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CÓD: OP-104JL-24

7908403558513

CRF-RJ
CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO RIO DE JANEIRO

Agente Administrativo
EDITAL Nº 1 – CRFRJ, DE 9 DE JULHO DE 2024
• A Opção não está vinculada às organizadoras de Concurso Público. A aquisição do material não garante sua inscrição ou ingresso na
carreira pública,

• Sua apostila aborda os tópicos do Edital de forma prática e esquematizada,

• Dúvidas sobre matérias podem ser enviadas através do site: www.apostilasopção.com.br/contatos.php, com retorno do professor
no prazo de até 05 dias úteis.,

• É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo 184 do Código Penal.

Apostilas Opção, a Opção certa para a sua realização.


ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados................................................................................................... 5
2. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais............................................................................................................................. 5
3. Domínio da ortografia oficial...................................................................................................................................................... 6
4. Domínio dos mecanismos de coesão textual. Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conecto-
res e de outros elementos de sequenciação textual.................................................................................................................. 7
5. Emprego de tempos e modos verbais. Emprego das classes de palavras................................................................................... 8
6. Domínio da estrutura morfossintática do período..................................................................................................................... 14
7. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. Relações de subordinação entre orações e entre termos
da oração.................................................................................................................................................................................... 17
8. Emprego dos sinais de pontuação.............................................................................................................................................. 20
9. Concordância verbal e nominal.................................................................................................................................................. 24
10. Regência verbal e nominal.......................................................................................................................................................... 26
11. Emprego do sinal indicativo de crase.......................................................................................................................................... 27
12. Colocação dos pronomes átonos................................................................................................................................................ 27
13. Reescrita de frases e parágrafos do texto................................................................................................................................... 28
14. Significação das palavras............................................................................................................................................................. 33
15. Substituição de palavras ou de trechos de texto........................................................................................................................ 34
16. Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto................................................................................................. 34
17. Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade............................................................................................ 34
18. Redação e correspondências oficiais. Manual de Redação da Presidência da República........................................................... 35

Raciocínio Lógico
1. Estruturas lógicas........................................................................................................................................................................ 65
2. Lógica de argumentação: analogias, inferências, deduções e conclusões.................................................................................. 65
3. Lógica sentencial (ou proposicional). Proposições simples e compostas. Tabelas verdade. Equivalências. Leis De Morgan..... 69
4. Diagramas lógicos. Lógica de primeira ordem............................................................................................................................ 72
5. Princípios de contagem e probabilidade..................................................................................................................................... 76
6. Operações com conjuntos.......................................................................................................................................................... 78
7. Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais........................................................................ 81

Noções de Informática
1. Conceitos básicos de hardware e software: funcionamento do computador; conhecimentos dos componentes principais.... 83
2. Noções do Sistema Operacional Windows (10 e 11).................................................................................................................. 84
3. Redes de Computadores: conceitos básicos............................................................................................................................... 84
4. Conceitos gerais de segurança da informação: proteção contra vírus e outras formas de softwares ou ações intrusivas......... 88
5. Dados: conceitos, atributos, métricas, transformação de dados................................................................................................ 92
6. Ciência de Dados: governança da informação............................................................................................................................ 99
7. Ferramentas de Produção Workspace (Power BI, Office, LibreOffice, Google Workspace)........................................................ 100
ÍNDICE

Atualidades
1. Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como recursos hídricos, segurança, transportes, política, economia, socie-
dade, educação, saúde, cultura, tecnologia, energia, relações internacionais, desenvolvimento sustentável e ecologia......... 119

Noções de Administração Geral e Pública


1. Princípios fundamentais que regem a Administração Federal: enumeração e descrição........................................................... 121
2. Administração Federal: administração direta e indireta, estruturação, características e descrição dos órgãos e entidades
públicos....................................................................................................................................................................................... 124
3. Os Ministérios e respectivas áreas de competência................................................................................................................... 128
4. Os poderes e deveres do administrador público........................................................................................................................ 132
5. Organização: Conceito e tipos de estrutura organizacional........................................................................................................ 139
6. Noções de arquivamento e procedimentos administrativos...................................................................................................... 142
7. Relações humanas, desempenho profissional, desenvolvimento de equipes de trabalho........................................................ 163
8. Características básicas das organizações formais modernas: tipos de estrutura organizacional; natureza; finalidades............ 169
9. Processo organizacional: planejamento; direção; comunicação; controle; e avaliação.............................................................. 170
10. Gestão de processos................................................................................................................................................................... 172
11. Gestão da qualidade................................................................................................................................................................... 174
12. Noções de gestão de pessoas..................................................................................................................................................... 178
13. Noções de cidadania e relações públicas.................................................................................................................................... 180
14. Comunicação.............................................................................................................................................................................. 182
15. Redação oficial de documentos oficiais...................................................................................................................................... 184
16. Noções de Administração: conceitos básicos; tipos de organização.......................................................................................... 210
17. estruturas organizacionais; departamentalização...................................................................................................................... 218
18. organogramas e fluxogramas...................................................................................................................................................... 218
19. Noções de Funções administrativas: planejamento, organização, direção e controle................................................................ 218
20. Noções de Procedimentos Administrativos e Manuais Administrativos..................................................................................... 219
21. Noções de Organização e Métodos............................................................................................................................................ 220
22. Noções de atendimento a clientes e atendimento ao telefone.................................................................................................. 221
23. Serviço de protocolo e arquivo: tipos de arquivo; acessórios do arquivo; fases do arquivamento: técnicas, sistemas e méto-
dos.............................................................................................................................................................................................. 227
24. Protocolo: recepção, classificação, registro e distribuição de documentos................................................................................ 227
25. Expedição de correspondência: registro e encaminhamento..................................................................................................... 227

Legislação Específica do CRF/RJ e do CFF


1. Resoluções do Conselho Federal de Farmácia nº 566/2012 (Regulamento do Processo Administrativo).................................. 231
2. 724/2022 (Código de Ética farmacêutica)................................................................................................................................... 233
LÍNGUA PORTUGUESA

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS


GÊNEROS VARIADOS
A partir da estrutura linguística, da função social e da finali-
Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele
tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas
importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o classificações.
texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido
completo. Tipos textuais
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali-
de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci- dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se
ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão
interpretação. específico para se fazer a enunciação.
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do
conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas características:
está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta-
ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper- Apresenta um enredo, com ações
tório do leitor. e relações entre personagens, que
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, ocorre em determinados espaço e
é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi- TEXTO NARRATIVO tempo. É contado por um narrador,
suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido e se estrutura da seguinte maneira:
de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar apresentação > desenvolvimento >
expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. clímax > desfecho
Dicas práticas Tem o objetivo de defender
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con- determinado ponto de vista,
ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa- TEXTO DISSERTATIVO- persuadindo o leitor a partir do
rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível, ARGUMENTATIVO uso de argumentos sólidos. Sua
adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações. estrutura comum é: introdução >
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca desenvolvimento > conclusão.
por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe- Procura expor ideias, sem a
cidas. necessidade de defender algum
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon- ponto de vista. Para isso, usa-
te de referências e datas. TEXTO EXPOSITIVO se comparações, informações,
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de definições, conceitualizações
opiniões. etc. A estrutura segue a do texto
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques- dissertativo-argumentativo.
tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin-
Expõe acontecimentos, lugares,
tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de
pessoas, de modo que sua finalidade
acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do
TEXTO DESCRITIVO é descrever, ou seja, caracterizar algo
texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto
ou alguém. Com isso, é um texto rico
que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor
em adjetivos e em verbos de ligação.
quando afirma que...
Oferece instruções, com o objetivo
de orientar o leitor. Sua maior
TEXTO INJUNTIVO
característica são os verbos no modo
imperativo.

Gêneros textuais
A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo

5
LÍNGUA PORTUGUESA

não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual, Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser ob-
podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o servadas:
padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as- • Depois de ditongos (ex: coisa)
sim como a própria língua e a comunicação, no geral. • Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S”
Alguns exemplos de gêneros textuais: (ex: casa > casinha)
• Artigo • Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou
• Bilhete origem. (ex: portuguesa)
• Bula • Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex:
• Carta populoso)
• Conto
• Crônica Uso do “S”, “SS”, “Ç”
• E-mail • “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex:
• Lista diversão)
• Manual • “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• Notícia • “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passa-
• Poema ram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)
• Propaganda
• Receita culinária Os diferentes porquês
• Resenha
• Seminário Usado para fazer perguntas. Pode ser
POR QUE
substituído por “por qual motivo”
Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em
determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex- Usado em respostas e explicações. Pode ser
PORQUE
to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária, substituído por “pois”
por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali- O “que” é acentuado quando aparece como
dade e à função social de cada texto analisado. POR QUÊ a última palavra da frase, antes da pontuação
final (interrogação, exclamação, ponto final)
DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL É um substantivo, portanto costuma vir
PORQUÊ acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo
ou pronome
A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes
à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso Parônimos e homônimos
analisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memo- As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pro-
rizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que núncia semelhantes, porém com significados distintos.
também faz aumentar o vocabulário do leitor. Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfe-
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes go (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma
que existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
atento! “rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).
Alfabeto
O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é co-
nhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o
alfabeto se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e
consoantes (restante das letras).
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram
reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo
que elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de
nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.

Uso do “X”
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o
X no lugar do CH:
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxer-
gar)
• Depois de ditongos (ex: caixa)
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)

Uso do “S” ou “Z”

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LÍNGUA PORTUGUESA

DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL. EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO


E REPETIÇÃO, DE CONECTORES E DE OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL.

A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpretação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os compo-
nentes do texto, de modo que são independentes entre si. Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente, e vice-versa.
Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja, ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito ao
conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.

Coesão
A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de conectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida a
partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (antecipa um componente).
Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:

REGRA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Pessoal (uso de pronomes pessoais ou possessivos) –
João e Maria são crianças. Eles são irmãos.
anafórica
Fiz todas as tarefas, exceto esta: colonização
REFERÊNCIA Demonstrativa (uso de pronomes demonstrativos e
africana.
advérbios) – catafórica
Mais um ano igual aos outros...
Comparativa (uso de comparações por semelhanças)
Substituição de um termo por outro, para evitar Maria está triste. A menina está cansada de ficar
SUBSTITUIÇÃO
repetição em casa.
No quarto, apenas quatro ou cinco convidados.
ELIPSE Omissão de um termo
(omissão do verbo “haver”)
Conexão entre duas orações, estabelecendo relação Eu queria ir ao cinema, mas estamos de
CONJUNÇÃO
entre elas quarentena.
Utilização de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos
A minha casa é clara. Os quartos, a sala e a
COESÃO LEXICAL ou palavras que possuem sentido aproximado e
cozinha têm janelas grandes.
pertencente a um mesmo grupo lexical.

Coerência
Nesse caso, é importante conferir se a mensagem e a conexão de ideias fazem sentido, e seguem uma linha clara de raciocínio.
Existem alguns conceitos básicos que ajudam a garantir a coerência. Veja quais são os principais princípios para um texto coerente:
• Princípio da não contradição: não deve haver ideias contraditórias em diferentes partes do texto.
• Princípio da não tautologia: a ideia não deve estar redundante, ainda que seja expressa com palavras diferentes.
• Princípio da relevância: as ideias devem se relacionar entre si, não sendo fragmentadas nem sem propósito para a argumentação.
• Princípio da continuidade temática: é preciso que o assunto tenha um seguimento em relação ao assunto tratado.
• Princípio da progressão semântica: inserir informações novas, que sejam ordenadas de maneira adequada em relação à progressão
de ideias.

Para atender a todos os princípios, alguns fatores são recomendáveis para garantir a coerência textual, como amplo conhecimento
de mundo, isto é, a bagagem de informações que adquirimos ao longo da vida; inferências acerca do conhecimento de mundo do leitor;
e informatividade, ou seja, conhecimentos ricos, interessantes e pouco previsíveis.

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LÍNGUA PORTUGUESA

EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS. EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS

Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou indefinido) A galinha botou um ovo.
ARTIGO
Varia em gênero e número Uma menina deixou a mochila no ônibus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como conectivos) Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO
Não sofre variação Eu vou para a praia ou para a cachoeira?
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequência Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL
Varia em gênero e número Três é a metade de seis.
Posso ajudar, senhora?
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo Ela me ajudou muito com o meu trabalho.
PRONOME
Varia em gênero e número Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares etc. A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO
Flexionam em gênero, número e grau. A matilha tinha muita coragem.
Ana se exercita pela manhã.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza
Todos parecem meio bobos.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, tempo,
VERBO Chove muito em Manaus.
número, pessoa e voz.
A cidade é muito bonita quando vista do
Verbos não significativos são chamados verbos de ligação
alto.

Substantivo
Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol...

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LÍNGUA PORTUGUESA

Flexão de gênero
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino.
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente o final
da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / acentuação
(Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou presença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora).
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma forma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto ao gêne-
ro a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epiceno (refere-se
aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo).
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, trazen-
do alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fruto X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao órgão
que protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é o termo popular para um tipo específico de fruto.

Flexão de número
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: bola;
escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último representado, geral-
mente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do contexto,
pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).

Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumentativo
e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou diminuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).

Novo Acordo Ortográfico


De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas e
festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou abreviaturas.
Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana, meses, estações do ano e em pontos cardeais.
Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber,
disciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em palavras de categorização.

Adjetivo
Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e o singular (bonito) e o plural (bonitos).
Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua nacionali-
dade (brasileiro; mineiro).
É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjunto de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo. São
formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
• de criança = infantil
• de mãe = maternal
• de cabelo = capilar

Variação de grau
Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfases), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e superlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
• Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente que o Lucas.
• Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto a Maria.
• Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inteligente da turma.
• Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos inteligente da turma.
• Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
• Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.

Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; primei- logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais, de
DE TEMPO
ramente noite
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali Ao redor de; em frente a; à esquerda; por perto
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem nunca mais; de modo algum; de jeito nenhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê

Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que
• Superlativo analítico: muito cedo
• Superlativo sintético: cedíssimo

Curiosidades
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o uso
de alguns prefixos (supercedo).
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) e
ordem (ultimamente; depois; primeiramente).
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um sentido
próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designação (eis); de
realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou melhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí).

Pronomes
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no enunciado,
ele pode ser classificado da seguinte maneira:
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e podem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, nossos...)
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...)
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questionamentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...)
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...)
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...)
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...)

Colocação pronominal
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, la,
no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo).
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles:
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demonstrati-
vos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no gerúndio antecedidos por “em”.
Nada me faria mais feliz.

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• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerúndio não
acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal.
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho.

• Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração.


Orgulhar-me-ei de meus alunos.
DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou orações, nem após ponto-e-vírgula.

Verbos
Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito (passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro pos-
suem subdivisões.
Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo (certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é
passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando).
• Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do pre-
sente, futuro do pretérito.
• Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito imperfeito, futuro.

Os tempos verbais compostos são formados por um verbo auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre flexão em
tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no particípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
• Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do pretérito.
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro.
As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem, aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando, fa-
zendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particípio) ou
advérbio (gerúndio).

Tipos de verbos
Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal. Desse modo, os verbos se dividem em:
Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar, vender, abrir...)
• Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas terminações quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
• Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados (ser, ir...)
• Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais (falir, banir, colorir, adequar...)
• Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sempre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
• Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
acontecer...)
• Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
• Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se, pen-
tear-se...)
• Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
• Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si próprios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
• De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)

Vozes verbais
As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação, podendo ser três tipos diferentes:
• Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
• Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
• Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo do lago)

Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja equiva-
lente ao verbo “ser”.

Conjugação de verbos
Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados são
aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de origem.
• 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, imaginar, jogar...)
• 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr, erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ouvir...)

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Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

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Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

Preposições
As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas entre
essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (palavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como preposição
em determinadas sentenças).
Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, entre.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, durante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc.
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de, defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc.

Ao conectar os termos das orações, as preposições estabelecem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de:
• Causa: Morreu de câncer.
• Distância: Retorno a 3 quilômetros.
• Finalidade: A filha retornou para o enterro.

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• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura.


• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. DOMÍNIO DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO
• Lugar: O vírus veio de Portugal. PERÍODO
• Companhia: Ela saiu com a amiga.
• Posse: O carro de Maria é novo. 1
Não há como separar o conhecimento sintático do morfológico,
• Meio: Viajou de trem. afinal esse conhecimento contribui para uma maior segurança na
determinação das funções sintáticas dos termos da oração: “a base
Combinações e contrações ou a natureza morfológica de um sintagma (constituinte imediato
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa- das orações) determina ou autoriza sua função sintática”.
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e Nada na língua funciona de maneira isolada. E é por isso que
havendo perda fonética (contração). reconhecer a natureza morfológica das palavras é importante para
• Combinação: ao, aos, aonde a compreensão de quais funções sintáticas elas poderão assumir
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso em uma frase.
Vamos utilizar esse pensamento para analisar a existência de
Conjunção adjetivos no seguinte enunciado:
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe-
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante A lua brilhava intensamente naquela noite fria de inverno.
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e Para descobrir a quantidade de adjetivos que esse enunciado
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo- contém, é possível proceder morfossintaticamente dessa forma:
mento de redigir um texto. 1° – Na Língua Portuguesa, os adjetivos são variáveis em gênero
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e e/ou número;
conjunções subordinativas. 2° – Os adjetivos permitem-se articular (ou modificar) por
outras palavras que sejam advérbios;
Conjunções coordenativas 3° – Somente adjetivos aceitam o sufixo -mente, dando origem
As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti- a um advérbio nominal.
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em Seguindo o critério mórfico, nesse enunciado, apenas a palavra
cinco grupos: fria aceitaria o sufixo -mente, originando um advérbio nominal.
• Aditivas: e, nem, bem como. No enunciado, já temos o advérbio nominal intensamente, que,
• Adversativas: mas, porém, contudo. primitivamente, é um adjetivo de intensidade. Esse fato reforça o
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer. terceiro item da explicação.
• Conclusivas: logo, portanto, assim. Com o mesmo raciocínio, somente as palavras fria e
• Explicativas: que, porque, porquanto. intensamente permitem-se articular (ou modificar) por outras
que sejam advérbios intensificadores, como tão, muito e bem,
Conjunções subordinativas dependendo do contexto.
As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação
de dependência entre a oração principal e a oração subordinada.
Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido)
se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada.
Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes:
• Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas
substantivas, definidas pelas palavras que e se.
• Causais: porque, que, como. É possível que surja uma dúvida: se o advérbio, assim como
• Concessivas: embora, ainda que, se bem que. o adjetivo, permite-se articular por tão, muito e bem, como é
• Condicionais: e, caso, desde que. possível estabelecer um critério rigoroso para encontrar o adjetivo
• Conformativas: conforme, segundo, consoante. sem confundi-lo com o advérbio?
• Comparativas: como, tal como, assim como. Basta utilizar o primeiro item da explicação, ou seja, os adjetivos
• Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que. são variáveis em gênero e número. Veja o exemplo:
• Finais: a fim de que, para que.
• Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que. A lua brilhava intensamentes naquelas noites frias de inverno.
• Temporais: quando, enquanto, agora.
Em Língua Portuguesa, jamais alguém falaria intensamentes,
afinal o advérbio é invariável. Frias soa bem aos ouvidos, pois se
trata de uma construção normal. Dessa forma, nota-se que frias
varia em gênero e/ou número, sendo esta a característica que a
diferencia de um advérbio.

1 https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/analise-morfos-
sintatica---adjetivo-natureza-morfologica-e-sintatica.htm.

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Seguindo os critérios estabelecidos anteriormente, apenas a palavra fria daquele primeiro enunciado é um adjetivo.

A partir dessas explicações, fica claro que sempre que for falado sobre o estudo das Articulações Morfossintáticas, é preciso conhecer
e estudar as Classes de Palavras e a Análise Sintática.

A morfologia estuda a classe e a forma, já a sintaxe, a relação e a função.


2
Exemplo:
“O dia está nublado”.

Análise morfológica
O – artigo.
Dia – substantivo.
Está – verbo (estar).
Nublado – adjetivo.

Análise Sintática
O dia – Sujeito Simples.
Está nublado – predicado nominal, porque o verbo proposto denota estado, se tratando de um verbo de ligação.
Nublado – predicado do sujeito, afinal revela uma característica sobre o mesmo.

“João e José gostam de jogar todos os dias”.

Análise morfológica
João – substantivo próprio.
José – substantivo próprio.
Gostam – verbo (gostar).
De – preposição.
Jogar – verbo no infinitivo (forma original).
Todos – pronome indefinido.
Os – artigo definido.
Dias – substantivo simples.

Análise Sintática
João e José – sujeito composto (dois núcleos).
Gostam de jogar todos os dias – predicado verbal.
De jogar – objeto indireto (complementa o sentido do verbo).
Todos os dias – adjunto adverbial de tempo.

2 https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/analise-sintatica-analise-morfologica.htm.

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CLASSE GRAMATICAL FUNÇÃO SINTÁTICA CLASSIFICAÇÃO SINTATICAMENTE


– Núcleo do sujeito;
Denomina os seres em geral;
– Comum e Próprio; – Núcleo do objeto direto;
É uma palavra nuclear;
– Concreto e Abstrato; – Núcleo do objeto indireto;
O substantivo (ou a palavra com
Substantivo – Primitivo e derivado; – Núcleo do complemento nominal;
valor de substantivo) sempre
– Simples e composto; – Núcleo do predicativo do sujeito;
vai funcionar como núcleo dos
– Coletivo. – Núcleo do agente da passiva;
termos.
– Núcleo do adjunto adverbial.
Indica o gênero e o número do – Definidos;
Artigo – Adjunto adnominal
substantivo. – Indefinidos.
Acompanha o substantivo, indi- – Locução adjetiva;
– Adjunto adnominal;
Adjetivo cando qualidades ou caracterís- – Substantivação do adjetivo;
– Nome predicativo.
ticas. – Flexões do adjetivo.
– Cardinais;
Palavra que indica número de
– Ordinais; – Nome predicativo;
Numeral ordem, múltiplo, quantidade ou
– Multiplicativos; – Adjunto adnominal.
fração.
– Fracionários.
– Pessoal; – Pronome substantivo (substitui o
– Tratamento; nome): núcleo dos termos;
– Possessivo; – Pronome adjetivo (acompanha o
Palavra que acompanha ou subs-
Pronome – Demonstrativo; nome): adjunto adnominal;
titui o substantivo.
– Indefinido; – Objeto indireto;
– Interrogativo; – Adjunto adnominal;
– Relativo. – Complemento nominal.
– Verbo intransitivo: núcleo do predi-
Indica processo (estado, ação, cado verbal;
mudança, aparência, fenômeno Empregos de tempos e modos – Verbo transitivo direto: núcleo do
Verbo
da natureza. verbais. predicado verbal;
O verbo é o núcleo do predicado. – Verbo de ligação: predicado como
núcleo do predicado.
– Modo;
– Tempo;
Modifica o verbo, o adjetivo ou – Afirmação;
– Adjunto adverbial;
outro advérbio, já que exprime – Lugar;
Advérbio – Locução adverbial (modo, lugar,
circunstâncias (de lugar, modo, – Negação;
tempo, etc.).
tempo). – Intensidade;
– Dúvida;
– Interrogação.
Função de ligar palavras ou ora- – Não tem função sintática, funciona
Preposição Essenciais e acidentais.
ções, subordinando-as. somente como conectivo.
Não possui função sintática, funciona
Conjunções Liga palavras e orações. Coordenativas e subordinativas.
somente como conetivo.
As interjeições são classificadas
Palavra que expressa surpresa, Não apresenta função sintática, expri-
Interjeição segundo as emoções ou senti-
emoções, aplauso. me emoções.
mentos.

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Sujeito e predicado
RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE ORAÇÕES Sujeito é o termo da oração com o qual, normalmente, o verbo
E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO. RELAÇÕES DE concorda.
SUBORDINAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS
DA ORAÇÃO Exemplos
A notícia corria rápida como pólvora. (Corria está no singular
Frase concordando com a notícia.)
É todo enunciado capaz de transmitir a outrem tudo aquilo que As notícias corriam rápidas como pólvora. (Corriam, no plural,
pensamos, queremos ou sentimos. concordando com as notícias.)

Exemplos O núcleo do sujeito é a palavra principal do sujeito, que encerra


Caía uma chuva. a essência de sua significação. Em torno dela, como que gravitam
Dia lindo. as demais.
Exemplo: Os teus lírios brancos embelezam os campos. (Lí-
Oração rios é o núcleo do sujeito.)
É a frase que apresenta estrutura sintática (normalmente, su-
jeito e predicado, ou só o predicado). Podem exercer a função de núcleo do sujeito o substantivo e
palavras de natureza substantiva. Veja:
Exemplos O medo salvou-lhe a vida. (substantivo)
Ninguém segura este menino. (Ninguém: sujeito; segura este Os medrosos fugiram. (Adjetivo exercendo papel de substanti-
menino: predicado) vo: adjetivo substantivado.)
Havia muitos suspeitos. (Oração sem sujeito; havia muitos sus-
peitos: predicado) A definição mais adequada para sujeito é: sujeito é o termo da
oração com o qual o verbo normalmente concorda.
Termos da oração
Sujeito simples: tem um só núcleo.
Exemplo: As flores morreram.
Termos sujeito
1. Sujeito composto: tem mais de um núcleo.
essenciais predicado
Exemplo: O rapaz e a moça foram encostados ao muro.

Sujeito elíptico (ou oculto): não expresso e que pode ser de-
objeto terminado pela desinência verbal ou pelo contexto.
complemento Exemplo: Viajarei amanhã. (sujeito oculto: eu)
verbal direto
Termos objeto
2. complemento Sujeito indeterminado: é aquele que existe, mas não podemos
integrantes indireto
nominal ou não queremos identificá-lo com precisão.
agente da passiva Ocorre:
- quando o verbo está na 3ª pessoa do plural, sem referência a
nenhum substantivo anteriormente expresso.
Exemplo: Batem à porta.
Adjunto
Termos adnominal
3. - com verbos intransitivo (VI), transitivo indireto (VTI) ou de li-
acessórios adjunto adverbial
gação (VL) acompanhados da partícula SE, chamada de índice de
aposto
indeterminação do sujeito (IIS).
4. Vocativo Exemplos:
Vive-se bem. (VI)
Diz-se que sujeito e predicado são termos “essenciais”, mas Precisa-se de pedreiros. (VTI)
note que o termo que realmente é o núcleo da oração é o verbo: Falava-se baixo. (VI)
Chove. (Não há referência a sujeito.) Era-se feliz naquela época. (VL)
Cansei. (O sujeito e eu, implícito na forma verbal.)
Os termos “acessórios” são assim chamados por serem supos- Orações sem sujeito
tamente dispensáveis, o que nem sempre é verdade. São orações cujos verbos são impessoais, com sujeito inexis-
tente.

Ocorrem nos seguintes casos:


- com verbos que se referem a fenômenos meteorológicos.
Exemplo: Chovia. Ventava durante a noite.

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- haver no sentido de existir ou quando se refere a tempo de- Verbos transitivos diretos: Exigem um objeto direto.
corrido. Exemplo: Espero-o no aeroporto.
Exemplo: Há duas semanas não o vejo. (= Faz duas semanas)
Verbos transitivos indiretos: Exigem um objeto indireto.
- fazer referindo-se a fenômenos meteorológicos ou a tempo Exemplo: Gosto de flores.
decorrido. Verbos transitivos diretos e indiretos: Exigem um objeto direto
Exemplo: Fazia 40° à sombra. e um objeto indireto.
Exemplo: Os ministros informaram a nova política econômi-
- ser nas indicações de horas, datas e distâncias. ca aos trabalhadores. (VTDI)
Exempl: São duas horas.
Complementos verbais
Predicado nominal Os complementos verbais são representados pelo objeto direto
O núcleo, em torno do qual as demais palavras do predicado (OD) e pelo objeto indireto (OI).
gravitam e que contém o que de mais importante se comunica a
respeito do sujeito, e um nome (isto é, um substantivo ou adjetivo, Objeto indireto
ou palavra de natureza substantiva). O verbo e de ligação (liga o nú- É o complemento verbal que se liga ao verbo pela preposição
cleo ao sujeito) e indica estado (ser, estar, continuar, ficar, perma- por ele exigida. Nesse caso o verbo pode ser transitivo indireto ou
necer; também andar, com o sentido de estar; virar, com o sentido transitivo direto e indireto. Normalmente, as preposições que ligam
de transformar-se em; e viver, com o sentido de estar sempre). o objeto indireto ao verbo são a, de, em, com, por, contra, para etc.
Exemplo: Exemplo: Acredito em você.
Os príncipes viraram sapos muito feios. (verbo de ligação mais
núcleo substantivo: sapos) Objeto direto
Complemento verbal que se liga ao verbo sem preposição obri-
Verbos de ligação gatória. Nesse caso o verbo pode ser transitivo direto ou transitivo
São aqueles que, sem possuírem significação precisa, ligam um direto e indireto.
sujeito a um predicativo. São verbos de ligação: ser, estar, ficar, pa- Exemplo: Comunicaram o fato aos leitores.
recer, permanecer, continuar, tornar-se etc.
Exemplo: A rua estava calma. Objeto direto preposicionado
É aquele que, contrariando sua própria definição e característi-
Predicativo do sujeito ca, aparece regido de preposição (geralmente preposição a).
É o termo da oração que, no predicado, expressa qualificação O pai dizia aos filhos que adorava a ambos.
ou classificação do sujeito.
Exemplo: Você será engenheiro. Objeto pleonástico
É a repetição do objeto (direto ou indireto) por meio de um
- O predicativo do sujeito, além de vir com verbos de liga- pronome. Essa repetição assume valor enfático (reforço) da noção
ção, pode também ocorrer com verbos intransitivos ou com ver- contida no objeto direto ou no objeto indireto.
bos transitivos. Exemplos
Ao colega, já lhe perdoei. (objeto indireto pleonástico)
Predicado verbal Ao filme, assistimos a ele emocionados. (objeto indireto pleo-
Ocorre quando o núcleo é um verbo. Logo, não apresenta pre- nástico)
dicativo. E formado por verbos transitivos ou intransitivos.
Exemplo: A população da vila assistia ao embarque. (Núcleo Predicado verbo-nominal
do sujeito: população; núcleo do predicado: assistia, verbo transi- Esse predicado tem dois núcleos (um verbo e um nome), é for-
tivo indireto) mado por predicativo com verbo transitivo ou intransitivo.
Exemplos:
Verbos intransitivos A multidão assistia ao jogo emocionada. (predicativo do sujei-
São verbos que não exigem complemento algum; como a ação to com verbo transitivo indireto)
verbal não passa, não transita para nenhum complemento, rece- A riqueza tornou-o orgulhoso. (predicativo do objeto com ver-
bem o nome de verbos intransitivos. Podem formar predicado sozi- bo transitivo direto)
nhos ou com adjuntos adverbiais.
Exemplo: Os visitantes retornaram ontem à noite. Predicativo do sujeito
O predicativo do sujeito, além de vir com verbos de ligação,
Verbos transitivos pode também ocorrer com verbos intransitivos ou transitivos. Nes-
São verbos que, ao declarar alguma coisa a respeito do sujei- se caso, o predicado é verbo-nominal.
to, exigem um complemento para a perfeita compreensão do que Exemplo: A criança brincava alegre no parque.
se quer dizer. Tais verbos se denominam transitivos e a pessoa ou
coisa para onde se dirige a atividade transitiva do verbo se denomi-
na objeto. Dividem-se em: diretos, indiretos e diretos e indiretos.

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Predicativo do objeto Período Composto por Coordenação


Exprime qualidade, estado ou classificação que se referem ao
objeto (direto ou indireto). As três orações que formam esse período têm sentido próprio
e não mantêm entre si nenhuma dependência sintática: são inde-
Exemplo de predicativo do objeto direto: pendentes. Há entre elas uma relação de sentido, mas uma não de-
O juiz declarou o réu culpado. pende da outra sintaticamente.
Exemplo de predicativo do objeto indireto: As orações independentes de um período são chamadas de
Gosto de você alegre. orações coordenadas (OC), e o período formado só de orações co-
ordenadas é chamado de período composto por coordenação.
Adjunto adnominal As orações coordenadas podem ser assindéticas e sindéticas.
É o termo acessório que vem junto ao nome (substantivo), res- As orações são coordenadas assindéticas (OCA) quando não
tringindo-o, qualificando-o, determinando-o (adjunto: “que vem vêm introduzidas por conjunção. Exemplo:
junto a”; adnominal: “junto ao nome”). Observe: Os jogadores correram, / chutaram, / driblaram.
Os meus três grandes amigos [amigos: nome substantivo] vie- OCA OCA OCA
ram me fazer uma visita [visita: nome substantivo] agradável on-
tem à noite. - As orações são coordenadas sindéticas (OCS) quando vêm in-
São adjuntos adnominais os (artigo definido), meus (pronome troduzidas por conjunção coordenativa. Exemplo:
possessivo adjetivo), três (numeral), grandes (adjetivo), que estão A mulher saiu do prédio / e entrou no táxi.
gravitando em torno do núcleo do sujeito, o substantivo amigos; OCA OCS
o mesmo acontece com uma (artigo indefinido) e agradável (adje-
tivo), que determinam e qualificam o núcleo do objeto direto, o As orações coordenadas sindéticas se classificam de acordo
substantivo visita. com o sentido expresso pelas conjunções coordenativas que as in-
troduzem. Pode ser:
O adjunto adnominal prende-se diretamente ao substantivo,
ao passo que o predicativo se refere ao substantivo por meio de - Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não só...
um verbo. mas também, não só... mas ainda.
A 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que expressa
Complemento nominal ideia de acréscimo ou adição com referência à oração anterior, ou
É o termo que completa o sentido de substantivos, adjetivos e seja, por uma conjunção coordenativa aditiva.
advérbios porque estes não têm sentido completo.
- Objeto – recebe a atividade transitiva de um verbo. - Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas, porém,
- Complemento nominal – recebe a atividade transitiva de um todavia, contudo, entretanto, no entanto.
nome. A 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que expressa
O complemento nominal é sempre ligado ao nome por prepo- ideia de oposição à oração anterior, ou seja, por uma conjunção
sição, tal como o objeto indireto. coordenativa adversativa.
Exemplo: Tenho necessidade de dinheiro.
- Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto, por
Adjunto adverbial isso, pois, logo.
É o termo da oração que modifica o verbo ou um adjetivo ou A 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que expres-
o próprio advérbio, expressando uma circunstância: lugar, tempo, sa ideia de conclusão de um fato enunciado na oração anterior, ou
fim, meio, modo, companhia, exclusão, inclusão, negação, afirma- seja, por uma conjunção coordenativa conclusiva.
ção, duvida, concessão, condição etc.
- Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou, ou... ou,
Período ora... ora, seja... seja, quer... quer.
Enunciado formado de uma ou mais orações, finalizado por: A 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que estabele-
ponto final ( . ), reticencias (...), ponto de exclamação (!) ou ponto ce uma relação de alternância ou escolha com referência à oração
de interrogação (?). De acordo com o número de orações, classifi- anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa alternativa.
ca-se em:
Apresenta apenas uma oração que é chamada absoluta. - Orações coordenadas sindéticas explicativas: que, porque,
O período é simples quando só traz uma oração, chamada pois, porquanto.
absoluta; o período é composto quando traz mais de uma oração. A 2ª oração é introduzida por uma conjunção que expressa
Exemplo: Comeu toda a refeição. (Período simples, oração absolu- ideia de explicação, de justificativa em relação à oração anterior, ou
ta.); Quero que você leia. (Período composto.) seja, por uma conjunção coordenativa explicativa.
Uma maneira fácil de saber quantas orações há num período
é contar os verbos ou locuções verbais. Num período haverá tan- Período Composto por Subordinação
tas orações quantos forem os verbos ou as locuções verbais nele Nesse período, a segunda oração exerce uma função sintática
existentes. em relação à primeira, sendo subordinada a ela. Quando um perío-
Há três tipos de período composto: por coordenação, por su- do é formado de pelo menos um conjunto de duas orações em que
bordinação e por coordenação e subordinação ao mesmo tempo uma delas (a subordinada) depende sintaticamente da outra (prin-
(também chamada de misto).

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LÍNGUA PORTUGUESA

cipal), ele é classificado como período composto por subordinação. Orações Subordinadas Adjetivas
As orações subordinadas são classificadas de acordo com a função Exercem a função de adjunto adnominal de algum termo da
que exercem. oração principal.
As orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas por
Orações Subordinadas Adverbiais um pronome relativo (que, qual, cujo, quem, etc.) e são classifica-
Exercem a função de adjunto adverbial da oração principal das em:
(OP). São classificadas de acordo com a conjunção subordinativa - Subordinadas Adjetivas Restritivas: São restritivas quando
que as introduz: restringem ou especificam o sentido da palavra a que se referem.
- Causais: Expressam a causa do fato enunciado na oração prin- - Subordinadas Adjetivas Explicativas: São explicativas quan-
cipal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que, visto do apenas acrescentam uma qualidade à palavra a que se referem,
que. esclarecendo um pouco mais seu sentido, mas sem restringi-lo ou
- Condicionais: Expressam hipóteses ou condição para a ocor- especificá-lo.
rência do que foi enunciado na principal. Conjunções: se, contanto
que, a menos que, a não ser que, desde que. Orações Reduzidas
- Concessivas: Expressam ideia ou fato contrário ao da oração São caracterizadas por possuírem o verbo nas formas de gerún-
principal, sem, no entanto, impedir sua realização. Conjunções: em- dio, particípio ou infinitivo. Ao contrário das demais orações subor-
bora, ainda que, apesar de, se bem que, por mais que, mesmo que. dinadas, as orações reduzidas não são ligadas através dos conecti-
- Conformativas: Expressam a conformidade de um fato com vos. Há três tipos de orações reduzidas:
outro. Conjunções: conforme, como (=conforme), segundo.
- Temporais: Acrescentam uma circunstância de tempo ao que - Orações reduzidas de infinitivo:
foi expresso na oração principal. Conjunções: quando, assim que, Infinitivo: terminações –ar, -er, -ir.
logo que, enquanto, sempre que, depois que, mal (=assim que).
- Finais: Expressam a finalidade ou o objetivo do que foi enun- Reduzida: Meu desejo era ganhar na loteria.
ciado na oração principal. Conjunções: para que, a fim de que, por- Desenvolvida: Meu desejo era que eu ganhasse na loteria.
que (=para que), que. (Oração Subordinada Substantiva Predicativa)
- Consecutivas: Expressam a consequência do que foi enuncia-
do na oração principal. Conjunções: porque, que, como (= porque), - Orações Reduzidas de Particípio:
pois que, visto que. Particípio: terminações –ado, -ido.
- Comparativas: Expressam ideia de comparação com referência
à oração principal. Conjunções: como, assim como, tal como, (tão)... Reduzida: A mulher sequestrada foi resgatada.
como, tanto como, tal qual, que (combinado com menos ou mais). Desenvolvida: A mulher que sequestraram foi resgatada. (Ora-
- Proporcionais: Expressam uma ideia que se relaciona pro- ção Subordinada Adjetiva Restritiva)
porcionalmente ao que foi enunciado na principal. Conjunções: à
medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais, quanto - Orações Reduzidas de Gerúndio:
menos. Gerúndio: terminação –ndo.
Orações Subordinadas Substantivas
São aquelas que, num período, exercem funções sintáticas pró- Reduzida: Respeitando as regras, não terão problemas.
prias de substantivos, geralmente são introduzidas pelas conjun- Desenvolvida: Desde que respeitem as regras, não terão pro-
ções integrantes que e se. blemas. (Oração Subordinada Adverbial Condicional)
- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: É aquela
que exerce a função de objeto direto do verbo da oração principal.
Observe: O filho quer a sua ajuda. (objeto direto)
EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO
- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: É aquela
que exerce a função de objeto indireto do verbo da oração princi- Para a elaboração de um texto escrito, deve-se considerar o uso
pal. Observe: Preciso de sua ajuda. (objeto indireto) adequado dos sinais de pontuação como: pontos, vírgula, ponto e
- Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: É aquela que vírgula, dois pontos, travessão, parênteses, reticências, aspas, etc.
exerce a função de sujeito do verbo da oração principal. Observe: É Tais sinais têm papéis variados no texto escrito e, se utilizados
importante sua ajuda. (sujeito) corretamente, facilitam a compreensão e entendimento do texto.
- Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal: É
aquela que exerce a função de complemento nominal de um ter- — A Importância da Pontuação
mo da oração principal. Observe: Estamos certos de sua inocência. 3
As palavras e orações são organizadas de maneira sintática,
(complemento nominal) semântica e também melódica e rítmica. Sem o ritmo e a melodia,
- Oração Subordinada Substantiva Predicativa: É aquela que os enunciados ficariam confusos e a função comunicativa seria pre-
exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal, vindo judicada.
sempre depois do verbo ser. Observe: O principal é sua felicidade. O uso correto dos sinais de pontuação garante à escrita uma
(predicativo) solidariedade sintática e semântica. O uso inadequado dos sinais de
- Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela que pontuação pode causar situações desastrosas, como em:
exerce a função de aposto de um termo da oração principal. Obser-
ve: Ela tinha um objetivo: a felicidade de todos. (aposto) 3 BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37ª ed. Rio de Janei-
ro: Nova Fronteira, 2009.

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LÍNGUA PORTUGUESA

– Não podem atirar! (entende-se que atirar está proibido) — Ponto de Exclamação
– Não, podem atirar! (entende-se que é permitido atirar) Este sinal (!) é colocado no final da oração enunciada com en-
tonação exclamativa.
— Ponto Ex.: “Que gentil que estava a espanhola!”
Este ponto simples final (.) encerra períodos que terminem por “Mas, na morte, que diferença! Que liberdade!”
qualquer tipo de oração que não seja interrogativa direta, a excla- Este sinal é colocado após uma interjeição.
mativa e as reticências. Ex.: — Olé! exclamei.
Outra função do ponto é a da pausa oracional, ao acompanhar — Ah! brejeiro!
muitas palavras abreviadas, como: p., 2.ª, entre outros.
Se o período, oração ou frase terminar com uma abreviatura, As mesmas observações vistas no ponto de interrogação, em
o ponto final não é colocado após o ponto abreviativo, já que este, relação ao emprego do ponto final e ao uso de maiúscula ou mi-
quando coincide com aquele, apresenta dupla serventia. núscula inicial da palavra seguinte, são aplicadas ao ponto de ex-
Ex.: “O ponto abreviativo põe-se depois das palavras indicadas clamação.
abreviadamente por suas iniciais ou por algumas das letras com que
se representam, v.g. ; V. S.ª ; Il.mo ; Ex.a ; etc.” (Dr. Ernesto Carneiro — Reticências
Ribeiro) As reticências (...) demonstram interrupção ou incompletude
O ponto, com frequência, se aproxima das funções do ponto e de um pensamento.
vírgula e do travessão, que às vezes surgem em seu lugar. Ex.: — “Ao proferir estas palavras havia um tremor de alegria
na voz de Marcela: e no rosto como que se lhe espraiou uma onda
Obs.: Estilisticamente, pode-se usar o ponto para, em períodos de ventura...”
curtos, empregar dinamicidade, velocidade à leitura do texto: “Era — “Não imagina o que ela é lá em casa: fala na senhora a todos
um garoto pobre. Mas tinha vontade de crescer na vida. Estudou. os instantes, e aqui aparece uma pamonha. Ainda ontem...
Subiu. Foi subindo mais. Hoje é juiz do Supremo.”. É muito utilizado
em narrações em geral. Quando colocadas no fim do enunciado, as reticências dispen-
sam o ponto final, como você pode observar nos exemplos acima.
— Ponto Parágrafo As reticências, quando indicarem uma enumeração inconclusa,
Separa-se por ponto um grupo de período formado por ora- podem ser substituídas por etc.
ções que se prendem pelo mesmo centro de interesse. Uma vez que Ao transcrever um diálogo, elas indicam uma não resposta do
o centro de interesse é trocado, é imposto o emprego do ponto pa- interlocutor. Já em citações, elas podem ser postas no início, no
rágrafo se iniciando a escrever com a mesma distância da margem meio ou no fim, indicando supressão do texto transcrito, em cada
com que o texto foi iniciado, mas em outra linha. uma dessas partes.
O parágrafo é indicado por ( § ) na linguagem oficial dos artigos Quando ocorre a supressão de um trecho de certa extensão,
de lei. geralmente utiliza-se uma linha pontilhada.
As reticências podem aparecer após um ponto de exclamação
— Ponto de Interrogação ou interrogação.
É um sinal (?) colocado no final da oração com entonação inter-
rogativa ou de incerteza, seja real ou fingida. — Vírgula
A interrogação conclusa aparece no final do enunciado e re- A vírgula (,) é utilizada:
quer que a palavra seguinte se inicie por maiúscula. Já a interro- - Para separar termos coordenados, mesmo quando ligados por
gação interna (quase sempre fictícia), não requer que a próxima conjunção (caso haja pausa).
palavra se inicia com maiúscula. Ex.: “Sim, eu era esse garção bonito, airoso, abastado”.
Ex.: — Você acha que a gramática da Língua Portuguesa é com-
plicada? IMPORTANTE!
— Meu padrinho? É o Excelentíssimo Senhor coronel Paulo Vaz Quando há uma série de sujeitos seguidos imediatamente de
Lobo Cesar de Andrade e Sousa Rodrigues de Matos. verbo, não se separa do verbo (por vírgula) o ultimo sujeito da série
.
Assim como outros sinais, o ponto de interrogação não requer Ex.: Carlos Gomes, Vítor Meireles, Pedro Américo, José de
que a oração termine por ponto final, a não ser que seja interna. Alencar tinham-nas começado.
Ex.: “Esqueceu alguma cousa? perguntou Marcela de pé, no
patamar”. - Para separar orações coordenadas aditivas, mesmo que estas
se iniciem pela conjunção e, proferidas com pausa.
Em diálogos, o ponto de interrogação pode aparecer acompa- Ex.: “Gostava muito das nossas antigas dobras de ouro, e eu
nhando do ponto de exclamação, indicando o estado de dúvida de levava-lhe quanta podia obter”.
um personagem perante diante de um fato.
Ex.: — “Esteve cá o homem da casa e disse que do próximo mês - Para separar orações coordenadas alternativas (ou, quer,
em diante são mais cinquenta... etc.), quando forem proferidas com pausa.
— ?!...” Ex.: Ele sairá daqui logo, ou eu me desligarei do grupo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

IMPORTANTE! - Algumas vezes, para indicar a elipse do verbo.


Quando ou exprimir retificação, esta mesma regra vigora. Ex.: Ele sai agora: eu, logo mais. (omitiu o verbo “sairei” após
Ex.: Teve duas fases a nossa paixão, ou ligação, ou qualquer ou- “eu”; elipse do verbo sair)
tro nome, que eu de nome não curo.
Caso denote equivalência, o ou posto entre os dois termos não - Omissão por zeugma.
é separado por vírgula. Ex.: Na classe, alguns alunos são interessados; outros, (são) re-
Ex.: Solteiro ou solitário se prende ao mesmo termo latino. lapsos. (Supressão do verbo “são” antes do vocábulo “relapsos”)
- Em aposições, a não ser no especificativo.
Ex.: “ora enfim de uma casa que ele meditava construir, para - Para indicar a interrupção de um seguimento natural das
residência própria, casa de feitio moderno...” ideias e se intercala um juízo de valor ou uma reflexão subsidiária.

- Para separar os pleonasmos e as repetições, quando não tive- - Para evitar e desfazer alguma interpretação errônea que pode
rem efeito superlativamente. ocorrer quando os termos estão distribuídos de forma irregular na
Ex.: “Nunca, nunca, meu amor!” oração, a expressão deslocada é separada por vírgula.
A casa é linda, linda. Ex.: De todas as revoluções, para o homem, a morte é a maior
e a derradeira.
- Para intercalar ou separar vocativos e apostos.
Ex.: Brasileiros, é chegada a hora de buscar o entendimento. - Em enumerações
É aqui, nesta querida escola, que nos encontramos. sem gradação: Coleciono livros, revistas, jornais, discos.
com gradação: Não compreendo o ciúme, a saudade, a dor da
- Para separar orações adjetivas de valor explicativo. despedida.
Ex.: “perguntava a mim mesmo por que não seria melhor depu-
tado e melhor marquês do que o lobo Neves, — eu, que valia mais, Não se separa por vírgula:
muito mais do que ele, — ...” - sujeito de predicado;
- objeto de verbo;
- Para separar, na maioria das vezes, orações adjetivas restritiva - adjunto adnominal de nome;
de certa extensão, ainda mais quando os verbos de duas orações - complemento nominal de nome;
distintas se juntam. - oração principal da subordinada substantiva (desde que esta
Ex.: “No meio da confusão que produzira por toda a parte este não seja apositiva nem apareça na ordem inversa).
acontecimento inesperado e cujo motivo e circunstâncias inteira-
mente se ignoravam, ninguém reparou nos dois cavaleiros...” — Dois Pontos
São utilizados:
IMPORTANTE! - Na enumeração, explicação, notícia subsidiária.
Mesmo separando por vírgula o sujeito expandido pela oração Ex.: Comprou dois presentes: um livro e uma caneta.
adjetiva, esta pontuação pode acontecer. “que (Viegas) padecia de um reumatismo teimoso, de uma
Ex.: Os que falam em matérias que não entendem, parecem asma não menos teimosa e de uma lesão de coração: era um hos-
fazer gala da sua própria ignorância. pital concentrado”
“Queremos governos perfeitos com homens imperfeitos: dis-
- Para separar orações intercaladas. parate”
Ex.: “Não lhe posso dizer com certeza, respondi eu”
- Em expressões que se seguem aos verbos dizer, retrucar, res-
- Para separar, geralmente, adjuntos adverbiais que precedem ponder (e semelhantes) e que dão fim à declaração textual, ou que
o verbo e as orações adverbiais que aparecem antes ou no meio da assim julgamos, de outrem.
sua principal. Ex.: “Não me quis dizer o que era: mas, como eu instasse muito:
Ex.: “Eu mesmo, até então, tinha-vos em má conta...” — Creio que o Damião desconfia alguma coisa”

- Para separar o nome do lugar em datas. - Em alguns casos, onde a intenção é caracterizar textualmente
Ex.: São Paulo, 14 de janeiro de 2020. o discurso do interlocutor, a transcrição aparece acompanhada de
aspas, e poucas vezes de travessão.
- Para separar os partículas e expressões de correção, continu- Ex.: “Ao cabo de alguns anos de peregrinação, atendi às supli-
ação, explicação, concessão e conclusão. cas de meu pai:
Ex.: “e, não obstante, havia certa lógica, certa dedução” — Vem, dizia ele na última carta; se não vieres depressa acha-
Sairá amanhã, aliás, depois de amanhã. rás tua mãe morta!”

- Para separar advérbios e conjunções adversativos (porém, Em expressões que, ao serem enunciadas com entonação es-
todavia, contudo, entretanto), principalmente quando pospostos. pecial, o contexto acaba sugerindo causa, consequência ou expli-
Ex.: “A proposta, porém, desdizia tanto das minhas sensações cação.
últimas...” Ex.: “Explico-me: o diploma era uma carta de alforria”

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Em expressões que possuam uma quebra na sequência das — Cansado? perguntei eu.
ideias. — Muito; aturei duas maçadas de primeira ordem (...)
Ex.: Sacudiu o vestido, ainda molhado, e caminhou.
“Não! bradei eu; não hás de entrar... não quero... Ia a lançar-lhe Neste caso, pode, ou não, combinar-se com as aspas.
as mãos: era tarde; ela entrara e fechara-se”
— Parênteses e Colchetes
— Ponto e Vírgula Estes sinais ( ) [ ] apontam a existência de um isolamento sin-
Sinal (;) que denota pausa mais forte que a vírgula, porém mais tático e semântico mais completo dentro de um enunciado, assim
fraca que o ponto. É utilizado: como estabelecem uma intimidade maior entre o autor e seu leitor.
Geralmente, o uso do parêntese é marcado por uma entonação es-
- Em trechos longos que já possuam vírgulas, indicando uma pecial.
pausa mais forte. Se a pausa coincidir com o início da construção parentética, o
Ex.: “Enfim, cheguei-me a Virgília, que estava sentada, e travei- sinal de pontuação deve aparecer após os parênteses, contudo, se
-lhe da mão; D. Plácida foi à janela” a proposição ou frase inteira for encerrada pelos parênteses, a no-
tação deve aparecer dentro deles.
- Para separar as adversativas onde se deseja ressaltar o con- Ex.: “Não, filhos meus (deixai-me experimentar, uma vez que
traste. seja, convosco, este suavíssimo nome); não: o coração não é tão
Ex.: “Não se disse mais nada; mas de noite Lobo Neves insistiu frívolo, tão exterior, tão carnal, quanto se cuida”
no projeto” “A imprensa (quem o contesta?) é o mais poderoso meio que
se tem inventado para a divulgação do pensamento”. (Carta inserta
- Em leis, separando os incisos. nos Anais da Biblioteca Nacional, vol. I) [Carlos de Laet]

- Enumeração com explicitação. - Isolar datas.


Ex.: Comprei alguns livros: de matemática, para estudar para Ex.: Refiro-me aos soldados da Primeira Guerra Mundial (1914-
o concurso; um romance, para me distrair nas horas vagas; e um 1918).
dicionário, para enriquecer meu vocabulário.
- Isolar siglas.
- Enumeração com ponto e vírgula, mas sem vírgula, para mar- Ex.: A taxa de desemprego subiu para 5,3% da população eco-
car distribuição. nomicamente ativa (PEA)...
Ex.: Comprei os produtos no supermercado: farinha para um
bolo; tomates para o molho; e pão para o café da manhã. - Isolar explicações ou retificações.
Ex.: Eu expliquei uma vez (ou duas vezes) o motivo de minha
— Travessão preocupação.
É importante não confundir o travessão (—) com o traço de
união ou hífen e com o traço de divisão empregado na partição de Os parênteses e os colchetes estão ligados pela sua função dis-
sílabas. cursiva, mas estes são utilizados quando os parênteses já foram em-
O uso do travessão pode substituir vírgulas, parênteses, colche- pregados, com o objetivo de introduzir uma nova inserção.
tes, indicando uma expressão intercalada: São utilizados, também, com a finalidade de preencher lacunas
Ex.: “... e eu falava-lhe de mil cousas diferentes — do último de textos ou para introduzir, em citações principalmente, explica-
baile, da discussão das câmaras, berlindas e cavalos, de tudo, me- ções ou adendos que deixam a compreensão do texto mais simples.
nos dos seus versos ou prosas”
— Aspas
Se a intercalação terminar o texto, o travessão é simples; caso A forma mais geral do uso das aspas é o sinal (“ ”), entretanto,
contrário, se utiliza o travessão duplo. há a possibilidade do uso das aspas simples (‘ ’) para diferentes fina-
Ex.: “Duas, três vezes por semana, havia de lhe deixar na algi- lidades, como em trabalhos científicos sobre línguas, onde as aspas
beira das calças — umas largas calças de enfiar —, ou na gaveta da simples se referem a significados ou sentidos: amare, lat. ‘amar’
mesa, ou ao pé do tinteiro, uma barata morta” port.
As aspas podem ser utilizadas, também, para dar uma expres-
IMPORTANTE! são de sentido particular, ressaltando uma expressão dentro do
Como é possível observar no exemplo, pode haver vírgula após contexto ou indicando uma palavra como estrangeirismo ou uma
o travessão. gíria.
Se a pausa coincidir com o final da sentença ou expressão que
O travessão pode, também, denotar uma pausa mais forte. está entre aspas, o competente sinal de pontuação deve ser utili-
Ex.: “... e se estabelece uma cousa que poderemos chamar —, zado após elas, se encerrarem somente uma parte da proposição;
solidariedade do aborrecimento humano” mas se as aspas abarcarem todo o período, frase, expressão ou sen-
tença, a respectiva pontuação é abrangida por elas.
Além disso, ainda pode indicar a mudança de interlocutor, na
transcrição de um diálogo, com ou sem aspas.
Ex.: — Ah! respirou Lobo Neves, sentando-se preguiçosamente
no sofá.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: “Aí temos a lei”, dizia o Florentino. “Mas quem as há de segurar? Ninguém.”
“Mísera, tivesse eu aquela enorme, aquela Claridade imortal, que toda a luz resume!”
“Por que não nasce eu um simples vaga-lume?”

- Delimitam transcrições ou citações textuais.


Ex.: Segundo Rui Barbosa: “A política afina o espírito.”

— Alínea
Apresenta a mesma função do parágrafo, uma vez que denota diferentes centros de assuntos. Como o parágrafo, requer a mudança
de linha.
De forma geral, aparece em forma de número ou letra seguida de um traço curvo.
Ex.: Os substantivos podem ser:
a) próprios
b) comuns

— Chave
Este sinal ({ }) é mais utilizado em obras científicas. Indicam a reunião de diversos itens relacionados que formam um grupo.
4
Ex.: Múltiplos de 5: {0, 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35,… }.
Na matemática, as chaves agrupam vários elementos de uma operação, definindo sua ordem de resolução.
Ex.: 30x{40+[30x(84-20x4)]}
Também podem ser utilizadas na linguística, representando morfemas.
Ex.: O radical da palavra menino é {menin-}.

— Asterisco
Sinal (*) utilizado após ou sobre uma palavra, com a intenção de se fazer um comentário ou citação a respeito do termo, ou uma ex-
plicação sobre o trecho (neste caso o asterisco se põe no fim do período).
Emprega-se ainda um ou mais asteriscos depois de uma inicial, indicando uma pessoa cujo nome não se quer ou não se pode declinar:
o Dr.*, B.**, L.***

— Barra
Aplicada nas abreviações das datas e em algumas abreviaturas.

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL

Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal
— refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
• Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa

Concordância nominal
Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gênero,
de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento,
também, aos casos específicos.
Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa.

Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o substantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.

Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.

4 https://bit.ly/2RongbC.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.

Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


É PROIBIDO Deve concordar com o substantivo quando há presença
É proibida a entrada.
É PERMITIDO de um artigo. Se não houver essa determinação, deve
É proibido entrada.
É NECESSÁRIO permanecer no singular e no masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens dizem
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
“obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes com a
volta às aulas.
Quando tem função de adjetivo para um substantivo,
Bastante criança ficou doente com a volta às
BASTANTE concorda em número com o substantivo.
aulas.
Quando tem função de advérbio, permanece invariável.
O prefeito considerou bastante a respeito da
suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” não Havia menos mulheres que homens na fila
MENOS
existe na língua portuguesa. para a festa.
As crianças mesmas limparam a sala depois
MESMO Devem concordar em gênero e número com a pessoa a
da aula.
PRÓPRIO que fazem referência.
Eles próprios sugeriram o tema da formatura.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve
Adicione meia xícara de leite.
concordar com o substantivo.
MEIO / MEIA Manuela é meio artista, além de ser
Quando tem função de advérbio, modificando um
engenheira.
adjetivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações adicionais
ANEXO INCLUSO Devem concordar com o substantivo a que se referem. As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da
mensalidade.

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um subs-
tantivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.

Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.

Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.

Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Ex-
ceto caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL

A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.

Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:

PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício; comum;
A contrário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior; leal; necessário;
nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil; visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente;
DE dotado; escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo;
natural; orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
SOBRE opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência; triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato; intolerante;
COM
mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador; negligente;
EM
perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...

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LÍNGUA PORTUGUESA

Regência verbal • Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regi- a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras.
do poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto • Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha
um objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado fica a 50 metros da esquina.
também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre tran- Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo
sitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do • Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha filha.
verbo vai depender do seu contexto. / Dei um picolé à minha filha.
Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que • Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei
fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado minha avó até à feira.
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, • Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado):
modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática: Ana da faculdade.
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem.
DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em
Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto dire- caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no
to), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo: masculino. Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo. à escola / Amanhã iremos ao colégio.

Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto in-


direto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer
COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS
o sentido completo:
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da cam- A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da
panha eleitoral. frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do prono-
me antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma
Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou
verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposi- após o verbo – ênclise.
ção) e de um objeto indireto (com preposição): De acordo com a norma culta, no português escrito não se ini-
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda cia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lingua-
à senhora. gem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita,
formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele.
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem
as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas
não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que preju-
Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma dique a eufonia da frase.
só: preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é de-
marcada com o uso do acento grave (à), de modo que crase não Próclise
é considerada um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão. Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo.
Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o em-
prego da crase: Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade.
• Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela alu- Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pa-
na. cientemente.
• Indicação de horas, em casos de horas definidas e especifica- Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise:
das: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas. Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus.
• Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui.
estresse. Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada.
• Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos dei- Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa?
xando de lado a capacidade de imaginar. Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante-
• Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor!
à esquerda. Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita!
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não se-
Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a cra- jam reduzidas: Percebia que o observavam.
se: Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando,
• Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé. tudo dá.
• Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor ter- Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus in-
mos uma reunião frente a frente. tentos são para nos prejudicarem.
• Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar.
• Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te
atender daqui a pouco.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ênclise
Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo. REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO

Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do A Reescrita de Frases é um assunto solicitado em muitos edi-
indicativo: Trago-te flores. tais. A habilidade de reescrever frases requer diferentes conheci-
Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade! mentos da Língua Portuguesa, como ortografia, acentuação, pon-
Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela pre- tuação, sintaxe, significação das palavras, as classes de palavras e
posição em: Saí, deixando-a aflita. interpretação de texto.
Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com A grande maioria das questões de Reescrita de Frases solicitará
outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise: que uma frase seja reescrita sem que haja alteração em seu sentido
Apressei-me a convidá-los. e que a correção gramatical seja preservada. Ou seja, uma frase re-
escrita deve obedecer aos padrões da norma-culta e deve manter o
Mesóclise sentido original daquilo que a frase diz.
Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo. Por isso é importante possuir boa habilidade de interpretação e
compreensão de texto, já que é necessário, antes de tudo, compre-
É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no ender aquilo que a frase está dizendo.
futuro do pretérito que iniciam a oração.
Dir-lhe-ei toda a verdade. “Desde dezembro, bombeiros salvaram mil pessoas nas praias
Far-me-ias um favor? paulistas”
Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de O que a frase acima está dizendo? Que desde o mês de dezem-
qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise. bro, os bombeiros salvaram mil pessoas nas praias do estado de São
Eu lhe direi toda a verdade. Paulo (paulistas). Este é o sentido original da frase, e note que já foi
Tu me farias um favor? realizada uma reescrita da frase. Apesar de apresentar palavras di-
ferentes, ambas falam a mesma coisa. Além disso, o exemplo acima
Colocação do pronome átono nas locuções verbais não apresenta nenhum erro gramatical.
Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal Depois de compreender o sentido da frase, você deve verifi-
não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve- car se há erros de grafia, acentuação, concordância, regência, cra-
rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal. se, pontuação. Em uma questão, se a alternativa apresentar algum
Exemplos: destes erros, você já poderá eliminá-la, pois não será a correta.
Devo-lhe dizer a verdade.
Devo dizer-lhe a verdade. Questão: (Câmara de Sertãozinho - SP - Tesoureiro - VUNESP)
Uma frase condizente com as informações do texto e escrita em
Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa é:
do auxiliar ou depois do principal. (A) Os brasileiros desconfiam de que adaptarão-se à nova reali-
Exemplos: dade do mercado de trabalho, ainda que estão entusiasmados com
Não lhe devo dizer a verdade. as novas tecnologias.
Não devo dizer-lhe a verdade. (B) Embora otimistas com os efeitos da revolução digital em
suas carreiras, os brasileiros dispõem de capacidades digitais
Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise, aquém do que imaginam.
o pronome átono ficará depois do auxiliar. (C) De acordo com lista do LinkedIn para 2018, quase metade
Exemplo: Havia-lhe dito a verdade. dos brasileiros desconhecem as habilidades que o mercado mais
necessita.
Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do (D) Fazem cinco anos apenas que certas habilidades digitais
auxiliar. passou a ser requeridas, o que significa que o cenário das empresas
Exemplo: Não lhe havia dito a verdade. mudou muito rápido.
(E) Mais de 80% dos entrevistados afirmaram que estão oti-
Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois mistas no que refere-se às novas tecnologias, mas reconhecem que
do infinitivo. não as domina.
Exemplos:
Hei de dizer-lhe a verdade. Na alternativa “A”, o correto seria “desconfiam de que se adap-
Tenho de dizer-lhe a verdade. tarão”. Esta alternativa já poderia ser eliminada.
A alternativa “C” também está incorreta, pois quem desconhe-
Observação ce as habilidades que o mercado mais necessita é quase metade
Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções: dos brasileiros, o verbo é no singular.
Devo-lhe dizer tudo. Na alternativa “D”, temos um erro logo no início. O correto é
Estava-lhe dizendo tudo. “Faz cinco anos”. Ademais, certas habilidades digitais passaram a
Havia-lhe dito tudo. ser requeridas, plural.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando o pronome relativo “que” é um fator atrativo, a prócli- Substituir verbo por substantivo
se deve ser utilizada. Por isso, na alternativa “E”, o correto seria “no Em gramática, temos o substantivo verbal, que é um substanti-
que se refere”. vo derivado do infinitivo, do gerúndio ou do particípio de um verbo.
Resta-nos a alternativa “B”, que é a correta e não apresenta Ex.: Espero que se corrija a prova.
erros. Espero a correção da prova.

Mas não basta somente verificar se há erros, é preciso muito Substituir substantivo por verbo
mais para reescrever frases e mandar bem neste tipo de questão. A ideia aqui é a mesma, só que ocorre o oposto.
É preciso ter em mente que as frases reescritas devem: Ex.: Exijo a dedicação dos alunos.
Exijo que os alunos se dediquem.
– Respeitar as sequências de ideias — A Voz Verbal
Ex.: “Você está intragável hoje. Qual é o seu problema?” Voz verbal é a forma assumida pelo verbo para indicar se o su-
Aqui, temos uma afirmação e depois uma pergunta. Essa or- jeito gramatical é agente ou paciente da ação. Existem três vozes
dem precisa ser respeitada na reescrita. Uma solução seria: Hoje verbais:
você está intragável. Posso saber por quê? – Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expres-
sa pelo verbo.
– Não omitir informação essencial Ex.: Ele | fez | o trabalho. (ele - sujeito agente) (fez - ação) (o
Utilizando o mesmo exemplo acima, se só houvesse a pergun- trabalho - objeto paciente)
ta, a informação sobre o sujeito estar intragável hoje seria omitida,
o que seria um erro. – Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a ação ex-
pressa pelo verbo.
– Não expressar opinião Ex.: O trabalho | foi feito | por ele. (O trabalho - sujeito pacien-
É uma reescrita daquilo que a frase diz, não daquilo que você te) (foi feito - ação) (por ele - agente da passiva)
acha. Não mude o sentido da frase de acordo com sua opinião.
– Reflexiva: há dois tipos de voz reflexiva:
– Utilizar vocabulário e expressões diferentes das do texto 1) Reflexiva: será chamada simplesmente de reflexiva quando o
original sujeito praticar a ação sobre si mesmo.
Afinal, é para reescrever a frase, utilizar outras palavras. Ex.: - Carla machucou-se.
– Marcos cortou-se com a faca.
— Sinônimos e Antônimos
Aproveitando o gancho, uma reescrita é utilizar palavras dife- 2) Reflexiva Recíproca: será chamada de reflexiva recíproca
rentes para dizer a mesma coisa. Para isso, nada melhor do que quando houver dois elementos como sujeito: um pratica a ação so-
conhecer os sinônimos e os antônimos. bre o outro, que pratica a ação sobre o primeiro.
Ex.: - Paula e Renato amam-se.
Sinônimos – Os jovens agrediram-se durante a festa.
São palavras diferentes que possuem o mesmo significado. – Os ônibus chocaram-se violentamente.
Ex.: Muitas pessoas conseguiram emprego.
Diversas pessoas conseguiram emprego. A mudança da voz verbal pode ser utilizada na reescrita de fra-
Apesar de diferentes, as duas palavras expressam valor de ses.
quantidade elevada. Ex.: Qualquer cidadão comprova isso.
Isso é comprovado por qualquer cidadão.
Antônimos
São palavras que se contradizem, opostos. Também podem Pode-se observar isso.
ocorrer por complementaridade (onde a negação de uma implica a Isso pode ser observado.
afirmação da outra e vice-versa).
Ex.: O rapaz estava triste. Muitas questões, inclusive, solicitam que a frase seja reescrita
O rapaz não estava feliz. em determinada voz verbal.
Ao negar a felicidade do rapaz, implica-se que este estava triste.
Questão: (TRF - 3ª REGIÃO - Técnico Judiciário - FCC) O cére-
— Verbos e Substantivos bro humano exibe diferentes padrões de atividade para diferentes
5
Os verbos e os substantivos são elementos importantes das experiências.
frases. Os substantivos compõem a classe de palavras com que se Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal
denominam os seres, animados ou inanimados, concretos ou abs- resultante será:
tratos, os estados, as qualidades, as ações. Já os verbos, são a classe (A) são exibidas
de palavras que, do ponto de vista semântico, contêm as noções de (B) são exibidos
ação, processo ou estado, e, do ponto de vista sintático, exercem a (C) exibe-se
função de núcleo do predicado das sentenças. (D) é exibido
Ao reescrever uma frase, é possível: (E) exibiam-se

5 https://bit.ly/2U03syd

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A alternativa correta é a “B”. A reescrita ficaria: “Diferentes pa- Conversarei com meu gerente a respeito do empréstimo.
drões de atividade são exibidos pelo cérebro humano para diferen-
tes experiências”. O sujeito “O cérebro humano” torna-se agente Mesmo com a alteração, a frase ainda diz a mesma coisa, o
da passiva. sujeito continua praticando a mesma ação.
— O Tempo Composto
— O Tempo Verbal Para ter um tempo composto, é preciso um verbo auxiliar e
6
Os tempos verbais indicam quando, o momento em que uma um principal. O verbo auxiliar sofrerá flexão em tempo e pessoa,
ação ocorre. Tal ação pode ocorrer no presente, no passado ou no ao mesmo tempo em que o verbo principal permanecerá sempre
futuro. no particípio.
O verbo auxiliar mais utilizado é o “ter”, contudo, o verbo “ha-
Verbo “ir” - 1ª pessoa do singular ver” também pode ser utilizado.
Indicativo
Presente: vou. Tempos compostos do indicativo
Pretérito Imperfeito: ia. – Pretérito perfeito composto do indicativo: indica uma ação
Pretérito Perfeito: fui. que ocorreu no passado de maneira repetida, e se prolonga até ao
Pretérito Mais-que-perfeito: fora. momento presente.
Futuro do Presente: irei. Ex.: Eu tenho feito exercícios todos os dias.
Futuro do Pretérito: iria.
– Pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo: indica
Subjuntivo uma ação que ocorreu no passado, antes de outra ação que tam-
Presente: que eu vá. bém ocorreu no passado.
Pretérito Imperfeito: se eu fosse. Ex.: Eu tinha feito exercícios antes de ir trabalhar.
Futuro: quando eu for.
– Futuro do presente composto do indicativo: indica uma ação
Imperativo que ocorrerá no futuro, mas que estará terminada antes de outra
Imperativo Afirmativo: #-# ação futura.
Imperativo Negativo: #-# Ex.: Eu terei feito exercícios antes de falar com minha mãe ao
entardecer.
Infinitivo
Infinitivo Pessoal: por ir eu. – Futuro do pretérito composto do indicativo: indica uma ação
que poderia ter acontecido, mas que fica condicionada a outra ação
É possível reescrever uma frase alterando o tempo verbal, sem passada.
alterar seu sentido. Ex.: Eu teria feito exercícios se tivesse dormido bastante.
Ex.: Em 1930 ocorreu a Grande Depressão.
Em 1930 ocorre a Grande Depressão. Tempos compostos do subjuntivo
– Pretérito perfeito composto do subjuntivo: indica ação que já
Mesmo com os tempos verbais alterados, o sentido da frase foi está concluída e que é anterior a outra.
preservado. Ficamos sabendo quando a Grande Depressão ocorreu. Ex.: Ninguém acredita que eu tenha feito exercícios.

— A Locução Verbal – Pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo: indica


7
Uma locução verbal é composta por um verbo principal em ação ocorrida no passado, antes de outra ação que também ocor-
uma de suas formas nominais seguido por verbo auxiliar devida- reu no passado.
mente flexionado. Ex.: Embora eu tivesse feito exercícios, ninguém acreditou.
O verbo principal expressa a ideia principal da frase. O verbo
auxiliar, por sua vez, auxilia uma das formas nominais, constituindo – Futuro composto do subjuntivo: indica ação que estará ter-
uma locução verbal, onde somente ele é conjugado. minada no futuro, antes de outra ação que também ocorrerá no
“Ainda estou assistindo àquele filme que você me indicou”. futuro.
Locução Verbal: estou assistindo Ex.: Quando eu tiver feito exercícios, todos acreditarão.
Verbo auxiliar: estou
Verbo principal: assistindo Uso das formas nominais compostas
– Infinitivo pessoal composto: indica um fato passado já con-
Ao reescrever uma frase, podemos eliminar a locução verbal e cluído. Segue as regras de uso do infinitivo pessoal simples.
manter somente o verbo. Ou podemos incluir uma locução verbal Ex.: Termos feito exercícios melhorou nosso humor.
na frase.
Ex.: Vou conversar com meu gerente a respeito do emprésti- – Infinitivo impessoal composto: indica um fato passado já con-
mo. cluído. Segue as regras de uso do infinitivo impessoal simples.
Ex.: Gostei muito de ter feito exercícios.

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7 https://bit.ly/2Rvfg9X

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LÍNGUA PORTUGUESA

– Gerúndio composto: indica uma ação prolongada que termi- – Amanhã, no discurso direto, passa para no dia seguinte no
nou antes da ação da oração principal. discurso indireto.
Ex.: Tendo feito exercícios, eu já me sentia bem melhor. – Aqui, aí, cá, no discurso direto, passam para ali e lá no dis-
curso indireto.
O tempo composto pode ser utilizado para reescrever uma fra- – Este, esta e isto, no discurso direto, passam para aquele,
se e manter seu sentido. aquela, aquilo no discurso indireto.
Ex.: Eu acabara de comer quando o telefone tocou. Há questões que solicitam a mudança de discurso.
Eu tinha acabado de comer quando o telefone tocou.
Questão: (Câmara de Fortaleza - CE - Consultor Técnico Legis-
— Discurso Direto e Indireto8 lativo - FCC) Ao se transpor o trecho O padre Lopes confessou que
não imaginara a existência de tantos doidos no mundo (1° parágra-
Discurso direto fo) para o discurso direto, o verbo sublinhado assume a seguinte
É uma transcrição exata da fala das personagens, ou de alguém, forma:
sem a participação do narrador. (A) imaginaria.
Ex.: O treinador afirmou: (B) imagino.
– O elenco precisa focar mais nos jogos. (C) imaginarei.
(D) imaginei.
Discurso indireto (E) imaginasse.
É uma intervenção do narrador no discurso ao fazer uso de suas
próprias palavras para reproduzir as falas das personagens. A alternativa correta é a “D”. O verbo “imaginar” está no preté-
Ex.: O treinador afirmara que o elenco precisava focar mais nos rito mais-que-perfeito, ao transpor para o discurso direto, vai para
jogos. o pretérito perfeito do indicativo. O padre Lopes confessou: “Eu não
imaginei a existência de tantos doidos no mundo”.
Para passar do discurso direto para o discurso indireto
Mudança das pessoas do discurso: — Substituir Locuções por Palavras (e Vice-Versa)
– A 1.ª pessoa no discurso direto passa para a 3.ª pessoa no As locuções são formadas pelo conjunto de duas ou mais pa-
discurso indireto. lavras que denotam um único significado, exercendo somente uma
– Os pronomes eu, me, mim, comigo, no discurso direto, pas- função gramatical.
sam para ele, ela, se, si, consigo, o, a, lhe no discurso indireto. As locuções se classificam de acordo com a função que desem-
– Os pronomes nós, nos, conosco, no discurso direto, passam penham na oração:
para eles, elas, os, as, lhes no discurso indireto. – Locução adjetiva: desempenha função de adjetivo;
– Os pronomes meu, meus, minha, minhas, nosso, nossos, nos- – Locução adverbial: desempenha função de advérbio;
sa, nossas, no discurso direto, passam para seu, seus, sua e suas no – Locução prepositiva: desempenha função de preposição;
discurso indireto. – Locução conjuntiva: desempenha função de conjunção;
– Locução verbal: desempenha função de verbo;
Mudança de tempos verbais: – Locução substantiva: desempenha função de substantivo;
– O presente do indicativo, no discurso direto, passa para pre- – Locução pronominal: desempenha função de pronome;
térito imperfeito do indicativo no discurso indireto. – Locução interjetiva: desempenha função de interjeição.
– O pretérito perfeito do indicativo, no discurso direto, passa
para pretérito mais-que-perfeito do indicativo no discurso indireto. Ao reescrever uma frase, é possível substituir uma locução e
– O futuro do presente do indicativo, no discurso direto, passa preservar o sentido original.
para futuro do pretérito do indicativo no discurso indireto. Ex.: A higiene da boca das crianças é muito importante. (te-
– O presente do subjuntivo, no discurso direto, passa para pre- mos uma locução adjetiva, da + substantivo boca, desempenhando
térito imperfeito do subjuntivo no discurso indireto. a função de adjetivo)
– O futuro do subjuntivo, no discurso direto, passa para preté- A higiene bucal das crianças é muito importante. (adjetivo bu-
rito imperfeito do subjuntivo no discurso indireto. cal)
– O imperativo, no discurso direto, passa para pretérito imper-
feito do subjuntivo no discurso indireto. Ficou feliz assim que soube o resultado do sorteio.
Ficou feliz quando soube o resultado do sorteio.
Mudança na pontuação das frases:
– As frases exclamativas, interrogativas imperativas, no discur- Ele fez o jantar a fim de impressionar a namorada.
so direto, passam para frases declarativas no discurso indireto. Ele fez o jantar para impressionar a namorada.

Mudança dos advérbios e adjuntos adverbiais: — Oração Desenvolvida Por Reduzida e Vice-Versa9
– Ontem, no discurso direto, passa para no dia anterior no dis- As orações reduzidas são introduzidas por formas nominais (in-
curso indireto. finitivo, gerúndio ou particípio) e não são acompanhadas por con-
– Hoje e agora, no discurso direto, passam para naquele dia e junção ou pronome relativo.
naquele momento no discurso indireto. Ex.: Oração reduzida de infinitivo: É provável ele atrasar a aula.

8 https://bit.ly/2t2i7hr 9 https://bit.ly/2O2Uw7y

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LÍNGUA PORTUGUESA

Oração reduzida de gerúndio: Mesmo atrasando a aula, ele dis- Alguns adjetivos, que aparecem antes ou depois dos substanti-
se que faria. vos, dão à frase maior ou menor ênfase.
Oração reduzida de particípio: Mesmo atrasado, ele disse que Ex.: É um alegre sujeito de boa postura.
daria a aula. É um sujeito alegre de boa postura.

Oração desenvolvida: Depois de que passar três anos nesta ci- Há maior ênfase ao substantivo e a frase no primeiro caso, pois
dade, sentia-se muito triste. o adjetivo “alegre” aparece antes dos substantivos.
Oração Reduzida: Após três anos passados nesta cidade, sen- Contudo, é bom sempre ficar atento, já que alguns adjetivos
tia-se muito triste. podem assumir significados diferentes de acordo com sua posição.
É possível reescrever uma frase optando pela forma reduzida Ex.: Moça pobre (sem recursos financeiros), pobre moça (infe-
ou desenvolvida, e ainda assim manter o sentido original. liz); jogador simples (humilde), simples jogador (mero).
Ex.: Não comendo o jantar, não terás sobremesa. Em nossa Língua Portuguesa, há a anteposição dos possesivos
Se não comeres o jantar, não terás sobremesa. aos substantivos.
Ex.: Nosso pai.
Como fizeram bagunça, os meninos ficaram de castigo. Teu olhar.
Quando fizeram bagunça, os meninos ficaram de castigo. Todavia, há uma posposição proposital quando se trata da lin-
Fazendo bagunça, os meninos ficaram de castigo. guagem enfática.
Ex.: Pai nosso, que estai no céu...
— Substituir Conectivos de Valor Semântico Equivalente Quanto meu dói um olhar teu!
Assim como os sinônimos, o mesmo vale para os conectivos
de valor semântico equivalente. Sinônimos são palavras diferentes É preferível utilizar a conjunção porém intercalada na oração.
que dizem a mesma coisa. Há, também, conectivos que, apesar de Ex.: O filme, porém, se repetia.
serem palavras diferentes, exercem a mesma função. Mesmo assim, é possível inserir tal conjunção adversativa ao
Por isso é possível substituir o conector e manter o sentido da final da oração pertencente.
frase. Ex.: O filme se repetia, porém.
Ex.: Conectivos com valor de oposição/restrição: Mas, apesar
de, no entanto, entretanto, porém, contudo, todavia, tampouco, por Lembrando que!11
outro lado. Frase: É uma junção de palavras que apresenta sentido comple-
to, mesmo que não haja um verbo para dar sentido e termina com
Eu faria todo o trabalho, mas estava cansado. uma pausa pontuada. “Socorro!”, por exemplo, é uma frase que
Eu faria todo o trabalho, porém estava cansado. apresenta sentido completo: alguém está pedindo ajuda. As frases
que apresentam verbos são constituídas de oração(ões).
Ana empurrou a amiga e a ameaçou. (valor de adição)
Ana empurrou a amiga, como também a ameaçou. (valor de Oração: Toda oração possui um verbo ou uma locução verbal.
adição) Uma frase pode conter uma ou mais orações. “Socorro, eu preciso
de ajuda!” Uma oração, sozinha, nem sempre faz sentido. Às vezes
— Ordem Das Palavras Na Frase10 ela precisa de outros elementos para ter sentido. Entretanto, sem-
As frases podem ser construídas de forma direta ou inversa. pre que houver um verbo na frase, há uma oração.
Numa frase em ordem direta, os termos regentes precedem os ter-
mos regidos: sujeito + verbo + complementos e/ou adjuntos: Período: Um período é uma frase que possui uma oração ou
Ex.: Roberto / fez / uma casa de pássaros em seu quintal. mais: “Quando ele apareceu, mostrou as garras com as quais ata-
caria.”. Aqui, há três verbos, ou seja, mais de uma oração, o que
Já na ordem inversa, há alteração na sequência normal dos ter- compõe um período composto. Um período simples apresenta so-
mos. mente uma oração que se agrupa em torno de apenas um verbo ou
Ex.: Em seu quintal, Roberto fez uma casa de pássaros. locução verbal: “Faltam somente alguns dias.”.

Por apresentar maior sentimentalismo, transmitir mais emo- Há algumas questões de concursos públicos que podem solici-
ção, a ordem inversa aparece mais na literatura. tar para que diversas frases sejam reescritas em apenas um único
período, sem que o sentido da frase seja alterado.
Há mais...
Um período pode ser organizado de diversas maneiras, sem Questão: (TRF - 3ª REGIÃO - Técnico Judiciário - FCC)
que isso altere seu sentido original. Existe uma enfermidade moderna que afeta dois terços dos
Ex.: Ele notou a ponta de sarcasmo em seu sorriso. adultos. // Essa enfermidade é a privação de sono crônica, que vem
Em seu sorriso, ele notou a ponta de sarcasmo. crescendo na esteira de dispositivos que emitem luz azul. (1° pará-
Ele notou, em seu sorriso, a ponta de sarcasmo. grafo)
A ponta de sarcasmo, ele notou em seu sorriso.

10 https://bit.ly/2RtO1wG 11 https://bit.ly/2RvjdeN

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LÍNGUA PORTUGUESA

As frases acima estão reescritas em um único período, com cor- – enquanto.


reção e coerência, do seguinte modo: Opção: ao passo que.
(A) Afetam dois terços dos adultos a privação de sono crônica,
uma enfermidade moderna, que tem crescido na esteira dos dispo- – inclusive (a não ser quando significa incluindo-se).
sitivos que emitem luz azul. Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também.
(B) Uma enfermidade moderna, à qual afeta dois terços dos
adultos, é a privação de sono crônica, que tem crescido na esteira – no sentido de, com vistas a.
de dispositivos que emitem luz azul. Opção: a fim de, para, com a finalidade de, tendo em vista.
(C) A enfermidade moderna, que vem afetando dois terços dos
adultos e crescendo na esteira de dispositivos dos quais emitem luz – pois (no início da oração).
azul é a privação de sono crônica. Opção: já que, porque, uma vez que, visto que.
(D) Tem vindo crescendo junto aos dispositivos que emitem luz
azul, a privação de sono crônica: uma enfermidade moderna, que – principalmente.
afeta dois terços dos adultos. Opção: especialmente, sobretudo, em especial, em particular.
(E) A privação de sono crônica, uma enfermidade moderna que
vem crescendo na esteira de dispositivos que emitem luz azul, afeta Expressões que demandam atenção
dois terços dos adultos. – acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se.
– aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser e estar,
Na alternativa “A” o sujeito não concorda com “a privação de aceito.
sono crônica”. Por isso deve ser flexionado no singular “Afeta dois – acendido, aceso (formas similares) – idem.
terços...”. – à custa de – e não às custas de.
Na alternativa “B”, há o uso incorreto da crase em “à qual”, o – à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo que, con-
correto seria “a qual”. forme.
Na alternativa “C” o correto seria “os quais emitem luz azul”, – na medida em que – tendo em vista que, uma vez que.
pois os dispositivos são quem emitem a luz azul. – a meu ver – e não ao meu ver.
Na alternativa “D”, o sujeito é “a privação de sono crônica”, que – a ponto de – e não ao ponto de.
está sendo separada, incorretamente, do verbo por vírgula. – a posteriori, a priori – não tem valor temporal.
Resta a alternativa “E”, que está correta. As vírgulas isolam o – em termos de – modismo; evitar.
aposto explicativo de maneira correta. – enquanto que – o que é redundância.
– entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a.
— Dicas para uma boa escrita – implicar em – a regência é direta (sem em).
– ir de encontro a – chocar-se com.
Expressões Condenáveis Uso Recomendado – ir ao encontro de – concordar com.
– se não, senão – quando se pode substituir por caso não, se-
A nível de / Ao nível Em nível, No nível parado; quando não se pode, junto.
Ante, Diante, Em face de, Em – todo mundo – todos.
Face a / Frente a – todo o mundo – o mundo inteiro.
vista de, Perante
– não pagamento = hífen somente quando o segundo termo
Onde (Quando não exprime Em que, Na qual, Nas quais, for substantivo.
lugar) No qual, Nos quais – este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a tempo
Sob um ponto de vista De um ponto de vista presente; a futuro próximo; ao anunciar e a que se está tratando).
– esse e isso – referência longe do falante e perto do ouvinte
Sob um prisma Por (ou através de) um prisma
(tempo futuro, desejo de distância; tempo passado próximo do pre-
Em virtude de, Por causa de, sente, ou distante ao já mencionado e a ênfase).
Em função de Em consequência de, Por, Em
razão de
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
Expressões não recomendadas
– a partir de (a não ser com valor temporal). Este é um estudo da semântica, que pretende classificar os
Opção: com base em, tomando-se por base, valendo-se de... sentidos das palavras, as suas relações de sentido entre si. Conheça
as principais relações e suas características:
– através de (para exprimir “meio” ou instrumento).
Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio de, se- Sinonímia e antonímia
gundo... As palavras sinônimas são aquelas que apresentam significado
semelhante, estabelecendo relação de proximidade. Ex: inteligente
– devido a. <—> esperto
Opção: em razão de, em virtude de, graças a, por causa de. Já as palavras antônimas são aquelas que apresentam signifi-
cados opostos, estabelecendo uma relação de contrariedade. Ex:
– dito. forte <—> fraco
Opção: citado, mencionado.

33
LÍNGUA PORTUGUESA

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pro- SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE TRECHOS DE
núncia semelhantes, porém com significados distintos. TEXTO
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfe-
go (trânsito) X tráfico (comércio ilegal). Para a realização de exercícios de substituição de palavras e ex-
As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma pressões de um texto, é necessário algum conhecimento gramatical
grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo prévio.
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta). Substituir uma palavra pode parecer simples, porém é uma
As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma ação que possui certa complexidade. Não basta apenas substituir a
pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (nu- palavra em si, é preciso atenção para manter o sentido original da
meral) X sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical). frase; em suma, quando substituímos uma palavra de uma frase,
As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual, nenhum erro gramatical ou semântico pode ocorrer.
porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver- Justamente por isso o conhecimento gramatical prévio é de ex-
bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo). trema importância, afinal o ato de substituir palavras ou expressões
requer inúmeras habilidades.
Polissemia e monossemia Imagine só que uma determinada questão solicite que você
As palavras polissêmicas são aquelas que podem apresentar substitua tal palavra por um sinônimo? Como você vai responder
mais de um significado, a depender do contexto em que ocorre a se não souber o que é um sinônimo? Ou pode ser que a questão
frase. Ex: cabeça (parte do corpo humano; líder de um grupo). apresente uma alternativa onde é preciso substituir uma figura de
Já as palavras monossêmicas são aquelas apresentam apenas linguagem, ou até mesmo alternativas onde a regência ou concor-
um significado. Ex: eneágono (polígono de nove ângulos). dância precisa ser mantida.
Denotação e conotação Por exemplo: “O menino ficou muito triste porque sua bola fu-
Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam rou”.
um sentido objetivo e literal. Ex: Está fazendo frio. / Pé da mulher.
Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam A palavra triste poderia ser substituída por chateado, e ainda
um sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé assim a frase manteria seu significado original.
da cadeira. Essa mesma frase poderia ser reescrita dessa forma: “A bola
furou, por isso o menino ficou triste”. Veja como a frase foi alterada,
Hiperonímia e hiponímia porém ainda diz a mesma coisa.
Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de signi- Já a conjunção porque pode ser substituída por pois, já que
ficado entre as palavras. ambas são conjunções explicativas.
Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que Como você pode ver, não se trata de algo tão simples assim,
tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão. entretanto, não é nenhum bicho de sete cabeças. Basta ter bastan-
Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, por- te atenção, ler a questão com atenção, verificar o que é solicitado.
tanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex: Também cabe aqui a interpretação de textos, pois muitas vezes ha-
Limão é hipônimo de fruta. verá um texto que deverá ser lido e a expressão a ser substituída
será retirada desse mesmo texto, sendo assim, antes de substituir
Formas variantes será preciso compreender o texto.
São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem Algumas habilidades que você deve possuir para substituir pa-
que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – in- lavras ou expressões de textos são: significação das palavras (se-
farto / gatinhar – engatinhar. mântica), ortografia, classes de palavras (morfologia), figuras de
linguagem e de sintaxe, regência e concordância (nominal e verbal)
Arcaísmo e interpretação de texto.
São palavras antigas, que perderam o uso frequente ao longo
do tempo, sendo substituídas por outras mais modernas, mas que
ainda podem ser utilizadas. No entanto, ainda podem ser bastante REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE ORAÇÕES E DE
encontradas em livros antigos, principalmente. Ex: botica <—> far- PERÍODOS DO TEXTO
mácia / franquia <—> sinceridade.
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado
em tópicos anteriores.

REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS E


NÍVEIS DE FORMALIDADE

Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado


em tópicos anteriores.

34
LÍNGUA PORTUGUESA

que se faz da língua, de maneira diversa daquele da literatura, do


REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIAS OFICIAIS. MANUAL texto jornalístico, da correspondência particular, etc. Apresentadas
DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA essas características fundamentais da redação oficial, passemos à
análise pormenorizada de cada uma delas.
O que é Redação Oficial12
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira A Impessoalidade
pela qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações. A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela
Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do Poder Executivo. A reda- escrita. Para que haja comunicação, são necessários:
ção oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão a) alguém que comunique,
culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade. b) algo a ser comunicado, e
Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que c) alguém que receba essa comunicação.
dispõe, no artigo 37: “A administração pública direta, indireta ou
fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do No caso da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de lega- Público (este ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Di-
lidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. visão, Serviço, Seção); o que se comunica é sempre algum assunto
Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios fundamentais de relativo às atribuições do órgão que comunica; o destinatário dessa
toda administração pública, claro está que devem igualmente nor- comunicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro ór-
tear a elaboração dos atos e comunicações oficiais. Não se concebe gão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União. Perce-
que um ato normativo de qualquer natureza seja redigido de forma be-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser dado aos
obscura, que dificulte ou impossibilite sua compreensão. A transpa- assuntos que constam das comunicações oficiais decorre:
rência do sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibili- a) da ausência de impressões individuais de quem comunica:
dade, são requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável que embora se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Che-
um texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade fe de determinada Seção, é sempre em nome do Serviço Público
implica, pois, necessariamente, clareza e concisão. Além de atender que é feita a comunicação. Obtém-se, assim, uma desejável padro-
à disposição constitucional, a forma dos atos normativos obedece nização, que permite que comunicações elaboradas em diferentes
a certa tradição. Há normas para sua elaboração que remontam ao setores da Administração guardem entre si certa uniformidade;
período de nossa história imperial, como, por exemplo, a obrigato- b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com
riedade – estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro de duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre
1822 – de que se aponha, ao final desses atos, o número de anos concebido como público, ou a outro órgão público. Nos dois casos,
transcorridos desde a Independência. Essa prática foi mantida no temos um destinatário concebido de forma homogênea e impes-
período republicano. Esses mesmos princípios (impessoalidade, cla- soal;
reza, uniformidade, concisão e uso de linguagem formal) aplicam-se c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o uni-
às comunicações oficiais: elas devem sempre permitir uma única in- verso temático das comunicações oficiais se restringe a questões
terpretação e ser estritamente impessoais e uniformes, o que exige que dizem respeito ao interesse público, é natural que não cabe
o uso de certo nível de linguagem. Nesse quadro, fica claro também qualquer tom particular ou pessoal. Desta forma, não há lugar na
que as comunicações oficiais são necessariamente uniformes, pois redação oficial para impressões pessoais, como as que, por exem-
há sempre um único comunicador (o Serviço Público) e o receptor plo, constam de uma carta a um amigo, ou de um artigo assinado de
dessas comunicações ou é o próprio Serviço Público (no caso de jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação oficial deve ser
expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjunto dos isenta da interferência da individualidade que a elabora. A concisão,
cidadãos ou instituições tratados de forma homogênea (o público). a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos valemos para
Outros procedimentos rotineiros na redação de comunicações elaborar os expedientes oficiais contribuem, ainda, para que seja
oficiais foram incorporados ao longo do tempo, como as formas de alcançada a necessária impessoalidade.
tratamento e de cortesia, certos clichês de redação, a estrutura dos
expedientes, etc. Mencione-se, por exemplo, a fixação dos fechos A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais
para comunicações oficiais, regulados pela Portaria no 1 do Ministro A necessidade de empregar determinado nível de linguagem
de Estado da Justiça, de 8 de julho de 1937, que, após mais de meio nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio ca-
século de vigência, foi revogado pelo Decreto que aprovou a primei- ráter público desses atos e comunicações; de outro, de sua finalida-
ra edição deste Manual. Acrescente-se, por fim, que a identificação de. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de caráter normati-
que se buscou fazer das características específicas da forma oficial vo, ou estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, ou regulam
de redigir não deve ensejar o entendimento de que se proponha o funcionamento dos órgãos públicos, o que só é alcançado se em
a criação – ou se aceite a existência – de uma forma específica de sua elaboração for empregada a linguagem adequada. O mesmo
linguagem administrativa, o que coloquialmente e pejorativamente se dá com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de
se chama burocratês. Este é antes uma distorção do que deve ser a informar com clareza e objetividade. As comunicações que partem
redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões e clichês dos órgãos públicos federais devem ser compreendidas por todo e
do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção de frases. qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar
A redação oficial não é, portanto, necessariamente árida e infensa à o uso de uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há
evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar com im- dúvida que um texto marcado por expressões de circulação restrita,
pessoalidade e máxima clareza – impõe certos parâmetros ao uso como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem
sua compreensão dificultada. Ressalte-se que há necessariamente
12 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm uma distância entre a língua falada e a escrita. Aquela é extrema-

35
LÍNGUA PORTUGUESA

mente dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração de padrão. O estabelecimento desse padrão, uma das metas deste Ma-
costumes, e pode eventualmente contar com outros elementos que nual, exige que se atente para todas as características da redação
auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, etc. Para oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. A clareza
mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis por essa distân- datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto definitivo e a
cia. Já a língua escrita incorpora mais lentamente as transforma- correta diagramação do texto são indispensáveis para a padroniza-
ções, tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas de ção. Consulte o Capítulo II, As Comunicações Oficiais, a respeito de
si mesma para comunicar. A língua escrita, como a falada, compre- normas específicas para cada tipo de expediente.
ende diferentes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por
exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer de deter- Concisão e Clareza
minado padrão de linguagem que incorpore expressões extrema- A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do
mente pessoais ou coloquiais; em um parecer jurídico, não se há de texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo
estranhar a presença do vocabulário técnico correspondente. Nos de informações com um mínimo de palavras. Para que se redija com
dois casos, há um padrão de linguagem que atende ao uso que se essa qualidade, é fundamental que se tenha, além de conhecimento
faz da língua, a finalidade com que a empregamos. O mesmo ocorre do assunto sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revisar
com os textos oficiais: por seu caráter impessoal, por sua finalidade o texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes se
de informar com o máximo de clareza e concisão, eles requerem o percebem eventuais redundâncias ou repetições desnecessárias
uso do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão cul- de ideias. O esforço de sermos concisos atende, basicamente ao
to é aquele em que a) se observam as regras da gramática formal, princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de empre-
e b) se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários gar o mínimo de palavras para informar o máximo. Não se deve de
do idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do forma alguma entendê-la como economia de pensamento, isto é,
padrão culto na redação oficial decorre do fato de que ele está aci- não se devem eliminar passagens substanciais do texto no afã de
ma das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos reduzi-lo em tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar palavras
modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitindo, inúteis, redundâncias, passagens que nada acrescentem ao que já
por essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos foi dito. Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em
os cidadãos. todo texto de alguma complexidade: ideias fundamentais e ideias
Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade secundárias. Estas últimas podem esclarecer o sentido daquelas de-
de expressão, desde que não seja confundida com pobreza de ex- talhá-las, exemplificá-las; mas existem também ideias secundárias
pressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto implica empre- que não acrescentam informação alguma ao texto, nem têm maior
go de linguagem rebuscada, nem dos contorcionismos sintáticos e relação com as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas. A
figuras de linguagem próprios da língua literária. Pode-se concluir, clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial, conforme
então, que não existe propriamente um “padrão oficial de lingua- já sublinhado na introdução deste capítulo. Pode-se definir como
gem”; o que há é o uso do padrão culto nos atos e comunicações claro aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor.
oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de determinadas No entanto a clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende
expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das for- estritamente das demais características da redação oficial. Para ela
mas sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se con- concorrem:
sagre a utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações
burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre que poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto;
sua compreensão limitada. A linguagem técnica deve ser empre- b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de en-
gada apenas em situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso tendimento geral e por definição avesso a vocábulos de circulação
indiscriminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vo- restrita, como a gíria e o jargão;
cabulário próprio a determinada área, são de difícil entendimento c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a impres-
por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cuidado, cindível uniformidade dos textos;
portanto, de explicitá-los em comunicações encaminhadas a outros d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguís-
órgãos da administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos. ticos que nada lhe acrescentam.
Outras questões sobre a linguagem, como o emprego de neologis-
mo e estrangeirismo, são tratadas em detalhe em 9.3. Semântica. É pela correta observação dessas características que se redige
com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo
Formalidade e Padronização texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, e de erros gramaticais provém principalmente da falta da releitu-
obedecem a certas regras de forma: além das já mencionadas exi- ra que torna possível sua correção. Na revisão de um expediente,
gências de impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, é deve-se avaliar, ainda, se ele será de fácil compreensão por seu
imperativo, ainda, certa formalidade de tratamento. Não se trata destinatário. O que nos parece óbvio pode ser desconhecido por
somente da eterna dúvida quanto ao correto emprego deste ou da- terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos assuntos em de-
quele pronome de tratamento para uma autoridade de certo nível corrência de nossa experiência profissional muitas vezes faz com
(v. a esse respeito 2.1.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento); que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre
mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à civilidade é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técni-
no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação. cos, o significado das siglas e abreviações e os conceitos específicos
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária que não possam ser dispensados. A revisão atenta exige, necessa-
uniformidade das comunicações. Ora, se a administração federal é riamente, tempo. A pressa com que são elaboradas certas comu-
una, é natural que as comunicações que expede sigam um mesmo nicações quase sempre compromete sua clareza. Não se deve pro-

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LÍNGUA PORTUGUESA

ceder à redação de um texto que não seja seguida por sua revisão. Emprego dos Pronomes de Tratamento
“Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece
Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no redigir. a secular tradição. São de uso consagrado:
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
As comunicações oficiais
A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo, se- a) do Poder Executivo;
guir os preceitos explicitados no Capítulo I, Aspectos Gerais da Presidente da República;
Redação Oficial. Além disso, há características específicas de cada Vice-Presidente da República;
tipo de expediente, que serão tratadas em detalhe neste capítulo. Ministros de Estado;
Antes de passarmos à sua análise, vejamos outros aspectos comuns Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Fe-
a quase todas as modalidades de comunicação oficial: o emprego deral;
dos pronomes de tratamento, a forma dos fechos e a identificação Oficiais-Generais das Forças Armadas;
do signatário. Embaixadores;
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de
Pronomes de Tratamento cargos de natureza especial;
Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
Breve História dos Pronomes de Tratamento Prefeitos Municipais.
O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem
larga tradição na língua portuguesa. De acordo com Said Ali, após b) do Poder Legislativo:
serem incorporados ao português os pronomes latinos tu e vos, Deputados Federais e Senadores;
“como tratamento direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a Ministro do Tribunal de Contas da União;
palavra”, passou-se a empregar, como expediente linguístico de dis- Deputados Estaduais e Distritais;
tinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no tratamento de Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais;
pessoas de hierarquia superior. Prossegue o autor: “Outro modo de Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.
tratamento indireto consistiu em fingir que se dirigia a palavra a um
atributo ou qualidade eminente da pessoa de categoria superior, e c) do Poder Judiciário:
não a ela própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu rei com Ministros dos Tribunais Superiores;
o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...); assim usou-se Membros de Tribunais;
o tratamento ducal de vossa excelência e adotou-se na hierarquia Juízes;
eclesiástica vossa reverência, vossa paternidade, vossa eminência, Auditores da Justiça Militar.
vossa santidade. ” A partir do final do século XVI, esse modo de
tratamento indireto já estava em voga também para os ocupantes O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos
de certos cargos públicos. Vossa mercê evoluiu para vosmecê, e de- Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respec-
pois para o coloquial você. E o pronome vós, com o tempo, caiu em tivo:
desuso. É dessa tradição que provém o atual emprego de pronomes Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
de tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos às autorida- Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,
des civis, militares e eclesiásticas. Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Fede-
ral.
Concordância com os Pronomes de Tratamento
Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta) As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor,
apresentam certas peculiaridades quanto à concordância verbal, seguido do cargo respectivo:
nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa gra- Senhor Senador,
matical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige a comuni- Senhor Juiz,
cação), levam a concordância para a terceira pessoa. É que o verbo Senhor Ministro,
concorda com o substantivo que integra a locução como seu núcleo Senhor Governador,
sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto”; “Vossa Excelên-
cia conhece o assunto”. Da mesma forma, os pronomes possessivos No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às
referidos a pronomes de tratamento são sempre os da terceira pes- autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte forma:
soa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa... vos-
so...”). Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero A Sua Excelência o Senhor
gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e Fulano de Tal
não com o substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso in- Ministro de Estado da Justiça
terlocutor for homem, o correto é “Vossa Excelência está atarefa- 70.064-900 – Brasília. DF
do”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa
Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”. A Sua Excelência o Senhor
Senador Fulano de Tal
Senado Federal
70.165-900 – Brasília. DF

37
LÍNGUA PORTUGUESA

A Sua Excelência o Senhor Fechos para Comunicações


Fulano de Tal O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade
Juiz de Direito da 10a Vara Cível óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos
Rua ABC, no 123 para fecho que vinham sendo utilizados foram regulados pela Por-
01.010-000 – São Paulo. SP taria nº1 do Ministério da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze
padrões. Com o fito de simplificá-los e uniformizá-los, este Manual
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes para to-
digníssimo (DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dig- das as modalidades de comunicação oficial:
nidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da Re-
sendo desnecessária sua repetida evocação. pública:
Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e Respeitosamente,
para particulares. O vocativo adequado é: b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia in-
Senhor Fulano de Tal, ferior:
(...) Atenciosamente,

No envelope, deve constar do endereçamento: Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a au-
Ao Senhor toridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, de-
Fulano de Tal vidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério das
Rua ABC, nº 123 Relações Exteriores.
70.123 – Curitiba. PR
Identificação do Signatário
Como se depreende do exemplo acima fica dispensado o em- Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da Repú-
prego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem blica, todas as demais comunicações oficiais devem trazer o nome e
o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local de sua assina-
uso do pronome de tratamento Senhor. Acrescente-se que doutor tura. A forma da identificação deve ser a seguinte:
não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo
indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o apenas em (espaço para assinatura)
comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem NOME
concluído curso universitário de doutorado. É costume designar por Chefe da Secretária-geral da Presidência da República
doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em
Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a dese- (espaço para assinatura)
jada formalidade às comunicações. Mencionemos, ainda, a forma NOME
Vossa Magnificência, empregada por força da tradição, em comu- Ministro de Estado da Justiça
nicações dirigidas a reitores de universidade. Corresponde-lhe o
vocativo: Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura
em página isolada do expediente. Transfira para essa página ao me-
Magnífico Reitor, nos a última frase anterior ao fecho.
(...)
O Padrão Ofício
Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela fi-
hierarquia eclesiástica, são: nalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e o memorando. Com
o fito de uniformizá-los, pode-se adotar uma diagramação única,
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O voca- que siga o que chamamos de padrão ofício. As peculiaridades de
tivo correspondente é: cada um serão tratadas adiante; por ora busquemos as suas seme-
Santíssimo Padre, lhanças.
(...)
Partes do documento no Padrão Ofício
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em co- O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes
municações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo: partes:
Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal, o expede:
(...) Exemplos:
Mem. 123/2002-MF Aviso 123/2002-SG Of. 123/2002-MME
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações
dirigidas a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Se- b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinha-
nhoria Reverendíssima para Monsenhores, Cônegos e superiores mento à direita:
religiosos. Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos Exemplo:
e demais religiosos. 13
Brasília, 15 de março de 1991.

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LÍNGUA PORTUGUESA

c) assunto: resumo do teor do documento d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impres-
Exemplos: sos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda
Assunto: Produtividade do órgão em 2002. e direta terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores. espelho”);
e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distân-
d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida cia da margem esquerda;
a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído também o en- f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no míni-
dereço. mo, 3,0 cm de largura;
g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; 5 O
e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento constante neste item aplica-se também à exposição de motivos e à
de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura: mensagem (v. 4. Exposição de Motivos e 5. Mensagem).
– Introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura, h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de
na qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não
uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre- comportar tal recurso, de uma linha em branco;
-me informar que”, empregue a forma direta; i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado,
– Desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer
contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do
em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição; documento;
– Conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapresen- j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel
tada a posição recomendada sobre o assunto. branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos
Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos e ilustrações;
em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos. l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser
Já quando se tratar de mero encaminhamento de documentos impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;
a estrutura é a seguinte: m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo
– Introdução: deve iniciar com referência ao expediente que Rich Text nos documentos de texto;
solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem
sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comu- ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou apro-
nicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos veitamento de trechos para casos análogos;
do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e as- o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem
sunto de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado, ser formados da seguinte maneira: tipo do documento + número do
segundo a seguinte fórmula: documento + palavras-chaves do conteúdo Ex.: “Of. 123 - relatório
“Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991, enca- produtividade ano 2002”
minho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 1990, do Depar-
tamento Geral de Administração, que trata da requisição do servi- Aviso e Ofício
dor Fulano de Tal. ” Ou “Encaminho, para exame e pronunciamento, — Definição e Finalidade
a anexa cópia do telegrama no 12, de 1o de fevereiro de 1991, do Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial pratica-
Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, a respeito de mente idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expe-
projeto de modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste. ” dido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de
– Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas
algum comentário a respeito do documento que encaminha, pode- demais autoridades. Ambos têm como finalidade o tratamento de
rá acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário, assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e,
não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou ofício de mero no caso do ofício, também com particulares.
encaminhamento.
— Forma e Estrutura
f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações); Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do padrão
ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário (v. 2.1
g) assinatura do autor da comunicação; e Pronomes de Tratamento), seguido de vírgula.
Exemplos:
h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do Signa- Excelentíssimo Senhor Presidente da República
tário). Senhora Ministra
Senhor Chefe de Gabinete
Forma de diagramação Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguin-
Os documentos do Padrão Ofício5 devem obedecer à seguinte tes informações do remetente:
forma de apresentação: – Nome do órgão ou setor;
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo – Endereço postal;
12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé; – telefone E endereço de correio eletrônico.
b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman po-
der-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
c) é obrigatória constar a partir da segunda página o número
da página;

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LÍNGUA PORTUGUESA

Memorando também a estrutura do padrão ofício –, além de outros comentá-


rios julgados pertinentes por seu autor, devem, obrigatoriamente,
— Definição e Finalidade apontar:
O memorando é a modalidade de comunicação entre unidades a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da
administrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquica- medida ou do ato normativo proposto;
mente em mesmo nível ou em nível diferente. Trata-se, portanto, b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou
de uma forma de comunicação eminentemente interna. Pode ter aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e even-
caráter meramente administrativo, ou ser empregado para a ex- tuais alternativas existentes para equacioná-lo;
posição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou
determinado setor do serviço público. Sua característica principal é qual ato normativo deve ser editado para solucionar o problema.
a agilidade. A tramitação do memorando em qualquer órgão deve
pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de procedimentos buro- Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição
cráticos. Para evitar desnecessário aumento do número de comuni- de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte
cações, os despachos ao memorando devem ser dados no próprio modelo previsto no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de março
documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continuação. de 2002.
Esse procedimento permite formar uma espécie de processo sim- Anexo à Exposição de Motivos do (indicar nome do Ministério
plificado, assegurando maior transparência à tomada de decisões, ou órgão equivalente) nº de 200.
e permitindo que se historie o andamento da matéria tratada no
memorando. 1. Síntese do problema ou da situação que reclama providências
2. Soluções e providências contidas no ato normativo ou na
— Forma e Estrutura medida proposta
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão 3. Alternativas existentes às medidas propostas
ofício, com a diferença de que o seu destinatário deve ser mencio- Mencionar:
nado pelo cargo que ocupa. - Se há outro projeto do Executivo sobre a matéria;
Exemplos: - Se há projetos sobre a matéria no Legislativo;
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Ao Sr. Subche- - Outras possibilidades de resolução do problema.
fe para Assuntos Jurídicos
4. Custos
Exposição de Motivos Mencionar:
- Se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orça-
— Definição e Finalidade mentária anual; se não, quais as alternativas para custeá-la;
Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente da - Se é o caso de solicitar-se abertura de crédito extraordinário,
República ou ao Vice-Presidente para: especial ou suplementar;
a) informá-lo de determinado assunto; - Valor a ser despendido em moeda corrente;
b) propor alguma medida; ou
c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo. 5. Razões que justificam a urgência (a ser preenchido somente
se o ato proposto for medido provisória ou projeto de lei que deva
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da tramitar em regime de urgência)
República por um Ministro de Estado. Mencionar:
Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um Mi- - Se o problema configura calamidade pública;
nistério, a exposição de motivos deverá ser assinada por todos os - Por que é indispensável a vigência imediata;
Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de intermi- - Se se trata de problema cuja causa ou agravamento não te-
nisterial. nham sido previstos;
- Se se trata de desenvolvimento extraordinário de situação já
— Forma e Estrutura prevista.
Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação do
padrão ofício (v. 3. O Padrão Ofício). O anexo que acompanha a 6. Impacto sobre o meio ambiente (sempre que o ato ou medi-
exposição de motivos que proponha alguma medida ou apresente da proposta possa vir a tê-lo)
projeto de ato normativo, segue o modelo descrito adiante. A ex- 7. Alterações propostas
posição de motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta duas 8. Síntese do parecer do órgão jurídico
formas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter Com base em avaliação do ato normativo ou da medida pro-
exclusivamente informativo e outra para a que proponha alguma posta à luz das questões levantadas no item 10.4.3.
medida ou submeta projeto de ato normativo. A falta ou insuficiência das informações prestadas pode acar-
No primeiro caso, o da exposição de motivos que simplesmen- retar, a critério da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil,
te leva algum assunto ao conhecimento do Presidente da República, a devolução do projeto de ato normativo para que se complete o
sua estrutura segue o modelo antes referido para o padrão ofício. exame ou se reformule a proposta. O preenchimento obrigatório do
Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Pre- anexo para as exposições de motivos que proponham a adoção de
sidente da República a sugestão de alguma medida a ser adotada alguma medida ou a edição de ato normativo tem como finalidade:
ou a que lhe apresente projeto de ato normativo – embora sigam a) permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca
resolver;

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LÍNGUA PORTUGUESA

b) ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do pro- encaminhada com aviso do Chefe da Casa Civil da Presidência da
blema e dos efeitos que pode ter a adoção da medida ou a edição República ao Primeiro Secretário da Câmara dos Deputados, para
do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput). Quan-
na elaboração de proposições normativas no âmbito do Poder Exe- to aos projetos de lei financeira (que compreendem plano pluria-
cutivo (v. 10.4.3.). nual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos adicio-
c) conferir perfeita transparência aos atos propostos. nais), as mensagens de encaminhamento dirigem-se aos Membros
do Congresso Nacional, e os respectivos avisos são endereçados ao
Dessa forma, ao atender às questões que devem ser analisadas Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão é que o art. 166
na elaboração de atos normativos no âmbito do Poder Executivo, da Constituição impõe a deliberação congressual sobre as leis fi-
o texto da exposição de motivos e seu anexo complementam-se e nanceiras em sessão conjunta, mais precisamente, “na forma do
formam um todo coeso: no anexo, encontramos uma avaliação pro- regimento comum”. E à frente da Mesa do Congresso Nacional está
funda e direta de toda a situação que está a reclamar a adoção de o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 57, § 5o), que co-
certa providência ou a edição de um ato normativo; o problema a manda as sessões conjuntas. As mensagens aqui tratadas coroam o
ser enfrentado e suas causas; a solução que se propõe, seus efeitos processo desenvolvido no âmbito do Poder Executivo, que abrange
e seus custos; e as alternativas existentes. O texto da exposição de minucioso exame técnico, jurídico e econômico-financeiro das ma-
motivos fica, assim, reservado à demonstração da necessidade da térias objeto das proposições por elas encaminhadas. Tais exames
providência proposta: por que deve ser adotada e como resolverá o materializam-se em pareceres dos diversos órgãos interessados no
problema. Nos casos em que o ato proposto for questão de pessoal assunto das proposições, entre eles o da Advocacia-Geral da União.
(nomeação, promoção, ascensão, transferência, readaptação, rever- Mas, na origem das propostas, as análises necessárias constam da
são, aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, exoneração, exposição de motivos do órgão onde se geraram (v. 3.1. Exposição
demissão, dispensa, disponibilidade, aposentadoria), não é necessário de Motivos) – exposição que acompanhará, por cópia, a mensagem
o encaminhamento do formulário de anexo à exposição de motivos. de encaminhamento ao Congresso.
Ressalte-se que: b) encaminhamento de medida provisória.
– A síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição,
não dispensa o encaminhamento do parecer completo; o Presidente da República encaminha mensagem ao Congresso,
– O tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos dirigida a seus membros, com aviso para o Primeiro Secretário do
pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão dos Senado Federal, juntando cópia da medida provisória, autenticada
comentários a serem ali incluídos. pela Coordenação de Documentação da Presidência da República.
c) indicação de autoridades.
Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação
a atenção aos requisitos básicos da redação oficial (clareza, concisão, de pessoas para ocuparem determinados cargos (magistrados dos
impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão culto de Tribunais Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e Diretores do
linguagem) deve ser redobrada. A exposição de motivos é a principal Banco Central, Procurador-Geral da República, Chefes de Missão Di-
modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos plomática, etc.) têm em vista que a Constituição, no seu art. 52, inci-
Ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia sos III e IV, atribui àquela Casa do Congresso Nacional competência
ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou, ainda, ser publicada privativa para aprovar a indicação. O curriculum vitae do indicado,
no Diário Oficial da União, no todo ou em parte. devidamente assinado, acompanha a mensagem.
d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presiden-
Mensagem te da República se ausentarem do País por mais de 15 dias. Trata-
-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e 83), e a
— Definição e Finalidade autorização é da competência privativa do Congresso Nacional. O
É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Presidente da República, tradicionalmente, por cortesia, quando a
Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a cada
do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato Casa do Congresso, enviando-lhes mensagens idênticas.
da Administração Pública; expor o plano de governo por ocasião e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de
da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional concessão de emissoras de rádio e TV. A obrigação de submeter
matérias que dependem de deliberação de suas Casas; apresentar tais atos à apreciação do Congresso Nacional consta no inciso XII
veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a
de interesse dos poderes públicos e da Nação. Minuta de mensa- outorga ou renovação da concessão após deliberação do Congresso
gem pode ser encaminhada pelos Ministérios à Presidência da Re- Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). Descabe pedir na mensagem
pública, a cujas assessorias caberá a redação final. As mensagens a urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o § 1o do
mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional têm as se- art. 223 já define o prazo da tramitação. Além do ato de outorga
guintes finalidades: ou renovação, acompanha a mensagem o correspondente processo
a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, complemen- administrativo.
tar ou financeira. Os projetos de lei ordinária ou complementar são f) encaminhamento das contas referentes ao exercício ante-
enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de urgência rior. O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após a
(Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). Cabe lembrar que o projeto pode abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacional as
ser encaminhado sob o regime normal e mais tarde ser objeto de contas referentes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, XXIV),
nova mensagem, com solicitação de urgência. Em ambos os casos, para exame e parecer da Comissão Mista permanente (Constitui-
a mensagem se dirige aos Membros do Congresso Nacional, mas é

41
LÍNGUA PORTUGUESA

ção, art. 166, § 1o), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a — Forma e Estrutura
tomada de contas (Constituição, art. 51, II), em procedimento disci- As mensagens contêm:
plinado no art. 215 do seu Regimento Interno. a) a indicação do tipo de expediente e de seu número, horizon-
g) mensagem de abertura da sessão legislativa. talmente, no início da margem esquerda:
Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a situação Mensagem no
do País e solicitação de providências que julgar necessárias (Cons- b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo
tituição, art. 84, XI). O portador da mensagem é o Chefe da Casa do destinatário, horizontalmente, no início da margem esquerda;
Civil da Presidência da República. Esta mensagem difere das demais Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,
porque vai encadernada e é distribuída a todos os Congressistas em c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo;
forma de livro. d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e
h) comunicação de sanção (com restituição de autógrafos). horizontalmente fazendo coincidir seu final com a margem direita.
Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Nacio- A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente
nal, encaminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da Casa onde da República, não traz identificação de seu signatário.
se originaram os autógrafos. Nela se informa o número que tomou
a lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos recebidos, Telegrama
nos quais o Presidente da República terá aposto o despacho de san-
ção. — Definição e Finalidade
i) comunicação de veto. Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os proce-
Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66, dimentos burocráticos, passa a receber o título de telegrama toda
§ 1o), a mensagem informa sobre a decisão de vetar, se o veto é comunicação oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. Por
parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos cofres públicos
vai publicado na íntegra no Diário Oficial da União (v. 4.2. Forma e e tecnologicamente superada, deve restringir-se o uso do telegra-
Estrutura), ao contrário das demais mensagens, cuja publicação se ma apenas àquelas situações que não seja possível o uso de correio
restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo. (v. 19.6.Veto) eletrônico ou fax e que a urgência justifique sua utilização e, tam-
j) outras mensagens. bém em razão de seu custo elevado, esta forma de comunicação
Também são remetidas ao Legislativo com regular frequência deve pautar-se pela concisão (v. 1.4. Concisão e Clareza).
mensagens com:
– Encaminhamento de atos internacionais que acarretam en- — Forma e Estrutura
cargos ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I); Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estrutura
– Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às opera- dos formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu sítio
ções e prestações interestaduais e de exportação na Internet.
(Constituição, art. 155, § 2o, IV);
– Proposta de fixação de limites globais para o montante da Fax
dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI);
– Pedido de autorização para operações financeiras externas — Definição e Finalidade
(Constituição, art. 52, V); e outros. O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é uma for-
Entre as mensagens menos comuns estão as de: ma de comunicação que está sendo menos usada devido ao desen-
– Convocação extraordinária do Congresso Nacional (Constitui- volvimento da Internet. É utilizado para a transmissão de mensa-
ção, art. 57, § 6o); gens urgentes e para o envio antecipado de documentos, de cujo
– Pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da conhecimento há premência, quando não há condições de envio do
República (art. 52, XI, e 128, § 2o); documento por meio eletrônico. Quando necessário o original, ele
– Pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobi- segue posteriormente pela via e na forma de praxe. Se necessário
lização nacional (Constituição, art. 84, XIX); o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia xerox do fax e não com
– Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz o próprio fax, cujo papel, em certos modelos, se deteriora rapida-
(Constituição, art. 84, XX); mente.
– Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua
prorrogação (Constituição, art. 136, § 4o); — Forma e Estrutura
– Pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Cons- Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura
tituição, art. 137); que lhes são inerentes. É conveniente o envio, juntamente com o
– Relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio documento principal, de folha de rosto, i. é., de pequeno formulário
ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único); com os dados de identificação da mensagem a ser enviada, confor-
– Proposta de modificação de projetos de leis financeiras me exemplo a seguir:
(Constituição, art. 166, § 5o);
– Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem Correio Eletrônico
despesas correspondentes, em decorrência de veto, emenda ou re-
jeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, — Definição e finalidade
§ 8o); Correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e celeridade,
– Pedido de autorização para alienar ou conceder terras públi- transformou-se na principal forma de comunicação para transmis-
cas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188, § 1o); etc. são de documentos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

— Forma e Estrutura
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua estru-
tura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma comunicação oficial (v. 1.2 A Linguagem dos Atos e Comuni-
cações Oficiais). O campo assunto do formulário de correio eletrônico mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a organização
documental tanto do destinatário quanto do remetente. Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, preferencialmente, o
formato Rich Text. A mensagem que encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu conteúdo. Sempre que dispo-
nível, deve-se utilizar recurso de confirmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar na mensagem o pedido de confirmação
de recebimento.
—Valor documental
Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor documental, i. é, para que possa ser aceito
como documento original, é necessário existir certificação digital que ateste a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.

