros. Além disso, não
tos. existem regras e regulamentos rígidos dentro das organizações
Nesse contexto, há sempre autoridade dupla ou dual, por informais; regras e regulamentos são responsivos e adaptáveis
responder ao comando da linha funcional e ao gerente da ho- às mudanças.
rizontal. Assim, há a matricial forte, a fraca e a equilibrada ou Ambos os conceitos de organização estão inter-relaciona-
balanceada: dos. Existem muitas organizações informais dentro de organiza-
• Forte – aqui, o responsável pelo projeto tem mais autori- ções formais, portanto, eles são mutuamente exclusivos.
dade;
• Fraca – aqui, o gerente funcional tem mais autoridade;
• Equilibrada ou Balanceada – predomina o equilíbrio entre
os gerentes de projeto e funcional.
141
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
A arquivística é uma ciência que estuda as funções do arquivo, e também os princípios e técnicas a serem observados durante
a atuação de um arquivista sobre os arquivos e, tem por objetivo, gerenciar todas as informações que possam ser registradas em
documentos de arquivos.
A Lei nº 8.159/91 (dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e entidades privadas e dá outras providências) nos dá
sobre arquivo:
“Consideram-se arquivos, para os fins desta lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, insti-
tuições de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física,
qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos.”
De acordo com uma das acepções existentes para arquivos, esse também pode designar local físico designado para conservar
o acervo.
A arquivística está embasada em princípios que a diferencia de outras ciências documentais existentes.
Vejamos:
O princípio de proveniência nos remete a um conceito muito importante aos arquivistas: o Fundo de Arquivo, que se caracteriza como
um conjunto de documentos de qualquer natureza – isto é, independentemente da sua idade, suporte, modo de produção, utilização e
conteúdo– reunidos automática e organicamente –ou seja, acumulados por um processo natural que decorre da própria atividade da ins-
tituição–, criados e/ou acumulados e utilizados por uma pessoa física, jurídica ou poruma família no exercício das suas atividades ou das
suas funções.
Esse Fundo de Arquivo possui duas classificações a se destacar.
Fundo Fechado – quando a instituição foi extinta e não produz mais documentos estamos.
Fundo Aberto - quando a instituição continua a produzir documentos que se vão reunindo no seu arquivo.
142
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Temos ainda outros aspectos relevantes ao arquivo, que por alguns autores, podem ser classificados como princípios e por outros,
como qualidades ou aspectos simplesmente, mas que, independente da classificação conceitual adotada, são relevantes no estudo da
arquivologia. São eles:
- Territorialidade: arquivos devem ser conservados o mais próximo possível do local que o gerou ou que influenciou sua produção.
- Imparcialidade: Os documentos administrativos são meios de ação e relativos a determinadas funções. Sua imparcialidade explica-se
pelo fato de que são relativos a determinadas funções; caso contrário, os procedimentos aos quais os documentos se referem não funcio-
narão, não terão validade. Os documentos arquivísticos retratam com fidelidade os fatos e atos que atestam.
- Autenticidade: Um documento autêntico é aquele que se mantém da mesma forma como foi produzido e, portanto, apresenta o
mesmo grau de confiabilidade que tinha no momento de sua produção.
Por finalidade a arquivística visa servir de fonte de consulta, tornando possível a circulação de informação registrada, guardada e pre-
servada sob cuidados da Administração, garantida sua veracidade.
Costumeiramente ocorre uma confusão entre Arquivo e outros dois conceitos relacionados à Ciência da Informação, que são a Bi-
blioteca e o Museu, talvez pelo fato desses também manterem ali conteúdo guardados e conservados, porém, frisa-se que trata-se de
conceitos distintos.
O quadro abaixo demonstra bem essas distinções:
Arquivos Públicos
Segundo a Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, art.7º, Capítulo II:
“Os arquivos públicos são os conjuntos de documentos produzidos e recebidos, no exercício de suas atividades, por órgãos públicos
de âmbito federal, estadual, do distrito federal e municipal, em decorrência de suas funções administrativas, legislativas e judiciárias”.
Igualmente importante, os dois parágrafos do mesmo artigo diz:
“§ 1º São também públicos os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por instituições de caráter público, por entidades
privadas encarregadas da gestão de serviços públicos no exercício de suas atividades.
§ 2º A cessação de atividades de instituições públicas e de caráter público implica o recolhimento de sua documentação à institui-
ção arquivística pública ou a sua transferência à instituição sucessora.»
Todos os documentos produzidos e/ou recebidos por órgãos públicos ou entidades privadas (revestidas de caráter público – mediante
delegação de serviços públicos) são considerados arquivos públicos, independentemente da esfera de governo.
Arquivos Privados
De acordo com a mesma Lei citada acima:
“Consideram-se arquivos privados os conjuntos de documentos produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou jurídicas, em decor-
rência de suas atividades.”
Para elucidar possíveis dúvidas na definição do referido artigo, a pessoa jurídica a qual o enunciado se refere diz respeito à pessoa
jurídica de direito privado, não se confundindo, portanto, com pessoa jurídica de direito público, pois os órgãos que compõe a adminis-
tração indireta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, são também pessoas jurídicas, destituídas de poder político e dotadas de
personalidade jurídica própria, porém, de direito público.
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
documentos por meio de uma análise dos mesmos. A indexação • Características dos instrumentos de indexação utilizados;
permite uma pesquisa eficaz das informações contidas no acervo • Características do indexador:
documental.
A indexação conduz ao registro dos conceitos contidos num do- • Pessoais: objetividade, imparcialidade, espírito de análise,
cumento de uma forma organizada e facilmente acessível, median- capacidade de síntese, desenvolvimento intelectual, sociabilidade,
te a constituição de instrumentos de pesquisa documental como cultura geral, cultura específica e outras.
índices e catálogos alfabéticos de matérias. A informação contida • Profissionais: conhecimento técnicos que permitam decisões
num documento é representada por um conjunto de conceitos ou acertadas, conhecimentos profundos acerca do sistema de indexa-
combinações de conceitos. ção em que está integrado.
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
funções e atividades. A classificação por assuntos é utilizada com estabelecer prazos de guarda com vista à eliminação e, consequen-
o objetivo de agrupar os documentos sob um mesmo tema, como temente, à redução do volume documental e racionalização do es-
forma de agilizar sua recuperação e facilitar as tarefas arquivísticas paço físico.
relacionadas com a avaliação, seleção, eliminação, transferência, A metodologia adotada à época envolveu pesquisas na legisla-
recolhimento e acesso a esses documentos, uma vez que o traba- ção que regula a prescrição de documentos administrativos, e en-
lho arquivístico é realizado com base no conteúdo do documento, trevistas com historiadores e servidores responsáveis pela execução
o qual reflete a atividade que o gerou e determina o uso da infor- das atividades nos órgãos públicos, que forneceram as informações
mação nele contida. A classificação define, portanto, a organização relativas aos valores primário e secundário dos documentos, isto
física dos documentos arquivados, constituindo-se em referencial é, ao seu potencial de uso para fins administrativos e de pesqui-
básico para sua recuperação. sa, respectivamente. Concluídos os trabalhos, ainda que restrito à
No código de classificação, as funções, atividades, espécies e documentação já depositada no arquivo intermediário do Arquivo
tipos documentais genericamente denominados assuntos, encon- Nacional, foi constituída, em 1993, uma Comissão Interna de Ava-
tram-se hierarquicamente distribuídos de acordo com as funções e liação que referendou os prazos de guarda e destinação propostos.
atividades desempenhadas pelo órgão. Em outras palavras, os as- Com o objetivo de elaborar uma tabela de temporalidade para
suntos recebem códigos numéricos, os quais refletem a hierarquia documentos da então Secretaria de Planejamento, Orçamento e
funcional do órgão, definida através de classes, subclasses, grupos e Coordenação (SEPLAN), foi criado, em 1993, um grupo de trabalho
subgrupos, partindo-se sempre do geral para o particular. composto por técnicos do Arquivo Nacional e daquela secretaria,
A classificação deve ser realizada por servidores treinados, de cujos resultados, relativos às atividade-meio, serviriam de subsí-
acordo com as seguintes operações. dio ao estabelecimento de prazos de guarda e destinação para os
a) ESTUDO: consiste na leitura de cada documento, a fim de documentos da administração pública federal. A tabela, elaborada
verificar sob que assunto deverá ser classificado e quais as referên- com base nas experiências já desenvolvidas pelos dois órgãos, foi
cias cruzadas que lhe corresponderão. A referência cruzada é um encaminhada, em 1994, à Direção Geral do Arquivo Nacional para
mecanismo adotado quando o conteúdo do documento se refere a aprovação.
dois ou mais assuntos. Com a instalação do Conselho Nacional de Arquivos (Conarq),
b) CODIFICAÇÃO: consiste na atribuição do código correspon- em novembro de 1994, foi criada, dentre outras, a Câmara Técnica
dente ao assunto de que trata o documento. de Avaliação de Documentos (Ctad) para dar suporte às atividades
do conselho. Sua primeira tarefa foi analisar e discutir a tabela de
Rotinas correspondentes às operações de classificação temporalidade elaborada pelo grupo de trabalho Arquivo Nacional/
1. Receber o documento para classificação; SEPLAN, com o objetivo de torná-la aplicável também aos docu-
2. Ler o documento, identificando o assunto principal e o(s) se- mentos produzidos pelos órgãos públicos nas esferas estadual e
cundário(s) de acordo com seu conteúdo; municipal, servindo como orientação a todos os órgãos participan-
3. Localizar o(s) assunto(s) no Código de classificação de docu- tes do Sistema Nacional de Arquivos (Sinar).
mentos de arquivo, utilizando o índice, quando necessário; O modelo ora apresentado constitui-se em instrumento básico
4. Anotar o código na primeira folha do documento; para elaboração de tabelas referentes às atividade-meio do serviço
5. Preencher a(s) folha(s) de referência, para os assuntos se- público, podendo ser adaptado de acordo com os conjuntos docu-
cundários. mentais produzidos e recebidos. Vale ressaltar que a aplicação da
tabela deverá estar condicionada à aprovação por instituição arqui-
A avaliação constitui-se em atividade essencial do ciclo de vida vística pública na sua específica esfera de competência.
documental arquivístico, na medida em que define quais documen-
tos serão preservados para fins administrativos ou de pesquisa e em No dicionário, o significado de rotina significa: “sequência de
que momento poderão ser eliminados ou destinados aos arquivos in- procedimentos, dos costumes habituais; modo como se realiza al-
termediário e permanente, segundo o valor e o potencial de uso que guma coisa, sempre da mesma forma; que se faz todos os dias”.
apresentam para a administração que os gerou e para a sociedade. Em nosso entendimento, rotina de trabalho é a sequência das
Os primeiros atos legais destinados a disciplinar a avaliação de atividades profissionais que realizamos diariamente. Não somente
documentos no serviço público datam do final do século passado, a sequência que compõe a rotina, mas também a forma que reali-
em países da Europa, nos Estados Unidos e no Canadá. No Brasil, a zamos essas atividades.
preocupação com a avaliação de documentos públicos não é recen- Se definimos bem uma rotina de trabalho evitamos o acúmulo
te, mas o primeiro passo para sua regulamentação ocorreu efetiva- de tarefas, atrasos no cumprimento de prazos e outros contratem-
mente com a lei federal nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que em pos que podem surgir quando não existe uma programação a ser
seu artigo 9º dispõe que “a eliminação de documentos produzidos seguida.
por instituições públicas e de caráter público será realizada median- Mas é bom ter em mente que a rotina deve ser flexibilizada,
te autorização de instituição arquivística pública, na sua específica atender as demandas mais urgentes. Devemos sempre ter em men-
esfera de competência”. te as prioridades de cada momento e assim dar ênfase as mesmas.
O Arquivo Nacional publicou em 1985 manual técnico sob o Uma rotina de trabalho muito rígida, faz com que os colaboradores
título Orientação para avaliação e arquivamento intermediário em fiquem insatisfeitos, justamente por não terem flexibilidade de fa-
arquivos públicos, do qual constam diretrizes gerais para a realiza- zer ajustes em casos de imprevisto ou quando necessário.
ção da avaliação e para a elaboração de tabelas de temporalida-
de. Em 1986, iniciaram-se as primeiras atividades de avaliação dos
acervos de caráter intermediário sob a guarda da então Divisão de
Pré-Arquivo do Arquivo Nacional, desta vez com a preocupação de
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Não existe uma fórmula exata, para se criar uma boa rotina Centros de documentação ou informação: é um órgão/insti-
de trabalho. Ela pode variar de acordo com a empresa, o setor, o tuição/serviço que busca juntar, armazenar, classificar, selecionar e
cargo, ou se o trabalho é realizado em home office. Alguns pontos disseminar informação das mais diversas naturezas, incluindo aque-
devem ser levados em consideração para uma boa otimização de las próprias da biblioteconomia, da arquivística, dos museus e da
sua rotina: informática.
– Mantenha um padrão nos processos;
– Defina projetos e metas; Princípios
– Categorize as rotinas operacionais (semelhança e/ou afinida- A arquivologia possui uma série de princípios fundamentais
des); para o seu funcionamento. São eles:
– Monitore o desempenho;
– Divida as atividades de acordo com as prioridades; • Princípio da proveniência, respeito aos fundos ou método
– Delegue tarefas; histórico: fundo é um conjunto de documentos de uma mesma pro-
– Use ferramentas para gerenciar a rotina de trabalho; veniência. Eles podem ser fundos abertos ou fechados.
– Defina seu horário de trabalho. Fundo aberto é aquele ao qual podem ser acrescentados novos
documentos em função do fato de a entidade produtora continuar
Tenha em mente que o planejamento é a palavra chave para em atividade.
uma boa rotina de trabalho. Fundo fechado é aquele que não recebe acréscimo de docu-
mentos, uma vez que a entidade produtora não se encontra mais
Arquivologia em atividade. Porém, ele pode continuar recebendo acréscimo de
Conceitos documentos desde que seja proveniente da mesma entidade pro-
Segundo o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, dutora de quando a organização estava funcionando.
temos quatro definições para o termo arquivologia:
1. Conjunto de documentos produzidos e acumulados por uma • Princípio da indivisibilidade ou integridade arquivística: é
entidade coletiva, pública ou privada, pessoa ou família, no desem- necessário manter a integridade do arquivo, sem dispersar, mutilar,
penho de suas atividades, independentemente da natureza do su- alienar, destruir sem autorização ou adicionar documento indevido.
porte.
2. Instituição ou serviço que tem por finalidade a custódia, o • Princípio do respeito à ordem original, ordem primitiva ou
processamento técnico, a conservação e o acesso a documentos. “santidade” da ordem original: o arquivo deve conservar o arranjo
3. Instalações onde funcionam arquivos. dado por quem o produziu, seja uma entidade coletiva, pessoa ou
4. Móvel destinado à guarda de documentos. família. Ou seja, ele deve ser colocado no seu lugar de origem den-
tro do fundo de onde provém.
Podemos entender ela como um conjunto de princípios, nor-
mas, técnicas e procedimentos para gerenciar as informações no • Princípio da Organicidade: é o princípio que possibilita a
processo de produção, organização, processamento, guarda, utili- diferenciação entre documentos de arquivo e outros documentos
zação, identificação, preservação e uso de documentos de arquivos. existentes no ambiente organizacional.
• Um arquivo é o conjunto de documentos produzidos e acu-
mulados por uma entidade coletiva, pública e privada, pessoa ou • Princípio da Unicidade: independentemente de forma, gê-
família, no desempenho de suas atividades, independentemente da nero, tipo ou suporte, os documentos de arquivo conservam seu
natureza do suporte. caráter único, em função do contexto em que foram produzidos.
• Um documento é o registro de informações, independente
da natureza do suporte que a contém. • Princípio da cumulatividade ou naturalidade: seus registros
• Já informação é um “elemento referencial, noção, ideia ou são formados de maneira progressiva, natural e orgânica em função
mensagem contidos num documento. do desempenho natural das atividades da organização, família ou
O suporte é o meio física, aquela que o contém o documento, pessoa, por produção e recebimento, e não de maneira artificial.
podendo ser: papel; pen-drive; película fotográfica; microfilme; CD;
DVD; entre outros. • Princípio da reversibilidade: todo procedimento ou trata-
mento aplicado aos arquivos poderá, necessariamente, ser rever-
Outros conceitos importantes de se ter claro na mente: tido, caso seja necessário. Para se evitar a desintegração ou perda
Arquivos: órgãos que recolhem naturalmente os documentos de unidade do fundo.
de arquivo, que são acumulados organicamente pela entidade, de
forma ordenada, preservando-os para a consecução dos objetivos • Princípios da inalienabilidade e imprescritibilidade: aplicado
funcionais, legais e administrativos, tendo em conta sua utilidade ao setor público, estabelecendo que a transferência de propriedade
futura. dos arquivos públicos a terceiros é proibida; e que o direito público
Bibliotecas: reúnem documentos de biblioteca, que são mate- sobre os seus arquivos não prescreve com o tempo.
riais ordenados para estudo, pesquisa e consulta.
Museus: colecionam documentos (bidimensionais e/ou tridi- • Princípio da universalidade: implica ao arquivista uma abor-
mensionais) de museu, que são criações artísticas ou culturais de dagem mais geral sobre a gestão dos documentos de arquivo antes
uma civilização ou comunidade, possuindo utilidade cultural, de in- que ele possa se aprofundar em maiores detalhes sobre cada natu-
formação, educação e entretenimento. reza documental.
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
• Princípio da proveniência territorial/territorialidade: es- trativas, que estes estão sujeitos se não cumprirem a legislação em
tabelece que os documentos deverão ser arquivados no território vigor ou ainda, se destruírem documentos de valor permanente ou
onde foram produzidos. de interesse público e social.
A Gestão de Documentos no âmbito da administração pública
• Princípio da pertinência territorial: afirma que os documen- atua na elaboração dos planos de classificação dos documentos,
tos deverão ser arquivados no local de sua pertinência, e não de TTD (Tabela Temporalidade Documental) e comissão permanente
sua acumulação. de avaliação. Desta forma é assegurado o acesso rápido à informa-
ção e preservação dos documentos.
Através da gestão de documentos podemos fazer um correto
arquivamento. Ela surgiu a partir da necessidade das organizações Tabela de Temporalidade
em gerenciar a informação que se encontrava desestruturada, vi- A tabela de temporalidade deverá contemplar as atividade-
sando facilitar o acesso ao conhecimento explícito da corporação. -meio e atividades-fim de cada órgão público. Desta forma, caberá
Pode ser considerada como um conjunto de soluções utilizadas aos mesmos definir a temporalidade e destinação dos documentos
para assegurar a produção, administração, manutenção e destina- relativos às suas atividades específicas, complementando a tabela
ção dos documentos possibilitando fornecer e recuperar as infor- básica. Posteriormente, esta deverá ser encaminhada à instituição
mações contidas nos documentos de uma maneira conveniente. arquivística pública para aprovação e divulgação, por meio de ato
(SANTOS, 2002). legal que lhe confira legitimidade.
A tabela de temporalidade é um instrumento arquivístico re-
No Brasil, a gestão documental é regulamentada na Lei nº sultante de avaliação, que tem por objetivos definir prazos de guar-
8.159/91 que “Dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos da e destinação de documentos, com vista a garantir o acesso à
e privados e dá outras providências”. informação a quantos dela necessitem. Sua estrutura básica deve
necessariamente contemplar os conjuntos documentais produzidos
Administrar, organizar e gerenciar a informação é, hoje, uma e recebidos por uma instituição no exercício de suas atividades, os
preocupação entre as empresas e entidades públicas e privadas de prazos de guarda nas fases corrente e intermediária, a destinação
pequeno, médio e grande porte de diversos segmentos, que encon- final – eliminação ou guarda permanente, além de um campo para
tram na Tecnologia da Gestão de Documentos uma poderosa aliada observações necessárias à sua compreensão e aplicação.
para a tomada de decisões e um facilitador para a gestão de suas
atividades. Apresentam-se a seguir diretrizes para a correta utilização do
A Gestão de Documentos é também um caminho seguro, rápi- instrumento:
do e eficiente para as empresas se destacarem dos seus concorren-
tes e conquistarem certificações. 1. Assunto: Neste campo são apresentados os conjuntos do-
A Gestão de Documentos contribui no processo de Acreditação cumentais produzidos e recebidos, hierarquicamente distribuídos
e Certificação ISO, porque assegura que a informação produzida e de acordo com as funções e atividades desempenhadas pela ins-
utilizada será bem gerenciada, garantindo a confidencialidade e a tituição. Para possibilitar melhor identificação do conteúdo da in-
rastreabilidade das informações, além de proporcionar benefícios formação, foram empregadas funções, atividades, espécies e tipos
como: racionalização dos espaços de guarda de documentos, efi- documentais, genericamente denominados assuntos, agrupados
ciência e rapidez no desenvolvimento das atividades diárias e o segundo um código de classificação, cujos conjuntos constituem o
controle do documento desde o momento de sua produção até a referencial para o arquivamento dos documentos.
destinação final. Como instrumento auxiliar, pode ser utilizado o índice, que
Com relação à Acreditação, a Gestão de Documentos é fator contém os conjuntos documentais ordenados alfabeticamente para
determinante também para cumprir a Resolução 1.639/2002, do agilizar a sua localização na tabela.
Conselho Federal de Medicina, onde é definido que os prontuários
médicos são de guarda definitiva e, portanto, não podem ser des- 2. Prazos de guarda: Referem-se ao tempo necessário para arqui-
cartados sem o devido planejamento de como garantir a preserva- vamento dos documentos nas fases corrente e intermediária, visan-
ção das informações. do atender exclusivamente às necessidades da administração que os
Administrar e gerenciar documentos, a partir de conceitos da gerou, mencionado, preferencialmente, em anos. Excepcionalmente,
Gestão Documental, proporciona às empresas privadas e entidades pode ser expresso a partir de uma ação concreta que deverá neces-
públicas maior controle sobre as informações que produzem e re- sariamente ocorrer em relação a um determinado conjunto docu-
cebem. mental. Entretanto, deve ser objetivo e direto na definição da ação
A implantação da Gestão de Documentos associada ao uso ade- – exemplos: até aprovação das contas; até homologação da aposen-
quado da microfilmagem e das tecnologias do GED (Gerenciamento tadoria; e até quitação da dívida. O prazo estabelecido para a fase
Eletrônico de Documentos) deve ser efetiva visando à garantia no corrente relaciona-se ao período em que o documento é frequen-
processo de atualização da documentação, interrupção no processo temente consultado, exigindo sua permanência junto às unidades
de deterioração dos documentos e na eliminação do risco de perda organizacionais. A fase intermediária relaciona-se ao período em que
do acervo, através de backup ou pela utilização de sistemas que o documento ainda é necessário à administração, porém com menor
permitam acesso à informação pela internet e intranet. frequência de uso, podendo ser transferido para depósito em outro
A eficiente gestão dos arquivos públicos municipais contribui local, embora à disposição desta.
para uma melhor administração dos recursos das cidades e municí- A realidade arquivística no Brasil aponta para variadas formas
pios, além de resguardar os mesmos de penalidades civis e adminis- de concentração dos arquivos, seja ao nível da administração (fa-
ses corrente e intermediária), seja no âmbito dos arquivos públicos
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
(permanentes ou históricos). Assim, a distribuição dos prazos de Assim começou a escrita. Na sua essência. Isto nada mais é do
guarda nas fases corrente e intermediária foi definida a partir das que registrar e guardar. Por sua vez, no seu sentido mais simples,
seguintes variáveis: guardar é arquivar.
I – Órgãos que possuem arquivo central e contam com serviços Por muito tempo reinou uma completa confusão sobre o ver-
de arquivamento intermediário: dadeiro sentido da biblioteca, museu e arquivo. Indiscutivelmente,
Para os órgãos federais, estaduais e municipais que se enqua- por anos e anos, estas instituições tiveram mais ou menos o mesmo
dram nesta variável, há necessidade de redistribuição dos prazos, objetivo. Eram elas depósitos de tudo o que se produzira a mente
considerando-se as características de cada fase, desde que o prazo humana, isto é, do resultado do trabalho intelectual e espiritual do
total de guarda não seja alterado, de forma a contemplar os seguin- homem.
tes setores arquivísticos: O arquivo, quando bem organizado, transmite ordens, evita re-
- arquivo setorial (fase corrente, que corresponde ao arquivo petição desnecessárias de experiências, diminui a duplicidade de
da unidade organizacional); documentos, revela o que está por ser feito, o que já foi feito e os
- arquivo central (fase intermediária I, que corresponde ao se- resultados obtidos. Constitui fonte de pesquisa para todos os ramos
tor de arquivo geral/central da instituição); administrativos e auxilia o administrador a tomada de decisões.
- arquivo intermediário (fase intermediária II, que corresponde
ao depósito de arquivamento intermediário, geralmente subordi- Um arquivo são coleções de documentos criados e acumulados
nado à instituição arquivística pública nas esferas federal, estadual por entidades coletivas. público ou privado indivíduos ou famílias
e municipal). durante as atividades independentemente da natureza da mídia.
II – Órgãos que possuem arquivo central e não contam com
serviços de arquivamento intermediário: Nos órgãos situados nesta — Código de Classificação de Documentos de Arquivo
variável, as unidades organizacionais são responsáveis pelo arquiva- É tido como principal instrumento para a classificação dos
mento corrente e o arquivo central funciona como arquivo interme- documentos no Arquivo Corrente ou na massa documental. A
diário, obedecendo aos prazos previstos para esta fase e efetuando ordem estabelecida é baseada no agrupamento de documentos de
o recolhimento ao arquivo permanente. um mesmo tema, com a preocupação de agilizar o recolhimento,
III – Órgãos que não possuem arquivo central e contam com transferência e o acesso ao documento.
serviços de arquivamento intermediário: Nesta variável, as unida- Para a administração pública federal o modo de classificação
des organizacionais também funcionam como arquivo corrente, adotado foi o Método de Classificação Decimal (técnica de Melvil
transferindo os documentos – depois de cessado o prazo previsto Dewey). As dez principias são representadas por números inteiros
para esta fase – para o arquivo intermediário, que promoverá o re- com três algarismos: Classe 100; Classe 200; Classe 300; Classe 400;
colhimento ao arquivo permanente. Classe 500; Classe 600; Classe 700; Classe 800; Classe 900.
IV – Órgãos que não possuem arquivo central nem contam com Essas classes podem ser divididas em subclasses, que podem
serviços de arquivamento intermediário: ser divididas em grupo, que podem ser divididas em subgrupos. Os
Quanto aos órgãos situados nesta variável, as unidades organi- números sempre estarão se submetendo a uma subordinação ao
zacionais são igualmente responsáveis pelo arquivamento corrente, anterior. Vejamos:
ficando a guarda intermediária a cargo das mesmas ou do arquivo Classe 000
público, o qual deverá assumir tais funções. Subclasse 010
Grupo 012
3. Destinação final: Neste campo é registrada a destinação es- Subgrupo 012.11
tabelecida que pode ser a eliminação, quando o documento não
apresenta valor secundário (probatório ou informativo) ou a guarda Neste plano de Classificação, estão atribuídas às classes 000
permanente, quando as informações contidas no documento são e 900 as respectivas disciplinas: Administração Geral e Diversos.
consideradas importantes para fins de prova, informação e pesquisa. Apesar dessas definições essas duas classes podem mudar no
A guarda permanente será sempre nas instituições arquivís- contexto de subclasses, grupos e subgrupos. Mudanças que podem
ticas públicas (Arquivo Nacional e arquivos públicos estaduais, do aumentar ou diminuir informações. Essas duas classes estão
Distrito Federal e municipais), responsáveis pela preservação dos incluídas no modelo do esquema de classificação. Porque, segundo
documentos e pelo acesso às informações neles contidas. Outras os criadores dessas classes, essas são as duas classes comuns para
instituições poderão manter seus arquivos permanentes, seguindo todas as atividades de suporte organizacional. As restantes turmas
orientação técnica dos arquivos públicos, garantindo o intercâmbio estão abertas na sequência de eventos documentais administrados
de informações sobre os respectivos acervos. pela organização.
4. Observações: Neste campo são registradas informações Aplicação do Código de Classificação de Documentos de
complementares e justificativas, necessárias à correta aplicação da Arquivo
tabela. Incluem-se, ainda, orientações quanto à alteração do supor- A classificação é um importante processo de gestão de
te da informação e aspectos elucidativos quanto à destinação dos documentos em arquivos, pois a classificação faz parte da eficiência,
documentos, segundo a particularidade dos conjuntos documen- controle e agilidade da gestão da informação. Duas etapas
tais avaliados. caracterizam a aplicação do Código de Classificação: Classificação
A necessidade de comunicação é tão antiga como a formação e Arquivamento.
da sociedade humana, o homem, talvez na ânsia de se perpetuar,
teve sempre a preocupação de registrar suas observações, seu pen-
samento, para os legar às gerações futuras.
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Não podemos nos esquecer dos documentos eletrônicos, que hoje em dia está cada vez mais presente. As alternativas são diversas,
como dispositivos externos de gravação,porém, o mais indicado hoje, é armazenar os dados em nuvem, que oferece além da segurança,
a facilidade de acesso.