QUESTÕES

1.( CEBRASPE (CESPE) - AAAJ (DP DF)/DP DF/DIREITO E LEGISLAÇÃO/2022)


Acerca dos sentidos, das ideias e dos aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue o item a seguir.
Em O processo, a antevisão do inferno em que se transformaria a burocracia moderna, das culpas imputadas, da tortura anônima e
da morte que caracterizam os regimes totalitários do século vinte já é um lugar-comum. O trucidamento (literal) de que K. tornou-se um
ícone do homicídio político. “A colônia penal” de Kafka transformou-se em realidade pouco depois de sua morte, quando também os te-
mas da aniquilação e dos “vermes”, de sua Metamorfose, adquiriram macabra realidade. A realização concreta de suas premonições, com
pormenores de clarividência, está indissociavelmente relacionada às suas fantasias aparentemente desvairadas. Haveria algum sentido em
pensar que, de alguma forma, as previsões claramente formuladas na ficção de Kafka, em O processo principalmente, teriam contribuído
para que de fato ocorressem? Seria possível que uma profecia articulada de maneira tão impiedosa tivesse outro destino que não a sua re-
alização? As três irmãs de K. e sua Milena morreram em campos de concentração. O judeu da Europa Central que Kafka ironizou e celebrou
foi extinto de maneira abominável. Em termos espirituais, existe a possibilidade de Franz Kafka ter sentido seus dons proféticos como uma
visitação de culpa, de que a capacidade de antever o tivesse exposto demais às suas emoções. K. torna-se o cúmplice, perplexo, porém
quase impaciente, do crime perpetrado contra ele. Coexistem, em todos os suicídios, a apologia e a aquiescência. Como diz o sacerdote,
em triste zombaria (seria mesmo zombaria?): “A justiça nada quer de ti. Acolhe-te quando vens e te deixa ir quando partes”. Essa formula-
ção está muito próxima de ser uma definição da vida humana, da liberdade de ser culpado, que é a liberdade concedida ao homem expulso
do Paraíso. Quem, senão Kafka, teria sido capaz de dizer isso em tão poucas palavras? Ou se saber condenado por ter sido capaz de fazê-lo?
George Steiner. Um comentário sobre O processo d e Kafka. In: Nenhuma paixão desperdiçada. Tradução de Maria Alice Máximo. Rio de Janeiro:
Record, 2001 (com adaptações
Conforme as regras oficiais de grafia, “Coexistem” poderia ser grafado alternativamente como Co-existem.
( ) CERTO
( ) ERRADO

2.(CEBRASPE (CESPE) - TAMB (ICMBIO)/ICMBIO/2022)


Texto
A respeito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o próximo item.
Sem prejuízo da correção gramatical e dos sentidos do texto, a expressão “por serem”, ao final do primeiro parágrafo, poderia ser
substituída por por que eram
( ) CERTO
( ) ERRADO

3.(CEBRASPE (CESPE) - AFTE (SEFAZ RR)/SEFAZ RR/2021)


Texto CG1A1-I
Começarei por vos contar em brevíssimas palavras um fato notável da vida camponesa ocorrido numa aldeia dos arredores de Flo-
rença há mais de quatrocentos anos. Permito-me pedir toda a vossa atenção para este importante acontecimento histórico porque, ao
contrário do que é corrente, a lição moral extraível do episódio não teráde esperar o fim do relato, saltar-vos-á ao rosto não tarda.
Estavam os habitantes nas suas casas ou a trabalhar nos cultivos quando se ouviu soar o sino da igreja. O sino ainda tocou por alguns
minutos mais, finalmente calo -se. Instantes depois a porta abria-se e um camponês aparecia no limiar. Ora, não sendo este o homem
encarregado de tocar habitualmente o sino, compreende-se que os vizinhos lhe tenham perguntado onde se encontrava o sineiro e quem
era o morto. “O sineiro não está aqui, eu é que toquei o sino”, foi a resposta do camponês.
“Mas então não morreu ninguém?”, tornaram os vizinhos, e o camponês respondeu: “Ninguém que tivesse nome e figura de gente,
toquei a finados pela Justiça porquea Justiça está morta”.
Que acontecera? Acontecera que o ganancioso senhor do lugar andava desde há tempos a mudar de sítio os marcos das estre-
mas das suas terras. O lesado tinhacomeçado por protestar e reclamar, depois implorou compaixão, e finalmente resolveu queixar-se
às autoridades e acolher-se à proteção da justiça. Tudo sem resultado,a espoliação continuou. Então, desesperado, decidiu anunciar

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LÍNGUA PORTUGUESA

a morte da Justiça. Não sei o que sucedeu depois, não sei se o mesmo país”. Esse entendimento perdura na definição de endemia
braço popular foi ajudar o camponês arepor as estremas nos seus encontrada nos léxicos especializados em terminologia médica de
sítios, ou se os vizinhos, uma vez que a Justiça havia sido declarada várias línguas.
defunta, regressaram resignados, de cabeça baixa e alma sucumbi- Pandemia, palavra de origem grega, formada com o prefixo
da, à triste vida de todos os dias. neutro pan e pelo morfema demos (povo), foi pela primeira vez em-
Suponho ter sido esta a única vez que, em qualquer parte do pregada por Platão, em seu livro Das Leis. Platão a usou no sentido
mundo, um sino chorou a morte da Justiça. Nunca mais tornou a genérico, referindo-se a qualquer acontecimento capaz de alcan-
ouvir-se aquele fúnebre dobre da aldeiade Florença, mas a Justiça çar toda a população. Com esse mesmo sentido, foi também
continuou e continua a morrer todos os dias. Agora mesmo, neste utilizada porAristóteles.
instante, longe ou aqui ao lado, à porta da nossa casa, alguém a está O conceito moderno de pandemia é o de uma epidemia
matando. De cada vez que morre, é como se afinal nunca tivesse de grandes proporções, que se espalha por vários países e por
existido para aqueles que nela tinham confiado, para aqueles que mais de um continente. Exemplo tantas vezescitado é o da gripe
dela esperavam o que da Justiçatodos temos o direito de esperar: espanhola, que se seguiu à I Guerra Mundial, nos anos de 1918 e
justiça, simplesmente justiça. Não a que se envolve em túnicas de 1919, e que causou a morte de cerca de 20 milhões de pessoas em
teatro e nos confunde com flores de vã retórica judicialista, não todo o mundo.
aque permitiu que lhe vendassem os olhos e viciassem os pesos da Joffre M. de Rezende. Epidemia, endemia, pandemia, epidemiologia.
balança, não a da espada que sempre corta mais para um lado que In: Revista de Patologia Tropical, v. 27, n.º 1, p. 153-155, jan.-
para o outro, mas uma justiça pedestre, uma justiça companheira -jun./1998 (com adaptações).
cotidiana dos homens, uma justiça para quem o justo seria o mais Os vocábulos “países” e “línguas”, presentes no texto 15A2-
rigoroso sinônimo do ético, uma justiça que chegasse a ser tão in- I, possuem a mesma classificação quanto à tonicidade, porém
dispensável à felicidade do espírito como indispensável à vida é um difere do outro quanto à regra empregadapara a utilização do
o alimento do corpo. Uma justiça exercida pelos tribunais, sem acento agudo. Assinale a opção que indica a correta classificação
dúvida, sempre que a isso osdeterminasse a lei, mas também, desses vocábulos quanto à tonicidade e que explica corretamente
e sobretudo, uma justiça que fosse a emanação espontânea da as regras de acentuação aplicadas a eles.
própria sociedade em ação, uma justiça em que se manifestasse, (A) Ambos os vocábulos são paroxítonos, contudo “lín-
comoum iniludível imperativo moral, o respeito pelo direito a ser guas” é acentuado porque sua última sílaba contém um
que a cada ser humano assiste. ditongo crescente átono, ao passo que “países” éacentua-
José Saramago. Este mundo da injustiça globalizada. do porque sua sílaba tônica forma um hiato com a vogal da
Internet: <dominiopublico.gov.br> (com adaptações). sílaba anterior.
No trecho ‘Ninguém que tivesse nome e figura de gente, (B) Ambos os vocábulos são proparoxítonos, contudo “lín-
toquei a finados pela Justiça porque a Justiça está morta’, no guas” é acentuado porque sua última sílaba contém um
parágrafo do texto CG1A1-I, o vocábulo justiça ditongo decrescente átono, ao passo que “países” éacentua-
está empregado com letra inicial maiúscula porque, nesse do porque sua última sílaba termina com “s”.
caso, há (C) Ambos os vocábulos são paroxítonos, contudo “línguas”
(A) a intenção de destacar o termo em função de sua posição é acentuado porque sua última sílaba termina com “s”, ao
sintática. passo que “países” é acentuado porque suasílaba tônica
(B) o uso de simbologias para ampliar o significado do termo forma um hiato com a vogal da sílaba anterior.
justiça. (D) Ambos os vocábulos são oxítonos, contudo “línguas” é
(C) a intenção de subverter o significado do termo justiça. acentuado porque tem três sílabas, ao passo que “países” é
(D) o objetivo de introduzir um neologismo. acentuado porque sua sílaba tônica contém umditongo cres-
(E) a personificação do termo justiça. cente.
(E) Ambos os vocábulos são proparoxítonos, contudo “lín-
4.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEED PR)/SEED PR/SÉRIES guas” é acentuado porque tem duas sílabas, ao passo que
INICIAIS/2021) “países” é acentuado porque tem três sílabas.
Texto 15A2-I
Quando se indaga sobre a diferença entre epidemia e ende- 5.(CEBRASPE (CESPE) - ANA LEG (ALECE)/ALECE/LÍNGUA
mia, surge, imediatamente, a ideia de que a epidemia se carac- PORTUGUESA/GRAMÁTICA NORMATIVA E REVISÃO ORTO-
teriza pela incidência, em curto período detempo, de grande nú- GRÁFICA/2021)
mero de casos de uma doença, ao passo que a endemia se traduz Texto 14A1-I
pelo aparecimento de menor número de casos ao longo do tempo. A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê-
A distinção entre epidemia e endemia não pode ser feita, -la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para
entretanto, com base apenas na maior ou menor incidência de compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas
determinada enfermidade em uma população. Seo elevado núme- línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escri-
ro de casos novos e sua rápida difusão constituem a principal tores. Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples
característica da epidemia, já não basta o critério quantitativo depósito depalavras que circulam em uma comunidade, nem a
para a definição de endemia.O que define o caráter endêmico de um sistema gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos
uma doença é o fato de ela ser peculiar a um povo, a um país ou a estável numa sociedade, numa estação do ano,num sexo, numa
uma região. A própria etimologia da palavra endemia denota esse região, numa família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe
atributo: endemos, em grego clássico, significa “originário de um social, naquela rua, num determinado dia, num livro e quase nunca
país”, “referente a um país”, “encontrado entre os habitantes de um num país inteiro.

44
LÍNGUA PORTUGUESA

A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade uni- inseguro dos valores que se move o escritor. E é apenas nesse ter-
tária. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a reno de valores que a forma da palavra pode ganhar seu estatuto
matéria da literatura não é um sistema abstrato de regras e rela- estético, a sua dignidade poética, historicamente flutuante.
ções, uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de A língua do escritor é uma entidade necessariamente impura,
universais semânticos como tem sido a língua para uma corrente contaminada, suja de intenções, povoada previamente de muitas
consideráveldos cientistas da língua. Justamente por serem abstra- outras línguas (do mesmo idioma ou fora dele), de milhões de vo-
tos, justamente por serem apenas fonemas e justamente por serem zes. Se nessa diversidade essencial está a riqueza de quem es-
universais, esses elementos primeiros são desprovidos de significa- creve, nela também está a sua fronteira necessária, e, em última
do: servindo a todos, não servem a ninguém. De fato, não che- instância, a suaética. Para formar a minha palavra, eu preciso da pa-
gam a se constituir em “língua”, face a outra parte indispensável lavra do outro compartilhando com ela a força e o valor de origem.
da palavra: ofalante. A palavra que eu tomo em minhas mãos, como ensina Bakhtin, não
O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadei- é nunca um objeto inerte: há sempre um coração alheio batendo
ro território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele nela, outra intenção, uma vida diferente da minha vida, com a qual
pode ser considerado uma entidade universal? Isso interessa por- eu preciso me entender. Assim, a minha liberdade de criação, a mi-
que, no exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz nha palavra, tem na autonomia da voz do outro o seu limite. O que
do falante, ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que parece a natureza mesma da linguagem, o seu duplo, talvez possa
não équalquer chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro, se transformar, para o escritor, na sua ética.
o ar que se respira, o tempo, o dia, a hora, toda a soma das Internet: <http://www.cristovaotezza.com.br> (com adaptações).
intenções muito específicas convertidas no impulso da palavra; e, Assinale a opção em que a palavra apresentada está grafada
é claro, a ninguém interessa o que a palavra quer dizer de velha corretamente, de acordo com a vigente ortografia oficial da língua
(isso até o dicionário sabe), mas o que ela quer dizer de nova, isto portuguesa.
é, o que é novo e surpreendente no que se diz. Esse espetáculo das (A) antinflamatório
vozes que falam sem parar no mundo em torno, ou nesse mundo (B) semi-circular
em torno, nesse exato momento, é a vida indispensável de quem (C) vai-e-vem
escreve. É nessa diversidade imensa e imediata que se move quem (D) autoavaliação
escreve, o ouvido atento. (E) panamericano
Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da
sua matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdo- 6.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEDUC AL)/SEDUC AL/POR-
bramos a palavra, descobrimos que quem lhedá vida não é exa- TUGUÊS/2021)
tamente o falante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que, Quem sou eu?
numa redução ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma pala- Se negro sou, ou sou bode, Pouco importa. O que isto pode?
vra que dispensasseos outros para fazer sentido, ela seria uma pa- Bodes há de toda a casta,
lavra natimorta, um objeto opaco à espera de um criptólogo que Pois que a espécie é muita vasta...Há cinzentos, há rajados,
lhe rompesse o isolamento, como um Champollion diantede uma Baios, pampas e malhados, Bodes negros, bodes brancos,E, se-
pedra no meio do caminho, mas então a suposta pureza original jamos todos francos,
autossuficiente estaria destruída. Uns plebeus, e outros nobres,Bodes ricos, bodes pobres, Bo-
Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter- des sábios, importantes,
ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num E também alguns tratantes... Aqui, nesta boa terra, Marram
sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos todos, tudo berra;Nobres Condes e Duquesas,Ricas Damas e Mar-
nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo quesas, Deputados, senadores,Gentis-homens, vereadores; Belas
de se tornarem voz), quanto o que nós dizemos (e são eles, os Damas emproadas,
outros,que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir De nobreza empantufadas; Repimpados principotes, Orgulho-
a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são sos fidalgotes,
uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos Frades, Bispos, Cardeais,Fanfarrões imperiais.
e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais Gentes pobres, nobres gentes,Em todos há meus parentes. En-
remoto oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa, tre a brava militança
mesmo láouviríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria Fulge e brilha alta bodança;Guardas, Cabos, Furriéis, Brigadei-
interminável dos que nos ouvem. ros, Coronéis,
Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi- Destemidos Marechais,Rutilantes Generais,
nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros; Capitães de mar e guerra,
nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da — Tudo marra, tudo berra —Na suprema eternidade, Onde ha-
linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas bita a Divindade, Bodes há santificados,
sons ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que Que por nós são adorados.Entre o coro dos Anjinhos
nãofalamos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vis- Também há muitos bodinhos.O amante de Siringa
ta, sonhos, acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a Tinha pelo e má catinga;
linguagem como certa ou errada (excetonos cadernos escolares), O deus Midas, pelas contas,Na cabeça tinha pontas;
mas como verdadeira, mentirosa, bela, nojenta, comovente, deli- Jovem quando foi menino,Chupitou leite caprino;
rante, horrível, ofensiva, carinhosa... É exatamente nesse pântano E, segundo o antigo mito, Também Fauno foi cabrito.Nos
domínios de Plutão,Guarda um bode o Alcorão;Nos lundus e nas
modinhas São cantadas as bodinhas:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pois se todos têm rabicho,Para que tanto capricho? Haja paz, Luís Gama. Quem sou eu? In: Sílvio Romero. História da litera-
haja alegria, tura brasileira.
Folgue e brinque a bodaria;Cesse, pois, a matinada, Porque Rio de Janeiro: Garnier, 1888. Internet: <www.brasiliana.usp.br> (com
tudo é bodarrada.uís Gama. Quem sou eu? In: Sílvio Romero. His- adaptações).
tória da literatura brasileira. Glossário
Rio de Janeiro: Garnier, 1888. Internet: <www.brasiliana.usp.br> (com Siringa: belíssima ninfa da água na mitologia clássica. Midas:
adaptações). personagem da mitologia grega, rei da Frígia.
Glossário Jove: ou Júpiter, ou Zeus, deus dos deuses e dos homens.Fau-
Siringa: belíssima ninfa da água na mitologia clássica. Midas: no: deus romano protetor dos pastores e rebanhos.
personagem da mitologia grega, rei da Frígia. Plutão: ou Hades, deus que possuía as chaves do reino dos
Jove: ou Júpiter, ou Zeus, deus dos deuses e dos homens.Fau- mortos.
no: deus romano protetor dos pastores e rebanhos. Com relação a aspectos linguísticos do poema Quem sou eu?,
Plutão: ou Hades, deus que possuía as chaves do reino dos anteriormente apresentado, julgue o próximo item.
mortos. O poeta lança mão de processos de derivação sufixal para criar
Com relação a aspectos linguísticos do poema Quem sou eu?, novas palavras a partir do radical do substantivo “bode”.
anteriormente apresentado, julgue o próximo item. ( ) CERTO
A palavra “guerra” é escrita com seis letras, mas possui ape- ( ) ERRADO
nas quatro fonemas.
( ) CERTO 8.(CEBRASPE (CESPE) - ESPFAEP (DEPEN)/DEPEN/ENFER-
( ) ERRADO MAGEM/2021)
No dia 31 de outubro de 1861, depois de um conturbado pro-
7.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEDUC AL)/SEDUC AL/POR- cesso de construção, que durou cerca de três décadas, a Bahia
TUGUÊS/2021) inaugurou a sua primeira penitenciária, que recebeu oficialmente o
Quem sou eu? nome de Casa de Prisão com Trabalho. A instituição foi construída
Se negro sou, ou sou bode, Pouco importa. O que isto pode? numa área pantanosa, na periferia da cidade de Salvador.
Bodes há de toda a casta, A implantação da penitenciária fazia parte do projeto civiliza-
Pois que a espécie é muita vasta...Há cinzentos, há rajados, dor oitocentista, e o Brasil acompanhava uma tendência mundial
Baios, pampas e malhados, Bodes negros, bodes brancos,E, se- de modernização do sistema prisional, queteve início na Inglater-
jamos todos francos, ra e nos Estados Unidos no final do século XVIII. As execuções
Uns plebeus, e outros nobres,Bodes ricos, bodes pobres, Bo- e as torturas em praças públicas, utilizadas para atemorizar a
des sábios, importantes, quem estivesse planejando novos crimes, foram, gradativamente,
E também alguns tratantes...Aqui, nesta boa terra, Marram to- abandonadas. Entrava em cena a penalidade moderna, que plane-
dos, tudo berra; java privar o criminoso do seu bem maior — a sua liberdade —,
Nobres Condes e Duquesas,Ricas Damas e Marquesas, Depu- internando-o numa instituição construída especificamente para
tados, senadores, recuperá-lo, que recebeu o nome de penitenciária. O seu fun-
Gentis-homens, vereadores;Belas Damas emproadas, cionamento era regido pornormas que seriam aplicadas de acor-
De nobreza empantufadas; Repimpados principotes, Orgulho- do com o modelo penitenciário escolhido pelas autoridades, mas
sos fidalgotes, utilizavam-se elementos como o trabalho, a religião, a disciplina,
Frades, Bispos, Cardeais,Fanfarrões imperiais. ouso de uniformes e, sobretudo, o isolamento como métodos de
Gentes pobres, nobres gentes,Em todos há meus parentes. En- punição e recuperação.
tre a brava militança Dessa forma, esperava-se criar um “novo homem”, que
Fulge e brilha alta bodança;Guardas, Cabos, Furriéis, Brigadei- seria devolvido à sociedade com todos os atributos necessários
ros, Coronéis, à convivência social, principalmente para otrabalho. Foi com essa
Destemidos Marechais,Rutilantes Generais, expectativa que os reformadores baianos implantaram a Casa de
Capitães de mar e guerra, Prisão com Trabalho.
— Tudo marra, tudo berra —Na suprema eternidade, Onde ha- Cláudia Moraes Trindade. O nascimento de uma penitenciária:os pri-
bita a Divindade, Bodes há santificados, meiros presos da Casa de Prisão com Trabalho da Bahia (1860-1865).
Que por nós são adorados.Entre o coro dos Anjinhos In: Tempo, Niterói, v. 16, n. 30, p. 167-196, 2011 (com adaptações).
Também há muitos bodinhos.O amante de Siringa Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto an-
Tinha pelo e má catinga; terior, julgue o item que se segue.
O deus Midas, pelas contas,Na cabeça tinha pontas; Com o uso do artigo definido na contração “do” em “do proje-
Jove quando foi menino,Chupitou leite caprino; to civilizador oitocentista” (no início do segundo parágrafo), pres-
E, segundo o antigo mito, Também Fauno foi cabrito.Nos do- supõe-se que a autora parte do princípio deque os leitores tenham
mínios de Plutão, conhecimento prévio acerca desse projeto.
Guarda um bode o Alcorão; Nos lundus e nas modinhas São ( ) CERTO
cantadas as bodinhas: Pois se todos têm rabicho, Para que tanto ( ) ERRADO
capricho?
Haja paz, haja alegria, Folgue e brinque a bodaria;Cesse, pois,
a matinada, Porque tudo é bodarrada.

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LÍNGUA PORTUGUESA

9.(CEBRASPE (CESPE) - ESP GT (TELEBRAS)/TELEBRAS/ agonizantes e povos decadentes”. O terror manda cumprir esses
ADVOGADO/2022) julgamentos, mas no seu tribunal todos os interessados são
É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber subjetivamente inocentes: os assassinados porque nada fizeram
comunicar o que você quer. Imagine-se entrando numa loja para contra o regime, e os assassinos porque realmente não assas-
comprar um... um... como é mesmo o nome? sinaram, mas executaram uma sentença de morte pronunciada
“Posso ajudá-lo, cavalheiro?” por um tribunal superior. Os próprios governantes não afirmam
“Pode. Eu quero um daqueles, daqueles...” serem justos ou sábios, mas apenas executores de leis, teóricas ou
“Pois não?” naturais; não aplicam leis, mas executam um movimento segundo
“Um... como é mesmo o nome?” a sua lei inerente.
“Sim?” No governo constitucional, as leis positivas destinam-se a
“Pomba! Um... um... Que cabeça a minha! A palavra me esca- erigir fronteiras e a estabelecer canais de comunicação entre os
pou por completo. É uma coisa simples, conhecidíssima.” homens, cuja comunidade é continuamenteposta em perigo pelos
“Sim, senhor.” novos homens que nela nascem. A estabilidade das leis corres-
“O senhor vai dar risada quando souber.” ponde ao constante movimento de todas as coisas humanas, um
“Sim, senhor.” movimento que jamais pode cessar enquanto os homens nasçam
“Olha, é pontuda, certo?” e morram. As leis circunscrevem cada novo começo e, ao mesmo
“O quê, cavalheiro?” tempo, asseguram a sua liberdade de movimento, a potencialidade
“Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende? Depois de algo inteiramente novo e imprevisível; os limites das leis positi-
vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo, e na outra vas são para a existência política do homem o que a memória é para
ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta tem outra a sua existência histórica: garantem a preexistência de um mundo
volta, só que esta é mais fechada. E tem um, um... Uma espécie de, comum, a realidade de certa continuidade que transcende a du-
como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a outra ponta; ração individual de cada geração, absorve todas asnovas origens
a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, fica fechado. É e delas se alimenta.
isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende?” Confundir o terror total com um sintoma de governo tirânico
“Infelizmente, cavalheiro...” é tão fácil, porque o governo totalitário tem de conduzir-se como
“Ora, você sabe do que eu estou falando.” uma tirania e põe abaixo as fronteiras dalei feita pelos homens.
“Estou me esforçando, mas...” Mas o terror total não deixa atrás de si nenhuma ilegalidade
“Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa arbitrária, e a sua fúria não visa ao benefício do poder despótico
ponta, certo?” de um homemcontra todos, muito menos a uma guerra de todos
“Se o senhor diz, cavalheiro.” contra todos. Em lugar das fronteiras e dos canais de comunicação
Luís Fernando Veríssimo. Comunicação. entre os homens individuais, constrói um cinturãode ferro que os
Acerca das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos do cinge de tal forma que é como se a sua pluralidade se dissolvesse
texto precedente, julgue o item a seguir. em Um-Só-Homem de dimensões gigantescas. Abolir as cercas da
Os adjetivos ‘conhecidíssima’ (sétimo parágrafo) e ‘pontuda’ lei entre os homens
(décimo primeiro parágrafo) qualificam o mesmo termo no texto, — como o faz a tirania — significa tirar dos homens os seus
mas do emprego do primeiro se depreendemais intensidade que direitos e destruir a liberdade como realidade política viva, pois o
do segundo. espaço entre os homens, delimitado pelasleis, é o espaço vital da
( ) CERTO liberdade.
( ) ERRADO Hannah Arendt. Origens do totalitarismo. Internet:<www.dhnet.org.
br> (com adaptações).
10.(CEBRASPE (CESPE) - ADP (DPE RO)/DPE RO/ADMINIS- No parágrafo do texto CG1A1-I, o verbo “erigir” tem o mesmo
TRAÇÃO/2022) sentido de
Texto CG1A1-I (A) manter.
O terror torna-se total quando independe de toda oposição; (B) derrubar.
reina supremo quando ninguém mais lhe barra o caminho. Se a (C) alargar.
legalidade é a essência do governo nãotirânico e a ilegalidade é a (D) construir.
essência da tirania, então o terror é a essência do domínio totalitá- (E) reduzir.
rio. O terror é a realização da lei do movimento.
O seu principal objetivo é tornar possível, à força da natureza
ou da história, propagar-se livremente por toda a humanidade, sem
o estorvo de qualquer ação humana espontânea. Como tal, o ter-
ror procura “estabilizar” os homens, a fim de liberar as forças
da natureza ou da história. Esse movimento seleciona os inimi-
gos dahumanidade contra os quais se desencadeia o terror, e não
pode permitir que qualquer ação livre, de oposição ou de simpatia,
interfira com a eliminação do “inimigo objetivo” da história ou da
natureza, da classe ou da raça. Culpa e inocência viram con-
ceitos vazios; “culpado” é quem estorva o caminho do proces-
so natural ouhistórico que já emitiu julgamento quanto às “raças
inferiores”, quanto a quem é “indigno de viver”, quanto a “classes

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LÍNGUA PORTUGUESA

11.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEDUC AL)/SEDUC AL/ 12.(CEBRASPE (CESPE) - ESP GT (TELEBRAS)/TELEBRAS/
PORTUGUÊS/2021) ADVOGADO/2022)
Teoria do medalhão “Pode. Eu quero um daqueles, daqueles...”
(diálogo) “Pois não?”
— Saiu o último conviva do nosso modesto jantar. Com que, “Um... como é mesmo o nome?”
meu peralta, chegaste aos teus vinte e um anos. Há vinte e um anos, “Sim?”
no dia 5 de agosto de 1854, vinhas tu à luz, um pirralho de nada, e “Pomba! Um... um... Que cabeça a minha! A palavra me esca-
estás homem, longos bigodes, alguns namoros... pou por completo. É uma coisa simples, conhecidíssima.”
— Papai... “Sim, senhor.”
— Não te ponhas com denguices, e falemos como dois amigos “O senhor vai dar risada quando souber.”
sérios. Fecha aquela porta; vou dizer-te coisas importantes. Senta- “Sim, senhor.”
-te e conversemos. Vinte e um anos, algumas apólices, um diploma, “Olha, é pontuda, certo?”
podes entrar no parlamento, na magistratura, na imprensa, na la- “O quê, cavalheiro?”
voura, na indústria, no comércio, nas letras ou nas artes. Há infinitas “Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende?
carreiras diante de ti. Vinte e um anos, meu rapaz, formam apenas Depois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo,
a primeira sílaba do nosso destino. (...) Mas qualquer que seja a e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta
profissão da tua escolha, o meu desejo é que te faças grande e ilus- tem outra volta, só que esta é mais fechada. E tem um, um... Uma
tre, ou pelo menos notável, que te levantes acima da obscuridade espécie de, como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a
comum. (...) outra ponta; a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, fica
— Sim, senhor. fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende?”
— Entretanto, assim como é de boa economia guardar um pão “Infelizmente, cavalheiro...”
para a velhice, assim também é de boa prática social acautelar um “Ora, você sabe do que eu estou falando.”
ofício para a hipótese de que os outros falhem, ou não indenizem “Estou me esforçando, mas...”
suficientemente o esforço da nossa ambição. É isto o que te acon- “Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa
selho hoje, dia da tua maioridade. ponta, certo?”
— Creia que lhe agradeço; mas que ofício, não me dirá? “Se o senhor diz, cavalheiro.”
— Nenhum me parece mais útil e cabido que o de medalhão. Luís Fernando Veríssimo. Comunicação.
Ser medalhão foi o sonho da minha mocidade; faltaram-me, porém, Acerca das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos do
as instruções de um pai, e acabo como vês, sem outra consolação texto precedente, julgue o item a seguir.
e relevo moral, além das esperanças que deposito em ti. Ouve-me No período ‘Posso ajudá-lo, cavalheiro?’ (segundo parágrafo),
bem, meu querido filho, ouve-me e entende. (...) o personagem emprega uma forma pronominal de terceira pessoa
— Entendo. para se dirigir diretamente ao seu interlocutor.
— Venhamos ao principal. Uma vez entrado na carreira, de- ( ) CERTO
ves pôr todo o cuidado nas ideias que houveres de nutrir para uso ( ) ERRADO
alheio e próprio. O melhor será não as ter absolutamente (...).
— Mas quem lhe diz que eu... 13.(CEBRASPE (CESPE) - ANA (PGE RJ)/PGE RJ/CONTÁ-
— Tu, meu filho, se me não engano, pareces dotado da perfeita BIL/2022)
inópia mental, conveniente ao uso deste nobre ofício. Não me refiro Texto CG1A1-I
tanto à fidelidade com que repetes numa sala as opiniões ouvidas O terror torna-se total quando independe de toda oposição;
numa esquina, e vice-versa, porque esse fato, posto indique cer- reina supremo quando ninguém mais lhe barra o caminho. Se a
ta carência de ideias, ainda assim pode não passar de uma traição legalidade é a essência do governo nãotirânico e a ilegalidade é a
da memória. Não; refiro-me ao gesto correto e perfilado com que essência da tirania, então o terror é a essência do domínio totalitá-
usas expender francamente as tuas simpatias ou antipatias acerca rio. O terror é a realização da lei do movimento.
do corte de um colete, das dimensões de um chapéu, do ranger ou O seu principal objetivo é tornar possível, à força da natureza
calar das botas novas. Eis aí um sintoma eloquente, eis aí uma espe- ou da história, propagar-se livremente por toda a humanidade, sem
rança. No entanto, podendo acontecer que, com a idade, venhas a o estorvo de qualquer ação humana espontânea. Como tal, o ter-
ser afligido de algumas ideias próprias, urge aparelhar fortemente ror procura “estabilizar” os homens, a fim de liberar as forças
o espírito. As ideias são de sua natureza espontâneas e súbitas; por da natureza ou da história. Esse movimento seleciona os inimi-
mais que as soframos, elas irrompem e precipitam-se. Daí a certeza gos dahumanidade contra os quais se desencadeia o terror, e não
com que o vulgo, cujo faro é extremamente delicado, distingue o pode permitir que qualquer ação livre, de oposição ou de simpatia,
medalhão completo do medalhão incompleto. interfira com a eliminação do “inimigo objetivo” da história ou da
Machado de Assis. Teoria do medalhão. In: 50 contos escolhidos de natureza, da classe ou da raça. Culpa e inocência viram con-
Machado de Assis. Seleção, introdução e notas de John Gledson. São ceitos vazios; “culpado” é quem estorva o caminho do proces-
Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 82-83 (com adaptações). so natural ouhistórico que já emitiu julgamento quanto às “raças
Considerando os aspectos linguísticos do texto Teoria do me- inferiores”, quanto a quem é “indigno de viver”, quanto a “classes
dalhão, apresentado anteriormente, julgue o item a seguir. agonizantes e povos decadentes”. O terror manda cumprir esses
Na oração “urge aparelhar fortemente o espírito”, o segmento julgamentos, mas no seu tribunal todos os interessados são
“urge aparelhar” constitui uma locução verbal. subjetivamente inocentes: os assassinados porque nada fizeram
( ) CERTO contra o regime, e os assassinos porque realmente não assas-
( ) ERRADO sinaram, mas executaram uma sentença de morte pronunciada

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LÍNGUA PORTUGUESA

por um tribunal superior. Os próprios governantes não afirmam No último período do texto CB1A1-II, o termo “isso” faz refe-
serem justos ou sábios, mas apenas executores de leis, teóricas ou rência a
naturais; não aplicam leis, mas executam um movimento segundo (A) “dados”.
a sua lei inerente. (B) “domínio dos dados”.
No governo constitucional, as leis positivas destinam-se a (C) “medidas concretas”.
erigir fronteiras e a estabelecer canais de comunicação entre os (D) “acompanhar o mercado”.
homens, cuja comunidade é continuamenteposta em perigo pelos
novos homens que nela nascem. A estabilidade das leis corres- 15.(CEBRASPE (CESPE) - Of (PM AL)/PM AL/2021)
ponde ao constante movimento de todas as coisas humanas, um Texto CB1A1-I
movimento que jamais pode cessar enquanto os homens nasçam Tradicionalmente, as conquistas democráticas nas sociedades
e morram. As leis circunscrevem cada novo começo e, ao mesmo modernas estiveram associadas à organização de movimentos
tempo, asseguram a sua liberdade de movimento, a potencialidade sociais que buscavam a expansão da cidadania. Foi assim durante
de algo inteiramente novo e imprevisível; os limites das leis positi- as revoluções burguesas clássicas nos séculos XVII e XVIII. Também
vas são para a existência política do homem o que a memória é para a organização dos trabalhadores industriais nos séculos XIX e XX foi
a sua existência histórica: garantem a preexistência de um mundo responsável pela ampliação dos direitos civis e sociais nas demo-
comum, a realidade de certa continuidade que transcende a du- cracias liberais do Ocidente. De igual maneira, as demandas dos
ração individual de cada geração, absorve todas asnovas origens chamados novos movimentos sociais, nos anos 70 e 80 do século
e delas se alimenta. XX, foram responsáveis pelo reconhecimento dos direitos das
Confundir o terror total com um sintoma de governo tirânico minorias sociais (grupos étnicos minoritários, mulheres, homosse-
é tão fácil, porque o governo totalitário tem de conduzir-se como xuais) nas sociedades contemporâneas.
uma tirania e põe abaixo as fronteiras dalei feita pelos homens. Em todos esses casos, os espaços privilegiados das ações dos
Mas o terror total não deixa atrás de si nenhuma ilegalidade grupos organizados eram os Estados nacionais, espaços privilegia-
arbitrária, e a sua fúria não visa ao benefício do poder despótico dos de exercício da cidadania. Contudo, a expansão do conjunto
de um homemcontra todos, muito menos a uma guerra de todos de transformações socioculturais, tecnológicas e econômicas,
contra todos. Em lugar das fronteiras e dos canais de comunicação conhecido como globalização, nas últimas décadas, tem limitado
entre os homens individuais, constrói um cinturãode ferro que os de forma significativa os poderes e a autonomia dos Estados (pelo
cinge de tal forma que é como se a sua pluralidade se dissolvesse menos os dos países periféricos), os quais se tornam reféns da
em Um-Só-Homem de dimensões gigantescas. Abolir as cercas da lógica do mercado em uma época de extraordinária volatilidade
lei entre os homens dos capitais.
— como o faz a tirania — significa tirar dos homens os seus Manoel Carlos Mendonça Filho et al. Polícia, direitos humanos e edu-
direitos e destruir a liberdade como realidade política viva, pois o cação para a cidadania. Internet: <corteidh.or.cr> (com adaptações
espaço entre os homens, delimitado pelasleis, é o espaço vital da Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto
liberdade. CB1A1-I, julgue o seguinte item.
Hannah Arendt. Origens do totalitarismo. Internet:<www.dhnet.org. No final do segundo parágrafo, a substituição do termo “os
br> (com adaptações). quais” por onde manteria a correção gramatical e o sentido do
Julgue o seguinte item, acerca dos mecanismos de coesão do texto.
texto CG1A1-I. ( ) CERTO
Os vocábulos “sua” e “própria”, ambos no sexto período do ( ) ERRADO
texto, indicam posse de Fredegunda
( ) CERTO
( ) ERRADO

14.(CEBRASPE (CESPE) - ANA (APEX)/APEXBRASIL/NEGÓ-


CIOS INTERNACIONAIS/2021)
Texto CB1A1-II
As empresas movidas a dados superam amplamente seus pares
em várias medidas financeiras, obtendo 70% mais receita por fun-
cionário e gerando 22% mais lucros, de acordo com um relatório
do Capgemini Research Institute. O estudo aponta que, embora
a aplicação de dados e análises esteja se tornando um pré-requi-
sito para osucesso, menos de 40% das organizações usam insights
embasados em dados para gerar valor aos negócios e à inovação.
O domínio dos dados é fundamental para obter uma van-
tagem competitiva, e as organizações que não tomam medidas
concretas para conseguir isso terão dificuldadeem acompanhar o
mercado.
Internet: <www.convergenciadigital.com.br> (com adaptações).

49
LÍNGUA PORTUGUESA

16.( CEBRASPE (CESPE) - ESC POL (PC DF)/PC DF/2021) Para tanto, a capacidade, a adequação, a conformidade, a plu-
Há violências da moral patriarcal que instauram a solidão; ou- ralidade e a diversidade na rede devem gerar um maior suporte ao
tras marcam a lei no corpo das mulheres — assim sobrevive Maria consumidor, em relação às suas reclamações e dúvidas na transa-
da Penha; outras aniquilam a vida, como éa história de mulheres ção eletrônica.
assassinadas pela fúria do gênero. Entre 2006 e 2011, o Instituto Utilize o passo a passo sugerido neste guia e seja bem-sucedi-
Médico Legal do Distrito Federal foi o destino de 81 mulheres do em seu comércio eletrônico!
mortas pelogênero. Foram 337 mortes violentas de mulheres que ABNT/ SEBRAE. Guia de implementação ABNT NBR ISO 10008: gestão
chegaram ao IML. Dessas, somente 180 processos judiciais foram da qualidade –satisfação do cliente – diretrizes para transações de
localizados, dos quais 81 eram de violência doméstica. Muitas de- comércio eletrônico de negócio a
las saíram do espaço da casa como asilo (“lugar onde ficam consumidor. Rio de Janeiro: 2014, p. 31 (com adaptações).
isentos da execução das leis os que a ele se recolhem”) para No trecho “Com a utilização do sistema B2C”, no segundo pa-
o necrotério. Essasmulheres, as verdadeiras testemunhas de como rágrafo do texto CB2A1-I, o termo “Com” expressa
a moral patriarcal inscreve nos corpos a sentença de subordinação, (A) causa.
são anônimas e não nos contam suas histórias em primeira pessoa. (B) consequência.
Acredita-se poder biografá-las por diferentes gêneros de discurso (C) companhia.
— um deles é o texto penal. As mulheres mortas pelo gênero não (D) modo.
retornarão pela instauração de uma nova ordem punitiva, o femi-
nicídio, mas acredita-se que a nominação de seu desaparecimen- 18.(CEBRASPE (CESPE) - ACE TCE RJ/TCE-RJ/ORGANIZA-
to seja uma operação de resistência: o nome facilitaria a esfera de CIONAL/TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO/2022)
aparição da mulher como vítima. Texto CB1A2-II
Débora Diniz. Perspectivas e articulações de uma pesquisafeminista. A pseudociência difere da ciência errônea. A ciência prospera
In: Estudos feministas e de gênero: articulações e com seus erros, eliminando-os um a um. Conclusões falsas são
perspectivas. Florianópolis: Ed. Mulheres, 2014 (com adaptações). tiradas todo o tempo, mas elas constituem tentativas. As hipóteses
Considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do texto são formuladas de modo a poderem ser refutadas. Uma sequência
apresentado, julgue o próximo item. de hipóteses alternativas é confrontada com os experimentos e
Sem prejuízo do sentido original e da correção gramatical do a observação. A ciência tateia e cambaleia em busca de melhor
texto, o vocábulo “assim” poderia ser substituído por desse modo. compreensão. Alguns sentimentos de propriedade individual são
( ) CERTO certamente ofendidos quando uma hipótese científica não é apro-
( ) ERRADO vada, mas essas refutações são reconhecidas como centrais para o
empreendimento científico.
17.(CEBRASPE (CESPE) - ASS (APEX)/APEXBRASIL/APOIO A pseudociência é exatamente o oposto. As hipóteses são
ADMINISTRATIVO/2021) formuladas de modo a se tornar invulneráveis a qualquer expe-
Texto CB2A1-I rimento que ofereça uma perspectiva de refutação, para que em
A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas princípio não possam ser invalidadas.
oportunidades para o pequeno negócio, o varejo e as micro e pe- Talvez a distinção mais clara entre a ciência e a pseudociência
quenas empresas (MPE), que se veem na contingência de mudança seja o fato de que a primeira sabe avaliar com mais perspicácia as
na gestão do comércio, visando um aumento de lucratividade e imperfeições e a falibilidade humanas do que a segunda. Se nos
novas oportunidades, com uma fatia maior do comércio eletrônico. recusamos radicalmente a reconhecer em que pontos somos pro-
Com a utilização do sistema B2C, sistema de comércio ele- pensos a cair em erro, podemos ter quase certeza de que o erro
trônico, várias vantagens podem ser apresentadas, como a faci- nos acompanhará para sempre. Mas, se somos capazes de uma
lidade de estabelecer compras online 24 horaspor dia, sete dias pequena autoavaliação corajosa, quaisquer que sejam as reflexões
da semana. Verifica-se, ainda, a otimização dos fatores da atividade tristes que isso possa provocar, as nossas chances melhoram mui-
empresarial, como quadro pessoal, loja física e mobilidade urbana, to.
a diminuição de tempo gasto com as operações e a sustentabilidade Carl Sagan. O mundo assombrado pelos demônios.Tradução
com a teoria de utilização racional de papéis (em inglês, less paper). de Rosaura Eichemberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p.
Este guia é direcionado aos pequenos empresários, aos 39-40 (com adaptações)
varejistas e a todo tipo de comerciante que vise ampliar suas A respeito dos aspectos linguísticos do texto CB1A2-II, julgue
atividades pelo uso de novas tecnologias. Osprodutos engloba- o item que se segue.
dos por este guia resumem-se em mercadorias, software, hardware No trecho “Conclusões falsas são tiradas todo o tempo, mas
e serviço. Os consumidores protegidos pela norma conceituam-se elas constituem tentativas” (primeiro parágrafo), o teor da ora-
como membro individual do público geral, que compra ou usa pro- ção introduzida pelo vocábulo “mas” atenua aforça argumentati-
dutos para fins pessoais ou finalidades domésticas. va do conteúdo da primeira oração.
Todavia, para que esse sistema de transações de comércio ele- ( ) CERTO
trônico seja eficaz, o comerciante deve planejar, implantar e desen- ( ) ERRADO
volver o sistema de comércio eletrônico e mantê-lo atualizado e
transparente, de modo a auxiliar os consumidores na efetivação da
credibilidade desse tipo de negociação online.

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LÍNGUA PORTUGUESA

19.(CEBRASPE (CESPE) - ESC POL (PC DF)/PC DF/2021) Após as eleições para primeiro-ministro do Reino Unido, em
Fernando arrancou o paletó no auge da impaciência e pergun- 1997, foi realizado o primeiro mapeamento concreto e aprofun-
tou com voz esganiçada se eu pretendia ficar a noite inteira ali de dado sobre a economia criativa em uma nação. Esse mapeamento
estátua enquanto ele teria que encher o tanque naquela escuridão causou polêmica quanto à conceituação de indústria criativa. De
de merda porque ninguém lhe passava o raio da lanterna. acordo com a definição do governo inglês, as indústrias criativas são
— Onde está a lanterna? aquelas atividades que têm origem na criatividade, na habilidade
— Mas onde poderia estar a lanterna senão no porta-luvas, e no talento individual e que potencializam a geração de riqueza e
a princesa esqueceu? empregos por meio da geração e da exploração da propriedade in-
Através do vidro, a estrela maior (Vênus) pulsava reflexos azuis. telectual. Os críticos que analisaram o projeto de Tony Blair/DCMS
Gostaria de estar numa nave, mas com o motor desligado, sem ruí- consideraram que as colocações deixaram o contexto muito aberto,
do, sem nada. Quieta. Ou neste carro silencioso mas sem ele. Já pois poderia englobar áreas como engenharia e indústria farmacêu-
fazia algum tempo que eu queria estar sem ele, mesmo com o pro- tica, que não têm conexão com a economia criativa.
blema de ter acabado a gasolina. Como em qualquer área de pesquisa, alguns cientistas apre-
— As coisas ficariam mais fáceis se você fosse menos gros- sentam visões bem controversas. O pesquisador estadunidense
so — eu disse, entreabrindo a mão e experimentando a lanterna Richard Florida, por exemplo, trouxe o conceito de classe criativa.
no pedregulho que achei na estrada. Segundo Florida, regiões metropolitanas com alta concentração de
— Está bem, minha princesa, se não for muito incômodo, trabalhadores ligados a tecnologia, artistas, músicos, lésbicas e gays
será que poderia me passar a lanterninha? e o grupo definido por high bohemians são áreas com alto potencial
Quando me lembro dessa noite (e estou sempre lembrando) de crescimento neste milênio. Na visão de Florida, as cidades de-
me vejo repartida em dois momentos: antes e depois. Antes, as vem posicionar-se de forma diferente no novo milênio e virar todos
pequenas palavras, os pequenos gestos, os pequenos amores cul- os holofotes para a economia criativa.
minados nesse Fernando, aventura medíocre de gozo breve e con- Vinnie de Oliveira. Economia criativa 4.0: o mundo não gira ao
vivência comprida. Se ao menos ele não fizesse aquela voz para contrário. Edição do Kindle (com adaptações).
perguntar se por acaso alguém tinha levado a sua caneta. Se por Julgue o item seguinte, no que diz respeito às ideias e a aspec-
acaso alguém tinha pensado em comprar um novo fio dental, tos linguísticos do texto precedente.
este estava no fim. Não está, respondi, é que ele seenredou lá No segundo parágrafo, os termos “economia” (primeiro pe-
dentro, se a gente tirar esta plaqueta (tentei levantar a plaqueta) ríodo) e “indústria” (segundo período) são empregados no texto
a gente vê que o rolo está inteiro mas enredado e quando o fio se como sinônimos.
enreda desse jeito, nunca mais!, melhor jogar fora e começar outro ( ) CERTO
rolo. Não joguei. Anos e anos tentando desenredar o fio impossível, ( ) ERRADO
medo da solidão? Medo de me encontrar quando tão ardentemen-
te me buscava? 21.(CEBRASPE (CESPE) - ANA LEG (ALECE)/ALECE/LÍN-
Lygia Fagundes Telles. Noturno Amarelo. In: Mistérios. Rio de GUA PORTUGUESA/GRAMÁTICA NORMATIVA E REVISÃO
Janeiro: Nova Fronteira, 1981 (com adaptações). ORTOGRÁFICA/2021)
Julgue o item seguinte, relativos aos sentidos e a aspectos Texto 14A1-I
linguísticos do texto precedente. A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê-
No trecho “Quando me lembro dessa noite”, a correção gra- -la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para
matical seria mantida caso o pronome “me” fosse deslocado para compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas
imediatamente após a forma verbal “lembro”, da seguinte forma: línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escri-
Quando lembro-me dessa noite. tores. Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples
( ) CERTO depósito depalavras que circulam em uma comunidade, nem a
( ) ERRADO um sistema gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos
estável numa sociedade, numa estação do ano,num sexo, numa
20.(CEBRASPE (CESPE) - TCE TCE RJ/TCE-RJ/TÉCNI- região, numa família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe
CO/2022) social, naquela rua, num determinado dia, num livro e quase nunca
A preocupação com o desenvolvimento das indústrias criativas num país inteiro.
ocorre de forma não intuitiva e direcionada há muitos anos. Em A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade uni-
1918, o presidente dos Estados Unidos da América, Woodrow Wil- tária. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a
son, promoveu a nascente indústria cinematográfica, considerando matéria da literatura não é um sistema abstrato de regras e rela-
que “o comércio vai atrás dos filmes”, uma afirmação clássica sobre ções, uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de
o fato de que as indústrias criativas têm um significado que vai mui- universais semânticos como tem sido a língua para uma corrente
to além do seu impacto econômico imediato. O governo australiano consideráveldos cientistas da língua. Justamente por serem abstra-
publicou, em 1994, um documento chamado Creative Nation, no tos, justamente por serem apenas fonemas e justamente por serem
qual já apresentava alguns posicionamentos oficiais sobre a pauta. universais, esses elementos primeiros são desprovidos de significa-
Nele, afirmava que “uma política cultural também é uma política do: servindo a todos, não servem a ninguém. De fato, não che-
econômica” e que “o nível de nossa criatividade determina substan- gam a se constituir em “língua”, face a outra parte indispensável
cialmente nossa capacidade de adaptação aos novos imperativos da palavra: ofalante.
econômicos”. O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadei-
ro território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele
pode ser considerado uma entidade universal? Isso interessa por-

51
LÍNGUA PORTUGUESA

que, no exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz (D) I, II e III.
do falante, ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que (E) II, III e IV.
não équalquer chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro,
o ar que se respira, o tempo, o dia, a hora, toda a soma das 22.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEDUC AL)/SEDUC AL/
intenções muito específicas convertidas no impulso da palavra; e, PORTUGUÊS/2021)
é claro, a ninguém interessa o que a palavra quer dizer de velha Texto 14A1-I
(isso até o dicionário sabe), mas o que ela quer dizer de nova, isto As línguas são, de certo ponto de vista, totalmente equivalen-
é, o que é novo e surpreendente no que se diz. Esse espetáculo das tes quanto ao que podem expressar, e o fazem com igual facilidade
vozes que falam sem parar no mundo em torno, ou nesse mundo (embora lançando mão de recursos bem diferentes). Entretanto,
em torno, nesse exato momento, é a vida indispensável de quem dois fatores dificultam a aplicação de algumas línguas a certos
escreve. É nessa diversidade imensa e imediata que se move quem assuntos: um, objetivo, a deficiência de vocabulário; outro, subje-
escreve, o ouvido atento. tivo, a existênciade preconceitos.
Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da É preciso saber distinguir claramente os méritos de uma lín-
sua matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdo- gua dos méritos (culturais, científicos ou literários) daquilo que ela
bramos a palavra, descobrimos que quem lhedá vida não é exa- serve para expressar. Por exemplo, se a literatura francesa é parti-
tamente o falante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que, cularmente importante, isso não quer dizer que a língua francesa
numa redução ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma pala- seja superior às outras línguas para a expressão literária. O desen-
vra que dispensasseos outros para fazer sentido, ela seria uma pa- volvimentode uma literatura é decorrência de fatores históricos
lavra natimorta, um objeto opaco à espera de um criptólogo que independentes da estrutura da língua; a qualidade da literatu-
lhe rompesse o isolamento, como um Champollion diantede uma ra francesa diz algo dos méritos da cultura dos povos de língua
pedra no meio do caminho, mas então a suposta pureza original francesa, não de uma imaginária vantagem literária de se utilizar
autossuficiente estaria destruída. o francês como veículo de expressão. Victor Hugo poderia ter sido
Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter- tão importante quanto foi mesmo se falasse outra língua — desde
ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num que pertencesse a uma cultura equivalente, em grau de adianta-
sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos mento, riqueza de tradição intelectual etc., à cultura francesa de
nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo seu tempo.
de se tornarem voz), quanto o que nós dizemos (e são eles, os Igualmente, sabe-se que a maior fonte de trabalhos cien-
outros,que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir tíficos da contemporaneidade são as instituições e os pesqui-
a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são sadores norte-americanos; isso fez do inglês a língua científica
uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos internacional. Todavia, se os fatores históricos que produziram a
e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais supremacia científica norte-americana se tivessem verificado, por
remoto oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa, exemplo, na Holanda,o holandês nos estaria servindo exatamente
mesmo láouviríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria tão bem quanto o inglês o faz agora. Não há no inglês traços estru-
interminável dos que nos ouvem. turais intrínsecos que o façam superior ao holandês como língua
Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi- adequada à expressão de conceitos científicos.
nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros; Não se conhece caso em que o desenvolvimento da superiori-
nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da dade literária ou científica de um povo possa ser claramente atribuí-
linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas do à qualidade da língua desse povo. Ao contrário, as grandes lite-
sons ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que raturas e os grandes movimentos científicos surgem nas grandes
nãofalamos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vis- nações (as mais ricas, as mais livres de restrições ao pensamento
ta, sonhos, acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a e também —ai de nós! — as mais poderosas política e mili-
linguagem como certa ou errada (exceto tarmente). O desenvolvimento dos diversos aspectos materiais
Considere as seguintes frases. e culturais de uma nação se dá mais ou menos harmonio-
I “A característica comum de todos os artistas representa- samente; a ciência e a arte são também produtos da riqueza e da
tivos é que incluem todas as espécies de tendências e correntes.” estabilidade de uma sociedade.
(Fernando Pessoa) O maior perigo que correm as línguas, hoje em dia, é o de
II “Ser mestre não é de modo algum um emprego e a sua não desenvolverem vocabulário técnico e científico suficiente para
atividade se não pode aferir pelos métodos correntes.” (Agostinho acompanhar a corrida tecnológica. Se a defasagem chegar a ser
da Silva) muito grande, os próprios falantes acabarão optando por utilizar
III “Ser pela liberdade não é apenas tirar as correntes de uma língua estrangeira ao tratarem de assuntos científicos e téc-
alguém, mas viver de forma que respeite e melhore a liberdade nicos.Mário A. Perini. O rock português (a melhor língua parafazer
dos outros.” (Nelson Mandela) ciência). In: Ciência Hoje, 1994 (com adaptações).
IV “Quem não se movimenta, não sente as correntes que Considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do texto
o prendem.” (Rosa Luxemburgo) 14A1-I, julgue o item a seguir.
Contêm homônimos da palavra “corrente” empregada no No último parágrafo, o verbo correr está empregado com
terceiro período do segundo parágrafo do texto 14A1-I apenas os sentido denotativo.
itens ( ) CERTO
(A) I e III. ( ) ERRADO
(B) I e IV.
(C) II e IV.

52
LÍNGUA PORTUGUESA

23.(CEBRASPE (CESPE) - ATM (PREF ARACAJU)/PREF ARA- 25.(CEBRASPE (CESPE) - DP RS/DPE RS/2022)
CAJU/ABRANGÊNCIA GERAL/2021) Na sociedade líquido-moderna da hipermodernidade globali-
Quais são as consequências dessa pandemia no que diz res- zante, o fazer compras não pressupõe nenhum discurso. O consu-
peito à reflexão sobre igualdade, interdependência global e nossas midor — o hiperconsumidor — compra aquilo que lhe apraz. Ele
obrigações uns com os outros? O vírus não discrimina. Por conta da segue as suas inclinações individuais. O curtir é o seu lema.
forma pela qual se move e ataca, ele demonstra que a comunidade Esse movimento social de hiperconsumismo, de vida para o
humana é igualmente precária. Ao mesmo tempo, contudo, o fra- consumo, guiou a pessoa natural para o caminho da necessidade,
casso por parte de certos Estados ou regiões em se prepararem ade- da vontade e do gosto pelo consumo, bem como impulsionou o
quadamente de antemão, o fechamento de fronteiras e a chegada descarte de cada vez mais recursos naturais finitos. Isso tem trans-
de empreendedores ávidos para capitalizar em cima do sofrimen- formado negativamente o planeta, ao trazer prejuízos não apenas
to global, tudo isso atesta a velocidade com a qual a desigualdade para as futuras gerações, como também para as atuais, o que resul-
radical e a exploração capitalista encontram formas de reproduzir ta em problemas sociais, crises humanitárias e degradação do meio
e fortalecer seus poderes no interior das zonas de pandemia. Um ambiente ecologicamente equilibrado, além de afetar o desenvolvi-
cenário que já podemos imaginar é a produção e comercialização mento humano, ao se precificar o ser racional, dissolvendo-se toda
de uma vacina eficaz contra a covid-19. Nós certamente veremos os solidez social e trazendo-se à tona uma sociedade líquido-moderna
ricos e os plenamente assegurados correrem para garantir acesso de hiperconsumidores vorazes e indiferentes às consequências de
a qualquer vacina quando ela se tornar disponível. A desigualdade seus atos sobre o meio ambiente ecologicamente equilibrado e so-
social e econômica garantirá a discriminação. O vírus por si só não bre as gerações atuais e futuras.
discrimina, mas nós humanos certamente o fazemos, moldados e O consumismo é uma economia do logro, do excesso e do lixo,
movidos como somos pelos poderes casados do nacionalismo, do pois faz que o ser humano trabalhe duro para adquirir mais coisas,
racismo, da xenofobia e do capitalismo. Parece provável que passa- mas traz a sensação de insatisfação porque sempre há alguma coisa
remos a ver, no próximo ano, um cenário doloroso no qual algumas melhor, maior e mais rápida do que no presente. Ao mesmo tempo,
criaturas humanas afirmam seu direito de viver ao custo de outras, as coisas que se possuem e se consomem enchem não apenas os
reinscrevendo a distinção espúria entre vidas passíveis e não passí- armários, as garagens, as casas e as vidas, mas também as mentes
veis de luto, isto é, entre aqueles que devem ser protegidos contra a das pessoas.
morte a qualquer custo e aqueles cujas vidas não valem o bastante Nessa sociedade líquido-moderna de hiperconsumidores, o de-
para serem salvaguardadas da doença e da morte. sejo satisfeito pelo consumo gera a sensação de algo ultrapassado;
Judith Butler. O capitalismo tem seus limites. Internet: <blogdaboitem- o fim de um consumo significa a vontade de iniciar qualquer outro.
po.com.br> (com adaptações). Nessa vida de hiperconsumo e para o hiperconsumo, a pessoa natu-
Em “Um cenário que já podemos imaginar é a produção e co- ral fica tentada com a gratificação própria imediata, mas, ao mesmo
mercialização de uma vacina eficaz contra a covid-19”, o vocábulo tempo, os cérebros não conseguem compreender o impacto cumu-
“já” foi empregado com o sentido de lativo em um nível coletivo. Assim, um desejo satisfeito torna-se
(A) primeiramente. quase tão prazeroso e excitante quanto uma flor murcha ou uma
(B) antecipadamente. garrafa de plástico vazia.
(C) prontamente. O hiperconsumismo afeta não apenas a relação simbiótica en-
(D) inicialmente. tre o ser humano e o planeta, como também fere de morte a mo-
(E) anteriormente. ral, ao passo que torna tudo e todos algo precificável, descartável
e indiferente.
24.(CEBRASPE (CESPE) - ANA LEG (ALECE)/ALECE/JORNA- Fellipe V. B. Fraga e Bruno B. de Oliveira. O consumo colaborati-
LISMO/2021) vo como mecanismo de desenvolvimento sustentável na sociedade
Texto 13A2-IV líquido-moderna. LAECC. Edição do Kindle (com adaptações).
Estamos acostumados à ideia de que os dados são quase um Com base nas ideias e nos aspectos linguísticos do texto pre-
sinônimo de precisão e certeza, mas, na era digital, quanto mais cedente, julgue o item que se seguem.
dados chegam ao nosso conhecimento, maiores são as nossas in- No parágrafo, os sujeitos das formas verbais “pressupõe” e
certezas e dúvidas. Em plena era dos dados, lidar com essa consta- “é” são classificados como oracionais, por serem constituídos pelos
tação passa a ser um desafio que vai definir o futuro do jornalismo verbos “fazer” e “curtir”, respectivamente
e, especialmente, a sua inserção na, cada vez mais complexa, arena ( ) CERTO
da informação pública. ( ) ERRADO
Internet: <www.observatoriodaimprensa.com.br> (com alte-
rações). 26.(CEBRASPE (CESPE) - ANA LEG (ALECE)/ALECE/LÍN-
A construção sintática do segundo período do texto 13A2-IV é GUA PORTUGUESA/GRAMÁTICA NORMATIVA E REVISÃO
caracterizada pela presença de orações ORTOGRÁFICA/2021)
(A) absolutas. Texto 14A1-I
(B) subordinadas. A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê-
(C) coordenadas. -la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para
(D) correlativas. compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas
(E) interferentes. línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escri-
tores. Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples
depósito depalavras que circulam em uma comunidade, nem a
um sistema gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos

53
LÍNGUA PORTUGUESA

estável numa sociedade, numa estação do ano,num sexo, numa mas como verdadeira, mentirosa, bela, nojenta, comovente, deli-
região, numa família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe rante, horrível, ofensiva, carinhosa... É exatamente nesse pântano
social, naquela rua, num determinado dia, num livro e quase nunca inseguro dos valores que se move o escritor. E é apenas nesse ter-
num país inteiro. reno de valores que a forma da palavra pode ganhar seu estatuto
A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade uni- estético, a sua dignidade poética, historicamente flutuante.
tária. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a A língua do escritor é uma entidade necessariamente impura,
matéria da literatura não é um sistema abstrato de regras e rela- contaminada, suja de intenções, povoada previamente de muitas
ções, uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de outras línguas (do mesmo idioma ou fora dele), de milhões de vo-
universais semânticos como tem sido a língua para uma corrente zes. Se nessa diversidade essencial está a riqueza de quem es-
consideráveldos cientistas da língua. Justamente por serem abstra- creve, nela também está a sua fronteira necessária, e, em última
tos, justamente por serem apenas fonemas e justamente por serem instância, a suaética. Para formar a minha palavra, eu preciso da pa-
universais, esses elementos primeiros são desprovidos de significa- lavra do outro compartilhando com ela a força e o valor de origem.
do: servindo a todos, não servem a ninguém. De fato, não che- A palavra que eu tomo em minhas mãos, como ensina Bakhtin, não
gam a se constituir em “língua”, face a outra parte indispensável é nunca um objeto inerte: há sempre um coração alheio batendo
da palavra: ofalante. nela, outra intenção, uma vida diferente da minha vida, com a qual
O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadei- eu preciso me entender. Assim, a minha liberdade de criação, a mi-
ro território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele nha palavra, tem na autonomia da voz do outro o seu limite. O que
pode ser considerado uma entidade universal? Isso interessa por- parece a natureza mesma da linguagem, o seu duplo, talvez possa
que, no exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz se transformar, para o escritor, na sua ética.
do falante, ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que Internet: <http://www.cristovaotezza.com.br> (com adaptações).
não équalquer chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro, No último período do quinto parágrafo do texto 14A1-I, o
o ar que se respira, o tempo, o dia, a hora, toda a soma das termo “Mesmo solitários” funciona como
intenções muito específicas convertidas no impulso da palavra; e, (A) predicativo do sujeito da oração principal.
é claro, a ninguém interessa o que a palavra quer dizer de velha (B) oração subordinada adverbial concessiva.
(isso até o dicionário sabe), mas o que ela quer dizer de nova, isto (C) adjunto adnominal do sujeito da oração principal.
é, o que é novo e surpreendente no que se diz. Esse espetáculo das (D) adjunto adverbial de modo.
vozes que falam sem parar no mundo em torno, ou nesse mundo (E)) aposto do sujeito da oração principal.
em torno, nesse exato momento, é a vida indispensável de quem
escreve. É nessa diversidade imensa e imediata que se move quem 27.(CEBRASPE (CESPE) - ACE TCE RJ/TCE-RJ/ORGANIZA-
escreve, o ouvido atento. CIONAL/TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO/2022)
Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da Texto CB1A2-I
sua matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdo- O uso da palavra está, necessariamente, ligado à questão da
bramos a palavra, descobrimos que quem lhedá vida não é exa- eficácia. Visando a uma multidão indistinta, a um grupo definido
tamente o falante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que, ou a um auditório privilegiado, o discurso procura sempre produzir
numa redução ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma pala- um impacto sobre seu público. Esforça-se, frequentemente, para
vra que dispensasseos outros para fazer sentido, ela seria uma pa- fazê-lo aderir a uma tese: ele tem, então, uma visada argumenta-
lavra natimorta, um objeto opaco à espera de um criptólogo que tiva. Mas o discurso também pode, mais modestamente, procurar
lhe rompesse o isolamento, como um Champollion diantede uma modificar a orientação dos modos de ver e de sentir: nesse caso, ele
pedra no meio do caminho, mas então a suposta pureza original tem uma dimensão argumentativa. Como o uso da palavra se dota
autossuficiente estaria destruída. do poder de influenciar seu auditório? Por quais meios verbais, por
Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter- quais estratégias programadas ou espontâneas ele assegura a sua
ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num força?
sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos Essas questões, das quais se percebe facilmente a importân-
nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo cia na prática social, estão no centro de uma disciplina cujas raízes
de se tornarem voz), quanto o que nós dizemos (e são eles, os remontam à Antiguidade: a retórica. Para os antigos, a retórica era
outros,que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir uma teoria da fala eficaz e também uma aprendizagem ao longo da
a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são qual os homens da cidade se iniciavam na arte de persuadir. Com o
uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos passar do tempo, entretanto, ela tornou-se, progressivamente, uma
e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais arte do bem dizer, reduzindo-se a um arsenal de figuras. Voltada
remoto oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa, para os ornamentos do discurso, a retórica chegou a se esquecer de
mesmo láouviríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria sua vocação primeira: imprimir ao verbo a capacidade de provocar
interminável dos que nos ouvem. a convicção. É a esse objetivo que retornam, atualmente, as refle-
Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi- xões que se desenvolvem na era da democracia e da comunicação.
nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros; Ruth Amosy. A argumentação no discurso. São Paulo: Editora Contex-
nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da to, 2018, p. 7 (com adaptações
linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas Julgue o item subsequente, relativo aos aspectos linguísticos
sons ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que do texto CB1A2-I.
nãofalamos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vis-
ta, sonhos, acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a
linguagem como certa ou errada (excetonos cadernos escolares),

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LÍNGUA PORTUGUESA

No primeiro período do texto, o termo “da palavra” comple- cuperar. Comentando sobre a história de Juan Goytisolo a respeito
menta o sentido do substantivo “uso” de um velho, Milan Kundera salienta que a biografia — qualquer
( ) CERTO biografia que tente ser o que seu nome sugere — é, e não poderia
( ) ERRADO deixar de ser, uma lógica artificial inventada, imposta retrospectiva-
mente a uma sucessão incoerente de imagens, reunida pela memó-
28.( CEBRASPE (CESPE) - SOLD (PM TO)/PM TO/QPE/2021) ria de partículas e fragmentos. Ele conclui que, em total oposição às
O papel da polícia militar é exclusivamente o patrulhamento presunções do senso comum, o passado compartilha com o futuro
ostensivo. É por isso que essa é a polícia que anda fardada e a ruína incurável da irrealidade — esquivando-se/evadindo-se obs-
caracterizada, mostrando sua presençaostensiva e passando segu- tinadamente, como ambos o fazem, das redes tecidas de palavras
rança à sociedade. movidas pela lógica. Não obstante, essa irrealidade é a única reali-
Nesse contexto, a polícia militar tem papel de relevância, uma dade a ser captada e possuída por nós, que “vivemos em discurso
vez que se destaca, também, como força pública, primando pelo como o peixe na água”.
zelo, pela honestidade e pela correçãode propósitos com a finali- Zygmunt Bauman e Riccardo Mazzeo. O elogio da literatura.
dade de proteger o cidadão, a sociedade e os bens públicos e priva- Zahar. Edição do Kindle (com adaptações).
dos, coibindo os ilícitos penais e as infrações administrativas. Julgue o item que se segue, com relação a aspectos linguísti-
Nos dias atuais, a polícia militar, além de suas atribuições cos do texto precedente.
constitucionais, desempenha várias outras atribuições que, direta No trecho “é o discurso que estabelece os limites da nossa li-
ou indiretamente, influenciam no cotidianodas pessoas, na medida berdade e nos impulsiona a transgredir e transcender os limites”
em que colabora com todos os segmentos da sociedade, diminuin- (primeiro parágrafo), as formas verbais “impulsiona”, “transgredir”
do conflitos e gerando a sensação de segurança que a comunidade e transcender” estão coordenadas entre si, estabelecendo uma
anseia. relação de adição, evidenciada pelo emprego do conectivo “e”
De uma forma bem simples, a polícia militar cuida daquilo que após “transgredir”.
está acontecendo ou que acabou de acontecer, enquanto a polícia ( ) CERTO
civil cuida daquilo que já aconteceu eque demanda investigação, ( ) ERRADO
ou seja, a polícia militar é aquela que cuida e previne, e a polícia
civil é aquela que busca quem fez. 30.(CEBRASPE (CESPE) - PPNS (PETROBRAS)/PETRO-
Internet: <www.pm.to.gov.br> (com adaptações). BRAS/ADMINISTRAÇÃO/2022)
No texto 1A2-I, funciona como adjunto adverbial o termo A PETROBRAS responde por cerca de 80% dos combustíveis
(A) “ostensiva”, em “mostrando sua presença ostensiva” (pri- ofertados no Brasil. Para isso, muito foi investido em infraestrutura,
meiro parágrafo). com operações que consomem quase 100 bilhões de reais ao ano,
(B) “administrativas”, em “coibindo os ilícitos penais e as in- conforme dados de 2021.
frações administrativas” (segundo parágrafo). O caminho do petróleo do poço até virar combustível no carro
(C) “segurança”, em “gerando a sensação de segurança que a das pessoas é longo e complexo. Começa na procura: acertar onde
comunidade anseia” (terceiro parágrafo). furar e encontrar petróleo exige conhecimento técnico de geólogos
(D) “direta”, em “a polícia militar (...) desempenha várias ou- e geofísicos e bastante investimento. E, mesmo com um time de
tras atribuições que, direta ou indiretamente, influenciam no experts do mais alto nível, achar petróleo não é certo.
cotidiano das pessoas” (terceiro parágrafo). Transportar o petróleo do mar até as refinarias é também uma
(E)) “anseia”, em “gerando a sensação de segurança que a tarefa complexa, para a qual são utilizados dutos e navios. Em terra,
comunidade anseia” (terceiro parágrafo). ele é tratado em refinarias, que separam desse óleo as frações de
gasolina, diesel e gás de cozinha, entre outros derivados. Os produ-
29.(CEBRASPE (CESPE) - PJ (MPE SC)/MPE SC/2021) tos são então disponibilizados às diversas distribuidoras que hoje
É o discurso que nos liberta e é o discurso que estabelece os atendem o mercado brasileiro, responsáveis por fazer chegar cada
limites da nossa liberdade e nos impulsiona a transgredir e trans- um deles aos consumidores finais.
cender os limites — já estabelecidos ou ainda a ser estabelecidos Internet: <duvidasgasolina.petrobras.com.br> (com adaptações
no futuro. Discurso é aquilo que nos faz enquanto nós o fazemos. Considerando as ideias, os sentidos e aspectos linguísticos do
E é graças ao discurso, e seu ímpeto endêmico de espreitar além texto precedente, julgue o item subsequente.
das fronteiras que ele estabelece para a sua própria liberdade, que No terceiro parágrafo, o trecho “que separam desse óleo as
nosso estar no mundo é um processo de vir a ser perpétuo — in- frações de gasolina, diesel e gás de cozinha, entre outros deri-
cessante e infinito: nosso vir a ser € o vir a ser do nosso “mundo vados” consiste em uma oração adjetivarestritiva, na medida em
da vida” — juntar-se, misturar-se, embora sem solidificar, estreita que delimita o tipo específico de refinarias a que se refere o texto.
e inseparavelmente, entrançados e entrelaçados, e compartilhando ( ) CERTO
nossos respectivos sucessos e infortúnios, ligados um ao outro para ( ) ERRADO
o melhor e para o pior, desde o momento de nossa concepção si-
multânea até que a morte nos separe.
O que nós chamamos de “realidade”, quando entramos em um
ânimo filosófico, ou “os fatos da questão” quando seguimos obe-
dientemente as instâncias da doxa, é tecido de palavras. Nenhuma
outra realidade nos é acessível: não acessamos o passado “como
ele realmente aconteceu”, o qual Leopold von Ranke celebremente
conclamou (instruiu) seus colegas historiadores do século XIX a re-

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LÍNGUA PORTUGUESA

31.( CEBRASPE (CESPE) - AG POL (PC DF)/PC DF/2021) 32.(CEBRASPE (CESPE) - TEC AMB (IBAMA)/IBAMA/2022)
Texto CBIA2-I Texto CB1A1-I
Nossos ancestrais dedicaram muito tempo e esforço a tentar A pandemia transformou a rotina de diversas pessoas ao redor
descobrir as regras que governam o mundo natural. Mas a ciência do mundo, principalmente em relação à sustentabilidade.
moderna difere de todas as tradições de conhecimento anteriores Dentro de casa, aumentou a percepção quanto à importância
em três aspectos cruciais: a disposição para admitir ignorância, o de modelos de consumo mais conscientes e responsáveis, como a
lugar central da observação e da matemática e a aquisição de novas escolha de produtos mais duráveis e menos geradores de resíduos.
capacidades. No entanto, a transformação mais significativa, que deveria vir das
A Revolução Científica não foi uma revolução do conhecimen- empresas, ainda é relativamente tímida.
to. Foi, acima de tudo, uma revolução da ignorância. A grande De acordo com Mariana Schuchovski, professora de Susten-
descoberta que deu início à Revolução Científica foi a de que os tabilidade do ISAE Escola de Negócios, a disseminação do vírus é
humanos não têm as respostas para suas perguntas mais importan- resultado do atual modelo de desenvolvimento, que fomenta o uso
tes. Tradições de conhecimento pré-modernas como o islamismo, o irracional de recursos naturais e a destruição de hábitats, como flo-
cristianismo, o budismo e o confucionismo afirmavam que tudo que restas e outras áreas, o que faz que animais, forçados a mudar seus
é importante saber a respeito do mundo já era conhecido. As anti- hábitos de vida, contraiam e transmitam doenças que não existi-
gas tradições de conhecimento só admitiam dois tipos de ignorân- riam em situações normais. “Situações de desequilíbrio ambiental,
cia. Em primeiro lugar, um indivíduo podia ignorar algo importante. causadas principalmente por desmatamento e mudanças de clima,
Para obter o conhecimento necessário, tudo que ele precisava fazer aumentam ainda mais a probabilidade de que zoonoses, ou seja,
era perguntar a alguém mais sábio. Não havia necessidade de des- doenças de origem animal, nos atinjam e alcancem o patamar de
cobrir algo que qualquer pessoa já não soubesse. Em segundo lugar, epidemias e pandemias”, explica a professora.
uma tradição inteira podia ignorar coisas sem importância. Por de- A especialista aponta que todos nós, indivíduos, sociedade e
finição, o que quer que os grandes deuses ou os sábios do passado empresas, precisamos entender os impactos desta pandemia no
não tenham se dado ao trabalho de nos contar não era importante. meio ambiente e na sustentabilidade bem como refletir sobre eles
[...] e, principalmente, sobre a sua relação inversa: o impacto da (in)sus-
A ciência de nossos dias é uma tradição de conhecimento pecu- tentabilidade dos nossos modelos de produção e consumo como
liar, visto que admite abertamente a ignorância coletiva a respeito causador desta pandemia. “Toda escolha que fazemos pode ser
da maioria das questões importantes. Darwin nunca afirmou ser “o para apoiar ou não a sustentabilidade”, diz Mariana. Por outro lado,
último dos biólogos” e ter decifrado o enigma da vida de uma vez para que possamos fazer melhores escolhas e praticar o verdadeiro
por todas. Depois de séculos de pesquisas científicas, os biólogos consumo consciente, é necessário que, em primeiro lugar, as em-
admitem que ainda não têm uma boa explicação para como o cé- presas realizem a produção consciente, assumindo sua verdadeira
rebro gera consciência, por exemplo. Os físicos admitem que não responsabilidade pelos impactos que causam.
sabem o que causou o Big Bang, que não sabem como conciliar a Internet: <www.ecodebate.com.br> (com adaptações).
mecânica quântica com a Teoria Geral da Relatividade. Com relação aos aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue
[...] o item que se segue.
A disposição para admitir ignorância tornou a ciência moder- O pronome “que”, em “que causam” (último período do tex-
na mais dinâmica, versátil e indagadora do que todas as tradições to), exerce a função de sujeito da oração em que ocorre e retoma
de conhecimento anteriores. Isso expandiu enormemente nossa o termo “as empresas”.
capacidade de entender como o mundo funciona e nossa habili- ( ) CERTO
dade de inventar novas tecnologias, mas nos coloca diante de um ( ) ERRADO
problema sério que a maioria dos nossos ancestrais não precisou
enfrentar. Nosso pressuposto atual de que não sabemos tudo e de 33.(CEBRASPE (CESPE) - ESP GT (TELEBRAS)/TELEBRAS/
que até mesmo o conhecimento que temos é provisório se estende ADVOGADO/2022)
aos mitos partilhados que possibilitam que milhões de estranhos “Posso ajudá-lo, cavalheiro?”
cooperem de maneira eficaz. Se as evidências mostrarem que mui- “Pode. Eu quero um daqueles, daqueles...”
tos desses mitos são duvidosos, como manter a sociedade unida? “Pois não?”
Como fazer com que as comunidades, os países e o sistema inter- “Um... como é mesmo o nome?”
nacional funcionem? “Sim?”
[...] “Pomba! Um... um... Que cabeça a minha! A palavra me esca-
Uma das coisas que tornaram possível que as ordens sociais pou por completo. É uma coisa simples, conhecidíssima.”
modernas se mantivessem coesas é a disseminação de uma crença “Sim, senhor.”
quase religiosa na tecnologia e nos métodos da pesquisa científica, “O senhor vai dar risada quando souber.”
que, em certa medida, substituiu a crença em verdades absolutas. “Sim, senhor.”
Yuval Noah Harari. Sapiens: uma breve história da humanidade. 26.º “Olha, é pontuda, certo?”
ed. Porto Alegre, RS: L&PM, 2017,p. 261-263 (comadaptações). “O quê, cavalheiro?”
No que se refere aos aspectos linguísticos do texto CBIA2ZAI, “Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende?
julgue o item a seguir. Depois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo,
As orações que compõem o primeiro período do quarto pará- e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta
grafo estabelecem entre si uma relação de causa e consequência. tem outra volta, só que esta é mais fechada. E tem um, um... Uma
( ) CERTO
( ) ERRADO

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LÍNGUA PORTUGUESA

espécie de, como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a 35.(CEBRASPE (CESPE) - AG POL (PC AL)/PC AL/2021)
outra ponta; a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, fica O século XIX constituiu-se em marco fundamental para o de-
fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende?” senvolvimento das instituições de segurança pública, com as polí-
“Infelizmente, cavalheiro...” cias buscando maior legitimidade e profissionalização. Como refe-
“Ora, você sabe do que eu estou falando.” rência ocidental, a Polícia Metropolitana da Inglaterra, fundada em
“Estou me esforçando, mas...” 1829, mudou paradigmas, dando preponderância ao papel preven-
“Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa tivo de suas ações e foco à proteção da comunidade.
ponta, certo?” O consenso, em detrimento do poder de coerção, e a preven-
“Se o senhor diz, cavalheiro.” ção, em detrimento da repressão, reforçaram a proximidade da po-
Luís Fernando Veríssimo. Comunicação. lícia com a sociedade, com atenção integral ao cidadão. O modelo
Acerca das ideias, dos sentidos e dos aspectos linguísticos do inglês retirou as polícias do isolamento, apresentando-as à comuni-
texto precedente, julgue o item a seguir. dade como importante parceira da segurança pública e elemento
Em ‘A palavra me escapou por completo’ (sétimo parágrafo), fundamental para a redução da violência. Com isso, surgiu o con-
o pronome ‘me’ exprime a reflexividade da ação praticada pelo ceito de uma organização policial moderna, estatal e pública, em
sujeito oracional sobre si mesmo oposição ao controle e à subordinação política da polícia.
( ) CERTO No Brasil, as primeiras iniciativas de implantação da polícia co-
( ) ERRADO munitária ocorreram com a Constituição Federal de 1988 e a ne-
cessidade de uma nova concepção para as atividades policiais. Fo-
34.(CEBRASPE (CESPE) - AG POL (PC AL)/PC AL/2021) ram adotadas estratégias de fortalecimento das relações das forças
O século XIX constituiu-se em marco fundamental para o de- policiais com a comunidade, com destaque para a conscientização
senvolvimento das instituições de segurança pública, com as polí- sobre a importância do trabalho policial e sobre o valor da parti-
cias buscando maior legitimidade e profissionalização. Como refe- cipação do cidadão para a construção de um sistema que busca a
rência ocidental, a Polícia Metropolitana da Inglaterra, fundada em melhoria da qualidade de vida de todos.
1829, mudou paradigmas, dando preponderância ao papel preven- Brasil. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Secretaria Nacional
tivo de suas ações e foco à proteção da comunidade. de Segurança Pública (SENASP).
O consenso, em detrimento do poder de coerção, e a preven- Diretriz Nacional de Polícia Comunitária. Brasília – DF, 2019. p. 11-12
ção, em detrimento da repressão, reforçaram a proximidade da po- (com adaptações).
lícia com a sociedade, com atenção integral ao cidadão. O modelo Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto an-
inglês retirou as polícias do isolamento, apresentando-as à comuni- terior, julgue o item que se seguem.
dade como importante parceira da segurança pública e elemento Sem prejuízo da correção gramatical do texto e das infor-
fundamental para a redução da violência. Com isso, surgiu o con- mações nele veiculadas, o trecho “relações das forças policiais
ceito de uma organização policial moderna, estatal e pública, em com a comunidade” poderia ser substituído por relações entre
oposição ao controle e à subordinação política da polícia. as forças policiais e a comunidade.
No Brasil, as primeiras iniciativas de implantação da polícia co- ( ) CERTO
munitária ocorreram com a Constituição Federal de 1988 e a ne- ( ) ERRADO
cessidade de uma nova concepção para as atividades policiais. Fo-
ram adotadas estratégias de fortalecimento das relações das forças 36.(CEBRASPE (CESPE) - AAAJ (DP DF)/DP DF/DIREITO E
policiais com a comunidade, com destaque para a conscientização LEGISLAÇÃO/2022)
sobre a importância do trabalho policial e sobre o valor da parti- As forças da natureza são obviamente indiferentes a modos de
cipação do cidadão para a construção de um sistema que busca a produção, tempo e espaço. Mas são as estruturas sociais que de-
melhoria da qualidade de vida de todos. terminam as consequências, o grau de sofrimento e quem morre
Brasil. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Secretaria Na- mais. Em 1989, o terremoto de São Francisco, de intensidade 7,1
cional de Segurança Pública (SENASP). Diretriz Nacional de Polícia na escala Richter, causou a morte de 63 pessoas e deixou cerca de
Comunitária. Brasília – DF, 2019. p. 11-12 (com adaptações) 3.700 feridos. Em 2010, o terremoto em Porto Príncipe, no Haiti, de
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto an- magnitude 7,0 na escala Richter, matou mais de 300 mil pessoas e
terior, julgue o item que se seguem. deixou 300 mil feridos. Dez meses depois, uma epidemia de cólera
Sem prejuízo da correção gramatical e do sentido do pri- matou 9 mil pessoas.
meiro período do primeiro parágrafo, poderia ser inserida uma Quando a natureza atinge a existência humana, o impulso pri-
vírgula logo após o trecho “O século XIX”, portratar-se de termo mário é buscar o culpado mais à mão no imaginário. Pode ser Deus,
de natureza adverbial que delimita o recorte temporal dos eventos a cruel natureza ou o enigmático ente a que se denomina destino.
narrados no parágrafo. Mas muito frequentemente destino é uma expressão que encobre
( ) CERTO com um véu de irracionalidade o que é apenas obra humana.
( ) ERRADO O vírus atinge o planeta. O vírus ameaça a humanidade. Plane-
ta ou humanidade designam tanto os habitantes de Manhattan, da
Avenue Foch, em Paris, do Leblon, no Rio de Janeiro, ou dos Jardins,
em São Paulo, como também designam os 800 milhões de pessoas
que passam fome no mundo, segundo dados da Organização das
Nações Unidas (2017). No planeta vive o 1% das pessoas que detém
renda maior que os restantes 99% da população mundial. Vivem 42
pessoas cuja riqueza é igual à de 3,7 bilhões dos mais pobres que

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LÍNGUA PORTUGUESA

lutam para sobreviver, para suprir necessidades básicas. Vivem os A respeito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto pre-
que têm renda para ficar em casa e fazer suas compras de alimentos cedente, julgue o próximo item.
pela Internet, os que não vão comer hoje por causa da pandemia e No primeiro período do segundo parágrafo, sem prejuízo da
os que já não comiam antes da pandemia. Vivem os que podem se correção gramatical e da coerência do texto, a palavra “demoni-
isolar e os que moram em aglomerados miseráveis, em um cômodo zadas” poderia ser substituída pela respectivaforma no singular —
apenas, para os quais as palavras “confinamento”, “isolamento” ou demonizada —, caso em que ela passaria a concordar com o termo
“quarentena” são piadas de mau gosto. Vivem 4,5 bilhões de pesso- “uma espécie”
as que não têm saneamento nem água encanada, desprovidas das ( ) CERTO
condições mínimas de higiene. ( ) ERRADO
Internet:<revistacult.uol.com.br> (com adaptações).
No que se refere às ideias, aos sentidos e aos aspectos lin- 38.(CEBRASPE (CESPE) - DP RS/DPE RS/2022)
guísticos do texto precedente, julgue o item que se segue. Na sociedade líquido-moderna da hipermodernidade globali-
A supressão do sinal indicativo de crase na expressão “à zante, o fazer compras não pressupõe nenhum discurso. O consu-
mão” (primeiro período do segundo parágrafo) alteraria o sentido midor — o hiperconsumidor — compra aquilo que lhe apraz. Ele
do texto e prejudicaria sua coerência segue as suas inclinações individuais. O curtir é o seu lema.
( ) CERTO Esse movimento social de hiperconsumismo, de vida para o
( ) ERRADO consumo, guiou a pessoa natural para o caminho da necessidade,
da vontade e do gosto pelo consumo, bem como impulsionou o
37.(CEBRASPE (CESPE) - TAMB (ICMBIO)/ICMBIO/2022) descarte de cada vez mais recursos naturais finitos. Isso tem trans-
Texto formado negativamente o planeta, ao trazer prejuízos não apenas
Nossas cidades estão perdendo suas árvores rapidamente, mas para as futuras gerações, como também para as atuais, o que resul-
até nisso somos um país desigual. Os bairros mais nobres do Rio ta em problemas sociais, crises humanitárias e degradação do meio
de Janeiro e de São Paulo seguem maravilhosamente arborizados, ambiente ecologicamente equilibrado, além de afetar o desenvolvi-
alguns cada vez mais, frequentemente com árvores das mesmas mento humano, ao se precificar o ser racional, dissolvendo-se toda
espécies das que foram cortadas na frente da sua casa ou do seu solidez social e trazendo-se à tona uma sociedade líquido-moderna
trabalho por serem supostamente inadequadas, para não causarem de hiperconsumidores vorazes e indiferentes às consequências de
danos à infraestrutura. seus atos sobre o meio ambiente ecologicamente equilibrado e so-
As castanholas, também conhecidas como sete-copas, são uma bre as gerações atuais e futuras.
espécie extremamente abundante no Rio de Janeiro, mas demo- O consumismo é uma economia do logro, do excesso e do lixo,
nizadas em outras regiões menos urbanizadas, como no Pará, por pois faz que o ser humano trabalhe duro para adquirir mais coisas,
exemplo, sob o argumento de que “A raiz dela cresce demais” ou de mas traz a sensação de insatisfação porque sempre há alguma coisa
que “Vai quebrar a calçada”. Árvores com raízes robustas e que cres- melhor, maior e mais rápida do que no presente. Ao mesmo tempo,
cem por grandes distâncias são acusadas de destruir a pavimenta- as coisas que se possuem e se consomem enchem não apenas os
ção, ao passo que aquelas de raízes reduzidas caem com facilidade. armários, as garagens, as casas e as vidas, mas também as mentes
As espécies de crescimento rápido são as que mais assustam os das pessoas.
técnicos responsáveis pela arborização exageradamente tementes Nessa sociedade líquido-moderna de hiperconsumidores, o de-
à infraestrutura. Todavia, as outras demoram uma eternidade para sejo satisfeito pelo consumo gera a sensação de algo ultrapassado;
crescer, a vida passa ligeiramente e todos querem ver a tão sonhada o fim de um consumo significa a vontade de iniciar qualquer outro.
arborização avançada. Não podem ficar muito altas, especificam os Nessa vida de hiperconsumo e para o hiperconsumo, a pessoa natu-
técnicos, nem derrubar muitas folhas. Se derrubarem frutos gran- ral fica tentada com a gratificação própria imediata, mas, ao mesmo
des, como mangas, por exemplo, nem pensar! Podem amassar a tempo, os cérebros não conseguem compreender o impacto cumu-
lataria de um carro! Flores e pequenos frutos podem manchar a lativo em um nível coletivo. Assim, um desejo satisfeito torna-se
pintura! Há também aquelas árvores que atraem morcegos. Melhor quase tão prazeroso e excitante quanto uma flor murcha ou uma
não! Espinhos estão fora de questão. E se alguém se machuca? Na garrafa de plástico vazia.
autobiografia de Woody Allen, ele afirma algo interessante: mais do O hiperconsumismo afeta não apenas a relação simbiótica en-
que os outros, o inferno é o gosto dos outros. tre o ser humano e o planeta, como também fere de morte a mo-
A expectativa é que, nas próximas décadas, a temperatura das ral, ao passo que torna tudo e todos algo precificável, descartável
cidades suba consideravelmente devido às mudanças climáticas e indiferente.
globais. Nesse contexto, é muito bem- vinda qualquer sombra que Fellipe V. B. Fraga e Bruno B. de Oliveira. O consumo colaborati-
venha a reduzir a temperatura do asfalto, da calçada ou de uma vo como mecanismo de desenvolvimento sustentável na sociedade
parede. O canto dos pássaros e dos insetos e o colorido das flores líquido-moderna. LAECC. Edição do Kindle (com adaptações).
também têm importante papel na qualidade de vida dos cidadãos, Com base nas ideias e nos aspectos linguísticos do texto pre-
comprovadamente reduzindo o estresse e o risco de depressão. Es- cedente, julgue o item que se seguem.
ses são outros benefícios da arborização que, geralmente, não são Sem prejuízo da correção gramatical e da coerência do texto,
incluídos no contexto técnico, mas que devem ser mais bem pesa- a oração “que se possuem e se consomem” poderia ser reescrita
dos na equação dos riscos e benefícios da arborização. da seguinte maneira: que são possuídas econsumidas
Rodolfo Salm. Cadê a árvore que estava aqui?, 19/2/2021. Internet: ( ) CERTO
<www.correiocidadania.com.br> (com adaptações ( ) ERRADO

58
LÍNGUA PORTUGUESA

39.( CEBRASPE (CESPE) - SOLD (PM TO)/PM TO/QPE/2021) du e gaapi (cipó Banisteriopsis caapi). Os pesquisadores indígenas
Apenas dez anos atrás, ainda havia em Nova York (onde moro) atuais da região também destacam essa especificidade funcional.
muitos espaços públicos mantidos coletivamente nos quais cida- Assim, distinguem-se até hoje dois tipos de árvore no Alto Rio Ne-
dãos demonstravam respeito pela comunidade ao poupá-la das gro: as árvores de cuiupis e as de cuias, que recebem nomes dife-
suas intimidades banais. Há dez anos, o mundo não havia sido to- rentes pelos falantes da língua tukano.
talmente conquistado por essas pessoas que não param de tagare- Dona Ana me explica que os cuiupis no Alto Rio Negro são plan-
lar no celular. Telefones móveis ainda eram usados como sinal de tios muito antigos dos Cuchi, e os galhos foram trazidos da beira do
ostentação ou para macaquear gente afluente. Afinal, a Nova York rio Cassiquiari (afluente do rio Orinoco, na fronteira entre Colômbia
do final dos anos 90 do século passado testemunhava a transição e Venezuela), onde o cuiupi “tem na natureza”, pois cresce sozinho
inconsútil da cultura da nicotina para a cultura do celular. Num e em abundância. Já a cuia redonda, diz-se que veio de Santarém
dia, o volume no bolso da camisa era o maço de cigarros; no dia ou de Manaus, com o povo Baré nas migrações forçadas que mar-
seguinte, era um celular. Num dia, a garota bonitinha, vulnerável e caram a colonização do Rio Negro. Os homens mais velhos atestam
desacompanhada ocupava as mãos, a boca e a atenção com um ci- que em Manaus só tinha cuia. De lá, uma família chamada Coimbra
garro; no dia seguinte, ela as ocupava com uma conversa importan- chegou trazendo gado e enriqueceu vendendo cuias redondas no
te com uma pessoa que não era você. Num dia, viajantes acen- Alto Rio Negro.
diam o isqueiro assim que saíam do avião; no dia seguinte, eles Cuiupis e cuias diferem na origem e também nos ritmos de
logo acionavam ocelular. O custo de um maço de cigarros por vida. As árvores de cuiupi frutificam durante a estação chamada ki-
dia se transformou em contas mensais de centenas de dólares pu-wahro. Antes de produzirem frutos, perdem todas as folhas uma
na operadora. A poluição atmosférica se transformou empoluição vez por ano. A árvore de cuia, diferentemente do cuiupi, mantém as
sonora. Embora o motivo da irritação tivesse mudado de uma hora folhas e a produção de frutos durante todo o ano.
para outra, o sofrimento da maioria contida, provocado por uma Priscila Ambrósio Moreira. Memórias sobre as cuias. O que
minoria compulsiva em restaurantes, aeroportos e outros espaços contam os quintais e as florestas alagáveis na Amazônia brasileira?
públicos, continuou estranhamente constante. Em 1998, não muito In: Joana Cabral de Oliveira et al. (Org.). Vozes Vegetais. São Paulo:
tempo depois que deixei de fumar, observava, sentado no metrô, Ubu Editora, p. 155-156 (com adaptações).
as pessoas abrindo e fechando nervosamente seus celulares, No último período do segundo parágrafo do texto 1A1-I, o
mordiscando as anteninhas. Ou apenas os segurando como se vocábulo “se”, em “distinguem-se”, remete a
fossem a mão de uma mãe, e euquase sentia pena delas. Para (A) “pesquisadores indígenas”.
mim, era difícil prever até onde chegaria essa tendência: Nova York (B) “especificidade funcional”.
queria verdadeiramente se tornar uma cidade de viciados em celu- (C) “tipos”.
lares deslizando pelas calçadas sob desagradáveis nuvenzinhas de (D) “árvores”.
vida privada, ou de alguma maneira iria prevalecer a noção de que
deveria haver um pouco de autocontroleem público? 41.(CEBRASPE (CESPE) - ESC POL (PC DF)/PC DF/2021)
Jonathan Franzen. Como ficar sozinho. São Paulo: Companhia das Nova Iorque já foi vista como uma das metrópoles mais peri-
Letras, 2012, p. 17-18 (com adaptações). gosas do mundo. Em 1990, alcançou seu pico de homicídios: 2.262
Depreende-se dos sentidos do texto 1A1-I que a expressão em um ano, média de 188 por mês. Masesse cenário mudou, e a
“suas intimidades banais”, presente no primeiro período, refere- cidade apresentou uma das maiores reduções de crimes registradas
-se nos EUA.
(A) ao conteúdo das conversas das pessoas ao celular. Uma das medidas adotadas pela prefeitura de Nova Iorque
(B) à exposição das compulsões das pessoas em espaços ficou conhecida como “janelas quebradas” e previa o combate
públicos como restaurantes e aeroportos. a crimes pequenos e a prevenção dovandalismo, para impedir
(C) à vulnerabilidade das garotas que fumavam sozinhas pelas uma espiral de violência que levasse a crimes mais graves.
ruas de Nova York. Para alguns observadores, entretanto, o modelo da “janela
(D) à demonstração de hábitos peculiares em público, como quebrada” foi superestimado. O mais importante, dizem, foi iden-
o de morder antenas de celulares. tificar focos de criminalidade para concentrar,ali, ação preventiva.
(E) ao descontrole das pessoas viciadas em celulares. Foi possível assinalar áreas pequenas onde criminosos mais atua-
vam, onde se sabia que crimes iam ocorrer.
40.(CEBRASPE (CESPE) - CAD (CBM TO)/CBM TO/2021) O ex-policial Tom Reppetto sugere que essas áreas tenham
Texto 1A1-I presença visível e constante da polícia. As patrulhas preventivas
A manhã era fresca na palhoça da velha dona Ana no Alto Rio — e em grande número — em focos de crime foi essencial para
Negro, um lugar onde a história é viva e a gente é parte dessa conti- reduzir a violência. “O crime é mais situacional do que se pensa,
nuidade. Dona Ana explicava que “antes tinha o povo Cuchi, depois inclusive homicídios. Com a patrulha policial, pessoas que iam co-
teve Baré escravizado vindo de Manaus pra cá na época do cuma- meter crimes simplesmente foram fazer outra coisa”, afirma outro
ru, da batala, do pau-rosa. Muitos se esconderam no rio Xié. Agora especialista, Frank Zimring.
somos nós”. Terra de gente poliglota, de encontros e desencontros Outra medida que teve papel importantíssimo foi a imple-
estrangeiros. mentação de cortes (tribunais), nos anos 90, para tratar de cri-
No início desse mundo, havia dois tipos de cuia: a cuia de tapio- mes menores, mediar conflitos comunitários ecasos de violência
ca e a cuia de ipadu. Embora possam ser classificadas como perten- doméstica e para lidar com usuários de drogas. A ideia é evitar
centes à mesma espécie botânica (Crescentia cujete), a primeira era que esses conflitos evoluam e aumentar a confiança dos cidadãos
ligada ao uso diário, ao passo que a outra era usada como veículo no sistema judiciárioe político.
de acesso ao mundo espiritual em decorrência do consumo de ipa- Internet: <www.bbc.com > (com adaptações).

59
LÍNGUA PORTUGUESA

No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguísticos do 43.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEED PR)/SEED PR/
texto precedente, julgue os próximos itens. LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS/LÍNGUA PORTUGUE-
As formas verbais “dizem” “afirma” foram empregadas com SA/2021)
o mesmo objetivo: fazer referência às palavras de um interlocutor. Texto 5A3-III
( ) CERTO Poesia
( ) ERRADO Gastei uma hora pensando um versoque a pena não quer es-
crever.
42.(CEBRASPE (CESPE) - TEC PER (PC PB)/PC PB/ÁREA GE- No entanto ele está cá dentroinquieto, vivo.
RAL/2022) Ele está cá dentroe não quer sair.
Texto CG2A1 Mas a poesia deste momentoinunda minha vida inteira.Carlos
A cultura dominante, hoje mundializada, se estrutura ao redor Drummond de Andrade. Poesia 1930-62.São Paulo: Cosac & Naify,
da vontade de poder que se traduz por vontade de dominação da 2012. p. 104.
natureza, do outro, dos povos e dos mercados. Os meios de comu- Com relação ao uso de figuras de linguagem no texto 5A3-III,
nicação levam ao paroxismo a magnificação de todo tipo de vio- assinale a opção que apresenta um verso do poema no qual ocor-
lência. Nessa cultura, o militar, o banqueiro e o especulador valem re metonímia.
mais que o poeta, o filósofo e o santo. Nos processos de socializa- (A) “que a pena não quer escrever”
ção formal e informal, ela não cria mediações para uma cultura da (B) “inunda minha vida inteira”
paz. Sem detalhar a questão, diríamos que por detrás da violência (C) “Gastei uma hora pensando um verso”
funcionam poderosas estruturas. A primeira delas é o caos sempre (D) “Mas a poesia deste momento”
presente no processo cosmogênico. Viemos de uma imensa explo- (E) “No entanto ele está cá dentro”
são, o big bang. E a evolução comporta violência em todas as suas
fases. Em segundo lugar, somos herdeiros da cultura patriarcal que 44.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEED PR)/SEED PR/
instaurou a dominação do homem sobre a mulher e criou as insti- LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS/LÍNGUA PORTUGUE-
tuições do patriarcado assentadas sobre mecanismos de violência SA/2021)
como o Estado, as classes, o projeto da tecnociência, os processos Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se
de produção como objetivação da natureza e sua sistemática de- sente; é um contentamento descontente,é dor que desatina sem
predação. Em terceiro lugar, essa cultura patriarcal gestou a guerra doer.
como forma de resolução dos conflitos. Sobre essa vasta base se Luís de Camões. In: Massaud Moisés. A literatura portuguesa
formou a cultura do capital, hoje globalizada; sua lógica é a com- através dos textos. São Paulo: Cultrix, 1968. p. 85.
petição, e não a cooperação; por isso, gera guerras econômicas e Assinale a opção que apresenta a figura de linguagem pre-
políticas e, com isso, desigualdades, injustiças e violências. Todas sente em todos os versos da estrofe do poema apresentado.
essas forças se articulam estruturalmente para consolidar a cultura (A) hipérbole
da violência que nos desumaniza a todos. A essa cultura da violên- (B) eufemismo
cia há que se opor a cultura da paz. Hoje ela é imperativa. É impe- (C) antítese
rativa, porque as forças de destruição estão ameaçando, por todas (D) alegoria
as partes, o pacto social mínimo sem o qual regredimos a níveis (E) ironia
de barbárie. Onde buscar as inspirações para a cultura da paz? A
singularidade do 1% de carga genética que nos separa dos primatas 45.(CEBRASPE (CESPE) - PROF (SEED PR)/SEED PR/SÉRIES
superiores reside no fato de que nós, à distinção deles, somos seres INICIAIS/2021)
sociais e cooperativos. Ao lado de estruturas de agressividade, te- Texto 15A2-II
mos capacidades de afetividade, compaixão, solidariedade e amori- Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e
zação. O ser humano é o único ser que pode intervir nos processos realço a minha mediocridade; advirto que a franqueza é a primei-
da natureza e copilotar a marcha da evolução. Ele foi criado criador. ra virtude de um defunto. Na vida, o olharda opinião, o contraste
Dispõe de recursos de reengenharia da violência mediante proces- dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos
sos civilizatórios de contenção e uso de racionalidade. Há muito que velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao
filósofos veem no cuidado a essência do ser humano. Tudo precisa mundo as revelações que faz à consciência; e o melhor da obrigação
de cuidado para continuar a existir. Onde vige cuidado de uns para é quando, à força de embaçar os outros, embaça-se um homem
com os outros desaparece o medo, origem secreta de toda violên- a si mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma
cia, como analisou Freud. sensação penosa, e a hipocrisia, que é um vício hediondo. Mas,
No trecho “Ao lado de estruturas de agressividade, temos na morte, que diferença! Que desabafo! Que liberdade! Como a
capacidades de afetividade, compaixão, solidariedade e amoriza- gente pode sacudirfora a capa, deitar ao fosso as lantejoulas, des-
ção”, do texto CG2A1, o termo “amorização”constitui um tipo de pregar-se, despintar-se, desafeitar-se, confessar lisamente o que foi
(A) neologismo. e o que deixou de ser! Porque, em suma, já não há vizinhos, nem
(B) arcaísmo. amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos; não há pla-
(C) barbarismo. teia. O olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude,
(D) estrangeirismo. logo que pisamos o território da morte; não digo que ele se não
(E) eufemismo. estenda para cá, e nos não examine e julgue; mas a nós é que não
se nos dá do exame nem do julgamento. Senhores vivos,não há
nada tão incomensurável como o desdém dos finados.

60
LÍNGUA PORTUGUESA

Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Maria Clara Rossini. Pareidolia: por que vemos “rostos” em ob-
Paulo: jetos inanimados? Este estudo explica. Internet: <super.abril.com.
Ciranda Cultural, 2018. p. 49. br> (com adaptações).
No trecho “embaça-se um homem a si mesmo”, do texto A função da linguagem que predomina no texto 2A1-I é a
15A2-II, nota-se uso expressivo de pleonasmo, que, no caso em (A) referencial.
questão, configura-se pela (B) metalinguística.
(A) combinação de ideias contraditórias, para contrapô-las. (C) conativa.
(B) omissão de um termo subentendido, para evitar repetição. (D) fática.
(C) repetição de uma mesma ideia em dois termos, para en-
fatizá-la. 47. (CEBRASPE (CESPE) - TCE TCE RJ/TCE-RJ/TÉCNI-
(D) concordância ideológica de termos, para uniformizá-los. CO/2022)
(E) comparação entre dois termos, para estabelecer uma A preocupação com o desenvolvimento das indústrias criativas
analogia. ocorre de forma não intuitiva e direcionada há muitos anos. Em
1918, o presidente dos Estados Unidos da América, Woodrow Wil-
46.(CEBRASPE (CESPE) - SOLD (CBM TO)/CBM TO/2021) son, promoveu a nascente indústria cinematográfica, considerando
Texto 2A1-I que “o comércio vai atrás dos filmes”, uma afirmação clássica sobre
Olhe para a tomada mais próxima, para um conjunto de o fato de que as indústrias criativas têm um significado que vai mui-
janelas ou então para a traseira de um carro. Se você vê figuras to além do seu impacto econômico imediato. O governo australiano
parecidas com rostos nesses e em outrosobjetos, saiba que não é publicou, em 1994, um documento chamado Creative Nation, no
o único: trata-se de um fenômeno bem conhecido pela ciência, cha- qual já apresentava alguns posicionamentos oficiais sobre a pauta.
mado pareidolia. Basta posicionar duas formas que lembrem olhos Nele, afirmava que “uma política cultural também é uma política
acima de outra que pareça uma boca para as pessoas começarem econômica” e que “o nível de nossa criatividade determina substan-
a enxergar rostos. cialmente nossa capacidade de adaptação aos novos imperativos
A pareidolia já foi vista como um sinal de psicose no passa- econômicos”.
do, mas hoje se sabe que ela é uma tendência completamente Após as eleições para primeiro-ministro do Reino Unido, em
normal entre humanos. De acordo com o cientista Carl Sagan, 1997, foi realizado o primeiro mapeamento concreto e aprofun-
a tendência está provavelmente associada à necessidade evolutiva dado sobre a economia criativa em uma nação. Esse mapeamento
de reconhecer rostos rapidamente. causou polêmica quanto à conceituação de indústria criativa. De
Pense na pré-história: se uma pessoa conseguisse identificar os acordo com a definição do governo inglês, as indústrias criativas são
olhos e a boca de um predador escondido na mata, ela teria mais aquelas atividades que têm origem na criatividade, na habilidade
chances de fugir e sobreviver. Quem tivesse dificuldade em ver um e no talento individual e que potencializam a geração de riqueza e
rosto camuflado ali provavelmente seria pego de surpresa — e con- empregos por meio da geração e da exploração da propriedade in-
sequentemente viraria jantar. telectual. Os críticos que analisaram o projeto de Tony Blair/DCMS
Pesquisadores da Universidade de Nova Gales do Sul, na Aus- consideraram que as colocações deixaram o contexto muito aberto,
trália, investigaram o fenômeno e escreveram em um artigo que, pois poderia englobar áreas como engenharia e indústria farmacêu-
além da vantagem evolutiva, a pareidolia também pode estar re- tica, que não têm conexão com a economia criativa.
lacionada ao mecanismo do cérebro que reconhece e processa Como em qualquer área de pesquisa, alguns cientistas apre-
informações sociais em outras pessoas. “Não basta perceber a sentam visões bem controversas. O pesquisador estadunidense
presença de umrosto; precisamos reconhecer quem é aquela pes- Richard Florida, por exemplo, trouxe o conceito de classe criativa.
soa, ler as informações presentes no rosto, se ela está prestando Segundo Florida, regiões metropolitanas com alta concentração de
atenção em nós, e se está feliz ou triste”, diz o líderdo estudo. trabalhadores ligados a tecnologia, artistas, músicos, lésbicas e gays
De fato, os objetos inanimados não parecem ser apenas rostos e o grupo definido por high bohemians são áreas com alto potencial
inexpressivos. Em uma simples caminhada na rua, você pode ter a de crescimento neste milênio. Na visão de Florida, as cidades de-
impressão de que semáforos, carros, casas e até tijolos jogados na vem posicionar-se de forma diferente no novo milênio e virar todos
calçada te encaram e parecem esboçar expressões faciais — medo, os holofotes para a economia criativa.
raiva, alegria, susto ou tristeza. Vinnie de Oliveira. Economia criativa 4.0: o mundo não gira ao
Segundo os autores do estudo, os objetos são, de fato, in- contrário. Edição do Kindle (com adaptações
terpretados como rostos humanos pelo nosso cérebro. “Nós sa- Julgue o item seguinte, no que diz respeito às ideias e a aspec-
bemos que o objeto não tem uma mente, masnão conseguimos tos linguísticos do texto precedente.
evitar olhar para ele como se tivesse características inteligentes, Na oração “as cidades devem posicionar-se de forma dife-
como direção do olhar ou emoções; isso acontece porque os me- rente no novo milênio” (último período do texto), conclui-se do
canismos ativadospelo nosso sistema visual são os mesmos quando emprego do vocábulo “se” que a oração está navoz passiva, isto
vemos um rosto real ou um objeto com características faciais”, diz é, a locução “devem posicionar-se” é, sintática e semanticamente,
um dos pesquisadores. equivalente a devem ser posicionadas
Os cientistas pretendem também investigar os mecanismos ( ) CERTO
cognitivos que levam ao oposto: a prosopagnosia (a inabilidade de ( ) ERRADO
identificar rostos) ou algumas manifestações do espectro autista,
o que inclui a dificuldade em ler rostos e interpretar as informações
presentes neles, como o estado emocional.

61
LÍNGUA PORTUGUESA

48.(CEBRASPE (CESPE) - ANA LEG (ALECE)/ALECE/LÍN- remoto oceano, no fundo de uma caverna escura e silenciosa,
GUA PORTUGUESA/GRAMÁTICA NORMATIVA E REVISÃO mesmo láouviríamos, em cada palavra apenas sonhada, a gritaria
ORTOGRÁFICA/2021) interminável dos que nos ouvem.
Texto 14A1-I Enquanto isso, é sempre bom lembrar que, nesse trançado infi-
A língua é o espaço que forma o escritor. Tentar compreendê- nito de vozes, o que trocamos não são símbolos e códigos neutros;
-la (essa tarefa impossível) será, portanto, um bom caminho para nem sinais de computador, nem mensagens unilaterais; a vida da
compreender a atividade da literatura. A questão é que há tantas linguagem está no fato de que não ouvimos ou lemos apenas
línguas, e isso no universo do mesmo idioma, quanto há escri- sons ou letras, mas desejos, medos, ordens, confissões; de que
tores. Quando falo de língua, não me refiro apenas ao simples nãofalamos ou escrevemos sinais, mas intenções, pontos de vis-
depósito depalavras que circulam em uma comunidade, nem a ta, sonhos, acusações, defesas, indiferenças. Ninguém entende a
um sistema gramatical normativo às vezes mais, às vezes menos linguagem como certa ou errada (excetonos cadernos escolares),
estável numa sociedade, numa estação do ano,num sexo, numa mas como verdadeira, mentirosa, bela, nojenta, comovente, deli-
região, numa família ou em parte dela, num lugarejo, numa classe rante, horrível, ofensiva, carinhosa... É exatamente nesse pântano
social, naquela rua, num determinado dia, num livro e quase nunca inseguro dos
num país inteiro. No texto 14A1-I, o vocábulo “se” constitui parte integrante do
A língua em que circula o escritor jamais é uma entidade uni- verbo no trecho
tária. Não pode ser, em caso algum, uma ordem unida. Porque a (A) “o ar que se respira” (terceiro parágrafo).
matéria da literatura não é um sistema abstrato de regras e rela- (B) “o que é novo e surpreendente no que se diz” (terceiro
ções, uma análise combinatória de fonemas ou um conjunto de parágrafo).
universais semânticos como tem sido a língua para uma corrente (C) “É nessa diversidade imensa e imediata que se move
consideráveldos cientistas da língua. Justamente por serem abstra- quem escreve” (terceiro parágrafo).
tos, justamente por serem apenas fonemas e justamente por serem (D) “antes mesmo de se tornarem voz” (quinto parágrafo).
universais, esses elementos primeiros são desprovidos de significa- (E)“se desdobramos a palavra” (quarto parágrafo).
do: servindo a todos, não servem a ninguém. De fato, não che-
gam a se constituir em “língua”, face a outra parte indispensável 49.(CEBRASPE (CESPE) - TAJ (TJ RJ)/TJ RJ/”SEM ESPECIA-
da palavra: ofalante. LIDADE”/2021)
O falante, o homem que tem a palavra é, portanto, o verdadei- Texto CG1A1
ro território do escritor: a língua real é ele. E em que sentido ele Na casa vazia, sozinha com a empregada, já não andava como
pode ser considerado uma entidade universal? Isso interessa por- um soldado, já não precisava tomar cuidado. Mas sentia falta da ba-
que, no exato momento em que uma palavra ganha vida, na voz talha das ruas. Melancolia da liberdade, com o horizonte ainda tão
do falante, ela ganha também o seu limite: o pé no chão, que longe. Dera-se ao horizonte. Mas a nostalgia do presente. O apren-
não équalquer chão, o espaço, que é esse espaço, e não outro, dizado da paciência, o juramento da espera. Do qual talvez não sou-
o ar que se respiraa, o tempo, o dia, a hora, toda a soma das besse jamais se livrar. A tarde transformando-se em interminável
intenções muito específicas convertidas noimpulso da palavra; e, e, até todos voltarem para o jantar e ela poder se tornar com alívio
é claro, a ninguém interessa o que a palavra quer dizer de velha uma filha, era o calor, o livro aberto e depois fechado, uma intui-
(isso até o dicionário sabe), mas o que ela quer dizer de nova, ção, o calor: sentava-se com a cabeça entre as mãos, desesperada.
isto é, o que énovo e surpreendente no que se dizb. Esse espetá- Quando tinha dez anos, relembrou, um menino que a amava joga-
culo das vozes que falam sem parar no mundo em torno, ou nesse ra-lhe um rato morto. Porcaria! berrara branca com a ofensa. Fora
mundo em torno, nesse exato momento, é a vida indispensável de uma experiência. Jamais contara a ninguém. Com a cabeça entre as
quem escreve. É nessa diversidade imensa e imediata que se move mãos, sentada. Dizia quinze vezes: sou vigorosa, sou vigorosa, sou
quem escrevec, o ouvido atento. vigorosa — depois percebia que apenas prestara atenção à conta-
Mas há ainda um terceiro complicador na palavra, além da gem. Suprindo com a quantidade, disse mais uma vez: sou vigorosa,
sua matéria mesma e além daquele que fala. Porque, se desdo- dezesseis. E já não estava mais à mercê de ninguém. Desesperada
bramos a palavrae, descobrimos que quem lhedá vida não é exa- porque, vigorosa, livre, não estava mais à mercê. Perdera a fé. Foi
tamente o falante. Ninguém no mundo fala sozinho. Mesmo que, conversar com a empregada, antiga sacerdotisa. Elas se reconhe-
numa redução ao absurdo, isso fosse possível, ou seja, uma pala- ciam. As duas descalças, de pé na cozinha, a fumaça do fogão. Per-
vra que dispensasseos outros para fazer sentido, ela seria uma pa- dera a fé, mas, à beira da graça, procurava na empregada apenas o
lavra natimorta, um objeto opaco à espera de um criptólogo que que esta já perdera, não o que ganhara. Fazia-se pois distraída e,
lhe rompesse o isolamento, como um Champollion diantede uma conversando, evitava a conversa. “Ela imagina que na minha idade
pedra no meio do caminho, mas então a suposta pureza original devo saber mais do que sei e é capaz de me ensinar alguma coisa”,
autossuficiente estaria destruída. pensou, a cabeça entre as mãos, defendendo a ignorância como
Assim, surge outro território essencial de quem escreve: o ter- a um corpo. Faltavam-lhe elementos, mas não os queria de quem
ritório de quem ouve, a força da linguagem alheia, dos outros, num já os esquecera. A grande espera fazia parte. Dentro da vastidão,
sentido duplo interessa tanto o que os outros nos dizem (e somos maquinando.
nós que damos vida a essas palavras que vêm de lá, antes mesmo Clarice Lispector. Preciosidade. In: Laços de Família. Rio de Ja-
de se tornarem voz)d, quanto o que nós dizemos (e são eles, os neiro: Rocco, 1998, p. 86-87 (com adaptações).
outros,que dão vida ao que dizemos, antes mesmo de a gente abrir No primeiro período do texto CG1A1, o termo “como” expres-
a boca). Para a palavra e para tudo que significa, os outros não são sa a ideia de
uma escolha, mas parte inseparável. Mesmo solitários, de olhos (A) explicação.
e ouvidos fechados, isolados na mais remota ilha do mais (B) intensidade.

62
LÍNGUA PORTUGUESA

(C) adição. 7 CERTO


(D) causa.
(E) comparação. 8 CERTO
9 CERTO
50.(CEBRASPE (CESPE) - SOLD (PM TO)/PM TO/QPE/2021)
10 D
Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papa-
gaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, a 11 ERRADO
beira de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali 12 CERTO
não existia sinal de comida. A cachorra Baleia jantara os pés,
13 ERRADO
a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto.
Agora,enquanto parava, dirigia as pupilas brilhantes aos objetos fa- 14 B
miliares, estranhava não ver sobre o baú de folha a gaiola pequena 15 ERRADO
onde a ave se equilibrava mal. Fabiano também às vezes sentia fal-
ta dele, mas logo a recordação chegava. Tinha andado a procurar 16 CERTO
raízes, à toa: o resto da farinha acabara, não se ouvia um berro 17 A
de rês perdida na caatinga. Sinha Vitória, queimando o assento no 18 CERTO
chão, as mãos cruzadas segurando os joelhos ossudos, pensava em
acontecimentos antigos que não se relacionavam: festas de casa- 19 ERRADO
mento, vaquejadas, novenas, tudo numa confusão. Despertara-a 20 ERRADO
um grito áspero, vira de perto a realidade e o papagaio, que andava 21 E
furioso, com os pés apalhetados, numa atitude ridícula. Resolvera
de supetão aproveitá-lo como alimento e justificara-se declaran- 22 ERRADO
do a si mesma que ele era mudo e inútil. Nãopodia deixar de ser 23 C
mudo. Ordinariamente a família falava pouco. E depois daquele de- 24 B
sastre viviam todos calados, raramente soltavam palavras curtas. O
louro aboiava, tangendo um gado inexistente, e latia arremedando 25 ERRADO
a cachorra. 26 A
As manchas dos juazeiros tornaram a aparecer, Fabiano aligei- 27 CERTO
rou o passo, esqueceu a fome, a canseira e os ferimentos. As al-
percatas dele estavam gastas nos saltos,e a embira tinha-lhe aberto 28 D
entre os dedos rachaduras muito dolorosas. Os calcanhares, duros 29 ERRADO
como cascos, gretavam-se e sangravam. 30 ERRADO
Num cotovelo do caminho, avistou um canto de cerca, en-
cheu-o a esperança de achar comida, sentiu desejo de cantar. A 31 ERRADO
voz saiu-lhe rouca, medonha. Calou-se paranão estragar a força. 32 ERRADO
Deixaram a margem do rio, acompanharam a cerca, subiram
33 ERRADO
uma ladeira, chegaram aos juazeiros. Fazia tempo que não viam
sombra. 34 ERRADO
Graciliano Ramos. Vidas secas. 107.ª edição (com adaptações). 35 CERTO
No texto 1A2-II, o segmento “como cascos”, em “Os calca-
36 CERTO
nhares, duros como cascos, gretavam-se e sangravam” (segundo
parágrafo), expressa uma 37 CERTO
(A) causa. 38 CERTO
(B) comparação.
39 A
(C) consequência.
(D) conclusão. 40 C
(E) concessão. 41 ERRADO
42 A
GABARITO 43 A
44 C
1 ERRADO 45 C
2 ERRADO 46 A
3 E 47 ERRADO
4 A 48 D
5 D 49 E
6 CERTO 50 B

63
LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES

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64
RACIOCÍNIO LÓGICO

ESTRUTURAS LÓGICAS LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO: ANALOGIAS,


INFERÊNCIAS, DEDUÇÕES E CONCLUSÕES
A lógica proposicional, não obstante ter sua importância filosó-
fica, deixa a desejar em termos de validar argumentos mais comple- Chama-se argumento a afirmação de que um grupo de propo-
xos que tratam de assuntos filosóficos, científicos e matemáticos. sições iniciais redunda em outra proposição final, que será conse-
De fato, ainda não foi inventado um sistema lógico para validar quência das primeiras. Ou seja, argumento é a relação que associa
ou negar verdades complexas. Escrevamos e pensemos sobre: um conjunto de proposições P1, P2,... Pn , chamadas premissas do
p: João é pedreiro. argumento, a uma proposição Q, chamada de conclusão do argu-
q: Todo pedreiro é homem. mento.
r: Logo, João é homem.
Pelos símbolos lógicos, a formalização do argumento acima é:
, no entanto, não temos, ainda como mostrar que
a conclusão r é uma consequência lógica de p e q, pois a palavra
todo não é definida em lógica proposicional e o termo homem não
é mais uma parte do binário homem-mulher, pois mais gêneros fo-
ram considerados atualmente.
Portanto, não há como demonstrar que a conclusão, “Logo,
João é homem”, é uma consequência das premissas, não obstante,
parecer lógico; e existem mulheres e outros gêneros que não ho-
mem que tornam, hoje, a premissa maior falsa, mas não o era há
cerca de 100 anos.
Exemplo:
Nesse sentido, usa-se, para melhorar o desempenho das análi-
P1: Todos os cientistas são loucos.
ses racionais, a lógica dos predicados, como a mais simples depois
P2: Martiniano é louco.
da lógica proposicional.
Q: Martiniano é um cientista.
Agora, para um entendimento mais claro, vamos usar alguns
exemplos matemáticos com afirmações comuns:
O exemplo dado pode ser chamado de Silogismo (argumento
; formado por duas premissas e a conclusão).
. A respeito dos argumentos lógicos, estamos interessados em
As sentenças acima estão escritas em função das variáveis x e verificar se eles são válidos ou inválidos! Então, passemos a enten-
y. O nome variável já indica que não é um valor fixo, e logo, se não der o que significa um argumento válido e um argumento inválido.
definirmos as condições que as variáveis fornecem, nenhum signifi-
cado tem as sentenças acima, logo elas, as variáveis, não possuem Argumentos Válidos
valores lógico verdadeiro, e as sentenças não são proposições. Dizemos que um argumento é válido (ou ainda legítimo ou bem
No entanto, se escrevermos construído), quando a sua conclusão é uma consequência obrigató-
ria do seu conjunto de premissas.
,
A variável passa a ser o sujeito da sentença e, ser parte dos
Exemplo:
reais, dá a x um valor de predicado, i.e., uma propriedade que o
O silogismo...
sujeito poderá ou não satisfazer.
P1: Todos os homens são pássaros.
Afirmar que x é um número real é verdadeira para, por exem-
P2: Nenhum pássaro é animal.
plo:
Q: Portanto, nenhum homem é animal.
.
Mas, é falsa para: ... está perfeitamente bem construído, sendo, portanto, um
. argumento válido, muito embora a veracidade das premissas e da
Afirmar que ‘x é um número real’ permite analisar as sentenças conclusão sejam totalmente questionáveis.
como uma sentença lógica em verdadeira ou falsa.
A importância do predicado foi mostrada acima. Agora, siga- ATENÇÃO: O que vale é a CONSTRUÇÃO, E NÃO O SEU CONTE-
mos com as definições básicas para o estudo da lógica de predica- ÚDO! Se a construção está perfeita, então o argumento é válido,
dos. independentemente do conteúdo das premissas ou da conclusão!

65
RACIOCÍNIO LÓGICO

• Como saber se um determinado argumento é mesmo váli- Comparando a conclusão do nosso argumento, temos:
do? NENHUM homem é animal – com o desenho das premissas
Para se comprovar a validade de um argumento é utilizando será que podemos dizer que esta conclusão é uma consequência
diagramas de conjuntos (diagramas de Venn). Trata-se de um mé- necessária das premissas? Claro que sim! Observemos que o con-
todo muito útil e que será usado com frequência em questões que junto dos homens está totalmente separado (total dissociação!) do
pedem a verificação da validade de um argumento. Vejamos como conjunto dos animais. Resultado: este é um argumento válido!
funciona, usando o exemplo acima. Quando se afirma, na premissa
P1, que “todos os homens são pássaros”, poderemos representar Argumentos Inválidos
essa frase da seguinte maneira: Dizemos que um argumento é inválido – também denominado
ilegítimo, mal construído, falacioso ou sofisma – quando a verdade
das premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclu-
são.
Exemplo:
P1: Todas as crianças gostam de chocolate.
P2: Patrícia não é criança.
Q: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate.

Este é um argumento inválido, falacioso, mal construído, pois


as premissas não garantem (não obrigam) a verdade da conclusão.
Patrícia pode gostar de chocolate mesmo que não seja criança, pois
a primeira premissa não afirmou que somente as crianças gostam
de chocolate.
Utilizando os diagramas de conjuntos para provar a validade
do argumento anterior, provaremos, utilizando-nos do mesmo arti-
Observem que todos os elementos do conjunto menor (ho- fício, que o argumento em análise é inválido. Comecemos pela pri-
mens) estão incluídos, ou seja, pertencem ao conjunto maior (dos meira premissa: “Todas as crianças gostam de chocolate”.
pássaros). E será sempre essa a representação gráfica da frase
“Todo A é B”. Dois círculos, um dentro do outro, estando o círculo
menor a representar o grupo de quem se segue à palavra TODO.
Na frase: “Nenhum pássaro é animal”. Observemos que a pa-
lavra-chave desta sentença é NENHUM. E a ideia que ela exprime é
de uma total dissociação entre os dois conjuntos.

Analisemos agora o que diz a segunda premissa: “Patrícia não é


criança”. O que temos que fazer aqui é pegar o diagrama acima (da
primeira premissa) e nele indicar onde poderá estar localizada a Pa-
trícia, obedecendo ao que consta nesta segunda premissa. Vemos
Será sempre assim a representação gráfica de uma sentença facilmente que a Patrícia só não poderá estar dentro do círculo das
“Nenhum A é B”: dois conjuntos separados, sem nenhum ponto em crianças. É a única restrição que faz a segunda premissa! Isto posto,
comum. concluímos que Patrícia poderá estar em dois lugares distintos do
Tomemos agora as representações gráficas das duas premissas diagrama:
vistas acima e as analisemos em conjunto. Teremos: 1º) Fora do conjunto maior;
2º) Dentro do conjunto maior. Vejamos:

66
RACIOCÍNIO LÓGICO

Finalmente, passemos à análise da conclusão: “Patrícia não gosta de chocolate”. Ora, o que nos resta para sabermos se este argumen-
to é válido ou não, é justamente confirmar se esse resultado (se esta conclusão) é necessariamente verdadeiro!
- É necessariamente verdadeiro que Patrícia não gosta de chocolate? Olhando para o desenho acima, respondemos que não! Pode
ser que ela não goste de chocolate (caso esteja fora do círculo), mas também pode ser que goste (caso esteja dentro do círculo)! Enfim, o
argumento é inválido, pois as premissas não garantiram a veracidade da conclusão!

Métodos para validação de um argumento


Aprenderemos a seguir alguns diferentes métodos que nos possibilitarão afirmar se um argumento é válido ou não!
1º) Utilizando diagramas de conjuntos: esta forma é indicada quando nas premissas do argumento aparecem as palavras TODO, AL-
GUM E NENHUM, ou os seus sinônimos: cada, existe um etc.

2º) Utilizando tabela-verdade: esta forma é mais indicada quando não for possível resolver pelo primeiro método, o que ocorre quan-
do nas premissas não aparecem as palavras todo, algum e nenhum, mas sim, os conectivos “ou” , “e”, “•” e “↔”. Baseia-se na construção
da tabela-verdade, destacando-se uma coluna para cada premissa e outra para a conclusão. Este método tem a desvantagem de ser mais
trabalhoso, principalmente quando envolve várias proposições simples.

3º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos e considerando as premissas verdadeiras.


Por este método, fácil e rapidamente demonstraremos a validade de um argumento. Porém, só devemos utilizá-lo na impossibilidade
do primeiro método.
Iniciaremos aqui considerando as premissas como verdades. Daí, por meio das operações lógicas com os conectivos, descobriremos o
valor lógico da conclusão, que deverá resultar também em verdade, para que o argumento seja considerado válido.

4º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos, considerando premissas verdadeiras e conclusão falsa.
É indicado este caminho quando notarmos que a aplicação do terceiro método não possibilitará a descoberta do valor lógico da con-
clusão de maneira direta, mas somente por meio de análises mais complicadas.
Em síntese:

67
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo: • Quando chove, Maria não vai ao cinema.


Diga se o argumento abaixo é válido ou inválido: • Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema.
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio.
(p q) → r • Quando Fernando está estudando, não chove.
_____~r_______ • Durante a noite, faz frio.
~p ~q Tendo como referência as proposições apresentadas, julgue o
item subsecutivo.
Resolução: Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando.
-1ª Pergunta) O argumento apresenta as palavras todo, algum ( ) Certo
ou nenhum? ( ) Errado
A resposta é não! Logo, descartamos o 1º método e passamos
à pergunta seguinte. Resolução:
- 2ª Pergunta) O argumento contém no máximo duas proposi- A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as pre-
ções simples? missas chegamos a uma conclusão. Enumerando as premissas:
A resposta também é não! Portanto, descartamos também o A = Chove
2º método. B = Maria vai ao cinema
- 3ª Pergunta) Há alguma das premissas que seja uma proposi- C = Cláudio fica em casa
ção simples ou uma conjunção? D = Faz frio
A resposta é sim! A segunda proposição é (~r). Podemos optar E = Fernando está estudando
então pelo 3º método? Sim, perfeitamente! Mas caso queiramos F = É noite
seguir adiante com uma próxima pergunta, teríamos: A argumentação parte que a conclusão deve ser (V)
- 4ª Pergunta) A conclusão tem a forma de uma proposição Lembramos a tabela verdade da condicional:
simples ou de uma disjunção ou de uma condicional? A resposta
também é sim! Nossa conclusão é uma disjunção! Ou seja, caso
queiramos, poderemos utilizar, opcionalmente, o 4º método!
Vamos seguir os dois caminhos: resolveremos a questão pelo
3º e pelo 4º métodos.

Resolução pelo 3º Método


Considerando as premissas verdadeiras e testando a conclusão
verdadeira. Teremos:
- 2ª Premissa) ~r é verdade. Logo: r é falsa!
- 1ª Premissa) (p q)•r é verdade. Sabendo que r é falsa, conclu- A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª falsa,
ímos que (p q) tem que ser também falsa. E quando uma conjunção utilizando isso temos:
(e) é falsa? Quando uma das premissas for falsa ou ambas forem O que se quer saber é: Se Maria foi ao cinema, então Fernando
falsas. Logo, não é possível determinamos os valores lógicos de p estava estudando. // B → ~E
e q. Apesar de inicialmente o 3º método se mostrar adequado, por Iniciando temos:
meio do mesmo, não poderemos determinar se o argumento é ou 4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A → ~B
NÃO VÁLIDO. = V – para que o argumento seja válido temos que Quando chove
Resolução pelo 4º Método tem que ser F.
Considerando a conclusão falsa e premissas verdadeiras. Tere- 3º - Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema (V).
mos: // C → B = V - para que o argumento seja válido temos que Maria
- Conclusão) ~p v ~q é falso. Logo: p é verdadeiro e q é verda- vai ao cinema tem que ser V.
deiro! 2º - Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C → ~D
Agora, passamos a testar as premissas, que são consideradas = V - para que o argumento seja válido temos que Quando Cláudio
verdadeiras! Teremos: sai de casa tem que ser F.
- 1ª Premissa) (pq)•r é verdade. Sabendo que p e q são ver- 5º - Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove (V).
dadeiros, então a primeira parte da condicional acima também é // E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está estudando pode
verdadeira. Daí resta que a segunda parte não pode ser falsa. Logo: ser V ou F.
r é verdadeiro. 1º- Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V
- 2ª Premissa) Sabendo que r é verdadeiro, teremos que ~r é
falso! Opa! A premissa deveria ser verdadeira, e não foi! Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria foi ao
Neste caso, precisaríamos nos lembrar de que o teste, aqui no cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou F); pois temos
4º método, é diferente do teste do 3º: não havendo a existência si- dois valores lógicos para chegarmos à conclusão (V ou F).
multânea da conclusão falsa e premissas verdadeiras, teremos que Resposta: Errado
o argumento é válido! Conclusão: o argumento é válido!

Exemplos:
(DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE) Considere que as
seguintes proposições sejam verdadeiras.

68
RACIOCÍNIO LÓGICO

(PETROBRAS – TÉCNICO (A) DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO “Toda proposição tem um, e somente um, dos valores, que são:
JÚNIOR – INFORMÁTICA – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma fada, V ou F.”
então Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então Monarca
é um centauro. Se Monarca é um centauro, então Tristeza é uma Classificação de uma proposição
bruxa. Elas podem ser:
Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo • Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógi-
(A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo. co verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto,
(B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro. não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
(C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro. - Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem?
(D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada – Fez Sol ontem?
(E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo. - Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a
Resolução: televisão.
Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Trizteza não é - Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, am-
bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como conclusão bíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro
o valor lógico (V), então: do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1
(4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo (F)
→V • Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO
(3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um centauro valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será conside-
(F) → V rada uma frase, proposição ou sentença lógica.
(2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma bruxa(F)
→V Proposições simples e compostas
(1) Tristeza não é uma bruxa (V) • Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém
nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
Logo: proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas
Temos que: p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
Esmeralda não é fada(V) Exemplos
Bongrado não é elfo (V) r: Thiago é careca.
Monarca não é um centauro (V) s: Pedro é professor.
Como a conclusão parte da conjunção, o mesmo só será verda- • Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógi-
deiro quando todas as afirmativas forem verdadeiras, logo, a única cas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
que contém esse valor lógico é: simples. As proposições compostas são designadas pelas letras lati-
Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro. nas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.
Resposta: B Exemplo
P: Thiago é careca e Pedro é professor.
LÓGICA SENTENCIAL (OU PROPOSICIONAL).
PROPOSIÇÕES SIMPLES E COMPOSTAS. TABELAS ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas
VERDADE. EQUIVALÊNCIAS. LEIS DE MORGAN por duas proposições simples.

Exemplos:
Proposição 1. (CESPE/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensa- – “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
mento ou uma ideia de sentido completo. Elas transmitem pensa- – A expressão x + y é positiva.
mentos, isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a – O valor de √4 + 3 = 7.
respeito de determinados conceitos ou entes. – Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
– O que é isto?
Valores lógicos Há exatamente:
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma (A) uma proposição;
verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a (B) duas proposições;
proposição é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos (C) três proposições;
os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente. (D) quatro proposições;
Com isso temos alguns aximos da lógica: (E) todas são proposições.
– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não
pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo. Resolução:
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é Analisemos cada alternativa:
verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUNCA (A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos
existindo um terceiro caso. atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.

69
RACIOCÍNIO LÓGICO

(B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valo- Exemplo:


res lógicos, logo não é sentença lógica. 2. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP) Os conectivos ou
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois podemos operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbo-
atribuir valores lógicos, independente do resultado que tenhamos los (da linguagem formal) utilizados para conectar proposições de
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também po- acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa
demos atribuir valores lógicos (não estamos considerando a quan- que apresenta exemplos de conjunção, negação e implicação, res-
tidade certa de gols, apenas se podemos atribuir um valor de V ou pectivamente.
F a sentença). (A) ¬ p, p v q, p q
(E) O que é isto? - como vemos não podemos atribuir valores (B) p q, ¬ p, p -> q
lógicos por se tratar de uma frase interrogativa. (C) p -> q, p v q, ¬ p
Resposta: B. (D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q
Conectivos (conectores lógicos)
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a Resolução:
partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos. São A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o
eles: conectivo “e”, e é representada pelo símbolo . A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposi-
ção simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA TABELA proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representa-
LÓGICA VERDADE da pelo símbolo (→).
Resposta: B.
Negação ~ Não p
Tabela Verdade
Quando trabalhamos com as proposições compostas, determi-
namos o seu valor lógico partindo das proposições simples que a
compõe. O valor lógico de qualquer proposição composta depen-
de UNICAMENTE dos valores lógicos das proposições simples com-
Conjunção ^ peq ponentes, ficando por eles UNIVOCAMENTE determinados.

• Número de linhas de uma Tabela Verdade: depende do nú-


mero de proposições simples que a integram, sendo dado pelo se-
guinte teorema:
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* pro-
Disjunção posições simples componentes contém 2n linhas.”
v p ou q
Inclusiva
Exemplo:
3. (CESPE/UNB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições sim-
ples e distintas, então o número de linhas da tabela-verdade da pro-
posição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
Disjunção (A) 2;
v Ou p ou q (B) 4;
Exclusiva
(C) 8;
(D) 16;
(E) 32.

Resolução:
Condicional → Se p então q Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio acima,
então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

Conceitos de Tautologia , Contradição e Contigência


p se e somente • Tautologia: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade
Bicondicional ↔ (última coluna), V (verdades).
se q
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma tautologia,
então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma tautologia, quaisquer que
sejam as proposições P0, Q0, R0, ...

70
RACIOCÍNIO LÓGICO

• Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a negação da Tauto-
logia e vice versa.
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradição, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...
• Contingência: possui valores lógicos V e F ,da tabela verdade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma proposição
composta que não é tautologia e nem contradição.

Exemplos:
4. (DPU – ANALISTA – CESPE) Um estudante de direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria legenda, na qual
identificava, por letras, algumas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de sentenças (proposições).
No seu vocabulário particular constava, por exemplo:
P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.
Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira, independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras ou falsas.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
Considerando P e Q como V.
(V→V) ↔ ((F)→(F))
(V) ↔ (V) = V
Considerando P e Q como F
(F→F) ↔ ((V)→(V))
(V) ↔ (V) = V
Então concluímos que a afirmação é verdadeira.
Resposta: Certo.

Equivalência
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresentam a mesma
solução em suas respectivas tabelas verdade.
Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.

Exemplo:
5. (VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.
(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.

71
RACIOCÍNIO LÓGICO

(E) João não é rico, ou Maria não é pobre. – Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica
uma proposição categórica em universal ou particular. A classifica-
Resolução: ção dependerá do quantificador que é utilizado na proposição.
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção
de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o conectivo
por “e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”.
Vejam como fica:

Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualidade


e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados pelas
letras A, E, I e O.

• Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B”


Resposta: B. Teremos duas possibilidades.

Leis de Morgan
Com elas:
– Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo
verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
– Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verda-
deira equivalendo a afirmar que ambas são falsas.

ATENÇÃO Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido no


conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A” é tam-
As Leis de Morgan expri- CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO
bém elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é diferente de
mem que NEGAÇÃO trans-
DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO “Todo B é A”.
forma:
• Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B”
DIAGRAMAS LÓGICOS. LÓGICA DE PRIMEIRA ORDEM. Tais proposições afirmam que não há elementos em comum
entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o mes-
mo que dizer “nenhum B é A”.
Lógica de primeira ordem Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte dia-
Existem alguns tipos de argumentos que apresentam proposi- grama (A ∩ B = ø):
ções com quantificadores. Numa proposição categórica, é impor-
tante que o sujeito se relacionar com o predicado de forma coeren-
te e que a proposição faça sentido, não importando se é verdadeira
ou falsa.

Vejamos algumas formas:


- Todo A é B. • Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B”
- Nenhum A é B. Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta pro-
- Algum A é B. posição:
- Algum A não é B.
Onde temos que A e B são os termos ou características dessas
proposições categóricas.

• Classificação de uma proposição categórica de acordo com


o tipo e a relação
Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios fun-
damentais: qualidade e extensão ou quantidade.

– Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposição


categórica em afirmativa ou negativa.

72
RACIOCÍNIO LÓGICO

Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto “A” Exemplos:


tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto “B”. Con- (DESENVOLVE/SP - CONTADOR - VUNESP) Alguns gatos não
tudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos que nem todo são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto.
A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que “Algum B é A”. Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da afir-
mação anterior é:
• Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B” (A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são par-
Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três dos.
representações possíveis: (B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos.
(C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são pardos
não miam alto.
(D) Todos os gatos que miam alto são pardos.
(E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele é
pardo.

Resolução:
Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposição
do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação.
O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, seguindo
o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou nenhum).
Logo, podemos descartar as alternativas A e E.
A negação de uma conjunção se faz através de uma disjunção,
em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”. Descarta-
Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que o mos a alternativa B.
conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence ao Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de
conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o mesmo que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por: Todo
que Algum B não é A. A é não B.
Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não
• Negação das Proposições Categóricas são pardos NÃO miam alto.
Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar as Resposta: C
seguintes convenções de equivalência:
– Ao negarmos uma proposição categórica universal geramos (CBM/RJ - CABO TÉCNICO EM ENFERMAGEM - ND) Dizer que a
uma proposição categórica particular. afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do ponto de
– Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma proposição vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verdadeira
categórica particular geramos uma proposição categórica universal. (A) Todos os não psicólogos são professores.
– Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos, (B) Nenhum professor é psicólogo.
sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca, (C) Nenhum psicólogo é professor.
negando uma proposição de natureza negativa geramos, sempre, (D) Pelo menos um psicólogo não é professor.
uma proposição de natureza afirmativa. (E) Pelo menos um professor não é psicólogo.
Em síntese:
Resolução:
Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a nega-
ção de um quantificador universal categórico afirmativo se faz atra-
vés de um quantificador existencial negativo. Logo teremos: Pelo
menos um professor não é psicólogo.
Resposta: E

73
RACIOCÍNIO LÓGICO

• Equivalência entre as proposições


Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo na ATENÇÃO: É bom ter um conhecimento sobre conjuntos para
resolução de questões. conseguir resolver questões que envolvam os diagramas lógicos.

Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas:

TIPO PREPOSIÇÃO DIAGRAMAS

TODO
A
AéB

Se um elemento pertence ao conjunto A,


Exemplo: então pertence também a B.
(PC/PI - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - UESPI) Qual a negação
lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou igual
a cinco”?
(A) Todo número natural é menor do que cinco.
(B) Nenhum número natural é menor do que cinco.
(C) Todo número natural é diferente de cinco. NENHUM
(D) Existe um número natural que é menor do que cinco. E
(E) Existe um número natural que é diferente de cinco. AéB

Resolução: Existe pelo menos um elemento que


Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e pede- pertence a A, então não pertence a B, e
-se a sua negação. vice-versa.
O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo o
esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um, existe
ao menos um, etc. Não se nega um quantificador universal com To-
dos e Nenhum, que também são universais.

Existe pelo menos um elemento co-


mum aos conjuntos A e B.

Podemos ainda representar das seguin-


tes formas:

ALGUM
I
AéB
Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem
quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as alter-
nativas A, B e C.
Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a
cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.
Obs.: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser
negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).
Resposta: D

Diagramas lógicos
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários proble-
mas. É uma ferramenta para resolvermos problemas que envolvam
argumentos dedutivos, as quais as premissas deste argumento po-
dem ser formadas por proposições categóricas.

74
RACIOCÍNIO LÓGICO

- Existem teatros que não são cinemas

- Algum teatro é casa de cultura


ALGUM
O
A NÃO é B

Perceba-se que, nesta sentença, a aten-


ção está sobre o(s) elemento (s) de A que
não são B (enquanto que, no “Algum A é
B”, a atenção estava sobre os que eram B,
ou seja, na intercessão). Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC
Segundo as afirmativas temos:
Temos também no segundo caso, a dife- (A) existem cinemas que não são teatros- Observando o último
rença entre conjuntos, que forma o con- diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que existe pelo
junto A - B menos um dos cinemas é considerado teatro.

Exemplo:
(GDF–ANALISTA DE ATIVIDADES CULTURAIS ADMINISTRAÇÃO
– IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma casa de
cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “algum teatro é
casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que
(A) existem cinemas que não são teatros.
(B) existe teatro que não é casa de cultura.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro.
(D) existe casa de cultura que não é cinema.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema.

Resolução:
Vamos chamar de: (B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo mes-
Cinema = C mo princípio acima.
Casa de Cultura = CC (C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Errado,
Teatro = T a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama nos
Analisando as proposições temos: afirma isso
- Todo cinema é uma casa de cultura

75
RACIOCÍNIO LÓGICO

(D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justifi- Como as pizzas podem ter 1 OU 2 OU 3 sabores, basta SOMAR
cativa é observada no diagrama da alternativa anterior. cada uma das possibilidades, temos: 10 + 90 + 720 = 820 maneiras.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. – Cor- Resposta: D
reta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez que todo
cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de cultura também Princípio multiplicativo ou fundamental da contagem (PFC)
não é cinema. Constitui a ferramenta básica para resolver problemas de con-
tagem sem que seja necessário enumerar seus elementos, através
das possibilidades dadas. Podemos dizer que, um evento B pode
ser feito de n maneiras, então, existem m • n maneiras de fazer e
executar o evento B.

Exemplo:
(CÂMARA DE CHAPECÓ/SC – ASSISTENTE DE LEGISLAÇÃO E
ADMINISTRAÇÃO – OBJETIVA) Quantos são os gabaritos possíveis
para uma prova com 6 questões, sendo que cada questão possui 4
alternativas, e apenas uma delas é a alternativa correta?
(A) 1.296
(B) 3.474
Resposta: E (C) 2.348
(D) 4.096
PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E PROBABILIDADE Resolução:

Contagem 4 . 4 . 4 . 4 . 4 . 4 = 4096
Temos dois princípios de contagem: o aditivo e o multiplicativo.
Vejamos Resposta: D

Princípio aditivo Probabilidade


Se existem m1 possibilidades de ocorrer um evento E1, m2 pos- A teoria da probabilidade permite que se calcule a chance de
sibilidades de ocorrer um evento E2 e m3 para ocorrer o evento ocorrência de um número em um experimento aleatório.
E3, o número total de possibilidades de ocorrer o evento E1 ou o
evento E2 ou o evento E3, será de m1+m2+m3. Elementos da teoria das probabilidades
O conectivo que caracteriza a aplicação do princípio aditivo é o
“OU”, que está associado a união de conjuntos. • Experimentos aleatórios: fenômenos que apresentam re-
sultados imprevisíveis quando repetidos, mesmo que as condições
Exemplo: sejam semelhantes.
(CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/MT – OFICIAL BOMBEIRO • Espaço amostral: é o conjunto U, de todos os resultados pos-
MILITAR – COVEST – UNEMAT) A maioria das pizzarias disponibili- síveis de um experimento aleatório.
zam uma grande variedade de sabores aos seus clientes. A pizzaria • Evento: qualquer subconjunto de um espaço amostral, ou
“Vários Sabores” disponibiliza dez sabores diferentes. No entanto, seja, qualquer que seja E Ì U, onde E é o evento e U, o espaço amos-
as pizzas pequenas podem ser feitas somente com um sabor; as tral.
médias, com até dois sabores, e as grandes podem ser montadas
com até três sabores diferentes.
Imagine que um cliente peça uma pizza grande.
De quantas maneiras diferentes a pizza pode ser montada no
que diz respeito aos sabores?
(A) 10
(B) 720
(C) 100
(D) 820
(E) 730

Resolução:
As pizzas grandes podem ser montadas com ATÉ 3 sabores:
* 1 sabor: 10 maneiras
* 2 sabores: 10 . 9 = 90 maneiras
* 3 sabores: 10 . 9 . 8 = 720 maneiras

76
RACIOCÍNIO LÓGICO

Experimento composto O número de funcionário que tem mais de 40 anos é: 14 + 4 =


Quando temos dois ou mais experimentos realizados simulta- 18
neamente, dizemos que o experimento é composto. Nesse caso, o Logo a probabilidade é:
número de elementos do espaço amostral é dado pelo produto dos
números de elementos dos espaços amostrais de cada experimen-
to.
n(U) = n(U1).n(U2)

Probabilidade de um evento
Em um espaço amostral U, equiprobabilístico (com elementos Resposta: D
que têm chances iguais de ocorrer), com n(U) elementos, o evento
E, com n(E) elementos, onde E Ì U, a probabilidade de ocorrer o Probabilidade da união de eventos
evento E, denotado por p(E), é o número real, tal que: Para obtermos a probabilidade da união de eventos utilizamos
a seguinte expressão:

Onde,
n(E) = número de elementos do evento E.
n(S) = número de elementos do espaço amostral S.
Quando os eventos forem mutuamente exclusivos, tendo A ∩ B
Sendo 0 ≤ P(E) ≤ 1 e S um conjunto equiprovável, ou seja, to-
= Ø, utilizamos a seguinte equação:
dos os elementos têm a mesma “chance de acontecer.

ATENÇÃO:
As probabilidades podem ser escritas na forma decimal ou re-
presentadas em porcentagem.
Assim: 0 ≤ p(E) ≤ 1, onde:
p() = 0 ou p() = 0%
p(U) = 1 ou p(U) = 100%

Exemplo:
Probabilidade de um evento complementar
(PREF. NITERÓI – AGENTE FAZENDÁRIO – FGV) O quadro a
É quando a soma das probabilidades de ocorrer o evento E, e
seguir mostra a distribuição das idades dos funcionários de certa
de não ocorrer o evento E (seu complementar, Ē) é 1.
repartição pública:

FAIXA DE IDADES NÚMERO DE


(ANOS) FUNCIONÁRIOS
20 ou menos 2
Probabilidade condicional
De 21 a 30 8 Quando se impõe uma condição que reduz o espaço amostral,
De 31 a 40 12 dizemos que se trata de uma probabilidade condicional.
Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral U, com p(B) ≠
De 41 a 50 14 0. Chama-se probabilidade de A condicionada a B a probabilidade
Mais de 50 4 de ocorrência do evento A, sabendo-se que já ocorreu ou que vai
ocorrer o evento B, ou seja:
Escolhendo ao acaso um desses funcionários, a probabilidade
de que ele tenha mais de 40 anos é:
(A) 30%;
(B) 35%;
(C) 40%;
(D) 45%;
(E) 55%. Podemos também ler como: a probabilidade de A “dado que”
ou “sabendo que” a probabilidade de B.
Resolução:
O espaço amostral é a soma de todos os funcionário:
2 + 8 + 12 + 14 + 4 = 40

77
RACIOCÍNIO LÓGICO

– Caso forem dois eventos simultâneos (ou sucessivos): para


se avaliar a probabilidade de ocorrem dois eventos simultâneos (ou OPERAÇÕES COM CONJUNTOS
sucessivos), que é P (A ∩ B), é preciso multiplicar a probabilidade
de ocorrer um deles P(B) pela probabilidade de ocorrer o outro, Um conjunto é uma coleção de objetos, chamados elementos,
sabendo que o primeiro já ocorreu P (A | B). Sendo: que possuem uma propriedade comum ou que satisfazem determi-
nada condição.

Representação de um conjunto
Podemos representar um conjunto de várias maneiras.

– Se dois eventos forem independentes: dois eventos A e B de ATENÇÃO: Indicamos os conjuntos utilizando as letras maiúscu-
um espaço amostral S são independentes quando P(A|B) = P(A) ou las e os elementos destes conjuntos por letras minúsculas.
P(B|A) = P(B). Sendo os eventos A e B independentes, temos:
Vejamos:
P (A ∩ B) = P(A). P(B) 1) os elementos do conjunto são colocados entre chaves sepa-
rados por vírgula, ou ponto e vírgula.
Lei Binomial de probabilidade A = {a, e, i, o, u}
A lei binominal das probabilidades é dada pela fórmula:
2) os elementos do conjunto são representados por uma ou
mais propriedades que os caracterize.

Sendo:
n: número de tentativas independentes; 3) os elementos do conjunto são representados por meio de
p: probabilidade de ocorrer o evento em cada experimento (su- um esquema denominado diagrama de Venn.
cesso);
q: probabilidade de não ocorrer o evento (fracasso); q = 1 - p
k: número de sucessos.

ATENÇÃO:
A lei binomial deve ser aplicada nas seguintes condições:
– O experimento deve ser repetido nas mesmas condições as
n vezes.
– Em cada experimento devem ocorrer os eventos E e .
– A probabilidade do E deve ser constante em todas as n vezes.
– Cada experimento é independente dos demais.
Relação de pertinência
Exemplo: Usamos os símbolos (pertence) e (não pertence) para relacio-
Lançando-se um dado 5 vezes, qual a probabilidade de ocorre- nar se um elemento faz parte ou não do conjunto.
rem três faces 6?
Tipos de Conjuntos
Resolução: • Conjunto Universo: reunião de todos os conjuntos que esta-
n: número de tentativas n = 5 mos trabalhando.
k: número de sucessos k = 3 • Conjunto Vazio: é aquele que não possui elementos. Repre-
p: probabilidade de ocorrer face 6 p = 1/6 senta-se por 0/ ou, simplesmente { }.
q: probabilidade de não ocorrer face 6 q = 1- p q = 5/6 • Conjunto Unitário: possui apenas um único elemento.
• Conjunto Finito: quando podemos enumerar todos os seus
elementos.
• Conjunto Infinito: contrário do finito.

Relação de inclusão
É usada para estabelecer relação entre conjuntos com conjun-
tos, verificando se um conjunto é subconjunto ou não de outro con-
junto. Usamos os seguintes símbolos de inclusão:

78
RACIOCÍNIO LÓGICO

• Intersecção de conjuntos: é o conjunto formado por todos os


elementos que pertencem, simultaneamente, a A e a B. Represen-
ta-se por A ∩ B. Simbolicamente: A ∩ B = {x | x A e x B}

Igualdade de conjuntos
Dois conjuntos A e B são IGUAIS, indicamos A = B, quando pos-
suem os mesmos elementos.
Dois conjuntos A e B são DIFERENTES, indicamos por A ≠ B, se
pelo menos UM dos elementos de um dos conjuntos NÃO pertence
ao outro.

Subconjuntos
Quando todos os elementos de um conjunto A são também
elementos de um outro conjunto B, dizemos que A é subconjunto
de B. Exemplo: A = {1,3,7} e B = {1,2,3,5,6,7,8}.
OBSERVAÇÃO: Se A ∩ B = φ , dizemos que A e B são conjun-
tos disjuntos.

Propriedades da união e da intersecção de conjuntos

1ª) Propriedade comutativa


A U B = B U A (comutativa da união)
A ∩ B = B ∩ A (comutativa da intersecção)

2ª) Propriedade associativa


(A U B) U C = A U (B U C) (associativa da união)
(A ∩ B) ∩ C = A ∩ (B ∩ C) (associativa da intersecção)
Os elementos do conjunto A estão contidos no conjunto B.
3ª) Propriedade associativa
ATENÇÃO: A ∩ (B U C) = (A ∩ B) U (A ∩ C) (distributiva da intersecção em
1) Todo conjunto A é subconjunto dele próprio; relação à união)
2) O conjunto vazio, por convenção, é subconjunto de qualquer A U (B ∩ C) = (A U B) ∩ (A U C) (distributiva da união em relação
conjunto; à intersecção)
3) O conjunto das partes é o conjunto formado por todos os
subconjuntos de A. 4ª) Propriedade
4) O número de seu subconjunto é dado por: 2n; onde n é o nú- Se A B, então A U B = B e A ∩ B = A, então A B
mero de elementos desse conjunto.
Número de Elementos da União e da Intersecção de Conjuntos
Operações com Conjuntos E dado pela fórmula abaixo:
Tomando os conjuntos: A = {0,2,4,6} e B = {0,1,2,3,4}, como
exemplo, vejamos:
• União de conjuntos: é o conjunto formado por todos os ele-
mentos que pertencem a A ou a B. Representa-se por A ∪ B. Sim-
bolicamente: A ∪ B = {x | x A ou x B}. Exemplo:

79
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo: Note que: A – B ≠ B - A


(CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – Exemplo:
FCC) Dos 43 vereadores de uma cidade, 13 dele não se inscreveram (PREF. CAMAÇARI/BA – TÉC. VIGILÂNCIA EM SAÚDE NM –
nas comissões de Educação, Saúde e Saneamento Básico. Sete dos AOCP) Considere dois conjuntos A e B, sabendo que assinale a al-
vereadores se inscreveram nas três comissões citadas. Doze deles ternativa que apresenta o conjunto B.
se inscreveram apenas nas comissões de Educação e Saúde e oito (A) {1;2;3}
deles se inscreveram apenas nas comissões de Saúde e Saneamen- (B) {0;3}
to Básico. Nenhum dos vereadores se inscreveu em apenas uma (C) {0;1;2;3;5}
dessas comissões. O número de vereadores inscritos na comissão (D) {3;5}
de Saneamento Básico é igual a (E) {0;3;5}
(A) 15.
(B) 21. Resolução:
(C) 18. A intersecção dos dois conjuntos, mostra que 3 é elemento de B.
(D) 27. A – B são os elementos que tem em A e não em B.
(E) 16. Então de A B, tiramos que B = {0; 3; 5}.

Resolução: Resposta: E
De acordo com os dados temos:
7 vereadores se inscreveram nas 3. • Complementar: chama-se complementar de B (B é subcon-
APENAS 12 se inscreveram em educação e saúde (o 12 não junto de A) em relação a A o conjunto A - B, isto é, o conjunto dos
deve ser tirado de 7 como costuma fazer nos conjuntos, pois ele já elementos de A que não pertencem a B. Exemplo: A = {0,1,2,3,4} e
desconsidera os que se inscreveram nos três) B = {2,3}
APENAS 8 se inscreveram em saúde e saneamento básico.
São 30 vereadores que se inscreveram nessas 3 comissões, pois
13 dos 43 não se inscreveram.
Portanto, 30 – 7 – 12 – 8 = 3
Se inscreveram em educação e saneamento 3 vereadores.

Em saneamento se inscreveram: 3 + 7 + 8 = 18

Resposta: C

• Diferença: é o conjunto formado por todos os elementos que


pertencem a A e não pertencem a B. Representa-se por A – B. Para
determinar a diferença entre conjuntos, basta observamos o que
o conjunto A tem de diferente de B. Tomemos os conjuntos: A =
{1,2,3,4,5} e B = {2,4,6,8}

80
RACIOCÍNIO LÓGICO

RACIOCÍNIO LÓGICO ENVOLVENDO PROBLEMAS ARITMÉTICOS, GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS

O raciocínio lógico é uma habilidade essencial em diversos campos do conhecimento e, especialmente, na resolução de problemas
matemáticos. Entre eles, podemos destacar os problemas aritméticos, geométricos e matriciais, que exigem diferentes estratégias e
conhecimentos para serem resolvidos de forma eficiente.
Os problemas aritméticos, em geral, envolvem operações matemáticas básicas, como adição, subtração, multiplicação e divisão.
Eles podem ser apresentados em diferentes contextos, como problemas de tempo e velocidade, problemas envolvendo dinheiro ou
problemas de proporção. Para resolvê-los, é fundamental compreender a lógica por trás das operações e aplicar os conceitos matemá-
ticos de forma correta.
Já os problemas geométricos requerem uma compreensão mais avançada dos conceitos de geometria. Eles podem envolver cál-
culos de áreas, perímetros, volumes, ângulos e outras grandezas geométricas. Além disso, muitas vezes, a resolução desses problemas
envolve a aplicação de fórmulas específicas e a interpretação de figuras geométricas. Por isso, é importante ter um conhecimento
sólido de geometria e estar familiarizado com os diferentes tipos de figuras e suas propriedades.
Por fim, os problemas matriciais exigem uma compreensão mais avançada de álgebra linear e matrizes. Eles envolvem operações
com matrizes, como soma, subtração e multiplicação, além de conceitos como determinante, inversa e transposição. Para resolvê-los,
é necessário ter uma boa compreensão dos conceitos matemáticos envolvidos e saber aplicá-los de forma coerente.
Independentemente do tipo de problema matemático, é fundamental ter uma boa capacidade de raciocínio lógico. Isso envolve a
habilidade de analisar o problema, identificar as informações relevantes, estabelecer relações entre as grandezas envolvidas e escolher
a melhor estratégia para resolvê-lo. Além disso, é importante verificar sempre os resultados obtidos e garantir que eles estejam de
acordo com as expectativas do problema.
Em resumo, os problemas aritméticos, geométricos e matriciais envolvem diferentes tipos de raciocínio lógico e conhecimentos
matemáticos. Para resolvê-los de forma eficiente, é fundamental ter uma boa compreensão dos conceitos envolvidos e estar fami-
liarizado com as estratégias e técnicas necessárias para cada tipo de problema. Com prática e dedicação, é possível desenvolver essa
habilidade e se tornar um bom solucionador de problemas matemáticos.

ANOTAÇÕES

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81
RACIOCÍNIO LÓGICO

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Tipos:
CONCEITOS BÁSICOS DE HARDWARE E SOFTWARE:
FUNCIONAMENTO DO COMPUTADOR;
CONHECIMENTOS DOS COMPONENTES PRINCIPAIS PERIFÉRICOS
Utilizados para a entrada de dados;
DE ENTRADA
PERIFÉRICOS
Hardware Utilizados para saída/visualização de dados
DE SAÍDA
Hardware refere-se a parte física do computador, isto é, são os
dispositivos eletrônicos que necessitamos para usarmos o compu- • Periféricos de entrada mais comuns.
tador. Exemplos de hardware são: CPU, teclado, mouse, disco rígi- – O teclado é o dispositivo de entrada mais popular e é um item
do, monitor, scanner, etc. essencial. Hoje em dia temos vários tipos de teclados ergonômicos
para ajudar na digitação e evitar problemas de saúde muscular;
Software – Na mesma categoria temos o scanner, que digitaliza dados
Software, na verdade, são os programas usados para fazer ta- para uso no computador;
refas e para fazer o hardware funcionar. As instruções de software – O mouse também é um dispositivo importante, pois com ele
são programadas em uma linguagem de computador, traduzidas podemos apontar para um item desejado, facilitando o uso do com-
em linguagem de máquina e executadas por computador. putador.
O software pode ser categorizado em dois tipos:
– Software de sistema operacional • Periféricos de saída populares mais comuns
– Software de aplicativos em geral – Monitores, que mostra dados e informações ao usuário;
– Impressoras, que permite a impressão de dados para mate-
• Software de sistema operacional rial físico;
O software de sistema é o responsável pelo funcionamento do – Alto-falantes, que permitem a saída de áudio do computador;
computador, é a plataforma de execução do usuário. Exemplos de – Fones de ouvido.
software do sistema incluem sistemas operacionais como Windo-
ws, Linux, Unix , Solaris etc. Sistema Operacional
O software de sistema operacional é o responsável pelo funcio-
• Software de aplicação namento do computador. É a plataforma de execução do usuário.
O software de aplicação é aquele utilizado pelos usuários para Exemplos de software do sistema incluem sistemas operacionais
execução de tarefas específicas. Exemplos de software de aplicati- como Windows, Linux, Unix , Solaris etc.
vos incluem Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Access, etc.
• Aplicativos e Ferramentas
Para não esquecer: São softwares utilizados pelos usuários para execução de tare-
fas específicas. Exemplos: Microsoft Word, Excel, PowerPoint, Ac-
HARDWARE É a parte física do computador cess, além de ferramentas construídas para fins específicos.
São os programas no computador (de fun-
SOFTWARE
cionamento e tarefas)

Periféricos
Periféricos são os dispositivos externos para serem utilizados
no computador, ou mesmo para aprimora-lo nas suas funcionali-
dades. Os dispositivos podem ser essenciais, como o teclado, ou
aqueles que podem melhorar a experiencia do usuário e até mesmo
melhorar o desempenho do computador, tais como design, qualida-
de de som, alto falantes, etc.

83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

— Aplicativos, procedimentos de Internet e Intranet


REDES DE COMPUTADORES: CONCEITOS BÁSICOS – Navegadores: Aplicativos usados para navegar na internet,
como por exemplo, o Google Chrome, Edge, Firefox, Internet
— Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos, procedimentos Explorer e etc.).
de Internet e Intranet – Download: utilizado para baixar ou receber arquivos.
As redes podem ser classificadas de acordo com o quadro – Firewall: Barreira de segurança.
abaixo: – Correio eletrônico: é a comunicação entre usuários da rede.
– Roteador: equipamento para se conectar na rede.
Conceitos Básicos – Upload: Utilizado para subir ou enviar arquivos.
– HTML: Hyper Text Markup Language (Linguagem de Marcação
de Hiper Texto). É uma linguagem utilizada para produzir páginas da
TIPO DE REDE DE COMPUTADORES Internet.
– HTTP: Hyper Text Transfer Protocol (Protocolo de Transferência
Uma rele de Hipertexto): Navegação na internet (links).
Local, abrange – HTTPS: Hyper Text Transfer Protocol Secure (Protocolo de
somente um Transferência de Hiper Texto Seguro.
LAN
local definido. – SMTP e POP: são os protocolos de serviços da internet
Exemplo: (casa, responsáveis pelo envio e recepção de mensagens eletrônicas,
escritório e etc.) como por exemplo, o e-mail.
– Servidor Proxy: tem a função de mediar as comunicações
Uma rede da rede de uma empresa ou usuário (local) com a Internet (rede
Metropolitana, externa).
pode abranger – Servidor FTP: (File Transfer Protocol) é um protocolo que
uma grande tem a função de transferir arquivos entre dois computadores via
cidade ou INTERNET.
inúmeras – Servidor WEB: É o local onde reside as páginas WEB para
cidades. As estabelecer o contato para poder acessar conteúdos, páginas
MAN MANS não HTML, arquivos de som, imagem, vídeos e etc.
precisam estar
em áreas O servidor WEB é um software que verifica a segurança e gera
urbanas. O a informação para atender à solicitação.
termo MAN
tem relação ao
tamanho da NOÇÕES DO SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS (10 E
rede. 11)

É uma rede com WINDOWS 10


uma grande
abrangência. Conceito de pastas e diretórios
É maior que a Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
MAN, abrange ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
WAN
uma área global. nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
Podemos usar a de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
INTERNET para Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
estabelecer a nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
conexão. Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

– Internet: conhecida como a rede mundial de computadores.


A internet é uma coleção global de computadores, celulares e
outros dispositivos que se comunicam através de um endereço IP
para os usuários trocarem informações. Cada máquina conectada
possui um IP válido e a comunicação se dá através do protocolo
TCP/IP.
– Intranet: é um serviço similar a INTERNET, onde somente
usuários autorizados acessam as páginas no navegador. As
organizações usam a INTRANET para acessar seus dados tanto
localmente (Matrix) ou distante (Filiais). No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

84
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Arquivos e atalhos Manipulação de arquivos e pastas


Como vimos anteriormente: pastas servem para organização, A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos. pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado. executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, tas, criar atalhos etc.
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

Área de trabalho

Uso dos menus

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.

85
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Programas e aplicativos e interação com o usuário • O recurso de backup e restauração do Windows é muito im-
Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en- portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes-
tendermos melhor as funções categorizadas. mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có-
– Música e Vídeo: Temos o Media Player como player nativo pia de segurança.
para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma
excelente experiência de entretenimento, nele pode-se administrar
bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar
CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media center.

Inicialização e finalização

– Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no Win
confirmar sua exclusão.
dows, porém para desligá-lo devemos recorrer ao e:

O WINDOWS 11 é o sistema operacional da MICROSOFT mais


• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor- utilizado do mundo para utilização nos computadores. O WINDOWS
tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos tem uma sucessão de versões que atualizaram e criaram vários
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi- recursos para melhorar a experiência do usuário. Abaixo vamos
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza destacar essas melhorias separadas em categorias.
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

86
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

— Acessibilidade
No WINDOWS 11 é possível tornar o computador mais acessível alterando a cor, o tamanho do mouse, da letra, estilo e etc.
Isto é possível acessando o menu CONFIGURAÇÕES è ACESSIBILIDADE

— Bate-papo
No WINDOWS 11 é possível fazer chamadas de chat e vídeo diretamente da área de trabalho, com apenas um toque.
Bastar clicar no ícone de câmera na barra de tarefas conforme a imagem abaixo:

— Organização
Com o WINDOWS 11 tornou-se possível ajustar todas as janelas, conforme abaixo:
– Ajustar com um mouse;
– Ajustar com um teclado;
– Ajuste de layouts de snap;

O layout de SNAPS permite o ajustes das janelas de acordo com layouts predefinidos, conforme explicado abaixo:
Ao apontar o mouse para o botão:

87
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O seguintes layouts serão mostrados: Windows + Shift + S: Captura a tela ou parte dela.
Windows + W: Move direto para o quadro de WIDGETS.
Windows + E: Acessa diretamente o explorador de arquivos.
Windows + D: Minimiza todos os aplicativos abertos.
Windows + V: Salva itens copiados ou recortados recentemente
na área de transferência para colar posteriormente em outros
locais.
Windows + L: Bloqueia a tela.
Windows + I: Inicia as configurações.
Windows + PRTSCN: Salva uma captura de tela inteira.
Windows + E: Abre o Explorador de arquivos.
Windows + Alt + PRTSCN: Salva captura de tela da janela em
foco para arquivar.
Windows + Ctrl + D: Adiciona uma área de trabalho virtual.
Conforme a respectiva imagem, o usuário poderá clicar em um Windows + Ctrl + Seta para a direita: Serve para alternar entre
dos quatro formatos de janelas. Feito isso, elas ficarão posicionadas áreas de trabalho virtuais criadas.
conforme a escolha do usuário. Windows + Ctrl + Seta para a esquerda: Alterna entre áreas de
trabalho virtuais criadas à esquerda.
— Personalização Windows + Ctrl + F4: Fecha a área de trabalho virtual que está
No WINDOWS 11 é possível definir temas através de em uso.
Configurações > Aparência. CTRL + C: Copia item para a área de transferência.
É possível personalizar o quadro de WIDGETS (pequenas janelas CTRL + V: Cola o item previamente copiado ou recortado.
que mostram uma determinada situação que ficam posicionadas na CTRL + X: Recorta o item para a área de transferência.
área de trabalho. ALT + F4: Fecha janela.
Temos como exemplos de WIDGETS:
– Uma janela que mostra a temperatura; CONCEITOS GERAIS DE SEGURANÇA DA
– Uma janela que mostra as cotações da bolsa. INFORMAÇÃO: PROTEÇÃO CONTRA VÍRUS E OUTRAS
FORMAS DE SOFTWARES OU AÇÕES INTRUSIVAS
Dentro deste contexto é possível é possível ocultar, remover e
fixar widgets.
Segurança da informação é o conjunto de ações para proteção
Exemplos de widgets: de um grupo de dados, protegendo o valor que ele possui, seja para
um indivíduo específico no âmbito pessoal, seja para uma organi-
zação1.
É essencial para a proteção do conjunto de dados de uma
corporação, sendo também fundamentais para as atividades do
negócio.
Quando bem aplicada, é capaz de blindar a empresa de ata-
ques digitais, desastres tecnológicos ou falhas humanas. Porém,
qualquer tipo de falha, por menor que seja, abre brecha para pro-
blemas.
A segurança da informação se baseia nos seguintes pilares2:
– Confidencialidade: o conteúdo protegido deve estar disponí-
vel somente a pessoas autorizadas.
– Disponibilidade: é preciso garantir que os dados estejam
acessíveis para uso por tais pessoas quando for necessário, ou seja,
de modo permanente a elas.
– Integridade: a informação protegida deve ser íntegra, ou seja,
sem sofrer qualquer alteração indevida, não importa por quem e
nem em qual etapa, se no processamento ou no envio.
– Autenticidade: a ideia aqui é assegurar que a origem e auto-
ria do conteúdo seja mesmo a anunciada.

Existem outros termos importantes com os quais um profissio-


nal da área trabalha no dia a dia.
— Atalhos para as funções principais, mais importantes e
utilizadas
Windows: Abre ou fecha o menu iniciar. 1 https://ecoit.com.br/seguranca-da-informacao/
Windows + S: Permite a pesquisa rápida de itens. 2 https://bit.ly/2E5beRr

88
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Podemos citar a legalidade, que diz respeito à adequação do Ele pode ser aplicado de duas formas:
conteúdo protegido à legislação vigente; a privacidade, que se re- – Controle físico: é a tradicional fechadura, tranca, porta e
fere ao controle sobre quem acessa as informações; e a auditoria, qualquer outro meio que impeça o contato ou acesso direto à infor-
que permite examinar o histórico de um evento de segurança da mação ou infraestrutura que dá suporte a ela
informação, rastreando as suas etapas e os responsáveis por cada – Controle lógico: nesse caso, estamos falando de barreiras
uma delas. eletrônicas, nos mais variados formatos existentes, desde um anti-
vírus, firewall ou filtro anti-spam, o que é de grande valia para evitar
Alguns conceitos relacionados à aplicação dos pilares infecções por e-mail ou ao navegar na internet, passa por métodos
– Vulnerabilidade: pontos fracos existentes no conteúdo pro- de encriptação, que transformam as informações em códigos que
tegido, com potencial de prejudicar alguns dos pilares de segurança terceiros sem autorização não conseguem decifrar e, há ainda, a
da informação, ainda que sem intenção certificação e assinatura digital, sobre as quais falamos rapidamente
– Ameaça: elemento externo que pode se aproveitar da vulne- no exemplo antes apresentado da emissão da nota fiscal eletrônica.
rabilidade existente para atacar a informação sensível ao negócio.
– Probabilidade: se refere à chance de uma vulnerabilidade ser Todos são tipos de mecanismos de segurança, escolhidos por
explorada por uma ameaça. profissional habilitado conforme o plano de segurança da informa-
– Impacto: diz respeito às consequências esperadas caso o con- ção da empresa e de acordo com a natureza do conteúdo sigiloso.
teúdo protegido seja exposto de forma não autorizada.
– Risco: estabelece a relação entre probabilidade e impacto, Criptografia
ajudando a determinar onde concentrar investimentos em seguran- É uma maneira de codificar uma informação para que somente
ça da informação. o emissor e receptor da informação possa decifrá-la através de
uma chave que é usada tanto para criptografar e descriptografar
Tipos de ataques a informação4.
Cada tipo de ataque tem um objetivo específico, que são eles3: Tem duas maneiras de criptografar informações:
– Passivo: envolve ouvir as trocas de comunicações ou gravar • Criptografia simétrica (chave secreta): utiliza-se uma chave
de forma passiva as atividades do computador. Por si só, o ataque secreta, que pode ser um número, uma palavra ou apenas uma
passivo não é prejudicial, mas a informação coletada durante a ses- sequência de letras aleatórias, é aplicada ao texto de uma mensa-
são pode ser extremamente prejudicial quando utilizada (adultera- gem para alterar o conteúdo de uma determinada maneira. Tanto
ção, fraude, reprodução, bloqueio). o emissor quanto o receptor da mensagem devem saber qual é a
– Ativos: neste momento, faz-se a utilização dos dados cole- chave secreta para poder ler a mensagem.
tados no ataque passivo para, por exemplo, derrubar um sistema, • Criptografia assimétrica (chave pública): tem duas chaves
infectar o sistema com malwares, realizar novos ataques a partir da relacionadas. Uma chave pública é disponibilizada para qualquer
máquina-alvo ou até mesmo destruir o equipamento (Ex.: intercep- pessoa que queira enviar uma mensagem. Uma segunda chave pri-
tação, monitoramento, análise de pacotes). vada é mantida em segredo, para que somente você saiba.

Política de Segurança da Informação Qualquer mensagem que foi usada a chave púbica só poderá
Este documento irá auxiliar no gerenciamento da segurança ser descriptografada pela chave privada.
da organização através de regras de alto nível que representam os Se a mensagem foi criptografada com a chave privada, ela só
princípios básicos que a entidade resolveu adotar de acordo com poderá ser descriptografada pela chave pública correspondente.
a visão estratégica da mesma, assim como normas (no nível táti- A criptografia assimétrica é mais lenta o processamento para
co) e procedimentos (nível operacional). Seu objetivo será manter criptografar e descriptografar o conteúdo da mensagem.
a segurança da informação. Todos os detalhes definidos nelas serão Um exemplo de criptografia assimétrica é a assinatura digital.
para informar sobre o que pode e o que é proibido, incluindo: • Assinatura Digital: é muito usado com chaves públicas e per-
• Política de senhas: define as regras sobre o uso de senhas nos mitem ao destinatário verificar a autenticidade e a integridade da
recursos computacionais, como tamanho mínimo e máximo, regra informação recebida. Além disso, uma assinatura digital não permi-
de formação e periodicidade de troca. te o repúdio, isto é, o emitente não pode alegar que não realizou a
• Política de backup: define as regras sobre a realização de có- ação. A chave é integrada ao documento, com isso se houver algu-
pias de segurança, como tipo de mídia utilizada, período de reten- ma alteração de informação invalida o documento.
ção e frequência de execução. • Sistemas biométricos: utilizam características físicas da pes-
• Política de privacidade: define como são tratadas as infor- soa como os olhos, retina, dedos, digitais, palma da mão ou voz.
mações pessoais, sejam elas de clientes, usuários ou funcionários.
• Política de confidencialidade: define como são tratadas as Firewall
informações institucionais, ou seja, se elas podem ser repassadas Firewall ou “parede de fogo” é uma solução de segurança ba-
a terceiros. seada em hardware ou software (mais comum) que, a partir de um
conjunto de regras ou instruções, analisa o tráfego de rede para
Mecanismos de segurança determinar quais operações de transmissão ou recepção de dados
Um mecanismo de segurança da informação é uma ação, técni- podem ser executadas. O firewall se enquadra em uma espécie de
ca, método ou ferramenta estabelecida com o objetivo de preservar
o conteúdo sigiloso e crítico para uma empresa.
3 https://www.diegomacedo.com.br/modelos-e-mecanismos-de-segu- 4 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-prote-
ranca-da-informacao/ cao-e-seguranca-da-informacao-parte-2/

89
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

barreira de defesa. A sua missão, por assim dizer, consiste basica- – Pela autoexecução de mídias removíveis infectadas, como
mente em bloquear tráfego de dados indesejado e liberar acessos pen-drives;
bem-vindos. – Pelo acesso a páginas Web maliciosas, utilizando navegado-
res vulneráveis;
– Pela ação direta de atacantes que, após invadirem o compu-
tador, incluem arquivos contendo códigos maliciosos;
– Pela execução de arquivos previamente infectados, obtidos
em anexos de mensagens eletrônicas, via mídias removíveis, em
páginas Web ou diretamente de outros computadores (através do
compartilhamento de recursos).

Representação de um firewall. Uma vez instalados, os códigos maliciosos passam a ter acesso
Fonte: https://helpdigitalti.com. aos dados armazenados no computador e podem executar ações
br/o-que-e-firewall-conceito-tipos-e-arquiteturas/#:~:text=Fi- em nome dos usuários, de acordo com as permissões de cada usu-
rewall%20%C3%A9%20uma%20solu%C3%A7%C3%A3o%20 ário.
de,de%20dados%20podem%20ser%20executadas. Os principais motivos que levam um atacante a desenvolver
e a propagar códigos maliciosos são a obtenção de vantagens fi-
Formas de segurança e proteção nanceiras, a coleta de informações confidenciais, o desejo de au-
– Controles de acesso através de senhas para quem acessa, topromoção e o vandalismo. Além disto, os códigos maliciosos são
com autenticação, ou seja, é a comprovação de que uma pessoa muitas vezes usados como intermediários e possibilitam a prática
que está acessando o sistema é quem ela diz ser5. de golpes, a realização de ataques e a disseminação de spam (mais
– Se for empresa e os dados a serem protegidos são extrema- detalhes nos Capítulos Golpes na Internet, Ataques na Internet e
mente importantes, pode-se colocar uma identificação biométrica Spam, respectivamente).
como os olhos ou digital. A seguir, serão apresentados os principais tipos de códigos ma-
– Evitar colocar senhas com dados conhecidos como data de liciosos existentes.
nascimento ou placa do seu carro.
– As senhas ideais devem conter letras minúsculas e maiúscu- Vírus
las, números e caracteres especiais como @ # $ % & *. Vírus é um programa ou parte de um programa de computador,
– Instalação de antivírus com atualizações constantes. normalmente malicioso, que se propaga inserindo cópias de si mes-
– Todos os softwares do computador devem sempre estar atua- mo e se tornando parte de outros programas e arquivos.
lizados, principalmente os softwares de segurança e sistema opera- Para que possa se tornar ativo e dar continuidade ao processo
cional. No Windows, a opção recomendada é instalar atualizações de infecção, o vírus depende da execução do programa ou arquivo
automaticamente. hospedeiro, ou seja, para que o seu computador seja infectado é
– Dentre as opções disponíveis de configuração qual opção é a preciso que um programa já infectado seja executado.
recomendada. O principal meio de propagação de vírus costumava ser os
– Sempre estar com o firewall ativo. disquetes. Com o tempo, porém, estas mídias caíram em desuso e
– Anti-spam instalados. começaram a surgir novas maneiras, como o envio de e-mail. Atu-
– Manter um backup para caso de pane ou ataque. almente, as mídias removíveis tornaram-se novamente o principal
– Evite sites duvidosos. meio de propagação, não mais por disquetes, mas, principalmente,
– Não abrir e-mails de desconhecidos e principalmente se tiver pelo uso de pen-drives.
anexos (link). Há diferentes tipos de vírus. Alguns procuram permanecer ocul-
– Evite ofertas tentadoras por e-mail ou em publicidades. tos, infectando arquivos do disco e executando uma série de ativi-
– Tenha cuidado quando solicitado dados pessoais. Caso seja dades sem o conhecimento do usuário. Há outros que permanecem
necessário, fornecer somente em sites seguros. inativos durante certos períodos, entrando em atividade apenas em
– Cuidado com informações em redes sociais. datas específicas. Alguns dos tipos de vírus mais comuns são:
– Instalar um anti-spyware. – Vírus propagado por e-mail: recebido como um arquivo ane-
– Para se manter bem protegido, além dos procedimentos an- xo a um e-mail cujo conteúdo tenta induzir o usuário a clicar sobre
teriores, deve-se ter um antivírus instalado e sempre atualizado. este arquivo, fazendo com que seja executado.
– Vírus de script: escrito em linguagem de script, como VBS-
Códigos maliciosos (Malware) cript e JavaScript, e recebido ao acessar uma página Web ou por
Códigos maliciosos (malware) são programas especificamente e-mail, como um arquivo anexo ou como parte do próprio e-mail
desenvolvidos para executar ações danosas e atividades maliciosas escrito em formato HTML.
em um computador6. Algumas das diversas formas como os códigos – Vírus de macro: tipo específico de vírus de script, escrito em
maliciosos podem infectar ou comprometer um computador são: linguagem de macro, que tenta infectar arquivos manipulados por
– Pela exploração de vulnerabilidades existentes nos progra- aplicativos que utilizam esta linguagem como, por exemplo, os que
mas instalados; compõe o Microsoft Office (Excel, Word e PowerPoint, entre outros).
– Vírus de telefone celular: vírus que se propaga de celular para
5 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-prote- celular por meio da tecnologia bluetooth ou de mensagens MMS
cao-e-seguranca-da-informacao-parte-3/ (Multimedia Message Service). A infecção ocorre quando um usu-
6 https://cartilha.cert.br/malware/ ário permite o recebimento de um arquivo infectado e o executa.

90
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Worm – Keylogger: capaz de capturar e armazenar as teclas digitadas


Worm é um programa capaz de se propagar automaticamen- pelo usuário no teclado do computador.
te pelas redes, enviando cópias de si mesmo de computador para – Screenlogger: similar ao keylogger, capaz de armazenar a po-
computador. sição do cursor e a tela apresentada no monitor, nos momentos em
Diferente do vírus, o worm não se propaga por meio da inclu- que o mouse é clicado, ou a região que circunda a posição onde o
são de cópias de si mesmo em outros programas ou arquivos, mas mouse é clicado.
sim pela execução direta de suas cópias ou pela exploração auto- – Adware: projetado especificamente para apresentar propa-
mática de vulnerabilidades existentes em programas instalados em gandas.
computadores.
Worms são notadamente responsáveis por consumir muitos Backdoor
recursos, devido à grande quantidade de cópias de si mesmo que Backdoor é um programa que permite o retorno de um invasor
costumam propagar e, como consequência, podem afetar o desem- a um computador comprometido, por meio da inclusão de serviços
penho de redes e a utilização de computadores. criados ou modificados para este fim.
Pode ser incluído pela ação de outros códigos maliciosos, que
Bot e botnet tenham previamente infectado o computador, ou por atacantes,
Bot é um programa que dispõe de mecanismos de comunicação que exploram vulnerabilidades existentes nos programas instalados
com o invasor que permitem que ele seja controlado remotamente. no computador para invadi-lo.
Possui processo de infecção e propagação similar ao do worm, ou Após incluído, o backdoor é usado para assegurar o acesso fu-
seja, é capaz de se propagar automaticamente, explorando vulne- turo ao computador comprometido, permitindo que ele seja aces-
rabilidades existentes em programas instalados em computadores. sado remotamente, sem que haja necessidade de recorrer nova-
A comunicação entre o invasor e o computador infectado pelo mente aos métodos utilizados na realização da invasão ou infecção
bot pode ocorrer via canais de IRC, servidores Web e redes do tipo e, na maioria dos casos, sem que seja notado.
P2P, entre outros meios. Ao se comunicar, o invasor pode enviar
instruções para que ações maliciosas sejam executadas, como des- Cavalo de troia (Trojan)
ferir ataques, furtar dados do computador infectado e enviar spam. Cavalo de troia, trojan ou trojan-horse, é um programa que,
Um computador infectado por um bot costuma ser chamado de além de executar as funções para as quais foi aparentemente proje-
zumbi (zombie computer), pois pode ser controlado remotamente, tado, também executa outras funções, normalmente maliciosas, e
sem o conhecimento do seu dono. Também pode ser chamado de sem o conhecimento do usuário.
spam zombie quando o bot instalado o transforma em um servidor Exemplos de trojans são programas que você recebe ou obtém
de e-mails e o utiliza para o envio de spam. de sites na Internet e que parecem ser apenas cartões virtuais ani-
Botnet é uma rede formada por centenas ou milhares de com- mados, álbuns de fotos, jogos e protetores de tela, entre outros.
putadores zumbis e que permite potencializar as ações danosas Estes programas, geralmente, consistem de um único arquivo e ne-
executadas pelos bots. cessitam ser explicitamente executados para que sejam instalados
Quanto mais zumbis participarem da botnet mais potente ela no computador.
será. O atacante que a controlar, além de usá-la para seus próprios Trojans também podem ser instalados por atacantes que, após
ataques, também pode alugá-la para outras pessoas ou grupos que invadirem um computador, alteram programas já existentes para
desejem que uma ação maliciosa específica seja executada. que, além de continuarem a desempenhar as funções originais,
Algumas das ações maliciosas que costumam ser executadas também executem ações maliciosas.
por intermédio de botnets são: ataques de negação de serviço,
propagação de códigos maliciosos (inclusive do próprio bot), coleta Rootkit
de informações de um grande número de computadores, envio de Rootkit é um conjunto de programas e técnicas que permite
spam e camuflagem da identidade do atacante (com o uso de pro- esconder e assegurar a presença de um invasor ou de outro código
xies instalados nos zumbis). malicioso em um computador comprometido.
Rootkits inicialmente eram usados por atacantes que, após in-
Spyware vadirem um computador, os instalavam para manter o acesso pri-
Spyware é um programa projetado para monitorar as ativida- vilegiado, sem precisar recorrer novamente aos métodos utilizados
des de um sistema e enviar as informações coletadas para terceiros. na invasão, e para esconder suas atividades do responsável e/ou
Pode ser usado tanto de forma legítima quanto maliciosa, de- dos usuários do computador. Apesar de ainda serem bastante usa-
pendendo de como é instalado, das ações realizadas, do tipo de dos por atacantes, os rootkits atualmente têm sido também utili-
informação monitorada e do uso que é feito por quem recebe as zados e incorporados por outros códigos maliciosos para ficarem
informações coletadas. Pode ser considerado de uso: ocultos e não serem detectados pelo usuário e nem por mecanis-
– Legítimo: quando instalado em um computador pessoal, pelo mos de proteção.
próprio dono ou com consentimento deste, com o objetivo de veri-
ficar se outras pessoas o estão utilizando de modo abusivo ou não Ransomware
autorizado. Ransomware é um tipo de código malicioso que torna inacessí-
– Malicioso: quando executa ações que podem comprometer a veis os dados armazenados em um equipamento, geralmente usan-
privacidade do usuário e a segurança do computador, como monitorar do criptografia, e que exige pagamento de resgate (ransom) para
e capturar informações referentes à navegação do usuário ou inseridas restabelecer o acesso ao usuário7.
em outros programas (por exemplo, conta de usuário e senha).
Alguns tipos específicos de programas spyware são: 7 https://cartilha.cert.br/ransomware/

91
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O pagamento do resgate geralmente é feito via bitcoins.


Pode se propagar de diversas formas, embora as mais comuns DADOS: CONCEITOS, ATRIBUTOS, MÉTRICAS,
sejam através de e-mails com o código malicioso em anexo ou que TRANSFORMAÇÃO DE DADOS
induzam o usuário a seguir um link e explorando vulnerabilidades
em sistemas que não tenham recebido as devidas atualizações de Dados estruturados, semiestruturados e não estruturados
segurança. Existem três formas de classificar os dados de acordo com sua
estrutura8:
Antivírus – Dados estruturados;
O antivírus é um software de proteção do computador que eli- – Dados semiestruturados;
mina programas maliciosos que foram desenvolvidos para prejudi- – Dados não estruturados.
car o computador.
O vírus infecta o computador através da multiplicação dele (có-
pias) com intenção de causar danos na máquina ou roubar dados.
O antivírus analisa os arquivos do computador buscando pa-
drões de comportamento e códigos que não seriam comuns em
algum tipo de arquivo e compara com seu banco de dados. Com
isto ele avisa o usuário que tem algo suspeito para ele tomar pro-
vidência.
O banco de dados do antivírus é muito importante neste pro-
cesso, por isso, ele deve ser constantemente atualizado, pois todos
os dias são criados vírus novos.
Uma grande parte das infecções de vírus tem participação do
usuário. Os mais comuns são através de links recebidos por e-mail
ou download de arquivos na internet de sites desconhecidos ou
mesmo só de acessar alguns sites duvidosos pode acontecer uma
contaminação. A imagem acima mostra uma diferença visual, sugerindo que
Outro jeito de contaminar é através de dispositivos de armaze- os dados estruturados são organizados em um padrão fixo, enquan-
namentos móveis como HD externo e pen drive. Nestes casos de- to os não estruturados são seguem uma estrutura rígida. Os semies-
vem acionar o antivírus para fazer uma verificação antes. truturados fica entre os extremos: não são estruturados de forma
Existem diversas opções confiáveis, tanto gratuitas quanto pa- rígida, mas também não são totalmente desestruturados.
gas. Entre as principais estão: Vamos ver agora em detalhes cada classificação de dados e de-
– Avast; pois os compararemos novamente.
– AVG;
– Norton; Dados estruturados
– Avira; Dados estruturados são aqueles organizados e representados
– Kaspersky; com uma estrutura rígida, a qual foi previamente planejada para
– McAffe. armazená-los.
Pense em um formulário de cadastro com os campos: nome,
Filtro anti-spam e-mail, idade e uma pergunta que admite como resposta sim ou
Spam é o termo usado para referir-se aos e-mails não solici- não. O campo nome será um texto, uma sequência de letras com ou
tados, que geralmente são enviados para um grande número de sem a presença de espaços em branco, que terá um limite máximo e
pessoas. não poderá conter números ou símbolos. O campo e-mail também
Spam zombies são computadores de usuários finais que foram terá o padrão textual, mas formado por uma sequência de caracte-
comprometidos por códigos maliciosos em geral, como worms, res (e não só letras, pois admitirá números e alguns símbolos) e terá
bots, vírus e cavalos de tróia. Estes códigos maliciosos, uma vez ins- que ter obrigatoriamente um arroba. Idade é um campo que aceita
talados, permitem que spammers utilizem a máquina para o envio apenas um número inteiro positivo, enquanto o campo referente
de spam, sem o conhecimento do usuário. Enquanto utilizam má- a pergunta armazena um valor binário (pense um 1 bit, que pode
quinas comprometidas para executar suas atividades, dificultam a ser 0 ou 1. Valor 0 para não, 1 para sim). Assim, cada campo possui
identificação da origem do spam e dos autores também. Os spam um padrão bem definido, que representa uma estrutura rígida e um
zombies são muito explorados pelos spammers, por proporcionar o formato previamente projetado para ele.
anonimato que tanto os protege. Os dados de um mesmo cadastro estão relacionados (dizem
Estes filtros são responsáveis por evitar que mensagens indese- respeito a mesma pessoa). Em outras palavras, os dados estrutura-
jadas cheguem até a sua caixa de entrada no e-mail. dos de um mesmo bloco (registro) possuem uma relação.
Registros ou grupos de dados diferentes (como de pessoas di-
Anti-malwares ferentes), possuem diferentes valores, mas utilizam a mesma repre-
Ferramentas anti-malware são aquelas que procuram detectar sentação estrutural homogênea para armazenar os dados. Ou seja,
e, então, anular ou remover os códigos maliciosos de um computa- possuem mesmo atributos (pense como sinônimo de campos no
dor. Antivírus, anti-spyware, anti-rootkit e anti-trojan são exemplos exemplo acima) e formatos, mas valores diferentes.
de ferramentas deste tipo. 8 https://universidadedatecnologia.com.br/dados-estruturados-e-nao-
-estruturados/

92
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Agora, veja, banco de dados é um exemplo de dados estrutu- Abstração de dados


rados, mas existem outros. O formulário de cadastro, mesmo que Em virtude do grande número de usuários de BD que não são
salvasse os dados em outro recurso fora banco de dados (como em treinados em computação, faz-se necessário simplificar sua estrutu-
um arquivo), também é um exemplo de dados estruturados por ra para melhor interação entre usuários e sistema9. O grande objeti-
conter campos definidos por uma estrutura rígida e previamente vo de um sistema de BD é oferecer uma visão “abstrata” dos dados
projetada, se enquadrando na definição. aos usuários.
• Exemplos de dados estruturados O conceito de abstração está associado à característica de se
O exemplo mais típico de dados estruturados é um banco de observar somente os aspectos de interesse, sem se preocupar com
dados. Nele, os dados são estruturados conforme a definição de um maiores detalhes envolvidos. No contexto de abstração de dados,
esquema, que define as tabelas com seus respectivos campos (ou um BD pode ser visto sem se considerar a forma como os dados
atributos) e tipos (formato). O esquema pode ser pensado como estão armazenados fisicamente.
uma meta-informação do banco de dados, ou seja, uma descrição A figura abaixo exemplifica os três níveis gerais de abstração de
sobre a organização dos dados que serão armazenados no banco. um banco de dados: Lógico, Físico e Visão.
É exatamente como no exemplo do formulário que, normalmente,
está interligado com um banco de dados.

Dados semiestruturados
Apresentam uma representação heterogênea, ou seja, pos-
suem estrutura, mas ela é flexível. Facilita o controle por ter um
pouco de estrutura, mas também permite uma maior flexibilidade.

Dados não estruturados


Qual é o oposto de uma estrutura rígida e previamente pensa-
da? Uma estrutura flexível e dinâmica ou sem estrutura. Exemplo
mais comum? Um documento ou um arquivo.
Pense em um arquivo feito em um editor de texto. Você pode
adicionar quanto texto quiser, sem se preocupar com campos, res-
trições e limites. O arquivo pode conter também imagens, como
gráficos e fotos, misturado com textos. Imagens, assim como vídeos
ou arquivos de áudio, são também exemplos de dados não estru-
turados.
Assim, é fácil concluir que as redes sociais, as quais possuem Arquitetura de um banco de dados em três níveis.
um enorme volume de dados, como textos, imagens e vídeos cria-
dos diariamente por usuários, representam outro exemplo de da- • Visão: nível de abstração mais alto (considerada a visão do
dos não estruturados. Atualmente, mais de 80% do conteúdo digital grupo de usuários) descreve apenas parte do banco de dados, mui-
gerado no mundo é do tipo não estruturado. tos usuários não precisam de todas as informações sobre o banco
de dados.
• Exemplos de dados não estruturados • Nível Lógico (Visão Conceitual): nível de abstração intermedi-
Normalmente, basta pensar em uma situação de dados que ário, descreve quais dados estão armazenados e que relação existe
não seguem estrutura para termos exemplos de dados não-estrutu- entre eles (descreve o bando de dados inteiro).
rados, mas é preciso tomar um pouco de cuidado com essa análise. • Nível Físico (Visão Interna): nível de abstração mais baixo, vi-
Em computação, todo dado, seja ele um arquivo ou um campo são do responsável pela manutenção e desenvolvimento do SGBD.
rígido, terá que ter algum tipo de estrutura, mesmo que mínima. Neste nível existe a preocupação de como os dados serão armaze-
Um arquivo é um tipo de estrutura mínima, pois é a unidade básica nados.
de armazenamento de um sistema operacional, mas ela é genérica,
pois aceita diferentes tipos de dados. Em resumo, quase tudo cairá Banco de dados
em um arquivo, mesmo porque um vídeo tem que gravar em arqui- Analisando como um conceito geral de banco de dados, po-
vo seus dados com um codificador (codec), um áudio também e as- demos dizer que uma planilha do Microsoft Excel ou uma lista de
sim por diante. Pensem, portanto, na estrutura interna do arquivo, contatos (nome, telefone e e-mail) de uma agenda configuram um
se ela existe e é rígida, ou não. banco de dados, ou seja, toda organização e armazenagem de infor-
Assim, possivelmente, a maior parte dos arquivos que você mações sobre um mesmo assunto ou assuntos relacionados entre si
pensar serão não-estruturados. Vamos aos exemplos: é um banco de dados10.
– Textos diversos (páginas da internet, relatórios, documentos, Um banco de dados é uma coleção de dados relacionados11.
e-mails, mensagens em aplicativos como WhatsApp, etc.) Entende-se por dado, toda a informação que pode ser armazenada
– Imagens (fotos, gráficos, ilustrações, desenhos, etc.) e que apresenta algum significado dentro do contexto ao qual ele se
– Arquivos de áudio (música, streaming, etc.) aplica. Por exemplo, em um sistema bancário, uma pessoa é iden-
– Arquivos de vídeo (filmes, seriados, feitos por usuários, etc.) 9 http://www.nrsystem.com.br/Fund_Banco_Dados.pdf
– Redes sociais (Blogs, Facebook, Twitter, Instagram, Linkedin, 10 https://centraldefavoritos.com.br/2017/12/27/banco-de-dados/
etc.) 11 http://www.regilan.com.br/wp-content/uploads/2013/10/Apostila-
-Banco-de-Dados.pdf

93
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

tificada pelo seu CPF (cliente). Em um sistema escolar a pessoa é A tabela CLIENTES está relacionada com a tabela Telefones. O
identificada pelo seu número de matrícula (aluno). Em um sistema cliente Regilan Meira Silva possui dois telefones: um celular e um
médico a pessoa (paciente) é identificada pelo número do plano de residencial. A cliente Aline Araujo Freitas possui um telefone celu-
saúde ou cartão SUS. lar, Maria Aparecida Gomes da Costa possui um celular e Joaquim
Um banco de dados informatizado é usualmente mantido e José Pereira da Silva não possui telefone. Tal constatação é verifi-
acessado por meio de um software conhecido como Sistema Ge- cada após comparar a coluna CÓDIGO da tabela CLIENTES com a
renciador de Banco de Dados (SGBD), que é muitas vezes o termo coluna CÓDIGO da tabela TELEFONES. A coluna CÓDIGO é utilizada
banco de dados é usado como sinônimo de SGDB. para fazer o relacionamento entre as tabelas.
Um SGBD é uma coleção de programas que permitem ao usu- O modelo de dados mais adotado hoje em dia para representar
ário definir, construir e manipular Bases de Dados para as mais di- e armazenar dados em um SGBD é o modelo relacional, onde as
versas finalidades. estruturas têm a forma de tabelas, compostas por linhas e colunas.

O Modelo Conceitual
Antes da implementação em um SGBD, precisamos de uma
descrição formal da estrutura de um banco de dados, de forma
independente do SGBD. Essa descrição formal é chamada modelo
conceitual. Podemos comparar o modelo conceitual com o pseudo-
código/português estruturado em algoritmos, na qual construímos
os algoritmos independentes de que linguagem de programação
iremos desenvolver nossos programas.
O modelo conceitual é a análise dos elementos e fenômenos
relevantes de uma realidade observada ou imaginada e a posterior
formação de um modelo abstrato do corpo de conhecimento ad-
quirido: o Modelo Entidade-Relacionamento ou MER12. É frequen-
temente documentado de forma visual em um diagrama, quando
Exemplos de SGBDs. passa a ser conhecido como Diagrama Entidade-Relacionamento ou
DER.
Modelagem de dados
A modelagem de dados é a criação de uma estrutura de dados
eletrônica (banco de dados) que representa um conjunto de infor-
mações. Esta estrutura permite ao usuário recuperar dados de for-
ma rápida e eficiente. O objetivo é incluir dados em uma estrutura
que possibilite transformar os dados originais em vários tipos de
saídas como formulários, relatórios, etiquetas ou gráficos.
Entretanto, para que possamos implementar, de forma corre-
ta, um BD utilizando algum SGBD, temos que passar por uma fase
intermediária, chamada modelagem de dados. Observe o exemplo:

CLIENTES DATA DE
CÓDIGO NOME NASCIMENTO

1 Regilan Meira Silva 13/02/1983


2 Aline Araujo Freitas 27/08/1986
3 Joaquim José Pereira da Silva 12/05/1967
4 Maria Aparecida Gomes da Costa 06/01/1995

TELEFONES
Representação do MER como um Diagrama Entidade-Relacionamento.
CÓDIGO NUMERO TIPO
1 (73)9158-9683 Celular Modelo Entidade-Relacionamento (MER)
O MER (Modelo-Entidade-Relacionamento) é um modelo de
2 (71)3458-5112 Residencial dados conceitual de alto nível, ou seja, seus conceitos foram pro-
3 (73)8874-9681 Celular jetados para serem compreensíveis aos usuários, descartando de-
4 (77)8841-2563 Celular talhes de como os dados são armazenados. Este modelo foi desen-
volvido a fim de facilitar o projeto de banco de dados permitindo
a especificação de um esquema que representa a estrutura lógica
global do Banco de Dados.
12 https://medium.com/@felipeozalmeida/guia-da-modelagem-de-
-dados-introdu%C3%A7%C3%A3o-modelo-conceitual-238c1f8be48

94
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Atualmente, o MER é usado principalmente durante o processo de projeto da base de dados.

Elementos gráficos do MER.

Certos conceitos são utilizados na modelagem conceitual para descrever os papéis de cada componente do domínio analisado. Dentre
eles, podemos citar:
• Instância: denomina uma ocorrência, um registro que existe ou passou a existir de uma entidade;
• Entidade: define qualquer coisa que seja identificável, singular e tenha existência bem delimitada, podendo ser classificada entre
“fraca” e “forte” de acordo com sua cardinalidade e representada por um retângulo no DER;
Entidade pode ser entendida como uma “coisa” ou algo da realidade modelada onde deseja-se manter informações no banco de
dados (BD).
Por exemplo, em um sistema escolar, algumas entidades podem ser os alunos, professores, horário, disciplinas e avaliações. Note que
uma entidade pode representar tanto objetos concretos (alunos), quanto objetos abstratos (horário). A entidade é representada por um
retângulo. Uma entidade se transformará em uma tabela no modelo físico de banco de dados.

DER Alunos x Curso.

A entidade ALUNO representa todos os estudantes sobre as quais se deseja manter informações no BD. Relacionamento é um conjun-
to de associações entre entidades. O relacionamento é representado por um LOSANGO e o nome do relacionamento (POSSUI,ESTUDA).
Esse losango é ligado por linhas aos retângulos que representam as entidades participantes do relacionamento.
• Atributo: é usado para referir-se à cada característica possuída pelas instâncias de uma entidade ou de um relacionamento e sua
representação no DER se dá em forma de balões — embora seja desencorajada por poluí-lo facilmente;
• Relacionamento: descreve um evento significativo que ocorre entre instâncias de duas entidades e é representado por um losango,
sendo considerado e representado a partir da modelagem lógica como uma entidade no DER quando tem cardinalidade N:N (surpresa!);
• Cardinalidade: conceito usado para dizer quantas vezes uma instância de uma entidade pode se relacionar com instâncias de outra
entidade, também referenciado como “grau de relacionamento”.
A cardinalidade é um número que expressa o comportamento (número de ocorrências) de determinada entidade associada a uma
ocorrência da entidade em questão através do relacionamento.
Existem dois tipos de cardinalidade: mínima e máxima. A cardinalidade máxima, expressa o número máximo de ocorrências de deter-
minada entidade, associada a uma ocorrência da entidade em questão, através do relacionamento. A cardinalidade mínima, expressa o
número mínimo de ocorrências de determinada entidade associada a uma ocorrência da entidade em questão através do relacionamento.

95
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Observe as cardinalidades mínima e máxima representadas no modelo abaixo:

DER Titular x Dependente: cardinalidade

Para fazermos a leitura do modelo, partimos de determinada entidade e a cardinalidade correspondente a essa entidade é represen-
tada no lado oposto. Em nosso exemplo, a cardinalidade (0:N) faz referência a TITULAR, já a cardinalidade (1:1), faz referência a DEPEN-
DENTE. Isso significa que:
- Uma ocorrência de empregado pode não estar associada a uma ocorrência de dependente ou pode estar associada a várias ocorrên-
cias dele (determinado empregado pode não possuir dependentes ou pode possuir vários);
- Uma ocorrência de dependente está associada a apenas uma ocorrência de empregado (determinado dependente possui apenas
um empregado responsável).
Observação: na prática, para as cardinalidades máximas, costumamos distinguir dois tipos: 1 (um) e N (cardinalidades maiores que 1).
Já para a as cardinalidades mínimas, costumamos distinguir dois tipos: 0 (zero) e 1 (um).
• Condicionalidade: responsável por comunicar se a existência de uma instância de uma entidade está condicionada à existência de
uma instância de outra entidade, não sendo muito representada no DER.

Relacionamentos entre instâncias de entidades


São comumente efetivados com estas 3 cardinalidades:
• “Um” para “Um” (1:1): uma instância de uma entidade pode ou deve se relacionar com uma e apenas uma instância de outra en-
tidade;
• “Um” para “Muitos” (1:N): uma instância de uma entidade pode ou deve se relacionar com uma ou mais instâncias de outra enti-
dade — é com toda certeza a cardinalidade mais encontrada em bancos de dados; e
• “Muitos” para “Muitos” (N:N): uma ou mais instâncias de uma entidade podem ou devem se relacionar com uma ou mais instâncias
de outra entidade — esse tipo de relacionamento transforma-se em uma entidade a partir da modelagem lógica.

O Modelo Relacional
Um Banco de Dados (BD) é uma coleção organizada de dados13. Esses dados são organizados de modo a modelar aspectos do mundo
real, para que seja possível efetuar processamento que gere informações relevantes para os usuários a partir desses dados.
Existem vários modelos de bancos de dados, desenvolvidos ao longo do tempo, e o mais utilizado atualmente é o Modelo Relacional.
No modelo relacional, os dados são organizados em coleções de tabelas bidimensionais. Essas tabelas são também chamadas de
“Relações”.
Desta forma, uma Relação é uma forma de se organizar os dados em linhas e colunas.
O modelo relacional é baseado em lógica e na teoria de conjuntos da matemática.
Como exemplo, podemos querer armazenar dados sobre os clientes de uma loja. Para isso, criamos tabelas para guardar diferentes
conjuntos de dados relacionados a esses clientes, como dados pessoais, dados de compras, crédito e outras. Cada uma dessas tabelas é
uma relação do banco.

Obs.: não confunda o termo Relação com Relacionamento, que também faz parte do modelo relacional, porém são conceitos distintos.

• Composição do Modelo Relacional


O modelo relacional é composto, basicamente, pelos seguintes elementos:
– Coleções de objetos ou relações que armazenam os dados.
– Um conjunto de operadores que agem nas relações, produzindo outras relações.
– Integridade de dados, para precisão e consistência.

• Componentes de um Banco de Dados Relacional


Diversos tipos de objetos fazem parte de um banco de dados relacional. Listamos os mais importantes a seguir:
Tabela: estrutura básica de armazenamento no SGBDR. Armazena todos os dados necessários sobre algo do mundo real, como clien-
tes, pedidos ou produtos, também chamada de Relação. Um banco de dados relacional pode conter uma ou mais Tabelas
Tupla: ou Linha / Registro, representa todos os dados requeridos por uma determinada ocorrência de entidade em particular. Por
exemplo, os dados de um cliente específico. Cada linha em uma tabela deve ser identificada por uma chave primária, de modo a não haver
duplicação de registros.

13 http://www.bosontreinamentos.com.br/bancos-de-dados/o-que-e-um-banco-de-dados-relacional/

96
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Coluna ou Campo: unidade que armazena um tipo específico de dado (valor) – ou não armazena nada, com valor nulo. Esta é uma
coluna não-chave, significando que seu valor pode se repetir em outras linhas da tabela.
Relacionamento: associação entre as entidades (tabelas), conectadas por chaves primárias e chaves estrangeiras.
Chave Primária (Primary Key/PK): coluna (atributo) que identifica um registro de forma exclusiva na tabela. Por exemplo, o CPF de um
cliente, contendo um valor que não se repete na relação.

Chave Estrangeira (Foreign Key/FK): coluna que define como as tabelas se relacionam umas com as outras. Uma FK se refere a uma
PK ou a uma chave única em outra tabela (ou na mesma tabela!). Por exemplo, na tabela de pedidos podemos ter uma chave estrangeira
efetuando o relacionamento com a chave primária na tabela de clientes.
Restrições (Constraints): propriedades específicas de determinadas colunas de uma relação, como por exemplo se a coluna pode
aceitar valores nulos ou não.
Outros: índices, Stored Procedures, Triggers, etc.

• Chaves
São regras que definem comportamentos específicos sobre uma tabela14. Estas, são a base para estabelecer relacionamentos. Em uma
base de dados relacional podemos considerar três tipos de chaves: chave primária, chave estrangeira e chave alternativa.
Para explicar os conceitos referente aos tipos de chaves existentes, será utilizado o modelo que segue na figura abaixo.

Tabelas para exemplificar chaves.

• Chave Primária - (Primary Key - PK)


Uma chave primária é uma regra implementada em uma coluna ou em um conjunto de colunas de forma a garantir que os valores
contidos nesta (s) sejam únicos, ou seja, estes valores nunca irão se repetir.

Regra de chave primária.


14 http://thiagocury.eti.br/disciplinas/banco-de-dados-relacional/conceito-de-chaves-no-banco-de-dados-relacional.php

97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na figura anterior a coluna ID_CLIENTE contém a regra de cha- Na figura acima, na tabela ALUGUEL, vemos a coluna ID_DVD
ve primária de forma que estes valores identificaram cada um dos que possui uma regra de chave estrangeira, referenciando os valo-
clientes cadastrados. Esta é a única coluna que possui informações res de chave primária da tabela DVD. Ou seja, só conseguiremos in-
que podem distinguir uma linha das demais, pois elas não se repe- serir algum valor na coluna ID_DVD da tabela ALUGUEL se este valor
tem. As colunas NOME, DATA_NASC e SEXO podem possuir infor- já previamente existir na coluna ID_DVD da tabela DVD. Na coluna
mações repetidas de forma que não são bons identificadores. Como ID_CLIENTE da tabela ALUGUEL temos outra regra de chave estran-
foi dito, em algumas tabelas podemos ter mais de uma coluna rece- geira, só que esta está referenciando a chave primária da tabela
bendo a regra de chave primária. CLIENTE. Desta forma, com a implementação da chave estrangeira,
podemos garantir que sempre que houver um aluguel, este será fei-
to obrigatoriamente para um cliente cadastrado e que somente um
DVD cadastrado poderá ser alugado.

• Chave Alternativa (Candidata)


Em tabela de um banco de dados relacional, a obrigação de
diferenciar uma tupla da outra é da regra de chave primária, po-
rem como sempre devemos manter o conceito de chave mínima,
algumas colunas que naturalmente possuem característica de infor-
mação única (CPF, RG, CNH), podem ficar de fora da regra de chave
primária. Para garantir que os valores inseridos nestas colunas se-
Regra de chave primária composta.
rão únicos, podemos implementar a regra de chave alternativa, que
também garante a unicidade das informações na coluna ou colunas
Na figura acima temos quatro colunas recebendo a regra de
que recebem esta regra.
chave primária. Cada tabela só pode ter uma regra de chave pri-
mária, independente da quantidade de colunas que a compõem.
Então podemos dizer que o cliente que possui o código (id_cliente)
número 2, por exemplo, locou no dia 24 de abril 2015 os DVDs de
código número 3 e 4 exatamente as 09:11. Como a regra de chave
primária envolve as quatro colunas podemos garantir que um mes-
mo cliente nunca conseguirá locar a mesma fita na mesma data e
no mesmo horário. De forma que a combinação das quatro colunas
nunca se repetirá. Neste caso, uma única coluna não foi o suficien-
te para identificar a tabela Aluguel, de forma que somente com a
composição das quatro colunas garantimos que não haja dados re- Regra de chave alternativa.
petidos. Pelo que foi dito acima, poderia surgir a pergunta, por que
não incluir a coluna VALOR como parte de regra de chave primária? Na figura anterior, vemos a tabela CLIENTE. Nela a coluna ID_
Isto porque a definição formal da chave primária exige que haja CLIENTE é quem possui a regra de chave primária e somente ela
uma chave mínima. Uma chave é mínima quando as colonas que pode ser referenciada por chaves estrangeiras. A coluna CPF tam-
compõem a chave primária, realmente são necessárias para garan- bém possui, naturalmente, valores únicos, de forma que para ga-
tir a unicidade dos valores contidos nesta. De forma que as colunas rantir esta unicidade implementamos a regra de chave estrangeira,
ID_CLIENTE, ID_DVD, DATA_ALUGUEL e HORA_ALUGUEL, formam a garantindo assim que nenhum CPF irá se repetir.
estrutura mínima para identificação da tabela aluguel.
Linguagem de Banco de Dados
• Chave Estrangeira - (Foreign Key - FK) Um sistema de banco de dados (BD) deve proporcionar dois
Uma chave estrangeira é uma regra de pode definir o compor- tipos de linguagens: uma específica para as estruturas do BD e outra
tamento de uma ou mais colunas, fazendo com que estas referen- para expressar consultas e atualizações nas estruturas. A linguagem
ciem as informações existentes em uma chave primária. Esta é a mais utilizada em banco de dados é a SQL (Strutured QueryLangua-
regra que permite estabelecer relacionamentos em uma base de ge)
dados relacional.
• Structured Query Language (SQL)
Atualmente, o SQL é o padrão adotado em banco de dados
mundialmente, trata-se de uma linguagem declarativa, através dela
especificamos como o “resultado” será apresentado, mas não defi-
nimos o caminho para chegar até ele.
É por meio dela que criamos tabelas, colunas, índices, garanti-
mos e removemos privilégios a usuários e, principalmente, consul-
tamos os dados armazenados em tabelas15.

Regra de chave estrangeira.


15 https://www.devmedia.com.br/introducao-a-linguagem-sql/40690

98
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A linguagem SQL é organizada em subconjuntos, cada um com propósitos bem definidos16:

Subdivisões da linguagem SQL.

– DQL - Linguagem de Consulta de Dados: define o comando utilizado para que possamos consultar (SELECT) os dados armazenados
no banco;
– DML - Linguagem de Manipulação de Dados: define os comandos utilizados para manipulação de dados no banco (INSERT, UPDATE
e DELETE);
– DDL - Linguagem de Definição de Dados: define os comandos utilizados para criação (CREATE) de tabelas, views, índices, atualização
dessas estruturas (ALTER), assim como a remoção (DROP);
– DCL - Linguagem de Controle de Dados: define os comandos utilizados para controlar o acesso aos dados do banco, adicionando
(GRANT) e removendo (REVOKE) permissões de acesso;
– DTL - Linguagem de Transação de Dados: define os comandos utilizados para gerenciar as transações executadas no banco de dados,
como iniciar (BEGIN) uma transação, confirmá-la (COMMIT) ou desfazê-la (ROLLBACK).

CIÊNCIA DE DADOS: GOVERNANÇA DA INFORMAÇÃO

A Ciência de Dados é uma área interdisciplinar que combina conhecimentos de estatística, matemática, programação, e domínio de
negócios para extrair insights valiosos e tomar decisões baseadas em dados.
No âmbito de conhecimentos e comportamentos digitais, a Ciência de Dados desempenha um papel fundamental na coleta, análise e
interpretação de dados digitais para impulsionar o desempenho, a inovação e o sucesso das organizações.
Aqui estão alguns aspectos importantes da Ciência de Dados no contexto digital:

— Aspectos importantes
Coleta de Dados: envolve a coleta de dados de diversas fontes digitais, como redes sociais, sites, dispositivos móveis, sensores IoT
(Internet das Coisas), bancos de dados, entre outros. Esses dados podem ser estruturados (por exemplo, tabelas de banco de dados) ou
não estruturados (texto, imagens, áudio), ambos essenciais para análise e tomada de decisões.
Análise de Dados: após a coleta, os dados passam por processos de limpeza, transformação e análise. Técnicas estatísticas, machine
learning e análise de big data são aplicadas para descobrir padrões, tendências e relações nos dados, gerando insights valiosos para a
organização.
Modelagem Preditiva: permite a construção de modelos preditivos que podem prever comportamentos futuros com base em dados
históricos. Esses modelos são amplamente utilizados em várias áreas, como marketing digital (para analisar o comportamento do cliente),
saúde (para prever diagnósticos ou riscos de doenças), finanças (para calcular as tendências de mercado), entre outros.

16 https://www.devmedia.com.br/guia/guia-completo-de-sql/38314

99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Personalização e Recomendação: com base na análise de dados, – Atualização Automática: os dados podem ser atualizados
a Ciência de Dados permite a personalização de produtos, serviços automaticamente em intervalos definidos pelo usuário, garantindo
e experiências digitais para atender às necessidades específicas dos que as informações estejam sempre atualizadas.
usuários. Algoritmos de recomendação são amplamente utilizados – Segurança: inclui recursos de segurança robustos para
em plataformas digitais, como Netflix, Amazon e Spotify, para garantir que apenas usuários autorizados possam acessar certos
sugerir conteúdo relevante com base no histórico de interações do dados ou relatórios.
usuário. – Inteligência Artificial: integra recursos de AI, como a
Otimização de Processos: ajuda as organizações a identificar capacidade de fazer perguntas em linguagem natural sobre os
oportunidades de otimização e eficiência em seus processos digitais. dados e obter insights automáticos.
Isso pode incluir a automação de tarefas repetitivas, a identificação
de gargalos em fluxos de trabalho digitais e a implementação de — Exemplos de relatórios com power bi
melhorias contínuas com base em dados. – Análise de Vendas: Empresas podem usar o Power BI para
Segurança e Privacidade de Dados: com o aumento da acompanhar as vendas em tempo real, analisar o desempenho de
quantidade de dados digitais, a segurança e a privacidade dos produtos e identificar tendências de mercado.
dados tornam-se preocupações importantes. – Gestão de Operações: Monitorar a eficiência operacional,
identificar gargalos e otimizar processos.
A Ciência de Dados desempenha um papel crucial na detecção – Recursos Humanos: Analisar métricas de desempenho dos
e prevenção de ameaças cibernéticas, bem como na implementação funcionários, taxas de rotatividade e satisfação dos colaboradores.
de medidas de proteção de dados para garantir a conformidade – Marketing: Medir a eficácia de campanhas de marketing,
com regulamentações de privacidade, como o GDPR (Regulamento segmentar o público e otimizar o orçamento.
Geral de Proteção de Dados).
Em resumo, a Ciência de Dados é uma disciplina essencial no — Exemplos de kpis que podem ser monitorados com o
âmbito de conhecimentos e comportamentos digitais, capacitando power bi
as organizações a extrair valor significativo de seus dados digitais – Receita Total: Medir a receita total gerada em um período
para impulsionar a inovação, a eficiência e o sucesso nos negócios. específico.
– Crescimento de Vendas: Analisar o crescimento das vendas
ao longo do tempo.
FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO WORKSPACE (POWER – Desempenho dos Produtos: Avaliar o desempenho individual
BI, OFFICE, LIBREOFFICE, GOOGLE WORKSPACE) de cada produto ou serviço.
– Satisfação do Cliente: Monitorar o Net Promoter Score (NPS)
O Power BI é uma ferramenta de Business Intelligence (BI) da ou outras métricas de satisfação do cliente.
Microsoft que permite transformar dados brutos em informações – Eficiência Operacional: Medir a eficiência dos processos
úteis através de visualizações interativas e relatórios detalhados. internos, como tempo de produção ou entrega.
Ele é amplamente utilizado para análise de dados e criação de
dashboards dinâmicos, ajudando as organizações a tomar decisões Além dos recursos básicos, o Power BI oferece uma gama
informadas com base em dados. de funcionalidades avançadas que permitem análises de dados
mais complexas e detalhadas. Os usuários podem criar medidas e
— Principais características colunas calculadas utilizando DAX (Data Analysis Expressions), uma
– Coleta de Dados: o Power BI pode se conectar a uma ampla linguagem poderosa de fórmulas. Outra funcionalidade importante
variedade de fontes de dados, incluindo bancos de dados SQL, é a possibilidade de criar visualizações personalizadas e interativas,
Excel, SharePoint, serviços da web, e muitos outros. que podem ser adaptadas às necessidades específicas de cada
– Modelagem de Dados: permite a limpeza, transformação e negócio.
modelagem de dados através do Power Query. Os usuários podem O Power BI também se integra facilmente com outras
criar relações entre diferentes fontes de dados e escrever fórmulas ferramentas e serviços da Microsoft, como Azure e Office 365, além
complexas usando a linguagem DAX (Data Analysis Expressions). de suportar integrações com ferramentas de terceiros.
– Visualizações Interativas: oferece uma vasta gama de No ambiente de negócios atual, a habilidade de transformar
visualizações, incluindo gráficos de barras, gráficos de linha, mapas, dados em insights acionáveis é fundamental. O Power BI facilita
tabelas, e muito mais. Os usuários podem personalizar essas este processo ao fornecer uma plataforma única para a análise
visualizações para atender às suas necessidades específicas. de dados, desde a coleta e preparação dos dados até a criação
– Dashboards e Relatórios: os dashboards são coleções de de visualizações e dashboards. Ademais, com a capacidade de se
visualizações que fornecem uma visão geral de métricas chave. conectar a múltiplas fontes de dados, os usuários podem consolidar
Relatórios são mais detalhados e podem incluir várias páginas de informações de diversas áreas da empresa, permitindo uma visão
visualizações e análises. holística do desempenho organizacional.
– Colaboração e Compartilhamento: os dashboards e relatórios Para começar a utilizar o Power BI, os usuários podem fazer o
podem ser compartilhados com outros membros da equipe ou download da versão desktop, que oferece todas as funcionalidades
publicados na web. O Power BI também suporta a colaboração em necessárias para a criação de relatórios e dashboards. Após a
tempo real. criação, esses relatórios podem ser publicados no serviço Power
BI, onde podem ser compartilhados com outros membros da
organização e acessados de qualquer lugar.

100
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Power BI também oferece aplicativos móveis, permitindo que – Passos


os usuários visualizem e interajam com seus dados em dispositivos – Selecione o tipo de visualização no painel de visualizações;
móveis. A comunidade do Power BI é ativa e oferece uma grande – Arraste os campos desejados do painel de campos para a
quantidade de recursos, incluindo tutoriais, fóruns e webinars. visualização.
Os usuários podem tirar proveito desses recursos para
aprender novas habilidades e ficar atualizados com as últimas — Medidas e colunas calculadas
funcionalidades e melhores práticas. Além disso, a Microsoft lança As medidas e colunas calculadas são essenciais para análises
regularmente atualizações e novas funcionalidades, garantindo mais aprofundadas.
que o Power BI continue a ser uma ferramenta líder no campo de
Business Intelligence. – Medidas e Colunas
O Power BI é uma ferramenta versátil e poderosa que pode – Medidas: Utilizadas para cálculos dinâmicos, como somas
transformar a maneira como as empresas analisam e utilizam seus e médias, e são criadas usando a linguagem DAX (Data Analysis
dados. Com suas capacidades avançadas de análise de dados, Expressions).
visualizações interativas e facilidade de uso, o Power BI é ideal Exemplo: Total Sales = SUM(Sales[SalesAmount])
para empresas de todos os tamanhos que desejam aproveitar ao – Colunas Calculadas: Criadas para adicionar novas colunas a
máximo seus dados para tomar decisões informadas e estratégicas. tabelas existentes com base em expressões DAX.
Exemplo: Sales Category = IF(Sales[SalesAmount] > 1000,
— Interface do power bi “High”, “Low”)
A interface do Power BI é composta por três áreas principais:
– Painel de Navegação: localizado à esquerda, onde você pode — Criação de relatórios
acessar os relatórios, dashboards e conjuntos de dados. Os relatórios são conjuntos de visualizações que contam uma
– Área de Trabalho: onde os relatórios são criados e visualizações história sobre os dados.
são adicionadas.
– Painel de Campos: localizado à direita, onde estão os dados e – Passos
os campos disponíveis para criação de visualizações. – Crie várias visualizações na área de trabalho;
– Organize as visualizações em páginas de relatório;
— Importação de dados – Adicione filtros e segmentações para permitir a interatividade.
Para começar a análise no Power BI, é necessário importar
dados. Isso pode ser feito a partir de diversas fontes, como arquivos — Dashboards
Excel, bancos de dados SQL, serviços online, entre outros. Dashboards são painéis que consolidam visualizações de
diferentes relatórios para fornecer uma visão geral de múltiplos
– Passos: indicadores de performance.
– Clique em Obter Dados;
– Selecione a fonte de dados desejada; – Criação de Dashboards
– Siga as instruções para conectar e carregar os dados. – No Power BI Service, selecione Novo Dashboard.
– Adicione visualizações de diferentes relatórios ao dashboard.
— Transformações de dados – Personalize o layout para destacar os KPIs mais importantes.
Após importar os dados, muitas vezes é necessário transformá-
los para atender às necessidades da análise. O Power BI fornece — Power Query
ferramentas robustas para limpeza e transformação de dados. Power Query é uma ferramenta utilizada para importar,
transformar e limpar dados. Ele permite a automação de tarefas
– Exemplo de Transformações repetitivas de manipulação de dados.
– Remoção de colunas desnecessárias;
– Alteração de tipos de dados; – Principais Funcionalidades
– Combinação de tabelas. – Conexão com diversas fontes de dados.
– Aplicação de passos de transformação.
– Passos – Mesclagem e anexação de consultas.
– Clique em Transformar Dados;
– Utilize as opções disponíveis para realizar as transformações – Uso do Power Query
necessárias; – Acesse o Power Query através do Transformar Dados.
– Aplique as mudanças e carregue os dados transformados. – Realize as transformações necessárias.
– Carregue os dados transformados no modelo de dados do
— Criação de visualizações Power BI.
Com os dados importados, você pode criar visualizações para
melhor compreender as informações. — Integrações com outras ferramentas
O Power BI pode ser integrado com diversas outras ferramentas
– Tipos de Visualizações e serviços para enriquecer as análises.
Gráficos de barras, gráficos de linhas, mapas, tabelas, entre
outros.

101
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Exemplos de Integrações Unix. Ao longo dos anos, passou por várias modificações em seu
– Excel: Importação de planilhas e criação de relatórios a partir projeto, mudando até mesmo de nome, mas mantendo os mesmos
de dados do Excel. aplicativos.
– SharePoint: Conexão com listas e bibliotecas de documentos.
– Azure: Utilização de serviços de dados na nuvem da Microsoft. Aplicativos do LibreOffice
– Power Automate: Automação de fluxos de trabalho com base Writer: editor de textos.
em eventos no Power BI. Exatensão: .odt
Calc: planilhas eletrônicas.
— Melhores práticas Extensão: .ods
Para garantir a eficiência e eficácia de suas análises no Power Impress: apresentação de slides.
BI, é importante seguir algumas melhores práticas: Extensão: .odp
Draw: edição gráfica de imagens e figuras.
– Modelagem de Dados Extensão: .odg
– Crie um modelo de dados limpo e organizado. Base: Banco de dados.
– Use relações adequadas entre tabelas. Extensão: .odb
Math: fórmulas matemáticas.
– Desempenho Extensão: .odf
– Otimize consultas para melhorar o desempenho.
– Reduza a quantidade de dados importados para o necessário. ODF (Open Document Format)
Os arquivos do LibreOffice são arquivos de formato aberto e,
– Visualizações por isso, pertencem à família de documentos abertos ODF, ou seja,
– Use visualizações apropriadas para cada tipo de dado. ODF não é uma extensão, mas sim, uma família de documentos es-
– Evite sobrecarregar relatórios com muitas visualizações. truturada internamente pela linguagem XML.

—Publicação e compartilhamento LibreOffice Writer


Após criar o relatório, você pode publicá-lo e compartilhá-lo Writer é o editor de textos do LibreOffice. Além dos recursos
com sua equipe. usuais de um processador de textos (verificação ortográfica, dicio-
nário de sinônimos, hifenização, autocorreção, localizar e substituir,
– Passos geração automática de sumários e índices, mala direta e outros), o
– Clique em Publicar na faixa de opções. Writer fornece importantes características:
– Selecione o local de destino, como o Power BI Service. - Modelos e estilos;
– Compartilhe o link ou adicione os membros da equipe ao - Métodos de layout de página, incluindo quadros, colunas e
relatório no serviço Power BI. tabelas;
- Incorporação ou vinculação de gráficos, planilhas e outros ob-
LibreOffice jetos;
O LibreOffice é uma suíte de escritório livre compatível com - Ferramentas de desenho incluídas;
os principais pacotes de escritório do mercado. O pacote oferece - Documentos mestre para agrupar uma coleção de documen-
todas as funções esperadas de uma suíte profissional: editor de tex- tos em um único documento;
tos, planilha, apresentação, editor de desenhos e banco de dados17. - Controle de alterações durante as revisões;
Ele é uma das mais populares suítes de escritório multiplataforma - Integração de banco de dados, incluindo bancos de dados bi-
e de código aberto. bliográficos;
- Exportação para PDF, incluindo marcadores.

O LibreOffice é um pacote de escritório assim como o MS Of-


fice18. Embora seja um software livre, pode ser instalado em vários
sistemas operacionais, como o MS Windows, Mac OS X, Linux e

17 https://www.edivaldobrito.com.br/libreoffice-6-0/
18 FRANCESCHINI, M. LibreOffice – Parte I.

102
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Principais Barras de Ferramentas

19

– Barra de Títulos: exibe o nome do documento. Se o usuário não fornecer nome algum, o Writer sugere o nome Sem título 1.
– Barra de Menu: dá acesso a todas as funcionalidades do Writer, categorizando por temas de funcionalidades.
– Barra de ferramentas padrão: está presente em todos os aplicativos do LibreOffice e é igual para todos eles, por isso tem esse nome
“padrão”.
– Barra de ferramentas de formatação: essa barra apresenta as principais funcionalidades de formatação de fonte e parágrafo.
– Barra de Status: oferece informações sobre o documento e atalhos convenientes para rapidamente alterar alguns recursos.

Principais Menus
Os menus organizam o acesso às funcionalidades do aplicativo. Eles são praticamente os mesmos em todos os aplicativos, mas suas
funcionalidades variam de um para outro.

Arquivo
Esse menu trabalha com as funcionalidades de arquivo, tais como:
– Novo: essa funcionalidade cria um novo arquivo do Writer ou de qualquer outro dos aplicativos do LibreOffice;
– Abrir: abre um arquivo do disco local ou removível ou da rede local existente do Writer;
– Abrir Arquivo Remoto: abre um arquivo existente da nuvem, sincronizando todas as alterações remotamente;
– Salvar: salva as alterações do arquivo local desde o último salvamento;
– Salvar Arquivo Remoto: sincroniza as últimas alterações não salvas no arquivo lá na nuvem;
– Salvar como: cria uma cópia do arquivo atual com as alterações realizadas desde o último salvamento;

Para salvar um documento como um arquivo Microsoft Word20:


1. Primeiro salve o documento no formato de arquivo usado pelo LibreOffice (.odt).
Sem isso, qualquer mudança que se tenha feito desde a última vez em que se salvou o documento, somente aparecerá na versão
Microsoft Word do documento.
2. Então escolha Arquivo → Salvar como. No menu Salvar como.
3. No menu da lista suspensa Tipo de arquivo (ou Salvar como tipo), selecione o tipo de formato Word que se precisa. Clique em Salvar.