Armazenamento
Áreas de armazenamento
Áreas Externas
A localização de um depósito de arquivo deve prever facilidades de acesso e de segurança contra perigos iminentes, evitando-se, por
exemplo:
- áreas de risco de vendavais e outras intempéries, e de inundações, como margens de rios e subsolos;
- áreas de risco de incêndios, próximas a postos de combustíveis, depósitos e distribuidoras de gases, e construções irregulares;
- áreas próximas a indústrias pesadas com altos índices de poluição atmosférica, como refinarias de petróleo;
- áreas próximas a instalações estratégicas, como indústrias e depósitos de munições, de material bélico e aeroportos.
Áreas Internas
As áreas de trabalho e de circulação de público deverão atender às necessidades de funcionalidade e conforto, enquanto as de arma-
zenamento de documentos devem ser totalmente independentes das demais.
Condições Ambientais
Quanto às condições climáticas, as áreas de pesquisa e de trabalho devem receber tratamento diferenciado das áreas dos depósitos,
as quais, por sua vez, também devem se diferenciar entre si, considerando-se as necessidades específicas de preservação para cada tipo
de suporte.
A deterioração natural dos suportes dos documentos, ao longo do tempo, ocorre por reações químicas, que são aceleradas por
flutuações e extremos de temperatura e umidade relativa do ar e pela exposição aos poluentes atmosféricos e às radiações luminosas,
especialmente dos raios ultravioleta.
A adoção dos parâmetros recomendados por diferentes autores (de temperatura entre 15° e 22° C e de umidade relativa entre 45%
e 60%) exige, nos climas quentes e úmidos, o emprego de meios mecânicos sofisticados, resultando em altos custos de investimento em
equipamentos, manutenção e energia.
Os índices muito elevados de temperatura e umidade relativa do ar, as variações bruscas e a falta de ventilação promovem a ocorrên-
cia de infestações de insetos e o desenvolvimento de microorganismos, que aumentam as proporções dos danos.
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
- reavaliar a utilidade de condicionadores mecânicos quando Todos os materiais usados para o armazenamento de docu-
os equipamentos de climatização não puderem ser mantidos em mentos permanentes devem manter-se quimicamente estáveis ao
funcionamento sem interrupção; longo do tempo, não podendo provocar quaisquer reações que afe-
- proteger os documentos e suas embalagens da incidência di- tem a preservação dos documentos.
reta de luz solar, por meio de filtros, persianas ou cortinas; Os papéis e cartões empregados na produção de caixas e invó-
- monitorar os níveis de luminosidade, em especial das radia- lucros devem ser alcalinos e corresponder às expectativas de pre-
ções ultravioleta; servação dos documentos.
- reduzir ao máximo a radiação UV emitida por lâmpadas fluo- No caso de caixas não confeccionados em cartão alcalino, re-
rescentes, aplicando filtros bloqueadores aos tubos ou às luminá- comenda-se o uso de invólucros internos de papel alcalino, para
rias; evitar o contato direto de documentos com materiais instáveis.3
- promover regularmente a limpeza e o controle de insetos ras-
teiros nas áreas de armazenamento; ARQUIVOS CORRENTES
- manter um programa integrado de higienização do acervo e Os arquivos correntes e intermediários são etapas importantes
de prevenção de insetos; do ciclo de vida dos documentos. Enquanto os arquivos correntes
- monitorar as condições do ar quanto à presença de poeira e correspondem à fase em que os documentos ainda são utilizados
poluentes, procurando reduzir ao máximo os contaminantes, uti- regularmente no cotidiano da instituição, os arquivos intermediários
lizando cortinas, filtros, bem como realizando o fechamento e a correspondem à fase em que os documentos já não são mais tão
abertura controlada de janelas; frequentemente utilizados, mas ainda possuem valor administrativo,
- armazenar os acervos de fotografias, filmes, meios magnéticos jurídico, fiscal, histórico ou científico. Neste texto, serão abordados
e ópticos em condições climáticas especiais, de baixa temperatura alguns dos principais conceitos e práticas relacionados à gestão e
e umidade relativa, obtidas por meio de equipamentos mecânicos organização dos arquivos correntes e intermediários.
bem dimensionados, sobretudo para a manutenção da estabilidade
dessas condições, a saber: fotografias em preto e branco T 12ºC ± — Conceitos básicos sobre arquivos correntes e intermediários
1ºC e UR 35% ± 5% fotografias em cor T 5ºC ± 1ºC e UR 35% ± 5% Os arquivos correntes e intermediários são etapas do ciclo
filmes e registros magnéticos T 18ºC ± 1ºC e UR 40% ± 5%. de vida dos documentos que ocorrem após a fase de produção e
antes da fase de destinação final. Enquanto os arquivos correntes
Acondicionamento correspondem à fase em que os documentos são utilizados
Os documentos devem ser acondicionados em mobiliário e in- rotineiramente, os arquivos intermediários correspondem à fase em
vólucros apropriados, que assegurem sua preservação. que os documentos não são mais tão frequentemente utilizados,
A escolha deverá ser feita observando-se as características fí- mas ainda possuem valor para a instituição.
sicas e a natureza de cada suporte. A confecção e a disposição do De acordo com a legislação brasileira, os arquivos correntes
mobiliário deverão acatar as normas existentes sobre qualidade e correspondem aos documentos em curso ou que, mesmo sem
resistência e sobre segurança no trabalho. movimentação, são consultados frequentemente pela instituição.
O mobiliário facilita o acesso seguro aos documentos, promove Já os arquivos intermediários correspondem aos documentos
a proteção contra danos físicos, químicos e mecânicos. Os docu- que, mesmo sem movimentação, são guardados por determinado
mentos devem ser guardados em arquivos, estantes, armários ou período de tempo em razão de seu valor administrativo, jurídico,
prateleiras, apropriados a cada suporte e formato. fiscal, histórico ou científico.
Os documentos de valor permanente que apresentam grandes É importante ressaltar que a gestão dos arquivos correntes
formatos, como mapas, plantas e cartazes, devem ser armazenados e intermediários não se limita apenas à organização física dos
horizontalmente, em mapotecas adequadas às suas medidas, ou documentos. Ela envolve também a utilização de ferramentas
enrolados sobre tubos confeccionados em cartão alcalino e acon- e técnicas de gestão da informação, como a classificação,
dicionados em armários ou gavetas. Nenhum documento deve ser indexação, recuperação e disseminação da informação contida nos
armazenado diretamente sobre o chão. documentos.
As mídias magnéticas, como fitas de vídeo, áudio e de compu-
tador, devem ser armazenadas longe de campos magnéticos que — Organização dos arquivos correntes
possam causar a distorção ou a perda de dados. O armazenamento A organização dos arquivos correntes é o que garante a
será preferencialmente em mobiliário de aço tratado com pintura eficiência e a eficácia das atividades realizadas pela instituição. Para
sintética, de efeito antiestático. que isso ocorra, é preciso seguir algumas etapas e recomendações,
As embalagens protegem os documentos contra a poeira e da- são elas:
nos acidentais, minimizam as variações externas de temperatura e – Definir uma política de gestão documental que estabeleça as
umidade relativa e reduzem os riscos de danos por água e fogo em normas e procedimentos para a gestão dos documentos desde a
casos de desastre. sua produção até a sua destinação final;
As caixas de arquivo devem ser resistentes ao manuseio, ao – Identificar e selecionar os documentos que devem ser
peso dos documentos e à pressão, caso tenham de ser empilhadas. mantidos no arquivo corrente, de acordo com o seu valor e a sua
Precisam ser mantidas em boas condições de conservação e limpe- frequência de uso;
za, de forma a proteger os documentos. – Definir um plano de classificação e uma tabela de
As medidas de caixas, envelopes ou pastas devem respeitar temporalidade que facilitem a organização e a localização dos
formatos padronizados, e devem ser sempre iguais às dos docu- documentos;
mentos que irão abrigar, ou, caso haja espaço, esses devem ser 3 Adaptado de CONARQ - Conselho Nacional de Arquivos/ www.
preenchidos para proteger o documento. eboxdigital.com.br
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
– Utilizar técnicas de indexação e recuperação da informação que permitam a rápida localização dos documentos;
– Estabelecer normas para a transferência dos documentos para o arquivo intermediário, quando necessário.
— Métodos de avaliação
Os arquivos correntes e intermediários devem ser avaliados constantemente para garantir a sua efetividade e eficiência. Existem
vários métodos que podem ser utilizados para avaliação de arquivos, incluindo:
– Análise de valor: essa técnica consiste em avaliar a importância e o valor dos documentos de acordo com o seu uso atual e potencial.
É importante considerar a frequência de uso dos documentos, o seu conteúdo e o contexto em que foram produzidos.
– Avaliação histórica: essa técnica considera a importância dos documentos para a história e a cultura de uma sociedade. É importante
considerar a relevância do documento em relação a eventos históricos e culturais, além da sua importância para a preservação da memória
coletiva.
– Análise jurídica: essa técnica leva em consideração as obrigações legais e regulatórias relacionadas aos documentos. É importante
verificar se os documentos cumprem os requisitos legais para a sua retenção e descarte.
– Análise administrativa: essa técnica avalia os documentos com base em sua importância para as atividades administrativas da
organização. É importante considerar a relevância dos documentos para as atividades correntes e futuras da organização.
Os arquivos correntes e intermediários são essenciais para o funcionamento das organizações, garantindo o acesso à informação
e a tomada de decisões efetivas. A gestão desses arquivos requer uma abordagem sistemática e eficiente, com base em princípios e
normas arquivísticas. É fundamental que as organizações invistam em capacitação e treinamento de seus profissionais de arquivologia
para garantir a qualidade da gestão de seus arquivos. Com uma gestão eficiente, os arquivos correntes e intermediários podem se tornar
uma fonte valiosa de informação para a organização e para a sociedade como um todo.
Recebimento:
Como o próprio nome diz, é onde se recebe os documentos e onde se separa o que é oficial e o que é pessoal.
Os pessoais são encaminhados aos seus destinatários.
Já os oficiais podem sem ostensivos e sigilosos. Os ostensivos são abertos e analisados, anexando mais informações e assim encami-
nhados aos seus destinos e os sigilosos são enviados diretos para seus destinatários.
Registro:
Todos os documentos recebidos devem ser registrados eletronicamentecom seu número, nome do remetente, data, assunto dentre
outras informações.
Depois do registro o documento é numerado (autuado) em ordem de chegada.
Depois de analisado o documento ele é classificado em uma categoria de assuntopara que possam ser achados. Neste momento
pode-se ate dar um código a ele.
Distribuição:
Também conhecido como movimentação, é a entrega para seus destinatários internos da empresa. Caso fosse para fora da empresa
seria feita pela expedição.
Tramitação:
A tramitação são procedimentos formais definidas pela empresa.É o caminho que o documento percorre desde sua entrada na empre-
sa até chegar ao seu destinatário (cumprir sua função).Todas as etapas devem ser seguidas sem erro para que o protocolo consiga localizar
o documento. Quando os dados são colocados corretamente, como datas e setores em que o documento caminhou por exemplo, ajudará
aagilizar a sua localização.
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Expedição de documentos:
A expedição é por onde sai o documento. Deve-se verificar se faltam folhas ou anexos. Também deve numerar e datar a correspon-
dência no original e nas cópias, pois as cópias são o acompanhamento da tramitação do documento na empresa e serão encaminhadas ao
arquivo. As originais são expedidas para seus destinatários.
Após cumprirem suas respectivas funções, os documentos devem ter seu destino decidido, seja este a sua eliminação ou
Considera-se correspondência toda e qualquer forma de comunicação escrita, produzida e destinada a pessoas jurídicas ou físicas,
bem como aquela que se processa entre órgãos e servidores de uma instituição.
Sistemas de classificação
O conceito de classificação e o respectivo sistema classificativo a ser adotado, são de uma importância decisiva na elaboração de um
plano de classificação que permita um bom funcionamento do arquivo.
Um bom plano de classificação deve possuir as seguintes características:
- Satisfazer as necessidades práticas do serviço, adotando critérios que potenciem a resolução dos problemas. Quanto mais simples
forem as regras de classificação adotadas, tanto melhor se efetuará a ordenação da documentação;
- A sua construção deve estar de acordo com as atribuições do organismo (divisão de competências) ou em última análise, focando a
estrutura das entidades de onde provém a correspondência;
- Deverá ter em conta a evolução futura das atribuições do serviço deixando espaço livre para novas inclusões;
- Ser revista periodicamente, corrigindo os erros ou classificações mal efetuadas, e promover a sua atualização sempre que se enten-
der conveniente.
A classificação por assuntos é utilizada com o objetivo de agrupar os documentos sob um mesmo tema, como forma de agilizar sua
recuperação e facilitar as tarefas arquivísticas relacionadas com a avaliação, seleção, eliminação, transferência, recolhimento e acesso a
esses documentos, uma vez que o trabalho arquivístico é realizado com base no conteúdo do documento, o qual reflete a atividade que
o gerou e determina o uso da informação nele contida. A classificação define, portanto, a organização física dos documentos arquivados,
constituindo-se em referencial básico para sua recuperação.
Na classificação, as funções, atividades, espécies e tipos documentais distribuídos de acordo com as funções e atividades desempe-
nhadas pelo órgão.
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
De acordo com a extensão da atenção O arquivamento é a guarda dos documentos no local esta-
Os arquivos se dividem em: belecido, de acordo com a classificação dada. Nesta etapa toda a
- ARQUIVO SETORIAL - localizado junto aos órgãos operacio- atenção é necessária, pois um documento arquivado erroneamente
nais, cumprindo as funções de um arquivo corrente. poderá ficar perdido quando solicitado posteriormente.
- ARQUIVO CENTRAL OU GERAL - destina-se a receber os docu- O documento ficará arquivado na unidade até que cumpra o
mentos correntes provenientes dos diversos órgãos que integram a prazo para transferência ao Arquivo Central ou sua eliminação.
estrutura de uma instituição.
As operações para arquivamento são:
De acordo com a natureza de seus documentos 1. Verificar se o documento destina-se ao arquivamento;
- ARQUIVO ESPECIAL - guarda documentos de variadas for- 2. Checar a classificação do documento, caso não haja, atribuir
mas físicas como discos, fitas, disquetes, fotografias, microformas um código conforme o assunto;
(fichas microfilmadas), slides, filmes, entre outros. Eles merecem 3. Ordenar os documentos na ordem sequencial;
tratamento adequado não apenas quanto ao armazenamento das 4. Ao arquivar o documento na pasta, verificar a existência de
peças, mas também quanto ao registro, acondicionamento, contro- antecedentes na mesma pasta e agrupar aqueles que tratam do
le e conservação. mesmo assunto, por consequência, o mesmo código;
- ARQUIVO ESPECIALIZADO – também conhecido como arquivo 5. Arquivar as pastas na sequência dos códigos atribuídos – usar
técnico, é responsável pela guarda os documentos de um determi- uma pasta para cada código, evitando a classificação “diversos”;
nado assunto ou setor/departamento específico. 6. Ordenar os documentos que não possuem antecedentes de
acordo com a ordem estabelecida – cronológica, alfabética, geográ-
De acordo com a natureza do assunto fica, verificando a existência de cópias e eliminando-as. Caso não
- OSTENSIVO: aqueles que ao serem divulgados não prejudicam exista o original manter uma única cópia;
a administração; 7. Arquivar o anexo do documento, quando volumoso, em cai-
- SIGILOSO: em decorrência do assunto, o acesso é limitado, xa ou pasta apropriada, identificando externamente o seu conteúdo
com divulgação restrita. e registrando a sua localização no documento que o encaminhou.
8. Endereçamento - o endereço aponta para o local onde os
De acordo com a espécie documentos/processos estão armazenados.
- ADMINISTRATIVO: Referente às atividades puramente admi- Devemos considerar duas formas de arquivamento: A horizon-
nistrativas; tal e a vertical.
- JUDICIAL: Referente às ações judiciais e extrajudiciais; - Arquivamento Horizontal: os documentos são dispostos uns
- CONSULTIVO: Referente ao assessoramento e orientação jurí- sobre os outros, ―deitados, dentro do mobiliário. É indicado para
dica. Busca dirimir dúvidas entre pareceres, busca alternativas para arquivos permanentes e para documentos de grandes dimensões,
evitar a esfera judicial. pois evitam marcas e dobras nos mesmos.
- Arquivamento Vertical: os documentos são dispostos uns
De acordo com o grau de sigilo atrás dos outros dentro do mobiliário. É indicado para arquivos
- RESERVADO: Dados ou informações cuja revelação não-au- correntes, pois facilita a busca pela mobilidade na disposição dos
torizada possa comprometer planos, operações ou objetivos neles documentos.
previstos;
- SECRETO: Dados ou informações referentes a sistemas, ins- Para o arquivamento e ordenação dos documentos no arquivo,
talações, projetos, planos ou operações de interesse nacional, a devemos considerar tantos os métodos quanto os sistemas.
assuntos diplomáticos e de inteligência e a planos ou detalhes, pro- Os Sistemas de Arquivamento nada mais são do que a possibi-
gramas ou instalações estratégicos, cujo conhecimento não auto- lidade ou não de recuperação da informação sem o uso de instru-
rizado possa acarretar dano grave à segurança da sociedade e do mentos.
Estado; Tudo o que isso quer dizer é apenas se precisa ou não de uma
- ULTRASSECRETO: Dados ou informações referentes à sobera- ferramenta (índice, tabela ou qualquer outro semelhante) para lo-
nia e à integridade territorial nacional, a plano ou operações mi- calizar um documento em um arquivo.
litares, às relações internacionais do País, a projetos de pesquisa Quando NÃO HÁ essa necessidade, dizemos que é um sistema
e desenvolvimento científico e tecnológico de interesse da defesa direto de busca e/ou recuperação, como por exemplo, os métodos
nacional e a programas econômicos, cujo conhecimento não autori- alfabético e geográfico.
zado possa acarretar dano excepcionalmente grave à segurança da Quando HÁ essa necessidade, dizemos que é um sistema indi-
sociedade e do Estado. reto de busca e/ou recuperação, como são os métodos numéricos.
Arquivamento e ordenação de documentos A ORDENAÇÃO é a reunião dos documentos que foram classifi-
O arquivamento é o conjunto de técnicas e procedimentos que cados dentre de um mesmo assunto.
visa ao acondicionamento e armazenamento dos documentos no Sua finalidade é agilizar o arquivamento, de forma organizada e
arquivo. categorizada previamente para posterior arquivamento.
Uma vez registrado, classificado e tramitado nas unidades com- Para definir a forma da ordenação é considerada a natureza dos
petentes, o documento deverá ser encaminhado ao seu destino documentos, podendo ser:4
para arquivamento, após receber despacho final.
4Adaptado de www.agu.gov.br
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
É um instrumento resultante da atividade de avaliação de documentos, que consiste em identificar seus valores (primário/adminis-
trativo ou secundário/histórico) e definir prazos de guarda, registrando dessa forma, o registra o ciclo de vida dos documentos.
Para que a tabela tenha validade precisa ser aprovada por autoridade competente e divulgada entre os funcionários na instituição.
Sua estrutura básica deve necessariamente contemplar os conjuntos documentais produzidos e recebidos por uma instituição no
exercício de suas atividades, os prazos de guarda nas fases corrente e intermediária, a destinação final – eliminação ou guarda permanen-
te, além de um campo para observações necessárias à sua compreensão e aplicação.
1. Assunto: Apresenta-se aqui os conjuntos documentais produzidos e recebidos, hierarquicamente distribuídos de acordo com as
funções e atividades desempenhadas pela instituição.
Como instrumento auxiliar, pode ser utilizado o índice, que contém os conjuntos documentais ordenados alfabeticamente para agili-
zar a sua localização na tabela.
2. Prazos de guarda: Trata-se do tempo necessário para arquivamento dos documentos nas fases corrente e intermediária, visando
atender exclusivamente às necessidades da administração que os gerou.
Deve ser objetivo e direto na definição da ação – exemplos: até aprovação das contas; até homologação daaposentadoria; e até qui-
tação da dívida.
- Os prazos são preferencialmente em ANOS
- Os prazos são determinados pelas: - Normas
- Precaução
- Informações recaptulativas
- Frequência de uso
4. Observações: Neste campo são registradas informações complementares e justificativas, necessárias à correta aplicação da tabela.
Incluem-se, ainda, orientações quanto à alteração do suporte da informação e aspectos elucidativos quanto à destinação dos documentos,
segundo a particularidade dos conjuntos documentais avaliados.
A definição dos prazos de guarda devem ser definidos com base na legislação vigente e nas necessidades administrativas.
A correspondência confidencial ou secreta nunca deve ser aberta, mas sim conduzida diretamente à direção. É conveniente, contudo,
registar a sua entrada, de preferência em livro próprio.
A correspondência particular, como é lógico, também não deve ser aberta, mas sim dirigida aos respectivos destinatários.
A correspondência dita patente, é que vai entrar no circuito de tratamento.
A abertura da correspondência é importante referir a forma como se faz e os cuidados a ter para evitar a inutilização do conteúdo.
Antes de se abrir as cartas deve-se colocar o conteúdo para um dos cantos dos sobrescritos e em seguida abre-se pelas arestas opostas.
Isto porque as cartas são normalmente mal dobradas e quando são inseridas nos subscritos ficam, por vezes, coladas no interior. A aber-
tura pode ser:
a) Manual;
b) Máquinas.
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Registo das Entradas Portanto, a redação da carta deve ser executada por uma pes-
soa experiente, de forma a minimizar as perdas de tempo e conse-
Nas grandes empresas, esta fase da correspondência concen- guir uma boa qualidade de comunicação. A resposta pode ser exe-
tra-se num só departamento. cutada de diversas formas:
Tiram-se cópias dos originais recebidos, para um exemplar ficar - Ditado direto, em que o datilógrafo ou processador de texto
no departamento e o outro seguir para o respectivo destino. Mas executa diretamente o texto que lhe é transmitido;
a tiragem das cópias não pode ser feita sem antes ser colocado o - Ditado indireto, onde o datilógrafo ou o processador de texto
respectivo carimbo da entrada contendo a data e o número da en- executa o texto através de uma minuta, um registo que estenogra-
trada. fou;
Nos serviços públicos e nas empresas mais tradicionalistas, uti-
liza-se o Livro de Registo para a correspondência recebida. Assinatura
É comum haver um livro só para a entrada de correspondência Depois de finalizada a correspondência deve ser de novo lida e
e outro apenas para a saída de correspondência em seguida assinada. A organização das grandes empresas implica
Veja um exemplo das colunas a serem colocadas no livro de que o correio e expedir esteja pronto até determinada hora, de for-
registro de correspondência recebida. ma a ser levado a despacho.
Registo de Saída
Distribuição
A execução de uma carta resposta implica disponibilidade de Rotinas de Expedição Via Mensageria Interna
tempo e disponibilidade mental. - Recolhe a documentação interna nos escaninhos destinados
à distribuição.
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
• Gerenciar conflitos
Grande parte dos profissionais procura evitar os conflitos
a todo custo. No entanto, muitas vezes eles aparecem, e ignorá-
los não é uma maneira saudável ou eficiente de proceder. Para
trabalhar em equipe efetivamente, é preciso identificar, gerenciar
e resolver conflitos.
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Algumas vezes, lidar com as diferenças causa incompatibilidade, sua opinião em algo importante dentro da organização gera medo
desentendimentos, problemas, que devem ser solucionados a e ansiedade. O desenvolvimento pessoal de cada profissional é
partir do bom relacionamento e diálogo entre os colaboradores, necessário, aperfeiçoar nas habilidades propostas deixa de lado o
pois, “pequenas ações são as sementes dos grandes resultados” fato de não entregar o trabalho ofertado pela empresa.
(ALBUQUERQUE, 2012, p. 85). Um assunto mal falado gera confusão de informações tornando
“As relações interpessoais desenvolvem-se em decorrência do o ambiente de trabalho confuso e tenso, a união do relacionamento
processo de interação” (MOSCOVICI, 2011, p. 69). É uma maneira interpessoal com uma boa comunicação torna-se eficaz diante de
de conhecer mais, aprender com situações diversas no grupo social, uma organização que necessita de colaboradores fluentes e certos
vivenciando e trocando informações. do seu papel no trabalho.
Interagir com o outro ou se comunicar muita das vezes se “O desenvolvimento de competência interpessoal exige
torna uma tarefa complicada, quando essa prática costuma falhar a aquisição e o aperfeiçoamento de certas habilidades de
alguns conflitos surgem e não são fáceis de serem resolvidos. O ser comunicação para facilidade de compreensão mútua” (MOSCOVICI,
humano é envolvido por sentimentos, sensações e quase nunca 2011, p. 102).
pela razão, para se trabalhar em equipe é necessário a flexibilidade Existem vários elementos primordiais e fundamentais dentro
e compreensão, afinal realizar tarefas em equipe e estar no meio da comunicação e que devemos utilizar em nosso dia a dia.
de pessoas no ambiente de trabalho pode gerar eficiência nas Elementos - Segundo NASSAR (2005, p. 51), a estrutura
atividades e os objetivos lançados são alcançados com mais comunicacional possui quatro características essenciais. Tais como:
facilidade. Emissor – está ligado a organização é quem inicia a mensagem; Meio
“Influenciar pessoas é conseguir colaboração e cooperação. ou Canal de transmissão – ligado as ferramentas de comunicação,
A cooperação vai além do favor, que é uma gentileza espontânea, é o meio através do qual é transmitida a mensagem; Receptor –
além da obrigação e do poder de mando” (ALBUQUERQUE, 2012, p. público interno, a quem a mensagem é dirigida e as Respostas ou
84). As pessoas se sentem parte do grupo quando podem colaborar. Feedback – que são os resultados obtidos.
O trabalho em equipe também é muito característico do Obstáculos – Algumas palavras transmitidas não possuem
relacionamento interpessoal, o individuo precisa aprender a o mesmo significado para o emissor e receptor, surge então
trabalhar dentro de uma organização. problemas devido diferenças de interpretação.
Equipe é considerada um “conjunto ou grupo de pessoas com Para que a importante comunicação exerça seu papel dentro
habilidades complementares, comprometidas umas com as outras das empresas é necessário as ferramentas citadas acima, através
pela missão comum, objetivos comuns, obtidos pela negociação delas as pessoas terão mais facilidade em transmitir suas ideias e
entre os membros envolvidos em um plano de trabalho bem opiniões e também de ouvir o que está sendo falado.
difundido” (CARVALHO, 2009, p. 94). A valorização do seu quadro de pessoal é primordial para que
As empresas necessitam de funcionários qualificados e com a empresa cresça e dê frutos, através disto os colaboradores se
desenvoltura, transformar um grupo em equipe é um grande tornaram mais satisfeitos e comprometidos com seu trabalho e com
desafio, os funcionários estão cada dia mais isolados uns dos as atividades designadas.
outros, possuem egoísmo e temem se aproximar demais do outro Para ARGENTI (2006, p. 169), “A comunicação interna no século
temendo perder a vaga para um colega da mesma equipe. Gestores XXI envolve mais do que memorandos e publicações; envolve
estão a procura de pessoas que pensam juntas, desenvolvem juntas desenvolver uma cultura corporativa e ter o potencial de motivar a
e buscam crescimentos visando os lucros da empresa, hoje em dia mudança organizacional”.
funcionários estão sendo desligados por falta destas características. O ideal é envolver os colaboradores certos na área certa e no
Muitos visam somente o salário no começo do mês ou benefícios local correto, resultados positivos virão e uma gestão mais eficaz
que a empresa pode oferecer a ele, é necessário abrir a mente, irá surgir.
pensar e agir alto, ter ações que vão deixar a empresa orgulhosa de Baseado nos conceitos acima se entende que a comunicação
ter um funcionário que possua os valores da organização, proativo interna exerce um importante papel dentro das empresas, através
e faz acontecer na área de atuação. dela os colaboradores executam suas funções de forma mais
A comunicação é uma poderosa ferramenta capaz transformar objetiva e de acordo com os negócios da organização.
situações, resolver conflitos e também esclarecer fatos embaraçosos Para DUBRIN (2003) os canais formais de comunicação são
decorrentes do dia a dia, bem como ser gentil e educado no os caminhos oficiais para envio de informações dentro e fora
ambiente de trabalho. da empresa, tendo como fonte de informação o organograma
Além de influenciar os outros, uma boa comunicação contribui organizacional, que indica os canais que a mensagem deve seguir.
para a imagem de si mesmo, em um ambiente de trabalho não A metodologia utilizada neste trabalho foi à pesquisa de
é diferente, saber conversar com o gestor ou com a equipe de campo, onde foi elaborado um questionário fechado com
trabalho é necessário, expressar ideias, expor opiniões, concordar perguntas direcionadas ao relacionamento interpessoal dentro das
com palavras e atitudes que vão levar a empresa a resultados organizações.
positivos é essencial. O uso do questionário para Luz (2003) é a técnica mais utilizada
A comunicação é uma “ferramenta muito poderosa para nas pesquisas de clima, pois permite o uso das questões abertas ou
o comando, tanto que é considerada uma das competências fechadas, o custo é relativamente baixo, e pode ser aplicada a todos
essenciais para o êxito profissional. Nos relacionamentos humanos ou só a uma amostra de colaboradores.
tem seu valor potencializado” (ALBUQUERQUE, 2012, p. 104).