19 https://bit.ly/3jRIUme
20 http://coral.ufsm.br/unitilince/images/Tutoriais/manual_libreoffice.pdf

103
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A partir deste ponto, todas as alterações realizadas se aplicarão Exibir


somente ao documento Microsoft Word. Desde feito, a alterado o Esse outro menu define as várias formas que o documento é
nome do documento. Se desejar voltar a trabalhar com a versão exibido na tela do computador. Principais funcionalidades:
LibreOffice do documento, deverá voltar a abri-lo. – Normal: modo de exibição padrão como o documento será
exibido em uma página;
– Web: exibe o documento como se fosse uma página web
num navegador;
– Marcas de Formatação: exibe os caracteres não imprimíveis,
como os de quebra de linha, de parágrafo, de seção, tabulação e es-
paço. Tais caracteres são exibidos apenas na tela, não são impressas
no papel (CTRL+F10);
– Navegador: permite navegar nos vários objetos existentes no
documento, como tabelas, links, notas de rodapé, imagens etc.

(F5);

– Galeria: exibe imagens e figuras que podem ser inseridas no


documento;
– Tela Inteira: suprime as barras de ferramenta e menus (CTR-
L+SHIFT+J).

Inserir
Salvando um arquivo no formato Microsoft Word. Nesse menu, é possível inserir inúmeros objetos ao texto, tais
como:
– Exportar como PDF: exporta o arquivo atual no formato PDF. – Quebra de página: insere uma quebra de página e o cursor é
Permite definir restrições de edição, inclusive com senha; posicionado no início da próxima página a partir daquele ponto em
– Enviar: permite enviar o arquivo atual por e-mail no formato. que a quebra foi inserida;
odt,.docx,.pdf. Também permite compartilhar o arquivo por blue- – Quebra manual: permite inserir uma quebra de linha, de co-
tooth; luna e de página;
– Imprimir: permite imprimir o documento em uma impresso- – Figura: insere uma imagem de um arquivo;
ra local ou da rede; – Multimídia: insere uma imagem da galeria LibreOffice, uma
– Assinaturas digitais: assina digitalmente o documento, ga- imagem digitalizada de um scanner ou vídeo;
rantindo sua integridade e autenticidade. Qualquer alteração no – Gráfico: cria um gráfico do Calc, com planilha de dados em-
documento assinado viola a assinatura, sendo necessário assinar butida no Writer;
novamente. – Objeto: insere vários tipos de arquivos, como do Impress e do
Calc dentre outros;
Editar – Forma: cria uma forma geométrica, tipo círculo, retângulo,
Esse menu possui funcionalidades de edição de conteúdo, tais losango etc.;
como: – Caixa de Texto: insere uma caixa de texto ao documento;
– Desfazer: desfaz a(s) última(s) ação(ões); – Anotação: insere comentários em balões laterais;
– Refazer: refaz a última ação desfeita; – Hiperlink: insere hiperlink ou link para um endereço da in-
– Repetir: repete a última ação; ternet ou um servidor FTP, para um endereço de e-mail, para um
– Copiar: copia o item selecionado para a área de transferência; documento existente ou para um novo documento (CTRL+K);
– Recortar: recorta ou move o item selecionado para a área de – Indicador: insere um marcador ao documento para rápida
transferência; localização posteriormente;
– Colar: cola o item da área de transferência; – Seção: insere uma quebra de seção, dividindo o documento
– Colar Especial: cola o item da área de transferência permitin- em partes separadas com formatações independentes;
do escolher o formado de destino do conteúdo colado; – Referências: insere referência a indicadores, capítulos, títu-
– Selecionar Tudo: seleciona todo o documento; los, parágrafos numerados do documento atual;
– Localizar: localiza um termo no documento; – Caractere Especial: insere aqueles caracteres que você não
– Localizar e Substituir: localiza e substitui um termo do docu- encontra no teclado do computador, tais como ©, ≥, ∞;
mento por outro fornecido; – Número de Página: insere numeração nas páginas na posição
– Ir para a página: permite navegar para uma página do docu- atual do cursor;
mento. – Campo: insere campos de numeração de página, data, hora,
título, autor, assunto;
– Cabeçalho e Rodapé: insere cabeçalho e rodapé ao docu-
mento;

104
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formatar
Esse menu trabalha com a formatação de fonte, parágrafo, página, formas e figuras;
– Texto: formata a fonte do texto;
Pode-se aplicar vários formatos de caracteres usando os botões da barra de ferramentas Formatação.

Barra de Formatação, mostrando ícones para formatação de caracteres.

– Espaçamento: formata o espaçamento entre as linhas, entre os parágrafos e também o recuo do parágrafo. A
– Alinhar: alinha o parágrafo uniformemente em relação às margens.

Pode-se aplicar vários formatos para parágrafos usando os botões na barra de ferramentas Formatação.

Ícones para formatação de parágrafos.

– Listas: transforma os parágrafos em estrutura de tópicos com marcadores ou numeração.


– Clonar Formatação: essa ferramenta é chamada de “pincel de formatação” no MS Word e faz a mesma função, ou seja, clona a
formatação de um item selecionado e a aplica a outro ;

– Limpar Formatação Direta: limpa a formatação do texto selecionado, deixando a formatação original do modelo do documento;
Nessa janela, é possível formatar o tipo de fonte, o estilo de formatação (negrito, itálico, regular), o efeito de formatação (tachado, su-
blinhado, sombra etc.), a posição do texto (sobrescrito, subscrito, rotação, espaçamento entre as letras do texto), inserir hiperlink, aplicar
realce (cor de fundo do texto) e bordas;

– Caractere...: diferentemente do MS Word, o Write chama a fonte de caractere.


Nessa janela, é possível formatar o tipo de fonte, o estilo de formatação (negrito, itálico, regular), o efeito de formatação (tachado, su-
blinhado, sombra etc.), a posição do texto (sobrescrito, subscrito, rotação, espaçamento entre as letras do texto), inserir hiperlink, aplicar
realce (cor de fundo do texto) e bordas;

– Parágrafo...: abre a caixa de diálogo de formatação de parágrafo.


– Marcadores e Numeração: abre a caixa de diálogo de formatação de marcadores e de numeração numa mesma janela. Perceba
que a mesma função de formatação já foi vista por meio dos botões de formatação. Essa mesma formatação é encontrada aqui na caixa
de diálogo de marcadores e numeração;
– Página...: abre a caixa de diálogo de formatação de páginas. Aqui, encontramos a orientação do papel, que é se o papel é horizontal
(paisagem) ou vertical (retrato);
– Figura: formata figuras inseridas ao texto;
– Caixa de Texto e Forma: formata caixas de texto e formas inseridas no documento;
– Disposição do Texto: define a disposição que os objetos como imagens, formas e figuras ficarão em relação ao texto.

105
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Estilos: esse menu trabalha com estilos do texto. Estilos são CTRL+F: localizar texto (find).
o conjunto de formatação de fonte, parágrafo, bordas, alinhamen- CTRL+G: sem ação.
to, numeração e marcadores aplicados em conjunto. Existem esti- CTRL+H: localizar e substituir.
los predefinidos, mas é possível também criar estilos e nomeá-los. CTRL+I: itálico.
Também é possível editar os estilos existentes. Os estilos são usados CTRL+J: justificar.
na criação dos sumários automáticos. CTRL+K: adicionar hiperlink.
CTRL+L: alinhar à esquerda (left).
Tabelas CTRL+M: limpar formatação.
Esse menu trabalha com tabelas. As tabelas são inseridas por CTRL+N: novo documento (new).
aqui, no menu Tabelas. As seguintes funcionalidades são encontra- CTRL+ O: abrir documento existente (open).
das nesse menu: CTRL+P: imprimir (print).
– Inserir Tabela: insere uma tabela ao texto; CTRL+Q: fechar o aplicativo Writer.
– Inserir: insere linha, coluna e célula à tabela existente; CTRL+R: alinhar à direita (right).
– Excluir: exclui linha, coluna e tabela; CTRL+S: salvar o documento (save).
– Selecionar: seleciona célula, linha, coluna e tabela; CTRL+T: sem ação.
– Mesclar: mescla as células adjacentes de uma tabela, trans- CTRL+U: sublinhar.
formando-as em uma única tabela. Atenção! O conteúdo de todas CTRL+V: colar.
as células é preservado; CTRL+X: recortar.
– Converter: converte texto em tabela ou tabela em texto; CTRL+W: fechar o arquivo.
– Fórmulas: insere fórmulas matemáticas na célula da tabela, CTRL+Y: refazer última ação.
tais como soma, multiplicação, média, contagem etc. CTRL+Z: desfazer última ação.

Ferramentas LibreOffice Calc


Esse menu trabalha com diversas ferramentas, tais como: O Calc é o aplicativo de planilhas eletrônicas do LibreOffice. As-
– Ortografia e Gramática: essa ferramenta aciona o corretor sim como o MS Excel, ele trabalha com células e fórmulas.
ortográfico para fazer a verificação de ocorrências de erros em todo Outras funcionalidades oferecidas pelo Calc incluem21:
o documento. Ela corrige por alguma sugestão do dicionário, permi- – Funções, que podem ser utilizadas para criar fórmulas para
te inserir novos termos ao dicionário ou apenas ignora as ocorrên- executar cálculos complexos;
cias daquele erro (F7); – Funções de banco de dados, para organizar, armazenas e fil-
trar dados;
– Verificação Ortográfica Automática: marca automaticamen- – Gráficos dinâmicos; um grande número de opções de gráficos
te com um sublinhado ondulado vermelho as palavras que possuem em 2D e 3D;
erros ortográficos ou que não pertencem ao dicionário (SHIF-
T+F7); – Macros, para a gravação e execução de tarefas repetitivas; as
linguagens de script suportadas incluem LibreOffice Basic, Python,
– Dicionário de Sinônimos: apresenta sinônimos e antônimos BeanShell, e JavaScript;
da palavra selecionada; – Capacidade de abrir, editar e salvar planilhas no formato Mi-
– Idioma: define o idioma do corretor ortográfico; crosoft Excel;
– Contagem de palavras: faz uma estatística do documento, – Importação e exportação de planilhas em vários formatos,
contando a quantidade de caracteres, palavras, linhas, parágrafos incluindo HTML, CSV, PDF e PostScript.
e páginas;
– Autocorreção: substitui automaticamente uma palavra ou Planilhas e células
termo do texto por outra. O usuário define quais termos serão subs- O Calc trabalha como elementos chamados de planilhas. Um
tituídos; arquivo de planilha consiste em várias planilhas individuais, cada
– Autotexto: insere automaticamente um texto por meio de uma delas contendo células em linhas e colunas. Uma célula parti-
atalhos, por exemplo, um tipo de saudação ou finalização do do- cular é identificada pela letra da sua coluna e pelo número da sua
cumento; linha.
As células guardam elementos individuais – texto, números,
– Mala Direta: cria uma mala direta, que é uma correspondên- fórmulas, e assim por diante – que mascaram os dados que exibem
cia endereçada a vários destinatários. É formada por uma corres- e manipulam.
pondência (carta, mensagem de e-mail, envelope ou etiqueta) e Cada arquivo de planilha pode ter muitas planilhas, e cada uma
por uma lista de destinatários (tabela, planilha, banco de dados ou delas pode conter muitas células individuais. No Calc, cada planilha
catálogo de endereços contendo os dados dos destinatários). pode conter um máximo de 1.048.576 linhas e 1024 colunas.

Principais teclas de atalho


CTRL+A: selecionar todo o documento (all).
CTR+B: negritar (bold).
CTRL+C: copiar. 21 WEBER, J. H., SCHOFIELD, P., MICHEL, D., RUSSMAN, H., JR, R. F.,
CTRL+D: sublinhar. SAFFRON, M., SMITH, J. A. Introdução ao Calc. Planilhas de Cálculo no
CTRL+E: centralizar alinhamento. LibreOffice

106
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Janela principal
Quando o Calc é aberto, a janela principal abre. As partes dessa janela estão descritas a seguir.

Janela principal do Calc e suas partes, sem a Barra lateral.

Principais Botões de Comandos

Assistente de Função: auxilia o usuário na criação de uma função. Organiza as funções por categoria.

Autossoma: insere a função soma automaticamente na célula.

Formatação de porcentagem: multiplica o número por 100 e coloca o sinal de porcentagem ao final dele.

Formatação de número: separa os milhares e acrescenta casas decimais (CTRL+SHIFT+1).

Formatação de data: formata a célula em formato de data (CTRL+SHIFT+3).

Adiciona casas decimais.

Diminui casas decimais.

Filtro: exibe apenas as linhas que satisfazem o critério do filtro da coluna.

Insere gráfico para ilustrar o comportamento dos dados tabulados.

Ordena as linhas em ordem crescente ou decrescente. Pode ser aplicada em várias colunas.

107
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Mesclar e centralizar células: transforma duas ou mais células adjacentes em uma única célula.

Alinhar em cima: alinha o conteúdo da célula na parte superior dela.

Centralizar verticalmente: alinha o conteúdo da célula ao centro verticalmente.

Alinhar embaixo: alinha o conteúdo da célula na parte inferior dela.

Congelar linhas e colunas: fixa a exibição da primeira linha ou da primeira coluna ou ainda permite congelar as linhas acima e
as colunas à esquerda da célula selecionada. Não é proteção de células, pois o conteúdo das mesmas ainda pode ser alterado.

Insere linha acima da linha atual.

Insere linha abaixo da linha atual.

Exclui linhas selecionadas.

Insere coluna à esquerda.

Insere coluna à direita.

Exclui colunas selecionadas.

Barra de título
A barra de título, localizada no alto da tela, mostra o nome da planilha atual. Quando a planilha for recém-criada, seu nome é Sem
título X, onde X é um número. Quando a planilha é salva pela primeira vez, você é solicitado a dar um nome de sua escolha.

Barra de Menu
A Barra de menu é onde você seleciona um dos menus e aparecem vários submenus com mais opções.
– Arquivo: contém os comandos que se aplicam a todo o documento, como Abrir, Salvar, Assistentes, Exportar como PDF, Imprimir,
Assinaturas Digitais e assim por diante.
– Editar: contém os comandos para a edição do documento, tais como Desfazer, Copiar, Registrar alterações, Preencher, Plug-in e
assim por diante.
– Exibir: contém comandos para modificar a aparência da interface do usuário no Calc, por exemplo Barra de ferramentas, Cabeçalhos
de linhas e colunas, Tela Inteira, Zoom e assim por diante.
– Inserir: contém comandos para inserção de elementos em uma planilha; por exemplo, Células, Linhas, Colunas, Planilha, Figuras e
assim por diante.

Inserir novas planilhas


Clique no ícone Adicionar planilha para inserir uma nova planilha após a última sem abrir a caixa de diálogo Inserir planilha. Os se-
guintes métodos abrem a caixa de diálogo Inserir planilha onde é possível posicionar a nova planilha, criar mais que uma planilha, definir
o nome da nova planilha, ou selecionar a planilha de um arquivo.
– Selecione a planilha onde deseja inserir uma nova e vá no menu Inserir > Planilha; ou
– Clique com o botão direito do mouse na aba da planilha onde você deseja inserir uma nova e selecione Inserir planilha no menu de
contexto; ou
– Clique no espaço vazio no final das abas das planilhas; ou

108
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Clique com o botão direito do mouse no espaço vazio no final das abas das planilhas e selecione Inserir planilha no menu de con-
texto.

Caixa de diálogo Inserir planilha.

– Formatar: contém comandos para modificar o leiaute de uma planilha; por exemplo,
Células, Página, Estilos e formatação, Alinhamento e assim por diante.
– Ferramentas: contém várias funções que auxiliam a verificar e personalizar a planilha, por exemplo, Ortografia, Compartilhar docu-
mento, Macros e assim por diante.
– Dados: contém comandos para manipulação de dados em sua planilha; por exemplo, Definir intervalo, Selecionar intervalo, Classi-
ficar, Consolidar e assim por diante.
– Janela: contém comandos para exibição da janela; por exemplo, Nova janela, Dividir e assim por diante.
– Ajuda: contém links para o sistema de ajuda incluído com o software e outras funções; por exemplo, Ajuda do LibreOffice, Informa-
ções da licença, Verificar por atualizações e assim por diante.

Barra de ferramentas
A configuração padrão, ao abrir o Calc, exibe as barras de ferramentas Padrão e Formatação encaixadas no topo do espaço de trabalho.
Barras de ferramentas do Calc também podem ser encaixadas e fixadas no lugar, ou flutuante, permitindo que você mova para a po-
sição mais conveniente em seu espaço de trabalho.

Barra de fórmulas
A Barra de fórmulas está localizada no topo da planilha no Calc. A Barra de fórmulas está encaixada permanentemente nesta posição
e não pode ser usada como uma barra flutuante. Se a Barra de fórmulas não estiver visível, vá para Exibir no Menu e selecione Barra de
fórmulas.

Barra de fórmulas.

Indo da esquerda para a direita, a Barra de Fórmulas consiste do seguinte:


– Caixa de Nome: mostra a célula ativa através de uma referência formada pela combinação de letras e números, por exemplo, A1. A
letra indica a coluna e o número indica a linha da célula selecionada.

– Assistente de funções : abre uma caixa de diálogo, na qual você pode realizar uma busca através da lista de funções disponí-
veis. Isto pode ser muito útil porque também mostra como as funções são formadas.

– Soma : clicando no ícone Soma, totaliza os números nas células acima da célula e então coloca o total na célula selecionada. Se
não houver números acima da célula selecionada, a soma será feita pelos valores das células à esquerda.

– Função : clicar no ícone Função insere um sinal de (=) na célula selecionada, de maneira que seja inserida uma fórmula na Linha
de entrada.

109
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Linha de entrada: exibe o conteúdo da célula selecionada (dados, fórmula, ou função) e permite que você edite o conteúdo da célu-
la. Você pode editar o conteúdo da célula diretamente, clicando duas vezes nela. Quando você digita novos dados numa célula, os ícones
de Soma e de Função mudam para os botões Cancelar e Aceitar .

Operadores aritméticos

Operadores aritméticos.

Operadores aritméticos.

Operadores comparativos

Operadores comparativos.

• Principais fórmulas
=HOJE(): insere a data atual do sistema operacional na célula. Essa data sempre será atualizada toda vez que o arquivo for aberto.
Existe uma tecla de atalho que também insere a data atual do sistema, mas não como função, apenas a data como se fosse digitada pelo
usuário. Essa tecla de atalho é CTRL+;.
=AGORA(): insere a data e a hora atuais do sistema operacional. Veja como é seu resultado após digitada na célula.

=SOMA(): apenas soma os argumentos que estão dentro dos parênteses.


=POTÊNCIA(): essa função é uma potência, que eleva o primeiro argumento, que é a base, ao segundo argumento, que é o expoente.
=MÁXIMO(): essa função escolhe o maior valor do argumento.
=MÍNIMO(): essa função faz exatamente o contrário da anterior, ou seja, escolhe o menor valor do argumento.
=MÉDIA(): essa função calcula a média aritmética ou média simples do argumento, que é a soma dos valores dividida pela sua quan-
tidade.
Atenção! Essa função será sempre a média aritmética. Essa função considera apenas valores numéricos e não vazios.
=CONT.SE(): essa função é formada por dois argumentos: o primeiro é o intervalo de células que serão consideradas na operação; o
segundo é o critério.

110
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

=SE(): essa função testa valores, permitindo escolher um dentre dois valores possíveis. A sua estrutura é a seguinte:

A condição é uma expressão lógica e dá como resultado VERDADEIRO ou FALSO. O resultado1 é escolhido se a condição for verdadeira;
o resultado2 é escolhido se a condição for falsa. Os resultados podem ser: “texto” (entre aspas sempre), número, célula (não pode inter-
valo, apenas uma única célula), fórmula.
A melhor forma de ler essa função é a seguinte: substitua o primeiro “;” por “Então” e o segundo “;” por “Senão”. Fica assim: se a
condição for VERDADEIRA, ENTÃO escolha resultado1; SENÃO escolha resultado2.
=PROCV(): a função PROCV serve para procurar valores em um intervalo vertical de uma matriz e devolve para o usuário um valor de
outra coluna dessa mesma matriz, mas da mesma linha do valor encontrado.

Essa é a estrutura do PROCV, na qual “valor” é o valor usado na pesquisa; “matriz” é todo o conjunto de células envolvidas; “coluna_re-
sultado” é o número da coluna dessa matriz onde o resultado se encontra; “valor_aproximado” diz se a comparação do valor da pesquisa
será apenas aproximada ou terá que ser exatamente igual ao procurado. O valor usado na pesquisa tem que estar na primeira coluna da
matriz, sempre! Ou seja, ela procurará o valor pesquisado na primeira coluna da matriz.

Entendendo funções
Calc inclui mais de 350 funções para analisar e referenciar dados22. Muitas destas funções são para usar com números, mas muitos
outros são usados com datas e hora, ou até mesmo texto.
Uma função pode ser tão simples quanto adicionar dois números, ou encontrar a média de uma lista de números. Alternativamente,
pode ser tão complexo como o cálculo do desvio-padrão de uma amostra, ou a tangente hiperbólica de um número.
Algumas funções básicas são semelhantes aos operadores. Exemplos:
+ Este operador adiciona dois números juntos para um resultado. SOMA(), por outro lado adiciona grupos de intervalos contíguos de
números juntos.
* Este operador multiplica dois números juntos para um resultado. MULT() faz o mesmo para multiplicar que SOMA() faz para adicionar

Estrutura de funções
Todas as funções têm uma estrutura similar.
A estrutura de uma função para encontrar células que correspondam a entrada de critérios é:
=BDCONTAR(Base_de_dados;Campo_de_Base_de_dados;CritériosdeProcura)
Uma vez que uma função não pode existir por conta própria, deve sempre fazer parte de uma fórmula. Consequentemente, mesmo
que a função represente a fórmula inteira, deve haver um sinal = no começo da fórmula. Independentemente de onde na fórmula está a
função, a função começará com seu nome, como BDCONTAR no exemplo acima. Após o nome da função vem os seus argumentos. Todos
os argumentos são necessários, a menos que especificados como opcional. Argumentos são adicionados dentro de parênteses e são sepa-
rados por ponto e vírgula, sem espaço entre os argumentos e o ponto e vírgula.

LibreOffice Impress
O Impress é o aplicativo de apresentação de slides do LibreOffice. Com ele é possível criar slides que contenham vários elementos
diferentes, incluindo texto, listas com marcadores e numeração, tabelas, gráficos e uma vasta gama de objetos gráficos tais como clipart,
desenhos e fotografias23.
O Impress também é compatível com o MS PowerPoint, permitindo criar, abrir, editar e salvar arquivos no formato.PPTX.

Janela principal do Impress


A janela principal do Impress tem três partes: o Painel de slides, Área de trabalho, e Painel lateral. Além disso, várias barras de ferra-
mentas podem ser exibidas ou ocultas durante a criação de uma apresentação.

22 Duprey, B.; Silva, R. P.; Parker, H.; Vigliazzi, D. Douglas. Guia do Calc, Capítulo 7. Usando Formulas e Funções.
23 SCHOFIELD, P.; WEBER, J. H.; RUSSMAN, H.; O’BRIEN, K.; JR, R. F. Introdução ao Impress. Apresentação no LibreOffice

111
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Área de trabalho
A Área de trabalho (normalmente no centro da janela principal) tem cinco abas: Normal, Estrutura de tópicos, Notas, Folheto e Clas-
sificador de slides. Estas cinco abas são chamadas de botões de visualização A área de trabalho abaixo da visualização de botões muda
dependendo da visualização escolhida. Os pontos de vista de espaço de trabalho são descritos em “Visualização da Área de trabalho”’.

Janela principal do Impress; ovais indicam os marcadores Ocultar/Exibir.

Painel de slides
O Painel de slides contém imagens em miniaturas dos slides em sua apresentação, na ordem em que serão mostradas, a menos que
você altere a ordem de apresentação de slides. Clicando em um slide neste painel, este é selecionado e colocado na Área e trabalho. Quan-
do um slide está na Área de trabalho, você pode fazer alterações nele.
Várias operações adicionais podem ser realizadas em um ou mais slides simultaneamente no Painel de slides:
– Adicionar novos slides para a apresentação.
– Marcar um slide como oculto para que ele não seja exibido como parte da apresentação.
– Excluir um slide da apresentação se ele não for mais necessário.
– Renomear um slide.
– Duplicar um slide (copiar e colar)

Também é possível realizar as seguintes operações, embora existam métodos mais eficientes do que usar o Painel de slides:
– Alterar a transição de slides seguindo o slide selecionado ou após cada slide em um grupo de slides.
– Alterar o design de slide.

Barra lateral
O Barra lateral tem cinco seções. Para expandir uma seção que você deseja usar, clique no ícone ou clique no pequeno triângulo na
parte superior dos ícones e selecione uma seção da lista suspensa. Somente uma seção de cada vez pode ser aberta.

PROPRIEDADES
Mostra os layouts incluídos no Impress. Você pode escolher o que você quer e usá-lo como ele é, ou modificá-lo para atender às suas
necessidades. No entanto, não é possível salvar layouts personalizados.

PÁGINAS MESTRE

Aqui você define o estilo de página (slide) para sua apresentação. O Impress inclui vários modelos de páginas mestras (slide mestre). Um
deles – Padrão – é branco, e o restante tem um plano de fundo e estilo de texto.

112
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ANIMAÇÃO PERSONALIZADA

Uma variedade de animações podem ser usadas para realçar ou melhorar diferentes elementos de cada slide. A seção Animação perso-
nalizada fornece uma maneira fácil para adicionar, alterar, ou remover animações.

TRANSIÇÃO DE SLIDES

Fornece acesso a um número de opções de transição de slides. O padrão é definido como Sem transição, em que o slide seguinte subs-
titui o existente. No entanto, muitas transições adicionais estão disponíveis. Você também pode especificar a velocidade de transição
(Lenta, Média, Rápida), escolher entre uma transição automática ou manual, e escolher quanto tempo o slide selecionado será mostra-
do (somente transição automática).

ESTILOS E FORMATAÇÃO

Aqui você pode editar e aplicar estilos gráficos e criar estilos novos, mas você só pode editar os estilos de apresentação existentes. Quan-
do você edita um estilo, as alterações são aplicadas automaticamente a todos os elementos formatados com este estilo em sua apre-
sentação. Se você quiser garantir que os estilos em um slide específico não sejam atualizados, crie uma nova página mestra para o slide.

GALERIA

Abre a galeria Impress, onde você pode inserir um objeto em sua apresentação, quer seja como uma cópia ou como um link. Uma cópia
de um objeto é independente do objeto original. Alterações para o objeto original não têm efeito sobre a cópia. Uma ligação permanece
dependente do objeto original. Alterações no objeto original também são refletidas no link.

NAVEGADOR

Abre o navegador Impress, no qual você pode mover rapidamente para outro slide ou selecionar um objeto em um slide. Recomenda-
-se dar nomes significativos aos slides e objetos em sua apresentação para que você possa identificá-los facilmente quando utilizar a
navegação.

• Principais Funcionalidades e Comandos

Inicia a apresentação do primeiro slide (F5).

Inicia a apresentação do slide atual (SHIFT+F5).

Insere áudio e vídeo ao slide.

Insere caixa de texto ao slide.

Insere novo slide, permitindo escolher o leiaute do slide que será inserido.

Exclui o slide selecionado.

Altera o leiaute do slide atual.

Cria um slide mestre.

Oculta o slide no modo de apresentação.

Cronometra o tempo das animações e transições dos slides no modo de apresentação para posterior exibição automática usando
o tempo cronometrado.

Configura as transições dos slides, ou seja, o efeito de passagem de um para o outro.

Configura a animação dos conteúdos dos slides, colocando efeitos de entrada, ênfase, saída e trajetória.

113
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A empresa GOOGLE disponibiliza várias ferramentas para todos Google Tag Manager: Trata-se de um sistema de gerenciamen-
os públicos. Suas ferramentas garantem a privacidade e a segurança to de TAGS para gerenciar TAGS JAVASCRIPT e HTML, incluindo web
abrangendo cenários como: educação, trabalho, lazer, ferramentas BEACONS, para rastreamento e análise da web.
para o dia a dia, uso, científico, programação, etc. — Ferramentas de comunicação e publicação
Dentro deste contexto vamos listas abaixo as várias ferramen- Blogger: Trata-se de uma ferramenta de publicação de WEB-
tas GOOGLE de acordo com a categoria de aplicabilidade: LOG;
Feedburner: Trata-se de uma ferramenta em serviços de geren-
— Ferramentas de busca ciamento de FEED de notícias, incluindo análise de tráfego de FEED
Pesquisa do GOOGLE: Trata-se de um mecanismo de pesquisa e recursos de publicidade.
na web e o principal produto do Google. Gmail: Trata-se de um serviço de e-mail.
Alertas do GOOGLE: Trata-se de um serviço de notificação por Conta do Google: Trata-se de controlar como um usuário se
e-mail que envia os alertas com base nos termos de pesquisa esco- apresenta nos produtos do Google.
lhidos sempre que encontra novos resultados. Os alertas incluem Google chat: Trata-se de um software de mensagens instantâ-
resultados da web, resultados dos Grupos do Google, notícias e ví- neas com capacidade de criar “SALAS” - MULTIUSUÁRIO.
deos. Google charts: Trata-se de uma geração de imagem de gráfico
Google arts & culture: Trata-se de uma plataforma online para interativa e baseada na WEB a partir de JAVASCRIPT fornecido pelo
visualizar obras de arte e artefatos culturais. usuário.
Google assistant: Trata-se de um assistente virtual que ajuda Google classroom: Trata-se de um sistema de gerenciamento
em tarefas do dia a dia. de conteúdo para escolas que auxilia na distribuição e classificação
Google bookmarks: Trata-se de um serviço gratuito de armaze- de tarefas e na comunicação em sala de aula.
namento de favoritos online. Google currents: Trata-se de um quadro de avisos digital.
Google books: Trata-se de um site que lista livros publicados Editores do google docs: Trata-se de um pacote de escritório
e hospeda uma grande seleção pesquisável de livros digitalizados. de produtividade com recursos de colaboração e publicação de do-
Pesquisa personalizada do GOOGLE: cumentos. Fortemente integrado com o GOOGLE DRIVE.
Trata-se de uma experiência de mecanismo de pesquisa perso- Google docs: Trata-se da edição de documentos.
nalizável para uso em sites. Planilhas Google: Trata-se da edição de planilhas.
Google dataset search: Permite pesquisar conjuntos de dados Apresentações Google: Trata-se da edição de apresentação.
em repositórios de dados e sites de governos locais e nacionais. Desenhos Google: Trata-se da diagramação.
Google finance: Trata-se de notícias, opiniões e dados finan- Formulários Google: Trata-Se Da Criação De Pesquisas.
ceiros. Google Sites: Trata-se da criação e publicação de páginas da
Google flights: Trata-se de um motor de busca de passagens web.
aéreas. Google Keep: Trata-se de anotações.
Imagens do Google: Trata-se de um mecanismo de busca de Google Domains: Serviço de registro de domínio, com parcei-
imagens. ros de publicação de sites.
Google News: Trata-se de um serviço automatizado de compi- Google Drive: Trata-se de serviço de hospedagem de arquivos
lação de notícias e mecanismo de busca de notícias em mais de 20 com opção de sincronização; totalmente integrado com os Editores
idiomas. do Google Docs.
Patentes do Google: Trata-se de um mecanismo de pesquisa Google Fonts: Serviço de hospedagem de WEBFONTS.
para pesquisar milhões de patentes, cada resultado com sua pró- Grupos do Google: Serviço de discussão online que também
pria página, incluindo desenhos, reivindicações e citações. oferece acesso USENET.
Google scholar: Trata-se de um mecanismo de busca para o Google Meet: Trata-se de uma plataforma de videoconferên-
texto completo da literatura acadêmica em uma variedade de for- cia.
matos de publicação e campos acadêmicos. Inclui praticamente to- Google Translate: Serviço que permite realizar a tradução au-
dos os periódicos revisados ​​por pares. tomática de qualquer texto ou página web entre pares de idiomas.
Google shopping: Trata-se de um motor de busca de produtos Google Voice: Trata-se de um sistema VOIP que fornece um nú-
em lojas online. mero de telefone que pode ser encaminhado para linhas telefônicas
YouTube: Trata-se de um serviço de hospedagem de vídeo. reais.

— Serviços de publicidade — Produtos relacionados a mapas


Google ads: Trata-se de uma plataforma de publicidade online. Google Maps: Trata-se de serviço de mapeamento que indexa
ADMOB: Trata-se de uma rede de publicidade móvel. ruas e exibe imagens de satélite e de rua, fornecendo direções e
Google adsense: Trata-se de um programa de publicidade con- busca de empresas locais.
textual para editores da web que oferece anúncios baseados em Google My Maps: Trata-se de uma ferramenta social de criação
texto que são relevantes para as páginas de conteúdo do site. de mapas personalizados baseada no Google Maps.
Google Ad Manager: Trata-se de uma plataforma de troca de Galeria do Google Maps: Trata-se de uma coleção de dados e
anúncios. mapas históricos.
Google Marketing Platform: Trata-se de uma plataforma de Google Mars: Imagens de Marte usando a interface do GOO-
análise e publicidade online. GLE MAPS. Elevação, imagens visíveis e imagens infravermelhas po-
dem ser mostradas.

114
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Google Moon: Trata-se de imagens da Lua da NASA através da Conclusão


interface do GOOGLE MAPS. Vimos na lista acima que a Google possui várias ferramentas
Google Street View: Trata-se de fornece panoramas interativos para diversos fins. Mas popularmente para a maioria das pessoas
de posições ao longo de muitas ruas do mundo. as ferramentas DOCS, MAPS, MEET, YOUTUBE, GMAIL, DRIVE, DUO,
Google Sky: Trata-se de veja planetas, estrelas e galáxias. CHAT são amplamente utilizadas.
Google Santa Tracker: Trata-se de simula o rastreamento do A empresa Google tem várias ferramentas voltadas aos progra-
Papai Noel na véspera de Natal. madores para o mundo MOBILE, CLOUD (nuvem) e etc.

— Ferramentas estatísticas
Google Analytics: Trata-se de um gerador de estatísticas de
QUESTÕES
tráfego para sites definidos, com integração do GOOGLE ADS. Os
webmasters podem otimizar campanhas publicitárias, com base 1. (FGV-SEDUC -AM) O dispositivo de hardware que tem como
nas estatísticas. principal função a digitalização de imagens e textos, convertendo as
Google Surveys: Trata-se de uma ferramenta de pesquisa de versões em papel para o formato digital, é denominado
mercado. (A) joystick.
Firebase: Trata-se de uma coleção aberta, CREATIVE COM- (B) plotter.
MONS, licenciada por atribuição de dados estruturados e uma pla- (C) scanner.
taforma FREEBASE para acessar e manipular esses dados por meio (D) webcam.
da API FREEBASE. (E) pendrive.
Google Ngram Viewer: Trata-se de gráficos de frequências ano
a ano de qualquer conjunto de STRINGS delimitadas por vírgulas 2. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) João comprou um
nos corpora de texto do Google. novo jogo para seu computador e o instalou sem que ocorressem
Google Public Data Explorer: Trata-se de fornecer dados públi- erros. No entanto, o jogo executou de forma lenta e apresentou
cos e previsões de organizações internacionais e instituições aca- baixa resolução. Considerando esse contexto, selecione a alterna-
dêmicas. tiva que contém a placa de expansão que poderá ser trocada ou
Tensorflow: Trata-se de um serviço de aprendizado de máqui- adicionada para resolver o problema constatado por João.
na que simplifica o design de redes neurais de maneira mais fácil e (A) Placa de som
visível (B) Placa de fax modem
Google Trends: Trata-se de um aplicativo gráfico para estatís- (C) Placa usb
ticas de pesquisa na web, mostrando a popularidade de termos de (D) Placa de captura
pesquisa específicos ao longo do tempo. Vários termos podem ser (E) Placa de vídeo
mostrados de uma só vez. Os resultados podem ser exibidos por
cidade, região ou idioma. Notícias relacionadas são mostradas. Tem 3. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) Há vários tipos de pe-
a subseção “GOOGLE TRENDS FOR WEBSITES” que mostra a popu- riféricos utilizados em um computador, como os periféricos de saída
laridade dos sites ao longo do tempo. e os de entrada. Dessa forma, assinale a alternativa que apresenta
Relatório de atividades do Google: Trata-se de um relatório um exemplo de periférico somente de entrada.
mensal que inclui estatísticas sobre o uso do Google por um usu- (A) Monitor
ário, como LOGIN, alterações de autenticação de terceiros, uso do (B) Impressora
Gmail, calendário, histórico de pesquisa e YOUTUBE. (C) Caixa de som
Google Data Studio: Trata-se de uma ferramenta online para (D) Headphone
converter dados em relatórios e painéis informativos personalizá- (E) Mouse
veis.
4. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de computado-
— Produtos voltados para negócios res, Internet, os serviços de comunicação e informação são disponi-
Google Workspace: Trata-se de um conjunto de aplicativos da bilizados por meio de endereços e links com formatos padronizados
WEB para empresas, instituições educacionais e organizações sem URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de formato de ende-
fins lucrativos que inclui versões personalizáveis ​​de vários produ- reço válido na Internet é:
tos do Google acessíveis por meio de um nome de domínio per- (A) http:@site.com.br
sonalizado. Os serviços incluem, entre outros, GMAIL, Contatos do (B) HTML:site.estado.gov
GOOGLE, GOOGLE AGENDA, EDITORES DO GOOGLE DOCS, GOOGLE (C) html://www.mundo.com
SITES, GOOGLE MEET, GOOGLE CHAT, GOOGLE CLOUD SEARCH e (D) https://meusite.org.br
muito mais. (E) www.#social.*site.com
Google meu negócio: Perfil de empresa gratuito para interação
online com o cliente. 5. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido-
Google Tables (beta): Trata-se de uma ferramenta de automa- res e armazenamento compartilhados, com software disponível e
ção de fluxo de trabalho empresarial. localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos acesso
presencial, chamamos esse serviço de:
(A) Computação On-Line.
(B) Computação na nuvem.
(C) Computação em Tempo Real.

115
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

(D) Computação em Block Time. 12. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e
(E) Computação Visual Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não exe-
cuta?
6. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e modos (A) Capturar qualquer item da área de trabalho.
de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimen- (B) Capturar uma imagem a partir de um scanner.
tos associados à Internet, julgue o próximo item. (C) Capturar uma janela inteira
Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na Inter- (D) Capturar uma seção retangular da tela.
net para diversas finalidades, ainda não é possível extrair apenas o (E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou
áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por exemplo, no uma caneta eletrônica
Youtube (http://www.youtube.com).
( ) CERTO 13. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8,
( ) ERRADO assinale a alternativa INCORRETA:
(A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvolvidos
7. (CESP-MEC WEB DESIGNER) Na utilização de um browser, a pela Microsoft.
execução de JavaScripts ou de programas Java hostis pode provocar (B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na interfa-
danos ao computador do usuário. ce do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não está sem-
( ) CERTO pre visível ao usuário.
( ) ERRADO (C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Windows
7 dentro do Windows 8.
8. (FGV – SEDUC -AM) Um Assistente Técnico recebe um e-mail (D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
com arquivo anexo em seu computador e o antivírus acusa existên- Kapersky.
cia de vírus. (E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computado-
Assinale a opção que indica o procedimento de segurança a ser res x86 e 64 bits.
adotado no exemplo acima.
(A) Abrir o e-mail para verificar o conteúdo, antes de enviá-lo 14. (CESPE BANCO DA AMAZÔNIA) O Linux, um sistema multi-
ao administrador de rede. tarefa e multiusuário, é disponível em várias distribuições, entre as
(B) Executar o arquivo anexo, com o objetivo de verificar o tipo quais, Debian, Ubuntu, Mandriva e Fedora.
de vírus. ( ) CERTO
(C) Apagar o e-mail, sem abri-lo. ( ) ERRADO
(D) Armazenar o e-mail na área de backup, para fins de moni-
toramento. 15. (FCC – DNOCS) - O comando Linux que lista o conteúdo de
(E) Enviar o e-mail suspeito para a pasta de spam, visando a um diretório, arquivos ou subdiretórios é o
analisá-lo posteriormente. (A) init 0.
(B) init 6.
9. (CESPE – PEFOCE) Entre os sistemas operacionais Windows (C) exit
7, Windows Vista e Windows XP, apenas este último não possui ver- (D) ls.
são para processadores de 64 bits. (E) cd.
( ) CERTO
( ) ERRADO 16. (SOLUÇÃO) O Linux faz distinção de letras maiúsculas ou
minúsculas
10. (CPCON – PREF, PORTALEGRE) Existem muitas versões do ( ) CERTO
Microsoft Windows disponíveis para os usuários. No entanto, não é ( ) ERRADO
uma versão oficial do Microsoft Windows
(A) Windows 7 17. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo
(B) Windows 10 (A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas eletrô-
(C) Windows 8.1 nicas para cálculos numéricos, além de servir para a produção
(D) Windows 9 de textos organizados por linhas e colunas identificadas por nú-
(E) Windows Server 2012 meros e letras.
(B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elaboração
11. (MOURA MELO – CAJAMAR) É uma versão inexistente do e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT.
Windows: (C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de texto, é
(A) Windows Gold. útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais recursos
(B) Windows 8. que o Excel.
(C) Windows 7. (D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de mensa-
(D) Windows XP. gens de correio eletrônico.
(E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o envio
e recebimento de páginas web.

116
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

18. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apresenta uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba “Página
Inicial” do Word 2010.
(A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento.
(B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra parte do documento.
(C) Definir o alinhamento do texto.
(D) Inserir uma tabela no texto

19. (CESPE – TRE-AL) Considerando a janela do PowerPoint 2002 ilustrada abaixo julgue os itens a seguir, relativos a esse aplicativo.
A apresentação ilustrada na janela contém 22 slides ?.

( ) CERTO
( ) ERRADO

20. (CESPE – CAIXA) O PowerPoint permite adicionar efeitos sonoros à apresentação em elaboração.
( ) CERTO
( ) ERRADO

GABARITO

1 C
2 E
3 E
4 D
5 B
6 ERRADO
7 CERTO
8 C
9 CERTO
10 D
11 A
12 B
13 D
14 CERTO
15 D
16 CERTO
17 A
18 D
19 CERTO
20 CERTO

117
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ANOTAÇÕES

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ATUALIDADES

TÓPICOS RELEVANTES E ATUAIS DE DIVERSAS ÁREAS, TAIS COMO RECURSOS HÍDRICOS, SEGURANÇA,
TRANSPORTES, POLÍTICA, ECONOMIA, SOCIEDADE, EDUCAÇÃO, SAÚDE, CULTURA, TECNOLOGIA, ENERGIA,
RELAÇÕES INTERNACIONAIS, DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ECOLOGIA

A importância do estudo de atualidades

Dentre todas as disciplinas com as quais concurseiros e estudantes de todo o país se preocupam, a de atualidades tem se tornado cada
vez mais relevante. Quando pensamos em matemática, língua portuguesa, biologia, entre outras disciplinas, inevitavelmente as colocamos
em um patamar mais elevado que outras que nos parecem menos importantes, pois de algum modo nos é ensinado a hierarquizar a rele-
vância de certos conhecimentos desde os tempos de escola.
No, entanto, atualidades é o único tema que insere o indivíduo no estudo do momento presente, seus acontecimentos, eventos e
transformações. O conhecimento do mundo em que se vive de modo algum deve ser visto como irrelevante no estudo para concursos, pois
permite que o indivíduo vá além do conhecimento técnico e explore novas perspectivas quanto à conhecimento de mundo.
Em sua grande maioria, as questões de atualidades em concursos são sobre fatos e acontecimentos de interesse público, mas podem
também apresentar conhecimentos específicos do meio político, social ou econômico, sejam eles sobre música, arte, política, economia,
figuras públicas, leis etc. Seja qual for a área, as questões de atualidades auxiliam as bancas a peneirarem os candidatos e selecionarem os
melhores preparados não apenas de modo técnico.
Sendo assim, estudar atualidades é o ato de se manter constantemente informado. Os temas de atualidades em concursos são sempre
relevantes. É certo que nem todas as notícias que você vê na televisão ou ouve no rádio aparecem nas questões, manter-se informado,
porém, sobre as principais notícias de relevância nacional e internacional em pauta é o caminho, pois são debates de extrema recorrência
na mídia.
O grande desafio, nos tempos atuais, é separar o joio do trigo. Com o grande fluxo de informações que recebemos diariamente, é
preciso filtrar com sabedoria o que de fato se está consumindo. Por diversas vezes, os meios de comunicação (TV, internet, rádio etc.) adap-
tam o formato jornalístico ou informacional para transmitirem outros tipos de informação, como fofocas, vidas de celebridades, futebol,
acontecimentos de novelas, que não devem de modo algum serem inseridos como parte do estudo de atualidades. Os interesses pessoais
em assuntos deste cunho não são condenáveis de modo algum, mas são triviais quanto ao estudo.
Ainda assim, mesmo que tentemos nos manter atualizados através de revistas e telejornais, o fluxo interminável e ininterrupto de
informações veiculados impede que saibamos de fato como estudar. Apostilas e livros de concursos impressos também se tornam rapida-
mente desatualizados e obsoletos, pois atualidades é uma disciplina que se renova a cada instante.
O mundo da informação está cada vez mais virtual e tecnológico, as sociedades se informam pela internet e as compartilham em
velocidades incalculáveis. Pensando nisso, a editora prepara mensalmente o material de atualidades de mais diversos campos do conhe-
cimento (tecnologia, Brasil, política, ética, meio ambiente, jurisdição etc.) na “Área do Cliente”.
Lá, o concurseiro encontrará um material completo de aula preparado com muito carinho para seu melhor aproveitamento. Com o
material disponibilizado online, você poderá conferir e checar os fatos e fontes de imediato através dos veículos de comunicação virtuais,
tornando a ponte entre o estudo desta disciplina tão fluida e a veracidade das informações um caminho certeiro.

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ATUALIDADES

ANOTAÇÕES

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120
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL
E PÚBLICA

c. Serviço público: resume-se em toda atividade que a


PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS QUE REGEM A Administração Pública executa, de forma direta ou indireta,
ADMINISTRAÇÃO FEDERAL: ENUMERAÇÃO E para satisfazer os anseios e as necessidades coletivas do povo,
DESCRIÇÃO sob o regime jurídico e com predominância pública. O serviço
público também regula a atividade permanente de edição de atos
Conceito normativos e concretos sobre atividades públicas e privadas, de
Administração Pública em sentido geral e objetivo, é a atividade forma implementativa de políticas de governo.
que o Estado pratica sob regime público, para a realização dos A finalidade de todas essas funções é executar as políticas
interesses coletivos, por intermédio das pessoas jurídicas, órgãos de governo e desempenhar a função administrativa em favor do
e agentes públicos. interesse público, dentre outros atributos essenciais ao bom
A Administração Pública pode ser definida em sentido amplo e andamento da Administração Pública como um todo com o
estrito, além disso, é conceituada por Di Pietro (2009, p. 57), como incentivo das atividades privadas de interesse social, visando
“a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob sempre o interesse público.
regime jurídico total ou parcialmente público, para a consecução A Administração Pública também possui elementos que a
dos interesses coletivos”. compõe, são eles: as pessoas jurídicas de direito público e de direito
Nos dizeres de Di Pietro (2009, p. 54), em sentido amplo, a privado por delegação, órgãos e agentes públicos que exercem a
Administração Pública é subdividida em órgãos governamentais e função administrativa estatal.
órgãos administrativos, o que a destaca em seu sentido subjetivo,
sendo ainda subdividida pela sua função política e administrativa — Observação importante:
em sentido objetivo. Pessoas jurídicas de direito público são entidades estatais
Já em sentido estrito, a Administração Pública se subdivide em acopladas ao Estado, exercendo finalidades de interesse imediato
órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos que praticam funções da coletividade. Em se tratando do direito público externo, possuem
administrativas em sentido subjetivo, sendo subdividida também a personalidade jurídica de direito público cometida à diversas
na atividade exercida por esses entes em sentido objetivo. nações estrangeiras, como à Santa Sé, bem como a organismos
Em suma, temos: internacionais como a ONU, OEA, UNESCO.(art. 42 do CC).
No direito público interno encontra-se, no âmbito da
administração direta, que cuida-se da Nação brasileira: União,
Sentido amplo {órgãos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios (art. 41, incs. I, II
SENTIDO SUBJETIVO governamentais e órgãos e III, do CC).
administrativos}. No âmbito do direito público interno encontram-se, no campo
Sentido estrito {pessoas da administração indireta, as autarquias e associações públicas
SENTIDO SUBJETIVO jurídicas, órgãos e agentes (art. 41, inc. IV, do CC). Posto que as associações públicas, pessoas
públicos}. jurídicas de direito público interno dispostas no inc. IV do art. 41
do CC, pela Lei n.º 11.107/2005,7 foram sancionadas para auxiliar
Sentido amplo {função política e ao consórcio público a ser firmado entre entes públicos (União,
SENTIDO OBJETIVO
administrativa}. Estados, Municípios e Distrito Federal).
Sentido estrito {atividade
SENTIDO OBJETIVO Princípios da administração pública
exercida por esses entes}.
De acordo com o administrativista Alexandre Mazza (2017),
Existem funções na Administração Pública que são exercidas princípios são regras condensadoras dos valores fundamentais de
pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes da Administração que um sistema. Sua função é informar e materializar o ordenamento
são subdivididas em três grupos: fomento, polícia administrativa e jurídico bem como o modo de atuação dos aplicadores e intérpretes
serviço público. do direito, sendo que a atribuição de informar decorre do fato de
Para melhor compreensão e conhecimento, detalharemos cada que os princípios possuem um núcleo de valor essencial da ordem
uma das funções. Vejamos: jurídica, ao passo que a atribuição de enformar é denotada pelos
a. Fomento: É a atividade administrativa incentivadora do contornos que conferem à determinada seara jurídica.
desenvolvimento dos entes e pessoas que exercem funções de Desta forma, o administrativista atribui dupla aplicabilidade
utilidade ou de interesse público. aos princípios da função hermenêutica e da função integrativa.
b. Polícia administrativa: É a atividade de polícia administrativa. Referente à função hermenêutica, os princípios são
São os atos da Administração que limitam interesses individuais em amplamente responsáveis por explicitar o conteúdo dos demais
prol do interesse coletivo. parâmetros legais, isso se os mesmos se apresentarem obscuros no
ato de tutela dos casos concretos. Por meio da função integrativa,

121
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

por sua vez, os princípios cumprem a tarefa de suprir eventuais – Princípio da Impessoalidade: Deve ser analisado sob duas
lacunas legais observadas em matérias específicas ou diante das óticas:
particularidades que permeiam a aplicação das normas aos casos a) Sob a ótica da atuação da Administração Pública em relação
existentes. aos administrados: Em sua atuação, deve o administrador pautar
Os princípios colocam em prática as função hermenêuticas e na não discriminação e na não concessão de privilégios àqueles que
integrativas, bem como cumprem o papel de esboçar os dispositivos o ato atingirá. Sua atuação deverá estar baseada na neutralidade e
legais disseminados que compõe a seara do Direito Administrativo, na objetividade.
dando-lhe unicidade e coerência. b) Em relação à sua própria atuação, administrador deve
Além disso, os princípios do Direito Administrativo podem ser executar atos de forma impessoal, como dispõe e exige o parágrafo
expressos e positivados escritos na lei, ou ainda, implícitos, não primeiro do art. 37 da CF/88 ao afirmar que: ‘‘A publicidade dos atos,
positivados e não escritos na lei de forma expressa. programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá
ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não
— Observação importante: podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem
Não existe hierarquia entre os princípios expressos e promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.’’
implícitos. Comprova tal afirmação, o fato de que os dois princípios
que dão forma o Regime Jurídico Administrativo, são meramente – Princípio da Moralidade: Dispõe que a atuação administrativa
implícitos. deve ser totalmente pautada nos princípios da ética, honestidade,
Regime Jurídico Administrativo: é composto por todos os probidade e boa-fé. Esse princípio está conexo à não corrupção na
princípios e demais dispositivos legais que formam o Direito Administração Pública.
Administrativo. As diretrizes desse regime são lançadas por dois O princípio da moralidade exige que o administrador tenha
princípios centrais, ou supraprincípios que são a Supremacia do conduta pautada de acordo com a ética, com o bom senso, bons
Interesse Público e a Indisponibilidade do Interesse Público. costumes e com a honestidade. O ato administrativo terá que
obedecer a Lei, bem como a ética da própria instituição em que o
Conclama a necessidade da agente atua. Entretanto, não é suficiente que o ato seja praticado
Supremacia do Interesse apenas nos parâmetros da Lei, devendo, ainda, obedecer à
sobreposição dos interesses da
Público moralidade.
coletividade sobre os individuais.
Sua principal função é orientar – Princípio da Publicidade: Trata-se de um mecanismo de
a atuação dos agentes públicos controle dos atos administrativos por meio da sociedade. A
Indisponibilidade do
para que atuem em nome publicidade está associada à prestação de satisfação e informação
Interesse Público
e em prol dos interesses da da atuação pública aos administrados. Via de regra é que a atuação
Administração Pública. da Administração seja pública, tornando assim, possível o controle
da sociedade sobre os seus atos.
Ademais, tendo o agente público usufruído das prerrogativas Ocorre que, no entanto, o princípio em estudo não é absoluto.
de atuação conferidas pela supremacia do interesse público, a Isso ocorre pelo fato deste acabar por admitir exceções previstas
indisponibilidade do interesse público, com o fito de impedir que em lei. Assim, em situações nas quais, por exemplo, devam ser
tais prerrogativas sejam utilizadas para a consecução de interesses preservadas a segurança nacional, relevante interesse coletivo e
privados, termina por colocar limitações aos agentes públicos intimidade, honra e vida privada, o princípio da publicidade deverá
no campo de sua atuação, como por exemplo, a necessidade de ser afastado.
aprovação em concurso público para o provimento dos cargos Sendo a publicidade requisito de eficácia dos atos
públicos. administrativos que se voltam para a sociedade, pondera-se que
os mesmos não poderão produzir efeitos enquanto não forem
Princípios Administrativos publicados.
Nos parâmetros do art. 37, caput da Constituição Federal,
a Administração Pública deverá obedecer aos princípios da – Princípio da Eficiência: A atividade administrativa deverá
Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. ser exercida com presteza, perfeição, rendimento, qualidade e
Vejamos: economicidade. Anteriormente era um princípio implícito, porém,
– Princípio da Legalidade: Esse princípio no Direito hodiernamente, foi acrescentado, de forma expressa, na CFB/88,
Administrativo, apresenta um significado diverso do que apresenta com a EC n. 19/1998.
no Direito Privado. No Direito Privado, toda e qualquer conduta do
indivíduo que não esteja proibida em lei e que não esteja contrária São decorrentes do princípio da eficiência:
à lei, é considerada legal. O termo legalidade para o Direito a. A possibilidade de ampliação da autonomia gerencial,
Administrativo, significa subordinação à lei, o que faz com que o orçamentária e financeira de órgãos, bem como de entidades
administrador deva atuar somente no instante e da forma que a lei administrativas, desde que haja a celebração de contrato de gestão.
permitir. b. A real exigência de avaliação por meio de comissão especial
para a aquisição da estabilidade do servidor Efetivo, nos termos do
— Observação importante: O princípio da legalidade considera art. 41, § 4º da CFB/88.
a lei em sentido amplo. Nesse diapasão, compreende-se como lei,
toda e qualquer espécie normativa expressamente disposta pelo
art. 59 da Constituição Federal.

122
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

TÍTULO II CAPÍTULO III


DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA DESCENTRALIZAÇÃO

Art. 6º As atividades da Administração Federal obedecerão aos Art. 10. A execução das atividades da Administração Federal
seguintes princípios fundamentais: deverá ser amplamente descentralizada.
I - Planejamento. § 1º A descentralização será posta em prática em três planos
II - Coordenação. principais:
III - Descentralização. a) dentro dos quadros da Administração Federal, distinguindo-
IV - Delegação de Competência. -se claramente o nível de direção do de execução;
V - Controle. b) da Administração Federal para a das unidades federadas,
quando estejam devidamente aparelhadas e mediante convênio;
CAPÍTULO I c) da Administração Federal para a órbita privada, mediante
DO PLANEJAMENTO contratos ou concessões.
§ 2° Em cada órgão da Administração Federal, os serviços que
Art. 7º A ação governamental obedecerá a planejamento que compõem a estrutura central de direção devem permanecer libera-
vise a promover o desenvolvimento econômico-social do País e a dos das rotinas de execução e das tarefas de mera formalização de
segurança nacional, norteando-se segundo planos e programas atos administrativos, para que possam concentrar-se nas atividades
elaborados, na forma do Título III, e compreenderá a elaboração e de planejamento, supervisão, coordenação e contrôle.
atualização dos seguintes instrumentos básicos: § 3º A Administração casuística, assim entendida a decisão de
a) plano geral de govêrno; casos individuais, compete, em princípio, ao nível de execução, es-
b) programas gerais, setoriais e regionais, de duração pluria- pecialmente aos serviços de natureza local, que estão em contato
nual; com os fatos e com o público.
c) orçamento-programa anual; § 4º Compete à estrutura central de direção o estabelecimento
d) programação financeira de desembôlso. das normas, critérios, programas e princípios, que os serviços res-
ponsáveis pela execução são obrigados a respeitar na solução dos
CAPÍTULO II casos individuais e no desempenho de suas atribuições.
DA COORDENAÇÃO § 5º Ressalvados os casos de manifesta impraticabilidade ou
inconveniência, a execução de programas federais de caráter niti-
Art . 8º As atividades da Administração Federal e, especialmen- damente local deverá ser delegada, no todo ou em parte, mediante
te, a execução dos planos e programas de govêrno, serão objeto de convênio, aos órgãos estaduais ou municipais incumbidos de servi-
permanente coordenação. ços correspondentes.
§ 1º A coordenação será exercida em todos os níveis da admi- § 6º Os órgãos federais responsáveis pelos programas conser-
nistração, mediante a atuação das chefias individuais, a realização varão a autoridade normativa e exercerão contrôle e fiscalização in-
sistemática de reuniões com a participação das chefias subordina- dispensáveis sôbre a execução local, condicionando-se a liberação
das e a instituição e funcionamento de comissões de coordenação dos recursos ao fiel cumprimento dos programas e convênios.
em cada nível administrativo. § 7º Para melhor desincumbir-se das tarefas de planejamento,
§ 2º No nível superior da Administração Federal, a coordena- coordenação, supervisão e contrôle e com o objetivo de impedir
ção será assegurada através de reuniões do Ministério, reuniões o crescimento desmesurado da máquina administrativa, a Admi-
de Ministros de Estado responsáveis por áreas afins, atribuição de nistração procurará desobrigar-se da realização material de tarefas
incumbência coordenadora a um dos Ministros de Estado (art. 36), executivas, recorrendo, sempre que possível, à execução indireta,
funcionamento das Secretarias Gerais (art. 23, § 1º) e coordenação mediante contrato, desde que exista, na área, iniciativa privada su-
central dos sistemas de atividades auxiliares (art. 31). ficientemente desenvolvida e capacitada a desempenhar os encar-
§ 3º Quando submetidos ao Presidente da República, os as- gos de execução.
suntos deverão ter sido prèviamente coordenados com todos os § 8º A aplicação desse critério está condicionada, em qualquer
setores nêles interessados, inclusive no que respeita aos aspectos caso, aos ditames do interesse público e às conveniências da segu-
administrativos pertinentes, através de consultas e entendimentos, rança nacional.
de modo a sempre compreenderem soluções integradas e que se
harmonizem com a política geral e setorial do Govêrno. Idêntico CAPÍTULO IV
procedimento será adotado nos demais níveis da Administração DA DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA
Federal, antes da submissão dos assuntos à decisão da autoridade (Vide Decreto nº 83.937, de 1979)
competente.
Art. 9º Os órgãos que operam na mesma área geográfica serão Art. 11. A delegação de competência será utilizada como ins-
submetidos à coordenação com o objetivo de assegurar a progra- trumento de descentralização administrativa, com o objetivo de
mação e execução integrada dos serviços federais. assegurar maior rapidez e objetividade às decisões, situando-as na
Parágrafo único. Quando ficar demonstrada a inviabilidade de proximidade dos fatos, pessoas ou problemas a atender.
celebração de convênio (alínea b do § 1º do art. 10) com os órgãos Art . 12 . É facultado ao Presidente da República, aos Ministros
estaduais e municipais que exerçam atividades idênticas, os órgãos de Estado e, em geral, às autoridades da Administração Federal de-
federais buscarão com êles coordenar-se, para evitar dispersão de legar competência para a prática de atos administrativos, conforme
esforços e de investimentos na mesma área geográfica. se dispuser em regulamento.

123
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Parágrafo único. O ato de delegação indicará com precisão a entre os órgãos que integram a mesma instituição, fato que ocorre
autoridade delegante, a autoridade delegada e as atribuições ob- de forma diferente na descentralização administrativa, que impõe
jeto de delegação. a distribuição de competência para outra pessoa, física ou jurídica.
Ocorre a desconcentração administrativa tanto na administração
CAPÍTULO V direta como na administração indireta de todos os entes federativos
DO CONTROLE do Estado. Pode-se citar a título de exemplo de desconcentração
administrativa no âmbito da Administração Direta da União, os
Art. 13 O controle das atividades da Administração Federal de- vários ministérios e a Casa Civil da Presidência da República; em
verá exercer-se em todos os níveis e em todos os órgãos, compre- âmbito estadual, o Ministério Público e as secretarias estaduais,
endendo, particularmente: dentre outros; no âmbito municipal, as secretarias municipais e
a) o controle, pela chefia competente, da execução dos progra- as câmaras municipais; na administração indireta federal, as várias
mas e da observância das normas que governam a atividade espe- agências do Banco do Brasil que são sociedade de economia mista,
cífica do órgão controlado; ou do INSS com localização em todos os Estados da Federação.
b) o controle, pelos órgãos próprios de cada sistema, da ob- Ocorre que a desconcentração enseja a existência de vários
servância das normas gerais que regulam o exercício das atividades órgãos, sejam eles órgãos da Administração Direta ou das pessoas
auxiliares; jurídicas da Administração Indireta, e devido ao fato desses órgãos
c) o controle da aplicação dos dinheiros públicos e da guarda estarem dispostos de forma interna, segundo uma relação de
dos bens da União pelos órgãos próprios do sistema de contabili- subordinação de hierarquia, entende-se que a desconcentração
dade e auditoria. administrativa está diretamente relacionada ao princípio da
Art. 14. O trabalho administrativo será racionalizado mediante hierarquia.
simplificação de processos e supressão de contrôles que se eviden- Registra-se que na descentralização administrativa, ao invés
ciarem como puramente formais ou cujo custo seja evidentemente de executar suas atividades administrativas por si mesmo, o Estado
superior ao risco. transfere a execução dessas atividades para particulares e, ainda a
outras pessoas jurídicas, de direito público ou privado.
Explicita-se que, mesmo que o ente que se encontre distribuindo
ADMINISTRAÇÃO FEDERAL: ADMINISTRAÇÃO DIRETA suas atribuições e detenha controle sobre as atividades ou serviços
E INDIRETA, ESTRUTURAÇÃO, CARACTERÍSTICAS E transferidos, não existe relação de hierarquia entre a pessoa que
DESCRIÇÃO DOS ÓRGÃOS E ENTIDADES PÚBLICOS transfere e a que acolhe as atribuições.

Administração direta e indireta Criação, extinção e capacidade processual dos órgãos públicos
A princípio, infere-se que Administração Direta é correspondente Os arts. 48, XI e 61, § 1º da CFB/1988 dispõem que a criação
aos órgãos que compõem a estrutura das pessoas federativas que e a extinção de órgãos da administração pública dependem de lei
executam a atividade administrativa de maneira centralizada. O de iniciativa privativa do chefe do Executivo a quem compete, de
vocábulo “Administração Direta” possui sentido abrangente vindo a forma privada, e por meio de decreto, dispor sobre a organização
compreender todos os órgãos e agentes dos entes federados, tanto e funcionamento desses órgãos públicos, quando não ensejar
os que fazem parte do Poder Executivo, do Poder Legislativo ou do aumento de despesas nem criação ou extinção de órgãos públicos
Poder Judiciário, que são os responsáveis por praticar a atividade (art. 84, VI, b, CF/1988). Desta forma, para que haja a criação e
administrativa de maneira centralizada. extinção de órgãos, existe a necessidade de lei, no entanto, para
Já a Administração Indireta, é equivalente às pessoas jurídicas dispor sobre a organização e o funcionamento, denota-se que
criadas pelos entes federados, que possuem ligação com as poderá ser utilizado ato normativo inferior à lei, que se trata do
Administrações Diretas, cujo fulcro é praticar a função administrativa decreto. Caso o Poder Executivo Federal desejar criar um Ministério
de maneira descentralizada. a mais, o presidente da República deverá encaminhar projeto de
Tendo o Estado a convicção de que atividades podem ser lei ao Congresso Nacional. Porém, caso esse órgão seja criado, sua
exercidas de forma mais eficaz por entidade autônoma e com estruturação interna deverá ser feita por decreto. Na realidade,
personalidade jurídica própria, o Estado transfere tais atribuições todos os regimentos internos dos ministérios são realizados por
a particulares e, ainda pode criar outras pessoas jurídicas, de intermédio de decreto, pelo fato de tal ato se tratar de organização
direito público ou de direito privado para esta finalidade. Optando interna do órgão. Vejamos:
pela segunda opção, as novas entidades passarão a compor a – Órgão: é criado por meio de lei.
Administração Indireta do ente que as criou e, por possuírem – Organização Interna: pode ser feita por DECRETO, desde
como destino a execução especializado de certas atividades, são que não provoque aumento de despesas, bem como a criação ou a
consideradas como sendo manifestação da descentralização por extinção de outros órgãos.
serviço, funcional ou técnica, de modo geral. – Órgãos De Controle: Trata-se dos prepostos a fiscalizar e
controlar a atividade de outros órgãos e agentes”. Exemplo: Tribunal
Desconcentração e Descentralização de Contas da União.
Consiste a desconcentração administrativa na distribuição
interna de competências, na esfera da mesma pessoa jurídica. Assim Pessoas administrativas
sendo, na desconcentração administrativa, o trabalho é distribuído Explicita-se que as entidades administrativas são a própria
Administração Indireta, composta de forma taxativa pelas
autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de
economia mista.

124
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

De forma contrária às pessoas políticas, tais entidades, nao — Empresas Públicas


são reguladas pelo Direito Administrativo, não detendo poder
político e encontram-se vinculadas à entidade política que as criou. Sociedades de Economia Mista
Não existe hierarquia entre as entidades da Administração Pública São a parte da Administração Indireta mais voltada para o
indireta e os entes federativos que as criou. Ocorre, nesse sentido, direito privado, sendo também chamadas pela maioria doutrinária
uma vinculação administrativa em tais situações, de maneira que os de empresas estatais.
entes federativos somente conseguem manter-se no controle se as Tanto a empresas públicas, quanto as sociedades de economia
entidades da Administração Indireta estiverem desempenhando as mista, no que se refere à sua área de atuação, podem ser divididas
funções para as quais foram criadas de forma correta. entre prestadoras diversas de serviço público e plenamente
atuantes na atividade econômica de modo geral. Assim sendo,
Pessoas políticas obtemos dois tipos de empresas públicas e dois tipos de sociedades
As pessoas políticas são os entes federativos previstos na de economia mista.
Constituição Federal. São eles a União, os Estados, o Distrito Federal Ressalta-se que ao passo que as empresas estatais exploradoras
e os Municípios. Denota-se que tais pessoas ou entes, são regidos de atividade econômica estão sob a égide, no plano constitucional,
pelo Direito Constitucional, vindo a deter uma parcela do poder pelo art. 173, sendo que a sua atividade se encontra regida pelo
político. Por esse motivo, afirma-se que tais entes são autônomos, direito privado de maneira prioritária, as empresas estatais
vindo a se organizar de forma particular para alcançar as finalidades prestadoras de serviço público são reguladas, pelo mesmo diploma
avençadas na Constituição Federal. legal, pelo art. 175, de maneira que sua atividade é regida de forma
Assim sendo, não se confunde autonomia com soberania, pois, exclusiva e prioritária pelo direito público.
ao passo que a autonomia consiste na possibilidade de cada um
dos entes federativos organizar-se de forma interna, elaborando – Observação importante: todas as empresas estatais, sejam
suas leis e exercendo as competências que a eles são determinadas prestadoras de serviços públicos ou exploradoras de atividade
pela Constituição Federal, a soberania nada mais é do que uma econômica, possuem personalidade jurídica de direito privado.
característica que se encontra presente somente no âmbito da O que diferencia as empresas estatais exploradoras de atividade
República Federativa do Brasil, que é formada pelos referidos entes econômica das empresas estatais prestadoras de serviço público é
federativos. a atividade que exercem. Assim, sendo ela prestadora de serviço
público, a atividade desempenhada é regida pelo direito público,
Autarquias nos ditames do artigo 175 da Constituição Federal que determina
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno, que “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente
criadas por lei específica para a execução de atividades especiais e ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de
típicas da Administração Pública como um todo. Com as autarquias, licitação, a prestação de serviços públicos.” Já se for exploradora
a impressão que se tem, é a de que o Estado veio a descentralizar de atividade econômica, como maneira de evitar que o princípio
determinadas atividades para entidades eivadas de maior da livre concorrência reste-se prejudicado, as referidas atividades
especialização. deverão ser reguladas pelo direito privado, nos ditames do artigo
As autarquias são especializadas em sua área de atuação, dando 173 da Constituição Federal, que assim determina:
a ideia de que os serviços por elas prestados são feitos de forma Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição,
mais eficaz e venham com isso, a atingir de maneira contundente a a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será
sua finalidade, que é o bem comum da coletividade como um todo. permitida quando necessária aos imperativos da segurança
Por esse motivo, aduz-se que as autarquias são um serviço público nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em
descentralizado. Assim, devido ao fato de prestarem esse serviço lei. § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da
público especializado, as autarquias acabam por se assemelhar sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem
em tudo o que lhes é possível, ao entidade estatal a que estiverem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de
servindo. Assim sendo, as autarquias se encontram sujeitas ao prestação de serviços, dispondo sobre:
mesmo regime jurídico que o Estado. Nos dizeres de Hely Lopes I – sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela
Meirelles, as autarquias são uma “longa manus” do Estado, ou sociedade;
seja, são executoras de ordens determinadas pelo respectivo ente II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas,
da Federação a que estão vinculadas. inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais,
As autarquias são criadas por lei específica, que de forma trabalhistas e tributários;
obrigacional deverá ser de iniciativa do Chefe do Poder Executivo III – licitação e contratação de obras, serviços, compras e
do ente federativo a que estiver vinculada. Explicita-se também alienações, observados os princípios da Administração Pública;
que a função administrativa, mesmo que esteja sendo exercida IV – a constituição e o funcionamento dos conselhos de
tipicamente pelo Poder Executivo, pode vir a ser desempenhada, Administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários;
em regime totalmente atípico pelos demais Poderes da República. V – os mandatos, a avaliação de desempenho e a
Em tais situações, infere-se que é possível que sejam criadas responsabilidade dos administradores
autarquias no âmbito do Poder Legislativo e do Poder Judiciário,
oportunidade na qual a iniciativa para a lei destinada à sua criação, Vejamos em síntese, algumas características em comum das
deverá, obrigatoriamente, segundo os parâmetros legais, ser feita empresas públicas e das sociedades de economia mista:
pelo respectivo Poder. – Devem realizar concurso público para admissão de seus
empregados;

125
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

– Não estão alcançadas pela exigência de obedecer ao teto constituir como Organizações Sociais pessoas jurídicas de direito
constitucional; privado, que não sejam de fins lucrativos, cujas atividades sejam
– Estão sujeitas ao controle efetuado pelos Tribunais de Contas, dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento
bem como ao controle do Poder Legislativo; tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à
– Não estão sujeitas à falência; cultura e à saúde, atendidos os requisitos da lei. Ressalte-se que
– Devem obedecer às normas de licitação e contrato as entidades privadas que vierem a atuar nessas áreas poderão
administrativo no que se refere às suas atividades-meio; receber a qualificação de OSs.
– Devem obedecer à vedação à acumulação de cargos prevista Lembremos que a Lei 9.637/1998 teve como fulcro transferir os
constitucionalmente; serviços que não são exclusivos do Estado para o setor privado, por
– Não podem exigir aprovação prévia, por parte do Poder intermédio da absorção de órgãos públicos, vindo a substituí-los por
Legislativo, para nomeação ou exoneração de seus diretores. entidades privadas. Tal fenômeno é conhecido como publicização.
Com a publicização, quando um órgão público é extinto, logo, outra
Fundações e outras entidades privadas delegatárias entidade de direito privado o substitui no serviço anteriormente
Identifica-se no processo de criação das fundações privadas, prestado. Denota-se que o vínculo com o poder público para que
duas características que se encontram presentes de forma seja feita a qualificação da entidade como organização social é
contundente, sendo elas a doação patrimonial por parte de um estabelecido com a celebração de contrato de gestão. Outrossim,
instituidor e a impossibilidade de terem finalidade lucrativa. as Organizações Sociais podem receber recursos orçamentários,
O Decreto 200/1967 e a Constituição Federal Brasileira de utilização de bens públicos e servidores públicos.
1988 conceituam Fundação Pública como sendo um ente de direito
predominantemente de direito privado, sendo que a Constituição Organizações da sociedade civil de interesse público
Federal dá à Fundação o mesmo tratamento oferecido às Sociedades São conceituadas como pessoas jurídicas de direito privado, sem
de Economia Mista e às Empresas Públicas, que permite autorização fins lucrativos, nas quais os objetivos sociais e normas estatutárias
da criação, por lei e não a criação direta por lei, como no caso das devem obedecer aos requisitos determinados pelo art. 3º da Lei
autarquias. n. 9.790/1999. Denota-se que a qualificação é de competência do
Entretanto, a doutrina majoritária e o STF aduzem que Ministério da Justiça e o seu âmbito de atuação é parecido com o da
a Fundação Pública poderá ser criada de forma direta por meio OS, entretanto, é mais amplo.
de lei específica, adquirindo, desta forma, personalidade jurídica Vejamos:
de direito público, vindo a criar uma Autarquia Fundacional ou Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado em
Fundação Autárquica. qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no
– Observação importante: a autarquia é definida como respectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será
serviço personificado, ao passo que uma autarquia fundacional é conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
conceituada como sendo um patrimônio de forma personificada cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes
destinado a uma finalidade específica de interesse social. finalidades:
I – promoção da assistência social;
Vejamos como o Código Civil determina: II – promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio
Art. 41 - São pessoas jurídicas de direito público interno:(...) histórico e artístico;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; III – promoção gratuita da educação, observando-se a forma
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. complementar de participação das organizações de que trata esta
No condizente à Constituição, denota-se que esta não faz Lei;
distinção entre as Fundações de direito público ou de direito IV – promoção gratuita da saúde, observando-se a forma
privado. O termo Fundação Pública é utilizado para diferenciar as complementar de participação das organizações de que trata esta
fundações da iniciativa privada, sem que haja qualquer tipo de Lei;
ligação com a Administração Pública. V – promoção da segurança alimentar e nutricional;
No entanto, determinadas distinções poderão ser feitas, como VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente
por exemplo, a imunidade tributária recíproca que é destinada e promoção do desenvolvimento sustentável; VII – promoção do
somente às entidades de direito público como um todo. Registra-se voluntariado;
que o foro de ambas é na Justiça Federal. VIII – promoção do desenvolvimento econômico e social e
combate à pobreza;
— Delegação Social IX – experimentação, não lucrativa, de novos modelos
socioprodutivos e de sistemas alternativos de produção, comércio,
Organizações sociais emprego e crédito;
As organizações sociais são entidades privadas que recebem X – promoção de direitos estabelecidos, construção de novos
o atributo de Organização Social. Várias são as entidades criadas direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
por particulares sob a forma de associação ou fundação que XI – promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos
desempenham atividades de interesse público sem fins lucrativos. Ao humanos, da democracia e de outros valores universais;
passo que algumas existem e conseguem se manter sem nenhuma XII – estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias
ligação com o Estado, existem outras que buscam se aproximar do alternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos
Estado com o fito de receber verbas públicas ou bens públicos com técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas
o objetivo de continuarem a desempenhar sua atividade social. Nos neste artigo.
parâmetros da Lei 9.637/1998, o Poder Executivo Federal poderá

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

A lei das Oscips apresenta um rol de entidades que não podem Em relação ao Terceiro Setor, o Plano Diretor do Aparelho do
receber a qualificação. Vejamos: Estado previa de forma explícita a publicização de serviços públicos
Art. 2º Não são passíveis de qualificação como Organizações estatais que não são exclusivos. A expressão publicização significa
da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de a transferência, do Estado para o Terceiro Setor, ou seja um setor
qualquer forma às atividades descritas no art. 3º desta Lei: público não estatal, da execução de serviços que não são exclusivos
I – as sociedades comerciais; do Estado, vindo a estabelecer um sistema de parceria entre o
II – os sindicatos, as associações de classe ou de representação Estado e a sociedade para o seu financiamento e controle, como um
de categoria profissional; todo. Tal parceria foi posteriormente modernizada com as leis que
III – as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação instituíram as organizações sociais e as organizações da sociedade
de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais; civil de interesse público.
IV – as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas O termo publicização também é atribuído a um segundo sentido
fundações; adotado por algumas correntes doutrinárias, que corresponde à
V – as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar transformação de entidades públicas em entidades privadas sem
bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios; fins lucrativos.
VI – as entidades e empresas que comercializam planos de No que condizente às características das entidades que
saúde e assemelhados; compõem o Terceiro Setor, a ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro
VII – as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas entende que todas elas possuem os mesmos traços, sendo eles:
mantenedoras; 1. Não são criadas pelo Estado, ainda que algumas delas
VIII – as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não tenham sido autorizadas por lei;
gratuito e suas mantenedoras; 2. Em regra, desempenham atividade privada de interesse
IX – as Organizações Sociais; público (serviços sociais não exclusivos do Estado);
X – as cooperativas; 3. Recebem algum tipo de incentivo do Poder Público;
4. Muitas possuem algum vínculo com o Poder Público e,
Por fim, registre-se que o vínculo de união entre a entidade e o por isso, são obrigadas a prestar contas dos recursos públicos à
Estado é denominado termo de parceria e que para a qualificação de Administração
uma entidade como Oscip, é exigido que esta tenha sido constituída 5. Pública e ao Tribunal de Contas;
e se encontre em funcionamento regular há, pelo menos, três anos 6. Possuem regime jurídico de direito privado, porém derrogado
nos termos do art. 1º, com redação dada pela Lei n. 13.019/2014. O parcialmente por normas direito público;
Tribunal de Contas da União tem entendido que o vínculo firmado
pelo termo de parceria por órgãos ou entidades da Administração Assim, estas entidades integram o Terceiro Setor pelo fato
Pública com Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público de não se enquadrarem inteiramente como entidades privadas e
não é demandante de processo de licitação. De acordo com o também porque não integram a Administração Pública Direta ou
que preceitua o art. 23 do Decreto n. 3.100/1999, deverá haver a Indireta.
realização de concurso de projetos pelo órgão estatal interessado Convém mencionar que, como as entidades do Terceiro Setor
em construir parceria com Oscips para que venha a obter bens e são constituídas sob a forma de pessoa jurídica de direito privado,
serviços para a realização de atividades, eventos, consultorias, seu regime jurídico, normalmente, via regra geral, é de direito
cooperação técnica e assessoria. privado. Acontece que pelo fato de estas gozarem normalmente
de algum incentivo do setor público, também podem lhes ser
Entidades de utilidade pública aplicáveis algumas normas de direito público. Esse é o motivo pelo
O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado trouxe qual a conceituada professora afirma que o regime jurídico aplicado
em seu bojo, dentre várias diretrizes, a publicização dos serviços às entidades que integram o Terceiro Setor é de direito privado,
estatais não exclusivos, ou seja, a transferência destes serviços para podendo ser modificado de maneira parcial por normas de direito
o setor público não estatal, o denominado Terceiro Setor. público.
Podemos incluir entre as entidades que compõem o Terceiro
Setor, aquelas que são declaradas como sendo de utilidade pública, TÍTULO I
os serviços sociais autônomos, como SESI, SESC, SENAI, por exemplo, DA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL
as organizações sociais (OS) e as organizações da sociedade civil de
interesse público (OSCIP). Art. 1º O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da
É importante explicitar que o crescimento do terceiro setor República auxiliado pelos Ministros de Estado.
está diretamente ligado à aplicação do princípio da subsidiariedade Art. 2º O Presidente da República e os Ministros de Estado
na esfera da Administração Pública. Por meio do princípio da exercem as atribuições de sua competência constitucional,
subsidiariedade, cabe de forma primária aos indivíduos e às legal e regulamentar com o auxílio dos órgãos que compõem a
organizações civis o atendimento dos interesses individuais e Administração Federal.
coletivos. Assim sendo, o Estado atua apenas de forma subsidiária Art. 3º Respeitada a competência constitucional do Poder
nas demandas que, devido à sua própria natureza e complexidade, Legislativo estabelecida no artigo 46, inciso II e IV, da Constituição
não puderam ser atendidas de maneira primária pela sociedade. , o Poder Executivo regulará a estruturação, as atribuições e o
Dessa maneira, o limite de ação do Estado se encontraria na funcionamento dos órgãos da Administração Federal. (Redação
autossuficiência da sociedade. dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)
Art. 4° A Administração Federal compreende:

127
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços


integrados na estrutura administrativa da Presidência da República OS MINISTÉRIOS E RESPECTIVAS ÁREAS DE
e dos Ministérios. COMPETÊNCIA
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes
categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria: Os Ministérios e suas áreas de competência na administração
a) Autarquias; federal brasileira são:
b) Emprêsas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - res-
d) fundações públicas. (Incluído pela Lei nº 7.596, de ponsável pela formulação e implementação de políticas e diretrizes
1987) relacionadas à agropecuária, agricultura, produção agroindustrial,
Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administração reforma agrária, segurança alimentar e abastecimento.
Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência
estiver enquadrada sua principal atividade. (Renumerado pela Lei Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações - responsável
nº 7.596, de 1987) por formular e implementar políticas e diretrizes relacionadas à ci-
§ 2 º (Revogado pela Lei nº 7.596, de 1987) ência, tecnologia, inovação e pesquisa científica e tecnológica.
§3º (Revogado pela Lei nº 7.596, de 1987)
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: Ministério da Cidadania - responsável por formular e imple-
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com mentar políticas e diretrizes relacionadas à assistência social, cultu-
personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar ra, esporte, lazer, segurança alimentar e nutricional, inclusão social,
atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para programas sociais e direitos humanos.
seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira
descentralizada. Ministério da Defesa - responsável por formular e implemen-
II - Emprêsa Pública - a entidade dotada de personalidade tar políticas e diretrizes relacionadas à defesa nacional, soberania,
jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital segurança e integridade do território brasileiro.
exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade
econômica que o Govêrno seja levado a exercer por fôrça de Ministério da Economia - responsável por formular e imple-
contingência ou de conveniência administrativa podendo revestir- mentar políticas e diretrizes relacionadas à economia, finanças,
se de qualquer das formas admitidas em direito. (Redação planejamento, orçamento, comércio exterior, indústria, comércio e
dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) serviços.
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de
personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a Ministério da Educação - responsável por formular e imple-
exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade mentar políticas e diretrizes relacionadas à educação, ensino supe-
anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria rior, pesquisa, tecnologia educacional, capacitação de professores e
à União ou a entidade da Administração Indireta. (Redação gestão educacional.
dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade Ministério da Infraestrutura - responsável por formular e im-
jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de plementar políticas e diretrizes relacionadas à infraestrutura, trans-
autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que portes, logística, mobilidade urbana, portos e aviação civil.
não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público,
com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos Ministério da Justiça e Segurança Pública - responsável por
respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por formular e implementar políticas e diretrizes relacionadas à justiça,
recursos da União e de outras fontes. (Incluído pela Lei nº segurança pública, combate ao crime organizado, sistema peniten-
7.596, de 1987) ciário, proteção dos direitos humanos e controle de fronteiras.
§ 1º No caso do inciso III, quando a atividade fôr submetida a
regime de monopólio estatal, a maioria acionária caberá apenas à Ministério das Relações Exteriores - responsável por formular
União, em caráter permanente. e implementar políticas e diretrizes relacionadas às relações exte-
§ 2º O Poder Executivo enquadrará as entidades da riores, diplomacia, cooperação internacional, tratados internacio-
Administração Indireta existentes nas categorias constantes dêste nais e representação do Brasil no âmbito internacional.
artigo.
§ 3º As entidades de que trata o inciso IV deste artigo adquirem Ministério do Meio Ambiente - responsável por formular e
personalidade jurídica com a inscrição da escritura pública de sua implementar políticas e diretrizes relacionadas ao meio ambiente,
constituição no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, não se lhes conservação da biodiversidade, combate ao desmatamento, pre-
aplicando as demais disposições do Código Civil concernentes às servação dos recursos naturais e sustentabilidade ambiental.
fundações. (Incluído pela Lei nº 7.596, de 1987)
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos - res-
ponsável por formular e implementar políticas e diretrizes relacio-
nadas à promoção dos direitos das mulheres, proteção da família,
direitos humanos, igualdade de gênero, combate à violência contra
a mulher e proteção dos grupos vulneráveis.

128
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Ministério da Saúde - responsável por formular e implementar Ministério da Aeronáutica (Redação dada pela Lei nº
políticas e diretrizes relacionadas à saúde pública, prevenção de do- 6.036, de 1974)
enças, vigilância epidemiológica, assistência médica, programas de Parágrafo único. Os titulares dos Ministérios são Ministros de
vacinação e promoção da saúde. Estado (Art. 20). (Incluído pela Lei nº 6.036, de 1974)
Art. 36. Para auxiliá-lo na coordenação de assuntos afins ou
Ministério da Secretaria-Geral da Presidência da República - interdependentes, que interessem a mais de um Ministério, o Pre-
responsável por auxiliar o Presidente da República na coordenação sidente da República poderá incumbir de missão coordenadora um
e articulação das ações governamentais, bem como na supervisão dos Ministros de Estado, cabendo essa missão, na ausência de de-
de órgãos e entidades da administração federal. signação específica ao Ministro de Estado Chefe da Secretaria de
Planejamento. (Redação dada pela Lei nº 6.036, de 1974)
Ministério da Secretaria de Governo - responsável por formu- (Vide Lei nº 10.683, de 28.5.2003)
lar e implementar políticas e diretrizes relacionadas à articulação § 1º O Ministro Coordenador, sem prejuízo das atribuições da
política e institucional do governo, diálogo com os poderes legisla- Pasta ou órgão de que for titular atuará em harmonia com as instru-
tivo e judiciário, relações com estados e municípios e participação ções emanadas do Presidente da República, buscando os elemen-
social. tos necessários ao cumprimento de sua missão mediante coopera-
ção dos Ministros de Estado em cuja área de competência estejam
Ministério da Secretaria Nacional de Assuntos Indígenas - compreendidos os assuntos objeto de coordenação. (Reda-
responsável por formular e implementar políticas e diretrizes rela- ção dada pela Lei nº 6.036, de 1974) (Vide Lei nº 10.683, de
cionadas aos direitos dos povos indígenas, demarcação de terras 28.5.2003)
indígenas, proteção da cultura indígena e promoção do desenvolvi- § 2º O Ministro Coordenador formulará soluções para a decisão
mento sustentável nas comunidades indígenas. final do Presidente da República. (Redação dada pela Lei nº
6.036, de 1974) (Vide Lei nº 10.683, de 28.5.2003)
TITULO VII Art. 37. O Presidente da República poderá prover até 4 (quatro)
DOS MINISTÉRIOS E RESPECTIVAS ÁREAS DE COMPETÊNCIA cargos de Ministro Extraordinário para o desempenho de encargos
temporários de natureza relevante. (Redação dada pelo Decreto-
Art. 35 - Os Ministérios são os seguintes: (Redação dada -Lei nº 900, de 1969) (Vide Lei nº 10.683, de 28.5.2003)
pela Lei nº 6.036, de 1974) Vide Lei nº 7.739, de 20.3.1989 Parágrafo único. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 900, de 1968)
, Vide Lei nº 7.927, de 1989 , Vide Lei nº 8.422, de 1992 , Art . 38. O Ministro Extraordinário e o Ministro Coordenador
Vide Lei nº 8.490, de 1992 , Vide Lei nº 9.649, de 1998 , Vide disporão de assistência técnica e administrativa essencial para o de-
Lei nº 10.683, de 28.5.2003 sempenho das missões de que forem incumbidos pelo Presidente
Ministério da Justiça (Redação dada pela Lei nº 6.036, da República na forma por que se dispuser em decreto. (Vide
de 1974) Lei nº 10.683, de 28.5.2003)
Ministério das Relações Exteriores (Redação dada pela Art. 39 Os assuntos que constituem a área de competência de
Lei nº 6.036, de 1974) cada Ministério são, a seguir, especificados: (Vide Lei nº 7.739,
Ministério da Fazenda (Redação dada pela Lei nº 6.036, de 20.3.1989) , (Vide Lei nº 10.683, de 28.5.2003)
de 1974)
Ministério dos Transportes (Redação dada pela Lei nº MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
6.036, de 1974)
Ministério da Agricultura (Redação dada pela Lei nº 6.036, I - Ordem jurídica, nacionalidade, cidadania, direitos políticos,
de 1974) garantias constitucionais.
Ministério da Indústria e do Comércio (Redação dada pela II - Segurança interna. Polícia Federal.
Lei nº 6.036, de 1974) III - Administração penitenciária.
Ministério das Minas e Energia (Redação dada pela Lei IV - Ministério Público.
nº 6.036, de 1974) V - Documentação, publicação e arquivo dos atos oficiais.
Ministério do Interior (Redação dada pela Lei nº 6.036, MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES
de 1º.5.1974) I - Política Internacional.
Ministério da Educação e Cultura (Redação dada pela Lei II - Relações diplomáticas; serviços consulares.
nº 6.036, de 1974) III - Participação nas negociações comerciais, econômicas, fi-
Ministério do Trabalho (Redação dada pela Lei nº 6.036, nanceiras, técnicas e culturais com países e entidades estrangeiras.
de 1974) IV - Programas de cooperação internacional.
Ministério da Previdência e Assistência Social (Redação MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL
dada pela Lei nº 6.036, de 1974) I - Plano geral do Govêrno, sua coordenação. Integração dos
Ministério da Saúde (Redação dada pela Lei nº 6.036, planos regionais.
de 1974) II - Estudos e pesquisas sócio-econômicos, inclusive setoriais e
Ministério das Comunicações (Redação dada pela Lei nº regionais.
6.036, de 1974) III - Programação orçamentária; proposta orçamentária anual.
Ministério da Marinha (Redação dada pela Lei nº 6.036, IV - Coordenação da assistência técnica internacional.
de 1974) V - Sistemas estatístico e cartográfico nacionais.
Ministério do Exército (Redação dada pela Lei nº 6.036, VI - Organização administrativa.
de 1974)

129
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

MINISTÉRIO DA FAZENDA VI - Assistência às populações atingidas pelas calamidades pú-


blicas.
I - Assuntos monetários, creditícios, financeiros e fiscais; pou- VII - Assistência ao índio.
pança popular. VIII - Assistência aos Municípios.
II - Administração tributária. IX - Programa nacional de habitação.
III - Arrecadação.
IV - Administração financeira. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
V - Contabilidade e auditoria.
VI - Administração patrimonial. (Redação dada pela Lei I - Educação; ensino (exceto o militar); magistério.
nº 6.228, de 1975) II - Cultura - letras e artes.
III - Patrimônio histórico, arqueológico, científico, cultural e ar-
MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES tístico.
IV - Desportos.
I - Coordenação dos transportes.
II - Transportes ferroviários e rodoviários. MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL (Vide
III - Transportes aquaviários. Marinha mercante; portos e vias Lei nº 6.036, de 1974)
navegáveis.
IV - Participação na coordenação dos transportes aeroviários, I - Trabalho; organização profissional e sindical; fiscalização.
na forma estabelecida no art. 162. II - Mercado de trabalho; política de emprêgo.
III - Política salarial.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA IV - Previdência e assistência social.
V - Política de imigração.
I - Agricultura; pecuária; caça; pesca. VI - Colaboração com o Ministério Público junto à Justiça do
II - Recursos naturais renováveis: flora, fauna e solo. Trabalho.
III - Organização da vida rural; reforma agrária.
IV - Estímulos financeiros e creditícios. MINISTÉRIO DA SAÚDE
V - Meteorologia; climatologia.
VI - Pesquisa e experimentação. I - Política nacional de saúde.
VII - Vigilância e defesa sanitária animal e vegetal. II - Atividades médicas e para-médicas.
VIII - Padronização e inspeção de produtos vegetais e animais III - Ação preventiva em geral; vigilância sanitária de fronteiras
ou do consumo nas atividades agropecuárias. e de portos marítimos, fluviais e aéreos.
IV - Contrôle de drogas, medicamentos e alimentos.
MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA E DO COMÉRCIO V - Pesquisas médico-sanitárias.

I - Desenvolvimento industrial e comercial. MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES


II - Comércio exterior.
III - Seguros privados e capitalização. I - Telecomunicações.
IV - Propriedade industrial; registro do comércio; legislação II - Serviços postais.
metrológica.
V - Turismo. MINISTÉRIO DA MARINHA
VI - Pesquisa e experimentação tecnológica.
Art. 54. O Ministério da Marinha administra os negócios da Ma-
MINISTÉRIO DAS MINAS E ENERGIA rinha de Guerra e tem como atribuição principal a preparação desta
para o cumprimento de sua destinação constitucional.
I - Geologia, recursos minerais e energéticos. § 1º Cabe ao Ministério da Marinha;
II - Regime hidrológico e fontes de energia hidráulica. I - Propor a organização e providenciar o aparelhamento e ades-
III - Mineração. tramento das Fôrças Navais e Aeronavais e do Corpo de Fuzileiros
IV - Indústria do petróleo. Navais, inclusive para integrarem Fôrças Combinadas ou Conjuntas.
V - Indústria de energia elétrica, inclusive de natureza nuclear. II - Orientar e realizar pesquisas e desenvolvimento de interês-
se da Marinha, obedecido o previsto no item V do art. 50 da pre-
MINISTÉRIO DO INTERIOR sente Lei.
III - Estudar e propor diretrizes para a política marítima nacio-
I - Desenvolvimento regional. nal.
II - Radicação de populações, ocupação do território. Migra- § 2º Ao Ministério da Marinha competem ainda as seguintes
ções internas. atribuições subsidiárias;
III - Territórios federais. I - Orientar e controlar a Marinha Mercante Nacional e demais
IV - Saneamento básico. atividades correlatas no que interessa à segurança nacional e pro-
V - Beneficiamento de áreas e obras de proteção contra sêcas ver a segurança da navegação, seja ela marítima, fluvial ou lacustre.
e inundações. Irrigação. II - Exercer a polícia naval.

130
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Art. 55. O Ministro da Marinha exerce a direção geral do Minis- - Gabinete do Ministro.
tério da Marinha e é o Comandante Superior da Marinha de Guerra. - Consultoria Jurídica.
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) - Secretaria Geral.
Art. 56. A Marinha de Guerra compreende suas organizações - Outros Conselhos e Comissões.
próprias, pessoal em serviço ativo e sua reserva, inclusive as forma- IV - Órgãos de Apoio
ções auxiliares conforme fixado em lei. (Redação dada pelo - Diretorias e outros órgãos.
Decreto-Lei nº 900, de 1969) V - Fôrças Terrestres
Art. 57. O Ministério da Marinha é constituído de: - Órgãos Territoriais.
I - Órgãos de Direção Geral.
- Almirantado (Alto Comando da Marinha de Guerra). MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA
- Estado Maior da Armada.
II - Órgãos de Direção Setorial, organizados em base departa- Art. 63. O Ministério da Aeronáutica administra os negócios da
mental (art. 24). Aeronáutica e tem como atribuições principais a preparação da Ae-
III - Órgãos de Assessoramento. ronáutica para o cumprimento de sua destinação constitucional e a
- Gabinete do Ministro. orientação, a coordenação e o contrôle das atividades da Aviação
- Consultoria Jurídica. Civil. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
- Conselho de Almirantes. Parágrafo único. Cabe ao Ministério da Aeronáutica: (Re-
- Outros Conselhos e Comissões. dação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
IV - Órgãos de Apoio. I - Estudar e propor diretrizes para a Política Aeroespacial Na-
- Diretorias e outros órgãos. cional. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
V - Fôrças Navais e Aeronavais (elementos próprios - navios e II - Propor a organização e providenciar o aparelhamento e o
helicópteros - e elementos destacados da Fôrça Aérea Brasileira). adestramento da Fôrça Aérea Brasileira, inclusive de elementos
- Corpo de Fuzileiros Navais. para integrar as Fôrças Combinadas ou Conjuntas. (Redação
- Distritos Navais. dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
- Comando do Contrôle Naval do Tráfego Marítimo. (In- III - Orientar, coordenar e controlar as atividades da Aviação
cluído pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) Civil, tanto comerciais como privadas e desportivas. (Redação
Art. 58. (Revogado pela Lei nº 6.059, de 1974) dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
IV - Estabelecer, equipar e operar, diretamente ou mediante
MINISTÉRIO DO EXÉRCITO autorização ou concessão, a infra-estrutura aeronáutica, inclusive
os serviços de apoio necessárias à navegação aérea. (Redação
Art. 59. O Ministério do Exército administra os negócios do dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
Exército e tem, como atribuição principal a preparação do Exército V - Orientar, incentivar e realizar pesquisas e desenvolvimento
para o cumprimento da sua destinação constitucional. de interêsse da Aeronáutica, obedecido, quanto às de interêsse mi-
§ 1º Cabe ao Ministério do Exército: litar, ao prescrito no item IV do art. 50 da presente lei. (Re-
I - Propor a organização e providenciar o aparelhamento e o dação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
adestramento das Fôrças Terrestres, inclusive para integrarem Fôr- VI - Operar o Correio Aéreo Nacional. (Redação dada pelo
ças Combinadas ou Conjuntas. Decreto-Lei nº 991, de 1969)
II - Orientar e realizar pesquisas e desenvolvimento de interes- Art. 64. O Ministro da Aeronáutica exerce a direção geral das
se do Exército, obedecido o previsto no item V do art. 50 da pre- atividades do Ministério e é o Comandante-em-Chefe da Fôrça Aé-
sente lei. rea Brasileira. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de
§ 2º Ao Ministério do Exército compete ainda propor as medi- 1969)
das para a efetivação do disposto no Parágrafo único do art. 46 da Art. 65. A Fôrça Aérea Brasileira é a parte da Aeronáutica orga-
presente lei. nizada e aparelhada para o cumprimento de sua destinação consti-
Art. 60. O Ministro do Exército exerce a direção geral das ativi- tucional. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
dades do Ministério e é o Comandante Superior do Exército. Parágrafo único. Constituí a reserva da Aeronáutica todo o
Art. 61. O Exército é constituído do Exército ativo e sua Reserva. pessoal sujeito à incorporação na Fôrça Aérea Brasileira, mediante
§ 1° O Exército ativo é a parte do Exército organizada e apare- mobilização ou convocação, e as organizações auxiliares, conforme
lhada para o cumprimento de sua destinação constitucional e em fixado em lei. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
pleno exercício de suas atividades. Art. 66. O Ministério da Aeronáutica compreende: (Reda-
§ 2° Constitui a Reserva do Exército todo o pessoal sujeito à in- ção dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969)
corporação no Exército ativo, mediante mobilização ou convocação, I - Órgãos de Direção Geral: (Redação dada pelo Decreto-
e as fôrças e organizações auxiliares, conforme fixado em lei. -Lei nº 991, de 1969)
Art. 62. O Ministério do Exército compreende: - Alto Comando da Aeronáutica (Redação dada pelo De-
I - Órgãos de Direção Geral creto-Lei nº 991, de 1969)
- Alto Comando do Exército. - Estado-Maior da Aeronáutica (Redação dada pelo De-
- Estado-Maior do Exército. creto-Lei nº 991, de 1969)
- Conselho Superior de Economia e Finanças. - Inspetoria Geral da Aeronáutica (Redação dada pelo
II - Órgãos de Direção Setorial, organizados em base departa- Decreto-Lei nº 991, de 1969)
mental (art. 24)
III - Órgãos de Assessoramento

131
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

II - Órgãos de Direção Setorial, organizados em base departa- como o dever de obediência dos subordinados, a possibilidade de
mental (art. 24): (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de o imediato superior avocar atribuições, bem como a atribuição de
1969) rever os atos dos agentes subordinados.
- Departamento de Aviação Civil (Redação dada pelo De- Denota-se, porém, que o dever de obediência do subordinado
creto-Lei nº 991, de 1969) v não o obriga a cumprir as ordens manifestamente ilegais, advindas
- Departamento de Pesquisas e Desenvolvimento (Reda- de seu superior hierárquico. Ademais, nos ditames do art. 116,
ção dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969) XII, da Lei 8.112/1990, o subordinado tem a obrigação funcional
III - Órgãos de Assessoramento: (Redação dada pelo De- de representar contra o seu superior caso este venha a agir com
creto-Lei nº 991, de 1969) ilegalidade, omissão ou abuso de poder.
- Gabinete do Ministro (Redação dada pelo Decreto-Lei Registra-se que a delegação de atribuições é uma das
nº 991, de 1969) manifestações do poder hierárquico que consiste no ato de conferir
- Consultoria Jurídica (Redação dada pelo Decreto-Lei nº a outro servidor atribuições que de âmbito inicial, faziam parte
991, de 1969) dos atos de competência da autoridade delegante. O ilustre Hely
- Conselhos e Comissões (Redação dada pelo Decreto-Lei Lopes Meirelles aduz que a delegação de atribuições se submete a
nº 991, de 1969) algumas regras, sendo elas:
IV - Órgãos de Apoio: (Redação dada pelo Decreto-Lei nº A) A impossibilidade de delegação de atribuições de um
991, de 1969) Poder a outro, exceto quando devidamente autorizado pelo texto
- Comandos, Diretorias, Institutos, Serviços e outros órgãos da Constituição Federal. Exemplo: autorização por lei delegada,
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969) que ocorre quando a Constituição Federal autoriza o Legislativo a
V - Fôrça Aérea Brasileira: (Redação dada pelo Decreto-Lei delegar ao Chefe do Executivo a edição de lei.
nº 991, de 1969) B) É impossível a delegação de atos de natureza política.
- Comandos Aéreos (inclusive elementos para integrar Fôrças Exemplos: o veto e a sanção de lei;
Combinadas ou Conjuntas) - Comandos Territoriais. (Redação C) As atribuições que a lei fixar como exclusivas de determinada
dada pelo Decreto-Lei nº 991, de 1969) autoridade, não podem ser delegadas;
D) O subordinado não pode recusar a delegação;
E) As atribuições não podem ser subdelegadas sem a devida
OS PODERES E DEVERES DO ADMINISTRADOR autorização do delegante.
PÚBLICO
Sem prejuízo do entendimento doutrinário a respeito da
A pessoa administradora pública possui uma série de poderes e delegação de competência, a Lei Federal 9.784/1999, que estabelece
deveres que são fundamentais para o bom funcionamento e presta- os ditames do processo administrativo federal, estabeleceu as
ção de serviços do setor público. Esses poderes e deveres são esta- seguintes regras relacionadas a esse assunto:
belecidos pela legislação e têm como objetivo garantir a eficiência, – A competência não pode ser renunciada, porém, pode ser
a transparência e o cumprimento das finalidades do Estado. delegada se não houver impedimento legal;
– A delegação de competência é sempre exercida de forma
Entre os poderes da pessoa administradora pública, podemos parcial, tendo em vista que um órgão administrativo ou seu titular
destacar: não detém o poder de delegar todas as suas atribuições;
– A título de delegação vertical, depreende-se que esta pode
Poder Hierárquico ser feita para órgãos ou agentes subordinados hierarquicamente, e,
Trata-se o poder hierárquico, de poder conferido à autoridade a nível de delegação horizontal, também pode ser feita para órgãos
administrativa para distribuir e dirimir funções em escala de e agentes não subordinados à hierarquia.
seus órgãos, vindo a estabelecer uma relação de coordenação
e subordinação entre os servidores que estiverem sob a sua Não podem ser objeto de delegação:
hierarquia. – A edição de atos de caráter normativo;
A estrutura de organização da Administração Pública é baseada – A decisão de recursos administrativos;
em dois aspectos fundamentais, sendo eles: a distribuição de – As matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade;
competências e a hierarquia.
Em decorrência da amplitude das competências e das Ressalta-se com afinco que o ato de delegação e a sua
responsabilidades da Administração, jamais seria possível que toda revogação deverão ser publicados no meio oficial, nos trâmites da
a função administrativa fosse desenvolvida por um único órgão ou lei. Ademais, deverá o ato de delegação especificar as matérias e os
agente público. Assim sendo, é preciso que haja uma distribuição poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração
dessas competências e atribuições entre os diversos órgãos e e os objetivos da delegação e também o recurso devidamente
agentes integrantes da Administração Pública. cabível à matéria que poderá constar a ressalva de exercício da
Entretanto, para que essa divisão de tarefas aconteça de atribuição delegada.
maneira harmoniosa, os órgãos e agentes públicos são organizados O ato de delegação poderá ser revogado a qualquer tempo
em graus de hierarquia e poder, de maneira que o agente que pela autoridade delegante como forma de transferência não
se encontra em plano superior, detenha o poder legal de emitir definitiva de atribuições, devendo as decisões adotadas por
ordens e fiscalizar a atuação dos seus subordinados. Essa relação delegação, mencionar de forma clara esta qualidade, que deverá
de subordinação e hierarquia, por sua vez, causa algumas sequelas, ser considerada como editada pelo delegado.

132
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

No condizente à avocação, afirma-se que se trata de


procedimento contrário ao da delegação de competência, vindo
a ocorrer quando o superior assume ou passa a desenvolver as
funções que eram de seu subordinado. De acordo com a doutrina,
a norma geral, é a possibilidade de avocação pelo superior
hierárquico de qualquer competência do subordinado, ressaltando-
se que nesses casos, a competência a ser avocada não poderá ser
privativa do órgão subordinado.
Dispõe a Lei 9.784/1999 que a avocação das competências
do órgão inferior apenas será permitida em caráter excepcional e
temporário com a prerrogativa de que existam motivos relevantes e
impreterivelmente justificados.
O superior também pode rever os atos dos seus subordinados,
como consequência do poder hierárquico com o fito de mantê-los, Poder conferido à autoridade administrativa
convalidá-los, ou ainda, desfazê-los, de ofício ou sob provocação para distribuir e dirimir funções em escala
PODER
do interessado. Convalidar significa suprir o vício de um ato de seus órgãos, que estabelece uma relação
HIERÁRQUICO
administrativo por intermédio de um segundo ato, tornando válido de coordenação e subordinação entre os
o ato viciado. No tocante ao desfazimento do ato administrativo, servidores que estiverem sob a sua hierarquia.
infere-se que pode ocorrer de duas formas:
a) Por revogação: no momento em que a manutenção do ato
A edição de atos de caráter normativo
válido se tornar inconveniente ou inoportuna;
Não podem
b) Por anulação: quando o ato apresentar vícios. A decisão de recursos administrativos
ser objeto de
delegação As matérias de competência exclusiva do
No entanto, a utilização do poder hierárquico nem sempre órgão ou autoridade
poderá possibilitar a invalidação feita pela autoridade superior dos
atos praticados por seus subordinados. Nos ditames doutrinários, a Desfazimento Por revogação: quando a manutenção do ato
revisão hierárquica somente é possível enquanto o ato não tiver se do ato válido se tornar inconveniente ou inoportuna
tornado definitivo para a Administração Pública e, ainda, se houver administrativo Por anulação: quando o ator apresentar vícios
sido criado o direito subjetivo para o particular.
– Observação importante: “revisão” do ato administrativo Poder Disciplinar
não se confunde com “reconsideração” desse mesmo ato. A O poder disciplinar confere à Administração Pública o poder
revisão de ato é condizente à avaliação por parte da autoridade de autorizar e apurar infrações, aplicando as devidas penalidades
superior em relação à manutenção ou não de ato que foi praticado aos servidores público, bem como às demais pessoas sujeitas à
por seu subordinado, no qual o fundamento é o exercício do disciplina administrativa em decorrência de determinado vínculo
poder hierárquico. Já na reconsideração, a apreciação relativa específico. Assim, somente está sujeito ao poder disciplinar o
à manutenção do ato administrativo é realizada pela própria agente que possuir vínculo certo e preciso com a Administração,
autoridade que confeccionou o ato, não existindo, desta forma, não importando que esse vínculo seja de natureza funcional ou
manifestação do poder hierárquico. contratual.
Ressalte-se, também, que a relação de hierarquia é inerente Existindo vínculo funcional, infere-se que o poder disciplinar
à função administrativa e não há hierarquia entre integrantes é decorrente do poder hierárquico. Em razão da existência de
do Poder Legislativo e do Poder Judiciário no desempenho de distribuição de escala dos órgãos e servidores pertencentes a
suas funções típicas constitucionais. No entanto, os membros uma mesma pessoa jurídica, competirá ao superior hierárquico
dos Poderes Judiciário e Legislativo também estão submetidos à determinar o cumprimento de ordens e exigir daquele que lhe for
relação de hierarquia no que condiz ao exercício de funções atípicas subordinado, o cumprimento destas. Não atendendo o subordinado
ou administrativas. Exemplo: um juiz de Primeira Instância, não é às determinações do seu superior ou descumprindo o dever
legalmente obrigado a adotar o posicionamento do Presidente funcional, o seu chefe poderá e deverá aplicar as sanções dispostas
do Tribunal no julgamento de um processo de sua competência, no estatuto funcional.
porém, encontra-se obrigado, por ditames da lei a cumprir ordens Conforme dito, o poder disciplinar também detém o poder
daquela autoridade quando versarem a respeito do horário de de alcançar particulares que mantenham vínculo contratual com
funcionamento dos serviços administrativos da sua Vara. o Poder Público, a exemplo daqueles contratados para prestar
Por fim, é de suma importância destacar que a subordinação não serviços à Administração Pública. Nesse sentido, como não existe
se confunde com a vinculação administrativa, pois, a subordinação relação de hierarquia entre o particular e a Administração, o
decorre do poder hierárquico e existe apenas no âmbito da mesma pressuposto para a aplicação de sanções de forma direta não é o
pessoa jurídica. Já a vinculação, resulta do poder de supervisão poder hierárquico, mas sim o princípio da supremacia do interesse
ou do poder de tutela que a Administração Direta detém sobre as público sobre o particular.
entidades da Administração Indireta. Denota-se que o poder disciplinar é o poder de investigar e punir
Esquematizando, temos: crimes e contravenções penais não se referem ao mesmo instituto
e não se confundem. Ao passo que o primeiro é aplicado somente

133
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

àqueles que possuem vínculo específico com a Administração de gerais e abstratos que são emitidos por outras autoridades, tais
forma funcional ou contratual, o segundo é exercido somente sobre como: resoluções, portarias, regimentos, deliberações e instruções
qualquer indivíduo que viole as leis penais vigentes. normativas. Há ainda uma corrente que entende essas providências
Da mesma forma, o exercício do poder de polícia também não gerais e abstratas editadas sob os parâmetros e exigências da
se confunde com as penalidades decorrentes do poder disciplinar, lei, com o fulcro de possibilitar-lhe o cumprimento em forma de
que, embora ambos possuam natureza administrativa, estas deverão manifestações do poder normativo.
ser aplicadas a qualquer pessoa que esteja causando transtornos ou No entanto, em que pese a mencionada controvérsia, prevalece
pondo em risco a coletividade, pois, no poder de polícia, denota- como estudo e aplicação geral adotada pela doutrina clássica, que
se que o vínculo entre a Administração Pública e o administrado utiliza a expressão “poder regulamentar” para se referir somente
é de âmbito geral, ao passo que nas penalidades decorrentes do à competência exclusiva dos Chefes do Poder Executivo para
poder disciplinar, somente são atingidos os que possuem relação editar regulamentos, mantendo, por sua vez, a expressão “poder
funcional ou contratual com a Administração. normativo” para os demais atos normativos emitidos por outras
Em suma, temos: espécies de autoridades da Administração Direta e Indireta, como
1º - Sanção Disciplinar: Possui natureza administrativa; advém por exemplo, de dirigentes de agências reguladoras e de Ministros.
do poder disciplinar; é aplicável sobre as pessoas que possuem Registra-se que os regulamentos são publicados através de
vínculo específico com a Administração Pública. decreto, que é a maneira pela qual se revestem os atos editados
2º - Sanção de Polícia: Possui natureza administrativa; advém pelo chefe do Poder Executivo. O conteúdo de um decreto pode ser
do poder de polícia; aplica-se sobre as pessoas que desobedeçam por meio de conteúdo ou de determinado regulamento ou, ainda,
às regulamentações de polícia administrativa. a pela adoção de providências distintas. A título de exemplo desta
3º - Sanção Penal: Possui natureza penal; decorre do poder última situação, pode-se citar um decreto que dá a designação de
geral de persecução penal; aplica-se sobre as pessoas que cometem determinado nome a um prédio público.
crimes ou contravenções penais. Em razão de os regulamentos serem editados sob forma
condizente de decreto, é comum serem chamados de decretos
Por fim, registre-se que é comum a doutrina afirmar que o poder regulamentares, decretos de execução ou regulamentos de
disciplinar é exercido de forma discricionária. Tal afirmação deve execução.
ser analisada com cuidado no que se refere ao seu alcance como Podemos classificar os regulamentos em três espécies
um todo, pois, se ocorrer de o agente sob disciplina administrativa diferentes:
cometer infração, a única opção que restará ao gestor será aplicar á A) Regulamento executivo;
situação a penalidade devidamente prevista na lei, pois, a aplicação B) Regulamento independente ou autônomo;
da pena é ato vinculado. Quando existente, a discricionariedade c) Regulamento autorizado.
refere-se ao grau da penalidade ou à aplicação correta das sanções
legalmente cabíveis, tendo em vista que no direito administrativo Vejamos a composição de cada em deles:
não é predominável o princípio da pena específica que se refere à
necessidade de prévia definição em lei da infração funcional e da – Regulamento Executivo
exata sanção cabível. Existem leis que, ao serem editadas, já reúnem as condições
Em resumo, temos: suficientes para sua execução, enquanto outras pugnam por
um regulamento para serem executadas. Entretanto, em tese,
Poder Disciplinar qualquer lei é passível de ser regulamentada. Diga-se de passagem,
– Apura infrações e aplica penalidades; até mesmo aquelas cuja execução não dependa de regulamento.
– Para que o indivíduo seja submetido ao poder disciplinar, é Para isso, suficiente é que o Chefe do Poder Executivo entenda
preciso que possua vínculo funcional com a administração; conveniente detalhar a sua execução.
– A aplicação de sanção disciplinar deve ser acompanhada de O ato de regulamento executivo é norma geral e abstrata.
processo administrativo no qual sejam assegurados o direito ao Sendo geral pelo fato de não possuir destinatários determinados
contraditório e à ampla defesa, devendo haver motivação para que ou determináveis, vindo a atingir quaisquer pessoas que estejam
seja aplicada a penalidade disciplinar cabível; nas situações reguladas; é abstrata pelo fato de dispor sobre
– Pode ter caráter discricionário em relação à escolha entre hipóteses que, se e no momento em que forem verificadas no
sanções legalmente cabíveis e respectiva gradação. mundo concreto, passarão a gerar as consequências abstratamente
previstas. Desta forma, podemos afirmar que o regulamento possui
Poder regulamentar conteúdo material de lei, porém, com ela não se confunde sob o
Com supedâneo no art. 84, IV, da Constituição Federal, consiste aspecto formal.
o poder regulamentar na competência atribuída aos Chefes do O ato de regulamento executivo é constituído por importantes
Poder Executivo para que venham a editar normas gerais e abstratas funções. São elas:
destinadas a detalhar as leis, possibilitando o seu fiel regulamento
e eficaz execução. 1.º) Disciplinar a discricionariedade administrativa
A doutrina não é unânime em relação ao uso da expressão Ocorre, tendo em vista a existência de discricionariedade
poder regulamentar. Isso acontece, por que há autores que, quando a lei confere ao agente público determinada quantidade de
assemelhando-se ao conceito anteriormente proposto, usam liberdade para o exercício da função administrativa. Tal quantidade
esta expressão somente para se referirem à faculdade de editar e margem de liberdade termina sendo reduzida quando da editação
regulamentos conferida aos Chefes do Executivo. Outros autores,
a usam com conceito mais amplo, acoplando também os atos

134
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

de um regulamento executivo que estipula regras de observância São, em resumo, atos normativos considerados secundários que
obrigatória, vindo a determinar a maneira como os agentes devem são editados pelo Chefe do Executivo com o fulcro de detalhar a
proceder no fiel cumprimento da lei. execução dos atos normativos primários elaborados pelas leis.
Ou seja, ao disciplinar por intermédio de regulamento Dando enfoque à subordinação dos regulamentos executivos
o exercício da discricionariedade administrativa, o Chefe do à lei, a Constituição Federal prevê a possibilidade de o Congresso
Poder Executivo, termina por voluntariamente limitá-la, vindo a Nacional sustá-los, caso exorbite do poder regulamentar nos
estabelecer autêntica autovinculação, diminuindo, desta forma, o parâmetros do art. 49, inc. V da CF/88. É o que a doutrina chama
espaço para a discussão de casos e fatos sem importância para a de “veto legislativo”, dentro de uma analogia com o veto que o
administração pública. Chefe do Executivo poderá apor aos projetos de lei aprovados pelo
Parlamento.
2.º) Uniformizar os critérios de aplicação da lei Pondera-se que a aproximação terminológica possui limitações,
É interpretada no contexto da primeira, posto que o uma vez que o veto propriamente dito do executivo, pode ocorrer
regulamento ao disciplinar a forma com que a lei deve ser fielmente em função de o Presidente da República entender que o projeto
cumprida, estipula os critérios a serem adotados nessa atividade, de lei é incompatível com a Constituição Federal, que configuraria
fato que impede variações significativas nos casos sujeitos à lei o veto jurídico, ou, ainda, contrário ao interesse público, que seria
aplicada. Exemplo: podemos citar o desenvolvimento dos servidores o veto político. Por sua vez, o veto legislativo só pode ocorrer
na carreira de Policial Rodoviário Federal. por exorbitância do poder regulamentar, sendo assim, sempre
Criadora da carreira de Policial Rodoviário Federal, a Lei jurídico. Melhor dizendo, não há como imaginar que o Parlamento
9.654/1998 estabeleceu suas classes e determinou que a investidura venha a sustar um decreto regulamentar por entendê-lo contrário
no cargo de Policial Rodoviário Federal teria que se dar no padrão ao interesse público, uma vez que tal norma somente deve
único da classe de Agente, na qual o titular deverá permanecer por detalhar como a lei ao ser elaborada pelo próprio Legislativo, será
pelo menos três anos ou até obter o direito à promoção à classe indubitavelmente cumprida. Destarte, se o Parlamento entende
subsequente, nos termos do art. 3.º, § 2.º. que o decreto editado dentro do poder regulamentar é contrário
A antiguidade e o merecimento são os principais requisitos ao interesse público, deverá, por sua vez, revogar a própria lei que
para que os servidores públicos sejam promovidos. No entanto, lhe dá o sustento.
o vocábulo “merecimento” é carregado de subjetivismo, fato que Ademais, lembremos que os regulamentos se submetem ao
abriria a possibilidade de que os responsáveis pela promoção dos controle de legalidade, de tal forma que a nulidade decorrente da
servidores, alegando discricionariedade, viessem a agir com base exorbitância do poder regulamentar também está passível de ser
em critérios obscuros e casuístas, vindo a promover perseguições reconhecida pelo Poder Judiciário ou pelo próprio Chefe do Poder
e privilégios. E é por esse motivo que existe a necessidade de Executivo no exercício da autotutela.
regulamentação dos requisitos de promoção, como demonstra o
próprio estatuto dos servidores públicos civis federais em seu art. – Regulamento independente ou autônomo
10, parágrafo único da Lei 8.112/1990. Ressalte-se que esta segunda espécie de regulamento, também
Com o fulcro de regulamentar a matéria, foi editado o Decreto adota a forma de decreto. Diversamente do regulamento executivo,
8.282/2014, que possui como atributo, detalhar os requisitos esse regulamento não se presta a detalhar uma lei, detendo o
e estabelecer os devidos critérios para promoção dos Policiais poder de inovar na ordem jurídica, da mesma maneira que uma
Rodoviários Federais, dentre os quais se encontra a obtenção de lei. O regulamento autônomo (decreto autônomo) é considerado
“resultado satisfatório na avaliação de desempenho no interstício ato normativo primário porque retira sua força exclusivamente e
considerado para a progressão”, disposta no art. 4.º, II, “b”. Da diretamente da Constituição.
mesma forma, a expressão “resultado satisfatório” também é A Carta Magna de 1988, em sua redação original, deletou a
eivada de subjetividade, motivo pelo qual o § 3.º do mesmo figura do decreto autônomo no direito brasileiro. No entanto, com
dispositivo regulamentar designou que para o efeito de promoção, a Emenda Constitucional 32/2001, a possibilidade foi novamente
seria considerado satisfatório o alcance de oitenta por cento das inserida na alínea a do inciso VI do art. 84 da CFB/88.
metas estipuladas em ato do dirigente máximo do órgão. Mesmo havendo controvérsias, a posição dominante na doutrina
Assim sendo, verificamos que a discricionariedade do é no sentido de que a única hipótese de regulamento autônomo que
dirigente máximo da PRF continua a existir, e o exemplo disso, é o direito brasileiro permite é a contida no mencionado dispositivo
o estabelecimento das metas. Entretanto, ela foi reduzida no constitucional, que estabelece a competência do Presidente da
condizente à avaliação da suficiência de desempenho dos servidores República para dispor, mediante decreto, sobre organização e
para o efeito de promoção. O que nos leva a afirmar ainda que, funcionamento da administração federal, isso, quando não implicar
diante da regulamentação, erigiu a existência de vinculação da em aumento de despesa nem mesmo criação ou extinção de órgãos
autoridade administrativa referente ao percentual considerado públicos.
satisfatório para o efeito de promoção dos servidores, critério que Por oportuno, registarmos que a autorização que está prevista
inclusive já foi uniformizado. na alínea b do mesmo dispositivo constitucional, para que o
Embora exista uma enorme importância em termos de Presidente da República, mediante decreto, possa extinguir cargos
praticidade, denota-se que os regulamentos de execução gozam públicos vagos, não se trata de caso de regulamento autônomo.
de hierarquia infralegal e não detém o poder de inovar na ordem Cuida-se de uma xucra hipótese de abandono do princípio do
jurídica, criando direitos ou obrigações, nem contrariando, paralelismo das formas. Isso por que em decorrência do princípio
ampliando ou restringindo as disposições da lei regulamentada. da hierarquia das normas, se um instituto jurídico for criado por

135
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

intermédio de determinada espécie normativa, sua extinção apenas De acordo com a doutrina tradicional, o legislador ordinário
poderá ser veiculada pelo mesmo tipo de ato, ou, ainda, por um de não poderá, fora dos casos previstos na Constituição, delegar de
superior hierarquia. forma integral a função de legislar que é típica do Poder Legislativo,
Nesse sentido, sendo os cargos públicos criados por lei, nos aos órgãos administrativos.
parâmetros do art. 48, inc. X da CFB/88, apenas a lei poderia Entretanto, em decorrência da complexidade das atividades
extingui-los pelo sistema do paralelismo das formas. Entretanto, técnicas da Administração, contemporaneamente, embora haja
deixando de lado essa premissa, o legislador constituinte derivado controvérsias em relação ao aspecto da constitucionalidade, a
permitiu que, estando vago o cargo público, a extinção aconteça doutrina maior tem aceitado que as competências para regular
por decreto. Poderíamos até dizer que foi autorizado um decreto determinadas matérias venham a ser transferidas pelo próprio
autônomo, mas nunca um regulamento autônomo, isso posto pelo legislador para órgãos administrativos técnicos. Cuida-se do
fato de tal decreto não gozar de generalidade e abstração, não fenômeno da deslegalização, por meio do qual a normatização sai
regulamentando determinada matéria. Cuida-se, nesse sentido, de da esfera da lei para a esfera do regulamento autorizado.
um ato de efeitos concretos, amplamente desprovido de natureza No entanto, o regulamento autorizado não se encontra limitado
regulamentar. somente a explicar, detalhar ou complementar a lei. Na verdade, ele
De forma diversa do decreto regulamentar ou regulamento busca a inovação do ordenamento jurídico ao criar normas técnicas
executivo, que é editado para minuciar a fiel execução da lei, não contidas na lei, ato que realiza em decorrência de expressa
destaca-se que o decreto autônomo ou regulamento independente, determinação legal.
encontra-se sujeito ao controle de constitucionalidade. O que Depreende-se que o regulamento autorizado não pode ser
justifica a mencionada diferenciação, é o fato de o conflito entre um confundido com o regulamento autônomo. Isso ocorre, porque,
decreto regulamentar e a lei que lhe atende de fundamento vir a ao passo que este último retira sua força jurídica da Constituição,
configurar ilegalidade, não cabendo o argumento de que o decreto aquele é amplamente dependente de expressa autorização contida
é inconstitucional porque exorbitou do poder regulamentar. na lei. Além disso, também se diverge do decreto de execução
Assim, havendo agressão direta à Constituição, a lei, com certeza porque, embora seja um ato normativo secundário que retira sua
pode ser considerada inconstitucional, mas não o decreto que a força jurídica da lei, detém o poder de inovar a ordem jurídica, ao
regulamenta. Agora, em se tratando do decreto autônomo, infere- contrário do que ocorre com este último no qual sua destinação é
se que este é norma primária, vindo a fundamentar-se no próprio apenas a de detalhar a lei para que seja fielmente executada.
texto constitucional, de forma a ser possível uma agressão direta Nos moldes da jurisprudência, não é admitida a edição de
à Constituição Federal de 1988, legitimando desta maneira, a regulamento autorizado para matéria reservada à lei, um exemplo
instauração de processo de controle de constitucionalidade. Assim disso é a criação de tributos ou da criação de tipos penais, tendo
sendo, podemos citar a lição do Supremo Tribunal Federal: em vista que afrontaria o princípio da separação dos Poderes, pelo
Com efeito, o que é necessário demonstrar, é que o decreto do fato de estar o Executivo substituindo a função do Poder Legislativo.
Chefe do Executivo advém de competência direta da Constituição, Entretanto, mesmo nos casos de inexistência de expressa
ou que retire seu fundamento da Carta Magna. Nessa sentido, caso determinação constitucional estabelecendo reserva legal, tem sido
o regulamento não se amolde ao figurino constitucional, caberá, por admitida a utilização de regulamentos autorizados, desde que a lei
conseguinte, análise de constitucionalidade pelo Supremo tribunal venha a os autorizar e estabeleça as condições, bem como os limites
Federal. Se assim não for, será apenas vício de inconstitucionalidade da matéria a ser regulamentada. É nesse sentido que eles têm sido
reflexa, afastando desta forma, o controle concentrado em ADI adotados com frequência para a fixação de normas técnicas, como
porque, como adverte Carlos Velloso: “é uma questão de opção. por exemplo, daquelas condições determinadas pelas agências
Hans Kelsen, no debate com Carl Schmitt, em 1929, deixou isso claro. reguladoras.
E o Supremo Tribunal fez essa opção também no controle difuso,
quando estabeleceu que não se conhece de inconstitucionalidade – Regulamentos jurídicos e regulamentos administrativos
indireta. Não há falar-se em inconstitucionalidade indireta reflexa. É A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma que é possível
uma opção da Corte para que não se realize o velho adágio: ‘muita fazer a distinção entre os regulamentos jurídicos ou normativos e
jurisdição, resulta em nenhuma jurisdição’” (ADI 2.387-0/DF, Rel. os regulamentos administrativos ou de organização.
Min. Marco Aurélio). Afirma-se que os regulamentos jurídicos ou normativos, criam
Em suma, conforme dito anteriormente, convém relembrar regras ou normas para o exterior da Administração Pública, que
que o art. 13, I, da Lei 9.784/1999 proíbe de forma expressa a passam a vincular todos os cidadãos de forma geral, como acontece
delegação de atos de caráter normativo. No entanto, com exceção com as normas inseridas no poder de polícia. No condizente aos
a essa regra, o decreto autônomo, diversamente do que acontece regulamentos administrativos ou de organização, denota-se que
com o decreto regulamentar que é indelegável, pode vir a ser estes estabelecem normas sobre a organização administrativa
objeto de delegação aos Ministros de Estado, ao Procurador Geral ou que se relacionam aos particulares que possuem um vínculo
da República e ao Advogado específico com o Estado, como por exemplo, os concessionários de
Geral da União, conforme previsão contida no parágrafo único serviços públicos ou que possuem um contrato com a Administração.
do art. 84 da Constituição Federal. De acordo com a ilustre professora, outra nota que merece
destaque em relação à distinção entre os mencionados institutos,
– Regulamento autorizado ou delegado é a de que os regulamentos jurídicos, pelo fato de se referirem à
Denota-se que além das espécies anteriores de regulamento liberdade e aos direitos dos particulares sem uma relação específica
apresentadas, a doutrina administrativista e jurista também com a Administração, são, por sua vez, elaborados com menor grau
menciona a respeito da existência do regulamento autorizado ou de discricionariedade em relação aos regulamentos administrativos.
delegado.