A dificuldade em expressar ideias ou falar em público existe e
acompanha diversas pessoas, somente o fato do colaborador saber
que precisa apresentar sua proposta em uma reunião ou expor
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
A escolha do questionário com questões fechadas deu- 3 – As pessoas precisam de alguns elementos fundamentais
se pelo fato dos resultados obtidos serem mais reais, o leitor e para viver, tais como: carinho, aprovação social, influência, proteção
responsável por responder as perguntas necessita de mais atenção e autorrealização.
e comprometimento em analisar e interagir com o responsável pela
pesquisa. • Como surgiu a teoria das relações humanas?
O questionário elaborado foi aplicado a gestores de uma A teoria das relações humanas surgiu no período entre o final
empresa, logo em seguida os dados foram abordados e analisados da década de 1920 e início da década de 1930, nos Estado Unidos.
sob uma estatística, objetivando descrever qual o grau de satisfação Na época, o país vivia a chamada Grande Depressão, que
e de interesse dos mesmos em seus subordinados. culminou com a queda da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em
Através do gráfico 4.3 podemos observar que as mulheres 1929.
possuem maior dificuldade no relacionamento interpessoal dentro O movimento, então, aparece como uma tentativa de encontrar
desta organização. Não foi identificada a quantidade de homens e respostas para os problemas econômicos vividos no país.
mulheres em cada área, porem com este questionário foi possível Soluções que até então eram inquestionáveis passaram a ser
identificar que o publico feminino tem certa dificuldade em se problematizadas.
relacionar. Tudo o que os empresários e a população em geral queriam
Mesmo possuindo certa dificuldade com as colaboradoras, este naquele momento era se reerguer como nação.
índice não prejudica a gestão dos gerentes, conforme gráfico 4.4 Justamente por isso, a teoria traz uma nova visão administrativa
podemos ver que é maior a satisfação dos gestores quando houve para as empresas, com o intuito de rever o entendimento do capital
falar em relacionamento interpessoal. humano dentro das organizações.
Olhando de um modo geral os colaboradores conseguem se
adequar uns aos outros e também com a empresa, a organização Experiência de Hawthorne
oferece benefícios que fazem com que os mesmos se sintam O grande marco da teoria das relações humanas foi a chamada
motivados a trabalhar em equipe. “experiência de Hawthorne”.
Lacombe (2005) afirma que a satisfação do pessoal com o Hawthorne é um bairro da cidade de Chicago, onde ficava a
ambiente interno da empresa está vinculada a motivação, á lealdade Western Electric Company, empresa de componentes telefônicos
e á identificação com a empresa, facilitando, assim, a comunicação na qual foi realizado o primeiro estudo, dividido em quatro etapas e
interna e o relacionamento entre as pessoas. conduzido por Elton Mayo e Fritz Roethlisberger.
Os dois professores da Universidade de Harvard foram
— Relações humanas contratados para analisar a produtividade dos funcionários e a sua
O principal conceito dessa teoria administrativa é procurar relação com as condições físicas de trabalho.
identificar e entender os sentimentos dos trabalhadores, bem
como relacionar essas emoções com as atividades por eles Elton Mayo
desempenhadas. Elton Mayo é considerado por muitos como o pai da teoria das
Em outras palavras, é quando o colaborador deixa de ser relações humanas.
tratado apenas como um “homem profissional” e começa a ser O pesquisador australiano foi o principal responsável pela
analisado por um viés mais humano, como um “homem social”, que metodologia da experiência de Hawthorne, assim como pela sua
tem um comportamento complexo e mutável. aplicação.
Assim, o seu desempenho não poderia ser avaliado apenas
pelos números finais apresentados, mas por todo o processo de – Primeira fase:
produção. Conhecida como estudos de iluminação, essa etapa contava
Surgem aí questões como: o que o levou a produzir assim? Por com dois grupos de funcionárias que realizavam o mesmo tipo de
que em determinado mês ele tinha uma performance melhor ou atividade, só quem em condições distintas.
pior? Na primeira equipe, a experimental, as colaboradoras deveriam
Tudo começou a fazer parte de uma questão maior e, a partir desempenhar suas funções com uma exposição variável de luz. Ora
de então, fatores externos ao ambiente organizacional passaram a elas recebiam mais luminosidade, ora menos.
ser observados como elementos impactantes na mensuração dos No time dois, o de controle, as trabalhadoras produziam com
resultados. uma exposição constante à luz.
O resultado foi que, em ambos os casos, a eficiência aumentou.
Características da teoria das relações humanas Foi, então, que os pesquisadores procuraram entender o que
Também conhecida como Escola das Relações Humanas, essa levava a isso.
teoria se baseava em três princípios básicos, que contrastavam com Depois de aumentar, diminuir e deixar os dois grupos em uma
o modelo vigente até então, chamado de clássico ou mecanicista. exposição contínua de luz, a conclusão foi de que a melhora no
desempenho se dava mais por um fator psicológico do que algo
Confira as suas principais características: fisiológico.
1 – O homem não é somente um ser mecânico, pois suas ações Ou seja, as mulheres se viam mais pressionadas a produzirem,
são muito mais complexas do que as de uma máquina muito em função da pressão colocada sobre elas do que
2 – Todo ser humano tem seu comportamento direcionado pelo propriamente por uma mudança drástica causada pela luz.
sistema social, em conjunto com as suas necessidades biológicas Por isso, os resultados encontrados nessa primeira fase foram
deixados à margem do experimento.
166
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
– Negação total de outras teorias O escritor brasileiro tem diversos livros publicados nas áreas de
É natural que um pensamento surja para contrapor uma administração de empresas e de recursos humanos.
norma vigente. No entanto, para muitos estudiosos, a teoria das Com algumas adaptações para a realidade atual em relação ao
relações humanas simplesmente negou todos os preceitos das texto original da Escola, como a correlação da satisfação profissional
chamadas teorias clássicas e não debateu nem confrontou nenhum e os índices de turnover, por exemplo, Chiavenato é visto como um
posicionamento anterior. dos maiores pensadores dos processos administrativos corporativos
no mundo.
– Desvio do principal problema das indústrias
Muitos críticos defendem que a falta de produtividade nas Qual a importância da teoria das relações humanas para as
empresas ainda não tem uma resposta conclusiva. empresas?
Segundo eles, o que a teoria das relações humanas fez foi Criada há quase um século, a teoria das relações humanas ainda
maquiar o problema, melhorando as relações de trabalho e é bastante atual e tem diversos pontos que podem ser explorados
valorizando o empenho coletivo. nos dias de hoje.
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS ORGANIZAÇÕES Transcende a organização formal, não se limitando ao horário de
FORMAIS MODERNAS: TIPOS DE ESTRUTURA trabalho, barreiras organizacionais ou hierarquias;
ORGANIZACIONAL; NATUREZA; FINALIDADES São intangíveis (não visíveis);
São resistentes às modificações nos processos, uma vez que as
As organizações formais modernas caracterizam-se como um pessoas tendem a defender excessivamente os seus padrões.
sistema constituído de elementos interativos, que recebe entradas do
ambiente, transformando-os, e emite saídas para o ambiente externo. — Tipos de estrutura organizacional
Nesse sentido, os elementos interativos da organização, pessoas e de- A estrutura organizacional é o conjunto de responsabilidades,
partamentos, dependem uns dos outros e devem trabalhar juntos. autoridades, comunicações e decisões de unidades de uma empre-
As organizações podem ser formais e informais. sa. É um meio para o alcance dos objetivos, estando relacionada
com a estratégia da organização, de tal forma que mudanças na es-
— Formais tratégia precedem e promovem mudanças na estrutura.
A estrutura formal das organizações é composta pela estrutura A estrutura organizacional de uma empresa define como as ta-
instituída pela vontade humana para atingir determinado objetivo. refas são formalmente distribuídas, agrupadas e coordenadas. No
Ela é representada por um organograma composto por órgãos, car- tipo de estrutura formal, a relação hierárquica é impessoal e sem-
gos e relações de autoridade e responsabilidade. pre realizada por meio de ordem escrita.
Elas são regidas por normas e regulamentos que estabelecem São seis os elementos básicos a serem focados pelos adminis-
e especificam os padrões para atingir os objetivos organizacionais. tradores quando projetam a estrutura das organizações: a especia-
lização do trabalho, a departamentalização, a cadeia de comando,
a amplitude de controle, a centralização e descentralização e, por
Características das Organizações Formais
fim, a formalização.
São instituídas pela vontade humana; Ao planejar a estrutura organizacional, uma das variáveis refe-
São planejadas e deliberadamente estruturadas; re-se a quem os indivíduos e os grupos se reportam. Essa variável
consiste em estruturar a cadeia de comando.
São tangíveis (visíveis); São tipos tradicionais de organização:
Seus líderes se valem da autoridade e responsabilidade (líderes a) Organização Linear: autoridade única com base na hierar-
formais); quia (unidade de comando), comunicação formal, decisões centra-
lizadas e aspecto piramidal;
São regidas por normas e regulamentos definidos de forma b) Organização Funcional: autoridade funcional ou dividida,
racional (lógica); linhas diretas de comunicação, decisões descentralizadas e ênfase
São representadas por organogramas; na especialização;
c) Organização Linha-staff: coexistência da estrutura linear
São flexíveis às modificações em sua estrutura e nos processos
com a estrutura funcional, ou seja, comunicação formal com asses-
organizacionais, em face da hierarquia formal e impessoal.
soria funcional, separação entre órgãos operacionais (de linha) e ór-
gãos de apoio (staff). Há, ao mesmo tempo, hierarquia de comando
— Informais
e da especialização técnica.
Visto as organizações formais serem compostas por redes de
relacionamento no ambiente de trabalho, esse relacionamento dá
São estruturas organizacionais modernas:
origem à organização informal. As organizações informais definem-se
a) Estrutura Divisional: é caracterizada pela criação de unida-
como o conjunto de interações e relacionamentos que se estabele-
des denominadas centros de resultados, que operam com relativa
cem entre as pessoas, sendo esta paralela à organização formal.
autonomia, inclusive apurando lucros ou prejuízos para cada uma
As organizações informais não possuem objetivos predetermi-
delas. Os departamentos prestam informações e se responsabili-
nados, surgem de forma natural, estando presentes nos usos e cos-
zam pela execução integral dos serviços prestados, mediados por
tumes, e se manifestam por meio de sentimentos e necessidade de
um sistema de gestão eficaz;
associação pelos membros da organização formal.
b) Estrutura Matricial: combina as vantagens da especialização
funcional com o foco e responsabilidades da departamentalização
Características das Organizações Informais do produto, ou divisional. Suas aplicações acontecem, em hospitais,
São oriundas das relações pessoais e sociais desenvolvidas natu- laboratórios governamentais, instituições financeiras etc.
ralmente entre os membros de determinada organização;
O que a difere das outras formas de estrutura organizacional,
Sua relação é de coesão ou antagonismo; é que características de mais de uma estrutura atuam ao mesmo
As lideranças são informais, por meio da influência; tempo sobre os empregados. Além disso, existe múltipla subordina-
ção, ou seja, os empregados se reportam a mais de um chefe, o que
Possuem colaboração espontânea, independente da autoridade pode gerar confusão nos subordinados e se tornar uma desvanta-
formal; gem desse tipo de estrutura.
Têm possibilidade de oposição à organização formal;
169
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
É uma ótima alternativa para empresas que trabalham desen- a) Departamentalização Funcional: representa o agrupamento
volvendo projetos e ações temporárias. Nesse tipo de estrutura o por atividades ou funções principais. A divisão do trabalho ocor-
processo de decisão é descentralizado, com existência de centros re internamente, por especialidade. Abordagem indicada para cir-
de resultados de duração limitada a determinados projetos; cunstâncias estáveis, de poucas mudanças e que requeiram desem-
c) Estrutura em Rede: competitividade global, a flexibilidade penho continuado de tarefas rotineiras;
da força de trabalho e a sua estrutura enxuta. As redes organiza- b) Departamentalização por Produtos ou Serviços: represen-
cionais se caracterizam por constituir unidades interdependentes ta o agrupamento por resultados quanto a produtos ou serviços.
orientadas para identificar e solucionar problemas; A divisão do trabalho ocorre por linhas de produtos/serviços. A
d) Estrutura por Projeto: manutenção dos recursos necessários orientação é para o alcance de resultados, por meio da ênfase nos
sob o controle de um único indivíduo. produtos/serviços;
c) Departamentalização Geográfica: também chamada de De-
— Natureza partamentalização Territorial, representa o agrupamento conforme
Estão entre os fatores internos que influenciam a natureza da localização geográfica ou territorial. Caso uma organização, para
estrutura organizacional da empresa: estabelecer seus departamentos, deseje considerar a distribuição
• a natureza dos objetivos estabelecidos para a empresa e seus territorial de suas atividades, ela deverá observar as técnicas de de-
membros; partamentalização geográfica;
• as atividades operantes exigidas para realizar esses objetivos; d) Departamentalização por Clientela: representa o agrupa-
• a sequência de passos necessária para proporcionar os bens mento conforme o tipo ou tamanho do cliente ou comprador. Pos-
ou serviços que os membros e clientes desejam ou necessitam; sui ênfase e direcionamento para o cliente;
• as funções administrativas a desempenhar;
• as limitações da habilidade de cada pessoa na empresa, além e) Departamentalização por Processos: representa o agrupa-
das limitações tecnológicas; mento por etapas do processo, do produto ou da operação. Possui
• as necessidades sociais dos membros da empresa; e ênfase na tecnologia utilizada;
• o tamanho da empresa. f) Departamentalização por Projetos: representa o agrupa-
mento em função de entregas (saídas) ou resultados quanto a um
Da mesma forma consideram-se os elementos e as mudanças ou mais projetos. É necessária uma estrutura flexível e adaptável às
no ambiente externo que são também forças poderosas que dão for- circunstâncias do projeto, pois o mesmo pode ser encerrado antes
ma à natureza das relações externas. Mas para o estabelecimento de do prazo previsto. Dessa forma, os recursos envolvidos, ao término
uma estrutura organizacional, considera-se como mais adequada a do projeto, são liberados;
análise de seus componentes, condicionantes e níveis de influência. g) Departamentalização Matricial: também chamada de orga-
nização em grade, combina duas formas de departamentalização,
— Finalidades a funcional com a departamentalização de produto ou projeto, na
A estrutura formal tem como finalidade o sistema de autorida- mesma estrutura organizacional. Representa uma estrutura mista
de, responsabilidade, divisão de trabalho, comunicação e processo ou híbrida.
decisório. São princípios fundamentais da organização formal: O desenho matricial apresenta duas dimensões: gerentes fun-
a) Divisão do trabalho: é a decomposição de um processo com- cionais e gerentes de produtos ou de projeto. Logo, não há unidade
plexo em pequenas tarefas, proporcionando maior produtividade, de comando. É criada uma balança de duplo poder e, por conse-
melhorando a eficiência organizacional e o desempenho dos envol- quência, dupla subordinação.
vidos e reduzindo custos de produção;
b) Especialização: considerada uma consequência da divisão
do trabalho. Cada cargo passa a ter funções específicas, assim como
PROCESSO ORGANIZACIONAL: PLANEJAMENTO;
cada tarefa;
DIREÇÃO; COMUNICAÇÃO; CONTROLE; E AVALIAÇÃO
c) Hierarquia: divisão da empresa e, camadas hierárquicas. A
hierarquia visa assegurar que os subordinados aceitem e executem Processo Organizacional é um conjunto de atividades logica-
rigorosamente as ordens e orientações dadas pelos seus superio- mente interligadas, maneiras pelas quais se realiza uma operação,
res; envolvendo pessoas, equipamentos, procedimentos e informações
d) Amplitude administrativa: também chamada de amplitude e, quando executadas, transformam entradas em saídas, agregam
de controle ou amplitude de comando, determina o número de fun- valor e produzem resultados6.
cionários que um administrador consegue dirigir com eficiência e Na gestão por processos, um processo é visto como fluxo de
eficácia. A estrutura organizacional que apresenta pequena ampli- trabalho, com insumos, produtos e serviços claramente definidos e
tude de controle é a aguda ou vertical. atividades que seguem uma sequência lógica e dependente umas
das outras, numa sucessão clara, denotando que os processos têm
— Critérios de departamentalização início e fim bem determinados e geram resultados para os clientes in-
Departamentalização é o nome dado à especialização hori- ternos e/ou externos. Um processo organizacional se caracteriza por:
zontal na organização por meio da criação de departamentos para → Início, fim e objetivos definidos;
cuidar das atividades organizacionais. É decorrente da divisão do → Clareza quanto ao que é transformado na sua execução;
trabalho e da homogeneização das atividades. É o agrupamento
adequado das atividades em departamentos específicos. 6 Manual de gestão por processos / Secretaria Jurídica e de Docu-
São critérios de departamentalização: mentação / Escritório de Processos Organizacionais do MPF. - Brasília:
MPF/PGR, 2013.
170
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Categorias de Processos
Os processos organizacionais podem ser classificados em três
categorias:
Processos Gerenciais
São aqueles ligados à estratégia da organização. Estão direta-
mente relacionados à formulação de políticas e diretrizes para se https://www.researchgate.net/profile/Thiago-Soares-3/publica-
estabelecer e concretizar metas. tion/320024475_Estrutura_e_Processos_Organizacionais/links/59c-
Também referem-se ao estabelecimento de indicadores de 95f04a6fdcc451d545e13/Estrutura-e-Processos-Organizacionais.pdf
desempenho e às formas de avaliação dos resultados alcançados
interna e externamente à organização. Exemplos: planejamento es- Como mostra a figura acima, a administração é formada pelo
tratégico, gestão por processos e gestão do conhecimento. processo de planejamento, organização, direção e controle do traba-
lho dos membros da organização e do emprego de todos os outros
Processos Finalísticos recursos organizacionais para atender aos objetivos estabelecidos.
Aqueles ligados à essência de funcionamento do órgão. Carac- O Planejamento determina a finalidade e os objetivos da organi-
terizam a atuação do órgão e recebem apoio de outros processos zação e prevê atividades, recursos e meios que permitirão atingi-los ao
internos, gerando um produto ou serviço para o cliente interno ou longo de um período de tempo determinado. Ele pode promover mu-
cidadão. Exemplos: atuações extrajudicial e judicial. danças essenciais que podem melhorar o desempenho da organização.
Assim, a estrutura organizacional vai variando de acordo com
Processos Meio o planejamento estratégico da organização, para poder se adequar
São processos essenciais para a gestão efetiva da organização, aos seus objetivos.
garantindo o suporte adequado aos processos finalísticos. Estão Como uma das etapas do processo decisório, a etapa de plane-
diretamente relacionados à gestão dos recursos necessários ao jamento é a avaliação das vantagens e desvantagens de cada alter-
desenvolvimento de todos os processos da instituição. Exemplos: nativa. É necessário ter senso crítico para poder analisar as alterna-
contratação de pessoas, aquisição de bens e materiais e execução tivas, para que realmente se escolha a melhor delas.
orçamentário-financeira.
Tipos de planejamento nas empresas
Os processos críticos, que são aqueles de natureza estratégica
para o sucesso institucional, encontram-se nos denominados pro- Nível estratégico - substituição de produtos para se adequar ao
cessos gerenciais e finalísticos. mercado, nova filial;
Nível tático - divisão de uma área em duas (produção e técnica)
— Planejamento para melhor administrar os recursos da empresa;
A estrutura organizacional deve ser delineada de acordo com Nível operacional - alteração da estrutura organizacional.
os objetivos e as estratégias estabelecidas, ou seja, a estrutura or-
ganizacional é uma ferramenta básica para alcançar as situações A figura a seguir demonstra os tipos de planejamento nas em-
almejadas pela empresa. A organização de uma empresa é a orde- presas:
nação e o agrupamento de atividades e recursos e visa ao alcance
de objetivos e resultados estabelecidos7.
As funções de administração exercidas pelos executivos das
empresas são interligadas. Observe a figura a seguir.
171
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
— Comunicação
A fim de atender aos seus desejos e manter seus membros in-
formados do que está havendo e que possa afetar a satisfação dos
desejos, o grupo desenvolve sistemas e canais de comunicação.
172
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Acima de tudo, ele possibilita que as regras de negócio da or- Tarefas da Gestão de Processos
ganização, travestidas na forma de processos, sejam criadas e in-
formatizadas pelas próprias áreas de gestão, sem interferência das PROMOVER O APRENDIZADO
áreas técnicas. A meta desses sistemas é padronizar processos cor- Registrar e controlar desvios dos processos;
porativos e ganhar pontos em produtividade e eficiência.
As soluções de BPM são vistas como aplicações cujo principal Avaliar desempenho dos processos;
propósito é medir, analisar e otimizar a gestão do negócio e os pro- Registrar aprendizado sobre os processos.
cessos de análise financeira da empresa.
Objetivos da Gestão de Processos
Tarefas da Gestão por Processos A gestão de processos organizacionais tem como principais ob-
Como forma de viabilizar a gestão por processos, visando con- jetivos:
tribuir para o aumento da performance, suas tarefas são divididas - Conhecer e mapear os processos organizacionais desenvolvi-
em três grupos, conforme demonstra as tabelas a seguir: dos pela instituição e disponibilizar as informações sobre eles, pro-
movendo a sua uniformização e descrição em manuais;
Tarefas da Gestão de Processos - Identificar, desenvolver e difundir internamente metodolo-
gias e melhores práticas da gestão de processos;
PROJETAR PROCESSOS - Promover o monitoramento e a avaliação de desempenho dos
Entender o ambiente interno e externo; processos organizacionais, de forma contínua, mediante a constru-
ção de indicadores apropriados;
Estabelecer estratégia, objetivos e abordagens de mudanças;
- Implantar melhorias nos processos, visando alcançar maior
Assegurar patrimônio para mudança; eficiência, eficácia e efetividade no seu desempenho.
Entender, selecionar e priorizar processos;
— Princípios para a Gestão de Processos Organizacionais
Entender, selecionar e priorizar ferramentas de modelagem; A gestão de processos organizacionais se baseia em alguns
Entender, selecionar e priorizar técnicas de MIASP9; princípios que norteiam o desenvolvimento das ações e encontram-
-se representados a seguir:
Formar equipe e time de diagnóstico de processos;
Entender e modelar processos de situação atual; Satisfação dos clientes: necessidades, perspectivas e requisitos
dos clientes internos e externos devem ser conhecidos para que o
Definir e priorizar problemas atuais;
processo seja projetado de modo a produzir resultados que satisfa-
Definir e priorizar soluções para os problemas atuais; çam suas necessidades;
Reprojetar práticas de gestão e execução de processos; Gerência participativa: conhecer e avaliar a opinião dos seus
colaboradores é um aspecto importante para que sejam discutidas
Entender e modelar processos na situação futura; as ideias e melhor desempenho do processo seja alcançado;
Definir mudanças nos processos. Desenvolvimento humano: para se chegar a melhor eficiência,
eficácia e efetividade da organização é necessário o conhecimento,
as habilidades, a criatividade, a motivação e a competência das pes-
Tarefas da Gestão de Processos soas, de oportunidades de aprendizado e de um ambiente favorável
GERIR PROCESSOS ao pleno desenvolvimento depende o sucesso das pessoas;
Metodologia padronizada: para evitar desvios de interpretação
Implantar novos processos;
e alcançar os resultados esperados, é importante seguir os padrões e
Implementar processos e mudanças; a metodologia definida, que poderá ser constantemente melhorada;
Promover a realização dos processos; Melhoria contínua: o comprometimento com o aperfeiçoa-
mento contínuo é o principal objetivo da gestão de processos, de
Acompanhar execução dos processos; modo a evitar retrabalhos, gargalos e garantir a qualidade do pro-
Controlar execução dos processos; cesso de trabalho;
Informação e comunicação: é de fundamental importância a
Realizar mudanças de curto prazo; disseminação da cultura organizacional, divulgar os resultados al-
Registrar o desempenho dos processos; cançados e compartilhar o conhecimento adquirido;
Comparar o desempenho com referências internas e externas. Busca da excelência: para alcançar a excelência, os erros de-
vem ser mitigados e as suas causas eliminadas. Deve-se buscar as
melhores práticas reconhecidas como geradoras de resultados e
aprimoramento constante, visando à identificação e ao aperfeiçoa-
mento de oportunidades de melhorias e reforço de pontos fortes
da instituição.
173
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Considerações Finais
Em resumo, a gestão da qualidade é um item essencial da busca
pela excelência organizacional. Ao incorporar princípios fundamen-
tais, adotar as ferramentas certas e superar desafios, as organiza-
ções podem não apenas atender, mas também superar as expec-
tativas dos clientes, estabelecendo-se como líderes em seu setor.
174
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Diagrama de Ishikawa
O Diagrama de Ishikawa, conhecido como Espinha de Peixe devido sua aparência, é um modo de representação gráfica documental
criado por Kaoku Ishikawa útil para indicar o que possivelmente seriam as causas de certos problemas na gestão e suas respectivas reper-
cussões, ele explora com profundidade as possíveis variáveis que influenciam negativamente o processo de produção de um produto ou
serviço, capazes de interferir em sua qualidade.
A fim de aplicar o diagrama corretamente, estabelecem-se categorias em nível macro para levantar as possíveis causas de um proble-
ma, ou seja, o seu local de origem. Estes tópicos podem ser divididos em:
1) Mão-de-obra: pode ser a origem de algum problema quando se refere à ação de um funcionário ou colaborador da empresa.
2) Materiais: trata-se de quando o material usado não está adequado e pode se tornar o causador de problemas no trabalho.
3) Máquinas: quando há defeitos no maquinário da empresa.
4) Medidas: trata-se de quando uma medida tomada foi o causador do problema.
5) Métodos: refere-se ao uso de uma metodologia que não está adequada ao e possivelmente causará problemas.
6) Meio ambiente: trata-se de quando problemas no meio ambiente (como, poluição, aquecimento global, mudanças climáticas) são
causadoras de problemas.
A partir da identificação de um ou mais destes itens, é possível tomar medidas para atingir o resultado esperado a partir deste pa-
norama das possíveis causas e consequências que os problemas analisados podem sofrer caso não se tome ação, sendo assim uma útil
ferramenta para se visualizar relações de causa e efeito.
Folhas de verificação
Uma outra ferramenta aplicada em gestão de qualidade são as folhas de verificação, documentos comuns, como planilhas e tabelas,
feitos de modo simples, intuitivo e prático para agilizar a coleta de dados e a confirmação de informações pertinentes ao produto ou ser-
viço. As folhas de verificação servem para facilitar a compreensão da realidade do produto ou serviço, economizando tempo da equipe e
otimizando o entendimento dos processos produtivos no trabalho em prol da resolução de problemas e implementação de ideias e solu-
ções úteis para a otimização do produto.
175
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
As informações contidas nos documentos devem ser anteriormente estabelecidas para que nas folhas sejam registrados dados que
serão ticados, como em uma lista, sobre o andamento do processo de produção da empresa. Considere que os pontos mais relevantes a
se analisar quanto a determinado produto sejam seu funcionamento e sua aparência, sendo assim seleciona-se alguns tópicos (eficiência,
agilidade, tempo de uso, ergonomia, facilidade de manejar, entre outros) que poderão auxiliar na melhor visualização de seus pontos
positivos e negativos.
Diagrama de Pareto
Este diagrama em forma de gráfico é capaz de identificar a concentração de uma variável, indicando as causas essenciais de um pro-
cesso. Por meio deste diagrama, o é possível compreender melhor e combater a raiz das causas de certos problemas de modo prioritário
a fim de assegurar alto índice de produção e produtividade.
O diagrama de Pareto baseia-se no princípio de Pareto que explica que 80% das consequências ou efeitos de uma ação tem relação
direta com 20% das causas. O gráfico numérico, então, computa dados precisos que, além de oferecer melhor visualização das relações en-
tre variáveis, facilita a visualização de pontos que precisam de melhoria para aumentar o desempenho da empresa quando aos processos
produtivos, pois redireciona o olhar para campos que de fato precisam de intervenção de modo prioritário.
Os dados do gráfico são específicos para cada empresa ou produto, de modo que não se pode aplicar exatamente os mesmos pontos
do diagrama de um produto a outro, pois cada qual possui suas próprias particularidades e especificidades. Por exemplo, a análise de um
serviço requer a presença de tópicos mais subjetivos como o tempo de permanência do cliente no espaço (caso seja um local), a satisfação
do cliente pós-serviço, relacionamento cliente e fornecedor, entre outros, enquanto um produto precisa incluir uma análise de seus aspec-
tos não apenas financeiros e ligados à experiência, mas a aspectos físicos e cognitivos em relação ao cliente.
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Histograma
O histograma é também uma forma de representação gráfica cuja função é representar a distribuição de frequências de alguns dados
em determinado período de tempo, por meio de barras. Este recurso auxilia a compreensão da quantidade ou volume de produtos ina-
dequados, problemas ou conflitos quanto a medidas, entre outros itens como peso, largura, comprimento, tempo, temperatura, volume,
preço, etc.
De modo claro, um histograma possibilita permite que a empresa saiba o número de vezes que algum dos itens ocorreu ao longo do
processo. Seu propósito está em facilitar a resolução de conflitos através da visualização de uma análise real do processo evolutivo e gra-
dativo de determinado produto ou serviço, identificando suas tendências.