136
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Esquematicamente, temos: ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem que


haja prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente
Regulamentos jurídicos ou da paralisação, se for o caso, nos parâmetros do art. 1.º, § 1.º.
normativos Vale a pena mencionar com destaque que a prescrição da ação
Espécies de regulamento punitiva, no caso das sanções de polícia, se interrompe no decurso
quanto aos destinatários Regulamentos administrativos ou das seguintes hipóteses:
de organização A) Notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive por
meio de edital;
Poder de Polícia B) ocorrer qualquer ato inequívoco que importe apuração do
O poder de polícia é a legítima faculdade conferida ao Estado fato; pela decisão condenatória recorrível;
para estabelecer regras restritivas e condicionadoras do exercício de C)Por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação
direitos e garantias individuais, tendo sempre em vista o interesse expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da
público. Administração Pública Federal.

– Limites Registramos que a Lei em estudo, prevê a possibilidade de


No exercício do poder de polícia, os atos praticados, assim em determinadas situações específicas, quando o interessado
como todo ato administrativo, mesmo sendo discricionário, está interromper a prática ou sanar a irregularidade, que haja a
eivado de limitações legais em relação à competência, à forma, aos suspensão do prazo prescricional para aplicação das sanções de
fins, aos motivos ou ao objeto. polícia, nos parâmetros do art. 3.º.
Ressalta-se de antemão com ênfase, que para que o ato de Por fim, denota-se que as determinações contidas na Lei
polícia seja considerado legítimo, deve respeitar uma relação 9.873/1999 não se aplicam às infrações de natureza funcional e aos
de proporcionalidade existente entre os meios e os fins. Assim processos e procedimentos de natureza tributária, nos termos do
sendo, a medida de polícia não poderá ir além do necessário com art. 5º.
o fito de atingir a finalidade pública a que se destina. Imaginemos
por exemplo, a hipótese de um estabelecimento comercial que – Atributos
somente possuía licença do poder público para atuar como revenda Segundo a maior parte da doutrina, são atributos do poder
de roupas, mas que, além dessa atividade, funcionava como atelier de polícia: a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a
de costura. Caso os fiscais competentes, na constatação do fato, coercibilidade. Entretanto, vale explicitar que nem todas essas
viessem a interditar todo o estabelecimento, pondera-se que tal características estão presentes de forma simultânea em todos os
medida seria desproporcional, tendo em vista que, para por fim atos de polícia.
à irregularidade, seria suficiente somente interditar a parte da Vejamos detalhadamente a definição e atribuição de cada
revenda de roupas. atributo:
Acontece que em havendo eventuais atos de polícia que
estejam eivados de vícios de legalidade ou que se demonstrem — Discricionariedade
desproporcionais devem ser, por conseguinte, anulados pelo Consiste na liberdade de escolha da autoridade pública em
Poder Judiciário por meio do controle judicial, ou, pela própria relação à conveniência e oportunidade do exercício do poder de
administração no exercício da autotutela. polícia. Entretanto, mesmo que a discricionariedade dos atos de
polícia seja a regra, em determinadas situações o exercício do
– Prescrição poder de polícia é vinculado e por isso, não deixa margem para que
Determina a Lei 9.873/1999 que na Administração Pública a autoridade responsável possa executar qualquer tipo de opção.
Federal, direta e indireta, são prescritíveis em cinco anos a ação Como exemplo do mencionado no retro parágrafo,
punitiva para apuração da infração e a aplicação da sanção de comparemos os atos de concessão de alvará de licença e de
polícia, desde que contados da data da prática do ato ou, em se autorização, respectivamente. Em se tratando do caso do alvará
tratando de infração de forma permanente ou continuada, do dia de licença, depreende-se que o ato é vinculado, significando que
em que tiver cessado (art. 1.º). Entretanto, se o fato objeto da a licença não poderá ser negada quando o requerente estiver
ação punitiva da Administração também for considerado crime, a preenchendo os requisitos legais para sua obtenção. Diga-se de
prescrição deverá se reger pelo prazo previsto na lei penal em seu passagem, que isso ocorre com a licença para dirigir, para construir
art. 1.º, § 2.º. bem como para exercer certas profissões, como a de enfermagem,
por exemplo. Referente à hipótese de alvará de autorização, mesmo
Ademais, a Lei determina que prescreve em cinco anos a ação o requerente atendendo aos requisitos da lei, a Administração
de execução da administração pública federal relativa a crédito não Pública poderá ou não conceder a autorização, posto que esse ato
tributário advindo da aplicação de multa por infração à legislação é de natureza discricionária e está sujeito ao juízo de conveniência
em vigor, desde que devidamente contados da constituição e oportunidade da autoridade administrativa. É o que ocorre, por
definitiva do crédito, nos termos da Lei 9.873/1999, art. 1.º-A, com exemplo, coma autorização para porte de arma, bem como para a
sua redação incluída pela Lei 11.941/2009. produção de material bélico.
Denota-se que a mencionada norma prevê, ainda, a possibilidade
de prescrição intercorrente, ou seja, aquela que ocorre no curso — Autoexecutoriedade
do processo, quando o procedimento administrativo vir a ficar Nos sábios dizeres de Hely Lopes Meirelles, o atributo da
paralisado por mais de três anos, desde que pendente de despacho autoexecutoriedade consiste na “faculdade de a Administração
ou julgamento, tendo em vista que os autos serão arquivados de decidir e executar diretamente sua decisão por seus próprios meios,

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

sem intervenção do Judiciário”. Assim, se um estabelecimento comercial estiver comercializando bebidas deteriorados, o Poder Público
poderá usar do seu poder para apreendê-los e incinerá-los, sendo desnecessário haver qualquer ordem judicial. Ocorre, também, que tal
fato não impede ao particular, que se sentir prejudicado pelo excesso ou desvio de poder, de buscar o amparo do Poder Judiciário para
fazer cessar o ato de polícia abusivo.
Entretanto, denota-se que nem todas as medidas de polícia são dotadas de autoexecutoriedade. A doutrina majoritária afirma que a
autoexecutoriedade só pode existir em duas situações, sendo elas: quando estiver prevista expressamente em lei; ou mesmo não estando
prevista expressamente em lei, se houver situação de urgência que demande a execução direta da medida. O que infere que, não sendo
cumprido nenhum desses requisitos, o ato de polícia autoexecutado será considerado abusivo. Cite-se como exemplo, o de ato de polícia
que não contém autoexecutoriedade, como o caso de uma autuação por desrespeito à normas sanitárias. Nesse caso específico, se o
poder público tiver a pretensão de cobrar o mencionado valor, não poderá fazê-lo de forma direta, sendo necessário que promova a
execução judicial da dívida.
A renomada Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma que alguns autores dividem o atributo da autoexecutoriedade em dois,
sendo eles: a exigibilidade (privilège du préalable) e a executoriedade (privilège d’action d’office). Nesse diapasão, a exigibilidade ensejaria
a possibilidade de a Administração tomar decisões executórias, impondo obrigações aos administrados mesmo sem a concordância
destes, e a executoriedade, que consiste na faculdade de se executar de forma direta todas essas decisões sem que haja a necessidade
de intervenção do Poder Judiciário, usando-se, quando for preciso, do emprego direto da força pública. Imaginemos como exemplo, um
depósito antigo de carros que esteja ameaçado de desabar. Nessa situação específica, a Administração pode ordenar que o proprietário
promova a sua demolição (exigibilidade). E não sendo a ordem cumprida, a própria Administração possui o poder de mandar seus
servidores demolirem o imóvel (executoriedade).
Ainda, pelos ensinamentos da ilustre professora, ao passo que a exigibilidade se encontra relacionada com a aplicação de meios
indiretos de coação, como a aplicação de multa ou a impossibilidade de licenciamento de veículo enquanto não forem pagas as multas
de trânsito, a executoriedade irá se consubstanciar no uso de meios diretos de coação, como por exemplo dissolução de reunião, da
apreensão de mercadorias, da interdição de estabelecimento e da demolição de prédio.
Adverte-se, por fim, que a exigibilidade se encontra presente em todas as medidas de polícia, ao contrário da executoriedade, que
apenas se apresenta nas hipóteses previstas por meio de lei ou em situações de urgência.

— Coercibilidade
É um atributo do poder de polícia que faz com que o ato seja imposto ao particular, concordando este, ou não. Em outras termos, o
ato de polícia, como manifestação do ius imperi estatal, não está consignado à dependência da concordância do particular para que tenha
validade e seja eficaz. Além disso, a coercibilidade é indissociável da autoexecutoridade, e o ato de polícia só poderá ser autoexecutável
pelo fato de ser dotado de força coercitiva.
Assim sendo, a coercibilidade ou imperatividade, definida como a obrigatoriedade do ato para os seus destinatários, acaba se
confundindo com a definição dada de exigibilidade que resulta do desdobramento do atributo da autoexecutoriedade.

– Poder de polícia originário e poder de polícia delegado


Nos parâmetros doutrinários, o poder de polícia originário é aquele exercido pelos órgãos dos próprios entes federativos, tendo como
fundamento a própria repartição de competências materiais e legislativas constante na Constituição Federal Brasileira de 1988.
Referente ao poder de polícia delegado, afirma-se que este faz referência ao poder de polícia atribuído às pessoas de direito público
da Administração Indireta, posto que esta delegação deve ser feita por intermédio de lei do ente federativo que possua o poder de polícia
originário.
Como uma das mais claras manifestações do princípio segundo o qual o interesse público se sobrepõe ao interesse privado, no
exercício do poder de polícia, o Estado impõe aos particulares ações e omissões independentemente das suas vontades. Tal possibilidade
envolve exercício de atividade típica de Estado, com clara manifestação de potestade (poder de autoridade). Assim, estão presentes
características ínsitas ao regime jurídico de direito público, o que tem levado o STF a genericamente negar a possibilidade de delegação do
poder de polícia a pessoas jurídicas de direito privado, ainda que integrantes da administração indireta (ADI 1717/DF).
Esquematizando, temos:

ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA


Discricionariedade Autoexecutoriedade Coercibilidade
Liberdade de escolha da autoridade Faculdade de a Administração decidir e
pública em relação à conveniência e executar diretamente sua decisão por Faz com que o ato seja imposto ao particular,
oportunidade do exercício do poder de seus próprios meios, sem intervenção do concordando este, ou não.
polícia. Judiciário.

Uso e abuso de poder


De antemão, depreende-se que o exercício de poder acontece de forma legítima quando desempenhado pelo órgão competente,
desde que esteja nos limites da lei a ser aplicada, bem como em atendimento à consecução dos fins públicos.

138
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

No entanto, é possível que a autoridade, ao exercer o poder,


venha a ultrapassar os limites de sua competência ou o utilize para ORGANIZAÇÃO: CONCEITO E TIPOS DE ESTRUTURA
fins diversos do interesse público. Quando isto ocorre, afirma-se ORGANIZACIONAL
que houve abuso de poder. Ressalta-se que o abuso de poder ocorre
tanto por meio de um ato comissivo, quando é feita alguma coisa Organização
que não deveria ser feita, quanto por meio de um ato omissivo, por O Prof. Antonio C. A. Maximiano define organização como “um
meio do qual se deixa de fazer algo que deveria ser feito. sistema de recursos que procura realizar algum tipo de objetivo
Pode o abuso de poder se dividido em duas espécies, são elas: (ou conjunto de objetivos). Além de objetivos e recursos, as orga-
– Excesso de poder: Ocorre a partir do momento em que a nizações têm dois outros componentes importantes: processos de
autoridade atua extrapolando os limites da sua competência. transformação e divisão do trabalho” (2010, p.3).
– Desvio de poder ou desvio de finalidade: Ocorre quando a Maximiano explica:
autoridade vem a praticar um ato que é de sua competência, porém, • Objetivos – o principal é fornecer alguma combinação de
o utiliza para uma finalidade diferente da prevista ou contrária ao produtos e serviços, do qual decorrem outros objetivos, tais como
interesse público como um todo. satisfazer clientes, gerar lucros para sócios, gerar empregos, promo-
ver bem-estar social etc.
Convém mencionar que o ato praticado com abuso de poder
pode ser devidamente invalidado pela própria Administração por • Recursos – as pessoas são o principal recurso tangível das
intermédio da autotutela ou pelo Poder Judiciário, sob controle organizações; além dos recursos humanos são necessários recur-
judicial. sos materiais, recursos financeiros e recursos intangíveis (tempo,
conhecimentos, tecnologias).
Já quanto aos deveres da pessoa administradora pública, po- • Processos de transformação – os processos viabilizam o alcan-
demos citar: ce dos resultados, pois são um conjunto ou sequência de atividades
1. O dever de legalidade: agir de acordo com a legislação vigen- interligadas com início, meio e fim, combinando os recursos para
te, respeitando os princípios constitucionais e a moralidade admi- fornecer produtos ou serviços. É a estrutura de ação de um sistema,
nistrativa. sendo os mais importantes: processo de produção (transformação
2. O dever de eficiência: buscar a máxima eficiência na execu- de matérias-primas) e processo de administração de recursos
ção dos serviços públicos, garantindo qualidade, rapidez e econo- humanos (transformação de necessidades de mão-de-obra em
mia. pessoas capacitadas e motivadas para atuarem na organização).
3. O dever de transparência: disponibilizar informações e docu- • Divisão do trabalho – cada pessoa e cada grupo de pessoas
mentos de interesse público, de forma clara e acessível, promoven- são especializadas em tarefas necessárias ao alcance dos objetivos
do a participação e o controle social. da organização, sendo que a especialização faz superar limitações
4. O dever de imparcialidade: agir de forma imparcial, sem individuais. A soma das especializações de cada um produz sinergia,
discriminação ou favorecimento, assegurando a igualdade de trata- um resultado maior que o trabalho individual.
mento a todos os cidadãos.
5. O dever de prestação de contas: prestar contas de sua atu- Para Robbins, Decenzo e Wolter (2012, p.127), organização “é
ação à sociedade, aos órgãos de controle e aos superiores hierár- a ordenação e agrupamento de funções, alocação de recursos e
quicos, demonstrando a correta aplicação dos recursos públicos e a atribuição de trabalho em um departamento para que as atividades
efetividade das ações realizadas. possam ser realizadas conforme o planejado”.
6. O dever de probidade: agir com honestidade, integridade, Segundo Chiavenato (2009), a organização é um sistema de
moralidade e ética, evitando qualquer forma de corrupção, nepotis- atividades conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas,
mo, favorecimento indevido ou outras condutas antiéticas. que cooperam entre si, comunicando-se e participando em ações
7. O dever de respeito ao interesse público: priorizar o inte- conjuntas a fim de alcançarem um objetivo comum. Continua o
resse coletivo em detrimento do interesse pessoal ou de grupos, autor em uma abordagem mais ampla:
buscando sempre o bem-estar da sociedade como um todo. As organizações são unidades sociais (ou agrupamentos huma-
8. O dever de zelar pela sustentabilidade e pelo meio ambiente: nos) intencionalmente construídas e reconstruídas, a fim de atingir
adotar práticas e políticas que promovam a preservação dos recur- objetivos específicos. Isso significa que as organizações são constru-
sos naturais, a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento ídas de maneira planejada e elaboradas para atingir determinados
sustentável. objetivos. Elas também são reconstruídas, isto é, reestruturadas e
9. O dever de promover a democracia e a participação cidadã: redefinidas, na medida em que os objetivos são atingidos ou que se
garantir a participação dos cidadãos nas decisões públicas, estimu- descobrem meios melhores para atingi-los com menor custo e me-
lando a transparência, a publicidade e a accountability na gestão nor esforço. Uma organização nunca constitui uma unidade pronta
pública. e acabada, mas um organismo social vivo e sujeito a constantes
10. O dever de capacitação e aperfeiçoamento constante: in- mudanças (CHIAVENATO, 2009, p.12-13).
vestir na qualificação dos servidores e na melhoria dos processos Uma organização é a coordenação de diferentes atividades de
administrativos, visando aprimorar a eficiência e a qualidade dos contribuintes individuais com a finalidade de efetuar transações
serviços prestados à população. planejadas com o ambiente. Esse conceito utiliza a noção tradicio-
nal de divisão de trabalho ao se referir às diferentes atividades e
à coordenação existente na organização e aos recursos humanos
como participantes ativos dos destinos dessa organização.

139
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

No que se refere à importância econômica e social, a organi- É estabelecido através da estrutura organizacional o desenvol-
zação permite o emprego dos fatores de produção (terra, capital, vimento das atividades da organização, adaptando toda e qualquer
trabalho, tecnologia etc.) para satisfazer necessidades humanas de alteração ou mudança dentro da organização, porém essa estrutura
modo racional e sustentável, uma vez que os bens são escassos e as pode não ser estabelecida unicamente, deve-se estar pronta para
necessidades são ilimitadas. qualquer transformação.
Com a transformação de recursos em produtos e serviços, a Essa estrutura é dividida em duas formas, estrutura informal
sociedade se beneficia com a geração de renda, empregos, tributos, e estrutura formal, a estrutura informal é estável e está sujeita a
infra-estrutura, serviços públicos e o equilíbrio do mercado. controle, porém a estrutura formal é instável e não está sujeita a
controle.
Quanto aos tipos de organização, as organizações podem ser
públicas ou privadas; com fins econômicos (lucrativos) ou não. • Tipos de departamentalização
Como pessoas jurídicas, sua tipologia segue o Código Civil (Lei É uma forma de sistematização da estrutura organizacional,
10.406, de 2002): visa agrupar atividades que possuem uma mesma linha de ação
• Pessoas jurídicas de direito público interno – União, Estados, com o objetivo de melhorar a eficiência operacional da empresa.
Distrito Federal, Territórios, Municípios, autarquias (inclusive as Assim, a organização junta recursos, unidades e pessoas que te-
associações públicas) e demais entidades de caráter público criadas nham esse ponto em comum.
por lei (art. 41); Quando tratamos sobre organogramas, entramos em conceitos
• Pessoas jurídicas de direito público externo – Estados estran- de divisão do trabalho no sentido vertical, ou seja, ligado aos níveis
geiros e todas as pessoas regidas pelo direito internacional público de autoridade e hierarquia existentes. Quando falamos sobre de-
(art. 42); partamentalização tratamos da especialização horizontal, que tem
• Pessoas jurídicas de direito privado – associações, socieda- relação com a divisão e variedade de tarefas.
des, fundações, organizações religiosas e partidos políticos (art. 44).
Destas, somente as sociedades possuem fins econômicos. • Departamentalização funcional ou por funções: É a forma
Funções organizacionais são as tarefas especializadas que mais utilizada dentre as formas de departamentalização, se tratan-
ocorrem nos processos da organização, resultando em produtos e do do agrupamento feito sob uma lógica de identidade de funções
serviços. De acordo com Maximiano, as funções mais importantes e semelhança de tarefas, sempre pensando na especialização, agru-
são: pando conforme as diferentes funções organizacionais, tais como
• Operações – também chamada de produção, é a responsável financeira, marketing, pessoal, dentre outras.
pelo fornecimento do produto ou serviço, por meio da transforma- Vantagens: especialização das pessoas na função, facilitando a
ção dos recursos. cooperação técnica; economia de escala e produtividade, mais indi-
• Marketing – seu objetivo básico é estabelecer e manter a cada para ambientes estáveis.
ligação entre a organização e seus clientes, consumidores, usuários Desvantagens: falta de sinergia entre os diferentes departa-
ou público-alvo, realizando atividades de desenvolvimento de pro- mentos e uma visão limitada do ambiente organizacional como um
dutos, definição de preços, propaganda e vendas etc. É uma função todo, com cada departamento estando focado apenas nos seus pró-
que ocorre tanto em organizações lucrativas como naquelas que prios objetivos e problemas.
não visam lucro em suas operações.
• Finanças – responsável pelo dinheiro da organização, busca • Por clientes ou clientela: Este tipo de departamentalização
a proteção e a utilização eficaz dos recursos financeiros, inclusive ocorre em função dos diferentes tipos de clientes que a organização
a maximização do lucro quando se trata de empresas. Preocupa- possui. Justificando-se assim, quando há necessidades heterogêne-
-se com a liquidez para saldar obrigações da organização e abrange as entre os diversos públicos da organização. Por exemplo (loja de
financiamento (busca de recursos financeiros), investimento (apli- roupas): departamento masculino, departamento feminino, depar-
cação), controle do desempenho financeiro e destinação dos resul- tamento infantil.
tados. Vantagem: facilitar a flexibilidade no atendimento às de-
• Recursos humanos – também chamada de gestão de pessoas, mandas específicas de cada nicho de clientes.
busca encontrar, atrair e manter as pessoas de que a organização Desvantagens: dificuldade de coordenação com os objetivos
necessita, envolvendo atividades anteriores à contratação do fun- globais da organização e multiplicação de funções semelhantes
cionário e posteriores ao seu desligamento, tais como: planejamen- nos diferentes departamentos, prejudicando a eficiência, além
to de mão-de-obra, recrutamento e seleção, treinamento, avaliação de poder gerar uma disputa entre as chefias de cada departa-
de desempenho e remuneração etc. mento diferente, por cada uma querer maiores benefícios ao
• Pesquisa e Desenvolvimento – busca transformar as informa- seu tipo de cliente.
ções de marketing, as ideias originais e os avanços da ciência em
produtos e serviços. Identifica e introduz novas tecnologias, bem • Por processos: Resume-se em agregar as atividades da orga-
como melhora os processos produtivos para redução de custos. nização nos processos mais importantes para a organização. Sendo
assim, busca ganhar eficiência e agilidade na produção de produ-
• Estrutura organizacional tos/serviços, evitando o desperdício de recursos na produção orga-
A estrutura organizacional na administração é classificada nizacional. É muito utilizada em linhas de produção.
como o conjunto de ordenações, ou conjunto de responsabilida- Vantagem: facilita o emprego de tecnologia, das máquinas e
des, sejam elas de autoridade, das comunicações e das decisões equipamentos, do conhecimento e da mão-de-obra e possibilita um
de uma organização ou empresa. melhor arranjo físico e disposição racional dos recursos, aumentan-
do a eficiência e ganhos em produtividade.

140
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

• Departamentalização por produtos: A organização se es- Porém, não há consenso na literatura se a departamentali-
trutura em torno de seus diferentes tipos de produtos ou ser- zação matricial de fato é um critério de departamentalização, ou
viços. Justificando-se quando a organização possui uma gama um tipo de estrutura organizacional.
muito variada de produtos que utilizem tecnologias bem diver-
sas entre si, ou mesmo que tenham especificidades na forma de Desvantagens: filiais, ou projetos, possuírem grande auto-
escoamento da produção ou na prestação de cada serviço. nomia para realizar seu trabalho, dificultando o processo admi-
Vantagem: facilitar a coordenação entre os departamentos nistrativo geral da empresa. Além disso, a dupla subordinação a
envolvidos em um determinado nicho de produto ou serviço, que os empregados são submetidos pode gerar ambiguidade de
possibilitando maior inovação na produção. decisões e dificuldade de coordenação.
Desvantagem: a “pulverização” de especialistas ao longo da
organização, dificultando a coordenação entre eles. • Organização formal e informal
Organização formal trata-se de uma organização onde duas
• Departamentalização geográfica: Ou departamentalização ou mais pessoas se reúnem para atingir um objetivo comum com
territorial, trata-se de critério de departamentalização em que um relacionamento legal e oficial. A organização é liderada pela
a empresa se estabelece em diferentes pontos do país ou do alta administração e tem um conjunto de regras e regulamentos
mundo, alocando recursos, esforços e produtos conforme a de- a seguir. O principal objetivo da organização é atingir as metas
manda da região. estabelecidas. Como resultado, o trabalho é atribuído a cada
Aqui, pensando em uma organização Multinacional, pressu- indivíduo com base em suas capacidades. Em outras palavras,
pondo-se que há uma filial em Israel e outra no Brasil. Obvia- existe uma cadeia de comando com uma hierarquia organizacio-
mente, os interesses, hábitos e costumes de cada povo justifica- nal e as autoridades são delegadas para fazer o trabalho.
rão que cada filial tenha suas especificidades, exatamente para Além disso, a hierarquia organizacional determina a relação
atender a cada povo. Assim, percebemos que, dentro de cada lógica de autoridade da organização formal e a cadeia de coman-
filial nacional, poderão existir subdivisões, para atender às dife- do determina quem segue as ordens. A comunicação entre os
rentes regiões de cada país, com seus costumes e desejos. Como dois membros é apenas por meio de canais planejados.
cada filial estará estabelecida em uma determinada região geo-
gráfica e as filiais estarão focadas em atender ao público dessa Tipos de estruturas de organização formal:
região. Logo, provavelmente haverá dificuldade em conciliar os — Organização de Linha
interesses de cada filial geográfica com os objetivos gerais da — Organização de linha e equipe
empresa. — Organização funcional
— Organização de Gerenciamento de Projetos
• Departamentalização por projetos: Os departamentos são — Organização Matricial
criados e os recursos alocados em cada projeto da organização.
Exemplo (construtora): pode dividir sua organização em torno Organização informal refere-se a uma estrutura social inter-
das construções “A”, “B” e “C”. Aqui, cada projeto tende a ter ligada que rege como as pessoas trabalham juntas na vida real. É
grande autonomia, o que viabiliza a melhor consecução dos ob- possível formar organizações informais dentro das organizações.
jetivos de cada projeto. Além disso, esta organização consiste em compreensão mútua,
Vantagem: grande flexibilidade, facilita a execução do pro- ajuda e amizade entre os membros devido ao relacionamento
jeto e proporciona melhores resultados. interpessoal que constroem entre si. Normas sociais, conexões
Desvantagem: as equipes perdem a visão da empresa como e interações governam o relacionamento entre os membros, ao
um todo, focando apenas no seu projeto, duplicação de estru- contrário da organização formal.
turas (sugando mais recursos), e insegurança nos empregados Embora os membros de uma organização informal tenham
sobre sua continuidade ou não na empresa quando o projeto no responsabilidades oficiais, é mais provável que eles se relacio-
qual estão alocados se findar. nem com seus próprios valores e interesses pessoais sem dis-
criminação.
• Departamentalização matricial A estrutura de uma organização informal é plana. Além dis-
Também é chamada de organização em grade, e é uma mis- so, as decisões são tomadas por todos os membros de forma co-
tura da departamentalização funcional (mais verticalizada), com letiva. A unidade é a melhor característica de uma organização
uma outra mais horizontalizada, que geralmente é a por proje- informal, pois há confiança entre os membros. Além disso, não
tos. existem regras e regulamentos rígidos dentro das organizações
Nesse contexto, há sempre autoridade dupla ou dual, por informais; regras e regulamentos são responsivos e adaptáveis​​
responder ao comando da linha funcional e ao gerente da ho- às mudanças.
rizontal. Assim, há a matricial forte, a fraca e a equilibrada ou Ambos os conceitos de organização estão inter-relaciona-
balanceada: dos. Existem muitas organizações informais dentro de organiza-
• Forte – aqui, o responsável pelo projeto tem mais autori- ções formais, portanto, eles são mutuamente exclusivos.
dade;
• Fraca – aqui, o gerente funcional tem mais autoridade;
• Equilibrada ou Balanceada – predomina o equilíbrio entre
os gerentes de projeto e funcional.

141
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

NOÇÕES DE ARQUIVAMENTO E PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS

A arquivística é uma ciência que estuda as funções do arquivo, e também os princípios e técnicas a serem observados durante
a atuação de um arquivista sobre os arquivos e, tem por objetivo, gerenciar todas as informações que possam ser registradas em
documentos de arquivos.

A Lei nº 8.159/91 (dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e entidades privadas e dá outras providências) nos dá
sobre arquivo:
“Consideram-se arquivos, para os fins desta lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, insti-
tuições de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física,
qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos.”

Á título de conhecimento segue algumas outras definições de arquivo.


“Designação genérica de um conjunto de documentos produzidos e recebidos por uma pessoa física ou jurídica, pública ou pri-
vada, caracterizado pela natureza orgânica de sua acumulação e conservado por essas pessoas ou por seus sucessores, para fins de
prova ou informação”, CONARQ.
“É o conjunto de documentos oficialmente produzidos e recebidos por um governo, organização ou firma, no decorrer de suas
atividades, arquivados e conservados por si e seus sucessores para efeitos futuros”, Solon Buck (Souza, 1950) (citado por PAES, Ma-
rilena Leite, 1986).
“É a acumulação ordenada dos documentos, em sua maioria textuais, criados por uma instituição ou pessoa, no curso de sua
atividade, e preservados para a consecução dos seus objetivos, visando à utilidade que poderão oferecer no futuro.” (PAES, Marilena
Leite, 1986).

De acordo com uma das acepções existentes para arquivos, esse também pode designar local físico designado para conservar
o acervo.
A arquivística está embasada em princípios que a diferencia de outras ciências documentais existentes.
Vejamos:

O princípio de proveniência nos remete a um conceito muito importante aos arquivistas: o Fundo de Arquivo, que se caracteriza como
um conjunto de documentos de qualquer natureza – isto é, independentemente da sua idade, suporte, modo de produção, utilização e
conteúdo– reunidos automática e organicamente –ou seja, acumulados por um processo natural que decorre da própria atividade da ins-
tituição–, criados e/ou acumulados e utilizados por uma pessoa física, jurídica ou poruma família no exercício das suas atividades ou das
suas funções.
Esse Fundo de Arquivo possui duas classificações a se destacar.
Fundo Fechado – quando a instituição foi extinta e não produz mais documentos estamos.
Fundo Aberto - quando a instituição continua a produzir documentos que se vão reunindo no seu arquivo.

142
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Temos ainda outros aspectos relevantes ao arquivo, que por alguns autores, podem ser classificados como princípios e por outros,
como qualidades ou aspectos simplesmente, mas que, independente da classificação conceitual adotada, são relevantes no estudo da
arquivologia. São eles:
- Territorialidade: arquivos devem ser conservados o mais próximo possível do local que o gerou ou que influenciou sua produção.
- Imparcialidade: Os documentos administrativos são meios de ação e relativos a determinadas funções. Sua imparcialidade explica-se
pelo fato de que são relativos a determinadas funções; caso contrário, os procedimentos aos quais os documentos se referem não funcio-
narão, não terão validade. Os documentos arquivísticos retratam com fidelidade os fatos e atos que atestam.
- Autenticidade: Um documento autêntico é aquele que se mantém da mesma forma como foi produzido e, portanto, apresenta o
mesmo grau de confiabilidade que tinha no momento de sua produção.

Por finalidade a arquivística visa servir de fonte de consulta, tornando possível a circulação de informação registrada, guardada e pre-
servada sob cuidados da Administração, garantida sua veracidade.
Costumeiramente ocorre uma confusão entre Arquivo e outros dois conceitos relacionados à Ciência da Informação, que são a Bi-
blioteca e o Museu, talvez pelo fato desses também manterem ali conteúdo guardados e conservados, porém, frisa-se que trata-se de
conceitos distintos.
O quadro abaixo demonstra bem essas distinções:

Arquivos Públicos
Segundo a Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, art.7º, Capítulo II:
“Os arquivos públicos são os conjuntos de documentos produzidos e recebidos, no exercício de suas atividades, por órgãos públicos
de âmbito federal, estadual, do distrito federal e municipal, em decorrência de suas funções administrativas, legislativas e judiciárias”.
Igualmente importante, os dois parágrafos do mesmo artigo diz:
“§ 1º São também públicos os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por instituições de caráter público, por entidades
privadas encarregadas da gestão de serviços públicos no exercício de suas atividades.
§ 2º A cessação de atividades de instituições públicas e de caráter público implica o recolhimento de sua documentação à institui-
ção arquivística pública ou a sua transferência à instituição sucessora.»
Todos os documentos produzidos e/ou recebidos por órgãos públicos ou entidades privadas (revestidas de caráter público – mediante
delegação de serviços públicos) são considerados arquivos públicos, independentemente da esfera de governo.

Arquivos Privados
De acordo com a mesma Lei citada acima:
“Consideram-se arquivos privados os conjuntos de documentos produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou jurídicas, em decor-
rência de suas atividades.”
Para elucidar possíveis dúvidas na definição do referido artigo, a pessoa jurídica a qual o enunciado se refere diz respeito à pessoa
jurídica de direito privado, não se confundindo, portanto, com pessoa jurídica de direito público, pois os órgãos que compõe a adminis-
tração indireta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, são também pessoas jurídicas, destituídas de poder político e dotadas de
personalidade jurídica própria, porém, de direito público.

143
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Exemplos: Separar as correspondências de caráter ostensivo das de cará-


• Institucional: Igrejas, clubes, associações, etc. ter sigiloso, encaminhado as de caráter sigiloso aos seus respectivos
• Pessoais: fotos de família, cartas, originais de trabalhos, etc. destinatários;
• Comercial: companhias, empresas, etc. Tomar conhecimento das correspondências de caráter ostensi-
A arquivística é desenvolvida pelo arquivista, profissional com vos por meio da leitura, requisitando a existência de antecedentes,
formação em arquivologia ou experiência reconhecida pelo Estado. se existirem;
Ele pode trabalhar em instituições públicas ou privadas, centros de Classificar o documento de acordo com o método da institui-
documentação, arquivos privados ou públicos, instituições culturais ção, carimbando-o em seguida;
etc. Elaborar um resumo e encaminhar os documentos ao proto-
Ao arquivista compete gerenciar a informação, cuidar da ges- colo.
tão documental, conservação, preservação e disseminação da infor- Preparar a ficha de protocolo, em duas vias, anexando a segun-
mação contida nos documentos, assim como pela preservação do da via da ficha ao documento;
patrimônio documental de um pessoa (física ou jurídica), institução Rearquivar as fichas de procedência e assunto, agora com os
e, em última instância, da sociedade como um todo. dados das fichas de protocolo;
Também é função do arquivista recuperar informações ou ela- Arquivar as fichas de protocolo.
borar instrumentos de pesquisas arquivisticas.1 A tramitação de um documento dentro de uma instituição de-
pende diretamente se as etapas anteriores foram feitas da forma
Protocolo correta. Se feitas, fica mais fácil, com o auxílio do protocolo, saber
Protocolo: recebimento, registro, distribuição, tramitação e ex- sua exata localização, seus dados principais, como data de entra-
pedição de documentos. da, setores por que já passou, enfim, acompanhar o desenrolar de
Para que todo esse processo acima seja desenvolvido é neces- suas funções dentro da instituição. Isso agiliza as ações dentro da
sário trabalhar com a gestão de documentos, que nada mais é que instituição, acelerando assim, processos que anteriormente encon-
um conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à travam dificuldades, como a não localização de documentos, não se
sua produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase podendo assim, usá-los no sentido de valor probatório, por exem-
corrente e intermediária, visando a sua eliminação ou recolhimento plo.
para a guarda permanente. Após cumprirem suas respectivas funções, os documentos de-
Protocolo é a denominação geralmente atribuída a setores en- vem ter seu destino decidido, seja este a sua eliminação ou reco-
carregados do recebimento, registro, distribuição e movimentação lhimento. É nesta etapa que a expedição de documentos torna-se
dos documentos em curso. É de conhecimento comum o grande importante, pois por meio dela, fica mais fácil fazer uma avaliação
avanço que a humanidade teve nos últimos anos, avanços esses que do documento, podendo-se assim decidir de uma forma mais confi-
contribuíram para o aumento da produção de documentos. Cabe ável, o destino do documento. Dentre as recomendações com rela-
ressaltar que tal aumento teve sua importância para a área da ar- ção à expedição de documentos, destacam-se:
quivística, no sentido de ter despertado nas pessoas a importância Receber a correspondência, verificando a falta de anexos e
dos arquivos. Entretanto, seja por descaso ou mesmo por falta de completando dados;
conhecimento, a acumulação de massas documentais desnecessá- Separar as cópias, expedindo o original;
rias foi um problema que foi surgindo. Essas massas acabam por Encaminhar as cópias ao Arquivo.
inviabilizar que os arquivos cumpram suas funções fundamentais. É importante citar que essas rotinas são apenas sugestões, afi-
Para tentar sanar esse e outros problemas, que é recomendável o nal, cada instituição desenvolverá os processos próprios, no entan-
uso de um sistema de protocolo. to, a aplicação dessas rotinas inquestionavelmente facilita todo o
processo de protocolo e arquivo.
É sabido que durante a sua tramitação, os arquivos correntes
podem exercer funções de protocolo (recebimento, registro, distri- Classificação de Documentos de Arquivo
buição, movimentação e expedição de documentos), daí a deno-
minação comum de alguns órgãos como Protocolo e Arquivo. No Os principais Sistemas ou Tipos de classificação utilizados em
entanto, pode acontecer de as pessoas que lidam com o recebimen- arquivos são:
to de documentos não saberem, ou mesmo não serem orientadas • Classificação Alfabética
sobre como proceder para que o documento cumpra a sua função • Classificação Numérica
na instituição. • Classificação Alfa-numérica
Como alternativa para essa questão, sistemas de base de dados • Classificação Cronológica
podem ser utilizados, de forma que se faça o registro dos documen- • Classificação Geográfica
tos assim que eles cheguem às repartições. • Classificação Ideológica
Algumas rotinas devem ser adotadas no registro documental, • Classificação Decimal
afim de que não se perca o controle, bem como administrar proble- • Classificação Decimal Universal (CDU)
mas que facilmente poderiam ser destaca-se: • Classificação Automática
Receber as correspondências, separando as de caráter oficial
da de caráter particular, distribuindo as de caráter particular a seus A indexação é a operação que consiste em descrever e caracte-
destinatários. rizar um documento com o auxilio de representações dos conceitos
contidos nesses documentos, isto é, em transcrever para lingua-
gem documental os conceitos depois de terem sido extraídos dos
1Adaptado de George Melo Rodrigues

144
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

documentos por meio de uma análise dos mesmos. A indexação • Características dos instrumentos de indexação utilizados;
permite uma pesquisa eficaz das informações contidas no acervo • Características do indexador:
documental.
A indexação conduz ao registro dos conceitos contidos num do- • Pessoais: objetividade, imparcialidade, espírito de análise,
cumento de uma forma organizada e facilmente acessível, median- capacidade de síntese, desenvolvimento intelectual, sociabilidade,
te a constituição de instrumentos de pesquisa documental como cultura geral, cultura específica e outras.
índices e catálogos alfabéticos de matérias. A informação contida • Profissionais: conhecimento técnicos que permitam decisões
num documento é representada por um conjunto de conceitos ou acertadas, conhecimentos profundos acerca do sistema de indexa-
combinações de conceitos. ção em que está integrado.

A indexação processa-se em duas fases: Plano de Classificação


Reconhecimento dos conceitos que contêm informação: O objetivo primordial de uma eficaz estruturação dos arquivos
• Apreensão do conteúdo total do documento; consiste na criação de condições para a recuperação da informação
• Identificação dos conceitos que representam esse conteúdo; de forma rápida, segura e eficaz. Por esta razão, se deve estabelecer
• Seleção dos conceitos necessários para uma pesquisa pos- no início de funcionamento de um arquivo, o plano de classificação
terior. ou plano do arquivo.
O conceito de classificação e o respectivo sistema classificativo
Representação dos conceitos em linguagem documental com o a ser adotado, são de uma importância decisiva na elaboração de
auxílio dos instrumentos de indexação: um plano de classificação que permita um bom funcionamento do
• Servem ao indexador para indexar o documento; arquivo. É uma tarefa muito importante, primordial, difícil e morosa
• Servem ao utilizador para recuperar a informação; e deve ser elaborada com o máximo cuidado de forma a não se
• Contribuem para a uniformidade e consistência da indexação; cometerem erros que se repercutirão na estrutura e bom funciona-
mento do arquivo.
Nos arquivos e centros, ou serviços de documentação, utili- Um bom plano de classificação deve possuir as seguintes ca-
zam-se, normalmente, a indexação coordenada e a indexação por racterísticas:
temas. • Satisfazer as necessidades práticas do serviço, adotando
critérios que potenciem a resolução dos problemas. Quanto mais
Os parâmetros a ter em conta para realizar tarefa de indexação simples forem as regras de classificação adotadas, tanto melhor se
são efetuará a ordenação da documentação;
a) Exaustividade • A sua construção deve estar de acordo com as atribuições do
• Todos os assuntos (conceitos) de que trata o documento es- organismo (divisão de competências) ou em última análise, focando
tão representados na indexação; a estrutura das entidades de onde provém a correspondência;
• Não existe seleção de termos. Especificidade. • Deverá ter em conta a evolução futura das atribuições do ser-
• A descrição do conteúdo traduz, o mais próximo possível, a viço deixando espaço livre para novas inclusões;
informação que o documento contém; • Ser revista periodicamente, corrigindo os erros ou classifica-
• Não se utilizam termos de indexação demasiados genéricos ções mal efetuadas, e promover a sua atualização sempre que se
ou demasiado específicos, relativamente aos conceitos expressos entender conveniente.
no documento.
b) Uniformidade A função da gestão de documentos e arquivos nos sistemas na-
• É um parâmetro muito importante ligado a qualidade da in- cionais de informação, segundo o qual um programa geral de ges-
dexação; tão de documentos, para alcançar economia e eficácia, envolve as
• Procura anular a sinonímia (palavras de significação idêntica seguintes fases:
ou parecida, mas não tem o mesmo valor e emprego), representan- - produção: concepção e gestão de formulários, preparação e
do para um mesmo conceito a escolha de um mesmo termo; gestão de correspondência, gestão de informes e diretrizes, fomen-
• Utiliza, sempre que possível, termos de estrutura idêntica to de sistemas de gestão da informação e aplicação de tecnologias
para a representação de conceitos análogos. modernas a esses processos;
- utilização e conservação: criação e melhoramento dos sis-
c) Coerência temas de arquivos e de recuperação de dados, gestão de correio
• Aplicação dos mesmos princípios e critérios de escolha para a e telecomunicações, seleção e uso de equipamento reprográfico,
resolução de casos análogos, implicando uma uniformidade intrín- análise de sistemas, produção e manutenção de programas de do-
seca ao próprio sistema. cumentos vitais e uso de automação e reprografia nestes processos;
- destinação: a identificação e descrição das séries documen-
d) Pertinência tais, estabelecimento de programas de avaliação e destinação de
• A indexação deve ser feita sempre em função do utilizador. documentos, arquivamento intermediário, eliminação e recolhi-
mento dos documentos de valor permanente às instituições arqui-
e) Eficácia vísticas.
• Capacidade de um sistema de informação recuperar a infor-
mação relevante, nele armazenada de uma forma eficaz e com o mí- O código de classificação de documentos de arquivo é um ins-
nimo de custo. A qualidade num processo de indexação é influen- trumento de trabalho utilizado para classificar todo e qualquer do-
ciada pelos seguintes parâmetros: cumento produzido ou recebido por um órgão no exercício de suas

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

funções e atividades. A classificação por assuntos é utilizada com estabelecer prazos de guarda com vista à eliminação e, consequen-
o objetivo de agrupar os documentos sob um mesmo tema, como temente, à redução do volume documental e racionalização do es-
forma de agilizar sua recuperação e facilitar as tarefas arquivísticas paço físico.
relacionadas com a avaliação, seleção, eliminação, transferência, A metodologia adotada à época envolveu pesquisas na legisla-
recolhimento e acesso a esses documentos, uma vez que o traba- ção que regula a prescrição de documentos administrativos, e en-
lho arquivístico é realizado com base no conteúdo do documento, trevistas com historiadores e servidores responsáveis pela execução
o qual reflete a atividade que o gerou e determina o uso da infor- das atividades nos órgãos públicos, que forneceram as informações
mação nele contida. A classificação define, portanto, a organização relativas aos valores primário e secundário dos documentos, isto
física dos documentos arquivados, constituindo-se em referencial é, ao seu potencial de uso para fins administrativos e de pesqui-
básico para sua recuperação. sa, respectivamente. Concluídos os trabalhos, ainda que restrito à
No código de classificação, as funções, atividades, espécies e documentação já depositada no arquivo intermediário do Arquivo
tipos documentais genericamente denominados assuntos, encon- Nacional, foi constituída, em 1993, uma Comissão Interna de Ava-
tram-se hierarquicamente distribuídos de acordo com as funções e liação que referendou os prazos de guarda e destinação propostos.
atividades desempenhadas pelo órgão. Em outras palavras, os as- Com o objetivo de elaborar uma tabela de temporalidade para
suntos recebem códigos numéricos, os quais refletem a hierarquia documentos da então Secretaria de Planejamento, Orçamento e
funcional do órgão, definida através de classes, subclasses, grupos e Coordenação (SEPLAN), foi criado, em 1993, um grupo de trabalho
subgrupos, partindo-se sempre do geral para o particular. composto por técnicos do Arquivo Nacional e daquela secretaria,
A classificação deve ser realizada por servidores treinados, de cujos resultados, relativos às atividade-meio, serviriam de subsí-
acordo com as seguintes operações. dio ao estabelecimento de prazos de guarda e destinação para os
a) ESTUDO: consiste na leitura de cada documento, a fim de documentos da administração pública federal. A tabela, elaborada
verificar sob que assunto deverá ser classificado e quais as referên- com base nas experiências já desenvolvidas pelos dois órgãos, foi
cias cruzadas que lhe corresponderão. A referência cruzada é um encaminhada, em 1994, à Direção Geral do Arquivo Nacional para
mecanismo adotado quando o conteúdo do documento se refere a aprovação.
dois ou mais assuntos. Com a instalação do Conselho Nacional de Arquivos (Conarq),
b) CODIFICAÇÃO: consiste na atribuição do código correspon- em novembro de 1994, foi criada, dentre outras, a Câmara Técnica
dente ao assunto de que trata o documento. de Avaliação de Documentos (Ctad) para dar suporte às atividades
do conselho. Sua primeira tarefa foi analisar e discutir a tabela de
Rotinas correspondentes às operações de classificação temporalidade elaborada pelo grupo de trabalho Arquivo Nacional/
1. Receber o documento para classificação; SEPLAN, com o objetivo de torná-la aplicável também aos docu-
2. Ler o documento, identificando o assunto principal e o(s) se- mentos produzidos pelos órgãos públicos nas esferas estadual e
cundário(s) de acordo com seu conteúdo; municipal, servindo como orientação a todos os órgãos participan-
3. Localizar o(s) assunto(s) no Código de classificação de docu- tes do Sistema Nacional de Arquivos (Sinar).
mentos de arquivo, utilizando o índice, quando necessário; O modelo ora apresentado constitui-se em instrumento básico
4. Anotar o código na primeira folha do documento; para elaboração de tabelas referentes às atividade-meio do serviço
5. Preencher a(s) folha(s) de referência, para os assuntos se- público, podendo ser adaptado de acordo com os conjuntos docu-
cundários. mentais produzidos e recebidos. Vale ressaltar que a aplicação da
tabela deverá estar condicionada à aprovação por instituição arqui-
A avaliação constitui-se em atividade essencial do ciclo de vida vística pública na sua específica esfera de competência.
documental arquivístico, na medida em que define quais documen-
tos serão preservados para fins administrativos ou de pesquisa e em No dicionário, o significado de rotina significa: “sequência de
que momento poderão ser eliminados ou destinados aos arquivos in- procedimentos, dos costumes habituais; modo como se realiza al-
termediário e permanente, segundo o valor e o potencial de uso que guma coisa, sempre da mesma forma; que se faz todos os dias”.
apresentam para a administração que os gerou e para a sociedade. Em nosso entendimento, rotina de trabalho é a sequência das
Os primeiros atos legais destinados a disciplinar a avaliação de atividades profissionais que realizamos diariamente. Não somente
documentos no serviço público datam do final do século passado, a sequência que compõe a rotina, mas também a forma que reali-
em países da Europa, nos Estados Unidos e no Canadá. No Brasil, a zamos essas atividades.
preocupação com a avaliação de documentos públicos não é recen- Se definimos bem uma rotina de trabalho evitamos o acúmulo
te, mas o primeiro passo para sua regulamentação ocorreu efetiva- de tarefas, atrasos no cumprimento de prazos e outros contratem-
mente com a lei federal nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que em pos que podem surgir quando não existe uma programação a ser
seu artigo 9º dispõe que “a eliminação de documentos produzidos seguida.
por instituições públicas e de caráter público será realizada median- Mas é bom ter em mente que a rotina deve ser flexibilizada,
te autorização de instituição arquivística pública, na sua específica atender as demandas mais urgentes. Devemos sempre ter em men-
esfera de competência”. te as prioridades de cada momento e assim dar ênfase as mesmas.
O Arquivo Nacional publicou em 1985 manual técnico sob o Uma rotina de trabalho muito rígida, faz com que os colaboradores
título Orientação para avaliação e arquivamento intermediário em fiquem insatisfeitos, justamente por não terem flexibilidade de fa-
arquivos públicos, do qual constam diretrizes gerais para a realiza- zer ajustes em casos de imprevisto ou quando necessário.
ção da avaliação e para a elaboração de tabelas de temporalida-
de. Em 1986, iniciaram-se as primeiras atividades de avaliação dos
acervos de caráter intermediário sob a guarda da então Divisão de
Pré-Arquivo do Arquivo Nacional, desta vez com a preocupação de

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Não existe uma fórmula exata, para se criar uma boa rotina Centros de documentação ou informação: é um órgão/insti-
de trabalho. Ela pode variar de acordo com a empresa, o setor, o tuição/serviço que busca juntar, armazenar, classificar, selecionar e
cargo, ou se o trabalho é realizado em home office. Alguns pontos disseminar informação das mais diversas naturezas, incluindo aque-
devem ser levados em consideração para uma boa otimização de las próprias da biblioteconomia, da arquivística, dos museus e da
sua rotina: informática.
– Mantenha um padrão nos processos;
– Defina projetos e metas; Princípios
– Categorize as rotinas operacionais (semelhança e/ou afinida- A arquivologia possui uma série de princípios fundamentais
des); para o seu funcionamento. São eles:
– Monitore o desempenho;
– Divida as atividades de acordo com as prioridades; • Princípio da proveniência, respeito aos fundos ou método
– Delegue tarefas; histórico: fundo é um conjunto de documentos de uma mesma pro-
– Use ferramentas para gerenciar a rotina de trabalho; veniência. Eles podem ser fundos abertos ou fechados.
– Defina seu horário de trabalho. Fundo aberto é aquele ao qual podem ser acrescentados novos
documentos em função do fato de a entidade produtora continuar
Tenha em mente que o planejamento é a palavra chave para em atividade.
uma boa rotina de trabalho. Fundo fechado é aquele que não recebe acréscimo de docu-
mentos, uma vez que a entidade produtora não se encontra mais
Arquivologia em atividade. Porém, ele pode continuar recebendo acréscimo de
Conceitos documentos desde que seja proveniente da mesma entidade pro-
Segundo o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, dutora de quando a organização estava funcionando.
temos quatro definições para o termo arquivologia:
1. Conjunto de documentos produzidos e acumulados por uma • Princípio da indivisibilidade ou integridade arquivística: é
entidade coletiva, pública ou privada, pessoa ou família, no desem- necessário manter a integridade do arquivo, sem dispersar, mutilar,
penho de suas atividades, independentemente da natureza do su- alienar, destruir sem autorização ou adicionar documento indevido.
porte.
2. Instituição ou serviço que tem por finalidade a custódia, o • Princípio do respeito à ordem original, ordem primitiva ou
processamento técnico, a conservação e o acesso a documentos. “santidade” da ordem original: o arquivo deve conservar o arranjo
3. Instalações onde funcionam arquivos. dado por quem o produziu, seja uma entidade coletiva, pessoa ou
4. Móvel destinado à guarda de documentos. família. Ou seja, ele deve ser colocado no seu lugar de origem den-
tro do fundo de onde provém.
Podemos entender ela como um conjunto de princípios, nor-
mas, técnicas e procedimentos para gerenciar as informações no • Princípio da Organicidade: é o princípio que possibilita a
processo de produção, organização, processamento, guarda, utili- diferenciação entre documentos de arquivo e outros documentos
zação, identificação, preservação e uso de documentos de arquivos. existentes no ambiente organizacional.
• Um arquivo é o conjunto de documentos produzidos e acu-
mulados por uma entidade coletiva, pública e privada, pessoa ou • Princípio da Unicidade: independentemente de forma, gê-
família, no desempenho de suas atividades, independentemente da nero, tipo ou suporte, os documentos de arquivo conservam seu
natureza do suporte. caráter único, em função do contexto em que foram produzidos.
• Um documento é o registro de informações, independente
da natureza do suporte que a contém. • Princípio da cumulatividade ou naturalidade: seus registros
• Já informação é um “elemento referencial, noção, ideia ou são formados de maneira progressiva, natural e orgânica em função
mensagem contidos num documento. do desempenho natural das atividades da organização, família ou
O suporte é o meio física, aquela que o contém o documento, pessoa, por produção e recebimento, e não de maneira artificial.
podendo ser: papel; pen-drive; película fotográfica; microfilme; CD;
DVD; entre outros. • Princípio da reversibilidade: todo procedimento ou trata-
mento aplicado aos arquivos poderá, necessariamente, ser rever-
Outros conceitos importantes de se ter claro na mente: tido, caso seja necessário. Para se evitar a desintegração ou perda
Arquivos: órgãos que recolhem naturalmente os documentos de unidade do fundo.
de arquivo, que são acumulados organicamente pela entidade, de
forma ordenada, preservando-os para a consecução dos objetivos • Princípios da inalienabilidade e imprescritibilidade: aplicado
funcionais, legais e administrativos, tendo em conta sua utilidade ao setor público, estabelecendo que a transferência de propriedade
futura. dos arquivos públicos a terceiros é proibida; e que o direito público
Bibliotecas: reúnem documentos de biblioteca, que são mate- sobre os seus arquivos não prescreve com o tempo.
riais ordenados para estudo, pesquisa e consulta.
Museus: colecionam documentos (bidimensionais e/ou tridi- • Princípio da universalidade: implica ao arquivista uma abor-
mensionais) de museu, que são criações artísticas ou culturais de dagem mais geral sobre a gestão dos documentos de arquivo antes
uma civilização ou comunidade, possuindo utilidade cultural, de in- que ele possa se aprofundar em maiores detalhes sobre cada natu-
formação, educação e entretenimento. reza documental.

147
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

• Princípio da proveniência territorial/territorialidade: es- trativas, que estes estão sujeitos se não cumprirem a legislação em
tabelece que os documentos deverão ser arquivados no território vigor ou ainda, se destruírem documentos de valor permanente ou
onde foram produzidos. de interesse público e social.
A Gestão de Documentos no âmbito da administração pública
• Princípio da pertinência territorial: afirma que os documen- atua na elaboração dos planos de classificação dos documentos,
tos deverão ser arquivados no local de sua pertinência, e não de TTD (Tabela Temporalidade Documental) e comissão permanente
sua acumulação. de avaliação. Desta forma é assegurado o acesso rápido à informa-
ção e preservação dos documentos.
Através da gestão de documentos podemos fazer um correto
arquivamento. Ela surgiu a partir da necessidade das organizações Tabela de Temporalidade
em gerenciar a informação que se encontrava desestruturada, vi- A tabela de temporalidade deverá contemplar as atividade-
sando facilitar o acesso ao conhecimento explícito da corporação. -meio e atividades-fim de cada órgão público. Desta forma, caberá
Pode ser considerada como um conjunto de soluções utilizadas aos mesmos definir a temporalidade e destinação dos documentos
para assegurar a produção, administração, manutenção e destina- relativos às suas atividades específicas, complementando a tabela
ção dos documentos possibilitando fornecer e recuperar as infor- básica. Posteriormente, esta deverá ser encaminhada à instituição
mações contidas nos documentos de uma maneira conveniente. arquivística pública para aprovação e divulgação, por meio de ato
(SANTOS, 2002). legal que lhe confira legitimidade.
A tabela de temporalidade é um instrumento arquivístico re-
No Brasil, a gestão documental é regulamentada na Lei nº sultante de avaliação, que tem por objetivos definir prazos de guar-
8.159/91 que “Dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos da e destinação de documentos, com vista a garantir o acesso à
e privados e dá outras providências”. informação a quantos dela necessitem. Sua estrutura básica deve
necessariamente contemplar os conjuntos documentais produzidos
Administrar, organizar e gerenciar a informação é, hoje, uma e recebidos por uma instituição no exercício de suas atividades, os
preocupação entre as empresas e entidades públicas e privadas de prazos de guarda nas fases corrente e intermediária, a destinação
pequeno, médio e grande porte de diversos segmentos, que encon- final – eliminação ou guarda permanente, além de um campo para
tram na Tecnologia da Gestão de Documentos uma poderosa aliada observações necessárias à sua compreensão e aplicação.
para a tomada de decisões e um facilitador para a gestão de suas
atividades. Apresentam-se a seguir diretrizes para a correta utilização do
A Gestão de Documentos é também um caminho seguro, rápi- instrumento:
do e eficiente para as empresas se destacarem dos seus concorren-
tes e conquistarem certificações. 1. Assunto: Neste campo são apresentados os conjuntos do-
A Gestão de Documentos contribui no processo de Acreditação cumentais produzidos e recebidos, hierarquicamente distribuídos
e Certificação ISO, porque assegura que a informação produzida e de acordo com as funções e atividades desempenhadas pela ins-
utilizada será bem gerenciada, garantindo a confidencialidade e a tituição. Para possibilitar melhor identificação do conteúdo da in-
rastreabilidade das informações, além de proporcionar benefícios formação, foram empregadas funções, atividades, espécies e tipos
como: racionalização dos espaços de guarda de documentos, efi- documentais, genericamente denominados assuntos, agrupados
ciência e rapidez no desenvolvimento das atividades diárias e o segundo um código de classificação, cujos conjuntos constituem o
controle do documento desde o momento de sua produção até a referencial para o arquivamento dos documentos.
destinação final. Como instrumento auxiliar, pode ser utilizado o índice, que
Com relação à Acreditação, a Gestão de Documentos é fator contém os conjuntos documentais ordenados alfabeticamente para
determinante também para cumprir a Resolução 1.639/2002, do agilizar a sua localização na tabela.
Conselho Federal de Medicina, onde é definido que os prontuários
médicos são de guarda definitiva e, portanto, não podem ser des- 2. Prazos de guarda: Referem-se ao tempo necessário para arqui-
cartados sem o devido planejamento de como garantir a preserva- vamento dos documentos nas fases corrente e intermediária, visan-
ção das informações. do atender exclusivamente às necessidades da administração que os
Administrar e gerenciar documentos, a partir de conceitos da gerou, mencionado, preferencialmente, em anos. Excepcionalmente,
Gestão Documental, proporciona às empresas privadas e entidades pode ser expresso a partir de uma ação concreta que deverá neces-
públicas maior controle sobre as informações que produzem e re- sariamente ocorrer em relação a um determinado conjunto docu-
cebem. mental. Entretanto, deve ser objetivo e direto na definição da ação
A implantação da Gestão de Documentos associada ao uso ade- – exemplos: até aprovação das contas; até homologação da aposen-
quado da microfilmagem e das tecnologias do GED (Gerenciamento tadoria; e até quitação da dívida. O prazo estabelecido para a fase
Eletrônico de Documentos) deve ser efetiva visando à garantia no corrente relaciona-se ao período em que o documento é frequen-
processo de atualização da documentação, interrupção no processo temente consultado, exigindo sua permanência junto às unidades
de deterioração dos documentos e na eliminação do risco de perda organizacionais. A fase intermediária relaciona-se ao período em que
do acervo, através de backup ou pela utilização de sistemas que o documento ainda é necessário à administração, porém com menor
permitam acesso à informação pela internet e intranet. frequência de uso, podendo ser transferido para depósito em outro
A eficiente gestão dos arquivos públicos municipais contribui local, embora à disposição desta.
para uma melhor administração dos recursos das cidades e municí- A realidade arquivística no Brasil aponta para variadas formas
pios, além de resguardar os mesmos de penalidades civis e adminis- de concentração dos arquivos, seja ao nível da administração (fa-
ses corrente e intermediária), seja no âmbito dos arquivos públicos

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

(permanentes ou históricos). Assim, a distribuição dos prazos de Assim começou a escrita. Na sua essência. Isto nada mais é do
guarda nas fases corrente e intermediária foi definida a partir das que registrar e guardar. Por sua vez, no seu sentido mais simples,
seguintes variáveis: guardar é arquivar.
I – Órgãos que possuem arquivo central e contam com serviços Por muito tempo reinou uma completa confusão sobre o ver-
de arquivamento intermediário: dadeiro sentido da biblioteca, museu e arquivo. Indiscutivelmente,
Para os órgãos federais, estaduais e municipais que se enqua- por anos e anos, estas instituições tiveram mais ou menos o mesmo
dram nesta variável, há necessidade de redistribuição dos prazos, objetivo. Eram elas depósitos de tudo o que se produzira a mente
considerando-se as características de cada fase, desde que o prazo humana, isto é, do resultado do trabalho intelectual e espiritual do
total de guarda não seja alterado, de forma a contemplar os seguin- homem.
tes setores arquivísticos: O arquivo, quando bem organizado, transmite ordens, evita re-
- arquivo setorial (fase corrente, que corresponde ao arquivo petição desnecessárias de experiências, diminui a duplicidade de
da unidade organizacional); documentos, revela o que está por ser feito, o que já foi feito e os
- arquivo central (fase intermediária I, que corresponde ao se- resultados obtidos. Constitui fonte de pesquisa para todos os ramos
tor de arquivo geral/central da instituição); administrativos e auxilia o administrador a tomada de decisões.
- arquivo intermediário (fase intermediária II, que corresponde
ao depósito de arquivamento intermediário, geralmente subordi- Um arquivo são coleções de documentos criados e acumulados
nado à instituição arquivística pública nas esferas federal, estadual por entidades coletivas. público ou privado indivíduos ou famílias
e municipal). durante as atividades independentemente da natureza da mídia.
II – Órgãos que possuem arquivo central e não contam com
serviços de arquivamento intermediário: Nos órgãos situados nesta — Código de Classificação de Documentos de Arquivo
variável, as unidades organizacionais são responsáveis pelo arquiva- É tido como principal instrumento para a classificação dos
mento corrente e o arquivo central funciona como arquivo interme- documentos no Arquivo Corrente ou na massa documental. A
diário, obedecendo aos prazos previstos para esta fase e efetuando ordem estabelecida é baseada no agrupamento de documentos de
o recolhimento ao arquivo permanente. um mesmo tema, com a preocupação de agilizar o recolhimento,
III – Órgãos que não possuem arquivo central e contam com transferência e o acesso ao documento.
serviços de arquivamento intermediário: Nesta variável, as unida- Para a administração pública federal o modo de classificação
des organizacionais também funcionam como arquivo corrente, adotado foi o Método de Classificação Decimal (técnica de Melvil
transferindo os documentos – depois de cessado o prazo previsto Dewey). As dez principias são representadas por números inteiros
para esta fase – para o arquivo intermediário, que promoverá o re- com três algarismos: Classe 100; Classe 200; Classe 300; Classe 400;
colhimento ao arquivo permanente. Classe 500; Classe 600; Classe 700; Classe 800; Classe 900.
IV – Órgãos que não possuem arquivo central nem contam com Essas classes podem ser divididas em subclasses, que podem
serviços de arquivamento intermediário: ser divididas em grupo, que podem ser divididas em subgrupos. Os
Quanto aos órgãos situados nesta variável, as unidades organi- números sempre estarão se submetendo a uma subordinação ao
zacionais são igualmente responsáveis pelo arquivamento corrente, anterior. Vejamos:
ficando a guarda intermediária a cargo das mesmas ou do arquivo Classe 000
público, o qual deverá assumir tais funções. Subclasse 010
Grupo 012
3. Destinação final: Neste campo é registrada a destinação es- Subgrupo 012.11
tabelecida que pode ser a eliminação, quando o documento não
apresenta valor secundário (probatório ou informativo) ou a guarda Neste plano de Classificação, estão atribuídas às classes 000
permanente, quando as informações contidas no documento são e 900 as respectivas disciplinas: Administração Geral e Diversos.
consideradas importantes para fins de prova, informação e pesquisa. Apesar dessas definições essas duas classes podem mudar no
A guarda permanente será sempre nas instituições arquivís- contexto de subclasses, grupos e subgrupos. Mudanças que podem
ticas públicas (Arquivo Nacional e arquivos públicos estaduais, do aumentar ou diminuir informações. Essas duas classes estão
Distrito Federal e municipais), responsáveis pela preservação dos incluídas no modelo do esquema de classificação. Porque, segundo
documentos e pelo acesso às informações neles contidas. Outras os criadores dessas classes, essas são as duas classes comuns para
instituições poderão manter seus arquivos permanentes, seguindo todas as atividades de suporte organizacional. As restantes turmas
orientação técnica dos arquivos públicos, garantindo o intercâmbio estão abertas na sequência de eventos documentais administrados
de informações sobre os respectivos acervos. pela organização.

4. Observações: Neste campo são registradas informações Aplicação do Código de Classificação de Documentos de
complementares e justificativas, necessárias à correta aplicação da Arquivo
tabela. Incluem-se, ainda, orientações quanto à alteração do supor- A classificação é um importante processo de gestão de
te da informação e aspectos elucidativos quanto à destinação dos documentos em arquivos, pois a classificação faz parte da eficiência,
documentos, segundo a particularidade dos conjuntos documen- controle e agilidade da gestão da informação. Duas etapas
tais avaliados. caracterizam a aplicação do Código de Classificação: Classificação
A necessidade de comunicação é tão antiga como a formação e Arquivamento.
da sociedade humana, o homem, talvez na ânsia de se perpetuar,
teve sempre a preocupação de registrar suas observações, seu pen-
samento, para os legar às gerações futuras.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

a) Classificação A tabela de temporalidade é uma forma de gerenciar o fluxo


Primeiro, este procedimento deve ser executado por servidor de documentos em cada etapa. Na fase atual, o valor principal é
treinado e capaz. O processo de classificação é lento porque cada o importante. Na fase intermediária, o valor primário perde sua
documento deve ser lidado para aplicar o código de classificação importância e seu valor secundário é investigado e é dado um
(ESTUDO). Quando as informações se referem a dois ou mais período de guarda (para possível investigação). depois é eliminado
tópicos um mecanismo conhecido como referência cruzada é usado ou colocado em custódia permanente (quando é verificado o
em documentos de referência. Esta folha é colocada na pasta ou seu valor secundário). Com base nesses princípios, a Tabela de
pastas onde a referência é menor e por isso o documento vai ocupar Temporalidade estabelece por quanto tempo o documento deve
o lugar onde é de maior importância. A codificação é importante permanecer na fase corrente e intermediária ou se será alienado
durante a categorização pois revisa os códigos usados ​​e os corrobora ou colocado em custódia definitiva.
registrando o código na primeira página do documento.
Normas
b) Arquivamento (Caro(a) candidato(a) os arquivos das normas são extensivos e
Uma vez classificado o documento este deve ser encaminhado não tem como serem resumidos, por isso não colocamos os mesmos
ao seu destino: processamento ou expedição final. A finalidade em nosso material. Sugerimos para aprofundamento do seu estudo,
do arquivo é preservar a ordem estabelecida pelos códigos a leitura das normas.)
aplicados na fase de classificação (Princípio da ascendência para – ISAD(G) – Norma Geral Internacional de Descrição Arquivís-
agilizar o arquivo. Uma característica fundamental do processo de tica
arquivamento é a questão do uso do espaço (praticamente todos – ISAAR(CPF) – Norma Internacional de Registo de Autoridade
os arquivos modernos sofrem com isso). Assim, neste processo, Arquivística para Pessoas Coletivas, Pessoas Singulares e Famílias
interessa-nos saber se existem réplicas ou documentos que falem – ISDF – Norma Internacional para a Descrição de Funções
sobre o mesmo assunto enviado para reciclagem. – ISDIAH – Norma Internacional para Instituições com Acervo
Arquivístico.
Temporalidade e Destinação de Documentos de Arquivo da
Atividades-Meio da Administração Pública Sistema “é o conjunto de princípios coordenados entre si, de
Na necessidade de tomar providências que determinam a modo que concorram para um determinado fim”. Paes (2005) ensi-
atitude a ser tomada com os documentos em relação à conservação, na que os métodos de arquivamento podem ser divididos em duas
destinação intermediária ou permanente de acordo com o valor classes:
secundário que figuram para a sociedade é necessária a elaboração
de uma Tabela Temporária.

a) Disposição da Tabela de Temporalidade


Em sua estrutura básica são encontrados os prazos de guarda
na fase corrente e intermediária, e sua destinação final além de
observações para maior entendimento.

b) Elaboração da Tabela de Temporalidade


O Princípio das Três Idades é fundamental, pois ele rege
toda a vida da informação, atendendo as necessidades da Tabela
de Temporalidade. Para a determinação do caráter primário ou
secundário é necessário a verificação se a informação tem caráter
administrativo ou probatório/informativo, respectivamente.
Em seguida vem a formação de uma Comissão Permanente de
Avaliação. Essa Comissão levantará dados sobre as atividades
desenvolvidas pela Administração Geral e suas subsidiárias afim
de determinar o melhor período de tempo que documento dever
permanecer em cada fase.

c) Aplicação da Tabela de Temporalidade


Os usuários da tabela de temporalidade têm orientações e No sistema direto buscamos os documentos diretamente onde
explicações dentro da própria tabela. A principal preocupação na estão localizados, sem o auxílio de instrumentos de pesquisa. Den-
aplicação de um cronograma é verificar a propriedade firme dos tro desse sistema temos os métodos de arquivamento:
materiais de arquivo. Esta é a principal mudança pela qual o arquivo - Alfabético: organização dos documentos feita palavra por pa-
está trespassando hoje. lavra e letra por letra. Devemos observar as regras de alfabetação
A utilização da tabela fica comprometida porque muitos para a utilização desse método.
arquivos não possuem um arquivista de nível superior, ou seja, - Geográfico: a utilização deste método é tomada quando a po-
um responsável que não possui curso, muitas vezes é incompatível lítica de arquivo define como primordial para organização dos docu-
com o uso do plano de Classificação, ou a aplicação da tabela de mentos é a procedência local do mesmo.
Temporalidade, violando a ênfase do arquivo: a organicidade. Método de Arquivamento

150
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

CLASSIFICAÇÃO POR MÉTODO GEOGRÁFICO – Nomes compostos de um substantivo e um adjetivo ou liga-


ASSUNTO dos por hífen não se separam.
EXEMPLO:
Brasília Heitor Villa Lobos
PATRIMÔNIO Rio de Janeiro Elza Campo Verde
Teobaldo Casa Grande
São Paulo
ARQUIVAM- SE:
MÉTODO ALFABÉTICO 1º CAMPO VERDE, Elza
Aguiar, Celso 2º CASA GRANDE, Teobaldo
3º VILLA LOBOS, Heitor
PESSOAL - ADMISSÃO Borges, Francisco
Cardoso Jurandir – Os nomes com SANTA, SANTO ou SÃO seguem a regra dos
Castro, Lúcia nomes formados de um adjetivo e um substantivo.
EXEMPLO:
MÉTODO (SECUNDÁRIO) Vera Maria São Gonçalo
CRONOLÓGICO Carmem Santo Antônio
DEMISSÃO - FOLHAS DE Jan. a jul. de 1980 Maria da Paz Santa Cruz
PAGAMENTO ARQUIVAM- SE:
Ago. a dez. 1980
1º SANTA CRUZ, Maria da Paz
Jan. a jul 1981 2º SANTO ANTÔNIO, Carmem
3º SÃO GONÇALO, Vera Maria
- Correspondência com outros países: alfabeta-se em primeiro
lugar o país, seguido da capital e do correspondente. As demais ci- – As iniciais abreviativas de prenomes têm precedência na clas-
dades serão alfabetadas em ordem alfabética, após as respectivas sificação de nomes iguais.
capitais dos países a que se referem. EXEMPLO:
Moacir Moreira
Regras de alfabetação2 Moisés Moreira
As seguintes as regras de alfabetação obedecem ao seguinte: M. Moreira
O arquivamento de NOMES obedece a algumas regras, deno- ARQUIVAM- SE:
minadas Regras de Alfabetação, que são as seguintes: 1º MOREIRA, M.
2º MOREIRA, Moacir
- Nos nomes individuais considera-se, primeiramente, o último 3º MOREIRA, Moisés
nome e depois o prenome.
EXEMPLO: – As partículas tais como de, d’, da, do, e, não são consideradas.
Miguel Soares Brito EXEMPLO:
Cláudia Regina Vieira Virgínia Souza e Silva
Ivo Pereira da Paz Heloísa R. do Amparo
ARQUIVAM- SE: Regina Viana d’Almeida
1º BRITO, Miguel Soares ARQUIVAM- SE:
2º PAZ, Ivo Pereira da ALMEIDA, Regina Viana d’
3º VIEIRA, Cláudia Regina AMPARO, Heloísa R. do
SILVA, Virgínia Souza e
– Quando houver sobrenomes iguais, prevalece a ordem alfa-
bética do prenome. – Os nomes que exprimem grau de parentesco, como: FILHO,
EXEMPLO: JUNIOR, NETO, SOBRINHO, são considerados parte integrante do úl-
Hermínia Ferreira timo sobrenome, mas não são considerados na alfabetação.
Ana Lúcia Ferreira EXEMPLO:
Mauro Ferreira André Luís Silva Júnior
ARQUIVAM- SE: Marcos Soares Filho
1º FERREIRA, Ana Lúcia Amaury Reis Serafim Filho
2º FERREIRA, Hermínia ARQUIVAM-SE:
3º FERREIRA, Mauro SERAFIM FILHO, Amaury Reis
SILVA JUNIOR, André Luís
SOARES FILHO, Marcos

– Os títulos são colocados no fim, entre parênteses.


EXEMPLO:
Maj Int Sérgio F. Brito
Ministro Moreira Lima Pe. Antônio Vieira
2 Fonte: Centro de Documentação e Histórico da Aeronáutica ARQUIVAM-SE:

151
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

BRITO, Sérgio F. (Maj Int) – Os nomes de instituições e órgãos governamentais em portu-


LIMA, Moreira (Ministro) guês, consideram-se como se apresentam.
VIEIRA, Antônio (Pe.) EXEMPLO:
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
– Os nomes estrangeiros comuns são considerados pelo sobre- Banco do Brasil
nome, salvo nos casos de nomes espanhóis e orientais. Companhia Estadual de Água e Esgoto
EXEMPLO: ARQUIVAM-SE:
John E. Bingham BANCO do Brasil
George Mac Donald COMPANHIA Estadual de Água e Esgoto
William Outhwaite EMPRESA Brasileira de Correios e Telégrafos
ARQUIVAM- SE:
BINGHAM, John E. – Os nomes de instituições ou órgãos de países estrangeiros
MAC DONALD, George devem ser precedidos pelo nome do país.
OUTHWAITE, William EXEMPLO:
Public Record Office
– As partículas dos nomes estrangeiros podem ou não ser con- Editorial Hispano Europea, S.A
sideradas. O mais comum é considera-la como parte integrante do United State Air Force
nome, principalmente quando escritas em letra maiúscula. ARQUIVAM-SE:
EXEMPLO: ESPANHA Editorial
Francisco Di Cavalcanti Hispano Europea, S.A
Lilian Cruz D’Almada ESTADOS UNIDOS United
Maria Luiza O’Hara State Air Force
ARQUIVAM- SE: INGLATERRA Public
1º D’ALMADA, Lilian Cruz Record Office
2º DI CAVALCANTI, Francisco
3º O’HARA, Maria Luiza – Nos títulos de congressos, seminários, conferências, assem-
bleias, reuniões e outros eventos. Os números arábicos, romanos
– Os nomes espanhóis são registrados pelo penúltimo sobreno- ou escritos por extenso, deverão aparecer no fim, entre parênteses.
me, que corresponde ao sobrenome da família do pai. EXEMPLO:
EXEMPLO: 1º Seminário sobre Medicina Aeroespacial
Angel Del Arco Y Molinero VII Congresso Brasileiro de Arquivologia
Juan Garcia Vasques Quarta Assembleia de Diretores Lojistas
Antonio de los Rios ARQUIVAM- SE:
ARQUIVAM-SE: ASSEMBLEIA de Diretores Lojistas (Quarta)
1º ARCO Y MOLINERO, Agel Del CONGRESSO Brasileiro de Arquivologia (VII)
3º RIOS, Antonio de los SEMINÁRIO sobre Medicina Aeroespacial (1º)
2º GARCIA VASQUES, Juan
Estas regras podem ser alteradas para melhor adaptarem-se à
– Os nomes orientais japoneses, chineses, árabes e outros são empresa, instituição, firma, órgão, desde que o critério escolhido
arquivados como se apresentam. seja uniforme para toda a empresa, e que sejam feitas remissivas*
EXEMPLO: para serem evitadas dúvidas futuras.
Li Yutang ex.: Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A.
Adib Hassib ver EMBRAER
Al BenHur
ARQUIVAM-SE: Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária
Adib Hassib ver INFRAERO
Al BenHur
Li Yutang Centro de Documentação e Histórico da Aeronáutica
ver CENDOC
– Os nomes de firmas e empresas devem ser considerados tais
como se apresentam. No sistema indireto, para recuperarmos os documentos de que
EXEMPLO: necessitamos, temos de nos valer de instrumento (s) de pesquisa
Transportadora Americana Ltda (s), como índices e catálogos, os principais métodos deste sistema
Sapataria Dengo e Denga S/A são:
Rezende Barros & Cia – Numérico: pode ser cronológico, simples ou digital. Precisa-
ARQUIVAM-SE: -se de uma espécie sumário ou índice para que possamos recuperar
REZENDE BARROS & CIA o documento. Tal método só deve ser utilizado para quantidade pe-
SAPATARIA DENGO e DENGA S/A quena de documentos.
TRANSPORTADORA AMERICANA LTDA

152
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

– Por assunto: método muito utilizado para tratar de grandes CONARQ


massas de documentos. Este método requer, obrigatoriamente, a O Conselho Nacional de Arquivos é um órgão colegiado, vin-
elaboração de um alfabético remissivo, além de uma grande espe- culado ao Arquivo Nacional, criado pelo art. 26 da Lei 8159, de 8
cialização do arquivista para atribuir os devidos termos (descrito- de Janeiro de 1991, que dispõe da Política Nacional de Arquivos e
res) aos respectivos documentos. regulamentado pelo decreto n.º 1173 de 19 de Junho de 1994, al-
terado pelo decreto n.º 1491, de 25 de Abril de 1995, que tem por
A função primordial dos arquivos é disponibilizar as informa- finalidade:
ções contidas nos documentos para a tomada de decisão e com- I - Definir a Política Nacional de Arquivos Públicos e Privados;
provação de direitos e obrigações, o que só se efetivará se os do- II - Exercer a orientação normativa visando à Gestão Documen-
cumentos estiverem corretamente classificados e devidamente tal e à proteção especial aos documentos de arquivo.
guardados.
Dentre as competências delegadas ao órgão, destacam-se as
– Variadex: Segundo PAES (2002), a Remington Rand concebeu seguintes:
o método variadex, introduzindo as cores como elementos auxilia- — Definir normas gerais e estabelecer diretrizes para o pleno
res para facilitar não só o arquivamento, como a localização de do- funcionamento do SINAR. Visando à Gestão, à preservação e ao
cumentos. Nesse método, trabalha-se com uma chave constituída acesso aos documentos do arquivo;
de cinco cores. — Promover o inter-relacionamento de arquivos público de
privados com vistas ao intercâmbio e à integração sistêmica das ati-
LETRAS CORES vidades arquivísticas;
— Zelar pelo cumprimento dos dispositivos constitucionais e
A, B, C, D e abreviações Ouro legai que preservam o funcionamento e acesso aos arquivos pú-
E, F, G, H e abreviações Rosa blicos;
— Estimular programas de preservação e gestão de documen-
I, J, K, L, M, N e abreviações Verde
tos produzido (orgânicos) e recebidos por órgãos e entidades, no
O, P, Q e abreviações Azul âmbito federal, estadual e municipal, em decorrência da função
R, S, T, U, V, W, Y, Z e abreviações Palha executiva, legislativa e judiciária;
— Subsidiar a elaboração de planos nacionais nos Poderes Le-
– Automático: É utilizado somente na Europa. Nesse método gislativo, Executivo e Judiciário, bem como nos Estado, no Distrito
os papéis são arquivados com guias alfabéticas numeradas uma a Federal e Municípios;
uma. Este método é combina letras, números e cores. É considera- — Declarar que como de interesse público e social os arquivos
do um método semidireto porque quando vai numerar é necessário privados que contenham fontes relevantes para a história e o de-
olhar uma tabela antes (indireto), mas o nome é alfabético (direto). senvolvimento nacionais, nos termos do art. 13 da Lei n.º 8159/91.
– Soundex: Utilizado somente na Europa. Este método utiliza
a fonética (som das palavras) e não pela ordem alfabética. Método SINAR
soundex: ordenação que tem por eixo a fonética dos nomes que Sistema Nacional de Arquivos, em 1978, não obstante os es-
intitulam os documentos de um determinado arquivo. Usam‐se no- forços realizados no sentido de estimular a adoção de políticas que
mes para a organização dos arquivos, reunindo‐os pela semelhança assegurassem a preservação do patrimônio documental em decor-
da pronúncia, mesmo que a grafia seja diferente. rência da implementação do sistema foi bastante prejudicada em
– Mnemônico: É considerado um método obsoleto. Busca com- decorrência da concepção estreita que norteou o Governo Feral, à
binar as letras do alfabeto (símbolos) de forma a auxiliar a memória época, com relação à problemática arquivística.
na busca da informação no material de arquivo. A promulgação da Lei n.º 8159/91 retorna a questão da Política
– Rôneo: Também é considerado um método obsoleto. Conhe- Nacional de Arquivos, reconhecendo e legitimando a necessidade
cido como um método híbrido. Ele combina letras, números e cores de um Sistema que promova a efetiva integração sistêmica dos ar-
quivos públicos e privados nos moldes legais e tecnicamente corre-
Os arquivos públicos são conjuntos de documentos produzidos tos, visando à gestão, à preservação e ao acesso aos documentos
e recebidos, no exercício de suas atividades, por órgãos públicos de de arquivo.
âmbito federal, estadual, do Distrito Federal e Municipal em decor-
rência de suas funções administrativas, legislativas e judiciárias. (Lei Legislação Federal
nº 8.159/91). (Caro candidato(a) indicamos a consulta das Leis e decretos
Consideram-se arquivos privados os conjuntos de documentos abaixo para aprofundar os estudos)
produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou jurídicas, em decor- – Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a
rência de suas atividades. Os arquivos privados podem ser identifi- Política Nacional de Arquivos Públicos e Privados.
cados pelo Poder Público como de interesse público e social, desde – Lei nº 5.433, de 8 de maio de 1968. Regula a microfilmagem
que sejam considerados como conjuntos de fontes relevantes para de documentos oficiais e dá outras providências.
a história e desenvolvimento científico nacional. (Lei nº 8.159/91). – Decreto no 1.799, de 30 de janeiro de 1996. Regulamenta a
Lei no 5.433, de 8 de maio de 1968, que regula a microfilmagem de
documentos oficiais.

153
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

– Portaria da Secretaria da Justiça nº 58, de 20 de junho de – A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a


1996. Regulamenta o registro e a fiscalização do exercício da ativi- informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão
dade de microfilmagem de documentos, em conformidade com o qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição (Art.
parágrafo único do artigo 15 do Decreto nº 1.799, de 30 de janeiro 220).
de 1996. – É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Fe-
– Decreto nº 2.134, de 24 de janeiro de 1997. Regulamenta o deral e dos Municípios: ... III- proteger os documentos, as obras e
art. 23 da Lei 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos,
categoria dos documentos públicos sigilosos e o acesso a eles, e dá as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; IV- impedir
outras providências. a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de
outros bens de valor histórico, artístico ou cultural (Art. 23);
Citamos alguns artigos importantes da Legislação Federal: – Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de nature-
– A eliminação de documentos produzidos por instituições pú- za material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto,
blicas e de caráter público será realizada mediante autorização da portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos di-
instituição arquivística pública, na sua específica esfera de compe- ferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se
tência (Lei no. 8.159, de 08/01/91, Art. 9°.); incluem: ... IV- as obras, objetos, documentos, edificações e demais
– Os documentos, em tramitação ou em estudo, poderão, a espaços destinados às manifestações artístico-culturais (Art. 216);
critério da autoridade competente, ser microfilmados, não sendo – O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promo-
permitida a sua eliminação até a definição de sua destinação final verá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inven-
(Decreto no. 1.799, de 30/01/96, Art. 11); tários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de ou-
– A eliminação de documentos, após a microfilmagem, dar-se-á tras formas de acautelamento e preservação (Art. 216, parág. 1º.);
por meios que garantam sua inutilização, sendo a mesma precedida
de lavratura de termo próprio e após a revisão e a extração de filme Lei no. 8.159, de 08/01/91: dispõe sobre a Política Nacional de
cópia (idem, Art. 12); Arquivos Públicos e Privados
– A eliminação de documentos oficiais ou públicos só deverá – É dever do Poder Público a gestão documental e a proteção
ocorrer se prevista na tabela de temporalidade do órgão, aprovada especial a documentos de arquivos, como instrumento de apoio à
pela autoridade competente na esfera de sua atuação e respeitado administração, à cultura, ao desenvolvimento científico e como ele-
o disposto no art. 9° da Lei no. 8.159, de 8 de janeiro de 1991 (idem, mentos de prova e informação (Art. 1º.);
Art. 12 parágrafo único). – Os documentos de valor permanente são inalienáveis e im-
prescritíveis (Art. 10);
Constituição da República Federativa do Brasil (1988) – Ficará sujeito a responsabilidade penal, civil e administrativa,
– É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o na forma da legislação em vigor aquele que desfigurar ou destruir
sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional (Art.5°, documentos de valor permanente ou considerado como de interes-
XIV); se público e social (Art. 25);
– Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações
de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que Decreto no. 82.308, de 25/09/78: institui o Sistema Nacional de
serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, res- Arquivo (SINAR)
salvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da so- – Fica instituído o Sistema Nacional de Arquivo (SINAR) com
ciedade e do Estado (Art. 5°., XXXIII); a finalidade de assegurar, com vistas ao interesse da comunidade,
– São a todos assegurados, independentemente do pagamen- ou pelo seu valor histórico, a preservação de documentos do Poder
to de taxas, ... b) a obtenção de certidões em repartições públicas, Público (Art. 1o.);
para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse – Compete ao Órgão Central do Sistema: ... III-supervisionar a
pessoal (Art. 5°., XXXIV); conservação dos documentos sob sua custódia (Art. 4°.);
– A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais – Compete aos Órgãos Setoriais e Seccionais do Sistema: ... III
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem (Art. - preservar os documentos sob sua guarda, responsabilizando-se
5°., LX); pela sua segurança (Art. 5º.); Decreto no. 1799, de 30 de janeiro de
– Conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimen- 1996: Regulamenta a Lei no. 5.433, de 8 de maio de 1968, que regu-
to de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de la a microfilmagem de documentos oficiais, e a outras providências)
registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de – Os documentos oficiais ou públicos, com valor de guarda per-
caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se pre- manente, não poderão ser eliminados após a microfilmagem de-
fira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo (Art. 5°, vendo ser recolhidos ao arquivo público de sua esfera de atuação
LXXII); ou preservados pelo próprio órgão detentor (Art.13).
– É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni-
cípios: ... II recusar fé aos documentos públicos (Art.19);
– É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Fe-
deral e dos Municípios: ... V- proporcionar os meios de acesso à
cultura, à educação e à ciência (Art.23);
– Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da
documentação governamental e as providências para franquear sua
consulta a quantos dela necessitem (Art. 216, parág. 2°.);

154
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

ACONDICIONAMENTO E ARMAZENAMENTO DE DOCUMENTOS DE ARQUIVO


Nos processos de produção, tramitação, organização e acesso aos documentos, deverão ser observados procedimentos específicos,
de acordo com os diferentes gêneros documentais, com vistas a assegurar sua preservação durante o prazo de guarda estabelecido na
tabela de temporalidade e destinação.

Não podemos nos esquecer dos documentos eletrônicos, que hoje em dia está cada vez mais presente. As alternativas são diversas,
como dispositivos externos de gravação,porém, o mais indicado hoje, é armazenar os dados em nuvem, que oferece além da segurança,
a facilidade de acesso.

Armazenamento

Áreas de armazenamento

Áreas Externas
A localização de um depósito de arquivo deve prever facilidades de acesso e de segurança contra perigos iminentes, evitando-se, por
exemplo:
- áreas de risco de vendavais e outras intempéries, e de inundações, como margens de rios e subsolos;
- áreas de risco de incêndios, próximas a postos de combustíveis, depósitos e distribuidoras de gases, e construções irregulares;
- áreas próximas a indústrias pesadas com altos índices de poluição atmosférica, como refinarias de petróleo;
- áreas próximas a instalações estratégicas, como indústrias e depósitos de munições, de material bélico e aeroportos.

Áreas Internas
As áreas de trabalho e de circulação de público deverão atender às necessidades de funcionalidade e conforto, enquanto as de arma-
zenamento de documentos devem ser totalmente independentes das demais.

Condições Ambientais
Quanto às condições climáticas, as áreas de pesquisa e de trabalho devem receber tratamento diferenciado das áreas dos depósitos,
as quais, por sua vez, também devem se diferenciar entre si, considerando-se as necessidades específicas de preservação para cada tipo
de suporte.
A deterioração natural dos suportes dos documentos, ao longo do tempo, ocorre por reações químicas, que são aceleradas por
flutuações e extremos de temperatura e umidade relativa do ar e pela exposição aos poluentes atmosféricos e às radiações luminosas,
especialmente dos raios ultravioleta.
A adoção dos parâmetros recomendados por diferentes autores (de temperatura entre 15° e 22° C e de umidade relativa entre 45%
e 60%) exige, nos climas quentes e úmidos, o emprego de meios mecânicos sofisticados, resultando em altos custos de investimento em
equipamentos, manutenção e energia.
Os índices muito elevados de temperatura e umidade relativa do ar, as variações bruscas e a falta de ventilação promovem a ocorrên-
cia de infestações de insetos e o desenvolvimento de microorganismos, que aumentam as proporções dos danos.

Com base nessas constatações, recomenda-se:


- armazenar todos os documentos em condições ambientais que assegurem sua preservação, pelo prazo de guarda estabelecido, isto
é, em temperatura e umidade relativa do ar adequadas a cada suporte documental;
- monitorar as condições de temperatura e umidade relativa do ar, utilizando pessoal treinado, a partir de metodologia previamente
definida;
- utilizar preferencialmente soluções de baixo custo direcionadas à obtenção de níveis de temperatura e umidade relativa estabiliza-
dos na média, evitando variações súbitas;

155
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

- reavaliar a utilidade de condicionadores mecânicos quando Todos os materiais usados para o armazenamento de docu-
os equipamentos de climatização não puderem ser mantidos em mentos permanentes devem manter-se quimicamente estáveis ao
funcionamento sem interrupção; longo do tempo, não podendo provocar quaisquer reações que afe-
- proteger os documentos e suas embalagens da incidência di- tem a preservação dos documentos.
reta de luz solar, por meio de filtros, persianas ou cortinas; Os papéis e cartões empregados na produção de caixas e invó-
- monitorar os níveis de luminosidade, em especial das radia- lucros devem ser alcalinos e corresponder às expectativas de pre-
ções ultravioleta; servação dos documentos.
- reduzir ao máximo a radiação UV emitida por lâmpadas fluo- No caso de caixas não confeccionados em cartão alcalino, re-
rescentes, aplicando filtros bloqueadores aos tubos ou às luminá- comenda-se o uso de invólucros internos de papel alcalino, para
rias; evitar o contato direto de documentos com materiais instáveis.3
- promover regularmente a limpeza e o controle de insetos ras-
teiros nas áreas de armazenamento; ARQUIVOS CORRENTES
- manter um programa integrado de higienização do acervo e Os arquivos correntes e intermediários são etapas importantes
de prevenção de insetos; do ciclo de vida dos documentos. Enquanto os arquivos correntes
- monitorar as condições do ar quanto à presença de poeira e correspondem à fase em que os documentos ainda são utilizados
poluentes, procurando reduzir ao máximo os contaminantes, uti- regularmente no cotidiano da instituição, os arquivos intermediários
lizando cortinas, filtros, bem como realizando o fechamento e a correspondem à fase em que os documentos já não são mais tão
abertura controlada de janelas; frequentemente utilizados, mas ainda possuem valor administrativo,
- armazenar os acervos de fotografias, filmes, meios magnéticos jurídico, fiscal, histórico ou científico. Neste texto, serão abordados
e ópticos em condições climáticas especiais, de baixa temperatura alguns dos principais conceitos e práticas relacionados à gestão e
e umidade relativa, obtidas por meio de equipamentos mecânicos organização dos arquivos correntes e intermediários.
bem dimensionados, sobretudo para a manutenção da estabilidade
dessas condições, a saber: fotografias em preto e branco T 12ºC ± — Conceitos básicos sobre arquivos correntes e intermediários
1ºC e UR 35% ± 5% fotografias em cor T 5ºC ± 1ºC e UR 35% ± 5% Os arquivos correntes e intermediários são etapas do ciclo
filmes e registros magnéticos T 18ºC ± 1ºC e UR 40% ± 5%. de vida dos documentos que ocorrem após a fase de produção e
antes da fase de destinação final. Enquanto os arquivos correntes
Acondicionamento correspondem à fase em que os documentos são utilizados
Os documentos devem ser acondicionados em mobiliário e in- rotineiramente, os arquivos intermediários correspondem à fase em
vólucros apropriados, que assegurem sua preservação. que os documentos não são mais tão frequentemente utilizados,
A escolha deverá ser feita observando-se as características fí- mas ainda possuem valor para a instituição.
sicas e a natureza de cada suporte. A confecção e a disposição do De acordo com a legislação brasileira, os arquivos correntes
mobiliário deverão acatar as normas existentes sobre qualidade e correspondem aos documentos em curso ou que, mesmo sem
resistência e sobre segurança no trabalho. movimentação, são consultados frequentemente pela instituição.
O mobiliário facilita o acesso seguro aos documentos, promove Já os arquivos intermediários correspondem aos documentos
a proteção contra danos físicos, químicos e mecânicos. Os docu- que, mesmo sem movimentação, são guardados por determinado
mentos devem ser guardados em arquivos, estantes, armários ou período de tempo em razão de seu valor administrativo, jurídico,
prateleiras, apropriados a cada suporte e formato. fiscal, histórico ou científico.
Os documentos de valor permanente que apresentam grandes É importante ressaltar que a gestão dos arquivos correntes
formatos, como mapas, plantas e cartazes, devem ser armazenados e intermediários não se limita apenas à organização física dos
horizontalmente, em mapotecas adequadas às suas medidas, ou documentos. Ela envolve também a utilização de ferramentas
enrolados sobre tubos confeccionados em cartão alcalino e acon- e técnicas de gestão da informação, como a classificação,
dicionados em armários ou gavetas. Nenhum documento deve ser indexação, recuperação e disseminação da informação contida nos
armazenado diretamente sobre o chão. documentos.
As mídias magnéticas, como fitas de vídeo, áudio e de compu-
tador, devem ser armazenadas longe de campos magnéticos que — Organização dos arquivos correntes
possam causar a distorção ou a perda de dados. O armazenamento A organização dos arquivos correntes é o que garante a
será preferencialmente em mobiliário de aço tratado com pintura eficiência e a eficácia das atividades realizadas pela instituição. Para
sintética, de efeito antiestático. que isso ocorra, é preciso seguir algumas etapas e recomendações,
As embalagens protegem os documentos contra a poeira e da- são elas:
nos acidentais, minimizam as variações externas de temperatura e – Definir uma política de gestão documental que estabeleça as
umidade relativa e reduzem os riscos de danos por água e fogo em normas e procedimentos para a gestão dos documentos desde a
casos de desastre. sua produção até a sua destinação final;
As caixas de arquivo devem ser resistentes ao manuseio, ao – Identificar e selecionar os documentos que devem ser
peso dos documentos e à pressão, caso tenham de ser empilhadas. mantidos no arquivo corrente, de acordo com o seu valor e a sua
Precisam ser mantidas em boas condições de conservação e limpe- frequência de uso;
za, de forma a proteger os documentos. – Definir um plano de classificação e uma tabela de
As medidas de caixas, envelopes ou pastas devem respeitar temporalidade que facilitem a organização e a localização dos
formatos padronizados, e devem ser sempre iguais às dos docu- documentos;
mentos que irão abrigar, ou, caso haja espaço, esses devem ser 3 Adaptado de CONARQ - Conselho Nacional de Arquivos/ www.
preenchidos para proteger o documento. eboxdigital.com.br

156
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

– Utilizar técnicas de indexação e recuperação da informação que permitam a rápida localização dos documentos;
– Estabelecer normas para a transferência dos documentos para o arquivo intermediário, quando necessário.

— Organização dos arquivos intermediários


A organização dos arquivos intermediários é fundamental para garantir a preservação e a acessibilidade dos documentos ao longo do
tempo. Para isso, é necessário seguir algumas práticas e recomendações, como:
– Definir uma política de gestão documental que estabeleça as normas e procedimentos para a gestão dos documentos intermediários;
– Definir um plano de classificação e uma tabela de temporalidade que facilitem a organização e a localização dos documentos;
– Utilizar técnicas de indexação e recuperação da informação que permitam a rápida localização dos documentos.

— Métodos de avaliação
Os arquivos correntes e intermediários devem ser avaliados constantemente para garantir a sua efetividade e eficiência. Existem
vários métodos que podem ser utilizados para avaliação de arquivos, incluindo:
– Análise de valor: essa técnica consiste em avaliar a importância e o valor dos documentos de acordo com o seu uso atual e potencial.
É importante considerar a frequência de uso dos documentos, o seu conteúdo e o contexto em que foram produzidos.
– Avaliação histórica: essa técnica considera a importância dos documentos para a história e a cultura de uma sociedade. É importante
considerar a relevância do documento em relação a eventos históricos e culturais, além da sua importância para a preservação da memória
coletiva.
– Análise jurídica: essa técnica leva em consideração as obrigações legais e regulatórias relacionadas aos documentos. É importante
verificar se os documentos cumprem os requisitos legais para a sua retenção e descarte.
– Análise administrativa: essa técnica avalia os documentos com base em sua importância para as atividades administrativas da
organização. É importante considerar a relevância dos documentos para as atividades correntes e futuras da organização.

Os arquivos correntes e intermediários são essenciais para o funcionamento das organizações, garantindo o acesso à informação
e a tomada de decisões efetivas. A gestão desses arquivos requer uma abordagem sistemática e eficiente, com base em princípios e
normas arquivísticas. É fundamental que as organizações invistam em capacitação e treinamento de seus profissionais de arquivologia
para garantir a qualidade da gestão de seus arquivos. Com uma gestão eficiente, os arquivos correntes e intermediários podem se tornar
uma fonte valiosa de informação para a organização e para a sociedade como um todo.

Recebimento:
Como o próprio nome diz, é onde se recebe os documentos e onde se separa o que é oficial e o que é pessoal.
Os pessoais são encaminhados aos seus destinatários.

Já os oficiais podem sem ostensivos e sigilosos. Os ostensivos são abertos e analisados, anexando mais informações e assim encami-
nhados aos seus destinos e os sigilosos são enviados diretos para seus destinatários.

Registro:
Todos os documentos recebidos devem ser registrados eletronicamentecom seu número, nome do remetente, data, assunto dentre
outras informações.
Depois do registro o documento é numerado (autuado) em ordem de chegada.
Depois de analisado o documento ele é classificado em uma categoria de assuntopara que possam ser achados. Neste momento
pode-se ate dar um código a ele.

Distribuição:
Também conhecido como movimentação, é a entrega para seus destinatários internos da empresa. Caso fosse para fora da empresa
seria feita pela expedição.

Tramitação:
A tramitação são procedimentos formais definidas pela empresa.É o caminho que o documento percorre desde sua entrada na empre-
sa até chegar ao seu destinatário (cumprir sua função).Todas as etapas devem ser seguidas sem erro para que o protocolo consiga localizar
o documento. Quando os dados são colocados corretamente, como datas e setores em que o documento caminhou por exemplo, ajudará
aagilizar a sua localização.

157
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Expedição de documentos:
A expedição é por onde sai o documento. Deve-se verificar se faltam folhas ou anexos. Também deve numerar e datar a correspon-
dência no original e nas cópias, pois as cópias são o acompanhamento da tramitação do documento na empresa e serão encaminhadas ao
arquivo. As originais são expedidas para seus destinatários.
Após cumprirem suas respectivas funções, os documentos devem ter seu destino decidido, seja este a sua eliminação ou

Considera-se correspondência toda e qualquer forma de comunicação escrita, produzida e destinada a pessoas jurídicas ou físicas,
bem como aquela que se processa entre órgãos e servidores de uma instituição.

Sistemas de classificação
O conceito de classificação e o respectivo sistema classificativo a ser adotado, são de uma importância decisiva na elaboração de um
plano de classificação que permita um bom funcionamento do arquivo.
Um bom plano de classificação deve possuir as seguintes características:
- Satisfazer as necessidades práticas do serviço, adotando critérios que potenciem a resolução dos problemas. Quanto mais simples
forem as regras de classificação adotadas, tanto melhor se efetuará a ordenação da documentação;
- A sua construção deve estar de acordo com as atribuições do organismo (divisão de competências) ou em última análise, focando a
estrutura das entidades de onde provém a correspondência;
- Deverá ter em conta a evolução futura das atribuições do serviço deixando espaço livre para novas inclusões;
- Ser revista periodicamente, corrigindo os erros ou classificações mal efetuadas, e promover a sua atualização sempre que se enten-
der conveniente.

A classificação por assuntos é utilizada com o objetivo de agrupar os documentos sob um mesmo tema, como forma de agilizar sua
recuperação e facilitar as tarefas arquivísticas relacionadas com a avaliação, seleção, eliminação, transferência, recolhimento e acesso a
esses documentos, uma vez que o trabalho arquivístico é realizado com base no conteúdo do documento, o qual reflete a atividade que
o gerou e determina o uso da informação nele contida. A classificação define, portanto, a organização física dos documentos arquivados,
constituindo-se em referencial básico para sua recuperação.
Na classificação, as funções, atividades, espécies e tipos documentais distribuídos de acordo com as funções e atividades desempe-
nhadas pelo órgão.

A classificação deve ser realizada de acordo com as seguintes características:

De acordo com a entidade criadora


- PÚBLICO – arquivo de instituições públicas de âmbito federal ou estadual ou municipal.
- INSTITUCIONAL – arquivos pertencentes ou relacionados à instituições educacionais, igrejas, corporações não-lucrativas, sociedades
e associações.
- COMERCIAL- arquivo de empresas, corporações e companhias.
- FAMILIAR ou PESSOAL - arquivo organizado por grupos familiares ou pessoas individualmente.
.
De acordo com o estágio de evolução (considera-se o tempo de vida de um arquivo)
- ARQUIVO DE PRIMEIRA IDADE OU CORRENTE - guarda a documentação mais atual e frequentemente consultada. Pode ser mantido
em local de fácil acesso para facilitar a consulta.
- ARQUIVO DE SEGUNDA IDADE OU INTERMEDIÁRIO - inclui documentos que vieram do arquivo corrente, porque deixaram de ser
usados com frequência. Mas eles ainda podem ser consultados pelos órgãos que os produziram e os receberam, se surgir uma situação
idêntica àquela que os gerou.
- ARQUIVO DE TERCEIRA IDADE OU PERMANENTE - nele se encontram os documentos que perderam o valor administrativo e cujo uso
deixou de ser frequente, é esporádico. Eles são conservados somente por causa de seu valor histórico, informativo para comprovar algo
para fins de pesquisa em geral, permitindo que se conheça como os fatos evoluíram.

158
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

De acordo com a extensão da atenção O arquivamento é a guarda dos documentos no local esta-
Os arquivos se dividem em: belecido, de acordo com a classificação dada. Nesta etapa toda a
- ARQUIVO SETORIAL - localizado junto aos órgãos operacio- atenção é necessária, pois um documento arquivado erroneamente
nais, cumprindo as funções de um arquivo corrente. poderá ficar perdido quando solicitado posteriormente.
- ARQUIVO CENTRAL OU GERAL - destina-se a receber os docu- O documento ficará arquivado na unidade até que cumpra o
mentos correntes provenientes dos diversos órgãos que integram a prazo para transferência ao Arquivo Central ou sua eliminação.
estrutura de uma instituição.
As operações para arquivamento são:
De acordo com a natureza de seus documentos 1. Verificar se o documento destina-se ao arquivamento;
- ARQUIVO ESPECIAL - guarda documentos de variadas for- 2. Checar a classificação do documento, caso não haja, atribuir
mas físicas como discos, fitas, disquetes, fotografias, microformas um código conforme o assunto;
(fichas microfilmadas), slides, filmes, entre outros. Eles merecem 3. Ordenar os documentos na ordem sequencial;
tratamento adequado não apenas quanto ao armazenamento das 4. Ao arquivar o documento na pasta, verificar a existência de
peças, mas também quanto ao registro, acondicionamento, contro- antecedentes na mesma pasta e agrupar aqueles que tratam do
le e conservação. mesmo assunto, por consequência, o mesmo código;
- ARQUIVO ESPECIALIZADO – também conhecido como arquivo 5. Arquivar as pastas na sequência dos códigos atribuídos – usar
técnico, é responsável pela guarda os documentos de um determi- uma pasta para cada código, evitando a classificação “diversos”;
nado assunto ou setor/departamento específico. 6. Ordenar os documentos que não possuem antecedentes de
acordo com a ordem estabelecida – cronológica, alfabética, geográ-
De acordo com a natureza do assunto fica, verificando a existência de cópias e eliminando-as. Caso não
- OSTENSIVO: aqueles que ao serem divulgados não prejudicam exista o original manter uma única cópia;
a administração; 7. Arquivar o anexo do documento, quando volumoso, em cai-
- SIGILOSO: em decorrência do assunto, o acesso é limitado, xa ou pasta apropriada, identificando externamente o seu conteúdo
com divulgação restrita. e registrando a sua localização no documento que o encaminhou.
8. Endereçamento - o endereço aponta para o local onde os
De acordo com a espécie documentos/processos estão armazenados.
- ADMINISTRATIVO: Referente às atividades puramente admi- Devemos considerar duas formas de arquivamento: A horizon-
nistrativas; tal e a vertical.
- JUDICIAL: Referente às ações judiciais e extrajudiciais; - Arquivamento Horizontal: os documentos são dispostos uns
- CONSULTIVO: Referente ao assessoramento e orientação jurí- sobre os outros, ―deitados, dentro do mobiliário. É indicado para
dica. Busca dirimir dúvidas entre pareceres, busca alternativas para arquivos permanentes e para documentos de grandes dimensões,
evitar a esfera judicial. pois evitam marcas e dobras nos mesmos.
- Arquivamento Vertical: os documentos são dispostos uns
De acordo com o grau de sigilo atrás dos outros dentro do mobiliário. É indicado para arquivos
- RESERVADO: Dados ou informações cuja revelação não-au- correntes, pois facilita a busca pela mobilidade na disposição dos
torizada possa comprometer planos, operações ou objetivos neles documentos.
previstos;
- SECRETO: Dados ou informações referentes a sistemas, ins- Para o arquivamento e ordenação dos documentos no arquivo,
talações, projetos, planos ou operações de interesse nacional, a devemos considerar tantos os métodos quanto os sistemas.
assuntos diplomáticos e de inteligência e a planos ou detalhes, pro- Os Sistemas de Arquivamento nada mais são do que a possibi-
gramas ou instalações estratégicos, cujo conhecimento não auto- lidade ou não de recuperação da informação sem o uso de instru-
rizado possa acarretar dano grave à segurança da sociedade e do mentos.
Estado; Tudo o que isso quer dizer é apenas se precisa ou não de uma
- ULTRASSECRETO: Dados ou informações referentes à sobera- ferramenta (índice, tabela ou qualquer outro semelhante) para lo-
nia e à integridade territorial nacional, a plano ou operações mi- calizar um documento em um arquivo.
litares, às relações internacionais do País, a projetos de pesquisa Quando NÃO HÁ essa necessidade, dizemos que é um sistema
e desenvolvimento científico e tecnológico de interesse da defesa direto de busca e/ou recuperação, como por exemplo, os métodos
nacional e a programas econômicos, cujo conhecimento não autori- alfabético e geográfico.
zado possa acarretar dano excepcionalmente grave à segurança da Quando HÁ essa necessidade, dizemos que é um sistema indi-
sociedade e do Estado. reto de busca e/ou recuperação, como são os métodos numéricos.