Diagrama de dispersão
O Diagrama de Dispersão ou gráfico de correlação, trata-se de uma ferramenta de representação gráfica dos valores de duas variáveis
relacionadas a um mesmo processo simultaneamente, o que possibilita eliminar interferências e interpretações erradas quanto demais
variáveis ou causas de um problema.
Este diagrama se baseia em variáveis independentes, ou seja, quando ações e situações não tem relação, e variáveis dependentes,
quando uma ação está diretamente ligada a outra; estas variáveis são identificadas e investigadas através de correlações que se estabele-
cem entre elas, podendo ser positivas (quando duas variáveis aumentam na mesma direção no gráfico), negativa (quando diminuem na
mesma direção ou nula (quando não há cruzamento de dados, eles ficam dispersos e, portanto não há correlação).
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Cartas de controle
Cartas de controle são ferramentas utilizadas para identificar as estatísticas e tendências de certos desvios e mudanças de comporta-
mento quanto a alguns pontos de observação dentro de determinado tempo e espaço. Esta ferramenta é muito utilizada a fim de observar
se o processo está ocorrendo de maneira controlada e ordenada, sem alterações consideráveis que possam prejudicar o andamento do
processo produtivo.
Os desvios ou alterações podem ser observados em linhas que divergem em pontos específicos e permitem um acompanhamento
geral da equipe quanto aos processos produtivos a fim de identificar pontos que podem ser preocupantes, e que por vezes passariam
despercebidos, e devem ser melhor trabalhados.
Um projeto é simplesmente um empreendimento organizado para alcançar um objetivo específico. Compreende uma série de ativi-
dades ou tarefas relacionadas que são, geralmente, direcionadas para uma saída principal e que necessitam um período de tempo signi-
ficativo para sua realização 10.
Define-se um projeto como um esforço temporário para criar um produto, um serviço ou um resultado único. Dizer que um projeto é
temporário implica a existência marcada por início e um fim estabelecidos, com resultados parciais e finais, alguns previstos outros não.
Nesse contexto, há uma série de atividades que ocorrem progressivamente, em etapas mais ou menos lógicas e que sofrem um de-
senvolvimento todo o tempo. Normalmente um projeto contém restrições assim como riscos envolvendo custos, programação e resultado
de desempenho.
As atividades de um projeto têm como objetivo principal a execução e fornecimento de produtos, serviços e processos a fim de satisfazer os
consumidores, sejam eles da área pública, privada ou mista.
Gestão de Projetos
Gestão de Projetos é um conjunto de princípios, práticas e técnicas aplicadas para liderar grupos de projetos e controlar programação,
custos, riscos e desempenho para se alcançar as necessidades de um cliente final. A Gestão de Projetos requer duas etapas fundamentais:
o Planejamento e o Controle de Projetos.
Para que se possa criar algo há que se planejá-lo com os detalhes adequados e suficientes que sejam inerentes ao correto desempe-
nho daquele produto e ou serviço. Em complemento há a necessidade de se ter um controle estruturado e que acompanhe todo o proces-
so, desde o início ao término do mesmo.
Gestão de Projetos
10
10 http://ead.ifap.edu.br/netsys/public/livros/Livros%20Curso%20Servi%C3%A7os%20P%C3%BAblicos/M%C3%B3dulo%20III/Gest%C3%A3o%20
de%20Projetos/Livro%20Gestao%20de%20Projetos.pdf
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Como exemplos de projetos de uso individual existem geladeira, i-pod, automóvel, aparelho de TV e etc. Como utilização em massa
(grandes volumes para várias pessoas) há hospitais, tratamento de água, supermercado, escolas, telefonia etc.
Gestão de Projetos
Tipos Exemplos
Administração Campanha de redução de custos
Construção Prédio; usina siderúrgica
Eventos Feiras; shows
Manutenção Revisão de aeronaves
Pesquisa & Desenvolvimento Novo automóvel; novo motor
Qualidade Implantação da ISO 9000
Em situações como esta por onde começar ou como apresentar as necessidades que devem ser atendidas para se conseguir concluir
tal tarefa? Um projeto qualquer (genérico) é um esforço temporário, ou seja, tem começo meio e fim. Ele existe com o propósito de se criar
um produto, um serviço ou um resultado único.
Portanto, trabalhar com atividades em uma sistemática regular, disciplinada, com objetivos claramente estabelecidos é gerenciar (tais
atividades) por projetos. Várias atividades ocorrem ao longo do tempo, que pode ser aliado ou inimigo, depende como é feito o acompa-
nhamento do que acontece.
Na figura abaixo pode-se observar o ciclo de vida de um projeto, composto por quatro fases: concepção, planejamento, execução/
controle e fechamento ou conclusão.
http://ead.ifap.edu.br/netsys/public/livros/Livros%20Curso%20Servi%C3%A7os%20P%C3%BAblicos/M%C3%B3dulo%20III/Gest%C3%A3o%20
de%20Projetos/Livro%20Gestao%20de%20Projetos.pdf
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
dação ambiental é, na verdade, consequência de um modelo, de Por isso, a todos deve ser garantida a vida, a preservação e a
organização político-social e de desenvolvimento econômico, que continuidade. O ser humano tem a missão de administrar respon-
estabelece prioridades e define o que a sociedade deve produzir, savelmente o ambiente natural, não dominá-lo e destruí-lo com sua
como deve produzir e como será distribuído o produto social. Isto sede insaciável de possuir e de consumir. Apesar de o quadro ecoló-
implica no estabelecimento de um determinado padrão tecnológico gico ser extremamente inquietante, existem cada vez mais pessoas
e de uso dos recursos naturais, associados a uma forma específi- e entidades que têm a consciência de que uma mudança é neces-
ca de organização do trabalho e de apropriação das riquezas so- sária, e possível.
cialmente produzidas. Comporta, portanto, interesses divergentes
entre os vários grupos sociais, dentre os quais aqueles em posição Relações Públicas
hegemônica decidem os rumos sociais e os impõe ao restante da Têm a ver com conscientização, educação, cultura, comporta-
sociedade. Assim, os impactos ecológicos e os desequilíbrios sobre mento, sustentabilidade, RELACIONAMENTOS. E quando se fala em
os ciclos biogeoquímicos são decorrentes de decisões políticas e relacionamentos, incluem-se aí as relações de cidadania, de pes-
econômicas previamente tomadas. A solução para tais problemas, soas e grupos de pessoas com órgãos governamentais, com empre-
por conseguinte, exige mudanças nas estruturas de poder e de pro- sas de todo tipo e de todos os setores, de funcionários com chefias
dução e não medidas superficiais e paliativas sobre seus efeitos. e de chefias com funcionários, de organizações com comunidades.
Essa consciência ecológica, que se manifesta, principalmente, como As relações públicas têm a competência de saber ouvir e falar
compreensão intelectual de uma realidade, desencadeia e materia- a linguagem de cada público e, desta forma, buscar a aproximação
liza ações e sentimentos que atingem, em última instância, as rela- entre os interessados para que possam resolver questões insatis-
ções sociais e as relações dos homens com a natureza abrangente. fatórias. É, entre tantas outras coisas, profissão mediadora entre o
Isso quer dizer que a consciência ecológica não se esgota enquanto cidadão e o Estado, buscando aparar arestas, atender necessidades,
ideia ou teoria, dada sua capacidade de elaborar comportamentos harmonizar interesses e, também, educar ambos os lados prestan-
e inspirar valores e sentimentos relacionados com o tema. Significa, do informações, promovendo campanhas de conscientização, nive-
também, uma nova forma de ver e compreender as relações entre lando conhecimento, estabelecendo diálogo.
os homens e destes com seu ambiente, de constatar a indivisibili- Não estou dizendo que é fácil. Se fosse, não seria preciso um
dade entre sociedade e natureza e de perceber a indispensabilida- curso superior de quatro anos para aprender teorias e técnicas, nem
de desta para a vida humana. Aponta, ainda, para a busca de um muitos e muitos anos de prática para antecipar necessidades, saber
novo relacionamento com os ecossistemas naturais que ultrapasse o momento certo de agir, com quais recursos, quem são os contatos
a perspectiva individualista, antropocêntrica e utilitária que, histo- certos e como abordá-los. Sem falar que é preciso experiência e ma-
ricamente, tem caracterizado a cultura e civilização modernas oci- turidade para saber lidar com diferentes tipos de pessoas, saber ser
dentais.(Leis, 1992; Unger, 1992; Mansholt, 1973; suave ou firme na forma de agir, conforme a circunstância.
Boff, 1995; Morin, 1975).
Para Morin, um dos autores que mais avança no esforço de de- O PAPEL DAS RELAÇÕES PÚBLICAS NA CIDADANIA
finir o fenômeno: Partindo da premissa que só com a cidadania haverá o desen-
“(...) a consciência ecológica é historicamente uma maneira ra- volvimento social em qualquer campo do direito à vida: econômi-
dicalmente nova de apresentar os problemas de insalubridade, no- co, social e cultural, assim, um profissional de relações públicas é o
cividade e de poluição, até então julgados excêntricos, com relação responsável por “quebrar os paradigmas” sociais, usando inúmeras
aos ‘verdadeiros’ temas políticos; esta tendência se torna um proje- ferramentas que estão ao seu alcance. A comunicação perpassa por
to político global , já que ela critica e rejeita, tanto os fundamentos estratégias com o intuito de problematizar a realidade dos públicos
do humanismo ocidental, quanto os princípios do crescimento e do envolvidos, visto que tais públicos possuem suas singularidades,
desenvolvimento que propulsam a civilização tecnocrática.” (Morin, havendo também uma interação no processo de relacionamento
1975) social.
Sinaliza-se, assim, algumas referências preliminares que indi- A base para a construção da metodologia teórica das relações
cam o significado aqui atribuído à expressão consciência ecológica. públicas situa-se no funcionalismo e positivismo.
A participação e o exercício da cidadania, com empenho e Assim, Comte decorre sobre o positivismo defendendo a uni-
responsabilidade, são fundamentais na construção de uma nova dade das ciências propondo uma hierarquia entre elas. Ou seja, o
sociedade, mais justa e em harmonia com o ambiente. Para isto, positivismo defende a premissa de que as ciências sociais precisam
é urgente descobrir novas formas de organizar as relações entre passar por uma análise sob a perspectiva dos padrões matemáticos.
sociedade e natureza, e também um novo estilo de vida que res- Em relação ao conceito de funcionalismo, a definição é expres-
peite todas as criaturas que, segundo São Francisco de Assis, são sa como: “[...] a essência do funcionalismo é sua forma de ver a so-
nossas irmãs. Queremos contribuir para melhorar a qualidade de ciedade como um todo organizado, em que as partes existem para
vida através da construção de um ambiente saudável, que possa satisfazê-lo, legitimá-lo” (KUNSCH; KUNSCH 2007, p. 123). A lógica
ser desfrutado por nossa geração e também pelas futuras. Vivemos do funcionalismo consiste em olhar a sociedade como um local em
hoje sob a hegemonia de um modelo de desenvolvimento baseado que há partes interdependentes no processo de convergência da
em relações econômicas que privilegiam o mercado, que usa a na- sociedade em geral. Cabe aqui colocar um exemplo para melhor
tureza e os seres humanos como recursos e fonte de renda. Contra entendimento: o funcionalismo ocorre parecido com uma empresa,
este modelo injusto e excludente afirmamos que todos os seres, onde os setores que compões a organização ajudam para que ela,
animados ou inanimados, possuem um valor existencial intrínseco em geral, funcione positivamente.
que transcende valores utilitários. Após ser visto as premissas que perpassam pela a realidade co-
municacional das relações públicas, passaremos agora para a análi-
se dos caminhos come enfoque na participação comunitária.
181
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Para haver desenvolvimento, é necessária que haja alteração do capital humano e do capital do social. [...] Combater a pobreza e a ex-
clusão social não é transformar pessoas e comunidades em beneficiários passivos e permanentes de programas assistenciais, mas significa,
isto sim, fortalecer as capacidades de pessoas e comunidades de satisfazer necessidades, resolver problemas e melhorar sua qualidade de
vida (PERUZZO, 2002, p.253, FRANCO, 2002, apud KUNSCH; KUNSCH, 2007, p. 85).
A priori, devemos nos atentar para qual desenvolvimento estamos falando aqui.
É certo que a palavra em questão nos remete a progresso, avanço e afins, porém o avanço que faz parte do pacto pela cidadania tem
que ser a satisfação do coletivo. O desenvolvimento dito aqui é entender as necessidades das comunidades com suas singularidades e se
apropriar de estratégias capazes de tornar a vida do indivíduo mais satisfatória. Ou seja, fornecer ferramentas que sejam o alicerce para
a eficiência individual.
O papel das relações públicas neste contexto é deveras enriquecedor, pois ele é o responsável por compreender as necessidades das
demandas sociais e, assim, buscar reivindicações visando fomentar a cidadania. As relações públicas comunitárias atuam em diferentes
contextos, como exemplo, trazemos o aspecto informacional e o educacional. O segundo termo nos remete a um papel de produção de
autoconhecimento entre os indivíduos da comunidade.
Porém, para que toda a teoria comunicacional se torne uma prática de sucesso, as ações traçadas pelo profissional têm muito a ver
com o tipo de comunicação usado para tal. Deve ser considerada, sobretudo, a evolução dos instrumentos da contemporaneidade que
contribuem para um feedback maior entre os públicos envolvidos. Assim, o que o profissional fala, como fala e por onde fala, influencia o
processo de interação entre a organização e seu público, a opinião pública e toda a sociedade.
Ademais, a autenticidade do profissional em relações públicas comunitárias é muito mais que trabalhar para a comunidade, por meio
de ações. É atuar de maneira interativa, articulando e incentivando os indivíduos em seus diferentes contextos. Deve ser dito que o rela-
ções públicas atua dentro da comunidade e em função dela.
A atribuição do papel de um relações públicas em prol de comunidade vem atender as demandas sociais, pois o estado mostrou-se
incapaz de deter de estratégias nesse segmento. Nesta perspectiva, temos:
[...] Criou-se um espaço para um crescimento enorme de fundações, organizações não-governamentais e movimentos da sociedade
civil.
Além disso, as ações de responsabilidade social desenvolvidas pelas empresas privadas já não são uma tendência, mas uma realidade
em curso. Com esse novo cenário, o planejamento voltado para as políticas sociais e para os processos comunicacionais tem passado por
muitas mudanças e exige a adoção de novos paradigmas e novas metodologias (KUNSCH; KUNSCH, 2007, p.230).
Com base nesta citação temos a resposta para a pergunta “por que o papel das relações públicas é tão importante no contexto so-
cial?”. É possível dizer também em novas formas de planejamento, dado a necessidade de promoção de bem-estar, redefinição da missão
e visão, além do advento de novas formas de planejar as múltiplas ações estratégicas.
Em relação à tática para fomentar uma estratégia de relacionamento positiva com a comunidade, devemos dizer que não pode se
atentar a uma estratégia de marketing, ela deve fazer parte da cultura da instituição, por esse motivo é importante que os valores estejam
definidos. Dessa forma, o diálogo a ser estabelecido entre organização e público, frisará a responsabilidade social e filosofia inerentes à
organização em questão.
Ademais, para que as ações se tornem uma prática vivenciada por todos os que necessitam, é essencial, antes de tudo, fazer um
planejamento de ações, e quanto a isso é preciso o desenvolvimento de duas questões. Em primeira instância é preciso fazer um levan-
tamento de dados com o intuito de conhecer e mensurar a real situação dos públicos e identificar também quem são os líderes políticos
responsáveis por essa questão.
Após ter todos os dados referenciais é feito o planejamento propriamente dito.
Neste segundo momento, serão traçadas as possíveis soluções. Posteriormente ao plano, é feita a execução da estratégia. Serão atrelados
os aspectos estratégicos, as pesquisas de opinião, o plano de ação e a execução visando dispor de uma comunicação efetiva para a transformação
social. A mídia também se faz necessária no que tange a divulgação das informações necessárias, por isso, é essencial uma relação positiva entre
organização e os diferentes veículos da comunicação.
COMUNICAÇÃO
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Por fim, essa mensagem precisa ser expressa por um código, constituído por elementos e regras comuns tanto ao emissor quanto
ao receptor. O código usado para redigir esta mensagem é a língua portuguesa. Assim, quando falamos ou escrevemos, usamos o código
verbal e, quando usamos a arte, a imaginação e a criatividade, é comum o uso do código não verbal (pintura, gestos etc.).
– Emissor: Chamado também de locutor ou falante, o emissor é aquele que emite a mensagem para um ou mais receptores, por
exemplo, uma pessoa, um grupo de indivíduos, uma empresa, dentre outros.
– Receptor: Denominado de interlocutor ou ouvinte, o receptor é quem recebe a mensagem emitida pelo emissor.
– Mensagem: É o objeto utilizado na comunicação, de forma que representa o conteúdo, o conjunto de informações transmitidas pelo
locutor.
– Código: Representa o conjunto de signos que serão utilizados na mensagem.
– Canal de comunicação: Corresponde ao local (meio) onde a mensagem será transmitida, por exemplo, jornal, livro, revista, televisão,
telefone, dentre outros.
– Contexto: Também chamado de referente, trata-se da situação comunicativa em que estão inseridos o emissor e receptor.
– Ruído da comunicação: Ele ocorre quando a mensagem não é decodificada de forma correta pelo interlocutor, por exemplo, o código
utilizado pelo locutor, desconhecido pelo interlocutor, barulho do local, voz baixa, dentre outros fatores.
A comunicação somente será efetivada se o receptor decodificar a mensagem transmitida pelo emissor.
Em outras palavras, a comunicação ocorre a partir do momento que o interlocutor atinge o entendimento da mensagem transmitida.
Nesse caso, podemos pensar em duas pessoas de países diferentes e que não conhecem a língua utilizada por elas (russo e mandarim).
Sendo assim, o código utilizado por elas é desconhecido e, portanto, a mensagem não será inteligível para ambas, impossibilitando o
processo comunicacional.
Importância da Comunicação
O ato de comunicar-se é essencial tanto para os seres humanos e os animais, uma vez que através da comunicação partilhamos
informações e adquirimos conhecimentos.
Note que somos seres sociais e culturais. Ou seja, vivemos em sociedade e criamos culturas as quais são construídas através do
conjunto de conhecimentos que adquirimos por meio da linguagem, explorada nos atos de comunicação.
Quando pensamos nos seres humanos e nos animais, fica claro que algo essencial nos distingue deles: a linguagem verbal.
A criação da linguagem verbal entre os seres humanos foi essencial para o desenvolvimento das sociedades, bem como para a criação
de culturas.
Os animais, por sua vez, agem por extinto e não pelas mensagens verbais que são transmitidas durante a vida. Isso porque eles não
desenvolveram uma língua (código) e por isso, não criaram uma cultura.
Meios de Comunicação
Os meios de comunicação representam um conjunto de veículos destinados à comunicação, e, portanto, se aproximam do chamado
“Canal de Comunicação”.
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários:
a) alguém que comunique: o serviço público.
b) algo a ser comunicado: assunto relativo às atribuições do órgão que comunica.
c) alguém que receba essa comunicação: o público, uma instituição privada ou outro órgão ou entidade pública, do Poder Executivo
ou dos outros Poderes.
Além disso, deve-se considerar a intenção do emissor e a finalidade do documento, para que o texto esteja adequado à situação co-
municativa. Os atos oficiais (atos de caráter normativo) estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, regulam o funcionamento dos
órgãos e entidades públicos. Para alcançar tais objetivos, em sua elaboração, precisa ser empregada a linguagem adequada. O mesmo
ocorre com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com clareza e objetividade.
CLAREZA PRECISÃO
Para a obtenção de clareza, sugere-se:
a) utilizar palavras e expressões simples, em seu sentido comum, salvo quando o texto O atributo da precisão complementa a cla-
versar sobre assunto técnico, hipótese em que se utilizará nomenclatura própria da área; reza e caracteriza-se por:
b) usar frases curtas, bem estruturadas; apresentar as orações na ordem direta e evitar a) articulação da linguagem comum ou téc-
intercalações excessivas. Em certas ocasiões, para evitar ambiguidade, sugere-se a adoção nica para a perfeita compreensão da ideia
da ordem inversa da oração; veiculada no texto;
c) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o texto; b) manifestação do pensamento ou da
d) não utilizar regionalismos e neologismos; ideia com as mesmas palavras, evitando o
e) pontuar adequadamente o texto; emprego de sinonímia com propósito me-
f) explicitar o significado da sigla na primeira referência a ela; e ramente estilístico; e
g) utilizar palavras e expressões em outro idioma apenas quando indispensáveis, em razão c) escolha de expressão ou palavra que não
de serem designações ou expressões de uso já consagrado ou de não terem exata tradu- confira duplo sentido ao texto.
ção. Nesse caso, grafe-as em itálico.
Por sua vez, ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se deseja abordar, sem voltas e sem redundâncias. Para conseguir isso, é
fundamental que o redator saiba de antemão qual é a ideia principal e quais são as secundárias. A objetividade conduz o leitor ao contato
mais direto com o assunto e com as informações, sem subterfúgios, sem excessos de palavras e de ideias. É errado supor que a objetivida-
de suprime a delicadeza de expressão ou torna o texto rude e grosseiro.
Conciso é o texto que consegue transmitir o máximo de informações com o mínimo de palavras. Não se deve de forma alguma enten-
dê-la como economia de pensamento, isto é, não se deve eliminar passagens substanciais do texto com o único objetivo de reduzi-lo em
tamanho. Trata-se, exclusivamente, de excluir palavras inúteis, redundâncias e passagens que nada acrescentem ao que já foi dito.
É indispensável que o texto tenha coesão e coerência. Tais atributos favorecem a conexão, a ligação, a harmonia entre os elementos
de um texto. Percebe-se que o texto tem coesão e coerência quando se lê um texto e se verifica que as palavras, as frases e os parágrafos
estão entrelaçados, dando continuidade uns aos outros. Alguns mecanismos que estabelecem a coesão e a coerência de um texto são:
• Referência (termos que se relacionam a outros necessários à sua interpretação);
• Substituição (colocação de um item lexical no lugar de outro ou no lugar de uma oração);
• Elipse (omissão de um termo recuperável pelo contexto);
• Uso de conjunção (estabelecer ligação entre orações, períodos ou parágrafos).
A redação oficial é elaborada sempre em nome do serviço público e sempre em atendimento ao interesse geral dos cidadãos. Sendo
assim, os assuntos objetos dos expedientes oficiais não devem ser tratados de outra forma que não a estritamente impessoal.
As comunicações administrativas devem ser sempre formais, isto é, obedecer a certas regras de forma. Isso é válido tanto para as
comunicações feitas em meio eletrônico, quanto para os eventuais documentos impressos. Recomendações:
• A língua culta é contra a pobreza de expressão e não contra a sua simplicidade;
• O uso do padrão culto não significa empregar a língua de modo rebuscado ou utilizar figuras de linguagem próprias do estilo literário;
• A consulta ao dicionário e à gramática é imperativa na redação de um bom texto.
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
• Texto:
Em qualquer uma das duas estruturas, o texto do documento deve ser formatado da seguinte maneira:
a) alinhamento: justificado;
b) espaçamento entre linhas: simples;
c) parágrafos: espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após cada parágrafo; recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da margem
esquerda; numeração dos parágrafos: apenas quando o documento tiver três ou mais parágrafos, desde o primeiro parágrafo. Não se
numeram o vocativo e o fecho;
d) fonte: Calibri ou Carlito; corpo do texto: tamanho 12 pontos; citações recuadas: tamanho 11 pontos; notas de Rodapé: tamanho
10 pontos.
e) símbolos: para símbolos não existentes nas fontes indicadas, pode-se utilizar as fontes Symbol e Wingdings.
• Fechos para comunicações: O fecho das comunicações oficiais objetiva, além da finalidade óbvia de arrematar o texto, saudar o
destinatário.
a) Para autoridades de hierarquia superior a do remetente, inclusive o Presidente da República: Respeitosamente,
b) Para autoridades de mesma hierarquia, de hierarquia inferior ou demais casos: Atenciosamente,
• Identificação do signatário: Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, todas as demais comunicações ofi-
ciais devem informar o signatário segundo o padrão:
a) nome: nome da autoridade que as expede, grafado em letras maiúsculas, sem negrito. Não se usa linha acima do nome do signa-
tário;
b) cargo: cargo da autoridade que expede o documento, redigido apenas com as iniciais maiúsculas. As preposições que liguem as
palavras do cargo devem ser grafadas em minúsculas; e
c) alinhamento: a identificação do signatário deve ser centralizada na página. Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assi-
natura em página isolada do expediente. Transfira para essa página ao menos a última frase anterior ao fecho.
• Numeração de páginas: A numeração das páginas é obrigatória apenas a partir da segunda página da comunicação. Ela deve ser
centralizada na página e obedecer à seguinte formatação:
a) posição: no rodapé do documento, ou acima da área de 2 cm da margem inferior; e
b) fonte: Calibri ou Carlito.
Quanto a formatação e apresentação, os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte forma:
a) tamanho do papel: A4 (29,7 cm x 21 cm);
b) margem lateral esquerda: no mínimo, 3 cm de largura;
c) margem lateral direita: 1,5 cm;
d) margens superior e inferior: 2 cm;
e) área de cabeçalho: na primeira página, 5 cm a partir da margem superior do papel;
f) área de rodapé: nos 2 cm da margem inferior do documento;
g) impressão: na correspondência oficial, a impressão pode ocorrer em ambas as faces do papel. Nesse caso, as margens esquerda e
direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (margem espelho);
h) cores: os textos devem ser impressos na cor preta em papel branco, reservando-se, se necessário, a impressão colorida para gráfi-
cos e ilustrações;
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
O Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais dereço eletrônico utilizado pelos servidores públicos, o e-mail deve
(Sidof) é a ferramenta eletrônica utilizada para a elaboração, a re- ser oficial, utilizando-se a extensão “.gov.br”, por exemplo. Como
dação, a alteração, o controle, a tramitação, a administração e a ge- sistema de transmissão de mensagens eletrônicas, por seu baixo
rência das exposições de motivos com as propostas de atos a serem custo e celeridade, transformou-se na principal forma de envio e
encaminhadas pelos Ministérios à Presidência da República. recebimento de documentos na administração pública.
Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto
Ao se utilizar o Sidof, a assinatura, o nome e o cargo do signa- de 2001, para que o e-mail tenha valor documental, isto é, para
tário são substituídos pela assinatura eletrônica que informa que possa ser aceito como documento original, é necessário existir
o nome do ministro que assinou a exposição de motivos e do certificação digital que ateste a identidade do remetente, segundo
consultor jurídico que assinou o parecer jurídico da Pasta. os parâmetros de integridade, autenticidade e validade jurídica da
Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICPBrasil.
A Mensagem é o instrumento de comunicação oficial entre os O destinatário poderá reconhecer como válido o e-mail sem
Chefes dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas certificação digital ou com certificação digital fora ICP-Brasil; con-
pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar tudo, caso haja questionamento, será obrigatório a repetição do
sobre fato da administração pública; para expor o plano de gover- ato por meio documento físico assinado ou por meio eletrônico re-
no por ocasião da abertura de sessão legislativa; para submeter conhecido pela ICP-Brasil. Salvo lei específica, não é dado ao ente
ao Congresso Nacional matérias que dependem de deliberação de público impor a aceitação de documento eletrônico que não atenda
suas Casas; para apresentar veto; enfim, fazer comunicações do que os parâmetros da ICP-Brasil.
seja de interesse dos Poderes Públicos e da Nação. Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos ministérios flexibilidade. Assim, não interessa definir padronização da mensa-
à Presidência da República, a cujas assessorias caberá a redação fi- gem comunicada. O assunto deve ser o mais claro e específico pos-
nal. As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso sível, relacionado ao conteúdo global da mensagem. Assim, quem
Nacional têm as seguintes finalidades: irá receber a mensagem identificará rapidamente do que se trata;
a) Encaminhamento de proposta de emenda constitucional, quem a envia poderá, posteriormente, localizar a mensagem na cai-
de projeto de lei ordinária, de projeto de lei complementar e os xa do correio eletrônico.
que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, or- O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado por uma sau-
çamentos anuais e créditos adicionais. dação. Quando endereçado para outras instituições, para recepto-
b) Encaminhamento de medida provisória. res desconhecidos ou para particulares, deve-se utilizar o vocativo
c) Indicação de autoridades. conforme os demais documentos oficiais, ou seja, “Senhor” ou “Se-
d) Pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presiden- nhora”, seguido do cargo respectivo, ou “Prezado Senhor”, “Prezada
te da República se ausentarem do país por mais de 15 dias. Senhora”.
e) Encaminhamento de atos de concessão e de renovação de Atenciosamente é o fecho padrão em comunicações oficiais.
concessão de emissoras de rádio e TV. Com o uso do e-mail, popularizou-se o uso de abreviações como
f) Encaminhamento das contas referentes ao exercício anterior. “Att.”, e de outros fechos, como “Abraços”, “Saudações”, que, ape-
g) Mensagem de abertura da sessão legislativa. sar de amplamente usados, não são fechos oficiais e, portanto, não
h) Comunicação de sanção (com restituição de autógrafos). devem ser utilizados em e-mails profissionais.
i) Comunicação de veto. Sugere-se que todas as instituições da administração pública
j) Outras mensagens remetidas ao Legislativo, ex. Apreciação adotem um padrão de texto de assinatura. A assinatura do e-mail
de intervenção federal. deve conter o nome completo, o cargo, a unidade, o órgão e o tele-
As mensagens contêm: fone do remetente.
a) brasão: timbre em relevo branco; A possibilidade de anexar documentos, planilhas e imagens de
b) identificação do expediente: MENSAGEM Nº, alinhada à diversos formatos é uma das vantagens do e-mail. A mensagem que
margem esquerda, no início do texto; encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre o
c) vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo com o conteúdo do anexo.
pronome de tratamento e o cargo do destinatário, com o recuo de Os arquivos anexados devem estar em formatos usuais e que
parágrafo dado ao texto; apresentem poucos riscos de segurança. Quando se tratar de docu-
d) texto: iniciado a 2 cm do vocativo; mento ainda em discussão, os arquivos devem, necessariamente,
e) local e data: posicionados a 2 cm do final do texto, alinha- ser enviados, em formato que possa ser editado.
dos à margem direita. A mensagem, como os demais atos assinados A correção ortográfica é requisito elementar de qualquer tex-
pelo Presidente da República, não traz identificação de seu signa- to, e ainda mais importante quando se trata de textos oficiais. Mui-
tário. tas vezes, uma simples troca de letras pode alterar não só o sentido
A utilização do e-mail para a comunicação tornou-se prática da palavra, mas de toda uma frase. O que na correspondência par-
comum, não só em âmbito privado, mas também na administra- ticular seria apenas um lapso na digitação pode ter repercussões
ção pública. O termo e-mail pode ser empregado com três sentidos. indesejáveis quando ocorre no texto de uma comunicação oficial
Dependendo do contexto, pode significar gênero textual, endere- ou de um ato normativo. Assim, toda revisão que se faça em de-
ço eletrônico ou sistema de transmissão de mensagem eletrônica. terminado documento ou expediente deve sempre levar em conta
Como gênero textual, o e-mail pode ser considerado um documen- também a correção ortográfica.
to oficial, assim como o ofício. Portanto, deve-se evitar o uso de
linguagem incompatível com uma comunicação oficial. Como en-
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Sintaxe é a parte da Gramática que estuda a palavra, não em si, mas em relação às outras, que, com ela, se unem para exprimir o
pensamento. Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos elementos que compõem uma oração:
O sujeito é o ser de quem se fala ou que executa a ação enunciada na oração. De acordo com a gramática normativa, o sujeito da
oração não pode ser preposicionado. Ele pode ter complemento, mas não ser complemento.
Embora seja usada como recurso estilístico na literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos textos oficiais, pois muitas vezes
dificulta a compreensão.
A omissão de certos termos, ao fazermos uma comparação, omissão própria da língua falada, deve ser evitada na língua escrita, pois
compromete a clareza do texto: nem sempre é possível identificar, pelo contexto, o termo omitido. A ausência indevida de um termo pode
impossibilitar o entendimento do sentido que se quer dar a uma frase.
Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de todo texto oficial,
deve-se atentar para as construções que possam gerar equívocos de compreensão. A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de
identificar-se a que palavra se refere um pronome que possui mais de um antecedente na terceira pessoa.
A concordância é o processo sintático segundo o qual certas palavras se acomodam, na sua forma, às palavras de que dependem.
Essa acomodação formal se chama flexão e se dá quanto a gênero e número (nos adjetivos – nomes ou pronomes), números e pessoa (nos
verbos). Daí, a divisão: concordância nominal e concordância verbal.
Regência é, em gramática, sinônimo de dependência, subordinação. Assim, a sintaxe de regência trata das relações de dependência
que as palavras mantêm na frase. Dizemos que um termo rege o outro que o complementa. Numa frase, os termos regentes ou subordi-
nantes (substantivos, adjetivos, verbos) regem os termos regidos ou subordinados (substantivos, adjetivos, preposições) que lhes comple-
tam o sentido.
Os sinais de pontuação, ligados à estrutura sintática, têm as seguintes finalidades:
a) assinalar as pausas e as inflexões da voz (a entoação) na leitura;
b) separar palavras, expressões e orações que, segundo o autor, devem merecer destaque; e
c) esclarecer o sentido da frase, eliminando ambiguidades.
A vírgula serve para marcar as separações breves de sentido entre termos vizinhos, as inversões e as intercalações, quer na oração,
quer no período. O ponto e vírgula, em princípio, separa estruturas coordenadas já portadoras de vírgulas internas. É também usado em
lugar da vírgula para dar ênfase ao que se quer dizer.
Emprega-se este sinal de pontuação para introduzir citações, marcar enunciados de diálogo e indicar um esclarecimento, um resumo
ou uma consequência do que se afirmou.
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
O ponto de interrogação, como se depreende de seu nome, O problema do abuso de estrangeirismos inúteis ou emprega-
é utilizado para marcar o final de uma frase interrogativa direta. dos em contextos em que não cabem, é em geral causado ou pelo
O ponto de exclamação é utilizado para indicar surpresa, espanto, desconhecimento da riqueza vocabular de nossa língua, ou pela in-
admiração, súplica etc. Seu uso na redação oficial fica geralmente corporação acrítica do estrangeirismo.
restrito aos discursos e às peças de retórica. • A homonímia é a designação geral para os casos em que pa-
O uso do pronome demonstrativo obedece às seguintes cir- lavras de sentidos diferentes têm a mesma grafia (os homônimos
cunstâncias: homógrafos) ou a mesma pronúncia (os homônimos homófonos).
a) Emprega-se este(a)/isto quando o termo referente estiver • Os homógrafos podem coincidir ou não na pronúncia, como
próximo ao emissor, ou seja, de quem fala ou redige. nos exemplos: quarto (aposento) e quarto (ordinal), manga (fruta)
b) Emprega-se esse(a)/isso quando o termo referente estiver e manga (de camisa), em que temos pronúncia idêntica; e apelo
próximo ao receptor, ou seja, a quem se fala ou para quem se re- (pedido) e apelo (com e aberto, 1ª pess. Do sing. Do pres. Do ind. Do
dige. verbo apelar), consolo (alívio) e consolo (com o aberto, 1ª pess. Do
c) Emprega-se aquele(a)/aquilo quando o termo referente es- sing. Do pres. Do ind. Do verbo consolar), com pronúncia diferente.
tiver distante tanto do emissor quanto do receptor da mensagem. Os homógrafos de idêntica pronúncia diferenciam-se pelo contexto
d) Emprega-se este(a) para referir-se ao tempo presente; em que são empregados.
e) Emprega-se esse(a) para se referir ao tempo passado; • Já o termo paronímia designa o fenômeno que ocorre com
f) Emprega-se aquele(a)/aquilo em relação a um tempo passa- palavras semelhantes (mas não idênticas) quanto à grafia ou à pro-
do mais longínquo, ou histórico. núncia. É fonte de muitas dúvidas, como entre descrição (ato de
g) Usa-se este(a)/isto para introduzir referência que, no texto, descrever) e discrição (qualidade do que é discreto), retificar (corri-
ainda será mencionado; gir) e ratificar (confirmar).
h) Usa-se este(a)para se referir ao próprio texto; No Estado de Direito, as normas jurídicas cumprem a tarefa
i) Emprega-se esse(a)/isso quando a informação já foi mencio- de concretizar a Constituição. Elas devem criar os fundamentos de
nada no texto. justiça e de segurança que assegurem um desenvolvimento social
A Semântica estuda o sentido das palavras, expressões, frases harmônico em um contexto de paz e de liberdade. Esses complexos
e unidades maiores da comunicação verbal, os significados que lhe objetivos da norma jurídica são expressos nas funções:
são atribuídos. Ao considerarmos o significado de determinada pa- I) de integração: a lei cumpre função de integração ao com-
lavra, levamos em conta sua história, sua estrutura (radical, prefi- pensar as diferenças jurídico-políticas no quadro de formação da
xos, sufixos que participam da sua forma) e, por fim, o contexto em vontade do Estado (desigualdades sociais, regionais);
que se apresenta. II) de planificação: a lei é o instrumento básico de organização,
Sendo a clareza um dos requisitos fundamentais de todo texto de definição e de distribuição de competências;
oficial, deve-se atentar para a tradição no emprego de determina- III) de proteção: a lei cumpre função de proteção contra o arbí-
da expressão com determinado sentido. O emprego de expressões trio ao vincular os próprios órgãos do Estado;
ditas de uso consagrado confere uniformidade e transparência ao IV) de regulação: a lei cumpre função reguladora ao direcionar
sentido do texto. Mas isso não quer dizer que os textos oficiais de- condutas por meio de modelos;
vam limitar-se à repetição de chavões e de clichês. V) de inovação: a lei cumpre função de inovação na ordem ju-
Verifique sempre o contexto em que as palavras estão sendo rídica e no plano social.
utilizadas. Certifique-se de que não há repetições desnecessárias
ou redundâncias. Procure sinônimos ou termos mais precisos para Requisitos da elaboração normativa:
as palavras repetidas; mas se sua substituição for comprometer o • Clareza e determinação da norma;
sentido do texto, tornando-o ambíguo ou menos claro, não hesite • Princípio da reserva legal;
em deixar o texto como está. • Reserva legal qualificada (algumas providências sejam prece-
É importante lembrar que o idioma está em constante muta- didas de específica autorização legislativa, vinculada à determinada
ção. A própria evolução dos costumes, das ideias, das ciências, da situação ou destinada a atingir determinado objetivo);
política, enfim da vida social em geral, impõe a criação de novas • Princípio da legalidade nos âmbitos penal, tributário e admi-
palavras e de formas de dizer. nistrativo;
A redação oficial não pode alhear-se dessas transformações, • Princípio da proporcionalidade;
nem incorporá-las acriticamente. Quanto às novidades vocabula- • Densidade da norma (a previsão legal contenha uma discipli-
res, por um lado, elas devem sempre ser usadas com critério, evi- na suficientemente concreta);
tando-se aquelas que podem ser substituídas por vocábulos já de • Respeito ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coi-
uso consolidado sem prejuízo do sentido que se lhes quer dar. sa julgada;
De outro lado, não se concebe que, em nome de suposto pu- • Remissões legislativas (se as remissões forem inevitáveis, se-
rismo, a linguagem das comunicações oficiais fique imune às cria- jam elas formuladas de tal modo que permitam ao intérprete apre-
ções vocabulares ou a empréstimos de outras línguas. A rapidez ender o seu sentido sem ter de compulsar o texto referido).
do desenvolvimento tecnológico, por exemplo, impõe a criação de
inúmeros novos conceitos e termos, ditando de certa forma a ve- Além do processo legislativo disciplinado na Constituição (pro-
locidade com que a língua deve incorporá-los. O importante é usar cesso legislativo externo), a doutrina identifica o chamado processo
o estrangeirismo de forma consciente, buscar o equivalente portu- legislativo interno, que se refere à forma de fazer adotada para a
guês quando houver ou conformar a palavra estrangeira ao espírito tomada da decisão legislativa.
da Língua Portuguesa.
191
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Antes de decidir sobre as providências a serem tomadas, é es- a) matérias que guardem afinidade objetiva devem ser tratadas
sencial identificar o problema a ser enfrentado. Realizada a iden- em um mesmo contexto ou agrupamento;
tificação do problema em decorrência de impulsos externos (ma- b) os procedimentos devem ser disciplinados segundo a ordem
nifestações de órgãos de opinião pública, críticas de segmentos cronológica, se possível;
especializados) ou graças à atuação dos mecanismos próprios de c) a sistemática da lei deve ser concebida de modo a permitir
controle, o problema deve ser delimitado de forma precisa. que ela forneça resposta à questão jurídica a ser disciplinada; e
A análise da situação questionada deve contemplar as causas d) institutos diversos devem ser tratados separadamente.
ou o complexo de causas que eventualmente determinaram ou • O artigo de alteração da norma deve fazer menção expressa
contribuíram para o seu desenvolvimento. Essas causas podem ter ao ato normativo que está sendo alterado.
influências diversas, tais como condutas humanas, desenvolvimen- • Na hipótese de alteração parcial de artigo, os dispositivos que
tos sociais ou econômicos, influências da política nacional ou inter- não terão o seu texto alterado serão substituídos por linha ponti-
nacional, consequências de novos problemas técnicos, efeitos de lhada, cujo uso é obrigatório para indicar a manutenção e a não
leis antigas, mudanças de concepção etc. alteração do trecho do artigo.
Para verificar a adequação dos meios a serem utilizados, deve- O termo “republicação” é utilizado para designar apenas a hi-
-se realizar uma análise dos objetivos que se esperam com a apro- pótese de o texto publicado não corresponder ao original assina-
vação da proposta. A ação do legislador, nesse âmbito, não difere, do pela autoridade. Não se pode cogitar essa hipótese por motivo
fundamentalmente, da atuação do homem comum, que se caracte- de erro já constante do documento subscrito pela autoridade ou,
riza mais por saber exatamente o que não quer, sem precisar o que muito menos, por motivo de alteração na opinião da autoridade.
efetivamente pretende. Considerando que os atos normativos somente produzem efeitos
A avaliação emocional dos problemas, a crítica generalizada após a publicação no Diário Oficial da União, mesmo no caso de re-
e, às vezes, irrefletida sobre o estado de coisas dominante acabam publicação, não se poderá cogitar a existência de efeitos retroativos
por permitir que predominem as soluções negativistas, que têm por com a publicação do texto corrigido. Contudo, o texto publicado
escopo, fundamentalmente, suprimir a situação questionada sem sem correspondência com aquele subscrito pela autoridade poderá
contemplar, de forma detida e racional, as alternativas possíveis ou ser considerado inválido com efeitos retroativos.
as causas determinantes desse estado de coisas negativo. Outras Já a retificação se refere aos casos em que texto publicado
vezes, deixa-se orientar por sentimento inverso, buscando, pura e corresponde ao texto subscrito pela autoridade, mas que continha
simplesmente, a preservação do status quo. lapso manifesto. A retificação requer nova assinatura pelas autori-
Essas duas posições podem levar, nos seus extremos, a uma dades envolvidas e, em muitos casos, é menos conveniente do que
imprecisa definição dos objetivos. A definição da decisão legislati- a mera alteração da norma.
va deve ser precedida de uma rigorosa avaliação das alternativas A correção de erro material que não afete a substância do ato
existentes, seus prós e contras. A existência de diversas alternativas singular de caráter pessoal e as retificações ou alterações da de-
para a solução do problema não só amplia a liberdade do legislador, nominação de cargos, funções ou órgãos que tenham tido a deno-
como também permite a melhoria da qualidade da decisão legis- minação modificada em decorrência de lei ou de decreto superve-
lativa. niente à expedição do ato pessoal a ser apostilado são realizadas
Antes de decidir sobre a alternativa a ser positivada, devem- por meio de apostila. O apostilamento é de competência do setor
-se avaliar e contrapor as alternativas existentes sob dois pontos de de recurso humanos do órgão, autarquia ou fundação, e dispensa
vista: a) De uma perspectiva puramente objetiva: verificar se a aná- nova assinatura da autoridade que subscreveu o ato originário.
lise sobre os dados fáticos e prognósticos se mostra consistente; b) Atenção: Deve-se ter especial atenção quando do uso do apos-
De uma perspectiva axiológica: aferir, com a utilização de critérios tilamento para os atos relativos à vacância ou ao provimento de-
de probabilidade (prognósticos), se os meios a serem empregados corrente de alteração de estrutura de órgão, autarquia ou funda-
mostram-se adequados a produzir as consequências desejadas. De- ção pública. O apostilamento não se aplica aos casos nos quais a
vem-se contemplar, igualmente, as suas deficiências e os eventuais essência do cargo em comissão ou da função de confiança tenham
efeitos colaterais negativos. sido alterados, tais como nos casos de alteração do nível hierárqui-
O processo de decisão normativa estará incompleto caso se en- co, transformação de atribuição de assessoramento em atribuição
tenda que a tarefa do legislador se encerre com a edição do ato nor- de chefia (ou vice-versa) ou transferência de cargo para unidade
mativo. Uma planificação mais rigorosa do processo de elaboração com outras competências. Também deve-se alertar para o fato que
normativa exige um cuidadoso controle das diversas consequências a praxe atual tem sido exigir que o apostilamento decorrente de
produzidas pelo novo ato normativo. alteração em estrutura regimental seja realizado na mesma data da
É recomendável que o legislador redija as leis dentro de um entrada em vigor de seu decreto.
espírito de sistema, tendo em vista não só a coerência e a harmonia A estrutura dos atos normativos é composta por dois elemen-
interna de suas disposições, mas também a sua adequada inserção tos básicos: a ordem legislativa e a matéria legislada. A ordem legis-
no sistema jurídico como um todo. Essa sistematização expressa lativa compreende a parte preliminar e o fecho da lei ou do decreto;
uma característica da cientificidade do Direito e corresponde às a matéria legislada diz respeito ao texto ou ao corpo do ato.
exigências mínimas de segurança jurídica, à medida que impedem A lei ordinária é ato normativo primário e contém, em regra,
uma ruptura arbitrária com a sistemática adotada na aplicação do normas gerais e abstratas. Embora as leis sejam definidas, normal-
Direito. Costuma-se distinguir a sistemática da lei em sistemática mente, pela generalidade e pela abstração (lei material), estas con-
interna (compatibilidade teleológica e ausência de contradição ló- têm, não raramente, normas singulares (lei formal ou ato normati-
gica) e sistemática externa (estrutura da lei). vo de efeitos concretos).
Regras básicas a serem observadas para a sistematização do
texto do ato normativo, com o objetivo de facilitar sua estruturação:
192
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
As leis complementares são um tipo de lei que não têm a ri- Deputados, que justifique a necessidade do acréscimo. A apresen-
gidez dos preceitos constitucionais, e tampouco comportam a re- tação de emendas a qualquer projeto de lei oriundo de iniciativa re-
vogação por força de qualquer lei ordinária superveniente. Com a servada é autorizada, desde que não implique aumento de despesa
instituição de lei complementar, o constituinte buscou resguardar e que tenha estrita pertinência temática.
determinadas matérias contra mudanças céleres ou apressadas, A Constituição não impede a apresentação de emendas ao pro-
sem deixá-las exageradamente rígidas, o que dificultaria sua modifi- jeto de lei orçamentária. Elas devem ser, todavia, compatíveis com
cação. A lei complementar deve ser aprovada pela maioria absoluta o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias e devem
de cada uma das Casas do Congresso Nacional. indicar os recursos necessários, sendo admitidos apenas aqueles
Lei delegada é o ato normativo elaborado e editado pelo Pre- provenientes de anulação de despesa. A Constituição veda a propo-
sidente da República em decorrência de autorização do Poder Le- situra de emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias que
gislativo, expedida por meio de resolução do Congresso Nacional e não guardem compatibilidade com o plano plurianual.
dentro dos limites nela traçados. Medida provisória é ato normativo A votação da matéria legislativa constitui ato coletivo das Casas
com força de lei que pode ser editado pelo Presidente da República do Congresso. Realiza-se, normalmente, após a instrução do proje-
em caso de relevância e urgência. Decretos são atos administrativos to nas comissões e dos debates no plenário. A sanção é o ato pelo
de competência exclusiva do Chefe do Executivo, destinados a pro- qual o Chefe do Executivo manifesta a sua anuência ao projeto de
ver as situações gerais ou individuais, abstratamente previstas, de lei aprovado pelo Poder Legislativo. Verifica-se aqui a fusão da von-
modo expresso ou implícito, na lei. tade do Congresso Nacional com a do Presidente, da qual resulta a
• Decretos singulares ou de efeitos concretos: Os decretos po- formação da lei.
dem conter regras singulares ou concretas (por exemplo, decretos O veto é o ato pelo qual o Chefe do Poder Executivo nega san-
referentes à questão de pessoal, de abertura de crédito, de desa- ção ao projeto – ou a parte dele –, obstando à sua conversão em lei.
propriação, de cessão de uso de imóvel, de indulto, de perda de Dois são os fundamentos para a recusa de sanção: a) inconstitucio-
nacionalidade, etc.). nalidade; ou b) contrariedade ao interesse público.
• Decretos regulamentares: Os decretos regulamentares são O veto deve ser expresso e motivado, e oposto no prazo de 15
atos normativos subordinados ou secundários. dias úteis, contado da data do recebimento do projeto, e comunica-
• Decretos autônomos: Limita-se às hipóteses de organização do ao Congresso Nacional nas 48 horas subsequentes à sua oposi-
e funcionamento da administração pública federal, quando não im- ção. O veto não impede a conversão do projeto em lei, podendo ser
plicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos pú- superado por deliberação do Congresso Nacional.
blicos, e de extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos. A promulgação e a publicação constituem fases essenciais da
Portaria é o instrumento pelo qual Ministros ou outras autori- eficácia da lei. A promulgação das leis compete ao Presidente da
dades expedem instruções sobre a organização e o funcionamento República. Ela deverá ocorrer dentro do prazo de 48 horas, decor-
de serviço, sobre questões de pessoal e outros atos de sua compe- rido da sanção ou da superação do veto. Nesse último caso, se o
tência. Presidente não promulgar a lei, competirá a promulgação ao Pre-
sidente do Senado Federal, que disporá, igualmente, de 48 horas
O processo legislativo abrange não só a elaboração das leis para fazê-lo; se este não o fizer, deverá fazê-lo o Vice-Presidente do
propriamente ditas (leis ordinárias, leis complementares, leis de- Senado Federal, em prazo idêntico.
legadas), mas também a elaboração das emendas constitucionais, O período entre a publicação da lei e a sua entrada em vigor é
das medidas provisórias, dos decretos legislativos e das resoluções. chamado de período de vacância ou vacatio legis. Na falta de dis-
A iniciativa é a proposta de edição de direito novo. A iniciati- posição especial, vigora o princípio que reconhece o decurso de um
va comum ou concorrente compete ao Presidente da República, a lapso de tempo entre a data da publicação e o termo inicial da obri-
qualquer Deputado ou Senador, a qualquer comissão de qualquer gatoriedade (45 dias).
das Casas do Congresso, e aos cidadãos – iniciativa popular. A Cons- Podem-se distinguir seis tipos de procedimento legislativo:
tituição confere a iniciativa da legislação sobre certas matérias, a) procedimento legislativo normal: Trata da elaboração das
privativamente, a determinados órgãos, denominada de iniciativa leis ordinárias (excluídas as leis financeiras e os códigos) e comple-
reservada. A Constituição prevê, ainda, sistema de iniciativa vincu- mentares.
lada, na qual a apresentação do projeto é obrigatória. Nesse caso, o b) procedimento legislativo abreviado: Este procedimento
Chefe do Executivo Federal deve encaminhar ao Congresso Nacio- dispensa a competência do Plenário, ocorrendo, por isso, a deli-
nal os projetos referentes às leis orçamentárias (plano plurianual, beração terminativa sobre o projeto de lei nas próprias Comissões
lei de diretrizes orçamentárias e o orçamento anual). Permanentes.
c) procedimento legislativo sumário: Entre as prerrogativas
A disciplina sobre a discussão e a instrução do projeto de lei é regimentais das Casas do Congresso Nacional existe a de conferir
confiada, fundamentalmente, aos Regimentos das Casas Legisla- urgência a certas proposições.
tivas. d) procedimento legislativo sumaríssimo: Existe nas duas Ca-
sas do Congresso Nacional mecanismo que assegura deliberação
Emenda é a proposição apresentada como acessória de outra instantânea sobre matérias submetidas à sua apreciação.
proposição. Nem todo titular de iniciativa tem poder de emenda. e) procedimento legislativo concentrado: O procedimento le-
Essa faculdade é reservada aos parlamentares. Se, entretanto, for gislativo concentrado tipifica-se, basicamente, pela apresentação
de iniciativa do Poder Executivo ou do Poder Judiciário, o seu titular das matérias em reuniões conjuntas de deputados e senadores. Ex.
também pode apresentar modificações, acréscimos, o que fará por para leis financeiras e delegadas.
meio de mensagem aditiva, dirigida ao Presidente da Câmara dos
193
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
f) procedimento legislativo especial: Nesse procedimento, Introdução: deve iniciar com referência ao expediente que so-
englobam-se dois ritos distintos com características próprias, um licitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver
destinado à elaboração de emendas à Constituição; outro, à de có- sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comu-
digos. nicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos
do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e as-
O Padrão Ofício sunto de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado,
segundo a seguinte fórmula:
O Manual de Redação da Presidência da República lista três
tipos de expediente que, embora tenham finalidades diferentes, “Em resposta ao Aviso nº 112, de 10 de fevereiro de 2011, en-
possuem formas semelhantes: Ofício, Aviso e Memorando. A dia- caminho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 2010, do
gramação proposta para esses expedientes é denominada padrão Departamento Geral de Administração, que trata da requisição do
ofício. servidor Fulano de Tal.”
O Ofício, o Aviso e o Memorando devem conter as seguintes ou
partes: “Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia do
telegrama nº 112, de 11 de fevereiro de 2011, do Presidente da Con-
Tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que federação Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de moder-
o expede nização de técnicas agrícolas na região Nordeste.”
Exemplos:
Of. 123/2002-MME Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer al-
Aviso 123/2002-SG gum comentário a respeito do documento que encaminha, poderá
Mem. 123/2002-MF acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário, não
há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou ofício de mero en-
Local e data caminhamento.
Devem vir por extenso com alinhamento à direita. - Fecho.
Exemplo: - Assinatura.
Brasília, 20 de maio de 2011 - Identificação do Signatário
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
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- Dentro do possível, todos os documentos elaborados devem Assinatura: de quem lavrou a certidão e visto do titular da
ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou apro- unidade organizacional que a autorizou.
veitamento de trechos para casos análogos;
- Para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser Circular
formados da seguinte maneira: tipo do documento + número do
documento + palavraschave do conteúdo. Exemplo: Correspondência oficial, de caráter interno, enviada, simulta-
“Of. 123 relatório produtividade neamente, a diversos destinatários, com texto idêntico, transmitin-
ano 2010” do informações, instruções, ordens, recomendações ou esclarecen-
do o conteúdo de leis, normas e regulamentos.
Ato Administrativo
Estrutura
Toda manifestação unilateral de vontade da administração pú- Título: circular, número, ano e sigla da unidade organizacional.
blica que, agindo nesta qualidade, tenha por fim imediato adquirir, Local e
resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos ou im- Data: por extenso.
por obrigações aos administradores ou a si própria. (p.17 Bellotto, Destinatários: nomes dos cargos dos destinatários.
2002). Texto: desenvolvimento do assunto tratado.
Finalidade: O ato administrativo só pode ter um fim público, Assinatura: Titular da unidade organizacional.
determinado pela lei, não cabendo ao administrador qualquer di-
reito de escolha. Este fim tem que atender de forma vinculada um Comunicado
interesse ou finalidade pública.
Espécie: é a maneira pela qual se exterioriza o ato, ou seja, a Correspondência oficial utilizada na unidade organizacional ou
configuração que assume um documento de acordo com a disposição entre unidades organizacionais para transmitir informações, solici-
e a natureza das informações. Como por exemplo espécies de: tar esclarecimentos ou providências de ordem geral.
Deliberação, Resolução, Portaria, Instrução, Informação, Ofício,
Ofício circular e Memorando. Estrutura
Título: comunicado (iniciais em maiúsculas e o restante em mi-
Atestado núsculas),
Seguida do número de ordem, ano e da sigla da unidade orga-
Atestado administrativo é o ato pelo qual a Administração com- nizacional.
prova um fato ou uma situação de que tenha conhecimento por Data: 1 cm abaixo do código de identificação com alinhamento
seus órgãos competentes. à direita.
Estrutura Destinatário: ao senhor (cargo que ocupa).
Assunto: resumo do teor da comunicação em negrito.
Título: atestado (em maiúsculas e centralizado, sobre o texto). Texto: desenvolvimento do teor da comunicação. Deve ser ini-
Texto: exposição do fato. ciado a 1,5 cm
Local e data: por extenso. Verticais, abaixo do item assunto. Todos os parágrafos devem
Assinatura: titular da unidade organizacional corresponden- ser numerados
te ao assunto tratado. Dão Na margem esquerda do corpo do texto, excetuado o fecho.
Documento oficial, com base em documento original, objeti- Fecho: atenciosamente ou respeitosamente, conforme o caso.
vando comprovar a existência de ato ou assentamento de interesse Assinatura: Titular e servidor da unidade organizacional.
de alguém. Convite e Convocação
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Art. 8o As reuniões de servidores com integrantes da equipe de transição devem ser objeto de agendamento e registro sumário em
atas que indiquem os participantes, os assuntos tratados, as informações solicitadas e o cronograma de atendimento das demandas apre-
sentadas.
Art. 9o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 11 de julho de 2002; 181o da Independência e 114o da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Edital
O edital é um instrumento de comunicação externa, que através de autoridade competente se publica pela imprensa ou se afixa em
locais de acesso dos interessados. Objetiva transmitir assuntos de interesse público, visando com isso o cumprimento de determinações
legais. PARTES DE UM EDITAL
1) CABEÇALHO: Designação do órgão/unidade.
2) TÍTULO: EDITAL XXX/2015
3) EDITAL (em maiúsculas, seguido do número de ordem, da data e, quando for o caso, do número do processo).
4) EMENTA: facultativo, mas oferece a vantagem de propiciar o conhecimento prévio e sucinto do que é exposto em seguida. Aparece,
principalmente, em editais de concorrência pública e tomada de preço.