Arquivamento e ordenação de documentos A ORDENAÇÃO é a reunião dos documentos que foram classifi-
O arquivamento é o conjunto de técnicas e procedimentos que cados dentre de um mesmo assunto.
visa ao acondicionamento e armazenamento dos documentos no Sua finalidade é agilizar o arquivamento, de forma organizada e
arquivo. categorizada previamente para posterior arquivamento.
Uma vez registrado, classificado e tramitado nas unidades com- Para definir a forma da ordenação é considerada a natureza dos
petentes, o documento deverá ser encaminhado ao seu destino documentos, podendo ser:4
para arquivamento, após receber despacho final.

4Adaptado de www.agu.gov.br

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

1. Arquivamento por assunto - Método numérico dígito-terminal


Uma das técnicas mais utilizadas para a gestão de documentos A partir do momento em que se faz uso de números maiores,
é o arquivamento por assunto. Como o próprio nome já adianta, com diversos dígitos, o método simples não é eficiente. Isso ocorre
essa técnica consiste em realizar o arquivamento dos documentos porque ele acaba se tornando trabalhoso e lento. Por isso, nesse
de acordo com o assunto tratado neles. caso, o mais indicado é utilizar o método dígito-terminal.
Isso permite agrupar documentos que tratem de assuntos cor- Nesse método, a ordenação é realizada com base nos dois últi-
relatos e permite encontrar informações completas sobre deter- mos dígitos. Quando esses são idênticos, a ordenação é dada a par-
minada matéria de forma simples e direta, sendo especialmente tir dos dois dígitos anteriores. Isso acaba tornando o arquivamento
interessante para empresas que lidam com um grande volume de mais ágil e eficiente.
documentos de um mesmo tema.
4. Método eletrônico
2. Método alfabético O método eletrônico consiste em arquivar os documentos de
Uma das mais conhecidas técnicas de arquivamento de docu- forma eletrônica, realizando sua digitalização — o que permite não
mentos é o método alfabético, que consiste em organizar os docu- só organizá-los de diversas formas distintas e de acordo com o mé-
mentos arquivados de acordo com a ordem alfabética desses, per- todo que mais se encaixa na organização e nas necessidades da em-
mitindo uma consulta mais intuitiva e eficiente. presa, mas fazer sua gestão online e até mesmo remota.
Como a própria denominação já indica, nesse esquema o ele-
mento principal considerado é o nome. Estamos falando sobre um 5. Método geográfico
método muito usado nas empresas por apresentar a vantagem de Esse método é aquele usado quando os documentos apresen-
ser rápido e simples. tam a sua organização por meio do local, isto é, quando a empresa
No entanto, quando se armazena um número muito grande de escolhe classificar os documentos a partir de seu local de origem.
informações, é comum que existam alguns erros. Isso acontece de- No entanto, de acordo com a literatura arquivística, duas nor-
vido à grande variedade de grafia dos nomes e também ao cansaço mas precisam ser empregadas para que o método geográfico seja
visual do funcionário. utilizado de forma adequada. Confira!
Para que a localização e o armazenamento dos documentos
se tornem mais rápidos, é possível combinar esse método com a - Norma do método geográfico 1
escolha de cores. Dessa forma, fica mais simples encontrar a letra Quando os documentos são organizados por país ou por es-
procurada. tado, eles precisam ser ordenados alfabeticamente. Dessa forma,
Esse método é conhecido como Variadex e utiliza as cores fica mais fácil localizá-los depois. Isso vale também para as cidades
como elementos auxiliares, com o objetivo de facilitar a localização de um mesmo país ou estado: sempre postas em ordem alfabética.
e a recuperação dos documentos. Vale lembrar que essa é somen- Nesse caso, as capitais precisam aparecer no início da lista, uma vez
te uma variação do método alfabético. É possível, ainda, combinar que elas são, normalmente, as mais procuradas, tendo uma quanti-
esse método ao de arquivamento por assunto, usando a ordem al- dade maior de documentos.
fabética para subdividir a organização.
- Norma do método geográfico 2
3. Método numérico Ao realizar um arquivamento por cidades, quando não existe
O método numérico é outra opção de arquivamento e uma óti- separação por estado, não há a exigência de que as capitais fiquem
ma escolha para empresas que lidam com um grande volume de no início. A ordem vai ser simplesmente alfabética. Entretanto, ao
documentos. Ele consiste em determinar um número sequencial final de cada cidade, o estado a que ela corresponde precisa apare-
para cada documento, permitindo sua consulta de acordo com um cer na identificação.
índice numérico previamente determinado.
Como o próprio nome indica, esse método é aquele usado 6. Método temático
quando os documentos são ordenados por números. É possível es- Esse é um método que propõe a organização dos documentos
colher três formas distintas de utilizá-lo: numérico simples, crono- por assunto. Assim, a classificação é elaborada pelos assuntos e te-
lógico ou dígito-terminal. mas básicos, que podem admitir diversas composições.

- Método numérico simples 7. Índice onomástico (opcional)


Esse método é usado quando o modo de organizar é feito pelo Índice de nomes próprios que aparecem no texto. Deve ser uti-
número da pasta ou do documento em que ele foi arquivado. É mui- lizado quando o Coordenador da coleção assim o decidir. Deve ser
to utilizado na organização de prontuários médicos, filmes, proces- organizado da mesma maneira que o índice remissivo.
sos e pastas de funcionários.
Tabela de temporalidade
- Método numérico cronológico Instrumento de destinação, que determina prazos e condições
Um método usado para fazer a organização dos documentos de guarda tendo em vista a transferência, recolhimento, descarte
por data. É extremamente utilizado para organizar documentos fi- de documentos, com a finalidade de garantir o acesso à informação
nanceiros, fotos e outros arquivos em que a data é o elemento es- a quantos dela necessitem.
sencial para buscar a informação.

160
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

É um instrumento resultante da atividade de avaliação de documentos, que consiste em identificar seus valores (primário/adminis-
trativo ou secundário/histórico) e definir prazos de guarda, registrando dessa forma, o registra o ciclo de vida dos documentos.
Para que a tabela tenha validade precisa ser aprovada por autoridade competente e divulgada entre os funcionários na instituição.
Sua estrutura básica deve necessariamente contemplar os conjuntos documentais produzidos e recebidos por uma instituição no
exercício de suas atividades, os prazos de guarda nas fases corrente e intermediária, a destinação final – eliminação ou guarda permanen-
te, além de um campo para observações necessárias à sua compreensão e aplicação.

Apresentam-se a seguir diretrizes para a correta utilização do instrumento:

1. Assunto: Apresenta-se aqui os conjuntos documentais produzidos e recebidos, hierarquicamente distribuídos de acordo com as
funções e atividades desempenhadas pela instituição.
Como instrumento auxiliar, pode ser utilizado o índice, que contém os conjuntos documentais ordenados alfabeticamente para agili-
zar a sua localização na tabela.

2. Prazos de guarda: Trata-se do tempo necessário para arquivamento dos documentos nas fases corrente e intermediária, visando
atender exclusivamente às necessidades da administração que os gerou.
Deve ser objetivo e direto na definição da ação – exemplos: até aprovação das contas; até homologação daaposentadoria; e até qui-
tação da dívida.
- Os prazos são preferencialmente em ANOS
- Os prazos são determinados pelas: - Normas
- Precaução
- Informações recaptulativas
- Frequência de uso

3. Destinação final: Registra-se a destinação estabelecida que pode ser:

4. Observações: Neste campo são registradas informações complementares e justificativas, necessárias à correta aplicação da tabela.
Incluem-se, ainda, orientações quanto à alteração do suporte da informação e aspectos elucidativos quanto à destinação dos documentos,
segundo a particularidade dos conjuntos documentais avaliados.

A definição dos prazos de guarda devem ser definidos com base na legislação vigente e nas necessidades administrativas.

Classificação das Correspondências

A correspondência confidencial ou secreta nunca deve ser aberta, mas sim conduzida diretamente à direção. É conveniente, contudo,
registar a sua entrada, de preferência em livro próprio.
A correspondência particular, como é lógico, também não deve ser aberta, mas sim dirigida aos respectivos destinatários.
A correspondência dita patente, é que vai entrar no circuito de tratamento.
A abertura da correspondência é importante referir a forma como se faz e os cuidados a ter para evitar a inutilização do conteúdo.
Antes de se abrir as cartas deve-se colocar o conteúdo para um dos cantos dos sobrescritos e em seguida abre-se pelas arestas opostas.
Isto porque as cartas são normalmente mal dobradas e quando são inseridas nos subscritos ficam, por vezes, coladas no interior. A aber-
tura pode ser:
a) Manual;
b) Máquinas.

161
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Registo das Entradas Portanto, a redação da carta deve ser executada por uma pes-
soa experiente, de forma a minimizar as perdas de tempo e conse-
Nas grandes empresas, esta fase da correspondência concen- guir uma boa qualidade de comunicação. A resposta pode ser exe-
tra-se num só departamento. cutada de diversas formas:
Tiram-se cópias dos originais recebidos, para um exemplar ficar - Ditado direto, em que o datilógrafo ou processador de texto
no departamento e o outro seguir para o respectivo destino. Mas executa diretamente o texto que lhe é transmitido;
a tiragem das cópias não pode ser feita sem antes ser colocado o - Ditado indireto, onde o datilógrafo ou o processador de texto
respectivo carimbo da entrada contendo a data e o número da en- executa o texto através de uma minuta, um registo que estenogra-
trada. fou;
Nos serviços públicos e nas empresas mais tradicionalistas, uti-
liza-se o Livro de Registo para a correspondência recebida. Assinatura
É comum haver um livro só para a entrada de correspondência Depois de finalizada a correspondência deve ser de novo lida e
e outro apenas para a saída de correspondência em seguida assinada. A organização das grandes empresas implica
Veja um exemplo das colunas a serem colocadas no livro de que o correio e expedir esteja pronto até determinada hora, de for-
registro de correspondência recebida. ma a ser levado a despacho.

Registo de Saída

O registo das saídas também é normalmente feito em livro pró-


prio. Devem ser tiradas cópias aos originais e encaminhadas devi-
damente.
Veja um exemplo das colunas a serem colocadas no livro de
registro de correspondência enviada/expedida.

Distribuição

A distribuição da correspondência pode ser feita de diversas


formas, mas sempre de forma a poder ser controlada. E, para esse
efeito utiliza-se o chamado livro de protocolo. Muitas vezes é utili-
zada uma guia de remessa de documentos que os descreve e agru-
pa por destinos, acompanhando-os até à recepção. Então, é assina-
do um duplicado que comprova a entrega.
Depois de ser lida, a correspondência deve ser conveniente- Expedição
mente tratada. O que significa que:
- Se não for necessário dar sequência ao assunto, a correspon- Estão entre as modalidades de expedição:
dência vai imediatamente para o arquivo, com a devida indicação Mensageria Interna: Entrega de documentos ou processos no
no canto superior esquerdo e a assinatura do ordenante; âmbito da Unidade.
- Se é necessária uma resposta, devem ser feitas as anotações Mensageria Externa: Entrega de documentos ou processos
necessárias para a sua execução ou, então, se for o caso, o próprio com destinação externa, que são relacionados e entregues diaria-
destinatário encarregar-se-á de a escrever. mente nos órgãos ou entidades a que se destinam.
Malote: Entrega de documentos ou processos por meio do Ser-
Não esquecer que: viço de Correspondência Agrupada, entre o Protocolo.
- Toda a correspondência urgente deve ter uma resposta ime- Outros serviços dos Correios: Entrega de documentos ou pro-
diata; cessos por meio de serviços prestados pelos Correios (ECT) ou outra
- Não se deve adiar a resolução de assuntos pendentes, tornan- empresa prestadora de serviços de postagem e entrega de corres-
do-os eternamente esquecidos. pondências.

A execução de uma carta resposta implica disponibilidade de Rotinas de Expedição Via Mensageria Interna
tempo e disponibilidade mental. - Recolhe a documentação interna nos escaninhos destinados
à distribuição.

162
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

- Verifica o destinatário e a Papeleta de encaminhamento no


caso de tratar-se de documento. RELAÇÕES HUMANAS, DESEMPENHO PROFISSIONAL,
- Agrupa os documentos, processos e correspondências por DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES DE TRABALHO
unidade setor de destino.
- Entrega o documento, processo ou correspondência. — Trabalho em equipe
- Solicitar a confirmação do recebimento. Trabalho em equipe pode ser definido como os esforços
conjuntos de um grupo ou sociedade visando a solução de um
Rotinas de Expedição Via Mensageria Externa problema. Ou seja, um grupo ou conjunto de pessoas que se
- Recolhe a documentação nos escaninhos destinados à distri- dedicam a realizar determinada tarefa estão trabalhando em
buição externa. equipe.
- Verifica o destinatário e o recibo. Essa denominação se origina da época logo após a Primeira
- Agrupa as correspondências, os documentos e processos por Guerra Mundial. O trabalho em equipe, através da ação conjunta,
unidade/órgão de destino. possibilita a troca de conhecimentos entre especialistas de diversas
- Lista o roteiro de entrega (locais a serem visitados). áreas.
- Entrega as correspondências, os documentos e processo ou Como cada pessoa é responsável por uma parte da tarefa, o
correspondência. trabalho em equipe oferece também maior agilidade e dinamismo.
- Recolhe assinatura e identificação do recebedor no recibo que Para que o trabalho em equipe funcione bem, é essencial que
acompanha o documento, processo ou correspondência. o grupo possua metas ou objetivos compartilhados. Também é
- Se houver documento externo, o mensageiro deve recebê-lo, necessário que haja comunicação eficiente e clareza na delegação
assinando o recibo a ele apresentado com letra legível. de cada tarefa.
- Entrega ao Protocolo os documentos e processos recebidos.
- Separa os recibos assinados por data. Um bom exemplo de trabalho em equipe é a forma que
- Arquivar os recibos. times esportivos são divididos. Cada jogador possui uma função
específica, devendo desempenhá-la bem sem invadir o espaço e
Rotina de Expedição Via Malote função dos seus companheiros de time.
- Recolhe a documentação interna destinadas ao malote. Cada vez mais as organizações valorizam colaboradores que
- Verifica os destinatários. apresentam facilidade com trabalho em equipe. Como a grande
- Agrupa as correspondências, os documentos e processos cor- maioria das tarefas e serviços requerem a atuação de diferentes
respondências por unidade de destino. setores profissionais, colaborar e se comunicar bem é mais do que
- Separa lacre numerado. essencial.
- Preenche a Guia de Remessa de Malote, informando os docu- A capacidade para trabalho em equipe possibilita que você
mentos e processos encaminhados, o número do lacre, o número apresente melhores resultados e mais eficiência. Além disso, um
do malote, imprimindo três vias. ambiente corporativo composto por pessoas que se comunicam
- Guarda uma das vias para si e coloca duas vias dentro do ma- bem e colaboram sem problemas é mais harmonioso, melhorando
lote, juntamente com a documentação a ser expedida. muito a qualidade de vida de todos os envolvidos.
- Inverte o cartão de destinatário, existente na parte externa do O trabalho em equipe é uma habilidade fundamental para bons
malote, para a correta identificação do destinatário. líderes. Por isso, se a liderança está no seu plano de carreira, você
- Fecha o malote e lacra. precisa desenvolver essa capacidade.
- Agrupa os malotes. De uma forma geral, pessoas que possuem facilidade com
- Lista os malotes a serem enviados. trabalho em equipe são mais contratáveis, trabalham melhor, têm
- Entrega os malotes aos Correios. mais qualidade de vida no trabalho e mais possibilidades de receber
uma promoção.
E por fim...
- Toda a correspondência que é expedida da empresa deve pos- Quais as principais competências para trabalhar bem em
suir em arquivo a respectiva cópia; equipe
- Quando a correspondência for registada, juntamente com a O trabalho em equipe é uma competência composta de
cópia, deve ser arquivado um exemplar do talão de aceitação; diferentes habilidades. São capacidades que podem ser aprendidas
- No caso do registo ser com aviso de recepção, este, após e desenvolvidas, e que devem ser trabalhadas por todos os
ser devolvido pelo destinatário com a respectiva assinatura, deve profissionais. Independente da sua área, o autoconhecimento
também ser arquivado com a cópia da correspondência. visando a melhora nunca deve cessar.
A seguir, confira quais habilidades precisam ser desenvolvidas
para aprimorar sua capacidade de trabalho em equipe.

• Gerenciar conflitos
Grande parte dos profissionais procura evitar os conflitos
a todo custo. No entanto, muitas vezes eles aparecem, e ignorá-
los não é uma maneira saudável ou eficiente de proceder. Para
trabalhar em equipe efetivamente, é preciso identificar, gerenciar
e resolver conflitos.

163
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Para isso, é necessário desenvolver um conjunto de habilidades • Confiança


sociais. Destacam-se a empatia e a assertividade. A empatia é Não existe trabalho em equipe sem confiança mútua. Afinal,
fundamental para que você consiga acessar o ponto de vista cada um precisa fazer a sua parte das tarefas e acreditar no
das outras pessoas, compreendendo a situação por diferentes potencial de seus companheiros. Quando você confia no resto na
perspectivas. Já a assertividade ajudará a não fugir das situações sua equipe, consegue delegar tarefas sem temer pela qualidade do
socialmente desconfortáveis e estabelecer os seus limites sem produto final.
agressividade. Isso é especialmente verdadeiro para os líderes. Muitos
Falando na agressividade, a inteligência emocional é outra gestores cometem o erro de praticar a microgestão, tentando
habilidade importantíssima tanto para a gestão de conflitos quanto controlar todos os aspectos das tarefas de toda a equipe. Isso
para o ambiente profissional como um todo. passa aos colaboradores a mensagem de que o líder não confia
em suas habilidades, afetando o relacionamento entre a equipe, a
• Comunicação eficiente autoconfiança e a motivação.
Se comunicar de forma clara e eficiente é essencial para um Para delegar, é preciso confiar. Se sua equipe sentir que a
bom trabalho em equipe. Alinhar as metas e objetivos é o primeiro liderança e seus pares confiam em seu trabalho, tem muito mais
passo para que tudo funcione sem problemas. Quando todos os chances de realizar as tarefas eficientemente e com motivação.
colaboradores entendem qual a direção que devem seguir com o
trabalho, é mais fácil orquestrar a execução. • Respeito
A comunicação também é importante para que todas as partes O respeito mútuo é importantíssimo para o bom trabalho em
saibam o que é esperado delas. A delegação de tarefas deve ser equipe. Colaboradores que não se respeitam como profissionais
clara, e ser respeitada. Novamente, a assertividade será uma e como pessoas jamais terão um bom relacionamento. Sem o
habilidade essencial para a boa comunicação. respeito, nenhuma outra habilidade que citamos anteriormente é
Quando um colaborador não sabe expressar seus limites, pode possível.
acabar pressionado a aceitar prazos que não pode cumprir ou Para estimular o respeito entre a equipe, é necessário trabalhar
tarefas que não sabe realizar. Isso prejudicará tanto o desempenho as habilidades de empatia e construir uma boa convivência entre os
da equipe, quanto a confiança dos colaboradores. E claro, o produto membros. Dinâmicas e exercícios de team building são ferramentas
final também será amplamente afetado. valiosíssimas nesse cenário.
Por isso a comunicação pode ser vista como um dos principais
pilares do bom trabalho em equipe. — Relacionamento interpessoal
Para Albuquerque (2012), uma maneira de desenvolver a
• Proatividade individualidade de cada ser é aprender a aceitá-los como são, pois
A proatividade é antecipar necessidades e, de forma autônoma, assim nos adaptamos a cada um, construindo um comportamento
todas as atitudes para atendê-las. Para o bom trabalho em equipe, tolerante. Quando estamos dispostos a aceitar as pessoas,
é preciso que todos os colaboradores tenham a habilidade de consequentemente nos tornamos mais flexíveis e observadores, o
identificar situações-problema antes que elas aconteçam. O mais que facilita o convívio, o aprendizado, e a capacidade de desenvolver-
importante, no entanto, é tomar uma atitude e oferecer soluções. se, descobrindo valores a partir de fraquezas de outros.
Uma equipe formada por colaboradores proativos tem um Mesmo sendo impossível agradar a todos o ser humano
funcionamento mais eficiente. Os resultados são melhores e obtidos necessita entender que precisa conviver com as pessoas a sua volta,
de forma mais rápida. Essa característica também possibilita que ninguém consegue viver sozinho, por isso tratar as pessoas bem ou
os processos sejam otimizados, elevando a qualidade do trabalho saber lhe dar com a presença de vários a sua volta é o mínimo que
como um todo. se precisa diante de uma sociedade em decorrente ascensão.
Para que funcionários sejam proativos, no entanto, é necessário De acordo com Chiavenato (2010), o relacionamento
que o estilo de liderança da organização seja flexível. A abertura a interpessoal é uma variável do sistema de administração
feedbacks, sugestões e opiniões entre os gestores é essencial para participativo, que representa o comportamento humano que gera
estimular a proatividade. o trabalho em equipe, confiança e participação das pessoas. “As
pessoas não atuam isoladamente, mas por meio de interações
• Inovação com outras pessoas para poderem alcançar seus objetivos”
A criatividade e inovação são habilidades capazes de (CHIAVENATO, 2010, p. 115).
transformar a forma que uma equipe interage. Para o bom trabalho Manter um bom relacionamento é imprescindível, o sucesso
em equipe, é preciso que seus integrantes estejam sempre inovando no dia a dia, na convivência com pessoas e também no ambiente
os processos e procurando soluções criativas. Isso possibilita profissional depende muito de como você trata as pessoas a sua
a obtenção de melhores resultados, aumento da eficiência e volta, não se pode escolher com quem trabalhar, ou com quem
otimização dos processos. dividir uma mesa no trabalho, somos “convidados” a lidar com as
Da mesma forma que a proatividade, a criatividade na equipe diferenças em todos os aspectos.
precisa de espaço concedido pela liderança para florescer. Estimular Um relacionamento interpessoal saudável entre o líder e seus
a autogestão na equipe possibilita que os profissionais criem liderados facilita no desbloqueio da insegurança que rodeiam os
soluções inovativas para realizar suas tarefas. colaboradores no dia a dia, o respeito e admiração trazem harmonia
para o ambiente de trabalho.
O aprimoramento deste relacionamento é diário, construído
aos poucos e deve ser regado para que futuras frustrações e
discórdias no trabalho não venham a aparecer.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Algumas vezes, lidar com as diferenças causa incompatibilidade, sua opinião em algo importante dentro da organização gera medo
desentendimentos, problemas, que devem ser solucionados a e ansiedade. O desenvolvimento pessoal de cada profissional é
partir do bom relacionamento e diálogo entre os colaboradores, necessário, aperfeiçoar nas habilidades propostas deixa de lado o
pois, “pequenas ações são as sementes dos grandes resultados” fato de não entregar o trabalho ofertado pela empresa.
(ALBUQUERQUE, 2012, p. 85). Um assunto mal falado gera confusão de informações tornando
“As relações interpessoais desenvolvem-se em decorrência do o ambiente de trabalho confuso e tenso, a união do relacionamento
processo de interação” (MOSCOVICI, 2011, p. 69). É uma maneira interpessoal com uma boa comunicação torna-se eficaz diante de
de conhecer mais, aprender com situações diversas no grupo social, uma organização que necessita de colaboradores fluentes e certos
vivenciando e trocando informações. do seu papel no trabalho.
Interagir com o outro ou se comunicar muita das vezes se “O desenvolvimento de competência interpessoal exige
torna uma tarefa complicada, quando essa prática costuma falhar a aquisição e o aperfeiçoamento de certas habilidades de
alguns conflitos surgem e não são fáceis de serem resolvidos. O ser comunicação para facilidade de compreensão mútua” (MOSCOVICI,
humano é envolvido por sentimentos, sensações e quase nunca 2011, p. 102).
pela razão, para se trabalhar em equipe é necessário a flexibilidade Existem vários elementos primordiais e fundamentais dentro
e compreensão, afinal realizar tarefas em equipe e estar no meio da comunicação e que devemos utilizar em nosso dia a dia.
de pessoas no ambiente de trabalho pode gerar eficiência nas Elementos - Segundo NASSAR (2005, p. 51), a estrutura
atividades e os objetivos lançados são alcançados com mais comunicacional possui quatro características essenciais. Tais como:
facilidade. Emissor – está ligado a organização é quem inicia a mensagem; Meio
“Influenciar pessoas é conseguir colaboração e cooperação. ou Canal de transmissão – ligado as ferramentas de comunicação,
A cooperação vai além do favor, que é uma gentileza espontânea, é o meio através do qual é transmitida a mensagem; Receptor –
além da obrigação e do poder de mando” (ALBUQUERQUE, 2012, p. público interno, a quem a mensagem é dirigida e as Respostas ou
84). As pessoas se sentem parte do grupo quando podem colaborar. Feedback – que são os resultados obtidos.
O trabalho em equipe também é muito característico do Obstáculos – Algumas palavras transmitidas não possuem
relacionamento interpessoal, o individuo precisa aprender a o mesmo significado para o emissor e receptor, surge então
trabalhar dentro de uma organização. problemas devido diferenças de interpretação.
Equipe é considerada um “conjunto ou grupo de pessoas com Para que a importante comunicação exerça seu papel dentro
habilidades complementares, comprometidas umas com as outras das empresas é necessário as ferramentas citadas acima, através
pela missão comum, objetivos comuns, obtidos pela negociação delas as pessoas terão mais facilidade em transmitir suas ideias e
entre os membros envolvidos em um plano de trabalho bem opiniões e também de ouvir o que está sendo falado.
difundido” (CARVALHO, 2009, p. 94). A valorização do seu quadro de pessoal é primordial para que
As empresas necessitam de funcionários qualificados e com a empresa cresça e dê frutos, através disto os colaboradores se
desenvoltura, transformar um grupo em equipe é um grande tornaram mais satisfeitos e comprometidos com seu trabalho e com
desafio, os funcionários estão cada dia mais isolados uns dos as atividades designadas.
outros, possuem egoísmo e temem se aproximar demais do outro Para ARGENTI (2006, p. 169), “A comunicação interna no século
temendo perder a vaga para um colega da mesma equipe. Gestores XXI envolve mais do que memorandos e publicações; envolve
estão a procura de pessoas que pensam juntas, desenvolvem juntas desenvolver uma cultura corporativa e ter o potencial de motivar a
e buscam crescimentos visando os lucros da empresa, hoje em dia mudança organizacional”.
funcionários estão sendo desligados por falta destas características. O ideal é envolver os colaboradores certos na área certa e no
Muitos visam somente o salário no começo do mês ou benefícios local correto, resultados positivos virão e uma gestão mais eficaz
que a empresa pode oferecer a ele, é necessário abrir a mente, irá surgir.
pensar e agir alto, ter ações que vão deixar a empresa orgulhosa de Baseado nos conceitos acima se entende que a comunicação
ter um funcionário que possua os valores da organização, proativo interna exerce um importante papel dentro das empresas, através
e faz acontecer na área de atuação. dela os colaboradores executam suas funções de forma mais
A comunicação é uma poderosa ferramenta capaz transformar objetiva e de acordo com os negócios da organização.
situações, resolver conflitos e também esclarecer fatos embaraçosos Para DUBRIN (2003) os canais formais de comunicação são
decorrentes do dia a dia, bem como ser gentil e educado no os caminhos oficiais para envio de informações dentro e fora
ambiente de trabalho. da empresa, tendo como fonte de informação o organograma
Além de influenciar os outros, uma boa comunicação contribui organizacional, que indica os canais que a mensagem deve seguir.
para a imagem de si mesmo, em um ambiente de trabalho não A metodologia utilizada neste trabalho foi à pesquisa de
é diferente, saber conversar com o gestor ou com a equipe de campo, onde foi elaborado um questionário fechado com
trabalho é necessário, expressar ideias, expor opiniões, concordar perguntas direcionadas ao relacionamento interpessoal dentro das
com palavras e atitudes que vão levar a empresa a resultados organizações.
positivos é essencial. O uso do questionário para Luz (2003) é a técnica mais utilizada
A comunicação é uma “ferramenta muito poderosa para nas pesquisas de clima, pois permite o uso das questões abertas ou
o comando, tanto que é considerada uma das competências fechadas, o custo é relativamente baixo, e pode ser aplicada a todos
essenciais para o êxito profissional. Nos relacionamentos humanos ou só a uma amostra de colaboradores.
tem seu valor potencializado” (ALBUQUERQUE, 2012, p. 104).
A dificuldade em expressar ideias ou falar em público existe e
acompanha diversas pessoas, somente o fato do colaborador saber
que precisa apresentar sua proposta em uma reunião ou expor

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

A escolha do questionário com questões fechadas deu- 3 – As pessoas precisam de alguns elementos fundamentais
se pelo fato dos resultados obtidos serem mais reais, o leitor e para viver, tais como: carinho, aprovação social, influência, proteção
responsável por responder as perguntas necessita de mais atenção e autorrealização.
e comprometimento em analisar e interagir com o responsável pela
pesquisa. • Como surgiu a teoria das relações humanas?
O questionário elaborado foi aplicado a gestores de uma A teoria das relações humanas surgiu no período entre o final
empresa, logo em seguida os dados foram abordados e analisados da década de 1920 e início da década de 1930, nos Estado Unidos.
sob uma estatística, objetivando descrever qual o grau de satisfação Na época, o país vivia a chamada Grande Depressão, que
e de interesse dos mesmos em seus subordinados. culminou com a queda da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em
Através do gráfico 4.3 podemos observar que as mulheres 1929.
possuem maior dificuldade no relacionamento interpessoal dentro O movimento, então, aparece como uma tentativa de encontrar
desta organização. Não foi identificada a quantidade de homens e respostas para os problemas econômicos vividos no país.
mulheres em cada área, porem com este questionário foi possível Soluções que até então eram inquestionáveis passaram a ser
identificar que o publico feminino tem certa dificuldade em se problematizadas.
relacionar. Tudo o que os empresários e a população em geral queriam
Mesmo possuindo certa dificuldade com as colaboradoras, este naquele momento era se reerguer como nação.
índice não prejudica a gestão dos gerentes, conforme gráfico 4.4 Justamente por isso, a teoria traz uma nova visão administrativa
podemos ver que é maior a satisfação dos gestores quando houve para as empresas, com o intuito de rever o entendimento do capital
falar em relacionamento interpessoal. humano dentro das organizações.
Olhando de um modo geral os colaboradores conseguem se
adequar uns aos outros e também com a empresa, a organização Experiência de Hawthorne
oferece benefícios que fazem com que os mesmos se sintam O grande marco da teoria das relações humanas foi a chamada
motivados a trabalhar em equipe. “experiência de Hawthorne”.
Lacombe (2005) afirma que a satisfação do pessoal com o Hawthorne é um bairro da cidade de Chicago, onde ficava a
ambiente interno da empresa está vinculada a motivação, á lealdade Western Electric Company, empresa de componentes telefônicos
e á identificação com a empresa, facilitando, assim, a comunicação na qual foi realizado o primeiro estudo, dividido em quatro etapas e
interna e o relacionamento entre as pessoas. conduzido por Elton Mayo e Fritz Roethlisberger.
Os dois professores da Universidade de Harvard foram
— Relações humanas contratados para analisar a produtividade dos funcionários e a sua
O principal conceito dessa teoria administrativa é procurar relação com as condições físicas de trabalho.
identificar e entender os sentimentos dos trabalhadores, bem
como relacionar essas emoções com as atividades por eles Elton Mayo
desempenhadas. Elton Mayo é considerado por muitos como o pai da teoria das
Em outras palavras, é quando o colaborador deixa de ser relações humanas.
tratado apenas como um “homem profissional” e começa a ser O pesquisador australiano foi o principal responsável pela
analisado por um viés mais humano, como um “homem social”, que metodologia da experiência de Hawthorne, assim como pela sua
tem um comportamento complexo e mutável. aplicação.
Assim, o seu desempenho não poderia ser avaliado apenas
pelos números finais apresentados, mas por todo o processo de – Primeira fase:
produção. Conhecida como estudos de iluminação, essa etapa contava
Surgem aí questões como: o que o levou a produzir assim? Por com dois grupos de funcionárias que realizavam o mesmo tipo de
que em determinado mês ele tinha uma performance melhor ou atividade, só quem em condições distintas.
pior? Na primeira equipe, a experimental, as colaboradoras deveriam
Tudo começou a fazer parte de uma questão maior e, a partir desempenhar suas funções com uma exposição variável de luz. Ora
de então, fatores externos ao ambiente organizacional passaram a elas recebiam mais luminosidade, ora menos.
ser observados como elementos impactantes na mensuração dos No time dois, o de controle, as trabalhadoras produziam com
resultados. uma exposição constante à luz.
O resultado foi que, em ambos os casos, a eficiência aumentou.
Características da teoria das relações humanas Foi, então, que os pesquisadores procuraram entender o que
Também conhecida como Escola das Relações Humanas, essa levava a isso.
teoria se baseava em três princípios básicos, que contrastavam com Depois de aumentar, diminuir e deixar os dois grupos em uma
o modelo vigente até então, chamado de clássico ou mecanicista. exposição contínua de luz, a conclusão foi de que a melhora no
desempenho se dava mais por um fator psicológico do que algo
Confira as suas principais características: fisiológico.
1 – O homem não é somente um ser mecânico, pois suas ações Ou seja, as mulheres se viam mais pressionadas a produzirem,
são muito mais complexas do que as de uma máquina muito em função da pressão colocada sobre elas do que
2 – Todo ser humano tem seu comportamento direcionado pelo propriamente por uma mudança drástica causada pela luz.
sistema social, em conjunto com as suas necessidades biológicas Por isso, os resultados encontrados nessa primeira fase foram
deixados à margem do experimento.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

– Segunda fase: Conclusão da experiência


A segunda fase também era composta por dois grupos. A experiência de Hawthorne não trouxe só uma, mas inúmeras
Um deles era formado por seis moças, sendo que cinco delas conclusões, que serviram como verdadeiras bandeiras para a teoria
realizavam o trabalho de montar as relés – parte dos aparelhos das relações humanas.
telefônicos – e a outra era responsável por prestar ajuda a elas, Nos próximos tópicos, vamos trazer detalhes sobre elas.
alcançando ferramentas para abastecer o trabalho. Esse era o
chamado time experimental. – Produtividade e interação social
O outro grupo era formado por apenas cinco funcionárias e um Diferentemente do que defendiam as teorias clássicas, que
contador, que contabilizava o número de peças produzidas. Essa era entendiam que o desempenho profissional estava baseado única
a equipe de controle. e exclusivamente em questões fisiológicas e físicas, a escola
O estudo foi dividido em 12 períodos e identificou que o time das relações humanas trouxe o contraponto, que relacionava
experimental produziu melhor, pois a supervisão era mais branda produtividade e interação social.
e não havia aquela cobrança induzida pelo instrumento que fazia a Ou seja, quanto mais uma equipe trabalhar em sintonia,
quantificação do trabalho. melhores vão ser os resultados alcançados.
No cenário um, o ambiente mais amistoso possibilitava um
clima mais descontraído, no qual as colegas passaram a ficar amigas – A influência do grupo no pensamento individual
e a construir uma boa relação fora dali. A reação dos trabalhadores não acontece de forma isolada,
Isso sem falar nos sentimentos de colaboração e de empatia, mas sim como membros de uma coletividade.
também bastante reforçados. Isso fica evidente ao observar a maneira como todos procuram
Era o oposto do encontrado no grupo de controle, no qual a se adequar a determinados padrões e evitar punições por não
competitividade imperava e o individualismo tomava conta. seguirem uma diretriz aceita pelo grande grupo.

– Terceira fase: – O reconhecimento além do monetário


Nesse momento, as questões físicas começaram a ser deixadas Receber um aumento é importante, é claro. Mas o que a
um pouco de lado para dar mais atenção ao emocional e às relações teoria das relações humanas busca mostrar é que o trabalhador
interpessoais no trabalho. busca uma aprovação social, mais do que qualquer reajuste
Foi quando iniciou o programa de entrevistas, que tinha como salarial. Ele também deseja participar das atividades em grupo
objetivo ouvir as opiniões dos funcionários a respeito de suas com maior representatividade e da criação de outras estruturas
atribuições. organizacionais.
O objetivo era entender como eles se sentiam ao realizar Quem foi que disse que a única estrutura possível dentro de
determinadas atividades e também como mudanças dentro da uma empresa é a tradicional, aquela montada pelos gestores?
empresa poderiam ser conduzidas e em quais aspectos. A teoria das relações humanas mostrou o contrário, com os
No início, essas conversas eram dirigidas: o entrevistador próprios operários montando o seu próprio grupo classista.
conduzia o bate-papo conforme desejava.
No entanto, com o passar do tempo, os diálogos se tornaram – A especialização e a troca de funções
mais livres e os colaboradores podiam abrir o coração e falar A especialização não era vista como uma forma de tornar uma
abertamente sobre os seus anseios. empresa mais eficaz. Na verdade, a busca por mais capacitação era
Durante as entrevistas, foi descoberta uma organização a oportunidade que os profissionais tinham de se livrar da rotina
composta pelos operários, algo informal, mas muito sério, que monótona e repetitiva de seus cargos.
servia como uma rede de apoio para que a classe se protegesse dos Assim, era possível buscar uma promoção e trocar de função
eventuais desmandos das chefias. dentro da organização.

– Quarta fase: – Foco maior nos sentimentos do trabalhador


A quarta e última fase se propôs, justamente, a entender um A maior conclusão tirada da teoria das relações humanas foi,
pouco mais sobre esse movimento iniciado pelos empregados. sem dúvidas, o aprofundamento do lado social do profissional.
A ideia foi de apresentar uma alternativa que poderia ser O comportamento teve atenção total dos chamados autores
vantajosa para todos os funcionários: que tal oferecer aumento às humanistas, que viam nos operários gente de carne e osso, que
equipes caso houvesse um crescimento geral da produção? também tem anseios, dificuldades e sentimentos irracionais.
De pronto, a maioria aceitou e o que se observou foi um – Quais são as críticas à teoria das relações humanas?
sentimento de solidariedade total. Mas como nem tudo são flores, também existem muitas críticas
Cada trabalhador ajudava o outro, a fim de que todos referentes a alguns métodos desenvolvidos pelos pensadores da
conseguissem cumprir suas metas e, assim, aumentassem os seus teoria.
salários ao final do mês.
Foi criada uma uniformidade de comportamento, de modo Conheça os pontos mais desaprovados dentro da escola das
que todos tinham que produzir em um determinado ritmo, com um relações humanas:
nível de exigência que pudesse ser acompanhado pelos demais.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

– Negação total de outras teorias O escritor brasileiro tem diversos livros publicados nas áreas de
É natural que um pensamento surja para contrapor uma administração de empresas e de recursos humanos.
norma vigente. No entanto, para muitos estudiosos, a teoria das Com algumas adaptações para a realidade atual em relação ao
relações humanas simplesmente negou todos os preceitos das texto original da Escola, como a correlação da satisfação profissional
chamadas teorias clássicas e não debateu nem confrontou nenhum e os índices de turnover, por exemplo, Chiavenato é visto como um
posicionamento anterior. dos maiores pensadores dos processos administrativos corporativos
no mundo.
– Desvio do principal problema das indústrias
Muitos críticos defendem que a falta de produtividade nas Qual a importância da teoria das relações humanas para as
empresas ainda não tem uma resposta conclusiva. empresas?
Segundo eles, o que a teoria das relações humanas fez foi Criada há quase um século, a teoria das relações humanas ainda
maquiar o problema, melhorando as relações de trabalho e é bastante atual e tem diversos pontos que podem ser explorados
valorizando o empenho coletivo. nos dias de hoje.

– Visão romântica do trabalhador A importância de olhar e valorizar o colaborador


Essa objeção vai muito ao encontro do que foi citado no item Um dos principais ensinamentos da teoria que pode ser trazido
anterior. para a atualidade é o de que o colaborador é parte fundamental do
Os defensores da escola das relações humanas acreditavam desempenho da empresa e que, como tal, precisa ser valorizado.
que um trabalhador feliz teria um desempenho melhor, mas muitos Por isso, enfatizar questões sociais e humanísticas defendidas pela
argumentam que isso nem sempre representa a realidade. teoria é algo que deve ser feito, mesmo 90 anos depois.
Valorizar esse profissional significa dar todas as condições para
– Baixo nível de amostragem em seus estudos que ele desempenhe o seu papel da melhor maneira possível, além
Outro ponto bastante criticado é a limitação do campo de recompensar sua atuação acima da média.
experimental. Afinal, como basear um experimento em um grupo Escutar o que ele tem a dizer, suas principais necessidades e
tão pequeno? suas inseguranças, é um meio de oferecer esse suporte, assim como
Autores resistentes à teoria defendem que as pesquisas dar feedbacks constantes.
deveriam ser aprofundadas para se alcançar resultados mais Como medir o desempenho do colaborador?
conclusivos. Garantir a valorização do seus funcionários é certeza de uma
produtividade mais elevada e com qualidade.
Escola das relações humanas e seus teóricos Mas como se certificar de que esse desempenho é, de fato,
Como já dito, Elton Mayo é considerado o maior expoente da aquele esperado?
escola das relações humanas. Mas isso não significa dizer que ele é Quanto a isso, você pode ficar tranquilo. Existem formas de
o único. mensurar a performance do seus colaboradores.
Nomes como o próprio Fritz Roethlisberger, co-autor da Resolução de situações com a avaliação de desempenho
experiência de Hawthorne, William Dickson e Idalberto Chiavenato Com os Key Performance Indicators (KPIs), popularmente
também contribuíram com temas relevantes para a área. conhecidos como indicadores de performance, é possível recolher
dados confiáveis para basear uma avaliação de desempenho.
Roethlisberger e Dickson Existem diferentes tipos, capazes de avaliar questões como
Juntos, os pesquisadores lançaram em 1939 a obra produtividade, eficácia e vendas, por exemplo.
“Management and the worker”, na qual analisaram um grupo de Basta escolher as melhores opções para o seu caso e manter
empregados trabalhando. um acompanhamento contínuo.
Entre outros elementos, o livro trouxe contribuições
importantes para a corrente teórica, enfatizando, por exemplo, que Teoria das relações humanas e o ciclo motivacional
costumes e códigos de comportamento eram mais importantes do A partir dos estudos propostos pela teoria das relações
que incentivos financeiros. humanas, outros elementos comportamentais dos profissionais
Além disso, os autores abordaram o desenvolvimento natural começaram a ser analisados.
da liderança. Segundo eles, essa é uma habilidade inata, mas que A motivação foi um deles, entendendo que um indivíduo
pode ser aprimorada. motivado tem maior propensão a atingir um objetivo pré-
Em outras palavras, você pode se tornar o líder que tanto determinado do que aquele que já não tem perspectivas.
deseja ser. Em um primeiro momento, isso parece uma dedução
Ainda de acordo com Roethlisberger e Dickson, todas as lógica, mas foi fazendo com que cada vez mais e mais empresas
pessoas têm necessidades sociais, que são tão importantes quanto se preocupassem em manter seus colaboradores dispostos e
às físicas. comprometidos, inclusive a partir de incentivos e melhorias na
Em outras palavras, o lado técnico e humano estão intimamente qualidade do ambiente organizacional.5
ligados e, para a compreensão total de um trabalhador, precisam
ser analisados em conjunto.
Chiavenato 5 Fonte: www.administradores.com.br/www.rhportal.com.br/www.
Idalberto Chiavenato é um pensador contemporâneo da teoria ibccoaching.com.br/www.sbcoaching.com.br/www.administradores.
das relações humanas. com.br . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS ORGANIZAÇÕES Transcende a organização formal, não se limitando ao horário de
FORMAIS MODERNAS: TIPOS DE ESTRUTURA trabalho, barreiras organizacionais ou hierarquias;
ORGANIZACIONAL; NATUREZA; FINALIDADES São intangíveis (não visíveis);
São resistentes às modificações nos processos, uma vez que as
As organizações formais modernas caracterizam-se como um pessoas tendem a defender excessivamente os seus padrões.
sistema constituído de elementos interativos, que recebe entradas do
ambiente, transformando-os, e emite saídas para o ambiente externo. — Tipos de estrutura organizacional
Nesse sentido, os elementos interativos da organização, pessoas e de- A estrutura organizacional é o conjunto de responsabilidades,
partamentos, dependem uns dos outros e devem trabalhar juntos. autoridades, comunicações e decisões de unidades de uma empre-
As organizações podem ser formais e informais. sa. É um meio para o alcance dos objetivos, estando relacionada
com a estratégia da organização, de tal forma que mudanças na es-
— Formais tratégia precedem e promovem mudanças na estrutura.
A estrutura formal das organizações é composta pela estrutura A estrutura organizacional de uma empresa define como as ta-
instituída pela vontade humana para atingir determinado objetivo. refas são formalmente distribuídas, agrupadas e coordenadas. No
Ela é representada por um organograma composto por órgãos, car- tipo de estrutura formal, a relação hierárquica é impessoal e sem-
gos e relações de autoridade e responsabilidade. pre realizada por meio de ordem escrita.
Elas são regidas por normas e regulamentos que estabelecem São seis os elementos básicos a serem focados pelos adminis-
e especificam os padrões para atingir os objetivos organizacionais. tradores quando projetam a estrutura das organizações: a especia-
lização do trabalho, a departamentalização, a cadeia de comando,
a amplitude de controle, a centralização e descentralização e, por
Características das Organizações Formais
fim, a formalização.
São instituídas pela vontade humana; Ao planejar a estrutura organizacional, uma das variáveis refe-
São planejadas e deliberadamente estruturadas; re-se a quem os indivíduos e os grupos se reportam. Essa variável
consiste em estruturar a cadeia de comando.
São tangíveis (visíveis); São tipos tradicionais de organização:
Seus líderes se valem da autoridade e responsabilidade (líderes a) Organização Linear: autoridade única com base na hierar-
formais); quia (unidade de comando), comunicação formal, decisões centra-
lizadas e aspecto piramidal;
São regidas por normas e regulamentos definidos de forma b) Organização Funcional: autoridade funcional ou dividida,
racional (lógica); linhas diretas de comunicação, decisões descentralizadas e ênfase
São representadas por organogramas; na especialização;
c) Organização Linha-staff: coexistência da estrutura linear
São flexíveis às modificações em sua estrutura e nos processos
com a estrutura funcional, ou seja, comunicação formal com asses-
organizacionais, em face da hierarquia formal e impessoal.
soria funcional, separação entre órgãos operacionais (de linha) e ór-
gãos de apoio (staff). Há, ao mesmo tempo, hierarquia de comando
— Informais
e da especialização técnica.
Visto as organizações formais serem compostas por redes de
relacionamento no ambiente de trabalho, esse relacionamento dá
São estruturas organizacionais modernas:
origem à organização informal. As organizações informais definem-se
a) Estrutura Divisional: é caracterizada pela criação de unida-
como o conjunto de interações e relacionamentos que se estabele-
des denominadas centros de resultados, que operam com relativa
cem entre as pessoas, sendo esta paralela à organização formal.
autonomia, inclusive apurando lucros ou prejuízos para cada uma
As organizações informais não possuem objetivos predetermi-
delas. Os departamentos prestam informações e se responsabili-
nados, surgem de forma natural, estando presentes nos usos e cos-
zam pela execução integral dos serviços prestados, mediados por
tumes, e se manifestam por meio de sentimentos e necessidade de
um sistema de gestão eficaz;
associação pelos membros da organização formal.
b) Estrutura Matricial: combina as vantagens da especialização
funcional com o foco e responsabilidades da departamentalização
Características das Organizações Informais do produto, ou divisional. Suas aplicações acontecem, em hospitais,
São oriundas das relações pessoais e sociais desenvolvidas natu- laboratórios governamentais, instituições financeiras etc.
ralmente entre os membros de determinada organização;
O que a difere das outras formas de estrutura organizacional,
Sua relação é de coesão ou antagonismo; é que características de mais de uma estrutura atuam ao mesmo
As lideranças são informais, por meio da influência; tempo sobre os empregados. Além disso, existe múltipla subordina-
ção, ou seja, os empregados se reportam a mais de um chefe, o que
Possuem colaboração espontânea, independente da autoridade pode gerar confusão nos subordinados e se tornar uma desvanta-
formal; gem desse tipo de estrutura.
Têm possibilidade de oposição à organização formal;

169
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

É uma ótima alternativa para empresas que trabalham desen- a) Departamentalização Funcional: representa o agrupamento
volvendo projetos e ações temporárias. Nesse tipo de estrutura o por atividades ou funções principais. A divisão do trabalho ocor-
processo de decisão é descentralizado, com existência de centros re internamente, por especialidade. Abordagem indicada para cir-
de resultados de duração limitada a determinados projetos; cunstâncias estáveis, de poucas mudanças e que requeiram desem-
c) Estrutura em Rede: competitividade global, a flexibilidade penho continuado de tarefas rotineiras;
da força de trabalho e a sua estrutura enxuta. As redes organiza- b) Departamentalização por Produtos ou Serviços: represen-
cionais se caracterizam por constituir unidades interdependentes ta o agrupamento por resultados quanto a produtos ou serviços.
orientadas para identificar e solucionar problemas; A divisão do trabalho ocorre por linhas de produtos/serviços. A
d) Estrutura por Projeto: manutenção dos recursos necessários orientação é para o alcance de resultados, por meio da ênfase nos
sob o controle de um único indivíduo. produtos/serviços;
c) Departamentalização Geográfica: também chamada de De-
— Natureza partamentalização Territorial, representa o agrupamento conforme
Estão entre os fatores internos que influenciam a natureza da localização geográfica ou territorial. Caso uma organização, para
estrutura organizacional da empresa: estabelecer seus departamentos, deseje considerar a distribuição
• a natureza dos objetivos estabelecidos para a empresa e seus territorial de suas atividades, ela deverá observar as técnicas de de-
membros; partamentalização geográfica;
• as atividades operantes exigidas para realizar esses objetivos; d) Departamentalização por Clientela: representa o agrupa-
• a sequência de passos necessária para proporcionar os bens mento conforme o tipo ou tamanho do cliente ou comprador. Pos-
ou serviços que os membros e clientes desejam ou necessitam; sui ênfase e direcionamento para o cliente;
• as funções administrativas a desempenhar;
• as limitações da habilidade de cada pessoa na empresa, além e) Departamentalização por Processos: representa o agrupa-
das limitações tecnológicas; mento por etapas do processo, do produto ou da operação. Possui
• as necessidades sociais dos membros da empresa; e ênfase na tecnologia utilizada;
• o tamanho da empresa. f) Departamentalização por Projetos: representa o agrupa-
mento em função de entregas (saídas) ou resultados quanto a um
Da mesma forma consideram-se os elementos e as mudanças ou mais projetos. É necessária uma estrutura flexível e adaptável às
no ambiente externo que são também forças poderosas que dão for- circunstâncias do projeto, pois o mesmo pode ser encerrado antes
ma à natureza das relações externas. Mas para o estabelecimento de do prazo previsto. Dessa forma, os recursos envolvidos, ao término
uma estrutura organizacional, considera-se como mais adequada a do projeto, são liberados;
análise de seus componentes, condicionantes e níveis de influência. g) Departamentalização Matricial: também chamada de orga-
nização em grade, combina duas formas de departamentalização,
— Finalidades a funcional com a departamentalização de produto ou projeto, na
A estrutura formal tem como finalidade o sistema de autorida- mesma estrutura organizacional. Representa uma estrutura mista
de, responsabilidade, divisão de trabalho, comunicação e processo ou híbrida.
decisório. São princípios fundamentais da organização formal: O desenho matricial apresenta duas dimensões: gerentes fun-
a) Divisão do trabalho: é a decomposição de um processo com- cionais e gerentes de produtos ou de projeto. Logo, não há unidade
plexo em pequenas tarefas, proporcionando maior produtividade, de comando. É criada uma balança de duplo poder e, por conse-
melhorando a eficiência organizacional e o desempenho dos envol- quência, dupla subordinação.
vidos e reduzindo custos de produção;
b) Especialização: considerada uma consequência da divisão
do trabalho. Cada cargo passa a ter funções específicas, assim como
PROCESSO ORGANIZACIONAL: PLANEJAMENTO;
cada tarefa;
DIREÇÃO; COMUNICAÇÃO; CONTROLE; E AVALIAÇÃO
c) Hierarquia: divisão da empresa e, camadas hierárquicas. A
hierarquia visa assegurar que os subordinados aceitem e executem Processo Organizacional é um conjunto de atividades logica-
rigorosamente as ordens e orientações dadas pelos seus superio- mente interligadas, maneiras pelas quais se realiza uma operação,
res; envolvendo pessoas, equipamentos, procedimentos e informações
d) Amplitude administrativa: também chamada de amplitude e, quando executadas, transformam entradas em saídas, agregam
de controle ou amplitude de comando, determina o número de fun- valor e produzem resultados6.
cionários que um administrador consegue dirigir com eficiência e Na gestão por processos, um processo é visto como fluxo de
eficácia. A estrutura organizacional que apresenta pequena ampli- trabalho, com insumos, produtos e serviços claramente definidos e
tude de controle é a aguda ou vertical. atividades que seguem uma sequência lógica e dependente umas
das outras, numa sucessão clara, denotando que os processos têm
— Critérios de departamentalização início e fim bem determinados e geram resultados para os clientes in-
Departamentalização é o nome dado à especialização hori- ternos e/ou externos. Um processo organizacional se caracteriza por:
zontal na organização por meio da criação de departamentos para → Início, fim e objetivos definidos;
cuidar das atividades organizacionais. É decorrente da divisão do → Clareza quanto ao que é transformado na sua execução;
trabalho e da homogeneização das atividades. É o agrupamento
adequado das atividades em departamentos específicos. 6 Manual de gestão por processos / Secretaria Jurídica e de Docu-
São critérios de departamentalização: mentação / Escritório de Processos Organizacionais do MPF. - Brasília:
MPF/PGR, 2013.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

→ Definir como ou quando uma atividade ocorre; Funções da administração


→ Resultado específico;
→ Listar os recursos utilizados para a execução da atividade;
→ Agregar valor para o destinatário do processo;
→ Ser devidamente documentado;
→ Ser mensurável; e
→ Permitir o acompanhamento ao longo da execução.

Categorias de Processos
Os processos organizacionais podem ser classificados em três
categorias:

Processos Gerenciais
São aqueles ligados à estratégia da organização. Estão direta-
mente relacionados à formulação de políticas e diretrizes para se https://www.researchgate.net/profile/Thiago-Soares-3/publica-
estabelecer e concretizar metas. tion/320024475_Estrutura_e_Processos_Organizacionais/links/59c-
Também referem-se ao estabelecimento de indicadores de 95f04a6fdcc451d545e13/Estrutura-e-Processos-Organizacionais.pdf
desempenho e às formas de avaliação dos resultados alcançados
interna e externamente à organização. Exemplos: planejamento es- Como mostra a figura acima, a administração é formada pelo
tratégico, gestão por processos e gestão do conhecimento. processo de planejamento, organização, direção e controle do traba-
lho dos membros da organização e do emprego de todos os outros
Processos Finalísticos recursos organizacionais para atender aos objetivos estabelecidos.
Aqueles ligados à essência de funcionamento do órgão. Carac- O Planejamento determina a finalidade e os objetivos da organi-
terizam a atuação do órgão e recebem apoio de outros processos zação e prevê atividades, recursos e meios que permitirão atingi-los ao
internos, gerando um produto ou serviço para o cliente interno ou longo de um período de tempo determinado. Ele pode promover mu-
cidadão. Exemplos: atuações extrajudicial e judicial. danças essenciais que podem melhorar o desempenho da organização.
Assim, a estrutura organizacional vai variando de acordo com
Processos Meio o planejamento estratégico da organização, para poder se adequar
São processos essenciais para a gestão efetiva da organização, aos seus objetivos.
garantindo o suporte adequado aos processos finalísticos. Estão Como uma das etapas do processo decisório, a etapa de plane-
diretamente relacionados à gestão dos recursos necessários ao jamento é a avaliação das vantagens e desvantagens de cada alter-
desenvolvimento de todos os processos da instituição. Exemplos: nativa. É necessário ter senso crítico para poder analisar as alterna-
contratação de pessoas, aquisição de bens e materiais e execução tivas, para que realmente se escolha a melhor delas.
orçamentário-financeira.
Tipos de planejamento nas empresas
Os processos críticos, que são aqueles de natureza estratégica
para o sucesso institucional, encontram-se nos denominados pro- Nível estratégico - substituição de produtos para se adequar ao
cessos gerenciais e finalísticos. mercado, nova filial;
Nível tático - divisão de uma área em duas (produção e técnica)
— Planejamento para melhor administrar os recursos da empresa;
A estrutura organizacional deve ser delineada de acordo com Nível operacional - alteração da estrutura organizacional.
os objetivos e as estratégias estabelecidas, ou seja, a estrutura or-
ganizacional é uma ferramenta básica para alcançar as situações A figura a seguir demonstra os tipos de planejamento nas em-
almejadas pela empresa. A organização de uma empresa é a orde- presas:
nação e o agrupamento de atividades e recursos e visa ao alcance
de objetivos e resultados estabelecidos7.
As funções de administração exercidas pelos executivos das
empresas são interligadas. Observe a figura a seguir.

7 Soares, Thiago Coelho. Estrutura e processos organizacionais: livro


https://www.researchgate.net/profile/Thiago-Soares-3/publica-
didático / Thiago Coelho Soares; design instrucional João Marcos de
tion/320024475_Estrutura_e_Processos_Organizacionais/links/59c-
Souza Alves, Marina Melhado Gomes da Silva. – Palhoça: UnisulVirtu-
95f04a6fdcc451d545e13/Estrutura-e-Processos-Organizacionais.pdf
al, 2013.

171
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

— Direção Metodologia para avaliação de estruturas organizacionais


A direção conduz e motiva pessoas a exercerem suas tarefas a
fim de alcançarem os objetivos organizacionais. Ela designa o pro-
cesso pelo qual os gerentes procuram lidar com seus subordinados,
liderando-os e comunicando-se com eles.
Enquanto as funções de planejamento, organização e controle
são qualificadas de impessoais, a direção é um processo interpes-
soal que determina relações entre indivíduos. Isso porque a fun-
ção de direção se relaciona diretamente com a maneira pela qual
o objetivo é alcançado, por meio da orientação das operações que
devem ser executadas.
É a função de direção que passa a se preocupar com que as
operações sejam executadas e os objetivos atingidos. Para dirigir
subordinados, o administrador deve motivar, comunicar e liderar,
de modo situacional a cada indivíduo, grupo ou organização.

— Comunicação
A fim de atender aos seus desejos e manter seus membros in-
formados do que está havendo e que possa afetar a satisfação dos
desejos, o grupo desenvolve sistemas e canais de comunicação.

Comunicação horizontal e diagonal


Na estrutura tradicional, a comunicação deve ser acompanha- https://www.researchgate.net/profile/Thiago-Soares-3/publica-
da pela cadeia de comando. Assim, se um especialista precisa se co- tion/320024475_Estrutura_e_Processos_Organizacionais/links/59c-
municar com outra área, deve fazer isso por meio de seu superior, 95f04a6fdcc451d545e13/Estrutura-e-Processos-Organizacionais.pdf
que passará a informação para o superior da outra pessoa.
Em ambientes dinâmicos, esse percurso pode ser danoso para Benchmarking
a empresa, devido à demora da resposta. Por isso, passou-se a ado- Utilizado como ferramenta de gestão, é um processo contínuo
tar a comunicação horizontal, de especialista para especialista, sem de avaliação de desempenho, não somente de produtos e serviços,
intermédio dos seus superiores, e a comunicação diagonal, em que mas também das funções, dos métodos e das práticas em relação
o especialista procura o superior do outro departamento para obter aos melhores valores. É uma ferramenta que proporciona uma
a informação. melhoria contínua, pois sempre se comparará a empresa com as
empresas que se destacam na característica a ser estudada. Na se-
— Controle e avaliação quência, adaptam-se as ações da outra empresa para a realidade
O controle compara os objetivos estabelecidos e os recursos da organização.
previstos com os resultados atingidos e os recursos realmente gas-
tos, a fim de tomar medidas que possam corrigir ou mudar os ru- GESTÃO DE PROCESSOS
mos fixados. Outra função do grupo é o controle social, pelo qual o
comportamento dos outros é influenciado e regulado.
Toda organização desenvolve diversas atividades que levam à
O controle social pode ser interno e externo. O controle interno produção de resultados. Essas atividades em conjunto podem ser
é dirigido no sentido de fazer os membros do grupo surgirem em enquadradas como processos, que, de forma integrada, trabalham
conformidade com sua cultura. Já o controle externo é dirigido para para atingir os objetivos principais do órgão, diretamente relaciona-
os que estão fora do grupo, tais como: governo, sindicato etc. dos à sua missão institucional8.
O executivo deve saber que a pressão do controle externo pode A Gestão por Processos ou Business Process Management
ser bastante forte, tal como quando uma greve ocorre. (BPM) é uma abordagem sistemática de gestão que trata de proces-
Como etapa do processo decisório, na etapa de controle, ava- sos de negócios como ativos, que potencializam diretamente o de-
liam-se os resultados da decisão. Assim, é necessário humildade, sempenho da organização, primando pela excelência organizacional
pois se os resultados não são os esperados, muitas vezes sai mais e agilidade nos negócios. Isso envolve a determinação de recursos
barato admitir o erro do que manter a decisão. necessários, monitoramento de desempenho, manutenção e ges-
tão do ciclo de vida do processo.
Fatores críticos de sucesso na gestão por processos estão rela-
cionados a como mudar as atitudes das pessoas e ou perspectivas
de processos para avaliar o desempenho dos processos das orga-
nizações. O BPM permite a análise, definição, execução, monitora-
mento e administração, incluindo o suporte para a interação entre
pessoas e aplicações informatizadas diversas.
8 Manual de gestão por processos / Secretaria Jurídica e de Docu-
mentação / Escritório de Processos Organizacionais do MPF. - Brasília:
MPF/PGR, 2013.

172
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Acima de tudo, ele possibilita que as regras de negócio da or- Tarefas da Gestão de Processos
ganização, travestidas na forma de processos, sejam criadas e in-
formatizadas pelas próprias áreas de gestão, sem interferência das PROMOVER O APRENDIZADO
áreas técnicas. A meta desses sistemas é padronizar processos cor- Registrar e controlar desvios dos processos;
porativos e ganhar pontos em produtividade e eficiência.
As soluções de BPM são vistas como aplicações cujo principal Avaliar desempenho dos processos;
propósito é medir, analisar e otimizar a gestão do negócio e os pro- Registrar aprendizado sobre os processos.
cessos de análise financeira da empresa.
Objetivos da Gestão de Processos
Tarefas da Gestão por Processos A gestão de processos organizacionais tem como principais ob-
Como forma de viabilizar a gestão por processos, visando con- jetivos:
tribuir para o aumento da performance, suas tarefas são divididas - Conhecer e mapear os processos organizacionais desenvolvi-
em três grupos, conforme demonstra as tabelas a seguir: dos pela instituição e disponibilizar as informações sobre eles, pro-
movendo a sua uniformização e descrição em manuais;
Tarefas da Gestão de Processos - Identificar, desenvolver e difundir internamente metodolo-
gias e melhores práticas da gestão de processos;
PROJETAR PROCESSOS - Promover o monitoramento e a avaliação de desempenho dos
Entender o ambiente interno e externo; processos organizacionais, de forma contínua, mediante a constru-
ção de indicadores apropriados;
Estabelecer estratégia, objetivos e abordagens de mudanças;
- Implantar melhorias nos processos, visando alcançar maior
Assegurar patrimônio para mudança; eficiência, eficácia e efetividade no seu desempenho.
Entender, selecionar e priorizar processos;
— Princípios para a Gestão de Processos Organizacionais
Entender, selecionar e priorizar ferramentas de modelagem; A gestão de processos organizacionais se baseia em alguns
Entender, selecionar e priorizar técnicas de MIASP9; princípios que norteiam o desenvolvimento das ações e encontram-
-se representados a seguir:
Formar equipe e time de diagnóstico de processos;
Entender e modelar processos de situação atual; Satisfação dos clientes: necessidades, perspectivas e requisitos
dos clientes internos e externos devem ser conhecidos para que o
Definir e priorizar problemas atuais;
processo seja projetado de modo a produzir resultados que satisfa-
Definir e priorizar soluções para os problemas atuais; çam suas necessidades;
Reprojetar práticas de gestão e execução de processos; Gerência participativa: conhecer e avaliar a opinião dos seus
colaboradores é um aspecto importante para que sejam discutidas
Entender e modelar processos na situação futura; as ideias e melhor desempenho do processo seja alcançado;
Definir mudanças nos processos. Desenvolvimento humano: para se chegar a melhor eficiência,
eficácia e efetividade da organização é necessário o conhecimento,
as habilidades, a criatividade, a motivação e a competência das pes-
Tarefas da Gestão de Processos soas, de oportunidades de aprendizado e de um ambiente favorável
GERIR PROCESSOS ao pleno desenvolvimento depende o sucesso das pessoas;
Metodologia padronizada: para evitar desvios de interpretação
Implantar novos processos;
e alcançar os resultados esperados, é importante seguir os padrões e
Implementar processos e mudanças; a metodologia definida, que poderá ser constantemente melhorada;
Promover a realização dos processos; Melhoria contínua: o comprometimento com o aperfeiçoa-
mento contínuo é o principal objetivo da gestão de processos, de
Acompanhar execução dos processos; modo a evitar retrabalhos, gargalos e garantir a qualidade do pro-
Controlar execução dos processos; cesso de trabalho;
Informação e comunicação: é de fundamental importância a
Realizar mudanças de curto prazo; disseminação da cultura organizacional, divulgar os resultados al-
Registrar o desempenho dos processos; cançados e compartilhar o conhecimento adquirido;
Comparar o desempenho com referências internas e externas. Busca da excelência: para alcançar a excelência, os erros de-
vem ser mitigados e as suas causas eliminadas. Deve-se buscar as
melhores práticas reconhecidas como geradoras de resultados e
aprimoramento constante, visando à identificação e ao aperfeiçoa-
mento de oportunidades de melhorias e reforço de pontos fortes
da instituição.

9 MIASP é um Método para Identificação, Análise e Solução de Pro-


blemas, inclui em suas etapas as ações de planejamento, execução,
verificação e ações propostas em um processo de abordagem de um
dado problema apresentado.

173
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Diante de um cenário de grande proliferação da concorrência,


GESTÃO DA QUALIDADE as empresas têm percebido a necessidade de dar mais atenção à
qualidade dos produtos ou serviços que oferecem, a fim de obter
A procura pela qualidade na diretoria é gradativa para organiza- vantagem competitiva no mercado. A implantação da gestão de
ções que visam destacar-se em um mercado cada vez mais competi- qualidade é capaz de promover identificação precisa dos fatores de-
tivo. Nesse caso, a gestão da qualidade se torna uma pedra angular, ficientes que precisam de mudanças e melhoria contínua, por meio
oferecendo diretrizes e práticas essenciais para aprimorar proces- de análises nos processos de produção e consumo, estabelecendo
sos, produtos e serviços. um panorama focado no produto e em sua relação com o cliente e
A gestão da qualidade, no assunto empresarial, é a soma de em sua experiência a fim de o fidelizar.
atividades que uma organização realiza para dirigir e controlar seus De modo que esta otimização geral seja factível é imprescindí-
processos, com o objetivo principal de garantir que seus produtos e vel conhecer as ferramentas disponibilizadas pela gestão de qua-
serviços atendam ou superem as expectativas dos clientes. Trata-se lidade, ideais para não apenas entender processos referentes ao
de uma perspectiva abrangente que passa por toda a cadeia produ- serviço ou produto em questão, mas também para fomentar so-
tiva, desde o ponto de partida até a entrega final. luções para os problemas analisados através de ações preventivas
que irão evitar que o mesmo problema se repita prejudicando a
Princípios Fundamentais da Gestão da Qualidade performance da empresa diante do mercado. São sete ferramentas
Os princípios fundamentais da gestão da qualidade, determi- úteis e aplicáveis dentro de qualquer organização aptas para bene-
nados pela International Organization for Standardization (ISO), são ficiar equipes inteiras. Observe a seguir:
a base para a elaboração dessa abordagem. Foco no cliente, lide-
rança, envolvimento de pessoas, abordagem de processo, melhoria Fluxograma
contínua, tomada de decisões baseada em fatos e benefícios mútu- O fluxograma, também conhecido como gráfico de procedi-
os nas relações com fornecedores formam o alicerce sobre o qual a mentos ou fluxograma de processos, tem a função de demonstrar
excelência organizacional é construída. o percurso existente durante a produção de determinado serviço/
produto de modo real, ou seja, da forma como atualmente ocorre,
Ferramentas e Metodologias Aplicadas e de modo ideal, como deveria ocorrer, podendo haver diversas va-
Diversas ferramentas e métodos são utilizados na gestão da riáveis e correlações entre atividades e processos.
qualidade para atingir as metas estabelecidas pelos princípios bá-
sicos. Por exemplo, o Seis Sigma visa reduzir a variabilidade do
processo, enquanto a ISO 9001 fornece diretrizes para o estabele-
cimento de um sistema de gestão da qualidade. Esses métodos são
projetados para otimizar operações, reduzir desperdícios e melho-
rar a qualidade de produtos e serviços.

Impacto na Excelência Organizacional


A gestão da qualidade não é apenas uma prática isolada; ela
tem um impacto significativo na busca pela excelência organizacio-
nal. O foco no cliente não apenas aumenta a satisfação do consu-
midor, mas também aumenta a fidelidade à marca. Além disso, a
redução de custos, a melhoria da reputação e a conformidade regu- Esta ferramenta possibilita visualizar o início e o fim de um
lamentar são resultados diretos de uma gestão de qualidade eficaz. processo, as atividades pertinentes a ele, os pontos decisivos e o
A busca pela melhoria contínua garante que a organização se adap- fluxo das atividades. Através dele é possível identificar deficiências
te continuamente às demandas do mercado. ou desvios no processo de produção. Sua representação se dá atra-
vés de quadros e formas geométricas que ilustram etapa a etapa o
Desafios na Implementação da Gestão da Qualidade processo, além disso ele conta com elementos em símbolos, cuja
A jornada sentido à excelência por meio da gestão da qualidade representação facilmente identificável permite a equipe uma visua-
não é isenta de desafios. A resistência à mudança, a alocação inade- lização clara do passo a passo do processo produtivo de modo que
quada de recursos e a demanda de total compromisso da liderança possam identificar a melhor rota para o produto ou serviço a que se
organizacional são barreiras comuns que precisam ser superadas. refere, eliminando ou incluindo novas etapas que possam auxiliar a
Porém, superar estes desafios é essencial para garantir a eficácia a equipe a alcançar melhores resultados.
longo prazo da gestão da qualidade.

Considerações Finais
Em resumo, a gestão da qualidade é um item essencial da busca
pela excelência organizacional. Ao incorporar princípios fundamen-
tais, adotar as ferramentas certas e superar desafios, as organiza-
ções podem não apenas atender, mas também superar as expec-
tativas dos clientes, estabelecendo-se como líderes em seu setor.

174
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Diagrama de Ishikawa
O Diagrama de Ishikawa, conhecido como Espinha de Peixe devido sua aparência, é um modo de representação gráfica documental
criado por Kaoku Ishikawa útil para indicar o que possivelmente seriam as causas de certos problemas na gestão e suas respectivas reper-
cussões, ele explora com profundidade as possíveis variáveis que influenciam negativamente o processo de produção de um produto ou
serviço, capazes de interferir em sua qualidade.

A fim de aplicar o diagrama corretamente, estabelecem-se categorias em nível macro para levantar as possíveis causas de um proble-
ma, ou seja, o seu local de origem. Estes tópicos podem ser divididos em:
1) Mão-de-obra: pode ser a origem de algum problema quando se refere à ação de um funcionário ou colaborador da empresa.
2) Materiais: trata-se de quando o material usado não está adequado e pode se tornar o causador de problemas no trabalho.
3) Máquinas: quando há defeitos no maquinário da empresa.
4) Medidas: trata-se de quando uma medida tomada foi o causador do problema.
5) Métodos: refere-se ao uso de uma metodologia que não está adequada ao e possivelmente causará problemas.
6) Meio ambiente: trata-se de quando problemas no meio ambiente (como, poluição, aquecimento global, mudanças climáticas) são
causadoras de problemas.

A partir da identificação de um ou mais destes itens, é possível tomar medidas para atingir o resultado esperado a partir deste pa-
norama das possíveis causas e consequências que os problemas analisados podem sofrer caso não se tome ação, sendo assim uma útil
ferramenta para se visualizar relações de causa e efeito.

Folhas de verificação
Uma outra ferramenta aplicada em gestão de qualidade são as folhas de verificação, documentos comuns, como planilhas e tabelas,
feitos de modo simples, intuitivo e prático para agilizar a coleta de dados e a confirmação de informações pertinentes ao produto ou ser-
viço. As folhas de verificação servem para facilitar a compreensão da realidade do produto ou serviço, economizando tempo da equipe e
otimizando o entendimento dos processos produtivos no trabalho em prol da resolução de problemas e implementação de ideias e solu-
ções úteis para a otimização do produto.

175
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

As informações contidas nos documentos devem ser anteriormente estabelecidas para que nas folhas sejam registrados dados que
serão ticados, como em uma lista, sobre o andamento do processo de produção da empresa. Considere que os pontos mais relevantes a
se analisar quanto a determinado produto sejam seu funcionamento e sua aparência, sendo assim seleciona-se alguns tópicos (eficiência,
agilidade, tempo de uso, ergonomia, facilidade de manejar, entre outros) que poderão auxiliar na melhor visualização de seus pontos
positivos e negativos.

Diagrama de Pareto

Este diagrama em forma de gráfico é capaz de identificar a concentração de uma variável, indicando as causas essenciais de um pro-
cesso. Por meio deste diagrama, o é possível compreender melhor e combater a raiz das causas de certos problemas de modo prioritário
a fim de assegurar alto índice de produção e produtividade.
O diagrama de Pareto baseia-se no princípio de Pareto que explica que 80% das consequências ou efeitos de uma ação tem relação
direta com 20% das causas. O gráfico numérico, então, computa dados precisos que, além de oferecer melhor visualização das relações en-
tre variáveis, facilita a visualização de pontos que precisam de melhoria para aumentar o desempenho da empresa quando aos processos
produtivos, pois redireciona o olhar para campos que de fato precisam de intervenção de modo prioritário.
Os dados do gráfico são específicos para cada empresa ou produto, de modo que não se pode aplicar exatamente os mesmos pontos
do diagrama de um produto a outro, pois cada qual possui suas próprias particularidades e especificidades. Por exemplo, a análise de um
serviço requer a presença de tópicos mais subjetivos como o tempo de permanência do cliente no espaço (caso seja um local), a satisfação
do cliente pós-serviço, relacionamento cliente e fornecedor, entre outros, enquanto um produto precisa incluir uma análise de seus aspec-
tos não apenas financeiros e ligados à experiência, mas a aspectos físicos e cognitivos em relação ao cliente.

176
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Histograma

O histograma é também uma forma de representação gráfica cuja função é representar a distribuição de frequências de alguns dados
em determinado período de tempo, por meio de barras. Este recurso auxilia a compreensão da quantidade ou volume de produtos ina-
dequados, problemas ou conflitos quanto a medidas, entre outros itens como peso, largura, comprimento, tempo, temperatura, volume,
preço, etc.
De modo claro, um histograma possibilita permite que a empresa saiba o número de vezes que algum dos itens ocorreu ao longo do
processo. Seu propósito está em facilitar a resolução de conflitos através da visualização de uma análise real do processo evolutivo e gra-
dativo de determinado produto ou serviço, identificando suas tendências.

Diagrama de dispersão
O Diagrama de Dispersão ou gráfico de correlação, trata-se de uma ferramenta de representação gráfica dos valores de duas variáveis
relacionadas a um mesmo processo simultaneamente, o que possibilita eliminar interferências e interpretações erradas quanto demais
variáveis ou causas de um problema.

Este diagrama se baseia em variáveis independentes, ou seja, quando ações e situações não tem relação, e variáveis dependentes,
quando uma ação está diretamente ligada a outra; estas variáveis são identificadas e investigadas através de correlações que se estabele-
cem entre elas, podendo ser positivas (quando duas variáveis aumentam na mesma direção no gráfico), negativa (quando diminuem na
mesma direção ou nula (quando não há cruzamento de dados, eles ficam dispersos e, portanto não há correlação).

177
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Cartas de controle
Cartas de controle são ferramentas utilizadas para identificar as estatísticas e tendências de certos desvios e mudanças de comporta-
mento quanto a alguns pontos de observação dentro de determinado tempo e espaço. Esta ferramenta é muito utilizada a fim de observar
se o processo está ocorrendo de maneira controlada e ordenada, sem alterações consideráveis que possam prejudicar o andamento do
processo produtivo.

Os desvios ou alterações podem ser observados em linhas que divergem em pontos específicos e permitem um acompanhamento
geral da equipe quanto aos processos produtivos a fim de identificar pontos que podem ser preocupantes, e que por vezes passariam
despercebidos, e devem ser melhor trabalhados.

NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

Um projeto é simplesmente um empreendimento organizado para alcançar um objetivo específico. Compreende uma série de ativi-
dades ou tarefas relacionadas que são, geralmente, direcionadas para uma saída principal e que necessitam um período de tempo signi-
ficativo para sua realização 10.
Define-se um projeto como um esforço temporário para criar um produto, um serviço ou um resultado único. Dizer que um projeto é
temporário implica a existência marcada por início e um fim estabelecidos, com resultados parciais e finais, alguns previstos outros não.
Nesse contexto, há uma série de atividades que ocorrem progressivamente, em etapas mais ou menos lógicas e que sofrem um de-
senvolvimento todo o tempo. Normalmente um projeto contém restrições assim como riscos envolvendo custos, programação e resultado
de desempenho.
As atividades de um projeto têm como objetivo principal a execução e fornecimento de produtos, serviços e processos a fim de satisfazer os
consumidores, sejam eles da área pública, privada ou mista.

Gestão de Projetos
Gestão de Projetos é um conjunto de princípios, práticas e técnicas aplicadas para liderar grupos de projetos e controlar programação,
custos, riscos e desempenho para se alcançar as necessidades de um cliente final. A Gestão de Projetos requer duas etapas fundamentais:
o Planejamento e o Controle de Projetos.
Para que se possa criar algo há que se planejá-lo com os detalhes adequados e suficientes que sejam inerentes ao correto desempe-
nho daquele produto e ou serviço. Em complemento há a necessidade de se ter um controle estruturado e que acompanhe todo o proces-
so, desde o início ao término do mesmo.

Gestão de Projetos

10
10 http://ead.ifap.edu.br/netsys/public/livros/Livros%20Curso%20Servi%C3%A7os%20P%C3%BAblicos/M%C3%B3dulo%20III/Gest%C3%A3o%20
de%20Projetos/Livro%20Gestao%20de%20Projetos.pdf

178
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Como exemplos de projetos de uso individual existem geladeira, i-pod, automóvel, aparelho de TV e etc. Como utilização em massa
(grandes volumes para várias pessoas) há hospitais, tratamento de água, supermercado, escolas, telefonia etc.

Gestão de Projetos
Tipos Exemplos
Administração Campanha de redução de custos
Construção Prédio; usina siderúrgica
Eventos Feiras; shows
Manutenção Revisão de aeronaves
Pesquisa & Desenvolvimento Novo automóvel; novo motor
Qualidade Implantação da ISO 9000

— Gestão de Projetos na prática


Imagine que, de repente, por causa de seu desempenho nos últimos meses, você recebe uma grande notícia vinda do vice-governador
do Estado que há algo especial a ser feito por alguém também muito especial para ele. Você tem um misto de alegria e desespero, pois sabe
o que poderá ocorrer caso as coisas não caminhem conforme desejado.
Você nunca fez nada tão volumoso, tanto em atividades quanto em dinheiro, mas mesmo assim aceita o desafio. Apesar disso, não
saber por onde iniciar o trabalho! Como fazer?
Na sua mesa está o relatório «Estudo de viabilidade econômica», feito sob encomenda e que você precisa opinar na próxima reunião
de Contas às 14h00, quando o telefone toca pedindo sua opinião sobre não sei o que mesmo?
Aí a secretária avisa que já passam vinte minutos das 14h00 e você ainda não saiu para a reunião, e também não despachou com o
assessor direto! Em um minuto parece que o mundo desaba na sua cabeça. E agora?
Se esse emaranhado de coisas não parece comum para você, um dia será. Bem-vindo ao mundo da Gestão de Projetos.

Em situações como esta por onde começar ou como apresentar as necessidades que devem ser atendidas para se conseguir concluir
tal tarefa? Um projeto qualquer (genérico) é um esforço temporário, ou seja, tem começo meio e fim. Ele existe com o propósito de se criar
um produto, um serviço ou um resultado único.
Portanto, trabalhar com atividades em uma sistemática regular, disciplinada, com objetivos claramente estabelecidos é gerenciar (tais
atividades) por projetos. Várias atividades ocorrem ao longo do tempo, que pode ser aliado ou inimigo, depende como é feito o acompa-
nhamento do que acontece.
Na figura abaixo pode-se observar o ciclo de vida de um projeto, composto por quatro fases: concepção, planejamento, execução/
controle e fechamento ou conclusão.

Ciclo de vida de um projeto

http://ead.ifap.edu.br/netsys/public/livros/Livros%20Curso%20Servi%C3%A7os%20P%C3%BAblicos/M%C3%B3dulo%20III/Gest%C3%A3o%20
de%20Projetos/Livro%20Gestao%20de%20Projetos.pdf

179
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

1. Concepção: identificação de necessidades, estabelecimento • Estabelecer metas claras para atingimento;


da viabilidade, definição de alternativas, desenvolvimento de orça- • Garantir gerente de projeto competente;
mentos e cronogramas e definição da equipe de trabalho; • Garantir mecanismos de ataque de problemas;
2. Planejamento: programação dos recursos humanos, mate- • Garantir mecanismos de controle;
riais e financeiros, estudos e análises, geração de protótipos, análi- • Garantir membros do grupo de projeto competentes;
se de resultados e obtenção de aprovação da execução; • Manter canais de comunicação adequados;
3. Execução/Controle: ocorrência das atividades programadas, • Planejar e definir marcos intermediários;
monitoração e controle11, reajustes que se fizerem necessários; • Preocupar-se em montar a melhor equipe possível;
4. Final: encerramento do projeto, aceitação, treinamento do • Preparar-se para o inesperado;
pessoal operacional e realocação dos recursos. • Ter adequado apoio da alta administração;
• Ter capacidade de realimentação;
Observação: na fase 3 aparece controle como uma parte es- • Ter suficiente alocação de recursos.
pecífica, mais focada em um momento, porém há que ser ter um
acompanhamento12, (controle) SEMPRE, ao longo de toda a traje- Opostamente aos FCS existem também os possíveis motivos
tória do projeto. para o insucesso de projetos. Da mesma forma é apresentada uma
Observe o exemplo de execução sem planejamento: lista base, em ordem alfabética, dos mais relevantes motivos:
Um jovem executivo estava saindo do escritório quando viu o • Ampliação em demasia do escopo;
presidente da empresa em frente à máquina de picotar papéis, com • Conflitos mal resolvidos (interna e externamente);
um documento na mão. • Excesso de dificuldades previsíveis e também imprevisíveis;
- Por favor, diz o presidente, isto é muito importante, e minha • Existência de aspectos burocráticos exagerados;
secretária já saiu. Você sabe como funciona esta máquina? • Falta de experiência dos envolvidos;
- Lógico! - responde o jovem executivo. Ele liga a máquina, enfia • Falta ou má distribuição de recursos;
o documento e aperta um botão. • Incompetência dos envolvidos;
- Excelente! Muito obrigado, agradece o presidente. Eu preciso • Insatisfação ou desistência dos clientes.
só de uma cópia. Onde sai?

Muito cuidado, pois o controle constante ao longo do processo


NOÇÕES DE CIDADANIA E RELAÇÕES PÚBLICAS
é de grande valia e a execução sem planejamento pode ser um caos.
O que aconteceu a esse jovem executivo pode acontecer com você. Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade
Programe-se antes de agir. para melhorar suas vidas e a de outras pessoas. Ser cidadão é nunca
Projetos de uma forma geral estão associados a situações com se esquecer das pessoas que mais necessitam. A cidadania deve ser
volume baixo e alta variedade, o que dificulta atendimento e im- divulgada através de instituições de ensino e meios de comunicação
pacta nos custos. Seu sucesso ocorre em função do atingimento para o bem estar e desenvolvimento da nação.
a prazos e orçamentos previstos, atendimento à qualidade espe- A cidadania consiste desde o gesto de não jogar papel na rua,
cificada, e especialmente o grau de satisfação das expectativas do não pichar os muros, respeitar os sinais e placas, respeitar os mais
contratante. velhos (assim como todas às outras pessoas), não destruir telefo-
Existem então alguns cuidados a serem observados, gerencian- nes públicos, saber dizer obrigado, desculpe, por favor e bom dia
do corretamente a empresa, pública, privada ou mista, com o intui- quando necessário... até saber lidar com o abandono e a exclusão
to de monitorar os problemas na busca de soluções adequadas. Tais das pessoas necessitadas, o direito das crianças carentes e outros
pontos são chamados de Fatores Críticos de Sucesso (FCS). grandes problemas que enfrentamos em nosso país.
Como esses fatores são mais ou menos impactantes para a “A revolta é o último dos direitos a que deve um povo livre para
gestão de um projeto, cabe ao gestor principal acompanhá-los de garantir os interesses coletivos: mas é também o mais imperioso
forma adequada e constante. A seguir é apresentada uma lista ge- dos deveres impostos aos cidadãos.” (Juarez Távora - Militar e polí-
nérica em ordem alfabética não em ordem de importância, visto tico brasileiro).
que cada caso é um caso. Consciência ecológica é uma expressão, exaustivamente utiliza-
da na bibliografia especializada, de anos recentes, sem uma preo-
Possíveis Fatores Críticos de Sucesso: cupação da maioria dos autores de precisarem a que, exatamente,
• Administrar conflitos; estão se referindo. A noção focalizada se contextualiza, historica-
• Aprimorar as habilidades comportamentais; mente, no período pós Segunda Guerra Mundial, quando setores
• Concentrar-se em garantir adequada comunicação entre as da sociedade ocidental industrializada passam a expressar reação
interfaces; aos impactos destrutivos produzidos pelo desenvolvimento tecno-
• Continuidade do pessoal do projeto (baixa rotatividade); científica e urbano industrial sobre o ambiente natural e construí-
• Controlar e avaliar resultados; do. Representa o despertar de uma compreensão e sensibilidade
• Dar respostas rápidas aos clientes; novas da degradação do meio ambiente e das consequências desse
• Elaborar planos de contingências; processo para a qualidade da vida humana e para o futuro da es-
11 Controle refere-se ao ato ou efeito de controlar. Monitoração, fis- pécie como um todo. Expressa a compreensão de que a presente
calização ou exame minucioso, que obedece a determinadas expectati- crise ecológica articula fenômenos naturais e sociais e, mais que
vas, normas, convenções, etc. isso, privilegia as razões político-sociais da crise relativamente aos
12 Acompanhamento refere-se ao ato ou efeito de acompanhar, de motivos biológicos e/ou técnicos. Isto porque entende que a degra-
estar ou ir junto a (alguém) ou de fazer-se acompanhar.

180
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

dação ambiental é, na verdade, consequência de um modelo, de Por isso, a todos deve ser garantida a vida, a preservação e a
organização político-social e de desenvolvimento econômico, que continuidade. O ser humano tem a missão de administrar respon-
estabelece prioridades e define o que a sociedade deve produzir, savelmente o ambiente natural, não dominá-lo e destruí-lo com sua
como deve produzir e como será distribuído o produto social. Isto sede insaciável de possuir e de consumir. Apesar de o quadro ecoló-
implica no estabelecimento de um determinado padrão tecnológico gico ser extremamente inquietante, existem cada vez mais pessoas
e de uso dos recursos naturais, associados a uma forma específi- e entidades que têm a consciência de que uma mudança é neces-
ca de organização do trabalho e de apropriação das riquezas so- sária, e possível.
cialmente produzidas. Comporta, portanto, interesses divergentes
entre os vários grupos sociais, dentre os quais aqueles em posição Relações Públicas
hegemônica decidem os rumos sociais e os impõe ao restante da Têm a ver com conscientização, educação, cultura, comporta-
sociedade. Assim, os impactos ecológicos e os desequilíbrios sobre mento, sustentabilidade, RELACIONAMENTOS. E quando se fala em
os ciclos biogeoquímicos são decorrentes de decisões políticas e relacionamentos, incluem-se aí as relações de cidadania, de pes-
econômicas previamente tomadas. A solução para tais problemas, soas e grupos de pessoas com órgãos governamentais, com empre-
por conseguinte, exige mudanças nas estruturas de poder e de pro- sas de todo tipo e de todos os setores, de funcionários com chefias
dução e não medidas superficiais e paliativas sobre seus efeitos. e de chefias com funcionários, de organizações com comunidades.
Essa consciência ecológica, que se manifesta, principalmente, como As relações públicas têm a competência de saber ouvir e falar
compreensão intelectual de uma realidade, desencadeia e materia- a linguagem de cada público e, desta forma, buscar a aproximação
liza ações e sentimentos que atingem, em última instância, as rela- entre os interessados para que possam resolver questões insatis-
ções sociais e as relações dos homens com a natureza abrangente. fatórias. É, entre tantas outras coisas, profissão mediadora entre o
Isso quer dizer que a consciência ecológica não se esgota enquanto cidadão e o Estado, buscando aparar arestas, atender necessidades,
ideia ou teoria, dada sua capacidade de elaborar comportamentos harmonizar interesses e, também, educar ambos os lados prestan-
e inspirar valores e sentimentos relacionados com o tema. Significa, do informações, promovendo campanhas de conscientização, nive-
também, uma nova forma de ver e compreender as relações entre lando conhecimento, estabelecendo diálogo.
os homens e destes com seu ambiente, de constatar a indivisibili- Não estou dizendo que é fácil. Se fosse, não seria preciso um
dade entre sociedade e natureza e de perceber a indispensabilida- curso superior de quatro anos para aprender teorias e técnicas, nem
de desta para a vida humana. Aponta, ainda, para a busca de um muitos e muitos anos de prática para antecipar necessidades, saber
novo relacionamento com os ecossistemas naturais que ultrapasse o momento certo de agir, com quais recursos, quem são os contatos
a perspectiva individualista, antropocêntrica e utilitária que, histo- certos e como abordá-los. Sem falar que é preciso experiência e ma-
ricamente, tem caracterizado a cultura e civilização modernas oci- turidade para saber lidar com diferentes tipos de pessoas, saber ser
dentais.(Leis, 1992; Unger, 1992; Mansholt, 1973; suave ou firme na forma de agir, conforme a circunstância.
Boff, 1995; Morin, 1975).
Para Morin, um dos autores que mais avança no esforço de de- O PAPEL DAS RELAÇÕES PÚBLICAS NA CIDADANIA
finir o fenômeno: Partindo da premissa que só com a cidadania haverá o desen-
“(...) a consciência ecológica é historicamente uma maneira ra- volvimento social em qualquer campo do direito à vida: econômi-
dicalmente nova de apresentar os problemas de insalubridade, no- co, social e cultural, assim, um profissional de relações públicas é o
cividade e de poluição, até então julgados excêntricos, com relação responsável por “quebrar os paradigmas” sociais, usando inúmeras
aos ‘verdadeiros’ temas políticos; esta tendência se torna um proje- ferramentas que estão ao seu alcance. A comunicação perpassa por
to político global , já que ela critica e rejeita, tanto os fundamentos estratégias com o intuito de problematizar a realidade dos públicos
do humanismo ocidental, quanto os princípios do crescimento e do envolvidos, visto que tais públicos possuem suas singularidades,
desenvolvimento que propulsam a civilização tecnocrática.” (Morin, havendo também uma interação no processo de relacionamento
1975) social.
Sinaliza-se, assim, algumas referências preliminares que indi- A base para a construção da metodologia teórica das relações
cam o significado aqui atribuído à expressão consciência ecológica. públicas situa-se no funcionalismo e positivismo.
A participação e o exercício da cidadania, com empenho e Assim, Comte decorre sobre o positivismo defendendo a uni-
responsabilidade, são fundamentais na construção de uma nova dade das ciências propondo uma hierarquia entre elas. Ou seja, o
sociedade, mais justa e em harmonia com o ambiente. Para isto, positivismo defende a premissa de que as ciências sociais precisam
é urgente descobrir novas formas de organizar as relações entre passar por uma análise sob a perspectiva dos padrões matemáticos.
sociedade e natureza, e também um novo estilo de vida que res- Em relação ao conceito de funcionalismo, a definição é expres-
peite todas as criaturas que, segundo São Francisco de Assis, são sa como: “[...] a essência do funcionalismo é sua forma de ver a so-
nossas irmãs. Queremos contribuir para melhorar a qualidade de ciedade como um todo organizado, em que as partes existem para
vida através da construção de um ambiente saudável, que possa satisfazê-lo, legitimá-lo” (KUNSCH; KUNSCH 2007, p. 123). A lógica
ser desfrutado por nossa geração e também pelas futuras. Vivemos do funcionalismo consiste em olhar a sociedade como um local em
hoje sob a hegemonia de um modelo de desenvolvimento baseado que há partes interdependentes no processo de convergência da
em relações econômicas que privilegiam o mercado, que usa a na- sociedade em geral. Cabe aqui colocar um exemplo para melhor
tureza e os seres humanos como recursos e fonte de renda. Contra entendimento: o funcionalismo ocorre parecido com uma empresa,
este modelo injusto e excludente afirmamos que todos os seres, onde os setores que compões a organização ajudam para que ela,
animados ou inanimados, possuem um valor existencial intrínseco em geral, funcione positivamente.
que transcende valores utilitários. Após ser visto as premissas que perpassam pela a realidade co-
municacional das relações públicas, passaremos agora para a análi-
se dos caminhos come enfoque na participação comunitária.

181
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Para haver desenvolvimento, é necessária que haja alteração do capital humano e do capital do social. [...] Combater a pobreza e a ex-
clusão social não é transformar pessoas e comunidades em beneficiários passivos e permanentes de programas assistenciais, mas significa,
isto sim, fortalecer as capacidades de pessoas e comunidades de satisfazer necessidades, resolver problemas e melhorar sua qualidade de
vida (PERUZZO, 2002, p.253, FRANCO, 2002, apud KUNSCH; KUNSCH, 2007, p. 85).
A priori, devemos nos atentar para qual desenvolvimento estamos falando aqui.
É certo que a palavra em questão nos remete a progresso, avanço e afins, porém o avanço que faz parte do pacto pela cidadania tem
que ser a satisfação do coletivo. O desenvolvimento dito aqui é entender as necessidades das comunidades com suas singularidades e se
apropriar de estratégias capazes de tornar a vida do indivíduo mais satisfatória. Ou seja, fornecer ferramentas que sejam o alicerce para
a eficiência individual.
O papel das relações públicas neste contexto é deveras enriquecedor, pois ele é o responsável por compreender as necessidades das
demandas sociais e, assim, buscar reivindicações visando fomentar a cidadania. As relações públicas comunitárias atuam em diferentes
contextos, como exemplo, trazemos o aspecto informacional e o educacional. O segundo termo nos remete a um papel de produção de
autoconhecimento entre os indivíduos da comunidade.
Porém, para que toda a teoria comunicacional se torne uma prática de sucesso, as ações traçadas pelo profissional têm muito a ver
com o tipo de comunicação usado para tal. Deve ser considerada, sobretudo, a evolução dos instrumentos da contemporaneidade que
contribuem para um feedback maior entre os públicos envolvidos. Assim, o que o profissional fala, como fala e por onde fala, influencia o
processo de interação entre a organização e seu público, a opinião pública e toda a sociedade.
Ademais, a autenticidade do profissional em relações públicas comunitárias é muito mais que trabalhar para a comunidade, por meio
de ações. É atuar de maneira interativa, articulando e incentivando os indivíduos em seus diferentes contextos. Deve ser dito que o rela-
ções públicas atua dentro da comunidade e em função dela.
A atribuição do papel de um relações públicas em prol de comunidade vem atender as demandas sociais, pois o estado mostrou-se
incapaz de deter de estratégias nesse segmento. Nesta perspectiva, temos:
[...] Criou-se um espaço para um crescimento enorme de fundações, organizações não-governamentais e movimentos da sociedade
civil.
Além disso, as ações de responsabilidade social desenvolvidas pelas empresas privadas já não são uma tendência, mas uma realidade
em curso. Com esse novo cenário, o planejamento voltado para as políticas sociais e para os processos comunicacionais tem passado por
muitas mudanças e exige a adoção de novos paradigmas e novas metodologias (KUNSCH; KUNSCH, 2007, p.230).
Com base nesta citação temos a resposta para a pergunta “por que o papel das relações públicas é tão importante no contexto so-
cial?”. É possível dizer também em novas formas de planejamento, dado a necessidade de promoção de bem-estar, redefinição da missão
e visão, além do advento de novas formas de planejar as múltiplas ações estratégicas.
Em relação à tática para fomentar uma estratégia de relacionamento positiva com a comunidade, devemos dizer que não pode se
atentar a uma estratégia de marketing, ela deve fazer parte da cultura da instituição, por esse motivo é importante que os valores estejam
definidos. Dessa forma, o diálogo a ser estabelecido entre organização e público, frisará a responsabilidade social e filosofia inerentes à
organização em questão.
Ademais, para que as ações se tornem uma prática vivenciada por todos os que necessitam, é essencial, antes de tudo, fazer um
planejamento de ações, e quanto a isso é preciso o desenvolvimento de duas questões. Em primeira instância é preciso fazer um levan-
tamento de dados com o intuito de conhecer e mensurar a real situação dos públicos e identificar também quem são os líderes políticos
responsáveis por essa questão.
Após ter todos os dados referenciais é feito o planejamento propriamente dito.
Neste segundo momento, serão traçadas as possíveis soluções. Posteriormente ao plano, é feita a execução da estratégia. Serão atrelados
os aspectos estratégicos, as pesquisas de opinião, o plano de ação e a execução visando dispor de uma comunicação efetiva para a transformação
social. A mídia também se faz necessária no que tange a divulgação das informações necessárias, por isso, é essencial uma relação positiva entre
organização e os diferentes veículos da comunicação.

COMUNICAÇÃO

— Comunicação – Elementos da comunicação, emissor e receptor


Para que uma comunicação aconteça, são necessários seis elementos: O emissor, o receptor, a mensagem, o canal, o contexto e
o código.
Em todo ato comunicativo, há um emissor, é ele o responsável por elaborar o texto. O emissor é quem comunica, solicita, expressa seu
sentimento, desejo, opinião, enfim, é quem produz a mensagem (escrita, falada ou não verbal).
Se há alguém que elabora, é necessário também alguém para receber tal mensagem. Todo texto é destinado a um público específico,
chamado de receptor.
O que está sendo transmitido e recebido? Uma mensagem, que consiste no próprio texto (verbal ou não) que se transmite.
Essa mensagem é transmitida por um canal, isto é, o canal é responsável por veicular a mensagem. São exemplos de canal os suportes
que difundem inúmeros gêneros textuais, como: rádio, TV, Internet, jornal, dentre outros.
A mensagem está relacionada a um contexto, também chamado de referente. O contexto ou referente pode ser entendido como o
assunto a que a mensagem se refere, ou seja, tudo aquilo que está relacionado a ela.

182
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Por fim, essa mensagem precisa ser expressa por um código, constituído por elementos e regras comuns tanto ao emissor quanto
ao receptor. O código usado para redigir esta mensagem é a língua portuguesa. Assim, quando falamos ou escrevemos, usamos o código
verbal e, quando usamos a arte, a imaginação e a criatividade, é comum o uso do código não verbal (pintura, gestos etc.).

– Emissor: Chamado também de locutor ou falante, o emissor é aquele que emite a mensagem para um ou mais receptores, por
exemplo, uma pessoa, um grupo de indivíduos, uma empresa, dentre outros.
– Receptor: Denominado de interlocutor ou ouvinte, o receptor é quem recebe a mensagem emitida pelo emissor.
– Mensagem: É o objeto utilizado na comunicação, de forma que representa o conteúdo, o conjunto de informações transmitidas pelo
locutor.
– Código: Representa o conjunto de signos que serão utilizados na mensagem.
– Canal de comunicação: Corresponde ao local (meio) onde a mensagem será transmitida, por exemplo, jornal, livro, revista, televisão,
telefone, dentre outros.
– Contexto: Também chamado de referente, trata-se da situação comunicativa em que estão inseridos o emissor e receptor.
– Ruído da comunicação: Ele ocorre quando a mensagem não é decodificada de forma correta pelo interlocutor, por exemplo, o código
utilizado pelo locutor, desconhecido pelo interlocutor, barulho do local, voz baixa, dentre outros fatores.

A comunicação somente será efetivada se o receptor decodificar a mensagem transmitida pelo emissor.
Em outras palavras, a comunicação ocorre a partir do momento que o interlocutor atinge o entendimento da mensagem transmitida.
Nesse caso, podemos pensar em duas pessoas de países diferentes e que não conhecem a língua utilizada por elas (russo e mandarim).
Sendo assim, o código utilizado por elas é desconhecido e, portanto, a mensagem não será inteligível para ambas, impossibilitando o
processo comunicacional.

Importância da Comunicação
O ato de comunicar-se é essencial tanto para os seres humanos e os animais, uma vez que através da comunicação partilhamos
informações e adquirimos conhecimentos.
Note que somos seres sociais e culturais. Ou seja, vivemos em sociedade e criamos culturas as quais são construídas através do
conjunto de conhecimentos que adquirimos por meio da linguagem, explorada nos atos de comunicação.
Quando pensamos nos seres humanos e nos animais, fica claro que algo essencial nos distingue deles: a linguagem verbal.
A criação da linguagem verbal entre os seres humanos foi essencial para o desenvolvimento das sociedades, bem como para a criação
de culturas.
Os animais, por sua vez, agem por extinto e não pelas mensagens verbais que são transmitidas durante a vida. Isso porque eles não
desenvolveram uma língua (código) e por isso, não criaram uma cultura.

Linguagem Verbal e Não Verbal


Importante lembrar que existem duas modalidades básicas de linguagem, ou seja, a linguagem verbal e a linguagem não verbal.
A primeira é desenvolvida pela linguagem escrita ou oral, enquanto a outra pode ocorrer por meio de gestos, desenhos, fotografias,
dentre outros.

Meios de Comunicação
Os meios de comunicação representam um conjunto de veículos destinados à comunicação, e, portanto, se aproximam do chamado
“Canal de Comunicação”.

183
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Eles são classificados em dois tipos: individual ou de massa A redação oficial é


(comunicação social). Ambos são muito importantes para difusão de A maneira pela qual o Poder Público redige comunicações ofi-
conhecimento entre os seres humanos na atualidade, por exemplo: ciais e atos normativos e deve caracterizar-se pela: clareza e pre-
a televisão, o rádio, a internet, o cinema, o telefone, dentre outros. cisão, objetividade, concisão, coesão e coerência, impessoalidade,
formalidade e padronização e uso da norma padrão da língua por-
Tipos de Comunicação tuguesa.
De acordo com a mensagem transmitida a comunicação é
classificada de duas maneiras: SINAIS E ABREVIATURAS EMPREGADOS
– Comunicação Verbal: Uso da palavra, por exemplo na
linguagem oral ou escrita. • Indica forma (em geral sintática) inaceitável ou
– Comunicação não Verbal: Não utiliza a palavra, por exemplo, agramatical
a comunicação corporal, gestual, de sinais, dentre outras. § Parágrafo
adj. adv. Adjunto adverbial
Funções da Linguagem
Os elementos presentes na comunicação estão intimamente arc. Arcaico
relacionados com as funções da linguagem. Elas determinam o art.; arts. Artigo; artigos
objetivo e/ou finalidade dos atos comunicativos, sendo classificadas
em: cf. Confronte
– Função Referencial: Fundamentada no “contexto da CN Congresso Nacional
comunicação”, a função referencial objetiva informar, referenciar Cp. Compare
sobre algo.
– Função Emotiva: Relacionada com o “emissor da mensagem”, EM Exposição de Motivos
a linguagem emotiva, apresentada em primeira pessoa, objetiva f.v. Forma verbal
transmitir emoções, sentimentos.
fem. Feminino
– Função Poética: Associada à “mensagem da comunicação”, a
linguagem poética objetiva preocupa-se com a escolha das palavras ind. Indicativo
para transmitir emoções, por exemplo, na linguagem literária. ICP - Brasil Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira
– Função Fática: Relacionada com o “contato da comunicação”,
uma vez que a função fática objetiva estabelecer ou interromper a masc. Masculino
comunicação. obj. dir. Objeto direto
– Função Conativa: Relacionada com o “receptor da obj. ind. Objeto indireto
comunicação”, a linguagem conativa, apresentada em segunda ou
terceira pessoa objetiva sobretudo, persuadir o locutor. p. Página
– Função Metalinguística: Relacionada ao “código da p. us. Pouco usado
comunicação”, uma vez que a função metalinguística objetiva
pess. Pessoa
explicar o código (linguagem), através dele mesmo.
pl. Plural
REDAÇÃO OFICIAL DE DOCUMENTOS OFICIAIS pref. Prefixo
pres. Presente
A terceira edição do Manual de Redação da Presidência da Re- Res. Resolução do Congresso Nacional
pública foi lançado no final de 2018 e apresenta algumas mudanças RICD Regimento Interno da Câmara dos Deputados
quanto ao formato anterior. Para contextualizar, o manual foi criado
RISF Regimento Interno do Senado Federal
em 1991 e surgiu de uma necessidade de padronizar os protocolos
à moderna administração pública. Assim, ele é referência quando s. Substantivo
se trata de Redação Oficial em todas as esferas administrativas. s.f. Substantivo feminino
O Decreto de nº 9.758 de 11 de abril de 2019 veio alterar re-
gras importantes, quanto aos substantivos de tratamento. Expres- s.m. Substantivo masculino
sões usadas antes (como: Vossa Excelência ou Excelentíssimo, Vossa SEI! Sistema Eletrônico de Informações
Senhoria, Vossa Magnificência, doutor, ilustre ou ilustríssimo, digno sing. Singular
ou digníssimo e respeitável) foram retiradas e substituídas apenas
por: Senhor (a). Excepciona a nova regra quando o agente público tb. Também
entender que não foi atendido pelo decreto e exigir o tratamento v. Ver ou verbo
diferenciado.
v.g. verbi gratia
var. pop. Variante popular

184
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários:
a) alguém que comunique: o serviço público.
b) algo a ser comunicado: assunto relativo às atribuições do órgão que comunica.
c) alguém que receba essa comunicação: o público, uma instituição privada ou outro órgão ou entidade pública, do Poder Executivo
ou dos outros Poderes.
Além disso, deve-se considerar a intenção do emissor e a finalidade do documento, para que o texto esteja adequado à situação co-
municativa. Os atos oficiais (atos de caráter normativo) estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, regulam o funcionamento dos
órgãos e entidades públicos. Para alcançar tais objetivos, em sua elaboração, precisa ser empregada a linguagem adequada. O mesmo
ocorre com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com clareza e objetividade.

Atributos da redação oficial:


• clareza e precisão;
• objetividade;
• concisão;
• coesão e coerência;
• impessoalidade;
• formalidade e padronização; e
• uso da norma padrão da língua portuguesa.

CLAREZA PRECISÃO
Para a obtenção de clareza, sugere-se:
a) utilizar palavras e expressões simples, em seu sentido comum, salvo quando o texto O atributo da precisão complementa a cla-
versar sobre assunto técnico, hipótese em que se utilizará nomenclatura própria da área; reza e caracteriza-se por:
b) usar frases curtas, bem estruturadas; apresentar as orações na ordem direta e evitar a) articulação da linguagem comum ou téc-
intercalações excessivas. Em certas ocasiões, para evitar ambiguidade, sugere-se a adoção nica para a perfeita compreensão da ideia
da ordem inversa da oração; veiculada no texto;
c) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o texto; b) manifestação do pensamento ou da
d) não utilizar regionalismos e neologismos; ideia com as mesmas palavras, evitando o
e) pontuar adequadamente o texto; emprego de sinonímia com propósito me-
f) explicitar o significado da sigla na primeira referência a ela; e ramente estilístico; e
g) utilizar palavras e expressões em outro idioma apenas quando indispensáveis, em razão c) escolha de expressão ou palavra que não
de serem designações ou expressões de uso já consagrado ou de não terem exata tradu- confira duplo sentido ao texto.
ção. Nesse caso, grafe-as em itálico.

Por sua vez, ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se deseja abordar, sem voltas e sem redundâncias. Para conseguir isso, é
fundamental que o redator saiba de antemão qual é a ideia principal e quais são as secundárias. A objetividade conduz o leitor ao contato
mais direto com o assunto e com as informações, sem subterfúgios, sem excessos de palavras e de ideias. É errado supor que a objetivida-
de suprime a delicadeza de expressão ou torna o texto rude e grosseiro.
Conciso é o texto que consegue transmitir o máximo de informações com o mínimo de palavras. Não se deve de forma alguma enten-
dê-la como economia de pensamento, isto é, não se deve eliminar passagens substanciais do texto com o único objetivo de reduzi-lo em
tamanho. Trata-se, exclusivamente, de excluir palavras inúteis, redundâncias e passagens que nada acrescentem ao que já foi dito.
É indispensável que o texto tenha coesão e coerência. Tais atributos favorecem a conexão, a ligação, a harmonia entre os elementos
de um texto. Percebe-se que o texto tem coesão e coerência quando se lê um texto e se verifica que as palavras, as frases e os parágrafos
estão entrelaçados, dando continuidade uns aos outros. Alguns mecanismos que estabelecem a coesão e a coerência de um texto são:
• Referência (termos que se relacionam a outros necessários à sua interpretação);
• Substituição (colocação de um item lexical no lugar de outro ou no lugar de uma oração);
• Elipse (omissão de um termo recuperável pelo contexto);
• Uso de conjunção (estabelecer ligação entre orações, períodos ou parágrafos).
A redação oficial é elaborada sempre em nome do serviço público e sempre em atendimento ao interesse geral dos cidadãos. Sendo
assim, os assuntos objetos dos expedientes oficiais não devem ser tratados de outra forma que não a estritamente impessoal.
As comunicações administrativas devem ser sempre formais, isto é, obedecer a certas regras de forma. Isso é válido tanto para as
comunicações feitas em meio eletrônico, quanto para os eventuais documentos impressos. Recomendações:
• A língua culta é contra a pobreza de expressão e não contra a sua simplicidade;
• O uso do padrão culto não significa empregar a língua de modo rebuscado ou utilizar figuras de linguagem próprias do estilo literário;
• A consulta ao dicionário e à gramática é imperativa na redação de um bom texto.

185
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

O único pronome de tratamento utilizado na comunicação com • Local e data:


agentes públicos federais é “senhor”, independentemente do a) composição: local e data do documento;
nível hierárquico, da natureza do cargo ou da função ou da oca- b) informação de local: nome da cidade onde foi expedido o
sião. documento, seguido de vírgula. Não se deve utilizar a sigla da uni-
Obs. O pronome de tratamento é flexionado para o feminino dade da federação depois do nome da cidade;
e para o plural. c) dia do mês: em numeração ordinal se for o primeiro dia do
mês e em numeração cardinal para os demais dias do mês. Não se
São formas de tratamento vedadas: deve utilizar zero à esquerda do número que indica o dia do mês;
I - Vossa Excelência ou Excelentíssimo; d) nome do mês: deve ser escrito com inicial minúscula;
II - Vossa Senhoria; e) pontuação: coloca-se ponto-final depois da data;
III - Vossa Magnificência; f) alinhamento: o texto da data deve ser alinhado à margem
IV - doutor; direita da página.
V - ilustre ou ilustríssimo;
VI - digno ou digníssimo; e • Endereçamento: O endereçamento é a parte do documento
VII - respeitável. que informa quem receberá o expediente. Nele deverão constar :
a) vocativo;
Todavia, o agente público federal que exigir o uso dos prono- b) nome: nome do destinatário do expediente;
mes de tratamento, mediante invocação de normas especiais refe- c) cargo: cargo do destinatário do expediente;
rentes ao cargo ou carreira, deverá tratar o interlocutor do mesmo d) endereço: endereço postal de quem receberá o expediente,
modo. Ademais, é vedado negar a realização de ato administrativo dividido em duas linhas: primeira linha: informação de localidade/
ou admoestar o interlocutor nos autos do expediente caso haja erro logradouro do destinatário ou, no caso de ofício ao mesmo órgão,
na forma de tratamento empregada. informação do setor; segunda linha: CEP e cidade/unidade da fede-
O endereçamento das comunicações dirigidas a agentes pú- ração, separados por espaço simples. Na separação entre cidade e
blicos federais não conterá pronome de tratamento ou o nome unidade da federação pode ser substituída a barra pelo ponto ou
do agente público. Poderão constar o pronome de tratamento e o pelo travessão. No caso de ofício ao mesmo órgão, não é obriga-
nome do destinatário nas hipóteses de: tória a informação do CEP, podendo ficar apenas a informação da
I – A mera indicação do cargo ou da função e do setor da ad- cidade/unidade da federação;
ministração ser insuficiente para a identificação do destinatário; ou e) alinhamento: à margem esquerda da página.
II - A correspondência ser dirigida à pessoa de agente público
específico. • Assunto: O assunto deve dar uma ideia geral do que trata
Até a segunda edição deste Manual, havia três tipos de expe- o documento, de forma sucinta. Ele deve ser grafado da seguinte
dientes que se diferenciavam antes pela finalidade do que pela for- maneira:
ma: o ofício, o aviso e o memorando. Com o objetivo de uniformizá- a) título: a palavra Assunto deve anteceder a frase que define o
-los, deve-se adotar nomenclatura e diagramação únicas, que sigam conteúdo do documento, seguida de dois-pontos;
o que chamamos de padrão ofício. b) descrição do assunto: a frase que descreve o conteúdo do
Consistem em partes do documento no padrão ofício: documento deve ser escrita com inicial maiúscula, não se deve utili-
• Cabeçalho: O cabeçalho é utilizado apenas na primeira página zar verbos e sugere-se utilizar de quatro a cinco palavras;
do documento, centralizado na área determinada pela formatação. c) destaque: todo o texto referente ao assunto, inclusive o títu-
No cabeçalho deve constar o Brasão de Armas da República no topo lo, deve ser destacado em negrito;
da página; nome do órgão principal; nomes dos órgãos secundá- d) pontuação: coloca-se ponto-final depois do assunto;
rios, quando necessários, da maior para a menor hierarquia; espa- e) alinhamento: à margem esquerda da página.
çamento entrelinhas simples (1,0). Os dados do órgão, tais como
endereço, telefone, endereço de correspondência eletrônica, sítio
eletrônico oficial da instituição, podem ser informados no rodapé
do documento, centralizados.
• Identificação do expediente:
a) nome do documento: tipo de expediente por extenso, com
todas as letras maiúsculas;
b) indicação de numeração: abreviatura da palavra “número”,
padronizada como Nº;
c) informações do documento: número, ano (com quatro dí-
gitos) e siglas usuais do setor que expede o documento, da menor
para a maior hierarquia, separados por barra (/);
d) alinhamento: à margem esquerda da página.

186
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

• Texto:

NOS CASOS EM QUE NÃO SEJA USADO PARA ENCAMINHA-


QUANDO FOREM USADOS PARA ENCAMINHAMENTO DE
MENTO DE DOCUMENTOS, O EXPEDIENTE DEVE CONTER A
DOCUMENTOS, A ESTRUTURA É MODIFICADA:
SEGUINTE ESTRUTURA:
a) introdução: deve iniciar com referência ao expediente que so-
licitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver
a) introdução: em que é apresentado o objetivo da comunicação.
sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comu-
Evite o uso das formas: Tenho a honra de, Tenho o prazer de, Cum-
nicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos
pre-me informar que. Prefira empregar a forma direta: Informo,
do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário e as-
Solicito, Comunico;
sunto de que se trata) e a razão pela qual está sendo encaminhado;
b) desenvolvimento: em que o assunto é detalhado; se o texto con-
b) desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer al-
tiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas
gum comentário a respeito do documento que encaminha, poderá
em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição; e
acrescentar parágrafos de desenvolvimento. Caso contrário, não
c) conclusão: em que é afirmada a posição sobre o assunto.
há parágrafos de desenvolvimento em expediente usado para en-
caminhamento de documentos.

Em qualquer uma das duas estruturas, o texto do documento deve ser formatado da seguinte maneira:
a) alinhamento: justificado;
b) espaçamento entre linhas: simples;
c) parágrafos: espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após cada parágrafo; recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da margem
esquerda; numeração dos parágrafos: apenas quando o documento tiver três ou mais parágrafos, desde o primeiro parágrafo. Não se
numeram o vocativo e o fecho;
d) fonte: Calibri ou Carlito; corpo do texto: tamanho 12 pontos; citações recuadas: tamanho 11 pontos; notas de Rodapé: tamanho
10 pontos.
e) símbolos: para símbolos não existentes nas fontes indicadas, pode-se utilizar as fontes Symbol e Wingdings.

• Fechos para comunicações: O fecho das comunicações oficiais objetiva, além da finalidade óbvia de arrematar o texto, saudar o
destinatário.
a) Para autoridades de hierarquia superior a do remetente, inclusive o Presidente da República: Respeitosamente,
b) Para autoridades de mesma hierarquia, de hierarquia inferior ou demais casos: Atenciosamente,

• Identificação do signatário: Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, todas as demais comunicações ofi-
ciais devem informar o signatário segundo o padrão:
a) nome: nome da autoridade que as expede, grafado em letras maiúsculas, sem negrito. Não se usa linha acima do nome do signa-
tário;
b) cargo: cargo da autoridade que expede o documento, redigido apenas com as iniciais maiúsculas. As preposições que liguem as
palavras do cargo devem ser grafadas em minúsculas; e
c) alinhamento: a identificação do signatário deve ser centralizada na página. Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assi-
natura em página isolada do expediente. Transfira para essa página ao menos a última frase anterior ao fecho.

• Numeração de páginas: A numeração das páginas é obrigatória apenas a partir da segunda página da comunicação. Ela deve ser
centralizada na página e obedecer à seguinte formatação:
a) posição: no rodapé do documento, ou acima da área de 2 cm da margem inferior; e
b) fonte: Calibri ou Carlito.