5) TEXTO: Deve conter todas as condições exigidas para preenchimento das formalidades legais.
6) ASSINATURA: Nome da autoridade competente, indicando-se cargo e função.
7) OBSERVAÇÃO: Em virtude das diversas possibilidades de Edital, não será apresentado um modelo. Nota: Os editais de licitação
deverão seguir a Lei Federal nº 8.666 de 21/06/1993, atualizada pela Lei Federal nº 8.883 de 08/06/1994.
Requerimento (Petição)
É o instrumento por meio do qual o interessado requer a uma autoridade administrativa um direito do qual se julga detentor. Estrutura:
- Vocativo, cargo ou função (e nome do destinatário), ou seja, da autoridade competente.
- Texto incluindo: Preâmbulo, contendo nome do requerente (grafado em letras maiúsculas) e respectiva qualificação: nacionalidade,
estado civil, profissão, documento de identidade, idade (se maior de 60 anos, para fins de preferência na tramitação do processo, segundo
a Lei 10.741/03), e domicílio (caso o requerente seja servidor da Câmara dos Deputados, precedendo à qualificação civil deve ser colocado
o número do registro funcional e a lotação); Exposição do pedido, de preferência indicando os fundamentos legais do requerimento e os
elementos probatórios de natureza fática.
- Fecho: “Nestes termos, Pede deferimento”.
- Local e data.
- Assinatura e, se for o caso de servidor, função ou cargo.
Quando mais de uma pessoa fizer uma solicitação, reivindicação ou manifestação, o documento utilizado será um abaixoassinado,
com estrutura semelhante à do requerimento, devendo haver identificação das assinaturas.
A Constituição Federal assegura a todos, independentemente do pagamento de taxas, o direito de petição aos Poderes Públicos em
defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder (art. 51, XXXIV, “a”), sendo que o exercício desse direito se instrumentaliza por
meio de requerimento. No que concerne especificamente aos servidores públicos, a lei que institui o Regime único estabelece que o re-
querimento deve ser dirigido à autoridade competente para decidilo e encaminhado por intermédio daquela a que estiver imediatamente
subordinado o requerente (Lei nº 8.112/90, art. 105).
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Modelo de Atestado
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Modelo de Certidão
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Modelo de Comunicado
LOGOTIPO DA
INSTITUIÇÃO
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Modelo de Carta
LOGOTIPO DA INSTITUIÇÃO
1,5 cm
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Modelo de Ofício
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Modelo de Aviso
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
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Modelo de Memorando
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Modelo de Mensagem
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Modelo de ATA
Modelo de Declaração
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Modelo de Requerimento
A administração é uma área fundamental em qualquer organização, seja ela uma empresa, uma instituição pública, uma ONG ou até
mesmo uma família. Ela envolve o planejamento, a organização, a direção e o controle de recursos para alcançar os objetivos estabeleci-
dos. Vamos explorar os fundamentos básicos dessa disciplina, compreendendo seus conceitos, características e finalidade.
Conceitos Fundamentais:
1. Planejamento: É a fase inicial do processo administrativo, onde são definidos os objetivos a serem alcançados e as estratégias para
atingi-los. Envolve prever as necessidades futuras e elaborar planos de ação para enfrentar os desafios.
2. Organização: Refere-se à estruturação dos recursos disponíveis, sejam eles humanos, financeiros, materiais ou tecnológicos. Envol-
ve a divisão de tarefas, a definição de responsabilidades e a criação de hierarquias claras.
3. Direção: Consiste em orientar e motivar as pessoas para que elas executem as atividades conforme planejado. Envolve liderança,
comunicação eficaz e capacidade de influenciar o comportamento dos colaboradores.
4. Controle: É a etapa final do processo administrativo, onde são avaliados os resultados alcançados em relação aos objetivos estabe-
lecidos. Envolve monitorar o desempenho, identificar desvios e tomar medidas corretivas quando necessário.
Características Essenciais:
1. Universalidade: Os princípios da administração são aplicáveis a qualquer tipo de organização, independentemente do seu tamanho,
natureza ou setor de atuação.
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
2. Interdisciplinaridade: A administração envolve conhecimen- De acordo com o Professor Idalberto Chiavenato (escritor, pro-
tos de diversas áreas, como economia, psicologia, sociologia, direi- fessor e consultor administrativo), a Administração possui 7 (sete)
to e tecnologia da informação. abordagens, onde cada uma terá seu aspecto principal e agrupa-
3. Flexibilidade: As técnicas e práticas administrativas devem mento de autores, com seu enfoque específico. Uma abordagem,
ser adaptadas às mudanças no ambiente externo e interno da or- poderá conter 2 (duas) ou mais teorias distintas. São elas:
ganização. 1. Abordagem Clássica: que se desdobra em Administração
4. Complexidade: A administração lida com sistemas comple- científica e Teoria Clássica da Administração.
xos, onde as interações entre os diferentes elementos podem gerar 2. Abordagem Humanística: que se desdobra principalmente
resultados imprevisíveis. na Teoria das Relações Humanas.
3. Abordagem Neoclássica: que se desdobra na Teoria Neo-
Finalidade da Administração: clássica da Administração, dos conceitos iniciais, processos admi-
1. Alcançar Objetivos: A principal finalidade da administração é nistrativos, como os tipos de organização, departamentalização e
garantir que a organização atinja seus objetivos de forma eficiente administração por objetivos (APO).
e eficaz. 4. Abordagem Estruturalista: que se desdobra em Teoria Buro-
2. Maximizar Recursos: A administração busca utilizar os recur- crática e Teoria Estruturalista da Administração.
sos disponíveis da melhor maneira possível, otimizando o uso de 5. Abordagem Comportamental: que é subdividida na Teoria
tempo, dinheiro, pessoas e materiais. Comportamental e Teoria do Desenvolvimento Organizacional (DO).
3. Adaptar-se às Mudanças: Em um mundo em constante 6. Abordagem Sistêmica: centrada no conceito cibernético
transformação, a administração deve ser capaz de se adaptar às para a Administração, Teoria Matemática e a Teria de Sistemas da
mudanças do ambiente externo e interno, antecipando-se a elas Administração.
sempre que possível. 7. Abordagem Contingencial: que se desdobra na Teoria da
4. Promover o Desenvolvimento: A administração não se limita Contingência da Administração.
apenas a alcançar metas de curto prazo, mas também busca promo-
ver o desenvolvimento sustentável da organização a longo prazo.
ADMINISTRAÇÃO GERAL
Dentre tantas definições já apresentadas sobre o conceito de
administração, podemos destacar que: Origem da Abordagem Clássica
“Administração é um conjunto de atividades dirigidas à utili- 1 — O crescimento acelerado e desorganizado das empresas:
zação eficiente e eficaz dos recursos, no sentido de alcançar um ou • Ciência que substituísse o empirismo;
mais objetivos ou metas organizacionais.” • Planejamento de produção e redução do improviso.
2 — Necessidade de aumento da eficiência e a competência
Ou seja, a Administração vai muito além de apenar “cuidar de das organizações:
uma empresa”, como muitos imaginam, mas compreende a capa- • Obtendo melhor rendimento em face da concorrência;
cidade de conseguir utilizar os recursos existentes (sejam eles: re- • Evitando o desperdício de mão de obra.
cursos humanos, materiais, financeiros,…) para atingir os objetivos
da empresa. Abordagem Científica – ORT (Organização Racional do Traba-
O conceito de administração representa uma governabilidade, gestão lho)
de uma empresa ou organização de forma que as atividades sejam admi- • Estudo dos tempos e movimentos;
nistradas com planejamento, organização, direção, e controle. • Estudo da fadiga humana;
• Divisão do trabalho e especialização;
O ato de administrar é trabalhar com e por intermédio de ou- • Desenho de cargo e tarefas;
tras pessoas na busca de realizar objetivos da organização bem • Incentivos salariais e premiação de produção;
como de seus membros. • Homo Economicus;
Montana e Charnov • Condições ambientais de trabalho;
• Padronização;
Principais abordagens da administração (clássica até contin- • Supervisão funcional.
gencial) Aspectos da conclusão da Abordagem Científica: A percepção
É importante perceber que ao longo da história a Administra- de que os coordenadores, gerentes e dirigentes deveriam se preo-
ção teve abordagens e ênfases distintas. Apesar de existir há pouco cupar com o desenho da divisão das tarefas, e aos operários cabia
mais de 100 (cem) anos, como todas as ciências, a Administração única e exclusivamente a execução do trabalho, sem questionamen-
evoluiu seus conceitos com o passar dos anos. tos, apenas execução da mão de obra.
211
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
— Comando e Controle: o gerente pensa e manda e os trabalhadores obedecem de acordo com o plano.
— Uma única maneira correta (the best way).
— Mão de obra e não recursos humanos.
— Segurança, não insegurança. As organizações davam a sensação de estabilidade dominando o mercado.
Teoria Clássica
• Aumento da eficiência melhorando a disposição dos órgãos componentes da empresa (departamentos);
• Ênfase na anatomia (estrutura) e na fisiologia (funcionamento);
• Abordagem do topo para a base (nível estratégico tático);
• Do todo para as partes.
Controle: Se certificar de que tudo está ocorrendo de acordo com as regras estabelecidas e as ordens dadas.
A Abordagem Clássica, junto da Burocrática, dentre todas as abordagens, chega a ser uma das mais importantes.
212
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Abordagem Neoclássica
No início de 1950 nasce a Teoria Neoclássica, teoria mais contemporânea, remodelando a Teoria Clássica, colocando novo figurino
dentro das novas concepções trazidas pelas mudanças e pelas teorias anteriores. Funções essencialmente humanas começam a ser inseri-
das, como: Motivação, Liderança e Comunicação. Preocupação com as pessoas passa a fazer parte da Administração.
Teoria Burocrática
Tem como pai Max Weber, por esse motivo é muitas vezes chamada de Teoria Weberiana. Para a burocracia a organização alcançaria
a eficiência quando explicasse, em detalhes, como as coisas deveriam ser feitas.
Burocracia não é algo negativo, o excesso de funções sim. A Burocracia é a organização eficiente por excelência. O excesso da Burocra-
cia é que transforma ela em algo negativo, o que chamamos de disfunções.
• Características
— Caráter formal das normas e regulamentos.
— Caráter formal das comunicações.
— Caráter racional e divisão do trabalho.
— Impessoalidade nas relações.
— Hierarquia de autoridade.
— Rotinas e procedimentos padronizados.
— Competência técnica e meritocracia.
— Especialização da administração.
— Profissionalização dos participantes.
— Completa previsibilidade de comportamento.
• Disfunções
— Internalização das regras e apego aos procedimentos.
— Excesso de formalismo e de papelório.
— Resistência às mudanças.
— Despersonalização do relacionamento.
— Categorização como base do processo decisório.
— “Superconformidade” às rotinas e aos procedimentos.
— Exibição de sinais de autoridade.
— Dificuldade no atendimento.
Abordagem Estruturalista
A partir da década de 40, tínhamos:
• Teoria Clássica: Mecanicismo – Organização.
• Teoria das Relações Humanas: Romantismo Ingênuo – Pessoas.
213
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
As duas correntes sofreram críticas que revelaram a falta de — Todos os diferentes níveis hierárquicos são importantes em
uma teoria sólida e abrangente, que servisse de orientação para o uma organização;
administrador. — Todas as diferentes organizações têm seu papel na socieda-
A Abordagem Estruturalista é composta pela Teoria Burocrática de;
e a Teoria Estruturalista. Além da ênfase na estrutura, ela também — As análises intra organizacional e Inter organizacional são
se preocupa com pessoas e ambiente, se aproxima muito da Teoria fundamentais.
de Relações Humanas.
• Teoria Estruturalista – Conclusão:
No início da Teoria Estruturalista, vive-se a mesma gênese da — Tentativa de conciliação dos conceitos clássicos e humanís-
Teoria da Burocracia, esse movimento onde só se encontram críti- ticos;
cas da Teoria das Relações Humanas às outras Teorias e não se tem — Visão crítica ao modelo burocrático;
uma preposição de um novo método. — Ampliação das abordagens de organização;
• Teoria Clássica: Mecanicismo – Organização. — Relações Inter organizacionais;
• Teoria das Relações Humanas: Romantismo Ingênuo – Pes- — Todas as heranças representam um avanço rumo à Aborda-
soas. gem Sistêmica e uma evolução no entendimento para a Teoria da
Administração.
A Teoria Estruturalista é um desdobramento da Burocracia e
uma leve aproximação à Teoria das Relações Humanas. Ainda que
a Teoria das Relações Humanas tenha avançado, ela critica as ante-
riores e não proporciona bases adequadas para uma nova teoria. Já
na Teoria Estruturalista da Organização percebemos que o TODO é
maior que a soma das partes. Significa que ao se colocar todos os
indivíduos dentro de um mesmo grupo, essa sinergia e cooperação
dos indivíduos gerará um valor a mais que a simples soma das indi-
vidualidades. É a ideia de equipe.
Abordagem Humanística
É um desdobramento da Teoria das Relações Humanas. A Abor-
dagem Humanística nasce no período de entendimento de que a
produtividade era o elemento principal, e seu modelo era “homem-
-máquina”, em que o trabalhador era visto basicamente como ope-
rador de máquinas, não havia a percepção com outro elemento que
não fosse a produtividade.
• Suas preocupações:
— Nas tarefas (abordagem científica) e nas estruturas (teoria
clássica) dão lugar para ênfase nas pessoas;
— Nasce com a Teoria das Relações Humanas (1930) e no de-
senvolvimento da Psicologia do Trabalho:
* Análise do trabalho e adaptação do trabalhador ao trabalho.
• Teoria Estruturalista - Sociedade de Organizações
* Adaptação do trabalho ao trabalhador.
— Sociedade = Conjunto de Organizações (escola, igreja, em-
— A necessidade de humanizar e democratizar a Administra-
presa, família).
ção libertando dos regimes rígidos e mecanicistas;
— Organizações = Conjunto de Membros (papéis) – (aluno, pro-
— Desenvolvimento das ciências humanas, principalmente a
fessor, diretor, pai).
psicologia, e sua influência no campo industrial;
— Trazendo ideias de John Dewey e Kurt Lewin para o humanis-
O mesmo indivíduo faz parte de diferentes organizações e tem
mo na Administração e as conclusões da experiência em si.
diferentes papéis.
• Principais aspectos:
• Teoria Estruturalista – O Homem Organizacional:
— Psicologia do trabalho, que hoje chamamos de Comporta-
— Homem social que participa simultaneamente de várias or-
mento Organizacional, demonstrando uma percepção diferenciada
ganizações.
do trabalhador, com viés de um homem mais social, com mais ex-
— Características: Flexibilidade; Tolerância às frustrações; Ca-
pectativas e desejos. Percebe-se então que o comportamento e a
pacidade de adiar as recompensas e poder compensar o trabalho,
preocupação com o ambiente de trabalho do indivíduo tornam-se
em detrimento das suas preferências; Permanente desejo de reali-
parte responsável pela produtividade. Agregando a visão antagôni-
zação.
ca desse homem econômico, trazendo o conceito de homem social.
— Experiência de Hawthorn desenvolvida por Elton Mayo, na
• Teoria Estruturalista – Abordagem múltipla:
qual a alteração de iluminação traz um resultado importante:
— Tanto a organização formal, quanto a informal importam;
Essa experiência foi realizada no ano de 1927, pelo Conselho
— Tanto recompensas salariais e materiais, quanto sociais e
Nacional de Pesquisas dos Estados Unidos, em uma fábrica da Wes-
simbólicas geram mudanças de comportamento;
tern Eletric Company, situada em Chicago, no bairro de Hawthorn.
214
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Lá dois grupos foram selecionados e em um deles foi alterada a iluminação no local de trabalho, observando assim, uma alteração no de-
sempenho do comportamento e na produtividade do grupo em relação ao outro. Não necessariamente ligada a alteração de iluminação,
mas com a percepção dos indivíduos de estarem sendo vistos, começando então a melhorarem seus padrões de trabalho. Sendo assim,
chegou-se à conclusão de que:
1. A capacidade social do trabalhador determina principalmente a sua capacidade de executar movimentos, ou seja, é ela que de-
termina seu nível de competência. É a capacidade social do trabalhador que determina o seu nível de competência e eficiência e não sua
capacidade de executar movimentos eficientes dentro de um tempo estabelecido.
2. Os trabalhadores não agem ou reagem isoladamente como indivíduos, mas como membros de grupos, equipe de trabalho.
3. As pessoas são motivadas pela necessidade de reconhecimento.
4. Grupos informais: alicerçada no conceito de homem social, ou seja, o trabalhador é um indivíduo dotado de vontade e desejos
de estruturas sociais mais complexas, e que esse indivíduo reconhece em outros indivíduos elementos afins aos seus e esses elementos
passam a influenciar na produtividade do indivíduo. Os níveis de produtividade são controlados pelas normas informais do grupo e não
pela organização formal.
5. A Organização Informal:
• Relação de coesão e antagonismo. Simpatia e antipatia;
• Status ou posição social;
• Colaboração espontânea;
• Possibilidade de oposição à organização formal;
• Padrões de relações e atitudes;
• Mudanças de níveis e alterações dos grupos informais;
• A organização informal transcende a organização formal;
• Padrões de desempenho nos grupos informais.
Abordagem Comportamental
A partir do ano de 1950 a Abordagem Comportamental (behavorista) marca a influência das ciências do comportamento. Tem como
participantes: Kurt Lewin, Barnard, Homans e o livro de Herbert Simon que podem ser entendidos como desdobramento da Teoria das
Relações Humanas. Seus aspectos são:
— Homem é um animal social, dotado de necessidades;
— Homem pode aprender;
— Homem pode cooperar e/ou competir;
— Homem é dotado de sistema psíquico;
Tendo a Teoria das Relações Humanas uma visão ingênua do indivíduo, em que se pensava que a Organização é que fazia do homem
um indivíduo ruim, na Teoria Comportamental a visão é diferente, pois observa-se que o indivíduo voluntariamente é que escolhe partici-
par ou não das decisões e/ou ações da organização. Aparecendo o processo de empatia e simpatia, em que o indivíduo abre mão, ou não
da participação, podendo ser ou não protagonista.
— Abandono das posições afirmativas e prescritivas (como deve ser) para uma lógica mais explicativa e descritiva;
— Mantem-se a ênfase nas pessoas, mas dentro de uma posição organizacional mais ampla
— Estudo sobre: Estilo de Administração – Processo decisório – Motivação – Liderança – Negociação
215
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
• Comportamento Organizacional
É a área que estuda a previsão, explicação, modificação e entendimento do comportamento humano e os processos mentais dos
indivíduos em relação ao seu trabalho dentro da organização. Tem grande relação com a Psicologia Organizacional e do trabalho, se
tornando uma fonte importante para a Administração e para a Gestão de Pessoas, pois passa-se a compreender melhor a relação entre
o indivíduo, o trabalho e as entidades organizacionais.
Baseia-se nas relações internas e externas, e que as forças psicológicas que atuam sobre o indivíduo nesse contexto, estão ligadas
também aos grupos e a própria organização.
• Objetos de estudo:
1. Impacto do emprego na vida humana (o quanto que esse elemento interfere na sua satisfação, felicidade, convivência com a família);
2. Relação entre as pessoas e grupos dentro de um contexto de trabalho (contexto diferente da vida particular de casa, família, escola);
3. Percepções, crenças e atitudes do indivíduo com relação ao trabalho (como as pessoas enxergam a organização, o seu papel dentro
das relações que ela desenvolve e quanto essas questões se tornam significativas para vida do indivíduo);
4. Desempenho e produtividade (que fatores levam ao maior produtividade e desempenho, como pode-se influenciar nisso);
5. Saúde no trabalho (como as organizações afetam a saúde do indivíduo e como pode-se minimizar o impacto das suas atividades
nessa questão);
6. Ética nas relações de trabalho (o quanto as relações internas, de poder e de subordinação levam em consideração questões morais);
7. Diversidade da força de trabalho (questões de gênero, raça e credo);
8. Ações ou comportamentos do indivíduo dentro desse contexto (aprendizagem, cultura organizacional, poder, grupos e equipes,
liderança, motivação, comprometimento, bem como as causas e consequências dessas ações).
O comportamento organizacional é fundamental para os gestores e para a Gestão de Pessoas, propiciando todo o conjunto de ferra-
mentas para facilitar as decisões relacionadas a Gestão de Pessoas e Administração, bem como a vida diária dos gestores.
Abordagem Sistêmica
A partir do ano de 1950, muitas das teorias começaram a aparecer paralelamente, entre elas nasce a abordagem sistêmica. Ludwig
Von Bertalanffy, biólogo alemão, coordenava um estudo interdisciplinar a fim de transcender problemas existentes em cada ciência e
proporcionar princípios gerais. Princípios esses que darão a visão de uma organização como organismo, ensinando quatro princípios im-
portantes que devem ser pensados dentro das organizações. Nasce a Teoria Geral dos Sistemas
— Visão Totalizante;
— Visão Expansionista;
— Visão Sistêmica;
— Visão Integrada;
216
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Exemplo: o indivíduo é o que é pelo meio onde nasceu, pela educação que recebeu, pela forma de relacionamentos e cultura que
conviveu. Existe grandes diferenças entre os indivíduos devido às influências que sofreram ao longo da vida e é isso que a Teoria Geral de
Sistemas vai procurar explicar, o indivíduo é produto do meio em que vive, não está sozinho e isolado, tudo está fortemente conectado.
• Os sistemas existem dentro de sistemas (uma pequena parte, faz parte de um todo maior);
• Os sistemas são abertos (intercambio com o todo);
• As funções de um sistema dependem de sua estrutura (pessoas, recursos, do meio onde está).
• Sistema Aberto
— Está constantemente e de forma dual (entrega e recebimento) interagindo com o ambiente;
— É capacitado para o crescimento, mudanças, adaptações ao ambiente, podendo também ser autor reprodutor sob certas condições;
— É contingência do sistema aberto competir com outros sistemas.
Abordagem Contingencial
A Abordagem Contingencial traz para nós a ideia de que não se alcança eficácia organizacional seguindo um modelo exclusivo, ou seja,
não há uma fórmula única e exclusiva ou melhor de se alcançar os objetivos organizacionais. Ela abraça todas as Teorias e dá razão para
cada uma delas.
• Características
— Não há regra absoluta;
— Tudo é relativo;
— Tudo dependerá (de Ambiente, Mapeamento ambiental, Seleção ambiental, Percepção ambiental, Consonância e Dissonância,
Desdobramentos do ambiente, Tecnologia);
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
ORGANOGRAMAS E FLUXOGRAMAS
– Fluxogramas: Os fluxogramas são diagramas que representam visualmente os processos e fluxos de trabalho da empresa. Eles
utilizam símbolos gráficos para representar etapas, decisões, fluxos de informações e os responsáveis por cada atividade. Os fluxogramas
auxiliam na compreensão dos processos, na identificação de gargalos e na busca por melhorias.
– Organograma: é uma representação gráfica da estrutura organizacional de uma empresa, que mostra como os departamentos,
as unidades e os cargos estão organizados e como se relacionam entre si. É uma ferramenta visual que proporciona uma visão clara da
hierarquia e da distribuição de autoridade dentro da organização. Com objetivo de facilitar a compreensão da estrutura organizacional,
mostrando as relações de subordinação, os níveis hierárquicos e as linhas de comunicação. Ele ajuda a identificar quem é responsável por
quem, como as informações fluem dentro da empresa e como as decisões são tomadas.
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Com a grande competitividade entre as empresas, a velocidade E lembre-se que um atendimento de sucesso ocorrerá se o
em que se atende as necessidades de um cliente, pode ser um fator atendente priorizar e estiver preparado para:
determinante para que estes retornem a empresa, entretanto não é 1. Fazer uma boa recepção;
um ponto positivo ter que refazer uma atividade/ação para corrigir 2. Ouvir as necessidades do cliente;
algo que foi feito de forma rápida e com pouca qualidade. 3. Fazer perguntas de esclarecimento;
Um ambiente de trabalho organizado também pode contribuir 4. Orientar o cliente;
para um atendimento mais rápido, ágil e eficiente. 5. Demonstrar interesse e empatia;
A empresa deve ser leal ao cumprimento dos prazos, sendo as- 6. Dar uma solução ao atendimento;
sim, não prometa prazos que não seja capaz de cumprir. Envolva ou- 7. Fazer o fechamento;
tros setores ao processo de atendimento para que possa responder 8. Resolver pendências quando houver.
mais prontamente as questões que possam surgir.
Nas reações e percepções do cliente é possível identificar sua Princípios para o Bom Atendimento
aprovação ou reprovação em relação as negociações ou atendimen-
to, busque oportunidades para agir. 1. Foco no Cliente: as organizações buscam reduzir os custos
Seja sempre objetivo ao realizar um atendimento, busque rapi- dos produtos, aumentar os lucros, mas não podem perder de vista
damente soluções para as necessidades do cliente que se encontra a qualidade e satisfação dos clientes.
em atendimento.
Os colaboradores de uma organização devem buscar conheci- 2. O serviço ou produto deve atender a uma real necessidade
mento dos negócios da empresa, das decisões que ela toma e da do usuário: um serviço ou produto deve ser exatamente como o
situação que ela se encontra. A falta de informação, de uma comu- usuário espera, deseja ou necessita que ele seja.
nicação entre empresários e funcionários acaba gerando desmoti-
vação, falta de comprometimento e dificuldades para se argumentar 3. Manutenção da qualidade: o padrão de qualidade mantido
e demonstrar confiança aos clientes no momento do atendimento. ao longo do tempo é que leva à conquista da confiabilidade.
Assim torna-se fundamental comunicar a missão da empre-
sa, seus valores, metas e objetivos ao público interno, pois quanto A atuação com base nesses princípios deve ser orientada por
maior for seu envolvimento com a organização, maior será o seu algumas ações que imprimem a qualidade ao atendimento, tais
comprometimento. como:
- Atenuar a burocracia;
A Importância da Comunicação Interna para o Atendimento - Fazer uso da empatia;
- Analisar as reclamações;
A Comunicação Interna compreende os procedimentos comu- - Acatar as boas sugestões.
nicacionais que ocorrem na organização e que segundo Scrofer- - Cumprir prazos e horários;
neker13 “Visa proporcionar meios de promover maior integração - Evitar informações conflitantes;
dentro da organização mediante o diálogo, troca de informações, - Divulgar os diferenciais da organização;
experiências e a participação de todos os níveis”. - Identificar as necessidades dos usuários;
Com isso, observamos, que a mesma forma que um bom aten- - Cuidar da comunicação (verbal e escrita);
dimento pode cativar, conquistar, e reter um cliente, um mal aten- - Imprimir qualidade à relação atendente/usuário;
dimento pode facilmente trazer prejuízos e colocar uma empresa - Desenvolver produtos e/ou serviços de qualidade.
em uma situação difícil.
A satisfação do cliente deve ser uma das grandes prioridades de Essas ações estão relacionadas a indicadores que podem ser
uma empresa que busca competitividade e permanência no merca- percebidos e avaliados de forma positiva pelos usuários, entre eles:
do. E por isso toda empresa deve estabelecer princípios, normas e competência, presteza, cortesia, paciência, respeito.
a maneira adequada de transmitir essas informações aos seus co- Por outro lado, arrogância, desonestidade, impaciência, des-
laboradores, que devem estar sujeitos a constantes treinamentos. respeito, imposição de normas ou exibição de poder tornam o aten-
A comunicação interna, em um nível adequado, oferece um dente intolerável, na percepção dos usuários.
atendimento eficiente, rápido e objetivo, com isso podemos perce- Atender o cliente significa identificar as suas necessidades e
ber que a empresa adota estratégias que satisfaçam o consumidor, solucioná-las, ao passo de não deixar o telefone tocar por muito
tendo em vista que há uma preocupação em qualificar as pessoas tempo para atendê-lo e assim que receber a ligação já transferi-la
de modo a obterem conhecimentos, habilidades, atitudes específi- para o setor correspondente.
cas de acordo com o ramo de atividade da empresa e domínio sobre Afinal o profissional de qualquer área ou formação tem capaci-
os produtos que serão promovidos. dade de atender o telefone, visto que é um procedimento técnico,
O treinamento pode ensinar, corrigir, melhorar, adequar o enquanto que para atender o cliente são necessárias capacidades
comportamento das pessoas em relação as mudanças ou mesmo humanas e analíticas, é necessário entender o comportamento das
exigências de um mercado extremamente disputado e concorrido. pessoas, ou seja, entender de gente, além de ter visão sistêmica do
O atendente deve sempre responder ao cliente com entusias- negócio e dos seus processos.
mo e com uma saudação positiva, e mesmo que o cliente perca a Muitos profissionais chegam a ter pânico do telefone porque
paciência, o profissional, deve se manter calmo de acordo com a ele não para de tocar e porque ele atrapalha a realização de outras
conduta esperada pela empresa. atividades, que erroneamente são consideradas mais importantes.
13 SCROFERNEKER, C. M. A. Trajetórias teórico conceituais da Comuni-
cação Organizacional, 2006.