Quanto a formatação e apresentação, os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte forma:
a) tamanho do papel: A4 (29,7 cm x 21 cm);
b) margem lateral esquerda: no mínimo, 3 cm de largura;
c) margem lateral direita: 1,5 cm;
d) margens superior e inferior: 2 cm;
e) área de cabeçalho: na primeira página, 5 cm a partir da margem superior do papel;
f) área de rodapé: nos 2 cm da margem inferior do documento;
g) impressão: na correspondência oficial, a impressão pode ocorrer em ambas as faces do papel. Nesse caso, as margens esquerda e
direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (margem espelho);
h) cores: os textos devem ser impressos na cor preta em papel branco, reservando-se, se necessário, a impressão colorida para gráfi-
cos e ilustrações;

187
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

i) destaques: para destaques deve-se utilizar, sem abuso, o


negrito. Deve-se evitar destaques com uso de itálico, sublinhado,
letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer
outra forma de formatação que afete a sobriedade e a padroniza-
ção do documento;
j) palavras estrangeiras: palavras estrangeiras devem ser grafa-
das em itálico;
k) arquivamento: dentro do possível, todos os documentos
elaborados devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos. Deve
ser utilizado, preferencialmente, formato de arquivo que possa ser
lido e editado pela maioria dos editores de texto utilizados no servi-
ço público, tais como DOCX, ODT ou RTF.
l) nome do arquivo: para facilitar a localização, os nomes dos
arquivos devem ser formados da seguinte maneira: tipo do docu-
mento + número do documento + ano do documento (com 4 dígi-
tos) + palavras-chaves do conteúdo.

Os documentos oficiais podem ser identificados de acordo com


algumas possíveis variações:
a) [NOME DO EXPEDIENTE] + CIRCULAR: Quando um órgão en-
via o mesmo expediente para mais de um órgão receptor. A sigla na
epígrafe será apenas do órgão remetente.
b) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO: Quando mais de um
órgão envia, conjuntamente, o mesmo expediente para um único
órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epí-
grafe.
c) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO CIRCULAR: Quando
mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expediente para
mais de um órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes cons-
tarão na epígrafe.

Nos expedientes circulares, por haver mais de um receptor, o


órgão remetente poderá inserir no rodapé as siglas ou nomes
dos órgãos que receberão o expediente.

Exposição de motivos (EM)


É o expediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-
Presidente para:
a) propor alguma medida;
b) submeter projeto de ato normativo à sua consideração; ou
c) informa-lo de determinado assunto.

A exposição de motivos é dirigida ao Presidente da República


por um Ministro de Estado. Nos casos em que o assunto tratado en-
volva mais de um ministério, a exposição de motivos será assinada
por todos os ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada
de interministerial. Independentemente de ser uma EM com ape-
nas um autor ou uma EM interministerial, a sequência numérica
das exposições de motivos é única. A numeração começa e termina
dentro de um mesmo ano civil.
A exposição de motivos é a principal modalidade de comunica-
ção dirigida ao Presidente da República pelos ministros. Além disso,
pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacio-
nal ou ao Poder Judiciário.

188
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

O Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais dereço eletrônico utilizado pelos servidores públicos, o e-mail deve
(Sidof) é a ferramenta eletrônica utilizada para a elaboração, a re- ser oficial, utilizando-se a extensão “.gov.br”, por exemplo. Como
dação, a alteração, o controle, a tramitação, a administração e a ge- sistema de transmissão de mensagens eletrônicas, por seu baixo
rência das exposições de motivos com as propostas de atos a serem custo e celeridade, transformou-se na principal forma de envio e
encaminhadas pelos Ministérios à Presidência da República. recebimento de documentos na administração pública.
Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto
Ao se utilizar o Sidof, a assinatura, o nome e o cargo do signa- de 2001, para que o e-mail tenha valor documental, isto é, para
tário são substituídos pela assinatura eletrônica que informa que possa ser aceito como documento original, é necessário existir
o nome do ministro que assinou a exposição de motivos e do certificação digital que ateste a identidade do remetente, segundo
consultor jurídico que assinou o parecer jurídico da Pasta. os parâmetros de integridade, autenticidade e validade jurídica da
Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICPBrasil.
A Mensagem é o instrumento de comunicação oficial entre os O destinatário poderá reconhecer como válido o e-mail sem
Chefes dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas certificação digital ou com certificação digital fora ICP-Brasil; con-
pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar tudo, caso haja questionamento, será obrigatório a repetição do
sobre fato da administração pública; para expor o plano de gover- ato por meio documento físico assinado ou por meio eletrônico re-
no por ocasião da abertura de sessão legislativa; para submeter conhecido pela ICP-Brasil. Salvo lei específica, não é dado ao ente
ao Congresso Nacional matérias que dependem de deliberação de público impor a aceitação de documento eletrônico que não atenda
suas Casas; para apresentar veto; enfim, fazer comunicações do que os parâmetros da ICP-Brasil.
seja de interesse dos Poderes Públicos e da Nação. Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos ministérios flexibilidade. Assim, não interessa definir padronização da mensa-
à Presidência da República, a cujas assessorias caberá a redação fi- gem comunicada. O assunto deve ser o mais claro e específico pos-
nal. As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso sível, relacionado ao conteúdo global da mensagem. Assim, quem
Nacional têm as seguintes finalidades: irá receber a mensagem identificará rapidamente do que se trata;
a) Encaminhamento de proposta de emenda constitucional, quem a envia poderá, posteriormente, localizar a mensagem na cai-
de projeto de lei ordinária, de projeto de lei complementar e os xa do correio eletrônico.
que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, or- O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado por uma sau-
çamentos anuais e créditos adicionais. dação. Quando endereçado para outras instituições, para recepto-
b) Encaminhamento de medida provisória. res desconhecidos ou para particulares, deve-se utilizar o vocativo
c) Indicação de autoridades. conforme os demais documentos oficiais, ou seja, “Senhor” ou “Se-
d) Pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presiden- nhora”, seguido do cargo respectivo, ou “Prezado Senhor”, “Prezada
te da República se ausentarem do país por mais de 15 dias. Senhora”.
e) Encaminhamento de atos de concessão e de renovação de Atenciosamente é o fecho padrão em comunicações oficiais.
concessão de emissoras de rádio e TV. Com o uso do e-mail, popularizou-se o uso de abreviações como
f) Encaminhamento das contas referentes ao exercício anterior. “Att.”, e de outros fechos, como “Abraços”, “Saudações”, que, ape-
g) Mensagem de abertura da sessão legislativa. sar de amplamente usados, não são fechos oficiais e, portanto, não
h) Comunicação de sanção (com restituição de autógrafos). devem ser utilizados em e-mails profissionais.
i) Comunicação de veto. Sugere-se que todas as instituições da administração pública
j) Outras mensagens remetidas ao Legislativo, ex. Apreciação adotem um padrão de texto de assinatura. A assinatura do e-mail
de intervenção federal. deve conter o nome completo, o cargo, a unidade, o órgão e o tele-
As mensagens contêm: fone do remetente.
a) brasão: timbre em relevo branco; A possibilidade de anexar documentos, planilhas e imagens de
b) identificação do expediente: MENSAGEM Nº, alinhada à diversos formatos é uma das vantagens do e-mail. A mensagem que
margem esquerda, no início do texto; encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre o
c) vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo com o conteúdo do anexo.
pronome de tratamento e o cargo do destinatário, com o recuo de Os arquivos anexados devem estar em formatos usuais e que
parágrafo dado ao texto; apresentem poucos riscos de segurança. Quando se tratar de docu-
d) texto: iniciado a 2 cm do vocativo; mento ainda em discussão, os arquivos devem, necessariamente,
e) local e data: posicionados a 2 cm do final do texto, alinha- ser enviados, em formato que possa ser editado.
dos à margem direita. A mensagem, como os demais atos assinados A correção ortográfica é requisito elementar de qualquer tex-
pelo Presidente da República, não traz identificação de seu signa- to, e ainda mais importante quando se trata de textos oficiais. Mui-
tário. tas vezes, uma simples troca de letras pode alterar não só o sentido
A utilização do e-mail para a comunicação tornou-se prática da palavra, mas de toda uma frase. O que na correspondência par-
comum, não só em âmbito privado, mas também na administra- ticular seria apenas um lapso na digitação pode ter repercussões
ção pública. O termo e-mail pode ser empregado com três sentidos. indesejáveis quando ocorre no texto de uma comunicação oficial
Dependendo do contexto, pode significar gênero textual, endere- ou de um ato normativo. Assim, toda revisão que se faça em de-
ço eletrônico ou sistema de transmissão de mensagem eletrônica. terminado documento ou expediente deve sempre levar em conta
Como gênero textual, o e-mail pode ser considerado um documen- também a correção ortográfica.
to oficial, assim como o ofício. Portanto, deve-se evitar o uso de
linguagem incompatível com uma comunicação oficial. Como en-

189
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

HÍFEN ASPAS ITÁLICO NEGRITO E SUBLINHADO


Emprega-se itálico em:
As aspas têm os seguintes em- a) títulos de publicações (livros,
O hífen é um sinal usado para:
pregos: revistas, jornais, periódicos
a) ligar os elementos de pala-
a) antes e depois de uma cita- etc.) ou títulos de congressos,
vras compostas: vice-ministro;
ção textual direta, quando esta conferências, slogans, lemas Usa-se o negrito para realce de pa-
b) para unir pronomes átonos a
tem até três linhas, sem utilizar sem o uso de aspas (com inicial lavras e trechos. Deve-se evitar o
verbos: agradeceu-lhe; e
itálico; maiúscula em todas as pala- uso de sublinhado para realçar pa-
c) para, no final de uma linha,
b) quando necessário, para vras, exceto nas de ligação); lavras e trechos em comunicações
indicar a separação das sílabas
diferenciar títulos, termos téc- b) palavras e as expressões em oficiais.
de uma palavra em duas par-
nicos, expressões fixas, defini- latim ou em outras línguas es-
tes (a chamada translineação):
ções, exemplificações e asse- trangeiras não incorporadas ao
com-/parar, gover-/no.
melhados. uso comum na língua portu-
guesa ou não aportuguesadas.

PARÊNTESES E TRAVESSÃO USO DE SIGLAS E ACRÔNIMOS


Para padronizar o uso de siglas e acrônimos nos atos normativos, se-
Os parênteses são empregados para intercalar, em um texto,
rão adotados os conceitos sugeridos pelo Manual de Elaboração de
explicações, indicações, comentários, observações, como por
Textos da Consultoria Legislativa do Senado Federal (1999), em que:
exemplo, indicar uma data, uma referência bibliográfica, uma
a) sigla: constitui-se do resultado das somas das iniciais de um título;
sigla.
e
O travessão, que é representado graficamente por um hífen pro-
b) acrônimo: constitui-se do resultado da soma de algumas sílabas ou
longado (–), substitui parênteses, vírgulas, dois-pontos.
partes dos vocábulos de um título.

Sintaxe é a parte da Gramática que estuda a palavra, não em si, mas em relação às outras, que, com ela, se unem para exprimir o
pensamento. Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos elementos que compõem uma oração:

SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO + ADJUNTO ADVERBIAL

O sujeito é o ser de quem se fala ou que executa a ação enunciada na oração. De acordo com a gramática normativa, o sujeito da
oração não pode ser preposicionado. Ele pode ter complemento, mas não ser complemento.

Embora seja usada como recurso estilístico na literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos textos oficiais, pois muitas vezes
dificulta a compreensão.

A omissão de certos termos, ao fazermos uma comparação, omissão própria da língua falada, deve ser evitada na língua escrita, pois
compromete a clareza do texto: nem sempre é possível identificar, pelo contexto, o termo omitido. A ausência indevida de um termo pode
impossibilitar o entendimento do sentido que se quer dar a uma frase.
Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de todo texto oficial,
deve-se atentar para as construções que possam gerar equívocos de compreensão. A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de
identificar-se a que palavra se refere um pronome que possui mais de um antecedente na terceira pessoa.
A concordância é o processo sintático segundo o qual certas palavras se acomodam, na sua forma, às palavras de que dependem.
Essa acomodação formal se chama flexão e se dá quanto a gênero e número (nos adjetivos – nomes ou pronomes), números e pessoa (nos
verbos). Daí, a divisão: concordância nominal e concordância verbal.
Regência é, em gramática, sinônimo de dependência, subordinação. Assim, a sintaxe de regência trata das relações de dependência
que as palavras mantêm na frase. Dizemos que um termo rege o outro que o complementa. Numa frase, os termos regentes ou subordi-
nantes (substantivos, adjetivos, verbos) regem os termos regidos ou subordinados (substantivos, adjetivos, preposições) que lhes comple-
tam o sentido.
Os sinais de pontuação, ligados à estrutura sintática, têm as seguintes finalidades:
a) assinalar as pausas e as inflexões da voz (a entoação) na leitura;
b) separar palavras, expressões e orações que, segundo o autor, devem merecer destaque; e
c) esclarecer o sentido da frase, eliminando ambiguidades.
A vírgula serve para marcar as separações breves de sentido entre termos vizinhos, as inversões e as intercalações, quer na oração,
quer no período. O ponto e vírgula, em princípio, separa estruturas coordenadas já portadoras de vírgulas internas. É também usado em
lugar da vírgula para dar ênfase ao que se quer dizer.
Emprega-se este sinal de pontuação para introduzir citações, marcar enunciados de diálogo e indicar um esclarecimento, um resumo
ou uma consequência do que se afirmou.

190
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

O ponto de interrogação, como se depreende de seu nome, O problema do abuso de estrangeirismos inúteis ou emprega-
é utilizado para marcar o final de uma frase interrogativa direta. dos em contextos em que não cabem, é em geral causado ou pelo
O ponto de exclamação é utilizado para indicar surpresa, espanto, desconhecimento da riqueza vocabular de nossa língua, ou pela in-
admiração, súplica etc. Seu uso na redação oficial fica geralmente corporação acrítica do estrangeirismo.
restrito aos discursos e às peças de retórica. • A homonímia é a designação geral para os casos em que pa-
O uso do pronome demonstrativo obedece às seguintes cir- lavras de sentidos diferentes têm a mesma grafia (os homônimos
cunstâncias: homógrafos) ou a mesma pronúncia (os homônimos homófonos).
a) Emprega-se este(a)/isto quando o termo referente estiver • Os homógrafos podem coincidir ou não na pronúncia, como
próximo ao emissor, ou seja, de quem fala ou redige. nos exemplos: quarto (aposento) e quarto (ordinal), manga (fruta)
b) Emprega-se esse(a)/isso quando o termo referente estiver e manga (de camisa), em que temos pronúncia idêntica; e apelo
próximo ao receptor, ou seja, a quem se fala ou para quem se re- (pedido) e apelo (com e aberto, 1ª pess. Do sing. Do pres. Do ind. Do
dige. verbo apelar), consolo (alívio) e consolo (com o aberto, 1ª pess. Do
c) Emprega-se aquele(a)/aquilo quando o termo referente es- sing. Do pres. Do ind. Do verbo consolar), com pronúncia diferente.
tiver distante tanto do emissor quanto do receptor da mensagem. Os homógrafos de idêntica pronúncia diferenciam-se pelo contexto
d) Emprega-se este(a) para referir-se ao tempo presente; em que são empregados.
e) Emprega-se esse(a) para se referir ao tempo passado; • Já o termo paronímia designa o fenômeno que ocorre com
f) Emprega-se aquele(a)/aquilo em relação a um tempo passa- palavras semelhantes (mas não idênticas) quanto à grafia ou à pro-
do mais longínquo, ou histórico. núncia. É fonte de muitas dúvidas, como entre descrição (ato de
g) Usa-se este(a)/isto para introduzir referência que, no texto, descrever) e discrição (qualidade do que é discreto), retificar (corri-
ainda será mencionado; gir) e ratificar (confirmar).
h) Usa-se este(a)para se referir ao próprio texto; No Estado de Direito, as normas jurídicas cumprem a tarefa
i) Emprega-se esse(a)/isso quando a informação já foi mencio- de concretizar a Constituição. Elas devem criar os fundamentos de
nada no texto. justiça e de segurança que assegurem um desenvolvimento social
A Semântica estuda o sentido das palavras, expressões, frases harmônico em um contexto de paz e de liberdade. Esses complexos
e unidades maiores da comunicação verbal, os significados que lhe objetivos da norma jurídica são expressos nas funções:
são atribuídos. Ao considerarmos o significado de determinada pa- I) de integração: a lei cumpre função de integração ao com-
lavra, levamos em conta sua história, sua estrutura (radical, prefi- pensar as diferenças jurídico-políticas no quadro de formação da
xos, sufixos que participam da sua forma) e, por fim, o contexto em vontade do Estado (desigualdades sociais, regionais);
que se apresenta. II) de planificação: a lei é o instrumento básico de organização,
Sendo a clareza um dos requisitos fundamentais de todo texto de definição e de distribuição de competências;
oficial, deve-se atentar para a tradição no emprego de determina- III) de proteção: a lei cumpre função de proteção contra o arbí-
da expressão com determinado sentido. O emprego de expressões trio ao vincular os próprios órgãos do Estado;
ditas de uso consagrado confere uniformidade e transparência ao IV) de regulação: a lei cumpre função reguladora ao direcionar
sentido do texto. Mas isso não quer dizer que os textos oficiais de- condutas por meio de modelos;
vam limitar-se à repetição de chavões e de clichês. V) de inovação: a lei cumpre função de inovação na ordem ju-
Verifique sempre o contexto em que as palavras estão sendo rídica e no plano social.
utilizadas. Certifique-se de que não há repetições desnecessárias
ou redundâncias. Procure sinônimos ou termos mais precisos para Requisitos da elaboração normativa:
as palavras repetidas; mas se sua substituição for comprometer o • Clareza e determinação da norma;
sentido do texto, tornando-o ambíguo ou menos claro, não hesite • Princípio da reserva legal;
em deixar o texto como está. • Reserva legal qualificada (algumas providências sejam prece-
É importante lembrar que o idioma está em constante muta- didas de específica autorização legislativa, vinculada à determinada
ção. A própria evolução dos costumes, das ideias, das ciências, da situação ou destinada a atingir determinado objetivo);
política, enfim da vida social em geral, impõe a criação de novas • Princípio da legalidade nos âmbitos penal, tributário e admi-
palavras e de formas de dizer. nistrativo;
A redação oficial não pode alhear-se dessas transformações, • Princípio da proporcionalidade;
nem incorporá-las acriticamente. Quanto às novidades vocabula- • Densidade da norma (a previsão legal contenha uma discipli-
res, por um lado, elas devem sempre ser usadas com critério, evi- na suficientemente concreta);
tando-se aquelas que podem ser substituídas por vocábulos já de • Respeito ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coi-
uso consolidado sem prejuízo do sentido que se lhes quer dar. sa julgada;
De outro lado, não se concebe que, em nome de suposto pu- • Remissões legislativas (se as remissões forem inevitáveis, se-
rismo, a linguagem das comunicações oficiais fique imune às cria- jam elas formuladas de tal modo que permitam ao intérprete apre-
ções vocabulares ou a empréstimos de outras línguas. A rapidez ender o seu sentido sem ter de compulsar o texto referido).
do desenvolvimento tecnológico, por exemplo, impõe a criação de
inúmeros novos conceitos e termos, ditando de certa forma a ve- Além do processo legislativo disciplinado na Constituição (pro-
locidade com que a língua deve incorporá-los. O importante é usar cesso legislativo externo), a doutrina identifica o chamado processo
o estrangeirismo de forma consciente, buscar o equivalente portu- legislativo interno, que se refere à forma de fazer adotada para a
guês quando houver ou conformar a palavra estrangeira ao espírito tomada da decisão legislativa.
da Língua Portuguesa.

191
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Antes de decidir sobre as providências a serem tomadas, é es- a) matérias que guardem afinidade objetiva devem ser tratadas
sencial identificar o problema a ser enfrentado. Realizada a iden- em um mesmo contexto ou agrupamento;
tificação do problema em decorrência de impulsos externos (ma- b) os procedimentos devem ser disciplinados segundo a ordem
nifestações de órgãos de opinião pública, críticas de segmentos cronológica, se possível;
especializados) ou graças à atuação dos mecanismos próprios de c) a sistemática da lei deve ser concebida de modo a permitir
controle, o problema deve ser delimitado de forma precisa. que ela forneça resposta à questão jurídica a ser disciplinada; e
A análise da situação questionada deve contemplar as causas d) institutos diversos devem ser tratados separadamente.
ou o complexo de causas que eventualmente determinaram ou • O artigo de alteração da norma deve fazer menção expressa
contribuíram para o seu desenvolvimento. Essas causas podem ter ao ato normativo que está sendo alterado.
influências diversas, tais como condutas humanas, desenvolvimen- • Na hipótese de alteração parcial de artigo, os dispositivos que
tos sociais ou econômicos, influências da política nacional ou inter- não terão o seu texto alterado serão substituídos por linha ponti-
nacional, consequências de novos problemas técnicos, efeitos de lhada, cujo uso é obrigatório para indicar a manutenção e a não
leis antigas, mudanças de concepção etc. alteração do trecho do artigo.
Para verificar a adequação dos meios a serem utilizados, deve- O termo “republicação” é utilizado para designar apenas a hi-
-se realizar uma análise dos objetivos que se esperam com a apro- pótese de o texto publicado não corresponder ao original assina-
vação da proposta. A ação do legislador, nesse âmbito, não difere, do pela autoridade. Não se pode cogitar essa hipótese por motivo
fundamentalmente, da atuação do homem comum, que se caracte- de erro já constante do documento subscrito pela autoridade ou,
riza mais por saber exatamente o que não quer, sem precisar o que muito menos, por motivo de alteração na opinião da autoridade.
efetivamente pretende. Considerando que os atos normativos somente produzem efeitos
A avaliação emocional dos problemas, a crítica generalizada após a publicação no Diário Oficial da União, mesmo no caso de re-
e, às vezes, irrefletida sobre o estado de coisas dominante acabam publicação, não se poderá cogitar a existência de efeitos retroativos
por permitir que predominem as soluções negativistas, que têm por com a publicação do texto corrigido. Contudo, o texto publicado
escopo, fundamentalmente, suprimir a situação questionada sem sem correspondência com aquele subscrito pela autoridade poderá
contemplar, de forma detida e racional, as alternativas possíveis ou ser considerado inválido com efeitos retroativos.
as causas determinantes desse estado de coisas negativo. Outras Já a retificação se refere aos casos em que texto publicado
vezes, deixa-se orientar por sentimento inverso, buscando, pura e corresponde ao texto subscrito pela autoridade, mas que continha
simplesmente, a preservação do status quo. lapso manifesto. A retificação requer nova assinatura pelas autori-
Essas duas posições podem levar, nos seus extremos, a uma dades envolvidas e, em muitos casos, é menos conveniente do que
imprecisa definição dos objetivos. A definição da decisão legislati- a mera alteração da norma.
va deve ser precedida de uma rigorosa avaliação das alternativas A correção de erro material que não afete a substância do ato
existentes, seus prós e contras. A existência de diversas alternativas singular de caráter pessoal e as retificações ou alterações da de-
para a solução do problema não só amplia a liberdade do legislador, nominação de cargos, funções ou órgãos que tenham tido a deno-
como também permite a melhoria da qualidade da decisão legis- minação modificada em decorrência de lei ou de decreto superve-
lativa. niente à expedição do ato pessoal a ser apostilado são realizadas
Antes de decidir sobre a alternativa a ser positivada, devem- por meio de apostila. O apostilamento é de competência do setor
-se avaliar e contrapor as alternativas existentes sob dois pontos de de recurso humanos do órgão, autarquia ou fundação, e dispensa
vista: a) De uma perspectiva puramente objetiva: verificar se a aná- nova assinatura da autoridade que subscreveu o ato originário.
lise sobre os dados fáticos e prognósticos se mostra consistente; b) Atenção: Deve-se ter especial atenção quando do uso do apos-
De uma perspectiva axiológica: aferir, com a utilização de critérios tilamento para os atos relativos à vacância ou ao provimento de-
de probabilidade (prognósticos), se os meios a serem empregados corrente de alteração de estrutura de órgão, autarquia ou funda-
mostram-se adequados a produzir as consequências desejadas. De- ção pública. O apostilamento não se aplica aos casos nos quais a
vem-se contemplar, igualmente, as suas deficiências e os eventuais essência do cargo em comissão ou da função de confiança tenham
efeitos colaterais negativos. sido alterados, tais como nos casos de alteração do nível hierárqui-
O processo de decisão normativa estará incompleto caso se en- co, transformação de atribuição de assessoramento em atribuição
tenda que a tarefa do legislador se encerre com a edição do ato nor- de chefia (ou vice-versa) ou transferência de cargo para unidade
mativo. Uma planificação mais rigorosa do processo de elaboração com outras competências. Também deve-se alertar para o fato que
normativa exige um cuidadoso controle das diversas consequências a praxe atual tem sido exigir que o apostilamento decorrente de
produzidas pelo novo ato normativo. alteração em estrutura regimental seja realizado na mesma data da
É recomendável que o legislador redija as leis dentro de um entrada em vigor de seu decreto.
espírito de sistema, tendo em vista não só a coerência e a harmonia A estrutura dos atos normativos é composta por dois elemen-
interna de suas disposições, mas também a sua adequada inserção tos básicos: a ordem legislativa e a matéria legislada. A ordem legis-
no sistema jurídico como um todo. Essa sistematização expressa lativa compreende a parte preliminar e o fecho da lei ou do decreto;
uma característica da cientificidade do Direito e corresponde às a matéria legislada diz respeito ao texto ou ao corpo do ato.
exigências mínimas de segurança jurídica, à medida que impedem A lei ordinária é ato normativo primário e contém, em regra,
uma ruptura arbitrária com a sistemática adotada na aplicação do normas gerais e abstratas. Embora as leis sejam definidas, normal-
Direito. Costuma-se distinguir a sistemática da lei em sistemática mente, pela generalidade e pela abstração (lei material), estas con-
interna (compatibilidade teleológica e ausência de contradição ló- têm, não raramente, normas singulares (lei formal ou ato normati-
gica) e sistemática externa (estrutura da lei). vo de efeitos concretos).
Regras básicas a serem observadas para a sistematização do
texto do ato normativo, com o objetivo de facilitar sua estruturação:

192
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

As leis complementares são um tipo de lei que não têm a ri- Deputados, que justifique a necessidade do acréscimo. A apresen-
gidez dos preceitos constitucionais, e tampouco comportam a re- tação de emendas a qualquer projeto de lei oriundo de iniciativa re-
vogação por força de qualquer lei ordinária superveniente. Com a servada é autorizada, desde que não implique aumento de despesa
instituição de lei complementar, o constituinte buscou resguardar e que tenha estrita pertinência temática.
determinadas matérias contra mudanças céleres ou apressadas, A Constituição não impede a apresentação de emendas ao pro-
sem deixá-las exageradamente rígidas, o que dificultaria sua modifi- jeto de lei orçamentária. Elas devem ser, todavia, compatíveis com
cação. A lei complementar deve ser aprovada pela maioria absoluta o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias e devem
de cada uma das Casas do Congresso Nacional. indicar os recursos necessários, sendo admitidos apenas aqueles
Lei delegada é o ato normativo elaborado e editado pelo Pre- provenientes de anulação de despesa. A Constituição veda a propo-
sidente da República em decorrência de autorização do Poder Le- situra de emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias que
gislativo, expedida por meio de resolução do Congresso Nacional e não guardem compatibilidade com o plano plurianual.
dentro dos limites nela traçados. Medida provisória é ato normativo A votação da matéria legislativa constitui ato coletivo das Casas
com força de lei que pode ser editado pelo Presidente da República do Congresso. Realiza-se, normalmente, após a instrução do proje-
em caso de relevância e urgência. Decretos são atos administrativos to nas comissões e dos debates no plenário. A sanção é o ato pelo
de competência exclusiva do Chefe do Executivo, destinados a pro- qual o Chefe do Executivo manifesta a sua anuência ao projeto de
ver as situações gerais ou individuais, abstratamente previstas, de lei aprovado pelo Poder Legislativo. Verifica-se aqui a fusão da von-
modo expresso ou implícito, na lei. tade do Congresso Nacional com a do Presidente, da qual resulta a
• Decretos singulares ou de efeitos concretos: Os decretos po- formação da lei.
dem conter regras singulares ou concretas (por exemplo, decretos O veto é o ato pelo qual o Chefe do Poder Executivo nega san-
referentes à questão de pessoal, de abertura de crédito, de desa- ção ao projeto – ou a parte dele –, obstando à sua conversão em lei.
propriação, de cessão de uso de imóvel, de indulto, de perda de Dois são os fundamentos para a recusa de sanção: a) inconstitucio-
nacionalidade, etc.). nalidade; ou b) contrariedade ao interesse público.
• Decretos regulamentares: Os decretos regulamentares são O veto deve ser expresso e motivado, e oposto no prazo de 15
atos normativos subordinados ou secundários. dias úteis, contado da data do recebimento do projeto, e comunica-
• Decretos autônomos: Limita-se às hipóteses de organização do ao Congresso Nacional nas 48 horas subsequentes à sua oposi-
e funcionamento da administração pública federal, quando não im- ção. O veto não impede a conversão do projeto em lei, podendo ser
plicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos pú- superado por deliberação do Congresso Nacional.
blicos, e de extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos. A promulgação e a publicação constituem fases essenciais da
Portaria é o instrumento pelo qual Ministros ou outras autori- eficácia da lei. A promulgação das leis compete ao Presidente da
dades expedem instruções sobre a organização e o funcionamento República. Ela deverá ocorrer dentro do prazo de 48 horas, decor-
de serviço, sobre questões de pessoal e outros atos de sua compe- rido da sanção ou da superação do veto. Nesse último caso, se o
tência. Presidente não promulgar a lei, competirá a promulgação ao Pre-
sidente do Senado Federal, que disporá, igualmente, de 48 horas
O processo legislativo abrange não só a elaboração das leis para fazê-lo; se este não o fizer, deverá fazê-lo o Vice-Presidente do
propriamente ditas (leis ordinárias, leis complementares, leis de- Senado Federal, em prazo idêntico.
legadas), mas também a elaboração das emendas constitucionais, O período entre a publicação da lei e a sua entrada em vigor é
das medidas provisórias, dos decretos legislativos e das resoluções. chamado de período de vacância ou vacatio legis. Na falta de dis-
A iniciativa é a proposta de edição de direito novo. A iniciati- posição especial, vigora o princípio que reconhece o decurso de um
va comum ou concorrente compete ao Presidente da República, a lapso de tempo entre a data da publicação e o termo inicial da obri-
qualquer Deputado ou Senador, a qualquer comissão de qualquer gatoriedade (45 dias).
das Casas do Congresso, e aos cidadãos – iniciativa popular. A Cons- Podem-se distinguir seis tipos de procedimento legislativo:
tituição confere a iniciativa da legislação sobre certas matérias, a) procedimento legislativo normal: Trata da elaboração das
privativamente, a determinados órgãos, denominada de iniciativa leis ordinárias (excluídas as leis financeiras e os códigos) e comple-
reservada. A Constituição prevê, ainda, sistema de iniciativa vincu- mentares.
lada, na qual a apresentação do projeto é obrigatória. Nesse caso, o b) procedimento legislativo abreviado: Este procedimento
Chefe do Executivo Federal deve encaminhar ao Congresso Nacio- dispensa a competência do Plenário, ocorrendo, por isso, a deli-
nal os projetos referentes às leis orçamentárias (plano plurianual, beração terminativa sobre o projeto de lei nas próprias Comissões
lei de diretrizes orçamentárias e o orçamento anual). Permanentes.
c) procedimento legislativo sumário: Entre as prerrogativas
A disciplina sobre a discussão e a instrução do projeto de lei é regimentais das Casas do Congresso Nacional existe a de conferir
confiada, fundamentalmente, aos Regimentos das Casas Legisla- urgência a certas proposições.
tivas. d) procedimento legislativo sumaríssimo: Existe nas duas Ca-
sas do Congresso Nacional mecanismo que assegura deliberação
Emenda é a proposição apresentada como acessória de outra instantânea sobre matérias submetidas à sua apreciação.
proposição. Nem todo titular de iniciativa tem poder de emenda. e) procedimento legislativo concentrado: O procedimento le-
Essa faculdade é reservada aos parlamentares. Se, entretanto, for gislativo concentrado tipifica-se, basicamente, pela apresentação
de iniciativa do Poder Executivo ou do Poder Judiciário, o seu titular das matérias em reuniões conjuntas de deputados e senadores. Ex.
também pode apresentar modificações, acréscimos, o que fará por para leis financeiras e delegadas.
meio de mensagem aditiva, dirigida ao Presidente da Câmara dos

193
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

f) procedimento legislativo especial: Nesse procedimento, Introdução: deve iniciar com referência ao expediente que so-
englobam-se dois ritos distintos com características próprias, um licitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver
destinado à elaboração de emendas à Constituição; outro, à de có- sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comu-
digos. nicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos
do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e as-
O Padrão Ofício sunto de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado,
segundo a seguinte fórmula:
O Manual de Redação da Presidência da República lista três
tipos de expediente que, embora tenham finalidades diferentes, “Em resposta ao Aviso nº 112, de 10 de fevereiro de 2011, en-
possuem formas semelhantes: Ofício, Aviso e Memorando. A dia- caminho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 2010, do
gramação proposta para esses expedientes é denominada padrão Departamento Geral de Administração, que trata da requisição do
ofício. servidor Fulano de Tal.”
O Ofício, o Aviso e o Memorando devem conter as seguintes ou
partes: “Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia do
telegrama nº 112, de 11 de fevereiro de 2011, do Presidente da Con-
Tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que federação Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de moder-
o expede nização de técnicas agrícolas na região Nordeste.”
Exemplos:
Of. 123/2002-MME Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer al-
Aviso 123/2002-SG gum comentário a respeito do documento que encaminha, poderá
Mem. 123/2002-MF acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário, não
há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou ofício de mero en-
Local e data caminhamento.
Devem vir por extenso com alinhamento à direita. - Fecho.
Exemplo: - Assinatura.
Brasília, 20 de maio de 2011 - Identificação do Signatário

Assunto Forma de Diagramação


Resumo do teor do documento. Exemplos: Os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte
Assunto: Produtividade do órgão em 2010. forma de apresentação:
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores. - Deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo
12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé;
Destinatário - Para símbolos não existentes na fonte Times New Roman, po-
O nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a comunicação. derseão utilizar as fontes symbol e Wíngdings;
No caso do ofício, deve ser incluído também o endereço. - É obrigatório constar a partir da segunda página o número da
página;
Texto - Os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impres-
Nos casos em que não for de mero encaminhamento de docu- sos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda
mentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura: e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem
espelho”);
Introdução - O início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distân-
Que se confunde com o parágrafo de abertura, na qual é apre- cia da margem esquerda;
sentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o uso das for- - O campo destinado à margem lateral esquerda terá, no míni-
mas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpreme infor- mo 3,0 cm de largura;
mar que”,empregue a forma direta; - O campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm;
- Deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de
Desenvolvimento 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não
No qual o assunto é detalhado; se o texto contiver mais de uma comportar tal recurso, de uma linha em branco;
ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas em parágrafos distin- - Não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado,
tos, o que confere maior clareza à exposição; letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer
outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do
Conclusão documento;
Em que é reafirmada ou simplesmente reapresentada a posi- - A impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel
ção recomendada sobre o assunto. branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos
Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos e ilustrações;
em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos. - Todos os tipos de documento do padrão ofício devem ser im-
pressos em papel de tamanho A4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;
Quando se tratar de mero encaminhamento de documentos, a - Deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo
estrutura deve ser a seguinte: Rich Text nos documentos de texto;

194
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

- Dentro do possível, todos os documentos elaborados devem Assinatura: de quem lavrou a certidão e visto do titular da
ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou apro- unidade organizacional que a autorizou.
veitamento de trechos para casos análogos;
- Para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser Circular
formados da seguinte maneira: tipo do documento + número do
documento + palavraschave do conteúdo. Exemplo: Correspondência oficial, de caráter interno, enviada, simulta-
“Of. 123 relatório produtividade neamente, a diversos destinatários, com texto idêntico, transmitin-
ano 2010” do informações, instruções, ordens, recomendações ou esclarecen-
do o conteúdo de leis, normas e regulamentos.
Ato Administrativo
Estrutura
Toda manifestação unilateral de vontade da administração pú- Título: circular, número, ano e sigla da unidade organizacional.
blica que, agindo nesta qualidade, tenha por fim imediato adquirir, Local e
resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos ou im- Data: por extenso.
por obrigações aos administradores ou a si própria. (p.17 Bellotto, Destinatários: nomes dos cargos dos destinatários.
2002). Texto: desenvolvimento do assunto tratado.
Finalidade: O ato administrativo só pode ter um fim público, Assinatura: Titular da unidade organizacional.
determinado pela lei, não cabendo ao administrador qualquer di-
reito de escolha. Este fim tem que atender de forma vinculada um Comunicado
interesse ou finalidade pública.
Espécie: é a maneira pela qual se exterioriza o ato, ou seja, a Correspondência oficial utilizada na unidade organizacional ou
configuração que assume um documento de acordo com a disposição entre unidades organizacionais para transmitir informações, solici-
e a natureza das informações. Como por exemplo espécies de: tar esclarecimentos ou providências de ordem geral.
Deliberação, Resolução, Portaria, Instrução, Informação, Ofício,
Ofício circular e Memorando. Estrutura
Título: comunicado (iniciais em maiúsculas e o restante em mi-
Atestado núsculas),
Seguida do número de ordem, ano e da sigla da unidade orga-
Atestado administrativo é o ato pelo qual a Administração com- nizacional.
prova um fato ou uma situação de que tenha conhecimento por Data: 1 cm abaixo do código de identificação com alinhamento
seus órgãos competentes. à direita.
Estrutura Destinatário: ao senhor (cargo que ocupa).
Assunto: resumo do teor da comunicação em negrito.
Título: atestado (em maiúsculas e centralizado, sobre o texto). Texto: desenvolvimento do teor da comunicação. Deve ser ini-
Texto: exposição do fato. ciado a 1,5 cm
Local e data: por extenso. Verticais, abaixo do item assunto. Todos os parágrafos devem
Assinatura: titular da unidade organizacional corresponden- ser numerados
te ao assunto tratado. Dão Na margem esquerda do corpo do texto, excetuado o fecho.
Documento oficial, com base em documento original, objeti- Fecho: atenciosamente ou respeitosamente, conforme o caso.
vando comprovar a existência de ato ou assentamento de interesse Assinatura: Titular e servidor da unidade organizacional.
de alguém. Convite e Convocação

Certidão O convite é o instrumento pelo qual se faz uma solicitação, pe-


de-se o comparecimento de alguém ou solicita-se sua presença em
Documento oficial, com base em documento original, objeti- alguma parte ou em ato.
vando comprovar a existência de ato ou assentamento de interesse A convocação corresponde ao convite, mas no sentido de inti-
de alguém. Deve reproduzir fielmente, de inteiro teor ou resumida- mação. Origina o comparecimento, devendo o não comparecimen-
mente, atos ou fatos constantes de processo, livro ou documento to ser justificado. Já o convite é somente uma solicitação.
que se encontre nas repartições públicas. Sua expedição é no prazo Nas relações oficiais ou particulares, há mensagens que não se
de 15 dias improrrogável – Lei nº 9.051, de 18/5/95. alinham puramente entre aquelas formais ou administrativas. São
as mensagens sociais ou comemorativas: as primeiras, em razão de
Estrutura acontecimentos de cunho social (instalação, festividades restritas a
Título: certidão (em maiúscula e centralizado sobre o texto). área da entidade, etc.), e as segundas, por motivo de datas come-
Texto: transcrição do que foi requerido e encontrado referente morativas (Dia das Mães, da Secretaria, do Professor, Páscoa, Natal,
ao pedido. Deve ser escrita em linhas corridas, sem emendas ou etc.).
rasuras. Qualquer engano ou erro poderá ser retificado, empregan- É preciso ter cuidado com as mensagens sociais, em que se
do-se a palavra “digo” ou “em tempo”: na linha........ , onde se combinam técnica redacional, bom tom e arte:
lê........., leia-se................. . a) Faça um texto que se preste a homem e a mulher, no singular
Local e data: por extenso. e no plural;
b) Registre nome e endereço do destinatário corretamente;

195
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

c) Procure atualizar ou renovar sempre seu texto; Exposição De Motivos


d) Mantenha conexão (imagem e texto) do trabalho tipográfico
ou mecanográfico com a parte e) que será digitada; É o expediente dirigido ao presidente da República ou ao vice-
Os convites de maneira geral são realizados por cartas, en- presidente para:
quanto as convocações ocorrem por meio de edital. - informá-lo de determinado assunto;
- propor alguma medida; ou
Aviso e Ofício (Comunicação Externa) - submeter a sua consideração projeto de ato normativo.
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da
São modalidades de comunicação oficial praticamente República por um Ministro de Estado. Nos casos em que o assunto
idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expedido tratado envolva mais de um Ministério, a exposição de motivos de-
exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de verá ser assinada por todos os Ministros envolvidos, sendo, por essa
mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas razão, chamada de interministerial.
demais autoridades. Ambos têm como finalidade o tratamento de Formalmente a exposição de motivos tem a apresentação do
assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e, padrão ofício. De acordo com sua finalidade, apresenta duas formas
no caso do ofício, também com particulares. básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter exclusiva-
Quanto a sua forma, Aviso e Ofício seguem o modelo do padrão mente informativo e outra para a que proponha alguma medida ou
ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário, segui- submeta projeto de ato normativo.
do de vírgula. Exemplos: No primeiro caso, o da exposição de motivos que simplesmen-
te leva algum assunto ao conhecimento do Presidente da República,
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, sua estrutura segue o modelo antes referido para o padrão ofício.
Senhora Ministra, Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Pre-
Senhor Chefe de Gabinete, sidente da República a sugestão de alguma medida a ser adotada
ou a que lhe apresente projeto de ato normativo, embora sigam
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguin- também a estrutura do padrão ofício, além de outros comentá-
tes informações do remetente: rios julgados pertinentes por seu autor, devem, obrigatoriamente,
- nome do órgão ou setor; apontar:
- endereço postal; - na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da
- telefone e endereço de correio eletrônico. medida ou do ato normativo proposto;
- no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou
Obs: Modelo no final da matéria. aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e even-
tuais alternativas existentes para equacionálo;
Memorando ou Comunicação Interna - na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou
qual ato normativo deve ser editado para solucionar o problema.
O Memorando é a modalidade de comunicação entre
unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem estar Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição
hierarquicamente em mesmo nível ou em nível diferente. Tratase, de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte
portanto, de uma forma de comunicação eminentemente interna. modelo previsto no Anexo II do Decreto nº 4.1760, de 28 de março
Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser empregado de 2010.
para a exposição de projetos, ideias, diretrizes etc. a serem adota- Anexo à exposição de motivos do (indicar nome do Ministério
dos por determinado setor do serviço público. ou órgão equivalente) nº ______, de ____ de ______________ de
Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do me- 201_.
morando em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela
simplicidade de procedimentos burocráticos. Para evitar desneces- - Síntese do problema ou da situação que reclama providên-
sário aumento do número de comunicações, os despachos ao me- cias;
morando devem ser dados no próprio documento e, no caso de fal- - Soluções e providências contidas no ato normativo ou na me-
ta de espaço, em folha de continuação. Esse procedimento permite dida proposta;
formar uma espécie de processo simplificado, assegurando maior - Alternativas existentes às medidas propostas. Mencionar:
transparência a tomada de decisões, e permitindo que se historie o - se há outro projeto do Executivo sobre a matéria;
andamento da matéria tratada no memorando. - se há projetos sobre a matéria no Legislativo;
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão - outras possibilidades de resolução do problema.
ofício, com a diferença de que seu destinatário deve ser menciona- - Custos. Mencionar:
do pelo cargo que ocupa. Exemplos: - se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orça-
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração mentária anual; se não, quais as alternativas para custeála;
Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos. - se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orça-
mentária anual; se não, quais as alternativas para custeála;
Obs: Modelo no final da matéria. - valor a ser despendido em moeda corrente;
- Razões que justificam a urgência (a ser preenchido somente
se o ato proposto for medida provisória ou projeto de lei que deva
tramitar em regime de urgência). Mencionar:
- se o problema configura calamidade pública;

196
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

- por que é indispensável a vigência imediata; Ata


- se se trata de problema cuja causa ou agravamento não te-
nham sido previstos; É o instrumento utilizado para o registro expositivo dos fatos
- se se trata de desenvolvimento extraordinário de situação já e deliberações ocorridos em uma reunião, sessão ou assembleia.
prevista. A ata deve ser redigida, se possível, no decorrer da reunião. Por
- Impacto sobre o meio ambiente (somente que o ato ou medi- isso é recomendável que o secretário, que a redige seja uma pessoa
da proposta possa vir a tê-lo) não envolvida nas discussões e deliberações a serem tomadas pelos
- Alterações propostas. Texto atual, Texto proposto; participantes. Sendo que, o secretário atua como observador e
- Síntese do parecer do órgão jurídico. narrador fiel dos fatos. A ata é documento de valor jurídico.
Estrutura:
Com base em avaliação do ato normativo ou da medida propo- - Título ATA. Em se tratando de atas elaboradas sequencial-
sa à luz das questões levantadas no ítem 10.4.3. mente, indicar o respectivo número da reunião ou sessão, em cai-
A falta ou insuficiência das informações prestadas pode acar- xaalta, nome da entidade e local da reunião.
retar, a critério da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, - Texto, incluindo: Preâmbulo registro da situação espacial e
a devolução do projeto de ato normativo para que se complete o temporal e participantes; Registro dos assuntos abordados e de
exame ou se reformule a proposta. suas decisões, com indicação das personalidades envolvidas, se for
O preenchimento obrigatório do anexo para as exposições de o caso; Fecho termo de encerramento com indicação, se neces-
motivos que proponham a adoção de alguma medida ou a edição sário, do redator, do horário de encerramento, de convocação de
de ato normativo tem como finalidade: nova reunião etc.
- permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca Escreve-se tudo seguidamente, sem rasuras, emendas ou en-
resolver; trelinhas, em linguagem simples, clara e concisa. Deve-se evitar as
- ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do pro- abreviaturas, e os números são escritos por extenso.
blema e dos defeitos que pode ter a adoção da medida ou a edição Verificando-se qualquer engano no momento da redação, de-
do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas verá ser imediatamente retificado empregando-se a palavra “digo”.
na elaboração de proposições normativas no âmbito do Poder Exe- Na hipótese de qualquer omissão ou erro depois de lavrada a Ata,
cutivo (v. 10.4.3.) far-se-á uma ressalva: “em tempo”. “Na linha................., onde se
- conferir perfeita transparência aos atos propostos. lê..................leia-se....................”.
A ATA será assinada e/ou rubricada por todos os presentes à
Dessa forma, ao atender às questões que devem ser analisadas reunião ou apenas pelo presidente e relator, dependendo das exi-
na elaboração de atos normativos no âmbito do Poder Executivo, gências regimentais do órgão.
o texto da exposição de motivos e seu anexo complementam-se e
formam um todo coeso: no anexo, encontramos uma avaliação pro- Carta
funda e direta de toda a situação que está a reclamar a adoção de
certa providência ou a edição de um ato normativo; o problema a É a forma de correspondência emitida por particular, ou
ser enfrentado e suas causas; a solução que se propõe, seus efeitos autoridade com objetivo particular, não se confundindo com o me-
e seus custos; e as alternativas existentes. O texto da exposição de morando (correspondência interna) ou o ofício (correspondência
motivos fica, assim, reservado à demonstração da necessidade da externa), nos quais a autoridade que assina expressa uma opinião
providência proposta: por que deve ser adotada e como resolverá ou dá uma informação não sua, mas, sim, do órgão pelo qual res-
o problema. ponde. Em grande parte dos casos da correspondência enviada por
Nos casos em que o ato proposto for questão de pessoal (no- deputados, devese usar a carta, não o memorando ou ofício, por
meação, promoção, ascenção, transferência, readaptação, rever- estar o parlamentar emitindo parecer, opinião ou informação de
são, aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, exone- sua responsabilidade, e não especificamente da Câmara dos Depu-
ração, demissão, dispensa, disponibilidade, aposentadoria), não é tados. O parlamentar deverá assinar memorando ou ofício apenas
necessário o encaminhamento do formulário de anexo à exposição como titular de função oficial específica (presidente de comissão ou
de motivos. Ressalte-se que: membro da Mesa, por exemplo). Estrutura:
- a síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico não - Local e data.
dispensa o encaminhamento do parecer completo; - Endereçamento, com forma de tratamento, destinatário, car-
- o tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos go e endereço.
pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão dos - Vocativo.
comentários a serem alí incluídos. - Texto.
Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que a - Fecho.
atenção aos requisitos básicos da Redação Oficial (clareza, conci- - Assinatura: nome e, quando necessário, função ou cargo.
são, impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão
culto de linguagem) deve ser redobrada. A exposição de motivos Se o gabinete usar cartas com frequência, poderá numerálas.
é a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da Nesse caso, a numeração poderá apoiar-se no padrão básico de dia-
República pelos Ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser gramação.
encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário O fecho da carta segue, em geral, o padrão da correspondência
ou, ainda, ser publicada no Diário Oficial da União, no todo ou em oficial, mas outros fechos podem ser usados, a exemplo de “Cor-
parte. dialmente”, quando se deseja indicar relação de proximidade ou
igualdade de posição entre os correspondentes.

197
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Decreto Os decretos que contenham regras de caráter singular não são


numerados, mas contêm ementa, exceto os relativos a nomeação
Decretos são atos administrativos da competência exclusiva do ou a designação para cargo público, os quais não serão numerados
Chefe do Executivo, destinados a prover situações gerais ou individuais, nem conterão ementa.
abstratamente previstas, de modo expresso ou implícito, na lei. Todos os decretos serão referendados pelo Ministro competen-
. Esta é a definição clássica, a qual, no entanto, é inaplicável aos te.
decretos autônomos, tratados adiante. Exemplo de Decreto:

Decretos Singulares DECRETO No 4.298, DE 11 DE JULHO DE 2002.


Os decretos podem conter regras singulares ou concretas (v. g.,
decretos de nomeação, de aposentadoria, de abertura de crédito, Dispõe sobre a atuação dos órgãos e entidades da Administra-
de desapropriação, de cessão de uso de imóvel, de indulto de perda ção Pública Federal durante o processo de transição governamen-
de nacionalidade, etc.). tal.

Decretos Regulamentares O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe


Os decretos regulamentares são atos normativos subordinados confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição,
ou secundários.
A diferença entre a lei e o regulamento, no Direito brasileiro, D E C R E T A:
não se limita à origem ou à supremacia daquela sobre este. A
distinção substancial reside no fato de que a lei inova originaria- Art. 1o Transição governamental é o processo que objetiva pro-
mente o ordenamento jurídico, enquanto o regulamento não o piciar condições para que o candidato eleito para o cargo de Presi-
altera, mas fixa, tão-somente, as “regras orgânicas e processuais dente da República possa receber de seu antecessor todos os dados
destinadas a pôr em execução os princípios institucionais estabe- e informações necessários à implementação do programa do novo
lecidos por lei, ou para desenvolver os preceitos constantes da lei, governo, desde a data de sua posse.
expressos ou implícitos, dentro da órbita por ela circunscrita, isto é, Parágrafo único. Caberá ao Chefe da Casa Civil da Presidência
as diretrizes, em pormenor, por ela determinadas”. da República a coordenação dos trabalhos vinculados à transição
governamental.
Não se pode negar que, como observa Celso Antônio Bandei- Art. 2o O processo de transição governamental tem início seis
ra de Mello, a generalidade e o caráter abstrato da lei permitem meses antes da data da posse do novo Presidente da República e
particularizações gradativas quando não têm como fim a especifici- com ela se encerra.
dade de situações insuscetíveis de redução a um padrão qualquer. Art. 3o O candidato eleito para o cargo de Presidente da
Disso resulta, não raras vezes, margem de discrição administrativa a República poderá indicar equipe de transição, a qual terá acesso
ser exercida na aplicação da lei. às informações relativas às contas públicas, aos programas e aos
Não se há de confundir, porém, a discricionariedade adminis- projetos do Governo Federal.
trativa, atinente ao exercício do poder regulamentar, com delega- Parágrafo único. A indicação a que se refere este artigo será
ção disfarçada de poder. Na discricionariedade, a lei estabelece pre- feita por meio de ofício ao Presidente da República.
viamente o direito ou dever, a obrigação ou a restrição, fixando os Art. 4o Os pedidos de acesso às informações de que trata o art.
requisitos de seu surgimento e os elementos de identificação dos 3o, qualquer que seja a sua natureza, deverão ser formulados por
destinatários. Na delegação, ao revés, não se identificam, na norma escrito e encaminhados ao Secretário-Executivo da Casa Civil da
regulamentada, o direito, a obrigação ou a limitação. Estes são es- Presidência da República, a quem competirá requisitar dos órgãos
tabelecidos apenas no regulamento. e entidades da Administração Pública Federal os dados solicitados
Decretos Autônomos pela equipe de transição, observadas as condições estabelecidas no
Com a Emenda Constitucional no 32, de 11 de setembro de Decreto no 4.199, de 16 de abril de 2002.
2001, introduziu-se no ordenamento pátrio ato normativo conheci- Art. 5o Os Secretários-Executivos dos Ministérios deverão
do doutrinariamente como decreto autônomo, decreto que decorre encaminhar ao Secretário-Executivo da Casa Civil da Presidência da
diretamente da Constituição, possuindo efeitos análogos ao de uma República as informações de que trata o art. 4o, as quais serão con-
lei ordinária. solidadas pela coordenação do processo de transição.
Tal espécie normativa, contudo, limita-se às hipóteses de or- Art. 6o Sem prejuízo do disposto nos arts. 1o a 5o, o Secretá-
ganização e funcionamento da administração federal, quando não rio-Executivo da Casa Civil solicitará aos Secretários-Executivos dos
implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos Ministérios informações circunstanciadas sobre:
públicos, e de extinção de funções ou cargos públicos, quando vago I - programas realizados e em execução relativos ao período do
(art. 84, VI, da Constituição). mandato do Presidente da República;
II - assuntos que demandarão ação ou decisão da administra-
Forma e Estrutura ção nos cem primeiros dias do novo governo;
Tal como as leis, os decretos compõem-se de dois elementos: III - projetos que aguardam implementação ou que tenham sido
a ordem legislativa (preâmbulo e fecho) e a matéria legislada (texto interrompidos; e
ou corpo da lei). IV - glossário de projetos, termos técnicos e siglas utilizadas
Assinale-se que somente são numerados os decretos que con- pela Administração Pública Federal.
têm regras jurídicas de caráter geral e abstrato. Art. 7o O Chefe da Casa Civil expedirá normas complementares
para execução do disposto no art. 5o.

198
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Art. 8o As reuniões de servidores com integrantes da equipe de transição devem ser objeto de agendamento e registro sumário em
atas que indiquem os participantes, os assuntos tratados, as informações solicitadas e o cronograma de atendimento das demandas apre-
sentadas.
Art. 9o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 11 de julho de 2002; 181o da Independência e 114o da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Edital

O edital é um instrumento de comunicação externa, que através de autoridade competente se publica pela imprensa ou se afixa em
locais de acesso dos interessados. Objetiva transmitir assuntos de interesse público, visando com isso o cumprimento de determinações
legais. PARTES DE UM EDITAL
1) CABEÇALHO: Designação do órgão/unidade.
2) TÍTULO: EDITAL XXX/2015
3) EDITAL (em maiúsculas, seguido do número de ordem, da data e, quando for o caso, do número do processo).
4) EMENTA: facultativo, mas oferece a vantagem de propiciar o conhecimento prévio e sucinto do que é exposto em seguida. Aparece,
principalmente, em editais de concorrência pública e tomada de preço.
5) TEXTO: Deve conter todas as condições exigidas para preenchimento das formalidades legais.
6) ASSINATURA: Nome da autoridade competente, indicando-se cargo e função.
7) OBSERVAÇÃO: Em virtude das diversas possibilidades de Edital, não será apresentado um modelo. Nota: Os editais de licitação
deverão seguir a Lei Federal nº 8.666 de 21/06/1993, atualizada pela Lei Federal nº 8.883 de 08/06/1994.

Requerimento (Petição)

É o instrumento por meio do qual o interessado requer a uma autoridade administrativa um direito do qual se julga detentor. Estrutura:
- Vocativo, cargo ou função (e nome do destinatário), ou seja, da autoridade competente.
- Texto incluindo: Preâmbulo, contendo nome do requerente (grafado em letras maiúsculas) e respectiva qualificação: nacionalidade,
estado civil, profissão, documento de identidade, idade (se maior de 60 anos, para fins de preferência na tramitação do processo, segundo
a Lei 10.741/03), e domicílio (caso o requerente seja servidor da Câmara dos Deputados, precedendo à qualificação civil deve ser colocado
o número do registro funcional e a lotação); Exposição do pedido, de preferência indicando os fundamentos legais do requerimento e os
elementos probatórios de natureza fática.
- Fecho: “Nestes termos, Pede deferimento”.
- Local e data.
- Assinatura e, se for o caso de servidor, função ou cargo.

Quando mais de uma pessoa fizer uma solicitação, reivindicação ou manifestação, o documento utilizado será um abaixoassinado,
com estrutura semelhante à do requerimento, devendo haver identificação das assinaturas.
A Constituição Federal assegura a todos, independentemente do pagamento de taxas, o direito de petição aos Poderes Públicos em
defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder (art. 51, XXXIV, “a”), sendo que o exercício desse direito se instrumentaliza por
meio de requerimento. No que concerne especificamente aos servidores públicos, a lei que institui o Regime único estabelece que o re-
querimento deve ser dirigido à autoridade competente para decidilo e encaminhado por intermédio daquela a que estiver imediatamente
subordinado o requerente (Lei nº 8.112/90, art. 105).

199
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Modelo de Atestado

200
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Modelo de Certidão

201
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Modelo de Comunicado

LOGOTIPO DA
INSTITUIÇÃO

202
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Modelo de Carta

LOGOTIPO DA INSTITUIÇÃO

1,5 cm

203
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Modelo de Ofício

204
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Modelo de Aviso

205
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Modelo de Memorando

206
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Modelo de Exposição de Motivos de Caráter Informativo

207
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
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Modelo de Mensagem

208
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
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Modelo de ATA

Modelo de Declaração

209
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Modelo de Requerimento

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO: CONCEITOS BÁSICOS; TIPOS DE ORGANIZAÇÃO

A administração é uma área fundamental em qualquer organização, seja ela uma empresa, uma instituição pública, uma ONG ou até
mesmo uma família. Ela envolve o planejamento, a organização, a direção e o controle de recursos para alcançar os objetivos estabeleci-
dos. Vamos explorar os fundamentos básicos dessa disciplina, compreendendo seus conceitos, características e finalidade.

Conceitos Fundamentais:
1. Planejamento: É a fase inicial do processo administrativo, onde são definidos os objetivos a serem alcançados e as estratégias para
atingi-los. Envolve prever as necessidades futuras e elaborar planos de ação para enfrentar os desafios.
2. Organização: Refere-se à estruturação dos recursos disponíveis, sejam eles humanos, financeiros, materiais ou tecnológicos. Envol-
ve a divisão de tarefas, a definição de responsabilidades e a criação de hierarquias claras.
3. Direção: Consiste em orientar e motivar as pessoas para que elas executem as atividades conforme planejado. Envolve liderança,
comunicação eficaz e capacidade de influenciar o comportamento dos colaboradores.
4. Controle: É a etapa final do processo administrativo, onde são avaliados os resultados alcançados em relação aos objetivos estabe-
lecidos. Envolve monitorar o desempenho, identificar desvios e tomar medidas corretivas quando necessário.

Características Essenciais:
1. Universalidade: Os princípios da administração são aplicáveis a qualquer tipo de organização, independentemente do seu tamanho,
natureza ou setor de atuação.

210
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

2. Interdisciplinaridade: A administração envolve conhecimen- De acordo com o Professor Idalberto Chiavenato (escritor, pro-
tos de diversas áreas, como economia, psicologia, sociologia, direi- fessor e consultor administrativo), a Administração possui 7 (sete)
to e tecnologia da informação. abordagens, onde cada uma terá seu aspecto principal e agrupa-
3. Flexibilidade: As técnicas e práticas administrativas devem mento de autores, com seu enfoque específico. Uma abordagem,
ser adaptadas às mudanças no ambiente externo e interno da or- poderá conter 2 (duas) ou mais teorias distintas. São elas:
ganização. 1. Abordagem Clássica: que se desdobra em Administração
4. Complexidade: A administração lida com sistemas comple- científica e Teoria Clássica da Administração.
xos, onde as interações entre os diferentes elementos podem gerar 2. Abordagem Humanística: que se desdobra principalmente
resultados imprevisíveis. na Teoria das Relações Humanas.
3. Abordagem Neoclássica: que se desdobra na Teoria Neo-
Finalidade da Administração: clássica da Administração, dos conceitos iniciais, processos admi-
1. Alcançar Objetivos: A principal finalidade da administração é nistrativos, como os tipos de organização, departamentalização e
garantir que a organização atinja seus objetivos de forma eficiente administração por objetivos (APO).
e eficaz. 4. Abordagem Estruturalista: que se desdobra em Teoria Buro-
2. Maximizar Recursos: A administração busca utilizar os recur- crática e Teoria Estruturalista da Administração.
sos disponíveis da melhor maneira possível, otimizando o uso de 5. Abordagem Comportamental: que é subdividida na Teoria
tempo, dinheiro, pessoas e materiais. Comportamental e Teoria do Desenvolvimento Organizacional (DO).
3. Adaptar-se às Mudanças: Em um mundo em constante 6. Abordagem Sistêmica: centrada no conceito cibernético
transformação, a administração deve ser capaz de se adaptar às para a Administração, Teoria Matemática e a Teria de Sistemas da
mudanças do ambiente externo e interno, antecipando-se a elas Administração.
sempre que possível. 7. Abordagem Contingencial: que se desdobra na Teoria da
4. Promover o Desenvolvimento: A administração não se limita Contingência da Administração.
apenas a alcançar metas de curto prazo, mas também busca promo-
ver o desenvolvimento sustentável da organização a longo prazo.

Em geral, os fundamentos básicos de administração englobam


conceitos como planejamento, organização, direção e controle;
características como universalidade, interdisciplinaridade, flexibili-
dade e complexidade, e uma finalidade voltada para o alcance de
objetivos, maximização de recursos, adaptação às mudanças e pro-
moção do desenvolvimento organizacional. Dominar esses funda-
mentos é essencial para o sucesso de qualquer empreendimento.

ADMINISTRAÇÃO GERAL
Dentre tantas definições já apresentadas sobre o conceito de
administração, podemos destacar que: Origem da Abordagem Clássica
“Administração é um conjunto de atividades dirigidas à utili- 1 — O crescimento acelerado e desorganizado das empresas:
zação eficiente e eficaz dos recursos, no sentido de alcançar um ou • Ciência que substituísse o empirismo;
mais objetivos ou metas organizacionais.” • Planejamento de produção e redução do improviso.
2 — Necessidade de aumento da eficiência e a competência
Ou seja, a Administração vai muito além de apenar “cuidar de das organizações:
uma empresa”, como muitos imaginam, mas compreende a capa- • Obtendo melhor rendimento em face da concorrência;
cidade de conseguir utilizar os recursos existentes (sejam eles: re- • Evitando o desperdício de mão de obra.
cursos humanos, materiais, financeiros,…) para atingir os objetivos
da empresa. Abordagem Científica – ORT (Organização Racional do Traba-
O conceito de administração representa uma governabilidade, gestão lho)
de uma empresa ou organização de forma que as atividades sejam admi- • Estudo dos tempos e movimentos;
nistradas com planejamento, organização, direção, e controle. • Estudo da fadiga humana;
• Divisão do trabalho e especialização;
O ato de administrar é trabalhar com e por intermédio de ou- • Desenho de cargo e tarefas;
tras pessoas na busca de realizar objetivos da organização bem • Incentivos salariais e premiação de produção;
como de seus membros. • Homo Economicus;
Montana e Charnov • Condições ambientais de trabalho;
• Padronização;
Principais abordagens da administração (clássica até contin- • Supervisão funcional.
gencial) Aspectos da conclusão da Abordagem Científica: A percepção
É importante perceber que ao longo da história a Administra- de que os coordenadores, gerentes e dirigentes deveriam se preo-
ção teve abordagens e ênfases distintas. Apesar de existir há pouco cupar com o desenho da divisão das tarefas, e aos operários cabia
mais de 100 (cem) anos, como todas as ciências, a Administração única e exclusivamente a execução do trabalho, sem questionamen-
evoluiu seus conceitos com o passar dos anos. tos, apenas execução da mão de obra.

211
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

— Comando e Controle: o gerente pensa e manda e os trabalhadores obedecem de acordo com o plano.
— Uma única maneira correta (the best way).
— Mão de obra e não recursos humanos.
— Segurança, não insegurança. As organizações davam a sensação de estabilidade dominando o mercado.

Teoria Clássica
• Aumento da eficiência melhorando a disposição dos órgãos componentes da empresa (departamentos);
• Ênfase na anatomia (estrutura) e na fisiologia (funcionamento);
• Abordagem do topo para a base (nível estratégico tático);
• Do todo para as partes.

Diferente do processo neoclássico, na Teoria Clássica temos 5 (cinco) funções – POC3:


— Previsão ao invés de planejamento: Visualização do futuro e traçar programa de ação.
— Organização: Constituir a empresa dos recursos materiais e social.
— Comando: Dirigir e orientar pessoas.
— Coordenação: Ligação, união, harmonizar todos os esforços coletivamente.

Controle: Se certificar de que tudo está ocorrendo de acordo com as regras estabelecidas e as ordens dadas.

• Princípios da Teoria Clássica:


— Dividir o trabalho;
— Autoridade e responsabilidade;
— Disciplina;
— Unidade de comando;
— Unidade de direção;
— Subordinação dos interesses individuais aos gerais;
— Remuneração do pessoal;
— Centralização;
— Cadeia escalar;
— Ordem;
— Equidade;
— Estabilidade do pessoal;
— Iniciativa;
— Espírito de equipe.

A Abordagem Clássica, junto da Burocrática, dentre todas as abordagens, chega a ser uma das mais importantes.

212
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Abordagem Neoclássica
No início de 1950 nasce a Teoria Neoclássica, teoria mais contemporânea, remodelando a Teoria Clássica, colocando novo figurino
dentro das novas concepções trazidas pelas mudanças e pelas teorias anteriores. Funções essencialmente humanas começam a ser inseri-
das, como: Motivação, Liderança e Comunicação. Preocupação com as pessoas passa a fazer parte da Administração.

• Fundamentos da Abordagem Neoclássica


— A Administração é um processo operacional composto por funções, como: planejamento, organização, direção e controle.
— Deverá se apoiar em princípios basilares, já que envolve diversas situações.
— Princípios universais.
— O universo físico e a cultura interferem no meio ambiente e afetam a Administração.
— Visão mais flexível, de ajustamento, de continuidade e interatividade com o meio.
— Ênfase nos princípios e nas práticas gerais da Administração.
— Reafirmando os postulados clássicos.
— Ênfase nos objetivos e resultados.
— Ecletismo (influência de teorias diversas) nos conceitos.

Teoria Burocrática
Tem como pai Max Weber, por esse motivo é muitas vezes chamada de Teoria Weberiana. Para a burocracia a organização alcançaria
a eficiência quando explicasse, em detalhes, como as coisas deveriam ser feitas.
Burocracia não é algo negativo, o excesso de funções sim. A Burocracia é a organização eficiente por excelência. O excesso da Burocra-
cia é que transforma ela em algo negativo, o que chamamos de disfunções.

• Características
— Caráter formal das normas e regulamentos.
— Caráter formal das comunicações.
— Caráter racional e divisão do trabalho.
— Impessoalidade nas relações.
— Hierarquia de autoridade.
— Rotinas e procedimentos padronizados.
— Competência técnica e meritocracia.
— Especialização da administração.
— Profissionalização dos participantes.
— Completa previsibilidade de comportamento.

• Disfunções
— Internalização das regras e apego aos procedimentos.
— Excesso de formalismo e de papelório.
— Resistência às mudanças.
— Despersonalização do relacionamento.
— Categorização como base do processo decisório.
— “Superconformidade” às rotinas e aos procedimentos.
— Exibição de sinais de autoridade.
— Dificuldade no atendimento.

Abordagem Estruturalista
A partir da década de 40, tínhamos:
• Teoria Clássica: Mecanicismo – Organização.
• Teoria das Relações Humanas: Romantismo Ingênuo – Pessoas.

213
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

As duas correntes sofreram críticas que revelaram a falta de — Todos os diferentes níveis hierárquicos são importantes em
uma teoria sólida e abrangente, que servisse de orientação para o uma organização;
administrador. — Todas as diferentes organizações têm seu papel na socieda-
A Abordagem Estruturalista é composta pela Teoria Burocrática de;
e a Teoria Estruturalista. Além da ênfase na estrutura, ela também — As análises intra organizacional e Inter organizacional são
se preocupa com pessoas e ambiente, se aproxima muito da Teoria fundamentais.
de Relações Humanas.
• Teoria Estruturalista – Conclusão:
No início da Teoria Estruturalista, vive-se a mesma gênese da — Tentativa de conciliação dos conceitos clássicos e humanís-
Teoria da Burocracia, esse movimento onde só se encontram críti- ticos;
cas da Teoria das Relações Humanas às outras Teorias e não se tem — Visão crítica ao modelo burocrático;
uma preposição de um novo método. — Ampliação das abordagens de organização;
• Teoria Clássica: Mecanicismo – Organização. — Relações Inter organizacionais;
• Teoria das Relações Humanas: Romantismo Ingênuo – Pes- — Todas as heranças representam um avanço rumo à Aborda-
soas. gem Sistêmica e uma evolução no entendimento para a Teoria da
Administração.
A Teoria Estruturalista é um desdobramento da Burocracia e
uma leve aproximação à Teoria das Relações Humanas. Ainda que
a Teoria das Relações Humanas tenha avançado, ela critica as ante-
riores e não proporciona bases adequadas para uma nova teoria. Já
na Teoria Estruturalista da Organização percebemos que o TODO é
maior que a soma das partes. Significa que ao se colocar todos os
indivíduos dentro de um mesmo grupo, essa sinergia e cooperação
dos indivíduos gerará um valor a mais que a simples soma das indi-
vidualidades. É a ideia de equipe.
Abordagem Humanística
É um desdobramento da Teoria das Relações Humanas. A Abor-
dagem Humanística nasce no período de entendimento de que a
produtividade era o elemento principal, e seu modelo era “homem-
-máquina”, em que o trabalhador era visto basicamente como ope-
rador de máquinas, não havia a percepção com outro elemento que
não fosse a produtividade.

• Suas preocupações:
— Nas tarefas (abordagem científica) e nas estruturas (teoria
clássica) dão lugar para ênfase nas pessoas;
— Nasce com a Teoria das Relações Humanas (1930) e no de-
senvolvimento da Psicologia do Trabalho:
* Análise do trabalho e adaptação do trabalhador ao trabalho.
• Teoria Estruturalista - Sociedade de Organizações
* Adaptação do trabalho ao trabalhador.
— Sociedade = Conjunto de Organizações (escola, igreja, em-
— A necessidade de humanizar e democratizar a Administra-
presa, família).
ção libertando dos regimes rígidos e mecanicistas;
— Organizações = Conjunto de Membros (papéis) – (aluno, pro-
— Desenvolvimento das ciências humanas, principalmente a
fessor, diretor, pai).
psicologia, e sua influência no campo industrial;
— Trazendo ideias de John Dewey e Kurt Lewin para o humanis-
O mesmo indivíduo faz parte de diferentes organizações e tem
mo na Administração e as conclusões da experiência em si.
diferentes papéis.
• Principais aspectos:
• Teoria Estruturalista – O Homem Organizacional:
— Psicologia do trabalho, que hoje chamamos de Comporta-
— Homem social que participa simultaneamente de várias or-
mento Organizacional, demonstrando uma percepção diferenciada
ganizações.
do trabalhador, com viés de um homem mais social, com mais ex-
— Características: Flexibilidade; Tolerância às frustrações; Ca-
pectativas e desejos. Percebe-se então que o comportamento e a
pacidade de adiar as recompensas e poder compensar o trabalho,
preocupação com o ambiente de trabalho do indivíduo tornam-se
em detrimento das suas preferências; Permanente desejo de reali-
parte responsável pela produtividade. Agregando a visão antagôni-
zação.
ca desse homem econômico, trazendo o conceito de homem social.
— Experiência de Hawthorn desenvolvida por Elton Mayo, na
• Teoria Estruturalista – Abordagem múltipla:
qual a alteração de iluminação traz um resultado importante:
— Tanto a organização formal, quanto a informal importam;
Essa experiência foi realizada no ano de 1927, pelo Conselho
— Tanto recompensas salariais e materiais, quanto sociais e
Nacional de Pesquisas dos Estados Unidos, em uma fábrica da Wes-
simbólicas geram mudanças de comportamento;
tern Eletric Company, situada em Chicago, no bairro de Hawthorn.

214
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Lá dois grupos foram selecionados e em um deles foi alterada a iluminação no local de trabalho, observando assim, uma alteração no de-
sempenho do comportamento e na produtividade do grupo em relação ao outro. Não necessariamente ligada a alteração de iluminação,
mas com a percepção dos indivíduos de estarem sendo vistos, começando então a melhorarem seus padrões de trabalho. Sendo assim,
chegou-se à conclusão de que:
1. A capacidade social do trabalhador determina principalmente a sua capacidade de executar movimentos, ou seja, é ela que de-
termina seu nível de competência. É a capacidade social do trabalhador que determina o seu nível de competência e eficiência e não sua
capacidade de executar movimentos eficientes dentro de um tempo estabelecido.
2. Os trabalhadores não agem ou reagem isoladamente como indivíduos, mas como membros de grupos, equipe de trabalho.
3. As pessoas são motivadas pela necessidade de reconhecimento.
4. Grupos informais: alicerçada no conceito de homem social, ou seja, o trabalhador é um indivíduo dotado de vontade e desejos
de estruturas sociais mais complexas, e que esse indivíduo reconhece em outros indivíduos elementos afins aos seus e esses elementos
passam a influenciar na produtividade do indivíduo. Os níveis de produtividade são controlados pelas normas informais do grupo e não
pela organização formal.
5. A Organização Informal:
• Relação de coesão e antagonismo. Simpatia e antipatia;
• Status ou posição social;
• Colaboração espontânea;
• Possibilidade de oposição à organização formal;
• Padrões de relações e atitudes;
• Mudanças de níveis e alterações dos grupos informais;
• A organização informal transcende a organização formal;
• Padrões de desempenho nos grupos informais.

Abordagem Comportamental
A partir do ano de 1950 a Abordagem Comportamental (behavorista) marca a influência das ciências do comportamento. Tem como
participantes: Kurt Lewin, Barnard, Homans e o livro de Herbert Simon que podem ser entendidos como desdobramento da Teoria das
Relações Humanas. Seus aspectos são:
— Homem é um animal social, dotado de necessidades;
— Homem pode aprender;
— Homem pode cooperar e/ou competir;
— Homem é dotado de sistema psíquico;

Tendo a Teoria das Relações Humanas uma visão ingênua do indivíduo, em que se pensava que a Organização é que fazia do homem
um indivíduo ruim, na Teoria Comportamental a visão é diferente, pois observa-se que o indivíduo voluntariamente é que escolhe partici-
par ou não das decisões e/ou ações da organização. Aparecendo o processo de empatia e simpatia, em que o indivíduo abre mão, ou não
da participação, podendo ser ou não protagonista.
— Abandono das posições afirmativas e prescritivas (como deve ser) para uma lógica mais explicativa e descritiva;
— Mantem-se a ênfase nas pessoas, mas dentro de uma posição organizacional mais ampla
— Estudo sobre: Estilo de Administração – Processo decisório – Motivação – Liderança – Negociação

215
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

• Evolução do entendimento do indivíduo

Teoria Comportamental – Desdobramentos


• É possível a integração das necessidades individuais de auto expressão com os requisitos de uma organização;
• As organizações que apresentam alto grau de integração entre objetivos individuais e organizacionais são mais produtivas;
• Ao invés de reprimir o desenvolvimento e o potencial do indivíduo, as organizações podem contribuir para sua melhor aplicação.

• Comportamento Organizacional
É a área que estuda a previsão, explicação, modificação e entendimento do comportamento humano e os processos mentais dos
indivíduos em relação ao seu trabalho dentro da organização. Tem grande relação com a Psicologia Organizacional e do trabalho, se
tornando uma fonte importante para a Administração e para a Gestão de Pessoas, pois passa-se a compreender melhor a relação entre
o indivíduo, o trabalho e as entidades organizacionais.
Baseia-se nas relações internas e externas, e que as forças psicológicas que atuam sobre o indivíduo nesse contexto, estão ligadas
também aos grupos e a própria organização.

• Objetos de estudo:
1. Impacto do emprego na vida humana (o quanto que esse elemento interfere na sua satisfação, felicidade, convivência com a família);
2. Relação entre as pessoas e grupos dentro de um contexto de trabalho (contexto diferente da vida particular de casa, família, escola);
3. Percepções, crenças e atitudes do indivíduo com relação ao trabalho (como as pessoas enxergam a organização, o seu papel dentro
das relações que ela desenvolve e quanto essas questões se tornam significativas para vida do indivíduo);
4. Desempenho e produtividade (que fatores levam ao maior produtividade e desempenho, como pode-se influenciar nisso);
5. Saúde no trabalho (como as organizações afetam a saúde do indivíduo e como pode-se minimizar o impacto das suas atividades
nessa questão);
6. Ética nas relações de trabalho (o quanto as relações internas, de poder e de subordinação levam em consideração questões morais);
7. Diversidade da força de trabalho (questões de gênero, raça e credo);
8. Ações ou comportamentos do indivíduo dentro desse contexto (aprendizagem, cultura organizacional, poder, grupos e equipes,
liderança, motivação, comprometimento, bem como as causas e consequências dessas ações).
O comportamento organizacional é fundamental para os gestores e para a Gestão de Pessoas, propiciando todo o conjunto de ferra-
mentas para facilitar as decisões relacionadas a Gestão de Pessoas e Administração, bem como a vida diária dos gestores.

Abordagem Sistêmica
A partir do ano de 1950, muitas das teorias começaram a aparecer paralelamente, entre elas nasce a abordagem sistêmica. Ludwig
Von Bertalanffy, biólogo alemão, coordenava um estudo interdisciplinar a fim de transcender problemas existentes em cada ciência e
proporcionar princípios gerais. Princípios esses que darão a visão de uma organização como organismo, ensinando quatro princípios im-
portantes que devem ser pensados dentro das organizações. Nasce a Teoria Geral dos Sistemas
— Visão Totalizante;
— Visão Expansionista;
— Visão Sistêmica;
— Visão Integrada;

216
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

• Características da abordagem sistêmica


— Expansionismo: Tem a ideia totalmente contrária ao Reducionismo, significa dizer que o desempenho de um sistema menor, de-
pende de como ele interage com o todo maior que o envolve e do qual faz parte.
— Pensamento Sintético: É o fenômeno visto como parte de um sistema maior e é explicado em termos do papel que desempenha
nesse sistema maior. Juntando as coisas e não as separando. Há uma coordenação com as demais variáveis, em que as trocas das partes
de um todo estão completamente ajustadas. Verificando-se assim, o comportamento de cada parte no todo.
— Teleologia: A lógica sistêmica procura entender a inter-relação entre as diversas variáveis de um campo de forças que atuam entre
si. O todo é diferente de cada uma das suas partes.

Exemplo: o indivíduo é o que é pelo meio onde nasceu, pela educação que recebeu, pela forma de relacionamentos e cultura que
conviveu. Existe grandes diferenças entre os indivíduos devido às influências que sofreram ao longo da vida e é isso que a Teoria Geral de
Sistemas vai procurar explicar, o indivíduo é produto do meio em que vive, não está sozinho e isolado, tudo está fortemente conectado.
• Os sistemas existem dentro de sistemas (uma pequena parte, faz parte de um todo maior);
• Os sistemas são abertos (intercambio com o todo);
• As funções de um sistema dependem de sua estrutura (pessoas, recursos, do meio onde está).

Teoria dos Sistemas

• Sistema Aberto
— Está constantemente e de forma dual (entrega e recebimento) interagindo com o ambiente;
— É capacitado para o crescimento, mudanças, adaptações ao ambiente, podendo também ser autor reprodutor sob certas condições;
— É contingência do sistema aberto competir com outros sistemas.

Abordagem Contingencial
A Abordagem Contingencial traz para nós a ideia de que não se alcança eficácia organizacional seguindo um modelo exclusivo, ou seja,
não há uma fórmula única e exclusiva ou melhor de se alcançar os objetivos organizacionais. Ela abraça todas as Teorias e dá razão para
cada uma delas.

• Características
— Não há regra absoluta;
— Tudo é relativo;
— Tudo dependerá (de Ambiente, Mapeamento ambiental, Seleção ambiental, Percepção ambiental, Consonância e Dissonância,
Desdobramentos do ambiente, Tecnologia);

• Abordagem Contingencial – Conclusão


— A variável tecnologia passa a assumir um importante papel na sociedade e nas organizações;
— O foco em novos modelos organizacionais mais flexíveis, ajustáveis e orgânicos como: estrutura matricial, em redes e equipes;
— O modelo de homem complexo= social + econômico + organizacional.

217
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Teoria Geral da Administração

TEORIAS ÊNFASE ENFOQUES PRINCIPAIS


Administração Científica Racionalizar o trabalho no nível operacional
Taylor (1856-1915) - Gantt (1861-1919) Nas tarefas - ORT
Gilbreth (1868-1924) - Ford (1863-1947) Padronização
Clássica e Neoclássica Organização formal
Fayol (1841-1925) – Mooney (1884-1957) Na estrutura Princípios Gerais da Administração
Urwick (1891-1979) – Gulik (1892-1993) e outros Funções de Administrador
Burocrática e Organização Formal Burocrática
Max Weber (1864-1920) Racionalidade organizacional
Chamada Teoria Weberiana.
Abordagem múltipla:
Estruturalista Organização Formal e Informal
Análise Intra e Inter organizacional
Relações Humanas - Humanística
Organização Informal
Experiência de Hawthorn (1927)
Nas pessoas Motivação, Liderança, Comunicação e Dinâ-
Desenvolvida por Elton Mayo
mica em grupo
John Dewey e Kurt Lewin
Estilos de Administração
Comportamento Organizacional
Teoria das decisões
Abordagem Comportamental
Integração dos objetivos organizacionais e
Kurt Lewin, Barnard, Homans e Herbert Simon
individuais
A partir de 1950
Mudança organizacional planejada
Desenvolvimento Organizacional
Abordagem de sistema aberto
Sistêmica Análise ambiental
No ambiente
Ludwig Von Bertalanffy, biólogo alemão (1950) Abordagem de sistema
No ambiente Administração da tecnologia
Contingência
(tecnologia) (Imperativo tecnológico)

ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS; DEPARTAMENTALIZAÇÃO

Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em tópicos anteriores.

ORGANOGRAMAS E FLUXOGRAMAS

– Fluxogramas: Os fluxogramas são diagramas que representam visualmente os processos e fluxos de trabalho da empresa. Eles
utilizam símbolos gráficos para representar etapas, decisões, fluxos de informações e os responsáveis por cada atividade. Os fluxogramas
auxiliam na compreensão dos processos, na identificação de gargalos e na busca por melhorias.
– Organograma: é uma representação gráfica da estrutura organizacional de uma empresa, que mostra como os departamentos,
as unidades e os cargos estão organizados e como se relacionam entre si. É uma ferramenta visual que proporciona uma visão clara da
hierarquia e da distribuição de autoridade dentro da organização. Com objetivo de facilitar a compreensão da estrutura organizacional,
mostrando as relações de subordinação, os níveis hierárquicos e as linhas de comunicação. Ele ajuda a identificar quem é responsável por
quem, como as informações fluem dentro da empresa e como as decisões são tomadas.

NOÇÕES DE FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS: PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E CONTROLE

Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em tópicos anteriores.

218
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Quando nos referimos a políticas pensamos na filosofia da


NOÇÕES DE PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS E empresa, ou seja, a forma de condução do negócio. Empresas bem
MANUAIS ADMINISTRATIVOS sucedidas, normalmente, refletem o comportamento alinhado com
uma filosofia claramente divulgada, entendida e vivenciada em to-
MANUAIS ADMINISTRATIVOS dos os níveis da estrutura.
Manual é todo e qualquer conjunto de normas, procedimen-
tos, funções, atividades, políticas, objetivos, instruções e orienta- MANUAL DE ORGANIZAÇÃO
ções que devem ser obedecidas e cumpridas pelos funcionários da Tem por objetivo enfatizar e caracterizar os aspectos formais
empresa, bem como a forma como estas serão executadas, quer das relações entre os diferentes departamentos (ou unidades or-
seja individualmente, ou em conjunto. ganizacionais) da empresa, bem como estabelecer os deveres e
responsabilidades relacionados a cada um dos cargos de chefia ou
PRINCIPAIS VANTAGENS DO USO DE MANUAIS ADMINISTRA- assessoria da empresa. Finalidades
TIVOS • identificar de maneira formal e clara como a empresa está
• Fonte de informação sobre os trabalhos na empresa; organizada;
• Fixação de critérios e padrões; • estabelecer os níveis de autoridade e as responsabilidades
• Possibilitam adequação, coerência e continuidade nas nor- inerentes a cada unidade organizacional da empresa.
mas e nos procedimentos pelas várias unidades organizacionais da Manuais de organização são documentos estruturados que de-
empresa; talham a estrutura, funções, responsabilidades e processos de uma
• Evitam discussões e equívocos; organização. Eles são ferramentas essenciais para garantir a con-
• Possibilitam treinamentos aos novos e antigos funcionários sistência das operações, o alinhamento das equipes e a clareza das
da empresa; responsabilidades dentro de uma entidade, seja ela uma empresa,
• Representam um efetivo instrumento de consulta, orientação instituição ou associação.
e treinamento na empresa;
• Representam uma restrição para a improvisação; e — Objetivos dos Manuais de Organização
• Representam um elemento importante de revisão e avaliação 1. Claridade na Estrutura Organizacional
objetivas das práticas e dos processos institucionalizados; O manual oferece uma visão clara da hierarquia da organiza-
ção, mostrando os diferentes departamentos, suas funções e inter-
PRINCIPAIS DESVANTAGENS DO USO DOS MANUAIS ADMI- -relações. Isso facilita a compreensão de como a organização está
NISTRATIVOS estruturada.
• Quando não são atualizados adequada e permanentemente,
perdem rapidamente o seu valor; 2. Definição de Responsabilidades
• São, em geral, pouco flexíveis; Cada seção ou departamento terá suas funções e responsabili-
• Quando muito sintéticos, tornam-se pouco úteis e, por outro dades claramente definidas, evitando sobreposições e lacunas nas
lado, quando muito detalhados, correm o risco de se tornarem ob- atividades.
soletos diante de quaisquer mudanças pequenas;
3. Padronização de Procedimentos
REQUISITOS BÁSICOS A SEREM OBSERVADOS NA ELABORA- Ao definir os procedimentos operacionais padrão, os manuais
ÇÃO garantem que as tarefas sejam realizadas de forma consistente, in-
• Ter redação simples, concisa, eficiente, clara e, bem como dependentemente de quem as execute.
bom índice ou sumário;
• Ter instruções autênticas, necessárias e suficientes; 4. Facilitação da Integração
• Ter adequada flexibilidade; e Para novos colaboradores, o manual de organização serve
• Ter um processo contínuo de revisão, atualização e distribui- como um guia inicial, ajudando-os a compreender rapidamente a
ção. dinâmica e as expectativas da empresa.

TIPOS DE MANUAIS ADMINISTRATIVOS MANUAL DE POLÍTI- 5. Base para Treinamento


CAS E DIRETRIZES Os manuais podem ser utilizados como material de referência
O Manual de Políticas tem como objetivo orientar a ação dos em treinamentos internos, garantindo que todos os membros da
executivos responsáveis por funções de direção e de assessoramen- equipe estejam alinhados em termos de práticas e políticas.
to, estabelecendo o modo de agir da empresa, expresso de maneira
geral e filosófica.. Conteúdo Básico São as políticas dos vários níveis — Principais Elementos de um Manual de Organização
da empresa, desde o geral até das diversas áreas, tais como: 1. Introdução
• políticas de marketing Uma breve descrição do propósito do manual, juntamente com
• políticas de recursos humanos a visão, missão e valores da organização.
• políticas de produção
• políticas de finanças 2. Estrutura Organizacional
Uma representação visual, como um organograma, que ilustra
a hierarquia e os diferentes departamentos ou unidades da organi-
zação.

219
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

3. Descrição dos Departamentos/Unidades MANUAL DE INTEGRAÇÃO


Para cada departamento ou unidade, uma descrição detalhada É aquele que agrupa informações sobre a empresa, que propi-
de suas funções, responsabilidades, e, se aplicável, os sub-departa- ciam ao novo funcionário um rápido entendimento da organização,
mentos ou equipes que os compõem. explicitam os deveres e direitos e facilitam seu posterior treinamen-
to. Conteúdo Usual
4. Procedimentos Operacionais • Atividades desenvolvidas pela empresa:
Uma descrição detalhada dos processos e procedimentos que • Breve resumo histórico
cada departamento ou unidade deve seguir. • Explicação sobre o sistema de autoridade:
• Direitos e obrigações dos funcionários:
5. Políticas Internas • Normas de comportamento básico e de cumprimento obriga-
Qualquer política específica que os membros da organização tório para todo o pessoal:
devam estar cientes, como políticas de recursos humanos, ética, • Serviços que a empresa presta aos funcionários:
compliance, entre outras. • Regimes de incentivo e de sanção e outros.

6. Contatos e Referências ESTRUTURA DE UM MANUAL


Uma lista de contatos importantes, como lideranças, suporte e Normalmente um manual pode conter as seguintes partes bá-
recursos humanos, bem como referências a outros documentos ou sicas:
recursos pertinentes. • apresentação
• índice numérico ou sumário
Manuais de organização são ferramentas valiosas que contri- • instruções de uso
buem para a eficiência, clareza e consistência das operações em • conteúdo básico
uma organização. Ao investir tempo e recursos na criação de um • glossário ( dicionário de termos técnicos)
manual bem estruturado, as organizações garantem que todos, des- • bibliografia
de os líderes até os novos membros da equipe, tenham uma com-
preensão clara de suas funções e responsabilidades, bem como dos 5 FASES DE ELABORAÇÃO DE UM MANUAL ADMINISTRATIVO
valores e objetivos da entidade. Definição do objetivo do manual e do responsável pela prepa-
ração; Análise preliminar da empresa;
MANUAL DE NORMAS E PROCEDIMENTOS • entrevistas com o pessoal de nível superior da empresa;
Tem como objetivo descrever e detalhar o desenvolvimento ou • estudo de documentação como organogramas, manuais
a operacionalização das atividades que compõem os diversos siste- preexistentes e outros que um conhecimento global da organiza-
mas funcionais da empresa. 3 Finalidades ção. Planejamento
• Definir critérios e procedimentos que possibilitem a execução • definição clara do tipo de informação e das fontes ;
uniforme dos serviços; • definição dos recursos materiais e humanos necessários;
• Coordenar as atividades dos departamentos, permitindo a • estabelecimento de um cronograma de atividades. Levan-
consecução racional dos propósitos da empresa. Conteúdo Os ele- tamento das informações Principais técnicas de levantamento das
mentos principais que fazem parte do Manual de Normas e Proce- informações:
dimentos são: • entrevistas
• Normas: documentos que contêm orientações e instruções • observação direta
necessárias ao desenvolvimento de determinadas atividade que • questionário
são de interesse e aplicação por todas as unidades administrativas • análise da documentação.
da empresa.
• Procedimentos: é o detalhamento da operacionalização das
atividades que compõem um sistema.
NOÇÕES DE ORGANIZAÇÃO E MÉTODOS
• Formulários: é a indicação dos impressos que circulam no
processo administrativo, bem como da forma de manipulação; — Organização
• Fluxogramas: é a indicação dos gráficos representativos dos No contexto administrativo, organização pode ser entendida
diversos procedimentos descritos; de duas maneiras. Primeiro, como uma entidade, é uma unidade
• Anexos (tabelas, documentos, reproduções de textos, legisla- social deliberadamente estruturada, com um propósito específico,
ção, ou qualquer outra informação referente ao assunto específico). seja este uma empresa, uma escola, um hospital, um clube, etc.
Segundo, organização pode ser entendida como uma função admi-
MANUAL DE INSTRUÇÕES ESPECIALIZADAS nistrativa que implica a ordenação de recursos (humanos, físicos e
É aquele que agrupa instruções de aplicação específica a deter- financeiros), de modo a alcançar os objetivos pré-determinados de
minado tipo de atividade ou tarefa. Tem como finalidade possibili- uma empresa ou entidade.
tar maior e melhor treinamento e capacitação a determinado grupo
de funcionários no desenvolvimento das atividades. Ex.: Manual do — Sistemas
Vendedor, Manual da Secretária, Manual de Operações , etc. 4 Um sistema é um conjunto de partes inter-relacionadas que
trabalham juntas com o objetivo de alcançar um objetivo comum.
No contexto empresarial, um sistema pode ser qualquer método de
organização ou processo de trabalho. Exemplos de sistemas empre-

220
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

sariais incluem o sistema de produção, o sistema de informações - Acolher com atenção;


gerenciais e o sistema de controle de qualidade. Cada um desses - Tomar em consideração, deferir;
sistemas possui partes inter-relacionadas (como pessoas, processos - Atentar, ter a atenção despertada para;
e tecnologia) que trabalham juntas para atingir um objetivo espe-
cífico. Sendo assim, o atender está associado a acolher, receber, ouvir
o cliente, de forma com que seus desejos sejam resolvidos, assim
— Métodos o atendimento é dispor de todos os recursos que se fizerem ne-
Método é um procedimento ou processo estabelecido para a cessários, para atender ao desejo e necessidade do cliente. Esses
realização de uma tarefa ou atividade. Em administração, os mé- clientes podem ser internos ou externos, e se caracterizam por ser
todos são as maneiras pelas quais as atividades são realizadas para o público-alvo em questão.
alcançar os objetivos da organização. Os métodos podem variar
amplamente dependendo do contexto, mas geralmente envolvem Clientes Internos: os clientes internos são aqueles de dentro
uma série de passos planejados e estruturados. da organização, ou seja, são os colegas de trabalho, os executivos.
São as pessoas que atuam internamente na empresa.
— Organização, Sistemas e Métodos (OSM)
OSM é uma área da administração que se dedica ao estudo e Clientes Externos: já os clientes externos, são as pessoas de
implementação de melhorias nos processos organizacionais. O ob- fora que adquirem produtos ou serviços da empresa.
jetivo é aumentar a eficiência e eficácia através da otimização da
estrutura organizacional, dos sistemas de trabalho e dos métodos O comprometimento e profissionalismo são importantes para
utilizados para realizar as tarefas. um bom atendimento, atualmente, mais importante do que se ter
As práticas fundamentais em OSM incluem a análise de proces- um cliente, é o relacionamento que se cria com ele, no qual é alcan-
sos (para entender como as atividades são realizadas), a simplifica- çado por meio do atendimento.
ção de tarefas (para tornar os processos mais eficientes), a imple- Todo cliente possui expectativas ao procurar um atendimento,
mentação de tecnologia (para automatizar e aprimorar tarefas) e a e neste sentido o ideal para se construir um relacionamento sólido
revisão contínua (para garantir que os processos sejam mantidos e duradouro, não é apenas atender as suas expectativas, mas sim,
atualizados e relevantes). superá-las, pois aqueles clientes que têm suas expectativas supera-
Em suma, o estudo de Organização, Sistemas e Métodos visa das acabam se tornando fiéis a organização.
melhorar o funcionamento das organizações, garantindo que seus O início do processo de atendimento que busca a satisfação dos
processos e estruturas estejam alinhados com seus objetivos e se- clientes ocorre com o mapeamento das necessidades do cliente e
jam capazes de se adaptar às mudanças no ambiente de negócios. isso é possível por meio de uma comunicação clara e objetiva. A
comunicação deve dirigir-se para o oferecimento de soluções e res-
postas na qual o cliente busca e isso não significa falar muito, mas
NOÇÕES DE ATENDIMENTO A CLIENTES E sim ser um excelente ouvinte e estar atento aquilo que o cliente
ATENDIMENTO AO TELEFONE fala.
Em razão disso um relacionamento entre uma organização e
As organizações buscam, constantemente, adequar suas ativi- um cliente é construído por meio de bons atendimentos. Analisar
dades para chegar o mais próximo possível de seus objetivos e da o comportamento e os interesses do cliente pode ajudar na estra-
satisfação de seus clientes. Conduto, para se alcançar a satisfação tégia de retê-lo, criando relacionamentos consistentes, com quali-
de um cliente também se faz necessário, um bom atendimento, no dade e fidelização, a atenção, a cortesia e o interesse também são
qual exige dela a capacidade de conhecer seu perfil, definir seus de- os três pontos iniciais para se atentar na preparação de um bom
sejos e necessidades, e definir como os recursos da empresa serão atendimento.
empregados para que se alcance tais perspectivas.
Posto isso, com a evolução da gestão tradicional para gestão da Ninguém procura uma empresa que oferece produtos ou ser-
qualidade, o atendimento ao cliente passou a fazer parte do plane- viços, sem ter uma necessidade por alguma coisa, em vista disso
jamento estratégico das organizações, que passaram a integrar em toda a atenção deve ser concentrada em ouvir e atender pron-
suas atividades um canal de relacionamento para a efetiva comuni- tamente o cliente sem desviar-se para outras atividades naquele
cação com seus clientes. Canal que tem como objetivo promover a momento, pois o cliente pode interpretar esta ação como uma fal-
interação entre a organização e o consumidor, o auxiliando assim na ta de profissionalismo.
resolução de seus interesses diante dos produtos ou serviços que
utilizam. Lembre-se de utilizar uma linguagem clara e compreensível,
Atualmente, pode-se dizer, que o atendimento ao cliente é vis- nem sempre os clientes compreendem termos muito técnicos e
to como um dos principais serviços de uma organização que busca científicos que para uma organização pode soar normal ou comum.
pela satisfação, criação de valor e fidelização de seus clientes. Esteja atento aquilo que irá perguntar para que não repita a mesma
pergunta demonstrando falta de interesse ou atenção, seja educa-
Atender as Expectativas dos Clientes do e cortês, mas isso não significa que se possa invadir a privacida-
de/intimidade do cliente, evite perguntas ou situações que possam
Podemos considerar que atender significa: causar qualquer tipo de constrangimento ou inconveniência.
- Receber; Utilize um tom de voz agradável ao dirigir-se a um cliente, te-
- Ouvir atentamente; nha percepção sobre suas limitações, fique atento a sua faixa etária
e adeque a forma de tratamento a senhores(as).

221
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Com a grande competitividade entre as empresas, a velocidade E lembre-se que um atendimento de sucesso ocorrerá se o
em que se atende as necessidades de um cliente, pode ser um fator atendente priorizar e estiver preparado para:
determinante para que estes retornem a empresa, entretanto não é 1. Fazer uma boa recepção;
um ponto positivo ter que refazer uma atividade/ação para corrigir 2. Ouvir as necessidades do cliente;
algo que foi feito de forma rápida e com pouca qualidade. 3. Fazer perguntas de esclarecimento;
Um ambiente de trabalho organizado também pode contribuir 4. Orientar o cliente;
para um atendimento mais rápido, ágil e eficiente. 5. Demonstrar interesse e empatia;
A empresa deve ser leal ao cumprimento dos prazos, sendo as- 6. Dar uma solução ao atendimento;
sim, não prometa prazos que não seja capaz de cumprir. Envolva ou- 7. Fazer o fechamento;
tros setores ao processo de atendimento para que possa responder 8. Resolver pendências quando houver.
mais prontamente as questões que possam surgir.
Nas reações e percepções do cliente é possível identificar sua Princípios para o Bom Atendimento
aprovação ou reprovação em relação as negociações ou atendimen-
to, busque oportunidades para agir. 1. Foco no Cliente: as organizações buscam reduzir os custos
Seja sempre objetivo ao realizar um atendimento, busque rapi- dos produtos, aumentar os lucros, mas não podem perder de vista
damente soluções para as necessidades do cliente que se encontra a qualidade e satisfação dos clientes.
em atendimento.
Os colaboradores de uma organização devem buscar conheci- 2. O serviço ou produto deve atender a uma real necessidade
mento dos negócios da empresa, das decisões que ela toma e da do usuário: um serviço ou produto deve ser exatamente como o
situação que ela se encontra. A falta de informação, de uma comu- usuário espera, deseja ou necessita que ele seja.
nicação entre empresários e funcionários acaba gerando desmoti-
vação, falta de comprometimento e dificuldades para se argumentar 3. Manutenção da qualidade: o padrão de qualidade mantido
e demonstrar confiança aos clientes no momento do atendimento. ao longo do tempo é que leva à conquista da confiabilidade.
Assim torna-se fundamental comunicar a missão da empre-
sa, seus valores, metas e objetivos ao público interno, pois quanto A atuação com base nesses princípios deve ser orientada por
maior for seu envolvimento com a organização, maior será o seu algumas ações que imprimem a qualidade ao atendimento, tais
comprometimento. como:
- Atenuar a burocracia;
A Importância da Comunicação Interna para o Atendimento - Fazer uso da empatia;
- Analisar as reclamações;
A Comunicação Interna compreende os procedimentos comu- - Acatar as boas sugestões.
nicacionais que ocorrem na organização e que segundo Scrofer- - Cumprir prazos e horários;
neker13 “Visa proporcionar meios de promover maior integração - Evitar informações conflitantes;
dentro da organização mediante o diálogo, troca de informações, - Divulgar os diferenciais da organização;
experiências e a participação de todos os níveis”. - Identificar as necessidades dos usuários;
Com isso, observamos, que a mesma forma que um bom aten- - Cuidar da comunicação (verbal e escrita);
dimento pode cativar, conquistar, e reter um cliente, um mal aten- - Imprimir qualidade à relação atendente/usuário;
dimento pode facilmente trazer prejuízos e colocar uma empresa - Desenvolver produtos e/ou serviços de qualidade.
em uma situação difícil.
A satisfação do cliente deve ser uma das grandes prioridades de Essas ações estão relacionadas a indicadores que podem ser
uma empresa que busca competitividade e permanência no merca- percebidos e avaliados de forma positiva pelos usuários, entre eles:
do. E por isso toda empresa deve estabelecer princípios, normas e competência, presteza, cortesia, paciência, respeito.
a maneira adequada de transmitir essas informações aos seus co- Por outro lado, arrogância, desonestidade, impaciência, des-
laboradores, que devem estar sujeitos a constantes treinamentos. respeito, imposição de normas ou exibição de poder tornam o aten-
A comunicação interna, em um nível adequado, oferece um dente intolerável, na percepção dos usuários.
atendimento eficiente, rápido e objetivo, com isso podemos perce- Atender o cliente significa identificar as suas necessidades e
ber que a empresa adota estratégias que satisfaçam o consumidor, solucioná-las, ao passo de não deixar o telefone tocar por muito
tendo em vista que há uma preocupação em qualificar as pessoas tempo para atendê-lo e assim que receber a ligação já transferi-la
de modo a obterem conhecimentos, habilidades, atitudes específi- para o setor correspondente.
cas de acordo com o ramo de atividade da empresa e domínio sobre Afinal o profissional de qualquer área ou formação tem capaci-
os produtos que serão promovidos. dade de atender o telefone, visto que é um procedimento técnico,
O treinamento pode ensinar, corrigir, melhorar, adequar o enquanto que para atender o cliente são necessárias capacidades
comportamento das pessoas em relação as mudanças ou mesmo humanas e analíticas, é necessário entender o comportamento das
exigências de um mercado extremamente disputado e concorrido. pessoas, ou seja, entender de gente, além de ter visão sistêmica do
O atendente deve sempre responder ao cliente com entusias- negócio e dos seus processos.
mo e com uma saudação positiva, e mesmo que o cliente perca a Muitos profissionais chegam a ter pânico do telefone porque
paciência, o profissional, deve se manter calmo de acordo com a ele não para de tocar e porque ele atrapalha a realização de outras
conduta esperada pela empresa. atividades, que erroneamente são consideradas mais importantes.
13 SCROFERNEKER, C. M. A. Trajetórias teórico conceituais da Comuni-
cação Organizacional, 2006.

222
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Mas será que existe algo mais importante do que o cliente O principal problema da comunicação organizacional a sobre-
que se encontra do outro lado da linha, aguardando pelo aten- carga de input de informação, podendo este estar relacionado a má
dimento? É claro que não existe, ocorre que nem sempre se tem a seleção de informações por parte do indivíduo ou a uma cultura
consciência de que é o cliente que será atendido e não o telefone. organizacional valorizadora de grande quantidade de informações.
Não se tem a consciência que cada ligação recebida significa uma
oportunidade de negociar, de vender, de divulgar a empresa, de Dimensões de um Atendimento de Qualidade
manter laços amistosos com o cliente.
Comunicabilidade
O cliente sempre espera um tratamento individualizado, consi- É a qualidade do ato comunicativo, no qual a mensagem é
derando que cada situação de atendimento é única, e deve levar em transmitida de maneira integral, correta, rápida e economicamente.
conta as pessoas envolvidas e suas necessidades, além do contexto A transmissão integral supõe que não há ruídos supressivos, defor-
da situação. Como as pessoas são diferentes, agem de maneira dife- mantes ou concorrentes. A transmissão correta implica em iden-
renciada, a condução do atendimento também necessita ser perso- tidade entre a mensagem mentada pelo emissor e pelo receptor.
nalizada, apropriada para cada perfil de cliente e situação.
Assim, o cliente poderá se apresentar: bem-humorado, tímido, Apresentação
apressado, paciente, inseguro, nervoso, entre outras característi- O responsável pelo primeiro atendimento representa a pri-
cas. O mais importante é identificar no início da interação como o meira impressão da organização, que o cliente irá formar, como a
cliente se encontra, pois assim o atendimento ocorrerá de maneira imagem dela como um todo. E por isso, a apresentação inicial de
assertiva. quem faz o atendimento deve transmitir confiabilidade, segurança,
técnica e ter uma apresentação ímpar.
A chave para o sucesso do bom atendimento depende muito É fundamental que a roupa esteja limpa e adequada ao am-
da boa comunicação, isto é, de como é realizada a transmissão e biente de trabalho.
recepção de informação. Se a organização adotar uniforme, é indispensável que o use
sempre, e que o apresente sempre de forma impecável. Unhas e ca-
Atender às necessidades dos clientes é a parte essencial da ex- belos limpos e hálito agradável também compreendem os elemen-
celência do atendimento ao cliente, certamente tudo gira em torno tos que constituem a imagem que o cliente irá fazer da empresa,
desse fator: somente irá existir interação se estiver fornecendo algo por meio do atendente.
de que o cliente precise. A expressão corporal e a disposição na apresentação se tor-
nam fatores que irão compor o julgamento do cliente e a satisfação
Exemplificando: O cliente vai ao banco porque precisa receber do atendimento começa a ser formado na apresentação, assim a
e/ou pagar contas; toma o trem porque precisa ir do ponto A ao B; saudação inicial deve ser firme, profissional, clara e de forma que
procura o médico porque precisa ficar com boa saúde. Entretanto, transmita compromisso, interesse e prontidão. O tom de voz deve
será tudo tão simples? O que diferencia as interações que o cliente ser sempre agradável.
descreveria como excelentes ou satisfatórias ou péssimas? Quais
são suas necessidades básicas ou mínimas e o que mais pode ser Lembre-se!! O que prejudica o relacionamento das empresas
importante para ele? com os clientes, é a forma de tratamento na apresentação, pois
é fundamental que no ato da apresentação, o atendente mostre
É difícil saber se o comportamento humano é intencional ou ao cliente que ele é bem-vindo e que sua presença na empresa é
não, mesmo que, segundo a psicanálise, existem as intenções in- importante.
conscientes. Por isso é preciso classificar tudo o que o homem faz
em sociedade. Até mesmo o silêncio, é comunicação, ele pode sig- Há várias regras a serem seguidas para a apresentação inicial
nificar concordância, indiferença, desprezo, etc. para um bom atendimento. Com por exemplo: O que dizer antes
Assim, a comunicação, tanto interna quanto externa das orga- de iniciar o atendimento? O nome do atendente; O nome da em-
nizações, é uma ferramenta de extrema importância para qualquer presa; Bom dia; Boa tarde; Boa noite; Pois não, em que posso aju-
organização e determinante no que se refere ao sucesso, indepen- dá-lo?; entre outros.
dente do porte e da área de atuação.
É uma ferramenta estratégica, pois muitos erros podem ser A sequência não importa, o que deve ser pensado na hora, é
atribuídos às falhas de comunicação. Portanto, um sistema de co- que essas frases realmente devem ser ditas de forma positiva de
municação eficaz é fundamental para as organizações que buscam acordo com seu contexto. E o atendente também deve se lembrar
o crescimento e cultura organizacional. que os clientes não aguentam mais ser atendimentos com apresen-
Na era da informação, a rapidez e o valor das informações faz tações mecânicas, pois o que eles esperam é uma apresentação
com que as organizações se vejam no imperativo de reestruturarem receptiva.
sua comunicação (seja ela interna ou social) adotando um padrão
moderno aproximando suas ações e o discurso empresarial. Por isso, saudar com “bom dia, boa tarde, ou, boa noite” é
Diante disso, emergem os problemas de comunicação. Os pro- ótimo! Mas, diga isso, com sinceridade, assim o cliente perceberá a
blemas de comunicação surgem por uma situação de fala distorcida veracidade em suas palavras.
em que os participantes do ato comunicativo encontram-se em po-
sições desiguais de poder e conhecimento de informações. Dizer o nome da empresa se o atendimento for por meio do
telefone também faz parte, porém, faça de forma clara e devagar.
Não dê margem, ou fale de forma que ele tenha que perguntar de

223
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

onde é logo após o atendente ter falado. Dizer o nome, também é Gentileza é o ponto inicial para a construção do relacionamen-
importante. Mas, isso pode ser dito de uma forma melhor como, to com o cliente, a educação deve permear em todo processo de
perguntar o nome do cliente primeiro, e depois o atendente diz o atendimento. Desde a apresentação até a despedida. Saudar o
seu. Exemplo: Qual seu nome, por favor? Oi Maria, eu sou a Mada- cliente, utilizar de: obrigado, por favor, desculpas por imprevistos,
lena, hoje posso ajuda-la em quê? são fundamentais em todo o processo.
O cliente com certeza já irá se sentir com prestígio, e também, Caracteriza-se também, como cortesia no atendimento, o tom
irá perceber que essa empresa trabalha pautada na qualidade do de voz e a forma com que se dirige ao cliente, o tom de voz deve ser
atendimento. agradável, mas, precisa ser audível, ou seja, que dê para compreen-
Segundo a sabedoria popular, leva-se de 5 a 10 segundos para der. É vale ressaltar que apenas o cliente deve escutar, e não todo
formarmos a primeira impressão de algo. Por isso, o atendente deve mundo que se encontra no estabelecimento.
trabalhar nesses segundos iniciais como fatores essenciais para o
atendimento, fazendo com que o cliente tenha uma boa imagem Com idosos, a atenção deve ser redobrada. Algumas palavras
da organização. e tratamentos podem ser ofensivos a eles, portanto, deve-se utilizar
O profissionalismo na apresentação se tornou fator chave para sempre como formas de tratamento: Senhor e Senhora.
o atendimento, ou seja, o excesso de intimidade na apresentação é Assim, ao realizar um atendimento, seja pessoalmente ou por
repudiável, o cliente não está procurando amigos de infância, mas telefone, quem o faz, está oferecendo a sua imagem (vendendo sua
sim, soluções aos seus problemas. imagem) e a da organização que representa. Pois todas as ações
Assim, os nomes que caracterizam intimidade devem ser abo- representam o que a empresa pretende.
lidos do atendimento. Tampouco, os nomes e adjetivos no diminu- É importante lembrar que não se deve ficar pensando na res-
tivo. posta na hora em que o interlocutor estiver falando. Concentre-se
Outro fator que decepciona e enfurece os clientes, é a demora em ouvir. Outro item que deve ser levado em conta no atendimento
no atendimento, principalmente quando ele observa que o aten- é não interromper o interlocutor, pois, quando duas pessoas falam
dente está conversando com outros seus assuntos particulares em ao mesmo tempo, nenhuma ouve corretamente o que a outra está
paralelo, ou, fazendo ações que são particulares e não condizem dizendo. E assim, não há a comunicação.
com seu trabalho. O atendente também não deve se sentir como se estivesse
A instantaneidade na apresentação do atendimento configura sendo atacado, pois alguns clientes dão um tom mais agressivo à
seriedade e transmite confiança ao cliente, portanto, o atendente sua fala, porém, isso deve ser combatido por meio da atitude do
deve tratar a apresentação no atendimento como ponto inicial, de atendente, que deve responder de forma calma, tranquila e sensa-
sucesso, para um bom relacionamento com o cliente. ta, sem elevar o tom da voz, ou seja, sem se alterar.

Atenção, Cortesia e Interesse Presteza, Eficiência e Tolerância


O atendimento é mais importante que preço, produto ou ser- Ter presteza no atendimento faz com que o cliente sinta que a
viço para o cliente, quando ele procura a organização é porquê tem instituição tem um foco totalmente nele e que esta prima por solu-
necessidade de algo. O atendente deve desprender toda a atenção cionar as dúvidas, problemas e necessidades dos clientes, ser ágil,
para ele, por isso deve interromper tudo o que está fazendo, e pres- sim, mas, a qualidade não pode ser deixada de lado.
tar atenção única e exclusivamente no cliente. De nada adianta fazer rápido, se terá que ser feito novamente,
Assuntos particulares e distrações são encarados pelos clientes a presteza deve ser acompanhada de qualidade, para isso, é impor-
como falta de profissionalismo, por isso, atentar-se ao que ele diz, tante que o ambiente de trabalho esteja organizado, para que tudo
questiona ou traduz em forma de gestos e movimentos, devem ser seja encontrado facilmente.
compreendidos e transformados em conhecimento ao atendente. Estar bem informado sobre os produtos e serviços da organiza-
Perguntar mais de uma vez a mesma coisa, ou, indagar algo que ção, também tornam o atendimento mais ágil. Em um mundo em
já foi dito antes, são decodificados pelo cliente como desprezo. É que o tempo está relacionado ao dinheiro, o cliente não se sente
importante ter atenção a tudo o que o cliente faz e diz, para que o bem em lugares que tenha que perder muito tempo para solucionar
atendimento seja personalizado e os interesses e necessidades dele algum problema.
sejam trabalhados e atendidos. Instantaneidade é a palavra de ordem, por mais que o proces-
É indispensável que se use do formalismo e da cortesia, pois so de atendimento demore, o que o cliente precisa detectar, é que
o excesso de intimidade pode constranger o cliente, ser educado e está sendo feito na velocidade máxima permitida.
cortês é fundamental, porém, o excesso de amabilidade, se torna A demora também pode afetar no processo do próximo aten-
tão inconveniente quanto a falta de educação. dimento, porém, é importante atender completamente um cliente
Por isso, é necessário que o cliente se sinta importante, envolto para depois começar a atender o próximo.
por um ambiente agradável e favorável para que seus desejos e ne- Ser ágil não está ligado a fazer as coisas com rapidez, mas sim,
cessidades sejam atendidos. O atendente deve estar voltado com- fazer de maneira otimizada. Neste sentido o comportamento do
pletamente para a interação com o cliente, estando sempre atento atendente deve ser eficiente para cumprir com o prometido, e solu-
para perceber constantemente as suas necessidades. Logo, deve-se cionar o problema do cliente, assim ser eficiente é realizar tarefas,
demonstrar interesse em relação às necessidades dos clientes e resolvendo os problemas inerentes a ela, para que se atinja a meta
atendê-las prontamente e da melhor forma possível. estabelecida.

224
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

Posto isso, o atendimento eficiente é aquele que não se perde -se manter firme, tolerante e profissional. Portanto, a presteza, efi-
tempo com coisas que são irrelevantes, e sim, agiliza o processo ciência e a tolerância, formam uma tríplice que sustentam os aten-
para que o desejado pelo cliente seja cumprido em menor tempo. dimentos pautados na qualidade, tendo em vista que a agilidade e
Eficiência está ligada a rendimento. Por isso, atendimento eficiente profissionalismo permeiam os relacionamentos.
é aquele que rende o suficiente para ser útil.
O atendente precisa compreender que o cliente está ali para Discrição
ser atendido, e por isso, não deve perder tempo com assuntos ou Atitudes discretas preservam a harmonia do ambiente e da re-
ações que desviem do pretendido. lação com o interlocutor. No trabalho, a pessoa deve ter acima de
tudo discrição em seus atos, pois certas brincadeiras ou comentá-
Há alguns pontos que levam a um atendimento eficiente, rios podem ofender as pessoas que estão sendo atendidas e gerar
como: situações constrangedoras. Nestes casos, a melhor maneira de con-
- Todos fazem parte do atendimento. tornar a situação é pedir desculpas e cuidar para que não ocorram
- Saber o que todos os colaboradores da organização exercem novamente.
evita que o cliente tenha que repetir mais de uma vez o que deseja Todas as atitudes que incomodam as pessoas são consideradas
e que fique esperando mais tempo que o necessário. falta de respeito e por isso deve haver uma série de cuidados, como
- Cativar o cliente, sem se prolongar muito, mostra eficiência e por exemplo: não bater o telefone, não falar alto, importunar seu
profissionalismo. colega com conversas e perguntas o tempo todo, entre outros.
- Respeitar o tempo e espaço das pessoas é fundamental ao Ser elegante em um ambiente de trabalho e não expor o visi-
cliente, se ele precisa de um tempo a mais para elaborar e proces- tante/usuário, sendo bem-educado, não significa bajular o atendido
sar o que está sendo feito, dê esse tempo auxiliando-o com infor- e sim ser cortês, simpático e sociável. Isto certamente facilitará a
mações e questões que o auxilie no processo de compreensão. comunicação e tornará o convívio mais agradável e saudável.
- Ser positivo e otimista e ao mesmo tempo ágil fará com que o
cliente tenha a mesma conduta. Conduta e Objetividade
- Saber identificar os gestos e as reações das pessoas, de forma A conduta do atendente deve ser proativa, passando confiança
a não se tornar desagradável ou inconveniente, facilita no atendi- e credibilidade, sendo ao mesmo tempo profissional e possuindo
mento. simpatia, ser comprometido e ter bom senso, atendendo de forma
- Ter capacidade de ouvir o que falam, procurando interpretar gentil e educada, sorrindo e tendo iniciativa.
o que dizem e o que deixaram de dizer, exercitando o “ouvir com a O sigilo é importante, e por isso, o atendimento deve ser ex-
inteligência e não só com o ouvido”. clusivo e impessoal, ou seja, o assunto que está sendo tratado no
- Interpretar cada cliente, procurando identificar a real impor- momento, deve ser dirigido apenas ao cliente, como já dito antes,
tância de cada “fala” e os valores do que foi dito. as demais pessoas que estão no local não podem e nem devem es-
- Saber falar a linguagem de cada cliente procurando identificar cutar o que está sendo tratado no momento.
o que é especial, importante e ou essencial em cada solicitação, A conduta de impessoalidade e personalização transformam o
procurando ajudá-lo a conseguir o que deseja, otimiza o processo. atendimento, e dão um tom formal à situação, por outro lado a ob-
- O atendente deve saber que fazer um atendimento eficiente é jetividade está ligada à eficiência e presteza, e por isso, tem como
ser breve sem tornar-se desagradável. foco, como já vimos, eliminar desperdiçadores de tempo, que são
- Ter ética em todos os níveis de atendimento faz com que o aquelas atitudes que destoam do foco.
cliente não tenha dúvida sobre a organização e, sendo assim, não Possui objetividade é pensar fundamentalmente apenas no
desperdice tempo fazendo questionamentos sobre a conduta da que o cliente precisa, e para que ele está ali, ou seja, solucionar o
empresa. seu problema e atender às suas necessidades devem ser tratados
- O atendente deve saber que sempre há uma solução para como prioridade, pois na maioria das vezes os clientes têm pressa e
tudo e para todos, buscando sempre os entendimentos e os acor- necessita de uma solução rapidamente.
dos em todas as situações, por mais difíceis que elas se apresentem. Afirmamos que o atendimento com qualidade deve ser pauta-
- O atendente deve saber utilizar a comunicação e as informa- do na brevidade, porém, isso não exclui outros fatores tão impor-
ções. tantes quanto, como: clareza, presteza, atenção, interesse e comu-
- O todo é composto de partes, e para os clientes “as ações nicabilidade.
sempre falaram mais que as palavras”.
Princípios Fundamentais do Atendimento de Qualidade
Outro aspecto que deve ser observado é que em todos os ní-
veis de atendimento será inevitável deparar-se com clientes ofensi- Reforçando as afirmações anteriores, temos ainda, alguns prin-
vos e agressivos, para tanto, o atendente deve ter tolerância para cípios fundamentais para imprimir mais qualidade ao atendimento,
acalmar o cliente e mostrar que ele está ali para auxiliá-lo e resolver sendo estes:
o problema.
Não deixar dúvidas ao cliente de que a receptividade na em- 1. Princípio da Competência: o cliente espera que cada pessoa
presa é a palavra de ordem, o acalma e tranquiliza, por isso, a tole- que o atenda detenha informações detalhadas sobre o funciona-
rância é importante para que não se perca a linha e comprometa a mento da organização e do setor que ele procurou. Ele tem a ex-
imagem da empresa e a qualidade no atendimento. pectativa de encontrar pessoas capacitadas a fornecer informações
Por mais que não seja o responsável pela situação, o atendente detalhadas sobre o assunto do seu interesse, por isso identifique as
deve demonstrar interesse, presteza e tolerância, para que o cliente necessidades do cliente, ouça atentamente a descrição do serviço
insista em construir uma situação de discussão, o atendente deve- solicitado.

225
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

2. Princípio da Legitimidade: o cliente deve ser atendido com importantes para assegurar uma boa comunicação telefônica. É
ética, respeito, imparcialidade, sem discriminações, com justiça e fundamental que o atendente transmita a seu interlocutor seguran-
colaboração: ça, compromisso e credibilidade.
- Preferencialmente, trate-o pelo nome; Deve-se reforçar a necessidade de se evitar ruído na comuni-
- Não escreva ou faça qualquer outra atividade enquanto esti- cação telefônica, buscando a mais correta e adequada interação ao
ver falando com ele; telefone, que é o instrumento responsável pela maior parte da co-
- Esteja atento à condição física do usuário (ofereça ajuda aos municação entre uma organização e seus usuários. Ao receber uma
idosos e as pessoas com necessidades especiais). ligação, o atendente assume a responsabilidade pelas informações
prestadas a quem está do outro lado da linha. A utilização do tele-
3. Princípio da Disponibilidade: o atendente representa, para fone, além de significar economia de tempo, imprime qualidade à
o cliente, a imagem da organização, devido a isso deve haver em- imagem da organização.
penho para que o cliente não se sinta abandonado, desamparado, Em toda e qualquer situação de comunicação em meio empre-
sem assistência. Ele deve receber assistência personalizada desde o sarial ou institucional, é preciso enfatizar o foco no cliente ou no
momento de sua chegada até à despedida: usuário. Em muitos casos, o público constrói uma representação ex-
- Demonstre estar disponível para realizar sua tarefa de aten- tremamente positiva da organização apenas com base na qualidade
dente; do atendimento telefônico que lhe é dispensado.
- Se houver demora no atendimento, peça desculpas; Por isso, convém:
- Mantenha a atenção à necessidade do usuário até sua parti-
da. a) Atender rapidamente a chamada no 2.º toque, se possível;

4. Princípio da Flexibilidade: o atendente deve procurar iden- b) Dizer o seu nome e identificar a organização ou o setor;
tificar claramente as necessidades do usuário e esforçar-se para
ajuda-lo, orienta-lo, ou conduzi-lo a quem possa ajuda-lo adequa- c) Ouvir o usuário com atenção: para compreender o que é dito
damente: e “como” é dito;
- Preste atenção à comunicação não verbal;
- Não deixe nenhuma indagação sem resposta; d) Prestar informações de forma objetiva, não apressar a cha-
- Demonstre que sabe lidar com situações não previstas. mada: é importante dar tempo ao tempo, ouvir calmamente o que
o cliente/usuário tem a dizer e mostrar que o diálogo está sendo
Existem também as estratégias verbais, não verbais e ambien- acompanhado com atenção, dando feedback, mas não interrom-
tais: pendo o raciocínio do interlocutor;

Estratégias Verbais e) Eliminar frases que possam desapontar ou irritar o usuário:


- Reconheça, o mais breve possível, a presença das pessoas; como “Não sabemos”, “Não podemos”, “Não temos”, não negar in-
- Se houver demora no atendimento, peça desculpas; formações: nenhuma informação deve ser negada, mas há que se
- Se possível, trate o usuário pelo nome; identificar o interlocutor antes de fornecê-la, para confirmar a se-
- Demonstre que quer identificar e entender as necessidades riedade da chamada. Nessa situação, é adequada a seguinte frase:
do usuário; “Vamos anotar esses dados e depois entraremos em contato. Pode
- Escute atentamente, analise bem a informação, apresente dar-nos um número de telefone para contato?”;
questões;
f) Solucionar o problema do usuário (ou direcionar a ligação
Estratégias Não Verbais para o setor competente), assumir a responsabilidade pela res-
- Olhe para a pessoa diretamente e demonstre atenção; posta: a pessoa que atende ao telefone deve considerar o assunto
- Prenda a atenção do receptor; como seu, ou seja, comprometer-se e, assim, garantir ao interlo-
- Preste atenção à comunicação não-verbal; cutor uma resposta rápida. Por exemplo: não deve dizer “Não sei”,
mas “Vou imediatamente saber” ou “Daremos uma resposta logo
Estratégias Ambientais que seja possível”. Se não for mesmo possível dar uma resposta ao
- Mantenha o ambiente de trabalho organizado e limpo; assunto, o atendente deverá apresentar formas alternativas para
- Assegure acomodações adequadas para o usuário; fazê-lo, como: fornecer o número do telefone direto de alguém
- Evite deixar pilhas de papel, processos e documentos desor- capaz de resolver o problema rapidamente, indicar o e-mail ou o
ganizados sobre a mesa; número do fax do responsável procurado. A pessoa que ligou deve
- Solicite, se for possível, uma decoração de bom gosto. ter a garantia de que alguém confirmará a recepção do pedido ou
chamada;
Atendimento Telefônico
g) Agradecer ao usuário pela ligação e sorrir: um simples sor-
No atendimento telefônico, a linguagem é o fator principal riso reflete-se na voz e demonstra que o atendente é uma pessoa
para garantir a qualidade da comunicação. Portanto, é preciso que amável, solícita e interessada e ser sincero, haja vista que qualquer
o atendente saiba ouvir o interlocutor para responder a suas de- falta de sinceridade pode ser catastrófica. As más palavras difun-
mandas de maneira cordial, simples, clara e objetiva. O uso correto dem-se mais rapidamente do que as boas;
da língua portuguesa e a qualidade da dicção também são fatores

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

h) Manter o cliente informado: como, nessa forma de comuni- Análise do conteúdo: verificar a existência de despachos em
cação, não se estabelece o contato visual, é necessário que o aten- todos os documentos que chegar ao setor;
dente, se tiver mesmo que desviar a atenção do telefone durante Conservação para preservação: retirar o excesso de objetos
alguns segundos, peça licença para interromper o diálogo e, depois, metálicos (grampos, clips) e se for imprescindível o uso dos mes-
peça desculpa pela demora. Essa atitude é importante porque pou- mos, tentar, dentro do possível substituir todos os objetos metáli-
cos segundos podem parecer uma eternidade para quem está do cos por objetos de plásticos;
outro lado da linha; Análise da classificação: avaliar se a classificação atribuída está
correta (principalmente em caso de pedido de arquivamento defi-
i) Ter as informações à mão: um atendente deve conservar a nitivo) retificando-a, se for o caso;
informação importante perto de si e ter sempre à mão as informa- Arquivamento: arquivar o documento de acordo com os crité-
ções mais significativas de seu setor. Isso permite aumentar a rapi- rios adotados;
dez de resposta e demonstra o profissionalismo do atendente; Empréstimo: talvez a mais “especial” das atividades arquivísti-
cas, afinal, essa é uma das essências da criação dos arquivos.
j) Estabelecer os encaminhamentos para a pessoa que liga: Controle de empréstimo: controlar através de ficha manual ou
quem atende a chamada deve definir quando é que a pessoa deve sistema.
voltar a ligar (dia e hora) ou quando é que a empresa ou instituição
vai retornar a chamada.
EXPEDIÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA: REGISTRO E
ENCAMINHAMENTO
SERVIÇO DE PROTOCOLO E ARQUIVO: TIPOS DE
ARQUIVO; ACESSÓRIOS DO ARQUIVO; FASES DO
ARQUIVAMENTO: TÉCNICAS, SISTEMAS E MÉTODOS A expedição de correspondência é um processo essencial em
qualquer organização, seja ela pública ou privada. Envolve a pre-
paração, envio e acompanhamento de documentos e pacotes, ga-
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado rantindo que a comunicação ocorra de maneira eficiente e segura.
em tópicos anteriores. O conhecimento das rotinas de expedição é crucial para manter a
integridade e a eficácia das operações administrativas.
PROTOCOLO: RECEPÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, REGISTRO E
— Etapas da expedição de correspondência
DISTRIBUIÇÃO DE DOCUMENTOS
Preparação do material
O protocolo de um arquivo é um serviço auxiliar responsável – Classificação: a correspondência deve ser classificada confor-
pelo controle tanto das correspondências recebidas por uma insti- me a sua natureza (oficial, comercial, pessoal, etc.) e urgência.
tuição tanto pelo trâmite dos documentos produzidos pela mesma. – Endereçamento: as informações de endereço devem ser pre-
Não há um padrão para a execução da função exercida pelo cisas e legíveis para evitar erros na entrega.
protocolo. No entanto, alguns parâmetros são utilizados para a ges- – Embalagem: a correspondência deve ser embalada de forma
tão desse serviço. No que tange às correspondências temos as se- adequada para proteger seu conteúdo durante o transporte.
guintes atividades:
Recebimento: receber a correspondência ou outros materiais, Registro e controle
separar os particulares dos oficiais, distribuir as correspondências – Protocolação: documentos importantes devem ser registra-
particulares, separar as correspondências oficiais ostensivas das si- dos em um sistema de protocolo, garantindo um controle rigoroso
gilosas. Abrir, ler, verificar a existência de antecedentes, analisar e de entrada e saída.
classificar as correspondências ostensivas; – Etiqueta de rastreio: para correspondências mais valiosas, é
Classificação: analisar ou interpretar o conteúdo do documen- recomendável utilizar etiquetas de rastreio para acompanhar o en-
to, determinar o assunto do mesmo e enquadrá-lo no plano de clas- vio até a entrega final.
sificação de documentos adotado pela instituição;
Registro: colocar o carimbo com a data, número e outras infor- Seleção do meio de envio
mações que o documento deve receber; – Correio: a forma mais comum de expedição, variando entre
Recibo de entrega: entregar as correspondências ou outros envio comum, registrado e expresso.
materiais mediante recibo; – Serviços de Courier: empresas especializadas que oferecem
Expedição: receber a documentação expedida pelos setores da serviços rápidos e seguros para entregas urgentes.
instituição para envio, datar original e cópias, expedir o original e – Transporte Interno: em grandes organizações, pode haver um
devolver a cópia ao setor responsável; sistema interno de distribuição para correspondência entre depar-
Atendimento: prestar informações de sua área de competên- tamentos.
cia, bem como realizar empréstimos.
Despacho e acompanhamento
No que se refere aos documentos produzidos e recebidos pela – Envio: após a escolha do meio de envio, a correspondência é
instituição em decorrência de suas atividades, são atribuições do despachada.
protocolo:

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

– Monitoramento: utilizando sistemas de rastreamento, é pos-


sível monitorar o progresso da correspondência até a confirmação QUESTÕES
de entrega.
1. IVIN - 2024 - Prefeitura de Conceição do Canindé - PI - Agente
Recebimento e arquivamento Administrativo
– Recebimento: verificação do recebimento da correspondên- Acerca da gestão de processos, assinale a alternativa correta:
cia pela parte destinatária. (A)Processos centrais são aqueles que têm por objetivo o moni-
– Confirmação de entrega: muitas vezes, é necessária uma con- toramento, a medição, o controle e a avaliação das atividades.
firmação de entrega, especialmente para documentos oficiais. (B)Processos de apoio são os responsáveis por gerar a percep-
– Arquivamento: correspondências recebidas devem ser arqui- ção de valor sobre o cliente, devido à experiência de consumo
vadas corretamente para facilitar futuras consultas e auditorias. que foi proporcionada, à qual estão relacionados.
(C)Processos gerenciais são processos voltados a aumentar a
Importância do Conhecimento das Rotinas qualificação da organização, a exemplo dos processos de trei-
O conhecimento das rotinas de expedição de correspondência namento e seleção de pessoal.
é fundamental para assegurar que a comunicação dentro e fora da (D)Processos finalísticos são processos que agregam valor di-
organização seja eficaz. Algumas das vantagens incluem: retamente ao cliente, pois estão relacionados às atividades es-
– Eficiência operacional: reduz atrasos e garante que documen- senciais da organização.
tos importantes cheguem ao destino dentro do prazo. (E)Processos essenciais são processos cuja característica é
– Segurança da informação: minimiza o risco de perda ou extra- agregar valor a outros processos.
vio de documentos sensíveis.
– Rastreabilidade: permite o acompanhamento detalhado do 2. FUNATEC - 2024 - CRT - 2ª Região (AP, CE, MA, PA e PI) - Agen-
envio, facilitando a resolução de problemas. te Administrativo
– Imagem corporativa: transmite profissionalismo e organiza- Assinale a alternativa que não contém um atributo da redação
ção aos destinatários. oficial:
(A)Precisão
Ferramentas e tecnologias (B)Subjetividade
A tecnologia desempenha um papel crucial na modernização (C)Concisão
das rotinas de expedição de correspondência: (D)Formalidade
– Sistemas de Gerenciamento de Correspondência (SGC): au-
tomação do registro, controle e rastreamento de correspondência. 3. FUNATEC - 2024 - CRT - 2ª Região (AP, CE, MA, PA e PI) - Agen-
– Softwares de protocolação: facilitam o registro e acompanha- te Administrativo
mento de documentos enviados e recebidos. O que é um processo organizacional:
– Aplicativos de rastreamento: oferecem visibilidade em tempo (A)Uma série de tarefas aleatórias que se relacionam.
real sobre a localização da correspondência. (B)Um conjunto de atividades inter-relacionadas que transfor-
mam entradas em saídas com valor agregado.
No entanto, o domínio das rotinas de expedição de correspon- (C)Uma lista de procedimentos burocráticos.
dência é um componente vital para o funcionamento eficiente de (D)Um conjunto de regras para gerenciar recursos humanos.
uma organização. Investir em treinamento adequado, ferramentas
tecnológicas e procedimentos padronizados contribui significativa- 4. FUNATEC - 2024 - CRT - 2ª Região (AP, CE, MA, PA e PI) - Agen-
mente para a melhoria da comunicação e da segurança dos proces- te Administrativo
sos administrativos. Qual é o objetivo dos processos organizacionais:
(A)Criar mais trabalho e atrasar as operações da empresa.
(B)Reduzir custos e aumentar a eficiência.
(C)Aumentar a complexidade das atividades.
(D)Ignorar as necessidades dos clientes.

5. FUNATEC - 2024 - CRT - 2ª Região (AP, CE, MA, PA e PI) - Agen-


te Administrativo
O que são processos administrativos:
(A)Atividades realizadas em gabinetes e escritórios.
(B)Processos que envolvem a entrega de valor aos clientes.
(C)Procedimentos burocráticos.
(D)Processos estratégicos.

228
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

6. FUNATEC - 2024 - CRT - 2ª Região (AP, CE, MA, PA e PI) - Agen- 12. Quadrix - 2022 - CRESS-AP - Agente Administrativo
te Administrativo Com relação aos princípios fundamentais que regem a Admi-
Indique um dos fatores determinantes das mudanças atuais nistração Federal, julgue o item.
nas organizações no que tange ao quesito de Gestão de Processos: Em cada órgão da Administração Federal, os serviços que com-
(A)A especialização excessiva. põem a estrutura central de direção devem permanecer liberados
(B)A padronização da produção. das rotinas de execução e das tarefas de mera formalização de atos
(C)A abertura de fronteiras comerciais. administrativos, para que possam concentrar-se nas atividades de
(D)Os métodos de gerenciamento flexível da produção. planejamento, supervisão, coordenação e controle.
( ) CERTO
7. ADVISE - 2024 - Prefeitura de Sertãozinho - PB - Agente Ad- ( ) ERRADO
ministrativo
Em redação oficial, é CORRETO afirmar que o texto que conse- 13. Quadrix - 2022 - CRESS-AP - Agente Administrativo
gue transmitir o máximo de informações com o mínimo de palavras Com relação aos princípios fundamentais que regem a Admi-
é considerado como: nistração Federal, julgue o item.
(A)conciso. O planejamento e a coordenação são princípios fundamentais
(B)prolixo. da Administração Federal.
(C)impessoal. ( ) CERTO
(D)formal. ( ) ERRADO
(E)subjetivo.
14. FUNDATEC - 2022 - Prefeitura de Caxias do Sul - RS - Agente
8. ADVISE - 2024 - Prefeitura de Sertãozinho - PB - Agente Ad- Administrativo
ministrativo Para Chiavenato (2020), as pessoas se perguntam quando a co-
O vocativo CORRETO a ser empregado em um texto oficial diri- municação não é eficiente ou eficaz: “o que significa isso ou o que
gido à Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação é: isso quer dizer? ”. Segundo o autor, os dois elementos básicos do
(A)Excelentíssima Senhora Ministra. processo de comunicação estão nas duas pontas do processo. Quais
(B)Senhora Ministra. são esses elementos?
(C)Senhora Doutora Ministra. (A)A fonte e o destinatário.
(D)Excelentíssima Doutora Ministra. (B)A fonte e o ruído.
(E)Excelentíssima Senhora Doutora Ministra. (C)O transmissor e o receptor.
(D)O canal e o destinatário.
9. ADVISE - 2024 - Prefeitura de Sertãozinho - PB - Agente Ad- (E)O transmissor e o ruído.
ministrativo
O princípio da Arquivologia que determinam que, os arquivos 15. FUNDATEC - 2022 - Prefeitura de Caxias do Sul - RS - Agente
devem ser organizados para que seja preservada a origem de cada Administrativo
arquivo é o: Com base em Chiavenato (2021), analise as seguintes asser-
(A)Princípio da Proveniência. tivas, relativas aos elementos da Administração que constituem o
(B)Princípio da Legalidade. chamado processo administrativo, assinalando C, se corretas, ou I,
(C)Princípio da Moralidade. se incorretas.
(D)Princípio da Impessoalidade. ( ) Organizar: constituir o duplo organismo material e social da
(E)Princípio da Territorialidade. empresa.
( ) Treinar: consiste em analisar e coordenar as ações conside-
10. ADVISE - 2024 - Prefeitura de Sertãozinho - PB - Agente Ad- radas prioritárias e necessárias para implementação de apren-
ministrativo dizagem.
O método de ordenação que tem por eixo os assuntos presen- ( ) Comandar: dirigir e orientar o pessoal.
tes, explicitamente ou não, nos documentos é denominado como: ( ) Pesquisar: conduzir pesquisas, visando a melhoria na orga-
(A)alfabético. nização.
(B)geográfico. ( ) Coordenar: ligar, unir, harmonizar todos os atos e os esforços
(C)ideográfico. coletivos.
(D)iconográfico. A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima
(E)filmográfico. para baixo, é:
(A)I – C – C – C – I.
11. IBADE - 2020 - Prefeitura de Ministro Andreazza - RO - Agen- (B)C – I – I – C – I.
te Administrativo (C)C – C – C – I – C.
As atividades da Administração Federal obedecerão aos seguin- (D)C – I – C – I – C.
tes princípios fundamentais, EXCETO: (E)I – C – I – C – C.
(A)planejamento.
(B)coordenação.
(C)controle.
(D)centralização.
(E)delegação de competência.

229
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E
PÚBLICA

GABARITO

1 D
2 B
3 B
4 B
5 D
6 D
7 A
8 B
9 A
10 C
11 D
12 CERTO
13 CERTO
14 A
15 D

ANOTAÇÕES

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Legislação Específica do CRF/RJ e do CFF

infração lavrado, mediante capa identificadora, com folhas sequen-


RESOLUÇÕES DO CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA cialmente numeradas e juntada de documentos e expedientes pre-
Nº 566/2012 (REGULAMENTO DO PROCESSO ferencialmente em ordem cronológica de data.
ADMINISTRATIVO) Art. 3º - Salvo disposição em contrário ou impossibilidade de-
vidamente justificada, o Conselho Regional de Farmácia executará
RESOLUÇÃO Nº 566 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2012 cada ato processual em até 15 (quinze) dias, a partir da instauração
do processo.
Ementa: Aprova o Regulamento do Processo Administrativo Fis- Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser dilatado
cal dos Conselhos Federal e Regionais de Farmácia. até o dobro, mediante comprovada justificação.

O CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA, no uso das atribuições SEÇÃO II


conferidas pelo artigo 6º, alínea “g”, da Lei nº 3.820, de 11 de no- DOS PRAZOS
vembro de 1960;
CONSIDERANDO a necessidade de atualização dos procedi- Art. 4º - Os prazos serão contínuos, excluindo-se na sua con-
mentos, de manter a unidade de ação a serem adotados no Proces- tagem o dia do início e incluindo-se o do vencimento, devendo-se
so Administrativo Fiscal dos Conselhos Regionais de Farmácia, bem atestá-los mediante certidão lavrada pelo Conselho Regional de
como em grau de recurso junto ao Conselho Federal de Farmácia, Farmácia e juntada ao processo.
RESOLVE: § 1º. Os prazos se iniciam ou vencem no dia de expediente nor-
mal do órgão autárquico em que tramita o processo ou deva ser
Art. 1º - Aprovar o Regulamento do Processo Administrativo praticado o ato.
Fiscal dos Conselhos Regionais de Farmácia, conforme estabelecido § 2º. Começa a correr o prazo da ciência inequívoca da parte
nos Capítulos I e III desta Resolução. ou do interessado, sendo que, quando a citação ou intimação for
Art. 2º - Aprovar o trâmite do Processo Administrativo Fiscal pelo correio, da data de juntada aos autos, mediante certidão emi-
em grau de recurso no âmbito do Conselho Federal de Farmácia, tida pelo Conselho Regional de Farmácia, do aviso de recebimento
conforme estabelecido no Capítulo II desta Resolução. ou termo de entrega da correspondência, podendo ser extraída do
Art. 3º - Revogam-se as Resoluções nº 258/94, nº 450/06 e nº sítio eletrônico dos correios.
554/11, bem como as demais disposições em contrário.
Art. 4º - Esta Resolução entra em vigor a partir de sua publica- SEÇÃO III
ção, mantendo-se a aplicação da regulamentação anterior nos pro- DO PROCEDIMENTO
cedimentos atualmente em trâmite.
Art. 5º - O procedimento fiscal tem início com o Termo de Visita
REGULAMENTO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL ou de Inspeção, sob a forma manual ou eletrônica.
§ 1º. Verificada a regularidade da pessoa jurídica fiscalizada, o
CAPÍTULO I referido termo será arquivado no setor de fiscalização do Conselho
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Regional de Farmácia para fins de controle e estatística.
§ 2º. Verificada a irregularidade prevista no parágrafo único do
SEÇÃO I artigo 24 da Lei Federal nº 3.820/60, será lavrado, além do termo
DOS ATOS E TERMOS PROCESSUAIS de visita ou inspeção, o respectivo auto de infração, no local ou
posteriormente junto ao Conselho Regional de Farmácia, mediante
Art. 1º - Este Regulamento rege o processo administrativo fiscal termo justificado.
de determinação e exigência dos créditos pecuniários dos Conse- Art. 6º - O auto de infração será lavrado pelo fiscal farmacêuti-
lhos de Farmácia. co e conterá, obrigatoriamente:
Art. 2º - Os atos e termos processuais, quando a lei não pres- I.O número de ordem;
crever forma determinada, conterão somente o indispensável à sua II.A qualificação do autuado;
finalidade, sem espaço em branco, sem rasuras, devidamente nu- III.O local, a data e a hora da lavratura;
merados e rubricados iniciando-se o processo com seu registro em IV.A descrição do fato e, se necessário, outras observações per-
livro próprio e juntada do seu respectivo auto de infração, inclusive tinentes;
sob a forma eletrônica mediante programa específico devidamente V.A disposição legal infringida;
aprovado pelo Conselho Federal de Farmácia. VI.A determinação da exigência e a notificação para contestá-
Parágrafo Único – O processo administrativo fiscal deverá ser -la, no prazo de 5 (cinco) dias;
aberto sob número de protocolo, controle ou tombo do Conselho VII.A assinatura do autuante, a indicação de sua função e o nú-
Regional de Farmácia, em autos individualizados para cada auto de mero de sua inscrição no Conselho Regional de Farmácia;

231
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO CRF/RJ E DO CFF

VIII.A assinatura do autuado, representante legal ou seu pre- III.Os motivos de fato e de direito em que se fundamenta;
posto, com aviso de recebimento de uma das vias, sempre que pos- IV.O pedido de diligências, expondo os motivos que as justifi-
sível. quem.
§ 1º. O auto de infração poderá ser lavrado pelo fiscal farma- V.A assinatura do representante legal da empresa ou estabe-
cêutico na sede do Conselho Regional de Farmácia, mediante atesto lecimento, que deverá anexar procuração, contrato social ou do-
de um dos Diretores, em caso já constatado por termo de inspeção cumento equivalente que conceda tais poderes, sob pena de não
presencial e no qual não houver regularização pelo autuado no pra- conhecimento.
zo, se previsto em lei, de 30 (trinta) dias. Art. 11 - O Setor de Fiscalização, após instrução do processo,
§ 2º. O procedimento previsto no parágrafo anterior não im- o encaminhará a Diretoria que determinará de ofício ou a requeri-
pede ou interrompe a fiscalização presencial e contínua durante o mento da autuada, a realização das diligências, indeferindo o que
referido prazo. considerar impertinente ou impraticável.
§ 3º. Quando for utilizada mesa digitalizadora para coleta de Art. 12 – Cumpridas, indeferidas ou dispensadas as diligências,
assinatura no ato de inspeção, dispensa-se a entrega de documento o Presidente ou seu substituto regimental designará o Conselheiro
impresso, o qual terá seu conteúdo disponível no sítio eletrônico Relator, ressalvados os casos de impedimento ou suspeição.
do Conselho Regional de Farmácia, em 5 (cinco) dias e poderá ser Art. 13 - A Secretaria receberá o processo do Setor de Fiscali-
contestado no prazo de 5 (cinco) dias a partir da data prevista para zação e o encaminhará ao Conselheiro Relator, com a indicação da
disponibilização, acessível através de senha que será entregue ao reunião plenária em que ocorrerá o julgamento, devendo ser julga-
interessado no momento da visita. do em até duas reuniões subsequentes, sob pena de nova designa-
§ 4º. Em todos os casos deve ser observada a fé pública e a pre- ção de relatoria.
sunção de veracidade dos atos praticados pelo farmacêutico fiscal. Art. 14 - O Conselheiro Relator designado apresentará relatório
§ 5º. O protocolo junto ao órgão não significa presunção de fundamentado, com a exposição dos fatos, conclusão e voto, indi-
regularidade da empresa ou estabelecimento farmacêutico, a qual cando a infração cometida e a respectiva penalidade ou pedido de
somente ocorre após pronunciamento procedente ou favorável por arquivamento do processo, neste caso mediante expressa justifica-
parte do Conselho Regional de Farmácia. tiva legal, sob pena de incorrer em eventual ato de improbidade
Art. 7º - Apresentada defesa no prazo, o Setor de Fiscalização administrativa ou de prevaricação.
instruirá o processo prestando as devidas informações sobre o au- Parágrafo único – Observado o quórum regimental, a votação
tuado, mediante ficha resumida com os dados principais e seu res- será por maioria simples dos membros do Plenário, atestada me-
pectivo histórico. diante ata, extrato de ata, folha de votação ou certidão lavrada pelo
§ 1º – Não apresentada defesa ou fora do prazo legal, sem pre- Conselho Regional de Farmácia, devidamente anexada ao processo.
juízo da juntada das referidas informações, o auto de infração será Art. 15 - Da decisão do Plenário que reconhecer a infração, que
homologado mediante ato “ad referendum” da Diretoria do Conse- deverá ser expressamente atestada conforme o parágrafo único do
lho Regional de Farmácia, emitindo-se certidão ou extrato de ata artigo anterior, a autuada será notificada para pagar a multa estipu-
atestando tal procedimento. lada ou recorrer ao Conselho Federal no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º – Em qualquer das hipóteses, da decisão que reconhecer a § 1º. O recurso ao Conselho Federal de Farmácia deverá ser in-
infração, a autuada será notificada para pagar a multa estipulada ou terposto perante o Conselho Regional de Farmácia no qual tramita
recorrer ao Conselho Federal no prazo de 15 (quinze) dias. o processo, mediante o pagamento de porte de remessa e retorno
Art. 8º - Das informações de que trata o “caput” do artigo ante- dos autos através de boleto bancário oriundo de convênio espe-
rior deverão constar necessariamente, mediante certidão: cífico, sob pena de deserto e não encaminhamento, cujos valores
a)se a defesa é tempestiva ou não; serão definidos em portaria do Presidente do Conselho Federal de
b)se é ou não registrado no Conselho; Farmácia.
c)se possui ou não responsabilidade técnica e a data da respec- § 2º. Não apresentado recurso, os autos serão encaminhados a
tiva baixa, quando for o caso; Tesouraria para emissão de boleto para pagamento.
d)se é ou não reincidente. Art. 16 - Interposto o recurso, a Fiscalização declarará a tem-
§ 1º - Considera-se reincidente para os efeitos deste Regula- pestividade, fazendo remessa do processo ao Conselho Federal de
mento, a empresa ou o estabelecimento que tiver antecedentes Farmácia no prazo de até 60 (sessenta) dias, facultando-se ao Con-
fiscais à mesma prática punível em processos findados administrati- selho Regional de Farmácia, através da Fiscalização ou do Departa-
vamente ou com decisão transitada em julgado. mento Jurídico, apresentar contrarrazões.
§ 2º - Verifica-se a reincidência quando o infrator cometer ou- Parágrafo único – No caso de recurso interposto intempesti-
tra infração durante o prazo de 5 (cinco) anos após o trânsito em vamente, deverá ser lavrada certidão respectiva e determinado o
julgado da decisão administrativa que o tenha condenado pela in- prosseguimento regular no âmbito do Conselho Regional de Far-
fração anterior. mácia, notificando-se em seguida a autuada para pagar a multa es-
Art. 9º - A defesa, formulada por escrito e instruída com os do- tipulada.
cumentos em que se fundamentar, será apresentada ao Conselho
Regional de Farmácia ou postada nos correios no prazo de até 5
(cinco) dias a partir da data do recebimento do auto de infração,
ressalvado o disposto no § 3º do artigo 6º.
Art. 10 - A defesa conterá:
I.Requerimento dirigido ao Presidente do Conselho Regional de
Farmácia;
II.A qualificação do autuado;

232
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO CRF/RJ E DO CFF

CAPÍTULO II Art. 22 – Os casos omissos serão resolvidos pelo Plenário do


DO JULGAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA Conselho Federal de Farmácia.

Art. 17 - O julgamento no Conselho Federal de Farmácia far-se-


-á conforme o seu Regimento Interno.
724/2022 (CÓDIGO DE ÉTICA FARMACÊUTICA)
§ 1º – Caso o processo encaminhado não esteja acompanhado
dos documentos indispensáveis ou das formalidades legais, deverá RESOLUÇÃO Nº 724, DE 29 DE ABRIL DE 2022
ser, de ofício, devolvido ao Conselho Regional de Farmácia para que
o instrua adequadamente, sob pena de nulidade e arquivamento. Dispõe sobre o Código de Ética, o Código de Processo Ético e
§ 2º - O recurso interposto diretamente no Conselho Federal de estabelece as infrações e as regras de aplicação das sanções ético-
Farmácia será devolvido ao Conselho Regional de Farmácia, o qual -disciplinares.
deverá atestar o seu preparo, além da sua tempestividade com base
em correspondência de envio ou protocolo originário, para o seu O Federal de Farmácia (CFF), no exercício das atribuições que
regular procedimento, sob pena de arquivamento. lhe confere o artigo 6º, alínea “g”, da Lei n° 3.820, de 11 de novem-
bro de 1960, resolve:
CAPÍTULO III Art. 1º - Aprovar o CÓDIGO DE ÉTICA, nos termos da seção I
DA EFICÁCIA E EXECUÇÃO DAS DECISÕES desta resolução.
Art. 2º - Aprovar o CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO, nos termos da
Art. 18 - Transitada em julgado a decisão mediante certidão seção II desta resolução.
atestada no processo, a Secretaria do Conselho Regional de Farmá- Art. 3º - Estabelecer as infrações e as regras de aplicação das
cia expedirá notificação ao autuado, juntamente com a guia de re- sanções ético-disciplinares, nos termos da seção III desta resolução.
colhimento de multa para que, no prazo de 15 (quinze) dias, a partir Art. 4º - Todos os atos e procedimentos poderão ser praticados
do recebimento, efetue o pagamento. eletronicamente, desde que observadas as exigências e garantias
Art. 19 - Decorrido o prazo de que trata o artigo anterior sem o da Medida Provisória nº 2.200/2001, da Lei Federal nº 14.063/2020
cumprimento da obrigação, o crédito será inscrito em dívida ativa. e do Decreto Federal nº 10.543/2020.
§ 1º. A certidão de dívida ativa indicará obrigatoriamente: Art. 5º - Esta resolução entra em vigor na data de sua publica-
a)o nome do devedor e, sendo o caso, dos corresponsáveis, ção, revogando-se a Resolução/CFF nº 711/21 (DOU 30/07/2021,
bem como o domicílio ou a residência de um e de outros; Seção 1, página 142).
b)a quantia devida e a maneira de calcular a correção monetá-
ria e os juros de mora acrescidos; ANEXO
c)a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente
a disposição da lei em que seja fundado; SEÇÃO I
d)a data em que foi inscrita; CÓDIGO DE ÉTICA PREÂMBULO
e)o número do processo administrativo de que se originar o
crédito; O Conselho Federal de Farmácia (CFF), pessoa jurídica de di-
f)a indicação do livro e da folha de inscrição, podendo ser sob reito público, criada por lei e classificada como autarquia especial,
a forma eletrônica; é uma entidade fiscalizadora do exercício profissional e da ética no
g)outras exigências previstas na Lei Federal nº 6.830/80 e em país.
outros diplomas legais supervenientes e que disponham sobre a O Código de Ética contém as normas que devem ser observadas
matéria. pelos farmacêuticos e os demais inscritos nos conselhos regionais
§ 2º. Após a inscrição em dívida ativa, o Conselho Regional de de farmácia no exercício do âmbito profissional respectivo, inclusive
Farmácia deverá promover a cobrança judicial dos débitos no prazo nas atividades relativas ao ensino, à pesquisa e à administração/
de até 120 (cento e vinte) dias, sob pena de responsabilização do gestão de serviços de saúde, bem como em quaisquer outras ati-
agente administrativo por eventual improbidade e prevaricação. vidades em que se utilize o conhecimento advindo do estudo da
Art. 20 - São definitivas as decisões: Farmácia, em prol do zelo pela saúde.
I.De primeira instância, esgotado o prazo para recurso voluntá- O farmacêutico e os demais inscritos no Conselho Regional de
rio, sem que este tenha sido interposto; Farmácia (CRF) são profissionais da saúde, cumprindo-lhes executar
II.De segunda instância após a publicação no Diário Oficial da todas as atividades inerentes ao seu âmbito profissional, de modo a
União ou disponibilização no sítio eletrônico do Conselho Federal contribuir para a salvaguarda da população.
de Farmácia.
Parágrafo único. Serão também definitivas as decisões de pri-
meira instância na parte que não for objeto de recurso voluntário
ou não estiver sujeita a recurso de ofício.
Art. 21 – Todos os atos praticados pelo Conselho Regional de
Farmácia devem ser formais, devendo-se promover a expedição
de certidão respectiva quando da sua exigência, observando-se o
devido processo legal e a ampla defesa, sob pena de nulidade e res-
ponsabilização do agente administrativo e eventual corresponsável,
inclusive gestor, mediante apuração específica.

233
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO CRF/RJ E DO CFF

TÍTULO I CAPÍTULO II
DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DOS DIREITOS

CAPÍTULO I Art. 12 - É direito do farmacêutico:


DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS I- interagir com os demais profissionais, para garantir a segu-
rança e a eficácia da terapêutica, observado o uso racional de me-
Art. 1º - O exercício da profissão farmacêutica tem dimensões dicamentos;
de valores éticos e morais que são reguladas por este código, além II- exigir dos profissionais da saúde o cumprimento da legisla-
de atos regulatórios e diplomas legais vigentes, cuja transgressão ção sanitária vigente, em especial quanto à legibilidade da prescri-
poderá resultar em sanções disciplinares por parte do CRF, após ção e demais aspectos legais e técnicos;
apuração de sua Comissão de Ética, observado o direito ao devido III- opor-se a exercer a profissão ou suspender a sua atividade
processo legal, ao contraditório e à ampla defesa, independente- em instituição pública ou privada sem remuneração ou condições
mente das demais penalidades estabelecidas pela legislação em dignas de trabalho, ressalvadas as situações de urgência ou emer-
vigor no país. gência, devendo comunicá-las imediatamente às autoridades sani-
Parágrafo único - Os farmacêuticos e demais inscritos que tárias e profissionais;
transgredirem este regulamento, enquanto no exercício do serviço IV- negar-se a realizar atos farmacêuticos que sejam contrários
de atividade militar, não estão sujeitos à ação disciplinar dos conse- aos ditames da ciência, da ética e da técnica, comunicando o fato,
lhos regionais ante ao artigo 5° da Lei Federal nº 6.681/79. quando for o caso, ao usuário, a outros profissionais envolvidos e
Art. 2º - Todos os inscritos atuarão com respeito à vida huma- ao respectivo CRF;
na, ao meio ambiente e à liberdade de consciência nas situações V- ser fiscalizado no âmbito profissional e sanitário, obrigatoria-
de conflito entre a ciência e os direitos e garantias fundamentais mente, por farmacêutico;
previstos na Constituição Federal. VI- ter acesso a todas as informações técnicas e ferramentas
Art. 3º - A dimensão ética profissional é determinada em todos tecnológicas existentes, relacionadas ao seu local de trabalho e ao
os seus atos, sem qualquer discriminação, pelo benefício ao ser hu- pleno exercício da profissão, relativas ao período em que esteve no
mano, aos demais seres vivos, ao meio ambiente, e pela responsa- desempenho de suas atribuições;
bilidade social e consciência de cidadania. VII- realizar, com base nas necessidades de saúde do paciente
Art. 4º - Todos os inscritos respondem individualmente ou, de e em conformidade com as políticas de saúde vigentes, a prescrição
forma (responsabilidade) solidária, na forma da lei, ainda que por de medicamentos e outros produtos com finalidade terapêutica,
omissão, pelos atos que praticarem, autorizarem ou delegarem no cuja dispensação não exija prescrição médica, incluindo medica-
exercício da profissão. mentos industrializados e preparações magistrais e oficinais (alo-
Parágrafo único - O farmacêutico que exercer a responsabili- páticos ou homeopáticos), fitoterápicos, plantas medicinais, drogas
dade técnica, a assistência técnica ou a substituição nos estabele- vegetais e outras categorias ou relações de medicamentos que ve-
cimentos somente terá contra si instaurado um processo ético, na nham a ser aprovadas pelo órgão sanitário federal para prescrição
medida da culpabilidade dele. do farmacêutico, desde que devidamente documentada, visando à
Art. 5º - Todos os inscritos devem exercer a profissão com hon- promoção, proteção e recuperação da saúde, e à prevenção de do-
ra e dignidade, devendo dispor de condições de trabalho e receber enças e de outros problemas de saúde;
justa remuneração por seu desempenho. VIII- prescrever medicamentos de acordo com protocolos apro-
Art. 6º - Todos os inscritos devem zelar pelo desempenho ético, vados para uso no âmbito de instituições de saúde ou quando da
mantendo o prestígio e o elevado conceito de sua profissão. formalização de acordos de colaboração com outros prescritores ou
Art. 7° - Todos os inscritos devem manter atualizados os seus instituições de saúde, desde que atendidas as normativas vigentes;
conhecimentos técnicos e científicos para aprimorar, de forma con- IX- realizar a intercambialidade de medicamentos, respeitando
tínua, o desempenho da atividade profissional. a decisão do usuário, dentro dos limites legais, e documentando o
Art. 8º - A profissão farmacêutica deve ser exercida com vistas ato;
à promoção, prevenção e recuperação da saúde, e sem fins mera- X- recusar o fornecimento de medicamentos a estabelecimen-
mente mercantilistas. tos que não cumpram os requisitos legais para aquisição;
Art. 9º - O trabalho do farmacêutico deve ser exercido com XI- estabelecer e perceber honorários para os serviços presta-
autonomia técnica e sem a inadequada interferência de terceiros, dos, de forma justa e digna;
tampouco com objetivo meramente de lucro, finalidade política, XII- receber estagiários, respeitando as normas e legislações
religiosa ou outra forma de exploração em desfavor da sociedade. preconizadas para estágio supervisionado, bem como a capacidade
Art. 10 - Todos os inscritos devem cumprir as disposições legais de alocação da unidade ou estabelecimento farmacêutico;
e regulamentares que regem a prática profissional no país, inclusive XIII- utilizar as mídias sociais na divulgação de informações
aquelas previstas em normas sanitárias, sob pena de aplicação de cientificas, baseadas em evidências, nos limites legais e regulamen-
sanções disciplinares e éticas regidas por este regulamento. tares, que esclareçam a população sobre o uso racional de medica-
Art. 11 - Todos os inscritos devem exercer a profissão com jus- mentos e abordem temas que promovam a saúde e a segurança do
tiça, compromisso, equidade, resolutividade, dignidade, competên- paciente, sem cunho promocional;
cia, responsabilidade, honestidade, legalidade e moralidade. XIV- decidir, justificadamente, sobre a dispensação ou não de
qualquer prescrição objetivando a garantia, a segurança e a eficá-
cia da terapêutica e observando o uso racional de medicamentos e

234
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO CRF/RJ E DO CFF

outros produtos para a saúde, bem como fornecer as orientações VIII- utilizar dados técnico-científicos baseados na melhor evi-
necessárias ao usuário e informações solicitadas pelo prescritor e dência disponível;
órgão fiscalizador. IX - executar, quando aplicável, as atribuições clínicas;
Art. 13 - É direito de todos os inscritos no CRF: X- prestar orientação farmacêutica, com vista a esclarecer aos
I- exercer a profissão sem qualquer discriminação, seja por mo- pacientes os benefícios esperados dos tratamentos farmacológicos
tivo de religião, etnia, identidade de gênero, raça, nacionalidade, e o risco de efeitos adversos, interações entre medicamentos e en-
idade, condição social, opinião política, deficiência ou de qualquer tre esses e alimentos, álcool e tabaco, bem como orientar a respeito
outra natureza vedada por lei; de aspectos relacionados ao preparo, conservação e uso seguro dos
II- recusar-se a exercer a profissão em instituição pública ou pri- medicamentos;
vada sem condições dignas de trabalho ou que possam prejudicar XI- elaborar por escrito, e de forma organizada, o Manual de
o usuário, com direito a representação às autoridades sanitárias e Boas Práticas Farmacêuticas, assim como os Procedimentos Opera-
profissionais; cionais Padrão (POPs) que contemplem todas as atividades executa-
III- exercer a profissão com autonomia, não sendo obrigado a das, mantendo-os atualizados e disponíveis a todos os funcionários
prestar serviços que contrariem os ditames da legislação vigente; envolvidos nas atividades;
IV- ser valorizado e respeitado no exercício da profissão, inde- XII- supervisionar os conteúdos expostos pelo estabelecimento
pendentemente da função que exerce ou do cargo que ocupe; com o qual mantém vínculo profissional nas redes sociais, em sítios
V- não ser limitado, por disposição estatutária ou regimental eletrônicos e demais meios de comunicação, fazendo cumprir as
de estabelecimento farmacêutico, tampouco de instituição pública normas técnicas e a legislação vigente;
ou privada, na escolha dos meios cientificamente reconhecidos a XIII- atender os prazos regulamentares, em qualquer instância,
serem utilizados no exercício da profissão; de tramitação de processo administrativo.
VI- recorrer ao CRF, de forma fundamentada, quando impedido Art. 15 - Todos os inscritos em um CRF, independentemente de
de cumprir o presente código, a legislação do exercício profissional estar ou não no exercício efetivo da profissão, devem:
e as resoluções, decisões e pareceres normativos emanados do CFF, I- dispor seus serviços profissionais às autoridades constituídas,
bem como do CRF e de demais autoridades; ainda que sem remuneração ou qualquer outra vantagem pessoal,
VII- negar-se a ser filmado, fotografado e exposto em mídias em caso de conflito social interno, catástrofe, epidemia, pandemia
sociais, durante o desempenho de suas atividades profissionais; ou qualquer tipo de desastre natural decretado por autoridades le-
VIII- ser respeitado por colaboradores, gestores, empregado- galmente competentes;
res, usuários e pacientes de estabelecimento de saúde onde atua II- recusar o recebimento de medicamentos ou outros produtos
no exercício da profissão, recusando-se de forma respeitosa, a so- para a saúde sem registro/notificação na Anvisa, quando aplicável,
frer qualquer tipo de coação, agressão ou violência. sem rastreabilidade de sua origem, sem documento fiscal ou equi-
valente, ou em desacordo com a legislação vigente;
CAPÍTULO III III- exercer a profissão respeitando os atos, as diretrizes, as nor-
DOS DEVERES mas técnicas e a legislação vigentes;
IV- respeitar o direito de decisão do usuário sobre o tratamen-
Art. 14 - O farmacêutico, durante o tempo em que permanecer to, a própria saúde e bem-estar dele, excetuando-se aquele que,
inscrito em um CRF, independentemente de estar ou não no exercí- mediante laudo médico ou determinação judicial, for considerado
cio efetivo da profissão, deve: incapaz de discernir sobre opções de tratamento ou decidir sobre
I- comunicar ao CRF e às autoridades competentes os fatos que sua própria saúde e bem-estar;
caracterizem infringência a este código e às normas que regulam o V- comunicar ao CRF e às autoridades competentes a recusa
exercício das atividades farmacêuticas; em se submeter à prática de atividade contrária à lei ou regula-
II- supervisionar, nos limites da lei, os colaboradores para atua- mento, bem como a desvinculação do cargo, função ou emprego,
rem no auxílio ao exercício das suas atividades; motivada pela necessidade de preservar os legítimos interesses da
III- fornecer orientações necessárias ao usuário, objetivando a profissão e da saúde;
garantia, a segurança e a efetividade da terapêutica, observando o VI- guardar sigilo de fatos e informações de que tenha conhe-
uso racional de medicamentos; cimento no exercício da profissão, excetuando-se os casos ampa-
IV- avaliar a prescrição, decidindo, justificadamente, pela não rados pela legislação vigente, cujo dever legal exija comunicação,
dispensação ou aviamento; denúncia ou relato a quem de direito;
V- participar, promover e registrar as atividades de treinamen- VII- respeitar a vida, jamais cooperando com atos que intencio-
to operacional e educação continuada, bem como definir manuais nalmente atentem contra ela ou que coloquem em risco a integri-
de boas práticas, procedimentos operacionais padrões e seus aper- dade de qualquer ser vivo ou da coletividade;
feiçoamentos, zelando pelos seus cumprimentos, estando esses VIII- assumir, com responsabilidade social, ética, sanitária, am-
acessíveis a todos os funcionários envolvidos nas atividades e aos biental e educativa, sua função na determinação de padrões de-
órgãos de fiscalização; sejáveis em todo o âmbito profissional, inclusive nas atividades de
VI- participar da elaboração e zelar pelo cumprimento do Plano ensino;
de Gerenciamento de Resíduos de Serviços da Saúde (PGRSS) do IX- contribuir para a promoção, proteção e recuperação da saú-
local sob sua responsabilidade; de individual e coletiva da pessoa humana e dos animais;
VII- notificar os profissionais da saúde e os órgãos sanitários X- garantir ao usuário o acesso à informação independente, e
competentes, bem como o laboratório industrial ou a farmácia de fonte confiável, sobre as práticas terapêuticas, sem detrimento
com manipulação envolvidos, quaisquer desvios de qualidade e/ou às oficialmente reconhecidas no país, de modo a possibilitar a sua
eventos adversos; livre escolha;

235
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO CRF/RJ E DO CFF

XI- denunciar às autoridades competentes quaisquer formas de CAPÍTULO IV


agressão ao meio ambiente e os riscos inerentes ao trabalho, que DAS PROIBIÇÕES
sejam prejudiciais à saúde e à vida;
XII- comunicar formalmente ao CRF, em até 5 (cinco) dias úteis, Art. 17 - É proibido ao farmacêutico:
o encerramento de seu vínculo profissional de qualquer natureza, I- exercer simultaneamente a Medicina;
independentemente de retenção de documentos pelo empregador; II- produzir, manipular, fornecer, manter em estoque, arma-
XIII- basear suas relações com os demais profissionais com ur- zenar, comercializar, dispensar ou permitir que sejam dispensados
banidade, respeito mútuo, cooperação técnica, liberdade e inde- meio, instrumento, substância, conhecimento, medicamento, fór-
pendência de cada um, desde que observadas as evidências cien- mula magistral/oficinal ou especialidade farmacêutica, fracionada
tíficas; ou não, que não inclua a identificação clara e precisa sobre a(s)
XIV- respeitar as normas éticas nacionais vigentes, bem como substância(s) ativa(s) nela contida(s), suas respectivas quantidades,
proteger a vulnerabilidade dos envolvidos, ao participar de pesqui- bem como informações imprescindíveis de rotulagem e garantia da
sas envolvendo seres humanos ou animais; procedência e rastreabilidade, contrariando as normas legais e téc-
XV- promover ações que garantam a qualidade em todas as nicas, excetuando-se a dispensação hospitalar interna, em que po-
áreas inerentes à atividade farmacêutica; derá haver a codificação do medicamento que for fracionado sem,
XVI- cumprir os princípios de biossegurança, bem como aplicar contudo, omitir o seu nome ou fórmula;
medidas técnicas, administrativas e normativas para prevenir aci- III- extrair, produzir, fabricar, transformar, beneficiar, preparar,
dentes de trabalho, à saúde pública e ao meio ambiente; manipular, purificar, embalar, reembalar medicamento, produto,
XVII- exercer as atividades farmacêuticas conforme as normas substância ou insumo, em contrariedade à legislação vigente, ou
especificas vigentes para cada atividade, mantendo efetivo controle permitir que tais práticas sejam realizadas;
da qualidade no âmbito interno e externo, assim como o cumpri- IV- armazenar, estocar, manter em depósito, ainda que transito-
mento de boas práticas laboratoriais; riamente, distribuir, transportar, importar, exportar, trazer consigo
XVIII- tratar com respeito e urbanidade os farmacêuticos fis- medicamento, produto, substância ou insumo, em contrariedade à
cais, permitindo que promovam todos os atos necessários à verifi- legislação vigente, ou permitir que tais práticas sejam realizadas;
cação da execução do exercício da profissão farmacêutica; V- fracionar medicamento, produto, substância ou insumo, em
XIX- informar ao CRF, os estabelecimentos farmacêuticos que contrariedade à legislação vigente, ou permitir que tais práticas se-
estejam recebendo estagiários de cursos de graduação em Farmá- jam realizadas;
cia, em desacordo com a legislação vigente; VI- expor, comercializar, dispensar ou entregar para o consumo
XX- Notificar, no que couber em seu âmbito de atuação profis- medicamento, produto, substância ou insumo, em contrariedade à
sional, os órgãos de saúde, vigilância epidemiológica ou outros, legislação vigente, ou permitir que tais práticas sejam realizadas;
quando da detecção de agravo decorrente de doenças de notifi- VII- prescrever, ministrar ou utilizar medicamento, produto,
cação compulsória, seja por meio de exames laboratoriais, testes substância ou insumo, em contrariedade à legislação vigente, ou
rápidos ou em rastreamento em saúde; permitir que tais práticas sejam realizadas;
XXI- documentar as orientações técnicas fornecidas aos cola- VIII- delegar ou permitir que outros profissionais pratiquem
boradores para a correta execução das atividades. atos ou atribuições privativas da profissão farmacêutica;
Art. 16 - O farmacêutico deve comunicar formalmente ao CRF, IX- fornecer, dispensar ou permitir que sejam dispensados, sob
pelas maneiras disponíveis definidas pelo respectivo regional, o seu qualquer forma, substância, medicamento ou fármaco para uso
afastamento temporário das atividades profissionais pelas quais diverso da indicação para a qual foi licenciado, salvo quando ba-
detém responsabilidade/assistência técnica, quando não houver seado em evidência ou mediante entendimento com o prescritor,
outro farmacêutico que, legalmente, o substitua. formalizado por escrito no verso da prescrição, prontuário ou em
§ 1º - Na hipótese de afastamento por motivo de doença, aci- documento específico;
dente pessoal, licença maternidade, óbito de familiar ou por outro X- coordenar, supervisionar, assessorar ou exercer a fiscalização
imprevisível, que requeira avaliação pelo CRF, a comunicação for- sanitária ou profissional quando for sócio ou acionista de qualquer
mal e documentada deverá ocorrer em até 5 (cinco) dias úteis após categoria, ou interessado por qualquer forma, bem como prestar
o fato, acompanhada de documentos comprobatórios válidos pela serviços a empresa ou estabelecimento que forneça drogas, medi-
legislação vigente. camentos, insumos farmacêuticos e correlatos, assim como a labo-
§ 2º - Quando o afastamento ocorrer por motivo previamente ratórios, distribuidoras ou indústrias, com ou sem vínculo empre-
agendado, como férias, congressos e cursos de aperfeiçoamento re- gatício;
lacionados à área de atuação farmacêutica, a comunicação ao CRF XI- intitular-se responsável técnico por qualquer estabeleci-
deverá ocorrer com antecedência mínima de 12 (doze) horas. mento sem a autorização prévia do CRF, comprovada mediante a
Certidão de Regularidade correspondente;
XII- dispensar ou aviar prescrições médicas ou de outros profis-
sionais em desacordo com a técnica farmacêutica e/ou as boas prá-
ticas de farmácia e/ou a legislação vigente;
XIII- produzir, fabricar, fornecer, em desacordo com a legisla-
ção vigente, radiofármacos e conjuntos de reativos ou reagentes,
destinados às diferentes análises complementares do diagnóstico
clínico;

236
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO CRF/RJ E DO CFF

XIV- alterar o processo de fabricação de produtos sujeitos a XIII- aceitar ser perito, auditor ou relator de qualquer processo
controle sanitário, modificar os seus componentes básicos, nomes ou procedimento, quando houver interesse, envolvimento pessoal,
e demais elementos objeto do registro, contrariando as disposições familiar ou institucional, e quando não estiver devidamente habili-
legais e regulamentares; tado e/ou capacitado;
XV- receber estagiário de curso de graduação em Farmácia e/ XIV- permitir interferência nos resultados apresentados como
ou de pós-graduação sem o Termo de Compromisso de Estágio, ou perito ou auditor;
outro documento que vier a substituí-lo, para a instituição na qual XV- exercer a profissão farmacêutica quando estiver sob a san-
trabalha; ção disciplinar de suspensão;
XVI- exercer o magistério, coordenar, supervisionar ou ser pre- XVI- exercer deliberadamente a profissão em estabelecimento
ceptor de estágio em cursos de graduação e/ou de pós-graduação não registrado/cadastrado ou não licenciado nos órgãos do exercí-
na área da Farmácia, que descumpram a legislação vigente. cio profissional e/ou de fiscalização sanitária;
XVII- deixar de prestar assistência farmacêutica em horário de- XVII- aceitar a interferência de leigos em seus trabalhos e em
clarado ao CRF. suas decisões de natureza profissional, bem como permitir que es-
Art. 18 - É proibido a todos os inscritos no CRF: ses desautorizem ou desconsiderem as orientações técnicas emiti-
I- participar de qualquer tipo de experiência com fins bélicos, das pelo farmacêutico;
raciais ou eugênicos, bem como de pesquisa não aprovada por Co- XVIII- omitir-se ou acumpliciar-se com os que exercem ilegal-
mitê de Ética em Pesquisa/Comissão Nacional de Ética em Pesquisa mente a atividade farmacêutica ou com profissionais ou instituições
(CEP/CONEP) ou Comissão de Ética no Uso de Animais; que pratiquem atos ilícitos em qualquer das suas áreas de abran-
II- divulgar informações sigilosas de que tenha conhecimento, gência;
quando em participação de comissões, reuniões, auditoria interna XIX- assinar trabalho realizado por outrem, alheio à sua execu-
ou externa, ou em qualquer outro tipo de processo avaliativo ou ção, orientação, supervisão ou fiscalização ou, ainda, assumir res-
investigativo; ponsabilidade por ato que não praticou ou do qual não participou;
III- exercer atividade não reconhecida pelo CFF, ou que não te- XX- prevalecer-se de cargo de liderança ou empregador para
nha aptidão ou qualificação mínima necessária para as atividades desrespeitar a dignidade de subordinados, bem como para praticar
reconhecidas; ou exigir que se pratique ato em desconformidade com a técnica ou
IV- praticar ato profissional que cause dano material, físico, mo- norma vigente;
ral ou psicológico e/ou que possa ser caracterizado como imperícia, XXI- pleitear, de forma desleal, para si ou para outrem, empre-
negligência ou imprudência; go, cargo ou função exercidos por outro profissional, assim como
V- permitir a utilização do seu nome por qualquer estabeleci- praticar atos de concorrência desleal;
mento ou instituição onde não exerça pessoal e efetivamente a sua XXII- exercer atividade no âmbito da profissão farmacêutica em
função; interação com outros profissionais, concedendo vantagem de qual-
VI- realizar ou participar de atos fraudulentos em qualquer área quer natureza aos demais profissionais habilitados para o direcio-
da profissão ou usar desta para favorecer ou facilitar a ação crimi- namento de usuário, ferindo o direito dele de escolher livremente o
nosa; serviço e o profissional;
VII- fornecer meio, instrumento, substância, medicamento, XXIII- receber remuneração por serviços que não tenha efeti-
fórmula magistral ou conhecimento para induzir à prática, ou dela vamente prestado;
participar, de tortura, eutanásia, aborto ilegal, toxicomania ou de XXIV- submeter-se a fins meramente mercantilistas que ve-
quaisquer outras formas de procedimento degradante ou cruel em nham a comprometer o seu desempenho técnico, em prejuízo da
relação ao ser humano e aos animais; sua atividade profissional;
VIII- manter em estoque, ainda que transitoriamente, ou arma- XXV- deixar de obter de participante de pesquisa ou de seu
zenar instrumento, substância, medicamento, fórmula magistral/ representante legal o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
oficinal ou especialidade farmacêutica, fracionada ou não, que não (TCLE) para a sua realização envolvendo seres humanos, após as
inclua a identificação clara e precisa sobre a(s) substância(s) ativa(s) devidas explicações sobre a sua natureza e as suas consequências,
nela contida(s), suas respectivas quantidades, ou informações im- quando exigido pela legislação vigente;
prescindíveis de rotulagem e garantia da procedência e rastreabi- XXVI- conduzir pesquisa ou utilizar dados envolvendo seres hu-
lidade, contrariando as normas legais e técnicas, excetuando-se a manos ou animais, sem submetê-la à avaliação prévia do respectivo
dispensação hospitalar interna, em que poderá haver a codificação Comitê de Ética em Pesquisa;
do medicamento que for fracionado sem, contudo, omitir o seu XXVII- utilizar-se de conhecimentos da profissão com a finalida-
nome ou fórmula; de de cometer ou favorecer atos ilícitos de qualquer espécie;
IX- dificultar a ação fiscalizadora ou desacatar as autoridades XXVIII- fazer uso, elaborar, produzir documento, atestado, cer-
sanitárias ou profissionais, quando no exercício das suas funções; tidão ou declaração falsos ou alterados;
X- aceitar ou pagar remuneração abaixo do estabelecido como XXIX- permitir que terceiros tenham acesso a senhas pessoais,
o piso salarial oriundo de acordo, convenção coletiva ou dissídio da sigilosas e intransferíveis, bem como a dispositivos certificadores
categoria, quando aplicável; digitais utilizados para identificação e validação em sistemas infor-
XI- declarar possuir títulos científicos ou de especialização que matizados inerentes à sua atividade profissional;
não possa comprovar, nos termos da lei; XXX- exercer interação com outros estabelecimentos, farma-
XII- exercer atividade ou realizar procedimento no âmbito da cêuticos ou não, de forma a viabilizar a realização de prática vedada
profissão, sem comprovação da habilitação, quando aplicável, pe- em lei ou regulamento, exceto em situações emergenciais devida-
rante o CRF; mente justificadas e documentadas;

237
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO CRF/RJ E DO CFF

XXXI- produzir e/ou divulgar, por qualquer meio, informação XLVIII - praticar perseguições, assédios ou impor penalidades,
sobre temas farmacêuticos ou de saúde em geral de conteúdo inve- trabalhos degradantes ou jornadas extenuantes ao farmacêutico
rídico, sensacionalista, promocional, que não possua a devida com- subordinado, valendo-se da posição ou cargo de chefia.
provação ou que contrarie a legislação vigente; Art. 19 - Quando atuando no serviço público, é vedado ao ins-
XXXII- promover a utilização de substâncias ou a comercializa- crito no CRF:
ção de produtos que não tenham a indicação terapêutica analisada I- utilizar-se do serviço, emprego ou cargo público para realizar
e aprovada, bem como aquele, que não estejam descritos em lite- trabalho de empresa privada de sua propriedade ou de outrem, ob-
ratura ou compêndio nacionais ou internacionais reconhecidos pelo tendo vantagens indevidas para si ou para terceiros;
órgão sanitário federal; II- cobrar ou receber remuneração do usuário do serviço.
XXXIII- utilizar-se de qualquer meio ou forma para difamar, ca-
luniar, injuriar ou divulgar preconceitos e apologia a atos ilícitos ou CAPÍTULO V
vedados por lei específica; DA PUBLICIDADE E DOS TRABALHOS CIENTÍFICOS
XXXIV- exercer sem a qualificação necessária o magistério de
nível superior, tal como utilizar essa prática para aproveitar-se de Art. 20 - É vedado ao inscrito em CRF:
terceiros em benefício próprio ou para obter quaisquer vantagens I- divulgar assunto ou descoberta de conteúdo inverídico, ou
pessoais; que não possua a devida comprovação;
XXXV- exercer a profissão e funções relacionadas à Farmácia, II- publicar, em seu nome, trabalho científico do qual não tenha
exclusivas ou não, sem a necessária habilitação legal; participado, ou atribuir-se a autoria exclusiva, quando houver parti-
XXXVI- fazer declarações injuriosas, caluniosas, difamatórias ou cipação de subordinados ou outros profissionais, farmacêuticos ou
que depreciem o profissional inscrito, a profissão, as instituições, as não;
entidades farmacêuticas, seus representantes, funcionários e cola- III- promover publicidade enganosa ou abusiva da boa-fé do
boradores, sob qualquer forma ou meio de comunicação ou redes usuário;
sociais, bem como repercuti-las e/ou compartilhá-las; IV- anunciar produtos farmacêuticos ou processos por quais-
XXXVII- desrespeitar ou discriminar o ser humano no exercício quer meios capazes de induzir ao uso indevido e indiscriminado de
da atividade farmacêutica; medicamentos ou de outros produtos farmacêuticos;
XXXVIII- Deixar de notificar, no que couber em seu âmbito de V- utilizar-se, sem referência ao autor ou sem a sua autorização
atuação profissional, os órgãos de saúde, vigilância epidemiológica expressa, de dados ou informações, publicados ou não;
ou outros, quando da detecção de agravo decorrente de doenças VI- deixar de incluir nas divulgações profissionais, de qualquer
de notificação compulsória, seja por meio de exames laboratoriais, ordem, o seu número de inscrição no CRF.
testes rápidos ou em rastreamento em saúde;
XXXIX- fazer propaganda de substância, medicamento, procedi- TÍTULO II
mento ou técnica em saúde que contrarie a norma vigente, induza o DAS RELAÇÕES PROFISSIONAIS
usuário a erro, à exposição indevida ou ao uso irracional;
XL - fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pa- Art. 21 - O profissional, perante seus pares e demais profissio-
ciente ou sua imagem em qualquer meio de comunicação, sob nais, deve comprometer-se a:
qualquer pretexto, salvo se possuir autorização expressa e formal I - tratar com urbanidade a sua equipe de trabalho, observando
do paciente; os preceitos éticos;
XLI - receber, para si ou para outrem, vantagem indevida no II- adotar critério justo em suas atividades e nos pronuncia-
exercício da atividade farmacêutica; mentos sobre serviços e funções confiados anteriormente a outro
XLII - valer-se, quando no exercício da profissão, de mecanis- profissional;
mos de coação, omissão ou suborno, com pessoas físicas ou jurídi- III- prestar colaboração aos colegas que dela necessitem, as-
cas, para conseguir qualquer tipo de vantagem indevida; segurando-lhes consideração, apoio e solidariedade que reflitam a
XLIII - fornecer a terceiros qualquer dado relativo ao paciente, harmonia e o prestígio da categoria;
inclusive aqueles provenientes de receita ou de registros da assis- IV- prestigiar iniciativas de interesse da categoria;
tência prestada, que possam de alguma forma identificar o pacien- V- empenhar-se em elevar e firmar seu próprio conceito, pro-
te, o prescritor, ou o respectivo estabelecimento de saúde, em de- curando manter a confiança dos membros da equipe de trabalho e
sacordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD); dos destinatários do seu serviço;
XLIV - manter vínculos profissionais, ou outra atividade qual- VI- manter relacionamento harmonioso com outros profissio-
quer, com incompatibilidade de horário ao declarado nos conselhos nais, limitando-se às suas atribuições, no sentido de garantir unida-
regionais de farmácia; de de ação na realização das atividades a que se propõe, em bene-
XLV - dar falso testemunho ou fazer acusações a colegas de fício individual e coletivo;
profissão farmacêutica ou em detrimento de terceiros, sem possuir VII- denunciar ao conselho regional atos que contrariem os
provas; postulados éticos e legais da profissão;
XLVI - fazer promessas que contrariem as normas legais, profis- VIII- respeitar as opiniões de farmacêuticos e outros profissio-
sionais ou contrárias à fiscalização do exercício profissional, com o nais, mantendo as discussões no plano técnico-científico.
intuito de obter vantagem para si ou a outros, quando candidato a
cargo eletivo ou ocupante de cargo relacionado à profissão farma-
cêutica;
XLVII - reduzir, irregularmente, quando em função de chefia ou
coordenação, a remuneração devida a outro profissional;

238
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO CRF/RJ E DO CFF

TÍTULO III TÍTULO V


DAS RELAÇÕES COM OS CONSELHOS FEDERAL E REGIONAIS DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
DE FARMÁCIA
Art. 25 - As normas deste Código aplicam-se a todos os inscritos
Art. 22 - Na relação com os conselhos, obriga-se o inscrito a: no CRF.
I- cumprir as normas (resoluções e deliberações) e as determi- Art. 26 - A verificação do cumprimento das normas estabeleci-
nações (acórdãos e decisões) dos Conselhos Federal e Regionais de das neste Código é atribuição precípua do CFF, dos Conselhos Re-
Farmácia; gionais de Farmácia e suas Comissões de Ética, sem prejuízo das
II- prestar com fidelidade e veracidade as informações que lhe autoridades da área da saúde, policial e judicial, dos farmacêuticos
forem solicitadas, bem como as fornecidas voluntariamente a res- e da sociedade.
peito do seu exercício profissional; Art. 27 - A apuração das infrações éticas compete ao CRF em
III- comunicar ao CRF em que estiver inscrito toda e qualquer que o profissional estiver inscrito, ao tempo do fato punível em que
conduta ilegal ou antiética que observar na prática profissional; incorreu.
IV- atender a convocação, intimação, notificação ou requisição Art. 28 - O profissional portador de doença que o incapacite ao
administrativa no prazo determinado, feitas pelos Conselhos Fede- exercício da profissão farmacêutica, atestada em instância adminis-
ral e Regionais de Farmácia, a não ser por motivo de força maior, trativa, judicial ou médica, e certificada pelo CRF, terá o seu regis-
comprovadamente justificado; tro e as suas atividades profissionais suspensas de ofício, enquanto
V- tratar com respeito e urbanidade os empregados, conselhei- perdurar sua incapacidade.
ros, diretores e demais representantes dos Conselhos Federal e Re- Art. 29 - O profissional condenado por sentença criminal transi-
gionais de Farmácia. tada em julgado ficará, ex officio, suspenso da atividade, enquanto
Art. 23 - O profissional, no exercício de sua função, é obriga- durar a execução da pena privativa de liberdade em regime fecha-
do a informar por escrito e manter atualizado perante o respectivo do.
Conselho Regional de Farmácia todos os seus vínculos, com dados Parágrafo único - O profissional preso, provisória ou preventi-
completos da empresa (razão social, nome(s) do(s) sócio(s), Cadas- vamente, também ficará ex officio suspenso de exercer as suas ati-
tro Nacional da Pessoa Jurídica (C.N.P.J)., endereço, horários de vidades, enquanto durar a pena privativa de liberdade em regime
funcionamento, horário de assistência, endereços residencial e ele- fechado.
trônico, telefone, bem como qualquer outra atividade farmacêutica Art. 30 - Prescreve em 24 (vinte e quatro) meses a constatação
ou não. fiscal de ausência do farmacêutico no(s) estabelecimento(s), por
meio de auto de infração ou termo de visita, para efeito de instau-
TÍTULO IV ração de processo ético.
DAS INFRAÇÕES E SANÇÕES DISCIPLINARES Art. 31 - O CFF, ouvido cada CRF e a categoria farmacêutica me-
diante consulta pública, promoverá, quando necessário, a revisão e
Art. 24 - As sanções disciplinares, definidas nos termos da a atualização deste Código.
seção III desta resolução, e conforme previstas na Lei Federal nº Art. 32 - As omissões deste Código serão decididas pelo CFF.
3.820/60, consistem em:
I- advertência, com ou sem o uso da palavra “censura”, sem SEÇÃO II
publicidade, mas com registro no prontuário; CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO
II- multa no valor de 1 (um) salário mínimo a 3 (três) salários
mínimos regionais, que será elevada ao dobro em caso de reinci- TÍTULO I
dência; DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
III- suspensão de 3 (três) meses a 1 (um) ano; IV - eliminação.
§ 1º - A deliberação do conselho precederá, sempre, de audi- CAPÍTULO I
ência prévia do acusado, sendo-lhe designado defensor dativo, se o DO PROCESSO
profissional não for encontrado nos endereços por ele fornecidos e
registrados em seu cadastro, ou se deixar o processo à revelia. Art. 1º - A apuração ética, nos Conselhos Regionais de Farmá-
§ 2º - Da imposição de qualquer penalidade caberá recurso, no cia, reger-se-á por este Código, aplicando-se, supletivamente, os
prazo de 30 (trinta) dias úteis, contados da ciência, para o CFF. princípios gerais de direito aos casos omissos ou lacunosos.
§ 3º - Considera-se violação a um dispositivo descrito na se- Art. 2º - A competência disciplinar é do CRF em que o faltoso
ção I desta resolução cada caso ou falta, sendo permitida aplicação estiver inscrito ao tempo do fato punível em que incorreu, devendo
cumulativa de sanções. o processo ser instaurado, instruído e julgado em caráter sigiloso,
sendo permitida vista dos autos apenas às partes (indiciado e CRF)
e aos procuradores constituídos.
§ 1º - No decurso da apuração ética, poderá o profissional so-
licitar transferência para outro CRF, sem interrupção do processo
ético no CRF em que se apura a falta cometida, devendo o CRF jul-
gador, após o processo transitado em julgado, informar ao CRF em
que o profissional estiver inscrito quanto ao teor do veredicto e à
penalidade imposta.

239
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO CRF/RJ E DO CFF

§ 2º - Por se tratar de direito intertemporal, o processo ético TÍTULO II


não será suspenso nem encerrado na hipótese de pedido de desli- DOS PROCEDIMENTOS
gamento ou cancelamento de inscrição profissional, e deverá seguir
seu regular procedimento. CAPÍTULO I
§ 3º - O terceiro interessado terá acesso somente à decisão DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA
final, mas poderá a todo e a qualquer tempo ter ciência do anda-
mento processual, sem acessar os autos ou obter cópia. Art. 8º - A apuração do processo ético-disciplinar inicia-se por
Art. 3º - Os CRFs instituirão comissões de ética, com a compe- ato do presidente do CRF, ou seu substituto regimental, quando
tência de emitir parecer, justificadamente, pela abertura ou não de este:
processo ético-disciplinar. I- tomar ciência inequívoca do ato ou matéria que caracterize
§ 1º - Cada Comissão de Ética será composta por, no mínimo, 3 infração ética profissional;
(três) farmacêuticos nomeados pela Diretoria do CRF, homologados II- tomar conhecimento de infração ética profissional por meio
pelo Plenário, com mandato igual ao da Diretoria. do Relatório de Fiscalização do CRF.
§ 2º - Compete à Comissão de Ética escolher, entre os seus Parágrafo único - Na hipótese de impedimento ou suspeição
membros, o seu presidente. de todos os diretores, o protocolo deverá ser encaminhado, dire-
§ 3º - É vedada à Diretoria, aos conselheiros e empregados do tamente, à Comissão de Ética, cujo parecer do seu presidente pela
CRF, a participação como membro da Comissão de Ética. abertura, ou não, do processo ético-disciplinar, deverá ser analisa-
§ 4º - Verificada a ocorrência de vaga na Comissão de Ética, a do pelo Plenário.
Diretoria do CRF nomeará o substituto para exercer a função, me- Art. 9º - O presidente do CRF encaminhará, em até 30 (trin-
diante homologação pelo Plenário e mandato igual ao da Diretoria. ta) dias úteis do conhecimento do fato, despacho ao presidente
§ 5º - Os custos necessários à realização dos trabalhos da Co- da Comissão de Ética, determinando a análise e a decisão sobre a
missão de Ética deverão ser arcados pelo CRF, vedado o pagamento viabilidade de abertura de processo ético-disciplinar, com base nos
de qualquer tipo de gratificação aos seus membros. indícios apresentados na denúncia recebida.
§ 6º - Os conselhos poderão constituir mais de uma Comissão § 1º - O presidente da Comissão de Ética terá o prazo de 30
de Ética para o atendimento adequado na extensão do território (trinta) dias úteis, contados a partir do recebimento da solicitação,
sob sua jurisdição. para entregar o parecer, que pode ser monocrático ou em conjun-
Art. 4º - O presidente do CRF nomeará defensor(es) dativo(s) to com os demais membros, prorrogáveis por mais 30 (trinta) dias
que deverá(rão) ser homologado(s) pela Diretoria, com mandato úteis, quando da necessidade de requerimento de documentos ou
igual ao desta. para diligências complementares.
§ 1º - O defensor dativo deve ser isento de conflitos de interes- § 2º - O parecer da Comissão de Ética deverá conter uma parte
ses com o indiciado, não podendo estar respondendo a processo expositiva, em que serão fundamentados os motivos, e uma conclu-
ético e nem estar cumprindo penalidade imposta pelo CRF. siva, na qual será aposta a expressão “pela instauração de processo
§ 2º - É vedado à Diretoria, aos conselheiros e empregados do ético-disciplinar” ou “pelo arquivamento”, sendo que, no primeiro
CRF, a participação como defensor dativo. caso, deverão constar os dispositivos do Código de Ética, em tese,
Art. 5º - A apuração ética obedecerá cronologicamente para a infringidos.
sua tramitação os seguintes passos: § 3º - No período de transição de gestão dos CRFs, enquanto
I- recebimento da denúncia; não houver Comissão de Ética nomeada, os prazos previstos ficam
II- instauração ou arquivamento; suspensos por, no máximo, 90 (noventa) dias úteis.
III- montagem do processo ético-disciplinar;
IV - instalação dos trabalhos; CAPÍTULO II
V - conclusão da Comissão de Ética; DA INSTAURAÇÃO OU ARQUIVAMENTO
VI - julgamento;
VII- recurso; Art. 10 - O presidente do CRF analisará o parecer do presidente
VIII- execução; da Comissão de Ética, e despachará, em consonância com o pare-
IX- revisão. cer, pela instauração ou não do processo ético-disciplinar, no prazo
Art. 6º - Compete ao CRF processar e julgar em primeira instân- de até 30 (trinta) dias úteis.
cia os profissionais sob sua jurisdição e seus membros colegiados,
inclusive gestores e conselheiros, observado o princípio da segre- CAPÍTULO III
gação. DA MONTAGEM DO PROCESSO ÉTICO-DISCIPLINAR
Art. 7º - Compete ao Plenário do CFF julgar em instância recur-
sal os processos disciplinares éticos. Art. 11 - Instaurado o processo ético-disciplinar, mediante des-
pacho do presidente do CRF, a secretaria o registrará por escrito,
atribuindo-lhe um número e, de imediato, o encaminhará à Comis-
são de Ética.
Art. 12 - O processo será formalizado por meio de autos, que
poderá ocorrer por meio eletrônico, com peças anexadas por ter-
mo, com folhas numeradas, sendo os despachos, pareceres e deci-
sões juntados, preferencialmente, em ordem cronológica.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO CRF/RJ E DO CFF

CAPÍTULO IV II- cabe ao presidente da Comissão de Ética ou ao membro rela-


DA INSTALAÇÃO DOS TRABALHOS tor determinar a ordem de entrada e a permanência no recinto dos
participantes da sessão;
Art. 13 - Recebido o processo, o presidente da Comissão de Éti- III- a Sessão de Depoimento poderá ser gravada em áudio, ex-
ca o instalará, e deverá observar os prazos prescricionais previstos clusivamente, pelo CRF, sendo as gravações anexadas ao processo;
em lei para concluir os seus trabalhos, obedecendo aos seguintes IV- ao final da sessão de depoimento, o relator do processo
procedimentos: oferecerá aos presentes o “Termo de Depoimento”, por escrito,
I - lavrar o competente termo de instalação dos trabalhos; em duas vias de igual teor, o qual deverá ser lido e assinado pelos
II - designar, entre os seus membros, o relator do processo; presentes, sendo uma via anexada aos autos do processo e a outra
III - designar empregado(s) do CRF para secretariar os traba- entregue ao indiciado.
lhos. Art. 16 - A sessão de depoimento poderá ocorrer por meio re-
Art. 14 - Compete ao relator da Comissão de Ética no processo moto, desde que observados os requisitos de segurança da infor-
ético-disciplinar: mação.
I - instruir o processo para julgamento; § 1º - É de responsabilidade de cada uma das partes providen-
II- intimar pessoas mediante correspondência com Aviso de Re- ciar a sua respectiva conexão com a Internet para a participação da
cebimento (AR) ou ciência inequívoca; reunião com os membros da Comissão de Ética.
III- determinar local, dia e hora para a sessão de depoimento do § 2º - Será utilizada ferramenta que possibilite a gravação das
indiciado e oitiva de testemunha; reuniões, ficando os arquivos de vídeo armazenados na rede inter-
IV- determinar a imediata comunicação por meio físico e/ou na do CRF, sob sigilo.
eletrônico ao indiciado, relatando-lhe sobre: § 3º - Caberá a todos os envolvidos a garantia da realização da
a)a abertura do processo ético; reunião em ambiente que assegure o sigilo necessário ao processo,
b)o local, a data e a hora designados para a sessão em que observando sua responsabilidade administrativa, cível e penal por
ocorrerá o seu depoimento; divulgação indevida do conteúdo a terceiros.
c)o direito de arrolar até 3 (três) testemunhas na sua defesa § 4º - Os profissionais indiciados deverão informar, no prazo
prévia, que deverá ser apresentada em até 2 (dois) dias úteis antes de até 2 (dois) dias úteis antes da oitiva, preferencialmente junto à
da data de realização da audiência; defesa prévia, os nomes e contatos (e-mail, telefone, WhatsApp ou
d)o dever do indiciado em garantir o comparecimento das tes- outro meio equivalente) das próprias partes, procuradores e, se for
temunhas arroladas na Sessão de Depoimento designada pela Co- o caso, de até 3 (três) testemunhas.
missão de Ética, independentemente da intimação; § 5º - Na respectiva intimação, o profissional indiciado, seu pro-
e)a faculdade de constituir advogado. curador e as testemunhas, se houver, receberão o mesmo link para
V- determinar a produção de provas ou diligências considera- a reunião:
das necessárias à instrução do processo; I- na sessão de depoimento, a permissão de entrada na sala
VI- emitir relatório. de reunião virtual será concedida pelo presidente da Comissão de
§ 1º - O indiciado ou seu procurador constituído terá acesso ao Ética, conforme ordem de manifestação.
processo, sempre que desejar consultá-lo. II- para a entrada na sala de reunião virtual, todos deverão es-
§ 2º - O acesso ao processo tratado no parágrafo anterior po- tar devidamente identificados com seu nome completo, apresentar
derá, mediante disponibilidade do CRF, ocorrer por meio eletrônico, documento de identificação com foto, e manter a câmera ligada,
mediante cadastro prévio e acesso individualizado ao sistema, sem sendo que o microfone deve permanecer no modo “mudo/off/des-
prejuízo da responsabilidade administrativa, cível e penal do indi- ligado”, sempre que o participante não estiver falando.
ciado ou de seu procurador, por divulgação indevida do conteúdo III- assim que terminar seu depoimento, a testemunha será re-
a terceiros. movida da sala de reunião, não podendo reingressar no local sem
§ 3º - Quando as testemunhas arroladas pelas partes não com- prévia autorização.
parecerem em depoimento previamente agendado, e inexistindo § 6º - O profissional indiciado, procuradores e testemunhas de-
provas documentais aptas a justificar a redesignação, ficará a crité- verão estar disponíveis a partir do horário informado para início da
rio do relator declarar a preclusão desta fase processual, ou rede- sessão de depoimento, podendo ser chamados a qualquer momen-
signar a audiência, hipótese em que o comparecimento das teste- to para ingresso na sala, não sendo possível determinar tempo exa-
munhas será de responsabilidade do indiciado. to de duração de cada depoimento, considerando a particularidade
§ 4º - Na hipótese do não recebimento da comunicação, deverá de cada processo.
o CRF utilizar outros meios de comunicação para cientificar o indi- § 7º - Nos casos em que a respectiva oitiva não tiver inicio no
ciado, como telefone, e-mail, e, por último, pelo envio de corres- horário marcado, será enviada mensagem de texto por meio ele-
pondência para o endereço da Pessoa Jurídica vinculada ao profis- trônico aos depoentes, informando nova data e horário da oitiva.
sional, se pertencente ao quadro societário. § 8º - No caso de o profissional indiciado no processo ético não
§ 5º - Caso seja necessário, poderá ser designado novo relator estar presente quando chamado, a sessão de depoimentos poderá
para o processo, sem prejuízo dos atos já praticados. ser remarcada uma única vez, momento em que também serão ou-
Art. 15 - A sessão de depoimento do indiciado obedecerá ao vidas eventuais testemunhas, desde que haja justificativa para tal,
que segue: ficando a critério da Comissão de Ética esta decisão.
I- somente poderão estar presentes no recinto, os membros da
Comissão de Ética, o depoente e seu procurador, as testemunhas
individualmente, o advogado do CRF e o empregado do CRF respon-
sável por secretariar a Comissão de Ética;

241
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO CRF/RJ E DO CFF

§ 9º - Após o depoimento do profissional indiciado, se alguma CAPÍTULO V


testemunha não se fizer presente quando chamada, a sessão de DA CONCLUSÃO DA COMISSÃO DE ÉTICA
depoimentos poderá ser remarcada uma única vez, caso haja jus-
tificativa plausível para tal, ficando a critério da Comissão de Ética Art. 21 - Concluída a instrução processual, a Comissão de Ética
esta decisão. apresentará o seu relatório. Parágrafo único - O relatório a que alu-
§ 10 - Será considerado revel o indiciado que não comparecer à de o “caput” deste artigo conterá uma parte expositiva,
sessão e não apresentar justificativa pelo não comparecimento, no que inclui um sucinto relato dos fatos, a explícita referência ao
prazo de 5 (cinco) dias úteis, somado à ausência de apresentação de local, data e hora da infração, e a apreciação das provas acolhidas,
defesa prévia e/ou razões finais, havendo a designação de defensor além de uma parte conclusiva, com a apreciação do valor probató-
dativo. rio das provas, indicando expressamente a infração e os dispositivos
§ 11 - Durante a sessão de oitiva, será elaborado o Termo de do Código de Ética infringidos, e se houve ou não culpa.
Depoimento, que será apresentado na tela para acompanhamento Art. 22 - Concluído o processo, o presidente da Comissão de
das partes durante a sessão. Ética remeterá os autos ao presidente do CRF para adoção das pro-
§ 12 - A concordância expressa de todos os presentes com o vidências cabíveis de encaminhamento, visando ao julgamento do
teor do Termo de Depoimento supre a necessidade de assinatura, o processo em sessão plenária.
que constará na ata da sessão, quando não for possível a utilização
de assinatura eletrônica. CAPÍTULO VI
§ 13 - No caso de eventuais problemas técnicos, serão preser- DO JULGAMENTO
vados os atos já praticados, ficando a cargo da Comissão de Ética a
definição por aguardar o restabelecimento das condições necessá- Art. 23 - Recebido o processo, o presidente do CRF terá o prazo
rias para a realização da reunião ou sua remarcação. de até 60 (sessenta) dias úteis para:
§ 14 - Os casos omissos ocorridos nas sessões de depoimento a)marcar a data de julgamento do processo em reunião ple-
serão definidos pela Comissão de Ética. nária;
Art. 17 - O indiciado será notificado na audiência do prazo de b)designar um conselheiro relator entre os conselheiros efeti-
15 (quinze) dias úteis, a contar do dia útil seguinte ao da audiência, vos, com exceção do presidente e do vice-presidente, por distribui-
para apresentar razões finais. ção da secretaria, observados os eventuais impedimentos e suspei-
Parágrafo único - Caso as razões finais sejam protocoladas após ções;
o prazo, será certificada a sua intempestividade, mantendo-se o c)comunicar ao indiciado e ao procurador constituído a data de
documento nos autos do processo, devendo o membro relator e o julgamento, com antecedência mínima de 10 (dez) dias úteis.
Plenário desconsiderarem as argumentações constantes do docu- § 1° - A reunião plenária de julgamento do processo ético-dis-
mento para fins de conclusão e julgamento. ciplinar deverá ser realizada no prazo de 180 (cento e oitenta) dias
Art. 18 - Caso o indiciado não se manifeste à Comissão de Ética úteis, contados a partir da data de recebimento do processo ético-
e também não compareça ao local, no dia e hora marcados para disciplinar pelo presidente do CRF.
prestar depoimento, o presidente da Comissão de Ética somente § 2° - O julgamento do processo ético-disciplinar deverá ser
o convocará novamente se houver apresentação de justificativa finalizado, preferencialmente, no prazo de 1 (um) ano, contado a
plausível de eventual impedimento, declarando-o revel, se ausen- partir da data de recebimento do processo ético- disciplinar pelo
te, sendo que, no prazo de 20 (vinte) dias úteis, o presidente da presidente do CRF.
Comissão de Ética comunicará o ocorrido ao presidente do CRF, re- § 3° - O julgamento atenderá, preferencialmente, à ordem cro-
querendo-lhe a nomeação de defensor dativo, salvo se o indiciado nológica de conclusão dos relatórios pela Comissão de Ética.
tenha apresentado defesa prévia ou, ainda, tenha tomado ciência Art. 24 - O conselheiro relator designado deverá apresentar seu
prévia do processo, presencialmente ou por via digital, hipótese em parecer na data da reunião plenária em que o processo será subme-
que o processo tramitará independentemente da apresentação de tido a julgamento.
defesa. § 1º - O conselheiro relator, uma vez observada a não iminência
§ 1º - O presidente do CRF terá o prazo de 15 (quinze) dias de prescrição e desde que devidamente justificado, poderá perma-
úteis, a contar do recebimento dos autos, para proceder à nomea- necer com os autos por até 2 (duas) reuniões plenárias, podendo-
ção do defensor dativo. se prorrogar por mais 2 (duas) se assim for deliberado pelo Plenário,
§ 2º - O defensor dativo, a partir de sua nomeação, terá o prazo sob pena de instauração de processo ético e demais procedimentos
de 30 (trinta) dias úteis, contados do recebimento dos autos, para cabíveis em seu desfavor, observado o princípio da segregação.
apresentar, por escrito, à Comissão de Ética, a defesa do indiciado. § 2º - Não apresentando o conselheiro relator o parecer, tam-
§ 3º - O Defensor Dativo poderá apresentar sua defesa sem o pouco a justificativa prévia, o presidente do CRF determinará a
ônus da impugnação específica dos fatos. instauração de processo ético nos moldes do parágrafo anterior e
Art. 19 - O revel poderá intervir no processo em qualquer fase, designará outro relator, que o apresentará na reunião plenária sub-
não lhe sendo devolvido prazo já vencido. sequente.
Art. 20 - Findado o prazo para apresentação de razões finais, só Art. 25 - Aberta a sessão de julgamento, o presidente da reu-
é lícito ao indiciado deduzir novas alegações quando: nião plenária concederá a palavra ao conselheiro relator, que lerá
I- relativas a fato superveniente; seu parecer e, após a concessão de direito à defesa oral por 10 (dez)
II- realizadas diligências posteriores pelo relator e que geraram minutos ao indiciado ou seu procurador legalmente constituído,
fatos novos. proferirá o seu voto, em julgamento realizado em sessão secreta.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO CRF/RJ E DO CFF

§ 1º - Apenas podem permanecer no recinto de julgamento os CAPÍTULO VII


conselheiros membros do Plenário, as partes interessadas e os em- DOS RECURSOS
pregados necessários à sua condução.
§ 2º - A sessão de julgamento poderá ocorrer por meio remoto, Art. 30 - Da decisão do CRF caberá recurso ao CFF no prazo de
desde que regulamentado pelo conselho regional por deliberação 30 (trinta) dias úteis, contados da data do AR ou de outro documen-
de plenária e mantido o sigilo do processo ético. to idôneo e similar com a mesma efetividade, juntado aos autos
Art. 26 - Cumprido o disposto nos artigos anteriores, o presi- como comprovante de que foi dado o conhecimento ao infrator, ou
dente da reunião plenária dará a palavra, pela ordem, ao conselhei- da publicidade realizada pelo veículo oficial de imprensa.
ro que a solicitar, para: § 1º - Interposto tempestivamente, o recurso terá efeito sus-
I- pedir vista dos autos; pensivo nos casos previstos em lei.
II- requerer a conversão do julgamento em diligência, que será § 2º - No caso de interposição intempestiva, que deverá ser
determinada pelo presidente da sessão, para atender aos quesitos certificada nos autos pelo CRF e o profissional intimado, o processo
pontuados pelo conselheiro, adotando as medidas necessárias; será arquivado, com certidão de trânsito em julgado.
III- opinar sobre a matéria, os fundamentos ou conclusões do Art. 31 - O recurso administrativo ético será julgado de acordo
conselheiro relator, devendo as suas razões serem reduzidas a ter- com o que dispuserem as normas do CFF.
mo em ata; Art. 32 - O recurso ao CFF deverá ser interposto perante o CRF
IV- proferir seu voto. no qual tramita o processo.
Art. 27 - Na hipótese de conversão do julgamento em diligên-
cia, o processo será retirado de pauta, observada a incidência ou CAPÍTULO VIII
não da prescrição. DA EXECUÇÃO
§ 1º - No caso de pedido de vista dos autos, o conselheiro que
a solicitou deverá apresentar seu parecer, favorável ou contrário, na Art. 33 - Compete ao CRF a execução da decisão proferida em
mesma sessão ou no prazo máximo de 2 (duas) reuniões plenárias processo ético-disciplinar, que se processará nos estritos termos do
subsequentes que tenham julgamentos éticos pautados a contar do acórdão e será anotada no prontuário do infrator.
pedido, para que haja tempo hábil para a notificação do indiciado, § 1º - Na execução da penalidade de eliminação da inscrição do
nos termos do artigo 23, alínea “c”, observada a incidência ou não profissional no quadro do CRF, além dos editais e das comunicações
da prescrição. feitas às autoridades e interessados, proceder-se-á à apreensão da
§ 2º - Para fins procedimentais, considerar-se-á voto revisor cédula e da carteira profissional do infrator, inclusive mediante ação
aquele que divergir do voto do relator, e voto-vista aquele que ape- judicial, se necessário.
nas acrescentar outros pontos ao voto já existente, sem alterar o § 2º - Na hipótese de aplicação definitiva de penalidade de sus-
julgamento. pensão, o Conselho Regional de Farmácia deverá:
§ 3º - A diligência solicitada deve ser cumprida no prazo de 60 a)dar publicidade à decisão;
(sessenta) dias úteis, contados a partir da data da realização da reu- b)efetuar as anotações necessárias na Carteira de Identidade
nião plenária que deu origem ao pedido de diligência, sendo que Profissional;
esse prazo poderá ser prorrogado por igual período, desde que ple- c)apreender temporariamente a cédula e a carteira de identi-
namente justificado e aprovado pelo Plenário. dade profissional, inclusive mediante ação judicial, se necessário;
§ 4º - Cumprida a diligência, os autos do processo ético-disci- d)informar ao CFF a penalidade aplicada, no caso de suspen-
plinar serão remetidos ao presidente do CRF e serão contados no- são, quando o profissional cancelar a inscrição no CRF em que o
vamente os prazos previstos no artigo 22. processo foi julgado, para que, em eventual reativação da inscrição
Art. 28 - A decisão do Plenário do CRF será fundamentada no em outro regional, a penalidade seja aplicada.
parecer e voto do relator ou, quando vencido, no parecer e voto do
conselheiro revisor. CAPÍTULO IX
Art. 29 - A decisão do Plenário terá a forma de acórdão, a ser la- DA REVISÃO
vrado de acordo com o parecer do conselheiro cujo voto tenha sido
adotado, com expressa numeração própria, número do processo, Art. 34 - No prazo de 1 (um) ano, a contar do trânsito em jul-
nome do indiciado e seu número de inscrição no CRF, procuradores, gado da decisão, o punido poderá requerer revisão do processo ao
se existentes, e um documento de identificação e, no caso de ad- CRF, com base em fato novo ou na hipótese de a decisão condena-
vogado, o número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil tória ter sido fundada em depoimento, exame pericial ou documen-
(OAB), relator e revisor, se houver, além de ementa com palavras- to cuja falsidade vier a ser comprovada.
-chave de pesquisa, dispositivos infringidos, pena aplicada, forma Parágrafo único - Considera-se fato novo aquele que o punido
de votação e data, sob pena de nulidade. conheceu somente após o trânsito em julgado da decisão e que dê
condição, por si só, ou em conjunto com as demais provas já pro-
duzidas, de criar nos julgadores uma convicção diversa daquela já
firmada.
Art. 35 - A revisão terá início por petição dirigida ao presidente
do CRF, instruída com a certidão de trânsito em julgado da decisão e
as provas documentais comprobatórias dos fatos arguidos.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO CRF/RJ E DO CFF

§ 1º - O presidente do CRF, ao acatar o pedido, nomeará um CAPÍTULO XI


relator para a emissão de parecer, que será submetido a julgamen- DOS PRAZOS
to em sessão plenária do CRF, no prazo máximo de 180 (cento e
oitenta) dias úteis. Art. 40 - Considera-se prorrogado o prazo até o 1º (primeiro)
§ 2º - O relator referido no parágrafo anterior será designado dia útil subsequente, se o vencimento se der em feriado ou em re-
entre os conselheiros efetivos, por distribuição da secretaria, ob- cesso do CRF.
servados os eventuais impedimentos e suspeições, sendo vedada a Parágrafo único - Os prazos serão contados a partir da juntada
designação do relator original e/ou revisor. de AR, ou outro documento idôneo e similar com a mesma efetivi-
§ 3º - Caso o pedido de revisão não cumpra os requisitos mí- dade, aos autos, mediante certidão respectiva lavrada pelo CRF ou
nimos, o presidente do Conselho Regional de Farmácia indeferirá o por ciência inequívoca do interessado.
pedido, de forma fundamentada, devendo o pedido e sua decisão Art. 41 - Considera-se dia do começo do prazo:
serem arquivados no processo ético-disciplinar correspondente e, I- a data de juntada aos autos do aviso de recebimento (AR),
cientificado o profissional. ou outro documento idôneo e similar com a mesma efetividade,
mediante certidão lavrada nos autos pelo Conselho Regional de Far-
CAPITULO X mácia ou por ciência inequívoca do interessado;
DAS INTIMAÇÕES E NOTIFICAÇÕES II- a data de juntada aos autos do documento preenchido pelo
funcionário do CRF ou do documento referente à retirada da inti-
Art. 36 - As intimações e notificações serão feitas na seguinte mação ou notificação pelo indiciado no CRF;
ordem preferencial: III- a data de publicação, quando a intimação ou notificação se
I - por meio eletrônico, cadastrado pelo farmacêutico no CRF; der no veículo de imprensa oficial e/ou no sítio do respectivo re-
II- pelo correio, com AR; gional;
III- pelo funcionário do CRF, pessoalmente ao indiciado; IV- o dia da carga, quando a intimação ou notificação se der por
IV- por edital, que poderá ser por veículo de imprensa oficial ou meio da cópia dos autos, na secretaria do CRF;
portal eletrônico do conselho regional. V- a data da confirmação de recebimento do documento, quan-
Art. 37 - As intimações e notificações realizadas por empresas do enviado por meio eletrônico.
de postagem (correio) serão inicialmente encaminhadas ao endere- Art. 42 - Salvo disposição em contrário, os prazos serão con-
ço residencial cadastrado e, frustrada a primeira tentativa, ao ende- tados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento.
reço comercial declarado no órgão, se o profissional pertencer ao § 1º- Considera-se prorrogado o prazo até o 1º (primeiro) dia
quadro societário. útil subsequente, se o início ou o vencimento se der em feriado ou
§ 1º - Presumem-se válidas as intimações dirigidas ao endereço em recesso do CRF.
nos cadastros do conselho regional fornecido pelo indiciado, ainda § 2º - Considera-se como data de publicação do edital, o pri-
que não recebidas pessoalmente pelo interessado, se a modificação meiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação na rede
temporária ou definitiva não tiver sido devidamente comunicada ao mundial de computadores, no sítio do respectivo regional ou em
CRF, nos termos do artigo 23 da seção I, fluindo os prazos a partir da veículo de comunicação oficial do CRF.
juntada aos autos do comprovante de entrega da correspondência Art. 43 - A representação por procurador deverá estar instruída
no primitivo endereço. com o respectivo instrumento, com firma devidamente reconheci-
§ 2º - Nos condomínios, edifícios ou nos loteamentos com con- da, excetuando-se aquela outorgada a advogado.
trole de acesso, será válida a entrega da intimação ou notificação a § 1º - O advogado não será admitido a postular sem procura-
funcionário da portaria, responsável pelo recebimento de corres- ção, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para
pondência. praticar ato considerado urgente.
Art. 38 - As intimações ou notificações serão realizadas por edi- § 2º - Nas hipóteses previstas no parágrafo anterior, o advoga-
tal, quando desconhecido, ignorado, incerto ou inacessível o lugar do deverá juntar a procuração aos autos no prazo de 10 (dez) dias
em que se encontrar o profissional. úteis após a prática do ato.
Parágrafo Único - O profissional indiciado será considerado em § 3º - O ato não ratificado será considerado ineficaz relativa-
local ignorado ou incerto, se infrutíferas as tentativas de sua loca- mente àquele em cujo nome foi praticado.
lização. Art. 44 - Incumbe ao advogado informar o endereço físico e ele-
Art. 39 - Constando dos autos pedido expresso para que as trônico, seu número de inscrição na OAB e/ou nome da sociedade
comunicações dos atos processuais sejam feitas em nome dos ad- de advogados da qual participa, para o recebimento de intimações,
vogados indicados, o descumprimento por parte do CRF implicará e comunicar ao CRF qualquer mudança de endereço.
a nulidade do ato, sendo que o pedido dispensará a comunicação Parágrafo único - Se o advogado não cumprir o previsto no
complementar ao indiciado do andamento do processo. caput, serão consideradas válidas as intimações e notificações en-
viadas por carta registrada ou meio eletrônico ao endereço cons-
tante dos autos.
Art. 45 - A punibilidade por falta sujeita a processo ético-disci-
plinar pelo CRF, em que o profissional está inscrito, prescreve em 5
(cinco) anos, contados a partir do conhecimento do fato pelo presi-
dente do CRF ou seu substituto regimental, nos termos da Lei Fede-
ral nº 6.838/80 ou outra que lhe sobrevenha.
Art. 46 - Interrompe-se a prescrição da ação punitiva, nos ter-
mos da Lei Federal nº 6.838/80:

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO CRF/RJ E DO CFF

I - pela notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive CAPÍTULO XIII


por meio de edital; DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
II - por qualquer ato inequívoco, que importe apuração do fato;
III - pela decisão condenatória recorrível; Art. 52 - Todos os atos e termos anteriores ao processo, como
IV - por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação orientações aos profissionais, recebimentos de denúncias, entre
expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da outros, assim como os praticados no decorrer das instruções dos
administração pública federal. processos éticos, incluindo audiências e julgamentos, poderão
Parágrafo único: O prazo prescricional recomeçará a fluir a par- ocorrer eletronicamente, mediante assinatura avançada ou qualifi-
tir de cada um dos atos previstos neste artigo. cada, desde que observadas as diretrizes contidas na Lei Federal
Art. 47 - Todo processo ético-disciplinar paralisado por mais de nº 13.709/2018 e na Lei Federal nº 14.063/2020, assim como seus
3 (três) anos, pendente de despacho ou julgamento, será arquivado decretos regulamentadores, ou legislações que os sobrevenham,
ex officio, ou a requerimento da parte interessada, sem prejuízo de por se tratar de interações entre os particulares e a administração
serem apuradas as responsabilidades pela paralisação. pública.
Art. 48 - Para abertura de processo ético-disciplinar com funda- Art. 53 - Em todos os atos e termos do processo, é obrigatório
mento na ausência do profissional no(s) estabelecimento(s) em que o uso da língua portuguesa.
presta assistência técnica, serão necessárias, no mínimo, 3 (três) Parágrafo único - O documento redigido em língua estrangeira,
constatações fiscais, no período de 24 (vinte e quatro) meses. somente poderá ser juntado aos autos, quando acompanhado de
Parágrafo único - o prazo prescricional do processo ético-disci- versão para a língua portuguesa, firmada por tradutor juramentado.
plinar fundamentado neste artigo inicia-se a partir da data da ter- Art. 54 - É vedado à Comissão de Ética, ao indiciado e aos seus
ceira constatação necessária à instauração do processo ético-disci- procuradores, conselheiros julgadores e a qualquer pessoa que par-
plinar. ticipe do processo empregar expressões ofensivas nas manifesta-
ções escritas e orais.
CAPÍTULO XII Art. 55 - A norma processual não retroagirá e será aplicável
DOS IMPEDIMENTOS E DAS CAUSAS DE SUSPEIÇÃO imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos proces-
suais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência
Art. 49 - Há impedimento de os membros da Comissão de Ética, da norma revogada.
conselheiros e defensor dativo exercer em suas funções no proces- Art. 56 - Extingue-se o processo pela morte do indiciado, de-
so quando: vendo o procedimento ser arquivado sem resolução de mérito.
I- prestou depoimento como testemunha; Art. 57 - Os casos omissos serão resolvidos pelo Plenário do
II- atuando como conselheiro federal, proferiu decisão/voto em CFF, podendo inclusive decidir em processos em andamento, desde
conselho regional; que observados a ampla defesa e o devido processo legal.
III- membro da Comissão de Ética, tendo realizado a audiência
ou relatoria, passe a exercer a função de conselheiro regional ou SEÇÃO III
conselheiro federal; ESTABELECE AS INFRAÇÕES E AS REGRAS DE APLICAÇÃO DAS
IV- presidente anterior, que instaurou o processo ético, e passe SANÇÕES DISCIPLINARES
a exercer a função de conselheiro regional ou conselheiro federal;
V- ele, seu cônjuge ou companheiro, parente, consanguíneo ou Art. 1º - As transgressões às normas (resoluções e delibera-
afim, em linha reta ou colateral, inclusive até o terceiro grau fizer ções) e às determinações (acórdãos e decisões) dos Conselhos Fe-
parte do processo; deral e Regionais de Farmácia, bem como as infrações à legislação
VI- for funcionário, sócio ou membro de direção ou de adminis- farmacêutica e correlata, são passíveis de penalidades, ressalvadas
tração de pessoa jurídica em que o profissional exercia ou exerce a as previstas em normas especiais.
assistência técnica; Art. 2º - Nas infrações éticas e disciplinares serão observadas a
Art. 50 - Há suspeição de os membros da Comissão de ética, tipificação da conduta, a reincidência, a análise do fato e as conse-
conselheiros e defensor dativo, sendo-lhes vedado exercer em suas quências ao exercício profissional e à saúde coletiva, sem prejuízo
funções no processo quando: das sanções de natureza civil ou penal cabíveis.
I- amigo íntimo ou inimigo das partes; Art. 3º - Considera-se reincidente aquele que tiver anteceden-
II- receber presentes de pessoas que tiverem interesse na cau- tes disciplinares em processos com decisão transitada em julgado.
sa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar o indi- § 1° - Verifica-se a reincidência quando se comete infração éti-
ciado acerca do objeto da causa, ou que subministrar meios para ca, idêntica ou não, durante o prazo de 5 (cinco) anos após o trân-
atender às despesas do processo; sito em julgado da decisão que o tenha condenado anteriormente.
III- o indiciado for seu credor ou devedor, de seu cônjuge ou § 2° - Considera-se trânsito em julgado quando não há mais
companheiro ou de parentes desses, em linha reta até o terceiro possibilidade de recursos.
grau; Art. 4º - Quando aplicada, a pena de suspensão e eliminação
IV- tenha interesse direto ou indireto no processo. deve ser publicada no órgão de divulgação oficial do CRF, depois do
Art. 51 - As alegações de impedimentos e de suspeições serão trânsito em julgado.
analisadas pelo plenário do CRF. Art. 5º - As sanções aplicadas serão objeto de registro no pron-
tuário do profissional, devendo ainda ser comunicadas, no caso de
suspensão, ao CFF, aos empregadores e aos órgãos sanitários com-
petentes, além da apreensão da cédula e da carteira profissional, na
qual será feita a devida anotação.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO CRF/RJ E DO CFF

§ 1º - Quando for aplicada pena de suspensão e o profissional III- a obtenção de vantagem pecuniária ou outra vantagem in-
tiver cancelado a inscrição, suspender-se-á a aplicação da penalida- devida pelo infrator;
de até que sobrevenha nova inscrição, ainda que em outro regional, IV - conluio para a prática da infração;
ficando essa condicionada ao cumprimento da penalidade. V- a infração ter sido realizada no exercício de cargo eletivo de
§ 2º - A suspensão referida no parágrafo anterior não será su- órgão representativo da categoria farmacêutica;
perior a 5 (cinco) anos, a contar do trânsito em julgado da decisão. VI- a infração cometida contra criança, gestante, incapaz ou
Art. 6º - O conselheiro relator e o conselheiro revisor, de acordo pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos;
com sua livre convicção motivada e de forma fundamentada, aplica- VII- profissional reincidente;
rão a penalidade devida atendendo os princípios da razoabilidade VIII- quando o profissional é também sócio ou proprietário;
e proporcionalidade, observando as circunstâncias atenuantes e IX - suborno ou coação a terceiro para execução da infração.
agravantes. Art. 11 - Será considerado falta grave:
Art. 7º - Observada a individualização da pena, as sanções pos- I- quando a conduta resultar em lesão corporal ou óbito;
síveis são: II- quando da ocorrência de dano coletivo e/ou ambiental, ain-
I - advertência, sem publicidade, mas com registro no prontu- da que de forma culposa;
ário; III - quando houver constrangimento de terceiro;
II- advertência com o uso da palavra “censura”, sem publicida- IV- quando o fato corresponder a ilícito penal;
de, mas com registro no prontuário; V- quando a ação extrapolar sua habilitação legal;
III- multa de 01 (um) a 03 (três) salários mínimos regionais, que VI- quando envolver substâncias ou medicamentos potencial-
serão elevados ao dobro no caso de reincidência; mente perigosos, descritos em manuais, guias ou publicações;
IV- suspensão do exercício profissional de 3 (três) a 12 (doze) VII- quando em processos distintos, com trânsito em julgado e
meses, nos casos de falta grave, de pronúncia criminal ou de prisão no período de 5 (cinco) anos, o profissional tiver cometido por mais
em virtude de sentença; de 2 (duas) vezes a mesma infração ou 5 (cinco) infrações distintas;
V- de eliminação, que será imposta aos que porventura hou- VIII- impedir a ação da fiscalização.
verem perdido algum dos requisitos dos artigos 15 e 16 da Lei nº Parágrafo único - Toda a caracterização como falta grave deverá
3.820/60, para fazer parte do CRF, inclusive aos que forem conven- ser fundamentada e motivada, atendendo aos princípios da razoa-
cidos perante o CFF ou em juízo, de incontinência pública e escan- bilidade e proporcionalidade, bem como a sua descaracterização.
dalosa ou de embriaguez habitual, e aos que, por faltas graves, já Art. 12 - Àquele que continuar a exercer a profissão, mesmo en-
tenham sido três vezes condenados definitivamente a penas de sus- quanto estiver sob a sanção disciplinar de suspensão, será aplicada
pensão, ainda que em conselhos regionais diversos. idêntica pena pelo prazo em dobro ao originalmente determinado,
§ 1º - Considera-se falta como a violação a cada infração previs- sem prejuízo da aplicação do artigo 205 do Código Penal.
ta neste Código de Ética. Art. 13 - A pena de suspensão de 3 (três) a 12 (doze) meses será
§ 2º - O valor do salário mínimo a ser considerado para a pe- aplicada pelo presidente do CRF ex officio, por motivo de pronúncia
nalidade de multa é o valor vigente à época da ocorrência do fato. criminal, medida cautelar substitutiva da prisão prevista no artigo
§ 3º - Na hipótese de mais de uma condenação de suspensão, o 319 e seguintes do Código de Processo Penal que impeçam a ativi-
cumprimento da pena será em período distinto e sequencial. dade laboral pelo profissional, ou ainda prisão em flagrante, provi-
Art. 8º - São circunstâncias excludentes de ilicitude e culpabi- sória, preventiva ou definitiva, a partir da comunicação da decisão
lidade, desde que devidamente comprovadas documentalmente judicial e enquanto durar a execução da medida.
e, portanto, causas de arquivamento do processo ético-disciplinar § 1º - O profissional em cumprimento de pena privativa em
pelo Plenário do CRF, respectivamente: regime fechado ficará suspenso da atividade ex officio por ato do
I- A legítima defesa, o estado de necessidade, o estrito cumpri- presidente do CRF e homologado pelo Plenário, enquanto durar a
mento do dever legal e o exercício regular de direito consistem em execução da pena privativa de liberdade em regime fechado.
causas excludentes da ilicitude; § 2º - O profissional preso, provisória ou preventivamente, em
II- A coação moral irresistível e a obediência hierárquica são razão do exercício da profissão, também ficará ex officio suspenso
causas excludentes da culpabilidade. de exercer as suas atividades, enquanto durar a pena privativa de
Art. 9º - São circunstâncias atenuantes: liberdade em regime fechado.
I- a caracterização de caso fortuito ou força maior; Art. 14 - Na hipótese da perda de um dos requisitos listados nos
II- o profissional nunca ter sofrido qualquer penalidade ao lon- artigos 15 e 16 da Lei Federal nº 3.820/60, inclusive aos que forem
go de seu histórico profissional; convencidos perante o CFF, ou em juízo de incontinência pública e
III- o infrator ter, por sua espontânea vontade e com eficiência, escandalosa, embriaguez habitual; e aos que por faltas graves, já
logo após a infração, minorar as consequências, ou ter, antes do tenham sido 3 (três) vezes condenados definitivamente a penas de
processo ético-disciplinar, reparado o dano; suspensão, ainda que em conselhos regionais diversos, será impos-
IV- a ação ou omissão do indiciado não ter sido o fundamento ta a penalidade de eliminação ao profissional.
para a consecução do evento; § 1º - O presidente do CRF, ao tomar conhecimento de profis-
V- a confissão espontânea da infração, se for relevante para a sional na hipótese do caput, submeterá o caso à análise do Plenário
descoberta da verdade, com o propósito de reparar ou diminuir as que determinará a penalidade de eliminação.
suas consequências para o exercício profissional e a saúde coletiva;
Art. 10 - São circunstâncias agravantes:
I- a existência de dolo na conduta do infrator;
II- a comprovação de dano material, psicológico, físico ou moral
a terceiros;

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO CRF/RJ E DO CFF

8. Em caso de infração grave, qual das penalidades pode ser


QUESTÕES aplicada ao profissional farmacêutico?
(A) Advertência.
1. De acordo com a Resolução Nº 724/2022, qual das seguin- (B) Multa simples.
tes ações é considerada uma infração ética? (C) Suspensão do exercício profissional.
(A) Participar de eventos científicos. (D) Nenhuma das anteriores.
(B) Atualizar conhecimentos técnicos.
(C) Exercer a profissão com autonomia técnica. 9. Qual é a consequência da não apresentação de defesa no
(D) Divulgar informações sigilosas de pacientes sem consenti- prazo legal em um processo administrativo fiscal?
mento. (A) Arquivamento do processo.
(B) Emissão de nova notificação.
2. Qual é o prazo máximo para o Conselho Regional de Farmá- (C) Homologação do auto de infração.
cia processar e julgar em primeira instância um profissional sob (D) Revisão do processo pela Diretoria.
sua jurisdição?
(A) 30 dias. 10. O recurso contra uma decisão do Conselho Regional de
(B) 60 dias. Farmácia deve ser interposto em qual prazo?
(C) 90 dias. (A) 10 dias úteis.
(D) 120 dias. (B) 15 dias úteis.
(C) 20 dias úteis.
3. Em relação às infrações éticas, como é caracterizada a (D) 30 dias úteis.
reincidência?
(A) Quando a infração é cometida novamente em até 1 ano. 11. A pena de eliminação pode ser imposta em qual das se-
(B) Quando a infração é cometida novamente em até 3 anos. guintes situações?
(C) Quando a infração é cometida novamente em até 5 anos. (A) Condenação por incontinência pública e escandalosa.
(D) Quando a infração é cometida novamente em até 10 anos. (B) Prescrição de medicamento fitoterápico.
(C) Atualização dos conhecimentos científicos.
4. Qual das seguintes circunstâncias pode ser considerada (D) Participação em eventos de divulgação científica.
atenuante em um processo ético-disciplinar?
(A) Obtenção de vantagem indevida. 12. Qual é o valor mínimo de multa estabelecido para infra-
(B) Dano moral a terceiros. ções éticas, de acordo com a Resolução Nº 724/2022?
(C) Confissão espontânea da infração. (A) 1 salário mínimo regional.
(D) Existência de dolo na conduta. (B) 2 salários mínimos regionais.
(C) 3 salários mínimos regionais.
5. A suspensão do exercício profissional pode variar entre (D) 4 salários mínimos regionais.
quantos meses?
(A) 1 a 6 meses. 13. Quais são as circunstâncias excludentes de ilicitude, segun-
(B) 3 a 12 meses. do a Resolução Nº 724/2022?
(C) 6 a 18 meses. (A) Dolo na conduta do infrator.
(D) 12 a 24 meses. (B) Obediência hierárquica.
(C) Confissão espontânea.
6. Quais das seguintes ações não configura uma infração ética (D) Conluio para a prática da infração.
de acordo com a Resolução Nº 724/2022?
(A) Atraso no cumprimento de prazos processuais. 14. Quem é responsável por analisar e decidir sobre a viabili-
(B) Produção de documento falso. dade de abertura de processo ético-disciplinar?
(C) Prescrição de medicamentos sem registro na Anvisa. (A) O presidente do CRF.
(D) Atualização contínua dos conhecimentos técnicos. (B) A Comissão de Ética.
(C) O Plenário do CFF.
7. Segundo a Resolução Nº 566/2012, o procedimento fiscal (D) O fiscal farmacêutico.
tem início com qual documento?
(A) Auto de infração. 15. Na execução de penalidade de eliminação, qual medida
(B) Termo de visita ou de inspeção. não é adotada pelo CRF?
(C) Notificação preliminar. (A) Apreensão da cédula e da carteira profissional.
(D) Certidão de dívida ativa. (B) Comunicação às autoridades e interessados.
(C) Revisão do processo pelo Plenário do CFF.
(D) Publicação da decisão em editais.

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GABARITO

1 D
2 B
3 C
4 C
5 B
6 D
7 B
8 C
9 C
10 D
11 A
12 A
13 B
14 B
15 C

ANOTAÇÕES

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