222
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Mas será que existe algo mais importante do que o cliente O principal problema da comunicação organizacional a sobre-
que se encontra do outro lado da linha, aguardando pelo aten- carga de input de informação, podendo este estar relacionado a má
dimento? É claro que não existe, ocorre que nem sempre se tem a seleção de informações por parte do indivíduo ou a uma cultura
consciência de que é o cliente que será atendido e não o telefone. organizacional valorizadora de grande quantidade de informações.
Não se tem a consciência que cada ligação recebida significa uma
oportunidade de negociar, de vender, de divulgar a empresa, de Dimensões de um Atendimento de Qualidade
manter laços amistosos com o cliente.
Comunicabilidade
O cliente sempre espera um tratamento individualizado, consi- É a qualidade do ato comunicativo, no qual a mensagem é
derando que cada situação de atendimento é única, e deve levar em transmitida de maneira integral, correta, rápida e economicamente.
conta as pessoas envolvidas e suas necessidades, além do contexto A transmissão integral supõe que não há ruídos supressivos, defor-
da situação. Como as pessoas são diferentes, agem de maneira dife- mantes ou concorrentes. A transmissão correta implica em iden-
renciada, a condução do atendimento também necessita ser perso- tidade entre a mensagem mentada pelo emissor e pelo receptor.
nalizada, apropriada para cada perfil de cliente e situação.
Assim, o cliente poderá se apresentar: bem-humorado, tímido, Apresentação
apressado, paciente, inseguro, nervoso, entre outras característi- O responsável pelo primeiro atendimento representa a pri-
cas. O mais importante é identificar no início da interação como o meira impressão da organização, que o cliente irá formar, como a
cliente se encontra, pois assim o atendimento ocorrerá de maneira imagem dela como um todo. E por isso, a apresentação inicial de
assertiva. quem faz o atendimento deve transmitir confiabilidade, segurança,
técnica e ter uma apresentação ímpar.
A chave para o sucesso do bom atendimento depende muito É fundamental que a roupa esteja limpa e adequada ao am-
da boa comunicação, isto é, de como é realizada a transmissão e biente de trabalho.
recepção de informação. Se a organização adotar uniforme, é indispensável que o use
sempre, e que o apresente sempre de forma impecável. Unhas e ca-
Atender às necessidades dos clientes é a parte essencial da ex- belos limpos e hálito agradável também compreendem os elemen-
celência do atendimento ao cliente, certamente tudo gira em torno tos que constituem a imagem que o cliente irá fazer da empresa,
desse fator: somente irá existir interação se estiver fornecendo algo por meio do atendente.
de que o cliente precise. A expressão corporal e a disposição na apresentação se tor-
nam fatores que irão compor o julgamento do cliente e a satisfação
Exemplificando: O cliente vai ao banco porque precisa receber do atendimento começa a ser formado na apresentação, assim a
e/ou pagar contas; toma o trem porque precisa ir do ponto A ao B; saudação inicial deve ser firme, profissional, clara e de forma que
procura o médico porque precisa ficar com boa saúde. Entretanto, transmita compromisso, interesse e prontidão. O tom de voz deve
será tudo tão simples? O que diferencia as interações que o cliente ser sempre agradável.
descreveria como excelentes ou satisfatórias ou péssimas? Quais
são suas necessidades básicas ou mínimas e o que mais pode ser Lembre-se!! O que prejudica o relacionamento das empresas
importante para ele? com os clientes, é a forma de tratamento na apresentação, pois
é fundamental que no ato da apresentação, o atendente mostre
É difícil saber se o comportamento humano é intencional ou ao cliente que ele é bem-vindo e que sua presença na empresa é
não, mesmo que, segundo a psicanálise, existem as intenções in- importante.
conscientes. Por isso é preciso classificar tudo o que o homem faz
em sociedade. Até mesmo o silêncio, é comunicação, ele pode sig- Há várias regras a serem seguidas para a apresentação inicial
nificar concordância, indiferença, desprezo, etc. para um bom atendimento. Com por exemplo: O que dizer antes
Assim, a comunicação, tanto interna quanto externa das orga- de iniciar o atendimento? O nome do atendente; O nome da em-
nizações, é uma ferramenta de extrema importância para qualquer presa; Bom dia; Boa tarde; Boa noite; Pois não, em que posso aju-
organização e determinante no que se refere ao sucesso, indepen- dá-lo?; entre outros.
dente do porte e da área de atuação.
É uma ferramenta estratégica, pois muitos erros podem ser A sequência não importa, o que deve ser pensado na hora, é
atribuídos às falhas de comunicação. Portanto, um sistema de co- que essas frases realmente devem ser ditas de forma positiva de
municação eficaz é fundamental para as organizações que buscam acordo com seu contexto. E o atendente também deve se lembrar
o crescimento e cultura organizacional. que os clientes não aguentam mais ser atendimentos com apresen-
Na era da informação, a rapidez e o valor das informações faz tações mecânicas, pois o que eles esperam é uma apresentação
com que as organizações se vejam no imperativo de reestruturarem receptiva.
sua comunicação (seja ela interna ou social) adotando um padrão
moderno aproximando suas ações e o discurso empresarial. Por isso, saudar com “bom dia, boa tarde, ou, boa noite” é
Diante disso, emergem os problemas de comunicação. Os pro- ótimo! Mas, diga isso, com sinceridade, assim o cliente perceberá a
blemas de comunicação surgem por uma situação de fala distorcida veracidade em suas palavras.
em que os participantes do ato comunicativo encontram-se em po-
sições desiguais de poder e conhecimento de informações. Dizer o nome da empresa se o atendimento for por meio do
telefone também faz parte, porém, faça de forma clara e devagar.
Não dê margem, ou fale de forma que ele tenha que perguntar de
223
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
onde é logo após o atendente ter falado. Dizer o nome, também é Gentileza é o ponto inicial para a construção do relacionamen-
importante. Mas, isso pode ser dito de uma forma melhor como, to com o cliente, a educação deve permear em todo processo de
perguntar o nome do cliente primeiro, e depois o atendente diz o atendimento. Desde a apresentação até a despedida. Saudar o
seu. Exemplo: Qual seu nome, por favor? Oi Maria, eu sou a Mada- cliente, utilizar de: obrigado, por favor, desculpas por imprevistos,
lena, hoje posso ajuda-la em quê? são fundamentais em todo o processo.
O cliente com certeza já irá se sentir com prestígio, e também, Caracteriza-se também, como cortesia no atendimento, o tom
irá perceber que essa empresa trabalha pautada na qualidade do de voz e a forma com que se dirige ao cliente, o tom de voz deve ser
atendimento. agradável, mas, precisa ser audível, ou seja, que dê para compreen-
Segundo a sabedoria popular, leva-se de 5 a 10 segundos para der. É vale ressaltar que apenas o cliente deve escutar, e não todo
formarmos a primeira impressão de algo. Por isso, o atendente deve mundo que se encontra no estabelecimento.
trabalhar nesses segundos iniciais como fatores essenciais para o
atendimento, fazendo com que o cliente tenha uma boa imagem Com idosos, a atenção deve ser redobrada. Algumas palavras
da organização. e tratamentos podem ser ofensivos a eles, portanto, deve-se utilizar
O profissionalismo na apresentação se tornou fator chave para sempre como formas de tratamento: Senhor e Senhora.
o atendimento, ou seja, o excesso de intimidade na apresentação é Assim, ao realizar um atendimento, seja pessoalmente ou por
repudiável, o cliente não está procurando amigos de infância, mas telefone, quem o faz, está oferecendo a sua imagem (vendendo sua
sim, soluções aos seus problemas. imagem) e a da organização que representa. Pois todas as ações
Assim, os nomes que caracterizam intimidade devem ser abo- representam o que a empresa pretende.
lidos do atendimento. Tampouco, os nomes e adjetivos no diminu- É importante lembrar que não se deve ficar pensando na res-
tivo. posta na hora em que o interlocutor estiver falando. Concentre-se
Outro fator que decepciona e enfurece os clientes, é a demora em ouvir. Outro item que deve ser levado em conta no atendimento
no atendimento, principalmente quando ele observa que o aten- é não interromper o interlocutor, pois, quando duas pessoas falam
dente está conversando com outros seus assuntos particulares em ao mesmo tempo, nenhuma ouve corretamente o que a outra está
paralelo, ou, fazendo ações que são particulares e não condizem dizendo. E assim, não há a comunicação.
com seu trabalho. O atendente também não deve se sentir como se estivesse
A instantaneidade na apresentação do atendimento configura sendo atacado, pois alguns clientes dão um tom mais agressivo à
seriedade e transmite confiança ao cliente, portanto, o atendente sua fala, porém, isso deve ser combatido por meio da atitude do
deve tratar a apresentação no atendimento como ponto inicial, de atendente, que deve responder de forma calma, tranquila e sensa-
sucesso, para um bom relacionamento com o cliente. ta, sem elevar o tom da voz, ou seja, sem se alterar.
224
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
Posto isso, o atendimento eficiente é aquele que não se perde -se manter firme, tolerante e profissional. Portanto, a presteza, efi-
tempo com coisas que são irrelevantes, e sim, agiliza o processo ciência e a tolerância, formam uma tríplice que sustentam os aten-
para que o desejado pelo cliente seja cumprido em menor tempo. dimentos pautados na qualidade, tendo em vista que a agilidade e
Eficiência está ligada a rendimento. Por isso, atendimento eficiente profissionalismo permeiam os relacionamentos.
é aquele que rende o suficiente para ser útil.
O atendente precisa compreender que o cliente está ali para Discrição
ser atendido, e por isso, não deve perder tempo com assuntos ou Atitudes discretas preservam a harmonia do ambiente e da re-
ações que desviem do pretendido. lação com o interlocutor. No trabalho, a pessoa deve ter acima de
tudo discrição em seus atos, pois certas brincadeiras ou comentá-
Há alguns pontos que levam a um atendimento eficiente, rios podem ofender as pessoas que estão sendo atendidas e gerar
como: situações constrangedoras. Nestes casos, a melhor maneira de con-
- Todos fazem parte do atendimento. tornar a situação é pedir desculpas e cuidar para que não ocorram
- Saber o que todos os colaboradores da organização exercem novamente.
evita que o cliente tenha que repetir mais de uma vez o que deseja Todas as atitudes que incomodam as pessoas são consideradas
e que fique esperando mais tempo que o necessário. falta de respeito e por isso deve haver uma série de cuidados, como
- Cativar o cliente, sem se prolongar muito, mostra eficiência e por exemplo: não bater o telefone, não falar alto, importunar seu
profissionalismo. colega com conversas e perguntas o tempo todo, entre outros.
- Respeitar o tempo e espaço das pessoas é fundamental ao Ser elegante em um ambiente de trabalho e não expor o visi-
cliente, se ele precisa de um tempo a mais para elaborar e proces- tante/usuário, sendo bem-educado, não significa bajular o atendido
sar o que está sendo feito, dê esse tempo auxiliando-o com infor- e sim ser cortês, simpático e sociável. Isto certamente facilitará a
mações e questões que o auxilie no processo de compreensão. comunicação e tornará o convívio mais agradável e saudável.
- Ser positivo e otimista e ao mesmo tempo ágil fará com que o
cliente tenha a mesma conduta. Conduta e Objetividade
- Saber identificar os gestos e as reações das pessoas, de forma A conduta do atendente deve ser proativa, passando confiança
a não se tornar desagradável ou inconveniente, facilita no atendi- e credibilidade, sendo ao mesmo tempo profissional e possuindo
mento. simpatia, ser comprometido e ter bom senso, atendendo de forma
- Ter capacidade de ouvir o que falam, procurando interpretar gentil e educada, sorrindo e tendo iniciativa.
o que dizem e o que deixaram de dizer, exercitando o “ouvir com a O sigilo é importante, e por isso, o atendimento deve ser ex-
inteligência e não só com o ouvido”. clusivo e impessoal, ou seja, o assunto que está sendo tratado no
- Interpretar cada cliente, procurando identificar a real impor- momento, deve ser dirigido apenas ao cliente, como já dito antes,
tância de cada “fala” e os valores do que foi dito. as demais pessoas que estão no local não podem e nem devem es-
- Saber falar a linguagem de cada cliente procurando identificar cutar o que está sendo tratado no momento.
o que é especial, importante e ou essencial em cada solicitação, A conduta de impessoalidade e personalização transformam o
procurando ajudá-lo a conseguir o que deseja, otimiza o processo. atendimento, e dão um tom formal à situação, por outro lado a ob-
- O atendente deve saber que fazer um atendimento eficiente é jetividade está ligada à eficiência e presteza, e por isso, tem como
ser breve sem tornar-se desagradável. foco, como já vimos, eliminar desperdiçadores de tempo, que são
- Ter ética em todos os níveis de atendimento faz com que o aquelas atitudes que destoam do foco.
cliente não tenha dúvida sobre a organização e, sendo assim, não Possui objetividade é pensar fundamentalmente apenas no
desperdice tempo fazendo questionamentos sobre a conduta da que o cliente precisa, e para que ele está ali, ou seja, solucionar o
empresa. seu problema e atender às suas necessidades devem ser tratados
- O atendente deve saber que sempre há uma solução para como prioridade, pois na maioria das vezes os clientes têm pressa e
tudo e para todos, buscando sempre os entendimentos e os acor- necessita de uma solução rapidamente.
dos em todas as situações, por mais difíceis que elas se apresentem. Afirmamos que o atendimento com qualidade deve ser pauta-
- O atendente deve saber utilizar a comunicação e as informa- do na brevidade, porém, isso não exclui outros fatores tão impor-
ções. tantes quanto, como: clareza, presteza, atenção, interesse e comu-
- O todo é composto de partes, e para os clientes “as ações nicabilidade.
sempre falaram mais que as palavras”.
Princípios Fundamentais do Atendimento de Qualidade
Outro aspecto que deve ser observado é que em todos os ní-
veis de atendimento será inevitável deparar-se com clientes ofensi- Reforçando as afirmações anteriores, temos ainda, alguns prin-
vos e agressivos, para tanto, o atendente deve ter tolerância para cípios fundamentais para imprimir mais qualidade ao atendimento,
acalmar o cliente e mostrar que ele está ali para auxiliá-lo e resolver sendo estes:
o problema.
Não deixar dúvidas ao cliente de que a receptividade na em- 1. Princípio da Competência: o cliente espera que cada pessoa
presa é a palavra de ordem, o acalma e tranquiliza, por isso, a tole- que o atenda detenha informações detalhadas sobre o funciona-
rância é importante para que não se perca a linha e comprometa a mento da organização e do setor que ele procurou. Ele tem a ex-
imagem da empresa e a qualidade no atendimento. pectativa de encontrar pessoas capacitadas a fornecer informações
Por mais que não seja o responsável pela situação, o atendente detalhadas sobre o assunto do seu interesse, por isso identifique as
deve demonstrar interesse, presteza e tolerância, para que o cliente necessidades do cliente, ouça atentamente a descrição do serviço
insista em construir uma situação de discussão, o atendente deve- solicitado.
225
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
2. Princípio da Legitimidade: o cliente deve ser atendido com importantes para assegurar uma boa comunicação telefônica. É
ética, respeito, imparcialidade, sem discriminações, com justiça e fundamental que o atendente transmita a seu interlocutor seguran-
colaboração: ça, compromisso e credibilidade.
- Preferencialmente, trate-o pelo nome; Deve-se reforçar a necessidade de se evitar ruído na comuni-
- Não escreva ou faça qualquer outra atividade enquanto esti- cação telefônica, buscando a mais correta e adequada interação ao
ver falando com ele; telefone, que é o instrumento responsável pela maior parte da co-
- Esteja atento à condição física do usuário (ofereça ajuda aos municação entre uma organização e seus usuários. Ao receber uma
idosos e as pessoas com necessidades especiais). ligação, o atendente assume a responsabilidade pelas informações
prestadas a quem está do outro lado da linha. A utilização do tele-
3. Princípio da Disponibilidade: o atendente representa, para fone, além de significar economia de tempo, imprime qualidade à
o cliente, a imagem da organização, devido a isso deve haver em- imagem da organização.
penho para que o cliente não se sinta abandonado, desamparado, Em toda e qualquer situação de comunicação em meio empre-
sem assistência. Ele deve receber assistência personalizada desde o sarial ou institucional, é preciso enfatizar o foco no cliente ou no
momento de sua chegada até à despedida: usuário. Em muitos casos, o público constrói uma representação ex-
- Demonstre estar disponível para realizar sua tarefa de aten- tremamente positiva da organização apenas com base na qualidade
dente; do atendimento telefônico que lhe é dispensado.
- Se houver demora no atendimento, peça desculpas; Por isso, convém:
- Mantenha a atenção à necessidade do usuário até sua parti-
da. a) Atender rapidamente a chamada no 2.º toque, se possível;
4. Princípio da Flexibilidade: o atendente deve procurar iden- b) Dizer o seu nome e identificar a organização ou o setor;
tificar claramente as necessidades do usuário e esforçar-se para
ajuda-lo, orienta-lo, ou conduzi-lo a quem possa ajuda-lo adequa- c) Ouvir o usuário com atenção: para compreender o que é dito
damente: e “como” é dito;
- Preste atenção à comunicação não verbal;
- Não deixe nenhuma indagação sem resposta; d) Prestar informações de forma objetiva, não apressar a cha-
- Demonstre que sabe lidar com situações não previstas. mada: é importante dar tempo ao tempo, ouvir calmamente o que
o cliente/usuário tem a dizer e mostrar que o diálogo está sendo
Existem também as estratégias verbais, não verbais e ambien- acompanhado com atenção, dando feedback, mas não interrom-
tais: pendo o raciocínio do interlocutor;
226
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
h) Manter o cliente informado: como, nessa forma de comuni- Análise do conteúdo: verificar a existência de despachos em
cação, não se estabelece o contato visual, é necessário que o aten- todos os documentos que chegar ao setor;
dente, se tiver mesmo que desviar a atenção do telefone durante Conservação para preservação: retirar o excesso de objetos
alguns segundos, peça licença para interromper o diálogo e, depois, metálicos (grampos, clips) e se for imprescindível o uso dos mes-
peça desculpa pela demora. Essa atitude é importante porque pou- mos, tentar, dentro do possível substituir todos os objetos metáli-
cos segundos podem parecer uma eternidade para quem está do cos por objetos de plásticos;
outro lado da linha; Análise da classificação: avaliar se a classificação atribuída está
correta (principalmente em caso de pedido de arquivamento defi-
i) Ter as informações à mão: um atendente deve conservar a nitivo) retificando-a, se for o caso;
informação importante perto de si e ter sempre à mão as informa- Arquivamento: arquivar o documento de acordo com os crité-
ções mais significativas de seu setor. Isso permite aumentar a rapi- rios adotados;
dez de resposta e demonstra o profissionalismo do atendente; Empréstimo: talvez a mais “especial” das atividades arquivísti-
cas, afinal, essa é uma das essências da criação dos arquivos.
j) Estabelecer os encaminhamentos para a pessoa que liga: Controle de empréstimo: controlar através de ficha manual ou
quem atende a chamada deve definir quando é que a pessoa deve sistema.
voltar a ligar (dia e hora) ou quando é que a empresa ou instituição
vai retornar a chamada.
EXPEDIÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA: REGISTRO E
ENCAMINHAMENTO
SERVIÇO DE PROTOCOLO E ARQUIVO: TIPOS DE
ARQUIVO; ACESSÓRIOS DO ARQUIVO; FASES DO
ARQUIVAMENTO: TÉCNICAS, SISTEMAS E MÉTODOS A expedição de correspondência é um processo essencial em
qualquer organização, seja ela pública ou privada. Envolve a pre-
paração, envio e acompanhamento de documentos e pacotes, ga-
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado rantindo que a comunicação ocorra de maneira eficiente e segura.
em tópicos anteriores. O conhecimento das rotinas de expedição é crucial para manter a
integridade e a eficácia das operações administrativas.
PROTOCOLO: RECEPÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, REGISTRO E
— Etapas da expedição de correspondência
DISTRIBUIÇÃO DE DOCUMENTOS
Preparação do material
O protocolo de um arquivo é um serviço auxiliar responsável – Classificação: a correspondência deve ser classificada confor-
pelo controle tanto das correspondências recebidas por uma insti- me a sua natureza (oficial, comercial, pessoal, etc.) e urgência.
tuição tanto pelo trâmite dos documentos produzidos pela mesma. – Endereçamento: as informações de endereço devem ser pre-
Não há um padrão para a execução da função exercida pelo cisas e legíveis para evitar erros na entrega.
protocolo. No entanto, alguns parâmetros são utilizados para a ges- – Embalagem: a correspondência deve ser embalada de forma
tão desse serviço. No que tange às correspondências temos as se- adequada para proteger seu conteúdo durante o transporte.
guintes atividades:
Recebimento: receber a correspondência ou outros materiais, Registro e controle
separar os particulares dos oficiais, distribuir as correspondências – Protocolação: documentos importantes devem ser registra-
particulares, separar as correspondências oficiais ostensivas das si- dos em um sistema de protocolo, garantindo um controle rigoroso
gilosas. Abrir, ler, verificar a existência de antecedentes, analisar e de entrada e saída.
classificar as correspondências ostensivas; – Etiqueta de rastreio: para correspondências mais valiosas, é
Classificação: analisar ou interpretar o conteúdo do documen- recomendável utilizar etiquetas de rastreio para acompanhar o en-
to, determinar o assunto do mesmo e enquadrá-lo no plano de clas- vio até a entrega final.
sificação de documentos adotado pela instituição;
Registro: colocar o carimbo com a data, número e outras infor- Seleção do meio de envio
mações que o documento deve receber; – Correio: a forma mais comum de expedição, variando entre
Recibo de entrega: entregar as correspondências ou outros envio comum, registrado e expresso.
materiais mediante recibo; – Serviços de Courier: empresas especializadas que oferecem
Expedição: receber a documentação expedida pelos setores da serviços rápidos e seguros para entregas urgentes.
instituição para envio, datar original e cópias, expedir o original e – Transporte Interno: em grandes organizações, pode haver um
devolver a cópia ao setor responsável; sistema interno de distribuição para correspondência entre depar-
Atendimento: prestar informações de sua área de competên- tamentos.
cia, bem como realizar empréstimos.
Despacho e acompanhamento
No que se refere aos documentos produzidos e recebidos pela – Envio: após a escolha do meio de envio, a correspondência é
instituição em decorrência de suas atividades, são atribuições do despachada.
protocolo:
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
6. FUNATEC - 2024 - CRT - 2ª Região (AP, CE, MA, PA e PI) - Agen- 12. Quadrix - 2022 - CRESS-AP - Agente Administrativo
te Administrativo Com relação aos princípios fundamentais que regem a Admi-
Indique um dos fatores determinantes das mudanças atuais nistração Federal, julgue o item.
nas organizações no que tange ao quesito de Gestão de Processos: Em cada órgão da Administração Federal, os serviços que com-
(A)A especialização excessiva. põem a estrutura central de direção devem permanecer liberados
(B)A padronização da produção. das rotinas de execução e das tarefas de mera formalização de atos
(C)A abertura de fronteiras comerciais. administrativos, para que possam concentrar-se nas atividades de
(D)Os métodos de gerenciamento flexível da produção. planejamento, supervisão, coordenação e controle.
( ) CERTO
7. ADVISE - 2024 - Prefeitura de Sertãozinho - PB - Agente Ad- ( ) ERRADO
ministrativo
Em redação oficial, é CORRETO afirmar que o texto que conse- 13. Quadrix - 2022 - CRESS-AP - Agente Administrativo
gue transmitir o máximo de informações com o mínimo de palavras Com relação aos princípios fundamentais que regem a Admi-
é considerado como: nistração Federal, julgue o item.
(A)conciso. O planejamento e a coordenação são princípios fundamentais
(B)prolixo. da Administração Federal.
(C)impessoal. ( ) CERTO
(D)formal. ( ) ERRADO
(E)subjetivo.
14. FUNDATEC - 2022 - Prefeitura de Caxias do Sul - RS - Agente
8. ADVISE - 2024 - Prefeitura de Sertãozinho - PB - Agente Ad- Administrativo
ministrativo Para Chiavenato (2020), as pessoas se perguntam quando a co-
O vocativo CORRETO a ser empregado em um texto oficial diri- municação não é eficiente ou eficaz: “o que significa isso ou o que
gido à Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação é: isso quer dizer? ”. Segundo o autor, os dois elementos básicos do
(A)Excelentíssima Senhora Ministra. processo de comunicação estão nas duas pontas do processo. Quais
(B)Senhora Ministra. são esses elementos?
(C)Senhora Doutora Ministra. (A)A fonte e o destinatário.
(D)Excelentíssima Doutora Ministra. (B)A fonte e o ruído.
(E)Excelentíssima Senhora Doutora Ministra. (C)O transmissor e o receptor.
(D)O canal e o destinatário.
9. ADVISE - 2024 - Prefeitura de Sertãozinho - PB - Agente Ad- (E)O transmissor e o ruído.
ministrativo
O princípio da Arquivologia que determinam que, os arquivos 15. FUNDATEC - 2022 - Prefeitura de Caxias do Sul - RS - Agente
devem ser organizados para que seja preservada a origem de cada Administrativo
arquivo é o: Com base em Chiavenato (2021), analise as seguintes asser-
(A)Princípio da Proveniência. tivas, relativas aos elementos da Administração que constituem o
(B)Princípio da Legalidade. chamado processo administrativo, assinalando C, se corretas, ou I,
(C)Princípio da Moralidade. se incorretas.
(D)Princípio da Impessoalidade. ( ) Organizar: constituir o duplo organismo material e social da
(E)Princípio da Territorialidade. empresa.
( ) Treinar: consiste em analisar e coordenar as ações conside-
10. ADVISE - 2024 - Prefeitura de Sertãozinho - PB - Agente Ad- radas prioritárias e necessárias para implementação de apren-
ministrativo dizagem.
O método de ordenação que tem por eixo os assuntos presen- ( ) Comandar: dirigir e orientar o pessoal.
tes, explicitamente ou não, nos documentos é denominado como: ( ) Pesquisar: conduzir pesquisas, visando a melhoria na orga-
(A)alfabético. nização.
(B)geográfico. ( ) Coordenar: ligar, unir, harmonizar todos os atos e os esforços
(C)ideográfico. coletivos.
(D)iconográfico. A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima
(E)filmográfico. para baixo, é:
(A)I – C – C – C – I.
11. IBADE - 2020 - Prefeitura de Ministro Andreazza - RO - Agen- (B)C – I – I – C – I.
te Administrativo (C)C – C – C – I – C.
As atividades da Administração Federal obedecerão aos seguin- (D)C – I – C – I – C.
tes princípios fundamentais, EXCETO: (E)I – C – I – C – C.
(A)planejamento.
(B)coordenação.
(C)controle.
(D)centralização.
(E)delegação de competência.
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA
GABARITO
1 D
2 B
3 B
4 B
5 D
6 D
7 A
8 B
9 A
10 C
11 D
12 CERTO
13 CERTO
14 A
15 D
ANOTAÇÕES
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Legislação Específica do CRF/RJ e do CFF
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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO CRF/RJ E DO CFF
VIII.A assinatura do autuado, representante legal ou seu pre- III.Os motivos de fato e de direito em que se fundamenta;
posto, com aviso de recebimento de uma das vias, sempre que pos- IV.O pedido de diligências, expondo os motivos que as justifi-
sível. quem.
§ 1º. O auto de infração poderá ser lavrado pelo fiscal farma- V.A assinatura do representante legal da empresa ou estabe-
cêutico na sede do Conselho Regional de Farmácia, mediante atesto lecimento, que deverá anexar procuração, contrato social ou do-
de um dos Diretores, em caso já constatado por termo de inspeção cumento equivalente que conceda tais poderes, sob pena de não
presencial e no qual não houver regularização pelo autuado no pra- conhecimento.
zo, se previsto em lei, de 30 (trinta) dias. Art. 11 - O Setor de Fiscalização, após instrução do processo,
§ 2º. O procedimento previsto no parágrafo anterior não im- o encaminhará a Diretoria que determinará de ofício ou a requeri-
pede ou interrompe a fiscalização presencial e contínua durante o mento da autuada, a realização das diligências, indeferindo o que
referido prazo. considerar impertinente ou impraticável.
§ 3º. Quando for utilizada mesa digitalizadora para coleta de Art. 12 – Cumpridas, indeferidas ou dispensadas as diligências,
assinatura no ato de inspeção, dispensa-se a entrega de documento o Presidente ou seu substituto regimental designará o Conselheiro
impresso, o qual terá seu conteúdo disponível no sítio eletrônico Relator, ressalvados os casos de impedimento ou suspeição.
do Conselho Regional de Farmácia, em 5 (cinco) dias e poderá ser Art. 13 - A Secretaria receberá o processo do Setor de Fiscali-
contestado no prazo de 5 (cinco) dias a partir da data prevista para zação e o encaminhará ao Conselheiro Relator, com a indicação da
disponibilização, acessível através de senha que será entregue ao reunião plenária em que ocorrerá o julgamento, devendo ser julga-
interessado no momento da visita. do em até duas reuniões subsequentes, sob pena de nova designa-
§ 4º. Em todos os casos deve ser observada a fé pública e a pre- ção de relatoria.
sunção de veracidade dos atos praticados pelo farmacêutico fiscal. Art. 14 - O Conselheiro Relator designado apresentará relatório
§ 5º. O protocolo junto ao órgão não significa presunção de fundamentado, com a exposição dos fatos, conclusão e voto, indi-
regularidade da empresa ou estabelecimento farmacêutico, a qual cando a infração cometida e a respectiva penalidade ou pedido de
somente ocorre após pronunciamento procedente ou favorável por arquivamento do processo, neste caso mediante expressa justifica-
parte do Conselho Regional de Farmácia. tiva legal, sob pena de incorrer em eventual ato de improbidade
Art. 7º - Apresentada defesa no prazo, o Setor de Fiscalização administrativa ou de prevaricação.
instruirá o processo prestando as devidas informações sobre o au- Parágrafo único – Observado o quórum regimental, a votação
tuado, mediante ficha resumida com os dados principais e seu res- será por maioria simples dos membros do Plenário, atestada me-
pectivo histórico. diante ata, extrato de ata, folha de votação ou certidão lavrada pelo
§ 1º – Não apresentada defesa ou fora do prazo legal, sem pre- Conselho Regional de Farmácia, devidamente anexada ao processo.
juízo da juntada das referidas informações, o auto de infração será Art. 15 - Da decisão do Plenário que reconhecer a infração, que
homologado mediante ato “ad referendum” da Diretoria do Conse- deverá ser expressamente atestada conforme o parágrafo único do
lho Regional de Farmácia, emitindo-se certidão ou extrato de ata artigo anterior, a autuada será notificada para pagar a multa estipu-
atestando tal procedimento. lada ou recorrer ao Conselho Federal no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º – Em qualquer das hipóteses, da decisão que reconhecer a § 1º. O recurso ao Conselho Federal de Farmácia deverá ser in-
infração, a autuada será notificada para pagar a multa estipulada ou terposto perante o Conselho Regional de Farmácia no qual tramita
recorrer ao Conselho Federal no prazo de 15 (quinze) dias. o processo, mediante o pagamento de porte de remessa e retorno
Art. 8º - Das informações de que trata o “caput” do artigo ante- dos autos através de boleto bancário oriundo de convênio espe-
rior deverão constar necessariamente, mediante certidão: cífico, sob pena de deserto e não encaminhamento, cujos valores
a)se a defesa é tempestiva ou não; serão definidos em portaria do Presidente do Conselho Federal de
b)se é ou não registrado no Conselho; Farmácia.
c)se possui ou não responsabilidade técnica e a data da respec- § 2º. Não apresentado recurso, os autos serão encaminhados a
tiva baixa, quando for o caso; Tesouraria para emissão de boleto para pagamento.
d)se é ou não reincidente. Art. 16 - Interposto o recurso, a Fiscalização declarará a tem-
§ 1º - Considera-se reincidente para os efeitos deste Regula- pestividade, fazendo remessa do processo ao Conselho Federal de
mento, a empresa ou o estabelecimento que tiver antecedentes Farmácia no prazo de até 60 (sessenta) dias, facultando-se ao Con-
fiscais à mesma prática punível em processos findados administrati- selho Regional de Farmácia, através da Fiscalização ou do Departa-
vamente ou com decisão transitada em julgado. mento Jurídico, apresentar contrarrazões.
§ 2º - Verifica-se a reincidência quando o infrator cometer ou- Parágrafo único – No caso de recurso interposto intempesti-
tra infração durante o prazo de 5 (cinco) anos após o trânsito em vamente, deverá ser lavrada certidão respectiva e determinado o
julgado da decisão administrativa que o tenha condenado pela in- prosseguimento regular no âmbito do Conselho Regional de Far-
fração anterior. mácia, notificando-se em seguida a autuada para pagar a multa es-
Art. 9º - A defesa, formulada por escrito e instruída com os do- tipulada.
cumentos em que se fundamentar, será apresentada ao Conselho
Regional de Farmácia ou postada nos correios no prazo de até 5
(cinco) dias a partir da data do recebimento do auto de infração,
ressalvado o disposto no § 3º do artigo 6º.
Art. 10 - A defesa conterá:
I.Requerimento dirigido ao Presidente do Conselho Regional de
Farmácia;
II.A qualificação do autuado;
232
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO CRF/RJ E DO CFF
233
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO CRF/RJ E DO CFF
TÍTULO I CAPÍTULO II
DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DOS DIREITOS
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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO CRF/RJ E DO CFF
outros produtos para a saúde, bem como fornecer as orientações VIII- utilizar dados técnico-científicos baseados na melhor evi-
necessárias ao usuário e informações solicitadas pelo prescritor e dência disponível;
órgão fiscalizador. IX - executar, quando aplicável, as atribuições clínicas;
Art. 13 - É direito de todos os inscritos no CRF: X- prestar orientação farmacêutica, com vista a esclarecer aos
I- exercer a profissão sem qualquer discriminação, seja por mo- pacientes os benefícios esperados dos tratamentos farmacológicos
tivo de religião, etnia, identidade de gênero, raça, nacionalidade, e o risco de efeitos adversos, interações entre medicamentos e en-
idade, condição social, opinião política, deficiência ou de qualquer tre esses e alimentos, álcool e tabaco, bem como orientar a respeito
outra natureza vedada por lei; de aspectos relacionados ao preparo, conservação e uso seguro dos
II- recusar-se a exercer a profissão em instituição pública ou pri- medicamentos;
vada sem condições dignas de trabalho ou que possam prejudicar XI- elaborar por escrito, e de forma organizada, o Manual de
o usuário, com direito a representação às autoridades sanitárias e Boas Práticas Farmacêuticas, assim como os Procedimentos Opera-
profissionais; cionais Padrão (POPs) que contemplem todas as atividades executa-
III- exercer a profissão com autonomia, não sendo obrigado a das, mantendo-os atualizados e disponíveis a todos os funcionários
prestar serviços que contrariem os ditames da legislação vigente; envolvidos nas atividades;
IV- ser valorizado e respeitado no exercício da profissão, inde- XII- supervisionar os conteúdos expostos pelo estabelecimento
pendentemente da função que exerce ou do cargo que ocupe; com o qual mantém vínculo profissional nas redes sociais, em sítios
V- não ser limitado, por disposição estatutária ou regimental eletrônicos e demais meios de comunicação, fazendo cumprir as
de estabelecimento farmacêutico, tampouco de instituição pública normas técnicas e a legislação vigente;
ou privada, na escolha dos meios cientificamente reconhecidos a XIII- atender os prazos regulamentares, em qualquer instância,
serem utilizados no exercício da profissão; de tramitação de processo administrativo.
VI- recorrer ao CRF, de forma fundamentada, quando impedido Art. 15 - Todos os inscritos em um CRF, independentemente de
de cumprir o presente código, a legislação do exercício profissional estar ou não no exercício efetivo da profissão, devem:
e as resoluções, decisões e pareceres normativos emanados do CFF, I- dispor seus serviços profissionais às autoridades constituídas,
bem como do CRF e de demais autoridades; ainda que sem remuneração ou qualquer outra vantagem pessoal,
VII- negar-se a ser filmado, fotografado e exposto em mídias em caso de conflito social interno, catástrofe, epidemia, pandemia
sociais, durante o desempenho de suas atividades profissionais; ou qualquer tipo de desastre natural decretado por autoridades le-
VIII- ser respeitado por colaboradores, gestores, empregado- galmente competentes;
res, usuários e pacientes de estabelecimento de saúde onde atua II- recusar o recebimento de medicamentos ou outros produtos
no exercício da profissão, recusando-se de forma respeitosa, a so- para a saúde sem registro/notificação na Anvisa, quando aplicável,
frer qualquer tipo de coação, agressão ou violência. sem rastreabilidade de sua origem, sem documento fiscal ou equi-
valente, ou em desacordo com a legislação vigente;
CAPÍTULO III III- exercer a profissão respeitando os atos, as diretrizes, as nor-
DOS DEVERES mas técnicas e a legislação vigentes;
IV- respeitar o direito de decisão do usuário sobre o tratamen-
Art. 14 - O farmacêutico, durante o tempo em que permanecer to, a própria saúde e bem-estar dele, excetuando-se aquele que,
inscrito em um CRF, independentemente de estar ou não no exercí- mediante laudo médico ou determinação judicial, for considerado
cio efetivo da profissão, deve: incapaz de discernir sobre opções de tratamento ou decidir sobre
I- comunicar ao CRF e às autoridades competentes os fatos que sua própria saúde e bem-estar;
caracterizem infringência a este código e às normas que regulam o V- comunicar ao CRF e às autoridades competentes a recusa
exercício das atividades farmacêuticas; em se submeter à prática de atividade contrária à lei ou regula-
II- supervisionar, nos limites da lei, os colaboradores para atua- mento, bem como a desvinculação do cargo, função ou emprego,
rem no auxílio ao exercício das suas atividades; motivada pela necessidade de preservar os legítimos interesses da
III- fornecer orientações necessárias ao usuário, objetivando a profissão e da saúde;
garantia, a segurança e a efetividade da terapêutica, observando o VI- guardar sigilo de fatos e informações de que tenha conhe-
uso racional de medicamentos; cimento no exercício da profissão, excetuando-se os casos ampa-
IV- avaliar a prescrição, decidindo, justificadamente, pela não rados pela legislação vigente, cujo dever legal exija comunicação,
dispensação ou aviamento; denúncia ou relato a quem de direito;
V- participar, promover e registrar as atividades de treinamen- VII- respeitar a vida, jamais cooperando com atos que intencio-
to operacional e educação continuada, bem como definir manuais nalmente atentem contra ela ou que coloquem em risco a integri-
de boas práticas, procedimentos operacionais padrões e seus aper- dade de qualquer ser vivo ou da coletividade;
feiçoamentos, zelando pelos seus cumprimentos, estando esses VIII- assumir, com responsabilidade social, ética, sanitária, am-
acessíveis a todos os funcionários envolvidos nas atividades e aos biental e educativa, sua função na determinação de padrões de-
órgãos de fiscalização; sejáveis em todo o âmbito profissional, inclusive nas atividades de
VI- participar da elaboração e zelar pelo cumprimento do Plano ensino;
de Gerenciamento de Resíduos de Serviços da Saúde (PGRSS) do IX- contribuir para a promoção, proteção e recuperação da saú-
local sob sua responsabilidade; de individual e coletiva da pessoa humana e dos animais;
VII- notificar os profissionais da saúde e os órgãos sanitários X- garantir ao usuário o acesso à informação independente, e
competentes, bem como o laboratório industrial ou a farmácia de fonte confiável, sobre as práticas terapêuticas, sem detrimento
com manipulação envolvidos, quaisquer desvios de qualidade e/ou às oficialmente reconhecidas no país, de modo a possibilitar a sua
eventos adversos; livre escolha;
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XIV- alterar o processo de fabricação de produtos sujeitos a XIII- aceitar ser perito, auditor ou relator de qualquer processo
controle sanitário, modificar os seus componentes básicos, nomes ou procedimento, quando houver interesse, envolvimento pessoal,
e demais elementos objeto do registro, contrariando as disposições familiar ou institucional, e quando não estiver devidamente habili-
legais e regulamentares; tado e/ou capacitado;
XV- receber estagiário de curso de graduação em Farmácia e/ XIV- permitir interferência nos resultados apresentados como
ou de pós-graduação sem o Termo de Compromisso de Estágio, ou perito ou auditor;
outro documento que vier a substituí-lo, para a instituição na qual XV- exercer a profissão farmacêutica quando estiver sob a san-
trabalha; ção disciplinar de suspensão;
XVI- exercer o magistério, coordenar, supervisionar ou ser pre- XVI- exercer deliberadamente a profissão em estabelecimento
ceptor de estágio em cursos de graduação e/ou de pós-graduação não registrado/cadastrado ou não licenciado nos órgãos do exercí-
na área da Farmácia, que descumpram a legislação vigente. cio profissional e/ou de fiscalização sanitária;
XVII- deixar de prestar assistência farmacêutica em horário de- XVII- aceitar a interferência de leigos em seus trabalhos e em
clarado ao CRF. suas decisões de natureza profissional, bem como permitir que es-
Art. 18 - É proibido a todos os inscritos no CRF: ses desautorizem ou desconsiderem as orientações técnicas emiti-
I- participar de qualquer tipo de experiência com fins bélicos, das pelo farmacêutico;
raciais ou eugênicos, bem como de pesquisa não aprovada por Co- XVIII- omitir-se ou acumpliciar-se com os que exercem ilegal-
mitê de Ética em Pesquisa/Comissão Nacional de Ética em Pesquisa mente a atividade farmacêutica ou com profissionais ou instituições
(CEP/CONEP) ou Comissão de Ética no Uso de Animais; que pratiquem atos ilícitos em qualquer das suas áreas de abran-
II- divulgar informações sigilosas de que tenha conhecimento, gência;
quando em participação de comissões, reuniões, auditoria interna XIX- assinar trabalho realizado por outrem, alheio à sua execu-
ou externa, ou em qualquer outro tipo de processo avaliativo ou ção, orientação, supervisão ou fiscalização ou, ainda, assumir res-
investigativo; ponsabilidade por ato que não praticou ou do qual não participou;
III- exercer atividade não reconhecida pelo CFF, ou que não te- XX- prevalecer-se de cargo de liderança ou empregador para
nha aptidão ou qualificação mínima necessária para as atividades desrespeitar a dignidade de subordinados, bem como para praticar
reconhecidas; ou exigir que se pratique ato em desconformidade com a técnica ou
IV- praticar ato profissional que cause dano material, físico, mo- norma vigente;
ral ou psicológico e/ou que possa ser caracterizado como imperícia, XXI- pleitear, de forma desleal, para si ou para outrem, empre-
negligência ou imprudência; go, cargo ou função exercidos por outro profissional, assim como
V- permitir a utilização do seu nome por qualquer estabeleci- praticar atos de concorrência desleal;
mento ou instituição onde não exerça pessoal e efetivamente a sua XXII- exercer atividade no âmbito da profissão farmacêutica em
função; interação com outros profissionais, concedendo vantagem de qual-
VI- realizar ou participar de atos fraudulentos em qualquer área quer natureza aos demais profissionais habilitados para o direcio-
da profissão ou usar desta para favorecer ou facilitar a ação crimi- namento de usuário, ferindo o direito dele de escolher livremente o
nosa; serviço e o profissional;
VII- fornecer meio, instrumento, substância, medicamento, XXIII- receber remuneração por serviços que não tenha efeti-
fórmula magistral ou conhecimento para induzir à prática, ou dela vamente prestado;
participar, de tortura, eutanásia, aborto ilegal, toxicomania ou de XXIV- submeter-se a fins meramente mercantilistas que ve-
quaisquer outras formas de procedimento degradante ou cruel em nham a comprometer o seu desempenho técnico, em prejuízo da
relação ao ser humano e aos animais; sua atividade profissional;
VIII- manter em estoque, ainda que transitoriamente, ou arma- XXV- deixar de obter de participante de pesquisa ou de seu
zenar instrumento, substância, medicamento, fórmula magistral/ representante legal o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
oficinal ou especialidade farmacêutica, fracionada ou não, que não (TCLE) para a sua realização envolvendo seres humanos, após as
inclua a identificação clara e precisa sobre a(s) substância(s) ativa(s) devidas explicações sobre a sua natureza e as suas consequências,
nela contida(s), suas respectivas quantidades, ou informações im- quando exigido pela legislação vigente;
prescindíveis de rotulagem e garantia da procedência e rastreabi- XXVI- conduzir pesquisa ou utilizar dados envolvendo seres hu-
lidade, contrariando as normas legais e técnicas, excetuando-se a manos ou animais, sem submetê-la à avaliação prévia do respectivo
dispensação hospitalar interna, em que poderá haver a codificação Comitê de Ética em Pesquisa;
do medicamento que for fracionado sem, contudo, omitir o seu XXVII- utilizar-se de conhecimentos da profissão com a finalida-
nome ou fórmula; de de cometer ou favorecer atos ilícitos de qualquer espécie;
IX- dificultar a ação fiscalizadora ou desacatar as autoridades XXVIII- fazer uso, elaborar, produzir documento, atestado, cer-
sanitárias ou profissionais, quando no exercício das suas funções; tidão ou declaração falsos ou alterados;
X- aceitar ou pagar remuneração abaixo do estabelecido como XXIX- permitir que terceiros tenham acesso a senhas pessoais,
o piso salarial oriundo de acordo, convenção coletiva ou dissídio da sigilosas e intransferíveis, bem como a dispositivos certificadores
categoria, quando aplicável; digitais utilizados para identificação e validação em sistemas infor-
XI- declarar possuir títulos científicos ou de especialização que matizados inerentes à sua atividade profissional;
não possa comprovar, nos termos da lei; XXX- exercer interação com outros estabelecimentos, farma-
XII- exercer atividade ou realizar procedimento no âmbito da cêuticos ou não, de forma a viabilizar a realização de prática vedada
profissão, sem comprovação da habilitação, quando aplicável, pe- em lei ou regulamento, exceto em situações emergenciais devida-
rante o CRF; mente justificadas e documentadas;
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XXXI- produzir e/ou divulgar, por qualquer meio, informação XLVIII - praticar perseguições, assédios ou impor penalidades,
sobre temas farmacêuticos ou de saúde em geral de conteúdo inve- trabalhos degradantes ou jornadas extenuantes ao farmacêutico
rídico, sensacionalista, promocional, que não possua a devida com- subordinado, valendo-se da posição ou cargo de chefia.
provação ou que contrarie a legislação vigente; Art. 19 - Quando atuando no serviço público, é vedado ao ins-
XXXII- promover a utilização de substâncias ou a comercializa- crito no CRF:
ção de produtos que não tenham a indicação terapêutica analisada I- utilizar-se do serviço, emprego ou cargo público para realizar
e aprovada, bem como aquele, que não estejam descritos em lite- trabalho de empresa privada de sua propriedade ou de outrem, ob-
ratura ou compêndio nacionais ou internacionais reconhecidos pelo tendo vantagens indevidas para si ou para terceiros;
órgão sanitário federal; II- cobrar ou receber remuneração do usuário do serviço.
XXXIII- utilizar-se de qualquer meio ou forma para difamar, ca-
luniar, injuriar ou divulgar preconceitos e apologia a atos ilícitos ou CAPÍTULO V
vedados por lei específica; DA PUBLICIDADE E DOS TRABALHOS CIENTÍFICOS
XXXIV- exercer sem a qualificação necessária o magistério de
nível superior, tal como utilizar essa prática para aproveitar-se de Art. 20 - É vedado ao inscrito em CRF:
terceiros em benefício próprio ou para obter quaisquer vantagens I- divulgar assunto ou descoberta de conteúdo inverídico, ou
pessoais; que não possua a devida comprovação;
XXXV- exercer a profissão e funções relacionadas à Farmácia, II- publicar, em seu nome, trabalho científico do qual não tenha
exclusivas ou não, sem a necessária habilitação legal; participado, ou atribuir-se a autoria exclusiva, quando houver parti-
XXXVI- fazer declarações injuriosas, caluniosas, difamatórias ou cipação de subordinados ou outros profissionais, farmacêuticos ou
que depreciem o profissional inscrito, a profissão, as instituições, as não;
entidades farmacêuticas, seus representantes, funcionários e cola- III- promover publicidade enganosa ou abusiva da boa-fé do
boradores, sob qualquer forma ou meio de comunicação ou redes usuário;
sociais, bem como repercuti-las e/ou compartilhá-las; IV- anunciar produtos farmacêuticos ou processos por quais-
XXXVII- desrespeitar ou discriminar o ser humano no exercício quer meios capazes de induzir ao uso indevido e indiscriminado de
da atividade farmacêutica; medicamentos ou de outros produtos farmacêuticos;
XXXVIII- Deixar de notificar, no que couber em seu âmbito de V- utilizar-se, sem referência ao autor ou sem a sua autorização
atuação profissional, os órgãos de saúde, vigilância epidemiológica expressa, de dados ou informações, publicados ou não;
ou outros, quando da detecção de agravo decorrente de doenças VI- deixar de incluir nas divulgações profissionais, de qualquer
de notificação compulsória, seja por meio de exames laboratoriais, ordem, o seu número de inscrição no CRF.
testes rápidos ou em rastreamento em saúde;
XXXIX- fazer propaganda de substância, medicamento, procedi- TÍTULO II
mento ou técnica em saúde que contrarie a norma vigente, induza o DAS RELAÇÕES PROFISSIONAIS
usuário a erro, à exposição indevida ou ao uso irracional;
XL - fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pa- Art. 21 - O profissional, perante seus pares e demais profissio-
ciente ou sua imagem em qualquer meio de comunicação, sob nais, deve comprometer-se a:
qualquer pretexto, salvo se possuir autorização expressa e formal I - tratar com urbanidade a sua equipe de trabalho, observando
do paciente; os preceitos éticos;
XLI - receber, para si ou para outrem, vantagem indevida no II- adotar critério justo em suas atividades e nos pronuncia-
exercício da atividade farmacêutica; mentos sobre serviços e funções confiados anteriormente a outro
XLII - valer-se, quando no exercício da profissão, de mecanis- profissional;
mos de coação, omissão ou suborno, com pessoas físicas ou jurídi- III- prestar colaboração aos colegas que dela necessitem, as-
cas, para conseguir qualquer tipo de vantagem indevida; segurando-lhes consideração, apoio e solidariedade que reflitam a
XLIII - fornecer a terceiros qualquer dado relativo ao paciente, harmonia e o prestígio da categoria;
inclusive aqueles provenientes de receita ou de registros da assis- IV- prestigiar iniciativas de interesse da categoria;
tência prestada, que possam de alguma forma identificar o pacien- V- empenhar-se em elevar e firmar seu próprio conceito, pro-
te, o prescritor, ou o respectivo estabelecimento de saúde, em de- curando manter a confiança dos membros da equipe de trabalho e
sacordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD); dos destinatários do seu serviço;
XLIV - manter vínculos profissionais, ou outra atividade qual- VI- manter relacionamento harmonioso com outros profissio-
quer, com incompatibilidade de horário ao declarado nos conselhos nais, limitando-se às suas atribuições, no sentido de garantir unida-
regionais de farmácia; de de ação na realização das atividades a que se propõe, em bene-
XLV - dar falso testemunho ou fazer acusações a colegas de fício individual e coletivo;
profissão farmacêutica ou em detrimento de terceiros, sem possuir VII- denunciar ao conselho regional atos que contrariem os
provas; postulados éticos e legais da profissão;
XLVI - fazer promessas que contrariem as normas legais, profis- VIII- respeitar as opiniões de farmacêuticos e outros profissio-
sionais ou contrárias à fiscalização do exercício profissional, com o nais, mantendo as discussões no plano técnico-científico.
intuito de obter vantagem para si ou a outros, quando candidato a
cargo eletivo ou ocupante de cargo relacionado à profissão farma-
cêutica;
XLVII - reduzir, irregularmente, quando em função de chefia ou
coordenação, a remuneração devida a outro profissional;
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§ 1º - Quando for aplicada pena de suspensão e o profissional III- a obtenção de vantagem pecuniária ou outra vantagem in-
tiver cancelado a inscrição, suspender-se-á a aplicação da penalida- devida pelo infrator;
de até que sobrevenha nova inscrição, ainda que em outro regional, IV - conluio para a prática da infração;
ficando essa condicionada ao cumprimento da penalidade. V- a infração ter sido realizada no exercício de cargo eletivo de
§ 2º - A suspensão referida no parágrafo anterior não será su- órgão representativo da categoria farmacêutica;
perior a 5 (cinco) anos, a contar do trânsito em julgado da decisão. VI- a infração cometida contra criança, gestante, incapaz ou
Art. 6º - O conselheiro relator e o conselheiro revisor, de acordo pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos;
com sua livre convicção motivada e de forma fundamentada, aplica- VII- profissional reincidente;
rão a penalidade devida atendendo os princípios da razoabilidade VIII- quando o profissional é também sócio ou proprietário;
e proporcionalidade, observando as circunstâncias atenuantes e IX - suborno ou coação a terceiro para execução da infração.
agravantes. Art. 11 - Será considerado falta grave:
Art. 7º - Observada a individualização da pena, as sanções pos- I- quando a conduta resultar em lesão corporal ou óbito;
síveis são: II- quando da ocorrência de dano coletivo e/ou ambiental, ain-
I - advertência, sem publicidade, mas com registro no prontu- da que de forma culposa;
ário; III - quando houver constrangimento de terceiro;
II- advertência com o uso da palavra “censura”, sem publicida- IV- quando o fato corresponder a ilícito penal;
de, mas com registro no prontuário; V- quando a ação extrapolar sua habilitação legal;
III- multa de 01 (um) a 03 (três) salários mínimos regionais, que VI- quando envolver substâncias ou medicamentos potencial-
serão elevados ao dobro no caso de reincidência; mente perigosos, descritos em manuais, guias ou publicações;
IV- suspensão do exercício profissional de 3 (três) a 12 (doze) VII- quando em processos distintos, com trânsito em julgado e
meses, nos casos de falta grave, de pronúncia criminal ou de prisão no período de 5 (cinco) anos, o profissional tiver cometido por mais
em virtude de sentença; de 2 (duas) vezes a mesma infração ou 5 (cinco) infrações distintas;
V- de eliminação, que será imposta aos que porventura hou- VIII- impedir a ação da fiscalização.
verem perdido algum dos requisitos dos artigos 15 e 16 da Lei nº Parágrafo único - Toda a caracterização como falta grave deverá
3.820/60, para fazer parte do CRF, inclusive aos que forem conven- ser fundamentada e motivada, atendendo aos princípios da razoa-
cidos perante o CFF ou em juízo, de incontinência pública e escan- bilidade e proporcionalidade, bem como a sua descaracterização.
dalosa ou de embriaguez habitual, e aos que, por faltas graves, já Art. 12 - Àquele que continuar a exercer a profissão, mesmo en-
tenham sido três vezes condenados definitivamente a penas de sus- quanto estiver sob a sanção disciplinar de suspensão, será aplicada
pensão, ainda que em conselhos regionais diversos. idêntica pena pelo prazo em dobro ao originalmente determinado,
§ 1º - Considera-se falta como a violação a cada infração previs- sem prejuízo da aplicação do artigo 205 do Código Penal.
ta neste Código de Ética. Art. 13 - A pena de suspensão de 3 (três) a 12 (doze) meses será
§ 2º - O valor do salário mínimo a ser considerado para a pe- aplicada pelo presidente do CRF ex officio, por motivo de pronúncia
nalidade de multa é o valor vigente à época da ocorrência do fato. criminal, medida cautelar substitutiva da prisão prevista no artigo
§ 3º - Na hipótese de mais de uma condenação de suspensão, o 319 e seguintes do Código de Processo Penal que impeçam a ativi-
cumprimento da pena será em período distinto e sequencial. dade laboral pelo profissional, ou ainda prisão em flagrante, provi-
Art. 8º - São circunstâncias excludentes de ilicitude e culpabi- sória, preventiva ou definitiva, a partir da comunicação da decisão
lidade, desde que devidamente comprovadas documentalmente judicial e enquanto durar a execução da medida.
e, portanto, causas de arquivamento do processo ético-disciplinar § 1º - O profissional em cumprimento de pena privativa em
pelo Plenário do CRF, respectivamente: regime fechado ficará suspenso da atividade ex officio por ato do
I- A legítima defesa, o estado de necessidade, o estrito cumpri- presidente do CRF e homologado pelo Plenário, enquanto durar a
mento do dever legal e o exercício regular de direito consistem em execução da pena privativa de liberdade em regime fechado.
causas excludentes da ilicitude; § 2º - O profissional preso, provisória ou preventivamente, em
II- A coação moral irresistível e a obediência hierárquica são razão do exercício da profissão, também ficará ex officio suspenso
causas excludentes da culpabilidade. de exercer as suas atividades, enquanto durar a pena privativa de
Art. 9º - São circunstâncias atenuantes: liberdade em regime fechado.
I- a caracterização de caso fortuito ou força maior; Art. 14 - Na hipótese da perda de um dos requisitos listados nos
II- o profissional nunca ter sofrido qualquer penalidade ao lon- artigos 15 e 16 da Lei Federal nº 3.820/60, inclusive aos que forem
go de seu histórico profissional; convencidos perante o CFF, ou em juízo de incontinência pública e
III- o infrator ter, por sua espontânea vontade e com eficiência, escandalosa, embriaguez habitual; e aos que por faltas graves, já
logo após a infração, minorar as consequências, ou ter, antes do tenham sido 3 (três) vezes condenados definitivamente a penas de
processo ético-disciplinar, reparado o dano; suspensão, ainda que em conselhos regionais diversos, será impos-
IV- a ação ou omissão do indiciado não ter sido o fundamento ta a penalidade de eliminação ao profissional.
para a consecução do evento; § 1º - O presidente do CRF, ao tomar conhecimento de profis-
V- a confissão espontânea da infração, se for relevante para a sional na hipótese do caput, submeterá o caso à análise do Plenário
descoberta da verdade, com o propósito de reparar ou diminuir as que determinará a penalidade de eliminação.
suas consequências para o exercício profissional e a saúde coletiva;
Art. 10 - São circunstâncias agravantes:
I- a existência de dolo na conduta do infrator;
II- a comprovação de dano material, psicológico, físico ou moral
a terceiros;
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GABARITO
1 D
2 B
3 C
4 C
5 B
6 D
7 B
8 C
9 C
10 D
11 A
12 A
13 B
14 B
15 C
ANOTAÇÕES
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